pra quem tem ATITUDE MADURA
Entrevistas com
rubem alves lya luft É pra te ouvir melhor
Dra Karla Giacomin
E o lobo mau...
Olavo Romano
A estrada é longa
Pedro Paulo Monteiro
é pra te comer melhor
Dr Roberto Lúcio Vieira
DEZ-JAN-FEV2010
Novos olhares sobre
CHAPEUZINHO VERMELHO
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PRA QUEM TEM ATITUDE MADURA Nossa revista, ainda que lagarta, conhece seu potencial de ser e vir a ser. Não há de se ter pressa, nem dar saltos contrariando a natureza, apenas seguir em frente com ritmo e determinação. 2Acesse o site: www.maturaidade.com.br e faça sua assinatura por apenas R$20,00 anuais.
“NÃO HAVERÁ BORBOLETAS SE A VIDA NÃO PASSAR POR LONGAS E SILENCIOSAS METAMORFOSES.” Rubem Alves
ESPAÇO DISPONÍVEL
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EDITORIAL
ÍNDICE “A INTELIGÊNCIA É IGUALZINHO AO PÊNIS”
Entrevista com Rubem Alves
Leia nas páginas 22, 23,24 e 25. 6 Pela estrada afora, eu vou bem sozinha 8 levar estes doces pAra a vovozinha 10 a estraDA é longa e o caminho... 13 e o lobo mal passeia aqui por perto 14 mas, à tardinha, ao sol poente... 16 É pra te ver melhor 18 a mística expressada pela arte 20 CHAPEUZINHO vERMELHO 26 É PRA TE OUVIR MELHOR 28 lyA LUFT - Entrevista 30 É pra te cheirar melhor 32 o papel da UNIVERSIDAdE na maturidade 34 É pra te abraçar melhor 35 A PAZ NO MUNDO 36 é pra te comer melhor 38 inhotim 40 DICAS LITERÁRIAS As informações contidas nos anúncios e o conteúdo dos artigos são de inteira responsabilidade de seus autores. Editora-Chefe Sheila Passos / Diretor-Executivo Júlio Corradi / Jornalista responsável Henrique Lisboa / Foto de Capa: Divulgação / Vídeos Henrique Lisboa / Projeto Gráfico Dito Passos (ditopassos.com) / Ilustrações: Mônica Vaz / Alunos da UEMG - Escola Guignard: Aline Lage, Camila Bicalho, Élida Ribeiro, Fabiana Bruna, Jairo Delano, Letícia de Almeida, Luíza Bastos, Nairza Santana, Simone Carvalho / Diagramação Dito Passos, Júlio Corradi / Revisão: Deisa Chamahum / Realização: Almo Digital Ltda - CNPJ:03481881/0001-06 / Tiragem 10.000 exemplares / Periodicidade Trimestral
Revista Auditada por: Soltz Mattoso & Mendes Auditores Independentes (31) 3274-2900 - Belo Horizonte - MG
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Longa foi a trajetória desde a última edição! Muitos os percalços, muitos nãos, muitas barreiras, mas também grandes foram as alegrias. Excelente aceitação por parte dos leitores, pedidos de assinatura, elogios e penetração em diversos lugares. Foram necessárias algumas adaptações, o que acreditamos ter agregado valor à revista. Dentre elas um novo slogan: Revista Matura Idade – Pra quem tem atitude madura. A temática desta edição é literatura e resolvemos brincar com o imaginário das pessoas utilizando a estória da Chapeuzinho Vermelho. Olavo Romano nos presenteia com sua mineirice inconfundível, Pedro Paulo Monteiro e vários especialistas nos brindam com seus olhares diferenciados sobre esse clássico da literatura infantil e as entrevistas com Rubem Alves e Lya Luft deixaram um gostinho de quero mais. Fizemos uma valiosa parceria com a UEMG – Escola Guignard. As ilustrações dos textos foram realizadas por seus alunos, proporcionando um valioso intercâmbio artístico. Dentre as diversas pesquisas que fizemos, constatamos que a geração que hoje entra na faixa dos 60 anos viveu intensamente um período de transformações, recheado de utopia e prazer. Vivenciou Woodstok, Beatles, queima dos sutiãs, Fizeram política e arte, com a ousadia de quem quer mudar o mundo. E mudaram! Nosso maior desafio agora é conquistar as agências de publicidade e seus clientes, e mostrar que vale a pena investir nesse público. Faz-se necessário reciclar idéias e estratégias de comunicação para englobar essa faixa etária que é expressiva, atuante, produtiva e consumidora No mais, deixem-se levar pelo caminho longo da vida e desfrutem de todos os doces que ela nos oferece: os doces da amizade, do amor, do lazer, da cultura e das diferenças. Sheila Passos
CONTATO E ASSINATURA Se você quiser comentar, sugerir ou tirar dúvidas, fale conosco. Telefone (31) 3273 6601, de 2ª a 6ª feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h. Cartas Av. Álvares Cabral, 593 · sala 1602 · Lourdes · 31170-000 Site www.maturaidade.com.br E-mail revista@maturaidade.com.br
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Ligue (31) 3273 6601 | 3889 5681 E-mail publicidade@maturaidade.com.br
Pela primeira vez me interessei por uma revista da minha mulher. Gostei da abordagem, dos artigos e da editoração. Vocês estão de parabéns! Como faço pra receber a próxima edição em minha casa? Alcides Cunha
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Gostaria de parabenizar pela revista. Temas, materias, visual, tudo agradou a esse jovem de 40 anos. Nasceu agora e já é madura. Estou esperando a próxima. Wadson Fernandes Belo Horizonte
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Conheci a revista Matura Idade na sala de espera do consultório da minha cardiologista. Tenho 60 anos e adorei a revista: layout atrativo, assuntos interessantes, textos de agradável leitura. Parabenizo toda a equipe pela iniciativa. Um abraço. Maria Beatriz Costa Vieira Belo Horizonte
Atitude madura pra mim significa uma ação praticada pensando no outro também. Acho que maturidade não tem a ver com idade, tem mais a ver com bom senso, inteligência emocional. Vander Lee Belo Horizonte - MG
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Parabéns pela revista! Vocês foram muito felizes nas reportagens do primeiro número. Ela me ajudou numa coisa importantíssima - o artigo sobre os distúrbios do sono, em função da apnéia, e a possibilidade de tratar com abordagem odontológica. Gostaria muito de receber o próximo número da revista. José Lourenço de Sousa Neto Belo Horizonte
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Eis que Rosalvo Braga saiu a caminhar, foi para junto das estrelas. Lรก vai o menino no caminho... Boa sorte, amoroso Rosalvo. 1944 - 2009
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a u t o e s t i m a
PELA ESTRADA AFORA EU VOU BEM SOZINHA Por Rosalvo Braga
Disse Ibsen que “o homem mais poderoso do mundo é o que está mais só.” Com todo respeito ao dramaturgo norueguês – e lá terá suas razões –, frases desse rompante costumam bulir com a cabeça da gente: será? Sucede que, apesar de ser eminentemente social, o homem se afirma é na essência da individualidade. No concerto das vozes, sobressai-se uma, a sua, a que na verdade representa o solo na sinfonia das relações, o manifestar-se responsável pela rota de seu destino. Como refresco para tal conceito, vale uma frase de Pierre Gringore (1457-1538) que tomou ares de provérbio: “É melhor só que mal acompanhado.” De olho na história, observa-se Chapeuzinho no trajeto que liga sua casa à casa da Vovozinha. A garota sabe que “o lobo mal passeia aqui por perto”. Porém, talvez concorde com lendas e tradições religiosas que entendem o caminho como processo de não somente passagem, mas de provas, ou dê razão a Guimarães Rosa, para quem “o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”-
FOTO: JAIRO DELANO
Vai só, soberana em seu caráter de Eu único, singular em sua expressão no mundo. Na cabeça, o projeto de “levar esses doces para a Vovozinha”. Nada a fazer que não seja pôr o pé na estrada. Quanto à estrada, essa mediadora entre dois pontos simboliza a concretude da ação. Indivíduo que ali está não pode se perder na contemplação que paralise um propósito; é preciso agir com a energia de quem faz o que verdadeiramente quer e deve fazer. É o caso da nossa heroína, pouco se lhe dando a alternativa de ameaças e perigos: o objetivo é mais forte que os protocolos. O caminho é, sobretudo, o cenário da sagração de desígnios maiores na dinâmica do aperfeiçoamento moral, exortado em Mateus 5, 25: “Reconcilia-te com teu adversário enquanto estás a caminho com ele.” Não bastasse a intensidade dessa advertência, ouça-se o Cristo a dizer que, além da Verdade e da Vida, ele é o Caminho, anunciando em João 14,6 “ninguém vem ao Pai senão por Mim.” Diante da eloquência organizadora da compreensão humana, por meio da simbologia, lá vai sozinha a menina, no caminho. Boa sorte, amorosa Chapeuzinho Vermelho. ■
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g a s t r o n o m i a
LEVAR ESTES DOCES PARA A VOVOZINHA
Suco especial da Chapeuzinho para a Vovozinha
Gâteau Brésilien Gourmet: Renato Lobato Receita vencedora do concurso Pancofest 2009 em comemoração ao ano da França no Brasil
Modo de preparo: Recheio cremoso de caipirinha Em uma panela acrescente o suco de limão, a água o açúcar e o amido, misture bem e leve ao fogo até engrossar. Deixe esfriar e acrescente o leite condensado, o creme de leite e o licor de cachaça e as raspas de limão. Misture bem e leve para a geladeira. Biscuit básico Bata os ovos com o açúcar na batedeira até dobrar de volume, desligue a batedeira e acrescente a farinha de trigo aos poucos. Coloque a massa no tabuleiro e leve para assar em forno pré-aquecido a 180ºC, por 10 minutos. Mousse de chocolate branco Em uma panela acrescente o creme de leite e leve ao fogo, assim que levantar fervura, desligue o fogo e acrescente o chocolate branco picado, misture até formar um creme liso, acrescente o licor de cachaça e reserve. Bata o creme base vegetal em ponto de chantilly e acrescente o creme de chocolate branco. Reserve Glaçagem verde Em uma panela, coloque a água, o açúcar e a glucose e deixe levantar fervura, acrescente o creme de leite fresco e deixe ferver até atingir 103ºC. Coloque a gelatina em pó hidratada e deixe esfriar um pouco. Glacê a torta. Montagem Em um aro de 20 cm de diâmetro, coloque uma fatia de biscuit básico, coloque uma camada da mousse de chocolate branco, colocando na lateral e no fundo. Coloque o recheio cremoso de caipirinha e leve à geladeira para firmar. Cubra com o restante da mousse de chocolate branco e nivele na altura do aro. Leve para a geladeira para firmar. Glace com a cobertura verde e deixe na geladeira até firmar. Retire o aro da torta e decore com chocolate. Ingredientes no site www.maturaidade.com.br 8
Ingredientes - 1 unidade média de mamão papaya - 2 laranjas sem sementes - 1 colher (sopa) de semente de linhaça - 1 colher (sopa) de açúcar Modo de Preparo Coloque todos os ingredientes no liquidificador e bata. De preferência, tome sem coar. Rendimento: 1 copo Análise calórica e nutricional (por copo): Calorias: 401,2 Kcal Carboidratos: 81,9 g Proteínas: 7,8 g Gorduras: 8,1 g Fibras: 16,9 g
A laranja é rica em fibras e o mamão papaya possui uma substância chamada papaína que estimula a mucosa intestinal de maneira natural, facilitando os movimentos de expulsão das fezes. A linhaça, além de ótima para o intestino, previne o envelhecimento precoce e as doenças degenerativas.
