PRAÇA ENTRE PRAÇAS Estudo de Caso no Centro de São Paulo
Bauru 2013/2014
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MAYARA PEU DA SILVA PRAÇA ENTRE PRAÇAS Estudo de Caso no Centro de São Paulo
Monografia apresentada à Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Suárez de Oliveira
Bauru 2013/2014
Nome: SILVA, Mayara Peu da Título: PRAÇA ENTRE PRAÇAS - Estudo de Caso no Centro de São Paulo
Aprovado em:
Banca Examinadora Prof. Dr. ...................................................................... Instituição.............................................................................. Julgamento...................................................................Assinatura............................................................................. Prof.Dr. ...................................................................... Instituição.............................................................................. Julgamento................................................................... Assinatura............................................................................. Prof. Dr. ...................................................................... Instituição.............................................................................. Julgamento................................................................... Assinatura.............................................................................
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“Assim chegamos ao despojamento total, a encenação ao ar livre. Despido do edifício, esta forma ancestral de acontecimento cênico não vê separação entre fazer e ser.” (BUENO 2007)
Este trabalho tem como objetivo o estudo das áreas livres públicas e, como fechamento, um projeto na Avenida Ipiranga entre a Praça Roosevelt e a Praça da República em São Paulo, SP.
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Agradeço a
Meus pais. Por tudo. Tudo mesmo. Não tem como ser menos que isso. “Amor” às vezes é uma palavra muito pequena pra definir. A Alex pela paciência, incentivo, puxões de orelha e bibliografia. A Sidney pela calma e co-orientação. À família. Em especial a Seimor pela máquina de lavar mais pesada do mundo e bicicleta mais colorida. Aliás, em especial a todos. Ao apartamento 15 que me abrigou tanto nesses anos de TFG. A Dri, Lady e Sininho. A Dri em dose dupla. E pra Napaula também, se não ela fica chateada. A Zhu, Verde e Drielli. A Siri (e família), Magrela, Bági, Chilis e Bactéria. A Tinoco (e família), Brutus e Bituca. A Wagui. A João, Norma e Bárbara Bezerra.
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. PRAÇA ROOSEVELT APÓS 40 ANOS DE INAUGURAÇÃO, ABANDONADA. FONTE: NOTICIAS.TERRA.COM.BR, ACESSO EM 13 DE MAIO DE 2013. FOTO: RAPHAEL FALAVIGNA/TERRA. 16 FIGURA 2. PRAÇA ROOSEVELT. FONTE: REVISTA ACRÓPOLE. ANO 32, Nº 379, NOVEMBRO 1970. RETIRADA DA TESE DE JAIS CÉSAR MATURANO FERREIRA, 2009. 17 FIGURA 3. MAPA DA PRAÇA ROOSEVELT E ENTORNO. FONTE: HTTP://MAPS.GOOGLE.COM, ACESSO EM 21 DE MAIO DE 2013. 19 FIGURA 4. PERSPECTIVAS DO PROJETO. FONTE: HTTP://WWW.PROCENTRO.COM.BR, ACESSO EM 13 DE MAIO DE 2013. 20 FIGURA 5. PANORÂMICA ATUAL DA PRAÇA. FONTE: DO AUTOR, 2013. 21 FIGURA 6. VISTA DE CIMA DA PRAÇA. FONTE: HTTP://ACIDADEINVISIVEL.WORDPRESS.COM/2013/03/31/REVITALIZACAO-URBANA-PRACA-ROOSEVELT/, ACESSO EM 13 DE MAIO DE 2013. AUTOR DESCONHECIDO. 22 FIGURA 7. ÁREA ARBORIZADA NO ENTORNO. FONTE: DO AUTOR, 2013. 22 FIGURA 8. ÁREA ARBORIZADA AO LADO DA IGREJA DA CONSOLAÇÃO. FONTE: DO AUTOR, 2013. 23 FIGURA 9. ACESSO SUBTERRÂNEO DO EIXO LESTE-OESTE. FONTE: DO AUTOR, 2013. 23 FIGURA 10. ESCADAS DE ACESSO DA ÁREA AINDA EM CONSTRUÇÃO. FONTE: DO AUTOR, 2013. 23 FIGURA 12. SOB O ANTIGO PENTÁGONO. FONTE: COMMONS.WIKIMEDIA.ORG/WIKI/FILE:PRACA_ROOSEVELT_03.JPG AUTOR: ALEXANDRE GIESBRECHT. 24 FIGURA 11. IGREJA ESCONDIDA À VISTA DA PRAÇA. FONTE: DO AUTOR. 24 FIGURA 13. PLACA DE PROIBIDO NA PRAÇA ROOSEVELT. FONTE: DO AUTOR. 25 FIGURA 14. MONUMENTO ARTÍSTICO PERMANENTE EM UM DOS ACESSOS À PRAÇA. FONTE: DO AUTOR, 2013. 25 FIGURA 15. ÁREA DE PROJETO. FONTE: HTTPS://WWW.GOOGLE.COM.BR/MAPS/PREVIEW#!DATA=!1M4!1M3!1D6354!2D-46.6491185!3D-23.5372733, ACESSO EM 18 DE SETEMBRO DE 2013. 27 FIGURA 16. PERSPECTIVAS DE PROJETO. FONTE: HTTP://WWW.NOVALUZSP.COM.BR/FILES, ACESSO EM 13 DE MAIO DE 2013. 28 FIGURA 17. ESPAÇOS LIVRES. FONTE: HTTP://WWW.NOVALUZSP.COM.BR/FILES/NL_CONSOLIDADO_11_08_2011.PDF, ACESSO EM 13 DE MAIO DE 2013. 29 FIGURA 18. BULEVAR CASPER LÍBERO. FONTE: HTTP://WWW.NOVALUZSP.COM.BR/FILES/NL_CONSOLIDADO_11_08_2011.PDF, ACESSO EM 13 DE MAIO DE 2013. 30 FIGURA 19. PRAÇA NÉBIAS. FONTE: HTTP://WWW.NOVALUZSP.COM.BR/FILES/NL_CONSOLIDADO_11_08_2011.PDF, ACESSO EM 13 DE MAIO DE 2013. 30 FIGURA 20. PASSEIO CULTURAL MAUÁ/LGO. GAL. OSÓRIO. FONTE: HTTP://WWW.NOVALUZSP.COM.BR/FILES/NL_CONSOLIDADO_11_08_2011.PDF, ACESSO EM 13 DE MAIO DE 2013. 31 FIGURA 21. BULEVAR RIO BRANCO. FONTE: HTTP://WWW.NOVALUZSP.COM.BR/FILES/NL_CONSOLIDADO_11_08_2011.PDF, ACESSO EM 13 DE MAIO DE 2013. 31 FIGURA 22. MODELO DE PRAÇA E EQUIPAMENTO PUBLICO. FONTE: HTTP://WWW.NOVALUZSP.COM.BR/FILES/NL_CONSOLIDADO_11_08_2011.PDF, ACESSO EM 13 DE MAIO DE 2013. 32 FIGURA 23. PERSPECTIVA DE PROJETO COM A PRAÇA MAUÁ AO FUNDO DO MUSEU DO AMANHÃ, JÁ SEM A PERIMETRAL. FONTE: HTTP://PORTOMARAVILHA.COM.BR/UPLOAD/CUPULA/APRESENTACAO.PDF, ACESSO EM 13 DE MAIO DE 2013. 34 FIGURA 24. LOCALIZAÇÃO DA PRAÇA MAUÁ E ENTORNO. FONTE: HTTP://WWW.MAPS.GOOGLE.COM, ACESSADO EM 03 DE JUNHO DE 2013. 34
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FIGURA 25. TÚNEL DA VIA EXPRESSA POSSIBILITARÁ PASSEIO PÚBLICO ENTRE PRAÇA MAUÁ E ARMAZÉM 6, POR ONDE VÃO CIRCULAR PEDESTRES, BICICLETAS E VLTS. FONTE: HTTP://PORTOMARAVILHA.COM.BR/WEB/SUP/SEROBRMAPAPER.ASPX, ACESSO EM 13 DE MAIO DE 2013. 35 FIGURA 26. PRAÇA MAUÁ CONTEMPORÂNEA E ELEVADO DA PERIMETRAL. FONTE: HTTP://FTVIEIRA.FILES.WORDPRESS.COM/2012/06/PRAC3A7A_MAUA_INT.JPG, ACESSO EM 14 DE MAIO DE 2013. FOTO: DESCONHECIDO. 36 FIGURA 27. PERSPECTIVA DE PROJETO DA PRAÇA MAUÁ E DO PROJETO BINÁRIO DO PORTO. FONTE: HTTP://PORTOMARAVILHA.COM.BR/CONTEUDO/BINARIO.ASPX, ACESSADO EM 03 DE JUNHO DE 2013. 36 FIGURA 28. VISTA AÉREA DA PRAÇA MAUÁ EM 1916/18. FONTE: HTTP://WWW.FLICKR.COM/PHOTOS/CARIOCA_DA_GEMA/293063867/, ACESSO EM 14 DE MAIO DE 2013. FONTE: ACERVO DE FRANCISCO PATRÍCIO. 36 FIGURA 29. ENTRADA DO PARC CENTRAL "AO ESTILO GAUDI" E AVENIDA DIAGONAL MAR. FONTE: ALEXANDRE SUÁREZ DE OLIVEIRA, ARQUIVO PESSOAL. 38 FIGURA 30. ENTORNO DO PARC CENTRAL. FONTE: HEETP://WWW.MAPS.GOOGLE.COM.BR, ACESSO EM 03 DE JUNHO DE 2013. 39 FIGURA 31. "OCA". FONTE: ALEXANDRE SUÁREZ DE OLIVEIRA, ARQUIVO PESSOAL. 40 FIGURA 32. "EL CRÀTER". FONTE: ALEXANDRE SUÁREZ DE OLIVEIRA, ARQUIVO PESSOAL. 40 FIGURA 33. EXEMPLO DE FECHAMENTO/ABERTURA DO PARQUE. FONTE: ALEXANDRE SUÁREZ DE OLIVEIRA, ARQUIVO PESSOAL. 40 FIGURA 34. EQUIPAMENTO E BANCOS. FONTE: ALEXANDRE SUÁREZ DE OLIVEIRA, ARQUIVO PESSOAL. 40 FIGURA 35. JARDIM DE SENSAÇÕES. FONTE: ALEXANDRA SUÁREZ DE OLIVEIRA, ARQUIVO PESSOAL. 40 FIGURA 36. SELF-SEEDED LANDSCAPE - THE HIGH LINE 1999 - 2006. FONTE: HTTP://WWW.THEHIGHLINE.ORG/GALLERIES/IMAGES/HIGH-LINE-1999-2006, ACESSO EM 04 DE JUNHO DE 2013. 42 FIGURA 37. GANSEVOORT ENTRY CONSTRUCTION - BUILDING GANSEVOORT ENTRY. FONTE: HTTP://WWW.THEHIGHLINE.ORG/GALLERIES/IMAGES/BUILDINGGANSEVOORT-ENTRY?PAGE=1, ACESSO EM 04 DE JUNHO DE 2013. 