Woodstock - Contracultura Jovem, Moda e Design

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woodstock CONTRAcultura JOVEM MODA E DESIGN

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woodstock CONTRAcultura JOVEM, MODA E DESIGN 3


GERENTE EDITORIAL Miguel de Frias EDITORA Companhia Das Letras PREPARAÇÃO Giovana Stefanelli PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Giovana Stefanelli e Maysa Couto CAPA Maysa Couto REVISÃO Miguel de Frias IMPRESSÃO Quatro Cor Gráfica

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Copyright 2013 by Pericles Chamber Todo o conteúdo utilizado é para fins acadêmicos. Todos os direitos desta edição são reservados a Internet. Rua Rio Bonito, 123, São Paulo, SP CEP-0212-212-20 Telefone: (11) 3383-3830 Site: http://www.companhiadasletras.com.br E-mail: companhia@companhia.com.br


Sumรกrio 1. Contracultura 2. A Guerra no Vietnรฃ 3. Woodstock 4. Moda 5. Design

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CONTRACULTURA 6


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começo do movimento

Para muitos, a era mais sinônimo de música de protesto é a era da Guerra do Vietnã desde o final da década de 1950 até a década de 1970. Bob Dylan usou sua música para aproveitar o que uma geração inteira estava sentindo durante esse tempo, com “Masters of War”, muitas vezes considerado a melhor música de protesto já escrita. A última pergunta colocada em sua música de 1963 “Blowin ‘in the Wind”, “quantas mortes serão levadas até que ele saiba, que muitas pessoas morreram” capta a crescente raiva e indignação com as baixas da guerra e o crescente social movimento do pacifismo e da cultura hippie. “O Times They Are-a-Changin” encapsula perfeitamente essa mudança do conservadorismo e da repressão para uma cultura mais livre e orientada para a juventude, que questionou abertamente a validade da guerra e da intervenção militar. A era da Guerra do Vietnã viu uma onda de músicos usando sua plataforma para protestar, assim como o movimento dos Direitos Civis liderado pelo Dr. Martin Luther King e outros. Desde a sua gênese em Nova York no final da década de 70, a música rap sempre foi um veículo de protesto político. “A Mensagem” do Grandmaster Flash e do Furious Five é um dos primeiros exemplos de rappers que usam sua música para esclarecer a realidade da vida na América urbana, uma realidade que foi ignorada sob as administrações de Reagan e Nixon. Dá-lhe um vislumbre da desesperança e do abandono sentidos por aqueles que vivem em uma paisagem urbana em rápida deterioração e piora e em sua raiva para o estabelecimento. O ‘Fight The Power’ do Enemy do Public Enemy é um chamado de ação para a ação, exigindo que as comunidades marginalizadas se levantem e recuperem seu poder do estabelecimento. N.W.A ‘F * ck Tha Police’, que causou indignação quando foi lançado,

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Foto por: History Channel

A música e a política sempre foram juntas. Os artistas sempre usaram seu trabalho para protestar e aumentar nossa consciência de injustiça social, raiva e opressão. “Strange Fruit”, de Billie Holiday, protestou contra o horrível racismo sofrido pelos afro-americanos em um momento em que os linchamentos atingiram um pico nos estados do sul. A música tradicional irlandesa é sinônimo de protesto, dos tons Wolfe, aos Cranberries. Até mesmo o hino nacional está enraizado na música de protesto. Na Grã-Bretanha, o Choque e os Sex Pistols chegaram à fama ao usar sua música para protestar contra o Thatcherismo, a raça a conformidade social e a Coroa. No final de sua carreira juntos, The Beatles começou a expressar suas visões contra a guerra, com John Lennon sendo especialmente vocal. Suas músicas ‘Imagine e ‘Give Peace a Chance’ são ambas consideradas como um hino do movimento anti-guerra.

protesta contra o perfil racial, intimidação e brutalidade do LAPD, e conseguiu incorrer na ira do FBI. N.W.A consistentemente usou sua música para refletir a realidade de seus bairros e a injustiça e marginalização enfrentada por aqueles que vivem nos bairros negros do sul de Los Angeles.

PROTESTOS Jan Rose Kasmir (nascida em 1950) é uma exestudante de ensino médio que participou do protesto contra o envolvimento dos EUA no Vietnã, em Washington DC, onde milhares de ativistas antiguerra haviam se reunido em frente ao Pentágono em 21 de outubro de 1967 e foi fotografada pelo famoso fotógrafo francês Marc Riboud. A foto de Jan Rose Kasmir (na época com 17 anos) com uma flor nas mãos e um olhar gentil em seus olhos, em pé na frente de vários soldados empunhando fuzis e parados para bloquear os manifestantes, se tornou


um símbolo bem conhecido de luta pela paz e resistência nãoviolenta .

