Jornal OPaís edição 1675 de 02/12/2019

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LuCAS NGONdA FiCA MAiS CATOrZE MESES NA LidErANÇA dA FNLA

GOVErNO rEduZ 650 TONELAdAS dE iMPOrTAÇÃO dE FAriNHA dE TriGO POr ANO

O processo de reconciliação dentro da FnLA já foi concluído, o partido está a preparar-se com a realização das assembleias provinciais electivas para a escolha dos delegados ao quinto Congresso que se avizinha. P. 08

O secretário de estado da indústria, ivan Prado, manifesta-se optiminsta sobre o quadro da produção nacional e refere que o executivo de João Lourenço prevê reduzir consideravelmente os níveis de importação de farinha de trigo. P. 09

OPAÍS PAÍS

Director: José Kaliengue www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @Jornalopaís facebook/opaís.angola

O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA

edição n.º 1675 Segunda-feira, 02/12/2019 Preço: 40 Kz

CArLOS AUGUSTO

ANGOLA PrESidE CONSELHO dE SEGurANÇA dA uA EM FOCO : Angola assumiu ontem, Domingo, a presidência rotativa do Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana (UA). O mandato expira em Marco de 2020. P. 02 Bancos fogem do financianciamento à cafeicultura ● em entrevista exclusiva a OPAÍS, na cidade da Gabela, o

administrador municipal, Francisco Manuel Mateus, disse que uma das grandes preocupações no que se refere à cultura de café é o facto de os bancos não aceitarem financiar esse tipo de agricultura. Por outra, considera que a criação de um fundo do café vai ajudar bastante na estabilização económica e alavancar o seu município. P. 10

E AiNdA NO CArTAZ: Bens culturais africanos saídos no período pré colonial não são classificados objectos roubados em museus

Banda Chiclete com Banana estreia-se em Angola

Especialistas: “Reformas económicas no país são inevitáveis”

Pérolas africanas procuram primeira vitória no Mundial

As reformas em curso na macroeconomia angolana são inevitáveis porque o país, para voltar ao ciclo normal, precisa de consentir este sacrifício. Com o Fundo Monetário internacional (FMi), ou não, em algum momento o país tinha de passar por este “ritual”. P. 18

● no Pavilhão Aqua Dome, no

Japão, a Selecção nacional sénior feminina de andebol defronta hoje, às 7:00 (horário de Angola, a sua similar da Holanda, para 2ª jornada do grupo A do Mundial P. 26

João Mapito, representante da província do Cuando Cubango, vence Variante 2019


EM FOCO

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O PAร S Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2019

Angola preside Con de Seguranรงa da U


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O PAÍS Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2019

O nselho UA Dr

Angola assumiu ontem, Domingo, a presidência rotativa do Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana (UA). O mandato expira em Marco de 2020

mandato do país, eleito em Janeiro último, será inaugurado com a realização em Luanda, de 4 a 6 deste mês, de uma Reunião Ministerial desse órgão de defesa. A decorrer sob o lema “Reconciliação Nacional, Restauração da Paz, Segurança e Reconstrução da Coesão em África”, a reunião enquadra-se na estratégia de consolidação da paz e promoção do desenvolvimento sustentável. Estarão na sessão de abertura do encontro 80 entidades, entre as quais 15 ministros das Relações Exteriores dos Estados Membros do Conselho de Paz e Segurança da UA. Para transmitirem as experiências dos seus países, relacionadas com o tema da reunião, foram convidados os chefes das diplomacias do Mali, Níger, RCA, RDC, além da Argélia e do Rwanda (membros do CPS). Em agenda está também prevista a intervenção do Comissário pa-

ra a Paz e Segurança da Comissão da União Africana, Smail Chergui. Por altura da apresentação do programa da presidência do país, na sede da UA, o Representante Permanente de Angola junto da União Africana, Francisco da Cruz, enfatizou que o certame servirá para explorar formas e meios de aumentar a dinâmica dos esforços continentais em curso, tendentes a silenciar as armas. A reunião visa igualmente criar condições para a transformação e o desenvolvimento sócio-económico, de acordo com a carta e espírito da Zona de Comercio Livre Continental Africana e da Agenda 2063, entre outras metas. Agenda da Presidência Na sequência da agenda, já em Addis-Abeba, proceder-se-á à análise do Projecto de Relatório sobre as Actividades do CPS e o Estado da Paz e Segurança em África, bem como do Projecto do Relatório sobre a Implementação do Roteiro Principal referente ao silenciar das Armas

em África ate 2020. Do programa mensal constam informações sobre a situação na Somália e Actividades da Amisom (Missão da União Africana na Somália), sobre as Eleições em África ao longo do ano de 2019 e outro sobre a Prevenção de Conflitos, Aviso Prévio e Mediação em África. O Cairo (Egipto) vai ser palco, entre 15 e 19 de Dezembro de 2019, da 12ª Sessão Ordinária do Comité Técnico Especializado sobre Defesa e Segurança e da 15ª Reunião dos Chefes dos Estados Maiores Africanos da Defesa e Chefes de Segurança e Protecção. Será preparado um Seminário de Alto Nível sobre a Paz e Segurança em África entre o CPS e o A3, este composto por Estados africanos membros não-permanentes do Conselho de Paz das Nações Unidas (África do Sul, Guiné Equatorial e Côte d’Ivoire), a ter lugar em Janeiro de 2020, já além da presidência de Angola. ANGOP

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dESTAQuES POLÍTiCA. PÁG. 08 Lucas ngonda fica mais catorze meses na liderança da FnLA

o editorial

SOCiEdAdE. PÁG. 12 ex-candidato a

bastonário da Ordem dos engenheiros aguarda decisão do Tribunal

CArTAZ. PÁG.114 Bens culturais africanos saídos no período pré colonial não são classificados objectos roubados em museus

ECONOMiA. PÁG 18 reformas económicas em curso no país são inevitáveis

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HOJE:

Escravatura, uma realidade persistente

os números do dia

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O

lha-se para a história e. é fatal,. encontra-se a era da escravatura. Melhor, as eras da escravatura, em lugares de quase todo o mundo. não foi um exclusivo da europa, da África ou da Ásia. As imagens são muitas, apesar de parecer serem apenas factos históricos, de um tempo que já passou. Mas não. não passou. A escravatura é, infelizmente, ainda uma realidade nos nossos dias, seja ela apresentada da forma que for. Milhares de pessoas continuam a ser traficadas, milhares de pessoas de todo o mundo continuam a ser posse de alguém, de um dono das suas vidas. e produzem riqueza para os seus detentores de forma visível ou camuflada. As mulheres e as crianças continuam a ser “mercadorias interessantes”, cujo comércio prospera até nas mais sofisticadas e democráticas cidades do mundo.

2 320

Árbitros internacionais angolanos de Futsal participarão de 06 a 10 de Dezembro próximo na África do Sul, numa acção formativa a ser organizada pela Confederação Africana de Futebol (CAF).

Fiéis ligados à paróquia da nossa Senhora de Lourdes foram formados hoje (Sábado) em Luanda, em matéria de valorização de resíduos e poluição marinha, para melhor tratarem o lixo no bairro Honga (Município de Talatona).

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o que foi dito MuNdO . PG. 22 nove pessoas morreram esmagadas em baile funk no Brasil

Aboubakar e todos os jogadores que passaram nas minhas mãos têm a atitude correcta, todos os jogadores dão essas garantias e isso é fantástico” Sérgio Conceição Treinador do FC Porto

indivíduo foi detido sob acusação de agredir na localidade de Sacassange no município sede do Moxico, província com mesmo nome, a esposa ntembo Quena de 32 anos de idade.

O futebol angolano passa a ter mais apoios e incentivos por parte da FiFA” Artur Almeida e Silva Presidente da FAF

Casos positivos de VIH/Sida foram notificados de Janeiro à presente data na província do Bengo, uma redução de 529 casos em relação ao período homólogo de 2018, informou a directora provincial da saúde do Bengo, Victória Cambuanda.

A Zona Económica Especial (ZEE) Luanda – Bengo é um exemplo da valorização da mão-de-obra nacional, com realce para os jovens, que ocupam 60 por cento dos postos das empresas em funcionamento” Crispiniano dos Santos Primeiro secretário nacional da JMPLA e dos Petróleos


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e assim... José Kaliengue Director

uma palavra, um sonho, um pilar estruturante.

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o economista Carlos Lopes e encontre algumas respostas às suas inquietações sobre o desenvolvimento africano

A

www.opais.co.ao itália (Turim): Centro histórico de Turim evacuado para retirada de bomba da Segunda Guerra Mundial.(Dr)

o que vai acontecer Bienal Luís Damião representa

Angola na 12ª edição da Bienal Africana de Fotografia, que se realiza deste ontem a 31 de Janeiro de 2020, na cidade de Bamako, capital do Mali. Denominado “reencontros de Bamako”, o evento contará com a presença de artistas e fotógrafos de mais de 50 países do continente africano, disse, quinta-feira, à Angop o fotógrafo, no Aeroporto internacional 4 Fevereiro, antes do embarque a Bamako. Luís Damião explicou que vai à Bienal de Bamako a convite da organização, com uma obra denominada “Mohamed Aqui”, que o referido tema reflecte a capacidade dos angolanos .

de daquela nação africana.

Cultura A dimensão cultural e

artística de Angola e África do Sul estão a ser evidenciadas desde a noite de Quinta-feira até 7 de Dezembro, no palco do Palácio de Ferro, em Luanda, inserida na Semana Cultural Sul-africana, comemorativa do Dia da Liberdade da terra de nelson Mandela. na abertura da semana, o secretário de estado da Cultura para a área Científica, Aguinaldo Cristóvão, destacou os momentos de partilha de experiências que os artistas dos dois países vão poder trocar durante o evento, tendo felicitado, em nome da ministra da Cultura, Maria da Piedade de Jesus, o povo sul-africano pela celebração dos 25 anos do Dia da Liberda-

Cultura A segunda edição da

Feira do Livro e das Artes, com diversos atractivos, realiza-se, hoje, entre às 8 e às 18h00, na Praça da Harmonia, na C5, no bairro nelito Soares, Distrito Urbano do rangel, por iniciativa da Casa da Cultura do rangel “njinga Mbande”. A feira tem a participação de várias editoras nacionais, que vão expor livros para crianças, didácticos e científicos, alguns dos quais de autores angolanos. De acordo com a directora da Casa de Cultura do rangel, Patrícia Faria, o objectivo da Feira “é incentivar as famílias a resgatar o hábito de partilha das pequenas coisas, numa perspectiva de socialização”.

Membros.

