Medeia Magazine 13 - Setembro e Outubro 2014

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O QUARTO AZUL

Paixão e mistério na adaptação de Mathieu Amalric do clássico de Simenon

BOYHOOD

MOMENTOS DE UMA VIDA

Linklater brinca com o tempo numa obra única

HEIMAT

CRÓNICA DE UMA NOSTALGIA O novo capítulo da história alemã contado por Edgar Reitz

LEOS CARAX E SATYAJIT RAY no Espaço Nimas e no Teatro do Campo Alegre AMAR, BEBER, CANTAR A derradeira obra de Alain Resnais

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Setembro | Outubro 2014


EDITORIAL Abrimos a revista com o projecto único de Richard Linklater, Boyhood — Momentos de uma Vida, que acompanha o crescimento real de um rapaz dos seis aos dezoito anos. Não perca a oportunidade de ver este filme que está a conseguir o impossível: a unanimidade da crítica. Woody Allen e Clint Eastwood regressam com dois filmes de época. O primeiro, com Magia ao Luar, transporta-nos para a Riviera francesa dos anos 20, enquanto o segundo, com Jersey Boys — Em Busca da Música, mostra a ascensão e queda da banda The Four Seasons, na segunda metade do século XX. Destaque para O Quarto Azul, tema de capa, o novo filme do actor-realizador Mathieu Amalric, uma obra misteriosa adaptada de um livro de Georges Simenon. Veja o último filme do realizador francês Alain Resnais, Amar, Beber e Cantar, que é uma comédia britânica com sotaque francês (um franglês), descrito pelo Le Monde como “a última pirueta de um mágico do cinema antes de sair do palco”. Edgar Reitz continua a sua saga sobre a história alemã, desta vez com o filme Heimat – Crónica de Uma Nostalgia, uma prequela de Heimat, que aborda a imigração germânica para o Brasil. O Espaço Nimas e o Teatro do Campo Alegre trazem-lhe dois ciclos, um dedicado a Leos Carax, com a exibição de duas cópias digitais restauradas, e outro a Satyajit Ray, que mostra seis filmes do conhecido realizador indiano também em versões restauradas.

Programação sujeita a alterações de última hora. Confirme sempre em www.medeiafilmes.com Equipa Director: Paulo Branco Edição e Textos: Frederico Batista Design: André Carvalho e Catarina Sampaio Capa: O Quarto Azul

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BOYHOOD

MOMENTOS DE UMA VIDA DE

RICHARD LINKLATER

ESTREIA 30 OUT

Dur: 165 min

COM ELLAR COLTRANE, PATRICIA ARQUETTE, ETHAN HAWKE

Homem de relações duradoiras com as suas obras, Linklater regressa com uma proposta nunca vista: acompanhar o crescimento real de uma criança entre os seis e os 18 anos.

Richard Linklater é um realizador dado a histórias que se prolongam, e muito, no tempo. Depois da trilogia Antes do Amanhecer (1995), Antes do Anoitecer (2004) e Antes da Meia-Noite (2013) — que juntou Julie Delpy e Ethan Hawke durante 17 anos —, o realizador autodidacta apresenta Boyhood — Momentos de Uma Vida, um filme que acompanha, literalmente, a vida de um rapaz ao longo de 12 anos, desde que tem cinco até atingir a maioridade, aos 18. Na verdade, nunca se viu nada assim. Até agora, nenhuma experiência deste género tinha sido feita fora do género documental, com destaque para The Up Series, um documentário produzido pela BBC que acompanha a vida de catorze crianças inglesas desde 1964. Linklater traz realismo à ficção ao acompanhar o envelhecimento natural das personagens.

“Nem me lembro bem de como aceitei o convite. Sabia que ia ser um projecto bizarro e interessante. Não imaginava o que seria passar 12 anos sempre a filmar, até porque a minha experiência de vida era menor do que isso. Era um actor em part-time” Ellar Coltrane

Além de vermos crescer Mason, o “boy” que passa a “teenager” e, mais tarde, a jovem adulto, damos pelo passar do tempo nas restantes personagens principais, como a mãe, interpretada por Patricia Arquette, o pai, mais uma colaboração de Ethan Hawke, e a irmã Samantha, a cargo de Lorelei Linklater, a filha do realizador — que, ao fim de quatro anos de filmagens, pediu ao pai que matasse a personagem, por já não ter interesse em representá-la, mas que, às tantas, lá acabou por recuperar o entusiasmo. “Chama-se Boyhood [Juventude], mas também poderia chamar-se Parenthood [Paternidade]”, conta Richard Linklater à IndieWire. “Espelha a perspectiva das crianças, mas qualquer pessoa que tenha estado próxima da parentalidade sabe que [o


ESTREIASCINEMA CINEMA ESTREIAS filme] também é sobre isso”, conclui. Isso e muito mais. Há História dentro da história, com imagens da campanha presidencial de Obama, um jogo de basebol entre os Brewers e os Astros, ou a discussão sobre a possibilidade de um novo filme da saga Star Wars vir a ser realizado. Até mesmo a música, dos Coldplay a Arcade Fire, acompanha a cronologia. Linklater e a sua equipa todos os anos filmavam algumas cenas, criando-se curtas-metragens de 10 a 15 minutos. “Não se prepara uma coisa destas, acaba por ser um passo de cada vez”, confidencia o realizador ao Guardian. E continua: “Encontramos sempre uma metáfora com a própria vida; como enfrentamos o futuro? Fazemos o nosso melhor, mas temos de estar preparados para o presente.”

