reabilitação do hotel brasil desbastamento e ocupação cultural MATHEUS DESPEZZI GRECCO | 2017
MATHEUS DESPEZZI GRECCO REABILITAÇÃO DO HOTEL BRASIL
DESBASTAMENTO E OCUPAÇÃO CULTURAL
Caderno de projeto, parte integrante do Trabalho Final de Graduação, apresentado para a banca final realizada no Centro Universitário Estácio | UniSEB, como parte dos requisitos obrigatórios para a conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Profª Ms. Ana Teresa Cirigliano Villela.
RIBEIRÃO PRETO 2017
Figura ao lado: Desenho por Francisco Gimenes. (in memoriam)
agradecimentos Aos meus pais, Wilson e Vanessa, pela vida e por sempre me apoiarem em minhas escolhas de coração aberto. Família: minha eterna gratidão a vocês. Ao meu companheiro, Vitor Stoque, pela compreensão, pelo apoio e por sempre me ajudar e me dar força nos momentos mais difíceis da vida acadêmica. A minha orientadora, Ana Cirigliano, que com sua sabedoria e experiência enriqueceu meu projeto e me permitiu ter outra visão da arquitetura, desde as primeiras aulas de Técnicas Retrospectivas. Agradeço imensamente os momentos valiosos que aprendi com você durante todos esses anos. A todos os meus professores, pelos conhecimentos ensinandos e por me guiarem até o final da graduação. Francisco Gimenes, obrigado! Aos meus amigos da faculdade, pela amizade que construímos ao longo da graduação. Obrigado pelas manhãs (e várias noites) que passamos juntos. As minhas amigas Paola e Mariana, pelas terças que me tiraram desse mundo acadêmico mesmo que por algumas horas. Vocês são incríveis! As minhas amigas de trabalho, Marcela, Jéssica, Daniela e Gabriela, pessoas que tive a oportunidade de conhecer durante o período de estágio, que me incentivaram e me ensinaram tantas coisas. A graduação não seria a mesma sem vocês! A todos que, direta ou indiretamente, cooperaram para a realização desse trabalho. Gratidão por cruzar o caminho de profissionais e colegas que dividem comigo a paixão pela arquitetura e urbanismo.
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36 Patrimônio Histórico
Hotel Brasil
Introdução
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Patrimônio Cultural no Brasil
SUMÁRIO 118
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Visitas Técnicas
Leituras Projetuais
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Referências Bibliográficas
Reabilitação do Hotel Brasil
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Figura da Capa: Piso dos corredores do último pavimento do Hotel. Fonte: Carolina Simon, 2012. Figura |1.01| Luz do sol refletindo nos vitrais sobre o piso do hall de entrada do Hotel Brasil. Fonte: acervo pessoal, 2017.
tema | problema | objetivos A motivação para o tema escolhido veio ao longo da faculdade através dos trabalhos acadêmicos realizados na área da Baixada, em Ribeirão Preto. Trata-se de uma região com grande concentração de exemplares do patrimônio histórico-arquitetônico da cidade que, no entanto, enfrenta problemas como o alto tráfego, os usos informais e os estigmas por parte da sociedade ribeirão-pretana como uma área criminosa e insegura. Na verdade, identificam-se muitos imóveis de importância cultural no Centro que estão abandonados. Uma entrevista realizada pelo IPHAN¹ no centro da cidade, aponta que os entrevistados não vêem Ribeirão Preto como Capital da Cultura. Nessa mesma entrevista, foram identificados os principais edifícios presentes no ideário popular como testemunhos de sua cultura e que demandam intervenções para sua preservação. Identificouse o Hotel Brasil como o terceiro dentre os edifícios considerados prioridade para revitalização, no sentido de conter sua degradação e reinseri-lo ao cotidiano da população. A proposta de um novo uso para o Hotel Brasil é de uma escola gastronômica popular vinculado a um restaurante. A paixão pela gastronomia tornou-se um aliado para que a ideia aflorasse a partir de um importante edifício histórico, além do desafio de superar os paradigmas da área, explorando seu potencial cultural. O objetivo é de requalificar o Hotel Brasil de forma que a preservação efetiva do patrimônio, somada à inserção do mesmo ao cotidiano social, auxilie nos problemas que o local enfrenta. 1. Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Relatório da Fase I - Inventário de Referências Culturais de Ribeirão Preto, 2010, p. 106
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[ 2 ] PATRIMÔNIO HISTÓRICO
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patrimônio histórico “Patrimônio” vem do latim patrimoniu (patri, pai + monium, recebido). O termo que possui em sua essência o patriarcado está ligado às estruturas familiares, econômicas ou jurídicas. Patrimônio histórico é um conjunto de bens que se destinam ao usufruto de uma comunidade e se ampliam através da arquitetura, moda, mobiliário e obras de arte. Segundo Choay (2006, p. 12), “[...] o patrimônio histórico deve merecer de nós mais do que uma simples aprovação. Ele requer um questionamento, porque se constitui num elemento revelador, negligenciado, mas brilhante, de uma condição da sociedade e das questões que ela encerra.” Portanto, para entendermos a trajetória da proteção ao patrimônio cultural brasileiro, é necessário compreender como o conceito de patrimônio surgiu e evoluiu desde o seu surgimento. (RIBEIRO, 2005) Em 1837, criou-se na França a primeira Comissão dos Monumentos Históricos, que abrangia três grandes categorias de monumentos históricos: os remanescentes da Antiguidade, as igrejas góticas e alguns castelos medievais. As quantidades de bens considerados patrimônio aumentaram após a Segunda Guerra Mundial, fazendo com que os monumentos históricos passassem a representar uma herança crescente. (CHOAY, 2006) A partir da revolução industrial, o conceito de patrimônio passou a ter uma conotação universal e evidenciouse como valor estético, surgindo as legislações de proteção do monumento histórico. (RIBEIRO, 2005)
“
A consagração do monumento histórico aparece, pois, diretamente ligada, tanto na Grã-Bretanha quanto na França, ao advento da era industrial. Mas esse advento e suas consequências não são interpretados de forma idêntica nos dois países, no que se refere à sua influência sobre o destino das sociedades ocidentais. Daí resultam diferenças quanto aos valores atribuídos por um e outro aos monumentos históricos. Na França, que, no entanto, é um país de tradição rural, o processo de industrialização é legitimado pela consciência da modernidade, independentemente de seus efeitos negativos ou perversos. São a marcha da história, a ideia de progresso e a perspectiva do futuro que determinam o sentido e os valores do monumento histórico [...] (CHOAY, 2006, p. 137)
”
Figura |2.01| Porta de entrada do Hotel Brasil pichada. Fonte: acervo pessoal, 2017.
Segundo Maria Cecília Londres Fonseca (1997, p. 59-60), a noção de patrimônio envolve a construção de identidades coletivas e nacionais a serviço da consolidação dos Estados nações modernos que apresentam as seguintes funções simbólicas: reforçar a noção de cidadania, no sentido de utilização dos bens em nome do interesse público; identificar símbolos que representariam a coesão nacional; os bens patrimoniais constituíram o mito de origem da nação, objetivando a legitimação do poder; a conservação de bens se justificaria pelo alcance pedagógico, para instruir os cidadãos. Para ela, a sistematização das ações de preservação foi possível porque atingiam um interesse político-ideológico, além do cultural.
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RESTAURAÇÃO A restauração como atividade não é uma questão recente. No passado também se restaurava, em especial as obras de arte sobre telas (pinturas a óleo). Todo nobre tinha ao seu dispor um ou mais pintores que, entre outras tarefas, tinham também a de manter o acervo das obras. Já as intervenções realizadas em edifícios preexistentes eram resultado, geralmente, de exigências práticas voltadas para a sua adaptação às necessidades de uma época. Mesmo aquelas ações que poderiam ser consideradas tentativas de restauração eram comumente consequência de algum problema de ordem pragmática. A partir da segunda metade do século XVIII, a restauração passou a se afastar cada vez mais das ações ditadas pelo pragmatismo, para assumir uma conotação fundamentalmente cultural. Os marcos que contribuíram para esse processo foram: o Iluminismo, a reação às intensas destruições ao patrimônio cultural que ocorreram após a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e o surgimento de uma nova relação cultural de se encarar o legado do passado. Esquematicamente, duas doutrinas se defrontaram: uma, intervencionista, predominou no conjunto dos países europeus, praticada por Viollet-leDuc, a outra, antiintervencionista, própria da Inglaterra, por John Ruskin. (CHOAY, 2006) Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc (1814-1879) era um homem de grande erudição e conhecimentos arquitetônicos, sendo o primeiro arquiteto a formular e a pôr em prática um pensamento sistemático sobre o tratamento dos monumentos. Defendia uma arquitetura nacionalista para a França, baseada na arquitetura gótica, de quem era profundo conhecedor e da qual sustentava uma tese funcionalista. 2. PINHEIRO, Maria Lúcia Bressan. John Ruskin e as Sete Lâmpadas da Arquitetura – Algumas Repercussões no Brasil. Cotia – SP. Ateliê Editorial, 2008. 3. RUSKIN, John. A Lâmpada da Memória. Cap. II, p. 55-56
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Na França, a restauração caminhava no sentido do “refazer como poderia ter sido”, através da qual Violletle-Duc instituiu o conceito de restauração estilística, ideia de que o arquiteto, para restaurar, deveria estar capacitado dos conhecimentos teóricos e práticos, técnicos e estilísticos, para então poder assumir o papel do construtor original. (CHOAY, 2006). Para ele, “restaurar um edifício não é mantê-lo, repará-lo ou refazê-lo, é restabelecê-lo em um estado completo que não pode ter existido nunca em um dado momento.” (VIOLLET-LEDUC, 2000, p. 18). No entanto, a restauração em estilo foi muito criticada por causas arqueológicas e históricas, como sendo uma mistificação, uma falsidade histórica. Ao contrário de Viollet-le-Duc, John Ruskin (1819-1900) se opôs à prática da restauração em estilo, representando uma consciência romântica, moralista e literária. Postura esta relatada em seu livro “As Sete Lâmpadas da Arquitetura”, no qual ele propôs a conservação como principal ação preventiva do homem frente ao monumento, ou seja, a prioridade de defender o monumento, assumindo sua condição de ruína. Ruskin utiliza um termo em inglês “scrape” para fazer referência ao procedimento usual do período de raspar as pinturas antigas das paredes dos monumentos, para conferir uma aparência de recém construído. Origina-se, então, uma linha preservacionista conhecida como Anti-Scrape Movement, ou Movimento AntiRestauração, que tinha como preocupação a dissolução de valores e princípios, sejam eles morais ou estéticos, buscando a preservação das transformações. (KÜHL, 2006) O movimento é contra a restauração, porém, a favor da manutenção preventiva dos monumentos. A tendência difundiu-se logo pela Europa, contando com um de seus expoentes, o arquiteto e designer William Morris, o qual fundou a Sociedade para a Proteção dos Edifícios Antigos. (RIBEIRO, 2008)² “É, portanto, o trabalho humano em si que confere valor ao ornamento: “pois não é o material, mas a ausência de trabalho humano, que torna o objeto sem valor.³
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Figura |2.02| - página anterior - Detalhe da fachada do Hotel Brasil. Fonte: acervo pessoal, 2017. Figura |2.03| Detalhe da fachada do Hotel Brasil. Fonte: Rodrigo Loureiro, 2016.
O arquiteto Camillo Boito (1835-1914) através de uma sutil síntese, extrai das duas doutrinas antagônicas e propõe uma concepção de conservação fundada sobre a noção de autenticidade priorizando o presente sobre o passado. Segundo Françoise Choay (2006, p. 165), “[...] a restauração se revela o complemento indispensável e necessário de uma conservação que, sem ela, não pode subsistir nem mesmo em projeto”. Os conceitos de Boito estão relacionados ao respeito pela matéria original; ideia de reversibilidade e distinguibilidade; importância da documentação e da metodologia científica; interesse por aspectos conservativos e de mínima intervenção; noção de ruptura entre passado e presente. (KÜHL, 2006) No início do século XX, o historiador da arte vienense Alois Riegl (1858-1905) analisou como um objeto social e filosófico a questão do patrimônio sob o ponto de vista das diferentes percepções dos indivíduos com relação aos monumentos. Para ele, “o monumento artístico deve ser compreendido como um monumento da história da arte”. (CHOAY, 2006). A contemporaneidade da reflexão de Riegl revela as exigências contraditórias relacionadas ao monumento e pode ser explicada por duas categorias: o valor da ancianidade, que atribui importância ao passado, e o valor de novidade, que remete à adequação a contemporaneidade, ou seja, o valor de utilização. Além dos teóricos, as Cartas Patrimoniais auxiliaram os processos de intervenções. As cartas são documentos que contêm recomendações acordadas em reuniões e congressos internacionais. São discutidos temas relacionados à proteção, legislação, conceitos, teorias, novas tecnologias e diretrizes de atuação. (RIBEIRO, 2005) A Carta de Atenas de 1931 marcou o começo das diretrizes voltadas para a proteção e conservação do patrimônio cultural, em nível internacional. A carta nasceu de uma reunião científica organizada pelo Escritório Internacional de Museus da Sociedade das Nações, onde foram destacados os aspectos relativos ao restauro do edifício individual, como o abandono de uma abordagem “estilística” no restauro.
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Em 1933, como resultado do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), é elaborada a Carta que ficou mais conhecida publicamente, pois tratava da internacionalização dos princípios da arquitetura moderna. A Carta resume a crítica ao crescimento desordenado da cidade, propondo os princípios para solucionar “as chaves do urbanismo nas quatro funções: habitar, trabalhar, recrear-se e circular”, além de recomendações em relação à proteção dos valores arquitetônicos pelo seu alto significado estético e/ou histórico. (RIBEIRO, 2005) A Carta de Atenas de 1931 contribuiu com princípios fundamentais para a preservação dos monumentos históricos. No entanto, o pós-guerra havia instaurado novos questionamentos, sobretudo em função das destruições ocasionadas pelos bombardeios. Para abarcar essas novas discussões, foi realizado em 1964 a Carta de Veneza pelo Segundo Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos, que tinha como objetivo evitar os falsos históricos e buscar uma uniformização de procedimentos e técnicas de restauro. (CARLUCCI, 2016) ² A partir do documento aprovado pelo Congresso, verifica-se a seguir as definições e a finalidade da Carta de Veneza:
Definições Artigo 1º - A noção de monumento histórico compreende a criação arquitetônica isolada, bem como o sítio urbano ou rural que dá testemunho de uma civilização particular, de uma evolução significativa ou de um acontecimento histórico. Estende-se não só às grandes criações, mas também às obras modestas, que tenham adquirido, com o tempo, uma significação cultural. Artigo 2º - A conservação e a restauração dos monumentos constituem uma disciplina que reclama a colaboração de todas as ciências e técnicas que possam contribuir para o estudo e a salvaguarda do patrimônio monumental.
Finalidade Artigo 3º - A conservação e a restauração dos monumentos visam a salvaguardar tanto a obra de arte quanto o testemunho histórico. Os artigos 1 e 2 da Carta de Veneza são indicações que devem ser reinterpretadas para a realidade contemporânea. Nota-se que o artigo não designa a preservação somente a grandes obras de interesse histórico e artístico, mas também de sítios urbanos ou rurais, ampliando o leque de possibilidades e significados. Segundo Beatriz Kühl, (2010, p. 308), “as formas de atuar em monumentos históricos (e seus princípios, enunciados na Carta de Veneza) derivam dessa visão da preservação motivada por questões culturais, científicas e éticas.” Nas últimas décadas do século XX houve uma intensa difusão de projetos de cunho preservacionista, inserindo novos conceitos e definições. Esses conceitos, geralmente entendidos e utilizados de forma incorreta, serão definidos a seguir e, através da compressão de alguns termos, utilizarei como premissa deste trabalho.
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Figura |2.04| - página ao lado - Templo Malatestiano di Rimini, na Itália. Fonte: Engramma. Disponível em: <http://www.
engramma.it/eOS/index.php?id_articolo=204>.
Acessado em: 01 de maio de 2017.
Figura |2.05| Detalhe da fachada do Hotel Brasil. Fonte: acervo pessoal, 2017.
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etimologia: etimologia: vocabulário comparativo de re+qualificar, como francês: requalifier.
RESTITUIÇÃO
É a ação ou ideia de devolver aquilo que o tempo, ou outra coisa, tenha feito com que se perdesse. Ou seja, restituir, diferente de restauração, restituise a obra ou monumento que desapareceu inteiramente, a partir da autoridade daquilo que se encontra nas descrições. (KÜHL, 2003) etimologia: de “restituere”, formado por re-, de novo, de volta, mais -stituere, forma que assume a palavra status com a conotação de “estabelecer” ao formar outras palavras.
