Jornal OPaís edição 1609 de 27/09/2019

Page 1

Director: José Kaliengue

www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @Jornalopaís facebook/opaís.angola

O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA Edição n.º 1609 Sexta-feira, 27 /09/2019 Preço: 40 Kz



HuAmBO AumeNTA PRODuçÃO De PRÓTeSeS PARA mAIS De 60/mÊS

DePuTADO DO mPlA RefuTA AcuSAçÃO De PROmOVeR DIVISÃO DO cuNeNe

A produção de próteses, muletas e cadeiras de rodas no Centro Ortopédico do Huambo vai aumentar para mais de 60 por mês até ao final Dezembro, revelou, ontem, Fernando Vicente, director-geral da instituição. P. 8

O deputado do MPLA, Ovídio Pahula, nega ser o principal mentor de um ante-projecto que prevê a divisão geográfica da província do Cunene, de onde é natural. P. 9 Director: José Kaliengue

www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @Jornalopaís facebook/opaís.angola

O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA Edição n.º 1609 Sexta-feira, 27 /09/2019 Preço: 40 Kz

VÍTImA De mINA AcAleNTADA POR DIANA eSPeRA ANSIOSA POR PRÍNcIPe HARRY SOcIeDADe: Há poucas horas da visita do Príncipe Harry ao Huambo, o centro ortopédico local, que será baptizado com

o nome de sua mãe, apresenta nova imagem e entre os beneficiários estão algumas das pessoas que há 22 anos foram acalentadas pela princesa de Gales. Entre elas Justina César, que espera conhecer o filho de Diana. P. 8

DR

eSPecIAl

RePÚBlIcA POPulAR DA cHINA cHeGA AOS 70 ANOS em GRANDe BAI Directo_ O Pa’ s_276x42,733mm.pdf

M

Y

CM

10:29

CY

Confiança no Futuro

CONSULTAR SALDO E MOVIMENTOS

ASSIM É FÁCIL!

PAGAR

Com o BAI Directo, o BAI está sempre de portas abertas para si. Entre a qualquer hora e faça as suas operações com o banco. No seu computador ou telemóvel, num clique está no BAI.

TELEMÓVEL, TELEVISÃO

O SEU BANCO NO TELEMÓVEL OU NO COMPUTADOR

MY

K

03/07/17

BAI DIRECTO

C

CMY

1

Adira já numa Agência BAI próxima de si!

ÁGUA, LUZ, IMPOSTOS VIAGENS, CASA NA CENTRALIDADE

CARREGAR

TRANSFERIR DENTRO DO SEU BANCO E PARA OUTROS BANCOS


4

DeSTAQueS em fOcO. PÁG. 08 A vítima de mina que depois de conhecer Diana espera ver o filho Harry.

o editorial

eNTReVISTA. PÁG. 10

‘Estou cá há cinco meses e não recebi queixas sobre obras’.

SOcIeDADe. PÁG. 18 Confúcio expande-se para formar angolanos.

ecONOmIA. PÁG. 20 Fuba, capuca e gindungo entre os mais procurados por empresários chineses.

ecONOmIA . PG. 26 Medicina

Tradicional Chinesa em debate em Macau.

HOJe:

um olhar especial ao Oriente

os números do dia

6

O

aeroporto internacional de Daxing (foto de capa desta edição), em forma de estrela do mar, a nova pérola da capital chinesa, é apenas um exemplo do glorioso caminho que a China tem percorrido nos últimos setenta anos, que o seu embaixador em Angola, Gong Tao, considera um tempo curto. E o é, comparando com os milénios de civilização chinesa registados pela história. Uma história em que Angola entra, como parceira, desde os anos oitenta do século passado. Ao completar 70 anos desde a sua proclamação como República Popular, a China merece a atenção suficiente para uma edição especial de OPAíS, que não ignora o papel do país asiático no progresso até agora alcançado por Angola depois da guerra civil. Nesta edição, o leitor perceberá que, afinal, há muito mais China no nosso território do que a mera participação na construção civil. Há negócios, migração, há amores também. Uma realidade que veio para ficar.

o que foi dito

Há necessidade de se reforçar a capacidade dos quadros da empresa, de forma a estarem à altura de enfrentar os desafios do futuro” Josué Isaías PCA da ANGOP

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

25 914 400 “

mil bilhetes estão a venda, em vários locais da capital do país, para o jogo do próximo Domingo entre o 1º de Agosto e o Green Eagles da Zâmbia, referente à fase de grupos da Liga Africana.

Novos profissionais de saúde, na província do Huambo, terão as colocadas resolvidas nos próximos dia, segundo a governadora Joana Lina em declarações à imprensa.

mil alunos do ensino primário, dos seis aos 15 anos, foram desparasitados com Albendazol, no âmbito do combate aos parasitas intestinais na província do Uíge.

A primeira visita oficial de Sua Alteza Real o Duque de Sussex a Angola acontece numa altura em que as relações entre o Reino unido e Angola estão a desenvolver-se” Jessica Hand Embaixadora do Reino Unido em Angola

mil e 600 habitantes das regedorias do Ngambo, Mombo, Samupafo e Tamba I, arredores da cidade de Saurimo, Lunda-Sul, receberam bens alimentares e material de campo.

Os membros do cofre de Previdência necessitam de um programa de saúde viável e facilitação para a obtenção de residências” Paulo de Almeida Comandante geral da Polícia Nacional


O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

5 e assim... José Kaliengue Director

Não é anedota, é verdade

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o cientista político Paulo Faria e saiba mais sobre ciência política e políticas públicas em implementação em Angola

H

www.opais.co.ao Beijing (china): Praça da Paz Celestial, 1 de Outubro de 1949, Mao proclama a República Popular da China. (DR)

o que vai acontecer economia A Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola (AIPEX) e a Câmara de Comércio e Indústria Angola-África do Sul (CACIAAS) promovem, hoje, na Cidade do Cabo, um fórum de agro-negócios e ecoturismo Angola-África do Sul. O fórum vai juntar empresários dos dois países e acontece no Centro de Convenções Internacional da Cidade do Cabo, com o objectivo de promover e alavancar o comércio e investimento na região da África Austral. De acordo com uma nota de imprensa da AIPEX, o evento pretende ser uma plataforma de interacção que facilite a promoção de investimentos em várias áreas

Política Prossegue, na Baía, em Luanda, a I edição da Feira Cidade do Empreendedor. A iniciativa visa promover oportunidades de emprego e de investimento junto de empresas inovadoras e criativas, bem como potenciar parcerias formais e informais com outras empresas. Entre outros assuntos a serem abordados, aproximar os empresátambém é a meta. A evento conta com a presença de mais de cem empresas, sendo que outros aspectos sobre emprego e desemprego serão abordados, aliás os jovens são os que mais sentem este fenómeno

encontro A campanha de divulgação das leis de protecção da propriedade individual, em especial a de origem artística, conta hoje com a realização de um Seminário Internacional sobre “A protecção e gestão dos direitos de autor e conexos”, na Escola Nacional de Administração e Políticas Públicas, em Luanda. O seminário, destinado a agentes públicos e privados intervenientes no Sistema Nacional dos Direitos de Autor e Conexos (SNDAC), prevê a participação da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), bem como de especialistas em direitos de autor e conexos do Brasil, Cabo Verde e Portugal

Torneio A Selecção Nacional sénior feminina de andebol começa hoje, diante dos Camarões, em Dakar, a disputa por uma vaga para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, no Japão, em partida frente ao Congo Democrático. O sete nacional, com um estatuto de campeão, tem pela frente uma adversária que pretende chegar também chegar ao Japão. Por isso, o técnico Morten Soubak adiantou que o grupo está preparado para enfrentar as adversárias sem qualquer constransgimento. Angola realizou o pré-olímpico em 2015, em Luanda, e carimbou o passe para os Jogos Olímpicos do Rio 2016, no Brasil

á muitas anedotas por aí sobre relações amorosas entre cidadãos chineses e angolanos. Hoje mesmo, Quinta-feira, alguém me enviou um vídeo em que aparece o cantor Yuri da Cunha, sozinho, numa mesa de bar, suponho, a cantar uma história de uma angolana que tem um bebé com um cidadão chinês. O miúdo nasceu com olhos e nguimbo de chinês, mas com carapinha de angolano. Cresceu, estudou, formouse e “agora quer ser Presidente angolano”. E pergunta Yuri da Cunha: “pode?” Pois bem, não entrando para as pretensões políticas do menino, porque o voto é secreto, Yuri, esta é uma realidade cada vez mais presente e que veio para ficar. Porque há chinesas a ter filhos com angolanos também e porque há chineses a dizer que vieram para ficar, que esta é também sua pátria. Aliás, nada de novo. Os encontros culturais, de povos, vão miscigenando a humanidade há milénios. Daí que não faça muito sentido, se formos ver bem, as conversas sobre autóctones, puros, genuínos, etc.. Um bom estudo de ADN revelaria que já existia sangue chinês em Angola desde antes da Independência, surpreenderia muita gente, e não apenas as misturas com sangue português, cubano, russo, cabo-verdiano, búlgaro, americano, são-tomense, moçambicano, italiano, etc.. Perdemo-nos no tempo, somos sempre um mosaico genético. Mas tem mais, olhemos para as nossas casas, para os nossos bens e procuremos pelas impressões digitais chinesas, estão em quase tudo, a China é mesmo a fábrica do mundo, é normal que “fabrique” nenés também em Angola. É a vida! Tiremos deles, então, o melhor que têm a oferecer.

e também... Dia Mundial do Turismo - 27 de Setembro Este dia visa mostrar a importância do turismo e do seu valor cultural, económico, político e social, através de iniciativas realizadas em vários países do mundo. O tema do Dia Mundial do Turismo 2019 é: “Turismo e emprego: um futuro melhor para todos”.


6 Media Nova, S.A Presidente do conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

NO TemPO DO KAPARANDANDA

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

OPAÍS

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais. co.ao Grande repórter: André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia Luís Faria (Coordenador-Editor) luis.faria@opais.co.ao Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto Nunes, Rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Afrodite Zumba, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Iracelma Kaliengue, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela),Brenda Sambo, Maria Custódia, Kiameso Pedro e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto)Lourenço Pascoal, Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Revisão: António Setas Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Inês Monteiro e Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor)Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, Talatona- Luanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 Vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

27 de Setembro de

1970 -

O Rei Hussein, da Jordânia, e o dirigente da Al-fatah, Yasser Arafat, encontraram-se no Cairo com 10 chefes de Estado árabes e assinam um acordo que põe fim à guerra civil na Jordânia.

1987

27 de Setembro de - O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, iniciou uma visita oficial de cinco dias a Portugal, a primeira de um chefe de Estado de Angola, 12 anos após a Independência.

1993

27 de Setembro de -O Presidente norte-americano, Bill Clinton, proibiu a venda por empresas dos Estados unidos de armas e munições a UNITA.

cARTA DO leITOR

Fuga de presos alimenta sentimento de insegurança Exmo. Senhor Director do jornal OPAíS, Espero que essa missiva vos encontre de óptima saúde. Aproveito a oportunidade que o vosso jornal concede aos contribuintes de divulgar os assuntos que nos afligem para manifestar a nossa preocupação em relação à fuga de marginais de estabelecimentos prisionais. Nos últimos meses temos sido surpreendidos com informações sobre situações do género ocorridas em diversos estabelecimentos prisionais de Luanda. Trata-se, em muitos casos, de marginais condenados por crimes violentos, o que aumenta o sentimento de insegurança. Pode parecer exagero, mas não é. Basta recordar que na época em que o comissário-geral, Alfredo

Mingas “Panda”, comandava a Polícia Nacional, mais de uma dezena de presos se invadiram da Cadeia de Viana e até ao momento não foram apanhados. Ou melhor, se foram não tornaram público. Portanto, em meu entender, já era altura de as autoridades de direito tomarem as medidas necessárias a fim de evitar que situações do género se repitam. Recordo que até hoje não foram tornados públicos esclarecimentos sobre a fuga de presos da Cadeia de Viana. Lamentavelmente, a direcção do Serviço Penitenciário não veio a público apresentar o relatório do inquérito instaurado para averiguar se houve negligência dos guardas ou se os referidos presos contaram com a ajuda de algum membro da corporação. Se não quiserem cumprir o dever de prestar contas ao tribunal, tudo bem. Vamos entender. No entanto, como contribuinte, peço aos mais altos respon-

DR

sáveis do Ministério do Interior, da Direcção dos Serviços Penitenciários e do Comando Geral da Polícia Nacional que tomem as medidas necessárias para pôr cobro a essa situação. Para nós, moradores dos bairros onde alguns deles viviam, o

pânico é maior. Agradeço pela atenção dispensada, augurando que a minha carta seja publicada para que a informação chegue às autoridades de direito. Bartolomeu Papusseco

escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754


Af_bai_pme_o pa’ s_26,6x40,6cm_05032018.pdf

1

05/03/18

15:17


em fOcO

8

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembnro de 2019

Vítima de mina acalentada por Diana espera ver o principe Harry Há poucas horas da visita do Príncipe Harry ao Huambo, o centro ortopédico que será baptizado com o nome de Princesa Diana apresenta nova imagem e dentre os beneficiários estão jovens que há 22 anos estiveram com princesa de Gales toda parte da coxa e a prótese para a sua deficiência é uma das mais difíceis de se fazer. Neste momento se locomove com a ajuda de duas moletas, enquanto os técnicos trabalham na feitura da sua nova prótese.

