CITY AND COLOUR
CONT 1
EMPORARY ENT
a cor na vida humana, por sua presenca costumeira, por muitas vezes assume-se com valor banal e passa despercebida, tornando-se coadjuvante no viver contem poraneo onde se torna cada vez mais comum o des apego a tais detalhes. um fator com tamanho potencial ludico e profundo, em meios arquitetonicos, tambem tende a assumir valores secundarios. a precenca da cor, inerente que se faz a um produto ar tistico e arquitetonico, reflete a identidade do arquiteto e necessidades do cliente na timidez ou exploracao de paletas de cores diversas em um resultado final que busca agradar e refletir a identidade visual e de conforto. exatamente esta sua inerencia que torna o elemento cor apenas mais um dos tantos outros elementos submetidos a uma menor prioridade . no volume apresentado neste editorial, temos a passagem da cor em suas diversas aplicacoes e inten sidades, como elemento presente na arquitetura pos-modernista, na analise do museu selecionado e inerente para iconografia venturiana. a cor tambem se torna tema chave do concurso fotografico/arquitetonico proposto neste exemplar, que visa premiar aqueles quem conseguirem fazer a leitura deste aspecto tao vital a leitura de um objeto arquitetonico . A “museumania�, bem como um embasamento teorico sobre a mesma, e uma analise acerca da trajetoria teor ica-pratica do arquiteto Robert Venturi, atraves das pal avras do arquiteto Rafael Moneo, se faz presente neste exemplar, que buscara sempre a intercominicacao entre os temas abordados. Boa leitura e bom aprendizado .
MATHEUS MEDEIROS
ISMOS
Ra. PR. PO. NV. ES. PM. cntst.
MUSEU
4 MODELOS MONTANER hrp.
VENTURI
1 MANIFESTO 2 MANIFESTO CRITICA ENTREVISTA SHOWCASE CARAC. ARQ.
5
ism. ismo
ismo
substantivo inexistente - termo utilizado para designar as vertentes arquitetonicas que tomaram maior forma ao fim da supremacia arquitetonica modernista
“Tive a ideia de por pequenas escalas humanas pela cidade de Londres para que as pessoas pudessem acha-las, como uma maneira de encorajar uma maior interacao com a cidade. Quando as pessoas pensam sobre arte urbana, seu primeiro pensamento e o grafite, mas espero que meu trabalho os faca repensar o que e possivel, e talvez tambem acender a chama da criatividade”. Com esta motivacao e escalas humanas de 2 libras esterlinas, o artista urbano conhecido como Slinkachu criou uma serie fotografica que propaga uma nova visao da cidade, numa escala reduzida, onde objetos corriqueiros adotam novas identidades para os “mini cidadaos” protagonistas deste projeto. Foi deste novo modo de ver a cidade que partiu o conceito do projeto fotografico “Woody and the Post-Modern City”, retratado a seguir na CONT., onde o protagonista em questao, Woody, vivencia 6 situacoes que, em escala reduzida, refletem conceitos de cada uma das vertentes de uma arquitetura pos modernista, nao visiveis aos cidadaos de tamanho regular.
7
MACRO
the little people project
slinkachu
MICRO
the little people project
9
slinkachu
Ra. ismo
racional
ismo
racional -
11
SOLUCOES VOLUMETRICAS SIMPLES FORMAS GEOMETRICAS COMPosicoes SIMETRICAS GRANDE RIGIDEZ EXPRESSIVA DESPIDA DE ORNAMENTOS
MACRO
R A C I O N A L I S M O
MICRO
R A C I O N A L I S M O
13
PR. ismo
PRODUTV
ismo
produtiv
- LINGUAGEM HIGH TECH - GRANDE FLEXIBILIDADE DE PLANTA - MULTIFUNCIONALIDADE - NOVAS FORMAS atraves de NOVAS Tecnologias
15
MACRO
P R O D U T I V I S M O
MICRO
P R O D U T I V I S M O
17
Po. ismo
Popul
ismo
popul -
19
EMPOBRECIMENTO DO URBANO IRONICO/EXAGERADO “+ DO TUDO PARA QUE NAO PRECISA DE NADA.” AGRADAR AO GOSTO DO PUBLICO GALPAO DECORADO
MACRO
P O P U L I S M O
MICRO
P O P U L I S M O
21
nv. ismo
neovanguard
ismo
neovanguard
- PRODUCAO TEORICA E ARTISTICA - PURISMO - CONTRUT. RUSSO (DESCONSTRUTIVISMO)
23
MACRO
N E O V A N G U A R D I S M O
MICRO
N E O V A N G U A R D I S M O
25
es. ismo
estrutural
ismo
estrutural
- TENTATIVA DE ORGANIZAR PADROES - PROFUNDA ANALISE DA ESTRUTURA - A FUNCAO SEGUE A FORMA
27
MACRO
E S T R U T U R A L I S M O
MICRO
E S T R U T U R A L I S M O
29
pm. ismo
pos-modern
ismo
pos-modern -
31
CRITICA AO MODERNISMO REAVALIACAO HISTORICA IRONICO/EXAGERADO ORNAMENTADO USO FORTE DAS CORES CULTURA DO CONSUMO
MACRO
P O S M O D E R N I S M O
MICRO
P O S M O D E R N I S M O
33
cntst. concurso
A cor na vida humana, por sua presenca costumeira, por muitas vezes assume-se com valor banal e passa despercebida, tornando-se coadjuvante no viver contemporaneo, onde se torna cada vez mais comum o desapego a tais detalhes. Um fator com tamanho potencial ludico e profundo, em meios arquitetonicos, por sua vez tambem tende a assumir valores secundarios. A precenca da cor, inerente que se faz a um produto artistico e arquitetonico, reflete a personalidade do arquiteto e necessidades do cliente na timidez ou exploracao de paletas de cores diversas em um resultado final que busca agradar e refletir a identidade visual e de conforto. Exatamente esta sua inerencia que torna o elemento cor apenas mais um dos tantos outros elementos submetidos a uma menor prioridade. Este concurso fotografico, proposto neste exemplar, aborda o tema cor como ponto chave, convidando o participante a observar a arquitetura pos moderna/contemporanea e incentivando a criatividade ao reinterpretar o contexto da cidade atraves da aplicacao sutil, ou nao, das cores. A competicao visa premiar arquitetos e nao arquitetos que conseguirem fazer a leitura deste aspecto tao vital, atraves de fotografias e de manipulacao dos produtos fotograficos.
