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Indústria extractiva
O desafio de transformar a agricultura através da digitalização em África
Como qualquer área de actividade, a agricultura está a conhecer uma rápida transformação ocasionada pelo cada vez maior aprimoramento dos meios tecnológicos. As evidências vêm demonstrando que, num fututuro breve, as agritechs poderão substituir completamente os seculares e tradicionais métodos de produção em todo o mundo, sobretudo em África
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TEXO RUI TRINDADE – PHOTOGRAPHY BY D.R.
Num webinar realizado no passado mês de Junho pela FAO e o pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que teve como objectivo debater a “transformação da agricultura em África através da digitalização” – e que juntou mais de 500 participantes ligados tanto aos sectores da agricultura, das telecomunicações e da inovação tecnológica como a inúmeras agências governamentais de vários países do continente - Mohamed Manssouri, director do Centro de Investimentos da FAO, sublinhando o facto de a pandemia estar a ma década, a uma multiplicação de iniciativas no continente africano focadas no sector agrícola, impulsionadas sobretudo por start-ups tecnológicas inovadoras, a pandemia veio, inesperadamente, criar um contexto que é hoje visto como uma oportunidade para acelerar uma mudança mais profunda. Para citar apenas um exemplo, recorde-se como, ainda recentemente, o projecto do cabo-verdiano Érico Pinheiro, centrado na construção de drones para a agricultura e a reflorestação, foi seleccionado pela revista Africa Innovates, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),
A pandemia veio criar um contexto visto como uma oportunidade para acelerar a mudança
constituir um “factor de aceleração” na transição para o digital na economia global, apelou aos decisores políticos e empresariais e às instituições financeiras para “aproveitarem essa tendência” e impulsionarem a digitalização da agricultura em África, de forma a tornarem os “sistemas agro-alimentares mais produtivos, mais inclusivos e mais sustentáveis no futuro”. Reforçando esta ideia, Martin Fregene, director para o sector da agricultura e das agro-indústrias do BAD, referiu que este é o momento ideal para acelerar o desenvolvimento de “plataformas digitais que facilitem as ligações entre os vários actores na cadeia de valor no sector agro-alimentar”. De facto, embora se tenha vindo a assistir, sobretudo ao longo da últipara fazer parte da lista das 50 inovações africanas de maior potencial em 2020. Os drones construídos por Érico Pinheiro têm como objectivo contribuir para para ajudar a modernizar a agricultura. Depois de uma série de ensaios e testes, demonstrando as suas várias funcionalidades - como pulverização agrícola, lançamento de sementes, entrega de encomendas, além de supervisão das florestas através de vídeo câmaras – os drones estão agora prontos para operar. Os drones desenvolvidos por Érico Pinheiro conseguem viajar longas distâncias, têm sistema de navegação GPS, comunicação via DataLink e podem ser operados com controlo remoto ou de forma autónoma, sendo também úteis para o transporte de medicamentos.
Drones e agricultura de precisão
Na verdade, os drones têm vindo a ser considerados uma das tecnologias mais interessantes para a modernização do sector agrícola em África. Um relatório recente, “Drones no Horizonte : Transformando a Agricultura em África”, publicado conjuntamente pela União Africana e pela plataforma pan-africana NEPAD, é disso um testemunho. O relatório dá uma visão abrangente e contextualizada do uso dos drones enquanto tecnologia vital para o que hoje se designa de “agricultura de precisão”. E fornece exemplos das suas múltiplas aplicações. Estas incluem, entre muitas outras, por exemplo, “o mapeamento e levantamento topográfico, o ordenamento fundiário e ordenamento territorial, a monitorização, inspecção e vigilância de culturas, a entrega de cargas, a pesquisa científica, a gestão de activos e seguros agrícolas e a avaliação de danos em culturas ou infra-estruturas”. O relatório deixa também claro por que é que os drones oferecem hoje inúmeras vantagens face aos satélites cuja informação já vem, há muito, sendo aplicada em apoio das práticas agrícolas: “Em comparação com os satélites, os drones podem voar e capturar imagens de muito alta resolução sob a cobertura de nuvens e nos intervalos de tempo desejados”, ou seja, os agricultores não estão dependentes nem das “janelas temporais” impostas pela rotação dos satélites espaciais, nem pelas condições atmosféricas que podem perturbar a colheita da informação. O relatório realça as vantagens dos drones UAS (Sistemas Aéreos Não Tripulados) que estão equipados com sensores, software e outros acessórios: “Na agricultura, existem várias aplicações importantes da tecnologia UAS, a saber: selecção/ monitorização de colheitas, avaliações de volume e vigor de culturas, inventário de culturas (ou contagem de plantas individuais), geração de mapas de prescrição (como recomendações de dosagem de fertilizantes nitrogenados específicos ao local), pulverização de precisão, inspecção de infra-estruturas agrícola (incluindo irrigação), mapeamento de alta resolução e levantamento de campos individuais (tais como delineamentos de limites agrícolas e cálculos de área de cultivo), avaliação de danos de culturas e perícias para reivindicação de seguros. Os drones equipados com sensores adequados têm a capacidade de gerar dados de monitorização remota, quase em
O relatório do Banco Mundial estima que o agronegócio, impulsionado pela digitalização, poderá chegar ao trilião de dólares em 2030
tempo real, no campo, quando comparado com a demora na aquisição de dados e imagens baseadas em satélites e aeronaves”. De referir que também em Moçambique o projecto ThirdEye, desenvolvido pelos holandeses da FutureWater e da HiView, entre 2014 e 2017, permitiu dar apoio a mais de 3500 agricultores (nas zonas do Xai Xai e Chókwè, na província de Gaza) através do uso de drones equipados com câmaras de alta resolução. O projecto incluiu ainda a formação de operadores de drones. Entretanto, com o fim do projecto, uma start-up (a ThirdEye) tem procurado dar continuidade à iniciativa.
