OBSErVÂnCIA dOS dIrEITOS HUMAnOS dIVIdE ACTIVISTAS CÍVICOS Membros das organizações não-governamentais em Benguela afirmam que o quadro dos direitos humanos ainda não satisfaz, devido às constantes violações dos direitos económicos dos cidadãos, consubstanciadas em fome no Sul do país e no desemprego generalizado que apoquenta parte considerável da juventude. P. 08
MPLA rEAFIrMA APOIO InCOndICIOnAL AO EXECUTIVO dE JOÃO LOUrEnÇO A afirmação consta numa declaração tornada pública ontem, por ocasião da celebração do 63º aniversário da sua fundação, assinalado ontem, 10 de Dezembro P. 09 Director: José Kaliengue
O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA
Edição n.º 1684 Quarta-feira,11 /12/2019 Preço: 40 Kz
MOrBILIdAdE POr MALÁrIA ATInGE 54 POr CEnTO dA POPULAÇÃO nA QUILEndA
SOCIEdAdE. A malária é a principal causa de morbilidade no município da Quilenda, na província do
Cuanza-Sul, sendo as crianças de idades compreendidas entre os zero e os cinco anos as mais afectadas, revelou o director administrativo do hospital municipal, Adelino Kiluange. P. 10
“Não vamos sair da pobreza monetária se não alterarmos o modelo económico” ● Os indicadores sobre pobreza monetária apresentados no relatório do INE não terão respaldo no OGE/2020, a julgar pela distribuição das despesas por cada local. A afirmação é do professor de Macroeconomia Yuri Quixina, no espaço Economia Real da Rádio Mais. A solução, no seu entender, passa pela remodelação da economia. P. 19
LITO CAHONGOLO
EU apoia reforma das finanças públicas em Angola ● A União Europeia disponibilizou 5 milhões de euros para a implementação do Programa de Apoio à Governação Económica de Angola, visando a melhoria da transparência orçamental e eficácia das despesas públicas. P. 18
JOrGE GAUdEnS ESCLArECE COMO GASTOU MAIS dE 24 MILHÕES dE EUrOS dO BnA P. 02 Viagem da Turma da Mônica pela CPLP termina a 20 deste mês no CCBA em Luanda
Cantoras brasileiras encantadas com a realidade sóciocultural angolana
FAA enfrenta dificuldades na preparação para a São Silvestre ● O presidente da Federação Angolana de Atletismo (FAA), Bernardo João, revelou ontem, a OPAÍS, que o seu elenco está a enfrentar dificuldades na preparação da corrida de fim de ano, marcada para o dia 31 do corrente mês. P. 26
Livro de Ana Clara Guerra Marques é hoje lançado na União dos Escritores Angolanos
EM FOCO
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O PAÍS Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2019
Jorge Gaudens esclarece co mais de 24 milhões de euro O empresário Jorge Gaudens Pontes Sebastião, primeiro arguido do Caso 500 milhões de dólares ouvido em Tribunal, surpreendeu a audiência ao afirmar que aufere cerca de 12 milhões de Kwanzas mensalmente. Disse ser proprietário de sete empresas e sócio de uma, todas elas em pleno funcionamento texto de Paulo Sérgio fotos de Lito cahongolo
J
orge Gaudens declarou ontem, em Tribunal, que os 24 milhões e 850 mil euros que recebeu do Banco Nacional de Angola (BNA) serviram para custear as despesas relacionadas com a criação de um fundo que financiaria a nossa economia com 30 mil milhões de euros. Para além dessa linha de financiamento, ele estava a negociar uma outra, cujo montante não especificou à instância do tribunal, visando a criação de uma rede de laboratórios de controlo de qualidade em todo o país. Os 24 milhões e 850 mil euros foram transferidos em três tranches para a conta da empresa Mais Financial Service, SA, proprietária do arguido, domiciliada no banco Millennium BCP de Portugal. As operações ocorreram de forma faseada nos dias 6, 19 e 31 de Julho de 2017. Em declarações à instância do
juiz da causa, João da Cruz Pitra, Jorge Gaudens esclareceu que o BNA fez tal operação em cumprimento de um acordo que havia estabelecido com a sua empresa acima mencionada. Acordo, celebrado entre ele e o Válter Filipe (este na qualidade de representante do BNA), resulta de uma exigência da empresa inglesa Resource Conversion que estava a tratar da operação para a criação da aludida linha de financiamento, que seria, alegou, suportada por um consórcio de bancos internacionais de primeira linha. A Mais Financial Service usaria esse dinheiro para pagar a empresas que seriam subcontratadas para intervir no processo de constituição de um fundo, entre as quais a Resource Conversion, propriedade do empresário Hugo Onderwater, que se encarregaria de estruturar toda a sua operação.
Jorge Gaudens disse ainda que o BNA assim procedeu para facilitar o pagamento dos serviços com a rapidez necessária que se impunha, atendendo ao facto de o país estar a enfrentar uma crise. Antes disso, como o banco central angolano se atrasou na realização dessa operação, teve de recorrer ao dinheiro de uma das suas empresas para assegurar que o parceiro externo de negócio continuasse a trabalhar em benefício do país, adiantando o pagamento de 500 mil euros. De forma detalhada, esclareceu que dos 24 milhões e 850 mil euros, pagou cerca de 5 milhões de euros a Resource Conversion e transferiu 1 milhão e 700 mil euros para a sua conta pessoal, não em benefício próprio, mas da Mais Financial Service, que não tinha histórico em nenhum banco existente no continente europeu. Fez ainda outra transferência de
4 milhões e 350 mil euros para a sua empresa Concera, S.A, que era responsável pela construção do 1º laboratório de controlo de qualidade que integraria uma rede de laboratórios que seria erguida em todo país, através de outra linha de financiamento internacional que também estava a ser negociada pela sua empresa Bromangol com a Resource Conversion. “Já estava em construção esse laboratório que serviria de modelo”, frisou. Já a empresa Bar Trading, do prófugo de nacionalidade brasileiro Samuel Barbosa da Cunha, recebeu cerca de 3 milhões de euros, a empresa de consultoria Delloite mais de 200 mil euros por um serviço que prestou nesse sentido. Declarou ainda que o outro angolano que beneficiou desse dinheiro é o advogado Teodoro Alexandre Soares Bastos de Almeida, na ordem dos 240 mil euros, pe-
lo serviço de enquadramento do projecto do aludido fundo à luz da legislação nacional. “Os restantes montantes permaneceram na conta até Novembro de 2017”, frisou, sublinhando que não pretendiam, de modo algum, usá-lo em proveito próprio. Os bancos que, alegadamente, dariam os 30 mil milhões de euros De acordo com Jorge Gaudens, o financiamento de 30 mil milhões de euros seria disponibilizado por um sindicatos constituídos por bancos de primeira linha europeus, asiáticos e americanos, liderados pelo BNP Paribas, sedeado em París (França). Essa garantia constava numa carta enviada em envelope lacrado, com a logomarca da BNP Paribas, endereçada ao então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que lhe havia sido entregue por Hugo On-
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O PAÍS Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2019
omo gastou os do BNA derwater. Jorge Gaudens disse que acreditou que o documento era autêntico e que o sindicato tinha tal capacidade financeira, pelo facto de o referido banco francês ser dos mais prestigiados no mundo e ter um
capital de 3 triliões de euros. Por outro lado, sublinhou que a sua função nesse negócio era de intermediar a comunicação entre o Hugo Onderwater e as autoridades angolanas. No entanto, só teve conhecimento de que ca arta que fez chegar em 2016 ao antigo Chefe de
Válter Filipe sofre de apneia e dorme “ligado” a uma máquina “Parece que o combate à corrupção tira direitos a quem for constituído arguido”, disse ontem, em Luanda, o advogado Sérgio Raimundo, que defende o ex-governador do BNA, Válter Filipe no caso USD 500 milhões. Falando aos jornalistas no Tribunal Supremo, Sérgio Raimundo referiu-se ao episódio de ocorrido na Segunda-feira, quando o seu constituinte teve de abandonar a sala de audiências acometido por um mal-estar repentino. “Ele já anda doente há mais de um ano, tinha sido submetido a uma intervenção cirúrgica, em Espanha, mesmo antes de ter sido constituído arguido”, começou por dizer Sérgio Raimundo, tendo acrescentado que Válter Filipe “teria de voltar algum tempo depois (a Espanha) para uma revisão”, o que não aconteceu, por falta de vontade das autoridades. “Combate à corrupção tira direitos” “Nós já requeremos inúmeras vezes autorização para tal, mas, infelizmente, parece que o combate à corrupção tira direitos a quem for constituído arguido”, disse o advogado, para justificar que “não se entende que a uma pessoa doente há muitos anos não lhe seja permitida a assistência médica devida, quando tem possibilidades de sair, porque a doença dele não tem aqui (em Angola) pessoas para tratar”. De seguida, Sérgio Raimundo revelou que Válter Filipe “tem um problema de apneia”, e que “ele pode morrer à noite, a dormir”, por que Válter Filipe “dorme com uma máquina e esta máquina já apresenta algumas avarias há algum tempo. Nós, juntamos,
Estado, por via do antigo presidente do Fundo Soberano de Angola, José Filomeno dos Santos “Zenú”, seu amigo há mais de 30 anos, terá sido forjada em 2018, em Londres. “A carta foi entregue às autoridades e esperava que tivessem feito due deligence para aferir a sua autenticidade”, frisou. Indagado se tinha possibilidade de fornecer tal documento ao tribunal, o arguido retorquiu que necessitava de recorrer aos seus advogados em Londres, uma vez que tomou conhecimento da mesma no momento em que decorria em tribunal o processo movido pelo Estado Angolano para reaver os 500 milhões de dólares que foram transferido das contas do BNA.
inclusivamente, fotografias desta máquina, mas, infelizmente, nunca fomos respondidos”. Entretanto, reagindo ao levantamento, pelo tribunal, de algumas medidas de coação aos réus deste caso, o advogado disse achar estranho. “Estranhamente, como ouviram, foram levantadas as medidas de coação, com excepção do termo de identidade e residência, mas aquilo foi apenas para inglês ver, porque as pessoas continuam submetidas a essas medidas de coação ilegalmente”. E justificou: “porque não têm (os arguidos) nem sequer os seus passaportes para poderem viajar, como a lei manda, já que uma pessoa em termo de identidade e residência pode viajar à vontade, desde que não falte a nenhuma diligência a que for chamada”. Por outro lado, disse não entender por que razão é que, até hoje, mesmo depois de terem escrito para a Provedoria de Justiça, também, “a justiça parece que é feita a qualquer preço”. Tribunal sem “condições de habitabilidade” Falta ar condicionado na sala em que está a decorrer o julgamento, o que teria contribuído para o problema de saúde de Válter Filipe, ontem, e leva Raimundo a questionar “por que razão tanta pressa para começar o julgamento nestas condições, e no fim do ano?” Sobre o actual estado de saúde Válter Filipe, o advogado disse estar em tratamento numa clínica de Luanda e que será o terceiro, dos quatros réus, a ser ouvido em tribunal, sendo que José Filomeno dos Santos “Zenu” será o segundo e António Samalia Bule Manuel o quarto e último. Jorge Gaudens Pontes Sebastião é o réu que está a ser ouvido em primeiro lugar.
TAAG exaspera passageiros na Catumbela com vôo para Luanda atrasado por mais de 10h
Zuleide de Carvalho
O
ntem, o vôo TAAG com destino a Luanda, partindo da Catumbela, atrasou-se por 10 horas e 45 minutos, deixando os passageiros transtornados e furiosos, com compromissos perdidos e, pior, sem qualquer aviso ou pedido de desculpas formal, durante as primeiras seis horas e meia de espera. A partida para Luanda marcada para as 8h da manhã da ontem, ocorreu às 18h45mins. Durante 10h e 45 minutos de espera, os passageiros exasperaram-se com o atraso, falta de informação e “desconsideração” revelada pela TAAG, disseram fontes. De acordo a informações obtidas de fontes seguras, houve previsões de outros horários, nomeadamente paras as 10h30 da manhã, mas sem aviso, posteriormente para as 13h, adiamento também confirmado em “sigilo”. Porque o check-in termina uma hora antes do vôo, no caso de domésticos, os passageiros estiveram confi nados na sala de embarque do aeroporto da Catumbela desde as 6h30 da manhã de ontem, até às 18h15mins. Má comunicação no seio da TAAG… O bilhete de passagem na companhia TAAG, com itinerário: ida a Luanda, e volta para a província de partida, Benguela, custa actualmente cerca de
122.000,00 Akz, (cento e vinte e dois mil kwanzas). Ontem, depois de uma manhã inteira sem comunicação da existência de atraso, do motivo do atraso, ou do horário do novo vôo, às 14h houve um anúncio, acompanhado da opção de lanche, para o almoço. A escolha do que obter, para o lanche que serviu de almoço a quem provavelmente nem o pequeno-almoço completo tomou, deu-se entre sandes ou bolo e, refrigerante, chá ou cerveja, estando, felizmente, a água garantida. OPAÍS soube que 3 passageiros desistiram de esperar. Dentre os quais, um senhor português, que tinha um vôo nocturno para Portugal na companhia TAP e, preferiu não arriscar, tendo viajado de carro para Luanda. Segundo constou a este jornal, estimativa feita a olho, o vôo continha aproximadamente 60 passageiros. TAAG diz que protegeu os passageiros O director do Gabinete de Comunicação Institucional da TAAG, Carlos Vicente, confirmou o atraso, devido a uma avaria na aeronave inicialmente preparada para esta viagem. Todavia, diz que, observando as normas internacionais da aviação civil, os passageiros foram avisados aquando do check-in e foram protegidos em terra, nomeadamente com o fornecimento de alimentação, sendo que o voo, atrasado, acabou por ser cumprido. PUB
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dESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 08 Observância dos direitos humanos divide activistas cívicos.
o editorial SOCIEdAdE. PÁG. 10
Morbilidade por malária é de 54 por cento da população da Quilenda
CArTAz. PÁG.14 Viagem da Turma da Mônica pela CPLP termina a 20 deste mês no CCBA em Luanda
ECOnOMIA. PÁG 18 EU apoia reforma das finanças públicas em Angola.
