PETER VON KANT de François Ozon com Denis Ménochet, Isabelle Adjani, Hanna Schygulla França, Alemanha, 2022 – 1h27 | M/16 ESTREIA – 27 OUTUBRO
Ozon regressa a Fassbinder, à sua energia criativa e a um dos seus títulos icónicos, As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, peça de teatro e filme. E se Fassbinder usava o mundo da moda e personagens femininas para “transpor” uma história de amor e infelicidade que era sua, Ozon, ao revisitar o texto, transforma Petra em Peter, faz dele um realizador, o que lhe “permitiu falar de Fassbinder – e, como num efeito de espelho, de si próprio”, como afirma o cineasta. “Tratava-se de trair Fassbinder para melhor o encontrar e me encontrar a mim próprio numa história universal de paixão amorosa, mais actual que nunca, interrogando as relações de dominação e submissão no trabalho criativo, a relação musa/pigmaleão…”
Hanna Shygulla, Karine, “o objecto de desejo” em Petra von Kant (e actriz em vários filmes de Fassbinder que podemos ainda ver no ciclo “Rainer Werner Fassbinder – a Fúria de Viver”) é a mãe do realizador no filme de Ozon, testemunho comovente e vertiginoso da passagem de um tempo e de uma a outra obra.
Positif Les Inrocks
com Cesária Évora, Janete Évora, José da Silva, Bouziane Daoudi Portugal, 2022 – 1h34 | M/12
ESTREIA – 27 OUTUBRO 30 de Outubro, 18h30 – Conversa com a realizadora e a cantora Nancy Vieira 6 de Novembro, 17h30 – Apresentação pela realizadora
É um documentário intimista sobre a cantora Cesária Évora, a “diva dos pés descalços”, voz magoada e sorriso solto, que nos arrepia a pele com as suas mornas. Com imagens de arquivo, algumas inéditas, outras raras, diversos testemunhos, o filme de Ana Sofia Fonseca acompanha a vida de Cesária, da privacidade da sua casa e de uma vida difícil em Cabo Verde, ao estrelato internacional, cantando nos grandes palcos do mundo, e aos vários discos de ouro.
O filme, que estreou num dos mais prestigiados festivais dos EUA, o SXSW de Austin, Texas, já foi seleccionado para mais de duas dezenas de festivais espalhados pelo planeta.
Os jornais americanos relevam o trabalho de pesquisa de Ana Sofia Fonseca para construir “um retrato amoroso” da cantora. Bravo!
• Indielisboa 2022 – Prémio do Público para Melhor Longa Metragem
com Julieta Laso, Lorena Carpanchay, Mariana Carrizo, Maka Fuentes Argentina, 2021 – 37 min | M/12 ESTREIA – 27 OUTUBRO
Durante o confinamento de 2020, a realizadora argentina Lucrecia Martel voltou para Salta, a sua terra natal. Com Julieta Laso, cantora portenha e sua companheira, organizaram um encontro, uma espécie de tertúlia campestre com um grupo diverso de mulheres artistas.
No norte da Argentina, a “copla” é rainha, e aqui juntam-se grandes copleras como Mariana Carrizo, numa “festa” entre pares, um encontro de vozes e de corpos que partilham, entre si e connosco através da câmara fascinada de Martel, uma espécie de “festival” ao ar livre, onde a supertalentosa Julieta é a musa e a anfitriã que acompanha estas mulheres de diferentes gerações e origens. Que se admiram, que lutam juntas, que caminham e conversam, que se riem, e escutam emocionadas as canções umas das outras. E ela própria, com a sua voz rouca e sedutora, interpreta temas que nos arrepiam, e nos fazem querer tantas vezes bater palmas a seguir a cada canção.
RESTOS DO VENTO de Tiago Guedes com Albano Jerónimo, Nuno Lopes, Isabel Abreu, João Pedro Vaz,
Vasconcelos Portugal,
2h06
Novembro,
M/14 Finissage
iniciação. O
com João Pedro Vaz, Margarida Vila-Nova Portugal, 2022 – 53 min | M/12 28 de Outubro, 19h30 – Conversa com João Botelho e com os actores João Pedro Vaz e Margarida Vila-Nova
Depois de duas sessões esgotadas, mais um encontro marcado com O Jovem Cunhal, que, como escreveu o poeta Manuel Gusmão, "Levado a tribunal em 2 de Maio de 1950 / [...] responde com o orgulho do homem livre / [...] e não cedeu Nunca cedeu".