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ILUSTRAÇÃO: MÔNICA VAZ
a u t o c o n h e c i m e n t o
A ESTRADA É LONGA, O CAMINHO É DESERTO
Por Pedro Paulo Monteiro - Mestre em Gerontologia autor de Envelhecer ou Morrer, eis a Questão e Beleza do Corpo na Dinâmica do envelhecer
Viver é caminhar numa estrada deserta e desconhecida. Nunca sabemos qual a paisagem após a próxima curva. Viver é incerto, porque é mudança contínua. Ao mesmo tempo sabemos bem o que ficou para trás, as lembranças iluminam a jornada. Elas são como a cesta de Chapeuzinho Vermelho. Dentro dela estão todas as experiências vividas. Quanto mais caminhamos, mais colocamos na cesta e nelas podemos confiar porque fomos nós a vivê-las. Ninguém pode viver por nós. Não conhecemos nosso destino, muito menos sabemos para onde estamos indo. Quando pensamos conhecer bem o caminho, eis que surge uma encruzilhada e um novo aprendizado. Desconhecemos o final da estrada, mas sabemos que ela termina. Enquanto não acabar, estaremos envelhecendo. Essa é a moral da história. 10
Envelhecer é para todos. Envelhecemos porque vivemos. É por isso que temos escolhas. Ninguém pode dizer que não teve escolha na vida. Se nós podemos mudar, então temos também a oportunidade de optar pela direção a seguir. Toda decisão tem consequências. Se a vida não parece generosa, mude as perspectivas, ainda há tempo. Envelhecer é mudar porque é transformação, um movimento anterior a nos tornar diferentes a cada passo. Atualmente podemos viver mais do que os nossos avós. A longevidade é uma estrada longa. Temos mais opções do que tínhamos antes. Por um lado isso é magnífico, ter mais tempo de rever nossas ações do passado dando a elas novos significados no presente. Envelhecer compreende rever as experiências. Se o nosso tempo é único, a chance de mudar começa agora, exatamente onde estamos. É aqui e agora que traçamos as coordenadas rumo ao futuro. Por outro lado, é importante cautela. Pois também temos mais tempo de persistirmos no erro, dando voltas sem realizar o que é necessário. Muitos insistem no erro e permanecem perdidos na rota da falsa felicidade. Só existe felicidade quando realizamos coisas boas para nós e para os outros. Aí, sim, sentimos o contentamento no instante. Mesmo porque a felicidade é fugidia, ela somente pertence ao instante. Para fazer a melhor escolha é importante saber quem está escolhendo. Decidir não é fácil, a vida é repleta de ambiguidades. São tantos caminhos, e a cada momento nos deparamos com uma nova bifurcação, outro ponto de escolha. Por isso, o autoconhecimento é fundamental. Chapeuzinho Vermelho se perdeu na floresta porque se distraiu. Ao estarmos somente no divertimento ficamos no ruído, na confusão de opiniões contraditórias. Toda distração está fora, num lugar que a ninguém pertence. Evitar entrar em si mesmo, para estar fora, é estar suscetível à perda de direção, deixando os outros assumirem o comando. Para saber quem somos, é necessário o silêncio, a travessia do deserto, a humildade para se curvar e fazer o caminho de volta. Ninguém pode evitar o inevitável, a companhia de si mesmo. Nascemos sozinhos e viveremos sozinhos, mas não podemos estar isolados, senão morremos. Hoje sabemos que o cérebro só pode perceber o que está fora a partir daquilo que se encontra dentro. Ninguém pode enxergar com os olhos do outro, nem sentir exatamente o que o outro sente. Podemos compartilhar conquistas, descobertas, sofrimentos, contentamentos, desde que saibamos que não devemos insistir que o outro reconheça nossas experiências. Ninguém pode reconhecer o que ainda não foi possível conhecer. O autoconhecimento é a saída, uma porta que só abre por dentro. Do lado de fora não há fechadura nem tampouco maçaneta. Fazer o caminho para dentro nos propicia novas paisagens. Não podemos nos perder quando sabemos quem somos e onde estamos. Portanto, é necessário atenção e vigilância. Estar atento é estar incorporado no presente, aceitando a presença de si mesmo. Somente alcançaremos a maturidade ao assumirmos ser quem realmente somos. Tornamonos responsáveis, ficamos mais vivos, mais velhos, mais sensíveis, e nada poderá nos afetar, a não ser que permitamos. No processo do envelhecer consciente formamos escudos de luz para enfrentar quaisquer ameaças de lobos famintos e outros desafios que possam surgir pelo caminho. ■
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ILUSTRAÇÃO: LUÍZA BASTOS
a u t o c o n h e c i m e n t o
E O LOBO MAU PASSEIA AQUI POR PERTO Por Olavo Romano - Escritor, membro da Academia Mineira de Letras
Muito cedo aprendi que “em festa de nhambu, jacu não entra”. Mas descobri, também, que “um gambá cheira o outro”. Bicho curioso, andei ciscando em terreiro alheio, pondo sentido em cantigas, toadas, entonações de outros bandos.
Trabalhando com educação, acabei me aproximando da psicologia e de psicólogos, entre os quais conservo fraternos amigos. Pelo garimpo da fala, do jeito e da alma do povo do interior, integrei o Grupo Mineiro da Simbólica Junguiana, embrião do Instituto Jung de Minas Gerais, do qual fui sócio fundador e primeiro vicepresidente. Tocando de ouvido, cheguei aos contos de fada, rico cabedal simbólico. Em A sombra e o mal nos contos de fada, Marie Louise Von Franz relata o episódio de uma pequena compatriota que, como toda criança de sua idade, pelava de medo do lobo mau. O avô tranquilizou-a, garantindo que não havia mais lobo por ali, jurou que o perigoso animal se mudara para a Rússia. No ano seguinte, a menininha, crescida e confiante, se paramentou para sua primeira colheita de morangos silvestres. Quando o avô a viu, toda fagueira, com avental e cestinha, orgulhou-se do que imaginava ser um ritual de passagem da neta. Ao se despedir dela, disse: - Então, você vai colher morangos? - Não, vovô, eu vou é ver o obo da ússia! Na trajetória do herói, que todos cumprimos em busca do autoconhecimento e da individuação, o oponente está à espreita a cada passo. Quanto mais avançamos, mais poderoso ele fica, como a nos desafiar e estimular. Mesmo à entrada do derradeiro pórtico, o dragão – de dentro ou de fora – pode nos surpreender com seu bafo mortal. Não custa lembrar a lição da sabedoria popular, segundo a qual “assombração sabe para quem aparece”. Poderíamos dizer que assombrações “sombras são” e, assim, só aparecem à noite – a escuridão de fora jogando com a obscuridade interna. Basta a luz – do sol ou da consciência – para afugentar os medos.
