Jornal OPaís edição nº1525 de 05/07/2019

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AdMINISTrAdOrES VÃO APLICAr VErBAS dO PIIM FOrA dOS SEUS TErrITÓrIOS

BENGUELENSES VOLTAM A EXIGIr A dESTITUIÇÃO dE rUI FALCÃO

alguns dos administradores municipais vão dirigir a reabilitação, ampliação e construção de empreendimentos sociais, como escolas, em territórios que não fazem parte da sua jurisdição, de acordo com o programa integrado de intervenção Municipal. P. 12

um grupo de cidadãos da província de Benguela garante manifestar-se, amanhã, uma vez mais, nas principais artérias da cidade, contra a alegada má gestão da actual governação e exigir um combate cerrado à corrupção naquela região. P.8 Director: José Kaliengue

www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @Jornalopaís facebook/opaís.angola

O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA Edição n.º 1525 Sexta-feira, 05/07/2019 preço: 40 Kz

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MINISTÉrIO dO INTErIOr PrEOCUPAdO COM MANIFESTAÇÕES NO PAÍS

POLÍTICA. O Ministério do Interior diz estar

preocupado com o surgimento de manifestações, em várias partes do país, sem o cumprimento dos pressupostos previstos em diferentes legislações. P. 11

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João Lourenço quer estreitar mais as relações com os EUA

Propinas na Escola Portuguesa provocam manifestação defronte da embaixada lusa

● o voto foi expresso pelo presidente da

● Encarregados de educação de alunos que

República, João lourenço, por via de uma mensagem de felicitações ao seu homólogo dos Estados unidos da américa, Donald Trump, por ocasião da celebração do 243º aniversário da P. 9 país. 10:29 Pa’ independência s_276x42,733mm.pdf daquele 1 03/07/17

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frequentam a Escola portuguesa de luanda deverão manifestar-se hoje defronte da Embaixada de portugal para contestar os constantes aumentos das propinas, que dizem ocorrer de forma “ilegal e abusiva”. P. 10

regressam esta tarde ao Estádio do Cairo, no Egipto, para animarem os adeptos nas bancadas. os leões do atlas e os Esquilos serão os primeiros a desfilar na segunda fase da festa do desporto rei no continente africano. P. 26

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EM FOCO

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O PAÍS Sexta-feira, 05 de Julho de 2019

Começa hoje o FestiKongo e munícipes do Soyo desconhecem o festival O Festival Internacional de Cultura e artes que vai decorrer em dois municípios (Mbanza Kongo e Soyo), na província do Zaire, tem sido pouco divulgado. Segundo alguns munícipes do Soyo que falaram a opaíS, o problema está na pouca comunicação. para eles, o FestiKongo acontecerá apenas em Mbanza Kongo texto de Maria Teixeira enviada ao Soyo fotos de Virgílio Pinto

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o âmbito da realização da primeira edição do Festival Internacional da Cultura e Artes (FestiKongo), a decorrer de hoje a 8 deste mês, na cidade de Mbanza Kongo e no Soyo, província do Zaire, alguns munícipes do Soyo entrevistados pelo OPAÍS afirmam desconhecer a passagem da festa

nesta localidade. Alexandre Bendita, jovem de 35 anos, conta que não tem conhecimento de que o FestiKongo também decorrerá no seu município do Soyo, o jovem alega haver fraca divulgação, uma vez que na cidade “não se nota nada”. “Pelo menos na nossa Rádio Soyo deviam falar sempre sobre esta festa aqui e talvez o povo nato des-

te município teria conhecimento e participaríamos também neste festival que é nosso@. Segundo o jovem, talvez as auto-

Alfredo Mayembe.

ridades máximas saibam o que vai acontecer e “essa festa não é para qualquer um@, por isso não divulgaram como devia ser. “Sei que vai acontecer apenas em Mbanza Kongo, quanto ao meu município não ouvi nada”, afirmou. Já Alfredo Mayembe explicou que momentos como este, de festividades, o povo devia participar mais e mostrar as potencialidades, uma vez que o município é rico em varias áreas. “A festa pode ser em Mbanza Kongo, mas todos nós devíamos

participar mostrando o que temos de melhor, que é a nossa cultura. Estou tristes por saber apenas agora. Acho que o nosso Governo ficou um pouco distraído quanto à organização e divulgação do nosso município”, disse. Falta de alojamento faz com que a festa aconteça em dois municípios Segundo uma fonte próxima da organização, o festival está a ser preparado pelo Ministério da Cultura e só acontecerá nas duas cidades devido à falta de alojamento na capital Mbanza Kongo. Por essa razão, alguns convidados ficarão hospedados no Soyo. “Mbanza Congo tem problemas de hotéis. Tem menos de 300 quartos e é muito pouco para receber essa gente toda que se deslocou para o festival. E a cidade com mais hotéis na província do Zaire é o Soyo. Desta forma, o governador pensou em dividir a festa”, explicou. Por essa razão, vão juntar a his-


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O PAÍS Sexta-feira, 05 de Julho de 2019

tória do Reino do Kongo e a história da descoberta de Angola pelo Ocidente com a chegada de Diogo Cão. A fonte, que não quis ser identificada, explicou que as autoridades máximas, assim como as igrejas, sobas, regedores, segurança e ordem pública, já foram convidadas a participar no festival. “Infelizmente, acho que a festa não foi bem organizada. Assim como fazem os Governo do Cuanza-Sul e Benguela, quando há festa, contratam uma empresa organizadora de eventos para fazer tudo e montar o espectáculo, mas não foi o que aconteceu aqui”, desabafou. O Soyo, que no período da guerra foi capital de forma “interina” do Zaire, hoje é considerado capital económica e Mbanza Kongo a capital administrativa. Segundo o nosso interlocutor, se nesta primeira edição as coisas falharem, as outras a seguir serão um fracasso, porque, dentre as exigências da UNESCO, tem de se realizar três edições seguidas, e, depois, as outras festas ficam ao critério do

Governo da província, que também definirá a periodicidade, se vai variar de um, dois ou três anos. De acordo com o programa geral do festival a que OPAÍS teve acesso, para amanhã, no município do Soyo, no Hotel Nempanzu, está marcado um Workshop sobre o projecto a “Rota de Escravos. 400 Anos da Chegada dos Primeiros Escravos na América do Norte”. Depois, às 19 horas, no Campo de Futebol 11, haverá um espectáculo musical. OPAÍS tentou contactar a administradora municipal do Soyo, mas não obtivemos sucesso.

Alexandre Bendita.

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dESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 09 antigo representante de angola na onu enaltece actual governação.

o editorial

SOCIEdAdE. PÁG.10

propinas na Escola portuguesa provoca manifestação defronte embaixada lusa

CArTAz. PÁG. 16 gigantes da moda em paris estão a repensar a alta-costura

ECONOMIA. PÁG. 18 Mpla vai manter impulso reformador, prevê agência global de risco

O PAÍS Sexta-feira, 05 de Julho de 2019

HOJE: os números do dia

Maus indícios

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reportagem sobre o Festikongo espelhada na abertura desta edição diz muito daquilo de que muita gente já desconfiava: insuficiências. Em quase tudo, infelizmente. Da comunicação à capacidade organizativa, à competência. É inadmissível que se efective tal actividade para gente de fora e os da província do Zaire fiquem esquecidos. Mas é o que está a acontecer. Cidadãos do Souyo, aí ao lado de Mbaza Kongo, que, afinal, também são anfitriões da festa, não foram tidos para nada. ou, dirão alguns, andam tão distraídos que nem perceberam o que lhes levaram. que se mantenha a ilusão por estes dias, mas que se apure, depois, o que correu bem e o que correu mal, sem os habituais jogos propagandísticos em que tudo foi um sucesso, ou não se aprende nunca. E, já agora, os bons sejam louvados e os maus responsabilizados.

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Centro materno infantil é necessário na cidade de ondjiva, província do Cunene, para dar resposta a preocupação dos cidadãos naquela zona

Tractores foram entregues ao governo da lunda Sul, pelo Ministério da agricultura, para dinamizar a mecanização agrícola na região e incentivar o aumento dos níveis de produção em todos os domínios

Lotes de terreno para autoconstrução dirigida foram entregues a igual número de efectivos dos órgãos do Ministério do interior (MininT) na província de Malanje

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Famílias residentes na Raposeira, Lucipa, Pedras do Mbama, Yondjombo, Ciwa e barragem do Mahungo, no Namibe, beneficiaram de bens alimentares

o que foi dito MUNdO . PG. 22 Marcelo anuncia Cimeira uE-África durante presidência portuguesa em 2021

Angola precisa de tirar o maior proveito. Há medicamentos que Cuba criou e hoje são de utilização mundial” Manuel Augusto Ministro das Relações Exteriores

Adalberto da Costa Júnior líder da Bancada parlamentar da uniTa

Sérgio Luther rescova governador da província de luanda

A minha convicção é de que o anúncio de vontades não tem que obedecer necessariamente àquele ‘timing’. Mas estou a reflectir”

As administrações municipais e distritais devem ser pró-activas para dar respostas as preocupações da população em todos os domínios”


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O PAÍS Sexta-feira, 05 de Julho de 2019

e assim... José Kaliengue Director

Faz falta ousar

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o economista Carlos lopes e encontre algumas respostas às suas inquietações sobre o desenvolvimento africano

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www.opais.co.ao Efeméride : Modelo Micheline Bernardini (da esquerda) pousando para a foto com o primeiro biquíni da história, no dia 5 de Julho de 1946, em França. Brigitte Bardot seria, depois, a primeira actriz a fazê-lo no filme “E Deus Criou a Mulher” (DR)

o que vai acontecer Música a i edição do Festival

internacional da Cultura Kongo “Festikongo” realiza-se de 05 a 08 do corrente mês na cidade do património Mundial da Humanidade - Mbanza Kongo, na província do Zaire. Com entrada gratuita, o festival vai reunir o melhor da gastronomia, música, literatura, dança, moda, cinema e artes plásticas. a República Democrática do Congo e o gabão foram os países convidados para estarem presentes enquanto integrantes do antigo Reino do Kongo. o Festikongo contará com a participação especial dos artistas angolanos Sam Mangwana, Banda FM, João & lina alexandre, Eduardo paim, Chana vice e outros

Cultura a Bienal de luanda- Fórum pan-africano para a Cultura de paz, a acontecer entre 18 a 22 de Setembro, na capital do país e em Benguela, foi apresentada, nesta Terça-feira, a aliança de parceiros para a Cultura de paz em África. a bienal visa ainda a criação de um movimento africano que, possa disseminar a importância da cultura de paz, tendo em conta o desenvolvimento e afirmação dos países africanos em vários domínios, particularmente na defesa dos direitos humanos e das minorias, assim como o combate à corrupção. a realização em angola prova a vontade política do governo em estabelecer uma cultura de paz em África

NBA o poste angolano Bruno Fernando pode estrear-se no amanhã pela equipa dos atlanta Hawks diante dos Milwaukee Bucks, no encontro referente aos Jogos de verão de las vegas (las vegas Summer league), que começa sexta-feira. os atlanta Hawks divulgaram a lista dos jogadores que vão representar a equipa durante a las vegas Summer league, de 5 a 15 de Julho, onde consta Bruno Fernando, jogador escolhido na 34ª posição do draft 2019 pelos philadelphia76 e cedido aos Hawks. a formação de atlanta estreiase na competição frente aos Milwaukee Bucks e no dia 06 os Timberwolves.

Economia uma Conferência internacional sobre Modalidades de Financiamento para o Desenvolvimento Económico é realizada durante a 35ª Filda (de 9 a 13 de Julho), com a participação do secretário-geral da Conferência das nações unidade sobre o Comércio e Desenvolvimento (CnuCED), Mukhisa Kituyi, e cerca de 30 outros prestigiados oradores internacionais. De acordo com informações obtidas pelo Jornal de angola do Ministério da Economia e planeamento (MEp), que organiza a conferência de 10 a 12 de Julho, o secretário-geral confirmou a participação ao lado de oradores que representam os governos de angola, nigéria, ghana, uganda, Brasil e portugal

Girabola zap o petro de luanda prossegue a preparação, visando o girabola Zap 2019/2020 no dia 16 de agosto próximo

té à madrugada de ontem, o Chile era o campeão da Copa América em futebol. Foi retirado da possibilidade de uma terceira final consecutiva e da hipótese de ganhar o seu tri-campeonato pelo Peru, que, à partida, não era tido como uma selecção que sonhasse jogar a final deste Domingo. O que aconteceu então? Simples, os peruanos encheram-se daquilo que faltou à nossa selecção no CAN e que falta aos angolanos na generalidade, ousadia. Eu vi o jogo da madrugada de ontem (cá), vi um Peru afoito. E as coisas aconteceram como os jogadores queriam. Não apenas por isso, mas como faziam. Sim, além do crer, é preciso fazer. Uma pessoa disse-me uma vez que podemos ter tudo o que quisermos se acreditarmos e fizermos. Nos Palancas não vimos crença. Angola, no seu todo, não cré em si, não arrisca, não faz. Desiste antes de tudo. Paga a lóbis lá fora quando lhe bastava crer e fazer, sem máscaras, sem castelos assentes em alicerces de nuvens, de palavras. Angola fala, diz que vale, mas na primeira oportunidade contrata lá fora. A torrente de consultores não cessa, os maquilhadores de imagem lá fora somam contas gordas, e o país vai cada vez mais nu. E se os milhões gastos com retocadores de imagem de fora fosse gasto em laboratórios para pesquisa na área da saúde?, certamente teríamos melhores resultados do que os quilos de cera que cobrem, mas não curam a pele lacerada. Exigem é cada vez mais cera. Apenas os povos que ousaram se desenvolveram, os discursos bonitos nunca ergueram um muro. Aqui nos falta fazer, deixar fazer, crer e tirar satisfação também das nossas falhas, que são sempre uma porta aberta para o sucesso.