12 ANOS A VER MASON CRESCER

Há um certo mistério em torno do filme: não há memórias passadas, apenas flashes da realidade que se vai vivendo. Não se consegue relacionar, de forma directa, algumas cenas com outras, mas, como tudo é o culminar da educação e maturação de um indivíduo, acaba por existir uma unidade e um sentido. “Nem me lembro bem de como aceitei o convite. Sabia que ia ser um projecto bizarro e interessante. Não imaginava o que seria passar 12 anos sempre a filmar, até porque a minha experiência de vida era menor do que isso. Era um actor em part-time”, revela Ellar Coltrane, o jovem que vemos crescer, na mesma entrevista. “Apaixonei-me por este filme e pelos actores”, diz o crítico do Guardian, Peter Bradshaw, num podcast do jornal. “Há uma intimidade extraordinária no filme. Pergunto-me se [Linklater] regressará a ele para gravar A Maturidade ou A Velhice. É mesmo uma obra-prima”, conclui. Desde a primeira exibição, em Janeiro deste ano no Festival de Sundance, que arrecada elogios: o Urso de Prata, em Berlim, foi parar às mãos do realizador, o site Rotten Tomatoes dá-lhe 99%, enquanto o Los Angeles Review of Books, compara-o às memórias de J. M. Coetzee, Prémio Nobel da Literatura em 2003, Boyhood: Scenes from Provincial Life. Sabia que... O filme começou por se chamar The Untitled 12 Year Project (Projecto de 12 Anos sem Título). Mais tarde, passou para 12 Years (12 Anos), mas o realizador Richard Linklater optou por Boyhood — Momentos de uma Vida para evitar que se confundisse com o último vencedor do Óscar para melhor filme, 12 Anos Escravo.

Prémios e Festivais: Urso de Prata em Berlim 2014 Festival de Sundance 2014

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ESTREIAS CINEMA

CABELO REBELDE AMAR, BEBER MARIANA RONDÓN

DE ESTREIA 2 OUT

Duração: 93 min

EXCLU CIN SIVO

EM

MEDE AS IA

COM SAMUEL LANGE ZAMBRANO, SAMANTHA CASTILLO, BETO BENITES

E CANTAR DE

Dur: 108 min

ESTREIA 9 OUT

ALAIN RESNAIS

COM SABINE AZÉMA, HIPPOLYTE GIRARDOT, CAROLINE SIHOL

Um rapaz preocupado em ter o cabelo liso entra em conflito com a mãe, no novo filme de Mariana Rondón.

Acordar despenteado é uma fatalidade menor que calha a todos os que têm a cabeça coberta de pelos. Já querer mudar de penteado e não conseguir pode tornar-se um drama capilar sério. Junior é um rapaz de nove anos que procura domesticar o cabelo encaracolado para a fotografia do álbum da escola. Tem como referência um cantor de música pop, de cabelo liso, e conta, para a sua missão, com a ajuda da avó. Pelo Malo, o original de Cabelo Rebelde, é uma expressão que se usa nas Caraíbas e Venezuela para designar carapinha. Mas não só. Simboliza algum distanciamento e uma certa indiferença em relação ao outro, sobretudo quando usado para referir cabelo de negros ou mestiços. É também uma metáfora sobre quem se olha ao espelho à procura de uma identidade. É por isso que Cabelo Rebelde vai para lá da simples conversa de cabeleireiro. “É um filme sobre a tolerância e fala de como expressões podem magoar as pessoas”, diz Samuel Lange, a criança que interpreta Junior. Aqui, a própria mãe entra em conflito com o filho, por este querer esticar o cabelo, ao acreditar que isso questiona a sua natureza e sexualidade. Mariana Rondón aborda de uma forma simples e inteligente questões de identidade e género, a tensão maternal e a vontade de se pertencer a um conjunto. “O apaixonante Cabelo Rebelde de Mariana Rondón vai certamente desafiar os seus preconceitos; isso irá reflectir-se no modo como verá, neste filme provocador e emotivo, a viagem de Junior em busca da sua identidade”, escreve o Indiewire.

O último filme de Alain Resnais é uma comédia britânica com sotaque francês - um híbrido franglês.

“Aviso: filme eufórico! Este é o resnaiscimento de Resnais. A última pirueta de um mágico do cinema antes de sair do palco”, escreveu o Le Monde. Amar, Beber e Cantar é o último filme do realizador Alain Resnais. Estreou-se três semanas antes da sua morte, na 64ª edição do Festival de Cinema de Berlim, que decorreu em Fevereiro e no qual o francês recebeu o Prémio Alfred Bauer. Adaptado de uma peça do dramaturgo inglês Alan Ayckbourn (mais uma entre tantas ao longo da sua vida), o filme conta a história de três casais que descobrem que um amigo comum, George Riley, se encontra gravemente doente (no original a peça chama-se Life of Riley). Quando George decide passar as férias em Tenerife, numa viagem que pode muito bem ser a última, as mulheres decidem acompanhá-lo, deixando os maridos enfurecidos e preocupados com o que os vizinhos poderão pensar. Ao contrário do que parece, trata-se de uma comédia, e a própria abordagem que Resnais faz da peça de Ayckbourn realça esse aspecto. O cenário, muito teatral e kitsch, procura recriar Yorkshire (ainda que a referência visual de Resnais tenha sido o cenário de uma encenação de A Gaivota, de Tchekhov, que viu quando era adolescente), e os nomes mantém-se originais ao inglês — o que cria situações caricatas, com os próprios actores a não serem capazes de os pronunciar. George, tal como Godot, é a personagem central que nunca se vê, e serve para Resnais abordar, pela terceira vez na sua cinematografia, uma contemplação divertida da morte.

