Jornal OPaís edição 1686 de 13/12/2019

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JOÃO LOURENÇO EXONERA E REFORMA OFICIAIS GENERAIS E ALMIRANTES DAS FAA

Ao todo são 26 os oficiais generais e almirantes reformados por limite de idade (65 anos). Outros três generais foram licenciados à reforma por limite de carreira. P. 09

PARLAMENTO APROVA OGE PARA 2020 A Assembleia Nacional aprovou nesta Quinta-feira, 12, o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2020, com 132 votos a favor (MPLA), 50 contra (UNITA e CASACE) e duas (2) abstenções do PRS, em reunião plenária extraordinária. P. 8

Director: José Kaliengue

O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA

Edição n.º 1686 Sexta-feira, 13 /12 /2019 Preço: 40 Kz

Catoca prevê facturar cerca USD740 milhões em 2019

CASO 500 MILHÕES

CONSULTORA BRITÂNICA PRETERIDA PARA NÃO COMPROMETER A OPERAÇÃO

● A Sociedade Mineira de Catoca prevê encerrar 2019 com uma facturação a rondar os USD 740 milhões. Em termos de impostos e contribuições, estima-se para este ano gerar cerca de USD 130 milhões a favor do Estado. P. 19

EM FOCO. Os consultores britânicos da Norton Rose Fulbright que prestam serviços, há anos, ao

Banco Nacional de Angola (BNA) em matérias relacionadas com os seus parceiros externos, “não foram ouvidos para não comprometerem a operação por sugestão dos promotores do fundo”, revelou, ontem, em tribunal, o antigo director do Departamento de Gestão de Reservas do Banco Central, António Samalia Bule Manuel. P. 2 CARLOS MOCO

Deficientes terão direito a subsídios depois de contabilizados ● A revelação foi feita, ontem, a OPAÍS, pelo director Nacional para a Inclusão da Pessoa com Deficiência do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), Michael Daniel, referindo que sem estatística não pode haver políticas adequadas para a inclusão desse grupo alvo. P. 10

MOCO DEFENDE PERDÃO POR CRIMES P. 8 COMETIDOS NA ANTIGA GOVERNAÇÃO P. 8 af_bai_nahora_imprensa_276x42,733mm_empresa.pdf

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18/11/19

15:05

Interclube discute uma vaga na final da Taça dos Clubes Campeões ● A equipa angolana disputa, hoje, as meias-finais com o Al Ahly do Egipto na cidade de Cairo, às 20:15. Na ronda anterior, o cinco da Polícia Nacional vergou o FAP dos Camarões por 81-43. P. 26


EM FOCO

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O PAÍS Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019

Caso 500 milhões

Consultora britânica preterida “para não comprometer a operação” A consultora britânica Norton Rose Fulbright, que presta serviços há anos ao Banco Nacional de Angola (BNA) em matérias relacionadas com os seus parceiros externos, “não foi ouvida para não comprometer a operação, por sugestão dos promotores do fundo”, revelou, ontem, em tribunal, o antigo director do departamento de Gestão de Reservas do banco central, António Samalia Bule Manuel

O

especialista em mercados de capitais, que está entre os quatros arguidos deste mediático caso, declarou que, por sua sugestão, o então governador do BNA, Válter Filipe, pretendia consultar tais especialistas antes de celebrar os acordos para a criação do fundo de 30 mil milhões de euros destinados ao país. Porém, numa reunião realizada em Londres, Válter Filipe informou aos promotores que consultaria o aludido escritório de advocacia internacional para analisar a modalidade em que funcionaria o fundo, mas enfrentou “reservas por parte dos outros”. Este escritório é classificado como o segundo maior de advocacia dos Estados Unidos da América e um dos dez maiores do mundo, tanto por advogados quanto por receita. António Samalia disse que os promotores, a Mais Financial Service, S.A e a Resource Project Partnership (propriedades de Jorge Gaudens Pontes Sebastião e do Hugo Onderwater) bem como José Filomeno de Sousa dos Santos “Ze-

LITO CAHONGOLO

nu”, se opuseram, alegando que era prematuro para tal avaliação. Por outro lado, de acordo com o arguido, Jorge Gaudens e Zenu declararam que a intervenção de tais especialistas abortaria o desenvolvimento do fundo porque constatariam a existência de conflitos de interesse entre eles e poria em causa o seu sucesso. Disse que neste encontro, além de si e do antigo patrão do BNA, participou, em representação das autoridades angolanas, o seu colega João Domingos dos Santos Ebo, funcionário sénior do referido banco. O trio estava a ser assessorado juridicamente por Álvaro Pereira (director do Gabinete Jurídico do banco central) e por Ernâni Santana (consultor jurídico do então governador), que se encontravam em Portugal por não terem conseguido obter os vistos de entrada na Inglaterra. Recebiam as informações sobre o contrato por e-mail e emitiam as suas opiniões. De seguida, a equipa de Válter Filipe reuniu-se com dois consultores da Norton Rose Fulbright, no

entanto, nada mencionou sobre o acordo e o fundo em vias de criação. A instâncias do Ministério Público, António Samalia esclareceu que, como havia informado aos

consultores, no momento em que os notificou via telefónica, de que o encontro serviria para analisarem o contrato de constituição de um fundo, eles “alertaram o governador do BNA para ter cuidado com o mercado financeiro por estarem a surgir ofertas mirabolantes”.

“Alertaram o governador do BNA para ter cuidado com o mercado financeiro por estarem a surgir ofertas mirabolantes”

Putativa devolução dos USD 500 milhões a Angola Os 500 milhões de dólares que o Banco Nacional de Angola (BNA) transferiu para a conta bancária da empresa Resource Project Partnership, no Crédit Suisse de Londres, Inglaterra, retornariam ao país sem qualquer ónus para o Estado, garantiu, ontem, em tribunal, António Samalia Bule Manuel, director do departamento de Gestão de Reservas do central. António Samalia revelou, ainda, que o referido montante é apenas uma parte dos mil milhões e 500 milhões de dólares que o BNA deveria transferir para a conta da referida empresa, com a qual havia estabelecido vários acordos, entre os quais o de gestão de um fundo no exterior do país. Declarou que os

500 milhões de dólares transferidos serviriam para os promotores da iniciativa criarem o fundo e darem sequência a todos os trabalhos relacionados com a sua estruturação e implementação. Por outro lado, garantiu que, tanto a transferência dos valores como a assinatura do acordo entre as instituições acima mencionadas foram feitas com a aprovação do então Titular Poder Executivo, José Eduardo dos Santos. António Samalia disse ainda que a referida transferência bancária foi antecedida pelo cumprimento escrupuloso dos normativos, quer dizer, antes da execução do dossier que recebeu em mãos de Válter Filipe, foi registado no departamento de Gestão de Reservas, passou pelo departamento de Operações Bancárias, que emitiu o código swift, entre outras áreas. Sublinhou ainda que as normas do banco central concedem ao governador a possibilidade de transferir até 500 milhões de dólares sem ter necessariamente de ter o parecer dos seus órgãos de consulta.


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MODA • GASTRONOMIA CULTURA • LAZER


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DESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 09 João Lourenço exonera e reforma oficiais generais e almirantes das FAA.

o editorial SOCIEDADE. PÁG. 10

Deficientes terão direito a subsídios depois da realização de um censo.

CARTAz. PÁG. 14 Trabalho de estúdios “encobertos” em sucessos musicais

ECONOMIA. PÁG. 19 Catoca prevê

facturar cerca 740 milhões de dólares em 2019

O PAÍS Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019

HOJE: os números do dia

Petróleo, derivados e ilusões

A

construção de refinarias nas cidades de Cabinda, Soyo e Lobito, bem como a triplicação da capacidade de refinação de Luanda, entre outras acções, vão reduzir as despesas e a contínua importação de derivados do crude, afirmou nesta Quinta-feira o ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Azevedo. Ele falava na abertura do Iv Conselho Consultivo do seu ministério. E o ministro tem razão, o país gasta demasiado dinheiro na compra de combustíveis. Atenção, combustíveis. E estes são os únicos produtos derivados do petróleo que as refinarias levarão a poupar, para já, porque na área da petroquímica vai levar ainda muitos anos. E é bom que se esclareça isto também, só para o país não navegar em ilusões.

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Jovem de 22 anos de idade, residente no Huambo, foi detido esta semana pelas autoridades locais por ter desenterrado o corpo de um cidadão de 28 anos que jazia, deste o mês de Setembro, no cemitério local.

Marginais que vandalizavam e furtaram materiais de canalização do projecto “Água para Todos”, nos bairros periféricos da cidade de Mbanza Kongo, província do Zaire, foram detidos, na passada Quarta-feira por efectivos do Serviço de Investigação Criminal.

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Pessoas foram detidas na passada Quarta-feira pelas autoridades dinamarquesas por suspeitas de terem reunido material para produzir explosivos e tentar adquirir armas para preparar um ataque terrorista, numa operação policial realizada em várias zonas do país.

Militares nigerinos morreram e 12 ficaram feridos, na passada Terça-feira, durante um ataque terroristas à base militar de Inates, próximo da fronteira com o Mali, de acordo com as autoridaes locais.

o que foi dito MUNDO . PG. 23Número de mortos em erupção vulcânica na Nova Zelândia aumenta para 8

Os 30 mil milhões deveriam ser geridos pelo BNA e um consórcio e não foi executado porque foi anulado pelo Executivo”

José Filomeno dos Santos Ex-presidente do Fundo Soberano de Angola

A maior riqueza de um país são as pessoas, devidamente formadas, que impulsionam o desenvolvimento sustentável” Ana Paula Elias Ministra da Educação

Gostaria de voltar ao Benfica? Sim, claro que gostaria, fui muito feliz no Benfica, senti-me muito confortável no clube” Nico Gaitán Ex-jogador do Benfica de Portugal


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O PAÍS Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019

e assim... José Kaliengue Director

Ao menos o básico, senhores

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o economista Carlos Lopes e encontre algumas respostas às suas inquietações sobre o desenvolvimento africano

C

www.opais.co.ao EUA: A activista Sueca Greta Thunberg, de 16 anos, lidera o movimento na luta contra as mundanças climáticas e é a mais nova individualidade a ser distinguida como sendo a personalidade do ano (de 2019) pela prestigiada revista Time. (DR)

o que vai acontecer Economia O programa do

Operador Económico Autorizado vai diminuir a burocracia através da celeridade na tramitação dos processos aduaneiros e melhorar o ambiente de negócios com os parceiros internacionais. Em declarações à imprensa, o técnico da direcção dos Serviços Aduaneiros, Nanizeidio Eduardo, garantiu que um processo de desalfandegamento que levava quatro dias úteis, doravante poderá ser realizado em cerca de três a quatro horas. O processo vai assegurar a cadeia logística, facilitar o comércio lícito, bem como desenvolver o sistema socioeconómico do país através da arrecadação de receitas para o Estado.

Educação A escola do ensino

especial do Lubango, construída em 1998 com financiamento da Fundação Lwini, vai em 2020 converter-se em núcleo regional de educação inclusiva, tendo em vista a formação académica e técnico-profissional de pessoas com necessidades educativas especiais das províncias da Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango. O facto foi anunciado ontem pela directora do gabinete provincial da educação na Huíla, Paula Joaquim. Com oito salas, o futuro núcleo terá mais 20 para a formação de quadros nas especialidades de deficiência visual, auditiva, física, mental, superdotação, condutas típicas e braille.

Basquetebol A equipa sénior masculina do Petro de Luanda mede forças hoje com a Marinha de Guerra, no Pavilhão Principal da Cidadela Desportiva, em partida a contar para a abertura da primeira jornada da 42ª edição do Campeonato Nacional, a partir das 18:00. Os petrolíferos partem como favoritos, uma vez que são os campeões em título. Ainda assim, terão que ter cautelas defensivas, porque os marinheiros estão apostados em surpreender o adversário. Na outra partida, o Interclube bate-se com o vila Clotilde, no Pavilhão 28 de Fevereiro.

Girabola O Petro de Luanda, vice-campeão nacional, recebe amanhã o Recreativo do Libolo (Cuanza-Sul), no Estádio 11 de Novembro, em desafio referente ao acerto da décima terceira jornada do Campeonato Nacional, às 16:00. Hoje, o clube do Catetão efectua a última sessão de treinos, a partir das 9:00. Entretanto, o treinador espanhol, Toni Cosano vai trabalhar o aspecto físico dos seus jogadores, para depois privilegiar a circulação da bola, organização ofensiva, posicionamento defensivo, bem como jogadas combinaadas. Na classificação, o Petro ocupa a segunda posição com 29 pontos.

