Março | Abril 2015
LEVIATÃ
A reinvenção do monstro por Andrey Zvyagintsev
MICHEL HOUELLEBECQ
CITIZENFOUR Vencedor do Óscar para Melhor Documentário em exclusivo na Medeia Filmes
Em dose dupla
CICLO DEDICADO A ROBERTO ROSSELLINI Em exibição exclusiva nos cinemas Medeia Conheça aqui a programação
MARÇO | ABRIL 2015
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EDITORIAL Dez obras ímpares, que testemunham o génio e a humanidade de Roberto Rossellini, estarão em exibição exclusiva na Medeia Filmes, em Lisboa a partir de 26 de Março e no Porto, a partir de 9 de Abril. À excepção de Europa 51 (1952) - que será projectado em 35 mm – todos os filmes serão exibidos em versões restauradas digitais, resultado de um trabalho de restauro e melhoria levado a cabo por várias prestigiadas entidades: Cinecitta Luce, CSC – Cineteca Nazionale, Cineteca di Bologna e Coproduction Office. No total, são dez obras restauradas, nove filmes e uma entrevista, às quais se junta Europa 51, indispensável nesta programação. Além do ciclo dedicado ao realizador italiano, poderá ver Leviatã, o aguardado filme de Andrey Zvyagintsev sobre um homem que procura defender a sua terra e as suas memórias do poderoso mercado imobiliário. Citizenfour, recentemente galardoado com o Óscar para melhor documentário, estreia em exclusivo na Medeia Filmes. Não perca ainda dois filmes protagonizados por Michel Houellebecq, e o documentário de Wim Wenders e Juliano Salgado sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado.
Programação sujeita a alterações de última hora. Confirme sempre em www.medeiafilmes.com Equipa Director: Paulo Branco Edição e Textos: Ágata Xavier e Renata Curado Design: André Carvalho e Catarina Sampaio Capa: Stromboli (1950)
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MARÇO | ABRIL 2015
LEVIATÃ DE
EXCLU
CINEMSIVO AS M
ESTREIA 5 MAR
ANDREY ZVYAGINTSEV
EDEIA
Dur: 86 min
COM ALEXEY SEREBRYAKOV, ROMAN MADYANOV, VLADIMIR VDOVICHENKOV, ELENA LYADOVA
Filme vencedor do Globo de Ouro para Melhor Filme Estrangeiro estreia finalmente em Portugal
A criatura mitológica que atormentava os navegadores medievais chamavase Leviatã. Antes disso, foi representado no Livro de Job como o monstro mais poderoso dos mares, causador das ondas revoltas, e a representação e símbolo da inveja. Esta figura marinha dá nome ao mais recente filme do realizador russo Andrey Zvyagintsev - que assinou O Regresso (2003), vencedor de um Leão de Ouro em Veneza, e Elena (2011), que recebeu o prémio Un Certain Regard em Cannes – e lhe garantiu o Leão de Ouro na edição de 2014 do Festival de Cinema de Veneza. Kolya, a personagem principal interpretada por Aleksey Serebryakov, vive numa pequena cidade no Mar de Barents, no norte da Rússia, muito próxima do círculo polar Ártico. É lá que trabalha, na sua garagem, e mora com a mulher Lilya (Elena Liadova) e o filho de um casamento anterior, Roma (Sergueï Pokhodaev). Tudo corre bem até o Presidente da Câmara decidir que quer o terreno em que o soldador mecânico tem a casa e a garagem. Fazendo-lhe uma proposta que Kolya recusa, por não querer perder o pouco que tem, nem as memórias do sítio que o viu crescer. O filme inteiro é um jogo de medição de forças em que o Estado e a igreja acabam por estar no lado mais pesado da balança. Tudo regado a vodca, muita vodca, “como se [as personagens] fossem corredores a beber água numa maratona”, escreveu a revista New Yorker.
ESTREIAS PROGRAMAÇÃO CINEMA O filme “mostra um mundo governado por homens bêbedos e deprimidos: toda a gente se está a afogar em vodca e desespero”, lê-se no Guardian. Zvyagintsev baseou-se na história do soldador americano Marvin John Heemeyer, que blindou um bulldozer com camadas de cimento e aço e, por não estar de acordo com a política de zoneamento local, demoliu a câmara municipal de Granby, no Colorado, assim como a casa do presidente da câmara. Quando o bulldozer empenou, Heemeyer suicidouse. Não faz, por isso, um retrato realista do seu país, a Rússia. Pelo contrário, segundo o realizador o filme é uma metáfora da reacção humana diante da adversidade, sem fronteiras, nacionalidades ou géneros. “Quando um homem luta com a ansiedade causada pela necessidade e pela incerteza, quando as imagens desfocadas tomam conta do futuro, teme pela sua família, pela morte, o que pode ele fazer senão lutar pela liberdade e pela vontade?”, revela Zvyagintsev ao jornal francês Le Figaro. Tal como fez Job no Antigo Testamento. Ao mito de Leviatã junta-se outro: o de David e Golias. Ou o Homem contra o Estado. O filme tanto se baseia na existência do Leviatã na Bíblia, como na análise política do pensador e filósofo inglês Thomas Hobbes. “No seu ensaio, Leviathan, Hobbes afirma que há um monstro a dormir em cada um de nós e que, quando nada o consegue controlar, começa uma guerra de todos contra todos”, afirma o realizador na mesma entrevista ao jornal francês. “O homem aliena a sua liberdade em troca do conforto e da segurança que o Estado lhe traz. Por isso, é o próprio Estado que se torna num monstro devorador de almas. Para mim, renunciar à liberdade é vender a alma ao diabo”, conclui o realizador de 50 anos. Além da teoria política de Hobbes e da referência bíblica ao Livro de Job, Leviatã está representado pelo esqueleto de baleia que repousa na praia de areia escura. “Leviatã é um drama trágico, convincente na sua seriedade moral, com uma gravidade e uma força que se transformam numa terrível, e aniquiladora, forma de grandeza”, escreveu Peter Bradshaw no jornal The Guardian. Sabia que... Zvyagintsev não foi o único a chamar “Leviatã” a um filme. Antes dele, já Léonard Keigel o tinha feito, em 1962, a propósito de um drama rodado em França. George P. Cosmatos realizou, em 1989, outro filme com este nome, mas de terror, enquanto, em 2012, surgiu um documentário homónimo sobre o perigo da pesca intensiva. Nenhum deles se refere directamente ao monstro mitológico.
