INTOLERÂNCIA POLÍTICA PREOCUPA UNITA E PRS NO MOXICO
“DE FORMA ALGUMA ACEITO QUE SE DIGA QUE EM ANGOLA NÃO HÁ QUADROS” - JUDITH BENGE
Os frequentes casos de intolerância política na província do Moxico estão a preocupar os partidos políticos da Oposição, UNITA e PRS, que clamam pela intervenção dos órgãos do Estado de forma a punir os mentores e executores de tais práticas. P. 9
Judith Benge, angolana, é jurista de profissão e gestora de estudantes internacionais no Reino Unido há mais de 10 anos. Em entrevista a OPAÍS, fala sobre as suas experiências, numa altura em que o Governo britânico apresentou novidades para os estudantes internacionais naquele país. P. 10
Director: José Kaliengue
O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA
www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao
Edição n.º 1611 Domingo, 29 /09/2019 Preço: 40 Kz
@Jornalopaís facebook/opaís.angola
CARLOS AUGUSTO
OBRAS DO TERMINAL MARÍTIMO DO SOYO PARALISAM POR FALTA DE PAGAMENTO ÚLTIMA. As obras do terminal fluvial e marítimo do município do Soyo, província do Zaire, com um grau de execução física na ordem dos 85 por cento, estão paralisadas há mais de um mês devido ao atraso na alocação dos 29% da verba do orçamento global da empreitada. O calendário inicial previa o fim da obra em Janeiro de 2018. P. 32
ANGOP
INCÊNDIO DESTRÓI ADMINISTRAÇÃO DE TALATONA ● Um incêndio de grandes proporções destruiu, na tarde de
ontem, grande parte das instalações da Administração municipal de Talatona, em Luanda. O governador de Luanda, Sérgio Luther Rescova, garantiu à imprensa que estão salvaguardados o atendimento e os serviços mínimos à população . P. 2
IVA em Cabinda será 12% mais baixo que no resto do país ● O Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) que entra em vigor no país na próxima Terça-feira, 1 de Outubro, será de 2% na província de Cabinda, doze por cento menos do que no restante território nacional. P. 18
1º de Agosto tenta ‘imitar’ feito do Petro de Luanda
O 1º de Agosto tenta hoje o apuramento para a fase de grupos da 24ª edição da Liga dos Clubes Campeões, quando defrontar o Green Eagles FC da Zâmbia, no Estádio 11 de Novembro, em Luanda. P. 26
●
E AINDA NO CARTAz: Série angolana de humor ‘Maison Afrochic’ volta a fazer sucesso no pequeno ecrã
Ministra da Cultura destaca revitalização do Palácio de Ferro em Luanda
Anna Joyce e Konde partilham palco no Dueto N’Avenida
EM FOCO
2
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
INCÊNDIO DESTRÓI ADMINIST Os peritos dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB) e do Serviço de Investigação Criminal (SIC) vão fazer as devidas diligências para esclarecer as causas do incêndio, declarou Sérgio Luther Rescova, governador provincial de Luanda
Texto de Paulo Sérgio Totos de Carlos Augusto
U
m incêndio de grandes proporções destruiu na tarde de ontem grande parte das instalações da Administração Municipal de Talatona, em Luanda. O incêndio teve início no período da tarde, num momento em que no espaço adjacente a administração estava a decorrer uma feira onde estavam a ser comercializados vários produtos, entre os quais obras de arte. O fogo consumiu a parte traseira da Administração, onde estavam localizadas várias salas de trabalho, permanecendo intacta a parte frontal. Para apagar o fogo, o SPCB movimentou para o local vários profissionais apoiados por dois camiões apetrechados para o efeito. O comandante provincial de Luanda do SPCB, comissário Tito Manuel, declarou que os dados preliminares apontam para por um curto-circuito como causa do fogo. “É uma situação que ninguém esperava. Queimou quase tudo. Estamos a tentar tirar alguma coisa que possa ser aproveitada”, frisou. O comissário explicou que a própria estrutura do imóvel (feito de madeira) e o volume de papeis que se encontravam no seu interior
contribuíram significativamente para o alastramento das chamas. “Isso complicou bastante a nossa primeira intervenção para resolver a situação”, reconheceu. Face a isso, tiveram que mobilizar para o local uma equipa de efectivos do Quartel Principal do SPCB, pois os seus colegas do quartel da Gamek, que foram os primeiros a acorrer ao local, não estavam a conseguir apagar o fogo. Julgando que as duas equipas seriam insuficientes, Tito Manuel mobilizou também os efectivos do quartel do Zango, em Viana, para que se deslocassem ao local. Porém, como as equipas no terreno conseguiram controlar a situação, acabou por dispensá-los. “Já não são necessários porque o incêndio já está com níveis muito baixos e controlado. Estes dois carros que estão aqui podem muito bem acabar com essa fumaça que se encontra aqui no terreno”, frisou, referindo-se ao trabalho que estava a ser desenvolvido pelos seus efectivos, diante da fumaça que saía dos escombros. Depois de o incendio ter sido controlado, alguns funcionários da Administração juntaram-se aos esforços dos bombeiros no sentido de recuperarem a documentação que não foi totalmente consumida. Enquanto os especialistas
“Agora é muito cedo para tirar conclusões, mas quero garantir que da parte do governo provincial de Luanda e da administração municipal do Talatona tudo será feito para a reposição da normalidade de funcionamento” Sérgio Luther Rescova
Os bomeiros em acção sob o olhar de alguns funcionários da Administração de Talatona
Sérgio Rescova (à esquerda) ao lado de Ti de Luanda
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
3
TRAÇÃO DE TALATONA
ito Manuel, comandante dos Bombeiros
em lidar com o fogo os retiravam, os funcionários da Administração apagavam as pequenas chamas e arrumavam-nos em sacos de plásticos.
Bombeiro a tentar recuperar documentos em chamas
Agentes dos bombeiros a recuperar documentos dos escombros
Serviços mínimos assegurados O governador provincial de Luanda, Sérgio Luther Rescova, acorreu ao local para averiguar o que se estava a passar e, em parceria com os seus colaboradores, encontrar soluções para que os cidadãos tenham os serviços mínimos assegurados. “Felizmente, não houve vítimas humanas. Isso é fundamental. Em relação a todas as perdas que tivemos, do ponto de vista documental, vamos procurar recuperar o máximo possível e garantir que a partir de Segunda-feira haja um local para serem prestados os serviços mínimos à população”, frisou, em declarações à imprensa. Enquanto este processo estiver a decorrer, garantiu, vão-se criar as condições para a retoma em pleno dos serviços da Administração Municipal de Talatona. Descreveu a ocorrência como um incidente que entristece toda a gente, todavia, vão continuar a trabalhar para repor o trabalho normal da Administração. “Agora é muito cedo para tirar conclusões, mas quero garantir que da parte do Governo Provincial de Luanda e da Administração Municipal de Talatona tudo será feito para a reposição da normalidade do funcionamento”, reiterou. No entanto, reconheceu que esse processo trará alguns constrangimentos aos munícipes. O governante prometeu que o seu elenco divulgará uma comunicação oficial sobre o tipo de serviços básicos que serão prestados inicialmente e onde será feito. Ressaltou que estão a contar com a colaboração das administrações dos municípios que fazem fronteira com Talatona. “São locais a ter em conta, no âmbito do trabalho que precisamos de fazer. Por outro lado, Sérgio Luther Rescova disse que os peritos dos SPCB e do Serviço de Investigação Criminal (SIC) vão fazer as diligências para esclarecer as causas do incêndio.
PR analisa programa de desminagem com príncipe Harry
O
projecto de desminagem levado a cabo pelo Governo há alguns anos esteve em análise na audiência que o Presidente da República, João Lourenço, concedeu, ontem, em Luanda, ao Príncipe Harry, do Reino Unido. O encontro de Henry Charles Albert David, membro da Casa Real britânica, com o Chefe de Estado, seguido de um outro com a primeira-dama da República, Ana Dias Lourenço, igualmente no Palácio Presidencial, marcou o “ponto mais alto” do fim da sua visita à Angola de três dias, iniciada dia 26 do corrente mês. No encontro com a primeira-dama da República, o Príncipe Harry foi informado sobre a campanha “Nascer para brilhar”, projecto levado a cabo por Ana Dias Lourenço para reduzir a transmissão do HIV/ SIDA de mãe para filho. À saída dos dois encontros, inseridos na sua visita ao nosso país, no quadro do apoio internacional às acções de desminagem no território nacional, o Duque de Sussex não fez qualquer pronunciamento à imprensa. Príncipe Harry já tinha estado em Angola para um projecto pessoal no domínio da desminagem em 2013, seguindo os passos da mãe, a Princesa Diana. No cumprimento da sua agenda, encerrada ontem, visitou o município do Dirico, no Cuando Cubango, e a cidade do Huambo. Nesta última, inteirou-se do funcionamento do Centro de Medicina e Reabilitação Física, agora denominado “Princesa Diana”, em homenagem a entidade britânica, que se empenhou na campanha para a proibição das minas terrestres. Esta campanha atingiu o seu ponto mais alto com a visita efectuada a Angola em 1997 pela Princesa Diana, também conhecida como “Princesa do Povo”. Angop
4
DESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 08 “Segredo” da relação entre Angola e China esconde-se sob a comunicação estratégica
o editorial SOCIEDADE. PÁG. 10
“De forma alguma aceito que se diga que em Angola não há quadros” - Judith Benge
CARTAz. PÁG. 14 Série angolana de humor ‘Maison Afrochic’ volta a fazer sucesso no pequeno ecrã
ECONOMIA. PÁG. 18 IVA em Cabinda será 12% mais baixo que no resto do país
MUNDO . PG. 22 Explosão em
petroleiro deixa vários feridos em porto na Coreia do Sul
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
HOJE:
O que é o fogo para nós?
os números do dia
1
F
oi algo ridícula a “coceira” com que alguns governantes reagiram às notícias de Agosto sobre o número de fogos em Angola. Não era nada, diziam, quando deveriam ter assumido, deixando a vergonha de lado, que Angola não tem meios nem para monitorar, nem para combater incêndios florestais. Com os urbanos, depende de onde arde. Há uma escassez de quartéis e de meios de bombeiros que salta à vista de qualquer leigo. Tudo isto ficou exposto no incêndio que consumiu a Administração de Talatona. Os meios deslocados para o local nunca poderiam fazer face àquele fogo, a não ser que fossem avisados com antecedência e lá estivessem à espera da ignição. Mas não é assim a vida real. Há gente que tem acordar neste mundo.
o que foi dito
“
“Estamos satisfeitos por ter visto que o Hospital Geral do Huambo tem capacidade e auto-suficiência na conservação e distribuição do oxigénio que permite atender os doentes” Carolina Cerqueira Ministra de Estado para a Área Social
7
90
Pessoas, um bebé, quatro crianças e duas mulheres, morreram na passada Sexta-feira depois de uma embarcação que transportava migrantes se afundar no Mar Egeu, anunciou a guarda costeira grega.
Mil documentos, entre cartas de condução e livretes encontram-se na Direcção Nacional de Viação e Trânsito (DNVT) desde 2008 à espera que os respectivos requerentes procedam ao seu levantamento em dias normais de funcionamento, incluindo aos Sábados.
135 “
Total de 308 ocorrências, entre traumas provocados por acidentes de viação, casos clínicos, agressão física e ofensas corporais com recurso a uma arma branca, foram notificadas, de Janeiro a Agosto deste ano pelo Instituto Nacional de Emergências Médicas (INEMA), no Zaire.
Técnicos de saúde, entre médicos, 11, enfermeiros,71, técnicos de diagnóstico e terapêutica, 53, admitidos através do concurso público de 2018 na província do Bengo, estão a receber as suas guias de colocação.
Estamos encorajados quanto à aposta do Executivo no sector, em prol da diversificaSabemos que será dição da economia e fícil ultrapassar este criação de milhares de adversário, porque vai postos de trabalho” Ângela Bragança dar o máximo para Ministra da Hotelaria e Turismo passar à outra fase”
“
Ivo Traça Treinador-adjunto do 1º de Agosto
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
5 e assim... José Kaliengue Director
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o cientista político Paulo Faria e saiba mais sobre ciência política e políticas públicas em implementação em Angola
Vinte e dois anos depois...
O
www.opais.co.ao Talatona (Luanda)Um bombeiro tenta salvar alguma da documentação que ardeu no incêndio que consumiu a o edifício da Administração municipal de Talatona, área nobre da capital angolana (CARLOS AUGUSTO)
o que vai acontecer Afrotaças O 1º de Agosto decide
hoje a passagem para a fase de grupos da liga dos clubes campeões da CAF, quando medir forças com o Green Eagles FC da Zâmbia, no Estádio 11 de Novembro, em Luanda, a contar para a segunda mão da última eliminatória da prova, que já vai na sua 24ª edição. Os militares do Rio Seco estão em vantagem na eliminatória, uma vez que venceram no desafio da primeira mão na casa do adversário por duas bolas a uma. Para garantir o apuramento à fase de grupos da prova, o clube rubronegro está proibido de perder por mais de um golo. Deste modo, só precisará de empatar a zero, uma vez que marcou dois golos no reduto do opositor.