Carlos Castaneda, pela voz de Dom Juan, ensina a agradecer aos nossos inimigos – entendidos como tudo o que nos desafia na caminhada humana – pelos recursos que nos fazem mobilizar na superação das dificuldades. Em Viagem a Ixtlan, aconselha seu discípulo a tomar a morte como conselheira. “Ela está sempre à sua esquerda, a menos de um metro”. O ensinamento é especialmente útil para os que, julgando-se eternos, adiam infinitamente seus projetos essenciais. Os menos avisados poderiam pensar que, se o lobo mau “passeia aqui por perto”, deve estar de folga, ou, quem sabe, saciado. Mas, como diz o ditado, “cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”. Otto Lara Resende diz que, de tão precavido, o mineiro do interior fala é “precautela”. Seja como for, a história acaba bem, pelo menos na versão dos Grimm: os caçadores salvam a vovozinha, e Chapeuzinho canta, feliz: “Mas à tardinha, ao sol poente, junto à mamãezinha dormirei contente”. Meu filho, na sua infância, criou uma versão em que a cantiga terminava assim: “... junto à mamãezinha dormirei – tá! – contente.” É que, de tanto manuseio, de tanto ser tocado, o disquinho ganhara vários arranhões. Um deles, exatamente o que ficava entre “dormirei” e “contente”, acabou incorporado à letra da cantiga. Seria a inocência, que precede a consciência, segura proteção contra o perigo que afugenta o medo? O homem não seria o lobo do lobo, que reage para se defender? Como construir, então, um mundo em que o leão coma palha ao lado do cordeiro? ■
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ILUSTRAÇÃO: Leticia Figueroa
c o m p o r t a m e n t o
MAS À TARDINHA, AO SOL POENTE, JUNTO À MAMÃEZINHA, DORMIREI CONTENTE. Por Wagner Paixão
“O caminho se faz ao andar...”, diz o poeta. Caminhando a vida se revela. A manhã é a festa da descoberta, desaguando na juventude da tarde que se inicia. É nesse período que as faculdades humanas, já em vigoroso exercício, autorizam as conexões, formando todo um painel de desejos, concepções e sensibilidade. Ah, a juventude! Quantos sonhos... quantas aventuras... quanta disponibilidade e que fôlegos! Como tudo tem consequência (e a vida é sempre surpreendente, em poder e vigor, em lições e sabedorias renovados), a energia esfuziante, sem ordem e sem disciplina, transforma-se em responsabilidade. Essa pesa bastante, mas é o poder, em si. Estabelece a gravidade, o centramento, o domínio das forças, numa realização que não pode ser ultrapassada por nada, por ninguém. É a identidade essencial da criatura. Ela, a responsabilidade, guia e defende, dá a autonomia que ultrapassa os limites da matéria, dos sistemas, das crenças, porque fala da alma da vida: o amor! Toda essa epopéia de coerência e atividade ordenada consome o elã vital, o tônus animalizado. Faz recordar o grande Apóstolo Paulo: “Enquanto o homem exterior se corrompe, o interior se renova, dia por dia”. Sim, a carne se gasta, os sistemas orgânicos – dignos representantes da alma no mundo – se esgotam, se consomem no longo serviço que prestam. Chega então a tardinha, à luz do Sol poente... “Todo trabalhador é digno do seu salário” – ensinam os divinos lábios do Coração mais puro que já pisou na Terra. E a Vida, atributo excelso da Criação, de Deus, conforta o viajor de todo o dia, o operário da descoberta de si mesmo através de fadigas e trabalhos, de esforços e tentativas, de sonhos e desilusões. A tardinha é mensageira da brisa perfumosa e calma; é palco dourado pelo Sol poente, na mais viva expressão da poesia. E a mamãezinha é o emblema mais encantador do acolhimento, do reconforto e do repouso justo. Dela surgimos para o mundo e para seu colo retornamos, porque é o símbolo augusto da Natureza Divina, a faceta feminina do Criador. O contentamento é estesia. É brilho espontâneo no olhar, é ritmo harmonioso do coração, é a festa sem alarde, é o retrato da comunhão na paz. ■
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Nosso dia-a-dia esta repleto de atividades que dependem da visão. O contato com a família, trabalhos manuais, leitura, televisão... Coisas simples como admirar a paisagem tem ainda mais significado... Tudo isto pode facilmente se perder se o sentido da visão for afetado. São muitas as doenças que podem acometer os olhos, sendo especialmente frequentes após os cinquenta anos. Uma alimentação balanceada, hábitos de vida saudáveis, cuidados simples como usar óculos de sol e fazer uma avaliação periódica com um oftalmologista são essenciais para preservar a qualidade da visão. Detectar precocemente as doenças oculares aumenta as chances de um tratamento bem sucedido e garante a manutenção da qualidade da visão. Entre as alterações mais comuns após os quarenta anos está a presbiopia, mais conhecida como “vista cansada”. Com o passar dos anos, o cristalino (lente intraocular) perde a capacidade de focalizar a imagem de objetos próximos. A presbiopia é percebida principalmente como uma dificuldade para ler. A correção é feita através do uso de óculos para leitura, bifocais ou multifocais, ou através de lentes de contato. O olho seco é mais comum nas mulheres e causa sintomas como ardor, vermelhidão, embaçamento visual e lacrimejamento. A superfície ocular com lubrificação inadequada sofre alterações que resultam em pequenas lesões, inflamação e produção reflexa de 16
lágrima, insuficiente para reverter a condição. Comumente o início ou piora dos sintomas está relacionado ao uso do computador, leitura prolongada ou televisão. O tratamento consiste no uso constante de colírios lubrificantes e outras medidas, indicadas conforme o caso. Várias doenças sistêmicas como a Hipertensão arterial e o Diabetes podem afetar a visão. O controle da pressão arterial e dos níveis glicêmicos é essencial para que se previna o acometimento de órgãos alvo como os olhos, rins e cérebro. Controles periódicos clínicocardiológicos e oftalmológicos garantem a detecção e tratamento precoce de qualquer alteração ocular. A catarata é a opacificação do cristalino (lente intraocular). É mais frequente após os cinquenta anos, chegando a afetar mais de 50% das pessoas nessa faixa etária. Os sintomas são embaçamento da visão, diminuição da sensibilidade ao contraste e da visão de cores. É uma doença progressiva e a velocidade da perda visual varia de individuo para individuo. O tratamento da catarata é cirúrgico, consistindo na remoção do cristalino opacificado e implante de uma lente transparente dentro do olho. É um procedimento realizado sob anestesia local e os resultados são normalmente rápidos e muito satisfatórios. O glaucoma é uma alteração do nervo óptico associado principalmente à pressão ocular elevada. Assim como a hipertensão arterial, é uma doença silenciosa e progressivamente causa perda irreversível da visão. O individuo que apresenta os primeiros sintomas de diminuição do campo visual, já perdeu mais de 50% das fibras nervosas oculares. O glaucoma é suspeitado durante um exame oftalmológico periódico em que é observada alguma alteração no nervo óptico ou na pressão ocular. Para isto a consulta deve incluir sempre a medida da pressão ocular e o exame do fundo do olho. Exames complementares confirmam a presença da doença e o tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível e mantido por toda a vida. Geralmente o glaucoma é tratado com colírios, mas cirurgia pode ser necessária nos casos de difícil controle. É importante a avaliação de outros membros da família, pois a doença tem herança genética. A degeneração macular acomete a retina e consiste em alterações vasculares, presença de hemorragias e exsudatos que causam progressivamente perda visual irreversível. O tratamento depende do caso, incluindo complexos vitamínicos, laser, medicações injetáveis e cirurgia. Nos últimos anos houve avanços consideráveis no tratamento da degeneração macular, mas o diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para a obtenção de resultados. A periodicidade do exame oftalmológico em pessoas acima de quarenta anos, sem doença ocular, deve ser anual. Na presença de alterações, podem ser necessárias visitas mais frequentes, de acordo com o caso. É importante submeter-se a um exame completo, de qualidade, e sempre obter informações sobre os resultados dos testes realizados. ■
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r e l i g a r e
A MISTÍCA EXPRESSADA PELA ARTE Por Henrique Lisboa
A religiosidade no ser humano vem desde antes da invenção da escrita. Vemos rústicas expressões nas cavernas, nos objetos antiquíssimos encontrados pelos arqueólogos. No entanto, com o passar do tempo, assim como todo desenvolvimento humano, a religiosidade se desenvolveu e se sofisticou em sutilezas e profundidades. Quando antes acreditávamos nas divindades muito rústicas e materiais, como os animais, plantas e fenômenos da natureza, hoje, pode até ser que continuemos adorando essas entidades, mas já se considera mais o metafísico do que somente o físico e objetivo. Esta coluna, Religare, tem por objetivo levar a você, caro leitor, um conteúdo que traga reflexões acerca da religiosidade de hoje, de ontem e de amanhã. Sem partidarismos religiosos, sem dogmatismo, sem sectarismos, mas sempre na tentativa de buscar a re-ligação com uma dimensão tão procurada pelo ser humano, em todos os tempos, que é a de Deus, Senhor, Além, ou como você queira chamar. Um exemplo de expressão religiosa aconteceu na Assemp, Associação dos Servidores Municipais da Prefeitura de Belo Horizonte. Logo ao entrar na exposição pudemos ouvir a religiosidade expressa por cantos gregorianos 18
e, ao redor, vimos quadros de representação de santos compostos em couro, mosaico de símbolos religiosos, bordados delicados de Jesus. Bastou entrar naquele espaço para perceber que por ali passaram mãos talentosas e pacientes. Trata-se da exposição “Religiosidade e Fé: A mística expressada pela arte”, realizada por mais de trinta senhoras da Oficina Reciclarte, oferecida pela Assemp e coordenada pela artista plástica e curadora, Suely Pimentel. “Falei para os alunos começarem o seus trabalhos expressando seus valores religiosos. Muitos disseram que não eram católicos, mas eu enfatizei que se tratava de religiosidade e não de religião”, explica a coordenadora Suely. “Religiosidade e Fé: A mística expressada pela arte” ficou exposta do dia 19 de outubro até o dia 11 de novembro de 2009, na galeria da Assemp, no centro de Belo Horizonte. ■
veja mais fotos da exposição no site: www.maturaidade.com.br
Afonso Borges
Belo Horizonte é sede de um dos mais importantes e reconhecidos projetos de incentivo à leitura do Brasil. Trata-se do Sempre Um Papo, criado pelo jornalista mineiro Afonso Borges, que em março de 2010, completa 24 anos ininterruptos de atuação. Atualmente, abrange cidades em Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Acre e Rondônia. O projeto contabiliza mais de dois mil eventos realizados, com a presença de mais de um milhão de pessoas. O Sempre Um Papo promove encontro entre o escritor e o público, com entrada gratuita. O formato do evento é prático e dinâmico. No palco, é montado um ambiente com duas poltronas, uma mesa de centro e um painel com o cenário. Em cena, um apresentador entrevista o escritor sobre sua vida e seus livros e a plateia também participa com comentários e perguntas. O bate-papo tem duração média de 1 hora e 30 minutos, seguida de uma sessão de autógrafos com o escritor convidado. Já participaram do projeto escritores brasileiros e internacionais, entre eles, José Saramago e Toni Morrison (Prêmios Nobel de Literatura), Mário Vargas Llosa, Jostein Gaarder, Chico Buarque, Jô Soares, Jean Baudrillard, Alain Touraine, Brian Weiss, Theodore Zeldin, Alain Badiou, Raduan Nassar, Betinho, Zuenir Ventura,
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Darcy Ribeiro, Zélia Gattai, Oswaldo França Jr., Paulo Autran, João Moreira Salles, Ruy Castro, Paulo Coelho, Hélio Pellegrino, Frei Betto, Washington Olivetto, Pedro Bial, Marília Gabriela, Lucas Mendes, Carlos Heitor Cony, Leonardo Boff, Mário Lago, Arnaldo Jabor, Amyr Klink, Luis Fernando Veríssimo, Gilberto Dimenstein, Carla Camurati, Nelson Motta e muitos outros. O projeto conta com um público formado e consciente da importância do programa que, além dos encontros com personalidades, tem um papel fundamental na educação. Hoje, sua atuação converge para a televisão, há seis anos, vem sendo exibido, todo final de semana, na TV Câmara; na internet, onde estão disponíveis, para download gratuito mais de 120 programas de uma hora cada; DVD’s educativos, distribuídos para centenas de escolas; rádio, com o “Mondolivro – o blog sonoro da literatura”, veiculado diariamente na Guarani FM (96,5) de Belo Horizonte, sempre às 11h15min e às 18h30; e bibliotecas, com a atuação do projeto “Ler Convivendo” que doa livros novos e usados, capacita voluntários e promove ações de incentivo à leitura em dezenas de bibliotecas comunitárias da capital mineira. O site www.sempreumpapo.com.br contém vídeos dos encontros realizados e informações de todos os programas desenvolvidos pelo projeto. ■
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CHAPEUZINHO VERMELHO
ILUSTRAÇÃO: Camila Bicalho
Por Rubem Alves
Era uma vez uma jovem adolescente a quem todos conheciam pelo apelido de Rúbia. Rúbia é uma palavra derivada do latim, rubeus, que quer dizer vermelho, ruivo. Rúbia era ruiva. Ruiva porque tingira seu cabelo castanho que ela considerava vulgar. Ela pensava que uma ruiva teria mais chances de chamar a atenção de um empresário de modelos que uma morena. Morenas há muitas. O vermelho de seus cabelos era confirmado pelo seu temperamento: ela era fogo e enrubescia quando ficava brava. [Nota 1: Se, nessa estória, eu lhe desse o nome de Chapeuzinho Vermelho, ninguém acreditaria. As adolescentes de hoje não andam por aí usando chapeuzinhos vermelhos...]
