FIGURA 1 - RECORTE DO QUADRO OPERÁRIOS DE TARSILA DO AMARAL, 1933.
REGENERAÇÃO URBANA EM ASSENTAMENTOS INFORMAIS HELIÓPOLIS – TECIDO INTERATIVO
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
MAYCON CEZAR DA SILVA ORIENTADORA VANESSA VALDEZ GUILHON DEZEMBRO 2019
DEDICATÓRIA 6
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Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, que me deu muita força e dedicação para persistir num sonho que sempre tive desde a infância, depois à minha mãe, Rosiene Cezar, que antes de tudo sempre batalhou para o que fosse necessário na minha educação, uma legítima mulher nordestina e solteira que migrou para a capital e enfrentou a vida corajosamente muito cedo trabalhando como empregada doméstica desde a adolescência para criar seu único filho. Espero que a partir dessa nova fase eu possa retribuir o máximo possível para o nosso futuro. TFG II | 2019
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AGRADECIMENTOS 8
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Agradeço primeiramente a todos os meus amigos e professores nesses anos do curso que me apoiaram e ajudaram sempre no possível com as minhas dúvidas, meus trabalhos e com meus momentos de ansiedade, os grandes amigos que adquiri no ensino fundamental na Escola Estadual Coronel Bonifácio de Carvalho contando entre eles com alguns professores que também me apoiaram como a professora de Artes, Ana Paula Poletto grande incentivadora do meu desejo em cursar Arquitetura, pois sempre percebeu a minha felicidade em lidar com o desenho e a expressão, agradeço também à professora Sheila Jacinto Ferreira que acreditou no meu esforço e fez um excelente trabalho para que eu pudesse obter um bom resultado no vestibular e conseguir a bolsa para realizar este curso. Ainda agradeço aos professores que no meu percurso acadêmico da graduação se tornaram referência como a professora Carol Mazivieiro por ter me conduzido a um de conflito de pensamentos e entender realmente qual é a função do arquiteto nos dias atuais, e me fez desenvolver questionamentos em prol da minoria enfatizando os problemas sociais que devemos enfrentar sem perder a humildade em trabalhar com meios sociais que geralmente não são aceitos pelo pensamento conservador da Arquitetura. Agradeço também ao professor Eduardo Pizarro, por ter aceito o convite de me orientar no concurso de Arquitetura bioclimática e demonstrado grandes ensinamentos ao longo de sua grande e jovem experiência. Agradeço também ao professor André Marques que foi uma das minhas primeiras inspirações na arte do desenho, sempre dialogando ao lado de uma lapiseira e um manteiga para resolver e discutir qualquer assunto, e a grande profissional Adriana Camargo de Brito, pesquisadora do IPT que me auxiliou com todo seu profissionalismo durante nosso curso realizado voltado ao conforto ambiental na USP. Me sinto agradecido pela oportunidade de cursar arquitetura com uma bolsa ProUni que me proporcionou anos de estudos intenso e conhecimento, fazendo com que eu enfrentasse dores e alegrias durante muitos momentos. Agradeço à minha orientadora Vanessa Guilhon por ter me incentivado a adorar a área do conforto ambiental, me tornando mais um interessado em prosperamente me especializar nesta área tão discutida e necessária para a contemporaneidade. E por fim deixo o meu agradecimento a todos que me apoiaram e incentivaram a persistir nesse mundo que me fez crescer profissionalmente e adquirir toda a base construtivista social, gerando reflexões sobre questionamentos atuais que forçam o arquiteto a avaliar o seu papel para auxiliar a sociedade. Creio que a partir deste caminho, minhas perspectivas e objetivos mudaram totalmente em relação ao mundo. TFG II | 2019
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EPÍGRAFE 10
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“Não somos arquitetos prescritivos, não estamos aqui para dar soluções a problemas. Estamos aqui para analisar e colocar na mesa o que achamos que deveria ser no futuro. Não se trata de : “ Isto é o que a arquitetura deveria ser ”. Pessoalmente, assumi a difícil tarefa de viver o momento. Não o passado, não o futuro. No presente.” Ricardo Scofidio
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SUMÁRIO 12
FIGURA 2 - HELIÓPOLIS, SÃO PAULO Fonte: Maycon Cezar, 2019. TFG II | 2019
1. Introdução
14
2.
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História, Cidade e Sociedade
2.1. 2.2. 2.3. 2.4.
Origem do Tema Evolução Relevância Social Cenários Atuais
3. Relações de pesquisa e investigação
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18 21 23 25 28
3.1. Arquitetura Referencial
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3.2. Diálogos e Consentimentos 3.3. Diagnóstico Climático de São Paulo
38 40
4. Características Morfológicas
44
4.1. Aspectos Regionais 4.2. Aspectos Socioeconômicos 4.3. Aspectos Urbanísticos
46 48 49
5. Área do projeto
54
6. Proposta
60
6.1. Programa
62
6.2. Volumetria
63
7. Projeto
70
8. Referências Bibliográficas
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13
1. INTRODUÇÃO 14
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Art. 6º - São direitos sociais a educação,
ser humano independente da classe social.
a saúde, a alimentação, o trabalho, a mora-
Considerando que a favela há décadas está
dia, o transporte, o lazer, a segurança, a
enraizada na cidade urbana, podemos sugerir
previdência social, a proteção à maternida-
como ensaio uma nova maneira de enxergar essa
de e à infância, a assistência aos desampa-
comunidade, que sofre um contraponto da popu-
rados, na forma desta Constituição1.
lação interna com a cidade externa e necessita ter como mérito sua capacidade de renovação. A
Na Constituição Brasileira podemos observar
memória é a base do conhecimento, através dela
com o fragmento citado acima que uma decisão
podemos aprender como existir. Ela é a seleção
clara poderia inf luenciar a vida em sociedade: a
de saberes, experiências, sensações, emoções e
moradia é direito de todos. Esclarecer essa afir-
sentimentos que as pessoas escolhem guardar, é
mativa a qual observamos que 70% do território
aquilo que define a identidade dos indivíduos e
da cidade de São Paulo é informal, gera ques-
dos grupos sociais.
tionamentos acerca de o que é moradia para as
Heliópolis combina com esta descrição, um
pessoas. Esse trabalho tem como tema a tipologia
bairro que cresceu sobre o esforço de trabalha-
“habitação de interesse social”, que em uma vi-
dores recém-chegados na capital nos anos 50,
são um pouco individual poderia ser chamada de
que estavam em busca de um lugar para viver
habitação para pessoas, uma vez que estamos fa-
e em trabalho conjunto deram início a uma nova
lando de um “abrigo de proteção” para qualquer
história da região, que hoje com sua constante
1 https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constituicao-federal-constituicao-da-republica-federativa-do-brasil-1988.
evolução, se torna maior favela do estado de São Paulo.
Figura 3 - Heliópolis e sua habitabilidade Fonte: Maycon Cezar, 2019. 16
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A partir desse contexto histórico, a comunidade vem se desenvolvendo em torno de um eixo de transformação, que cresce consideravelmente a cada ano. Hoje, Heliópolis abre discussão do que é preciso ser desenvolvido para trazer o mínimo de conforto necessário para sua população. As pessoas têm consciência que é preciso buscar formas de construir de uma maneira digna e econômica criando, no seu lar, um ambiente acolhedor para suas famílias. Neste trabalho o grande ponto de relevância é considerar a cidade existente, um ensaio para um projeto de habitação que tenha total interação com o entorno presente. O produto final busca denominar um partido que esse será utilizado em diversas propostas pela comunidade, garantindo atender a população local, com premissas do conforto ambiental baseado no uso dos materiais de maior eficiência térmica e semelhança com o contexto. Não é preciso romantizar a favela, sabemos que saneamento é fundamental, áreas de risco precisam ser solucionadas e o déficit habitacional precisa ser reduzido, porém, para trabalhar com esse meio de espaço deve existir humildade, não impor um estilo arquitetônico e ter coragem de inovar. Trazer a ciência mais perto da arquitetura para estudar novas possibilidades e tecnologias. O poder de articulação ao saímos da faculdade deve ser aprimorado constantemente, pois sem essa capacitação de saber como atuar com o cliente, ainda mais como a favela sendo um cliente “difuso”. Porque não se trata uma casa para quatro pessoas e sim uma comunidade inteira que provavelmente haja conf litos e é preciso atender Figura 4 - Variação Tipológica que circundam as favelas. Fonte: Maycon Cezar, 2019. Figura 5 - Croqui do autor
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todos os desejos se posicionando como morador local para entender as necessidades e os padrões de funcionamento. 17
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2. HISTÓRIA, CIDADE E SOCIEDADE
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ORIGEM DO TEMA
para se proteger do sol, a dona de casa pede para
É habitual vivenciarmos notícias como citado
criar uma abertura na parede para instalar uma
abaixo (Figura 6) nos jornais e na internet, onde
janela por falta de ventilação e iluminação no am-
desastres e transformações ocorrem simultanea-
biente ou até simplesmente reveste a fachada com
mente aos nossos olhos. O desenvolvimento des-
cerâmica para evitar o aquecimento excessivo
te trabalho se baseia na objeção do modo tradi-
interno que desempenha um esforço passivo em
cional de moradias que sofre discussões do que
sua casa para deixa-la “fresca”. Toda essa aten-
poderia ser previsto e adicionado para se criar
ção humana ref lete um pouco nos cuidados que
uma linguagem de caráter pessoal-presencial de
a família tem com seu lar. A moradia evolui junto
um adolescente que percorreu estas transforma-
ao ser humano, há um ciclo onde o indivíduo no
ções ao longo de sua formação e também obteve
seu trabalho, gera lucro ao desenvolvimento eco-
percepções que dão início a discussão.