E também... Dia do Bikini - 5 de Julho A data recorda o lançamento do biquíni, a 5 de Julho de 1946, em França. O primeiro modelo foi desenhado pelo estilista francês Louis Réard, nesse mesmo ano, mas foi somente nos anos 60 que a peça se tornou popular. O nome desta invenção, ousada para a altura, deriva de uma ilha no Pacífico - Bikini - que foi usada para testes com bombas nucleares. A intenção era, assim, sugerir que esta reduzida peça de roupa teria um efeito bombástico na sociedade.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos luís gomes paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Sexta-feira ,05 de Julho de 2019

NO TEMPO dO KAPArANdANdA

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

OPAÍS

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais. co.ao Grande repórter: andré Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao Editorias : Política: ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia luís Faria (Coordenador-Editor) luis.faria@opais.co.ao Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: norberto Sateco, alberto Bambi, augusto nunes, Rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, neusa Filipe, afrodite Zumba, Milton Manaça, antónia gonçalo, Maria Teixeira, iracelma Kaliengue, patrícia oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela),Brenda Sambo, Maria Custódia, Kiameso pedro e adjelson Coimbra. Arte: ladislau Bernardo (Coordenador) valério vunda (Coordenador adjunto)lourenço pascoal, annette Fernandes, nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), pedro nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos augusto, virgílio pinto, lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa gaspar e Yuri dos Santos (assistentes de Departamento) Revisão: antónio Setas

1947

05 de Julho na universidade de Harvard, Eua, george Marshall apresentou o “plano Marshall” de ajuda aos países europeus afectados pela ii guerra Mundial

1969

05 de Julho Tom Mboya, comissário queniano do planeamento Económico e provavél sucessor do presidente Jomo Kenyatta, foi assassinado em nairobi, no quénia

05 de Julho 1987 o presidente egípcio,

Hosni Mubarak, foi nomeado, pelo grupo parlamentar do seu partido, para um segundo mandato de seis anos

CArTA dO LEITOr

polícias de gelo!

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Agências: angop, aFp, Reuters, getty images

Assistentes de Redacção: antónia Correia, Rosa gaspar, inês Monteiro e Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DaMER, S. a. luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor)isabel Dalla e ana gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio alpHa, Talatona- luanda. Tel: 222 009 444 República de angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

Ilustre director do jornal OPAÍS, votos de uma Sexta-feira envolto em paz, amor e saúde. Obrigado pela oportunidade. Sou morador do

Bairro da Polícia, no distrito urbano da Maianga, há alguns anos. Circula nas redes sociais um vídeo em que alguns adolescentes, com catanas, paus e garra-

fas, no referido bairro, entraram numa daquelas unidades policiais e retiraram de lá uma motorizada. O vídeo provou alguma falta de operatividade por parte dos

agentes em serviço naquele dia. Os jovens, alegres, levaram a motorizada que, supostamente, tinha sido apreendida por falta de documentos. É verdade que a Polícia não distribui rebuçados àqueles que violam normas de convivência social, mas deve ter uma atitude pedagógica e usar a força nos casos extremos. Agora, entrar numa unidade e tirar a motorizada, nas barbas dos agentes, já revela falta de respeito ao órgão e violação de normas, aliás é crime. Por mais que os jovens ou adolescentes tenham fugido, é imperioso a Polícia Nacional, no bairro da Polícia, alí nas imediações do Jumbo, fazer uma “busca” rasteira para apanhar os infractores. A Polícia Nacional, até sabe disso, não precisa de lições, pois tem equipas de investigação e tais adolescentes não dão massada. Mas, como cidadão, não admito que isso aconteça a um órgão como a Polícia Nacional. Senhor Mateus Rodrigues, porta-voz, a bola está do teu lado. Não queremos polícias de gelo, mas sim ordem!

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754

Belindo Boba


Af_bai_campanha_inst_imprensa_O_pais_26,6x40,6cm_afluente_v1.pdf

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POLÍTICA

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O PAÍS Sexta-feira, 05 de Julho de 2019

Benguelenses voltam a exigir destituição de Rui Falcão Um grupo de cidadãos da cidade de Benguela marcha pela segunda vez em pouco menos de um mês. Eles dizem estar agastados com a actual governação e exigem a destituição de Rui Falcão, por alegada má gestão do erário Zuleide de Carvalho, em Benguela

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m grupo de cidadãos benguelenses prometeu voltar a manifestar-se amanhã, nas ruas da cidade de Benguela, contra a corrupção e pela destituição do governador provincial, Rui Falcão. Segundo os organizadores do protesto, a manifestação surge com o objectivo de forçar um “combate à corrupção” sério e rigoroso, sendo esta a bandeira do programa eleitoral do Governo de João Lourenço sufragado nas urnas. Acrescentam que a actual governação de Benguela, sobre égide de Rui Falcão, denota casos de má gestão da coisa pública Livulu Prata, um dos signatários da carta entregue às autoridades sobre esta manifestação e o

seu suporte legal, afirmou que estão a insurgir-se contra o Governo para pôr cobro à alegada má gestão da coisa pública que se regista na província. Entretanto, estes protestos surgem um mês depois de os mesmos cidadãos terem realizado uma acçao idêntica e pelos mesmos motivos. Naquela ocasião, o grupo de cidadãos revelou que a província de Benguela passa por episódios dramáticos, tanto a nível social, principalmente, como económico, facto que leva uma camada da sociedade civil organizada a concluir que a “culpa” é de Rui Falcão. Cientes de que Angola está imersa em problemas, os manifestantes diziam, naquele mesmo período, conhecer Benguela e suas características, logo, o actual governador, para além de não estar à altura, tem prejudicado a província com a sua “não governação”,

Polícia com mais um inquérito em mãos… que aguarda resultados Sobre outro caso noticiado por OPAÍS, envolvendo forças policiais lobitangas, em que se acusam agentes da 4ª Esquadra de terem espancado um carpinteiro detido a 13 de Junho, falecendo 48h depois, não há avanços. A autópsia feita confirmou que o motivo da morte foram “lesões traumáticas no crânio”, fruto de “agressões físicas”, portanto, a família espera que as autoridades associem o crime aos praticantes, que acusam serem agentes policiais. Passadas mais de duas semanas de inquérito, o superintendente Francisco Tchango declarou que as investigações ainda decorrem, não havendo novidades e que, quando as houver, a Polícia emitirá um relatório sobre a morte de Francisco Capingãla.

aRquivo/opaíS

Rui Falcão, gorvernador de Benguela

acusaram. Na Declaração Pública que terá sido enviada também à Presidência da República, os subscritores enunciam que “o silêncio e falta de vontade para governar é o que nos preocupa”, pois “a província está totalmente abandonada” Polícia detém manifestantes Sete jovens activistas cívicos estão detidos desde Terça-feira, 02, na cidade portuária do Lobito, alegadamente por se manifestarem “pacificamente” defronte da Administração local. Os jovens detidos pela Polícia Nacional, sob acusação de terem co-

metido crimes de desordem pública e arruaça, serão julgados sumariamente pelo Tribunal de Comarca da “cidade dos flamingos”, amanhã, 72 horas depois da detenção, limite imposto pela lei. Os jovens foram detidos pela Polícia quando protestavam defronte da Administração Municipal, exibindo cartazes com inscrições como: “Sem água não há vida”. Segundo um deles, o motivo do escrito reside no facto de, alegam, estarem privados deste serviço (fornecimento de água) há mais de um mês. O julgamento sumário já foi adiado uma vez, desde Terça-feira ultima, quando os cidadãos foram

detidos, e já passaram 3 noites na cadeia do Bairro do Liro, zona alta do município, contou o activista Livulu Prata, que acompanha o processo de perto. Os advogados do caso queixavam-se das dificuldades impostas pelas autoridades no acesso ao processo, soube OPAÍS no local.

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opSa esperava discussão aberta do piiM antes da sua aprovação

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pesar de considerar o PIIM “aparentemente” bom, o coordenador do Observatório Político Social de Angola (OPSA) diz que esperava por um debate mais inclusivo, pelo facto de o referido Plano contar com verbas provenientes do Fundo Soberano. Fernando Pacheco, que falava num seminário sobre os desafios do processo de descentralização e desenvolvimento local na província de Benguela, acrescentou que o Plano Integrado de Intervenção

nos Municípios deveria ser complementado com outro plano ou programa económico, sem o qual, prognostica, não se atingirá o desenvolvimento económico e social pretendido, desiludindo os jovens. Defendeu também uma maior participação dos cidadãos, particularmente jovens, na tomada de decisões do poder político, permitindo um maior equilíbrio. “Grande parte dos projectos e programas desenhados para permitir o desenvolvimento local não resultaram por falta de contrapesos na sua definição”, acrescentou o prelector, que apontou alguns

exemplos da falta de participação da cidadania e de equilíbrios na tomada de decisões. “A construção de um complexo agrícola no Cubal, para a produção de fuba de milho (numa zona sem tradição de cultura de milho), com a aplicação de elevadas quantidades de dinheiro”, referiu. O também engenheiro agrônomo acrescentou que a construção da fábrica de massa de tomate no Dombe Grande e a aplicação de USD 66 milhões para a produção de algodão no Cuanza-Sul, foram dos piores projectos agrícolas que já conheceu e que nunca ren-

Fernando Pacheco, coordenador do OPSA

deram sequer um quilograma, no caso do algodão. Noutro campo de desenvolvimento, o cofundador da ADRA, considerou o Programa Integrado de Intervenção Municipal (PIIM)

“aparentemente” bom, mas que deveria primeiro ser discutido de modo aberto, antes do seu anúncio ou aprovação, uma vez que está a envolver recursos do Fundo Soberano do país.


O PAÍS Sexta-feira, 05 de Julho de 2019

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antigo representante de angola na onu enaltece actual governação DR

O antigo representante de Angola junto da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, Ismael Gaspar Martins

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antigo representante de Angola junto da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, Ismael Gaspar Martins, avaliou positivamente o trabalho do Presidente angolano, João Lourenço, desde que assumiu o cargo, em Setembro de 2017. Nascido em Luanda, a 12 de Janeiro de 1940, Ismael Gaspar Martins foi representante de Angola junto da ONU de 2001 a 2018, altura em que foi nomeado administrador não executivo do Fundo Soberano de Angola (FSDEA). Ismael Martins, que falava, na Quarta-feira, ao programa “Visão Global”, da “Rádio Mais”, deu “nota positiva” ao Presidente João Lourenço, na medida em que, segundo argumentou, “trouxe as reformas e está a fazer a reforma no momento certo”.

“A forma como Angola começa a ser vista, não só por nós, mas mesmo fora, é uma indicação clara de que as políticas e reformas que estão a ser feitas podem produzir resultados certos”, sublinhou. Na entrevista, Ismael Martins disse estar numa Angola que lhe dá “confiança e esperança”, e que a resolução de muitos dos problemas do país, como a fome, passa pela “tecnologia” e por uma “diplomacia económica permanente e de pro-actividade”. Neste capítulo, aludiu a vários tipos de parceiros, designadamente os que apenas querem aportar em Angola só para “ganhar dinheiro, em contra-ponto aos que, segundo sublinhou, possuem tecnologia para ajudar o país a produzir os seus bens para o consumo e a exportação do excedente. Quanto ao investimento direc-

to estrangeiro (IDE), o antigo embaixador afirma ser “fundamental” para o desenvolvimento de Angola, mas destaca ser essencial que o homem angolano invista também no seu próprio país. Ismael Martins deu igualmente nota positiva ao recentemente lançado Programa Integrado de Intervenção nos Municípios, que “pode ser um programa bom, se for aplicado com disciplina”. Relativamente aos secretáriosgerais da ONU, afirma ter uma “particular” preferência pelo ganês Kofi Annan, falecido em Agosto de 2018, que considera ter sido um “amigo”. Quanto ao português António Guterres, o antigo representante angolano na ONU afirma que vai ser um dos “melhores” secretários-gerais das Nações Unidas, sobretudo pela sua devoção à causa dos refugiados por todo o mundo. Ismael Martins, que, entre 1971 e 1972, trabalhou em Genebra, Suíça, no Instituto de Pesquisa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, defende uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, processo que, na sua óptica, deve passar pelo seu alargamento, com o reforço da presença africana no fórum. Quanto à integração económica de África, afirma ser “possível”, desde que se trabalhe para se passar do sonho à realidade, antes de acrescentar que Angola fez, em determinada altura, a agenda política das Nações Unidas. Ao longo do seu percurso político e profissional, Ismael Martins já foi governador do Banco Nacional de Angola (1975-1976), ministro das Finanças (19771982), ministro do Comércio Externo (1982-1987) e administrador executivo do Banco Africano de Desenvolvimento, sedeado em Abidjan, Côte d’Ivoire (1989-1995).