As agritechs que estão a mudar a agricultura em África
Mas a utilização de drones é apenas um exemplo do tipo de aplicações tecnológicas que têm estado a inovar toda a cadeia de
valor na agricultura. Um estudo do Banco Mundial, de 2019, identificava 390 iniciativas de “agricultura digital” em todo o continente - 60% delas lançadas nos últimos três anos. Estas iniciativas distribuem-se por cinco áreas principais: serviços e aplicativos de apoio à produção, plataformas de ligação entre produtores e mercados, acesso a recursos financeiros, gestão integrada da cadeia de produção e tecnologias associadas à “agricultura de precisão”. O relatório referia ainda o papel destacado de países como a Nigéria, a Costa do Marfim, o Ruanda, a África do Sul, o Quénia e o Gana nesta “revolução” e estimava que o sector do agro-negócio, impulsionado pela digitalização, poderá chegar ao trilião de dólares em 2030. Entre os vários “casos de sucesso”, citados a título de exemplo pelo relatório, destaca-se a start-up nigeriana Kitovu. A empresa foi criada em 2016 por Emeka Nwachinemere, o qual, depois de se ter formado em engenharia mecânica, começou a se interessar pelas novas tecnologias digitais e pelo seu potencial de aplicação ao sector agrícola. O momento decisivo, porém, surgiu ao tomar conhecimento do trabalho desenvolvido pelo economista Michael Kremer (que viria a ganhar o Prémio Nobel em 2019) e o conceito de “agricultura de precisão”. A organização criada por Michael Kremer – Precision Agriculture for Development (PAD) – estava já actuar em 8 países do continente dando apoio a cerca de 3,6 milhões de pequenos agricultores disponibilizando informação técnica especializada de forma acessível através de telemóveis. Apoiando-se nesta base de conhecimento, Emeka Nwachinemere lança a Kitovu, uma plataforma em que começa por fazer uma análise das condições específicas de cada produtor para depois lhes fornecer pacotes de insumos adequados - sementes, fertilizantes e agro-químicos. Posteriormente, coloca a plataforma a fazer, através de uma app, a conexão entre agricultores e compradores, sem custo extra. “Ao fornecer aos agricultores insumos específicos para o solo e para as culturas, permitimos que eles cultivem com mais precisão, o que aumenta o rendimento e garante maior produção”, garante Nwachinemere. Actualmente, os três principais produtos da empresa são a FarmPack (pacotes de insumos), a FarmSwap (microcrédito para agricultores) e o eProcure (agrega os serviços e liga produtores e retalhistas). Mas muitas outras “agritechs” são igualmente citadas no relatório pelo efeito “disruptivo” que as tecnologias que usam estão a ter no sector e que os especialistas designam por DAT (disruptive agricultural technologies). É o caso da AgriPredict (Zambia) que utiliza a tecnologia da Inteligência Artificial para ajudar os agricultores a antecipar situações de risco (secas, desastres naturais, etc.) mas também a combater, por exemplo, pragas. A app desenvolvida pela AgriPredict permite aos agricultores fotografarem uma plantação infestada por uma praga, enviá-la para a plataforma web da AgriPredict e receber informação, em tempo real, o diagnóstico do problema e soluções para lidar com ele. Outra agritech destacável é a Promagric, dos Camarões, um aplicativo que usa inteligência artificial para diagnosticar doenças de cultivo a partir de uma imagem. No entanto, e como se referia nas conclusões do webinar organizado pela FAO e pelo Banco Africano de Desenvolvimento em Junho do ano passado, a transformação da agricultura em África através da digitalização implicará, para ser efectiva, uma abordagem sistémica que deverá contemplar múltiplas dimensões, nomeadamente, a definição e criação de estruturas transversais de gestão de projectos, quadros legislativos e regulamentares (nomeadamente no que toca à protecção de dados), criação de produtos financeiros inovadores, etc.
móvelcare tele-insurance Insurtech cria microseguro inclusivo
“Aliar a tecnologia e o mercado segurador para o bem da sociedade”. É este o princípio da Móvel Care, uma insuretech que cria soluções de seguros para a população de baixa renda
TEXTO Hermenegildo Langa • FOTOGRAFIA Mariano Silva
Ese a partir de 80 meticais, qualquer pessoa pudesse adquirir um seguro de funeral, de vida ou de uma cesta básica por um ano? E, se para isso, bastasse ter um telemóvel e discar um código USSD? Há ‘ses’ que são grandes demais para caber na realidade. No entanto, há momentos em que as soluções ultrapassam as dificuldades. Tauanda Chare é uma dessas pessoas, para quem as soluções “já existem todas” e para lá chegar basta acrescentar imaginação às dificuldades. A sua empresa é um sinal disso mesmo. “Nasci em Moçambique e estudei quase sempre fora do país, no Zimbabué, África do Sul. Quando regressei, abri a Tabech Business and Service Systems, em 2010, porque percebi rapidamente que existe um número muito grande de pessoas que não tem qualquer seguro, uma vez que, em Moçambique, só 3% da população é que está coberta. Assim é ainda hoje. Isso acontece por vários motivos, a começar pela dificuldade de contrair seguro, o seu preço e o facto de muitos destes produtos estarem orientados mais para um mercado formal do que para os milhões de pessoas que estão longe do sistema financeiro. O que pensei foi que havia espaço para criar um micro-seguro mais acessível para todos. Pelo preço e feito no imediato, pelo telefone”. E assim fez. “Abri a minha empresa de tecnologia, uma start-up que, desde então, cria soluções inovadoras no nosso mercado ao nível dos seguros”. O seguro de funeral terá sido a ideia que o catapultou para um outro patamar, e que até lhe valeu alguns prémios a nível nacional e presenças em grandes eventos internacionais, como o Seedstars, onde a ideia foi mostrada “e elogiada” no exterior, enquanto solução inclusiva de vastas faixas da população de baixa renda que está completamente afastada daquilo que é o sistema financeiro. “Esse seguro está hoje disponível, a partir de 80 meticais, o pacote mais básico. E a adesão é crescente”, conta. O que diferencia este dos outros