Prémios e Festivais: Concha de Ouro em San Sebastian 2013 Festival de Toronto 2013 Lisbon & Estoril Film Festival 2013

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Prémios e Festivais: Prémio Alfred Bauer - Berlin Film Festival Prémio Fipresci - Berlin Film Festival


ESTREIAS CINEMA

MAGIA AO LUAR DE WOODY

ALLEN

ESTREIA 4 SET

Dur: 97 min

COM COLIN FIRTH, EMMA STONE, HAMISH LINKLATER, JACKI WEAVER

O regresso de Woody Allen fica também marcado pelo retorno do realizador à Europa. Desta vez, viaja não só no espaço como no tempo. Riviera francesa, anos 20. Woody Allen leva-nos a dar um salto no tempo na companhia de Colin Firth, um mágico que procura desmascarar uma vidente, interpretada por Emma Stone. De bigode fino e casacos compridos em tons de vermelho e dourado, Firth encanta plateias de Berlim assumindo a personagem de Wei Ling Soo, um ilusionista chinês. Fora de cena é Stanley Crawford, um meticuloso caçador de impostores. É levado ao encontro da conhecida médium Sophie Baker (Emma Stone) por um amigo. Sophie vive na luxuosa mansão da família Catledge, na Riviera, e é paga pela viúva para entrar em contacto com o falecido marido. Nas horas livres, recebe serenatas de ukelele por parte do herdeiro da fortuna Catledge, Brice (Hamish Linklater). Woody Allen regressa assim à Europa, depois de um pequeno interregno para filmar Blue Jasmine nos

Estados Unidos, um filme que valeu a Cate Blanchett o Óscar de Melhor Actriz na mais recente edição da cerimónia. Para garantir uma fotografia de época, convocou o conhecido director de fotografia Darius Khondji, com quem já tinha trabalhado anteriormente em Para Roma com Amor e Meia-Noite em Paris, que utilizou uma lente CinemaScope nas filmagens. “Beleza - beleza antiga, beleza permanente - tornou-se uma necessidade emocional do trabalho de Allen. Num mundo perigoso e incompreensível, elegância e luxo representam valores estáveis para o realizador e simbolizam, talvez, um refúgio”, escreve o crítico da New Yorker.

EM PARTE INCERTA DE

DAVID FINCHER

ESTREIA 2 OUT

COM BEN AFFLECK, ROSAMUND PIKE, NEIL PATRICK HARRIS Dur: 145 min

O desaparecimento mediático de uma mulher reúne David Fincher a Ben Affleck. Ben Affleck já tinha filmado o desaparecimento de uma criança quando assinou Vista Pela Última Vez (2007). Na altura, a estreia foi adiada devido à proximidade do desaparecimento de Madeleine Mccan, mas, ainda assim, a exibição tardia viria a dar frutos, com Amy Ryan a garantir a nomeação para o Óscar de Melhor Actriz Secundária. Sete anos depois, o actor-realizador regressa ao tema do desaparecimento mas, desta vez, deixa-se dirigir por David Fincher. Affleck é o actor principal deste Em Parte Incerta, um thriller policial adaptado do romance homónimo de Gillian Flynn, em que uma mulher desaparece de forma misteriosa. Ele é o marido que passa, gradualmente, de inocente a suspeito. A própria autora escreveu o guião, mas alterou o final para que quem tivesse lido o livro pudesse ser também surpreendido ao ver o filme. Sobre a colaboração com Fincher, Affleck diz que

o realizador é o único capaz de fazer o trabalho de qualquer outra pessoa melhor do que a própria. Durante as filmagens, o actor alterou ligeiramente a definição de uma das lentes da câmara de filmar. “Raios, se ele não topou logo! Perguntou porque é que a câmara parecia mais escura?”, revelou Affleck durante uma entrevista. Trent Reznor, responsável pelas bandas sonoras de A Rede Social (2010) e Millenium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres (2011), volta a trabalhar com Fincher. O músico foi dos poucos a pronunciar-se sobre o filme e adiantou à revista Entertainment Weekly que o resultado “é bem mais negro do que esperava. O livro não é propriamente animador, mas o filme consegue ser desconfortável.” SETEMBRO | OUTUBRO 2014

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ESTREIAS CINEMA

GRIGRIS

ESTREIA 4 SET

DE MAHAMAT-SALEH HAROUN

EXCLU

CINEMSIVO AS M

EDEIA

Dur: 101 min

COM SOULEYMANE DÉMÉ, ANAÏS MONORY, CYRIL GUEI

Depois do aclamado Un homme qui crie, prémio do júri em Cannes, o realizador e argumentista MahamatSaleh Haroun traz-nos um retrato das vidas marginais no coração de África. Grigris tem a perna esquerda paralisada mas esta deficiência é totalmente esquecida quando dança. Na discoteca, Grigris é o centro de todos os olhares, é para ele que se dirigem os aplausos. Este talento, bem como o seu emprego numa loja de fotografia, permitemlhe ganhar dinheiro suficiente para se sustentar. Porém, quando o tio adoece, o jovem precisa de encontrar uma forma de pagar o hospital. Grigris começa, então, a trabalhar para traficantes de gasolina, cada vez mais numerosos no Chade. O intuito inicial do realizador era falar acerca das perseguições entre contrabandistas e agentes de alfândega, chegando até a pensar fazer um documentário. Foi quando estava sem ideias sobre o que fazer, que Grigris “apareceu na sua vida como um presente de Deus, um amuleto mágico”. Haroun conheceu Souleymane Démé em 2011, num