A manifestação resultou em alguns dos primeiros confrontos violentos do movimento anti-guerra. Os soldados e agentes federais usaram gás lacrimogêneo na multidão tentando forçar sua saída de dentro do edifício. Seiscentos e oitenta e um manifestantes foram presos, e dezenas foram espancados enquanto eram empurrados para fora das instalações do Pentágono. A violência, memoravelmente narrada no relato em primeira mão pelo romancista Norman Mailer em “Os Exércitos da Noite” (The Armies of the Night), concentrou a atenção do mundo sobre os esforços de paz como nunca antes.

Foto por: History Channel

De história da Universidade de Georgetown professor Michael Kazin disse “uma das razões que a fotografia tornou-se famosa é a de que houve um esforço para conversar com os soldados, para convencê-los a lançar as suas armas e se juntar a nós.”. Kazin, um manifestante do Pentágono companheiros em 1967, escreveu o livro 2000 América Dividida: A Guerra Civil da década de 1960.

Protesto em frente a casa branca, 1964

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A famosa foto ‘‘ A flor e o fuzil’’ no qual tornou Jan Kasmir conhecida

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Foto por: History Channel


Foto por: Jim Marsha

JOhn f. Kennedy

John Fitzgerald Kennedy (1917-1963) foi um político norte-americano, eleito presidente em 1960 e assassinado em 1963. Foi o mais jovem presidente eleito nos Estados Unidos. Foi o primeiro norte-americano de ascendência irlandesa e religião católica a ocupar a Casa Branca. Nasceu em Brookline, Massachusetts, Estados Unidos, no dia 29 de maio de 1917. Kennedy alistou-se no exército, mas pela saúde frágil não foi aceito. Entrou na Marinha, em 1941, sendo designado para o Serviço de Inteligência Naval. A guerra prosseguia, em julho de 1942 alistou-se para integrar a tripulação de barcos torpedeiros. No comando de uma patrulha em Tulagi, uma das Ilhas Salomão, no Pacífico Sul, foi atacado por um destroyer japonês. Conseguiu salvar sua tripulação. Seis dias depois os sobreviventes foram resgatados. Tornou-se um herói da Guerra do Pacífico. Em abril de 1946, candidatou-se para Câmara dos Deputados por Massachusetts, com seu irmão Robert participando da campanha. Em novembro com uma vitória esmagadora dá início a sua carreira política e foi reeleito em 1948 e em 1950. No dia 2 de janeiro de 1960 anunciou oficialmente sua candidatura para presidente. Em julho de 1960 consegue sua primeira vitória, foi indicado para candidato à presidência do Partido Democrata. Em 30 de janeiro de 1961, Kennedy fez seu primeiro pronunciamento oficial

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Sociedade chocada com a morte do presidente

no Congresso. Em seu governo enfrentou além da miséria, a discriminação racial, o comunismo na América Latina, especialmente em Cuba, conflitos na África, guerras civis e compromissos de assistência com os países do sudeste da Ásia, a aceleração da corrida armamentista e a guerra fria entre Estados Unidos, União Soviética e China. Em março de 1961 aprovou a formação do Corpo da Paz, chefiado por Robert Shriver, seu cunhado, formado por grupos voluntários norte-americanos, a serviço de nações menos desenvolvidas. Em abril, fracassa na tentativa de invasão de Cuba na Bahia dos Porcos. Em março de 1962 anuncia a retomada dos testes nucleares na atmosfera. No dia 22 de novembro de 1963, durante uma visita à cidade de Dalas, no Texas, John Fitzgerald Kennedy e Jaqueline, desfilando em carro aberto, sorriam e acenavam para o povo. O cortejo entrou na praça Dealey e de repente da janela do sexto andar de um depósito de livros, um homem apontou uma arma e atirou. O Presidente Kennedy foi atingido fatalmente por duas balas, uma na garganta e outra na cabeça. Os tiros foram disparados por Lee Oswald, que foi preso e dois dias depois foi morto a tiros diante das câmeras de televisão por Jack Ruby. John Kennedy foi enterrado no dia 25 de novembro de 1963, no Cemitério Nacional de Arlington, com a presença de 92 líderes de outras nações.