seguros do mercado é que a tecnologia se baseia na simplicidade e basta o cliente ter uma conta do m-Pesa para ter acesso aos serviços deste micro-seguro. “A nossa plataforma funciona em colaboração com o m-Pesa e todos os serviços são pagos assim”. Ao longo do último ano, com as mudanças de enquadramento legal das entidades de moeda electrónica, fintechs e insurtechs que o Governo, o Banco de Moçambique, a Associação Moçambicana de Fintechs e o FSD (Financial Sector Deepening) têm vindo a desenhar, empresas como a de Taoanda já podem actuar no mercado de forma livre. “Era a peça que faltava para que as fintech e as insurtech como a nossa pudessem crescer.” E cresceu mesmo. Em apenas um ano, abriu um espaço no Zímpeto e está a abrir mais dois outros na Matola e Boane, em zonas de grande circulação de pessoas. “Temos de chegar onde elas chegam.” Até por isso, disponibilizam outro tipo de soluções para além do seguro de velório. ”A ideia é, com a tecnologia de que já dispomos e com a possibilidade de estabeleB cer parcerias com micro-seguradoras, no nosso caso com a NBC Micro-seguros, es- EMPRESA tamos hoje com tipo de seguro que não é MóvelCare Tele-Insurance muito comum no mercado moçambicano, GESTOR e a que chamamos de seguro de cesta bási- Tauanda ca”, frisou o gestor. ANO DE FUNDAÇÃO O papel está definido e o crescimento es- 2010 tá em marcha. “Antes de tudo, somos uma DISTINÇÕES tecnológica, uma startup, que cria a tecno- A Móvel Care tem 11 anos, mas já logia especializada nesta área dos seguros mereceu, até aqui, dez distinções (e são a única insurtech do País nesta al- internacionais, que avaliaram tura). Precisamos de mais parceiros, mais indicadores como a sua acessibilidade micro-seguradoras ou, quem sabe, segu- e o nível de abrangência. Venceu a radoras de maior dimensão que queiram edição do Seedstars Maputo em 2017, chegar a este mercado de milhões de mo- foi à final internacional do concurso, çambicanos que precisam deste tipo de na Suíça, onde ficou entre os melhores serviços a baixos custos”. classificados.
As transacções digitais e o mercado africano de capitais no pós covid-19
Suresh Chaytoo • Sector Head for Banks and DFIs no RMB & Agnallo Nampunda • Head of Treasury at FNB Mozambique No rescaldo da pandemia e à medida que o mundo se desdobra em esforços para assegurar uma recuperação económica efectiva e integrada, o conceito de PIB e à perda de empregos. Os governos e o sector privado têm uma enorme e urgente responsabilidade de criação de emprego. Dados do Banco Mundial estimam que as PME asseguram cerca de 60% dos postos de trabalho e até 40% do PIB nas parcerias estratégicas assume um papel economias emergentes, o que evidencia o crucial. As economias fragilizadas necessi- quão importante é assegurar a canalização tam de estímulos urgentes e os bancos são de fundos orçamentais para estimular eschamados a agir, sem demoras, de modo te sector. a assegurar a continuidade dos negócios. O comércio tem um papel absoluta-
Assegurar um futuro sustentável irá de- mente crucial a este nível nos mercados pender, em grande escala, da capacidade emergentes. Quando os bancos regionais das instituições financeiras, governos, co- fomentam o comércio nos mercados emermunidades e sociedades de actuarem em gentes prestam apoio a milhares de empreparceria e de forma integrada, identifican- sas que, em circunstâncias normais, dada a do de forma clara as reais necessidades das sua pequena dimensão, não teriam acesso economias africanas, o esforço necessário ao sistema de comércio global. Isto tornoupara que possam prosperar e a forma co- -se ainda mais significativo no actual clima mo os bancos africanos podem contribuir para este processo. Estas e outras questões assumem agora uma nova relevância em Os bancos comerciais consequência do impacto do covid-19. podem assumir um
No FNB e no RMB, como parte do Gru- papel fundamental no po FirstRand, temos procurado compreender como os bancos africanos e as institui- apoio às economias ções financeiras, no geral, podem ser parceiros de forma inovadora. Este exercí- económico, em que alguns bancos reduzicio tem moldado e impulsionado as nos- ram o apoio ao financiamento comercial, sas parcerias e financiamentos e a forma tendo em conta o risco que este acarreta. como temos criado parcerias com ban- Para além das oportunidades de cocos e instituições financeiras de desen- mércio global, a pandemia propiciou a volvimento, pequenas e grandes, em to- transformação dos serviços financeiros em da a África, através de financiamentos, so- África, permitindo uma digitalização masluções e manutenção das operações co- siva do sector, a redução de custos por parmerciais, permitindo a continuidade do te das instituições bancárias e maior inclunegócio. são financeira. O COVID-19, por força das circunstânO lado positivo do covid-19 cias, levou muitos consumidores iletrados O covid-19 tem gerado um impacto devas- e/ou com fracas noções de uso de canais tador em todo o mundo. O abrandamen- digitais a optarem por estes canais e a mito do crescimento económico é uma reali- grarem para a banca online. Países como dade global, e África não escapou. O sector a Nigéria, Gana, Quénia, Tanzânia, Burunempresarial foi, de forma transversal, pro- di e Moçambique apresentam elevados fundamente afectado pela pandemia. níveis de migração digital sendo que es-
Muitos países africanos dependem, lar- tes números continuam a crescer. Particugamente, da comercialização de merca- larmente em Moçambique, onde a banca dorias, e esta sofreu, naturalmente, um móvel e a utilização de moeda electrónica abrandamento notório devido à pande- têm tido um crescimento notável nos últimia, levando ao crescimento negativo do mos anos, os prestadores de serviços de telefonia móvel e a sua parceria com a banca aceleraram o processo de inclusão financeira, permitindo o acesso de milhares de milhões de utilizadores a serviços financeiros básicos. Actualmente, os principais bancos do País (correspondentes a mais de 65% dos activos bancários) estão já integrados com os prestadores de serviços de telefonia móvel.