Liga NOS O Benfica bate-se amanhã com o Famalicão, no desafio mais aguardado da 14ª jornada da prova. O desafio disputa-se no Estádio da Luz, a partir das 19:00 (hora de Angola).

orrem pela Internet muitos vídeos e textos comparando vidas de pessoas, vidas de povos. Alguns para sensibilizar toda a gente contra os desperdícios, outros até para mostrar a sorte que se tem quando se tem mais do que os outros, mas há os que fazem, realmente, pensar um pouco mais no sentido das coisas, nas actitudes, no rumo de cada país. O último que recebi tem a particularidade de mostrar um pouco da alma de todo o continente africano. Compara crianças do Uganda e de Espanha, mas faz questionar a sensibilidade dos adultos, dos políticos, e até um pouco também a sua inteligência. Quem conheceu Espanha até meados dos anos 1980, antes da sua entrada na Comunidade Económica Europeia, certamente que vê nela, hoje, como o país se transformou. Como houve realizações, de facto. O que significa apenas que se apostou nas pessoas e no trabalho. Vejo imagens de alguns lugares de África nos anos sessenta, setenta, comparo-as com as de hoje, a pobreza é a mesma. Voltando ao vídeo, este compara desejos. As crianças espanholas querem ser ricas, as africanas também. As espanholas querem mais jogos de vídeo, ter programas de televisão, conhecer gente famosa, o fim do bullying, ser amadas ainda que obesas. “Futilidades”, para nós que sabemos o valor do desenrasque na vida. As africanas querem ... bem, querem roupa, casa, comida e... conhecer Espanha. Vamos só traduzir isto tudo muito bem: as africanas querem que os seus políticos ganhem vergonha na cara e percebam que alimentação, educação e habitação condigna não são coisas com que criança do século XXI deva sonhar, são direitos naturais, básicos.

E também... Dia do Violino - 13 de Dezembro Comemorada 12 dias antes do Natal, a data insere-se nas festividades natalícias, onde o instrumento tem um papel relevante. O violino é um instrumento de grande alcance muito versátil que pode ser tocado em diferentes géneros musicais, desde o jazz ao clássico ou do rock à folk, por exemplo. Apesar de ter apenas 4 cordas, o violino é considerado um dos melhores instrumentos para tocar, mas também um dos mais difíceis, requisitando fortes músculos nos braços e um ouvido apurado.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Sexta-feira , 13 de Dezembro de 2019

NO TEMPO DO KAPARANDANDA

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

OPAÍS

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais. co.ao Grande repórter: André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia Luís Faria (Coordenador-Editor) luis.faria@opais.co.ao Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto Nunes, Rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Afrodite Zumba, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Iracelma Kaliengue, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela),Brenda Sambo, Maria Custódia, Kiameso Pedro e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) valério vunda (Coordenador adjunto)Lourenço Pascoal, Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Revisão: António Setas Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Inês Monteiro e Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor)Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, Talatona- Luanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

1988

13 de Dezembro de - Angola, Cuba e a África do Sul assinam, em Brazaville, o protocolo sobre a Independência da Namíbia e a retirada cubana de Angola.

1990

13 de Dezembro de - Ao cabo de 30 anos de exílio, Oliver Tambo, presidente do ANC (Congtresso Nacional Africano), regressa à África do Sul.

13 de Dezembro de 2003

- Saddam Hussein é capturado por tropas norteamericanas.

CARTA DO LEITOR

DEIXEM DE BRINCAR CONNOSCO… Os abusos e as brincadeiras de mau gosto já não têm fronteiras no dia a dia da nossa terra. Por mais que a gente faça todo o esforço para sermos pacientes, não tem sido possível em vários momentos. Grande parte das instituições continuam a funcionar pessimamente mal. Há dias, fui ao SIAC Talatona para resolver um simples problema na área de Viação e Transito às oito horas da manhã, saí de lá às catorze e sem o assunto resolvido. Se não é a falta de sistema no BPC é o multicaixa que não tem a função de pagamentos ou, ainda, não tem papel e dinheiro. Há dias em que está tudo mal. Centenas de pessoas, em especial trabalhadores, perdem o dia, o que constituiu um prejuízo enorme à econo-

DR

mia. Muita gente fica aborrecida com esta situação, que virou normal, e que pode resultar num AVC a muitos cidadãos. E como um mal não vem só, o quarto de banho reservado aos homens no SIAC está inoperante por razões que não consegui apurar. É um abuso. Estão a brincar

connosco, até em ocasiões para pagar dinheiro. Como é possível gente que vai contribuir para os cofres do Estado ser abandalhada sem dó nem piedade? É demais meu Deus………. Há dias viví outra triste situação. Trata-se dos buracos na estrada de Calomboloca, Re-

gião de Catete e na ponte à entrada da cidade do Dondo, Município de Cambambe. Depois do fim da guerra arrancou a fase de reconstrução nacional, repararam a estrada Maria TeresaDondo, mas antes da ponte eram só buracos. A Estrada voltou a ser reconstruída até ao Wako Kungo. De facto, está uma beleza, mas à entrada do Dondo, para quem vem de Luanda, depois da ponte nos deparamos com um festival de buracos. Não consigo acreditar que não houvesse dinheiro para cerca de quinhentos metros a serem asfaltados. É o caso do viaduto da Camama, que dá acesso ao Calemba Dois. Depois do viaduto só buracos…… Outros casos que nos deixam magoados podia expô-los aqui, mas fica para a próxima carta. Ngasaquidila Kiavulo Nganga Chefe. Grande Kandandu.

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754

Alves de Jesus


AF_TAAG_NIGERIA_JORNAL O PAÍS_276X355,6mm.pdf 1 09/12/2019 13:08:43


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POLÍTICA JACINTO FIGUEIREDO

da dívida pública externa e menos afectação para aquilo que é a sua função de produzir e resolver os problemas dos cidadãos. Distribuição de Recursos

Parlamento aprova OGE para 2020 A Assembleia Nacional aprovou, ontem (Quinta-feira), em definitivo, o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2020, que prevê receitas e despesas de 15.9 biliões, mais 4.5 biliões do que o de 2019

O

documento relevante para a gestão macroeconómica do país foi aprovado com 132 votos a favor (MPLA), 50 contra (UNITA e CASA-CE) e duas (2) abstenções do PRS, em reunião plenária extraordinária do Parlamento angolano, orientada pelo presidente desse órgão de soberania, Fernando da Piedade Dias dos Santos. A FNLA, com um assento, esteve ausente da sessão. O total do Orçamento Geral de Estado para o próximo ano é de 15.875.610.485.070,00 de kwanzas (quinze biliões, oitocentos e setenta e cinco mil milhões e seiscentos e dez milhões, quatrocentos e oitenta e cinco mil e setenta kwanzas). Para garantir a estabilidade macroeconómica na actual conjuntura, o Executivo elaborou o OGE do próximo ano tendo como pressupostos um preço médio do barril de petróleo bruto de 55 dólares, uma taxa de inflação de 24 por cento e um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,8 por cento. As projecções fiscais apontam para a criação, em 2020, de um saldo global superavitário de 1,2 por cento do PIB e de um saldo primário igualmente superavitário de 7,1 por cento do PIB. Segundo Executivo angolano, o preço de referência para o barril de petróleo é “uma estratégia conservadora”, para proteger o país caso

os movimentos de volatilidade do mercado petrolífero sejam desfavoráveis, garantindo assim que a despesa que foi projectada tenha maior probabilidade de ser executada. O Executivo está ciente de que ainda não é o orçamento desejado, mas melhor, por se propor garantir a consolidação fiscal e o crescimento económico, num ambiente de taxa de inflação de 24,3 por cento devido, essencialmente, aos ajustamentos feitos. Nota de realce neste orçamento foi a participação dos parceiros sociais e dos sectores de todas as bancadas parlamentares, que esgrimiram as suas motivações para uma maior aposta financeira em certos sectores, em detrimento de outros. A versão final do documento entra agora para a fase mais delicada do processo, que é sua execução, a partir de Janeiro de 2020, uma vez que a sociedade faz maior escrutínio e demanda maior rigor e transparência na gestão dos fundos públicos. A UNITA, o maior partido da Oposição em Angola, justificou o seu voto contra com o facto “deste OGE devotar incertezas, não apenas para o próprio Executivo, mas também para o resto dos agentes económicos do país”. Na óptica deste partido, que nunca votou favoravelmente nenhum orçamento, o OGE/2020 vai encarregar-se, essencialmente, de resolver os compromissos internos

O sector social vai absorver 40,7 por cento da despesa fiscal, cerca de 27,6 por cento a mais do que o ano transacto. Neste sector, destaca-se a protecção ambiental, habitação, saúde e os serviços comunitáriose, com um crescimento orçamental de 182,1 por cento, 51,2 por cento e 35,6 por cento, respectivamente. A Protecção Social, por sua vez, manteve-se quase inalterada, com um crescimento de cerca de 1,2 por cento. Já o sector Económico vai absorver 11 por cento da despesa fiscais, que corresponde a uma contracção de 28,8 por cento (kz 278,5 mil milhões) comparativamente à dotação orçamental atribuída no OGE. Este comportamento devese, em grande medida, à decisão de uma menor intervenção do Executivo na economia nacional, suportada pelo processo de privatização e fomento da indústria privada. O sector da Defesa, Segurança e Ordem Interna regista um crescimento de 21,2 por cento e representa cerca de 19,3 por cento da despesa fiscal, motivada pelo aumento da dotação à Segurança e Ordem Pública de 48,3 por cento. Os Serviços Gerais representam 29 por cento da despesa fiscal, comportamento motivado pelo incremento de 65,2 por cento relativamente ao exercício anterior. Este comportamento é suportado pelo aumento da dotação orçamental atribuída aos Serviços Gerais (463,6 por cento) e aos órgãos Executivos (78, 6 por cento). As necessidades básicas de financiamento para o OGE/2020 estão estimadas em cerca de 7.879 mil milhões de kwanzas, 18,8 por cento do PIB. Já as necessidades líquidas estão avaliadas em 653,3 mil milhões de kwanzas. Este montante será obtido pela captação de financiamento no mercado interno e externo. A segunda Reunião Plenária Extraordinária da 3ª Sessão Legislativa da IV Legislatura da Assembleia Nacional teve como ponto único a votação final global do Orçamento Geral do Estado (OGE) para o exercício económico de 2020. Fonte: Angop

O PAÍS Sexta-feira,13 de Dezembro de 2019

Moco defende perdão pos crimes cometidos na antiga governação Antigo primeiro-ministro de Angola, Marcolino Moco afirmou, em Benguela, que a justiça angolana abandalhou o país por ter, alegadamente, “inventado um crime” que o general José António(Zé) Maria não cometeu, e defende o perdão dos crimes cometidos pela antiga governação

Constantino Eduardo, em Benguela

O

jurista fez esta declaração à imprensa à margem de uma palestra animada por si, promovida pela associação cívica OMUNGA, defendendo que a justiça se devia apegar às “arbitrariedades” supostamente cometidas. Marcolino Moco entende que o combate à corrupção no país não deve promover a injustiça de alguns em detrimento de outros. O político, que insiste na denúncia de justiça selectiva, sugere o perdão dos crimes cometidos na anterior governação, à semelhança do que ocorreu na África-do-Sul com Nelson Mandela, argumentando que, se o país optar pela justiça punitiva, ninguém vai sobrar no MPLA, partindo do princípio de que não há ninguém no partido governante - além dele - que não tenha cometido ilicitudes decorrentes de gestão do erário. Marcolino Moco, para quem a justiça em Angola foi paralisada durante 20 anos, realça que o general Zé Maria, como é conhecido, no exercício das funções como director do Serviço de Inteligência e Segurança Militar(SISM), terá cometido várias arbitrariedades, mas considera “escandaloso” o facto de a justiça militar tê-lo julgado por um crime “inventado”. Aquele oficial superior das FAA, reformado, foi acusado de ter extraviado documentos que contêm informação de carácter militar, mas Marcolino Moco diz não ter cometido o crime. “Vou usar um termo claro, terra-a-terra,

CARLOS MOCO

Moco é contra justiça punitiva

é abandalhar a justiça, e isso é perigoso”, alertou. Desumanidade no “Caso CNC” Para o caso Conselho Nacional de Carregadores (CNC), em que um dos réus é o antigo ministro dos Transportes Augusto Tomás, o jurista fala em “crueldade humana”, porquanto a justiça não teve em conta a questão das imunidades de que o arguido goza. “Podia pagar caução, porque o suposto crime permite, mas não lhe permitem a caução. No dia em que devia estar cumprido o prazo de prisão preventiva, organizam o julgamento…Já passou o tempo de prisão preventiva e deixam o homem na cadeia até hoje. Isso é desumano”, considera. Caso BNA e disponibilidade de JES

Em relação ao caso Banco Nacional de Angola (BNA), que julga o ex-presidente do Fundo Soberano, José Filomeno dos Santos (Zenu), Válter Filipe e outros réus, por vários crimes, com realce para o de peculato, o antigo primeiro-ministro manifesta-se satisfeito com o facto de haver abertura por parte de José Eduardo dos Santos, antigo presidente de Angola, para esclarecer os factos. “Eu fui o maior crítico de José Eduardo dos Santos no país. Eu acho, hoje, que ele devia estar aqui em Angola e os filhos trazer a riqueza que está lá fora e investir no país, e ponto final, o que está feito, está feito…e não estarmos aqui com perseguições”, sugere.