35
AREA DE ANALISE: Qualquer lugar do mundo PRODUTO FINAL: 2 fotografias formato JPEG (1024x768) em alta resolução demonstrando algum objeto arquitetonico, ou detalhe arquitetonico, expondo o antes e depois de sua reinterpretação atraves das cores. PRAZO: Lancamento da competicao (25/11/16) Registro previo (01/12/16) Registro tardio (25/01/17) Resultados (01/02/17) PREMIACAO: 1º LUGAR (Licenca de 1 ano para o plano de fotografia da Adobe CC + Trabalhos expostos na semana de Arquitetura 2017.1 da Universidade Catolica de Pernambuco + Livro Genesis do renomado fotografo Sebastiao Salgado) 2º LUGAR (Licenca de 6 meses para o plano de fotografia da Adobe CC + Trabalhos expostos na semana de Arquitetura 2017.1 da Universidade Catolica de Pernambuco) 3º LUGAR (Licenca de 1 mes para o plano de fotografia da Adobe CC + Trabalhos expostos na semana de Arquitetura 2017.1 da Universidade Catolica de Pernambuco) MENCAO HONROSA (Trabalhos expostos na semana de Arquitetura 2017.1 da Universidade Catolica de Pernambuco) O juri, composto pela arquiteta e professora Ana Rolim e pelos alunos da cadeira de Arquitetura Contemporanea do periodo 2016.2, baseara a decisao dos ganhadores em sua visao fotografica, criatividade na escolha do objeto/manipulacao do mesmo, qualidade de imagem, alem da qualidade na manipulacao das fotos reinterpretadas.
37
spectrum edit series ramzy masri
spectrum edit series ramzy masri
39
spectrum edit series ramzy masri
msm. museus
museu
museus
substantivo masculino - instituicao dedicada a buscar, conservar, estudar e expor objetos de interesse duradouro ou de valor artistico, historico, etc. - uma instituicao permanente, sem fins lucrativos, a servico da sociedade e do seu desenvolvimento, que adquire, conserva, investiga, difunde e expoe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educacao e deleite da sociedade
41
solomon r. guggenheim frank l. wright
OS 4 MODELOS
43
guggenheim bilbao frank gehry
corbusier
van der rohe
lloyd wright
duchamp
of unlimited growth
“o museu se torna um vilao pois nao conta a historia por completo. ele engana, dissimula e desilude. e um mentiroso.” “vamos imaginar um museu verdadeiro, um que armazena tudo, um que pudesse apresentar a historia completa com o passar do tempo, apos a destruicao do tempo (e quao bem sabe destruir! tao bem, tao integralmente, que quase nada permanece exceto por objetos de um grande show, de grande vaidade, de grande pompa).”
for a small city “(...) mies propos a exibicao por disponibilizar esculturas, de maneira informal, junto as pinturas, que por sua vez se viam penduradas em paineis por arames atirantados do teto” “(...) os paineis definiam os espacos como caminhos que viravam em 90 graus, axialmente, em direcao ao podio principal.”
guggenheim "um templo do espirito". sua galeria em rampa unica se extende do nivel terreo em uma longa, e continua ,espiral acompanhando as periferias da parte interna da edificacao, terminando logo abaixo do teto de luz.” “(...)uma catedral modernista para todas as formas de arte dos seculos 19-20, nao importando sua forma de representacao.”
boite-en-valise
“tudo de importante que ja fiz pode ser posto dentro de uma pequena maleta .” “uma das mais importantes e enigmaticas pecas de arte moderna , a boite-en-valise (caixa em valise) foi montada por Marcel Duchamp entre os anos de 1935 e 1941.” “a mala portatil contem o conjunto de sua obra artistica ate o momento. talvez prevendo a futura guerra que estava por vir, e anos que viriam sem um endereco fixo, Duchamp reproduziu seu trabalho num formato que permitisse que ele facilmente transportasse seu acervo completo em qualquer momento.”
45
CENTRO GEORGES POMPIDOU RENZO PIANO
MONTANER
47
MUSEU DE ARTE DE SP LINA BO BARDI
guggenheim bilbao gehry
masp
bo bardi
louvre m. pei
pilar e joan miro moneo
serralves
siza
da arquitetura
mendini
boite-en-valise
duchamp
KIASMA
holl
organismo extraordinario “(...) SE CONFIGURA COMO ORGANISMO SINGULAR, COMO FENOMENO EXTRAORDINARIO, COMO ACONTECIMENTO EXCEPCIONAL, COMO OCASIAO IRREPETIVEL.” “(...) COSTUMA ACONTECER EM CONTEXTOS URBANOS CONSOLIDADOS, NOS QUAIS A OBRA SE SOBRESSAI COMO CONTRAPONTO RADICAL QUE PRETENDE CRIAR UM EFEITO DE CHOQUE.”
