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ORIENTAÇÃO MURILO CARVALHAES
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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
[BANDEIRA DOS REFUGIADOS NOS JOGOS OLÍMPICOS DE 2016, NO RIO DE JANEIRO]
BANCA EXAMINADORA
MURILO DA COSTA CARVALHAES
Ms. FELIPE CORRES MELACHOS
ROGÉRIO FRANÇA
SÃO PAULO, DEZEMBRO DE 2017
AGRADECIMENTOS Agradeço aos três pilares da minha vida, as damas, as guerreiras que me porporcionam a oportunidade de viver meus sonhos, a custa de muito trabalho e suor. Nathalia, minha irmã, que também é mãe, e que ama incondicionalmente. Joana, minha mãe, um anjo, que com o amor, iluminou meu caminho, além de ter dedicado sua vida a cuidar de mim e minha irmã Domingas, minha avó, que fez minha infância feliz e minha vida adulta repleta de emoções. Ao longo desses anos tive amigos que se doaram e partilharam comigo a inquietude e o sonho de fazer uma faculdade, Danilo, Douglas e Kauan serei eternamente grato. Também dedico esse trabalho a William e Emerson, que partilharam diversas experiências, me tornando mais questionador e, conseguentemente, um cidadão melhor. Espero um dia poder retribuir à todos a fé que depositaram em mim.
CAPÍTULO 1.........................................1 1.1 ARQUITETURA EFÊMERA....................................................2 1.1.1 HISTÓRIA DA ARQUITETURA EFÊMERA..........................5 1.1.1.2 TIPOLOGIAS DA ARQUITETURA EFÊMERA.................6 1.1.1.2.1 TIPOLOGIA MODULAR.........................................................6 1.1.1.2.2 TENSO-ESTRUTURAS..........................................................7 1.1.1.2.3 DESMONTÁVEL.......................................................................7 1.1.1.2.4 MÓVEL.........................................................................................7 1.1.1.2.5 PNEUMÁTICA...........................................................................8 1.1.1.2.6 INDEFINIDA...............................................................................8 1.1.2 ARQUITETOS RELEVANTES PARA A ARQUITETURA EFÊMERA.................................................10 1.1.2.1 BUCKMINSTER FULLER.......................................................10 1.1.2.2 SHIGERU BAN...........................................................................10 1.1.2.3 FREI OTTO..................................................................................10 1.1.2.4 RENZO PIANO........................................................................... 11 1.1.3 REFUGIADOS................................................................................12 1.1.3.1 CENÁRIO DOS REFUGIADOS..............................................12 1.1.3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS REFUGIADOS..............................13 1.1.3.2.1 SOLICITANTES DE REFÚGIO...........................................13 1.1.3.2.2 IMIGRANTES ECONÔMICOS..........................................13 1.1.3.2.3 DESLOCADOS AMBIENTAIS...........................................14 1.1.3.2.4 IMIGRANTES HUMANITÁRIOS......................................14 1.1.3.2.5 IMIGRANTES INDOCUMENTADOS .............................14 1.1.3.2.6 IMIGRANTES EM FLUXOS MISTOS.............................14
1.1.4 MISSÃO DA PAZ E OS REFUGIADOS HAITIANOS EM SÃO PAULO ..................................................16 1.1.4.5 O HAITI.........................................................................................16 1.1.4 5.1 BREVE HISTÓRIA DO HAITI............................................16 1.1.4 5.2 HISTÓRIA DA ARQUITETURA HAITIANA................17 1.1.4 5.2.1 ARQUITETURA ..................................................................18 CONTEMPORÂNEA NO HAITI.......................................................18 1.1.4.5.3 DESASTRES NATURAIS NO HAITI.............................. 20 1.1.4.5.4 REFUGIADOS HAITIANOS.............................................. 20 1.1.4.5.5 REFUGIADOS HAITIANOS NO ........................................ BRASIL..............................................................................................20 1.2 OBJETO DE ESTUDO – CENTRO DE APOIO AO REFUGIADO..................................................... 22 1.2.1 LEGISLAÇÃO E DEFINIÇÃO DE CENTRO DE APOIO AO REFUGIADO .............................. 22 2.2 INSTALAÇÕES DE CENTROS DE APOIO AOS IMIGRANTES E REFUGIADOS EM SÃO PAULO............................................................................. 23 1.3 LOCALIZAÇÃO....................................................................... 24 1.3.1 IGREJA NOSSA SENHORA DA PAZ................................... 24 1.3.1.2 ESTILO ARQUITETÔNICO...................................................24 1.3.1.3 PLANTA....................................................................................... 26 1.3.1.4 AFRESCOS E ESCULTURAS............................................... 26 1.3.2 HISTÓRIA DO BAIRRO DA LIBERDADE........................... 28 1.3.2 ZONEAMENTO URBANO, USO, SOLO E GABARITO.. 30 1.3.3 SISTEMA VIÁRIO E TRANSPORTES PÚBLICOS.......... 30
1.3.4 RELAÇÃO COM A CIDADE.................................................... 30 1.4 OBJETIVO............................................................................... 40 1.4.1 OBJETIVO GERAL.....................................................................40 1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................40 1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................40 1.5 JUSTIFICATIVA......................................................................41 1.6 METODOLOGIA......................................................................41
CAPÍTULO 2...................................... 43 2.1 METODOLOGIA..................................................................... 44 2.2 FICHAMENTOS.................................................................... 44 2.2.1 FICHAMENTO DE UMBERTO ECO – COMO SE FAZ UMA TESE..............................................................................................44 2.2.2 FICHAMENTO DE SERRA-PESQUISA EM ARQUITETURA E URBANISMO: GUIA PRÁTICO PARA O TRABALHO DE PESQUISADORES EM PÓS-GRADUAÇÃO....................................................................46 2.2.3 - FICHAMENTO DE NÉLIA MENESSES - ARQUITECTU RA (S) NÔMADA (S) – PAISAGENS EM CONSTANTE MUTA ÇÃO............................................................................................................ 50
CAPÍTULO 3 ...................................... 61 3.1 ESTUDO DE CASO - PAVILHÃO DO ............................... 62 JAPÃO EXPO 2000 DE SHIGERU BAN.......................... 62 3.2 ESTUDO DE CASO - CARDBOARD CATHEDRAL DE
SHIGERU BAN..................................................................... 64 3.3 ESTUDO DE CASO - PAVILHÃO ..................................... 66 HUMANIDADE2012 de CARLA JUAÇABA ................. 66 E BIA LESSA......................................................................... 66 3.4 ESTUDO DE CASO - BAMBOO STRUCTURE PROJECT DE POUYA KHAZAELI PARSA ................... 68 3.5 ESTUDO DE CASO - INSTALAÇÕES .............................. 70 INFLÁVEIS EFÊMERAS DE PENIQUE ......................... 70
CAPÍTULO 4...................................... 73 4.1 O PROGRAMA DE NECESSIDADES................................ 74 4.1.1 PROGRAMA DE INSTALAÇÕES SIMILARES NA CIDADE DE SÃO PAULO......................... 74 4.1.2 INSTALAÇÕES DA IGREJA NOSSA SENHORA DA PAZ....................................................................74 4.2 PROGRAMA PROPOSTO.................................................... 75 4.3 PARTIDO ARQUITETÔNICO..................................................... 76 4.3 IMPLANTAÇÃO............................................................................. 78
REFERÊNCIAS.................................. 82 LISTA DE FIGURAS.................................................................... 83 LISTA DE GRÁFICOS.................................................................. 83
INTRODUÇÃO Durante a história da humanidade, houveram diversos processos de migração forçada, e recentemente tem ocorrido em demasia, ora por questões de conflitos ora por decorrência de desastres naturais. Quando tratamos de desastres naturais, o caso mais expressivo ocorrido na América Latina é o do Haitianos, que sofreram sucessivos desastres causando a procura por refúgio, de uma parcela da população, no Brasil. Um dos principais destinos destes Haitianos no Brasil, é a cidade de São Paulo. Dentre os abrigos disponíveis na capital, o com maior capacidade é o da Paróquia Nossa Senhora da Paz, que sofre esporadicamente, com uma superlotação. Surge então, o interesse em desenvolver um projeto de expansão temporária das dependências da Paróquia Nossa Senhora da Paz, uma oportunidade de aplicar conceitos pertinentes à Arquitetura Efêmera na cidade de São Paulo, catalisando não só a possibilidade de elaboração de um projeto arquitetônico, como levantamento de questionamentos envolvendo a vocação da arquitetura para sanar as necessidades da população, e além disso, uma procura por questões urbanísticas relativas ao entendimento de uma população que se vê situada em uma sociedade radicalmente diferente a de sua origem tendo como
barreiras: a língua, a cultura, os hábitos e o racismo e a falta de oportunidade no mercado de trabalho local. O objeto de estudo é um centro de apoio ao refugiado haitiano, cujo objetivo é potencializar a adaptação sociocultural desse público, além das necessidades operacionais e organizacionais que se fazem necessárias para este tipo de edificação. Vale salientar que a ferramenta utilizada para esse projeto é a Arquitetura Efêmera, sendo esta capaz de atender por um tempo determinado esse uso e, posteriormente, ser alocada para outros usos ou usada em definitivo pela paróquia.
Este trabalho tem como objetivo demonstrar por meio de um projeto arquitetônico, que é possível a aplicação da Arquitetura Efêmera como resposta às demandas emergenciais, ou não, de novos usos para espaços públicos. De forma específica o objetivo é conceber um projeto que propõe o uso de uma estrutura anexa a nave principal e edificações próximas ao estacionamento da paróquia, criando um vão capaz de abrigar não só um programa que atenda às necessidades desses refugiados, como também um elemento articulador de uma nova relação entre o público refugiado haitiano e a população local.
Este trabalho aborda um assunto delicado que é a adaptação de um público a uma sociedade distinta, em um clima relativamente distinto, bem como a barreira de uma língua e outras construções sociais divergentes das originárias de seu país, somada a esses fatores também há a necessidade de adaptação a uma arquitetura pautada em um sistema construtivo diferenciado ao comumente encontrado em seu país. O trabalho justifica-se em promover a Arquitetura Efêmera, evidenciando este tipo de instalação pode ser uma solução eficiente para problemas relacionados à desastres naturais bem como grandes migrações
CAPÍTULO 1
10
CONCEITUAÇÃO
1
1.1 ARQUITETURA EFÊMERA O efêmero tem um caráter transitório e apresenta-se como a relação com o tempo (durabilidade, tanto de uma matéria física como abstrata). Esse caráter pode ser observado nas relações do homem em seu trato com o meio e com a paisagem em que habita. “O acto de verdadeiramente construir espaço, principalmente quando se trata de extrapolar a escala do objecto, deve ter a sensibilidade e a preocupação de responder àquelas que são as necessidades de quem o habita, conciliando estética e funcionalidade, e não ser meros exercícios onde o arquitecto se alheia do mundo que o rodeia e tece uma rede abrangente, uniformizadora e desenraizada, daquilo que é um organismo vivo, alimentado pela heterogeneidade e aculturação”. (MENESES, 2007, p. 83)
A relação entre as pessoas e a cidade se dá de maneira contínua, e fugaz, já que a superexposição à informação e capacidade de trocar experiências tiveram um grande aumento no fim do século XX e seu crescimento é contínuo. Esse dinamismo carrega a capacidade de potencializar diversas conexões e também as limita no que tange o tempo, tornando interesses múltiplos mais presentes do que o estabelecimento dessas relações, impedindo então a consolidação de usos e vivências 2
na cidade, assim como podemos observar no discurso de BOUTROS; STRAW (2010, p. 12, tradução nossa): “Os moradores da cidade aprendem a se adaptar às trajetórias temporais ao longo das quais a linguagem se acumula e dispersa à medida que as palavras formadas para fazer sentido da especificidade local entram e caem fora de uso”. Segundo definições linguísticas contidas em dicionários, a efemeridade se dá pela duração fugaz, porém, quando se trata de Arquitetura Efêmera, temos questionamentos levantados por PAZ (2009) “A Arquitetura Efêmera é a maneira que se tem de incrementar a eficiência de espaço, doravante inadequado para uma atividade que se pretende instalar temporariamente nele – e isso vale para espaços mais amplos, mesmo naturais, ou edificações específicas”. Portanto, a Arquitetura Efêmera se apresenta como uma possível solução transitória, ou fixa, para as necessidades oriundas da constante mudança de paradigmas, que englobam linguagem, cultura, moradia, lazer e relações sociais. Ao considerarmos a Arquitetura Efêmera como algo transitório, pode-se traçar um paralelo com a própria modernidade, período no qual as relações entre indivíduo, meio e sociedade se apresentam de forma dinâmica, não
carecendo de conexões profundas e duradouras. Essa relação é abordada por BAUDELAIRE (1996, p. 25): “A Modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente, é a metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável”, ou seja, o efêmero está diretamente ligado à modernidade, já que a relação entre os dois termos se dá de forma orgânica, pois ambos entendem que a sociedade contemporânea se dá por um grande fluxo de troca de informações e experiências. Quando se fala sobre experiências diversas, temos a questão de que a arquitetura se relaciona de uma maneira conflituosa com essas novas dinâmicas, já que ela propõe um espaço fechado com apenas algumas aberturas para o exterior, como janelas e portas, porém, com a mudança do modo no qual as pessoas modernas se relacionam, estas já não cumprem mais seu papel devidamente, tornando-se insuficientes para a quantidade de trocas de informações e relações humanas como Flusser afirma:
instalando câmeras ou proteger a porta da polícia construindo uma ponte levadiça, porém essa pessoa vive como medo, trancada em suas quatro paredes. Não há muito futuro nessa arquitetura. Telhados, paredes, janelas e portas já não atendem sua função, e isso explica porque nós estamos começando a nos sentir como moradores de rua. Já que nós não podemos voltar a morar em tendas e cavernas (mesmo algumas pessoas que tentem), por melhor ou pior que seja nós precisamos criar um novo tipo de casa” (FLUSSER,1999, p. 80).
Considera-se então que há a necessidade de concepção de novos espaços que atendam à demanda de troca de informação entre as pessoas e a cidade, ou que permita um modo de viver nômade, a fim de livrar o homem das inquietudes que a cidade contemporânea proporciona tanto no quesito privação da vida pública ou necessidade da exposição a ela.