nômico da cidade para obter um salário que contribui para a transformação morfológica de seu bairro em seu entorno imediato, dada atenção ao seu lar por próprio mérito de seu esforço. A comunidade como também pensadores denominam as favelas acredito que tem seu êxito em significado seguindo um ponto pela origem da palavra como a integração de pessoas que ocupam um território geograficamente definido e estão ligados por uma mesma herança cultural e histórica . A pessoas que ali circundam a região estão o tempo todo conectadas externamente entre conversas, rotinas cotidianas e tantas outras formas de interação (Figura 7 e 8), relação esta
Durante minha formação no curso de Arquite-
que ainda é presente e discutida no ciclo acadê-
tura e Urbanismo, surgiu o interesse neste con-
mico, como algo que possivelmente não existia
traponto social de querer entender o motivo de
mais, já que a metrópole hoje sofre uma grande
tanta desigualdade e porque é tão difícil dissol-
pressão sobre a violência, acarretando em ruas
ver essa barreira entre as classes sociais. Pelas
muradas cheias de câmeras de segurança.
experiências pessoais observando no dia a dia
Para pequena introdução de um contexto mun-
de vizinhos pela região, nota-se uma diversida-
dial, vemos que grandes pensadores relatam a
de em tipologias existentes na favela. Tudo é vee-
importância dessas relações pessoais.
mentemente adaptado pela condição humana. Temos o senso de adquirir um modo de equilíbrio
Devem existir olhos para a rua, os olhos
instantâneo quando não estamos confortáveis; o
daqueles que podemos chamar de pro-
vizinho constrói uma varanda na frente da casa
prietários naturais da rua. Os edifícios de
20
Figura 6 - Incêndio na favela Heliópolis. Coluna COTIDIANO, Jornal Folha de São Paulo. Fonte: www1. folha.uol.com.br/cotidiano/2013/07/1307610-incendio-destroi-parte-de-favela-na-zona-sul-de-sao-paulo. shtml TFG II | 2019
uma rua preparada para receber estranhos
banização para atender a uma grande demanda
e garantir a segurança tanto deles quanto dos moradores devem estar voltados para a rua. Eles não podem estar com os fundos ou um lado morto para a rua e deixa-la cega. E terceira, a calçada deve ter usuários transitando initerruptamente, tanto para aumentar na rua o número de olhos atentos quanto para induzir um número suficiente de pessoas de dentro do edifício da rua a observar as calçadas. Ninguém gosta de ficar na soleira de uma casa ou uma janela olhando para uma rua vazia [...]. (JACOBS, Jane. A vida e a mor-
da população crescente. Segundo França
te das grandes cidades, pág. 36, 1961.)
(2019), a habitação não é só a casa, e sim cidade, devendo estar conectada com todo um sistema de equipamentos urbanos e de mobilidade. O termo habitação social que vem sendo enraizado na história da Arquitetura desde o pós-guerra com suas habitações massivas do Modernismo. Criar essa característica logo pela denominação já segrega a população onde deveriam enaltecer a cidade como uma mistura de classes e tipologias. Há sempre pontos positivos e negativos nessas construções que acreditavam atender as necessidades da população num momento de crise, de fato para aquela época foi
Figura 7 - A favela como se desenvolve. Croqui do Autor Figura 8 - O projeto de habitação implantado nas favelas. Croqui do autor. TFG II | 2019
Jane Jacobs observa o movimento que as
um grande suporte para as cidades, mas com
pessoas trazem para a cidade, onde podemos
o decorrer dos tempos, sua vida útil não cami-
de algum modo afirmar que as favelas hoje se
nha junto ao processo de transformação das
mantem vivas dentre todos os problemas so-
pessoas e do lugar (Figura 9). Ao longo do tra-
ciais, abrindo um questionamento do porque a
balho será discutido atributos e necessidades
cidade formal não sobreviveu a esse tipo de in-
recorrentes do desenvolvimento nos meios de
teração. As cidades metrópoles adquiriam um
produção da habitação para definir parâmetros
estado politizado das construções que eram
e avaliar o contexto onde será inserido o projeto.
massivas e grotescas, mas agora na contemporaneidade vem se testando novos meios de ur21
De todas as certezas sobre a habitação
A questão é definir como uma moradia acom-
social que foram tentadas ao longo dos
panha o processo contínuo da evolução humana,
anos, tem sido aceito amplamente (com
no qual hoje não se tem mais uma forma idênti-
algumas poucas exceções) que a favela
ca de família composta por pai, mãe e dois filhos
não planejada e construída pelo próprio
e sim uma variação na sua constituição familiar,
morador é vergonhosa para o governo e
vendo assim que cada moradia adquire uma uti-
que deve ser demolida tão cedo quanto
lização de espaço diferente e que aquela imagem
possível. Mas mesmo esta afirmação é er-
da casa com duas águas e chaminé, que criamos
rada. Muitos poucos em uma posição de
como representação em nossa infância, hoje eli-
autoridade para decidir parecem conside-
mina totalmente esse imaginário de moradia para
rar as vantagens econômicas da existência
as pessoas (Figura 10).
das favelas. Os padrões geométricos das construções, dos lotes e das ruas desenvolveram-se na maior parte (emergiram) organicamente, e nós iremos argumentar que esta auto-organização comporta um grande número de conformações que são desejáveis. Mesmo com todas as suas graves deficiências, as favelas oferecem uma demonstração instrutiva espontânea de um processo econômico, rápido e eficiente de abrigar pessoa. (SALINGAROS, Nikos. pág. 124, 2001.)
Figura 9 - The Pruitt Igoe, Projeto Habitacional Minoru Yamasaki. Fonte: https://www.archdaily. com.br/br/871669/classicos-da-arq uitetura-projeto-habitacional-pruitt-igoe-minoru-yamasaki Figura 10 - Favela Heliópolis é uma das maiores favelas do Brasil. Fonte: https://saopaulosao.com.br.
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EVOLUÇÃO
ineficiência do instituto para proteger a área de
De acordo com a tese de Maria Ruth Amaral de
novas invasões gerou um conf lito após a gleba
Sampaio que apresenta na década de 1990, que
adquirir sua consolidação ao tentarem solicitar
reúne dados mais precisos sobre a propriedade
uma reintegração de posse. No governo do pre-
da gleba e como teria se dado essa evolução ter-
feito Reynaldo de Barros (1979 a 1982), a ocupação
ritorial, as glebas foram adquiridas em 1942 pelo
foi reconhecida “informalmente” pelos pedidos
conde Sílvio Álvares Penteado do Instituto de
da comunidade para que fosse instalado na favela
aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI),
as primeiras redes de água e esgoto e energia
pretendia construir no lote moradias para seus as-
elétrica.
sociados, o que acabou não ocorrendo. A Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (Iapas) adquiriu posse da gleba em 1966 quando por decreto-lei, unificou os diversos institutos de pensão, partindo de um início de desenvolvimento de quadras dividindo glebas em negociações com a Petrobrás. Parte foi destinada para a construção do Hospital Heliópolis (1969), parte foi vendida com casas recém construídas do conjunto habitacional Vila Heliópolis a mando da família Álvares Penteado. Posteriormente outra porção do terreno foi desapropriada pelo estado
João Miranda Neto, presidente da União dos Nú-
para que fosse construída a estação de tratamen-
cleos e Associações de Moradores de Heliópolis
to de esgoto do ABC para a Sabesp.
(UNAS) mudou-se para a rua da Mina junto aos alojamentos construídos pela prefeitura numa das
Depois que a prefeitura instalou em
áreas mais afastadas do núcleo principal. Não ha-
Heliópolis os primeiros alojamentos provi-
via nada nos arredores, era uma antiga fazenda
sórios (Figura 11), novos moradores foram
vazia próxima à Estrada das Lágrimas. Havia al-
chegando gradativamente e construin-
guns barracos espalhados por aqui e ali e muitos
do seus barracos nas proximidades. Os
campos de futebol (João Miranda apud OTHAKE,
próprios operários que trabalharam na
2005).
construção do hospital e do posto de atendimento médico acabaram ali se estabele-
Os descampados sumiram, os campos
cendo, relata a professora. (OTHAKE, pág.
de futebol se foram e as mamoneiras de-
72, 2005.)
sapareceram, mas o local ainda não se desenvolveu de forma adequada, tanto em
Figura 11 - Alojamentos Provisórios da década de 80. Fonte: Acervo Unas TFG II | 2019
Ao mesmo tempo dessa apropriação numa outra gleba se iniciava o fenômeno da grilagem. A
termos legais como em infraestrutura e urbanização, para que possa ser chamado 23
para cá pisávamos no barro e na lama e hoje temos calçamento (João Miranda apud
Figura 12 - Multirão para construção de moradias. Fonte: Acervo Unas
OTHAKE, pág. 73, 2005).
