conexões culturais [re] significando o patrimônio industrial na mooca
conexões culturais
[re] significando o patrimônio industrial na mooca
Matheus Santiago da Silva Orientador: Prof. Ricardo Felipe Gonçalves Trabalho Final de Graduação Apresentado ao Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Junho 2021
agradecimentos Aos meu pais, Simone e Eduardo por todo o esforço e apoio incondicional durante estes 5 anos, sem vocês nada disso seria possível. A minha companheira, Júllia Zhang, por toda parceria, amor e carinho durante esta etapa. Aos amigos, Agradeço por todos os momentos, sem vocês a formação não seria a mesma. Ao meu orientador e amigo, Ricardo Felipe Gonçalves, por todas as orientações e conversas durante este semestre, por me ensinar a qualidade e por me incentivar a ir sempre mais além. Ao corpo docente da Belas Artes, Em especial para o Prof. Ivanir Reis Neves Abreu, Por toda motivação e dedicação, e preparo para este semestre. Minha eterna gratidão à todos.
“A cidade mostra a conjunção intrínseca entre a forma e o conjunto de sua história. Quando formas que guardam a memória da história da cidade desaparecem, é a cidade que desaparece” Jean Paul-Doole, Longe do lugar, fora do tempo
resumo
O Trabalho Final de Graduação aqui apresentado analisa a questão da preservação do patrimônio industrial no bairro da Mooca, a proposta do trabalho busca a reconversão do uso dos conjuntos tombados, transformando-os em espaços culturais e de lazer. O projeto se aproveita das características intrínsecas dos remanescentes industriais, através da sua versatilidade e seus amplos espaços modulares, propondo dois novos edifícios para configurar um complexo cultural e gastronômico no bairro da Mooca.
abstract
The Final Graduation Work presented here analyzes the issue of the preservation of industrial heritage in the Mooca neighborhood, a proposal of the work in search of the reconversion of the use of the listed buildings, transforming them into cultural and leisure spaces. The project takes advantage of the intrinsic characteristics of the industrial remnants, through its versatility and its wide modular spaces, proposing two new buildings to configure a cultural and gastronomic complex in the Mooca district.
introdução
sumário
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i.
paisagem e memória
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ii.
cenário origens no café imigração evolução industrial segundo momento declínio
21 22 24 27 29 31
iii.
reflexão patrimônio industrial turismo gastronômico identidade cultural
33 35 37 41
iv.
leitura urbana localização mapas resolução de tombamento operação urbana fotografias
43 45 46 50 52 55
v.
estudos de caso sesc pompéia conjunto kkkk matadouro madrid
67 68 76 80
vi.
ensaio projetual diretrizes projetuais programa centro de capacitação gastronômica mercado galpão de exposição e eventos galpão de infraestrutura e apoio edifício ponte galpão cultural
87 88 94 103 109 121 129 135 147
considerações finais
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créditos iconográficos
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referências bibliográficas
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INTRODUÇÃO
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INTRODUÇÃO
[1] Acervo do Autor, Casa Vanorden, São Paulo, 2020.
introdução
A partir de 1970 com a forte descentralização da indústria para áreas afastadas da região central, gerou-se um conflito entre as atividades industriais e as dinâmicas urbanas da cidade, resultando em um conjunto de sítios industriais subutilizados no contexto urbano da Mooca. Durante a pesquisa, pude entender a relevância do patrimônio industrial para a cidade e para o bairro da Mooca, onde irei aprofundar minha pesquisa.
O recorte para o ensaio projetual localiza-se no bairro da Mooca, que obteve seu processo de urbanização atrelado com a implantação da companhia São Paulo Railway. A região se desenvolveu ao logo dessa importante ferrovia, onde durante todo este tempo de atividade industrial fortíssima acabou deixando ao tempo importantes conjuntos industriais em sua paisagem.
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Desde então, pouco se investiu em projetos destinados a conservação, restauro ou até mesmo a reconversão destes conjuntos industriais, no entanto atualmente, a população da Mooca reivindica o tombamento através dos órgãos de preservação tanto municipal quanto estadual, a fim de manter viva a memória e a identidade do bairro. Os capítulos a seguir contam um pouco desta pesquisa durante este último ano da faculdade. No capítulo 1, ‘’Paisagem e Memória’’ começo justificando a minha proposta. No capítulo 2, ‘’Cenário’’ faço a contextualização histórica do bairro da Mooca. No capítulo 3, ‘’Reflexão” exponho os três conceitos que fundamentam o meu ensaio projetual. No capítulo 4, ‘’Leitura Urbana” é apresentado o recorte da área de intervenção, as legislações pertinentes e os estudos de caso que influenciaram o desenvolvimento da proposta. E para concluir no capítulo 5 ‘’Ensaio”, apresento a minha proposta projetual quanto a desenho de projeto de arquitetura.
INTRODUÇÃO
Durante a faculdade transitamos em diferentes áreas de estudo da arquitetura. Ao longo desse período, me surgiu uma inquietação quanto a temática do patrimônio industrial e procurei compreender sua relevância no contexto das cidades. Quando caminhamos pelas ruas da cidade de São Paulo, podemos observar uma cidade que sofreu mudanças significativas nas relações do seu espaço urbano. No final do século XIX, a implementação de ferrovias margeando as várzeas dos principais rios - Tietê, Pinheiro e Tamanduateí configurou uma nova paisagem para a cidade. Com essa infraestrutura ferroviária, não demorou para começar a surgir as primeiras fábricas no município da Mooca. Neste primeiro momento, se localizavam ao longo da malha ferroviária, devido a sua topografia regular, terrenos baratos e facilidade de transporte. Logo, este processo consolidou os bairros industriais como Mooca, Brás, Belém, Pari e Ipiranga.
i.
paisagem e memória
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[2] Chico Saragiotto, Fragmentos Paulistano, São Paulo, Sem data.
i.
paisagem e memória A Mooca durante muito tempo se configurou como um bairro industrial, ainda hoje a região ainda está carregada de diversos símbolos desse tempo em sua paisagem. Entretanto, no decorrer dos anos, seu desenvolvimento foi lastreado por uma ascensão vertical que ignorou seus impactos, visto que um fator de extrema importância em relação ao processo de verticalização não diz respeito a questões econômicas ou ambientais, mas sim ao processo de esquecimento e abandono da identidade do bairro.
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Atualmente, a paisagem do bairro ostenta a degradação de seus patrimônios industriais e algumas tentativas de preservação, isto é, o bairro pode ser considerado um local que vem perdendo sua memória e conexões afetivas entre os moradores com o passar das décadas. A permanência dessas estruturas industriais no tecido urbano atual do bairro permite uma compreensão de sua representatividade na cidade, vale ressaltar que estes espaços sem funcionalidades não precisam ceder necessariamente ao progresso vertical.
paisagem memória
O processo de descentralização industrial por volta de 1970, ocasionou em um abandono dos sítios indústrias na cidade de São Paulo, as empresas migraram para o interior devido ao aumento dos custos produtivos na capital paulista e pela pressão urbana devido a necessidade por infraestrutura e ocupação por outros usos. No entanto, com a interiorização industrial, surge uma problemática: o que fazer com estas grandes áreas ociosas que ocupam a cidade? Em contrapartida, o mercado imobiliário enxerga estas áreas como grandes tesouros, devido a sua proximidade a regiões centrais, por conta dos eixos de transporte e seu forte dinamismo econômico. As construtoras buscam aproveitar ao máximo do potencial construtivo destes terrenos, transformando a paisagem urbana da região muitas vezes de forma agressiva, sem se preocupar com a memória e identidade da região.
i. Rodrigues (2018) ressalva que a sociedade contemporânea, assim como suas antecessoras, construiu um presente segundo a afirmação ou a negação do passado. Entende-se que a identidade existente entre população e patrimônio são bases para o seu reconhecimento, a sua conservação e a sua preservação.
paisagem e memória
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A questão patrimonial e cultural se encontra, na atualidade, em um lugar de destaque, pois os homens são feitos de memórias e histórias. Se estas não puderem ser preservadas e perpetuadas, haverá um momento em que o passado será algo distante e não identitário e o indivíduo não se verá pertencente àquele lugar que habita. (RODRIGUES, 2018).
