‘O FMI não pode ser desculpa para todos os males’
Coordenador do Observatório Político e Social de Angola (OPSA), Sérgio Calundungo analisa em entrevista o momento político, económico e social que o país vive. Acredita em mudanças no campo das liberdades, mas realça que no domínio económico os resultados deixam muito a desejar. E garante que o Fundo Monetário Internacional não pode ser a desculpa para todos os males que estão a acontecer no país. P. 20
opaís
Ajudas para as vítimas da seca no sul “encalhadas” no Caimbambo
Centenas de camiões com bens alimentares em direcção às províncias da Huíla, Namibe e Cunene continuam retidos no Caimbambo, província de Benguela, devido ao desabamento parcial da ponte sobre o rio Calualua, em consequência das fortes chuvas que se abateram sobre o interior de Benguela. P. 10 Director: José Kaliengue
O diário da Nova Angola
Edição n.º 1658 Sexta-feira, 15 /11/2019 Preço: 40 Kz
Três assaltos violentos quatro mortes em Luanda SOCIEDADE. A cidade capital voltou a registar ontem, Quinta-feira, 14 de Novembro,
situações de insegurança que se tornaram virais nas redes sociais e acabaram por instalar um clima de medo entre os citadinos. Dois assaltos à mão armada, duas mortes confirmadas num dia, quando outras duas se deram num outro assalto, no dia anterior, e a cidade está em alerta, dada a agressividade imprimida na acção dos meliantes. A Polícia diz que está a trabalhar para identificar os assaltantes. P. 11
Jornalistas consideram O PAÍS veículo de democratização de Angola l Em mais um aniversário deste jornal, o diário da Nova Angola, assinalado ontem, 14, jornalistas enaltecem o papel deste veículo de informação na democratização do país. P. 8
Ministro da Comunicação Social felicita OPAÍS l Nuno dos Anjos ‘Carnaval’ diz numa nota de felicitações que este jornal “tem cumprido a nobre missão de informar o público com verdade, independência, objectividade e isenção”. P. 3
Novo presidente da UNITA É conhecido hoje BAI Directo_ O País_276x42,733mm.pdf
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P. 9
l A Selecção Nacional de Futebol defronta, no Domingo, às 20 horas, o Gabão, em partida referente à segunda jornada do Grupo D de acesso ao CAN 2021 nos Camarões. P. 26
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O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
Luta contra seca “começa” hoje no Cunene jacinto figueiredo
O lançamento da primeira pedra e o acto de consignação para a edificação de projectos estruturantes para combater a seca na província do Cunene têm lugar nesta Sexta-feira (15), na localidade de Cufo Por: Cláudio Neto (Angop)
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om o acto de consignação a ser orientado pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, darse-á início à construção de uma central de captação de água no rio Cunene, do sistema de bombagem e da conduta a partir de Cafu até Cuamato. O projecto permitirá a transferência de água a partir do rio Cunene, na localidade de Cafu, para a zona da Shana, entre as localidades de Cuamato e Namacunde. A construção de duas barragens - de Calucuve e Ndúe -, avaliada em USD 200 milhões,
cujo financiamento foi aprovado pelo Presidente da República, João Lourenço, em Abril deste ano, faz igualmente parte do programa. Mais de 800 mil pessoas na expectativa As mais de 800 mil pessoas actualmente afectadas pela seca severa na província do Cunene (Sul de Angola) depositam esperanças no projecto de construção das barragens e de transvase (sistema de transferência de água). Como sinal de partida, o Executivo definiu, numa primeira fase, a construção do sistema de transferência de água do rio
Cunene para o Cuamato e Namacunde. Contará com uma estação de bombagem de 2 mil metros cúbicos por segundo, uma conduta de 57 quilómetros e 10 chimpacas (reservatório tradicional de água nas zonas rurais). A barragem do Calucuve terá 19 metros de altura, mil e 829 de comprimento e 100 de largura nas secções superior e inferior, com uma capacidade de armazenamento de 100 milhões de metros cúbicos de água, a partir da Bacia do Cuvelai. O seu canal adutor, revestido de betão, por gravidade, a partir do curso natural do Rio Cuvelai, possuirá 111 quilómetros e uma área irrigável de 2.600 hectares/ ano, que beneficiará mais de 80 mil pessoas e 182 mil cabeças de gado. Por seu turno, a barragem do Ndúe, a ser construída no município do Cuanhama, contará com 26 metros de altura, mil 288 de comprimento e um volume de armazenamento de 145 milhões de metros cúbicos de água, a partir do Rio Cuando. Incluirá 15 chimpacas e um canal adutor associado de 75 quilómetros, beneficiando 55 mil pessoas, 600 mil cabeças de gado e um campo agrícola de nove mil e 200 hectares, nas localidades de Luapua, Londe e Embundo. Uma vez concluídas essas obras, a população do Cunene, que, desde Outubro de 2018, vive a dura realidade da falta de água e alimentos, por não haver chuva, terá a situação melhorada e retomará a sua actividade agro-pecuária, a mais praticada naquela região. A seca no Cunene A seca severa no Cunene é um fenómeno cíclico, que remonta a 1995 e, desde aquele ano, a cada cinco anos, vai ressurgindo com intervalos de períodos de cheias. Com efeito, registou-se seca em 2008, 2011 e 2017, desalojando mais de 400 famílias, actualmente realojadas nos barros de Cashila III e Ekuma Nahuma, arredores de
O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
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jacinto figueiredo
Ondjiva. A seca deste ano é a mais devastadora dos últimos 24 anos da história do Cunene. Desde o tempo colonial que o problema da seca no Cunene é recorrente. É um fenómeno que tem a ver com a proximidade dos desertos do Namibe (Sudoeste de Angola) e do Kalahari (República da Namíbia). A influência do microclima faz com que o Cunene tenha seca, por ausência de chuvas durante muito tempo, ou cheias resultantes de grandes precipitações. Um autêntico paradoxo. As consequências da seca Ao cabo de 12 meses de estiagem (desde Outubro de 2018), o fenómeno atingiu severamente 880 mil e 172 pessoas e mais de um milhão de cabeças de gado bovino e caprino, matando 30 mil bovinos. Pelo menos 99 mil camponeses ficaram sem colheitas nos 205 mil hectares preparados para a campanha agrícola 2018/2019. No domínio educacional, foram prejudicadas 413 escolas e
pelo menos 900 alunos desistiram das aulas para acompanhar os pais na transumância, comprometendo em 30 por cento o aproveitamento escolar no meio rural. Governo actua Atento ao agravamento da situação, o Executivo gizou, de imediato, o Plano de Emergência de combate à fome e à seca no Cunene, o que permitiu recuperar 107 furos de água, dos
Desde o tempo colonial que o problema da seca no Cunene é recorrente. É um fenómeno que tem a ver com a proximidade dos desertos do Namibe (Sudoeste de Angola) e do Kalahari (República da Namíbia)
171 ao nível dos seis municípios da província. De igual modo, adquiriu 30 camiões, dos quais 26 cisternas e quatro de carga sólida, 20 tractores, bem como 450 reservatórios de 10 e cinco metros cúbicos, distribuídos pelas 20 comunas dos seis municípios. Sob supervisão do Chefe de Estado angolano, que autorizou a alocação de 3.9 mil milhões de Kwanzas para a primeira fase desse programa, o Governo do Cunene propõese também desassorear 54 das 190 chimpacas, para o abeberamento do gado, sobretudo. Quanto à assistência alimentar, a par da solidariedade vinda dos vários sectores da sociedade, o Executivo gizou um plano de abastecimento de bens alimentares à população, viabilizando, actualmente, a chegada ao Cunene de mais de 300 toneladas de bens diversos. O que se promete, realiza-se Sendo a seca um fenómeno natural e, por isso, inevitável, a solução encontrada pelo Executivo angolano para mitigar os seus efeitos foi desencadear acções acertadas e concretas, para proporcionar à população as condições para a sua sobrevivência, podendo desenvolver a agropecuária. Assim, as duas barragens e um transvase (sistema de transferência de água) a serem construídos renovam a esperança da população local, que augura melhorias no fornecimento de água às zonas rurais, onde a seca se faz sentir com maior intensidade, e, com isso, haverá pasto e alimentos, porquanto os campos irão produzir sem constrangimentos.
Ministro da Comunicação Social saúda OPAÍS, por 11 anos de mérito e contributo na “consolidação da democracia”
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uno dos Anjos Caldas Albino endereçou ontem uma mensagem OPAÍS, por ocasião do décimo primeiro aniversário deste jornal. “É com bastante satisfação que tomei conhecimento que neste dia 14 de Novembro do ano corrente o vosso órgão completa onze (11) anos de existência”, começou por dizer o ministro na sua mensagem, para depois acrescentar que as felicitações eram feitas em seu nome próprio e do Ministério da Comunicação Social. Depois dos votos de “feliz aniversário, paz, amor e sucessos na actividade” jornalística, Nuno Caldas Albino disse que o Ministério da Comunicação Social “congratula-se” com os préstimos de OPAÍS “no processo de consolidação da democracia, que se funde na disseminação de ideias, pensamentos e opiniões de todos os intervenientes, independentemente da sua raça, cor, origem étnica, religião e filiação partidária”.
“É com bastante satisfação que tomei conhecimento que neste dia 14 de Novembro do ano corrente o vosso órgão completa onze (11) anos de existência”
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Ministro Nuno dos Anjos Caldas Albino
O trabalho prestado por OPAÍS, diz o ministro, é de “reconhecido mérito” e contributo social e se associa aos objectivos do Ministério da Comunicação Social, em especial, pois, nestes 11 anos o Jornal OPAÍS tem cumprido a “nobre” missão de “informar o público com verdade, independência, objectividade, isenção e imparcialidade sobre todos os acontecimentos nacionais e internacionais, assegurando o direito dos cidadãos a uma informação correcta, imparcial e isenta” como se depreende, diz o ministro, da Lei n.º 1/17 de 23 de Janeiro, Lei de Imprensa, diploma que estabelece os princípios gerais que devem enquadrar a actividade da comunicação social. No fim, olhando para o futuro, Nuno Caldas Albino desejou a todos os trabalhadores do jornal OPAÍS saúde e bom trabalho “na expectativa de que com espírito abnegado façam mais e melhor, sempre no intuito de melhorar a qualidade da informação produzida”.
4 destaques política. PÁG. 09 Novo presidente da UNITA é conhecido nesta Sextafeira
SOCIEDADE. PÁG. 12 85 mil candidatos discutem 10 mil vagas na Educação hoje
o editorial
O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
hoje: os números do dia
Dias de pânico
L cartaz. PÁG. 14 Filipe Mukenga e Selda Duas vozes no mesmo palco
ECONOMIA. PÁG. 18 INEA aborda gestão de estradas em seminário internacional
uanda está quase que em transe, em dois dias, assaltos espectaculares afectaram em plena via pública cidadãos nacionais e estrangeiros, envolvendo disparos de armas de fogo. Cidadãos estrangeiros baleados é um péssimo sinal de um país que se põe na montra a tentar atrair investidores estrangeiros. As autoridades devem explicações, como é possível alguém atrever-se a assaltar uma viatura, disparar contra o ocupante e fugir em pela baixa de Luanda sem ser capturado? Por onde passou? E mais ainda, o crime aconteceu ao lado de um tribunal, perto de instituições públicas e numa zona do perímetro de segurança do Palácio Presidencial. E depois, ao longo do dia de ontem, foi como uma cidade em guerra, as redes sociais ajudaram a difundir imagens de gente baleada. Assaltos em pleno dia e no coração da cidade. Os bandidos perdersam o medo, a população está assustada.
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Estudante morreu e três ficaram feridos ontem numa universidade russa quando um outro aluno disparou contra os colegas, de acordo com as autoridades policiais.
Mil e 500 livros diversos foram entregues na passada Quarta-feira, na cidade de Ondjiva, pela Delegação da União das Associações Locais de Angola “Amangola” em Portugal ao governo do Cunene para reforçar o programa de ensino na província.
Toneladas de pescado diversos serão processadas, anualmente, no complexo pesqueiro do município do Soyo, Zaire, cuja primeira pedra foi lançada na passada Quarta-feira.
Mil crianças é a cifra que se prevê atingir durante a campanha de vacinação contra a poliomielite no município de Viana, em Luanda, a decorrer a partir de hoje até Domingo.
o que foi dito
mundo . PG. 22 Imperador japonês passará noite com deusa no último grande ritual de ascensão
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Não somos inimigos, por isso não tivemos como rejeitar um convite desta natureza. Desejamos que haja sucessos durante os trabalhos e que vença o melhor entre os cinco candidatos a ocupar à presidência da UNITA” Mário Pinto de Andrade Membro do Bureau Político do MPLA
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Arlindo Macedo Antigo acessor de imprensa da Federação Angolana de Futebol (FAF)
Massimo Mauro Antigo médio da Juventus de Turim
Frente ao Gabão os Palancas Negras terão que estar concentrados na defesa, uma vez que o Gabão tem jogadores com muita qualidade”
Para ser perdoado, Cristiano Ronaldo terá de fazer qualquer coisa, quer seja pagar um jantar ou ter uma palavra para com os seus companheiros”
O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
5 e assim... José Kaliengue Director
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com Luzia Dumbo Aberdolai e saiba mais sobre a implementação de políticas públicas em Angola e o combate à criminalidade
“Febre russa” na UNITA
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www.opais.co.ao (Talatona) Angola: O primeiro produto do grupo Media Nova, o jornal OPAÍS, completou ontem 11 anos, impôs-se o devido brinde à abnegação dos profissionais que dizem que O PAÍS, com verdade, é todos os dias (VIRGÍLIO PINTO)
o que vai acontecer Educação Mais de mil alunos do município do Ambriz, Bengo, vão estudar em melhores condições com a reinauguração na passada Quarta-feira da escola primária 101, que passa de cinco para dez salas de aulas. Totalmente reabilitada e apetrechada, a escola, reinaugurada pela governadora provincial local, Mara Quiosa, comporta quadra desportiva, sala de professores, casas de banho e gabinetes, tendo custado cerca de 270 milhões de kwanzas. Mara Quiosa apelou aos encarregados de educação e alunos no sentido de conservarem a infra-estrutura escolar, para que as futuras gerações possam também se beneficiar.
Sociedade Trezentas e setenta e seis mil crianças é a cifra que se prevê atingir durante a campanha de vacinação contra a poliomielite no município de Viana que começa hoje e termina no Domingo. Em declarações à imprensa, o administrador municipal de Viana, Fernando Manuel, disse que se pretende atingir um número aceitável de crianças durante o acto. Segundo o responsável, foram mobilizados para esta actividade três mil participantes que vão desdobrar-se durante três dias em residências, creches e outras localidades, onde possam encontrar menores dos zero aos cinco anos.
Basquetebol O Petro de Luanda e o Interclube defrontam-se hoje, no “Codem”, em desafio referente à primeira jornada da décima primeira edição do Torneio Victorino Cunha, às 18:00. Advinha-se um encontro que promete ser renhido do primeiro ao último minuto, uma vez que as duas equipas têm boas individualidades. Na outra partida, o 1º de Agosto mede forças com o Atlético Sport Aviação (ASA), no mesmo pavilhão, a partir das 16:00. Em declarações à imprensa, o director para o basquetebol do 1º de Agosto, Joaquim Gomes “Kikas”, garantiu que as condições estão criadas para o início da prova.
epois das eleições americanas de 2016, que Donald Trump venceu e se tornou Presidente, o mundo ocidental foi afectado por uma espécie de psicose, um receio, ou talvez apenas um subterfúgio (?) sobre a interferência cibernética russa nos processos eleitorais. Agora diz-se que a Rússia interferiu também no referendo sobre o Brexit, porque lhe interessa fragilizar a União Europeia, mas, com isso, muito se fala também da grande capacidade russa de influenciar e alterar processos democráticos nos países democráticos tecnologicamente avançados. Ao admitir, democraticamente, cinco candidatos ao lugar de presidente do partido, nesta era de expansão das novas tecnologias de informação e das redes sociais, a UNITA permitiu que a discussão sobre o seu congresso se alargasse a quem não é das fileiras. Abriu o flanco para que pessoas de fora tentassem, de alguma forma, influenciar o sentido de voto dos delegados. Na opinião pública criaram-se perfis sobre os candidatos que provavelmente nada têm a ver com a forma como são vistos internamente. Cá fora há até candidatos vencedores desde antes do congresso, há a percepção de grandes intrigas, jogo rasteiro, fala-se da interferência de agentes do Estado. Está aí: a interferência externa (a tal “febre russa”), que desde 2016 passou a ser uma sombra para os processos eleitorais e também, quem sabe, uma boa desculpa de quem perde. Hoje, a UNITA elege um novo presidente, o que dirão os outros candidatos?
