Medeia Magazine 4 - Março e Abril 2013

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Março | Abril 2013

PHOTO

Efeitos Secundários

o primeiro filme de Carlos Saboga

A ESSÊNCIA DO AMOR O deslumbramento de Terrence Malick

Será o último filme de Steven Soderbergh?

paulo rocha

Homenagem no Espaço Nimas

Os amantes passageiros Amor nas alturas no regresso de Pedro Almodóvar

MARÇO | ABRIL 2013

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editorial Março e Abril não marcam apenas o regresso da chuva. Com eles chegam os novos filmes de Pedro Almodóvar, Terrence Malick ou Steven Soderbergh. Almodóvar volta ao registo mais humorístico, com o qual se deu a conhecer, numa comédia filmada a vários quilómetros de altitude. Em Os Amores Passageiros, o destino de um avião que voa entre Espanha e o México é abalado e a sua chegada ao destino mantém-se incerta.

PHOTO de

CARLOS SABOGA

ESTREIA 25 Abr

COM Anna Mouglalis, Johan Leysen, Didier Sandre, Simão Cayatte

e Marisa Paredes

Duração: 85 min

Carlos Saboga, argumentista do premiado Mistérios de Lisboa de Raul Ruiz - pelo qual recebeu o Prémio de Melhor Argumento da SPA e várias distinções em importantes publicações internacionais - e de Linhas de Wellington de Valeria Sarmiento, estreia-se na realização com o filme Photo.

Depois de nos habituar a realizações espaçadas no tempo - entre Dias do Paraíso e A Barreira Invisível distaram 20 anos - Terrence Malick apresenta o seu novo filme apenas um ano depois do último. Em A Essência do Amor, explora a fragilidade das relações como das poucas certezas da vida. Com poucas certezas sobre a sua vida anda Steven Soderbergh. O realizador afirma estar no crepúsculo da sua carreira e revelou que Efeitos Secundários, um drama freudiano com Rooney Mara e Jude Law, se trata do seu último filme. No campo oposto estará Carlos Saboga. O premiado argumentista de Os Mistérios de Lisboa estreiase na realização com Photo, um filme sobre as revelações que as imagens nos podem dar quando menos esperamos. Não perca ainda os ciclos que Espaço Nimas dedica a Paulo Rocha e aos Novos e Novíssimos do Cinema Português.

Ágata Xavier Equipa Director: Paulo Branco Edição e textos: Ágata Xavier Design: Catarina Sampaio Colaboração: André Carvalho (design) e Frederico Batista (textos) Capa: Os Amantes Passageiros

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Trata-se do primeiro filme escrito e filmado por Saboga e conta com um elenco de actores franceses, portugueses e espanhóis: Anna Mouglalis, Simão Cayatte, Johan Leysen, e as participações especiais de Ana Padrão, Rui Morisson, Anabela Brígida, José Neto ou Marisa Paredes. Conta com a direcção de fotografia de Mário Barroso. Mouglalis (A Cativa, Coco Chanel & Igor Stravinsky e Gainsbourg – Vida Heróica) é Elisa, uma jovem cuja identidade se confunde com a da mãe, Elsa, que acaba de morrer na sua cama, em Paris. Deixa inúmeras fotografias que não conseguiu destruir. Enquanto vê as fotografias da mãe, Elisa descobre um recorte de jornal que a faz questionar a verdadeira identidade do pai. Quando confronta o padrasto, interpretado por Johan Leysen (As Almas Fortes, A Rainha Margot) ele confirma a suspeita. As imagens, mostram alguns portugueses exilados em França, motivados a partir pelo regime ditatorial de António Oliveira Salazar. Elisa terá nascido da relação da mãe com um deles. Mas qual? Viaja, por isso, até Portugal à procura da resposta. Sérgio, Abel ou Uriel são as hipóteses. Haverão mais em Portugal, conhece David (Simão Cayatte), filho de Sérgio e enteado de Uriel. Os dois acabam por se envolver e o jovem ajuda Elisa na sua pequena demanda. Falam com amigos e familiares, pessoas que conviveram nos anos 60 e 70 com o potencial progenitor. As dúvidas vão diminuído à medida que ouvem os relatos do que se terá passado na altura - outra verdade vem ao cimo: o pai de Elisa terá sido assassinado e apenas os amigos sabem como, por quem e porquê. Depois de ter escrito mais de 20


ESTREIAS cinema

CARLOS SABOGA PERFIL - PELO PRÓPRIO argumentos para filmes e séries de televisão, em português, francês, inglês e espanhol, Saboga aventura-se no outro lado de uma área que conhece bem: a realização. E a recepção não poderia ter corrido melhor. A apresentação do filme deu-se no Festival de Cinema de Roma, onde competiu na secção Cinema XXI. Uns dias depois teve antestreia em Portugal, integrando a selecção oficial fora de competição do Lisbon & Estoril Film Festival. Esta co-produção francesa faz da fotografia uma memória presente, um elemento constante e não um mero flashback. As imagens estão lá, as histórias que nelas existem também. Prepara-se para estrear no dia 25 de Abril, um dia simbólico para todos os universos, da ficção e fora dela.

Depois de ter escrito mais de 20 argumentos para filmes e séries de televisão, em português, francês, inglês e espanhol, Saboga aventura-se no outro lado de uma área que conhece bem: a realização.