42 FIGURA 38. VIEW NORTH FROM 17TH STREET - THE HIGH LINE IN OPERATION. FONTE: HTTP://WWW.THEHIGHLINE.ORG/GALLERIES/IMAGES/HIGH-LINE-OPERATION, ACESSO EM 04 DE JUNHO DE 2013. 43 FIGURA 39. SOB O PARQUE. FONTE: HTTP://WWW.DNAINFO.COM/NEW-YORK/20101022//TRAILER-HOME-AT-HIGH-LINE-OFFERS-ARTISTIC-GLIMPSE-OF-UPSTATE-NEWYORK/SLIDESHOW/POPUP/41576, ACESSO EM 04 DE JUNHO DE 2013. 43 FIGURA 40. MAPA DA PRAÇA E ARREDORES. FONTE: HTTP://WWW.MAPS.GOOGLE.COM, ACESSO EM 08 DE JUNHO DE 2013. 45 FIGURA 41. VISTA AÉREA DA PRAÇA E ENTORNO. FONTE: HTTP://CAETANISTAS78.BLOGSPOT.COM.BR/2011/10/PRACA-DA-REPUBLICA-SAO-PAULO-EM-1968.HTML, ACESSO EM 08 DE JUNHO DE 2013. 46 FIGURA 42. UM DOS LAGOS. FONTE: HTTP://WWW.BIBLIOTECAVIRTUAL.SP.GOV.BR/TURISMO-CAPITAL-FEIRASDEARTESANATO.PHP, ACESSO EM 08 DE JUNHO DE 2013. 46 FIGURA 43. MERCÚRIO EM REPOUSO. FONTE: HTTP://WWW.MONUMENTOS.ART.BR/MONUMENTO/MERCURIO_EM_REPOUSO, ACESSO EM 08 DE JUNHO DE 2013. 46 FIGURA 44. BUSTO DE BADEN POWELL. FONTE: HTTP://WWW.MONUMENTOS.ART.BR/MONUMENTO/BADEN_PAWELL, ACESSO EM 08 DE JUNHO DE 2013. 46 FIGURA 45. MAPA DE LOCALIZAÇÃO DO VIADUTO. FONTE: HTTP://WWW.MAPS.GOOGLE.COM, ACESSO EM 08 DE JUNHO DE 2013. 48 FIGURA 46. ELEVAÇÃO DO VIADUTO. FONTE: HTTP://WWW.METALICA.COM.BR/IMAGES/STORIES/ID156/MAIOR/05.JPG, ACESSO EM 08 DE JUNHO DE 2013. 48 FIGURA 47. VISTA. FONTE: HTTP://WWW.SKYSCRAPERCITY.COM/SHOWTHREAD.PHP?T=372649, ACESSO EM 08 DE JUNHO DE 2013. 49
FIGURA 48. DETALHE DO VIADUTO. FONTE: HTTP://WWW.FLICKR.COM/PHOTOS/FABIORAPHAEL/5375293564/, ACESSO EM 08 DE JUNHO DE 2013.
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FIGURA 49. RUA XV DE NOVEMBRO, CURITIBA. FONTE: HTTP://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/FICHEIRO:RUA_XV_CURITIBA.JPG, ACESSO EM 08 DE JUNHO DE 2013.
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FIGURA 50. CALÇADÃO EM BAURU, SP. FONTE: HTTP://MOVIMENTOEMREDE.COM/WP-CONTENT/UPLOADS/2013/05/CAL%C3%A7AD%C3%A3O-BAURU.JPG, ACESSO EM 18 DE SETEMBRO DE 2013. 50 FIGURA 52. AUTORRETRATO, 1964. DARCY PENTEADO. FONTE: HTTP://WWW.BASE7.COM.BR/PORTFOLIO/VER/126, ACESSADO EM 28 DE JANEIRO DE 2014.
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FIGURA 51. LOCALIZAÇÃO. FONTE: GOOGLE MAPS, ACESSO EM 28 DE JANEIRO DE 2014.
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FIGURA 53. DECLIVIDADE, CURVAS PRINCIPAIS E INTERMEDIÁRIAS DA ÁREA. FONTE: DO AUTOR. 28 DE JANEIRO DE 2013.
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FIGURA 54. LINHA AMARELA DO METRÔ. FONTE: DO AUTOR, BASEADA EM GOOGLE MAPS.
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FIGURA 55. LOCALIZAÇÃO DAS BANCAS DE JORNAL. FONTE: DO AUTOR.
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FIGURA 56. PRÉDIOS IMPORTANTES NA LOCALIDADE. FONTE: DO AUTOR.
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FIGURA 57. PONTOS COMERCIAIS DA ÁREA DE PROJETO. FONTE: DO AUTOR.
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FIGURA 58. FONTE: CYCLE SAFE, U/2 BIKE RACK.
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FIGURA 59. FONTE: A.J. ANDERSSON, 3D WAREHOUSE, GOOGLE SKETCHUP. TELEFONE: PIPER, WAREHOUSE, GOOGLE SKETCHUP. ACESSO EM 28 DE JANEIRO DE 2013.
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FIGURA 60. POSTE: NAYAP PAYAN, 3D WAREHOUSE, GOOGLE SKETCHUP. ACESSO EM 28 DE JANEIRO DE 2014.
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FIGURA 61. MAPA APROXIMADO COM NOMES DE RUAS, LOCAÇÃO DE PRÉDIOS PARA LOCALIZAÇÃO E INDICAÇÃO DE FLUXO DE CARROS SOBRE A PRAÇA.
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FIGURA 62. PLANTA DA PRAÇA EM MANCHAS.
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FIGURA 64. PLANTA DO TERMINAL SUBTERRÂNEO EM MANCHAS.
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FIGURA 63. LOCALIZAÇÃO DA PRAÇA EM RELAÇÃO ÀS VIAS.
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FIGURA 65. PLANTA. PRAÇA ROOSEVELT À ESQUERDA, PRAÇA DA REPÚBLICA À DIREITA, COPAN ABAIXO, HOTEL HILTON ACIMA.
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FIGURA 66. PERSPECTIVA COM A PRAÇA DA REPÚBLICA AO FUNDO.
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FIGURA 67. PERSPECTIVA NOTURNA FICTÍCIA. PRAÇA ROOSEVELT À FRENTE, COPAN À ESQUERDA.
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FIGURA 68. VISTA DOS ARREDORES. FONTE: GOOGLE MAPS, ACESSO EM 02 DE FEVEREIRO DE 2014. FONTE DE MARCAÇÃO: DO AUTOR, VIA ILLUSTRATOR.
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FIGURA 69. PISTA DE SKATE TRAZENDO O PÚBLICO DA PRAÇA ROOSEVELT.
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FIGURA 70. PERGOLADO CONTINUANDO A FEIRA DA PRAÇA DA REPÚBLICA.
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO
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ESTUDOS DE CASO
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PRAÇA FRANKLIN ROOSEVELT, SÃO PAULO, BRASIL DA HISTÓRIA DO PÚBLICO DA ARBORIZAÇÃO DOS DESNÍVEIS DA CONSOLAÇÃO DO PENTÁGONO DOS USOS DA IDÉIA PROJETO NOVA LUZ, SÃO PAULO, BRASIL DAS ÁREAS VERDES PRAÇA MAUÁ – PROJETO “PORTO MARAVILHA”, RIO DE JANEIRO, BRASIL DA SUPERFÍCIE: PASSEIO PÚBLICO – “BOULEVARD” DA PRAÇA MAUÁ AO ARMAZÉM 8 DO SUBTERRÂNEO PARC CENTRAL DEL POBLENOU, BARCELONA, ESPANHA DO FECHAMENTO DO LÚDICO HIGH LINE PARK, NOVA YORK, EUA DO TEMPO DO DESIGN DOS ACESSOS DA VEGETAÇÃO
15 16 21 22 23 24 24 25 25 26 29 33 34 35 37 40 40 41 42 42 43 43
DA EXTENSÃO PRAÇA DA REPUBLICA, SÃO PAULO, BRASIL DA ARTE DA ÁGUA VIADUTO SANTA EFIGÊNIA, SÃO PAULO, BRASIL CALÇADÕES
43 44 46 46 47 50
CONCLUSÕES TIRADAS A PATIR DOS ESTUDOS DE CASO
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OCUPAÇÃO PAISAGISMO EQUIPAMENTOS ACESSIBILIDADE CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS
51 52 53 53 53
DAS LEIS
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1. NBR 9050 - ACESSIBILIDADE A EDIFICAÇÕES, MOBILIÁRIO, ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS URBANOS 2. MANUAL TÉCNICO DE ARBORIZAÇÃO URBANA DA CIDADE DE SÃO PAULO RECOMENDAÇÕES SUPLEMENTARES
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O PROJETO
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CONTEXTO TERRENO E MEIO AMBIENTE GEOGRAFIA: TOPOGRAFIA ENTORNO PROCESSO
57 57 58 58 61
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PROGRAMA
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EXIGÊNCIAS, NECESSIDADES E ASPIRAÇÕES DOS USUÁRIOS
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MOVIMENTO NO ESPAÇO-TEMPO
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ACESSO E ENTRADA
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SEQUÊNCIA DE ESPAÇOS
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PLANTA E PERSPECTIVAS
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CONCLUSÃO E JUSTIFICATIVA
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BIBLIOGRAFIA
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Introdução Trabalhar o espaço público é modelar a ambientação da vida. Deve-se tratá-lo com cuidado visto que ao fim da concepção o projeto já não é mais do projetista, mas sim do uso, da gente. Infelizmente, como já lamentava Camillo Sitte no século XIX, as praças vinham perdendo seu valor de uso e en contro, e estavam desvalorizadas nas cidades chamadas modernas para a época. “Para o arquiteto austríaco, a praça seria o espaço público por excelência, é o que definiria a cidade como tal – local de agregação, da vida em comum, evoca espírito cívico e o sentimento de pertencimento. Tem consistência física e simbólica.” (PALMA 2010).