“WRIGHT INAUGURAVA ENTAO O CAMINHO DO MUSEU COMO ENTORNO ARTISTICO, COMO GRANDE ESCULTURA INSPIRADA EM FORMAS ORGANICAS, COMO CONTENTOR EXTRAORDINARIO EM ESTREITA RELACAO COM O CONTEXTO URBANO...”
container/caixa polifuncional
“trasa-se de um avancar paulatino na evolucao geral do museu, que se iniciou historicamente como receptaculo indiferenciado do colecionismo. o ritual de acesso ao museu comporta a rememoracao da experiencia primordial e do significado innicial: uma caixa que se ve franqueada para que se va revelando um saber escondido ate o momento.” “a arquitetura moderna manteve a ideia de caixa, mas transformou sua concepcao. o interior simbolico da caixa opaca, com espacos compartimentados, comecou a se diluir.”
objeto minimalista
"os museus minimalistas podem ser situados nas proximidades do setor dos museus que adotam formas bastante definidas de caixa.” "(...) recriam as formas mais essenciais e estruturais e tentam ir mais alem da evolucao do tempo e dos recursos tecnologicos. para tanto, buscam a ideia arquetipica, a forma essencial do museu: tesouro primitivo, lugar sagrado, escavacao arqueologica...” "(...) utilizou a forca das sugestoes formais da minimal art, as esculturas criadas por autores norte-americanos como Tony smith, donald judd, sol lewitt, carl andre e robert morris, alem de experimentacoes com formas abstratas.”
museu-museu
“(...) a eclosao da denominada critica tipologica, ou seja, de concepcoes baseadas nos valores historicos de cada discplina, consolidou no mundo dos museus uma posicao denominada museu-museu: uma maneira de projetar e intervir na qual toda a enfase se ve posta na essencia da propria disciplina arquitetonica, na estrutura espacial do edificiio, na tradicao tipologica do museu...”
“(...) trata-se de confgurar os edificios como uma estrutura de espacos pensados com criterios de analise tipologica, atendendo ao carater das colecoes . cada novo museu surge como uma nova interpretacao daqueles que o precederam.”
voltado para si
“a meio caminho entre o museu que se desenvolve dentro de uma tradicao tipologica e aquele que nasce de maneira organica e expressionista, surgiu o museu introspectivo, que se volta para si mesmo e fecha-se em torno de sua colecao, dialogando sutilmente com o exterior.” “(...) partindo de sua atividade interior, vai atras de focos de luz natural e a vista para o entorno, sendo uma solucao tipologica tomada por diversos autores devido a complexidade interior do espaco do museu e a necessaria adaptacao as caracteristicas unicas de cada lugar.”
colagem “(...) em consonancia com a fragmentacao como condicao da contemporaneidade, eis que existe o museu colagem, que se resolve por juncao de fragmentos diversos, subdividindo a diversidade das exigencias em diferentes corpos.”
“o museu como colagem de fragmentos se torna expressao de triunfo da cultura de massas e se mostra emblematico em relacao a implosao do museu. de baluarte da alta cultura, passa a ser um soberano na cultura de massas, convertendo-se cada vez mais em uma instituicao hedonista e popular, divertido e comunicativo.”
antimuseu
“num front mais vanguardista , se configurou um capitulo heterogeneo da historia dos museus, aquele que quer deixar de se-lo, dissolvendo-se assim na realidade e negando qualquer solucao convencional e representativa.”
“(...) o museu dirigiu-se aos seus limites, tentando rompe-los e ultrapassa-los, revitalizando as criticas das vanguardas artisticas ao museu tradicional, reconhecendo principalmente o carater problematico de qualquer lugar dedicado a arte contemporanea. consolidou-se a ideia generica do antimuseu como crise da caixa branca, pura e definida da arquitetura moderna.”
formas de desmaterializacao
“por explorar caminhos diversos, este tipo tenta diluir-se, desmaterializar-se, perante seu entorno atraves da recorrencia de sua essencia material (energia, luz e transparencia).” “tal desmaterializacao mitica e niilista pode se dar de diversas formas, desde a transparencia e leveza ate as formas que se espalham e se camuflam no meio urbano.”
49
hrp. HARPA - REYKJAVIK CONCERT HALL AND CONFERENCE CENTRE
HARPA - REYKJAVIK CONCERT HALL AND CONFERENCE CENTRE PROJETO IDEALIZADO PELOS ESCRItoRIOS HENNING LARSEN ARCHITECTS, BATTERIID ARCHITECTS E PELO ARTISTA DINAMARQueS OLAFUR ELIASSON, O HARPA CONCERT HALL AND CONFERENCE CENTRE se localiza ENTRE O MAR E A CADEIA MONTANHOSA DE REYKJAVIK, VISANDO A REVITALIZACAO E EXPANSAO DA AREA PORTUARIA DA CIDADE. 4 SALAS DE CONCERTO, FOYER, E AREA DE BACKSTAGE COM EQUIPAMENTO PARA SUPORTE E ENSAIO DOS ARTISTAS COMPOEM O PROGRAMA DO OBJETO ARQUITETONICO, QUE FOI VENCEDOR DO MIES VAN DER ROHE AWARD, DESBANCANDO GRANDES NOMES COMO AIRES MATEUS E BIG.
51
the artist
the also artist (and architect)
your rainbow panorama responsavel por inumeros experimentos visuais, dos quais sua grande maioria explora os espectros da cor, o artista islandes-dinamarques olafur eliasson foi mentor de uma proposta para intervir na coberta do museu de arte da cidade de Aarhus, na dinamarca. teve sua instalacao concluida em 2011 e consiste num passeio dentro de um anel, facetado de panos de vidros que, ao longo do percurso, varia de cor, proporcionando uma experiencia sensorial e um ver e viver a cidade de uma forma ludica e divertida. a bela cidade, tanto quanto a luz natural, se tornam elementos essenciais para a experimento, onde o transeunte se ve no papel de protagonista. eliasson buscou estreitar a relacao cidadao-cidade e promoveu a criacao de um cartao postal/farol, posto que virou ponto de referencia, dividindo a cidade por zonas de cor, para quem se ve perdido na paisagem urbana dinamarquesa. se torna um compasso do tempo-espaco onde a cor se intensifica de acordo com o ritmo a que se anda pelo arco-iris.
the wave in vejle
o escritorio henning larsen architects, mentorado pelo homem em seu titulo, e um escritorio que conta com uma faixa de +/- 200 arquitetos e colaboradores (exatamente 245 ate a producao deste texto) e tem seu foco em competicoes arquitetonicas e projetos de carater internacional, prioridades que vem desde o dia 1 do grupo. em suas producoes arquitetonicas buscam sempre uma estreita relacao da forma e materialidade com o entorno em que os objetos serao inseridos, objetivando um novo olhar, ou olhar mais aprofundado, sobre as paisagens naturais presentes. responsavel pela criacao de um “landmark� para a cidade de vejle, dinamarca, o escritorio idealizou um conjunto habitacional muito caracteristico por sua forma e contexto com o seu entorno, como apresentado anteriormente, que, segundo larsen, respeita-o mas desafia-o. se ve locado de frente ao rio e, durante o dia, mostra mais claramente suas suaves curvas em formato de onda refletidas no rio , enquanto que, no periodo da noite, um perfil de montanha de luzes e cores se ve adotado. comportando cerca de 100 flats, democraticamente dividindo a vista para o rio com suas generosas varandas ventiladas, o edificio, e em conjunto com sua promenade publica , a onda promove uma bonita conexao entre o rio, a cidade e a paisagem natural, mostrando o melhor de cada um.