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Rúbia morava com sua mãe numa linda mansão no Condomínio Omegaville. Pois, numa noite, por volta das 10 horas, sua mãe lhe disse: “Rubinha querida, quero que você me faça um favor...”. Rúbia pensou: “Lá vem a mãe de novo...”. E gritou: “De jeito nenhum. Estou vendo televisão...”. “Mas eu ia até deixar você dirigir meu BMW...”, disse a mãe. Rúbia se levantou de um pulo. Para guiar o BMW ela era capaz de fazer qualquer coisa. “Que é que você quer que eu faça, mamãezinha querida?”, ela disse. “Quero que você vá levar uma cesta básica para sua vovozinha, lá na Rocinha”. Você sabe: andar de BMW, depois das 10 da noite, na Rocinha é perigoso. Os sequestradores estão à espreita... Rúbia já estava saindo da garagem com o BMW quando sua mãe lhe gritou: “A cesta básica! Você está se esquecendo da cesta básica!”. Com a cesta básica no BMW, Rúbia foi para a casa da vovozinha, na Rocinha. Foi quando o inesperado aconteceu. Um pneu furou. Até mesmo pneus de BMWs furam. Rúbia se sentiu perdida. Com medo, não. Ela não tinha medo. O problema era sujar as mãos para trocar o pneu. Foi quando uma Mercedes se aproximou, dirigida por um senhor elegante que usava óculos escuros. Há pessoas que usam óculos escuros mesmo de noite. A Mercedes parou e o homem de óculos escuros saiu. “Precisando de ajuda, boneca?”, ele perguntou. “Claro”, ela respondeu. “Preciso que me ajudem a trocar o pneu furado.” “Pois vou ajudar você”, disse o homem. “Você precisa de proteção. Este lugar é muito perigoso. A propósito, deixe que me apresente. Meu nome é Crescêncio Lobo, às suas ordens.” Aí ele se pôs a trocar o pneu, cantarolando baixinho uma canção que sua mãe lhe cantara: “Hoje estou contente, vai haver festança, tenho um bom petisco para encher a minha pança...”. Rúbia, olhando para Crescêncio Lobo, pensou: “Que homem gentil e prestativo! E ainda canta enquanto trabalha... É dono de uma Mercedes! Acho que minhas orações foram atendidas!”. “Pronto”, ele disse. “Para onde você está indo, boneca?” “Vou levar uma cesta básica para minha avó.” “Pois eu vou segui-la para protegê-la...” E assim, Rúbia, sorridente e sonhadora, se dirigiu para a casa de sua avó, escoltada por Crescêncio Lobo.
Ao chegar à casa da avó, Crescêncio Lobo se surpreendeu. Pensou que ia encontrar uma velhinha, parecida com a avó de Chapeuzinho Vermelho. Que nada! Era uma linda mulher, uma senhora elegante, fina, de voz suave, inteligente. Logo os dois estavam envolvidos numa animada conversa: Crescêncio Lobo encantado com o suave charme e a inteligência da avó, a avó encantada com o encantamento que Crescêncio Lobo sentia por ela. Crescêncio Lobo pensou: “Se não fossem essas rugas, ela seria uma linda mulher...”. Rúbia percebeu o que estava rolando, e foi ficando com raiva, vermelha, até que teve um ataque histérico. Como admitir que Crescêncio Lobo preferisse uma velha a uma adolescente? Começou a gritar, e, por mais que os dois se esforçassem, não conseguiam acalmá-la. Passava por ali, acidentalmente, uma viatura do 5o Distrito Policial. Os policiais, ouvindo a gritaria, imaginaram que um crime estava acontecendo. Pararam a viatura e entraram na casa. E o que encontraram foi aquela cena ridícula: uma adolescente ruiva, desgrenhada, gritando como louca, enquanto a avó e o Crescêncio Lobo tentavam acalmá-la. Os policiais perceberam logo que se tratava de uma emergência psiquiátrica e, com a maior delicadeza (os policiais do 5o DP são sempre assim. Também, pudera... O delegado-chefe trabalha ouvindo música clássica!), convenceram Rúbia a acompanhá-los até um hospital para ser medicada. Rúbia não resistiu porque ela já estava encantada com a força e o charme do policial que a tomava pela mão. Afinal, aquele policial era lindo e forte! Quanto à avó e ao Crescêncio Lobo, aquela noite foi o início de uma relação amorosa maravilhosa. Crescêncio Lobo percebeu que não há cara de adolescente cabeça-de-vento que se compare ao estilo de uma senhora inteligente e experiente. E a avó, que ouvira de uma feminista canadense que o melhor remédio para a velhice são os galetos ao primo canto, entregouse gulosamente a esse hábito alimentar gaúcho. Crescêncio Lobo pagou-lhe uma plástica geral e a avó ficou novinha. E viveram muito felizes, por muitos anos. Quanto a Rúbia, aquela crise foi o início de uma feliz relação com o policial do 5o DP, que tinha mestrado em psicologia da adolescência...■■
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RUBEM ALVES Entrevista com Rubem Alves Por Sheila Passos
Rubem não estava quando chegamos para a entrevista. A presença dele é tão forte em sua casa, que mesmo em sua ausência, podemos senti-lo. Em sua estante, abarrotada de livros, ouvimos o alvoroço dos autores que conversam animadamente. Adélia Prado e Cora Coralina recitam Minas e Goiás, trocam receitas e confidências sobre coisas de ser mulher. Cecília Meireles só olha e se diverte aos vêlas tão diferentes e tão iguais...
Você nasceu em 15 de setembro de 1932... Rubem - Sim, mas eu não me lembro (risos). Eu nasci em Boa Esperança, mesma cidade do grande pianista Nelson Freire. Sobre lá, já escrevi muitas coisas contando como era minha vida de menino na roça. Por que na roça? Porque o meu pai foi um homem muito rico e ele era dono de “tudo”, isto antes deu nascer. Mas então veio a crise de 1929 e meu pai perdeu absolutamente tudo e foi morar em uma fazenda velha de pau-a-pique. Isso eu tenho memória. Era fogão de lenha, os ratos passeando pelas telhas, tinha o “guarda-comida”, um móvel utilizado para guardar as comidas, não tinha luz elétrica,
Lya Luft e Thiago de Melo falam da morte de seus amores e amigos e conversam confidencialmente sobre as perdas e ganhos. Drummond, Fernando Pessoa e Neruda contam casos e facetas inesperadas da vida e proclamam por fim: Confesso que vivi! Willian Blake, Bocage e Nietzsche se comprazem diante da amizade reinante no mundo das letras e dos homens.
não tinha rádio, não tinha televisão, não tinha nada. Era uma lamparina de querosene, me lembro do cheiro. Foi uma parte muito feliz da minha vida. Interessante estar na velhice porque é o tempo das memórias, nós nos lembramos das coisas acontecidas. Qual era sua idade nessa época? Isso foi quando eu tinha 4 anos. Mas nós não ficamos muito tempo na roça porque meu pai percebeu que ele não era vocacionado para “roçar” pasto. Ele não sabia fazer isso e descobriu que precisava arrumar um jeito de ganhar a vida e se tornou viajante, aquelas pessoas que vão de cidade em cidade, “fazendo a praça” e vendendo uma porção de objetos. Para que ele pudesse fazer isso preciso era que morássemos em uma cidade que possuía trêm de ferro. Foi ai que nós mudamos de Boa Esperança 22
para Lambari, depois para Três Corações, depois para Varginha e finalmente para o Rio de Janeiro. Como foi sua vida no Rio de Janeiro? A minha vida no Rio de Janeiro foi muito sofrida porque eu era um menino com sotaque diferente e as outras crianças começaram a me caçoar, a não me convidar paras as festa e a me considerar esquisito. Então no Rio de Janeiro a experiência foi muito sofrida mas que de alguma maneira serviu para me endurecer. Quando foi que você se tornou Pastor? Eu fui ser pastor na cidade de Lavras, tive experiências fantásticas. Mas quando eu fui ser pastor eu não acreditava em nada. Eu não acreditava em inferno. Não poderia admitir que um Deus de amor destinasse uma pessoa a eternidade no inferno. Eu já não acreditava nisso, não acreditava que deveria salvar os homens. Então a minha relação com a Igreja foi mais uma relação de ajudar as pessoas. Eu queria ajudar as pessoas, foi quando eu tive muita experiência com pessoas mais pobres. Neste segundo livro de memórias, “O sapo que queria ser príncipe”, eu conto muito a minha experiência com a pobreza, com a miséria. Então nós vamos ficando mais amolecidos vendo o sofrimento dos pobres. Foi em Lavras que você constituiu família? Casei, tive três filhos, eu e minha mulher Lídia. Na verdade em Lavras nasceram dois filhos, o Sérgio, que hoje é médico, e o Marcos, que é biólogo. Só quatorze anos depois, quando já morávamos em Campinas, São Paulo, é que nasceu a Raquel que em grande medida é responsável pelo meu caminho literário. Foi quando ela nasceu que eu comecei a lhe contar histórias e dava mais atenção a ela do que aos outros filhos, talvez porque eu já estivesse mais velho. Quanto anos você tinha? Acho que uns 55. Foi então que eu comecei a escrever, contando e inventando histórias para Raquel.
Sua carreira como escritor começou nessa época? Não, minha carreira começou com minha tese de doutoramento que é um livro de teologia sobre a vertente teológica chama Teologia da Libertação, uma teologia política. E este livro foi “best-seller” nos Estados Unidos,
vendeu muito e fiquei famoso. Mas eu não era escritor, meu estilo era acadêmico, um estilo duro, não pode fazer literatura com estilo acadêmico. Mas ai chegou um momento que eu me cansei e disse: “Eu não quero escrever para os meus pares. Eu quero escrever para as pessoas comuns, para as crianças, os adolescentes.” Foi quando eu rompi com o estilo acadêmico e comecei a escrever “o que me dava na telha”. Para mim foi maravilhoso porque isso deu sentido à minha vida. Os livros foram aparecendo e isso me trouxe grande felicidade. Aos pouquinhos eu fui me tornando um pouco de escritor.