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uspprofissoes/orgaos-de-integracao/orgaos-deapoio/cpc/>. Acessado em: 14 de abril de 2017. br/757229/requalificacao-paisagistica-da-pedreira-do-campom-arquitectos>. Acessado em: 14 de abril de 2017.
A requalificação urbana é um instrumento para a melhoria da qualidade de vida da população, promovendo a construção e recuperação de equipamentos e infraestruturas e a valorização do espaço público com medidas de dinamização social e econômica, através de melhorias urbanas, de acessibilidade ou centralidade. Ela engloba processos de alteração em uma área urbana com a ideia de lhe dar nova função, diferente daquela preexistente. (MOURA, 2006)
culturamix.com/atracoes-turisticas/acropole-deatenas>. Acessado em: 14 de abril de 2017.
REQUALIFICAÇÃO URBANA
Figura |2.06| Casa de Dona Yayá. Fonte: USP. Disponível em: <http://prceu.usp.br/
etimologia: do latim “restauratio”, ato de renovar, reparar, de re-, “de novo”, mais staurare, “estabelecer”
Figura |2.07| Pedreira do Campo, em Portugal. Fonte: Archidaily. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/
É restabelecer um edifício em busca de seu estado original e completo, refazendo partes e construindo acréscimos, sendo de forma íntegra e harmoniosa. Deve ser baseado em documentos e desenhos originais, achados arqueológicos. Restaurar abrange também o trabalho associado às esculturas e obras de artes. (KÜHL, 2003)
Figura |2.08| Acrópole de Atenas. Fonte: Cultura Mix. Disponível em: <http://turismo.
RESTAURAÇÃO
R
p o r t o n o v o s a . c o m / p t - b r / p o r t o - m a ra v i l h a > .
Figura |2.09| Porto Maravilha. Fonte: Portonovosa. Disponível em: <http://www.
REVITALIZAÇÃO URBANA
Acessado em: 14 de abril de 2017.
etimologia: derivação de revitalizar+ção, como francês: revitalisation
Figura |2.10| Parque das Ruínas, no Rio de Janeiro. Fotografia por: Ana Cirigliano, 2014.
RUÍNA
Exprime o estado de degradação e de destruição no qual se encontra, ou está ameaçado, um edifício. A palavra ruína aplica-se aos monumentos antigos devido às suas lembranças e sentimentos. As ruínas dos monumentos antigos tornaram-se objetos de estudos, de pesquisas e de imitação por parte dos artistas sob dois pontos de vista: a arquitetura e a pintura. (KÜHL, 2003) etimologia: do latim “ruina”, colapso, queda, desabamento, de “ruere”, cair violentamente, desabar.
de abril de 2017.
com.br/br/614737/conversao-de-um-antigogalpao-industrial-em-uma-residencia-unifamiliarslash-guim-costa-calsamiglia>. Acessado em: 14
Figura |2.11| Loft em galpão industrial. Fonte: Archidaily. Disponível em: <http://www.archdaily.
E
A revitalização é um processo de planejamento estratégico, capaz de reconhecer, manter e introduzir valores de forma cumulativa. Dessa maneira, ela intervém a médio e longo prazo, de forma relacional, assumindo e promovendo vínculos entre territórios, atividades e pessoas, e, por conseguinte influencia na melhoria da qualidade do ambiente urbano e nas condições socioeconômicas. (MOURA, 2006)
RETROFIT
É a reabilitação em edificações residenciais, comerciais e industriais, objetivando valorizar antigas edificações, aumentando, assim, a sua vida útil através da incorporação de avanços tecnológicos e da utilização de materiais e processos de última geração, além de ser uma prática mais econômica e eficiente do que a demolição. (MORAES; QUELHAS, 2011) etimologia: do latim “retro”, movimentar-se para trás, e “fit”, do inglês, adaptação, ajuste.
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recuperar
“a ação de a estima
e a consideração” PASQUOTTO, 2010, p. 146 apud CHOAY E MERLIN, 1988, p. 573
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“a ação de
PRESERVAÇÃO
DA ARQUITETURA E CONCEBER O
PATRIMÔNIO EDIFICADO EM SI COMO VALOR DE RECURSO” PASQUOTTO, 2010, p. 147 apud SCHICCH, 2005
REABILITAÇÃO
, no sentido de origem, significa o restabelecimento dos direitos. O termo vinha se consolidando até configurar-se como um dos aspectos fundamentais da conservação, substituindo o termo restauração, tanto aplicado na arquitetura e urbanismo, no texto da Convenção da UNESCO de 1972. Segundo Pasquotto (2010 apud VALENTIM, 2007), o termo reabilitação tem sido empregado por muitos autores como forma de expressar “um modo de intervenção urbana voltado à superação dos passivos ambientais e econômicos resultantes de um histórico de industrialização pouco preocupado com suas externalidades negativas” tendo como meta a reinserção do local no ciclo econômico da cidade e o “desenvolvimento urbano sustentado”. Geise B. Pasquotto (2010 apud CHOAY E MERLIN, 1988), considera-se que a reabilitação é uma operação mais avançada do que simples melhorias no habitat, sendo ela de menor custo que a restauração, porém necesita-se de trabalhos mais delicados. O termo destaca-se dos outros “re’s” pelo fato de ser o que mais pressupõe a preservação do ambiente construído e ocupado.
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[ 3 ] PATRIMÃ&#x201D;NIO CULTURAL NO BRASIL
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preservar para quem? Para bem restaurar, é necessário amar e entender o monumento, seja estátua, quadro ou edifício, sobre o qual se trabalha.... Ora, que séculos souberam amar e entender as belezas do passado? E nós, hoje, em que medida sabemos amá-las e entendê-las? (BOITO, 1884, p. 42). Cinco séculos desde o descobrimento do Brasil, foram surgindo movimentos em busca de uma autonomia política como uma atitude de afirmação de identidade nacional. Pode-se destacar a Inconfidência Mineira, em 1789, como um desses movimentos, fortemente influenciada pela Revolução Francesa, cujos ideais de Igualdade, Liberdade e Fraternidade influenciaram movimentos separatistas em todo mundo. Justamente quando os revolucionários colocaram em risco as antigas construções que, apesar de seu valor histórico e arquitetônico, carregavam consigo os símbolos das monarquias absolutistas da aristocracia e de Igreja Católica, que tentava-se derrubar. Enquanto na Europa as primeiras teorias preservacionistas seriam elaboradas no final do século XIX, no Brasil, a noção de preservação começou a surgir na década de 1920, quando foram elaborados os primeiros projetos de lei a esse respeito. No século XIX, o panorama do Brasil estava fadado a imitar a cultura europeia e mais especificamente a francesa, inserindo gradativamente as regiões brasileiras no mercado internacional através da produção do algodão, do café e da borracha, facilitando a exportação e reforçando o processo da implantação da cultura europeia e as noções de modernidade. Esse processo era claramente refletido nos mais diferentes segmentos, incluindo a arquitetura, a qual tinha a capacidade de refletir na paisagem urbana a ideia da metrópole europeia, ou seja, a intenção era de realmente abandonar o passado colonial. (PINHEIRO, 2006) A estética é parte essencial do discurso da época, designando, mais que novos valores estéticos, uma nova fisionomia arquitetônica para a cidade, abrigando
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inclusive outros objetivos como a erradicação da população trabalhadora e a valorização dos espaços. (BENCHIMOL, 1990) As reformas emblemáticas deste momento foram realizadas no Rio de Janeiro pelo prefeito Pereira Passos, no século XX, influenciado pela reforma de Paris realizada por Haussmann, como um plano de embelezamento e saneamento da cidade. A reforma erradicou as casas e cortiços do centro, onde foram propostos novos recuos das edificações, a valorização dos espaços centrais arborizados e obras de escoamento das águas pluviais. Uma reforma de fim semelhantes acontece posteriormente pelo prefeito Carlos Sampaio, entre 1920 e 1922, através da demolição do Morro do Castelo. Ambas as reformas trouxeram sérias consequências para a população de baixa renda devido às demolições, intensificando o processo de ocupação das massas (favelas).
Em meio a disseminação do Ecletismo, surge em 1914 a conferência “A Arte Tradicional Brasileira”, proferida pela voz do engenheiro Ricardo Severo, que tinha como proposta a valorização das raízes nacionais na arquitetura. A conferência tinha como caráter ligado ao Arts & Crafts, fazendo com que modernistas brasileiros se interessassem pela proposta de Ricardo.
“
É importante destacar que o que se convencionou classificar como arquitetura neocolonial pouco tinha a ver com a verdadeira arquitetura colonial brasileira. Tratava-se, ao contrário, de manifestações absolutamente fantasiosas, em que sobre um projeto de volumetria movimentada, ao gosto eclético, aplicavam-se ornatos de inspiração colonial, em graus variáveis de fidelidade aos originais. E nem poderia ser de outro modo, uma vez que nossa arquitetura colonial, suposta matriz do novo estilo, era, até então, pouquíssimo conhecida e estudada, por ser geralmente considerada destituída de valor, diante das concepções estéticas então em voga. (PINHEIRO, 2006, p. 06).
”
Figura |3.01| - página ao lado - Avenida do Rio Branco, no Rio de Janeiro, inaugurada em 1905. Fonte: Rodrigo Malta, 1906. Disponível em:
<http://noticias.r7.com/cidades/noticias/simboloda-modernizacao-do-rio-avenida-rio-branco-serafechada-para-carros-20100530.html>. Acessado
em: 13 de abril de 2017.
Figura |3.02| Panorama do Morro do Castelo em contraste com o Teatro Municipal, Biblioteca Nacional e Palácio Monroe. Fonte: O Globo. Disponível em: <http://infograficos.oglobo. globo.com/rio/castelo-360o.html>. Acessado em 13 de abril de 2017.
Assim como Ricardo Severo, o engenheiroarquiteto Alexandre de Albuquerque realizou diversas viagens de estudos às cidades mineiras para seus alunos de arquitetura. Nas palavras de Maria Lucia Bressan Pinheiro (2006, p. 06), bem ou mal, portanto, o neocolonial estimulou o interesse pelo estudo da arquitetura colonial brasileira - condição imprescindível para qualquer iniciativa preservacionista. Juntamente com ascensão do neocolonial, a evasão das obras de arte emergia gerando grande repercussão na mídia. Diferente do que ocorria com os edifícios antigos, as pessoas se preocupavam com a venda das obras de artes, sendo uma das explicações mais evidentes estarem relacionadas ao seu valor.
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Um dos exemplos mais ostensivos da coleta de obras de arte e de elementos arquitetônicos é dado pelo próprio Ricardo Severo, em cuja residência neocolonial - a Casa Lusa, à Rua Taguá - encontravam-se, entre outras peças de demolição, um altar retirado da Igreja do Carmo e um forro - colocado na sala de jantar - oriundo do Convento de Santa Teresa, ambos edifícios religiosos localizados em São Paulo. (PINHEIRO, 2006, p. 6)
No entanto, a repercussão não era a mesma quando se tratava de obras de artes que eram retiradas de seus edifícios de origem e levados para residências particulares. Entre os maiores colecionadores do período estão, paradoxalmente, José Mariano Filho e Ricardo Severo. Em 1930, um projeto de lei federal proposto por José Wanderley de Araújo Pinho, tinha uma intenção mais abrangente do patrimônio histórico, - ao contrário de outros projetos propostos ao longo de 1920, dos quais a maioria fracassou -, que passava a incluir “todas as coisas imóveis ou móveis a que deva estender a sua proteção o estado, em razão de seu valor artístico, de sua significação histórica ou de sua peculiar e notável beleza”. O projeto também incluía elementos arquitetônicos e construtivos como “...as cimalhas, os frisos, arquitraves, portas, janelas, colunas, azulejos, tetos, obras de marcenaria, pinturas murais, e quaisquer ornatos que possam ser retirados de uma edificação para outra e que, retirados, mutilem ou desnaturem o estilo do imóvel ou a sua unidade, qualquer que seja o material de que se acham constituídos, e ainda quando tal mutilação não prejudique aparentemente o mérito artístico ou histórico do imóvel a que estavam aderidos...” (ANDRADE, 1993). Foi então a partir de 1930 quando os resultados começaram a aparecer. A cidade de Ouro Preto foi declarada monumento nacional, em reconhecimento ao seu rico passado histórico e patrimônio edificado, criou-se a Inspetoria dos Monumentos Nacionais,
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”
que chegou a promover intervenções de restauro conduzidas pelo engenheiro Epaminondas Macedo em vários monumentos de Ouro Preto, promulgou-se a nova Constituição Federal, a qual incluía os deveres do Estado a proteção dos objetos de interesse histórico e patrimônio artístico do país, criou-se o Departamento Municipal da Cultura da cidade de São Paulo, sendo Mario de Andrade o primeiro diretor. (PINHEIRO, 2006, p. 8) Em 1936 foi criado o primeiro órgão nacional de preservação do patrimônio: o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), cujo titular era Gustavo Capanema juntamente com Mario de Andrade. Mario era representante do SPHAN em São Paulo com a função da elaboração do programa de proteção do patrimônio histórico e artístico brasileiro. Um exemplo de restauro empreendido na época é o Museu das Missões, de Lúcio Costa, na cidade de São Miguel das Missões. [Figura 3.03] No que diz respeito à seleção de bens culturais para tombamento, percebe-se que ainda é absolutamente predominante a noção de patrimônio como “obra de arte”, e que mesmo os exemplares arquitetônicos são encarados como “únicos”, “excepcionais” - como se depreende do Cap. I Art. 1, do Decreto-lei 25. Na prática, tais critérios privilegiavam a excepcionalidade e a representatividade dos bens culturais de alguns momentos específicos da história brasileira. (PINHEIRO, 2006, p. 09)
Figura |3.03| Ruínas do Sítio Arqueológico de São Miguel. Fonte: Wikipedia. Disponível em: https://upload.
wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8b/Sítio_Arqueológico_ de_São_Miguel_Arcanjo_13.jpg. Acessado em 19 de abril
de 2017.
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o estado de ruína: john ruskin “Arquitetura é a arte que de tal forma dispõe e adorna os edifícios construídos pelo homem, para quaisquer usos, que a sua visão possa contribuir para a sua saúde mental, poder e prazer. ” (KÜHL, 2008, p. 21) John Ruskin (1819-1900) foi um escritor inglês, sociólogo e crítico de arte. Humanista puritano, tinha uma visão profunda das potencialidades humanas. O valor do trabalho humano era um dos elementos imprescindíveis na visão de Ruskin quando o assunto era ornamentos, pois residia no cuidado em que o homem é capaz de desenvolver. Em meio aos movimentos intelectuais que ocorriam no século XIX na Inglaterra, como o Arts & Crafts, John Ruskin foi um dos precursores em prol da conservação dos monumentos históricos e seu papel foi de extrema importância no enriquecimento do conceito de patrimônio histórico. Para Rogério Oliveira (2007), Ruskin acreditava que a conservação da arquitetura do passado, como expressão de arte e cultura, nos permitiria entender a relação existente entre os estilos arquitetônicos e as técnicas construtivas como a resultante do fruto do trabalho de determinada cultura, utilizando-se da história dessas construções como o veículo de comunicação dos processos de desenvolvimento cultural. Essas construções pertenciam ao “primeiro construtor” - uma ligação metafórica que Ruskin estabeleceu para referenciar os grupos sociais como os responsáveis pela manutenção e conservação dos bens de valor histórico e cultural, entendendo essa tarefa como um dever à preservação da memória -, e, consequentemente seus sucessores tornar-se-iam herdeiros. Essa relação entre presente e futuro das gerações vinculada às edificações históricas estabeleciam um compromisso social a fim de evitar negligências ou vandalismos. (OLIVEIRA, R. P. D., 2007)
Figura |3.04| - página anterior St. Marks Venice, John Ruskin, 1845. Disponível em: <http://
metropolis2520.com/2014/09/22/johnruskins-celestial-city/>. Acessado em:
19 de abril de 2017.
Figura |3.05| - página ao lado The Casa d’Oro Venice, 1845, John Ruskin. Disponível em: <http://some-
landscapes.blogspot.com.br/2014/03/ the-stones-of-chamonix.html>.
Acessado em: 19 de abril de 2017.