O PAÍS Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2019
HOJE: os números do dia
Insectos que não gostam de pescadores
A
gora, no Nzeto, os pescadores, homens do mar, estão a braços com uma praga de insectos. As autoridades não dizem de que tipo de insectos se trata, mas não são insectos quaisquer, são ferozes, roem madeira, tanto, que destruíram já quinze embarcações de pesca artesanal, pondo em risco tudo o que faz vibrar a economia da região. O município é piscatório e os duzentos e trinta quilómetros que o separam de Mbanza Kongo, a capital provincial do Zaire, não o impedem de ser um bom fornecedor de pescado para a cidade grande, e para Luanda também. Mas agora, esses bichos podem impedir e alguém tem de fazer alguma coisa, começando por identificá-los e buscar formas de os conter, muito especificamente no seu ataque à madeira dos barcos, nem que seja encontrando um tipo de tinta de que eles não gostem.
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Cidadãos acusados de violação sexual de uma jovem de 19 anos de idade, na aldeia de Nkunga a Paza, arredores da cidade de Mbanza Kongo, província do Zaire, foram detidos Domingo.
Mil concorrentes deverão participar no próximo dia 21 do mês em curso, na primeira edição da corrida pedestre de atletismo, denominada “São Silvestre de Viana”, enquadrada nos festejos do 54º aniversário do município satélite da província de Luanda.
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dólares por metro quadrado é o novo preço médio para a comercialização dos terrenos infra-estruturados da centralidade do Kilamba, no município de Belas, em Luanda.
Cidadãos suspeitos de praticarem crimes diversos, foram detidos em Novembro deste ano pelo efectivo da Polícia Nacional da província da Lunda-Sul, prefazendo mais 15 presos em relação a igual período de 2018.
o que foi dito MUndO . PG. 22 Impeachment: Democratas apresentam texto de acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso contra Trump.
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O esforço do Executivo está focado no combate à corrupção, um mal que provoca a destruição do sistema económico, social, político e moral do país” Francisco Queirós Ministro da Justiça e do Direitos Humanos
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Estou preocupado com a paralisação de algumas indústrias pesqueiras na Vila do Tômbwa” Archer Mangueira Governador do Namibe
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A revisão da Lei da Probidade Pública, principalmente quanto ao regime de declaração de bens de fechado para semi-aberto ou aberto” deodato Paím Inácio O director Nacional para a Prevenção e Combate à Corrupção da Procuradoria-Geral da República
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e assim... José Kaliengue Director
deixar falar os cromossomas
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o economista Carlos Lopes e encontre algumas respostas às suas inquietações sobre o desenvolvimento africano
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www.opais.co.ao república Checa (0strava) Um atirador abriu fogo esta Terça-Feira no hospital da cidade Ostrava, fazendo pelo menos seis mortos e dois feridos. Uma operação policial foi encetada e o suspeito, de 42 anos, suicidou-se com um tiro na cabeça . (DR)
o que vai acontecer Surf O festival nacional de surf “SSW”, realizados na praia dos surfistas em Cabo Ledo, está nomeado para a categoria de “melhor da lusofonia” no “Iberian Festival Awards”, cuja gala de premiação acontece Sábado (dia 14), no auditório FIL, em Portugal. Trata-se do primeiro campeonato de surf em Angola, que está a massificar esta modalidade desportiva no país, a fomentar o turismo naquela região, sobretudo o de sol ou de praia, e a proporcionar experiências musicais, de convívio, bem-estar e de responsabilidade ecológica. O SSW é o único concorrente angolano no IFA, afecto ao Fórum Internacional de Festi-
vais de Música. África A 52.ª edição do Festival
Internacional do Sahara de Douz (sudoeste da Tunísia) decorrerá de 19 a 22 de Dezembro corrente nnesta cidade. O encontro decorrerá sob o lema “a Beleza do Sara e a Herança do Património” e agrupará delegações de 20 países, de acordo com a fonte. Os espaços reservados aos espectáculos ultrapassam 15 hectares e a eles terão acesso visitantes tunisinos e turistas estrangeiros. Estes espetáculos versarão sobre a tradição das populações da zona, como a cerimónia de casamento tradicional beduino, corridas de dromadários e fantasias, entre outras actividades, segundo a fonte.
Sociedade A Igreja Católica perspectiva a construção, em 2020, de uma nova sede da Sé Catedral e um seminário maior, na província do Namibe. Falando na homília que marcou às celebrações de ordenação de quatro novos sacerdotes e um diácono, o bispo da Diocese do Namibe, Dom Dionísio Hisilenapo, confirmou a existência de um espaço para a construção das duas infra-estruturas sociais com o apoio do Gover-no Provincial. A escola para os futuros seminaristas vai contribuir na formação de jovens que pretendem frequentar ciências religiosas, deixando de se deslocar às províncias da Huíla, Huambo e Luanda.
Cultura A coreógrafa e investigadora Ana Clara Guerra Marques apresenta, hoje, pelas 17:30, na União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda, o livro “Máscaras Cokwe: a linguagem coreográfica de Mwana Phwo e Cihongo”. Sob a chancela das editoras angolana Kilombelombe e a portuguesa Guerra & Paz, o livro traz textos introdutórios de dois conceituados investigadores nas áreas das máscaras cokwe e da história da arte africana, respectivamente, Manuel Jordán, actual curador chefe do Musical Instrument Museum, nos Estados Unidos, e Bárbaro Martínez-Ruiz, professor emérito de Estudos Africanos.
Futebol A Selecção Nacional de futebol sub-20 termina hoje os trabalhos de preparação, tendo em vista o jogo de amanhã frente à Zâmbia, em partida a contar para as meias-finais da Taça Cosafa, prova que decorre em solo zambiano.
á cerca de duas semanas, Yuri Quixina, que ensina macroeconomia na universidade, disse à Rádio Mais e ao OPAÍS que Angola está a caminhar para uma situação em que dois jovens ainda se estão a paquerar mas os seus cromossomas já têm de pagar dívidas. É que depois vem a fase do namoro, eventualmente do casamento, a fecundação, a geração do ovo, do, embrião, o feto e, finalmente, o bebé. Mas não chega. Este bebé tem de crescer, começar a trabalhar e a contribuir para o pagamento da dívida do Estado. Ou seja, se a paquera não correr bem e os gâmetas não se encontrarem, ainda assim o filho virtual de cada um deles (chamemos de filho cromossómico), tem uma dívida por pagar. A Moody’s, agência internacional de rating, disse ontem que a dívida pública de Angola, este ano, vai atingir os cento e quatro por cento do produto interno bruto. Yôyo. Para a nossa capacidade de produção interna, e porque o investimento estrangeiro não quer vir (é só ver os prolongamentos nos concursos para telefonia, refinação, etc.) e porque algumas obras de infra-estrutura fundamentais vêm apenas douradas em discursos, está visto que a dívida pode acelerar mais do que o que acelerou nestes dois últimos anos, ou que teremos de apertar ainda mais o cinto para a pagar. Quase tudo conspirou contra, desde o clima à produção petrolífera, que não cresceu o suficiente para aproveitar um preço até “jeitoso”. E depois ainda o kwanza, que despencou e com ele o emprego. É o seguinte, os “filhos cromossómicos”, virtuais, dos angolanos, têm de imaginar já formas de produzir e exportar coisas ou serviços, mas há o risco de os ditos cromossomas não valerem uma espingarda, em termos cognitivos, por causa da desnutrição. É hora de exercitar os neurónios e conversar muito para ver se se encontra uma saída eficaz. E rezar outra vez pelo petróleo.
E também... A Dia Internacional da Montanha - 11 de Dezembro Desde 2003 que se celebra anualmente o Dia Internacional da Montanha, também conhecido como Dia Internacional das Montanhas, com o fi m de consciencializar a população sobre a importância da preservação das montanhas no mundo.
6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
O PAÍS Quarta-feira ,11 de Dezembro de 2019
nO TEMPO dO KAPArAndAndA
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OPAÍS
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11 de dezembro de
1925
- O Papa Pio XI proclamou a festa litúrgica de Cristo Rei
1983 -
11 de dezembro de O líder militar do Bangladesh, Hossain Mohammad Ershad, proclamou-se Presidente do país, na sequência da demissão de Ahsanuddin Chowdhury
11 de dezembro de 1995 - Morreu
em Lisboa, Portugal, o Nacionalista angolano Cónego Manuel das Neves
CArTA dO LEITOr
A candonga é que manda DR
Estimados amigos jornalistas, Este nosso país anda cheio de contradições. Ora vejamos: o Governo diz que é preciso diversificar a economia. Acho que estamos todos de acordo quanto a este objectivo, porque é a única forma de melhorarmos as condições de vida no nosso país. Temos muita gente a sair do campo para a cidade, o que leva a uma grande luta pelos espaços nas cidades e nas suas periferias. E também a uma grande candonga de terrenos como todos sabemos. Mas há aqueles que querem ir para o campo trabalhar, só que mesmo para ir para o campo que está a ficar desértico, também a maka é a mesma, conseguir uma parcela de terra é quase impossível, pela mesma candonga dos funcionários públicos. Legalizar então, é mesmo impossível, só os grandes senhores que ocupam grandes terras e nada fazem. Então, no campo e na cidade, a candonga é que manda. Este é que é o verdadeiro problema do nosso país. João Kapita
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POLÍTICA
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Observância dos direitos humanos divide activistas cívicos Membros de organizações não-governamentais em Benguela afirmam que o quadro dos direitos humanos ainda não satisfaz, devido às constantes violações dos direitos económicos dos cidadãos, consubstanciadas em fome no Sul do país e no desemprego generalizado que apoquenta parte considerável da juventude prisões arbitrárias, a falta de empregos para os jovens, a pobreza e o facto de não existirem programas que garantam a sua resolução.
Constantino Eduardo / Neusa Filipe
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ctivistas cívicos dizem que a corrupção assumiu-se, durante longo período, num dos problemas que propiciaram a violação dos direitos humanos, devido à delapidação dos recursos do Estado que, se fossem bem empregues, dariam para investir na agricultura, saúde, educação e dar oportunidades de emprego. Em declarações a OPAÍS a propósito do Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado ontem, 10 de Dezembro, os activistas denunciam haver uma série de direitos que têm vindo a ser sistematicamente violados, com realce para os de natureza económica, por isso alertam para a necessidade de se cumprir o previsto na Carta das Nações unidas. O director executivo da Organização Humanitária Internacional (OHI), Messelo da Silva, diz haver da parte do Governo um esforço para o cumprimento dos direitos humanos, sobretudo os de natureza política, porém, lamenta o facto de a acção circunscrever-se apenas no litoral, sendo que no interior do país ainda se registam violações dos direitos de expressão e manifestação, consagrados na Constituição da República de Angola (CRA). Messelo da Silva sustenta que o tecido económico nacional foi bastante afectado pela corrupção endémica que enfermou o país durante anos, daí que encoraje os tribunais a aprimorar cada vez mais as estratégias de responsabilização dos infractores. Liberdade de expressão e de imprensa O ex-primeiro-ministro de Angola Marcolino Moco considera que, no novo paradigma, a liberdade de
expressão e de imprensa afiguramse como principais ganhos dos direitos humanos em Angola. “Demos um grande avanço. Aquilo por que muitos de nós lutaram foi conseguido. Existe, hoje, maior abertura na comunicação social”, esclarece, para quem tal facto foi importante para a salvaguarda de direitos civis e políticos. Em declarações à imprensa, momentos antes de ter animado uma palestra em Benguela, a convite da organização OMUNGA, o jurista reprova a posição de Messelo que defende a responsabilização penal e defende o “perdão”, argumentando que não “há ninguém que não tenha cometido no MPLA”, reprovando aquilo a que chamou “justiça selectiva”. Melhoria dos direitos humanos A OMUNGA, uma organização que há muito abraçou a luta pelos direitos humanos, fala em melhoria dos direitos, essencialmente no direito de as pessoas se manifestarem livremente, sem que, para tal, se sujeitem a represálias. Apesar desta melhoria, João Malavindele, o seu coordenador executivo, está insatisfeito com o actual quadro dos direitos humanos em Angola, porquanto os mesmos estão a ser violados e cita co-
mo exemplo o caso da seca e fome que assolam cidadãos no Sul do país, realçando que a resposta das autoridades ao fenómeno está muito aquém do desejado. Contínua violação Por sua vez, o coordenador do Observatório para Coesão Social e Justiça (OCSJ), Zola Bambi, disse que a questão dos direitos humanos em Angola apresenta ainda índices preocupantes, apesar de ter reconhecido a evolução registada em termos de liberdade de imprensa. Zola Bambi referiu que o país está a viver, no que aos direitos humanos diz respeito, um processo que ainda não atingiu a esperança daquilo que se exige dentro das garantias fundamentais, dos princípios e do respeito à Constituição. O activista cívico apontou como questões que mais preocupam os defensores dos direitos humanos a Educação, área que, pesar de ser ignorada, considera ser a que mais regista casos de violação contra os direitos humanos, com a existência de crianças fora do sistema de ensino e de outras que estudam no período nocturno. Outra questão, segundo a fonte, tem a ver com a falta de assistência às crianças hospitalizadas e à terceira idade e ainda a existência de
Corrupção e violência institucional Esse activista cívico afirmou, por outro lado, que a corrupção tornou-se numa grande pandemia difícil de vencer e que está afectar toda a engrenagem da instituição angolana, o que tem dificultado o avanço em matérias ligadas aos direitos humanos. “Quem deveria ajudar nesse contexto são as instituições, mas o que acontece na Polícia Nacional é que sempre que há situações do género observamos a protecção corporativa, o que podemos chamar de solidariedade institucional, onde as instituições cobrem-se para tapar aquilo que é socialmente repudiável”, denunciou. Justiça e fome Salientou que a justiça deve actuar com mais “seriedade, mais transparência e imparcialidade”. Alegou que a justiça tem sido praticada com vícios acentuados, com grande disparidade na balança entre os processos daqueles que já fizeram ou fazem parte do sistema e os do pacato cidadão. “Uma condenação do pacato cidadão para um simples processo é muito mais pesada do que a de um político que tenha feito ou causado danos maiores”, deplorou. Sobre a problemática da fome, que, presentemente, assola uma boa parte da população, derivada da crise sócio-económica e financeira, o também advogado considera que o Governo não utilizou a fórmula mais adequada, que consistia em estabelecer um estado de emergência para que o apoio fosse mais acentuado com uma assistência internacional. Refira-se que o Dia Internacional dos Direitos Humanos é celebrado anualmente a 10 de Dezembro. A data visa homenagear o empenho e dedicação de todos
os cidadãos defensores dos direitos humanos e colocar um ponto final a todos os tipos de discriminação, promovendo a igualdade entre todos os cidadãos. A celebração da data foi escolhida para honrar o dia em que a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou, a 10 de Dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Esta declaração foi assinada por 58 estados e teve como objectivo promover a paz e a preservação da humanidade após os conflitos da 2ª Guerra Mundial que vitimaram milhões de pessoas.