Milton Manaça, enviado ao Huambo

fotos de Jacinto Figueiredo

e

m 1982, com apenas cinco anos, Justina César (na foto) pisou numa mina que cortou a sua perna direita, quando acompanhava sua mãe à lavra. Aos 15 anos teve a oportunidade de conhecer Diana, a princesa de Gales, que chegou ao Huambo em 1997 para uma visita oficial. Na altura, a estudar a 6ª classe, Justina fez parte do grupo de crianças, adolescentes e jovens que receberam Diana no aeroporto desta cidade, onde teve a oportunidade de falar e receber o cari-

nhos da princesa. Volvidas mais de duas décadas, deseja viver os mesmos momentos com o filho de Diana, o príncipe Harry, a quem pretende contar tudo o que viveu naquele momento. Hoje, com 37 anos e mãe de três filhos, a estudante universitária do 2º ano do curso de engenharia informática mostra-se feliz com a possibilidade que teve de ser confortada pela mãe de Harry, que estará no planalto central. “Estou muito emocionada e do mesmo jeito que abracei a mãe, quero também ver e abraçar o filho”, disse, acrescentando que é sempre um alento para os deficientes vítimas de guerra receber o carinho de pessoas que contribuam para a sua condição de vida. A mina que accionou levou-lhe

centro Ortopédico Diana Foi depois da visita da princesa que Justina começou a receber cuidados e acompanhamento no Centro Ortopédico desta província, beneficiando regularmente de próteses e acompanhamento médico. A ser gora rebaptizado com o nome de Centro Ortopédico “Princesa Diana” a instituição enfrentou até ao momento muitas dificuldades, desde a degradação das infra-estruturas, equipamentos, aos recursos humanos, antes de se começar o processo de reabilitação com o anúncio da vinda do príncipe Harry. Um dos que beneficiaram das melhorias é o pequeno Francisco Xavier, que tem amputada a perna esquerda após uma lesão à nascença por manobras mal feitas pelas parteiras. Da falta de água e energia eléctrica, a instituição foi contemplada com um PT com fornecimento regular de electricidade e água, ampliação de todos os compartimentos para receber pessoas, não apenas deficientes físicos. Há 32 anos a fazer próteses Joaquim Samahite é técnico do Centro Ortopédico desde 1987, altura em que se iniciou na feitura de próteses como técnico reparador, missão que realizou em outras partes da província. Já perdeu a noção de quantas próteses fez ao longo dos 32 anos, mas realça as melhorias registadas com a criação de condições no local de trabalho. Chega a fazer seis próteses mensalmente, depois de tirar as medidas e posterior acompanhamento aos amputados.

Mais de 60 próteses produzidas por mês

O

Centro Ortopédico do Huambo funciona desde 1979 e está vocacionado não apenas no atendimento de deficientes físicos, como também na produção de próteses, muletas e outros meios de locomoção. Segundo o director-geral da instituição, Fernando Vicente, com a sua reabilitação, o centro tem capacidade para 25 internamentos por dia e atende uma média de 150 a 200 pacientes em sessões de fisioterapia, injecções e acompanhamento psicológico. A reabilitação, que se encontra na sua fase final, vai permitir que até Dezembro sejam produzidas mais de 60 próteses, muletas e cadeiras de rodas. São, no total, 120 técnicos, entre médicos, ortopedistas, psicólogos e enfermeiros, a trabalhar na instituição, número considerado exí-

feRNANDO VIceNTe, directorgeral do Centro Ortopédico do Huambo

guo por Fenando Vicente, para responder à demanda de pacientes. “Nós não temos recursos humanos à altura para corresponder a todas as necessidades”, disse, acrescentando que o centro agora reabilitado está em condições de ser uma unidade com atendimento multidisciplinar. Dos mais de 40 fisioterapeutas necessários, no centro existem apenas oito, o que tem criado imensas dificuldades aos utentes. Ainda assim, referiu que mil e 232 vítimas do conflito armado têm recebido acompanhamento regular desde 2002. Segundo o gestor, todas as unidades com esta especificidade a nível do mundo têm valências que são definidas pelos ministérios de tutela e, no caso do Huambo, espera que o Ministério da Saúde também o defina para adaptar-se à realidade dos recursos humanos de que dispõe. Ainda assim, realça os ganhos que se está a conhecer na véspera da visita de Harry e afirma que “o Centro Ortopédico deixou de ser o beiral do Huambo”. O centro, que será baptizado com o nome de Princesa Diana, será o local em que acontecerá o acto central da visita do Príncipe Harry ao Huambo que vai reinaugurá-lo, hoje, agora com uma nova imagem.


O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembnro de 2019

9

Deputado do MPLA anima conferência sobre divisão políticoadministrativa do Cunene O deputado do MPLA, pelo círculo provincial do Cunene, Ovídio Pahula, desmente afirmações em que é acusado de ser o principal mentor de um ante-projecto para a divisão geográfica da província do Cunene, de onde é natural Maria Custódia

R

eagindo às declarações de um áudio anónimo que circula nas redes sociais, desde Segunda-feira, 23, em que é acusado de liderar um ante-projecto para a divisão geográfica da província do Cunene, informou que vai apenas presidir uma conferência científica, organizada por um grupo de estudantes universitários da Faculdade de Direito da Universidade Mandume-Ya-Ndemufayo. Em conversa telefónica que manteve esta Quarta-feira com OPAÍS, explicou que a conferência, que tem lugar hoje, na Mediateca Didalewa, realizase sob o lema “ No Quadro do Processo da Reforma do Estado em Curso no País, Encontremos Soluções Consentâneas para a Resolução dos Problemas do Nosso Povo”. Na conferência, em que vai falar na condição de académico, debruçar-se-á sobre o “Projecto de Lei sobre a Revisão da Divisão Político Administrativa da Província do Cunene, Seu Enquadramento Legal e Vantagens”, no âmbito da reforma do Estado. “Não há nenhuma intenção de dividir os povos Nyanecas e os povos Ovambos ou Cuanhama. O que está estabelecido é que deve haver uma alteração da divisão política e administrativa nos termos da lei”, esclareceu. Referiu que a conferência será aberta para todos os interessados, ou seja, tem as participações já confirmadas de deputados da Assembleia Nacional (do círculo local), organizações não-governamentais (ONG) e

igrejas. Segundo Ovídio Pahula, o debate será aberto e realizase numa perspectiva académica e científica, em que todos os participantes poderão apresentar as suas ideias de modo a que possam tirar o maior proveito do evento. No seu entender, este projecto de lei administrativo seria uma das soluções fortes para a província, tendo em atenção o problema da seca que tem assolado aquela região do país. Segundo Pahula, o projecto de lei apresenta como vantagens a possibilidade de maior aproximação de todos os serviços do Estado e das autarquias locais, administração plural junto das populações. Sustentou que ainda permitirá a resolução dos problemas locais e obtenção de um maior Orçamento Geral do Estado (OGE) para a região. Poderá também ajudar para uma maior disponibilidade do desenvolvimento e crescimento económico e sustentável na base da ligação de dois pólos de desenvolvimento, neste caso, Xangongo e Ondjiva. Terá ainda como outra vantagem a obtenção de mais recursos públicos, com vista a alavancar o desenvolvimento económico e social no âmbito da desconcentração administrativa e a partir de 2020 com a implementação das autarquias locais. Haverá, também, a possibilidade de formação do capital humano a nível de excelência como factor decisivo para implementação de uma estratégia de desenvolvimento sustentável e a resolução de forma objectiva, célere e consentânea para dar resposta ao fenómeno da seca e fome na região e em toda a província do Cunene.


10

cHINA

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

‘Estou cá há cinco meses e não recebi queixas sobre obras’ Gong Tao é o novo embaixador da China em Angola, onde chegou há cinco meses. A exiguidade temporal não retrai o diplomata que já se sente em casa e acredita em melhores dias na relação entre o seu país e Angola. Acredita em dias melhores para os angolanos, assim como felicita algumas das políticas desenvolvidas pelo Executivo. Diz que actualmente Angola deve ao seu país 23 mil milhões de dólares, ironizando que os números apresentados pelo Executivo ‘eram mais oficiais do que os números da Embaixada da China’. Mais pormenores sobre a relação entre os dois países na entrevista que se segue texto de Dani Costa fotos de Carlos Moco

c

hegou numa época de transformações políticas em Angola. Há um novo Presidente da República e, certamente, há na relação com a China também um novo impulso. Como está a relação entre Angola e a China? Muito obrigado pela sua visita à Embaixada da China para fazer uma entrevista. Realmente, tenho um grande prazer de reunir consigo e com o jornal OPAÍS, porque sei que é um jornal muito importante na mídia angolana. Já fizeram bons e importantes trabalhos para divulgar ao público angolano a imagem da China e as relações entre a China e a Angola, de cooperação nas diversas áreas. Por isso, aproveito esta oportunidade para agradecer por todos estes trabalhos preciosos que OPAÍS já tem feito para as relações sino-angolanas. Mas como estão as relações entre os dois países? Temos feito uma análise geral das relações bilaterais. Realmente, cheguei a Angola como novo embaixador chinês no passado mês de Março. Já se passaram mais de cinco meses. Andei a trabalhar todos os dias pelas nossas relações bilaterais, tanto a nível político, visitas mútuas, como cooperações económicas e comerciais em diversos sectores. E também tenho feito muitos contactos com a sociedade angolana e a comunidade chinesa que aqui vive e trabalha. Sinto-me feliz por poder estar cá e servir

as nossas relações bilaterais, que são sólidas, fortes e benéficas para os nossos dois países e povos. O nível destas relações tem vindo a melhorar? A China e Angola são dois países amigos, dois países em vias do desenvolvimento. Estabelecemos as relações diplomáticas em 1983, então, faz hoje mais de 36 anos. Depois, no ano 2010 as duas partes estabeleceram uma parceria estratégica. Entretanto, ao longo destes 36 anos de relações diplomáticas, as relações bilaterais sempre mantêm um ritmo de desenvolvimento rápido e sem sobressaltos. Especialmente as cooperações de benefícios mútuos entre os dois países, vão sempre a frente. E estão na primeira fila das relações entre a China e os países de África. Actualmente, a China é o maior parceiro comercial de Angola. E Angola é o segundo maior parceiro chinês no continente africano. No ano passado, o Presidente João Lourenço efectuou duas visitas à China, uma por oca-

A China e Angola são dois países amigos, dois países em via do desenvolvimento. Estabelecemos as relações diplomáticas em 1983, então faz hoje mais de 36 anos

sião da Cimeira do FOCAC, em Beijing, e outra para uma visita de Estado. Então, encontrou-se por várias vezes com o Presidente Chinês, Xi Jinping. Os dois chefes de Estado encontraram novos rumos e deram novas orientações para as relações e cooperações para as próximas fases num nível estratégico. Entretanto, acho que os dois países vão abrir novos capítulos nas nossas relações em base de igualdade, benefício mútuo e desenvolvimento em conjunto. Actualmente, tanto a China como Angola estão a trabalhar em conjunto para concretizar as conclusões e consensos obtidos na passada cimeira do FOCAC, em Pequim. Estamos a fazer uma maior combinação e convergência entre a iniciativa chinesa ‘faixa e rota’ e estratégia de diversificação económica de Angola. Para fazer a nossa cooperação mais forte, eficaz e competitiva, e assim servir, da melhor maneira, os nossos dois países. Ou seja, actualmente, a economia chinesa entrou numa nova fase, uma fase em que procura crescimento com mais qualidade, em vez de mais quantidade. O crescimento económico do PIB da China não vai voltar para os anos anteriores com dois dígitos. Por exemplo, nos últimos tempos a taxa de crescimento da China é 6,5 por cento ou até 7 por cento. Então, nós dedicamos mais importância para o consumo, para o mercado interno, para a ciência e tecnologia, assim como o investimento estrangeiro. Em vez de depositarmos muito esforço só na nossa exportação aos mercados internacionais. No caso de Angola, também está a entrar numa nova fase de desenvolvimento com o novo Governo. Na área política há o combate contra a corrupção, que está a dar resultados positivos, e é aplaudido pela população. Também está a fazer reformas e aberturas nas áreas económicas e sociais. Por exemplo, para a diversificação da economia e atrair mais investimentos estrangeiro, com a criação de um ambiente melhor e mais confor-