Sabia que... Carlos Saboga assinou os argumentos de Mistérios de Lisboa, Linhas de

Nascido em Portugal, que deixa assim que pode. Vive sucessivamente em Paris, Roma, Argel, e de novo em Paris, onde reside actualmente. Exerce, com mais ou menos convicção e assiduidade, as actividades de tradutor, assistente de realização, jornalista (cronista, repórter, correspondente, crítico de cinema), tanto na imprensa como na rádio e na televisão. Participa, a diversos títulos, frequentemente sem contracto e não creditado, às rodagens nomeadamente de La Jeune Morte de Claude Faraldo, Il Sasso in Bocca de Giuseppe Ferrara, Jacquou le Croquant de Stellio Lorenzi. Escreve para a televisão ou para o cinema, entre outros, os argumentos de Les Filles du Maître de Chai de François Luciani, Le Blocus de José Fonseca e Costa, Le Trajet de la Foudre de Jacques Bourton, Un Ballon dans la Tête de Michaëla Watteaux, O Lugar do Morto e Jaime de A.P. Vasconcelos, Matar Saudades de Fernando Lopes, O Milagre Segundo Salomé e Um Amor de Perdição de Mário Barroso, Mistérios de Lisboa de Raul Ruiz, As Linhas de Wellington de Valeria Sarmiento. Seleccionado aqui e ali em diversos concursos e festivais de vária monta. Raramente recompensado. Sem diplomas.

Wellington, O Lugar do Morto, O Milagre Segundo Salomé, Um Amor de Perdição ou Jaime.

Principais Festivais: Festival de Cinema de Roma – Competição – CinemaXXI Lisbon & Estoril Film Festival – Fora de Competição

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ESTREIAS CINEMA

A ESSÊNCIA DO AMOR de

Terrence Malick

ESTREIA 18 Abr

Duração: 112 min

com Ben Affleck, Olga Kurylenko, Javier Bardem, Rachel McAdams

Terrence Malick era conhecido por fazer filmes muito espaçados no tempo, chegando mesmo a manter uma distância de 20 anos entre dois - Dias do Paraíso e A Barreira Invisível - mas parece que tudo mudou em 2005 quando apresentou O Novo Mundo ao mundo. Seguiu-se A Árvore da Vida e agora A Essência do Amor estreia-se em Abril.

Neste último, Malick aborda a terrível pontualidade do amor: chega quando não deve ou aparece quando não se está à espera. Com interpretações de peso, conta com Ben Afleck (cujo trabalho como realizador do filme Argo tem sido distinguido com os maiores prémios do cinema), Olga Kurylenko, Rachel McAdams e Javier Bardem. Ben Affleck é Neil, um americano em viagem pela Europa que se apaixona em Paris por Marina (Olga Kurylenko) e a leva consigo para Oklahoma, nos Estados Unidos. Com o passar do tempo a relação esmorece e Neil retoma uma amizade antiga que tinha com Jane (Rachel McAdams). Para o crítico do Guardian, Peter Bradshaw, este filme funciona como um lado B do anterior – A Árvore da Vida. Embora sem a magnificência deste último, um arrojado épico sobre a humanidade, A Essência do Amor volta a falar da fragilidade amorosa 4

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como das poucas certezas do ser humano. A linguagem do realizador mantém-se, quer seja pela narrativa sussurrada, quer pela neblina que volta e meia parece cobrir o ecrã ou, ainda, pelas memórias narradas ao pôr-do-sol. São alguns dos tiques artísticos de Malick que geram o consenso para a positiva ou para a negativa, sem um mais ou menos a intermediar as opiniões

que uns dias depois já nada disso faria sentido. Quando está criado o cenário para um “e viveram felizes para sempre” a relação enfraquece. Neil aproxima-se de uma velha amiga, Marina aproximase do padre-com-uma-crise-de-fé de nome Quintana (Javier Bardem). O tempo aperta, o visto de Marina não pode ser prolongado e apenas o casamento lhe garante a

“A rapsódia cinematográfica de Malick é gloriosa; por momentos parece repetir-se a si mesmo. Mas que encanto é ver este filme.” The Guardian do público. Em Veneza, foi vaiado e aplaudido ao mesmo tempo numa esquizofrenia colectiva a que o festival se mantém fiel. A relação de Neil e Marina passa de surreal a banal. “Subimos a escada para o deslumbramento” (do original “We climbed the steps to the wonder”), diz Marina enquanto passeiam na Normandia sem saber

permanência nos Estados Unidos. Neil vê-se confrontado com um dilema moral, mais do que amoroso. Manter um casamento para manter uma pessoa numa terra ou deixá-la ir para longe. Da vista e do visto. Principais Festivais: Festival de Cinema de Veneza ‘12


estreias cinema

Terra Prometida Efeitos Secundários de Gus Van Sant ESTREIA 28 MARÇO

de Steven Soderbergh

com Frances McDormand, John Krasinski, Matt Damon

com Rooney Mara, Channing Tatum, Jude Law, Catherine

John Krasinski

Zeta-Jones

Duração: 106 min

ESTREIA 7 MAR

Duração: 124 min

Depois de terem trabalhado juntos em O Bom Rebelde e Gerry, Matt Damon e Gus Van Sant adaptam um romance do prolífico e irrequieto Dave Eggers para criar Terra Prometida.

Os filmes de Steven Soderbergh são dos mais aguardados pelo público e pela crítica. Neste caso, a expectativa é ainda maior pois trata-se, segundo o próprio realizador, do seu último filme.