E também... Dia do Escritor Preso - 15 de Novembro
Mundial A Selecção Nacional sénior feminina de andebol realiza hoje mais uma sessão de treinos, no Pavilhão Paulo Bunze, em Luanda, tendo em vista a disputa no Campeonato do Mundo, que Japão acolhe de 30 deste mês a 15 de Dezembro próximo. Segundo o director executivo da Federação Angolana de Andebol (FAAND), António dos Santos, os trabalhos começam a partir das 18:00. Na sessão, o treinador dinamarquês, Morten Soubak, vai dar atenção aos fundamentos técnicos e tácticos, porque compeirá num grupo cujos adversários reúnem uma vasta experiência na prova.
É um dia de reconhecimento, de luta e de apoio aos escritores que sofrem perseguição por simplesmente utilizarem o seu direito de liberdade de expressão. A data foi criada em 1981 pela PEN International (Poets, Essayists and Novelists) e divulga todos os anos o aprisionamento injusto, a morte, o desaparecimento, a violência e outras formas de ataque a escritores de todo o mundo. Para além de procurar a libertação dos escritores e de promover a cultura literária, a data homenageia ainda os escritores mortos desde o último Dia do Escritor Preso. A cada ano são escolhidos cinco países e cinco escritores em específico para demonstrar a realidade geral dos 900 escritores maltratados e silenciados pelo mundo.
6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
no tempo do kaparandanda
Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao
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Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais. co.ao Grande repórter: André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia Luís Faria (Coordenador-Editor) luis.faria@opais.co.ao Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto Nunes, Rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Afrodite Zumba, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Iracelma Kaliengue, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela),Brenda Sambo, Maria Custódia, Kiameso Pedro e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto)Lourenço Pascoal, Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Revisão: António Setas Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images
Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Inês Monteiro e Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor)Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, Talatona- Luanda. Tel: 222 009 444 República de Angola
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15 de Novembro 1884 - Início Na
Conferência de Berlim, as potências presentes repartem as colónias africanas.
15 de Novembro
1934
- Morre Alice Liddell, inspiradora do livro “Alice no País das Maravilhas”.
1977
15 de Novembro - Israel convida formalmente o Presidente egípcio, Anawar Sadat, para visitar Jerusalém, e falar no Parlamento israelita.
carta do leitor
Não há coração que aguente Caro director do jornal OPAÍS, estou a escrever esta carta com raiva, acho que a maioria dos angolanos está como eu. Já nem sei o que dizer, porque estou frustrado. No tempo da guerra o desporto era uma das nossas alegrias, agora, na crise e fome, nem isso nos consola. Angola acaba de perder em casa com a selecção de futebol da Gâmbia, uma selecção sem história, sem credenciais, que não assusta a ninguém. Não sei se é feitiço, se se deve deixar de jogar no 11 de Novembro, ou quê, só sei que a nossa selecção quer nos matar do coração. Os miúdos sub 17 ainda agora deram show no Brasil, a selecção de futebol com moletas, que o Governo despresou de forma vergonhosa, é campeã do Mundo e de África, mas a selecção principal, os Palancas Negras, juro, é melhor acabar, fechar. sai treinador, entra treinador, sai presidente da FAF, entra presidente da FAF e nada
daniel miguel
muda. Alguma coisa não está bem. Se é feitiço, o melhor é passarem a estagiar no Dombe Grande, estão só a gastar o dinheiro do país. Até nem dá para falar mal destes jogadores e do treina-
dor, por que há muitos anos e gerações que é sempre a mesma desgraça. Acho que para não matarem os angolanos com AVC, é melhor ainda pararmos um bocado o futebol e irmos pensar bem na nossa vi-
da. assim não dá. Estou mesmo com raiva.
Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754
Victor Leite Benguela
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POLÍTICA
O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
Jornalistas consideram O PAÍS veículo de democratização de Angola Em mais um aniversário do jornal OPAÍS, o diário da nova Angola, o jurista Domingos Chipilica Eduardo enaltece o papel deste veículo de informação na democratização do país. Já o jornalista João Marcos alerta para a necessidade de o jornal não perder a sua identidade
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AcAB OU O SONH Constantino Eduardo, em Benguela O! e acordo com Domingos Tchipilica Eduardo, O PAÍS é “uma fonte de informação credível” e diferenciada, porquanto faz uma abordagem generalizada dos assuntos mais importantes do país e não só. Leitor assíduo de um jornal comprometido com a verdade, o jurista aponta o acesso ao jornal, quer em suporte físico, quer digital, como um dos constrangimentos com que os leitores se deparam, para quem dever-seá encontrar as melhores soluções para que, efectivamente, os cidadãos não sejam privados dos conteúdos do diário, lembrando, contudo, “que é um direito constitucional”. Por isso, aquele profissional sugere maior distribuição do jornal em digital. Segundo João Marcos, corresponde da Voz da América em Benguela, há muito que o nosso pais precisava de um outro diário, em obediência ao espírito da pluralidade, “e ai conseguimos”, sublinha. Sem pretender avaliar a qualidade dos diários, João Marcos salienta que OPAÍS trouxe algo diferente, dá voz a diferentes actores da cena política e não só,
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“é plural no verdadeiro sentido da palavra”, qualifica. Angola, considera o profissional, precisava do diário, a julgar pelo que assistimos em países da SADC, mais ligados a Angola, alguns até com cinco diários. João Marcos alerta para a necessidade de o jornal do grupo Media Nova manter aquilo a que chama de “sua identidade”, principalmente agora, neste contexto político ensaiado pelo Presidente da República, João Lourenço, que reforça as esperanças dos angolanos. “Nova dinâmica ao jornalismo”, dizem os huilanos Esta é a apreciação do jornalista Morais Silva, delegado da Agência Angola Press (ANGOP),
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Morais da Silva
Este jornal dá aos leitores informação diversificada, com diferentes ângulos de abordagem de matérias de Política, Sociedade, Cultura, Economia, Desporto, Opinião, e Política Internacional
João Marcos António
realçando que OPAÍS trouxe uma nova forma de fazer jornalismo, tendo em conta a sua maneira de abordar as matérias. Reforçou que, com o surgimento deste Jornal, muitos órgãos de comunicação social no país tiveram de rever a sua forma de passar a informação aos seus destinatários. “O Jornal OPAÍS, desde a altura em que apareceu, apresentou-nos uma nova forma de ver as coisas, sobretudo uma nova forma de relatar os factos diferente do que estávamos habituados a ler, a ouvir e a ver, porque, como sabe, surgiu num período um pouco difícil no que à questão da pluralidade da informação, à questão da liberdade própria de imprensa dizia res-
peito”, disse. Segundo este jovem jornalista, a entrada em circulação deste jornal ajudou a maior parte dos escribas que já estavam na profissão “a olhar as coisas com outros olhos”. Já o jornalista Joaquim Armando, da Rádio Huíla, do Grupo Rádio Nacional de Angola (RNA), apontou OPAÍS como um órgão de imprensa que aborda assuntos que ainda são postos de parte pelos órgãos convencionais, beliscando, deste modo, o princípio da isenção de informação. “Primeiro, parabenizar pelos 11 anos de existência, porque a nossa Angola precisa de uma imprensa diversificada, e o Jornal OPAÍS veio, exactamente, para isso, trazendo informação diferente daquelas que estávamos habituados na imprensa convencional”. Na sua opinião, Angola precisa de uma imprensa diversificada para possibilitar a liberdade de escolha da audiência, frisando que um bom leitor precisa de ler jornais diversificados para chegar a uma conclusão. Joaquim Armando, que se assume como um leitor assíduo de OPAÍS, afirmou que este jornal dá aos leitores informação diversificada, com diferentes ângulos de abordagem de matérias de Política, Sociedade, Cultura, Economia, Desporto, Opinião, e Política Internacional, que para alguns órgãos é ainda um “tabu”, sustentou. Jornal impresso Atendendo às dificuldades do acesso à Internet no nosso país, o professor Valério Braga, da província do Namibe, depois de destacar a importância deste jornal, defende que a sua circulação deve ser feita em forma impressa para que os leitores tenham acesso. Disse ser um jornal muito lido na província, com realce na cidade de Moçamedes, a capital da província, por isso reitera que a sua distribuição deva ser feita por via impressa, em vez de digital, sendo que por esta via o acesso é por demais limitado.
O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
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Delegados ao XIII Congresso Ordinário elegem hoje o novo líder da UNITA, em substituição de Isaías Samakuva
Novo presidente da UNITA é conhecido nesta Sexta-feira Ireneu Mujoco
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té ontem não havia quaisquer projecções que apontassem para a eventual vi-
tória de um dos candidatos, e só mesmo nesta tarde é que vai ser conhecido o novo presidente deste partido O novo presidente da UNITA será conhecido esta tarde, altura em que será anunciado o resultado da votação (começa às
Embaixador em Marrocos entrega cartas figuradas O embaixador de Angola no Reino de Marrocos, Baltazar Diogo Cristóvão, procedeu, nesta Quarta-feira, em Rabat, à entrega das cartas figuradas ao ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional daquele país, Nasser Bourita.
ções diplomáticas, com abertura das respectivas embaixadas em Luanda e Rabat. Em Outubro de 1988, foi assinado o Acordo Geral de Cooperação Económica, Científica, Técnica e Cultural, que permitiu a realização da primeira sessão da Comissão Mista Bilateral angolano-marroquina, em Rabat, em Outubro de 1989. A segunda sessão da Comissão Mista Bilateral entre os dois países teve lugar em Novembro de 2013, em Luanda.
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urante a cerimónia, os dois diplomatas abordaram o actual estado das relações bilaterais, consideradas “excelentes” e com perspectiva de incremento nos vários domínios. As relações políticas e diplomáticas entre Angola e o Reino de Marrocos datam desde o início da luta de libertação nacional dos povos africanos contra a dominação colonial. Após a proclamação da Independência de Angola, os dois governos estabeleceram rela-
Embaixador Baltazar Diogo
9 horas) dos mil e 150 delegados ao XIII Congresso Ordinário, que vão eleger o substituto do actual líder, Isaías Samakuva. Alcides Sakala Simões, Adalberto Costa Júnior, Abílio Camalata Numa, José Pedro Katchiungo e Raul Danda vão passar esta manhã pelo crivo dos congres-
sistas, e quem merecer a confiança destes será o novo presidente da UNITA. Segundo apurou este jornal, todos os concorrentes partem em pé de igualdade e admitem ter convencido os congressistas a votarem nos seus projectos, apresentados durante a campanha eleitoral decorrida de 7 de Outubro a 11 de Novembro, em todo o país. O adjectivo “derrota” não existe no seio dos concorrentes, sendo que todos mostram-se confiantes numa possível vitória, depois de terem contactado as bases durante o período da campanha eleitoral. Até ontem, não havia quaisquer projecções que apontassem para uma eventual vitória de um dos candidatos, por isso, este conclave está a ser marcado por um “elevado grau de serenidade”, não só dos concorrentes, mas também dos próprios delegados, que têm a difícil tarefa de escolher o novo líder. Ainda nesta Quinta-feira, 14, houve um ligeiro atraso no cumprimento do programa, decorrente da falta de credenciamento de alguns congressistas, mas
a situação não beliscou este segundo dia de trabalho, segundo o porta-voz da Comissão Eleitoral, Ruben Sicato. Em declarações à imprensa, informou que, ontem, o dia foi reservado para a discussão da limitação dos mandatos do presidente da UNITA, explicando haver delegados que defendem o seu alargamento para cinco anos, contra os actuais quatro. Os actuais estatutos da UNITA não limitam os mandatos do presidente, e, neste conclave, os delegados pretendem que se fixe um número, havendo os que defendem um consulado de cinco mandatos, outros de seis e há ainda que pensa em sete. Após eleição do novo presidente, seguido do seu empossamento, Isaías Samakuva vai fazer hoje o seu último discurso como líder da UNITA, 16 anos depois ter tomado a frente desta força política. Samakuva substituiu o líder fundador deste partido, Jonas Savimbi, falecido em combate a 22 de Fevereiro de 2002, no Moxico, e foi eleito num conclave que permitiu transformar a UNITA de força militarizada em partido político.
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Ajudas para as vítimas da s “encalhadas” no Caimbam Centenas de camiões com bens alimentares em direcção às províncias da Huíla, Namibe e Cunene continuam retidos no Caimbambo, província de Benguela, devido ao desabamento parcial da ponte sobre o rio Calualua, em consequência das fortes enxurradas que se abateram sobre o interior de Benguela
Centenas de veículos retidos na Nacional 105 devido ao desabamento de uma ponte no Caimbambo (Benguela)
Constantino Eduardo, em Benguela
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grito de socorro vem das autoridades administrativas dos municípios de Caimbambo e Chongorói. Desde a madrugada de Domingo que está cortada a circulação Benguela/Huíla, na Estrada Nacional 105, uma via estratégica para as trocas comerciais entre Angola e a Namíbia. A interrupção do troço internacional foi motivada pelas fortes enxurradas que se abateram sobre o interior da província. Assim que a ponte cedeu, o Governo provincial mobilizou recursos que resultaram na criação de uma via alternativa, de modo a não condicionar a circulação de pessoas e bens, porém, foi destruída pela corrente de água naquela via importante para a região da SADC. No local, Leopoldo Muhongo, que se ocupa da pasta Técnica e Infra-estrutura no Governo
Os trabalhos estão a ser feitos no sentido de se solucionar o problema
de Benguela, afirmou que o Executivo estava a ensaiar as melhores práticas, chegando a avançar possíveis datas para a reposição da circulação. As quedas pluviais que se registam no interior são tão intensas que desafiam as autoridades nesta empreitada. Agastados, os camionistas revelam que muitos desses bens se destinam às vítimas da seca nas províncias em referência e descrevem o cenário como desolador, na medida em que as circunstâncias sujeitam-nos a pernoitar em condições precárias.
A interrupção do troço internacional foi motivada pelas fortes chuvas que se abateram sobre o interior da província
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seca no Sul mbo
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Instituto Nacional de Emergência Médica.
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Contudo, os homens do volante lamentam o facto de muitos dos bens alimentares que levam, como peixe, por exemplo, para atenuar a carência de alimentação da população no Sul do país, estarem a deteriorar-se. Não são apenas os camionistas que se vêm prejudicados com a “fúria da natureza”. Dezenas de cidadãos fazem igualmente contas à vida, esperançados que as autoridades “competentes” invertam, o mais rapidamente possível, o quadro. Em função do aglomerado de gente, as autoridades sanitárias instalaram no local um posto do
Alternativas falham Em declarações à imprensa, o administrador do município do Caimbambo, José Cambiete, reconhece que as medidas alternativas que tinham sido accionadas falharam redondamente. Cambiete manifesta a incapacidade da sua administração em lidar com empreitada daquela envergadura, razão por que, preocupado com as pessoas que pernoitam no local, acena para as autoridades provinciais e centrais a implorar por apoio, de modo a que se encontrem meios viáveis para inverter o actual quadro, que caracteriza de “preocupante”. “A solução passaria, necessariamente, por meios mais sofisticados. Implantar uma ponte metálica, numa primeira fase, porque, conforme vemos, o comprimento da ponte (com 30 metros de altura) precisa de uma intervenção maior”, considera Por seu turno, o administrador do Chongoroi, Herculano Neto, manifesta-se igualmente preocupado com o estado de algumas pontes ao longo da Nacional 105, que suporta tráfego pesado e, como tal, carecem de manutenção. Para ilustrar, o administrador aponta o estado da ponte metálica sobre o rio Cutembo, para a qual o Instituto Nacional de Estradas devia prestar alguma atenção. “É uma ponte que precisa de manutenção constante e em que passam camiões de grande monta”, por via da qual flui todo o trânsito rodoviário regional, por ser uma estrada internacional que liga Angola a alguns países da SADC. Herculano Neto lamenta o facto de a alimentação para as populações das províncias da Huíla, Namíbe e Cunene, afectadas pela seca, e, por conseguinte, a fome, estar, neste momento, retida no Caimbambo. Até à altura que expelíamos esta peça, dezenas de homens e máquinas empenhavam-se para a reposição da circulação. Segundo soube OPAÍS, uma delegação de alto nível, chefiada pelo ministro da Construção, deverá, nos próximos dias, deslocarse ao local.
Luanda: três assaltos violentos e quatro mortes confirmadas em dois dias
A cidade capital voltou a registar, ontem, Quinta-feira, 14 de Novembro, situações de insegurança que se tornaram virais nas redes sociais e acabaram por instalar um clima de medo entre os citadinos. Dois assaltos à mão armada, duas mortes confirmadas num dia, quando outras duas deram-se num outro assalto, no dia anterior, e a cidade está em alerta, dada a agressividade imprimida na acção dos meliantes. A Polícia está a trabalhar para identificar os meliantes
Romão Brandão
A
s três situações tiveram o objectivo primário de subtrair os pertences das vítimas, mas a forma como aconteceram criaram pânico. O vídeo mais partilhado nas redes sociais é o de um senhor, vítima de assalto à mão armada, na baixa de Luanda, propriamente nas imediações do Tribunal Provincial “Palácio Dona Ana Joaquina” e do Ministério das Relações do Exteriores. O cidadão, que segundo relatos aparenta ter 50 anos de idade, foi morto a tiro, depois de ter saído de uma agência bancária nas proximidades. Indivíduos que se faziam transportar numa motorizada não pouparam a vida dele, disparando à queima-roupa, depois de lhe
terem surripiado uma pasta (que supostamente continha dinheiro). O senhor perdeu a vida mesmo no local do crime, neste caso, dentro da sua viatura, de marca Hyundai I10. Segundo o intendente Hermenegildo de Brito, o senhor saía do Banco Keve e tinha ido fazer a troca de valores a uma quinguila. Seguido e interpelados pelos meliantes que bateram no vidro do carro e pediram a pasta, o condutor da viatura mostrou resistência, facto que fez com que um dos meliantes disparasse para a sua cabeça. Até ao momento não se tem avaliada a quantia monetária roubada. O segundo assalto, ainda na Quinta-feira, aconteceu nas proximidades da FAPA, no bairro Cassenda, quando a vítima, a saída do banco onde levantou 900 mil Kwanzas, foi perseguida por dois indivíduos armados, à bordo de uma motorizada.