O PAÍS Sexta-feira,13 de Dezembro de 2019

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João Lourenço exonera e reforma oficiais generais e almirantes das FAA Ao todo são 25 os oficiais generais e almirantes reformados por limite de idade (65 anos). Outros três generais foram licenciados à reforma por limite de carreira DANIEL MIGUEL/ARQUIvO

AF_jor_pais_276x177,8mm_emirais.pdf

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11/20/19

16:30

Presidente da República, João Lourenço, enxuga generalato angolano

O

Presidente João Lourenço exonerou, através do Decreto Presidencial nº 345, de 2 de Dezembro corrente, nos termos da Lei e ouvido o Conselho de Defesa Nacional, um grupo de 21 oficiais generais e almirantes das Forças Armadas Angolanas, entre os quais se assinalam os nomes do general Apolo Yakuvela, que exerceu o cargo de conselheiro do comandante do Exército e do tenente-general Afonso Seteco, que chefiou a Direcção de Instrução e Ensino do mesmo ramo, bem como o vice-almirante Lando Filipe “Viper” que foi comandanteadjunto para a Educação Patriótica da Marinha de Guerra. No mesmo Decreto, João Lourenço nomeou alguns dos oficiais generais e almirantes ora exonerados para diversos cargos nos três ramos militares e unidades como instituições de ensino militar. Assim, o general Virgínio Pinto foi nomeado para exercer o cargo de

Chefe do Estado-Maior da Força Aérea Nacional, Victor Alberto para o de comandante adjunto para a Educação Patriótica da Marinha de Guerra Angolana. O general Avelino Pronco foi indicado chefe da Direcção de Polícia Militar do Estado Maior General das FAA, entre outros nomeados. Entretanto, e fazendo jus à sua qualidade de Comandante-emChefe das Forças Armadas Angolanas, João Lourenço licenciou à reforma por limite de carreira os

O general Avelino Pronco foi indicado chefe da Direcção de Polícia Militar do Estado Maior General das FAA

oficiais generais Mateus Miguel Ângelo “Vietname”, Azevedo Xavier Francisco “Xavita”(embaixador na Zâmbia) e Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, através da Ordem nº 21/19. Por limite de idade, o Comandante-em-chefe das FAA reformou vários oficiais generais e almirantes dentre os exonerados através do Decreto Presidencial nº 345, entre os quais se conta Apolo Yakuvela, Afonso Seteco, Lando Filipe “Viper”, Jorge Barros Nguto, e outros, através da Ordem 20/19. João Lourenço promoveu, entretanto, o vice-almirante Viper ao grau militar de almirante, numa outra ordem do Comandante-em-Chefe, nº 23/19. Igualmente, através da Ordem nº 22/19, os tenentes-generais Adolfo Rasoilo, Domingos da Silva e Cosme Joaquim foram licenciados à reforma. João Lourenço deu também por finda a situação de inactividade temporária do brigadeiro José Abreu Benjamin através da Ordem do Comandante-em-Chefe nº 19/19, publicada, tal como as demais ordens e decretos de exoneração e nomeação, em Diário da República. PUB

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SOCIEDADE

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O PAÍS Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019

Deficientes terão direito a subsídios depois da realização de um censo DR

A revelação foi feita ontem, a OPAÍS, pelo director Nacional para a Inclusão da Pessoa com Deficiência do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), Micahel Daniel, referindo que sem estatística não pode haver políticas adequadas para a inclusão desse grupo alvo

Milton Manaça

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icahel David disse que neste momento o Instituto Nacional de Estatística (INE) está a fazer a actualização dos dados fornecidos pelo Censo populacional de 2014 a fim de se apurar o número de cidadãos portadores de deficiência e, a partir daí, se direccionar as políticas para esta

franja da sociedade. O Censo de 2014, segundo o responsável, ditou que 2,5% da população angolana é portadora de deficiência e o MASFAMU está a trabalhar com o Instituto Nacional de Ensino Especial, que controla um número considerável de deficientes, para se criarem políticas para a inclusão social. “Sem estatística não é possível termos políticas adequadas para a inclusão desse gru-

po alvo”, disse o responsável, à margem do workshop sobre a implementação dos centros de actividades ocupacionais da Associação Angolana de Apoio a Crianças Autistas e com Transtornos Globais de Desenvolvimento (APEGADA). Micahel David reconhece que o número de pessoas com deficiência tem vindo a aumentar e reconhece a necessidade da atribuição de subsídios aos cidadãos com grau de deficiên-

Essas pessoas também são cidadãos e merecem ser apoiadas. As famílias não devem ser as únicas a passar por este calvário”

cia que os torna incapazes para mercado de trabalho. Qualidade só com subsídio do Estado Na abertura do certamente, Helena Alburquerque, professora da Universidade de Coimbra, que preside a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) desta cidade, disse que, sem a tomada de posição do Governo na assunção de instituições de defesa de deficientes intelectuais, torna-se difícil o processo de inclusão social. Helena Alburquerque disse que inicialmente foram os pais que deram início à criação de centros de actividades ocupacionais, mas só começaram a ter qualidade no atendimento quando o Estado assumiu entrar com subsídios para cada deficiente. Para ela, o acompanhamento deve ser feito a partir de tenra idade, por exemplo, na mu-

lher gestante, pois, quanto mais cedo se dectetar, menor será o grau de deficiência. “Nós apoiamos as crianças com deficiência desde que nascem até que morrem, porque proporcionamos uma vida completa com qualidade e bemestar, para que elas consigam mostrar o seu potencial”, disse. Já o responsável da Associação Angolana de Apoio a Crianças Autistas e com Transtornos Globais de Desenvolvimento (APEGADA), António Teixeira, disse que ainda falta sensibilidade por parte de algumas estruturas do aparelho governamental. António Teixeira partilha a opinião dos que pensam que sem a comparticipação do Estado os deficientes mentais nunca terão um serviço de qualidade e as diligências dos pais serão sempre limitadas. O presidente da APEGADA apontou como exemplo a dificuldade que têm encontrado para manter os voluntários no seu centro de ocupação, tendo referido que o ideal é terem pessoas assalariadas com contratos elaborados que possam entregar-se de corpo e alma às crianças. “Essas pessoas também são cidadãos e merecem ser apoiadas. As famílias não devem ser as únicas a passar por este calvário”, frisou. O autismo é uma síndrome que se manifesta por alterações presentes desde idades muito precoces, antes dos três anos de idade, e que se caracteriza por desvios qualitativos na comunicação, interacção social e no uso da imaginação. As causas ainda são desconhecidas, mas acredita-se que a sua origem esteja relacionada com anormalidades em alguma área do cérebro, embora não exista um estudo conclusivo nesta matéria. Segundo especialistas, o autismo não tem cura, mas o tratamento pode melhorar a condição de vida do autista. A APEGADA controla actualmente mais de 400 crianças e adolescentes só na província de Luanda.



SOCIEDADE

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O PAÍS Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019

Moradores da Quilemba podem fazer alterações no exterior das suas residências ainda este ano Os moradores da Centralidade da Quilemba, localizada na comuna com o mesmo nome no município do Lubango, capital da província da Huíla, poderão ser autorizados a fazer alterações no exterior das suas residências ainda este ano

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João Katombela, na Huíla v ic e-governador para o sector Técnico e Infra-estruturas da Huíla, Nuno Bernabé Mahapi Ndala, revelou, em exclusivo a OPAÍS, que o processo que vai ditar os modelos das “alterações” já se encontra em fase final. O governante esclareceu que as alterações estarão circunscritas ao aumento dos muros de vedação das residências, aproveitamento dos espaços, bem como a colocação de gradeamentos nas portas e janelas das casas. “Já estão aprovadas as alterações que a população pode fazer, por exemplo, como se de deve aplicar os gradeamentos e os portões, entre outras benfeitorias que os moradores podem fazer”, disse. De acordo com o vice-governador, este processo aguarda apenas por apreciação superior, para a posterior entrega aos primeiros moradores da centralidade da Quilemba, na província da Huíla. Cartilha do morador pode imprimir maior organização Além das alterações exteriores que os habitantes da centralidade da Quilemba serão autorizados a fazer aos seus imóveis, o vice-governador da província da Huíla para o sector Técnico e Infra-estruturas revelou que está na forja uma cartilha do morador. A referida cartilha, segundo Nuno Ndala, vai

permitir maior preservação dos espaços e bens comuns colocados à disposição dos moradores da centralidade. “Nós temos uma equipa técnica e também aprendemos com os outros. Falo daquelas províncias que já têm as centralidades habitadas antes da nossa, no caso das províncias do Namibe, Benguela e Luanda, onde se fez uma cartilha do morador. No momento oportuno os nossos moradores poderão ter contacto com a mesma”, garantiu. Numa primeira fase, foram colocadas à disposição dos interessados cerca de 500 moradias do tipo T3, e 250 já estão habitadas por igual número de famílias, maioritariamente constituídas por pessoas desalojadas do bairro do Camazingo, dos arredores da cidade do Lubango, no âmbito do programa de requalificação. A segunda fase de entrega das habitações aguarda apenas que a Imogestin, a instituição vocacionada para o efeito, arranque com a venda pública das mesmas. Trata-se de apartamentos e vivendas. Por outro lado, Nuno Ndala declarou que esteve recentemente na cidade do Lubango uma equipa técnica da empresa encarregue da venda dos terrenos infra-estruturados das centralidades. Sem adiantar mais dados, o vice-governador informou que tais terrenos estarão à disposição dos empreendedores e proprietários de grandes superfícies que queiram instalar-se na centralidade da Quilemba.


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Trabalho de estúdios “encobertos” em sucessos musicais

DR

Muitos artistas gravam músicas que resultam em sucessos, mas não revelam em que estúdios gravam a pré e pós-produção. A reclamação é de produtores musicais

Adjelsom Coimbra

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u sou bakongo, bakongo, bakongo”, “Sacanagem, isso é sacanagem”, “Coração já não está a palpitar/ preciso de alguém para amar”, são trechos de alguns sucessos musicais que “batem” em Angola e foram, inclusive, merecedores de prémios nacionais. Mas, por detrás destes sucessos há um espaço projectado de forma a se obter as performances acústicas desejadas, como a difusão e equalização sonora, baixo nível de reflexões, reverberação adequada, entre outros aspectos técnicos. Está-se a falar dos estúdios musicais, “cozinhas” ou ainda “laboratórios”, epítetos que produtores e músicos angolanos e portugueses foram atribuindo a esses locais de gravação com o desenrolar do tempo. “Às vezes, as pessoas não revelam onde gravam as músicas. Isso não é bom, mas pelo menos consegui ultrapassar isso”, atirou o CEO do estúdio X10, de nome Desejo Humano, que encara a produção como um bom negócio, embora não lhe tenha dado muito dinheiro. O produtor, que ao longo da reportagem trabalhava numa música nova do rapper Young Double, afirmou que os estúdios actualmente

Membros do grupo durante a apresentaçao de uma peça em Luanda

estão muito desenvolvidos. Numa outra intervenção, disse que os maiores impulsionadores do mercado são produtores que não têm grandes condições nos estúdios. “Isso não é como antes, que tínhamos acesso restrito aos computadores. Agora, qualquer um que tenha um computador com software específico e saiba manuseá-lo, pode trabalhar em produção musical”, referiu. Entretanto, o CEO da Dreams Record, Adilson Pimentel, acredita que, se não houvesse estúdio e profissionais na matéria, os músicos pouco teriam para dar aos seus seguidores.

