OPaís edição nº1539 de 19/07/2019

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JOÃO LOURENÇO ADMITE EXISTÊNCIA DE ANTIGOS COMBATENTES “FANTASMAS”

ENFERMEIROS PODEM ENTRAR EM GREVE SEGUNDA-FEIRA

o presidente da república, João lourenço, denunciou a existências de milhares de antigos combatentes “fantasmas”, à semelhança do que acontece noutros sectores da função pública. P. 02

os enfermeiros poderão entrar em greve a partir das 7 horas de Segunda-feira, até quarta-feira, caso a bastonária da ordem dos Médicos de Angola, Elisa gaspar, não peça desculpas, publicamente, a todos os profissionais deste sector, pela alegada forma “desprestigiante com que se referiu a essa classe e se a procuradoria geral da república não retirar do ar a publicidade da enfermeira corrupta”. P. 12 Director: José Kaliengue

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O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA

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Edição n.º 1539 Sexta-feira, 19/07/2019 preço: 40 Kz

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Dr

LUANDA, BENGUELA, HUÍLA E HUAMBO

17 ASSOCIAÇÕES CONTROLAM O TRÁFICO DE COCAÍNA SOCIEDADE. Dezassete indivíduos, que o Serviço de Investigação Criminal (SIC) diz desconhecer, comandam o tráfico de droga em Luanda. Fazem-no por via de igual número de associações com ramificações noutras províncias e em países como o Brasil, África do Sul e a Namíbia, segundo o chefe interino de informação da Direcção Nacional de Combate ao Narcotráfico, Carlos Manuel. P. 10 Governo diz-se preparado para travar propagação do ébola

Produção faz Sonangol regressar a lucros gordos

● A ministra da Saúde, Sílvia

lutucuta, garantiu, ontem, na província do Zaire, estarem criadas as condições para conter uma “eventual” propagação da febre BAI Directo_ O Pa’ no s_276x42,733mm.pdf hemorrágica do Ébola país. 12

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03/07/17

10:29

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Confiança no Futuro

● Senegal

e Tunísia batem-se hoje pelo troféu da maior festa africana do desporto-rei, no Egipto, no Estádio Internacional, às 20:00. Os Leões da Teranga regressam a uma final 17 anos depois. 26

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A petrolífera nacional regressa a lucros mais expressivos, quase 80 mil milhões de kwanzas, devido ao bom desempenho do segmento de exploração e produção de petróleo. Angola desceu a produção, mas o aumento do preço do barril compensou. 25

Cidade do Cairo conhece vencedor do CAN 2019

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O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

Virgilio pinto

nal denúncias que apontam a existência deste fenómeno na Polícia Nacional, pelo que quer ver as medidas a serem tomadas pelo comandante-geral da Polícia Nacional, comissáriochefe Paulo de Almeida, bem como pelo titular da pasta do Interior, Ângelo da Veigas Tavares. João Lourenço acrescentou que se o Estado pagar apenas o que merece pagar, maior responsabilidade terá para aumentar os subsídios dos antigos combatentes e veteranos de guerra. “Mais vale pagar mais aos que respiram do que a milhões de fantasmas”, disse, não tendo descartado a possibilidade de poder repensar o aumento dos subsídios. Para o Presidente da República, a dignificação dos antigos combatentes e veteranos da pátria, não se resume apenas na melhoria dos subsídios e nas condições materiais, pelo facto de entender que tem uma dimensão maior. “Os direitos e regalias não são reflectidos de forma momentânea, de forma material. Se um antigo combatente numa bicha tiver prioridade é a dignificação da sua condição”, afirmou. Acrescentou que “tudo isso é um trabalho que deve contar não só com o Governo, mas também com várias entidades, como associações da sociedade”, sublinhou.

pr admite a existência de antigos combatentes “fantasmas” O Presidente da república, João lourenço, admitiu a existência de milhares de antigos combatentes “fantasmas”, à semelhança do que acontece noutros sectores da função pública

Norberto Sateco, enviado a Mbanza Congo

J

oão Lourenço fez este pronunciamento quando respondia às inquietações dos antigos combatentes e veteranos de guerra, na cidade de Mbanza Congo, durante o Conselho de Auscultação Social das Comunidades, no qual exigiram maior atenção do Governo e o aumento dos subsídios que consideram irrisórios. O Presidente da República disse haver fantasmas no Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, à semelhança do que ocorre

nas Forças Armadas Angolanas (FAA) e na Polícia Nacional (PN). “O Estado também está a pagar… a beneficiar, mas, infelizmente, alguns fantasmas conseguem se infiltrar”, denunciou, realçando ser necessário o Estado defender-se, para pagar àqueles que merecem ser pagos. Para se pôr termo a esta situação, garantiu estar em curso no ministério de tutela um trabalho de recadastramento e em vários sectores da vida pública, para se alterar o quadro. Disse ter ouvido em tribu-

Combate à corrupção selectivo Sobre o combate à corrupção que em alguns círculos políticos seaponta como sendo selectivo e confinado apenas em Luanda, o Presidente da República desclassificou tal afirmação, alegando não corresponder à verdade. “Não acredito que a luta contra a corrupção esteja a ser feita simplesmente em Luanda. Até há quem diga que está a ser feita pelo Presidente da República. Isso não é verdade e não é possível”, disse João Lourenço. Acrescentou estar a ouvir frequentemente pelos meios de comunicação social a detenção de directores provinciais com processos na Procuradoria Geral da República, por suspeitas de peculato. “Todos nós somos soldados da luta contra a corrupção” disse, tendo-se manifestado satisfeito pela forma como as questões lhe foram colocadas, de forma aberta e transparente.


O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

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governador pede apoio ao PR para reabilitar hospitais O governador do Zaire, pedro Makita Júlia, reconheceu que a rede sanitária desta província é cada vez mais débil, devido ao avançado estado de degradação da maior parte das infra-estruturas hospitalares e centros de saúde Norberto Sateco, enviado a Mbanza Congo Virgilio pinto

A

preocupação foi manifestada ontem, 18, em Mbanza Congo, capital da província do Zaire, na apresentação do plano de acção do Governo no âmbito do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) ao Presidente da República, João Lourenço. Este quadro surge numa altura em que as autoridades sanitárias apontam a malária e as doenças respiratórias agudas como as que mais preocupam na província, sem, no entanto, adiantarem o número de mortes resultantes destas patologias. Para além destas patologias, o governante disse haver a subida de doenças crónicas não transmissíveis, com realce para a hipertensão e a diabetes. Para reverter o quadro, Pedro Makita Júlia solicitou ao Titular do Poder Executivo apoio financeiro para a conclusão dos hospitais municipais de Mbanza Congo (município sede da província), Nzeto, Soyo, e o materno-infantil do município do Tomboco. “Grande parte das unidades sanitárias, postos e centros de saúde clamam por reabilitação e a instalação dos sistemas de energia elétrica e de água”, afirmou Pedro Makita. Além da degradação das infra-estruturas, o governante informou ao Presidente da República a falta, também, de quadros qualificados para dar resposta aos desafios actuais. Os serviços especializados no domínio da saúde, segundo o governador, são garantidos por médicos expatria-

dos, que, na sua maioria, está a abandonar o país por falta de pagamentos dos seus ordenados. “Os médicos russos que estão no hospital de Mbanza Congo, muitos já começaram a regressar para o seu pais de origem por falta de pagamento de salários”, reforçou. Face à situação, o Hospital Municipal de Mbanza Congo conta actualmente com apenas um médico pediatra para atender as centenas de crianças que acorrem àquela unidade em busca de tratamento. Deplorou o facto de muitos quadros angolanos admitidos por via de concursos públicos abandonarem as suas áreas de trabalho. A província conta com 97 unidades sanitárias, sendo o Hospital Municipal de Mbanza Congo o de maior referência, mas que clama por obras de reabilitação. Alargamento da rede escolar No que diz respeito à rede escolar, Pedro Makita disse que a província conta actualmente com mais de 2 mil salas de aulas para o ensino primário e do segundo ciclo, o qual disse estar a corresponder às expectativas. No domínio do ensino superior, destacou o desmembramento do pólo universitário de Cabinda como tendo sido uma mais-valia, mas defende a criação de núcleos universitários em alguns municípios da província. “Outros municípios também vão clamando para a criação de pólos universitários face aos desafios actuais que se exigem”, disse. Para ele, o complexo que alberga grande parte dos professores deve merecer uma maior atenção, pelo facto de não oferecer condições dignas para estes profissionais.

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Energia eléctrica Sobre o Ciclo Combinado do Soyo, o dirigente ressaltou a conclusão do processo de electrificação, tendo garantido estarem em fase conclusiva as obras das subestações do Nóqui e Tomboco. Anunciou a entrada em funcionamento de um novo sistema de captação de água, cujas obras estão sob tutela do Governo Central. DStv_NFS_2019_2020_Anuncio_Generic_Pais_163,6x355,6mm.indd 1

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DESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 08 Jovens do Zaire apresentam problemas ao pr para receberem soluções.

o editorial SOCIEDADE. PÁG. 10

17 líderes de associações controlam o tráfico de cocaína.

CARTAz. PÁG. 14 “o Diário do governo tem 147 anos e é o mais antigo do acervo da Biblioteca nacional de Angola”.

ECONOMIA. PÁG. 18 Bancos retomam o seu papel em movimentar as contas em divisas, diz economia .

O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

HOJE:

Atenção às nossas barbas

É

mais do que hora de Angola pôr as suas barbas de molho. A república Democrática do Congo já começou a exportar o vírus do Ébola. o rwanda e o Uganda já registaram casos da doença nos últimos dias. Angola tem com a rDC uma fronteira imensa, muito permeável e o movimento de pessoas nas duas direcções já se sabe ser bastante grande. o sistema de saúde angolano é frágil, como se sabe, a única forma que se tem para enfrentar o perigo do Ébola é a prevenção e um controlo sanitário muito apertado nas fronteiras, para que a resposta seja rápida e eficaz em caso de necessidade. E é fundamental intensificar a educação sobre o assunto. As comunidades devem ser devidamente informadas. o perigo está aqui bem ao lado

os números do dia

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50 150

Festival de Poesia e Letras, promovido pelo Núcleo do Movimento Literário LevArte do Bengo, decorre na cidade de Caxito, segundo a organização.

a 100 pessoas morrem anualmente por afogamento em cacimbas na província do Huambo, segundo o Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros.

Mil cidadãos vão beneficiar-se do abastecimento de água potável, por via do novo sistema que foi construído na cidade Mbanza Congo, na província do Zaire, segundo o governo local.

115

Quilómetros da estrada que liga o município de Cacolo à comuna de Alto Chicapa, na próvíncia da luanda-Sul, começam a ser reabilitados em Agosto.

o que foi dito MUNDO . PG. 24 incêndio criminoso em estúdio de animação do Japão pode ter deixado 30 mortos.

A campanha Jango de Valores dará resultados positivos a médio prazo no que toca à prevenção dos vários riscos” Faustina Alves Ministra da Acção Social

O patrocínio tem de ser procurado. Como vimos, houve patrocínio de algumas empresas . Não se pode esperar que o Estado patrocine tudo” Maria da Piedade Ministra da Cultura

Há necessidade de existir mais aberturas e menos burocracia para os empresários namibianos investirem” Remind Ekaundjo Empresário namibiano


O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

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e assim... José Kaliengue Director

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o empresário tomasz Dowbor e encontre algumas respostas às suas inquietações sobre o desenvolvimento africano

Dez anos a (des)maiar

D

www.opais.co.ao Mbanza Congo (Angola): O momento em que o Presidente João Lourenço cumprimenta, na sua chegada ao Zaire a autoridade tradicional titular do Reino do Kongo. (Virgilio pinto)

o que vai acontecer Saúde Angola participa, hoje,

em lusaka, na Zâmbia, na reunião do Comité Ministerial do Órgão de Cooperação política, Defesa e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). De acordo com a nota à imprensa, o ministro da Defesa nacional, Salviano Sequeira, vai chefiar a delegação angolana que participa no encontro de dois dias. A reunião vai analisar, entre outras questões, a situação política, de defesa e segurança da região, com destaque para a república Democrática do Congo e o reino do lesotho e arredores, segundo o programa de actividades

Formação o Fundo de Apoio Social (FAS) promove na cidade de Malanje uma acção de formação dirigida aos Agentes de Desenvolvimento Comunitário e Sanitário (ADECoS), com vista a melhorar a sua actividade. A formação, com a duração de quatro dias, é destinada aos ADECoS dos municípios de Malanje e Mucari e tem como objectivo fundamental a harmonização dos conhecimentos e troca de experiências sobre os instrumentos de trabalho e actividades práticas, visando a melhoria do sistema de mobilização para a promoção do desenvolvimento comunitário e sanitário

Artes Acompanhiadeartes

HorizontenjingaMbandeapresenta,apartirdehojeatéDomingo,às20h30,nasuasede,em luanda,oespectáculodramático “Aponte-DoinfernoaoDemónio”,umacríticasocialadeterminadoscomportamentoserrados dajuventude. oespectáculo, encenadoporAdelinoCaracol,é umametáforasobreasvárias incertezasdodestino,que,pela sensibilidadedoseutema,éapresentadoemduassessões,umaàs 19h45eoutraàs21h30. Baseadonahistóriafictíciade umajovemquesesentiainconformadacomasuavidaque,sem perceber,faziaumesforçopara evitarcertassituações

Cultura olivro“MbôngiaÑgîn-

du”,queemportuguêssignifica escoladeCiênciaspolíticasno antigoKongo,dohistoriador angolanopatrícioBatsîkama,será lançadonodia23destemês,no AuditóriodoinstitutoSuperior politécnicotocoísta(iSpt),em luanda.Aobra,segundooprefaciadodeivaldolima(coordenador depós-graduaçãoemEstudos AfricanosdaUniversidadeda Bahia-Brasil),mostradetalhes dosváriosaspectospolíticose administrativosdoreinodoKongo,desdeasescolasdeformação eocorpotécnicodefuncionários. oautorfoimovidoaoescrevero livrode133páginassobreoreino doCongo

Futebol o petro de luanda prepara na África do Sul a temporada futebolística 2019/2020.

ez anos depois dos primeiros episódios, os desmaios colectivos de meninas e senhoras continuam, sem qualquer explicação aceitável. Ocorrem em todo o país, o que torna o fenómeno ainda mais preocupante. As autoridades ficaram-se pela explicação muito “científica” de causas como a fome (uma vergonha nacional se for verdade) e o uso de tissagens. Ora, as tissagens não são um exclusivo angolano, nem todas as desmaiadas as usam e, apesar de o fenómeno não ter atingido ainda os colégios mais caros, até onde se sabe, não escolhe condição social. Os últimos casos foram os da cidade do Sequele, esta semana. Tirando a fome e a tissagem, buscaram-se provas científicas de verdade analisando o ar das áreas afectadas? analisou-se amostras do chão, da tinta das paredes, da madeira das carteiras, etc.? Fez-se uma leitura das imagens nas imediações recuando até quinze ou vinte dias antes dos casos? Deve-se fazer todas as análises químicas e biológicas muitas e muitas vezes, já que os sintomas de que se queixam as vítimas não variam de região para região. Há que colocar sobre a mesa todas as perguntas: estamos sob um ataque extraterrestre? Sob ataque químico de uma potência que escolheu Angola como cobaia? Havendo casos semelhantes no mundo, como estão ou agiram as autoridades locais? E, já agora, há um registo fiável de todas as vítimas desde o primeiro caso e estão a ser monitoradas em termos de saúde física e mental? Em casos destes é proibido maiar.

