POTENCIALIZAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO - MATEUS VOLTOLINI DE MEDEIROS

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POTENCIALIZAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO



CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA ARQUITETURA E URBANISMO

MATEUS VOLTOLINI DE MEDEIROS

“POTENCIALIZAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO”

Projeto apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências parciais para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Prof. Ms Rita C. Fantini de Lima.

RIBEIRÃO PRETO 2018



O presente trabalho tem como objetivo a requalificação e criação de RESUMOequipamentos que sirvam de apoio e garantam a melhoria do espaço da praça Sete de Setembro localizada no centro da cidade de Ribeirão Preto/ SP. O referido local é de extrema importância para a sociedade ribeirão-pretana, pois o mesmo é utilizado como base para diversas atividades, como o comércio, atividades físicas e espaço para o lazer.

Assim como toda praça e espaço público deve ser ocupado pela sociedade, pois tal ocupação garantirá a vitalidade e qualificação do mesmo. É necessário a criação de equipamentos e intervenções que apoiem o espaço público como a praça Sete de Setembro, é imprescindível a qualificação do espaço para melhoria continua de vida entre gerações em meio a urbanização acelerada da cidade.



INTRODUÇÃO

SUMÁRIO CAPÍTULO I – HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DAS PRAÇAS

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1.1 – FORMAÇÃO 1.2 – ESPAÇO PÚBLICO

CAPÍTULO II – O ESPAÇO PÚBLICO E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

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2.1 – ESCALA HUMANA E O ESPAÇO 2.2 CONSTRUINDO RELAÇÕES 2.3 QUALIDADE DE VIDA

CAPÍTULO III – O ESPAÇO PÚBLICO E AS ARTES

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CRÉDITO ICONOGRÁFICOS

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CAPÍTULO IV – LEVANTAMENTO DE DADOS

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CAPÍTULO V – LEITURAS PROJETUAIS

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CAPÍTULO VI – PROJETO

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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BIBLIOGRAFIA

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APRESENTAÇÃO A praça é um elemento urbano, com presença humana confirmada, sendo ela muitas vezes destinadas ao encontro e ao comércio. Está associada ao lazer humano e ao espaço arborizado e ou seco. Assim como na antiguidade, temos hoje as praças como locais de espacialidade pública, local onde a interação e troca de informações e experiências acontecem. Pensando na importância e no seu papel social, escolhemos como objetivo de estudo a Praça Sete de Setembro, localizada no centro de Ribeirão Preto/SP. O local da praça Sete que um dia já foi destinado a um cemitério, graças ao crescimento da cidade o local se torna uma espaço público com grande quantidade de vegetação e espaços que garantem a permanência do usuário,auxiliando no desenvolvimento social, ambiental, educacional, estético e psicológico humano. A praça possui vegetação densa, formada por árvores de grande porte, o que garante um microclima ótimo, que permite a prática de caminhada, exercícios físicos e demais ativida- des, mesmo em dias muito quentes. Considerando o clima quente predominante na cidade, a praça é um verdadeiro oásis para quem procura vivenciar o espaço público.

Fotografia 1: Vista do coreto que fica localizado ao centro da Praça Sete de Setembro. Fonte: Mateus Voltolini, 2018.

A praça Sete é conhecida também por abrigar atividades diversas. Quem frequenta este ambiente, dependendo do horário e do dia pode identificar diversos usos como a feira de artesanato que acontece aos sábados, o professor que se utiliza do ambiente do coreto para ensinar a arte da dança, a estação do trenzinho que acontece aos domingos e os diversos grupos que utilizam o espaço como lugar de encontro. Com uma área de aproximadamente de 16.649 metros quadrados e formada pela junção de duas quadras, possui um traçado orgânico, mas marcado por dois eixos principais nos dois sentidos da quadra, cujo o cruzamento encontra-se o coreto,com piso de boa qualidade, grande quantidade de lixeiras, iluminação de tom amarelado com postes de tamanho médio, bancos pintados com tinta óleo na cor marrom e diversas jardineiras com variadas plantas. A praça é um importante polo de encontro para toda a cidade, a sua abrangência não se limita ao seu entorno que é um local que possui diversos comércios tradicionais da cidade como a primeira sorveteria do Jô, a panificadora “Nosso Pão” dentre outros, além de uma grande densidade de moradores devido à verticalização do entorno. Local com características únicas, diferente das demais praças de Ribeirão Preto, características estas dada a quantidade e qualidade da vegetação existente. É necessário a criação de equipamentos que qualifiquem e potencializem os espaços e as atividades existentes na praça, pode se pensar em instalações temporárias que se apropriem da grande quantidade de sombra que o local proporciona, gerando mais conforto aos usuários. Desta forma podemos valorizar o ambiente e garantir o uso permanente do local, que ao longo da historia vem sendo usado por gerações. Sendo a praça um local de grande importância para a sociedade para que se possa exercer a democracia, o lazer, o conforto, o desenvolvimento da saúde física e mental, nada mais justo que adequar e criar espaços que se possam apoiar este ambiente e claro que não devemos apoiar apenas o meio físico mas também os movimentos que acontecem neste local, seja ele de cunho municipal ou até mesmo privado. A praça é um local de discussão, um local de troca de ideias, de desejos, é nela que muitos projetos nascem, muitas amizades e até mesmo relacionamentos são construídos. A praça que para os gregos era chamada de ágora, deve-se manter com mesmo sentido, para que não se perca o valor e acabe se sucumbindo para o mercado imobiliário. A praça é um bem da cidade e da sociedade.

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POR QUE A PRAÇA 7 DE SETEMBRO? Conforme levantamento realizado, podemos identificar que esta praça dentre as demais localizadas na região central de Ribeirão Preto, é a que mais possui diferentes tipos de usos, usos que qualificam a praça, sejam eles positivamente ou negativamente, isto irá depender dos olhos do pedestre ou do usuário que desfruta deste espaço democrático. É necessário que se rompa com este discurso negativo que existe junto a praça, pois a mesma é um grande polo de atividades e encontros de diversas tribos da cidade, é preciso que se potencialize este espaço para que se atraia cada vez mais a sociedade, para que se crie uma ilha de conforto e segurança tanto durante o dia, quanto a noite e cresça cada vez mais o seu uso. Para isto, a requalificação do ambiente da praça é necessária para que se possa melhorar o lazer urbano, exercendo a democracia, a cultura e as artes em geral, aumentando assim as trocas de informações e experiências dos indivíduos que elevarão o desenvolvimento do local junto com a comunidade que usufruirá do mesmo. Para que a melhoria aconteça devemos:

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Gerar apoio as atividades exercidas na praça; Realizar melhorias nos mobiliários; Criar espaço adequado para execução de atividades físicas; Desenvolvimento de espacialidades para criação e expressão de artes e cultura; ➢ Criação de ambiente que ofereça produtos e serviços noturnos para que se possa aumentar o movimento de pessoas durante o período da noite; ➢ Implantação de equipamentos para o desenvolvimento da vida humana.

Fotografia 2: Vista panorâmica do coreto que fica localizado ao centro da Praça Sete de Setembro. Fonte: Mateus Voltolini, 2018.


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“Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta. Melancolias, mercadorias espreitam-me. Devo seguir até o enjoo? Posso, sem armas, revoltar-me? Olhos sujos no relógio da torre: Não, o tempo não chegou de completa justiça. O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera. O tempo pobre, o poeta pobre fundem-se no mesmo impasse. Em vão me tento explicar, os muros são surdos. Sob a pele das palavras há cifras e códigos. O sol consola os doentes e não os renova. As coisas. Que triste são as coisas, consideradas sem ênfase."

Trecho da poesia de Carlos Drummond de Andrade, “A flor e a náusea” do livro “Rosa do Povo” de 1945.



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HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DAS PRAÇAS A FORMAÇÃO Segundo Sun Alex em seu livro Projeto da Praça publicado em 2008, a praça deve ser um local de presença humana estabelecida, um elemento exclusivamente urbano, é a ausência de construção e verticalização em meio a urbanização. Para analisarmos uma praça é preciso estudar a cultura e a sociedade em que o local está inserido, através deste estudo podemos identificar dados como o nível de civilidade e características de seus usuários. A praça que na história foi chamada de Ágora pelos gregos e Fórum para os romanos possuía diversas funções, como o encontro, o comércio e principalmente o local de troca de informações e experiências. A ágora grega era o espaço de encontro dos citadinos para a discussão de ideias e pensamentos, comércio, atividades religiosas e dentre outras atividades. Era um espaço aberto em meio à cidade, que com o tempo foi recebendo em seu entorno a implantação de edifícios públicos e de papel social. Assim como a ágora o fórum romano possui as mesmas funções, a diferença está na quantidade de edificações presentes em seu entorno, sendo o fórum um ambiente mais fechado em meio a tantas edificações. Para o seu surgimento era necessário espaço. Nos países mais antigos como os europeus a sua constituição está ligada ao crescimento desenfreado da cidade e pela falta de planejamento, as praças surgiam Fotografia 4: Ágora Grega. Podemos observar um grande espaço vazio com edificações no entorno imediato.