João lourenço manifesta interesse em cooperar com os EUA O Presidente da República, João lourenço, enviou ontem, 04, uma mensagem de felicitações ao seu homólogo dos Estados unidos da américa, Donald Trump, pela celebração do 243º aniversário da independência daquele país

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a mensagem, o Chefe de Estado angolano transmite o desejo de que os dois

João Lourenço formula votos de felicidade e prosperidade ao Presidente Donald Trump e ao povo dos Estados Unidos da América

Governos continuem a empreender acções que contribuam para o reforço das relações de cooperação existentes entre os Unidos da América e a República de Angola. Em nome do Executivo, do Povo angolano e no seu próprio, o Presidente João Lourenço formula votos de felicidade e prosperidade ao Presidente Donald Trump e ao povo dos Estados Unidos da América. Angola e os EUA mantêm, há 26 anos, uma relação que evoluiu para uma parceria estratégica assente em instrumentos jurídicos de cooperação, em diversas áreas importantes, como a educação, saúde, segurança e comércio. DaniEl MiguEl/aRquivo


SOCIEdAdE

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O PAÍS Sexta-feira , 05 de Julho de 2019

Propinas na Escola Portuguesa provocam manifestação defronte da embaixada lusa Encarregados de educação de alunos que frequentam a Escola portuguesa de luanda deverão manifestar-se hoje defronte da Embaixada de portugal para contestar os constantes aumentos das propinas, que dizem ocorrer de ‘forma ilegal e abusiva’

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Embaixada de Portugal em Angola será alvo, hoje, Sextafeira, 5 de Julho, de uma manifestação de encarregados de educação de estudantes que frequentam a Escola Portuguesa de Luanda. A concentração, cuja convocação já foi apresentada ao Governo Provincial de Luanda, tem como base os constantes incrementos feitos nas propinas da instituição, encaradas pelos encarregados como abusivas, por desrespeitarem os princípios que norteiam a cooperativa que gere a Escola Portuguesa de Luanda. Em Julho do ano passado, segundo apurou OPAÍS, os encarregados de educação pagavam uma propina trimestral avaliada em 240 mil Kwanzas, a razão de 80 mil por mês, valor este que foi aumentado para 260 mil Kwanzas em Setembro do mesmo ano. “Em Dezembro, ainda do ano passado, propuseram um novo aumento, de 260 para 280 mil, trimestralmente. Este aumento foi aprovado numa assembleia em que houve apenas um voto contra, mas a conclusão a que chegamos é que o orçamento da escola já vai para a assembleia fechado”, contou

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A Escola Portuguesa de Luanda

um encarregado, acrescentando que “a escola é uma cooperativa, somos todos sócios, por isso, não nos podem impor propinas. O aumento de 240 para 260 já foi feito de forma irregular”. Com o início do ano lectivo marcado para o próximo mês de Setembro, baseado no sistema educacional português, os encarregados de educação foram surpreendidos com um comunicado, nos últimos dias, anunciando um novo aumento. Segundo o documento a que OPAÍS teve acesso, cada estudante deverá pagar 196.300 Kwanzas por mês durante os 10 meses de aulas, sendo que a primeira mensalidade deve ser liquidada durante o acto de matrícula, que termina no próximo dia 8 do corrente mês. Reza ainda o comunicado que no momento da inscrição deverá ser ainda liquidada uma taxa anual de cerca de 98.150 Kwanzas. O grupo de encarregados que se irá manifestar hoje defende que

“Em Dezembro do ano passado propuseram um novo aumento, de 260 para 280 mil trimestralmente. Este aumento foi aprovado numa assembleia em que houve apenas um voto contra, mas a conclusão a que chegamos é que o orçamento da escola já vai para a assembleia fechado”

não existem razões para os constantes aumentos de propinas que se verificam na Escola Portuguesa, por sinal a única escola no exterior sob tutela do Governo português que é gerida por uma instituição privada, no caso a Cooperativa Portuguesa de Ensino em Angola. Dizem os encarregados reivindicadores que, “só com dois mil alunos pagando as propinas, não haveria a necessidade de se fazer os incrementos regulares”. Existindo 6.410 sócios na referida cooperativa, como relatam, conclui-se que existe mais do que o triplo de estudantes “necessários” na instituição. “Propusemos soluções para se reduzir as despesas, mas a escola rejeitou o pedido da assembleiageral, fundamentando que não havia quórum. Neste momento, tendo em conta os que faleceram, os que já tiraram os filhos da escola e outros ausentes, não se sabe o número exacto de sócios”, relatou uma encarregada. E acrescentou:

“enviamos reclamações ao Instituto de Defesa do Consumidor e ao Instituto de Preços e da Concorrência, mas até ao momento nenhuma das duas instituições se dignou em responder às nossas reivindicações. Não sabemos por que as nossas instituições não se pronunciam. Também já accionamos o Estado português, através do Presidente, primeiro-ministro e dos ministérios da Educação, das Finanças e dos Negócios Estrangeiros”. O grupo de encarregados descontentes defende que as propinas da referida instituição deveriam ser aprovadas antes pelo órgão que tutela a escola e não por esta quando entende. A Escola Portuguesa de Luanda, de acordo com os queixosos, tem salientado que os aumentos têm como base o custo de vida e o facto de se indexar os salários dos professores em euros. OPAÍS voltará a abordar o assunto em próximas edições.


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Ministério do interior preocupado com manifestações no país

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Ministério do Interior (MININT) diz estar preocupado com o surgimento de manifestações que se registam em várias partes do país sem o cumprimento dos pressupostos previstos em diferentes legislações. Em comunicado de imprensa a que OPAÍS teve acesso ontem, o MININT refere que muitas destas manifestações têm sido violentas, colocando em causa a ordem e tranquilidade e bens públicos e privados. Na nota, este departamento governamental indica que da violência decorrente das manifestações têm sido vítimas também agentes da Polícia Nacional (PN), que, depois de chamados para o local a fim de reporem a ordem pública, são confrontados com motins. O MININT diz que tais acções atentam contra os princípios legais e lembra que o Art. 47 da Constituição da República de Angola es-

tabelece os mecanismos a adoptar para a realização de manifestações e reuniões. Alerta que em toda a acção que configure factos tipificados como crime ou contravenção, as autoridades policiais deverão actuar em conformidade com a legislação vigente para que os autores sejam responsabilizados. Por fim, apela a todos cidadãos nacionais e estrangeiros a não enveredarem por acções que contra-

Em comunicado de imprensa a que OPAÍS teve acesso ontem, o MININT refere que muitas destas manifestações têm sido violentas, colocando em causa a ordem e tranquilidade e bens públicos e privados

riem a ordem jurídica estabelecida e a comunicarem às autoridades sempre que virem os seus direitos e bens públicos e privados infringidos. Sete cidadãos detidos por suposta arruaça Entretanto, na Terça-feira, 7 cidadãos foram detidos, em Luanda, por suposta prática dos crimes de arruaça e danos materiais em duas viaturas da Polícia Nacional. Os factos registaram-se na Av. 21 de Janeiro, depois de a Polícia ter sido chamada a intervir para impedir que um grupo de jovens danificasse uma conduta da EPAL naquela zona. Na intervenção policial, cerca de 40 jovens barricaram a Av. 21 de Janeiro com pneus em chamas, contentores de lixo e arremessaram pedras às viaturas que por ali circulavam, tendo danificado duas da Polícia Nacional. Os 7 detidos serão presentes ao tribunal para julgamento sumário. puB


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SOCIEdAdE

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administradores vão aplicar verbas do piiM fora dos seus territórios DR

Infra-estruturas com duplos orçamentos, uma sob égide das administrações municipais e outra do governo provincial de luanda, são alguns dos “vícios” que se apresentam no plano integrado de intervenção nos Municípios (piiM). uma fonte do Ministério das Finanças garante o documento sofrerá alterações Paulo Sérgio

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lguns dos administradores municipais vão dirigir a reabilitação, ampliação e construção de empreendimentos sociais, como escolas, em territórios que não fazem parte da sua jurisdição, de acordo com o PIIM. A Administração Municipal do Kilamba Kiaxi vai aplicar 820 milhões, 658 mil e um Kwanzas na construção de uma escola de 12 salas no município de Belas. Um estabelecimento de ensino que a administração local se propõe construir aplicando a mesma quantia financeira. Quem também vai aplicar essa quantia financeira na construção de uma instituição com as referidas características fora do seu território é a Administração Municipal de Luanda. As autoridades locais prevêem fazê-lo no município do Cazenga. Já a Administração da Quiçama vai gastar 920 milhões, 658 mil e

um Kwanzas da quantia financeira que receberá do PIIM na construção de uma escola com o mesmo número de compartimentos no município de Belas. Na esperança de aferir a autenticidade do documento que espelha a forma como serão aplicados os mais de 2 mil milhões de Dólares retirados do Fundo Soberano para financiar o PIIM, vazado nas redes sociais, OPAÍS contactou um dos dirigentes do Governo Provincial de Luanda, do qual recebeu a resposta de que deveria recorrer ao Ministério das Finan-

Os 25 milhões de kwanzas que os municípios recebem mensalmente são de consignações extraordinárias

“É normal a duplicidade de orçamentos” a existência de duplo orçamento no piiM ou no orçamento geral do Estado “é normal e não representa indícios de desvio de fundos”, de acordo com a nossa fonte no Ministério das Finanças, que justificou que tal ocorre naqueles casos em que o preço da construção ou reabilitação não inclui o seu apetrechamento. por outro lado, tal ocorre pelo facto de nem sempre existir apenas uma fonte de financiamento para uma determinada infra-estrutura.

ças (MINFIN). A nossa equipa de reportagem assim o fez. Também escudando-se no anonimato, um dos directores desse órgão ministerial confirmou a autenticidade dos documentos, advertindo, no entanto, que não se trata da versão final. O PIIM contém várias escolas que já haviam sido inscritas no Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2018, proposto pelo Executivo e aprovado pelos deputados na Assembleia Nacional. No município de Belas, por exemplo, constam seis, designadamente, as escolas

Disse que, por vezes, o financiador externo disponibiliza uma parte e o Estado complementa com outra, razão pela qual, aparecem duplicados em diferentes documentos. o outro caso têm a ver com aquelas infra-estruturas que foram incluídas num determinado ogE, mas cujas verbas não foram disponibilizadas ou foram insuficientes para a sua execução. É de lei que as mesmas transitem para o orçamento do ano seguinte. De referir que a secretária de Estado para a administração do Território, laurinda Cardoso, declarou, recentemente, em luanda, que com a implementação do piiM

números 2023, 2040, 2020, 2032, 2033 e 2049 que serão reabilitadas e ampliadas, mantendo a mesma quantidade de salas de aulas, mas com orçamentos mais do que triplicados. O OGE de 2018 previa que seriam aplicados 75 milhões de Kwanzas na reabilitação e apetrechamento de cinco das escolas acima mencionadas, ao passo que no PIIM as mesmas estão orçadas em 250 milhões e 658 mil Kwanzas. Neste montante não está incluso o apetrechamento. A escola nº 2023 aparece com dois orçamentos, com uma diferença de apenas dois Kwanzas. Os gestores dos bens públicos nesse município assumem que vão construir escolas primárias com 336 milhões de Kwanzas, mas não especificam a comunidade, ou bairro, que beneficiará delas. No Cazenga estão previstos dois orçamentos para a reabilitação da escola Angola e Cuba. No primeiro prevê-se a aplicação de 315 milhões, 113 mil e 500 Kwanzas somente para esse fim, estando a cargo da Administração Municipal. No outro, sob alçada do Governo Provincial de Luanda, o orçamento dispara para mil milhões, 786 milhões, 322 mil e 173 Kwanzas. Diga-se, porém, que nessa rubrica vem especificada a construção e apetrechamento da mesma. Além desses elementos, salta à vista o facto de algumas insfraescruturas que serão reabilitadas ou construídas de raiz terem os seus orçamentos também previstos no OGE de 2019, revisto recentemente.

passam a ser os próprios administradores municipais e os municípios a elencarem as prioridades das suas acções e projectos para o período 2019-2020. Explicou que as acções do piiM reflectidas no ogE não impedem a alocação de verbas para o piiM. os 25 milhões de Kwanzas que os municípios recebem mensalmente são de consignações extraordinárias, no âmbito do programa integrado de Desenvolvimento local e Combate à pobreza. além dessas verbas, sublinhou, os municípios têm as suas acções inscritas no ogE.



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FestiKongo salvaguarda celebração do dia da cidade de Mbanza Kongo DR

“As pessoas que se identificam com a cultura Kongo e as que nunca cá estiveram sonham cá estar” Jorge Fernandes, em Mbanza Kongo

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ontrariamente ao que defendem os munícipes, segundo os quais as festividades alusivas ao dia da inscrição da cidade como Património da Humanidade, celebrado com o Festival Internacional de Artes, Cultura e Turismo “FestiKongo”, e o Dia da Cidade de Mbanza Kongo deveriam ser eventos celebrados separadamente, o coordena-

dor do Festikongo, historiador João Lourenço, avançou, em exclusivo ao OPAÍS, que a actividade que ontem iniciou nesta cidade salvaguarda o Dia da Cidade de Mbanza Kongo, que passa, doravante, a ser celebrado a 8 de Julho, dia em que a mesma foi elevada à categoria de Património da Humanidade e não mais a 25 de Julho como era costume. Explicações do responsável,

dão conta que as festividades alusivas ao Dia da Cidade decorrerão de 5 a 25 deste mês, embora especificamente a data da cidade seja agora assinalada a 8 de Julho, em função da elevação à Património, pois marca o dia de um evento mais representativo para a província. “O dia 25 é o dia de um São Tiago, que pode ser celebrado em qualquer cidade, adoptou-se como critério o dia em que a cidade foi elevada a Património Mundial. Porque a elevação dá valor ao que aconteceu antes do cristianismo”, explicou. João Lourenço ressaltou que Mbanza Kongo é uma cidade originalmente bantu. Quando se chega a 1482, os relatos dizem

que Mbanza Kongo é uma cidade antiga. Onde se calculava que pudesse ter 200 anos. Na sua origem, não é uma cidade europeia. É uma cidade bantu que incorpora elementos europeus, mas mantendo sempre a sua originalidade. Acrescentou ainda que a chegada dos portugueses não significou gestão da cidade pelos portugueses. “Costuma-se confundir contacto com colonização. Não se pode confundir igualmente que em 1982, com a chegada dos portugueses, se deu início à colonização”. Por essa razão, o Kongo não é um local colonial português. Sendo que o primeiro espaço em que os portugueses foram administrar em 1575, é Luanda. Os

portugueses viveram de acordo com as regras locais. “Logo, a adopção do cristianismo não significou submissão. De modo que a igreja do Kulumbimbi foi construída sob orientação do Rei do Kongo”, adiantou. Entretanto, de acordo ainda com João Lourenço, não há razões para divergências entre os munícipes, no que concerne à data, pelo simples facto de que além de ser uma exigência da UNESCO, a realização do festival vai propiciar que haja que cada vez mais desenvolvimento em vários domínios da província. “A perenidade de Mbanza Kongo, enquanto espírito de lugar, desde que foi fundada como cidade, continua capital, não a do reino, mas da província. De modo que nunca perdeu o estatuto de lugar político importante. Também é capital espiritual. As pessoas que se identificam com a cultura Kongo, as que nunca cá estiveram sonham cá estar”. O vocábulo bantu é o mais difundido em todas as Américas. Desta cidade de Mbanza Kongo, saiu o primeiro bispo da África Subsahariana em 1518, Dom António de Utika, que foi exercer o seu ministério na Mauritânia. A primeira catedral a Sul do Sahara foi contruída em Mbanza Kongo em 1596, o conhecido “Kulumbimbi”. Em língua kikongo fez o primeiro catecismo em língua bantu, 1624. Estes entre outros argumentos foram apresentados para que Mbanza Kongo fosse elevada à lista de Património Mundial da Humanidade. Populares divergem opiniões O coordenador das autoridades tradicionais, junto do Museu dos Reis do Kongo, Afonso Mendes, defende a ideia de que é necessário separem-se os eventos, uma