“Além disso, a contestação a seguir também pode ser feita a paredes e portas: em uma delas você pode olhar para fora pela janela ou pular através dela, e a esfera pública pode invadir sua casa, um ambiente privado, pela porta. Outra pode, é claro, proteger as janelas de espiões e ladrões
3
Ao tratarmos desse dilema entre construir edificações que nos aprisionam e edificações com potencial de nos deixar livres, alguns pensadores defendem que não devemos extrapolar a arquitetura que nos torna prisioneiros afim de alcançar uma que nos permita expandir necessidades, como Toyo Ito:
“Essa ideia de legar os edifícios para os nossos netos nós começamos a pensar há mil anos, e ela ainda turva na nossa percepção geral da arquitetura. Mas isso torna as pessoas prisioneiras, força-as a viver nestes edifícios, não é? E se, a despeito do que pensamos, estes edifícios efetivamente mudassem em cinco anos, não seria isto libertador?” (ITO,2005, p. 53).
4
1.1.1 HISTÓRIA DA ARQUITETURA EFÊMERA Ao longo do tempo, houveram diversas tipologias aplicadas à Arquitetura Efêmera. Inicialmente, com pouco prior técnico e muita base em conhecimentos empíricos, tentativa e erro culminaram em estruturas básicas que timidamente lançavam conceitos estruturais como lastros para contrapor o empuxo nas bases das construções pré-hominídeas encontradas em Terra Amata (VILLA,1983). Com o avanço da civilização e domínio de novas técnicas e materiais construtivos, tipologias mais técnicas e duráveis foram desenvolvidas, melhorando então, estas construções modestas, dando origem a arquitetura Teepee ou Tipi, que emergiu em toda parte do globo. Esta que posteriormente foi adaptada para cada meio, diversificando-se para uso de variados tipos de materiais e inclusive o gelo, como é o caso do Iglus utilizados desde o primórdio da civilização nos territórios próximos ao Polo Norte. A partir a Revolução Industrial esse tipo de produção teve um salto tanto quanto em relação a qualidade final quanto na quantidade, tendo como força o desenvolvimento do trabalho em metais. A instalação de vias férreas, máquinas à vapor e o domínio da produção de ferro, diversas aplicações para o vidro e o advento do betão possibilitando assim a construção do Palácio de Cristal, uma das mais icônicas obras do século XIX. Posteriormente com a Primeira Guerra e Segunda Guerra Mundial, houve
um impacto em toda sociedade, demandando de diversas aplicações dessa arquitetura, tanto para o deslocamento e acomodação de grandes quantidades de soldados como para enfermeiros, médicos, suprimentos e civis. Com o fim destas guerras a Arquitetura Efêmera teve um grande aumento, já que havia uma nova demanda para reconstrução da Europa, tanto cultural como fisicamente. Como fruto dessa agitação surgiram novos grupos arquitetônicos, com ideias distintas, porém com o que se pode definir como ponto em comum, são as indagações sobre as novas relações entre o homem e sua morada. Com estes grupos surgiram diversas propostas, gerando então, tipologias distintas. A Arquitetura Efêmera não se restringiu apenas à moradia, também se aplicou ao comércio, feiras, exposições e pavilhões. Inicialmente, essas aplicações se deram no como Quioques, que eram tinham como função venda de produtos como define ROIS (2013) “Quiosque é uma pequena estrutura arquitetônica destinada a diversos tipos de comércio em meios públicos”. Há registos de estruturas semelhantes desde do século 13 na Turquia com o mesmo propósito sendo o primeiro adaptado à shoppings centers em 1976 nos Estados Unidos segundo FEHMAN (2009). 5
Outro campo que há esse tipo de arquitetura são os Mercados, em especial os itinerantes, os quais se instalam por um período por determinado período de tempo para depois se deslocarem para outras regiões. Esse tipo de mercado pode ser reconhecido nas Feiras Livres na Cidade de São Paulo, que permanecem por algumas horas em um local para posteriormente se instalarem em outro, no dia seguinte de forma cíclica SATO (2007).
1.1.1.2 TIPOLOGIAS DA ARQUITETURA EFÊMERA A principal característica da Arquitetura Efêmera é a adaptação às necessidades do homem. Como resultado, ela se dá por diversos tipos de materiais, tipologias e usos, o que a torna bem difícil de ser classificada por uma definição específica de componentes. Inicialmente, o objetivo dessa arquitetura era atender necessidades básicas relacionadas à moradia dos povos nômades que se deslocavam regularmente de acordo com a migração da caça e condições climáticas. Temos como exemplo a arquitetura Teepee, construções de estrutura em madeira em formato cônico recoberta por pele de animais 6
e tecidos, fácil de ser transportada e de simples alocação. Também houve a Tenda Africana, baseando-se em estruturas em madeira revestida com tecido que era esticado e seu vão era setorizado por cortinas, criando espaços internos com usos definidos. Outro exemplo são os Yurts que faziam uso similar aos anteriores, porém com a possibilidade de serem expandidos. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, houve diversas tentativas de sugestão para novas tipologias de habitações e sugestões distintas sobre o que se daria da construção e das relações na cidade. Como citado por MENEZES (2007), temos cinco grandes grupos de tipologias pós-industrialização na Arquitetura Efêmera.
1.1.1.2.1 TIPOLOGIA MODULAR Consiste em uma série de estruturas acopladas que dão forma a um todo para atender as necessidades específicas de cada proprietário, apresentando-se desde moradias individuais até edificações com inúmeras instalações. Foi notadamente idealizada pelo grupo Archigram, com suas cápsulas e living pods.
1.1.1.2.2 TENSO-ESTRUTURAS Dentre as tipologias, tem sua base nas construções ancestrais, já que faz uso similar às Yurts e Teepees, baseando-se em uma membrana estruturada em mastros e tirantes, porém com dimensões colossais em relação a suas ancestrais, lançando mão de novos materiais, programas de computação e tecnologias avançadas.
FIGURA 1 - TIPOLOGIA MODULAR - MONSANTO HOUSE
FIGURA 2 - TIPOLOGIA TENSO-ESTRUTURAL MUNICH-OLYMPIC PARK
1.1.1.2.3 DESMONTÁVEL Fortemente ligada à industrialização, sendo pré-fabricadas e passíveis de serem transportadas de modo simples, tendo sua aparência pós-instalação similar a edificações convencionais.
1.1.1.2.4 MÓVEL
FIGURA 3- TIPOLOGIA DESMONTÁVEL - ZIP UP HOUSE
Essa tipologia é, em sua maior parte, instalada sobre veículos com o intuito de serem transportadas de acordo com a necessidade do proprietário, por vezes sendo ela em si o próprio o automóvel ou sendo acoplada a um. FIGURA 4- TIPOLOGIA MÓVEL - DYMAXION CAR
7
1.1.1.2.5 PNEUMÁTICA O uso do ar como gerador de vãos, ora por diferença de pressão de ar interno ou externo, ora por componentes estruturais com gases de alta pressão.
1.1.1.2.6 INDEFINIDA Além dessas tipologias, há experimentações que lançam mão de experiências sensoriais como paredes baseadas em água em seu formato vaporizado, como o projeto apresentado por Elizabeth Diller e Ricardo Scofidio na Exposição Mundial de 2002 intitulado Blur Building.
FIGURA 5 - TIPOLOGIA PNEUMÁTICA - SERPENINE PAVILLION 2006
8
FIGURA 6- TIPOLOGIA INDEFINIDA - BLUR BUILDING
TIPOLOGIA DESMONTÁVEL TENDA EXÉRCITO ROMANO
TIPOLOGIA DESMONTÁVEL TEPPE
TIPOLOGIA DESMONTÁVEL CONSTRUÇÃO PRÉ HOMINIDIA EM “TERRA AMATA” FRANÇA
100.00 AC
TIPOLOGIA DESMON REVOLUÇÃO INDUS PALÁCIO DE CRIST TIPOLOGIA DESMONTÁVEL IGLUS
75.00 AC
75.00 AC
1.000 DC
1.820DC
TIPOLOGIA DESMONTÁVEL: FAVELAS FEITAS COM MATERIAIS DISPONÍVEIS
NTÁVEL STRIAL TAL
TIPOLOGIA DESMONTÁVEL: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL DYMAXION DEPLOYMENT UNIT
TIPOLOGIA MODULAR LIVING POD´S DO GRUPO ARCHIGRAM TIPOLOGIA MEGAESTRUTURAL: TORRE DE CÁPSULAS NAGAKIN TIPOLOGIA PNEUMÁTICA: INTERVENÇÃO OASIS N. 7
TIPOLOGIA DESMONTÁVEL: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL QUONSET HUT
1837 DC
1914 DC
TIPOLOGIA INDEFINIDA BLUR BUILDING
TIPOLOGIA MÓVEL: AUTOMÓVEIS MORADIA PACEMAKER BILEVEL
1939 AC
1.956DC
1.966DC
1.971 AC
1.972 DC
2002 DC
FIGURA 7- TIMELINE DA ARQUITETURA EFÊMERA PRODUZIDA PELO AUTOR
9
1.1.2 ARQUITETOS RELEVANTES PARA A ARQUITETURA EFÊMERA Ao longo da história da Arquitetura Efêmera, podemos destacar grandes arquitetos que contribuíram de forma signicativa, trazendo projeção para o tema bem como introduzindo vertentes e possibilidades para a popularização.
1.1.2.1 BUCKMINSTER FULLER Embora não tenha sido arquiteto de formação, Buckminster Fuller criou uma série de projetos visando à otimização da construção bem como a produção em série da arquitetura, além da criação de protótipos de moradia. Com seus projetos como a Dymaxion House, Montreal Biosphére, entre outros, demonstrou a viabilidade dessa arquitetura como possível solução para alguns problemas relativos à modernidade e conforto.
1.1.2.2 SHIGERU BAN Shigeru Ban, arquiteto japonês teve uma grande contribuição ao lançar mão de projetos icônicos, fazendo uso de tecido e/ou papelão, já que estes materiais são produzidos com baixo índice 10
de resíduos, bem como sua facilidade em serem reciclados. Teve dificuldade em conseguir aprovação para grandes construções com esse material em meio às organizações regulamentadoras. Outra contribuição de Shigeru foi em focar seus esforços em desenvolver soluções para situações emergenciais como relata CAMPOS (2009): “Os tubos de papel fizeram a estrutura de tendas para cerca de dois milhões de refugiados do genocídio da Tanzânia e Zaire, em Ruanda, África, em 1995”. Esse tipo de material construtivo foi utilizado por Shigeru em diversas obras ao longo de sua carreira, como a Catedral de Papelão e Igreja Católica de Takatori.
1.1.2.3 FREI OTTO Outro ícone é Frei Otto, que contribuiu de forma significante para a tipologia de estruturas tracionadas demonstrando a viabilidade de construções deste tipo em grande escala, como o Pavilhão da Alemanha na Exposição de Montreal, obra na qual fez uso de cabos em rede cobertos por uma membrana, projeto que serviu de base para o projeto do Complexo Olímpico de Munique em 1971.
1.1.2.4 RENZO PIANO O italiano Renzo Piano também produziu obras efêmeras, como é o caso do Pavilhão Itinerante da IBM em 1982, no qual o arquiteto aplica inovações tecnológicas, empregando o uso de peças concebidas para apenas um único uso, facilitando a montagem da edificação e potencializando sua característica de efemeridade, já que essa técnica diminui o tempo empregado para montagem e desmontagem da obra.
FIGURA 8 - BIOSFERA DE MONTREAL DE BUCKMINSTER FULLER
FIGURA 9 - CASAS PAPER LOG DE SHIGERU BAN
FIGURA 10 - PAVILHÃO DA ALEMANHA EXPO DE 67 de FREI OTTO
FIGURA 11 - PAVILHÃO ITINERANTE IBM DE RENZO PIANO
11
1.1.3 REFUGIADOS A questão da migração forçada e consequentemente dos refugiados é intrínseca à história da humanidade. Segundo a ACNUR – Agência da ONU para Refugiados –, são considerados refugiados aquelas pessoas que fogem de seu país de origem devido a perseguições, discriminações e punições, motivadas, dentre outras causas, por questões políticas, econômicas, étnicas e religiosas. Essas pessoas ao longo da história se mantinham de forma irregular em outras nações e regiões. O reconhecimento e amparo em nível mundial dessa classe de pessoas vem da decorrência das atrocidades cometidas nas guerras que marcaram o século XX. Mundialmente se teve a noção de proteger os direitos humanos e assim surgiram órgãos e documentos regularizadores e defensores desse direito, como as Nações Unidas (1946), a Declaração dos Direitos Humanos (1948), posteriormente a ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) e a Convenção das Nações sobre o Estatuto dos Refugiados em 1951.
12
1.1.3.1 CENÁRIO DOS REFUGIADOS São diversos os fatores que culminam na migração de uma população ao redor do mundo. Historicamente, se iniciaram motivados pela falta de alimento e água, posteriormente por motivos políticos variados. Essas migrações deram origem a diversos povos que essencialmente procuraram por melhores condições climáticas e geográficas para exercer sua produção típica baseada em conhecimentos empíricos adquiridos por seus ancestrais (DIAMOND, 2007). Os processos dessas migrações por vezes eram carregados de anseios, mágoas e também carregavam a identidade de um povo. Essas questões são representadas em algumas obras literárias, como Vidas Secas, de Graciliano Ramos: “entrava dia e saía dia. As noites cobriam a terra de chofre. A tampa anilada baixava, escurecia, quebrada apenas pelas vermelhidões do poente. Miudinhos, perdidos no deserto queimado, os fugitivos agarraram-se, somaram as suas desgraças e os seus pavores” (RAMOS,1938, p. 272). Com a consolidação de povos em certas regiões do planeta, surge uma grande identificação do homem com seu ambiente, ou seja, localidade e paisagem, dando um grande senso
de pertencimento que, por conseguinte, gera uma série de conflitos em relação à posse dessas regiões, seja por questões de necessidade de acesso a certas fontes de matéria prima para produção de variados produtos ou propriamente pela relação religiosa entre a população.