A escrita do argumento contou com a ajuda inicial de Eggers, mas foram Damon e o actor John Krasinski que acabaram por o desenvolver. Neste drama contemporâneo, Steve (Matt Damon) é um comercial de uma grande companhia de gás natural que se desloca até uma zona rural com a sua parceira Sue (Frances McDormand) com o objectivo de comprar terrenos a agricultores, para expandir a sua empresa. A tarefa, que parecia simples por causa das dificuldades financeiras que se fazem sentir na pequena localidade, torna-se, afinal, mais complicada com alguns dos locais a recusarem a oferta. A terra passa então a ser alvo de uma disputa entre David e Golias. “Sincero e clarividente”, avança o crítico da New Yorker, coloca em análise algumas das questões mais frequentes nas actuais relações entre entidades comerciais e trabalhadores. Mas há mais. Steve faz tudo para acreditar que o seu trabalho está certo, enquanto Sue visita cada casa com frieza e agilidade mecânica, indiferente ao futuro das pessoas que deixa. É esta dualidade de sentimentos, entre o ter orgulho no que se faz e o fazer porque sim que conduz duas pessoas com objectivos iguais a caminhos distintos. Mais do que uma luta maniqueísta entre bem e mal, debate-se o que leva uma pessoa a acreditar que faz o bem quando, na verdade, não o está fazer.

Se será ou não só o tempo o dirá mas a verdade é que a tratar-se de uma despedida será em grande. Depois de se envolver com empresas energéticas (Erin Brockovitch), quartéis de droga (Traffic- Niguém Sai Ileso), o mundo do sexo pago (Confissões de uma Namorada de Serviço) ou do exibicionismo corporal masculino (Magic Mike), Soderbergh atira-se, agora, às farmacêuticas, com uma história de contornos freudianos pelo meio. Em Efeitos Secundários, Emily (Rooney Mara) é uma jovem com tendências suicidas. Medicada pelo seu psiquiatra, Jonathan Banks (Jude Law), tenta regressar à vida normal ainda que se de normal a sua vida tenha pouco. O marido (Channing Tatum), foi recentemente libertado depois de cumprir quatro anos de pena por fuga de informação confidencial. Perante a constante instabilidade de Emily, o seu psiquiatra decide contactar a antiga terapeuta da jovem, Victoria, (Catherine Zeta-Jones) que lhe recomenda receitar um medicamento experimental Ablixa - a Emily. Tudo parece correr bem até Emily começar a ter episódios sonambúlicos. Numa dessas viagens adormecidas a jovem acaba por cometer um crime. Parte-se para o julgamento sem saber qual o acusado: Se Emily ou a droga que lhe deram a tomar. É um filme com efeitos e danos secundários, não assentasse ele em crime, chantagem, relações ilícitas entre pessoas e medicamentos. Efeitos esses que se estendem ao próprio realizador que diz ser este o seu último filme por, como disse no Festival de Cinema de Berlim, estar no crepúsculo da sua carreira. Aguarda-se alvorada para breve.

Gus Van Sant

Prémios: Prémio NBR da National Boad of Review 2012

Principais Festivais: Festival de Cinema de Berlim 2013

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estreias cinema ESTREIAS CINEMA aMANTES PASSAGEIROS DE ALMODÓVAR

Os Amantes Passageiros de

Pedro Almodóvar

ESTREIA 18 ABR

com Antonio Banderas, Blanca Suárez, Paz Vega, Penélope Cruz

Trautear o Love Is In the Air, conhecida música de John Paul Young (provavelmente a única), é uma tarefa acessível a todos. Torná-la premissa de um filme só é possível pelas mãos de Pedro Almodóvar.

victoria abril Nomeada oito vezes para os prémios Goya, vencedora de um urso de prata em Berlim, é uma actriz e cantora espanhola que reside actualmente em França. Foi musa de Pedro Almodóvar nos primeiros filmes do realizador espanhol: Ata-me, A Lei do Desejo e Saltos Altos.

Ainda que o hit tenha sido utilizado como tema principal do primeiro filme de Baz Luhrmann, Strictly Ballroom (1992), e que no último filme do realizador espanhol o tema em destaque seja outro (o I’m so Excited das Pointer Sisters) o amor só foi realmente às alturas com Os Amantes Passageiros. Passado dentro de um avião, o filme revela ligações caricatas entre os passageiros e a tripulação. O caricato e o absurdo aqui é positivo, é um humor ao qual Almodóvar nos andava a privar há alguns filmes mais sérios, densos e igualmente geniais. Assistimos, aqui, a um regresso às origens. Em Os Amantes Passageiros, temos uma comédia ligeira, “muito ligeira” segundo o próprio Almodóvar, sobre as imprevisibilidades do amor a bordo de um avião com um destino condenado. Aqui o termo passageiros adquire dois significados: de algo relativo a temporário e de alguém que é transportado de um lugar para o outro. Este vôo entre Espanha e o México, com mais tripulação do que tripulantes, sofre alguns percalços e cabe ao comandante, interpretado por Javier Câmara com quem Almodóvar já tinha trabalhado em Má Educação, manter a calma. Tarefa difícil quando o tema é um possível acidente aéreo mas os

“Nunca quis radiografar o país mas actualmente é impossível à ficção separar-se da realidade” Pedro Almodóvar

Rossy de Palma Actriz espanhola, descrita como a personificação de um quadro de Picasso, foi modelo de Jean-Paul Gaultier, Thierry Mugler e Sybilla. Foi descoberta por Almodóvar num café de Madrid, em 1988. Entrou nos filmes Kika, A Lei do Desejo, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos e A Flor do Meu Desejo.