Mercado de capitais da dívida
Os bancos comerciais podem assumir um papel fundamental no apoio às economias através da construção de mecanismos que permitam desenvolver mercados de capitais da dívida em África. Um mercado de capital de dívida é essencialmente um “mercado” onde a dívida/ empréstimos empresariais (bem definidos e regulados) são a mercadoria comercializada. Assim, em vez do banco actuar apenas como financiador, também comercializa ao público a sua capacidade de reembolsar os investidores públicos com taxas de juro competitivas. Contudo, para que este mercado se desenvolva de forma segura é necessário uma estrutura regulamentar e legal sólida, e capacidade de gestão e mitigação de risco para salvaguardar tanto os investidores públicos como a empresa que contrai a dívida. Um mercado de capital de dívida que opere satisfatoriamente pode favorecer as economias na mobilização dos recursos financeiros disponíveis a longo prazo e canalizar eficazmente estes fluxos para projectos produtivos, proporcionando uma alternativa de empréstimo a longo prazo. A apetência dos bancos por financiamentos é normalmente de curto a médio prazo e está intrinsecamente ligada ao ciclo macroeconómico. Por outro lado, cria oportunidades de investimento alternativas a longo prazo com risco reduzido para fundos de pensões e gestão de fortunas. Com grandes projectos de infra-estrutura necessários num país como Moçambique, possivelmente terá chegado o momento para a criação e desenvolvimento deste mercado.
Tecnologia
PNUD abre concurso para ideias criativas dos PALOP
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, PNUD, lançou, no âmbito do programa e-Voluir, um concurso de ideias criativas para desenvolvimento de projectos nos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP), com inscrições até 07 de fevereiro. “O objetivo é seleccionar mentes criativas, em cada um dos cinco países dos PALOP, que, com o apoio de empreendedores e mentores experientes, irão criar ‘startups’ com soluções para o presente e o futuro, em duas áreas: ‘e-Governança e Transformação Digital’ e ‘Trabalho e Economia’”, afirmou em comunicado o PNUD em Angola. Na área de “e-Governança e Transformação Digital”, os participantes devem apresentar soluções “práticas, inovadoras e adaptadas ao contexto local”, de forma a que contribuam para melhorar a provisão de serviços públicos básicos, a eficiência e a eficácia do sector público, e para aproximar os cidadãos, o sector privado, a sociedade civil e o Governo, detalhou o documento. Já na área de “Trabalho e Economia”, os candidatos terão de apresentar soluções para os trabalhadores formais e informais, “com foco na recuperação socioeconómica do país onde vivem, mas também no empoderamento da juventude e das mulheres”, concluiu.
Telecomunicações
Serra-leonino desenvolve App alternativa ao Whatsapp
Hafiz Kanu é um jovem da Serra Leoa residente nos EUA que desenvolveu o aplicativo Supfrica, composto pelos mesmos recursos que o WhatsApp. Porém, acredita-se que a sua funcionalidade é duas vezes mais rápida. Será? O certo é que o aplicativo foi desenvolvido pela marca Techfrica, empresa sob propriedade de Hafiz Kanu, que já colocou o produto à disposição dos utilizadores desde o passado dia 11 de Dezembro e não demorou para ganhar a simpatia da comunidade africana após uma publicação no FaceAgritech Catherine Nakalembe recolhe imagens de satélites para indicar se um determinado local tem ou não condições adequadas para o cultivo, e já ajudou muitos agricultores de Karamoja, uma região semi-árida daquele país, a prosperarem. Professora assistente do Departamento de Ciências Geográficas da Universidade de Maryland, nos EUA, após conquistar o Africa Food Prize (Prémio Alimentos da África) em Setembro de 2020, a pesquisadora ao serviço da NASA trabalha no uso de dados de satélite para estudar Transportes
para carros eléctricos
Marrocos construiu a sua primeira estação de recarga para carros eléctricos, 100% fabricada naquele país, e que será montada no Green Energy Park, uma plataforma internacional de testes, pesquisas e formação no centro de Marrocos. O projecto, denominado “iSmart”, foi desenvolvido por técnicos marroquinos e a produção industrial começa no início de 2021. Serão montados em Marrocos até 2022, 5 mil postos de recarga de carros eléctricos, reduzindo assim as emisbook no dia 5 de Janeiro, que rendeu, até ao momento, 19 mil downloads na Play Store. Com este trabalho, o Supfrica torna-se no aplicativo mais rápido feito por um serra-leonino e está entre os projectos tecnológicos de África mais comentados pelo mundo. Também surpreendeu ao estar na classificação número um dos principais aplicativos gratuitos na Play Store, reservado para Apps de mensagens como o WhatsApp, Messenger, Facebook, Telegram e
Cientista do Uganda usa satélites na agricultura
WeChat. a agricultura e os padrões climáticos em busca de informações colectadas no local por pesquisadores ou enviadas pelos próprios agricultores. Segundo a BBC, Catherine distingue os tipos de cultura e cria um mapa que mostra se as fazendas estão a prosperar em comparação com a mesma cultura noutras regiões. Países como EUA já usam o modelo de informações na tomada de decisão sobre quando irrigar ou quantos fertilizantes devem ser usados, com base na tecno-
logia da cientista ugandesa. sões de dióxido de carbono no sector de transportes. Cada estação de recarga será conectada a uma plataforma de monitoramento que facilita o controlo e a manutenção e integra sensores de dióxido de carbono e um projector estático e dinâmico para oferecer diversos serviços aos usuários. A estação também será capaz de se conectar ao 4G e dar informações que permitem, estre outros aspectos, que um pequeno carro seja carregado em 30 minutos por meio de um cabo eléctrico.