JERSEY BOYS

espectáculo de dança em Uagadugu, capital da Burkina Faso. Quando o dançarino surgiu no palco, segurando a sua perna paralisada da mesma forma que no filme – como uma arma –, Haroun teve a certeza de que tinha encontrado o seu protagonista. O cineasta quis mostrar pessoas marginalizadas que procuram uma solução e, para a IndieWIRE, “consegue-o sem nunca mostrar as condições de vida das personagens com pena”. Exemplo disto é Mimi, por quem Grigris se apaixona, que, por ser mulata e prostituta, encerra em si dois preconceitos da sociedade chadiense. Haroun assumiu a árdua tarefa de quebrar estes tabus com elegância e realismo. Prémios e Festivais: Festival de Cannes - Selecção Oficial - Competição

ESTREIA 18 SET

EM BUSCA DA MÚSICA DE

CLINT EASTWOOD

Dur: 134 min

COM CHRISTOPHER WALKEN, FRANCESCA EASTWOOD, FREYA TINGLEY

O eterno cowboy Clint Eastwood regressa aos cinemas nacionais com a adaptação de um dos mais adorados musicais da Broadway na última década. Na década de 1950, o italo-americano Tommy DeVito divide o seu tempo entre pequenos furtos e liderar uma banda. É amigo do jovem e talentoso Frankie Valli, que depressa é convidado a juntar-se, mas é com a entrada do compositor Bob Gaudio que eles, ao lado de Nick Massi, formam uma das mais bem-sucedidas bandas dos anos 1960, os The Four Seasons. O filme baseia-se no musical da Broadway com o mesmo nome, que está em cena desde 2005 e já venceu 6 prémios Tony. Clint Eastwood, que nos últimos anos nos trouxe dramas imponentes como Gran Torino ou Million Dollar Baby – Sonhos Vencidos, poderia não ser o primeiro nome em que pensaríamos para realizar a adaptação deste musical jukebox. Mas não é preciso recuar muitos anos para recordar as bandas sonoras assinadas por Eastwood (J. Edgar, A Troca, Mystic River, entre outros) ou mesmo o biopic sobre o músico Charlie Parker (Bird 6

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– Fim do Sonho) e o filme A Última Canção, onde o próprio realizador interpreta um músico decadente em busca de uma última oportunidade. O actor John Lloyd Young confessa que, inicialmente, a escolha de Clint Eastwood lhe pareceu estranha mas que rapidamente a percebeu. “Quando olhamos para aquilo que Jersey Boys é verdadeiramente – um drama sobre uma banda – percebemos que a ligação de Clint Eastwood a um musical da Broadway, neste caso, faz completamente sentido. Há uma história biográfica forte. Ao ouvir a música não sabemos necessariamente que os responsáveis por ela são um grupo de pequenos mafiosos de Nova Jérsia. Este ponto fraco, a sombra no interior da luz, essa é a imagem de marca de Clint”, revela o protagonista do filme.


ESTREIAS CINEMA

HEIMAT - CRÓNICA DE UMA NOSTALGIA DE

EDGAR REITZ

1ª PARTE: ESTREIA 2 OUT | 2ª PARTE: ESTREIA 9 OUT

Dur: 117 min + 124 min

COM JAN DIETER SCHNEIDER, ANTONIA BILL, MAXIMILIAN SCHEIDT, MARITA BREUER, RÜDIGER KRIESE, PHILINE LEMBECK

EXCLU

CINEMSIVO AS M

EDEIA

No seu regresso ao universo Heimat, o cineasta Edgar Reitz viaja mais de uma centena de anos no tempo para criar uma obra épica sobre o valor da resiliência.

A palavra Heimat não encontra referente concreto em nenhuma outra língua, excepto a alemã. Referese a uma relação de integração que um ser humano estabelece com uma unidade social e espacial. A palavra mais próxima do original será pátria, ou mesmo lar, mas desde os anos 1980 Heimat é acima de tudo sinónimo de uma das mais apaixonantes e mais longas (com mais de 53 horas) sagas familiares da História do Cinema. Com este novo filme, Reitz apresenta-nos uma possível prequela que amplia a narrativa. No filme descobrimos a origem da família Simon, uma das muitas que, na Alemanha de meados de século XIX, abandonaram o país, fragilizado pela escassez de alimentos e pelas investidas da Prússia, em direcção à América do Sul. “O período que nos separa dos eventos desta história é de apenas 160 anos, mas para mim, para a equipa técnica e para os actores esta foi uma viagem a uma Alemanha muito diferente e completamente esquecida, um país desfigurado pela pobreza extrema.”, revelou Reitz. "Agora que

terminámos o filme, percebo o imenso privilégio que é viver num tempo em que a liberdade e a alegria são coisas que qualquer pessoa pode legitimamente afirmar como suas". É nessa viagem rumo a um tempo perdido que reside a força do filme. "Através da sua mestria artística e do amor pelo tema, o cineasta recria a emoção e a beleza desaparecidas para sempre dos tempos passados", escreveu o crítico da Positif. Reitz resume: “de facto, um dos efeitos do filme é, talvez, impelir os espectadores a fazerem uma pausa e viverem o ritmo muito diferente que permitiu aos nossos antepassados sobreviver. No fundo, pode ser o verdadeiro ritmo dos nossos corações.” Prémios e Festivais: Festival de Veneza - Selecção Oficial Lisbon & Estoril Film Festival – Selecção Oficial Prémios do Cinema Alemão - Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Argumento

A “FAMÍLIA” HEIMAT HEIMAT (1984)

DIE ZWEITE HEIMAT (1992)

HEIMAT 3 (2004)

HEIMAT-FRAGMENT (2006)

A série original revelou a família Simon e a aldeia ficcional Schabbach em 11 episódios, cuja história se inicia em 1919 e se prolonga até 1982. Venceu o Prémio FIPRESCI no Festival de Veneza e tinha em Stanley Kubrick um dos seus maiores fãs.

