Medeia Magazine 17 - Maio / Junho 2015

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ROBERTO ROSSELLINI Conheça as novas datas de exibição das obras restauradas e ainda o programa complementar com 18 filmes do cineasta

TIMBUKTU

Vencedor de sete Prémios César e nomeado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro chega aos cinemas

Olivier Assayas regressa com

AS NUVENS DE

SILS MARIA

Maio | Junho 2015

QUAL DOS MUSEUS

QUER VISITAR?

O Grande Museu e National Gallery dão a conhecer o dia-a-dia de duas das maiores instituições artísticas

MAD MAX

ESTRADA DA FÚRIA

O louco pega no volante 30 anos depois

MAIO | JUNHO 2015

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EDITORIAL O que tem nas mãos é uma revista cheia de filmes dentro. Estreiam, entre muitos títulos, As Nuvens de Sils Maria, um confronto de gerações com Juliette Binoche e Kristen Stewart nos principais papéis, Timbuktu, vencedor de sete Prémios César e o primeiro filme que a Mauritânia viu ser nomeado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro ou O Homem Demasiado Amado, uma adaptação para o cinema de um caso mediático dos anos 70. Enquanto Somos Jovens, de Noah Baumbach, marca o regresso do realizador depois do consagrado Frances Ha. No mês em que se celebra o Dia Internacional dos Museus, proposmos-lhe que faça uma visita a dois dos maiores museus do mundo com os filmes O Grande Museu, de Johannes Holzhausen, sobre o Museu de História da Arte de Viena, e National Gallery, de Frederick Wiseman que retrata o quotidiano da grande instituição britânica. Aos filmes do presente juntamse os grandes clássicos do passado, com destaque para o ciclo complementar dedicado a Roberto Rossellini no Espaço Nimas. São 18 filmes que vão passar em simultâneo com as dez versões restauradas que estão neste momento a ser exibidas e cujo sucesso fez com que se prolongassem as sessões durante o mês de Maio (confira o calendário nas páginas 8 e 9).

Programação sujeita a alterações de última hora. Confirme sempre em www.medeiafilmes.com Equipa Director: Paulo Branco Edição e Textos: Ágata Xavier e Renata Curado Design: André Carvalho e Catarina Sampaio Capa: As Nuvens de Sils Maria

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MAIO | JUNHO 2015

A QUIETUDE DA ÁGUA DE

NAOMI KAWASE

EM EXIBIÇÃO

EXCLU

CINEMSIVO AS M

EDEIA

Dur: 118 min

COM NIJIRÔ MURAKAMI, JUN YOSHINAGA, MIYUKI MATSUDA, TETTA SUGIMOTO, MAKIKO WATANABE

A realizadora Naomi Kawase conta a história de dois jovens que descobrem o amor, a vida e a morte numa pequena ilha japonesa, assolada pela força da natureza.

Na ilha de Amami, no Japão, os habitantes vivem em harmonia com a encantadora, mas por vezes imprevisível, natureza: pensam que um Deus habita em cada árvore, cada pedra e cada planta. Numa noite de Verão, Kaito (Nijirô Murakami) descobre no mar o corpo de um homem com uma enorme tatuagem nas costas. Apesar de saber de quem se trata, não o revela a ninguém. Ao mesmo tempo, o rapaz aproxima-se de Kyoko (Jun Yoshinaga), uma jovem cuja mãe está muito doente e que, juntamente com o pai, tudo faz para garantir que os seus últimos dias sejam felizes. Na companhia um do outro, os adolescentes aprendem a ser adultos, ou apenas mais crescidos, e descobrem os ciclos da vida, da morte e do amor. Kyoko é uma grande nadadora e vêmo-la a saltar para dentro de água sempre que pode (com o uniforme da escola vestido e tudo). Já Kaito tem medo do mar, por pensar que “está vivo” e ser “pegajoso”. O rapaz vive sozinho com a mãe, que trabalha num restaurante e que vai tendo alguns namorados para desconforto do filho. O pai, tatuador de profissão, vive em Tóquio. É um homem da cidade, habituado ao rebuliço e à confusão, e vê Kaito com pouca regularidade. A Quietude da Água, da realizadora japonesa Naomi Kawase, esteve em competição na selecção oficial do Festival de Cannes de 2014. Na altura, a Indiewire descreveu o filme como “um espectáculo para os sentidos” salientando que, se houvesse justiça, “seria lembrado como um dos grandes filmes da competição”. O filme “justapõe eventos sensacionais ou dolorosos que nos remetem para as emoções fortes ou desilusões do dia-a-dia”, escreveu o crítico do jornal inglês The Guardian, Peter Bradshaw. A câmara de Kawase é intimista, com planos aproximados que nos guiam por cenas tão diversas como a morte de duas cabras ou um ritual fúnebre que inclui música tocada por um instrumento com três cordas, o sanshin, e dança (num dos momentos mais tocantes do filme). Prémios e Festivais: Festival de Cannes – Selecção Oficial – Competição


ESTREIAS CINEMA

AS NUVENS DE SILS MARIA DE

OLIVIER ASSAYAS

ESTREIA 25 JUNHO

EXCLU

CINEMSIVO AS M

EDEIA

Dur: 124 min

COM JULIETTE BINOCHE, KRISTEN STEWART, CHLOË GRACE MORETZ, LARS EIDINGER, JOHNNY FLYNN

Uma actriz veterana é convidada a entrar na peça que a tornou famosa, há vinte anos. Para se preparar, procura refúgio num local isolado nos Alpes, Sils Maria.