LÁ FORA
ANGOLA RECORRE AO SAQUE DE ACTIVOS PARA FINANCIAR A ECONOMIA
De acordo com o Banco Mundial, este cenário deverá ser impulsionado pela fraca procura global do petróleo, agravada pela incerteza sobre as condições futuras do mercado do crude, devido à pandemia do novo coronavírus angola terá de recorrer ao saque de activos – incluindo os 1,5 mil milhões de dólares já retirados do Fundo Soberano – e ao Texto António Nogueira • Fotografia D.R. em relação a 2019. Estas indicações, conforme a instituição, têm como base a elevada dependência do Governo Central das receitas do petróleo, o que, nas contas dos seus analistas, terá imfinanciamento ao abri- plicado uma perda de perto de 3,2% go do programa do Fundo Monetário do Produto Interno Bruto (PIB) em reInternacional (FMI), para fazer face ceitas fiscais em 2020, em relação ao às necessidades de financiamento a que era esperado antes do choque do curto prazo, indica o mais recente re- covid-19. latório do Banco Mundial (BM) sobre Com as receitas não petrolíferas tama economia daquele país, intitulado bém afectadas pela pandemia e com “Confrontar as Consequências Socioe- a recessão a elas associada, o défice conómicas do covid-19 em Angola”. orçamental deverá atingir 2,8% do Este cenário, segundo o documento PIB em 2020, indicam ainda os mesmos que também faz as perspectivas do analistas, acrescentando que, a piorar que poderá ser a economia angola- a situação, está o facto de Angola ter na em 2021, deverá ser impulsionado perdido o acesso aos empréstimos nos pela contínua fraca procura global mercados de capitais internacionais, por petróleo, agravada pela incerteza dado o recente aumento nas taxas de sobre as condições futuras do merca- juros das Eurobonds das obrigações do do crude, devido ao covid-19, um governamentais. quadro que já representa uma séria A instituição de Bretton Woods consiameaça às perspectivas económicas dera que os riscos nas projecções fisdo país que tem no petróleo a sua prin- cais e na sustentabilidade da dívida cipal fonte de receitas. pública são elevados e estes depende“Uma pandemia prolongada, com se- rão, principalmente, da profundidade veras restrições às principais econo- e duração do covid-19 e do futuro dos mias em 2021, ou mais, pode resultar mercados globais do petróleo. numa queda mais profunda e dura- “A pandemia em si é provável que doura do preço do petróleo, agravan- seja um choque temporário”, considedo o impacto negativo na economia ram analistas do BM, mas alertam que angolana”, alertam analistas do Banco os baixos preços do petróleo podem Mundial, sinalizando que as receitas durar mais tempo, com efeitos perdo petróleo terão sofrido uma redução -manentes para Angola. de cerca de 50% em 2020, em dólares, A resposta a esta situação, de acordo
com a análise do BM, vai exigir, da parte do Governo, um ajustamento fiscal, uma maior eficiência do lado da despesa e um reforço das receitas não petrolíferas. De acorco com a instituição financeira internacional, as grandes necessidades de financiamento de Angola, neste momento, poderão encontrar respaldo na reestruturação da dívida com credores bilaterais, inclusive no âmbito da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) e no acesso a empréstimos de instituições multilaterais, ferramentas que poderão proporcionar a muito necessária liquidez a curto prazo.
Pandemia agravou recessão económica O ano 2020 foi o quinto consecutivo com um crescimento económico negativo, um quadro que ficou agravado pelo surto da pandemia. Antes, no entanto, Angola já enfrentava desafios para restaurar o crescimento, devido ao continuado fraco desempenho do sector petrolífero e aos efeitos colaterais para o sector não petrolífero. Entre 2016 e 2019, o PIB real diminuiu 5,6% cumulativamente. O sector petrolífero, que representou cerca de 30% do PIB, 60% das receitas fiscais e mais de 90% das exportações em 2019, tem sido o motor da recessão, devido ao declínio do preço do crude, campos de petróleo em maturação e reduzidos níveis de investimento. Por isso, analistas do Banco Mundial consideram que o covid-19 e a nova crise do petróleo que este desencadeou aprofundarão a perda de rendimento nacional. Para superar a dependência do “ouro negro”, a transição para um modelo económico mais diversificado, que já era uma prioridade antes desta crise, torna-se mais urgente. Em termos históricos, os preços do petróleo começaram a cair logo no final de Janeiro de 2020, devido a preocupações com a disseminação do covid-19 na China. Esse declínio foi acelerado no início de Março do mesmo ano, quando a pandemia se espalhou globalmente e os países produtores de petróleo não conseguiram chegar inicialmente a um acordo sobre os cortes na produção. Desde que chegaram a um acordo em Abril, a OPEP e alguns grandes produtores de petróleo não-OPEP reduziram o fornecimento de crude em 9,7 milhões de barris por dia.