E também... Dia de Santo Arsénio - 19 de Julho Arsénio, “o Grande” nasceu em Roma no ano de 354, no seio de uma família de senadores. Foi tutor dos filhos do imperador Tedodósio em Constantinopla e ordenado sacerdote pessoalmente pelo Papa Dâmaso. Em 394 deixou o seu cargo de tutor imperial para se retirar no deserto egípcio. Foi aqui que conheceu Santo Antão e se recolheu a uma vida eremítica contemplativa. Santo Arsénio seria então procurado pela sua sabedoria por pessoas que faziam grandes peregrinações só para o ouvirem.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos luís gomes paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

NO TEMPO DO KAPARANDANDA

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

OPAÍS

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais. co.ao Grande repórter: André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao Editorias : Política: ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia luís Faria (Coordenador-Editor) luis.faria@opais.co.ao Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto nunes, rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, neusa Filipe, Afrodite Zumba, Milton Manaça, Antónia gonçalo, Maria teixeira, iracelma Kaliengue, patrícia oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela),Brenda Sambo, Maria Custódia, Kiameso pedro e Adjelson Coimbra. Arte: ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto)lourenço pascoal, Annette Fernandes, nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), pedro nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio pinto, lito Cahongolo (repórteres fotográficos), rosa gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Revisão: António Setas Agências: Angop, AFp, reuters, getty images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, rosa gaspar, inês Monteiro e Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMEr, S. A. luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media nova Distribuição tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno pedro tel: +244 945 501 040 Bruno.pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor)isabel Dalla e Ana gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio AlpHA, talatona- luanda. tel: 222 009 444 república de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 Vladimir teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

19 de Julho de 1900 -inaugurou-se o

Metro de paris, em França

1965

19 de Julho de -o presidente da Argélia, Ben Bella, foi deposto através de um golpe de Estado (apoiado pelos militares) sem derramamento de sangue

1985

19 de Julho de -o vice-presidente dos Estados Unidos, george H. W. Bush, anunciou que Christa McAuliffe, professora em new Hampshire, tornar-se-ia a primeira professora a viajar no vaivém espacial

CARTA DO LEITOR

Mais investimentos no Zaire Dr

Estimado director, saudações laborais nesta semana, em luanda e em todo o país. A província do Zaire, uma parte de Angola, recebe a visita do presidente da república, João lourenço. Um acto louvável, aliás, é seu trabalho e, como tal, deve avaliar o que está mal e melhorar o que está bem, isto é um facto. o Zaire é uma província rica em petróleo e com fortes potencialidades turísitcias e uma vasta gama de pratos típicos da terra. Mas é ponto assente que aquela zona precisa urgentemente de mais investimento. E isto prova que depois da guerra que assolou este rico e belo país, os investimentos no Zaire passaram ao lado. por mais que se fale, aliás houve a reconstrução nacional, mas no Zaire profundo não é um facto. Sem esquecer que o investimento do então colonizador foi irrisório, tendo em conta a sua extensão

territorial. por ser um destino turístico de muitos estudiosos nacionais e estrangeiros, é imperioso que alguma coisa seja feita no Zaire. A visita do presidente da república deve merecer uma tónica dominante. Ainda bem que vai manter um encontro com a juventude e outros sectores para auscultar os maiores problemas. E, por outro lado, saber por que razão

a província continua emperrada em muitos domínios, porque é hora de mover a engrenagem.num passado recente, os jovens não queriam lá Joanes André, governador cuja gestão era tida como danosa pelos cidadãos.Verdade ou não, o presidente da república atendeu ao pedido e o afastou das funções, logo, as águas continuam mais calmas.

das províncias mais visitadas do país.por isso, pedimos que a fiscalização e a implementação de projectos sejam uma realidade, porque os ventos políticos são outros e quem pisar o risco vermelho será responsabilizado civil e criminalmente.

Com uma gestão pública racional e integrada, o Zaire pode vir a ser uma

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754

Zinga Buta Soyo


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17/01/19

11:45


POLÍTICA

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O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

Jovens do Zaire apresentam problemas ao PR para receberem soluções Virgilio pinto

Em representação dos seis municípios do Zaire, um grupo de jovens vai reunir-se com o presidente da república, hoje, na Escola Superior politécnica pedagógica do Soyo, para darem a conhecer os principais problemas que a província enfrenta Domingos Bento, enviado ao Soyo

P

recariedade da rede sanitária da província, degradação das vias de comunicação, problemas da rede eléctrica, da água, da habitação, da imigração ilegal e outros, estarão em cima de mesa. Alguns jovens que falaram à nossa reportagem, de entre as várias questões que querem ver resolvidas, defendem a necessidade da construção de uma centralidade, com vista a alterar a actual imagem da cidade, cujos edifícios, na vila do Soyo, carecem de intervenção e manutenção em termos de pintura e reabilitação. Até ao fecho desta matéria, não foi possível apurar ao certo sobre os critérios de selecção dos jovens que vão estar no encontro com o Presidente da República. Vicente Estevão, 24 anos, disse que gostaria de ser um dos seleccionados para o “dedo de conversa” com o Presidente, para poder apresentar as suas preocupações. Caso venha a ser seleccionado, o jovem, residente na comuna da Pedra do Feitiço, disse que gostaria de perguntar ao Chefe de

Estado sobre o que estará na base do pouco desenvolvimento do município do Soyo, que até é um dos grandes contribuintes do Orçamento Geral do Estado (OGE), por via das receitas provenientes do petróleo. No seu entender, dado o nível de exploração de crude que o município oferece, não se justifica que a província do Zaire enfrente graves problemas em todos os “ângulos” da vida socioeconómica. “Aqui não temos nada. Não há desenvolvimento, apesar de sermos ricos em petróleo. O Estado e as empresas só vêm cá explorar a nossa riqueza, mas não apostam no desenvolvimento do município. Até emprego não temos. É triste”, lamentou. Já o docente universitário Paulo Quilembe, advoga a necessidade de o Presidente da República, durante o encontro de hoje, trazer uma “boa nova” que possa resolver a falta de infra-estruturas de ensino superior a nível do município do Soyo, onde, por ausência de instituições do género, se tem obrigado muitos jovens a emigra-

“Tudo o que está a ser feito é para mostrar ao Presidente que está tudo bem. Mas a verdade não é essa. Temos um município com sérios problemas sociais. Podem confirmar a tristeza desta cidade quando o Presidente voltar. É uma vergonha autêntica, nem parece que temos governantes”

rem para Luanda e para a República Democrática do Congo em busca da formação académica. A Escola Superior Politécnica, que alberga um total de 2 mil e 894 estudantes, é a única instituição de ensino superior neste município, conhecido como a “terra do petróleo”. Para Paulo Quilembe, dada a especificidade da circunscrição, o Governo já deveria ter criado políticas públicas com vista a dar solução a este segmento de ensino, sobretudo no ramo das engenharias. “Não se admite um município como o Soyo ter apenas uma única instituição do ensino superior. Não faz sentido. É um claro sinal da falta de vontade política”, desabafou. Já a administradora municipal do Soyo, Lúcia Tomás, em breves declarações a OPAÍS, disse que a visita de João Lourenço ao seu município vai dar um outro impulso para a resolução das prementes necessidades das populações. Cepticismo da Oposição A mesma opinião não têm os re-

presentantes locais dos partidos políticos da Oposição, que consideram a visita de João Lourenço como não sendo uma “varinha mágica” para resolver tudo nesta circunscrição. Hamilton de Lemos, secretário municipal da coligação CASE-CE, considera a visita do Presidente da República como sendo uma “operação de charme”. Segundo o político, desde que foi anunciada a visita de João Lourenço ao Soyo, o município tem conhecido, nos últimos dias, uma melhoria significativa no fornecimento da energia eléctrica, no saneamento básico e nas principais vias de acesso que estão a ser intervencionadas com uma “velocidade de cruzeiro” para agradar o Presidente. “Tudo o que está a ser feito é para mostrar ao Presidente que está tudo bem. Mas a verdade não é essa. Temos um município com sérios problemas sociais. Podem confirmar a tristeza desta cidade quando o Presidente voltar. É uma vergonha autêntica, nem parece que temos governantes”, denunciou. No mesmo diapasão está António Cuva, secretário municipal da UNITA, que disse não gostar de ver a Administração do Soyo a fazer tudo para receber João Lourenço com “pompa e circunstância” quando, na verdade, segundo a diz, o município não dispõe de uma unidade sanitária e escolas condignas. “Esconder os problemas do Presidente não vai ajudar em nada. É preciso que haja transparência. Por isso, reiteramos sempre a necessidade da alternância no poder, porque de nada nos adianta termos sempre as mesmas pessoas a governarem mal”, protestou. Actividades no Soyo Para além do encontro com a juventude local, o Presidente da República vai visitar a central do Ciclo Combinado do Soyo e a fábrica de gás Angola LNG, para um conhecimento detalhado das várias fases da produção do gás liquefeito até à sua exportação.


O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

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ArqUiVo

tra “porque Outubro surge num momento de concentração prolongada da economia e a taxa vai passar de 10 para 14%”. Segundo ainda o líder do grupo parlamentar da UNITA, “o bolso do contribuinte está furado” e os grandes contribuintes causam impacto sobre os mais pequenos e o IVA terá consequências sobre todos, entre grandes, pequenos, empregados, desempregados e todo o consumidor. Repatriamento de capitais Informou ainda que a sua bancada votou contra porque o Governo abriu mão do verdadeiro combate à corrupção, ao repatriamento e da recuperação dos capitais desviados do país, desistindo de uma fonte extraordinária de capitais capazes de se constituírem como uma alternativa de financiamento do Orçamento Geral do Estado (OGE).

Deputados aprovam entrada do iVA em outubro A proposta de lei que altera o código do imposto sobre o Valor Acrescentado (iVA) foi aprovada ontem, 18, pelos deputados da Assembleia nacional com 110 votos a favor, 31 contra, da UnitA, e 14 abstenções, da CASA-CE, prS e FnlA Maria Custódia

A

implementação do Imposto sobre o Valor Acrescentado(IVA) entra em vigor a partir de 1 de Outubro deste ano, apesar dos partidos da Oposição, que defendeu que o momento não é favorável para a sua aplicação.O deputado do MPLA Tomás da Silva disse, ontem, que sem a implementação do IVA, o Governo perde muito em termos de arrecadação de receitas, realçando que a sua preparação para entrar em vigor vem sendo feita há muito tempo. Justificou que o IVA é a prin-

cipal fonte de receitas de vários países do mundo, e a arrecadação não deve resumir-se apenas no petróleo, café ou nos diamantes. UNITA vota contra Para o presidente do Grupo Parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, o seu partido votou contra a proposta de lei por não concordar com os prazos da sua implementação, e defende a sua entrada em vigor em Janeiro de 2020. Adalberto da Costa discorda ideia de que a carga fiscal seja a única opção estratégica que o Governo encontrou para o equilíbrio das contas públicas. Durante a XII Reunião Plenária Ordinária da 2ª sessão da IV legislatura

Os deputados aprovaram ainda o projecto de resolução sobre a apreciação do relatório de execução do Orçamento Geral de Estado(OGE)

da Assembleia Nacional, o deputado disse que Outubro não é o momento ideal de abraçar a implementação deste imposto, porque “o empresário angolano está completamente espremido e empobrecido”. “O cidadão angolano está cada vez mais empobrecido pelos constantes aumentos de bens essenciais, pelas permanentes falhas de bens essenciais que o obrigam a gastar mais para obter o que Estado deveria proporcionar e não o faz”, afirmou. Disse ser um erro procurar receitas a qualquer preço, ressaltando que “o problema de Angola não é tanto um problema de receita, mas um problema de despesas”. A sua bancada votou con-

CASA-CE Por sua vez, o presidente do Grupo Parlamentar da CASA-CE, Alexandre Sebastião André, considera que o IVA deve ser aplicado no momento certo, apesar de ser uma das modalidades de contribuição dos cidadãos para o Orçamento Geral do Estado (OGE). Pela situação económica e social da população e o estado em que se encontram os próprios empresários, o deputado julga não ser o momento oportuno para a implementação do IVA. “O Executivo deu a falsa imagem de que vai reduzir os custos da produção interna quando, na verdade, a situação real não oferece condições para a produção interna”, disse. Imposto Especial de Consumo A sessão plenária desta Quintafeira, 18, aprovou, também, a proposta de lei que altera o Código do Imposto Especial de Consumo, do projecto de lei que altera a Lei Orgânica e do Processo do Tribunal de Contas; a discussão e a votação na generalidade da proposta de Lei de Bases sobre a Organização e Funcionamento da Polícia Nacional. Os deputados aprovaram ainda o projecto de resolução sobre a apreciação do relatório de execução do Orçamento Geral de Estado (OGE) referente ao IV trimestre de 2018 e a votação do projecto de resolução que aprova a eleição de membros para o Conselho de Administração da Agência Angolana de Protecção de Dados.


SOCIEDADE

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17 líderes de associaçõ controlam o tráfico de

As províncias de luanda, Benguela, Huíla e Huambo lideram o tráfico de cocaína, enquanto as estatísticas na capital apontam os distritos da ingombota, Sambizanga, Maianga e Samba, no município de luanda, como os mais preocupantes

Milton Manaça

O

tráfico de drogas na província de Luanda é controlado por 17 líderes de associações criminosas identificadas pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), de acordo com o chefe interino de informação da Direcção Nacional de Combate ao Narcotráfico, Carlos Manuel. Em entrevista exclusiva a este jornal, Carlos Manuel evita falar em barões da droga em Angola, entretanto, refere que os 17 líderes de associações têm um poderio financeiro aceitável que lhes permite criar equipas, bem coordenadas por eles, para movimentarem a cocaína em várias localidades. “O consumo de drogas pesadas não é para qualquer pessoa. É para pessoas fidalgas, com um nível de vida aceitável. Não podemos compará-los com quem consome canábis (liamba), por exemplo”, disse. O intendente Carlos Manuel disse que apesar de os grupos terem

condições financeiras, não estão em condições de desestabilizar o país como acontece em outras realidades. Os poderes financeiros que os barões ou líderes da droga nos outros países têm, adianta Carlos Manuel, são capazes de desestabilizar uma sociedade. No entanto, os cabecilhas das associações têm um grupo bem montado com ramificações nas outras províncias e no exterior do país, concretamente no Brasil, de onde muitas vezes começa a estratégia, na África do Sul e, em alguns casos, na Namíbia, segundo o interlocutor. O oficial do SIC disse que nos últimos anos a corporação ainda não deteve nenhum líder do tráfico, mas alguns colaboradores directos ou próximos a eles, tendo destacado a complexidade do combate ao tráfico para se chegar até aos líderes. “O tráfico de droga é complexo e clandestino. Para chegares ao líder não é impossível, mas é muito difícil, porque eles têm uma equipa bem montada”, referiu, adiantando que o SIC precisa sempre de estar um passo a frente dos traficantes, pois estes movimentam avultadas somas financeiras. As equipas montadas por tais líderes são constituídas, na sua maioria, por “mulas”, “passadores”, “observadores”, vendedores e consumidores, agem sempre cautelosamente. As dificuldades económicas e sociais por que passam as pessoas, segundo o entrevistado, faz com que muitas aceitem ser usadas como mulas, transportando a droga inclusive no seu próprio organismo para no fim ser recompensado com uma quantia monetária. Distritos mais preocupantes O SIC diz conhecer os pontos em que se encontram os traficantes e onde se regista maior consumo e o tráfico, mas o intendente Carlos Manuel disse: “não podemos des-

vendar”, por questão de estratégia. “Preferimos sempre não tornar público esses locais porque sabemos que os traficantes também têm estratégias”, referiu. Todavia, frisou que os distritos Ingombota, Sambizanga, Maianga e Samba, no município de Luanda, destacam-se na lista de

os distritos Ingombota, Sambizanga, Maianga e Samba no município de Luanda destacamse na lista

pontos na capital do país. O interlocutor garante que além de Luanda, o SIC tem identificados os locais de outras províncias em que se realiza o tráfico e consumo de drogas, mas que por uma razão estratégica não pode avançar. Huíla e Huambo no ranking As províncias situadas no litoral


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ões e cocaína

500 quilos de cocaína que estava acondicionada num contentor transportado por um navio. Carlos Manuel disse que o produto saía da América e tinha como destino a Europa, usando Angola como área de passagem. O responsável do SIC aproveitou ainda para lembrar a polémica gerada em torno da droga apreendida no Porto de Dakar, no Senegal, onde foram encontradas drogas em viaturas supostamente importados pela Presidência da República de Angola. “Aquelas viaturas partiram sim do Brasil e se destinavam à Angola. Foram importadas por uma concessionária, mas não são da Presidência da República, aliás, não me recordo de a Casa Civil ter importado carros do Brasil”, disse, acrescentando que os traficantes procuram muitas artimanhas para atingir os seus intentos. Disse que os traficantes encontram mais facilidades em introduzir drogas nos navios, por exemplo, em relação aos aviões, reforçando que eles aproveitaram as viaturas que vinham para Angola para colocarem os seus negócios.