53
your rainbow panorama olafur eliassen
o projeto
55
the wave in vejle
henning larsen architects
Evocando as colunas de basalto cristalino comumente encontradas na Islandia, onde se encontra o site do projeto analisado, as fachadas geometricas do Harpa Reykjavik Concert Hall and Conference Centre foram baseadas numa estrutura modular chamada de “quasi-brick”. Fruto de uma pesquisa matematica realizada por Einar Thorsteinn, o quasi-brick se caracteriza como um poliedro de 12 lados constituido, por sua vez, de faces hexagonais. Foi atraves desta pesquisa que o artista plastico Olafur Eliasson, em conjunto com Thorsteinn, passou a investigar o potencial de uso deste artefato inserido no contexto arquitetonico. Quando empilhados, os “quasi-bricks” nao deixam espacos entre eles, podendo ser usados para a construcao de paredes e elementos estruturais. Seu aspecto regular e, simultaneamente/contraditoriamente, irregular conferem aos modulos que integram a fachada sul do Harpa um aspecto caotico e imprevisivel que nao poderia ser atingido com materiais convencionais. Em resultado ultimo, as fachadas do Harpa passam a ter perfis de estetica refinada e funcional ao projeto. As demais fachadas do objeto, por sua vez, se constituem da derivacao bidimensional do “quasi-brick”. O elemento cor se ve introduzido ao projeto em panos de vidro que preenchem os diversos “quasi-bricks” que, quando submetidos as diferentes incidencias da luz do sol/movimentacao dos transeuntes, parecem adotar cores diferentes (variando em verde, laranja, amarelo, entre outras), conferindo ao projeto, colaboracao de Olafur e Henning Larsen Architects, um tom ludico e sensorial.
57
harpa
henning larsen architects + olafur eliasson
harpa
henning larsen architects + olafur eliasson
59
harpa
henning larsen architects + olafur eliasson
the project
HARPA - REYKJAVIK CONCERT HALL AND CONFERENCE CENTRE Situado no limiar entre o mar e a terra, o projeto se impoe como uma escultura radiante em grande escala, que reflete seu entorno portuario assim como a vibrante vida da cidade em que se encontra. Efeito este, como dito anteriormente, resultante da parceria do artista Olafur Eliasson e o escritorio Henning Larsen Architects, que proveram ao projeto um aspecto de desmaterializacao com a paisagem por sua vasta translucidez ao refletir, atraves de mais de 1.000 “quasi-bricks”, a intensa incidencia de luz ao qual o projeto se encontra submetido. O objeto, que possui cerca de 28.000 metros quadrados, possui um programa constituido por foyer (a frente do edificio), 4 halls em seu centro, com area de backstage suprida de equipamento de suporte a artistas e exposicoes, dos quais 3 sao locados lado a lado e possuem acesso publico atraves da ala sul e acesso restrito pela ala norte. O quarto piso se torna um hall multifuncional, destinado a exposicoes e eventos particulares de carater mais intimista. A presença da natureza como inspiracao ao projeto, alem de ferramenta de enaltecimento do mesmo, se mostra inevitavel, e de leitura obvia, ao se fazer uma breve analise do contraste, visto do foyer, entre as fachadas expressivas (translucidas e abertas) e as salas de concerto (macicas e densas, que imitam as formacoes basalticas da regiao). Ao centro do “macico basaltico” se localiza o maior ambiente do Harpa, a sala destinada a concertos de maiores proporcoes, em tons de vermelho radiante, que representam o centro de forca do projeto de Henning Larsen.
61
harpa
henning larsen architects + olafur eliasson
63
harpa
henning larsen architects + olafur eliasson
the project
HARPA - REYKJAVIK CONCERT HALL AND CONFERENCE CENTRE Luz e transparencia sao os elementos chave, que promovem a identidade do objeto, tanto quanto o seu dialogo com a cidade. A ideia principal era a de desmaterializacao do objeto como elemento estatico, perante seu contexto, e deixa-lo responder as interacoes da luz e cor de seu entorno (luz proveniente da cidade, do sol e da reflexao do mar), criando assim um dinamismo de fachada “natural” e incessante. Enquanto nao taxativamente categorizado na classe de museus, o Harpa de Henning Larsen, alem de um centro voltado para concertos, se ve passivel de eventuais exposicoes (um centro de artes multifuncional) tido, portanto, como um “centro cultural”, onde existe a integracao de pessoas para a socializacao e absorcao de cultura. Assim, extrapolando ao conceito, e classificacao, de museus segundo o autor Josep Maria Montaner, o objeto em analise pode ser rotulado no grupo de museus de forma de desmaterializacao, por seu carater de “transparencia” de caixa translucida e cheia de luz natural, onde o conceito do objeto arquitetonico se condiciona ao dialogo com o entorno, enfatizando o proprio, diluindo-se (camuflando-se) na paisagem e buscando nao ser elemento de interferencia contrastante da mesma. Usando a Kunsthaus, de Peter Zumthor, como elemento comparativo, uma ponte pode ser feita ao ponto do partido do prisma de fachadas translucidas que valorizam a entrada e uso da luz que vai muito alem do conceito de museu conteiner, por exemplo. Por fim, ao traçar paralelos com vertentes pos-modernistas, o Harpa se apresenta com caracteristicas que podem ser categorizadas como de vertentes produtivistas, ao ponto em que o uso da tecnologia proporcionou a concepcao de fachadas de formas complexas (quasi-brick), alem da multifuncionalidade presente no perfil do objeto analisado. Tracos estruturalistas, como a analise aprofundada da estrutura do projeto e a tentativa de organizar padroes se fazem presentes no contexto existente, e indispensaveis para leitura feita.