Fotografia 5: Ruínas do Fórum Romano, local onde a população se encontrava para discussões sociais e culturais.

vezes no entorno de castelos e palácios e ou dos encontros e intersecções das ruas, que constituíam os largos e terreiros. Segundo José M. R. G. Lamas em seu livro Morfologia urbana e desenho da cidade: "Nas cidades islâmicas, a praça não existe. Quanto muito, o cruzamento de ruas produz uma área mais larga no ponto de confluência. A praça é um elemento morfológico das cidades ocidentais e distingue-se de outros espaços, que são resultados acidentais de alargamento ou confluência de traçados pela organização e intencionalidade de desenho." (LAMAS, p.100,1993.) Fotografia 6: Vista do antigo Largo do Pelourinho e dos Paços do Conselho, a Casa da Câmara em Lisboa.


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Na idade média a praça possui uma utilização mais macabra, era utilizada muitas vezes para velórios e execuções, forma de repressão do governo local e da época, utilizava-se deste espaço para garantir o controle sobre os cidadãos.

Fotografia 7: Execução em praça pública na idade média. A execução na fogueira era muito utilizada neste período.

Segundo Renata Inês B. P. S. Pinto em sua Dissertação de Mestrado " A praça na história da cidade - O caso da Praça da Sé, suas faces durante o século XX (1993-1999)" do ano de 2003, relata que na idade média podemos classificar dois estilos de praça conforme diz A. E. J. Morris,como sendo a do mercado e a da igreja. "As praças do mercado desafiam qualquer descrição mais precisa. Cada uma possui sua própria configuração, na maioria das vezes forma uma figura irregular, pois a prioridade está nos edifícios que a circundam e que por sua vez delimitam o espaço aberto destinado à praça. As praças de igreja são área ao ar livre, onde as famílias se encontram após a cerimônia, e onde as pessoas de fora da cidade costumam deixar seus cavalos. Um espaço próprio, independente da praça do mercado, porém próximos." (Morris, p. 109, 1992). A praça renascentista distingue-se das medievais graças aos ornamentos decorativos, como monumentos, obeliscos e fontes. Seu formato é pensado, pois é neste momento que se estuda o nascimento das cidades e se elabora projetos para tal.

Fotografia 8: Praça de São Pedro em Roma, Vista pela Basílica de São Pedro.

"As praças compõem, então, um cenário, ricamente decorado com seus monumentos, obeliscos e estátuas; um espaço onde são representadas manifestações políticas, de prestígios, festas públicas, cerimônias oficiais. Todo e qualquer tipo de evento, acontece nesse espaço. A diferença com as praças medievais está na presença de edifícios isolados. Contudo, ainda, mantêm sua integração com os edifícios e seu entorno e com os monumentos nela instalados." (SILVA, pág.53, 2003). Nos países mais novos como o Brasil, a sua formação está ligada muitas vezes ao nascimento de uma cidade, conforme a tradição dos colonizadores marcava-se o local da igreja e ao seu redor nasce a praça e ou jardim. Fotografia 9: Pintura de Jean Baptiste Debret ilustrando uma praça na cidade do Rio de Janeiro no século XIX.


Este local era bem planejado, limpo, poderia existir a presença de vegetação, porém não eram todos que tinham o direito de estar no ambiente, ou pelo menos, não do mesmo modo que os homens brancos de grande poder de capital e ou influência. No período barroco, a praça terá novas formas abandonando muitas vezes a simetria, integrando ornamentos, podendo ter vegetação, fazendo com que haja organização da natureza, criando espacialidades, fazendo com que o observador esteja no papel principal para a composição do ambiente da praça. A praça romântica trás à tona a fantasia, a poesia e a paixão para a formação do espaço, desta forma segue a ideia do naturalismo e retorna para a criação de paisagens conforme as pinturas paisagísticas do século XVII. Uma de suas principais características é a criação de locais contemplativos. No classicismo a praça possui traçados retilíneos, em sua grande maioria com caminhos em “cruz”, sempre haverá um ponto focal em seu interior, podendo ser uma fonte ou até mesmo um local aberto para se estar. No ecletismo a praça possui variadas características, é o momento em que os elementos de outros estilos são dispostos juntamente em uma praça, como o coreto e um lago sinuoso. Com a consolidação da era industrial faz com a urbanização aumente graças ao êxodo rural, com a necessidade de recreação e maiores espaços para a o lazer público, assim nasce as praças modernas, que proporcionaram atividades além do passeio como as atividades físicas e culturais. Na contemporaneidade a praça continua quase que com todos os aspectos da praça moderna, porém reintegra o comércio junto ao local, elemento que fica fora do ambiente da praça na era do ecletismo. Elementos visuais são utilizados para dar identidade ao local ou até mesmo por pura estética, as cores são muito utilizadas. Portanto devemos associar o surgimento das praças na cidade os fatores sociais e históricos, quão importante o local é para história da população. Seu surgimento está ligado a fatores geográficos, sociais e econômicos do município, sendo assim o ambiente da praça ganha novos sentidos, usos e variadas atividades.

O ESPAÇO PÚBLICO Para a concepção do espaço público devemos entender que o mesmo interage diretamente com o privado, realizando a ligação entre estas

extremidades. Um espaço completamente edificado não o torna cidade, para que haja uma urbanização é preciso que o espaço público exista e exista com qualidade. Segundo Paula Santoro, arquiteta e urbanista formada pela FAUUSP, quando entrevistada pela revista AU, diz que o espaço público é essencial para que se garanta a troca de informações dentro de uma civilização, sem o mesmo não existe cidade, é preciso perder o desejo e a fantasia de que a privatização melhore ou acabe com todos os problemas da cidade. " É isso que faz a cidade ser cidade: o encontro. É preciso ir contra essa coalizão, em que apenas os interesses em privatizar imperam, e não há mais rua, não há mais praças, não há onde se manifestar, onde exercer a cidadania, a tolerância. Só teremos segurança quando todos nós estivermos nas ruas, quando elas tiverem vida. Ruas vazias são lugares inóspitos, principalmente para as mulheres, nas quais o medo de um ato violento assombra. E, no País, cerca de 1/3 dos deslocamentos são feitos a pé." (SANTORO, [julho 2013] entrevista concedida a revista AU) Pode-se entender que o espaço público é o local de uso e posse de todos, ambiente que permite a troca de relações interpessoais e garante vitalidade a área. Para que tenhamos um bom espaço público e que consigamos garantir o bom relacionamento e as trocas de experiências entre os usuários, deve-se muitas vezes priorizar o pedestre. Segundo Jan Gehl em seu livro Cidade para Pessoas, pontua diversas ações que podem ser tomadas para que se possa potencializar o espaço público. É citado diversas vezes a escala do pedestre e o sentido da visão, pois o mesmo garante ao observador o reconhecimento do ambiente e com tempo permite a criação do sentimento de pertencimento do local. Ele classifica a rua como elemento de transição dentro da cidade e a praça como ambiente de experiência. Fotografia 10: Espaço público em São Paulo onde os pedestres ocupam da maneira que sintam confortáveis.

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"Descrevemos caminhos e ruas como espaços para movimentação cuja a forma está diretamente relacionada com o movimento linear dos pés, as praças e largos, em sua forma espacial, podem igualmente estar relacionados ao olhar e sua potencial percepção de eventos dentro de um raio de 100 metros. Enquanto a rua sinaliza movimento "siga em frente" -, psicologicamente a praça sinaliza movimento e permanência. Pés e olhos deixaram uma marca indelével na história do planejamento urbano. Os componentes básicos da arquitetura urbana o espaço de movimentação, a rua, e o espaço de experiência, a praça." (GEHL, p. 38, 2010).

CAPÍTULO II - ESPAÇO PÚBLICO E AS RELAÇOES INTERPESSOAIS ESCALA HUMANA E O ESPAÇO

A praça como elemento do espaço público desempenha papel fundamental para o alívio da urbanização, é um espaço de respiro na cidade. Segundo Sun Alex em seu livro Projeto da Praça – Convívio e exclusão no espaço público - 2008, diz o seguinte: “Simultaneamente uma construção e um vazio, a praça não é apenas um espaço físico aberto, mas também um centro social integrado ao tecido urbano. Sua importância refere-se a seu valor histórico, bem como a sua participação contínua na vida da cidade.” Em seu livro Sun Alex continua dizendo que para que o espaço público possa servir a todos o mesmo deve ser acessível, sendo que as barreiras devem ser inexistentes tanto fisicamente quanto visualmente e socialmente, o espaço deve ter condições para o uso e deleite do indivíduo sem que o mesmo cause a segregação da população. Como exemplo nos trás a Praça Roosevelt que é repleta de barreiras físicas e visuais que dificultam o acesso e percepção do lugar.

Fotografia 11: Fachadas criativas e projetos realizados na escala humana aumenta a frequência de pedestres no espaço público.

Fotografia 12: no livro Cidade para Pessoas de Jan Gehl, o autor realiza análises referente a percepção do pedestre, onde o mesmo perde detalhes do ambiente a partir do quinto andar da edificação.

Para uma maior qualificação do espaço urbano e do ambiente público é necessário que se pense na escala humana. Com a arquitetura moderna no século XX, principalmente entre as décadas de 10 e 50 tivemos um movimento muito ligado a forma e grandiosidade das construções e espaços, este movimento faz com que o ambiente fuja da escala humana e das percepções humanas da cidade. A forma e volumetria era fator predominante nos projetos, os edifícios são projetados individualmente e sempre de fora para dentro, causando segregação a cidade, o individualismo tem o seu ápice.