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ESTREIAS estreiascinema cinema comissários dão uma ajuda, ou talvez não, com a interpretação do tema que dá o nome internacional ao filme I’m So Excited - a já referida canção das Pointer Sisters que pode ser parcialmente vista no trailer. Para Almodóvar trata-se de uma comédia “louca, selvagem e divertida, uma espécie de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos mais picante e transgressor” e o facto de os actores se terem divertido muito a fazê-lo é já “uma primeira vitória” (El Mundo). Para além do referido Javier Câmara, podemos ver Lola Dueñas, Raúl Arevalo, Cecília Roth, Blana Suarez e as presenças especiais de António Banderas, Penélope Cruz e Paz Vega. Um grupo variado de atores para interpretarem personagens heterogéneas. Cecília Roth, em conversa com a RTVE, conta que achou a sua personagem ridícula, um estereótipo absoluto e que lhe deu um gozo particular transformá-la em alguém credível. “Muitas pessoas paravam-me na rua para perguntar quando é que voltava a fazer uma comédia porque, apesar de gostarem dos filmes que tenho feito, se riam muito com as minhas comédias. É uma boa casualidade ter feito uma comédia justamente agora, no período em que vivemos, e poder dar essa alegria à pessoas.”, revela Almodóvar numa entrevista à RTVE. Com muito humor, Os Amantes Passageiros é a metáfora de um país a bordo de um avião. “Nunca quis radiografar o país mas actualmente é impossível à ficção separar-se da realidade”, conta o realizador à revista XL Semanal. Com produção do irmão, Agustín Almodóvar, é o primeiro filme deste realizador com mais de 30 anos de carreira a ser rodado a vários quilómetros de altitude. Sabia que...

aMANTES não PASSAGEIROS DE ALMODÓVAR

Penélope Cruz É a actriz espanhola com mais sucesso em Hollywood. Exemplo disso é o Óscar que recebeu em 2008, na categoria de Melhor Actriz Secundária pela interpretação no filme Vicky Cristina Barcelona. Com Almodóvar filmou Em Carne Viva, Tudo Sobre a Minha Mãe, Voltar, Abraço Desfeitos e o recente Os Amantes Passageiros.

A aterragem forçada do Chavela, o Airbus-30 de 29 metros, na Ciudad Real, no México transformou esse pequeno aeroporto deserto num centro de romaria de curiosos que queriam assistir às gravações. A curiosidade surge agora para ver o resultado final.

Antonio Banderas Multifacetado, Antonio Banderas é um actor, produtor, cantor e realizador espanhol que chegou a ser futebolista antes de se dedicar por inteiro ao cinema. A par de Penélope Cruz tem uma sólida carreira no cinema americano. Mas foi com os filmes de Pedro Almodóvar que se deu a conhecer. Matador, Ata-me!, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, A Lei do Desejo ou Pele Onde Eu Vivo, são algumas das colaborações entre ambos.

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programação

espaço nimas

ciclo - PAULO ROCHA

a sua sala de cinema independente

7 > 13 DE MARÇO NO ESPAÇO NIMAS

Em Março, o Espaço Nimas presta homenagem a uma das maiores figuras do cinema português, Paulo Rocha. Foi um dos fundadores do Cinema Novo, a par de Ernesto de Sousa, e para sempre será lembrado pelo filme Os Verdes Anos, com Isabel Ruth e Rui Gomes. Como espaço privilegiado para o conhecimento de novos autores, o Espaço Nimas apresenta o ciclo Novos e Novíssimos do Cinema Português. São vários os cineastas, reconhecidos nacional e internacionalmente, que integram a mostra com destaque para a antestreia do filme de Salomé Lamas, Terra de Ninguém. Também Catarina Ruivo apresenta a o seu mais recente filme, Em Segunda Mão, que conta com a última interpretação de Pedro Hestnes. Em Abril, e a propósito da estreia de Os Amantes Passageiros, o Espaço Nimas apresenta alguns filmes do realizador espanhol Pedro Almodóvar.

Fundador do Cinema Novo, assinou alguns dos filmes mais emblemáticos da história do cinema português. Os Verdes Anos, Mudar de Vida, A Ilha dos Amores (que mereceu os maiores elogios do critico francês Serge Daney que dava assim a conhecer o cinema nacional ao mundo), ou O Rio do Ouro. Foi Director do Centro Português de Cinema e Adido Cultural da Embaixada Portuguesa em Tóquio. Faleceu em Dezembro último.