Assim como São Paulo, outras regiões do mundo também tiveram suas indústrias emigrando para outras áreas da cidade, observou-se a necessidade de repensar estes espaços urbanos. As cidades europeias tornaram-se referências por possuírem grande quantidade de vazios industriais, visto que são diversas as possibilidades de reconversão destes espaços, geralmente em museus, bibliotecas e espaço de lazer. No entanto, as multifacetas do patrimônio devem ser exploradas de forma que se insiram na economia atual e no cotidiano das pessoas, transformando-se em elementos de uso social e coletivo como escolas, restaurantes e mercados. Nesse contexto, o trabalho busca explorar a potencialidade dessas regiões degradas a partir da proposta de um complexo cultura e gastronômico que busca reabilitar a reutilização dessas áreas, valorizando a importância de se trabalhar com as pré-existências. Entende-se que a permanência desse vasto patrimônio urbano se configura como um acervo histórico para o bairro, por isto o projeto busca uma ocupação diferenciada que dialoga com o patrimônio existente de forma harmônica e integra as características peculiares do bairro com uma condicionante primordial para o partido.
[3] Acervo do Autor, Casa Vanorden, São Paulo, 2020.
paisagem memória
i.
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ii.
cenário
ii.
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cenário
[4] Marc Ferrez, Escravos na colheita do café, Rio de Janeiro, 1882
ii.
origens no café O desenvolvimento da atividade industrial em São Paulo está totalmente atrelado ao êxito do cultivo do café no território paulista. Por volta de 1850, ocorreu um surto do cultivo do café, decorrente de um aumento no mercado estrangeiro em busca desta mercadoria.
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A partir da inauguração da ferrovia São Paulo Railway em 1867, atrelada ao forte desenvolvimento do café, a cidade de São Paulo sofreu uma grande transformação em sua configuração espacial. A construção da ferrovia foi de extrema importância, justamente por realizar todo o escoamento da produção de café até o porto de Santos, que futuramente seria conhecida como Estrada de Ferro Santos Jundiaí. A implantação do transporte ferroviário facilitou o acesso as áreas distantes dos arredores paulistas, criando uma relação de uso com a cidade.
cenário
Nesse período, surgem as primeiras industriais, o que levou a burguesia industrial a encontrar terras secas próximas a várzea do Rio Tamanduateí, onde era possível encontrar terrenos com preços atrativos e com grandes parcelamentos de solo devido às antigas chácaras e fazenda. Diante deste cenário, se iniciou-se a formação de grandes bairros industriais da cidade de São Paulo: Mooca, Brás e Cambuci.
ii.
imigração
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Com o fim da escravidão no Brasil em 1888, houve uma vinda massiva de imigrantes europeus para São Paulo, o que fez com que o bairro sofresse diversas alterações urbanas em grande velocidade. Em 1888, inaugurou-se a Hospedaria de Imigrantes, o qual foi o primeiro destino de muitos imigrantes que vinham para São Paulo em busca de melhores condições de vida. Sua localização era privilegiada, instalada no limite entre o bairro da Mooca e Brás, paralela à linha férrea e próxima do centro da cidade. A escolha do Bairro do Brás para a sua construção foi estratégica. Ali se dava o cruzamento dos trilhos das duas ferrovias que serviam a cidade de São Paulo: a antiga Central do Brasil, vinda do Rio de Janeiro e a São Paulo Railway, que vinha de Santos, cidades em cujos portos desembarcavam as levas de imigrantes. (PAIVA, Odair da Cruz; MOURA, Soraya, 2008, p.22).
A grande massa de pessoas vindas da Europa para trabalhar representou um forte aumento na formação do mercado de trabalho e a predominância era de operários imigrantes. Todo esse crescimento fez com que a cidade se transformasse cada vez mais e novas indústrias fossem surgindo.
cenário
Com a chegada de novos imigrantes e indústrias de diversos portes, o processo de abertura de novas ruas foi aumentando e desmembrando as últimas chácaras presentes na região. Neste momento, surgiu um ramal da São Paulo Railway em direção ao Hipódromo, saindo da Hospedaria dos Imigrantes e segue pela Rua dos Trilhos, cuja rua recebeu este nome pelos trilhos que haviam sido colocados no chão.
[5] Acervo do Museu da Imigração, C
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cenário
Chegada de Imigrantes via estação ferroviária, São Paulo, Sem data.
ii.
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[6] Autor desconhecido, Cotoníficio Rodolfo Crespi, São Paulo, 1935.
cenário
[7] Autor desconhecido, Trabalhadores paralisados na greve geral, São Paulo, 1917.
ii.
evolução industrial
Entretanto, a vocação industrial era mais forte e não demorou para que deixasse de ser visto como um bairro de entretenimento pela elite paulistana e passou a ser considerado um bairro fabril e de operários. As indústrias não paravam de crescer e configurar a paisagem urbana do bairro e em 1897, é inaugurada na Mooca um dos principais estabelecimentos fabris da época a Fábrica de Tecidos de Regoli Crespi. No início da República, São Paulo continha alguns estabelecimentos industriais de porte significativo: duas fábricas de tecidos de algodão, uma de fósforo, duas de chapéu, quatros serrarias, duas manufaturas de ferro, dezenas de olarias, uma empresa de material de construção, pequenas fábricas de móveis e uma cervejaria. (SAES, 2004, p. 218.)
A maior concentração de edificações no bairro da Mooca se dava por casas operárias e indústrias, localizadas paralelas à via férrea pois já facilitava o recebimento e saída dos produtos e maquinários. Com isso, o acesso principal das fábricas acontecia por ruas paralelas como a Atual Avenida Presidente Wilson (antiga Alameda Bavária) e a rua Borges de Figueiredo (antiga rua Taubaté).
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Em 1917 o bairro da Mooca ganhou um significado histórico não somente para a cidade de São Paulo, mas para a história de luta de classes no Brasil. A Fábrica de Tecido de Regoli Crespi mais conhecida como Cotonifício Crespi veio a ser o palco da greve geral de 1917, que teve papel importante para o desenvolvimento da luta dos trabalhadores. Contudo, nem a greve foi capaz de interromper o desenvolvimento industrial do bairro, o que repercutiu em um intenso impulso ocasionando a ampliação do parque industrial da Mooca.
cenário
Este crescimento industrial fez com que o bairro da Mooca evoluísse sua área urbana e em 1876 foi inaugurado por Rafael Aguiar Paes de Barro o Hipódromo da Mooca. A partir de sua inauguração, o Hipódromo teve um papel importante na transformação da região da Mooca em um centro de lazer, ou seja, um polo de entretenimento para a cidade.
ii.
segundo momento
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O segundo momento do desenvolvimento urbano da Mooca acontece a partir da década de 1920, nesse momento surge uma grande companhia imobiliária, a Companhia City, que deu origem a novos bairros: Alto da Mooca, Parque da Mooca, ou Chácara da Mooca e parte que hoje é a Vila Prudente. Entre os anos de 1938, a cidade passou a ser administrada pelo prefeito Prestes Maia e em sua gestão alargou avenidas importantes na cidade, bem como a implantação da Avenida Alcântara Machado - Radial Leste, com o intuito de ligar o centro às periferias a Leste. Em sua fase de construção, houve intensas desapropriações que causaram um impacto negativo para a região da Mooca.
cenário
Com o surgimento de novas rodovias, grandes indústrias passaram a deixar o bairro e começam a buscar terrenos margeados as grandes rodovias como Dutra e Anchieta. Este movimento aconteceu pelo impulsionamento da política rodoviarista e influências da indústria automobilística, enfraquecendo o sistema de transporte ferroviário.
ii.
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cenário
[8] Acervo do Estadão, Trabalhadores demolindo imóvel para implementação de uma nova avenida, São Paulo, 1957.
ii.
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cenário
[9] Acervo do Autor, Chámine da antiga fábrica de Açúcar União, São Paulo, 2020.
ii.
DECLÍNIO
Portanto, a região começou a perder sua característica e a vocação industrial, o que fez com que o mercado imobiliário começasse a olhar para estes lotes subutilizados, visando novas possibilidades de grandes investimentos, devido a sua localização privilegiada, infraestrutura e proximidade com o centro da cidade. Atualmente, o patrimônio urbano de origem industrial ainda existente no bairro e vem sofrendo fortes ameaças da especulação imobiliária, o que ocasiona em uma disputa de interesses entre a comunidade local que luta pelo restauro e preservação destas áreas a fim de preservar a identidade cultural da Mooca.
Vêm as imobiliárias e compram uma casa, depois outra, o quarteirão. Os vizinhos se reúnem, querem resistir: os edifícios altos esmagam sua moradia, roubam-lhes o sol, a luz, o horizonte. As quadras são arrasadas, os velhos acuados. Para onde vão? O paulistano tornou-se um migrante urbano, empurrado pela especulação imobiliária de um lugar para outro.” (BOSI, 2003, p.206).