O tráfico de droga é complexo e clandestino. Para chegares ao líder não é impossível, mas é muito difícil, porque eles têm uma equipa bem montada” são as mais preocupantes, sendo que Luanda e Benguela lideram as estatísticas de zonas de consumo e tráfico de drogas. No entanto, a preocupação dos investigadores é extensiva às províncias da Huíla e Huambo, que, apesar de se localizarem no interior, vêm a seguir nas estatísticas da corporação. O SIC presta particular aten-

ção às cidades com existência de portos por considerá-las vulneráveis e de risco, por serem zonas de trânsito e de atracagem de grandes embarcações onde, normalmente os traficantes aproveitam para camuflar os seus produtos. Apontou, como exemplo, o caso do Porto de Luanda, onde, no ano passado, foram apreendidos cerca de

números

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38 23 502 30 SIC garante que o combate às drogas “é satisfatório” importa referir que a Direcção nacional de Combate ao narcotráfico deteve, só no primeiro semestre deste ano, 38 pessoas acusadas de envolvimento no tráfico e consumo de cocaína e outras 23 por crack. nas detenções de cocaína, a maioria apanhadas em flagrante delito, estão 36 homens e três mulheres e no que diz respeito ao crack encontram-se a contas com

“Não descartamos o envolvimento de membros da corporação” questionado sobre se a polícia nacional tem registado o envolvimento de membros da corporação no tráfico de drogas, Carlos Manuel disse que o SiC não descarta esta possibilidade. “não descartamos isso. Estamos a fazer trabalhos para apurar esses casos, principalmente nos postos fronteiriços”, disse. opAíS insistiu na questão para saber do oficial

líderes de associações criminosas de tráfico de drogas

cidadãos detidos por tráfico de cocaína cidadãos detidos por tráfico de crack

Quilos de cocaína apreendida no primeiro semestre de 2018

Quilos de cocaína apreendida no primeiro semestre de 2019

a justiça 23 cidadãos nacionais, todos eles do sexo masculino. A maioria da droga apreendida no país é proveniente da república Federativa do Brasil, com destino muitas vezes para a namíbia e África do Sul. Apesar dos constrangimentos que se registam, o oficial do SiC considera positivo o combate que o país leva a cabo contra o tráfico de drogas. para tal, tem sido útil a interacção com instituições como a polícia Federal do Brasil e a interpol.

do SiC se algum membro afecto ao Ministério do interior tinha sido detido, nos últimos anos, por envolvimento no tráfico, ao que nos respondeu que há um caso de um agente dos Serviços prisionais que terá facilitado a entrada de substâncias no interior de uma cadeia. Acrescentou que os agentes afectos ao Ministério do interior têm instrução adequada para não se envolverem em actos desta natureza, mas diante dos rumores que têm surgido, principalmente nas cadeias, foi criada uma comissão para investigar.


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SOCIEDADE

O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

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Enfermeiros podem entrar em greve Segunda-feira

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governo diz-se preparado para travar o Ébola A ministra da Saúde, Sílvia lutucuta, garantiu, ontem, na província do Zaire, estarem criadas as condições para conter uma “eventual” propagação da febre hemorrágica do Ébola no país

E

m declarações à imprensa, garantiu que foram reforçadas as medidas preventivas e de controlo sanitário nos principais postos fronteiriços com a República Democrática do Congo (RDC), país afectado por esta doença altamente letal e que já provocou mil e 676 mortos desde o seu ressurgimento em 2018. A província do Zaire partilha uma fronteira de 330 quilómetros com a RDC, dos quais 180 quilómetros de fronteira terrestre e 150 de fronteira fluvial (rio Zaire). A governante lembrou que o surto que atinge o país vizinho é o terceiro nos últimos anos, pelo que há muito que se preparam para fazer face a uma eventual situação de emergência sanitária. “Temos um intenso movimento de pessoas em ambos os lados da fronteira com a RDC, tanto na fronteira desta pro-

víncia como em outras de Angola com aquele país, pelo que estamos a acompanhar todo esse processo”, vincou. Para tal, em 2018 foram realizadas acções de formação em matéria de controlo sanitário e prevenção do ébola dirigidas aos efectivos destacados nos principais postos fronteiriços com a RDC, em parceria com o Ministério do Interior. A RDC regista 12 novos casos por dia. Este surto, o segundo mais mortífero na história, é apenas ultrapassado pela epidemia que entre 2014 e 2016 atingiu a África Ocidental e que matou mais de 11 mil e 300 pessoas. Angola na lista dos países com risco A reacção da ministra Sílvia Lutucuta deveu-se ao facto de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter anunciado que Angola integra o grupo de países que estão em segundo nível no leque de territórios por onde a epide-

mia de ébola se pode expandir. Fazem parte deste grupo a República Centro Africana, a Tanzânia, a República do Congo e a Zâmbia. No grupo dos que mais correm tal risco figuram o Rwanda, Sudão do Sul, Burundi e Uganda. O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou na Quarta-feira (18) o estado de emergência internacional na RDC depois da reunião do Comité de Emergência para avaliar a evolução da epidemia do ébola. Declarou que essa organização necessita imediatamente de centenas de milhões de dólares para evitar que a epidemia se descontrole e custe muito mais vidas e dinheiro. Na RDC está a decorrer uma vasta campanha de vigilância e vacinação, com quase 75 milhões de exames, o que mantem, há 11 meses, o vírus altamente infecioso quase inteiramente confinado em duas províncias do Nordeste do país.

s enfermeiros poderão entrar em greve a partir das 07h:00 de Segunda-feira até Quarta-feira, caso a bastonária da Ordem dos Médicos de Angola não peça desculpas publicamente a todos os profissionais deste sector pela alegada forma desprestigiante com que se referiu a essa classe e se a Procuradoria Geral da República não retirar do ar a publicidade da “enfermeira corrupta”. Essa decisão saiu de um encontro, presidido pelo secretário-geral do Sindicato Nacional dos Enfermeiros de Angola (SINDEA) e coordenador do Fórum Nacional de Concertação dos Sindicatos do Sector da Saúde, Cruz Vieira Matete, que contou com a participação de representantes de todas as organizações que congregam profissionais deste sector. O prazo para que Elisa Gaspar, a bastonária, se retrate publicamente começou a contar às 12h:00 de ontem. De acordo com o comunicado final desse encontro, o outro factor impulsionador para a greve está relacionado com a peça sobre a “enfermeira corrupta” que está a ser exibida pela Televisão Pública de Angola, promovida pela Direcção Nacional de Proteção e Combate à Corrupção, órgão da Procuradoria Geral da República. Exigem que a mesma seja, nesse espaço de tempo, corrigida, incluindo outros profissionais do sector da saúde,

É notória a intenção de denegrir, vexar e manchar o bom nome, bem como passar uma imagem desvirtuada em relação à integridade moral e cívica dos profissionais de enfermagem como os únicos corruptos”

porque do jeito que passa está a manchar a imagem da classe dos enfermeiros. “É notória a intenção de denegrir, vexar e manchar o bom nome, bem como passar uma imagem desvirtuada em relação à integridade moral e cívica dos profissionais de enfermagem, como os únicos corruptos no sector da saúde”, lê-se no documento enviado a OPAÍS. Se essas duas exigências não forem atendidas, os filiados da Associação Nacional dos Enfermeiros de Angola, do Sindicato Nacional dos Enfermeiros de Angola, da Ordem dos Enfermeiros de Angola, do Sindicato Nacional Independente Dos Trabalhadores da Saúde e Função e do Sindicato dos Técnicos de Enfermagem de Luanda vão suspender e paralisar todas as actividades de fórum médico. Neste contexto, não farão prescrição de medicamentos em todos os serviços, incluindo o banco de urgência, assinatura de boletins de óbito, pedidos de exames clínicos, concessão de altas às puérperas, consultas pré-natais, consultas externas, planeamento familiar, entre outros. Actividades essas que têm sido realizadas por profissionais de enfermagem em todas as unidades sanitárias do país. Apesar disso, vão manter-se nos seus postos de trabalho, realizando apenas actividades de enfermagem, como sistematização da assistência de enfermagem, prescrição de cuidados, avaliação de sinais vitais, administração de medicamentos, educação para a saúde, entre outros. Por outro lado, vão encaminhar à consulta médica todos os utentes que acorrerem às unidades sanitárias, depois da triagem. E ainda, consideraram que o comunicado de imprensa do Ministério da Saúde não convenceu os profissionais de enfermagem porque, em seu entender, aquele departamento ministerial devia chamar à mesma mesa a bastonária da Ordem dos Médicos e as organizações socioprofissionais da classe de enfermagem.



CARTAz seu suplemento diário de lazer e cultura

Daiana Afonso

O Diário do Governo tem 147 anos e é o mais antigo do acervo da Biblioteca Nacional de Angola” Augusto Nunes

Daiana Afonso

A directora-geral adjunta da Biblioteca Nacional de Angola, Daiana Afonso, fala do acervo bibliográfico da instituição, dos desafios para os próximos três anos, sobretudo a admissão de técnicos superiores em biblioteconomia, uma vez que a intenção é capacitar os actuais da biblioteca em matéria de utilização das novas tecnologias, fundamentalmente para catalogação do acervo, entre outros projectos

Q

ue retrato faz da Biblioteca Nacional de Angola actualmente? A Biblioteca Nacional é, nos termos da Lei 27/03 de 10 de Outubro, depositária legal e, por força disso, possui um vasto e rico acervo bibliográfico herdado do período colonial. Somos a instituição ao nível nacional com maior acervo em termos de publicações periódicas e não periódicas publicadas depois de 1975, e temos o acervo bibliográfico nacional constantemente actualizado. O número de utentes registados tende a aumentar anualmente sendo que de 2013 a 2018, tivemos um aumento de 65% de usuários. Quantos funcionários tem e como estão distribuídos? A instituição neste momento possui apenas 21 funcionários, incluindo o director-geral e o director-geral adjunto, assim distribuídos: Departamento de Apoio ao director-geral, com 1 funcionário; o Departamento de Administração e Serviços Gerais, com 5; o Departamento de Recursos Humanos e das Tecnologias de Informação, 1 funcionário e o Departamento de Aquisições, Depósito Legal e Preservação de Colecções, com 6 funcionários. Seguem-se os Departamento de Serviços de Bibliotecas Públicas e Cooperação Institucional com 1 funcio-


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nário, o Departamento de Acolhimento e Promoção da Leitura, com 4, e o Departamento de Investigação, Edição e Informação, com 1 funcionário. Qual é a capacidade desta instituição em termos de espaço para a investigação no domínio bibliográfico? Temos um espaço para albergar 200 usuários. Como é constituído o seu acervo e quais sãos as obras mais procuradas? O acervo bibliográfico é constituído por diversas áreas do conhecimento segundo a Classificação Decimal Universal. As obras mais solicitadas são aquelas relacionadas à História de Angola, Tecnologia em geral, Medicina, Ciências Sociais (Sociologia, Direito e Educação), Linguística, História Geral, Filosofia e Gestão. Como é constituído o acervo bibliográfico?

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Relativamente ao acervo bibliográfico, a Biblioteca Nacional possui cerca de 100.000 obras de diversas temáticas. Qual é o livro mais antigo, o que retrata e quem é o seu autor? A obra mais antiga é um periódico com o título Diário do Governo e é igualmente a mais rara. É um periódico Diário do Governo datado de 1872. Quais são os critérios de acesso aos livros? Para ter acesso aos livros, os usuários devem chegar à biblioteca, consultar o catálogo e posteriormente preencher uma ficha onde colocam os dados do livro que pretendem consultar, nomeadamente título e autor do livro e a colocação do mesmo nas estantes. Quantos investigadores recebem em média por ano? Recebemos uma média de 12 investigadores.

Por mês? Mensalmente temos cerca de 4 investigadores.

Somos a instituição a nível nacional com maior acervo em termos de publicações periódicas e não periódicas publicadas depois de 1975, e temos o acervo bibliográfico nacional constantemente actualizado

Quantos receberam até ao momento? Até ao momento já tivemos 3 investigadores. Quantos leitores recebeu durante o ano transacto? A Biblioteca Nacional recebeu um total de 78.060 utentes, durante o pretérito ano de 2018, 36.450 leitores no primeiro semestre e 41.610 no segundo. Este ano de 2019, a Biblioteca Nacional já conta com um total de 46.150 leitores recebidos ao longo do primeiro semestre, registando assim um aumento de aproximadamente 10 mil leitores em comparação ao registo de leitores do primeiro semestre do ano de 2018. Como está a instituição em termos de formação em biblioteconomia? É frequente a Biblioteca Nacio-

nal realizar cursos de capacitação profissional em biblioteconomia, sendo que ao longo do ano de 2018 tivemos 6 cursos com um total de 56 formandos. A formação estende-se a diferentes províncias do país e participam na mesma técnicos de instituições públicas e privadas. Quais são os grandes projectos da Biblioteca Nacional de Angola? Os grandes projectos cingem-se na admissão de técnicos superiores em biblioteconomia nos próximos 3 anos, capacitar os actuais da biblioteca em matéria de utilização das novas tecnologias, fundamentalmente para catalogação do acervo; A informatização do acervo bibliográfico e a disponibilização do mesmo online, dispor de um edifício adequado de raiz, possibilidade de gestão da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas por via electrónica, e ter um crescimento de utilizadores mínimo de 10% anualmente. pUB


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CARTAz

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SÉTIMA ARTE

Simba renasce para contar a mesma história Vinte e cinco anos depois, “O Rei Leão” da Disney regressa às salas de cinema com nova tecnologia e outras vozes

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streia. Há um novo leãozinho na savana. O seu destino é suceder ao pai, o Rei Mufasa, mas nem todos estão contentes com a chegada de novo herdeiro. O tio Scar tem os seus próprios planos. A batalha pela Pedra do Reino vai ser marcada pela traição e pela tragédia e Simba é obrigado a exilar-se. Com a ajuda de um grupo de amigos, o jovem Simba vai aprender a crescer e a encontrar uma forma de recuperar o que é seu por direito... É caso para perguntar: “O rei

leão”, clássico de animação da Disney, está de volta, numa qualquer reposição de verão? A resposta é negativa. O que a Disney fez foi recuperar a história de 1994 e refazê-la. A prática tem já alguns anos e ainda se encontra em exibição nas salas a nova versão de outro clássico da Disney, “Aladdin”. Mas se neste outro clássico Disney pode falar-se em actores de carne e osso a retomar a história animada, o método torna-se bem mais complexo quando se trata de animais selvagens. Por isso, “O rei leão”, versão 2019, recorre a uma tecnologia de captura de imagens de animais reais, depois devidamente animadas com recurso a ferramentas que ultrapassam a metodologia normalmente utilizada pelos filmes de animação, estando já a ser usadas na realidade virtual. É assim que, sobre precisamente a mesma história e por vezes a mesma forma de a contar, somos con-

FESTIVAIS

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frontados com uma imagem fotorrealista que, após breves momentos de surpresa, aceitamos como se fosse mesmo real. Se a magia da animação permanece ou não, es-

ACUSASSÕES

sa é outra história. É verdade que se para alguns esta nova versão de “O rei leão” era um momento muito esperado, para outros era um momento um pouco temido.

Sem nunca esquecermos o que foi há precisamente 25 anos uma das grandes obras-primas da animação, este seu complemento pode ser encarado com um sentimento de nostalgia, que transita sobretudo através da banda sonora de Hans Zimmer e das canções compostas por Tim Rice e Elton John. Não estão lá todas mas estão as mais conhecidas. A partir de hoje, “O rei leão” espera por si. Na versão legendada, com as vozes originais, ou na versão dobrada em português, com a participação, entre outros, de Soraia Tavares (Nala), Manuel Moreira (Simba) e Mário Redondo (Scar). Elenco renovado para os tempos modernos Do elenco de 1994, só James Earl Jones regressa para dar voz ao Rei Mufasa. A Disney tentou ser o mais politicamente corretca possível, trazendo para a nova versão actores afro-americanos, para estar mais perto do espírito da história. Beyoncé substitui Moira Kelly no papel de Nala, enquanto JD McCray e Donald Glover dão voz a Simba, trabalho feito no original por Jonathan Taylor Thomas e Matthew Broderick. Jeremy Irons fora o vilão Scar, mas no novo filme foi substituído por Chiwetel Ejiofor. Fonte: Jornal de Notícias

LIVROS

ARTES

Filme “La vérité” de Hirokazu Koreeda abre festival de Veneza

Procuradores deixam cair acusação de agressão sexual contra Kevin Spacey

Um livro para trazer os mitos nórdicos para perto de nós

Ai Weiwei ganha processo contra Volkswagen

O filme “La vérité”, do realizador japonês Hirokazu Kore-eda fará a abertura oficial do Festival de Cinema de Veneza, a 28 de Agosto na Itália. Protagonizado por Catherine Deneuve, Juliette Binoche e Ethan Hawke, o filme integra a competição oficial do festival, que cumprirá a 76.ª edição entre 28 de Agosto e 7 de Setembro. “La vérité” foi rodado em Paris, mas a história decorre sobretudo no interior de uma casa, em redor de uma família e da relação entre uma mãe e a filha. Esta é a primeira vez que Kore-eda filma fora do Japão, depois de ter feito filmes como “Shoplifters: Uma família de pequenos ladrões” (2018) – que lhe valeu a Palma de Ouro em Cannes -, “Tal pai, tal filho” (2013) e “Andando” (2008).

Procuradores norte-americanos retiraram esta Quarta-feira as acusações contra o actor Kevin Spacey sobre uma alegada agressão sexual a um jovem, em 2016, depois de este ter retirado a queixa. Citando documentos publicados por órgãos de comunicação locais, várias agências noticiosas avançam que o procurador distrital de Cape & Islands, Michael O’Keefe, apresentou um “Nolle prosequi”, uma expressão jurídica que equivale a “não estar disposto a prosseguir” devido à “falta de disponibilidade da testemunha”. No dia 5 de Julho o jovem que tinha acusado Kevin Spacey de agressão sexual retirou as queixas do julgamento que estava a correr num tribunal do Estado do Massachusetts.