Em 1984, já na gestão do prefeito Mário Covas (1983 a 1985) a Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab São Paulo) adquiriu a posse e guarda da gleba, posteriormente, três anos depois na prefeitura de Jânio Quadros (1986 a 1988) a companhia se torna proprietária do terreno. Numa tentativa de negociação, na tomada de Luiza Erundina (1989 a 1992), a UNAS toma a iniciativa de de bairro. Existe, sim, hoje, uma imensidão
entrar em acordo com a administração municipal
de casa de alvenaria – a maior parte de-
para a urbanização de Heliópolis – que naquele
las ainda sem revestimento – mas também
momento não foi implantado com sucesso e pre-
estão presentes os precários barracos de
cisou-se de uma longa jornada de reivindicações
papelão e madeira montados as margens
para que hoje se tornasse um bairro consolidado.
e sobre o curso do Independência e Sacomã, córregos completamente poluídos,
Na história de Heliópolis, segundo do-
que percorrem parte da área abrangida
cumento da Unas, consta como fato rele-
por Heliópolis. (OTHAKE, pág. 72, 2005.)
vante depois desse período, entre outros, o confronto ocorrido com a tropa de cho-
De acordo com a UNAS, o Iapas em 1983 con-
que da Policia Militar (no dia 16 de de-
seguiu na justiça a reintegração de posse quan-
zembro de 1993), no primeiro ano da ad-
do repassou o terreno ao Banco Nacional de Ha-
ministração de Paulo Maluf (1993 a 1996),
bitação (BNH). Uma agremiação que uniu vários
sucessor de Erundina, que pretendia exe-
núcleos de associações de moradores de Helió-
cutar ordem de despejo contra moradores
polis sendo considerada a mais representativa na
da quadra H. No início dos anos 2000, o
favela (Figura 12), a UNAS está organizada em
espalhamento horizontal da comunidade
comissões de trabalho que tratam de temas ge-
estava próximo de seu limite. Mas, como
rais como saúde, educação, esporte, lazer e pre-
não há regras urbanísticas a obedecer,
venção de doenças sexualmente transmissíveis,
não raro as moradias que continham ape-
trazendo informações relevantes a comunidade e
nas um pavimento erguem-se na vertical.
diversos canais de informação como jornais, rá-
Mas a questão urbana do local continua
dio e eventos.
insolúvel. (OTHAKE, pág. 73, 2005). O que é mais bonito aqui é a gente ter direito de viver. Dever que quando viemos
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Gráfico 1 - Déficit Habitacional Brasileiro.Distribuição da população por faixa de renda. Fonte: Ministério das Cidades, 2006. TFG II | 2019
RELEVÂNCIA SOCIAL
a quem circula. A moradia se torna passível de
Há muito tempo vem sendo discutido o papel
apropriação por seu morador (Figura 13), atribu-
do estado na produção habitacional para as po-
to definido por Szücs (2005), como a capacidade
pulações de menor renda e a sua dificuldade de
do usuário em ser “agente do espaço”, ideia que
acompanhar a demanda sempre crescente nas
pode ref letir na produção de habitação atual, ex-
grandes e médias cidades brasileiras. Decorrente
primindo a cultura de um morador que veio de
da história da evolução da habitação de interesse
um espaço onde modificava-se conforme suas
social que institucionalizaram os guetos por ra-
necessidades para intenções futuras, afirmando
zão de soluções arquitetônicas de baixa qualida-
sua troca simbólica entre o morador e o plano fí-
de técnica e funcional, este processo juntamen-
sico da casa.
te com a especulação imobiliária e o avanço da
De acordo com dados do Ministério das Ci-
tecnologia, muitas vezes tende a restringir a um
dades (2006), a população com renda entre 0 e
olhar mais quantitativo e reduzindo a questão ha-
5 salários mínimos corresponde a 92% do défi-
bitacional a um problema numérico.
cit habitacional brasileiro, sendo 84% deste total,
É importante lembrar que não se deve ignorar
localizados a faixa entre 0 e 3 salários mínimos
os aspectos sociais tal como a apropriação da
(Gráfico 1), trazendo consigo uma discussão de
moradia, o sentimento de pertencimento do mora-
que as unidades habitacionais destinadas a essa
dor em relação à casa e à comunidade onde está
população necessitam priorizar aspectos relacio-
inserido. Isto se torna um ponto favorável das fa-
nados a vida útil deste imóvel, bem como caracte-
velas, a concentração de relações físicas desen-
rísticas que garantem acessibilidade e f lexibilida-
volvidas ao longo dos anos pelos moradores, faz
de espacial permitindo possiblidades de reforma
com que este pertencimento emocional adquirido
a curto prazo para atender com segurança e con-
enaltece a segurança do lugar, onde uma massa
forto a transferência de mais de uma geração na
de olhares voltados à rua agrega valor e proteção
família. 25
A estratégia tradicional de redução dos custos
nas e naturais é reduzir o homem à sua dimensão
para facilitar a aquisição quantitativa das unidades
biológica, não valorizando sua dimensão social. A
para esta faixa de renda, enaltece a padronização
habitação para o homem é o ponto de referência
excessiva da moradia ignorando além dos condi-
para o mundo: o lugar onde constrói sonhos de
cionantes ambientais da região de implantação,
um futuro próximo ou distante e no fim para onde
as características e necessidades dos usuários a
ele sempre retorna. Estar em casa é estar mais do
que se destinam. Um discurso imobiliário recor-
que abrigado: é estar resguardado num universo
rente de que deve-se ao máximo economizar o
próprio e ao mesmo tempo no centro de tudo.
custo da obra desde a fase de projeto ao canteiro
Assim, a fim de gerar um progresso no desen-
de obras, muitas vezes se desdobra e acaba per-
volvimento das cidades e reduzir os índices de
dendo forças significativas na questão da econo-
assentamentos informais, buscando alternativas
mia por gerar altos gastos de manutenção perió-
consistentes pensando tanto na questão utilitária
dica e elevando com o uso de tecnologias ativas
quanto existencial, deve-se explorar elementos
o aumento na produção de energia da edificação.
de projeto capazes de estabelecer um padrão
Segundo Malard, enquanto habitat humano,
mínimo de adequação para essas moradias, pos-
a habitação incorpora conceitos que vão muito
teriormente, atendendo todas suas necessidades,
além da dimensão do abrigo. Definir a habitação
a habitação apresentará condições de promover
apenas como mera proteção as atividades exter-
qualidade de vida ao usuário.
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Figura 13 - Agente do espaço. Fonte: Maycon Cezar, 2019.
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CENÁRIOS ATUAIS
(33,8%) ou de 50 a 100% desta (3,5%). Em núme-
A cidade de São Paulo tem cerca de 1662 fave-
ros, 42,1% das favelas não possuem atendimento
las1, contendo 389.028 domicílios. Algumas des-
de esgoto sanitário, 49,5% são atendidas parcial-
sas áreas surgiram na década de 1930, mas a gran-
mente e somente 8,3% possuem total atendimento.
de maioria se desenvolveu a partir de 1970 até os
Desse total, 92,5% possuem coleta de lixo, onde
dias atuais. Toda essa expansão no início não ti-
27,1% destas áreas é parcial e em 64,4% é total.
nha assistência prevista, gerando grande impacto
O acesso a água potável é distribuído em 87,4%
a longo prazo na cidade pela falta de iniciativas
das favelas, sendo 62,5% parcial e 24,9% total .
em questões técnicas para regularização da cidade – saneamento básico, drenagem urbana, con-
A partir da década de 1940, que é justa-
solidação geotécnica, foram premissas ignoradas
mente a fase em que o processo de metro-
no contexto de seu crescimento que hoje cau-
polização se intensifica, a Prefeitura pouco
sam grandes desastres naturais no meio urbano.
fez para orientar o processo de ocupação
Hoje, São Paulo tem em dados 84% do meio
urbana. Aliás, ela não dispunha de instru-
urbano vivendo na cidade com 55% desse total
mentos eficazes de controle, e dessa forma
sem acesso a esgoto. Cerca de 136 km2 de terri-
colaborou com a clandestinidade da ocu-
tório são em assentamentos informais (Mapa 1)
pação. (LEMOS; SAMPAIO, pág.67, 1993).
