Empatia (Empathy)

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empatia


Trabalho de conclusão de curso Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico Faculdade de Tecnologia do Istituto Europeo di Design | IED Mayla Tanferri Meliani Título do trabalho Empatia Coordenadora do curso Eliane Weizmann Orientador Fabio Silveira Coorientadores Andrei Rubina Bruno Pompeu Crystian Cruz Daniel Grizante Lucila Meirelles Marilena Pini

São Paulo, novembro de 2014


empatia


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Em mem贸ria do Dr. Bernardo Hochman Estou vivendo Professor...


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Agradecimentos

Pra quem acordou cedo nos fins de semana e dormiu tarde no resto dela, fez atendimento via skype e horas extras não remuneradas, deu carona pro mau humor como se o excesso de calor não bastasse, abriu mão do seu sábado, se sujou te tinta e pegou sub. Por todos os cafés, bolinhos de chuva, pães de queijo recheados, massagens no pescoço e ouvidos pacientes. À cada um que abraçou minha loucura, mergulhou na minha ideia, impulsionou meu sonho e proporcionou este projeto.

Ana Cossermelli | Caio Alegre | Deborah Maxx | Equipe Revista Saúde Fabio Silveira | Gabriel Lacerda | Gustavo Arrais | Hugo Dourado Maria Helena Tanferri Meliani | Mariana Aqquad | Nalda | Patrick Zolubas Sergio | Ted Meyer | Vinicius D’Angelo | Wilson Meliani

Apoio


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Resumo Empatia, é um projeto que questiona o modo como olhamos as cicatrizes, à partir da minha experiência com um acidente de queimadura. Independente da forma de lesão; uma queimadura, uma cirurgia ou um tratamento, uma cicatriz indica que o corpo se curou, e é uma evidência única de uma experiência de sobrevivência. Muita gente tem uma história, algo não revelado. A minha história está pintada no meu corpo.

Abstract Empathy, is a project that question the way we look at the scars, based on my own experience with a burn accident. Regardless the form of the injury; a burn, a surgery or a treatment, a scar indicates that the body has healed, and it is an unique evidence of a survival experience. A lot of people have a story and a background. My story is painted on my body.

Palavras chave: empatia | cicatriz | olhar | experiência | história


,

Sumario 1. Introdução 1.1. Processo de pesquisa 2. Pesquisa visual 2.1. Brainstorming 2.2. Mind Map 3. Objeto 4. Painel semântico 4.1. Referências de Cor 4.2. Referências de Textura 4.3. Referências de Forma 4.4. Referências de Tipografia 5. Análise de mercado 5.1. Benchmark e Projetos Análogos 5.2. Público-Alvo 5.3. Conceito de marketing 5.3.1. Premissa | Constatação 5.3.2. Benefício Central 5.3.3. Reason to believe 5.3.4. Assinatura 6. Proposta Conceitual 6.1. Produto 6.2. Posicionamento 6.3. Pertinência 6.3.1. Pertinência Econômica 6.3.2. Pertinência Tecnológica


7. Produto 7.1. Paleta 7.2. Tipografia 7.3. Character 7.4. Cartas 7.5. Ensaio 7.6. Video 7.7. Toy Art 7.8. Empatia 7.9. Box 7.10. Deck 8. Conclusão 9. Anexos 9.1. Relação de narrativas 9.2. Fichamentos 9.3 Pesquisa Visual 10. Bibliografia 10.1. Livros 10.2. Artigos 10.3. Sites


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1.

Imagine um cenário de promessas e sonhos, de inocência e ilusão, ser transformado em instantes em um novo reflexo, uma nova descoberta e dúvidas inexoráveis.



1 Introdução empatia

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Introducao , Em 2006, sofri um acidente no qual me queimei. Naquela época tinha apenas 18 anos e trabalhava como modelo. Então queimar cerca de 40% do meu corpo, incluindo rosto e pescoço, sem dúvida não foi apenas doloroso mais virou a minha vida de ponta cabeça. Imagine um cenário de promessas e sonhos, de inocência e ilusão, ser transformado em instantes em um novo reflexo, uma nova descoberta e dúvidas inexoráveis. A maioria dos queimados escolhe a reclusão. Pela extensão do tratamento. Pela vergonha da malha compressiva e das cicatrizes. Por não se reconhecer mais. E, especialmente, pela reação do outro. Eu escolhi viver. E viver mudou minha perspectiva, minha relação com as pessoas e meus objetivos. Viver, escolhendo a exposição, me proporcionou os mais diferentes sentimentos e experiências. Do olhar curioso saudável ao olhar insistente perturbador. Do sorriso impressionado de uma criança ao sussurro inconveniente ao pé do ouvido de um adulto. E muitos, muitos movimentos de torcicolo. Este é o meu maior exercício de exposição. Muita gente tem uma história, algo não revelado. A minha história está pintada no meu corpo.

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1.1 Processo de pesquisa empatia

É de se imaginar que durante esses oito anos após o acidente eu tenha conhecido tantas outras experiências com queimadura. Em salas de espera aguardando atendimento. Em consultas periódicas à ambulatórios. Em visitas mensais à loja de cintas cirúrgicas. A não ser por duas vezes enquanto aguardava o ajuste das minhas malhas, nas salas de atendimento da Bonito & Companhia; na primeira vez quando ouvi um bêbe chorar e a funcionária Nalda me mostrou um colete tão pequeno que mais parecia uma roupa de boneca, e na segunda vez quando sentei ao lado de uma garotinha de olhos brilhantes que usava a malha nos braços e pernas, eu nunca vi um outro queimado. E se nesses lugares a probabilidade fosse maior, em outros tão mais cheios de gente a expectativa menor foi reduzida à zero. E quando digo cheios de gente, quero dizer quase 40 mil pessoas ocupando toda extensão do Palestra Itália pelo Aerosmith. A primeira vez que questionei meu estranhamento foi justamente para com a Nalda (que guardo do lado esquerdo).

Eis o que ouvi. Os queimados não vem até à loja. Sentem vergonha. Solicitam atendimento à domicílio. As vezes recebem a malha através de uma entrega expressa. Desistem do uso da malha cedo demais. A malha incomoda. As pessoas irão olhar. Não fiquei surpresa ao encontrar diversos artigos que tratam exatamente as questões quanto a nova identidade, após um acidente com queimadura, ao iniciar as pesquisas para meu projeto final. O que não esperava era encontrar dados tão extremos resultantes da reação do outro frente ao indivíduo queimado. “Alguns nunca chegam a fase de aceitação, mesmo alcançando a

Questões quanto a nova identidade 17


reintegração social, continuam questionando internamente seu pertencimento à sociedade” (ver item 9.1. Fichamentos). De fato, passei por muitos constrangimentos após o acidente. Algumas vezes, situações que levaram à lágrimas incessantes e outras tantas, que com uma boa garota na TPM, acabaram em pipoca, refrigerante e filmes ruins com finais felizes. Experiências, como o meu acidente, que irei contar ao longo desse registro e transformar em algo novo e inesperado. Antes, faço uma introdução a queimadura, a cicatriz e a malha. Queimadura Segundo estatísticas da Sociedade Brasileira de Queimaduras, acontecem um milhão de casos de queimadura a cada ano no Brasil, sendo que as crianças representam dois terços das vítimas, ou seja, quase seiscentos e sessenta mil crianças sofrem com o problema. As queimaduras estão entre as principais causas externas de morte, perdendo apenas para outras causas violentas, que Tan the man, Janine Rewell


1.1 Processo de pesquisa empatia

Um milhão de casos de queimadura a cada ano incluem acidentes no trânsito e homicídios. Ainda, são a segunda principal causa de morte em crianças de um a quatro anos de idade, só perdendo para os acidentes de trânsito. O álcool lidera a lista das principais causas de acidentes com queimaduras em crianças, responsáveis por 41,3% das ocorrências. Em segundo lugar estão os chamados escaldamentos, provocados pelo contato com água ou óleo fervente, que respondem por 33% dos casos. A maioria dos acidentes acontecem em casa e são previsíveis e evitáveis; fácil acesso à líquidos inflamáveis e dispositivos de condução, como isqueiros e fósforos, esquecer velas

acesas, brincar sem a presença de um adulto. Campanhas preventivas, apesar de sazonais, são uma das formas de evitar que estes acidentes acontençam. Mas, e se acontecer? Como agir? O trabalho vai muito além dos primeiros socorros e assistência médica. “O processo de reabilitação de uma vítima de queimadura é extremamente complexo e requer o trabalho de uma equipe multidisciplinar que deve promover a adaptação, incluindo a recuperação física, psicológica e social” (ver item 9.1. Fichamentos). Não existem materiais que indiquem os cuidados a serem tomados após a recuperação hospitalar. Você sabia que a alimentação pode fazer a diferença na recuperação da pele? Ou ainda, que terapias com videogames de movimento tem mostrado mudanças positivas na reabilitação social de uma criança queimada? Meu primeiro insight surge aqui. Cicatriz A cicatriz surge com o processo natural de cura de ferimentos na pele chamado cicatrização.

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Causam repercussão aos níveis psicológicos Quando a pele sofre uma ferida, as células que compõem suas camadas se rasgam, liberando partes que atraem células de defesa para a recuperação. As células de defesa cercam o ferimento criando uma barreira enquanto um novo tecido é construído. Essa proteção endurece e seca formando a crosta. No caso da queimadura, um batalhão de células de defesa são recrutados estimulando a super cicatrização, que aumenta o risco de formar uma cicatriz alta. As malhas de compressão ajudam a prevenir e combater a formação de cicatrizes altas. Lesões como quelóides e cicatrizes hipertróficas, malha compressiva

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1.1 Processo de pesquisa empatia

além de causarem repercussão no fator estético, causam repercussão aos níveis psicológico e social devido as convenções de beleza estipuladas pela sociedade. “É comum que os pacientes se vistam de modo a cobrir as cicatrizes; blusas de manga comprida, calças, toucas e acessórios como lenços. Além de evitar ambientes de exposição e muito frequentados como praia, shopping e etc. A lesão cicatricial recebe tratamento mas, o paciente como ser humano, não”, segundo Dr. Bernardo Hochman. Malha A pele normal não danificada é composta por pontos conjuntivos na derme que formam uma malha tridimensional, ou fibras de colágeno alinhadas, paralelamente a superfície da pele. A pele aplica pressão contra essas camadas adjacentes. Sob circunstâncias normais, a pressão que a pele exerce sobre o corpo garante que peles lesionadas voltem ao seu estado original sem formação de cicatrizes. Quando a queimadura destrói a pele, a

pressão normal exercida por essas camadas não existe. Sem essa pressão, cicatrizes hipertróficas formaram irregularidades causando possíveis deformidades. As malhas de compressão compensam essa função, prevenindo e controlando a formação de cicatrizes hipertróficas, aplicando pressão sob a área lesionada. Ainda, auxiliam na redução dos efeitos da cicatrização hipertrófica assim reduzindo cicatrizes e deformidades (ver item 9.1. Fichamentos). O uso da malha da forma adequada e regrada, foi um dos grandes fatores que beneficiaram meu tratamento. Também foi coadjuvante das situações mais engraçadas que vivi após o acidente. Fruto da curiosidade e falta de informação. As malhas compressivas tem custo alto devido a confecção sob medida, a falta de opções de oferta e empresas que comercializem o produto afastadas das cintas cirúrgicas e modeladoras, sugerindo um carater estético ao uso. Cabe repetir à questão da escolha do queimado em suspender o uso por constrangimento.

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2.

Muita gente tem uma hist贸ria, algo n茫o revelado. A minha hist贸ria est谩 pintada no meu corpo.



2 Pesquisa visual empatia

Pesquisa visual Por meio da “tempestade cerebral”, reuni as palavras que ecoaram em minha mente hiperativa criativa nos anos de faculdade, e outras que bateram à porta num ritmo constante, enquanto as pesquisas me tornavam ainda mais inquieta. De forma paralela, em um exercício obrigatório que se tornou prática diária, reuni referências diversas ainda sem foco, inebriada pela liberdade monitorada de escolher meu exercício. Todos esses dados, e alguns contatos mais efetivos com o universo do tema, foram organizados em um diagrama de várias ações que resultaram em um brilho discreto do que seria meu produto.

pesquisa

insights

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proposta


2.1 Brainstorming empatia

ilustracao ,

character design história

editorial de livro

cicatriz

vetores

- vetorial ilustracao , narrativa livro branding kit

olhar

editorial exposição

storytelling empatia pintura digital

guia

malha intervencao , educacao do olhar , embalagem

retrato

>

experimentacao , experiencia provocação ,

memoria

brain brain brain

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aptidões interesses inquietações


2.2 Mind Map empatia

queimadura objeto Unifesp Ambulatório • memória | troca convivência | relatos entrevistas | dinâmicas

instituto Pró Queimados • como atua? • o que oferecem? • existe um ambulatório infantil?