O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

11 que participa nesta construção. As coisas ainda estão em negociações para as condições, mas, obviamente que estão a sair algumas notícias sobre os trabalhos que estão a correr para a frente.

tável para os investidores estrangeiros, estão a aprovar vários códigos sobre investimento privado e estrangeiro. Há poucos dias lançaram o processo de privatização das várias empresas do Estado. Estas novas medidas do novo Governo estão a chamar a comunidade internacional para mais atenção às possibilidades que Angola pode oferecer para a cooperação com outros países. Evidentemente, a China também. Durante o encontro que houve há poucos dias na Universidade Católica falou do interesse de algumas empresas chinesas aproveitarem o processo de privatização em curso. As empresas vão participar neste processo com base numa nova linha de pensamento, tendo em conta o período que Angola vive? Não devemos dizer as coisas desta maneira. Primeiro, há uma política de privatização que sai do Governo angolano para elevar a eficácia destas empresas. Para criar mais riqueza, aumentar a produtividade e diminuir o peso do Estado na economia nacional. É uma tendência ou uma reforma que tem a ver com uma linha de se construir uma economia de mercado. Também foi isso que a China fez há 40 anos. Tivemos que construir esta economia de mercado. Portanto, se estas privatizações são viáveis, acho que a comunidade internacional está a aguardar pelos pormenores a serem divulgados. As empresas chinesas estão a acompanhar o processo de privatização e vão ter a sua participação caso reunirem as condições, o que vai dar um novo impulso nas cooperações bilaterais. Sabe que o Presidente de Angola, João Lourenço, admite que tem ideias reformistas semelhantes às de Deng Xiaoping? O que se passou na China foi 40 anos de continuadas reformas e abertura ao exterior. Nunca pararam os nossos passos para reformas económicas e aberturas. Acho que agora Angola está a deixar a sua dependência do petróleo, que é o seu recurso principal produto, e está a apostar na indústria, agricultura, pesca, turismo e exploração dos minerais. Está a fazer bom uso dos recursos naturais, sociais, económicos que o país goza da sua abundância e adoptar uma nova filosofia de economia de mercado, e assim conseguir uma maior mobilização social com a participação da população na economia. Assim, será possível criar riquezas e empregos.

A China vai continuar a financiar projectos em Angola? Acho que isso é uma vontade das duas partes. Quer dizer que a China sempre considera Angola como um parceiro importante, com grande potencial para a cooperação de benefícios mútuos. Está sempre disponível a trabalhar com a parte angolana nas novas ou tradicionais maneiras de cooperação.

O mesmo acontece para eventuais investimentos estrangeiros. Se notarem um bom ambiente de negócios aqui em Angola, realmente, também vão trazer investimentos, fábricas, mercados e, evidentemente, mais oferta de empregos, o que vai favorecer o desenvolvimento económico e social de Angola. Quais são as principais áreas de interesse dos investidores chineses? São iniciativas privadas de empresas chinesas. Eles sabem o que rende mais e quais são os projectos de investimento que vão dar mais benefícios. Vamos observar estas tendências de uma maior adesão dos empresários chineses para investirem em Angola. Há empresários que investiram em fazendas nas províncias do Huambo, Malanje, que têm terrenos muito concentrados e boas condições para a agricultura. Mas estes investimentos vão levar algum tempo para dar resultados, porque a agricultura é uma longa cadeia de produção. Precisa de tempo para levar a bons resultados. Na área da indústria de transformação, há novas fábricas chinesas para a produção de liga de alumínio. A CITIC, a empresa construtora da centralidade do Kilamba, acabaram de abrir uma nova fábrica de estrutura da liga de alumínio na Zona Económica Especial de Viana, com uma produção anual de 10 mil toneladas. Não só vai satisfazer o consumo do mercado interno, mas também tem capacidade para exportar aos países vizinhos de Angola. Há uma outra fábrica aqui em Luanda para produzir baterias de automóveis. É um investimento de dezenas de milhões de dólares norte-americanos, com linhas de produção bastante avançadas. Vai

oferecer várias centenas de empregos para a população. Está prevista a abertura nos próximos meses do ano corrente. Ainda em Luanda, a maior empresa chinesa de produção de detergentes vai começar a fazer investimentos para detergentes de roupa e sabão. Tratase de um investimento de mais de 10 milhões de dólares norte-americanos. O negócio da construção civil já não é tão apetecível para os investidores chineses? A construção civil é muito importante. Para Angola, um país que sofreu muito com o conflito interno de mais de 20 anos, precisa de um processo de reconstrução do país para a formulação das infra-estruturas que foram destruídas. Também precisa-se de novas infra-estruturas de obras públicas, o que o Governo angolano fez nos passados anos. Deram bons resultados. A parte chinesa participou de maneira activa. Enquanto no princípio deste processo de reconstrução de infra-estruturas não houve grande participação da comunidade internacional, a China fez questão de entrar porque depositava a sua confiança no futuro de Angola. Achamos Angola um país amigo e parceiro importante da China. Daí ajudar e fazer desenvolver. Esta

Estou cá há cinco meses e até agora não recebi queixas sobre algum tipo de obra ou projectos com problemas de qualidade

cooperação deu um bom resultado. Temos habitação, estradas, caminhos-de-ferro, portos, barragens, hospitais e escolas que estão a servir como base do desenvolvimento do país. Neste momento, com o processo de diversificação da economia nacional, as formas de cooperação entre os dois países vão se diversificar naturalmente. O que já escutou sobre a qualidade das obras chinesas em Angola, entre as quais o Novo Aeroporto Internacional de Luanda, cujo orçamento terá ultrapassado todas as expectativas? Acho que as contestações têm que ser responsáveis. Estou cá há cinco meses e até agora não recebi queixas sobre algum tipo de obra ou projectos com problemas de qualidade. Durante este período, há tantas obras finalizadas que foram entregues de empreitadas para donos empreiteiros, mas nunca se ouviu falar de dúvidas sobre a qualidade. Para as obras públicas, temos processos internos para a garantia de qualidade desde o início das obras, contratos, acordos, até fiscalização, testes, exames. Se não tiver qualidade, estas obras nunca podem ser finalizadas, nem ser entregues. Ultimamente, até as notícias que passaram na televisão, há responsáveis dos ministérios a falarem sobre as razões do mau estado das estradas por causa do sobrepeso dos camiões. Depois também faltava a manutenção, não recuperaram a tempo. E o que sabe sobre as obras no Novo Aeroporto de Luanda? O Novo Aeroporto Internacional de Luanda é uma obra que o Governo está a fazer puxar à frente e depois há uma empreiteira chinesa

Quanto é que Angola deve à China? Tem os números do Governo. É a volta de 23 mil milhões de dólares. É verdade que o valor da dívida está a decrescer? Há aquele relatório que saiu com estatísticas oficiais. Mais oficiais do que os números da Embaixada da China. Informações avançadas por responsáveis de associações de empresários chineses falam na redução de investidores do vosso país. Essa diminuição está apenas associada ao momento económico que Angola vive ou também com o clima de insegurança devido à criminalidade? Eu tenho dúvidas. Nos últimos anos, a economia angolana estava em baixa. Não havia uma época de crescimento razoável, bastante avançada dentro de África ou até mesmo no mundo, com taxas de crescimento 7 por cento ou mesmo 10 por cento. Mas, nos últimos anos, a economia não se desenvolveu como anteriormente por causa do preço do petróleo. E o país também está a aconselhar e a levar em consideração que a economia não pode depender só do petróleo. Tem que haver uma diversificação. Realmente, com esta recessão da economia, evidentemente o mercado ofereceu menos oportunidades de negócios. Por isso, aqui a comunidade chinesa diminuiu nos números. Mas, mesmo assim, os chineses gostam de Angola, porque é um país hospitaleiro. Mesmo com dificuldades, é um país com futuro, de coesão nacional, tem estabilidade política, com recursos e potencialidades que vale a pena os chineses ficarem cá. Para trabalharem em conjunto com a cooperação angolana para criar mais riquezas e desenvolvimento.


12

cHINA

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

‘Os chineses gostam de Angola’ A insegurança não tem sido um dos factores de saída dos chineses? Eu estou cá há cinco meses. Quase que há sempre informação sobre crimes e insegurança, tanto contra cidadãos angolanos como estrangeiros, inclusive chineses. A comunidade chinesa, a embaixada e eu próprio também estou preocupado. Mantemos contactos com as autoridades angolanas para terem mais atenção sobre a comunidade chinesa e ajudar mais na protecção dos direitos destes cidadãos. É isso que o Governo e as autoridades angolanas estão a fazer. Para ter mais segurança, é um tipo de trabalho que leva tempo e tem a ver com vários sectores. Se a economia volta a crescer, então as pessoas terão mais empregos e as famílias mais receitas. Acho que o nível de criminalidade vai baixar. Mas acreditamos no Governo para baixar a criminalidade e estamos confiantes no novo ciclo do desenvolvimento económico do país. A embaixada vai trabalhar com o Governo Angolano e com a sociedade para fazermos mais esforços em todos os domínios. Houve casos de cidadãos chineses vítimas de crimes perpectrados por angolanos. Mas há outros por cidadãos ou grupos chineses, tendo obrigado a vinda de investigadores da China para averiguar os casos. Há organizações criminosas chinesas a operarem em Angola? Nós, enquanto Embaixada da China, sempre agimos e dissemos aos nossos compatriotas para seguirem as leis. Viverem e trabalharem dentro das leis. Evidentemente, houve crime organizado, grupos de pessoas que causaram perda de vidas humanas e de bens, os dois países organizaram operações em conjunto para resolver estas questões. Nestes cinco meses não tenho informações oficiais destes tipos de crime organizado. Mas, de qualquer maneira, as autoridades policiais angolanas estão sempre atentas para este tipo de crime. Por parte da embaixada, também não queremos ver estes crimes a serem repetidos. Mas é preciso trabalho conjunto das duas partes para prevenir. É fácil um cidadão chinês entrar em Angola? Fácil? É preciso ter o visto. O Governo angolano está a trabalhar

para facilitar os vistos para os cidadãos estrangeiros entrarem no território angolano. Evidentemente, acontecem casos de dificuldades de vistos. Isto acontece aqui e noutros países. É uma coisa que cabe às duas partes fazerem esforços para resolverem e facilitarem a circulação dos cidadãos de um país para o outro. Espero que este trabalho de facilitação de vistos para os cidadãos estrangeiros também favoreça os chineses. Se quiserem vir a Angola, então precisariam de menos tempo para conseguirem vistos. Segundo sei, se se viajar já podem conseguir um visto quando chegarem em Angola. Isso ajuda muito. A China voltou a introduzir na agenda mundial um conceito antigo, mas com uma nova roupagem: o projecto Rota da Seda. Em que pé está? Está no pé direito (risos). Dá para ver… A Rota da Seda é um caminho de comércio e intercâmbio de civilizações nas idades antigas, entre a China, países vizinhos da Ásia e com a Europa. Era uma contribuição para o desenvolvimento do ser humano. Agora, estamos a viver num mundo de globalização, os países estão cada vez mais interligados, por isso precisamos explorar este espírito de Rota da Seda, ou seja, desenvolver em conjunto. Assim , o Presidente Xi Jinping apresentou esta iniciativa ‘Faixa e Rota’ para China ficar mais aberta ao resto do mundo. Esta iniciativa ‘Faixa e Rota’ engloba várias conectividades, nomeadamente política, económica, infra-estrutura, comércio e financiamento, intercâmbio de pessoas. Felizmente, no ano passado, durante a visita de Estado do Presidente angolano, a China e Angola assinaram um memorando para a cooperação nesta iniciativa. Por exemplo, ouvimos falar há um mês daquele comboio ‘Orgulho de África’, que liga a Tanzânia (Dar-Es-Salam) até Angola (Lobito). Liga os dois lados do continente, o Índico ao Altântico. É uma amostra do espírito de ‘Faixa e Rota’. O caminho-de-ferro de Dar-Es-Salam para Lusaka, na Zâmbia, foi uma obra de doação do Governo chinês na década de 70 do século passado. Naquela época, a China não era como ho-

