POrTO dE LUANdA rEdUZ
NOVA FAMÍLIA dO KWANZA APrOVAdA NA ASSEMBLEIA NACIONAL
O Porto de Luanda registou uma queda na movimentação de carga de pelo menos 1 milhão de toneladas durante o presente ano, segundo informações avançadas pelo Conselho de Administração. P. 27
A terceira Reunião Plenária Ordinária da terceira Sessão Legislativa da Assembleia Nacional apreciou e aprovou a proposta de lei que autoriza o Banco Nacional de Angola a emitir e pôr em circulação uma nova família de notas do Kwanza. P. 8
MOVIMENTAÇÃO dE CArGA EM 1 MILHÃO dE TONELAdAS EM 2019
Director: José Kaliengue
O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA
www.opaís.co.ao Edição n.º 1693 e-mail: info@opaís.co.ao Sexta-feira, 20 /12 /2019 @Jornalopaís Preço: 40 Kz facebook/opaís.angola
ZANGO 5
ESPECIAL
MACAU
“UM PAÍS, DOIS SISTEMAS” BENEFICIA MACAU
“Macau terá um bom futuro com a integração no desenvolvimento nacional”. Pg. 12
EXECUTIVO rEABrE VENdA dE HABITAÇÕES EM JANEIrO dE 2020
O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
Construção da Área da Grande Baía de Guangdong, Hong Kong e Macau avança a passos largos. Pg. 20
“Um País, Dois Sistemas” Caminho viável, objectivo alcançável e resultado aplaudível -Celebrando o 20º Aniversário do Retorno de Macau à China
“Comunidade angolana em Macau está bem Pg. 18 integrada”
Pg. 22
Macau, 20 anos de soberania chinesa e tudo o que mudou. P. 11-22
ÚLTIMA. A centralidade do Zango - 5 dispõe de 7 mil e 964 habitações que albergarão 48 mil habitantes, sendo que todas as moradias são da tipologia T3. P. 32
ARQUiVO/OPAÍS
BAI disponibiliza 50 vagas de bolsas de estudo para jovens de todo país ● O Banco Angolano de Investimento (BAI) anunciou ontem, em Luanda, que tem 50 bolsas de estudos para licenciatura no Instituto Superior de Administração e Finanças (ISAF), bem como os requisitos necessários para os candidatos, como o máximo de 25 anos de idade e média igual ou superior a 15 valores. P. 10
Paixão Júnior paga salários em atraso de forma faseada
BNA TrANSFErIU USd 500 MILHÕES A FAVOr dE CONSÓrCIO INEXISTENTE af_bai_nahora_imprensa_276x42,733mm_empresa.pdf
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18/11/19
15:05
P. 2
● A direcção do Progresso do Sambizanga, encabeçada por Paixão Júnior, vai, na próxima semana, resolver o passivo que tem com os jogadores e os treinadores, de acordo com uma fonte ligada ao clube sambila. P. 28
EM FOCO
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O PAÍS Sexta-feira, 20 de Novembro de 2019
BNA transferiu USD 500 milhões a favor de consórcio ‘fantasma’ O ex-governador
do BNA, Valter Filipe, revelou, ontem, em tribunal, que o consórcio Mais Financial Service, SA e Resource Project Partnership Ltd, com o qual havia celebrado o Acordo de Alocação e Gestão de Activos ainda não estava constituído na altura em que, por exigência deste, ordenou a transferência dos 500 milhões de dólares para uma conta da empresa Perfectbit
Paulo Sérgio
E
ste montante (USD 500 milhões) foi transferido para a conta da empresa Perfectbit no dia 18 de Agosto de 2017, a mando de Valter Filipe, que recebera as suas coordenadas bancárias dos seus parceiros no aludido consórcio. O consórcio Mais Financial Services & Resource Partnership, por seu turno, haviam celebrado o acordo com a Perfectbit um dia antes, de acordo com a acusação. A empresa Mais Financial Services pertence ao empresário angolano Jorge Gaudens Pontes Sebastião e a Resource Partnership ao cidadão estrangeiro Hugo Onderwoter. Questionado pelo procuradorgeral adjunto da República, Pas-
Válter Filipe em tribunal
coal Joaquim, se quando ordenou que se fizesse a transferência o consórcio já existia, Valter respondeu que só em Novembro de 2019 é que tomou conhecimento de que o mesmo não havia sido constituído antes da assinatura do referido acordo.