Jan Gehl, arquiteto e urbanista formado na década de 60 na cidade de Copenhague, possui um imenso trabalho voltado ao espaço público e em um dos seus livros como Cidades para pessoas publicado em 2010, realiza diversos estudos sobre a melhoria e transformação dos espaços públicos quando levado em consideração as pessoas. O dinamarquês inicia seu discurso com a perda do valor das áreas públicas quando a cidade privilegia o automóvel. O carro ganha mais espaço na cidade. Tal processo acaba por retirar as pessoas dos ambientes da cidade, com este feito o lugar perde as suas qualificações e se torna um ambiente hostil, não há presença de pedestres e sim de carros. O arquiteto descreve o quão importante são os sentidos para o projeto, para o ambiente, para a cidade. Quando ocorre este esvaziamento das pessoas em meio as ruas, o sentimento de segurança, de hospitalidade se perde, a máquina faz com que o ambiente se torne frio e escuro. Para que a vida na cidade seja qualificada é necessária a atividade humana, quanto mais pessoas nas ruas mais o sentimento de segurança, hospitalidade e movimento é aguçado, faz com que o espaço não perca o sentindo e não seja degradado com o passar do tempo. Para garantir estes aspectos o autor disserta que o sentido da visão é o principal e o primeiro a realizar contato com o ambiente e que o mesmo deve ser aprimorado, o arquiteto não deve pensar apenas na forma, não deve projetar apenas através de fotografia e desenhos, pois estas formas 2D limitam o projetar e por fim acabam por executar um projeto voltado para forma e não para as pessoas. O bom projeto leva em consideração a vida, o estudo da mesma, o cotidiano das pessoas na cidade. O autor cita e descreve um planejamento urbano voltado as pessoas e não à cidade, um planejamento que está voltado à habitabilidade, sendo assim está voltado para a qualidade de vida das pessoas no meio urbano da cidade. Fotografia 13: Requalificação em Nova York. A sensação de segurança no espaço público depende da utilização do mesmo pelas pessoas. É necessário garantir a vitalidade do local.

Fotografia 14: Avenida Paulista, ao fundo MASP (Museu de Arte de São Paulo). A imagem representa as atividades exercidas na cidade aos domingos, onde a avenida é fechada para todos os pedestres e ciclistas. Ambiente propício para a criação de relações interpessoais e desenvolvimento de experiências.

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CONSTRUINDO RELAÇÕES O espaço público da cidade está totalmente voltado à propriedade de encontro entre os indivíduos, relações interpessoais acontecem e a vida humana se desenvolve. O ambiente público da cidade deve ser capaz de suportar a quantidade de habitantes conforme a sua escala, garantir e potencializar o seus usos, incentivando cada vez mais a utilização do meio. Muitas cidades da Europa estão adaptando o seu planejamento voltado para a habitabilidade do espaço, garantindo assim uma melhor utilização do ambiente da cidade e da esfera pública. Cidades como Copenhague que já em 2010, mostrava que 37% dos habitantes realizavam trajetos dentro do ambiente urbano com a bicicleta. Para garantir a melhora do ambiente é preciso rever o planejamento, garantir a mobilidade de forma sustentável, alternativa e eficaz, garante a irrigação dos transeuntes por toda a cidade. É necessária a criação de “pontes” e “ambientes facilitadores” nas relações interpessoais para garantir o melhor desenvolvimento da sociedade. Assim como a rua possui o diálogo de movimento, a praça nos diz para estar, na rua o passo é acelerado e preciso, é necessário seguir o fluxo, já na praça o caminhar é mais lento e permite que os olhos percorram o ambiente e absorvam os detalhes as sensações do local e é neste ambiente que em sua maioria que as relações acontecem que as trocas de experiências são executadas e a democracia impera.


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QUALIDADE DE VIDA

Fotografia 15: Revitalização em Copenhague na Dinamarca. As instalações proporcionam as relações interpessoais.

Para a construção e desenvolvimento de um bom espaço público podemos citar algumas intervenções que acabam por sua vez qualificando as relações humanas. Segurança nos espaços públicos, espaços que possuem circulação de pedestres, vida no ambiente durante o dia e a noite e boa iluminação. Espaços para caminhada, onde se propicie a observação do indivíduo, com boas fachadas, com piso regular, sem obstáculos e que garanta a acessibilidade a todos. Espaços de permanência com boa paisagem e mobiliário que propiciem o estar do individuo, vegetação com grande quantidade de sombra, atrai pessoas que fogem do clima quente como em Ribeirão Preto. Oportunidade de troca de informações, locais com ruídos baixos e mobiliários que potencializem a interação humana. Grandes massas de vegetação são capazes de absorver ruídos como as da Praça Sete de Setembro. Ambientes para execução de exercícios físicos, com equipamentos e mobiliários que potencializem a reunião dos praticantes. Atividades nas ruas em diferentes horários e estações e por fim a boa experiência sensorial com vegetação, cursos d’água e mobiliários com bons materiais. Todos estes aspectos facilitam o convívio e garantem a vitalidade da área, fazendo com o ambiente seja sempre utilizado pelos cidadãos e evitando a segregação humana, pois são aspectos que independem de condições econômicas e sociais. Com o auxilio do bom planejamento, voltado para a escala humana o espaço público terá bom aproveitamento pelos cidadãos.

O espaço público deve ser projetado da melhor forma possível juntamente com a opinião pública para que se possa constituir um ambiente favorável ao uso contínuo, gerando a satisfação dos seus usuários. O ambiente com boas qualidades é capaz de garantir a melhoria da vida em todos os âmbitos, como psicologicamente tanto fisicamente. Um local com segurança para realização de eventos culturais e sociais aproximam os indivíduos e faz com que se sintam parte do ambiente, gerando sempre o sentimento de zelo e cuidado para com o espaço. A qualidade de vida está muitas vezes ligada não somente ao individuo, mas também com o próprio espaço, um ambiente com uso garante a vida e protege o local contra a degradação, sendo ela da ação do tempo, natural e ou humana. É necessário ocupar o espaço da cidade para que o mesmo não se acabe em ruínas, esquecido pelo poder público e pelos próprios cidadãos. Referente ao que foi citado acima temos na Praça Sete de Setembro de Ribeirão Preto grande quantidade de atividades exercidas no local, como a yoga, a caminhada, a ginástica ao ar livre, a feira de artesanato, o campeonato de rimas improvisadas dentre outras atividades. Tais atividades garantem a vida no local e o movimento de pessoas de todas as partes da cidade, sendo assim, podemos entender que estes eventos só acontecem porque a praça possui potencialidades para a execução, fatores que favorecem como o próprio espaço e a vegetação.

Fotografias 16 e 17: : Exposição de arte e pedestre de bicicleta na praça Sete de Setembro em Ribeirão Preto – SP.


O ESPAÇO PÚBLICO E AS ARTES Neste capítulo abordaremos a relação entre o espaço público e as artes que contribuem para a valorização do ambiente urbano. No livro “O que é uma cidade criativa” de Elsa Vivant é realizada a discussão do paradoxo entre as cidades antigas e a nova tendência de cidades criativas que se utilizam da arte para atrair as pessoas e melhorar o espaço público. Segundo a autora a cidade criativa é composta por pessoas criativas que possuem o potencial de desenvolvimento e capacidade para resolver problemas complexos, sendo assim, estes escolhem espaços que potencializam as suas características e melhoram o meio em que vivem. A autora cita a valorização do espaço através da cultura, sendo a mesma responsável por ativação do local e a mudança do planejamento das cidades que desejam que cada vez mais seus espaços urbanos sejam valorizados, tendo um ganho junto ao mercado imobiliário. "Nas ultimas décadas, diversas cidades conheceram um renascimento notório, que colocou sua vida cultural no seio de operações de urbanismo, por meio da criação de equipamentos espetaculares, de um bairro cultural, da organização de eventos ou, ainda, do reconhecimento e do apoio de novas práticas artísticas. Assim, a cultura é utilizada no quadro de políticas urbanas como ferramenta de valorização do espaço." (VIVANT, Elsa. O que é uma cidade criativa?) Seguindo a linha do pensamento a autora diz que a cidade deve permitir a expressão das singularidades, apoiar as diversidades sem renegar o diferente, sendo assim podemos entender que a ideia de cidade criativa, é de uma cidade para todos, com ambientes e espaços públicos que permitam a expressão de todos os indivíduos sem distinção. "A ideia de cidade criativa tem de ser repensada com um mínimo de clareza para escapar da rejeição que suscita. Seu primeiro mérito é o de atualizar a ideia original da cidade como entidade emancipadora, a qual facilita a expressão das singularidades, a reivindicação e a manifestação das diferenças e da diversidade." (VIVANT, Elsa. O que é uma cidade criativa?) Deste modo podemos entender que as artes podem e devem qualificar o espaço e o mesmo deve estimular estes eventos. Na Praça Sete

de Setembro temos diversos eventos que envolvem as artes e que atingem pequena parte da população, são eventos que possuem capacidade de crescimento, de desenvolvimento para que se possa ativar a área entre os períodos diurno e noturno. Segundo o curador Baixo Ribeiro, criador da galeria Choque Cultural, que é uma importante referência global no quesito de arte urbana, diz em entrevista ao Portal Aprendiz do site UOL que “toda arte que é colocada no espaço público deve dialogar com a comunidade que utiliza o lugar, de alguma maneira ela deve ser aceita por esta comunidade.” Sendo assim podemos entender aqui o conceito de identificação, do sentimento de valorização do espaço. Ribeiro faz uma comparação entre a arte formal e a informal ou pública, quando diz: “Um monumento é colocado de cima para baixo, na maioria dos casos com pouquíssimo diálogo com a comunidade, praticamente sem troca com as pessoas que ali vivem. E, provavelmente, ficará para sempre naquele lugar. Já a arte pública compila uma série de intervenções provisórias, transitórias, diversas e efêmeras. Esse tipo de arte não ficará no espaço público para sempre. Por isso, causa menos interferência na paisagem, e permite um diálogo mais aberto com a comunidade local. O tempo de permanência da obra indica se a população gostou ou não dela” (RIBEIRO, Baixo. Entrevista ao Portal Aprendiz do site UOL. Fevereiro de 2017) Fotografia 19: Grafite de autoria do artista Eduardo Kobra na cidade de São Paulo. A obra qualifica o ambiente e garante vitalidade ao mesmo.