Sociedade O ex-comandante provincial de Luanda da Polícia Nacional, comissário Joaquim Quim Ribeiro, condenado, em 2013, a 15 anos de prisão efectiva pela prática dos crimes de violência contra inferior, que resultaram na morte de dois oficiais da corporação, abuso de confiança e conduta indecorosa no exercício do cargo, pode ser posto em liberdade condicional, no dia 18 de Outubro , data em que completa metade da pena. Fonte do Supremo Tribunal Militar assegurou que a soltura de Quim Ribeiro está dependente do aval do Serviço Penitenciário que observou o comportamento do antigo comandante durante todo este tempo enquanto recluso.
Política O Executivo lança em
breve no município do Chinguar, Bié, o programa “Minha Terra”, que visa entregar títulos de terra arável a famílias camponesas inscritas em associações. A ministra do Ordenamento do Território e Habitação, Ana Paula de Carvalho, realizou na passada Quinta-feira uma visita à comuna da Cangala, município do Chinguar, onde constatou as condições para o lançamento do programa. Os primeiros beneficiários dos títulos de terra serão cerca de 350 famílias camponesas da sede da comuna da Cangala. Cada família vai beneficiar de um hectar de terra arável para a prática da agricultura. Os hectares estão a ser preparados pelo Instituto de Desenvolvimento Agrário no Bié.
Andebol A Selecção Nacional sénior feminina de andebol tenta hoje a qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020, quando defrontar a similar do Senegal, às 19:00 (hora de Angola). As Pérolas são favoritas, mas terão que redobrar esforços, uma vez que as senegalesas não darão facilidades. Por conta disso, na sessão de ontem, o treinador dinamarquês, Morten Soubak, corrigiu os erros que apresentaram-se com falhas no desafio anterior diante da República Democrática do Congo (RDC), onde venceu por 29-21. À imprensa, Aznaide Carlos disse que o jogo será difícil, mas assegurou que o grupo só pensa na vitória.
menino príncipe cresceu, veio visitar Angola, percorreu os caminhos da mãe, e nós, cá, felizes por esta vinda nos levar ao mundo. Por nos levar ao mundo como um país com minas no seu território e que ainda necessita de ajuda internacional para se livrar delas. Mas que não é capaz de dizer que as ditas minas, instrumento de guerra proibido por algumas convenções internacionais, foram fabricadas no estrangeiro, algumas delas na terra do príncipe, e vendidas para matar angolanos. Sim, não foram plantadas para florir girassóis, por angolanos, claro, que julgavam que matando outros angolanos, com armas compradas com o dinheiro dos angolanos, lhes daria mais razão. Falou-se do príncipe, das minas, mas não se aproveitou o momento para reflectir seriamente sobre alguns assuntos. Para se falar de quem vende minas, ganhando dinheiro, e depois ganha dinheiro desminando. E vinte e dois anos depois, Harry vem a Angola, é manchete no mundo inteiro, e, com ele, vinte e dois anos depois de Diana, sua mãe, Angola ainda é notícia por ser um país excessivamente minado. Já foi pior, é verdade, Angola já foi o país mais minado do mundo, dizia-se na década de 1990. Cada angolano tinha a sua mina. Mas vinte e dois anos depois ainda posamos para a foto com alguém cuja presença leva o mundo a pensar em nós como país minado. Vinte e dois anos depois... não entendo. E nós, pensamos em nós?
E também... Dia Mundial do Coração - 29 de Setembro de 2019 Foi a Federação Mundial do Coração (World Heart Federation) quem escolheu o dia 29 de Setembro para celebrar mundialmente o Dia do Coração, desde o ano 2000. O objectivo da data é divulgar os perigos das doenças do coração e prevenir possíveis ataques. A doença cardíaca e o acidente vascular cerebral são as principais causas de morte no mundo, com 17,3 milhões de vidas colhidas por ano. A organização apresenta medidas e sugestões para as pessoas praticaram um estilo de vida saudável.
6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
NO TEMPO DO KAPARANDANDA
Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao
OPAÍS
Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais. co.ao Grande repórter: André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia Luís Faria (Coordenador-Editor) luis.faria@opais.co.ao Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto Nunes, Rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Afrodite Zumba, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Iracelma Kaliengue, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela),Brenda Sambo, Maria Custódia, Kiameso Pedro e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto)Lourenço Pascoal, Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Revisão: António Setas Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images
Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Inês Monteiro e Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor)Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, Talatona- Luanda. Tel: 222 009 444 República de Angola
Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 Vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares
29 de Setembro de
1964
- Surge a personagem de banda desenhada Mafalda, a Contestatária, criada por Quino, no diário argentino Primera Plana.
1941
29 de Setembro de - II Guerra Mundial. Holocausto. Começo do massacre de Babi Yar, perto de Kiev, na Ucrânia. Cerca de 34 mil judeus são aniquilados em dois dias, pelas forças nazis, no início da invasão da URSS.
29 de Setembro de
1983
-A Microsoft divulga o Word 1.0, a primeira versão do seu processador de texto.
CARTA DO LEITOR
Viaduto do Golfe 2, um “salvador invisível” Estendo os meus cordiais votos de um dia bem passado a si, excelentíssimo director do jornal OPAÍS. E, antes de mais delongas, quero agradecer-lhe pela oportunidade que me concedeu para poder escrever esta carta. Director, há cinco meses, o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, inaugurou o viaduto do Golfe 2, que custou aos cofres do Estado cerca de 26 milhões de euros. Sob a empreitada da construtora Mota Engil, a obra durou oito meses. Na verdade, o que se esperava com o alçar desta obr a er a que o congestionamento diminuísse e o tráfego de automóveis estivesse mais leve. Mi ssão qua se cumprida. Afinal, o viaduto só consegue aca l m a r o t rá fego automóvel a 30 por cento, numa escala de 100. Podia-se dizer que a construção do mesmo foi
em vão, porém não. Há um grande papel soterrado sob este viaduto. Anteriormente, antes de ele ter sido erigido, o índice de acidentes de que aquela estrada era palco assustava os moradores, por causa da sua vasta extensão, equivalente a quatro longas faixas. Os viandantes preferiam arriscar as suas vidas atravessando a estrada do que percorrer longos
metros de distância ao encontro da pedonal para estar do lado pretendido. Por conseguinte, com a construção do viaduto, que trouxe no seu pacote a adição de mais uma via, ligando a Camama ao Golfe 2, uma das quatro longas faixas foi eliminada, o que estreitou a estrada e reduziu o tráfego automóvel, de maneiras a dar tempo e reflexo aos transeuntes de escapar a atropelamentos.
DR
Certamente, este viaduto tem salvado a vida de muita gente. Antes registava-se por semana uma média de 9 atropelamentos e hoje quase que ninguém é atropelado. Bem-haja! Este viaduto, ainda que muitos não veem, é um herói.
Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754
Isabel Fortes Pio Golfe 2 - Luanda
8
POLÍTICA
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
“Segredo” da relação entre Angola e China esconde-se sob a comunicação estratégica DR
Este ramo da comunicação, consideram especialistas, é um factor essencial para qualquer organização ou país que pretenda manter-se no mercado, atrair e construir um bom relacionamento com clientes
O
embaixador da República Popular da China em Angola, Gong Tao, afirmou, em Luanda, numa cerimónia de comemoração do 70º aniversário do Dia Nacional da China, que o desenvolvimento das relações sino-angolanas na nova era foca-se em três pontos. O primeiro é a comunicação estratégica, seguindo-se o desenvolvimento das relações entre os dois países, e a transformação da cooperação numa nova energia cinética de desenvolvimento. Na sua intervenção, o diplomata chinês apelou aos dois países (Angola e China) a aproveitarem melhor as plataformas Faixa e Rota e FOCAC (Fórum de Cooperação China-África) para impulsionar a cooperação.Segundo o embaixador, Angola e a China precisam de agilizar a implementação dos consensos acordados pelos seus dirigentes num encontro decorrido no ano passado. Reforçou ser necessário trocar experiências no âmbito do desenvolvimento independente, para se encontrar em conjunto uma ordem internacional mais justa e razoável. “Vamos transformar o comércio de mercadorias na cooperação da capacidade produtiva, transformar a contratação de projectos no investimento e operação para realizar o desenvolvimento conjunto e equilibrado entre financiamento, investimento e comércio”, assegurou. Gong Tao acrescenta que a China vai suportar a coesão e os intercâmbios, e promover o entendimento entre os dois povos.
Gong Tao, embaixador da China em Angola
Cultura No domínio cultural, o embaixador chinês disse que os dois países precisam de superar as barreiras linguísticas e fortalecer os intercâmbios nas áreas de educação, cultura, turismo, media e think tank (laboratório de ideias). A China vai, também, promover pesquisas para ajudar os povos dos dois países a compreender e apoiar melhor a cooperação
70 anos de independência A República Popular da China comemora o 70º aniversário da proclamação do seu Dia Nacional. Como uma civilização antiga com uma história de mais de 5000 anos, a China contribuiu para o desenvolvimento da civilização humana, enquanto experimentou declínios e sofrimento na época contemporânea. A 1 de Outubro de 1949, a República Popular da China foi fundada. Renasceu então a nação chinesa. Nos últimos 70 anos, o Partido Comunista da China liderou o
nas áreas da política e da economia com Angola. Angola um dos maiores parceiros No seu discurso, Gong Tao sublinhou que Angola tornou-se o segundo maior parceiro comercial da China em África e um importante mercado de contratação deste grande asiático “A China tornou-se o maior parceiro comercial e a maior origem de financiamento de Angopovo chinês para abrir caminho ao socialismo com caraterísticas chinesas. Esta nação conseguiu obter um grande salto ao erguer-se, enriquecer e fortalecer-se: o PIB da China chegou ao segundo lugar no mundo. A taxa de contribuição chinesa para o crescimento económico do mundo superou os 30% por vários anos. A renda nacional per capita atingiu o nível dos países de renda média. A expectativa média de vida dos cidadãos alcançou os 77 anos. Além disso, a China tem a maior produção de mais de 200 tipos de produtos industriais no mundo, as mais lon-
la”, destacou o diplomata chinês, para quem nos últimos 36 anos depois do estabelecimento das relações diplomáticas, a China e Angola tornaram-se “irmãos”. “Partilham as alegrias e sofrimentos, amigos que se apoiam reciprocamente, e parceiros que avançam de mãos dadas”, frisou. Cooperação financeira No âmbito da cooperação de financiamento entre os dois paígas ferrovias de alta velocidade e auto-estradas no mundo, a segunda maior despesa da Pesquisa e Desenvolvimento e os maiores números de pesquisadores, das patentes de invenção e das empresas no “World Top 500”. Sob a orientação do Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Época, a China está a avançar para concluir a construção integral de uma sociedade moderadamente próspera, e para depois construir de forma integral um forte país socialista modernizado e realizar a sua revitalização.
ses, Gong Tao apontou que as empresas chinesas construíram um grande número de infra-estrutura habitacionais, de transporte, energia e água em Angola, forjando uma base sólida para o desenvolvimento económico. Disse ainda que a cooperação entre a China e Angola tornou-se um modelo de cooperação mutuamente benéfica e de desenvolvimento comum. “2019 é um ano que se reveste de um grande significado para o desenvolvimento integral e profundo das relações sino-angolanas e a elevação da qualidade e eficiência, a transformação e a actualização da cooperação bilateral”, afirmou. A Embaixada da China, em parceria com um Think Tank de Angola realizaram o primeiro seminário de cooperação China-África, durante o qual foi lançado o primeiro relatório sobre a cooperação China-Angola. De acordo com Gong, a China lidera o investimento estrangeiro directo em Angola e está gradualmente a fomentar uma série de novas capacidades de produção e novas indústrias em Angola. China defende unidade dos países do mundo Por outro lado, o embaixador da China defendeu que todos os países devem respeitar o caminho de desenvolvimento e cooperar mutuamente, salvaguardando a equidade e a justiça internacional, defendendo firmemente o multilateralismo e o sistema de livre comércio. “A estrutura de indústrias e a estabilidade financeira global foram afectadas. As causas da paz e do desenvolvimento foram prejudicadas”, apontou, realçando que perante estas novas tendências e exigências internas e externas, tanto a China, como Angola, entraram numa fase crucial de transformação. Segundo o diploma, a China está a aprofundar a reforma, a expandir a abertura, e promover o desenvolvimento económico de “alta qualidade”, enquanto que Angola está a diversificar a economia, atrair investimentos internacionais, particularmente os investimentos nas indústrias de produção, a fim de se livrar da dependência excessiva do petróleo.