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vez que são actividades diferentes e que o povo já se habituou a celebrar. “Uma coisa é a celebração da inscrição e outra e bem diferente é o aniversário da província. Entendo que por questões logísticas fica difícil realizarem os dois eventos separadamente, mas cada coisa deve estar no seu devido lugar”, advogou. Um outro cidadão, Isaquiel Nzuzi, disse que é indiferente a questão das celebrações, uma vez que para si, o mais importante é que haja desenvolvimento na província, aproveitandose a tirar os melhores benefícios que advêm desta elevação. Matadi Miguel, por sua vez, augura que Mbanza Kongo não seja apenas lembrada nesta data comemorativa, mas que a sua história seja cada vez mais contada sobretudo nas escolas, de modo a incitar a que os jovens de várias partes venham conhecer esta cidade. “Risco de desclassificação” Questionado sobre a possibilidade de uma possível desclas-

sificação da cidade da Lista de Património Mundial da Humanidade, João Lourenço foi peremptório em dizer que só haveria essa ideia se não se cumprirem os requisitos apresentados para a sua classificação. “Todos os bens que estão na lista do Património Mundial são avaliados periodicamente. E é uma avaliação continua enquanto o bem existir. E isso é feito com qualquer outro bem. O que devemos fazer é preservar os nossos atributos”, disse. Entre esses atributos constam a valorização e preservação do espírito de lugar, as fontes de água, o Kulumbimbi, o Tadi (dia) Bukikua, Yala Nkuwu, entre outros elementos naturais e monumentais, fazem de Mbanza Kongo um bem único. Expectativas Quanto às expectativas sobre a realização do evento, são óptimas, na medida em que, segundo o seu coordenador, estão criadas todas as condições para que o evento corra sem sobressaltos, uma vez que vai contar com

“Aquilo que é identidade dos elementos matriciais da cultura Kongo, estão por aí espelhados e vamos fazer uma abordagem no Soyo sobre a escravatura, para reflectir sobre a diáspora Kongo espalhada pelos quatro cantos do mundo”

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a participação de países que pertenciam ao Reino do Kongo. Nesse sentido, estarão presentes o Gabão, a República Democrática do Congo e o Congo Brazavile, bem como Uíge, Bengo, Luanda, Cuanza-Norte e Malanje, enquanto espaços que estavam sob influência do Reino do Kongo. “Aquilo que é identidade dos elementos matriciais da cultura Kongo, estão por aí espelhados e vamos fazer uma abordagem no Soyo sobre a escravatura, para reflectir sobre a diáspora Kongo espalhada pelos quatro cantos do mundo”, vaticinou. O Festival Com entrada gratuita, o festival irá reunir o melhor da gastronomia, música, literatura, dança, moda, cinema e artes plásticas. O Festikongo contará com a participação especial dos artistas angolanos Sam Mangwana, Banda FM, João & Lina Alexandre, Eduardo Paim, Chana Vice, Kyaku Kyadaff, Júlio Gil, Yembe, Rui Kyame, Waldemar Bastos, Ricardo Lemvo, Dodó Miranda, Socorro, Nsimba Reoboth, Irmã Joly, Lutchiana Mobulu, W King, Noite e Dia, Walter Ananaz.

Vice-presidente prestigia evento Dada a importância do evento, o vice-presidente da República, Bornito de Sousa Baltazar Diogo, prestigia a cerimónia cujo arranque acontece na manhã desta Sexta-feira, no largo adjacente ao Governo Provincial do Zaire. Património Mbanza Kongo, capital do antigo Reino do Kongo, é detentora de um património material e imaterial excepcional. A cidade foi inscrita na lista do Património Mundial da Unesco a 8 de Julho de 2017, durante a 41ª Sessão do Comité deste órgão, que decorreu na cidade de Cracóvia, Polónia. Dada a importância deste feito histórico, o 8 de Julho foi adoptado como o Dia da província do Zaire. Nesta data, o Comité do Património Mundial da Unesco declarou, por unanimidade, Mbanza Kongo, vestígios da capital do antigo Reino do Kongo, como Património Mundial e a sua inscrição na lista consagra o valor universal excepcional de uma propriedade cultural ou natural, para que seja protegida em benefício da humanidade.


Está a pensar em pedir um crédito?

Conheça as boas práticas na concessão de crédito.

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Deveres a observar pelos bancos na concessão responsável de crédito • Disponibilizar toda a informação necessária ao cliente para o permitir tomar uma decisão informada sobre a contratação do crédito. • Avaliar a capacidade financeira do solicitante do crédito e a sua propensão para o cumprimento das obrigações. • Determinar as taxas de juro aplicáveis aos contratos de crédito com base no risco de crédito global da operação e não apenas no produto. • Indexar as taxas de juro variáveis à LUIBOR. • Usar o prazo do indexante correspondente ao prazo de pagamento de juros. • Limitar a maturidade a 5 anos para o crédito pessoal e a 30 anos para o crédito à habitação. • Definir o valor máximo a conceder no crédito à habitação com base no valor do imóvel e os outros factores definidos na regulamentação. • Não exceder uma taxa de esforço de 40%, considerando o endividamento total do cliente particular, incluindo o crédito a contratar. • Não conceder crédito em moeda nacional com capital indexado a uma moeda estrangeira. • Não condicionar a concessão de crédito à aquisição de outros produtos bancários e financeiros. • Implementar medidas para o acompanhamento do cliente de forma a detectar, atempadamente, a probabilidade de incumprimento e promover a implementação de medidas adequadas para salvaguardar o cliente e o banco.

Deveres a observar pelo Cliente, particular ou empresa, aquando da solicitação de um crédito ao banco • Ponderar adequadamente a sua capacidade financeira, antes de solicitar um crédito. • Se for um cliente particular, deverá ponderar se os seus rendimentos regulares são suficientes para assegurar o pagamento da dívida, uma vez que as prestações do crédito constituirão uma despesa mensal no orçamento familiar até à total amortização do mesmo. • Prestar ao banco informações e documentação verdadeiras, completas e actualizadas para permitir a correcta avaliação da sua capacidade financeira e propensão para o cumprimento do contrato. • Analisar cuidadosa e rigorosamente a informação recebida do banco, de forma a assegurar a escolha do tipo de crédito mais adequado para si e a compreensão de todos os termos e condições contratuais. • Não assinar quaisquer documentos, enquanto subsistirem dúvidas relativamente aos mesmos. • Utilizar o montante do crédito para a finalidade contratada e pagar pontualmente as prestações e comissões acordadas. • Manter sempre os seus dados actualizados no banco. • No caso de eventuais dificuldades no cumprimento dos compromissos financeiros assumidos, alertar o banco sobre este facto, uma vez que só assim se poderão implementar medidas que evitem o incumprimento do contrato. Para mais informações consulte o seu banco ou o portal do Consumidor Bancário em: www.portaldoconsumidorbancario.ao

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ECONOMIA

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A Fitch destaca a aprovação do projecto de lei sobre parcerias público-privadas pela Assembleia Nacional

Mpla vai manter impulso reformador, prevê agência global de risco A Fitch, uma das três maiores agências de avaliação de risco, está optimista quanto ao

esforço reformista do governo e ao combate à corrupção e prevê que a economia volte a crescer lentamente, o que condiciona a atracção dos investidores

“E

speramos que o MPL A, liderado pelo Presidente João Lourenço, mantenha o impulso reformador nos próximos anos”, assim a inicia a agência de rating Fitch a sua avaliação da economia angolana no seu último relatório sobre a África Austral, a que OPAÍS teve acesso. A Fitch é um dos três maiores grupos mundiais de classificação de risco e dá notação à dívida soberana nacional. O ‘Africa Monitor’ diz que a vontade e a capacidade do Governo implementar políticas favorá-

“O MPLA propôs e votou o projecto de lei (das parcerias público-privadas) com a intenção de melhorar a eficiência do sector público e, ao mesmo tempo, atrair o sector privado”

veis aos negócios, desde que João Lourenço sucedeu a José Eduardo dos Santos, constituiu uma surpresa, observando que em 2018 se assistiu ao reforço da posição de João Lourenço dentro do MPLA, ao mesmo tempo que foram tomadas medidas para facilitar o investimento, tanto no sector petrolífero como no não petrolífero. E destaca o facto de a Assembleia Nacional ter aprovado recentemente o projecto de lei sobre as parcerias público-privadas (PPP). “O MPLA propôs e votou o projecto de lei com a intenção de melhorar a eficiência do sector público

e, ao mesmo tempo, atrair o sector privado para objectivos como o desenvolvimento de infra-estruturas e a promoção da diversificação da economia, objectivos pelos quais o governo tem lutado, apesar das restrições fiscais”, assinala o relatório. O relatório salienta os afastamentos de figuras públicas de altos cargos, antecipa que o combate à corrupção irá continuar e salienta a remoção de Isabel de Santos da Sonangol, de José Filomeno dos Santos do Fundo Soberano de Angola, nomeando ainda os casos mais recentes, já em

2019, de Higino Carneiro e de Manuel Rabelais. Para a Fitch, a dinâmica reformadora prosseguirá, podendo, contudo, despertar algum descontentamento popular, podendo, a privatização prevista de diversas empresas, suscitar críticas dentro da elite dominante. Apesar de mostrar o seu optimismo quanto ao combate à corrupção, a Fitch considera que os “problemas estruturais” que, no passado, favoreceram o nepotismo continuarão a constituir um travão na perspectiva dos investidores nos próximos anos. Economia vulnerável A actual vulnerabilidade da economia e a possibilidade de ela provocar tensões sociais, condicionam, segundo a agência, o índice da agência que avalia o risco político de curto prazo. “2018 marcou o terceiro ano consecutivo de recessão e esperamos que o crescimento real do PIB seja moderado, passando de menos 2% em 2018 para mais 1,6% em 2019”. O desemprego mantém-se elevado e a inflação, embora descendo, permanecerá, nas estimativas da Fitch, acima da meta de um dígito definida pelo Banco Nacional de Angola, tendo em conta a depreciação do Kwanza e os efeitos da introdução do IVA. A Fitch prevê que a inflação termine este ano em 16,6%, descendo para 14% em 2020 e para 13,3% em 2021. A par do relançamento do crescimento económico, com o PIB (produto interno) a aumentar 2,2% no próximo ano e 2,4% em 2021, registar-se-á a recuperação do PIB per capita, ou seja a parte de riqueza anual que cabe a cada angolano, de 3.111 dólares este ano para 3.215 no próximo e 3.486 em 2021. Em 2017 terá sido de 4.468 dólares. O consumo privado medido em percentagem do produto interno irá praticamente manter-se este ano e no próximo, subindo em 2021. O relatório prevê que o Kwanza continue a perder valor face ao dólar, estimando um câmbio médio de Kz 335,67 por dólar este ano e de Kz 392,5 por dólar em 2021. O ‘Africa Monitor’ antecipa que as autoridades vão controlar o défice fiscal, que deverá manterse, descendo, contudo, para menos 3,8% do produto interno este ano, para menos 3,2% no próximo e para menos 2,9% em 2021. As reservas externas estabilizarão este ano e no próximo e descerão ligeiramente em 2021. A balança corrente com o exterior permanecerá confortavelmente excedentária.


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Câmara de Comércio de angola de olhos na Feira Internacional de Macau DR

Empresários e

empreendedores angolanos são chamados a aproveitar a Feira internacional de Macau como uma oportunidade de negócio. a Câmara de Comércio e indústria de angola preconiza uma participação airosa no evento e espera pela adesão de seus associados e interessados

André Mussamo

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Câmara de Comércio e Industria da Angola, CCIA, apela a todos os seus associados e interessados a aproveitarem na Feira Internacional de Produtos e Serviços de Macau como uma “grande oportunidade para a procura de parceiros e investidores”. A Feira Internacional de Macau e Cantão (na República Popular da China), decorre de 17 a 19 de Outubro próximo e é um evento anual que atrai para a região administrativa da China centenas de investidores. Segundo uma fonte da instituição angolana, o momento pode servir de oportunidade para que

empresários nacionais mostrem os seus produtos e serviços e estabeleçam parcerias ou atraiam investimentos. É igualmente uma grande oportunidade para explorar as potencialidades de outros mercados. Para incentivar a participação, a organização do evento compensa as delegações com mais de seis integrantes com apoios em “passagens e alojamento”, daí o interessa da Câmara de Comércio e Industria de Angola pretender “congregar” uma representação significativa e equacionar uma participação mais vantajosa para a delegação do país. O evento de Macau visa consolidar os acordos a nível do Comércio entre a China e a Comunidade dos Países de Expressão Portuguesa e realiza-se anualmente no mês de Outubro, na região administrativa especial de Macau, antigo território Português cuja transição para a China registou-se em Dezembro de 1999.