“Em 2019, no mês de Novembro, ao conversar com o meu advogado [Sérgio Raimundo] tomei conhecimento da acusação, da contestação ou de outro documento, que o consórcio não havia sido constituído antes da assinatura do contrato de alo-
Valter acusa Archer de prestar falsas declarações à PGR
tugal) com os proponentes da criação do fundo de financiamento de 30 mil milhões de euros para o país, designadamente Jorge Gaudens e o português Hugo Onderwoter, respondeu positivamente. Respondeu que regressaram de Portugal no dia 21 de Junho de 2017. Depois, Archer Mangueira telefonou para ele, no período da manhã, a fim de lhe informar que haviam sido convocados para uma audiência conjunta com o Presidente José Eduardo dos Santos. Disse ter ficado espantado quando Archer Mangueira lhe informou que já havia enviado um memorando ao ex-Presidente da República, quando haviam sido orientados a elaborar um conjunto entre o Ministério das
Depois de ter acusado o seu substituto no cadeirão máximo do BNA, José de Lima Massano, de induzir a Procuradoria-Geral da República em erro, Valter voltou a fazer o mesmo exercício ontem. Desta vez, o seu alvo foi o antigo ministro das Finanças, Archer Mangueira, que acusa de ter prestado falsas declarações à PGR durante a fase de instrução processual. Questionado se teve acesso ao parecer que Archer Mangueira enviou ao então Presidente da República, em função dos resultados da reunião que eles os dois e José Filomeno dos Santos “Zenu” tiveram em Lisboa (Por-
cação de verbas”, frisou Valter. Pascoal Joaquim instou o arguido a esclarecer como é possível o acordo assinado entre o consórcio Mais Financial Services & Resource Partnership e o BNA, em Londres, Inglaterra, ter a mesma data, 10 de AgosFinanças (Minfin), o BNA e a Mais Financial Service. Porém, a pedido do seu ex-colega no Governo, foi ao seu encontro na sede do Minfin, onde leu o parecer antes de irem ao Palácio Presidencial. “O Presidente da República apercebendo-se que aquele não era o parecer conjunto que havia orientado, mandou anular e orientou que fossem trabalhar num parecer conjunto”, frisou. Valter sublinhou que entende, com isso, que Archer Mangueira prestou falsas declarações em sede de instrução quando apresentou à PGR tal parecer que tem a assinatura de José Eduardo dos Santos. Julga que o mesmo foi remetido ao Ministério das Finanças pelo então Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil para os convocar
to de 2017, do despacho em que o então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que se encontrava em Luanda, autorizou o estabelecimento de tal parceria. Ele respondeu que isso se deveu ao facto de o ex-Chefe de Estado, enquanto líder de todo o processo, ter assinado no mesmo dia. Interrogado se ao longo de todo o processo teve algum aconselhamento ou advertência de pessoas ou entidade para não enveredar pela contratação da aludida empresa ou para não efectivar a operação, o ex-banqueiro disse que não se recorda de tal situação. “Sendo certo é que o que a UIF [Unidade de Informação Financeira] fez é pedir ao BNA uma explicação sobre a transferência realizada. Não me recordo também de ter tratado dessa matéria em pormenor com a directora da UIF”, frisou. Acrescentou de seguida que “se assim tivesse de ser, era competência da UIF notificar o BNA fundamentando com profundidade o devido conselho”. Valter declarou que não lhe passaria pela cabeça que o então Presidente da República lhe estivesse a instruir e orientar a um acto que se traduziria em prática de uma operação duvidosa. para a audiência. Durante a audiência que ambos mantiveram com o José Eduardo dos Santos, este anulou o parecer elaborado unilateralmente e orientou que fizessem um conjunto. Pelo que, do seu ponto de vista “é gravíssimo um ministro das Finanças entregar à PGR um tal memorando (unilateral), que foi a base e o fundamento da acusação, tendo o então o ministro consciência de que o Presidente da República havia orientado que se elaborasse um parecer conjunto”, frisou. “Então, neste caso, será que este documento é falso?” Questionou o procurador, ao que Valter respondeu que é verdadeiro e que tem dúvidas de que neste tribunal apareçam documentos falsos.
4 dESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 08 Lei Orgânica sobre as Eleições Autárquicas aprovada na Assembleia Nacional
SOCIEdAdE. PÁG. 10 BAi disponibiliza 50 vagas de bolsas de estudo para jovens de todo país
o editorial
HOJE: os números do dia
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Macau
CArTAZ. PÁG. 25 Ndaka Yo Wiñi este Sábado no hall da LAC –Luanda Antena Comercial
ACTUAL. PÁG 27 igreja Tocoista doa bens às vítimas da seca do Cunene
H
á vinte anos, Portugal fechava as portas do seu império, recolhido naquele seu retângulo continental e os arquipélagos dos Açores e Madeira. Macau era devolvido à China, integrando-se na fórmula “um país, dois sistemas”, tal como Hong Kong. Na memória angolana, a “pérola do oriente” tem marcas interessantes, os têxteis de lá vindos, cá para a “pérola da coroa”, cobriram boa parte da população. Sim, vestiu-se Macau em Angola, tal como hoje se veste made in China hoje. Mas houve também trocas de sangue, encontros e desencontros, como continua a haver, com uma comunidade angolana em Macau organizada, e empresários de lá em Angola. OPAÍS juntouse ao jornal chinês Diário do Povo e à Plataforma Macau e traz, na presente edição, um caderno especial sobre a ilha de lótus, a parte chinesa da nossa língua, que pode ser uma porta de entrada na Ásia.
o que foi dito
ECONOMIA. PG. 26 Porto de Luanda regista queda na movimentação de cargas em 2019
“
O partido vai continuar a trabalhar para que a juventude, sobretudo de Malanje, tenha cada vez mais emprego, saúde e melhor educação” Albino Carlos
Secretário do Bureau Político do MPLA para a informação
O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
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Não, eu sentia-me muito bem em Portugal. Lisboa é uma cidade linda e Portugal é um país muito bom. Adaptei-me bem aos companheiros e até hoje falo com eles” Ga-
bigol
Avançado do Flamengo do Brasil
Cidadãos angolanos, indiciados pelo crime de burla, e um namibiana, acusado de tráfico de diamantes, detidos pela Polícia Nacional, foram apresentados, à imprensa, no Cunene, pelo Serviço de investigação Criminal (SiC). Mil mudas de café Arábica foram distribuídos, ontem, a 30 famílias camponesas da Ombala Cajimbi, adstrita ao município de Londuimbali, província do Huambo.
Bolsas de estudo para licenciatura no instituto Superior de Administração e Finanças (iSAF), nos cursos de contabilidade e finanças, gestão bancária, seguros e informática de gestão financeira, para todos os jovens. Famílias residentes nos bairros periféricos da cidade do Soyo, província do Zaire, ficaram com as residências alagadas em consequência da forte chuva que se abateu na localidade Quartafeira.