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“Deus nos deu esta terra para a nossa vida; Não é nada mais do que uma mercadoria sujeita a restituição. Ele pertence àqueles que virão depois de nós [...]. Quando dizemos construir, então nós construímos para sempre [...] que é um trabalho para o qual somos gratos aos nossos descendentes; pensar, colocando pedra sobre pedra, vai chegar um momento em que estas pedras serão conceituadas sagradas por que nossas mãos as tocaram [...]. Veja! Aqui está o que nossos pais fizeram por nós! A maior glória de um edifício não depende, de fato, nem da sua pedra, ou do ouro. Toda a sua glória está na sua idade. ” (RUSKIN, 1910 apud DIAS DE OLIVEIRA, 2007)
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Figura |3.06| - página ao lado - Casarão Engenho de Pedras, Maruim - SE. Hotel Brasil, Ribeirão Preto - SP. Comparação entre as ruínas do século XIX e as ruínas de tijolos do século XXI. Disponível em: <http://www.infonet.com.br/sysinfonet/images/
secretarias/colunistas/grande-173283.jpg>.
Acessado em: 19 de abril de 2017.
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“As ruínas se tornam sublimes a partir dos estragos, das rachaduras, da vegetação crescente e das cores que o processo de envelhecimento confere aos materiais da construção. A ruína é o testemunho da idade, do envelhecimento e da memória, podendo nela estar expressa a essência do monumento.“ (OLIVEIRA, R. P. D., 2007, p. 14)
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Ruskin entendia a arquitetura como uma expressão forte e duradoura, a qual carrega um valor histórico cultural. As construções deveriam ser como obras de valor histórico, causando admiração, independentemente de sua excepcionalidade arquitetônica, em seus herdeiros. O edifício deveria ser intocável, atravessando os séculos, e envelhecendo de maneira natural sem intervenções. Era permitido apenas alguns reparos de caráter estrutural, pois essa ação não resultava em elementos visíveis. Não seria admitido imitações, cópias e acréscimos. O edifício permaneceria através da evolução da cidade, ganhando vida e contribuindo para o testemunho de várias gerações. O tempo, em sua visão romântica, é remetido à ideia de que somente salvaríamos nossa arquitetura patrimonial se os métodos de preservação permitissem o “congelamento” das cidades. (PINHEIRO, M. L. B, 2008) A essência do monumento está relacionada ao envelhecimento e a memória, sendo sua concepção de beleza a ação do tempo exercida ante a ruína. Motivo o qual Ruskin era contra as concepções de restauro que estavam sendo executadas na Europa e, principalmente na França, através do expoente Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc. Ruskin considerava que era impossível restituir o edifício em seu estado de origem, o que foi belo e a sua grandiosidade arquitetônica, pois a essência do “primeiro construtor” jamais seria retomada. (OLIVEIRA, R. P. D., 2007) Em seus livros, Ruskin contribuiu em defesa do patrimônio histórico e cultural através de teorias, reflexões e pensamentos. Suas abordagens ideológicas, românticas e humanistas coexistem de maneira nostálgica, perpetuando a apologia de não-intervenção em arquiteturas patrimoniais e protegendo os edifícios de réplicas e falsos históricos. Ruskin entendia que o processo de restauração causava a perda de grande parte do significado documental das edificações históricas afetando sua autenticidade, seus valores evocativos e poéticos. Ao contrário de Viollet-le-Duc que acreditava na “restauração em estilo” e do “refazer como foi”. Embora a discussão sobre ruína tenha sido feita por Ruskin no século XIX, é possível reinterpretá-la no contexto do século XXI e discutir questões ligadas à não intervenção, ao estado de originalidade, etc., como por exemplo o estado de ruína em que se encontram muitas das edificações que integram o patrimônio brasileiro, especificamento o de Ribeirão Preto.
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a escolha como liberdade: no brasil e no mundo Como movimento artístico, o ecletismo começa a ter expressividade na Europa no século XIX, estendendose até meados do século XX, sobretudo em regiões de industrialização tardia, como o interior do Brasil. O termo - do grego eklegein: “escolher” - denota a combinação de diferentes estilos históricos em uma única obra sem com isso produzir novo estilo. O principal teórico do ecletismo arquitetônico é o francês César Denis Daly (1811 - 1893), que o entende como “o uso livre do passado”. O uso do termo como conceito é introduzido na historiografia da arte no século XVIII pelo teórico alemão Johann Joachim Winckelmann¹ (1717–1768). O ecletismo, significa, genericamente, a recomposição de estilos do passado, em especial, “misturando-se” elementos de diferentes períodos ou origens. Essa recomposição buscava reviver os “neos”, como o neoclássico e neogótico. [figuras 4.39 e 4.40] (PATTETA, L. 1987) O que garante à arquitetura eclética [figura 4.41] e constitui a sua principal diferença com relação aos revivals do século XIX, é que o ecletismo não definiu
um estilo arquitetônico, mas sim uma estrutura de composição sintética e inclusiva, apropriando-se de vários estilos e elementos que já passaram pela história da arte e da arquitetura. Algumas definições da arquitetura contemporânea escritas por Artur Simões Rozestraten (2009), indicam características do ecletismo como “uma arquitetura que preza a liberdade compositiva e usa todo o repertório formal anterior como referências plásticas” assim como “uma arquitetura que supervaloriza as superfícies com intenções narrativas e decorativas, especialmente as fachadas voltadas para as vias públicas”. O surgimento de uma sociedade em massa, sobretudo à ascensão de uma nova classe em busca do status e no crescente individualismo, originam as razões pela qual o ecletismo foi considerado uma arquitetura elitista. Essa arquitetura garantia uma ideia dominante sobre a representatividade, ou seja, evidenciar através da fachada o status do proprietário, seja ele público ou particular.
1. Johann J. Winckelmann (Stendal, 9 de Dezembro de 1717 - Trieste, 8 de Junho de 1768) foi um historiador de arte e arqueólogo alemão, um dos fundadores da arqueologia científica moderna e foi o primeiro a aplicar de forma sistemática categorias de estilo à história da arte. 2. ROZESTRATEN, Artur Simões. Ultraecletismo, ano 10, n. 114.07, 2009 Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.114/16>. Acessado em: 10 de abril de 2017.
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O ecletismo tenta sobreviver, entre 1880 e 1890, aos ataques dos arquitetos que registram numerosas declarações sobre a confusão da linguagem do estilo eclético, esperando o nascimento de um novo estilo original. Camillo Boito (1834-1914) escreve:
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“[...] agora a arquitetura é, salvo raras exceções, uma distração da fantasia, uma engenhosa combinação de formas, um capricho das matizes, de medidas, de linhas e de quadros. O organismo arquitetônico existe, contudo, e melhor, nestes últimos anos foi aprimorado, porém, o símbolo é inconclusivo e desvairado, com alguns intervalos de lucidez. Da tirania aritmeticamente clássica não podia deixar de nascer a presente balbúrdia. Quem sabe, desta anarquia sairá a verdadeira arte, que é liberdade de fantasia com regras da razão. ” (BOITO, 1880 apud BENEVOLO, 2004, p. 269)
No Brasil, o ecletismo está presente na arquitetura nos planos de reurbanização das grandes cidades, como o realizado no Rio de Janeiro pelo engenheiro Francisco Pereira Passos (1836 - 1913), na Avenida do Rio Branco. Outros exemplos são a Escola e Museu Nacional de Belas Artes, de 1908, o Theatro Municipal, inspirado na Ópera de Paris e maior símbolo do ecletismo no Brasil, projetado por Francisco de Oliveira Passos, em 1903. Em São Paulo, trinta anos para cá, evidencia-se o valor dessa arquitetura que está ligada ao processo de industrialização, sendo o primeiro monumento marcante do novo movimento arquitetônico o Museu Paulista, ou Museu do Ipiranga, projetado pelo arquiteto italiano Tommazio Bezzi e construído entre 1882 e 1885. O enriquecimento de São Paulo, com a economia europeia e a apropriação de um vocabulário arquitetônico pela burguesia como demonstrativo de status, estava relacionado ao desejo de viver “à francesa”, ainda que em Figura |4.39| - página anterior à esquerda - Catedral de São Paulo, Londres. Sir Christopher Wren. Fonte: GuiaDoEstrangeiro. Disponível em: < http://guiadoestrangeiro.com/wpcontent/uploads/2015/03/st-paul.jpg>.
Acessado em: 19 de abril de 2017.
Figura |4.40| - página anterior à esquerda - As Casas do Parlamento, Londres. Charles Barry e A. W. N. Pugin. Disponível em: <http://www.cooltips.com.br/wp-
content/uploads/2011/04/parlamentode-londres.jpg>. Acessado em: 19 de
abril de 2017.
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um país tropical. A industrialização no Estado enriqueceu ainda mais a burguesia que mandava importar uma série de materiais da Inglaterra, inclusive tijolos e vidros, assemelhando cada vez mais a arquitetura das capitais brasileiras àquela produzida na Europa. A expansão da malha ferroviária torna possível e rápida a chegada desses produtos também no interior do país, que imitada os modos de vida da capital paulista. Além disso, Ramos de Azevedo (1851 – 1928), foi um dos responsáveis pela expansão do ecletismo com a construção de edifícios públicos como o Theatro Municipal [Figura 4.42] (1903 – 1911), a Pinacoteca do Estado de São Paulo (Liceu de Artes e Ofícios, 1897 - 1900) e a Escola Normal Caetano de Campos (1894), na praça da República. Assim como em São Paulo e Rio de Janeiro, destacam-se também outras capitais do Brasil como Manaus e Belo Horizonte, com o Teatro Amazonas e o Palácio da Liberdade, respectivamente.
Figura |4.41| - página anterior à direita - Esplanada do Theatro Pedro II, em Ribeirão Preto - SP. Disponível em: <https://upload.wikimedia. org/wikipedia/commons/0/0f/ Teatro_Pedro_II-Ribeirao_Preto.jpg>.
Acessado em: 19 de abril de 2017.
Figura |4.42| - página à esquerda - Interior eclético do Theatro Municipal de São Paulo, por Ramoz de Azevedo. Disponível em: < http://fotografia.folha.uol.com.br/
galerias/3171-theatro-municipal-dacidade-de-sao-paulo>. Acessado em:
19 de abril de 2017.
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[ 4 ] O HOTEL BRASIL
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Figura |4.01| Largo da Matriz em 1890 Ribeirão Preto. Fonte: APHRP. Disponível em: http://pmrp.com.br/scultura/arqpublico/ fotos/galeria.htm. Acessado em: 19 de abril de 2017. Figura |4.02| Igreja da Matriz, 1868 Ribeirão Preto. Fonte: APHRP. Disponível em: http://pmrp.com.br/scultura/arqpublico/ fotos/galeria.htm. Acessado em: 19 de abril de 2017. Figura |4.03| À esquerda Palacete Innecchi construído em 1929 (atual Banco Itaú). À direita, sede social da Sociedade Recreativa inaugurada em 1908; entre os anos de 1956 e 1984 sediou a Câmara Municipal (atual MARP). Local: Rua Duque de Caxias esquina com Barão do Amazonas. Fonte: APHRP. Disponível em:
http://pmrp.com.br/scultura/arqpublico/fotos/ galeria.htm. Acessado em: 19 de abril de
2017.
Figura |4.04| - página ao lado - Malha viária de Ribeirão Preto em 1874. Fonte: APHRP. Disponível em: http://pmrp.com. br/scultura/arqpublico/fotos/galeria.htm . Acessado em: 19 de abril de 2017.
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dos primórdios da cidade Ribeirão Preto estava localizado à oeste da Estrada do Anhanguera, ou “caminho de Goiás”, principal ligação entre São Paulo e Vila Boa de Goiás, onde os paulistas descobriram o ouro em 1725. Com a intensificação da população devido à grande descoberta, muitas sesmarias foram concedidas para a instalação de pousos aos bandeirantes, mineradores e comerciantes, fazendo com legalizassem o uso dessas terras. No entanto, os sesmeiros não permaneciam muito tempo, fazendo com que a região ficasse paralisada. Posteriormente, essas terras foram ocupadas por outras pessoas e, assim, a estrada para Goiás constituiu a principal via de ligação no interior a partir de São Paulo. (SILVA, 2006) Fundada em 19 de junho de 1856, a produção de café foi a primeira atividade agrícola intensiva de Ribeirão Preto, introduzida por famílias de fazendeiros que vieram de outras regiões. Assim como a maioria das cidades do interior de São Paulo, Ribeirão Preto formouse com a expansão do capitalismo no mundo agrário através da combinação do mercado interno com outros processos relacionados à expansão da cafeicultura. No entanto, a crise de 1929 encerrou a fase próspera do café na região, fazendo com que outro ciclo econômico surgisse. As terras foram ocupadas com outras culturas como o algodão e frutas. E, aos poucos, a cana-deaçúcar foi reintroduzida. (SILVEIRA, 1998 apud SILVA, 2006) Atualmente, englobando 34 municípios, foi criada a Região Metropolitana de Ribeirão Preto. Os grandes centros comerciais, eventos de porte nacional e o aeroporto são polarizadores das cidades vizinhas, sendo Ribeirão Preto uma das principais cidades do interior paulista.
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do córrego à cidade atual A Avenida Jerônimo Gonçalves foi denominada através da Lei n. 32 de 29 de junho de 1897 como a avenida que margeia o “ribeirão” denominado Preto, sendo através desse córrego que advém o nome da cidade. No início da cidade, a avenida era palco de inúmeros equipamentos e complexos comerciais, industriais e de transporte, como, por exemplo, a estação Ribeirão Preto da Cia. Mogiana e seus armazéns, fábricas de cerveja (Antárctica e Paulista), Mercado Público Municipal e hotéis. Com o crescimento da cidade, a demanda por saneamento básico tornou-se uma questão importante devido à presença dos córregos que percorriam a cidade. As obras de intervenção realizadas na Avenida Jerônimo Gonçalves e seu entorno datam da década de 1880 em função da epidemia de febre amarela (vide Relatório da Intendência de 1896, p. 9) e, posteriormente, aos postulados de “limpeza e embelezamento” empreendidos durante as décadas de 1910 e 1920 (vide Relatório da Presidência da Câmara de 1925, p. 10). A partir da década de 1930, após a decadência da economia cafeeira e declínio do transporte ferroviário, novos equipamentos foram instalados na avenida, como o Pronto Socorro Municipal e a Estação Rodoviária, inaugurada em 1976. As Palmeiras, da família Palmer mater, são da mesma espécie das que foram plantadas por Dom João VI no Rio de Janeiro. As palmeiras foram plantadas por Max Bartsch, então Jardineiro contratado pela Prefeitura Municipal e por Cassiano Esteves, funcionário da Prefeitura entre os anos de 1913 e 1916. Apesar do intenso processo de transformação ocorrido a partir de 1960, principalmente com a demolição do complexo ferroviário, a avenida Jerônimo Gonçalves e as suas palmeiras mantêm-se como um importante elemento de representação da identidade cultural de Ribeirão Preto, sendo sua imagem apresentada, ainda nos dias de hoje, como o principal “cartão postal” da cidade.
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Figura |4.06| Córrego da Avenida Jerônimo Gonçalves. Foto provavelmetente tirada entre 1921 e 1931. Fonte: APHRP. Disponível em: <https://www. ribeiraopreto.sp.gov.br/scultura/arqpublico/fotos/galeria.htm>. Acessado em: 24 de abril de 2017.
Figura |4.05| Vista aérea atual da Avenida Jerônimo Gonçalves e seu entorno. Fonte: Google Earth.
Figura |4.07| Vista da Avenida Jerônimo Gonçalves durante enchente. Ao fundo prédio do Mercado Municipal inaugurado em maio de 1900 e destruído por um incêndio em 07 de outubro de 1942. Fonte: APHRP. Disponível em: <https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/scultura/arqpublico/fotos/ galeria.htm>. Acessado em: 24 de abril de 2017.
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“na cidade, sua história
é contada pelas ruas, pelos prédios,
avenidas, becos e ladeiras, pelos bairros. deles emergem os nomes, o passado, o trabalho, a vida...”
CIONE, 1992, vol. II, p. 599.
Figura |4.08| Vista da Rua General Osório durante enchente em 1927. Ao fundo a Estação Mogiana. O “Hotel Brazil” está localizado ao lado do Hotel Modelo, fato que não está evidenciado atualmente. Fonte: APHRP. Disponível em: <https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/scultura/arqpublico/fotos/galeria.htm>. Acessado em: 24 de abril de 2017.