A VIDA DE UMA MULHER Onna no Isshô de Yasuzô Masumura com Machiko Kyô, Masaya Takahashi, Jirô Tamiya, Chieko Higashiyama, Junko Kanô Japão, 1962 – 1h34 | M/12
Masumura, cineasta de mulheres, moderno e arrojado, radiografa neste filme, a partir da história da orfã Okei, o Japão ainda “feudal” das primeiras quatro décadas do séc. XX, fechado sobre si mesmo, opressor e cheio de fervor nacionalista.
A MULHER QUE EU ABANDONEI Watashi ga suteta onna de Kirio Urayama com Chôichirô Kawarasaki, Ruriko Asaoka, Toshie Kobayashi Japão, 1969 – 1h56 | M/14
Adaptação do romance de Shûsaku Endô, A Mulher que eu Abandonei retrata a vida urbana e desenraizada de uma nova e emergente burguesia japonesa. É um dos filmes essenciais da Nova Vaga japonesa, na esteira de Oshima, Imamura (com quem Urayama trabalhou) ou Wakamatsu.
um filme de Catarina Neves
com Sandro Resende e os artistas do projecto Manicómio Portugal, 2022, 1h54 | M/16
7 de Novembro, 19h – Conversa com Catarina Neves e Sandro Resende
Depois de um longo período em que trabalharam no Centro Hospital Psiquiátrico de Lisboa, Sandro Resende e José Azevedo criaram em 2019, no Beato, o projecto “Manicómio”, demonstrando que é possível desmistificar o estigma associado à doença mental, e que os artistas que ali trabalham são admirados pela arte que produzem. Em 2021, Catarina Neves filmou os processos de criação destes artistas, cujas obras são mostradas em exposições e entram no mercado como qualquer outro objecto artístico. No “Manicómio” é real a possibilidade de quebrar barreiras, de pensar e agir em liberdade e sem filtros, com vontade de trabalhar e com talento.
JOHNNY CORAÇÃO DE VIDRO Garasu no Jonî de Koreyoshi Kurahara
com Jô Shishido, Izumi Ashikawa, Jôji Ai, Daisaburô Hirata, Noriko Matsumoto Japão, 1962 – 1h46 | M/14 23 de Novembro, 19h – Conversa com Miguel Patrício e Inês N. Lourenço
A fazer lembrar-nos A Estrada de Fellini, Johnny Coração de Vidro é um drama sobre uma mulher em fuga pelo norte inóspito e selvagem do litoral de Hokkaido, rumo à sua cidade natal e à transcendência. Uma grande descoberta neste ciclo.
A escritora francesa Annie Ernaux acaba de ser galardoada com o Prémio Nobel da Literatura. A sua escrita deriva da sua biografia (e nela muitos de nós acabam por sentir-se representados), assumindo esse risco como se o vivido só se completasse com o escrito. Este ano apresentou em Cannes, numa co-realização com o seu filho, David Ernaux-Briot, Les Années Super 8, filme de memórias familiares que também passa por Portugal. Dos seus vários romances, dois foram recentemente adaptados ao cinema: Uma Paixão Simples (2020), de Danielle Arbid, e O Acontecimento (2021), de Audrey Diwan, Leão de Ouro em Veneza. Vamos (re)vê-los no Nimas com uma conversa com o crítico e escritor João Lopes.
Passion Simple de Danielle Arbid
com Laetitia Dosch, Sergei Polunin, Caroline Ducey, Grégoire Colin França, Bélgica, 2020 – 1h36 | M/16
2 de Novembro, 18h30 – Conversa com João Lopes
Um filme intenso sobre uma paixão intensa, a de Hélène, académica parisiense, por Alexandre, um russo que conhecera numa festa e de quem se enamorara arrebatadamente. Cinema-desejo, cinema “do(s) corpo(s)”, esta relação secreta e obsessiva é servida por uma actriz em estado de graça, Laetitia Dosh.