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CRÉDITOS ICONOGRÁFICOS Fotografia 1: http://ohistoriante.com.br/pra%C3%A7as.htm Fotografia 2:Marcelo Albuquerque, História, arte e arquitetura. Fotografia 3: http://lisboadeantigamente.blogspot.com.br/2017/02/praca-domunicipio-antiga-praca-do.html Fotografia 4: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2014/10/10-tecnicasde-tortura-mais-assustadoras-da-idade-media.html Fotografia 5: Celestino Manuel – Turismo em Portugal. Fotografia 6: In Green / Shutterstock.com Fotografia 7: Jean Baptiste Debret, Pintura realizada de uma praça na cidade do Rio de Janeiro em 1834. Fotografia 8: New York City Department of Transportation-Flickr-CC Fotografia 9: WRI Brasil Cidades Sustentáveis Fotografia 10: https://www.areasverdesdascidades.com.br/2012/03/praca-vinicius-demoraes.html Fotografia 11: Mateus Voltolini, 2018. Fotografia 12: Andrés Otero, Estudio Carlos Fortes Luz + Design, 2012. Fotografia 13: Jan Gehl, Cidade para pessoas, 2010. Fotografia 14: New York City Department of Transportation-Flickr-CC Fotografia 15: Marcus Steinmeyer/Veja SP Fotografia 16: Gehl Architects, New Road by Landscape Projects and Gehl Architects Fotografia 17: Mateus Voltolini, 2018. Fotografia 18: Mateus Voltolini, 2018. Fotografia 19: Mateus Voltolini, 2018. Fotografia 20: Felipe Lange Borges 2017.


LEVANTAMENTO DE DADOS



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LOCALIZAÇÃO A praça Sete de Setembro, objeto de estudo deste trabalho, está situada na área central de Ribeirão Preto, um local de grande movimento, ponto de atração e encontro do município. Área solidificada e de grande concentração de edifícios, com grande movimento diurno, porém no período da noite o movimento cai devido ao fechamento da maior parte do comércio local. No entanto, existem pequenas zonas de vida noturna, como por exemplo as áreas próximas a praça Sete de Setembro,principalmente na rua Florêncio de Abreu com seus bares e restau- rantes. O local está circundado por grandes eixos de circulação da cidade como as Avenidas Francisco Junqueira, Independência, Nove de Julho e a Jerônimo Gonçalves, o Terminal Rodoviário está situado a 1,8KM da Praça Sete de Setembro. Sendo assim podemos dizer que a área é de fácil acesso e com grandes potencialidades.

Vista dos fundos da Catedral de Ribeirão Preto. Fonte: http://www.ribeiraoturismo.p mrp.com.br/PontoTuristico/In dex/catedral.

Vista da entrada principal do Shopping Santa Úrsula. Fonte: Jornal Sudoeste.

Vista do Coreto que está localizado ao centro da Praça Sete de Setembro. Fonte: Mateus Voltolini.

Vista Frontal do Terminal Rodoviário de Ribeirão Preto. Fonte: Jornal Sudoeste.

LEGENDA

600m


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USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Podemos verificar na área que a grande concentração de comércio está localizado na Avenida Independência, que possui um grande fluxo, o afastamento que muitas vezes acaba se tornando estacionamento para clientes. Quanto mais nos distanciamos da Avenida Independência no sentido ao centro verificamos que prevalece uso do solo como residencial, logo em seguida o serviço prevalece. Diante das informações passadas pelo mapa podemos verificar a pequena quantidade de vazios urbanos na área, os que existem geralmente são utilizados como estacionamento, que acaba absorvendo uma grande quantidade de veículos que transitam no centro da cida- de. A grande e única área verde que encontramos neste trecho do centro da cidade é a Praça Sete de Setembro, que acaba sendo um ponto de encontro de diversas “tribos” afim de absorver outros usos como feiras, exposições e eventos. Pela sua grande quantidade de vegetação se torna uma pequena ilha de tranquilidade, amenizando os ruídos e temperatura do ambiente. São pontuados na área instituições que garantem o desenvolvimento de pessoas, suporte ou apoio como a Secretaria Municipal da Fazenda, o Colégio Objetivo, escola de educação infantil e dentre outras. 1- Fotografia realizada na fachada do Hotel Taiwan que se localiza na esquina entre as ruas Floreano Peixoto e a Lafaiete. Fonte: Mateus Voltolini.

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Comércio

Residencial

Institucional

Serviço

Vazio

Área Verde

100

200

Mapa realizado através de levantamento na área com visitas no local e utilizando ferramentas como o Google Maps. Fonte: Mateus Voltolini.

3- Fotografia realiza na esquina da rua Florêncio de Abreu com a Floriano Peixoto, podemos identificar um tradicional bar que se encontra próximo a praça. Fonte: Mateus Voltolini.

2- Fotografia realizada na esquina da Praça Sete de Setembro, podemos identificar dois tipos de habitação, a horizontal e a verticalizada. Fonte: Mateus Voltolini.


GABARITO

Referente ao gabarito podemos analisar que é variado, porém em certos pontos próximos ao Shopping Santa Úrsula e a praça temos uma verticalização alta, conforme seguimos em direção a Avenida Independência percebemos que o gabarito se torna mais horizontal. Com o auxílio das imagens podemos concluir que o entorno é variado, com algumas verticalizações altas e outras baixas, formam uma paisagem que não é homogênea. A vegetação da praça acaba por criar um filtro entre os espaços, esconde a verticalização do pedestre que caminha em seu interior.

Fotografia do coreto com vista para os edifícios no entorno da praça. Fonte: Mateus Voltolini.

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Fotografia do coreto com vista para os edifícios localizados na rua Sete de Setembro. Fonte: Mateus Voltolini.

Fotografia de residência na esquina da praça.Fonte: Mateus Voltolini.

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Mapa realizado através de levantamento na área com visitas no local e utilizando ferramentas como o Google Maps. Fonte: Mateus Voltolini.

Fotografia do edifício na rua Sete de Setembro. Fonte: Mateus Voltolini.

Os edifícios localizados no entorno praça são elevados e com características únicas. Fonte: Mateus Voltolini.

No entorno da praça podemos localizar edificações baixas. Fonte: Mateus Voltolini.

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DENSIDADE POPULACIONAL

Nota-se que o mapa de densidade populacional da área é variável, sendo que próximo a Avenida Independência é concentrada a menor densidade pois os lotes são hoje, em sua maioria, destinados ao comercio e serviços. Próximo a praça a densidade aumenta devido a verticalização existente na área. Abaixo da rua Florêncio de Abreu identificamos que a densidade é classificada como mediana/baixa, como verificado que nesta área a verticalização é baixa dado que a maioria das edificações neste local são térreas comportando apenas uma família.

As fotografias nos mostram diferentes tipos de edificações. Quanto mais alto edifício mais pessoas vivendo por metro quadrado. Fonte: Mateus Voltolini.

Até 60 Até 100 Até 200 Até 500 Até 850 Até 1300

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Mapa realizado através de levantamento na área com visitas no local e utilizando ferramentas como o Google Maps, o próprio mapa de verticalização, já que na maioria das altas verticalizações na área são destinadas a moradia e o site do IBGE. Fonte : Mateus Voltolini.


HIERARQUIA VIÁRIA

Neste mapa que nos passa a informação da hierarquia viária da área estudada podemos perceber a classificação das vias e possivelmente a sua escala de utilização pelos habitantes da cidade que transitam pelo local. As ruas Florêncio de Abreu e a Lafaiete são classificadas como coletoras, exercem a importante função de conectar o centro da cidade a outro bairro como a Vila Seixas e se conectam a arterial Avenida Independência que concentra grande fluxo de carros, pois através dela é possível atravessar a cidade de norte a sul. Em horários de picos ou seja, por volta das 07:00 às 09:00 no período da manhã e das 16:30 às 19:00 no período da tarde/noite a quantidade de veículos é superior que nos demais horários. As vias locais já possuem um trânsito mais calmo e geralmente possui estacionamento de um dos lados da via.