Prémios e Festivais: Golden Globes - Melhor Filme Estrangeiro Festival de Cannes - Melhor Argumento Óscares - Nomeado Melhor Filme Estrangeiro
ANDREY ZVYAGINTSEV A visão filosófica de Thomas Hobbes sobre o Estado é a de uma luta entre o Homem e o Diabo: vê-o como um monstro criado pelo próprio homem para prevenir “uma guerra de todos contra todos”, e pela vontade compreensível de assegurar segurança em troca da liberdade, a única coisa que o Homem possui. Tal como fomos todos, desde o nascimento, marcados pelo pecado original, nascemos todos num “Estado”. E o poder espiritual do Estado sobre o Homem não conhece limites. Se os meus filmes têm por base a Rússia, isso acontece apenas por não sentir qualquer ligação genética com outro lugar. Ainda assim, estou profundamente convencido de que, qualquer que seja a sociedade em que cada um de nós vive, das mais evoluídas às mais arcaicas, somos todos confrontados um dia com a seguinte escolha: viver como escravo ou viver como uma pessoa livre. É possível nos dias de hoje continuarmos a fazer perguntas e, até, encontrar um herói trágico na nossa terra, um “filho de Deus”, uma personagem trágica desde tempos imemoriais, e é por essa razão que a minha terra natal continua viva em mim e em todos aqueles que fizeram este filme. Comentário do realizador
MARÇO | ABRIL 2015
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ESTREIAS CINEMA
PHOENIX DE
CHRISTIAN PETZOLD
EXCLU
CINEMSIVO AS M
ESTREIA 9 ABR
EDEIA
Dur: 98 min
COM NINA HOSS, RONALD ZEHRFELD, NINA KUNZENDORF, MICHAEL MAERTENS, IMOGEN KOGGE, KIRSTEN BLOCK
Uma história assombrosa, passada no pós-Guerra, marca o regresso de Christian Petzold às salas portuguesas
Nelly (Nina Hoss) é uma sobre- “É o trabalho mais complexo [de Petzold] até à data, vivente de um campo de como mostra a exímia performance de Hoss. Chamada concentração que ficou seriamente a interpretar uma personagem que interpreta uma desfigurada. Lene Winter, que personagem, a sua destreza é impressionante.” trabalha para uma agência The Guardian judaica, leva-a para Berlim. Após a cirurgia de reconstrução, Nelly, quer a sua vida de volta. Quanto Die innere Sicherheit (2000), que era uma conhecida cantora, mais semelhanças com a sua Wolfsburg (2003), Yella (2007), decide partir à procura do “outra” revela, mais desesperada e Jerichow (2008) e Bárbara (2012). marido Johnny (Ronald Zehrfeld), confusa a relação se torna. Em Phoenix, Petzold baseiasuspeitando ter sido por ele “É o trabalho mais complexo se livremente no romance do denunciada às autoridades nazis. [de Petzold] até à data, como escritor francês Hubert Monteilhet Quando finalmente o encontra, mostra a exímia performance Le Retour des Cendres , cuja este não a reconhece. Ainda assim de Hoss. Chamada a inter- história gira à volta de uma jovem ele aborda-a com uma proposta: pretar uma personagem que regressa de um campo de uma vez que Nelly se parece que interpreta uma perso- concentração e procura reconstruir com a mulher, que ele acredita nagem, a sua destreza é a sua vida. Também se apoia estar morta, pede-lhe que o ajude impressionante. Ela é em no texto de Alexander Kluge, a reclamar a considerável fortuna parte actriz, em parte boneca A Experiência do Amor, uma que ela deixou. Nelly concorda, russa”, escreve Ryan Gilbey no história de ficção científica em e transforma-se na sua própria jornal The Guardian. que uma mulher é vítima de uma sósia. A verdade que ela procura Phoenix marca a sexta colaboração experiência nazi que a torna estéril. é outra: saber se Johnny alguma entre o realizador Christian Petzold vez a amou, ou se a traiu. Nelly e a actriz Nina Hoss, depois de Sabia que... A canção que atravessa todo o filme chama-se Speak Low e é da autoria do compositor Kurt Weill. A letra é de Ogden Nash e fala da história de um Pigmalião que quer casar com uma mulher. Foi cantada por Ava Gardner no musical A Deusa do Amor (1948).