O percurso desde a queda do Muro de Berlim até aos primeiros anos do século XXI segue em paralelo o regresso de Hermann à aldeia natal de Shabbach, neste terceiro tomo da saga Heimat composto por seis episódios.

O segundo volume da saga de Reitz foi igualmente premiado em Veneza com o prémio FIPRESCI e ainda um Prémio Especial. Em 13 episódios acompanhamos a partida de Hermann, um dos membros da família Simon, em direcção a Munique onde viverá a turbulenta década de 1960.

Com o subtítulo As Mulheres, esta espécie de epílogo foca-se nas mulheres da família Simon na década de 1960 e na passagem do milénio.

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PROGRAMAÇÃO

ESPAÇO NIMAS

BOY MEETS GIRL

A SUA SALA DE CINEMA INDEPENDENTE

COM DENIS LAVANT, CARROLL BROOKS, MIREILLE PERRIER

Leos Carax é o enfant terrible do cinema francês. Dono de uma estética muito própria, que concilia de forma harmoniosa a violência e a beleza visual, tem o dom de não deixar indiferente quem vê os seus filmes. O Espaço Nimas exibe duas versões digitais restauradas das primeiras longas do cineasta: Boys Meets Girl – Paixões Cruzadas e Mauvais Sang – Má Raça. Tido como um dos autores maiores da sétima arte, Satyajit Ray dedicou-se ao cinema depois de conhecer Jean Renoir, em Londres. Prolífico em vários campos artísticos, desenvolveu paralelamente ao cinema trabalhos ligados à ilustração, caligrafia, edição de texto, escrita de ficção, design gráfico e crítica cinematográfica. O Espaço Nimas dedica-lhe um ciclo com seis dos seus mais carismáticos filmes em novas versões digitais e restauradas.

Programação sujeita a alterações de última hora. Confirme sempre em www.medeiafilmes.com 8

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EXCLU

Dur: 100 min

PAIXÕES CRUZADAS DE LEOS CARAX

CINEMSIVO AS M

EDEIA

ESTREIA 11 SET

A longa-metragem de estreia de Leos Carax segue a relação entre um aspirante a realizador que acabou de ser abandonado pela sua namorada e uma jovem com tendências suicidas, igualmente a lidar com uma relação falhada. “O Sr. Carax tem 24 anos mas Paixões Cruzadas parece o trabalho de um talentoso jovem de 18, de alguém que passa mais tempo dentro da cinematografia francesa do que fora dela”, escreveu, na altura, o New York Times. Prémios e Festivais: Festival de Cannes - Selecção Oficial - Competição

MAUVAIS SANG MÁ RAÇA DE LEOS CARAX

EXCLU

Dur: 106 min

ESTREIA 11 SET

CINEMSIVO AS M

EDEIA

COM JULIETTE BINOCHE, DENIS LAVANT, MICHEL PICCOLI, JULIE DELPY

Paris, um futuro próximo. Marc e Hans são dois ladrões que devem dinheiro a uma mulher americana cruel que lhes dá duas semanas para pagarem. Planeiam roubar e vender um antídoto para um novo vírus semelhante à SIDA, chamado STBO, que está a matar os que "praticam sexo sem amor", mas precisam de alguém com mãos rápidas. Recrutam Alex, apelidado de "língua veloz", um miúdo rebelde que está a terminar a sua relação com Lisa, a namorada de 16 anos. Pouco antes do roubo, as coisas complicam-se. Prémios e Festivais: Festival de Berlim – Prémio Alfred Bauer | Prémio Louis Deluc – Melhor Filme Francês | Prémios Césars – Nomeação para Melhor Actriz, Melhor Actriz Revelação e Melhor Fotografia


PROGRAMAÇÃO

6 FILMES DE SATYAJIT RAY A PARTIR DE 25 DE SETEMBRO

CHARULATA VERSÃO RESTAURADA

A solitária mulher de um jornalista apaixona-se pelo familiar do marido que visita a sua casa e que partilha consigo o amor pela Literatura. Prémios e Festivais: Festival de Berlim 1965: Urso de Prata para Melhor Realizador e Prémio OCIC

A GRANDE CIDADE VERSÃO RESTAURADA (MAHANAGAR) Em Calcutá, Subrata vive com a mulher, Arati, o filho de ambos, os seus pais e uma irmã mais nova. Quando o dinheiro começa a escassear a esposa começa a trabalhar fora, com sucesso. Quando o marido perde o emprego, é ela quem passa a sustentar a casa, o que contraria os costumes conservadores. Prémios e Festivais: Festival de Berlim 1964: Urso de Prata para Melhor Realizador

O HERÓI VERSÃO RESTAURADA

(NAYAK) De viagem para Nova Delhi, onde irá receber um prémio, uma estrela do cinema indiano reavalia o seu sucesso através dos sonhos e experiências passadas dos passageiros que seguem consigo. Prémios e Festivais: Festival de Berlim – Selecção Oficial – Menção Especial do Júri Prémios do Cinema Indiano – Melhor Argumento