Os nomes dos principais deuses nórdicos, como Thor ou Odin, não são desconhecidos para a maioria dos leitores que, de uma maneira ou de outra, já tiveram contacto com a mitologia dos antigos nórdicos, quer tenha sido através da literatura moderna, das séries de televisão ou do cinema. O mesmo não se pode dizer dos mitos que lhes dizem respeito ou dos textos medievais que os preservaram. As razões são várias, mas um dos principais motivos é o facto de estes não se encontrarem disponíveis em língua portuguesa. Foi com isso em mente, e “numa tentativa de encurtar” a distância que existe com o Norte da Europa, que Hélio Pires reuniu em livro várias narrativas.

O artista e activista chinês Ai Weiwei ganhou um processo contra a Volkswagen, num caso que denunciava o uso, num anúncio da marca, de uma das suas instalações como cenário sem a sua autorização. Quarta-feira, um tribunal em Copenhaga concedeu ao artista um total de 1,75 milhões de coroas dinamarquesas (aproximadamente USD 260 mil) como indemnização pela “exploração indevida da obra de arte para fins de marketing”. Weiwei processou o distribuidor dinamarquês do gigante automobilístico, Skandinavisk Motor, ao saber que a Volkswagen Dinamarca usou uma imagem de “Soleil Levant” - uma obra com milhares de colectes salva-vidas de refugiados descartados - para uma campanha de promoção do Polo VW.



ECONOMIA

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Bancos retomam o seu papel no movimento de contas em divisas economia Suspensas em 2017 face à crise económica no país, os clientes já podem novamente movimentar as contas em divisas. o serviço foi retomado na última Sexta-feira. o economista Francisco Silvestre aplaude a medida, referindo que os bancos comerciais retomaram o seu papel Patrícia de Oliveira

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banco central orientou os bancos a executar as operações em divisas cumpridos todos os procedimentos necessários ao abrigo da regulamentação em vigor, dentro dos prazos normais para operações bancárias. De acordo com o economista Francisco Silvestre, esta medida é uma responsabilidade social da banca, de modo a atender os compromissos económicos e sociais e a mobilidade do dinheiro para diferentes pontos. Segundo ele, quando uma economia deixa de funcionar cria efeitos negativos para a sociedade. Logo, deixa de produzir e o dinheiro deve ser rentabilizado para contribuir no crescimento económico. “Penso que quando a economia não funciona num país alarga-se o desemprego e as famílias ficam sem rendimentos, sem consumo, rumo à miséria”, referiu. Para o economista, a movimentação das contas em divisas vai motivar os agentes económicos que dependem das importações a fazer funcionar os negócios e a abrir portas para novas parcerias empresariais. Porém, o ambiente de negócios não depende unicamente da referida medida.

Dr

Francisco Silvestre defende que o crescimento económico depende das medidas e políticas implementadas nos sectores da economia e fiscalização. Medidas paralelas que asseguram que os bancos cumpram a sua missão de contribuir para a estabilidade do país. “O funcionamento regular da banca ajuda no rendimento das famílias em vários aspectos, tal como o hábito de fazer poupanças, aquisição do crédito bancário, expansão dos planos de vida, crescimento do empreendedorismo”, disse. BNA manteve algumas restrições Ao autorizar os clientes bancários angolanos particulares a movimentar contas em moeda estrangeira, o BNA manteve algumas restrições, limitando tais operações à liquidação de operações de importação de mercadorias, invisíveis correntes, como despesas de viagens e saúde ou salários de expatriados, além de capitais realizados pelo próprio depositante. Nas operações de mercadorias, a operação deve ser feita imediatamente após a validação dos documentos de importação da mercadoria, prazo que não deve ultrapassar cinco dias úteis contados a partir da data da entrega do conjunto de documentos completo. As transferências bancárias,

com data-valor no banco do beneficiário, têm um máximo de dois dias úteis, enquanto o carregamento de cartões pré-pagos ou atribuição de um limite num cartão de crédito é executado no prazo máximo de dois dias úteis, a partir

da data do pedido do cliente, utilizando os recursos em moeda estrangeira do cliente para a cobertura das operações. Os levantamentos são feitos no prazo máximo de dois dias úteis a contar da data da recepção do pedido do cliente.

A movimentação das contas em divisas vai motivar os agentes económicos que dependem das importações para fazer funcionar os negócios, e abrir postas para novas parcerias empresariais.

DStV, Zap e tv cabo aumentam novamente preços Dr

A

s operadoras de distribuição de televisão por assinatura DSTV-Multichoice, TV Cabo e ZAP vão aumentar em breve em 13 por cento o preço dos seus serviços, noticiou a ANGOP citando “fonte autorizada”. Fontes de OPAÍS apontam o aumento do preço no início de Setembro. Este é o último aumento que as

referidas operadoras de distribuição de canais televisivos por assinatura poderão efectuar este ano, conforme anunciado pelo Instituto Angolano das Comunicações (INACOM), a 21 de Março de 2019. No quadro do acordado, as operadoras estão a criar as condições para, igualmente em breve, passarem a disponibilizar gratuitamente os canais públicos de televisão, TPA 1 e TPA 2, em termos já trata-

dos mutuamente. Um grupo multi-sectorial, composto por representantes das operadoras e dos ministérios da Comunicação Social e das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, trabalhou ultimamente nesse sentido, tendo acordado a criação de um pacote básico, que será fornecido gratuitamente durante um determinado período, mesmo sem pagamento por parte dos consumidores.


MERCADOS

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BREVES

Mercado TAXA DE JURO Taxas de Juro taxa BnA libor USD 6M libor gBp 6M libor JpY 6M Euribor 6M luibor 6M

Cot. 29/05/19 15,500% 2,524% 0,889% 0,006% -0,242% 16,190%

∆ Diária (p.p) 0,000 -0,017 -0,003 -0,001 -0,002 0,000

Libor USD 6 Meses 16,99% 16,97% 16,95% 16,93% 23/Mai

Mercado ACCIONISTA Índices Accionistas Cot. 29/05/19 Dow Jones (EUA) 25 126,41 S&p 500 (EUA) 2 783,02 FtSE 100 (inglaterra) 7 185,30 iBovespa (Brasil) 96 566,55 CSi 300 (China) 3 663,91 nikkei 225 (Japão) 21 003,37

∆ Diária (%) -0,873 -0,691 -1,151 0,180 -0,227 -1,208

Cot. 29/05/19 330,3601 1,1134 1,2619 109,3700 14,7148 3,9743

Cot. 29/05/19 58,81 69,45 1 281,00 14,37 2,63 266,40

∆ Diária (%) -0,231 -0,278 -0,371 -0,155 -0,139 -1,277

∆ Diária (%) -0,558 -0,941 0,305 0,637 1,975 -1,187

Luibor Taxas BNA luibor o/n luibor 1 Mês luibor 3 Meses luibor 6 meses luibor 9 meses luibor 1 Ano

29/Mai

25 770 25 520 25 270 25 020 23/Mai

25/Mai

27/Mai

1,121 1,118 1,115 1,112 23/Mai

25/Mai

27/Mai

29/Mai

Brent C rude F ut. 72,4 70,4 68,4 66,4 23/Mai

25/Mai

27/Mai

29/Mai

Luibor 1 Ano Cot. 29/05/19 15,73 15,46 16,03 16,19 16,60 16,97

∆ Diária (p.p) 0,000 -0,010 -0,010 0,000 0,100 0,000

2,605 2,570 2,535 2,500 23/Mai

25/Mai

27/Mai

Mercado Accionista O índice bolsista do Brasil, IBOVESPA, registou aumento de 0,18% ao fixar-se em 96.566,55 pontos, impulsionado pela possibilidade de aprovação da reforma da segurança social no Brasil em Julho, depois do parecer do poder legislativo.

29/Mai

EUR / USD

Mercado DAS COMMODITIES Commodities Wti Crude Fut. Brent Crude Fut. gold 100 oz Fut. prata Fut. gás natural Fut. Cobre Fut.

27/Mai

Dow Jones (EUA)

Mercado CAMBIAL Taxas de Câmbio USD/AKZ EUr/USD gBp/USD USD/JpY USD/ZAr USD/Brl

25/Mai

Mercado Interbancário AtaxadejuroLiborUSDa6mesesreduziu1,7p.b.fixando-seem2,524%. Oaumentodoíndicedeconfiançado consumidorsobreodesempenhoda economia no curto prazo, referente ao mês de Maio, em 4%, para 134,1 pontos poderáter contribuídoparao desempenho da taxa.

29/Mai

Mercado Cambial A cotação do euro situou-se em 1,1134 USD por unidade, o que representa uma depreciação de, aproximadamente, 0,28%. As incertezas sobre o défice fiscal na Itália contribuiu na depreciação do euro.

Mercado de Matérias-primas OpreçodoBrenteoWTIregistaram diminuição de 0,94% e 0,56% ao situarem-se em 69,45 e 58,81 USD/ barril, respectivamente. A possibilidade da China deixar de exportar Metais Raros para os EUA penalizou a cotação do crude.

Luibor As taxas de juro do mercado interbancário seguiram tendência divergentes nas diferentes maturidades. A Luibor a 1 e 3 meses recuaram 1 p.b. ao fixarem-se em 15,46% e16,03%,respectivamente,enquanto a Luibor a 9 meses aumentou 1 p.b. para 16,6%.

Cabo Verde e Santo Tomé e Príncipe eliminam vistos de entrada e equiparam cartas de condução os ministros dos negócios Estrangeiros de Cabo Verde e de Santo tomé e príncipe assinaram, quarta-feira em Mindelo, acordos de isenção de vistos e de equiparação de cartas de condução entre os dois países, noticiou a imprensa local. A ministra dos negócios Estrangeiros e Comunidades de São tomé e príncipe, Elsa teixeira pinto, disse que a assinatura dos acordos é um momento “bastante importante”, por se estar a rubricar dois “grandes instrumentos” que “facilitam a vida” dos concidadãos. o ministro cabo-verdiano luís Filipe tavares disse por

seu turno que estes dois acordos de cooperação vão permitir responder a “velhos anseios” dos dois povos, segundo a agência noticiosa inforpress. “Costumo dizer que se há um país em que o são-tomense pode sentir-se em casa é Cabo Verde”, disse o ministro dos negócios Estrangeiro e Comunidades, para quem esta questão de mobilidade deve ser considerada como a “prioridade das prioridades” na Comunidade do países de língua portuguesa (Cplp) e um exemplo a ser seguido pelos demais países.

Economist Intelligence Unit prevê que economia de Moçambique se contraia 2,2% em 2019 o produto interno Bruto de Moçambique vai sofrer uma contracção de 2,2% este ano, para voltar a crescer a uns modestos 2,7% em 2020, prevê o Economist intelligence Unit (EiU), no seu mais recente relatório sobre o país. o documento refere que esta evolução da economia moçambicana deve-se à passagem das tempestades tropicais idai em Março e Kenneth em Abril, que causaram grande destruição nas explorações agrícolas bem como nas infra-estruturas, causando, entre outros factores, o aumento dos preços, com a taxa de inflação a situar-se em 6,1% este ano e 7,1% em 2020. A EiU adianta que a economia de Moçambique atingirá taxas mais elevadas a partir de 2021, com 5,6% nesse ano e no seguinte e 7,5% em 2023, último ano do intervalo analisado, quando está previsto o início da exploração dos depósitos de gás natural existentes em dois blocos da

bacia do rovuma. o apoio internacional a Moçambique fará com que o défice orçamental em 2019/2020 se contraia, antes de voltar a crescer em 2021, reflectindo a queda acentuada das ajudas internacionais. o relatório da EiU menciona a ocorrência de alguns progressos no que respeita às dívidas comerciais – uma emissão de euro-obrigações e dois empréstimos comerciais com avais do Estado no montante global de 2000 milhões de euros – caso do anúncio efectuado em Maio pelo Ministério da Economia e Finanças. nessa ocasião, foi anunciado ter sido possível chegar a um acordo com um grupo de credores sobre a reestruturação da emissão de euroobrigações no montante de 722 milhões de dólares, depois de uma anterior reestruturação da emissão original no valor de 850 milhões de dólares.


Grande Entrevista

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O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

A investigação científica não se faz por despacho” Entrevista de Andre Mussamo Fotos de Lito Cahongolo

Mesmo tendo consciência de que não se promove investigação científica via despachos, o sector do Ensino Superior quer mudanças radicais na forma de pensar e de fazer ciência no país. para o secretário de Estado para Ciência e inovação do Ministério do Ensino Superior, Ciência, tecnologia e inovação, Domingos da Silva neto, mais vale devagar e seguro, do que a pressa e com muitos atropelos

O

que temos em termos de ensino superior no que tange a ciência, no geral, e a investigação científica, em parti-

cular? Ora bem, fazendo um pouco de história, pode-se afirmar que o ensino superior vem dos anos 60 do século XX, com a criação, pelas autoridades coloniais, dos estudos gerais nas então províncias ultramarinas de Angola e Moçambique. Foram estas instituições que no pós-Independência deram lugar ao surgimento das hoje em dia conhecidas como Universidade Agostinho Neto, em Angola, e a Universidade Eduardo Mondlame, em Moçambique. Neste caso, pode-se dizer que, em termos práticos, a Universidade é precursora e baluarte do Ensino Superior, apesar de termos tido o Ministério da Educação, que passou a supervisionar o Subsistema de Ensino Superior em Angola. A componente de “Ensino Su-

PERFIL Domingos da Silva neto. É engenheiro agrónomo, pós-doutorado em Biologia “Eco-Fisiologia Vegetal” . É docente universitário da UAn e desempenha a função de Secretário de Estado para Ciência e inovação do Ministério do Ensino Superior, Ciência, tecnologia e inovação.

perior” é anterior ao de “Ciência, Tecnologia e Inovação”, embora, como departamentos ministeriais independentes, tenha-se criado primeiro o Ministério da Ciência e Tecnologia, em 1997, enquanto a Secretaria de Estado para o Ensino Superior foi criada em 2007. Neste momento, o Executivo trabalha na criação de uma agência para a gestão executiva e o financiamento específico da ciência, mas, como alternativa, assinou, em 2014, um acordo com o Banco Africano para o Desenvolvimento (BDA) para um financiamento extra OGE de USD 100 milhões para dar-se alguma capacidade de execução em termos de desenvolvimento da investigação científica, incluindo o desenvolvimento de infra-estruturas de apoio à ciência, a capacitação de recursos humanos e o financiamento de projectos, o que permitiu lançar, em Novembro de 2018, um edital nacional, que previa financiar até 191 projectos com um valor máximo equivalente em Kwanzas a USD 40 mil por projecto. Havendo financiamento, os docentes universitários automaticamente devem ser investigadores científicos? Claro. Olhe que eu estou a falar de investigadores científicos sem ter necessidade de acrescentar e “docentes universitários”, porque um docente universitário, na praxe científica é um investigador científico colocado numa instituição universitária e desenvolve a sua actividade com base na carreira de docente universitário (Decreto Presidencial 224/11, de 11 de Agosto). É assim no mundo científico e Angola não pode fugir a regra. O que temos aqui é um problema de cultura científica, visto que a ac-


O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

tividade de investigação científica é inerente à docência universitária. Um docente universitário não deve pensar que a sua função é exclusivamente dar aulas e é deplorável se considerar que fazer investigação científica é limitar-se ler e compilar matéria dos livros. Além de saber que a actividade é inerente, um docente universitário devia conhecer com profundidade quais são as etapas que compõem um processo de investigação científica para não se cair na tentação de se consultar e compilar apenas livros e pensar estar-se a fazer investigação científica. Há, certamente, consulta de literatura, que permite estabelecer um estado de arte, formular uma temática de investigação e fazer análises e deduções. Mas isto não é suficiente Pode aprofundar um pouco mais esta questão da investigação científica e suas peculiaridades? Sim, se o único foco de um investigador científico ou docente universitário for a consulta e análise da bibliografia, a questão que se coloca é: como é que com essa prática se vai contribuir para se alavancar a economia? Será a ler livros e depois fazer palestras? Como é que este investigador científico vai contribuir para a melhoria da saúde pública? Só com palestras? Não. A investigação científica deve dar lugar à geração de novo conhecimento para ser utilizado na criação de desenhos técnicos, protótipos ou novos produtos para serem transferidos para o sector produtivo ou para a sociedade. Por isso, temos que esperar e exigir que nos eventos científicos haja mais lugar para a apresentação e discussão de resultados de investigação científica, ao invés de palestras que na sua esmagadora maioria se baseiam na reprodução de conhecimento, como que se estivéssemos a fazer um exercício de transferir as aulas ou processos de transmissão de conhecimento para salas maiores e bem requintadas. Enfim, em rigor, não se deve reduzir um processo de investigação científica a mera pesquisa bibliográfica e a sistemática compilação da literatura apenas no intuito tanto de partilhar como disseminar e tão pouco para se fazer disso um processo de investigação para publicar trabalhos e depois fazer carreira como docente universitário ou investigador científico, além de não contribuir para uma efectiva promoção de boas práticas. A investigação científica não deve caracterizar-se por processos efémeros e inconsistentes, visto que pouco contribuem para a obten-