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MARÇO | ABRIL 2015
Prémios e Festivais: Festival de San Sebastián Prémio da Crítica Internacional Lisbon & Estoril Film Festival Prémio Especial do Júri João Bénard da Costa Festival de Sundance
ESTREIAS CINEMA
AMOR LOUCO DE JESSICA HAUSNER ESTREIA 26 MAR Dur: 96 min
EXCLU
CINEMSIVO AS M
EDEIA
COM CHRISTIAN FRIEDEL, BIRTE SCHNOEINK, STEPHAN GROSSMANN
Estreia da comédia romântica sobre o suicídio do poeta Heinrich von Kleist realizada por Jessica Hausner Berlim, no período do romantismo. O jovem poeta Heinrich von Kleist deseja superar a inevitabilidade da morte através do amor. No entanto, é incapaz de convencer a sua prima Marie a juntar-se a ele neste pacto suicida. Ao confrontar-se com a recusa dela, inefavelmente exasperado pela insensibilidade da prima face à dimensão dos seus sentimentos, Heinrich conhece Henriette, mulher de um empresário célebre. A proposta avançada por Heinrich à sedutora jovem começa por ter fraca resposta, até que Henriette descobre que sofre de uma doença terminal. Amor Louco é uma comédia romântica livremente baseada no suicídio do poeta Heinrich von Kleist em 1811. A realizadora Jessica Hausner quis evitar os habituais clichés dos figurinos e cenários de época, por isso inspirou-se nos quadros do pintor holandês Johannes Vermeer, conhecido pelo tratamento dado à luz e à
PELA RAINHA DE JOHN
BOORMAN
cor. Todo o cenário como o desenvolvimento das personagens no espaço foram planeados ao milímetro pela realizadora. “A mise en scène é uma coreografia do texto, compondo uma espécie de quadro vivo, uma imagem em movimento em que todos encontram o seu espaço”, contextualiza Jessica Hausner Questionada sobre a carga negativa do tema, a realizadora defende nas notas de produção que o que lhe interessava “era tratar a morte de uma forma mais prosaica, duas mortes individuais - a dois, sim, mas separadas.” Prémios e Festivais: Festival de Cannes - Un Certain Regard Festival de Toronto - Selecção Oficial Lisbon & Estoril Film Festival - Prémio Melhor Filme Jaeger - LeCoultre
Dur: 105 min
ESTREIA 9 ABR
COM CALLUM TURNER, CALEB LANDRY JONES, PAT SHORTT
John Boorman regressa à história autobiográfica de Bill Rohan, um rapaz que cresceu em Londres durante a Segunda Guerra Mundial Bill Rohan tem nove anos e fica extasiado diante da destruição da sua escola por uma bomba extraviada, mas, ao mesmo tempo, sente-se muito triste com a partida da irmã mais velha, grávida de um soldado canadiano, prestes a emigrar para o novo mundo. Nove anos depois, vamos encontrar Bill Rohan, já um adolescente de 18 anos, que sonha com uma vida no estrangeiro. As coisas mudam quando é chamado para cumprir dois anos de serviço militar obrigatório no Exército. Pela Rainha acaba por funcionar como uma segunda vida de Esperança e Glória, filme que John Boorman realizou em 1987, a biografia de um rapaz chamado Bill, que cresce na cidade de Londres na altura do blitz (bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial).
O filme baseia-se em grande parte na vida de Boorman, também ele chamado para cumprir dois anos de serviço militar obrigatório. As personagens são, inclusivamente, inspiradas na sua família e nos amigos da altura. Ainda que se refira a factos reais, o realizador modificou algumas coisas para tornar a história mais cinematográfica. “Foi um prazer reconstruir alguns dos pormenores daquela época – a linguagem, os maneirismos, a roupa ou o mobiliário. Mas assistir ao desempenho de Vanessa Kirby, que interpreta a minha irmã no filme, foi uma verdadeira viagem no tempo”, confessou o realizador.
MARÇO | ABRIL 2015
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ESTREIAS CINEMA
OS COMBATENTES THOMAS CAILLEY
DE ESTREIA 19 MAR
EXCLU
CINEMSIVO AS M
Dur: 98 min
EDEIA
COM ADÈLE HAENEL, KÉVIN AZAÏS, ANTOINE LAURENT,
BRIGITTE ROÜAN
Uma história de amor. Uma história de sobrevivência. Ou as duas. É assim o primeiro filme de Thomas Cailley O filme Os Combatentes é a primeira longa-metragem de Thomas Cailley. Antes disso fez a curta-metragem Paris Shangai, em 2010, que foi selecionada para vários festivais. O Verão de Arnaud, passado entre os amigos e a empresa familiar, anuncia-se tranquilo. Até que encontra Madeleine, uma mulher que tem tanto de bonita como de fria, que alia um conjunto de músculos em permanente tensão a uma série de objectivos catastróficos. Ele não espera nada do futuro, ela prepara-se para o pior – é por isso que ambiciona alistar-se como militar. Para se inteirar da realidade do Exército, Thomas Cailley seguiu o treino militar de um grupo de jovens recrutas. “Inspiraram-me a criar a maioria das cenas e das personagens. O mais relevante, e divertido, foi perceber o fosso entre as expectativas destes jovens, as suas fantasias enquanto guerreiros e a realidade do Exército”,
descreve o realizador. Durante sete semanas, o realizador natural da Aquitânia, no sudoeste francês, filmou a vastidão e diversidade das paisagens da região de Landes. “As terras planas e a linha do horizonte têm sempre alguma coisa que as atravessa: uma duna, árvores, casas. Estas paisagens tranquilas são regularmente assoladas com catástrofes como tempestades, no Inverno, e fogos, no Verão”, explica Cailley. O contraste entre a tranquilidade da paisagem e os seus desastres sazonais, enquanto plano de fundo, servem de metáfora às personagens de Arnaud e Madeleine – uma colisão brutal entre dois elementos contrários. Prémios e Festivais: Festival de Cannes - Prémio FIPRESCI Césares - Melhor Primeiro Filme
AS MARAVILHAS Dur: 110 min
DE ALICE ROHRWACHER ESTREIA 2 ABR COM MARIA LUNGU, SAM LOUWYCK, ALBA ROHRWACHER,
SABINE TIMOTEO, MONICA BELLUCCI
