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O Problema dos Microplásticos

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Nas últimas décadas a poluição por plásticos tem vindo a ser uma ameaça crescente para a vida marinha, mas não só, segundo diversos estudos já realizados a poluição por microplásticos já está na cadeia alimentar, chegando até a nossa corrente sanguínea.

Os plásticos tornam as nossas vidas mais fáceis de várias formas e são frequentemente mais leves ou menos dispendiosos do que os materiais alternativos. Mas, se não forem descartados ou reciclados adequadamente, acabam no nosso meio ambiente, onde permanecem durante séculos, degradando-se em pedaços cada vez menores. Estes pequenos pedaços normalmente inferiores a 5 mm, denominamse por microplásticos e levantam preocupações para a nossa saúde.

A produção mundial de plásticos tem vindo a aumentar desde 1950 e em 2019 foram produzidas cer- ca de 370 milhões de toneladas a nível mundial e na Europa cerca de 58 M de toneladas segundo o relatório realizado pelo PlasticsEurope em 2020. Os plásticos agregam mais de 20 famílias de polímeros entre as quais polietileno (PE), polipropileno (PP), policloreto de vinilo (PVC), poliuretano (PUR), poliestireno (PS) e poliamida (PA) que representam cerca de 90% do total da produção mundial. Todos os anos uma parte muito significativa dos plásticos da indústria e dos consumidores são libertados para o meio ambiente, estimando-se que cerca de 10% dos plásticos produzidos terminem nos oceanos.

Os microplásticos foram detectados pela primeira vez no meio ambiente em 1970 e logo passaram a ser um fator de preocupação por poluírem cada vez mais os ambientes aquáticos. Encontrados em ecossistemas marinhos, de água doce e terrestres, bem como em alimentos e água potável. A sua libertação contínua contribui para a poluição permanente dos nossos ecossistemas e cadeias alimentares. A exposição aos microplásticos em estudos de laboratório tem sido associada a uma série de efeitos negativos eco-tóxicos e físicos em organismos vivos.

Fontes de Origem dos Microplásticos

A composição de microplástico difere devido a diferenças de eficiência da degradação e origens dos vários polímeros.

Os microplásticos primários surgem de poluição por via direta, onde se incluem os abrasivos industriais para limpeza de navios e aeronaves e os usados nas limpezas domésticas, produtos de higiene pessoal (esfoliantes corporais, pasta de dentes, creme de barbear, gel de limpeza), cosméticos e matéria-prima da indústria dos plásticos, “pellets” (pastilhas de resina), pó de resina virgem ou reciclada.

Os microplásticos secundários são o resultado de poluição por via indireta, fragmentos de plástico, que resultam da degradação física, química e biológica de detritos de plástico de maio- res dimensões que rapidamente sofrem degradação por foto-oxidação graças à exposição à radiação ultravioleta do sol, ao calor da areia e ao próprio movimento das águas.

Principais

Preocupações

Uma vez no ambiente, os microplásticos não são biodegradáveis, são absorvidos por animais, incluindo peixes e crustáceos, que por sua vez são também consumidos como alimentos pelos seres humanos. Os microplásticos foram encontrados em vários ecossistemas, em alimentos e água potável. A sua libertação contínua contribui para a poluição permanente dos nossos ecossistemas e cadeias alimentares.

O impacto ambiental mais comum está na ingestão do microplástico por animais aquáticos, o que pode leválos à asfixia. Quando não causa asfixia, a ingestão desses plásticos leva a lesões em órgãos internos e ao bloqueio do sistema gastrointes- tinal. Além dos danos físicos, os microplásticos podem causar danos tóxicos aos seres vivos. Isto porque micro- plásticos, por causa do seu tamanho reduzido, apresentam uma grande capacidade de absorção nos organismos de compostos de alta toxicidade, como metais pesados, o mercúrio e o cádmio por exemplo, constituindo um risco para a saúde de todos os seres vivos.

Microplásticos no Sangue Já foram encontrados em alimentos e bebidas, incluindo cerveja, mel e água da torneira. Não surpreendentemente, partículas de microplástico foram, também descobertas em fezes hu- manas, mas o Immunoplast foi o primeiro estudo a sua existência no sangue. Os resultados do projeto de pesquisa Immunoplast, realizado por pesquisadores da Universidade VU Amsterdam, Deltares e Amsterdam UMC foram publicados a 24 de março do ano de 2022 na revista científica Environment International. A pesquisa mostra que minúsculos pedaços de plástico já presentes no nosso meio ambiente são absor- vidos pela corrente sanguínea humana.