65
harpa
henning larsen architects + olafur eliasson
desenhos tecnicos
harpa
67
henning larsen architects + olafur eliasson
planta baixa - nivel 01
planta baixa - nivel 02
harpa
henning larsen architects + olafur eliasson
planta baixa - nivel 03
planta baixa - nivel 05
69
harpa
henning larsen architects + olafur eliasson
corte 1
corte 2
harpa
henning larsen architects + olafur eliasson
elevacao sul
elevacao oeste
71
harpa
henning larsen architects + olafur eliasson
73
vntr. robert venturi
robert venturi
ROBERT CHARLES VENTURI (25 DE JUNHO DE 1925) ARQUITETO AMERICANO NASCIDO NA FILADELFIA SE FORMOU EM 1947 NA UNIVERSIDADE DE PRINCENTON E ATUALMENTE SE INSERE NO GRUPO DOS MAIORES E MAIS INFLUENTES NOMES DO CENARIO AARQUITETONICO MUNDIAL. AUTOR DO MANIFESTO COMPLEXIDADE E CONTRADICAO EM ARQUITETURA, ONDE DEFENDE QUE A DOUTRINAGEM MODERNISTA SE CONFIGURA COMO UMA AUTOLIMITACAO PARA AQUELES QUE SE RECUSAM A ADMITIR A DUALIDADE ARQUITETONICA, FOI COLEGA DE GRANDES NOMES, COMO LUIS KHAN E EERO SAARINEN ANTES DE FORMAR SUA PROPRIA FIRMA A QUAL, FUTURAMENTE, CONTARIA COM A PARTICIPACAO DE DENISE SCOTT BROWN, ARQUITETA E SUA ESPOSA. ADMIRADOR DO TEOR CONTRADITORIO DA ARQUITETURA, E PESQUISADOR INCANSAVEL DA HISTORIA DA MESMA, FOI CO-AUTOR DE OUTRAS PUBLICACOES, COMO O LEARNING FROM LAS VEGAS E ARCHITECTURE AS SIGNS AND SYSTEMS, AMBOS ESCRITOS COM SCOTT BROWN, ALEM DE, AO PARTIR EM DEFESA DO PROJETO INTITULADO BIG DUCK DE LONG ISLAND, SER O RESPONSAVEL PELA ALCUNHA DE “DUCK” PARA SE REFERIR AQUELES PROJETOS QUE SE RENDEM AO SIMBOLISMO DA FORMA. SELECIONADO PARA SER PORTADOR DO PREMIO PRITZKER NO ANO DE 1991 PELO CONJUNTO DE SUA OBRA, VENTURI, AOS 91 ANOS, POSSUI UMA CARREIRA E ACERVO ARTISTICO QUE SE TORNARAM REFERENCIA AQUELES QUE ESTUDAM ARQUITETURA, SENDO, AO LADO DE SUA ESPOSA, UMA FIGURA ICONICA DO “HALL DA FAMA” ARQUITETONICO.
75
INQUIETACAO TEORICA E ESTRATEGIA PROJETUAL
77
the STRATEGIES
complexidade e contradicao em arquitetura No livro escrito por Rafael Moneo, o autor, inicialmente, se debruca sobre o manifesto de autoria de Venturi, denominado de “Complexidade e Contradicao em Arquitetura”, onde ha a explicacao dos conceitos vigentes aos quais Robert Venturi baseia suas teorias e seus projetos, mostrando seu raciocinio ao projetar, sempre inflando a discussao e baseando seus argumentos e opinioes apresentando um produto que sirva como exemplo claro do assunto em questao. Rafael faz extenso uso de citacoes provenientes do livro de Venturi para expor as criticas ferrenhas que o arquiteto tece sobre o movimento modernista de arquitetura, tendo como objetivo principal refutar os conceitos aos quais ele, Robert, considerava como rasos, alem de mostrar ao mundo que nao podiam, e nem deveriam, se render e se limitar ao que ele chama de dogma puritano e ortodoxo modernista, auto limitante e simplista e que tinha o “less is more” miesiano como seu estandarte. “Prefiro os elementos hibridos aos puros, os que aceitam compromissos aos limpos, os distorcidos aos obvios, os ambiguos aos articulados, os deturpados que ao mesmo tempo sao impessoais aos tediosos que ao mesmo tempo sao interessantes, os convencionais aos projetados, os que buscam o acordo aos excludentes(...)” (Robert Venturi, Complexidade e Contradicao em Arquitetura).Neste ponto, Rafael passa a apresentar o contraste entre os conceitos “venturianos” em contraponto aos conceitos modernistas, visando explanar a natureza de cada um e argumentando para com o leitor, gerando a reflexao crítica sobre movimentos arquitetonicos, demonstrando que o objetivo primario e principal do manifesto de Robert Venturi e, segundo Moneo, a critica contra “a tirania ideologica da arquitetura moderna”. Rafael Moneo defende que o duplo status de arquiteto e teorico conferem a Venturi um “special way of seeing architecture” que, acima de tudo, o tornam dono de um embasamento suficiente que o tornam capaz de um pensamento critico necessario para tal analise critica. T. S. Eliot e citado pelo autor, para exemplificar o dito “special way of seeing” em outros ambitos artisticos, neste caso na poesia, que animam Venturi a dizer que suas ideias “sao inevitavelmente produto da critica que acompanha minhas obras”. Este fator significa que Robert apenas publicou suas criticas apos ficar a prova como arquiteto em seus primeiros trabalhos, sendo estes os seus exemplos de justificativa para seus argumentos. Moneo defende a nao rendicao imediata do leitor as evidencias, a oferta de beber na fonte onde o autor buscava seus estudos, oferecendo dados que permitissem ao leitor um melhor entendimento da analise critica do arquiteto.