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Pouco se sabe sobre a história do Hotel Brasil devido à falta de materiais disponíveis tanto Acervo Público e Histórico de Ribeirão Preto, quanto no CONPPAC (Composição do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural). As informações apresentadas aqui são baseadas em um processo incompleto (Processo Administrativo 42/1921) encontrado no APHRP, como plantas, documentos e registros fotográficos. Em abril de 1921 foi encaminhado à Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto um pedido para aprovação de um grande hotel, de propriedade de Vicente Viccari. O projeto, de autoria do engenheiro Antônio Soares Romêo, foi aprovado pelo prefeito Municipal João Rodrigues Guião, no mesmo ano do pedido. (ROSSIN, 2016). Ao analisar a Figura 4.08, o Hotel que está construído não é o atual Hotel Brasil, fato evidenciado devido à sua localização ao lado do Hotel Modelo. Atualmente, ao lado, encontra-se outra construção. Segundo Rubem (1992), o Hotel Brasil era sinônimo de luxo e sofisticação, disputando espaço apenas para o Hotel Palace, anteriormente chamado de Central Hotel. A localização favorável na época, em frente à antiga Estação Mogiana, permitiu a hospedagem no Hotel Brasil de jogadores de grandes times de futebol, delegações internacionais da Hungria, membros de comissões e negócios, o ex-presidente Juscelino Kubistchek e Chico Xavier. O restaurante era de cozinha internacional, regularmente frequentado por políticos. Em 1929, Vicenti Viccari solicitou um novo pedido para aprovação da construção do Hotel, este com outra proposta de uso. No projeto de 1921 (não construído), o térreo era destinado ao comércio, com grandes salas e banheiros de apoio. Nos demais pavimentos, inúmeros quartos para hospedagem e uma sala de jantar. Em contrapartida, no projeto de 1929 (construído), o térreo perdeu parte da sua função comercial, limitando-se apenas a três grandes salas, sendo o restante destinado ao uso social.
Após o falecimento de Vicente Viccari, o edifício foi herdado por sua filha, casada com Pedro Moschini. Como não era permitida a venda na época, o casal permutou o edifício com Pedro Biagi, em troca de três imóveis da Villa Amélia e uma chácara. O Hotel foi locado várias vezes e, no poder dos descendentes de Pedro, foi vendido em 1980, para um empresário do ramo farmacêutico, Maurício Marcondes de Oliveira, atual proprietário do Hotel Brasil. O mesmo foi responsável pelo fechamento do Hotel em 1987, fato comprovado por uma reportagem no jornal “O Diário”, do dia 25 de janeiro, ÓRGÃO OFICIAL DO MUNICÍPIO DE R causando segundo Di Sicco (2009) “[...] indignações dos ANO 40 - Nº 9.035 Quinta-feira, 19 de Julho d locatários que solicitaram ao Vereador Leopoldo Paulino em espec 70, e, con que apresentasse um projeto de lei à Câmara Municipal, ADMINISTRAÇÃO DIRET A DIRETA - a necess de Proteç instituindo o tombamento do prédio, Assistência Socialporém com o 34, da Le Secretaria Municipal de Assistência Social DETERM passar do tempo a promessa foi esquecida PORTARIA Nº 05 e o projeto Artigo 1º Almeida, C DE 18 DE JULHO DE 2012 não foi efetivado. ” (ROSSIN, 2016) digo Func A Sra. Secretária Municipal de Assistência Social Maria P. C. Rodrigo P Sodré Silva, no exercício das atribuições definidas nos arSonia Cri Em 21 de agosto da Lei tigos de 259 e1991, 260 da Leiatravés nº 3181/76 (Estatuto dosMunicipal Funcionários para comp Municipais), instaura, por meio da presente portaria, Sindià Pa cância Administrativa Disciplinar em desfavor do servidor nº 6.067, o prédio do Hotel Brasil foi considerado de valor teção 12730/12 J.C.S., para apurar fatos constantes do Expediente Interno nº 08/2012 SEMAS-S. Somente em 2009, o Artigo 2º histórico, cultural e arquitetônico. cação. 1. Com base nos elementos constantes do documento de fls. 01 à 04 do Expediente Interno nº 08/2012 SEMAS-S, deterarquiteto Cláudio Henrique Bauso solicitou o pedido de mino a instauração de Sindicância Administrativa Disciplinar, pois em tese o referido servidor teria infringido o artigo tombamento do edifício, sendo aprovado pelo 238 inciso III, IV e IX e artigo 251 inciso III e IVCONPPAC da Lei nº 3181/ 1976, podendo estar em curso das penalidades do artigo 245. 2. Nomeio, para procederano. a apuração dos fatos a seguinte em 7 de agosto de abril do mesmo ADM
Diário Of
comissão: Gisele Cristina da Costa - Presidente, Rosemar Santos Barbieri Gonçalves - Secretária e Isabela Cristina Custódio Germano - como membro; fixo prazo de 30 (trinta) dias para a conclusão dos trabalhos, nos termos do artigo 259 da Lei 3181/76. CUMPRA-SE ÓRGÃO OFICIAL DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO - SP MARIA P. C. SODRÉ SILVA ANO 40 - Nº 9.035 Quinta-feira, 19 de Julho de 2012 Secretária Municipal de Assistência Social em especial o artigo 3º, parágrafo único, inciso I, da Lei 2415/
Diário Oficial
www.ribeiraopreto.sp.gov.br
ADMINISTRAÇÃO DIRET A DIRETA
Assistência Social
UE 02.10.30
70, e, considerando: - a necessidade de alteração da composição da Supervisão de Proteção à Paisagem Urbana, criada nos termos do artigo 34, da Lei 12730/12, DETERMINA: Artigo 1º - Ficam nomeados os funcionários Telma Regina de Almeida, Código Funcional 24236-2 e Rui Carlos Abbad, Código Funcional 25317-8, em substituição aos funcionários Rodrigo Pedreschi Caldana - Código Funcional 37212-6 e Sonia Cristina Riul Nunciatelli - Código Funcional 37225, para comporem a comissão denominada Supervisão de Proteção à Paisagem Urbana, de que trata o artigo 34, da Lei nº 12730/12 - Cidade Limpa: Artigo 2º - Esta portaria entra em vigor a partir de sua publicação. FRANCISCO SÉRGIO NALINI Secretário Municipal da Fazenda PMRP
Cultura
Secretaria Municipal de Assistência Social
PORTARIA Nº 05 DE 18 DE JULHO DE 2012
A Sra. Secretária Municipal de Assistência Social Maria P. C. Sodré Silva, no exercício das atribuições definidas nos artigos 259 e 260 da Lei nº 3181/76 (Estatuto dos Funcionários Municipais), instaura, por meio da presente portaria, Sindicância Administrativa Disciplinar em desfavor do servidor J.C.S., para apurar fatos constantes do Expediente Interno nº 08/2012 SEMAS-S. 1. Com base nos elementos constantes do documento de fls. 01 à 04 do Expediente Interno nº 08/2012 SEMAS-S, determino a instauração de Sindicância Administrativa Disciplinar, pois em tese o referido servidor teria infringido o artigo 238 inciso III, IV e IX e artigo 251 inciso III e IV da Lei nº 3181/ 1976, podendo estar em curso das penalidades do artigo 245. 2. Nomeio, para proceder a apuração dos fatos a seguinte comissão: Gisele Cristina da Costa - Presidente, Rosemar Santos Barbieri Gonçalves - Secretária e Isabela Cristina Custódio Germano - como membro; fixo prazo de 30 (trinta) dias para a conclusão dos trabalhos, nos termos do artigo 259 da Lei 3181/76. CUMPRA-SE MARIA P. C. SODRÉ SILVA Secretária Municipal de Assistência Social UE 02.10.30
Cultura
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RESOLUÇÃO 04/2012- CONPPAC/RP O CONPPAC - Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto, no uso de suas atribuições legais, em reunião realizada em 07/04/2009, RESOLVE: Acatar o pedido de tombamento provisório constante no processo administrativo nº 02 2009 015342 8, nos termos dos artigos 17 e 18, da lei 2.211, de 24/08/2007, do bem cultural Hotel Brasil, localizado na Rua General Osório, nº 20. A partir da data da publicação desta resolução, o bem em regime de tombamento provisório terá proteção especial nos termos do artigo 19, 30 e 31, da lei 2.211, de 24/08/2007, até a decisão final da autoridade competente para tal. Pela presente encaminha-se à Secretária da Cultura para que sejam providenciadas as publicações necessárias. DULCE PALLADINI Presidente do CONPPAC/RP 18/07/2012 UE 02.08.10
Fazenda
Secretaria Municipal da Fazenda
PORTARIA SMF Nº 16 DE 18 DE JULHO DE 2012
ALTERA A COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO DENOMINADA SUPERVISÃO DE PROTEÇÃO À PAISAGEM URBANA, DE QUE TRATA A LEI Nº 12730, DE 12 DE JANEIRO DE 2012. FRANCISCO SÉRGIO NALINI, Secretário Municipal da Fazenda, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei,
Secretaria Municipal da Cultura
RESOLUÇÃO 04/2012- CONPPAC/RP
O CONPPAC - Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto, no uso de suas atribuições legais, em reunião realizada em 07/04/2009, RESOLADMINISTRAÇÃO A INDIRETA VE:INDIRET IPM Acatar o pedido de tombamento provisório constante no proATO Nº 337 cesso administrativo nº 02 2009 015342 8, nos termos dos O Diretor Superintendente do Instituto de Previdência dos artigos e 18, da lei 2.211, de 24/08/2007, do bem cultural Municipiários de Ribeirão Preto, no uso de suas 17 atribuições legais, considerando a decisão judicial, no Processo nº 3807/ 08 e nos termos do Artigo 23 e parágrafos, da Lei CompleHotel Brasil, localizado na Rua General Osório, nº 20. mentar 1012/2000, e do § 7º e incisos do artigo 1º da Emenda Constitucional Nº 41/2003, e artigo 66 incisos e parágrafos da Orientação Normativa Nº A 02/2009 do MPAS da (Processo partir data da publicação desta resolução, o bem em reIPM Nº 32/2008-R), Resolve: gimeLOPES de emtombamento provisório terá proteção especial nos I - Conceder ao Senhor LUIZ HENRIQUE razão da comprovação da invalidez total e permanente, o direito à percepção de pensão por morte do Senhor TEOTONIO termos do CAartigo 19, 30 e 31, da lei 2.211, de 24/08/2007, até CHOEIRA LOPES, cujo óbito ocorreu em 20 de agosto de 2005, na proporção de 100% (cem por cento), a partir da fofinal da autoridade competente para tal. lha de pagamento do mês de a julhodecisão de 2012. II - Nos termos do Artigo 3º, Inciso II da Lei Complementar 2504/2011 os encargos com o pagamento desta pensão corPela presente encaminha-se à Secretária da Cultura para rerão por conta deste Instituto de Previdência dos Municipiários de Ribeirão Preto - IPM. III - Este ato entrará em vigor que na data desejam sua publicação. providenciadas as publicações necessárias. ATO Nº 338 DULCE PALLADINI Pelo presente dá nova redação ao Ato nº 225, de 09 de novembro de 2010, que em 01 de dezembro de 2010, concedeu Presidente do CONPPAC/RP aposentadoria por invalidez ao Senhor OSVALDO TADEU DOS SANTOS HENRIQUES, a saber: 18/07/2012 O Diretor Superintendente do Instituto de Previdência dos Municipiários de Ribeirão Preto, no uso de suas atribuições UE 02.05.10
Instituto de Previdência dos Municipiários de Ribeirão Preto
DE 17 DE JULHO DE 2012
IPM
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O Diretor Municipiá legais, con 08 e nos mentar 10 Constituc da Orient IPM Nº 32 Resolve: I - Conced da compro percepção CHOEIRA 2005, na p lha de pag II - Nos te 2504/2011 rerão por piários de III - Este a
DE 17 DE JULHO DE 2012
UE 02.08.10
legais, e nos termos do Artigo 40, § 1º, inciso I da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 41/03 e nos artigos 126, inciso I, 127, inciso II, alínea “a”, artigo 128 da Lei nº 3181/76, com nova redação dada pela Lei nº 5521/89 e artigo 209 da Lei nº 3181/76 e Artigo 6º-A da Emenda Constitucional nº 41/2003, incluído pela Emenda Constitucional nº 70/2012 e considerando o que foi apurado no Processo Administrativo Nº 302/2008-R,
Fazenda
Secretaria Municipal da Fazenda
PORTARIA SMF Nº 16 DE 18 DE JULHO DE 2012
ALTERA A COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO DENOMINADA SUPERVISÃO DE PROTEÇÃO À PAISAGEM URBANA, DE QUE TRATA A LEI Nº 12730, DE 12 DE JANEIRO DE 2012. FRANCISCO SÉRGIO NALINI, Secretário Municipal da Fa-
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Pelo pres vembro de aposentad DOS SAN O Diretor Municipiá legais, e n ção Feder nº 41/03 e artigo 128 nº 5521/8 Emenda C Constituc
Figura |4.09| Requerimento de alvará para construção do Hotel, datado de 1920, em nome de Vicente Viccari. Documento encontrado em arquivos do Processo 42/1921 no APHRP. Fonte: APHRP e Reprodução do Autor, 2017.
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Figura |4.10| Solicitação para aprovação da planta para construição de um edifício na rua General Osório e Avenida Jerônimo Gonçalves, em 1921 Documento encontrado em arquivos do Processo 42/1921 no APHRP. Fonte: APHRP e Reprodução do Autor, 2017.
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o projeto de 1921 No projeto de 1921, que não foi construído, o Hotel tinha sua entrada principal voltada para a Rua General Osório, a qual dava acesso ao hall de circulação que levava aos pavimentos superiores. No pavimento térreo, grande parte era constituída de salas comerciais com banheiros de apoio, além de um bar que dava acesso à cozinha, copa e sala de jantar no andar superior. Assim como no primeiro andar, o segundo andar também era repleto de quartos e um terraço. Através do programa deste projeto, entende-se que o público para o Hotel era econômico e de estada temporária. Um excesso de quartos para poucos banheiros, os quais eram de uso coletivo e ficavam na área externa do Hotel. A sala de jantar era atendida por uma pequena cozinha e, de certa forma, compartilhada com um bar de uso público.
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Figura |4.11| Plantas do Hotel Brasil: projeto de 1921 que não foi construído. Fonte: APHRP e Reprodução do Autor, 2017.
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Figura |4.12| Fachada a partir da Avenida Jerônimo Gonçalves. Fonte: APHRP e Reprodução do Autor, 2017.
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Figuras |4.13| Fachada a partir da Rua General Osório. Fonte: APHRP e Reprodução do Autor, 2017.
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Figura |4.14| - página ao lado - Detalhe da platibanda do Hotel Brasil. Fonte: Reprodução do Autor, 2017.
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Figura |4.15| - ambas as páginas Fachada a partir da Avenida Jerônimo Gonçalves encontrada em documentos do Processo 52/1929, no APHRP. Fonte: APHRP e Reprodução do Autor, 2017.
o projeto de 1929 O projeto que foi construído, datado de 1929, está arquivado no Acervo Público e Histórico de Ribeirão Preto como Processo Administrativo 52/1929. Muitas das plantas e arquivos do Hotel Brasil estão ausentes do processo e a situação é desconhecida pelos funcionários. Diferente do projeto de 1921, o Hotel Brasil passou por grandes mudanças em seu programa e distribuição espacial. O que antes tinha um apelo para o público econômico, no projeto de 1929 foi substituído por um programa elitista. A razão pela mudança não foi documentada, ou pelo menos não existe em nenhum dos Processos Administrativos citados anteriormente. Neste projeto, o térreo não perdeu sua função comercial, no entanto, esse espaço foi reduzido e os usos foram substituídos por um grande hall de entrada, salão de jantar e cozinha. O comércio que anteriormente era interligado por uma escada à cozinha e copa do Hotel, agora tem seu acesso feito diretamente pela rua, com conexão apenas para um depósito e área de serviço. A entrada principal do Hotel, localizada na esquina, agora mostra-se ampla e acolhedora aos hóspedes e visitantes. No segundo andar, o Hotel recebe um grande salão e varanda com vista privilegiada para a Avenida Jerônimo Gonçalves. As fachadas perdem as riquezas de detalhes do projeto de 1921, como o coroamento, o embasamento, a platibanda, a cimalha e os frisos. Porém o que está construído hoje, difere das fachadas que estão documentadas.
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Figura |4.16| - página ao lado - Planta do Segundo Pavimento encontrada em documentos do Processo 52/1929, no APHRP. Fonte: APHRP e Reprodução do Autor, 2017.
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24 de abril de 2012
6 de março de 2013
Disponível em: <http://glo.bo/I9UxyR>. Acesso em: 16 de maio de 2017.
Disponível em: <http://glo.bo/ZpsOzQ>. Acesso em: 16 de maio de 2017.
Reportagem do Jornal G1
Restauro de hotel histórico em Ribeirão Preto tem data indefinida
Reportagem do Jornal G1
Obras de restauração do Hotel Brasil em Ribeirão são embargadas
Edificada em 1921, construção hospedou clubes como Boca Juniors. Proprietários do Hotel Brasil alegam interesse, mas não dão previsão.