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ção de resultados de grande impacto científico e tão pouco social. Enfim, um processo de investigação científica deve essencialmente concorrer para a obtenção de resultados e não resumir-se em reflexões e deduções. Para tal, é preciso fazer-se uma boa parte da vida, em termos de investigação científica, nos laboratórios, e não apenas pelos livros e bibliotecas. Para uma boa Investigação científica, “a vida faz-se nos laboratórios”! E não importa a área de conhecimento! Na investigação científica há novos critérios para se avaliar uma instituição ou laboratório de investigação científica. Passou a ser relevante avaliar-se o estado de conservação da própria infra-estrutura, principalmente lá onde a investigação científica é competitiva, visto que, por exemplo, se pode obter apoio do Governo para restaurar, reconstruir ou reestruturar uma dada instituição, colocar equipamentos, mas os problemas começam na questão de como manter a infra-estrutura ou equipamento em pleno funcionamento e com manutenção à altura. Lá onde a investigação científica só consegue atrair financiamento para a manutenção, as instituições são realmente atractivas, por via da sua reputação, em termos do que fazem na investigação científica. Quando chegamos a uma instituição e nos deparamos com equipamento obsoleto, claramente conclui-se que não é apenas em consequência da falta de apoio, é também a imagem de que a instituição é pouco dinâmica. As instituições precisam montar equipas dinâmicas ao ponto de buscarem financiamento para manter os seus equipamentos. E isso esta acontecer entre nós? Dito de outra forma, há processos destes em curso nas nossas instituições universitárias e orientados pelos nossos docentes? A prática investigativa aconselha que se pretendes constatar a actividade de uma IES, em termos de investigação científica, vá lá no tempo de férias. Neste período, salvo casos singulares, os laboratórios não devem estar fechados, como tem sido prática por cá até ao momento. Por isso, existem sim actividades de investigação científica em curso nas IES, mas há falta de consistência destes processos. No caso das II&D sectoriais precisamos de melhorar para que haja uma predominância de actividades de investigação científica propriamente

ditas, do que meras analises laboratoriais com carácter de actividades de rotina. Isso demonstra ainda que os docentes, que são investigadores científicos por inerência, não fazem investigação de facto. Docente que é docente só tem férias durante um mês por ano (por lei e pela natureza do trabalho). Portanto, sugiro ao senhor jornalista a visitar qualquer uma das instituições que se arroga estar a fazer investigação e gostaria que fotografasse os docentes vestidos de batas e outros meios de protecção e assim poder demonstrar-me que há actividade laboratorial. O MESCTI está a trabalhar com as IES para que haja uma melhor estruturação das actividades de investigação científica nas mesmas e que a ficha de trabalho de um docente universitário tenha horas lectivas e horas previstas para a actividade de investigação científica. Os docentes universitários precisam de ter tempo para fazer investigação científica! Afinal, é preciso lembrar que a “vida faz-se nos laboratórios”, em termos de investigação científica. Parece um paradoxo! Cá entre nós se tivermos um porcento de docentes em laboratórios, dirima que é um milagre. Porque é que os professores não estão nos laboratórios? Há ainda uma falsa percepção, segundo a qual laboratórios de investigação cien-

tífica existem apenas nas áreas como das Ciências Naturais e Exactas, Engenharias e Tecnologias, Ciências Médicas e da Saúde e Ciências Agrárias. Não! Até as áreas das Ciências Sociais e Humanidades também têm e devem ter laboratórios. A diferença é que temos laboratórios com equipamentos e instrumentos, enquanto que outros têm essencialmente instrumentos. Olhemos para o seguinte exemplo na minha área de formação em Ciências da Comunicação: não se conhece e nem ouve falar de investigação científica e o discurso é que os cursos nesta área são 100% teóricos e não carecem de laboratórios? Aí é que esta o problema. Se tivermos de nos lembrar de um programa que foi de muito sucesso no Brasil, durante a presidência de Lula da Silva, o programa “Fome Zero”, reconhece-se que houve uma forte contribuição dos saberes produzidos pela investigação científica desenvolvida pelas áreas das Ciências Sociais. Foram sociólogos, historiadores, e outros que conseguiram estabelecer os grupos mais vulneráveis nos quais deviam incidir as acções do programa. Foram os historiadores que conseguir perceber a relação dos grupos vulneráveis, sua história, origens e

causas das disfunções sociais, etc.. Por outra, ainda bem que falou da área da comunicação social, e vamos dar um exemplo para sustentar o que já foi referido acima, que uma boa equipa de investigação científica deve ser multidisciplinar e melhor se for interdisciplinar e percebermos como um jornalista pode fazer parte de um projecto de investigação científica de uma área como a das Ciências Naturais e Exactas ou Ciências Médicas e da Saúde. Em presença da “descoberta” de um novo produto alimentar de origem silvestre, que pelo seu valor nutritivo pretende-se introduzir na cadeia alimentar nacional, certamente que estará na linha da frente da investigação laboratorial um biólogo ou um nutricionista, mas pode haver também lugar para um historiador para aferir a possível relação com os antepassados ou população autóctone, assim como pode também haver lugar na equipa do projecto para um jornalista ou comunicador para se fazer uma divulgação assertiva. Enfim…O que é necessário é definir bem as funções e responsabilidades de cada membro numa equipa de investigação científica. Olhe que no decurso de uma actividade de investigação científica não precisamos ter todos em simultâneo, mas sim cada um estar engajado na fase que tem a ver com as suas tarefas específicas. Há especialistas que acabam por entrar num dado projecto, por exemplo, só na fase da escrita do artigo final. Por isso, precisamos de continuar a trabalhar para se melhorar significativamente em matéria de constituição de equipas multidisciplinares e interdisciplinares, para que haja num mesmo projecto de investigação científica pessoas com diferentes valências. No que se refere ao financiamento internacional, maior parte das propostas de projectos de investigadores científicos do nosso país não têm sido competitivas, em parte pela avaliação dos membros das equipas de projecto, nomeadamente pelo background dos mesmos em termos de qualidade de publicações e de diferenciação científica, em termos de domínios de técnicas, que constam dos currículuns vitae. Por isso, há necessidade dos actores do nosso país e publicarem nas revistas científicas internacionalmente indexadas e quanto mais cotadas melhor será. O que esta em curso na área da ciência. O que andam a fazer os cen


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Grande Entrevista tros de investigação científica que agora são abertos um pouco por todas as instituições de ensino superior? Esta é daquelas perguntas com uma complexidade enorme. Ora um pouco de tudo o que falamos até aqui responde indirectamente à esta questão. Em alguns casos temos de ser frontais e dizer que não há resultados porque a relevância das acções que são feitas não se vislumbra. Volto aos exemplos: se você cria um centro de investigação científica, mas a sua acção sistemática é organizar cursos e palestras resultantes da compilação de diversas matérias, claramente não é possível obter resultados que venham a ser aceites e publicados em revistas científicas de qualidade, para que possamos estar melhor em termos de desempenho científico e, consequentemente, nos rankings académicos. Falando em palestras, elas ajudam a abrir as mentes das pessoas, mas não é disso que, essencialmente, se procura, quando se pretende contribuir para que haja em Angola um real aumento da produtividade e substituição das importações, como é o caso do programa bandeira da governação, o PRODESI. Precisamos de investigadores científicos que estejam nos laboratórios a procurar por soluções, novas metodologias de produção e por novos produtos. Há pressupostos que devem estar presentes e que não se fazem sentir na maior parte dos centros de investigação científica que o Sr. jornalista referiu. Será que os referidos centros têm laboratórios de investigação científica? Será que têm grupos de trabalhos constituídos? E se falarmos de linhas de investigação científica? É sobre estas questões que o MESCTI envida esforços para que haja conformação dos centros de estudos e investigação científica e demais instituições de investigação e desenvolvimento para que haja uma maior eficiência e eficácia. Actualmente, se o sr. jornalista visitar uma IES ou II&D, certamente vai encontrar problemas em poder diferenciar com clareza o que é um laboratório de investigação científica e o que um laboratório de apoio técnico. O que a maior parte das pessoas têm vindo a dizer é que temos laboratórios. Todavia, um laboratório pode não ser necessariamente um laboratório de investigação científica. Voltemos a uma questão que colocou atrás, dos laboratórios das ciências sociais versus laboratórios das engenharias. Um laboratório comum das engenharias ou ciências exactas detém equipamentos e ins-

trumentos e conforma um espaço físico com equipamentos e onde se fazem medições e tratamento de dados para obter informação. Uma infra-estrutura similar na área social, por exemplo um laboratório de psicologia; não tem que ter necessariamente equipamentos, mas geralmente tem instrumentos que podem ser desde uma simples folha de papel, computador, enfim, meios que permitem a recolha de dados ou informação para posterior tratamento e análise. Até aqui estamos a falar apenas de tipos de laboratórios, mas precisa-se de outros atributos para que possam ser considerados de laboratórios de investigação científica. Este é um dos elementos a ter em conta no processo de conformação que o MESCTI leva a cabo e precisa contar com a colaboração das instituições envolvidas em prol de uma melhor estruturação do ambiente de investigação científica nas nossas instituições, visto que a esmagadora maioria dos laboratórios existentes nas IES e II&D ou carecem de uma melhor estruturação, ou são apenas de apoio técnico, como é o caso do apoio às aulas nas instituições de ensino... Pode-se daqui depreender que é muito difícil que uma instituição, seja universitária, como de investigação científica e desenvolvimento, possa obter regularmente resultados de grande impacto científico e social se não tiver uma estruturação adequada e tão pouco tiver os conceitos bem aplicados... A avaliação do desempenho científico das instituições vai basear-se, entre vários aspectos, na sua infra-estrutura, na organização e estruturação das actividades de investigação científica, relevância dos processos e no impacto dos resultados obtidos o que, por si só,

vai acelerar o processo de adopção de boas práticas. Já que falou de cultura científica, como estamos neste capítulo? Precisamos de melhorar bastante. Aliás, não é por acaso que é o objectivo geral V da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (Decreto Presidencial 201/11, de 20 de Julho). Repare que a investigação científica não se faz por despacho. É importante que os seus actores tenham diferenciação científica e haja um nível de cultura científica bastante elevado. Vou trazer aqui um exemplo que tem merecido discussões acaloradas na “academia angolana”: temse estado a confundir as áreas de conhecimento ou saberes estabelecidas pela UNESCO, que são seis, nomeadamente Ciências Naturais e Exactas, Engenharias e Tecnologias, Ciências Médicas e da Saúde, Ciências Agrárias, Ciências Sociais e Humanidades, com as áreas/domínios de educação ou ensino. Os domínios de educação são subáreas das seis grandes áreas de co-

“Tem que se evitar a fórmula segundo a qual alguém passe, por exemplo, por Lisboa, lê uns quantos livros e regresse à Angola para reproduzir para os outros”

O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

nhecimento ou saberes e cabem nelas. Os domínios de educação ou ensino podem ser criados e extintos e servem essencialmente para congregar um determinado tipo de cursos. Problemas como estes fazem com que haja quem pense que, por exemplo, os cursos de Direito e Comunicação Social fazem parte da área de Humanidades, enquanto ambos fazem parte das Ciências Sociais, e isto não é bom. Nas Humanidades temos Historia e Arqueologia, Línguas e Literatura, Filosofia, Ética e Religião, Artes, e outras. Temos verdadeiros problemas de conceitos e é por aqui que temos que começar a reestruturação do nosso sistema para que não haja problemas na condução de processos tanto de investigação científica como de organização e estruturação das instituições que realizam actividades de investigação científica. Mais os nossos intelectuais só estão a seguir o muito popularmente conhecido princípio de que na vida o caminho é: nascer, crescer, fazer filho, plantar uma árvore e escrever um livro… Na ciência é diferente. Isso até pode ser aplicado para a questão da literatura criativa, onde se tolera o erro. Ouvimos muitas vezes que não é erro, mas, sim, parte do estilo do autor no âmbito da “liberdade criativa”. Na Ciência as regras são padronizadas e rigorosas e, por isso mesmo, em termos de publicações é estranho quando alguém nunca publicou um artigo científico sobre um dado assunto e de repente sai com um livro, que, ainda por cima, não se submeteu ao rigoroso crivo de validação por pares. Geralmente, um livro técnico-científico é mais valorizado se o seu autor ou co-autores já terá ou terão publicado artigos científicos nesta temática. Excepto para algumas áreas, como é o caso de história, ciências políticas, jurisprudência, mas não para o caso das Ciências Naturais e Exactas, Engenharias, Ciências Médicas e da Saúde, Ciências Agrárias. Há outras excepções, como é o caso de produção de manuais ou guias de campo. Mas, seja como for, o princípio de validação por pares tem que ser observado para qualquer técnicocientífico, o que é diferente para as obras literárias. Um livro técnicocientífico não é exactamente uma obra literária. Também pode derivar da inspiração, mas têm que se submeter ao princípio de validação por pares. Geralmente, um livro técnicocientífico resulta da compilação de trabalhos que o seu autor ou co-au-

tores foram fazendo e queiram colocá-lo à disposição de um público mais amplo, por exemplo, para fins didácticos. Mesmo no caso das teses, é bom que o material ou parte nele contido sejam antes publicados em forma de artigos, salvo os casos de áreas como as referidas acima. Pelo que acaba de dizer sr. Secretario de Estado temos ao fim de tudo um grande problema? Vou-lhe propor um desafio: percorra, por favor, as superfícies comerciais que vendem livros e pegue em 3 – 5 livros diferentes das editoras nacionais que mais fazem sair livros e poderá encontrar o cenário em que o próprio autor é o prefaciador, um outro cenário em que um livro não tem prefácio, um outro em que o prefaciador é alguém que efectivamente faz uma análise crítica do livro. Certamente vai concluir que temos problemas sérios com a edição de obras técnico-científicas, porque não é possível uma mesma editora trabalhar com regras tão díspares, o que não é bom, não somente para as próprias editoras e seus autores, como também não é bom para a imagem do país. No meio disto tudo temos que ter cuidado, visto que não basta o livro ter um prefaciador independente. É também importante que o prefaciador seja alguém tido como um verdadeiro par e não apenas para fazer de conta. Por isso, o simples facto de termos tido um aumento significativo de publicações ao nível interno não significa necessariamente que estamos bem neste capítulo. Há observadores e analistas independentes que passam pelos mais variados países para aferir esta situação. Passam pelas superfícies comerciais e livrarias e observam estes livros e emitem opinião. Nós tivemos oportunidade de interagir com peritos da NEPAD em visita ao nosso país para prestar apoio metodológico para a implementação das campanhas de medição do desempenho científico do país e eles recomendaram que o país devia trabalhar para melhorar muito no capítulo de publicações de obras técnico-científicas. E o ministério está de “braços cruzados” perante estas incongruencias? NÃO. em Abril de 2018 o MESCTI convidou os chefes de redacções de revistas científicas e os editores-chefe das editoras que fazem sair obras técnico-científicas para auscultar os problemas, mas também partilhar as incongruências para juntos trabalharmos para se


O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

melhorar e evitar-se que uma obra seja publicada mas depois desvalorizada por não respeitar os princípios para obras técncio-científicas. No encontro mantido, deu para perceber que em muitos casos confunde-se paginação e edição de livros e, infelizmente, a maior parte dos autores não tem noção que paginar e impressão gráfica é diferente de edição e análise crítica do material para fins de validação. Em termos de artigos científicos deve-se ter o cuidado na apresentação do material. Uma dada experimentação contida num artigo científico deve ser reproduzível, mas não significa que pode ser escrito como uma receita de bolo. Por exemplo, não se deve escrever “para um Kg de solo adicionou-se 1,5 g de nitrato”. Isso simplesmente não é permitido nos artigos científicos para revistas de prestígio e com responsabilidade no que fazem. Não estamos a dar receitas de bolo do tipo “por cada quilo de farinha de trigo adiciona-se uma chávena de açúcar, etc.”. Uma descrição metodológica responsável deve ser do tipo “a concentração de nitrato por um quilograma de solo é 20%”. Agora, não sei se o sr. jornalista será capaz de rapidamente descodificar para transformar isso em medida de peso. Não, dito assim virou mandarim para mim! Ora ali está. Você ficou perdido, mas metodologicamente, o que acabei de dizer é reproduzível. Não é exactamente uma codificação, mas não devemos deixar este tipo de informação à mercê de todos, porque algumas delas são simplesmente perigosas para a integridade das pessoas e seus bens. Infelizmente, aqui estamos a ter este tipo de formulação em textos apresentados como sendo científicos. E diferente é quando estamos perante um protocolo laboratorial. Mas neste caso estamos a falar de artigos científicos para revistas científicas de qualidade. Quem escreve um artigo científico nos moldes que citei acima, entre os pares é designado “pasteleiro”, e não será bem visto entre os pares, porque não é assim que se escreve ciência. Não sou eu que estou a apelidar assim as pessoas, mas quem conhece bem os meandros da ciência saberá que nos bastidores existe esta linguagem na gíria científica. Um livro técnico-científico tem de derivar preferencialmente de publicações nossas, apresentadas em bons eventos científicos, onde ouvimos comentários, críticas dos pares, sugestões, etc., cá en-