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Lewis (1979) diz que toda alteração significativa na paisagem implica em recíproca alteração significativa na cultura. Ademais, a convergência de paisagens, isto é, locações diferentes com paisagens em aproximação, indica convergência de culturas. O que a verticalização, a partir do mencionado boom imobiliário faz, no sentido de identidade e valores, é massificar e generalizar a paisagem urbana.
cenário
Apesar da lenta desocupação fabril, por volta de 1970 a região do bairro da Mooca ainda mantinha suas grandes conquistas viárias, embora sem a economia aquecida gerada anteriormente pela indústria, a região acabou se tornando refém de uma estrutura urbana e sem recursos para mantê-la, o que contribuiu com o processo de degradação do bairro. Estas alterações no cenário urbano, econômico e social contribuiu para a ociosidade destes grandes estabelecimentos industriais.
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O trabalho aqui apresentado se fundamenta em três principais conceitos que determinam a diretriz da pesquisa. Os conceitos apresentando a seguir foram importantes para elucidação da proposta projetual. O conceito de patrimônio industrial busca ampliar o entendimento sobre este campo das temáticas patrimoniais. A partir do conceito de turismo gastronômico busca-se entender como a relação da gastronomia a espaços arquitetônicos, refletiu na formação de espaços culturais e de encontro no decorrer do tempo. E por fim o conceito de identidade cultural busca relacionar os conceitos anteriormente apresentado, e refletir no ambito do patrimônio cultural.
iii.
REFLEXÃO
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iii.
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reflexão
[10] Nelson Kon, Teatro Erotídes de Campos, Piracicaba, 2012.
iii.
PATRIMÔNIO INDUSTRIAL
Rosa (2011) afirma que o conceito de Patrimônio industrial se constrói a partir da ressignificação e reapropriação dos vestígios da produção industrial, onde eram vistos com pouca relevância e passaram a ser dotados de valor de ‘’patrimônio’’. Está mudança no olhar sobre os vestígios industriais emerge a partir do seu desaparecimento na Europa na segunda metade do século XX, onde a destruição da Segunda Guerra Mundial e a desindustrialização, fez o presente entender o seu valor, como lugares de memória, carregados de identidade para comunidades diversas. O patrimônio industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de tratamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação. (Carta de Nizhny Tagil, TICCIH, item 1, p. 2, 2003).
Kühl (2011) reforçar a ideia de que a industrialização teve papel fundamental no que respeito à arquitetura, por seu valor histórico, formal, memorial e simbólico. São Paulo conta com exemplares que deveriam ser protegidos e interessam pelo cuidado em sua composição, seus variados tipos arquitetônicos empregando novas técnicas e materiais construtivos
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A ideia sobre patrimônio de um modo geral vem se amplificando nas discussões, quando a temática entra no campo do patrimônio industrial podemos dizer que seu significado vai muito mais além do que apenas um antigo prédio abandonado onde funcionava alguma determinada fábrica. Mello (2011) ressalta que um aspecto pouco considerado do patrimônio industrial é que ele é um campo de investigação vivo, isso porque não se limita somente a conjunto arquitetônicos, ou sítios com objetos interessantes, neste sentido o patrimônio industrial permite o esclarecimento da transmissão de um saber técnico.
reflexão
A riqueza do patrimônio industrial está em sua diversidade de uso e escala, na possibilidade preservar e interpretar os lugares e as paisagens industriais, é uma garantia de reafirmar não apenas seu valor arquitetônico, mas valores culturais, simbólicos e sua representatividade na sociedade.
iii.
turismo gastroNômico
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As múltiplas possibilidades para ao se pensar alimentação fazem da gastronomia uma questão multidisciplinar, destacando-se as suas interrelações com o turismo. O conceito do turismo gastronômico surgiu a partir do cruzamento entre o turismo cultural e a gastronomia, com a ideia de buscar o conhecimento sobre novas culturas, saberes e sabores. A partir deste conceito, buscou-se entender como a relação da gastronomia a espaços arquitetônicos, refletiu na formação de espaços culturais e de encontro no decorrer do tempo.
reflexão
Para Gândara (2009, p; 185), a partir da relação da oferta gastronômica com o turismo ocorre a possibilidade de o visitante conhecer os pratos regionais e, estabelecer uma conexão com a história, a cultura e a comunidade local. Essa conexão contribui para compartilhar valores e costumes. O turismo gastronômico, ao considerar tanto a identidade cultural como atrativo turístico, quanto a perspectiva do consumo simbólico, aproveitar a oportunidade para desenvolver destinos e produtos capazes de valorizar suas características culturais. Desta forma, a alimentação atua como uma fonte de informações sobre um determinado grupo humano, sobre determinado momento histórico, e atua como reflexo dos fluxos migratórios de um determinado povo. Franco (2001), ressalta que notoriamente o homem consome símbolos e marcas ao se alimentar em determinados lugares, não se tratando apenas do hábito isolado de alimentar-se, mas sim o que está agregado a este cerimonial. Ao longo da história, sociedade e gastronomia possuem um estreito vínculo que se fundiu nos primórdios da sociedade e se perpetua até os dias atuais.
[11] Martin Heiberg, Distrito Meatpacking, Copenhague, Sem data.
reflexão
iii.
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iii.
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reflexão
[12] Fernando Guerra, Cantina Matadouro Madrid, Madrid, 2016.
iii.
Se em algum local as pessoas não gostam do seu meio dificilmente algum turista “forasteiro” também possa gostar, se um local arquitetonicamente é “resgatado” e “devolvido” a cidade, se ele passa a ser lindo para um arquiteto, se é valoroso para um empresário, se volta agradar o “nativo”, não seria diferente para um turista que de uma forma efêmera passe pelo local e vá registrar em sua mente de forma generalizada toda a cidade, ignorar estes detalhes é negar uma valorização revestida de muita simbologia e tradição cultural de um povo. (CADORNA, 2011)
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Em relação ao que foi colocado anteriormente sobre o turismo gastronômico, vale ressaltar a importância deste conceito atrelado aos centros urbanos e ao espaço público. Pintaudi (2006) ressalta que os centros urbanos também possuem atratividade turística através dos espaços públicos que se constituem em importante oferta turística e gastronômica, merecendo destaque os mercados. Estes espaços convergem tanto os residentes quanto ao turista, movidos pelos mais diferentes estímulos, e são justamente estes estímulos que terminam por caracterizar tais lugares como espaços de lazer, espaços sociais, permitindo a prática de atividades livres e propiciando o contato entre pessoas.
reflexão
Convertidos em espaços de lazer, estes empreendimentos terminam por propiciar o contato e o encontro entre pessoas de forma espontânea, possibilitando a vivência da sociabilidade em várias configurações, inclusive reforçando laços criado em outros espaços e que, por conta dos diferentes ritmos de vida das pessoas, muitas vezes não são alimentados no cotidiano (GIMENES, 2004).
iii.
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reflexão
[13] Tarsila do Amaral, Operários, Brasil, 1993.
iii.
IDENTIDADE CULTURAL
Para Pisa (2015) identidade cultural é um conjunto de entendimentos que um indivíduo possui, é o sentimento de pertencimento ao coletivo que o diferencia dos demais, a identidade é mutável e maleável se modifica de acordo com o convívio em sociedade, portanto é um processo que o indivíduo constrói sua origem, finalidade e peculiaridades. Segundo Castells (2008) essa construção se dá por meio de símbolos e assegura que, A construção de identidades vale-se da matéria-prima fornecida pela história, geografia, biologia, instituições produtivas e reprodutivas, pela memória coletiva e por fantasias pessoais, pelos aparatos de poder e revelações de cunho religioso. Porém, todos esses materiais são processados pelos indivíduos, grupos sociais e sociedades, que organizam seu significado em função de tendências sociais e projetos culturais enraizados em sua estrutura social, bem como em sua visão tempo/espaço. (PISA, 2015, apud CASTELLS, 2008, p. 23)
A importância da identidade para a sociedade serve como uma forma de reafirmar seus costumes, suas tradições, vivemos em uma era globalizada onde questões como preservação da memória e identidade são cada vez mais deixadas no contexto da cidade, apoiam-se em um ideal de avanço cada vez mais espetacularizado e menos rico em memória.