A família de Gelsomina vive de acordo com as suas próprias regras. Saiba quais são. Para começar, Gelsomina, com apenas doze anos, é praticamente a chefe de família. As suas três irmãs mais novas obedecem-lhe e trabalham sob a sua vigilância. Mas o mundo exterior não pode saber nada sobre a forma como vivem e é por isso que se protegem na sua isolada casa de campo. O pai, Wolfgang, é um estrangeiro e Gelsomina a futura rainha do estranho e improvável reino que ele construiu. Um herdeiro seria mais apropriado, mas Gelsomina é forte e determinada e tem um talento especial para as abelhas e para fazer mel. É ela que procura os enxames nas árvores, que organiza a extracção do mel e que carrega as colmeias. Enquanto o campo está a ser destruído pelos pesticidas e a vida rural a mudar radicalmente, tem início um programa de televisão que premeia a família mais tradicional. O programa das Maravilhas Rurais é apresentado pela boa fada Milly Catena. Gelsomina quer participar no concurso, mas Wolfgang nem 6
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sequer considera essa hipótese. Algo o atormenta, mais precisamente, as novas regulamentações europeias sobre a produção de mel. Se não adaptarem o laboratório, terão de parar a produção. Começa então o grande esforço de aumentar o número de colmeias e fazer o novo laboratório. Para conseguir mão de obra barata, Wolfgang aceita um rapaz delinquente vindo de um programa de reinserção. A tensão aumenta entre o facto de Wolfgang projectar o desejo de um dia ter tido um filho varão neste jovem silencioso, e a força de Gelsomina, que fará tudo para participar no concurso. Nada ficará igual no final do Verão, altura em que as regras que uniam a família começam a quebrar. Prémios e Festivais: Festival de Cannes - Grande Prémio do Júri
ESTREIAS CINEMA
MICHEL HOUELLEBECQ EM DOSE DUPLA
EXCLU
CINEMSIVO AS M
EDEIA
Em exclusivo e em simultâneo na Medeia Filmes, dois filmes protagonizados por aquele que é considerado um dos maiores escritores franceses, Michel Houellebecq
O RAPTO DE MICHEL HOUELLEBECQ
ESTREIA 2 ABR
DE GUILLAUME NICLOUX
Dur: 96 min
COM MICHEL HOUELLEBECQ, MATHIEU NICOURT, MAXIME LEFRANÇOIS
Em 2011, Michel Houellebecq desapareceu durante a promoção do seu livro. Este filme imagina o que terá acontecido. Foi no dia 16 de Setembro de 2011. Todos os meios de comunicação em França falavam do mesmo: o escritor Michel Houellebecq tinha desaparecido. Nessa altura, Houellebecq estava a promover a sua obra O Mapa e o Território. Entre as várias teorias que surgiram, encontrava-se a hipótese de um rapto. Foi a partir dessa teoria que surgiu O Rapto de Michel Houellebecq, no qual o escritor se representa a si próprio. No filme, Houellebecq é levado por um trio de raptores amadores e acaba numa casa de campo, na província francesa. Aí, mantém longas conversas com seus raptores, cujo conteúdo varia entre o absurdo e o hilariante. Nos dias seguintes, a especulação aumentou. No entanto, quando reapareceu, Michel não deu nenhuma justificação para o sucedido, ficando sempre esta história como um mistério. O realizador Guillaume Nicloux descreve O Rapto de Michel Houellebecq como “um laboratório experimental onde o verdadeiro escritor se mistura com o escritor ficcional”. Mas existe ainda outro objectivo no filme de Nicloux: “Para além desta história, espero mostrar um escritor que é engraçado, sensível, afectado pela dúvida, ingénuo, ansioso, inteligente e apaixonado. O tipo de homem que não esperamos conhecer.” Apesar de ser inspirado em factos reais, fica o aviso: o filme não pretende ser-lhes fiel.
Prémios e Festivais: Tribeca Film Festival – Melhor Argumento Sydney Film Festival Festival Internacional de Berlim
EXPERIÊNCIA ESTREIA 2 ABR DE QUASE MORTE
Dur: 87 min
DE BENOÎT DELÉPINE E GUSTAVE KERVERN COM MICHEL HOUELLEBECQ, MARIUS BERTRAM, MANON CHANCE
“Se vamos ficar aqui na Terra, pelo menos que seja com boas condições. Devo dizer, sempre fui muito rigoroso – quase autocrático mesmo – no que diz respeito a escolher sofás. Sentar-me de forma confortável é essencial para mim.” Monólogo de Paul em Experiência de Quase-Morte. Os realizadores responsáveis por Aaltra (2004) e Mammuth (2010) escolheram o polémico escritor Michel Houellebecq como actor principal do seu mais recente filme. Já nas suas obras anteriores Benoît Delépine e Gustave Kervern manifestaram uma predilecção por personagens excêntricas e desajustadas mas, ao mesmo tempo, bastante humanas. E neste filme, a personagem de Michel Houellebecq, Paul, pode ser enquadrada nessa categoria. Paul trabalha para uma companhia de telefones e encontra-se à beira de um esgotamento. É numa sexta-feira 13 que Paul recebe um sinal do noticiário televisivo a dizer-lhe que está na altura de mudar algo na sua vida. Depois desse momento revelador, ele parte para as montanhas, onde irá ter a sua experiência de quase-morte. Para os realizadores, este filme é aquilo com que sempre sonharam: “fazer um filme sem quaisquer restrições, financeiras ou de outro tipo. Apenas sete pessoas, nas montanhas, com uma única câmara.” Para a revista Variety, Experiência de Quase-Morte “é um trabalho filosófico – praticamente um poema, com a sua escassa introspecção narrativa” que nos permite aceder a uma visão do mundo partilhada por Michel Houellebecq e pela dupla de realizadores. Prémios e Festivais: Festival Internacional de Veneza
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PROGRAMAÇÃO
ESPAÇO NIMAS DEZ FILMES DE ROBERTO ROSSELLINI A SUA SALA DE CINEMA INDEPENDENTE
A PARTIR DE 26 DE MARÇO
Dez obras ímpares, que testemunham o génio e a humanidade de Roberto Rossellini, estarão em exibição exclusiva na Medeia Filmes, em Lisboa a partir de 26 de Março e no Porto, desde 9 de Abril.