– com uma população de 1,6 milhões de pessoas vivendo em favelas, 1,7 milhões em loteamentos e 40.000 pessoas vivendo em cortiços – conferindo que existe hoje uma demanda habitacional que deve ser planejada para que possa ser regularizada a cada nova gestão implantada. As ocupações irregulares que caracterizam as favelas se dão em áreas públicas (Munícipio, Estado ou União) ou privadas, em topografias planas ou com acentuadas declividades, sobre rios, córregos, áreas contaminadas, sistema viário e ferroviário. Diversos terrenos, desde que vazios, acabam sendo ocupados de maneira irregular, com habitações precárias e sem ordenamento urbano. Dentre as ocupações irregulares 37,2% estão sobre área não edificável ou leito de curso d’agua, inseridas até cerca de 50% de sua área total 1 O HABITASAMPA não informa o número de habitantes nas favelas. O número de domicílios, por favela, varia de zero a 17.159, portanto algumas áreas não possuem dados completos, podendo minimizar a situação real da cidade. 2 HABITASAMPA (2012). TFG II | 2019
27
Localização de Favelas no Município de São Paulo / SP 310.000
Região Administrativa da SEHAB: HABI SUL / Mananciais
320.000
330.000
Mapa 1 - Mapa de localização das favelas na região Sul. Fonte: HABITASAMPA, 2013.
340.000
Jandira
HABI CENTRO Carapicuíba
7.390.000
7.390.000
Osasco
Cotia
HABI SUDESTE Taboão da Serra
São Caetano do Sul
Santo André
7.380.000
7.380.000
Embu
Diadema
7.370.000
7.370.000
Itapecerica da Serra
HABI SUL / MANANCIAIS São Bernardo do Campo
7.360.000
7.360.000
Embu-Guaçu
7.350.000
7.350.000
São Lourenço da Serra
Juquitiba
310.000
320.000
330.000
Legenda
28
340.000
Escala: 1:200.000
Limite de Favelas HABISP
Hidrografia
Malha Viária
Limite Municipal
Aglomerados Subnormais IBGE
Reservatório
Região Administrativa SEHAB
RMSP
0,90,45 0
0,9
1,8
2,7 Km
Fonte: Sistema de Informações para Habitação Social na cidade de São Paulo - Habisb Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT São Paulo / SP | Fevereiro de 2013
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3. RELAÇÕES DE PESQUISA E INVESTIGAÇÃO
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ARQUITETURA REFERENCIAL Se torna recorrente na região de Heliópolis a remoção de casas e áreas comercias (autoconstruídas ou não) que está ancorada em argumentos diversos como implantação de infraestrutura, desadensamento, ocupações em áreas de risco, etc. Essas modificações no território geram uma visão comum: a substituição na forma de implantação baseado na regulação urbanística tradicional, tipologias e usos diversos que estão sendo construídos com parâmetros de um modelo ordenador e institucionalizado (Figura 14). Essas alterações sofrem reações significativas no local, tanto pela visão do desenho urbano, como também das atividades sociais que esses
32
Figura 14 - Vista de Heliópolis a partir da Rua Juntas Provisórias. Fonte: Maycon Cezar, 2019. Figura 15 - Vista do conjunto habitacional Gleba H. Fonte: Maycon Cezar, 2019.
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desenhos incentivam, já que podemos ver que a favela é um território que se enquadra numa visão espacial e social que apresenta dinâmicas próprias que, em geral, não são favorecidos pelo engessado ordenamento legitimado. Há uma clara e reconhecível “geometria do poder” (Alexander, 2001-2005; Salingaros, 2006). O controle é exercido exatamente para não permitir variações individuais onde a complexidade e variação são percebidas como maneira de perder o controle (Figura 15), não apenas como uma tipologia construtiva, mas sobre a forma como as decisões são tomadas fazendo com que sejam evitadas. Essa percepção ao visualizar o contexto social, podem esclarecer historicamente fatos que impulsionaram o início das favelas, tratando-se de um modelo massificado e muito distante da realidade estruturalmente diversa com famílias de tamanhos, rendimentos e necessidades muito específicos e que dificilmente se enquadram no padrão dos desenhos racionais e arquitetônicos propostos. Com estas conclusões, foram analisadas referências de projetos e implantação que procuram atender tais necessidades e desejos que estão em discussão no trabalho que avaliam o contexto local e a visão da comunidade. De certa forma são parâmetros que somente avaliando o estilo de vida das pessoas no espaço, o projeto contribui para uma vida mais ativa com um método de trazer novas regras de arquitetura e urbanismo que será melhor resolvido nas favelas do que geralmente é pensado para a cidade formal.
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FÁBRICA DE CULTURA: GROTÃO ALFREDO BRILLEMBOURG E HUBERT KLUMPNER, URBAN THINK TANK
O projeto contempla uma escola de música e dança na zona inferior, que reúne diversos pro-
lecendo conexões através do local para o bairro mais amplo.
gramas para maximizar o potencial do local in-
Esta forma de implantação se relaciona direta-
cluindo um teatro aberto, sala de espetáculos, es-
mente com o entorno, criando-se novos caminhos
paços de prática e ensaio, estúdios e salas de aula
de acesso ao polo cultural, apresentado em vá-
(Figura 16).
rios níveis para atender toda população em ne-
O outro componente-chave é uma nova paisa-
cessidade da inclinação acentuada do terreno.
gem em socalcos, que além de estabilizar o ter-
Considerar a acessibilidade real no projeto com
reno inclinado e evitar mais erosões, transformará
diversidade de rampas e escadas, agrega gran-
Grotão em uma arena natural, incentivando a par-
des considerações ao morador que ali vai se apro-
ticipação diversificada da comunidade e restabe-
priar (Figura 17).
34
Figura 16 - Perpectiva do projeto. Fonte: Urban Think Tank. TFG II | 2019
Com a inclusão de uma grande rede de área
possibilidades que devem ser discutidas tanto no
arborizada para auxiliar no sistema de irrigação
meio habitacional como institucional na demanda
e reuso da água (Figura 18), atende uma impor-
de desenvolvimento das políticas públicas do Es-
tante questão em relação a carência de áreas ver-
tado.
des nos conjuntos habitacionais, que é uma das grandes insatisfações no país, onde foi constatado que as áreas de projetos novos de habitação social apresentavam taxa per capita de áreas verdes 5 vezes menores que empreendimentos mais antigos e 15 vezes inferiores a áreas urbanas mais ricas. A escola de música do Grotão apesar de não ser um edifício de uso habitacional, é de extrema relevância analisar sua capacidade de resolver uma carência de propriedade do espaço de forma generosa e humilde, que oferece grandes
Figura 17 - Apresentação dos socalcos. Fonte: Urban Think Tank. Figura 18 - Planta do Projeto. Fonte: Urban Think Tank. TFG II | 2019
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PROJETO HABITACIONAL PARA P A R A I S Ó P O L I S ELEMENTAL DE ALEJANDRO ARAVENA
Como primeira proposta de projeto habitacional
posteriormente quando for expandir.
de Alejandro Aravena para a favela de Paraisópo-
Segundo Aravena (2010) é preciso levar o DNA
lis, na zona sul de São Paulo (Figura 19 e 21), o
da classe média para a favela, para que a habita-
conjunto atende todos os requisitos da identida-
ção se transforme em investimento e deixe de ser
de do seu escritório ELEMENTAL. Apartamentos
gasto social. Nas grandes cidades, áreas que con-
com 40 metros quadrados de área que podem ser
centram oportunidades o preço da terra é mais
expandidos pelas famílias. Seu discurso aponta
caro, e para inserir famílias de baixa renda neste
que privilegiou a qualidade da moradia, onde ele
local, uma das maneiras é obter uma alta densi-
estabelece em acordo com a previsão da política
dade que seja suficiente para ratear o preço do
habitacional que os 40 metros quadrados seria “a
solo. Assim as futuras gerações da família que vai
metade de uma casa boa” que deverá ser custea-
morar num local com essa rede de oportunidades
da pelo estado correspondendo ao banheiro, a co-
em desenvolvimento vão poder frequentar esco-
zinha e a estrutura prevendo a ampliação de mais
las melhores do que as mais afastadas, hospitais
40 metros quadrados (Figura 20). Estes custos se
dentre outros serviços de melhor qualidade, fa-
referem ao maior gasto da construção permitindo
zendo com que o patrimônio familiar valorize.
a liberdade de espaço do morador na habitação 36
Figura 19 - Perspectiva do projeto. Fonte: ELEMENTAL. TFG II | 2019
Figura 20 - Perspectiva do Projeto. Fonte: ELEMENTAL Figura 21 - Cortes e elevação do conjunto. Fonte: ELEMENTAL. TFG II | 2019
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HABITAT 67 MOSHE SAFDIE
Moscou é escolhida para sediar a Expo 67, po-
rém com a possibilidade de expansão do proje-
rém por virtude de diversas razões, precisou can-
to foi ocorrendo integrações para criar unidades
celar a realização da exposição em seu território,
maiores, o que acabou reduzindo este número
coube ao Canadá a decisão de comemorar os 50
total. Cada unidade está ligada a pelo menos um
anos de pós-revolução russa, gerando dúvidas
terraço privado, que pode variar entre 20 e 90 m²
dos canadenses se a exposição poderia ser rea-
(Figura 23).
lizada devido ao seu curto prazo. Sobretudo com
A concepção de habitabilidade do espaço se
o início da exposição, o arquiteto Moshe Safdie
torna um ideal no projeto, vendo que não é um
promoveu um grande complexo habitacional de-
pensamento repentino no discurso acadêmico em
senvolvido para integrar os benefícios das casas
função da apropriação das pessoas com a cida-
suburbanas, utilizando-se de jardins, ar fresco e a
de, apresenta um objetivo de prover a vida urba-
privacidade de ambientes, bem como a economia
na de alta densidade com ventilação garantida,
e a densidade de um moderno prédio de aparta-
luminosidade, área verdes e privacidade, relacio-
mentos (Figura 22).
nando os benefícios da produção em massa com
O projeto original previa 158 apartamentos, po38
a individualidade.