As fotografias nesta página apresentadas mostram algumas vias nas proximidades da Praça Sete de Setembro. Fotografias realizadas por Mateus Voltolini – 2018.

Vias Locais Vias Coletoras

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Via Arterial

Podemos perceber nas imagens que todas as vias, até mesmo as mais estreitas como a Travessa Moreira possui estacionamento em um de seus lafos. Fotografias realizadas por Mateus Voltolini – 2018.

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EQUIPAMENTOS

Com relação aos equipamentos urbanos podemos notar que a área é bem servida, até mesmo porque se encontra no centro da cidade. Na área encontramos escola como o Colégio Objetivo e o Instituto Educacional do Estado de São Paulo, a Secretaria Municipal da Fazenda. A área conta também com o Shopping Santa Úrsula que é um polo de encontros, lazer e entretenimento, além de gerar grande quantidade de empregos. Shopping possui características opostas da praça, é um falso espaço público, onde o que interessa é capital, já na praça voce é livre para passar, estar e pemanecer. No quesito saúde os Hospitais São Lucas, São Francisco e Unimed atendem aos usuários mesmo não estando dentro do espaço estudado. Abaixo segue os equipamentos que mais impactam a área, por serem geradores de encontros e ocasionarem grande quantidade de fluxo de transeuntes no ambiente.

BANCOS PRAÇAS

SHOPPING CENTER SUPERMERCADO HOSPITAL PÚBLICO HOSPITAL PRIVADO

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Colégio Otoniel Mota, no centro de Ribeirão Preto, próximo ao Shopping Santa Úrsula. Fonte: AGBonavita.

RECRA - Sociedade recreativa e de esportes de Ribeirão Preto. Fonte: Google.

FACULDADE ESTADUAL SECRETARIA DA EDUCAÇÃO IGREJA FARMÁCIA CLÍNICA PARTICULAR GUARDA MUNICIPAL GUARDA MUNICIPAL ESCOLA PÚBLICA ESCOLA PARTICULAR INSS POLÍCIA CIVIL

Delegacia de polícia localizada na Avenida Independência, próxima a praça Sete de Setembro. Fonte: Google.

Hospital São Lucas, localizado no bairro Vila Seixas. Fonte: medmedicina. com.br

Shopping Santa Úrsula, centro de Ribeirão Preto SP. Fonte: Mateus Voltolini.


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PRAÇAS

Praça XV de Novembro foi fundada por volta de 1890, é referência para os moradores e visitantes, pois a mesma se localiza à frente do Quarteirão Paulista. Foi tomabada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo em 13 de março de 1985, junto com o Quarteirão Paulista. Local com árvores frondosas que projetam sombras nos seus passeios internos, bancos em madeira, a iluminação é dada por postes de aço e luzes de tonalidade amarelada, uma grande fonte ao centro garante a umidade do ar em dias quentes, um grande monumento do Soldado Constitucionalista da Revolução de 1932 faz se um pólo de atração no local. A praça Carlos Gomes que se localiza a frente da praça citada a cima, possui um grande jardim central, poucas árvores que projetam sombra, por este motivo não possui tantos usuários, utilizada como meio de passagem. Fonte Fotografias: Jornal Sudoeste.

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Praça com traçado linear, com piso em ladrilhos bem conservados, lixeiras iguais as demais praças e bancos de madeira. Assim como na praça Sete de Setembro usuários caminham com seus animais de estimação e praticam leves corridas. Iluminação baixa e de tom amarelado. Fonte fotografias: Jornal Sudoeste.

Pequena praça localizada à frente do Palácio do Rio Branco que foi fundada por volta de 1913, atualmente é sede da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Espaço com vegetação mediana, com apenas quatro bancos, traçado de características clássicas e vegetação de pequeno porte, possui qualidades de jardim. Fonte Fotografia: Jornal Sudoeste.

Catedral de São Sebastião, fundada em 19 de junho de 1856. Praça localizada no centro de Ribeirão Preto, formada por três quadras, com alto fluxo de pedestre, onde acontece feira artesanal durante 5 dias da semana, de quarta a domingo. Possui pontos de ônibus novos que estão desativados até o momento. Fonte fotografia: Jornal Sudoeste.


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COMPARAÇÃO DE USOS Segunda

Segunda

Segunda

Terça

Terça Terça

Fonte: Mateus Voltolini Quarta

Quarta

Fonte: Mateus Voltolini

Fonte: Mateus Voltolini Quarta

Quinta

Quinta

Quinta Sexta Sexta

Fonte: Mateus Voltolini Fonte: Mateus Voltolini

Fonte: Mateus Voltolini

Sexta

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Sábado

Sábado

Domingo

Domingo

Fonte: Mateus Voltolini

Fonte: Google

Domingo

Fonte: Mateus Voltolini

Praça Luis de Camões Conforme podemos perceber a praça Luís de Camões conforme os dados que o site de busca Google nos apresenta, o local é mais movimentado no período da manhã e tarde. Fonte: Google.

Praça XV de Novembro Segundo o Site de pesquisa Google a praça XV de Novembro possui o seu maior movimento no final de semana, principalmente no sábado, movimento este graças a quantidade de comércio no seu entorno. Fonte: Goolge.

Fonte: Mateus Voltolini

Praça Sete de Setembro Conforme podemos observar nos gráficos acima a Praça Sete de Setembro tem o seu maior movimento durante a noite de quinta feira, tal fato ocorre por conta das batalhas de rap que atrai grande quantidade de adolescentes de toda cidade. Fonte: Google.


PRAÇA SETE DE SETEMBRO

Praça Sete de Setembro – Levantamento Praça localizada entre as ruas Lafaiete, Floriano Peixoto, Florêncio de Abreu e Sete de Setembro, foi fundada por volta de 1892 quando o espaço deixa de ser um cemitério público. Com o crescimento rápido do município o cemitério deixa de se tornar viável ao local e a demolição do mesmo foi executado para se tornar assim o ambiente que é hoje. Possui grande quantidade de árvores, de porte variados que produzem grandes sombras que acabam atraindo pedestres que utilizam o local para se exercitar, como lazer e até mesmo como ponto de encontro. O traçado da praça é classificado como romântico, graças as suas curvas que convidam para o passeio calmo, o coreto como figura central e polo de atração e a noite com suas nuances de claro e escuro, convidam casais de diferentes idades se encontrarem na praça. A praça possui grande quantidade de lixeiras, porém que não são funcionais, a iluminação é dada por postes de médio porte, luz de tom amarelado. Como suporte o local conta com um coreto que é localizado ao centro da área, um quiosque próximo a rua Floriano Peixoto, uma banca de jornal de frente à rua 7 de Setembro e um ponto de táxi na rua Florêncio de Abreu.

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Ciclista cortando caminho pela praça para chegar ao seu destino.

ANÁLISE COMPORTAMENTAL

Pedestres realizam a sua caminhada matinal. No período da manha a padaria é um ponto de encontro.

Análise Comportamental Segunda a Sexta - Período Diurno No mapa abaixo podemos pontuar comportamentos que foram identificados durante os dias de segunda a sexta, onde a praça é utilizada principalmente para caminhada e local de passagem. Durante a manhã podemos observar diversos pedestres, de diversas idades utilizando do espaço para executar suas atividades físicas, sejam elas no entorno ou até mesmo na academia ao ar livre que existe próxima ao quiosque. Durante o dia podemos perceber que a padaria localizada na esquina ao lado da praça proporciona grande movimento de pedestres. Como atividades coletivas podemos pontuar escolas de treinamento para seguranças, que executam diversas atividades físicas no local, o que atrai olhares por quem passa no local. No período de luz natural podemos observar grandes espaços com sombras, manchas no espaço que convidam para um sorvete da Sorveteria do Jô que se localiza bem em frente ao local, ou até mesmo para um passeio de bicicleta. No período vespertino a partir das 16:00hrs temos um aumento no fluxo de pedestres que moram pelo entorno ou proximidades da praça, assim como no período da manhã eles caminham e praticam suas atividades físicas.

Praça também é local de trabalho para algumas pessoas.

A banca chama a atenção dos pedestres com suas notícias impressas.

Todas as fotografias acima foram realizadas por Mateus Voltolini na Praça Sete de Setembro no período da manhã. Podemos observar que algumas atividades são realizadas como ir a banca de jornal, ir a padaria, caminhar, dentre outras atividades que são executas neste local.


ANÁLISE COMPORTAMENTAL

Análise Comportamental Segunda à Sexta – Período Noturno Eis que a noite temos o momento mais fresco do local, a grande quantidade e grandiosidade da vegetação da área acaba criando um microclima, que agrada e atraí usuários e transeuntes. Podemos verificar que neste período as pessoas usam roupas mais leves e estão mais à vontade, permanecem por alguns momentos na praça, ou até mesmo horas. O fluxo de usuários na praça tende a crescer conforme a semana se aproxima do fim, na quarta feira por conta de jogos transmitidos pela TV aberta semanalmente, os estabelecimentos do entorno da praça têm um movimento maior, todas as quintas a praça tem o seu ápice de indivíduos no período noturno. Isto se dá graças ao evento realizado todas as semanas, já a sete anos no local, o “Sangue na Sete”, uma disputa de rimas improvisadas ao som do rap, o que acaba atraindo grande quantidade de jovens e adolescentes, na sua grande maioria negros e de outros bairros, que vêm a pé ou se utilizam do transporte público para se locomover. Podemos pontuar zonas e locais que acabam atraindo diferentes públicos, como por exemplo as equinas que com seus bancos convidam casais de todas as idades, o coreto, área central da praça atrai os mais jovens e o lado próximo à rua Floriano Peixoto as famílias que são clientes da sorveteria do Jô.