Esta equipa de cientistas desenvolveu um método analítico para estabelecer o nível de partículas micro e nanoplásticas no sangue humano. O método foi aplicado no sangue de 22 doadores anônimos. O sangue foi examinado quanto à presença de cinco polímeros diferentes, a extensão em que os polímeros individuais estavam presentes no sangue também foi determinada. Três quartos dos doadores continham plásticos no sangue, esta pesquisa foi a primeira a provar que as partículas de plástico podem acabar na corrente sanguínea humana, a pesquisa mostra que as pessoas absorvem microplásticos no seu meio ambiente durante as suas vidas cotidianas.

A próxima questão é o quão fácil é para essas partículas se deslocarem da corrente sanguínea para outros tecidos, como para órgãos nomeadamente o cé- rebro. Heather Leslie, que trabalhou na VU durante a pesquisa, expressa: “Agora provamos que nossa corrente sanguínea, nosso rio da vida, por assim dizer, contém plástico”. Marja

Lamoree acrescenta: “Este conjunto de dados é o primeiro do seu tipo e deve ser expandido para obter informações sobre como a poluição plástica está a ser disseminada nos cor- pos humanos e como isso pode vir a ser prejudicial. Com essa percepção, podemos determinar se a exposição a partículas de plástico representa uma ameaça à saúde pública”

As diferentes fontes do microplásticos

Financiada pela ONG internacional Common Seas e pelo programa ZonMw Microplastics & Health, este programa pretende obter mais informações sobre os potenciais efeitos das partículas de plástico na saúde e o que pode ser feito para limitar possíveis efeitos nocivos à saúde. Os 15 projetos de curto prazo deste programa já foram concluídos e demonstrou que ainda existe falta conhecimento e que mais pesquisas são necessárias para determinar os verdadeiros riscos para à saúde.

Medidas e Soluções

Motivados por preocupações com o ambiente e a saúde das pessoas, vários EstadosMembros da UE já adotaram ou propuseram proibições nacionais sobre utilizações intencionais de microplásticos em produtos de consumo. As proibições referemse principalmente ao uso de microesferas em cosméticos

Muito produtos de higiene pessoal são compostos por microesferas de plástico e já se encontram proibidos pela União Europeia plásticos

Os “pellets” são uma fonte de poluição por via direta de microplásticos no meio ambiente que são retirados com água após o uso, nos quais os microplásticos são usados como agentes abrasivos e de polimento.

Em 2016, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) ana- lisou os elementos disponíveis sobre micro e nanoplásticos em alimentos. Os peritos identificaram a necessidade de gerar mais dados sobre os níveis de ocorrência nos alimentos e sobre os seus potenciais efeitos na saúde humana. O Comité de Avaliação dos Riscos (RAC) aprovou o parecer em junho de 2020. O RAC apoiou a proposta e recomendou critérios mais rigorosos para a derrogação dos polímeros biodegradáveis, bem como uma proibição após um período de transição de seis anos para os microplásticos utilizados como materiais de enchimento em campos desportivos de relva artificial.

Os eurodeputados aprovaram, uma estratégia sobre os plásticos que visa aumentar a taxa de reciclagem de resíduos de plástico na União Europeia (UE). Foi também pedido à Comissão que introduzisse uma proibição em toda a UE de microplásticos adicionados intencionalmente nos produtos, como em cosméticos e detergentes até 2020, e que tomasse medidas para minimizar a libertação de microplásticos dos têxteis, pneus, tintas e pontas de cigarro.

Os eurodeputados adicionaram também os plásticos oxidegradáveis à lista de itens a serem proibidos. Tratam-se de plásticos convencionais que se fragmentam facilmente em pequenos pedaços devido aos aditivos e contribuem para a poluição dos microplásticos nos oceanos.

O PE já havia votado, em 2015, a favor de uma restrição de sacos de plástico leves na UE, mas mais medidas serão necessárias no futuro para lidar com o problema dos plásticos de tamanho micro e possiveis efeitos que possam ter na saúde humana.

Notícias do Ministério da Economia e do Mar

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