• Festival de Cannes 2020 – Selecção Oficial
Le Monde Libération Télérama
L’Événement de Audrey Diwan
com Anamaria Vartolomei, Kacey Mottet-Klein, Sandrine Bonnaire França, 2021 – 1h40 | M/16
2 de Novembro, 21h30 – Com apresentação
O Acontecimento acompanha Anne, estudante de literatura francesa, que descobre estar grávida depois de um encontro casual. A história tem lugar em 1963, numa altura em que o aborto era proibido e criminalizado em França. A revelação surge como uma sentença de morte: um acontecimento aparentemente insolúvel que transformaria radicalmente a vida de Anne.
• Festival de Veneza – Leão de Ouro
Medeia Nimas 27.10 — 23.11.2022 3
13h Estreia CESÁRIA ÉVORA de Ana Sofia Fonseca
15h Ciclo Rainer Werner Fassbinder EFFI BRIEST AMOR E PRECONCEITO de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
18h Estreia TERMINAL NORTE de Lucrecia Martel
19h Folheando Serge Daney STALKER de Andrey Tarkovsky Cópia Digital Restaurada
22h Estreia PETER VON KANT de François Ozon
12h Estreia PETER VON KANT de François Ozon
14h Ciclo Rainer Werner Fassbinder CUIDADO COM ESSA PUTA SAGRADA de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
16h30 Estreia TERMINAL NORTE de Lucrecia Martel
17h30 Ciclo Rainer Werner Fassbinder O MEDO COME A ALMA de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
19h30
O JOVEM CUNHAL de João Botelho Conversa com o realizador João Botelho e os actores João Pedro Vaz e Margarida Vila Nova
22h Estreia PETER VON KANT de François Ozon
12h Folheando Serge Daney BORDER LINE de Danièle Dubroux Cópia 35mm
14h30 Ciclo Rainer Werner Fassbinder MAMÃ KÜSTERS VAI PARA O CÉU de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
16h30 Folheando Serge Daney NOITE E NEVOEIRO + HIROSHIMA, MEU AMOR de Alain Resnais Cópia Digital Restaurada
19h Estreia TERMINAL NORTE de Lucrecia Martel
20h Estreia PETER VON KANT de François Ozon
22h Ciclo Rainer Werner Fassbinder
O CASAMENTO DE MARIA BRAUN de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
11h Estreia
TERMINAL NORTE de Lucrecia Martel
12h Ciclo Rainer Werner Fassbinder ROLETA CHINESA de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
14h Ciclo Rainer Werner Fassbinder AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
16h30 Estreia
PETER VON KANT de François Ozon
18h30 Estreia CESÁRIA ÉVORA de Ana Sofia Fonseca
Conversa com a realizadora Ana Sofia Fonseca e Nancy Vieira
21h
TRIÂNGULO DA TRISTEZA de Ruben Östlund
12h Estreia CESÁRIA ÉVORA de Ana Sofia Fonseca
14h Ciclo Rainer Werner Fassbinder O MERCADOR DAS
QUATRO ESTAÇÕES de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
16h Ciclo Rainer Werner Fassbinder EFFI BRIEST
AMOR E PRECONCEITO de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
19h Estreia
TERMINAL NORTE de Lucrecia Martel
20h Estreia PETER VON KANT de François Ozon
22h Folheando Serge Daney ANNIE HALL de Woody Allen Cópia Digital Restaurada
11h Estreia CESÁRIA ÉVORA de Ana Sofia Fonseca
13h Estreia
TERMINAL NORTE de Lucrecia Martel
14h Folheando Serge Daney
A AVENTURA de Michelangelo Antonioni Cópia Digital Restaurada
17h Ciclo Rainer Werner Fassbinder
AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
19h30 Estreia
PETER VON KANT de François Ozon 21h30
RESTOS DO VENTO de Tiago Guedes Conversa com o realizador e actores
13h Estreia
TERMINAL NORTE de Lucrecia Martel
14h Ciclo Rainer Werner Fassbinder
O CASAMENTO DE MARIA BRAUN de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
16h30 Estreia
PETER VON KANT de François Ozon
18h30 Annie Ernaux
A Nobel da Literatura no Cinema UMA PAIXÃO SIMPLES de Danielle Arbid Conversa com João Lopes
21h30 Annie Ernaux
A Nobel da Literatura no Cinema