Os meliantes dispararam contra o motorista quando este se apercebeu que estava prestes a ser assaltado. A vítima foi baleada na região da cabeça, segundo o intendente, perdeu o controlo da viatura, bateu contra o lancil e capotou. O motorista ainda foi socorrido na Clínica Girassol, onde veio a perder a vida por não resistir aos ferimentos. A única vítima mortal foi o motorista da viatura, pelo que o proprietário da viatura (uma alta patente da Polícia Nacional, comissário-chefe Inaculo), que estava na parte de trás, foi encaminhado ao Hospital Militar, também porque a sua tensão arterial estava alta, onde foi acompanhado pela equipa médica. Mais duas mortes registadas A Quinta-feira, 14 de Novembro, foi um dia sangrento para os citadinos de Luanda, que não perderam tempo para tornar viral os registos dos dois casos. Não foi diferente também com o caso de um grupo de chineses que foi vítima de assalto à mão armada, no dia anterior ao 14, neste caso Quarta-feira, em Cacuaco. No viaduto de Cacuaco, pelas 15 horas, os cidadãos chineses foram assaltados por 6 homens que os seguiam com motorizadas por transportarem quantia avultada em dinheiro. Ao aperceberem-se da perseguição, o carro dos chineses tentou desviar-se dos meliantes, mas dada a velocidade da viatura e o descontrolo do motorista, acabaram atropelando mortalmente um cidadão que por ali passava, depois despistaram-se e bateram contra um obstáculo fixo, que fez com que os bandidos efectuassem o assalto. Dos meliantes, morreu acidentalmente um, porque assim que eles roubam os dois milhões e quinhentos mil Kwanzas, na retirada o condutor de uma das motas acabou por deixar o comparsa, que se desequilibrou e bateu com a cabeça no chão. O intendente garante que neste momento procede-se a investigações no sentido de se localizar os indivíduos que cometeram estes crimes. Por outra, dadas as situações registadas, “a Polícia tenciona, nos próximos dias, redobrar as suas acções, no âmbito do controlo e combate à criminalidade, com o desenvolvimento de uma mega operação dirigida aos veículos motorizados”, reforçou.
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85 mil candidatos “discutem” 10 mil vagas na Educação hoje
Distribuição de vagas por província
Bié
Bié, Zaire e Malanje são as províncias que registaram maior procura, por serem aquelas que foram beneficiadas com mil vagas cada pelo Ministério da Educação. Luanda foi contemplada com apenas 154 lugares DR
Milton Manaça*
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epois do período de inscrições, que decorreu de 1 a 28 de Outubro, a que se seguiu um momento de análise dos processos individuais, os candidatos seleccionados serão hoje submetidos ao exame escrito nas categorias em que concorrem. Nos exames, segundo a directora nacional dos Recursos Humanos do Ministério da Educação (MED), Laudemira de Sousa, concorrem 85 mil candidatos que vão disputar as 10 mil vagas. Esta etapa decisiva do processo acontece em simultâneo às 9h em todo o país, com término previsto para às 12h. Para os candidatos a professo-
res do ensino primário, o MED elaborou uma única prova a nível nacional, enquanto os candidatos para o primeiro e segundo ciclo farão as provas de acordo com a disciplina em que se inscreveram, a ser elaborada localmente. Para este ano, as províncias do Bié, Malanje e Zaire foram contempladas com mil vagas cada, enquanto as demais ficaram com 489 vagas para os diversos níveis de ensino, de acordo com as necessidades definidas pelos governos locais. Entretanto, Luanda foi excepção, tendo-lhe sido atribuídas apenas 154 vagas, exclusivamente para o Complexo das Escolas de Arte (CEARTE), no município Tolatona, para os cursos de Cinema, Música, Dança, Artes Visuais e Plásticas e Teatro. No concurso público de 2018, em que foram admitidos mais de 18 mil novos professores, a capital do país foi contemplada com
a maior ‘fatia’, 2650 vagas para os homens do giz dos três níveis de ensino.
O país tem um défice de cerca de 70 mil professores para cobertura total e retirar os cerca de dois milhões de crianças que se encontram fora do sistema de ensino
Mais 135 mil afastados em 2018 No ano passado, mais de 135 mil candidatos foram excluídos dos exames escritos de acesso por vários factores, entre os quais a idade e falta de agregação pedagógica, perfis exigidos para os concorrentes a professor. Luanda foi a mais beneficiada, com maior número de vagas, e foi também a que registou maior concorrência, com rácio de oito candidatos por vaga, uma vez que foram admitidos para o exame um total de 22 mil e 467 concorrentes. Depois da divulgação dos resultados definitivos, o MED afastou todos os candidatos com menos de 10 valores, antes admitidos na primeira lista de apurados, tendo ficado por preencher 1253 lugares.
1000
Zaire
1000
Malange
1000
Bengo
489
Benguela
489
Cabinda
489
C.Cubango
489
C.Norte
489
C.Sul
489
Cunene Huambo
489 489
Huila
489
L.Norte
489
L.Sul
489
Moxico
489
Namibe
489
Uíge
489
Luanda
154
A província do Bié foi a mais afectada por esta medida, provocando-lhe a perda de 402 vagas, sendo 139 no ensino primário, 121 no primeiro ciclo e 142 no segundo ciclo do ensino secundário. Necessidades Baixar o rácio professor/aluno é uma das prioridades do sector da Educação e para o cumprimento deste objectivo o sector prevê a contratação e formação de professores anualmente para que em cada sala de aula tenha no máximo 35 alunos para o ensino primário e 45 para o secundário. De acordo com dados divulgados no ano de 2018 pelo MED, o país tem um déficit de cerca de 70 mil professores para cobertura total e retirar os cerca de dois milhões de crianças que se encontram fora do sistema de ensino. *Com a RNA
Af_bai_pme_o país_26,6x40,6cm_05032018.pdf
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cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura
Filipe Mukenga e Selda
Duas vozes no mesmo palco Filipe Mukenga e Selda vão protagonizar o próximo Duetos N’Avenida marcado para 23 de Novembro, na Casa 70. Os dois artistas, de diferentes gerações, admiram-se mutuamente, cabendo a Selda um entusiasmo especial pelo encontro que está por vir Jorge Fernandes
“E
star com Filipe é sempre um grande aprendizado. E ele, como sempre, torna o aprendizado tão gostoso, tão saboroso sem que se aperceba disso”. O veterano Mukenga também fez elogios à Selda, para quem ela é “uma bela voz da nova vaga”. Em entrevista os artistas falam sobre o desafio que têm pela frente. Depois de integrar o projecto Serenatas à Kianda, é a sua vez no Duetos N’Avenida. Como está a encarar esse formato de dupla e um show de raiz em que um canta também os sucessos do outro? Esta pergunta leva-me, antes de tudo, a dizer que o Serenatas à Kianda e Duetos N’Avenida são dois projectos músico-culturais que impregnaram o nosso panorama musical de um novo perfume de sons, ganhando um lugar de destaque no cenário local. E o formato de Duetos N’Avenida só veio reforçar o conceito de que a música, cada vez mais, resulta de um processo colectivo. O Filipe foi um dos homenageados na segunda temporada do Duetos e agora volta como cartaz da terceira temporada junto com a Selda. Como assimila esses dois momentos? Ter sido lembrado uma vez
mais pela Zona Jovem, agora para ser o grande cartaz dos Duetos N’Avenida, faz-me sentir muito feliz e mostra-me que a sociedade sente que tenho ainda muito a dar para um maior engrandecimento da nossa música e cultura. Partilhar o palco com a Selda, uma bela voz da nova vaga, constitui uma excelente iniciativa da produtora que, para mim, deve ser seguida por outras agências de espectáculos. Iniciativas como esta contribuem para a efectiva passagem do testemunho muito necessária para o ganho de experiência da nova geração de talentos. Conhece o reportório de Selda
Portelinha? Que músicas da sua autoria gostaria de interpretar? Conheço muito bem o seu primeiro disco, “Morena de Cá”, que considero uma bela obra discográfica. Vamos os dois interpretar as suas canções, por exemplo, a “Renúncia”, que eu aprecio muito.
A música é a minha luz e vida sem a qual não consigo viver. O álbum “O meu lado Gumbe” continua a ser uma obra discográfica de excelência, reunindo diversas temáticas
Quais são as expectativas para esse show de 23 de Novembro? As expectativas são muito grandes. O público tem acorrido em massa aos show que acontecem na Casa 70 e eu penso que não vai ser diferente. O cartaz é muito aliciante: duas vozes com uma diferença de timbres bem demarcados e canções lindas. O que mais pode o público desejar? Voltando a falar do Serenatas à Kianda, o que ficou daquela experiência quando dividiu o palco com o brasileiro Jorge Vercillo? Foi uma linda e memorável noite na Casa 70, na qual aconteceu o meu reencontro com o Jorge Vercillo. Pela primeira vez, pudemos os dois partilhar o palco e juntos
cantar, reforçando a amizade secular existente entre duas nações irmãs que são Angola e Brasil. De quando em vez conversámos, usobretudo sobre questões que se relacionam com o desaparecimento do disco físico e os lançamentos na internet das obras musicais, entre outros assuntos. Como descreveria o seu estilo musical? Poderíamos dizer que acrescentou um toque pessoal à chamada Música Popular Angolana? Eu criei um rótulo e a sigla NMA – Nova Música Angolana, que se caracteriza por uma grande riqueza no que respeita aos conteúdos, como também ao nível do discurso melódico e harmónico. A utilização dos acordes designados de invertidos e de som dissonante veio trazer uma nova sonoridade e um teor internacional muito grande, constituindo um elemento novo no panorama da música em Angola. Nesta altura da sua carreira ain-
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da está aberto a influências? Sabemos que é fã declarado dos Beatles mas diga-nos: no nosso mercado musical, quem seria por sua vez o seu ídolo? Geralmente e no início somos influenciados por este ou aquele músico, esta ou aquela banda. Mas, com o decorrer da carreira, vamos encontrando o caminho
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definitivo a percorrer. Foi o que sucedeu comigo e tenho sido coerente, mantendo-me na estrada que escolhi, não me deixandosubalternizar por estilos e géneros musicais que “estão a bater”, enchendo as pistas de dança. Assim sendo, continuarei a aplaudir todos aqueles músicos que entendam que a música é, sobretudo,
Para Selda, estar com Mukenga “é um aprendizado agradável” ,Como é que antevê esse encontro com Filipe Mukenga? O Filipe é o meu grande kota e, para mim, não é somente um prazer, mas um privilégio poder estar entre os músicos da minha geração que têm a chance de cantar com um nome da categoria do Filipe Mukenga, com quem já dividi o palco algumas vezes mas não com a intensidade de um Duetos N’Avenida. Já trabalhei com ele no campo das composições, das gravações e em participações em alguns shows. Para mim, é uma pessoa muito especial e estar com ele neste Duetos N’Avenida do dia 23, na Casa 70, num projecto desse nível e tão importante para a cena musical angolana, é um grande aprendizado. E Filipe, como sempre, torna o aprendizado tão gostoso, tão saboroso sem que se aperceba disso! Com apenas um álbum no mercado, podemos dizer que a Selda tem ainda uma carreira jovem. Como entrou para o mercado da música e quais as suas principais referências? Entrei para o mercado da música aos 14 anos com a banda The Kings. Fazíamos cover e daí nunca mais parei. As minhas referências são inspirações nacionais como Paulo Flores, Felipe Mukenga e André Mingas, dentre outros. Dos nomes da música estrangeira, destaco por exemplo Whitney Houston, Aretha Franklin, Bryan Adams, Sara Tavares e Djavan. O mercado do jazz em Angola e da chamada world music mostra-se cada vez mais competitivo. É possível ser autêntico com essa pressão do mercado? Eu acho que o artista não deve se preocupar com a competitividade, mas sim com a evolução dele próprio, o que será resultado notório no seu trabalho. Devemos, sim, educar ouvidos, porque quem faz o mercado somos nós. Já sofreu alguma crítica em relação ao seu trabalho que não tenha gostado? Se for o caso, qual era a situação e qual foi a sua reacção? Por acaso, nunca recebi nem uma critica que não tenha gostado. As que recebi até hoje foram construtivas. Actualmente, a Selda marca presença no music-hall nacional com o projecto “Eles Cantam”. Faz parte de um sonho ou é algo que surgiu durante o seu percurso artístico? O que mais tem por realizar? O “Eles cantam” é apenas uma das muitas ideias de partilhar músicas que gosto com o público e de artistas que admiro. Já podemos falar numa carreira internacional? Quanto à carreira internacional está a ser trabalhada, mas já estive algumas vezes fora do país e fora do continente. O seu CD “Morena de Cá” tem a participação de notáveis artistas nacionais! Com quem gostaria de fazer uma colaboração para um novo trabalho discográfico? Os artistas que participaram no meu CD são pessoas que admiro muito e com certeza irei trabalhar muitas vezes com os mesmos.
um veículo importantíssimo para a transmissão de conhecimentos e de cultura, e não somente para o entretenimento, para a diversão. Músicos dentro desta ideia, com a preocupação de enriquecerem, culturalmente, as pessoas, serão sempre os meus ídolos. Filipe é um compositor que se diria completo, que consegue escrever de forma sublime e muito poética sobre os principais temas que interessam à humanidade! Como cultivou esse talento? Nasci como músico no decurso da década dos anos 60, década musical de ouro e, cantando canções dos Beatles e de outras bandas e músicos dos mais diversos quadrantes musicais. Formatei o meu ouvido à boa musica, aos sons dissonantes e harmonias complicadas que o jazz nos dá a escutar, e a música que faço resulta de tudo quanto ouvi e continuo a ouvir nos dias de hoje. Considerome, sobretudo, um bom empreiteiro musical, construtor de obras de excelência para a perenidade. Já fez uma música para atender a solicitações de uma produtora ou mesmo do público? Já teve algum período em que não conse-
guia compor? Não propriamente para uma produtora, mas para um momento delicado que estávamos a viver em 1992. Nós precisávamos de paz, de reconciliação, de pacificação dos espíritos e nasceu “Angola no coração”. Com a realização do CAN, 2010, no nosso país e numa parceria com Filipe Zau, compus, a partir da letra escrita por ele, a melodia do hino daquele importante certame desportivo africano. Nunca vivi nenhum momento em que tivesse dificuldade muita de compor. O que acontece, de quando em vez, é divorciar-me do violão para não compor. Pois é muito raro, tendo o violão nas mãos, não nascer uma nova melodia a carecer, posteriormente, de letra. A música dá-lhe uma satisfação completa? E como você vê o álbum “Meu lado Gumbe” depois de seis anos? A música é a minha luz e vida sem a qual não consigo viver. O álbum “O meu lado Gumbe” continua a ser uma obra discográfica de excelência, reunindo diversas temáticas como amor, felicidade, solidariedade social e a homenagem aos nossos ancestrais. E, com esse disco, pude festejar os meus
50 anos de carreira artística. O que ainda está por vir na carreira de Filipe Mukenga? Estou a trabalhar num novo disco e no qual tomei a decisão de sair da minha zona de conforto isto é, pretendo cantar canções que não sejam compostas por mim mas que, do ponto de vista dos conteúdos, não fujam à minha linha de orientação. Qual é a coisa mais importante para você como individuo? A seriedade, a pontualidade e o profissionalismo. Presta atenção à música da nova vaga? Tem feito colaborações com a nova geração de músicos em Angola? Se sim, como tem sido a interacção em palco? Como é evidente, vou acompanhando o que acontece no nosso panorama musical. Colaborações têm acontecido, mas em número muito insignificante. Quando acontecem, elas são de muito bom nível. Os promotores de shows, penso eu, devem procurar juntar mais vezes a geração recente de talentos com a mais antiga, de modo a que se faça uma boa passagem de testemunho. *Marlene Lopes PUBLICIDADE
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Património
Ministério da Cultura e Governo do Moxico projectam construção do Museu Provincial DR
O objectivo é valorizar o potencial cultural da província do Moxico
elaborado o projecto do tipo de museu a ser feito (antropológico, escravatura ou história natural), bem como o estudo dos artefactos, procura de acervo, publicidade e sensibilização da população. O responsável explicou que a intenção é enquadrar o projecto museológico na vertente económica, para dinamização do turismo na província, visando diversificar a economia do país. Na ocasião, o director do gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto, Constantino Horácio Sachamuaha, considerou o projecto satisfatório, pela importância da identidade multicultural local, há-
bitos, costumes e a legitimidade das suas artes. Disse que o sector que dirige vai continuar a orientar as autoridades tradicionais para sensibilizarem a população no sentido de devol-
verem voluntariamente as peças museológicas em posse da população. Assegurou que a casa - museu António Agostinho Neto, localizada no bairro Mandem-
bwé, arredores da cidade do Luena, que corre risco de desabar, também será restaurada. Referiu que antes das obras, o edifício vai ser recuperado das mãos de um cidadão, por meio de uma negociação entre as partes. Durante a visita de dois dias no Luena, o director nacional dos museus visitou também o núcleo museológico da Casa da Cultura, a Casa Museu António Agostinho Neto, bem como manteve um encontro com membros do governo provincial. Actualmente, o país conta com 13 museus, nomeadamente, Antropologia, Escravatura, História Natural, História Militar, Casa Museu Óscar Ribas, Moeda (Luanda), Arqueologia de Benguela, Regional da Huíla, de Cabinda, dos Reis do Kongo, Regional do Dundo, do Huambo e Regional do Uíge.