je, porque também tinha escassez dos seus recursos, mas mesmo assim ajudámos os países amigos e irmãos para que tivessem a linha férrea. No caso de Angola, a China ajudou no financiamento e ajudou na reconstrução do caminho-deferro de Benguela. Agora já está em bom funcionamento e representa o orgulho da África e de Angola. Há uma ligação entre Angola e os países vizinhos, assim como zonas interiores e litorais. Isso é ligar Angola com o resto do mundo, para o outro lado da África e depois, através das linhas marítimas, chegar até à China. É para transporte de passageiros, mercadorias e facilitar o intercâmbio de recursos, produtos e pessoas. Para atingir o objectivo do nosso desenvolvimento em comum. Como está a situação da China em termos políticos, económicos e sociais? A China está politicamente estável. Temos o Partido Comunista muito unido. Temos um secretáriogeral e também Presidente do país, Xi Jinping, com uma liderança com confiança, apoiada pelos colegas do partido e das massas. Agora, a economia chinesa, como eu referi, não cresce tanto como antes. Mesmo com uma taxa menos rápida de desenvolvimento, o volume do crescimento é enorme. Segundo as estatísticas, o crescimento da economia chinesa tem a contribuição de 30 por cento do crescimento total do mundo inteiro. Entretanto, a China continua a fazer as suas reformas e aberturas ao exterior com a globalização. A China acabou de organizar a primeira edição da Feira Internacional de Importação de Shangai. Não houve precedente de um único país que faz uma feira só para a importação. Isso reflete uma grande capacida-

Se a economia voltar a crescer, então as pessoas terão mais empregos e as famílias mais receitas. Acho que o nível de criminalidade vai baixar

de de poder de compra, expansão do mercado de consumo da China que esteja aberto para todos os produtos que vêm de todo o mundo. E este ano vai ser realizada a segunda edição desta feira de importação. E no passado mês de Junho, a China organizou pela primeira vez, na província de Hunan, a Feira China-África para o comércio e investimento, em que Angola foi convidada principal e teve uma grande participação. A China está a passar por um grande processo de transformação do modelo de desenvolvimento. Vamos depender menos do desenvolvimento quantitativo e estender mais para o qualitativo. Estas políticas vão fazer da China mais aberta e oferecer mais oportunidades para o resto do mundo ter mais participação na economia chinesa. E a China, por sua vez, vai ter mais participação noutros países amigos como Angola. Este ano é o do 70º aniversário do Dia Nacional da China, que é a 1 de Outubro. ‘Um país, dois sistemas’. É assim que se vê a China em relação a um dos seus territórios, no caso Hong Kong. Os últimos acontecimentos neste território, com o recuo na lei sobre a “extradição” e manifestações significa alguma ameaça ao sistema político? Estas situações em Hong Kong não são manifestações, mas sim situações de violência. Evidentemente, todas as situações que têm a ver com a emenda de decretos para fugitivos criminosos e extradição são naturais entre um Governo e outro. Para punir os criminosos,

o Governo de Hong Kong apresentou uma proposta destas emendas de decreto, só que não foi bem recebida pela sociedade, pela oposição. As manifestações devem ser pacíficas e apresentar-se as exigências, os requisitos. Só que depois há uma mudança destas manifestações pacíficas para a violência. Os manifestantes, marginais, atacaram a Assembleia Regional, a representação do Governo Central em Hong Kong, os polícias, mancharam o emblema nacional e atentaram contra a bandeira nacional. Estes actos já não são manifestação, mas sim violência e estão a contrariar a política ‘um país, dois sistemas’. Está a pôr em perigo a segurança da economia e estabilidade, porque não deixam a população trabalhar e viver. Nem o Governo funcionar. Isso não é permitido em nenhuma parte do mundo. Por isso, o Governo Central da China apoia o Governo Regional de Hong Kong, sem reservas, para a estabilidade da ordem da região autónoma e regressar à normalidade. Entretanto, como você referiu, algumas medidas foram tomadas pelo Governo Regional, que são medidas que ajudam a pacificação. Agora vamos ver se funciona. Mas, de qualquer maneira, o Governo central está determinado para garantir o bom futuro de Hong Kong, que é benéfico para o continente, para a própria população local e também para o resto do mundo. O que pensa do presidente Donald Trump? Trump é o Presidente americano.


O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

Não faço pronunciamentos sobre o Presidente americano. Mas sei que se está a referir ao conflito comercial entre os Estados Unidos e a China. Na última reunião do G-7, o Presidente Trump disse que a guerra comercial era apenas uma questão de dias porque já havia negociações entre os EUA e a China. É verdade? A guerra comercial provocada pelos americanos já dura há mais de um ano. É uma provocação unilateral imposta em cima da China por causa do défice que existe entre os EUA e o nosso país. Isto é uma normalidade na época da globalização. A China sempre tem o espírito de dialogar para resolver os problemas. Mas a China também respondeu com tarifas pesadas. O que se passou? Negociamos, dialogamos, mas quase a chegar à conclusão e novos acordos, eles responderam com novas tarifas. A China não tem medo da guerra, mas também está disponível para dialogar e procurar soluções. Nós temos que defender os nossos direitos do desenvolvimento e também estamos a defender o direito ao desenvolvimento de todo o mundo, sobretudo os países em vias de desenvolvimento, inclusive Angola. Também estamos a defender o multilateralismo, livre comércio, globalização e a ordem de comércio internacional. Mas temos confiança que tanto a China como os Estados Unidos são dois países com importância enorme no mundo. Entretanto, vamos ter mais negociações, mas, se as negociações não permitirem, vamos combater. Temos confiança em nós próprios. Está confiante numa vitória nesta guerra comercial com os Estados Unidos? Não é uma guerra comercial com vitórias. É conflito de comércio para defender e salvaguardar os nossos direitos e interesses. Não podemos deixar a hegemonia comercial funcionar para a China e outros países. Temos que ter respeito e igualdade de tratamento, assim como espírito de responsabilidade. O que nós fazemos não só dá resultado para os dois países, como também para o resto do mundo. Temos que ter a noção de que as coisas que estamos a fazer têm que servir os interesses de todos. Senão, qualquer política ou vitória não vai ter sustentação ou apoio de outras partes.

13

Falamos da ‘guerra comercial’, mas no campo militar há a preocupação com a instalação de misseis na Ásia. A China está preocupada com isso? Todos nós, incluindo a China. Pretendemos ver um mundo estável e a desenvolver-se. Também gostaríamos de ver uma Ásia estável e com paz, concentrada no desenvolvimento. Qualquer míssil que venha do exterior não é bem-vindo, porque vai causar instabilidade e desconfiança entre as partes. Por isso, a colocação de mísseis americanos na região da Ásia não é aceitável, nem bem-vinda pelos outros países. Evidentemente, a China se opõe firmemente. Isto também é outro tipo de provocação na porta da China que não podemos aceitar. Temos que defender os nossos interesses e tomar as necessárias medidas. Quais são as medidas que estão a tomar? São as medidas necessárias para defendermos os nossos interesses. Pretendem chegar a um acordo neste caso com os Estados Unidos? Um acordo? Não digamos que seja um acordo, porque aqui há um acto unilateral de colocar mísseis. Vamos nos opor a esta iniciativa. Mas um acordo ou uma aliança com a Rússia para empurrarem os americanos para fora da Ásia pode ser possível, tendo em conta o último encontro entre os presidentes Xi Jinping e Vladimir Putin? Entre a China e a Rússia não trata duma relação da aliança. A Rússia é um parceiro importante, estratégico e global da cooperação amistosa. Temos muitos interesses em comum, sobretudo na salvaguarda da paz e justiça no mundo. Por isso, temos que cooperar nos assuntos internacionais. Estas cooperações serão reforçadas ainda mais nos próximos tempos. Mas não vejo até este momento uma aliança militar entre a China e a Rússia.

24 HORAS DE FUTEBOL EM HD, 7 DIAS POR SEMANA.

O que pensa do actual formato do Conselho de Segurança das Nações Unidas? É preciso reformas nas Nações Unidas e também no Conselho de Segurança. A China apoia estas reformas, porque é necessário que se aumente a representatividade e o direito de palavra dos países em via de desenvolvimento, especialmente os de África. Para que os países de pequena dimensão entrem e participem nas decisões.

DStv_NFS_2019_2020_Anuncio_Generic_Pais_163,6x355,6mm.indd 1

03/07/19 01:02




16

cHINA

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

China e Angola, “eternos amigos” OPAíS

Médicos chineses consultando pacientes angolanos

A grande maioria dos cidadãos chineses que vivem em Angola são empresários e empreendedores. Por este motivo, são eles os responsáveis pela cedência de mais de 1 milhão de postos de trabalhos directos a cidadãos nacionais nas áreas de construção civil, comércio, agricultura e indústria

Bao minamzm, empresário

Duo Qingkum, empresário

Zhang Guotão, empresário

Domingos Bento

A

ntes vinham a conta-gotas. Hoje, são aos milhares os chineses que escolheram Angola para viver. A língua não constituiu barreira para as mulheres e homens chineses que, dado o elevado tempo que vivem em Angola, têm o país como verdadeira segunda pátria. E, no seio dos angolanos, apesar das diferenças físicas, sentem-se em família. Como apurou o OPAÍS, muitos,

inclusive, abdicaram de alguns princípios da cultura oriental para viverem como verdadeiros angolanos. Vagueiam pelos bairros, dançam kuduro, apreciam a cuca, gostam de funje e não dispensam o ritmo quente do Semba. Outros até reforçaram o laço de amizade para ligações de sangue, amantizando ou casando com angolanas. Muitos destes, inclusive, renunciaram os próprios nomes em mandarim para adoptarem apelidos em português como João, Manuel, Pedro e outras denominações, o que torna a relação com os angolanos mais próxima ainda. A grande maioria dos cidadãos chineses que vivem em Angola são empresários e empreendedores. Por esse motivo, são eles os responsáveis pela abertura de mais de 1 milhão de postos de trabalho directos para cidadãos nacionais nas áreas de construção civil, comércio, agricultura e indústria, conforme dados da Associação dos Chineses em Angola, a principal plataforma de congregação da comunidade. A cifra de postos de trabalho que estes cidadãos proporcionam aos angolanos já foi maior. Mas, nos últimos anos tem vindo a decair, na sequência do encerramento de muitas empresas, em função da crise económica que o país vive. Porém, os que insistem a continuar a viver e a investir em Angola fazem-no na esperança de dias melhores, como afirmou Zhang Guotão, residente em Angola há 27 anos. O empresário, mais conhecido por Mister Jonsy, disse que, ao longo desses anos de vivência no país, regressou à China apenas cinco vezes por compreender que, hoje Angola representa a sua


AF_DStv_pacoteFamilia_O_Pais_163,6x355,6mm-RECORD.pdf

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

segunda terra, que nos últimos anos o acolheu de braços abertos e proporcionou um ambiente para que se pudesse transformar num empresário de sucesso. Quando chegou ao país, em 1992, Zhang Guotão trabalhava num escalão de base numa empresa de construção civil. Dada a sua dedicação e empenho, granjeou a confiança dos patrões que o apoiaram e hoje é proprietário da BAMA, a maior empresa chinesa de alto padrão no ramo do mobiliário. Zhang Guotão, que actualmente emprega um efectivo de 150 angolanos, disse que das vezes que regressou à China sentiu saudades enormes de Angola e teve de regressar o mais rápido possível, por já não conseguir viver distante do país. “Gosto muito da comida, das pessoas e das festas. Os angolanos são nossos irmãos. Já não consigo viver sem eles. Sempre me trataram muito bem e é por isso que sou grato a esse país, por tudo o que hoje conquistei”, reconheceu. Zhang Guotão disse que a família (mulheres e filhos) viviam cá, mas tiveram de regressar à China devido a questões de ensino. Conforme explicou, o ensino da cultura chinesa até ao ensino fundamental é de carácter obrigatório no seu país. Por esse motivo, viu-se obrigado a enviar a mulher para Pequim, a fim de cumprir os procedimentos legais. “Mas tão logo a criança termine a formação, eles virão. Não tenho planos de voltar a viver na China. A minha vida será feita toda aqui em Angola”. fazer por Angola Outro cidadão chinês que não pensa regressar ao seu país é Bao Minamzm, que disse sentir-se bem em Angola desde a primeira vez que “pisou ca os pés”, há 12 anos. O jovem, director de relações públicas de uma empresa chinesa, disse que a língua e a diferença de culturas nunca constituíram barreiras para se impor e ganhar a vida em Luanda. Apesar da abismal diferença entre Pequim e Luanda, no que diz respeito ao saneamento, qualidade de vida, saúde e edução, ainda assim preferiu Angola para viver e desenvolver. Bao Minamzm, a primeira vez que escalou Luanda criou uma empatia muito grande, que até hoje cons-