Figura 22 - Edifício Habitat 67. Fonte: ArchDaily. TFG II | 2019
O arquiteto ressalta a intenção de inserir à arquitetura os métodos utilizados na produção de automóveis. Em termos econômicos, o sistema construtivo do Habitat 67 não condiz com os métodos utilizados hoje em dia por ter sido um projeto de alto custo de construção, porém é plausível avaliar questões atuais no modo habitacional de produção para adequar métodos construtivos mais econômicos ao modelo proposto de projeto. No Brasil, a produção generalizada da habitação social tem se caracterizado pelo excesso de padronização e pela limitação de espaços internos, isso faz com que as soluções sejam de qualidade plástica duvidosa ao constituírem espaços minúsculos para habitar (Figura 23). Estudos sobre a qualidade do projeto habitacional ocorrem constantemente, alguns tratam do desempenho técnico, outros do seu processo produtivo, mas poucos tratam do seu desempenho como um todo. Questionar sobre a avaliação de projetos a Figura 23 - Edifício Habitat 67. Fonte: ArchDaily. Figura 24 - “Dimensões mínimas de moradia”. Fonte: Maycon Cezar, 2019.
partir da sua configuração são pouco mencionadas, como funcionalidade, f lexibilidade e compacidade. Identificar e reconhecer esses atributos na fase de projeto é essencial para o seu desempenho, quando é possível prevenir uma maior quantidade de conf litos que geralmente ocorrem na fase presente de uso da edificação.
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DIÁLOGOS E CONSETIMENTOS
Durante a conversa, perguntei sobre quais seus
Em um dia de domingo no qual a comunidade
desejos e reclamações da casa onde mora, no
está nas ruas reunida para assistir ao jogo de fu-
qual ela diz simplesmente que desejaria ter o
tebol, visito casa de parentes que moram em uma
chão da casa revestido com cerâmica, pois senti-
das regiões mais vulneráveis de Heliópolis, a Fa-
ria uma felicidade em poder passar pano no chão
vela dos Pilões (Figura 25), então que uma prima
para limpa-lo.
me apresenta dona Helena, moradora que reside há 35 anos em Heliópolis que se tornou uma li-
Aqui as crianças precisam de uma área
der comunitária representante daquela área que
de lazer, os idosos precisam de um lugar
está sempre lutando e cobrando seus direitos nas
para fazer exercícios, a gente precisa de
reuniões da prefeitura para atender as necessida-
um espaço para fazer festa. Eu não posso
des da população que ela convive. Ela conta que
levar minha neta no parque para brincar
cresceu no bairro da Aclimação e devido aos en-
porque senão não boto comida na mesa
frentamentos pessoais de sua vida passou a se
para minha família. Eu sinto que me falta
alojar nas primeiras moradias provisórias em uma
liberdade para fazer as coisas aqui, pois
das glebas do IAPI, contando que foi despejada
não consigo ter controle de nada. Eu sen-
duas vezes de sua moradia pela prefeitura com a
do mulher negra, pobre e que mora na
promessa de receber um apartamento para abri-
favela, não sou recebida com as melhores
gar sua família com seus dois filhos e dois netos,
atenções quando saio na rua para procurar
promessa esta que já duram 12 anos, ela ainda se
emprego, e quando luto para vender meus
encontra morando numa casa alugada receben-
doces na rua, sou impedida por um fiscal
do auxilio aluguel no valor de quatrocentos reais
por não pagar imposto. - Helena, Moradora
desde então.
de Heliópolis.
Eu fui despejada sem ao menos ter a
No final perguntei para ela qual tipo de habi-
opção da escolha, eles simplesmente me
tação ela mais gostaria de morar mostrando al-
falaram que no dia seguinte minha casa
gumas imagens de projetos de HIS das mais
seria demolida. Fiquei na esperança de re-
variadas tipologias, ela cita que o projeto da ELE-
ceber um apartamento, que por mais que
MENTAL do Aravena já havia sido apresentado a
eu não gostaria, mas era essa opção ou se
ela em algumas reuniões de moradores por fun-
mudar para a Cidade Tiradentes, onde eles
cionários da prefeitura em que a comunidade no
falaram que teriam lotes prontos do Minha
geral, se interessou muito pela proposta do pro-
Casa Minha Vida. Eu não queria sair da-
jeto, mas que nunca chegou a ver nada parecido
qui, minha família toda estava aqui. Eu vi
sendo implantado pela região. Expliquei de for-
isso crescer, sabe? - Helena, Moradora de
ma sucinta que o projeto possibilita a ampliação á
Heliópolis.
escolha do morador, que existe um planejamento de redução de custos do valor do imóvel, entre
40
Figura 25 - Favela dos Pilões, Heliópolis. Fonte: Maycon Cezar, 2019, TFG II | 2019
outras qualidades. Se eu morasse nessa casa, eu sentiria que ela fosse completamente minha, esses prédios aí são sempre controlados por alguém, e a gente praticamente paga valores altíssimos do terreno, condomínio e outras coisas que só Deus sabe quando vamos acabar! – disse Helena ao final da conversa.
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DIAGNÓSTICO CLIMÁTICO DE SÃO PAULO São Paulo localiza-se em região de clima tropical de altitude, caracterizado por temperaturas baixas, chuvas torrenciais de verão e invernos pouco chuvosos. Situada na região sudeste, a cidade fica na latitude 23°30’S, longitude 46°37’O e possui altitude aproximada de 791 metros em relação ao nível do mar. Conforme análise acima (Tabela 1), para São
Tabela 1 - Dados Climáticos da cidade de São Paulo. Fonte: Climaticus Versão Beta: Normais Climatológicas (1961-1990), Brasília, 1992.
Paulo indica-se uma temperatura média anual de 19,3°C, temperatura máxima média de 24,9°C e temperatura mínima média de 15,5°C. A cidade possui uma umidade relativa média de 78% e um total de 1732,7 horas de insolação durante o ano. Apesar da confiabilidade dos dados, entende-se que as temperaturas e suas respectivas médias, hoje, estejam mais elevadas, tendo em vista
Gráfico 2 - Variação de temperaturas anuais e médias na cidade de São Paulo. Fonte: UZUM (2018) a partir do software Climaticus, versão Beta.
os anos em que foram coletados as informações (1961-1990) e o conhecido processo de aquecimento pelo qual o planeta passa. Os gráficos ao lado mostram o comportamento das temperaturas (máxima, média e mínima) durante o ano e a variação de temperatura horário no mês mais quente (fevereiro) e no mais frio (julho). Nota-se (Gráfico 2) que as temperaturas máximas médias chegaram a 28ºC em fevereiro, mês
Gráfico 3 - Variação de temperatura média horária da cidade de São Paulo. Fonte: LIMA (2017) a partir do software Climaticus, versão Beta.
mais quente. A menor temperatura mínima média se dá em julho e atinge o valor de cerca de 12°C. Durante os meses mais quentes e mais frio (Gráfico 3), as máximas temperaturas ocorrem por volta das 16h, enquanto as mínimas se dão por volta das 6h. É possível perceber também que a curva do aquecimento dos dois meses é muito parecida, apresentando uma diferença absoluta de temperatura de aproximadamente 6°C. Além disso, a amplitude térmica diária, tanto para 42
Gráfico 4 - Variação de umidades anual e média na cidade de São Paulo. UZUM (2018) a partir do software Climaticus, versão Beta. TFG II | 2019
fevereiro, quanto para julho, gira em torno de 10°C. A umidade relativa apresenta grande amplitude durante o dia, com maiores porcentagens de umidade durante as horas mais frias do dia e menores porcentagens durante as temperaturas quentes (Gráfico 4). Com relação à precipitação, ela é, de forma geral, alta no verão e baixa no inverno. Pelas cartas solares geradas pelo software Analysis Sol-Ar, constata-se que, em julho, as faces que recebem mais radiação são a nordeste, atingindo cerca de 680w/m² no período da manhã, e a noroeste, computando o mesmo valor, mas no período vespertino. Já em fevereiro, mês mais quente, as fachadas com maior incidência direta de raios solares são a leste, com um pico de 700w/m² pela manhã, e a oeste, com 700w/m² durante a tarde. As máscaras geradas pelo Analysis Sol-Ar também trazem consigo informações acerca da temperatura do ar: a máscara à esquerda traz valores entre dezembro a junho e, à direita, os de junho a dezembro, com valores segundo a legenda. As manchas mais próximas ao limite da carta indicam que seria aconselhável que os raios solares, naquele período, deveriam penetrar nas edificações, enquanto que nas áreas mais centrais, o Sol deve ser evitado, necessitando, portanto, de projetos para dispositivos de sombreamento pertinentes. Pela rosa dos ventos, consegue-se ver a predominância de ocorrência dos ventos para cada orientação durante o ano. Além disso, também é possível captar a frequência da velocidade do ar Gráfico 5 e 6 - Mascara Solar para a cidade de São Paulo com temperaturas. Fonte: LIMA (2017), a partir do software Analysis Sol-Ar.
para os limites trazidos na legenda. Assim, tem-se
Gráfico 7 - Rosa dos ventos com frequência. Fonte: Software Analysis Sol-Ar.