Decisão foi tomada em reunião do Conppac na terça (5) por falta de projeto. Cartão-postal da cidade datado de 1921 está com estrutura comprometida.
Os proprietários do Hotel Brasil, um dos cartões-postais de Ribeirão Preto (SP) na primeira metade do século 20, planejam restaurar o prédio em degradação entre a Rua General Câmara e a Avenida Jerônimo Gonçalves, no centro da cidade. Em nota, a família Marcondes disse que tem interesse na revitalização do local, de modo a manter suas características originais e incentivar seu potencial cultural, mas não adianta uma data para início do trabalho, nem previsão de tempo necessário para sua conclusão. Não há, segundo a família, nenhum compromisso firmado com a Prefeitura. Enquanto nenhuma providência é tomada, a estrutura datada dos anos 1920 e classificada como parte do patrimônio cultural fica a cada dia mais comprometida. Além de portas e janelas quebradas, o teto está caindo. Segundo a secretária municipal de Cultura, Adriana Silva, o poder público não pode intervir, já que se trata de uma propriedade privada. De acordo com o arquiteto Claudio Bauso, do Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto (CONPPAC), em um ano é possível concluir toda a restauração.
As obras de restauração do Hotel Brasil localizado na região central de Ribeirão Preto (SP) foram embargadas pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural da cidade (Conppac). A decisão foi tomada durante uma reunião na terçafeira (5) porque os responsáveis pelo restauro e os proprietários do prédio não apresentaram o projeto de intervenção. Segundo informações do Conppac, o prazo para que o documento seja apresentado termina no dia 30 de março. A nova votação do projeto ocorre no dia 2 de abril e, caso seja aprovado, as obras devem ser liberadas. O plano de restaurar o prédio que nasceu na primeira metade do século XX e é considerado um dos cartões-postais da cidade é antigo. Em nota divulgada em abril de 2012, a família Marcondes - dona do Hotel Brasil - disse que queria revitalizar o local para manter suas características originais e incentivar seu potencial cultural. O local é conhecido por ter hospedado autoridades políticas e clubes como Boca Juniors e RIver Plate, entre os anos 1930 e 1955, de acordo com informações do Arquivo Histórico Municipal. Atualmente, a estrutura apresenta portas e janelas quebradas, além do teto danificado.
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2017... 2018...
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ambientações, espacialidades e patologias
Figuras |4.17 à 22| Fotos internas do Hotel. Fonte: Carolina Ribeiro Simon, 2012.
No fundo do Hotel, conforme Imagem 20, o acesso foi bloqueado para impedir as ocupações irregulares. O local virou depósito de entulhos do Hotel Aurora, localizado ao lado.
Os pisos demarcados em branco são locais onde o registro fotográfico feito pela parte externa não foi suficiente para analisar o tipo de piso, pois ambas as lojas possuem muitos entulhos e sujeiras, dificultando a visualização.
Espaço comercial com resquícios de estudos das pinturas conforme Imagem 22 Não se sabe exatamente se a escada de acesso foi removida ou se foi fechada por uma porta, conforme a Imagem 21. É possível identificar o piso cerâmico avermelhado. A sala de jantar foi reduzida para criar uma nova sala. O piso de madeira permanece original, conforme Imagem 18. As paredes em cinza representam as alterações e reformas que foram feitas posteriormente. No hall de entrada, o piso cerâmico atual foi assentado sobre outro piso, conforme Imagem 17 e 19. Não há nenhum registro documentado sobre essa ação. Os vitrais coloridos das janelas estão quebrados, além das infiltrações na laje e nas paredes.
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Figura |4.23| 3D modelado a partir da planta fornecida por Vanessa Di Sicco. Fonte: Reprodução do Autor, 2017.
PAVIMENTO TÉRREO + 0,15m
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Figuras |4.24 à 31| Fotos internas do Hotel. Fonte: Carolina Ribeiro Simon, 2012.
Não foi possível identificar o piso da varanda descoberta pois não foi possível acessar o local. Algumas áreas do Hotel ainda estão “conservadas”, como o final desse corredor. Imagem 30.
O piso dos corredores é em ladrilho hidráulico, conforme Imagem 27.
As paredes em cinza representam as modificações e reformas posteriores. Essas três alterações internas ocasionaram mudanças na fachada devido às janelas dos banheiros, conforme Imagem 31. Ainda há alguns resquícios das pias que ficavam nos quartos, detalhe para o trabalho dos ladrilhos, visto na Imagem 28. O piso dos quartos é de madeira e estão em completo estado de ruína, devido às infiltrações provenientes do telhado. Imagens 25 e 26. Figura |4.32| 3D modelado a partir da planta fornecida por Vanessa Di Sicco. Fonte: Reprodução do Autor, 2017.
PRIMEIRO PAVIMENTO + 4,90m
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Figuras |4.33 à 37| Fotos internas do Hotel. Fonte: Carolina Ribeiro Simon, 2012.
TERCEIRO PAVIMENTO + 12,60m O terceiro pavimento foi construído posteriormente. Não há nenhum registro fotográfico interno, no entanto, é possível vê-lo externamente, conforme Imagem 34. Também é desconhecida a data dessa reforma.
Uma escada foi construída posteriormente para dar acesso ao terceiro pavimento. Essa modificação resultou na diminuição de dois quartos.
Assim como no primeiro pavimento, as modificações nos quartos para adicionarem banheiros resultou em alterações na simetria da fachada. O forro do corredor, assim como dos quartos, está completamente comprometido. Imagens 33, 35, 36 e 37.
A sala de estar foi modificada para atender mais dois novos quartos.
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Figura |4.38| 3D modelado a partir da planta fornecida por Vanessa Di Sicco. Fonte: Reprodução do Autor, 2017.
SEGUNDO PAVIMENTO + 8,75m
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1927/ 07 de março
Vista da Avenida Jerônimo Gonçalves durante enchente a partir da Rua General Osório. Ao fundo prédio do Mercado Municipal, de maio de 1900. O Hotel Brasil diferente do que é atualmente, ao lado do Hotel Modelo, defronte a outro Hotel.
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2017/ 25 de abril
Vista da Avenida Jerônimo Gonçalves a partir da Rua General Osório. À esquerda, o Hotel Brasil ao lado de uma galeria e, à direita, lojas de peças de motos. Ao fundo a Praça Schimidt.
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1960
Vista da Avenida Jerônimo Gonçalves e Rua General Osório. Destaque para a pavimentação com paralelepípedo e o jardim central que dividia a avenida em duas vias.
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2017/ 25 de abril
Vista da Avenida Jerônimo Gonçalves e Rua General Osório. Destaque para algumas palmeiras que foram retiradas e a pavimentação asfáltica. Um bar e lojas de peças de motos à esquerda.
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dos usos formais A área de estudo, seguindo o Plano Diretor de Ribeirão Preto, está situada em duas zonas: Zona de Urbanização Preferencial (ZUP) e Zona de Proteção Máxima (ZPM) Zona de Urbanização Preferencial - ZUP: é a região do município onde o uso e a ocupação do solo urbano deverão ser incentivados considerando o potencial de sua infraestrutura urbana existente ou a implantar; Zona de Proteção Máxima – ZPM: são as áreas do município submetidas a regime de proteção especial com vistas à preservação, conservação e recuperação do meio ambiente
comercial residêncial prestação de serviço institucional vazios edifícios abandonados
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gabarito predominante
até 3 pavimentos de 3 à 5 pavimentos mais de 5 pavimentos
Analisando o gabarito predominante nas áreas adjacentes ao Hotel Brasil, conclui-se que as edificações, em sua maioria, são térreas até três pavimentos. Assim como nas adjacências do Hotel Brasil, a área como um todo apresenta edificações baixas. Esse dado auxilia na escolha da área de intervenção devido à possibilidade de oferecer uma boa iluminação natural e poucas interferêcias, permitindo que o projeto se manifeste de forma harmônica e acolhedora.
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delimitação da área de estudo Em uma análise mais detalhada da área, pode-se destacar como delimitante principal a avenida Francisco Junqueira, a Rua Álvares Cabral, Prudente de Morais e Castro Alves. O cruzamento das avenidas Jerônimo Gonçalves e Francisco Junqueira geram altos fluxos em modais motorizados. Em contrapartida, o alto fluxo de pedestres ocorre no calçadão em sentido ao Hotel Brasil, os quais são provenientes de um grande centro comercial: o quadrilátero central. Os equipamentos levantados estabelecem usos relacionados ao lazer e turismo que a área pode promover. Os restaurantes identificados na área são restaurantes de baixo custo, com preço em média de R$20,00. Não foram levantados lanchonetes e salgaderias pois não se enquadram no uso que será proposto.
restaurantes
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antiga cervejaria paulista (futuro shopping)
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estúdios kaiser de cinema
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armazém baixada
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hotel brasil
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rodoviária
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mercadão municipal + cpc
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theatro pedro ii + pinguim
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circulação + mobilidade Através de uma leitura perceptiva da área e com auxílio do Mapa de Hierarquia Viária fornecido pela Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, conclui-se a área é composta, em sua maioria, por vias locais e vias coletoras. A área é atendida por uma grande frota de ônibus urbanos administrados pela empresa RITMO (Rede Integrada do Transporte Municipal por Ônibus). Presentes na área estão o Terminal Rodoviário de Ribeirão Preto e o Terminal Dra. Evangelina de Carvalho, o qual foi construído para desafogar a Avenida Jerônimo Gonçalves e o Mercadão Municipal pela grande quantidade de ônibus que circulavam. Atualmente, todas as linhas de ônibus que transitam pela cidade são interligadas à esse nó central, ou seja, praticamente toda a população tem acesso ao centro da cidade.
via arterial via coletora via local hotel brasil pontos de ônibus
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restaurantes
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1 restaurante sabor mix
preço médio
R$ 20,00
2 restaurante alvorada
preço médio
mapeamento dos restaurantes Após fazer o levantamento dos restaurantes da área de estudo, é possível identificar, através dos preços médios, que todos os restaurantes são de baixo custo. Os restaurantes concentram-se próximos à região do Theatro Pedro II e isso pode ser explicado pela possível “insegurança” dos comerciantes em relação aos usos da baixada. Atualmente, a Baixada possui em maioria um comércio de peças de motos, automóveis e algumas lanchonetes e bares.
R$ 19,00
3 restaurante VITÓRIA
preço médio
R$ 17,00
4 restaurante TRAVESSA
preço médio
R$ 20,00
5 restaurante GAÚCHa
preço médio
R$ 18,00
6 restaurante ARTE & SABOR
preço médio
R$ 20,00
7 restaurante DU JAPA
preço médio
R$ 20,00
8 restaurante BOM PRATO
preço único
R$ 1,00
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região com maior quantidade de moradores de rua
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ruas com altos índices de prosituição
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concentração de vendedores ambulantes (calçadão) e
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1
(Fonte: Arquivo Pessoal)
2
3
usos informais Os usos informais da área se caracterizam pelas atividades comerciais não regularizadas, prostituição, moradores de rua e tráfico de drogas. Como visto na imagem 1, a passarela que liga os dois lados da Avenida Jerônimo Gonçalves sempre é tomada por vendedores ambulantes, muitas vezes impedindo a passagem dos pedestres.
2
1
3
O abandono e a marginalização da baixada é um resultado do abandono das áreas centrais em relação à habitação. Fato evidenciado pelos condomínios fechados e bairros nobres da cidade. A imagem 2 retrata a população que depende de bancos e lugares impróprios para dormir. Ocupam quase toda a Praça Francisco Schimidt e suas adjacências, além do tráfico de drogas. A prostituição é outro fato relevante da área. Ocorre geralmente durante o dia devido à hostilização e marginalidade que ocorre no período noturno na Baixada. Na imagem 3, um dos pontos de maior concentração de garotas de programa, esquina da Av. Jerônimo Gonçalves com a Rua Duque de Caxias.
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[ 5 ] LEITURAS PROJETUAIS
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LEIT URAS PROJET UAIS
RECONVERSÃO EM NOVO USO E O CONT RAST E ENT RE ANT IGO E NOVO
REGIONALISMO CRÍT ICO COMO FORMA DE RESPEITO À PREEXISTÊNCIA SEM CRIAR FALSOS HISTÓRICOS
A INTOCABILIDADE DA RUÍNA COMO PART IDO PROJET UAL
DIRET RIZES PROJET UAIS
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Figura |5.01| - página ao lado - Vista da fachada principal do projeto CCC. Fonte: ArchiDaily. Disponível em: <http://www.archdaily. com.br/br/767966/capitan-central-cerveceraguillermo-cacciavillanar-makers> Acessado em
13 de abril de 2017.
Bar Capitán Central Cervecera requalificação de um antigo posto policial em uma cervejaria
FICHA TÉCNICA Arquitetos: Guillermo Cacciavillani Bar Makers Localização: Córdoba, Argentina Área: 600.0m² Ano do Projeto: 2014 Fotografias: Gonzalo Viramonte
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Figuras |5. 02, 03 e 04| Vistas do entorno da CCC. Fonte: Google Street View. Acessado em 13 de abril de 2017.
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Figura |5.05| - página ao lado - Vista aérea da região de Córdoba. Fonte: Google Earth. Acessado em 13 de abril de 2017.
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localização
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A cervejaria localiza-se em Córdoba, uma cidade na Argentina e possui uma arquitetura industrial. Localizado no Bairro Güemes o edifício faz parte de um projeto de Guillermo Cacciavillani para revitalizar essa área da cidade. É possível ver que o bar encontra-se em um miolo de quadra, criando uma divertida experiência de atravessar o quarteirão a fim de achar sua entrada. As imagens acima mostram casas antigas [figura 5.02], seguindo no quarteirão um estúdio de dança com materialidade de tijolos à vista e janelas com esquadrias metálicas [figura 5.03] e mais adiante é possível enxergar a ponta da chaminé/torre do edifício [figura 5.04], visto de um estacionamento, o qual não faz parte da paisagem origial da cidade.
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Achával Rodríguez, 244 Córdoba - Argentina
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materiais e a relação antigo x novo
Figuras |5.05| - ambas as páginas Colagem de fotografias do projeto CCC. Fonte: ArchiDaily. Disponível em: <http://
www.archdaily.com.br/br/767966/capitancentral-cervecera-guillermo-cacciavillanarmakers> Acessado em 13 de abril de 2017.
Figura |5.06| - página ao lado - Detalhe de fachada do projeto CCC. Fonte: ArchiDaily. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/ br/767966/capitan-central-cervecera-guillermocacciavillanar-makers> Acessado em 13 de
abril de 2017.
Figuras |5.07| - página seguinte - Colagem de fotografias do projeto CCC. Fonte: ArchiDaily. Disponível em: <http://www. archdaily.com.br/br/767966/capitan-centralcervecera-guillermo-cacciavillanar-makers >
Acessado em 13 de abril de 2017.
A materialidade da intervenção da cervejaria é composta de estruturas metálicas, em sua maioria vermelha, que compõe uma linguagem geométrica tanto com suas esquadrias quanto com seus mobiliários. Essa forma de adaptação mostra um respeito com o antigo e evidencia o novo, sem mascarar sua história e identidade. O concreto cinza é um fundo para a enorme rede de tubulações vermelhas expostas que atravessam as paredes e teto fingindo ser um sistema de segurança da água. Esta rede de tubos cumpre sua função ornamental e de suporte para a iluminação. Ao escolher em deixar aparente seu sistema estrutural, a linguagem muda, movendo-a para um estilo informal, brincando com seus usuários, tentando identificar o que foi feito apenas para decoração e o que foi uma solução projetual. A geometria também é outro fator marcante, uma vez que aparece tanto no logotipo do bar, o X, quanto nas mobílias, todas com um material cru, seja aço ou ferro, que possu a mesma conversa com as esquadrias das janelas, criando um espaço único e lúdico, advindo de algo antigo, renovando sua essência e adicionando uma nova história. O projeto CCC trouxe para o bairro que está inserido, uma nova revitalização, mostrando mais uma vez que arquitetura e urbanismo caminham lado a lado, conectando cidade com ambientes internos, criando um laço entre as diferentes escalas, seja bairro, vizinhança ou lote.