Hospital Albert Einstein • Ala de queimados Dr. Constantino José Fernandes Junior, responsável pelo setor

cicatriz • Experiência • História individual • Evidência única • Sobrevivência • Escolha • Sentimento • Olhar • Aceitação

Experiência Memória • registro de situações ilustrações | narrativa não linear | diversidade de expressão e linguagem

referências • Pinterest Board DGPM5AM {IED} Mayla Tanferri

referências • My Legoleg, AmputeeOT • Scarred for Life, Ted Meyer • Camo Confessions, Dermablend • Winnie Harlow aka Chantelle BrownYoung • The Power of Empathy, RSA Shorts • Ted Talks, Joan Halifax

Produto exterior • Children’s Burn Foundation, Los Angeles • Camp Beyond The Scars, Burn Institute, San Diego

Kit Como lidar com o olhar? • Kit composto por cartões ilustrados com situações que vivi, propondo exercícios

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linguagem • Susy Lee • ZigZag City Guides • Love Hurts • The gift of life • Keri Smith


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3.

Obtive a resposta sem identificação, de forma inflexível afirmando que eu, mais que qualquer pessoa, entenderia a posição discreta que adotam com os pacientes.



3 Objeto empatia

Objeto Ainda que minha experiência possa bastar como Objeto de estudo do tema, fiz tentativas de contato com centros e iniciativas que não me eram familiares. O primeiro movimento aconteceu com o Instituto Pró-Queimados, organização que desenvolve atividades de re-integração social do queimado e família, capacitação e alternativas diversas para melhoria da condição de vida. Encontrei certa resistência ao procurar agendar uma visita com intuito acadêmico. Obtive a resposta sem identificação, de forma inflexível afirmando que eu, mais que qualquer pessoa, entenderia a posição discreta que adotam com os pacientes. O segundo movimento aconteceu através da Revista Saúde, onde sou estagiária de arte desde o começo do ano. A editora-assistente, Thais Manarini, entrou em contato com a relações do Hospital Israelita Albert Einstein, Mirtes Bogéa, que encaminhou meu pedido ao clínico responsável pela Ala de queimados, Dr. Constatino José Fernandes Junior. O Dr. Constatino se mostrou receptivo e abriu portas para visitas. O contato não aconteceu por má administração de tempo. O terceiro movimento foi uma visita ao Ambulatório da Cirurgia Plástica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Setor Distúrbios da Cicatrização, onde faço tratamento há seis anos. O intuito da visita foi recordar sentimentos comuns da sala de espera, onde os pacientes trocam olhares e equiparam suas marcas, buscando conforto na gravidade dos problemas alheios. Procurava também uma oportunidade de expor minhas ideias ao Professor Dr. Bernardo Hochman, cirurgião responsável pelo setor e por mim desde 2007. Os habituais trinta pacientes agendados só nos proporcionaram uma rápida conversa de corredor. Foi a última vez que vi o Dr. Bernardo.

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4.

No primeiro instante, aquele inquieto, inebriado e ansioso, se tornou melhor amiga, melhor intĂŠrprete da minha confusĂŁo, como se a bolha do google fosse um mito.



4 Painel semântico empatia

>

Painel semantico Voltando a obrigação que virou prática diária, a ferramenta Pinterest, se mostrou uma grande aliada e uma vilã ainda maior na organização das referências. No primeiro instante, aquele inquieto, inebriado e ansioso, se tornou melhor amiga, melhor intérprete da minha confusão, como se a bolha do google fosse um mito. No meio do caminho, aliada do medo, do impasse do primeiro rafe, da primeira resolução, me fez cair no poço de que nada seria tão incrível e inovador como o que reunia ali. Agora, domesticada, ainda que malcriada, me tira do conforto e abre janelas para experimentação e miscelâneas impensadas. Nas próximas páginas, as referências de cores, texturas, formas e tipografia, que de fato estão diretamente ligadas com meu projeto (veja mais em 9. Anexos | 9.2 Pesquisa Visual com classificações - Pinterest).

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4.1 ReferĂŞncia de cores empatia

Shitzel

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4.2 ReferĂŞncia de texturas empatia

Agnes Cecile

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4.3 ReferĂŞncia de forma empatia

The gift of life, Stephanie Kuga

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4.4 ReferĂŞncia de tipografia empatia

Kal Barteski

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5.

Intrigado com a idĂŠia de que as cicatrizes contam histĂłrias individuais e tornam as pessoas seres fisicamente e emocionalmente Ăşnicos.



5 Análise de mercado empatia

,

Analise de mercado Após longo processo de pesquisa e análise, visto a especificidade do tema e recorte, não existem produtos que possam ser analisados como concorrentes diretos à minha proposta, ou até mesmo projetos que visem essa reflexão. No item 5.1, faço uma exposição de Projetos Análogos - as três grandes referências de meu trabalho: o artista Ted Meyer, o kit ZigZag City Guides e a autora Keri Smith - e procuro analisá-los como concorrentes em forma, apresentação e inovação.

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Scarred for Life, Ted Meyer

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5.1.2 Benchmark e Projetos Análagos empatia

Scarred for life, Ted Meyer Há 15 anos, Ted Meyer documenta em sua série “Scarred for Life” (“Marcados para a vida”), as experiências de pessoas que foram marcadas por causa de uma doença ou uma lesão. Nascido com a doença de Gaucher, uma doença genética rara que causa dor e deterioração das articulações e órgãos, Ted passou boa parte de sua infância no hospital, onde descobriu que a arte poderia ajudá-lo a lidar com sua condição. Depois de estudar design na Universidade Estadual do Arizona, suas pinturas começaram a refletir as constantes batalhas com o seu corpo, sua dor e a sensação de estar preso dentro de um vaso danificado. Anos mais tarde, graças à substituição de seu quadril com sucesso e o progresso dos tratamentos médicos, Meyer se sente saudável e seu trabalho deixa de ser introspectivo para se concentrar nos outros, em busca de histórias de sobrevivência contadas através de cicatrizes. Sua inspiração para a série apareceu em uma vernissage de uma de suas exposições de

pintura em 1999 - uma mulher elegante em uma cadeira de rodas com um vestido decotado nas costas que revelava uma longa cicatriz percorrendo o caminho da espinha. Ela era uma dançarina, e enquanto trabalhava como monitora em um acampamento, quebrou as costas ao cair de uma tirolesa. Meyer chegou a conhecê-la e vê-la lidar com a sua situação com extrema graça e beleza. Intrigado com a idéia de que as cicatrizes contam histórias individuais e tornam as pessoas seres fisicamente e emocionalmente únicos, a convidou para ser sua primeira modelo. Em “Scarred for Life”,

Cicatrizes contam histórias individuais 45


5.1.2 Benchmark e Projetos Análagos empatia

Meyer faz uma impressão/carimbo diretamente na pele dos modelos que foram marcadas por uma doença ou acidente; cirurgia da coluna vertebral, mastectomias, ferimentos à bala, amputações, (...). O artista permite que os modelos escolham suas próprias cores, após a impressão, acrescenta detalhes com lápis de cor e guache, criando composições abstratas delicadas ao londo da marca da incisão, tornando-as ainda mais fortes e ricamente enérgicas e coloridas. Em seguida, ele fotografa os modelos com a mesma cor de tinta em suas cicatrizes e inclui sua própria expressão de como a cicatriz surgiu e o efeito sobre suas vidas. A combinação da impressão, fotografia e palavras, de forma sensível ainda que poderosa, retratam os mais diferentes sentimentos em torno de cada história única, pessoal, de sobrevivência. Às vezes, Meyer é a primeira pessoa além do modelo a tocar a cicatriz. Além dessa demonstração de confiança, compartilhar suas histórias como arte, ajudou muitos deles a abraçar a cicatriz como uma parte de seu novo eu e seguir em frente com

suas vidas. Em muitos casos, as impressões têm permitido aos familiares desses modelos em destaque à melhor compreensão de sua jornada emocional. Os modelos também têm inspirado esperança em estranhos passando por tratamentos, cirurgias e traumas semelhantes. Residente de Los Angeles, California, onde acontecem a maioria das exposições, Meyer sabe como a aparência é super valorizada e como essa atmosfera pode ser cruel à essas pessoas. Ao transformar cada uma dessas cicatrizes em arte, os ajuda à enxergá-las mais como decorações do que defeitos - como evidência

Mais como decorações do que defeitos 46


5.1.2 Benchmark e Projetos Análagos empatia

de sua própria experiência única de sobrevivência. A abordagem artística sensível de lesões e o processo de cura, levou Meyer ao Centro de Desenvolvimento Educacional e Pesquisa da David Geffen School of Medicine na UCLA, onde nos últimos três anos tem realizado a curadoria de exposições no Centro de Recursos de Aprendizagem. Estas exposições fornecem aos estudantes de medicina perspectivas pessoais muito originais sobre a doença e tratamento, tal abordagem facilita o entendimento sobre a mudança de vida provocada pela doença e sobre a cura emocional, que normalmente ocorre após o período hospitalar. Ao mesmo tempo em que abre estas exposições localmente, Meyer abre a possibilidade de viajar com a série pelo mundo, mediante à convite e disponibilidade, e ainda realizar palestras e aulas sobre a iniciativa. Suas pinturas já estiveram no Chicago Art Institute, no The United Nations, Nova Iorque, em Osaka, Japão, e em Istambul, Turquia. Recentemente, Meyer lançou um website, que funciona como um fórum peer-to-peer

onde as pessoas do mundo inteiro compartilham suas histórias através de videos e depoimentos. O artista pretende produzir impressões de Israelenses e Palestinos, e espera contribuir para a cura mais ampla de uma região marcada por disputas territoriais. Uma meta inspiradora de um indivíduo que já chegou a pensou que nunca poderia andar. Zig Zag City Guides, Alana Ippolito Alana Ippolito estava na faculdade há alguns anos e precisava escolher um tema de sua tese. Decidiu então combinar duas coisas que é apaixonada; viagem e crianças. Na infância, Alana viajava frequentemente porque seu pai trabalhou para companhias aéreas; as lembranças de como seus pais tornavam as viagens envolventes, e a permitiam explorar o máximo possível, impulsionaram a designer a explorar o que havia disponível para jovens viajantes. Com a escassez dessa pesquisa, decidiu criar um guia de viagem específico para crianças. O ZIGZAG City Guides foi projetado para ajudar as crianças a ficarem animadas com

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Usar a imaginação enquanto exploram a viagem em família e incentiválos a aprender sobre culturas desconhecidas, provocando-os a usar a imaginação enquanto exploram. Alana passou por dezenas de protótipos para descobrir qual conteúdo queria em seu guia. Recordou de lembranças antigas da infância, como uma viagem à Londres com seus pais onde contava os carros do alto de um ônibus de dois andares, na tentativa de obter um sorriso dos guardas no Palácio de Buckingham, e visitar uma loja de brinquedos. Visando uma experiência o mais envolvente possível, projetou os cartões do guia incluindo uma série de ZigZag City Guides

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5.1.2 Benchmark e Projetos Análagos empatia

atividades gratuitas, ou a preços acessíveis, marcos importantes e locais históricos, bem como algumas oportunidade de jogar e experimentar a cultura local. Ilustrados por Jayde Fish, que colabora também com os novos guias, os cartões apelam para pais e crianças com ilustrações divertidas, mas sofisticadas. A aventura é acompanhada pelos personagens Zig e Zag, que acompanham o viajante desde o momento de preparar as malas à escrever um postal para uma amigo sobre o que mais gostou na viagem. Alana vive com o marido e a filha no norte da Califórnia, e pretende lançar plataformas complementares no futuro para que as famílias possam construir sobre o que eles têm e continuar a aprender em casa ou em sua próxima viagem. Keri Smith Keri Smith é uma artista conceitual canadense, autora de vários livros best-sellers sobre criatividade e aplicativos incluindo Wreck This Journal, Penguin (“Destrua esse diário”, recentemente traduzido e

publicado pela Editora Intrínseca). Wreck this Box é uma edição especial de três livros da autora; Wreck This Journal, This is Not a Book e Mess: A Manual of Accidents and Mistakes, ambos publicados pela editora britânica Penguin. Com sugestões lúdicas e inusitadas, os livros de Keri Smith procuram estimular a criatividade e a fuga do cotidiano convencional. A edição norte-americana de “Destrua esse diário” teve mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos. Fã do grupo Fluxus, que criou o conceito de “happening“ (eventos que ao mesmo tempo celebram o absurdo da vida e promovem o deleite com o mundano), a