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A decisão da transferência dos 500 milhões de dólares foi do exPresidente da República, José Eduardo dos Santos, que estava a liderar todo o processo de financiamento” Valter Filipe Ex-governador do Banco Nacional de Angola
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O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
e assim... José Kaliengue Director
Que cure, ao menos
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com Luzia dumbo Aberdolai e saiba mais sobre a implementação de políticas públicas em Angola e o combate à criminalidade
Q
www.opais.co.ao Zango 5 (Luanda) : Depois de inaugurada a escola, ontem, o Presidente João Lourenço e Primeira-dama, Ana Dias Lourenço, posaram para a foto com dezenas de crianças do Zango - 5 (Jacinto Figueiredo)
o que vai acontecer Basquetebol As equipas do 1º de Agosto e interclube centralizam as atenções da 3ª jornada do Campeonato Nacional sénior masculino de basquetebol, hoje, em partida a ter lugar, às 18 horas, no Pavilhão Victorino Cunha, em Luanda, e em caso de vitória alcançam o topo da classificação. Ambas têm quatro pontos no segundo e terceiro lugares da tabela classificativa, liderada pelo Petro de Luanda com seis pontos, e a vencedora juntar-se-á à primeira posição, visto que os petrolíferos realizaram já a sua partida referente a esta jornada.
Saúde A província do Bengo contará, no primeiro trimestre de 2020, com um núcleo de toxicologia para dar resposta aos casos deste fórum, com destaque para os acidentes com cobras venenosas. Segundo a directora do Gabinete Provincial da Saúde do Bengo, Victória Cambuanda, a criação do núcleo vai permitir uma melhor interligação da província com o Cimetox, que funciona em Malanje, e com a capital da província de forma a melhorar o diagnóstico e tratamento dos casos de acidentes do fórum toxicológico. A responsável disse que a falta de um núcleo de toxicologia tem causado a irregularidade de informações.
Gastronomia O gastrónomo
João Gonçalves apresenta, amanhã, às 18:00, no Hotel de Convenções de Talatona, em Luanda, a quarta edição do livro “Gastronomia Angolana e internacional”, distinguido em 2015, em Paris, pela Academia internacional de Gastronomia, com o prémio “Literatura Gastronómica”. De acordo com o autor, o livro foi alvo de acréscimo de novos elementos sobre a culinária angolana e internacional. “Procuro enfatizar a dimensão da gastronomia angolana, em particular, e a africana, de forma mais generalizada. Pretendo apresentar o livro em Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Portugal e Brasil.”
Festival “Não existe luz dentro do espelho”, de Kiluanji kia Henda, e “Ar Condicionado”, realização de Fradique e produção da Geração 80, foram seleccionados para a 49ª edição do Festival internacional de Cinema de Roterdão (iFFR), que se realiza de 22 de Janeiro a 2 de Fevereiro. Escrito, produzido e rodado no país pela Geração 80, o filme “Ar Condicionado”, que faz parte da categoria “Bright Future”, terá a estreia mundial no iFFR, algo que, para a organização do festival, “prova que o cinema artístico em Angola está ‘vivo e de boa saúde’.” A história do filme começa “quando os ares-condicionados da cidade de Luanda começaram misteriosamente a cair.”
uando era criança havia aquela... vou lhe chamar de máxima, para enfrentar a pica (não pensem com cérebros narcóticos, era a pica mesmo, de injecção) que dizia: “dói, mas cura”. Espero que no caso de Angola a injecção seja bem doseada e com o medicamento certo, que cure e não mate ou deixe sequelas para sempre. Refiro-me a este processo de combate à corrupção que começa, de facto, a doer. Dói porque chega a gente “grande” e talvez a conjuntura vá exigir que não se fique por aqui, é como abrir uma porta em pleno vendaval, há que ter forças nos braços para a fechar. Não estou a dizer que deve terminar a luta contra a corrupção, livra! Apenas que os julgamentos estão a remexer coisas cujas dores vamos levar tempo a esquecer. Se calhar tinha de ser assim mesmo, para os implicados, mas o Estado deveria ser protegido de outra forma. Alguém vai pensar que estou a apelar para julgamentos à porta-fechada, nada disso, o vendaval está no auge, não se pode mais fechar a porta, seria um golpe contra a democracia e contra os propósitos e a imagem do “projecto”. Seria o descrédito. Mas, se Augusto Tomás, preferiu confiar nos seus créditos de “bom gestor” e de bom militante como defesa, os novos julgamentos já nos revelaram o nome as nacionalidades de um espião, nomes de oficiais dos serviços de segurança, truques de procedimentos, etc. E também as falhas. Agora, no julgamento do caso 500 milhões de dólares, ficamos a saber que a operação era sigilosa, que o actual Presidente foi posto ao corrente, assim como alguns dos seus colaboradores mais próximos. Ficamos a saber das falhas no BNA motivadas pelo dito sigilo e ficamos a saber, sobretudo, que os de “lá de cima” se “comem vivos” e que a lealdade, honestidade e outras prendas de bons meninos de nada valem. O que conta é o poder ou a sua proximidade. Só que não estamos sós neste planeta... Isto pode doer e não curar.
E também... Dia de São Nemésio - 19 de Dezembro Dia Internacional da Solidariedade Humana Próximo Dia Internacional da Solidariedade Humana - 20 de Dezembro A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas em 2005, por ocasião da celebração da primeira década das Nações Unidas para a Erradicação da Pobreza (1997-2006).
6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
NO TEMPO dO KAPArANdANdA
Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao
OPAÍS
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Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 Vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares
20 de dezembro 1989 - Os EUA
desencadeiam uma ofensiva militar no Panamá, invocando a necessidade de capturar o general Antônio Noriega, acusado, pelos Estados Unidos, de tráfico de droga.
1991
20 de dezembro - A actriz italiana Sophia Loren recebe, em França, das mãos de François Mitterrand, a legião de honra.
1992
20 de dezembro - O angolano Joaquim Pinto de Andrade recebe, em Lisboa (Portugal), o prémio Pax Christi internacional.