ócio
(neg)ócio s.m. do latim negação do ócio
58 Nesta edição viajamos até à Ilha de Inhaca, na província de Maputo e
g60 Como a pandemia poderá inspirar mudanças na indústria de restauração
61 As variedades dos vinhos rosé que dão mais sentido ao Verão
ILHA DE INHACA
e
Ilha de Inhaca INHACA, A ILHA ONDE
se a ponta do ouro é, sem sombra de dúvidas, o cartão de visita turístico da província de Maputo – e um ponto incontornável para o turismo da região, que ganhou maior visibilidade com o projecto da Ponte Maputo-Katembe –, um outro, menos conhecido, mas com as qualidades certas para ser, também ele, um postal de Moçambique, é a Ilha de Inhaca. Pequena em tamanho, mas grande em tudo o resto. Um lugar de encher a vista para quem pretende desfrutar de uma paisagem repleta de mais de 1200 espécies marinhas. Claro que, como quase tudo o que Moçambique tem de bom, há uns quantos senãos: Inhaca peca ainda por ser servida por apenas uma embarcação que faz ligações diárias (excepto às quintas-feiras), o que é claramente insuficiente para responder à procura turística e de lazer. O percurso até Inhaca, feito por via marítima, uma vez que não há
TEMOS DE REGRESSAR
caminho por asfalto até lá, é percorrido numa viagem atribulada (dependendo das marés) que se arrasta por duas horas e meia. Claro que é uma viagem que vale a pena fazer, principalmente se for uma primeira vez. Para Pedro Pelali, um dos guias turísticos da ilha, o turismo sempre foi o motor da economia local, apesar de se retrair sempre que se verifica a avaria da única embarcação que opera. Porém, durante o ano passado, a chegada de turistas a este lugar de ambiente calmo e de praias com águas cristalinas, tinha tendência a crescer porque “já existe uma embarcação que opera quase todos os dias”, revela o guia, para depois acrescentar que “são os turistas sul-africanos os que mais visitam a ilha”. Voltemos ao tamanho, que às vezes até importa. A Inhaca é pequena em dimensão (42 quilómetros quadrados), mas tem uma grande diversidade natural. Olhando ao redor, os mangais recortam a paisagem, onde ao longe o Índico nos convida para um mergulho. É um luxo sem preço caminhar até lá, passeando por uma reserva florestal e marinha que, pela sua diversidade, atrai um outro tipo de visitantes habituais: diferentes grupos de docentes e estudantes da Universidade Eduardo Mondlane fazem ali as suas pesquisas sobre a biologia marítima. E não só moçambicanos, também encontrámos estudantes da Universidade sul-africana de Witwatersrand que vão à ilha para estudar a sua riqueza natural.
o resto não é paisagem Na verdade, a Inhaca é um lugar com mais do que paisagem feita pela natureza
e há diversos pontos que se tornam indispensáveis de explorar. O farol, situado no cume do monte Inhaca, construído em 1894 para alertar o fluxo do tráfego marítimo dirigido ao Porto de Maputo, é um deles. A vista faz a escalada valer a pena. Perto, a praia da Santa Maria é também outro ponto que merece a viagem. Pelas águas cristalinas e calmas que se miscigenam com a vegetação, num quadro exuberante em que sentimos o privilégio único, nos dias que correm, de inspirar um ar naturalmente puro. A Ilha dos Portugueses, antes conhecida como a Ilha dos Elefantes, é outro lugar que quase todos os turistas que vão a Inhaca querem conhecer. Queira também. Regressando à Inhaca, apesar de tudo o que é bom, sente-se no olhar que existe um enorme potencial ainda por explorar. Turístico e não só. É que o local peca ainda por não ter um número suficiente de estabelecimentos turísticos com padrões internacionais. A maior parte dos lodges da Ilha são ainda de média dimensão e com uma qualidade mais… rústica. Nada contra. Mas a oferta é limitada face à potencial procura. Depois de a ilha ter visto o Pestana Inhaca Lodge encerrar as portas, devido a questões financeiras, há mais de dois anos, os serviços de acomodação ficaram à mercê dos pequenos lodges que foram surgindo. No entanto, há investimentos em curso. Ali bem perto, o grupo Visabeira (detentor do Indy Village e do Montebelo Girassol, em Maputo) está a construir uma nova unidade. E outras seguir-se-ão, porque a Ilha da Inhaca deixará sempre a vontade de regressar.
INHACA É MAIS DO QUE UMA PAISAGEM FEITA PELA NATUREZA E HÁ DIVERSOS PONTOS INDISPENSÁVEIS DE EXPLORAR
ROTEIRO COMO IR A via marítima é a única existente para um percurso de 32 quilómetros, que leva quase duas horas e meia.
ONDE COMER Pode optar pelos restaurantes Erica e Baía, com comida moçambicana e internacional, e com o preço médio de 800 Mzn
ONDE DORMIR Pode optar pelo Zana Mar Lodge ou pelo Maurício Camp Lodge, pois são os espaços que oferecem melhores condições de hospedagem.
O QUE FAZER Ao chegar à Ilha da Inhaca dê um passeio de carro, com a ajuda de um guia turístico. Poderá mergulhar na praia da Santa Maria ou ir até à Ilha dos Portugueses. E, claro, não deixe de visitar o farol, pois não se vai arrepender.