Foto por: Site oficial

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A GUERRA NO VIETNÃ 15


Foto por: Google Foto por: Google

O CONFLITO

Mulher sendo recrutada do Vietnã do Sul

A Guerra do Vietnã, que aconteceu entre os anos de 1959 e 1975, é tida como o conflito armado mais violento que aconteceu na segunda metade do século XX, ocorrendo nos territórios do Vietnã do Norte, Vietnã do Sul, Camboja e Laos. Ele não foi apenas o mais violento, como também o mais longo a acontecer logo após a Segunda Guerra Mundial.

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Cidadão observando soldados


Para que seja possível entender o porquê da Guerra do Vietnã, é necessário que conheçamos um pouco da história da região onde ocorreu tal conflito. Quando aconteceu a Segunda Guerra Mundial, o Japão invadiu e dominou uma região conhecida como Indochina. Parte desse território era formada por Laos, Camboja e Vietnã, que viviam sob o domínio francês, mas já ansiavam pela independência. Tentando reagir a invasão, os vietnamitas formaram a Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã, que era ligada ao partido comunista. Eles tinham como líder Ho Chi Minh, um líder revolucionário que assim como todo o povo queriam a independência do país.

Quando a Segunda Guerra Mundial chegou ao fim teve início o processo de descolonização, que culminou na luta entre os guerrilheiros do Viet-Minh e as tropas francesas. Com a derrota, os franceses foram obrigados a aceitar a independência, e em 1954 na Conferência de Genebra, que havia sido convocada para negociar a paz, a França reconheceu a independência do Vietnã, Laos e Camboja. Também ficou definido que o Vietnã passaria agora a ser subdivido em dois: Vietnã do Norte. que seria governado por Ho Chin Minh, Socialista e Vietnã do Sul, governado por Ngo Dinh Diem, capitalista e aliada dos Estados Unidos.

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Foto por: Google


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Com as diferenças políticas existentes entre o Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul, era claro que havia no ar um clima de instabilidade no que dizia respeito a paz entre eles. Era difícil que um socialista e um capitalista conseguissem viver bem, lado a lado, com tantas diferenças políticas e ideologias tão próximas. Em 1959, os guerrilheiros comunistas chamados de vietcongues, atacaram uma base norte-americana que existia no Vietnã do Sul, sob o apoio de Ho Chi Minh e dos soviéticos. A partir deste momento estava dada início a Guerra do Vietnã. Os Estados Unidos e a União Soviética se tornaram parceiros, mesmo que de maneira indireta, com os países que se enfrentavam. Desde o início da Guerra, em 1959, até o ano de 1964, apenas o Vietnã do Norte e o do Sul se enfrentaram. A partir de 1964 os Estados Unidos deixaram de apoiar indiretamente a guerra e passaram a assumir que estavam realmente de dentro. Enviaram armamentos e soldados, que por não conhecerem muito bem o território, repleto de florestas tropicais fechadas e uma enorme quantidade de chuva, sofreram bastante. Os vietcongues possuíam vantagem por conhecer cada centímetro do local onde estavam guerrilhando, e enquanto os EUA utilizavam de armamentos modernos e helicópteros, os vietcongues faziam usos de táticas de guerrilha que só eles dominavam. Essa falta de preparação dos norteamericanos em lidar com um ambiente desconhecido, lhe

renderam a derrota no final da década de 1960. Aproveitando a oportunidade, em 1968 os vietnamitas do norte invadiram o Vietnã do Sul, dominando a embaixada dos Estados Unidos. Isso causou uma retaliação das tropas norte-americanas e do próprio Vietnã do Sul, que culminou no momento mais sangrento de toda guerra.

O fim da guerra Enquanto o governo dos Estados Unidos continuava envolvido com a guerra, os jovens norte-americanos, faziam protestos contra a permanência do país no conflito. No início do ano de 1979, grupos pacifistas e a população civil em geral faziam campanhas nas ruas pedindo que o governo retirasse as tropas e retornasse com seus soldados para o país. A tv mostrava a todo momento as cenas bárbaras daquele conflito, milhares de soldados norte-americanos morrendo, e suas famílias em pânico sem nada poder fazer. Como não estava conseguindo nenhum sucesso na guerra, tendo várias derrotas consecutivas, e também não contando com o apoio da população, em 1975 o governo dos EUA aceita o Acordo de Paris, retirando todas as suas tropas do Vietnã. O Vietnã do norte se declarava vitorioso, a partir daquele momento. Em 2 de julho de 1976 Vietnã foi reunificado sob o regime comunista, aliado da União Soviética.