Política Angola assumiu a pre-

sidência rotativa do Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana (UA), a ser inaugurada com a realização, em Luanda, de 4 a 6 deste mês, de uma reunião Ministerial sobre “reconciliação nacional, restauração da Paz, Segurança e reconstrução da Coesão em África”. Sob o lema “reconciliação nacional, restauração da Paz, Segurança e reconstrução da Coesão em África”, a reunião enquadra-se na estratégia de consolidação da paz e promoção do desenvolvimento sustentável. estarão na sessão de abertura da reunião deste órgão 80 entidades, entre as quais 15 ministros das relações exteriores dos estados

memória é cimento importante para as organizações se manterem. Temos em Angola alguns exemplos que podem atestar a afirmação. Olhemos para os nossos partidos políticos e as suas histórias, as histórias das suas figuras também. O MPLA, apesar das actuais turbulências, mantém-se no portentado que é alicerçado na sua história. Toda a gente sabe ou já ouviu falar algures do MIA, do MINA, organizações que o antecederam. Há memória dos seus líderes e das suas obras ou discursos. Os nomes estão aí, são até estudados. Agostinho Neto é facilmente lembrado pela proclamação da Independência Nacional e também pelo “O mais importante é resolver os problemas do povo”, além de toda a poesia que escreveu. Na UNITA, Savimbi “vive” no seu “Primeiro o angolano, segundo o angolano, terceiro o angolano. O angolano sempre”. Quer Neto, quer Savimbi, disseram coisas que ainda hoje guiam os seus seguidores e continuarão a guiar. Mas as suas palavras ecoam no tempo também porque os seus partidos se agarram a elas como mensagens e elos que lhes dão solidez, uma espécie do porquê da sua existência, uma senha com que se dirigem ao povo, uma promessa, uma razão. E sabem que se as deixarem cair eles caem também. Deixa de fazer sentido a sua existência como forças políticas. No outro extremo temos os casos da FNLA, do PRS da CASA-CE. Alguém se lembra, ainda agora de algum discurso que seja repetido pela CASA-CE feito pelo seu “fundador” Chivukuvuku? Andebol A Selec- Alguém se lembra de uma frase arção nacional sénior rebatadora de Eduardo Kuangana do feminina de andebol PRS, ou dele mesmo? defronta esta maLucas Ngonda, na FNLA, começou a nhã, às 7:00, a simi- destruir o partido no momento em lar da Holanda, em que começou a destruir o seu líder jogo referente à 2ª fundador, Holden Roberto. Não se jornada do grupo A sabe dos nomes de companheiros de do Campeonato do jornada de Holden, ou poucos sabem, Mundo. no Japão. sobretudo entre os jovens. Ele pensou? Escreveu? Disse alguma coisa, em algum momento, que alimente a vida do partido? Se disse, Ngonda enterrou, não ficou memória, não ficou referência, não ficou razão para que a FNLA continue a existir, não inspira. Neste tipo de organizações, matar o passado é só mergulhar no fracasso. E para as nações é a mesma coisa.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2019

NO TEMPO dO KAPArANdANdA

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

OPAÍS

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Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 Vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

1954

02 de dezembro de - O Senado dos eUA condena o senador Joseph MacCarthy por ter “desonrado e aniquilado a reputação” do Congresso, com a Comissão de investigação das Atividades Antiamericanas.

02 de dezembro de

1961

- O Governo de Oliveira Salazar expulsa quatro missionários norte-americanos, por terem apoiado movimentos angolanos de libertação.

1969

02 de dezembro de - Voo inaugural de um Boeing 747, entre Seattle e nova iorque, eUA.

CArTA dO LEiTOr

A cabeça do rei é nossa ilustre Director do Jornal O PAiS. escrevo para dizer que na semana passada li uma matéria neste Jornal on line que falava sobre a cultura, como também passou e tem passado desde há muito tempo pela TPA uma matéria que tratava do mesmo assunto, retratando a elevação da capital do reino do Kongo, Mbanza nkongo a património mundial. nessa altura e gora também, lembrei-me de que há tempos fiz alguma pesquisa sobre História, direccionando o meu interesse quase exclusivamente para a História de Angola, enfim, do território que hoje é Angola. Durante a pesquisa, descobri que uma das principais batalhas da nossa História é a Batalha de Ambuila, em 1665, que marca o declínio do reino do Kongo. e que foi no decorrer da mesma que a cabeça do rei do Kongo. D. António i, foi decapitada e está hoje exposta nos museus portugueses. eu não sei se é verdade, não

Dr

tive tempo nem paciência para pesquisar, mas isso pareceme estranho e talvez seja erro dum historiador mal-amanhado. Se for verdade, apesar de já terem passado 354 anos não seria melhor para Angola solicitar a Portugal que seja devolvida a cabeça do rei a sua

terra natal, ou estou a divagar e já não faz sentido? espero que não haja má interpretação por parte dos historiadores, antropólogos ou a quem de direito. Também, aproveito a oportunidade para dizer que há muita procura do Jornal OPAiS na Província de Benguela. no tampo do “jornal de papel”, às vezes

vendiam-se jornais a preços de 1.000 AKZ, 500AKZ e 1500AKZ, o que pesa bastante ao meu bolso. Apesar de conterem notícias, eu prefiro O Pais que pensa no Pais. Obrigado pela oportunidade. Atenciosamente, Betinho da raíz ilha do csabo

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754



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POLÍTiCA

O PAÍS Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2019

Lucas ngonda fica mais catorze meses na liderança da FnLA O processo de reconciliação da FnLA já foi concluído, o partido está a preparar-se, com a realização das Assembleias Provinciais electivas, para a eleição dos delegados ao quinto Congresso que se avizinha Neusa Filipe

O

porta-voz da FNLA, Gerónimo Makanda, disse, ontem, a OPAÍS que o actual líder da FNLA, Lucas Ngonda vai ainda dirigir o partido por um período de catorze meses, depois da realização do Congresso, assunto acordado entre as partes que negociaram para a unidade e reconciliação dentro do partido. Gerónimo Makanda avançou que a aceitação dos membros antes divididos em alas já foi consolidada em reunião em que participaram quatro grupos, designadamente a direcção do partido liderada por Lucas Ngonda, o grupo dos reformistas, a ala do ex-presidente Ngola Kabango e o grupo do Carlito Roberto, filho do líder fundador, Álvaro Holden Roberto, um grupo de se havia-desmembrado da ala de Ngola Kabango.

O Congresso A fonte fez saber que o partido está a preparar-se para a realização do seu quinto Congresso Ordinário, a decorrer nos dias 12 e 13 do corrente mês em Luanda. Salientou que o referido Congresso não vai eleger um novo presidente e sim legalizar uma direcção transitória para o partido, enquanto o actual líder Lucas Ngonda estará ainda na direcção durante catorze meses e duas semanas, tal como foi acordado pela comissão de negociação. Findo esse período de catorze meses e duas semanas, explicou que o partido vai realizar um Congresso Extraordinário sem a participação de Lucas Ngonda.

“Por uma iniciativa própria, o presidente Lucas Ngonda entende que, terminada a transição, ele vai abandonar a vida política activa e, desta forma, nós vamos reconstituir o partido com a eleição de um novo líder”, disse. O quinto Congresso Ordiná-

rio da FNLA é considerado como um Congresso de compromisso, e irão participar todas as partes que constituem aquela formação política. As delegações, segundo o porta-voz, já estão a trabalhar em todo o território nacional. A reconciliação Relativamente ao clima de desavenças que existiu no partido nos últimos anos, Gerónimo Makanda assegurou que depois de o memorando de entendimento ter sido assinado, o partido está gora mais coeso, sem intrigas e com mais vontade de trabalhar para os próximos desafios políticos.

“O novo pacto está aberto a todos os grupos. Temos estado a trabalhar em conjunto, trocando correspondências, não existem mais queles problemas, o importante

Finalmente teremos uma FNLA capaz de concorrer para as eleições autárquicas e para as próximas eleições gerais”

agora é que todos respeitemos as decisões tomadas. Finalmente teremos uma FNLA capaz de concorrer para as eleições autárquicas e para as próximas eleições gerais”, afirmou. As partes que negociaram para a reconciliação trabalharam durante um período de cinco meses, remetendo questões relacionadas com a unidade interna, e, terminado este período, a força política em causa pretende realizar a cerimónia que culminará com a assinatura de um pacto de entendimento que será ratificado em Congresso, tal como mandam os estatutos do partido.


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Angola assinala 43 anos como membro da OnU

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Governo reduz 650 toneladas de importação de farinha de trigo por ano O secretário de estado da indústria, ivan Prado, manifesta-se optiminsta sobre o quadro da produção nacional e refere que o executivo de João Lourenço prevê reduzir consideravelmente os níveis de importação de farinha de trigo Constantino Eduardo, em Benguela

O

“adjunto” de Bernarda Martins no Ministério da Indústria considera a inauguração de iniciativa privada do complexo industrial ‘Carrinho’ pelo Presidente da República, em Benguela, uma lufada de ar fresco para a produção nacional, a julgar pelos gastos decorrentes da importação da farinha de trigo a que o Executivo se tem sujeitado anualmente, razão por que considere imperioso, tal como o PR, a existência de outras projectos de transformação dos produtos do campo. Para o governante, o complexo industrial afigura-se como uma

clara demonstração daquilo a que chama esforço do Executivo tendente à diversificação da economia. ‘Hoje, nós importamos cerca de 650 toneladas de farinha de trigo por ano. Com esta infraestrutura que inaugurámos, e mais duas que estão em Luanda, vamos deixar de importar a farinha de trigo’, sustenta. Apesar dos projectos já executados e outros em carteira, o Ministério da Indústria está consciente de que este sector não se vai desenvolver se não tiver suporte da agricultura. Ciente dos problemas de agricultores, relacionados fundamentalmente com o escoamento do produto do campo para as

cidades, o secretário de Estado salienta que a questão está devidamente salvaguardada pelo Executivo em vários instrumentos de orientação da actual governação, com destaque para o PRODESI. ‘No passado, nós tínhamos o empresário do campo, hoje não temos, mas estamos a trabalhar no sentido de voltarmos a ter essa figura’, disse Ivan Prado, para quem, actualmente, em função dos investimentos no sector, os homens do campo já dispõem de indústria para transformar os produtos. Entretanto, para que o Estado reduza os níveis de importação, Ivan Prado defende a necessidade de os produtores apostarem seriamente na qualidade.

República de Angola assinalaou ontem o 43º aniversário da sua admissão como membro de pleno direito da Organização das Nações Unidas (ONU). Há 43 anos, a então República Popular de Angola (RPA) era admitida como membro de pleno direito ONU, colocando-se ao lado das grandes nações. A admissão de Angola na ONU foi recomendada à Assembleia Geral pelo Conselho de Segurança, através da resolução 397/76, com votos favoráveis da maioria dos Membros Permanentes do Conselho de Segurança. Desde então, o país, independente desde 11 de Novembro de 1975, passou a estar presente na discussão dos grandes temas mundiais. A propósito, o Ministério das Relações Exteriores (MIREX) destacou a importância da data, sublinhando que a visão diplomática de Angola e a sua abertura para o mundo permitiram promover a igualdade entre os Estados e o respeito pela soberania de cada país. Em nota de imprensa, o MIREX aponta como vantagens dessa admissão a busca pela coope-

ração mutuamente vantajosa, a defesa e promoção dos Direitos Humanos, bem como o diálogo na resolução de conflitos. Exemplifica a Cimeira Quadripartida de Luanda, realizada em Agosto último, iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, que culminou com a assinatura do Memorando de Entendimento entre o Ruanda e o Uganda, pondo fim à tensão na região. Destaca que o país continuará a observar e respeitar os princípios estabelecidos na Carta da ONU e contribuir na concretização dos 17 Objectivos do Desenvolvimento Sustentável. Na primeira vez (2003-2004), o país presidiu em regime rotativo o órgão (Novembro de 2003), tendo na segunda (2015-2016) a presidência tido lugar no mês de Março de 2016. Como reconhecimento do sucesso do seu processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (D.D.R.), bem como o da consolidação da paz e reconciliação nacional, em 2006, Angola mereceu a confiança dos Estados Membros da ONU e presidiu a primeira Comissão de Consolidação da Paz (PBC) da organização.


sociedade

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Bancos fogem do financianciamento à cafeicultura no Amboim Em entrevista exclusiva a OPAÍS, na cidade da Gabela, o administrador municipal, Francisco Manuel Mateus, disse que uma das grandes preocupações no que se refere à cultura de café é o facto de os bancos não aceitarem financiar este tipo de agricultura. Por outra, considera que a criação de um fundo do café vai ajudar bastante na estabilização económica e alavancar o seu município pedronicodemos

Maria Teixeira enviada a Gabela (Cuanza-Sul)