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
9
DR
João Cueza, secretário provincial da UNITA
DR
José Victor, secretário provincial do PRS
Intolerância política preocupa UNITA e PRS no Moxico
Os casos de intolerância politica na província, quando não matam ferem, o que torna o processo democrático naquela parcela do país mais frágil, pelo que os partidos da Oposição defendem a adopção de medidas urgentes dos órgãos comepetentes Domingos Bento enviado ao Moxico
O
s frequentes casos de intolerância política na província do Moxico estão a preocupar os partidos políticos da Oposição UNITA e PRS, que clamam pela intervenção dos órgãos de Estado de forma a punir os mentores desta prática. De acordo com João Cueza, secretário provincial da UNITA naquela parcela do Leste do pais, os casos de intolerância política na província têm vindo a ganhar proporções alarmantes devido ao número de vítimas desta pratica que atenta contra a boa convivência entre os angolanos, Conforme explicou, os casos de intolerância política na província, quando não matam ferem, o que torna o processo de-
mocrático mais frágil. Só este ano, João Cueza disse que mais de vinte pessoas foram gravemente feridas por elementos de partidos opostos por defenderem a sua posição. O MPLA, frisou, apesar de estar na direcção do país, é o que mais promove casos de intolerância política, agredindo os militantes de outras formações políticas, beliscando assim a boa convivência entre os angolanos. “Não é possível que um partido no poder atente contra o outro que até nunca experimentou o poder. E o MPLA tem sido o principal promotor da intolerância política a nível da nossa província, sobretudo nas localidade distantes”, denunciou, tendo acrescentado que “um dia que o MPLA estiver na oposição, como nós, o país terá uma regressão democrática, por não saberem viver em democracia”.
De acordo ainda com João Cueza, numa altura em que a província, sobretudo o Sul, é devastada por fome e miséria, o MPLA, por via dos seus administradores municipais, tem vindo a impedir que os partidos
O MPLA, frisou, “apesar de estar na direcção do país, é o que mais promove casos de intolerância política”
da Oposição e grupos da sociedade civil a reportem a situação para estimular ajudas internas, o que torna o cenário mais caótico ainda. Por exemplo, o Sul da nossa província enfrenta uma grave situação de fome, com a morte de cidadãos nacionais que não têm o mínimo para sobreviver. Como é que vamos conseguir canalizar e pedir apoios para as populações mais vulneráveis se os próprios administradores criam barreiras de modos a nos silenciar? É muito difícil”, lamentou.
O país é de todos Por seu lado, o secretário provincial do PRS, José Victor, disse que é preciso que o MPLA, partido no poder, respeite as diferenças partidárias quando se trata de questões que têm a ver com Angola. Conforme explicou, há uma intenção grande do MPLA de “passar à limpo” questões preocupantes que atentam contra a vida das populações locais que carecem de um maior acompanhamento das autoridades. “O país é de todos e devemos ser todos nós a contribuir pa-
ra o seu real desenvolvimento. Mas acontece que no Moxico há um bloqueio para inviabilizar as acções de outras forças que não estão ligadas ao Executivo. É muito mau”, deplorou. De recordar que, recentemente, o Bispo da Diocese do Luena, Dom Tirso Jesus Blanco, pediu ao Executivo a adopção de medidas urgentes para travar a vaga de mortes por fome que o Sul do Moxico enfrenta nos últimos dias. Segundo o prelado, as populações do interior da província enfrentam sérias dificuldades sociais, com a carência de alimentos em grande escala que tem resultado na morte de dezenas de cidadãos por fome. Dom Tirso Jesus Blanco disse que a situação está tão delicada que, inclusive, para sobreviver à fome, muitas pessoas estão a trocar uma cabeça de gado (boi) por um saco de farinha de mandioca. Diante do cenário caótico, o Bispo da Diocese do Luena sugere uma maior actuação e desempenho da comunicação social no relato desses factos, que, muitas vezes, “não têm merecido a devia atenção”.
SOCIEDADE
10
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
“De forma alguma aceito que se em Angola não há quadros” - Ju O Reino Unido é um destino muito popular para estudantes angolanos. Apesar de não existirem estatísticas que indiquem a quantidade exacta de estudantes angolanos no país, a experiência diz que o número tende a aumentar, a cada ano, uns enviados por instituições angolanas e outros com o suporte familiar. Judith Benge, angolana, é jurista de profissão e gestora de estudantes internacionais no Reino Unido há mais de 10 anos. Sentou-se com o nosso correspondente em Londres e falou-nos sobre as suas experiências, numa altura em que o Governo britânico apresentou novidades para os estudantes estrangeiros naquele país
Israel Campos, Londres
Q
uando e como é que iniciou o agenciamento de estudantes angolanos no Reino Unido (RU)? Eu iniciei esta actividade há mais de 10 anos. Fui convidada por uma senhora que geria os estudantes, na altura, a fazer parte da equipa, foi aí que comecei a exercer a actividade oficialmente. Empiricamente, sempre fui fazendo o traba-
lho para familiares e amigos que quisessem que os filhos viessem para a Inglaterra para aprender inglês. Em termos profissionais, foi mesmo há mais de 9 anos, quando fui convidada por esta senhora, que, mais tarde, apresentou-me o desafio de criar uma empresa com o mesmo objectivo. Desde lá até aqui, já lá se vão 9 anos e venho exercendo esta profissão com bastante alento, dedicação e carinho para os estudantes internacionais que tenho vindo a acompanhar. Sendo a educação um elemento bastante importante para o desenvolvimento sustentável de qualquer nação, pensa que investir na formação de jovens angolanos em países como o RU seja uma medida bem pensada por parte das entidades angolanas? Com certeza! Se países já desenvolvidos, como a China e a Índia, colocam os seus estudantes aqui nas universidades do Reino Unido, Angola não poderia ficar para trás. Até porque as universidades inglesas estão bastante bem posicionadas a nível mundial, quer pela sua qualidade de ensino e essencialmente pela sua pesquisa. A pontuação de uma instituição académica do ensino superior é baseada na qualidade e quantidade de pesquisa que esta instituição produz, e este é o caso da maior parte das universi-
dades na Inglaterra. Elas investem bastante na sua pesquisa e são posicionadas nesta base. Angola tem um vasto histórico no envio de estudantes bolseiros para vários países do mundo, através de instituições distintas, conhecendo a realidade do sistema educacional do RU, acredita que os quadros formados aqui têm sido uma mais valia para Angola? Com certeza! Porque os quadros que vêm para o Reino Unido não ficam só formados na vertente académica, mas tornam-se seres humanos melhores, para o contributo ao país, pois estando cá, durante a sua vivência, os estudantes observam como funcionam as estruturas do país de acolhimento e podem transpor estas experiências para o desenvolvimento de Angola. Portanto, nós temos estudantes que terminaram os cursos em várias áreas como arquitectura, planeamento, etc, e tenho tido o feedback em como o aprendizado desses estudantes internacionais cá no Reino Unido tem servido para o desenvolvimento do nosso país. É necessário e bastante importante, para que Angola possa estar ao nível dos outros países, uma vez que os estudantes vêm e já têm a oportunidade de aprender em instituições internacionais e então, com os conhecimentos adquiridos, estes nossos estudantes retornam ao país e vão aplicar o que aprenderam. De todo o modo, é uma grande mais valia para Angola. De que maneira é que avalia o nível de qualidade e exigência das instituições acadêmicas do RU?
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
11
e diga que udith Benge As universidades no Reino Unido têm alta qualificação a nível do ensino superior no mundo. Como se costuma dizer, é mais do que nota 10 para estas instituições. Nós estamos só a mencionar, por exemplo, as 4 universidades inglesas que estão de entre as 10 melhores do mundo, como o Imperial College, Oxford, Cambridge, etc, e muitas outras, que apesar de não constarem do top das melhores universidades, são internacionalmente reconhecidas por uma específica matéria, tal como é a Universidade de Bath em economia, por exemplo. Não é em vão que o sector do ensino superior no Reino Unido providência para o país mais de 19,9 mil biliões de libras para a economia, portanto, está aproximado aos sectores da indústria automobilística e tecnologias da informação. De um modo geral, em que estado chegam os estudantes angolanos, com o ensino médio concluído em Angola, ao RU? Da minha experiência, eu digo que cada estudante é único. Não vou generalizar. Há uns que vêm bastante bem sólidos, eu costumo dizer que é necessário haver disciplina de estudo, então, os estudantes que já trazem uma disciplina de estudo sabem que o objectivo dos mesmos é estudar, e que eles vêm para cá estudar. Há outros que não estão bem preparados, até porque nós temos a falta de leitura entre a juventude no ensino angolano e isto afecta a preparação que os estudantes trazem para se enquadrarem na cultura de ensino do Reino Unido. De um modo geral, eu diria que o quadro é razoável. Há os melhor preparados e os menos preparados, alinhando-se a isso a questão da dificuldade do aprendizado da língua. Costuma dizer-se que nem todo o mundo tem queda para línguas, então há sempre aqueles que aliada à fraca ou muito boa preparação do ensino médio trazido de Angola têm sérias dificuldades no aprendizado da língua, sendo que o sector da educação no Reino Unido para os estudantes internacionais diz que em 9 ou 10 meses o estudante internacional deve estar
apto para aprender a língua inglesa e efectuar o chamado teste do IELTS (exame internacional de inglês) que lhe dá acesso, consoante ao resultado do teste, às universidades. De uma maneira geral, quanto tempo é que os estudantes angolanos fazem nos cursos de língua inglesa? Normalmente estão dentro da regra. De 10 à 12 meses, no máximo. Quais são as maiores dificuldades em termos de adaptação para os estudantes angolanos? A primeira delas, mesmo como já referi, é o aprendizado da língua inglesa, porque durante a minha ex-
periência houve estudantes que reprovaram no segundo ano da universidade porque sentiram que o domínio da língua inglesa não era suficiente para absorverem as matérias leccionadas durante as aulas. Portanto, a língua seria o primeiro elemento e depois as diferenças culturais, a forma de ensino, a velocidade em que o professor apresenta a matéria, depois as provas, fazer os trabalhos… é completamente diferente ao que estamos hábituados em Angola. Aliado a isto, surgem as diferenças culturais em termos de gastronomia, condições atmosféricas, que com elas acarretam, como agora estamos no início do Outono, as depressões não só para os estudantes internacionais mas também para os nacionais. A carga horária é bastante elevada, as saudades de casa, para o caso dos internacionais, a ausência do sol, dentre outras. Tudo isto são barreiras para os estudantes. Daí a necessidade das famílias prestarem uma atenção especial e acompanhamento a estes estudantes no exterior, porque não é fácil. É mesmo um desafio para os estudantes. Os estudantes estão aqui para estudar sim, mas
“Os quadros que vêm para o Reino Unido não ficam só formados na vertente académica mas tornam-se seres humanos melhores, para o contributo ao país” todos os outros elementos têm de ser tidos em conta, porque não é mesmo fácil. Então, a depressão entre os estudantes aqui é mesmo real? Muito real! Bastante real! E, felizmente, a nossa forma de gestão faz com que os estudantes possam aproximar-se de nós e dizerem-nos como se sentem. Os estudantes gozam de seguro de saúde privado e são logo encaminhados para os especialistas, quando necessário. Em Angola as famílias dizem que isto é “frescura”, mas não é e devemos prestar atenção redobrada sobre estes fenômenos. Apesar dos estudantes que chegam serem, na sua maioria, maiores de idade, o acompanhamento familiar continua a ser muito importante. Como é que tem sido a interacção com os pais e encarregados dos estudantes? De uma forma geral, tem sido positiva, mas há sempre aquela minoria em que os pais, no meu entender, enviaram os filhos e foi como se desfizessem de um encargo, o que torna mais difícil o nosso trabalho, porque não há o apoio familiar. Ainda que nós trabalhemos, acompanhemos o estudante, há a necessidade premente de os pais telefonarem para os filhos, saberem como se estão a sentir, saberem quais são as dificuldades que estão a atravessar… É muito importante que os pais participem na formação. Em termos de opções profissionais, quais são os cursos mais populares entre os estudantes angolanos?
Os cursos mais populares são os cursos de engenharia, business e arquitectura. Depois há um ou outro que vai para as ciências médicas, planeamento, economia e finanças, mas os mais populares são mesmos os cursos de diferentes áreas de engenharia, business, business managment, e arquitectura. E acha que isto responde bem às actuais necessidades de uma Angola em construção? Decerto que sim. Muito embora não exista este alinhamento do quê que o Estado necessita, um programa de formação bem definido de que áreas são necessitadas, todos os novos quadros são bem-vindos para a necessária diversificação das áreas, virando atenções para a agricultura, por exemplo, tudo em prol do crescimento económico. De que maneira é que acha que Angola poderia absorver os estudantes formados no RU? Eu acredito que deverá haver uma coordenação saudável e consciente entre o Governo e as instituições privadas angolanas, o sector privado, mas, para tal, Angola necessitaria de um sector privado bancário para suportar os projectos destes estudantes que terminam os cursos, porque nós sabemos das dificuldades, tais como o desemprego. A estatística diz que no universo dos desempregados em Angola, os jovens representam 50%, então, como fazer para minimizar esta situação? O sector bancário, com o apoio do Estado, deverá apoiar e suportar estes jovens para então poderem contribuir para o desenvolvimento económico, através de financiamento a estes jovens e as pequenas empresas. Eu tenho lançado a mensagem para ver se as instituições que concedem bolsas de estudo em Angola se juntem, de uma forma multisectorial, para sabermos, por exemplo, de há cinco anos até aqui, quantos jovens angolanos foram formados, tanto com bolsas internas e externas? E, o mais importante, o quê que estas pessoas estão a fazer? Precisamos todos de unir forças, com o Instituto Nacional de Estatísticas, que tem feito um grande trabalho, para sabermos quem são estes jovens, o quê que estes jovens estão a fazer. Necessitamos das estatísticas porque eu, de forma alguma aceito que se diga que em Angola não há quadros. Nós temos suficientes recursos humanos altamente qualificados, muitos deles com passagem em instituições de renome internacional, então precisamos de procurar estes quadros e, em conjunto, arranjarmos formas de minimizar as dificuldades destes jovens em prol do crescimento do país.