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Planta Superior 5
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Planta Térreo Sem Escala
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Sem Escala
Figura |5.08| Mapas do piso térreo e superior com esquemas de acessos e usos. Fonte: ArchiDaily. Disponível em: <http://www. archdaily.com.br/br/767966/capitan-centralcervecera-guillermo-cacciavillanar-makers >
Acessado em 13 de abril de 2017.
usos + sociabilidades A valorização dos usos de permanência é um dos potenciais do CCC, não se bastando apenas a um restaurante em que se senta, alimenta-se e deixa o local. As áreas estimulam as sociabilidades e a interação. O CCC está inserido em uma “galeria” de quadra aberta, onde cria-se espaços de convivência e as grandes janelas geométricas permitem a permeabilidade entre os espaços internos e externos.
permanência externa acesso público acesso restrito 1 entrada 2 área de permanência externa 3 área de permanência interna 4 área de permanência interna 5 área de permanência interna 6 banheiros 7 depósito 8 cozinha 9 antecâmara 10 bar 11 depósito 12 área de permanência externa 13 banheiros 14 área de permanência interna 15 depósito 16 bar
Figura |5.09| Contraste entre o concreto e o vermelho, ressaltando as intervenções. Fonte: ArchiDaily. Disponível em: <http://
www.archdaily.com.br/br/767966/capitancentral-cervecera-guillermo-cacciavillanarmakers> Acessado em 13 de abril de 2017.
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Figura |5.10| - página ao lado - Vista da fachada principal do projeto Escola de Culinária em Antigo Matadouro. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.com/2010/10/escuela-dehosteleria-en-matadero.html> Acessado em 27 de abril de 2017.
Escola Profissionalizante de Culinária em Antigo Abatedouro das ruínas de um abatedouro para um novo uso: escola gastronômica
FICHA TÉCNICA Arquitetos: María González y Juanjo López de la Cruz Localização: Medina Sidonia, Cádiz, Espanha Área: 751.0m² Ano do Projeto: 2007 Fotografias: Fernando Alda
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Figura |5.11| - página ao lado - Representação gráfica da localização do projeto Escola de Culinária em Antigo Matadouro. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.com/2010/10/ escuela-de-hosteleria-en-matadero.html> Acessado em 27 de abril de 2017. Figura |5.12| Vista aéra do projeto Escola de Culinária em Antigo Matadouro e seu entorno imediato. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://
sol89.sol89.com/2010/10/escuela-de-hosteleria-enmatadero.html> Acessado em 27 de abril de 2017.
localização A escola profissionalizante de culinária localiza-se em Medina, uma cidade histórica montanhosa na província de Cádis, Espanha. A região é predominantemente residencial e as casas são conhecidas pelos seus muros caiados e telhados cerâmicos, além da pintura ser branca, obrigatoriamente, devido ao sol quente e de altitude elevada. 12
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Vista Frontal
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Sem Escala
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materialidades e aberturas cobertura em revestimento cerâmico
Figura |5.13| - ambas as páginas - Colagem de fotografias do projeto. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.com/2010/10/escuela-dehosteleria-en-matadero.html> Acessado em 27 de abril de 2017. Figura |5.14| - página ao lado - Elevação. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.
com/2010/10/escuela-de-hosteleria-en-matadero. html> Acessado em 27 de abril de 2017.
Externamente, a escola e seu entorno possuem paredes caiadas, ou seja, uma solução barata de pintura a base de cal, sendo sua base branca e, opcionalmente adicionar corantes para a pigmentação. A densidade da arquitetura do antigo abatedouro, onde paredes de tijolos, pedras e colunas fenícias coexistem, contrastam com o espaço vazio no interior, limitado pelo muro. O projeto propõe um novo telhado cerâmico que é limitador do lote, sendo ele a principal fonte de iluminação natural para o interior do projeto. Visto a planta original do edifício, pode-se compreender que os arquitetos fecharam todas as aberturas que tinham relação com o externo e optaram por abrí-las para cima, através de uma composição geométrica do telhado [figura 5.14]. Há também um contraste de cores predominante no projeto e, até mesmo, no entorno. Diferentemente das residências existentes, o telhado do projeto é composto por revestimentos cerâmicos, assentados sobre uma estrutura metálica, o que possibilitou diferentes angulações e aberturas geométricas.
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janelas que foram fechadas
transforma-se em um grande salão
principal espaço degradado pelo tempo 15
o abatedouro Inicialmente, o edifício era um abatedouro de bovinos e suínos. A cobertura do grande pátio central encontrava-se em ruínas devido a ação do tempo e, principalmente do abandono, lugar que se transformou em depósito de lixo. As paredes de pedra que delimitam o lote foram reaproveitadas e a cobertura foi reconstruída, conformando uma grande cozinha para a escola. O diagrama acima apresenta a planta original do edifício e o percurso utilizado para levar os animais ao abate.
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Figura |5.15| Planta original do edifício ilustrada com acessos dos animais para abate. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.
com/2010/10/escuela-de-hosteleria-en-matadero. html> Acessado em 27 de abril de 2017.
reconstrução do telhado
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Figura |5.16| Cobertura destruída pela ação do tempo e abandono. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.com/2010/10/escuela-dehosteleria-en-matadero.html> Acessado em 27 de abril de 2017. Figura |5.17| Maquete de estudo ressaltando a nova cobertura cerâmica. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.com/2010/10/ escuela-de-hosteleria-en-matadero.html> Acessado em 27 de abril de 2017.
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Planta
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Sem escala
b
a
usos + conforto térmico 3 cozinhas área livre (figura 11) salas de aula
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A escola de culinária é dividida em três grandes setores: cozinha, área livre e salas de aula. As 3 cozinhas são divididas por caixas de vidro que abrigam um jardim e depósito para cada uma, como visto na maquete na página ao lado. A cobertura de revestimento cerâmico, em seu formato geométrico, permite a entrada de luz solar em todos os ambientes de forma harmônica, além da circulação de vento [figura 5.19]. Abaixo da cobertura há uma proteção em manta térmica e impermeabilização para evitar que o calor excessivo adentre os ambientes.
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Corte A-A’ Sem escala
Corte B-B’ Sem escala
caixas de vidro dividem os ambientes das cozinhas, permitindo através das aberturas zenitais a propagação da luz natural [figura 5.22 e 23]
Figura |5.18| - página ao lado - Planta do Projeto. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.
com/2010/10/escuela-de-hosteleria-en-matadero. html> Acessado em 27 de abril de 2017.
Figura |5.19| Cortes A-A’ e B-B’ ressaltando a entrada de luz natural. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.com/2010/10/escuela-dehosteleria-en-matadero.html> Acessado em 27 de abril de 2017. Figura |5.20| Maquete física sem a cobertura. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.
com/2010/10/escuela-de-hosteleria-en-matadero. html> Acessado em 27 de abril de 2017.
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Figura |5.21| Espaço de área livre com a proposta de ressaltar a cobertura que permaneceu. Fonte: Sol89. Disponível em: < http://sol89.sol89.com/2010/10/escuela-dehosteleria-en-matadero.html> Acessado em 27 de abril de 2017. Figura |5.22| Iluminação natural da cozinha através de aberturas na cobertura. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.
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com/2010/10/escuela-de-hosteleria-en-matadero. html> Acessado em 27 de abril de 2017.
Figura |5.23| Divisórias em vidro para permitir a propagação da luz natural nas cozinhas. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.
com/2010/10/escuela-de-hosteleria-en-matadero. html> Acessado em 27 de abril de 2017.
Figura |5.24| Croqui realizado pelo arquiteto responsável. Fonte: Sol89. Disponível em: < http://sol89.sol89.com/2010/10/escuela-dehosteleria-en-matadero.html> Acessado em 27 de abril de 2017.
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Figura |5.25| Iluminação natural da cozinha através de aberturas na cobertura. Fonte: Sol89. Disponível em: <http://sol89.sol89.
com/2010/10/escuela-de-hosteleria-en-matadero. html> Acessado em 27 de abril de 2017.
Figura |5.26| Croqui realizado pelo arquiteto responsável. Fonte: Sol89. Disponível em: < http://sol89.sol89.com/2010/10/escuela-dehosteleria-en-matadero.html> Acessado em 27 de abril de 2017.
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Figura |5.27| - página ao lado - O Centro Cultural Parque das Ruínas. Fonte: BrothersDescobrem. Disponível em: <http://brothersdescobrem.blogspot.
com.br/2014/04/localizado-na-em-santa-teresa-riode.html> Acessado em 03 de maio de 2017.
centro cultural municipal parque das ruínas ruínas do antigo palacete, integradas às estruturas de ferro e vidro projetadas para sediar o Centro Cultural. FICHA TÉCNICA Arquitetos: Ernani Freire e Sônia Lopes Localização: Santa Teresa, Rio de Janeiro - RJ Ano do Projeto: 1995 Conclusão da obra: 1997 Construtora: União Projetos e Engenharia
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localização Localizado na em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, o Parque das Ruínas é um centro cultural que foi residência de uma das maiores mecenas das artes do Rio de Janeiro. Laurinda Santos Lobo, sobrinha e herdeira de Joaquim Murtinho Nobre, Ministro da Fazenda do governo Campos Sales. A residência, ponto de encontro do modernismo brasileiro, foi o cenário dos inúmeros saraus promovidos por Laurinda e frequentados por artistas nacionais e internacionais como Villa Lobos, Tarsila do Amaral, João do Rio e Isadora Duncan. Após sua morte, a casa fica abandonada, é saqueada e serve de abrigo para mendigos e traficantes, chegando ao estado de ruína. Em 1993, a prefeitura do Rio de Janeiro toma posse da casa e o prefeito César Maia convida os arquitetos Ernani Freire e Sônia Lopes para desenvolver o projeto de um novo uso do casarão, que é finalizado em 1997. 29
Figura |5.28| - página ao lado - Vista aérea da região de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Fonte: Google Earth. Acessado em 03 de maio de 2017. Figura |5.29| Pavimento semi-enterrado do Parque das Ruínas. Fonte: efarquitetos. Disponível em: <http://www.efarquitetos.com. br/1996-PARQUE-DAS-RUINAS> Acessado em 03 de maio de 2017.
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Figura |5.30| Corte esquemático do Parque das Ruínas. Fonte: efarquitetos. Disponível em: < h t t p : // w w w. e f a r q u i t e t o s . c o m . b r / 1 9 9 6 - PA R Q U E - DA S - R U I N A S > Acessado em 03 de maio de 2017.
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Figura |5.31| Corte esquemático do Parque das Ruínas. Fonte: efarquitetos. Disponível em: < h t t p : // w w w. e f a r q u i t e t o s . c o m . b r / 1 9 9 6 - PA R Q U E - DA S - R U I N A S > Acessado em 03 de maio de 2017.
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Figura |5.32| Colagem de fotos do Parque das Ruínas. Fonte: efarquitetos. Disponível em: <http://www.efarquitetos.com.br/1996-PARQUE-DAS-RUINAS> Acessado em 03 de maio de 2017.
a ruína como diretriz A PRÓPRIA HISTÓRIA DA CASA E DE DONA LAURINDA COM SUAS FESTAS E MOVIMENTAÇÃO... A DIGNIDADE DA RUÍNA, QUE COMO RUÍNA ERA MELHOR QUE A OBRA QUE A PRODUZIU?
A VEGETAÇÃO, EM PERFEITO “ACORDO” COM AS ALVENARIAS E VÃOS, MUITAS VEZES T RANÇADA NOS T IJOLOS... A LUZ QUE ENT RAVA PELA AUSÊNCIA DO T ELHADO E PELOS VÃOS JÁ SEM ESQUADRIAS...
O conceito de intervenção buscou tratar a ruína tal como ela estava, sem pretender recuperar ou restaurar sua arquitetura original. No projeto, a obra foi tratada como um grande foyer, um lugar de passagem, com escadas e passarelas metálicas de onde, em cada vão, o usuário pudesse descobrir um novo quadro com imagens do Rio. Somente alguns vão foram fechados, e apenas com vidro para que não houvesse alteração na luz existente. Pelo mesmo motivo, a volumetria da cobertura foi recuperada com estrutura de aço e vidro. As escadas e passarelas levam ao ponto mais alto, que é o mirante, ou ao pavimento semi-enterrado, onde estão os ambientes utilitários: auditório (100 lugares), sala de exposições temporárias, copa (que atende a uma cafeteria no pavimento acima) e uma administração, além de banheiros.
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Pavimento semi-enterrado Sem escala
Figura |5.33| Colagem de fotos do Parque das Ruínas. Fonte: efarquitetos.Disponível em: <http://www.efarquitetos.com.br/1996PARQUE-DAS-RUINAS> Acessado em 03 de maio de 2017. Figura |5.34| Planta do Pavimento SemiEnterrado. Fonte: efarquitetos.Disponível em: <http://www.efarquitetos.com.br/1996-PARQUEDAS-RUINAS> Acessado em 03 de maio de 2017. Figura |5.35| Contraste entre a ruína e o contemporâneo. Fonte: Ana Cirigliano, 2015.
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O Parque das Ruínas funciona como anexo ao Museu Chácara do Céu como programa complementar, no entanto também existem eventos independentes. O acesso de deficientes físicos é disponível aos ambientes utilitários e ao nível da varanda da casa, que é o mesmo nível em que está localizada a cafeteria, e de onde já pode se ver boa parte da paisagem. A sala de exposições temporárias possui entrada de luz natural. No auditório, uma parede de pedra que recebe iluminação adequada é valorizada, além de um visor na parede do palco que permite ver, como em um quadro, o Pão de Açúcar. A paisagem do Rio de Janeiro é uma das premissas do projeto de revitalização, onde cada enquadro que se forma nas janelas do casarão, possar ser um retrato único e essencial do Rio de Janeiro. No terreno plano foi feito um palco para shows ao ar livre, com camarins e banheiros de públicos.
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[ 6 ] VISITAS TÃ&#x2030;CNICAS
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visita técnica em escolas gastronômicas Buscando conhecer e compreender o funcionamento e plano de ensino de uma escola gastronômica, foram realizadas visitas técnicas em dois espaços diferentes. Essas visitas possibilitaram a identificação do programa e do dimensionamento de uma escola gastronômica, subsidiando assim o estudo preliminar deste projeto. As escolas visitadas foram o IGA - Instituto Gastronômico das Américas e o Centro Universitário Barão de Mauá. O primeiro sendo uma escola profissionalizante sem o título de bacharel, no entanto com certificado internacional. O segundo, uma faculdade, com título de bacharel. Ambos os cursos possuem dois anos de ensino. A primeira visita foi realizada no IGA, com o auxílio de uma das funcionárias do local, a qual me orientou e explicou sobre os cursos e como a escola funcionava. Em seguinda realizei a visita no Centro Uninversitário Barão de Mauá, através de um contato prévio com a orientadora do curso, a qual solicitou um agendamento e fui recebido por uma das funcionárias da faculdade.
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IGA
EM
OD RÃ BA Á AU
concepção do programa
O UT
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PR
estrutura para estudo preliminar
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VISITA 1 - IGA Em visita técnica ao IGA – Instituto Gastronômico das Américas, em Ribeirão Preto - SP, realizada no dia 07 de abril de 2017, conversei com a funcionária Bruna, que me orientou sobre o funcionamento da escola. Com mais de 100 institutos e presentes na Argentina, Brasil, Estados Unidos, Panamá, Uruguai, Bolívia e Paraguai, o IGA tem se convertido na maior rede de capacitação em gastronomia da América. O IGA possui quatro tipos de cursos diferentes, sendo eles: Gastronomia, Confeitaria, Cursos Rápidos e Cozinheirinhos. O ensino é dividido em aulas teóricas e práticas, sendo a teoria abordada por sistema EAD (ensino à distância), onde o aluno pode estudar via computador, celular ou tablet. As aulas práticas são realizadas uma vez por semana, ou em algumas matérias específicas, de duas à três vezes por semana. O EAD foi introduzido no ano de 2017 como uma forma de eliminar a quantidade de aulas presenciais na escola, permitindo ao aluno estudar a qualquer momento. As avaliações parciais são realizadas online e, ao final do semestre é feita uma prova presencial.
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Todo o material didático é fornecido pela escola, assim como as vestimentas adequadas para as aulas práticas. Os livros são elaborados por uma equipe qualificada na Argentina e entregue ao aluno 1 livro por semestre. O IGA, por ser uma escola internacional, não é reconhecida pelo MEC como um curso de graduação. O título que o aluno recebe ao final do curso é de Especialista em Gastronomia, sendo um certificado internacional. O IGA possui em seu edifício 2 cozinhas profissionais, recepção, 1 vestiário, 4 banheiros, 1 depósito de alimentos, 1 lavanderia e 1 espaço para funcionários.
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ESTRUTURA DA ESCOLA
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Fogão industrial de 6 bocas com suporte inferior para panelas. Dimensão: 1,00x0,70x0,90m
Coifa industrial de inox com exaustor. Dimensão: 1,80x0,80m
Forno combinado elétrico com entrada de água. Dimensão: 1,25x0,70m
Balcão refrigerado em inox abaixo da bancada.