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Em Junho de 1963, O Vietnamita e monge budista Mahayana Thích Quang Duc fez a auto-imolação, em protesto às políticas pró-católicos do regime sul-vietnamitas Diem e leis discriminatórias budistas, até a morte em um cruzamento movimentado em Saigon.

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Sri Satcha foi um guru que fez o discurso de abertura do evento


‘‘Meus queridos irmãos e irmãs, a música é um som celestial, e é o som que controla todo o universo, não vibrações atômicas. Som energético, som poderoso, é muito, muito melhor do que qualquer outro poder nesse mundo. E, uma coisa que eu gostaria muito de desejar para todos lembrarem é que com o som, nós criamos e ao mesmo tempo, quebramos.’’ - Sri Swami Satchidananda

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o evento

Mesmo considerado um investimento arriscado, o projeto foi montado tendo em vista retorno financeiro. Os ingressos passaram a ser vendidos em lojas de disco e na área metropolitana de Nova York, ou via correio através de uma caixa postal. Custavam 18 dólares(aproximadamente 75 dólares em valores atuais), ou 24 dólares se adquiridos no dia. Aproximadamente 186.000 ingressos foram vendidos antecipadamente, e os organizadores estimaram um público de aproximadamente 200.000 pessoas. Não foi isso que aconteceu, no entanto. Mais de meio milhão de pessoas compareceram, derrubando cercas e tornando o festival um evento gratuito.

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Foto por: Google

O Festival de Woodstock surgiu dos esforços de Michael Lang, John P. Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld. Roberts e Rosenman, que entrariam com as finanças, colocaram um anúncio sob o nome de Challenge International, Ltd., no New York Times e no Wall Street Journal (“Jovens com capital ilimitado buscam oportunidades de investimento legítimas e interessantes e propostas de negócios”).Lang e Kornfeld responderam o anúncio, e os quatro reuniram-se inicialmente para discutir a criação de um estúdio de gravação em Woodstock, mas a ideia evoluiu para um festival de música e artes ao ar livre

Max e Mirian Yasgur cederam sua fazenda para o evento acontecer

Michael Lan, um dos fundadores do Woodstock

Foto por: Google

O festival exemplificou a era da contracultura do final da década de 1960 e começo de 70. Trinta e dois dos mais conhecidos músicos da época apresentaram-se durante um fim de semana por vezes chuvoso, para 400 mil espectadores. Apesar de tentativas posteriores de emular o festival, o evento original provou ser único e lendário, reconhecido como um dos maiores momentos na história da música popular.

Foto por: Google

Woodstock Music & Art Fair foi um festival de música realizado entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969 na fazenda de 600 acres de Max Yasgur na cidade de Bethel, no estado de Nova York, Estados Unidos. Anunciado como “Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música”, o festival deveria ocorrer originalmente na pequena cidade de Wallkill, mas os moradores locais não aceitaram, o que levou o evento para a pequena Bethel.


Foto por: Google

Este influxo repentino provocou congestionamentos imensos, bloqueando a Via Expressa do Estado de Nova York e eventualmente transformando Bethel em uma “área de calamidade pública”. As instalações do festival não foram equipadas para providenciar saneamento ou primeiros-socorros para tal multidão, e centenas de pessoas se viram tendo que lutar contra mau tempo, racionamento de comida e condições mínimas de higiene

Embora o festival tenha sido reconhecidamente pacífico, dado o número de pessoas e as condições envolvidas, houve duas fatalidades registradas: a primeira resultado de uma provável overdose de heroína, e a outra após um atropelamento de trator. Houve também dois partos registrados (um dentro de um carro preso no congestionamento e outro em um helicóptero), e quatro abortos.

A Via Expressa de NY totalmente congestionada

Ainda assim, em sintonia com as esperanças dos anos 60, Woodstock satisfez a maioria das pessoas que compareceram. Mesmo contando com uma qualidade musical excepcional, o destaque do festival foi mesmo o retrato comportamental exibido pela harmonia social e a atitude de seu imenso público.