10
sociedade
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019ww
“Em quase todas as universidades do Reino Unido existem estudantes angolanos” Voltando para o RU, quais são as cidades e universidades com números mais elevados de estudantes angolanos? Em termos de cidades, os estudantes angolanos vão mais para Londres e Coventry. Eu diria que em quase todas as universidades do Reino Unido existem estudantes angolanos. Na Escócia, Coventry, Bristol, Surrey, Oxford, etc. Num balanço geral, com base na sua experiência, temos tido mais casos de estudantes angolanos bem sucedidos nas universidades britânicas ou o contrário? Temos tido casos de sucesso. Os estudantes quando terminam os seus estudos aqui tentam aplicar ao máximo, até aonde sei, dos estudantes com quem mantenho contacto, aquilo que aprenderam, criando organizações não-governamentais, negócios, originando empregos, etc. Temos conhecimento de projectos bastante valiosos em termos de participação no desenvolvimento do país, com grande ênfase para a área social. Os estudantes estão bem encaminhados e a aplicabilidade daquilo que aprenderam também tem sido positiva, em nosso entender. Depois de concluírem os seus estudos no RU, quais são as grandes aspirações dos estudantes angolanos aqui? Arranjar um emprego por aqui ou regressar de imediato para Angola? Os estudantes angolanos no Reino Unido, na sua maioria, voltam para Angola. Em primeiro lugar, se forem bolseiros, eles assinaram uma declaração de compromisso, portanto, têm que devolver ao país o investimento que lhes foi prestado. Em segundo lugar, felizmente para Angola, segundo as regras rigorosas de imigração não tem como o estudante angolano possa permanecer no país, ele tem mesmo de voltar porque não vai conseguir um visto que permita a sua permanência no Reino Unido, salvo raras excepções, se o estudante tiver uma outra nacionalidade europeia, mas de uma forma geral não temos este fenómeno cá no Reino Unido. Enquanto residente no Reino Unido, o que é que nos teria a dizer sobre a comunidade de angolanos residentes aqui? O Reino Unido é um país de opor-
tunidades. Só não aproveita quem não quer, o angolano que cá reside tem a língua como uma das maiores barreiras, mas desde que esteja disposto a matricular-se em uma escola para aprender a língua inglesa, as portas estão abertas, e pode ter acesso ao ensino superior, existem os empréstimos e bolsas internas nas universidades, e podem estudar. Houve um projecto, há uns anos, com o consulado, em que juntamos os jovens angolanos residentes e pensou-se até na possibilidade de se conceder algumas bolsas de estudos aos melhores, o que, infelizmente, não se concretizou. A comunidade qualificada, que estuda, formada, pensa, realmente, em regressar ao país. Mas a questão que se põe é a acomodação, onde é que vão viver? Em 2015 tivemos, realmente, um êxodo desta comunidade de volta para o país. Bastantes famílias decidiram voltar para Angola e ir tentar, mas com a recepção estas mesmas famílias acabaram por regressar ao Reino Unido. Este é um país de oportunidades e temos jovens a aproveitar. Estudar no RU ainda continua a ser um investimento muito caro, sobretudo para os estudantes internacionais. De acordo com informações do Governo britânico, estudantes internacionais são o equivalente a qualquer coisa como 20 biliões de libras para a economia do país. Mesmo assim, existe ainda um processo muito burocrático para a atribuição de vistos de estudantes, apesar das altas taxas de pagamento para os serviços, como é que acha que esta situação poderia ser melhorada? Todas as boas instituições do ensino superior cá do Reino Unido têm departamentos gigantescos de lobbying exactamente para tornar a questão de atribuição dos vistos de estudantes mais flexíveis. O secretário de Estado da Educação no Reino Unido, no Fórum Mundial da Educação, a 21 de Janeiro de 2019, deu as boas vindas aos ministros da Educação de todas partes do mundo, sabendo que o Reino Unido é um dos destinos mais populares para o aprendizado da língua inglesa. De todo o modo, a questão da imigração é algo que faz ganhar eleições. Para as regras, nós temos em mente o dia 6 de Abril de cada ano, sempre foi o dia em que nós, enquanto gestores de estudantes internacionais,
aguardávamos ansiosamente para saber as novidades. Esta é uma situação bastante preocupante que realmente afecta os nossos estudantes angolanos, tal como os outros estudantes internacionais no Reino Unido. Tenho sempre passado a mensagem para Angola para ver o que é que o Ministério das Relações Exteriores pode fazer neste sentido, talvez conversar com a Embaixada Britânica em Luanda, porque eu diria que é mesmo um grande problema porque os estudantes pagam vistos urgentes, que deveriam receber em 7 dias, e depois de três semanas os estudantes não têm os vistos consigo. Não há nada que nós a partir daqui possamos fazer senão pedir a quem de direito em Luanda para que interaja com o consulado britânico para que se ultrapasse esta situação. Já tivemos alturas de grande angústia para alguns estudantes, ao ver que as aulas iriam começar mas não tinham os seus vistos.
“Em 2015 (...) bastantes famílias decidiram voltar para Angola e ir tentar, mas com a recepção estas mesmas famílias acabaram por regressar ao Reino Unido”
Existiram casos até que estudantes precisaram de mudar de instituição por causa da demora do visto. Então, eu alerto a quem de direito que veja esta situação que prejudica muitos estudantes angolanos. Recentemente, o Governo britânico anunciou uma alteração nas regras de visto para estudantes internacionais que lhes vai permitir estar no RU mais dois anos após concluírem a sua formação académica. Acredita que esta seja uma medida tomada no sentido de se garantir sustentabilidade neste segmento num contexto pós-Brexit? Com certeza! O Governo do primeiro-ministro Boris Johnson diz que quer atrair os melhores e mais inteligentes para o Reino Unido, dando-lhes esta oportunidade de migração qualificada. Tendo em conta a experiência de trabalho solicita aos recém licenciados, o que muitas vezes os impossibilita de conseguirem o primeiro emprego, estes dois anos de permissão de experiência de trabalho é uma incomensurável mais-valia para todos os estudantes. Vão ganhar experiência e saber o como é que o mercado de trabalho funciona. Os estudantes que terminam este ano estão descontentes pois a regra só entra em vigor no próximo ano, mas não se pode ter tudo, então, é uma grande mais-valia e muito bem-vinda. Acredita que o dia 31 de Outubro será, de facto, um dia que entrará para história entre as relações entre RU e a UE? Se houver um acordo estará tudo melhor estruturado. Haverá acor-
dos baseados nos padrões combinados entre os países. Sem acordo, serão necessárias medidas excepcionais porque as regras deixam de ser uniformes. Será realmente catastrófico se o Reino Unido sair da União Europeia sem acordo. Mas acredita que o dia 31 de Outubro será o dia D? Eu acredito que sim. Tudo pode acontecer… mas a priori é mesmo no dia 31 de Outubro. Esperamos que haja um, entre parenteses, milagre, mas… será o dia 31 de Outubro. Que eventuais impactos a saída do RU da União Europeia poderá ter para os angolanos no RU? Não haverá qualquer impacto porque o angolano continuará a ser um estudante internacional. Nada mudará. O sistema vai ser exactamente o mesmo. Mudará é para os estudantes europeus, que a partir daí também necessitarão de um visto, também passarão a ser denominados estudantes internacionais e essencialmente em termos de propinas, pois passarão a pagar o mesmo valor que os estudantes internacionais. E sabemos que a diferença é muito alta, entre as propinas dos estudantes europeus, que pagam como nacionais, e dos estudantes internacionais… Sim… a diferença entre as propinas é deveras abismal, uma vez que para os estudantes da União Europeia o valor das propinas ronda à volta das 9 mil libras e para os estudantes internacionais a partir de 15 ou 25 mil libras.
cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura
Série angolana de humor ‘Maison Afrochic’ volta a fazer sucesso no pequeno ecrã A série realizada no salão mais famoso do Cazenda, em Luanda, tem 13 capítulos, e vai agora na Terceira Temporada. Foi estreada há 8 dias, no Canal Mundo Fox, posição 500 da Dstv dr
Augusto Nunes
A
Terceira Temporada da série angolana ‘Maison Afrochic’, animada por Grace Mendes, Fredy Costa, Lialzio Vaz de Almeida, Ciomara Morais, Carlos Paca e Micaela Reis, está de regresso ao pequeno ecrã, com muitas surpresas e gargalhadas. O casal Fredy e Grace, principais personagens desta série, esteve em Luanda para divulgar o projecto e, em conversa com OPAÍS, adiantou que têm estado a crescer bastante, quer a nível de realização, quer de produção. Grace, companheira de Fredy, que nesta Temporada interpreta a personagem de Yolanda, mais conhecida por Yoyó, referiu que a história desta série humorística desenrola-se num salão do bairro Cazenga, arredores de Luanda, onde o humor e outras acções são os condimentos. A actriz disse que têm crescido bastante e realizado um trabalho muitíssimo bom com os actores, e as histórias neste domínio estão cada vez melhor. A série denominada ‘Maison Afrochic’ é exibida às 21 horas, no canal exclusivo da Dstv, posição 500, vai hoje no seu segundo capítulo, envolvendo espaço para pedidos de casamento, doenças misteriosas, empreendedorismo e, como sempre, uma enorme dose de humor. Nesta temporada, e depois de ganhar coragem, Pedro pede finalmente Yolanda em casamento, mas a felicidade do casal dura apenas algumas horas. Os problemas começam com a data de casamento, uma vez que Pedro continua a inventar desculpas para evitar marcar a data e Yolanda começa a perder a paciência.
Será que este casamento vai mesmo acontecer? O que faz Pedro adiar este momento? Além disso, as peripécias, esquemas e aldrabices, sempre com uma elevada dose de humor vão estar de volta, de par com algumas doenças misteriosas e novos negócios. O casal mais popular do Cazenga junta-se a Neuza, Samu, ao pequeno Saturnino, Bilé, os seus esquemas não param e são cada vez mais hilariantes , a Anica e à provocadora Mary que tem uma ideia de negócio que pode mudar a vida de todos no bairro. As peripécias continuarão ao longo de 13 episódios emitidos aos Domingos, a partir das 21 horas. A série ‘Maison Afrochic’ mantém-se assim como uma das séries mais populares do canal Mundo FOX, destacando-se tanto em Angola, como em Moçambique, no exclusivo DStv.
Fredy Costa e Grace, o casal mais famoso do ‘Maison Afrochic’
Mundo FOX O FOX Networks Group (FNG) em Portugal é o grupo líder no mercado de pay tv (5,6% de share de audiência em 2018). É responsável por 9 canais de televisão, FOX (líder em canais de séries), FOX Life, FOX Movies, FOX Crime, FOX Comedy, 24 Kitchen, National Geographic Channel, Nat Geo Wild e Baby TV, que disponibilizam conteúdos de entretenimento, documentários e infantis. São distribuídos em todos os operadores portugueses: MEO, NOS, NOWO e Vodafone, e o seu catálogo on demand, FOX +, está disponível para mais de 2 milhões de famílias em Portugal. O portefólio FNG está também presente em Angola, Moçambique e Cabo Verde, nos operadores DStv, ZAP, CV Multimédia e Boom TV. Em Angola e Moçambique, em parceria com a DStv, produz o canal exclusivo Mundo FOX.
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
15
Anna Joyce e Konde partilham palco no Dueto N’Avenida
O
Ministra da Cultura destaca revitalização do Palácio de Ferro em Luanda A intenção, segundo a governante, é transformar o Palácio de Ferro num espaço de interacção cultural, servindo ainda de atelier para a descoberta de novos valores da cultura angolana
A
ministra da Cultura, Maria da Piedade de Jesus, apontou, em Luanda, a necessidade de dinamização e revitalização do Palácio de Ferro, transformando-o num Centro Cultural. Piedade de Jesus, que falava durante uma audiência concedida ao embaixador de França em Angola, Sylvain Itté, no quadro do reforço da cooperação cultural entre os dois países, adiantou que se pretende que a infra-estrutura seja melhor aproveitada e colocada ao dispor do público. A infra-estrutura, com um piso e três salas de exposições, mantém a originalidade do material empregue, dando melhor qualidade à estrutura. A intenção, segundo a ministra, é transformar o Palácio de Ferro num espaço de interacção cultural, servindo ainda de atelier para a descoberta de novos valores da cultura angolana. A governante realçou que o edi-
fício tem condições para se tornar numa “grande” referência da cultura angolana, razão pela qual o pelouro está a trabalhar para a persecução deste desiderato, de modo a garantir a sua vocação de espaço de artes e de cultura. Já o diplomata francês, Sylvain Itté, manifestou a disponibilidade para apoiar o projecto, considerando ser um espaço que poderá igualmente ser aproveitado para as acções de divulgação da cultura francesa, angolana e francófona por parte da Aliance Française de Angola. Durante a audiência, as duas entidades abordaram igualmente o apoio francês ao sítio histórico de Mbanza Kongo. O edifício O Palácio de Ferro é um edifício histórico de Luanda, que se crê ser da autoria de Gustave Eiffel. Possuiu uma original decoração em filigrana metálica e tem um soberbo avarandado envolvente, sendo o melhor exemplar da arquitectura de ferro em Angola.