CFM vai facturar mais de mil milhões de kwanzas com ferro O arranque da exploração do ferrogusa, no município do Cutato, Cuando

Cubango e da Jamba, na Huíla, permitirá aumentar a facturação do Caminho de Ferro de Moçâmedes (CFM), de 700 milhões para mais de mil milhões de Kwanzas/ano

E

m entrevista nesta Quinta-feira à Angop, o administrador financeiro do CFM, António Conceição, disse que actualmente a empresa, no traçado de 905 quilómetros, entre o Namibe, Huíla e Cuando Cubango, transporta à volta de 12 mil toneladas de mercadoria divers por mês, quantidade que pode chegar as 400 mil, com o início do processo de exploração do minério.

“Estamos na expectativa de arranque do projecto de exploração mineira do ferro-gusa na zona do Cutato, que também vai dar um impulso, sendo que o CFM será o elo modal de transporte do minério e estamos a contar na ordem de cem por cento o nosso volume de transportação, já que a médio prazo inicia também a exploração do ferro na Jamba e há contactos avançados para que essa produção inicie e a transportação por arrasto vai acontecer”, sublimhou. António Conceição frisou que o CFM está a fazer contactos com

países produtores de material circulante, pois a preocupação está centrada na aquisição de vagões de tipologia especificada para o transporte de minérios e juntamente com as empresas que vão explorar se fazer um investimento significativo para a aquisição de equipamento de transporte de

carga específica. Acrescentou que a média de facturação mensal do CFM anda à volta de 70 milhões de Kwanzas, longe daquilo que seria o equilíbrio da conta de exploração, pois os custos operacionais são altos, hoje fixados em 200 milhões de Kwanzas, o que representa 30% da estrutura de despesas da em-

presa pública, sendo que o restante é assumido pelo Estado. “Na altura em que entrar em acção o processo de exploração do ferro-gusa do Cutato e da Jamba, contamos que a pirâmide vai inverter significativamente, pois esperamos transportar 400 mil toneladas por ano, esperando facturar mil milhões de Kwanzas”, realçou. Admitiu que a empresa regista um acentuado crescimento no volume de carga transportada, com destaque para o granito. Durante o primeiro semestre deste ano houve um crescimento de 22 por cento do volume de carga, desde o granito e a carga de detalhe, aquela que é acompanhada pelo passageiro, tendo sido transportadas 72 mil toneladas, mais 22% do que o primeiro semestre de 2018. Sublinhou que a empresa está a se afinar do ponto de vista de equipamento de circulação, para que até ao final do ano o volume de carga a movimentar cresça ainda mais.


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MErCAdOS

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BrEVES

Taxas de Juro Taxa Bna libor uSD 6M libor gBp 6M libor JpY 6M Euribor 6M luibor 6M

Cot. 03/07/19 15,500% 2,209% 0,820% -0,028% -0,335% 15,830%

17,03%

∆ Diária (p.p) 0,000 -0,017 -0,021 -0,002 -0,008 0,020

17,01% 17,00% 16,98% 27/Jun

Mercado ACCIONISTA Índices Accionistas Cot. 03/07/19 Dow Jones (Eua) 26 966,00 S&p 500 (Eua) 2 995,82 FTSE 100 (inglaterra) 7 609,32 iBovespa (Brasil) 100 605,20 CSi 300 (China) 3 893,53 nikkei 225 (Japão) 21 638,16

∆ Diária (%) 0,669 0,767 0,663 1,429 -1,108 -0,534

Cot. 03/07/19 342,4640 1,1281 1,2575 107,8300 14,0497 3,8473

Cot. 03/07/19 57,34 63,82 1 420,90 15,25 2,29 268,30

∆ Diária (%) -0,263 -0,230 -0,317 -0,046 -0,372 -0,509

∆ Diária (%) 1,938 2,276 0,916 0,647 2,232 0,713

Luibor Taxas BNA luibor o/n luibor 1 Mês luibor 3 Meses luibor 6 meses luibor 9 meses luibor 1 ano

1/Jul

3/Jul

Mercado Accionista A indicação de Christine Lagarde como a próxima presidente do Banco Central Europeu beneficiou a cotaçãobolsista.OíndiceFTSE100(Inglaterra) aumentou 0,66% ao fixarse em 7.609,32 pontos.

27 000 26 800 26 600 26 400 27/Jun

29/Jun

1/Jul

3/Jul

Mercado Cambial As declarações do presidente dos EUA que dão conta da possibilidade de aumento das tarifas às importações da UE beneficiou o dólar. A libra e o euro depreciaram 0,32% e 0,23% ao situarem-se em 1,2575 e 1,1281 USD por unidade, respectivamente.

EUR / USD

Mercado DAS COMMODITIES Commodities WTi Crude Fut. Brent Crude Fut. gold 100 oz Fut. prata Fut. gás natural Fut. Cobre Fut.

29/Jun

Dow Jones (EUA)

Mercado CAMBIAL Taxas de Câmbio uSD/aKZ EuR/uSD gBp/uSD uSD/JpY uSD/ZaR uSD/BRl

Mercado Interbancário Areduçãodocréditoaoconsumoem termos mensais referente a Junho, o menorníveldesdeAbrilde2014,poderá ter contribuído para a redução daLiborUSD6mesesem2,1p.b.,para 0,820%.

Libor USD 6 Meses

Mercado TAXA DE JURO

1,139 1,135 1,131 1,127 27/Jun

29/Jun

1/Jul

3/Jul

Mercado de Matérias-primas OpreçodoBrentedoWTIaumentou 2,3%e1,9%aosituarem-seem63,82 e 57,34 USD/barril, respectivamente. A queda das reservas de petróleo na última semana nos EUA beneficiou o preço do crude.

Brent C rude F ut.

68,0 66,0 64,0 62,0 27/Jun

29/Jun

1/Jul

3/Jul

Luibor 1 Ano Cot. 03/07/19 14,50 15,22 15,69 15,83 16,48 17,00

∆ Diária (p.p) -0,050 -0,020 0,000 0,020 0,000 0,000

Luibor As taxas de juro no mercado monetário interbancário não seguiramumatendênciadefinida,tendo a Luibor Overnight reduzido 5 p.b., ao fixar-se em 14,5% enquanto a Luibor 6 meses aumentou 2 p.b., ao fixar-se em 15,83%.

2,240 2,210 2,180 2,150 27/Jun

29/Jun

1/Jul

3/Jul

Brasil coopera com Moçambique no desenvolvimento do petróleo e gás natural o Brasil vai cooperar com Moçambique na busca de mecanismos para estimular o desenvolvimento industrial do país e apoiar as empresas locais a prestarem serviços aos projectos de petróleo e gás, disse o secretário permanente do Ministério dos Recursos Minerais e Energia. ao discursar na abertura do 2.º seminário Brasil-Moçambique de petróleo, gás e Sectores Correlativos, alfredo nampete disse ainda que os dois países vão delinear agendas para desenvolver oportunidades de negócio e cooperação“,constituindo este encontro uma platafor-

ma que pode contribuir para a maximização dos benefícios da indústria de petróleo e gás para Moçambique.” “Se por um lado, o início da produção de gás na Bacia do Rovuma colocará Moçambique nos radares dos mercados mundiais, por outro lado as oportunidades que resultarão desses projectos trazem consigo muitas expectativas para todos nós, pois constituem um espaço para os moçambicanos colocarem a sua inteligência no aproveitamento das oportunidades de negócio”, disse nampete, citado pela agência noticiosa aiM.

Portugal e Moçambique assinam 13 acordos para reforçar cooperação os governos de portugal e de Moçambique assinaram, recentemente, em lisboa, 13 acordos, um dos quais relativo a uma linha de crédito de 400 milhões de euros até Março de 2020, noticiou a imprensa portuguesa. a assinatura dos documentos teve lugar no final da iv Cimeira luso-Moçambicana, em lisboa, sob a presidência do chefe de Estado de Moçambique, Filipe nyusi, e do primeiro-ministro de portugal, antónio Costa. Do conjunto de instrumentos assinados, portugal e Moçambique fecharam um aditamento ao “acordo

Tripartido de 01 de Julho de 2008 relativo a uma linha de crédito no montante de 400 milhões de euros entre a Caixa geral de Depósitos, como mutuante, a República de Moçambique, como mutuário, e a República portuguesa como garante.” Este contrato, de acordo com os dois governos, prorrogará o prazo para utilização da linha de crédito de 400 milhões de euros (assinada em 2008) até Março de 2020, sendo que o montante por desembolsar, 11,6 milhões de euros, vai abranger as obras de recuperação de um conjunto de estradas em Moçambique.

ENI e ExxonMobil deverão anunciar decisão final de investimento em Moçambique ainda em 2019 a decisão final de investimento do consórcio liderado pelos grupos italiano Eni e americano ExxonMobil para a exploração de gás natural em Moçambique poderá ser tomada ainda este ano, disse ontem, em lisboa, o presidente Filipe nyusi. Este consórcio está envolvido na exploração de gás natural do bloco Área 4 da bacia do Rovuma, sendo que o liderado pelo grupo americano

anadarko petroleum Corp, do bloco Área 1, anunciou a sua decisão final de investimento em Junho passado em Maputo. o presidente, que participava no Fórum de negócios Moçambique-portugal realizado na capital portuguesa, aproveitou a ocasião para convidar as empresas portuguesas a participarem nas oportunidades de negócio que vão existir no seu país.



MUNdO

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O PAÍS Sexta-feira, 05 de Julho de 2019

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Marcelo anuncia Cimeira uEÁfrica durante presidência portuguesa em 2021 O Presidente de Portugal diz que cimeira no primeiro semestre de 2021 está assegurada “qualquer que seja o governo português saído das próximas eleições” legislativas

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Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou ontem Quinta-feira que “a presidência da União Europeia por Portugal, no primeiro semestre de 2021, terá uma Cimeira entre Europa e África”. O chefe de Estado luso referiu que “o governo português já disse” que haverá uma Cimeira UE/ África no primeiro semestre de 2021, embora esse anúncio ainda não tivesse sido feito publicamente. Segundo o presidente luso, isso está assegurado, “qualquer que seja o governo português sa-

ído das próximas eleições” legislativas, marcadas para 6 de Outubro. “A presidência da União Europeia por Portugal no primeiro semestre de 2021 terá uma cimeira entre Europa e África, como já teve uma vez, sob a presidência portuguesa”, afirmou, considerando que isso “não é por acaso”. Marcelo Rebelo de Sousa falava numa conversa com o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, na segunda edição do “EurAfrican Forum”, uma iniciativa da associação Conselho da Diáspora Portuguesa, no Campus de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa. O primeiro-ministro português, António Cos-

ta, já tinha declarado, no início deste ano, que “a próxima presidência portuguesa da União Europeia, em 2021, terá como tema fundamental o das relações entre a União Europeia e o continente africano”. A primeira cimeira UE/África foi promovida por Portugal, durante a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, e realizou-se no Cairo, em 2000. Em 2007, novamente durante a presidência portuguesa da UE, Lisboa acolheu a segunda edição destas cimeiras, seguindo-se Trípoli, em 2010, e Bruxelas, em 2014. A última Cimeira UE/União Africana decorreu em Abidjan, em 2017.

Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa

Boeing dá quase 90 milhões de euros às famílias das vítimas do 737 Max DR

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Boeing anunciou Quarta-feira que vai doar 100 milhões de dólares (88,6 milhões de euros) às famílias das vítimas mortais dos dois vôos do modelo 737 Max que caíram na Indonésia e na Etiópia. A Boeing anunciou esta Quartafeira que vai doar 100 milhões de dólares (88,6 milhões de euros) às famílias das vítimas mortais dos dois vôos do modelo 737 Max que caíram, na Indonésia e na Etiópia, no espaço de cinco meses. Ao todo, morreram 346 pessoas nos dois acidentes. “Este fundo servirá para ajudar na educação, nas dificuldades e nas despesas das famílias afectadas, programas comunitários ou desenvolvimento económico nas

comunidades afectadas”, lê-se no comunicado da Boeing, onde esta adianta ainda que fará parcerias com as autoridades locais em questão e com uma ONG de forma a coordenar este “investimento”, que “será feito ao longo de vários anos”. Esta é a mais recente medida da Boeing, depois de em Junho o presidente da construtora de aeronaves ter admitido que houve erros e de os executivos da empresa terem pedido desculpa pelos acidentes. Tudo isto surgiu enquanto a investigação em torno dos dois acidentes ainda decorre. Esta acção da Boeing não está a ser bem recebida pelas famílias das vítimas, sendo a maioria destas da Indonésia (180 pessoas), seguindose os quenianos (32). Em declarações à BBC, o advogado Nomi Husain, que representa as famílias do

vôo da Ethiopian Airlines , o pagamento da Boeing “não está sequer perto de poder compensar as famílias por tudo aquilo que elas perderam”, acrescentando que alguns dos seus clientes “para já não estão interessados em compensações financeiras”. Ainda assim, segundo a BBC, já houve pelo menos sete famílias que chegaram a acordo com a Boeing, que lhes terá pago 276 milhões de dólares (244,6 milhões de euros). Robert Clifford, outro advogado que representa as famílias de 23 das vítimas, disse que “nunca tinha havido uma oferta deste tipo numa altura em que o litígio está em curso”. “Uma vez que ainda há muito para descobrir sobre o que se passou, [o pagamento] passam por algo que não é sincero”, acrescentou aquele jurista.