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ANÁLISE COMPORTAMENTAL Sábado – Período Diurno

Análise Comportamental Sábado – Dia e Noite Aos sábados é realizada durante todo o dia uma feira de artesanato que ocorre à doze anos, o que acaba atraindo mais movimento ao local. No período da manhã o coreto é bem utilizado, como espaço para aulas de tango, como também para praticar Yoga, atividade que atrai os olhares de quem passeia pelo local. Na esquina da praça com as ruas Sete de Setembro e a Florêncio de Abreu temos um vendedor de verduras e legumes que possui uma boa quantidade de cliente, por sempre estar no mesmo local o mesmo cria uma identidade no espaço. O movimento pela praça cai aos sábados a noite, por conta de outras atividades e eventos na cidade o local acaba ficando quase vazio, o que garante movimento no local é a sorveteria do Jô.

Sábado – Período Noturno

Todas as fotografias foram realizadas por Mateus Voltolini na Praça Sete de Setembro em um sábado. Podemos observar diversas atividades sendo executadas neste espaço da cidade.


ANÁLISE COMPORTAMENTAL Domingo – Período Diurno

Análise Comportamental Domingo – Dia e Noite Durante os domingos podemos pontuar que a praça possui novas atividades, aquele espaço que antes servia de base para a feira de artesanato agora serve de ponto para o “Trenzinho da Sete” que atrai adultos e crianças, com personagens e músicas infantis. A sensação muda quando caminhamos um pouco mais e nos deparamos com artistas da cidade que expõe seus quadros e obras para o publico que passa pelo local. Em conversa com um dos artistas o mesmo relata que era maior a quantidade de artistas que ali expunham suas obras, e que com o passar do tempo foi diminuindo, talvez por que os interesses mudaram, por falta de apoio ou por conta de condições sociais que afetaram muito o local, como a violência e a falta de segurança. Na esquina da praça, no cruzamento da rua Sete de Setembro com a rua Florêncio de Abreu o vendedor de quitandas de milho cria um ponto de atração. No domingo de manhã encontramos pessoas de meia idade caminhando, durante a tarde, crianças andam de bicicleta, pessoas levam seus pets para o passeio, porém durante a noite o espaço se desertifica, poucas pessoas transitam pelo local. Em frente a sorveteria do Jô possui o maior movimento do local, o que acaba criando uma ilha de tranquilidade.

Domingo – Período Noturno

Todas as fotografias foram realizadas por Mateus Voltolini na Praça Sete de Setembro em um domingo. Podemos observar diversas atividades sendo executadas neste espaço da cidade, como exposição de arte, o trenzinho das crianças e ações comunitárias. Um espaço como este favorece para que todas estas atividades aconteçam.

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A vegetação no ambiente é bem rica, segundo um levantamento realizado em 2009 por Renata Gimenes que foi aluna da Universidade Estadual Paulista (UNESP) levantou-se cerca de 86 espécies num total de 281 exemplares, ao lado na tabela, temos uma parte das espécies levantadas pela estudante, um pequeno montante para que possamos ter ideia dos gêneros existentes no local. Além dessas, podemos perceber também vegetações que possuem um período de vida curto comparadas as demais árvores do local, como o girassol e mamoeiro, que podem ser frutos da ação da própria natureza ou ação do homem. A vegetação no local exerce grande papel, pois por ser em sua maioria árvores de grande porte, acabam por criar um micro clima que é agradável ao transeunte e aos usuários do local. Pequenas plantas e arbustos produzem flores de variadas cores que se destacam na imensidão de verde que existe no local. Vale destacar a sensação que o pedestre possui quando transita pelo local, as árvores acabam escondendo os edifícios verticalizados no entorno da praça. No período noturno a vegetação suscita a presença de espécies de mamíferos voadores, ou seja, morcegos e até mesmo corujas, porém os aspectos da praça mudam, a temperatura diminui com a falta de luz natural. Durante o verão o espaço é muito procurado por moradores da região.

VEGETAÇÃO

Fonte tabela: Análise Histórico-Cultural, Paisagista e QualiQuantitativa dos elementos arquitetônicos da Praça Sete de Setembro, Ribeirão Preto, SP. Gimenes Renata – UNESP.

Fonte das fotografias: Mateus Voltolini - Fotografias realizadas na Praça Sete de Setembro, através delas podemos verificar o quão rica é flora existente no local, com suas áreas de grande porte e suas vegetações rasteiras.


MOBILIÁRIO

A praça conta com diversos mobiliários, sendo eles bancos, lixeiras, postes de iluminação, pergolado, jardineiras, academia ao ar livre e pontos de ônibus. Os bancos são todos pintados com uma tinta óleo marrom que garante a proteção do mobiliário contra umidade e das águas pluviais. As lixeiras são em aço acinzentado, com uma proteção na sua extremidade para que não se acumule águas da chuva, porém não são funcionais para que se faça da melhor maneira a coleta do lixo. O pergolado em alvenaria e concreto cumpre um papel estético do local. A iluminação é garantida graças a postes de médio porte com materialidade similar a das lixeiras e de mesma cor. Pontos de informações com um mapa estão nas extremidades da praça que indicam sua localização e de outros pontos da cidade. Jardineiras de cores claras e com ornamentos dão suporte a variadas plantas. O ponto de ônibus feito de aço indica apenas o local de parada do circular e não protege o indivíduo contra as intempéries. A acessibilidade do local é garantida com rampas nas calçadas, principalmente nas esquinas e o piso de cimento em bom estado garante que o cadeirante possa transitar facilmente.

As imagens abaixo demonstram a qualidade espacial e a qualidade dos mobiliários em questão, todos muito utilizados pela população da cidade. Basta analisar o mapa ao lado para que possamos comprovar que existe na praça mais lixeiras do que bancos para as pessoas se sentarem, creio que isto não seja uma coisa ruim, porém é necessário realizar uma adequação para que as pessoas possam utilizar o espaço.

Fotografias realizadas por Mateus Voltolini.

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LOTES

Fonte: Mateus Voltolini Lote localizado na rua Florêncio de Abreu, situado em frente aos lotes identificados ao lado, o mesmo se encontra desocupado. Fonte: Mateus Voltolini Todos estes lotes a cima estão localizados na Rua Florêncio de Abreu, são edificações desocupadas ou de fácil demolição.

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5 Rua Florêncio de Abreu

Fonte: Mateus Voltolini. Lote Localizado na esquina da Rua Florêncio de Abreu e a Rua Sete de Setembro, atualmente é um estacionamento da padaria que se encontra na esquina à sua frente.

Fonte: Mateus Voltolini Lote localizado ao lado da sorveteria do Jô.

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Fonte: Mateus Voltolini. Lote Localizado na esquina da Rua Lafaiete e a Travessa Moreira. Pequeno lote com uma residência que se encontra desocupada.

Rua Floriano Peixoto

Rua Lafaiete

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Rua Sete de Setembro

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Todos os lotes foram escolhidos após o levantamento da área ser concluído, pois foram identificados como vazio urbano ou desativados no momento. São edifícios de baixo gabarito, o que facilita na demolição das construções e de boa localização no entorno da praça, já que quatro dos cinco lotes são de esquina. Para a construção do projeto e do programa que será executado será proposto uma academia no lote 1, um viveiro de mudas e plantas no lote 2, uma residência de apoio aos artesãos da praça no lote 3, uma administração no lote 4 e um edifício das artes cênicas, música e dança no lote 5. Todas estas propostas de edificações e programa são para auxiliar a vida na praça e potencializar o seu uso, garantir que o espaço público cumpra com o seu papel junto a urbanização.


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LOTES Lotes localizados em frente ao lote do lado, como podemos perceber as curvas são próximas e que os desníveis são pequenos.

Lote localizado na rua Florêncio de Abreu o mesmo tem pequeno desnível.

Lote localizado na esquina das ruas Florêncio de Abreu com a rua Sete de Setembro. O mesmo é plano com pequenos desníveis.

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Lote situado na esquina entre a rua Lafaiete e a Travessa Moreira, pode se perceber que o mesmo possui um desnível segundo as curva de nível entorno de dois metros.

Lote ao lado da sorveteria do Jô. Podemos perceber que apenas uma curva de nível que passa pelo lote, sendo assim o mesmo é praticamente plano com pequeno desnível de até um metro.