Quando você começa a questionar 49


autora acredita que pequenos atos de rebeldia no cotidiano podem acabar evoluindo para atos maiores, capazes de transformar vidas. Quando você começa a questionar coisas em pequena escala, passa a questionar tudo - isso é importante para ajudar a desenvolver o pensamento crítico. Ao criar “Destrua esse diário”, Keri queria um livro que se baseasse no uso de qualquer coisa que esteja à nossa volta no momento, fazendo com que as pessoas notem coisas que talvez não percebessem. Há páginas que pedem para ser sujas com lama, pisoteadas e até levar o seu livro para passear como uma coleira (como na imagem acima). É curioso ver a diferença na forma como o livro foi recebido por adultos e por crianças. Os adultos expressaram medo e hesitação, já as crianças aceitaram a proposta do livro sem titubear, especialmente nas partes mais desafiadoras; leve o diário para o banho, suba em um lugar alto e deixe o diário cair, perca uma página (...). Keri realiza oficinas com base em seus livros e, recentemente, uma aula de ilustração no Emily Carr University of Art and Design, Canadá. This is not a book, Keri Smith

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5.2 Público alvo empatia

5.2. Público alvo Pessoas que passaram por experiências, doenças ou lesões, que resultaram em uma cicatriz. Mais especificamente, o público infantil; como lidar com o olhar do outro em relação à cicatriz, como conviver com as restrições e imposições que a marca carrega e por fim, como reintegrar-se com a sociedade após a experiência. 5.3. Conceito de marketing 5.3.1. Premissa/Constatação A partir da minha experiência que resultou em cicatrizes, expor situações vivenciadas do incômodo à descontração, do conflito à reflexão. 5.3.2. Benefício central Promover a reintegração social das pessoas que passaram por essa experiência, estabelecendo uma reflexão sobre a cicatriz de forma à aceitá-la como parte de uma história única, um símbolo de vitória e uma marca a ser exposta. 5.3.3. Reason to believe Minha experiência após o trauma, apoiada por minha família, amigos

Refletir sobre o olhar do outro e equipe médica, me impulsionou a viver situações de exposição, aprendendo a conviver com a cicatriz e refletir sobre o olhar do outro. Minhas escolhas me trouxeram os mais diversos sentimentos e as mais diversas surpresas. O processo de aceitação é contínuo, e compartilhando esses relatos posso criar uma rede de troca em que outros desenvolvam processos similares. 5.3.3. Assinatura Através da minha experiência de aceitação e superação, desenvolver um produto que promova atividades de exposição e reflexão sobre o olhar em relação à cicatriz, por meios inventivos e saudáveis.

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6.

(...) promover uma discussão mais ampla sobre os padrões estéticos e como o entendimento do outro pode influenciar o processo de reabilitação



6 Proposta conceitual empatia

Proposta conceitual Breve descritivo sobre o produto, planejamento do posicionamento, e estratÊgias de inserção no mercado. Os itens a seguir foram desenvolvidos nas aulas de marketing do curso, durante o processo de pesquisa.

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6.1 Produto empatia

6.1. Produto No meu trabalho de conclusão irei desenvolver um kit para crianças que experienciaram alguma doença, tratamento ou lesão que resultou em uma cicatriz. Esse kit irá conter: • Toy Art baseado na personagem criada para narrar a história. • Cartas ilustradas com situações que vivi, uma breve narrativa sobre a experiência e uma proposta de atividade associada à essa situação. Com essas atividades lúdicas, que estimulam a criatividade e a exposição, espero que o usuário desenvolva uma nova percepção sobre a cicatriz e entenda sua nova condição de vida, interagindo com todos à sua volta. • Anexo “Em caso de emergência”, com cartas atividades mais complexas e itens destacáveis. O intuito desse anexo é propor escapes mais instantâneos do que as outras atividades. • Deck para conter as cartas. O interior do deck será ilustrado com

Nova percepção sobre a cicatriz infografia sobre a queimadura, cicatriz e cuidados para beneficiar e acelerar a recuperação. O kit será armazenado em um box visando experiência, maleabilidade e transporte, já que o objetivo é permitir que o usuário realize as atividades em diferentes locais, onde, quando e como preferir. 6.2. Posicionamento Propor uma experiência única, assim como o usuário - um ser físico e emocionalmente único que permaneça além do momento onde é imposto o exercício, mas na memória afetiva e

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6.3 Pertinência empatia

desenvolvimento da personalidade e caráter desse indivíduo. 6.3. Pertinência 6.3.1. Pertinência econômica Inicialmente, pretendo levar protótipos do kit para apreciação na Ala de queimados do Hospital Israelita Albert Einstein, onde recebi um feedback positivo e abertura para pesquisa, assim como convívio com práticas de reabilitação ministradas pela instituição. Posteriormente, gostaria de levar o projeto à outros centros de reabilitação, não envolvidos somente com o tratamento de queimadura; AACD, Associação de Assistência à Criança Deficiente, onde desenvolvi um projeto acadêmico recentemente, GRAACC - Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança com Câncer e outras instituições que trabalhem com a reabilitação de vítimas de doenças, tratamentos e lesões. As três primeiras instituições citadas são do tipo privado e funcionam parcialmente ou totalmente com o apoio de pessoas e empresas. A medida

da disponibilidade e abertura ao projeto, irei buscar parceiros que financiem a produção desses kits de modo que os mesmos sejam distribuídos de forma gratuita à esses usuários, e, ou invistam na compra de unidades à serem presenteadas aos mesmos. 10.3.2. Pertinência tecnológica Visto que não existem produtos que sejam destinados especificamente à esta causa, como lidar com o olhar sobre a cicatriz, respostas positivas do usuário em relação ao kit podem promover uma discussão mais ampla sobre os padrões estéticos e como o entendimento do outro pode influenciar o processo de reabilitação de um indivíduo, como visto nos fichamentos dos artigos científicos (ver item 1.1 Processo de Pesquisa, e 9.1 Fichamentos). Além da discussão, o kit pode evoluir para uma plataforma interativa de depoimento e troca sobre as experiências de cada usuário, e um programa de reintegração social que vise dinâmicas e iniciativas que favoreçam e facilitem à aceitação e à volta do indivíduo ao convívio social.

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7.

(...) totalmente desprendida da malha, com a respiração leve, focada em absorver o melhor da experiência, me impressionei com o conforto que senti.



7 Produto empatia

Produto Cada vez que contei minha experiência para alguém, ganhei uma nova reflexão, e correspondi com uma memória para a vida. Meu produto se transformou da mesma forma. Uma vontade tímida de contar histórias foi tecendo ideias que pareciam cada vez mais amarradas e certas. Amizades e parcerias inesperadas depositaram confiança no tema, que virou movimento, que virou projeto, que deu start numa teia de infinitas possibilidades. Aqui, discorro sobre a empatia antes mesmo de expôr seus conceitos filosóficos.

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7.2 Paleta A Paleta é dividida em três grupos; vermelhos e pinks, nudes e pêssegos, turquezas e azuis: Os vermelhos, representam a memória do calor e a gravidade da lesão. Os pinks, o questionamento da vaidade e a super valorização estética. Os nudes, a pele recém nascida, as cicatrizes inativas e a malha compressiva. Os pêssegos, o lado criativo e as cicatrizes ativas. Os turquezas, minha relação com a natureza e a retomada da liberdade. Os azuis, a necessidade da hidratação e a privação da água. Para as ilustrações, criei duas paletas de apoio; a primeira paleta a partir da graduação desses tons, e a segunda paleta dos tons em escalas de cinza. ver 7.5 Ensaio


7.1 Paleta empatia

C=0 M=100 Y=100 K=0 R=237 G=28 B=36

C=0 M=100 Y=50 K=0 R=237 G=23 B=90

C=0 M=25 Y=25 K=0 R=251 G=200 B=180

C=0 M=50 Y=50 K=0 R=246 G=150 B=120

C=70 M=0 Y=35 K=0 R=46 G=189 B=182

C=40 M=0 Y=0 K=0 R=144 G=214 B=232 63


7.3 Tipografia Desde a organização do painel semântico, busquei composições de tipografias handmade - com expressões de pintura - como headline font, em harmonia com fontes slab serif - mais doces e menos geométricas - como body font. Fiz estudos com algumas typefaces bem expressivas como Ride my Bike, L’Engineer e a esgotada Amatic. Mais foi no blog da artista, e Ted Speaker, Kal Barteski que encontrei minha headline font. Kal tem um trabalho extenso de prints em brush script com frases motivadoras. No blog, onde disponibiliza a true type baseada em sua caligrafia, Kal documenta seu processo de trabalho, “Há muitas pequenas marcas e imperfeições que metade do meu cérebro diz que devem ser concertadas , mas a outra metade diz - está tudo bem. É o que é”. E são exatamente essas imperfeições que me motivaram entrar em contato com a artista via Facebook para pedir autorização sob o uso da tipografia. Kal foi muito doce e permitiu o uso sem hesitar. KB simple brush Kal Barteski


7.3 Tipografia empatia

KB simple brush

Aa Bb Cc Dd Ee Ff Gg Hh Ii Jj Kk Ll Mm Nn Oo Pp Qq Rr Ss Tt Uu Vv Xx Ww Yy Zz KB inkings

Aa Bb Cc Dd Ee Ff Gg Hh Ii Jj Kk Ll Mm Nn Oo Pp Qq Rr Ss Tt Uu Vv Xx Ww Yy Zz 65


é minha headline e KB inkings, minha headline secundária. Para a body font, fiz estudos com a Museo e Museo Sans, Banda Regular e minha queridinha Archer, que logo foi cortada por excesso de uso. Banda, por sua vez, não possue outros pesos e tem o corpo estendido, o que dificulta a leitura na redução. Me apaixonei pelas serifas curvadas e corpo harmonioso da Museo, mas sua personalidade brigava com as ilustrações e infográficos. Reservei-a então para as retrancas, subtítulos e legendas desta monografia. Museo Sans, foi a body font escolhida; peso 100 para texto corrido, e peso 500 para legendas e destaques. No kit, corpo 8pt, entrelinha 9,5pt. Na monografia, corpo 9pt, entrelinha 11pt. Juntas, KB simple brush e Museo Sans, estabelecem um diálogo harmonioso com o fino outline das ilustrações e preenchimento imperfeito das cores e fundos. Museo e Museo Sans, tem o peso 500 disponibilizado de forma gratuita, o que auxilia na redução de custos para investimento e aplicação do projeto no mercado. Museo Sans

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7.2 Tipografia empatia

Museo Sans 100

Aa Bb Cc Dd Ee Ff Gg Hh Ii Jj Kk Ll Mm Nn Oo Pp Qq Rr Ss Tt Uu Vv Xx Ww Yy Zz Museo Sans 500

Aa Bb Cc Dd Ee Ff Gg Hh Ii Jj Kk Ll Mm Nn Oo Pp Qq Rr Ss Tt Uu Vv Xx Ww Yy Zz 67


7.1 Character Mia foi meu primeiro ensaio para o projeto final. Nasceu em sketches rápidos nos moleskines que acumulei durante a faculdade, junto a necessidade de registrar algumas situações que vivi após o acidente. Inspirada na minha aparência nos primeiros anos de tratamento; máscara semi-total, olhos maquiados, cílios de boneca, bochechas marcadas e queixo acentuado pela compressão. Revisitei os estudos para enfatizar essas características e aprimorar as proporções, trazendo mais expressão e apelo à personagem. O nome Mia vem do italiano e significa minha. A cada carta, Mia traz referências pessoais na composição da ilustração, propondo que a criança faça pesquisas extras além da atividade. Quanto à pintura, inspirada por Diario de una volátil, de Agustina Guerrero, e ilustradoras como Line T. e Kubra Aslan, sketches aparentes, contornos desiguais e preenchimento deslocado. Quanto à cor, a variação de humor da narrativa ditará a variação de tons, assim como intensidade e saturação. sketches, moleskine

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7.3 Character empatia

sketches, moleskine

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7.1 Character empatia

mĂĄscara semi-total

referĂŞncia pessoal Estudo 1

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7.1 Character empatia

Estudo 2

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7.3 Character empatia

Estudo 3

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7.3 Character empatia

Concept Final

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7.4 Cartas O formato e função das cartas foi inspirado por duas referências; ZigZag Guides, de Alana Ippolito, e os livros This is not a book, Mess - The manual of accidents and mistakes, Wreck this journal e Finish this book, de Keri Smith. Os livros de Keri me acompanharam ao longo desse ano; a cada leitura, reuni post-its com as atividades que mais despertavam meu interesse, e possíveis traduções relacionadas às minhas histórias. A seleção das histórias ocorreu de forma paralela ao levantamento de atividades. Ao todo, foram selecionadas vinte histórias, mas só dez foram produzidas para apreciação (ver item 9.1 Relação de narrativas). Como registrado anteriormente, além de trazer uma história ilustrada, cada carta traz uma breve narrativa sobre a experiência e uma proposta de atividade associada à essa situação. A cor é um fator importante na composição das cartas; a variação de humor da narrativa ditará a variação de tons, assim como intensidade e saturação. As primeiras narrativas serão coloridas história ilustrada, Nunca esqueça sua toalha

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7.4 Cartas empatia

. Nunca esquec , a sua toa lha . Depois de

m e atividade e acompanhar po r ta s, você de ve estar im ntas cartas, história pouco de s aginando exercício de inspira que um postura es ção e expi portiva, e ração, mui um pouc encenado ta o mai , fo de dizer qu ram meus maiores or de drama de e preferi o tra sim. A verdade é qu safios. Eu gostaria e vesseiro e olhos ao o coberto em alguns dias ponto da r, em outro cabeça re esses algu s virei os clamar de ns e outro dor, e entre s dias, po palavras po ss o ter dito lêmicas e al até ensaia do es gumas Pes pealho). Em quis do discur ca sos (na fre pr a vo Ext racê em dias so de emergência , é meu co nte de pouca E le “O Guia mbrdoe-se: nsel inspiração não impo e muito ca ho moces hile rta o que qu, iro eçadas nsaço. sua toalha aconteça *. , nunca galaxias” *VOCÊ DEVE

!