As palavras dele não tomaram rumo diferente no século XXI. Ainda hoje muitas praças e espaços abertos são tratados com descaso ou nem chegam a ser tratados, menos ainda utilizados para seus fins originais que normalmente são lazer e circulação. A cidade tem sido produzida para o transporte mecânico, e com isso cada vez menos temos o ambiente de qualidade para o pedestre, para os moradores do entorno. A intenção aqui é trazer uma grande área movimentada de volta à escala humana, fazendo uma “reurbanização humana”. Assim, a melhoria se dará no concreto e no social. “(...) eu acho que isso dá uma pedalada na estima... sei lá, na estima comum, na estima social por esse espaço publico. Tem uma coisa também que acho que tem uma relevância urbanística que é o fato da gente fechar o trânsito, quer dizer, antes, na primeira até a segunda Virada, a gente procurava colocar palco só em cima do calçadão, para perturbar o mínimo possível a malha viária e não colocava nada em cima do leio carroçável, agora não (...)” (A. S. OLIVEIRA 2010)
Citando José Mauro Gnaspini a respeito da Virada Cultural, temos uma experiência em São Paulo de que, quando se dá a preferência do uso das ruas para os pedestres eles se apropriam dela e a usam, tendo uma identidade maior com o local. Dessa forma apresentamos e discutimos oito Estudos de Caso nos quais procuramos estudar o espaço público, em especial a praça, como têm sido tratado seu uso em grandes cidades, suas análises e conclusões gerais, para então partirmos para um anteprojeto levando em consideração os exemplos anteriores, a área e a população que a frequenta.
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Estudos De Caso
Praça Franklin Roosevelt, São Paulo, Brasil Localizada no Centro e ponto focal de vias importantes, a praça passou por uma construção e uma reconstrução, foi inúmeras vezes discutida e está em fase final do último projeto. Seu estudo nos ajuda a entender melhor a área central e as opiniões da população que a frequenta e mora em seu entorno, nos familiarizando com a dinâmica local. Alex Sun a analisou em seu livro “Projeto da Praça - Convívio e Exclusão no Espaço Público”: “Inaugurada em 1970, com o objetivo de promover revitalização da área central p or meio de megaestruturas arquitetônicas e viárias, uma tendência bastante difundida na época, especialmente em cidades norte-americanas, a praça Roosevelt concretizou a idealização da prim eira praça moderna planejada de São Paulo. Inserida em um tecido urbano consolidado de ruas descontínuas e quadras grandes e irregulares, a praça Roosevelt ocupa um quarteirão de 29.600m². A quadra, delimitada por rua da Consolação, rua Martinho Prado, rua Augusta e rua João Guimarães Rosa, tem forma alongada e bem diferente das praças próximas, como a República (30.000m²) e Rotary (8.700m²), e retangulares, e a Dom José Gaspar (14.300m²), quase um quadrado; todas inseridas em malhas regulares de ruas. Construída sobre o complexo viário Leste Oeste, a praça Roosevelt, de um lado, procurou contemplar um extenso programa funcional incluindo dois pavimentos de garagens e áreas para serviços de abastecimento e de atendimento público, recreação e educação, e, de outro, enfatizou a fragmentação do tecido urbano a seu redor recriando espaços para uso pouco acessível e isolados das calçadas. Concorrem na praça Roosevelt três níveis de fragmentação do tecido urbano: 1. Quarteirão grande delimitado por ruas longas sem travessias; 2. Dificuldades de acesso impostas por ruas largas, tráfego intenso de veículos e falta de segurança para a travessia de pedestres; e 3. Ausência de superfícies em contato direto com as calçadas.” (SUN 2008)
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Quanto às citações de Sun sobre os níveis de fragmentação, tivemos a melhora da travessia pelo fechamento de trechos de duas das ruas que cercam a praça (Martinho Prado e o encontro da Gravataí com a Guimarães Rosa) e melhorias das faixas de pedestre e sinalização. Quanto ao contato com as calçadas, ele não se dá. Temos rampas e escadas de acesso, mas a praça foi projetada em nível acima, não sendo possível seu acesso direto , a não ser que fosse completamente refeita.
Figura 1. Praça Roosevelt após 40 anos de inauguração, abandonada. Fonte: noticias.terra.com.br, acesso em 13 de Maio de 2013. Foto: Raphael Falavigna/Terra.
Da História
A primeira obra da Roosevelt foi dirigida pelo Arquiteto Paisagista Roberto Coelho Cardozo - considerado fundador da escola paulista de paisagismo por ter introduzido a matéria no curso da FAU/USP - e entregue em 1970 pelo
presidente Emílio Garrastazu Médici com geometria marcada, diferenciação de níveis e área paisagística limitada (talvez pela alteração ou não-conclusão de partes do projeto original). O projeto em torno da Igreja da Consolação não foi bem aceito pelo público, que costumava usar a área como estacionamento e espaço de feiras livres. Segundo relatório da Emurb apresentado à Associação Viva O Centro em 2010, o estágio de degradação da praça se deveu à rejeição da população pelo projeto - que fugia ao conceito tradicional de praças públicas -, às dificuldades de acesso físico e visibilidade por parte dos usuários, à falta de grandes áreas verdes, à dificuldade na administração (resultando em tráfico de drogas, assaltos, mendicância e deposição de lixo ) e, pela praça não sobreviver por conta própria e contar com “alguma coisa a mais para atrair público e estimular sua conservação por parte do poder público” (Centro 2009). Quando isso não acontecia a vulnerabilidade da praça era visível . Com o Programa Pro Centro (“O Programa de Reabilitação da Área Central do Município de São Paulo PROCENTRO tem a finalidade de promover o desenvolvimento social e econômico da região, dinamizando e criando condições de atração e suporte de atividades compatíveis com o centro metropolitano, promovendo a reabilitação urbanística e ambiental da área, com inclusão social” – http://www.procentro.com.br) a praça começou a ser rediscutida: Figura 2. Praça Roosevelt. Fonte: Revista Acrópole. Ano 32, nº 379, novembro 1970. Retirada da Tese de Jais César Maturano Ferreira, 2009.
“As obras da praça Roosevelt têm um custo de R$ 36,8 milhões, sendo que 85% será financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O projeto de requalificação da praça Roosevelt trará nova inserção da área de 18.000m² na região central da Cida de. Voltarão a operar, recuperados, os dois subsolos do estacionamento, com 640 vagas. Novas instalações, com 1.700m², edificadas em subsolo abrigarão os contingentes da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar. No nível principal da praça, serão plantadas 216 árvores de espécies nativas, instaladas 137 luminárias e
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construídos novos conjuntos de escadas e rampas dentro dos parâmetros da acessibilidade. O projeto de requalificação prevê a demolição do pentágono e de seus anexos. Prevaleceu a diretriz de favorecer a integração dos dois lados da praça, lindeiros às ruas Martinho Prado e Guimarães Rosa, eliminando-se todas as estruturas construídas acima da laje de cobertura do estacionamento existente. Da feição original, serão preservadas apenas as est ruturas da Via de Ligação Leste-Oeste e dos dois subsolos de estacionamento. O espaço resultante das demolições receberá os seguintes recursos: percurso arborizado, que cortará a praça e articulará a Esplanada Consolação (um sistema de rampas e escadas projetadas dentro das normas de acessibilidade que abre o interior da praça para a rua da Consolação) com a Esplanada Augusta (outro conjunto equivalente, que se abre para a rua Augusta); quiosques para as floriculturas, serviço tradicional da praça, articula dos por um pergolado que também abrigará bancos e outros elementos de mobiliário urbano; e playground, espaço exclusivo para cães, sanitários públicos, e área verde e permeável ampliada.” (Secretaria Executiva de Comunicação 2010)
O projeto executivo do Programa Pro Centro da Prefeitura da Cidade de São Paulo, concluído em 2008, foi realizado pela Figueiredo Ferraz, com subexecutor SUBSÉ, e o projeto arquitetônico foi assinado por Jayme Lago Mestieri e Carlos Roberto de Azevedo Arquitetos Associados. Para a obra foi contratado o Consórcio Paulitec/CIL, com subexecutor SIURB. (http://www.procentro.com.br/site/Obra.aspx?Id=63)
Figura 3. Mapa da Praรงa Roosevelt e entorno. Fonte: http://maps.google.com, acesso em 21 de Maio de 2013.
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Figura 4. Perspectivas do Projeto. Fonte: http://www.procentro.com.br, acesso em 13 de Maio de 2013.
O entorno também previu algumas modificações: 1) O que estava em desenvolvimentos e estudos em 2010: 1. Recuperação do Teatro Cultura Artística (pela própria mantenedora do TCA); 2. Ocupação de um prédio desapropriado pelo Governo do Estado na Praça Roosevelt para a implantação de uma escola de teatro em parceria com o Grupo Teatral Satyros; 3. A possibilidade (ação particular) de uma ligação da Rua Avanhandava com a Rua Nestor Pestana, passando em galeria por dentro do Hotel Braston; 4. Construção da EMEI Patrícia Galvão em um prédio na Rua João Guima rães Rosa, em terreno junto ao Colégio Caetano de Campos, onde existe um edifício tombado pelo patrimônio histórico, mas em completa ruína; 5.Desenvolvimento de estudos das potencialidades da implantação de empreendimentos na área. 2) As ações que estavam em início de estudos: 1. Desapropriação do imóvel lateral ao Instituto Clemente Ferreira, na Rua Guimarães Rosa, para demolição e abertura das visuais do edifício sede do Instituto e uma melhor articulação do mesmo com a nova Praça Roosevelt; 2. Desapropriação de térreo/lojas de alguns prédios situados no grande conjunto de edifícios na lateral da praça para abertura de Galerias de Comunicação para a Rua Nestor Pestana; 3. Recuperação das calçadas do entorno da praça e das imediações;
4. Melhorias no túnel (da Ligação Leste-Oeste) sob a Praça Roosevelt; 5. Desenvolvimento de estudos para a ocupação de um terreno na Avenida da Consolação (fundos do Edifício Copan) para possível implantação de edifício comercial e espaço público de ligação entre a Avenid a da Consolação e rua particular do Copan, entre outras. (Centro 2009)
Figura 5. Panorâmica atual da Praça. Fonte: Do Autor, 2013.