Vista parcial da cidade da Gabela, Cuanza-Sul

N

o passado, o café ocupou um lugar de destaque na economia de Angola, tendo sido considerado como o principal produto de exportação, atingindo elevadas quantidades e posicionando o país na posição de 3º maior produtor a nível mundial em 1974. Dentre as principais províncias produtoras de café destacase o Cuanza-Sul, com produções acima de 40 mil toneladas de café/ano, particularmente no município de Amboim, mas a guerra que assolou o país reduziu drasticamente a produção. Em entrevista exclusiva a OPAÍS, o administrador municipal, Francisco Manuel Mateus, disse que a cultura do café contribui para o equilíbrio ambiental, pelo facto de esse tipo de agricultura exigir plantação de árvores, para além de gerar emprego aos jovens. A grande dificuldade que têm é que não há receptividade por parte dos bancos, ou seja, os bancos não financiam esse tipo de cultura, pois preferem culturas rápidas como a do tomate, cebola, e que obviamente dão rendimentos rápidos. “A cultura do café demora a render uns três ou quatro anos e não há apetência por parte dos bancos. Essa é a grande luta. Por isso é que, junto do Instituto Na-


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pedronicodemos

pedronicodemos

Francisco Manuel Mateus, administrador municipal do Amboim

cional do Café, no primeiro fórum técnico que tivemos aqui na Gabela, ficou acordado que tinha que se pôr à disposição um fundo de apoio ao café”, explicou. De acordo com o administrador do Amboim, a cultura de café robusto contribui para a preservação do meio ambiente, porque exige plantação de árvores. O café cresce debaixo de uma sombra. Por essa razão, acha que não se explica como, no ponto de vista ambiental, não há um apoio a este tipo de actividade que mantém o equilíbrio ecológico. “Os bancos preferem financiar aquele tipo de cultura que tem de desbravar o terreno. Daí que temos estado a chamar a atenção do Ministério do Ambiente para ver esse território que faz um tipo de agricultura que exige plantação de árvores”, reforçou. Salientou que essa seria uma forma justa de compensar esses cafeicultores e fazendeiros que se dedicam a esse tipo de cultura, sob pena de começarmos a vêlos a cortar as árvores para poderem colocar outras culturas mais comerciais – as que os bancos tenham apetência de dar o crédito. Francisco Manuel Mateus disse ainda que a ideia de se criar um fundo do café foi bem acolhida e está dentro das recomendações, tanto é que ficou-se de implementar fundos regionais, para a região Centro, com sede no município do Amboim, concretamente na cidade da Gabela. Aguarda-se a materialização. A principal cultura de referência era o café robusto Amboim, o melhor cotado no mercado internacional actualmente. Neste momento, devido à falta de financia-

mento sobretudo nas áreas que se dedicam à produção do café, o fabrico baixou consideravelmente. Ao baixar consideravelmente deixou de empregar o pessoal de maneira a que estes indivíduos, que dependiam inteiramente da agricultura das grandes fazendas de café, caíram no desemprego. Fazendas estão a ser divididas em pequenas parcelas Para o responsável, a outra grande luta é de entrar na diversificação, não depender muito da cultura do café, e sim lançar outras culturas na área da fruticultura e com essa aposta pensam em diminuir o desemprego que assola os jovens das redondezas. “Neste preciso momento nós estamos a redimensionar as fazendas (voltar a dividir), porque houve um processo de redimensionamento em que as pessoas, mesmo não tendo capacidade ficaram com as fazendas e, hoje, estamos a ver que elas não têm capacidade para gerir”, contou. Ao partirem para o redimensionamento, estarão a dividir 500 hectares, por exemplo, por cinco cidadãos para que cada um venha gerir 100 hectares de terra. O administrador espera, com isso, dar a possibilidade de gerir melhor a terra e, ao invés de darem a um individuo cinco a 10 mil hectares e depois ele só utilizar 10 ou 50 hectares, algo que se observa um pouco por todo o país. “Precisamos de rever e fazer melhor a redistribuição dessas fazendas e pôr mais gente a trabalhar. Ali, conseguiremos absorver uma grande parte dos cidadãos que estão à procura de emprego”, disse.

Formalizar a actividade informal no Amboim

P

or outro lado, é preciso, também, formalizar essa actividade, que hoje é tida como informal que é a de vendedoras ambulantes. Exemplificou que no seu município tem muita gente a trabalhar no mercado informal e está a ser preciso cadastrar essa gente. “Nós já começamos a dar os passos, fazendo palestras e felizmente já temos senhoras que vendem no mercado e que têm o seu número de contribuinte e, neste momento, já estão a correr atrás do processo para estarem inseridas na segurança social”, disse. Francisco Manuel Mateus disse ainda que estão a transmitir aos cidadãos que qualquer actividade geradora de algum rendimento deve ser tributada e deve ser inserida na segurança social para que amanhã, quando tiver a possibilidade de ter um emprego melhor, este tempo de serviço

entre em linha de conta. “É dessa forma como estamos a passar a mensagem, que tudo aquilo que se faz aqui e que é gerador de algum lucro, seja visto como uma forma de rendimento, porque se esperarmos pelo Estado ou pelas grandes empresas, não vamos conseguir, se calhar, atingir os nossos objectivos”, disse Francisco Mateus.

Precisamos de rever e fazer melhor a redistribuição dessas fazendas e pôr mais gente a trabalhar pedronicodemos

História da produção do café no país O início da produção de café em grande escala, na província do Cuanza-Sul e no país em geral, situa-se entre 1920 a 1930. Logo a seguir, a produção de café teve progressos consideráveis até 1972, altura em que Angola ocupou os lugares cimeiros a nível mundial. Até 1974, a produção de café, no Cuanza-Sul, atingiu 80 mil toneladas, numa extensão de 120 mil hectares. Além da produção pelas famílias, destacaram-se as empresas como a Companhia Angolana de Agricultura (CADA), Mário e Cunha, Marques e Seixas, Rocha e Coelho, Rio Gila e Fazenda Sofia. O processo de relançamento da cultura do café tem sido um desafio para o Amboim, sendo que no passado a produção de café foi suportada por grandes companhias e com a mãode-obra resultante do contratado. Conta o administrador que o município do Amboim é potencialmente agrário e no período colonial se destacou mais na cultura do café. Por causa do café produzido nesta terra é que surge o nome do município do Porto-Amboim, porque havia necessidade de se exportar o café do Amboim. “Na altura se chamava Benguela Velha. Então, fruto da produção do café, houve necessidade de se construir um Porto do Amboim, então o nome mudou”, explica.


SOCiEdAdE

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ex-candidato a bastonário da Ordem dos Engenheiros aguarda decisão do Tribunal Dr

Depois de ter sido afastado do pleito eleitoral sob alegação de omissão de perfil, o então aspirante a bastonário da Ordem dos engenheiros (OeA), Barnabé raimundo, viu o tribunal a condenar réus envolvidos no processo, acusados nos crimes difamação e injúria. Pede ao Tribunal Provincial de Luanda a anulação do pleito que conduziu ao cadeirão o engenheiro Paulino neto

Milton Manaça

O

processo remonta ao ano de 2017, quando Barnabé Raimundo viu a sua lista afastada pela comissão eleitoral da corrida a bastonário da OEA, a quatro dias das eleições, por alegado envolvimento de uma empresa do então candidato da lista B, num crime que decorria em sede de tribunal. Dois anos depois, Barnabé Raimundo viu o tribunal sentenciar em seu favor três dos cinco arguidos acusados de injúria e difamação, segundo o acórdão lido pelo juiz Adélio Chocolate, na semana finda. Entretanto, o engenheiro Barnabé Raimundo entende que o problema só estará totalmente resolvido quando o tribunal se pronunciar sobre as eleições de 2017 e considerar nulo o processo que conduziu o candidato da lista A a bastonário. O assunto decorre na Sala do Cível da 1ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda depois de o ex-

candidato ter considerado fraudulenta e injusta a impugnação da sua lista. “Do mesmo jeito que fui considerado inocente neste processo, espero que o Tribunal resolva também o problema da eleição, porque, apesar de estar a limpar o meu nome, para mim isso é uma questão de honra, tanto mais que muitos engenheiros angolanos apostaram em mim”, disse. Segundo Barnabé, o processo que agora transitou em julgado servirá também como prova de que o seu afastamento da corrida a bastonário foi uma cabala para que não houvesse um processo eleitoral justo e com mais de uma candidatura. Eleições em 2020 Apesar de o mandato da actual

“do mesmo jeito que fui considerado inocente neste processo, espero que o Tribunal resolva também o problema da eleição porque, apesar de estar a limpar o meu nome, para mim isso é uma questão de honra, tanto mais que muitos engenheiros angolanos apostaram em mim” Barnabé Raimundo

direcção terminar já em Março de 2020, o interlocutor disse que vai continuar a lutar para que justiça se faça, para que seja reposta a legalidade e os engenheiros angolanos possam escolher livremente os seus representantes. Questionado sobre se vai voltar a candidatar-se a bastonário no próximo ano, Barnabé Raimundo disse que enquanto não se clarificar a situação de 2017 não dará nenhuma resposta a essa pergunta. “Continuo a ser membro da Ordem e pago as minhas quotas regularmente. Fui a esperança para muitos engenheiros e vamos primeiro resolver este problema, só depois verei se ainda mereço e tenho a confiança dos engenheiros”, disse. Em 2017, depois de ter sido afastado do pleito eleitoral sob alega-

ção de “omissão de identidade do perfil”, o então aspirante a bastonário pela Ordem dos Engenheiros (OE), Barnabé Raimundo, fez uma participação ao Tribunal Provincial de Luanda contra a Comissão Eleitoral (CE) com vista à anulação da decisão. Importa realçar que o Tribunal condenou em primeira instância os réus Sebastião Ventura e Kátia Ramos a pena de prisão de 35 dias no âmbito da responsabilidade penal, e os dois de forma solidária com o Jornal de Angola e o cidadão Kumuenho da Rosa, a uma indemnização no valor em Akz de 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de Kwanzas) no âmbito da matéria cível. Já os réus António Caldas e Antônio José Ribeiro foram absolvidos pelo tribunal.



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Bens culturais africanos saídos no período pré colonial não são classificados objectos roubados em museus Trata-se de peças adquiridas na sequência de guerra, de campanhas científicas etnográficas ou resultantes de doações, com justa retribuição ou não, bem como de compras nos mercados e directamente dos artesãos e autoridades tradicionais

Augusto Nunes

E

specialista do Ministério da Cultura, Afonso Valentim, afi rmou, em Luanda, que os bens culturais africanos saídos no período pré colonial e durante a colonização não são classificados na categoria dos objectos roubados nas nossas instituições museais. Explicou que essas peças foram adquiridas na sequência de guerra, de campanhas científicas etnográficas ou resultaram de doações, com justa retribuição ou não, bem como de compras nos mercados e directamente dos artesãos e autoridades tradicionais. A título de exemplo, o especialista referiu-se a França, cujos bens, entrados no país em condições normais naquela época, fazem hoje parte das suas colecções nacionais. Afonso Valentim, que fazia menção “à cooperação Internacional (bilateral e multilateral), a Restituição e o Retor-

no dos Bens Culturais aos países de origem”, realçou que o património cultural da França é inalienável constitucionalmente, e o Presidente Macron, não obstante a vontade política, não tem nada contra. Salientou que o professor senegalês Falwine Sarr e a francesa Bénédicte Savoy, aos quais o Presidente Macron encomendou um estudo sobre a matéria, recomendam a modificação do código francês, sugerindo que, a seguir o pedido dos Estados, a França pudesse restituir uma obra, tratando-se do património africano. O especialista sublinhou que a presença de mais de 90 % das obras de arte africana nos museus europeus enquadra-se no espinhoso problema da espo-

liação de África, o que não foi apenas com à matéria-prima de origem mineira ou agrícola, mas também em relação ao património cultural, provocando assim, como referem alguns, a pobreza no continente, face a Europa que tem tudo, além da conveniência que os bens identitários africanos terem que estar no seu ambiente socio-antropologico. Afonso Valentim fez ainda menção a Jean Jacques Aiguillon, antigo ministro francês da Cultura, que criticou o relatório de Sarr e Savoy, dizendo que a implementação das suas recomendações terá como efeito o esvaziamento dos museus franceses, e em primeiro lugar o “Musée du Quai Branly”, detentor de 70 mil das 90 mil peças da África sub-sahariana, incluindo Angola, presentes nos museus públicos franceses. Neste caso particular, referiu, usa-se o conceito “restituição”, o que quer dizer, “devolução” de um bem ao seu proprietário legítimo dos pontos de vista legal, fi losófico, socio-antropologico, de acordo com a defi nição do Seminário realizado em 2018, no Museu da Civilização em Dakar, que juntou especialistas de mais de vinte países africanos. Esta situação, adiantou, não sendo coberta pelas convenções internacionais, sobretudo, a UNESCO encoraja os Estados para negociar, oferecendo os seus préstimos se necessário, como o que tem estado a acontecer, com avanços e recuos, desde a reclamação feita pelo Presidente do Benin, Patrice Talon, ao Presidente françês Emmanuel Macron, acerca das colecções saídas do antigo Reino de Abomey e outros. No entender do especialista do Mincult, a situação é diferente em relação às peças encontradas nos mercados primários ou secundários, peças roubadas em bastantes casos das instituições museais e similares.


