Revista MaturaIDADE #1 by Revista Maturaidade

Bem vindo à Matura Idade Entrevista com Tutti Maravilha

Viver é afinar o instrumento Qualidade versus Quantidade de vida Feliz tudo flui

jun·Jul·Ago·09

EDITORIAL A revista Matura Idade celebra a vida e dá as boas vindas àqueles que estão às portas da terceira idade. A revista valoriza a auto-estima, a vida produtiva e estimula seus leitores a usar sua sabedoria para fazer escolhas conscientes. Nossa revista nasce agora, após longo período de pesquisa e sonhos. Nasce da necessidade de uma faixa etária expressiva, atuante e produtiva, que se faz notada e respeitada. A revista é trimestral e as matérias principais são temáticas. No mês de junho o tema é ‘Viver é afinar um instrumento’, abordando a área musical. Nosso entrevistado é o renomado radialista Tutti Maravilha. Na edição de setembro o tema é literatura e serão entrevistados escritores, poetas e cronistas. Em dezembro é a vez das artes plásticas. E assim sucessivamente. Esperamos que este veículo de entretenimento e comunicação também instrua, estimule, tire dúvidas, empolgue e coloque prestadores de serviços e produtos em contato com este público que é cada vez mais crescente e exigente. Desta forma desejamos a todos um bom passeio literário pelas páginas da recém nata Matura Idade. Sheila Passos Edição especial ‘# 1’ lançamento com distribuição gratuita.

As informações contidas nos anúncios e o conteúdo dos artigos são de inteira responsabilidade de seus autores.

ÍNDICE 5 PALAVRA, FONTE DE SAÚDE

EXPEDIENTE Diretora-Chefe Sheila Passos Diretor-Executivo Júlio Corradi Jornalista responsável Henrique Lisboa Tiragem 10.000 Periodicidade Trimestral Fotógrafo Jairo Delano (31 9983 1491) Vídeos Henrique Lisboa Projeto Gráfico / Direção de arte Dito Passos (ditopassos.com) Ilustrações Adriano Alves Dito Passos Mônica Vaz (coletivodeumso.blogspot.com) Diagramação Dito Passos Pedro Jorge Diamantino Revisão Juliana Machado (blogdajumachado.blogspot.com) Rosalvo Braga Deisa Chamahum Realização Almo Digital Ltda CNPJ:03481881/0001-06

FALE CONOSCO Se você quiser comentar, sugerir ou tirar dúvidas, fale conosco. Telefone (31) 3273 6601, de 2ª a 6ª feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h. Cartas Av. Álvares Cabral, 593 · sala 1602 · Lourdes · 31170-000 Site www.maturaidade.com.br E-mail revista@maturaidade.com.br

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BEM VINDO À MATURA IDADE

Entrevista com Tutti Maravilha

Leia nas páginas 12, 13, 14 e 15. assista A ENTREVISTA nA INTERNET.

6 VIVER É AFINAR O INSTRUMENTO 8 QUALIDADE X QUANTIDADE DE VIDA 10 E AFINAL, O QUE ACONTECEU À VOVÓ QUE TRICOTAVA SAPATINHOS? 16 DORMIR BEM PARA VIVER MELHOR 18 O QUE DEVEMOS SABER SOBRE ALIMENTAÇÃO

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20 IMPLANTE DENTÁRIO SEM DOR 22 FEliz tudo FLui

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PALAVRA, FONTE DE SAÚDE Por Rosalvo Braga

Já faz tempo que academias e pistas de caminhada passaram a receber um público interessado em atender a uma ordem dos controladores da saúde: a melhor idade aderiu à atividade. Mas como nem só de físico vive o ser humano, anda em alta a bolsa das coisas da mente, aquecida por investimentos cada vez mais sedutores. De minha parte, apostei numa ação lançada há cerca de 720 séculos no mercado da humanidade: a escrita. E assim foi que fui parar no Projeto Pleno Viver da UEMG para ministrar uma oficina de redação. Como a maioria dos participantes não trazia experiência, começamos por onde, afinal, tudo deve começar, ou seja, saímos a bisbilhotar a palavra alheia. Para isso, observamos não somente o exemplo luxuoso dos mestres, que o cotidiano também oferece incontáveis belezas da expressão. O que se poderia chamar de surpresa nada mais foi que prêmio à dedicação. É que, passo a passo, um pipocar de poesias, crônicas e contos acabou resultando um livro de 38 autores, dos quais apenas três haviam publicado algo. Parece que saúde é mesmo um exercitar de potenciais, porque é com saudável alegria que aquele grupo de maiores de 50 se rejuvenesce no encontro com as letras. As páginas são fichas ‘de rapazes e mocinhas de ontem’ que, dispensando os trajes domésticos, marcham toda segunda-feira para eliminar peso de consciência, se aventurar nas esteiras das idéias e testar a função cardíaca na insuperável emoção de criar. ■