A sua história, está envolta em mistério, já que não existem registos da sua origem. Acredita-se que a estrutura em ferro forjado tenha sido construída na década de 1880/90 em França, como pavilhão para uma exposição, e posteriormente desmontado e transportado de barco com destino provável a Madagáscar. Existe alguma especulação sob a forma como chegou a Angola. Segundo algumas fontes, o navio que o transportava acabou por ser desviado da sua rota pela Corrente de Benguela. Outras fontes indicam que o mesmo acabou por ser desembarcado em Luanda e vendido em hasta pública, tendo sido arrematado pela Companhia Comercial de Angola que, de facto, adquiriu o Palácio de Ferro nos finais do século XIX, princípios do século XX. Durante o período colonial o edifício gozava de grande prestígio e foi usado como centro de arte. Após a Independência de Angola e a subsequente guerra civil angolana o palácio entrou em ruína.
s artistas angolanos Anna Joyce e Konde Martins dividiram nesta Sexta-feira, em Luanda, o palco do primeiro show da Terceira Temporada do projecto Duetos N’Avenida na Casa70. Os dois cantores, com carreiras de sucesso, souberam demonstrar profissionalismo, merecendo assim os aplausos dos fãs e apreciadores de boa música que se deslocaram ao local. Dentre várias músicas, num repertório de 24 títulos, destaque recaiu para “cantei”, “mamãe velha”, “curtição”, “te amar”, “Katia”, “já não combina”, “Engano”, “também me amavas” e “destino”, os artistas cantaram juntos e a solo em algumas ocasiões. Um dos pontos mais altos do show foi a homenagem ao cantor e compositor Chilei, com as músicas “cortiço” e “triste história”. De lembrar que Chilei esteve em sucessos de alguns nomes da música no final da década de 80 e princípio de 90. O dueto entre os cantores Anna Joyce e Konde foi o 15º espectáculo de um projecto que se realiza sempre em dupla, mas que este ano, o final albergará três nomes de peso, Patrícia Faria, Gersy Pegado e Carlos Buriti. O evento de encontros inusitados, tendo em conta a semelhança ou diferença de estilo e até de gerações, resulta num show com resposta positiva do público. Os artistas Anna Joyce é o nome artístico de Ana Joyce Veloso de Castro, nasceu em Luanda, e foi finalista do Top dos Mais Queridos da Rádio Nacional de Angola 2019. Intérprete de músicas como “não vales nada”, “se olhasses para mim”, “curtição”, a artista um ano após editar o single Diário de Mulher (2015), lançou o seu primeiro álbum com o título “Reflexos” (2016), já em 2017 voltou a disponibilizar no mercado o single “Também Quero”. Kôndua Abreu Dias Martins ou simplesmente “Konde” é intérprete e compositor angolano que começou a sua carreira após participação no concurso “Chuva de Estrelas”, realizado e produzido pela LAC. O autor do tema “também me amavas”, canção que o levou à fase final do Top dos Mais Queridos 2008, tem já no mercado os álbuns “Sina”, “Minhas Mágoas”, “Kianda Luanda”, “Te amo e Não Nego” e “Dança Comigo”.
16
CARTAz
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
Moda
Uma modelo contra os coletes-deforças no desfile da Gucci Durante o desfile, uma modelo escreveu nas próprias mãos, num protesto silencioso. Em causa, estava o uso de coletesde-forças na passerelle. Uma decisão “de mau gosto”, segundo Ayesha Tan-Jones
N
DR
o último Domingo, recta fi nal de mais uma Semana da Moda de Milão, a Gucci arrancou o seu desfile primavera-verão 2020 com uma mensagem sobre estilo e individualidade. Entre os 60 modelos que pisaram a passerelle vestidos em tons de branco e cru, com roupas inspiradas em uniformes de trabalho e coletes-de-forças, estava Ayesha Tan-Jones. A manequim levantou as mãos durante o desfile e nelas leu-se a frase: “Saúde mental não é moda”. “Optei por fazer este protesto no desfile S/S 2020 da Gucci porque acredito, tal como muitos outros manequins, que o estigma em torno da saúde mental tem de acabar”, escreveu a manequim
LIVROS
“Monstros Fabulosos”, o novo livro de Alberto Manguel, “MonstrosFabulosos”éonovolivrodo escritorargentinoAlbertoManguel,no qualoautorescrevesobrepersonagens clássicas,osseus“amigosliterários”. O autor de romances e de antologias, de estudos académicos e de outras obras de não-ficção, é também conhecido como bibliófilo, um dos mais destacados do mundo literário contemporâneo. O livro “Monstros Fabulosos” é mais um reflexo dessa paixão pela colecção literária, pela história das obras, dosautoresedassuascriações.Alberto Manguelfazumcompêndiocommais de 30 personagens fundamentais para compreender a história da literatura, mas também para revelar mais sobre os seus gostos pessoais.
OBITUÁRIO
Rob Garrison um dos vilões em “Karate Kid” morre aos 59 anos
O actor Rob Garrison, conhecido pela personagem Tommy que entra nos primeiros dois filmes da saga “Karate Kid”, morreu esta Sexta-feira aos 59 anos. Garrison participou no filme original de 1984 e também na sequela de 1986, com os títulos em português “Momento da Verdade” e “Momento da Verdade II”, tinha problemas nos rins e no fígado A personagem de Tommy fazia parte do grupo Cobra Kai, inimigo do herói Daniel, interpretado por Ralph Macchio. É Garrison quem, no primeiro filme da saga, grita “Get him a body bag! Yeah!”.
na sua conta de Instagram, onde acumula mais de 11 mil seguidores. “É de mau gosto por parte da Gucci usar coletes-de-forças e de roupas que aludem a pacientes mentais, enquanto são exibidos numa passadeira rolante como se fossem peças de carne”, acrescentou. Por parte da marca italiana, a explicação avançada aquando do desfile foi noutro sentido. A demonstração apontava para “como através da moda, existe um poder a ser exercido sobre a vida para eliminar a expressão individual”. Para Tan-Jones, que agradece o apoio de outros modelos embora só ela tenha tornado explícito aquilo a que chama “protesto pacífico”, a imagem do
“A manequim levantou as mãos durante o desfile e nelas leu-se a frase: “Saúde mental não é moda”
colete-de-forças está repleta de negatividade, é um símbolo de um período cruel da medicina, quando as doenças mentais não eram compreendidas e os direitos e liberdades eram retirados a essas pessoas, ao mesmo tempo que eram abusadas e torturadas em algumas instituições”, partilhou também. Após as declarações de Tan-Jones, a Gucci reiterou as suas intenções ao incluir estas peças no seu desfile. “Estas roupas marcaram uma posição no desfile e não vão ser postas à venda”, indicou a marca. Por sua vez, a manequim, já na segunda-feira, informou que, em conjunto com outros modelos que participaram no desfile, irá doar parte do seu pagamento por este trabalho a instituições ligadas à saúde mental. Estas críticas surgem após outras duas polémicas em torno da marca italiana, já este ano. Em fevereiro, a Gucci foi acusada de racismo e chegou mesmo a retirar do mercado uma camisola de 785 euros, já que o desenho da peça aludia ao blackface. Em Maio, a marca voltou a ser apontada, dessa vez por apropriação cultural, ao lançar uma peça muito semelhante a um turbante sikh.
MÚSICA
SÉTIMA ARTE
Taylor Swift actua no Nos Alive 2020 a 9 de Julho
Cinema parte à descoberta da “maior base militar da Europa”
Taylor Swift actuará pela primeira vez em Portugal. O concerto, em que a cantora norte-americana vai apresentar o novo álbum, “lLover”, está marcado para 9 de Julho do próximo ano, no primeiro dia de Nos Alive A artista pop actuará no palco NOS da 14.ª edição do festival, num concerto que faz parte da sua digressão mundial. O sétimo álbum da cantora, que inclui temas como “Me!” e “You Need to Calm Down”, vai ser inicialmente apresentado a 20 de Junho, na Bélgica. A digressão vai passar pela Alemanha, Noruega, Dinamarca, Polónia e Franca e só depois chega a Portugal.
Chega às salas escuras um documentário português apostado em dar a ver as múltiplas formas de vida no interior da zona militar de Alcochete: Campo tenta mostrar como se confundem as coisas mundanas e as coisas transcendentes. O mínimo que se pode dizer de um filme como Campo, de Tiago Hespanha, é que enfrenta um desafio tão singular quanto sedutor. De que se trata? Pois bem, de documentar uma determinada situação e, ao mesmo tempo, de sobre ela construir um discurso que, em boa verdade, já pouco ou nada tem a ver com as suas origens documentais.
ECONOMIA
18
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
IVA em Cabinda será 12% mais baixo que no resto do país O “estatuto especial” da província mais a Norte de Angola é justificado pelas dificuldades inerentes à sua condição de enclave André Mussamo
O
Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), que entra em vigor no país na próxima Terçafeira, 1 de Outubro, será de 2% na província de Cabinda, doze valores percentuais menos que no restante território nacional. O “privilégio” atribuído a Cabinda é, acima de tudo, resultante da situação desfavorável de descontinuidade geográfica do restante território nacional e todas as barreiras que disso advêm. Cabinda conta desde agora com um regime especial aduaneiro, portuário e de transmissão de bens para a província. Doravante, mercadorias importadas ao abrigo deste novo regime são passíveis de direitos aduaneiros à taxa de 2%, com excepção das mercadorias constantes de um anexo a mesma lei. O último passo para transformação da proposta em lei acaba de ser dado com a publicação do
instrumento em Diário da República, I Série – Nº 122, datado de 20 de Setembro. A lei, composta por 13 artigos, estabelece o objecto, âmbito, definições, taxas e pagamentos, as isenções, os encargos e as transgressões, e entra em vigor no dia 1 de Outubro de 2019. Foi vista e aprovada pela Assembleia Nacional a 13 de Agosto e promulgada pelo Presidente da República a 6 de Setembro. Por outro lado, a mesma lei estabelece que, tratando-se de bens alimentares, “a taxa aplicável dos direitos aduaneiros é de 1%”, mas deverão ser salvaguardadas as taxas de prestação de serviços que “são sempre devidas”. A lei define “as regras aplicáveis à importação de mercadorias e à transmissão de bens a título oneroso, independentemente da sua origem, nos termos estabelecidos no Código de Imposto sobre o Valor Acrescentado”. O regime especial para Cabinda aplica-se à importação de mercadorias e à transmissão de bens na província em causa, indepen-
dentemente da sua origem. Segundo Adilson Sequeira, director responsável pela área que cordena a implementação do IVA dentro da Administração Geral Tributária (AGT), “a taxa especial é especificamente para produtos importados e vendidos dentro da província de Cabinda. Em caso de serem comercializados para fora desta jurisdição deverá ser paga a diferença, que é de 12%, perfazendo os catorze por cento, tal
como acontecerá em todo o território nacional”. Excepcionamente, o “regime especial” não é aplicável à indústria petrolífera nem às empresas que, por disposição legal, beneficiem já de qualquer benefício pautal. Estão também excluídos deste regime os veículos automóveis ligeiros e os de passageiros, bem como as bebidas alcoólicas, incluindo a cerveja, os tabacos,
Coordenador da equipa de implementação do IVA, Adilson Sequeira
os artefactos de joalheira e ourivesaria e os artigos de relojoaria, assim como as armas de caça, conforme uma lista em anexo ao mesmo diploma legal. PR autorizado a alterar Pauta Aduaneira Na edição do Diário da Republica de 20 de Setembro de 2019, a Assembleia Nacional concede “Autorização Legislativa ao Presidente da República, enquanto Titular do Poder Executivo, para legislar sobre a alteração da Pauta Aduaneira dos Direitos de Importação e Exportação, segundo a versão 2017 da Nomenclatura do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias”. O ajuste a Pauta Aduaneira, dentre outros objectivos, persegue um ajustamento das taxas dos direitos de importação e do imposto de consumo aplicáveis às mercadorias importadas e aos produtos similares ou idênticos produzidos no país, de modo a incentivar o aumento e a diversificação da produção nacional, designadamente da produção agrícola e da produção industrial. A autorização legislativa concedida pela lei que vimos citando tem a duração de 180 dias, contados a partir da data da sua publicação.