Muitas pessoas saiam de seus carros para relaxar

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“Eu fui ao Woodstock em 69, e realmente mudou minha vida. Sem dúvida, foi o único evento que realmente mudou a maneira como eu sentia sobre música. Até esse ponto, eu realmente não tinha pensado em mim como músico, e eu realmente não tinha muito interesse na música pop.” - Edgar Winter

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Foto por: Revista Life

OS HIPPIES

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a ser copiados posteriormente pelos hippies. Com a palavra “beat”, John Lennon, transformado em um dos principais porta-vozes pop do movimento hippie, criou o nome da sua banda - The Beatles. Tanto o termo beatnik como o termo hippie assumiram sentido pejorativo para a grande massa norte-americana. Nos anos 1960, muitos jovens passaram a contestar a sociedade e a pôr em causa os valores tradicionais e o poder militar e econômico. Esses movimentos de contestação iniciaram-se nos Estados Unidos, impulsionados por músicos e artistas em geral. Os hippies defendem o amor livre e a não violência. O lema “Paz e Amor” sintetiza bem a postura política dos hippies, que constituíram um movimento por direitos civis, igualdade e anti militarismo nos moldes da luta de Gandhi e Martin Luther King, embora não tão organizadamente, mantendo uma postura mais anárquica do que anarquista propriamente, neste sentido. Como grupo, os hippies tendem a viver em comunidades coletivistas ou de forma nômade, vivendo e produzindo independentemente dos mercados formais. Usam cabelos e barbas mais compridos do que era considerado “elegante” na época do seu surgimento. Muita gente não associada à contracultura da década de 1960 considerava os cabelos compridos uma ofensa, em parte por causa da atitude iconoclasta dos hippies, às vezes por acharem “antihigiênicos” ou os considerarem “coisa de mulher”. Foi quando a peça musical Hair saiu do circuito chamado offBroadway para um grande teatro da Broadway em 1968 que a contracultura hippie se massificou.

O movimento hippie foi um comportamento coletivo de contracultura dos anos 1960. Embora tendo uma relativa queda de popularidade nos anos 1970 nos Estados Unidos, o movimento apenas ganhou mais força em países como o Brasil somente a partir dessa década. Uma das frases associadas a este movimento foi a célebre máxima “paz e amor” (em inglês, “peace and love”), que precedeu a expressão “ban the bomb” (“proíbam a bomba”), a qual criticava o uso de armas nucleares. As questões ambientais, a prática de nudismo e a emancipação sexualeram ideias respeitadas recorrentemente por estas comunidades.

Muitos hippies fizeram uso da cachoeira para se banhar no festival

O termo derivou da palavra em inglês hipster, que designava as pessoas nos Estados Unidos que se envolviam com a cultura negra, como Harry The Hipster Gibson. A eclosão do movimento foi antecedida pela chamada Geração Beat, os beatniks, uma leva de escritores e artistas que assumiram os comportamentos que viriam

Foto por: Revista Life

Optaram por um modo de vida comunitário, tendendo a uma espécie de Libertarianismo, a um estilo de vida nômade e à vida em comunhão com a natureza. Negavam o nacionalismo e a Guerra do Vietnã, bem como todas as guerras. Abraçavam aspectos de religiões orientais como o budismo e o hinduísmo e das religiões das culturas nativas norte-americanas. Estavam em desacordo com valores tradicionais da classe média americana e das economias capitalistas. Enxergavam o patriarcalismo, o militarismo, o poder governamental, as corporações industriais, a massificação, o capitalismo, o autoritarismo e os valores sociais tradicionais como parte de uma instituição única sem legitimidade.

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Os Hippies não pararam de fazer protestos contra a Guerra do Vietnã. A massa dos hippies eram soldados que voltaram depois de ter contato com os Indianos e a cultura oriental e que, a partir desse contato, se inspiraram na religião e no jeito de viver oriental para protestarem contra o estilo de vida ocidental. Seu principal símbolo era a figura circular com três intervalos iguais.

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Foto por: Getty Images


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sonho americano O American way (em português, ‘jeito ou estilo americano’) ou American way of life (‘estilo americano de vida’) é a expressão aplicada a um estilo de vida que funcionaria como referência de auto-imagem para a maioria dos habitantes dos Estados Unidos da América. Seria uma modalidade comportamento dominante e expressão do ethos nacionalista desenvolvido a partir do século XVIII, cuja base é a crença nos direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade, como direitos inalienáveis de todos americanos, nos termos da Declaração de Independência. Pode-se relacionar o American way com o American Dream. Durante a Guerra Fria a expressão era muito utilizada pela mídia para mostrar as diferenças da qualidade de vida entre as populações dos blocos capitalista e socialista. Naquela época, a cultura popular americana abraçava a ideia de que qualquer indivíduo, independente das circunstâncias de sua vida no passado, poderia aumentar significativamente a qualidade de sua vida no futuro através de determinação, do trabalho duro e da habilidade. Politicamente, o American way implica a crença da “superioridade” da democracia americana, fundada no livre mercado e na competição sem limites.