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tre nós abundam mais “impressoras”, porque as pessoas, impelidas pelo poder financeiro que detêm, pagam a gráfica, um revisor qualquer e está pronto o livro que é colocado nas prateleiras dos supermercados e livrarias. As editoras dos livros científicos devem ter regras e é unânime que elas não são compostas apenas por uma pessoa conhecida. Habitualmente é um grupo de pessoas de diferentes campos do saber. Insisto na questão. Temos acções em curso? Se sim, quais? Temos um programa em curso que se denomina “melhoria da qualidade do ensino superior e desenvolvimento da investigação científica”. Encontramos muitas acções como o ensino superior e outras como a investigação científica propriamente dita. Temos ainda outro programa cujo objectivo é desenvolver o potencial humano científico e tecnológico nacional através da consolidação do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação. Temos metas concretas no PDN 2018 -2022 e elas estão traduzidas em números. No caso concreto da investigação científica, até 2022 temos de formar 40 novos doutores, para potenciar e reforçar a investigação científica; têm que ser financiados no mínimo 300 projectos de investigação científica que passem por uma grelha de avaliação, onde se aplica o princípio de excelência e financiados via editais. Temos de assumir que o primeiro edital deste mandato é o que aconteceu em Novembro de 2018 e os projectos estão em avaliação. São no total 148 propostas e em breve saberemos quantas serão financiadas. Temos outro edital resultante de uma parceria externa pela via da plataforma SASSCAL (Centro de Ciência da África Austral para as Alterações Climáticas e Uso Sustentável do Solo), uma iniciativa que incorpora 5 países da região austral de Africa: Angola, Africa do Sul, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, mais o principal promotor da iniciativa que é a Alemanha. Este edital está aberto até 15 de Agosto do corrente ano. No âmbito desta iniciativa SASSCAL já foram implementaos 13 projectos e publicados 8 artigos científicos por autores angolanos em parceria ou não com co-autores estrangeiros. Outra meta concreta deste mandato é instalar pelo menos 26 laboratórios de investigação científica em instituições universitárias. Pretendemos criar pólos tecnológicos a nível das universidades, incubadoras de empresas de base tecnológica sedeadas em universidades públicas em funcionamento.

Quanto a eventos científicos o que temos tido responde as espectativas da tutela? Parece que mais uma vez temos mais um show de pirotecnia quando há bastantes eventos todos os anos, mas não conhecemos muitas novidades. E o que nos tem a dizer sobre os eventos científicos e as boas práticas? Recomendamos eventos científicos para disseminar e partilhar conhecimento produzido essencialmente pelas próprias instituições, ainda que estes eventos fossem realizados, por exemplo de 2 em 2 anos ou mesmo de 3 em 3 anos, se necessário. Vamos assim considerar que há algum aproveitamento da parte de supostos intelectuais no país? Do ponto de vista da honestidade intelectual, as pessoas mais entendidas não devem aproveitar-se das situações para darem nas vistas. Infelizmente, isto está a acontecer muito entre nós. As pessoas tomam consciência que fazendo alguma pirotecnia passariam a ser confundidos como grandes investigadores científicos e aproveitam-se disto. Todavia, estas mesmas pessoas têm consciência de que em outras latitudes não teriam tal oportunidade. A honestidade intelectual deve contribuir para regular o comportamento de investigador científico, fazendo com que ele próprio tome consciência de não fazer-se aos eventos apenas para dar nas vistas ou debitar opinião, mas sim apresentar trabalhos no intuito de partilhar um achado científico por si obtido ou com a sua participação, ou para obter contribuições rumo à consolidação de futura publicação. Tem que se evitar a fórmula segundo a qual alguém passe, por exemplo, por Lisboa, lê uns quantos livros e regresse à Angola para reproduzir para os outros. Isso não é investigação científica. A investigação científica tem critérios e etapas, não é bem cada um fazer o que bem entender. Existem padrões! A UNESCO tem padrões que são assentes nos princípios estabelecidos

Recomendamos eventos científicos para disseminar e partilhar conhecimento produzido essencialmente pelas própriasuições

pela OECD (Organisation for Economic Co-operation and Development, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico). Estes mesmos padrões foram adoptados para os países africanos pela NEPAD (New Partnership for Africa’s Development, Nova Parceria para o Desenvolvimento de África). Para a Investigação Científica, estes padrões podem ser encontrados no Manual de Frascati, enquanto que para a Inovação a referência é o Manual de Oslo. Ora, se não seguirmos nesta direcção dos padrões, estaremos a fazer um exercício de desperdício de tempo e recursos financeiros. No meio disso tudo, um aspecto fundamental é a honestidade intelectual e a humildade de perguntar ao seu par o que acha do seu trabalho para que depois tenha impacto em termos de publicação e transferência dos seus resultados para a sociedade e não para aparecer na televisão ou ter impacto na comunicação social. Aliás, todos sabemos quais são os países no mundo que mais descobertas fazem (certamente não é o caso de Angola), mas nestes países raramente vemos um cientista num canal de televisão ou numa rádio. A questão é: será que a comunicação social destes países não valoriza os seus investigadores científicos ou cientistas? Não, valoriza sim, mas lá impera a “honestidade intelectual” e os próprios editores e jornalistas são detentores de um conhecimento no que toca ao tratamento deste tipo de matérias. Geralmente, o que é notícia nestes países são as publicações de grande impacto e por via delas os cientistas são convidados a falar das suas descobertas. Portanto temos uma especie de show off patrocinado pela midia que reverbera nada dando oportunidade a este tipo de actores? Vou-lhe dar um exemplo: um investigador científico que deixa Angola para ir aos EUA para assistir a um evento científico, no seu regresso merece tempo de antena no noticiário da TV em horário nobre para contar como decorreu a conferência, sem que ele tenha sido apresentador de qualquer coisa inserida no programa, porquê, de resto, acaba mais por falar da sua viagem. Então o que é que as boas práticas recomendam? As boas práticas recomendam que um investigador cientifico não deve ir a eventos científicos para assistir. A presença nos eventos científicos, particularmente quando falamos de viajar de um país pa-

ta o outro, deve ser consequência de um convite formulado pela organização ou ser autor ou co-autor de qualquer coisa a ser apresentada no referido evento. Quando alguém submete um trabalho para um evento científico, em caso de aprovação deve receber uma notificação a dizer que o trabalho foi aceite. De resto, não se deve gastar meios financeiros institucionais para cobrir este tipo de participações. Durante muitos anos, as pessoas andaram a fazer um roadshow pelo mundo com os dinheiros públicos. Em termos de cultura científica, um investigador científico que vai regularmente apenas assistir eventos é classificado pelos seus pares como “turista”, e geralmente os bons investigadores científicos reputados “fogem” do contacto com este tipo de participantes. Apelamos à honestidade intelectual. É importante sublinhar, que tanto os eventos científicos como as publicações são mecanismos importantes para o processo de validação científica. Por isso é bom e necessário que depois de se obter algum resultado ele passe por processos de discussão e recolha de contribuições através dos eventos científicos da especialidade e depois devem passar por um processo mais “renhido”, que é o da validação final por pares da especialidade para culminar em publicação. É assim que se deve processar as coisas, e não publicar por publicar. O que tem a dizer quanto ao que vem ocorrendo com os nossos eventos? Um bom evento científico prepara-se com uma certa antecedência e deve ser anunciado preferencialmente com um mínimo de um ano. Em 2011 tentamos estabelecer um calendário de eventos científicos, para se promover a interacção entre os investigadores científicos. Naquela altura só entraram 35 eventos porque as IES projectavam eventos para o ano lectivo seguinte. Este calendário trouxe uma nova forma de estar e hoje as IES e II&D já fazem esta projecção. Este calendário pode ser encontrado em www.ciencia.ao. Todavia, há IES e II&D que ainda vivem do improviso e não conseguem fazer constar as suas actividades no calendário de eventos científicos. Um outro problema detectado na elaboração deste calendário tem a ver com a diferenciação de eventos científicos de eventos comuns. Já se chegou a fazer triagem de cerca de 1500 propostas de eventos para depois sobrarem apenas cerca de 10%, visto que o resto não tinha nada a ver com eventos científicos.


MUNDO

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O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

incêndio criminoso em estúdio de animação do Japão pode ter deixado 30 mortos Um incêndio criminoso num estúdio de animação do Japão nesta quinta-feira pode ter deixado 30 mortos, disseram as autoridades, depois de um homem ter sido visto a gritar “morram”, enquanto derramava combustível no edifício, no pior ataque ocorrido no país em quase duas décadas

O

p r i m e i r o -m inistro japonês, Shinzo Abe, classificou o incêndio na cidade de Kyoto —o episódio de violência brutal mais recente num país conhecido pelas suas taxas de crime baixas— como “assombroso demais para as palavras”, e expressou condolências pelas vítimas. A Polícia colocou sob custódia um homem de 41 anos que gritou “morram”, enquanto espalhava o que parecia ser gasolina ao redor do edifício de três andares da empresa Kyoto Animation pouco depois das 10 horas (horário local), segundo a emissora pública NHK. As mortes de 20 pessoas foram confirmadas, e ao menos outras 10 estavam sem sinais vitais depois de serem encontradas no estúdio, disse uma autoridade do Corpo de Bombeiros de Kyoto. Fumaça branca e preta emanava

guardas do irão dizem que apreenderam naviopetroleiro estrangeiro no Golfo, segundo tV

Dr

das janelas carbonizadas do prédio, mostraram imagens de televisão. “Ouvi o som dos camiões dos bombeiros e saí de casa, e vi grandes chamas emanando do edifício”, disse um menino de 16 anos, segundo citação da NHK. “Agentes do Corpo de Bombeiros estavam a tentar resgatar os feridos num parque próximo, mas parece que não eram suficientes”, acrescentou. O primeiro-ministro Abe disse tratar-se de um incêndio criminoso. “Hoje, muitas pessoas foram mortas e feridas num caso de assassinato por incêndio criminoso em Kyoto”, escreveu no Twitter. “É assombroso demais para as palavras”. As 10 pessoas sem sinais vitais foram encontradas no interior do prédio, algumas no terceiro andar e outras numa escadaria que leva ao telhado, disse a autoridade dos bombeiros. O suspeito está ferido e a ser tra-

O tado num hospital, por isso a Polícia não conseguiu interrogá-lo, disse a NHK. A Polícia de Kyoto não quis comentar. As redes sociais japonesas testemunharam muitas manifestações de solidariedade com o estúdio, e alguns usuários publicaram imagens de animações. Muitos usa-

ram a hashtag “#PrayForKyoani”, uma referência à Kyoto Animation. Os crimes violentos são relativamente raros no Japão, mas incidentes graves ocasionais chocaram o país. O caso desta Quinta-feira é o pior incidente de violência no Japão desde um suposto incêndio criminoso num prédio de Tóquio, em 2001.

Irão apreendeu um navio-petroleiro estrangeiro que contrabandeava combustível no Golfo Pérsico, informou nesta Quinta-feira a Guarda Revolucionária do Irão, segundo a televisão estatal. “Uma embarcação estrangeira contrabandeando 1 milhão de litros de combustível na Ilha Lark do Golfo Pérsico foi apreendida”, disse a emissora, acrescentando que o navio foi detido no Domingo. A Guarda disse que a embarcação apreendida é a mesma que fora rebocada no Domingo depois que enviou um pedido de socorro.

Vítima congolesa do Ébola pode ter entrado no Rwanda e no Uganda A peixeira que morreu nesta semana de Ébola pode ter transportado o vírus do Congo para o rwanda, além do Uganda, segundo a organização Mundial de Saúde, enquanto os profissionais de saúde lutavam para encontrar pessoas que poderiam ter sido infectadas

A

mulher foi uma das quase 1.700 vítimas do actual surto de 11 meses da doença altamente contagiosa, que a OMS elevou para uma emergência internacional de saúde na Quartafeira e que até agora tem sido efectivamente confinada ao Nordeste da República Democrática do Congo. Três pessoas morreram no Uganda no mês passado. Mas elas não espalharam o Ébola ainda mais para lá, e o Ruanda nunca teve um caso registado. A peixeira congolesa vomitou várias vezes em Mpondwe, um mercado do outro lado da fronteira, no Uganda, a 11 de Julho, poucos dias antes da sua morte, disse a OMS na Quarta-feira, citando um relatório

do Ministério da Saúde do Uganda. Um segundo peixeiro morreu de Ébola no Congo na Terça-feira depois de passar um tempo no mesmo mercado, acrescentou. O ministério suspeitava que, enquanto infectada, a mulher também foi para as cidades congolesa de Goma e Gisenyi no Rwanda, a negócios, disse a OMS na Quinta-feira. O ministro da Saúde do Rwanda não estava imediatamente disponível para comentar. SEM DEIXAR SINAIS Uma vasta campanha de vigilância e vacinação, com quase 75 milhões de exames, até agora manteve o surto confinado. O comité de emergência de es-

pecialistas em saúde internacional que assessora a OMS havia recusado por três vezes declarar uma emergência - uma designação rara que visa galvanizar apoio global. Mas os casos da peixeira e de um pastor que morreu este mês depois de viajar para Goma, uma cidade de 2 milhões de habitantes, uma porta de entrada para outros países da região, serviram para galvanizá-lo. “O comité está preocupado com o facto de que, após um ano do surto, há sinais preocupantes de possível extensão da epidemia”, disse o relatório do comité na Quarta-feira. Jonathan Ball, professor de virologia molecular da Universidade de Nottingham, na Grã-Bretanha, disse que os últimos casos e

a disseminação contínua da epidemia mostraram que os esforços actuais não foram suficientemente eficazes. Apesar da disponibilidade de uma vacina eficaz e de um amplo grupo de especialistas, o surto “não mostra sinais de diminuir”, disse ele. Os trabalhadores da saúde envolvidos na campanha de vacinação também enfrentaram hostilidade de comunidades em risco, onde alguns equiparam o Ébola à bruxaria - o tipo de resistência que o ministério ugandês disse que os trabalhadores que tentam localizar pessoas que entraram em contacto com a peixeira teriam que lidar. Até agora, os profissionais de saúde sabiam de 12 pessoas com al-

to risco de contrair Ébola. Mas um dono de uma peixaria com quem ela havia lidado trancou a sua loja e não pôde ser rastreiado, nem os seus quatro atendentes ou irmão, e outros comerciantes se recusaram a compartilhar o seu contacto telefónico, disse o ministério. Até agora, testes com comerciantes no mercado não haviam encontrado nenhum infectado com o vírus, disse o porta-voz do ministério, Emmanuel Ainebyona. A equipa continuou a monitorar os operadores. Ball disse que é necessária uma acção coordenada para encerrar o surto, em particular a estabilidade política e civil e o aumento efetivo do envolvimento com as comunidades afectadas.