• Qui, 7 > 22h OS VERDES ANOS 35mm, 90’ (1963) • Sex, 8 > 18h30 OLIVEIRA, O ARQUITECTO dvd, 87’ (1993) • Sex, 8 > 22h MUDAR DE VIDA 35mm, 90’ (1966) • Sáb, 9 > 18h30 A ILHA DE MORAIS 35mm, 98’ (1984) • Sáb, 9 > 22h A ILHA DOS AMORES 35mm, 185’ (1978-1982) • Dom, 10 > 18h30 POUSADA DAS CHAGAS 35mm (1971) + MASCARA DE AÇO CONTRA ABISMO AZUL 35mm (1988) • Dom, 10 > 22h O DESEJADO OU AS MONTANHAS DA LUA 35mm, 121’ (1987) • Seg, 11 > 22h o rio do ouro 35mm (1998) • Ter, 12 > 22h as sereias + a raiz do coração dvd + 35mm (2000) • Qua, 13 > 22h vanitas 35mm (2004)

EM SEGUNDA MÃO de CATARINA RUIVO ESTREIA em ABRIL com Pedro Hestnes, Joana de Verona, Rita Durão, Luís Miguel Cintra

João Grosso, Marcello Urgeghe

Programação sujeita a alterações de última hora. Confirme sempre em www.medeiafilmes.com

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Duração: 110 min

Jorge é um solitário escritor de romances de cordel. À noite olha através das janelas iluminadas as pessoas nas suas casas e pensa que elas, sim, são felizes. Um dia o acaso, pensa ele, leva-o até à casa onde vive Laura com o seu filho André, e através das grandes janelas Jorge descobre a montra de uma vida perfeita. Mas as vidas perfeitas só o são quando vistas de fora.


programação

NOVOS E NOVÍSSIMOS DO CINEMA PORTUGUÊS CICLO DEDICADO AOS NOVOS VALORES DO CINEMA PORTUGUÊS Exibição de obras dos seguintes realizadores:

Salomé Lamas - Antestreia do filme Terra de Ninguém

João Viana

Leonor Noivo

Pedro Filipe Marques

André Godinho

Sílvia Firmino

Filipa Reis e João Miller Guerra

Gabriel Abrantes

Rodrigo Areias

Entre outros...

Ainda... Duas mesas redondas dedicadas à difusão internacional do Cinema Português e também à necessidade de encontrar novas e diferentes formas de financiamente na produção cinematográfica nacional.

ciclo - PEDRO ALMODÓVAR EM ABRIL NO ESPAÇO NIMAS Colocou o cinema espanhol na boca, e no ecrã, de todos. Irreverente, teve um início de carreira ligado ao burlesco, à cultura pop e ao humor provocante. Uma estética marcada pela abertura sexual, com cores garridas e personagens vincadas. Gradualmente, os seus filmes tornaram-se mais sérios, numa busca identitária constante. O Espaço Nimas mostra alguns dos filmes do realizador a propósito da estreia d’Os Amantes Passageiros.

• A pele onde eu vivo (2011) • Abraços desfeitos (2009) • VOLTAR (2006) • MÁ EDUCAÇÃO (2004) • FALA COM ELA (2002) • TUDO SOBRE A MINHA MÃE (1999) • EM CARNE VIVA (1997) • A FLOR DO MEU SEGREDO (1995) • SALTOS ALTOS (1991) • ATA-ME (1990) • Mulheres à beira de um ataque de nervos (1988) MARÇO | ABRIL 2013

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estreias cinema

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estreias cinema

Na Pista do Marsupilami de Alain Chabat ESTREIA 4 ABR com Jamel Debbouze, Alain Chabat, Fred Testot Dur: 105 min

Alain Chabat já adaptou as aventuras de Astérix e Obélix ao grande ecrã e em Na Pista do Marsupilami regressa a mais uma figura mítica da Banda Desenhada mundial.

Um território que não é estranho a Chabat, que antes de se tornar comediante, actor e realizador, sonhava ser autor de BD. “O meu encontro com o Marsupilami deu-se por volta dos dez anos graças aos álbuns de banda desenhada criados por Franquin. Hoje em dia ainda fico admirado com a sua modernidade, tanto ao nível do desenho como dos textos”, revela o também actor de O Gosto dos Outros e A Ciência dos Sonhos. Nesta adaptação cinematográfica da personagem criada pelo belga André Franquin em 1952, a história é protagonizada pelo destemido jornalista Dan Geraldo que, de regresso a Palômbia (um país fictício na América do Sul) vai encontrar um diabólico botânico, um ditador, uma tribo indígena e principalmente o lendário (e hiperactivo) Marsupilami. “Quando era miúdo tinha um Marsupilami de borracha mas sonhava em ter um verdadeiro como amigo. Sobretudo quando um miúdo maior me batia no recreio”, confessa também o realizador francês. Ainda não foi desta que Chabat encontrou um verdadeiro já que para este filme a criatura amarela salpicada de manchas negras foi integralmente criada em computador - um trabalho que tem sido elogiado unanimemente. As críticas também têm sido favoráveis quanto ao trabalho do realizador. Para o crítico Jean-Baptiste Morain, da revista Les Inrockuptibles, Na Pista de Marsupilami representa “um cinema que aspira trazer alegria.” No Le Figaro pode ler-se que Alain Chabat “cria uma comédia de aventuras exótica, um alegre e colorido bric-a-brac, repleto de encontros delirantes.”

DANS LA MAISON de François Ozon ESTREIA 4 ABR com Fabrice Luchini, Kristin-Scott Thomas, Ernst Umhauer e Emmanuelle Seigner

Duração: 105 min

Habituámo-nos a ser surpreendidos por François Ozon que, de filme para filme, vai aprimorando as suas histórias e o seu particular olhar sobre os géneros cinematrográficos.