17

titui factor para continuar a viver cá e contribuir para o desenvolvimento da cidade e do país. “O princípio da educação chinesa não é esperar. É contribuir com o pouco que se tem para ajudar no crescimento da China. E é desta forma que vivo em Angola. Não esperar que o país me dê, mas procuro contribuir, oferecendo emprego e ajudando as pessoas”, explicou. É preciso mais segurança Um dos males que afectam a comunidade chinesa em Angola é a falta de segurança, conforme reconheceu Duo Qingkum, residente em Angola há sete anos. O empresário do ramo de importação de viaturas pesadas disse que a comunidade chinesa em Angola, apesar da abertura e da vivência, é bastante desprotegida, tornando-se numa presa fácil para os agentes do crime. Por causa desta desprotecção, Duo Qingkum fez saber que muitos chineses acabaram regressando para a China, o que torna a comunidade mais diminuta e os investimentos mais reduzidos. “Há muita perseguição contra os chineses. Temos conversado com o nosso embaixador e com as autoridades angolanas para nos protegerem mais, apontou. O benefício da crise A meio a crise económica que o país enfrenta, Duo Qingkum, que emprega perto de 200 trabalhadores nacionais, defende a abertura dos bancos e das instituições financeiras a privilegiarem o sector empresarial, por ser este capaz de reanimar a economia nacional. No entender de Duo Qingkum, o grande beneficio que a crise trouxe é a valorização da mãode-obra angolana, que durante muito tempo foi completamente ofuscada pela estrangeira. Conforme explicou, com a dificuldade dos empresários em enviar dinheiro para China, hoje é convergente que a apostar na mão-de-obra nacional, sobretudo no capital jovem, acaba sendo mais barato, por não exigirem muitos custos. “Hoje estamos a apostar mais nos angolanos. Grande parte dos empresários chineses estão a trabalhar com um elevado número de angolanos e os custos têm sido menores. A ideia é continuar, está muito difícil conseguir divisas para pagar um chinês”, notou.

1

29/08/19

07:35


cHINA

18

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

Confúcio expande-se para formar angolanos Em Angola, o instituto já formou mais de 500 pessoas de diferentes idades e estratos sociais. No entanto, ambiciona aumentar a cifra. Neste momento, tem em carteira a realização do primeiro “Curso de Língua Chinesa para Polícias”, direcionado a efectivos dos Serviços Penitenciários

Paulo Sérgio

O

Instituto Confúcio, afecto à Universidade Agostinho Neto (UAN), abrirá, brevemente, um pólo de formação na Faculdade de Letras da UAN, visando possibilitar que mais cidadãos nacionais beneficiem do curso de Língua e Cultura Chinesas. O novo pólo terá apenas uma sala de aulas que poderá funcionar tanto no período diurno como no nocturno, com vista a acolher os trabalhadores/estudantes. Ren Bin, dirctor do instituto, revelou ontem, a OPAÍS, que a partir de Segunda-feira, 30, até ao dia 30 de Outubro, vão abrir as inscrições na feira do livro que decorrerá na Faculdade de Letras. Os interessados serão submetidos a um exame de acesso cujo conteúdo, em língua portuguesa, está voltado para a cultura chinesa. “É um exame muito fácil. O candidato precisa de ter conhecimentos básicos sobre a cultura da China, como, por exemplo, saber que Pequim é a sua capi-

tal”, frisou Ren Bin. O curso, cujo nível básico pode levar um ano lectivo, é totalmente grátis. Devendo os candidatos pagar apenas uma taxa de mil kwanzas para a inscrição. Porém, esse montante serve para premiar semestralmente os melhores estudantes. Além disso, tais valores servem também para ajudar os estudantes com problemas financeiros ou que diariamente enfrentam inúmeros constrangimentos para se deslocarem ao instituto por residirem distante. De benefício para os estudantes carentes que melhor se destacam não é tudo, o Instituto Confúcio estabeleceu parcerias com algumas empresas chinesas que operam em Angola, no sentido de as mesmas lhes concederem bolsas de estudo de dois milhões de Kwanzas. Ensino de elevada qualidade A sede do Instituto Confúcio, no Campus Universitário, em Camama, Distrito da Cidade Universitária, está constituída por quatro salas de aulas, uma sala de aula audiovisual, um centro de actividades multifuncional. Desde que abriu as portas ao público, em 2017, esta unidade de ensino já formou mais de 500

Aula de língua chinesa no instituto Confúcio

Jovens angolanos cantando em língua chinesa num evento de saudação aos 70 anos da China Popular


O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

angolanos, a maioria está actualmente a trabalhar em empresas chinesas em Angola. Cada sala de aulas acolhe 30 estudantes, no entanto, quando estão a ministrar as aulas de oratória chegam a reunir até 300 pessoas no auditório da UAN. Entre os já formados estão vários quadros afectos a destintos departamentos ministeriais e organismos do Estado. Além da formação em língua chinesa, os formandos participam em diversas actividades que lhes munem de informações re-

Ren Bin, dirctor do Instituto Confúcio de Luanda

lacionadas com a cultura desse país, como a “Festa de Outono chinesa” e “Open day dos Institutos Confúcio” e do “Dia Nacional da China”. Entre as actividades extracurriculares figuram também a prática de artes marciais, desporto e de instrumentos musicais chineses. Para que os estudantes aprimorem a técnica de escrita, a escola oferece a possibilidade de participarem em oficinas de caligrafia e de pintura chinesa. Os estudantes que concluem com êxito o curso fazem o exame de HSK, classificado como o nível mais alto para os estrangeiros aprendizes da língua. Este ano serão submetido a esse exame, pela primeira vez, alguns angolanos, numa cerimónia que contará com a presença de representantes da Embaixada da China em Angola, dos ministérios da Educação e do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, bem como da Universidade Agostinho Neto. As aulas, que duram em média três horas por dia, com intervalos de 10 minutos, são ministradas por professores chineses. Neste momento, as aulas são ministradas apenas no período diurno. Ren Bin disse que, por enquanto, os professores se deslocam da China à Angola unicamente com o propósito de ministrarem a formação. Neste momento estão três e outros três chegarão dentro de dias. No entanto, almejam vir a recrutar professores assistentes na comunidade chinesa com vista a tornar a sua equipa mais forte. “Desejamos que mais angolanos conheçam a China e a Cultura Chinesa”, frisou.

“É um exame muito fácil. O candidato precisa de ter conhecimentos básicos sobre a cultura da china, como, por exemplo, saber que Pequim é a sua capital”

19

Um grupo de estudantes angolanos do Instituto Confúcio que visitou Pequim

Estudantes confirmam qualidade da formação Priscila João, de 22 anos, estudante do 4º ânodo curso de economia, decidiu estudar a língua e a cultura chinesas logo no primeiro ano da universidade. O interesse surgiu do desejo de aprimorar os conhecimentos sobre a forma como esse país conseguiu desenvolver a sua economia, depois da primeira grande crise. “Essa é a melhor escola de mandarim que existe no país, por proporcionar aos estudantes, além da teoria, aulas práticas através de meios tecnológicos bastante avançados”, frisou. Já Domingos Mussuca, de 22 anos, decidiu frequentar o curso depois de ter concluído um curso técnico no Centro de Formação da BNAngola, localizado na Centralidade do Kilam-

Um encontro memorável Ren Bin, director do Instituto Confúcio, recorda que ao chegar ao nosso país desconhecia o nível de aproveitamento de mandarim dos estudantes, porém, ficou agradavelmente surpreendido ao ser recebido por estudantes angolanos a cantarem músicas tradicionais chinesas em mandarim, além de falarem.

ba. “Penso que com essa formação terei maior facilidade de conseguir emprego numa empresa chinesa ou de ir estudar na China”, contou, salientando que está há um ano e seis meses a frequentar as aulas. Há dois anos e oito meses que Cláudio Cardoso, de 29 anos, se juntou aos angolanos que acorreram ao Instituto Confúcio com o propósito acima mencionado. Optou por o fazer por sonhar ser poliglota. Actualmente, além de mandarim, escreve e fala fluentemente português, inglês e francês. Ele está entre os dez angolanos que participaram no acampamento de Verão, em Peqim. “Fiquei bastante encantado com a cultura e a qualidade de ensino na China. A outra coisa que me surpreendeu é o nível em que se encontra a relação entre esse país e o nosso”.

Descreveu como os angolanos aprendem com alguma facilidade essa língua, razão por que desde o ano passado passaram a seleccionar os dez melhores para participarem num acampamento de Verão que decorre anualmente em Pequim. A instituição arca com toda a despesa e compete apenas aos participantes conhecerem o seu país e trocarem experiências académicas e culturais. O Instituto Confúcio é uma

organização educacional pública sem fins lucrativos vinculada ao Ministério da Educação da República Popular da China, cujo objectivo é promover a língua e a cultura da China e dar apoio ao ensino da língua chinesa e facilitar o intercâmbio cultural em todo o mundo através dos Institutos Confúcio associados. A sua sede está localizada em Pequim e o seu nome é uma homenagem ao pensador chinês Confúcio.


cHINA

20

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

Fuba, kapuca e gindungo entre os mais procurados por empresários chineses DR

O famoso Pau de Cabinda é outro dos produtos procurados pelos chineses. A Câmara de Comércio Angola China encoraja empreendedores a responderem à procura dos parceiros do gigante asiático André Mussamo

“H

á uma procura desenfreada por parte de empresários chineses pela nossa fuba de bombó, o nosso gindungo, kapuca e o pau de Cabinda”. A revelação é de Arnaldo Calado, presidente da Câmara de Comércio Angola - China. Segundo o responsável, os angolanos que quiserem especializar-se nestes produtos têm um grande mercado, da dimensão da China, pois os poucos que estão a vender neste momento “estão a vender muito bem”. Para fortalecer e incrementar as relações com um dos nossos maiores parceiros comerciais, a Câmara convida o empresariado angolano a participar nas duas grandes exposições a ocorrerem na China nos próximos tempos. “Angolanos interessados a exportar para China deviam procurar participar nestas duas grandes oportunidades e procurar mostrar outras potencialidades do nosso mercado”. Arnaldo Calado diz que não sabe ao certo o que os chineses estarão a fazer com estes produtos, mas a quantidade de empresários que solicitam a fuba de bombó “é assustadora, no bom sentido”. Entretanto, Arnaldo Calado revela igualmente que o volume de negócios entre os dois países já

“viveu dias melhores” que agora estão afectados profundamente pela crise económica mundial. O presidente da Câmara de Comércio Angola - China, Arnaldo Calado, diz que seria “escamotear a verdade” se afirmasse agora que o movimento comercial ocorrido até há quatro anos atrás mantinha-se igual. Para ilustrar o “declínio” das trocas comerciais, Calado toma como referência o facto de no pico do “bom momento comercial” Angola ter acolhido mais de 380 mil cidadãos chineses, porém, agora o efectivo baixou para cerca de 20 mil chineses em território angolano. Arnaldo Calado não arrisca a dar números quanto a movimentos entre os dois parceiros, justificando que “é impossível fa-

lar do volume de negócios, porquanto são múltiplos os canais de negociação entre os dois Estados, começando por pequenos comerciantes que buscam algumas peças de pano a grandes empreendedores que compram maquinaria pesada”. “Reduziu o movimento de angolanos para China e vice-versa. A grande prova é a paralisação

de centenas de obras e estaleiros antes povoados de trabalhadores asiáticos”, enfatizou o nosso entrevistado. Todavia, Calado considera o momento como sendo “passageiro” e reforça a sua crença no facto de Angola ser um mercado apetecível para os investidores chineses e em breve será possível dar a volta à situação.