ACTUAL

O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

ArqUiVo/opAíS

produção faz Sonangol regressar a lucros gordos A petrolífera nacional regressa a lucros mais expressivos, quase 80 mil milhões de kwanzas, devido ao bom desempenho do segmento de exploração e produção de petróleo. Angola desceu a produção, mas o aumento do preço do barril compensou Luís Faria

A

Sonangol melhorou claramente o seu resultado no último ano, atingindo um lucro de 79,9 mil milhões de kwanzas (o equivalente a cerca de 230 milhões de dólares ao câmbio corrente), mais 192% que em 2017. Para esta recuperação contribuiu decisivamente o segmento da exploração e produção de petróleo e gás natural, o designado upstream. Atingiu um resultado líquido de 548 mil milhões de kwanzas, com as áreas da distribuição e comercialização de combustíveis (downstream), a área do Corpo-

rate & Financing e outros negócios ‘non core’ (não ligados à actividade essencial da empresa) a darem uma contribuição negativa para os resultados consolidados da petrolífera nacional. Apenas o midstream (área da refinação) alinhou com a evolução muito favorável da exploração e produção, fixando-se em terreno positivo. O EBITDA consolidado (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) do grupo Sonangol foi superior a 1,1 milhões de kwanzas, o que traduz um crescimento de 76% face ao ano anterior. O segmento upstream teve um papel decisivo no aumento do EBITDA consolidado, reconhecendo a Sonangol que tal se ficou a dever “ao efeito preço, sendo que o

preço médio de comercialização das ramas angolanas cifrou-se em 70,709 dólares por barril, acima dos 54,14 dólares por barril verificado em 2017”. As vendas totais da Sonangol atingiram quase 4.797 mil milhões de kwanzas, o equivalente a 13,8 mil milhões de dólares, contra 2.825 mil milhões de kwanzas no ano precedente. O activo da empresa ascendia, no final do último exercício a 13.858 milhões de kwanzas, mais 6 mil milhões que em 2017. No relatório de gestão e contas consolidadas da empresa respeitante ao último exercício, divulgado ontem, quinta-feira, o presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Gaspar Martins,

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salienta que se tratou de um ano que “ficou marcado por dois eventos de grande impacto” na actividade da empresa: foi o ano em que a Sonangol EP deixou de ter a função de concessionária nacional e também o ano em que se deram “os primeiros passos para o início de uma nova etapa ao longo dos nossos 42 anos de história: o lançamento do programa de Regeneração, visando a reestruturação do Grupo Sonangol, e cuja implementação nos permitirá focar nas actividades da cadeia de valor do petróleo bruto e do gás natural”, sublinha Gaspar Martins. No ano de 2018 a petrolífera passou a deter os direitos participativos nos blocos 20/11 e 21/09, foi reactivada a actividade no Iraque e fechados acordos que permitirão à Sonangol receber dois navios sonda de 7ª geração. O presidente da empresa lembra no relatório que a Sonangol iniciou, o ano passado “a preparação dos interesses participativos a alienar, indicando um conjunto de activos que reuniam tais condições”. Quanto ao cumprimento deste objectivo, de avaliar e alienar negócios não nucleares à actividade da petrolífera, tem-se especulado quanto à permanência no banco de direito português com presença em Angola Millennium bcp, embora a Sonangol sistematicamente desminta qualquer orientação nesse sentido, como voltou a fazer ontem, quinta-feira. Menos petróleo produzido Durante o último ano foram produzidos 539,8 milhões de barris de petróleo bruto, correspondentes a uma média diária de 1,478 milhões de barris, abaixo, portanto, da fasquia dos 1,5 milhões de barris diários (Angola já produziu cerca de 1,9 milhões de barris de petróleo bruto diariamente). A quebra, em relação a 2017, foi de 9% na produção de petróleo. Dos volumes alcançados couberam à Sonangol 222,1 milhões de barris, dos quais 135,6 milhões sob a forma directa de direitos da concessionária e 86,4 milhões respeitantes à Sonangol investidora. Durante o ano de 2018, foram produzidos em Angola 539.813.065 barris de petróleo bruto, equivalentes a uma média diária de 1.478.940 barris. Comparativamente ao período homólogo, o volume de produção alcançado decresceu em 9%. Contribuíram para o decréscimo da produção a maturidade dos reservatórios, refere o relatório anual da Sonangol, a entrada de novos projectos de desenvolvimento com

baixo desempenho e a degradação das instalações de produção, devido à não realização de trabalhos de intervenção nos poços, bem como a falta de perfuração de novos poços por falta de unidades de perfuração nos blocos. o Bloco 17 foi o que mais contribuiu para a produção total, seguido dos Blocos 0, 15, 15/06 e 31, representando de forma agregada 84,5% da produção de petróleo bruto em Angola. A Total E&P Angola lidera claramente a lista de produtores de petróleo bruto em Angola, com 38,3% da produção total, seguida da Chevron com 21,2%, da Esso com 15,9%, da BP com 13%, da Eni com 9,2% e Pluspetrol com 0,1%. Os remanescentes 2,4% correspondem à produção das operadoras nacionais (Sonangol Pesquisa e Produção e Somoil), com 2% e 0,4%, respectivamente.

Números da Sonangol

222,1 Milhões de Barris de Petróleo bruto (61% sob a forma de direitos da concessionária)

13,6 Milhões de barris de petróleo bruto processados pela Refinaria de Luanda.

16,9 Milhões de toneladas métricas de produtos foram transportadas.

4,8 Milhões de toneladas métricas de produtos refinados foram comercializadas.


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CIDADE DO CAIRO CONHECE VENCEDOR DO CAN 2019 Senegal e Tunísia batem-se hoje pelo troféu da maior festa do desporto-rei no Egipto, no Estádio Internacional, às 20:00. Os Leões da Teranga regressam a uma final 17 anos depois Dr

Sebastião Féix

A

cidade do Cairo, no Egipto, conhece hoje o vencedor do CAN 2019, prova que começou no dia 21 de Junho passado. No Estádio Internacional, Se-

negal e Argélia batem-se pelo troféu disputado por 24 selecções, às 20:00. Os Leões da Teranga, depois de perderem a final em 2006 diante dos Camarões, no Mali, encaram esta final com mais maturidade. Por isso, Sadio Mané, do Liverpool da Inglaterra, e outros colegas têm a responsabilidade

de travar as Raposas do Deserto durante os 90 minutos. Os argelinos, que venceram o último título em 1990, diante da Nigéria, também perseguem o mesmo objectivo. Deste modo, no palco da competição, os adeptos depositam toda a esperança no avançado Mahrez do Manchester City.

Aliou Cisse quer vencer como treinador Dr

D

epois de perder a final em 2006 como treinador, diante dos Camarões, o técnico do Senegal, Aliou Cisse, quer levantar hoje o troféu como treinador. Por isso, em conferência de imprensa, disse que se sente orgulhoso por ter uma equipa com capacidade de festejar depois dos 90 minutos. Mesmo respeitando o adversário, o treinador senegalês adiantou que o suces-

so da sua equipa é resultado de muitos meses de trabalho. “Vamos contar com o Sadio Mané, um dos melhores atacantes do momento no futebol mundial”, reconheceu Aliou Cisse. O antigo internacional senegalês lembrou que Mané foi determinante na conquista da Liga dos Clubes Campeões com o Liverpool. Por isso, pode fazer o mesmo esta noite quando rolar a bola no Estádio Internacional do Cairo.

Final do CAN Senegal / Argélia Dia 19 20:00

Djamel Belmadi: o estratega do deserto

N

o lançamento da final ontem, o técnico da Argélia, Djamel Belmadi, foi apelidado “o estratega do deserto”. Com um sorriso simples no rosto, o treinador das Raposas do Deserto admitiu que não será uma partida fácil. Mas, referiu que a sua equipa vai enfrentar o Senegal com base na sua filosofia de jogo, porque, também quer ganhar como

treinador. “Queremos vencer o CAN, mas o adversário é muito forte e tem atletas capazes, no entanto estudamos o comportamento de todos”, disse o Djamel Belmadi. O técnico argelino adiantou que foi uma campanha competitiva, aliás as equipas tidas como mais fracas surpreenderam na primeira e na segunda fase do CAN que hoje termina na terra dos Faraós e das Pirâmides.

palancas negras reencontram a rDC na corrida ao CAn 2021

A

Selecção Nacional de futebol defronta a República Democrático do Congo (RDC), Gabão e a Gambia no grupo D de qualificação de acesso ao Campeonato Africano das Nações (CAN) 2021, a realizar-se nos Camarões, ditou ontem o sorteio realizado na cidade do Cairo, Egipto. Depois do fracasso no CAN do Egipto, os Palancas Negras disputam de 12 de Novembro deste ano a 17 de Outubro de 2021 a corrida para o Africano. Em 2016, a selecção do Congo-

Dr

Democrático eliminou o combinado angolano do certame que se disputou no Gabão. Deste modo, a direcção da Federação Angolana de Futebol (FAF) liderada por Artur Almeida e Silva deve começar já a preparar os aspectos administrativos de modo a superar os opositores dentro das quatro linhas. O Gabão aparece no grupo D como crônica candidata à passagem para o Africano, ao passo que a Gâmbia tudo fará para surpreender os adversários que terá pela frente.


O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

27 DAniEl MigUEl/ArqUiVo

Palancas prosseguem preparação A Selecção Nacional de futebol de honras realiza amanhã o penúltimo treino no país, antes da viagem marcada para Segunda-feira à África do Sul, onde vai trabalhar durante três dias. No quarto dia, os Palancas viajam para Mbabane, onde vão medir forças no dia 28 do corrente mês com a Swazilândia, em jogo da primeira mão de acesso ao CHAN 2020 que os Camarões vai acolher. Landu, Ndulu, Eddie Afonso, Wilson Gaspar, Manguxi, Caranga, Dany, Mário, Cirilo, Jó, Jaredi, Ito, Paty, Kinito, Pedro, Coxe, Sidney, Emilson, Yano, Almeida, Higino, Simão, Aisson e Chico são os convados para o desafio referente aos atletas que militam no continente africano.

Águas agitadas na FAF

Vivaldo receoso quanto à postura do 1º de Agosto B Kiameso Pedro

O

treinador da equipa sénior feminina de andebol do Petro de Luanda, Vivaldo Eduardo, disse ontem a O PAÍS que está receoso quanto à postura do 1º de Agosto B, no desafio de hoje das meias-finais do Campeonato Nacional sénior masculino e feminino da modalidade. O encontro entre ambas as formações é disputado no Pavilhão Principal da Cidadela Desportiva, às 11:00. Vivaldo Eduardo revelou a este jornal que o 1º de Agosto B é uma “equipa satélite” do 1º de Agosto. Entretanto, afirmou que quando aquela agremiação bate-se com a sua equipa, faz o uso excessivo da força no contacto físico. Vivaldo Eduardo afirmou que está receoso quanto a isso, uma vez que as militares não terão

nada a perder. Assim, revelou que a turma B do 1º de Agosto tudo fará para “aniquilar” as principais unidades do clube do Eixo Viário. Vivaldo Eduardo disse que tal atitude vai diminuir o nível competitivo da sua equipa, mas não descartou o desejo de vencer. “Será difícil porque o 1º de Agosto B é a equipa satélite do 1º de Agosto. Elas quando jogam connosco a missão é aniquilar as nossas atletas e isso nos torna menos competitivos. Mas o nosso desejo é chegar à final”,

Será difícil porque o 1º de Agosto B é a equipa satélite do 1º de Agosto”

O técnico dos Palancas Negras, Srdjan Vasilevic, pode romper o contrato com a Federação Angolana de Futebol (FAF), segundo uma fonte deste jornal. Tudo indica que questões administrativas, técnicas e atrasos salariais têm contribuido para o mau ambiente entre o técnico e a direcção da FAB. Todos os esforços foram feitos para se contactar a FAF, sem sucesso finalizou. Para chegar às meias-finais, as petrolíferas deixaram pelo caminho o Atlético do Namibe por (47-18). As tricolores terminaram na liderança do grupo A com oito pontos. Por sua vez, o 1º de Agosto B derrotou a Casa Pessoal do Porto do Lobito por (29-17). A equipa B rubro-negra quedouse na terceira posição com quatro pontos. Na sequência desta fase eliminatória, o 1º de Agosto, às ordens de Morten Soubak, vai enfrentar a Marinha de Guerra. Neste embate, as militares do Rio Seco são as favoritas, porque reúnem soluções de realce na defesa, bem como no ataque. As rubro-negras afastaram nos quartos-de-final o Progresso do Sambizanga por (28-17). Por seu lado, a Marinha bateu o Atlético Sport Aviação (ASA) por (26-18).

Imprensa espanhola aponta CR7 como o favorito à Bola de Ouro Segundo o noticiado pelo portal espanhol Marca desta Quinta-feira, o internacional português voltou a ser apontado como o principal favorito à conquista da Bola de Ouro. A mesma publicação recorda o percurso do craque da Juventus desde que chegou a Turim, onde foi eliminado da Ligas dos Campeões, mas onde conseguiu também conquistar o título de campeão italiano e a Supertaça. Contudo, o principal destaque vai para a conquista da Liga das Nações ao serviço da Seleção Nacional.

Selecção estreia-se no Afrocan A Selecção Nacional sénior masculina de basquetebol (B) estreia-se hoje diante do Chade, em partida a contar para a série C, da 1ª edição do Campeonato Africano das Nações, vulgo Afrocan, versão 2019. O desafio está agendado para o Palácio dos Desportos Salamatou Maiga, na cidade de Bamako, Mali, às 16:00. A referida competição decorre desde ontem, cujo encerramento está marcado para o dia 27 do corrente.Angola volta a entrar em cena no Domingo, em desafio de encerramento do grupo C, diante de Marrocos, no mesmo Pavilhão, às 13:15.

Com rivais na corrida pelo mesmo prémio como Virgil Van Djik, Sadio Mané, Mohamed Salah e Lionel Messi, o avançado luso tem a vantagem de ter conquistado uma competição pelo seu país, e ainda terá até Dezembro para ‘brilhar’ ainda mais e demonstrar que é o verdadeiro merecedor do prémio. Recorde-se que o jogador, de 34 anos, conseguiu alcançar recordes como o facto de ter sido o primeiro a atingir a marca das 100 e das 125 vitórias na Liga dos Campeões.

Juventus ‘namora’ Neymar Intensificam-se os indicadores que dão conta de uma eventual mudança de Neymar para a Juventus. Depois da Rai Sport ter dado conta de um encontro entre o pai do jogador e Fábio Paratici, é a vez do El Chiringuito revelar uma primeira proposta do emblema bianconero. Segundo a rádio espanhola, a Juventus está disposta a oferecer Paulo Dybala para baixar os 222 milhões de euros exigidos pelo PSG para negociar o passe do internacional brasileiro. A mesma fonte avança que Neymar já terá mesmo dado luz verde à mudança para Turim, agradado com a ideia de formar uma dupla atacante com Cristiano Ronaldo.

Liverpool e Manchester City disputam Supertaça em Agosto O Manchester City e o Liverpool disputam no dia 4 de Agosto próximo a Supertaça de Inglaterra, desafio que vai abrir a nova época futebolística naquele país. Segundo a imprensa inglesa, o desafio entre ambos disputa-se, no Estádio de Wembley, às 15:30 (tempo de Angola). Os “cityzens” são os campeões em título, sendo assim, partem como favoritos à conquista do título.

Mas, os “reds”, às ordens do alemão Jurgen Klopp, vão contrariar aquele favoritismo, uma vez que venceram recentemente a última edição da Liga dos Campeões Europeus. Para conseguir este feito, os reds bateram na final o Tottenham Hotspur por duas bolas sem resposta. A partida promete ser renhida do primeiro até ao último minuto.


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TEMPO

30

O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

Fonte: INAMET

prEViSÃo Do tEMpo *** 3 DiAS *** pArA AS prinCipAiS CiDADES Válida de 19 a 21 de Julho de 2019 Ê Ê

Das 18 horas do dia 18 às 18 horas do dia 19 de Julho de 2019 Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu parcialmente nublado, tornando-se nublado durante a madrugada e manhã. períodos de ocorrência de neblina ou nevoeiro matinal em alguns municípios das províncias do Zaire, Uíge, luanda, Bengo, Cuanza norte e Cuanza-Sul. .

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT)Ê

Ê

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 19 á 21 de Julho de 2019Ê Data 19/ 07/ 2019

CIDADE

Mín

Máx

Data 20/ 07/ 2019

Estado do Tempo

Mín

Máx

Data 21/ 07/ 2019

Estado do Tempo

Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

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Céu parcialmente nublado

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Céu parcialmente nublado

16

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Céu parcialmente nublado

CABINDA

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Céu parcialmente nublado

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SUMBE

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CAXITO

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MBANZA CONGO

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Céu parcialmente nublado

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UIGE

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NDALATANDO

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Céu parcialmente nublado

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Céu parcialmente nublado

12

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MALANJE

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Céu parcialmente nublado

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Céu parcialmente nublado

11

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Céu parcialmente nublado

DUNDO

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Céu parcialmente nublado

19

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Céu parcialmente nublado a limpo.

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Céu parcialmente nublado a limpo.

SAURIMO

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Céu parcialmente nublado a limpo.

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10

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Céu parcialmente nublado a limpo.

BENGUELA

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Céu parcialmente nublado a limpo.

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Céu parcialmente nublado a limpo.

16

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Céu parcialmente nublado a limpo.

HUAMBO

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Céu parcialmente nublado a limpo.

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Céu parcialmente nublado a limpo.

06

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Céu parcialmente nublado a limpo.

CUITO

10

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Céu parcialmente nublado ou limpo.

09

28

Céu parcialmente nublado ou limpo.

09

28

Céu parcialmente nublado ou limpo.

LUENA

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Céu parcialmente nublado a limpo.

20

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Céu parcialmente nublado a limpo.

20

27

Céu parcialmente nublado a limpo.

LUBANGO

13

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Céu parcialmente nublado a limpo.

12

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Céu parcialmente nublado a limpo.

12

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Céu parcialmente nublado a limpo.

MENONGUE

12

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Céu parcialmente nublado a limpo.

11

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Céu parcialmente nublado a limpo.

11

29

Céu parcialmente nublado a limpo.

MOÇÂMEDES

13

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Céu parcialmente nublado

12

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Céu parcialmente nublado a limpo.

12

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Céu nublado.