Seguro agrícola pode aumentar investimento no sector
A
implementação do seguro agrícola em Angola, cujos estudos estão em curso, prevê a partilha de riscos entre o Estado e as empresas seguradoras, uma iniciativa que permitirá maior investimento nesta actividade, afirmou o presidente do Conselho de Administração da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (Arseg), Aguinaldo Jaime. O responsável, que falava no evento de celebração do 21º aniversário da instituição que dirige, esclareceu que os trabalhos estão a ser feitos com a ajuda de consultores internacionais especializados nesta matéria e visam identi-
ficar os riscos na actividade agrícola, para implementação deste sistema de partilha de riscos neste sector. “Se é verdade que o seguro agrícola é importante, logo é necessário que se faça um estudo estrutu-
Presidente do conselho de administração da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros, Aguinaldo Jaime
“Se é verdade que o seguro agrícola é importante, logo é necessário que se faça um estudo estruturado para que seja viável”
rado para que seja viável”, justificando que a agricultura comporta muitos riscos, desde pragas às imprevisíveis situações climáticas, entre outros males. Em relação à criação da Angorre, e a empresa nacional de resseguros, uma estrutura de parceria público-privada, que vai permitir o crescimento da actividade seguradora no país, acrescentou que estão a ser feitos estudos para que seja criado um modelo de resseguro que satisfaça as necessidades de cobertura de riscos mais valiosos da economia nacional e, ao mesmo tempo, contribua para a retenção do sistema financeira nacional, ao invés de serem transferidos ao estrangeiro.
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
19
Áreas de conservação aberta ao investimento privado Ministério do Ambiente convida os investidores nacionais e estrangeiros a apostarem nos parques nacionais e reservas regionais de Angola, desde que respeitem a fauna e flora selvagem
Ministra do Turismo, Ângela Bragança
D Executivo precisa de melhorar a posição do “doing” turismo A ministra do Turismo, Ângela Bragança, pediu, na Sexta-feira, esforços conjuntos para que o país melhore a sua posição a nível mundial em termos de “doing” turismo
P
reocupada com o último relatório do Fórum Económico Mundial que avaliou a competitividade mundial do turismo, onde Angola teve um posicionamento muito abaixo da média, reiterou o compromisso de fazer do país um destino turístico de referência. “Sejamos firmes na crítica e na correcção do que está mal, e responsáveis na avaliação do que está bem para consolidar, elevar e evoluir na direcção certa”, disse a ministra no acto oficial comemorativo do 27 de Setembro, Dia Mundial do Turismo, celebrado na tarde de Sexta-feira. O evento marcou também a abertura oficial da Expo Hotel, que decorre à margem do 1º Congresso Nacional de Hotelaria, e a governante defendeu que se deve
ter a capacidade para atrair mais investimento privado estrangeiro e, internamente, encontrar mecanismos para o financiamento de fomento ao turismo. O país vai beneficiar ainda este ano de um investimento na ordem de 870 milhões de euros, provenientes do Fórum Mundial do Turismo, para apoiar o sector do turismo em Angola. Desta forma, Angola poderá ainda dar continuidade na estruturação do turismo em torno dos recursos naturais, da paisagem, do património cultural, do sol e praias, aumentar o turismo de negócios e dinamizar o aviturismo. Ainda de acordo com a ministra, o Executivo compromete-se a apoiar os projectos de investimentos de iniciativa privada,
que visam a recuperação e ampliação da rede hoteleira, como a construção de infra-estruturas de apoio às actividades turísticas. Sob o lema “ Turismo e Emprego: Um Futuro Melhor para Todos”, o dia 27 de Setembro foi instituído há 30 anos, pela Organização Mundial do Turismo (OMT).
“Sejamos firmes na crítica e na correcção do que está mal e responsáveis na avaliação do que está bem para consolidar, elevar e evoluir na direcção certa”
e acordo com o consultor do sector Dário Santos, os parques de Angola, num total de oito, começam a ganhar infra-estruturas administrativas, desde 2008, para apoiar os empresários que queiram apostar no ecoturismo e contribuir para a diversificação da economia, além da criação de empregos nas zonas rurais. Ao falar no 1º Congresso Nacional de Hotelaria, que decorreu de 26 a 27 deste mês, avançou que a legislação em vigor permite a construção de lodges, acampamentos, chalés, resorts e áreas de campismo para a montagem de tendas, infraestruturas que não afectam o eco-sistema das áreas de conservação. Dário Santos, que apresentou o tema “ Implantação de Hotéis nas Zonas de Conser-
vação em Angola” no referido Congresso, disse que nas áreas protegidas os investidores devem saber proteger o espaço, evitando fazer uso de material poluente ou outro que põe em perigo a vida selvagem. Os parques nacionais da Quissama e de Calandula são as duas reservas naturais que já dispõem de infra-estruturas, o que tem permitido a promoção do ecoturismo, apesar de decorrer ainda de forma tímida. São requisitos para implantação de infra-estrutura nos parques, um contrato de exploração turística, apresentação de proposta de planta do projecto a elaborar, de estudos de impacto ambiental e capacidade fi nanceira. Neste encontro, especialistas de Moçambique partilharam experiências sobre o ramo.
20
MERCADOS
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
As transacções de liquidez entre os bancos comerciais fixaram-se em 215,26 mil milhões Kz, em Agosto O montante representa uma redução de 79% face ao período homólogo, tal como, o menor nível desde o início do ano, o que poderá reflectir-se sobre as taxas de juro do mercado DR
A
Luibor Overn ight f ixou-se em 14,23%, um aumento semanal de 13 p.b. A variação poderá reflectir a redução da liquidez no Mercado Interbancário devido a introdução de medidas comerciais restritivas, com efeitos sobre os custos de concessão de crédito à economia. A inflação dos produtos nacionais aumentou 1,77% em Agosto. O nível corresponde a uma aceleração de 0,32 p.p. desde o início do ano, influenciada pelo aumento dos preços da indústria transformadora, com impactos
sobre o poder de compra dos consumidores. A taxa de inflação deverá situar-se abaixo dos dois dígitos depois de 2022. As perspectivas são avançadas pelo Governador do BNA, que dá indicações de existir espaço para futuras reduções das taxas de juros de modos a impulsionar o sector produtivo nacional. Economia Real O Indicador de Confiança no sector do Comércio atingiu -21 pontos no IIº trimestre de 2019. O desempenho apesar de representar uma melhoria trimestral de 6 pontos, permanece em terreno negativo, reflexo das limita-
ções do sector, como as dificuldades financeiras. Espaço Internacional Zona Euro O índice PMI manufactureiro referente ao mês de Setembro fixou-se em 45,6 pontos, uma redução mensal de 1,4%. O menor nível desde Outubro de 2012 poderá reflectir as incertezas do crescimento económico no curto prazo, com impactos sobre o nível de investimento na região. EUA O índice de confiança do consumidor referente ao mês de Setembro fi xou-se em 125,10 pon-
tos. A redução de 6,78% face ao período anterior representa o menor nível desde Junho e a maior diminuição dos últimos nove meses, reflexo das tensões
A redução pode reflectir o aumento da cotação internacional do petróleo, apesar da revisão da perspectiva da Fitch em relação ao crescimento económico do país
comerciais com a China. China Os lucros industriais registaram uma contracção mensal de 2%, em Setembro. O desempenho que compara com o crescimento de 2,6% do período anterior, poderá reflectir um afraca procura interna e as consequências da guerra comercial com os EUA. Os lucros industriais referente ao mês de Agosto contraíram 2%. O desempenho mensal contrasta com o crescimento de 2,6% apurado no período anterior e poderá reflectir a redução na procura interna e as consequências da guerra comercial com os EUA.
Mundo
22
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
DR
Líder de protestos em Hong Kong anuncia candidatura
O
Explosão em petroleiro deixa vários feridos em porto na Coreia do Sul O incêndio espalhou-se para um segundo barco, ferindo 18 pessoas ao todo, segundo as autoridades
U
ma explosão a bordo de um navio petroleiro num porto sulcoreano provocou, neste Sábado (28), um incêndio que se espalhou para um segundo barco, ferindo 18 pessoas, de acordo com as autoridades. Minutos depois, os bombeiros lutavam para conter as chamas que geravam uma imponente coluna de fumaça preta no porto de Ulsan, no Sudeste do país. As 25 pessoas a bordo do petroleiro, com bandeira das Ilhas Cayman, e os 21 marinheiros no segundo navio foram resgatados
pela Guarda Costeira, que abriu uma investigação sobre a causa do incidente. Ficaram feridos 12 marinheiros e 6 socorristas, informou a
“Alguns receberam atenção médica no local, mas nenhum russo foi hospitalizado”
agência sul-coreana Yonhap. Pelo menos 9 dos feridos são sulcoreanos.O vice-cônsul da Rússia em Busan disse que a tripulação do petroleiro era composta por 10 russos, incluindo o capitão, e que nenhum ficou “gravemente ferido”. “Alguns receberam atenção médica no local, mas nenhum russo foi hospitalizado”, disse Evgeny Evdokimov, citado pela agência estatal Tass. “Não havia reparos ou operações de carregamento em andamento no navio no momento da explosão. Algo aconteceu na carga que causou a explosão e o incêndio”.
activista Joshua Wong, um dos líderes dos protestos pró-democracia em Hong Kong, anunciou neste Sábado (28) que disputará as eleições locais do próximo mês de Novembro. A notícia chega no aniversário de cinco anos da “Revolução dos Guarda-Chuvas”, movimento liderado por Wong que ocupou o centro de Hong Kong por 79 dias em 2014 para pedir eleições livres no território. O activista chegou a ser condenado pelo seu papel nas manifestações daquele ano e ficou dois meses preso no primeiro semestre de 2019. Após sair da cadeia, juntou-se aos protestos contra a governadora de Hong Kong, Carrie Lam. Wong, 22 anos, disse que vai disputar uma vaga num conselho distrital em Novembro e que a votação será crucial para mostrar à China que os habitantes de Hong Kong estão dispostos a lutar por mais direitos. “Cinco anos atrás, dissemos que voltaríamos, e agora nós estamos de volta ainda mais determinados”, disse o activista numa coletiva de imprensa. O jovem, no entanto, pode ser declarado inelegível por causa do seu apoio à autodeterminação do território. A onda de protestos em Hong Kong já dura cerca de cinco meses e teve início por causa de uma lei que autorizava a extradição de suspeitos de crimes para a China continental, mas logo se tornou um movimento por eleições livres e contra o Governo de Carrie Lam. Os manifestantes voltaram às ruas neste Sábado e ocuparam o Parque Tamar, em mais um acto marcado por confrontos com a Polícia. Os agentes usaram sprays de pimenta e canhões de água para dispersar a multidão, que os atacou com coquetéis molotov.
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
23
‘Caso Ucrânia’ faz primeira vítima na Casa Branca DR
O “caso Ucrânia”, que motivou a abertura de um processo de impeachment contra o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez a sua primeira vítima na Casa Branca
K
urt Volker, enviado americano ao país europeu, renunciou ao cargo nesta Sexta-feira (27), um dia após a divulgação da denúncia contra Trump feita por um analista da Agência Central de Inteligência (CIA). Volker não explicou o motivo da sua renúncia, mas o jornal The New York Times, citando uma “pessoa informada sobre a decisão”, disse que o enviado concluíra que seria impossível exercer a função após as novidades dos últimos dias. Segundo a denúncia do analis-
ta da CIA, Volker facilitou contactos entre o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, e a equipa do novo Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Um dia após o controverso telefonema de 25 de Julho entre Trump e Zelensky, Volker teria visitado Kiev e instruído os líderes ucranianos sobre como “navegar” nas “solicitações” do Presidente americano. Naquela conversa, Trump pediu para Zelensky investigar um caso relacionado a Joe Biden, précandidato democrata à Presidência dos EUA e cujo filho, Hunter, era conselheiro de uma empre-
Kurt Volker, enviado americano a Ucrânia, pediu a demissão do cargo
sa de gás na Ucrânia. No entanto, de acordo com a mesma denúncia, o próprio Volker agiu para tentar “conter os danos” que Giuliani estaria a causar à segurança nacional dos Estados Unidos. Volker não havia comentado o caso, mas o advogado de Trump veio a público e disse que agira a pedido do enviado à Ucrânia. A acusação do analista da CIA motivou a abertura de um processo de impeachment contra Trump no Congresso. O Presidente é suspeito de abusar do poder do cargo para pedir a um país estrangeiro que investigasse um adversário político. O inquérito será conduzido pela Câmara dos Representantes, controlada pelo Partido Democrata, da Oposição, mas o julgamento cabe ao Senado, de maioria republicana. ANSA
Paraquedista português morre num exercício em Beja Exército diz que o sistema de abertura do paraquedas falhou durante um salto de queda livre operacional esta Sexta-feira de manhã na Base Aérea de Beja. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa apresentou “sentidas condolências” à família do familiar morto
O
Exército português, que disponibilizou apoio psicológico à família do sargento paraquedista, encontra-se agora a realizar o processo de averiguações para apurar as circunstâncias em que ocorreu este acidente. O Real Thaw 2019, exercício em que o sargento acidentado participava, começou no dia 22 deste mês e prolonga-se até 04 de Outubro, envolvendo militares da Força Aérea, Marinha e Exército e de países como a Dinamarca, Espanha, França, Holanda, EUA e OTAN. No total estão envolvidos 600 participantes e 21 aeronaves. O principal objectivo do evento é avaliar e certificar a capacidade operacional da Força Aérea, proporcionando treino conjunto (vários ramos) e combinado (diferentes países) multinacional. O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, apresentou
DR
“as mais sentidas condolências” à família do militar. “Foi com enorme consternação que tomei conhecimento do falecimento de um militar do Regimento de Paraquedistas. Associo-me a este grande desgosto, apresentando as minhas mais sentidas condolências aos familiares deste militar do Exército, que pereceu ao serviço de Portugal”, pode ler-se numa nota de Marcelo Rebelo Sousa no site da Presidência. “Quero igualmente manifestar o meu pesar e solidariedade a todos aqueles que sentem com maior dor a perda súbita deste seu camarada e amigo, em particular todos os paraquedistas”, conclui a nota do Presidente da República, também Comandante Supremo das Forças Armadas. O Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, também endereçou condolências “à família enlutada, ao Exército, à família militar e aos amigos”.