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Hall (2006) acredita que as questões da globalização na pós-modernidade seria o grande problema da fragmentação do conceito de identidade cultural, atualmente as informações são compartilhadas rapidamente e o indivíduo interage com múltiplas culturas de qualquer lugar. Entretanto ainda que o indivíduo seja bombardeado com esse hibridismo cultural, os locais de sociabilidade e de memória podem se tornar importantes para a manutenção dessa cultura, e assim manter sua identidade cultural. Quando relacionamos com a questão do patrimônio com a sua formação pode ser caracterizada pela preservação de elementos culturais materiais e imateriais importante para a coletividade. Com isso, acredita-se que os patrimônios culturais também são importantes para mostrar a construção de uma nação, consequentemente uma identidade cultural. Segundo Kraisch (2007) a relação entre a preservação do patrimônio e a sociedade, ‘’seria nada menos do que o reconhecimento e a valorização das identidades culturais’’. Discutir a relação entre patrimônio e arqueologia relacionando à preservação deste patrimônio em particular demonstra a necessidade que existe hoje na afirmação dos marcos referenciais e, por que não, identitários, de uma determinada sociedade. Para tanto, deve-se considerar as relações que memória e identidade estabelecem, de um ponto de vista representacional, de base semiótica, através da mediação da cultura material, que é o objeto de estudo da arqueologia. (KRAISCH, 2007, p.8)
reflexão
O conceito de identidade cultural emerge a partir da busca de tentar compreender a importância da identidade cultural e sua reflexão no patrimônio cultural, seja ele material ou imaterial como os conceitos de gastronomia e patrimônio industrial, que foram tratados anteriormente. Ao tratar do conceito de identidade Zygmunt Bauman em suas obras, afirma que é tratar de algo fluido, ou líquido. Em contrapartida o patrimônio cultural, se presta a fixar uma dada imagem de determinada comunidade, mesmo sabendo que nada permanece.
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A área escolhida para a proposta de intervenção se encontra na orla ferroviária da Mooca, onde encontram-se alguns remanescentes industriais do início do século XX. Atualmente os conjuntos industriais se encontram subutilizados e degradados, a região apresenta uma carência de áreas verdes, equipamentos culturais e espaços públicos.
No capitulo a seguir através de uma leitura urbana, será apresentado alguns mapas com o objetivo de entender a configuração da área de intervenção, além disso será apresantada um sequência fotográfica buscando auxiliar no entendimento do território em questão.
iv.
LEITURA URBANA
iv.
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leitura urbana
[14] Elaborado pelo Autor, recorte do Município de São Paulo, 2021.
Ajustando o foco para o entorno próximo da proposta projetual, é possivel identificar algumas singularidades no trecho em que o lote se situa. A rua Borges de Figueiredo é repleta de conjuntos industriais em toda a sua extensão, na qual o ato de caminhar gera um certo desconforto aos pedestres, devido aos muros altos e a baixa oferta de atrativos, transformando a rua em um grande estacionamento público. O seu entorno conta com alguns conjuntos industriais significativos, como o conjunto dos Grandes Moinhos Minetti Gamba e a Companhia Antarctica Paulista.
Atualmente, a região encontra-se em transformação, porém ainda caminha em passos lentos, visto a necessidade de transformação da área a proposta busca intervir no lote entre a rua Borges Figueiredo e a rua Monsenhor João Felipo, uma área de aproximadamente 19.000 m², porém analisando a necessidade do bairro e a falta de equipamentos públicos na região, a proposta se apropria do lote da Av. Presidente Wilson buscando amenizar as barreiras físicas imposta pela linha férrea que separa os lotes.
iv.
localização
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leitura urbana
[15] Google earth modificado pelo autor, Recorte da área de intervenção, 2021
iv.
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leitura urbana
[16] Elaborado pelo autor, Mapa de cheios e vazios, 2021.
Os cheios e vazios mostram a relação entre a diversos pontosparte do bairro e a parte industrial, fica claro a indentificação ao percebemos a quadras continuas sem interrupções.Além disso a área escolhida está margeada pela Rua Borges Figueireido uma via de mão única, o acesso ao terreno acontece através da rua da Mooca.
iv.
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Analisando o meio físico percebe-se que o terreno previsto para a proposta de intervenção é praticamente plano. Observando ao canto do mapa identificamos o corrego do Tamanduatei ao céu aberto, e conseguimos entender a aridez da região devido as pouquissimas áreas verdes existentes.
leitura urbana
[17] Elaborado pelo Autor, Mapa de meio físico, 2021.
iv.
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leitura urbana
[18] Elaborado pelo Autor, Mapa de Uso e Ocupação, 2021.
Os principais usos na região ainda estão condicionados a industria e entende-se o porque essa região hoje se encontra em processo de abandono, fruto do processo de descentralização industrial que resultou nesses edificios abandonados. Entende-se a importância da ressignificação dessas áreas visto que estão em pontos estratégicos e muito bem localizadas.
iv.
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De acordo com o Plano Diretor Estratégico, a área de intervenção de projeto está contida na Macroárea de Estruturação Metropolitana e de acordo com a Lei 16.402 de 22 de março de 2016, os lotes são divididos em zonas com características de ocupação distintas.Para os lotes em que o projeto será desenvolvido encontra-se sob uma ZEPEC (zonas especiais de preservação cultural).
De acordo com o recorte do mapa [7] de zoneamento, a área de intervenção escolhida se enquandra dentro de uma ZEPEC-BIR (Bens e imóveis representativos), portanto os paramêtros de ocupação dos lotes estarão de acordo com a Resolução de tombamento 14/2007 elaborada pelo Conpresp.
leitura urbana
[19] Elaborado pelo Autor, Mapa de Zoneamento, 2021.
iv.
RESOLUÇÃO DE TOMBAMENTO 14/2007
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O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP) considera a importância histórica da antiga linha ferroviária da São Paulo Railway, uma importante linha férrea que ligava Jundiai a Santos. Levando em consideração a importância dos remanescentes dessa produção industrial, sendo eles armazéns, fábricas, entre outros o CONPRESP resolve tombar na resolução 14/2007 o conjunto de edificações localizados no perímetro formado pela Rua Borges de Figueiredo, Rua Monsenhor João Felipo, Avenida Presidente Wilson e Viaduto São Carlos. Considerando os imóveis enquadrados como ZEPEC, o Conpresp define diretrizes especificas para cada imóvel, partindo da preservação dos caixilhos, tesouras, envasaduras, coberturas até a preservação integral do conjunto.
leitura urbana
A fim de preservar e não descaracterizar todo esse conjunto histórico o CONPRESP define o gabarito máximo permitido para as novas construções, reformas ou ampliações dentro dos limites dos lotes tombados que não exceda os 25m, e para o entorno imediato onde os lotes não podem ser remembrados, o gabarito não pode exceder os 30m de altura.
iv.
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leitura urbana
[20] Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), Mapa de Tombamento, 2007.
iv.
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leitura urbana
[21] Operação Consorciada Bairros do Tamanduateí modificado pelo autor, Propostas de Intervenção, 20.
[22] Operação Consorciada Bairros do Tamanduateí modificado pelo autor, Propostas de Intervenção, 20.
iv.
OPERAÇÃO URBANA
Além disso, a OUCBT propõe algumas diretrizes urbanísticas visando controlar a verticalização desenfreada, em favor da convivência com os galpões fabris e as casas operárias, por entender a necessidade de preservar estes testemunhos históricos que reafirmam a identidade do bairro. Dentre o programa de intervenção da operação urbana a proposta projetual se apoia em algumas diretrizes, como a criação do parque porto de areia margeando a linha férrea. Além disso a intervenção propõe a criação de novos edifícios, com o objetivo de compor uma recuperação dos conjuntos industriais tombados, evitando que sejam demolidos e que possam trazer vitalidade urbana para a região.
53
leitura urbana
A região está englobada pela Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí (OUCBT), lei nº 723/2015 setor Mooca, que contempla os bairros localizados ao longo do rio Tamanduateí sendo a Mooca um deles. Algumas estratégias da OUCBT se destinam a recuperação e reconversão do patrimônio ferroviário e industrial, com o foco voltado à economia criativa (cultura, gastronomia, patrimônio e artes, etc). As intervenções propostas pela operação urbana, combinam melhoria e ampliação dos espaços públicos, ofertam ao cenário árido das áreas industriais novas praças e parques alagáveis, cujo objetivo visa a redução das ilhas de calor da região e uma diminuição das áreas alagáveis.
leitura urbana
iv.
54
iv.