O ACONTECIMENTO de Audrey Diwan
13h
CESÁRIA ÉVORA de Ana Sofia Fonseca
15h Ciclo Rainer Werner Fassbinder CUIDADO COM ESSA PUTA SAGRADA de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
17h30 Folheando Serge Daney
O GRANDE AMOR DA MINHA VIDA de Leo McCarey Cópia Digital Restaurada
20h Ciclo Rainer Werner Fassbinder
O MEDO COME A ALMA de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada 22h
PETER VON KANT de François Ozon
13h Ciclo Rainer Werner Fassbinder
O CASAMENTO DE MARIA BRAUN de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
15h30 Ciclo Rainer Werner Fassbinder
O MERCADOR DAS
QUATRO ESTAÇÕES de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
17h30
PETER VON KANT de François Ozon
19h30 Folheando Serge Daney
SORTILÉGIO DE AMOR de Richard Quine Cópia Digital Restaurada
21h30 Ciclo Rainer Werner Fassbinder AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
11h Ciclo Rainer Werner Fassbinder MAMÃ KÜSTERS VAI PARA O CÉU de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
13h15 Folheando Serge Daney A AVENTURA de Michelangelo Antonioni Cópia Digital Restaurada
16h Folheando Serge Daney RUA DA VERGONHA de Kenji Mizoguchi Cópia Digital Restaurada
18h
PETER VON KANT de François Ozon
20h Folheando Serge Daney ANNIE HALL de Woody Allen Cópia Digital Restaurada
22h Ciclo Rainer Werner Fassbinder
O CASAMENTO DE MARIA BRAUN de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
10h Ciclo Rainer Werner Fassbinder ROLETA CHINESA de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
12h Folheando Serge Daney STALKER de Andrey Tarkovsky Cópia Digital Restaurada
15h Folheando Serge Daney NOITE E NEVOEIRO + HIROSHIMA, MEU AMOR de Alain Resnais Cópia Digital Restaurada
17h30
CESÁRIA ÉVORA de Ana Sofia Fonseca Apresentação por Ana Sofia Fonseca
20h
PETER VON KANT de François Ozon
22h Ciclo Rainer Werner Fassbinder
O MEDO COME A ALMA de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
14h Ciclo Rainer Werner Fassbinder EFFI BRIEST
AMOR E PRECONCEITO de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
17h
PETER VON KANT de François Ozon
Programação sujeita a alterações. Consulte o site www.medeiafilmes.com
www.medeiafilmes.com
19h
AINDA NÃO ACABEI de Catarina Neves Conversa com a realizadora Catarina Neves e Sandro Resende
22h Folheando Serge Daney O GRANDE AMOR DA MINHA VIDA de Leo McCarey Cópia Digital Restaurada
12h Ciclo Rainer Werner Fassbinder
MAMÃ KÜSTERS VAI PARA O CÉU de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
14h30
PETER VON KANT de François Ozon
16h30 Ciclo Rainer Werner Fassbinder
AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
19h Folheando Serge Daney A DESAPARECIDA de John Ford Cópia Digital Restaurada
21h30 Folheando Serge Daney VERS LE SUD de Johan van der Keuken
12h
TRIÂNGULO DA TRISTEZA de Ruben Östlund
15h Ciclo Rainer Werner Fassbinder
O CASAMENTO DE MARIA BRAUN de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
17h30 Folheando Serge Daney SORTILÉGIO DE AMOR de Richard Quine Cópia Digital Restaurada
19h30
CESÁRIA ÉVORA de Ana Sofia Fonseca
21h30
PETER VON KANT de François Ozon
LEFFEST LISBON & SINTRA FILM FESTIVAL de 10 a 20 de Novembro Consulte o programa do festival no site oficial www.leffest.com
13h Ciclo Rainer Werner Fassbinder
O MEDO COME A ALMA de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
15h
PETER VON KANT de François Ozon
17h Ciclo Rainer Werner Fassbinder AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
Desconhecidos II
A VIDA DE UMA MULHER de Yasuzô Masumura Cópia Digital Restaurada
21h30 Folheando Serge Daney
A DESAPARECIDA de John Ford Cópia Digital Restaurada
13h Ciclo Rainer Werner Fassbinder MAMÃ KÜSTERS VAI PARA O CÉU de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