Dans La Maison é o seu mais recente filme e venceu o prémio de Melhor Filme no Festival de San Sebastián. Como ponto de partida temos a peça do dramaturgo espanhol Juan Mayorga, O Rapaz da Última Fila (que já tivemos oportunidade de ver encenada em Portugal pelos Artistas Unidos). “Foi a relação professor/aluno que me cativou desde o início”, confessa Ozon. “Estamos ora do lado do professor ora do lado aluno e existe permanentemente uma mudança do ponto de vista. Habitualmente trata-se da transmissão do professor ao aluno mas aqui tudo acontece nos dois sentidos.” Mas de que professor e de que aluno falamos? De Germain, um professor de Francês cujo ímpeto pedagógico já esmoreceu há muito, e de Claude, um jovem de 16 anos com um talento ímpar, capaz de reavivar um docente em fim de carreira. Claude, o rapaz que se “esconde” na última fila da sala de aula – “aquela de onde se vê todos os outros sem se ser visto”, como refere o dramaturgo espanhol – infiltra-se na casa de um colega de turma e relata as peripécias da sua peculiar família através do seu virtuosismo literário. Esses textos, para além de deliciarem o professor, permitem que este ganhe um novo fôlego na sua carreira. Mas a intrusão na vida privada da outra família vai desencadear uma série de acontecimentos incontroláveis… O talento de François Ozon reside, como refere o Le Monde, na capacidade de desmontar o jogo da ficção sem estragar o seu motor – a emoção”. Festivais e Prémios: Festival de San Sebastián - Melhor Filme Festival de Toronto - Prémio Fipresci

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ESTREIAS CINEMA

OZ - O GRANDE E PODEROSO DE

SAM RAIMI

ESTREIA 7 MAR

Duração: 127 min

com James Franco, Michelle Williams, Rachel Weisz, Mila Kunis

Teve direito a 30 segundos no intervalo mais conhecido, e caro do planeta, o do SuperBowl. Oz: o Grande e Poderoso não se trata de uma paragem a meio da história do regresso de Dorothy a casa, mas de um universo anterior a esse.

Oz: o Grande e Poderoso baseia-se no livro de L. Frank Baum de 1900 e conta a história de um mágico de ética duvidosa que, da pequena cidade do Kansas, chega até Oz, onde terá de decidir entre ser um homem bom ou grandioso. Para tal, faz-se valer da magia, da ilusão e de alguma ingenuidade. Sam Raimi, o realizador da trilogia Homem-Aranha e do clássico de terror A Noite dos Mortos-Vivos, assina o filme que Walt Disney sempre ambicionou fazer. A luta pela adaptação do filme começou nos anos 30, quando a famosa casa de animação quis comprar os direitos. Viria a perdê-los para a Metro-GoldwynMayer que criou um dos mais famosos musicais de sempre, com Judy Garland no principal papel, O Feiticeiro de Oz. Não foi preciso esperar cem anos, mas quase, para que a Disney conseguisse cumprir o sonho de pegar no universo de Baum. Já o tinha feito em versão série e numa sequela falhada mas nunca com esta dimensão. Filmado no Michigan, com grande parte da população local, Oz: o Grande e Poderoso tem James Franco no principal papel e as actrizes Mila Kunis, Michelle Williams e Rachel Weisz no trio de bruxas mais bonito do Oeste. James Franco é Óscar Diggs, um jovem mágico que é obrigado a viajar num balão depois de práticas pouco correctas. Durante a viagem é literalmente varrido por um tornado até aterrar em Oz e a sua chegada é de tal maneira espectacular que os habitantes julgam tratar-se de um herói, alguém que os vais salvar das pragas que os têm assolado. “Interpreto um papel icónico 12 MARÇO | ABRIL 2013

mas que, ao mesmo tempo, não o é” revela James Franco numa entrevista à Entertainment TV, e explica: “Porque na história dos anos 30 a minha personagem era um velhinho sem grande presença. É uma grande responsabilidade, por um lado, mas por outro tenho a possibilidade de construir o jovem Oz”. Já Mila Kunis, na mesma entrevista, diz que a sua personagem, uma das bruxas, não é má, “apenas é mal compreendida. O seu coração foi partido e isto é o que normalmente acontece a alguém quando lhe partem o coração”, diz entre risos. E conta que se lembra de ver muitos livros de Baum na sua casa de infância, na actual Ucrânia. “Eram livros em russo e lembrome deles. Curiosamente o Feiticeiro de Oz foi o primeiro livro que li em inglês”, revela. Em Oz: o Grande e Poderoso não encontrará os sapatos vermelhos de Judy Garland, que fazem regressar a casa a cada três bateres de calcanhar, a pele verde ou a longa verruga da Bruxa Má do Oeste por questões legais - a Warner Bros detém os direitos da MGM. Mas não se preocupe. Não vão faltar novas referências nesta prequela mágica. Sabia que... A Warner Brothers detém os direitos da MGM, produtora do filme O Feiticeiro de OZ e que, por isso, a Disney não pôde usar os sapatos vermelhos de Dorothy e a cor verde da Bruxa Malvada do Oeste neste filme.


estreias cinema

A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU de

JOÃO PEDRO RODRIGUES

Fausto DE

ESTREIA 28 MAR

Aleksandr Sokurov

com Joao Pedro Rodrigues, Joao Rui Guerra da Mata

com Johannes Zeiler, Anton Adasinsky, Isolda Dychauk

Cindy Scrash

e Hanna Schygulla

ESTREIA 14 mar

Duração: 85 min

São mais de 15 anos de uma vida comum que o cinema regista mas só agora os dois cineastas assinam pela primeira vez a corealização de uma longa-metragem, A Última Vez que Vi Macau, que chega em Março às salas portuguesas.