Messelo da Silva
João Malavindele
Marcolino Moco
Zola Bambi
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MPLA reafirma apoio incondicional ao Executivo de João Lourenço A afirmação consta numa declaração tornada pública ontem, por ocasião da celebração do 63º aniversário da sua fundação, assinalado ontem, 10 de Dezembro
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m nota enviada a OPAÍS, o Bureau Político do MPLA reafirma o seu “mais amplo e incondicional apoio” ao Executivo liderado pelo Presidente da República, João Lourenço, tendo-o encorajado a prosseguir com a implementação de medidas de políticas que visam inverter a actual situação, relançar e posicionar a economia nacional no rumo do progresso e do desenvolvimento. A mesma nota refere que a difícil situação económicofinanceira de Angola exige sacrifícios por parte de todos os seus filhos, pelo que o Bureau Político do MPLA condena todas as acções que visam criar um clima de tensão social e de descrença nas mudanças políticas, sociais e económicas, no intuito de melhorar as condições de vida de todos os angolanos e não apenas de uma minoria ligada às elites dominantes. Na sua declaração, o Bureau Político do MPLA exorta a todos os angolanos e, em particular, os militantes, simpatizantes e amigos do Partido, a honrarem todos quantos se sacrificaram para que hoje os filhos de Angola pudessem viver numa Nação livre e soberana, fazendo da comemoração desta gloriosa data um amplo movimento de mobilização patriótica e de unidade nacional “para enfrentarmos e vencermos os desafios do presente e do futuro, sob a liderança do Camarada Presidente João Lourenço”.
Desde a sua criação, a 10 de Dezembro de 1956, acrescenta a nota, o MPLA soube adaptar-se à conjuntura nacional e internacional, desempenhando sempre o papel de vanguarda do povo angolano, na perspectiva da edificação de uma sociedade baseada no desenvolvimento e estabilidade social, na democracia e na unidade nacional. Manifesto do nacionalismo angolano Ainda na sua declaração, o Bureau Político refere que o MPLA é o partido que deu corpo ao manifesto do nacionalismo angolano, “fazendo da conjugação da acção política, da união das vontades e da aglutinação da luta das várias forças nacionalistas”, um amplo movimento popular de libertação de Angola contra o regime colonial português e de todas as outras formas de discriminação entre os homens. Para o MPLA, partido no poder desde a Independência Nacional, o dia 10 de Dezembro de 1956 representa o espírito de coragem e de abnegação pelos valores da auto-determinação dos angolanos, pelo que “o percurso histórico e revolucionário do MPLA é a mais pura expressão da bravura e do patriotismo do Povo Angolano”, lê-se numa das passagens da declaração. A mesma refere ainda que este partido afirma-se hoje como a maior força política do país, profundamente enraizado no seio das massas populares e que jamais abdicou dos ideais dos Pais Fundadores do Nacionalis-
mo angolano: “Liberdade, Progresso, Justiça Social, Humanismo, Paz, Solidariedade, Democracia e Unidade Nacional”. Mais adiante, o MPLA assumese como sendo “o único Partido que verdadeiramente lutou pela Independência Nacional, pela defesa e consolidação da integridade territorial, pela reconciliação e reconstrução nacionais”. A nota termina dizendo que o 63º aniversário do MPLA é comemorado numa conjuntura desfavorável, derivada de uma profunda crise económico-financeira que provocou a desaceleração da economia nacional e o endividamento público, com reflexos negativos em todos os sectores da vida nacional.
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PEDRO NICODEMOS
Maria Teixeira enviada a Quilenda (Cuanza-Sul)
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m entrevista exclusiva a OPAÍS, Adelino Kiluange explicou que a Quilenda, em termos de epidemiologia, é um município meso-endémico, o que quer dizer que a doença tem tendência para subir segundo o estado climatico que o próprio município apresenta. Acrescentou que a malária ocupa o primeiro lugar, ao ponto de assolar quase metade da população, sobretudo nas idades já referenciadas, seguida das anemias e outras doenças. O técnico de Saúde recordou que a morbilidade tem a ver com a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada em determinado local e em determinado momento. Importa referir que a malária é uma doença parasitária que causa febre alta, calafrios e sintomas similares à gripe. “A malaria até agora é a principal causa de morbilidade no município, afectando cerca de 54 por cento da população”, revelou Adelino Kiluange. O responsável disse ainda que o seu município possui três unidades sanitárias, constituídas por hospital, centro e posto de Saúde, sendo todas do primeiro nível de assistência, médica e medica-
Morbilidade por malária atinge 54 por cento da população na Quilenda A malária é a principal causa de morbilidade no município da Quilenda, província do Cuanza-Sul, sendo as crianças de idades compreendidas entre os zero e os cinco anos as mais afectadas, revelou o director administrativo do hospital municipal, Adelino Kiluange
Adelino Kiluange
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PEDRO NICODEMOS
mentosa, atendendo uma população de cerca de 109 mil habitantes. As unidades hospitalares apresentam três serviços, medicina, obstetrícia e pediatria, excepto o hospital municipal, que tem os serviços de urgência (banco de urgência 24/24 horas), serviços de laboratório, incluindo a farmácia e os serviços de estátiscas e internamento. nenhum caso de Pólio registado Segundo o responsável, desde a última campanha que o município teve contra a Poliomielite saíram com 79 por cento de cobertura vacinal, não atingindo a meta, que era 95 por cento, devido ao acréscimo da população que, segundo a dinâmica nacional, cresceu 28 por cento acima daquilo que já existia como população no seu município. “Com a população que tivemos e mais 25 por cento da taxa de natalidade, não conseguimos atingir os 95 por cento. Atingimos apenas 95 por cento de cobertura vacinal. E, graças a Deus, o município não registou nenhum caso de Pólio, na medida em que a Saúde Pública, muito activa, tem feito buscas por todas as áreas pertencentes ao município e, de momento, não temos nenhum caso de Pólio”, afirmou. Adelino Kiluange disse ainda que o município da Quilenda tem 57 funcionários que ocupam as três unidades funcionais. Dentre elas, 44 estão no hospital incluindo os enfermeiros, técnicos
Município da Quilenda
“
Temos registado muitos casos de traumatismo. Este é um dos grandes casos que faz com que os polídromos tendem acontecer”
terapeutas e os administrativos, os restantes estão nos centros e postos, algo que considera como uma gota no oceano, segundo o estatuto orgânico da unidade sanitária. Dos 57 funcionários, quatro são médicos, três são angolanos e um expatriado de nacionalidade Russa, significando que para 109 mil habitantes, cada um dos médicos atende mais de 20 mil habitantes. Garantiu que, mesmo com essa falta de quadros, estão a conseguir ultrapassar certas epidemias que o município alberga e os casos que não são da sua responsabilidade, como o das cirurgias, são reencaminhados para o hos-
pital geral da província. Aproveitou a ocasião e disse existirem alojamentos para médicos e enfermeiros, com as mínimas condições. Por isso, caso algum médico esteja interessado em trabalhar no seu município, será bem-vindo, porque algumas unidades sanitárias já oferecem casa para os enfermeiros. Com abertura da estrada aumentaram os casos de traumatismo O director administrativo do hospital 11 de Novembro disse ainda que, com a abertura da estrada aumentou também o número de acidentes provocados não só pelo excesso de velocidade, mas também pelo desconhecimento
do Código da Estrada. Para ele, a construção da nova estrada ajuda, mas os casos de traumatismo tendem a crescer, porque antigamente, sem o tapete asfáltico, as pessoas andavam a 20 ou 30 Km / hora e para chegarem à Gabela faziam três horas e agora faz-se em 20 a 30 minutos. “Temos registado muitos casos de traumatismo. Este é um dos grandes transtornos, por haver muito boa gente que exagera. Muitos saem de casa e pensam que sabem conduzir uma moto e querem ser motoqueiros, sem conhecer o código da estrada e é então que há acidentes, cujas vítimas são evacuadas para o hospital geral da província”, disse.
Gravidez na adolescência preocupa responsável O director administrativo do Hospital 11 de Novembro, da Quilenda, Adelino Kiluange, manifestou-se preocupado com as adolescentes grávidas que aparecem na instituição, umas com intenção de interromper a gestação, alegando não estar preparadas. O responsável sublinhou que as adolescentes que aparecem no hospital já grávidas possuem idades entre os 14 e os 16 anos. Sem revelar os casos de género notificados, considera a gravidez na adolescência como uma verdadeira preocupação social e apontou a posição que o município ocupa como um das consequências, uma vez que está um pouco esquecido do poder central, mas, enfim, com o esforço da Administração Municipal têm ultrapassado essa situação com palestras de saúde pública a nível de todas as comunas da Quilenda.
As gestantes adolescentes são aconselhadas a não cometer o crime, mas sim enfrentar a situação com responsabilidade, essencialmente durante a gestação e nos primeiros meses pós-parto. No que diz respeito aos casos, os mais preocupantes são as gravidezes precoces, o poli-traumatismo. Isto sem esquecer que, “o hospital precisa de um aparelho para raio x, de um aparelho para ecografia, precisamos de uma ambulância, porque a que temos já é velha”, clamou, realçando que a administração tem feito grandes esforços para ultrapassar as situações delicadas e prestar melhor assistência à população, mas ainda é preciso fazer mais alguma coisa. “Quanto ao abastecimento de medicamentos, não temos problemas e, além de atendermos o pessoal do município, recebemos também gente de outras localidades que nos procuram, porque
sabem que temos medicamentos e isso tem criado fluxo acrescido às nossas unidades”, disse. Enfim, fez também saber que mensal-
mente o número de mortes oscila de três a quatro pessoas, nas unidades pediátricas e em alguns casos de aborto provocado por adolescentes.
sociedade
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Psicóloga considera “resistência” de legalização da ordem tiro no próprio pé do Estado opaís
Encarnação Pimenta e Carlinho Zassala não acreditam que eles sejam a causa do entrave do Executivo de Angola, porque na instituição a que pertencem há figuras de proa do aparelho directivo
Alberto Bambi
A
psicóloga E nca r n ação Pimenta afirmou categor icamente, ontem, na ocasião de uma conferência de impressa realizada pela Ordem dos Psicólogos de Angola (OPsA), que, ao não reconhecer a instituição desses académicos, o Governo estava a dar um tiro no seu próprio pé. Justificando a afirmação que invocou, a académica alegou que, quando o Governo precisa da ordem para investigar ou contribuir para se acharem as causas, bem como analisar as consequência e traçar soluções viáveis, sobretudo em situações inquietantes como a delinquência, criminalidade, violação doméstica, fuga à paternidade e a outras que assolam actualmente o país, solicita os préstimos da OPsA. Encarnação Pimenta, que falava na qualidade de integrante da referida organização, asseverou ainda o facto de existir um autêntico paradoxo na postura do Executivo angolano, que, segundo ela, se disponibiliza a gastar dinheiro para os integrantes da ordem se
Encarnação Pimenta, ao centro, e carlinho Zassala, à direita, partilhando o púlpito, nos festejos da Ordem dos Psicólogos
deslocarem ao estrangeiro, onde são incumbidos de representar Angola, sendo que, em contrapartida, o mesmo Estado resiste em reconhecer a legalidade da ordem. Aliás, sobre isso, recordou que as instituições internacionais reconhecem a Ordem dos Psicólogos de Angola, ao ponto de ela e outros colegas da OPsA beneficiarem de direitos que lhes possibilita até leccionar e conferenciar no estrangeiro. Essa benesse foi, sobretudo, apontada como acontecimento de registo recorrente na Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e na CPLP, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, além de outros de calibre puramente internacional. A especialista recordou que a luta para o reconhecimento do movimento dos psicólogos começou em 1995, quando, na União dos Escritores Angolanos (UEA), os especialistas des-
“As instituições internacionais reconhecem a Ordem dos Psicólogos de Angola, ao ponto de ela e outros colegas da OPsA beneficiarem de direitos que lhes possibilita até leccionar e conferenciar no estrangeiro
sa área fizeram ecoar os primeiros gritos de socorro nesse sentido, enquanto Associação dos Psicólogos de Angola, uma pretensão que, depois de muito ser “abandalhada”, os académicos retomaram de forma mais oficial em 2010, numa das faculdades da Universidade Agostinho Neto, já na proclamação da ordem. Por isso, a professora universitária não entende como é que o mesmo Governo que reconhece a OPsA como uma instituição prestável aos interesses da Nação resiste à sua legalização. Embora tenha consentido que a ciência seja a extensão da política, Encarnação Pimenta lembrou que a tendência de se politizar a actividade científica, que considera ainda muito visível no país, pode comprometer o alcance de muitas soluções necessárias para se pôr fim a certos conflitos sociais. Foi nessa altura que o psicólogo Carlinho Zassala, que partilhava a tribuna com Encarnação Pimenta, aludiu ao facto de,
Par de psicólogos fora das causas da não legitimação Questionados se, a dada altura, os dois psicólogos chegaram a pensar que as individualidades e convicções que constituem a sua personalidade estavam na base daquela que classificam como exagerada morosidade de legalização da Ordem, por parte do Governo Angolano, Carlinho Zassala foi o primeiro a descartar essa possibilidade, tendo adiantado que a instituição que dirige é composta por elementos de proa do Estado, que, se fosse para o caso, não estariam aí. “Não posso considerar essa como uma possibilidade, porque, na Ordem dos Psicólogos, temos dirigentes do Governo, como é o caso do meu vice, que, por sinal, é o actual Ministro do Interior, Eugénio Laborinho, isso para não citar outros do aparelho do Estado. Por sua vez, Encarnação Pimenta, recordou que a ordem tem sido solicitada pelos mais altos mandatários do país, como é o caso do Vice-presidente da República, Bornito de Sousa Baltazar Diogo, a quem já manifestaram directamente o descontentamento da OPsA, tendo esta entidade prometido interceder pela causa dos psicólogos angolanos.