CELEBRIDADES
FOTOGRAFIA
LIVROS
REALEZA
Philip Roth e a vida como uma derrota perpétua
Planos de Meghan e Harry para as próximas semanas
Como acontece com a grande maioria dos escritores extraordinários, toda a obra de Philip Roth concentra-se à volta de um leque relativamente reduzido de preocupações que vemos serem reiteradas de forma obsessiva. Operação Shylock, o décimo nono livro de Roth, agora publicado pela Dom Quixote, não foge a esta regra. Operação Shylock narra a história, pretensamente autobiográfica, do período em que Roth, a recuperar de uma depressão profunda, se viu a braços com um sósia, também chamado Philip Roth, que se fazia passar pelo escritor em Israel para promover a causa do diasporismo sionista.
Os duques de Sussex preparam-se para tirar seis semanas na agenda oficial para “recarregar baterias”. A notícia é avançada pelo The Sun. Segundo uma fonte do tabloide britânico, Meghan e Harry terão tomado a decisão de não passar este Natal, o primeiro do bebé Archie, com o resto da realeza, quebrando a tradição de reunir toda a família em torno da Rainha, em Sandringham. Os planos de se retirarem e de uma eventual viagem aos Estados Unidos parapassaremoDiadeAcçãodeGraças (dia 28 de Novembro) com Doria Ragland, a mãe de Meghan, já eram conhecidos.Aimprensabritânicafala de uma pausa de seis semanas na agenda de compromissos oficiais.
O
Ministério da Cultura e o Governo da Província do Moxico estão a estudar mecanismos para dar início à construção do primeiro museu provincial, a ser erguido, nos próximos tempos, na cidade do Luena. A informação foi avançada por Ziva Domingos, director Nacional dos Museus, que não avançou a data do início das obras, tendo afirmado que o sector ainda está a estudar o local onde será erguida a infraestrutura. Ziva Domingos fazia um breve balanço da sua visita de trabalho a esta província e afirmou que, posteriormente, será
Director Nacional dos Museus, Ziva Domingos
LE MANS ’66: O DUELO
John Legend eleito homem mais sexy do mundo pela revista People
Juntos lutaram contra os regulamentos, as leis da física e os seus próprios demónios com o objetivo de construir um carro de corrida revolucionário para a Ford Motor Company e vencer os carros de Enzo Ferrari nas 24 Horas de Le Mans em França. Kilamba Sala VIP 13:40 - 16:50 - 20:00 Nova Vida Sala VIP 13:40 - 16:50 - 20:00 Talatona Sala 2 21:00 Talatona Sala VIP 13:00 - 16:10 - 19:20 - 22:30
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O cantor de “All of Me” sucede a Idris Elba como homem mais sexy do mundo para a revista norteamericana. John Legend disse que está perplexo mas agradece. Nos últimos anos John Legend foi muita coisa: músico, actor, produtor de cinema. Agora, o cantor baladeiro de “All of Me”, “Love me Now” e “Ordinary People” pode juntar um epíteto aos anteriores: é o homem mais sexy do mundo — pelo menos para a Revista People. Na lista da revista norte-americana que elege anualmente os homens mais sexy do mundo, John Legend sucede a Idris Elba, vencedor em 2018, e Blake Shelton, que venceu em 2017.
11/12/19 12:49 PM
Chilala Moco adorna memorial Agostinho Neto com exposição fotográfica
A partir do dia 21 do mês corrente, o memorialDoutorAntónioAgostinho Neto vai receber a exposição fotográfica “Ocipala Cutima” [Otchipala Tchutima], que traduzido do umbundu significa “Rosto da Alma”, do fotógrafo Chilala Moco. A mostra, que estará patente até ao fim de Dezembro, conta com 40 quadros,umdosquaisfoiapresentadona Hungria,emAgostodesteano,numa exposição cujo tema foi a “Igualdade de Género”. Para o expositor, “Rosto da Alma” leva a reflexão de que nem sempre que olhamos para uma pessoa conseguimos perceber quem ela é por dentro.
Economia
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O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
DR
Sector imobiliário pode ajudar na arrecadação de receitas
O
INEA aborda gestão de estradas em seminário internacional A gestão das cargas dos veículos e a integração rodoviária na SADC é tema do terceiro 3º Seminário Internacional de Estradas, que o Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA) promove hoje no Museu Nacional de História Militar, em Luanda André Mussamo
O
seminário vai realizar uma análise exaustiva e procurar soluções para a problemática dos efeitos negativos à vida útil dos pavimentos rodoviários, resultantes da circulação de veículos pesados com excesso de carga, bem como as implicações que daí advêm no processo de integração rodoviária de Angola no espaço geográfico da Comunidade de Desenvolvimento dos Países da África Austral. Pela sua posição estratégica e pelo facto de ter uma extensa fronteira marítima, Angola pode tornar-se em placa funda-
mental para a circulação de pessoas e bens no país e nos restantes membros da comunidade se dotar de boas estradas, pelo que a sua operacionalidade deve ser colocada na “prioridade máxima”. Em 2018, no seu segundo discurso sobre o Estado da Nação, o Presidente João Lourenço considerou as estradas como “indispensáveis para a recuperação económica” pelo que deviam imediatamente merecer atenção em termos de investimentos. Uma das prioridades do Executivo angolano é desenvolver o corredor do Lobito, na modalidade do transporte ferroviário e portuário e para isso as estradas pode desempenhar uma função elementar no transporte de e para o melhor aproveitamento da
estrutura portuária e ferroviária sedeadas no município dos flamingos, em Benguela. Na verdade o Executivo tem estado a referir que pretende transformar esse corredor numa im-
Uma das prioridades do Executivo angolano é desenvolver o corredor do Lobito, nas modalidades do transporte ferroviário e portuário
portante opção de transporte para o acesso dos países fronteiriços encravados ao Oceano Atlântico, assim como impulsionar as exportações dos mesmos. Depois de um ingente esforço logo a seguir à conquista da paz definitiva no país, o governo realizou intensos e avultados investimentos na recuperação de grande parte da malha rodoviária, entretanto a inexistência de parâmetros adequados para a avaliação da qualidade de obras, o limitado número de empresas fiscalizadoras e a falta de controlo tecnológico foram apontados como as principais causas da rápida degradação das mesmas, o que obriga a que novamente o governo angolano realize investimentos, desta feita para tornálas mais duráveis.
sector imobiliário em Angola tem um enorme potencial para contribuir na colecta de mais receitas fiscais para o Estado, afirmou ontem, em Luanda, o vice- responsável da associação dos mediadores imobiliário de Portugal, Vasco Reis, que enfatizou que o sector imobiliário carece apenas de melhor organização e regras claras. Ao dissertar na palestra sobre Fontes de Negócios e Gestão de Clientes, na Projekta/2019, aberta na última Quarta-feira, Vasco Reis disse que a organização do sector passa pelo cadastramento, identificação e regulamentação da actividade imobiliária. Na sua óptica, a organização do sector pode ajudar a melhorar o negócio imobiliário e atrair investimento estrangeiro. “Os investidores estrangeiros apostam onde há garantia e, neste caso, é feita através da identificação e cadastramento dos imóveis”, sublinhou acrescentando que além destes procedimentos, deve haver regulamentação, com regras claras. Para Vasco Reis, as empresas imobiliárias devem estar capacitadas para desenvolver a actividade no país, pois caso isso não aconteça, o mínimo que poderá acontecer é burla. Por sua vez, o presidente da Associação dos Profissionais Imobiliário de Angola (APIMA), Pedro Caldeira, entidade promotora da palestra, disse que o evento visa melhorar o ambiente entre as empresas imobiliárias. Com 200 associados, a APIMA pretende atingir 500 membros até ao final de 2020.
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Mercados
Libor USD 6 Meses
Mercado Taxa de juro Taxas de Juro Taxa BNA Libor USD 6M Libor GBP 6M Libor JPY 6M Euribor 6M Luibor 6M
Cot. 13/11/19 15,500% 1,922% 0,866% -0,011% -0,336% 16,810%
∆ Diária (p.p) 0,000 -0,004 -0,015 -0,003 -0,008 0,240
17,40% 17,10% 16,80% 16,50% 7/Nov
Mercado accionista Índices Accionistas Cot. 13/11/19 Dow Jones (EUA) 27 783,59 S&P 500 (EUA) 3 094,04 FTSE 100 (Inglaterra) 7 351,21 IBovespa (Brasil) 106 060,00 CSI 300 (China) 3 903,69 Nikkei 225 (Japão) 23 520,01
Cot. 13/11/19 458,6329 1,0999 1,2839 108,8500 14,9184 4,1767
∆ Diária (%) 0,333 0,071 -0,193 -0,647 -0,095 -0,851
Cot. 13/11/19 57,12 62,37 1 463,30 16,91 2,60 263,95
∆ Diária (%) 0,130 -0,109 -0,148 -0,220 0,023 0,305
∆ Diária (%) 0,563 0,500 0,660 1,324 -0,801 -0,227
Luibor Taxas BNA Luibor O/N Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 meses Luibor 9 meses Luibor 1 Ano
13/Nov
27 780 27 720 27 660 27 600 7/Nov
9/Nov
11/Nov
13/Nov
EUR / USD
Mercado das commodities Commodities WTI Crude Fut. Brent Crude Fut. Gold 100 Oz Fut. Prata Fut. Gás Natural Fut. Cobre Fut.
11/Nov
Dow Jones (EUA)
Mercado cambial Taxas de Câmbio USD/AKZ EUR/USD GBP/USD USD/JPY USD/ZAR USD/BRL
9/Nov
1,107 1,104 1,101 1,098 7/Nov
9/Nov
11/Nov
13/Nov
Brent Crude Fut. 62,5 62,3 62,2 62,0 7/Nov
9/Nov
11/Nov
13/Nov
Luibor 1 Ano Cot. 13/11/19 19,42 15,94 16,11 16,81 17,23 17,17
∆ Diária (p.p) 0,480 0,170 0,260 0,240 0,180 0,180
1,929 1,926 1,923 1,920 6/Nov
8/Nov
10/Nov
Mercado Interbancário A taxa de juro Libor USD 6 meses registouumadiminuiçãode0,4p.b.na últimasessãoaofixar-seem1,922%, o que reflecte a intenção da Reserva Federal norte-americana (Fed) de manter a taxa directora no intervalo de 1,5% - 1,75%.
12/Nov
Mercado Accionista O índice bolsista britânico, FTSE 100, fechou a última sessão com redução de 0,19%, ao situar-se em 7.351,21 pontos. O resultado reflectiu a incerteza sobre o acordo comercial entre os EUA e a China.
Mercado Cambial A possibilidade de manutenção da taxa de juro directora pela Fed nos níveis actuais, nos próximos meses, favoreceu a cotação do dólar. O euro e a libra depreciaram 0,11% e 0,15%, para 1,0999 e 1,2839 USD por unidade de moeda, na última sessão.
Mercado de matérias-primas Os preços do WTI e do Brent aumentaram 0,6% e 0,5% ao fixarem-se em 57,12 e 62,37 USD/barril, respectivamente. A recuperação dataxadecrescimentodaeconomia alemã,noIIIºTrimestre,beneficioua cotação da commodity.
Luibor As taxas de juro do mercado interbancário aumentaram na generalidade das maturidades, com realce para a Luibor Overnight que na última sessão aumentou 0,48 p.p., ao fixar-se em 19,42%.
O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
Breves BAI com activos acima de USD 7 mil milhões Os activos totais do Banco Angolano de Investimento (BAI) estão acima dos USD 7 mil milhões (cerca de 3,1 trilhões de Kwanzas), revelou ontem o Presidente da Comissão Executiva (PCE) da instituição, Luís Lélis. Segundo o gestor, que apresentava um balanço sobre a actividade do banco, no âmbito dos 23 anos de existência, disse que a carteira de crédito
líquido está na ordem dos 600 mil milhões de Kwanzas (cerca de USD 1.2 mil milhões) e mais de um milhão e meio de clientes. Em declarações à imprensa, à margem de uma conferência sobre “Responsabilidade Social”, o gestor referiu que o mesmo mantém os níveis de solidez da sua estratégia de crescimento de médio e longo prazo.
Preparados 17.6 hectares de terras aráveis na comarca do Cambiote Pelo menos 17.6 hectares de terras aráveis foram preparados pela direcção da comarca do Cambiote, a 10 quilómetros da cidade do Huambo, para o cultivo de diversos produtos, na campanha agrícola 2019/2020, com objectivo diversificar as fontes de sustento dos mil e 366 reclusos.
Trata-se de oito hectares disponíveis para o cultivo de milho, dois para feijão, 3,6 destinado à soja, um para ginguba, igual número de repolho e dois de beringela, cujas primeiras sementes foram lançadas ontem, Quinta-feira, ao solo pelo director do Gabinete da Agricultura, Abrantes Carlos.
Soyo terá com complexo de processamento do peixe Vinte e quatro toneladas de pescado diverso serão processadas, anualmente, no complexo pesqueiro do município do Soyo, província do Zaire, cuja primeira pedra foi lançada nesta semana. O emprendimento, que deverá entrar em funcio-
namento em Maio de 2020, é uma iniciativa privada avaliada em USD 78 milhões. Vai criar 5 mil e 900 postos de trabalho directos e indirectos, segundo o administrador da empresa promotora “Seatag Pesca, LDA”, Alcatir Costa.
Entradas na Projekta/2019 custam mil Kwanzas Mil kwanzas é o valor que cada pessoa deve pagar para visitar os stands da 16ª Edição da Projekta/2019, que se realiza de 13 a 16 deste mês, em Luanda, na Zona Económica Especial Luanda/Bengo.
O evento, que decorre num espaço de 28 mil metros
quadros, apesar de ter registado pouca afluência no primeiro dia, aguarda por mais de 15 mil visitantes e pessoas interessadas em saber o que existe no país no sector da Construção Civil, Obras Públicas, Urbanismo, Arquitectura, Imobiliário e Decoração.
Grande Entrevista
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O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
‘A parte menos conseguida do mandato do Presidente João Lourenço é a económica’ entrevista de Dani Costa fotos de Daniel Miguel
Sérgio Calundungo é um dos rostos mais visíveis do Observatório Político e Social de Angola (OPSA),
uma organização que regularmente apresenta propostas para a elaboração do Orçamento Geral do Estado, assim como observações sobre o documento já concluído. Mas, para o OGE do próximo ano não foram consultados, apesar das promessas feitas pelo Executivo. Nesta conversa, reconhece a existência de melhorias em termos de liberdades individuais, mas ressalta que há um crescimento de desigualdades sociais no país
C
omo classificaria esta Angola que temos em termos políticos, económicos e sociais? Resumidamente, diria que do ponto de vista dos direitos civis e políticos, vimos em 2019 um país melhor que 2017. Apesar de alguns inconvenientes que se mantêm, sinto que as pessoas têm mais apetência e propensão para reclamar e exprimir aquilo que lhes vai na alma. Vamos assistindo a muito mais greves e manifestações. Do ponto de vista económico e social, o país regrediu muito. Eu diria que há combinação entre estes dois factores. Por um lado, há um progresso em termos de direitos civis e políticos, e, por outro lado, há claramente uma degradação da situação económica e social. Isto pode desembocar em alguma conflitualidade. Se não for bem gerida, poderá, sim, trazer algumas tensões. Recentemente, num encontro no Huambo falou no aumento das desigualdades sociais. Sim.
Quais são os sinais visíveis desta situação? A desigualdade social é uma marca registada do modelo de desenvolvimento que já existe. O que se nota neste momento é que, fruto disso, há um aumento da situação.