15h30 Ciclo Rainer Werner Fassbinder
O MERCADOR DAS QUATRO ESTAÇÕES de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
17h30 Mestres Japoneses
Desconhecidos II A MULHER QUE EU ABANDONEI de Kirio Urayama Cópia Digital Restaurada
19h30
PETER VON KANT de François Ozon
21h30 Ciclo Rainer Werner Fassbinder
O CASAMENTO DE MARIA BRAUN de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
12h Ciclo Rainer Werner Fassbinder ROLETA CHINESA de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
14h Ciclo Rainer Werner Fassbinder CUIDADO COM ESSA PUTA SAGRADA de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
16h Ciclo Rainer Werner Fassbinder
EFFI BRIEST
AMOR E PRECONCEITO de Rainer Werner Fassbinder Cópia Digital Restaurada
19h Mestres Japoneses
Desconhecidos II
JOHNNY CORAÇÃO DE VIDRO de Koreyoshi Kurahara Cópia Digital Restaurada Conversa com Miguel Patrício e Inês N. Lourenço
22h
PETER VON KANT de François Ozon
Bilhetes Medeia Nimas:
8€ — Preço Normal;
6€ — Desconto para Cartão Jovem / Estudante, Terceira Idade e Entidades Parceiras ( Não aplicável na venda de bilhetes online através plataforma ActiveTicket.pt )
5€ — Preço de todas as sessões, sem excepção, até às 13h30
Sessões do filme "TERMINAL NORTE"
Horário da Bilheteira: Abre 30 min antes da primeira sessão e encerra 30 min depois da última sessão.
Dizia Jean Douchet, que a escrita de Daney era uma escrita do rigor, que passava muito pela escolha, pela precisão das palavras. Não uma palavra abstracta, puramente racional, mas uma palavra sempre fundada no afectivo. Uma palavra pela qual ele queria salvar o cinema daquilo que ameaçava a sua morte. E acrescentava: “É sem dúvida esta paixão que faz com que hoje muitos se reconheçam nele. Paixão que o conduziu, numa altura em que já se sabia condenado pela Sida, a criar a revista Trafic. Para não baixar os braços.”
Pelas palavras de Daney, vamos à procura de mais 11 grandes filmes, nesta terceira parte do programa que lhe dedicamos.
Nuit et Brouillard de Alain Resnais França, 1956 – 32 min | M/12
“O filme que me marcou, Noite e Nevoeiro, foi realizado quase quinze anos depois das descobertas dos campo de concentração. Pois bem, o filme inscreve à sua maneira esse atraso por via de um trabalho de arte – o argumento escrito por Jean Cayrol e a música de Hans Eisler – , de uma justeza e de um gosto extraordinários.” S. D.
• Prix Jean Vigo 1956 – Melhor Curta Metragem
HIROSHIMA, MEU AMOR Hiroshima Mon Amour de Alain Resnais
com Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Stella Dallas França, Japão, 1959 – 1h30 | M/12
“Isto é algo que não se pode imaginar hoje em dia: o impacto de um filme como Hiroshima. Todos os intelectuais o discutiam, se pronunciavam a favor ou contra o filme, o assunto, Marguerite Duras….” S. D.
• Festival de Cannes 1959 – Prémio FIPRESCI
• Óscares 1961 – Nomeação para Melhor Argumento Original
De Weg Naar Het Zuiden de Johan Van der Keuken
Países Baixos, 1981 – 2h23 | M/12 | Legendas em Inglês
“Há uma expressão que resume bastante bem o cinema de Van der Keuken, forma e conteúdo: troca desigual. Designa tanto uma realidade política que é a última palavra das relações entre países ricos e pobres (realidade que Van der Keuken colocou no centro de muitos dos seus filmes […]) como também o estatuto de qualquer fragmento cinematográfico. […] Existem outras perguntas, igualmente presentes nos filmes de Van der Keuken, mais ligadas às suas escolhas ideológicas e políticas, ao seu rigoroso anti-imperialismo. Porquê filmar aqui, neste país, se a chave do que se filma está alhures, noutro país, situado nos antípodas?” – S. D.