“As Nuvens de Sils Maria, no entanto, não se apresenta aqui para desapontar, mas sim reafirmar os princípios fundamentais. Diz aos convidados que vale sempre a pena o esforço para se fazer arte e que os actores são uma raça nobre, um patamar acima da maioria.” The Guardian

“Assayas foi ousado nesta metaficção feminina de múltiplas camadas, que leva ao limite todas as actrizes envolvidas — a nova geração incluída [Kristen Stewart e Chloë Grace Moretz]”, pode ler-se no texto de Peter Debruge, na Variety. Muito elogiado pela crítica, o filme de Olivier Assayas, As Nuvens de Sils Maria conta a história de Maria Enders (Juliette Binoche), uma actriz consagrada a quem é pedido que volte a entrar na peça que a tornou conhecida, duas décadas antes, (quando tinha 18 anos de idade), Maloja Snake, da autoria de Wilhelm Melchior. Na altura, desempenhou o papel de Sigrid, uma jovem sedutora a quem é atribuída a razão do suicídio da sua chefe, Helena. Agora, vinte anos depois, interpretará o papel de Helena, cabendo a Jo-Ann Ellis, uma jovem actriz dada a escândalos, fazer de Sigrid (cabendo essa interpretação a Chloë Grace Moretz). Para se preparar para o papel viaja com a sua fiel assistente pessoal Valentine (a muito elogiada Kristen Stewart) para Sils Maria, um local isolado nos Alpes, onde Melchior tinha uma casa.

“O melodrama de Olivier Assayas aplica o bálsamo ao final do 67° Festival de Cinema de Cannes. As Nuvens de Sils Maria, no entanto, não se apresenta aqui para desapontar, mas sim reafirmar os princípios fundamentais. Diz aos convidados que vale sempre a pena o esforço para se fazer arte e que os actores são uma raça nobre, um patamar acima da maioria”, escreveu o Guardian. Kristen Stewart, que já mostrou ao público ser capaz de se descolar da personagem criada na saga Twilight, acaba por destacar-se, uma vez mais. “Valentine é, provavelmente, o seu melhor papel até ao momento: ela revela-se cortante e subtil, íntima e distante, e, numa surpreendente reviravolta, é tratada com uma leveza de toque brilhante”, lê-se no Telegraph. A actriz viria a vencer um César para melhor actriz secundária por esta representação — a primeira mulher norte-americana a consegui-lo (Adrien Brody foi o primeiro homem, na categoria de melhor actor principal, em 2003, com O Pianista, de Roman Polanski).

Prémios e Festivais: Festival de Cannes – Selecção Oficial – Competição Prémios César – Melhor Actriz Secundária

MAIO | JUNHO 2015

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ESTREIAS CINEMA

ENQUANTO SOMOS JOVENS DE

NOAH BAUMBACH

ESTREIA 11 JUNHO

Dur: 97 min

COM BEN STILLER, NAOMI WATTS, ADAM DRIVER, AMANDA SEYFRIED

Enquanto Somos Jovens fala precisamente disso, da relação entre dois casais, um na casa dos quarenta e outro a rondar os vintes, e de como se vão alimentado daquilo que cada um tem para dar.

Apresentado pela primeira vez no Festival de Cinema de Toronto, Enquanto Somos Jovens é o mais recente filme de Noah Baumbach - o realizador do aclamado Frances Ha, de 2012, ou A Lula e a Baleia, de 2005 - e conta com Ben Stiller e Naomi Watts nos principais papéis. Josh (Stiller) e Cornelia (Watts) adiam sucessivamente a paternidade, numa altura em que todos os amigos começam a ter filhos. Ele é um realizador de documentários, a braços com um novo filme que lhe está a causar problemas - e em relação ao qual começa a ter cada vez mais consciência da impossibilidade da sua concretização. Tem pouco tempo para pensar em ser pai e só quando toma alucinogénios é que se mostra interessado nesse assunto. Cornelia, mais reticente, não sabe se está preparada para lidar com uma terceira gravidez, depois das duas anteriores não terem corrido bem. Ao mesmo tempo, questionam-se sobre a crescente falta de ambição e a perda de juventude. 4

MAIO | JUNHO 2015

“E assim, ancorado no retrato de um Stiller inseguro e sem ego por causa da meia-idade, o filme examina como, enquanto espécie, os seres humanos são naturalmente ameaçados pelas gerações mais jovens, que possuem uma energia e uma aptidão que assombra os mais experientes”, escreve a Variety. Um dia, depois de terminar uma palestra, Josh é abordado por Jamie (interpretado pelo actor do momento, Adam Driver, o rapaz da série norte-americana Girls), um aspirante a realizador que confessa ser um grande admirador do seu trabalho (ao ponto de ter o primeiro filme que Josh realizou em VHS). Passados os primeiros momentos de inibição, os homens acabam por se entender. A partir daí, Josh e Cornelia começam a sair com Jamie e a sua namorada Darby (Amanda Seyfried). Baumbach passeia-se pelo fosso de gerações, brincando com alguns estereótipos. Se os mais velhos ficam encantados com a quantidade de coisas que podem ver através do Netflix, os mais novos (que nunca ouviram

música num walkman de cassetes) passam a ouvir as bandas que gostam no formato vinil. Terá este jogo entre novo e antigo que ver com a relação que o próprio realizador mantém com Greta Gerwig, protagonista de Frances Ha, catorze anos mais nova? Algumas vozes têm sugerido isso. “O argumento de Baumbach crepita de vida, e isso devese em grande parte ao facto de ter os actores certos para os seus papéis. Stiller e Watts não só mostram uma química convincente — do tipo que às vezes pode ser transmitida com um olhar entre eles – também demonstram que, enquanto este sector do cinema ignora actores como mais idade, estes dois são mais ricos e têm mais camadas do que nunca. A meia idade é como um país estrangeiro, parece dizer Baumbach, e, algum dia, se é que já não aconteceu, acordamos lá e percebemos que não falamos a língua”, conclui a Variety.