VIVER É AFINAR O INSTRUMENTO Por Sheila Passos - Terapeuta Ocupacional

Assim como todo músico deve afinar seu instrumento para executar uma boa música, nós devemos afinar o nosso ser para entrar em harmonia com a sinfonia da vida. Afinar nosso instrumento requer boa vontade e perseverança. É preciso rever posturas e velhos hábitos, reformular conceitos e dar o braço a torcer quebrando talvez padrões de orgulho que muitas vezes sustentamos às custas de muito sofrimento.

risco de entristecer diante de nossos medos e culpas e passamos a sentir pena de nós mesmos, nos deprimimos e adoecemos. É necessário visitar os tons maiores que nos conduzem à alegria e ao bem-estar, provocando aqueles momentos de felicidade que tanto almejamos. Como é bom acionar nossa face boa, produtiva e esperançosa que vibra como um sol maior em nós.

A sinfonia da vida executa nossa peça musical no tom que escolhemos. “O amor é o diapasão É importante afinar a escuta de Sempre é tempo de aprimorar os Divino capaz de afinar nós mesmos e ouvir sussurros mais íntimos, liberar soluços, soltar nosso instrumento. É ele arranjos musicais e refinar nossas escolhas; sempre é tempo de quem dá o tom.” o pranto contido há tantos anos e voltar atrás, de elevar o sentimento chorar em reconciliação com nós e perdoar, soltar as amarras e nos libertar de todo mesmos. Chorar como Paulo de Tarso às portas de sofrimento. Damasco, choro renovador que lava a alma. É soltar a voz e falar do nosso desejo de paz, da nossa fome de afeto, das nossas dores, nossas paixões e gritar para que todos ouçam o quanto somos capazes de amar. E como amamos! O amor é o diapasão Divino capaz de afinar nosso instrumento. É ele quem dá o tom. Muitas vezes preferimos um tom menor, porque nos leva à introspecção e nos faz refletir profundamente. Mas se vivermos somente em tom menor corremos o

É necessário usar o diapasão do amor para fazer vibrar a verdadeira música do Ser - música que cura, que perdoa, que ama, compreende e que entoa as doces melodias da esperança. Por isso, é importante afinar nosso instrumento de ‘dentro pra fora e de fora pra dentro, a toda hora e a todo momento’. ■ Nossa gratidão ao autor Walter Franco em sua música ‘Serra do luar,’ que de forma tão inspirada nos incita a sermos melhores.

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DEZ PASSOS PARA A ‘AUTO-AFINAÇÃO’

“Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.” 1 · Sente-se em uma cadeira com as costas eretas, confortavelmente 2 · Feche os olhos 3 · Respire profundamente e solte o ar devagar 4 · Relaxe e desconecte a atenção do que está a sua volta 5 · Respire profundamente mais uma vez, solte o ar devagar e desvie a atenção do seu próprio corpo 6 · Conduza sua atenção ao centro de sua testa e visualize um ponto de luz 7 · Concentre-se nesta luz e imagine que ela irradia luminosidade por todo seu ser 8 · Agradeça ao Criador pela oportunidade da vida.

DITO PASSOS

9 · Neste estado de gratidão imagine situações de alegria e paz 10 · Respire profundamente mais uma vez e pouco a pouco, volte a atenção para o seu corpo, para os ruídos ao seu redor e abra os olhos delicadamente.

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QUALIDADE VERSUS QUANTIDADE DE VIDA

Por Ednéia Ferreira Giacomini - Prof. Hidroginástica “Caminho que não se passa, mato toma conta”. Existem características próprias da qualidade de vida durante a maturidade. As necessidades humanas estão em diversas dimensões e estas mudam por estarmos em constante mutação. Um padrão de vida elevado é fator importante e seríamos ingênuos se o negássemos, pois saúde, moradia, alimentação e acesso a um atendimento médico de qualidade, em muitos casos, dependem da condição financeira de cada um. Entretanto, isto por si só não garante a boa qualidade de vida, que é algo bem mais complexo.Qualquer que seja a classe social, está relacionado com estilo de vida, com o estar bem consigo mesmo e, inclusive, com a fé. Portanto, falar de qualidade de vida na maturidade exige ainda muitas outras reflexões. Quando algo não vai bem, nosso corpo aciona seus alarmes, que são diferentes para cada um. Podem ser dores de cabeça, de garganta, nas articulações e outras variadas manifestações. O importante é aprendermos a decifrar estas mensagens para que possamos mudar nossos hábitos. Na maioria das vezes não é muito fácil, mas um incômodo físico pode nos motivar a um impulso necessário, para um recomeço.