Do Público
Entregue para a população no final de Setembro de 2012, a nova Praça Roosevelt ainda não está acabada. Com as melhorias, as edificações lindeiras à praça valorizaram , obrigando muitos antigos locatários, inclusive companhias teatrais tradicionais, a entregarem suas unidades. Apesar disso, a vida noturna e diurna continua agitada. De dia estudantes ocupam a área à frente da escola, de noite os bares ocupam as ruas, mas a ocupação da praça ainda não se dá com animação. A maioria das pessoas está lá no entorno, de passagem, mas não na praça em si. Skatistas, passantes, operários, ativistas e artistas ainda são os maiores públicos.
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Da Arborização
Pode ser que as árvores plantadas ainda se desenvolvam bastante, mas ainda assim são pontuais no centro da praça. A maior área vegetal é constituída por gram íneas (pode-se dever ao fato da profundidade da laje não ser suficiente para comportar árvores de raízes profundas), mas não o suficiente para amenizar o ambiente do calor do dia (árvores essas que não estão presentes nem nas áreas projetadas como “cachorródromos”).
Figura 6. Vista de Cima da Praça. Fonte: http://acidadeinvisivel.wordpress.com/2013/03/31/revitalizacao-urbana-praca-roosevelt/, acesso em 13 de Maio de 2013. Autor Desconhecido. Figura 7. Área arborizada no entorno. Fonte: Do Autor, 2013.
Em contraponto, os taludes laterais e a área próxima à Igreja da Consolação possuem muita vegetação e sombra, constituindo um clima agradável pra quem transita pela rua.
Dos Desníveis
A Roosevelt é um monumento enorme e facetado que tem sua beleza na significância. Pode ser palco, pode ser acolhedora, mas não é. Localizada sobre o túnel da Ligação Leste -Oeste, é impossível que seja plana, porém os desníveis não precisavam ser projetados para esconder, e sim para abrir a visão da praça. Os acessos são belos vistos de fora: para quem sobe a mudança de olhar é gritante, mas para quem está em cima traz insegurança. A impressão é que a Roosevelt se esconde de dentro para fora e vice e versa.
Figura 8. Área arborizada ao lado da Igreja da Consolação. Fonte: Do Autor, 2013.
Figura 9. Acesso subterrâneo do eixo leste-oeste. Fonte: Do Autor, 2013.
Figura 10. Escadas de Acesso da área ainda em construção. Fonte: Do Autor, 2013.
Da Consolação
Do Pentágono
A Igreja da Consolação está ali, mas tão coberta pela vegetação que é imperceptível para quem está na praça . Separada por cerca (provavelmente pela questão da segurança) e desnível, seu acesso também é prejudicado. Como atrativo inicial ao local, a igreja poderia ser incorporada no projeto, talvez expandindo sua área verde a uma porcentagem da praça ou abrindo o projeto para ela de alguma outra maneira. Ainda assim, a preservação da igreja lá em seu lugar original é uma demonstração de respeito pelo tradicional.
Figura 12. Sob O Antigo Pentágono. Fonte: commons.wikimedia.org/wiki/file:praca_roosevelt_03.jpg Autor: Alexandre Giesbrecht.
O ambiente do jeito que estava, encoberto e sem uso, estava passível a crimes e tráfico, mas seu uso ainda podia ser o ideal: área de cobertura para apresentações. Como a estrutura era muito pesada, o ambiente acabava seguindo o mesmo caminho. Agora a praça sem ele perdeu um dos seus principais atrativos que pod eria ter sido melhor explorado e cuidado. Ainda assim não há como negar que a abertura e a visualização da praça melhoraram. Figura 11. Igreja escondida à vista da praça. Fonte: Do Autor.
Dos Usos
A praça é de concreto, mas patins, skates e bicicletas são proibidos, situação que gerou inúmeras discussões e um possível projeto “skate plaza”, reservando uma área de 1500m² para o uso das rodinhas (Uol Esportes 2013). A área comporta também algumas manifestações políticas, culturais e humanitárias, entre essas “Existe Amor em SP” e a Virada Cultural. Exposições e intervenções artísticas poderiam ser programas vitalícios na praça, baseando -se no público, nos arredores e nas instalações dela que, por ser aberta, é ideal para grandes ocupações. Figura 13. Placa de Proibido na Praça Roosevelt. Fonte: Do Autor.
Da Idéia
Figura 14. Monumento artístico permanente em um dos acessos à praça. Fonte: Do Autor, 2013.
“Que tipo de uso uma Praça Roosevelt somente ajardinada com floreiras atrairia? Novamente, qual a força que o projeto tem para dialogar com a realidade do entorno? Se a vocação do lugar, além de residencial e educacional, tende à boemia e à produção cultural, por que não refletir sobre isso e buscar algo condizente e que promova a integração de todos esses equipamentos com o uso residencial? Principalmente, como tirar partido do estacionamento para incentivar um uso mais intenso da praça, ajudando na sua manutenção e na sua sustentabilidade financeira? A Praça Roosevelt tem uma área imensa e um potencial invejável de uso em função dos moradores do ento rno, estudantes e pessoas que já buscam os equipamentos culturais ali instalados e de seu imenso estacionamento. É preciso tirar partido disso;” (Centro 2009)
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Projeto Nova Luz, São Paulo, Brasil Projeto de renovação do Centro de São Paulo vividamente cercado por elementos culturais (Jardim da Luz, Estação da Luz, Pinacoteca de São Paulo, Museu da Língua Portuguesa, Museu de Arte Sacra, Mosteiro da Luz, Vila dos Ingleses, Expresso Turístico, Complexo Cultural Julio Prestes (Est ação Julio Prestes), Sala São Paulo, Tom Jobim – Escola de Música do Estado de São Paulo, Memorial do Imigrante, Museu da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Academia Paulista de Letras, Mercado Municipal Paulistano e Cine Marabá), prevê praças e áreas livres que auxiliam na discussão do projeto final deste trabalho. Já dizia Caetano sobre “a dura poesia concreta de tuas esquinas” , a área é basicamente dura e asfaltada, e por ser antiga carrega a história e os resquícios do tempo consigo. Lá, no “avesso do avesso do avesso do avesso” se misturam diferentes classes sociais tanto de pessoas quanto de prédios e áreas livres, e nem todos são cuidados da mesma forma.
“O principal objetivo do Projeto Nova Luz é promover a requalificação urbana em 45 quadr as que compõem o perímetro circundado pelas Avenidas Cásper Líbero, Ipiranga, São João, Duque de Caxias e Rua Mauá, trazendo novos moradores para a região, aproveitando a infraestrutura instalada no local, especialmente com relação à acessibilidade à rede de transporte público de alta capacidade e equipamentos culturais. A região é servida por quatro linhas ferroviárias da CPTM e três linhas do Metrô. As estações Luz e Júlio Prestes encontram -se nas quadras lindeiras ao perímetro do Projeto Nova Luz (...) Também serão instaladas habitações de interesse social (mais de 5 mil novas moradias, sendo mais de 2,5 mil unidades de habitação popular e interesse social, trazendo 12 mil moradores para a região), escola (infantil e fundamental), creches, unidade básica de saúde, equipamentos de assistência social e de cultura, ciclovias (mais de 1 km exclusivo e uma rede de vias compartilhadas, totalizando 5,2 km), calçadas mais largas, três novos espaços abertos (duas praças e um largo para
Figura 15. Área de Projeto. Fonte: https://www.google.com.br/maps/preview#!data=!1m4!1m3!1d6354!2d-46.6491185!3d-23.5372733, acesso em 18 de Setembro de 2013.
convívio da comunidade), novo sistema de iluminação pública, melhorias dos acessos ao transporte metro-ferroviário, além de promover a restauração do patrimônio histórico da região. A preservação da memória do bairro foi considerada no desenvolvimento do projeto, estando prevista a permanência de 77% da área construída existente, incluindo as edificações protegidas pelos órgãos de patrimônio histórico, que serão restauradas em sua totalidade. Está previsto ainda a criação de um espaço privado de uso público destinado a um centro de entretenimento com cinemas, teatros e restaurantes. O projeto leva em conta toda a estrutura de cultura e lazer já instalada, como a Pinacoteca do Estado, a Sala São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa e o Parque da Luz, entre outros. O objetivo é que essas atividades sejam incrementadas e
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Figura 16. Perspectivas de Projeto. Fonte: http://www.novaluzsp.com.br/files, acesso em 13 de Maio de 2013.
articuladas com novos espaços culturais. A ideia é que a Nova Luz torne -se um espaço que seja ocupado e aproveitado 24 horas por dia, 7 dias por semana.” (Urbanismo s.d.)
“Além da recuperação de praças existentes (Praça Júlio de Mesquita e Largo General Osório), o projeto propõe a criação de duas novas praças: 1. Uma nova praça localizada junto às Ruas dos Gusmões, Barão de Limeira e Conselheiro Nébias, com grandes superfícies gramadas e arborizadas, servindo como espaço de integração para os moradores da vizinhança; 2. Uma nova praça junto às ruas dos Gusmões e Protestantes, que se articula aos espaços públicos propostos, voltados à educação. Esta praça atende prioritariame nte alunos e pais junto às novas escolas, além dos moradores da vizinhança; Criação de espaço de uso público junto às ruas do Triunfo e Gal. Couto de Magalhães: Este largo funciona como área de convívio, espaço público de transição entre o calçadão da Rua Vitória, os espaços do Centro de Entretenimento e os equipamentos públicos, priorizando espaços de estar e circulação de
grande número de pessoas. Criação de áreas de estar junto à Rua Vitória: Estes espaços se distribuem ao longo da via, fazem parte dos lotes privados, mas estão integrados aos espaços públicos.” (Prefeitura de São Paulo s.d.) A arborização de calçadas, nova pavimentação, melhoria e aumento da rede de iluminação e atrativos locais são fatores que auxiliarão no reavivamento da área, porém isso tem que ser mantido, o que não é tão fácil numa grande extensão. Aqui ainda é necessário levar em conta o histórico e os anos de degradação sofridos. Das Áreas Verdes
Figura 17. Espaços livres. Fonte: http://www.novaluzsp.com.br/files/NL_Consolidado_11_08_2011.pdf, acesso em 13 de Maio de 2013.
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Figura 18. Bulevar Casper Líbero. Fonte: http://www.novaluzsp.com.br/files/NL_Consolidado_11_08_2011.pdf, acesso em 13 de Maio de 2013.
Figura 19. Praça Nébias. Fonte: http://www.novaluzsp.com.br/files/NL_Consolidado_11_08_2011.pdf, acesso em 13 de Maio de 2013.
Figura 20. Passeio Cultural Mauá/Lgo. Gal. Osório. Fonte: http://www.novaluzsp.com.br/files/NL_Consolidado_11_08_2011.pdf, acesso em 13 de Maio de 2013.