O PAÍS Sexta-feira, 05 de Julho de 2019

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Barco com migrantes naufraga no Mediterrâneo, há 82 desaparecidos

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Uma embarcação que transportava migrantes naufragou ao largo da Tunísia, deixando 82 desaparecidos. Foram resgatadas quatro pessoas, mas uma delas acabou por morrer. Barco tinha partido da líbia

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ma embarcação que transportava migrantes “capotou” ao largo da Tunísia, deixando 82 desaparecidos. Foram ainda resgatadas quatro pessoas, tendo uma delas morrido já depois do salvamento. A informação foi avançada pelo Crescente Vermelho da Tunísia, que adianta ainda que o acidente aconteceu perto da localidade de Zarzis. De acordo com o Flavio Di Giacomo, porta-voz da Organização

Na Quarta-feira, um ataque aéreo atingiu um centro de detenção para migrantes em Tripoli, matando pelo menos 40 pessoas

Internacional das Migrações, o barco em questão tinha partido de Zwara, na Líbia, na Quarta-feira. A Líbia, país de onde tem partido a grande maioria dos barcos com migrantes que tentam chegar à Europa, é palco de uma guerra civil que tem vivido um crescendo na sua violência em 2019. Além dos civis líbios, essa violência afeta também os migrantes que ali chegam. Na Quarta-feira, um ataque aéreo atingiu um centro de detenção para migrantes em Tripoli, matando pelo menos 40 pessoas e ferindo outras 80.

Fundos do pentágono não podem ser usados para construir muro Um tribunal confirmou na quarta-feira a proibição da utilização de fundos do pentágono na construção do muro fronteiriço com o México, lançando dúvidas sobre a capacidade de Donald Trump honrar a sua promessa eleitoral antes das eleições de 2020 DR

Presidente ameriocano vê o uso de dinheiro do Departamento de Defesa vetado para construir muro fronteiriço

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m painel de três juízes do 9.º Circuito de Tribunal de Apelos, em San Francisco, Estados Unidos da América, concordou com a decisão de um tribunal de primeira instância, que impediu o governo de usar o dinheiro do Departamento de Defesa afecto à luta contra a droga para construir secções do muro nos Estados do Arizona e Novo México. A decisão é um revés para Trump, que provocou o encerramento dos serviços do Governo federal no início deste ano, durante 35 dias, o designado ‘shutdown’, terminando-o depois de o Congresso lhe ter da-

do menos dinheiro do que pretendia. Declarou então uma emergência nacional, ao abrigo da qual a Casa Branca garantiu que iria obter o dinheiro necessário, na ordem dos milhares de milhões de dólares, dos recursos do Pentágono. A decisão pode ser objecto de recurso, mas até ser conhecido o governo norte-americano não pode avançar com a construção do muro. A decisão judicial impede explicitamente a continuação dos trabalhos em duas secções, uma, com 74 quilómetros, no Novo México e outra, com oito quilómetros, em Yuma, no Arizona.


ACTUAL

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O PAÍS Sexta-feira , 05 de Julho de 2019

Putin admite, 3 dias depois, que submarino que sofreu incêndio tinha propulsão nuclear

Putin encontra-se com papa em plena crise com a ucrânia e chega atrasado

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Presidente da Rússia, Vladimir Putin, encontrouse com o Papa Francisco nesta Quinta-feira, um dia antes da chegada de líderes católicos da Ucrânia ao Vaticano para debater a crise do seu país e elevando especulação de que a visita poderia ser o prelúdio da primeira de um Papa à Rússia. “Obrigado pelo tempo que me dedicou”, disse Putin no final da conversa de 55 minutos. “Foi um debate muito substantivo e interessante”, disse Putin, ao sair da sala particular que o pontífice usa para ocasiões oficiais. Os detalhes da conversa não foram divulgados de imediato. Putin, que já viu Francisco duas vezes, chegou ao compromisso desta Quinta-feira com uma hora de atraso. Ele se atrasou 50 minutos no seu primeiro encontro com Francisco em 2013 e mais de uma hora no segundo encontro de 2015. Após a sua ida ao Vaticano, Putin deveria encontrar-se com o Presidente e o primeiro-ministro da Itália e voltar a Moscovo no fi-

nal do dia, após um jantar oficial. Acredita-se que a Ucrânia, que continua a ser um tema difícil nas relações entre o Vaticano e a Rússia, seria um dos principais tópicos da conversa na biblioteca papal oficial no Palácio Apostólico do Vaticano. Quando se encontraram pela última vez, em 2015, o Papa pediu a Putin um “esforço sincero e grande” para fazer as pazes com Kyev e ajudar a encerrar os combates entre forças do Governo ucraniano e rebeldes separatistas pró-Rússia no Leste. Na Sexta-feira, líderes da Igreja Católica da Ucrânia e autoridades do Vaticano iniciam dois dias de reuniões para tratar de vários problemas da nação, uma ex-república soviética. O mundo religioso ucraniano se agitou no ano passado, quando a Igreja Ortodoxa local, que na prática passou séculos sob controlo da Igreja Ortodoxa russa, declarou a sua Independência e criou uma Igreja nacional. A Rússia não aceita que a Igreja Ortodoxa ucraniana se auto-go-

DR

verne, dizendo que a medida tem motivos mais políticos do que religiosos. Putin alinhou-se estreitamente à Igreja Ortodoxa russa e acusou o Governo de Kyev de interferir flagrantemente na vida ortodoxa da Ucrânia.

O seu encontro com o Papa nesta Quinta-feira ocorreu três anos depois de Francisco ter conversas breves com o patriarca ortodoxo russo Kirill em Cuba, um gesto significativo para curar o cisma de mil anos entre os ramos ocidental e oriental do cristianismo.

irão cogitaria conversar com os EUA sem sanções do antes do acordo e dos cerca de 90% adequados a uma arnuclear. e com permissão de Khamenei, diz ministro ma Em reacção às sanções dos EUA —que visaram sobretu-

O

ministro da Inteligência iraniano, Mahmoud Alavi, disse que o Irão e os Estados Unidos poderiam conversar se os EUA eliminarem as sanções e a maior autoridade iraniana, o aiatolá Ali Khamenei, der a sua aprovação, relatou a agência de notícias estatal Irna nesta Quintafeira. “Conversar com a América pode ser revisto pelo Irão só se o Presidente dos EUA, Donald

Trump, suspender as sanções e o nosso líder supremo der permissão para se realizar tais conversas”, disse Mahmoud Alavi na noite de Quarta-feira. “Os americanos ficaram com medo do poderio militar do Irão, esta é a razão por trás da decisão de abortar a decisão de atacar o Irão”, acrescentou. No mês passado, Trump disse que abortou um ataque militar para retaliar contra o Irão

pelo abate de um avião não tripulado dos EUA sobre o Estreito de Hormuz a 20 de Junho porque este poderia ter matado 150 pessoas, e sinalizou estar aberto para conversas com o Irão. Teerão disse que o avião de vigilância foi abatido por um míssil terra-ar iraniano no espaço aéreo do país, enquanto Washington disse ter sido no espaço aéreo internacional. A tensão bilateral aumentou desde o ano passado, quando Trump tirou os EUA de um acordo nuclear de 2015 entre o Irão e seis potências e reactivou sanções que haviam sido suspensas devido ao pacto em troca de Teerão restringir as suas actividades nucleares sigilosas. Conforme o acordo, o Irão pode enriquecer urânio até obter material fóssil de 3,67%, bem abaixo dos 20% que estava alcançan-

do as exportações de petróleo cru, sua principal fonte de receita externa—, o Irão disse em Maio que reduziria os seus compromissos com o pacto. Na sua primeira grande violação do pacto, Teerão anunciou na Segunda-feira que acumulou mais urânio pouco enriquecido do que o permitido. Na Quarta-feira, o Governo disse que elevará o enriquecimento de urânio para qualquer nível que precise acima do tecto estabelecido pelo acordo depois de 7 de Julho. Trump respondeu: “Cuidado com as ameaças, Irão. Elas podem se voltar contra vocês como nunca se voltaram contra ninguém”. Desafiando o alerta, Teerão disse que se aterá ao plano de reduzir ainda mais os seus compromissos nucleares.

O

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, revelou nesta Quinta-feira, pela primeira vez, que um submarino militar secreto atingido por um incêndio fatal três dias atrás tinha propulsão nuclear, levando o ministro da Defesa russo a garantir que o reactor foi preservado de forma segura. Autoridades russas foram acusadas de tentarem acobertar os detalhes completos do acidente, que matou 14 marinheiros que realizavam o que o Ministério da Defesa definiu como um estudo do leito do mar perto do Ártico. A divulgação lenta de informações de Moscovo a respeito do incidente rendeu comparações com a maneira opaca com que a União Soviética lidou com o desastre na central de energia nuclear de Chernobyl em 1986 e com outro acidente fatal com um submarino, o naufrágio do Kursk, também de propulsão nuclear, em 2000, que deixou 118 mortos. A Rússia, que diz que os detalhes do submarino envolvido no acidente mais recente são confidenciais, disse que o incêndio aconteceu na Segunda-feira, mas só foi revelado oficialmente na noite de Terça-feira. Até esta Quinta-feira nenhum comunicado oficial havia esclarecido se a embarcação tinha um reactor nuclear, apesar do grande interesse das autoridades da vizinha Noruega. Durante uma reunião no Kremlin com o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, Putin reconheceu o facto de que o submarino tem propulsão nuclear ao perguntar a Shoigu sobre o estado do reactor após o incêndio mortal. “O reactor nuclear da embarcação está completamente isolado”, respondeu Shoigu a Putin, segundo uma transcrição do Kremlin. “Todas as medidas necessárias foram tomadas pela tripulação para proteger o reactor, que está em pleno funcionamento”, acrescentou. O incêndio irrompeu no compartimento de baterias do submarino, explicou Shoigu, e se espalhou. Embora o Kremlin tenha divulgado o encontro Putin-Shoigu na manhã desta Quinta-feira, não ficou claro de imediato quando os dois se reuniram.



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Sexta-feira , 05 de Julho de 2019

MARROCOS E BENIN BATEM-SE POR UMA VAGA NOS QUARTOS-DE-FINAL NO CAN

Jogos do dia

Depois da pausa, os artistas do desporto rei regressam esta tarde ao Estádio do Cairo, no Egipto, para animarem os adeptos nas bancadas. Os Leões do Atlas e os Esquilos serão os primeiros a desfilarem na festa do desporto rei no contonente africano

Marrocos / Benin Dia 05 17 :00 DR

A

Sebastião Félix

cidade do Cairo, no Egipto, palco do CAN 2019, acolhe hoje o primeiro jogo de acesso aos quartos-de-final, às 17:00. Na cidade das Pirâmides, o Marrocos e o Benin batem-se pela vaga, no Estádio Internacional Militar. Nesta partida, o favoristismo

rocos foi uma das equipas com um futebol mais ofensivo, uma equipa em que a bola circulava a toda dimensão do terreno. Por sua vez, o treinador do Benin, Michel Dussuyer, admitiu que Marrocos tem argumentos técnicos e tácticos. Ainda assim, não cruzarão os braços, porque, estão na prova para fazer história seja com que equipa for. Pela passagem aos oitavos-de-final, a imprensa desportiva daquele país e os seus dirigentes admitiram que vão continuar a apostar na formação dentro e fora do continente africano.

lusófonos batem na rocha

N

a festa do desporto-rei, que decorre em solo egípcio, duas selecções de expressão portuguesa fi zeram-se presentes. Angola e a Guiné Bissau não passaram da primeira fase, sendo uma nota negativa a participação dos Países de Língua Oficial Portuguesa. Angola, por ter mais anos nestas provas, foi tão criticada pelos seus adeptos, mas é ponto assente que a Guiné terá sido poupada. Aliás, espera fazer uma melhor participação nas próximas ocasiões, porque acharam que o CAN é uma prova difícil. Já, Angola teve alguns solavancos durante a preparação em Portugal, logo, isso se reflectiu na qualidade do jogo que apresentou.