São Paulo é sudeste, com velocidades entre c1,5
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que a predominância dos ventos para a cidade de
43
e 2 m/s.
Figura 26 - Zoneamento Bioclimático brasileiro. Fonte: NBR 15220, 2005.
Conforme a NBR 15575 – Desempenho Térmico
Gráfico 8 - Carta Bioclimática para a cidade de São Paulo, com dados de um ano. Fonte: Software Analysis Bio.
de Edificações. Parte 3 – Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social, a cidade de São Paulo se enquadra na Zona Bioclimática 3, como indicado no mapa de zoneamento estabelecido pela norma (Figura 26), onde determina suas diretrizes construtivas como: - Aberturas para ventilação: Médias; - Sombreamento das aberturas: Permitir sol durante o inverno; - Tipos de vedações externas: Paredes leves e ref letoras e cobertura leve e isolada; - Estratégias de condicionamento térmico passivo para o verão: Ventilação cruzada;
É possível perceber que há grande concentração de pontos na região de aquecimento, princi-
- Estratégias de condicionamento térmico pas-
palmente dentro da zona de massa térmica. Sua
sivo para o inverno: Aquecimento solar da edifi-
análise aponta que 26% das horas do ano são
cação e vedações internas pesadas (inércia tér-
confortáveis, enquanto que o restante se encontra
mica).
fora da faixa de conforto, seja por frio (59,4% das horas) ou por calor (14,5%). As estratégias mais indicadas para sanar o problema do desconforto por calor seriam: a ventilação (em 14,3%), a alta inércia térmica para resfriamento (2,63%), resfriamento evaporativo (2,63%) e o ar condicionado (0,137%). Já para o frio, deveriam ser adotadas como estratégias: alta inércia térmica/ aquecimento solar (48,3%), aquecimento solar passivo (10,4%) e o aquecimento artificial (0,719%). São apresentados também dois quadros resumos das horas de conforto e desconforto para os solstícios de verão e inverno.
As estratégias de condicionamento térmico sugeridas ficam mais claras ao se analisar a Carta Bioclimática de Givoni. 44
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Tabela 2 - Relatório de horas de conforto e desconforto para o verão. Fonte: Software Analysis Bio. Tabela 3 - Relatório de horas de conforto e desconforto para o inverno. Fonte: Software Analysis Bio.
É preciso fazer uma ressalva. Todos os dados coletados e projetados nas cartas foram computados em estações meteorológicas localizadas em aeroportos. Ou seja, as condições microcromáticas ali aferidas, apesar de próximas, certamente em meio urbano, inf luenciado por fatores como a alta densidade em sua malha, a verticalização dos prédios, a baixa quantidade de vegetação, a rugosidade do terreno, etc.
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46 TFG II | 2019
4. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
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ASPECTOS REGIONAIS
feitura, a renda média familiar é de R$ 479,48.
Heliópolis possui aproximadamente 1 milhão
Segundo levantamento realizado pela Fundação
de metros quadrados, localizada ao sul do muni-
Casper Líbero e UNAS, existe hoje mais de 100
cípio de São Paulo, região do Sacomã, a 25 Km do
entidades (religiosas, associações de moradores,
centro da cidade.
ONGs), que realizam programas e projetos na co-
Segundo dados do IBGE 2010, são 125 mil habi-
munidade, voltados à prática religiosa, educação
tantes, sendo 92% da população de origem nor-
não formal, atividades culturais, artísticas e es-
destina, com 53% na faixa etária de 0 a 25 anos.
portivas. Existem mais de 3 mil pontos comerciais
Segundo dados da Prefeitura da cidade de São
(Figura 27), segundo o levantamento da Associa-
Paulo, Heliópolis possui hoje 18.080 imóveis (a
ção dos Comerciantes de Heliópolis (ACHE): pa-
maior parte dos barracos se transformaram em
darias, pequenas lojas, açougues, cabeleireiros,
construções de alvenaria), 75% do bairro já tem
farmácias, pequenos mercados, oficinas de carro
infraestrutura urbana. Segundo dados da Pre-
e moto, lan-houses e mais de 1000 bares.
48
Figura 27 - Pontos Comerciais em Heliópolis. Fonte: Maycon Cezar, 2019.
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O transporte público não entra em Heliópolis, pois há vielas, becos e ruas muito estreitas, fazendo com que as pessoas se desloquem até as vias principais onde estão localizados os pontos de ônibus. Aproximadamente 40% das famílias são compostas por mãe e filhos, sendo a mãe a única provedora. Há escolas públicas, mas não em número suficiente para atender a demanda. Hoje, na região há uma grande atenção em trazer o uso cultural para o bairro, em união das escolas com ONGs e outras parcerias. A região começa a proliferar atividades culturais adaptando de forma simples museus, cinemas e teatros para agregar valor artístico aos moradores e às crianças presentes na região. As áreas de lazer, parques, espaços esportivos estão se desenvolvendo a cada ano na região, que atualmente possui dois CEUs no bairro (Figura 28), trazendo atividades esportivas aos moradores onde durante todo o dia são oferecidas várias modalidades, como aulas de dança, vôlei, natação, pilates, corrida, basquete, futebol entre outros. Oferecer apoio cultural e esportivo para a população é uma forma de desenvolver a capacidade pessoal das pessoas, dizendo que é possível ter seu crescimento pessoal mesmo nas regiões vulneráveis a índices de violência e trafico (Figuras 29 e 30). De dentro desses equipamentos públicos e artísticos, saem profissionais capacitados para conquistar o mercado de trabalho formal que gira o ciclo econômico de desenvolvimento Figura 28 - CEU Heliópolis. Fonte: http://www.capital.sp.gov.br
do país. Isso traz um espirito pacifico e contribui
Figura 29 - Escola de Música Instituto Baccarelli. Fonte: http://institutobaccarelli.org.br
áreas urbanas.
para a diminuição da desigualdade social nas
Figura 30 - Aula de Judô. Fonte: cidadeseducadoras. org.br TFG II | 2019
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ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
to, 100% das moradias com coleta de lixo e 94%
De acordo com o IBGE, Heliópolis conta com
com fornecimento de energia elétrica. Os dados
12.105 moradias particulares ocupados em aglo-
do IBGE apresentam uma divergência de cerca
merados subnormais sendo 41.118 habitantes, sen-
de 3 mil moradias. Sendo assim, os Programas
do deste total 99,8% com atendimento por rede
de Urbanização consideram atender a demanda
de abastecimento de água e de coleta de lixo,
apresentada pelo HabitaSampa, reconhecendo o
94,3% com acesso a coleta de esgoto e pratica-
desenvolvimento da região com um acréscimo
mente em sua totalidade, recebe atendimento de
populacional significativo (Tabela 5).
energia elétrica (Tabela 4). Já com os levantamentos da HabitaSampa (2012), contabilizam um total de 15.843 moradias, com atendimento de 83% dos domicílios com água potável, 62% com oferecimento de esgoTabela 4 - População e Domicílios particulares ocupados em Heliópolis. Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.
Tabela 5 - Domicílios particulares permanentes no aglomerado subnormal de Heliópolis. Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.
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TFG II | 2019
ASPECTOS URBANÍSTICOS
de semana, com a feira de rua, o entorno se trans-
A região atualmente engloba uma grande con-
forma em um “mini” centro comercial, atendendo
centração de moradias entre 3 a 5 pavimentos,
aos moradores com os mais diversos usos, desde
diversificando entre residências e pequenos co-
lojas de roupa, salão de cabelereiros, mercados,
mércios, essa tipologia traz uma importância para
bares e restaurantes, dentre outros serviços.
estas vias onde criam-se eixos de circulação de
Essa variação mais uma vez confirma a neces-
maior f luxo e traz grandes renovações do espaço
sidade de inter-relações sociais no lugar, afirma a
com a multiplicação das lajes (Figura 31). É co-
qualidade do espaço como transformação múlti-
mum a família que migra para a cidade grande
pla do uso, onde o pedestre e o transporte estão
com o sonho promissor de uma vida melhor se
em f luxo na mesma cota e a heterogeneidade vo-
alojar em casa de parentes nas favelas e assim a
lumétrica dos espaços conformam essas relações
moradia se desenvolver e começar a ganhar am-
compositivas, conforme Jacobs descreve.
pliações verticais ao longo da geração.