LEVAR A

SÉRIO AS

PESQUISA

S EXTRAS .

Aqui voc, e vai encon trar >

Nunca esqueca , ua s toalha

1. Atividade s nível ha rd*. 2. Acessó rios para manter os 3. Cartas curiosos be atividade extras. m longe. *Você vai precisar de para realiz m ar essas at uita concentração ividades co e determ inação m êxito.

carta, Nunca esqueça sua toalha

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em escadas de cinza manchadas pelos tons da paleta. Por exemplo, em uma narrativa mais melancólica, como Dois pra lá um pra cá, os cinzas serão manchados pelo azul, trazendo um tom mais frio à cena. Já em narrativas mais cômicas como Pai... Ela é um X-Men, os cinzas serão manchados com pink, tornando a ilustração mais quente, mais enérgica. A partir da carta Empatia (onde Mia retira a malha compressiva), a ilustração passa a ser totalmente colorida. Esse movimento de virada na cor está relacionado com o item 7.5 Ensaio, que relata meu maior exercício de exposição. É também, o start para um grupo de cartas que narram escolhas que fiz para retomada da liberdade, após o período mais intenso do tratamento. Há ainda, as cartas Em caso de emergência, um anexo de quatro cartas posicionado no final do monte, que traz três atividades de escapes mais instantâneas do que as outras. O intuito de todas as cartas, é proporcionar exercícios de reflexão e despreendimento, levando o usuário a interagir com o outro e entender que é interpretado da maneira que escolhe ser. carta, “Pai, ela é um X-Men”

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7.4 Cartas empatia

Pai..., Ela e um X-Men!

. Pai, E la e, um X-Men! . Olhar

es, cochic hos e a longos exercícios dedos apontando, podem le de ser que a var curiosidad inspiração e expira ção. A nã e in criativa de o uma crianç saciável venha da mente na forma a. Procuran do do ajustar - Ei, não ju manequim da vitrin meu refle xo lg e percebo um ue! Tente! Pode se de um shopping r muito di Penes pe sei vertido! -, coqueendo queno garotinho o Homem nd in qu at ra ieto se de s das pern te am as os nos es Ferro nt se conder, fin do pai. Trocamos intefos resse, até ol gimos ca um Ving ador que o pai, retas e falta hares, aproxim...ar envergon de e hado, reso Enquanto pedir desculpas pe lv eu se la re co conversar, nversavamos, ou m ação do garotinho o pequen . elhor tent o puxava avamos parecend a camiseta o ainda m ais ansioso do pai Quando ga pela apro nhou aten ximaç o bastante ção, sussur para que ou entre as ão. consegui está ente mãos alto sse ouvir: ndendo. El “P a é um Xai Mas prefiro Men!”. Des , você não ser o Hom culpe pequ em de Fe eno. rro.

!

,

Super-He roi

1. Faça um a 2. Transfor lista das suas caract m er 3. Crie um e essas característic ísticas. as de form personag em ou um a exagerad característ su icas como a. super pode per-herói com essa * 4. Crie vá rios acessó s res. rios de su per-herói s.

*EXEMPLO : MEUS AM IGOS DIZE PIADAS FA M QUE SO RIAM OS U MUITO INIMIGOS ENGRAÇAD CAIREM IM A. MINHAS OBILIZADO S DE TANT O RIR.

carta, “Pai, ela é um X-Men”

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7.5 Ensaio empatia

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7.5 Ensaio empatia

7.5 Ensaio “A lot of people have a story and a background, but mine is painted on my body” - Muita gente tem uma história, algo não revelado. A minha história está pintada no meu corpo -, Winnie Harlow, aka Chantelle Brown-Young, modelo e ex participante do reality show America’s Next Top Model, famosa por vestir a vitiligo, uma deficiência da pele, à favor da sua beleza. O depoimento de Winnie despertou uma ansiedade que vinha se alimentando ao longo do desenvolvimento do projeto. Como propor tantos exercícios se ainda estou em movimento de transição? Como contribuir? Como deixar minha marca? Este é o meu maior exercício de exposição. Estive em contato com o artista Ted Meyer (ver item 5.1.2 Benchmark e Projetos Análagos), desde o início do processo de pesquisa. Ted encorajou que eu repoduzisse minhas cicatrizes aos moldes de Scarred for Life, indicando o processo, os materiais, e até considerou uma visita à seu estúdio em Los Angeles. Comecei a projetar o que seria

Como deixar minha marca? preciso para que esse exercício acontecesse, quando escolhi compartilhar minha iniciativa com a fotógrafa Deborah Maxx, que é colaboradora da Revista Saúde, onde sou estagiária. Deborah não demorou mais que vinte minutos pra responder à minha loucura de forma emocionada. Ao lado do marido, e também fotógrafo, Gustavo Arrais, ofereceram o ensaio e a produção de um video registrando essa experiência. A expectativa de algumas fotos e boas reproduções das prints das cicatrizes, foi superada em proporção imensurável por produção de roteiros, um grupo querido que auxiliou na produção

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e muitas horas de estúdio. Pra minha surpresa o exercício aconteceu de forma muito natural; no momento em que entrei no set, totalmente desprendida da malha, com a respiração leve, focada em absorver o melhor da experiência, me impressionei com o conforto que senti. Não houve necessidade de um momento de apresentação do eu, ou impressões e palavras doces. Todos presentes compartilhavam o mesmo foco pela produção de um material cativante. Ana Cossermelli, designer da Revista Saúde, e Mariana Aqquad, aluna do IED e designer da Revista Capricho (à direita), ficaram responsáveis pela manipulação das tintas e prints das cicatrizes. Na direção, e atrás das câmeras, Gustavo Arrais e Deborah Maxx. Na assistência à produção, Sergio. Nas câmeras de apoio e making off, Hugo Dourado e Patrick Lira. Foi uma experiência indescrítivel. Compreender que algo criava raízes e projetar anseios que alce voos, foi minha maior realização. Transformar minha experiência em algo novo, inesperado. Definir as minhas marcas e não ser definida por elas. set II

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7.5 Ensaio empatia

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Em uma das primeiras reuniões no estúdio, Gustavo demonstrou interesse sobre a captação deste exercício em video. Tão motivado quanto eu pelo documentário curto sobre a série Scarred for life, de Ted Meyer, produzido pela rede pública de televisão californiana KCET, me incentivou a enxergar como minha história poderia alcançar um número maior de pessoas. Como também, ser uma ponte para a apresentação do produto final. Concordamos que o tom do meu documentário seria leve, narrando sim meu acidente mas, muito mais, minhas escolhas e motivações. Essa leveza acabou se confirmando durante as filmagens e projeções do material produzido. Um QR Code, localizado em uma das faces da embalagem do meu produto final, leva a página onde o video estará disponível. Assista e compartilhe:

making off

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7.6 Video empatia

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7.6 Toy Art Escolher o Toy Art como um dos itens do kit, não foi só uma decisão buscando cativar e fascinar o público, mas dar vida ao personagem e materializar uma experiência. Modelado pelo designer Patrick Zolubas e o prodígio Gabriel Lacerda, o protótipo 3D me fez entender melhor a anatomia do personagem, e provocou insights individuais - e coletivos -, que levaram ao aperfeiçoamento e enriquecimento da ideia. Familiarizada com as novas técnicas de impressão 3D, estabeleci contato com diversas empresas à fim de aproximar o projeto da realidade. Após muitos contatos, frustrações com orçamentos e prazos, e até um desvio na escolha da produção final, conheci o estúdio Imprimate. Caio Alegre, que comanda o estúdio, ficou emocionado com a ideia, e além de proporcionar uma oportunidade de emprego à alguém que mora do lado esquerdo, entrou como parceiro do meu projeto final. O primeiro protótipo do Toy Art foi impresso mock-up 3D - protótipo I

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7.7 Toy Art empatia

prot贸tipo em liga de gesso

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em liga composta de gesso, banhado em resina (princípio ativo do superbonder), e finalizado com massa automotiva, primer e látex branco, aos cuidados e excessos perfeccionistas de Vinicius D’Angelo. Este primeiro protótipo ficou ligeriramente pesado e não resistiria a quedas mais bruscas. Mais foi de extrema importância para a ideação e percepção dos ajustes finais. O processo de materialização da experiência começa aqui. Como humanizar algo inanimado? Como proporcionar a sensação tátil da malha e das cicatrizes em um Toy Art. Fiz uma visita, fora dos padrões, à Bonito & Companhia, e a supervisora da confecção Nalda (citada anteriormente), fez a ponte da proposta com as responsáveis pela empresa. Mia ganhou uma máscara semi total, um colete e uma luva, sob medida, nos mesmos moldes e acabamentos da minha malha compressiva. Foram feitas opções com fechamento em velcro e colchete, para facilitar o manuseio e durabilidade. Mas e a cicatrizes? O modelo voltou à dupla Patrick e Gabriel para aplicação das moldes do colete

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7.7 Toy Art empatia

malhas produzidas pela Bonito & Companhia

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7.6 Toy Art empatia

cicatrizes reproduzidas no ensaio, não só em cor, mas em forma e textura. Dessa forma, a criança poderá se sentir mais próxima do personagem e, entender que a exposição deve acontecer de forma natural. O segundo protótipo foi impresso em ABS (plástico de alta resistência), em partes e colado. O acabamento em massa automotiva, primer e látex colorido, dessa vez ficou nas mãos do proprietário Caio e do designer Patrick. A versão aprimorada da Mia pesa em torno de 80 gramas. A impressão em ABS exigiu um acabamento mais complexo, aumentando também um prazo maior de produção. Isso acontece devido à espessura de layer em que a impressora Makerbot (ABS) pode imprimir. A impressora Zprinter 650 (gesso) tem a capacidade de imprimir em uma resolução superior, com layers menos espessos, demandando um acabamento mais leve. Para produções em grande escala, o ideal seria escolher o vinil ou a resina, com molde de silicone feito em processo artesanal, barateando o custo, e possibilitando a reprodução exata do modelo. mock-up 3D - protótipo II

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7.7 Toy Art empatia

mock up 3D - com reprodução das cicatrizes

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7.7 Empatia Empatia esteve presente desde a “tempestade cerebral”, influenciada por dois videos; The Power of Empathy, RSA Shorts e, Joan Halifax: Compassion and the true meaning of empathy, Ted talks. Mas foi o conceito de empatia definifo pelo filósofo alemão Theodor Lipps que tornou a palavra tão instigante ao meu trabalho. Para ele, a empatia não desempenha só um papel na apreciação estética que exercemos sobre os objetos. Ela também deve ser entendida como a base principal para reconhecer uns aos outros como seres pensantes. É curioso pensar como o conceito de Lipps define meu projeto. Todos os movimentos pra materialização do produto, não contaram com uma apresentação visual da idéia. Com uma apreciação estética que levou à um acordo. As parcerias e colaborações foram resultado da emoção e da convicção com que compartilhei minha história. Então, empatia é o nome do meu projeto.

ensaio

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7.8 Empatia empatia

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7.8 Box A grande referência para o desenvolvimento do Box que armazena o kit, foi o projeto The gift of life, da designer Stephanie Kuga (ver item 4.3 referências de forma). Minha maior preocupação ao prototipar a embalagem, além de demonstrar técnica e eficiência, aperfeiçoados ao longo da faculdade, foi proporcionar uma experiência ao usuário enquanto explora o kit. A luva, veste o kit em referência a malha compressiva e traz o conteúdo listado. Na face interna da luva, um pattern desenvolvido a partir das reproduções das cicatrizes feitas no ensaio, com a mesma expressão de pintura das ilustrações (à esquerda). O box, conta com uma blueprint do concept do personagem e faces informativas. Face 1 - Dados sobre queimadura no Brasil. Face 2 definição de empatia, introdução ao kit e QRCode que leva ao video (ver item 7.5 Ensaio). Face 3 - Conteúdo do kit. Há ainda um berço que acomoda o Toy Art e o deck de cartas.