Medeia Nimas 27.10 — 23.11.2022 5
ANNIE HALL de Woody Allen
com Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts, Carol Kane EUA, 1977 – 1h33 | M/12
CÓPIA DIGITAL RESTAURADA
“Annie Hall é o único grande filme de Woody Allen. A razão é conhecida. Diane Keaton era tão cómica quanto ele.” S. D.
• Óscares 1978 – Melhor Filme, Melhor Actriz, Melhor Realizador, Melhor Argumento Original • BAFTA’S 1978 – Melhor Filme, Melhor Actriz, Melhor Realizador, Melhor Montagem, Melhor Argumento
STALKER de Andrei Tarkovsky
com Alisa Freyndlikh, Aleksandr Kaydanovskiy, Anatoliy Solonitsyn USSR, 1979 – 2h43 | M/12
CÓPIA DIGITAL RESTAURADA
“Em Stalker havia uma história, qualquer coisa em jogo, e até suspense (lembrem-se do “quarto dos desejos”). Stalker é um filme menos nobre [do que Nostalgia] mas mais forte.” – S. D.
com James Stewart, Kim Novak, Jack Lemmon, Ernie Kovacs EUA, 1958 – 1h46 | M/12
CÓPIA DIGITAL RESTAURADA
“Bell, Book and Candle é uma das obras-primas de Quine, [onde vemos] o que foi sempre o talento da sua arte: uma doce melancolia, um modo de tornar subitamente visível aquilo que nunca acreditaríamos poder descobrir: a intimidade entre dois seres, o espaço que os aproxima e no qual eles vibram…" – S. D.
BORDER LINE de Danièle Dubroux
com Danièle Dubroux, David Léotard, André Dussolier, Jacques Nolot França, Suíça 1992 – 1h30 | M/12 V.O. Francês, sem legendas CÓPIA 35 MM
“Frente ao extraordinário Border Line, temos a enorme vontade de falar de um filme na ‘primeira pessoa do singular’ “ S. D.
A DESAPARECIDA The Searchers de John Ford
com John Wayne, Jeffrey Hunter, Vera Miles, Ward Bond, Natalie Wood EUA, 1956 – 1h59 | M/12
CÓPIA DIGITAL RESTAURADA
“Esta visão de um mundo ameaçado na sua própria integridade inspirou a Ford os seus filmes mais belos, dos quais The Searchers é, sem dúvida, o mais comovedor.” – S. D.
An Affair to Remember de Leo McCarey
com Cary Grant, Deborah Kerr, Richard Denning EUA, 1957 – 1h55 | M/12
CÓPIA DIGITAL RESTAURADA
“An Affair to Remember é um dos últimos grandes melodramas americanos." – S. D.
A AVENTURA L’Avventura de Michelangelo Antonioni com Monica Vitti, Gabriele Ferzetti, Lea Massari, Dominique Blanchar Itália, França, 1960 – 2h24 | M/12
CÓPIA DIGITAL RESTAURADA
“O decénio começará com o escândalo dos assobios a L’Avventura em Cannes [um dos filmes que marcou o início do cinema moderno]. Mas Antonioni reincidirá." – S. D.
• Festival de Cannes 1960 – Prémio Especial do Júri, Prémio da Crítica
RUA DA VERGONHA Akasen Chitai de Kenji Mizoguchi com Machiko Kyo, Aiko Mimasu, Ayako Wakao Japão, 1956 – 1h27 | M/12
CÓPIA DIGITAL RESTAURADA
“Encontrar o ângulo que mata, o recanto que salva, o detalhe que redime, a velocidade que evita os golpes, o sobressalto que tem elegância, o cansaço da máquina humana, foi essa a paixão de Mizoguchi. Singular como qualquer paixão. É tudo isto que começa pela última vez com uma calma terrífica em Akasen chitai.” S. D.
• Festival de Veneza 1956 – Menção Especial
“Não sei nada que não seja sobre as pessoas” (Rainer Werner Fassbinder sobre si próprio e os seus primeiros vinte filmes. Excertos da entrevista a Wilfried Wiegand, 1974)
RWF – Há um filme de Godard que vi vinte e sete vezes, o Viver a Vida. É, juntamente com Viridiana, o filme mais importante da minha vida. […]
Quando começou a ir ao cinema?