55
Todas as fotos a seguir são autorais e foram tiradas entre os anos de 2020 e 2021.
leitura urbana
Com o objetivo de auxilar o entendimento do território de estudo, a seguir será apresentado uma sequência fotográfica, as imagens buscam evidenciar as caracteristicas marcantes e a paisagem urbana da região.
iv.
leitura urbana
56
[23] Acervo do Autor, Galpões industriais na Mooca, São Paulo, 2021.
leitura urbana
iv.
57
iv.
leitura urbana
58
[24] Acervo do Autor, Companhia Antarctica Paulista, São Paulo, 2020.
iv.
59
[25] Acervo do Autor, Casa Vanorden, São Paulo, 2020.
leitura urbana
[21] Acervo do Autor, Armazem da Antiga São Paulo Railway, São Paulo, 2020.
iv.
leitura urbana
60
[26] Acervo do Autor, Armazém da Antiga São Paulo Railway, São Paulo, 2020.
iv.
[27] Acervo do Autor, Casa Vanorden, São Paulo, 2020.
leitura urbana
61
iv.
62
[28] Acervo do Autor, Galpão na rua Monsenhor João Felipo, São Paulo, 2020.
[29] Acervo do Autor, Vista da estação Juventus Mooca, São Paulo, 2020.
iv.
63
[30] Acervo do Autor, Casa Vanorden, São Paulo, 2021.
iv.
64
[31] Acervo do Autor, Estação Juventus Mooca, São Paulo, 2021.
iv.
65
[32] Acervo do Autor, Arredores da estação Juventus Mooca, São Paulo, 2021.
66
A escolha dos estudos de caso a seguir foram determinantes na elaboração do ensaio projetual final, os projetos a serem apresentados a buscam reafirmar a reflexão apresentada no Capítulo iii. Apesar de ambos os projetos terem ressignificado antigos conjuntos industriais e terem propostos a reconversão de usos, cada um apresenta particularidades. O projeto do Sesc Pompéia se assemelha com o conceito do patrimônio industrial, justamente por toda técnica empregada no projeto, entendendo que o patrimônio industrial é um campo de investigação vivo. O conjunto KKKK busca através da reconversão reafirmar a identidade cultural da cidade de Registro, o conjunto ressignificado guarda a história do município e a origem de sua população. Por fim o estudo de caso do Matadouro Madrid, propõem o conceito do turismo gastronômico justamente pelo projeto ressignificar um antigo matadouro e propor diversos espaços culturais, oferecendo uma oferta turística e gastronômica.
v.
estudos de caso
67
v.
68
[33] Pedro Kok modificado pelo autor, Sesc Pompéia, São Paulo, 2009.
v.
69
critérios para escolha do projeto
estrutural
patrimônio
programa
sesc pompéia
v.
70
estudos de caso
[34] Peter Sheier, Fábrica de tambores, São Paulo, 1979.
v.
sesc pompéia autores: Achillina Bo Bardi local: São Paulo, SP ano: 1986 área: 23.571 m²
Logo depois de readequarem os antigos galpões para os novos usos em 1986 foi inaugurado o edifício do bloco esportivo configurando o complexo do SESC Pompéia, diferente da arquitetura industrial ali presente, o novo edifico é construído todo em concreto aparente evidenciando de forma clara a relação do novo com o antigo, mas ainda sim relacionando as características industriais de acordo com os materiais utilizados. O projeto foi escolhido por conta de se tratar de uma reabilitação de uma antiga fábrica em desuso, onde foi mantido o cuidado em deixar todos os vestígios desse passado industrial evidente aos frequentadores, seja nas paredes de tijolos aparentes, nos telhados, nas estruturas, criando uma experiência enriquecedora e ressaltando a importância de se trabalhar com as pré-existências, cujo a proposta do trabalho de final de graduação se assemelha.
71
estudos de caso
O local onde o Sesc Pompeia funciona atualmente trata-se de um espaço de uma antiga fábrica de tambores construída por volta de 1938 pela empresa alemã Mauser & Cia Ltda, alguns anos depois em 1970 o terreno foi adquirido pelo SESC que convidou Lina Bo Bardi para o projeto. O conjunto é composto espacialmente por galpões semelhantes a projetos ingleses, possuindo paredes em alvenaria de tijolos aparentes com estrutura em ferro e concreto, além dos característicos sheds que permitem a iluminação zenital para dentro do edifício. Uma das características do projeto é a forte identidade através da memória industrial preservada pelas engenhosas soluções de restauro de Lina Bo Bardi.
v.
72
estudos de caso
[35] Inigo Bujedo Aguirre modificado pelo autor, Sesc Pompéia São Paulo, 2016. O deck surge como um gesto de reviver o córrego das águas pretas que ali passava e se encontra canalizado, ele cruza o bloco esportivo justamente por ser uma área não edificante e passa a se tornar um grande elemento de lazer que se articula com o projeto.
v.
73
[36] Pedro Kok modificado pelo autor, Sesc Pompéia, São Paulo, 2019.
estudos de caso
Os telhados são reformulados com estrutura metálica, na imagem destaca-se a solução de reforço na tesoura que sustenta o telhado cuja solução foi usar telhas de barro e vidro, possibilitando a entrada de luz natural.
v.
74
[37] Nelson Kon modificado pelo autor, Conjunto KKKK, Registro, 2001.
v.
75
critérios para escolha do projeto
estrutural
patrimônio
conjunto kkkk
v.
76
estudos de caso
[38] Nelson Kon modificado pelo autor, vista do Conjunto KKKK, Registro, 2001.
v.
CONJUNTO KKKK autores: Francisco Fanuci e Marcelo Ferraz local: Registro, SP ano: 1996 área: 3.311 m²
Com mais de 3.000 m² o conjunto mostra o estilo e a tecnologia inglesa do final da década de 1910 empregada em seus galpões, alvenarias de tijolos portantes na parte externa e estruturas de madeira e aço no interior. No projeto foi priorizado a adaptação do conjunto ao novo programa, preservando muitas das suas características originais.
Uma das intervenções mais importante foi a criação da marquise, onde foi pensada de forma que protegesse o acesso de pedestres e a carga e descarga de mercadorias. A marquise foi construída na forma de uma laje de concreto, com uma singela soltura da parede, de forma que não prejudicasse a leitura total das fachadas. Além disso ela acompanha os quatros galpões do conjunto e unifica ao prédio do memorial, evidenciando de forma clara os seus acessos.
77
O projeto foi escolhido como estudo de caso pela sua identificação com a proposta projetual, ao tratar da preservação do conjunto dos galpões industriais, buscando entender as diretrizes aplicadas no projeto de restauro. Destaca-se a preocupação dos autores em resgatar a memória do conjunto sem perder sua identidade, tudo que é contemporâneo foi claramente evidenciado, facilitando a leitura entre o novo e o antigo.
estudos de caso
O conjunto da Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha (KKKK, a Companhia Ultramarina de Desenvolvimento), é formado por quatro galpões fabris e um volume de três pavimentos, surge na forma de um entreposto fluvial e se consolida como principal centro organizador da colonização japonesa no Vale do Ribeira até o final dos anos 1930.
v.
78
[39] Nelson Kon modificado pelo autor, Conjunto KKKK, Registro, 2001.
estudos de caso
Os elementos que foram adicionados ao projeto permitem uma fácil leitura, a proposta era destacar a relação entre o novo e o existente como a torre de elevador e o módulo que abriga o gás de cozinha.
[40] Nelson Kon modificado pelo autor, Conjunto KKKK, Registro, 2001. A caixa branca configura o volume do teatro, o palco reversível permite a possibilidade de espetáculos ao ar livre. Vale ressalttar que a cor do volume traz uma neutralidade para o projeto e não compete com os galpões existentes.
v.
[41] Nelson Kon modificado pelo autor, Conjunto KKKK, Registro, 2001. A marquise surge como um elemento que conecta o galpões com o objetivo de proteger o acesso de pedestres, a mesma é construida em concreto com uma leve soltura da parede permitindo a leitura total das fachadas.
estudos de caso
79
v.
80
[42] Flickr Matadouro Madrid modificado pelo autor, Vista da Nave 16, Madrid, 2017.
v.
81
critérios para escolha do projeto
estrutural
patrimônio
matadouro madrid
v.
82
estudos de caso
[43] Acervo Memorial de Madrid modificado pelo autor, Matadouro Municipal em construção, Madrid, 1916.
v.
matadouro madrid autores: Luis Bellido y González local: Legazpi, Madrid ano: 1928 área: 165.415 m²
Durante anos o matadouro foi responsável pela intensa atividade comercial, entretanto na década de 1970, as instalações passaram a ficar desatualizadas e obsoletas incapazes de atender toda a crescente população da cidade. Seus galpões caíram em desuso de forma gradativa, até que em 1996 a área destinada ao matadouro municipal foi definitivamente fechada.