interior da luva

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7.9 Box empatia

mock-up - box

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7.9 Box empatia

mock-up 3D

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7.9 Box empatia

mock-up 3D

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7.9 Box empatia

mock-up 3D

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7.9 Box empatia

mock-up 3D

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7.9 Box empatia

mock-up 3D

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7.9 Box empatia

mock-up 3D

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7.10 Deck A maior preocupação ao prototipar o deck foi justamente torná-lo mais do que uma estrutura para conter as cartas. Ao perceber que suas faces poderiam introduzir a atividade, estudei o formato ponderando a ordem da manipulação, e editei o conteúdo informativo que inicialmente acompanharia as primeiras cartas. Ao puxar a única aba do deck, que sinaliza onde encontrar o anexo em caso de emergência, a primeira face revela minha breve biografia e uma introdução à queimadura através de infografia. Escolhi infografar a queimadura pelo desafio de traduzir um conteúdo complexo para uma linguagem infantil. A ilustração é simplificada, assim como as legendas que buscam aproximar a informação do usuário. A segunda face, revela um infográfico sobre a cicatriz, a super cicatrização e a importância da malha compressiva. A terceira face, revela como a alimentação e outros cuidados podem contribuir para a recuperação. Com o deck aberto, é hora de explorar as cartas.

interior do deck

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7.10 Deck empatia

mock-up 3D - deck e berรงo

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7.10 Deck empatia

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7.10 Deck empatia

mock-up 3D - abertura do deck

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7 Produto empatia

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7 Produto empatia

mock-ups 3D por Patrick Zolubas

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8.

Aprendi que storytelling ĂŠ um instrumento poderoso e que o design pode ser sim transformador. Dei um grande passo na vida ao perceber que as cicatrizes nĂŁo me definem.



8 Conclusão empatia

-

Conclusao Empatia soou como aquela trilha sonora que começa com um piano leve e interferências de notas doces e agudas. Melancólica e indecisa se vai pra frente, se volta pra trás, questionando o tempo todo sua escolha. Caminhando pro meio, os intrumentos de corda trazem a virada, aquele acorde que faz o ombro levantar e os olhos fecharem. O solavanco que acontece a cada vez que compartilho o projeto, quando um novo insight surge e a vontade é renovada. Até a melodia ganhar força e você entender que o filme caminha pro clímax, trazendo inquietação e ansiedade. O que sinto a cada vez que vejo Empatia se materializando, ganhando força, próximo de ser apresentado e compartilhado sem restrições. O que também sooa como minha tradução para Suite, de The Devils Wears Prada, a partir do 1m53s. Só que em looping, porque esse projeto só começou. Aprendi que storytelling é um instrumento poderoso e que o design pode ser sim transformador. Dei um grande passo na vida ao perceber que as cicatrizes não me definem. Quem define o que as cicatrizes representam sou eu.

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9.

O que nĂŁo deve ser esquecido ĂŠ que vivemos em um ambiente social onde somos influenciados e influenciamos o comportamento de outras pessoas.



9 Anexos empatia

Anexos 9.1. Relação de narrativas | 9.2. Fichamentos | 9.3 Pesquisa Visual

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9.1 Relação de narrativas empatia

Relação de narrativas e atividades

Cartas atividade

(V-1) “strike a pose” história: pessoas tirando fotos minhas com o celular no shopping ilustração: Mia com óculos escuros / paparazzi / strike a pose - madonna atividade: retirada de “Wreck this journal”: * Stick photo here. espaço para colar foto. Glue in a photo of yourself you dislike. Deface. (V-2) “pai, ela é uma X-Men” história: garotinho de três anos fica inquieto perto de mim e diz ao pai que sou um X-Men ilustração: Mia Iron Man colocando a armadura atividade: retirada de “This is not a book”: *This is a virtual reality. 1. Make a list of your personality traits. 2. Take those traits and exaggerate or embelish them. Create a character (or avatar) with these traits as superpowers. 3. Create several superhero accesories. Example: her excellent organizational skills make her fully prepared for every potential criis, he repels enemies with his love of garlic, she has a great ability to find things in messy spaces. he is a timing expert. (máscara para recortar/destacar) pág. 106 (V-3) “não vejo, não ouço, não falo” história: por todos os olhares, comentários, cochichos e discursos que reprimi ao

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9.1 Relação de narrativas empatia

perceber tanta curiosidade sem limite ilustração: três macacos sábios atividade: retirada de “Wreck this journal” e “This is not a book”: * Fill in this page when you are really angry. * This is a disappearence. 1. Draw or write something here. 2. Erase it somehow (e.g., pencil & eraser, water-solube ink, sandpaper). pág.23 (V-4) “o lado negro da força” história: ator vestido de darth vader me chama pra o lado negro da força / nerds parecem não se incomodar com meu estado ilustração: Mia apaixonada pelo lorde das trevas atividade: original: * pesquisa extra: procurar saber mais sobre star wars. Comece por ewoks e wookies. (---5) “contadora de histórias” história: as vezes, quando percebia que o interesse das pessoas em mim era invasivo demais, contava histórias fantásticas de plásticas em grandes orelhas e reconstrução da linha do rosto ilustração: Mia sorrindo, balão/onomatopeia de apoio com uma ilustra da personagem com orelhas de dumbo atividade: retirado de “Finish this book”: * Random Experience Generator Drop a coin or a rock onto this page. Follow instructions. pág. 65 (V-6) “super-proteção” história: quando os amigos exageram na dose de “fica na sombra”, “trouxe boné?”, “passou protetor”, “sai do sol” (...) ilustração: Mia em uma mini piscina com boné, bóias, marcas de protetor e guardo

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9.1 Relação de narrativas empatia

sol. atividade: retirada de “Finish this book”: * Document and observation methods. How many things in the world do you pass on an average day, and yet don’t take in? How often do you notice the moon during the day? It is often there. What about the color of the sky? Do you notice it now? The texture of whatever you are sitting on? The number of different smells? Write a list of other things that you notice now (but did not before): colors, shapes, textures, smells, etc. (V-7) “peixe mero apaixonado” história: o peixe gigante não parece dar muita atenção às inquietas crianças que visitam o aquário. Quando me aproximo e faço imitações, ele vem a minha direção e para colado no vidro do aquário. ilustração: Mia encarando o peixe mero apaixonado atividade: 100-ideas (keri smith post): *? * Find a piece of poetry you respond to. (V-8) “zaiz” história: baile de formatura da academia e um garoto qualquer prefere dançar com minha amiga sem ritmo ilustração: Mia sentada em uma cadeira, triste, vestida pra festa / elementos de apoio: cadeiras vazias e bexigas atividade: retirada de “This is not a book” e “Wreck this journal”: * This is a comment. 1. Fill in a thought. 2. Leave in a public place. (desenho de um balão) pág.39 * Page of good thoughts. (V-9) “uma múmia”

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9.1 Relação de narrativas empatia

história: garoto me oferece DVD’s do filme “A Múmia” na 25 de março e sai gritando que viu uma ilustração: Mia vestida de múmia atividade: retirada de “Finish this book”: * Document and observation methods. Operation: Deception Methods 2 Just in case someone is following you, create a detailed fictitious character for you to pose as to lead them astray. Write your fake bio on the right-hand page (include an altered photo of yourself in disguise, that is, draw over it). Ex: Name / Occupation / Location / Hobbies / Likes / Dislikes (---10) “etec - primeiro dia” história: em referência à citação: “Have you ever walked up to people and realized they were just talking about you? Have you ever had it happen 60 times in a row? I have” ilustração: Mia cercada por uma multidão de olhos atividade: retirada de “This is not a book”: * This is a portable hole/portal. Make things disappear at will. 1. Cut out. 2. Affix the hole to any surface. 3. Use. If you could be anywhere you want right now, where would it be? (um círculo preto com marcas pra recortar/destacar) pág.130 (---11) “atitude rock n’ roll” história: duas semanas depois de operar a orelha vou ao meu primeiro show do aerosmith de pista comum. Dois garotos, levemente alterados, querem tirar uma foto comigo por ser muito rock n’ roll. ilustração: Mia com camiseta do aero (igual a quem mandei fazer pro show), pose rock n’ roll, ao lado de tyler e perry atividade: original:

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9.1 Relação de narrativas empatia

* pesquisa extra: procurar saber mais sobre aerosmith. Comece por Sunshine e Jaded. (---12) “saga dos vampiros” história: funcionária do cinema vai até a fila quilométrica de estréia avisar que os ingressos esgotaram e cede lugar à mim por questões “preferenciais”. A pedido dos amigos, passo na frente e garanto lugares à todos. ilustração: Mia com dentes de vampiro, olheiras e capa preta / elementos de apoio: unifila do cinema atividade: original: * Write a list of all the things you do to escape. (---13) “metrô” história: pessoas cedem o lugar e se comunicam comigo através de gestos ilustração: Mia sentada no acento do metrô com uma plaquinha “é só uma malha para queimados” atividade: retirada de “Wreck this journal”: * This page is a sign. What do you want it to say? (---14) “lilo” história: as vezes você pode deitar no tapete de sala e encenar dramaticamente sobre sua vida ilustração: em referência a lilo & stitch, heartbreak hotel atividade: retirada de “This is not a book”: * This is a restricted area. No unauthorized personnel. Do somenthing to this page to make it so people will want to avoid it. (placa proibido/pág.) pág. 152 (---15) “primeiro pulo” história: amigos topam pular na piscina em pleno inverno / escolhas que me fizeram voltar a viver

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9.1 Relação de narrativas empatia

ilustração: Mia pula encolhida / elementos de apoio: água e flocos de neve atividade: 100-ideas (keri smith post): * List your ten most important things, (not including animals or people.) * List ten things you would like to do every day. * Write a list of ten things you could to do. Do the last thing on the list. * 1) Faça uma lista de 7 coisas que você adora fazer mas não faz há muito tempo. * 2) Faça uma delas a cada dia durante uma semana. * 3) Faça mais o que te faz feliz. (---16) “teatro” história: escolhas que me fizeram voltar a viver ilustração: Mia french clown atividade: 100-ideas (keri smith post): * Create a character based on someone you know. (---17) “wouldn’t it be nice” história: em referência aos murais pintados / escolhas que me fizeram voltar a viver ilustração: filme “50 first dates”, cena “wouldn’t it be nice”, Mia pintando as paredes + ilustração p/ salão de jogos, garotinha mal apoiada em uma cadeira atividade: retirada de “Wreck this journal” e “This is not a book”: * Color outside of the lines. * This is a limited edition art piece. 1. Execute an idea on each of these squares (it could be a drawing or a thought). 2. Sign and date each piece on the back. 3. Cut them out. 4. Display them in public with a sign that says “limited edtion art pieces: free”. 5. Check back to see if anyone has taken them. *you can also wear a badge that says artist and stand near the artwork. pág. 25 (---18) “trip” história: escolhas que me fizeram voltar a viver ilustração: Mia e elementos dos países que visitei

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9.1 Relação de narrativas empatia

atividade: retirada de “This is not a book” e “Finish this book”: * This is a random adventure. 1. Go outside. 2. Walk until you see something red. 3. Take ten steps. 4. Look down at your feet and describe what you see in detail. pág. 156 * Now it is time to venture out of your secret headquarters. This page seems to be asking you to take a journey of sorts. You will use it to explore the natural world via aimless wandering. Start at your secret headquarters. Roll the die. Take five steps in the direction indicated. Continue rolling the die. Document your movement. Where do you end up? pág. 35 (---19) “empatia” história: referência ao ensaio fotográfico ilustração: Mia retirando a malha | anxiety (pinterest / {IED}) atividade: retirada de “Mess” e “Wreck this journal” e “Mess”: * Create a series of thumbprints as the basis for drawing other objects (i.e., doodle over top of them). Also try working with handprints. * This page is for handprints or fingerprints. or scarprints! Get them dirty then press down. * Group Mess. 1. Create something here (a drawing, a word, a texture). 2. Ask a friend to add something to the page (it’s okay if it covers up your image). 3. Do something to alter what your friend did. 4. Repeat. *Document the stages with photos if possible. * 1.Spill a substance here (some things that work well are coffee, tea, etc.). Let it dry. 2. Look for shapes in the dried substance, draw things based on what shapes you find (faces, character, etc.). (---20) “no final das contas”

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9.1 Relação de narrativas empatia

história: algumas certezas fazem valer a pena continuar ilustração: Mia de costas caminhando, capa da wonder woman, outros personagens caminhando (todos de costas), capas de diferentes heróis atividade: original: * Agora é sua vez! Registre suas histórias e crie novos cartões. *This is a limited edition art piece. 1. Execute an idea on each of these squares (it could be a drawing or a thought). 2. Sign and date each piece on the back. 3. Cut them out. 4. Display them in public with a sign that says “limited edtion art pieces: free”. 5. Check back to see if anyone has taken them. *you can also wear a badge that says artist and stand near the artwork. pág. 25

Em Caso de Emergência

(V-1b (21)) “nunca esqueça sua toalha” história: os primeiros anos de tratamento me proporcionaram muitas horas de ofícios nerds ilustração: Mia munida de sabre de luz (toalha apoiada no título? e se cada ilustra tivesse um elemento que interagisse com o título?) atividades do pack: retirada de “This is not a book” e “Finish this book” (V-1c (22)) This is a secret identity. (óculos, mustache/destacáveis, para recortar) pág.31 (V-1d (23)) This is a psychological mood-altering machine.