Muitas roupas eram compradas pelo catálogos das marcas

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As mulheres que trabalharam durante a guerra voltavam a ser donas de casa para cuidar dos maridos e filhos, o que agregava um grande valor social, trazendo uma valorização da imagem de mulher mais feminina. Essa imagem refletia no modo de se vestir. Os vestidos e saias rodadas (com estampas de listas, flores, xadrez) estavam em foco, a silhueta ampulheta voltava a ser valorizada, o uso de belas lingeries, peles de animais que davam status, maiôs de banho, óculos de gatinho e luvas eram as peças mais usadas da época. Com o cinema colorido, as maquiagens também começaram a ficar em foco, o uso de batons, sombras, blushs com corem fortes eram muito usados. Nos cabelos eram feitos penteados mais elaborados (o que foi deixando de lado os chapéus) e os sapatos geralmente combinavam com as cores roupas e tinha as pontas arredondadas.

‘‘ Era como se fosse uma explosão de cor em todos os cantos das ruas das cidades da época, os jovens não se vestiam para ter status social e sim ser quem eles queriam ser ’’

A moda hippie Os hippies (derivados da palavra hipster) foram o resultado natural do movimento Beat na década de 1950. Interessado em um estilo de vida alternativo e rebelião contra uma sociedade cada vez mais conformista e repressiva, eles estavam focados na liberdade e voltando para a natureza. A roupa de Hippie era geralmente solta e feita de fibras naturais, como algodão e cânhamo. Os homens e as mulheres cresceram o cabelo por muito tempo e evitavam os produtos e o estilo exagerado (embora, ao contrário da crença popular, eles ainda fossem shampoo). As gargalhadas e as calças pretas usadas pelos Beatniks, masculinos e femininos, se transformam em blusas camponesas e jeans. Qualquer coisa feita a mão, seja costurada, tricotada ou tecida como macramé, foi apreciada. Gradualmente, isso se estendeu para tingir a própria roupa e o colorido estilo Tie-Dye tornou-se popular.

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Os jeans hugger boca de sino, de preferência com franja nos remendos de tornozelo e flor, foram vistos em todos os lugares. Blusas camponesas, t-shirts, ou apenas um top que combinasse com jeans. Os acessórios eram feitos a mão, e muitos incluíam símbolos de paz à medida que a Guerra do Vietnã aumentava.

Na moda das senhoras dos anos 60, as saias e os vestidos não eram nada como o que foi visto nas pistas de aterrissagem. Não desde a década de 1920, a moda mudou tão radicalmente, e a juventude define o que era aceitável. As hemlines que chocaram os conservadores na década de 1920 quase deram algumas pessoas na década de 1960, enquanto as meninas com boas pernas exibiam mini e até micro mini saias. Uma saia curta estava desgastada com botas de camurça de joelho no tempo frio, ou sandálias em dias quentes de verão.

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Os vestidos eram curtos e desnatados pelo corpo, ou eram vestidos longos, soltos de camponeses ou de granny. Um vestido campones refletiu uma donzela renascentista, e as fitas fluindo nos cabelos e no vestido muitas vezes aumentaram o aspecto. Claro, também havia flores. Dois dos padrões mais populares em roupas de hippie eram florais, misturas de estampas e tie-dye, mas havia outros que apareceram repetidamente na roupa de espírito livre que eles usavam. Geralmente, havia um pouco de cor e as roupas podiam envolver: desenhos psicodélicos, op art, cores vivas, contrastantes e patchwork ( junção de pedaços de diferentes tecidos). O traje desse movimento era composto de calças de jeans, pantalonas com boca de sino, e no lugar de camisas e blusas, ambos os sexos usavam batas indianas, como apego a culturas distantes deste mundo massificado e corrompido pela guerra e pela sociedade de consumo. A estética hippie é também conhecida como a estética da flor e do amor.

O famoso vestido em patchwork de Yves Saint Laurent

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Os posters de Woodstock

A arte psicodélica é qualquer arte ou exibição visual inspirada em experiências psicodélicas e alucinações conhecidas por seguir a ingestão de drogas psicoativas como LSD e psilocibina.

O primeiro cartaz feito por David Byrd, no qual o foco era sobre a ‘‘Era de Aquário’’ que estava ligado a revolução

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A arte psicodélica É qualquer arte ou exibição visual inspirada em experiências psicodélicas e alucinações conhecidas por seguir a ingestão de drogas psicoativas como LSD e psilocibina. A palavra “psicodélico” (cunhada pelo psicólogo britânico Humphry Osmond) significa “manifestação mental”. Com essa definição, todos os esforços artísticos para descrever o mundo interior da psique podem ser considerados “psicodélicos”. Em linguagem comum, “arte psicodélica” refere-se acima de tudo ao movimento artístico da contracultura do final da década de 1960. As artes visuais psicodélicas eram uma contrapartida da música rock psicodélica.