em todos os problemas sociais, ter de ser importante encontrar causas do fórum psicológico, aplicando-se o mesmo raciocínio aos dilemas económicos. “Até os problemas económicos desembocam nos de fórum neurológico. Por outra, é bom saber que a corrupção que o país vive não está à margem dessa causalidade, porque resulta da perda de valores morais ou então da crise moral”, observou o docente universitário.
cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura
Viagem da Turma da Mônica pela CPLP termina a 20 deste mês no CCBA em Luanda A viagem que iniciou a 30 de Outubro, está quase a chegar ao fim. Faltam apenas 10 dias, e, segundo a organização, foram momentos de muita animação e diversão com o público de todas as idades no Centro Cultural Brasil – Angola Augusto Nunes
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uinze dias após a realização das oficinas de Banda Desenhada proporcionadas aos mais novos pelo CCBA, em Luanda, no quadro da aclamada exposição “A Turma da Mônica - Viagem aos Países da Língua”, a referida colecção continua a atrair as atenções do público apreciador deste género de arte. A viagem da turma está a chegar ao fim e faltam apenas 10 dias. Enaltecidos com os feitos da organização, os frequentadores do Centro, destacam o evento como um momento de muita animação e diversão com o público de todas as idades que visitou a colecção.
Fascinados com esta viagem, os petizes provenientes de várias escolas do I, II e III ciclos, infantários, centros de acolhimento, entre outros, ainda fazem daquele espaço o seu “Ponto de Encontro” para o aprendizado e troca de impressões no domínio das artes em quadradinhos, e de leitura. Nesta colecção, constituída por painéis, livros, jogos e actividades inspiradas na conhecida personagem de história em quadrinhos (banda desenhada) de Maurício de Sousa, a turma descobre e encanta-se com os diferentes falares do idioma que nos une no seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Deslumbrante pela forma de concepção, “A Turma da Mônica - Viagem aos Países da Lín-
gua”, procura mostrar que a língua portuguesa é uma só, mesmo que seja falada com diferentes sotaques, em cenários diversos e incorporando palavras de vários idiomas. Esta iniciativa insere-se no Projecto “Brasil em Quadrinhos”, idealizado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em parceria com a Bienal de Quadrinhos de Curitiba. Outros exemplos recentes do mesmo projecto incluem a exposição “Angola Janga”, de Marcelo D´Salete, exibida pelo CCBA entre os meses de Junho e Agosto deste ano, e a participação brasileira na mais recente edição do Festival Luanda Cartoon, com uma “gibiteca” representativa da produção actual do Brasil. A exposição “A Turma da Mô-
nica - Viagem aos Países da Língua”, chegou a Luanda por intermédio da Embaixada do Brasil e do Centro Cultural do Brasil em Angola (CCBA) em Luanda. Nesta jornada, celebra-se igualmente o nosso Vocabulário Ortográfico Comum (VOC), os falares regionais e os termos derivados das línguas originárias dos territórios por onde o idioma luso se espalhou, sen-
do todas variantes respeitadas e legítimas. Ao retratar esse “jeito brasileiro de ser criança”, a Turma da Mônica viria a ser universalmente compreendida e admirada, contando histórias relacionadas com os mais pequenos e os mais crescidos, nos mais diversos cantos do planeta.
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Cantoras brasileiras encantadas com a realidade sócio-cultural angolana duas vozes sonantes no panorama musical brasileiro: Paula Lima e Maíra Freitas, filha do sambista Martinho da Vila, em conversa com OPAíS, manifestaram-se regozijadas por estarem em Angola e fascinadas com os traços sócio-culturais deste país da África Subsariana, sobretudo na beleza, na musicalidade e outros aspectos Adjelson Coimbra
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s cantoras que participaram na recém-realizada IV edição do concerto “Jazzing”, que teve como mote o empoderamento feminino, sob o tema “Eva Jazz – Jazzing Feminino”, emocionaram-se com o que viram. É a primeira vez que pisam o solo angolano e dizem sentir-se felizes. Sorridentemente, Maíra Freitas referiu que é uma grande emoção estar no seio de gente negra e sente-se à vontade. Realçou que o seu pai, Martinho da Vila, avisou na música “Semba dos Ancestrais”, que se um brasileiro pisar o solo de Angola e o “seu corpo se arrepiar, quando comer funje e o mufete, é porque os seus ancestrais vêm daqui”. De forma agradável, Maíra conta que sentiu essa sensação, que, para si é como se estivesse em casa. Já no que à musicalidade diz respeito, explicou que não conhece muito, mas sentese maravilhada quando ouve o kuduro e o semba. Assim, Paula Lima, conta que no aeroporto, ao ver o povo angolano, avisou ao seu produtor musical, Bruno, que algo lhe dizia que os seus ancestrais vinham de Angola. “É impressionante quando se olha para essa nave mãe, Angola, por crermos que saímos daqui, e termos essa identificação, essa admiração e esse respeito”, revelou Paula. Para a cantora, que domina o estilo BPM, um outro aspecto que lhe atraiu foi a quantidade de pessoas negras e a beleza dos angolanos. “Não estamos acostumadas a ver tanta gente negra. Isso é tão bom. No Brasil você olha para todo o lado, há muita gente branca. Uma ou outra pessoa é preta. A não ser que se desloque para a periferia. Eu fiquei impressionada com a cor, o tom de
pele, a maneira como tratam do cabelo, a forma de andar e vestir do povo angolano”. Interação das classes sociais No Brasil, segundo Paula Lima, os negros têm uma profi ssão do nível de escolaridade baixa, em geral, e lamentou o facto de ainda existir preconceito. “Aqui olha-se de um lado e vê-se um médico, do outro, um varredor de rua. Vêem-se cabeMaíra Freitas
leireiras e do outro lado, o dono do salão. Apesar de existir uma discrepância social ou fi nanceira, aqui você vê todos juntos e no Brasil não vemos isso”, lamentou. Maíra Freitas disse ainda, que no Brasil, existe uma separação racial e uma separação social ao mesmo tempo, ao mesmo tempo que reina um falso crer que “estamos todos juntos”.
Paula Lima
Livro de Ana Clara Guerra Marques é hoje lançado na União dos Escritores Angolanos
A
obra com o sugestivo título “Máscaras Cokwe: A linguagem Coreográfica de Mwana Phwo e Cihongo” é o resultado do seu longo trabalho de investigação no terreno cultural cokwe, incidindo sobre a performance e a linguagem corporal das máscaras de dança Mwana Phwo e Cihongo, enquanto estruturas de comunicação capazes de sustentar uma memória colectiva É hoje apresentado às 17 horas e 30 minutos, no auditório da União dos Escritores Angolanos em Luanda, a obra “Máscaras Cokwe: A linguagem Coreográfica de Mwana Phwo e Cihongo”, da coreógrafa e investigadora angolana Ana Clara Guerra Marques. O livro, com chancela das editoras angolana “Kilombelombe” e portuguesa “Guerra & Paz”, tem 216 páginas. Aborda, pela primeira vez, o estudo das máscaras cokwe numa perspectiva da Etnocoreologia. É o resultado do seu longo trabalho de investigação no terreno cultural cokwe, incidindo sobre a performance e a linguagem corporal das máscaras de dança Mwana Phwo e Cihongo, enquanto estruturas de comunicação capazes de sustentar uma memória colectiva. A análise dos padrões de dança e das características da performance de cada uma destas máscaras, permite a compreensão do seu papel na estruturação e equilíbrio da sociedade cokwe.
Suportado por uma longa viagem de dedicação a leituras, recolha de imagens e à audição de conversas de grande riqueza, o livro apoia-se num enquadramento histórico e social das máscaras estudadas, bem como na sua contextualização nos planos da religião, dos rituais de iniciação e da estética. Actualizando a informação sobre os Akixi ou bailarinos mascarados na Angola de hoje, a partir de um ponto de vista da dança, enquanto plataforma académica, o livro inclui textos introdutórios de dois conceituados investigadores nas áreas das máscaras cokwe e da história da arte africana, respectivamente, Manuel Jordán, actual CuradorChefe do Musical Instrument Museum, nos Estados Unidos e Bárbaro Martínez-Ruiz, professor emérito de Estudos Africanos na Universidade de Oxford. A autora É Mestre em “Performance Artística – Dança” e Licenciada em Dança na área da Educação. Bailarina, coreógrafa e investigadora, tem vários artigos publicados em periódicos angolanos e revistas de especialidade estrangeiras e é autora dos livros “A Alquimia da Dança” (1999), “A Companhia de Dança Contemporânea de Angola” (2003), “Para uma História da Dança em Angola – Entre a Escola e a Companhia: Um Percurso pedagógico” (2008) e do Catálogo do Museu do Dundo (Org.), “Memória Viva da Cultura do Leste de Angola” (2012).
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CArTAz
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Comemoração
Como um conto de Natal pode salvar vidas de cada vez que lemos um conto de Natal há um registo imaterial que se cria. Há uma memória que guardamos com carinho e que passamos a associar aos valores essenciais desta quadra, como a bondade, a partilha, a entreajuda ou a esperança
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orque estes são os valores que nos são transmitidos pelas personagens que habitam as narrativas natalícias. Passados de geração em geração, os contos de Natal permanecem não só nas estantes das nossas casas ao longo dos anos, mas dentro de nós. Este é um conto de Natal que nos fala disso mesmo, de como o amor pelos livros nos permite – em qualquer altura – pedir ajuda a todas as personagens que nos vão sendo apresentadas. E desta forma
conseguimos tudo, até salvar vidas. Ora leiam: O milagre dos contos de Natal Era uma vez uma menina que, além de não ter irmãos, também não tinha primos ou outras crianças por perto, a não ser os amigos da escola. Esta menina era eu e o bom disto de não ter irmãos nem primos é que os presentes de Natal eram só para mim – uma sortuda, portanto. O lado mau é que as férias de Natal eram passadas na mais completa solidão, na aldeia dos meus avós. Quando lá chegava, os primeiros dois ou três dias passavam-se bem: revia a vizinhança, visitava os lugares secretos da aldeia e comia os petiscos da avó. Mas depois era o vazio. Valiam-me os livros, pois estantes carregadas era coisa que havia em grande número naquela casa antiga. Todos os anos, a avó dizia-me a mesma coisa, como se eu precisasse de incentivo: – Não fiques aí parada sem fazer nada. Porque é que não lês? A avó perguntava-me isto e, ao mesmo tempo, apontava o dedo à estante dos contos de Natal e outras histórias, que ela me lia desde
que eu era bebé. E, todos os anos, eu repetia o ritual de devorar os contos (assim como outros livros), chegando ao ponto de já os saber de cor. O ano em que tudo aconteceu Mas houve um ano em que tudo foi diferente. Estávamos em 1984 e eu lembro-me bem da data, porque nesse ano tinha a esperança de receber o livro Uma Aventura na Escola, embrulhado e oferecido como se o Pai Natal existisse mesmo. É verdade que, por essa altura, eu começava já a desconfiar que o homem das barbas era o avô mascarado, mas mesmo assim continuava a fingir que acreditava. Quando nessas férias me dirigi à estante para pegar no conto que habitualmente lia em primeiro lugar, senti uma enorme tristeza a invadir-me. É que o primeiro conto costumava ser o d’ A Menina dos Fósforos que, como toda a gente sabe, é uma enorme tragédia. De tal maneira era triste que, no ano anterior, ficara dois dias seguidos a chorar depois de o ler. Como é que o Hans Christian Andersen tinha escrito uma história tão pesarosa era coisa que me custava compreender. Afinal, por que carga de águas matou ele a rapariga no final? Pobre, frá-
gil, cheia de fome e frio, e obrigada a vender fósforos para sobreviver, ainda por cima a menina acabava por morrer. Sentia aquela história como uma terrível injustiça com que não sabia lidar. “Se ao menos fosse possível salvá-la…”, pensei. Mas como é que poderia alterar o rumo dos acon-
tecimentos inventados pelo autor dinamarquês? Matutando nisto, encostei-me à estante dos contos de Natal e, desastrada como era, caí. Em cima da minha cabeça caiu também, aberto, um livro. E de lá de dentro saiu… uma rapariga. Saiu uma rapariga de dentro de um livro!
dISnEY
ArTES
PrÉMIOS
OBITUÁrIO
Novo Star Wars pode causar ataques epilépticos
Mural de Cesária Évora feito à força de berbequim por Vhils é nova atracção
Nomeações para o Globos de Ouro, Netflix contínua à frente na corrida
Marie Fredriksson, vocalista dos Roxette morre aos 61 anos
A Walt Disney Studios aconselha os espectadores a terem cuidado com “várias sequências de imagens com luzes piscantes” no filme Star Wars: The Rise of Skywalker. Num comunicado conjunto, a produtora e a Epilepsy Foundation escrevem que estão a trabalhar em conjunto para aconselhar os espetadores foto-sensíveis a serem cautelosos ao assistir ao filme, pois há sequências com imagens e luzes intermitentes que podem afectar as pessoas com epilepsia foto-sensível”. Na nota, a Epilepsy Foundation aconselha a quem quiser assistir ao filme para se fazer acompanhar de um amigo que já tenha visto o filme.