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9.1 Relação de narrativas empatia

1. Write about your current mood in detail in the space provided. 2. Enter your mood of choice on the machine below. 3. Focus really hard on what your mood of choice feels like.

4. Allow for mood transition to take place (may take a few hours). (ilustra de uma máquina/cerebro X-Men) pág. 104 (V-1e (24)) Sit down with this book and start reading. Wait! Stop! Before you start, you should make a sign to hang nearby, and should say somenthing like, “Do not disturb! I am finishing my book! Signed, (your name).” Cut it out and hang it. Now you can start.

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9.2 Fichamentos empatia

Artigo 1 - Scielo.org Primeiro atendimento em queimaduras: a abordagem do dermatologista Autor: Everton Carlos Siviero do Vale Serviço de Dermatologia, Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. jan. 2005

1. Como eu obtive essa informação? Por meio de pesquisas integradas no site Scielo a partir das palavras burned victims - rehabilitation - queimadura - reabilitação. 2. Por que esse dado entrou na pesquisa (expectativas)? Para esclarecimento do que é queimadura e da complexidade das lesões decorrentes, assim como o tratamento inicial, além de expor dados alarmantes sobre as causas e frequência do caso no país. 3. Como este dado modifica o meu projeto? O dado vem como forma de apoio às pesquisas sobre comportamento. Fichamento Entende-se por queimadura o quadro resultante da ação direta ou indireta do calor sobre o organismo humano. Apesar do grande avanço quanto à intervenções precoces, as queimaduras ainda configuram importante causa da mortalidade, devido principalmente à infecção e repercussão sistêmica, como complicações cardiovasculares e pulmonares. Ainda, resultam em considerável morbidade pelo desenvolvimento de sequelas; incapacidade funcional (especialmente quando atinge as mãos), deformidades inestéticas e também de ordem psicossocial. As causas mais freqüentes das queimaduras são a chama de fogo, o contato com água fervente, ou outros líquidos quentes, e o contato com objetos aquecidos. Menos comuns são as queimaduras provocadas pela corrente elétrica, transformada em calor ao contato com o corpo. Queimadura química

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9.2 Fichamentos empatia

é denominação imprópria dada às lesões cáusticas provocadas por agentes químicos, em que o dano tecidual nem sempre resulta da produção de calor. A queimadura em crianças, na maioria dos casos, acontece no ambiente doméstico devido ao derramamento de líquidos ferventes na cozinha. Nestes casos costumam ser superficiais ainda que extensas. A causa mais comum de queimadura no Brasil é a chama de fogo pela manipulação de álcool etílico, responsável pela maioria dos casos em adolescentes e segunda maior causa em crianças. Nos adultos, a causa mais frequente e a chama do fogo, principalmente no ambiente profissional. Neste caso, as queimaduras são mais profundas e usualmente são acompanhadas de danos causados pela inalação de fumaça. Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, no Brasil acontecem um milhão de casos de queimaduras a cada ano, 200 mil são atendidos em serviços de emergência, e 40 mil demandam hospitalização. As queimaduras estão entre as principais causas externas de morte registradas no Brasil, perdendo apenas para outras causas violentas, que incluem acidentes de transporte e homicídios. Estudo conduzido no Distrito Federal demonstrou taxa de mortalidade de 6,2% entre os queimados internados em hospital de emergência. Ademais às medidas preventivas, campanhas governamentais e educacionais e normas legislativas como a proibição da comercialização do álcool etílico líquido, mediante resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, todas as estratégias de prevenção implementadas ainda não foram capazes de produzir o esperado impacto no dramático quadro epidemiológico das queimaduras. Avaliação das queimaduras Alguns fatores envolvidos na queimadura: • Profundidade É o fator determinante do resultado estético e funcional da queimadura. A profundidade caracteriza os graus. • Extensão A extensão é calculada em porcentagem da superfície corporal total (SC), sendo

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9.2 Fichamentos empatia

consideradas apenas as áreas queimadas com profundidade de segundo e terceiro graus. A extensão da queimadura determina os riscos gerais do queimado nas primeiras horas de atendimento. • Localização das queimaduras Queimaduras na face, pescoço e mãos, são mais desfavoráveis nos fatores estético e funcional. As localizadas na face e mão costumam estar frequentemente associadas à inalação de fumaça, uma das lesões mais graves que pioram muito o prognóstico e costumam e são responsáveis por elevar a mortalidade nos queimados. Primeiros cuidados A primeira medida a ser tomada é remover a fonte de calor afastando a vítima da chama ou objeto quente. Se as vestes da vítima estiverem em chamas, devese rolar no solo. Nunca correr ou abafar com cobertores, que podem ativar as chamas. As vestes devem ser retiradas, desde que não aderidas à pele, caso contrário só devem ser removidas sob anestesia no momento de debridamento¹ da ferida. Em seguida, a área queimada deve ser resfriado com corrente de água fria de torneira ou ducha. Nunca deve ser feito com água gelada e produtos refrescantes como creme dental e hidratantes. A água fria é capaz de interromper a progressão do calor, limitando o aprofundamento da lesão, e aliviar a dor, podendo reduzir o edema. O resfriamento deve acontecer de forma mais precoce possível e pode durar cerca de 10 minutos, podendo ultrapassar caso necessário. Porém, se a queimadura for extensa o resfriamento deve ser breve, devido ao risco de hipotermia. ¹ remoção do tecido desvitalizado da ferida.

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9.2 Fichamentos empatia

Artigo 2 - queloide.com.br A cicatriz Autor: Professor Dr. Bernardo Hochman Clínica Professor Dr. Bernardo Hochman - Núcleo de tratamento e Prevenção de Quelóide e Cicatrizes, clínica particular. São Paulo, 2013.

1. Como eu obtive essa informação? Por meio de pesquisa no site queloide.com.br, administrado por um de meus cirurgiões, Professor Dr. Bernardo Hochman. 2. Por que esse dado entrou na pesquisa (expectativas)? Para esclarecimento do que é a cicatriz, suas especificidades e subcategorias. 3. Como este dado modifica o meu projeto? O dado vem como forma de apoio às pesquisas sobre comportamento. Fichamento O Prof. Dr. Bernardo Hochman é cirurgião plástico desde 1986. Na atividade científica sua linha de pesquisa é o estudo de cicatrizes e dos distúrbios da cicatrização. Mais especificamente, dedica-se ao estudo do quelóide e das cicatrizes hipertróficas, tema com o qual defendeu seu mestrado e doutorado. É integrante do grupo de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Plástica da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM), tendo sempre como meta o avanço científico global sobre o quelóide. A cicatriz A cicatriz surge com o processo natural de cura de ferimentos na pele chamado cicatrização. A ferida pode ser decorrente de um acidente, uma operação ou doença. Uma cicatriz normal é fina, acompanha o relevo da pele ao redor e, às

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9.2 Fichamentos empatia

vezes, torna-se quase imperceptível, existindo um equilíbrio entre a produção e a degradação (destruição) de fibras colágenas. Entretanto, a pele jovem, por produzir colágeno de forma mais acelerada que sua degradação, tende a determinar uma cicatriz evidente, ou cicatriz hipertrófica. Quelóide É uma cicatriz espessa, elevada e de superfície lisa. Essa cicatriz em alto-relevo, geralmente é limitada a pele, embora se estenda para os lados em relação ao ponto, ferimento ou incisão cirúrgica de origem. Cicatriz Hipertrófica É uma cicatriz elevada decorrente de uma resposta exagerada da pele a uma intervenção cirúrgica ou ferimento. Esta não ultrapassa os limites ou a extensão da incisão ou ferimento inicial. Cicatrizes por Queimadura As queimaduras, assim como outros ferimentos que resultem em perda de uma grande área de pele, podem formar uma cicatriz que repuxa as margens da pele ao redor, causando um processo chamado de contração. A contratura resultante pode afetar os músculos e os tendões vizinhos, restringindo o movimento normal (capacidade funcional) dos mesmos e, por conseguinte, da região do corpo acometida. Após algum tempo, esse fato pode ocasionar, inclusive, deformidade óssea e/ou articula. Cicatrizes e qualidade de vida Lesões como quelóides e cicatrizes hipertróficas, além de causarem repercussão no fator estético, causam repercussão aos níveis psicológico e social devido as convenções de beleza estipuladas pela sociedade. É comum que os pacientes se vistam de modo a cobrir as cicatrizes; blusas de

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9.2 Fichamentos empatia

manga comprida, calças, toucas e acessórios como lenços e etc. Além de evitar ambientes de exposição e muito frequentados como praia, shopping e etc. A lesão cicatricial recebe tratamento mas, o paciente como ser humano, não.

Artigo 3 - burnsurvivor.com | dmorthotics.com | queloide.com.br A malha Autor(es): diversos

1. Como eu obtive essa informação? Por meio de pesquisas integradas no site Google a partir das palavras burned pressure - garments - malhas - compressão - queimados. 2. Por que esse dado entrou na pesquisa (expectativas)? Para esclarecimento do que é a malha, como ela atua e novos estudos tecnológicos visando melhores resultados de tratamento e conforto ao indivíduo. 3. Como este dado modifica o meu projeto? O dado vem como forma de apoio às pesquisas sobre comportamento. Fichamento A pele normal não danificada é composta por pontos conjuntivos na derme que formam uma malha tridimensional, ou fibras de colágeno alinhadas, paralelamente a superfície da pele. A pele aplica pressão contra essas camadas adjacentes. Sob circunstâncias normais, a pressão que a pele exerce sobre o corpo garante que peles lesionadas voltem ao seu estado original sem formação de cicatrizes. Quando a queimadura destrói a pele, a pressão normal exercida por essas camadas não existe. Sem essa pressão, cicatrizes hipertróficas formaram irregularidades causando possíveis deformidades. As malhas de compressão compensam essa função, prevenindo e controlando a formação de cicatrizes hipertróficas,

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9.2 Fichamentos empatia

aplicando pressão sob a área lesionada. Ainda, auxiliam na redução dos efeitos da cicatrização hipertrófica assim reduzindo cicatrizes e deformidades. É importante que os pacientes com queimadura comecem a usar malhas compressivas enquanto a cicatriz está ativa e imatura. O tecido da cicatriz é altamente sensível nos primeiros estágios, assim, uma aplicação antecipada de malhas compressivas é essencial. Malhas compressivas devem ser usadas pelo menos 23 horas por dia, removendo-as para banhos e limpeza das peças. A maioria dos pacientes precisará usar roupas de pressão por 12 a 18 meses, ou mais, por critério médico. O contínuo uso de malhas compressivas impede o espessamento, a curvatura e formações nodulares vistos em cicatrizes hipertróficas. Uma cicatriz macia e flexível se desenvolve permitindo o movimento articular normal. A pressão externa aplicada pelas malhas diminui a resposta inflamatória e a quantidade de sangue na cicatriz, reduzindo a coceira e evitando que o colágeno sintetize. Além disso malhas compressivas fornecem proteção contra lesões. Malhas compressivas são feitas sob medida e devem ser ajustadas periodicamente para manter a pressão recomendada. Ainda, podem ser indicadas em qualquer quelóide ou cicatriz hipertrófica com relevo mais elevado, independente da presença ou não de atividade clínica dessas cicatrizes. Devem ser higienizadas com sabonete neutro, água fria, secadas enroladas em uma toalha, não devem ser torcidas e devem secar à sombra. A empresa DM Orthotics Ltd (Londres), ao lado da Heriot-Watt University, vem desenvolvendo estudos em relação à compressão exercida pelas malhas compressivas. Os estudiosos avaliaram diferentes níveis de compressão, específicos à diferentes áreas lesionadas de cada pessoa. Estabelecendo relações entre a tensão do tecido e a pressão exercida, aperfeiçoando a Lei de Laplace* e trabalhando junto a indústria têxtil, criaram malhas de mesmo peso para diferentes tamanhos de corpos, assim exercem diferentes níveis de compressão. Não há concordância em relação à pressão ideal e nem mesmo à duração de uso das malhas; se você exerce pouca compressão, a cicatriz não irá alcançar a normalidade desejada, e se exerce muita compressão, pode ferir a cicatriz e causar danos à pele, o que pode ser bem doloroso.