CArTA dO LEITOr
O Estado nunca responde Caro director do jornal OPAÍS, Eu não sei se o cidadão deve mesmo respeitar o Estado ou o Governo, porque o Governo não nos respeita. Eu dei entrada a uns documentos para o direito de superfície e autorização de obras num terreno na zona do Ramiros desde o tempo do governador Kapapinha, em Luanda, até hoje não tive resposta, mas vejo que o terreno já está a ser comido por outras pessoas. Eu quero tudo legal, mas o Estado quer que eu faça tudo na ilegalidade. Felizmente, tenho onde morar, numa casa que, no entanto, só há pouco tempo consegui, mas se tivesse tido resposta antes, de certeza que aquela seria a minha casa. Paguei os selos, dei entrada no Governo Provincial, na Administração Municipal e até na capitania do Porto de Luanda, ninguém responde. Este Estado é mesmo sério? Se calhar, ou já venderam o terreno a terceiros, ou um
DR
dia vou ficar a saber que está com um dos chefes ou ex-chefes destas instituições. E se eu recorrer aos tribunais, também já sei que vai demorar anos até ter uma resposta. Ou tenho de ser bruto? É nisto que o Estado nos quer tornar. Já voltei a escrever, agora ao governador Rescova, só quero ver quanto tempo vai demorar a resposta ou se um dia vou receber a
resposta. Nós, o povo angolano, temos muita paciência, porque isto não é um caso de falta de eficiência das instituições como se elas fossem máquinas, é dos operadores das máquinas, que não têm qualquer vontade de resolver os problemas do povo, ainda mais quando és mesmo povo, porque entre eles, como estamos a ver no combate à
corrupção, os processos sempre andaram muito depressa, para ficarem com o que não lhes pertence ou para aplicarem o dinheiro que alguns roubaram.
Baptista Almeida Luanda
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UMA FAMÍLIA DE 2 MILHÕES. Pela inclusão e literacia financeira, o BFA é uma referência no mercado angolano. Mais de 2 milhões de Clientes são o testemunho da Excelência, Inovação e Solidez do BFA. BFA - O Banco de todos os angolanos.
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POLÍTICA
O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
Lei Orgânica sobre as Eleições Autárquicas aprovada na Assembleia Nacional A terceira Reunião Plenária Ordinária da terceira Sessão Legislativa da Assembleia Nacional apreciou e aprovou, entre outros, também a proposta de lei que autoriza o Banco Nacional de Angola a emitir e pôr em circulação uma nova família de notas do Kwanza daniel miguel
Neusa Filipe
A
proposta de Lei Orgânica sobre as Eleições Autárquicas foi à votação final global ontem, na terceira Reunião Plenária Ordinária da terceira Sessão Legislativa Assembleia Nacional, tendo sido aprovada com 169 votos a favor, quatro votos contra e nenhuma abstenção. O grupo parlamentar da UNITA considerou, na sua declaração política, que as autarquias são mais do que a partilha do poder, pois representam uma oportunidade para tornar efectivo o combate às assimetrias regionais e o consequente desenvolvimento local. Avançou que, com as autarquias, o Executi-
vo deixa de ter o peso excessivo que carrega actualmente no modelo centralizado, passando certas responsabilidades para os munícipes organizados em autarquias. O grupo parlamentar do MPLA, apelou, por seu turno, à moralização dos cidadãos e servidores públicos, a acreditarem que, apesar das dificuldades vividas hoje, o futuro será promissor, alegando que o fim de alguns subsídios e o alargamento da base tributaria fazem parte das reformas em curso que vão ajudar a corrigir vícios, práticas ou tradições que não ajudaram a distribuir equitativamente a riqueza nacional. Nova família de notas do Kwanza A terceira Reunião Plenária apreciou e aprovou também a proposta de lei que autoriza o
Welwitscha dos Santos “Tchizé” sai...
Paulo Horácio de Cerqueira Carvalho entra.
Banco Nacional de Angola (BNA) a emitir e pôr em circulação uma nova família de notas do Kwanza. A referida proposta foi aprovada na generalidade com 128 votos a favor, 51 abstenções e nenhum voto contra. A nova série prevê notas de valor facial de 200, 500, 1000, 2000, cinco mil e dez mil Kwanzas, a partir de 2020, sob o fundamento de aprimorar os dispositivos de segurança da moeda, bem como os seus substratos, com uma maior durabilidade e melhor qualidade, assim como proceder-se-á a alteração dos rostos nas novas notas. O governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano, esclareceu que o Banco Nacional de Angola, independentemente da entrada ou não em circulação de uma nova família, tem encargos anuais com o saneamento do meio circulante e com a manutenção das notas
que circulam hoje na economia. “Temos as notas com o nível de qualidade que temos hoje, isso é também um esforço financeiro elevado que faz o Banco Nacional de Angola. Nós retiramos da circulação, em média, cerca de trezentos milhões de notas, com um valor financeiro na ordem dos quinze mil milhões de kwanzas por ano. Trata-se de um esforço que o BNA faz anualmente, em média, para preservar a qualidade das notas”, referiu. Relativamente às despesas associadas, explicou que o BNA tem um orçamento próprio e que esta despesa não faz parte do Orçamento Geral do Estado. Sobre a produção de notas, José de Lima Massano sublinhou que para a produção da próxima família do Kwanza já foi realizado um concurso internacional limitado, e, para a próxima produção do Kwanza, o BNA deverá contar com três entidades a produzirem notas, nomeadamente, uma alemã, uma russa e outra norte-americana. Movimentação de deputados A terceira Reunião Plenária aprovou, de igual modo, o relatório parecer conjunto sobre a movimentação de deputados solicitada pelo grupo parlamentar do MPLA, tendo substituído a deputada Welwitscha dos Santos “Tchizé”. Na sequência, foi indicado o deputado Paulo Horácio de Cerqueira Carvalho, número 120 da lista de efectivos do círculo eleitoral nacional, que passa a integrar a Comissão de Cultura, Assuntos Religiosos, Comunicação Social, Juventude e Desportos, em substituição da deputada Welwitscha dos Santos. O Regimento da Assembleia Nacional estabelece que a perda de mandato de um deputado dá lugar a sua substituição definitiva, nos termos da alínea b, do número 01 do artigo 14º do Estatuto do Deputado, em que a vaga ocorrida deve ser preenchida segundo a respectiva ordem de precedência da lista a que pertencia o titular do mandato vago.