LEITURAS PROJETUAIS



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BIBLIOTECA ESPAÑA Biblioteca Parque de Medelin - Biblioteca España Arquiteto: Giancarlo Mazzanti Localização: Santo Domingo, Antioquia, Colombia Colaboradores: Andrés Sarmiento, Juan Manuel Gil, Freddy Pantoja, Camilo Mora, Pedro Saa, Alejandro Piña, Iván Ucros, Gustavo Vásquez. Estrutura em Aço: Alberto Ashner Estrutura em Concreto: Sergio Tobón Materialidade: Concreto, aço, pedra e vidro. Ano do Projeto: 2005 Fotografias: BIAU


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O referido projeto possui características únicas e programa de necessidades semelhante ao que a área estudada necessita. As soluções e o local de implantação nos impressiona com a riqueza de detalhes e com o poder transformador da boa arquitetura, garantindo o acesso à todos os cidadãos, independente de classificações como sociais, raciais e econômicas. RELAÇÃO COM A CIDADE

PROGRAMA

Localizado em uma área elevada da cidade de Medellín e com grande histórico de violência por conta do narcotráfico. Com sua forma prismática e de revestimento negro o objeto chama a atenção na cidade, podendo ser visto de diversas áreas. O arquiteto propõe que o edifício deve se fundir com montanha, adotando assim os seus contornos. O desejo da prefeitura da cidade é a criação de espaço que desenvolva culturalmente a sociedade, diminuir o desequilíbrio social e impoulsionar a democracia.

Vermelho: Auditório Azul: Biblioteca Verde: Salas de treinamento Amarelo: Administração


Assim, conforme solicitado, o programa possui a área da biblioteca para desenvolvimento cultural, o auditório para celebraçoes, peças e outros eventos, as salas de treinamento para desenvolvimento social e a administração para gestão do equipamento.

EIXOS DE CIRCULAÇÃO

A circulação da edificação é garantida pelas caixas de escada e elevadores, no exemplo ao lado temos o corte da biblioteca. Em marca laranja podemos identificar a disposição dos elementos de circulação. No esquema ao lado temos os pontos de acesso do exterior para o interior da edificação proposto pelo arquiteto.

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VOLUMETRIA

O programa foi solicitado que a edificação abrigasse um auditório, a biblioteca, administração e salas de treinamento. A proposta do arquiteto foi de fragmentar o programa, porém os mesmos estariam ligados por uma plataforma que facilitaria o acesso da população.

A volumetria está associada ao programa solicitado, sendo assim é pensada em grandes caixas negras para que se possa destacar junta a paisagem. ESTRUTURA

A estrutura é resolvida por uma casca em concreto armado,as lajes são nervuradas, pois assim se pode vencer grandes vãos e a estrutura fica consideravelmente mais leve, conforme podemos verificar nos cortes da página anterior. As aberturas são tímidas, porém garantem grande quantidade de iluminação natural, as penas aberturas são voltadas para a cidade e a iluminação natural pode ser extraida pelo teto também. .


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As lajes nervuradas muitas vezes são revestidas, escondendo assim os seus aspectos naturais.

Podemos Verificar pilares metálicos que garantem a sustentação dos andares internos da biblioteca. ABERTURAS

No conjunto estrutural podemos identificar vigas e pilares e estruturas metálicas que ligam a casca do projeto com a edificação.

As aberturas possuem formatos geométricos , sendo elas quadradas ou retangulares de diversos tamanhos, criando uma harmonia única a edificação, não se têm aberturas de todos os lados, criando assim a perspectiva de uma caixa de pedra negra toda fechada.



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PRAÇA HUERTO SAN AGUSTIN Arquiteto: Jaramillo Van Sluys Arquitectura + Urbanismo Localização: Quito, Equador. Colaboradores: Cristina Miño, Gabriela Naranjo, Francisco Trigueros, Andrés Velastegui, David Rivadeneira. Materialidade: Concreto, aço, pedra e vidro. Ano do Projeto: 2016 Fotografias: Sebastian Crespo


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O seguinte projeto possui grandes potencialidades, trabalhando o espaço privado com o público, qualificando os dois de uma única forma. O mesmo não abandona a escala do pedestre quando amplia o seu espaço, criando uma praça, criando novas atividades, aderindo nosos usos ao espaço publico. Desta forma podemos expandir as possibilidades de contato humano e as trocas de informações.

RELAÇÃO COM A CIDADE Conforme podemos observar o projeto é adequado para o ambiente no qual está inserido. O mesmo serve de apoio ao Convento de San Agustín, agregando como equipamento urbano banheiros públicos, área de descanso e leitura e apóia a circulação vertical que existe na extremidade do convento.

A edificação possui grandes aberturas e elementos translúcidos o que permite a conectividade visual com o entorno.


CIRCULAÇÃO

RELAÇÃO COM A CIDADE O mobiliário do local é destinado para o conforto e descanso da população utiliza o equipamento. Sendo um local apropriado para leituras, existem mesas e cadeiras para o apoio.

Confome podemos verificar a seta vermelha indica o fluxo de automóveis, com o alargamento das calçadas e a mudança do piso, diminuiuse a velocidade dos carros. A flecha laranja indica o fluxo do pedestre que deseja adentrar o mosteiro pela circulação vertical. As demais áreas são todas permeáveis e o pedestre pode caminhar tranquilamente pelo espaço.

Temos presente no lado exterior da edificação mobiliários característicos do local e que conta sobre a cultura e o folclore da região. Na imagem temos as lagartixas da lenda que diz que as mesmas abriram a rua Mejia no século XIX.

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VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO

PAISAGISMO

Conforme podemos identificar na fotografia ao lado o paisagismo possui a mesma linguagem do objeto, com suas linhas lineares e paralelas, com vegetação com diversas cores. Sendo assim pode- mos utilizar destas manobras para melhorar o espaço público garantindo a permanência do pedestre e melhorando as relações interpessoais junto a vizinhança. A ventilação do ambiente se dá por diversos ângulos, como das extremidades ou zeni- talmente, do mesmo modo temos a imersão da luz natural que atravessa os vãos dados pelo ritmo do pergolado e pela vedação em vidro das laterais. Durante a noite o ambiente recebe iluminação artificial que garante o aproveitamento do espaço.


ESTRUTURA

A estrutura se dá por repetições de pórticos em metal, distanciados a cada 1,5m. Desta forma a estrutura possui rigidez e contrasta com o muro de pedra de 8 metros que está exposto na extremidade do objeto. Com a criação dos vãos, os pergolados em madeira se apoiam nas vigas em metais e continua o desenho das linhas no projeto.

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PRAÇA DOS NOSSOS SONHOS Arquiteto: Lukas Fúster Localização: Remansito, Paraguai Colaboradores: Lukas Fúster, Carlos Irigoitia, Martin Aponte Materialidade: Material reciclável, aço e alvenaria. Ano do Projeto: 2015 Fotografias: Federico Cairoli


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LOCALIZAÇÃO

Um projeto realizado para a comunidade Remansito e realizado através da colaboração social, o prejo da Praça dos Nossos Sonhos leva em consideração a opinião pública. Para que o projeto tivesse mais efeito com sua implantação e para que a comunidade se identificasse ao máximo com o objeto, o arquiteto Lukas Fúster realiza diversas pesquisas e entrevistas, solicitando que pessoas de todas as idades demonstrassem os seus desejos através de desenhos e esculturas de argila. Sendo assim temos o objeto proposto que possui incentivo de empresas e indústrias da região, como a fábrica de cerâmicas, que doa material descartável para a criação de calçadas e mobiliários para o local.

MATERIALIDADE E ESTRUTURAÇÃO

A materialidade do objeto é resolvido pelo aço que cria os pilares de sustentação juntamente com o corrimão e parte do piso da estrutura elevada. Pneus são utilizados para revesti- mento e criação de mobiliários como o balanço, a gangorra e a rede de escalada. A alvenaria é utilizada para a instalação de mesas e assentos. O objeto possui características interessantes, pois a identificação da comunidade com o espaço criado é muito forte. Ao mesmo tempo que é convencional o objeto se torna lúdico, com a ideia do caminhar próximo as copas das árvores.


CONCEPÇÃO DO PROJETO Com a colaboração da indústria de cerâmica foi possível a criação de pavimentação que harmonizasse com o local da implantação. Na imagem abaixo podemos notar que a pavimentação é realizada em parte do terreno e que a mesma é porosa, sendo assim permite que as águas permeie o solo. Modelos, desenhos e esboços realizados pela própria comunidade para o projeto da praça e a concepação do arquiteto através das referências.

Conforme podem os perceber nas imagens acima a instalação e intervenções realizadas no espaço geraram aproximação da população e criaram novas perspectivas da vizinhança. De uma maneira lúdica as crianças brincam e se apropriam do ambiente. A instalação possui o diálogo com local, não é intervenção imposta mas sim, intervenção democrática, onde a população colaborou a criação do objeto. Desta forma a identificação e sentimento de pertencimento ao local é explorado e garante o uso da instalação.

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PARQUE LA VILLETTE Arquiteto: Bernard Tschumi Localização: Paris, França. Materialidade: Aço e Vidro Ano do Projeto: 1987 Fotografias: Flickr William Veerbeek (CC BY-NC-SA), Cyrus Penarroyo, Flickr Robert Lochner (CC BY-NC-SA)


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LOCALIZAÇÃO

Parque localizado ao Norte da cidade de Paris na França, situado entre canais como o Canal de l'Ourcq que cortam a cidade. Um grande espaço para quem procura executar atividades físicas e contemplar a paisagem.

PARTIDO ARQUITETÔNICO


O projeto foi pensado em três sistemas, a superfícies, que se dá pelas áreas abertas e verdes, as linhas que são os caminhos do parque e os pontos que são os edifícios implantados na área sem um programa prédefinido.