Figura 31 - Multiplicação de lajes. Fonte: Maycon Cezar, 2019. TFG II | 2019
Sob a aparente desordem da cidade
Também há glebas que foram estruturadas com
tradicional, existe, nos lugares em que ela
habitações de interesse social proposto pela pre-
funciona a contento, uma ordem surpreen-
feitura de São Paulo no programa reurbanização
dente que garante a manutenção da segu-
de favelas, trazendo a expansão vertical do gaba-
rança e a liberdade. É uma ordem comple-
rito gerando um novo formato ao bairro. Aos finais
xa. (JACOBS, pág. 52, 1961). 51
1 pavimento
Área do Projeto
2 pavimentos 3 pavimentos 4 pavimentos 5 pavimentos acima de 6 pavimentos 52
Mapa 2 - Gabarito Fonte: Desenvolvida pelo autor, com informações extraídas do Geosampa. TFG II | 2019
Residencial
Área do Projeto
Comercial Indústria Uso Misto Institucional TFG II | 2019
Mapa 3 - Uso do Solo Fonte: Desenvolvida pelo autor, com informações extraídas do Geosampa. 53
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Arterial
Linha Verde
Coletora
Estação de Metrô
Local
Ponto de Ônibus
Rodovia
Área do Projeto
Terminal de Ônibus Mapa 4 - Sistema Viário Fonte: Desenvolvida pelo autor, com informações extraídas do Geosampa. TFG II | 2019
Área do Projeto Iluminação Arborização Linha de Alta Tensão Torre de Alta Tensão TFG II | 2019
Mapa 5 - Arborização e Energia Fonte: Desenvolvida pelo autor, com informações extraídas do Geosampa. 55
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5. ÁREA DO PROJETO
TFG II | 2019
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ÁREA DO PROJETO
diato que vai percorrendo ao longo das vias com
Heliópolis se encontra no distrito de Sacomã, na
comércios de pequeno porte, conhecida como
zona sul de São Paulo (Mapa 6). Composto por
favela dos Pilões (Figuras 35 a 37). Em 2006, a
quatorze glebas, possui mais de 100.000 habitan-
comunidade adquiriu o estatuto de bairro, sendo
tes em uma área de quase um milhão de metros
rebatizado como Cidade Nova Heliópolis2 .
quadrados1 .
Mapa 6 - Mapa de Localização. Fonte: Google Earth (Editado pelo Autor)
O terreno escolhido para proposta do trabalho
O terreno proposto (Figuras 32 e 33) está loca-
está inserido na esquina entra as ruas Visconde
lizado na Rua Comandante Taylor - via de ligação
de Camamu e Comandante Taylor, onde contém
direta com a Rua das Juntas Provisórias - que dá
uma área de 18.860 metros quadrados e pertence
acesso ao centro da cidade. Analisando a área de
a uma ZEIS 2 – área caracterizada por glebas ou
implantação, nota-se uma grande concentração de habitações autoconstruídas no entorno ime-
2 Cláudia Cruz Soares, Tese de Mestrado “A história de Heliópolis” FAU-USP 2007 / www.espiral.org.br. Acesso em 26 de março de 2019.
1 HABITASAMPA.
MARGINAL
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RIBEIRÃO DOS MENINOS 58
TFG II | 2019
Rua lor
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com
TFG II | 2019
N
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V RUA
MU
AMA
EC DE D
59
lotes não edificados ou subutilizados, adequados
nida Almirante Delamare, portanto ele sofreu uma
à urbanização1 – onde hoje pertence a BR Petro-
planificação na sua topografia natural (Figura 39),
brás, mas juntamente com outras glebas próxi-
apresentando um declive de aproximadamente
mas do local é uma área de apropriação da pre-
6 metros para a via principal, a rua Comandante
feitura destinada diretamente para construção de
Taylor, e segue e uma linha plana até o outro ex-
habitação de interesse social.
tremo da sua área, que acarreta um talude com 10
O terreno hoje é destinado para um estaciona-
metros de declividade (Figuras 33 e 35).
mento de caminhões de combustível que atende a estação de abastecimento da Petrobrás na Ave1
PDE, 2014.
Mapa 7 - Mapa de Localização das Imagens. Fonte: Editado pelo Autor 60
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Figura 32 - (Imagem 1) Vista para Rua Visconde de Camamu. Fonte: Maycon Cezar, 2019. Figura 33 - (Imagem 2) Frente do terreno apresenta grande declive. Fonte: Maycon Cezar, 2019. Figura 34 - (Imagem 3) Torres residenciais de alto gabarito na frente do terreno. Fonte: Maycon Cezar, 2019. Figura 35 - (Imagem 4) Desnível na frente do terreno. Fonte: Maycon Cezar, 2019.
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Figura 36 - (Imagem 5) Vista para HIS no entorno de baixo gabarito. Fonte: Maycon Cezar, 2019. Figura 37 - (Imagem 6) Visão ampla do terreno.Fonte: Maycon Cezar, 2019. Figura 38 - (Imagem 7) Lateral do terreno com presença de auto construções.Fonte: Maycon Cezar, 2019. Figura 39 - (Imagem 8) Visão total do terreno grande parte planificado.Fonte: Maycon Cezar, 2019.
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6. PROPOSTA 62
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PROGRAMA
Com toda essa análise do lugar, o programa
O programa procura suprir as necessidades
evidencia relações da comunidade junto ao pro-
sociais da comunidade, que hoje se acomodam
cesso de adaptação do local. É de maior impor-
com o mínimo construído, apenas com a inten-
tância que a moradia busque uma durabilidade
ção de ser um abrigo e que muitas vezes impos-
a longo prazo, oferecendo alternativas futuras de
sibilita a presença de momentos sociais, coletivos
expansão, como já citados aqui pelas respectivas
e de lazer. O objetivo é desenvolver um projeto
referências. Este modelo de projeto pode levar a
que atenda todas as gerações que possam nela
um menor consumo e desperdício de materiais
habitar.
e ao aumento da vida útil da construção por pro-
As moradias atende a uma modulação de acordo com a quantidade de pessoas na família, possi-
mover uma diminuição do seu grau de obsolescência.
bilitando a futura ampliação conforme parâmetros
A habitação deverá fazer com que as famílias
previstos para atender à sua demanda familiar. Foi
se ambientem com o espaço (novo) sem grandes
introduzido no projeto áreas que atendem a cole-
rejeições, e para que isso aconteça deve-se con-
tividade dos moradores no qual será implantado
siderar suas necessidades mais prováveis de alte-
um playground, minibiblioteca, bicicletários, espa-
ração e/ou ampliação da moradia.
ços comerciais para serem desenvolvidos ao lon-
Segundo Salingaros (2001), as pessoas agindo
go da vida útil do lote. Também é destinado um
como agentes locais inteligentes, podem, então,
depósito para guardar equipamentos de trabalho
aplicar métodos que emergiram durante milênios
autônomo dos moradores como carrinho de ali-
de construção da própria casa pelos próprios
mentos, carroças entre outros.
moradores, com desempenho de sucesso, como
De acordo com Bergan, et al. (2004), a insatis-
parte da produção de comunidades saudáveis
fação familiar contribui para modificações preco-
construídas pelos residentes. Os trabalhadores
ces na moradia. É comum na favela os moradores
das favelas são os construtores dos arranha-céus
realizarem modificações repentinas que as ve-
das cidades, a valorização profissional destas
zes acabam comprometendo a funcionalidade da
pessoas de imediato proveito deve ser explorada.
casa prejudicando funções como ventilação, ilu-
Um projeto de boa qualidade é mantido e ado-
minação, organização espacial, acessibilidade e
rado por seus moradores quando seu desempe-
segurança, onde também essas obras sem acom-
nho é gerado por termos humanos, conciliando
panhamento técnico, geram correções e gastos
bem-estar físico e emocional. Quando o projeto
adicionais de material promovendo até mesmo
não tem participação da comunidade, ele se de-
sérios impactos no meio ambiente. Este ponto
teriora em um curto período, consequências de
deve ser analisado, pois em constantes projetos
uma certa falta de comunicação que pode ser
de habitação de interesse social, se torna habitual
entendida como uma opinião irrelevante para o
este costume, justamente por ser de uma cultura
poder público nesse processo, mesmo entenden-
da autoconstrução desenvolvida pelas classes de
do que as moradias são para os mesmos. Assim
menor renda.
já prevemos que todas as condições tomadas ao
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longo do projeto devem ser apresentadas à popu-
O projeto prevê a criação de uma cooperativa
lação, onde deve-se ouvir seus questionamentos
local onde ensinará o processo de construção
e desejos, considerando adequar de forma homo-
das habitações gerando logo de início uma rede
genia para que assim o tecido se integre com a
de empregos, para aperfeiçoar e capacitar as prá-
cidade de uma maneira saudável.