Que esta relação de confiança perdure por muitos e bons anos, para continuarmos a celebrar juntos cada momento. Desejamos-lhe um Feliz Natal e um próspero Ano Novo, com o Banco BIC e o BIC Seguros sempre ao seu lado.
sociedade
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O PAÍS Sexta-feira,20 de Dezembro de 2019
BAI disponibiliza 50 vagas de bolsas de estudo para jovens de todo país O Banco Angolano de Investimento (BAI) anunciou ontem, em Luanda, que tem 50 bolsas de estudo para licenciatura no Instituto Superior de Administração e Finanças (ISAF), bem como os requisitos necessários para os candidatos: o máximo de 25 anos de idade; que tenham média igual ou superior a 14 valores no ensino médio; e nota igual ou superior a 15 no exame de ingresso na instituição Maria Teixeira
A
s bolsas destinamse a estudantes dos cursos de Contabilidade e Finanças, Gestão Bancária e Seguros e Informática de Gestão Financeira que, além dos requisitos acima mencionados, tenham a
cedida
O evento teve lugar, ontem, na sala de reuniões do 2º piso da Academia BAI, com a a presidente da Comissão Executiva do BAI, Noelma Viegas D´Abreu e a directora de Capital Humano, Irene Graça
situação militar regularizada e registo o criminal limpo. Durante o processo de selecção das candidaturas, os bolseiros passarão por um painel de selecção composto por professores do ISAF, técnicos e psicólogos da Academia BAI, bem como por profissionais do Banco BAI. Os candidatos serão submetidos a entrevistas e testes de personalidade de carácter eliminatório,
20 certificados falsos encontrados Noelma Viegas D´Abreu fez saber que a instituição tem filtrado alguns certificados devido ao aparecimento de falsos documentos, uma vez que já se depararam com casos do género no ano passado. “Tivemos no ano passado 20 certificados falsos. Por essa razão, quando recebemos as candidaturas, enviamos para o Ministério da Educação para nos
“As boas notícias são de que, apesar de haver essa abertura em termos de vagas, nós privilegiamos e queremos, de facto beneficiar o mérito ”
asseguramos que, de facto, os certificados que recebemos são autênticos e válidos”, esclareceu. Por sua vez, a directora de Capital Humano, Irene Graça, explicou ser um programa de bolsas internas e externas e durante o tempo de formação a academia vai observando a continuidade do programa, no sentido de as propinas que foram estabelecidas melhorarem as condições dos próprios bolseiros. “Nós temos não só candidatos de Luanda, mas pessoas que vêm das outras provín-
sendo que os candidatos apurados serão anunciados em Março. Durante a conferência de imprensa, a presidente da Comissão Executiva do BAI, Noelma Viegas D´Abreu, fez saber que no ano passado puseram à disposição dos jovens 100 vagas e tiveram cerca de 400 candidatos. Mas, destes, apenas 29 reuniram um dos requisitos que estabelecidos, que era a média de 15 valores na prova de acesso ao
cias com condições extremamente precárias e decidimos, na nossa última reunião, para o programa deste ano melhorar a bolsa, no sentido de aumentar as condições”, disse. De igual modo, diminuir o número de vagas. “Temos nesse momento 50 vagas em vez de 100, o que, de certa forma, ainda está acima do número que conseguimos no ano passado”, disse. Esclareceu que este ano, a academia aumentou a cobertura das despesas do dinheiro e alimentação. Os candidatos
Instituto Superior de Administração e Finanças e a manutenção de 14 valores como média ao nível do desempenho. “As boas notícias são de que, apesar de haver essa abertura, em termos de vagas, nós privilegiamos e queremos, de facto, beneficiar o mérito. Nós vamos manter os critérios. Dos 29 alunos selecionados, valeu a pena a aposta. São estudantes que mantiveram e terminaram o primeiro ano com a média de 14 valores”, disse. Explicou que têm como evolução passarem a um estatuto de fundaçao (a academia), assumindo a responsabilidade do investimento e da responsabilidade social em quatro grandes eixos, nomeadamente Educação, Cultura, Desporto e a Saúde. Salientou que gostariam que mais pessoas em todo o país se candidatassem a uma das vagas, uma vez que os candidatos das restantes províncias têm o direito a “Bolsa Integral”, que contempla, para além do valor anual de propina, subsídios de alojamento e alimentação. Mais de 900 milhões de kwanzas investidos O BAI investiu para os próximos oito anos nesse programa de bolsas de estudo a estudantes do Instituto Superior de Administração e Finanças (ISAF) 990 milhões de kwanzas. Segundo Noelma Viegas D´Abreu, este programa será distribuído em dois ciclos de licenciatura que serão de quatro em quatro anos. “O que nós queremos é pôr no mercado potenciais bons profissionais para as outras instituições”, disse.
provenientes de outras províncias, como têm mais necessidade e menos suporte, recebem um valor superior do que os de Luanda, que são entre 74 e 75 mil kwanzas, e os de Luanda de 43 a 45, mas com tudo pago. Realçar que os interessados podem remeter os processos presencialmente na secretaria do ISAF (Luanda, Morro Bento, na Av. Pedro de Castro Van-Dunem ‘Loy’) ou através do endereço electrónico: bolsasdeestudoBAI@isaf.co.ao até 15 de Fevereiro.