79
INQUIETACAO TEORICA E ESTRATEGIA PROJETUAL
81
guild house
robert venturi
the MANIFEST
complexidade e contradicao em arquitetura Robert Venturi defende a complexidade, tensao, dualidade do “both and ” e a contradicao a qual afirma com veemencia ser necessaria para quebrar a ditadura da ortogonalidade “miesiana”, que deveria ser substituida por uma visao mais ousada e libertaria da forma (mais “diagonalidade”). Defende uma arquitetura que “nao entrega o jogo”, que nao se mostra obvia e que vai de contraponto ao que o autor chama de “serenidade afetada”. Moneo expoe a admiracao de Venturi por Khan, ao apontar ideias “khanianas” que serviram de inspiracao para o arquiteto, como o ajuste do produto arquitetonico as circunstancias, e que o projetista deve se mostrar aberto a qualquer possivel contradicao. Tudo isto servira de base para Venturi ao afirmar que, buscando consistencia em seu trabalho, os arquitetos perderam uma tao estimada naturalidade, gerada pela prisao da ditadura do ortogonal antes citada, que condena a mudanca de escala, quebras e rupturas. Rafael Moneo tambem aponta a questao da duplicidade na relacao dos ambitos exterior-interior, ao afirmar que tal duplicidade, ausente no modernismo e tao estimada por Venturi, tambem devera ser aplicada na concepcao dos espacos internos e na sua relacao com os espacos externos, que, segundo Venturi, promovem um contraste agradavel e surpreendente em detrimento da continuidade espacial modernista. O conceito do “todo” arquitetonico tambem e posto em discussao, ao que Moneo apresenta o conceito de “inflection”, defendido por Robert Venturi. “A Venturi interessa mais a dificil unidade atraves da inclusao do que a facil unidade por meio da exclusao”. (Rafael Moneo, Inquietacao teorica e Estrategia Projetual). A natureza da autonomia das partes, que formam o todo, sua dependencia e a ausencia de necessidade de fazerem parte da estrutura final do mesmo e algo defendido pelo arquiteto, que nao sente dificuldade em apresentar exemplos disto, como a arquitetura barroca inglesa de Vanbrugh, Monticello, ou ate a igreja dos Jacobinos em Toulouse. Segundo Venturi: “a unidade da obra nao implica uma hierarquizacao que ignore a liberdade e autonomia dos elementos”. Segundo Rafael Moneo, o manifesto de Venturi e um livro complexo e altamente critico ao “regime” modernista, onde arquitetos como Wright, Corbusier e Mies, juntamente com seus slogans, sao considerados antagonistas. Os tres sao alvos de criticas pontuais, e justificadas, apesar de haverem momentos de inevitavel respeito para com alguns deles, como tambem respeito por arquitetos como Aalto, ao qual, segundo Moneo, Venturi e capaz de achar uma arquitetura que aceite as contradicoes tao defendidas por ele. O arquiteto se mostra seduzido por uma complexidade, que se distancie do obvio, promovendo uma riqueza de detalhes interessante e defende que os arquitetos nao devem ser intimidados por uma linguagem puritana de moral, advinda do movimento modernista. Visa o ajuste as circunstancias, aforismo de Kahn, arquiteto ao qual admira, ao inves da ignorancia a contradicao. Buscava o abraco ao cotidiano e a na vontade de ser realista.
83
INQUIETACAO TEORICA E ESTRATEGIA PROJETUAL
85
vanna venturi house robert venturi
the manifest
APRENDENDO COM LAS VEGAS apresentado, em sequencia a esta primeira parte com a apresentacao de conceitos do manifesto de Venturi, obras que sao os exemplos praticos de todos os seus argumentos. Rafael inicia a analise do repertorio “venturiano” com a casa Vanna Venturi, a qual o arquiteto refletiu muito de seus pensamentos criticos e teorias, mesclados com o carater pessoal (casa destinada a sua mae, Vanna Venturi), posto que o projeto data de uma simultaneidade ao seu manifesto “Complexidade e Contradicao em Arquitetura”. Moneo ainda aponta outra obra contemporanea a casa feita para a mae de Venturi, a Guild house, um lar para idosos locado na Filadelfia, onde e possivel apontar um realismo apurado (uma arquitetura que mantem seus atributos sem deixar de ser “normal e corriqueira”). Projeto simetrico, frontal, em que e locado o maior numero possivel de apartamentos em sua planta, que proporciona um escalonado onde se ve possivel achar uma influencia e admiracao por Alvar Aalto. A fachada se ve em foco, onde reside o interesse do projeto, segundo Moneo. Reducao da dimensao da fachada e o uso de iconografias, alem da contradicao da superficie de vidro superior, que coroa o edificio, em detrimento da profundidade das varandas sao tracos essenciais abordados pelo autor ao explicar o projeto. Ao introduzir o National Footbal Hall of Fame, da Universidade de Rutgers, em Nova Jersey, Moneo aponta a paulatina transicao do Robert Venturi de “Complexidade e Contradicao em Arquitetura” para o mesmo de “Aprendendo com Las Vegas”, pois o dito projeto faz uso de uma intensa iconografia, uso da imagem (que para o Venturi em questao se funde ao tipo), numa fachada “viva”, um enorme quadro de anuncios, que confere um aspecto ativo, movel, ao projeto. O arquiteto que antes, ao estudar arquitetura classica, demonstrou interesse da abstencao da norma projetual, se sente atraido agora por uma logica por tras de uma arquitetura espontanea, alem de uma forte admiracao pela arquitetura comercial da qual as cidades americanas estao repletas. Com a co-autoria de sua esposa, Denise Scott Brown, assim como Steven Izenour, Venturi introduz seu segundo livro, o antes citado “Aprendendo com Las Vegas”, onde persiste a analise critica ferrenha ao modernismo, mas, desta vez, com uso de outro ponto de vista: o simbolo no espaco antes da forma no espaco. Apresentado por Moneo, Venturi e seus co-autores afirmam que, ao tentar a expressao simbolica simples e puramente atraves da forma, os modernistas acabam por apelar para um expressionismo abstrato, onde a mensagem de intencao nao fica clara, o que se faz condenavel pelos arquitetos, pois se torna extremamente derivativa. O trio, segundo Moneo, se esforcava para se afastar de formalismos, ao fim de se verem mais livres. “A cidade nao pode ser entendida como uma concatenacao dos espacos; nao deve ser entendida como um edificio na simples manifestacao expressiva dos espacos oferecidos”. ha o enaltecimento do galpao decorado, em detrimento do “duck”, pois o primeiro era claro em suas intencoes e mensagens. Os “patos” se convertiam em estrutura abstrata, segundo os arquitetos. “(...) um galpao decorado esta presente onde os sistemas de espacos e estruturas estao diretamente a servico do programa e o ornamento se aplica sobre eles com independencia.