ESTREIAS CINEMA

TIMBUKTU DE

ESTREIA 21 MAIO

ABDERRAHMANE SISSAKO

Dur: 97 min

COM IBRAHIM AHMED, ABEL JAFRI, TOULOU KIKI, FATOUMATA DIAWARA

Um filme cheio de vida, ironia e injustiça, que conseguiu a primeira nomeação da Mauritânia para um Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

“Poucos filmes sobre a intolerância religiosa conseguiram garantir a presença da beleza que existe no mundo — um pôr do Sol num lago ou a alegria de assistir a um jogo de futebol banido pelas autoridades”, explicou o crítico de cinema do Telegraph, Tim Robey. Kidane (Ibrahim Ahmed), a sua mulher, Satima (Toulou Kiki), e a filha de ambos, Toya habitam juntos a umas dunas próximas de Timbuktu, uma zona controlada por fundamentalistas islâmicos. Vivem pacificamente, ao contrário de quem habita nas cidades, vítimas da tirania imposta pelos jihadistas, determinados a controlar a fé de todos através do terror. Tudo o que é sinónimo de liberdade ou diversão encontra-se banido — desde a música, o futebol ou cigarros - e os tribunais enchem-se de sentenças ridículas e trágicas num desses momentos assiste-se ao apedrejamento de um casal por parte dos terroristas. A vida da pacata família será abalada quando Kidane mata acidentalmente um pescador, chamado Amadou, que tinha, por sua vez, matado a sua vaca, de nome “GPS”. Este episódio vai mudar a vida de Kidane, que passa a enfrentar as duras leis que os ocupantes extremistas ditam.

“Tendo em conta a tamanha selvajaria, espera-se que Sissako rume contra os que esmagam a liberdade, mas ele é demasiado dissimulado para tal, preferindo fazer troça disso. Quando vemos dois deles discutir sobre quem está a vencer, pensamos primeiro que se trata de incursões militares e só depois nos apercebemos de que discutem o campeonato espanhol de futebol [falam sobre as habilidades de Zidane e Messi]”, escreve a New Yorker. Timbuktu, o primeiro filme que a Mauritânia conseguiu ver na lista de nomeados para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, foi o grande vencedor da edição dos Prémios César em 2015 com sete troféus estava nomeado para oito categorias.

Prémios e Festivais: Nomeação - Oscar de Melhor Filme Estrangeiro Prémios César - Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Edição, Melhor Fotografia, Melhor Som, Melhor Música Original e Melhor Argumento Original Festival de Cannes - Prémio do Júri Ecuménico

MAIO | JUNHO 2015

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ESTREIAS CINEMA

QUAL O MUSEU QUE QUER VISITAR?

O GRANDE MUSEU DE JOHANNES HOLZHAUSEN

EXCLU

CINEMSIVO

MEDE AS IA

Dur: 94 min

ESTREIA 21 MAIO

O realizador Johannes Holzhausen passou dois anos a seguir o dia-a-dia do Museu de História da Arte de Viena e apresenta agora o resultado.

Longe de ser um documentário tradicional (não tem comentários em off, entrevistas nem música de fundo), a obra de Holzhausen — realizador com formação em História da Arte e em Cinema — centra-se nas condições ideais que a realização de uma exposição exige. Sem esquecer ninguém, a câmara passeia pela rotina da directora Sabina Hagg, dos historiadores de arte, do pessoal administrativo ou dos serviços de limpeza do Museu de História da Arte de Viena, na Áustria. Uma funcionária queixa-se de, ao fim de onze anos a trabalhar no mesmo sítio, ainda não ter sido apresentada aos colegas dos outros departamentos. Isto mostra que o local de trabalho, além de ser um espaço pouco dado a convívios entre equipas, é gigantesco. Na realidade, é tão grande que só na Galeria Secundária existem 1300 obras. Um outro funcionário, que desempenha as funções de conservador do museu, descobre que uma pintura de Rubens tem várias camadas sobrepostas; outro desespera enquanto tenta recuperar um modelo de um navio, do qual tem poucas referências, para se guiar. Há ainda a reforma de um funcionário mais velho, sem esquecer a alegria, ou frustração, que um leilão de arte pode trazer. “Rodado entre 2012 e 2013, durante a renovação e reinstalação das galerias do museu Kunskammer, o filme é tão elegante como o tema sugere, capturando maravilhosamente as sumptuosas salas onde estão expostos quadros, esculturas, jóias, armaduras, vestuário e todo o tipo de artefactos históricos”, escreve a revista Hollywood Reporter. A estética de Holzhausen segue a linha dos trabalhos anteriores, com a câmara a apontar de forma precisa, de modo a tornar a viagem do espectador mais tranquila, paciente, com espaço para a reflexão. Prémios e Festivais: Festival de Berlim – Prémio Caligari

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MAIO | JUNHO 2015

NATIONAL GALLERY DE FREDERICK WISEMAN

EXCLU

CINEMSIVO

MEDE AS IA

Dur: 180 min

ESTREIA 21 MAIO

Se Holzhausen filmou o Museu de História da Arte de Viena, Frederick Wiseman andou, na altura, a fazer o mesmo pelo grande museu britânico. Está lá tudo. Leonardo da Vinci, Rembrandt, Caravaggio, Rubens, Vermeer, Turner e tantos outros nomes que fazem a história da arte mundial, sobretudo entre os anos que vão da Idade Média até ao século XIX. O realizador Frederick Wiseman decidiu mostrar os bastidores da maior instituição londrina, numa viagem que apresenta o local, as pessoas que nele trabalham e as 2400 pinturas que guarda. “O toque do sr. Wiseman é hábil mas leve, e a experiência de assistir a National Gallery é agradável e envolvente, porque ele é um contador de histórias maravilhoso”, escreve Manohla Dargis no jornal The New York Times. “Também é inesperadamente comovente. Porque um dos seus temas é a forma como a arte nos fala, algo que ele expressa de forma brilhante através da maneira como nós olhamos para os visitantes que, por sua vez, olham para retratos e estes olham de volta para nós”, conclui. Há mais de 30 anos que Wiseman queria fazer um filme sobre a National Gallery, mas outros projectos acabaram por se revelar. Além disso, enfrentava a dificuldade acrescida de conseguir autorização para filmar mais do que um dia seguido no museu. Acabou por fazê-lo e a rodagem viria a ser feita durante duas semanas, em dias intercalados, entre Janeiro e Março de 2012. Foi desta forma que o realizador de 85 anos — que a Newsweek considera ser o maior “registador” da vida contemporânea — concluiu o seu quadragésimo primeiro filme.