1.1.3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS REFUGIADOS A migração forçada tem diversas classificações pelo ponto de vista do governo brasileiro para esses povos. O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta seis grupos.
1.1.3.2.1 SOLICITANTES DE REFÚGIO Aqueles que estão aguardando o resultado de um pedido de refúgio oficial ao governo brasileiro.
1.1.3.2.2 IMIGRANTES ECONÔMICOS
re·fu·gi·a·do (particípio de refugiar) adjetivo e substantivo masculino 1. Que ou aquele que tomou refúgio, que se refugiou. 2. Que ou quem é forçado a abandonar o seu país por motivo de guerra, desastre natural, perseguição política, religiosa, étnica, etc.
São aqueles que se deslocam de seu país natal à procura de melhores condições financeiras em outros países.
13
59,5
65,3
DE PESSOAS DESLOCADAS POR GUERRAS E CONFLITOS
DE PESSOAS DESLOCADAS POR GUERRAS E CONFLITOS
2014
2015
milhões
1.1.3.2.3 DESLOCADOS AMBIENTAIS Imigrantes que tiveram a necessidade de seu deslocamento por questões envolvendo desastres naturais e processos naturais como a desertificação.
milhões
GRÁFICO 1 - EVOLUÇÃO DOS NÚMEROS DAS PESSSOAS DESLOCADAS POR QUERRAS E CONFLITOS NO MUNDO
1.1.3.2.4 IMIGRANTES HUMANITÁRIOS Esta categoria engloba uma série de pessoas em situações distintas mas que sofrem com violações aos direitos humanos, como tráfico de pessoas, pessoas com doenças graves fora do contato com sua família, entre outros.
1.1.3.2.5 IMIGRANTES INDOCUMENTADOS De modo geral, são todos que não dispõem de documentação necessária para serem residentes no Brasil.
1.1.3.2.6 IMIGRANTES EM FLUXOS MISTOS Estes chegam ao Brasil com um grupo que contém variadas pessoas oriundas de diversas situações de migração forçada.
3.094
Refugiados reconhecidos no Brasil
8.863
Refugiados reconhecidos no Brasil AUMENTO DE 127%
2010
2016
GRÁFICO 2 - EVOLUÇÃO DOS NÚMEROS DE REFUGIADOS RECONHECIDOS NO BRASIL
966
Solicitações de Refúgio no Brasil
28.670 Solicitações de Refúgio no Brasil AUMENTO DE 2.868%
2010
2015
GRÁFICO 3 - EVOLUÇÃO DAS SOLICITAÇÕES DE REFÚGIO NO
14
BRASIL
FIGURA 12 - REFUGIADOS EM BARCO TURCO, CHEGANDO À GRÉCIA EDITADA PELO AUTOR.
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1.1.4 MISSÃO DA PAZ E OS REFUGIADOS HAITIANOS EM SÃO PAULO Dentre os equipamentos presentes em São Paulo, o que se destaca nesse estudo é a Casa do Migrante, localizada na Rua do Glicério, 225, anexa à Paróquia Nossa Senhora da Paz, onde atua “A Missão Paz”, que se relaciona com migrantes de todo o mundo fornecendo apoio legal e proporcionando oportunidades de emprego por meio de parcerias com empresas. Após a chegada em grande número ocorrida no início de 2010, os haitianos se deslocaram para São Paulo de ônibus, chegando à cidade sem oferta garantida de empego, tampouco de moradia. A Missão da Paz atua em todo o atendimento legal para esses refugiados, dando também suporte psicológico, abrigo, alimentação, cursos de adaptação ao idioma e relações culturais entre a cultura local e a haitiana, promovendo festas e outros eventos para aproximá-las da nova realidade.
1.1.4.5 O HAITI O Haiti, ou República do Haiti, que faz parte do arquipélago do Mar do Caribe, é um país que divide a Ilha de São Domingos com a República Dominicana. Representa a maior população 16
da Comunidade Caribenha, com 10,6 milhões de pessoas (IMF, 2015). Descoberta pela Espanha em 1492, foi a primeira nação da América Latina e do Caribe a ter sua independência declarada. Também foi o único país no hemisfério ocidental a derrotar em batalha três superpotências juntas, Inglaterra, Espanha e França, tornando-se então a primeira nação independente por meio de uma Revolução de Escravos (DANTICAT, 2005).
1.1.4 5.1 BREVE HISTÓRIA DO HAITI Durante o período Pré-Colombiano, a Ilha de São Domingos era uma área sob domínio dos nativos Taíno, povo que se dividia por diversas ilhas caribenhas. Com a chegada de Cristóvão Colombo e consequentemente o povo europeu, o povo Taíno sofreu com doenças e trabalhos forçados, sendo dizimado rapidamente. A ilha, enquanto colônia de extrativismo, foi primeiramente explorada na mineração, depois na produção de cana de açúcar, partindo então para o cultivo de gado, café e gengibre. No século XVI, com receio da influência de piratas que se instalaram na região, a Coroa Espanhola decretou a migração da colônia para o lado leste da ilha, cedendo espaço para a
posterior colonização francesa, oficializada em 1697 pelo Tratado de Rijswijk. A parcela da ilha colonizada pelos franceses foi extremamente desenvolvida e considerada a colônia mais rica e produtiva do mundo graças a seu solo fértil e grande produção, status alcançado ao custo de severa conduta de exploração e punição dos escravos. Essa conduta, associada à Revolução Francesa e a uma série de acontecimentos, culminou na Revolução Haitiana em 1791 (MCLELLAN, 2010). Como resultado da revolução, o Haiti teve seu Primeiro Império (1804-1806), que dividiu o país em Estado do Haiti e Reino do Haiti, unificados em 1824 ao custo de uma enorme dívida para com a Coroa Francesa, já que carecia de um reconhecimento europeu como uma nação independente. O Segundo Império teve início em 1892 e foi caraterizado por um período de instabilidade, já que o País sofreu por meio da dívida para com os franceses e as diplomacias pautadas em forças bélicas do Governo Alemão e posteriormente o Governo Norte-americano. A instabilidade se seguiu até a resolução da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Em setembro de 1957, após um período de desordem pública, Dr. François Duvalier “Papa Doc” foi eleito Presidente e instaurou um regime ditatorial, passando o governo para seu filho Jean-
Claude “Baby Doc” Duvalier, sendo deposto em 1986. A história contemporânea haitiana mescla diversas instabilidades políticas e econômicas, bem como uma série de desastres naturais causados por furações e abalos sísmicos.
1.1.4 5.2 HISTÓRIA DA ARQUITETURA HAITIANA A arquitetura haitiana se divide, de modo geral, em duas facetas diametralmente opostas, sendo de certa forma um registo histórico da economia do País, visto que a arquitetura que se desenvolveu no início XIX remetia ao estilo Vitoriano e executada de forma adaptada para as necessidades locais, como janelas altas e grandes portas somadas à ausência da aplicação de vidro nas caixilharias, substituído por uma série de folhas de madeira dispostas de forma horizontal e vertical, denominadas Gingerbread houses. Com o avanço do processo de independência, o Haiti sofreu com políticas internacionais. A produção foi afetada, sofrendo também com o desmatamento. As somas desses processos serviram de estopim para uma série de acontecimentos que culminaram em extrema pobreza, potencializando então a 17
faceta da arquitetura haitiana que se baseava em construção de pequenas residências feitas com materiais disponíveis na natureza que, por vezes, se organizava de forma coletiva, ao redor de um pátio conhecido localmente como Lakou, que servia como espaço de convivência. Esse tipo de moradia feita com materiais disponíveis no local se espalha por todo o País. Essencialmente, essas moradias têm apenas um cômodo, com telhado feito com pedaços de metal e paredes com chapas de madeiras pregadas em pilaretes de madeira.
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1.1.4 5.2.1 ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA NO HAITI Após o desastre natural em 2010, surgiram diversas propostas para novas moradias a serem construídas em áreas nas quais houve maior impacto, desde reestruturações urbanísticas em quadras até releituras da organização cultural do Haiti, como novas versões dos Lakou.
FIGURA 13 - EXEMPLOS DE CASAS TÍPICAS NO HAITI
FIGURA 14 - EXEMPLO DE LAKOU
FIGURA 15 - EXEMPLO DE GINGERBREAD HOUSE
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1.1.4.5.3 DESASTRES NATURAIS NO HAITI A Ilha de São Domingos é sismologicamente ativa e ao longo de sua história foi centro de diversos tremores extremamente significativos. Em 12 de Janeiro de 2010, ocorreu um abalo sísmico de escala 7,0 Mw (escala de magnitute de momento que subsistiu a escala Richter, atualmente em desuso), seguida por uma série de ao menos 33 abalos sísmicos de magnitude 5,0Mw a 5,9Mw, causando a morte de cerca de 100 mil a 200 mil pessoas e afetando praticamente todos os sistemas de comunicação local, bem como a infraestrutura de deslocamento do País, atingindo também hospitais, presídios, residências, escolas e edifícios públicos. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), dos países americanos o Haiti é considerado o mais pobre e também extremamente vulnerável a desastres de larga escala. Em outubro de 2016, o Haiti sofreu com a passagem da furação Matthew, que deixou cerca de 877 mortos (REUTERS, 2016).
1.1.4.5.4 REFUGIADOS HAITIANOS Como resultado da soma entre falta de infraestrutura e de recursos públicos para reconstrução do País, uma parcela da população haitiana imigrou para alguns países à procura 20
de oportunidades de trabalho e moradia, embora nem todos tenham como objetivo se instalar de forma definitiva. Os refugiados haitianos têm como preferência países da América Latina como destino, dentre eles Colômbia, Peru, Equador e Brasil
48.371 PEDIDOS DE REFUGIADOS HAITIANOS NO BRASIL
2016
GRÁFICO 4 - NÚMERO DE PEDIDOS DE REFUGIADOS HAITIANOS NO BRASIL
1.1.4.5.5 REFUGIADOS HAITIANOS NO . BRASIL O caminho utilizado por esses imigrantes para chegar no Brasil e, posteriormente, em São Paulo faz uso intercalado entre ônibus e avião, levando cerca de 10 dias. Ao chegar no Acre, os haitianos imigrantes se dividem em alguns estados como Cuiabá, Porto Velho, São Paulo e outros estados do Sul, onde há uma maior demanda de mão de obra para trabalho (JOBSILLIE, 2015).
GRÁFICO 5 - TRAJETO DOS REFUGIADOS HAITIANOS PARA CHEGAR AO BRASIL
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1.2 - OBJETO DE ESTUDO – CENTRO DE APOIO AO REFUGIADO Em decorrência do grande número de refugiados e migrantes afetados pelos acontecimentos da Primeira e da Segunda Guerra, houve em Genebra, em 1950, uma Assembleia Geral que deu origem à Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, que instaurou uma série de instrumentos legais para garantir os direitos dos refugiados em nível mundial, criando respaldo legal para que qualquer pessoa possa procurar refúgio em outro país que não o de sua origem (ACNUR, 2016). Para abrigar esses refugiados, surgiram os Centros de Apoio aos Refugiados, que, de modo geral, são equipamentos públicos que acumulam serviços relacionados às necessidades dessa população.
1.2.1 – LEGISLAÇÃO E DEFINIÇÃO DE CENTRO DE APOIO AO REFUGIADO É garantido no Artigo 175 da Constituição Federal Brasileira, que “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”. Desta maneira, o 22
serviço público é garantido para todos os cidadãos brasileiros. Segundo DI PIETRO (2004), serviço público é “toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público”. O Brasil mantém uma política de acolhimento de pessoas em situação de risco, já que faz parte do Comitê Executivo da ACNUR. O tratado que define as atribuições do Estado para com os refugiados é descrito pelo Ministério das Relações Exteriores como: O Brasil é parte da Convenção Internacional sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951 e do Protocolo de 1967 – além de integrar o Comitê Executivo do ACNUR desde 1958. De acordo com esses tratados, poderá solicitar refúgio no Brasil o indivíduo que, devido a fundado temor de ser perseguido por motivos de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a grupo social específico ou opinião política, encontre-se fora de seu país de nacionalidade (ou, no caso de apátridas, de seu país de residência habitual) e não possa ou, devido a tal temor, não queira retornar a ele.
Com base nesse e em outros tratados, o Estado Brasileiro disponibiliza equipamentos públicos que atendam a essa demanda, garantindo o direito dos cidadãos em estado de refúgio de terem uma rede de serviços que fornecem apoio para sua colocação na sociedade além de moradia temporária, fora assessoria jurídica, médica e psicológica. Geralmente, esses serviços são oferecidos em uma mesma edificação. Atualmente, o Brasil tem uma série de equipamentos que cumprem a função de mediar e acolher esses refugiados além de imigrantes, migrantes e pessoas em situações análogas a essas em todo o País.
2.2 INSTALAÇÕES DE CENTROS DE APOIO AOS IMIGRANTES E REFUGIADOS EM SÃO PAULO
que contempla 110 vagas, com sanitários e banheiros, salas de aula e instalações administrativas. Já a Casa de Passagem Terra Nova tem 50 vagas, com sanitários e banheiros, salas de aula e instalações administrativas. O Centro de Integração da Cidadania – CIC do Imigrante – não possui alojamentos, porém disponibiliza ampla relação de serviços públicos, com diversas salas. A ADUS – Instituto de Reintegração do Refugiado – atua de modo semelhante à CIC, ou seja, não possui alojamento, mas disponibiliza atendimentos em assistência social, psicológica, cursos de idiomas, intermediações para trabalhos, assistência Jurídica e um Núcleo de Estudo sobre Migrantes.