As propostas de intervenções se iniciaram em 2005, com a premissa principal da preservação do conjunto, e a reconversão do antigo matadouro e um novo espaço de cultura. Desde então o complexo do antigo matadouro se torna um campo de experimentação arquitetônica, onde as intervenções buscaram manter fielmente os vestígios do passado, reforçando o caráter experimental das pessoas que vão ocupar estes espaços. A escolha do projeto como estudo de caso teve como ponto inicial a sua relevância histórica, onde a reconversão do seu uso com a dinâmica atual da cidade foi importante para manter a memória do antigo matadouro. Além disso o complexo possui uma sua diversidade programática, contando com espaços de artes cênicas, cinema, música, gastronomia, literatura, design, moda que atuam com as instituições e festivais tornando o antigo matadouro um espaço de referência cultural em Madrid.
83
estudos de caso
O projeto original do Matadouro, tratase de um mercado de gado sua construção teve início em 1908 e durou até 1928, incorporando um conjunto de 48 edifícios de estilo neomudéjar projetado por Luis Bellido. O conjunto de edifícios configurava quase uma cidade industrial, ao longo de seus 165.415m², dedicado ao desempenho de funções de matadouro industrial e mercado de gado na cidade de Madrid.
v.
84
[44] Flickr Matadouro Madrid modificado pelo autor, Vista da Nave 16, Madrid, 2017.
estudos de caso
A grande praça se configura como um espaço de encontro e atividades ao ar livre, a principal missão do projeto é promover atraves do encontro a criação artistica contemporânea.
v.
85
[45] Flickr Matadouro Madrid modificado pelo autor, Vista da Nave 16, Madrid, 2017.
[46] Flickr Matadouro Madrid modificado pelo autor, Vista da Nave 16, Madrid, 2017.
estudos de caso
As intervenções buscaram manter todas as caracteristicas do passado reforçando o caráter experimental das novas construções.
86
O ensaio projetual apresentado a seguir propõe um complexo cultural e gastronômico no bairro da Mooca. O complexo cultural e gastronômico é composto por seis edifícios, sendo dois deles projetos de edificação novos e o restante trata-se de um restauro do patrimônio industrial existente. Nos conjuntos industriais foi proposto a restauração e reconversão dos usos como um centro de capacitação gastronômica, um galpão de exposição e eventos contando com um auditório, um setor de infraestrutura e apoio do complexo, além de um galpão cultural que servirá de apoio ao futuro Parque Porto de Areia. Os dois novos edifícios contemplaram um mercado e um edifício ponte responsável por realizar a transposição da ferrovia que separa os dois lotes de intervenção. O foco do ensaio do projetual foi desenvolver de forma mais aprofundada os dois novos edifícios e trazer diretrizes projetuais para as pré-existências.
vi.
ensaio projetual
87
vi.
ensaio projetual
88
1. situação atual
Analisando a potencialidade da área de intervenção, a proposta projetual se apropria de duas quadras paralelas a ferrovia, no começando na Rua Borges de Figueiredo, fazendo a transposição da ferrovia até a Av. Presidente Wilson.
vi.
diretrizes projetuais
A partir da escolha da área de intervenção, buscou-se preservar todos os conjuntos industriais tombados do lote, analisando as possibilidades de intervenção e relevância histórica para a cidade. Em contrapartida, os conjuntos que se encontravam descaracterizados foram demolidos e deram espaços para dois novos edifícios.
89
ensaio projetual
2. lotes a demolir
vi.
ensaio projetual
90
3. permeabilidade de quadra
A partir da demolição dos lotes que não eram tombados, obteve-se uma extensa área para intervenção, analisando a rua Borges de Figueiredo percebe-se que devido aos grandes conjuntos industriais ali presente a quadra não possui uma permeabilidade, as fachadas são contínuas e atuam como uma barreira. Portanto a proposta projetual busca criar uma permeabilidade de quadra, trazendo o pedestre para dentro do projeto.
vi.
4. edifícios propostos
91
ensaio projetual
Dentre os edifícios propostos, um deles é um mercado e o outro um edifício ponte, o qual é responsável pela transposição da ferrovia. Ambos foram pensados de forma a compor a volumetria marcante dos conjuntos industriais, buscando não ofuscar o seu protagonismo.
vi.
ensaio projetual
92
5. marquise como conexão
A proposta da marquise surge da ideia de conectar os dois novos edifícios com o conjunto tombado já existente, seu desenho permite a proteção do pedestre além da possibilidade de se caminhar na parte superior desta laje. O acesso para parte superior acontece através de núcleos de circulação vertical dispostos no térreo, permitindo que o pedestre ao caminhar possa criar novas percepções visuais do conjunto proposto.
vi.
93
0
20
40
80
ensaio projetual
implantação de cobertura
ensaio projetual
vi.
94
vi.
programa Mercado
Galpão de exposição e eventos
(térreo)
1550m²
1288m²
(espaço de exposição e eventos)
(público)
380m²
(auditório + foyer)
548m²
95
(box de comércios)
210m²
(logistica/serviços)
Galpão de infraestrutura e apoio 470m²
(1º pavimento)
(administração do complexo)
900m²
470m²
(público)
(privado)
467m²
(administrativo)
300m²
Edifício ponte
(box de comércios)
1350m²
(2º pavimento)
(transposição/espaço expositivo)
975m²
(público)
467m²
Galpão Cultural
(administrativo)
225m²
(box de comércios)
Centro de capacitação gastronômica
3130m² (público)
1070m² (público)
234m²
(administrativo)
ensaio projetual
610m²
(educacional)
vi.
5 3 96
4
ensaio projetual
RUA BORGES DE FIGUE
implantação do térreo (acesso rua borges de figueiredo) 1. Centro de capacitação gastronômica (Casa Vanorden) 2. Mercado público 2.1. Carga e descarga 3. Galpão de exposição e eventos 4. Galpão de infraestrutura e apoio 5. Núcleo de circulação vertical
0
10
20
40
ensaio projetual
RUA MONSENHOR JOÃO FELIPO
vi.
2.1
2 97
5
1
EIREDO
vi.
98
5
ensaio projetual
implantação do térreo (acesso av. presidente wilson) 1. 2. 3. 4. 5.
Núcleo de circulação (Edifício Ponte) Galpão Cultural Lote da Companhia Antárctica Paulista Acesso pela Av. Presidente Wilson Parque Porto de Areia
vi. 4
99
2 3
0
10
20
40
ensaio projetual
1
vi.
100
ensaio projetual
corte transversal AA
corte transversal BB
A
vi.
B
A
B
101
0
2
2
4
4
10
0
2
4
10
10
ensaio projetual
0
ensaio projetual
vi.
102
vi.
centro de capacitação gastronômica
103
O mercado se localiza no final da rua Monsenhor João Felipo, que faz esquina com a rua Borges de Figueiredo, a implantação do novo edifício configura-se em um único volume composto por 3 pavimentos. O térreo do mercado possuí um desnível em relação ao passeio principal, o seu desenho de um polígono irregular de concreto, configura aberturas em pontos estratégicos que emolduram visuais para dentro do projeto. Já no primeiro e no segundo pavimento, a planta apresenta um desenho retangular.
Quanto a distribuição dos usos, foi pensado em uma forma em que o edifício fosse inteiramente público, desde o térreo até o segundo pavimento, levando isto em consideração, o bloco administrativo que possui um acesso mais controlado se conecta com o mercado através de passarelas, liberando uma área pública maior para o mercado. O pavimento térreo foi proposto como uma extensão do percurso principal, entendendo a necessidade de permeabilidade e continuação do espaço público, o térreo abriga os boxes de produtos locais, bebidas e artesanato. O primeiro andar contempla mais alguns boxes de produtos, já no segundo pavimento o uso se modifica para dar espaço aos boxes de restaurantes, bares e cafeterias. A circulação interna do edifício acontece por meio de escadas rolantes, ou através do núcleo de elevadores.
ensaio projetual
Dentre os edifícios de caráter público que compõem a cidade, os mercados são partes vivas da história e da cultura, seu potencial democrático e sociabilidade permite a troca em diferentes sentidos da palavra, as formas de interação indispensáveis à vida social e a vitalidade das cidades. Levando em consideração a importância da ressignificação de usos atrelados aos conjuntos industriais, o mercado público surge como proposta de um equipamento que condiz com à realidade contemporânea da região da Mooca.
ensaio projetual
vi.