Figura 21. Bulevar Rio Branco. Fonte: http://www.novaluzsp.com.br/files/NL_Consolidado_11_08_2011.pdf, acesso em 13 de Maio de 2013.
Pela extensão total do projeto os espaços reservadas para áreas verdes são poucos. Ainda assim, temos três espaços livres: 1. A esquina entre a Rua dos Gusmões e e a Rua dos Andradas; 2. O lote na Rua dos TImbiras, na quadra localizada entre a Avenida Rio Branco e a Rua Santa Ifigênia; 3. A Praça Nébias, que fica no lote ao final da Rua dos Gusmões, na quadra entre a Rua Conselheiro Nébias e a Alameda Barão de Limeira. E temos quatro
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espaços abertos: 1. Bulevar Cásper Líbero, circundada pelas Ruas Mauá, General Couto Magalhães, e pelas Avenidas Washington Luís e Cásper Líbero; 2. Bulevar Rio Branco, na Avenida Rio Branco de encontro à Rua Vitória; 3. Passeio Cultural Mauá, na Rua Mauá; 4. Espaço circundado pela Avenida São João, Rua Vitória e Avenida Barão de Limeira. Das sete áreas, quatro possuem intenção projetual, três estão em aberto. Figura 22. Modelo de Praça e Equipamento Publico. Fonte: http://www.novaluzsp.com.br/files/NL_Consolidado_11_08_2011.pdf, acesso em 13 de Maio de 2013.
Praça Mauá – Projeto “Porto Maravilha”, Rio de Janeiro, Brasil A Praça Mauá, situada no Píer Mauá, grande terminal de cruzeiros do Rio , foi inicialmente lembrada pela sua interação com o Elevado Perimetral, como lidou com ele pelos anos e como o novo projeto o carregará. Com a chegada de dois museus ela será toda renovada, com intenção de trazer de volta a vida cultural do lugar.
“A Lei Municipal nº 101/2009 criou a Operação Urbana Consorciada da Área de Especial Interesse Urbanístico da Região Portuária do Rio de Janeiro. Sua finalidade é promover a reestruturação local, por meio da ampliação, articulação e requalificação dos espaços públicos da região, visando à melhoria da qualidade de vida de seus atuais e futuros moradores e à sustentabilidade ambiental e socioeconômica da área. O projeto abrange uma área de 5 milhões de metros quadrados, que tem como limites as Avenidas Presidente Vargas, Rodrigues Alves, Rio Branco, e Francisco Bicalho. (...) Como complemento às intervenções urbanísticas já mencionadas, pode-se citar as importantes mudanças viárias: a demolição do Elevado da Perimetral, a transformação da Avenida Rodrigues Alves em via expressa, a criação de uma nova e rota, chamada provisoriamente de Binário do Porto, e a reurbanização de 70 km de vias. O Porto Maravilha também realizará ações para a valorização do patrimônio histórico da região, bem como a promoção do desenvolvimento social e econômico para a população. A implantação de projetos de grande impacto cultural, como o Museu de Arte do Rio de Janeiro (Mar), na Praça Mauá, e o Museu do Amanhã, no Píer Mauá, ambos em parceria com a Fundação Roberto Marinho, darão nova cara à entrada do porto.” (CDURP s.d.)
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Figura 23. Perspectiva de projeto com a Praça Mauá ao fundo do Museu do Amanhã, já sem a Perimetral. Fonte: http://portomaravilha.com.br/upload/cupula/apresentacao.pdf, acesso em 13 de Maio de 2013.
Da Superfície: Passeio Público – “Boulevard” da Praça Mauá ao Armazém 8
O espaço entre o Armazém 7 e a Praça Mauá – hoje parte da Avenida Rodrigues Alves – será transformado em um grande passeio público arborizado, valorizando a passagem de pedestres e, em alguns trechos, abrigando a passagem do VLT. Serão 44 mil metros quadra dos. Quando se substitui por túnel o trecho da Rodrigues Alves entre o Armazém 6 e a Praça Mauá, ganha -se o mesmo espaço em passeio público arborizado, com ciclovia, área de convivência, circulação de pedestres e passagem do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT ). O Túnel da Via Expressa possibilitará passeio público entre Praça Mauá e Armazém 6, por onde vão circular pedestres, bicicletas e VLTs. (Porto Maravilha s.d.) Figura 24. Localização da Praça Mauá e entorno. Fonte: http://www.maps.google.com, acessado em 03 de junho de 2013.
A Praça Mauá vem há tempos perdendo sua grandiosidade de porto, “alguns armazéns e galpões antigos, aquelas edificações existentes entre a Perimetral e as enco stas, vinham sendo ocupados como barracões de escolas de samba e, por falta de cuidados, estão se deteriorando”, daí sua grande necessidade de revalorização. (MAGALHÃES 2011)
Figura 25. Túnel da Via Expressa possibilitará passeio público entre Praça Mauá e Armazém 6, por onde vão circular pedestres, bicicletas e VLTs. Fonte: http://portomaravilha.com.br/web/sup/serObrMapaPer.aspx, acesso em 13 de Maio de 2013.
Do Subterrâneo
A grande mudança, além da necessária revitalização, será a retirada do Elevado Perimetral . Ele, “(...) que margeia quase todo o Porto do Rio, tem data marcada para deixar de existir: segundo semestre de 2013. Em seu lugar será construído um túnel de 1.800 metros, que terá início nas proximid ades do Museu Naval e Oceanográfico. (...) a Avenida Rodrigues Alves será transformada em via expressa até seu encontro com a Avenida Rio de Janeiro. Em um
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projeto inédito na cidade, o Túnel da Via Expressa passará embaixo do Túnel do Binário no trecho sob o Morro de São Bento(...).” (Cidade Olímpica 2011)
Figura 28. Vista Aérea da Praça Mauá em 1916/18. Fonte: http://www.flickr.com/photos/carioca_da_gema/293063867/, acesso em 14 de Maio de 2013. Fonte: Acervo de Francisco Patrício.
Figura 26. Praça Mauá Contemporânea e Elevado da Perimetral. Fonte: http://ftvieira.files.wordpress.com/2012/06/prac3a7a_maua_int.jpg, acesso em 14 de Maio de 2013. Foto: desconhecido.
Figura 27. Perspectiva de Projeto da Praça Mauá e do Projeto Binário do Porto. Fonte: http://portomaravilha.com.br/conteudo/binario.aspx, acessado em 03 de Junho de 2013.
Parc Central Del Poblenou, Barcelona, Espanha O Parc Central foi escolhido por sua característica peculiar na cidade: é um parque fechado. Centrado num local agitado, o parque nega o movimento ao seu redor e traz o usuário para um local de contemplação. Além disso é cruzado por algumas vias, que podemos usar como referência para um futuro projeto de espaço publico em lugar já consolidado.
“(...) O Parque é um dos maiores na cidade. É delimitado pela Carrer del Marroc, a Carrer de Bac de Roda e a Avenida Diagonal. Infelizmente, seu interior é sub dividido pelas passagens de veículos Carrer d’Espronceda, Carrer de Bilbao, Carrer Pere IV e a Carrer Cristobal de Moura. Embora o tráfego de pedestres prevaleça nessas ruas e a densidade de tráfego tenha sido reduzida, essas ruas transversais agem como barreiras, característica incomum num parque de Barcelona. Para resolver o problema, a Carrer d’Espronceda foi coberta e decorada com um “túnel de flores”, cujas vinhas não cresceram ainda. Conc ebido como um jardim botânico com 1000 árvores, 5000 arbustos, quase 11000 videiras, 35 palmeiras e 5000 cactus, o parque também apresenta atividades de lazer para os jovens e para os não tão jovens, com atrações especiais, remanescentes históricos restaurados, apreciação da cultura catalã e um mundo de faz de conta e imaginação.” Texto original em inglês. Tradução livre nossa, em 14 de Maio de 2013. (PASCUAL 2007)
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Figura 29. Entrada do Parc Central "ao estilo Gaudi" e Avenida Diagonal Mar. Fonte: Alexandre Suárez de Oliveira, arquivo pessoal.
“(...) Este novo parque central é uma joia arquitetônica que combina diferentes zonas e uma variedade de plantas. O tão necessário “pulmão” na antiga área industrial de Poblenou. O parque foi projetado pelo arquiteto francês Jean Nouvel e inaugurado na primavera de 2008. Ele abrange uma superfície de 55000m² entre a Carrer Bilbao, Carrer Marroc, Bac de Roda e a Diagonal, e provê um oásis de calma que define claramente o o espírito da nova Poblenou. O muro que delimita o parque é coberto com plantas mediterrâneas, e um portão ao estilo de Gaudi leva ao interior. O principal ponto de encontro, a Plaça de La Sardana, está localizada no centro do parque, cercada por ocas onde as crianças podem brincar. Há uma área semelhante à paisagem lunar que tem coleta de lixo pneumática, mais um exemplo das preocupações de Jean Nouvel com o meio ambiente, como é fato que a maioria do parque (...) é irrigado por águas subterrâneas. Nouvel queria que o parque que leva sua assinatura fosse usado por toda a comunidade, combinando diferentes habitats onde se pode relaxar nas cadeiras de metal na sombra de exuberantes plantas coloridas e árvores.” Texto original em inglês, tradução livre nossa em 14 de Maio de 2013. (Barcelona Turisme s.d.)
Figura 30. Entorno do Parc Central. Fonte: heetp://www.maps.google.com.br, acesso em 03 de Junho de 2013.
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Do Fechamento
O Parque parece lidar bem com esse entorno circundado. A visão não é completamente fechada, é restrita com muros e grades, e aberta com nichos e vidros. A vegetação suaviza esse enclausuramento, e pela área ser grande a insegurança que praças habitualmente fechadas têm diminui. Do Lúdico
O parque possui diversos níveis, ambientes, esculturas e equipamentos, colocando o espectador em muitas cenas de escalas e situações diversas.
Figura 34. Equipamento e bancos. Fonte: Alexandre Suárez de Oliveira, arquivo pessoal.
Figura 33. Exemplo de fechamento/abertura do parque. Fonte: Alexandre Suárez de Oliveira, arquivo pessoal.
Figura 32. "El Cràter". Fonte: Alexandre Suárez de Oliveira, arquivo pessoal.
Figura 35. Jardim de Sensações. Fonte: Alexandra Suárez de Oliveira, arquivo pessoal.
Figura 31. "Oca". Fonte: Alexandre Suárez de Oliveira, arquivo pessoal.