“Não se sabe ao certo o que os chineses estarão a fazer com estes produtos, mas a quantidade de empresários que solicitam a fuba de bombó é assustadora”

Alnaldo calado, presidente da câmara de comércio Angola - china

A carência de dólares na economia Angola é uma das causas apontadas como estando na base da redução da intensidade dos negócios entre os dois países, mas atribui alguma culpa àquilo que chamou de “descredibilização” de um certo empresariado chinês em Angola. “Temos de admitir que em alguns lugares o empresário chinês não é bem visto. Eles investiram mal no aspecto reputação e ficaram com a imagem beliscada por conta da má prestação”. O presidente da Câmara não deixa a culpa apenas do lado chinês e aponta o dedo para algumas pessoas do lado angolano que levaram os parceiros a “negociatas” e caminhos ínvios nas obras e respectivos pagamentos. “Nas negociatas, os chineses envolveram-se de tal maneira que agora não conseguem, às vezes, dizer com quem se envolveram, mas no meio de tudo isso saíram prejudicados, pelo que o empresariado chinês precisa de uma nova estratégia para sair deste lamaçal”. Segundo Arnaldo Calado, em Angola “chegamos a ter empregados de outros chineses que se relacionaram com cidadãos angolanos que os mantiveram ‘sob sua custódia’ numa promiscuidade condenável, a tal ponto de alguns terem resvalado para a venda de saldo telefónico na rua”. Por estas e outras razões, a câmara está a investir na qualidade dos investidores que vem para o país trabalhar seriamente. A melhoria do ambiente de negócios e a remoção de entraves como a dificuldade no acesso aos vistos vai trazer em breve “bons investidores que rapidamente vão aliar-se ao desenvolvimento da economia angolana” vaticina Arnaldo Calado. “Estamos a impor aos chineses qualidade no investimento. Não estamos a aceitar aqueles que estão muito mal casados com alguns protectores angolanos. Encorajamos aqueles que estão aqui com capital próprio e independência suficiente para investirem seriamente”, asseverou.



22

cHINA

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

“DIA NAcIONAl DA cHINA” cOmemORADO cOm AcROBAcIAS, DANçAS e cANçõeS em luANDA O evento juntou cidadãos chineses e angolanos, durante duas horas, e permitiu a que se assistisse à exibição de 12 performances de artistas do maior país da Ásia, entre acrobacias, canções modernas números e humorísticos LITO CAHONGOLO

LITO CAHONGOLO

A Antónia Gonçalo

embaixada da China em Angola celebrou na última Terça-feira, 24, no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda, o 70º aniversário do “Dia Nacional da China”, que se assinala a 1 de Outubro, com um espectáculo multicultural. O evento, que teve duas horas de duração, permitiu a exibição de 12 performances de artistas chineses, desde acrobacias, danças e canções modernas, realizadas por jovens da

província de Jiangxi, daquele país. Na performance acrobática denominada “Uma primavera suave”, um grupo de jovens artistas, através de vários movimentos com pratos giratórios e fatos coloridos, encantaram o público presente com a sua arte, feita com mestria. Esta actividade prosseguiu com outras exibições, como a de acrobacia, intitulada “Jogo de tigela na monocicleta”, onde uma jovem artista, numa monoclicleta com cerca de dois metros de altura, lançou à cabeça cerca de cinco tigelas, com um dos pés, com uma perfeição que impressionou os espectadores.

O mesmo grupo apresentou ainda uma outra performance, “Amor do lago Poyang-bailado em ombros”, em que uma bailaria, através do suporte de um colega artista, fazia vários números sobre os ombros do mesmo, deixando o público apreensivo pelo que ia fazendo, mas ao mesmo tempo expectante. O festival que juntou cidadãos de ambos os países permitiu, ainda, a exibição de performances musicais e humorísticas. Para o encerramento, foi entoada uma canção que permitiu ver-se a demonstração do amor em relação à pátria chinesa.

Intercâmbio cultural O embaixador da China em Angola, Gong Tao, referiu que se fez questão de convidar o grupo de artes chinês para visitar Angola e por sua vez apresentar os seus espectáculos ao público angolano, justamente com o objectivo de fortalecer o intercâmbio cultural entre os dois países, tal como acontece nos sectores económico e financeiro. “Como sabemos, a China e Angola são dois países parceiros e amigos. Temos forte cooperação económica e comercial, mas também é preciso conhecer uns aos outros e construir uma paz sólida, e opinião pública para apoiar as relações bilaterais. Por isso tivemos essa iniciativa”, enfatizou. Individualidades O evento contou com a participação de várias individualidades, como a vice-presidente da Assembleia Nacional, Suzana Augusta de Melo, a juíza conselheira e vice-presidente do Tribunal de Contas, Domingas Alexandre Garcia e o presidente do Conselho de Administração da TV Zimbo, Guilherme Galiano, assim como entidades chinesas. O embaixador da China em Angola, Gong Tao, disse, ainda, que o objectivo do evento foi de trazer a cultura chinesa a Angola, de modo a mostrar a sua arte ao público. “Acabanamos de apreciar um espectáculo de arte chinesa muito agradável, realizada de propósito para o público angolano, para que possam beber um pouco da nossa cultura. Excatamente este ano, em que se completa o 70º aniversário do Dia Nacional da China, não podíamos celebrar de outra maneira”, salientou o diplomata. Gong Tao almeja a realização de eventos semelhantes no futuro, de modo que possam apresentar mais vezes a civilização e a arte chinesa ao povo angolano, e, de igual modo, convidar grupos angolanos para visitar o seu país, a fim de apresentarem a sua cultura ao povo chinês.

Dia da China O Dia Nacional da China é comemorado oficialmente a 1 de Outubro, para celebrar a fundação da República Popular da China. Na verdade, a data já aparecia nos calendários chineses há séculos com diferentes significações: ela se originou no período da Dinastia Jin Ocidental (265-316), em comemoração a eventos importantes no país. No período feudal, a cerimônia de entronização do imperador e o seu aniversário eram os principais eventos celebrados nessa data. Hoje em dia, o Dia Nacional da China tem outro significado, mas é muito importante para os chineses. O dia da Independência chinesa ocorreu, de facto, a 21 de Setembro de 1949. No dia 1 de Outubro do mesmo ano realizou-se uma grande cerimônia na Praça Tian’anmen – a famosa Praça da Paz Celestial – para comemorar a criação do Governo Popular Central do novo país, quando o líder do Partido Comunista Chinês, Mao Tsé-Tung, anunciou num histórico discurso oficial que o Dia Nacional da China seria comemorado nesta data, a partir daquele ano. Nesse evento, foi hasteada publicamente pela primeira vez a bandeira nacional chinesa, em frente a um público de cerca de 300.000 pessoas, dando início a uma tradição que perdura até aos dias de hoje, em que toda a China comemora o feriado com as mais diversas cerimônias ao redor do país.


O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

23 CEDIDA

própria autoria intitulado “Andando em cima do papel branco”. Estão igualmente em preparação outros livros de contos ligados à literatura infantil. Shang Jing fez saber que estes livros de contos africanos infantis vão integrar o sistema de ensino chinês, concretamente a quinta classe do ensino primário daquele país do oriente. Poeta maior O retrato biográfico do nacionalista angolano António Agostinho Neto”, que congrega um conjunto de textos e imagens da vida do “Poeta Maior” na sua juventude, em Angola e Portugal, vicissitudes enfrentadas enquanto estudante, nas prisões, o julgamento no Tribunal Plenário do Porto, as circunstâncias do seu noivado e casamento, desterro em Cabo Verde e a fuga de Lisboa, está igualmente traduzido para o Mandarin desde 2015. Estes livros já traduzidos estão disponíveis na China e em Angola para a comunidade chinesa, que se interessa pela li-

teratura angolana, daí que a receptividade dos livros continue a merecer fortes elogios pela comunidade chinesa, que augura que mais livros de escritores angolanos possam ser traduzidos. “Estamos a trabalhar e a efectuar contactos com escritores angolanos, de modo a que tenhamos acesso às suas obras na nossa língua, que comportam um manancial histórico rico, pela multiplicidade cultural do povo angolano. Por essa razão, continuam a ser solicitadas essas obras na China”, apontou. O mentor Shang Jinge Nasceu em Setembro de 1984, na Província de Henan (China). É escritor, jornalista e mentor das traduções da literatura africana. É membro da Associação dos Escritores Chineses (AECH). Ocupa o cargo de investigador de economia dos países CPLP pelo Centro Chinês de Estudos dos Países de Língua Portuguesa (CCEPLP) e Universidade de Economia e Negócios Intern PuBlIcIDADe

Anúncio de concurso O Projeto da Convenção da Corrente de Benguela (BCC), no Ministério das Pescas e no Mar (MINPESMAR), agora convidam propostas seladas dos concorrentes elegíveis para fornecimento de um (1) veículo todo-o-terreno, pick-up 4x4, conforme expecificações técnicas constantes da tabela abaixo, a ser entregue dentro de trinta (30) dias, contados a partir da data de assinatura do contrato ESPECIFICAÇÕES Motor, sistema de transmissão e desempenho

Shang Jinge,investigador de cultura africana

Modelo de motor

Dupla cabina,Gasóleo (4x4)

lITeRATuRA ANGOlANA ATRAI leITOReS cHINeSeS

Cilindrada

2000 – 3200 cc

Motor

Injecção electrónica

Combustível

Gasóleo

Transmissão

Automática

A iniciativa visa traduzir obras da literatura angolana para o mandarin. O motivo é dar a conhecer os escritos angolanos aos leitores chineses, uma acção sob a égide do investigador de cultura africana do Centro de Estudos dos Países de Língua Portuguesa, Shang Jinge

Características exterior Faróis: LED

LED

Pneus

26565R17

Pneu de socorro Sistema anti-roubo Almofadas de ar («airbags») Pelo menos em frente Segurança

Sirene/Alarme e imobilizador Almofada de ar para o motorista e passageiro Sistema de travões ABS, cinto de segurança frente e traz

Dimensões e capacidade Capacidade do tanque

A

Jorge Fernandes

s obras que integram a colecção dos 11 Clássicos da Literatura Angolana e não só, designadamente “Quem me dera ser onda”, de Manuel Rui, “Luuanda” de Luandino Vieira, “A montanha da águas Lilás” de Pepetela, “Uanga” de Óscar Ribas, constam no projecto de tradução para a língua chinesa.

Estão igualmente já traduzidos os livros “Nga Muturi” de Alfredo Troni, “Tesouro de Kianda” de Arnaldo Santos, “Estórias do Musseque” de Jofre Rocha, “A Morte de Velho Kipacaça” de Boaventura Cardoso, “Undengue”, “A Dívida da Peixeira”, “O Pano Preto da Velha Mabunda” de Jacinto Lemos, e ainda “Nós Matámos o Cão-Tinhoso” de Luís Bernardo Honwana. Paralelamente a estas obras, Shang Jinge também trabalha numa antologia de contos africanos e um outro livro de ficção de sua

Pelo menos 60 Litros

(1) de combustível Capacidade de carga

Pelo menos 480

Capacidade de reboque - travado (kg)

Pelo menos 1000

Calendário de manutenção (estação de serviço) Periodicidade para a estação de serviço ou manutenção (km)

10 000 - 15 000

Calendário de manutenção (estação de serviço)

Pelo menos 3 - 5 anos/90 000km

Garantia 4 anos/90km/100k/120k

Os licitantes elegíveis interessados podem obter mais informações do Instituto de Desenvolvimento de Pesca e Aquicultura Artesanal (IPA) / Ministério das Pescas e do Mar (MINPESMAR), Dra. Nkosi Luyeye, IPA Diretor Geral; Telefone: +244 923 508 201, E-mail: nkosiluyeye2016@gmail. com; siliveli@gmail. com, no endereço indicado abaixo. Instituto de Desenvolvimento das Pescas e Aquicultura Artesanal (IPA) / Ministério das Pescas e do Mar (MINPESMAR); Rua do MAT, Complexo Administrativo de Clássicos de Talatona, 5º Edifício, 1º Andar, Bairro Talatona, Luanda; P.O. Box 6776. Data limite para apresentação das propostas: 11 de outubro de 2019


24

cHINA ANGOlANOS DOmINAm “mINI-mARATONA cHINeSA”

CEDIDA

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

GONG TAO*

As Palavras do Embaixador

O

Atletas angolanos e chineses na Mini-Maratona disputada na Centralidade do Kilamba, em Luanda

Depois do sucesso da primeira edição da mini-maratona de atletismo disputada na Centralidade do Kilamba, em Luanda, a organização garantiu a OPAÍS que a prova será realizada todos os anos em vésperas do aniversário da República Popular da China, que se assinala a 1 de Outubro Mário Silva