Sabe-se que o estilo de vida é fundamental e que ser sedentário ou praticante de atividade física é um fator determinante. No entanto, movimentos mecânicos não atendem à demanda das pessoas na maturidade, pois pariadas à questão física estão a emoção e a motivação do sujeito. É nesse sentido que se insere o conceito de corporeidade, ou seja, vivências plenas de um corpo que pensa, sente, deseja e age. O envelhecimento não transforma pessoas em uma massa homogênea. No entanto, pessoas que poderiam ser altamente criativas, acabam tendendo, por força das

Acompanhamento da saúde da mulher na gestação e terceira idade.

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circunstâncias, a hábitos de adaptação e ajustamento que nem sempre são positivos. Cabe aos profissionais que optaram por atender a este público estimular a curiosidade para uma participação autêntica, pois o que enriquece as relações são as diferenças e é neste compartilhar com o outro que vamos construindo as referências básicas para nossa identidade. Deveríamos todos querer envelhecer com dignidade, o que envolve desenvolver talentos, tendo na experiência de vida a sua matéria prima. E os anos de vida não devem ser medidos apenas pela quantidade, mas, sobretudo, o

maturar da idade deve nos trazer qualidade. Fazer submergir o melhor das pessoas, principalmente no processo de maturidade, beneficia a todos independente da faixa etária, pois a reconstrução de uma sociedade mais justa e equilibrada em nosso modo de vida presente constituirá o patrimônio cultural futuro, no qual as novas gerações terão seus modelos de qualidade de vida. E conhecer a si mesmo ainda é o mais florido dos caminhos. ■

MÔNICA VAZ

E AFINAL, O QUE ACONTECEU À VOVÓ QUE TRICOTAVA SAPATINHOS? Por Eliane Pellegrino Veloso Psicóloga

Querendo ou não, a maioria de nós vai viver mais do que nossos pais viveram. Conforme dados do IBGE recentemente publicados, o Brasil tem hoje 8,6% da população - ou cerca de 15 milhões de brasileiros - com mais de 60 anos. Nos próximos 20 anos este número representará cerca de 13% da população, alcançando uma marca próxima a 25 milhões de pessoas. Esta realidade não é um fenômeno nacional, mas uma tendência mundial. Em todo o mundo, a esperança de vida aumentou 19 anos entre 1950 e os dias de hoje. Em 2050 a população de idosos deve atingir 2 bilhões, ou quase 25% da população do planeta. Na verdade, esta é uma boa ou uma má notícia? A resposta é um quebra-cabeças e varia de pessoa para pessoa. Cabe a cada um de nós decidir. Pode ser uma má notícia, péssima mesmo, se nos condenarmos a envelhecer e deprimidos, sozinhos e sem vitalidade ficarmos esperando os últimos dias. Pode ser uma excelente notícia. Como? A idade nos traz conhecimentos e experiência acumulados, que dão liberdade para escolher nosso próprio caminho, fixar as próprias regras, nos permitem lidar com os acidentes da vida sem impulsividade, sem culpa ou rancor. Temos tempo para cuidar de nós mesmos, criar e colocar em prática projetos e sonhos, com a coragem e confiança que só a idade garante. Para aproveitar os benefícios que a idade traz, temos que fazer uma opção. Mudar hábitos de alimentação, deixar de fumar, fazer exercícios físicos regulares são comportamentos que seguramente contribuem para mais qualidade de vida.

Recentemente a ciência confirmou a importância de manter o cérebro ativo, através de exercícios mentais regulares. É como se fosse uma malhação cerebral, que envolve a mobilização de estruturas diferentes do cérebro, amplia o alcance da ação mental e contribui para a ativação da memória, percepção, criatividade, concentração, raciocínio lógico, comunicação e discernimento na tomada de decisões. Ficou comprovado que, ao contrário do que se pensava, nascem neurônios em adultos, exatamente no hipocampo, estrutura relacionada à aprendizagem e à memória. Apesar dos estudos serem incipientes, esta é uma pista de que podemos revigorar nossa capacidade mental e fortalecer as conexões entre as células nervosas. A ativação cerebral permite aprender sempre, levando as pessoas a reconquistar a capacidade de entusiasmarse e a curiosidade diante da vida. De forma mais enriquecedora, a ginástica cerebral é feita em grupo,

incentivando a descoberta de novos amigos, com mesmos desafios diante da vida. Ah... e onde estão as vovós de hoje? A gente não está encontrando mesmo, porque elas mantém uma rede de amigos e estão tomando sol numa ilha paradisíaca lá para os lados de Tahiti, consultando a Internet para saber como vai o movimento nas bolsas européias ou se aprofundando na doutrina budista. Elas não acreditam na obrigação de envelhecer, vivem no presente e têm planos para o futuro. E curtem saber que vem muito mais pela frente do que o que ficou para trás, que vale a pena investir em seu bem estar e vão ‘chegando aos 100’ com saúde e entusiasmo diante da vida. ■