ESPECIAL
MACAU
O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
“UM PAÍS, dOIS SISTEMAS” BENEFICIA MACAU
“Macau terá um bom futuro com a integração no desenvolvimento nacional”. Pg. 12
Construção da Área da Grande Baía de Guangdong, Hong Kong e Macau avança a passos largos. Pg. 20
“Um País, Dois Sistemas” Caminho viável, objectivo alcançável e resultado aplaudível -Celebrando o 20º Aniversário do retorno de Macau à China Pg. 22
“Comunidade angolana em Macau está bem integrada” Pg. 18
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WU JiAYi/ASSOCiAçãO DE iNTERCâMBiO DE CULTURA CHiNESA
Ponte Hong KongZhuhai-Macau à noite
“Macau terá um bom futuro com a integração no desenvolvimento nacional O maior sucesso de Macau consiste em insistir no fundamento de ‘um país’ e aplicar a vantagem de ‘dois sistemas, e integrar-se no desenvolvimento nacional”, afirmou Jianhua Xu, director do Departamento de Sociologia da Universidade de Macau, num simpósio realizado recentemente
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Por He Linping, Diário do Povo
o longo dos últimos 20 anos, período que decorre após o retorno de Macau à China, a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) tem registado um crescimento económico, melhoria do bem-estar e a estabilidade social, com o PIB local a saltar dos MOP$50 biliões em 1999 para os MOP$ 440 biliões em 2018, enquanto o PIB per
capita amentou dos MOP$ 120 mil para os MOP$ 660 mil durante o mesmo período. Nas últimas quatro décadas, Hong Kong e Macau participam, activamente, no processo de reforma e abertura, e de modernização nacional, e o desenvolvimento do país também proporciona oportunidades para as duas cidades. Para Lin Wu, director do Instituto dos Estudos sobre o Desenvolvimento de Guangdong, Hong Kong e Macau, Universi-
dade Sun Yat-sen, a adesão activa ao desenvolvimento nacional é a força-motriz de Macau para manter a prosperidade e estabilidade duradouras, enquanto a respeito rigoroso da Constituição e a Lei Básica é a garantia fundamental do Estado de direito de Macau. O vice-director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Deng Zhonghua, atribuiu os “êxitos conquistados por Macau a quatro aspectos: “respei-
tar e salvaguardar as ordens articuladas pela Constituição e a Lei Básica; manter e desenvolver a tradição da paixão a Macau e à Pátria; seguir o consenso social de desenvolver a economia e melhorar o bem-estar; e consolidar e desenvolver a cultura histórica.” A professora associada do Departamento de Comunicação da Universidade de Macau, Wu Mei, disse que através de uma pesquisa aleatória, os alunos das escolas primárias e secundárias
têm um conhecimento claro sobre a história e cultura da China, com um alto grau de identificação nacional e a vontade de se integrar no país. Após o retorno de Macau à China, a RAEM desempenha o seu papel particular de intercâmbio com os países de língua portuguesa, tendo contribuído na construção da iniciativa “Uma faixa, Uma Rota” para o desenvolvimento da Grande Área de Baía de Guangdong, Hong Kong e Macau.
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13 Opinião
Princípio “um país, dois sistemas” beneficia Macau Há 20 anos aplica-se na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) o princípio “um país, dois sistemas”. “Grandes mudanças aconteceram após o retorno de Macau à China. Um dos motivos fundamentais desses acontecimentos são os benefícios decorrentes da política ‘um país, dois sistemas’”, afirmou Luo Jianwei, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Macau
Por Cheng Long, Sun Liji, Diáro do Povo
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maior entrave ao desenvolvimento de Macau consiste na exiguidade do seu território. Em 2009, foi criada a nova área de Hengqin, na cidade de Zhuhai, defronte à ilha da Taipa. O campus de Hengqin da Universidade de Macau é o primeiro projecto da nova área partilhado com Macau – durante o período de construção aplicaram-se no campus as leis da parte continental da China, sendo que após a sua entrada em funcionamento, passaram a vigorar as leis de Macau. Hengqin veio, assim, suprir as limitações territoriais de Macau, aprofundando o espectro de acção do princípio “um país, dois sistemas”. Em Agosto de 2017, Macau foi profundamente afectada pela passagem do tufão Hato, o qual causou perdas humanas e materiais. A pedido do governo local, mais de mil soldados da guar-
nição do Exército de Libertação Popular da China em Macau participaram nas operações de resgate e restituição da normalidade. Para expressar o seu agradecimento, os cidadãos de Macau foram vistos inúmeras vezes a oferecer-lhes alimentos e água potável. Antes do retorno à China, o governador de Macau era nomeado por Portugal. Só em 1997 passou a haver um chinês a assumir o cargo de secretário no Governo de Macau. Após 1999, o Governo Central e o Governo da RAEM garantem a manutenção de um sistema democrático, em conformidade com a Lei Básica de Macau e demais regulamentos relevantes da Assembleia Popular Nacional, tendo sido realizadas eleições de quatro mandatos de chefes do Executivo e cinco Assembleias Legislativas. Um total de 186 pessoas participaram nas eleições directas da 6ª Assembleia Legislati-
va em 2017, criando um recorde histórico, com o registo de 307.020 eleitores - um aumento de 11,23% em comparação com a edição anterior. “Macau administrada por pessoas de Macau” corresponde às aspirações dos residentes locais no que concerne à participação em assuntos políticos. Dos dois lados da Avenida de Almeida Ribeiro vêem-se diversas lojas e restaurantes, repletas de uma multidão de turistas. Após o retorno à Pátria, Macau promoveu as indústrias de turismo, restauração, hotelaria e exposições, atingindo um dos crescimentos económicos mais rápidos no mundo. Entre 1999 e 2018, o PIB de Macau aumentou de MOP$ 47,3 biliões para MOP$ 440,3 biliões, com um PIB per capital a aumentar de USD 15.000 a USD 83.000. Com os esforços envidados ao longo dos anos, Macau obteve resultados na diversificação da sua economia. No final de 2018, o secretário para a Economia e Finanças da RAEM, Lionel Leong Vai Tac, afimou que o valor acrescido das indústrias de exposições, finanças, medicina tradicional chinesa e criatividade atingiu o marco dos MOP$32,08 biliões - um aumento de 23,61% face aos indicadores homólogos de 2015. Macau aderiu ao longo das últimas duas décadas à senda de desenvolvimento nacional. Com o lançamento do Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais (CEPA), o aprofundamento da cooperação regional da foz do rio das Pérolas e o programa do desenvolvimento da Área da Grande Baía, Macau tem vindo a abraçar cada vez mais oportunidades.