Roma, Cidade Aberta, Paisà – Libertação, Stromboli ou Viagem em Itália são alguns dos filmes que poderão ser vistos em versões digitais e restauradas. Roberto Rossellini é um dos maiores cineastas do Cinema mundial, figura de proa do neorealismo italiano, que alcançou o sucesso depois da II Guerra Mundial ao assinar Roma, Cidade Aberta, que venceu o Grande Prémio do Festival de Cannes e foi nomeado para o Óscar de Melhor Argumento, Paisà ou Alemanha, Ano Zero. O seu pai construiu o primeiro cinema de Roma, o Barberini, e o filho teve livre-trânsito para assistir a todos os filmes que quisesse. Rossellini casou quatro vezes, uma delas com a actriz Ingrid Bergman, que protagonizou alguns dos seus filmes mais emblemáticos. Não perca a programação especial que o Espaço Nimas lhe dedica.
Numa iniciativa única e conjunta, o Espaço Nimas recebe uma programação especial dedicada a um dos nomes mais importantes da história do cinema, responsável por influenciar gerações de cineastas e cinéfilos – Roberto Rosselini. À excepção de Europa 51 (1952) - que será projectado em 35 mm – todos os filmes serão exibidos em versões restauradas digitais, resultado de um trabalho de restauro e melhoria levado a cabo por várias prestigiadas entidades: Cinecitta Luce, CSC – Cineteca Nazionale, Cineteca di Bologna e Coproduction Office. No total, são dez obras restauradas, nove filmes e uma entrevista, às quais se junta Europa 51, indispensável nesta programação. Numa sessão conjunta, os primeiros filmes exibidos serão O Amor (1948) e A Força e a Razão (1971). O Amor, obra menos conhecida de Rossellini, estreia-se pela primeira vez em sala. O filme está dividido em dois segmentos – La voce umana e Il Miracolo – e apresenta duas histórias criadas para destacar o talento da actriz italiana Anna Magnani. Num registo diferente mas igualmente raro, A Força e a Razão é uma entrevista de Rossellini a Salvador Allende, realizada por Emidio Grego, exibida agora pela primeira vez em Portugal. Durante a primeira semana será possível ver O Medo (1954), Alemanha, Ano Zero (1948), A Máquina de Matar Pessoas Más (1952) e ainda o filme documental Índia (1959). A segunda semana de exibição começa no dia 2 de Abril com Roma, Cidade Aberta (1945), Stromboli (1950), Viagem a Itália (1954), Paisà-Libertaçao (1946) e Europa 51 (1952). Este ciclo continuará presente no Espaço Nimas durante pelo menos cinco semanas, entre 26 de Março e 29 de Abril. No Porto, no Teatro Municipal do Campo Alegre, estas obras fundamentais de Rossellini poderão ser vistas a partir de 9 de Abril.
SESSÕES ESPECIAIS PARA GRUPOS Convidamo-lo a descobrir ou re-descobrir Roberto Rossellini através das Sessões Especiais para Grupos. Exclusivas para grupos, estas sessões contam ainda com preço reduzido* e um orador convidado.
Programação sujeita a alterações de última hora. Confirme sempre em www.medeiafilmes.com 8
MARÇO | ABRIL 2015
GRUPOS ATÉ 14 PESSOAS: 4€ GRUPOS 15 OU MAIS PESSOAS: 3€ *Os preços de grupo mantém-se nas restantes sessões desta programação. Marcações: 213 255 823 | geral@leopardofilmes.com
PROGRAMAÇÃO
ROBERTO
ROSSELLINI Quinta
26 Março*
O AMOR + A FORÇA E A RAZAO
Versões Restauradas
2 Abril*
ROMA, CIDADE ABERTA
Versão Restaurada
Sexta
27 Março*
28 Março**
O AMOR + A FORÇA E A RAZAO
O MEDO
Domingo
Segunda
29 Março**
30 Março**
Versão Restaurada
Terça
1 Abril**
5 Abril**
6 Abril*
8 Abril*
Versão Restaurada
Versão Restaurada
Versão Restaurada
31 Março
Quarta
** A MÁQUINA ÍNDIA Versão Restaurada DE MATAR PESSOAS MÁS
ALEMANHA, ANO ZERO
ÍNDIA
Versão Restaurada
Versão Restaurada
Versões Restauradas
3 Abril*
4 Abril*
STROMBOLI
ROMA, CIDADE ABERTA
Versão Restaurada
VIAGEM EM ITÁLIA
7 Abril*
EUROPA 51 PAISÀ Projecção 35mm LIBERTAÇAO
EUROPA 51 Projecção 35mm
Versão Restaurada
9 Abril*
10 Abril*
Versão Restaurada
Versão Restaurada
STROMBOLI
Sábado
11 Abril*
12 Abril*
PAISÀ ROMA, LIBERTAÇAO CIDADE Versão Restaurada ABERTA
STROMBOLI
13 Abril**
VIAGEM EM ITÁLIA
14 Abril**
15 Abril**
O MEDO
O MEDO
21 Abril
22 Abril**
Versão Restaurada
Versão Restaurada
Versão Restaurada
Versão Restaurada
Versão Restaurada
Versão Restaurada
16 Abril**
ALEMANHA, ANO ZERO Versão Restaurada
17 Abril**
18 Abril*
O AMOR + A FORÇA E A RAZAO
ALEMANHA, ANO ZERO Versão Restaurada
19 Abril*
20 Abril**
Projecção 35mm
Versão Restaurada
EUROPA 51
ÍNDIA
Versões Restauradas
23 Abril*
24 Abril**
Projecção 35mm
Versão Restaurada
EUROPA 51
25 Abril**
VIAGEM EM ITÁLIA
O MEDO
Versão Restaurada
26 Abril*
STROMBOLI Versão Restaurada
27 Abril* ROMA, CIDADE ABERTA
** A MÁQUINA DE MATAR PESSOAS MÁS 28 Abril**
ALEMANHA, ANO ZERO Versão Restaurada
A MÁQUINA DE MATAR PESSOAS MÁS
29 Abril*
PAISÀ LIBERTAÇAO Versão Restaurada
Versão Restaurada
*
Horários: 14h00 . 16h30 . 19h00 . 21h30 Horários: 13h30 . 15h30 . 17h30 . 19h30 . 21h30
**
ESPAÇO NIMAS Bilhetes: 6 euros
Na compra de 4 bilhetes oferecemos o quinto.