87
INQUIETACAO TEORICA E ESTRATEGIA PROJETUAL
89
NATIONAL FOOTBALL HALL OF FAME robert venturi
the manifest
APRENDENDO COM LAS VEGAS “Se no seu primeiro livro Venturi critica o modernismo usando a Academia, em Aprendendo com Las Vegas o faz usando os argumentos e as obras dos populistas, que defendem a maioria silenciosa ante os excessos elitistas dos intelectuais.”
“Venturi, a partir de uma posicao etica, que o leva a identificar-se, como dissemos, com a maioria silenciosa, prefere o feio e o banal. Ali esta a autentica vida e, paradoxalmente, tambem a arquitetura.”
Rafael Moneo afirma que os autores de “Aprendendo com Las Vegas” nao elogiam o galpao decorado com intuito de polemizar, ao visto que eles se recusam a admitir que seja preciso continuar projetando “patos mortos” em prol de um heroismo e uma originalidade que so serviriam para inflar a vaidade dos arquitetos. Ao apresentar a ampliacao do Allen Art Memorial Museum do Oberlin College, Moneo pretende mostrar as taticas tomadas por Venturi, Rauch e Scott Brown em equilibrar os aspectos pre-existentes de um projeto com novas formulas postumas ao mesmo, numa profunda reflexao sobre arquitetura. Moneo demonstra que ha um perfil respeitoso do trio para com a obra de Cass Gilbert, datada de 20 anos antes, mas nao ha o objetivo de engrandece-la, nao exageram no volume, mas insistem nos sistemas ortogonais de composicao. A presenca de uma coluna jonica, descrito como icone pop e elemento de sustentacao (dualidade de manifesto “venturiana”), preciosismo no acabamento externo e organizacao logica da planta demarcam a assinatura do trio de arquitetos. O fechamento das estruturas e posto em questao em seguida, onde Rafael Moneo descreve brevemente tres projetos, objetivando uma explicacao para o conceito defendido por Robert Venturi de que e arquitetura espontanea que reside a autentica racionalidade a que todo profissional deveria usufruir. ha o contraponto entre o modernismo de Mies e a atitude “venturiana” ao tocar no ambito de que o primeiro abstraia ornamentos e focava um fechamento atraves de tecnicas estruturais, enquanto o trio de arquitetos optava pelo aspecto de valorizacao epitelial, como descrito pelo autor do livro (a reintroducao do ornamento). Ao apresentar o ultimo projeto do capitulo dedicado a Venturi e Scott Brown, que e o Philadelphia Orchestra Hall, Moneo analisa os conceitos que movem um Venturi de Aprendendo com Las Vegas, mas expoe um residuo do mesmo em sua fase de Complexidade e Contradicao, que por muitas vezes se faziam alternantes. A afirmacao anterior se faz justificada por Moneo, que aponta a nao exclusao do passado (a “leitura da arquitetura do passado”) do primeiro manifesto, com o uso da iconografia, originaria do segundo, mostrando todo o peso teorico que Venturi possui e deixa agir em suas obras.
91
critica
93
seattle art museum robert venturi
the thoughts
critica
“A arquitetura de Venturi e Scott Brown e complexa, mas nao espontanea. Trata-se mais do resultado de um metodo que de uma resposta a necessidade - diferente dos exemplos que Venturi nos ensinou a entender no seu livro.”
Ao ler Inquietacao Teorica e Estrategia Projetual, e incitando a discussao a partir da citacao acima, e possivel expor uma certa contradicao no conceito “venturiano”, que visa pregar uma abstencao da norma e um apreco a logica da arquitetura espontanea ao ponto de que o arquiteto acaba por criar uma norma para “construir espontaneamente”.
Em uma critica mais desvinculada da opiniao do autor e arquiteto Rafael Moneo, e possivel dizer que, ao ponto que em Complexidade e Contradicao em Arquitetura existe um Venturi que encoraje jovens arquitetos a quebrarem o “dogma ortogonal”, imposto pelo movimento modernista, com a utilizacao de diagonais e elementos dubios e complexos em sua existencia. ha porem a existencia de um Venturi realista (manter atributos mas manter o aspecto normal e corriqueiro), autor da Guild House, que faz intenso uso de simetria e formas ortogonais, um Venturi que nao explorou tanto a quebra radical da ortogonalidade na pratica como explorava em sua teoria, sendo a Vanna Venturi, um de seus exemplos mais radicais neste ambito.
Em uma critica mais pessoal, ao comparar estilistica, e possivel que um Venturi de Aprendendo com Las Vegas, ao pregar o uso de iconografias e condenar a expressao restrita pela forma, perca um pouco da poesia “sizaniana” do produto arquitetonico, que seria passivo de multiplas interpretacoes e capaz de, atraves de uma poetica, emocionar quem a vive. Uma arquitetura que nao tenha carater restrito a manifesto ou dependente de iconografias que explicitem seu significado.