Egipto / Á’ do Sul Dia 06 20:00

Sebastien Desabre confiante

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recai para os marroquinos, mas o adversário mostrou que não está na prova para receber flores. Aliás, na primeira fase, surpreendeu o Gana dos irmãos Ayew. Perdiam por duas bolas a zero, logo, antes do apito final empataram. O técnico de Marrocos, Hervé Renard, disse à imprensa que será uma partida difícil, porque o Benin sabe jogar com as equipas grandes. “Vamos entrar para fazer o nosso jogo. Mas, temos a obrigação de sermos disciplinados”, adiantou o técnico. Na primeira fase, o Mar-

nigéria / Camarões Dia 06 17 :00

uganda / Senegal Dia 05 17 :00

técnico do Senegal, Sebastien Desabre, em declarações à imprensa no palco da competição, mostrou-se confiante quanto ao jogo desta noite com o Senegal (20:00). Mesmo com o avançado do Liverpool ao serviço dos senegaleses, Desabre acredita que pode carimbar o passe para a outra fase. Por isso, no treino desta Quarta-feira corrigiu as falhas e recuperou fisicamente os seus jogadores com uma peladinha. “Não será fácil, mas podemos chegar lá, fi zemos uma boa fase

regular”, admitiu o técnico dos ugandeses. Os senegaleses, com o estatuto de candidato, têm a obrigação de provar em campo que os quartos serão um facto. Com isso, Sadio Mané e companheiros deverão imprimir, em campo, mais do que aquilo que deram na primeira fase. O Senegal, com algumas reservas, também treinou e corrigiu algumas falhas, uma vez que na fase a eliminar qualquer erro pode ser faltal depois dos noventa minutos. DR

lista de goleadores renhida

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esde que começou o CAN 2019, no Egipto, a lista dos melhores marcadores continua pouco movimentada. Os craques que actuam dentro e fora do continente africano fi zeram o gosto ao pé, mas, de modo reduzido. Assim, Emmanuel Okwi (Uganda), Michael Olunga (Quénia), Mohamed Yatara (Guiné Conakri), Mohamed Salah, Ahmed El Mohamady (Egito), Cédric Bakambu (RD Congo), Charles Andriamanitsinoro (Madagáscar), Sadio Mané (Senegal), Adam Ounas (Argélia),Jordan Ayew (Gana) são os internacionais com dois


Sexta-feira , 05 de Julho de 2019

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Djalma exorta competência

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Nigéria e Camarões: uma final antecipada A

manhã, o jogo entre a Nigéria e os Camarões, pela dimensão que ostentam no futebol africano e mundial, será uma final antecipada. Os nigerianos, com uma selecção renovada, querem surpreender os camaroneses, numa partida com resultado imprevisível. Lutar por uma vaga nos quartos é a tarefa das Águias e dos Leões Indomáveis, mas o empate não é aqui chamado. A partida, se terminar empatada, vai jogar-se o prolongamento e se o resultado se mantiver, vai partir-se para a marca das grandes penalidades. Os camaroneses, com o estatu-

to de campeão africano, quer evitar tais cenários, uma vez que revalidar é o objectivo. Na outra partida, o Egipto, donos de casa, recebem a África do Sul, às 20:00. Os sul-africanos enfrentam a única equipa que joga com casa cheia. No Domingo, o Madagáscar recebe a República Democrática do Congo (RDC), às 17:00. Os congoleses são obrigados a vencer para salvar o técnico Florent Ibengue. A Argélia joga com a Guiné Conacry, às 20:00, ao passo que na Segunda-feira o Mali, carrasco de Angola, abre os oitavos com a Cote d’Ivoire. O Gana fecha esta fase com a Tunísia.

médio da Selecção Nacional, Djalma Campos, depois do afastamento de Angola no CAN 2019 do Egipto, pediu mais competência e responsabilidade administrativa aos dirigentes da Federação Angolana de Futebol (FAF). Indignado, o internacional do Alanya Sport da Trquia disse que a falta de organização também acelerou o desaire de Angola na prova africana. Durante o estágio em Portugal, os Palancas Negras tiveram muitas dificuldades, sendo que realizaram apenas um jogo amistoso com a Guiné Bissau. Os atletas, por falta de prémios de jogo e das correspondentes diárias, ficaram quarenta e oito horas sem treinar. No palco da competição, os pupilos de Srdjan Vasilevic, com jogo amistoso marcado com a África do Sul, não se realizou, porque a federação não criou condições técnicas e administrativas para o efeito.

SiFa faz balanço positivo da participação de angola Kiameso Pedro

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coordenador para a Comissão Instaladora do Sindicato dos Futebolistas de Angola (SIFA), Igor Nascimento, considerou ontem positivo a participação dos Palancas Negras no CAN do Egipto, competição que encerra no dia 19 do corrente mês. Igor Nascimento contou a este jornal que o combinado nacional teve uma participação digna de realce ape-

sar de ter sido desqualificado de forma prematura da maior montra do futebol continental. O dirigente revelou que não foi a questão organizativa ou preparativa que fez com que a selecção fosse eliminada da competição. Igor Nascimento apontou o principal factor da eliminação da Selecção Nacional como sendo a falta de eficácia dos jogadores no momento da finalização. “Tivemos uma boa participação. Não passamos para a outra fase porque nunca

fomos eficazes no momento da finalização. Para mim faltou golos”, assegurou. O dirigente acrescentou que o não pagamento dos ordenados avaliados em 500 mil dólares fornecidos à selecção não afectou o rendimento dos atletas, uma vez que nunca viraram a cara à luta nos momentos difíceis.“Não acredito que o não pagamento dos prémios afectou no rendimento dos jogadores. Eles foram profissionais e demonstraram capacidade competitiva”, finalizou.

Desportistas e artistas juntam-se à Luanda Solidária O Governo Provincial de Luanda (GPL) e o 1º de Agosto realizam no Domingo o jogo solidário de basquetebol, no Pavilhão Victorino Cunha (ex CODENM), às 9:00. O encontro visa apoiar e recolher donativos para apoiar a seca no Sul de Angola. Na campanha, Luanda Solidária, uma iniciativa do GPL, atletas, músicos, humoristas e outros vão fazer parte do evento.

A seca na província do Namibe, Huíla, Cuando Cubango e Cunene afecta muitas famílias, por isso os amigos de Miguel Lutonda, ex-basquetebolista angolano e de Victor de Carvalho vão unir-se para uma causa nobre. Para a obtenção dos ingressos, os espectadores ou amantes da modalidade podem levar qualquer donativo para apoiar os povos no Sul de Angola, à luz da campanha que termina no dia 10. CaRloS auguSTo/aRquivo

1º de Agosto prossegue trabalhos O 1º de Agosto, tetracampeão nacional, prossegue hoje os trabalhos de pré-temporada tendo em vista a participação na 42ª edição do Campeonato Nacional, Girabola Zap. O anúncio foi divulgado ontem a O PAÍS pelo treinador-adjunto do clube militar, Ivo Raimundo Traça. O técnico contou a este jornal que os trabalhos começam, às 09:00. No Estádio França Ndalu, Ivo Traça disse que o clube do

Rio Seco vai trabalhar os aspectos físicos, bem como as questões tácticas e técnicas. O dirigente revelou que o 1º de Agosto está a trabalhar no sentido de garantir reforços, uma vez que quer repetir a poeza do ano passado. “Estamos a trabalhar no sentido de contratar novos jogadores, sobretudo para o ataque. Hoje, vamos privilegiar o aspecto físico, táctico e técnico dos atletas”, disse Ivo Traça.

Brasil e Peru decidem título da Copa América As selecções do Brasil e do Peru decidem no próximo Domingo o título da Copa América, no Estádio Maracanã, às 21:00. Para chegara a esta fase, o Brasil deixou pelo caminho a Argentina por 2-0. O Peru, por sua vez, bateu o Chile, por 3-0. Neste embate, os canarinhos são os favoritos, uma vez que já conquistaram a referida competição por oito

vezes, ou seja, em (1919, 1922, 1949, 1989, 1997, 1999, 2004, 2007). O Peru, por seu lado, conquistou a prova por duas ocasiões, nomeadamente, em (1939 e 1975). Apesar da superioridade dos canarinhos, o Peru vai tentar contrariar o favoritismo do adversário. Para as classificativas do terceiro e quarto lugares batem-se amanhã as selecções do Chile e da Argentina, às 20:00.


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O PAÍS Sexta-feira, 06 de Julho de 2019

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TEMPO

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O PAÍS Sexta-feira , 05 de Julho de 2019

Fonte: INAMET

pREviSÃo Do TEMpo *** 3 DiaS *** paRa aS pRinCipaiS CiDaDES válida de 05 a 07de Julho de 2019 Ê Ê

das 18 horas do dia 04 às 18 horas do dia 05 de Julho de 2019

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT)Ê

Ê

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 05 a 7 de Julho de 2019Ê Data 05/ 07/ 2019

CIDADE

Mín

Data 06/ 07/ 2019

Estado do Tempo

Máx

Mín

Máx

Estado do Tempo

Data 07/ 07/ 2019 Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

18

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Céu pouco nublado/ neblina matinal.

19

25

Céu pouco nublado, neblina.

19

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CABINDA

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Céu parcial nublado, neblina.

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Céu parcialmente nublado.

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Céu nublado pela manhã/ neblina.

SUMBE

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Céu parcialmente nublado, neblina.

21

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Céu nublado pela manhã/ neblina.

21

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Céu nublado pela manhã/ neblina.

CAXITO

16

32

Céu nublado pela manhã/ neblina.

18

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Céu nublado pela manhã/ neblina.

18

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Céu parcial nublado, neblina.

MBANZA CONGO

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Céu parcial nublado, neblina.

15

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Céu parcial nublado, neblina.

15

30

UIGE

15

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Céu parcialmente nublado, neblina.

14

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Céu parcialmente nublado.

14

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NDALATANDO

15

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Céu nublado pela manhã/ neblina.

14

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Céu nublado pela manhã/ neblina.

14

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Céu nublado pela manhã/ neblina.

MALANJE

14

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Céu nublado pela manhã/ neblina.

10

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Céu nublado pela manhã/ neblina.

10

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Céu nublado pela manhã/ neblina.

DUNDO

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Céu parcialmente nublado a limpo.

18

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Céu parcialmente nublado a limpo.

18

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Céu parcialmente nublado a limpo.

SAURIMO

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Céu pouco nublado a limpo

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30

Céu pouco nublado a limpo

14

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Céu pouco nublado a limpo

BENGUELA

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Céu nublado pela manhã/ neblina.

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Céu nublado pela manhã/ neblina.

16

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Céu pouco nublado a limpo

HUAMBO

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Céu limpo

04

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Céu limpo

04

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Céu limpo

CUITO

10

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Céu limpo

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26

Céu limpo

11

26

Céu limpo

LUENA

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Céu limpo

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Céu limpo

12

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Céu limpo

LUBANGO

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Céu limpo

13

27

Céu limpo

13

28

Céu limpo

MENONGUE

11

28

Céu limpo

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29

Céu limpo

12

27

Céu limpo

MOÇÂMEDES

16

27

Céu nublado pela manhã/ neblina.

17

26

Céu nublado pela manhã/ neblina.

17

27

Céu nublado pela manhã/ neblina.

ONDJIVA

11

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Céu limpo

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Céu limpo

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Céu limpo

Céu parcial nublado, neblina.

Céu parcial nublado, neblina. Céu parcial nublado, neblina.

O (s) Meteorologista (s): Urssula Gonçalves. Ê

Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu parcialmente nublado, apresentando-se nublado pela madrugada e manhã. possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal em alguns municípios das províncias de luanda, Cabinda, Zaire, uíge, Malanje, Cuanza-Sul, Cuanzanorte e lunda-norte. rEGIÃO CENTrO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado a limpo. nublado pela madrugada e manhã ao longo da faixa litoral.

rEGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango Céu geralmente limpo. nublado pela madrugada e manhã ao longo da faixa do litoral. possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal em alguns municípios da província do namibe.

Luanda, 04 de Julho de 2019

Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.aoÊ

TEMPO NO MAr Fonte: INAMET

BolETiM METEoRolÓgiCo paRa a navEgaÇÃo MaRíTiMa 1. SITUAÇÃO GErAL ÀS 18:00 TU dO dIA 04 dE JULHO dE 2019: Circulação de Sudoeste moderada, Circulação de Sudoeste - Sul moderada a forte entre os paralelos 6°S a 14°S. Circulação de Sul forte entre os paralelos 14°S a 18°S. INSTITUTO DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET 2. PrEVISÃO VÁLIdA ATÉ ÀS 18:00 TUNACIONAL dO dIA 05 dE JULHO dE 2019: Centro Nacional de Previsão do Tempo

METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA 3. AVISO: VENTOS FOrTES dEBOLETIM ATÉ 26 NÓS (48 KM/H) PArA rEGIÃO MArÍTIMA dO NAMIBE, ENTrE OS PArALELOS 14°S a 18°S.

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 04 DE JULHO DE 2019: Circulação de Sudoeste moderada, Circulação de Sudoeste - Sul moderada a forte entre os paralelos 6°S a 14°S, Circulação de Sul forte entre os paralelos 14°S a 18°S. 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 05 DE JULHO DE 2019:

3. AVISO: VENTOS FORTES DE ATÉ 26 NÓS (48 Km/h) PARA REGIÃO MARITIMA DO NAMIBE, ENTRE OS PARELOS 14°S a 18°S.

REGIÃO

VENTO

ESTADO DO TEMPO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Nublado, neblina

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S)

Nublado, neblina

Benguela (12°S – 14°S)

Nublado, neblina

Namibe (14°S – 18°S)

Nublado, neblina

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

Sudoeste

Até 10

Até 1.6

Agitado

Fraca pela manhã (Superior a 4)

Sudoeste a Sul

10 à 20

1.7 à 2.0

Agitado

Fraca pela manhã (Superior a 4)

Sudoeste a Sul

Até 20

Até 2.6

Muito agitado

Fraca pela manhã (Superior a 4)

Sul

Até 26

Até 2.8

Muito agitado, localmente agitado.

Fraca pela manhã (Superior a 5 )

dESCrIÇÃO SINÓPTICA dAS 18:00 TU dO dIA 04/07/2019 ÀS 18:00 TU dO dIA 05/07/2019. o anticiclone de Santa Helena irá deslocar-se gradualmente para leste durante as próximas 24H, com a pressão central de 1030hpa decaindo para 1020hpa, influênciando, assim, o padrão e a intensidade do vento. prevê-se ondas maximas até 2.8 metros de altura para a região marítima do namibe. para as regiões marítimas de Cabinda, Zaire, Bengo, luanda, Cuanza-Sul, e Benguela, prêve-se ondas maximas de até 2.6 metros de altura.

4. CArTA dO VENTO MÁXIMO E dA ALTUrA dA ONdA MÁXIMA PrEVISTA

os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


OPINIÃO

OPAÍS Sexta-feira , 05 de Julho de 2019

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rICArdO VITA*

Teremos o FestiKongo de 5 a 8 de Julho, graças à Unesco!