Em São Paulo, além da Missão da Paz, tratada posteriormente nesse trabalho, há cinco centros de apoio aos refugiados, migrantes e imigrantes em São Paulo, sendo que em sua maioria há à disposição da população alguns quartos para residência provisória, como o Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes – CRAI, que tem um programa 23
1.3 LOCALIZAÇÃO 1.3.1 IGREJA NOSSA SENHORA DA PAZ
1.3.1.2 ESTILO ARQUITETÔNICO
A igreja Nossa Senhora da Paz foi fundada em 1940 na Rua Glicério, 225, em uma área conhecida como Várzea do Carmo, que é uma área localizada próxima a três bairros distintos Brás, Mooca e Liberdade, sendo considerada por mapas de zoneamento urbano da prefeitura de São Paulo pertencente ao Bairro da Liberdade. A Igreja foi fundada a partir da necessidade de acolhimento dos imigrantes italianos que compunham a classe trabalhadora no início do século XIX em São Paulo, financiada pela Pia Sociedade dos Missionários de São Carlos, que era uma instituição fundada na Itália com a função de assistir os emigrantes italianos na América, dando suporte religioso e social. Com o passar dos anos, ela foi se tornando um grande equipamento de acolhimento a imigrantes e migrantes de todo o país (RAMOS, 2008). O financiamento da igreja se deu de forma majoritária por doações de toda comunidade italiana em São Paulo na época e tinha como objetivo não só a construção de uma igreja, mas de um centro de convivência comunitária. A igreja conta com projeto de Leopoldo Petiini, pinturas de Fúlvio Pennacchi e esculturas de Galileo Emendabili (IDEM, IBIDEM).
O estilo aplicado na igreja deu origem a uma discussão entre financiadores da sua construção e moradores do bairro na época pelo senso comum de que a fé e os conceitos modernos não podem coexistir em uma edificação religiosa. O fato é que o estilo da igreja, sendo um dos poucos exemplos de templos religiosos com arquitetura moderna no Brasil, é relativamente moderno, porém após sua inauguração não houve nenhuma consideração dos modernistas, provavelmente pelo fato de que qualquer exceção à regra modernista seria considerada um retrocesso, pois qualquer tipo de referência às arquiteturas classicistas era repudiado pelo movimento (IDEM, IBIDEM). O que dá caráter de modernismo à edificação é a ausência de ornamentos, tanto no interior como na fachada, simetria, relação direta entre forma e função.
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FIGURA 16 - FACHADA DA IGREJA NOSSA SENHORA DA PAZ 25
1.3.1.3 PLANTA
1.3.1.4 AFRESCOS E ESCULTURAS
Para um levantamento preciso sobre as inspirações para a concepção da igreja, precisamos retomar conceitos da Arquitetura Paleocristã, que data do século VI, sendo uma arquitetura simples, já que nesta época o Cristianismo era uma religião de minioria (SYNDICUS, 1962). Não disponibilizando de fundos para construção sofisticada e rebuscada, esse estilo tem dois tipos de planta comumente aplicados: a Planta Basilical, que tinha teto em armação de madeira, implantação em cruz latina, três ou cinco naves separadas por arcadas e colunatas e a Planta Centrada, com formas circulares octogonais ou em cruz grega, coberta com cúpulas ou meias cúpulas. Esse tipo de arquitetura prezava a simplicidade, identificando a religião não como uma acumuladora de riquezas, mas como apenas uma portadora da palavra de Deus. Como exemplo dessa arquitetura, temos a antiga Basílica de São Pedro, datada de 324 (RAYMOND, 1995). A igreja tem gabarito de 18 metros, 25 metros de largura e 49 metros de comprimento, com área total de 1.225 metros quadrados, capacidade de 368 pessoas e torre sineira de 37,5 metros de altura.
A decoração no interior da igreja tem uma unidade, uma mistura entre o Novecento, que tinha como objetivo renovar a arte italiana, tal como o Renascimento, e uma revitalização dos conceitos aplicados Pela Escola de Paris, cujo artista mais notório foi Pablo Picasso. Em entrevista, Pennacchi afirma: “Sabe, para pintar o afresco, a gente precisa ter alguma coisa dentro da gente, não pode haver modelo. Eles estavam dentro da minha cabeça. Fui tirando e pintando depressa, antes que secasse a argamassa, é isso”. (LINGUANOTTO, 1949). Esses afrescos se distribuem em 6 capelas e são dedicados a santidades e demais figuras do cristianismo com maior relevância para a comunidade italiana local.
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ALTAR MOR
CAPELA PARA STA. CATARINA DE SIENA
ALTAR PARA SÃO FRANSCISO
CAPELA PARA SÃO JOSÉ CAPELA PARA SANTA RITA DE CÁSSIA
CAPELA PARA SÃO CARLOS BORROMEO CAPELA PARA SÃO JOÃO BATISTA
CAPELA P ARA STO. ANTÔNIO DE PÁDUA
GRÁFICO 6 - DETALHAMENTO DA DISTRIBUIÇÃO DE AFRESCOS E ESCULTURAS NA IGREJA NOSSA SENHORA DA PAZ
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1.3.2 HISTÓRIA DO BAIRRO DA LIBERDADE A área que hoje é conhecida como Bairro da Liberdade só foi batizada com esse nome após uma lei de 1905. Anteriormente, era conhecido como Distrito Sul da Sé por questões de proximidade ao centro da cidade. O bairro tem origem por volta do Século XVII, quando era uma série de chácaras de produção de chá que eram cortadas por um caminho conhecido como “Caminho do Ibirapuera” ou “Caminho de carro para Santo Amaro” e até “Estrada nova para Santos”. Com a diluição dessas chácaras, a área foi loteada, dando origem ao formato atual (GUIMARÃES, 1979). Com o crescimento da cidade, o bairro foi rasgado por vias de ruas, bondes e a chegada dos imigrantes orientais em 1908, tendo suas características alteradas, dando espaço para sua caracterização semelhante a cidades orientais, tornando-se então reduto dessa cultura e tendo diversas festas típicas bem como feiras e demais eventos orientais.
As famílias mais abastadas viviam confinadas nas suas chácaras distantes, deixando as estreitas ruas, as ladeiras íngremes, os becos e as pátios para as classes mais humildes, para os tipos populares: escravos, quitandeiras e tropeiros (IDEM, IBIDEM, p.19). A região que hoje compreende o Bairro da Liberdade engloba
1.3.2 HISTÓRIA DO BAIRRO DA LIBERDADE Na época do surgimento do bairro, em 1808, São Paulo não passava de uma província rural e, não diferente de todo o Brasil na época, fazia uso de trabalho escravo para os mais diversos fins. 28
FIGURA 17 - BAIRRO DA LIBERDADE EM MAPA DE 1842
parte do que era conhecida como Chácara do Quebra Bunda, uma chácara que teve uma história controversa entre defender o direito à liberdade dos escravos no fim do século XIX, a ponto de abrigar fugitivos em igrejas na região, e ser local de tremendas punições aos fugitivos a ponto de se dizer na época que essas surras eram capazes de “descadeirá-los”,
motivo pelo qual a chácara era conhecida como “Quebra Bunda” (IDEM, IBIDEM). A região considerada como Várzea do Carmo, onde está a Igreja Nossa Senhora da Paz, servia de abrigo e esconderijo para escravos fugidos devido à sua vegetação densa e labiríntica.
ALDEAMENTOS INDÍGENAS
CHÁCARAS E ASPECTO RURAL
URBANIZAÇÃO BÁSICA DO BAIRRO POR JULES MARTINS
CHEGADA DE IMIGRANTES ORIENTAIS AO BAIRRO
GRANDE PROCESSO DE URBANIZAÇÃO AMPARADO PELA CÂMARA MUNICIPAL
1607
1808
1889
1908
1900
REMODELAÇÃO DO BAIRRO E DA CIDADE POR PRESTES MAIA
REMODELAÇÃO DO BAIRRO E DA CIDADE POR PRESTES MAIA
PEQUENAS MUDANÇAS RELACIONADAS AOS SERVIÇOS NO BAIRRO
REALOCAÇÃO DE ORIENTAIS DE OUTRAS NACIONALIDADES PRESERVANDO A CULTURA JAPONESA BAIRRO
TORNOU-SE UM BAIRRO TURÍSTICO
1930
1970
1990
2010
2017
GRÁFICO 7 - TIMELINE DA URBANIZAÇÃO DO BAIRRO DA LIBERDADE
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1.3.2 ZONEAMENTO URBANO, USO, SOLO E GABARITO A igreja está em um lote que é definido como Zona Especial de Interesse Social de nível 3, que tem como definição garantir uma política de revitalização dos bairros, regularização fundiária e urbanização de favelas. Em especial, as ZEIS 3 se caracterizam por áreas próximas aos rios que atravessam a cidade de São Saulo, áreas nas quais há vias que articulam a cidade. Essas zonas, de acordo com o plano diretor de 2014, devem recuperar áreas urbanas deterioradas além de aproveitar edificações e terrenos subutilizados para novos empreendimentos que revitalizem e transformem as áreas em desuso em ativas. Percebe-se também um adensamento na área, uma vez que já há uma edificação residencial com 25 pavimentos, com 399 apartamentos sendo inaugurados em novembro de 2015.
1.3.3 SISTEMA VIÁRIO E TRANSPORTES PÚBLICOS A igreja tem seu papel no bairro, uma vez que, por ser um equipamento público, mantém diversas relações tanto no macro como no micro, impactando seu entorno imediato bem como o bairro e a cidade propriamente dita. O entorno imediato à igreja tem em sua maior parte uso misto, 30
com alguns serviços na rua do Glicério. Um ponto marcante é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Duque de Caxias, tendo quatro pavimentos e uma quadra poliesportiva.
1.3.4 RELAÇÃO COM A CIDADE A área onde está a igreja consiste em uma grande várzea do rio Tamanduateí (FERREIRA, 1971), portanto apresenta um nível relativamente plano, porém está próxima a uma área de grande declividade. Os principais acessos à igreja são por um ponto de ônibus na parte oeste do lote, ou por meio de automóvel, contudo, por se tratar de uma área central, está servida por metrô e está relativamente próxima ao terminal Parque Dom Pedro II. Vale salientar que nas proximidades da área passa um grande corredor que liga a Zona Oeste da Cidade com a Zona Leste, tendo um enorme fluxo e impacto em toda a cidade.
FIGURA 18 - RELAÇÃO ENTRE A IGREJA COM A CIDADE
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GRÁFICO 8 - LOCALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA DO BAIRRO DA LIBERDADE
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FIGURA 19 - PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO
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FIGURA 20 - MOSAICO DE FOTOGRAFIAS NO ENTORNO DA QUADRA DA IGREJA
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1.5 JUSTIFICATIVA 1.4 OBJETIVO 1.4.1 OBJETIVO GERAL Evidenciar a viabilidade da Arquitetura Efêmera como uma resposta satisfatória, de fácil instalação e remoção, para as necessidades de moradia e abrigo de forma temporária ou não, causadas pelas variáveis ambientais e sociais presentes na sociedade contemporânea.
1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Desenvolver um projeto de Arquitetura Efêmera anexo à estrutura da igreja, que possa garantir o atendimento da demanda por abrigo temporário dos refugiados haitianos em São Paulo, precisamente os que procuram abrigo na Missão da Paz, organização instalada na Igreja Nossa Senhora da Paz, proporcionando, além de moradia temporária, apoio psicológico, jurídico e médico para os refugiados.
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A Arquitetura efêmera tem desde sua origem a função de atender às necessidades da população, tendo ao longo da sua história sendo readaptada e utilizada para diversos fins. Desde Guerras até Transporte, passando por moradia nômade e utopias NETO (2007). E com as novas dinâmicas de migração, em sua maioria por refugiados, cresce a necessidade de instalações que se adaptem em ambientes diversificados provendo uma arquitetura que inove tanto em materiais com em formas, já que se faz necessária a evolução das construções já que a construção civil é a que produz mais resíduos além de consumir cerca de 75% dos recursos naturais produzidos no mundo JOHN (2000). A Arquitetura, que comumente se dá por grandes edificações, deve também exercer seu papel para atender a parcela da população que não tem condições de custear ou se adaptar a uma situação de desastre natural, na qual há perda de sua moradia BAN (2013). Deste modo, este trabalho procura reconhecer na Arquitetura Efêmera uma relação entre inovação e viabilidade de construção que possa promover de forma significativa a instalação de construções como essa no Brasil.
1.6 METODOLOGIA A metodologia aplicada neste trabalho é mista entre a pesquisa qualitativa e a quantitativa, já que cada uma exalta aspectos que tangenciam a arquitetura. Além do que, “A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente.” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009. p. 33). Desta maneira, o presente estudo fará análises de referências bibliográficas, entrevistas com pessoas relacionadas ao tema, análise de projetos arquitetônicos, análise do local no qual o objeto de pesquisa se dá, pesquisas documentais, pesquisas de campo, levantamentos juntos a órgãos públicos, estudos de casos e pesquisas etnográficas.
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CAPÍTULO 2
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ESTADO DA ARTE
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2.1 METODOLOGIA Para levantar um estado da arte da Arquitetura Efêmera, se faz necessário embasamento pautado em estudos científicos, afim de determinar um recorte para o estudo, bem como, termos dimensões do que está sendo discutido sobre o tema, baseado nisso fez-se um levantamento pautado em como se deve produzir uma pesquisa acadêmica, posteriormente ver como ela se adapta ao campo da Arquitetura e Urbanismo.
2.2 FICHAMENTOS O fichamento é uma das técnicas utilizadas para organização de conhecimentos adquiridos por meio da leitura de um material para então ser possível levantar uma bibliografia que sustente um conhecimento, como afirmam SILVA e BESSA: “o fichamento compreende um modo de documentação do conhecimento adquirido, pois, durante as leituras, o aluno registra nas fichas as ideias principais do texto lido, podendo manuseá-las com facilidade e utilizá-las quando necessário” (2015, p. 4).