95
entrevista
97
lewis thomas lab. robert venturi
the questions Em complexidade e contradicao em arquitetura, Venturi tece criticas ferrenhas ao Less is More Miesiano, ao qual considera uma tirania ideologica, um dogma a ser discutido e refutado. Ao citar Paul Rudolph, em seu comentario relativo ao movimento modernista e, mais especificamente, ao trabalho de Van der Rohe, qual o aspecto relativo ao metodo construtivo questionado pelo autor?
Venturi afirma que, ao almejar uma consistencia e coerência exacerbadas em seus trabalhos, os arquitetos passam a perder uma naturalidade desejada. De que forma, segundo o arquiteto, tal naturalidade poderia ser recobrada?
A “modernidade simplificadora” era vista por Venturi como uma serenidade afetada, no contexto modernista, e tirava o foco de aspectos aos quais o arquiteto tanto prezava e admirava. Quais seriam os aspectos tao desejaveis por Robert Venturi?
A relacao espacial entre o interior e o exterior defendida por Robert Venturi, em contraponto ao que se via no dogma modernista, era constituida de que conceitos?
Que conceito sobre o “todo” na arquitetura se ve defendido por Robert Venturi?
the answers R) O aspecto especifico de critica do autor ao modernismo e a sua proposta de resolucao de diversas problematicas simultaneamente, quando na verdade, se isso fosse feito efetivamente, o carater de seus produtos arquitetonicos, como os de Mies, por exemplo, seriam menos potentes.
R) Quebra da ortogonalidade ditada pelo formalismo, por meio da incorporacao de diagonais em suas plantas, aberturas e quebra da rigidez imposta pelo dogma.
R) Complexidade, ambiguidade e tensao, geradoras de arquiteturas mais libertarias.
R) Ao contrario da continuidade espacial defendida pelo movimento modernista, a relacao entre o interior-exterior da visao “venturiana” visava um forte contraste, diferenca deliberada, entre eles para que houvesse uma sensacao de surpresa e admiracao ao transitar de um meio ao outro e encontrar situacoes que nao se mostram discerniveis ao seu ver externo.
R) A integracao, por mais complexa que seja, de elementos a formar uma unidade do que uma facil unidade obtida por meio de exclusao. Defende o “inflection”, onde as partes autonomas e independentes e de funcoes diversificadas contribuem para a formacao do “todo” sem a necessidade da inclusao obrigatoria na estrutura do mesmo.
99
mostruario
101
gORDON WU HALL robert venturi
the showcase
mostruario
O conceito que embasa o mostruario a ser apresentado a seguir provem das obras e filosofias dos arquitetos abordados por Rafael Moneo em seu livro “Inquietacao Teorica e Estrategia Projetual”. Robert Venturi, junto aos seus manifestos, foi o arquiteto selecionado a ser retratado como fonte de inspiracao para a elaboracao do “This is a showcase”. Se uma leitura rapida do objeto, tanto quanto sua funcao, for feita, seu objetivo inicial foi cumprido, ao ponto em que existe a intencao de explicitar, por meio da iconografia, o seu objetivo final. O conceito de arquitetura realista (arquitetura que deve manter seus atributos sem deixar de ser normal e corriqueira) tanto quanto um perfil simetrico, ambas características adotadas por Venturi ao longo de sua trajetoria, sao extrapoladas ao mostruario ao ponto em que o mesmo se traduz como objeto simples, que efetua a funcao final de expositor de fanzines e possui perfil simetrico. Sua base busca remeter outro traco notorio do arquiteto: sua “nao negacao” a exploracao da arquitetura do “passado” (forma de protesto ao modernismo, que se negava a tal). Um arco, elemento da arquitetura classica, se mostra presente na constituicao da obra.
103
instrucoes
105
this is a showcase Matheus medeiros
1
2
3
4
CARAC. ARQ.
5
6
THIS IS A
SHOWCASE 7 107
“less is a bore.” ROBERT VENTURI
109
ARQUITETOS
CARACTERÍSTICAS DA TEORIA E PRODUÇÃO DOS ARQUITETOS Desprezo pelo programa
Formas simples e puras
Experiência metafísica do lugar
Robert Venturi
Valorização do contexto urbano
Aldo Rossi
Fenomenologia
James Stirling Nega o vínculo entre forma e função
Alvaro Siza Percepção sensorial
Peter Eisenman Utilização do contexto histórico como justificativa para seus projetos
Frank Gehry
Grande preocupação com a materialidade
Bernard Tschumi Complexidade
Steven Holl Forte crítica ao movimento moderno
Herzog and de Meuron Maquete como parte do processo criativo
Ren Koolhaas Preocupação com a usuário e escala
Cultura de massa
Valorização do corte
Legenda Linha Cheia indica caraterísticas primárias Linha Tracejada indica caraterísticas secundárias
111
O apelo populista na arquitetura de Robert Venturi e Denise Scott Brown se torna evidente, em seu acervo teorico e pratico, principalmente em sua epoca de “aprendendo com las vegas”, onde defende o uso extenso da iconografia e do galpao decorado (em detrimento ao “duck”). Para Venturi, uma objeto arquitetonico deve mostrar sua essencia em leituras mais praticas, e tomar cuidado para que nao cedam a um expressionismo raso, que, para o arquiteto, se via presente em grande parte das obras modernistas. Entende-se por estudo da cultura de massa o interesse dos arquitetos em entender o perfil do publico aos quais suas obras sao destinadas, podendo-se, ou nao, tracar estrategias projetuais que possibilitem uma maior intercomunicacao para com o dito publico. Arquitetura muito explorada por Robert Venturi e de apelo muito comum na dita arquitetura populista de galpao decorado, por exemplo. O segundo e terceiro pontos abordados na analise anterior, ao que toca no ambito “venturiano”, trata da utilizacao do contexto historico na composicao do objeto arquitetonico e na forte critica ao movimento moderno, respectivamente. Venturi absorve a primeira caracteristica, e promove um extenso uso da mesma, como forma de protesto (manifesto) contra a arquitetura modernista, que se negava a analisar a arquitetura “do passado”. Por muitas vezes em tom de ironia, como pode ser vista a coluna jonica, inserida pelo arquiteto, no Allen Memorial Art Museum, locado em Ohio.