EXCLU

CINEMSIVO AS M

EDEIA

O COBARDE VERSÃO RESTAURADA

(KAPURUSH) Perdido numa pequena aldeia após o seu carro ter avariado, um argumentista é surpreendido ao encontrar uma antiga namorada. Recordando a sua incapacidade para se comprometer e o consequente fim da relação, vai tentar acertar contas com o passado mas descobre que o tempo ainda não sarou as feridas. Prémios e Festivais: Festival de Cinema de Veneza: Selecção Oficial - Competição

O DEUS ELEFANTE VERSÃO RESTAURADA (JOI BABA FELUNATH) O Detective Feluda parte de férias mas o roubo de uma imagem de Ganesh, o Deus Elefante, de uma casa de família no local obriga-o a iniciar uma investigação, que o vai colocar face a face com algumas personagens misteriosas e impiedosas. Prémios e Festivais: Festival de Cinema de Hong Kong – Melhor Filme

O SANTO VERSÃO RESTAURADA

(MAHAPURUSH) Uma família Hindu devota deixa-se enganar por um charlatão que se faz passar por santo.

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ESTREIAS CINEMA

O QUARTO AZUL DE

MATHIEU AMALRIC

ESTREIA 16 OUT

Duração: 76 min

COM MATHIEU AMALRIC, LÉA DRUCKER, STÉPHANIE CLÉAU, LAURENT POITRENAUX, SERGE BOZON

O quarto filme de Amalric é passado num quarto de cor azul. O filme que se estreou em Cannes é adaptado de um policial de Georges Simenon.

“É um esboço, uma aguarela, um guache ou um desenho feito através de uma escrita rápida que se baseia na do escritor Georges Simenon. Um gesto. Um estudo de pincel, muito límpido e focado, em tons de azul e ocre”, escreve a Les Inrocks, a propósito de O Quarto Azul. A mesma publicação que considera a obra de Amalric um filme espantoso, sem resposta, preso às dores do amor e ao sofrimento dos homens. Depois de ter realizado três longas-metragens — Mange ta soup (1997), O Estádio de Wimbledon (2001) e Tournée – Em Digressão (2010)—, Mathieu Amalric consolida a sua curta carreira atrás das câmaras com O Quarto Azul, um filme que conta com a produção de Paulo Branco. Adaptado do policial homónimo de Georges Simenon, o filme procura manter o mistério característico dos romances do conhecido autor. Intrigante na construção

“É um esboço, uma aguarela, um guache ou um desenho feito através de uma escrita rápida que se baseia na do escritor Georges Simenon. Um gesto. Um estudo de pincel, muito límpido e focado, em tons de azul e ocre” Les Inrocks Prémios e Festivais: Festival de Cannes 2014: Un Certain Regard New York Film Festival 2014: Selecção Oficial Festival de San Sebastián 2014: Selecção Oficial

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das personagens mas também no enredo, o escritor belga desenvolveu um tipo de narrativa misteriosa que sempre fascinou a sétima arte (são disso exemplo Betty, de Claude Chabrol – nome icónico da nouvelle vague –, ou Sinais Vermelhos, de Cedric Kahn). Amalric não se limitou a lê-lo, deulhe agora corpo com O Quarto Azul. Nele, um homem, Julien (Amalric) e uma mulher, Esther (Stephanie Cleau), encontram-se num quarto de hotel, onde se deixam levar por jogos de sedução e erotismo. Quando Julien se aproxima da janela e vê o marido de Esther chegar, veste-se e foge. Mas foge para junto da mulher, Delphine (Lea Drucker) e da filha. Questionado sobre a ferida que tem no lábio (causada por um beijo de


OUTRAS ESTREIAS ESTREIAS PROGRAMAÇÃO ESTREIAS CINEMA CINEMA

OS MAIAS - CENAS DA VIDA ROMÂNTICA DE JOÃO BOTELHO

Esther) responde que se magoou num poste. E fica por aí. Contempla a família, de que, apesar da aventura amorosa, gosta e quer proteger. “Amalric, o actor (O Escafandro e a Borboleta, O Grande Hotel Budapest) compõe uma óptima personagem de Simenon; tanto parece ser um homem comum graças ao aspecto de bad boy, como o seu oposto. Julien é aquele tipo que conhecemos na escola, que tinha muito êxito mas deitava tudo a perder por uma morena escaldante”, escreve a Indiewire. De um momento para o outro vemos Julien a braços com a justiça, a ser interrogado pela polícia, por um psicólogo e por um juíz (Laurent Poitrenaux), a propósito da morte do marido de Esther. Vamos sabendo da história pelos depoimentos que são feitos em tribunal, a narrativa avança e recua no tempo, ao sabor das recordações do acusado. Rodado na actualidade, e não no tempo em que foi escrito por Simenon, O Quarto Azul tem por referência o filme noir de Hollywood, ao mesmo tempo que acompanha a narrativa do cinema de Alain Resnais, autor capaz de contar histórias familiares de uma forma totalmente nova. O filme “tem um ritmo impetuoso, deslizando entre períodos de tempo com a habilidade de um pianista que interpreta Prokofiev. (...) a narrativa é efervescente como o som de uma última lata de Red Bull, bebida durante uma escaldante caminhada no deserto”, revela o Telegraph.