O projecto, que num desenho em baixo relevo, esculpido, retrata o rosto da cantora cabo-verdiana e voz maior da morna, género musical que esta semana deverá ser elevado a Património Cultural e Imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), resultou de uma viagem de dez dias que o artista português realizou a Cabo Verde, em Outubro. O objectivo era um trabalho na cidade da Praia, mas o português abraçou também a ideia antiga da Kriol Ideias, produtora local, e passou três dias no Mindelo, ilha de São Vicente, a dar corpo, debaixo de um sol abrasador, a um mural que está a mudar o centro da segunda maior cidade do país, terra de Cesária Évora
A Netflix, plataforma de ‘streaming’ que é produtora e distribuidora, alcançou 17 nomeações, incluindo para Melhor Filme Dramático, onde obteve três das cinco indicações: para além de “Marriage Story” e de “O Irlandês”, foi ainda nomeado “Dois Papas”, de Fernando Meirelles, que rivalizam com “1917”, de Sam Mendes, e “Joker”, de Todd Phillips. “Marriage Story”, que se estreiou na semana passada na plataforma de ‘streaming’ sob fortes elogios da crítica, é o filme mais nomeado para a próxima edição dos Globos de Ouro, com um total de seis, seguindo-se “O Irlandês” e “Era uma vez... em Hollywood”, com cinco cada. Na área televisiva, as séries mais nomeadas foram “Chernobyl”, “The Crown” e “Unbelievable”, todas com quatro.
Marie Fredriksson, vocalista e co-fundadora da banda Roxette, morreu na Segunda-feira, aos 61 anos. A morte da cantora sueca foi confirmada pela sua promotora, a Dimberg Jernberg Management, em comunicado. “É com muita tristeza que temos de anunciar que Marie Fredriksson, da Roxette, morreu na manhã de 9 de Dezembro, na sequência de uma batalha de 17 anos contra o cancro”, anunciou a Dimberg Jernberg. A vocalista foi diagnosticada com cancro em 2002. Nessa altura, recebeu um tratamento agressivo para um tumor cerebral e conseguiu regressar aos palcos em 2009. Nos anos seguintes, os Roxette lançaram três álbuns de originais.
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O referido apoio orçamental é implementado em 89 países, tendo sido aplicados 10,6 mil milhões de euros, através de 250 programas
EU apoia reforma das finanças públicas em Angola A União Europeia disponibilizou 5 milhões de euros para a implementação do Programa de Apoio à Governação Económica de Angola, com vista a melhoria da transparência orçamental e eficácia das despesas públicas
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projecto, cujo acordo de contratação foi assinado nesta Terça-feira, em Luanda, entre o Governo angolano, a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), prevê também proporcionar uma base mais ampla e estável para o Orçamento Geral do Estado e criar um sistema eficaz para combater os fluxos financeiros ilícitos. Por parte do Governo angolano, o contrato do Projecto foi assinado pela ministra das Finanças, Vera Daves, pela UE o seu embaixador em Angola, Tomas Ulicny, e, pelo FMI, o consultor assistente do Departamento dos Assuntos Fiscais, Rui Monteiro. Com o referido programa, a ser implementado pelo FMI - o parceiro tido como mais capacitado para brindar a assistência e apoios
necessários - a União Europeia augura o reforço do desempenho e compromisso do Governo angolano para a eficácia, sustentabilidade e transparência das finanças públicas. A ser implementado num período de três anos, o projecto prevê melhorar a credibilidade e a eficácia das despesas e investimentos públicos e da transparência orçamental. Para o embaixador da UE, os objectivos enquadram-se nas medidas abrangidas pela reforma das finanças públicas em Angola, pelo que conta com um “alto grau” de apropriação por parte do Ministério das Finanças, assim como a sua capacidade para preparar projecções dos investimentos públicos e das despesas de capital. Um sistema de identificação, acompanhado da gestão de riscos orçamentais fiscais, também será
elaborado no quadro do projecto, de acordo com Tomas Ulicny. Para o diplomata, o programa de macro-estabilização (2017-2018) do Governo ilustra o empenho em
“Para a União Europeia, o referido projecto é crucial para enfrentar os desafios económicos e promover uma progressão mais equitativa e sustentável de Angola, para o desenvolvimento”
implementar reformas ambiciosas e “extremamente” necessárias. “Temos a certeza que o Governo está no caminho justo da reforma e queremos apoiar os seus esforços para atingir, com sucesso, as metas propostas”, enfatizou. Reforço de mais 2 milhões de euros A UE prevê dar apoio mediante uma assistência técnica, com um financiamento na ordem dos 2 milhões e 500 mil euros, para ajudar o quadro orçamental a médio prazo e a elaboração da Lei de Responsabilização Fiscal, duas prioridades do Ministérios das Finanças. Sem avançar mais detalhes sobre essa assistência técnica, Tomas Ulicny disse ainda que, ao longo dos três anos de implementação do Projecto de Apoio à Gestão das Finanças Públicas, será elaborado um quadro legal abrangente
que definirá o quadro orçamental a médio prazo e aumentará a capacidade de previsão macroeconómica e orçamental pelo Ministério das Finanças. Para a União Europeia, o referido projecto é crucial para enfrentar os desafios económicos e promover uma progressão mais equitativa e sustentável de Angola, para o desenvolvimento. A UE é um dos principais doadores empenhados na prestação de parte da ajuda, através do apoio orçamental, a fim de reforçar a responsabilização nacional e utilizar os sistemas nacionais . O referido apoio orçamental é implementado em 89 países, tendo sido aplicados 10,6 mil milhões de euros, através de 250 programas, e os seus pagamentos a título do apoio orçamental anual da UE ascenderam os mil milhões e 800 milhões de euros em 2018
ECOnOMIA rEAL
análise económica
O PAÍS Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2019
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“não vamos sair da pobreza monetária se não alterarmos o modelo económico” Os indicadores sobre pobreza monetária apresentados no relatório do INE não terão respaldo no OGE/2020, a julgar pela distribuição das despesas por cada local. A afirmação é do professor de Macroeconomia, Yuri Quixina, no espaço Economia Real da Rádio Mais. A solução, no seu entender, passa pela remodelação da economia. DANIEL MIGUEL/ARQUIVO
ter essa perspectiva, visto que o INE tem relatórios-piloto. Assim sendo, penso não ter levado em consideração, a julgar pela forma como foi repartido o Orçamento/2020. Entretanto, o índice de pobreza monetária aumentou devido a vários factores, entre os quais a depressão económica. Num país que vive uma depressão económica sem precedentes, a renda das famílias derrete. Esse derretimento tem a ver com o emprego, que está cada vez mais escasso e a maior parte das famílias depende do Estado e o Estado não tem dinheiro. E mais: um país que não produz aumenta a pobreza monetária. Sabe o que é necessário para reduzir o índice de pobreza monetária? Não.
Mariano Quissola / Rádio Mais
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pobreza monetária aumentou 4% em todo o país, segundo dados do INE. No total, 41% da população angolana é monetariamente pobre. O que isso pressupõe? Primeiro devo saudar o INE por estar a fazer um trabalho extraordinário e penso ter chegado a hora de se lhe conferir maior autonomia, porque tem ajudado o governo e a sociedade, em geral. Os dados que divulga permitem-nos saber a nossa real situação social e os indicadores económicos.
O relatório sobre pobreza monetária demonstra o rendimento real da população e revela que cerca de metade da população angolana vive com 1,90 dólares por dia, abaixo de mil Kwanzas. Traduzido em números reais, cerca de 12 milhões de pessoas está nesta situação e vive maioritariamente em zonas rurais. Em que medida os indicadores apresentados nesses relatórios terão impacto sobre as políticas públicas, uma vez serem lançados ‘fora de época’ – depois da elaboração do OGE? Os relatórios podiam ser publicados em Dezembro ou em Janeiro, porque o governo tem dados, no meu entender, que lhe permitem
As pessoas têm que sair do Estado e serem empreendedoras. E quando estão no trabalho devem ter amor ao trabalho”
Em que medida o aumento de 53,5% na proposta do OGE/2020, em relação ao anterior, mitigará a taxa de pobreza monetária e multidimensional? Emprego. É preciso um outro modelo económico que acarinhe os empresários e os jovens empreendedores que saem das universidades. É fundamental alterar a filosofia de fazer economia, a lógica é essa. Mas o problema que se coloca é que os orçamentos são réplica dos anteriores, é só lembrar o caso de alguns projectos da província de Cabinda, já executados, tinham sido inseridos outra vez no Orçamento. Assim não se combate o índice de pobreza, porque o foco do nosso Orçamento continua a ser o petróleo e não o talento das famílias. Não vamos sair da pobreza monetária se não alterarmos o nosso modelo económico. Você insiste na questão de ‘os orçamentos serem réplicas dos anteriores’. Não acredita que o caso dos 15 projectos seja lapso? É lapso quando você faz o orçamento sozinho. É um lapso muito grave. Na Europa, ou nos Estados Unidos, isso daria produção musical e muita sátira, mas os nossos artistas não pensam muito nisso. A comédia em Angola não tem essa perspectiva. Seria muito interessante.
O FMI aprovou o pagamento de USD 247 milhões a Angola, no âmbito do programa de Financiamento Ampliado. É de dinheiro ‘fresco’ que a economia precisa para se reanimar, tal como defendem vários economistas? Defendo que Angola precisa de muita mentalidade fresca, amor à produtividade e atitude para a economia sair da crise. Podemos ter muito dinheiro, mas se a mente não mudar vamos colocar a corda ao pescoço das gerações vindouras. Que tipo de mudança de mentalidade você defende? Do espirito estatal para empresarial, primeiro. As pessoas têm que sair do Estado e serem empreendedoras. E quando estão no trabalho devem ter amor ao trabalho. Se a nossa mentalidade não mudar, podemos ir buscar 60% da riqueza de Bill Gates e colocar em Angola, será como uma esponja, porque não amamos a produtividade. A nossa é economia é do sector público e não privado. Entretanto, é normal que o FMI desbloqueie a segunda tranche, porque Angola está obrigada a honrar o compromisso aprovado no acordo. Mas isso não nos deve deixar felizes, por que é dívida. Temos dívidas por não gerirmos bem o nosso dinheiro e é um certificado de incompetência.
Sugestão de leitura: Título da obra: ‘Burla Tailandesa – para além do processo’ Autor: Paulo Sérgio, jornalista Ano de lançamento: Dezembro de 2019 Frase: : “Cada pequeno negócio é uma semente do capitalismo, que amanhã será uma grande empresa para prosperidade de Angola”, Yuri Quixina, economista. Yuri Quixina, economista.
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MErCAdOS
O PAÍS Quarta-feira, 11 de Novembro de 2019
As divisas disponibilizadas pelo BnA na primeira semana de dezembro fixaram-se em 250 milhões USd. O nível representa uma redução de 7,3% em relação à semana anterior, tendo sido absorvidos 64% do total, com a taxa de câmbio da última sessão a fixar-se em 483,233 Kz/USD.
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s receitas petrolíferas referente ao mês de Outubro fixaramse em 317,26 mil milhões Kz. O
montante corresponde um aumento mensal de 26%, reflexo do incremento do preço em cerca de 5% e da depreciação cambial em 24% no período em referência, com impactos sobre a execução orçamental.
MERCADOS ESPAÇO INTERNACIONAL Alemanha • O superavit comercial do mês de Outubro situou-se em 21,5 mil milhões EUR. O desempenho reflecte um aumento de 15% face ao período homólogo, influenciado pela expansão das exportações em 1,9% e contracção das importações em 0,6%, com possíveis efeitos sobre a procura de matérias-primas. PETrOLÍFErO Brent: -0,22% (64,25 USD/barril). A redução das exportações chinesas pelo quarto mês consecutivo penalizaram a commodity.
MErCAdOS
CAMBIAL EUR: +0,04% (1,1064 USD). Os resultados positivos da balança comercial da Alemanha beneficiou a cotação do euro..