CEO do estúdio X10, Desejo Humano, produtor do projecto Clepatia de Preto Show e Biura

CEO da Dreams Record, Adilson Pimentel, estúdio onde foi gravada a música “Bakongo” de Yannick

Responsável da Clé-Estúdio, zoca zoca, casa musical de cantores como Preto Show, Edmázia e Mobbers


O PAÍS Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019

Ausência de estúdios profissionais noutras províncias Preocupado, Adilson Pimentel chama à atenção da ausência de estúdios nas demais províncias do país. “Em termos de estúdios profissionais seria bom se pudéssemos nos espalhar para fora de Luanda. Angola não é só Luanda, as outras províncias também precisam de locais de gravação. Nessas localidades também temos talentos”, lamentou. Sobre o mesmo assunto, o responsável dos estúdios da Clé Entertainment, Zoca Zoca, contou que estúdios em Angola com alta qualidade musical ainda são poucos, visto que as pessoas para gravar, muitas vezes, se deslocam a Luanda. “Porque não conheço uma província com um grande estúdio, ao nível da Clé-estúdio, ou da Radio Vial, por exemplo. Precisamos de muito mais”, fez saber. Outro assunto que inquieta o produtor, é o facto de estarem em falta no país sonoplastas e engenheiros de som, o que obriga os

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produtores, às vezes, a saírem do país. “Somos obrigados muitas vezes a mandar os trabalhos para o exterior do país à procura de uma boa mistura ou masterização dos nossos trabalhos”, revelou. Deve-se investir primeiro no capital humano, segundo Zoca. “Falo na formação, porque hoje, com a evolução tecnológica, não precisamos de grandes ou pequenos estúdios. É com bons técnicos que vamos ter grandes trabalhos musicais”, acrescentou. Diferente dos dois primeiros interlocutores, o responsável dos estúdios da Clé Entertainment, Zoca Zoca, não reclama sobre a falta de visibilidade dos estúdios. “Primeiro, os artistas têm uma carreira para cuidar, e os estúdios são apenas uma área de trabalho técnico para produção de um produto, neste caso a ‘música’, e se houver qualidade ao nível procurado, as pessoas vão dar o devido respeito”, opinou. Produtores divergem sobre existência de lei nos estúdios

Para Desejo Humano, se houver uma lei que regularize os estúdios, os produtores musicais teriam outro estatuto. “Não vão dizer que os produtores são todos “fobados”. Fora não é assim, só aqui é que não há lei que regule a actividade no estúdio”, disse. Por seu turno, Adilson Pimentel defende que não existe uma lei que regule a actividade no estúdio, pelo facto de poder, eventualmente,

“Em termos de estúdios profissionais seria bom se pudéssemos nos espalhar para fora Luanda. Angola não é só Luanda, as outras províncias também precisam de locais de gravação”

limitar o crescimento artístico das pessoas que trabalham nesses espaços. “Um estúdio é um laboratório de arte. O artista deve ter a liberdade de expressar a sua arte”, realça. DJ’s pagam imposto em mau ambiente Na semana finda, foi divulgada uma informação segundo a qual, os DJ’s passarão a pagar o Imposto sobre Rendimento de Trabalho (IRT), por força das alterações ao novo Código do IRT, aprovado, dia 23 de Novembro, na generalidade, pela Assembleia Nacional. Porém, Adilson Pimentel, responsável pela produção do tema vencedor da última edição do Top dos Mais Queridos, ganha por Yanninck Afroman, considera que quem faz um negócio deve pagar imposto ao Estado, mas defende que a situação económica actual do país não favorece. “Eu acho que estão a responsabilizar pessoas que não têm nada a ver com a situação económica do país. Este imposto está a ser cobrado de forma injusta”, acrescen-

tou Desejo Humano. De salientar que os rendimentos do IRT dividem-se em três grupos de tributação A, B e C. Os trabalhadores liberais fazem parte do grupo B, no qual são tributadas todas as remunerações “percebidas pelos trabalhadores por conta própria” que desempenhem, de forma independente, actividades previamente identificadas no Código sobre o IRT. Estúdios Na nossa ronda e pelo que se foi ouvindo dos produtores, Luanda é a maior praça de gravação em todo o país. Entretanto, além da abertura de mais estúdios, os técnicos advogam a adequação técnica e profissional, com formação correspondente. “Xicote Produções”, “Letras e Sons”, “X10”, Clé-Entertainment”, “Banzelo Nations”, “Dreams Record”, “Arca Velha”, “Maianga Produções”, “Beto Max-Estúdio”, “Guetho Produções”, “Gira-Disco”, “Bom Som”, “Quebra Galho”, são entre outras, as mais procuradas em Luanda. PUB


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CARTAz

O PAÍS Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019

Mahezu

CARMO NETO*

Naquela tarde de Outubro

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um!Pum!Pum! -Quem está a bater o portão? -Questionaram os jovens dentro do quintalão, sentados à volta de uma mesa rectangular. Vestiam roupas elegantes. Um olhar no tempo passado dos anos setenta do século passado, chamar-lhesiam pequenos burgueses, década e meia depois cidadãos normais, bonitos e chiques no presente do indicativo. -Sem responder, abre o portão do quintal, de passos fi rmes entra, parecia não reformada da sua juventude, devido às tranças e ao rosto livre de rugas, avó Marica abraça os netos com o coração salpicado de saudades, vinte anos depois, no mesmo espaço, com menos presenças, subtraídas pela guerra. - Contagiada pela voz da prima, avó Felicidade, agora uma dirigente de um partido da oposição, abandona a sala e abraça avó Marica provocando gritaria e lágrimas de alegria. - Era uma tarde de Outubro, Sábado. Feixes de sol quente invadiam a sombra da mangueira enquanto chilreio dos pássaros fisgavam olhares sobre a folhagem. Andavam galinhas soltas pelo quintal a pedinchar restos de comida que se consumia. -Aquele dia, naquela tarde de Outubro, como outrora, sentados lembravam-se do tempo das reuniões familiares alargadas, dias de paraíso na terra, de encontros públicos, piqueníques políticos, farras do Trabaió ou Job. Ainda assim nada excluía o enxame familiar. -E era assim naquele casarão. Nascia um Sábado qualquer de Outubro eleito para dividir assados e cozidos, sem ausência do pão de Kambondo ou dos doces de gingumba e a marmelada de manga da dona Carolina, costureira de toda a comida superior-

mente adocicada e ainda sobrava para levar aos vizinhos e ausentes que não tinham podido aparecer. - No entretanto da conversa, avó Marica , mais alegre questionou: - Vosso primo continua a fumar liamba? - Antes de responder Bernabé encarou a avó a sorrir como se a surpresa o divertisse. Os outros em silêncio, atentamente escutavam o primo: - Agora é caenche, motorista de uma tia. Deve ser da falta de emprego. Foi um jornal privado que disse ele é liambeiro. Tem vários jornais agora. Cada um com a sua verdade. Dantes era só o Jornal de Angola. - Estás a falar verdade?-perguntou a avó. - Antes de voltar a palavra mostrou-lhe o exemplar do jornal onde se falava do neto. Todos conheciam o Marcos. Um estudante brilhante nos tempos áureos da sua adolescência. Todos reconheciam seus dotes de bom estudante, principalmente na disciplina de matemática. Era sem igual. - Agora, é um “faz tudo” poliglota até no calão. Lê muito. Mas já não se interessa mais por política a não ser para candidatura de cargos. - Teria conseguido uma bolsa de estudo para ele se não me faltassem os dólares -continuou o Bernabé. - Antigamente éramos mais iguais e essa nossa ingenuidade já nunca mais volta, concluiu. - Entretanto, a risada generalizou-se quando um dos primos, estudante de direito de uma universidade privada, ao intervir pronunciuou-se sobre o socialismo científico. Riram-se todos. Teve voto unânime o comentário a dizer:” - “Que líamos mais noutro tempo. Havia uma empresa só

pra distribuir livros em todo país, a falecida Edil. -Generalizou-se o diálogo anárquico e barulhento, mas a voz grossa do Caetano impôs-se e todos escutaram a sua fala: - Agora temos mais igrejas que centros comerciais. Marx e Lenine desapareceram das estantes dos nossos ideólogos. Encheram as estantes com as bíblias. - Outra vez se generalizou a gargalhada. Mas a avó Felicidade, com o coração na garganta,

abriu espaço e chamou os netos para uma roda de dança com a voz melódica do Elias Dya Kimuezo. Puxou a avó Marica para o centro e, com passadas artísticas, colheu aplausos. Era sempre assim antes do Natal na família. Parentes motivados pela tradição invadiam a casa. - Empanturrados e animados, a gente toda se abraçava e iam embora naquela tarde de Outubro. Avó Marica, na ondulação de um bom vinho português e

depois da cuca geladinha, solta as mãos para o ar a saudar o céu, grita, esbraceja: - Chico Bonito volta. Regressa de qualquer chão onde moras soterrado. Regressa Chico Bonito. Desde setenta e cinco, onde moras soterrado? Volta para ver a independência que te comeu. -Era assim naquela tarde de Outubro. -MAHEZU, Ngana! *Escritor PUB


Que esta relação de confiança perdure por muitos e bons anos, para continuarmos a celebrar juntos cada momento. Desejamos-lhe um Feliz Natal e um próspero Ano Novo, com o Banco BIC e o BIC Seguros sempre ao seu lado.


ECONOMIA

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O PAÍS Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019

Multicaixas Expressos transaccionam 56 mil milhões de Kwanzas em 2019 O sistema de inovação ‘Multicaixa Expresso’ lançado o ano passado registou este ano 4 milhões de transacções que resultaram em 56 mil milhões de Kwanzas

PEDRO NICODEMOS

Norberto Sateco

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administrador do Banco Nacional de Angola (BNA), Pedro Figueira, considerou positivas algumas reformas que têm sido implementadas nos bancos comerciais na digitalização do sistema financeiro. O governante falava durante o VIII Fórum de Economia e Finanças, e revelou como exemplo a inovação do sistema Multicaixa Express como tendo registado uma evolução satisfatória em relação ao ano anterior. Apesar dos avanços que se registam, fruto da transformação digital no sector bancário angolano, o número de pessoas fora do sistema financeiro ainda é preocupante comparado com os níveis mundiais. Segundo a entidade reguladora do mercado, o Banco Nacional de Angola (BNA), a taxa de bancarizaçao no país é de aproximadamente 30 por cento, correspondendo acima de 9 milhões de habitantes, se tivermos em atenção os perto de 30 milhões de habitantes, segundo os últimos dados do Censo do Instituto Nacional de Estatísticas (INE). “Estamos a trabalhar com os bancos comerciais, mas estas estatísticas são muito importantes e muito baixas se comparadas com a taxa de 69 por cento da população em termos de inclusão financeira. Vemos na transfor-

mação digital uma oportunidade para a inclusão financeira”, referiu Pedro Castro e Silva, para quem o instrumento é de extrema importância para o desenvolvimento económico. O alto dirigente do BNA tomou, como exemplo, um estudo publicado pelo Banco Mundial que concluiu que o uso de pagamentos electrónicos permitiu aos usuários transferir e armazenar moeda electrónica, contribuindo para a redução da pobreza e da fome no Quénia, sobretudo para os agentes económicos femininos. Destacou ainda os prós e contras da digitalização financeira na redução dos riscos associados aos custos e às transacções financeiras por via de pagamentos móveis, sem precisar de fazer recurso ao monetário. Entretanto, face a estes desafios da integração tecnológica, aque-

la entidade implementou no país uma série de medidas no sentido de imprimir maior celeridade ao sistema bancário nacional, com destaque para a revisão da Lei do Sistema de Pagamentos dos países da SADC, com contributos do Banco Mundial. “A revisão permite procurar adequação aos rigorosos princípios fundamentais das infra-estruturas dos mercados financeiros definidos pelo CPMI (Comité on Payment anda Market Infrastrutures)”, sublinhou. Outra inovação, neste sentido da digitalização dos sistemas financeiros, sobretudo do sector bancário, recaiu para o lançamento, em Agosto último, do Laboratório do Sistema de Pagamento de Angola (Lispa). “É uma iniciativa que compreende uma incubadora para desenvolvimento de ‘fintech’ e ou-

tras start-up’ não relacionadas com o sistema financeiro”, referiu Castro e Silva. Em relação às tendência de crescimento da solução Multicaixa Express lançada pelos bancos comerciais por via das suas empresas interbancárias de serviços, em Novembro de 2018, ocorreram 2 milhões de operações nesta plataforma. Já este ano, no mesmo período, foram registadas 4 milhões de transacções, movimentos de que resultaram aproximadamente 56 mil milhões de Kwanzas. O fórum que decorreu durante um único dia contou com a partipação de especialistas nacionais e internacionais da alta finança e da banca, onde, dentre outros temas, abordaram “Os Mecanismos de Dinamizar a Disrupção Digital na Banca”.

Moody’s altera rating do Banco Económico

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Moody’s, agência internacional de rating financeiro, acaba de anunciar a manutenção da classificação de rating do Banco Económico em moeda estrangeira (Foreign Currency) em Caa1 e a alteração da cotação atribuída no segundo trimestre de 2019, que em moeda nacional (Long Term Deposit Rating/Local Currency) passa de B3 para Caa1. No âmbito da revisão periódica do rating do Banco Económico, a agência Moody’s justifica esta alteração com base nas condições macro-económicas adversas em Angola, nomeadamente, a desvalorização do Kwanza e a elevada inflação, pressionando a capacidade de cumprimento do serviço da dívida dos clientes, assim como a análise da Qualidade de Activos (AQA) com metodologias muito conservadoras de valorização dos colaterais associados a operações de crédito e de mercado de capitais, o prazo para a realização do aumento de capital cuja subscrição o Regulador autorizou até ao final do 1º semestre de 2020. Nesta conjuntura, a Moody’s optou por descer preventivamente o rating do Banco Económico expresso em moeda local (Local Currency Deposit) de B3 para Caa1. O rating em moeda estrangeira (Foreign Currency Deposit) não sofreu alteração e continua estável, em Caa1. Para a manutenção do rating externo, a Moody’s atendeu ao suporte da base accionista do Banco e ao compromisso assumido de reforço dos buffers de liquidez e de capital, para fazer face a uma conjuntura mais desafiante do que o previsto. A manutenção do rating atribuído ao Banco em moeda estrangeira é considerada por João Quintas, Presidente da Comissão Executiva do Banco Económico, como “um factor positivo, tendo em conta o ambiente macro-económico que o país enfrenta e também um indicador que não deixará de motivar a Comissão Executiva a manter o trabalho em curso, que visa garantir a sustentabilidade do Banco, a médio e longo prazos, mantendo um perfil de risco prudente e moderado, na sua governação corporativa”.