Prémios e Festivais: Festival de Cannes – Quinzena dos Realizadores Festival de Toronto – Selecção Oficial


ESTREIAS CINEMA

DEUS BRANCO DE KORNÉL

MUNDRUCZÓ

EXCLU

CINEMSIVO AS M

EDEIA

ESTREIA 28 MAIO

COM ZSÓFIA PSOTTA, SÁNDOR ZSÓTÉR, LILI HORVÁTH

Dur: 121 min

LA GIOVINEZZA DE PAOLO SORRENTINO

Dur: 118 min

ESTREIA 28 MAIO

COM RACHEL WEISZ, PAUL DANO, MICHAEL CAINE, JANE FONDA

Hagen é um rafeiro adoptado por Lili e, a contragosto, pelo seu pai. Quando o governo obriga ao pagamento de uma taxa de licença do animal, o pai, com poucos recursos, vê-se obrigado a abandoná-lo. Determinado a encontrar a sua dona, Hagen reúne uma matilha muito organizada, pronta a revoltar-se contra os humanos, que representam a opressão. Esta sátira pretende ser uma reflexão sobre as relações de poder, questionando como os mais fracos poderão, um dia, chegar ao topo.

Dois velhos amigos, Fred e Mick, decidem passar uns dias de férias num hotel junto aos Alpes. Fred é um compositor e maestro reformado, enquanto Mick é um realizador de cinema no activo. Mick vê-se aflito para acabar o guião do próximo filme; por sua vez, Fred, vê-se impelido a regressar ao activo, graças a um convite muito especial. Segundo o The Guardian, este filme é quase uma continuação de A Grande Beleza, a película anterior de Sorrentino. Isto porque tem “frases marcantes que anunciam que estamos perante uma grande obra de arte”.

Prémios e Festivais: Prémio Un Certain Regard - Festival de Cannes Palm Dog - Festival de Cannes

Prémios e Festivais:

HERMOSA JUVENTUD

ÉDEN

DE JAIME

DE MIA

ROSALES

BREVEMENTE

Dur: 102 min

COM INGRID GARCÍA JONSSON, CARLOS RODRÍGUEZ, INMA NIETO

Natalia e Carlos, ambos na casa dos 20, tentam sobreviver às duras condições em que vivem. As limitações financeiras impedem-nos de alcançar o que sempre sonharam. Para contrariar a situação, decidem filmar um vídeo pornográfico amador. A razão que os leva a avançar com esse projecto é o nascimento da sua filha, Julia, e a necessidade de lhe garantir as condições necessárias para o seu crescimento. Há quem compare Jaime Rosales a Michael Haneke, pela formalidade estilística sombria com que aborda os temas do quotidiano.

Prémios e Festivais: Festival de Cannes - Prémio Júri Ecuménico - Menção Especial Lisbon & Estoril Film Festival - Prémio Melhor Actriz Nespresso

Festival de Cannes - Selecção Oficial - Em Competição

EM EXIBIÇÃO

HANSEN-LØVE

Dur: 131 min

COM FÉLIX DE GIVRY, PAULINE ETIENNE, VINCENT MACAIGNE

Na década de 90, Paul dá os primeiros passos na vida nocturna de Paris. Este apaixonado por música cria, com o melhor amigo, a dupla de DJ "Cheers", que fica conhecida pelo género que toca: o house francês. Encontram rapidamente o seu público e conhecem uma ascensão vertiginosa, eufórica, perigosa e efémera. Envolvido por esta paixão, Paul esquece-se de construir uma vida. A história baseiase vagamente na existência de Sven, o irmão da realizadora, que a ajudou na escrita do argumento. Prémios e Festivais: Festival de Toronto - Selecção Oficial Festival de San Sebastián - Selecção Oficial

MAIO | JUNHO 2015

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PROGRAMAÇÃO

ESPAÇO NIMAS A SUA SALA DE CINEMA INDEPENDENTE O sucesso do ciclo dedicado a Roberto Rossellini, que possibilitou ao público português o visionamento de dez obras essenciais do realizador italiano, em versões restauradas, levou ao seu prolongamento durante todo o mês de Maio. Além das obras visionadas, poderá ainda ver mais 18 dos seus títulos fundamentais numa programação complementar que arranca já no dia 2 de Maio. Este ciclo conta com a colaboração, e com a devida autorização, do filho e colaborador do cineasta italiano, Renzo Rosselini, que esteve em Portugal em Março para apresentar duas das sessões que decorreram no Espaço Nimas. Roberto Rossellini, um dos maiores nomes da história do cinema, conheceu o êxito depois da Segunda Guerra Mundial ao assinar Roma, Cidade Aberta — que venceu o Grande Prémio do Festival de Cannes e que foi nomeado para o Oscar de Melhor Argumento. Rossellini casou quatro vezes, uma delas com a actriz Ingrid Bergman, que protagonizou alguns dos seus filmes mais emblemáticos. Em carta escrita a Rossellini, em 1949, Bergman disponibilizou-se para entrar nos seus filmes. “Se precisar de uma actriz sueca que fala muito bem inglês, não esqueceu o seu alemão, que arranha o francês e que, em italiano, só sabe dizer 'ti amo', estou pronta para fazer um filme consigo", propôs ela.

ROBERTO ROSSELLINI CICLO COMPLEMENTAR A PARTIR DE 2 DE MAIO NO ESPAÇO NIMAS

L’ÉTÀ DI COSIMO DI MEDICI (1972)

Aproveitando o êxito do ciclo dedicado a Roberto Rossellini, os Cinemas Medeia programaram um ciclo complementar com 18 novos títulos do realizador italiano, percorrendo temporalmente a sua obra. Desde as obras raras dos anos 40 até ao vasto volume de produções realizadas para a televisão nos anos 60 e 70, estes filmes serão projectados em ficheiro de vídeo e, embora muitos deles não estejam legendados em português, serão exibidos com o objectivo de que grande parte da extensa obra de Rossellini esteja disponível a um público mais alargado. Por esse motivo, os bilhetes para estas sessões terão o custo simbólico de 2 euros.