High Line Park, Nova York, EUA
Além de carregar o título de “sustentável” pela sua concepção, o High Line nos interessa por não estar no chão, mas sim acima dele. Comumente elementos elevados e quaisquer espaços com túneis ou obras semelhantes trazem degradação e desvalorização ao local próximo. Temos aqui um exemplo que isso pode se dar ao contrário.
“O High Line é um espaço público criado em Nova York, a partir de um conju nto de trilhos abandonados, no maior setor industrial de Manhattan. Os trilhos do trem, construídos entre 1929 e 1934, eram utilizados para transporte de alimentos, e a estrutura foi chamada de High Line. Com a evolução da cidade, os trilhos se tornaram obsoletos, e em 1999 foi feito um plano para converter o espaço abandonado em um parque suspenso a oito metros do chão. Em 2002, surgiu a ideia de transformar a área em algum tipo de parque, que fosse publico e pudesse ser utilizado por muito tempo.” (SUZUMURA 2012)
Propriedade da Cidade de Nova York e mantido pela organização Friends of the High Line - fundada em 1999 por residentes do entorno que apoiaram a preservação e transformação da linha quando estava sob ameaça de demolição – em conjunto com o Departamento de Parques e Recreação de Nova York (New York City Parks s.d.), foi concebido pelo Design Trust for Public Spaces (organização não -governamental dedicada à melhoria dos espaços públicos em Nova York – http://www.designtrust.org) em parceria com o arquiteto Casey Jones, partindo de pesquisa e divulgação do “Reclaiming The High Line”, estudo que estabelece um quadro de planejamento para a preservação e o reuso do high line.
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Do Tempo
De Janeiro a Julho de 2003 ocorreu um concurso de ideias, o “Designing the high Line”, no qual participaram 720 equipes de 36 países. Em 2004 foi selecionada a equipe de design para o High Line: James Corner Field Operations - empresa de Arquitetura da Paisagem, Diller Scofidio + Renfro empresa de Arquitetura, especialistas em horticultura, engenharia, segurança, manutenção, arte publica e outras disciplinas. A construção da Seção 1 começou em Abril de 2006, partindo da Rua Gansevoort até a 20ª Avenida. Vias, lastros e detritos foram removidos, os trilhos são mapeados, etiquetados e armazenados (alguns seriam reutilizados na paisagem do parque, o aço é jateado,fazem reparos no concreto e sistemas de drenagem e instalam impedimentos para pombos embaixo da Linha. Em 9 de Junho de 2009 a Seção Figura 36. Self-Seeded Landscape - The High Line 1999 - 2006. Fonte: 1 é aberta ao publico, e em 8 de Junho de 2011 http://www.thehighline.org/galleries/images/high-line-1999-2006, acesso em a Seção 2 (Lado oeste da 20ª Avenida até lado 04 de Junho de 2013. oeste da 30ª rua) é inaugurado. Do Design
As formas remetentes aos trilhos são constante referência em todo o projeto, salientando seu uso passado. Os bancos, o piso, e os materiais tiveram tratamento exclusivo no local, trazendo a arte, identidade e conforto para o lugar. Figura 37. Gansevoort Entry Construction - Building Gansevoort Entry. Fonte: http://www.thehighline.org/galleries/images/buildi ng-gansevoort-entry?page=1, acesso em 04 de Junho de 2013.
Dos Acessos
Apesar da grande extensão, possui apenas nove acessos – Rua Gansevoort , Rua West 18th, Rua West 20th, Rua West 26th e Rua West 28th, esses sem acesso por elevador, e Rua 14th, Rua West 16th, Rua 23rd Street e Rua West 30th Street, com acesso por elevador.
Da Vegetação
Inspirada pela vegetação que cresceu no local durante os 25 anos que os trens pararam de passar na linha – inclusive incorporando algumas ao projeto – foram usadas espécies duráveis, com variação de cores e texturas, focando nas espécies nativas. Da Extensão
A linha tem cerca de 20 km de extensão, cobrindo uma grande área e eliminando aproximadamente 105 cruzamentos de ruas. Essa intervenção promoveu a revalorização de seu entorno, demostrando para nós que o fato da linha de trem ter produzido uma extensa área coberta e portanto pouco iluminada, que fez com que fosse depreciada após anos de Figura 38. View North from 17th Street - The High Line in Operation. Fonte: uso, com a requalificação http://www.thehighline.org/galleries/images/high-linedo espaço esse problema operation, acesso em 04 de Junho de 2013. foi a grande chave da obra, resultando em um parque lúdico e inovador que revitalizou completamente a área. Figura 39. Sob o parque. Fonte: http://www.dnainfo.com/newyork/20101022//trailer-home-at-high-line-offers-artistic-glimpse-of-upstatenew-york/slideshow/popup/41576, acesso em 04 de Junho de 2013.
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Praça da Republica, São Paulo, Brasil No elo entre o centro novo e o antigo, temos esta grande praça como marco. Circundada por vias de grande movimento – Avenida Ipiranga, Avenida São João, Rua da Consolação, Avenida Rio Branco – ela ainda assim consegue se destacar: está como um “respiro vegetal” em um ponto central da metrópole paulista. Após a reforma realizada pela Prefeitura a praça está mais próxima de seu traçado original, de 1905.
“A Praça da República começou a se formar no século XVIII, nas terras que pertenciam ao tenente José Arouche de Toledo Rendon. No início, o local era utilizado para exercícios militares.” (Lemad s.d.) “Antigamente era conhecida como Largo dos Curros. Ali os paulistanos do século XIX se divertiam ao assistir os rodeios e as touradas da época. De lá para cá o nome do espaço mudou várias vezes. Já foi chamado Largo da Palha, Praça dos Milicianos, Largo 7 de abril, Praça 15 de Novembro e finalmente, em 1889, ficou definido Praça da República. Construída a partir do modelo de urbanização européia, o local, que faz um elo entre o centro velho e o centro novo, foi escolhido em 1894 como endereço da Escola Normal Caetano de Campos.” (Cidade de São Paulo s.d.)
Figura 40. Mapa da Praรงa e arredores. Fonte: http://www.maps.google.com, acesso em 08 de Junho de 2013.
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Além de seu valor histórico, a praça também está localizada próxima ao Cine Marabá, Theatro Municipal, Biblioteca Mário de Andrade, Viaduto do Chá, e tem, aos finais de semana, Feira de Arte e Artesanatos e fácil acesso via metrõ. Da Arte
Além da tradicional “feirinha” por lá também podem ser vistos muitos monumentos espalhados, principalmente bustos de grandes nomes. Da Água
A Praça possui quatro lagos espalhados, constituindo Figura 41. Vista aérea da Praça e entorno. Fonte: http://caetanistas78.blogspot.com.br/2011/10/praca-darepublica-sao-paulo-em-1968.html, acesso em 08 de Junho de 2013. Figura 43. Mercúrio em Repouso. Fonte: http://www.monumentos.art.br /monumento/mercurio_em_rep ouso, acesso em 08 de Junho de 2013.
Figura 44. Busto de Baden Powell. Fonte: http://www.monumentos.art.br /monumento/baden_pawell, acesso em 08 de Junho de 2013.
microclimas agradáveis.
Figura 42. Um dos lagos. Fonte: http://www.bibliotec avirtual.sp.gov.br/tur ismo-capitalfeirasdeartesanato.p hp, acesso em 08 de Junho de 2013.
Viaduto Santa Efigênia, São Paulo, Brasil Temos aqui um grande viaduto – agora só para pedestres – em incrível construção metálica sobre grandes ruas de São Paulo: Anhangabaú, Avenida Prestes Maia, Rua Brigadeiro Tobias, uma grande inovação na transposição de vales para a época, ligando o largo de São Bento ao de Santa Ifigênia.
A construção se deu “(...) através de um viaduto com tabuleiro superior e estrutura metálica. Foi construído em aço laminado, exceto os guarda -corpos de ferro fundido. (...) A extensão total do viaduto é, desta forma, de 225 metros, com declive de 6,027 milímetros por metro. (...) Admitiram-se uma carga estática de 400 quilos por metro quadrado e (...) a passagem de “tramways” com 26 toneladas (...) Providenciou-se, de imediato, a importação da estrutura metálica, totalmente fabricada na Bélgica, de acordo com as plantas do projeto de Giulio Micheli, vencedor da concorrência. Tr ansportadas de navio até o Porto de Santos, as partes metálicas eram numeradas e e previamente perfuradas, prontas para receberem os rebites. As obras de montagem ficaram a cargo da firma Lidgerwood Manufacturing company Limited, iniciadas em 1910, com a c olaboração técnica dos engenheiros Mario Tibiriçá e Giuseppe Chiappori. (...) A inauguração do Viaduto Santa Efigênia ocorreu no dia 26 de Julho de 1913.” (R. B. OLIVEIRA 2011)
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Figura 45. Mapa de Localização do Viaduto. Fonte: http://www.maps.google.com, acesso em 08 de Junho de 2013.
Figura 46. Elevação do viaduto. Fonte: http://www.metalica.com.br/images/stories/Id156/maior/05.jpg, acesso em 08 de Junho de 2013.
Com o tempo, a infiltração de água foi deixando frágil a estrutura, e foi cogitada a demolição do Viaduto, a contragost o da população. “Eu me lembro que uma vez você me disse que um dia que demolissem o viaduto, que tristeza, você usava luto, arrumava sua mudança e ia embora pro interior.” Adoniram Barbosa, Viaduto Santa Efigênia A conclusão foi “em 18 de Julho de 1975, o prefeito Olavo Setúbal determinava que a estrutura, que completara 62 anos, seria reformada e conservada pela Municipalidade. Desta forma, a passagem serviria como via de pedestres na ligação com a nova Praça (Largo) de São Bento (...)” e o viaduto se tornou patrimônio histórico neste mesmo ano. (R. B. OLIVEIRA 2011) O uso da estrutura metálica normalmente reduz o tempo e a mão de obra das construções feitas. A manutenção é específica, afinal não ocorrem os mesmos danos do concreto e da madeira, porém com cuidado é um material tão durável quanto os outros comuns. Figura 48. Detalhe do Viaduto. Fonte: http://www.flickr.com/photos/fabioraphael/537529 3564/, acesso em 08 de Junho de 2013.
Figura 47. Vista. Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=372649, acesso em 08 de Junho de 2013.
Maleável, a estrutura criou uma estética perto de Art Nouveau, trazendo elegância à área. Com a construção da estação do metrô e o comércio o movimento no viaduto aumentou cada vez mais.