Tudo começou com um confronto de imaginários: o de Guerra da Mata, que na infância viveu em Macau, e o de Rodrigues, que guardava consigo a memória de uma Ásia descoberta através das páginas dos livros e dos filmes – como Macau, de Josef von Sternberg, a quem o filme presta uma homenagem confessa… Mas em 2009, quando finalmente partiram para as filmagens do projecto que se havia de transformar em A Última Vez que Vi Macau, a ideia de documentário que tinham como seu ponto de partida foi naturalmente contaminada pela ficção. E daí surgiu uma história que convoca dados auto-biográficos, memórias cinéfilas e o choque entre Ocidente e Oriente. No filme, um homem (Guerra da Mata) recebe um telefonema desesperado de Candy, uma amiga a viver em Macau que se encontra em perigo por se ter envolvido com pessoas perigosas, e parte para Macau. “As 150 horas de material filmado, resultantes de três visitas de rodagem à península entre 2009 e 2011, condensam-se agora num trabalho fascinante de 85 minutos”, escreveu Francisco Ferreira. “O que nos foi dado a ver é um filme raro”, acrescentou o crítico do semanário Expresso. A Última Vez que Vi Macau, que abriu a última edição do DocLisboa, venceu uma menção especial do júri no Festival de Locarno e o Prémio de Melhor Filme no Festival de Turim.

Sabia que... Em complemento à longa-metragem de João Pedro

Duração: 140 min

Fausto, a última peça da chamada tetralogia do poder de Aleksandr Sokurov, chega agora aos ecrãs nacionais para nos deixar mais uma vez siderados.

O poder (e a sua decadência) têm passado pelo cinema do mestre russo desde 1999. Em Moloch, Adolph Hitler passa alguns dias numa residência nos Alpes da Bavária com Eva Braun e restante entourage, pouco tempo antes da derrota alemã na Batalha de Estalinegrado. Em Taurus, Sokurov ficcionou os últimos e penosos dias de Lenine. O Imperador Hirohito lida com um país em ruínas em The Sun, no momento em que o Japão saía derrotado da II Grande Guerra. Agora é a vez do mito de Fausto. Um mito que faz parte do corpus lendário alemão, tradição oral fixada em texto no século XVI, que conta a história de um homem que vende a alma ao Diabo em troca de conhecimento. Na interpretação livre do realizador russo, Fausto apaixona-se por Margarete por esta ser a encarnação da beleza. A jovem passa a ser, por isso, alvo do seu amor e obsessão desmesurada. “É imprescindível ver a nova obra-prima de Aleksandr Sokurov como a forma que o cineasta encontrou para, sinteticamente, pensar todo o século XX”, escreveu Jean-François Rauger, do Le Monde. Não é de estranhar também que uma trama em que o poder e a corrupção (do espírito) estão entrelaçados desperte o interesse dos meios de comunicação social dedicados a outros áreas: “não admira que o Fausto de Aleksandr Sokurov – rabugento, selvagem e visionário – tenha ganho o Leão de Ouro em Veneza. Ele ruge na nossa direcção, sacudindo a juba gloriosa, e no fim prova que a melhor maneira de honrar um clássico é comêlo vivo”, leu-se nas páginas do The Financial Times.

Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, será exibida

Alvorada Vermelha, também assinada pelos dois realizadores portugueses, e que já passou pelos principais festivais de cinema do mundo.

Principais Festivais: Festival de Veneza – Leão de Ouro Festival de Londres – Selecção Oficial Lisbon & Estoril Film Festival – Selecção Oficial

MARÇO | ABRIL 2013 13


EM EXIBIÇÃO

Laurence Para Sempre DE

Xavier Dolan

com Melvil Poupaud, Suzanne Clément e Nathalie Baye

Duração: 168 min

Xavier Dolan é, desde que se estreou (com estrondo) na Quinzena dos Realizadores, em Cannes, com J’ai tué ma mére, o novo prodígio do cinema internacional.

Tem apenas 24 anos e já assinou a realização de três longas-metragens que, como é hábito nestes casos, têm suscitado amores e desamores – ou mesmo verdadeiras paixões e ódios. Na última delas, Laurence Para Sempre, Dolan decidiu apostar em grande escala, num filme de quase três horas que atravessa várias décadas na vida de um casal em torvelinho. A história é a de Laurence Alia, um professor de literatura em Montréal, no Canadá, muito apaixonado pela sua namorada, Frederique, mas que esconde um segredo. No dia dos seus anos, revelalhe o pensamento que o atormenta desde sempre: nasceu no corpo errado e vai finalmente assumir esse problema, recomeçando a sua vida como mulher. Ao choque inicial de Fred segue-se a vontade de acompanhar o namorado nesta difícil transformação. Mas os altos e baixos não serão poucos até ao final do filme… Xavier Dolan contou que a ideia para este filme surgiu ainda na rodagem da sua longa-metragem de estreia. “Estávamos num carro com alguns técnicos da equipa. Falávamos de tudo e de nada quando um deles decidiu 14 MARÇO | ABRIL 2013

revelar um segredo. Uma noite, o seu namorado anuncioulhe que queria tornar-se uma mulher.” Estava assim lançada a primeira ideia para o filme que o cineasta canadiano realizou três anos mais tarde. Nessa noite chegou a casa e escreveu trinta páginas de argumento. “Já sabia o título e também como seria o final. Tudo se desenhou muito rapidamente, mas o processo de escrita foi muito lento”. Para a realização de Laurence para Sempre, Dolan diz ter sido influenciado por elementos bem diferentes. Desde o trabalho fotográfico de Nan Goldin até Um Eléctrico Chamado Desejo, passando por O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme (pelos grandes planos nos quais os actores enfrentam directamente o olhar da câmara e do espectador). Mas não só. “Sou muito romântico. Queria fazer uma espécie de Titanic”, revelou