Gisela Silva
Jornalista Apresentadora
Sílvia Borges
Albino Capitango
Jornalista
Jornalista Apresentador
Mário Silva
Higino Alfredo
Sonorizador
Apresentador
Claudimer da Costa Repórter
Josefa Kiala Recepcionista
Cláudio Dias Jornalista
Rádio Mais
A Rádio que virou notícia e que se mantém no topo das audiências
Huíla 91.3 FM
Teodoro Albano
Jornalista Apresentador
Luanda 99.1 FM Huambo 89.9 FM Benguela 96.3 FM
Mundo
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Impeachment: Democratas apresentam texto de acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso contra Trump Comité Judiciário da Câmara dos Representantes, onde os rivais do Presidente têm maioria, vai votar para decidir se recomenda ou não que a Casa aceite as acusações e denuncie Trump formalmente por crimes e delitos DR
Globo
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s Democratas da Câmara de Representantes dos Estados Unidos apresentaram, nesta Terça-feira (10), o texto com as acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso contra o Presidente americano, Donald Trump, que serão votadas na Casa contra ele. O Comité Judiciário da Câmara vai votar, provavelmente a partir desta Quarta (11), se recomenda ou não que a Câmara aceite o texto com as acusações - chamadas de artigos de impeachment - e denuncie Trump formalmente por crimes e delitos. Se isso acontecer, ele será o terceiro presidente a passar por isso na história americana - depois de Richard Nixon e Bill Clinton. “É um crime passível de impe-
achment o Presidente exercer os poderes do seu cargo público para obter um benefício impróprio e impessoal, enquanto ignora ou prejudica o interesse nacional”, afirmou Jerrold Nadler, Democrata da Câmara, que apresentou os artigos de impeachment. “Isso é exactamente o que o Presidente Trump fez, quando solicitou e pressionou a Ucrânia a interferir nas nossas eleições de 2020 - prejudicando a segurança nacional, minando a integridade da próxima eleição e violando o seu juramento ao povo americano. Essas acções, além disso, são consistentes com os convites anteriores do Presidente Trump à interferência estrangeira nas nossas eleições presidenciais de 2016”, completou. Obstrução ao Congresso Adler afirmou ainda que, quando a Câmara o investigou e abriu um inquérito de impeachment, Trump “desafiou de forma categórica, in-
discriminada e sem precedentes” o inquérito - o que levou à segunda acusação contra ele, a de obstrução ao Congresso. “Um Presidente que declara a si mesmo como acima de ser responsabilizado, acima do povo americano e acima do poder de impeachment do Congresso - que é feito para proteger as nossas instituições democráticas de ameaças - é um Presidente que vê a si mesmo como acima da lei”, afirmou Nadler. “Nós devemos ser claros: ninguém, nem mesmo o Presidente, está acima da lei”. O jornal americano “The New York Times” destacou que os Democratas não acusaram Trump de suborno - o crime é explicitamente mencionado na Constituição americana como passível de ser punido como impeachment. Uma votação a favor do impeachment na Câmara levará a um julgamento no Senado - que tem maioria republicana. Lá, seriam neces-
Democratas apresentaram os crimes que podem custar o impeachment de Trump
sários dois terços dos votos de todos os presentes para retirar o Presidente do posto. O inquérito No cerne do inquérito de impeachment da Câmara, que tem maio-
ria Democrata, está o pedido feito por Trump para que a Ucrânia lançasse uma investigação sobre o seu adversário político, Joe Biden - um dos favoritos à indicação democrata para enfrentar Trump nas eleições presidenciais de 2020.
Bolsonaro chama Greta Thunberg de ‘pirralha’ ao comentar declaração da activista sobre morte de índios Globo
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activista sueca de 16 anos tem pedido acções concretas de autoridades contra a crise climática. Bolsonaro criticou o espaço que a imprensa dá às declarações da jovem. O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, criticou, nesta Terça-feira (10), o espaço dado na imprensa às declarações da activista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, a quem chamou de “pirralha”. Bolsonaro fez esta declaração ao ser questionado por jornalistas, à saída do Palácio da Alvorada, se estava preocupado com as mortes de dois indígenas da etnia Guajajara num atentado ocorrido no Sába-
do (7) no Maranhão. Aos 11 anos, Greta foi diagnosticada com Asperger, um tipo de autismo. Desde a infância, ela realiza protestos para cobrar das autoridades acções concretas de combate às mudanças climáticas. A sueca faltava às aulas para protestar em frente ao Parlamento da Suécia, e neste ano cruzou o Atlântico num veleiro para participar numa conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima. O Presidente Bolsonaro pediu ajuda para se lembrar o nome de Greta e criticou a activista e o espaço dado pela imprensa às declarações da adolescente. “A Greta já falou que os índios morreram porque estavam defendendo a Amazónia. É impres-
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Jair Bolsonaro destrata activista pelo ambiente
sionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí, pirralha”, disse. Em seguida, Bolsonaro afirmou que “qualquer morte preocupa” e
que o seu Governo deseja “cumprir a lei”, posicionando-se contra o desmatamento e queimadas ilegais. Neste Sábado, numa rede social, Greta partilhou um vídeo sobre as mortes dos indígenas brasileiros e escreveu que esses povos são assassinados ao tentar proteger a floresta do desmatamento ilegal. Nesta Segunda-feira (9), Greta voltou a mencionar os povos indígenas durante uma cúpula da ONU, que organiza a COP 25. “Os direitos deles estão a ser violados em todo o mundo, e eles também estão entre os mais atingidos, e mais rapidamente, pela emergência climática e ambiental”, disse a sueca. Mortes de indígenas O número de lideranças indíge-
nas brasileiras mortas em conflitos no campo, em 2019, foi o maior em pelo menos 11 anos, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgados nesta Segunda-feira. Foram sete mortes em 2019, contra duas em 2018. Os dados deste ano são preliminares: o balanço final só será feito em Abril do próximo ano. No último fim-de-semana, três activistas indígenas foram mortos no país: no Maranhão, em Jenipapo dos Vieiras, dois indígenas Guajajara morreram e outros dois ficaram feridos durante um atentado no Sábado (7); em Manaus , o activista da etnia Tuyuca Humberto Peixoto Lemos morreu no hospital após ser agredido a pauladas na Segunda-feira (2).
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Mianmar: Como activista Nobel da Paz se tornou defensora do país acusado na ONU de limpeza étnica
Proibição da OMC de tarifas para comércio digital é prorrogada até Junho de 2020
Suu Kyi é a líder de facto do país desde Abril de 2016, portanto, antes das denúncias de limpeza étnica. Mas, se por um lado ela não tem controlo sobre as Forças Armadas, por outro é amplamente acusada de ser cúmplice dos militares DR
BBC
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ung San Suu Kyi, vencedora do Prémio Nobel da Paz, era tida como um símbolo internacional da luta pelos direitos humanos em Mianmar. Mas a sua trajectória se tornou alvo de duras críticas quando ela passou a negar publicamente as acusações de limpeza étnica contra a minoria muçulmana rohingya. A também chefe da diplomacia estará, inclusive, no dia 11 de Dezembro, hoje, perante o Tribunal Internacional de Justiça para defender o seu país e aqueles que a prenderam na sua luta histórica pela democracia: os militares. Suu Kyi é a líder de facto do país desde Abril de 2016, portanto, antes das denúncias de limpeza étnica. Mas, se por um lado ela não tem controlo sobre as Forças Armadas, por outro é amplamente acusada de ser cúmplice dos militares. Em nome de dezenas de países muçulmanos, a Gâmbia apresentou uma denúncia contra Mianmar no Tribunal Internacional de Justiça, instância da Organização das Nações Unidas (ONU) que não tem poder legal sobre um país — em caso de condenação, ninguém seria preso ou submetido a julgamento. Mas uma eventual derrota do país poderia levar a sanções económicas que ampliariam a pressão sobre a junta militar de Mianmar. Segundo especialistas da ONU, as Forças Armadas locais agiram com “intenção genocida” em 2017, quando mais de 740 mil rohingyas foram forçados a abandonar as suas casas. Estes, que fizeram diversas denúncias de assassinatos, estupros e aldeias incendiadas, continuam detidos em campos de refugiados no vizinho Bangladesh. O Exército rebate as acusações e afirma que estava a combater “terroristas” e “imigrantes ilegais”. A acção militar teria começado após ataques de militantes islâmicos a algumas instalações do Governo.
Suu Kyi sinaliza concordar com a política. Durante anos ela negou que o país tem perseguido os rohingyas. “Eu não acho que há uma limpeza étnica em andamento. Eu acho que ‘limpeza étnica’ é uma expressão muito forte para o que está a acontecer”, afirmou à BBC em 2017. Ela tem acusado a comunidade internacional de não levar em conta o terrorismo no contexto do país, de maioria budista. “Nós somos de opinião de que há certos elementos extremistas que não querem a paz em Rakhine (um Estado do país).” Activista e militares Suu Kyi é filha do herói da Independência de Mianmar, o general Aung San, assassinado quando ela tinha apenas dois anos de idade. Após períodos a viver na Índia, Japão, Butão e Inglaterrra, ela voltou ao país natal em 1988, ano turbulento na história de Mianmar. Milhares de estudantes, trabalhadores e monges saíam às ruas para pedir reformas democráticas. E Suu Kyi foi rapidamente alçada à categoria de líder de uma revolta contra o então ditador general Ne Win. Inspirada pelas campanhas dos líderes de defesa dos direitos civis Martin Luther King, nos EUA, e Mahatma Gandhi, na Índia, ela organizou comícios e viajou pelo país, pedindo reforma democrática pacífica e eleições livres. Mas as manifestações foram brutalmente reprimidas pelo Exército, que tomou o poder num golpe no dia 18 de Setembro de 1988. O Governo militar convocou eleições nacionais em 1990, e o partido de Suu Kyi venceu o pleito, apesar de ela estar sob prisão domiciliar e de ter sido impedida de participar na votação. Mas a junta se recusou-se a entregar o poder, e permanece no controlo do país desde então. Suu Kyi ficou presa entre 1989 e 1995. Durante o período em que esteve presa, participou em reuniões secretas com o Governo militar e abriu caminho para o diálogo entre as autoridades e a Oposição.
“Eu não acho que há uma limpeza étnica em andamento”, líder de facto de Mianmar, Suu Kyi
Em 2015, com a vitória do seu partido nas eleições gerais, ela tornou-se a figura mais poderosa do Governo, ocupando os cargos de 1ª Conselheira de Estado e chanceler (ministra dos Relações Exteriores), mas não exerce controlo sobre o comando militar. Para alguns analistas, a ofensiva nacionalista de Suu Kyi em defesa do país ante as críticas internacionais podem ampliar a sua popularidade e favorecê-la nas eleições gerais em Novembro de 2020. Quem são os rohingyas? O povo representa cerca de 5% entre os 60 milhões de habitantes de Mianmar, e a sua origem ainda é amplamente debatida. Pela sua parte, eles afirmam serem indígenas do Estado de Rakhine, anteriormente conhecido como Arakan, no Oeste do país, mas outros apontam que são, na verdade, muçulmanos de origem bengali que migraram para Mianmar durante a ocupação britânica. Desde 1948, quando o país se tornou independente, eles têm sido vítimas de tortura, negligência e repressão. No país, eles são proibidos de se
casar ou de viajar sem a permissão das autoridades e não têm o direito de possuir terra ou propriedade. Com as dramáticas mudanças políticas e sociais locais nas últimas décadas, os ânimos das várias comunidades que habitam o país entraram em ebulição e uma onda de violência e discriminação voltou a emergir contra os rohingyas. A pobreza, negligência e repressão têm desempenhado um grande papel na violência étnica no país. “Adicione a isso as memórias históricas amargas e os medos sentidos por comunidades rivais do que poderiam perder ou ganhar no ambiente político novo e incerto de Mianmar”, explica Jonathan Head, correspondente da BBC no Sudeste Asiático. Tanto as Nações Unidas quanto as organizações de defesa dos direitos humanos pedem que as autoridades de Mianmar revejam a Lei de Cidadania de 1982, de forma a garantir que os rohingyas não continuem sem pátria. Essa é a única maneira, dizem, para combater as raízes da longa discriminação contra essa etnia. Cerca de 800 mil rohingyas de Mianmar não possuem cidadania.
Reuters
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oratória, estimada em USD 225 biliões por ano, está em vigor desde 1998, mas poderia expirar em Dezembro.Os membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) concordaram nesta Terça-feira (10) em renovar por seis meses uma moratória de 20 anos sobre a fixação de tarifas no comércio digital, aliviando temores de que as pessoas teriam que pagar impostos sobre e-books e softwares pela primeira vez. A moratória do comércio digital, estimada em USD 225 biliões por ano, está em vigor desde 1998, mas deveria expirar em Dezembro e exigia unanimidade na OMC para renovação. “Os membros concordam em manter a prática actual de não impor taxas alfandegárias às transmissões electrónicas até à 12ª Conferência Ministerial”, afirmou a decisão do Conselho Geral, referindo-se a uma reunião da OMC no Cazaquistão que vai acontecer em Junho próximo. A decisão foi tomada depois de negociações que foram até tarde da noite na Segunda-feira, disseram duas autoridades comerciais. Vários países, incluindo a Índia e a África do Sul, manifestaram interesse em suspender a moratória, já que desenvolvem as suas economias digitais e procuram recuperar a receita alfandegária perdida à medida que mais comércio se torna digital. Alguns disseram que isso poderia levar a tarifas retaliatórias na Internet. John Denton, secretáriogeral da Câmara de Comércio Internacional, comemorou a decisão e disse que ela indica “o valor contínuo da OMC como um fórum para a formulação de políticas comerciais multilaterais”, depois de os membros não conseguirem resolver uma crise no seu principal tribunal na Segunda-feira.
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O PAÍS Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2019
Darknet, bitcoins, haxixe e ca Pedro e Rita fizeram tráfico re com moedas virtuais Ele, engenheiro informático, ela, web designer. Pedro e Rita “mergulharam” na darkweb e venderam droga para todo o mundo a partir de Portugal. Agora, a “pequena” fortuna em bitcoins acabou por ficar nas mãos do Estado. Luís Filipe Coito / Diário de Notícias
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partir de casa em Vila Real de Trásos-Montes, o casal Pedro e Rita montou um esquema perfeito (ou quase) para comprar e vender drogas para todo o mundo. Pedro dominava a informática e todos os esquemas e atalhos da darkweb - rede de servidores na Internet encriptados utilizados principalmente por organizações criminosas - e Rita, uma web designer, era a criadora das atractivas páginas que promoviam os procurados produtos. Durante pelo menos seis meses, de acordo com o que conseguiram demonstrar as autoridades que os investigaram, atraíram clientes de todos os cantos do mundo: França, Alemanha, Reino Unido, Suécia, Estados Unidos da América, Austrália, Canadá e Emirados Árabes Unidos estão entre as dezenas de países para onde vendiam haxixe, canábis e drogas sintéticas. A sofisticação do esquema e os lucros alcançados em tão pouco tempo surpreenderam até os inspectores da Polícia Judiciária (PJ) portuguesa e os procuradores do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), responsáveis pelo inquérito. Quando foram detidos, por tráfico internacional de droga, tinham em casa mais de 30 mil euros e nas contas da darkweb tinham amealhado uma “pequena” fortuna em bitcoins, a moeda virtual da era digital - 64,28984671 bitcoins, que à taxa de câmbio no momento em que está a ser escrito este artigo alcança
quase meio milhão de euros. Ouviram a sentença na semana passada. Pedro, que assumiu toda a responsabilidade do esquema e livrou Rita de uma pena, foi condenado por tráfico agravado e branqueamento, a seis anos e quatro meses de prisão. O tribunal declarou que todo o dinheiro apreendido, incluindo o depositado em bitcoins em várias “contas” na darkweb, revertia a favor do Estado. Além do elevado valor em causa - o maior até agora conhecido em Portugal -, representa também um poderoso golpe e um sério aviso às estruturas criminosas que utilizam a darkweb para os seus negócios. “Para a investigação foi uma novidade a forma como trocavam as bitcoins em dinheiro corrente. Causou um grande impacto a pequena fortuna alcançada e todo o esquema de venda de drogas pela darkweb, com pagamentos em bitcoins, e a remessa pelos correios para quase todos os continentes”, recorda um dos investigadores que acompanhou o complexo plano. Nickname Dailyfix e cautelas encriptadas Segundo o que foi apurado na investigação do DCIAP, “seguramente a partir de meados do primeiro trimestre de 2017”, Rita e Pedro” passaram a dedicar-se, quase em exclusivo, à importação e venda de produtos estupefacientes, através do recurso à Internet, nomeadamente do principal site/mercado de venda de produtos estupefacientes alojado na darknet denominado ALPHABAY Market”.