Aqueles angolanos que já se encontravam numa situação de vulnerabilidade, num contexto económico muito difícil para o país, num contexto social em que são claros os sinais de que as instituições do Estado não conseguem melhorar os serviços de Saúde, da Educação e fornecimento de bens essenciais aos cidadãos, obviamente que a situação dos que já estavam em vulnerabilidade agrava-se. O “Estado Social” falhou? De uma forma geral, acho que nunca existiu, desde 1975. Havia a pretensão e toda uma retórica construída à volta do Estado social, mas, tal como entendo, o Estado social em Angola foi sempre muito deficiente. No passado por causa da guerra e mais recentemente por falta de políticas económicas e sociais assertivas em prole daqueles que eram mais carentes. Tendo em conta todos os ingredientes existentes, não estaremos à porta de uma convulsão social? Primeiro, espero que ela não aconteça. Segundo, creio que numa situação em que é cada vez maior o número de pessoas que dizem estar fartas da dramática situação económica e social que existe, cada vez maior é o número de pessoas que se sentem, fruto do actual ambiente político, impelidas a protestar e a manifestar-se. É importante
O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
que as instituições do Estado consigam manter a serenidade, a capacidade de diálogo e a gestão de conflitos que vão necessariamente ocorrer, fruto da actual situação. Quando o Estado consegue gerir bem as reivindicações dos cidadãos, as tensões sociais e o exercício que estes legitimamente vão fazendo, ao expressar o que lhes vem na alma, a manifestar-se, acredito que consegue evitar as convulsões sociais. No meu ponto de vista, a convulsão social resume-se numa cidadania que reivindica, um Estado que é ineficaz, mas para além da ineficiência não consegue lidar bem com as reivindicações dos cidadãos. E é isto que espero que não ocorra aqui. Os pronunciamentos do Presidente João Lourenço, aquando da deposição de uma coroa de flores na estátua do Presidente Agostinho Neto, no dia 11 de Novembro, foram convincentes em relação ao que se está a fazer para a saída da crise e o controlo dos preços? Creio que, como Presidente da República, obviamente, ele tem que mobilizar a sociedade e continuamente tentar moralizar a sociedade e dar esperanças à população. Sentiu-se satisfeito com o que disse o Presidente João Lourenço? Aquilo foi uma mera circunstância. Eu acredito que, quer o Presidente da República, quer o Executivo, deveriam comunicar melhor as medidas que estão a tomar e as perspectivas vindas da situação do país. Claro que aquilo foram uns curtos minutos para simplesmente dizer que o Executivo está a trabalhar. É possível que esteja, mas acho que os cidadãos gostariam de saber… em que é que estão a trabalhar? Em que aspectos? Quais são as prioridades que estão a ser estabelecidas? E quais são as medidas que foram tomadas? Mas, também entendo que naquelas circunstâncias não podia dizer muito mais do que isso. É adepto de um maior controlo da despesa pública. Há um certo alinhamento entre o que diz o Executivo e o que se vê na prática? Eu acredito que existem sinais claros e evidências do desfasamento entre a prática e a realidade. A parte menos conseguida do mandato de João Lourenço até agora é, sobretudo, a parte económica. Acredito que João Lourenço foi muito assertivo em ter um discurso contra a corrupção, que é um dos grandes males. Foi muito assertivo na abertura que fez aos meios de co-
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municação social, na visita que faz às várias províncias, ao estender as mãos às forças da sociedade civil e a tentar encorajar os seus pares do Executivo angolano a estarem mais abertos ao diálogo. Agora, do ponto de vista das políticas económicas e sociais, eu costumo dizer que as árvores vêem-se pelos frutos. E os que vemos ainda estão por acontecer, talvez não amadureceram. O problema está na equipa económica montada pelo próprio Presidente João Lourenço ou nas políticas impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI)? Eu creio que o Fundo Monetário Internacional não pode ser a desculpa para todos os males. Há uma série de constrangimentos que ainda se verificam em Angola. Vou começar por aqueles que talvez sejam os mais fáceis de elucidar, mas nem por isso são menos importantes. Primeiro, nós temos um Executivo que, apesar dos esforços, ainda coloca à disposição dos cidadãos pouca informação relevante a tempo e horas, que vem até muito por via da propaganda. Por exemplo, o país está a braços com uma dívida muito grande, então a João Lourenço não se pode imputar a responsabilidade da dívida que herdou do anterior Presidente, mas deveria fazer um esforço muito grande. Tal como comunicou com frases bem abertas os impactos da corrupção e do nepotismo, deveria dizer também sobre a dívida. Qual é a situação da dívida e como pretende ultrapassar com estas medidas que está a tomar? Quem fala disto fala também da estratégia do combate à seca, que também está a assolar muitas pessoas, e de outras políticas e medidas económicas. Sinto que o Executivo ainda não coloca à disposição dos cidadãos suficiente comunicação, por exemplo, gostaríamos de saber as metas e prazos das medidas que estão a ser tomadas agora, assim como quantas pessoas vão ser beneficiadas numa primeira fase. Segundo, sinto que João Lourenço faz uma ruptura com o passado, na medida em que diz que temos que governar também ouvindo as vozes mais críticas. Às vezes, o Presidente da República recebeu algumas personalidades da sociedade civil, mas creio que no quesito participação efectiva dos cidadãos estão muito aquém. Para aquilo que era o discurso, fico muito admirado (com a forma) como é que até hoje se faz o exercício para a elaboração do Orçamento Geral de Estado. O que acontece com a elaboração
tão inscritas, acredito que isso não corresponde totalmente à verdade, porque há um grupo de administradores que, se calhar, não nos espaços formais, testemunham exactamente o contrário. Não fomos nós que escolhemos, porque mais uma vez foi aquela velha prática da imposição. Nos casos em que escolheram, eu perguntaria que mecanismos utilizaram para consultar as pessoas do município? Muitas pessoas não sentem que houve uma participação efectiva para a escolha das prioridades constantes no PIIM. do Orçamento Geral de Estado? Pôr 150 organizações numa sala, muitas delas convidadas à última da hora, outras ficaram ausentes, como por exemplo a OPSA, que regularmente produz documentos e endereça o seu posicionamento sobre o OGE, nem sequer recebeu um convite. O problema é que ter 300 pessoas numa sala, para discutir o OGE naquele modelo, mostra duas coisas: ou as pessoa que organizaram não sabem o que é consulta pública, ou, claramente, não pretendem obter estes modelos de participação ou contribuição dos cidadãos. Acredita que as pessoas que realizam este tipo de encontros sabem o que é uma consulta pública? Eu prefiro acreditar que não há máfé. Mas se não percebem, aqui em Angola há muita gente que poderia ajudar a colocar isso. O Presidente fez uma coisa muito boa: Há um decreto-lei que estabelece os orçamentos dos municípios. Este orçamento, ou o processo da sua preparação, previa espaços em que os cidadãos livremente poderiam definir algumas prioridades até 25 milhões de Kwanzas. Também previa mecanismos de participação. O OGE está a ser discutido na Assembleia Nacional e eu tenho sérias dúvidas de que existem muitos municípios em Angola que cumpriram o decreto. Para responder à pergunta que me fez acima, existe um terceiro problema, que é o mecanismo de controlo. É claro que temos mais casos na Procuradoria-Geral da República, mas o controlo não se dá simplesmente com as forças responsáveis como a Polícia e por aí fora. O controlo dáse também com uma gestão criteriosa. Mas temos visto casos de algum despesismo ainda na gestão pública, maus hábitos, más práticas e também sentimos, muitas vezes, que quem está à frente das instituições não sabe priorizar e toma
decisões que acabam por prejudicar o erário público. O Executivo tem escutado pouco? Eu creio que do ponto de vista da retórica é assertivo no sentido de dizer que ‘nós queremos ouvir os cidadãos’. Do ponto de vista prático, não cria as melhores condições para a participação dos cidadãos. Está muito longe de acontecer isso. O suficiente é fazer funcionar os espaços institucionais criados por lei e criar outros que permitam ao Executivo recolher a opinião dos cidadãos, dar um feedback daquilo que os cidadãos disseram, porque a participação também tem níveis. Há o nível de dar a informação, envolver o cidadão, consultar e organizar processos de consulta. Creio que o mais próximo de uma consulta que fizemos, com alguns defeitos, foi aquela sobre o pacote legislativo autárquico. E é uma vergonha que não se consiga fazer processos de consulta dignos desse nome. Não faz sentido nenhum que, em pleno século XXI, tenham as dificuldades que demonstram ter ao organizar processos de consulta. Como é que viu a escolha dos vários projectos que serão executados no âmbito do Programa Integrado de Intervenção dos Municípios (PIIM)? Eu creio que o PIIM, e isso já foi dito muitas vezes, é mais uma lista de desejos. Há um foco muito grande em infra-estruturas. E é curioso porque, se por um lado, de maneira formal, no acto apareceu uma administradora a dizer que, pela primeira vez, tivemos a oportunidade de a nível do município escolher isto, creio que, infelizmente, uma coisa que me deixa muito triste é que existem administradores que não pensam assim. Há um discurso formal de que no PIIM os municípios foram responsáveis por priorizar aquelas obras que lá es-
Acredita no sucesso do PIIM? Se vão conseguir construir aquilo que está previsto, acho que é possível. Basta que haja recursos. Mas a minha pergunta é a seguinte: as infra-estruturas que vão ser erguidas por força do PIIM são as mais prioritárias? Estão previstas medidas para as manter? Já vimos que muitas vezes o problema do país não é construir, mas sim manter aquilo que foi construído e dar a devida utilização. Vamos dar exemplos: o país tem um recorde muito grande de ter construído infra-estruturas, mas que depois não têm o uso que se esperava. Sabemos quanto custam as coisas, mas depois não sabemos o quanto valem. Por exemplo: quanto valem os aeroportos de Ndalatando, Cuito Cuanavale e do Luau? O problema não é construir, havendo recursos. O problema é saber se é ou são o mais prioritário. Não seria melhor uma maternidade, uma escola ou outra infraestrutura? Quem fala disso fala de uma série de infra-estruturas, como os pavilhões gimnodesportivos, em que existem infra-estruturas mas a taxa de utilização é muito baixa. Portanto, não tenho dúvidas de que havendo recursos não se pode construir. Tenho mais dúvidas se aquilo é prioritário, vai ser renovado e cumprir com o propósito pelo qual foi feito. Se o problema não está nas infraestruturas, onde é que está? Eu creio que o nosso problema está numa planificação criteriosa, nos diagnósticos que se fazem, no envolvimento das pessoas na altura em que se tomam as decisões. Eu diria que, fazendo uma alegoria com um computador, não temos problemas no hardware, mas sim no software. É um problema no software dos angolanos no geral ou apenas nos dirigentes? Aqui há uma responsabilidade dupla. Governos eficazes depen
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Grande Entrevista dem também de cidadãos activos. Esta é a primeira nota. A segunda: eu creio que sim. Embora tenhamos um novo Presidente, João Lourenço, provavelmente já deve ter dado conta que há sempre atitudes, comportamentos e práticas que prevalecem do passado. Não se muda de um dia para o outro as atitudes, comportamentos e práticas. Isso permanece em algumas pessoas que tomam decisões. Há uma vontade firme de romper com esta prática, mas há que monitorar. Acho que há muito do homem velho no homem novo que se queira projectar para o país. Há muitos vícios antigos e isso leva algum tempo a tirar, de tal sorte que acredito que o grande dilema de João Lourenço é escolher: mudar as coisas que mudam as pessoas? Ou mudar as pessoas que mudam as coisas? Anda ligado às organizações nãogovernamentais há muito tempo, conhece o interior do país. O que faltou para encararmos de frente a problemática da seca? Creio que houve uma clara falta de vontade política no início. Repare que os sinais claros de que isso iria acontecer eram evidentes em 2010. Faltou uma vontade política para se resolver a questão. Por outro lado, acredito que continua a faltar uma certa visão estratégica. Claro que nós não podemos combater a seca, mas podemos, sim, diminuir o impacto do fenómeno sobre a vida das pessoas. Faz-se isso construindo ou ajudando aquelas famílias a terem a resiliência suficiente para lidarem com um fenómeno que é natural. Quando falo da seca, falo também das cheias. Naquela região isso sempre foi cíclico, porque quando não há seca, há cheias. Sabemos que as chuvas são sempre irregulares, mas podíamos aliar as capacidades de enfrentar as situações extremas que as pessoas lá têm com outras medidas que ajudassem a construir resiliência. Naquela mesma zona, conheço experiências muito simples, com programas que não são muito divulgados, de famílias que sobrevivem e sofrem um impacto menor que outras, porque construíram tecnologias simples, como as cisternas calçadão que podem servir para captar as poucas águas das chuvas e agora em projectos graças à assistência humanitária estão a servir como sistemas onde se armazena a água. Poderiam existir formas muito interessantes do manejo do gado, para não dar cabo das pastagens, e também uma política muito séria para se proibir as demarcações de terra que cortam as rotas de transumância. Há uma série de medidas que se fossem feitas
atempadamente, de modo assertivo, reduziriam significativamente o impacto da seca sobre a vida daquelas pessoas. O que está a ser feito pelo Executivo vai mitigar os efeitos da seca na região? Creio que as medidas mais comentadas são normalmente de carácter assistencial. Gostaria de ver muito mais medidas voltadas para a construção de capacidades que permitam às pessoas serem resilientes. Sei agora de um projecto da cooperação internacional. É uma nota muito interessante: os projectos mais estratégicos, como transferências sociais para os mais pobres, os projectos que visam mitigar os efeitos da seca no Sul de Angola, hoje estão a ser feitos graças à ajuda internacional ou empréstimos. Não é a partilha de recursos próprios do Executivo angolano. Mas as grandes ajudas agora passam pela ajuda de emergência, canalização de alimentos e a distribuição de alimentos. Acho que não se está a explorar muito a construção em termos de capacidade para que aquelas pessoas sejam resilientes a uma situação climática que vai prevalecer na região e que não depende de nós. As experiências na Namíbia e na África de Sul não poderiam servir de modelos? O mundo todo vive isso. A Namíbia, a África do Sul e outros. Uma das referências é o Brasil, sobretudo no seu Nordeste. Eles construíram uma série de práticas, experiências e têm anos a lidar com o semi-árido, ou seja, com a seca nas suas regiões. Não custa nada, nem é tão caro perceber as boas práticas e aplicar. Infelizmente, o que prevalece aqui é a ideia de quem toma decisões tem alguma dificuldade de olhar um pouco mais além do que o seu umbigo.
O maior cancro que o país teve. Temos que manter uma pressão muito grande sobre a ideia de que a corrupção, nos níveis a que a tivemos, tem que fazer parte do passado
O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
‘As exonerações são um vício do passado’ Dois anos depois, o discurso do combate à corrupção levado a cabo pelo Presidente João Lourenço ainda tem a mesma força? A corrupção foi um grande cancro. O maior cancro que o país teve. Temos que manter uma pressão muito grande sobre a ideia de que a corrupção, nos níveis a que a tivemos, tem que fazer parte do passado. Acredito que, quer a nível interno, quer externo, foi animador o facto de o Presidente da República ter assumido isso, dito por frases abertas e reconhecido que é uma prática que foi sendo muito comum no seio do seu próprio partido. Não é fácil, por ser um discurso que cria fissuras no interior do partido. Há pessoas que querem manter o status quo e outras que se sentem órfãs daquelas que vão perder o poder, por terem sido envolvidas em casos como esses. Agora, se me perguntar se os efeitos deste combate à corrupção já se fazem sentir na prateleira do supermercado, nos medicamentos no hospital ou na mesa de uma família, diria que ainda não. Mas nem por isso deve deixar de ser um combate sério.
nosa das instituições. Eu acho que faltou vontade política. O Presidente José Eduardo dos Santos concentrava sobre si muito poder, tal como Presidente João Lourenço está a fazer. Eu, pessoalmente, não acho muito correcto que este combate seja feito porque temos um homem forte. Devia ser feito porque temos instituições fortes. Portanto, é importante que o Presidente João Lourenço comece a transmitir à sociedade e ela compreenda que o combate à corrupção não deve ocorrer só porque o Presidente da República quer, mas sim porque a lei angolana diz isso, a cidadania demanda e que as instituições hoje estão mais fortes.
Quem é corrupto em Angola? Acho que todos aqueles que praticaram actos que configuram corrupção, segundo a lei.