104
vi.
5
10
20
0
5
10
20
ensaio projetual
105 0
vi.
ensaio projetual
106
Perspectiva interna do centro de capacitação gastronômica
ensaio projetual
vi.
107
ensaio projetual
vi.
108
vi.
mercado
109
O mercado se localiza no final da rua Monsenhor João Felipo, que faz esquina com a rua Borges de Figueiredo, a implantação do novo edifício configurase em um único volume composto por 3 pavimentos. O térreo do mercado possuí um desnível em relação ao passeio principal, o seu desenho de um polígono irregular de concreto, configura aberturas em pontos estratégicos que emolduram visuais para dentro do projeto. Já no primeiro e no segundo pavimento, a planta apresenta um desenho retangular.
ensaio projetual
Dentre os edifícios de caráter público que compõem a cidade, os mercados são partes vivas da história e da cultura, seu potencial democrático e sociabilidade permite a troca em diferentes sentidos da palavra, as formas de interação indispensáveis à vida social e a vitalidade das cidades. Levando em consideração a importância da ressignificação de usos atrelados aos conjuntos industriais, o mercado público surge como proposta de um equipamento que condiz com à realidade contemporânea da região da Mooca.
vi.
110
Quanto a distribuição dos usos, foi pensado em uma forma em que o edifício fosse inteiramente público, desde o térreo até o segundo pavimento, levando isto em consideração, o bloco administrativo que possui um acesso mais controlado se conecta com o mercado através de passarelas, liberando uma área pública maior para o mercado. O pavimento térreo foi proposto como uma extensão do percurso principal, entendendo a necessidade de permeabilidade e continuação do espaço público, o térreo abriga os boxes de produtos locais, bebidas e artesanato.
ensaio projetual
O primeiro andar contempla mais alguns boxes de produtos, já no segundo pavimento o uso se modifica para dar espaço aos boxes de restaurantes, bares e cafeterias. A circulação interna do edifício acontece por meio de escadas rolantes, ou através do núcleo de elevadores.
vi.
7
8
9
7
6
8
9
9
6
5
9
2
1.2 1.2
1
1.2 1.2
1.2 1.2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
planta do térreo 732,00
0
0
5
5
10
10
4. depósito 4. 5. depósito elevador de carga 5. 6. elevador de (público) carga sanitários 6. 7. sanitários (público) sanitários (funcionários) 7. sanitários (funcionários) 20
4
3
3
9
1.2 1.2
1. produtos locais 1. 1.2. produtos locais produtos diversos 1.2. 2. produtos açougue diversos 2. 3. açougue recebimento de mercadorias 3. recebimento de mercadorias
4
5
6
8. vestiários funcionários 8. 9. vestiários peixariafuncionários 9. peixaria
1
1
2
9
2
1
2
111
1.2
1.2
1
1.2
1.2
1
1
1. produtos locais 1.2. produtos diversos 2. açougue 3. recebimento de mercadorias 0
5
10
4. depósito 5. elevador de carga 6. sanitários (público) 7. sanitários (funcionários) 20
20
ensaio projetual
7
8
vi.
8 3.2 5
6
7
3.1
4
7
8 3.2 7
112
5
6
1.3
1.3
1.3
1.3
1.3
1.3
1.3
1.3
1.3
1.3 1.2 1.2
1. box de bebidas 3. sala adm. compras 1.2. box produtos diversos 3.1. sala adm. financeiro 1.3. box produtos locais 3.2. sala adm. secretaria pavimento 2. sala de reunião 737,00 4. elevador de carga
1. box de bebidas 0 1.2. box produtos diversos 1.3. box produtos locais 2. sala de reunião
ensaio projetual
5
3
1.2 1.2 1
1
1
1
1
1
1.3
1
1
1.3
1.3
1.
1.3
1.3
ACESSO PELA MARQUISE
ACESSO PELA MARQUISE
planta do 1 º
0
2
6
2
ACESSO PELA MARQUISE
1.3
3.1
4
1.3
8
3
5
10
3. 5sala adm. 10 compras 3.1. sala adm. financeiro 3.2. sala adm. secretaria 4. elevador de carga 20
5. 20
5. sanitários (público) 6. sanitários (funcionários) 7. copa 8. almoxarifado
sanitários (público) 6. sanitários (funcionários) 7. copa 8. almoxarifado
1. box de bebidas 1.2. box produtos diversos 1.3. box produtos locais 2. sala de reunião 0
5
10
3. sala adm. compras 3.1. sala adm. financeiro 3.2. sala adm. secretaria 4. elevador de carga 20
5. sa 6. sa 7. co 8. alm
vi.
8 8 8 4
5
7 7
6
4
5
3
5
7
3
6
2 2
6
113
1 1 1 1.2
1.2 1.3
1.3
1.2 1.2 1.3 1.3
planta do 2 º pavimento 743
1. cafeteria 3. depósito de apoio (restaurante) 7. d.m.l 4. apoio elevador de carga 8. almoxarifado 1. cafeteria 1.2. restaurante 3. depósito de (restaurante) 7. d.m.l 1.3. bar 5. sanitários (público) 1.2. restaurante 4. elevador de carga 8. almoxarifado 2. auditório sanitários (funcionários) 1.3. bar 5. sanitários 6. (público) 2. auditório 6. sanitários (funcionários) 5
5
10
10
0
5
3. depósito de apoio (restaurante) 4. elevador de carga 5. sanitários (público) 6. sanitários (funcionários) 10
7. d.m.l 8. almoxa
20
20
20
ensaio projetual
0
0
1. cafeteria 1.2. restaurante 1.3. bar 2. auditório
vi.
ensaio projetual
114
Perspectiva interna do Mercado (pavimento do restaurante)
ensaio projetual
vi.
115
vi.
TELHA METÁLICA
CAPTAÇÃO DE ÁGUA BRISE EM CHAPA PERFURADA
BANDEIRA PIVOTANTE
116
CAIXILHO DESLIZANTE
PASSADIÇO METÁLICO LAJE EM CONCRETO
ensaio projetual
FORRO COLMEIA METÁLICO
0
1
2
5
Detalhe de fachada ampliado (edifício do mercado)
vi.
Nestas condições, o sistema construtivo projetado para o mercado prevê o uso de estrutura mista. O volume do mercado é proposto em estrutura metálica, devido a necessidade de possuir grandes vãos, no térreo, quatro pilares de concreto fazem a sustentação dessa estrutura. Já o edifício que abriga as áreas administrativas e o núcleo rígido é proposto inteiramente em concreto armado e se anexa ao mercado através de passarelas. Na cobertura, o edifício do mercado reproduz os sheds industriais característicos do galpão existente que foi restaurado e engloba o complexo.
Quanto a materialidade, foi pensado nos fechamentos inteiramente de chapa metálica perfurada, que através de uma padronização geométrica dos furos permite uma transparência entre o interno e o externo . As chapas perfuradas foram propostas na cor branca justamente por trazer uma neutralidade para o volume sem competir com o protagonismo dos galpões industriais, além de garantir uma eficiência térmica ao refletir o máximo de incidência de radiação e consequentemente, da transmissão de calor para o interior do edifício
ensaio projetual
117
vi.
ensaio projetual
118
Perspectiva interna do Mercado (pavimento térreo)
ensaio projetual
vi.
119
ensaio projetual
vi.
120
vi.
exposição e eventos
121
A intervenção proposta neste galpão é de abrir algumas portas em uma das empenas, onde foi proposto uma claraboia plana confeccionada em perfil de aço e vidro que se conecta com o térreo do mercado, permitindo uma maior fluidez e conexão com o espaço de exposição e auditório.
ensaio projetual
A proposta do galpão de exposição e eventos surge a partir da tipologia térrea do antigo prédio fabril do Conjunto Grandes Moinhos Minetti Gamba voltado para a ferrovia. Na distribuição de usos, a maior parte do galpão irá atuar como uma grande área de exposição e eventos, devido a sua modulação estrutural permite-se uma flexibilidade de espaços expositivos. Em um do módulo foi proposto um auditório para atender debates, palestras e eventos.
vi.
ensaio projetual
122
Perspectiva da conexão entre o mercado e o galpão de exposição e eventos.
ensaio projetual
vi.
123
vi.
5
6
4
124
3
2
ensaio projetual
1. espaço expositivo 2. foyer 3. sala de projeção 4. auditório
5. camarim 6. sanitários
1
0 5 10
ensaio projetual
vi.