LA NAVE BIANCA (1941) Italiano . Sem Legendas UN PILOTA RITORNA (1942) Italiano . Sem Legendas L’UOMO DALLA CROCE (1943) Italiano . Legendado em Francês FRANCESCO GUILLARE DI DIO (1950) Italiano . Legendado em Inglês DOV’È LA LIBERTÀ? (1954) Italiano . Legendado em Português GIOVANNA D’ARCO AL ROGO (1954) Francês . Sem Legendas IL GENERALE DELLA ROVERE - DIRECTOR’S CUT (1959) Italiano . Legendado em Inglês

ERA NOTTE A ROMA (1960) Italiano . Legendado em Inglês VIVA L’ITALIA (1961) Italiano . Legendado em Espanhol ANIMA NERA (1962) Italiano . Legendado em Português LA PRISE DU POUVOIR PAR LOUIS XIV (1966) Francês . Legendado em Português do Brasil

SOCRATE (1970) Italiano . Legendado em Italiano BLAISE PASCAL (1972) Francês, Legendado em Inglês AGOSTINO D’IPPONA (1972) Italiano . Sem Legendas L’ÉTÀ DI COSIMO DI MEDICI (1972) Italiano . Legendado em Inglês CARTESIUS (1974) Italiano . Legendado em Inglês ANNO UNO (1974) Italiano . Legendado em Inglês IL MESSIA (1976) Italiano . Legendado em Alemão HORÁRIOS: 14H00 . BILHETES: 2€

Programação sujeita a alterações de última hora. Confirme sempre em www.medeiafilmes.com FRANCESCO GUILLARE DI DIO (1950)

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MAIO | JUNHO 2015

LA PRISE DU POUVOIR PAR LOUIS XIV (1966)


ROBERTO

ROSSELLINI Quinta

Sexta

Sábado

30 Abril**

1 Maio**

2 Maio*

Versão Restaurada

Versão Restaurada

ÍNDIA

ÍNDIA

ROMA, CIDADE ABERTA

Domingo

Segunda

3 Maio**

ALEMANHA, ANO ZERO Versão Restaurada

7 Maio**

8 Maio**

9 Maio*

Versão Restaurada

Versão Restaurada

Versão Restaurada

O MEDO

STROMBOLI

ALEMANHA, ANO ZERO Versão Restaurada

15 Maio**

ALEMANHA, ANO ZERO

16 Maio** ÍNDIA

Versão Restaurada

Versão Restaurada

10 Maio**

11 Maio*

VIAGEM EM ITÁLIA

EUROPA 51 Versão Restaurada

17 Maio*

18 Maio*

21 Maio*

22 Maio*

23 Maio*

24 Maio**

Versão Restaurada

Versão Restaurada

Versão Restaurada

Versão Restaurada

STROMBOLI

EUROPA 51

6 Maio*

O MEDO

PAISÀ LIBERTAÇAO

Versão Restaurada

12 Maio*

13 Maio*

Versões Restauradas

Versões Restauradas

O AMOR + A FORÇA E A RAZAO

19 Maio

** A MÁQUINA PAISÀ LIBERTAÇAO DE MATAR

ROMA, CIDADE ABERTA

O AMOR + A FORÇA E A RAZAO

20 Maio**

Versão Restaurada

PESSOAS MÁS

A MÁQUINA DE MATAR PESSOAS MÁS

25 Maio*

26 Maio**

27 Maio**

Versão Restaurada

Versão Restaurada

Versão Restaurada

STROMBOLI

5 Maio*

A MÁQUINA PAISÀ DE MATAR LIBERTAÇAO PESSOAS MÁS Versão Restaurada

Versão Restaurada

14 Maio**

Quarta

Versão Restaurada

Versão Restaurada

O MEDO

4 Maio**

Terça

O AMOR + A FORÇA E A RAZAO

Versão Restaurada

VIAGEM EM ITÁLIA

Versão Restaurada

VIAGEM EM ITÁLIA

Versões Restauradas

~

N OV A PROGRAMAÇ AO

E S P A Ç O NI MA S ÚLTIMAS SEMANAS

*Horários: 16h30, 19h00, 21h30 **Horários: 16h00 . 18h00 . 20h00 . 22h00

ROMA, CIDADE ABERTA . PAISÀ - LIBERTAÇAO . STROMBOLI . O AMOR . A FORÇA E A RAZAO . EUROPA 51

ALEMANHA, ANO ZERO . ÍNDIA . A MÁQUINA DE MATAR PESSOAS MÁS . O MEDO . VIAGEM EM ITÁLIA

Nos dias 30 de Abril e 1 de Maio, também se realiza a sessão das 14h00.

Bilhetes: 6 euros Na compra de quatro oferecemos o quinto. www.medeiafilmes.com

MAIO | JUNHO 2015

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I AM CURIOUS: YELLOW DE VILGOT SJÖMAN

Dur: 121 min

ESTREIA 28 MAI

COM VILGOT SJÖMAN, LENA NYMAN, BÖRJE AHLSTEDT

EXCLU

CINEMSIVO

MEDE AS IA

Objecto de controvérsia, I Am Curious: Yellow (1967) é um importante documento para caracterizar a sociedade sueca durante a década de 60, um período de revolução sexual no país. Enquanto está a fazer um filme chamado Lena on the Road, a jovem Lena (interpretada por Lena Nyman), mantém uma relação com o realizador do seu filme, Vilgot Sjöman, que se interpreta a si próprio. Lena é uma jovem activista, constantemente à procura de novas experiências e descobertas. Nesta busca incessante, inicia um processo de descoberta sexual e de compreensão das questões políticas e sociais da Suécia na época. A sua história de amor pouco ortodoxa – também com o namorado Börje - é intercalada com um discurso marcadamente político e social. No filme, vemos Lena em diferentes contextos: no seu quarto com Börje, e também na rua, a entrevistar políticos e cidadãos ao acaso sobre questões que se passam no país. Marcado por um humor bastante particular, I Am Curious: Yellow conta ainda com uma breve aparição de Marthin Luther King. No seu país de origem, na época em que foi lançado, I Am Curious: Yellow causou bastante polémica. O filme quebrou tabus na altura não só pelas temáticas que aborda mas também pelo facto de cruzar linhas entre realidade e ficção, algo que não era comum.