“Tem um ritmo impetuoso, deslizando entre períodos de tempo com a habilidade de um pianista que interpreta Prokofiev. (...) a narrativa é efervescente como o som de uma última lata de Red Bull, bebida durante uma escaldante caminhada no deserto” Telegraph Mathieu Amalric - Perfil: Filho de um jornalista e de uma crítica literária do jornal francês Le Monde, Mathieu Amalric cedo desenvolveu o gosto pelas letras. Acabaria por enveredar pela carreira cinematográfica como contra-regra. Depois de interpretar alguns papéis menores, integra o elenco de O Diário de um Sedutor, juntamente com Chiara Mastroiani e Melvil Poupaud, em 1996. No mesmo ano, inaugura aquela que é, até à data, a sua colaboração mais regular: actor nos filmes do realizador Arnaud Desplechin. Com ele filmou Comment je me suis dispute...(ma vie sexuelle) (1996), Reis e Rainha (2004), Um Conto de Natal (2008) e Jimmy P: Realidade e Sonho (2013). Com O Escafandro e a Borboleta, de Julian Schnabel, alcançou reconhecimento internacional e viria a ser, no ano seguinte, o vilão de 007: Quantum of Solace (2008). Recebeu o prémio de Melhor Realizador por Tournée - Em Digressão, no festival de Cannes de 2010.

A história d’Os Maias começa no Outono de 1875 quando Afonso da Maia se instala numa das casas da família, o Ramalhete. Durante vários anos esteve desabitada e servia apenas para guardar as mobílias do palacete de Benfica. Carlos, neto de Afonso e a única família que lhe restava, tinha acabado o curso de Medicina em Coimbra nesse ano e queria abrir um consultório em Lisboa, razão pela qual Afonso decidiu deixar Santa Olávia, a sua quinta no norte do país, e acompanhar o neto para Lisboa.

ESTREIA 11 SETEMBRO THE NOVEMBER MAN A ÚLTIMA MISSÃO DE ROGER DONALDSON Um antigo agente da CIA é trazido de regresso ao ativo numa missão muito pessoal que o coloca em rota de colisão com o seu antigo protegido num jogo que envolve elevados responsáveis do governo americano e o recentemente eleito presidente russo. Basedo numa popular série de livros de Bill Granger.

ESTREIA 11 SETEMBRO NUM OUTRO TOM DE JOHN CARNEY Um executivo frustrado da indústria discografica (Mark Ruffalo) forma uma aliança com uma jovem cantora-compositora (Keira Knightley) recém-chegada a Manhattan.

ESTREIA 18 SETEMBRO

SETEMBRO | OUTUBRO 2014 11


ESTREIAS CINEMA

THE GIVER

ESTREIA 11 SET

O DADOR DE MEMÓRIAS DE

PHILLIP NOYCE

O JUIZ

ESTREIA 23 OUT

DE DAVID DOBKIN COM ROBERT DOWNEY JR, VERA FARMIGA, ROBERT DUVALL, BILLY BOB THORNTON

Dur: 97 min

COM JEFF BRIDGES, KATIE HOLMES, MERYL STREEP, ALEXANDER SKARSGÅRD

Uma pequena comunidade vive num mundo aparentemente ideal, sem doenças nem guerras, mas também sem sentimentos. Para que isso assim continue é necessário que um dos habitantes fique encarregue de armazenar estas memórias, de forma a poupar os restantes habitantes do sofrimento e também de guiá-los com a sua sabedoria. De tempos a tempos esta tarefa muda de mãos e agora cabe a um jovem que terá de passar por um duro treino e provar que é digno de tal tarefa.

A VINGANÇA DE MICHAEL KOHLHAAS

EXCLU

CINEMSIVO AS M

DE ARNAUD DES PALLIÈRES

EDEIA

ESTREIA 23 OUT

COM MADS MIKKELSEN, BRUNO GANZ, DENIS LAVANT

OS GATOS NÃO TÊM VERTIGENS ESTREIA 25 SET Dur: 124 min

DE ANTÓNIO-PEDRO VASCONCELOS COM MARIA DO CÉU GUERRA, JOÃO JESUS, FERNANDA SERRANO

Dur: 122 min

Michael Kohlhaas é um comerciante de cavalos simples e justo, que leva uma vida exemplar. Mas face à injustiça, a sua bondade cessa, dando lugar à cólera. Kohlhaas cria um pequeno exército para fazer justiça pelas próprias mãos, saqueando populações, submetendo-as à sua ira. Protagonizado por Mads Mikkelsen (protagonisa da série Hannibal e dos filmes A Caça e 007 – Casino Royale), o filme é uma adaptação da obra de Heinrich von Kleist. Prémios e Festivais: Festival de Cannes - Selecção Oficial - Em Competição

12 SETEMBRO | OUTUBRO 2014

A história gira em torno de um advogado com muito sucesso (Robert Downey Jr.) que volta à cidade onde cresceu para assistir ao velório da sua mãe. No local, acaba por descobrir que o seu pai, que sofre de Alzheimer, é apontado pela polícia como um dos suspeitos pelo assassinato da mulher. O advogado decide pegar no caso e assumir a defesa do pai no tribunal.

Jó é um jovem delinquente que cresceu num bairro problemático de Lisboa. Expulso da casa do pai no dia em que completa 18 anos, acaba por pernoitar no terraço do prédio onde vive Rosa, uma professora reformada e viúva de 73 anos. Quando Rosa descobre que tem um novo inquilino no terraço decide dar-lhe o afeto que ele nunca teve. Juntos descobrem que têm muito amor para dar e receber. O novo filme do realizador de O Lugar do Morto, Jaime ou Os Imortais, regressa com uma história onde quis abordar um drama social, o afeto e uma história de amor, tendo como motivação a pergunta para que serve o cinema perante tempos de crise?