ticas construtivas do local, conduzindo que sua matriz projetual não perca sua totalidade. Para Salingaros (2001), no movimento de autoconstrução, os governos aceitam que os moradores irão construir suas próprias casas e prove dos materiais e treinamento para ajudar a estabelecer as redes de eletricidade, água e esgoto. Durante o desenvolvimento do estudo preliminar do projeto, ao obter uma primeira volumetria, foi levado em consideração ensaios para chegar em noções de quais os modelos mais aceitáveis
Figura 40 - Estudo de volumetria. Croqui do autor.
em relação a sua implantação, orientação solar,
VOLUMETRIA
conforto térmico e acessível aos ambientes. De-
A sua forma busca adquirir o máximo de fa-
nominado nos primeiros testes de projeto, foi cria-
ces expostas possível (Figura 40). É notável que
do o “cata-vento” (Figura 42) que seria a primei-
o formato igualitário gera um eixo completamente
ra unidade de vizinhança criada por 4 moradias,
isolado, por isso foi adotado de início, um módulo
cada uma com sua capacidade de expansão, in-
retangular que permite variar a sua posição em
terligadas a um único eixo hidráulico para priori-
relação ao seu eixo criando formatos mais amplos
zar a economia dos custos da produção dessas
com uma maior área livre exposta.
habitações (Figura 41).
Esse primeiro estudo visualiza que é possível Figura 41 - Estudo de volumetria. Croqui do autor. Figura 42 - Estudo de setorização dos ambientes apresentado no estudo preliminar. Croqui do autor. TFG II | 2019
atrair mais vistas para ventilação natural dos ambientes integrados com pequenos recintos para paisagismo, porém, foi abordado alguns fatores 65
que necessitava uma revisão do projeto para atin-
Além dessa nova análise da implantação ou-
gir outras possibilidades. Alguns parâmetros que
tros fatores foram implementados no projeto para
precisou ser levado em consideração foi a baixa
viabilizar seu potencial perante o entorno e o seu
densidade, o f luxo interno das habitações conten-
usuário.
do grandes áreas de circulação e pouco espaço de uso permanente, o sistema hidráulico onde
ADEQUAÇÃO DO TERRENO
não viabilizaria com êxito a economia prevista
A topografia do terreno atualmente se encon-
entre outros questionamentos.
tra em maior parte planificada por conta da subutilização do mesmo como um estacionamento, com um grande declive de aproximadamente 6 metros na frente da Rua Comandante Taylor, permitindo apenas um único acesso em nível na Rua Visconde de Camamu. Avaliando a proporção do projeto que será implantado devido a densidade e a concentração de f luxos e usos que transformam o espaço, viu-se
Com o processo de pesquisa do projeto, foi tra-
a necessidade de realocar a cotas de nível em
balhado um escalonamento da edificação (Figura
sua semelhança ao terreno natural (Figura 45),
43) permitindo aberturas entre as habitações e
havendo ajustes entre corte e aterro no terreno
ganho de terraços privados trazendo ao edifício
que permitisse um equilíbrio sem a necessida-
vertical uma caracterização de sobrado para cada
de de grandes retiradas de terra do local no qual
família, afirmando pequenas “vilas sociais” entre
impacta diretamente nos quesitos sustentáveis de
os vazios que facilita o convívio interno dos mo-
construção.
radores (Figura 44).
Figura 43 - Estudo de escalonamento dos módulos. Croqui do autor. Figura 44 - Cortes do estudo preliminar. Croqui do autor. 66
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ou desembarque de vans escolares, carretas de mudança que necessita um tempo prolongando de parada, é implementado uma via local que contorna o perímetro do terreno destinada apenas aos f luxos dos moradores e a veículos específicos de transporte. Trabalhando o conceito de “traffic calming”, o piso será pavimentando com um bloco vazado drenante ao mesmo nível do pedestre, não diferenciando trafego de veículos Figura 45 - Croqui da nova implantação. Croqui do autor.
com o de pessoas e assim haverá uma atenção maior aos veículos que entrarem nessa via para
VIA LOCAL PARA OS USUÁRIOS
não transitar além da velocidade necessária de-
Uma das faces do terreno está voltada para o
vido à sua variação de acessos quer permeiam
fundo de lote das moradias da favela dos Pilões,
toda a via.
exigindo a necessidade de recuar a implantação trazendo uma melhoria na salubridade destas
ORIENTAÇÃO SOLAR
construções. Pensando nos f luxos externos no
A implantação direciona todos os ambientes
projeto, como coleta de lixo semanal, embarque
da moradia voltados de leste a oeste permitindo
Figura 46 - Estudo da implantação com carta solar. Croqui do autor. TFG II | 2019
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incidência solar ao longo do ano inteiro, tanto no verão quanto no inverno conforme análise da carta solar (Figura 46), deixando voltado para Sul as áreas de circulação, que ajuda na ventilação cruzada da edificação. Os terraços em projeção propriamente servem como elemento de sombreamento nos picos de calor no verão, e no inverno a sua laje auxilia no aquecimento solar passivo aquecendo os ambientes internos da edificação.
Figura 47 - Modelo de vedação. Fonte: Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina – LabEEE/UFSC.
VEDAÇÕES E COBERTURAS A NBR 15.575 (Edificações habitacionais — Desempenho), analisa as condicionantes do projeto para avaliar seu desempenho térmico perante as condições do meio externo onde está localizado. Segundo o método simplificado que consiste na norma, com base em parâmetros da capacidade térmica e transmitância térmica de paredes e transmitância térmica de coberturas é possível confirmar que a escolha de materiais utilizados no projeto, atende os requisitos das normas brasileiras de desempenho comprovando seu nível de conforto ao usuário.
Para escolha do acabamento das paredes externas, foi selecionado o bloco de concreto (14,0x19,0x39,00cm) em que sua transmitância térmica (U) é menor que 3,7W/m2.K (Figura 47). Com a pintura externa na cor branca, é possível reduzir a capacidade da vedação absorver altos índices radiação solar que posteriormente é libe68
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rado dentro do ambiente interno. A capacidade
cia, será utilizado um revestimento com cerâmicas
térmica (CT) das paredes externas deve ser en-
em cor clara possuindo uma capacidade ref letora
tão maior que 130 KJ/m2.K, segundo o valor já cal-
adequada.
culado, o tipo de vedação escolhido atende aos requisitos corretamente.
Tabela 6 - Critérios e níveis de desempenho de coberturas quanto à transmitância térmica. Fonte : NBR 15.575.
Já nas aberturas, é considerado a área de piso de cada ambiente, onde foi feito um cálculo que
Para as coberturas foi escolhido a laje mista
indica qual deve ser a área mínima de abertura
de EPS e concreto, com capa de 4 centímetros
que permita iluminação e ventilação necessária
de concreto sobre blocos de EPS com altura de
(Figura 48).
8 centímetros com valor de trasmitância térmica
Segundo a Norma 15.575 - Parte 4 (Tabela 9),
(U) de 0,45 W/m2.K estrando dentro do maximo
de acordo com a Zona Bioclimática 3 onde está
permitido de 2,3. Afim de garantir maior eficiên-
situado São Paulo, para ventilação, exige-se no
Tabela 7 - Requisitos de projeto para Zona bioclimática 3. Fonte: NBR 15220-3.
Tabela 8 - Desempenho Térmico - Vedações. Fonte : NBR 15.575.
Tabela 9 - Desempenho Térmico - vedações aberturas e coberturas. Fonte: NBR 15575. TFG II | 2019
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mínimo 10% da área de piso para salas de estar e 8% para dormitórios e cozinhas, também é necessário prever no mínimo 16% da área de piso de cada ambiente para iluminação. Realizando os cálculos necessários dos ambientes no projeto ao longo do processo, nota-se que as aberturas deverão ter respectivamente 1,25m² nas salas e 0,70m² nos dormitórios e cozinhas, assim garantindo a ventilação necessária. Foi decidido estabelecer um padrão de abertura onde uma unidade se tornaria necessária para as menores áreas de ventilação e iluminação e quando necessário um valor maior, como no caso das salas de estar, seria instalado duas unidades da esquadria.
Figura 48 - Croqui de estudo do cálculo de áreas de aberturas. Fonte: do autor.
Tabela 10 - Desempenho Térmico - vedações paredes. Fonte: NBR 15575. 70
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FIGURA 49 - HELIÓPOLIS, SÃO PAULO Fonte: Maycon Cezar, 2019. TFG II | 2019
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7. projeto 72
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FIGURA 50 - HELIÓPOLIS, SÃO PAULO Fonte: Maycon Cezar, 2019.
Perspectiva
Corte Contextual DD Escala 1:500
FIGURA 51 - HELIÓPOLIS, SÃO PAULO Fonte: Maycon Cezar, 2019.
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