Actual
24
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
Hospitais de Malanje emitem falsos diagnósticos da malária A denúncia é de uma especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS) que durante 20 dias realizou uma supervisão formativa nos laboratórios de análise clínicas das principais unidades sanitárias locais. O Governo admite que a sua supervisão tem sido débil, mas promete pedir maior responsabilidade no cumprimento dessa missão Miguel José em Malanje
H
á unidades hospitalares da província Malanje que emitem falsos resultados de exames de diagnóstico da malária por falta de capacidade de alguns profissionais detectarem o plasmodium falciparum, revelou, recentemente, a supervisora internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS) Angelina Vachia Jamba. A especialista participou num programa de capacitação dos técnicos de análises clínicas de diferentes unidades desta província. De acordo com Angelina Jamba, a acção de supervisão formativa de diagnóstico laboratorial da malária abarcou a capacidade do técnico pesquisar, observar, identificar e quantificar os parasitas, bem como avaliar as infra-estruturas e a bio-segurança. Após 20 dias de supervisão formativa nos laboratórios de análise clínicas efectuadas nas principais unidades sanitárias locais, sobre exame de gota espessa, Angelina Jamba, aferiu falsos resultados de diagnósticos de malária. Porém, explicou que das quatro espécies de plasmodium existentes a nível
Supervisora internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS) Angelina Vachia Jamba
da província (o falciparum, ovale, malárie e vivax), os técnicos demonstraram falta de capacidade de pesquisa e detecção, daí que, em muitos casos, são entregues aos utentes resultados falsos, que acabam por comprometer o diagnóstico da malária. Em torno disso, a especialista fez saber que os laboratórios do Hospital Regional estão dentro do padrão recomendado, mas, entretanto, observou que o Hospital Materno Infantil deve melhorar a qualidade do diagnóstico da malária. “Neste aspecto, os recursos humanos apresentam debilidades, porquanto existem técnicos de análises clínicas, cuja maioria trabalha em regime de contrato, que precisam de melhorar a qualidade de pesquisa, principalmente das espécies”, frisou Angelina Jamba. Consequências de falsos resultados Em função da situação, a também formadora de técnicos de la-
boratórios de análises clínicas, advertiu que os falsos positivos deterioram o fígado do paciente, por, inadvertidamente, influenciar o médico prescreve remédios desnecessários. Em sentido contrário, os falsos negativos que derivam da inabilidade do técnico diferenciar os parasitas dos arte-
“Ao ser assim, é uma situação preocupante (…) e nós vamos trabalhar com ela para identificar as unidades de referência e outras que apresentam estas debilidades”, Avantino Sebastião”
factos, acarretam consequências graves que podem levar à morte do paciente, por falta de tratamento adequado. Sendo que em Angola, a malária representa um problema de saúde pública, por se afigurar entre as principais causas de morte, a especialista considera que o combate à epidemia requer, não apenas o engajamento dos profissionais e agentes da Saúde, mas também, a colaboração da população, nos cuidados que deve ter com o lixo, com a estagnação das águas em redor das casas e dos espaços comunitários, assim como em outros procedimentos preventivos. De igual modo, sugere que a soma financeira que o Governo atribui para a compra de testes rápidos, de mosquiteiros e de reagentes, seria frutuoso se fosse dedicado à formação e capacitação de técnicos. “Porém, mesmo assim, recomendo mais engajamento e responsabilidade aos técnicos, para que possam superar as debilidades”, finalizou
Governo promete pôr fim a tais práticas Confrontado com essa revelação, o director do Gabinete Provincial da Saúde Malanje (GPSM), Avantino Sebastião, garantiu, a OPAÍS, que vão providenciar um encontro com os técnicos do sector com vista a estabelecer um programa de capacitação e refrescamento, na perspectiva de ultrapassar o problema. “Ao ser assim, é uma situação preocupante (…) e nós vamos trabalhar com ela para identificar as unidades de referência e outras que apresentam estas debilidades”, pontualizou. Avantino Sebastião conjectura existir falta de comprometimento e sentido de responsabilidade de alguns funcionários do sector da Saúde. Considera que a nobreza da profissão exige que haja comprometimento, ao invés de muitos estarem, apenas, para se manterem no emprego e obter um salário. Mas, ainda assim, admite que a supervisão tem sido débil; pelo que, os responsáveis dos laboratórios das unidades sanitárias vão ser chamados a indicar os técnicos que apresentam insuficiências e pedir maior responsabilidade no cumprimento da causa, para evitar que os utentes percam confiança nos resultados laboratoriais dos exames emitidos nas mesmas. Referiu que o programa de combate à malária é um dos que mais tem beneficiado de capacitação em todos os níveis, especificamente, para pesquisa e detenção do plasmódio, tanto pelo Serviço Internacional para a População (PSI), como pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Esta têm estado a implementar programas de formação tanto a nível de Malanje como de Luanda.
desporto
26
DANIEL MIGUEL/ARQUIVO
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
Académica do Lobito pode desalojar Libolo da liderança DANIEL MIGUEL/ARQUIVO
A
Bobó (vermelho) tenta dominar a bola ante da pressão do opositor no Estádio 11 de Novembro, em Luanda
1º de Agosto tenta ‘imitar’ feito do Petro de Luanda Depois de os tricolores terem regressado à fase de grupos, 18 anos depois, os militares precisam apenas de empatar hoje, às 17:00, frente ao Green Eagles da Zâmbia para garantirem também o acesso à fase final da Liga dos Clubes Campeões da CAF Kiameso Pedro
O
1º de Agosto tenta hoje o apuramento para a fase de grupos da 24ª edição da Liga dos Clubes Campeões, quando defrontar o Green Eagles FC da Zâmbia, no Estádio 11 de Novembro, em Luanda, às 17:00, em jogo a contar para a última eliminatória da Champions. Os militares estão em vantagem na eliminatória, uma vez que venceram no desafio da primeira mão por duas bolas a uma. Por esta razão, para garantirem a qualificação à prova, os rubro-negros precisam apenas de empatar a zero. Neste desafio, a equipa das Forças Armadas Angolanas é fa-
vorita, mas tem que ter algumas cautelas defensivas, porque o adversário está apostado em surpreender. Em declarações à imprensa, o treinador-adjunto do 1º de Agosto, Ivo Traça, disse que a equipa está motivada, uma vez que regressar à prova é a palavra de ordem. Ainda assim, Ivo Traça afirmou que a sua agremiação terá mui-
“Estamos prontos para este encontro, mas penso que o opositor vai causar muitas dificuldades”
ta dificuldade para garantir o apuramento, porque o adversário bateu-se bem no seu reduto. “Estamos prontos para este encontro, mas penso que o opositor vai causar muitas dificuldades”, finalizou. Outras partidas: O TP Mazembe da RDC defronta o Fosa Juniors do Madagáscar, às 14:00 (tempo de Angola). Por sua vez, o Étoile du Sahel da Tunísia enfrenta o Asante Kotokodo Ghana, às 17:00. O AS Vita Club da República Democrática do Congo (RDC) bate-se com ASC Kara do Togo, às 15:30. O Wydad Casablanca de Marrocos terá pela frente o Nouadhibou da Mauritânia, às 20:00, ao passo que o Gor Mahia (Quénia) defronta o USM da Argélia, às 14:00.
pós o Recreativo do Libolo ter ascendido à liderança à condição do Girabola 2019/2020, com 13 pontos, ao vencer, ontem, o Ferroviário do Huambo, por 2-0, a Académica do Lobito só pensa nos três pontos. Em caso de vitória hoje diante do Sagrada Esperança da Lunda-Norte, no Estádio do Buraco, às 15:00, a tabela classificatiiva sofrerá alteração. Os ‘lobitangas’ ocupam agora a terceira posição com 10 pontos, menos três que os libolenses. Por esta razão, os comandados de Águas da Silva vão
dar o litro no desafio desta tarde para alcançarem a liderança, embora à condição. Outros resultados: O Bravos do Maquis perdeu diante do Cuando Cubango FC por duas bolas a uma. O Desportivo da Huíla e o Sporting de Cabinda empataram a uma bola. O Interclube derrotou o 1º de Maio de Benguela por 3-1, no Estádio 22 de Junho, em Luanda. O Progresso do Sambizanga bate-se hoje com o Wiliete de Benguela, às 15:00.
Man United e Arsenal “aquecem” Premier League em Old Trafford
O
Manchester United e o Arsenal medem forças amanhã, no Estádio Old Trafford, em partida de maior cartaz da da sétima jornada da Premier League, às 20:00 (tempo de Angola). Entretanto, a partida entre as duas equipas vai marcar o encerramento da sétima ronda aberta no passado Domingo com o triunfo do Liverpool frente ao Sheffield United, por
uma bola sem resposta com golo solitário de Wijinaldum aos 70 minutos. Na classificação as equipas estão separadas por apenas três pontos, uma vez que os “gunners” ocupam a quarta posição com 11 pontos. Por sua vez, os “redevils”, sob o comando técnico de Ole Gunnar Solskjær, encontram-se no oitavo lugar com oito pontos. DANIEL MIGUEL/ARQUIVO
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
27 dr
África do Sul esmaga Namíbia no Mundial de Raguêbi
“A Ferrari tem um modelo a jato nas retas” O piloto britânico da Mercedes, Lewis Hamilton, disse ontem à Sky Sports que a Ferrari tem um “modelo a jato” depois de Charles Leclerc ter garantiudo a quarta pole consecutiva durante a qualificação para o GP da Rússia de F1, disputada ontem. Leclerc elevou sua contagem da temporada de Fórmula 1 para seis, e a velocidade da Ferrari nas retas é o que os trouxe de volta à luta por vitórias após uma decepcionante primeira metade da temporada. Hamilton entrou na P2 após uma brilhante volta final e afirmou que “foi uma sessão difícil de qualificação porque a Ferrari tem velocidades loucas nas retas. Eles vão para outro nível – modelo a jato. Eu dei tudo o que tinha no final e estou muito feliz que deu certo”, finalizou. O GP da Rússia disputa-se hoje, na cidade de Sochi, às 11:00 (hora de Angola).
Depois de perder para a Nova Zelândia, a África do Sul deu ontem resposta no segundo encontro do grupo B do Campeonato do Mundo de râguebi de 2019 frente à Namíbia por 57-3. O jogo foi de sentido único, os nove ensaios dos Springboks foram representativos do domínio sul-africano. Com uma vitória e uma derrota os comandados de Rassie Erasmus terão pela frente a Itália naquela que é a decisiva partida para a aspiração de ambas as seleções.
DR
As Pérolas angolanas, campeãs africanas de andebol
Angola decide passagem aos Jogos Olímpicos do Japão de 2020 Kiameso Pedro
A GP Ordped aquece Barra do Kwanza O presidente da Organização e Promoção de Eventos Desportivos, Bruno Casimiro, informou ontem a OPAÍS, em nota, que a quinta e última etapa do Grande Prémio Orped em ciclismo disputa-se hoje, na estrada da Barra do Cuanza, em Luanda. Segundo a nota, a prova será disputada num percurso de 135 quilómetros e terá como ponto de partida e chegada na estrada de acesso ao autódromo de Luanda. Em declarações a este jornal, Bruno Casimiro garantiu que a prova está a decorrer sem sobressaltos, pois os efectivos da Polícia Nacional têm apoiado o torneio.
Selecção Nacional sénior feminina de andebol decide hoje a qualificação para os Jogos Olímpicos do Japão de 2020, quando medir forças com o Senegal, na segunda e última partida do torneio pré-olímpico, que decorre em Dakar, às 19:00 (tempo de Angola). Na primeira partida, disputada na passada Quinta-feira, o sete nacional derrotou a República Democrática do Congo (RDC) por 29-21. No segundo jogo, a RDC perdeu diante do Senegal, por 29-18.
Entretanto, somente um representante africano vai apurar-se às olimpíadas de Tóquio, a decorrer de 24 de Julho a 9 de Agosto de 2020. Por conta disso, as pupilas de Morten Soubak vão dar o litro do
primeiro ao último minuto para destronarem as senegalesas. Angola vai em busca da 7ª presença na prova, após a última participação em 1996, na cidade de Atlanta, nos EUA.