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Reflexões HAMiLTON ArTES

LITERATURA TRADICIONAL ANGOLANA - UMA QUESTÃO PEDAGÓGICA

N João Mapito, representante da província do Cuando Cubango, vence Variante 2019 Festival nacional de Música Popular Angolana, teve lugar na cidade das Acácias rubras (Benguela) e contou com o suporte da Banda FM

J

oão Mapito, representante da província do Cuando Cubango, venceu na noite de Sábado, em Benguela, o Festival Nacional de Música Popular Angolana (Variante), edição 2019. Na segunda posição ficou a artista Ruth da Silva, de Luanda, seguida de Dina Alberto, da Lunda-Sul, que interpretou “A Mama Njhimi (Mulher Rural), numa classificação cujos resultados finais foram “fortemente contestados” pelo público espectador, que clamava pela inclusão da representante da província do Huambo nos primeiros três lugares, em detrimento de Ruth da Silva. João Mapito subiu ao palco com uma indumentária que fazia lembrar ao Rei Vunongue e convenceu o júri com o tema “Kumana Wnazala (para se pôr em pé, tem que ser com roupas e ninguém oferece o que não tem). reacções No fi nal do evento, o promotor cultural Castelo Ekuikui felicitou a organização, mas manifestou também à sua discordância com os moldes que ditaram a escolha dos vencedores. “Durante a fase da exibição dos

artistas convidados, o público gritava em coro Huambo, Huambo, Huambo …e não faz sentido que essa província não conste nos três lugares cimeiros”, disse o promotor. Quem também concordou com a reclamação do público foi o músico Moniz de Almeida, que considerou, no entanto, que o jú-

O espectáculo de consagração, que contou com a participação de concorrentes das 18 províncias do país, teve como artistas convidados Moniz de Almeida, Flay, Sabino Henda, Duo Canhoto, Edna Mateia, Walter Ananás, Dodó Miranda e a Banda FM

ri tem os seus critérios de avaliação. “Por isso, o poder de voto pertence ao jurado e não ao público, senão, seria inútil e presença de um júri”, reforçou. O concurso teve como presidente do corpo de jurado Ezequiel Afonso e integrado por Carlos Albano (músico), Dodó Miranda (músico) e Clementina Afonso (jornalista). Entre os convidados esteve a ministra da Cultura, Maria da Piedade de Jesus, e o director nacional da Cultura, Euclides da Lomba. O espectáculo de consagração, que contou com a participação de concorrentes das 18 províncias do país, teve como artistas convidados Moniz de Almeida, Flay, Sabino Henda, Duo Canhoto, Edna Mateia, Walter Ananás, Dodó Miranda e a Banda FM. O Festival Nacional de Música Popular Angolana visa estimular a criatividade dos artistas angolanos, promover e preservar a identidade cultural no domínio da música e encorajar o sentimento de unidade nacional e de solidariedade geracional. O evento constitui uma iniciativa para despertar novos talentos e incentivar a actividade artística das jovens gerações, assim como a divulgação dos valores culturais heterogéneos nacionais e promover o desenvolvimento das indústrias culturais e criativas.

as sociedades de tradição oral, como é caso de Angola, uma das formas pedagógicas de transmissão de educação às novas gerações são as diferentes manifestações da Literatura Tradicional. Falamos, concretamente, dos contos, fábulas, adivinhas, mitos e provérbios. As referidas manifestações, que perfazem os tecidos da Literatura Tradicional, traduzem a dinâmica sociolinguística dos variados segmentos que comportam as culturas de um povo. Entende-se que têm como fim pedagógico, o de preparar os diferentes indivíduos que compõem a esteira sociopolítica para os futuros desafios, o de serem íntegros, comprometidos com o bem estar colectivo. Para aferir, os contos têm como finalidade a instrução e a formação social. Daí que, o corpo textual de um conto encerra, quase sempre, com o triunfo da verdade sobre a mentira; do bem sobre o mal; da honestidade sobre a desonestidade. Contudo, é fundamental realçar que, o corpus da literatura angolana circunscreve os campos da oralidade e o da escrita. Por serem dois sistemas que apresentam tradições, influências e técnicas dicotómicas, as suas produções diferem-se, em função dos códigos que os regem. O primeiro, tem como código a palavra falada; o segundo, a palavra escrita. Daí que, embora a passagem da oralidade à escrita seja necessária, é peremptório que se mantenha os pilares da originalidade, sobretudo toda a funcionalidade pedagógica da Literatura Tradicional. Tal funcionalidade acaba por contribuir significativamente de forma positiva nos diferentes exercícios sociais. Por exemplo, num exercício retórico, a passagem da oralidade à escrita, caso concreto as adivinhas, todo o seu valor filosófico concernen-

te ao exercício mental e à estimulação da imaginação são elementos que devem ser salvaguardados. Num outro ângulo, os mitos subentendem um modelo educacional característico do mosaico ontológico angolano. A Literatura Tradicional reporta, essencialmente, a cosmovisão do povo e reinventa sempre que necessário os seus elementos culturais em que se mantém fiel à sua finalidade, que é a de formar e informar os diferentes indivíduos em prol de uma sociedade melhor. Não é por acaso que, a Literatura Tradicional é também o reservatório dos valores culturais e morais de um povo. A mesma é repleta de sabedoria, sobretudo de uma filosofia que define os modus operandis dos diferentes segmentos sociais. Por exemplo, os provérbios traduzem a filosofia de vida, a visão que o povo tem, principalmente, a interpretação que faz sobre o mundo. As manifestações da Literatura Tradicional são resultados de uma criação colectiva em que, geralmente ou quase sempre, se desconhece o seu autor. Embora ao longo do seu percurso histórico e produtivo sofram algumas alterações que possam afectar os diferentes níveis, concretamente: estrutural, semântico, estilístico, o que origina também o surgimento de versões diferentes do texto tradicional, hipoteticamente, original. Todavia, é fundamental que as alterações mencionadas não ponham em causa a funções pedagógicas da Literatura Tradicional e o seu papel inerente ao processo de formação social. As manifestações da Literatura Tradicional partilham, até certo ponto, o mesmo denominador comum que é a valorização dos aspectos morais, culturais e cívicos de cada povo. Assim sendo, as referidas manifestações desempenham também a função lúdica que, até ao momento, tem sido descartada pelos seus cultores. *Escritor e Crítico Literário


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CArTAZ

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Concertos

Banda Chiclete com Banana estreia-se em Angola Diante de uma plateia vibrante, o artista angolano esteve em palco durante uma hora e 45 minutos, tendo interpretado vários temas do seu repertório. Na sua actuação, Puto Português cantou, entre outros temas de sucesso, “Oh Tukina Ngó” e “João António”, esta última de

autoria do músico Bonga Kuenda, coreografada pelo mais expressivo grupo carnavalesco do país: União Mundo da Ilha. A banda Chiclete com Banana entrou em palco quando os ponteiros dos relógios marcavam 1 hora e 45 minutos, sob forte ovação do público, maioritariamente brasileiro. Em duas horas, cantou varias

músicas do seu reportório e “sacudiu” a plateia com os seus melhores temas, num ambiente electrizante que só terminou às 3 horas e 45 minutos. Esta foi a primeira vez que Puto Português e Chiclete com Banana cantaram juntos num evento com esse formato, assistido por algumas centenas de espectadores.

COMEMOrAÇÃO

rELÍQuiAS

FESTiVAiS

PrEJuÍZOS

Rádio Oxigénio celebra 20 anos com 20 batalhas de djs

Landau do Regicídio volta para o Museu dos Coches

Documentário Transnistra vence Grande Prémio do festival de cinema Porto/Post/Doc

Três peças com diamantes e rubis de “valor inestimável” roubadas de museu alemão

A Rádio Oxigénio, especializada em música de dança, vai celebrar 20 anos de existência com 20 batalhas de djs. As chamadas DJ Battles, que consistem em colocar duas pessoas a construir em simultâneo e no momento um set musical partilhado, acontecerão todos os dias entre a próxima Segunda-feira, 2 e quarta-feira, 6, sempre às 9, 12, 15 e 19 horas. Os sets poderão ser ouvidos em direto na rádio. Para levarem as suas escolhas musicais à rádio convidou “músicos, djs, produtores” e até representantes de “lojas de discos e editoras independentes”, revela um comunicado enviado à imprensa.

O Landau do Regicídio, a viatura de passeio onde seguiam o Rei D. Carlos e o Príncipe herdeiro D. Luís Filipe quando foram assassinados a 1 de Fevereiro de 1908, regressou ao seu lugar na ala Norte do primeiro piso do novo edifício do Museu Nacional dosCochesdepoisdeumatemporada em Vila Viçosa e de uma intervenção de restauro realizada pela equipa do espaço museológico lisboeta. O landau foi transferido para o Paço Ducal de Vila Viçosa em 2016, ao abrigodeumprotocolofirmadoentre a Fundação Casa de Bragança e a Direcção-GeraldoPatrimónioCultural prevêqueaviaturacirculealternadamente entre Vila Viçosa e Lisboa.

“Transnistra” documentário da realizadora Anna Eborn, é o vencedor do Grande Prémio do Festival Porto/Post/Doc, que encerrou no Domingo, tendo sido considerado pelo júri uma “experiência inesquecível”, revelou hoje a organização, em comunicado. A declaração do júri justifica o galardão pela “pela extrema sensibilidade que a cineasta teve ao abordar um universo tão frágil, compreendendo o processo de ‘coming of age’ [amadurecimento] através de uma linguagem cinematográfica muito essencial e intensa”, e “pelo retrato de Tania entre os meninos, o modo como explora a sua sexualidade.

Três conjuntos com diamantes e rubis de “valor inestimável” foram esta Segunda-feira roubados do Museu Grünes Gewölbe (Abóbada Verde) na cidade de Dresden, na Alemanha, anunciou a directora, Marion Ackermann. Pelo menos dois ladrões conseguiram entrar no museu pouco antes das 5 horas locais para roubar esses três conjuntos do Século XVIII, antes defugirem,explicaramosinvestigadores em conferência de imprensa. AsjoiaspertenciamaoMuseuGrünes Gewölbe, situado num castelo da cidade de Dresden e que contém uma das colecções mais importantes de tesouros da Europa.

Sucesso nacional no Brasil, desde a publicação do disco “Gritos de Guerra”, em 1986, a banda brasileira Chiclete com Banana realizou no Sábado à noite a sua primeira actuação ao vivo na capital angolana (Luanda), no festival de pré-revellon “Au revoir 2019”

O

grupo, um dos mais expressivos da Bahia no ritmo axê, dividiu o palco com o músico angolano Puto Português, numa noite ímpar em que a Cultura e angolana e bahiana se “encontraram”, com as suas semelhantes tradições e culturais. Aberto com atraso de duas horas, o festival foi aberto com a voz de Puto Português, músico que se tornou conhecido na música kuduro, mas tornou-se, nos últimos anos, um dos mais requisitados executores de semba em Angola.