www.medeiafilmes.com
MARÇO | ABRIL 2015
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ESTREIAS CINEMA
A VINGANÇA DE MICHAEL KOHLHAAS DE
ARNAUD DES PALLIÈRES
ESTREIA 26 MAR
COM MADS MIKKELSEN, MÉLUSINE MAYANCE, DELPHINE CHUILLOT
Dur: 122 min
EXCLU
CINEMSIVO AS M
EDEIA
Uma história de justiça que continua a influenciar a literatura e a filosofia modernas Já aqui falámos do autor desta história num dos filmes que ocupa a página 5. Isto porque a novela Michael Kohlhaas foi escrita por Heirich von Kleist, personagem principal de Amor Louco. Kleist baseou-se na história de Hans Kohlhase, um comerciante de cavalos que vivia em Brandemburgo, actual Berlim, no século XVI. Embora a sua existência não esteja totalmente comprovada, perdura a ideia da sua demanda, quase fanática, por justiça, bem
como o despojamento associado ao existencialismo – temas muito abordados na literatura e filosofia contemporâneas. Michael Kohlhaas é um comerciante de cavalos simples e justo, que leva uma vida exemplar. Porém, confrontado com a injustiça de ver os seus cavalos serem levados sem razão, a sua bondade cessa, dando lugar à cólera. Kohlhaas cria um pequeno exército para fazer justiça pelas próprias mãos, saqueando populações, submetendo-as à sua ira. O filme, que esteve em Competição no Festival de Cinema de Cannes, conta com Mad Mikkelsen no principal papel. Mikkelsen distinguiu-se por ser o protagonista da série Hannibal e por entrar nos filmes A Caça e 007 – Casino Royal.
Prémios e Festivais: Festival de Cannes – Selecção Oficial – Competição Césares – Melhor Música Original e Melhor Som Festival de Cinema Europeu de Bruxelas – Golden Iris
10 MARÇO | ABRIL 2015
ESTREIAS CINEMA
O SAL DA TERRA DE
ESTREIA 9 ABR
WIM WENDERS E JULIANO RIBEIRO SALGADO
Dur: 110 min
DOCUMENTÁRIO COM SEBASTIÃO SALGADO, WIM WENDERS, JULIANO RIBEIRO SALGADO
A vida, e obra, do fotógrafo Sebastião Salgado contada pelo filho e por Wim Wenders
SEBASTIÃO SALGADO Sebastião Salgado nasceu a 8 de Fevereiro de 1944 no Brasil. Trabalhou anteriormente como economista, até iniciar a sua carreira como fotógrafo profissional em 1973, em Paris, onde colaborou com as agências fotográficas Sygma e Magnum.
Ao longo das últimas quatro décadas, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado tem percorrido o mundo com a sua arte fotográfica. Neste documentário, o filho – e realizador - Juliano Ribeiro Salgado e Wim Wenders – também ele fotógrafo - percorrem a vida e obra de um artista que testemunha a mudança no mundo. Wim Wenders conhece o trabalho de Sebastião Salgado há cerca de 25 anos, altura em que comprou duas fotografias do brasileiro. Tendo ficado fã do seu trabalho desde então, conheceu pessoalmente o fotógrafo há cerca de seis anos. Num encontro em Paris, Sebastião Salgado levou o realizador ao seu estúdio. A partir deste encontro surgiram outros, nos quais os dois artistas descobriram muitos interesses em comum, um deles a fotografia. Nessa altura, Sebastião perguntou a Wim se estaria interessado em acompanhá-lo e ao seu filho Juliano numa viagem – foi assim que nasceu O Sal da Terra. Juliano Ribeiro Salgado tinha já acompanhado o seu pai em várias viagens pelo mundo. Quando Wim Wenders decidiu co-realizar o filme com Juliano, depararam-se ambos com um problema: a abundância de material. Tinham horas e horas de imagens documentais, incluindo entrevistas de Wim Wenders a Sebastião Salgado, gravadas em Paris. Para Juliano, “Wim Wenders era a pessoa ideal. Ele já conhecia o trabalho de Salgado, e eles já se tinham encontrado algumas vezes. Ele já tinha a ideia de fazer um filme sobre o Sebastião. Encontrámo-nos várias vezes, falámos bastante e foi, por isso, natural fazermos este filme juntos.” O filme inclui imagens de Wim Wenders, entrevistas e filmagens das viagens de Juliano com o seu pai. No final, todos esses registos se ligam para mostrar o percurso do fotógrafo, as suas memórias e o seu testemunho. Na edição passada do Festival de Cannes, na qual O Sal da Terra venceu o prémio do Júri Ecuménico, os membros do júri classificaram-no como “uma obra-prima documental, um testemunho envolvente dos nossos tempos e uma reflexão sobre a condição humana que mostra a possibilidade de esperança para a Humanidade.”
Em 1944, formou a Amazonas, uma organização criada exclusivamente para promover o seu trabalho. Sebastião Salgado viajou por mais de 100 países e os seus trabalhos foram publicados e expostos um pouco por todo o mundo. Ao longo da sua carreira, Salgado recebeu inúmeros prémios pelo seu trabalho fotográfico. Além disso, dedica-se a causas ambientais, é Embaixador da UNICEF e membro honorário da Academy of Arts and Sciences, nos Estados Unidos. Em 2004, começou o emblemático projecto Genesis, uma série de fotografias de paisagens, da vida selvagem e de comunidades que continuam a viver de acordo com tradições e culturas ancestrais. Actualmente, Sebastião Salgado vive e trabalha em Paris.