Da autoria de Vilgot Sjöman e com títulos referentes às cores da bandeira sueca, I Am Curious: Yellow e I Am Curious: Blue são duas obras emblemáticas, consideradas actualmente símbolos cinematográficos de libertação sexual.

I AM CURIOUS: BLUE DE VILGOT SJÖMAN

Dur: 107 min

ESTREIA 28 MAI

COM VILGOT SJÖMAN, LENA NYMAN, BÖRJE AHLSTEDT

EXCLU

CINEMSIVO AS M

EDEIA

I Am Curious: Blue vem complementar I Am Curious: Yellow, mantendo as mesmas personagens e actores, e esbatendo ainda mais as linhas entre ficção e realidade. O próprio realizador Vilgot Sjöman vê I Am Curious: Blue não como uma sequela de Yellow mas sim como um filme paralelo ao anterior, que conta a mesma história de uma forma diferente. Em I Am Curious: Blue, a história de Lena continua, assim como o confronto com assuntos relacionados com religião, sexualidade e o sistema prisional, ao mesmo tempo que Lena explora as suas próprias relações pessoais. Neste filme, a viagem de Lena leva-a até ao norte da Suécia, onde filma a beleza da Natureza e revela uma parte do país no seu estado mais natural. Se, por um lado, Yellow coloca ênfase nas relações sociais e na sociedade, em Blue é dada mais importância às relações interpessoais. Os dois filmes ligam-se no tempo, uma vez que a acção de I Am Curious: Blue decorre tanto antes como depois de I Am Curious: Yellow. 10 MAIO | JUNHO 2015


ESPAÇO NIMAS

BERGMAN INESGOTÁVEL A PARTIR DE 25 DE JUNHO Após o enorme sucesso do ciclo dedicado a Ingmar Bergman, o Espaço Nimas acolhe a partir de 25 de Junho uma programação que inclui cinco novos títulos do realizador sueco: Rumo à Felicidade (1950), O Rosto (1958), A Fonte da Virgem (1960), Luz de Inverno (1963) e A Força do Sexo Fraco (1964), dois deles apresentados em versões restauradas.

A FONTE DA VIRGEM THE VIRGIN SPRING

Fonte da Virgem é um dos filmes que mais contribuiu para a popularidade de Ingmar Bergman. Esta é uma lenda medieval sobre a violação e assassinato de uma jovem por três homens num bosque, quando se dirigia para a Igreja, e a posterior vingança do seu pai. Fonte da Virgem venceu o Oscar para Melhor Filme Estrangeiro em 1961. VERSÃO RESTAURADA

RUMO À FELICIDADE TO JOY

No filme, dois violinistas que tocam juntos na mesma orquestra apaixonam-se e casam-se, percebendo depois que não se conseguem entender. Rumo à Felicidade é também uma história sobre a incapacidade de um homem enfrentar os demónios interiores que se colocam no caminho da sua própria felicidade.

LUZ DE INVERNO WINTER LIGHT

Tomas Ericsson, o padre de uma pequena cidade, cumpre as suas tarefas mecanicamente perante uma congregação diminuta. Quando é convidado a auxiliar um paroquiano perturbado, o padre percebe que não tem nada para oferecer para além da sua própria incerteza, pois está a atravessar uma severa crise de fé e não consegue livrar-se desse tormento. VERSÃO RESTAURADA

O ROSTO THE MAGICIAN

Quando o Teatro do Dr. Albert Vogler chega à cidade, espera-se um grande espectáculo. Após lerem sobre uma série de perturbações sobrenaturais nas anteriores sessões noutros países, o chefe da polícia e um médico exigem que o grupo faça uma pequena amostra do seu espectáculo antes de permitir a exibição pública. Os cépticos mais científicos tentam expô-los como charlatões, mas Vogler e a sua equipa provam que são mais engenhosos do que tinham previsto.

A FORÇA DO SEXO FRACO ALL THESE WOMEN

Um pretensioso crítico de música dirige-se a casa de um famoso violinista para fazer uma biografia. Embora não consiga entrevistá-lo, fica a conhecer em detalhe a sua vida pessoal ao falar com as mulheres que vivem e trabalham com ele. Com estas informações o crítico decide chantagear o violinista a tocar uma composição sua. MAIO | JUNHO 2015 11


ESTREIAS CINEMA

O HOMEM DEMASIADO AMADO DE

ANDRÉ TÉCHINÉ

BREVEMENTE

Dur: 116 min

COM CATHERINE DENEUVE, ADÈLE HAENEL, GUILLAUME CANET

Um caso mediático dos anos 70 é levado ao grande ecrã por André Téchiné e conta com Catherine Deneuve no papel da milionária Renée Le Roux.

Estamos em Nice, França, em 1976. Agnès, recémchegada à cidade na tentativa de recuperar a sua autoestima depois de uma separação, abre uma pequena loja e nela vende artefactos africanos e têxteis asiáticos. Renée, mãe de Agnès e dona do casino Palais de la Méditerranée, na Riviera, pede-lhe ajuda, pois só com o voto favorável dela (Agnès detém parte do casino) conseguirá garantir a posse do estabelecimento, mas recusa-se a dar à filha a parte que o pai, já falecido, lhe deixou como herança. Entretanto, a jovem aproxima-se de Maurice, conselheiro da sua mãe, dando início a um caso amoroso. Quando o casino sofre mais um duro golpe — numa noite de muito azar acaba por perder cinco milhões de francos para jogadores profissionais (provavelmente batoteiros) — realiza-se uma nova reunião com os membros da direcção. Maurice convence Agnès a votar contra a mãe: em troca do seu voto, dá-lhe os três milhões de francos de herança à qual tem direito. Este valor é, na verdade, pago por Jean Corso Fratoni, um mafioso que desestabiliza casinos para depois os comprar, com o apoio do presidente da câmara local. Agnès vota contra a mãe e faz com que esta perca o casino. Após a decisão, Maurice acaba a relação com Agnès, com uma agravante: a jovem tinha aberto uma conta em nome do advogado e depositado nela toda a sua fortuna. Ressentida com a traição à mãe, humilhada pelo namorado e na sequência de uma tentativa de suicídio, a jovem desaparece. O filme revela a cruzada de uma mãe durante 30 anos para provar quem matou a sua filha. No final, Maurice é julgado. “Téchiné recusa os flashes teatrais de Scorsese optando por uma tragédia ao estilo de Shakespeare”, escreve a Variety. 12 MAIO | JUNHO 2015