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Política de “um país, dois sistemas” deverá prevalecer A política “um país, dois sistemas” foi adoptada pelo Partido Comunista da China (PCCh) para liderar o povo chinês rumo à reunificação nacional pacífica, sendo uma das grandes iniciativas do socialismo com características chinesas Por Comentarista do Diário do Povo
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o longo dos últimos 20 anos, período que decorre após o retorno de Macau à China, a cidade chinesa antigamente administrada por Portugal atravessou um período de forte crescimento económico, pautado pelo aumento do rendimento fiscal, melhoria da qualidade de vida dos residentes e da estabilidade social, desenvolvimento do sistema democrático e
ampliação de intercâmbios com o exterior. Estes desenvolvimentos foram todos previstos pela Constituição e Lei Básica de Macau. Ao longo dos últimos 20 anos, a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) tem vindo a aplicar integralmente a política de “um país, dois sistemas”, fazendo adequadamente a ponte entre “um país” e “dois sistemas” e integrando harmoniosamente o poder do Governo Central e com a autonomia da RAE. LiU BAOCHENG
Uma rua de Macau
Com a vantagem de ter um bom ambiente de negócios e um alto nível de desenvolvimento de mercado, Macau tornou-se uma ponte importante da China no seu processo de abertura e intercâmbio interpessoal e internacional, alcançando o desenvolvimento comum com o resto da China. Graças a isso, Macau tem traduzido as vantagens da política “um país, dois sistemas” na capacidade de governança prática, demonstrando ao mundo o sucesso da política adoptada no território. O sucesso da Lei Básica de Macau demonstra que só com uma identificação nacional presente em toda a sociedade, pode a Lei Básica ser aplicada correcta e integralmente. Só com a salvaguarda da soberania, segurança e interesse de desenvolvimento do Estado, podem a prosperidade e estabilidade duradouras de Macau ser garantidas. Só com a integração de Macau na governança e desenvolvimento da nação, pode a cidade aspirar a ter um futuro brilhante. A história comprova que a política “um país dois sistemas” é a melhor solução para a questão de Macau, bem como o melhor sistema rumo à prosperidade e estabilidade duradoura do território. Como uma causa pioneira, a jornada de “um país dois sistemas” é confrontada com alguns desafios. Quaisquer dificuldades ou riscos encontrados no caminho não poderão, porém, obstruir a confiança e determinação da China de aplicar a política “um país dois sistemas”. A China tem a experiência, confiança e resolução para garantir o seu sucesso no longo prazo.
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Panorama aéreo de Macau
Macau é multi-culturalelaticultura Macau é a parte do território chinês em que se fala a língua portuguesa, ou em que a memória portuguesa e da sua ligação às antigas colónias é mais forte, mas parece ter perdido influência para Guangzhou, por exemplo. A que se deve? O ministro conselheiro da embaixada da China em Angola, Li Bin, esclarece o que se passa
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uangzhou é a cidade capital da Província Cantão, uma das maiores economias da China. A cidade por si só tem 15 milhões de pessoas, enquanto Macau só tem 670 mil. Eu não faria uma comparação entre as duas cidades. Há portugueses, angolanos que gostam mais de Guangzhou e os que gostam mais de Macau. É natural. Mas lembre que no último planeamento do Governo Chinês para aquela região, Macau foi eleita uma das quatro cidades pilares junto com Guangzhou, Hong Kong e Shenzhen, isso mostra a importância das duas cidades. Cada cidade está a seguir, e segue bem, o seu próprio caminho de desenvolvimento. Vamos torcer por um melhor futuro para ambas.
Em que é que Macau é diferente do resto da China e em que é semelhante? A diferênça está, claramente, na sua única cultura internacional, uma mistura da chinesa, portuguesa, e até com um pouco da africana. Esta diferênça concedeu a Macau uma vantagem natural para se tornar uma ponte entre a China e os países de língua portuguesa. Mas Macau sempre foi território chinês e seus habitantes são na sua maioria chineses. A cultura de trabalho, valor da família, tradição de patriotismo e optimismo pelo futuro são iguais como no resto da China. Houve angolanos em Macau na era colonial, alguns em serviço militar, esta presença é ainda sentida e valorizada? Como eu disse, a cultura in-
ternacional de Macau tem também uma componente africana. Em Macau há sempre pontos de encontro para pessoas de diferentes culturas, idiomas e tradições. Qualquer pessoa que tenha contribuido positivamente para o desenvolvimento de Macau será sempre guardada na memória desta cidade. Além da ponte que é a língua, que mais Macau pode ofercer a Angola na sua relação com a China? O papel de ponte que Macau desempenha não se limita só à língua, mas também aos seus sistemas jurídicos e fi nanceiros, no ambiente de negócios, que tiveram as mesmas origens que as de Angola e outros países de língua portuguesa. Isso torna o négocio e o investimento mais fácil se for feito em Macau ou através de Macau. Só para usar um exemplo, no
ano passado visitou Angola uma importante delegação da autoridade monetária e fi nanceira de Macau para abordar cooperações neste domínio e foi bem recebida pelo governo e empresariado angolano. A cooperação monetária e financeira é muito importante para a elevação do nível de cooperação China-Angola, e tem um futuro bem promissor. Penso que já há instituições financeiras angolanas a funcionar em Macau. Há o risco de a situação em Hong Kong influenciar a de Macau? Eu não vejo esta possibilidade. O que está acontece em Hong Kong é uma pequena parte da população insatisfeita com a sua condição económico-social e incentivada por forças estrangeiras, que optou por um caminho violento e até criminoso de desabafar. Mas nota-se que Hong
Kong é uma sociedade regida pela lei. Pode levar tempo para acalmar a situação, mas temos confiança em que o governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong, com o apoio do governo central da China, conseguirá resolver o problema e devolver a paz e estabilidade para os seus cidadões. O governo da Região Administrativa Especial de Macau conseguiu, ao longo dos 20 anos, manter um forte crescimento económico, trazendo benefício universal para a sua população e, por isso, tem tido um amplo apoio do povo. Qualquer pessoa que vá para Macau consegue constatar esta realidade. Em que ponto estão as relações económicas entre a China e Angola? Continua em boa fase. O comércio bilateral manteve-se num alto nível com tendência de diver-
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Wu Luansheng/Associação de Intercâmbio de Cultura Chinesa
construções habitacionais, hospitalares e escolares em Angola. Eram projectos de infra-estrutura que Angola mais precisava logo depois do fim de conflito interno. Muitos outros países admiravam por esta grandiosa cooperação. Mas o modelo de cooperação tem que mudar, ou seja, evoluir para se adaptar à nova conjuntura. O que era boa no passado pode não ser tão boa agora. Mas fico feliz em ver que esta adaptação já está a acontecer.