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MERCADOS

Libor USD 6 Meses

Mercado TAXA DE JURO Taxas de Juro Taxa BNA Libor USD 6M Libor GBP 6M Libor JPY 6M Euribor 6M Luibor 6M

Cot. 11/12/19 15,500% 1,879% 0,863% 0,002% -0,338% 18,630%

20,30%

∆ Diária (p.p) 0,000 0,010 -0,003 0,001 -0,005 0,040

20,00% 19,70% 19,40% 5/Dez

Mercado ACCIONISTA Índices Accionistas Cot. 11/12/19 Dow Jones (EUA) 27 881,72 S&P 500 (EUA) 3 132,52 FTSE 100 (Inglaterra) 7 216,25 IBovespa (Brasil) 110 963,90 CSI 300 (China) 3 902,75 Nikkei 225 (Japão) 23 391,86

∆ Diária (%) 0,106 0,291 0,035 0,264 0,061 -0,078

Cot. 11/12/19 470,3558 1,1130 1,3196 108,5600 14,6824 4,1179

Cot. 11/12/19 59,24 63,72 1 462,60 16,60 2,26 276,55

∆ Diária (%) -0,008 0,343 0,304 -0,147 -0,734 -0,666

∆ Diária (%) -0,810 -0,964 0,465 0,892 -0,928 0,868

Luibor Taxas BNA Luibor O/N Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 meses Luibor 9 meses Luibor 1 Ano

11/Dez

28 100

27 900

27 700

27 500 5/Dez

7/Dez

9/Dez

1,115 1,110 1,105 1,100 5/Dez

7/Dez

9/Dez

11/Dez

Brent C rude F ut. 64,8 64,2 63,6 63,0 5/Dez

7/Dez

9/Dez

11/Dez

∆ Diária (p.p) 0,220 0,130 0,130 0,040 0,040 0,060

1,900 1,890 1,880 1,870 5/Dez

7/Dez

9/Dez

Mercado Cambial A possibilidade de redução da taxa directora da Reserva Federal norteamericana em 2020 favoreceu o euro que durante a sessão apreciou 0,34% ao fixar-se em 1,1130 USD por unidade da moeda.

Mercado de matérias-primas Os preços do Brent e do WTI diminuíram 0,9% e 0,8% na última sessão ao fixarem-se em 63,72 USD/ barril e 59,24 USD/barril, respectivamente. As incertezas associadas à evolução do stock de petróleo nos EUA penalizaram a cotação do crude.

Luibor As taxas de juro no mercado monetário interbancário registaram aumentos em todas as maturidades, com o destaque a recair uma vez mais para a Luibor Overnigth que aumentou 22 p.b. ao situar-se em 27,62%.

Luibor 1 Ano Cot. 11/12/19 27,62 18,33 18,56 18,63 18,87 20,09

Mercado Accionista As expectativas associadas ao acordo comercial entre EUA e China beneficiou os mercados bolsistas. Os índices S&P 500 (EUA) e CSI 300 (China) aumentaram

11/Dez

EUR / USD

Mercado DAS COMMODITIES Commodities WTI Crude Fut. Brent Crude Fut. Gold 100 Oz Fut. Prata Fut. Gás Natural Fut. Cobre Fut.

9/Dez

Dow Jones (EUA)

Mercado CAMBIAL Taxas de Câmbio USD/AKZ EUR/USD GBP/USD USD/JPY USD/ZAR USD/BRL

7/Dez

Mercado Interbancário A taxa de juro Euribor 6 meses mantém tendência decrescente em cerca de 0,5 p.b. ao fi xarse em -0,338%. As expectativas quanto a manutenção da taxas de juro de referência do Banco Central Europeu contribui na redução da taxa.

11/Dez

O PAÍS Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019

Catoca prevê facturar cerca de USD 740 milhões em 2019

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Sociedade Mineira de Catoca prevê encerrar 2019 com uma facturação a rondar os USD 740 milhões. Em termos de impostos e contribuições, estima-se para este ano gerar cerca de USD 130 milhões a favor do Estado A Sociedade Mineira de Catoca prevê fechar as contas de 2019 com uma facturação a rondar os USD 740 milhões de dólares, menos 10 milhões do que no ano económico de 2018, onde registou uma facturação de 750 milhões. Esta ligeira baixa é consequência da queda do preço do diamante no mercado internacional, na ordem dos 26%, registada desde finais do ano passado, segundo dados apresentados no último conselho de direcção alargado, realizado recentemente na província da Lunda-Sul. Na ocasião, fez-se saber que a queda do preço do diamante no mercado internacional foi compensada com o aumento da produção, por isso foi possível mitigar os seus efeitos sobre a facturação, não afectando consideravelmente o desempenho da empresa no ano que agora termina. Segundo Benedito Manuel, director-geral de Catoca, apesar de se ter registado uma quebra do preço do diamante na ordem dos 26%, conseguiu-se compensar com o aumento da produção. Além disso, a aposta forte na redução de custos permitiu tornar os processos mais eficientes, desafiando a lei natural do sector que diz que “quanto maior a profundidade da mina, maiores são os custos de

produção”. “Em termos de impostos e contribuições, Catoca prevê reverter, a favor do Estado, cerca de USD 130 milhões, um valor ligeiramente acima do exercício de 2018, onde pagamos 129 milhões”, disse. Contudo, apesar dos resultados positivos, Benedito Manuel destacou a necessidade de uma aposta cada vez maior na qualidade dos processos, para que mais do que uma empresa rentável, seja um agente promotor do desenvolvimento profissional de todos os seus colaboradores, uma postura que deve resultar em competências práticas, conhecimento e atitudes que dêem respostas à missão da empresa. O 2º Conselho de Direcção Alargado, recorde-se, realizou-se na passada Quintafeira, um evento que contou com a presença de representantes do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos, membros do Governo da província da Lunda-Sul, direcção-geral da empresa, bem como académicos e convidados. Localizada na Lunda-Sul, a Sociedade Mineira de Catoca é a quarta maior mina do mundo, explorada a céu aberto, responsável por mais de 75% da produção de diamantes do país. Hoje, com 25 anos de existência, Catoca é a empresa que mais gera empregos no sector privado da província da Lunda-Sul, empregando mais de 5.000 pessoas, directa e indirectamente, um número que poderá subir com o início da exploração noutros projectos, prevista para os próximos anos. DR


OPINIÃO

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JOÃO DEMBA*

Felicitações aos comunicólogos da minha Pátria

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os Comunicólogos de Angola, em especial ao André Sibi, nosso Presidente da Associação de Comunicólogos Angolanos – A.C.A.N, parabéns! O dia 5 de Dezembro de 2019 entra para a eternidade por ter sido comemorado o primeiro aniversário da A.C.A.N. Como se de um ser humano se tratasse, a Associação, segue o seu curso normal. Nasceu, chorou, adoençeu, festejou, sentou e começa agora a encaminhar. E ainda bem que assim é, pois, respeitar as etapas do percurso constitui por si só a garantia da direcção ao cume. Certamente muitos de nós, que muito pouco ou quase nada tem feito em prol da Associação, Comunicólogos e Aspirantes a Comunicologos – aqueles que frequentam a Licenciatura em Comunicação, conforme Estatuto da Associação, gostariam que ela (A.C.A.N) pudesse estar já a correr e porque não a voar? É um desejo compreensível e justo, se não mesmo, em função dos ataques que estes profissionais têm sofrido ao longo dos tempos, da percepção negativa que se deseja passar sobre os mesmos, da tentativa de descrédito por parte de certos indivíduos e profissionais, bem como da necessidade e desejo destes profissionais se imporem no seu campo de trabalho.

Do pouco que sei e partilho aqui com os meus, num passado recente se comparado ao que hoje vivemos, a situação era bem pior. O número de obstáculos até aqui já ultrapassados é enorme e não foi fácil. Lembro como se fosse hoje. Entendemos ser necessário a continuidade das acções para afirmação de uma profissão “nova”, mas vital para as relações sociais em qualquer contexto. É preciso estar ciente de que nada nos será dado de graça, teremos de ser nós mesmos, com humildade, ciência, profissionalismo, equilíbrio, proactividade, harmonia, garantir a continuidade de fazer acontecer a existência real do Comunicólogo na sociedade angolana. “Quando as pessoas estão adoentadas, procuram pelo Médico. Quando têm problemas com a justiça procuram pelo Advogado. Quando têm problemas no computador, procuram pelo Informático, mas quando têm problemas de imagem, reputação ou até mesmo fazer passar de forma eficaz certa informação, salvo excepções, procuram por todos, menos pelo Comunicólogo”. Este comportamento pode ser verificado no nosso dia a dia, seja nos indivíduos como nas instituições. Recordo que o nosso País saiu do ano 2002 de uma única Instituição de Ensino Superior (UPRA) e apenas em Luanda, para hoje em 2019

incluindo Cabinda, Huíla, Huambo, Bié, Namibe, para mais de 15 Instituições com Curso Superior em Comunicação. Por conseguinte, desde 2010, estas Instituições lançam ao mercado centenas de Licenciados, muitos deles, hoje, com uma ficha de serviço de reconhecida competência e importância para as Instituições públicas, privadas e para a sociedade. Ao nível do estado angolano, apesar do árduo trabalho que ainda há por fazer, algumas acções e políticas relevantes foram adoptadas, outras estão por vir, num claro reconhecimento do papel do profissional da comunicação na sociedade. Refiro-me concretamente ao Pacote Legislativo da Comunicação Social bem como ao Decreto Presidencial que cria os Gabinetes de Comunicação Institucional e Imprensa, hoje, Gabinetes de Comunicação Social, junto das Insti-

Recordo que o nosso País, em 2002, só tinha uma única Instituição de Ensino Superior (UPRA) e apenas em Luanda, para hoje em 2019 (...) ter mais de 15 Instituições com Curso Superior em Comunicação

tuições Públicas (Ministérios, Governos Províncias, Empresas Públicas). Na prática, grande parte das posições nestes Gabinetes e não me refiro apenas a posição de responsável máximo, são ocupadas por indivíduos sem qualificação na área, injustificável, se comparado ao número de quadros lançados ao mercado desde o ano 2006. Não, não. Não estamos com isto a dizer que os quadros lançados ao mercado estão totalmente prontos para o exercício perfeito das suas actividades, mas se não exercerem, muito dificilmente chegam lá. Se por um lado registamos este avanço, mais do ponto de vista legal – incompleto, pois, este Pacote Legislativo precisa ser regulamentado, salta-nos a vista também um grande recuo ao nível do exercício prático da comunicação institucional que tem que ver com a extinção do GRECIMA, enquanto Agência de Comunicação do Governo de Angola, a semelhança das instituições grandiosas, que em muito casos se relacionam com mais de uma Agência de Comunicação, passando grande parte das tarefas da alçada do GRECIMA para o Ministério da Comunicação Social, que no meu entender, cai numa espécie de incompatibilidade, pela gestão conjunta dos Órgãos de Comunicação Social Públicos e pela gestão da Comu-

nicação Institucional do Governo de Angola, para ser mais concreto e relacionar, não é o mesmo que ser jornalista e assessor de comunicação ao mesmo tempo? Talvez esta realidade justifica a ocorrência de alguns dos problemas na comunicação do Governo. E porque “Governar é comunicar” o contrário também é verdade, o GRECIMA, não nos moldes em que funcionava até a sua extinção, tinha do ponto de vista conceptual o dever de conceber, planificar, coordenar, executar, monitorar e avaliar, a estratégia de comunicação do Governo de Angola, algo que hoje me parece bem mais nublado, pela “inexistência” de coordenação da comunicação entre as distintas instituições públicas. As sucessivas acções menos boas no desporto, na economia e finanças, no comércio, só para citar estas, que somando, contribuem obviamente para uma percepção negativa de Angola no subconsciente dos indivíduos. A significativa imagem de marca de que tanto se fala no campo da comunicação, está fortemente reflectida na percepção que se tem de algo, alguém, de uma nação. Neste aspecto, os Comunicólogos muito têm a contribuir, ademais a percepção, a imagem de marca, estão fortemente associadas aos atributos do País, visando a captação de investimento estrangeiro. PUB


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Número de mortos em erupção vulcânica na Nova zelândia aumenta para 8 Mais duas pessoas hospitalizadas morreram na noite anterior em decorrência da erupção vulcânica na Ilha White, localizada na Baía Leste de Plenty, Ilha Norte da Nova Zelândia, elevando o número total de óbitos para oito, informou a Polícia local num comunicado na manhã de Quinta-feira

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O número de mortos pela erupção do vulcão na Ilha Branca pode aumentar

ma pessoa estava a ser tratada no Hospital de Middlemore e a outra no Hospital de Waikato. A Polícia continua concentrada

em apoiar as famílias neste terrível momento”, disse o comunicado. Quarenta e sete pessoas estavam na Ilha White na hora da erupção na Segunda-feira. A Polícia reportou na manhã de Quarta-feira que a erupção vulcâ-

nica já tinha causado seis mortes e deixado oito desaparecidos, com 30 pessoas internadas em sete hospitais em toda a Nova Zelândia. Vinte e cinco dos feridos estavam em estado crítico. Segundo a embaixada chinesa na Nova Zelândia, dois cidadãos chineses estão entre os feridos. A embaixadora chinesa na Nova Zelândia, Wu Xi, visitou um cidadão chinês ferido num hospital da Ilha Norte, na tarde de Quarta-feira. Wu transmitiu solidariedade ao

ferido em nome do Governo chinês. Ela disse que a embaixada fará o seu melhor para lidar com a resposta emergencial e protecção consular, e coordenará com as autoridades da Nova Zelândia de forma a que os cidadãos chineses sejam tratados oportuna e eficazmente. O outro chinês ferido, que foi atendido noutro hospital, também recebeu a visita de diplomatas chineses na Nova Zelândia. Ashley Bloomfield, director-geral do Ministério da Saúde do país,

declarou numa conferência de imprensa na Quarta-feira que o plano de acção nacional de queimadura complexa múltipla tinha sido activado. Muitos dos turistas feridos aparentemente estão com mais de 30% do corpo queimado. A Ilha White é uma famosa atração turística. Os visitantes podem explorar a ilha vulcânica via barco ou helicóptero. Se as condições de segurança permitirem, os turistas podem até entrar na principal cratera do vulcão.