Quando foi que você se descobriu Educador? Foi depois que eu me desliguei da igreja, percebi que eu tinha a ver com as crianças, com a educação. Me transformei em educador sem nunca ter feito curso de pedagogia, porque não
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é curso de pedagogia que faz um educador. O educador é algo que nasce dentro da gente. Como no Nelson Freire que se tornou um grande pianista, não porque ele quis ser pianista, mas porque ele tinha um piano dentro dele. Nascer educador significa primeiro gostar das crianças e dos adolescentes. Gostar da experiência do contato, de ver o rosto das crianças, provocar a inteligência. Meu filósofo favorito, Nietzsche, dizia que a tarefa dele era “tornar as pessoas desconfortáveis”. Eu acho que essa é uma das tarefas do educador, provocar, fazer perguntas: “Como é isso? Como é aquilo?”. Fazer as crianças pensarem.
outras pessoas dizendo que ficaram sabendo dos outros autores através das coisas que eu escrevi. Muita gente ficou sabendo sobre Fernando Pessoa, muita gente ficou sabendo sobre Bachelard, muita gente ficou sabendo sobre Nietzsche. Ai vou provocando a curiosidade e as pessoas vão se interessando. Não é só falar o que eu estou pensando mas falar também o que os outros estão pensando, partilhar.
O que nos encanta na sua literatura é a quantidade de citações que você faz de outros escritores, poetas, de filmes, de livros e esse compartilhar é uma coisa fantástica. Queria que você falasse um pouco sobre isso. Uma vez um amigo meu, que vive na Suiça, brasileiro, me perguntou se eu tinha o arquivo com as citações. Então eu estou falando sobre avaliação e ai vou ao computador teclo “avaliação”, etc. Não é nada disso. Está tudo na cabeça. Você vai escrevendo e os outros autores vão entrando na conversa. Aquilo simplesmente aparece e combino com o que você está dizendo. A quantidade de e-mails que eu recebo de
Qual o seu segredo para desnudar nossa alma e descrevela de uma forma tão simples que nos encanta? O segredo é facílimo. Eu estava em Juiz de Fora, era um congresso, e andava por um corredor e na minha direção veio um moço chegou pra mim e disse: “Quem foi que lhe deu o direito de entrar na minha alma?” Eu disse pra ele: “Eu nunca entrei na sua alma, eu entrei na minha e a sua estava lá dentro.” É porque todos nós somos iguais. Fernando Pessoa diz que “arte é comunicar aos outros a nossa identidade íntima para elas.” E para você ver as almas dos outros é só você ver a sua própria. Eu não penso na alma dos outros eu penso na minha e ai as pessoas dizem: “Mas é isso mesmo!”. E então cria a comunhão e nós dois somos parecidos, temos almas iguais. Então é assim.
E este universo chamado metáfora? Ah, As metáforas! Não tem jeito de procurar metáforas. É feito um trovão. O aforismo é um relâmpago que cai e você não esperava que fosse cair. E quando você usa metáfora a coisa fica mais clara. Em minhas palestras E qual foi seu primeiro emprego como educador? com professores, costumo dizer que a inteligência Eu cheguei aqui no Brasil, depois do “exílio”, eu não é igualzinho ao pênis. O pênis é um órgão excretor, tinha emprego. Eu tinha diploma de doutor, P.H.D., mas deprimido, está sempre olhando pro chão, murcho e não tinha emprego. Então, por acidente, um amigo sem iniciativas próprias, mas se for provocado ele sofre meu, que eu conhecera nos EUA, Paulo Singer, famoso transformações hidráulicas fantásticas e viram foguetes, economista, ele me “bate um telefone” e me diz: “Você soltam fogos de artifício, produz prazer e produz vida. aceitaria ser professor em uma faculdade do interior?” E A inteligência, como o pênis, é deprimida, não quer nada, eu disse: “Qualquer lugar”. E eu fui não faz nada, mas ser for provocada... e “A INTELIGÊNCIA É trabalhar no lugar de um professor assim consecutivamente. Porque eu falo IGUALZINHO AO PÊNIS.” de filosofia aqui na faculdade de isso? Para mostrar aos professores que Rio Claro e foi quando eu entrei no a grande tarefa do professor é provocar ambiente universitário. E o que mais me interessou foi a a inteligência. Existe um arsenal de metáforas que vem área de Educação. naturalmente.São aquelas que a gente usa de repente.
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Quando é que surgiu a psicanálise na sua vida? Primeira coisa você tem que colocar no plural, porque são muitas psicanálises. Psicanálise parece muito com seitas religiosas, são vários grupos. O Fernando Pessoa tem um poema em que ele se dirige a um poeta que começa assim: “Cessa o teu canto! / Cessa, que, enquanto / O ouvi, ouvia / Uma outra voz / Como que vindo / Nos interstícios / Do brando encanto / Com que o teu canto / Vinha até nós./ Ouvi-te e ouvi-a / No mesmo tempo / E diferentes / Juntas cantar. / E a melodia / Que não havia, / Se agora a lembro, / Faz-me chorar. / Foi tua voz / Encantamento / Que, sem querer, / Nesse momento, / Vago acordou / Um ser qualquer / Alheio a nós / Que nos falou?” Esse é o resumo da Psicanálise. Há uma outra voz, nós estamos falando mas há uma outra coisa misturada. E se você prestar atenção nessa “melodia que não havia”. Porque se eu prestar atenção eu vou chorar porque “a melodia / Que não havia, / Se agora a lembro, /Faz-me chorar.” Psicanálise pra mim é um jeito de ouvir. Uma das coisas mais difíceis é ouvir.
E você conhece alguma fórmula pra aprender a ouvir? Uma vez eu escrevi em tom de brincadeira, mas quando eu estou brincando eu estou sério, de novo é o Nietzsche, “Ridendo dicere severum”, “rindo dizer coisas sérias”, que eu já havia visto muitos cursos de oratória, mas nunca havia visto um anúncio de um curso de escutatória. Porque todo mundo acha que escuta muito bem e ninguém quer aprender a escutar. Com relação ao tempo, de uma forma geral, o que você diz? Ali atrás da porta de entrada da minha casa há duas tábuas com duas frases gravadas. A primeira frase é “Tempus fugit”, o tempo foge. E foge muito mais depressa que a gente imagina. A segunda frase: “Carpe diem”, que quer dizer “colha o dia”. E trate de colher logo, não deixe pra amanhã não, porque senão apodrece. O tempo é uma coisa que você não pode economizar, tem que aproveitar. ■
Uma pergunta que não tem nada a ver com essa gravação: vocês não querem comer um pedaço de melancia?
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s a ú d e
É PRA TE OUVIR MELHOR
Por Dra. Karla Giacomin - Geriatra
ILUSTRAÇÃO: Simone Carvalho Cassimiro
A audição é um sentido que ultrapassa a capacidade de ouvir sons. Ela também é muito importante para o equilíbrio, para a sensação de bem-estar e para a integração entre as pessoas e o ambiente. Se ouvirmos bem, teremos mais chance de participar da vida e do mundo contemporâneo, de sentir que pertencemos a um grupo e de que nossa opinião faz diferença. A preocupação com a preservação da audição ao longo da vida tem aumentado, mas ainda é possível presenciar trabalhadores em atividades muito ruidosas sem usar a proteção auditiva, bem como pessoas que escutam música em volume muito além do aconselhável.
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É possível suspeitar que uma pessoa não esteja ouvindo bem, quando ela: • responde de forma inadequada ou com atraso ao que lhe é perguntado; • isola-se de ambientes em que haja mais de uma fonte sonora funcionando simultaneamente; • irrita-se em ambientes ruidosos; • não escuta os sons do ambiente (telefone, interfone, campainha, torneira aberta, animais domésticos, entre outros); • precisa aumentar o volume da televisão; • tem dificuldade para discriminar os sons, especialmente os mais agudos; • tende a falar e a participar menos durante uma reunião; • cochila muito durante o dia.
Além de prejudicar a comunicação, a audição ruim também traz reflexos para a memória e para o humor da pessoa. Uma pessoa que não escuta bem tende a registrar menos os acontecimentos, recados e compromissos do dia-a-dia. Isso favorece o esquecimento, a sensação de não ser mais tão capaz como antes e/ou a dúvida de familiares e amigos acerca da confiabilidade das informações que ela relata. Tudo isso pode gerar muito estresse, desinteresse e baixa de autoestima, precipitando inclusive quadros depressivos ou mesmo agravando os processos porventura existentes de declínio da memória. O prejuízo da audição também traz reflexos sobre o equilíbrio, aumentando o risco de quedas e de acidentes dentro de casa e até de atropelamentos por não perceber a aproximação de veículos, motocicletas e bicicletas ao atravessar as ruas. Além disso, a pessoa que escuta mal fica mais vulnerável à ação de pessoas inescrupulosas e mesmo de violência, como furtos e invasão de domicílio. Por todas essas razões, toda suspeita de baixa de audição deve ser investigada e tratada adequadamente. Às vezes, trata-se apenas de uma rolha de cerúmen que pode ser retirada e melhorar sensivelmente a audição. Outras vezes, o dano auditivo é suficiente para prejudicar o convívio social e a pessoa é orientada a utilizar prótese
auditiva, em um ou nos dois ouvidos. Tem havido muito progresso nas próteses auditivas em termos de conforto e discrição. Elas podem ser adquiridas em lojas especializadas ou na rede pública de saúde. Alguns aparelhos possuem uma função específica para o uso do telefone, o que permite que a pessoa escute melhor uma conversa telefônica. Os familiares e amigos também devem ser orientados que para comunicar melhor com alguém que não está ouvindo bem: não é necessário gritar, mas falar em um tom firme e diante da face da pessoa. Também pode ser necessário reduzir os ruídos do ambiente, abaixando ou desligando aparelhos eletrodomésticos, como liquidificador, aspirador de pó, televisão, rádio ou outros durante a conversa. O silêncio que se faz em torno de uma pessoa que escuta mal pode trazer danos irreparáveis à sua vida pessoal, profissional e familiar. Um erro frequente é acostumarse a não valorizar o que ela tem a dizer, aumentando o ciclo de isolamento e de solidão. É possível reverter essa tendência, exercitando o respeito e fortalecendo o convívio na comunidade. Quando alguém se mostrar isolado e desinteressado, não nos custa provocar: “e você, o que pensa sobre isso?”. Afinal, estamos aqui para te ouvir melhor... ■
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m a d u r a
ENTREVISTA COM
LYA LUFT Por Sheila Passos
Lya Luft é formada em letras anglo-germânicas, com mestrado em Literatura Brasileira e Linguística Aplicada. Trabalha desde os 20 anos como tradutora de alemão e inglês. Seu livro de maior repercussão chama-se Perdas e Ganhos. Assina a coluna “Ponto de Vista” da revista Veja. Mãe de 3 filhos, sofreu a perda de dois maridos. Ela é um exemplo de determinação e de atitude madura perante a vida e suas dificuldades. No fórum da longevidade, promovido pelo SESC-MG, em outubro deste ano, a escritora nos concedeu uma breve entrevista que reproduzimos na íntegra.