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anábis. eal
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O computador Acer de Pedro “continha diversos programas informáticos para encriptação de dados, gestão de chaves públicas e privadas para encriptação de mensagens, software de criação de palavras de acesso - palavras Keepass - e também software de acesso a aplicações e serviços na darkweb, para aquisição e venda de moedas virtuais, controlo de expedição e recepção de encomendas postais. Para não ser facilmente detectado, o engenheiro informático “rodeou-se de cautelas” e, quando acedia à darkweb, não o fazia através do seu computador, mas
através de máquinas virtuais que criou que funcionavam como verdadeiros computadores virtuais a partir de um programa/software comercial designado por Virtual Box - completamente autónomo da máquina física. Quando navegava nesta darkweb, Pedro tinha como nickname (pseudónimo) Dailyfix, reconhecido apenas no site Alphabay Market, o maior mercado negro de venda de estupefacientes na Internet. Nesta “loja”, o casal anunciava “uma vasta listagem do tipo de drogas de que dispunham para venda e respectivos preços”: haxixe, canábis e várias drogas sintéticas, apresentadas em cristais. Anunciavam também a venda de selos impregnados com substâncias psicotrópicas - os blotters. Se é verdade que estes produtos seriam também comprados através da darknet, as autoridades não conseguiram chegar aos seus fornecedores, embora suspeitassem de que fossem espanhóis. Droga enviada em envelopes pelos CTT A reputação de DailyFix estava ao melhor nível, segundo constou às autoridades quando infiltraram os seus ciber investigadores nesta Internet obscura. “O vendedor tinha bastantes comentários positivos relativamente às suas vendas, o que o tornava bastante credível naquele meio, ou seja, sempre que algum comprador adquiria algum produto ao DailyFix o mesmo chegava ao seu destino”, é relatado no processo. Em resposta aos anúncios divulgados pela Internet, Pedro e Rita recebiam encomendas de droga de inúmeros clientes, via Internet, em sites em que o pagamento do preço anunciado em euros é automaticamente efectuado por referência da criptomoeda bitcoin. Os produtos eram cuidadosamente colocados dentro de envelopes almofadados, selados em vácuo, sempre camuflados com outras embalagens, como caixas de telemóveis, e enviados pelo correio não só para destinos nacionais como para qualquer país estrangeiro, quer dentro quer fora do espaço europeu, nomeadamente França, Alemanha, Reino Unido, Suécia, Estados Unidos da América, Austrália, Canadá, Egito, Rússia e Emirados Árabes Unidos, entre dezenas de outros países. Nas buscas à sua casa, a PJ apanhou dezenas destas cartas já preparadas para serem enviadas e apreendeu também vários envelopes já dentro dos marcos dos CTT. “Imprimiam o nome do destina-
tário da encomenda em causa e, no lugar do destinado à indicação do remetente, os arguidos colocavam os nomes de endereços e instalações de várias empresas, utilizadas como fachada, nomeadamente: Erqolit Lda., Beauty Nails, Smartlink, 3DB, G-Techno e Regiamat, para não serem identificados pelo respectivo endereço de correspondência verdadeiro”, é descrito no processo. Branqueamento na net. De Hong Kong a Malta Quando foram detidos, Pedro e Rita tinham consigo cartões de crédito que permitiam o levantamento de bitcoins em dinheiro em qualquer ATM, bem como cartões tradicionais de diversas instituições bancárias. Dos computadores, “foi possível recolher toda a informação do user DailyFix do mercado Alphabay, nomeadamente a sua apresentação aos compradores informando que se tratava de uma equipa que vendia desde Portugal, sendo mínimo o risco de compra de droga, pois as autoridades não controlavam este tipo de actividade para além do consumo ser legal no país”. Uma vez na conta dos arguidos, as bitcoins pagas pelos compradores do produto estupefaciente eram elas próprias misturadas pelo próprio site na darknet com as bitcoins de outros suspeitos, antes de serem transferidas pelo casal para as suas contas pessoais. “Desta forma, e sabendo-se que as bitcoins, apesar de serem anónimas, são rastreáveis, esperavam os arguidos nunca ser detectados”, sublinham os investigadores. Os três esquemas de branqueamento As autoridades identificaram três esquemas para este branqueamento: 1- O produto era vendido na darknet e pago em bitcoins. Nesses mesmos mercados, as bitcoins eram misturadas para evitar a detecção, contudo os arguidos ainda faziam passar as mesmas por um bitcointumbler/blender”, mais uma vez para ocultar a sua origem. Posteriormente, transferiam as bitcoins para uma conta física no computador Acer e daí para as contas do LocalBitcoins dos arguidos. Já no LocalBitcoins, gozando de uma elevada “reputação” dos negócios bem-sucedidos que iam efectuando, vendiam as bitcoins das mais diversas formas, nomeadamente através do recebimento de dinheiro/euros por carta, transferências bancárias e dinheiro em mão, obtendo assim os ganhos ad-
vindos do tráfico devidamente “limpos” em dinheiro corrente. 2 - A principal diferença para o esquema anterior baseia-se no facto de os arguidos utilizarem um site (Kraken) para converter as bitcoins em dinheiro corrente sem no entanto o remeterem directamente para as suas contas bancárias em Portugal. Em vez disso, transferiam os euros obtidos com as vendas das bitcoins para uma conta no site Leupay, à qual se encontrava associado um cartão de débito que lhes permitia gastar o dinheiro em qualquer parte, isto é, em qualquer terminal multibanco poderiam levantar euros ou efectuar pagamentos. Todos estes sites têm localização no estrangeiro, tendo o Leupay localização em Malta, e desde Janeiro de 2016 e até à sua detenção, em Junho de 2017, os arguidos carregaram as suas contas com 50.246,10 euros. 3 - Neste esquema utilizado pelos arguidos, estes, após fazerem passar as bitcoins pelos tumblers dos próprios mercados de venda de produtos estupefacientes na darknet e pelos tumblers exteriores aos mesmos, mas ainda na darknet, depositavam aquelas na conta física do computador Acer. Posteriormente, transferiam as bitcoins da conta física do computador Acer para uma conta no site Xapo, conta essa a que se encontrava associado um cartão de débito que permitia gastar os valores de bitcoins presentes na conta Xapo directamente, isto é, efectuando levantamentos ou pagamento de despesas. Com a opção por este esquema, os arguidos não tinham necessidade de vender primeiro as bitcoins a terceiros, podendo converter as mesmas directamente em dinheiro corrente através da simples utilização do cartão de débito. Sendo certo que a localização da entidade financeira Xapo é em Hong Kong, o que permitia aos arguidos evitarem os alertas que pudessem ser gerados pela movimentação das quantias de bitcoins que pretendessem converter em moeda corrente. As pesquisas dos investigadores aos dados das Finanças permitiram constatar que Pedro não apresentou quaisquer rendimentos à administração fiscal desde o ano de 2012 até 2017 e teve uma vantagem de actividade criminosa no valor total de 94.672,22 € e 61,985681 bitcoins. Rita declarou rendimentos entre o ano de 2012 e 2015 em sede de IRS, sendo apurado como valores incongruentes e vantagem da actividade criminosa um total de 51 406,87 €, mais cerca de três bitcoins (mais de 18 mil euros).
desporto
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O PAÍS Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2019
Interclube joga para as meias-finais no Cairo arquivo
O
Fundistas estrangeiros e nacionais numa das edições da corrida de fim-de-ano
FAA enfrenta dificuldades na preparação para a São Silvestre O presidente da Federação Angolana de Atletismo (FAA), Bernardo João, revelou ontem a OPAÍS que o seu elenco está a enfrentar dificuldades na preparação da corrida-de- fim de ano marcada para o dia 31 do corrente mês Kiameso Pedro
O
presidente da Federação Angolana de Atletismo (FAA), Bernardo João, afirmou ontem a O PAÍS que o seu elenco está a enfrentar imensas dificuldades na preparação da 64ª edição da corrida de fim-de-ano, prova que sai às ruas de Luanda no dia 31 deste mês. Bernardo João fez saber que a prova de carácter internacional foi orçada em 66 milhões de Kwanzas, mas apenas 4 milhões foram depositados na conta da Federação. O dirigente disse que aquele valor é insuficienete face às despesas que a competição exige. Bernardo João afirmou que o seu elenco está a envidar esfor-
ços para que a prova decorra sem sobressaltos. O dirigente referiu que a Federação entrou em contacto com o Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD), no sentido de aquele órgão disponibilizar outra quantia para a prova decorrer sem constrangimentos. Segundo o dirigente, a Federação Angolana aguarda pelas verbas do MINJUD até ao momento. Bernardo João disse ainda que se o ministério não disponibilizar os 18 milhões que a Federação solicitou, o seu elenco terá dificuldades de garantir o alojamento e os bilhetes de passagem dos atletas estrangeiros. “Estamos a enfrentar muitas dificuldades para preparar a competição. Recebemos apenas 4 milhões. Estamos a aguardar a outra parte”, disse. A prova, de 12 quilómetros, contará com a participação de mais de
Interclube garantiu ontem a qualificação para as meias-finais da 25ª edição da Taça dos Clubes Campeões de África. Para conseguir o feito, as comandadas de Apolinário Paquete vergaram o BBC Energie do Benin por 53-103, na terceira e última jornada do grupo A da competição. A partida disutou-se no Pavilhão Indoor Padel Center, no Cairo, capital do Egipto. As beninenses tiveram
imensas dificuldades para contrariar o ímpeto ofensivo das Polícias. Por conta disso, no terceiro quarto, o Interclube já vencia por 34-72. Com este resultado, o Interclube termina invicto a disputa na série A com seis pontos. Na primeira partida, o Interclube venceu o Sporting do Egipto por 67-73. No segundo jogo, as “Polícias” bateram o MFM Qeens da Nigéria por 79-43.
Pedro Godinho felicita Selecção pelo 15º lugar daniel miguel/arquivo
3 mil atletas entre nacionais e estrangeiros. A corrida, que se realiza no dia 31 deste mês, conta com atletas federados, veteranos e populares. O tiro de largada será dado no Largo da Mutamba e termina no Estádio dos Coqueiros, em Luanda. São Silvestre saúda 54º aniverário de Viana Três mil concorrentes participam no dia 21 do corrente mês na primeira edição da corrida pedestre de atletismo, denominada “São Silvestre de Viana”. A prova enquadra-se nos festejos do 54º aniversário do município satélite da província de Luanda. Bernardo João fez saber que a competição visa massificar a prática do desporto no município de Viana.
Presidente da FAAND, Pedro Godinho, felicita jogadoras da Selecção Nacional
O
presidente da Federação Angolana de Andebol (FAAND), Pedro Godinho, felicitou a Selecção Nacional sénior feminina de andebol pela conquista, ontem, do 15º lugar do Campeonato do Mundo, no Japão. Depois das dificuldades que as Pérolas africanas enfrentaram durante a preparação, em Luanda, Pedro
Godinho disse que a posição obtida não foi a que o seu órgão esperava, mas “estou orgulhoso por tudo que elas fizeram na prova”, disse. No certame, as campeãs africanas perderam com a Sérvia (25-32), Holanda (28-35), Noruega (30-24) e França (17-28), tendo triunfado diante da Eslovénia (3324), Cuba (40-30) e Argentina (30-27).
O PAÍS Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2019
27 Milwaukee Bucks vincam domínio
Sub-20 entra na fase derradeira de preparação das “meias”
Tottenham e Bayern “aquecem” Champions
DR
Kiameso Pedro
A
Selecção Nacional de futebol em sub20 entra hoje na fase derradeira de preparação, tendo em vista a partida da próxima Quinta-feira diante da Zâmbia (país organizador), a contar para as meias-finais da Taça Cosafa, prova que decorre na cidade de Lusaka. O encontro entre ambas as formações disputa-se no Estádio Nkolama, às 15:30 (tempo de Angola). Na sessão de hoje, o treinador da Selecção Nacional, José Silvestre “Pelé”, vai dividir o grupo em dois para trabalhar a circulação da bola, organização defensiva, bem como jogadas combinadas. Antes da sessão, Silvestre Pelé vai trabalhar o aspecto físico dos jogadores com alongamentos, corridas, bem como exercícios abdominais. De acordo com o seleccionador nacional, o combinado angolano irá entrar no jogo de Quintafeira com um único pensamento que passará pela conquista da vitória. O combinado nacional terminou invicto no grupo C com no-
O Tottenham Hotspur, do português José Mourinho, mede forças hoje com o Bayern Munich, no Estádio Allianz Arena, em partida a contar para a sexta e última jornada do grupo B da Liga dos Campeõs da Europa, a partir das 21:00. O desafio promete ser renhido do primcípio ao fim, uma vez que as duas equipas têm bons plantéis. Ainda assim, os spurs partem como favoritos, porque são os vice-campões da referida prova. Na tabela classificativa, os bávaros comandam a série com 15 pontos, ao passo que os spurs ocupam o segundo posto com 10. No prosseguimento, o Olympiacos da Grécia, do
português Pedro Martins, bate-se com o Estrela Vermelha, no Estádio Karaiskakis, à mesma hora.