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BEM VINDO À MATURA IDADE

Fotos Jairo Delano

Entrevista com Tutti Maravilha Por Sheila Passos

Quando chegamos ao estúdio da Rádio Inconfidência, o relógio marcava 15:30. Isso significa que o Bazar Maravilha ainda estava no ar. Dentro da cabine de locução , Tutti conversava com os ouvintes e anunciava as próximas atrações. Fomos recebidos pela Luana, produtora e pelo Zé Lu, operador da mesa de som e “maestro” do programa. Quando entrou no ar a próxima música, Tutti Maravilha veio nos cumprimentar. Nossa conversa se deu na redação da Rádio Inconfidência e se desenrolou como coisa de comadre.

Quem é Ailton José Machado? Boa pergunta. É um nome em uma carteira de identidade, em um diploma de faculdade, em um banco. E isso é engraçado, porque nunca ninguém me chamou por Ailton. Em casa, meu irmão, do primeiro casamento do meu pai, me chama de Ito e eu lhe chamo de Zito. Mas isso é só entre eu, ele e alguns chegadíssimos de casa. Ou seja, em casa é Ito e Tutti, claro, pois é um apelido de infância. Então, quando alguém me chama de Ailton José, eu falo “Opa, é cobrança!” De onde vem o apelido Tutti Maravilha? O Tutti veio de uma brincadeira de criança. Na nossa turma de rua existia uma menina que já virou estrela - maneira como Tutti se refere a quem já morreu. Ela tinha um livro e me disse “Você é a cara do gatinho do livro que eu li.Ele se chama Tutti e eu vou te chamar

assim também.” Então, os outros colegas começaram a me gozar. Hoje já tenho outros apelidos: Tuttão, Tuttex, Tuttineia. O Maravilha veio depois, quando eu virei produtor de shows. Certa vez um jornalista, Edimar Pereira, colocou no jornal o título da matéria “Tutti Maravilha traz mais um pra gente ver.” Como a música ‘Fio Maravilha’ havia estourado nos festivais e eu, como produtor, trazia shows, ele colocou este título. E aí o Maravilha pegou também, foi a coisa mais louca! Quando foi que o “bichinho” da MPB picou você? Ah, isso foi de criança, sabia? Eu tentei tocar algum instrumento. Minha mãe me colocou para aprender acordeon, mas não consegui aprender. Ganhei um instrumento enorme, maior do que eu, mas não aprendi. Depois fui tentar aprender violão. Em todas essas aulas, os professores me davam música popular brasileira para

aprender a tocar e eu gostava. Eu era fanático com os festivais de música, mesmo sendo menininho. Lembrome de um caso que, quando a Elis Regina foi pela primeira vez em minha casa, nós já eramos amigos, meu pai disse “Olha, Elis Regina, o Tutti ainda era menininho e ficava lhe vendo nos festivais. E na hora que dava os resultados ele chorava na frente da televisão.” Ou seja, eu já tinha alguma coisa com a música brasileira. Com o passar do tempo fui gostando e comecei a produzir shows de músicos como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina, o que me fez gostar mais ainda. Tudo isso na década de 70, quando eu já tinha por volta de 20 anos. Vi discos sendo gravados, vivi no meio deles, no início de suas carreiras. Com a Elis Regina também? Nessa época a Elis me levou para morar com ela em São Paulo. E foi a época que surgiu o pop rock nacional também. E qual foi a ‘marca’ que a Elis deixou em você? Ela deixou uma coisa que hoje é um problema pra mim e na época era um problema pra ela: me tornei um perfeccionista. Se algo sai errado ou se alguém faz algo de errado no trabalho, eu fico nervoso. E ela era assim, por isso que tinha o apelido de Pimentinha. Ela me ensinou a ser assim e também virou meu guru na música. Me ensinou a ser ético, em respeitar as pessoas, em atender bem quem me procura. Ela era ‘pimenta’, mas se alguém chegava perto para conversar, ela conversava ‘numa boa’. Mas se você mexia na ferida dela, ela aprontava. Ela não adimitia erros, assim como eu não admito erros meus no trabalho. Já como mulher, era uma mãe maravilhosa. Quando chegávamos de shows, Elis ia para cozinha esquentar uma ‘comidinha’ ou então para a lavanderia lavar nossas roupas. Era uma dona de casa como outra qualquer. Ela era muito ‘antenada’, muito inteligente, e isso eu adorava! Ela me colocava livros nas mãos, notícias, me obrigava a ler isso ou aquilo, a discutir com ela sobre um livro que