Este drama francês baseia-se nas memórias escritas por Renée Le Roux e o seu filho Jean-Charles Le Roux, Une femme face à la Mafia. O caso foi muito polémico nos anos 70, figurando em várias manchetes de jornais. O filme marca também a sétima colaboração entre Téchiné e Catherine Deneuve. O realizador revelou em entrevista que mudou pouco a história original. “Queria que o filme fosse muito factual, por isso respeitei os eventos tal como se desenrolaram, ao mesmo tempo que tentava perceber a relação trágica entre as várias personagens”, explicou. Contou com a ajuda do filho de Renée, Jean- Charles Le Roux, na escrita do argumento. Centrou-se na relação entre mãe, filha e namorado, um braço de ferro a três, mas confessa a sua preferência. “Estava mais interessado em Agnès. Quis pintar o seu retrato. Concordei em realizar o filme depois de ler as cartas que Agnès escreveu a Maurice porque, de forma inesperada, encontrei uma semelhança surpreendente com outra personagem feminina que ando a querer adaptar para o ecrã, Julie de Lespinasse. Existem muitos paralelismos entre as cartas apaixonadas escritas no século XVIII e as de Agnès”, explicou o realizador no dossier de apresentação do filme. Agnès era uma outsider, não se enquadrava no estilo faustoso e decadente em que a mãe se movia e que o namorado tanto aspirava alcançar. Prémios e Festivais: Festival de Cannes - Selecção Oficial - Fora de Competição Prémios Lumière - Nomeação para Melhor Actriz (Adèle Haenel) e Melhor Actor (Guillaume Canet)


ESTREIAS CINEMA

MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA DE

GEORGE MILLER

ESTREIA 14 MAIO

Dur: 120 min

COM TOM HARDY, CHARLIZE THERON, NICHOLAS HOULT, RICHARD NORTON, RILEY KEOUGH, ROSIE HUNTINGTON-WHITELEY

14 de Maio marca a chegada do quarto filme Mad Max aos cinemas, 30 anos depois de a saga ter começado. Antes disso, tem antestreia garantida no Festival de Cannes. Num mundo sem esperança, lei ou Exasperado com a sua perda, ter uma sensação de, não diria misericórdia, e onde os recursos este Senhor da Guerra reúne o documentário, mas de algo na escasseiam, mata-se por petróleo. O seu gangue mais letal e inicia qual pudéssemos imergir, cenário violento e pós-apocalíptico uma impiedosa perseguição aos como se estivesse mesmo assinala o regresso do realizador rebeldes, naquela que promete a acontecer. Foi por isso George Miller à saga Mad Max, ser a mais implacável Guerra na que decidimos que todos os popularizada nos anos 80 com Estrada de sempre. carros que, em teoria, seriam Mel Gibson no principal papel (faz agora 30 anos que o primeiro filme “Mad Max não é um super-herói. Não desafiamos foi lançado). as leis da física, não se trata de um filme de fantasia. Neste quarto filme, cabe a Tom É basicamente um western sobre rodas.” Hardy o papel de “Mad” Max George Miller Rockatansky, um homem perseguido pelo seu turbulento passado, “Mad Max não é um super- esmagados no filme deviam que acredita que a melhor forma de herói. Não desafiamos as leis da sê-lo literalmente, cada duplo sobreviver é não depender de mais física, não se trata de um filme é um ser humano real, até ninguém, além de si próprio. de fantasia. É basicamente um os actores fazem uma série Apesar de tudo, acaba por se western sobre rodas”, conta de manobras, e por aí fora”, juntar a um grupo de rebeldes George Miller numa entrevista que explica. que atravessa a Wasteland, numa deu no Festival Comi-Con, onde Miller quis garantir uma contimáquina de guerra conduzida por nunca tinha marcado presença. nuidade visual e, ao mesmo tempo, uma Imperatriz de elite, conhecida No seguimento da conversa, falou homenagear os filmes originais, por pelo nome de Furiosa, interpretada sobre os efeitos especiais usados. isso decidiu filmar as sequências por uma Charlize Theron de cabeça “Sei que, quando vejo demasi- de abertura e final no deserto rapada. Este bando está em fuga adas imagens geradas por australiano. No entanto, as chuvas de uma cidadela tiranizada pelo computador, isso leva-me para intermináveis acabaram por afastar Immortan Joe, a quem a tal Furiosa fora da experiência. Queremos a equipa, obrigando-a a filmar a terá roubado algo insubstituível: maioria dos exteriores na Namíbia cinco jovens mulheres que deviam e na África do Sul. garantir a continuidade da espécie humana.

MAIO | JUNHO 2015 13


ESTREIAS CINEMA

FORÇA MAIOR

Dur: 120 min

PÁSSARO BRANCO

DE RUBEN ÖSTLUND ESTREIA 7 MAIO

DE GREGG ARAKI ESTREIA 21 MAIO

COM JOHANNES KUHNKE, LISA LOVEN KONGSLI, CLARA WETTERGREN

COM SHAILENE WOODLEY, EVA GREEN, CHRISTOPHER MELONI

Uma família sueca viaja para os Alpes franceses a fim de passar uma semana numa estância de esqui. Até que surge uma avalanche que colocará em causa a sua estabilidade.

O desaparecimento misterioso de uma mulher, e modo como a sua filha reage, está no centro da acção do mais recente filme de Gregg Araki.