mas a verdade é que, não só nós poluímos, mas estamos longe da nossa natureza. Nós escutamos pouco nosso instinto, lidamos mal com as coisas naturais porque somos cheios de teorias, muitas delas não valem nada. Teorias, receitas... Eu observei outro dia que jovens mães, pessoas com alguma formação intelectual, que vão à emergência do hospital pedir para a enfermeira cortar a unha do bebê. Hoje em dia as meninas fazem curso para aprender a amamentar. Pode ser até uma coisa bem útil, mas quando você pensa do ponto de vista da natureza do ser humano parece até uma aberração. As pessoas não sabem mais segurar seus bebês. Nós estamos muito cheios de teorias, muito angustiados. Isso se reflete também na lida com as palavras. Nós temos uma dificuldade natural com elas. As palavras são um território misterioso. Elas servem tanto para o maior bem quanto para o maior mau.
Um dos aspectos que mais nos chama atenção na sua literatura, é que a senhora nos incita a dar nomes aos sentimentos. Observamos que muitas pessoas, mesmo em idade madura, não aprendeu nem foi estimulado a nomear seus sentimentos. Qual o percurso a senhora nos orientaria para reconhecer esses sentimentos e nomeá-los? Eu penso que nós temos uma tendência natural de ter medo da palavra. Usamos comumente as palavras para formar tabu. As palavras mexem mais com a gente do que a própria atitude, é algo muito interessante de se ver. Nós não somos acostumados desde crianças, em geral, a conversar, a argumentar. Mesmo os adolescentes, a escola não ensina a lidar com as palavras como uma propriedade nossa. No momento que você diz o nome AS PALAVRAS MEXEM MAIS das coisas, você de certa forma se COM A GENTE DO QUE A apossa delas. Você tem um controle PRÓPRIA ATITUDE das coisas quando você dá nome. Há pessoas que lidam muito bem com a palavra ao natural, é o chão delas. Para outras, o chão são os números. Então, depende de muitas coisas, mas é um exercício de naturalidade. Nós somos muito pouco naturais. Falamos muito em natureza, em meio ambiente, 28
Muitas vezes a pessoa sente raiva e se recrimina ou é recriminada por isso. Aprendeu que sentir raiva é muito feio. Então a pessoa sente raiva e qual nome vai dar para isso que se sente? Exatamente, é preciso dar o nome que a coisa tem. Mas então já foge da palavra, já entra no âmbito que nós temos pré-conceitos e conceitos tortos. Estou terminando de escrever um livro agora, que se chama, a princípio, Novos Enganos, em que eu falo sobre alguns dos
mitos modernos. O homem antigo criava mitos, divindades, do sangue. Se você é uma pessoa afetiva, você vai fundar para abafar seus medos, explicar coisas que ele não outra família, outras famílias, outras relações às vezes tão compreendia. O homem moderno cria os mitos, que eu importantes ou até melhores que suas relações familiares. chamaria de enganos, por exemplo, o mito “da família Mas isso se você é, ao natural, uma pessoa amorosa, porque feliz”. Então toda mãe tem que ser santa, todo pai tem que tem pessoas que não são assim, que não curtem família, ser o provedor, todo o filho tem que ser... são mais frias e são pessoas que também e a família tem que ser feliz. Quando, na têm direito de existir, mas não devem se realidade, não é assim. O não poder ter queixar. Existem pessoas que preferem ficar EU ACHO QUE O raiva é reflexo desse mito da família feliz sozinhas, que acham criança muito chato. que nos tira a naturalidade do viver e nos Tem mulheres que não nasceram pra ser MADURO TEM MUITO coloca a culpa. Nós vivemos a cultura do mães e não é que sejam más, é o tipo de A VER COM A “ter de”. “Tenho de ser assim”, “tenho de afetividade que nem todo mundo tem. Mas ALEGRIA E O PRAZER frequentar esse lugar”, “tenho de possuir eu acho que é isso, se você não tem netos, essas coisas”, “tenho de ser feliz”, “tenho ou filhos de sangue, funde famílias, está de estar sempre alegre”. Você perde a cheio de gente precisando de afeto. Desde mãe em um dia, no dia seguinte as pessoas dizem: “Reaja, de que você também não seja uma velha chata, porque não chora”. Nós vivemos uma vida muito artificial. É natural isso também é um coisa importante. ter raiva, o que não significa ter ódio nem rancor. O ser humano é assim. Por isso que o ser humano é interessante, Para a senhora o que é atitude madura? por isso que eu escrevo, os psiquiatras abrem consultórios É algo muito amplo e difícil de definir o que é uma pessoa e nós fazemos seminários. que tem atitude madura. O que para uma pessoa pode ser madura, para outra pode ser infantil. Maduro é aquilo que Pensando na frase: “Levar esses doces para a vovozinha!“ não é superficial, que não é fútil demais. Mas às vezes tem Se colocarmos os doces como símbolo dos sentimentos, que ser fútil porque se não fica chato, circunspeta. Eu não quais você levaria? acho que a pessoa com atitude madura tem que ser uma Alegria, carinho, apreço. Eu acho que alegria e carinho, são chata, pessoa sem graça, sem alegria de viver. Não perder os principais. Uma vovó que mora sozinha no bosque iria tempo demais com infantilidades, depois da infância. Você gostar de mais o quê? Carinho dos netos e que as crianças tem centenas de tipos de atitudes maduras ou imaturas. se alegrem de estar com ela. Não ela se sentir alegria Às vezes a mesma pessoa, para algumas coisas pode ser porque as crianças vieram, porque isso é natural, mas que bastante madura e para outras ser bem infantil. Eu não as crianças levem a alegria de estar com ela, eu acho isso saberia te dar uma definição. Mas você sabe quando superimportante. a pessoa é mais madura ou menos madura. Em certos momentos todos nós somos imaturos, temos esse direito. E para as avós sem netos? Essas avós hoje que estão Eu acho que a coisa fica mais complicada quando você alcançando a longevidade mas sem esse vínculo familiar. perde o tempo e perde a vida sendo imaturo em horas que Eu acho uma coisa complicada porque a família é muito você poderia tomar um pouco as rédeas da sua vida em importante. Agora, se por alguma razão não tem família, suas mãos e ter alguma postura. As coisas infantis em não casou, não teve filho, não teve netos... Se, por alguma pessoas mais velhas as vezes são engraçadas, mas em razão, você não tem família, você sempre pode e deveria geral ficam muito sem graça. Roupa, linguajar, gracinhas. fundar uma família sucedânea que são os amigos, sobrinhos, Agora o que é maduro? Certamente não é o enfadonho, sobrinhos-netos, os netinhos da vizinha, os netinhos da não é o sempre crítico, não é o lamuriento. Eu acho que o amiga. Você não está condicionado unicamente à família maduro tem muito a ver com alegria e com prazer. ■
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ILUSTRAÇÃO: fabiana bruna
m e m ó r i a
É PRA TE CHEIRAR MELHOR Por Eliane Pellegrino - Psicóloga
Caminhando distraída, fim de tarde, e de repente, sem fazer qualquer esforço, o cheiro de jasmim devolve a minha infância. Bastou uma florzinha branca, intensamente perfumada, e já me transportei para a casa de minha avó, em cuja entrada floresciam dois pés de jasmim, carregados e inebriantes na primavera. E como uma memória “puxa outra”, recupero também o sabor do biscoito frito no entardecer do sábado, a exigência meio ciumenta do Bolota, meu pequinês, e até o coração disparado no jogo de baralho que reunia a meninada – que medo de tirar o mico!