MALÉFICA: MESTRE DO MAL

Numa continuação do sucesso mundial de bilheteira de 2014, Maléfica e a sua afilhada Aurora começam a questionar os complexos laços familiares que as unem. Kilamba Sala 5 | VP 13H30 - 16H00 - 18H30 Nova Vida Sala 2 | VP 13H30 - 16H00 - 18H30 Nova Vida Sala 2 | VP 13H30 - 16H00 - 18H30 - 21H00 Nova Vida Sala 2 | VO 21H00 Talatona Sala VIP | VO 13H50 - 16H20 - 18H50 - 21H20 - 23H50

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Economia

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Reformas económicas em curso no país são inevitáveis As reformas em curso na macroeconomia angolana são inevitáveis porque o país, para voltar ao ciclo normal, precisa de consentir este sacrifício. Com o Fundo Monetário Internacional (FMI), ou não, em algum momento o país tinha de passar por este “ritual”. Os argumentos de razão pertences a muitos analistas da realidade angolana, incluindo economistas

André Mussamo

O

s economistas Sergio Calundungo e Josué Chilundulo consideram que “os apertos” por que o país está a passar neste momento não são propriamente uma “exigência do FMI” e que, apesar da “coincidência”, eram inevitáveis para a travessia no deserto necessária para Angola retomar o seu curso normal. Os analistas coincidiram nos seus comentários feitos este Domingo, quando participavam no programa Universo Medianova, um programa emitido todos os Domingos na Rádio Mais, e dedica a análise dos temas destacados pe-

las diferentes plataformas de comunicação congregadas no Grupo Medianova, assim como actualidade nacional e internacional destacada nos media. Chamados a comentar o último discurso do presidente do MPLA, pronunciado na recente reunião do Comité Central do partido no poder em Angola, em que o presidente dos camaradas negou a tese segundo a qual as reformas em curso no país são uma exigência do Fundo Monetário Internacional, FMI, no âmbito da assitência em curso através de um financiamento de 3,7 mil milhões de dólares. João Lourenço justificou a crise que assola o país, na abertura do conclave do órgão mais importante do seu partido, com o facto de Angola ter vivido uma mera quimera de suposto bem-estar e crescimento, enquanto na ver-

dade estava a cavar uma vala profunda que o conduziria ao abismo, se ele não tivesse tomado a providencial medida com a sua ascensão ao poder. “Depois dos anos áureos do boom do petróleo, que criou em nós o falso sentimento de riqueza e de abundância que nos levou ao esbanjamento, o nosso foco hoje é o de procurar tirar o país da situação de endividamento, só possível com a diversificação da economia através do fomento do investimento privado no desenvolvimento dos diferentes sectores da nossa economia”, referiu o presidente do MPLA. João Lourenço deposita esperanças no “contributo da agropecuária, das pescas, da indústria, do turismo e de outros ramos da economia” para que representem uma fatia cada vez mais significativa do Produto Interno Bru-

to (PIB) e das receitas das exportações para que seja retirada a carga ao sector petrolífero. Segundo o presidente do MPLA, Esta reforma da estrutura da nossa economia é um processo algo moroso que exige rigor e perseverança, mas é o caminho certo e incontornável a seguir e a expressão de “Melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”, no que a economia diz respeito. “Não podíamos continuar a manter os paradigmas anteriores cruzando os braços e deixar que as coisas continuassem na mesma. As reformas em curso pecam por estarem a acontecer apenas agora, porque, se aplicadas antes, estaríamos hoje a beneficiar de uma economia mais sólida e sustentável”. O presidente dos camaradas, saiu em defesa da sua dama e afirmou que as reformas em curso não

são impostas pelo FMI, antes pelo contrário “são uma consequência da apreciação errada, falsa, ilusória e enganadora de que o país gozava de uma saúde económica robusta, que a prevalecer - caso a protelássemos por mais tempo -, levar-nos-ia inevitavelmente para o precipício”, sentenciou. O presidente do MPLA afirma que o seu partido pretende “criar uma verdadeira economia de mercado onde o Estado deve cumprir o papel que lhe está reservado, mas onde o sector privado será um actor dinâmico, destacado e determinante”. No raciocínio do líder dos camaradas, o Estado deve promover o investimento privado, incentivar o surgimento e desenvolvimento da iniciativa privada que contribuiria para o aumento da produção interna de bens e de serviços, o aumento das exportações e da oferta de emprego. “A nível do Executivo estamos firmes e determinados a continuar a trabalhar ouvindo as contribuições, conselhos e alertas de todos, das associações empresariais, dos académicos e de toda a sociedade no geral, não para recuar mas para ajustar a rota sempre que se mostrar aconselhável para se alcançarem os resultados pretendidos e já definidos, como o aumento diversificado da produção interna, o aumento de postos de trabalho, a melhoria das condições sociais das populações em termos de acesso à água potável, à energia eléctrica, à assistência médica, educação e habitação”. João Lourenço, em nota conclusiva, promete que o Executivo passará a estar mais próximo do empresariado, dialogando cada vez mais, realizando visitas aos empreendimentos privados que estejam alinhados com os propósitos do PRODESI de aumento da produção de bens essenciais, o aumento das exportações e substi-


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tuição das importações, o aumento da oferta de postos de trabalho, entre outras acções. Mondlame defende que as medidas em curso têm uma mão do FMI Entretanto o economista Mondlame Cruz não tem dúvidas de que as medidas em curso estão em conexão com a “parceria” estabelecida entre o Governo angolano e aquela instituição de Bretton Woods. O economista relembra que a “novela” remota de 2014, quando os primeiros sinais terão sido a queda do preço do petróleo no mercado internacional, o que afectou Angola altamente depende desta commodity, gerando um “choque” que desequilibrou os diferentes sectores da economia. O analista da economia nacional aponta que em 2018 o ciclo real da economia angolana apresentou um comportamento recessivo, com taxas de crescimento negativas na ordem de 2,6%, 0,1% e 1,1%, nos anos de 2016, 2017 e 2018, respetivamente, resultante dos baixos níveis de produção de petróleo, além da redução do preço e pela menor actividade económica do sector não petrolífero. Concomitantemente, políticas “insustentáveis antes das eleições de 2017 e as vendas de divisas para atender à procura acumulada esgotaram os amortecedores externos. Em 2017, a maioria das empresas de petróleo repatriou parte dos seus investimentos para o estrangeiro, gerando uma queda do Investimento Directo Estrangeiro” no país. Perante este contexto, o Governo angolano solicitou apoio financeiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI) através do Programa de Financiamento Ampliado para apoiar o seu programa económico (PDN) 18-22.

O Plano abrange o período de Dezembro de 2018 a Dezembro de 2021 e a finalidade do acordo é apoiar as reformas de modo a restaurar a estabilidade macroeconómica, estimular a diversificação económica e ajudar a atenuar “pressões de interesses instalados”. Para este compromisso, o Governo assumiu como meta a “consolidação orçamental imediata em 2018 para conter o aumento do rácio dívida pública e aliviar os efeitos da maior flexibilidade cambial sobre a inflação e a implementação gradual da contenção orçamental primária não petrolífera, durante e após o período do programa, para reduzir o rácio dívida/PIB para perto da meta de 65%”. Na mesma sequência, o Governo assumiu o compromisso de desenvolver um mercado cambial funcional e reduzir o diferencial entre a taxas de câmbio oficial e a paralela, assim como eliminar as restrições informais aos levantamentos de depósitos em moeda estrangeira. Igualmente foi assumido o desafio de estabilizar o sector financeiro para alcançar o combate ao crescimento do crédito malparado, a reestruturação dos bancos públicos, fortalecer o sector financeiro mediante o aumento da capacidade dos bancos para gerir os riscos de um regime cambial mais flexível, realizar avaliações da qualidade dos activos, recapitalizar os bancos frágeis, reestruturar o maior banco público, dentre outras medidas. Apesar de serem medidas pouco publicitadas, o governo angolano teve de lidar com “punições severas “ como a sua integração em listas negras de “países inconformes com as normas internacionais”. É na busca da correcção desta mácula, como o fortalecimento do

combate ao Branqueamento de Capitais e ao financiamento do terrorismo, que Angola teve de fazer um esforço “ingente” para a sua retirada da lista de observação do Grupo de Acção Financeira (GAFI), que ocorreu apenas em 2016 e do processo de supervisão do Grupo Anti branqueamento de Capitais da África Oriental e Austral, apenas em 2018. Como compromisso, o país garantiu submeter uma nova lei de Branqueamento de Capitais e outras alterações legais e regulamentares em linha com as normas do GAFI, particularmente no que toca às pessoas politicamente expostas. Por imposição ou não do FMI, Angola esta a “criar condições propícias à introdução das principais reformas estruturais necessárias para a transformação da economia”. Segundo o nosso entrevistado, estas medidas passam pela introdução, em 2018, do programa de Estabilização Macroeconómica, com foco para o reforço da sustentabilidade fiscal, a redução da inflação, a promoção de um regime de taxa de câmbio mais flexível e a melhoria da estabilidade do sector financeiro. E ainda, aprovou o Plano de De-

O Governo angolano está “obrigado” a deliberar uma “taxa de câmbio determinada pelo mercado”, passo essencial para eliminar a escassez de divisas e restaurar a competitividade externa Mondlame Cruz

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João Lourenço nega pressão do FMI para implementar reformas económicas em curso no país

senvolvimento Nacional 2018 – 22 para resolver estrangulamentos estruturais e promover a reforma do sector público, a diversificação e o crescimento económico e a consolidação fiscal. A concorrer para esta procura de melhoria da “sanidade da nossa economia”, o Governo angolano está “obrigado” a deliberar uma “taxa de câmbio determinada pelo mercado”, passo essencial para eliminar a escassez de divisas e restaurar a competitividade externa. Tais reformas, incluem a reestruturação das empresas públicas e a melhoria do clima de negócios, realizar a primeira venda de activos não nucleares da Sonangol, encerramento de empresas públicas insolventes e a privatização ou reestruturação daquelas que são economicamente viáveis, medidas que permitiriam eliminar a necessidade de “futuras injecções de capital ou de apoio à redução da dívida destas empresas. Está planeada uma reestruturação completa da Sonangol, e reduzir a sua participação em blocos de petróleo e racionalizar o seu quadro de pessoal”, afirmou Mondlame Cruz. O esforço do Governo angolano passa pela “implementação da Lei da Concorrência até 2020, a melhoria da classificação de Angola em até 15 posições no Indicador Doing Business até 2022, o incentivo à produção, à substituição de

importações e à diversificação das exportações, a duplicação do valor das exportações de bens não petrolíferos para”, assim como a integração de Angola na Zona de Livre Comércio da SADC até 2020 e pela estabilidade do sector financeiro. No entender do nosso interlocutor, são estas as medidas em curso e que estão a parecer um “calvário a maioria da população angolana”, entretanto, necessária para que o país alcance os seus objectivos económicos, razão pela qual o BNA exigiu a triplicação dos requisitos mínimos de capital social dos bancos e realizou as avaliações da qualidade dos activos nos oito maiores bancos até 2019. Finalmente, Mondlame Cruz, alerta que a intervenção da autoridade monetária inclui a medida de “bancos com défices de capital próprio” terem de apresentar um plano de levantamento de capital até ao final deste ano, concluir os processos de recapitalização até 2020, ou, em caso de incapacidade de assim proceder, ser “necessário a sua exclusão ou serem fundidos”. Se mera concidencia ou uma imposição do FMI, os economistas consideram que o percurso que o país esta a fazer agora tinha de acontecer algum dia, pois o então status seguido eram insustentavel e irrisorio, pela que em algum momento tinha de se impôr a correcção.