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Cozinha climatizada com ar condicionado de 60.000btus. A tubulação de gás parte do teto até o chão para abastecer os fogões.
As tábuas de corte são separadas por cores para cada tipo de alimento. Abaixo uma estrutura para escorrer os materiais que são lavados.
Balcões em inox com altura de 90cm. Pequena prateleira para suporte de temperos. Detalhe para o revestimento cerâmico até o teto e sem rodapé.
Balcões em inox para preparação de alimentos. Vista do corredor externo onde os alunos acessam a escola. As janelas são de vidro fixo.
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VISITA 2 - centro universitário barão de mauá Em visita técnica ao Centro Universitário Barão de Mauá, em Ribeirão Preto - SP, realizada no dia 26 de abril de 2017, conversei com a funcionária Júlia, que me orientou sobre o funcionamento da faculdade. O CUBM possui amplos laboratórios e apoio da tecnologia, tem espaços de aprendizado prático que são utilizados em 50% das disciplinas da matriz curricular, abordando panificação, confeitaria, cozinhas internacionais, dentre outras. Estes laboratórios são compostos por cozinhas pedagógicas e espaços de bebidas e alimentos (enologia, restaurante e bar). Além do conhecimento técnico sobre a produção gastronômica, também inclui noções de gestão de estabelecimentos do ramo. O CUBM possui um único tipo de curso de gastronomia, sendo ele realizado em dois anos no período noturno ou vespertino. As aulas são realizadas todos os dias da semana. O curso, diferente do IGA, é reconhecido pelo MEC como um curso de graduação. O CUBM possui três cozinhas, cada uma com uma quantidade de equipamentos diferentes da outra. A Cozinha 1 é destinada a panificação e confeitaria e as outras cozinhas são de uso geral. Além disso possui 1 almoxarifado de materiais, onde o aluno durante a aula solicita a uma pessoa responsável qual material irá utilizar, assim como os alimentos e ingredientes. As aulas teóricas são ministradas em salas de aulas fora do setor das cozinhas. Não foi permitida a entrada na despensa e almoxaridado para realizar a documentação, somente nas cozinhas e áreas de serviço.
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cozinha 01
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Bancadas em granito e estrutura de ferro com cooktop elétrico acoplado. Destaque para o piso cerâmico que não é de fácil limpeza devido à junta de assentamento.
Fogão industrial a gás isolado do restante da cozinha devido à configuração espacial. Dimensão: 1,20x0,90m.
Bancada em granito com pias em inox e sistema elétrico “aparente”. Sala climatizada com ar condicionado. O revestimento cerâmico é utilizado apenas em determinada altura, sendo o restante tinta lavável.
Forno combinado sendo o da esquerda à gás e o da direita elétrico. Dimensões: 0,90x1,00m e 0,75x0,85,m.
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cozinha 02
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Forno de pizza à esquerda e forno combinado elétrico à direita. Dimensões: 1,10x1,00m e 0,95x0,90m.
Bancada em granito com espaço para fogão industrial de sobrepor. Sistema elétrico em tubulação “aparente” e conjunto de coifas individuais para cada fogão. O revestimento cerâmico segue o mesmo padrão da Cozinha 1.
Devido à adaptação da cozinha em um ambiente préexistente, alguns espaços ficaram inutilizados. Bancada em cima de uma base de alvenaria apenas para guardar equipamentos.
Única cozinha com sistema de exaustão do ar, além das coifas industriais.
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cozinha 03
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Bancadas em granito. Revestimento segue o mesmo padrão das Cozinhas 1 e 2. Forno combinado à direita. Dimensão: 1,00x1,00m.
Fogão industrial de 4 bocas com suporte inferior para panelas e utensílios. O abastecimento à gás é feito pelo piso (embutido). Dimensão: 1,00x0,90m
Bancada em granito (fora do padrão de tom). Revestimento acima da bancada até o teto. Abaixo da bancada foi utilizado tinta lavável.
Diferente da cozinha do IGA, a tubulação de gás ocorre junto à parede e através do piso (embutida), abastece os fogões.
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organização espacial e funcional Os diagramas a seguir representam a organização espacial e funcional das cozinhas das escolas gastronômicas visitadas. Através dos ícones apresentados nas leituras anteriores, a disposição irá auxiliar na concepção do programa de necessidades. COZINHA 01 - BARÃO DE MAUÁ A cozinha 01 é voltada para panificação e confeitaria. O ambiente é amplo porém pouco iluminado naturalmente. A iluminação artificial não está dentro dos padrões especificado pela vigilância sanitária e a circulação é dificultada pelos cruzamentos entre as bancadas. O acesso é feito por um corredor e a cozinha tem saída para uma área de serviço. Houve uma preocupação em deixar a tubulação de gás mais segura, descendo pela parede, mesmo que exposta, porém embutida quando atravessa pelo piso.
ENTRADA/SAÍDA
COZINHA - IGA
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A cozinha do IGA possui uma organização espacial clara e objetiva. O formato em T da cozinha possibilita uma circulação que é constante, ausentando interferências como cruzamentos. O acesso é feito por um único local, sem saída para área de serviço ou lavanderia. Em contrapartida, o forno combinado fica isolado, estando próximo apenas de uma estação. Destaque também para a tubulação de gás que fica exposta do teto ao piso de forma insegura.
ENTRADA/SAÍDA
ENTRADA/SAÍDA
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ENTRADA/SAÍDA
COZINHA 02 - BARÃO DE MAUÁ Com uma configuração semelhante à Cozinha 01, esta cozinha diferenciase pelo fato das circulações não se cruzarem excessivamente. Os corredores laterais funcionam como suporte para os corredores centrais de sentido opostos. É a única cozinha que possui sistema de exaustão de ar, além do ar condicionado. As pias e fogões concentram-se em apenas um lado, e as bancadas centrais funcionam como auxiliares. Há também uma saída que, eventualmente, funciona como entrada de alunos, gerando conflito em questão de higiene e segurança dos alimentos.
ENTRADA/SAÍDA
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ENTRADA/SAÍDA
COZINHA 03 - BARÃO DE MAUÁ De configuração espacial, circulação e distribuição de equipamentos semelhantes à Cozinha 02, esta cozinha diferencia-se pela proporção. Há pias em ambos os lados, uma estação central de bancadas e fogões ao fundo. A tubulação de gás é rente à parede e depois embutida no chão para alimentar os fogões. A cozinha possui saída para uma área de serviço, copa de funcionários e lavanderia.
Conclusão: A semelhança entre as três cozinhas da Barão de Mauá evidencia o contraste em relação a cozinha do IGA. A circulação é o principal ponto de partida para uma boa solução de organização espacial, além da qualidade dos utensílios e equipamentos. Uma boa cozinha preza por boas condições de higiene, como o piso, revestimentos e pintura. O espaço físico do IGA servirá como referência projetual para o desenvolvimento das premissas projetuais, assim como o programa de necessidades, visando adequar às limitações do edifício histórico em estudo.
ENTRADA/SAÍDA
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[ 7 ] REABILITAÇÃO DO HOTEL BRASIL: PROPOSTA PARA O EDIFÍCIO E SEU ENTORNO
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do patrimônio para a cidade Entende-se que as medidas de reabilitação do patrimônio histórico não deve ser limitadas somente ao edifício, mas deve prezar pela possibilidade de se olhar para o entorno, compreender a vida e o passado que resguardam o imóvel. No livro A Alegoria do Patrimônio, Françoise Choay afirma que “é necessário restituir-lhe o lugar que merece”. Nas reflexões de Martin Heidegger, em A Origem da Obra de Arte, “o desbastamento seria um gesto de desvelo para com a obra do passado, que permitiria seu desvelamento”. Gustavo Giovanonni também defende o desbastamento como “procedimentos técnicos de ordem filológica, aplicado à Arquitetura para o ajuste da leitura urbana, em contextos de difícil legibilidade, elimina-se formas, já que o apagamento de determinados trechos é feito pelo bem da compreensão do conjunto”. Mediante a essa preocupação, considera-se a necessidade de intervir nos quarteirões adjacentes. Existem várias edificações abandonadas, estacionamentos ocupando grandes áreas internas das quadras e imóveis cuja implantação dificultam a visibilidade e o entendimento dos edifícios históricos. Além disso, os novos edifícios desconsideram e fragmentam a paisagem histórica da Baixada. As aberturas das quadras que serão propostas, auxiliarão para o “respiro”, cuja área carece de áreas verdes. Segundo o mapa de macrozoneamento fornecido pela Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, o eixo do Córrego Ribeirão é uma área de APP (área de preservação permamente), pressupondo-se que ali devem existir áreas verdes para auxiliarem na boa conservação do Córrego e na prevenção de enchentes.
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Figura |7.01| - página ao lado - Horta urbana. Fonte: ArchDaily. Disponível em: <http://www.
archdaily.com.br/br/01-91714/agricultura-urbanaprojetando-a-distancia> Acessado em 28 de
maio de 2017.
Figura |7.02| - página ao lado - Feira livre no edifício Markthall, em Holanda. Fonte: Klepierre. Disponível em: <http://www.klepierre. com/en/centres/markthal/> Acessado em 28 de maio de 2017. Figura |7.03| - página ao lado - Feira livre no vão do MASP, em São Paulo. Fonte: MASP. Disponível em: <http://www.masp.art.br> Acessado em 28 de maio de 2017. Figura |7.04| - página ao lado - Horta comunitária em uma cobertura em São Francisco, NY. Fonte: ArchDaily. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-91714/ a g r i c u l t u ra - u r b a n a - p ro j e t a n d o - a - d i s t a n c i a > Acessado em 28 de maio de 2017.
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l h d e
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edifĂcios desapropriados
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critérios para desapropriação Através de uma leitura aproximada das quadras e dos edifícios que as compõe, entende-se a necessidade de tornar as quadras permeáveis e de livre acesso. O “desbastamento” como forma de eliminação de determinados trechos pelo bem da compreensão do conjunto, ou seja, o patrimonio histórico precisa ser liberado para ser contemplado. Sendo assim, para garantir as premissas projetuais, os critérios de desapropriação foram elaborados da seguinte forma: 1. Eixo de ligação COMÉRCIO, GASTRONOMIA E CULTURA (Mercadão Municipal, Hotel Brasil e Estúdios Kaiser de Cinema) | 2. Utilização das ruas destinadas aos pedestres (calçadão) | 3. Desapropriar hotéis, pousadas, estacionamentos e edifícios abandonados, permanecendo o comércio. | 4. Possibilidade de transferência dos usos desapropriados
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TRANSFERÊNCIA DOS USOS Através da leitura dos usos formais, pôde-se identificar que existem muitos edifícios vazios no entorno para onde os proprietários e locatários dos imóveis desapropriados poderão ser realocados. Os hotéis e pousadas que serão removidos estarão ainda na mesma área de alcance (rodoviária), evitando perder seu público alvo e rentabilidade.
edifícios existentes edifícios à serem removidos vazios urbanos e edifícios abandonados
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mercadão municipal
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estúdios kaiser ÁCIO ONIF
RUA
ÉB JOS
N
I
N AVE
MO
ÔNI
ER DA J
ES
ALV
Ç GON
ÁCIO ONIF
RUA
B JOSÉ
N
IM
148
IDA
N AVE
ÔN JER
VES ÇAL
ON OG
hotel brasil
área projetual
a escolha da área projetual foi determinada a partir de condicionantes como o Mercadão Municipal e os Estúdios Kaiser. O eixo que interliga os equipamentos será utilizado como forma de polinização de cultura, gastronomia, áreas verdes, feiras livres e convivências.
área de intervenção a área de intervenção estabelece ligações entre os meios das quadras, permeabilizando as sociabilidades em conjunto com as áreas verdes.
terceiro pavimento
cozinhas, área administrativa e serviços
segundo pavimento
salas de aula e biblioteca
pavimento térreo restaurante e espaços para exposições
DEFINIÇÕES E PROGRAMA PAVIMENTO TÉRREO - recepção - caixa - restaurante - banheiros - espaço para exposições - área de serviço - área para funcionários SEGUNDO PAVIMENTO - salas de aula - banheiros - vestiários - biblioteca - salas de leitura/estudo - midiateca - área administrativa - salão para eventos - terraço TERCEIRO PAVIMENTO - cozinhas - depósito de utensílios e materiais - depósito de alimentos - banheiros - vestiários - sala administrativa/serviços - adega - espaço para produção de cerveja - bar / área de eventos
149
ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO
ÁREAS VERDES COM IMPLANTAÇÃO GEOMÉT RICA
MERCADÃO
MURO COM MANIFESTAÇÕES
FECHAR RUAS PARA
ARTÍST ICAS +
CRIAR CALÇADÃO
FEIRA LIVRE
150
VISÃO CONVIDAT IVA
MANT ER MURO DO ARMAZÉM BAIXADA
KAISER
ÁREA DE ESTACIONAMENTO SUBT ERRÂNEO
N
ESPAÇOS DE DESCANSO E CONVIVÊNCIA + MURO VERDE
151
Figura |7.06| Orquideograma. Fonte: ArchDaily. DisponĂvel em: <http:// www.archdaily.com.br/br/01-2910/orquideorama-plan-b-arquitectos-mais-jprcrarquitectos/2910_2941> Acessado em 7 de junho de 2017.
152
conceito Em uma leitura aproximada dos tipos de pisos existentes no Hotel Brasil, entende-se a necessidade de contribuir para a disseminação desse tipo de arte e patrimônio, por que são esses pequenos detalhes que ainda mantém a essência e integridade do “antigo”. A ruína remanescente auxiliará nas discussões projetuais que serão abordadas. O processo de produção desses ladrilhos e a perfeição com que essas peças eram produzidas, através do auxílio da indústria, mostram que as críticas ao ecletismo sobre os ornamentos sem função fora dos processos racionais não são plausíveis. Portanto não se trata simplesmente de uma questão estética em que as diretrizes projetuais estão sendo desenvolvidas, mas de reconhecimento desses processos produtivos. A permeabilidade das quadras obtidas através das desapropriações gerou grandes vazios à serem ocupados. A ideia é conceber espaços de convivências que se integrem às áreas verdes e, ao longo desse eixo, permear a essência que o novo uso do Hotel Brasil terá, propondo gastronomia aliada à cultura e comércio. Para ocupar esses grandes espaços e permitir que os usuários os utilizem, serão implantadas coberturas sustentáveis que auxiliarão no funcionamento do local, gerando energia e captando água da chuva para a irrigação das hortas urbanas. As coberturas, que serão fabricadas em estrutura metálica, terão encaixes para criar um “quebra-cabeça” que se instale por todo o eixo.
153
154
155
156
implantação: proposta para o entorno
A proposta para o entorno foi elaborada com a abertura das quadras obtidas através das desapropriações, criando-se um eixo de ligação entre os Estúdios Kaiser, Hotel Brasil e Mercadão Municipal. Para ocupar esses espaços, as coberturas metálicas derivadas a partir do desenho do ladrilho hidráulico remanescente do Hotel Brasil, levarão a história do edifício para seu entorno.