Prémios e Festivais: Óscares – Nomeação para Melhor Documentário Festival de Cannes – Prémio Especial do Júri Un Certain Regard Prémio do Júri Ecuménico – Menção Honrosa Césares – Nomeação para Melhor Documentário
MARÇO | ABRIL 2015 11
ESTREIAS CINEMA
CITIZENFOUR DE
LAURA POITRAS
ESTREIA 12 MAR
EXCLU
CINEMSIVO AS M
EDEIA
Dur: 114 min
DOCUMENTÁRIO COM EDWARD SNOWDEN, GLENN GREENWALD, JACOB APPELBAUM
Vencedor do Óscar de Melhor Documentário estreia em Portugal em exclusivo nos cinemas Medeia
“O filme mais assustador deste Halloween” Time
Citizenfour é o documentário que mostra os encontros de Edward Snowden com a realizadora Laura Poitras, no decorrer dos quais o antigo funcionário da NSA (agência de segurança norte-americana) revelou informações sobre vigilância e espionagem que abalaram o mundo. No início de 2013, enquanto a realizadora estava a fazer um filme sobre os abusos de segurança nacional levados a cabo pelos Estados Unidos no pós-11 de Setembro, Poitras começou a receber e-mails encriptados de alguém que se identificava como “Citizenfour”. Esse contacto, na altura ainda anónimo, dizia estar preparado para denunciar os programas de vigilância orquestrados pela NSA e por outras agências secretas.
Em Junho do mesmo ano, Poitras e o jornalista Glenn Greenwald voaram para Hong Kong, onde tiveram o primeiro de vários encontros com o tal homem misterioso: Edward Snowden. Não foi por acaso que a revista Time considerou Citizenfour “o filme mais assustador deste Halloween” quando o filme chegou às salas de cinema norte-americanas, no final de Outubro. À medida que acompanhamos as reuniões de Snowden com Poitras e Greenwald, num quarto de hotel em Hong Kong, vamos descobrindo com estupefacção a extensão do sistema de vigilância indiscriminado e ilegal desenvolvido pelos serviços secretos norteamericanos. Ou, como resumem os produtores, “no final do filme, nunca mais olhará da mesma forma para o seu telefone, e-mail, cartão de crédito, browser de internet.”
“No final do filme, nunca mais olhará da mesma forma para o seu telefone, e-mail, cartão de crédito, browser de internet.” Produtores
12 MARÇO | ABRIL 2015
“Um filme brilhante e corajoso, que merece a honra e o reconhecimento que recebeu.” Edward Snowden
O documentário permite assistir mesmo que em diferido a uma parte da História recente que se desenrola diante dos nossos olhos, numa espécie de “thriller da vida real”. O documentário é, para a revista Rolling Stone, “um grito de alerta que nos atinge como um balde de água fria”. O Óscar foi recebido pela realizadora Laura Poitras e pelo jornalista Glenn Greenwald. Exilado na Rússia, Edward Snowden comentou o prémio através de um comunicado, em que afirma que Citizenfour é “um filme brilhante e corajoso, que merece a honra e o reconhecimento que recebeu”.
VENCEDOR
OSCAR MELHOR DOCUMENTÁRIO
VENCEDOR BAFTA
MELHOR DOCUMENTÁRIO NEW YORK FILM FESTIVAL MELHOR DOCUMENTÁRIO LONDON FILM CRITICS CIRCLE MELHOR DOCUMENTÁRIO NEW YORK FILM CRITICS CIRCLE MELHOR DOCUMENTÁRIO LISBON & ESTORIL FILM FESTIVAL SELECÇÃO OFICIAL
MARÇO | ABRIL 2015 13
ESTREIAS CINEMA
CAKE:
ESTREIA 19 MAR
UM SOPRO DE VIDA DE
DANIEL BARNZ
Dur: 102 min
COM JENNIFER ANISTON, ADRIANA BARRAZA, ANNA KENDRICK
Jennifer Aniston interpreta uma personagem que sofre de dor crónica e vive obcecada com o suicídio de uma mulher que mal conhecia Claire Simmons, interpretada por uma Jennifer Aniston pouco maquilhada, está a sofrer. A dor física é evidente nas cicatrizes que revestem o seu corpo e na forma como ela se apresenta diante de nós, estremecendo a cada passo, hesitante. Torna-se igualmente difícil para Claire esconder a sua dor emocional. Brusca ao ponto de despejar insultos lancinantes a torto e a direito, a raiva de Claire explode em quase todos os momentos de interacção: já se afastou do seu marido, dos amigos e até o grupo de apoio à dor crónica, que frequenta, já se viu obrigado a expulsá-la. A única pessoa que permanece firme na solitária existência de Claire é a sua empregada, Silvana (Adriana Barraza), que não sabe como lidar com a necessidade de álcool
YVONE KANE
e medicamentos da sua chefe. Mas o suicídio de Nina (Anna Kendrick), que faz parte do grupo de apoio aos doentes com dor crónica, desencadeia outra obsessão. Na procura de respostas sobre a morte de uma mulher que mal conhecia, Claire explora os limites entre a vida e a morte, o abandono e o desgosto, o perigo e a salvação. Ao infiltrar-se na vida do marido de Nina (Sam Worthington) e do filho que Nina deixou para trás, Claire acredita que encontrou a salvação. Na realidade, terá de se confrontar consigo mesma. A representação de Jennifer Aniston garantiu-lhe a nomeação para um Globo de Ouro na categoria de melhor actriz num filme dramático. Prémios e Festivais: Golden Globes – Nomeação para Melhor Actriz
Dur: 117 min
DE MARGARIDA CARDOSO EM EXIBIÇÃO COM BEATRIZ BATARDA, FRANCILIA JONAZE, GONÇALO WADDINGTON,
IRENE RAVACHE, SAMUEL MALUMBE