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*Governa a relação entre a pressão, a tensão e a circunferência do corpo. A Lei de Laplace afirma que a pressão manométrica no interior de uma membrana elástica (diferença de pressão entre o interior e o exterior da membrana) é diretamente proporcional à tensão superficial da membrana.

Artigo 4 - Scielo.org O Indivíduo e a Queimadura: as alterações da dinâmica do subsistema individual no processo de queimadura Autor(es): José Manuel Pinto, Luís Miguel Silva Montinho, Pedro Ricardo Coelho Gonçalves. Referência, revista de enfermagem, Coimbra. III Série - n.° 1 - jul. 2010

1. Como eu obtive essa informação? Por meio de pesquisas integradas no site Scielo a partir das palavras burned victims - rehabilitation - queimadura - reabilitação. 2. Por que esse dado entrou na pesquisa (expectativas)? Encontrei poucos artigos relacionados à reabilitação pós-queimadura que levassem em conta aspectos psicológicos, além do tratamento de fatores biológicos decorrentes da lesão. Este artigo explora a mudança de identidade vivenciada pela vítima de queimadura e constrói um paralelo com a construção da imagem do indivíduo, da infância à idade adulta, e como as relações podem exercer força no processo de reintegração à sociedade. O estudo corrobora com minha intenção em expor a vivência do trauma, alertando as pessoas sobre os perigos das convenções e julgamentos de um estado estético, e como sua postura pode prejudicar a reabilitação biológica e psicológica de um indivíduo. 3. Como este dado modifica o meu projeto? Este dado aprofunda as questões quanto a nova identidade à um nível não imaginado, discutindo conceitos de filosofia e psiquiatria, além de expor relatos

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e evidências de vítimas de queimadura que atestam incômodo similar ao que vivenciei. Fichamento O artigo investiga como a queimadura pode provocar alterações na identidade do indivíduo, além das alterações estéticas decorrente do acidente, a partir da auto análise do eu face a própria queimadura. O enquadramento teórico aborda o queimado e as modalidades de vinculação; a queimadura pode prejudicar as relações e os vínculos do indivíduo. O Queimado e a Vinculação Numa cultura onde a aparência física é super valorizada, o corpo desfigurado (queimadura) pode afetar as reações das pessoas frente ao indivíduo. Uma figura de vinculação se mostra essencial desde que nascemos, seja ela a família ou um grupo de amigos. São círculos de confiança e segurança. A vinculação no adulto tem sua origem na relação mãe-filho, a criança constrói uma auto-imagem espelhada no desejo e no encontro com a figura cuidadora (mãe), esta devolve à criança um esboço da sua imagem corporal. Tal troca é determinante na construção mental do ego corporal que cada indivíduo faz de si mesmo. Qualquer distorção dessa imagem (queimadura) provoca uma reconstrução neste ego e apela à participação de relações estáveis na reabilitação, ou seja, das figuras vinculativas (Erikson, 1998). O apoio de figuras vinculativas é fundamental na reabilitação de um queimado, favorecendo o bem estar e a saúde do indivíduo independente do nível de stress. Estudos indicam que quanto maior for o apoio de seus familiares, maior será o bem estar psicológico do indivíduo. No entender dos autores, o apoio familiar torna mais tolerável e aceitável o entendimento do novo corpo, a reconstrução da imagem corporal distorcida pelo acidente. O apoio social propicia maior segurança ao indivíduo, contribui para a integração social, favorece o reconhecimento de valor e competência e pode fomentar a

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oportunidade de prover cuidados e conselhos à terceiros (Serra, 2007, p. 137 ao citar Weiss). As figuras de vinculação transmitem ao indivíduo queimado três tipos de apoio: afetivo - estima aceitação independente dos defeitos, erros ou limitações, contribuindo para a auto estima, emocional - sentimentos de apoio e segurança providos pelas figuras de vinculação, convívio social - atividades de lazer ou culturais, permitindo que o indivíduo se sinta parte integrante de uma determinada rede social. Estes tipos de apoio proporcionam sentimento de pertencimento e favorecem a reintegração social do indivíduo queimado. O acompanhamento de forma ativa do familiar durante o processo terapêutico possibilita um progresso intensivo do indivíduo queimado, o fortalecimento de vínculos afetivos facilita a reabilitação. O Queimado e a Identidade do Eu A queimadura provoca mudanças quase sempre irreversíveis no indivíduo. Quando o indivíduo não tolera tais mudanças, ameaça o seu sentimento de identidade do Self e suas relações com o mundo exterior. Consequente do acidente, a transfiguração pode provocar sentimentos depressivos e de angústia. Quando estes ameaçam os vínculos anteriores com o Self, o indivíduo perde amor ao objeto, ou seja, a si mesmo. A não aceitação pode provocar um estado de isolamento e quadro depressivo. A restauração e consolidação da identidade pode depender de outros fatores que não o mundo interno do indivíduo; a qualidade e a quantidade do suporte familiar, as reações pessoais à lesão e a aquisição de competências pessoais para lidar com o novo corpo e com o impacto da imagem sob os outros que o rodeiam. Acontecimentos que provocam tais mudanças pessoais e sociais podem desencadear quadros de extrema angústia porque são encarados por muitos indivíduos como perda ou ameaça à identidade do Self e da representação social anteriormente estabelecida. Esta situação de mudança, de encarar o desconhecido, provoca dúvidas, sentimentos de ansiedade e depressão. Por consequência, há uma tendência de se

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aproximar do conhecido, do que lhe é familiar, como forma de evitar o novo. A imagem corporal é a base do sentimento de identidade; olhos, rosto, mãos e genitais são as áreas mais significativas para o reconhecimento do próprio corpo e do outro. Esta percepção é essencial na consolidação da identidade do indivíduo (Grinberg e Grinberg,1998, baseando-se em Laing). Quando a queimadura afeta áreas expostas, contribui de modo significativo para a imagem e a identidade. As marcas resultantes deste processo são traumáticas. Alguns autores denominam consequências emocionais, no caso de graves queimados, como “identidade destruída” e “morte social” (McSweeney, 1990). O processo de readaptação do queimado é composto por 5 fases: negação, revolta, discussão, depressão e aceitação (McSweeney, 1990). As três primeiras fases são identificadas no hospital durante o período de internação, ressaltando a fase discussão onde o indivíduo debate com os profissionais e cria expectativas em torno da sua recuperação. Este processo não é linear e, embora haja evoluções, grande parte dos indivíduos nega a sua nova identidade. Alguns nunca chegam a fase de aceitação, mesmo alcançando a reintegração social, continuam questionando internamente seu pertencimento à sociedade. No entanto, as maiores dificuldades surgem no período pós internação. Nos anos seguintes a lesão, a evidência da transfiguração tem de ser incorporada na vida do indivíduo. O tratamento contínuo pode reviver a experiência da cicatriz, expondo mais uma vez a dor. A permanência da transfiguração deve ser encarada. Autores diferem quanto a gravidade das disfunções decorrentes de queimaduras visíveis, como a região da face e das mãos e das queimaduras não expostas. Em casos extremos de queimaduras graves na região da face, o individuo pode desenvolver uma síndrome levando a parcial ou total perda de identidade (Königová , 1992). O mesmo autor ainda relata casos em que a síndrome pode levar a morte do indivíduo devido ao stress emocional (Königová, 1992). A relato de outros casos em que indivíduos com queimaduras graves tenham se recuperado do ponto de vista psicológico graças a mecanismos de defesa internos, potencializados pelas figuras de vinculação. Há ainda casos de indivíduos com queimaduras relativamente poucos extensas, cuja face foi afetada, que podem desenvolver um quadro chamado “morte social”.

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9.2 Fichamentos empatia

Sem ajuda psicológica e apoio familiar, o quadro pode instigar o suicídio. As causas de tal quadro retomam comportamentos citados anteriormente: consciência de uma deficiência estética, medo do desconhecido, repulsa à sequela e o sentimento de incerteza social. O indivíduo queimado sofre um processo evolutivo particular o que dificulta a unidade na conclusão dos autores. Uma teoria que poderia explicar esta situação seria a de que em geral as pessoas que são capazes de manter expectativas positivas, mesmo quando encontram obstáculos, continuarão a tentar atingir os seus objetivos. No entanto, as pessoas com expectativas negativas terão maior probabilidade de desistir de posteriores tentativas. Metodologia • Estudo qualitativo visando compreender quais as mudanças que ocorrem no indivíduo face à sua própria queimadura corporal. • Meio: O Serviço de Consultas Externas da Unidade de Queimados dosHospitais da Universidade de Coimbra, EPE. • Método: entrevistas, semi estruturadas, dando liberdade ao entrevistado falar abertamente sobre sua experiência. • Conclusão: primeira parte: dados pessoais + clínicos + aplicação da Escala de Graffar¹ Simplificada. Segunda parte: questões relativas à história individual à fim de saber como o indivíduo queimado vivência a experiência interna do acidente. • Período: 31 de Janeiro e 25 de Fevereiro de 2003. Enquanto os entrevistados frequentavam as consultas e enfermaria para realização do tratamento de queimadura. • 21 entrevistados, majoritariamente do sexo feminino, com média de idade de 44 anos. • Quanto a escolaridade, a maioria possui instrução até a graduação. • Quanto a queimadura, porcentagens muito específicas. • Quanto as famílias de classe média, média baixa (71% refere que não apresentou apoio psicológico. • Quanto ao tipo de união, 95% dos indivíduos estão casados.

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¹ Método de estudo baseado num conjunto de cinco critérios: profissão, nível de instrução, fontes de rendimento familiar, conforto do alojamento e aspecto do bairro onde habita. Apresentação e discussão dos resultados Devido a grande diversidade de respostas relativas a mesma categoria, foram criadas subcategorias para melhor compreensão dos dados obtidos. Quanto a história individual: a) Maneira de ser (humor, comportamento e imagem corporal) Quanto ao humor: o sentimento mais presente é a tristeza. “sinto-me triste por ter acontecido aquilo” “sinto-me triste, nunca mais tive alegria” Quanto ao comportamento: após 12 meses de queimadura, há uma clara aceitação da alteração pela queimadura. Os indivíduos manifestam maior irritabilidade e ansiedade. “sinto que sou muito mais nervoso... qualquer coisa me atrapalha... era uma pessoa que me sentia perfeitamente à vontade. E hoje não” Há também expressões mais positivas, onde a mudança gerou um movimento de (re)aproximação às figuras de vinculação e uma maior disponibilidade à novas experiências. “Tomei maior consciência dos perigos. Estou mais compreensiva, mais disposta para as relações entre as pessoas” “Tenho dado mais atenção à minha filha.” Respostas face ao comportamento podem indicar dificuldade de aceitação e até mesmo a negação da crise. Quando os membros do sistema familiar agem de

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forma similar, a situação, ao limite pode instaurar uma área de resistência em torno do indivíduo e da família. Quanto a imagem corporal: conscientização da alteração. “Não vou ficar igual... estou diferente!” É importante salientar que cada indivíduo enfrenta um processo singular, logo, a resolução da perda da imagem corporal é um processo gradual. A região do corpo afetada também altera as expressões de aceitação. Os estudos vão de encontro com as defesas de Königová (1992); indivíduos com queimaduras visíveis, face e mãos, relatam maiores transtornos psicológicos, a perda da identidade social. b) Relação com os outros e suporte/apoio A relação com os outros altera-se. Os movimentos de aproximação das figuras vinculativas, seja por dependência, ou aproximação, fica claro nas expressões. Alterações positivas: “Houve uma aproximação com o meu pai.” Alterações negativas: “Tenho amigos, mas são poucos. Agora sei os que o são verdadeiramente.” Verifica-se que o papel da família é fundamental no processo curativo. A queimadura não afeta apenas o corpo mas atinge toda a pessoa. Até mesmo a família e os amigos podem sentir a dor e angústia causada pela experiência. Como analisado anteriormente, a queimadura gera origina uma perda; além da alteração da imagem corporal pode provocar a perda de amizades, da função exercida na sociedade, de forma temporária ou definitiva.