DR
Atletas da Selecção Nacional sub-20 no Campeonato Africano da categoria na Tanzânia
ve pontos, resultante de três vitórias. Os palanquinhas apontaram treze golos e sofreram somente um tento. Na primeira partida, Angola goleou as Ilhas Seychelles por oito bolas sem resposta. No segundo desafio, Angola dr
bateu Moçambique por uma bola a zero, tendo na terceira e última jornada derrotado a Eswatini por 4-1. O jogo que colocará frente à frente palanquinhas e zambianos é aguardado com expectativa pelos angolanos, que auguram uma vitória.
O
Atletas do Petro de Luanda em exercícios físicos no Catetão
“Neymar está sempre a chorar” Neymar continua a dar que falar em Montpellier, onde no fimde-semana esteve em evidência com a camisola do PSG, dando origem à reviravolta no marcador, mas também por imagens captadas no túnel do estádio e tornadas públicas. Agora é a vez de Michel Der Zakarian, presidente do Montpellier, clube que saiu derrotado no Sábado frente ao campeão francês, criticar a postura do internacional brasileiro. O líder do clube refere que o internacional brasileiro tem uma forma de jogar provocatória, mas que quando é com ele a situação é bem diferente.
França bloqueia Deschamps
Petro de Luanda esboça duelo com o Recreativo do Libolo Petro de Luanda, vice-campeão nacional, realiza hoje mais uma sessão de treinos, no campo do Catetão, visando o desafio do próximo Sábado diante do Recreativo do Libolo (Cuanza Sul), no Estádio 11 de Novembro, às 16:00. A partida entre ambas as agremiações é a contar para o acerto da 13ª jornada da 42ª edição do Girabola 2019/20. O encontro não se disputou na data marcada devido ao envolvimento dos tricolores na fase de grupos da Liga dos Clubes Campeões de África. Na sessão desta manhã com início às 9:00, o treinador espanhol, Toni Cosano vai pri-
Os Milwaukee Bucks continuam a dominar na Conferência Este, somando na última noite a 15.ª vitória consecutiva. O gigante grego Antetokounmpo (32 pontos, 15 ressaltos e 8 assistências) voltou a ser decisivo no triunfo frente aos Orlando Magic, por 110-101. Na perseguição aos Bucks (21 vitórias/3 derrotas) estão os Boston Celtics, que levaram de vencida os Cleveland Cavaliers (110-88), passando a somar 17 vitórias contra cinco derrotas. A Oeste, os Clippers foram vencer os Indiana Pacers (110-109) e continuam também a seguir aos vizinhos Lakers.
vilegiar o posicionamento defensivo dos seus jogadores, transição ofensiva, bem como a pressão sobre o homem com a bola. Por sua vez, o treinador do Recreativo do Libolo, André Makanga vai trabalhar o aspecto anímico dos atletas, para depois olhar para os fundamentos técnicos e tácticos. No desafio da 14ª jornada, o Libolo empatou a zero com o 1º de Maio de Benguela. Na tabela classificativa, o Petro de Luanda figura na segunda posição da prova com 29 pontos. Por seu lado, os libolenses ocupam a quarta posição com 24 pontos.
Federação francesa pretende renovar com o selecionador Didier Deschamps até 2022 e a oficialização deverá acontecer em breve. Está marcada uma conferência de Imprensa para a tarde desta terça-feira, onde é esperado que tudo seja confirmado. Deschamps, de 51 anos, está no comando da França desde 2012 e tem contrato até 2020. São Tomé e Príncipe acolhe campeonato de karaté Os Camarões, campeões africanos, conquistaram seis medalhas de ouro no campeonato internacional de karaté, decorrido em São Tomé e Príncipe, contra três do país anfitrião. Os campeões africanos de fizeram valer o título alcançado em Marrocos, em Agosto passado, mantendo um saldo positivo no setor masculino, com quatro medalhas de ouro.
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TEMPO
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O PAÍS Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2019
Fonte: INAMET
PREVISÃO DO TEMPO PARA AS PRINCIPAIS CIDADES
Válida de 11 a 13 de Dezembro de 2019 INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 11 à 13 de Dezembro de 2019 Data 11/12/2019
CIDADE
Mín
Máx
LUANDA
24
32
CABINDA
24
31
SUMBE
24
CAXITO
Estado do Tempo
Data 12/12/2019 Mín
Máx
Céu parcialmente nublado
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Céu parcialmente nublado
24
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Céu parcialmente nublado
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Céu parcialmente nublado
MBANZA CONGO
19
33
UIGE
19
NDALATANDO
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MALANJE
Estado do Tempo
Data 13/12/2019 Estado do Tempo
Mín
Máx
Céu parcialmente nublado
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Céu parcialmente nublado
Céu parcialmente nublado
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Céu parcial nublado, neblina matinal
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Céu parcialmente nublado
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Céu pouco nublado
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Céu parcialmente nublado
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Céu nublado pela manhã, nevoeiro
Céu nublado pela manha/ chuva fraca
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Céu nublado pela manha/ chuva fraca
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Céu nublado / chuva e trovoada
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Céu nublado / chuva e trovoada
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Céu nublado / chuva e trovoada
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Céu nublado / chuva e trovoada
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Céu nublado pela manhã / chuva fraca
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Céu nublado pela manhã / chuva fraca
18
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Céu nublado / chuva e trovoada
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Céu nublado / chuva e trovoada
18
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Céu nublado / chuva e trovoada
18
29
Céu nublado / chuva e trovoada
DUNDO
20
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Céu nublado / chuva forte e trovoada
20
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Céu nublado / chuva forte e trovoada
18
30
Céu nublado / chuva e trovoada
SAURIMO
18
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Céu nublado / chuva forte e trovoada
19
30
Céu nublado / chuva forte e trovoada
19
30
Céu nublado / chuva e trovoada
BENGUELA
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Céu pouco nublado ou limpo
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Céu pouco nublado ou limpo
24
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Céu parcialmente nublado
HUAMBO
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Céu parcialmente nublado
10
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Céu parcialmente nublado
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Céu nublado / chuva e trovoada
CUITO
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Céu nublado pela manha/ chuva fraca
13
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Céu nublado / chuva e trovoada
14
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Céu nublado / chuva e trovoada
LUENA
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Céu nublado / chuva forte e trovoada
17
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Céu nublado / chuva e trovoada
17
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Céu nublado / chuva e trovoada
LUBANGO
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Céu parcialmente nublado
18
28
Céu nublado / chuva e trovoada
18
28
Céu nublado / chuva e trovoada
MENONGUE
17
33
Céu parcialmente nublado
18
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Céu nublado / chuva e trovoada
18
29
Céu nublado / chuva e trovoada
MOÇÂMEDES
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Céu pouco nublado ou limpo
20
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Céu nublado pela manhã
20
30
Céu nublado pela manhã
ONDJIVA
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Céu pouco nublado ou limpo
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Céu nublado / chuva e trovoada
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Céu nublado / chuva e trovoada
O Meteorologista: Domingos Nsoko Pedro
Das 18 horas do dia 10 às 18 horas do dia 11 de Dezembro de 2019 REGIÃO NORTE: Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uige, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul Céu parcialmente nublado em quase toda a região durante a tarde, com períodos de muito nublado durante a madrugada e manhã nas províncias de Luanda, Bengo, Cabinda, Zaire e Cuanza-Norte. Períodos de ocorrência de chuva forte ou aguaceiros acompanhados, por vezes, de trovoada em alguns municípios das províncias do Uíge, Malanje, Lunda-Norte e Lunda-Sul e chuvisco em alguns municípios das províncias de Luanda, Cuanza-Sul, Cuanza-Norte, Bengo e Zaire. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado ou limpo na província de Benguela, com períodos de céu nublado pela madrugada e manhã nas províncias do Huambo, Bié e Moxico. Possibilidade de ocorrência de chuvisco ou chuva fraca em algum município das províncias do Moxico e Bié. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango Céu pouco nublado ou limpo na província do Namibe, parcialmente nublado nas províncias da Huíla, Cunene e Cuando Cubango, com possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província do Namibe.
Luanda, 10 de Dezembro de 2019
Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao
TEMPO no mar Fonte: INAMET
BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 10 DE DEZEMBRO DE 2019: Circulação de Sudoeste fraca entre os paralelos 4°S e 14°S(Cabinda até Benguela) e moderada de Sudoeste a Sul do paralelo 15°S 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ ÀS 18:00 TU DO DIA 11 DE DEZEMBRO DE 2019: SEM AVISO.
DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 10/12/2019 ÀS 18:00 UTC DO DIA 11/12/2019 O Anticiclone de Santa Helena irá permanecer estacionário com a sua pressão central de 1015hPa, enquanto se desloca para Leste, influenciando, assim, o padrão do vento durante as próximas 24 horas. A altura da onda máxima prevista estará entre 1.0 e 1.4 metros na costa de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Cuanza-Sul e Benguela e 1.6 para a costa do Namibe. Prevê-se uma visibilidade entre 4 e 6 km devido à ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal local nas regiões marítimas do Namibe CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.
Última
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O PAÍS Quarta-feira , 11 de Dezembro de 2019
Tocoistas levam donativo às vitimas da seca do Sul do país Sessenta toneladas de bens diversos, consubstanciados em géneros alimentícios, água mineral, roupa usada, utensílios de cozinha e brinquedos, serão entregues às autoridades das províncias do Cunene e Cuando Cubango, para acudir as populações afectadas pela seca severa dr
A províoncia do Cunene continua a receber apoios humanitário de organizações da sociedade civil
Ireneu Mujoco
E
sses bens são uma doação da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo(Os Tocoistas), obtidos dos seus fiéis, através de uma campanha de recolha de bens lançado pela direcção desta igreja em Novembro e que terminou no Domingo, 8 de Dezembro. Apesar de ter terminado oficialmente, segundo avançou em conferência de imprensa, nesta Terçafeira, o líder desta congregação, Bispo Afonso Nunes, o departamento de acção social da igreja continua a receber bens todos os dias, ultrapassando, deste modo, as expectativas da campanha. Informou que, durante campanha, que durou 30 dias, a igreja arrecadou 24 milhões, 184 mil e 34 kwanzas, resultante de contribuições de fiéis, através de depósitos feitos numa conta bancária da igreja. Deste montante, segundo o líder espiritual, foram gastos 18 milhões, 460 mil e 100 kwanzas, para comprar arroz, óleo vegetal, açúcar, massa alimentar, bolachas, batatas, doces e outros bens de consumo. Até ontem, de acordo com o bispo, o
Segundo pacote de ajuda alimentar presidencial já no Cunene Duas mil e quatrocentas toneladas de produtos alimentares diversos chegaram na tarde de ontem, Terça-feira, ao município da Cahama, província do Cunene, para acudir as mais de 800 mil pessoas vítimas da seca ANGOP
T
rata-se do segundo lote de ajuda alimentar enviado por iniciativa do Presidente da República, em resposta aos efeitos da seca que assola o Sul do país desde Outubro de 2018. No primeiro lote foram 300 toneladas de bens diversos. Entre os bens alimentares constam fuba de milho, óleo,
DR
arroz, sal, leite, bolachas, sumos e conservas. Em declaração à ANGOP, a administradora municipal da Cahama, Lurdes Oliveira, disse que 25 por cento dos bens seguem para o município do Curoca e os restantes serão distribuídos nos outros cinco municípios. O Cunene vive, desde Outubro de 2018, uma acentuada crise, com 880 mil e 172 pessoas e um milhão de cabeças de gado afectados pela seca, que já causou a morte de 30 mil cabeças, entre bovino, caprino e suíno. No âmbito do plano de emergência de combate à seca e à fome, a província do Cunene beneficiou, este ano, de 3.9 mil
remanescente deste dinheiro estava a ser utilizado para comprar outros bens que devem seguir também ainda ao longo desta semana para as duas províncias que nesta primeira fase serão contempladas. Durante a conferência de imprensa, Dom Afonso Nunes fez saber que, por questões técnicas, apenas o Cunene e o Cuando Cubango deverão beneficiar destes bens, enquanto as demais, que vivem também os problemas da seca, serão contemplados noutra fase. Avançou que para a transportação destes bens, a igreja conta com o apoio da Casa de Segurança do Presidente da República, que vai disponibilizar meios aéreos ou terrestres. Aliás, ontem, altos responsáveis desta instituição visitaram os armazéns onde está a mercadoria para as populações do Cunene e do Cuando Cubango. Cozinhas comunitárias Para aliviar a fome, a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo montou várias cozinhas comunitárias na cidade de Luanda, Viana e Cacuaco, servindo três mil refeições quentes às Segundas, Quartas e Sextas-feiras, para os mais carenciados. Acções idênticas serão estendidas na cidade de Ondjiva, capital do Cunene, num espaço adjacente à igreja tocoista local, explicou o bispo, que garantiu estar também no Cunene para fazer a entrega destes bens aos seus destinatários.
milhões de kwanzas disponibilizados pelo Executivo que permitiu adquirir bens diversos. Devido à escassez de chuva, a campanha agrícola 2018/2019 no Cunene ficou comprometida, sem colheita nos 205 mil hectares onde estiveram envolvidos 99 mil camponeses. As autoridades locais contam, actualmente, com 20 camiões cisternas e 400 reservatórios espalhados pelo território da província para a distribuição de água às populações. Está também em curso a reabilitação de 171 furos de água, uma média de 28 furos por cada município, num total de seis circunscrições. A seca no Cunene é um fenómeno cíclico, que remonta a 1995. Desde esse ano, de cinco em cinco anos vai ressurgindo, com intervalos de períodos de cheias. A seca deste ano é a mais devastadora dos últimos 24 anos da história do Cunene.