Dur: 91 min

Eve Connors (Eva Green), mãe de Katrina (Shailene Woodley), abandona a família deixando toda a gente em estado de choque — era tida como uma dona de casa exemplar, com a sua roupa sempre impecavelmente a condizer e o penteado bem estruturado. Kat e o seu pai (Christopher Meloni) tentam seguir com a suas vidas, mas a jovem começa, subitamente, a ter sonhos perturbadores. Aos poucos, ela irá perceber que há uma verdade terrível por trás do desaparecimento da mãe.

O sol brilha e as pistas estão espectaculares, mas logo ao segundo dia, durante o almoço num restaurante na montanha, uma avalancha vai provocar o caos. Com as pessoas a fugir em todas as direcções, Ebba, mãe de família, chama pelo seu marido Tomas, enquanto tenta proteger os filhos de ambos, Vera e Harry. Mas Tomas, entretanto, tenta fugir para se salvar. Ebba resolve contar o episódio num jantar com amigos, deixando o marido desconfortável com a situação. Ela explica-lhe que tem alguma dificuldade em perdoá-lo e que os filhos andam preocupados com a crescente tensão do casal. A história repete-se e, em novo jantar, Ebba mostra um vídeo do youtube onde se vê Tomas a fugir. O desgaste familiar vai ao ponto de provocar no homem um pequeno esgotamento nervoso: só a mulher e os filhos o poderão confortar. O realizador Ruben Östlund inspirou-se em vídeos colocados no youtube para relatar a tensão entre as pessoas que vêem os seus momentos de fragilidade a serem registados com um telemóvel e posteriormente divulgados na Internet. “Esta brilhante e violentamente divertida amostra da complacência burguesa, os estereótipos e preconceitos de género e a ilusão de segurança são esfregados na nossa cara com o propósito de revelar a fragilidade humana da mesma forma implacável utilizada por Michael Haneke nos seus filmes”, escreve o jornal americano The New York Times. Prémios e Festivais: Festival de Cannes - Prémio do Júri Un Certain Regard Golden Globes - Nomeação Melhor Filme Estrangeiro

14 MAIO | JUNHO 2015

A história baseia-se no livro homónimo de Laura Kasischke e é contada através de flashbacks da vida de Eve. Enquanto Kat descobria a vida sexual com o vizinho Phil, a mãe ia-se sentido cada vez mais pressionada pelo envelhecimento e pela perda de alguma ambição e jovialidade. O seu desaparecimento é investigado durante algum tempo, sem que, no entanto, as forças da lei e da ordem cheguem a uma conclusão. Até que Kat começa a confrontar o pai, considerado o principal suspeito. Para o jornal The Guardian, este melodrama, que tem os subúrbios e os anos 80 como pano de fundo (ouvimos os New Order ou os Cocteau Twins) é dotado de “uma sensibilidade visual quase Lynchiana, um estranho sonho/ pesadelo que leva Araki a reinar na sua anarquia de excessos com resultados muito satisfatórios”.


OUTRAS ESTREIAS PROGRAMAÇÃO ESTREIAS CINEMA

LANÇAMENTOS EM DVD

NOS JARDINS DO REI

PACK TRILOGIA DA GUERRA

DE ALAN RICKMAN

A obra de Roberto Rossellini compõe um dos mais essenciais capítulos da história do cinema. Roma, Cidade Aberta, Paisà - Libertação e Alemanha, Ano Zero são os três filmes que a Leopardo Filmes edita no final do mês de Maio num pack imprescindível para qualquer cinéfilo. Depois do sucesso em sala, redescubra estas três obras-primas nas suas versões restauradas.

ESTREIA 7 DE MAIO

PACK NURI BILGE CEYLAN

O Rei Luis XIV solicita ao famoso arquitecto André Le Notre um projecto para os jardins do Palácio de Versalhes. Para o auxiliar nesse trabalho, o arquitecto contrata a bela, e arrojada, paisagista Sabine de Barra. Aos poucos, as desavenças entre ambos atenuam-se e a relação começa a tornar-se mais íntima.

É DIFÍCIL SER UM DEUS DE ALEKSEY GERMAN Um grupo de cientistas é enviado para o planeta Arkanar, com a missão de ajudar a população no caminho para o progresso, abstendo-se de influenciar os eventos no local. Rumata, cientista visto como uma espécie de Deus, tenta salvar a população. Ele não consegue evitar pensar: "O que faria no lugar de Deus?"

ESTREIA 14 DE MAIO Uma edição que compreende dois títulos do mais importante cineasta turco da actualidade: Era Uma Vez na Anatólia e Sono de Inverno, que venceu a última Palma de Ouro. Dois retratos únicos da condição humana pelo olhar do mais elogiado e premiado realizador turco.

CITIZENFOUR um documentário de Laura Poitras

VENCEDOR DO OSCAR DE MELHOR DOCUMENTÁRIO Em Janeiro de 2013, estava a realizadora Laura Poitras a fazer um filme sobre abusos de segurança nacional no pós-11 de Setembro nos Estados Unidos quando começou a receber emails encriptados de alguém que se identificava como "Citizenfour", que estava preparado para denunciar os programas de vigilância massiva dirigidos pela NSA e outras agências secretas. Em Junho de 2013, ela e o repórter Glenn Greenwald voaram para Hong Kong para o primeiro de muitos encontros com o homem que revelou ser Edward Snowden. Laura Poitras levou a câmara com ela. O filme que resultou desta série de encontros tensos é absolutamente sui generis na história do cinema: um thriller da vida real desenrolando-se minuto a minuto perante o nosso olhar.

A TERRA DO AMANHÃ DE BRAD BIRD Ligados por um destino comum, Frank (Clooney), um homem cansado de desilusões, e Casey (Britt Robertson), uma adolescente optimista, embarcam numa missão perigosa para descobrir os segredos de um enigmático local, num tempo e lugar conhecidos como Tomorrowland.

ESTREIA 28 DE MAIO LOIN DES HOMMES DE DAVID OELHOFFEN Uma professora de francês numa pequena aldeia argelina durante a Guerra da Argélia forma uma ligação inesperada com um dissidente, mas é, forçosamente, condenada a entregá-lo às autoridades.

ESTREIA 4 DE JUNHO MAIO | JUNHO 2015 15


16 MAIO | JUNHO 2015


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