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c) Reação ao acidente Ainda que a experiência seja totalmente particular para cada individuo, o estudo verificou que a reação ao acidente é negativa em todos os períodos. Em exceção aos primeiros meses após a lesão quando as expressões apresentam negação à alteração, indo de encontro com a opinião de McSweeney (1990); alguns nunca chegam a fase de aceitação, mesmo alcançando a reintegração social, continuam questionando internamente seu pertencimento à sociedade. “Não passou de um acidente... Não temo nada esta arte, depois disso já cheguei a meter fogo nas festas” “Aceitei tudo e agradeço por não ter acontecido pior.” Conclusão • A queimadura pode provocar alterações na identidade do Eu. • Ainda que o individuo integre a queimadura em sua própria vida, não aceita a lesão. • A maioria dos entrevistados enumeraram a família como principal fonte de apoio. • A reação do acidente é muito específica mas o sentimento de dor é comum em todos os casos. Esse item demonstra como o estudo é limite aos seus entrevistados porém, sua contribuição abre espaço à novas investigações para definição de padrões comportamentais de indivíduos que possam vivenciar acidente com queimadura.

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Artigo 5 - Scielo.org Fatores biopsicossociais que interferem na reabilitação de vítimas de queimaduras: revisão integrativa da literatura Autor(es): Natália Gonçalves, Maria Elena Echevarría-Guanilo, Fernanda de Loureiro de Carvalho, Adriana Inocenti Miasso, Lidia Aparecida Rossi. Rev. Latino-Am. Enfermagem - Maio-Jun. 2011

1. Como eu obtive essa informação? Por meio de pesquisas integradas no site Scielo a partir das palavras burned victims - rehabilitation - queimadura - reabilitação. 2. Por que esse dado entrou na pesquisa (expectativas)? Este artigo explora, entre outros fatores, como a personalidade e comportamentos prévios à queimadura podem influenciar a reabilitação do indivíduo. O estudo vai de encontro com um dado levantado no Fichamento nº1, a respeito do processo evolutivo particular da vítima de queimadura: “Uma teoria que poderia explicar esta situação seria a de que em geral as pessoas que são capazes de manter expectativas positivas, mesmo quando encontram obstáculos, continuarão a tentar atingir os seus objetivos. No entanto, as pessoas com expectativas negativas terão maior probabilidade de desistir de posteriores tentativas”. Ainda, o estudo apresenta dados médicos importantes sobre a queimadura, relação de grau, extensão e dor, e alerta para escassez de novos estudos e intervenções que visem a reintegração social do indivíduo. 3. Como este dado modifica o meu projeto? Novamente o dado atesta a relação do olhar, que tenho intenção em explorar no meu projeto, e levanta a questão da falta de iniciativas alternativas à reabilitação da vítima de queimadura, movendo ainda mais meu anseio em levantar reflexões sobre esta experiência. Fichamento

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O estudo teve como objetivo identificar os fatores biopsicossociais que influenciam a reabilitação de vítimas de queimadura. Os fatores mais frequentemente associados ao processo de reabilitação foram: estado de saúde mental prévio ao acidente, estratégias de enfrentamento e apoio da família, além da gravidade da queimadura e da superfície corporal queimada. Introdução É sabido que os fatores biológicos afetados pela queimadura devam ser tratados e administrados de forma que a vítima possa se adaptar após o período de internação. O que não deve ser esquecido é que vivemos em um ambiente social onde somos influenciados e influenciamos o comportamento de outras pessoas. Segundo a literatura, fatores como a área total de superfície corporal queimada (SCQ), idade, sexo, etnia, profundidade da queimadura, local da lesão e dor, podem predispor a má reabilitação física, social e psicológica e a piora do estado geral de saúde. Queimaduras que afetaram áreas expostas do corpo provocam diminuição de auto estima e sentimentos associados ao trauma como angústia, estresse, medo, ansiedade que podem dificultar a reabilitação. Uma queimadura grave exige cuidados contínuos com a pele após o período de internação e durante tempo indeterminado. Este estudo procurou identificar, por meio de revisão integrativa de literatura, os fatores biopsicossociais que interferem na reabilitação das pessoas que sofreram queimadura. Referencial teórico-metodológico A revisão interativa da literatura consiste em analisar vários estudos com diferentes metodologias (no caso, quantitativa e qualitativa), em um mesmo trabalho, construindo uma nova concepção sobre determinado tópico. Uma vez que é baseada em evidência, é utilizado de forma recorrente por profissionais da enfermagem que visam aprimorar o cuidado com o paciente. Após estabelecer a questão norteadora do estudo, “quais os fatores biopsicossociais que interferem no processo de reabilitação das pessoas que sofreram queimadura?”, selecionar artigos e critérios de inclusão, avaliar os artigos

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9.2 Fichamentos empatia

incluídos e interpretar os resultados, foram identificadas três categorias: 1- fatores relacionados ao apoio social e emocional, 2- fatores psicológicos e 3- fatores associados ao trauma e à gravidade da queimadura. A amostra final compreendeu 45 artigos (quatro encontrados na base de dados LILACS, três na base SciELO e 39 na PubMed). Discussão O processo de reabilitação de uma vítima de queimadura é extremamente complexo e requer o trabalho de uma equipe multidisciplinar que deve promover a adaptação, incluindo a recuperação física, psicológica e social. Entre os diversos fatores que podem influenciar a reabilitação do indivíduo, a SCQ (área total de superfície corporal queimada), foi apontada como indicativo de pior ajustamento e qualidade de vida. Quanto maior a SQS, maiores serão as dificuldades com atividades da casa, do cuidar do corpo, da mobilidade, na integração social e, principalmente, do retorno ao trabalho. Cabe destacar que a maior extensão SCQ está associada a maior tempo de hospitalização e maior visibilidade das lesões. Ainda, o quadro maior SQC e queimaduras em áreas super expostas, como mãos e face, podem aumentar a chance de desenvolvimento de depressão, além de estarem relacionadas à limitação de atividades sociais e ocupacionais. Foi identificado nos resultados que o estado de saúde mental pré-queimadura, assim como experiências negativas prévias e a personalidade do individuo, influem diretamente no estado emocional à longo prazo pós-queimadura. A personalidade também pode influenciar o aparecimento do estresse pós-traumático, transtorno de ansiedade decorrente de evento traumático, e está relacionada ao enfrentamento individual. Como dito anteriormente, a queimadura é um evento traumático tanto ao organismo quanto às percepções, sentimentos e reações psicológicas à lesão, às quais nem sempre as vítimas estão prontas para enfrentar. A queimadura não afeta somente à vítima mas toda a sua família que deverá ser incluída no planejamento do cuidado, à fim de obtenção de melhores resultados e reabilitação de todos os membros após o acidente. O apoio social de familiares, amigos e pessoas significativas foi outro fator importante encontrado nesta revisão.

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9.2 Fichamentos empatia

A lesão e suas consequências são vividas em conjunto pelos membros, gerando condições de fragilidade e vulnerabilidade, tanto pela lesão em si, quanto pelas condições financeiras decorrentes dela. Além da família, outras fontes importantes de apoio social e emocional foram apontadas pelos estudos: amigos, a comunidade e os profissionais da saúde. A equipe médica foi considerada tanto na realização dos cuidados físicos quanto na criação de um local emocionalmente seguro nas instituições. A dor provocada pela queimadura foi apontada nesta revisão como fator que dificulta a reabilitação. Desencadeada tanto pela destruição celular do local quanto pela reação inflamatória, a qual estimula ainda mais as terminações nervosas. a dor no paciente queimado frequentemente está associada à ansiedade e à realização de procedimentos dolorosos. Apesar de nas queimaduras de terceiro grau haver perda das terminações nervosas e consequentemente ausência de dor, há sempre regiões adjuntas onde a queimadura pode ser de segundo grau. A dor pode ser subestimada pelos profissionais de saúde, principalmente no que diz respeito às crianças pois ainda não há consenso nem métodos efetivos de avaliação da dor. O tratamento da dor deve levar em consideração a individualidade do paciente. Sendo assim, é importante que os profissionais de saúde realizem programas de reabilitação com enfoque na individualidade da vítima de queimadura, considerando tanto a recuperação física quanto a completa reabilitação psicossocial. Conclusões A qualidade dos estudos encontrados chama a atenção para a escassa produção de evidências fortes nessa área do conhecimento, que necessita de maiores investigações, visto que suas sequelas têm implicações importantes na reintegração social dessas pessoas. Recomenda-se a realização de estudos experimentais na área de reabilitação psicossocial, com o objetivo de testar intervenções em estudos multicêntricos, para permitir ampliação do tamanho da amostra e produzir evidências científicas confiáveis para a melhoria da qualidade da assistência às vítimas de queimadura.

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9.2 Pesquisa Visual empatia

Pinterest - Board {IED} Mayla Tanferri

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9.2 Pesquisa Visual empatia

Pinterest - Board {IED} Mayla Tanferri

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9.2 Pesquisa Visual empatia

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Bibliografia 10.1. Livros

HASLAM, Andrew. O livro do designer II - Como criar e produzir livros. São Paulo; Rosari, 2010. LUPTON, Ellen. A produção de um livro independente. São Paulo; Rosari, 2011. RONCARELLI, Sarah; ELLICOTT, Candace. Design de Embalagem - 100 Fundamentos de Projeto e Aplicação. São Paulo; Edgard Blucher, 2011. SMITH, Keri. This is not a book. EUA; Perigee Book, 2009. SMITH, Keri. Mess - The manual of accidents and mistakes. EUA; Perigee Book, 2010. SMITH, Keri. Wreck this journal. EUA; Perigee Book, 2007. SMITH, Keri. Finish this book. EUA; Perigee Book, 2011. LEE, Susy. Mirror. Nova Iorque; Seven Footer Press, 2010. GUERRERO, Agustina. Diario de una volátil. EUA; Lumen, 2014. PARKER, Steve. O livro do corpo humano. São Paulo; Ciranda Cultural, 2008. Cap. Pele, pêlos e unhas - p. 146-153

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10 Bibliografia empatia

10.2. Artigos

Siviero do Vale, Everton Carlos. Primeiro atendimento em queimaduras: a abordagem do dermatologista. Trabalho realizado no Serviço de Dermatologia, Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. jan. 2005. Manuel Pinto, José; Silva Montinho, Luís Miguel; Coelho Gonçalves, Pedro Ricardo. O Indivíduo e a Queimadura: as alterações da dinâmica do subsistema individual no processo de queimadura. Referência, revista de enfermagem, Coimbra. III Série - n.° 1 - jul. 2010. Gonçalves, Natália; Echevarría-Guanilo, Maria Elena; de Loureiro de Carvalho, Fernanda; Inocenti Miasso, Adriana; Aparecida Rossi, Lidia. Fatores biopsicossociais que interferem na reabilitação de vítimas de queimaduras: revisão integrativa da literatura. Revista LatinoAmericana Enfermagem, São Paulo. maio-jun. 2011. MANARINI, Thaís. A dieta para cicatrizar bem. Revista Saúde é vital, São Paulo. n.° 376 - p. 32-35 - abr. 2010.

10.3. Sites

http://www.queloide.com.br/ [acesso em: 01 11 2014] http://burnsurvivor.com/pressure_garments [acesso em: 01 11 2014] http://knowledgetransferhw.wordpress.com/tag/dm-orthotics/ [acesso em: 01 11 2014]

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10 Bibliografia empatia

http://www.usp.br/agen/?p=175299 [acesso em: 01 11 2014] http://www.elmundo.es/salud/2014/04/26/535a455c268e3e4a688b4573. html [acesso em: 01 11 2014] http://mais.sortimentos.com/casos-de-queimaduras-aumentam-ate-30/ [acesso em: 01 11 2014] http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2013/06/ ocupacao-de-leitos-no-hc-do-setor-de-queimados-e-alta-em-uberlandia. html [acesso em: 01 11 2014] Burns: Classification and Treatment, Nucleus Medical Media. https://www. youtube.com/watch?v=Dsvtzwp4nG8 [acesso em: 01 11 2014] http://www.kcet.org/arts/artbound/counties/los-angeles/scarred-for-lifeted-meyer-learning-resource-center-gallery.html [acesso em: 01 11 2014] http://zigzagcityguides.bigcartel.com/about [acesso em: 01 11 2014] http://walkingontravels.com/2012/11/11/dive-into-rome-with-zig-zag-cityguides/ [acesso em: 01 11 2014] http://www.intrinseca.com.br/blog/2013/11/conheca-a-criadora-dedestrua-este-diario/ [acesso em: 01 11 2014] http://www.kerismith.com/popular-posts/100-ideas/ [acesso em: 01 11 2014] http://guerreroagustina.blogspot.com.br/ [acesso em: 01 11 2014] http://linetship.free.fr/Blog/ [acesso em: 01 11 2014]

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Trabalho de conclusão de curso | Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico | Faculdade de Tecnologia do Istituto Europeo di Design | IED Mayla Tanferri Meliani | Empatia | são paulo, novembro de 2014


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