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com o reforço das medidas de segurança para a prevenção do novo coronavírus, iniciadas no dia 15 de Janei- COMO O COVID-19 ro do presente ano, vários sectores económicos vão, de certeza, voltar a ressentir-se, e o turismo é um deles. A JÁ ESTÁ A REVOLUCIONAR redução do número de pessoas em locais de lazer para mofuku – marca de culinária criada em 2004 com a A INDÚSTRIA DA RESTAURAÇÃO? evitar aglomerações face abertura do Momofuku Noo- David Chang revela que a pre soube que precisava de ao aumento exponencial das dle Bar. Inclui restauran- pandemia obrigou a Momo- “diversificar para tempos infecções no mundo, incluin- tes na cidade de Nova York, fuku a fechar dois dos seus difíceis”. “Talvez o País condo em Moçambique, é uma Sydney, Toronto, Washing- restaurantes, mas a empre- siga absorver um milhão de das medidas que tem esta- ton, Las Vegas e Los Ange- sa também está a turbinar restaurantes a fechar”, disdo a forçar estâncias turís- les, bem como uma padaria o seu plano de cinco anos pa- se ele. “Não sei… Preciso de ticas a reviverem a difícil criada pela chef confeitei- ra ter 50% das suas receitas acreditar que podemos”, enexperiência do ano passa- ra Christina Tosi e um bar. provenientes de activida- fatizou, sem, no entanto, redo e a terem de se reinven- Chang falou com a Fortu- des fora das quatro paredes velar com precisão em que tar face à nova realidade. ne, uma prestigiada re- dos seus restaurantes atra- consistirá esta diversificaAo mesmo tempo que expõe vista norte-americana so- vés de esforços como a ven- ção da oferta. o sector aos mais profundos bre mercados, para o pri- da de bens de consumo em- Melissa Wilson, directora de problemas, o novo coronaví- meiro episódio denominado balados com a marca Mo- consultoria da indústria Terus também realça o papel “Reinvent”, um podcast so- mofuku. Quer usar a popu- chnomic, partilhou a perscrítico que os restaurantes bre como lutar para pros- laridade da sua marca para pectiva de Chang de que desempenham no abaste- perar num mundo “virado diversificar a oferta de pro- haverá tempos difíceis pecimento de outros sectores de cabeça para baixo” pe- dutos e serviços. Entregas la frente. “Daqui a seis meda economia, defende David lo coronavírus. Neste episó- ao domicílio e o uso de pla- ses ou um ano, haverá muiChang, um dos mais proemi- dio inaugural, a revista pro- taformas digitais para a sua to menos restaurantes”, disnentes chefs de cozinha da curou “escavar” a forma co- divulgação serão as ferra- se. Ela espera que os restauactualidade e fundador da mo o covid-19 está a refazer mentas-chave da nova pos- rantes desenvolvam a capacadeia de restaurantes Mo- a indústria da restauração. tura. Essencialmente, Chang cidade de implementarem acredita que a Momofuku tecnologias como os porpode sobreviver como uma tais UV que poderiam, por A MOMOFUKU ESTÁ A TURBINAR UM PLANO PARA TER 50% DAS RECEITAS FORA DOS SEUS RESTAURANTES empresa de restaurantes, olhando para além dos seus restaurantes. Como? Ele considera que a empresa semexemplo, ajudar a controlar remotamente se os empregados estão a seguir protocolos de limpeza.
OS VINHOS ROSÉ TÊM CARACTERÍSTICAS TANTO DOS VINHOS BRANCOS QUANTO DOS TINTOS COM O VERÃO À PORTA É TEMPO DE ROSÉ alvos de preconceito por muitos rótulos de excelente qualidade e que anos, por serem olhado como vinhos não custam uma fortuna. de qualidade inferior, hoje em dia os Os vinhos rosé têm características vinhos rosé estão cada vez mais em tanto dos vinhos brancos, quanto dos alta e já provaram que podem ser de tintos. Dos vinhos brancos eles posgrande qualidade. ‘Criados’ em Fran- suem a leveza, o frescor e o sabor ça, na região de Provence, já foram frutado. Já a estrutura e a adstrinconsiderados os vinhos favoritos dos gência (sensação de boca seca) são pafranceses na década de 1950 e ac- recidas com o vinho tinto, apesar de tualmente, a região de Minervois, no que a adstringência do vinho rosado sul do país, é considerada a melhor é mais suave. Diferente do que muiprodutora de vinhos rosé, com diver- tos pensam, a maioria dos rosé é feita sos rótulos muito bem avaliados. Se- somente de uvas tintas e atinge a sua cos ou suaves, harmonizam com qua- coloração devido ao tempo menor de se tudo: aperitivos, frios, pizzas, quei- contacto com a casca da uva durante jos, massas, carnes, peixes e sobreme- a maceração. Porém, na África do Sul sas, especialmente no tempo quente e nos EUA, alguns vinhos rosé podem do Verão. Cada vez mais procurados, ser feitos de uma mistura de vinho a E&M desenha um guia para o/a aju- branco e tinto, uma prática proibida dar na escolha de um bom vinho ro- em França e em outros países da Eusé. Encontrará também um ranking ropa onde é ‘criminoso’ misturar as com cinco dos melhores vinhos rosé uvas tintas e brancas para produzir que se podem encontrar no mercado, o rosé, um sistema chamado Corte.
CHÂTEAU LA RAME BORDEAUX 2018
BIOGRAFIA Dos arredores de Bordéus vem este rosé de alta acidez e de uma concentração de sabor realmente boa. Com ‘nariz’ vegetal e picante (pimentão, bonjour!), tem um sabor brilhante, com notas de melão jalapeõo-spiked. Seria um acompanhamento divinal para aquelas refrescantes saladas verdes que fazem parte dos menus de Verão. DOMAINE DE CALA COTEAUX VAROIS EN PROVENCE
BIOGRAFIA Tem aquela tonalidade rosa-ballet, mas é um clássico rosé provençal que proporciona muito glamour e custa menos do que 20 dólares por garrafa. O seu nariz floral melado relembra os sabores da lima, pêssego e pêra ao paladar. É saboroso e acessível sem sacrificar a sofisticação.
BECKMEN VINEYARDS GRENACHE ROSÉ 2018
BIOGRAFIA Esta mistura Grenache da Costa Central da Califórnia (especificamente, o Vale Santa Ynez de Santa Bárbara) tem um nariz frutado, seguida de uma estrutura magra e encantadora. O seu corpo médio e ácido brilhante fazem dele um excelente vinho alimentar a um preço razoável. Para beber junto à piscina ou, mais tarde, ao jantar. INMAN FAMILY WINES OGV ENDLESS CRUSH ROS
BIOGRAFIA Criado em Napa Valley, na Califórnia, a sua enóloga, Kathleen Inman, foi inspirada a torná-lo impressionante depois de provar uma série de elegantes rosés na sua lua-de-mel na Provença, na França. É uma das opções mais caras da lista (perto de 40 dólares por garrafa), mas que vale a pena, até porque a produção é limitada a apenas 1215 caixas.