acabara de ler. Ela era uma perfeccionista, por isso é sucesso até hoje. Assim também quero que seja com meu Bazar - programa de rádio que apresenta há 22 anos: ‘Bazar Maravilha’- um sucesso para o resto da vida. Quando forem falar de rádio, quero que lembrem que meu programa era muito bem feito, que era bacana e tocava boa música. É isso que eu quero deixar. A sua devoção à Elis Regina nos emociona. De onde veio a idéia de homenageá-la todos os dias? [Referindose ao quadro “Coisa de Comadre” onde se toca duas canções de Elis , todos os dias]. A idéia surgiu quando eu vim para a Rádio Inconfidência. Eu trabalhei na Rádio Capital por 3 anos, depois fui para 107FM, fiz algumas outras rádios e estava nascendo a ‘Brasileiríssima’ - como também é conhecida a Rádio Inconfidência - e eles já estavam de olho em mim. Na época o diretor era o Claudinei Albertine. Um dia, então, ele me ligou e disse que gostaria que eu trabalhasse na rádio e me pediu para formatar um programa para eu apresentar, só de música brasileira. Na hora de criar eu queria que fosse um programa que tivesse mil seções, que eu pudesse mostrar várias facetas da música brasileira, música instrumental, músicas novas e antigas e fui criando o nome das seções. Foi então que senti vontade de fazer uma homenagem à ela, porque tinha acabado de virar estrela. Mas eu tinha muito medo deles não toparem, porque isso seria um ‘jabá’, ou seja, tocar um mesmo artista todos os dias. Mas o diretor aceitou na hora e disse que somente eu poderia fazer essa homenagem. E assim nasceu o ‘Coisa de Comadre’. Ela foi a primeira pessoa que eu entrevistei no rádio, na Rádio Capital. Ela dizia que queria me abençoar na minha vida no rádio, no meu primeiro dia. E assim foi, deu tudo certinho. O tema da nossa revista é”Viver é afinar o instrumento”, que é uma frase da música ‘Serra ao Luar’ de Walter Franco. Como você afina seu instrumento chamado Tutti Maravilha? Dormindo muito, caminhando sempre,

de amor, querendo colocar a roupa mais linda. Eu fico ridículo. Às vezes eu tenho um problema para resolver, então eu viro um senhor de 40 anos, seríssimo. Mas passa logo. Por isso eu não me assusto com a idade que eu vou fazer. Eu me lembro quando eu era menino, minha mãe estava grávida e minha vó também. Sou de uma família em que minha vó teve 20 filhos. Então sou mais velho que alguns tios. Mas minha mãe casou com 15 anos. Eu lembro que achava todos meus tios acima O diapasão é um aparelho utilizado para afinar um de 30 anos caretas e falava “Meu Deus do céu, quando eu completar 30 anos eu vou ficar igual ao tio Zé Maria? instrumento. O seu diapasão seria o bom humor? Sim. Quando eu ouço uma boa música, leio um bom Pelo amor de Deus.” Eu tinha medo porque eu não queria livro, assisto a um bom filme, me dá pique, as idéias vem ficar careta, ser gerente de banco, de gravata e terno, não era minha praia. Mas com o rapidamente.A criatividade “DORMINDO MUITO, tempo eu fui vendo que não. Pelo aumenta quando recebo contrário, eu fiz 30 anos e fiquei material cultural que é CAMINHANDO SEMPRE, mais doido do que eu era aos 20, bom. Engraçado isso! COMENDO MINHA porque eu tinha mais o pé na terra Quando ouço um disco COMIDINHA ‘NATUREBA’, bom, fico uma semana CONVIVENDO COM PESSOAS DO BEM.” e podia voar mais alto. Eu não acho que essa questão de idade bem e faço as coisas com me põe medo. Só tenho medo é mais prazer, com mais tesão. Caminhar também, é uma das coisas que eu de ficar careta. “Mas eu também sei ser careta”, como descobri ultimamente, há 3 anos. Eu não gostava de diz Caetano Veloso. caminhar, gostava de academia. Achava que eu ia ficar fortinho, malhado. Mas então descobri a caminhada. Eu Você consegue se projetar daqui a 10 anos? recomendo: você não paga nada, te da prazer, você fica Não. Principalmente hoje que o mundo muda tanto. Eu bem o dia inteiro. É uma grande ferramenta para me nunca ia me imaginar na frente de uma tela conversando afinar no dia a dia. O dia que eu não caminho eu sinto com o mundo, como na internet. Não dá pra imaginar como vai ser a forma de trabalho daqui a alguns anos. falta. Se você vai fazer seu programa da beira da piscina da sua casa ou se você vai ter um chip atrás da orelha Como você se sente às portas da terceira idade? Às portas da terceira idade é bom! Eu sou de uma conectado com o mundo. Não dá para prever mais. geração que abriu muitas portas à ‘socos’, à ‘tapas’. Uma amiga minha diz uma coisa, vendo os avanços da Essa geração está aí graças à nós, que fomos tirando, medicina. “Tutti, ‘periga’ a gente viver 120 anos.” E eu quebrando as hipocrisias, os preconceitos. Eu faço digo “Então, cada um vai ter que ter uma plaquinha com parte dessa ‘tchurma’. Então não me assusta em nada o nome e onde eu conheci, porque minha memória é a terceira idade. Me assusta a cara das pessoas quando péssima.” eu falo que vou fazer 60 anos, porque todo mundo acha que estou mentindo. Mas sabe porque não me assusta Você tem um grande sonho? nada? Porque eu tenho uma idade a cada dia. Se estiver Alguns grandes sonhos. Eu queria que esse mundo apaixonado eu acordo com 15 anos, olhando para o teto, ficasse mais em paz, que a violência diminuísse, que achando tudo lindo, lembrando só músicas que falam as pessoas conscientizassem mais que as relações entre elas e com o planeta precisa ser melhor. Porque comendo minha comidinha ‘natureba’, convivendo com pessoas do bem. Eu tenho uma tribo bacana de amigos. Eu sou otimista. Sempre acredito que vai melhorar, que a pessoa é aquilo, mas tem outro lado. E bom humor, que é algo que trago de família. Meu pai era uma pessoa muito bem humorada e toda a ‘parentada’ é de muito bom humor. O mundo está caindo e eu jogo uma piada para quebrar o peso da história.