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A esta magia chamamos memória olfativa, termo usado para definir as lembranças deflagradas instantaneamente por um cheiro. É uma espécie de viagem no tempo que o odor nos oferece. E é uma viagem individual, particular. Para uma pessoa um cheiro pode evocar memórias prazerosas, enquanto o mesmo perfume pode trazer lembranças dolorosas para outra pessoa. A memória é o arquivo da nossa mente, depósito de toda a aprendizagem acumulada pela vida, e pode ser observada sob diversos ângulos. Temos memória olfativa, auditiva, visual, tátil, do paladar; temos aquela ligada a procedimentos (como nadar, andar de bicicleta, dirigir) e a memória semântica, que nos faz lembrar das capitais do Brasil, dos afluentes do Rio Amazonas ou dos números primos, mesmo depois de anos de distância do grupo escolar. Muito poderosa também é a nossa memória episódica – que grava acontecimentos que ocorreram conosco, geralmente carregados de emoção: lembrança do nascimento de um filho, da formatura na Faculdade de Direito, do nosso casamento, de amigos que fizemos no colégio... Há memórias que duram muito – praticamente a vida inteira – e outras que se apagam quase como num piscar de olhos. Quando se chega à maturidade, via de regra, começamos a nos preocupar com falhas de memória e seu significado. Serão sintomas de alguma doença grave? Será que ocorrem só comigo? São reversíveis? Está na hora de procurar um especialista? O que posso fazer? O cérebro ainda esconde muitos mistérios. Uma das mais recentes e significativas descobertas da ciência refere-se à plasticidade cerebral, ou possibilidade do cérebro de se regenerar e produzir novos neurônios durante toda a vida. Para isso tem receita: os médicos recomendam enfaticamente a busca de um estilo de vida saudável - exercícios físicos regulares, dieta equilibrada, controle da pressão arterial, boas noites de sono, combate ao stress, convívio familiar harmonioso, bons amigos e alegria de viver. E especialmente importante: atividade mental intensa. Significa que devemos estimular constantemente o cérebro, treinando e desenvolvendo o raciocínio verbal, numérico, lógico, a percepção, atenção concentrada, observação, criatividade, o uso dos sentidos. Está comprovado que a memória pode ser revigorada através de exercícios sistemáticos, e assim torna-se capaz de superar algumas dificuldades que o tempo pode provocar. A ciência recomenda – e acreditem – os resultados são muito satisfatórios. E aí, será que precisamos de um nariz bem grande como o do lobo mau? – Acho que é melhor ter uma memória de elefante... ■ Perfil de cores: Perfil genérico de impressora CMYK Composição Tela padrão
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O PAPEL DA UNIVERSIDADE JUNTO À MATURIDADE Por Marlon Wallace Alves Simões Nos últimos tempos, com o avanço dos recursos tecnológicos na área da saúde, melhorias na alimentação, na distribuição de renda e investimentos em saneamento básico, foram proporcionadas conquistas de maior longevidade ao grupo da chamada “terceira idade”. Estatísticas e estudos apontam que o envelhecimento é um fator mundial. Em seu artigo “Exercício físico na terceira idade”, Heloísa Silva Guerra nos mostra que esta faixa da sociedade ainda pode crescer 300% nos países em desenvolvimento. No Brasil, esta realidade não é diferente. Segundo a Organização Mundial de Saúde, OMS, um país é considerado “envelhecido” quando as pessoas com mais de 60 anos atingem 7% da população e o nosso país se enquadra nesta categoria, pois nossos idosos já ultrapassam 8,5 % do total da população. Os integrantes da terceira idade no século XXI são pessoas ativas, dinâmicas e participativas. É imprescindível que essa longevidade seja seguida de qualidade de vida, respeito e dignidade. A universidade pode e deve desempenhar um papel 32
fundamental na integração desta faixa etária com a comunidade. O aprendizado tem um papel importantíssimo na vida do homem, é um ferramenta essencial para que se possa superar os graves problemas que assolam a humanidade. Cabe lembrar que falo de um conhecimento em escolas segundo a definição de Paulo Freire: “uma instituição em que o espírito participativo cria um ambiente democrático e verdadeiramente significativo no processo de aprendizagem e sua interferência significativa na sociedade, possuindo um papel muito mais amplo do que só “passar” conteúdos.” A própria Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, em seu artigo 43, apresenta e define essa importante função da universidade através do ensino, da pesquisa e da extensão, na fundamentação e defesa firme de procedimentos sociais e de políticas públicas que incrementem a experiência da cidadania e lhe deem consistência e reconhecimento, se tornando, então, uma instituição produtora de conhecimento e transformadora da sociedade.
Desta forma, a produção do conhecimento deve estar atrelada a princípios éticos e morais e a universidade, como o maior responsável por essa produção, deve ser também irradiadora desses valores que verdadeiramente são transformadores e libertadores, capazes de criar cidadãos comprometidos em construir uma sociedade mais justa e solidária e com a participação de todos os segmentos, inclusive da terceira idade. Partindo deste pressuposto, o programa da Maturidade da Faculdade Estácio de Sá de BH apresenta-se como um sucesso e um exemplo a ser seguido. O programa, enquadrado na categoria de extensão como curso livre, oferece às pessoas acima de 50 anos a oportunidade de discutir assuntos nas áreas do conhecimento, saúde, lazer e atividade física, de uma forma agradável e accessível. Acreditando que o funcionamento da mente e do corpo depende de como a vida é vivida, as atividades desenvolvidas no programa, têm o objetivo de proporcionar bem-estar, cultura, lazer e relacionamento interpessoal. Contando hoje com mais de 500 alunos, o programa da Maturidade apresenta-se como uma experiência positiva e bem sucedida no papel da faculdade no novo mundo da Terceira Idade. ■
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ILUSTRAÇÃO E FOTOGRAFIA: ÉLIDA RIBEIRO
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É PRA TE ABRAÇAR MELHOR Sheila Passos
Há pessoas especiais que nos motivam a ver o mundo pelos olhos da generosidade. Letícia é formada em economia pela UFMG, e em contabilidade pela PUC-MG. Nasceu em Belo Horizonte e tem 74 anos. Está casada há 52 anos. Quando tinha 14, começou a trabalhar e já aos 18 anos ingressou no Ministério da Fazenda por concurso público. Na década de 70 iniciou, também por concurso público, a carreira de Auditora Fiscal da Receita Federal - cargo que exerceu até se aposentar, em 1983. Além de tudo isso, ainda foi professora universitária. Ela nos ensina que há braços para abraçar pessoas e causas. Adotou o voluntariado em sua vida há mais de 20 anos e já atuou como voluntária na Santa Casa, na Associação Mineira de Reabilitação, na Fazenda Renascer junto a drogadictos e alccolistas, no Frei Zacarias - lar para idosos, no Lar Dom Orione, que promove ensino profissionalizante para adolescentes. Relata que sempre foi seu propósito de vida dedicar-se aos trabalhos voluntários, após sua aposentadoria. Acredita, que trabalhar como voluntária é uma retribuição social, uma questão de cidadania. Assim que teve oportunidade adotou o lema: Vamos descruzar os braços! 34
Junto ao Instituto “São Rafael” para deficientes visuais, ela confeccionou jornais, organizou oficinas literárias, passeios e excursões culturais. Fez leitura para os alunos deficientes visuais, pesquisas na internet, gravação de livros e apostilas e até montou grupos de serestas. Atualmente participa, de forma mais intensa, de 2 projetos: nas obras sociais da Igreja Santo Inácio de Loyola, na parte administrativa do atendimento odontológico, e junto às obras sociais Pavonianas que desenvolvem projetos de ação social no aglomerado Santa Lúcia, Morro do Papagaio e Santa Maria. Neste último, Letícia montou um grupo de convivência para a terceira Idade, onde faz leitura de textos, crônicas, fábulas e poesias. Lê assuntos educacionais, de prevenção de doenças, instrui quanto ao estatuto e direito dos idosos, bem como dá notícias da mídia que possam ser de interesse geral. Junto aos adolescentes, nos cursos profissionalizantes, dá palestras utilizando datashow, procurando transmitir conceitos como ética, lealdade, tolerância, solidariedade e amor pelo que se faz, requisitos tão necessários e fundamentais para o exercício profissional. Além de todas essas atividades, Letícia exerce com prazer o seu papel de “vó-luntária” e curtir os netos faz parte de sua vida. Adora viajar, ir ao teatro e cinema. Estuda Francês, é aluna de curso sobre “oficina Literária” e já teve crônicas premiadas em concursos. Para manter a forma faz caminhada e hidroginástica. Adora fazer flores e esculturas de legumes (embora não saiba cozinhar).Para Letícia, ação voluntária é a doação da experiência que acumulamos pela vida afora - é uma forma de realização pessoal e um modo de dizer: Estou Viva! E, quando lhe perguntamos: pra que estes braços tão grandes? Ela responde faceira: É pra te abraçar melhor! ■
c o m p o r t a m e n t o
A PAZ NO MUNDO
por Geraldo Eustáquio de Souza A paz no mundo começa dentro de mim, quando eu me aceito, de corpo e alma, e reconheço meus defeitos, com paciência e calma, e em vez de me fragmentar em mil pedaços eu me coloco inteiro no que penso, sinto e faço, passageiro no tempo e no espaço, sem nada para levar que possa me prender sem medo de errar e com muita vontade de aprender A paz no mundo começa entre nós, quando eu aceito o teu modo de ser sem me opor ou resistir e reconheço tuas virtudes sem te invejar ou me retrair, e faço das nossas diferenças a base da nossa convivência e em lugar de te dividir em mil personagens consigo ver-te inteiro, nu, real, sem nenhuma maquiagem, companheiros da mesma viagem no processo de aprendizagem do que é ser gente A paz no mundo começa quando as palavras se calam e os gestos se multiplicam quando se reprime a vergonha e se expressa a ternura quando se repudia a doença e se enaltece a cura quando se combate a normalidade que virou loucura e se estimula o delírio de melhorar a humanidade, de construir uma outra sociedade, com base numa outra relação, em que amar é a regra, e não mais a exceção.
s e x u a l i d a d e
É PRA TE COMER MELHOR
ILUSTRAÇÃO: Nairza Santana
Por Roberto Lúcio Vieira de Souza - Psiquiatra e Psicoterapêuta do Instituto “Renascimento” Diretor Clínico do Hospital Espírita André Luiz
Quando fui convidado para falar de um tema tão desafiador e ao mesmo tempo fascinante, fiquei a pensar sobre o título escolhido e a necessidade de comentar um pouco sobre o mesmo. Falando sobre a questão sexual é muito comum o uso do termo comer para substituir outros verbos; os quais embora mais afeitos ao ato da cópula, são evitados pela dificuldade usual das pessoas de falarem do tema, por ligá-los a algo sujo ou pecaminoso, em especial nesta sociedade ocidental. O termo vinculado à ingestão de alimentos é inclusive inadequadamente utilizado, pois, como comentado por Rubens Alves em uma de suas crônicas, não é o homem quem come a sua parceira no ato sexual e sim o contrário. Na verdade, é a vagina a boca e não o pênis. 36
Provavelmente, uma das ligações mais íntimas de um e outro ato está na questão do prazer. Certamente, em nenhuma outra experiência física o homem consiga tanto prazer como no ato de se alimentar e de relacionar-se sexualmente. Entretanto, esse prazer sexual é o maior desafio para a Humanidade em sua interrelação com o outro. De um lado, pela sua busca incessante e pela falsa idéia de que ele possa ser vivido por uma eternidade, e de outro, pelo temor de não poder satisfazer o prazer do companheiro, o que causa tantas decepções sexuais e afetivas. Na maturidade da vida, essas questões ainda permeiam as mentes dos homens e mulheres, embora de maneira um pouco diferenciada. Certamente, já não habita a falsa esperança de um prazer eterno, depois de tantas vivências ao longo da vida demonstrando o contrário; entretanto, em nenhum outro momento o temor da impotência e da incapacidade de dar prazer está tão presente como nessa fase, até pelas questões orgânicas e por falta de informações: as pessoas não sabem o que podem ou não esperar e viver da sua sexualidade. Esse temor encontra seu primeiro desafio na condição física, nos aspectos hormonais dessa fase da vida e nas premissas levantadas por nossa sociedade consumistas, onde os ideais de beleza, saúde e prazer estão amarrados à falsa idéia de uma juventude eterna e traços corporais simétricos. É preciso mudar este paradigma que permeia o mundo atual, fortalecendo nas pessoas a certeza de que em cada etapa da nossa caminhada evolutiva temos maneiras e necessidades diferenciadas para viver a sexualidade. Entender que as mudanças corporais e hormonais presentes não são sinais de doença, mas de transformação, cuja presença é convite para uma compreensão nova das experiências a serem vividas. Certificar-se de que acima da quantidade está a qualidade
das vivenciações e que, em qualquer momento da vida, o que qualifica e intensifica o prazer sexual é o afeto dos parceiros e não a técnica ou número de relações sexuais. O segundo problema está no silêncio que permeia grande parte dos casais, ligados oficial ou oficiosamente, por toda a jornada do relacionamento, no campo do sexo. Quando se pesquisa como anda o diálogo dos casais, em especial, sobre as suas sexualidades, a resposta é entristecedora. É comum não se falar coisa alguma sobre o assunto durante ou fora do ato; e quando se comenta, a maioria utilizase de expressões, embora afetuosas que banalizam o ato e desconfiguram o verdadeiro sentido da união sexual. Desde pequeninos, aprendemos os nomes dos órgãos sexuais por apelidos e somos chamados a não falar em público sobre o tema, como se estivéssemos praticando o maior sacrilégio. E, finalmente, um outro aspecto e talvez o mais sério e real é a qualidade da experiência sexual durante a vida, em especial no seu aspecto afetivo. Não são raros os casais, mesmo jovens, que têm suas relações sexuais esparsadas, quando não existente até por meses e anos, os quais vivem relacionamentos de aparência, muitas vezes justificados pela manutenção da família por causa dos filhos. As vivências no transcorrer dos anos demarcarão como o casal compartilhará os momentos vindouros, que facilitarão ou não os desafios naturais das mudanças orgânicas e, consequentemente, ensinarão a fazer as escolhas pelas questões do coração, que sustentam as almas, mesmo quando o físico não atender os anseios dos parceiros. Um aprendizado maravilhoso, no qual o prazer se realizará sempre na qualidade e, onde, mais do que o ato sexual, é o toque, na mais profunda acepção do afeto, aquilo que alimenta o ser e que prolonga o prazer, por alimentar o espírito. ■
O Instituto de Previdência do Legislativo do Estado de Minas Gerais - IPLEMG, a fim de melhorar a qualidade de vida de seus segurados, criou este ano o Programa Sol na Janela. O Programa tem como objetivo proporcionar uma melhora da Qualidade de Vida com consequente envelhecimento saudável para seus segurados. As atividades realizadas no programa hoje são atividade física (pilates, fisioterapia e atividade aeróbicas), computação, atendimento médico, eventos comemorativos e palestras informativas. “Queremos mostrar aos segurados e seguradas que a idade não é empecilho e limitação para ser feliz, queremos dar a nossa visão de o Sol na Janela tendo o mesmo sentido e importância do astro rei, que ao surgir, passa a iluminar, não só a janela, como as nossas vidas, dando-lhes a marca de uma nova manhã”, diz Gerardo Renault, presidente do Instituto.