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MErCAdOS

Mercado TAXA DE JURO

Libor USD 6 Meses 1,925

Taxas de Juro Taxa BnA Libor USD 6M Libor GBP 6M Libor JPY 6M euribor 6M Luibor 6M

Cot. 29/11/19 15,500% 1,895% 0,858% -0,010% -0,347% 18,060%

∆ Diária (p.p) 0,000 0,400 0,800 0,216 -1,200 29,000

1,910 1,895 1,880 23/Nov

Mercado ACCIONISTA Índices Accionistas Cot. 29/11/19 Dow Jones (eUA) 28 164,00 S&P 500 (eUA) 3 153,63 FTSe 100 (inglaterra) 7 398,83 Bovespa (Brasil) 108 290,10 CSi 300 (China) 3 828,67 nikkei 225 (Japão) 23 293,91

∆ Diária (%) 1,035 1,393 0,983 -0,370 -0,554 0,783

Cot. 29/11/19 492,4893 1,0996 1,2898 109,5800 14,6449 4,2009

27/Nov

29/Nov

Mercado Accionista Os índices norte-americanos S&P 500 e o Dow Jones fecharam a semana em alta. Os ganhos foram de 1,4% e 1,0%, situando-se em 3.153,63 e 28.164 pontos, respectivamente. O incremento de 0,1 p.p., para 2,1% do crescimento da economia 29/Nov americana no IIIº trimestre, beneficiou os índices bolsistas.

Dow Jones (EUA) 28.280 28.120 27.960 27.800 23/Nov

Mercado CAMBIAL Taxas de Câmbio USD/AKZ eUr/USD GBP/USD USD/JPY USD/ZAr USD/BrL

25/Nov

25/Nov

27/Nov

EUR / USD ∆ Diária (%) 6,189 -0,227 0,499 0,847 -0,483 0,117

Mercado DAS COMMODITIES

1,104 1,102 1,100 1,098 23/Nov

25/Nov

27/Nov

29/Nov

Brent Crude Fut. 64,5

Commodities WTi Crude Fut. Brent Crude Fut. Gold 100 Oz Fut. Prata Fut. Gás natural Fut. Cobre Fut.

Cot. 29/11/19 58,02 63,45 1 455,40 16,91 2,44 266,70

∆ Diária (%) 0,433 0,095 -0,560 -0,559 -8,518 0,301

Luibor

64,0 63,5 63,0 23/Nov

25/Nov

27/Nov

29/Nov

Luibor 1 Ano 19,00%

Taxas BNA Luibor O/n Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 meses Luibor 9 meses Luibor 1 Ano

Cot. 29/11/19 26,21 17,08 17,41 18,06 18,54 18,82

∆ Diária (p.p) 1,230 0,390 0,390 0,290 0,260 0,550

Mercado Interbancário A taxa de juro Euribor 6 meses fechou a semana com diminuição de 1,2 p.p., situando-se em -0,347%. A evolução terá sido sustentada pelos ajustamentos das expectativas dos investidores quanto ao desempenho das economias europeias fruto da redução da taxa de desemprego na Zona Euro em 0,1 p.p., para 7,5% em Outubro.

18,70% 18,40% 18,10% 23/Nov

25/Nov

27/Nov

29/Nov

Mercado Cambial O desempenho positivo da economia norte-americana no IIIº trimestre penalizou o euro que encerrou a semana com perdas de cerca de 0,23% face ao dólar, ao fixar-se em 1,0996 por unidade de moeda.

Mercado de matérias-primas AscotaçõesdoWTIedoBrentregistaramaumentosde0,4%e0,1%,para 58,02 e 63,45 USD/barril, respectivamente.Apossibilidadedeacordo comercial entre Washington e Pequim favoreceu a cotação da commodity.

Luibor As taxas de juro no mercado interbancário terminaram a semana com uma tendência ascendente. O destaque recai sobre a Luibor Overnight que aumentou 1,23 p.p. ao fi xar-se em 26,21% com impactos sobre o custo do financiamento ao sector privado.

O PAÍS Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2019

BrEVE Carrinho pretende implementar complexo industrial no Soyo O Município do Soyo, na província do Zaire, contará com um complexo da Carrinho indústria, semelhante ao da Catumbela, a partir de 2022, informou o administrador para indústria e negócios deste grupo empresarial, Décio Catarro. Dentre os produtos em perspectiva de serem produzidos constam bens alimentares como farinha de

mandioca, de trigo, massas alimentares, feijão, açúcar, leite em pó, sal e produtos de higiene como sabonetes, sabão e detergentes. em termos de capacidade de produção, Décio Catarro avançou a cifra de 2,8 milhões de toneladas anuais, referindo-se à diversidade de produtos a serem produzidos pelo futuro complexo.

dólar poderá atingir um máximo de 550 kwanzas O presidente da Comissão executiva do Banco Angolano de investimentos (BAi), Luís Lélis, prevê que, ao final dos próximos seis meses, o dólar norte-americano venha a custar um máximo de 550 kwanzas, a moeda an-

golana. A previsão vem expressa numa grande entrevista que o gestor bancário concedeu ao semanário angolano “expansão”, na sua edição de Sexta-feira última, 29 de Dezembro de 2019.

Número de empresas madereiras cai para metade na província O número de empresas exploradoras de madeira, licenciadas e controladas pelo instituto de Desenvolvimento Florestal (iDF), na Huíla, caiu de 12 em 2017 para seis no ano em curso, por para seis no ano em curso, por dificuldades de reposição do material de exploração. A província tem uma capacidade de explorar até de 10 mil metros cúbicos de madeira por ano, pelo que o número de exploradores está aquém da potencialidade existente. em declarações à Angop sábado, na cidade do Lubango, o director do iDF, Abel Zamba, afirmou que somente

seis empresas estão legais para exercer a actividade de exploração, pois o ministério endureceu as regras para evitar exploração anárquica da madeira. Foram licenciadas as empresas Mubanje Lda. com 500 metros cúbicos, Moves e Matérias-Primas (500 metros cúbicos), JAT, Jemba Assistência Técnica (210 metros cúbicos), Tuamutuga (500 metros cúbicos), Fernando José (200 metros cúbicos) e a Joaquim Barata com 500 metros cúbicos, maioritariamente nas espécies de girassonde, muvanje e muhumba.



Mundo

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O PAÍS Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2019

Nove pessoas morreram esmagadas em baile funk no Brasil DR

A Polícia entrou no local da festa, depois de perseguição a dois homens que dispararam contra agentes

TSF

N

ove pessoas morreram pisadas, na madrugada deste Domingo, durante uma festa funk em Paraisópolis, a Sul de São Paulo, Brasil. A Polícia brasileira revelou

que estavam cinco mil pessoas no local no momento do sucedido. De acordo com a Globo , tudo começou quando dois homens de mota foram perseguidos pela Polícia, devido a uma acção de fiscalização ao ruído emitido pelos veículos. Os suspeitos terão disparado contra os agentes da autoridade e foram perseguidos até ao local da festa. A chegada da Polícia Militar levou ao pânico das milhares de pessoas que se encontravam no estabelecimento. Com a correria, centenas de pessoas fugiram e nove acabaram por morrer esmagadas, tendo ainda sido registados sete feridos. O Governador de São Paulo, João Doria, solicitou um “apuramento rigoroso” do episódio, para que se esclareçam as circunstâncias em que ocorreu e para que sejam apuradas responsabilidades.

Estado Islâmico reivindica ataque na Ponte de Londres. “Foi um soldado nosso” Estado Islâmico diz que ataque foi a resposta a um apelo feito para atacar alvos de “países infiéis”. Não há provas da ligação Diário de Notícias

O

auto-proclamado Estado Islâmico reivindicou o ataque terrorista desta Sexta-feira na Ponte de Londres, que vitimou mortalmente duas pessoas. Segundo a Reuters, a ligação ao ataque foi confirmada pela agência de notícias Amaq este Sábado. Não há, no entanto, provas da ligação do ISIS ao incidente. Na mensagem, o grupo terrorista afirma que foi “um soldado do Estado Islâmico” que realizou o ataque em resposta a um apelo

feito para atacar alvos de “países infiéis”. O autor do ataque, Usman Khan, foi morto na Sexta-feira pela Polícia britânica. Usava um colete suicida falso e esfaqueou duas pessoas até à morte, tendo ferido outras três, antes de ser derrubado por civis. Khan, de 28 anos, usava pulseira eletrónica desde que deixou a prisão após ter estado detido por crimes relacionados com terrorismo. Era um dos nove membros de um grupo terrorista inspirado na Al Qaeda condenado por conspirar para fazer explodir a Bolsa de Valores de Londres e também para cons-

DR

Momento do tumulto na Ponte de Londres. O agressor foi morto pela Polícia

truir um campo de treino de terroristas no Paquistão. O plano de foi desmantelado pelo MI5 e pela Polícia local. Ele também é considerado um defensor do al-Muhijaroun, um grupo extremista que envolve dezenas de terroristas, segundo o grupo anti-extremismo Hope Not Hate. O atacante da Ponte de Londres recebeu inicialmente uma sentença com pelo menos oito anos de prisão, em Fevereiro de 2012, que foi substituída por outra de 16 anos pelo tribunal de apelação em 2013. Khan cumpriu o seu primeiro ano de sentença em prisão preventiva e passou sete anos atrás das grades após a sentença, antes de ser libertado a menos de metade do tempo, em Dezembro de 2018. Morava actualmente em Staffordshire.


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O PAÍS Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2019

Acidente com autocarro de turismo faz pelo menos 22 mortos na Tunísia A viatura saiu da es-

trada, embateu contra um separador de ferro e resvalou para uma ravina quando passava pela região de Amdoun (Noroeste do país). Diário de Notícias

P

elo menos 22 pessoas morreram e outras 21 ficaram feridas num acidente rodoviário ocorrido ontem na região Noroeste da Tunísia que envolveu um au-

DR

tocarro de turismo, informaram as autoridades locais, precisando que as vítimas são todas tunisinas. Proveniente da capital do país, Tunes, e com destino para a zona de Ain Draham, que faz fronteira com a Argélia, o autocarro de turismo saiu da estrada, embateu contra um separador de ferro e resvalou para uma ravina quando passava pela região de Amdoun (Noroeste), segundo explicou o Ministério do Interior da Tunísia. A mesma fonte disse que o autocarro pertence a uma agência de viagens privada e estava a realizar “uma viagem turística de lazer”. O Ministério do Turismo precisou, por sua vez, que todos os

passageiros do autocarro, num total de 43, têm nacionalidade tunisina. Segundo as agências internacionais, os “media” locais estão a mostrar imagens do autocarro tombado e danificado, nomeadamente com as janelas partidas. O Ministério do Interior informou ainda que os feridos foram transportados para os hospitais das localidades de Amdoun e de Beja, para receber assistência médica de emergência. A Tunísia tem uma das mortalidades rodoviárias mais elevadas do Norte de África, só ultrapassada pela Líbia, com uma média de 24,40 vítimas mortais por cada 100 mil habitantes, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Boris Johnson defende pena mínima para terroristas e é acusado de estar a usar atentado DR

Diário de Notícias / Lusa

O

primeiro-ministro britânico defendeu este Domingo penas mínimas de 14 anos para crimes terroristas, dois dias após um ataque que ma-

tou duas pessoas na Ponte de Londres, tendo sido acusado de usar o atentado com fins políticos “As condenações por crimes terroristas devem ser alvo de uma sentença mínima obrigatória de 14 anos e alguns [dos condenados] não devem sair nunca mais”, disse Boris Johnson, referindo-se ao facto de o

responsável pelo ataque realizado na Ponte de Londres, na Sexta-feira, ter sido condenado em 2012 por terrorismo e libertado automaticamente seis anos depois. Boris Johnson já tinha afirmado no Sábado que ia rever o regime da liberdade condicional no Reino Unido, na sequência do ataque de um ex-detido condenado por terrorismo. O grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelo ataque do britânico Usman Khan, de 28 anos, que provocou dois mortos e três feridos, tendo sido morto a tiro pelas forças policiais. Usman Khan foi condenado a um período indeterminado de prisão em 2012, mas um recurso interposto em 2013 reduziu a sua pena para 16 anos de prisão. O homem iniciou o ataque de Sexta-feira numa conferência sobre a reabilitação de prisioneiros, organizada pela Universidade de Cambridge, num

edifício perto da London Bridge, e na qual participou. “Este sistema [de liberdade condicional automática depois de cumprida parte da pena de prisão] tem de acabar - repito, tem de acabar”, disse Boris Johnson, que é também candidato à sua reeleição, no dia 12. “Todos os crimes terroristas e extremistas devem ter cumprimento integral da sentença proferida pelo juiz: esses criminosos devem cumprir todos os dias da sua sentença, sem excepção”, afirmou o líder conservador, acusando o Partido Trabalhista de estar na origem da lei que permitiu a libertação automática de Usman Khan. “Este sistema [de liberdade condicional automática depois de cumprida parte da pena de prisão] tem de acabar - repito, tem de acabar” Estas medidas teriam impedido o ataque sangrento reivindicado pelo grupo ‘jihadista’ do Estado Islâmico, asse-

gurou o primeiro-ministro. “Deem-me uma maioria e eu proteger-vos-ei do terrorismo”, garantiu. As propostas avançadas pelo primeiro-ministro não constam no programa de Governo apresentado pelos conservadores para as eleições de 12 de Dezembro, o que está a provocar acusações de uso do atentado como forma de obter ganhos políticos. Uma das vozes críticas é a do pai de uma das vítimas, Jack Merritt, cujo nome foi citado pela comunicação social, mas cuja morte não foi oficialmente confirmada. Jack Merritt, de 25 anos, fazia parte do Instituto de Criminologia de Cambridge e foi coordenador do programa “Learning Together”, que reúne académicos e prisioneiros para trocarem conhecimento, tendo sido um dos organizadores do evento de Sexta-feira.