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2.2.1 FICHAMENTO DE UMBERTO ECO – COMO SE FAZ UMA TESE Inicia seu livro com o primeiro capitulo apresentando a tese como: “Uma tese consiste num trabalho datilografado, com extensão média variando entre cem e quatrocentas laudas, onde o estudante aborta um problema relacionado com o ramo de estudo em que pretende formar-se”. (p. 27) Também levanta as funcionalidades e abordagens possíveis de uma tese para diversos fins acadêmicos, como as teses de pesquisa e exemplifica o tipo de tese de compilação. “(...) o estudante apenas demonstra haver compulsado criticamente a maior parte da ‘literatura’ existente (isto é, das publicações sobre aquele assunto) e ter sido capaz de expô-la de modo claro (...)” (p. 29) Recorte de público relativamente distinto na área acadêmica: “Destina-se aqueles que (mesmo não sendo milionários e não tendo à disposição dez anos para formar-se, depois de haver corrido o mundo todo), com uma razoável possibilidade de dedicar algumas horas diárias ao estudo, querem preparar uma tese que lhes dê certa satisfação intelectual e lhes sirva também depois da formatura (...)”. Salienta o crime que implica
em comprar uma tese feita por outra pessoa ou cometer plágio ao apresentar uma tese copiada de outra localidade. Citação de variados usos do conhecimento adquirido durante a concepção da tese além de sua possível utilidade em estudos derivados dela e salienta que “(...) fazer uma tese significa, pois, aprender a pôr ordem nas próprias ideias e ordenar dado: é uma experiência de trabalho metódico, quer dizer, construir um objeto que, como princípio, possa também server aos outros. Assim não importa tanto o tema da tese quanto a experiência de trabalho que ela comporta”. Eco diz que “(...) quem quer fazer uma tese deve fazer uma tese que esteja à altura de fazer” (p. 33). As regras resumemse em filtrar o conteúdo baseando-se na acessibilidade das fontes, conhecimento do candidato, que seja algo que ele tenha interesse e que o candidato seja capaz de fazer uso da metodologia necessária para a execução da tese. No Capítulo 2, há considerações sobre a citação das dificuldades relacionadas ao aluno e o tema do trabalho dentre línguas, recorte, relação com o orientador, temática e área de estudo. Trata sobre a importância de um estudo prévio do tema, a fim de evitar equívocos. Posteriormente, cita diversas metodologias de levantamento de informações sobre um tema a fim de facilitar o processo de elaboração de uma
bibliografia precisa bem como detalhamentos de como fazer citações e referenciar diversas obras em variadas situações tais como em outra língua, clássicas, edições diferentes etc. O plano de trabalho requer toda uma metodologia baseada em um pensamento lógico da estruturação do trabalho, fazendo uso de algumas técnicas como o fichamento, que pode se dar de diversas maneiras e ser facilmente organizado de acordo com a necessidade do estudante. No capítulo 3, aborda a pesquisa do material; o plano de trabalho e o fichamento; a redação; a redação definitiva. Ao longo desse capítulo, o autor descreve diversas considerações acerca de garantir uma qualidade técnica do trabalho, listando diversas maneiras de executar as minúcias relacionadas a uma tese. Tal como no capítulo da redação, faz considerações de como texto deve ser redigido a fim de evitar certos equívocos em relação a como descrever as informações. Também exemplifica diversas regras de como fazer citações de textos e de trabalhos de outros, alerta sobre algumas questões morais como não se arriscar a tecer um texto que critique ou evidencie uma ideia oposta a um grande pensador e, ao fim, expõe um exemplo de redação definitiva. Na conclusão, o autor ressalta que seu livro, apesar de ter partes técnicas exaustivas, representa uma revisão de tudo o 45
que se passa no ramo acadêmico, também relata que apesar das diversas dificuldades em relação à concepção de uma tese, se ela for feita com gosto e vontade, ela será de fato muito produtiva e acrescentará muito ao candidato, também salienta que “fazer uma tese significa divertir-se, e a tese é como um porco: nada se desperdiça”. (p. 233)
2.2.2 FICHAMENTO DE SERRA-PESQUISA EM ARQUITETURA E URBANISMO: GUIA PRÁTICO PARA O TRABALHO DE PESQUISADORES EM PÓS-GRADUAÇÃO No capítulo 1, discute aspectos introdutórios sobre a teoria do conhecimento, com destaque para a influência que ciências físicas exerceram na ciência humana durante os séculos XIX e XX. Algumas questões filosóficas estão por trás do desenvolvimento das ciências, como “quando a acumulação das contradições entre a teoria aceita e a experiência exige uma nova teoria” (p. 13). Discute-se sobre a contradição fundamental e a sua vital importância como ponto de partida do saber em Arquitetura e Urbanismo. Nesse sentido, a pesquisa em Arquitetura e Urbanismo serve não apenas para descobrir algo, mas também para modificar e inventar 46
soluções a problemas postos anteriormente. Pondera-se que o ponto de partida de uma pesquisa científica se constitui na definição do problema a ser resolvido, do objeto a ser estudado e dos objetivos do estudo. No capítulo 2, categoriza de maneira geral a abrangência dos termos arquitetura e urbanismo, restringindo o primeiro, para fins de especificação do assunto da obra, à “disciplina que lida com projeto e a construção de edifícios, com os produtos dessa atividade, ou seja, com os próprios edifícios e com cada uma das suas partes ou aspectos” (p. 28). Destaca alguns objetivos da pesquisa em Arquitetura e Urbanismo, como a resolução de problemas específicos em projetos ou inovações em soluções formais já assumidas. Já as pesquisas em urbanismo dedicamse a partes ou aos processos das aglomerações espaciais, que são, em última instância, seus objetos. O autor também discute as aproximações entre as pesquisas em Arquitetura e em Urbanismo e destaca a amplitude que elas carregam, sem se esquecer da especificidade que um estudo precisa ter. No capítulo 3, aborda o problema em si. “O problema emerge porque ele conhece o assunto e não porque ele o ignora” (p. 46). Em outras palavras, o autor defende que se deve ter bom embasamento sobre determinado tema para que seja possível
sistematizá-lo e, assim, identificar aspectos menos explorados ou conhecidos. Escrever uma declaração de intenção de pesquisa é o primeiro passo para iniciar a sua pesquisa. Por sua vez, esse documento será fruto de um processo árduo de investigação. Frequentar seminários e ler o material inicial coletado fortalece a base preliminar necessária para a elaboração da pesquisa e amplia os horizontes do pesquisador e o deixa apto a formular esse documento. Após essa fase, o autor discorre sobre a continuidade do processo, que consiste na delimitação do problema, a definição do objeto e a listagem dos objetivos. O capítulo 4, aborda a metodologia de pesquisa. Inicia-se com a discussão sobre indução e dedução, seguida da constatação de que a indução é característica fundamental do método científico. Discute-se o método cartesiano e apresenta-se o método científico, do qual os passos são destrinchados pelo autor. Também é abordada a proposição de Popper, que basicamente defende o caráter provisório das proposições científicas, ou seja, “são verdadeiras até prova em contrário” (p. 68). Por fim, é apresentado o holismo, que consiste na defesa de que compreender as interações entre as partes de um sistema é fundamental para o desenvolvimento do saber. O autor finaliza o capítulo afirmando que, durante a fase de
leitura da bibliografia, é possível identificar o método usado por cada um respectivamente, ficando mais simples a tarefa de adoção de uma metodologia. O capítulo 5, o autor apresenta os métodos mais comuns nos estudos de arquitetura e urbanismo. O autor define método como “um conjunto de regras que decide a cada momento qual o próximo passo a ser dado na pesquisa” (p. 88). O autor defende que a definição de um método precede o início da produção científica e torna o trabalho mais eficaz e eficiente, otimizando o tempo do pesquisador. O capitulo 6, após discussão sobre o empirismo, diferenciações que alguns pensadores fizeram entre modelo e teoria e apresentação de modelos verbais e físicos, o autor discute a representação da arquitetura, relacionando a importância que os modelos têm para essa área, pois seu profissional depende deles para desenvolver um bom trabalho. Com isso, seguese nova explanação de uma série de modelos que fazem parte de um projeto de arquitetura. Para finalizar, o autor apresenta críticas que costumam ser feitas aos modelos, como reducionismo, esquematismo e a sua parcialidade, entre outras. O capitulo 7 é sobre modelos matemáticos. Após apresentar uma série de modelos matemáticos, utilizados tanto na 47
arquitetura como nas ciências em geral, o autor conclui que tudo pode ser colocado em um modelo matemático, desde que as variáveis sejam conhecidas. No capítulo 8, é abordado o plano de pesquisa, que, na visão do autor, é um documento que orienta o andamento da pesquisa, otimizando o tempo do pesquisador e tornando, assim, o trabalho mais eficiente. Deve ser flexível e exige certo tempo para ser preparado com qualidade. A partir daí o autor destrincha as partes de um plano de pesquisa, explicando passo a passo a melhor forma de construí-lo. O capítulo 9 enfatiza que os produtos da pesquisa são aquilo que o pesquisador produz ao longo do seu trabalho, seja de mestrado ou doutorado. Eles são importantes para eventuais correções de rota e levantar possíveis inconsistências no trabalho como um todo, por exemplo. Também faz parte desses produtos o trabalho final, como tese, monografia ou dissertação. O autor enumera vários tipos de produtos e entra superficialmente em cada um deles. Os recursos e restrições são abordados no capítulo 10. O autor defende que possíveis restrições sejam previstas, pois, nas suas próprias palavras, “não tomar conhecimento de limites é sinal de superficialidade” (p. 155). Assim, ele aborda possíveis dificuldades ligadas a aspectos éticos, disponibilidade de fontes 48
bibliográficas, equipamento, tempo e recursos financeiros, por exemplo. Cabe lembrar que essa fase do projeto já deve ser considerada no plano de pesquisa. Ao longo do capítulo 11, o autor salienta mais uma vez o fato de o saber científico ser algo construído coletivamente. Assim, defende-se a importância da construção do embasamento teórico. O conhecimento da obra de outrem é responsável pela elaboração de hipóteses para a resolução dos problemas levantados na fase de imersão no tema de interesse. O autor defende que o embasamento teórico é fundamental para que o pesquisador seja capaz de caracterizar o estado-daarte de determinado assunto, sendo assim apto a identificar possíveis aspectos a serem explorados e proposições pouco desenvolvidas. O capítulo 13 aborda a base empírica, fazendo uso de exemplificação de diversos métodos de coleta de dados de base empírica. O autor demonstra que é imprescindível essa etapa do trabalho, já que ela gera conhecimento, como o autor cita no trecho: “A coleta de informações diretamente do real, isto é, objetos concretos, e a conformação de uma base empírica para suas conclusões são a parte central e mais importante da investigação, pois é nessa etapa da pesquisa que todo conhecimento novo é produzido”.
No capítulo 13, o autor discorre sobre alguns critérios de avaliação e ressalta que toda pesquisa tem um objetivo e que, para alcançá-lo, deve-se lançar mão de algumas técnicas e alternativas para garantir uma pesquisa de qualidade. Também ressalva como podemos evitar o uso de falácias. Por fim cita que em certas ocasiões se faz necessário o uso de realimentação do processo, no trecho “de fato, não é raro que nenhuma das alternativas consideradas mostre-se convincente ou que os critérios de avaliação não levem a decisão clara e definitiva, portanto será necessário propor novas alternativas e as vezes até como resultado do processo de avaliação”. Avaliações de desempenho são abordadas no capítulo 14, sendo que ele trata de uma série de observações rápidas de algumas metodologias de avaliações para cada tipo de área a ser tratada, apresenta os sistemas APO (avaliação pós ocupação), questões de Amostragem, a ISO 6421 bem como o processo de planejamento de uma avaliação. O capítulo 15 é sobre como se formulam as conclusões. Durante o processo de estudo, nos deparamos com algumas soluções para perguntas que acabam gerando novos questionamentos. O autor cita quais caminhos podem ser seguidos além de facilitar o entendimento de como lidar com isso, por exemplo a diferenciação entre invenção e inovação no trecho “a
invenção refere-se à criação de alguma coisa radicalmente nova, enquanto a inovação é uma novidade formal, um rearranjo de elementos que pé existiam, ou simplesmente a uma nova abordagem para um velho problema” (p. 233) No capítulo 16, o autor trata de uma forma de geral de como deve se conduzir tecnicamente a redação e faz algumas ressalvas de como o processo se aplica à arquitetura e urbanismo, tal como o trecho no qual ressalta a relevância do domínio de conhecimento de computação: “todavia, como falamos aqui preferencialmente de pesquisadores nas áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia, é importante também destacar um mínimo de competência no manejo de programas para projeto apropriado por computador é imprescindível, uma vez que supõe que boa parte das pesquisas esteja lidando com entes espaciais frequentemente associados à teses propositivas” (p. 237).
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2.2.3 - FICHAMENTO DE NÉLIA MENESSES - ARQUITECTURA (S) NÔMADA (S) – PAISAGENS EM CONSTANTE MUTAÇÃO Inicia o capítulo 1 fazendo análises das principais inovações tecnológicas, detalhando-as e traçando então um perfil de como essas inovações se relacionam com a própria sociedade e, de certo ponto, exemplifica a mudança das necessidades e visão do mundo dessa sociedade. “O século XIX e o século XX foram extremamente prodigiosos em termos de invenções e descobertas que contribuíram para uma maior qualidade de vida a nível pessoal, e também a nível social. O aparecimento da electricidade possibilitou o controlo dos ritmos da natureza, desde a luz e escuridão, ao calor e frio. Novas máquinas facilitaram a vida doméstica, passando a ser a comodidade o mote principal, não esquecendo a nova preocupação com a aparência física. O motor de combustão interna, que foi inventado em meados do século XIX, acelerou o ritmo de vida do século XX. Preso a um conjunto de rodas, transformou-se no popular automóvel, e ligado a uma hélice, deu vida ao avião. As distâncias foram encurtadas”. (p. 18) O assunto do segundo capítulo é a interdisciplinaridade. Faz uma série de considerações traçando paralelos em diversas 50
áreas com a arquitetura tais como Navegações, Aviação, Engenharia Aeroespacial baseando-se em “Com o desenvolvimento dos meios de comunicação e de diversas indústrias, a arquitectura pode encontrar inspiração e maisvalias para os seus projectos, na arqueologia e nos documentos que a história da própria arquitectura fez questão de preservar, mas também em áreas que lhe seriam, à partida, indiferentes”. (p. 25)
No capítulo 3, aborda a importância determinante da préfabricação. Define seus princípios de utilização quando diz que “Com os objectivos de dar resposta a questões como o baixo custo da operação, de fabricação e de montagem, à flexibilidade no uso e à mobilidade das peças e/ou volume (s) que constituem o edifício, a industrialização da construção, com os seus componentes produzidos fora do local de implantação, desenvolveu-se bastante durante o século XIX, sendo aplicada em hospitais, escolas, mercados, fábricas, e estações de caminhos-de-ferro. Para além da madeira, do ferro fundido, do aço e do betão, novos materiais como o linóleo e chapas metálicas para coberturas aumentaram a variedade de oferta destas mesmas construções.” (p. 29).