David Byrd \\ Nasceu em 4 de abril de 1941, no que é agora Cleveland, Tennessee , [1] e foi criado em Miami Beach \\ Depois de se formar, David mudou-se para a cidade de Nova York, onde no início de 1968, começou o trabalho para Bill Graham para locais no novo Fillmore East Ballroom \\ Em 1969 David criou o cartaz original para o lendário Festival de Woodstock \\ Ele e Fantasy Unlimited criaram cartazes para Jimi Hendrix , Iron Butterfly , Jefferson Airplane

Cartazes de concertos, capas de álbuns, shows de luz líquida, arte de luz líquida, murais, quadrinhos, jornais subterrâneos e mais refletiu não apenas os padrões de cores caleidoscopicamente de alucinações de LSD, mas também sentimentos políticos, sociais e espirituais revolucionários inspirados em insights derivados desses estados de consciência psicodélicos. A arte psicodélica é informada pela noção de que estados de consciência alterados produzidos por drogas psicodélicas são fonte de inspiração artística. O movimento de arte psicodélico é semelhante ao movimento surrealista, na medida em que prescreve um mecanismo para obter inspiração. Considerando que o mecanismo para o surrealismo é a observância dos sonhos, um artista psicodélico se volta para alucinações induzidas por drogas. Ambos os movimentos têm fortes laços com desenvolvimentos importantes na ciência. Enquanto o surrealista ficou fascinado com a teoria do inconsciente de Freud, o artista psicodélico foi literalmente “ativado” pela descoberta de LSD por Albert Hofmann. Os primeiros exemplos de “arte psicodélica” são literários e não visuais, embora existam alguns exemplos no movimento artístico surrealista, como Remedios Varo e André Masson. Também deve notar-se que eles vieram de escritores envolvidos no movimento surrealista. Antonin Artaud escreve sobre sua experiência peyote em Viagem à Terra do Tarahumara (1937). Henri Michaux escreveu Misérable Miracle (1956), para descrever suas experiências com mescalina e também haxixe.

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FRI. AUG. 15 Joan Beez Arlo Guthrie Tim Hardin Richie Havens Incredible String Band Ravi Shankar Sly And The Family Stone Bert Sommer Sweetwater SAT. AUG. 16 Canned Heat Creedence Clearwater Grateful Dead Keef Harlley Janis Joplin Jefferson Airplane Mountain Quill Santana The Who

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SUN. AUG. 17 The Band Jeff Back Group Blood Sweat and Tears Joe Cocker Crosby, Stills and Naah Jimi Hendrix Iron Butterfly Ten Years After Johnny Winter

ART SHOW Joni Mitchell said, “Woodstock was a spark of beauty” where half-a-million kids “saw that they were part of a greater organism.” According to Michael Lang, one of four young men who formed Woodstock Ventures to produce the festival, “That’s what means the most to me – the connection to one another felt by all of us who worked on the festival, all those who came to it, and the millions who couldn’t be there but were touched by it.” ART SHOW Joni Mitchell said, “Woodstock was a spark of beauty” where half-a-million kids “saw that they were part of a greater organism.” According to Michael Lang, one of four young men who formed Woodstock Ventures to produce the festival, “That’s what means the most to me – the connection to one another felt by all of us who worked on the festival, all those who came to it, and the millions who couldn’t be there but were touched by it.” ART SHOW Joni Mitchell said, “Woodstock was a spark of beauty” where half-a-million kids “saw that they were part of a greater organism.” According to Michael Lang, one of four young men who formed Woodstock Ventures to produce the festival, “That’s what means the most to me – the connection to one another felt by all of us who worked on the festival, all those who came to it, and the millions who couldn’t be there but were touched by it.”


O cartaz Woodstock é um dos mais famosos pôsteres de todos os tempos. Tornou-se o logotipo para o festival e, obviamente, tornou-se uma imagem de toda a mensagem que Woodstock representou. Uma das coisas únicas sobre o cartaz de Woodstock é que todas as bandas tinham seus nomes de igual tamanho. Michael Lang, um dos organizadores originais e aquele que foi fundamental para manter a visão de todo o festival, queria que todos os músicos fossem tratados de forma igual. As listagens da banda estão todas em ordem alfabética, sem que ninguém obtenha “cobrança superior”, pelo menos no próprio cartaz. Isso foi inédito em seu dia e levou algumas ações, tendo em vista as atitudes da maioria das bandas, gerentes e agentes. Ainda conseguiu fazê-lo e este cartaz é um testemunho de sua visão e habilidade para que as bandas compartilhem essa visão.