OPiNiÃO

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O PAÍS Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2019

KÂMiA MAdEirA

da ÉTiCA

C

omecei o fim-de-semana com três perguntas impactantes: És uma pessoa ética? Trabalhas numa instituição ética? Vives num país ético? A plateia que assistia à sessão de formação respondeu com convicção às duas primeiras questões e emudeceu quando se chegou à última, isto é um sinal preocupante para o qual não se pode olhar de forma leviana. Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa a ética é um conjunto de regras de conduta de um indivíduo ou grupo, acrescentamos que tem como base os seus valores crenças e cultura. Ora quando verificamos que a percepção das pessoas é a de que não vivemos num país ético, faz todo o sentido os ecos de que existe a necessidade de moralização da sociedade, mas será que apenas isso é suficiente? Quando fomos desafiados para a resolução do exercício prático a ética dos formandos foi mais uma vez testada, era um caso complicado em que uma das hipóteses de resolução envolvia suborno, com as devidas ressalvas de que as respostas eram anónimas tente caro leitor adivinhar que solução granjeou mais votantes... E é aqui que começa o busílis da questão, sou uma pessoa ética mas confrontada com determinadas situações será que agirei como tal? Quando nos propomos a combater a corrupção temos consciência que é algo endémico que grassa todos os extratos sociais e que o seu combate começa com uma percepção clara da moral e dos valores. Há alguns anos ouvi dois exemplos do professorJosé Octávio Van-Dunem, que nos mostram como encaramos questões éticas, o primeiro fazia referência à forma como estão as relações familiares, contava o professor que antigamente quando chegávamos a casa

com um lápis que não era nosso os nossos pais pediam-nos para que o devolvessemos no dia seguinte e que hoje os nossos adolescentes exibem sinais exteriores de riqueza e que nós pais não os questionamos até com medo de saber as respostas.... O segundo exemplo é o de um conjunto de colegas da faculdade cada um em ramos diferentes mas que decide abrir um negócio e que vai usufruir de vantagens pelas suas funções profissionais... Pensará o leitor mas é errado que eu tenha um amigo no banco e que precise de crédito e que ele me ajude e que para que o faça eu proponho sociedade? Lamento desiludi-lo caso ainda tenha dúvidas, mas é errado... São dois exemplos triviais mas que nos devem deixar a pensar, pois se o polícia que sabe que deve combater o suborno é o primeiro a parar automobilistas e não os autua mas anda às voltas com os documentos esperando que a

pressa os faça sugerir bonificações age de forma corrupta também o faz a enfermeira que pede dinheiro para que possas ser atendido primeiro ou o funcionário da repartição fiscal que não tem o formulário, mas que nos indica onde o comprar à porta da mesma repartição... Como moralizar uma sociedade se é algo tão profundo como a espera do familiar do político que aguarda que chegue a um lugar de destaque para melhorar a condição de vida. Como moralizar uma sociedade se são os exemplos mais do que as palavras que educam... Onde pára a responsabilização? Não só de quem governa mas também de quem é governado, porque devemos denunciar e exigir sanções, pois se o fizermos talvez se entenda que quem tem responsabilidades acrescidas está para servir e não para enriquecer. Reflicta o leitor é uma pessoa ética?



desporto

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Pérolas africanas procuram primeira vitória no Mundial No Pavilhão Aqua Dome, no Japão, a Selecção Nacional sénior feminina de andebol defronta hoje, às 7:00 (horário de Angola, a sua similar da Holanda, para 2ª jornada do grupo A do Mundial daniel miguel

FADM eleita membro da Federação Internacional

A

Federação Angolana de Desportos Motorizados (FADM) foi eleita, no Sábado, na cidade francesa de Mónaco, como membro da Federação Internacional de Motociclismo (FIM). O presidente da FADM, Ramiro Barreira, mostrou-se (na sua página de Facebook) radiante pelo feito alcançado. Ramiro Barreira considerou

Atleta (vermelho) da Selecção Nacional numa partida no Pavilhão Multiusos do Kilamba, em Luanda

Mário Silva

A

Selecção Nacional sénior feminina de andebol procura hoje, às 7:00, a primeira vitória, quando defrontar a Holanda, em jogo a contar para 2ª jornada do grupo A do Campeonato do Mundo, prova que decorre no Japão. Depois da derrota, por 2532, frente à Sériva, para ronda inaugural, as Pérolas africanas são obrigadas a entrar no piso do Pavilhão Aqua Dome concentradas de modo a conseguir o triunfo. Para isso, Wuta, Isabel Guialo e Natália Bernardo são obrigadas a “puxar pelos galões”, porque a equipa adversária tem jogadoras com enorme qualidade.

Sabemos que todos os jogos do Mundial são difíceis, mas vamos procurar vencer” Treinador do combinado angolano, Morten Soubak

Deste modo, o treinador Morten Soubak terá de procurar explorar o contra-ataque organizado de modo a surpreender a turma europeia. Por seu turno, a selecção da Holanda acredita que é possível vencer as angolanas, mas têm de correr bastante durante o tempo regulamentar. Teresa Almeida “Bá”, Helena de Sousa, Amália Pinto (guarda-redes), Janeth Santos, Vilma da Silva, Iracelma da Silva

(pontas), Albertina Kassoma, Liliana Venâncio, Ruth João (pivôs), Wuta Dombaxi, Aznaide Carlos “Zica”, Juliana Machado, Magda Cazanga (laterais), Natália Bernardo, Isabel Guialo “Belinha” e Helena Paulo (centrais) são as jogadoras que estão às ordens de Morten Soubak. No mundial passado, disputado na Alemanha, em 2017, Angola ocupou a 19ª posição.

que a eleição é um passo importante para o desporto motorizado no país, pois agora as responsabilidades são acrescidas. “Estamos de parabéns!”, finalizou o responsável federativo. A Federação Angolana de Desportos Motorizados movimenta o rally, motocross, motas (velocidade), super motos e moto turismo.

Rockets esmagam equipa de Bruno Fernando

J

ames Harden precisou de jogar apenas pouco mais de 30 minutos dos 36 minutos para fazer 60 pontos e ser o destaque da vitória do Houston Rockets por 158 a 111 sobre o Atlanta Hawks, em Houston. Melhor marcador desta temporada, poderia ter tentado superar os seu máximo de 62 pontos, mas ficou o quarto período do banco. Os Rockets são quartos na Conferência Oeste, os Hawks

acumularam a décima derrota consecutiva e são últimos da Conferência Este. Os Milwaukee Bucks consolidaram a liderança a Este com a 11ª vitória seguida, batendo os Charlotte Hornets (13796). A série de duplos-duplos de Giannis Antetokounmpo foi interrompida à 19ª vez, com “apenas” 26 pontos no registo. Em jogo decidido apenas no prolongamento, os Sacramento Kings venceram os Denver Nuggets por 100-97. dr


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Recreativo da Caála vence Desportivo da Huíla com golo de Deco dr

Mário Silva

C

om o único golo apontado por Deco, aos 72 minutos, o Recreativo da Caála venceu o Desportivo da Huíla, em jogo referente à décima terceira jornada do Girabola Zap. Com esta vitória, os caalenses somam 14 pontos na décima posição, ao passo que os huilanos permanece no quinto lugar com 22. Na próxima ronda, o Recreativo da Caála visita o Sagrada Esperança da Lunda-Norte. Por sua vez, os militares da Região Sul defrontam o Cuando Cubango no Estádio do Ferrovia, a partidas 15 horas. Durante a partida de ontem, as duas equipas entraram dispostas a conquistar os três pontos. Mas o equilíbrio registou-se durante a primeira etapa do desafio. No reatamento, a turma da casa esteve mais atrevida, porque circulava melhor a bola dentro das quatro linhas. Deste modo, fruto da dinâmica que aplicaram com alguma naturalidade conseguiram marcar o tento que garantiu a vitória para a turma da Vila da Caála. No Estádio dos Eucaliptos, casa emprestada do Cuando Cubango FC, a equipa de Menongue recebeu e goleou, por três bolas sem resposta, o Progresso do Sambi-

Jogadores (branco) dos caalenses num jogo diante do Progresso do Sambizanga

zanga Assim, o triunfo coloca a turma das terras do ‘Progresso’ com 16 pontos, pois sobe alguns degraus na tabela classificativa. Já os sambilas mantêm-se com 12 pontos, mas seis que o último classificado, o Santa Rita de Cássia do Uíge.

Na cidade da Paz, o Bravos do Maquis não facilitou a vida do Sporting de Cabinda e venceu por 2-0. Na cidade do Bago Vermelho, o Santa Rita de Cássia do Uíge e o Sagrada Esperança da LundaNorte ficaram no nulo, no Estádio 4 de Janeiro.

Jardim de Ndalatando campeão

O

City Jardim Sport Clube de Ndalatando sagrou-se, Sábado, vencedor do campeonato provincial de futebol sénior masculino no Cuanza Norte, ao vencer por 1-0 a Costa Futebol Clube de Samba Cajú, em partida disputada no Estádio Santos Dinizes, em Ndalatando. A prova contou com nove equipas disputada em duas séries. A série “A”, com cinco formações, teve como vencedor a equipa da Costa Futebol Clube de Samba Caju, que foi derrotado pelo City Jardim Sport Clube de Ndalatando, o vencedor da série “B” e actual campeão. Com esta vitória, o City Jardim Sport Clube de Ndalatando disputará o zonal de apuramento ao campeonato nacional de futebol (Girabolazap2020). Em declarações à imprensa, no final da partida, o presidente do City Jardim Sport Clube de Ndalatando, Floriano Patrício, reconheceu que o campeonato foi muito disputado e difícil.

“Lewis é um fora de série, saber que estará disponível em 2021...” dr

“S

aber que ele estará disponível em 2021 só nos pode deixar felizes”, disse Mattia Binotto sobre o final do contrato de Lewis Hamilton no final da próxima época, relançando um tema recente. A possibilidade de Lewis Hamilton terminar a carreira na Ferrari, equipa mais vitoriosa da história da Fórmula 1 e que contou nas suas fileiras com todos os maiores campeões da disciplina, Michael Schumacher, Juan Manuel Fangio, Alain Prost e Sebastian Vettel, os restantes pilotos com quatro ou mais títulos mundiais, voltou a ser notícia, com as inesperadas declarações do atual director da Scude-

ria, Mattia Binotto. “Lewis é um fora de série, um piloto fantástico. Saber que ele estará disponível em 2021 só nos pode fazer felizes, mas honestamente ainda é cedo para uma decisão. Estamos satisfeitos com os pilotos que temos neste momento. Certamente haverá um momento, na próxima época, em que iniciaremos as conversações e perceberemos o que fazer”, disse Binotto. A possibilidade de Hamilton mudar da Mercedes para a Ferrari foi várias vezes comentada ao longo da época, mas o seis vezes campeão mundial arrefeceu o assunto ao dizer-se disponível para prolongar o seu contrato na Mercedes,.