O

atleta angolano Francisco Escovinho venceu a 14 deste mês a primeira edição da Mini-Maratona de atletismo com o tempo de 36 minutos e quatro segundos. A prova de 10 quilómetros, organizada pela Associação Comercial das Empresas em Chinesas Angola (ACECA), teve ponto de partida e término na sede da Citic Construction, na Centralidade do Kilamba, em Luanda. O evento visou saudar o 70º aniversário da proclamação da República Popular da China, a assinalarse a 1 de Outubro próximo. Na segunda posição ficou o angolano Domingos Nascimento com a marca de 39 min/28 segs, ao pas-

so que o seu compatriota José Maria ocupou o terceiro lugar com 40 min/38 segs. No final da corrida, o vencedor da prova, Francisco Escovinho, reconheceu a este jornal que a corrida foi difícil, mas fruto do trabalho que tem realizado foi possível terminar na primeira posição. O jovem atleta, que está em regime de estágio no Petro de Luanda, louvou a iniciativa da comunidade chinesa e espera que o evento não seja o último. “É uma prova que deve existir todos os anos. Aliás, o atletismo é um desporto que faz bem a todos”. Francisco Escovinho prometeu trabalhar arduamente para integrar a equipa principal de atletismo dos tricolores, que tem corredores de enorme qualidade, mas o mesmo acredita no seu potencial. Em femininos, Teresa Valente, 36

anos, foi a vencedora com o tempo de 1h/5 min/10segs, ao passo que Rosalina da Costa ocupou o segundo lugar em 1h/10 min/20 segs e completou o pódio Telmira Damião com o tempo de 1h/28min/10segs. Reagindo à vitória, Teresa Valente revelou que a conquista serve para continuar a praticar a modalidade. Na ocasião, aconteceu uma caminhada com a participação de 300 pessoas, com destaque para o embaixador chinês em Angola, Gong Tao. No final da actividade, Gong Tao disse a OPAÍS que o certame visa consolidar amizade entre a China e Angola de modo a continuarem a caminhar juntos na realização dos sonhos dos dois povos. O dirigente chinês mostrou-se radiante pelo bom nível da organização e pelo número de corredores angolanos.

dia 1 de Outubro de 2019 marca o 70º Aniversário da Proclamação da República Popular da China. Um período de 70 anos só é uma gota de água no rio da história, mas já é suficiente para tornar a China a segunda maior economia no mundo, a Fábrica do Mundo, e um dos actores mais relevantes no palco internacional. Ao longo dos 70 anos, a China tem realizado progressos milagrosos na economia, ciência e tecnologia, cultura, e vida do povo. Hoje em dia, sob a orientação do Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Época, a China está a avançar para concluir a construção integral de uma sociedade moderadamente próspera, e para depois construir de forma integral um forte país socialista modernizado e realizar a revitalização da nação chinesa. A China sempre sustenta firmemente a política diplomática pacífica de independência e autonomia, sempre impulsiona a construção de um novo tipo de relações internacionais com base nos Cinco Princípios de Coexistência Pacífica, sempre se opõe a Hegemonismo e Política de Poder, sempre fica firme ao lado dos países em desenvolvimento, sempre combina os interesses da China com o desenvolvimento comum da

Nos últimos 36 anos depois de estabelecimento das relações diplomáticas, a China e Angola são sempre irmãos que partilham alegrias e sofrimentos

sociedade humana, desempenhando os papeis de construtor da paz mundial, contribuidor para o desenvolvimento global e protetor da ordem internacional. Nos últimos 36 anos depois de estabelecimento das relações diplomáticas, a China e Angola são sempre irmãos que partilham alegrias e sofrimentos, amigos que se apoiam reciprocamente, e parceiros que colaboraram de mãos dadas. A China tornouse o maior parceiro comercial e a maior origem de financiamento de Angola. Angola tornou-se o segundo maior parceiro comercial da China e um importante mercado de obras públicas da China na África. A cooperação entre a China e Angola tornouse um paradigma de cooperação mutuamente benéfica e desenvolvimento comum entre a China e a África. O mundo de hoje está a atravessar grandes mudanças sem precedentes nos últimos cem anos. A multipolarização mundial, a globalização económica, a informatização social e a diversificação cultural estão a evoluir de forma profunda. Os destinos dos povos do mundo nunca estiveram tão estreitamente interligados como estão hoje. Perante os riscos e a incerteza, acredito que os dois países vão continuar a aprofundar a nossa confiança política mútua, ampliar a nossa cooperação em todos os domínios, intensificar os intercâmbios entre os povos e aperfeiçoar e a nossa cooperação bilateral com uma melhor qualidade e maior eficiência. A paz e o desenvolvimento comum são um sonho de toda a sociedade humana e o tema principal da nossa época. Espero que, com os espíritos da solidariedade, sabedoria e coragem, as duas grandes nações da China e Angola consigam assumir a responsabilidade histórica e continuar a escrever novos capítulos da amizade. *embaixador da China em Angola



26

meRcADOS

Mercado TAXA DE JURO

Libor USD 6 Meses 2,099

Taxas de Juro Taxa BNA Libor USD 6M Libor GBP 6M Libor JPY 6M Euribor 6M Luibor 6M

Cot. 19/09/19 15,500% 2,044% 0,845% -0,053% -0,420% 14,410%

∆ Diária (p.p) 0,000 -0,019 0,000 -0,003 -0,047 0,000

2,086 2,073 2,060 13/Set

Mercado ACCIONISTA Índices Accionistas Cot. 19/09/19 Dow Jones (EUA) 26 970,71 S&P 500 (EUA) 2 984,87 FTSE 100 (Inglaterra) 7 289,99 IBovespa (Brasil) 104 481,00 CSI 300 (China) 3 870,98 Nikkei 225 (Japão) 22 020,15

Cot. 19/09/19 371,1701 1,0943 1,2355 107,8000 15,0192 4,1480

19/Set

17/Set

∆ Diária (%) 0,608 0,616 -0,020 0,583 -0,772 -0,356

27.300

27.200

27.100

27.000 13/Set

15/Set

17/Set

19/Set

EUR / USD ∆ Diária (%) 0,029 -0,645 -1,065 0,663 0,737 -0,408

Mercado DAS COMMODITIES

Mercado Accionista O índice bolsista da Inglaterra, FTSE 100, desvalorizou 0,02%, situandose em 7.289,99 pontos. A possibilidade do Reino Unido realizar eleições antecipadas, em virtude do impasse sobre a efectivação do Brexit, poderá ter penalizado o desempenho do índice.

Dow Jones (EUA)

Mercado CAMBIAL Taxas de Câmbio USD/AKZ EUR/USD GBP/USD USD/JPY USD/ZAR USD/BRL

15/Set

1,113 1,105 1,097 1,089 13/Set

15/Set

17/Set

19/Set

Mercado Cambial A libra e o euro depreciaram 1,06% e 0,65% ao situarem-se em 1,2355 e 1,10943 USD por unidade da moeda, respectivamente. As declarações do Presidente Trump sobre a possibilidadedeumacordocomercialcomaChina beneficiou o dólar.

Mercado de Matérias-primas O aumento das reservas petrolíferas dos EUA penalizou a cotação da commodity. O preço do WTI e o Brent reduziram em 1,40% e 1,13% situando-se em 56,49 e 62,39 USD/ barril, respectivamente.

Brent C rude F ut. 71,0

Commodities WTI Crude Fut. Brent Crude Fut. Gold 100 Oz Fut. Prata Fut. Gás Natural Fut. Cobre Fut.

Cot. 19/09/19 56,49 62,39 1 505,10 17,96 2,50 261,20

∆ Diária (%) -1,396 -1,125 -1,794 -2,997 -0,040 0,211

Luibor Taxas BNA Luibor O/N Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 meses Luibor 9 meses Luibor 1 Ano

67,0 63,0 59,0 13/Set

15/Set

17/Set

19/Set

Luibor 1 Ano Cot. 19/09/19 14,39 14,38 14,55 14,92 15,33 15,98

∆ Diária (p.p) 0,140 0,040 0,040 0,120 0,120 0,500

15,84% 15,72%

15/Set

17/Set

BReVeS china critica euA por sanções a empresas que transportaram petróleo O Governo chinês criticou ontem, Quinta-feira, a decisão de Washington de impor sanções contra seis empresas e cinco cidadãos da China por transportarem petróleo iraniano, violando sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos. “A China expressa forte oposição e lamenta as sanções dos EUA, que atingiram em-

presas chinesas com base em leis nacionais [norteamericanas]”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, em conferência de imprensa. Geng considerou que a cooperação da China com o Irão, no âmbito internacional, é “legítima e legal”, e que deve, por isso, ser “respeitada”.

fórum de macau promove cooperação agrícola com países de língua portuguesa em Jiangsu A promoção da cooperação agrícola entre a província de Jiangsu e os países de língua portuguesa foi o objectivo de uma visita de estudo efectuada àquela província chinesa pelo Secretariado Permanente do Fórum de Macau, informou a instituição em comunicado. A delegação, chefiada pelo secretário-geral adjunto Ding Tian, visitou Lianyungang, conhecido como “Município

famoso do Mar da China Oriental” entre os dias 19 e 21 de Setembro, após a visita a Huai’an, tendo participado na abertura do 21º Encontro sobre a Cooperação Internacional da Agricultura da Província de Jiangsu e o Encontro sobre a Promoção da Cooperação Internacional da Agricultura – com o Aproveitamento das Oportunidades da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota.”

medicina Tradicional chinesa em debate em macau

Luibor As Luibor continuam a registar tendência ascendente na generalidade das maturidades, com particular destaque para a Luibor Overnight que aumentou 14 p.b., ao se fixar em 14,39%.

15,96%

15,60% 13/Set

Mercado Interbancário A confirmação do crescimento económico dos EUA referente ao IIº trimestre,cercade2%,abaixodos3,1% apurados no trimestre anterior, poderá ter contribuído na redução da Libor USD 6 meses em 1,9 p.b., ao fixar-se em 2,044%.

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

19/Set

O Secretário para a Economia e Finanças do Governo de Macau afirmou que a industrialização e o desenvolvimento internacional da medicina tradicional chinesa (MTC) são altamente valorizados pelo Governo e promovem a diversificação da economia local. Leong Vai Tac, que falava por ocasião da abertura do Fórum

de Cooperação Internacional de Medicina Tradicional (Macau, China) 2019, disse que o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong-Macau (GMTCM), localizado em Hengquin, município de Zhuhai, entrou numa nova fase de desenvolvimento propício à inovação e investigação.


OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

27

RIcARDO VITA

W.e.B. Du Bois, um intelectual a conhecer W illiam Edward Burghardt Du Bois, mais conhecido como W.E.B. Du Bois, dedicou a sua vida à revalorização da história e cultura do Negro e à reconquista da sua dignidade degradada pela escravatura e dominação branca. A sua obra não é conhecida na lusofonia, um espaço ainda sob a tutela intelectual de Portugal e do Brasil, dois países em que a voz do Negro permanece inaudível e não emancipada. E porque vários intelectuais da lusofonia têm sensibilidades lusotropicalistas e assimilacionistas e são embaraçados por posições que defendem a Negritude. Os que afirmam ser defensores da valorização das culturas negras vivem o contrário no dia-a-dia; são mais universalistas diluídos num universalismo sem o Negro. Em Angola, por exemplo, em certos meios, ainda se faz concursos de sotaques e se esquece que o sotaque é uma identidade que deve ser defendida, prefere-se assemelhar-se ao ex-colonizador até nos gestos. É nisso que se reconhece a ferocidade e a marca da colonização portuguesa. Mas na geração do meu pai, que teve o estatuto de Assimilado e que foi professor no tempo colonial, ainda havia pessoas, nascidas nos anos 1930 ou 1940, que permaneceram autênticas e fiéis à sua identidade. Sempre agradecerei a minha família; meu pai, minha mãe e meus avós, por me terem transmitido o amor pela nossa cultura e o Kikongo, a língua que falo melhor do que todas as outras que possuo, e por terem lutado contra a escola primária da Angola Independente que proibia a nossa língua. Hoje, graças ao Kikongo, posso comparar, interpretar, entender, ver e viver outras belezas. É uma bússola adicional que me orienta neste vasto universo, é a base do meu contributo para o

universalismo; a ele trago a minha cultura africana. Existo. W.E.B. Du Bois geralmente resume-se a sua obra-prima, The Souls of Black Folk, (traduzida no Brasil por « As Almas da Gente Negra »), uma obra que publicou em 1903, na qual ele evocou, através de uma multiplicidade de eixos, como em todas as suas obras, a situação racial entre brancos e negros nos Estados Unidos. Du Bois nasceu em Great Barrington, em Massachusetts, nos Estados Unidos, e, aluno brilhante, foi admitido na universidade Harvard em 1888, onde cursou história antes de doutorar-se em 1895. Foi o primeiro negro a obter um doutoramento naquela prestigiosa universidade. Ansioso em dedicar o seu conhecimento à emancipação dos Afro-Americanos, Du Bois ensinou sociologia, economia e história, principalmente na Universidade de Atlanta, onde obteve um cargo de professor em 1887, ano em que também fundou a American Negro Academy com o pan-africanista Alexander Crummell. Opôs-se às teorias de Booker T. Washington, outro líder negro, que, por exemplo, negociou o compromisso não oficial de Atlanta em 1895, que não questionava a segregação e que permitia dar aos AfroAmericanos uma educação mínima. Washington considerava que as escolas afro-americanas deveriam limitar-se ao ensino profissional mas Du Bois pensava que elas deveriam ensinar as artes liberais porque eram necessárias para criar uma elite dominante. E Du Bois acreditava sobretudo que os Afro-Americanos deveriam lutar por direitos iguais. Lutando contra o racismo e o colonialismo, partidário do panafricanismo, que ele ajudou a estruturar, desde o início do século XX, e do reconhecimento da sua

herança africana pelos descendentes de escravos, Du Bois assumiu a liderança do Niagara Movement (Movimento Niagara) em 1906, uma organização que exigia plena igualdade de direitos para os Afro-Americanos. Em 1909, participou na criação da NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor), dedicada à denúncia das discrimina-