GRACI ETNA ROSATO 2018
BIOGRAFIA Feito de Nerello Mascalese, uma uva de pele escura de vinho tinto cultivada no solo vulcânico do Etna, na região oriental da Sicília, Itália, este rosé de cor de cobre tem o equilíbrio perfeito de fruta, ácido e taninos, com paladar de um ácido satisfatório com um final longo. Pegue em mais uma garrafa do que pensa que vai precisar - este vinho saboroso e acessível é um prazer absoluto para as multidões.
O projecto inclui vários tipos de actividade artística
INCLUARTE… ODE À ARTE a voz e o gesto juntam-se em espectáculos rodeados de criatividade, luz e aleSEM PRECONCEITOS! gria. Homens e mulheres viu, certo dia, no desafio de te promover a inclusão sopodem agora sentir a arte interpretar um poema que cial no seu todo. Quem vê sendo transmitida de for- estava a ser declamado em o Incluarte começa a penma mais inclusiva descons- linguagem de sinais. O epi- sar na inclusão de uma fortruindo modelos padroni- sódio a fê-la reflectir sobre ma ou de outra”, explicou. zados de espectáculos que o acesso à arte pelas pes- E porque o objectivo é mesdeixavam de lado amantes soas com deficiência. mo incluir, a ideia une não e fazedores da arte com al- Assim, pensou em unir-se a só artistas com deficiência gum tipo de deficiência. alguns artistas e começar como também os não defiE não é para menos. A ca- a realizar eventos artísti- cientes nas mais diversas da manifestação artística, cos mais inclusivos, fazen- áreas: literatura, música e várias emoções são parti- do surgir, de forma natural, dança. O ano passado foi colhadas, ideias e sentimen- o Incluarte, um movimento mo um teste para o Incluartos transmitidos, de tal for- que traz uma nova aborda- te com a realização de evenma que faz nascer no artis- gem artística caracteriza- tos que nutrem a esperanta a ânsia de atingir o maior da pela promoção de even- ça de tornar 2021 um ano número possível de espec- tos inclusivos, isto é, que tor- com ainda mais eventos. “O tadores para que a arte se- nam a arte mais acessível Incluarte pretende entrar ja vivida por todos sem ne- aos deficientes. com mais vigor em 2021 e nhum tipo de distinção. As- De acordo com Énia Li- de forma mais rotineira. Tesim, vão surgindo ideias ca- panga, o principal objec- remos espectáculos a solo pazes de transformar o de- tivo é sensibilizar os pro- de artistas com deficiência. sejo de tornar a arte acessí- motores de eventos a de- Teremos espectáculo dedivel e abrangente. dicarem alguma atenção cado especialmente a RaUma dessas ideias é da poe- às pessoas com deficiência fael Bata, músico com defitisa Énia Lipanga, amante nos seus espectáculos. O ou- ciência visual, e espectácunata das palavras, que se tro objectivo é simplesmen- los especialmente dedicados à poesia em língua gestual e muito mais”, concluiu. A IDEIA UNE NÃO SÓ ARTISTAS COM DEFICIÊNCIA COMO OS NÃO DEFICIENTES TEXTO YANA DE ALMEIDANOS MAIS DIVERSOS ESPECTÁCULOS FOTOGRAFIA ÉNIA LIPANGA
Vai incorporar tecnologia de condução autónoma e uma bateria com um design monocelular que permite aumentar a capacidade de cada célula
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APPLE VAI DA MESA a gigante tecnológica parece apostada em provar ao PARA A ESTRADA E LANÇAmundo a descoberta de uma nova vocação e planeia lançar o seu primeiro veícuPRIMEIRO ELÉCTRICO EM 2024 lo de passageiros em 2024, to. Isto poderá permitir in- entregue a um fabricante com recurso à sua própria cluir mais conjuntos de ba- parceiro. De acordo com o tecnologia. terias no mesmo espaço, re- canal CNBC, dedicado a notíO projecto, já referido vá- sultando numa maior auto- cias de negócios, um reprerias vezes pela tecnológica nomia em estrada. sentante da empresa sul-coamericana e com o nome de A Apple também estará a reana informou que a Apple código Project Titan, parece desenvolver uma nova mis- discute a possível parceria estar agora a ver os seus es- tura química para as suas com uma série de fabricanforços renovados, sendo que baterias recorrendo ao LFP tes globais. o desenvolvimento já terá (Fosfato de Lítio e Ferro), o A Hyundai também divulcomeçado em 2014. que pode evitar o sobrea- gou um relatório que conO veículo vai incorporar quecimento das células, com tém registos de recepção de tecnologia de condução au- todas as vantagens que is- “pedidos de cooperação de tónoma e uma bateria com so implica em termos de diversas empresas em relaum design monocelular, que segurança. ção ao desenvolvimento de permite aumentar a capaci- Tal como os outros produtos veículos eléctricos autónodade de cada célula indivi- de electrónica de consumo mos”. Contudo, nenhuma dedual, aumentando o espaço da Apple, também a produ- cisão ainda foi tomada, pois disponível em cada conjun- ção do Apple Car deverá ser as negociações ainda estão em estágios iniciais. O projecto está entregue a A APPLE TAMBÉM ESTARÁ A DESENVOLVER UMA NOVA MISTURA QUÍMICA PARA AS BATERIAS E EVITAR O SOBREAQUECIMENTO Doug Field, um antigo engenheiro de hardware da Apple que a empresa foi recontratar à Tesla em 2018.