As edificações possuem a coloração vermelha o que faz com que se destaquem no entorno. Com uma volumetria contemporânea, diferente das demais ao seu redor, o contraste é nítido e impactante, chamando a atenção do pedestre. MATERIALIDADE

RELAÇÃO COM O ENTORNO

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Conforme o contexto histórico da obra, e seu ano de execução, 1987, podemos compreender que se deseja um contraste entre o natural e o artificial, o aço e o vidro foram materiais escolhidos para esta função, já que se desejava dar um toque de modernidade nas edificações construídas. FORMA Conforme citado anteriormente o projeto não possui um programa definido e suas edificações são utilizadas de diversas formas, sendo assim as edificações não possui formas definidas e ou espacialidades exatas.

O partido arquitetônico é muito forte neste projeto mas mesmo assim ele passa por despercebido, pois o autor se utiliza de elementos simples como linhas, pontos e superfície das áreas abertas, desta forma o mesmo consegue ficar livre de formas rígidas e consegue variar nas edificações que são dispostas pelo parque.

Tal leitura é importante e agrega grande valor ao projeto que será proposto, pois o projeto que estudamos apresenta uma possibilidade de fragmentação e que combina usos variados para concepção dos objetos.


PROJETO



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MEMORIAL JUSTIFICATIVO Tal projeto tem como objetivo a potencialização e a criação de novos modos de uso da Praça Sete de Setembro. Para alcançar tal objetivo é proposto novas edificações no entorno da praça, para que assim se crie novos espaços que darão suporte a atividades que acontecem no local. A academia dará suporte para as atividades físicas que são executadas no entorno do local, todo e qualquer cidadão poderá usufruir do ambiente para cuidar do seu corpo físico e de seu psicológico. A administração será responsável por controlar e gerir as demais edificações, cuidará do capital, sempre em busca de mais desenvolvimento e melhoria continua para o programa. O ateliê dará suporte a todos os artesãos, principalmente aqueles que comercializam sua arte na praça, todo suporte necessário para que o trabalho possa acontecer. O viveiro de mudas será responsável por garantir a vida biológica e vegetal da praça, sempre criando mudas para reposição das plantas que morrerem na praça, assim o local estará verde, garantindo o espaço sombreado que já existe no local. A escola de dança e música será responsável no desenvolvimento destas artes, garantindo a continuidade dos eventos e atividades executadas na praça. Um local para ensinamentos e transferência de experiências. Deste modo o local terá novas edificações, capazes de suprimir todas as necessidades levantadas, garantindo que a vida do local seja abundante e expressiva, pois desta forma o espaço da praça voltará a ser valorizado entre as pessoas que se identificam pela área.


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MEMORIAL DESCRITIVO Todas as edificações deste projeto tem como linguagem a sua materialidade e a conexão visual com a Praça Sete de Setembro. A materialidade empregada em todas as edificações são: estrutura metálica, pilares em seção quadrangular vazado ao centro, vigas em perfil I, lajes pré-moldadas alveolares que garante vencer grandes vãos e possui boa resistência, as aberturas são vedadas em vidro duplo o que permite o alcance da visão até a praça e garante um melhor conforto acústico e térmico, as portas são de madeira, o que gera um contraste entre o concreto da edificação com as aberturas. São pensados em grandes vãos, grandes espaços livres para que os lotes sejam bem aproveitados e consigam abrir o máximo de pessoas possível. As edificações estão dispostas no entorno da praça para que assim o programa possa ser mais permeável e garanta que o usuário utilize a praça como meio de passagem e de permanência. A caixa d’água sempre está elevada nas edificações, são nas cores vermelhas e de estrutura metálica, com este gesto podemos criar uma linguagem que possa unir a edificações e criar um marco na paisagem local. A praça é a única e a melhor ligação que existe entre as edificações, pois será nela que a vida no espaço público será potencializada, é a afirmação de reconhecimento do espaço da praça como um local democrático e único, será um local de troca de informações e experiências, um espaço que atrairá cada vez mais a população da cidade de Ribeirão Preto para usufruir desta ambiente localizado no centro da cidade.


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ACADEMIA PÚBLICA

Tal projeto é destinado para os que executam atividades físicas e buscam ter uma sáude física e mental. O programa conta com vestiários, recpção, área do profissional, administração, salas de musculação, terraço para atividades aeróbicas e elevador panorâmico, com vista para a Praça Sete de Setembro.


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LOCALIZAÇÃO


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CORTE AA – ESCALA 1:125


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INTERIOR SALA DE MUSCULAÇÃO


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SALA ADIMINISTRAÇÃO ACADEMIA


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ADIMINISTRAÇÃO DO COMPLEXO

Edificação destinada à administração de todo o complexo. Possui em seu programa uma recpção, escritório do administrador, banheiro e copa. A edificação é elevada para que se tenha uma espaço livre embaixo, realizando uma conectividade junto a Praça Sete de Setembro.


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LOCALIZAÇÃO


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PERSPECTIVA ADIMINISTRAÇÃO DO COMPLEXO


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DETALHE DO INTERIOR DA ADMINISTRAÇÃO



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ATELIÊ

Tal edificação é destinada a abrigar as atividades e os produtos realizados para a feira de artesanato que acontece na Praça Sete de Setembro. Em seu programa temos um salão para execução de atividades e reuniões, sanitários, copa, lavanderia, uma grande varanda e um jardim.


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LOCALIZAÇÃO


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PERSPECTIVA DA VARANDA DO ATELIÊ


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PERSPECTIVA DA FACHADA LATERAL


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PERSPECTIVA FRONTAL


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DETALHAMENTO DO INTERIOR DO EDIFÍCIO



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VIVEIRO

Edificação destinada a criação e cultura de árvores e plantas que são utilizadas para a manutenção da vegetação da Praça Sete de Setembro. Em seu programa temos um depósito, uma cozinha, sanitário e viveiro de mudas e plantas.


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LOCALIZAÇÃO


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VISTA FRONTAL


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VISTA INTERNA DO VIVEIRO


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VISTA INTERNA DO VIVEIRO


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VISTA INTERNA DA EDIFICAÇÃO – VISTA DA COPA PARA O VIVEIRO



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ESCOLA DE MÚSICA E DANÇA

Este projeto é destinado para pessoas interessadas na música e na dança. O equipamento apoiará o eventos que são realizados na Praça Sete de Setembro. Em seu programa temos, sanitários públicos, área para depósito, salão para eventos, 2 salas de aula para música e 2 para a dança, elevador panorâmico com vista para a praça, uma grande área aberta para realização de eventos e uma marquise.


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LOCALIZAÇÃO


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VISTA INTERNA DA EDIFICAÇÃO PELA RUA M. DEODORO


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VISTA INTERNA DA EDIFICAÇÃO PELA MARQUISE DO PROJETO


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VISTA DO PÁTIO EXTERNO DA EDIFICAÇÃO


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PERSPECTIVA AÉREA DA EDIFICAÇÃO


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Por fim, o objetivo deste projeto e tais edificações é de levar mais vitalidade a área da Praça Sete de Setembro, agregar mais valor ao espaço urbano com seus equipamentos que

CONSIDERAÇÕES FINAIS

possam apoiar as atividades que neste local acontecem. A música, a dança e a arte de rua terão apoio nestas edificações, terão abrigo para que possam acontecer frequentemente e poderão ser passadas para as futuras gerações. A arte do artesão, será reforçada com a edificação que reafirma o espaço dos artistas

mais velhos na cidade. O seu espaço é garantindo e possui todos os requisitos necessários para que a feira do artesanato continue acontecendo na praça. O viveiro de mudas apoiará na paisagem e na preservação da vida vegetal na praça, vegetação esta que garante o ar fresco no local e sombra abundante. A academia será um ponto de encontro para aqueles que praticam atividades físicas na área, um local com conforto, comodidade e facilidade de acesso, todos são bem vindos a praticar as atividades. A administração será responsável por gerenciar todo o complexo, garantindo o direito de todos os cidadãos de poderem utilizar os espaços, que o espaço seja democrático e que tudo funcione, garantindo maior dinamismo na praça. Portanto as edificações foram pensadas e propostas conforme as necessidades identificadas na área, segundo os indivíduos entrevistados no local, tais edificações agregariam muito valor a área traria mais identidade para a Praça Sete de Setembro.


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BIBLIOGRAFIA

LAMAS, José M. Morfologia urbana e desenho da cidade, Calouste, Lisboa, 1993. SILVA, Renata. A praça na história da cidade - O caso da Praça da Sé, suas faces durante o século XX (1993-1999), 2003) MORRIS,A.E.J, Historia de la Forma Urbana, Editorial Gustavo Gili 1992. GEHL, Jan. Cidade para pessoas, Perspectiva, Brasil, 2010. SANTORO, Paula. O que é espaço público? [julho 2013] entrevista concedida a revista AU. VIVANT, Elsa. O que é uma cidade criativa?, SENAC SP, São Paulo, 2012. RIBEIRO, Baixo. Entrevista ao Portal Aprendiz do site UOL. Fevereiro de 2017 ALEX, Sun. Projeto da Praça, convívio e exclusão no espaço público. Segunda edição. SENAC SP, São Paulo, 2008.





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