125
20
vi.
ensaio projetual
126
Perspectiva interna do galpão de exposição e eventos.
ensaio projetual
vi.
127
ensaio projetual
vi.
128
vi.
infraestrutura e apoio
129
Durante anos o matadouro foi responsável pela intensa atividade comercial, entretanto na década de 1970, as instalações passaram a ficar desatualizadas e obsoletas incapazes de atender toda a crescente população da cidade. Seus galpões caíram em desuso de forma gradativa, até que em 1996 a área destinada ao matadouro municipal foi definitivamente fechada.
ensaio projetual
O projeto original do Matadouro, trata-se de um mercado de gado sua construção teve início em 1908 e durou até 1928, incorporando um conjunto de 48 edifícios de estilo neomudéjar projetado por Luis Bellido. O conjunto de edifícios configurava quase uma cidade industrial, ao longo de seus 165.415m², dedicado ao desempenho de funções de matadouro industrial e mercado de gado na cidade de Madrid.
vi.
4
3
5
1
2
130
1. descompressão 2. administrativo 3. sala de reunião 4. sanitários 5. almoxarifado
0
5
10
4
20
5 3
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1
ensaio projetual
2
1. refeitório 2. descompressão 3. depósito 4. vestiários 5. wc
0
5
10
20
1. descompressão 2. administrativo 3. sala de reunião 4. sanitários 5. almoxarifado
0
5
10
4
20
vi.
5 3
4
1 131
2
0
5
10
20
ensaio projetual
1. refeitório 2. descompressão 3. depósito 4. vestiários 5. wc
vi.
ensaio projetual
132
Perspectiva interna do galpão de infraestrutura e apoio do complexo
ensaio projetual
vi.
133
ensaio projetual
vi.
134
vi.
edifício ponte
O edifício ponte surge de uma necessidade de transposição da ferrovia, onde a (OUCBT) propõe a criação de edifícios passarelas com o intuito de realizar a transposição da ferrovia, visto que a estação Juventus Mooca será substituída pela estação Parque da Mooca que ficará aproximadamente a um quilometro de distância da área de intervenção.
Quanto a distribuição de usos, o edifício ponte foi pensando como um elemento responsável por uma travessia justamente pelo fluxo diário de pessoas, através desta decisão é proposto uma grande área no decorrer da lâmina para exposições temporárias com o objetivo de funcionar como um memorial sobre a atividade industrial no bairro da Mooca.
No lugar de um galpão não tombado, surge o volume linear do edifício ponte com três possibilidades de acesso: através da rua Borges de Figueiredo, onde é proposto um núcleo de circulação vertical com elevador e uma escada metálica aparente, pela parte superior da marquise que faz a conexão entre os edifícios existentes e os propostos e por fim, através de um núcleo de circulação vertical que se encontra do outro lado da ferrovia tendo a possibilidade de acesso através do galpão cultural, que fará integração com o futuro parque Porto de Areia.
A sua composição é feita por uma lâmina de 15x90 metros, o mesmo acontece a 10 metros de altura, devido as diretrizes de construção sobre a linha férrea que estabelece uma altura mínima para as construções. Nestas condições, o edifício é proposto em estrutura metálica treliçada, pela necessidade de vencer um vão de 90 metros, onde a estrutura é sustentada por dois pontos de apoio com pilares metálicos circulares. Os caixilhos deslizantes ficam recuados da treliça, permitindo que o usuário possa acessar o passadiço metálico.
ensaio projetual
135
ensaio projetual
vi.
136
0 5 10
ensaio projetual
vi.
137
20
vi.
ensaio projetual
138
Perspectiva externa a partir do parque Porto de Areia.
ensaio projetual
vi.
139
vi.
ensaio projetual
140
Na cobertura metálica, o edifício conta com sheds de iluminação e ventilação que remete aos sheds industriais das pré-existência do entorno. Quanto a materialidade, a proposta foi a mesma do mercado público, chapas metálicas perfurada na cor branca de forma a manter claro a relação entre os edifícios propostos e os conjuntos industriais já existentes e restaurados.
vi.
TELHA METÁLICA CAPTAÇÃO DE ÁGUA 141
FORRO COLMEIA METÁLICO
BANDEIRA PIVOTANTE
CAIXILHO DESLIZANTE BRISE EM CHAPA PERFURADA
TRELIÇA METÁLICA
PASSADIÇO METÁLICO
0
1
2
Detalhe de fachada ampliado (edifício ponte)
5
ensaio projetual
LAJE STEEL DECK
ensaio projetual
vi.
142
ES
vi.
143 CHAPA METÁLICA PERFURADA DOMO DE VENTILAÇÃO DOMO DE VENTILAÇÃO TELHA TERMOACÚSTICA VIGA METÁLICA INTERMEDIÁRIA VIGA METÁLICA FORRO METÁLICO BANDEIRA PIVOTANTE CAIXILHO DESLIZANTE
LAJE STEEL DECK CONTRAPISO
PASSADIÇO METÁLICO
STRUTURA PARA CHAPA PERFURADA METÁLICA
SISTEMA DE CONTRAVENTAMENTO COM TIRANTES
ampliação do módulo estrutural (edifício ponte)
ensaio projetual
PILAR METÁLICO TUBULAR
vi.
ensaio projetual
144
Perspectiva interna do Edifício Ponte.
ensaio projetual
vi.
145
ensaio projetual
vi.
146
vi.
galpão cultural
147
A intervenção proposta neste galpão é de substituir algumas portas de correr em madeira por uma estrutura fixa de aço corten, como forma de emoldurar as vistas de dentro do edificio para as áreas externas do complexo cultural e gastronômico. Além disso, alguns trechos do telhado foram substituídos por telhas de vidro visando uma entrada maior de luz. Na parte interna, foi proposto um piso de vidro que conecta dois trechos do projeto que são separados por um trilho de trem tombado.
ensaio projetual
A proposta do galpão cultural surge da necessidade de criar um edifício que sirva de apoio ao futuro parque Porto de Areia, a tipologia alongada do antigo galpão industrial do conjunto de armazéns da antiga São Paulo Railway permite a concepção de um edifício completo. Na distribuição de usos, foi pensado de formar a atender as pessoas que frequentam o parque e o edifício contempla espaços de leitura com uma biblioteca pública, um café, espaços para exposição, sanitários, grandes áreas de estar e um trem antigo exposto para visitação.
vi.
ensaio projetual
148
Perspectiva interna do Galpão Cultural.
ensaio projetual
vi.
149
vi.
3
4
150
8
2
6
ensaio projetual
1. biblioteca 2. lounge 3. mesas de apoio 4. café
5. apoio do café 6. wc 7. espaço para exposições 8. trem antigo exposto
vi.
6
5
151
7
1 3
0
5
10
20
ensaio projetual
2
vi.
ensaio projetual
152
Perspectiva interna do Galpão Cultural.
ensaio projetual
vi.
153
vi.
ensaio projetual
154
Perspectiva externa a partir da chegada pela Av. Presidente Wilson.
ensaio projetual
vi.
155
156
Perspectiva externa a partir da chegada pela rua Borges de Figueiredo.
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158
Perspectiva externa a partir da marquise.
159
160
Perspectiva externa a partir da marquise que se conecta ao edifício do Mercado.
161
162
163
considerações finais 164
considerações finais De início o interesse em se aprofundar na temática do patrimônio industrial partiu de uma percepção sobre a modernidade das cidades atuais, que de alguma forma banalizam questões importantes como a preservação dos conjuntos históricos. Tal motivo instigou a busca pelo ensaio projetual apresentado anteriormente, onde ao longo do processo de estudo e análise da área foi possivel compreender que não seria possivel trabalhar com o patrimônio industrial sem levar em consideração seu contexto urbano.
165
O resultado busca trazer uma reflexão sobre a importância do patrimônio industrial em todas suas escalas, por seu valor histórico e suas possibilidades de reconversão. Na tentativa de realizar um trabalho acadêmico interdisciplinar, entende-se a importância de trazer à tona debates a respeito sobre está vontade de transformação e a necessidade de se explorar os extensos vazios que configuram a cidade de São Paulo desencadeando ao longo do tempo uma consciência coletiva.
considerações finais
No decorrer do desenvolvimento do trabalho, a priori foi pensando apenas na escala do lote, ao entender as necessidades da região buscou-se explorar uma área um pouco maior de intervenção, propondo um equipamento cultural que articule da escala do edificio a escala da cidade.
créditos iconográficos
As demais peças gráficas apresentada anteriormente no caderno foram produzidas pelo o autor.
166
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