Árbitros angolanos recebem formação na África do Sul

Dois árbitros internacionais angolanos de Futsal participarão de 6 a 10 deste mês, na África do Sul, numa acção formativa a ser organizada pela Confederação Africana de Futebol (CAF). Esta formação servirá de preparação para o Campeonato Africanos das Nações da modalidade, a disputar-se em 2020, no Reino de Marrocos. Trata-se dos juízes José Francisco Katemo Katchingavisa, da província de Benguela e Nelson Manuel Pinheiro André, de Luanda. “Cristiano Ronaldo está mais forte, falta um pouco de brilho” Maurizio Sarri reconheceu alguns erros na equipa depois do empate 2-2 com o Sassuolo, dizendo que a equipa jogou com “pouca cabeça”, mas convidado a falar sobre Ronaldo, de regresso aos titulares, disse que o português está a ficar mais forte, ele que marcou o penálti que fixou o 2-2. “Recuperou em termos de resistência, até está a acabar os jogos em crescendo. O próximo passo será recuperar algum brilho”, avaliou o treinador.

Federação regressa a bandeira polémica para anunciar sorteio O assunto parecia arrumado, mas a federação galesa não deixou cair e resolveu voltar à polémica bandeira mostrada pelos jogadores de defesa a Gareth Bale para anunciar o sorteio para o Euro-2020. Assim, a conta de Twitter refere os jogos e as localizações, “Baku, Baku, Roma. Suíça, Turquia e Itália. Por esta ordem”, fazendo alusão à tal bandeira que “defendia” as prioridades de Bale e se lia “Gales, golfe, Real, por esta ordem”.

Quique Flores despedido do Watford 85 dias depois A saída era iminente e esta manhã confirmado: o Watford comunicou a saída do treinador espanhol Quique Flores e procura o terceiro treinador esta época. O técnico exBenfica tinha chegado há 85 dias para substituir o compatriota Javi Gracia, ganhou apenas um em 10 jogos n Premier League. A gota de água foi a derrota deste Sábado por 1-2 frente ao igualmente aflito Southampton. O Watford é último com apenas 8 pontos, estando a 6 da linha de água.


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O PAÍS Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2019

SuELi GuANAMArO

10 sinais de alerta que suas unhas podem mostrar

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abe o que são aqueles risquinhos brancos na sua unha? Ou porque ela vive amarela ou quebrando? Conheça 10 sinais de alerta que suas unhas podem mostrar.A menos que você seja mulher, é possível que você não dê muita atenção às suas unhas, não é mesmo? A maioria das pessoas, por exemplo, só olham para essa parte do corpo na hora de cortar e limpar, o que acontece raras vezes durante um mês, não é mesmo?Se esse for seu caso, acredite, você deveria prestar mais atenção à aparência natural de suas unhas. Isso porque, elas podem dar alertas sobre como anda sua saúde. Aliás, conforme a sabedoria popular, as unhas podem realmente ser encaradas como “termômetros” de nosso organismo. É por elas que descobrimos, antes mesmo de qualquer exame, que nossa alimentação precisa ser melhorada ou que algo não está dentro dos conformes em nosso corpo. Por exemplo, se suas unhas quebram sempre, como acontece com a maioria das pessoas por aí, este pode ser um sinal de que você está usando muitos produtos químicos. E o que dizer daqueles risquinhos brancos que quase todo mundo tem? Eles, na verdade, alertam para o baixo índice de proteína no seu organismo ou até mesmo para problemas nos rins e no fígado.Interessante, não? Vamos aprender mais sobre o que as nossa unhas estão tentando nos dizer sobre nossa saúde. Vamos ficar alerta sobre que nossas unhas podem mostrar. 1. Amareladas ou esbranquiçadas. Se amarelas, elas podem indicar doenças pulmonares ou acúmulo de líquido linfático no organismo. Já, no caso das unhas esbranquiçadas, pode

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ser um sinal de exposição prolongada a substâncias químicas. Neste último caso, será melhor usar luvas, já que substâncias químicas podem afetar o organismo.2. Sulcos ou linhas de Beau. Ranhuras, depressões e sulcos nas unhas podem surgir depois de lesões, como uma batida forte; ou a doenças, como sarampo, caxumba e até mesmo descontrole na diabetes. Essas marcas também podem indicar que seu corpo está com quantidades insuficientes de zinco.3. Pontos de hemorragia. Pequenos pontos e linhas marrons ou avermelhados abaixo das unhas po-

E o que dizer daqueles risquinhos brancos que quase todo mundo tem? Eles, na verdade, alertam para o baixo índice de proteína no seu organismo (...) Interessante, não? Vamos aprender mais sobre o que as nossa unhas dizem na nossa saúde

dem ser sinal de leves hemorragias, muitas vezes causadas por vasos sanguíneos rompidos. Mas isso não é algo comum. Segundo médicos, esse pode ser sintoma de psoríase, lúpus ou até mesmo doenças do coração.4. Linhas brancas ou de Muehrcke. Essas linhas são um dos sinais mais comuns nas unhas das pessoas e têm também um significado especial a respeito da saúde. Especialistas dizem que elas podem indicar níveis baixos de proteína e até mesmo doenças em órgãos como os rins e o fígado. As linhas também são comuns em pessoas que fazem quimioterapia.5. Unhas grossas. Conforme espe-

cialistas, este não é um sinal de uma condição médica, mas pode indicar a presença de fungos nas unhas. Isso também pode ser um alerta natural de envelhecimento e até mesmo de problemas de pressão.6. Quebradiças. Se suas unhas dificilmente permanecem inteiras, sem quebrar, esse pode ser um sinal de que você está mantendo contato frequente e prolongado com substâncias químicas, como detergentes e até mesmo o esmalte de unha. Entretanto, este também pode ser um alerta de infecção por fungos ou até mesmo problemas na tireoide.7. Concavas. Unhas em formato de colher, como na foto, podem ser sinal de uma pequena curvatura inteira. Mas elas também indicam deficiência de ferro, doenças no fígado, como hemocromatose; doenças cardíacas ou problemas hormonais, causados por descontrole na tireoide.8. Esféricas. Pontas dos dedos avantajadas, com unhas esféricas podem se tratar de um sinal de fibrose pulmonar, asbestose e outras doenças relacionadas ao pulmão.9. Levemente esburacadas. Este não costuma ser um sinal de nada grave, mas pode ser o resultado de psoríase, artrite ou alopecia.10. Linhas escuras. Estes sim pode ser sinais de alerta. Conforme especialistas, esse tipo de linhas costumam indicar melanoma, um tipo de câncer de pele extremamente agressivo.E aí, identificou algum desses sinais em sua unha? Se a resposta foi positiva, não entre em pânico, procure um médico o mais rápido possível. Somente um profissional poderá dizer se você está com algo errado no organismo. Agora, já que estamos falando em saúde e em sinais que o corpo dá quando algo vai mal, não deixe de conferir estes sinais.



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O PAÍS Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2019

Província de Luanda com Escola na Rua Cento e oitenta crianças, dos cinco aos 16 anos de idade, encontram-se diariamente ao entardecer na conver-

gência dos bairros da Samba Grande, Morro da Luz e Rocha Pinto, distrito urbano da Maianga, em Luanda, para assistir às aulas no projecto Escola na Rua. uma psicóloga. O mentor, a frequentar o terceiro ano de psicologia na Universidade Agostinho Neto, precisou que voluntários são aconselhados a ter mais atenção com as crianças que apresentem comportamento fora do normal, como falta de atenção, fraco aproveitamento e outras situações, até que sejam avaliados pela especialista.

A

Escola na Rua é um projecto educacional criado pelo jovem João Aldemiro Japão, numa ruela denominada Banga Wé (faça também, em português) para que crianças angolanas tenham acesso ao ensino gratuito, mesmo na rua, tal como tinha noticiado OPAÍS em Setembro, logo a seguir a um período de tumultos no Rocha Pinto. João Japão e amigos ministram aulas para crianças residentes nas cercanias do Banga Wé e para algumas provenientes de zonas distantes. Munidos de bancos de diversos feitios e cores, as crianças, quer as que estão fora do sistema de ensino como as que frequentam as escolas oficiais, começam a dirigir-se à Rua de Serviço Interior à Estrada da Samba, onde é montada a “escola”, a partir das 16h.

A iniciativa começou em Agosto de 2019, com apenas 15 alunos, depois da Comissão de Moradores (CM) ter indicado João Japão como um dos responsáveis. Por sua vez, João Japão propôs a execução de projectos comunitários ligados à Educação, Saúde e saneamento básico. Como membro da CM, criou o projecto Escola na Rua, também conhecido por explicação na rua, ministrando gratuitamente aulas para algumas crianças, primeiro na sua residência, depois estendendo-se para a rua, com o aumento do número de interessados. Dificuldades no arranque Em declarações à Angop, o mentor do projecto disse que para a sua efectivação convidou outros jovens que exigiram remuneração, atitude que o deixou chocado, visto que era algo que pre-

tendia efectivar de forma gratuita, por amor ao próximo. Frustrado com o comportamento dos amigos, pensou em desistir da iniciativa, mas foi o seu pai, um profissional da Educação, que o encorajou a prosseguir com o projecto. Informou que das 180 pessoas inscritas, 50 por cento estão fora do sistema do ensino, encontrando-se as restantes a frequentar escolas públicas e comparticipadas. Na actividade educativa, para além das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, é também leccionado Educação Moral e Cívica (EMC), para as crianças da iniciação a quarta classe, no período das 16H30 às 18h00. Os adolescentes da sétima à nona classes frequentam o projecto das 18h00 às 19h00 e aprendem Matemática, Língua Portuguesa, Biologia, Física, EMC, Química e

Artes Cénicas. Leccionam no projecto Escola na Rua 10 jovens, de ambos os sexos, alguns com o ensino médio, outros a frequentar o ensino superior e já licenciados. João Japão refere que o projecto acolhe também algumas crianças com necessidades especiais, cujas causas de insucesso escolar nem os professores nem os pais conseguiram detectar, durante anos. “Temos crianças que durante anos permaneceram na mesma classe e os pais e professores não conseguiram identificar se era um caso de deficiência na atenção ou problemas de dislexia”, lamentou. A atenção às crianças e adolescentes que padeçam de dislexia, que é um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, será efectiva porquanto o projecto vai trabalhar com

Ensino de adultos João Japão revelou que o projecto Escola na Rua pretende constituir nos próximos meses uma turma de adultos, já que muitos encarregados de educação iletrados pretendem aprender a ler e a escrever. “Temos recebido muitos pedidos de adultos para que seja aberta uma sala de alfabetização. Muitos homens e mulheres desistiram da escola há muito tempo e pretendem aumentar os seus conhecimentos”, referiu. Para manter-se “ vivo”, o projecto tem recebido apoio moral e material (bancos, quadros e livros) de pessoas singulares, gesto que permitiu a criação de uma Biblioteca Móvel com mais de 70 livros diversos. A Biblioteca Móvel é montada na ruela Banga Wé, apenas nos fins de semana, permitindo que as crianças que frequentam a escola e outros interessados tenham acesso aos livros. Para além do ensino, o projecto conta com o grupo de teatro ABC, cujo objectivo principal é descobrir novas valências para que os jovens tenham os tempos livres ocupados e contribuam no mercado das artes cénicas. De acordo com dados da Repartição distrital da Maianga, mais de 12 mil crianças ficaram, este ano, fora do sistema de ensino e 12 novas escolas do ensino de base são necessárias para a comunidade. Com ANGOP


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