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“Estar com o tempo não envelhece, pelo contrário, rejuvenesce. O tempo é rei.”

dependemos uns dos outros, da água e do ar. Esse sonho eu tenho e acho que até faço minha parte politicamente correta por aí, sempre dou exemplos. Ontem encontrei um casal amigo meu que morou um ano na Espanha e eles comentaram que tudo o que eu dizia sobre a Europa era verdade. Como o povo respeita um ao outro, como respeita o trabalho, como respeita a limpeza. Ela disse que foi a um supermercado aqui no Brasil, perto da casa dela, e o sacolão era muito ruim se comparado com os da Europa, em que você não precisa pegar e ou mexer na fruta para saber se está boa. Se algo está ali é porque está bom. Aqui não. É um tal de querer passar a perna, de puxar o tapete e de não respeitar. Mas acredito que essa geração nova pode fazer muita coisa, porque o sinal amarelo - referindo-se ao de trânsito - já está aí. A água está acabando, o ar está piorando e o planeta chamando a atenção. E pra terminar gostaria de filosofar um pouco. Na música ‘Tempo e o Destino’, de Nilson Chaves e Vital Lima, tem um refrão que diz “O tempo é que me deu amigos / E esse amor que não me sai / Que doura os campos de trigo / E os cabelos de meu pai / Que acontecerá aos corações, se o tempo não passar?” A minha pergunta para você é o que acontecerá aos corações se o tempo não passar? O tempo é rei, não tem jeito. É a única coisa que não pára, mesmo depois que inventaram o relógio. Eu já tive experiências e sei de situações que você chega ao ponto de falar “Meu Deus, o que eu vou fazer?” Mas se você esperar o tempo passar, no dia de amanhã as coisas vão se encaixando. O que tem que ser vai ficando, o que não tem que ser vai para o lixo, a sua força vem de algum lugar. Nada melhor do que um dia após o outro. Existe um grande perigo com o tempo não parar, ele pode deixar você se acomodar em certas situações. Não é isso, você tem que ir com o tempo. O tempo é um barato, é genial. O Aldir Blanc tem uma canção linda, ‘Resposta ao Tempo’, que a Nana Caymmi gravou e foi tema de novela. É ir junto com ele. Estar com o tempo não envelhece, pelo contrário, rejuvenesce. O tempo é rei. ■ ASSISTA ESSA ENTREVISTA NA ÍNTEGRA. ACESSE: WWW.MATURAIDADE.COM.BR