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Calçadões São, basicamente, ruas remodeladas e com trânsito fechado restrito a veículos automotores. Os desenhos de piso são mudados, a iluminação melhora junto com a arborização e o mobiliário, o comércio toma conta da área e as pessoas têm um local confortável para passear e olhar vitrines. “O crescimento das cidades brasileiras, nó Século XX, e a popularização do automóvel, a partir da década de 50, foram fatores que congestionaram o centro das nossas principais cidades. Ruas e calçadas não estavam preparadas para suportar a grande demanda de pessoas e esse fato motivou, em parte, a introdução de novas áreas para pedestres – a rua de pedestres – a exemplo do que ocorreu em outros países. As ruas de pedestres – apelidadas de calçadões – foram introduzidas Figura 49. Rua XV de Novembro, Curitiba. Fonte: no Brasil na década de 70, http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Rua_xv_curitiba primeiro em Curitiba, na Rua XV .jpg, acesso em 08 de Junho de 2013. de Novembro, que passou a se denominar Rua das Flores. A seguir foram criadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Londrina, Juiz de Fora, Bauru, Ponta Grossa, e depois em muitas outras cidades de diversos tamanhos. “
Figura 50. Calçadão em Bauru, SP. Fonte: http://movimentoemrede.com/wpcontent/uploads/2013/05/Cal%C3%A7ad%C3%A3o-Bauru.jpg, acesso em 18 de Setembro de 2013.
CONCLUSÕES TIRADAS A PATIR DOS ESTUDOS DE CASO
A partir dos Estudos de Caso tiramos experiências a serem analisadas, contribuindo para o projeto final deste trabalho. Teremos aqui as análises por tópicos, quanto a:
Ocupação
Na Roosevelt temos, de dia, em sua maior parte a ocupação feita pelas crianças da escola ao redor e transeuntes, alguns skatistas e moradores. A noite o público muda, em geral quem está lá são os frequentadores dos arredores, ainda assim com menor incidência, deixando a praça vazia. No Projeto da Nova Luz, como é uma grande área, a ideia é que seja estendida a toda população sua ocupação principalmente para passagem, acesso ao metrô e compras, com algumas praças projetadas para permanência. A Praça Mauá é uma praça de exibição e passagem. Ela tem a função de recepcionar e despedir as pessoas que desembarcam no porto e de mostrar os museus que estão ao seu redor, sendo uma praça para locomoção, que abre caminho para os monumentos. O Parc Central Del Poblenou é todo fechado, permitindo a segregação destinada ao lazer, permanência e aproveitamento do local. O High Line foi projetado para passagem, e em locais específicos para permanência, possibilitando também apropriação de espaços por artistas, além dos turistas e conterrâneos. Na Praça da República temos praticamente a mesma ideia de uso da Roosevelt, quem a usa são transeuntes e frequentadores dos locais próximos, além de moradores de rua. O Viaduto Santa Efigênia é uma área de passagem que se liga a áreas comerciais, daí seu grande movimento.
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Os calçadões são vias de pedestre, passagens, comumente combinados com pontos comerciais bem arrumados e iluminados ao largo, propícios a esportes de baixo impacto, passeios e compras. Em geral a praça quando é mais fechada traz para dentro de si apenas quem tem a intenção do uso dela, seja para descanso ou lazer. Quando aberta mas sem caminhos por dentro as pessoas costumam passar ao seu redor, apenar utilizando sua sombra e microclima, quando há. Para ter um uso e não virar caminho, a praça necessita de função e oferecer acolhimento aos que têm a intenção de estar lá. Dar esta opção de mudança de rotina é a função do local público, interferindo de algum modo no estilo de vida de quem a frequenta.
Paisagismo
Na Roosevelt, Nova Luz, Santa Efigênia e nos calçadões em geral vemos árvores pontuais e algumas áreas gramadas. Facilita a visualização de todos os lados, apesar de não ser exatamente confortável em dias muito quentes. A Mauá possuirá arborização apenas em seu redor, constituindo algo que lembra uma praça seca - quase como a Praça dos Três Poderes de Brasília, Distrito Federal - assim dando ênfase aos edifícios de seu entorno. O Poblenou é tão arborizado como pode, principalmente com chorões, e se vale também de outros tipo de arbustivas e vegetação trepadeira. O High Line possui uma vegetação especial, lembrando um lugar abandonado por referência à antiga linha de trem, e com espécies características. A República tem muitas árvores, lagos, grama, realmente um verde muito denso em um centro de cidade tão seco, quase como um parque aberto, porém deixando grandes clareiras sobre seus caminhos. Assim também acontece em uma pequena área em volta da Igreja na Praça Roosevelt, com a diferença dos caminhos também estarem sob uma densa vegetação.
Equipamentos
Cada um destes estudos possui características singulares. O High Line é elevado e possui acessos via elevadores. Também tem decks e bancos que incentivam a permanência dos usuários. A Praça da República, antiga e de grande dimensão, possui coreto, lago, creche, acesso via estação de metrô, banca de jornal, playground. A Praça Roosevelt possui bancos, esculturas, pergolado, canteiro e talvez possua novamente um estacionamento. O viaduto da Santa Efigênia é uma área de passagem, portanto tem seu espaço livre e acesso via metrô. A Praça Mauá, assim como o viaduto, é um espaço neutro que propicia a passagem, não necessitando de equipamentos, apenas do espaço. Já o Parc Central Del Poblenou investiu em equipamentos característicos e feitos com exclusividade, como bancos e acessórios para playground. Acessibilidade Os relatos de estudo de caso aqui são, em sua maioria, planos, sendo acessíveis a grande parte da população com algum tipo de deficiência de mobilidade. Características Arquitetônicas Tais características são marcantes e diferenciam a plástica dos ambientes citados. Santa Efigênia é um viaduto em estrutura metálica e detalhes Art Nouveau. A Praça Roosevelt está em desnível, é uma praça elevada. O Projeto da Nova Luz é extenso e tem várias micro características em cada ambiente, como tendo em seu interior grandes calçadões e, em contraponto ou complemento, praças com microclimas agradáveis. O Poblenou tem como característica principal a segregação, ele busca se desvencilhar do entorno e trazer o usuário apenas para dentro dele. O High Line, além de sua busca histórica, traz a elevação como de um grande viaduto como ponto forte. A República possui usos mistos por causa de sua grande extensão, parecendo uma pequena cidade. A Mauá é feita para atrair a atenção para os edifícios ao seu redor, daí ser uma grande área revestida.
Quando projetamos é necessário buscar em nosso repertório características da pluralidade da população, e como a ideia normalmente é ter a abrangência total visando o acesso e a permanência de diversos tipos de pessoas, ou o mais perto disso que conseguirmos chegar, tivemos que os estudos de caso foram importantes por nos trazer detalhes projetuais e de desenho relevantes, como os detalhes de piso, de acessibilidade, opções de uso e de paisagismo, informações essas que nortearão este projeto de conclusão.
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DAS LEIS
1. NBR 9050 - Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos urbanos 8.5.3.1 Sempre que os parques, praças e locais turísticos admitirem pavimentação, mobiliário ou equipamentos edificados ou montados, estes devem ser acessíveis. 8.5.3.2 Nos locais onde as características ambientais sejam legalmente preservadas, deve-se buscar o máximo grau de acessibilidade com mínima intervenção no meio ambiente. 8.5.3.3 O piso das rotas acessíveis deve atender às especificações contidas em 6.1.1. 6.1.1 Pisos Os pisos devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante sob qualquer condição, que não provoque trepidação em dispositivos com rodas (cadeiras de rodas ou carrinhos de bebê). Admite-se inclinação transversal da superfície até 2% para pisos internos e 3% para pisos externos e inclinação longitudinal máxima de 5%. Inclinações superiores a 5% são consideradas rampas e, portanto, devem atender a 6.4. Recomenda-se evitar a utilização de padronagem na superfície do piso que possa causar sensação de insegurança (por exemplo, estampas que pelo contraste de cores possam causar a impressão de tridimensionalidade).
2. Manual Técnico de Arborização Urbana da Cidade de São Paulo Parâmetros para a arborização de áreas livres públicas. Para efeito de aplicação dessas normas, são caracterizadas como áreas livres públicas, praças, áreas remanescentes de desapropriação, parques e demais áreas verdes destinadas à utilização pública. A distância mínima em relação aos diversos elementos de referência existentes em áreas livres públicas deverá obedecer a correspondência abaixo especificada.
Distância mínima (m) para árvores de: Pequeno Porte Médio Porte Grande Porte 1,0 1,0 1,0 2,0 2,0 3,0 1,0 1,0 1,0 2,0 2,0 3,0 1,0 2,0 3,0 5,0 8,0 12,0 . . 5,0 Tabela 1. Distâncias Mínimas - MTAC. Fonte: Manual Técnico de Arborização Urbana da Cidade de São Paulo.
Em relação a eventuais edificações vizinhas, deverá ser obedecido o afastamento mínimo correspondente à altura da árvore quando adulta, ou o raio de projeção da copa, devendo ser adotado o maior valor. Junto às áreas destinadas à permanência humana ao ar livre, deverá ser evitado o plantio de árvores cuja incidência de copas possa apresentar perigo de derrama ou de queda de frutos pesados e volumosos.
Recomendações Suplementares
Na elaboração de projetos de vias públicas, em face de interferências entre equipamentos públicos e arborização, deverá ser ponderada preliminarmente a possibilidade de readequação desses equipamentos, ao invés da adoção precipitada de serviços de poda ou remoção em detrimento da arborização. Os canteiros centrais com largura maior ou igual a 1,00 m, de preferência, não devem ser impermeabilizados, a não ser nos espaços destinados à travessia de pedestres e à instalação de equipamentos de sinalização e segurança. Quando, nas calçadas verdes, houver arborização, deverão ser atendidos todos os parâmetros destas normas.
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O PROJETO
CONTEXTO Terreno e Meio Ambiente
A área estudada possui aproximadamente 15562m² e se encontra na ligação das Praças Roosevelt e República no Centro de São Paulo, SP. Como limites possui a grande Rua da Consolação, Dr. Teodoro Baima, Araújo, Epitácio Pessoa, Major Sertório, incorpora a Praça Darcy Penteado, e termina no cruzamento da Av. São Luiz com a Praça da República.
Figura 52. Autorretrato, 1964. Darcy Penteado. Fonte: http://www.base7.com.br/portfolio/ver/126, acessado em 28 de janeiro de 2014.
Possui cerca de 24 árvores de porte grande em uma extensão de aproximadamente 340m. As próximas áreas mais arborizadas estão no Bosque da Praça da República e na área da Igreja da Consolação, ambas já consideradas aqui.