O ‘fato constitucional’ que durante muito tempo vestiu os interesses do Presidente José Eduardo dos Santos parece ter servido na perfeição aos intentos do Presidente João Lourenço? Há duas maneiras de pensar. Uma: ele poderia dizer se é conveniente governar com todos esses poderes. Mas isso arrasta outros dois problemas. Se, por um lado, tens o bónus de poder governar assim, por outro lado, depois ficas com o ónus de tudo o que corre mal. Num país onde as instituições funcionam, não temos que olhar para o Presidente da República para tudo quanto acontece. Acredito que, se há mosquitos no meu bairro, tenho que olhar para o administrador. Este facto, para muitos, pode ser entendido como uma vantagem, porque dá super-poderes, mas, para mim, encaro como uma desvantagem, uma vez que retira a
A corrupção em Angola dividese em baixa e alta? Não acredito na ideia de que há governantes corruptos e povos saudáveis ou que há povos corruptos e governantes saudáveis. Infelizmente, a corrupção é um mal que se alastrou como um cancro em vários sectores do nosso tecido social, mas entendo que o exemplo tem que vir de cima. E as pessoas que, tendo alguma ligação menor ou maior com actos de corrupção no passado, devem, na minha opinião, tirar a dianteira e extirpar este mal do nosso meio. O então Presidente José Eduardo dos Santos, depois do fim do conflito armado em 2012, afirmara que a corrupção era o segundo mal no país depois da guerra. O que faltou para se encetar um combate firme desde aquela altura? Na altura, recordo-me de uma declaração do Buerau Político do MPLA que falava da gestão da-
O reforço da capacidade das instituições deverá passar também por uma revisão da Constituição. Quais são os sinais dados pelo Presidente da República nesse sentido? Penso que ele não dá muitos sinais sobre a sua posição em relação a uma eventual revisão da constituição. Eu acredito que eventualmente esteja mais alinhado com os seus correligionários do partido.
responsabilização de outras pessoas no aparelho do Estado. O repatriamento de capitais foi um fiasco? Confesso que não há muitas informações. É daquelas coisas que o Executivo partilha muito mal, porque há poucas informações. Havia sugestões, até para galvanizar os cidadãos, e até para explicar por que continuamos a ter algumas dificuldades, acho que o Presidente, ou o Executivo angolano, deveria ter montado uma estratégia que permitisse oportuna e atempadamente informar os cidadãos. Recuperamos X, ou só recuperamos isso porque há indivíduos que se recusam a fazer. Hoje podemos especular, mas a especulação que se faz não sei quão distante está da verdade. É que provavelmente as nossas expectativas em termos de recuperação de capitais foram goradas. A forma com que se desencadeou o processo foi a mais adequada? Nesta altura, podemos fazer já um balanço deste aspecto. Acredito que se soubéssemos quanto capital foi recuperado, de quem foi ou não recuperado, só assim saberíamos se a forma foi a mais adequada. Eu acredito que há coisas que poderiam ter sido feitas melhor. Quando se debateu a lei, porque às vezes se diz que os partidos não tem ideias, as forças da sociedade civil deram contributos para a lei, mas, simplesmente por força da maioria, o MPLA não aceitou. Depois de algum tempo teve de recuar e incluir alguns. E não todos. Na altura, havia uma série de sugestões que, do meu ponto de vista, não seriam de todo más. Parecia que houveumatendênciaparanãoouvir outras vozes a dizer como este processo deveria ser. Acho que isso não foi correcto, porque até contrastava, na altura, com a ideia doPresidente,quedizia que vamos ouvir todos. O problema da corrupção deve nos afligir a todos.
Mundo
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Imperador japonês passará noite com deusa no último grande ritual de ascensão
O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
Lula: ‘PT não tem que fazer auto-crítica’ DR
O imperador japonês Naruhito foi conduzido a um salão escuro de madeira na Quinta-feira à noite para celebrar o seu último grande ritual de ascensão, depois de se tornar imperador: passar a noite com uma deusa
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ritual “Daijosai” concentra-se em Amaterasu Omikami - a deusa do sol de quem os conservadores acreditam que o imperador é descendente. É o processo mais abertamente religioso da série de rituais que marcam a ascensão de Naruhito após a abdicação do seu pai Akihito. O ritual levou a processos judiciais de críticos que vão de comunistas a cristãos, que dizem que ele lembra o passado mili-
tarista do Japão e viola a separação constitucional entre Igreja e Estado, já que o Governo central paga o custo de 2,7 biliões de ienes (25 milhões de dólares). Há rumores de que o imperador tem relações conjugais com a deusa, uma visão apresentada nos livros didácticos anteriores à Segunda Guerra Mundial, época em que o imperador era considerado divino. O avô de Naruhito, Hirohito, em nome de quem o Japão travou a guerra, foi despojado dessa sua divindade depois de o Japão ter
perdido. Mas estudiosos e o Governo dizem que o ritual envolve compartilhar uma refeição de pratos de todo o Japão para selar o novo status do imperador. “Este ritual é basicamente um banquete que envolve a deusa do sol e o imperador”, disse John Breen, professor do Centro Internacional de Pesquisa para Estudos Japoneses, Kyoto, que observa que a maioria das coroações tem elementos místicos. “O imperador é transformado ao participar neste banquete.”
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e x-P re s i d e nte Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta Quinta-feira (14) no seu primeiro acto partidário desde que saiu da prisão na última Sexta-feira (7). Ao participar numa reunião da Executiva Nacional do PT, em Salvador, Lula disse que o partido não precisa de fazer nenhuma
auto-crítica e não nasceu para ser co-adjuvante. “Vocês já viram alguém pedir para FHC fazer auto-crítica? [...] Quem quiser que o PT faça auto-crítica, que faça a crítica você. Quem é oposição que critica, ela existe para isso [...] Na dúvida, a gente defende o nosso companheiro”, disse o ex-Presidente, citado pela Folha de S.Paulo. De acordo com ele, o PT não deve abrir mão do seu protagonismo e vai continuar a polarizar, pois “o PT não nasceu para ser um partido de apoio”. “O nosso partido tem que sair mais forte, mais disposto a brigar. Sabe quem polariza? Quem disputa o título. Um partido só cresce quando disputa”, disse. Após 580 dias no cárcere da Polícia Federal, o ex-Presidente Lula foi solto na semana passada após ser beneficiado pela determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de que uma pessoa condenada só pode ser presa após o fim de todos os recursos (trânsito em julgado).
Bloqueio, uso de gás e agressão: senadora da Bolívia descreve situação no país
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driana Salvatierra, senadora do partido Movimento ao Socialismo (MAS) e presidente do Senado da Bolívia, revelou ter sido agredida por polícias ao tentar entrar no Parlamento. A senadora condena as tentativas da Oposição de fazer com que Morales não participe nas novas eleições. Para Salvatierra, “banir Evo Morales seria um abuso total. É uma tentativa de limitar o exercício dos direitos constitucionais, entre os quais estão a livre filiação e participação político-eleitoral”. É legítima a presidência de Jeanine Áñez e quem deveria ter assumido a chefia de Estado após a renúncia de Evo Morales? Salvatierra prefere não se deter na formalidade de se era ela mesma que deveria tomar as rédeas nacionais e não duvida em pôr em primeiro plano que na Bolívia há “práticas que são no mínimo irregulares, questionáveis e que obedecem às práticas de um
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golpe de Estado”. “Jeanine Áñez é a última facada de um golpe de Estado iniciado em confluência de acções militares e policiais [...] que têm procurado interromper o mandato constitucional do Presidente Evo Morales”, ressaltou a senadora boliviana à Sputnik Mundo. “[Eles] colocaram militares nas ruas que assassinam pessoas e detêm ilegalmente os dirigentes sociais, impedindo o exercício das funções parlamentares. Isso é um golpe de Estado”, acrescentou indignada. Salvatierra acentuou que “se a senadora Áñez quer ser a presidente da Bolívia, deve cumprir o mínimo de normas constitucionais [...] e não convocar uma sessão do Senado realizando-a com nove ou dez dos 36 parlamentares, porque dois terços da bancada pertence ao [partido] MAS”. Além disso, Áñez declarou-se presidente “numa assembleia onde também não tinha um quórum adequado”.
Ameaça de bomba e repressão policial a parlamentares Na Quarta-feira (13), parlamentares foram impedidos de entrar numa sessão na Câmara dos Senadores. Salvatierra foi uma dos que não conseguiram entrar, por terem sido barrados pela Polícia. Com violência, a Polícia impede a entrada de membros da Assembleia do MAS e a sua presidente Adriana Salvatierra no edifício central da Assembleia. Golpes, uso de gás e abuso. “Foi basicamente um exercício de violência absolutamente desnecessário. Nós, parlamentares, estávamos reunidos na Assembleia Legislativa Plurinacional. Primeiro, disseram-nos que havia uma ameaça de bomba para que saíssemos e, finalmente, decidiram partir para cima dos parlamentares que tentavam entrar na assembleia. Havia um forte contingente de polícias, que bloquearam o caminho, usaram gás e agrediram”, lamentou a
Adriana Salvatierra a imediata na linha de sucessão foi barrada no parlamento
senadora. A Polícia impede a entrada no Parlamento de Adriana Salvatierra, presidente do Senado e legisladora do Movimento ao Socialismo de Evo Morales, que, de acordo com a Constituição, era a próxima na li-
nha de sucessão a ocupar a chefia do Estado. “Não é que os parlamentares do MAS não querem participar nas sessões, não participamos porque temos este tipo de repressões”, concluiu Salvatierra.
Actual
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O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
Pelosi diz que Trump admitiu suborno; inquérito de impeachment intensifica-se DR
A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, disse nesta Quinta-feira que o Presidente Donald Trump já admitiu acções que equivalem a suborno no escândalo da Ucrânia que está no cerne do inquérito de impeachment liderado pelos democratas
“O
suborno é para conceder ou reter assistência militar em troca de uma declaração pública de uma investigação falsa sobre as eleições. Isso é suborno”, disse Pelosi, a democrata mais graduada do Congresso, numa conferência de imprensa. “O que o Presidente admitiu e diz ser perfeito eu digo ser perfeitamente errado. É suborno.” Os democratas estão a analisar se Trump abusou do seu poder retendo 391 milhões de dólares de ajuda de segurança à Ucrânia para pressionar Kiev a realizar uma investigação que o beneficiaria politicamente. O dinheiro, aprovado pelo Congresso para ajudar um aliado dos EUA a combater separatistas apoiados pela Rússia no Leste do país, foi concedido à Ucrânia mais tarde. Trump negou qualquer irregularidade. Pelosi fez os comentários um dia depois de a Câmara de maioria democrata realizar a sua primeira audiência pública do inquérito de impeachment que ela anunciou em Setembro. Outra figura
DR
Estudante armado mata 1 e deixa feridos em escola da Califórnia Um estudante de ensino médio do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, vestido de preto, é suspeito de ter aberto fogo numa escola nesta Quinta-feira, matando pelo menos uma pessoa e ferindo várias outras antes de ser preso, disseram as autoridades
“O
Donald Trump nunca esteve tão próximo de um impeachment como agora que tornadas públicas várias evidências
central, a ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia, Marie Yovanovitch, deve depor hoje. Se a Câmara aprovar artigos de impeachment —ou acusações formais— contra Trump, o Senado realizará um julgamento para decidir se o afasta com base nas acusações, mas até agora os republicanos que comandam a câmara alta mostraram pouco apoio à ideia de tirar Trump do cargo. O foco do inquérito de impeachment é uma conversa telefónica de 25 de Julho na qual Trump
pediu ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, que iniciasse uma investigação de corrupção a respeito do ex-vice-presidente norte-americano Joe Biden e seu filho Hunter, que ocupou uma cadeira no conselho da empresa ucraniana de energia Burisma. Trump pediu ainda que Zelenskiy investigasse uma teoria desacreditada de que a Ucrânia interferiu nas eleições norte-americanas de 2016 e não a Rússia. DR
Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos
suspeito está sob custódia e está a ser tratado num hospital local”, disse o xerife do condado de Los Angeles, Alex Villanueva, no Twitter. Além de uma mulher morta, dois homens estavam em estado crítico e outro em boas condições, informou o Hospital Henry Mayo Newhall no Twitter. Segundo a Polícia de Los Angeles, seis pessoas “Acreditamos, neste momento, que existe apenas um suspeito, mas estamos a investigar activamente e a seguir todas as pistas”, disse no Twitter a unidade de Santa Clarita Valley do gabinete do xerife do condado de Los Angeles. O suspeito foi descrito pela Polícia como um homem asiático e estudante na Saugus High School, em Santa Clarita, a cerca de 80 Km a Norte de Los Angeles. Uma arma foi recuperada no local, informou um polícia à emissora de televisão NBC. O incidente marcou mais um tiroteio em escolas nos EUA, onde ataques com arma de fogo intensificaram, nos últimos anos, o debate sobre o controlo de armas e o direito constitucional de cidadãos em manter e portar armas. Um vídeo da emissora de televisão NBC mostrava uma fila de estudantes saindo da escola e uma fila de veículos da Polícia e dos bombeiros estacionados em frente. “Eu estava com muito, muito medo. Estava tremendo”, disse uma
aluna à televisão da NBC, acrescentando que viu uma pessoa deitada no chão coberta de sangue. A aluna disse que estava a fazer os deveres de casa quando as pessoas começaram a correr, e ela se escondeu debaixo de uma mesa até a Polícia entrar no prédio. A mãe do aluno Anthony Peters disse à NBC que ele ainda estava preso dentro da escola, mas havia mandado uma mensagem dizendo não estar ferido. “Um dos professores disse: ‘Existe um atirador activo. Ouvi os tiros e vi três crianças sendo baleadas’”, afirmou a mãe de Peters à NBC. Alguns dos feridos estavam a ser tratados numa área de relvado no campus da escola, informou o Los Angeles Times. Pelo menos uma pessoa ferida foi encontrada na sala de coral da escola, disseram as autoridades ao jornal. Cerca de 2,3 mil estudantes frequentam a escola, que é composta por mais de uma dúzia de edifícios. O ocorrido na Saugus High School lembrava outros recentes tiroteios em massa em escolas norteamericanas, incluindo o massacre na Marjory Stoneman Douglas High School, em Parkland, no Estado da Flórida, onde um ex-aluno com uma arma matou 17 pessoas a 14 de Fevereiro de 2018. O massacre do dia dos namorados em Stoneman desencadeou um movimento liderado por estudantes em todo o país, exigindo segurança escolar e de armas.
OPINIÃO
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O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
José Manuel Diogo
Negócio da China
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ale tudo na g uerra pela rede 5G. Mas afinal que tecnologia é essa que vai mudar o mundo. “G” quer dizer de geração. Mas se esta à quinta quaias são as outras 4? A rede 1G, a primeira de todas, introduziu o telemóvel nas nossas vidas nos anos 80 de século passado e passamos a poder andar e falar ao mesmo tempo. Essa coisa que hoje parece mais normal que beber um copo de água foi uma novidade mais extraordinária que o homem chegar à lua. A rede dois 2G, apareceu nos anos 90 em vários países da Europa e o velho continente nunca mais parou de mandar SMS’s; em todo o mundo os postais de Aniversário, Pêsames e Boas festas começaram a desaparecer para sempre. Hoje um terço da população do mundo nem sabe o que isso é! No início do terceiro milénio o Japão contou até 3, G! E no país do sol nascente milhões de japoneses e japonesas, logo seguidos por toda a gente em quase todo o mundo - nem vindo a melhorar mas a tecnologia não é a coisa mas inclusiva e igualitária do mundo - começaram a surfar a internet em todos os lugares. A internet deixou de estar agarrada à parede e passou a estar agarrada ao telemóvel. Foi na vigência desta tecnologia que nasceram e cresceram as empresas que hoje são as mais valiosas no mundo, como o Face-
book( 2004) ou o Twitter(2006). 4G, a rede que temos agora, nasceu nos Estados Unidos da América e trouxe como novidade mais visível o streaming, quer dizer, passou a ser normal ver vídeos e ouvir música em qualquer lugar. Mas isto foi só a consequência de um avanço tecnológico notável: com o rede 4G deixou de haver diferenças entre a tecnologia móvel e fixa e a linguagem partilhada pelas duas passou a ser a mesma. Mais rápida na parede que
Vai haver nano sensores circular no nosso sangue que vão avisar o médico assim que uma das nossas células se estrague e logo depois vão “consertá-la” sem ser preciso dizer a ninguém
nas estradas, mas a mesma tecnologia. Em abril deste ano está previsto o arranque da rede móvel 5G, que promete revolucionar - de novo - o já de si revolucionário progresso tecnológica que o mundo tem vivido nas últimas décadas. A rede 5G vai ser 100 vezes mais rápida o que vai tornar realidade a tal “internet das coisas”. Virtualmente todos os objetos do mundo podem estar ligados uns aos outros. Falar uns com os outros. O frigorífico vai pedir ao o carro para ir comprar comida, enquanto você fica em casa tranquilamente a ver um filme. Vai haver nano sensores circular no nosso sangue que vão avisar o médico assim que uma das nossas células se estrague e logo depois vão “consertá-la” sem ser preciso dizer a ninguém. A medicina vai transformar-se radicalmente, a vida em sociedade também. O aumento real da esperança de vida dos novos seres humanos 5G vai mesmo aumentar. A capacidade transformadora e, claro, a quantidade de novos negócios que o 5G vai gerar são virtualmente impossíveis de calcular. Há quem diga que, por exemplo, a nova rede vai permitir a ligação simultânea de 7 trilhões de dispositivos, mais ou menos mil por cada habitante da terra. Só que o problema principal do 5G não é técnico, é político. Porque não é nenhum dos habitués a liderar a descoberta tecnológica. Nem a Europa, nem o Japão nem os Estados Unidos. Desta vez é a China.
e se Uma rádio qu o das p mantém no to e tem u audiências e q quatro s emissoras na is a províncias m nda, a populosas (Lu uela g Huambo, Ben e Huíla).