DORMIR BEM PARA VIVER MELHOR

Por Dr. Marco Aurélio G. Bomfim

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Cada vez que dormimos é feita uma manutenção automática em nosso corpo. Se fossemos automóveis seriam feitas calibragem de pneus, recarga na bateria, lubrificação das juntas, água no radiador, enceramento e polimento da lataria. É isso mesmo! Quando dormimos bem, acordamos prontos para o novo dia com o humor e o corpo renovados. O sono é parte integrante do ciclo circadiano que se repete constantemente, alternando períodos de alerta com períodos de descanso. Apenas dormindo é que conseguimos nos manter acordados. Devemos dormir cerca de 8 horas – seria ideal se fossem 10 – em intervalos de 24 ou 25 horas. Mas não basta a quantidade. Temos que ter qualidade de sono. Precisamos daquele sono reparador, que nos faz acordar descansados e dispostos a levantar da cama e dar ‘bom dia!’ a todos. Mas como é esse sono? Para termos sono reparador uma coisa muito importante é possuirmos uma boa higiene do sono: bons hábitos que propiciam a chegada do sono e a manutenção do mesmo – horário regular de ir para a cama, quarto escuro e silencioso, postura adequada para dormir e outros. É fundamental também termos uma adequada arquitetura do sono. Mas o que vem a ser isso? Nosso sono possui uma boa arquitetura quando apresenta todas as cinco fases, preenchidas em duração proporcionalmente corretas e apresenta ainda uma quantidade de ciclos satisfatória – as cinco fases formam um ciclo e devemos ter cerca de cinco ciclos por noite. Porque ele não acontece sempre? O sono possui inimigos externos e internos. Como inimigos externos podemos citar vizinhança barulhenta, quartos muito claros, maridos roncando. . . Opa, o ronco é inimigo interno! Ah, inimigo interno para quem ronca e externo para quem dorme ao lado. Como inimigos

internos frequentes temos o ronco e a apnéia obstrutiva do sono. Ronco é o nome dado ao barulho feito pela passagem do ar ao nível da garganta. Apnéia é a interrupção da respiração devido ao colabamento dos tecidos no mesmo lugar. Esses são dois grandes inimigos do sono reparador e causadores de inúmeros males que vão desde os problemas conjugais na hora de dormir ao aumento significativo do risco de infarto e derrames para quem possui apnéia do sono. Você acha que acabou? Não acabou! A sonolência, condição resultante de quem dormiu mal, é responsável por cerca de 25% – isso mesmo, um quarto! – dos acidentes de trânsito e 30% das mortes, devido à gravidade dos mesmos.

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Atualmente, a melhor relação custo/benefício para a solução desses problemas está no consultório dentário através da abordagem odontológica aos distúrbios do sono. Os inimigos são grandes, mas tem como acabar com eles. ■

O Dr. Marco Aurélio é graduado em Odontologia, especialista em Ortodontia e trata Distúrbios do Sono. Desenvolvedor do DAR - Dispositivo Anti-Ronco Ligue e marque sua consulta. Telefone: (31) 3227.6443 Rua Levindo Lopes, 333, sala 909 - Savassi - BH/MG www.marcoortodontia.com.br

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O que devemos saber sobre alimentação

Por Érica Fernandes - Nutricionista Uma alimentação saudável é fundamental para a prevenção de muitas doenças. Por isso, cada vez mais médicos e nutricionistas têm trabalhado em conjunto no intuito de oferecer um tratamento mais completo às pessoas. Para ter uma alimentação saudável devemos ter equilíbrio ao ingerir os alimentos, ou seja, devemos comer um pouco de tudo. Os alimentos são divididos em três grandes grupos: Os construtores, os reguladores e os energéticos. Cada grupo tem uma função específica no corpo humano, portanto, devemos consumir diariamente alimentos de todos os grupos. Os construtores são os alimentos ricos em proteína como o feijão, soja, lentilha, grão de bico, ervilha; leite e seus derivados; carnes em geral e ovos; e como o próprio nome diz, são responsáveis pela construção e manutenção do organismo. Os reguladores são os alimentos que deixam nosso

Os energéticos são compostos por carboidratos, que fornecem energia para o corpo realizar diversas atividades, principalmente as físicas e mentais como andar, praticar atividades físicas e estudar. Este grupo também é composto pelos lipídeos que são os óleos, azeite, castanha do pará, avelã, noz, amendoim, manteiga, margarina; já os carboidratos são as massas em geral, as farinhas, os pães, batata, mandioca, milho, arroz, aveia. O grupo dos alimentos energéticos é composto também pelos energéticos extras que são os alimentos ricos em açúcares simples e gorduras, como os doces, tortas, sorvete, chocolate e frituras. Estes últimos alimentos devem ser consumidos moderadamente, pois podem ocasionar aumento do peso corporal. Agora que já conhecemos os grupos de alimentos devemos também, para ter uma vida saudável e alimentação equilibrada:

Dicas para manter uma alimentação saudável

Praticar alguma atividade física sob orientação; Ingerir pelo menos 2 litros de água diariamente; Mastigar bem os alimentos; Comer de três em três horas em pequenas porções; Moderar o consumo de sal nas refeições, Não pular refeições; Moderar no consumo de bebidas alcoólicas; Preferir alimentos crus. Com estas dicas e disciplina todos podem alcançar a longevidade de forma saudável. ■

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IMPLANTES DENTÁRIOS SEM DOR Por Dr. Marcos Cardoso Leão

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Os implantes dentários chegaram há mais de 35 anos para substituir perdas de dentes parciais ou totais. Com quase 100% de sucesso são, sem dúvida, o advento de maior importância na odontologia. Quando do seu surgimento, eram bastante caros. Hoje são absolutamente acessíveis. Os implantes zigomáticos são o mais novo alento aos que tiveram perdas totais. Geralmente, pessoas que há muito tempo usam próteses totais – dentaduras – têm grande perda óssea , impossibilitando a colocação de implantes comuns.