em entrevista à Slant Magazine. “É uma das histórias de amor mais ambiciosas que alguma vez vi. Quando o vemos em criança é impossível não ser inspirado pelo filme. Alguém com total controlo sobre a sua arte e o seu orçamento e com todas as ferramentas à sua disposição diz-nos ‘Sonha, tudo é possível’. Esse filme deu-me asas. Revelou-me que o cinema é uma viagem épica. Dizem que é suposto o cinema representar a vida. Mas a vida existe para ser vivida e o cinema para escapar dela.” Para além de tudo isto, temos ainda as interpretações arrebatadoras de Melvil Poupaud e de Suzanne Clément (que venceu inclusivamente o Prémio de Melhor Actriz na secção Un Certain Regard, no Festival de Cannes) e uma banda sonora que mistura Duran Duran, Brahms, Depeche Mode, Visage ou Celine Dion.

Principais Festivais: Festival de Cannes – Un Certain Regard – Melhor Actriz e Queer Palm Festival de Cabourg – Grande Prémio e Prémio da Juventude Festival de Toronto – Prémio de Melhor Filme Canadiano Prémios Jutra – Cinema Canadiano – 10 Nomeações


OUTRAS estreias programação ESTREIAS cinema

BREVEMENTE em dvd amor um filme de Michael

FERRUGEM E OSSO Haneke

com Emmanuelle Riva

Jean-Louis Trintignant e Isabelle Huppert Georges e Anne são octogenários, pessoas cultas, professores de música reformados. A filha, igualmente música, vive no estrangeiro com a família. Um dia, Anne é vítima de um acidente. O amor que une este casal vai ser posto à prova.

De JACQUES AUDIARD Ali (Matthias Schoenaerts) depara-se com a responsabilidade de ficar com Sam, o filho de 5 anos, nos braços. É filho dele mas mal o conhece. Sem casa, nem dinheiro, nem amigos, Ali encontra refúgio em casa da irmã. Após uma luta numa discoteca, o seu destino cruza-se com o de Stéphanie (Marion Cotillard). Ele é pobre; ela é bonita, e muito segura, uma princesa. Tudo os separa. FRA, BEL , 2012, 120 min

ESTREIA 14 MARÇO Holy Motors um filme de Leos Carax com Denis Lavant, Edith Scob, Eva Mendes, Kylie Minogue

De madrugada até à noite, algumas horas na existência do Senhor Oscar, um ser que viaja de vida em vida. É alternadamente um abastado industrial, um assassino, um pedinte, uma criatura monstruosa, um pai de família.

UM CASO REAL De NIKOLAJ ARCEL

Em Câmara Lenta

No século XVIII, a jovem britânica Carolina Matilde da Grã-Bretanha casa-se com o insano rei Christiano VII, tornando-se rainha da Dinamarca. Quando Johann Struensee, um intelectual alemão, se torna médico da corte, Christiano faz dele o seu confidente e posteriormente ministro-chefe. Carolina também começa a aproximar-se de Struensee, e logo os dois começam um romance. DIN, SUE, 2012, 137 min

um filme de Fernando Lopes com Rui Morisson, João Reis e Maria João Pinho

ESTREIA 21 MARÇO

Les Valseuses - As Bailarinas um filme de Bertrand Blier com Gérard Depardieu, Patrick Dewaere e Miou-Miou

Jean-Claude e Pierrot são dois marginais que partem numa selvagem jornada de crime e sexo. Pelo caminho encontram uma esteticista frígida, uma ex-presidiária ninfomaníaca e uma jovem burguesa decidida a escapar à sua aborrecida rotina.

Um longo mergulho no mar transforma-se numa intensa travessia pela vida de Santiago e pelas suas relações. A paixão por Constança. O casamento com Laurence. A cumplicidade do amigo Salvador.

A Perdre La Raison

Paixão

De Joachim Lafosse

um filme de Margarida Gil com Carloto Cotta, Ana Brandão e Sandra Faleiro

Baseado numa história verídica, o filme conta a história do casal Muriel e Mounir, dois jovens apaixonados cujas vidas mudam após o casamento. No centro do problema está o Dr. Pinget, o homem que tratou de Mounir desde pequeno e que passa a exercer uma forte influência sobre os dois – o casal não só vive em sua casa como também depende financeiramente dele. FRA, 2012, 111 min

Uma mulher a recuperar de uma tragédia pessoal aprisiona um homem que encontrou numa festa, fechando-o num quarto de um prédio. O luto dela passa a ser a luta entre os dois, num corpo a corpo verbal e na banalidade de um falso quotidiano “conjugal”.

Operação Outono um filme de Bruno de Almeida com John Ventimiglia, Marcello Urgeghe e Nuno Lopes

Operação Outono é um thriller político sobre a operação que levou ao assassinato de Humberto Delgado pela PIDE em Fevereiro de 1965, em Villanueva del Fresno. O filme inspirase em factos verídicos.

ESTREIA 11 ABRIL MARÇO | ABRIL 2013 15


16 MARÇO | ABRIL 2013


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