A experimentação artística precoce com LSD foi conduzida em um contexto clínico pelo psiquiatra de Los Angeles Oscar Janiger. Janiger pediu a um grupo de 50 artistas diferentes para cada um fazer uma pintura da vida de um assunto de escolha do artista. Posteriormente, eles foram convidados a fazer a mesma pintura sob a influência do LSD. As duas pinturas foram comparadas por Janiger e também com o artista. Os artistas quase unanimemente relataram LSD para ser um aprimoramento de sua criatividade. Em última análise, parece que os psicodélicos seriam mais bem abraçados pela contracultura americana. Os poetas beatnik Allen Ginsberg e William S. Burroughs ficaram fascinados por drogas psicodélicas já na década de 1950, como evidenciado por The Yage Letters (1963). Os Beatniks reconheceram o papel dos psicodélicos como inebriantes sagrados no ritual religioso dos nativos americanos e também tinham uma compreensão da filosofia dos poetas surrealistas e simbolistas que pediam uma “completa desorientação dos sentidos” (parafraseando Arthur Rimbaud). Eles sabiam que estados de consciência alterados desempenharam um papel no misticismo oriental. Eles eram hip para psicodélicos como remédio psiquiátrico. O LSD foi o catalisador perfeito para eletrificar a mistura eclética de idéias reunidas pelos Beats em uma panacéia catártica e distribuída em massa para a alma da geração seguinte.

Arnold dando entrevista em 2014 sobre o processo de criação.

O cartaz de Woodstock foi projetado por Arnold Skolnick. Arnold era um designer gráfico em Nova York e foi contratado por John Morris, que era o coordenador de produção do festival e trabalhava para Bill Graham no The Filmore East.Quando a localização do festival foi alterada de Wallkill para Bethel New York, os organizadores precisaram criar um novo cartaz e logotipos e materiais promocionais rapidamente. Morris chamou Skolnik na quinta-feira e pediu-lhe que inventasse algo na segundafeira.

Cartaz para peça GodSpell feito por David Byrd.

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quem fez história Rick Griffin \\ Nasceu na Califórnia e em Los Angeles, vendo os surfistas no mar, começou a desenhá-los e assim desenvolveu sua identidade na arte. \\

Em 1964, frequentou o Instituto se Arte Chouinard.

\\ Em 1967 se juntou a Stanley Mouse, Victor Moscoso e Wes Wilson na Berkeley Agency, uma empresa que criou e comercializou cartazes psicodélicos

Wes Wilson \\ Nasceu em 1937 e é o artista mais conhecido da arte psicodélica, ficando famoso por seus cartazes para a The Fillmore de San Francisco. \\ Sua carreira como artista psicodélico começou quando Wes se juntou a Bob Car, um amigo que abrira uma empresa de impressão em seu porão. \\ Foi o pioneiro na criação da fonte psicodélica, que causava confusão visual, parecendo que está se movendo.

Bonnie MacLean \\ Nasceu na Filadélfia em 1939 e cresceu em Nova Jersey. \\ Mudou-se para Nova York depois de se formar na faculdade, onde trabalhou no Pratt Institute. \\ Foi importante na confecção de cartazes de shows de rock dos anos 60. \\ Os cartazes de MacLean estão expostos em vários museus, como no Museu do Brooklyn

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Stanley Mouse \\

Nasceu em Fresno, na Califórnia.

\\ Influenciado por Wes Wilson, Mouse começou a desenhar cartazes psicodélicos para a Berkeley Agency. \\ Anos mais tarde fundou a Mouse Studios, onde desenhou capas de discos para a banda Grateful Dead. \\ Os cartazes psicodélicos de Mouse foram fortemente influenciados pelo Art Nouveau, particularmente pelas obras de Alphonse Mucha e Edmund Sullivan

Victor Moscoso \\

Nasceu na Galícia em 1936

\\ O único - entre os mais importantes designers psicodélicos - que teve uma educação artística formal, ou seja, cursou uma universidade e tinha alguma experiência na área. \\ Tem como características marcantes as manipulações de imagens através do uso de colagens (sendo ele o percursor desse tipo de técnica nos cartazes psicodélicos), e a vibração e efeito ótico proporcionado pelas cores escolhidas \\ O uso/escolha das cores no trabalho de Moscoso foi totalmente influenciado por um de seus professores de Yale, universidade a qual ele cursou.

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