RWF – Comecei a ir ao cinema a partir dos 5 anos e no princípio via os westerns com diligências, e depois, mais ou menos a partir dos 7, já via de tudo, ia de facto todos os dias ao cinema e mais tarde duas ou três vezes, quando podia. […]
Há filmes norte-americanos, para além dos de Sirk que o influenciaram de modo profundo?
RWF – Sim, Raoul Walsh…
Que filmes, por exemplo?
RWF – A Escrava, Fuga Sanguinária. A relação entre James Cagney e a mãe é como a que têm todos os meus heróis com as suas mães. E também, de Huston, Quando a Cidade Dorme, esse foi muito importante, e também Howard Hawks, as histórias homossexuais…
Onde há ali histórias homossexuais?
RWF – Em Hawks, sempre.
Também quis escrever em tempos um ensaio sobre Joseph von Sternberg? O que o fascinava em Sternberg?
RWF – O que ele faz com a luz; a possibilidade de contar histórias de uma maneira não directa, mas sim através de um rodeio… Trata-se de uma artificialidade extrema, que tem como efeito algo de muito vital. […]
O seu modo de trabalho passa por ser um grande enigma. Em cinco anos rodou uns vinte filmes, só em 1970 foram seis. Como poderia caracterizar esta capacidade de ser mais produtivo do que outros artistas em geral?
RWF – Só posso voltar a dizer que eu, como outros, sempre trabalhei oito a doze horas por dia, sem fazer pausas. Isso tem com certeza motivos psicológicos, que devem estar em algum lugar do passado, embora também não saiba quais são. Mas o que sei é que tudo o que eu vivo, tenho que o elaborar de alguma maneira, para ter a sensação de o ter vivido.
[…]
Muitas vezes tenho a sensação de que não quero fazer mais [filmes], que quero ter um ano de pausa ou algo de parecido, e, uma semana depois, já não aguento estar parado. E então, leio alguma coisa no jornal ou alguém me conta uma história, e logo no momento em que a escuto já sei, bem, isto é algo que agora terás que fazer. A maioria das vezes, para mim, foi importante fazer uma coisa assim de rajada, sem pensar nas possíveis perdas e no anseio de eternidade, mas só pela necessidade de realizar essa história de imediato. Por isso assumimos riscos financeiros tremendos. Depois das minhas três primeiras longas metragens – O Amor é mais Frio que a Morte, Katzelmacher e Os Deuses da Peste –, que foram feitos sem nenhum dinheiro, contraindo dívidas, poderíamos ter ficado por ali, com, sei lá, 500 mil marcos de dívidas, se não quiséssemos logo fazer outras coisas. Foi sempre um risco que assumimos uma e outra vez, e agora também com Effi Briest. Aqui meti tudo o que ganhei nos últimos três ou quatro anos, e não é algo que necessariamente vá recuperar de novo com Effi. Espero que o que aconteça é que através de Effi se me abra a possibilidade de voltar a ganhar dinheiro noutro lugar ou algo assim. Enfim, estou confiante de que, de algum modo, iremos para a frente.
Effi Briest é o primeiro dos seus filmes com “anseio de eternidade”?
RWF – Sim, de facto tem mais que ver com o “anseio de eternidade” que os outros filmes. […]
Os seus filmes mais recentes têm muito de auto-retrato, enquanto que os primeiros são, por assim dizer, mais objectivos. Cuidado com essa Puta Sagrada é um momento de inflexão? Em todo o caso, também poderia dizer-se que se representou a si mesmo subdividindo-se em vários personagens, assim como também poderia dizer-se que D. Quixote e Sancho Pança são dois lados de uma mesma pessoa.