Margarida Cardoso revela a força de três mulheres no seu mais recente filme Depois da perda de sua filha, Rita, interpretada por Beatriz Batarda, volta ao país africano onde viveu na infância, para investigar um mistério do passado: a verdade sobre a morte de Yvone Kane, uma exguerrilheira e activista política. Nessa outra realidade geográfica, nunca revelada pela realizadora Margarida Cardoso, onde o progresso se constrói sobre as ruínas de um passado violento, Rita reencontra a velha mãe, Sara (Irene Ravache) - uma mulher dura e solitária. Enquanto Sara, uma médica de 60 anos, vive os últimos dias da sua vida procurando um sentido e uma justificação para os seus actos do passado, Rita embrenha-se num território marcado pelas cicatrizes da História e profundamente assombrado por fantasmas da guerra. Embrenha-se na procura do segredo de Yvone, mas todos os caminhos parecem leva-la à revelação da impossibilidade de uma redenção e à inevitabilidade do esquecimento. 14 MARÇO | ABRIL 2015
“As figuras revolucionárias femininas, como, por exemplo, a Josina Machel, são representadas como santinhas, sem corpo. Para mim, a Yvone Kane é, de certa forma, aquilo do que deveria ter sido representado da Josina Machel. Há um lado muito pudico dos revolucionários, como se as mulheres fossem perfeitas. Nem nos livros de história vamos saber quem verdadeiramente eram”, explicou a realizadora em entrevista ao portal informativo Rede Angola. Sara e Rita reacendem mágoas antigas e, na impossibilidade de se entenderem, acabam por seguir percursos distintos. Prémios e Festivais: Tallin Black Night Film Festival
OUTRAS ESTREIAS PROGRAMAÇÃO ESTREIAS CINEMA
LANÇAMENTOS EM DVD PACK SATYAJIT RAY
6 FILMES - VERSÕES RESTAURADAS . O COBARDE . O SANTO . O HERÓI . CHARULATA . A GRANDE CIDADE . O DEUS ELEFANTE O nome de Satyajit Ray é indiscutivelmente um dos nomes mais importantes do cinema mundial e talvez o mais significativo do cinema indiano. A sua influência estende-se a cineastas actuais que, já por várias vezes, reconheceram no seu trabalho a herança de Ray, como Martin Scorsese ou Wes Anderson. A Grande Cidade, Charulata, O Cobarde, O Santo, O Herói e O Deus Elefante são as seis obras de Satyajit Ray que a Leopardo Filmes edita em DVD no final do mês de Fevereiro. Um Pack imprescindível para qualquer cinéfilo.
PASOLINI um filme de Abel Ferrara com Willem Dafoe, Maria de Medeiros Riccardo Scamarcio, Ninetto Davoli
Um dia, uma vida. Roma, na noite de 2 de Novembro de 1975... O grande poeta e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini é assassinado. Pasolini é um símbolo de uma arte que batalha contra o poder. Os seus escritos são escandalosos, os seus filmes são perseguidos pelos censores, muita gente o ama e muitos o odeiam. No dia da sua morte, Pasolini passa as últimas horas com a sua amada mãe e mais tarde com os amigos mais próximos, e finalmente sai para a noite no seu Alfa Romeo em busca de aventura na cidade eterna. Pela aurora, Pasolini é encontrado morto numa praia em Ostia nos arredores da cidade. Num filme flutuante e visionário, uma mistura de realidade e imaginação, Abel Ferrara reconstrói o ultimo dia do grande poeta.
VARIAÇÕES DE CASANOVA um filme de Michael Sturminger com John Malkovich, Miah Persson, Veronica Ferres Florian Boesch, Anna Prohaska, Victória Guerra
"Viva la libertà!" Sozinho na sua mansão isolada, Giacomo Casanova clama e depois desmaia. De seguida a misteriosa e bela escritora Elisa van der Recke vem visitá-lo, dando uma nova vida ao homem envelhecido. Um filme-ópera que capta o mito do maior sedutor de todos os tempos, Giacomo Casanova. A sua história é contada em palco, numa ópera de câmara, e fora dele em interpretações que desvendam as histórias das suas aventuras, as suas paixões e o seu medo da Morte.
UMA DÍVIDA DE HONRA DE TOMMY LEE JONES Uma Dívida de Honra conta a história de Mary Bee Cuddy (Hillary Swank), uma mulher que vive uma existência solitária numa cidade onde se teme Deus. É designada pelos membros da sua Igreja para levar para Leste três mulheres que enlouqueceram. No caminho, Mary Bee salva a vida de Briggs (Tommy Lee Jones) que concorda em ajudá-la na sua missão.
ESTREIA 5 DE MARÇO PADDINGTON DE PAUL KING Um jovem garoto começa uma amizade com um urso falante (voz de Ben Whishaw) que conhece numa estação de comboios em Londres.
ESTREIA 12 DE MARÇO CINDERELA DE KENNETH BRANAGH Ella, uma jovem cujo pai comerciante se casa novamente após a trágica morte de sua mãe, acolhe em casa a sua madrasta, Lady Tremaine, e as suas duas filha, Anastasia e Drisella. Tragicamente o seu pai desaparece e Ella fica entregue à sua nova família, ciumenta e cruel, que a trata como uma serva. Mas apesar de tudo, Ella está determinada a honrar as últimas palavras de sua mãe, sendo corajosa e gentil... mas eis que um jovem que conhecera na floresta, por quem se apaixonara, é afinal um príncipe e não um funcionário do palácio, como Ella acreditara.
ESTREIA 19 DE MARÇO
MARÇO | ABRIL 2015 15
Ray Satyajit
6 FILMES
VERSÕES RESTAURADAS O COBARDE O SANTO O HERÓI
CHARULATA A GRANDE CIDADE O DEUS ELEFANTE
À venda no Espaço Medeia e nas lojas online 16 MARÇO | ABRIL 2015 www.leopardofilmes.com e www.medeiafilmes.com
6X DVD