EUA querem classificar a Rússia como ‘Estado promotor do terrorismo’

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Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA abre caminho para a classificação da Rússia como “Estado promotor do terrorismo”, designação aplicada a países como a Coreia do Norte, Sudão e Irão. Caso seja aprovada, a medida pode levar a sanções mais duras contra Moscovo. A Comissão de Relações Exteriores aprovou uma medida que solicita a avaliação do Departamento de Estado sobre a classificação da Rússia como “Estado promotor do terrorismo”, abrindo caminho para a imposição de sanções mais severas. Proposta pelo senador Cory Gardner, a medida pede ao Departamento de Estado dos EUA que indique ao Congresso se a Rússia pode ser classificada como país “promotor do terrorismo”. O projecto de lei solicita ainda um posicionamento acerca da classificação das milícias das auto-proclamadas repúblicas de Do-

netsk e Lugansk, na Ucrânia, como “organizações terroristas internacionais”. O Departamento de Estado tem até 90 dias para responder às solicitações do projecto de lei, que deve ir a votos na Câmara dos Deputados e no Senado dos EUA. A medida foi chamada de “Deter Actividades Malignas do Terrorismo Russo” (“Stopping Malign Activities from Russian Terrorism”) para poder levar o acrónimo palatável para a mídia “SMART”, (“es-

Caso seja aprovada, a medida pode levar a sanções mais duras contra Moscovo

perto” em inglês). Lista ‘negra’ dos EUA A classificação de “Estados promotores do terrorismo”, aplicada a um número limitado de países, pode abrir portas para sanções económicas abrangentes. Irão, Coreia do Norte, Sudão e Síria fazem parte da lista, que já incluiu Cuba, Iraque e Líbia. A medida foi tomada um dia após a visita do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, à Casa Branca, durante a qual se reuniu com o secretário de Estado, Mike Pompeo, e com o presidente dos EUA, Donald Trump. O Congresso norte-americano aprovou recentemente medidas para exigir mudanças na política externa da administração Trump. Antes, o mesmo Comité havia anunciado a aprovação de um projecto de lei para impor sanções contra a Turquia, pela compra do sistema de defesa anti-aéreo russo S-400 e condução da operação militar na Síria.

Os presidentes russo e norte-americano num clima ameno

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Rússia expulsa diplomatas alemães em plena crise por morte de georgiano em Berlim A Rússia expulsou dois diplomatas ale-

mães nesta Quinta-feira, o que classificou como uma reacção diplomática padrão a uma acção semelhante da Alemanha na semana passada, e disse esperar que uma crise causada pelo assassinato de um cidadão da Geórgia, em Berlim, não prejudique as relações ainda mais

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Alemanha anunciou a expulsão de dois diplomatas russos na semana passada devido ao

que disse ter sido uma recusa de Moscovo a cooperar na investigação de um homicídio em que procuradores alemães suspeitam de envolvimento russo

ou checheno. O Governo russo negou ligação com o crime. Ainda nesta Quinta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia convocou o embaixador alemão em Moscovo para apresentar um protesto formal a Berlim por causa das expulsões e deu a dois diplomatas alemães sete dias para saírem do país, informou a pasta num comunicado. “Estas medidas eram inevitáveis depois de dois dos nossos diplomatas serem expulsos. Consideramos a acção de Berlim absolutamente infundada”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. “Acreditamos e esperamos que isso não se torne um factor negativo no desenvolvimento e na ampliação posterior do nosso diálogo construtivo”, disse ele aos repórteres numa teleconferência. As tensões entre a Rússia e países ocidentais, incluindo a Alemanha, que é altamente dependente do gás e do petróleo russos, ressurgiram desde o envenenamento de um ex-espião russo, Sergei Skripal, e sua filha em solo britânico no ano passado. Tradicionalmente, a Alemanha tem laços comerciais com Moscovo e a disputa diplomática ocorre no momento em que a Rússia constrói um grande gasoduto com destino à Alemanha, o Nord Stream 2.

“Relaxa, Greta, relaxa!” Trump critica Time e aconselha jovem activista a controlar a “raiva”

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jovem sueca foi escolhida como Personalidade do Ano pela revista Time e o Presidente norteamericano, que era um dos cinco finalistas para esta eleição, não gostou O Presidente norte-americano comentou a escolha de Greta Thunberg como Personalidade do Ano pela revista Time, aconselhando a jovem sueca a ir ao cinema. Embora felicitasse a jovem por ter sido escolhida pela revista norte-americana, Donald Trump acrescentou considerar a nomeação “ridícula”, numa declaração divulgada esta Quintafeira na rede social Twitter. “Greta tem de aprender a controlar a sua raiva e ir ver um bom filme antigo com um(a) amigo(a)!”, disse. “Relaxa, Greta, relaxa!”, sublinhou o Presidente que retirou os Estados Unidos do acordo climático de Paris. A activista do clima Greta Thunberg foi escolhida na Quarta-feira como Personalidade do Ano pela revista Time, que colocou na capa uma fotografia da jovem, tirada na costa lisboeta, sob o título “O Poder da Juventude”. Greta tornou-se ao mesmo tempo a pessoa mais jovem de sempre a receber esta distinção. Donald Trump era um dos cinco finalistas nesta eleição. Os outros três eram a líder da Câmara dos

Representantes, Nancy Pelosi, o denunciante anónimo que deu origem ao processo de impeachment a Trump e os manifestantes de Hong Kong. Greta Thunberg ficou conhecida por ter dado início a um movimento global de combate às alterações climáticas. Em 2018, a jovem - que tem 16 anos - faltou às aulas para acampar em frente do Parlamento sueco, segurando uma placa onde se lia “Skolstrejk för klimatet” (“Greve escolar pelo clima”). Nos 16 meses seguintes, falou com chefes de Estado na ONU, reuniu-se com o Papa, zangou-se com o Presidente dos Estados Unidos e inspirou 4 milhões de pessoas a unirem-se à greve climática global em 20 de Setembro de 2019, naquela que se tornou a maior manifestação pelo clima da história. Para a Time, Greta Thunberg “conseguiu criar uma mudança de atitude global”, organizando um movimento mundial que pede mudanças urgentes. Donald Trump anunciou, em Junho de 2017, que os Estados Unidos íam abandonar o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas assinado em 2015, explicando que a retirada visava “uma reafirmação da soberania”. Trump afirmou na altura que os EUA iriam “gastar uma fortuna” com o acordo sobre as alterações climáticas e que perderiam milhões de empregos.

Polícia relata ataques criminosos e vandalismo durante a noite em Hong Kong

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Polícia de Hong Kong disse que prendeu três pessoas por incêndio criminoso e vandalismo em Kowloon na Quarta-feira. Num comunicado à imprensa na Quinta-feira de manhã, a Polícia disse que três pessoas - uma menina de 15 anos, um garoto de 16 e um homem de 29 - foram presos por vandalizar autocarros públicos. Uma quarta pessoa escapou, disse a Polícia. Segundo relatos da Polícia, os quatro autocarros entraram, apertaram os botões de emergência e co-

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Uma menina de 15 anos, um garoto de 16 e um homem de 29 foram presos por vandalizar autocarros públicos. Uma quarta pessoa escapou, disse a Polícia

meçaram a quebrar as janelas com martelos. A Polícia também disse que recebeu relatos de que cinco pessoas lançaram coquetéis molotov num restaurante japonês no nível da rua de um shopping em Cheung Sha Wan. Não houve feridos. A Polícia disse que várias outras pessoas começaram um incêndio num cruzamento de rua em Mong Kok, uma área que tem sido palco de confrontos violentos entre manifestantes e agentes policiais durante mais de seis meses de distúrbios sociais na cidade governada pela China.

Polícia de Hong Kong em acção para conter os protestos dos manifestantes


OPINIÃO

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RICARDO VITA *

O regozijo de ver Bonga cantar

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s 20h, a fila ainda ia até a Élysée-Montmartre, a outra sala de concertos situada a 300 metros. O público veio em massa nesse dia 26 de Novembro, era principalmente composto de burgueses parisienses que votam à esquerda e que gostam de boa música inteligente. E enquanto passava pela fila, ouvi cantarolar algumas canções do Bonga, mas faltava a voz, a sua voz característica, a do lamento, aquela queixa sobre os infortúnios que atingem a sua amada Angola. Na entrada da La Cigale, cumprimentei o Tecas que estava a entrar apressado, tinha uma mochila. A multidão estava feliz e de dentro vinham as músicas que um DJ tocava do seu repertório da World Music, o que criava a atmosfera acolhedora à qual a lendária sala nos acostumou. E, aqui e ali, as pessoas dançavam com as suas bebidas nas mãos. Já havia uma sensação de impaciência e os assobios chamavam a estrela da noite. Bonga era esperado para as 21h00, mas os seus músicos só se posicionaram por volta das 21h15 e ele apareceu no lado esquerdo do palco minutos depois, recto como um i, sorrindo e segurando a lendária dikanza na mão direita. Estava vestido de uma camisa colorida, com as mangas arregaçadas, e calças pretas. Rapidamente sentimos a formidável presença cénica da velha fera. No palco, andou até ao público, do lado esquerdo, como um manequim, para fazer uma pausa engraçada; enchendo o peito e permanecendo estático durante alguns segundos enquanto sorria, e atravessou depois a cena para ir fazer a mesma coisa do outro lado. Viase nele o ex-atleta de alto nível, o guerreiro africano e o seu público aí estava; cúmplice, em júbilo e aclamando o seu artista. No processo, fez piadas sobre a sua idade e agradeceu ao público pelas suas solicitações cada vez maiores, apesar da idade. « Sou jovem na aparência mas ve-

lho por dentro », disse com magnanimidade num francês impecável, « aos 77 anos, sofro por dentro! ». Um grande « oh! » céptico ressoou pela La Cigale, porque, para muitos, especialmente jovens da minha geração, de até 40 anos, se percebeu nesse momento que a bela aparência e a presença cénica do grande Bonga nos enganavam. E, como Angolano, finalmente entendi o significado do título do álbum de 2011, « Hora Kota ». Virouse com amor um instante para os seus músicos, avançou para os batuques a fim de fazer uma demonstração de percussão eficaz, foi depois ajustar o microfone à sua altura, apanhou e começou a acariciar a dikanza com a sua varinha, o show começou. Assistir a um concerto do Bonga é viajar para a parte íntima da alma angolana, a sua voz perturbadora sabe exprimi-la, já o faz há mais de 50 anos. Essa voz interpela o mais profundo do nosso ser, por isso foi perseguida pela PIDE e pela ditadura que se apoderou do país após a independência. Que ironia! Mas é porque a voz do Bonga chora o pranto do seu povo ferido, da Angola sangrada e usurpada, é, portanto, uma voz de dor que questiona e que nenhum ditador corrupto e mesquinho pode gostar. E a providência que não faz as coisas ao acaso também lhe deu a rouquidão exacta, a boa medida e a tessitura certa. Através de mais de quatrocentas canções e mais de 30 álbuns, Bonga fala sobre a sua terra natal que teve que deixar aos 23 anos. O exílio é omnipresente, mas a saudade, esse sentimento complexo que exprime tristeza e esperança, é mais ainda. É assim que ele transporta e apresenta ao mundo o sofrimento do seu povo; denunciou primeiro o colonialismo, criticou a guerra fratricida e a corrupção que se seguiram depois. Às vezes, essa queixa resume-se a um hmmmm, hmmmm profundamente triste que diz muito. Mas,