Figura 51. Localização. Fonte: Google Maps, acesso em 28 de Janeiro de 2014.
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Geografia: Topografia
Segundo planta conseguida com a Prefeitura de São Paulo (contato com Pamela Alves, SMDU - Grupo Técnico Intersecretarial do Sistema de Informação Geográficas do Município de São Paulo , em 20 de Março de 2013), a declividade do terreno é suave, indo da cota 760 no entorno da Praça Roosevelt a 750 no entorno da Praça da República, dando um caimento de 10m em aproximadamente 340m, o que nos dá uma inclinação de 0,02, muito mais suave do que, por exemplo, a norma de rampas para ca deirantes, que é de 6,25 a 8,33% (ABNT 2004). Entorno
Com a Industrialização acelerada nos anos 30 a cidade ampliou velozmente sua mancha urbana. Sem comportar essa escala e os novos prédios que estavam a ser construídos, o antigo Centro Histórico se espalhou entre a Avenida Ipiranga, São Luís e Paulista, que então incorporaram a presença marcante dos automóveis nesse novo cenário urbano, que alargou as ruas e criou avenidas. (Monteiro 2005)
Figura 53. Declividade, curvas principais e intermediárias da área. Fonte: Do Autor. 28 de Janeiro de 2013.
Nesta área temos uma vasta experiência na Arquitetura, destacando-se os edifícios Louvre (6), Conde Silvio Penteado (5), Itália (4), Copan (2), Eiffel (3) e o Hotel Hilton (1), monumentos do desenvolvimento, vistos na Figura 55. Também há a Estação de Metrô República e a linha amarela nesse contexto que, segundo o Google Maps, não passa sob a Avenida Ipiranga, nos possibilitando de rebaixar o terminal de ônibus. Vemos projeção desta linha na Figura 54. Há três bancas de jornal: Redondo, Centro Comercial Copan e Ipiranga, locadas aproximadamente na Figura 55.
Figura 54. Linha amarela do metrô. Fonte: Do Autor, baseada em Google Maps.
Figura 55. Localização das bancas de jornal. Fonte: Do Autor. Figura 56. Prédios importantes localidade. Fonte: Do Autor.
na
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Atualmente o lugar conta com um entorno bastante diversificado em questão de público. Pontos importantes e edifícios lindeiros estão listados na Figura 57. (1) Bar e Lanches Estadão,(2)Alberta Club, (3) Espaço Parlapatões, (4) JazzB, (5) RoseVelt,(6) Espaço Cultural Walden, (7) Espetinho do Biro, (8) Bar do Museu, (9) Bar da Onça, (10) Terraço Itália, (11) Planetas Restaurante, (12) Cantina Luna Di Capri, (13) Casa Ramona, (14) Varanda Copan, (15) LoveStory, (16) Uva Verde, (17) Circolo Italiano, (18) Flor de Jabuticaba, (19) Nora Gourmet, (20) Sagrado Mineiro, (21) Clube de Xadrez São Paulo, (22) Bradesco, (23) El Coyote, (24) Lollita, (25) Quality Grill, (26) Correios, (27) Posto de Gasolina, (28) Café Floresta Copan, (29) Santa Efigênia Pão & Cia.
Figura 57. Pontos Comerciais da área de projeto. Fonte: Do Autor.
PROCESSO
Tabela 2. Inicialmente escolhendo e analisando a รกrea. Desenhando e redesenhando a รกrea do terminal. Redesenhando a รกrea da praรงa. Fonte: Do Autor.
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PROGRAMA Exigências, Necessidades e Aspirações dos Usuários
A área escolhida levou em conta inicialmente as duas praças em lugar central de São Paulo, aproveitando a localização privilegiada e incentivando a criação de cada vez mais corredores de lazer , descanso e verde. Onde antes era considerado desenvolvimento o asfalto e concreto, hoje os olhares estão voltando à cultura e conforto, e cada vez mais estamos buscando essa humanização da cidade ao invés do privilégio ao automóvel. Ainda assim, l evando em conta o fluxo de veículos que passam por ali e um pequeno terminal de ônibus perto do encontro da Av. Ipiranga com a Consolação, consideramos a passagem diária de veículos que circulam. Desviamos partes do trânsito e o restante e as paradas de ônibus foram levadas ao subterrâneo. Na parte superior foi permitid a apenas a circulação de veículos de moradores locais, pensando no trânsito de carros de emergência, caminhões de mudança, entre outros, porém apenas para veículos autorizados. Foram pensadas novas tipologias para as três bancas de jornal já existentes e outros equipamentos que visam a cultura e possibilitam uma vivência agradável. 1. Terminal de Ônibus Subterrâneo 2. Novas Bancas de Jornal
3. Pergolado
5. Coberturas de Acesso ao Terminal Subterrâneo
4. Concha AcĂşstica 6. Pista de Skate
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7. Decks de Madeira, Prainha e Esguichos D’Água
8.
Espelho D’Água
9.
Bicicletários
10. Bancos de Concreto Individuais
Figura 58. Fonte: Cycle safe, U/2 bike rack.
11. Bancos de Madeira com Lixeira Embutida
Bebedouros e Telefones Públicos 12.
Figura 59. fonte: A.J. Andersson, 3D Warehouse, Google Sketchup. Telefone: Piper, Warehouse, Google Sketchup. Acesso em 28 de Janeiro de 2013.
13.
Lixeiras
14. Iluminação Pública
Figura 60. Poste: Nayap Payan, 3D Warehouse, Google Sketchup. Acesso em 28 de Janeiro de 2014.
MOVIMENTO NO ESPAÇO-TEMPO Acesso e Entrada
O acesso a pedestres é livre, é possível o trânsito a partir de todas as vias e para todas as vias. O acesso ao terminal pode ser feito através das entradas dispostas na superfície e localizadas (1) no entroncamento da Consolação com a Ipiranga, (2) no encontro da São Luís com a Ipiranga, (3) no final da Epitácio Pessoa com a Ipiranga ou através da calçada de acesso para carros, nas saídas da Ipiranga para a São Luís ou para a Consolação. O fluxo geral de veículos motores é restrito à mão única São Luís – Ipiranga – Consolação, nessa ordem, com acesso apenas na via subterrânea/terminal de ônibus. O trânsito de carros em via local é permitido para veículos autorizados de moradores, veículos de emergência (ambulâncias, bombeiros, polícia), caminhões de mudança e simil ares, desde que previamente autorizados. Este acesso via superfície se dá apenas na área limitada de borda da área escolhida, com 3m de via para trânsito mão única e 3m para estacionamento em via. Os acessos se dão pelo encontro da Rua Araújo com a Major Sertório e Araújo com Consolação, como se vê na figura ao lado, pelas setas laranja.
Figura 61. Mapa aproximado com nomes de ruas, locação de prédios para localização e indicação de fluxo de carros sobre a praça.
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Sequência de Espaços
Acessando a praça pela Consolação temos primeiramente uma banca de jornal e acesso a terminal de ônibus por escada rolante e elevador. Próximo a eles, bicicletários, telefone público e bebedouros. Daí a área gramada e bancos em um pequeno boulevard ao lado da pista de skate , que cobre o público vindo da Praça Roosevelt (e proibido de acessá-la com skates, bicicletas, etc) e deck de madeira para descanso. Na parte de cima, pela Rua Epitácio, temos um espelho d’água em pequeno nicho de praça e outro acesso ao terminal, por escada fixa e rampa. Continuando sentido Av São Luís temos a cobertura acústica para eventos com elevador interno de acesso ao terminal subterrâneo, camarins e banheiros para uso dos artistas. Atrás dessa concha temos a prainha, outro deck de madeira com um pequeno lago artificial e esguichos d’água (é necessário deixar claro que é permitido entrar neles). À frente temos o pergolado, que atrai os ambulantes das Feirinhas da Praça da República, outra banca de jornal e o acesso final ao terminal subterrâneo, também através de escada rolante e elevador.
Figura 62. Planta da Praça em Manchas.
Figura 63. Localização da praça em relação às vias.
Acessando o Terminal via Av da Consolação (na escala do pedestre, visto que os carros/ônibus só podem ter acesso ao terminal via Av São Luís) temos a entrada com escada rolante e elevador e sanitários públicos. Mais a frente temos a entrada fixa, com escada comum e rampa. Ao lado das baias de ônibus, onde os veículos param por meio sinalização do passageiro para permitir o embarque e desembarque, temos a área de atendimento ao público compreendendo diversos serviços como caixas eletrônicos e posto de atendimento para solicitação, recarga ou aquisição do bilhete único. Esta área de atendimento compreende as diversas salas de serviços, copa e sanitários voltados para os funcionários. Ao lado temos o acesso de elevador ao camarim de artistas, compreendendo sanitários e salas para guardar equipamentos e figurinos. Mais à frente temos outro acesso ao terminal via escada rolante e elevador e a saída à Av São Luís.
Figura 64. Planta do Terminal Subterrâneo em Manchas.
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PLANTA E PERSPECTIVAS
Figura 65. Planta. Praça Roosevelt à esquerda, Praça da República à direita, Copan abaixo, Hotel Hilton acima.
Figura 66. Perspectiva com a Praça da República ao Fundo.
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Figura 67. Perspectiva noturna fictícia. Praça Roosevelt à frente, Copan à esquerda.
CONCLUSÃO E JUSTIFICATIVA Em grande escala vemos que há algumas áreas verdes e vazios espalhados por São Paulo. Iniciando esse corredor de lazer talvez seja um primeiro impulso para um possível gran de circuito de praças permeando a capital, alterando positivamente o psicológico da população por causa do contato com áreas verdes e ma ior interação social. Também interferiria nos microclimas, diminuindo os impactos causados pela poluição, trazendo valores ambientais, funcionais e estéticos às áreas.
Figura 68. Vista dos arredores. Fonte: Google Maps, acesso em 02 de Fevereiro de 2014. Fonte de marcação: Do Autor, via illustrator.
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Em escala humana temos que os espaços verdes e praças de boa qualidade comumente valorizam o entorno e garantem maior qualidade de vida aos moradores das proximidades. Neste projeto visamos o entrelaçamento de atividades por conta dos equipamentos, buscando a mistura de diversas layers etárias e culturais da população.
Figura 69. Pista de Skate trazendo o público da Praça Roosevelt.
Também buscamos abraçar o entorno e o público da Praça Roosevelt e República, garantindo a utilização da nova praça e a vida do local.
Figura 70. Pergolado continuando a feira da Praça da República.
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