Também cita grandes arquitetos que contribuíram para a arquitetura nômada, como Le Courbusier, que desenvolveu novas relações entre a arquitetura a fabricação em larga escala como o que a autora relata no trecho: “Após 1925, em Pessac, Corbusier inicia o seu primeiro loteamento e, com ele, o desfecho dos seus intentos para lançar para produção os diversos desenhos para a vivenda manufacturada. As habitações, na sua combinação, tinham um valor espacial e plástico decorrente da relação entre elas, quer no confronto entre superfícies lisas com superfícies providas de aberturas, quer de coberturas horizontais com corpos verticais e até mesmo de cores, usadas aqui para aligeirar o volume” (p. 33).
Considera também a grande influência dos projetos de Buckminster Fuller, que desenvolveu uma série de conceitos estruturais, projetuais e também no âmbito dos materiais aplicados aos seus projetos, faz também considerações detalhadas sobre os projetos Dymaxion e Wichita House. Discorre sobre o papel de iniciativas de construções de casas pré-fabricadas em empresas como General Houses Corporations: “O papel determinante da General Houses Corporation prende-se, ainda, com o desenvolvimento
tecnológico de painéis pré-fabricados em gesso, em fibras minerais e em contraplacado. Soluções económicas, flexíveis e adaptáveis a qualquer escala de produção” (p. 36). Por fim, levanta a importância de projetos de casas préfabricadas como Package House de Gropius e Wachsmann, Eames House de Charles e Ray Eames além do Projeto Habitacional de Meudon. Termina o capítulo citando a “House of the future” de Alison Smithson, e concluindo que “Ao longo da história, e devido a constantes evoluções e optimizações no modo de projectar e construir, são diversos os exemplos de aplicabilidade de sistemas e elementos prefabricados às necessidades contemporâneas, desde à habitação unifamiliar ou colectiva, a escritórios, ou a casos urbanos mais complexos, relacionados com aumentos demográficos, realojamento de refugiados e de comunidades nómadas, seja por necessidade ou escolha” (p. 42). A segunda parte do estudo aborda o objeto, iniciando-se com a evolução e tipologia da arquitetura nómada. Dentre os capítulos é o mais extenso, já que descreve e caracteriza diversas tipologias, cita projetos e arquitetos relevantes para 51
o tema. Inicialmente a autora afirma que “A arquitectura nómada abrange um campo bastante amplo e complexo de projectos, de ideias e de obras que procuraram, ao longo da história, dar resposta às necessidades e desejos dos homens, em concordância com os avanços permitidos pela sociedade e pela optimização da tecnologia” (p. 45). Segue então para uma série de considerações de como definir a gama extensa e complexa da Arquitetura Efêmera no quesito tipologia, definindo então que “Partindo do pressuposto que a prefabricação está inerente ao método de construção da arquitectura nómada, não se considerou coerente abordá-la como uma tipologia distinta, mas sim como uma premissa fundamental para desenvolvimentos futuros. Assim, optou-se por fazer uma divisão em cinco grupos, analisando qual a sua característica predominante, qual as aplicações mais frequentes, e qual a durabilidade e natureza da sua ocupação. Desmontável, móvel, modular, tensiva e pneumática são então as tipologias consideradas e aquelas que servirão de base a possíveis subclassificações” (p. 50). Aborda sequencialmente cada grupo e exemplo das respectivas 52
obras que os caracterizam, começando com a Arquitetura Desmontável, relacionando-a diretamente com a construção pré-fabricada citando a Quonset Hut, fabricada para a Segunda Guerra mundial e fazendo uso de estrutura de pequeno porte em arco metálico, Zip- House, de Richard Rogers, que faz uso de painéis modulares conectados por uma junta elástica de neoprene, Segue com a Tipologia Móvel, ou seja, quando automóveis são habitados, comenta projetos como o Aerocar de Glenn Curtiss e Vivenda Nómada de Raymond Roussel, que basicamente são projetos que somam automóveis e espaços para moradia. Descreve projetos de Fuller, como Dymaxion Car e Mechanical Wing, além do Airstream de Wally Byam, partindo então para os períodos pós-guerra, relatando que “Durante o período pósguerra, estas habitações móveis tornaram-se mais acessíveis melhorando também a nível técnico, com o aumento da velocidade máxima que poderiam atingir e com algumas variações formais com o objetivo de rentabilizar o espaço interior” (p. 59). A autora discorre então sobre diversos projetos pós-guerra, tais como Drive-in House, Pacemaker Bilevel, TenWide, Caravantex do Atelier MMW e Rhino Atelier TSA Architects.
No grupo de Tipologia Modular, cita que se esse tipo se define como: “A arquitectura modular apresenta pontos de contacto quer com as construções desmontáveis, uma vez que é igualmente manufacturada fora do lugar de implantação, quer com a arquitectura móvel, pois os módulos são transportados e entregues no destino final como volumes acabados e equipados. Como já foi referido, a fronteira entre as tipologias é ténue, residindo a maior diferença, neste caso, na sua capacidade de repetição formal e consequente conjugação volumétrica, associadas ou não a megaestruturas” (p. 61).
Divide essa classificação em dois grupos: módulos completamente equipados ou unidades volumétricas que se repetem formando um edifício final. Os projetos que a autora cita como exemplos são Mobile Dwelling Unit (MDU) e MDU Harbor, uma aplicação conjugada do projeto. Há uma atenção especial para as habitações plásticas de 1950/1960, como a Monsanto’s House of the future, pioneira no estilo e influenciando grupos como Archigram e os Metabolistas. Outro projeto similar descrito é o Six-Shell Bubble.Trata também a relevância do grupo Archigram, cita sua história e filosofia dando destaque aos projetos da Cápsula
de Warren (Warren Capsule) e Living-Pod. Já quanto ao grupo dos Edifícios Megaestruturais, ela cita dois grandes edifícios. Um deles é o Habitat 67, projetado por Moshe Safdie e a Torre de Cápsulas Nagakin, de Kisho Kurokawa. Exemplifica com “É a aplicação prática da ideia de cidade no espaço e da lógica de agregação de células prefabricadas. Kurokawa consegue obter, com meios simples e com um repertório formal limitado, a expressão do avanço tecnológico e da cidade mutável” (p. 67). Segue com descrições das técnicas utilizadas no projeto. Conclui o trecho com citações dos projetos contemporâneos do tema como Stairway to Heaven, Casa Nova e House, de Didier Fiúza Faustino e LoftClub, dos Studios Aisslinger. Segue para o grupo das Arquiteturas Tensivas, definida pelo trecho “A tipologia apelidada, neste caso, de tensiva é baseada na tradicional tenda. Uma estrutura rígida suporta um revestimento estirado, funcionando como pele dessa mesma estrutura, que resulta, maioritariamente, de considerações e modelagens matemáticas mais do que estéticas, apesar da liberdade que o arquitecto tem para experimentar formas mais ousadas e complexas” (p. 69).
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Descreve também as características e materiais utilizados para esse tipo de sistema construtivo. Cita os arquitetos Ove Arup e Eero Saarinen, seguidos por uma descrição da obra de Fuller e suas Cúpulas Geodésicas. Salienta em seu texto que “Em certa medida, as cúpulas desenvolvidas por Buckminster Fuller podem ser interpretadas como estruturas, não tensivas, mas que resultam da combinação entre tensão e compressão dos seus elementos” (p. 70). Em especial, descreve características das obras Supine Dome, Autonomous Living Unit, Pavilhão dos Estados Unidos da América na Expo 67 e o projeto de uma Cúpula para a Península de Manhattan. A autora referencia o Olympiapark em Munique, de Frei Otto e Rolf Gutbrod, descrevendo suas características e a defendendo como Arquitetura Efêmera no trecho: “Desde as Exposições Universais do século XIX que este se pode considerar um programa propício a aprofundar as potencialidades de outros modos de fazer arquitectura. Pelo carácter habitualmente temporário e ocasional da sua ocupação, ainda que posteriormente possam ser reutilizados para actividades com algum grau de permanência, e pelo facto de pretender albergar números elevados de visitantes, os edifícios projectados para estes eventos podem ser 54
enquadrados nesta temática e, eventualmente, interpretados como nómadas” (p. 72). Segue analisando projetos como o “pavilhão alemão” da expo de 1967 de Montreal, de autoria de Frei Otto e Rolf Gutbrod, e conclui explanações sobre o projeto do pavilhão do automóvel na feira mundial de 1970 em Osaka, Japão. Por fim, o último grupo tratado é o das Tipologias Pneumáticas, que fazem uso do ar como elemento construtivo de dois modos, como autora descreve: “São duas as estratégias base que se podem seguir para a sua montagem: pelo suporte da membrana através da diferença de pressão entre interior e exterior; ou através de secções estruturais de alta pressão que substituem os elementos de compressão” (p. 75). O primeiro projeto citado é o Airtecture Exhibition Hall, do grupo Festo Corporate Design, Cushicle, Suitaloon e a Cardiff Airhouse de Ron Herron. A parte 3 traça a relação entre o objeto e a cidade, tendo o primeiro capítulo o mesmo tema. Inicia o tópico apresentando a seguinte opinião: “Quando confrontadas com o senso comum dos habitantes dos aglomerados urbanos, as propostas, em macro escala, que os arquitectos mais inovadores e visionários apresentam, para reformular ou construir cidade, são
apreendidas com elevado grau de desconfiança e incerteza” (p. 83). Defende que estes projetos que extrapolam o senso comum servem como mediador da necessidade do homem em se modificar e que a cidade também atua da mesma maneira, em constante mudança. Tal opinião pode ser vista no trecho: “O crescimento aleatório, sem regra nem ideia de conjunto, é uma constante nas cidades de hoje, e mesmo onde se tenta instituir um planeamento eficaz e qualificado, tal não é mais que uma ilha no meio duma imensa complexidade de edifícios e espaços públicos (ou serão sobrantes?) Onde coabitam o passado e o futuro. Esse mesmo planeamento acaba, assim, por ser mais um factor de contradição neste organismo vivo. Não se pretende fragilizar ou diminuir o papel do arquitecto e do urbanista, tal seria um contra-senso, mas sim, fazer uma clara distinção entre o que serão projectos com aplicabilidade prática, de outros exercícios, conceptuais e utópicos, que devem constituir uma base de reflexão para a sociedade em que se vive, tendo em conta o contexto do seu aparecimento e a sua pertinência (ou não) nas cidades e metrópoles de hoje” (p. 84).
No segundo capítulo, discorre sobre o Lugar, Espaços e Heterotopias A autora se faz de conceitos explorados por pensadores como Foucault e Marc Augé para exemplificar que os conceitos de heterotopia e “não lugares” dialogam ao se levar em consideração as dinâmicas da cidade. Partindo para o terceiro capítulo, no qual aborda Mega Estruturas – Ideologia (s) e Formalização (ões), o conceito de megaestrutura é detalhado pela autora no trecho: “A tradução imediata de megaestrutura remete para uma massa ou volume arquitectónico, unitário, e quase sem escala, capaz de albergar todas as funções de uma cidade, ou de parte dela, combinando tecnologia, utilidade, flexibilidade e concentração. Subjacente ao seu carácter tecnológico, abrangente e extensivo, baseado no princípio da Cidade Linear, a megaestrutura comporta em si, para além da sua formalização, uma visão ideológica, provocatória e, por vezes, contestatária – que esteve na sua origem e na sua aplicação aos mais diversos contextos – de uma esquerda, não activista mas sim dissimulada, subtil, contudo incisiva, que pretendia despoletar o desejo de mudanças sociais e do modo de viver a cidade, enclausurada sobre si própria e controlada pelos regimes ditatoriais e militares que se verificavam na Europa” 55
(p. 87). Baseada nesses preceitos, todo o tópico discorre sobre as principais questões, projetos e conceitos abordados sobre a necessidade de reestruturação das cidades para as necessidades das sociedades modernas. Os projetos e temas citados são Falanstério, de Fourier, Familistério, de Godin, Ville Radieuse, de Ler Corbusier, Plano Obus, de Argel, Plano para Zlin, na antiga Checoslováquia, Ville Spatiale, de Yona Friedman, Plano para a Baía de Tóquio, de Kenzo Tange, entre outros. O capítulo 4 engloba as Experiências Conceituais. Neste tópico, a autora levanta considerações sobre as experiências conceituais no pós-guerra, analisando a visão de como uma cidade moderna deveria ser a partir do seguinte preceito: “As propostas apresentadas em seguida, de forma mais ou menos explícita, partem do mesmo pressuposto: uma megaestrutura, baseada numa flexibilidade e num nomadismo espacial, capaz de uniformizar e criar cidade à qual se anexam células pré-fabricadas, não apenas destinadas à habitação, como se viu no capítulo anterior, mas a todos os equipamentos e serviços necessários ao funcionamento urbano” (p. 95).
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Yona Friedman é umas das grandes figuras no tema, cuja obra levantava reflexões sobre a mobilidade física e virtual bem como migrações e globalização, sendo ele uma das referências para os trabalhos dos japoneses Noriaki Kurokawa e Kenzo Tange, bem como para Rem Kollhaas e Elia Zenghelis. O grupo Archigram é uma referência expressiva no tema, com uma grande contribuição tanto na questão teórica como na projetual. Os projetos tratados pela autora são Plug-incity,Walking City,Instant City e Blow-out Village. A autora cita que os projetos do grupo tinham o seguinte conceito: “Pretende-se uma sociedade equalitária onde as diferenças de cada indivíduo não sejam pretexto para a sua discriminação ou localização na rede urbana. As cápsulas habitacionais, prefabricadas e produzidas em série, não permitindo alterações na sua imagem exterior e levando a que, frequentemente, não se distinga qual a função que comportam, são a materialização desse mesmo princípio” (p. 100).