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Não Sei

Por Cora Coralina “Não sei... se a vida é curta ou longa demais pra nós, Mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: Colo que acolhe, Braço que envolve, Palavra que conforta, Silêncio que respeita.

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Cora Coralina Escritora goiana, nunca aderiu aos modismos da literatura acadêmica, Cora Coralina não viveu nos grandes centros urbanos e imprimiu em seus poemas muitos elementos do cotidiano do interior brasileiro. Em 1965, aos 75 anos, foi publicado seu primeiro livro, Becos de Goiás, publicado pela Editora José Olympio. Neste livro estão reunidos poemas que consagraram seu estilo único de escrever. Cora Coralina é uma das mais importantes escritoras do século XX.

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Feliz tudo flui Por Juliana Machado

Vilma. Nome de origem germânica que significa vitória. Para descrever Vilma Meireles, só esta definição já bastaria. Mas ela vai muito além. É com o riso fácil e a gargalhada solta de quem está sempre de bem com a vida que esta senhora de 67 anos vive aquilo que seu nome representa. Convidada a bater um papo com a Matura Idade, foi direta na resposta. “Pode vir sim, mas me diga a hora certa porque amanhã eu tenho academia!” Para acompanhar o pique de dona Vilma, a hora certa é sempre cedo. E a chave para tanta disposição não é segredo para ninguém: a felicidade. Ela é uma legítima representante de sua geração. Casou aos 18 anos, teve 4 filhos, se dedicou ao marido, foi uma mãe de pulso firme e uma dona de casa zelosa. Mais tarde virou ‘vó Vilma’, a mãe com açúcar de 4 netos. No meio do caminho, passou pelo desgaste de um divórcio em uma época em que isso não era nada comum. Entre a amamentação dos filhos e as mamadeiras que deu aos netos, ainda sobrou espaço para trabalhar fora de casa durante 36 anos. “Foram 4 anos na Concessionária Carijós, 6 anos na Clínica Pinel e – suspiros – 26 anos trabalhando no Lar dos Meninos São Vicente de Paula. O Lar foi o emprego da minha vida”, lembra com saudade. Aposentada há 7 anos, não se sentiu confortável quando parou de trabalhar. “Quando eu saí do Lar, fiquei muito triste. Por mim, eu estaria lá até hoje.” Mas o tempo fez dona Vilma enxergar a sua melhor idade com outros olhos. Hoje, diz se sentir realizada pelo trabalho que fez e feliz por ter muito tempo sobrando para aproveitar com aquilo que gosta. Academia de segunda à sexta, bailes da 3ª idade às segundas e quintas, horas costurando em casa, viagens pelo menos duas vezes ao ano para lugares diferentes e constantes visitas aos amigos.

A primeira desta longa lista de atividades é uma descoberta recente. “Eu era mal informada e achava que essa tal de academia era só para os jovens. Mas aí fui saber que para nós da 3° idade é melhor ainda, é pura qualidade de vida.” Esta novidade tem sido assunto frequente nos almoços de domingo que enchem a casa de dona Vilma. “Eu gosto muito de reuniões, de passar momentos felizes na minha casa. Não existe nada melhor do que a gente comer o que gosta bebendo uma cervejinha”, diz no meio de uma gargalhada. Dona Vilma dá conta disso tudo sem descuidar do visual. “Corto meu cabelo uma vez por mês, faço as unhas das mãos e dos pés toda semana. Gosto de estar arrumada, me faz sentir bem”, justifica a vaidade. Por causa de um tratamento de labirintite, a cerveja teve que ser substituída pelo tipo sem alcool. Dona Vilma diz não se importar. “Eu não reclamo da vida, tenho a saúde boa, como de tudo e não largo minha cervejinha. É por isso que estou sempre feliz, sempre em paz”, garante. Católica, nunca espera que uma vela se apague para acender outra. “É muito importante a iluminação de Deus na vida da gente. Tem que existir devoção.”

No fim da entrevista, percebo que na parede da cozinha tem uma placa pendurada com os dizeres “Aqui cozinha a Mulher Maravilha.” Sem dúvidas sobre o escrito, pergunto qual o segredo da receita de uma vida tão feliz, tão plena. A resposta vem doce e suave como só uma avó saber dizer. “A gente tem que fazer as coisas que gosta. O segredo da vida é estar bem com a gente para poder estar bem com os outros. Tem que ter energia para poder passar.” ■

Ter alguém experiente ao lado tem suas vantagens. Saber o melhor caminho para a tranquilidade, por exemplo.

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