M Luanda 99.1 F FM Benguela 96.3 FM Huambo 89.9 99.3 FM Huíla
desporto
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daniel miguel
“Erros defensivos ditaram derrota de Angola” dr
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Atletas da Selecção Nacional em exercícios de aquecimento no Estádio 11 de Novembro antes do jogo com a Gâmbia
Palancas Negras preparam deslocação a Franceville
Depois de perder na Quarta-feira diante da Gâmbia (1-3), na 1ª jornada do grupo D, de acesso ao CAN’2021 dos Camarões, a Selecção Nacional de futebol deixa hoje o país rumo ao Gabão, palco do jogo de Domingo Kiameso Pedro
A
Selecção Nacional de futebol realiza hoje uma sessão de treinos no Estádio 11 de Novembro, visando o desafio diante do Gabão, a contar para a segunda jornada do grupo D, de acesso ao CAN’2021 dos Camarões.
Na sessão, a equipa vai procurar afinar a táctica de modo a surpreender os gaboneses Domingo, no Estádio Franceville, às 20:00. Hoje, o combinado angolano viaja ao Gabão para se adaptar ao clima da cidade de Libreville. Deste modo, o treinador português, Pedro Gonçalves, vai recuperar o aspecto anímico dos atletas, uma vez que vêm de uma derrota. Depois, o treinador, que
orientou a Selecção Nacional de sub-17 no Mundial do Brasil, vai trabalhar os fundamentos técnicos e tácticos.
“Não será fácil, mas nós vamos com o único pensamento que passará pela vitória”
Aliás, no desafio frente aos gambianos, os Palancas Negras cometeram muitas falhas defensivas. Por conta disso, coesão defensiva, organização na saída de bola e pressão sobre o portador do esférico, vão dominar as sessões. Em declaralções à imprensa, Pedro Gonçalves admitiu que o desafio com o Gabão não será fácil, mas admitiu que os seus jogadores darão o litro para vencer. “Não será fácil, mas nós vamos com o único pensamento que passará pela vitória”, afirmou. Segundo fonte da Federação Angolana de Futebol (FAF), o seleccionador nacional não poderá contar com os préstimos de Wilson Eduardo e Gelson Dala devido a problemas pessoais.
comentador, Arlindo Macedo, considerou ontem a “OPAÍS”, que os erros defensivos cometidos pela Selecção Nacional de futebol de honras ditaram a sua derrota no jogo frente à Gâmbia (1-3), referente à 1ª jornada do grupo D, de acesso ao CAN’2021 dos Camarões. O antigo acessor de imprensa da Federação Angolana de Futebol (FAB) afirmou, também, que Angola não foi eficaz na finalização uma vez que os atletas estavam nervosos.
“Não fomos competentes na defesa. Os jogadores não foram eficazes na finalização por causa do nervosismo”, afirmou. Perspectivando o próximo duelo dos Palancas Negras frente ao Gabão, Arlindo Macedo disse que os atletas terão que estar concentrados na defesa, porque o Gabão não dará facilidades. “Não podemos voltar a cometer tantos erros. Temos que limitar que o opontente tenha liberdade para jogar”, finalizou.
1º de Agosto e Interclube realizam jogo amistoso
O
1º de Agosto, tetracampeão nacional, realiza hoje mais uma sessão de treinos, no Estádio França Ndalu, em Luanda, visando o desafio amistoso marcado para amanhã diante do Interclube. Segundo fonte do clube militar, os trabalhos começam a partir das 8:30. Na sessão, o treinador Dragan Jovic vai, em primeiro lugar, trabalhar o aspecto físico dos atletas, para depois olhar para os fundamentos técnicos e tácticos.
Entretanto, jogadas combinadas, pressão na saída de bola do adversário, bem como transição e organização defensiva, vão centralizar os trabalhos. O técnico bósnio Dragan Jovic, de 56 anos, vai aproveitar esta partida para dar oportunidade aos atletas que foram menos utilizados no Girabola. Na tabela classificativa da competição, os rubro-negros comandam com 27 pontos, fruto de nove vitórias e duas derrotas. daniel miguel/arquivo
O PAÍS
Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
27 daniel miguel/arquivo
Pérolas africanas intensificam trabalhos visando o Mundial A Selecção Nacional sénior feminina de andebol realiza hoje mais uma sessão de treinos, no Pavilhão Paulo Bunze, em Luanda, tendo em vista a participação no Mundial, que o Japão acolhe de 30 deste mês a 15 de Dezembro próximo, às 8:30. Na sessão, o treinador dinamarquês, Morten Soubak, vai insitir no trabalho defensivo, uma vez que competirá num grupo, cujas selecções são fortes fisicamente. O combinado nacional figura no grupo A com a Sérvia, Holanda, Cuba e Eslovénia.
AREÓPAGO Sebastião Félix*
Agora é o Gabão
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“Não sei como responder” Daniil Medvedev desperdiçou vantagem de (5-1) no terceiro set e um match point no duelo com Rafael Nadal no ATP Finals, em Londres, e acabou derrotado pelo espanhol. Em declarações à imprensa, no final do emocionante encontro, o russo não soube dizer o que lhe faltou para selar o triunfo. “Não sei como responder a essa pergunta. Provavelmente preciso de continuar a trabalhar mentalmente, tal como faço todos os dias para melhorar. Espero não ter mais encontros como este na minha carreira”, disse.
Golden State Warriors tentam primeira vitória na NBA Depois da derrota frente ao Utah Jazz (122-108), os Golden State Warriors tentam conquistar a primeira vitória na Conferência Oeste, quando medirem forças, na madrugada de amanhã, com os Boston Celtics, que estão em boa forma na NBA. Nesta partida, os Celtics são os favoritos, uma vez que os Warriors não estão a fazer uma temporada digna de realce.
Brasil acolhe 20ª etapa do GP de Fórmula 1 A vigésima etapa do Grande Prémio de Fórmula 1 disputa-se no Domingo, na cidade de São Paulo, Brasil, a partir das 20:00 (horário de Angola). O autódromo de Interlagos será disputado num percurso de 4.309 quilómetros e terá 71 voltas. Na tabela classificativa, o britânico Lewis Hamilton, comanda com 381 pontos. Na segunda posição encontra-se Valtteri Bottas com 314 pontos, ao passo que no terceiro lugar figura Charles Leclerc com 249.
Polícia do Interclube e tricolores num dos jogos do provincial
Petro e Interclube abrem torneio Victorino Cunha Kiameso Pedro
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Petro de Luanda e o Interclube medem forças hoje, no “CODENM”, em jogo referente à primeira jornada da 11ª edição do Toneio Victorino Cunha, em partida a disputarse, às 18:00.
Neste desafio, os petrolíferos são os favoritos, uma vez que são mais competitivos comparativamente ao adversário. Na segunda jornada do campeonato provincial, os tricolores venceram por (86-81). Ontem, no Pavilhão 28 de
Fevereiro, o técnico Raul Duarte corrigiu as falhas do passado, com destaque para a pressão sobre o portador da bola, bem como na organização das saídas para o ataque.
Noutra partida, o 1º de Agosto e o ASA medem forças, às 16:00
Por conta disso, o clube do eixo-viário terá que ter cautelas defensivas, porque segundo o treinador dos polícias, Raul Duarte, o clube só pensa na vitória. Na outra partida, batem-se as formações do 1º de Agosto e do Atlético Sport Aviação (ASA), no mesmo pavilhão, às 16:00. Em declarações à imprensa, o director para o basquetebol do clube rubro-negro, Joaquim Gomes “Kikas”, fez saber que as condições estão criadas para o arranque da competição.
“Bernardo Silva pode conquistar Salah sem data para regressar aos relvados a Bola de Ouro”
Man City formaliza queixa contra arbitragem
O avançado Mohamed Salah agravou a lesão que tinha no tornozelo frente ao Manchester City, foi dispensado dos trabalhos da selecção do Egipto, mas não tem dada para regressar aos relvados, segundo revela a Imprensa inglesa. O avançado, que já esteve parado devido à lesão nesse mesmo tornozelo esta época, vai prosseguir o tratamento estabelecido pelo departamento médico do clube inglês.
O Man City formalizou ontem queixa contra a arbitragem no jogo com o Liverpool, realizado no passado Domingo, de acordo com o jornal britânico The Sun. Os citizens expressaram, assim, a consternação com o desempenho da equipa de arbitragem liderada por Michael Oliver, sobre dois lances de possível grande penalidade. Recorde-se que o Manchester City saiu derrotado da partida, por 1-3.
O antigo capitão do Manchester City, Vincent Kompany, considera que Bernardo Silva tem tudo para conquistar, no futuro, a Bola de Ouro. “Acho que toda gente vê Bernardo Silva como um jogador top. Ainda é jovem e acho que vai realizar uma carreira especial no City. Ele é um artista. Joga mais futebol do que qualquer um que conheço. Até joga no balneário”, revelou Kompany.
futebol, por ser o desporto rei, é uma modalidade que se insere no dia-a-dia dos cidadãos por intermédio de “discussões” nos bares, no táxi, no local de serviço e noutros pontos de concentração populacional. A derrota de Angola frente a Gâmbia por 1-3, no grupo D, referente à corrida ao CAN 2021 nos Camarões, aumentou o debate nos espaços públicos dentro e fora do país. No próximo Domingo, os Palancas Negras defrontam o Gabão em Franceville. É um adversário de peso. Tem atletas que actuam nos melhores campeonatos da Europa. A maior estrela do conjunto gabonês é o avançado do Arsenal da Inglaterra Pierre-Emerick Aubameyang. Por ter faro de golo, a equipa técnica liderada por Pedro Gonçalves sabe o que fazer no sector defensivo. Aliás, no embate anterior, os centrais cometeram muitos erros e na ponta final do desafio pagaram caro. Wilson e Bastos ficaram mal na fotografia. A falta de entrosamento no meio campo também contribuiu para o enterro da Selecção Nacional, no Estádio 11 de Novembro. Neste sector, Herenilson e Show tinham pouca criatividade, logo foram incapazes de anular os adversários. Os gaboneses são fortes no meio campo. Conhecem as limitações defensivas e ofensivas dos Palancas Negras. O adversário dos Palancas Negras joga em casa e diante do seu público. No entanto, entrará em campo para criar dificuldades técnicas e tácticas aos pupilos de Pedro Gonçalves. Para continuar a sonhar com a qualificação rumo aos Camarões, os Palancas Negras estão proibidos de perder fora de casa. Aliás, na terceira jornada o embate será contra a República Democrática do Congo (RDC), um adversário com o qual Angola sonha sempre mal. Por isso, muita atenção ao Gabão, é um país cujo futebol continua a sofrer mudanças positivas na sua estrutura. * Jornalista
classificados emprego
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ANASTACIO CAETE
diversos
• Terrenos bem localizados 20/30 na Zona Verde III do Benfica a partir de AKZ 750.000,00 • Terrenos com boa localização, todos murados de 20/30 no Patriota e Kifica Contactos: 993795 911/930580930
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SUELYrosa João L S Gamarano santos
Malanjino, kitady yangu!...*
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e malanjinos já vi e ouvi muitas odisseias. Desde os tempos Tuga, da Dipanda, até aos nossos dias, malanjino sempre esteve no Guiness, é motivo de atenção plural, nacional e internacional, gente de massa cinzenta que sempre soube saber ser e estar. No antigamente se dizia que, malanjino não paga renda, pura demagogia. Só não paga renda porque sabe e gosta de construir, de empreender. Por isso sabe poupar kumbú. E foi assim, naquele então, em que Cuango, Xamuteba, Cafunfo e Mussende ainda pertenciam a Malanje, aprendi a reconhecer que malanjino não brinca em serviço, faz de tudo um pouco, das tripas ao coração para se sentir feliz. Os de então, entre vivos e vivaços ousavam e podiam, a camanga estava a dar. Seus nomes não falo, as máquinas estavam com eles, desfilavam as grandes novidades do mundo automóvel, banga não vale a pena. Tias e tios todos no vai e vem, Luboia ou lussenga, qualquer coisa, dava jeito. Malanje estava na moda, era como um el dourado, a terra prometida.
Malanjino Kitady Yangu, era gente que brincava com a massa, falava alto, impunha respeito, tossia com diplomacia, conhecia e fazia afirmar as regras de boa e salutar convivência. A província fervia, gente fina, de quarta-classe, que tratava a gramática por tu, da raiz quadrada sem maka, a somar ou multiplicar nove vezes fora igual a nada. Poliglotas por excelência, são de speakar sem vacilar. No Késsua, com os missionários americanos aprenderam a tratar o inglês tipo canja, na Maxinde, com os pa-
É gente que faz da verdade razão de vida, da convivência harmonia e bem-estar, da frontalidade o respeito pela diversidade, das ideias e dos ideais, o berço, os alicerces da pluralidade
dres espanhóis tornaram-se verdadeiros expertises, no desporto e na cultura. Mas, em abono da verdade, a maior riqueza local, não é dinheiro-papel, não são bens materiais, não são riquezas naturais. A riqueza reside na sua inteligência e perspicácia, na sua capacidade de adaptação e interacção nos mais diferentes contextos e realidades, na sua dignidade e amor ao próximo, na sua honestidade e alegria, na sua paixão e amor por Angola. É gente que faz da verdade razão de vida, da convivência harmonia e bem-estar, da frontalidade o respeito pela diversidade, das ideias e dos ideais, o berço, os alicerces da pluralidade. Malanjino Kitady Yangu, bwe de massa cinzenta, kumbu não é problema, a economia e planificação em dia, sempres de mangas arregaçadas, cabeça erguida, a dar o litro e servir a pátria, não importa os sacrifícios, os contratempos do quotidiano pois, enquanto o tempo passa, as gerações se revezam, ficam os valores, a vida continua. * KITADY YANGU –Dinheiro é capim
OPINIÃO
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Ricardo Vita*
Pierre-Victor Mpoyo, o desenho animado
H
á mais de dez anos, tomei a iniciativa de criar, com o acordo tácito do interessado, uma página Wikipedia em francês dedicada a Pierre-Victor Mpoyo. Visto que, para o meu grande pesar, os grandes homens africanos têm o infeliz hábito de não escrever memórias, « é obra de historiadores », dizia-me ele com desapego. Então sabia, apesar da erudição e sofisticação desse homem, que ele não derrogaria a essa regra antes de deixar este mundo. « Um dia escreverás para os outros o que achares útil sobre mim », contentava-se em dizer. Amadou Hampâté Bâ tinha razão, « em África, quando um velho morre, é uma biblioteca que queima ». Mpoyo era um homem excepcional, não era como nenhum dos que existem hoje, e acredito que Deus quebrou o molde em que o fez. Pois certas existências são pacíficas e têm dias semelhantes, repletos de eventos privados. Mpoyo, ao contrário, dá a sensação de ter transbordado a própria vida; a vida em todas as suas formas. Ele conhecia a África profundamente; a sua vida foi enredada, de perto e de longe, na história de praticamente todos os países deste continente. Por exemplo, disse-me, já que ele foi um dos principais actores por trás dessa história que liga Angola à Nigéria para sempre, porque é que existe na Ilha de Luanda uma avenida chamada Murtala Mohammed, algo que a maioria dos Angolanos ignoram. Durante anos, contou-me anedotas requintadas sobre a sua vida; como se envolveu nas revoluções africanas, o motivo da sua simpatia pelo MPLA, o seu primeiro encontro com Savimbi na residência de Houphouet-Boigny, a sua audiência com Salazar em Lisboa, o seu
apoio à luta dos negros americanos pelos direitos civis e contra o Apartheid na África do Sul, como foi ser vizinho do presidente Bush, o pai, em Nova Iorque, o seu apoio às companhas presidenciais de Bill Clinton etc. Falava intimamente dos seus amigos políticos; Mandela, Castro, Nasser, Arafat, Kadhafi, Hassan II, Obasanjo, Sekou Touré, Agostinho Neto, José Eduardo dos Santos. E dos seus amigos famosos; Elizabeth Taylor, Sophia Loren, Brigitte Bardot, Claudia Cardinale, Diana Ross, Sidney Poitier, Michael Jackson, Iman Bowie, Quincy Jones. A sua rede de contactos estendia-se até a Ásia ou a príncipes árabes e a todo o Ocidente. Casou-se com uma top model da Christian Dior, com quem teve três filhos. Mpoyo era como um personagem de romance que vivia no centro das coisas em acontecimento. Era um personagem completo, na sua riqueza e complexidade. Para a sua geração, ele foi um dos homens mais poderosos do mundo. Desenho animado, era assim que Nelson Mandela, que ele conheceu em 1952, e Fidel Castro, seu outro amigo íntimo, gostavam de chamá-lo; porque Mpoyo tinha o dom da ubiquidade e, acima de tudo, porque foi um grande pintor. Foi formado no Congo Belga, o seu país natal, e na Academia de Belas Artes de Florença, na Itália, que se tornou a Academia das Artes do Desenho de Florença. Conheceu a idade de ouro de SaintPaul-de-Vence, essa cidade de artistas no sudeste da França, onde viveu entre 1960 e 1980, e onde conviveu com os maiores mestres das artes e das letras da época, como Picasso, Cocteau, Salvador Dalí, Chagall e Baldwin. Esse período foi o mais produtivo da sua vida artística e grandes galerias como a Galerie Bernheim-Jeune, em Paris, o representavam, e exibiu nas mais prestigiosas galerias
de arte contemporânea do mundo. Mpoyo foi o primeiro Africano a participar, aos 35 anos, na Bienal de Veneza de 1968 como convidado de honra, partilhando esse privilégio com o grande pintor mexicano Rufino Tamayo, que já tinha 69 anos. Três anos antes, Mpoyo já era o único representante da África e o convidado de André Malraux, ministro da Cultura francesa da época, na Bienal de Paris em 1965. Ainda em 1965, exibiu no Japão, na ocasião de uma exposição dedicada a Tutankhamon, organizada pela NHK, a televisão japonesa. A arte de Mpoyo visa contribuir para a reabilitação do negro no mundo cultural mundial, motivo pelo qual até os sujeitos internacionais nos seus desenhos são tratados com a alma africana. Reconhecemos sempre a Linha Contínua em todas as suas pinturas e elas estão muito impregnadas da filosofia bantu. Mpoyo é autor de mais de 3000 obras. Quando conheci Mpoyo, ele já
E Clarence Avant contou-me como Mpoyo o ajudou quando faliu e perdeu tudo, inclusive a casa. É assim que vemos o número de vidas que esse homem tocou. Mas a doença venceu, Mpoyo capitulou, após uma última luta em Cuba
tinha perdido tudo e estava muito afectado pela doença de Parkinson. Foi num desses momentos onde os bajuladores nos abandonam, um momento onde as amizades são postas à prova, o momento em que o telefone toca menos - e quando o do Mpoyo tocava, era só para os aduladores virem tirar proveito das suas relações -, é o momento onde sabemos quem é quem. Foi no início dos anos 2000, depois do assassinato do presidente Kabila. Em 1997, Mpoyo estava com ele, como o principal arquiteto financeiro e logístico da queda do regime de Mobutu, do qual era um oponente incansável. Aprendi a conhecê-lo e desenvolvi respeito pelo homem que ele era e admiração por toda a humilhação que vivia com elegância. Vi-o combater a doença com uma coragem extraordinária e às vezes obtinha vitórias contra ela. Alguns amigos que ele me mandava contactar para pedir ajuda eram cínicos e outros ficavam abertamente felizes em vê-lo diminuído e pobre. Mpoyo foi muito rico, bilionário em dólares, possuía um avião privado e a sua generosidade era re/ conhecida. Foi um homem de negócios bem sucedido, especialmente nos sectores do petróleo e da aviação, e conheceu um grande número de chefes de estado e líderes deste mundo. Mas perdeu tudo quando entrou na política no seu país, aceitando em 1997 o cargo de ministro da Economia, Indústria e Comércio Exterior e, posteriormente, o de ministro de Estado do Petróleo, e com a morte de Laurent-Désiré Kabila. Quando este foi assassinado em 2001, Mpoyo foi um dos que lutaram para colocar Joseph Kabila no poder. Este nomeou-o ministro de Estado sem pasta, foi aí que Mpoyo se distanciou dele. Mas já tinha perdido tudo, todas as suas contas foram bloqueadas com a cumplicidade dos seus velhos amigos. Em
2008, Stevie Wonder convidoume para o seu concerto em ParisBercy. Quando fui vê-lo no seu camarim, minutos antes do início do concerto, transmiti-lhe os cumprimentos que Mpoyo mandara, foi graças a ele que conheci Stevie Wonder. « Victor ?! », o artista exclamou com interesse. Onde ele está? Vamos vê-lo depois do concerto! Stevie disse, emocionado, mesmo sabendo que o concerto não terminaria antes de meianoite. E Clarence Avant contoume como Mpoyo o ajudou quando faliu e perdeu tudo, inclusive a casa. É assim que vemos o número de vidas que esse homem tocou. Mas a doença venceu, Mpoyo capitulou, após uma última luta em Cuba. Ligou-me de lá, com o filho, para me dizer que tinha decido ir para a RDC nos dias que se seguiam, foi essa a sua maneira de despedir-se de mim. Morreu pouco depois em Kinshasa, em 23 de Abril de 2015, aos 80 anos. Dessa relação com ele, guardo a imagem de um homem combativo nas horas mais sombrias da sua vida. Conservo a imagem de um homem inteligente, secreto e lacónico sobre os motivos da sua queda. E sei que vivi um encontro fora do comum e uma das coisas mais tristes da experiência humana: testemunhar a queda de um gigante. Até hoje nunca soube porque é que ele morreu assim, pobre e abandonado por todos. Mas sempre me lembrarei da força da coragem e elegância desse homem. Pierre-Victor Mpoyo é uma obra enigmática. *Pan-africanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Folha de São Paulo (Brasil), do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É cofundador e vice-presidente do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.