Ansioso em dedicar o seu conhecimento à emancipação dos Afro-Americanos, Du Bois ensinou sociologia, economia e história, principalmente na Universidade de Atlanta

ções contra os negros nos Estados Unidos, uma extensão do Niagara Movement. Em 1910, Du Bois tornou-se director de pesquisa dessa organização e editor-chefe da sua revista mensal, The Crisis, da qual também foi o fundador. Abrindo o caminho para Cheikh Anta Diop, Du Bois foi o primeiro a evocar as origens africanas da civilização egípcia. No momento da entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial em 1917, Du Bois finalmente convenceu-se de que a guerra minaria o colonialismo e o racismo. Então, para afirmar o Negro na sua luta pela igualdade, incentivou o recrutamento de AfroAmericanos e a criação de postos de oficiais. De 19 a 21 de Fevereiro de 1919, organizou em Paris um congresso pan-africano para avaliar o papel da guerra na emancipação. Um outro congresso foi organizado em Londres, Bruxelas e Paris em 1921. Tendo sido Secretário do primeiro Congresso Pan-Africano realizado em Paris em 1900, Du Bois foi uma figura central de todos os congressos que seguiram (1919, 1921, 1923, 1927, 1945 e 1956).

DR

Voltou ao mundo universitário em 1933 e dedicou-se à sua obra histórica e literária. O sonho de Du Bois era criar uma enciclopédia da diáspora africana. Foi próximo do partido comunista, desde os anos 1930, e foi vítima da caça às bruxas no início dos anos 1950 nos Estados Unidos. Mas só aderiu ao Partido Comunista em 1961, ano em que também abandonou os Estados Unidos para ir viver no Gana, que se ofereceu para financiar o seu projecto de enciclopédia. Adquiriu a nacionalidade ganense em 1963 mas a sua saúde diminuiu e morreu em 27 de Agosto de 1963 em Acra aos 95 anos. Até hoje está enterrado lá, perto da residência em que vivia, que agora é o Du Bois Memorial Center. Ricardo Vita é Pan-africanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Folha de São Paulo (Brasil), do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É cofundador e vicepresidente do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.


clASSIfIcADOS emprego

28

O PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

imobiliário

ENCARREGADO EXECUTOR Em acabamentos ˇ Pedreiro Canalizador Electricista Ladrilhador Tˇcnico de Frio Estucador Pintor e aplica Tecto Falso, Pladur e Sancas com gavetas OBS: DISPONÍVEL A NÍVEL NACIONAL

Cont: 933 781 255

J.L.F

PROMO‚ Í ES LIMITADAS DE CASAS EM NOSSOS PROJECTOS CANALIZAÇÃO & PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

Casas T3 em condom’ nio Fechado 1» e 2» FASE - VIA CALEMBA 2 LUANDASUL, ‡ 5 min do Nginga Shopping,PP:2.000.000,00KZ OU 2. 500.000,00 em Especialista em Servi�o de Canaliza��o Executamos Servi�o de Ponta com material de alta pesta• › es , Entrada 500.000,00kz qualidade e traz durabilidade como: Material Casas T3 projecto habitacional Ð ZANGO 2 por do nosso superPPR, ‡ 800m. a Multicamada, Galvanizado, Politileni e muito mais. partir de 1.750.000,00 ‡ 2.500.000,00kz, entrada de 500.000,00 kzs Executamos: Tubagem Sistema de �gua Quente e Casas T3Suite Kikuxi via expresso, pr— ximo ao Resort Bantœ ‡ 7.500.000,00kz Fria. entrada 2.500.000,00kz. Sistema de Gravidade em reservat�rio de �gua e 923724939,939275660,939542254,925354487,912627682,923157381,923601219 combust�vel. COMPRA COM SEGURAN‚ A PORQUETamb�m fazemos manuten�ı DEVE APOSTARes com Contrato em NO TEU FUTURO piscinas, Col�gio, Escrit�rios, Unidades Industriais, Hot�is, Restaurantes, Resid�ncia, Condom�nios como: desentupimos canos, eliminamos infiltra�ı es, montamos electrobomba com sistema de filtro, termo-acomulador, hidromassagem e Loi�a Sanit�ria.

OBS: Disponível a nível Nacional

RAPIDEZ, QUALIDADE E EFICÁCIA AO TRABALHO

Telef: 918 717 526

diversos


TemPO

PAÍS Sexta-feira, 27 de Setembro de 2019

29

Fonte: INAMET

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES Válida de 27 a 29 de Setembro de 2019 Ê Ê

ReGIÃO NORTe: Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uige, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul Céu parcialmente nublado, alternando com períodos de nublado durante a madrugada e manhã nas províncias de Luanda, Bengo, Cabinda, Zaire e Cuanza-Norte. Períodos de ocorrência de neblina ou chuva fraca em alguns municípios das províncias de Luanda, Zaire, Bengo, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte e Lunda-Norte.

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) Ê

Ê

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 27 à 29 de Agosto de 2019Ê Data 27/08/2019

CIDADE

Das 18 horas do dia 26 às 18 horas do dia 27 de Setembro de 2019 .

Data 28/08/2019

Estado do Tempo

Mín

Máx

Data 29/08/ 2019

Estado do Tempo

Mín

Estado do Tempo

Mín

Máx

Máx

LUANDA

17

29

Céu parcialmente, nevoeiro/neblina

18

28

Céu parcial ou nublado, nevoeiro/neblina

18

28

Céu parcial ou nublado, nevoeiro/neblina

CABINDA

21

28

Céu parcial nublado, neblina matinal

20

27

Céu parcial nublado, neblina matinal

20

27

Céu parcial nublado, neblina matinal

SUMBE

17

25

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

16

25

Céu pouco nublado

16

25

Céu pouco nublado

CAXITO

18

31

Céu nublado pela manhã, nevoeiro

18

30

Céu nublado pela manhã, nevoeiro

18

30

Céu nublado pela manhã, nevoeiro

MBANZA CONGO

17

28

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

17

27

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

16

26

UIGE

16

29

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

17

28

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

17

28

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

NDALATANDO

16

30

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

16

29

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

16

29

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

MALANJE

16

30

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

17

30

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

17

30

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

DUNDO

20

30

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

21

29

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

20

29

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

SAURIMO

15

31

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

16

32

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

17

32

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

BENGUELA

16

27

Nublado ou parcial nublado, nevoeiro/neblina

16

26

Nublado ou parcial nublado, nevoeiro/neblina

17

27

Nublado ou parcial nublado, nevoeiro/neblina

HUAMBO

06

26

Céu geralmente limpo

07

26

Céu pouco nublado ou limpo

07

26

Céu pouco nublado ou limpo

CUITO

10

28

Céu geralmente limpo

11

27

Céu geralmente limpo

11

27

Céu geralmente limpo

LUENA

10

30

Céu geralmente limpo

11

32

Céu geralmente limpo

11

32

Céu geralmente limpo

LUBANGO

15

26

Céu geralmente limpo

16

27

Céu geralmente limpo

16

26

Céu geralmente limpo

MENONGUE

10

31

Céu geralmente limpo

11

31

Céu geralmente limpo

12

31

Céu geralmente limpo

MOÇÂMEDES

15

24

Céu pouco, neblina matinal

16

24

Pouco ou parcial nublado, neblina matinal

15

24

Pouco ou parcial nublado, neblina matinal

ONDJIVA

11

30

Céu geralmente limpo

11

29

Céu geralmente limpo

10

29

Céu geralmente limpo

ReGIÃO ceNTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu limpo nas províncias do Huambo, Bié e Moxico, parcialmente nublado na província de Benguela. Com períodos de nublado pela madrugada e manhã na faixa litoral da província de Benguela. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal na província de Benguela.

Parcial nublado, nevoeiro/neblina

O Meteorologista: Domingos Nsoko Pedro

ReGIÃO Sul: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango Céu geralmente limpo nas províncias da Huíla, Cunene e Cuando Cubango. Com possibilidade de ocorrência de neblina ou nevoeiro em alguns municípios da província do Namibe.

Luanda, 26 de Agosto de 2019

Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

TemPO NO mAR Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARíTIMA 1. SITuAçÃO GeRAl ÀS 15:00 Tu DO DIA 26 De SeTemBRO De 2019: Circulação de Sudoeste fraca entre os paralelos 4°S e 14°S(Cabinda até Benguela) e moderada de Sudoeste a Sul do paralelo 15°S INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA - INAMET Centro Nacional de Previsão do Tempo

2. PReVISÃO VÁlIDA ATÉ ÀS 18:00 Tu DO DIA 27 De SeTemBRO 2019:

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

NÃO HÁ AVISO.

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00 TU DO DIA 26 DE SETEMBRO DE 2019: Circulação de Sudoeste fraca entre os paralelos 4°S a 14°S(Cabinda até Benguela) e moderada de sudoeste , a Sul do paralelo 15°S 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 27 DE SETEMBRO 2019: NÃO HÁ AVISO.

REGIÃO

ESTADO DO TEMPO

VENTO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Chuvisco

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S)

Chuvisco

Benguela (12°S – 14°S)

Parcialmente nublado

Namibe (14°S – 18S)

Neblina

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

Sudoeste

Até 10

Até 1.2

Pouco agitado

Fraca pela manhã (Inferior a 5)

Sudoeste

10 a 12

Até 1.4

Pouco agitado

Fraca pela manhã (Inferior a 4)

Sudoeste

Até 14

Até 1.8

Agitado

Sul a Sudoeste

Até 16

Até 2.2

Agitado

Moderada a boa (Superior a 6)

Fraca a moderada pela manhã (Até 5)

3. DeScRIçÃO SINÓPTIcA DAS 18:00 uTc DO DIA 26/09/2019 ÀS 18:00 uTc DO DIA 27/09/2019 . O Anticiclone de Santa Helena irá permanecer estacionário com sua pressão central de 1030hPa para 1020hPa, enquanto se desloca para Leste, influenciando assim no padrão do vento durante as próximas 24 horas. A altura da onda máxima prevista estará entre 1.2 e 1.8 metros na costa de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Cuanza-Sul e Benguela e 2.2 para a costa de Namibe. Prevê-se uma visibilidade entre 3 a 6 km devido à ocorrência de nevoeiro ou chuvisco matinal local nas regiões marítimas de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Cuanza-Sul e Namibe. 4. cARTA DO VeNTO mÁXImO e DA AlTuRA DA ONDA mÁXImA PReVISTA Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


o Pa’ s dia da FAMê LIA.pdf

1

19/09/19

15:58

DivErSÃO, MÚSica e MuiTo Mais C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

28 E 29 O R B M E T E S E D 10h00 -17h00

www.unitel.ao

N´DalAtAndo

colÉgio SamOra M. MacHel

KWANZA NORTE




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.