Outra grande figura no tema é Constant Niewenhuys com seu projeto “Nova Babilônia: a cidade situacionista”. Essa cidade nômade sugere uma revisão de toda a organização da cidade, criando novas relações entre as pessoas e a própria cidade. Termina o capítulo levantando questões acerca da viabilidade
dessas cidades no contexto atual, e se elas poderiam ser aplicadas em uma sociedade que é composta por sucessivas aculturações. A Parte 4 engloba A Cidade; o primeiro capítulo analisa as reflexões sobre o meio urbano contemporâneo. Ao traçar um panorama de como tem se formado o meio urbano contemporâneo, a autora considera diversas relações entre a tecnologia e a relação entre as pessoas, concluindo que a troca de informações e relações pessoais se tornaram mais intensas com adventos de novas tecnologias, afirmando que “O modo como a cidade contemporânea se exprime e se relaciona entre si é resultado de um conjunto de factores que se traduzem numa mobilidade crescente, quer a nível do indivíduo, quer a nível da própria arquitectura e forma urbana” (p. 113). Considera também as relações de mobilidade no meio urbano, exemplificando diversas dinâmicas, como Metrópole, Metápole ou Megalópole, cidade Dual, Cidade Híbrida, cidade sustentável: O que se assiste hoje é que o espaço urbano acaba por ser o resultado da colagem de pequenos fragmentos heterogéneos, com os seus ritmos e períodos de actividade, cidadãos, e formas independentes, e raramente relacionados, que se traduzem
num processo de construção da cidade contemporânea baseado numa acumulação, e não apenas numa segregação funcional, e na justaposição de vários e diferentes tempos sobre um mesmo espaço (p. 116). Outro conceito tratado é de Cidade Criativa, a aculturação como motor de desenvolvimento, defendendo que as relações culturais devem ser intensificadas, já que, como fruto dessas relações, teremos uma nova cultura com aspectos benéficos para o todo, pois “Não se procura uma “multiculturalidade”, mas sim, uma “interculturalidade”, que proporcione discussão e uma consequente filtragem produtiva das qualidades individuais e sectoriais, e não, um mero somatório de informações” (p. 120). Segundo a autora, a paisagem contemporânea tem um papel de arte, pois arquitetura e arte se distinguem por uma linha tênue: As intervenções, independentemente da escala, têm como objectivo captar a atenção do transeunte que – outrora, pelas características e mesmo imagem quotidianas e, de certo modo banalizadas – nem sequer repararia no território que percorria, passando a olhar a paisagem que o rodeia de outro modo, focando aspectos, à partida, insignificantes, motivado 57
pela presença dos objectos estranhos aquele local (p. 121). Exemplifica essa opinião citando obras como Spiral Jetty, de Robert Smithson, com o Sun Tunnels, de Nancy Holt, ou com o Blindgänger, do grupo The Next Enterprise, além de Running Fence, Surrounded Islands e The Gates, de Christo and JeanneClaude, além de Transborderline, do grupo Stalker. Estas obras têm um caráter de efemeridade, já que permaneceram em suas locações por um determinado tempo. O segundo capítulo tem como foco as interações entre o objeto nômade e o meio urbano contemporâneo. Considera que a arquitetura nômade se relaciona com o meio urbano pois ela tende a se adaptar às necessidades do homem, inclusive dentro da cidade, já que: “As experiências conceptuais relacionadas com megaestruturas também assumem nesta análise uma acentuada importância. Não só pela materialidade que apresentam, mas também pelo significado que podem transmitir à paisagem contemporânea, ao modo como esta se pode qualificar, e à imagem que esta transmite” (p. 125). A autora explica que grandes eventos são impulsionadores 58
de interação, pois traçam novas dinâmicas na cidade, por exemplo, “servem, simultaneamente, como estímulos para dinamizar e revitalizar as áreas circundantes, e para desenvolver actividades paralelas e infraestruturas de apoio e serviços complementares noutros pontos do mesmo país” (p. 125). São citados eventos como exposições universais que apresentam projetos variados, lançando mão de diversas tipologias construtivas, efêmeras ou não. Os projetos descritos pela autora são o Pavilhão Americano para a Expo’70, o Pavilhão do Japão de Shigeru Ban e Frei Otto ou o Pavilhão da Venezuela, ambos para a Expo’2000, e o do Pavilhão de Portugal de Siza Vieira e Souto Moura. Ressalta que eventos musicais e seus correlatos também abrem espaço para esse tipo de arquitetura, como grandes festivais de música além de eventos relacionados à arquitetura como bienais, Serpentine Gallery, entre outros. Levanta questionamentos que este seja um pretexto para construir arquiteturas efêmeras, já que: “No caso das vias automóveis ou de metro de superfície, uma vez que permitem atravessamentos de nível e a convivência entre veículos motorizados e não motorizados – e são inevitáveis as descontinuidades – é possível criar, nas zonas de paragem, e também paralelamente
ao edificado, espaços públicos onde se podem implantar serviços de apoios modulares e desmontáveis” (p. 137) .
Exemplifica essa possibilidade com os projetos Hoteis-Cápsula, YOTEL, Furtive, de François Roche. Aborda a questão de Vazios Urbanos como espaços expectantes, considerando desde áreas que deixam de cumprir seu papel na cidade até áreas periféricas. A autora defende que Se o objectivo é devolver a vida a essas áreas, integrando-as novamente na estrutura urbana, ou, por outro lado, é criar mecanismos para que sejam essas áreas as unificadoras de toda a envolvente, é necessário que a arquitectura não se assuma com um carácter estático e fechada sobre si mesma, ou se converta em algo só acessível a uma parte da população” (p. 140).
ideal é algo que desde sempre acompanha o arquitecto, e o modo como olha o mundo que o rodeia. Essa ânsia de atingir o inalcançável é uma utopia, que restringe e simultaneamente motiva. O meio urbano terá sempre problemas e dependerá não exclusivamente da Arquitectura, mas sim, da coordenação de diferentes disciplinas e especialistas, e uma intervenção, ainda que em escala alargada, transportará sempre consigo a frustração de constituir não a solução perfeita, mas sim aquela que, em determinado tempo, segundo influências externas e predisposições pessoais do próprio arquitecto, pareceu ser a mais adequada e a mais pertinente de adoptar” (p. 156).
Levanta, ao fim de seus estudos, as paisagens contemporâneas como as verdadeiras herdeiras das megaestruturas. Conclui seu texto afirmando que “O desejo de extrapolar o objecto e procurar atingir uma cidade 59
CAPÍTULO 3
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ESTUDOS DE CASO
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3.1 ESTUDO DE CASO - PAVILHÃO DO JAPÃO EXPO 2000 DE SHIGERU BAN O arquiteto, nascido e formado no Japão, tem uma carreira internacionalmente reconhecida e laureada como uma das pioneiras em ter seu foco em conceitos ambientais, bem como projetos que prezam a relação da arquitetura como ferramenta de suporte ao ser humano em situação de vulnerabilidade. No projeto do pavilhão do Japão, essa filosofia é aplicada em sua materialidade, que possibilitou a construção manual da edificação, bem como sua desmontagem, além de permitir ser 100% reciclada após seu uso. O projeto de Shigeru Ban apresentou complicações técnicas relacionadas ao comportamento estrutural da edificação. Para solucioná-lo, o arquiteto teve que modificar a volumetria e a tipologia da sua estrutura, como afirma:
FIGURA 21 - SETORIZAÇÃO DO PAVILHÃO DO JAPÃO NA EXPO 2000
“Propus ao meu colaborador Frei Otto uma concha em grelha feita de tubos de papel sem junções. O túnel em arcos teria cerca de 73,8 metros de comprimento, 24 metros de largura e 15,9 metros de altura. O fator mais crítico era a tensão lateral ao longo do comprimento, então, ao invés de um simples arco, escolhi uma concha em grelha de curvas tridimensionais, que apresenta maior resistência lateral” (BECKY, 2014). GRÁFICO 9 - DIMENSÕES GERAIS DO PROJETO DO PAVILHÃO DO JAPÃO NA EXPO 2000
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FIGURA 23 - DETALHE DO PAVILHÃO DO JAPÃO NA EXPO 2000
FIGURA 22 - DETALHE DO PAVILHÃO DO JAPÃO NA EXPO 2000
FIGURA 24 - VISTA EXTERNA DO DO PAVILHÃO DO JAPÃO NA EXPO 2000
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3.2 ESTUDO DE CASO - CARDBOARD CATHEDRAL DE SHIGERU BAN Após um terremoto de grande escala, a cidade de Christchurch perdeu sua catedral, um ícone arquitetônico e social pois, além de ser um ponto central da cidade, também representava uma organização social, já que a religiosidade é uma característica da cidade. Shigeru lança mão do uso de tubos de papel para criar uma releitura temporária da catedral, traçando então um projeto que faz um paralelo geométrico de seu formato original. A experiência de Shigeru sobre o uso de materiais diversificados como o papelão se evidencia ao ter um domínio não só da sua resistência, como também das suas vulnerabilidades, como descreve: “A obra de papelão, construída como uma simples estrutura em forma de “A” com 98 tubos de mesmo tamanho e 8 containers de aço, promete ser uma das construções mais seguras contra terremotos de Christchurch. Além de garantir integridade estrutural ao edifício, cada tubo de papelão é recoberto por poliuretano à prova d’água e resistentes contra incêndio. Externamente os tubos são protegidos por uma cobertura translúcida de policarbonato” (ROSENFIELD, 2014).
com fundação em concreto. O telhado é de policarbonato, os tubos de papelão são reforçados com madeira laminada e têm tratamento que os impermeabiliza, bem como retarda o consumo por chamas.
FIGURA 25 - SETORIZAÇÃO DA CARDBOARD CATHEDRAL
O pé direito da edificação tem 21 metros, em cima do altar, 64
GRÁFICO 10 - DIMENSÕES GERAIS DA CARDBOARD CATHEDRAL
FIGURA 27 - A CARDBOARD CATHEDRAL EM CONSTRUÇÃO
FIGURA 28 - DETALHE DA CARDBOARD FIGURA 26 - DETALHE DA CARDBOARD CATHEDRAL
CATHEDRAL EMCONSTRUÇÃO
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3.3 ESTUDO DE CASO - PAVILHÃO HUMANIDADE2012 de CARLA JUAÇABA E BIA LESSA As arquitetas levaram em consideração as relações entre uma edificação e o seu entorno, procuraram então fazer o uso de uma estrutura aberta que se comunicasse com o ambiente externo da área. Criaram uma relação entre estrutura aparente e a natureza do Rio de Raneiro, onde a instalação foi instalada de forma efêmera. Evidentemente, o projeto lança mão de estrutura e conceitos estéticos semelhantes, deixam à mostra sua estrutura complexa, com o projeto Centro Georges de Renzo Piano. A estrutura suspende contêineres, conectando-os por meio de rampas que permitem a vista do entorno e uma relação visual entre os diversos espaços. Segundo Segre, o ponto forte desse projeto é justamente a conexão entre os diversos espaços, evidenciando o domínio da arquiteta. Não deixa de surpreender a genialidade de Carla Juaçaba, que soube transformar a sua experiência na escala residencial – os projetos de casas minimalistas, realizadas com materiais leves e industrializados – nesta complexa estrutura de andaimes de 500 toneladas totalmente desmontável, que compõe um 66
edifício virtual; e no interior da aberta e transparente malha metálica, colocou suspensos no ar os leves contêineres expositivos, de materiais recicláveis, com uma sala biblioteca de 20x20 metros com 10 mil livros – que representam o saber brasileiro de prestigiosas personalidades – e o auditório para 500 pessoas, com a realização de múltiplas atividades culturais e significativos debates sobre os problemas ecológicos e ambientais do mundo atual (SEGRE, 2012).
FIGURA 29 - DETALHE DA CONSTRUÇÃO DO PAVILHÃO
FIGURA 30- DETALHE DA FACHADA PRINCIPAL DO PAVILHÃO
GRÁFICO 11 - DESENHO ESQUEMÁTICO E VOLUMÉTRICO DAS ÁREAS DO PROJETO
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3.4 ESTUDO DE CASO - BAMBOO STRUCTURE PROJECT DE POUYA KHAZAELI PARSA O arquiteto Pouya Khazaeli Parsa, motivado por uma inquietação de um aluno, procurou suprir o interesse de pessoas que gostariam de construir uma habitação temporária com os materiais que fossem disponíveis na própria floresta de Katalom, no norte do Irã, além da possível aplicação desse projeto em um hotel ou hospedaria. Como resultado desse anseio, surgiu um projeto de uma estrutura extremamente simples, esteticamente agradável, bem como sustentável e capaz de ser totalmente reciclada. Essa iniciativa se assemelha muito aos primórdios da Arquitetura Efêmera, já que faz uso de conceitos básicos estruturais, bem como faz uma espécie de releitura das habitações encontradas em Terra Amata, na França.
FIGURA 31 - DIAGRAMA ESTRUTURAL DA HABITAÇÃO
FIGURA 32 - VISTA EXERNA DA HABITAÇÃO
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FIGURA 34 - MAQUETE DA ESTRUTURA DA HABITAÇÃO
FIGURA 33 - VISTA INTERNA DA HABITAÇÃO
FIGURA 35 - VISTA DA ESTRUTURA DA HABITAÇÃO
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3.5 ESTUDO DE CASO - INSTALAÇÕES INFLÁVEIS EFÊMERAS DE PENIQUE PRODUCTIONS O coletivo Penique tem como objetivo proporcionar novas experiências em edificações históricas, trazendo a questão de que a Arquitetura Efêmera pode se apropriar de espaços e criar novas relações, exigindo a conexão entre o novo e o antigo. A apropriação e releitura de espaços urbanos é uma questão intrínseca à Arquitetura Efêmera, já que esta visa recuperar os espaços, além de simbolizar a sociedade que está em constante mudança, trazendo então uma a necessidade de reinvenção desses espaços. Como exemplo disso, são as obras do coletivo. As instalações executadas pela dupla evidenciam que a questão de ressignificação e tomada de uso da arquitetura se faz valer de uma série de grandes cidades ao redor do mundo. Penique Productions, atualmente, é uma dupla de artistas que se reúne para realizar instalações infláveis efêmeras. São intervenções site specific, em que a relação com a arquitetura é muito importante, já que é a mesma que define as caraterísticas estéticas da obra. O projeto nasceu em 2007 pelas mãos de Sergi Arbusà na “Universitat de Barcelona” com a obra Espai 1 e tem viajado por países como Inglaterra, França, 70
Itália, Portugal, México, Líbano e Brasil (DELAQUA, 2015). A aplicação dessas instalações ao redor do mundo levanta a questão de que edificações podem ser adaptadas de forma temporária para outros usos. Além disso, a dupla explora a questão de que há uma série de espaços vazios na cidade, na escala das edificações propriamente ditas.