no fundo da queixa, como diria Teta Lando, ainda se sente uma esperança idosa, mesmo na ironia e no grito severo. E no palco, Bonga é subtil, chistoso e um verdadeiro showman. « Não existe cultura superior ou inferior, cada um tem a sua », lançou à plateia essa verdade crua com um sorriso de homem sensato e inteligente. Se Ngũgĩ wa Thiong’o pede aos Africanos de escreverem nas suas línguas maternas, Bonga, talvez porque sabe que o seu povo nunca teve a chance de resgatar os seus valores africanos desde a independência, soube fazer o mundo amar a sua língua, o kimbundu. Quando mandou subir ao palco a maravilhosa Camélia Jordana, para cantar com ele Mona Ki Ngi Xica, a sua canção maior, que fascina Will Smith todas as manhãs, lembrou-nos da sua capacidade de quebrar barreiras e estatura de artista-mundo. Ouvi atentamente para ver se Camélia estava a cantar bem e fiquei deslumbrado com a sua precisão em transmitir a sensação de nostalgia e orgulho de ser Angolano que só a voz do maestro que resistiu a tudo podia transmitir. Foi graças a Bonga, é a sua magia contagiosa e descomplexada de homem livre. Porque, quem nunca viu Bonga cantar, ainda não viu um concerto com uma alma. A sua voz cativa e atravessa gerações. « Há pessoas da minha idade aqui? », perguntou à plateia depois de cantar algumas músicas. «Estão todas em casa a tratar reumatismo », zombou carinhosamente em resposta ao silêncio da sala. Também contou como chegou a Paris, falou dos

Assistir a um concerto do Bonga é viajar para a parte íntima da alma angolana, a sua voz perturbadora sabe exprimi-la, já o faz há mais de 50 anos

encontros no Quartier Latin com grandes nomes como Aznavour, falou também do jornalista Rémy Kopoul, seu amigo, que muito o ajudou e a quem presta homenagem na Banza Rémy. « Tem Angolanos na sala? », um baixinho « sim » soou rasteiramente e vi, nesse momento, na primeira linha em frente ao palco, um amigo Camaronês que brandia o vinil Angola 72, o primeiro álbum do Bonga. Mas a decepção foi visível no rosto desse gigante que deu tudo por seu país. « E tem Cabo-verdianos? », um barulhento « sim » ensurdeceu a La Cigale. « Estão em toda a parte os Cabo-verdianos », comentou com jovialidade antes de anunciar que ia cantar uma canção especialmente para eles, em homenagem à sua amiga Cesária Évora. Cantou « Sodade », a canção que ele gravou 18 anos antes dela, em 1974, no álbum Angola 74. O outro grande momento do show foi quando cantou Kaxexe. Mas antes, falou da brutalidade e absurdidade da vida moderna. « No sumo que vocês bebem, não há sumo, há farinha! », denunciou seriamente. Também zombou dos fast-foods, da política e do imperialismo. E, continuando na euforia e na cumplicidade com o público, quis, antes de cantar, dar o significado de Kaxexe e terminou com: « Nós Africanos fazemos tudo de kaxexe, até filhos fazemos escondidos! », o que divertiu a todos nós. E segundos após o início da música, Tecas surgiu no palco, em levitação, acompanhado por uma linda morena vestida de panos de wax. Juntos deram uma lição do nosso semba, o que encantou a sala até incendiá-la. Tecas dançou tão bem que rapidamente fez esquecer a notável ausência dos Angolanos na plateia. Pois, a geração do grande Rui Legot já não anda cá. Foi ela quem mostrou o caminho para a pequena comunidade cultural angolana em Paris ao jovem fogoso que eu era durante o meu

tempo estudantil nos anos 2000. E um dia, António Margarido e Carlos do Nascimento apresentaramme ao Kota Bonga, no seu camarim, depois de um concerto no Bataclan, na presença de Teta Lando. Lionel Jospin, o ex-primeiro-ministro francês, também estava no camarim, com a esposa, e até lhe perguntei porque é que ele tinha decidido abandonar a política após a sua derrota na primeira volta das eleições presidenciais de 2002. « Para ter tempo de ir ver Bonga em concerto », respondeume com bondade e um ar sincero. E tudo foi dito. Bonga é o artista que abre Angola ao mundo, é um formidável representante de nós no universalismo. Traz um brilho útil em benefício deste país perdido na estreiteza da lusofonia. É Angola quem precisa dele e não o contrário, Bonga pertence ao património mundial. No final da apoteose, que continuou até a última música, apresentou os seus músicos: um Cabo-verdiano na guitarra eléctrica, um Angolano na guitarra clássica, outro Cabo-Verdiano na bateria e um Português no acordeão. Cantou a última música, Mulemba Xangola, e a sala jubilante ainda cantou com ele. Todas as mãos estavam no ar e as vozes, em uníssono, seguiram a sua voz poderosa num dilúvio de fabulosos sons que aboliram a sua melancólica furiosa. Assim foi o último concerto do Bonga em Paris; uma noite de conivência tenra com a única estrela angolana mundial que atravessou várias gerações.

* é Pan-africanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Folha de São Paulo (Brasil), do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É cofundador e vice-presidente do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.



DESPORTO

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Tricolores fazem últimos acertos no Catetão DANIEL MIGUEL/ARQUIvO

Petrollíferos em exercícios de aquecimento no 11 de Novembro

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Palanquinhas (vermelho) perderam para os zambianos ontem em Lusaka

Angola disputa terceiro lugar na Taça Cosafa Ao perder, ontem, com a Zâmbia (3-0) nas meias-finais no certame futebolístico da África Austral, a Selecção Nacional de futebol, em sub-20, defronta amanhã o Madagáscar, em jogo a contar para as classificativas do 3º ao 4º lugares Kiameso Pedro

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Selecção Nacional de futebol em sub-20 foi, ontem, eliminada nas meias-finais da Taça Cosafa, ao perder diante da Zâmbia (país organizador) por três bolas sem resposta, em partida disputada no Estádio Nkolama, na cidade de Lusaka. Para os anfitriões, marcaram Gondwe (por duas vezes) aos 31 e 76, bem como Francisco Mwepu aos 80 minutos. Na outra partida das meias-finais, a África do Sul, campeã em título, bateu o Madagáscar na marcação das grandes penalidades por 5-4, após empate a duas bolas no final do tempo regulamentar. Os palanquinhas não tiveram capacidade para contrariar o favoritismo teórico dos donos da casa, uma vez que demonstraram ter

muitos aspectos a melhorar. A Selecção Nacional evidenciou muitas falhas no que diz respeito à organização defensiva e na transição ofensiva. Com este resultado, os comandados do treinador José Silvestre “Pelé” jogarão amanhã com o Madagáscar para as classificativas do terceiro ao quarto lugar. O encontro disputa-se no Estádio Nkolama, a partir das 9:30 (tem-

Com este resultado, os comandados do treinador José Silvestre “Pelé” jogarão amanhã com o Madagáscar para as classificativas do terceiro ao quarto lugar

po de Angola). Assim, o técnico Silvestre Pelé aproveitará a folga de hoje para corrigir os aspectos que se apresentaram com falhas no jogo com a Zâmbia, de modo a reconquistar o terceiro lugar obtido na edição passada. Na primeira partida, Angola goleou as Ilhas Seychelles por oito bolas sem resposta, tendo derrotado a similar de Moçambique na segunda jornada por uma bola a zero. Na terceira e última ronda, os palanquinhas vergaram a Eswatini (ex-Swazilândia) por quatro bolas a uma. Para chegar às meias-finais, o combinado nacional terminou invicto no grupo C com nove pontos. Deste modo, a final da competição que colocará frente à frente a Zâmbia e a África do Sul, realiza-se amanhã, às 13:00.

Petro de Luanda realiza hoje a última sessão de treinos, no campo Osvaldo Saturnino “Jesus”, visando o encontro de amanhã diante do Recreativo do Libolo, no Estádio 11 de Novembro, às 16:00. O desafio conta para o acerto da décima terceira jornada do Girabola 2019/20. A partida não se disputou na data marcada devido ao envolvimento da equipa do Catetão na fase de grupos da Liga dos Campeões da CAF.

Em caso de vitória, diante dos libolenses, os petrolíferos ascendem provisoriamente à liderança da prova com 32 pontos, relegando o 1º de Agosto para o segundo lugar com 30. Os rubro-negros só entrarão em acção no Domingo diante da Académica do Lobito, no Estádio 11 de Novembro, a partir das 16:00. Na sessão desta manhã, o técnico Toni Cosano vai privilegiar a pressão sobre o homem com a bola e posicionamento ofensivo e defensivo.

Barcelona e Real Sociedad “aquecem” liga espanhola

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Barcelona visita amanhã a Real Sociedad, no Estádio Anoeta, no desafio de maior destaque da 17ª jornada da liga espanhola, a partir das 16:00 (horário de Angola). Ambas as agremiações vêm de resultados diferentes, uma vez que os catalães golearam o Real Mallorca por cinco bolas a duas. Por seu lado, a Real Sociedad empatou a zero com o Valladolid, no Estádio José

Zorrilla. Na tabela classificativa, o Barcelona e o Real Madrid partilham a liderança da prova com 34 pontos. Por sua vez, a Real Sociedad figura na quarta posição com 27 pontos. No prosseguimento, o Atlético de Madrid, do português João Félix, bate-se com o Osasuna, no Estádio Wanda Metropolitano. No Domingo, o Real Madrid defronta o Valência, no Estádio de Mestalla, às 21:00. DR


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Polícias tentam acesso à final da Taça dos Clubes Campeões Africanos DR

Kiameso Pedro

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Rússia e Holanda lutam por uma vaga na final do Mundial

equipa sénior feminina

de basquetebol do Interclube tenta, hoje, a qualificação para a final da 25ª edição da Taça dos Clubes Campeõs de África, quando defrontar o Al Ahly Sporting do Egipto. O encontro entre as duas equipas disputa-se no Pavilhão Indoor Padel Center, na cidade do Cairo, às 20:15 (hora de Angola). Para chegar a esta fase, as comandadas de Apolinário Paquete eliminaram nos quartos-definal o FAP dos Camarões por (43-81). Por seu lado, o Al Ahly Sporting do Egipto deixou pelo caminho o MFM Queens da Nigéria por (62-78). O combinado nacional pretende resgatar o título perdido em 2018, na final diante do Ferroviário de Maputo (Moçambique). Frente às “locomotivas”, o Interclube não teve poderio ofensivo, ao perder por (59-56). Nesta partida, as “Polícias” partem como favoritas, uma vez que reúnem uma vasta experiência na competição. Aliás, o Interclube é a formação com o maior número de títulos conquistados, num total de cinco.

As selecções seniores femininas de andebol da Rússia e da Holanda tentam, hoje, o apuramento para a final do Mundial, no Pavilão Park Dome Kumamoto, a partir das 8:30 (tempo de Angola). Na outra partida das meias-finais, a Noruega, vice-campeã em 2017, enfrenta a Espanha, no mesmo pavilhão, às 11:30. A competição arrancou no dia 30 de Novembro, e a final disputa-se no Domingo, 15. Angola, que competiu no grupo A com a Sérvia, Cuba, Eslovénia, Holanda e Noruega, quedou-se na décima quinta posição da competição.

Magda prossegue carreira em solo espanhol

Polícias (azul) estão a dignificar o basquetebol angolano no Cairo

Apesar de deter o favoritismo, a equipa angolana é obrigada a entrar com os pés bem assentes no chão de modo a conquistar o sexto título do seu historial. As egípcias jogarão diante do seu público e prometem lutar do princípio ao fim pela vitória. Na outra partida das meiasDANIEL MIGUEL/ARQUIvO

finais, o Ferroviário de Maputo defronta o Sporting do Egipto, a partir das 18:00. Para chegar a esta fase, o Ferroviário bateu o Energie BBC do Benin por (104-40), ao passo que o Sporting do Egipto eliminou o CNSS da República Democrática do Congo (RDC) por 86-42.

Petro de Luanda defronta Marinha de Guerra na Cidadela

O

Petro de Luanda mede forças, hoje, com a Marinha de Guerra, no Pavilhão Principal da Cidadela Desportiva, em partida a contar para a primeira jornada da 42ª edição do Campeonato Nacional sénior masculino de basquetebol, às 18:00.