SETEMBRO | OUTUBRO 2014 13


PROGRAMAÇÃO

TEATRO MUNICIPAL CAMPO ALEGRE O mestre japonês Yasujiro Ozu marca a rentrée do TM∙CA, com a exibição de um mini-ciclo de 3 filmes, em versões digitais restauradas, da última fase da sua obra, nunca estreados comercialmente em Portugal: A Flor do Equinócio (1958), Bom Dia (1959) e O Fim do Outono (1960). Como escreveu Vasco Baptista Marques no Expresso, estas 3 obras-primas de Ozu, apesar dos anos, mostram-se “bem mais modern[a]s do que a maioria das novidades que, semana após semana, invadem as salas portuguesas – é que os problemas que [a]s atravessam, esses, nunca haverão de envelhecer.” Ainda em versões digitais restauradas vão chegar-nos Boy Meets Girl - Paixões Cruzadas e Mauvais Sang - Má Raça, as duas primeiras longas de um dos nomes mais importantes do cinema do hexágono pósnouvelle vague, Léos Carax, obras seminais para a renovação do cinema francês a partir da década de 80, e seis filmes do mais consagrado dos realizadores indianos, Satyajit Ray, inéditos comercialmente em sala no nosso país. Destacamos ainda as estreias, em exclusivo, de vários filmes selecionados para os festivais de Cannes, Veneza, Locarno e Lisbon & Estoril Film Festival, oriundos de cinematografias diversas: Corneliu Porumboiu (Roménia), Mahamat SalehHaroun (Chade), Edgar Reitz (Alemanha), Mathieu Amalric (França).

Programação sujeita a alterações de última hora. Confirme sempre em www.medeiafilmes.com 14 SETEMBRO | OUTUBRO 2014

3 FILMES DE YASUJIRO OZU 1 A 17 SETEMBRO 1, 4, 7, 11, 14 DE SETEMBRO

A FLOR DO EQUINÓCIO 2, 5, 8, 10, 12, 15, 17 DE SETEMBRO

BOM DIA

3, 6, 9, 13, 16 DE SETEMBRO

O FIM DO OUTONO HORÁRIO DAS SESSÕES - SEGUNDA A SEXTA: 18H30; 22H SÁBADOS E DOMINGOS: 15H30; 18H30; 22H

ESTREIAS EXCLUSIVAS QUANDO A NOITE CAI EM BUCARESTE OU METABOLISMO DE CORNELIU PORUMBOIU (EM COMPLEMENTO: LUMINITA, DE ANDRÉ MARQUES)

GRIGRIS DE MAHAMAT-SALEH HAROUN DIE ANDERE HEIMAT DE EDGAR REITZ O QUARTO AZUL DE MATHIEU AMALRIC

2 FILMES DE LEOS CARAX

BOY MEETS GIRL - PAIXÕES CRUZADAS MAUVAIS SANG - MÁ RAÇA VERSÕES DIGITAIS RESTAURADAS

6 FILMES DE SATYAJIT RAY CHARULATA A GRANDE CIDADE O COBARDE O SANTO O HERÓI O DEUS ELEFANTE

VERSÕES DIGITAIS RESTAURADAS


OUTRAS ESTREIAS PROGRAMAÇÃO ESTREIAS CINEMA

LANÇAMENTOS EM DVD A Leopardo Filmes irá lançar até ao fim do ano novas edições em DVD de dezassete filmes de Ingmar Bergman. Esta colecção imperdível segue-se ao êxito da reposição dos filmes do realizador, que levou mais de 20 mil espectadores aos cinemas de todo o país no início do ano. Todos os filmes estreados, dez deles em versões restauradas agora em DVD.

JÁ EM DVD

NAMORO À ESPANHOLA DE EMILIO MARTÍNEZ LÁZARO Um jovem andaluz, Rafa, conhece Amaia, uma mulher do país Basco, por quem se apaixona. Quando esta abandona Sevilha e regressa ao norte, Rafa decide ir atrás dela até à sua pequena aldeia mas para se aproximar da sua amada, terá de conquistar o pai da rapariga e isso significa fazer passar-se por Basco.

ESTREIA 18 SETEMBRO AMIGOS PARA O QUE DER E VIER DE MATTHEW WEINER PROAGONIZADO POR ZACH GALIFIANAKIS E OWEN WILSON

A MÁSCARA

MORANGOS SILVESTRES

VERSÃO RESTAURADA

VERSÃO RESTAURADA

LANÇAMENTOS SETEMBRO

Dois amigos de infância reencontramse e embarcam numa viagem à sua terra natal após um deles herdar uma enorme quantia em dinheiro.

ESTREIA 25 SETEMBRO FRANK DE LENNY ABRAHAMSON Um jovem com forte interesse em música junta-se a uma banda chamada «Soronprfbs», liderada pelo excêntrico Frank.

ESTREIA 16 OUTUBRO O SÉTIMO SELO

MÓNICA E O DESEJO

VERSÃO RESTAURADA

VERSÃO RESTAURADA

VERSÃO RESTAURADA

VERSÃO RESTAURADA

FANNY E ALEXANDRE

CENAS DA VIDA CONJUGAL

Em Outubro chegam às lojas Lágrimas e Suspiros, Sonata de Outono (Versão Restaurada), Em Busca da Verdade, O Silêncio e Sorrisos de Uma Noite de Verão (Versão Restaurada).

Um Verão de Amor (Versão Restaurada), Da Vida das Marionetas, Ritual e O Olho do Diabo chegarão em Novembro. Por fim, em Dezembro, estarão disponíveis os dois últimos títulos da Colecção Ingmar Bergman: Uma Lição de Amor e A Prisão, uma das primeiras longas-metragens do cineasta, que será editado na sua versão restaurada. SETEMBRO | OUTUBRO 2014 15


16 SETEMBRO | OUTUBRO 2014


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