ONDJIVA

12

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Céu parcialmente nublado a limpo.

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Céu parcialmente nublado a limpo.

11

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Céu parcialmente nublado a limpo.

REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu parcialmente nublado, tornando-se nublado durante a madrugada e manhã. períodos de ocorrência de neblina ou nevoeiro matinal em alguns municípios da província de Benguela.

Céu parcialmente nublado Céu parcialmente nublado

Meteorologista: Lionete A. Mitange.

REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango Céu pouco nublado ou limpo, temporariamente parcialmente nublado pela manhã e ao anoitecer.

Luanda, 18 de Julho de 2019

Ê Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.aoÊ

TEMPO NO MAR Fonte: INAMET

BolEtiM MEtEorolÓgiCo pArA A nAVEgAÇÃo MArítiMA 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00 TU DO DIA 18 DE JULHO DE 2019: Circulação de oeste moderada aINSTITUTO forte entre osDEparalelos 4°S e 12°S- (Cabinda, Zaire, Bengo, luanda e NACIONAL METEOROLOGIA E GEOFÍSICA INAMET Centro Nacionalentre de Previsão Tempo Cuanza-Sul). Circulação de Sudoeste moderada osdo paralelos 12°S a 14°S (Benguela); Circulação de Sul, muito forte entre os paralelos 14°S a 18°S (namibe). BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

2. PREVISÃO VÁLIDA 18:00 TU DO DIA 19 DE JULHO DE 2019: 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00ATÉ TU DO ÀS DIA 18 DE JULHO DE 2019:

Circulação de Oeste,moderada á fresco entre os paralelos 4°S a 12°S (Cabinda ,Zaire,Bengo,Luanda e Cuanza sul) Circulação de Sudoeste, moderada entre os paralelos 12°S a 14°S (Benguela); Circulação de Sul, muito fresco entre os paralelos 14°S a 18°S (Namibe).

SEM AVISO.

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 19 DE JULHO DE 2019: SEM AVISO.

REGIÃO

VENTO

ESTADO DO TEMPO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

Cabinda (4°S – 6°S) Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S) Namibe (14°S – 18S)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

Parcialmente nublado

Oeste

Até 11

Até 2.0

Agitado

Moderada á fraca (Superior a 5)

Parcialmente nublado

Oeste

5.0 á 20

á 2.0

Agitado

Moderada (Superior a 7)

Parcialmente nublado

Sudoeste

Até 13

Até 2.0

Agitado

Moderada (Superior a 7)

Parcialmente nublado

Sul

Até 23

Até 2.4

Agitado

Moderada á boa (Superior a 8 )

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 18/07/2019 ÀS 18:00 UTC DO DIA 19/07/2019 Depressão, com pressão de 1015hpa, sendo que o seu vale depressionário estende-se em toda costa marítima de Angola. o anticiclone de Santa Helena irá deslocar-se para o leste, com o seu centro de 1035hpa influenciando o padrão e a intensidade do vento. Assim, prevê-se ondas máximas de até 2.4 metros de altura para a região marítima do namibe. para as regiões marítimas de Cabinda, Zaire, luanda, Bengo, Cuanza-Sul e Benguela prêvese ondas maximas de até de 2.0 metros de altura.

4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

31

RICARDO VITA*

O machismo travou o sucesso do futebol feminino

H

oje assistiremos à fi nal do CAN entre a Argélia e o Senegal. Mas esta será uma final masculina, as futebolistas americanas já venceram a Copa do Mundo de Futebol Feminino no dia 7 de Julho último em França. É surpreendente hoje, mas o futebol feminino teve um enorme sucesso nos vinte anos que seguiram a codificação do futebol moderno, nos anos 1860. Um parêntese encantado que os homens fecharam para que o futebol permanecesse sua exclusiva prerrogativa. É o que conta o livro do jornalista Mickael Correia, « Une histoire populaire du football », e lembrou recentemente a imprensa francesa. O primeiro jogo internacional de futebol feminino foi entre a Escócia e a Inglaterra e teve lugar em 9 de Maio de 1881 em Edimburgo. Já se notava a hostilidade dos homens nos relatos dos jornais da época. « Do ponto de vista do futebolista, o jogo foi um fiasco, mesmo se algumas jogadoras pareciam entender o jogo », comentou o jornal Glasgow Herald. E a violência verbal contra as jogadoras transformava-se rapidamente em violência física. Poucos dias depois desse jogo, um outro, ainda entre a Escócia e a Inglaterra, teve lugar em Glasgow e foi interrompido pela invasão do campo por homens. As jogadoras tiveram que se refugiar em um ónibus, no qual os machistas lançavam as barras das balisas que tinham arrancado. Em 20 de Junho, tentouse repetir o jogo em Manchester, mas outras violências ocorreram. E lemos no Manchester Guardian denúncias contra essas mulheres que se vestiam « com trajes tão desagradáveis quanto indesejáveis ». A organizadora dos jogos, a activista escocesa Helen

Matthews, e as suas equipas tiveram que abandonar as competições. Tal virulência pode ser explicada pelo contexto da época. Na década de 1880, o feminismo britânico estava em plena efervescência. Os homens começaram a preocupar-se com o questionamento da dominação masculina, que reduzia o corpo das mulheres a uma simples ferramenta de reprodução. Deste ponto de vista, a prática feminina do futebol apresentava dois problemas. Julgada indecente, também era vista como perigosa « para os órgãos reprodutivos e o peito por causa dos brutais solavancos, reviravoltas e golpes inerentes ao jogo », escreveu a British Medical Journal em Dezembro de 1884. E a revista não hesitou em recomendar que as mulheres fossem banidas desse desporto. « A maternidade é também um desporto, o verdadeiro desporto das mulheres », afi rmavam até certas bocas. Os homens viam nessas primeiras mulheres que praticavam o futebol o desenvolvimento de um discurso de igualdade que ia muito além da bola. E a declaração de Nettie Honeyball, fundadora do primeiro clube de futebol feminino da história em 1894, o British Ladies’ Football Club, - « eu fundei a associação no ano passado com a firme vontade de provar ao mundo que as mulheres não são criaturas ‘ornamentais’ e ‘inúteis‘ que os homens imaginam. (...) Aguardo com impaciência a altura em que as mulheres estarão presentes no Parlamento para que as suas vozes sejam ouvidas nos assuntos que lhes dizem respeito » -, não ajudou em nada. A Câmara dos Comuns do Reino Unido só teve a sua primeira mulher, Nancy Astor, em 1919 e o futebol feminino, por sua vez, teve uma segunda fase de sucesso muito mais rápida. A partir de 23 de Março de 1895, um jogo entre uma equipa do norte da In-

glaterra e outra do sul reuniu 10 mil espectadores. Mas em 1902, a Federação Inglesa de Futebol proibiu todos os clubes masculinos de enfrentarem mulheres. No ano seguinte, o British Ladies’ Football Club fechou as portas e foi o fi m da segunda fase pioneira. Como em outras áreas, não foi até o início da Primeira Guerra Mundial que as mulheres voltaram à vanguarda da cena do futebol. No centro da guerra, 700 mil mulheres trabalhavam em fábricas inglesas de munições. Essas mulheres, supervisionadas por patrões paternalistas, criaram 150 equipas de futebol entre 1915 e 1918. O futebol feminino tornou-se um meio de « reforçar a imagem social das trabalhadoras envolvidas em um desporto nacional saudável e revigorante », escreveu Mickael Correia. O Primei-

A Câmara dos Comuns do Reino Unido só teve a sua primeira mulher, Nancy Astor, em 1919 e o futebol feminino, por sua vez, teve uma segunda fase de sucesso muito mais rápida. A partir de 23 de Março de 1895

ro-ministro britânico da época, David Lloyd George, falou até mesmo de « valentes heroínas ». Especialmente desde que os jogos que elas organizavam eram muitas vezes a ocasião para colectar doações para fi nanciar hospitais de guerra. Em 1918, 750 mil trabalhadoras inglesas tinham uma licença de futebol! Entre as equipas, havia Dick, Kerr’s Ladies F.C, uma equipa do norte de Manchester, que ficou rapidamente famosa. Capaz de praticar um jogo rápido, técnico e ofensivo, as onze mulheres atraíam multidões. Na primavera de 1919, 35 mil pessoas assistiram a um dos seus jogos contra as Newcastle girls. Um ano depois, enfrentaram pela primeira vez uma equipa francesa, liderada por Alice Milliat, uma jovem de origem modesta que rapidamente se tornou uma das fundadoras dos desportos femininos franceses e internacionais. O sucesso foi imenso, as futebolistas francesas e inglesas cativaram um grande público e apareceram nas capas de revistas. Mais uma vez, por trás do sucesso desportivo e midiático, havia um pano de fundo político. Alice Milliat, como as outras pioneiras do futebol britânico, tornou o desenvolvimento do desporto feminino uma luta feminista mais ampla. Com a sua notoriedade e a ideia ainda ancorada na França no início da década de 1920 de que o desporto podia participar na regeneração da Nação após a guerra, Alice Milliat conseguiu inserir-se no espaço midiático da época. As mulheres perceberam que a prática desportiva não era apenas outro bastião masculino a ser conquistado, era especialmente importante que elas questionassem o argumento biológico da inferioridade feminina. Na Inglaterra, mais do que na França, o sucesso mediático do futebol feminino irritou rapidamente

as autoridades do futebol. Depois de estar interrompido durante a guerra, o campeonato masculino retomou a sua hegemonia em 1919. Em 1921, a Federação Inglesa de Futebol proibiu os clubes de emprestarem os seus campos às equipas femininas. « O futebol não é adequado para mulheres e nunca deve ser incentivado », diziam os seus dirigentes, « o futuro dever de casa, como mães, seria muito comprometido », diziam outros machistas. O regresso à ordem patriarcal a que os homens aspiravam passou por um regresso à ordem futebolística. A mensagem política enviada pelas autoridades políticas foi clara: « os estádios de futebol devem continuar a ser um templo da masculinidade e as mulheres são obrigadas a dedicar-se à regeneração da Nação ». Aí acabou a festa, pois organizar um jogo de mulheres se tornou um combate longo e difícil, e os clubes masculinos só foram autorizados a emprestar os seus campos a mulheres em 1971. E recentemente, no dia 17 de Março deste ano de 2019, 60 mil pessoas assistiram ao jogo feminino entre o Atlético de Madrid e o FC Barcelona. Então o sucesso ainda é palpável, mesmo após 100 anos de atraso causado pela predação masculina. Em 1920, um jogo de Dick, Kerr’s Ladies F.C, contra o St. Helen’s Ladies em Liverpool já tinha reunido cerca de 53 mil espectadores. Bela luta minhas senhoras, parabéns!

*é Pan-africanista, afrooptimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Folha de São Paulo (Brasil), do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É cofundador e vice-presidente do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.


ÚLTIMA

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Caso CnC: Alegações foram marcadas para 30 de Julho O júri do “Caso CnC” agendou para o próximo dia 30 deste mês a apresentação das alegações finais, a ser feita pelo Ministério público (Mp) e pelos advogados dos cinco réus do processo 002/19, cuja figura principal é o antigo titular dos transportes, Augusto da Silva tomás

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anúncio foi feito nesta Quinta-feira pelo juiz relator da causa, após declarar o fim da etapa da produção de provas ou procura da verdade do julgamento que decorre há 48 dias na Câmara Criminal do Tribunal Supremo. Após as alegações finais deste processo do Conselho Nacional de Carregadores (CNC), penúltima fase do julgamento, o juiz poderá marcar a data da sentença. Esta fase pode ser antecedida da leitura dos quesitos (perguntas feitas pelo juiz para serem respondidas no acórdão) e, caso seja necessário, de acareações, que podem ser requeridas pelas partes ou determinadas pelo juiz. Augusto Tomás foi detido a 21 de Setembro de 2018, sob a acusação de prática de peculato, violação de normas de execução de orçamento, branqueamento de capitais e abuso de poder na forma continuada. Os outros réus arrolados neste processo são, designadamente o ex-director-geral do CNC, Manuel António Paulo, e antigos directores-adjuntos Isabel Bragança, Rui Manuel Moita e Eurico Pereira da Silva. O julgamento deste processo teve início a 31 de Maio deste ano. Nos autos estão, igualmente, arrolados 14 testemunhas e 31 declarantes. Declarações do ex-governador do Moxico No prosseguimento da produção de prova, o tribunal também convocou o ex-governador do Moxico (1991-2017), João Ernesto dos Santos “Liberdade”, como testemunha do réu Augusto Tomás. “Liberdade”, actual ministro dos Antigos Combatentes e Ve-

ArqUiVo/opAíS

O PAÍS Sexta-feira, 19 de Julho de 2019

Deputados votam proposta de lei sobre polícia nacional Os deputados à Assembleia nacional aprovaram ontem (quinta-feira), por unanimidade, a proposta de lei de Bases sobre a organização e Funcionamento da polícia nacional (pn), que estabelece os princípios fundamentais da actuação da instituição castrense.

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teranos da Pátria, confirmou, em tribunal, que o réu viajou várias vezes, em serviço, para a cidade do Luena e a sede do município do Luau, de jactos privados. Segundo testemunhou, as viagens de Augusto Tomás foram feitas durante as inspecções das obras do Caminhode-Ferro de Benguela (CFB) e da inauguração do aeroporto do Luau. Director-geral da “Best Flay” O director-geral da “Best Flay”, Nuno Pereira, confirmou que o réu Augusto Tomás usou várias vezes os serviços desta companhia aérea privada, dedicada à aviação executiva, tal como o fazem outros governantes, até hoje. Rui Carreira, presidente da Comissão Executiva da TAAG, Mário Palhares (PCA do Banco de Negócio Internacional - BNI)

e Mário Sequeira (PCA da GEFI), constam na lista de testemunhas arroladas pela defesa do réu (Augusto Tomás). Dispensa de testemunhas na 23.ª sessão Na sessão desta Quinta-feira, a 23.ª, o juiz retirou a ordem emitida no início da sessão, que determinava a comparência, em tribunal e sob custódia, da testemunha Itiandro Simões, antigo secretário para os Assuntos Judiciais e Jurídicos da Presidência da República, pelas ausências injustificadas em sessões anteriores.O “recuo” do juiz foi em respeito ao pedido da advogada do réu, Paula Godinho, que prescindiu do seu testemunho. Paula Godinho requereu, igualmente, a dispensa de Manuel da Cruz Neto, António Fiel Didi, Álvaro de Boavida Neto, António Mosquito e David Macaia.

votação, na generalidade, ocorreu durante a 12ª Reunião Plenária Ordinária da Assembleia Nacional, orientada pelo presidente deste órgão de soberania, Fernando da Piedade Dias dos Santos. A Proposta de Lei, com 19 capítulos, seis secções e 76 artigos, é uma iniciativa do Presidente da República enquanto Titular do Poder Executivo. Ao apresentar o documento, o secretário de Estado do Interior, Salvador Rodrigues, informou que é a primeira vez que a Polícia angolana irá dispor de uma Lei que estabelece os princípios fundamentais da sua actuação, “de modo a agir com a necessária legitimidade, na garantia da ordem e da segurança pública”. O secretário de Estado ressaltou que a proposta visa estabelecer os princípios gerais de organização e funcionamento da PN como instituição militarizada e apartidária. Indicou que o documento pretende configurar o sistema de funcionamento da Polícia angolana como um todo, no âmbito das suas principais tarefas, que se consubstanciam na manutenção da ordem e tranquilidade públicas e no combate à criminalidade. Pronunciamento dos deputados Benedito Daniel, deputado do PRS, saudou a iniciativa da proposta de lei que, a seu ver, irá contribuir para o estabelecimento de bases para a elabo-

ração do estatuto orgânico da corporação e demais regulamentos reitores a vários níveis. Manifestou-se preocupado com a morosidade no provimento de vagas no Serviço de Investigação Criminal (SIC), órgão que resultou da fusão da então Polícia Económica e da Direcção Nacional de Investigação Criminal, há três anos. “Não há provimento de vagas e nem se faz carreira nesses serviços, disse o deputado, notando que, depois da fusão foram nomeados, apenas, os directores e sub-directores do órgão (oficiais comissários). Já o deputado Lucas Ngonda, da FNLA, criticou a actuação dos efectivos da Polícia Nacional, para quem “na construção de uma Angola livre e democrática não pode haver lugar para a repressão policial gratuita, que comete excessos desnecessários”. Segundo o parlamentar, os critérios de recrutamento dos agentes da PN devem ser os mais rigorosos possíveis, porque se trata de pessoas chamadas a servir a nação de forma exemplar e inquestionável. O deputado João Pinto, do MPLA, entende que não se deve generalizar a actuação negativa da Polícia Nacional, porque há, no seio da corporação, elementos que cumprem à letra o primado da lei. Disse que, apesar das várias vicissitudes, é à Polícia que se recorre para a solução de problemas relacionados com a reposição da ordem pública.


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