Petro de Luanda bate Interclube em jogo amistoso O Petro de Luanda, campeão nacional, derrotou ontem o Interclube, por 95-90, no Pavilhão Principal da Cidadela Desportiva, em jogo amistoso, visando a 42ª edição do Campeonato Nacional, que arranca no dia 18 de Outubro próximo, cujo destaque recai para
o confronto que vai colocar frente a frente as equipas do 1º de Agosto e o Atlético Sport Aviação (ASA), no Pavilhão do Kilamba. Ambos os treinadores aproveitaram este jogo de modo a confereirem maturidade competitiva aos jogadores.
“Gi” ministra acto de formação no Namibe
Pogba exige aumento salarial para renovar
AC Milan e Fiorentina “agitam” Série A
O treinador da Universidade Lusíada, Manuel Silva ‘‘Gi”, ministrou durante quatro dias uma acção de formação dirigidas aos jovens treinadores daprovíncia do Namibe. Nas terras da Welwitschia Mirabilis, Manuel Silva transmitiu conhecimentos sobre o processo de massificação no clube com incidências nos escalões de mini-basket e sub-14.
O médio Paul Pogba alertou ontem os responsáveis do Man United que só aceitará renovar o contrato se lhe dobrarem o actual salário. Segundo o Tuttosport, Pogba quer passar a receber 674 mil euros por semana e cerca de 34 milhões de euros por ano, que faria dele um dos jogadores mais bem pagos do futebol mundial.
O AC Milan e a Fiorentina batem-se hoje no desafio de maior destaque da sexta jornada da Série A, no Estádio Giuseppe Meazza, às 19:45. Os anfitriões são favoritos, mas reconhecem as qualidades do adversário que reforçou-se bem na última janela de transferências com Frank Ribery. Na classificação, o Milan está na 13ª posição com 6 pontos, ao passo que a Fiorentina ocupa o 15º lugar com 5.
Sabalenka e conquista WTA de Wuhan A tenista bielorrussa, Aryna Sabalenka, número 14 do ranking mundial, conquistou ontem o WTA de Wuhan, competição onde era a campeã em título, ao bater na grande final a norte-americana Alison Riske. Numa partida, onde ambas as atletas nunca estiveram ao melhor nível em simultâneo, a bielorrussa venceu com os parciais de (6-3, 3-6 e 6-1), ao cabo de duas horas. Entretanto, este foi o quarto título da carreira para Sabalenka, o segundo neste ano, pelo que pode ser um embalo importante para o que resta da temporada, que está a ser marcada por vários altos e baixos. A sua próxima paragem é em Pequim, local onde reune as grandes estrelas do circuito, com excepção da norte-americana Serena Williams.
CLASSIFICADOS emprego
Vende-se De terrenos de 20/30 e 20/15 bem localizados no benfica e no 11 de novembro a partir de 550.000,00kz. Contacto: 946 111 603 / 992 103 443
28
imobiliário
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
diversos
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
29
PROMOÇÕES LIMITADAS DE CASAS EM NOSSOS PROJECTOS
Casas T3 em condomínio Fechado 1ª e 2ª FASE - VIA CALEMBA 2 LUANDASUL, á 5 min do Nginga Shopping,PP:2.000.000,00KZ OU 2. 500.000,00 em pestações , Entrada 500.000,00kz Casas T3 projecto habitacional – ZANGO 2 por traz do nosso super á 800m. a partir de 1.750.000,00 á 2.500.000,00kz, entrada de 500.000,00 kzs Casas T3Suite Kikuxi via expresso, próximo ao Resort Bantú á 7.500.000,00kz entrada 2.500.000,00kz. 923724939,939275660,939542254,925354487,912627682,923157381,923601219 COMPRA COM SEGURANÇA PORQUE DEVE APOSTAR NO TEU FUTURO
Gisela Silva
Jornalista Apresentadora
Sílvia Borges
Albino Capitango
Jornalista
Jornalista Apresentador
Mário Silva
Higino Alfredo
Sonorizador
Apresentador
Claudimer da Costa Repórter
Josefa Kiala Recepcionista
Cláudio Dias Jornalista
Rádio Mais
A Rádio que virou notícia e que se mantém no topo das audiências
Huíla 91.3 FM
Teodoro Albano
Jornalista Apresentador
Luanda 99.1 FM Huambo 89.9 FM Benguela 96.3 FM
OPINIÃO
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
31
ISRAEL CAMPOS
Fé sem acção é mesmo ilusão!
C
ontinuamos os mesmos de sempre. O comp or t a mento, manias, e acções denunciam a falta de mudança e evolução nas nossas atitudes. No início da madrugada de Sexta-feira, 27, após aquilo que o jornalista Armindo Laureano chamou de “depressão pós-Top nas redes sociais”, na sequência da gala do Top dos Mais Queridos, um dia antes, alertei aos meus internautas sobre a necessidade de apontarmos menos os dedos e passarmos, para o nosso próprio bem, a fazer mais, pois o conforto da fala não produz o efeito que a oportunidade da acção talvez faria. Talvez a relação profissional e afectiva que tenho com a instituição organizadora do Top dos Mais Queridos, a Rádio Nacional de Angola, não faça de mim a pessoa ideal para comentar este concurso, em particular, pelo que, em respeito à imparcialidade, vou somente utilizar o exemplo da reação de muitas pessoas aos resultados finais do concurso para falar sobre uma realidade que todos nós conhecemos mas que a hipocrisia dos olhos vendados e interesses emocionais não nos permitem ver, que é a seguinte: continuamos à espera de resultados irrealistas, baseados nas nossas crenças pessoais, ignorando tudo o resto a volta. Só se recebe aquilo que se dá. A fé sem obras é morta. Não há nada para quem não deu nada. A lista de dizeres é tão longa que precisaria de mais algumas páginas deste jornal se quisesse incluir todas elas. Tudo isto para dizer que de nada adianta os lamentos, aqui e acolá, sobre o quão tristes estamos pornão vermos as nossas expectativas se tornarem realidade, ou o nosso artista favorito vencer, no caso do Top dos Mais Queridos, em particular, quando nem sequer nos preocupamos, semanas antes do concurso, em saber quais eram os procedimentos de acesso à votação pública, aberta muito antes da gala final, isso eu posso comprovar. Conheço pessoas cujas expecta-
tivas na vitória de certos artistas, ainda sobre o Top dos Mais Queridos, resumia-se em coisas como “esse som bateu muito este ano!!! Ele/a já ganhou!”, cegando-se na auto-ilusão do “já ganhou” porque a música foi supostamente muito popular durante o ano. Mas não é bem assim que as coisas funcionam, ao menos nos concursos de música. Não é sobre quantas lágrimas a música “Alma Gémea”, de Halison Paixão, a título de exemplo, fez derramar ou então sobre quantos corpos a “Pedra” do Petro Show fez mexer. É mesmo sobre votar, garantindo, assim, a melhor posição para o nosso artista favorito. Se fosse sobre quem mais “bateu” talvez a organização escusava-se do grande investimento no aparato de votação e outros e limitava-se, dentro da sua vontade e dos seus ouvintes, a anunciar “a música do ano”, sem outros concorrentes e afins. Daí surge a grande necessidade das pessoas, para além de tudo e qualquer coisa, conhecerem as regulamentações em torno dos concursos, organizações etc. Talvez assim, teriam uma noção mais clara daquilo que se trata e evitariam certas reacções... Compreendo que no auge da raiva e desapontamento pessoal talvez acusar de fraude, ou como nós dizemos de “batota”, seja o caminho mais facilitado de se fazer para aquele que, primeiro, não votou bem como para aquele que, de facto, votou, mas cujos votos não foram suficientes para tornar desejos em realidade. Não estou aqui, de modo algum, a dizer que os sistemas de votação sejam perfeitos ou a contribuir para a negação da liberdade das pessoas se expressarem sobre as suas inquietações, sobretudo no caso do Top dos Mais Queridos que é organizado por uma instituição de domínio público. É claro que há legitimidade nas manifestações de várias ordens mas aqui, neste caso, elas não podem se esgotar só na acusação gratuita à organização do evento. É preciso que as pessoas sustentem as suas interrogações e falta de confian-
DR
ça nos resultados, o que em muitos casos, lamento informar, não será possível pois grande parte daqueles que reclamam são mesmo aqueles que não votam, e disto já estamos, todos, cansados de saber. Falar daquele que não votou no
A necessidade de tomarmos acção por aquilo que acreditamos é um dos únicos elementos fundamentais que nos vai garantir a legitimidade de apontar o dedo, quando nos sentirmos traídos ou enganados
seu artista favorito para o Top dos Mais Queridos da RNA mas, ainda assim, se vê acolhido pelo direito da contestação aos resultados é o mesmo que falar daquele cidadão que nem sequer cartão eleitoral tem mas que depois do anúncio dos resultados eleitorais é o primeiro a vir a público dizer “este país já não muda”; ou o mesmo que falar daquele jovem desempregado, que mesmo tendo noção da realização, não foi a manifestação contra o desemprego e passa o dia inteiro no lamento e dor. A necessidade de tomarmos acção por aquilo que acreditamos é um dos únicos elementos fundamentais que nos vai garantir a legitimidade de apontar o dedo, quando nos sentirmos traídos ou enganados. Não é honesto nem um bocado sério que façamos o contrário. Cidadania só com maior envolvimento O conforto de estarmos por detrás de perfis nas redes sociais e
a preguiça e/ou falta de vontade de irmos tomar acção em prol das nossas crenças define, muito bem, a sociedade e o país que temos. Muitos dos grandes problemas, que gravemente comprometeram o nosso desenvolvimento, enquanto nação, são, também, consequência do conforto e/ou da cobardia de alguns fazerem o caminho rumo à defesa do que acreditavam. E quando falamos desse “caminho” não estamos a falar, necessariamente, como muitos pensam, em irmos todos para a rua fazer manifestação. O exercício de cidadania é muito mais do que isso. Sermos participativos é conhecermos os nossos direitos e deveres, é estudarmos as regras, é nos levantarmos quando sentirmos que alguma coisa não está dentro da lei, é desafiarmos o poder, é votarmos, é partilharmos, é ouvirmos, é discordarmos, é concordarmos, é fazermos tudo e qualquer coisa, menos fazermos nada.
Última
32
O PAÍS Domingo, 29 de Setembro de 2019
Atraso na alocação de verbas paralisa obras do terminal marítimo do Soyo As obras do terminal fluvial e marítimo do município do Soyo, província do Zaire, com um grau de execução física na ordem dos 85 por cento, estão paralisadas há mais de um mês, devido ao atraso na alocação dos 29% da verba do orçamento global da empreitada.
A
informação foi avançada Sextafeira à imprensa pelo encarregado da obra da empresa chinesa “CHEC”, Chen Shaoke, à margem da visita que o ministro do Comércio, Joffre Van-Dúnem Júnior, acompanhado pelo governa-
dor do Zaire, Pedro Makita Aramando Júlia, efectuaram ao projecto. Iniciadas em Novembro de 2016, as obras do terminal fluvial e marítimo de passageiros e carga do Soyo têm a previsão de conclusão para Dezembro deste ano. Por seu turno, o fiscal da obra, Dario Ngola, assegurou que esforços estão a ser envidados pelo Ministério dos Transportes junto ao Ministério das Finanças para a disponibilização da tranche em falta para a conclusão dos trabalhos em tempo oportuno. Mostrou-se esperançado que a verba seja cabimentada nos próximos dias, tendo em conta o engajamento do Executivo no relançamento da rede de cabotagem de transporte fluvial e marítimo de passageiros e cargas, sobretudo na região Norte de Angola, entre as províncias do Zaire, Cabinda e Luanda. As obras de construção do terminal do Soyo incluem um edifício principal, com os respectivos espaços comerciais, bem como uma ponte cais e aéreas de carga e descarga. O plano inicial previa o fim da obra em Janeiro de 2018. Angop
Angop
A infra-estruturas com as obras agora paralisadas, no Soyo, é importante para a rede de cabotagem nacional
MPLA quer maior empenho de dirigentes nas autarquias DR
O MPLA está a preparar os seus quadros e militantes para as autárquicas
A primeira secretária em exercício do MPLA na província do Cunene, Jardina Didalelwa, pediu ontem, Sábado, em Ondjiva, maior desempenho dos dirigentes e quadros para estarem à altura de enfrentar as autarquias em 2020.
“O
s dirigentes e quadros devem ser os principais impulsionadores e mensageiros da visão das orientações aos militantes do partido”, reforçou a responsável, durante o seminário de capacitação dos formadores e conferencistas da rede provincial do MPLA realizado ontem em Ondjiva. Para ela, os militantes devem estar vigilantes e acompanhar a dinâmica dos novos desafios e seguir as orientações para a defesa dos ideiais e contribuírem na estabilidade política e social que se reflecte no bem-estar do cidadão angolano. Explicou que a formação política e ideológica contribui para afirmação dos valores da identidade par-
tidária, traduzida nos princípios democráticos, liberdade, tolerância e na unidade do colectivo. Jardina Didalelwa referiu que com as transformações económicas e sociais em curso no país, é essencial elevar os conhecimentos políticos dos dirigentes para o fortalecimento das estruturas de base. Durante a acção formativa com duração de algumas horas, os participantes abordaram temas relacionados com o programa e estatuto do MPLA, socialismo democrático, liderança política, ética na administração pública, ética política e disciplina partidária e regulamento geral das organizações de base. Angop