TEMPO
O PAÍS Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
31
Fonte: INAMET
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES Válida de 15 a 17 de Novembro de 2019 CIDADE
Mín
Das 18 horas do dia 14 de Novembro às 18 horas do dia 15 de Novembro de 2019
2019.REGIÃO NORTE: Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uige, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) Céu parcialmente nublado, com períodos de muito nublado PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 15 á 17 de Novembro de 2019 durante a madrugada e pela manhã em quase toda a região. Ocorrência de chuva moderada, por vezes acompanhadas de Data 15/ 11/ 2019 Data 16/ 11/ 2019 Data 17/ 11/ 2019 trovoadas, em alguns municípios das províncias de Cabinda, Estado do Tempo Máx Mín Máx Mín Máx Estado do Tempo Estado do TempoZaire, Uíge, Malanje, Cuanza-Sul, Lunda-Sul e Lunda-Norte. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca ou moderada ao 32 Céu nublado, chuva fraca a moderada e trovoada 23 31 Céu nublado, chuva fraca e trovoada 24 30 Céu parcial nublado, chuva fraca e trovoada anoitecer e pela madrugada nas províncias de Luanda, Bengo e 31 Céu nublado, chuva moderada a forte e trovoada 23 30 Parcial nublado, chuva fraca e trovoada 23 30 Céu nublado, chuva forte/trovoada Cuanza-Norte.
LUANDA
23
CABINDA
24
SUMBE
24
27
Céu nublado, chuva moderada/trovoada
24
26
Céu parcial nublado, chuva moderada/trovoada
23
26
CAXITO
25
32
Céu nublado, chuva moderada/trovoada
25
31
Céu parcial nublado, chuva moderada/trovoada
24
30
Parcial nublado, chuva moderada/trovoada
MBANZA CONGO
21
28
Céu nublado, chuva localmente forte/trovoada
20
28
Céu muito nublado, chuva forte/trovada
21
28
Céu nublado, chuva moderada a forte/trovoada
UIGE
18
30
Céu nublado, chuva moderada a forte/trovoada
18
29
Céu muito nublado, chuva moderada/trovada
19
29
NDALATANDO
22
29
Céu nublado, chuva moderada/trovoada
23
30
Céu parcial nublado, chuva moderada/trovada
22
28
MALANJE
19
31
Céu nublado, chuva moderada/trovoada
18
30
Céu muito nublado, chuva moderada/trovada
18
29
DUNDO
20
28
Céu parcial nublado, chuva moderada/trovoada
20
29
Céu parcial nublado, chuva forte/trovada
21
28
SAURIMO
19
30
Céu parcial nublado, chuva moderada/trovoada
18
30
Céu parcial nublado, chuva local forte/trovada
19
29
Parcial nublado, chuva moderada/trovoada
BENGUELA
23
28
Céu parcialmente nublado, neblina/chuvisco
23
27
Céu parcial nublado, chuva fraca ou moderada
22
26
Céu pouco ou parcial nublado, chuva fraca
HUAMBO
10
25
Céu nublado, chuva localmente forte/trovoada
11
24
Céu parcial nublado, chuva moderada/trovoada
11
25
CUITO
15
26
Céu nublado, chuva localmente forte/trovoada
16
26
Céu parcial nublado, chuva moderada/trovoada
16
27
LUENA
18
28
Pouco a parcial nublado, chuva fraca/trovoada
18
29
Céu parcial nublado, chuva moderada/trovoada
17
28
LUBANGO
19
30
Céu nublado, chuvisco ou chuva fraca/trovoada
20
32
Céu parcialmente nublado, Chuvisco
19
32
MENONGUE
18
32
Céu parcial nublado, chuva moderada e trovoada
17
33
Céu parcialmente nublado, Chuvisco
18
32
MOÇÂMEDES
20
27
Parcial a pouco nublado, chuvisco/chuva fraca
21
28
Céu pouco ou parcial nublado
21
27
Céu pouco ou parcial nublado
ONDJIVA
23
36
Céu parcialmente nublado, chuvisco/chuva fraca
22
37
Céu pouco ou parcial nublado
22
361
Céu pouco ou parcial nublado
O Meteorologista: Amílcar Ernesto A. José.
Parcial nublado, chuva moderada/trovoada
REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu parcial a nublado em quase toda a região. Períodos de Céu nublado, chuva moderada a forte/trovoada ocorrência de chuva moderada ou forte, por vezes Céu nublado, chuva moderada a forte/trovoada acompanhadas de trovoadas, nas províncias do Huambo, Bié e Céu muito nublado, chuva moderada/trovoada Moxico. Possibilidade de ocorrência de chuvisco ou neblina no Céu parcial nublado, chuva moderada/trovada litoral da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango Céu parcial nublado, chuva forte/trovoada Céu pouco ou parcialmente nublado em quase toda a região. Céu parcial nublado, chuva forte/trovoada Período de ocorrência de chuva fraca a moderada, por vezes Céu parcial nublado, chuva forte/trovoada acompanhada de trovoadas, nas províncias do Cuando Céu parcial ou pouco nublado Cubango. Possibilidade de ocorrência de chuvisco ou chuva Céu parcial ou pouco nublado fraca nas províncias da Huíla e Cunene.
Luanda, 14 de Novembro de 2019.
Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao
TEMPO no mar Fonte: INAMET
BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00 TU DO DIA 14 DE NOVEMBRO DE 2019: Circulação de Sudoeste ou Sudeste fraca entre os paralelos 4°S e 14°S e moderada a Sul do paralelo 15°S a 18º INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA - INAMET
2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ ÀS 18:00 TU DO DIA 15Nacional DE NOVEMBRO 2019: Centro de Previsão do Tempo SEM AVISO BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00 TU DO DIA 07 DE NOVEMBRO DE 2019: Circulação de Sudoeste fraca a moderada entre os paralelos 4°S a 14°S (Cabinda até Benguela) e agitada de sudoeste a Sul do paralelo 15°S 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 08 DE NOVEMBRO 2019: NÃO HÁ AVISO.
REGIÃO
ESTADO DO TEMPO
VENTO
(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)
ALTURA DA ONDA (METROS)
ESTADO DO MAR
DIRECÇÃO FORÇA (KT)
VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)
Cabinda (4°S – 6°S)
Chuva Fraca à Moderada
Sudoeste
08 a 10
Até 1.4
Pouco agitado
Fraca pela manhã (Superior a 5)
Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)
Chuva Fraca à Moderada
Sudoeste
08 a 15
Até 1.6
Pouco agitado
Fraca pela manhã (Superior a 5)
Parcialmente nublado
Sudoeste
Até 12
Até 2.4
Agitado
Boa (Superior 8)
Namibe (14°S – 18S)
Chuvisco
Sudoeste
Até 20
Até 2.8
Agitado
Moderada (Superior a 6)
3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 14/11/2019 ÀS 18:00 UTC DO DIA 15/11/2019 O Anticiclone de Santa Helena manter-se-á estacionário com a sua pressão central máxima de 1030hPa. Deste modo, prevê-se mar pouco agitado nas regiões marítimas de Cabinda, Zaire, Luanda, Bengo, Cuanza-Sul e Benguela. Para a região do Namibe, prevê-se agitação marítima, visibilidade fraca ou moderada pela manhã, superior a 4 km, devido à ocorrência de chuvisco ou chuva fraca a moderada nas regiões mencionadas. 4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.
Última
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O PAÍS
Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
BNA: “Kwanza está em trajectória de apreciação”
Ex-delegado da Justiça condenado a dez anos de prisão O ex- delegado provincial do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos no Uíge, Miguel Cutoca, foi condenado ontem (Quinta-feira), nesta cidade, a dez anos de prisão pela prática de crime de peculato e de participação económica em negócios
O vice-governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Tiago Dias, considerou, nesta Quinta-feira, que o Kwanza entrou para uma trajectória de apreciação, depois dos altos níveis de depreciação registados a partir de 23 Outubro
A
o intervir numa conferência de imprensa, o gestor explicou que a apreciação resulta das medidas adoptadas após a liberalização da taxa de câmbio. Entre essas medidas destacase o aumento da oferta de divisas (moeda estrangeira convertível) no mercado e o controlo do Kwanza em circulação na economia. No dia da liberalização da taxa de câmbio, cada dólar era transaccionado a 497 Kwanzas (câmbio do BNA), mas hoje (dia 14) está a 457,83 por cada dólar. Isso representa uma apreciação de quase 9 por cento. Manuel Tiago Dias mostrou-se optimista quanto à normalidade das actividades dos agentes económicos que terão, no seu enten-
der, repercussões positivas sobre a economia. As medidas, adiantou, prevêem, consequentemente, benefícios para os consumidores, depois dos ajustamentos necessários. O responsável acrescentou que a economia e o mercado cambial estavam totalmente “desequilibrados”, tendo lembrado que se registaram em 2018 várias operações pendentes em termos de regularização junto da banca comercial, que nesta fase, paulatinamente, começa a registar alterações. A intenção do Banco Central é fazer com que as oscilações que a taxa de câmbio registar no futuro não sejam assim tão acentuadas, mas que se situem em patamares que permitam aos agentes económicos poderem prever o futuro com mais cautela. A taxa de câmbio ditada pe-
lo BNA é determinada pela lei da procura e oferta. A regularização das operações passadas, a transparência introduzida no mercado cambial, que passou pela comunicação pública dos montantes que o BNA se predispunha a colocar na economia e a realização periódica de leilões, estão, entre outras medidas, a contribuir para o equilíbrio do mercado cambial e da economia, de acordo com Manuel Tiago Dias. O vice-governador do BNA também falou, além da política cambial, sobre e o relatório do índice de preços no consumidor nacional, referente aos meses de Agosto a Setembro de 2019, que teve um aumento de 1,45% e uma variação homóloga acumulada dos últimos 12 meses de 16%. Em relação à alteração dos preços, referiu que depois das “ fortes perturbações” registadas a nível do mercado cambial, fez com que as diversas opiniões convergissem na previsão do aumento de preços na economia. Passada a fase, não obstante ter havido um aumento de preços, considera o mesmo ser bastante limitado, uma observação que deixa o Banco Central optimista em relação àquilo que pode vir a ser até final de 2019.
“Podemos aqui dizer que os preços subiram, mas de maneira mais branda do que aquilo que os observadores económicos esperavam”, disse. O Índice de Preços no Consumidor Nacional registou uma variação de 1,45%, durante o período de Agosto a Setembro de 2019. Registaram maior aumento as províncias do Cuanza-Norte com 1,69%, Lunda- Sul 1,63%, Huíla com 1,60, Uíge com 1,56%, Luanda com 1,55% e CuanzaSul com 1,45%. As províncias com menor variação foram as do Bengo com 1,27%, Huambo, com 1,22%, Lunda -Norte com 1,20%, Cuando-Cubango com 1,19%, Namibe com 1,15% e Cunene com 1,06%. A classe “Alimentação e Bebidas não Alcoólicas” foi a que mais contribuiu para o aumento do nível geral de preços, com 0,72 pontos percentuais durante o mês de Setembro, seguida das classes “Bens e Serviços Diversos” com 0,13 pontos percentuais, “Vestuário e Calçado” com 0,12 pontos percentuais e “Habitação, Água, Electricidade e Combustíveis” com 0,11 pontos percentuais. As restantes classes tiveram taxas inferiores a 0,11 pontos percentuais.
D
e acordo com a sentença lida pelo juiz da sala dos crimes do Tribunal Provincial, Domingos Dembo, o réu terá subtraído dos cofres do estado 652. 830. 223, 30 (seiscentos e 52 milhões, oitocentos e 30 mil e 223 Kwanzas), transferidos para a empresa SOMOFIL, sua propriedade. Com o dinheiro, Miguel Cutoca, que exerceu o cargo entre 2010 e 2018, adquiriu viaturas top de gama, residências e empreendimentos económicos nas cidades de Luanda e Uíge. O réu foi ainda condenado a indemnizar o Estado no valor de 628 milhões 929 mil 863 Kwanzas, bem como a pagar uma taxa de justiça de um milhão de Kwanzas. Em função da decisão do juiz, a advogada do réu, Agbessi Cora Neto, em declarações à imprensa, mostrou-se inconformada com a decisão, por entender haver factos que não foram suficientemente provados.