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t u r i s m o
INHOTIM
Convidamos a todos para um passeio eco-cultural ao Centro de Arte Contemporânea Inhotim, http://www.inhotim.org.br/
O Inhotim caracteriza-se por oferecer um grande conjunto de obras de arte, expostas a céu aberto ou em galerias temporárias e permanentes, situadas em um parque ambiental, de rara beleza. O paisagismo teve a influência de Roberto Burle Marx (1909-1994) e em toda a área são encontradas espécies vegetais raras, dispostas de forma estética, em terreno que conta com cinco lagos e reserva de mata preservada. O Instituto Inhotim, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, além desses espaços de fruição estética e de entretenimento – que lhe garantem um lugar singular entre outras instituições do gênero - desenvolve também pesquisas na área ambiental, ações educativas e um significativo programa de inclusão e cidadania para a população do seu entorno. Arte Contemporânea O acervo artístico abriga mais de 500 obras de artistas de renome nacional e internacional, como Adriana Varejão, Helio Oiticica, Cildo Meireles, Chris Burden, Matthew Barney, Doug Aitken, Janet Cardiff, entre outros. O Inhotim se diferencia de outros museus por oferecer ao artista condições para a realização de obras que apenas em seu parque poderiam ser construídas. Meio ambiente Em uma área de 45 hectares, o parque ambiental deve se transformar brevemente em Jardim Botânico e conta com diversas coleções botânicas entre as quais se destacam a de Aráceas e uma coleção de orquídeas da espécie Vanda. Pesquisas e projetos ambientais são desenvolvidos pelo Instituto Inhotim em parceria com órgãos governamentais e privados. Inclusão e Cidadania O Inhotim tem se tornado um vetor fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do município de Brumadinho e de seu entorno. Projetos como o Inhotim Encanto e Coral e Iniciação Musical valorizam a vocação da região e mobilizam crianças, jovens e adultos. Importante interlocução também tem sido estabelecida com os empresários da região para o incremento de suas atividades econômicas, além de diversos projetos em parceria com o poder público local. Conhecimento O perfil multidisciplinar do Instituto Inhotim faz dele um singular centro de produção e de transferência de conhecimento. Atividades de formação, como o curso de especialização em Arte Contemporânea - parceria com a PUCMinas -, diversas pesquisas científicas na área ambiental e a realização de programas socioeducativos fazem do Inhotim um lugar onde o saber é tratado de forma multidisciplinar e transversal. ■ 38
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FOTOS: PEDRO MOTA, EDUARDO ECKENFELS, carol reis
d i c a s
l i t e r á r i a s
NUNCA SUBESTIME UMA MULHERZINHA
você nunca ouviu igual
FERNANDA TAKAI
Jucilene Buosi 1984 UMA LEITURA MUSICAL
A amapaense de nascimento, e mineira de criação, produziu em 15 anos de carreira nove discos, três DVDs e uma filha. Mas ainda não se cansou de impressionar. A novidade agora não é com a música, e sim com a literatura. Fernanda Takai lançou pela Panda Books seu primeiro livro. Nunca subestime uma Mulherzinha é uma reunião de contos e crônicas publicados pela autora nos jornais Correio Braziliense e O Estado de Minas, com prefácio escrito por Zélia Duncan. Nesta publicação o leitor poderá comprovar o talento literário e a irreverência de Fernanda Takai em textos confessionais e bem humorados. Com uma simplicidade sublime, a autora descreve momentos de sua vida e cria outros que poderiam caber na vida de qualquer um. Nunca subestime uma Mulherzinha surpreenderá até os homenzarrões mais céticos.
A REVOLUÇÃO DOS VELHOS E OUTROS CONTOS THÉO DRUMMOND Este é o décimo oitavo livro do poeta, jornalista e publicitário Théo Drummond. Nascido em 1927, no Rio de Janeiro, desde os 9 anos dedica grande parte do seu tempo à leitura, principalmente de poesias. Em sua vida profissional, iniciada aos 16, foi repórter, redator e colunista de jornais e revistas da época. Trabalhou no Grupo Manchete e em O Globo, como Vice-Diretor de Publicidade e no Jornal dos Sports, como Diretor Comercial. A Revolução dos Velhos é um livro de contos com as seguintes histórias: O homem que decidiu ser feliz, “Promessa cumprida”, “Que las hay...”, “A Revolução dos velhos”, “Destino de um cri cri”, dentre outros. O livro será vendido pelo site da editora Caravansara e, como de costume, o montante arrecadado com as vendas dos livros será doado. A renda obtida será em prol do Pavilhão Infantil do INCA ( Instituto Nacional de Câncer). 40
É o CD da trilha sonora composta por Wolf Borges para o monólogo musical “1984, Uma leitura musical”. É interpretado por Jucilene Bousi – cantora que transita pelos universos lírico e popular.
Grupo Voz e Poesia CARTAS POÉTICAS
Poesia, música, contos e textos literários se misturam e se entrelaçam numa colagem emocionante e criativa.
^ Zebeto Correa TRILHAS DA LITERATURA BRASILEIRA
Zebeto sempre se preocupou, em suas melodias, em pesquisar os variados sotaques que pontuam o cancioneiro nacional. Caio, com sua experiência de professor de Literatura Brasileira, retoma textos desde a carta de Pero Vaz de Caminha à literatura contemporânea de Milton Hatoum.
Toninho Camargos ENCONTROS
Com músicas próprias, com parceiros, e participação de grandes nomes da música em Minas: Amaranto, Angela Evans, Brasil com S, Cadinho Faria, Celso Adolfo, Da Boca Pra Fora, Hudson Brasil, Ladston Nascimento, Ligia Jacques, LIra Amaral, Romeu Cosenza e Titane.
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DITO PASSOS
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FOTO: Robert Serbinenko
Praça Sete - Belo Horizonte
OUTROS DOCES: DO LAZER E DA CULTURA Belotur
A produção artística e cultural é uma marcas registradas de Belo Horizonte. A cidade expande o reconhecimento internacional ao receber grandes eventos. E consolida o conceito de berço de personalidades e grupos geradores de cultura. Dos modernistas Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava às gerações seguintes de escritores ilustres – como Fernando Sabino e Otto Lara Resende –, por aqui passaram verdadeiros ícones de uma literatura rica, efervescente e transformadora. A música também é destaque. Cidade de serestas e do “Clube da Esquina”, responsável pela projeção de Milton Nascimento, Beto Guedes e Fernando Brant, dentre outros, segue como celeiro de grandes compositores, grupos e cantores. Skank, Sepultura, Pato Fu e Jota Quest são alguns dos nomes que despontam hoje como expoentes do cenário musical brasileiro. E tem muito mais: Galpão e Giramundo, a dança vanguardista do Grupo Corpo e do 1º Ato, as artes plásticas da Escola Guignard. Iniciativas que tiveram origem na capital de Minas Gerais. Todas com projeção no mundo. Além disso, no mais novo polo cultural do Brasil, artistas do mundo inteiro têm o seu lugar. Belo Horizonte realiza inúmeros festivais, nacionais e internacionais – alguns deles utilizando parques, ruas e espaços públicos, gratuitamente – como o Festival Internacional de Teatro, Salão do Livro – Encontro de Literatura, Festival Internacional de Arte Negra, Festival Internacional de Quadrinhos, Salão Nacional de Arte – Bolsa Pampulha, Festival Internacional de Dança, Festival Internacional de Circo, Festival Internacional de Bonecos. É a cultura ao alcance de todos. ■ 42
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Quem não lê o Hoje em Dia sente que está faltando alguma coisa. Ler jornal é alimentar seu espírito com informação. Quando você não lê o Hoje em Dia, fica com uma sensação de vazio, de que algo está faltando. Preencha o seu vazio de informações com jornalismo de qualidade e credibilidade, noticiário completo e aprofundado, articulistas renomados e bem embasados. Leia e assine o Hoje em Dia. Um jornal de verdade.
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