0 1 2 3 4 5
10
6
8
28
27
26
25
RUA JOSÉ BONIFÁCIO
29
37
38
39
IV
36
RUA AMÉRICO BRASILIENSE
7
1
RUA SÃO SEBASTIÃO
RUA JOSÉ BONIFÁCIO
RUA GENERAL OSÓRIO
I
RUA DUQUE DE CAXIAS
RUA VISCONDE DO RIO BRANCO
522,00
RUA MARIANA JUNQUEIRA
523,00
24 35 2 34 5 9
23 30 33
C
10
523,00
A'
22
11
A'
B D
G
21 12
522,00
20
32
III 4
19
31
F
18
13
522,00 523,00
ES ÇALV O GON ÔNIM A JER ID N E AV
GSEducationalVersion 14
17 012345
10
N
16
A
3
15
E
523,00
ES ÇALV O GON ÔNIM A JER ID N E AV
II
ALVES GONÇ NIMO JERÔ A ID N AVE
EDIFÍCIOS EXISTENTES 522,00
MARCOS HISTÓRICOS I II III IV
Rua José Bonifácio Estúdios Kaiser de Cinema Hotel Brasil Mercadão Municipal
PROGRAMA A B C D E F
Coberturas Metálicas Espaços Verdes Rasgos + Iluminação Espaços de Exposição Acesso Estacionamento Escola Gastronômica + Restaurante
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Jimmy Autopeças Aluga Posto Rede Mais Armazém Baixada Peças P/ Lavadoras e Fogão Aluga Tecno Hop Universom / Valéria Som Bar Ciclo Independência Ciclo peças Aluga
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Eletrônica Peres Bar das Palmeiras Cicles Avila Aurora Hotel Asa Moto / Radical Bike Bar e Restaurante Areia Bike World Bike General Bike Aluga ZTS Bike / Clínica Odontológica Bar Magazine DéMais Ceredezi
27 Bilão Pesca / GFS Tech 28 Riberama / SKY 29 Brinquedos / MA Eletrônica 30 Hotel Modelo 31 Hotel Pousada Rius 32 Lira Modas 33 Casa Japão 34 Aluga 35 Aluga 36 Dona Cida 37 Seven Shoes / Depósito SP 38 Radiolar / Galeria do Som / Central / Ribeirão Calçados / AL Eletrônica 39 Sandro & Som
4
3
2
1
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
24 23 17 10 2 1
3
4
5
6
7
8
9
11
12
13
14
15
16
18
19
20
21
22
24 23 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 2 1
3
2 1
1
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
19
18
17
16
22
21
20
012345
10
523,00
522,00
I
RUA JOSÉ BONIFÁCIO
7
1
6
8
28
27
26
25
RUA JOSÉ BONIFÁCIO
29
37
38
39
RUA AMÉRICO BRASILIENSE
5
5
IV
36 24 35 2 34 5 9
23 30 33
C
10
523,00
A'
22
11
A'
B D
G
21 12
522,00
20
III 4
19
F
14
32 31
NIMO IDA JERÔ AVEN
18
13
522,00 523,00
ES GONÇALV
17 012345
16
10
N
6
4
RUA SÃO SEBASTIÃO
7
3
RUA GENERAL OSÓRIO
8
2
RUA DUQUE DE CAXIAS
9
Com a desapropriação de vários lotes, principalmente de estacionamentos, entende-se a necessidade de criar um local apropriado sem que crie vazios nas quadras que são muito potenciais. Para a proposta, o estacionamento abrange toda a quadra e tem capacidade para 300 veículos.O acesso é feito pela Avenida Jerônimo Gonçalves e possui acesso de pedestres através de escadas rolantes elevadores.
N
10
1
RUA MARIANA JUNQUEIRA
11
estacionamento
RUA VISCONDE DO RIO BRANCO
12
21
22
24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 13
1
3 13
14
subsolo:
A
3
15
E
523,00
II
NIMO IDA JERÔ AVEN
NIMO IDA JERÔ AVEN
ES GONÇALV
ES GONÇALV
522,00
157 GSEducationalVersion
158
6,00
7,60
10,50
CAPTAÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA EM CISTERNA
0,80 DETALHE 01: COBERTURAS - elevação ESC.: 1:20 TRELIÇA H: 0,70m
CHAPA METÁLICA PERFURADA
PERFIL METÁLICO EM AÇO CORTÉN
coberturas A cobertura é estruturada através de um único pilar rodeado de perfis metálicos em aço cortén. No topo, chapas metálicas perfuradas e lisas compõem um sombreamento e filtragem da luz solar. (conferir detalhe 01)
PILAR METÁLICO
DETALHE 01: COBERTURAS - corte ESC.: 1:20
159
160
01
02
03
2,10
DETALHE 03: EXPOSIÇÃO - planta ESC.: 1:75
1. PERFIL METÁLICO EM “H” 2. CHAPA METÁLICA ONDULADA 3. LAJE IMPERMEABILIZADA GSEducationalVersion
0,45
2,25
1,80
2,10
DETALHE 03: EXPOSIÇÃO - elevação ESC.: 1:75
0,55
0,35
espaços de exposição Com o intuito de criar espaços adequados e salubres para os comerciantes ambulantes da baixada, serão instalados expositores com diferentes tipologias internas. Feito em chapa ondulada e perfis metálicos H, possui um compartimento privativo e sistema de abertura retrátil. (conferir detalhe 03).
161
proposta para o edifício
A proposta do hotel compreende uma escola gastronômica vinculada a um restaurante popular. A implantação a seguir representa a área de delimitação extraída da proposta do entorno, possibilitando a compreensão da relação do mesmo com o Hotel e a sua importância cultural, política e patrimonial.
162
vegetação
Os canteiros possuem três alturas diferentes: 1,00m, 0,70m e 0,50m. A tonalidade em planta representa essa diferença de altura. Os canteiros mais baixos serão utilizados para as hortas urbanas.
C
Pata-de-vaca E
Ipê
Flamboyant
Handroanthus albus
Delonix regia
RUA SÃ
v-2
O SEBA
STIÃO
RUA G
ENERA
L OSÓ
RIO
D
Bauhinia variegata
A
A
B
B
v-1
N
AVENIDA JERÔNIMO GONÇALVES
implantação
GSEducationalVersion
C
D
E
0 1 2 3 4 5
10
163
PROGRAMA
1. EXPOSIÇÃO 2. ADMINISTRAÇÃO/CAIXA 3. RESTAURANTE 4. BANHEIRO FEMININO 5. BANHEIRO MASCULINO 6. COZINHA APOIO 7. COZINHA COCÇÃO 8. LAVAGEM 9. COZINHA PRÉ-PREPARO 10. CONFEITARIA 11. COZINHA DE CORTES 12. CÂMARA FRIA 13. CÂMARA DE CONGELAMENTO 14. DEPÓSITO SECO 15. ÁREA DE FUNCIONÁRIOS 16. VESTIÁRIO FEM. FUNCIONÁRIOS 17. VESTIÁRIO MASC. FUNCIONÁRIOS 18. ANTE CÂMARA 19. D.M.L. 20. ESPELHO D’ÁGUA
164
PAVIMENTO TÉRREO + 0,15m
C
D
rasgos
E
18 coberturas
17 15 armário
16 19 18
4 1
portas substituirão as janelas existentes
14
11
exaustão das coifas
armário lavagem utensílios/panelas
v-2
3
8
máquina lava louças transporte
11
12
13
14
18 10
9
15 9 16
5
8 17 7
Ref.
armário utensílios
18 6 19 5
A
20
ultracongelador
4
10
A
21 3 22 2 23
bancada prépreparo
1 D
24
S
isolamento coifa banco
chapa preparo de carnes
fritadeiras
12
Ref.
Ref.
1
3
B
GSEducationalVersion
7
B
isolamento
Ref.
2
6
coifa bancada preparo / lavagem
forno combinado
13
N
v-1 C
D
E
0
1
2
3
4
5
10
165
primeiro pavimento
PROGRAMA
1. CIRCULAÇÃO 2. ESPAÇO LEITURA 3. ESTUDOS 4. BIBLIOTECA 5. BANHEIRO MASCULINO 6. BANHEIRO FEMININO 7. LOUNGE / ACESSO TERRAÇO 8. SALA DE AULA 1 9. SALA DE AULA 2 10. SALA DE AULA 3 11. ADMINISTRAÇÃO 12. SALÃO DE EVENTOS 13. TERRAÇO
+ 4,40m
1,00
01
03
04
DETALHE 02: RASGO ESC.: 1:20
1. PERFIL METÁLICO EM “L” 2. PERFIL METÁLICO EM “U” 3. CHAPA METÁLICA PERFURADA 4. ILUMINAÇÃO GSEducationalVersion
166
02
C
D
E
5 13 6
10
11
12
13
v-2
12 3
9 14 8 15
7
1
A
7
8
9
16 6 17 5 18 4
A
19 3 D
20 2 1 S
D
S
1 2
B
B
estantes
10
11
4
C GSEducationalVersion
N
v-1 D
E
0
1
2
3
4
5
10
167
PROGRAMA
1. EXPOSIÇÃO 2. BANHEIRO MASCULINO 3. BANHEIRO FEMININO 4. VESTIÁRIO MASCULINO 5. VESTIÁRIO FEMININO 6. SECRETARIA/ADMINISTRAÇÃO 7. ESTUDOS 8. ALMOXARIFADO 9. CÂMARA FRIA 10. CÂMARA DE CONGELAMENTO 11. DEPÓSITO SECO 12. BAR/ESPAÇO DEGUSTAÇÃO 13. COZINHA 1 14. COZINHA 2 15. COZINHA 3 16. ADEGA
168
SEGUNDO pavimento + 7,90m
C
D
E
D 21
20
19
18
17
16
15 14 13 12
16
11 10 9
1 S
4
3
2
7
6
5
8
4
2
1 forno combinado
5
v-2
3 15 isolamento
6 8
1
A
isolamento
9
10
11 D
A
12 S
1 forno combinado
7
B
GSEducationalVersion
forno combinado
forno combinado
13
B
14
C
N
v-1 D
E
0
1
2
3
4
5
10
169
PROGRAMA
1. PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL
170
terceiro pavimento + 11,40m
C
D
E
RE FE RÊ NC IA
CASTELVECCHIO - CARLO SCARPA
D
S
armário utensílios
1
v-2
fermentadores
A
A
B
B
exaustão das coifas
C GSEducationalVersion
N
v-1 D
E
0
1
2
3
4
5
10
ilhas de aprendizagem
DETALHE 04: ILHA ESC.: 1:150
Para adequar o Hotel Brasil ao programa determinado, houve a necessidade de criar ilhas de trabalho para a escola gastronômica, devido ao espaço reduzido que os antigos quartos possuem. Seguindo uma modulação de 2,5m de comprimento e 1,20m de largura, a ilha é equipada com fogão e pia, além de gavetões, prateleiras e um espaço de trabalho. Quando houver a necessidade de complementar a ilha, acrecenta-se outra bancada (sem equipamentos) do mesmo tamanho. As janelas das salas de aula serão sobrepostas por outras janelas em alumínio, evitando assim que não sejam removidas as janelas originais que afetariam a fachada principal, e adequando à cozinha devido as janelas serem de madeira.
171
cortes E ELVAÇÕES
172
corte a-a telhado 14.90m
produção de cerveja 11.40m
escola . prática profissional 7.90m cobertura 7.60m
escola . biblioteca . eventos 4.40m
restaurante e exposições 0.15m
1
2
3
4
5
10
corte b-b
0
GSEducationalVersion
telhado 11.40m
escola . prática profissional 7.90m cobertura 7.60m
escola . biblioteca . eventos 4.40m
restaurante e exposições 0.15m
0
1
2
3
4
5
10
corte c-c
telhado 14.90m
produção de cerveja 11.40m
escola . prática profissional 7.90m cobertura 7.60m
escola . biblioteca . eventos 4.40m
restaurante e exposições 0.15m
1
2
3
4
5
10
corte d-d
0
GSEducationalVersion
telhado 11.40m
escola . prática profissional 7.90m cobertura 7.60m
escola . biblioteca . eventos 4.40m
restaurante e exposições 0.15m
0
1
2
3
4
5
10
corte e-e
telhado 14.90m
produção de cerveja 11.40m
escola . prática profissional 7.90m cobertura 7.60m
escola . biblioteca . eventos 4.40m
restaurante e exposições 0.15m
0
1
2
3
4
5
10
0
1
2
3
4
5
10
GSEducationalVersion
elevação v-1 - avenida jerônimo gonçalves
elevação v-2 - rua general osório
0
1
2
3
4
5
10
mobiliário
O assento Macarao, que será utilizado no terraço do segundo pavimento, foi criado pelo AGA Estudio Creativo. O assento atende e sintetiza uma série de temas que ocupam seu interesse. Por uma parte os conceitos de modularidade, conectividade e descentrabilidade. Por outra, a relação cidade-objeto-paisagem e as possibilidades de linguagem que existem em seus limites ou encontros.
173
174
175
176
demolir | construir
NOVO
As plantas seguintes especificam o que será demolido e o que será construído. A tabela de acabamentos está estruturada em piso, parede e teto, ressaltando o que é novo e o que é existente.
PISO 01 PISO EPÓXI DE ALTA RESISTÊNCIA E IMPERMEÁVEL 02 PISO CERÂMICO 03 CIMENTO QUEIMADO 04 PORCELANATO, REJUNTE NA MESMA COR DA PEÇA
PAREDE 01 REBOCO COM PINTURA ACRÍLICA ACABAMENTO FOSCO BRANCO 02 REBOCO COM PINTURA EPÓXI 03 PORCELANATO ATÉ O TETO, REJUNTE NA MESMA COR DA PEÇA 04 ISOLAMENTO TÉRMICO ADEQUADO AO USO
TETO 01 LAJE COM REBOCO E PINTURA ACRÍLICA ACABAMENTO FOSCO 02 FORRO DE GESSO COM PINTURA ACRÍLICA
EXISTENTE
03 ISOLAMENTO TÉRMICO ADEQUADO AO USO
PISO 01 PISO CERÂMICO ORIGINAL 02 PISO EM MADEIRA ORIGINAL
OBS.: ACABAMENTOS DE PAREDE E TETO NÃO SERÃO MANTIDOS
18
2
0,00
17
±0,00
4
1
2,12
2,96
3
14,10
1
3
19
2
4
1
+0,15
3
+0,15
1 1,67
1,53
1 1 6 2,6
3
0,94
3
1
9,22
18
1,93
11
12
13
14
3,76 10
9
15 9
5
7
4
3
1
2,74
1
8
3
1
3,04
1,96
4,07
17
3
1
3
4,12
16
1
8
1
1
+0,15 1,77
14
1
3
11
15,16
+0,15
1,13
1
1,87
18
2
1
3
1,16
1 3
1
3
4,53
4 1,44
3
+0,15
16
5,10
4
1
3
15
7,00
1,17
2,00
3,91
4 7,28
4
1,70
0,00
4,55
1
18
10
+0,15
5 20 4
1
3,31
21 3 22 2
1
3
5,03
2,55
6 19
+0,15
23 1 D
24
S
4,09
2
1
+0,15
4
4
12
1
1
+0,15 2,61
1
3,29
1
1
3
1
+0,15
4 3,3
6
2 1
1
1
1
3
1
7 1
1
3
+0,15
1
4
4
+0,15
13
+0,15
+0,15
15,60
2,92
2,90
9,10
2,61
4,56
5,36
±0,00 3,16
4,15
TÉRREO
8,80
3,40
1,07
2,13
4
1
3
2,50
5 cobertura à demolir
2,60
4
3 2
1
6
1
3
1 6 2,7
3
-
-
13
21,47
12
+4,40
2 5,30
2 1,5
6,25 10
11
12
9,43 13
4,93
1
1 +4,40
21,11
9 14
7 9,38
2
1
8 15
8
1
1
2
1
7
2
16 6
9
1
1
17 5
1
18 4 19 3 20 2 1 S
1,67
D
4 5,7
2 2
1
11,75
+4,40
D
3,55
1 3,55
2
3,55
1
7,25
S
1
1
+4,40
1
2
3,60
22,34
1
10 4
178 GSEducationalVersion
PRIMEIRO PAV.
1
11
1 4
1 9,42
3,45
1
3,45
2
2
1
1 3,00
21
20
19
18
D
17
16
15 14
16
13 12
4
11
1
2
+7,90
10 9
3
2
S
4
1
1
6
5
7
3
4
4 4
3
8
1
1
2
+7,90
1
2
1
+7,90
5 4
3
4
3
1
3
1
+7,90
+7,90
15
+7,90
2
1
3
1
+7,90
6
+7,90
4
2
2
1
8
1 1
9 1
4
1
4
2
+7,90
10 3
1
11 3
3
1
+7,90
+7,90
4
2
1
1
12 +7,90
1 D
S
1
1
2
1
7 2
1
3
+7,90
14
13 1
3
1
3
1
1
+7,90
+7,90
SEGUNDO PAV.
7,50
D
todo madeiramento deverá ser construído e as telhas serão recuperadas e, substituídas, caso necessário
1 3
1
+11,40
3,07
S
1
8,08
GSEducationalVersion
TERCEIRO PAV.
179
considerações finais Um desenho fala mais que mil palavras. Francisco Gimenes (in memoriam) foi e será uma das minhas maiores inspirações. O desenho ao lado, de autoria do mesmo, exemplifica exatamente o que esse trabalho representa: um mergulho em um mar de conhecimentos. A principal reflexão é pensar o patrimônio como espaço para pessoas, convidando-as a refletir que a cidade também é delas. O projeto que se iniciou somente dentro do edifício, pensando em uma futura escola gastronômica, tornou-se em uma expansão e imersão cultural delineada por um eixo que interliga dois dos principais pontos de baixada: Estúdios Kaiser e Mercadão Municipal. As estratégias projetuais no espaço escolhido permitiram a produção de uma série de cenários urbanos, possibilidades de intervenção, deixando evidente a necessidade de se pensar a cidade como um todo, não somente no aspecto urbanístico e sim nas vertentes que o condicionam e que se interpõe a ele, como sustentabilidade, cultura, política e gastronomia.
180
181
[ 7 ] REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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