C

omo os Angolanos separatistas e alienados culturalmente, ou si mplesmente hipócritas, têm a viciosa tendência de confundir os Bakongo do norte do país com aqueles que eles chamam de Zairenses, o FestiKongo vem aí para lhes oferecer outra oportunidade para isso. Diz-se que a confusão é devida à história mal contada do país e ao facto de que Holden Roberto seja desses lados de Angola, como o histórico movimento de libertação colonial que fundou e dirigiu, a FNLA. Mas também porque não se diz o suficiente que o português, a língua que lhes foi doutamente ensinada a amar, entrou por aquelas portas e que lá permaneceu por tempo suficiente para permitir que os seus nativos se tornassem bispo e professores de humanidades em Lisboa a partir do século XVI. E não sabem que muitos dos quais admiram o timbre - já que o português é o único e legitimado termómetro de angolanidade; a suposta vantagem que transformaram em constrangimento social contra aqueles que não a possuem, isto é, Angolanos totalmente à parte - são destas terras discriminadas. Mas estes também, tendo entrado plenamente na autocensura, por complexos provocados pela ira da história; e para salvar carreiras e ganhos sociais, só contribuem a aumentar a confusão na confusão. Como se realmente devêssemos nos orgulhar de termos sido forçados a falar uma língua por um opressor que eliminou totalmente as nossas! E não é surpreendente que seja a única língua colonial que nunca produziu um Césaire ou um Baldwin plenos e autênticos, autores cujas obras quase nunca foram traduzidas nessa língua que veneram; porque têm o Negro no centro do seu pensamento intelectual. Esta é a nossa realidade colonial e a res-

trição que isso implica, e esta é a razão fundamental da inconsciência, pois temos ainda o prazer em ser o espantalho no carnaval dos outros. Infelizmente, a Angola da divisão, incultura, mediocridade, que nunca emergiu do estreito mundo lusófono está bem viva. Porém, uma observação fi na hoje permite dizer que tudo isso parece estar a acabar, com a chegada de um homem com carácter providencial para conduzir os destinos do país, um líder que percebeu e que pretende criar uma Angola para todos, apesar da resistência dos potentados de ontem. Ele parece querer fazer as nossas diferenças uma força, pois, a própria possibilidade deste texto é devida ao novo vento que ele traz. Então esses que se sentem mais legítimos do que aqueles deveriam aproveitar a oportunidade que o FestiKongo oferece para observar, através dos convidados dos dois Congos e do Gabão, - três partes que compunham o Antigo Reino do Kongo e que sabem reivindicar e se orgulhar deste excepcional tesouro da sua história-, como se vive orgulhosamente com a sua africanidade e a sua herança. Precisam olhar para outros lugares para conhecer os homens, essa parte de si mesmos e conhecer a si mesmos. Não será tarefa fácil para aqueles que ainda copiam o antigo colonizador até nos gestos, visto que ser comparado a um congolês - seu irmão mais próximo - é o maior insulto que podemos infligi-los. Isso reflete a crise de identidade deste país africano. Mas este momento raro e singular, que as exigências da Unesco permitem, deveria servir mais para refletir, deveria ser um momento de partilha do conhecimento e da memória. Deveria permitir fazer uma antropologia dos momentos críticos da história dos nossos povos; deveria ser um momento de salvaguarda da memória e do conhecimento. Seja como for, pa-

ra mim, este momento não tem de ser apenas um momento de « dançar » para o passado do Kongo ou para a cidade de Mbanzaa-Kongo que foi elevada ao grau de Património Mundial por uma instituição ocidental. Este deveria ser um momento para « pensar » a África através da sua história. O festival deveria servir como uma oportunidade para passar de uma antropologia de mundos colonizados para uma antropologia de mundos contemporâneos africanos. Daí a minha decepção quando o programa foi revelado na imprensa nacional: finalmente vamos sobretudo dançar e comer na primeira edição do FestiKongo; é a melhor maneira que achámos para saudar a honra que o Ocidente deu à cidade de Mbanza-aKongo; porque os momentos dedicados ao pensamento e à reflexão - na presença do público - são marginais no programa, apesar do facto de que os três países afirmam ter grandes intelectuais. Então quando é que vamos realmente descolonizar os imaginários e as consciências? E bem que Georges Balandier, um dos maiores antropólogos do século XX, tivesse escrito que « A África sabe quem ela é. Sempre soube, mas nós, no Ocidente, e também muitos outros, simplificamos a sua realidade complexa, ignoramos a sua força de ser e manter o

Deveria permitir fazer uma antropologia dos momentos críticos da história dos nossos povos; deveria ser um momento de salvaguarda da memória e do conhecimento

que ela é, talvez por incapacidade, por preguiça e cálculo especialmente. Cálculo do dominador, do mestre da valorização e exploração, do professor que faz a pedagogia do civilizador», ainda esperamos para receber ordens para nos celebrar! E mesmo se Leo Frobenius foi um dos primeiros etnólogos - do início do mesmo século - a contestar a ideia de que os Europeus só teriam encontrado selvagens em África; a quem, obviamente, não é preciso dizer, eles teriam trazido a civilização, e escreveu que « Quando chegaram à baía da Guiné e se aproximaram de Veda, os capitães ficaram muito surpresos ao encontrar ruas bem equipadas, ladeadas por várias léguas por duas fileiras de árvores; Durante muito tempo, atravessaram um país coberto de magníficos campos, habitados por homens vestidos com trajes brilhantes cujos tecidos haviam feito eles mesmos! Mais ao sul, no Reino do Congo, uma multidão apinhada vestida de seda e veludo, Estados grandes e bem ordenados, em minuciosos detalhes, governantes poderosos, indústrias opulentas. Civilizados até a medula dos ossos! E semelhante era a condição dos países da costa leste, Moçambique, por exemplo », ainda assim os imaginários coloniais dominam as nossas mentes. Mas o que é certo é que os Bakongo nunca esqueceram a sua história. Sabem que os Europeus se punham de joelhos para se dirigir aos seus monarcas e que a sua civilização não tem nada a invejar de outras civilizações. Por isso ainda têm os seus nomes próprios. E até as pinturas rupestres de Mbafu nos dizem que, no tempo de D. Afonso I, no século XVI, eles já imaginavam o seu Cristo negro. E se aqueles que governaram o país até recentemente não tivessem criado a cleptocracia que ficou com tudo, depois de sacrificar as suas vidas por este país durante décadas, especialmen-

te para lutar contra o colonialismo; se não tivessem passando de heróis a anti-heróis, de contribuidores na libertação de Nelson Mandela e no fim do apartheid na África do Sul a traidores do povo em menos de 10 anos, - que desperdício! -, essa cidade-capital, Mbanza-a-Kongo, cuja província fornece um grande volume do petróleo do país não teria os problemas logísticos e de infra-estruturas vergonhosos que tem e que afectarão terrivelmente o festival. Mas, estranhamente, esta cidade sempre foi desleixada e a província em que está localizada nunca foi governada por nenhum de seus naturais. Há até murmúrios, aqui e acolá, de estratagemas malsãos de lobbies obscuros que sempre quiseram que a capital fosse transferida para o Soyo, o que seria outro elemento de criação de desunião e crise profunda desnecessárias. E agora que estamos condenados a viver juntos, então vamos apoiar a saudável dinâmica do novo líder, para não arranjarmos depois desculpas para não fazer nada. Esperemos que o vento do passado não venha obstruir o nosso ainda frágil entendimento cordial. Acalmemos os nossos demónios mais profundos, solicitemos os melhores anjos e lembremo-nos, sempre, de que todos nós temos uma missão para com a nossa pátria. Mas só temos duas escolhas: assumi-la ou traí-la.

* é Pan-africanista, afrooptimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Folha de São Paulo (Brasil), do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É cofundador e vice-presidente do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.


ÚLTIMA

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O PAÍS Sexta-feira, 05 de Julho de 2019

deputada do MPLA condena instituições que alegadamente exigem testes de VIH/ SIdA para contratar A deputada Eulália rocha condenou “a exigência de testes” de viH/SiDa nos processos de recrutamento de algumas instituições em angola, considerando ser uma “atitude inaceitável”

A

deputada Eulália Rocha condenou esta Quinta-feira a atitude de algumas instituições do país por “supostamente exigirem testes de VIH/SIDA para contratar”, considerando ser uma “atitude inaceitável” e que deve ser denunciada. “Porque se a lei não prevê e essa pessoa ao ir pedir o emprego lhe for exigido o teste de VIH/SIDA, ela tem de denunciar esses aspectos, porque temos de trabalhar com a lei, a denúncia é importante, porque estamos diante de uma acção condenável”, disse esta Quinta-feira a deputada em declarações à Lusa. A Lusa noticiou a 26 de Junho passado que a activista Carolina Pinto, seropositiva, denunciou que instituições em Angola “continuam

a exigir testes” de VIH/SIDA para contratar, “inclusive a empregadas domésticas“, afirmando que “persiste no país uma discriminação a vários níveis“. “A discriminação persiste sim e a vários níveis, nas instituições, seja pelo empregador, seja pelos colegas, e prova disso é que ainda continuamos a pedir testes de VIH/SIDA para ingressar no emprego e até a empregadas domésticas estão a pedir os testes”, afirmou a activista, em declarações aos jornalistas, à margem de um encontro que abordou a doença. “Não acredito que após o resultado positivo ela possa ser empregada, então está claro que a discriminação existe a vários níveis e precisamos de fazer alguma coisa para combater”, adiantou, alertando que a discriminação pode contribuir para o

aumento do número de pessoas infectadas. Ontem, Quinta-feira, a deputada do MPLA e membro da Comissão dos Direitos Humanos, Reclamações e Petições dos Cidadãos do parlamento angolano, afirmou que discriminação dessa natureza “é inaceitável”. “E nem quem tenha a doença não pode ser afastada do seu local de trabalho, não podemos ter essas formas de ver as coisas por se tratar de uma discriminação inaceitável, porque quem tem VIH/SIDApode sim trabalhar”, defendeu. Questionada sobre se as referidas queixas chegam ao domínio da Comissão que integra, a deputada Eulália Rocha deu conta que “questões laborais e expropriação de terras” lideram as queixas ao nível da comissão que “nunca recebeu quei-

angola registou na época balnear 526 mortes por afogamento do total de afogamentos, 244 mortes foram em rios, 151 em praias marítimas, 126 em poços de água, tanques, lagoas, inundações, fossa séptica e reservatórios de água, e cinco outras em piscinas

A

ngola registou um total de 526 afogamentos na última época balnear, entre Agosto de 2018 e Maio deste ano, uma realidade que “continua preocupante”, revelou ontem, Quinta-feira, o Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros (SNPCB). Segundo o responsável da Direcção de Resgate e Salvamento do SNPCB, sub-comissário bom-

beiro João Ambrósio, “a situação continua preocupante, atendendo ao número de mortes por afogamento que se verificaram ao longo da época balnear”. No período em referência, foram notificadas um total de 734 ocorrências diversas, menos 265 comparativamente ao período homólogo. Do total de afogamentos, 244 mortes foram registadas em rios, 151 em praias marítimas, 126 em cacimbas (poços

de água), tanques, lagoas, inundações, fossa séptica e reservatórios de água, e cinco outras em piscinas. A província de Luanda foi a que registou o maior número de afogamentos, com 80 óbitos, seguindo-se Benguela (48), Huambo (60), Bié (45), Lunda-Norte (37), Namibe (30), Huíla (28) e

“É uma questão de consciência do cidadão. As placas estão aí para, em primeira instância, preservar a vida das pessoas que se fazem a estes lugares”

DR

xas em relação ao VIH”. O Instituto Nacional de Luta contra Sida (INLS) anunciou, em Maio, que pelo menos 13.000 pessoas morrem anualmente em Angola vítima da doença e que das

310.000 pessoas que vivem no país com VIH/Sida, cerca de 27.000 são crianças, 190.000 mulheres e 21.000 grávidas. A taxa de prevalência no país segundo as autoridades é de 2,0%.

Cuanza-Sul (29). Segundo João Ambrósio, no interior do país, as províncias mais afectadas foram o Huambo, Bié e Lunda-Norte, tendo 60% dos casos ocorrido em cacimbas. Sobre os afogamentos em rios, João Ambrósio disse que se verificam porque no interior do país a população utiliza esse recurso para a sua subsistência, quer para os atravessar quer para o consumo de água. Na base dos afogamentos foram apontados essencialmente a exaustão física (55%), o consumo de bebidas alcoólicas (15%), a má natação (14%), as correntes (10%) e doença súbita (6%). As equipas de nadadores-salvadores salvaram um total de 190 pessoas. A faixa etária com maior registo de casos (111) é a dos 10 aos 19 anos, sendo o sexo masculino o mais afectado, com um total de 461 pessoas. João Ambrósio referiu que se continua a verificar o problema da retirada pelos cidadãos das placas que proíbem o uso de

certas praias, apesar das várias campanhas de sensibilização. “É uma questão de consciência do cidadão. As placas estão aí para, em primeira instância, preservar a vida das pessoas que se fazem a estes lugares”, disse. Relativamente ao número de nadadores-salvadores, o responsável disse que não é suficiente, salientando que está em curso um processo para aumentar o número de efectivos, iniciado em 2011, com o recrutamento de pessoal com habilidades de natação. “Temos uma extensão de praias marítimas de cerca de 1.650 quilómetros, dos quais 560 são praias usadas, algumas delas não ainda em condições, mas este leque de extensão territorial não encontra ainda cobertura devido ao número insuficiente de nadadores salvadores que o serviço tem”, referiu. Segundo João Ambrósio, o SNPCB conta actualmente com pouco mais de mil nadadoressalvadores.


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