FIGURA 36 - INSTALAÇÃO DA INTERVENÇÃO
FIGURA 38- CROQUI DO PROJETO
FIGURA 37- INSTALAÇÃO EXECUTADA NO RIO DE JANEIRO
FIGURA 39- VISTA DA COBERTURA DA INSTALAÇÃO
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CAPÍTULO 4
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PROPOSTA
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4.1 O PROGRAMA DE NECESSIDADES Quando há uma grande demanda por atendimento de refugiados, imigrantes e demais pessoas carentes em relação à adaptação no Brasil, as instalações da Igreja da Paz se tornam ineficientes em relação ao espaço e sua capacidade de atendimento. Segundo o Padre Paolo Parise, responsável pelas atividades na igreja, o pico de haitianos carentes de atendimento e suporte chegou a ser de 3 mil pessoas. O objetivo do programa de necessidades visa aplicar à estrutura atual um projeto de Arquitetura Efêmera a fim de sanar eventuais necessidades de ampliação dos espaços. Atualmente, as instalações já fazem uso de uma tenda em lona vinílica para eventos de maior porte, sendo então um precedente para aplicação de uma arquitetura desse tipo.
A Casa de Passagem Terra Nova tem 50 vagas, com sanitários e banheiros, salas de aula e instalações administrativas. O CIC do Imigrante não possui alojamentos, porém disponibiliza ampla relação de serviços públicos, com diversas salas. A ADUS atua de modo semelhante à CIC, ou seja, não possui alojamento, mas disponibiliza atendimentos em assistência social, psicológica, cursos de idiomas, intermediações para trabalhos, assistência jurídica e um Núcleo de Estudo sobre Migrantes.
4.1.1 PROGRAMA DE INSTALAÇÕES SIMILARES NA CIDADE DE SÃO PAULO
Atualmente, as instalações contemplam uma lotação de 110 pessoas, têm um alojamento divido em 25 vagas femininas e 85 vagas masculinas. Disponibiliza também refeições como café da manhã, almoço e jantar, sendo preparadas em uma cozinha própria e servidas em um refeitório coletivo. As instalações contemplam um pátio interno, uma biblioteca, um jardim interno, salas para conferências e reuniões, um centro administrativo com aproximadamente 5 salas, um eixo de atendimento ao público com cerca de 4 salas com assistência
Para definição do programa, primeiramente foi feito um levantamento das instalações similares na cidade de São Paulo. O CRAI tem um programa que contempla 110 vagas, com sanitários e banheiros, salas de aula e instalações administrativas. 74
4.1.2 INSTALAÇÕES DA IGREJA NOSSA SENHORA DA PAZ
social, psicológica, primeiros socorros, e orientação jurídica. Além disso, há um pátio externo. O programa então contempla a expansão desses serviços, adaptando as instalações passíveis de serem instaladas e removidas rapidamente, o que engloba praticamente todas as instalações existentes com exceção da biblioteca, por motivos relacionados à logística.
4.2 PROGRAMA PROPOSTO
PROGRAMA EXISTENTE
PROGRAMA PROPOSTO
2 SANITÁRIOS COLETIVOS
2 SANITÁRIOS COLETIVOS ÁREA TOTAL: 10M²
10 SANITÁRIOS INDIVIDUAIS
10 SANITÁRIOS INDIVIDUAIS ÁREA TOTAL: 120M²
5 SALAS DE ATENDIMENTO
10 SALAS DE ATENDIMENTO ÁREA TOTAL: 160M²
15 QUARTOS COLETIVOS FEMININOS
10 QUARTOS COLETIVOS FEMININOS ÁREA TOTAL: 130M²
30 QUARTOS COLETIVOS MASCULINOS
20 QUARTOS COLETIVOS MASCULINOS ÁREA TOTAL: 130M²
REFEITÓRIO
1 REFEITÓRIO ÁREA TOTAL: 150M²
COZINHA
1 COZINHAÁREA TOTAL: 115M²
BIBLIOTECA
Levantados os programas de edificações com o mesmo uso, além das próprias instalações da Igreja Nossa Senhora da Paz e as questões de dimensão da Arquitetura Efêmera, foi elaborado um programa que acrescente capacidade de atendimento relacionado a alojamento, salas de consultoria e áreas de convívio.
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CAPACIDADE ATUAL
CAPACIDADE PRETENDIDA
PESSOAS
PESSOAS
AUDITÓRIO
1 AUDITÓRIO ÁREA TOTAL: 130M²
PÁTIO INTERNO
1 PÁTIO INTERNO ÁREA TOTAL: 120M²
TABELA 1: PROGRAMA EXISTENTE E PROGRAMA PROPOSTO
85% AUMENTO DA CAPACIDADE
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4.3 PARTIDO ARQUITETÔNICO O partido arquitetônico surgiu da ideia de que instalação deveria se adaptar ao uso atual do pátio, ou seja, ela se dará nas áreas nas quais o público haitiano se distribui no pátio. Para determinar essas áreas, foi levantado um diagrama da distribuição dos haitianos no pátio. Esta análise foi mesclada com o estudo do fluxo de pedestres e carros na mesma área. O cruzamento dessas informações indicou as áreas onde o programa pode ser distribuído, sendo ele passível de instalação, já que respeita as diretrizes da Lei de Zoneamento da região.
GRÁFICO 12 - DIRETRIZES DA LEI DE ZONEAMENTO DA REGIÂO
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4.3 IMPLANTAÇÃO Com os estudos levantados, foram definidas duas áreas para implantação da instalação, uma próxima a edificação anexa à igreja e outra próxima à entrada de carros e pedestres. Essas áreas, por serem distantes entre si, carecem de um elemento que as una, portanto a implantação prevê uma estrutura que articule e promova uma ligação ente os dois volumes, criando um espaço de convivência
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Um dos conceitos que pautam a arquitetura efêmera, é o questionamento sobre a rigidez da cidade, ou seja, o modo em ela é construída com edificações monolíticas e estáticas.
Dado este conceito foram feitas experimentações, por meio de maquetes, visando relacionar as possíveis combinações entre a parcela pneumática e as estruturas metálicas.
Como conceito estético o projeto apresentado visa aplicar o uso de espaços em arquitetura pneumática, que tentem a se expandir cercados por uma estrutura rígida, trazendo assim o questionamento entre o rígido e o orgânico, evidenciando a antinomia entre as duas temáticas.
A primeira maquete restringia as paredes pneumáticas, dificultando o uso do espaço, além de ter uma série de conexões dque complicariam a execução da obra.
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A segunda maquete, trata-se de uma tentativa de uso de estrutura que transfira os esforços pela menor quantidade de pontos possível com o solo, dando uma caraterística estética diferenciada, porém apresenta uma falha no contraventamento lateral da edificação, questão que foi tratada na terceira maquete, esta que apresenta uma distribuição do programa em um nível só, deixando o térreo livre para atividades diversas. Esse tipo de programa acabava por deixar a laje com peso excessivo para o tipo de estrutura utilizada, como solução para diminuir os esforços o programa foi distribuido em três meios níveis, diminuindo os esforços além de ter uma inclinação menor nas rampas.
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MAQUETE 3D
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MAQUETE 3D
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Desenvolver um projeto que tem como função ajudar a migração de pessoas , é um processo prazeroso visto que propor soluções que atendam as necessidades de pessoas em estado de fragilidade social é uma das vocações da Arquitetura e Urbanismo. Ao longo do processo de desenvolver um projeto que propõe a aplicação de um conceito diferenciado, foram identificadas várias questões específicas a serem tratatas, agregando uma grande quantidade tanto de repertório quanto soluções técnicas para projetos, portanto, este trabalho final de graduação se fez como uma grande etapa para a construção do conhecimento, este que deve ser construido de forma ininterrupta ao longo carreira de um arquiteto. Este projeto se lança como uma inquietação sobre o tema, podendo eventualmente abrir novos caminhos, como a arquitetura pneumática e suas variações, o uso de alumínio em estruturas ou a própria arquitetura efêmera.
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You can never learn less, you can only learn more. Buckminster Fuller
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LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
FIGURA 1 - TIPOLOGIA MODULAR - MONSANTO HOUSE ........................................................7 FIGURA 2 - TIPOLOGIA TENSO-ESTRUTURAL MUNICH-OLYMPIC PARK ........................7 FIGURA 3- TIPOLOGIA DESMONTÁVEL - ZIP UP HOUSE ..........................................................7 FIGURA 4- TIPOLOGIA MÓVEL - DYMAXION CAR........................................................................7 FIGURA 5 - TIPOLOGIA PNEUMÁTICA - SERPENINE PAVILLION 2006 ...............................8 FIGURA 6- TIPOLOGIA INDEFINIDA - BLUR BUILDING ...............................................................8 FIGURA 7- TIMELINE DA ARQUITETURA EFÊMERA PRODUZIDA PELO AUTOR...........9 FIGURA 8 - BIOSFERA DE MONTREAL DE BUCKMINSTER FULLER .................................. 11 FIGURA 9 - CASAS PAPER LOG DE SHIGERU BAN....................................................................... 11 FIGURA 10 - PAVILHÃO DA ALEMANHA EXPO DE 67 de FREI OTTO ................................ 11 FIGURA 11 - PAVILHÃO ITINERANTE IBM DE RENZO PIANO.................................................. 11 FIGURA 12 - REFUGIADOS EM BARCO TURCO, CHEGANDO À GRÉCIA EDITADA PELO AUTOR..............................................................................15 FIGURA 13 - EXEMPLOS DE CASAS TÍPICAS NO HAITI..............................................................19 FIGURA 14 - EXEMPLO DE LAKOU.......................................................................................................19 FIGURA 15 - EXEMPLO DE GINGERBREAD HOUSE ....................................................................19 FIGURA 16 - FACHADA DA IGREJA E ESCULTURAS NA IGREJA NOSSA SENHORA DA PAZ............................................................................27 FIGURA 17 - BAIRRO DA LIBERDADE EM MAPA DE 1842...........................................................28 FIGURA 18 - RELAÇÃO ENTRE A IGREJA COM A CIDADE.......................................................31 FIGURA 19 - PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO.......................................................................................32 FIGURA 20 - MOSAICO DE FOTOGRAFIAS NO ENTORNO DA QUADRA DA IGREJA...35 FIGURA 21 - SETORIZAÇÃO DO PAVILHÃO DO JAPÃO NA EXPO 2000...............................62 FIGURA 22 - DETALHE DO PAVILHÃO DO JAPÃO NA EXPO 2000........................................63 FIGURA 24 - VISTA EXTERNA DO DO PAVILHÃO DO JAPÃO NA EXPO 2000 ................63 FIGURA 23 - DETALHE DO PAVILHÃO DO JAPÃO NA EXPO 2000........................................63 FIGURA 25 - SETORIZAÇÃO DA CARDBOARD CATHEDRAL....................................................64 FIGURA 26 - DETALHE DA CARDBOARD CATHEDRAL...............................................................65 FIGURA 27 - A CARDBOARD CATHEDRAL EM CONSTRUÇÃO..............................................65 FIGURA 28 - DETALHE DA CARDBOARD CATHEDRAL EMCONSTRUÇÃO......................65 FIGURA 29 - DETALHE DA CONSTRUÇÃO DO PAVILHÃO .......................................................66 FIGURA 30- DETALHE DA FACHADA PRINCIPAL DO PAVILHÃO ...........................................67 FIGURA 31 - DIAGRAMA ESTRUTURAL DA HABITAÇÃO..........................................................68 FIGURA 32 - VISTA EXERNA DA HABITAÇÃO...............................................................................68 FIGURA 33 - VISTA INTERNA DA HABITAÇÃO..............................................................................69 FIGURA 34 - MAQUETE DA ESTRUTURA DA HABITAÇÃO.....................................................69 FIGURA 35 - VISTA DA ESTRUTURA DA HABITAÇÃO................................................................69 FIGURA 36 - INSTALAÇÃO DA INTERVENÇÃO.............................................................................70 FIGURA 37- INSTALAÇÃO EXECUTADA NO RIO DE JANEIRO...............................................71 FIGURA 39- VISTA DA COBERTURA DA INSTALAÇÃO.............................................................71 FIGURA 38- CROQUI DO PROJETO.....................................................................................................71
GRÁFICO 1 - EVOLUÇÃO DOS NÚMEROS DAS PESSSOAS DESLOCADAS POR QUERRAS E CONFLITOS NO MUNDO.............................14 GRÁFICO 2 - EVOLUÇÃO DOS NÚMEROS DE REFUGIADOS RECONHECIDOS NO BRASIL.........................................................14 GRÁFICO 3 - EVOLUÇÃO DAS SOLICITAÇÕES DE REFÚGIO NO BRASIL...........................14 GRÁFICO 4 - NÚMERO DE PEDIDOS DE REFUGIADOS HAITIANOS NO BRASIL..................................................................................................20 GRÁFICO 5 - TRAJETO DOS REFUGIADOS HAITIANOS PARA CHEGAR AO BRASIL..........................................................................................21 GRÁFICO 6 - DETALHAMENTO DA DISTRIBUIÇÃO DE AFRESCOS E ESCULTURAS NA IGREJA NOSSA SENHORA DA PAZ...........................................................................................27 GRÁFICO 7 - TIMELINE DA URBANIZAÇÃO DO BAIRRO DA LIBERDADE..........................29 GRÁFICO 8 - LOCALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA DO BAIRRO DA LIBERDADE........................................................................................32 GRÁFICO 9 - DIMENSÕES GERAIS DO PROJETO DO PAVILHÃO DO JAPÃO NA EXPO 2000..............................................................62 GRÁFICO 10 - DIMENSÕES GERAIS DA CARDBOARD CATHEDRAL.....................................64 GRÁFICO 11 - DESENHO ESQUEMÁTICO E VOLUMÉTRICO DAS ÁREAS DO PROJETO..........................................................................................67 GRÁFICO 12 - DIRETRIZES DA LEI DE ZONEAMENTO DA REGIÂO.......................................76
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Renderização 3D - Elisa Salazar
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CONTATO: SHADOWLINDOSO@HOTMAIL.COM
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