RWF – Não posso negá-lo, ainda que seja de opinião de que alguns filmes anteriores são auto-retratos mais precisos. Creio que Cuidado com essa Puta Sagrada é a representação de um grupo, quase como que a análise do comportamento de um grupo, desse grupo, enquanto que O Amor é Mais Frio que a Morte, Os Deuses da Peste e Rio das Mortes – em parte também Whity e O Soldado Americano –parecem-me auto-retratos mais exactos. Aí diria que cada personagem tem um pedaço de mim, mesmo que por vezes se contradigam. Em Cuidado com essa Puta Sagrada começa para mim algo de novo, para mim Pioneiros em Ingolstadt é ainda um pouco a velha escola, enquanto que Cuidado com… é na realidade o último filme do anti-teatro, apesar de Os Pioneiros se ter filmado depois. Os filmes que fiz depois são também autobiográficos, se assim quisermos dizê-lo. São, porque há um ano entre eles – entre Os Pioneiros e O Mercador das Quatro Estações não fiz nenhum filme –, e aí encontrei uma possibilidade de que o autobiográfico não fosse tão onanista, tão um fim em si mesmo, mas a possibilidade de que isso que poderia dizer sobre mim tivesse uma validade universal, digamos, ou seja, comecei a olhar-me em relação a um contexto e não só em relação comigo mesmo ou com os meus amigos, e essa é, na minha opinião, a diferença decisiva em relação aos filmes do anti-teatro e os filmes que vieram depois. Estou certo de que haverá outra vez uma nova fase, se tiver possibilidades ou se viver mais tempo.
Se Cuidado com Esssa Puta Sagrada significa uma mudança, não é também O Mercador das Quatro Estações uma outra mudança?
RWF – Bem, com Cuidado com… termina algo velho e começa algo novo, com O Mercador o novo já está aí.
… que se poderia caracterizar como realismo?
RWF – Não diria propriamente realismo. Diria que começa a ser algo mais geral, que os filmes começam a não ser só para mim e para os meus amigos, mas começam a ser filmes para as pessoas, ou seja, já não têm a arrogância que tinham os filmes anteriores. Creio que os filmes que fazíamos antes, mesmo que sejam mais simples que os posteriores, para mim são arrogantes e frios quando comparados com estes, que para mim são muito mais humanos, mesmo que a perfeição os torne mais frios.
Os filmes mais perfeitos são os filmes de Douglas Sirk, e, na minha opinião, são, contudo, os mais humanos que conheço.
Os seus filmes mais recentes não são naturalmente realistas no sentido de uma reconstrução precisa da realidade exterior.
RWF – O realismo a que me refiro e que quero é o que ocorre na cabeça do espectador, e não o que está no écran, esse não me interessa para nada, esse, as pessoas têm-no todos os dias. O que quero é um realismo aberto, que não faça as pessoas fecharem-se. Se mostrarmos às pessoas outra vez aquilo que já vivem, na minha opinião isso encerra-as. É preciso oferecer uma possibilidade para que as pessoas se abram para as coisas belas.
CUIDADO COM ESSA PUTA SAGRADA Warnung vor einer heiligen Nutte de Rainer Werner Fassbinder com Hanna Schygulla, Lou Castel, Eddie Constantine RFA, 1971 – 1h43 | M/16
Händler der Vier Jahreszeiten de Rainer Werner Fassbinder com Hans Hirschmüller, Irm Hermann, Hanna Schygulla, RFA, 1971 – 1h29 | M/16
Die bitteren Tranen der Petra von Kant de Rainer Werner Fassbinder com Margit Carstensen, Hanna Schygulla, Irm Hermann RFA, 1972 – 2h04 | M/16
Angst essen Seele Auf de Rainer Werner Fassbinder com Brigitte Mira, El Hedi ben Salem, Barbara Valentin RFA, 1973 – 1h33 | M/12
Fontane Effi Briest de Rainer Werner Fassbinder com Hanna Schygulla, Wolfgang Schenck, Ulli Lommel RFA, 1974 -2h20 | M/12
Mütter Küsters fahrt zum Himmel de Rainer Werner Fassbinder com Brigitte Mira, Ingrid Caven, Margit Carstensen RFA, 1975 – 1h53 | M/12
Chinesisches Roulette de Rainer Werner Fassbinder com Margit Carstensen, Anna Karina, Ulli Lomel, Macha Méril RFA, França, 1976 – 1h25 | M/12
Die Ehe der Maria Braun de Rainer Werner Fassbinder com Hanna Schygulla, Klaus Löwitsch, Gisela Uhlen RFA, 1979 – 2h | M/16
BILLY WOODBERRY Realizador
ELENA LÓPEZ RIERA Realizadora
DOMINIQUE GONZALEZ -FOERSTER Realizadora e artista
Programa completo em www.leffest.com