Petro de Luanda defronta um adversário com argumentos

A meia-distância Magda Cazanga, de 28 anos, é a partir de Domingo atleta do Balomano Salud de Espanha, após contrato válido por 5 cinco épocas. Esta será a primeira experiência da atleta num clube estrangeiro, em 16 anos ao serviço do Petro de Luanda. Magda disputou o seu 3º Mundial, tendo sido essencial na melhoria da 19ª posição obtida na Alemanha, em 2017. No seu palmarés constam títulos nacionais, provinciais, Campeonatos Africanos, Taça dos Clubes Campeões, Taça dos Clubes Vencedores das Taças e a Supertaça Babakar Fall.

Os tricolores, sob o comando técnico do camaronês Lazare Adingono, detêm o favoritismo, uma vez que são mais competitivos comparativamente ao adversário. Ainda assim, os marinheiros estão apostados em surpreender a equipa petrolífera. Aliás, começar a temporada com vitória é a palavra de ordem da Marinha de Guerra.

No prosseguimento, o Interclube bate-se com o Vila Clotilde, no Pavilhão 28 de Fevereiro. Por sua vez, o 1º de Agosto recebe o Atlético Sport Aviação (ASA), no Pavilhão Victorino Cunha, a partir das 18:00, ao passo que a Universidade Lusíadas defronta o Desportivo Kwanza.

Começar a temporada com vitória é a palavra de ordem da Marinha de Guerra

Jordon Ibe destruiu cafetaria e seguiu para casa... Jordon Ibe, jogador do Bournemouth, meteu-se em problemas. A 30 de Julho, o jogador de 24 anos, teve um acidente de viação e destruiu uma cafetaria, abandonando de seguida o local. O caso começou hoje a ser julgado. O craque estava ao volante de um veículo avaliado em 150 mil euros e provocou danos calculados em 17 mil euros. Apesar de ter partes do veículo incrustadas na estrutura da cafetaria em causa, Ibe optou por deixar o local antes da chegada das autoridades.

Fellaini descarta juntarse a José Mourinho O belga Marouane Fellaini foi apontado como um dos possíveis alvos do Tottenham para o mercado de Janeiro, mas o médio garantiu que o regresso à Inglaterra não está nos planos. “O José [Mourinho] é muito especial para mim. Falamos por mensagens e chamadas de tempos a tempos. Ele assumiu o Tottenham e está a sairse bem. Desejo-lhe o melhor, mas estou bem onde estou”, assegurou à Eleven Sports. O actual jogador do Shandong Luneng Taishan trabalhou com o português no Manchester United.

Andy Murray confirma rumores e vergonhas Andy Murray participou num desafio da BBC, em que acedeu confirmar se alguns rumores da sua vida pessoal e profissional são verdeiros. E o tenista britânico, antigo número um mundial, acabou por admitir algumas “vergonhas”... Murray confessou que participou num rap. “Mas não era meu, era dos irmãos Bryant que fizeram sucesso a jogar pares, revelou. Harden com 55 pontos na noite do regresso de Leonard James Harden voltou a estar em grande plano na noite passada, apontando 55 pontos na vitória dos Houston Rockets diante dos Cleveland Cavaliers (116-110). A equipa da casa até esteve à frente cerca de um minuto para o final, mas os Rockets realizaram uma ponta final espetacular, incluindo Harden, que se tornou no quarto jogador da história a converter pelo menos 10 lançamentos de três pontos.


CLASSIFICADOS emprego

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O PAÍS Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019

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TEMPO

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O PAÍS Sexta-feira,0 6d eD ezembrod e2 019

Fonte: INAMET

PREvISÃO DO TEMPO PARA AS PRINCIPAIS CIDADES Ê

válida de 12 a 14 de Dezembro de 2019 Ê

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) Ê

Ê

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 13 a 15 de dezembro de 2019Ê Data 13/ 12/ 2019

CIDADE

Mín

Estado do Tempo

Máx

Data 14/ 12/ 2019 Mín

Máx

Estado do Tempo

Data 15/ 12/ 2019 Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

23

32

Parcial nublado, pouco nublado pela tarde.

24

33

Parcial nublado, pouco nublado pela tarde.

24

32

Pouco ou parcialmente nublado.

CABINDA

23

31

Parcialmente nublado, chuvisco/ chuva fraca.

23

31

Parcial a muito nublado, chuvisco.

24

31

Parcialmente nublado.

SUMBE

25

30

Pouco a parcialmente nublado.

25

31

Parcialmente nublado.

25

30

Parcialmente nublado.

CAXITO

23

36

Pouco ou parcialmente nublado.

24

35

Parcialmente nublado.

24

35

Parcial a muito nublado.

MBANZA CONGO

21

35

Parcialmente nublado, chuvisco

21

33

Parcial a muito nublado, chuva fraca/ moderada

20

34

UIGE

19

31

Parcialmente nublado, chuvisco pela tarde

20

30

Nublado, chuva fraca a moderada/ trovoada

19

31

NDALATANDO

19

30

Pouco ou parcialmente nublado.

19

30

Parcialmente nublado, chuvisco/ chuva fraca.

19

31

Parcialmente nublado.

MALANJE

18

31

Parcialmente nublado, chuvisco.

19

30

Parcial a nublado, chuva/ trovoada.

17

31

Céu nublado, chuvisco.

DUNDO

20

29

Nublado, chuva fraca/ trovoada.

20

28

Parcial a muito nublado, chuva/ trovoada.

19

30

Parcial nublado, chuvisco/ chuva fraca.

SAURIMO

19

30

Nublado, chuvisco/ chuva fraca.

19

29

Parcial a muito nublado, chuva/ trovoada.

18

30

Pouco ou parcial nublado, chuvisco.

BENGUELA

22

30

Pouco nublado por vezes limpo.

23

31

Pouco ou parcialmente nublado.

22

31

Pouco ou parcialmente nublado.

HUAMBO

11

28

Pouco ou parcialmente nublado.

12

27

Parcialmente nublado, chuva fraca/ trovoada.

10

28

Parcialmente nublado, chuvisco.

CUITO

15

28

Pouco a parcialmente nublado, chuva fraca/ trovoada.

14

26

Parcial nublado, chuva fraca a moderada.

14

28

Céu parcialmente nublado.

LUENA

18

31

Céu parcialmente nublado, chuvisco.

19

31

Parcialmente nublado, chuvisco/ chuva fraca.

19

30

Parcial nublado, chuvisco/ chuva fraca.

LUBANGO

16

27

Pouco nublado ou limpo.

16

28

Pouco ou parcialmente nublado.

16

28

Céu parcialmente nublado.

MENONGUE

17

34

Céu parcialmente nublado.

17

35

Céu parcialmente nublado.

18

34

Céu parcialmente nublado, chuvisco.

MOÇÂMEDES

19

30

Pouco ou parcialmente nublado.

18

31

Céu pouco ou parcialmente nublado.

20

30

Céu pouco nublado.

ONDJIVA

17

33

Céu pouco ou parcialmente nublado.

18

32

Céu pouco nublado.

18

33

Pouco ou parcialmente nublado.

Parcialmente nublado, neblina. Parcial nublado, chuvisco/ chuva fraca.

Das 18 horas do dia 11 às 18 horas do dia 12 de Dezembro de 2019 REGIÃO NORTE: Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uige, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul Céu parcialmente nublado, apresentando-se muito nublado pela madrugada e manhã. Ocorrência de chuva fraca a moderada, acompanhada, por vezes, de trovoada, em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Malanje, LundaNorte e Lunda-Sul. Possibilidade de ocorrência de chuvisco ou chuva fraca em alguns municípios das províncias do Cuanza-Norte e Cuanza-Sul. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu parcialmente nublado, alternando com períodos de muito nublado em toda a região. Ocorrência de chuva fraca a moderada, acompanhada, por vezes, de trovoadas em alguns municípios da província do Moxico. Possibilidades de ocorrência de chuvisco a chuva fraca em alguns municípios das províncias do Huambo e Bié. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango Céu geralmente pouco ou parcialmente nublado, alternando com períodos de céu limpo.

O(a) Meteorologista: Miguel Pedro. Luanda, 12 de dezembro de 2019 Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.aoÊ

TEMPO NO MAR Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAvEGAÇÃO MARÍTIMA 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 12 DE DEzEMBRO DE 2019: Circulação de Sul a Sudoeste, em geral fraca a moderada. 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ ÀS 18:00 TU DO DIA 13 DE DEzEMBRO DE 2019: SEM AVISO.

DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 TU DO DIA 12/12/2019 ÀS 18:00 TU DO DIA 13/12/2019. O anticiclone de Santa Helena irá manter-se estacionário com pressão central de 1020hPa. Assim, prevê-se estado do mar pouco agitado da região marítima de Cabinda ao Cuanza-Sul, com ondas máximas de até 1.4 metros de altura. Para as regiões marítimas de Benguela ao Namibe, prevê-se estado do mar agitado, com ondas entre 1.4 e 1.9 metros de altura. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


OPINIÃO

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O PAÍS Sexta-feira, 06 de Dezembro de 2019

JOÃO ROSA SANTOS

Rio

A

inda não refeito do prematuro desaparecimento físico do amigo e colega de profissão, Abel Abraão, uma nova má notícia assalta o silêncio em meu lar e, de repente, uma onda de choros, gritaria, evocam e fazem pressupor uma grande tragédia familiar. Do outro da linha, uma voz rouca e embargada de emoção, anunciava o falecimento de Adelino de Sousa Sobrinho “Rio”, uma biblioteca de televisão, por sinal meu primo-irmão. Entre o sonho e a realidade, ainda meio atónito, com lágrimas tentei cair na real, perceber a dimensão da hecatombe, torcendo e apelando ao meu subconsciente a razão de, talvez tratar-se apenas e tão-somente algum equívoco, alguma fakenews. Apelei ao senhor para que assim fosse, mas nada. A notícia era verdadeira, o nosso Rio já era. Assim súbita, tão subitamente, sem se despedir, tão pouco nada o fazia prever, partiu para o além, em busca de um novo rumo, na conquista de novos horizontes, queria descansar a sua alma em paz. O Rio era tão somente igual a si

DR

próprio. Irreverente, amava a vida e a liberdade como ninguém. Amigo dos seus amigos, sabia semear, cultivar, cativar, alavancar as regras mais elementares da sã convivência humana. A sua alegria, o seu amor à profissão sempre contagiaram. Era como uma máquina bem programada, que fazia do dever uma obrigação e do lazer e da harmonia uma fonte inesgotável de reposição de energias. O sangue que em suas veias circulou, é o mesmo que circula nas minhas. A minha mãe, é a mais velha, o seu pai, veio logo a seguir, fi lhos de nossos finados avós. E, foi assim como crescemos, cada um, como cada qual, felizes por fazermos parte de uma família de e com valores, um berço onde a dignidade sempre imperou. Quis o destino que, infelizmente, ainda muito jovem, o Rio perdesse a mãe e o pai. Logo depois, como se de uma sina maléfica se tratasse, de tempos a tempos, outros irmãos sucumbiram. Dos onze da prole, apenas ele e mana Marica, seguiram vivos. Apesar dos pesares, o Rio nunca se rendeu. Seguiu fi rme e de pé. Tal como dizia, a família era grande, sentia conforto, afecto, amor pois, enquanto uns mor-

rem, outros nascem, seguindo a lei, a dialéctica da vida. Homem refi nado, realizador de créditos fi rmados, Rio fez da TPA a sua casa, o seu ponto de partida e de chegada, o seu porto seguro. Para além desta estação televisiva nada mais lhe interessava, nada de outras aventuras porque, aí, conheceu o seu único e primeiro emprego, somente televisão aprendeu e sabia fazer. Na incógnita e no vazio do tempo, rebusquei e repensei as palavras do Chico Mendes, aquando da recente visita presidencial às instalações da TPA em camama e, rápido compreendi a razão de ser das suas palavras, sinceras e humildes, o pessoal da comunicação merece mais atenção, um pouco mais de consideração, algum de reconhecimento. O Rio para todos, entre nós o Primo Lino, em família era um comboio de alegria, uma espécie de vitamina de boa disposição porque, para ele, a vida era urgente, e o mais importante era saber viver, sem tristezas, rancores ou maldições. Se ele ainda hoje falasse, seria cada qual com seu cada um, palavras sábias de alguém que conhecia e dominava a ambiência Luandina, facilmente percebia as diferentes tonalidades musicais, o bom semba, onde casais, raramente aceitavam perder o som e o compasso da dimba. O Rio era um homem íntegro, de aqui e de acolá. Desde a cidade à periferia, sabia colher simpatias, estar presente em todos os momentos e climas familiares ou de amigos, emprestar a sua alegria, aconselhar e desfrutar de boas sentadas, agradáveis bate-papos que, por via de regra, pediam sempre bis. Mas, enfi m, são os ditames da vida, uns partem mais cedo, outros mais tarde. Ainda assim ele estará sempre presente, é o nosso kamba, o mano, o primo amigo. Fica calmo, pode ser, algum dia vamos voltar a nos dar kandando e sorrir com os olhos secos, numa velha ou nova centralidade, onde quer que estejas.


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