alidade sificação na pauta de exportação de ambos os lados. Angola participou nas duas edições da Feira de Importação da China e teve bons resultados. Eu estive a ver no Jornal de Angola e na TPA, há uns dias, que o exportador angolano supreendido pelo apetite dos compradores chineses, gritando perante os jornalista da TPA que está a vender mel por contentores inteiros. Em termos de investimento também estamos num bom momento. Dados da AIPEX mostram que a China continua a liderar os investidores estrangeiros em Angola desde 2018. E este investimento é para o sector produtivo, uma das mais defendidas pelo governo angolano. É política nacional da China apoiar o desenvolvimento dos países africanos incluindo Angola com princípio de benefício mútuo. É visível a redução da presença empresárial chinesa em Angola, acha que é recuperável? O que alegam os empresários que se vão embora? Angola tem sido uma má experiência?
Eu pessoalmente não concordo com a palavra ‘redução da presença’. É verdade que há empresários chineses a sair do mercado angolano por causa da mudança da conjuntura e o seu ramo de negócio não é adaptável para a nova realidade. Assim funciona a economia de mercado, não se guardam memórias negativas. Mas há outros a entrar, atraidos pela potencialidade do mercado angolano e as medidas de reforma do seu governo. Ultimamente, tenho feito alguns visitas de campo e fui supreendido pelo número de novas inciativas empresariais e a sua diversidade de ramo. Alguns envolvem grandes investimentos, como a Zona Industrial Sino Odd no Bengo, agora muito falado pela imprensa angolana. Mas o crescimento do novos negócios leva tempo e precisa de apoio das autoridades angolanas. Vamos dar tempo ao tempo e torcer para que as coisas saiam bem. Em que é que sente que a cooperação entre os dois países não está a ser bem aproveitada? Não seria justo dizer que a cooperação entre os dois países não está a ser bem aproveitada. Os benefícios da cooperação ChinaAngola está em todos os lugares.
Ao longo dos anos isso resultou na recuperação ou construção de 20 mil quilómetros de estradas, 2 mil Kms de ferrovias, inúmeros
Os angolanos que se formam na China, no seu regresso mantêm contacto com a China através da Embaixada, por exemplo, são absorvidos pela empresas chinesas, por empresas angolanas? Se juntarmos as bolsas oferecidas pelo governo chinês e as pelas empresas chinesas, temos todos os anos mais de 200 alunos angolanos a estudar na China. O governo angolano, através do INAGBE, administra as bolsas oferecidas pelo governos chinês, e escolhe os melhores candidatos para estudar na China. Quando voltarem da China, eles teoricamente teriam empregos garantidos, porque aprenderam lá conhecimentos mais necessários cá em Angola. Mas a realidade não tem sido tão satisfatória, talvez
por causa da conjuntura económica. A Embaixada tem contacto de alguns destes estudantes e os tem ajudado a se adaptar melhor ao mercado de trabalho angolano, incluindo com empregos nas empresas chinesas que actuam cá. Do outro lado, os estudantes enviados pela empresas chinesas sempre voltam com emprego garantido, até porque isso faz parte do contrado da bolsa. Mas em geral, esta cooperação em formação de talentos tem sido muito útil para Angola e vamos continuar a fazê-lo. O novo Aeroporto Internacional de Luanda, ao que se sabe, está parado, a China já empregou nele muito dinheiro, o que diz a empresa? Julga que o projecto vai ser concluido com empresas chinesas? Vamos esclarecer que o novo Aeroporto Internacional de Luanda é uma obra angolana. É claro que nenhum empreiteiro, nem financiador, seja chinês ou não, gosta de ver a obra parada. Penso que o governo angolano, como dono da obra, também não gosta. Vamos ver se as partes conseguem contornar as dificuldades e terminar esta obra que é de grande benefício para o povo angolano.
daniel miguel
Li bin, em Luanda, na cerimónia de comemoração dos vinte anos do regresso de Macau à China
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“Comunidade angolana em Macau está bem integrada” É provavelmente o angolano mais conhecido em Macau. Residente em Macau há 40 anos O advogado Xana Correia da Silva é presidente e fundador da Associação Angola-Macau, a principal associação que reúne a comunidade angolana da Região Administrativa Especial que agora comemora o 20 aniversário da passagem da administração de Portugal para a China. Correia da Silva tem uma perspectiva única: viveu 20 anos sob bandeira lusa e outros 20 sob soberania chinesa. Natural de Luanda, onde estudou até ao 7º ano, teve várias vidas. Após a licenciatura em Direito na Universidade Clássica, Xana voltou a Angola onde permaneceu até 1976, ano em que regressou a Portugal por um período de três anos, antes da aventura oriental
Xana Correia da Silva, presidente e fundador da Associação Angola-Macau
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19 Zhou Songlin/Associação de Intercâmbio de Cultura Chinesa
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José Carlos Matias / Plataforma Macau omo tem sido viver como angolano em Macau: 20 anos sob administração portuguesa e outros 20 sob administração
chinesa? Xana Correia da Silva - Uma das boas características dos angolanos, para além do exagerado orgulho no seu país, é a sua grande capacidade de adaptação. Conseguem, sem grande esforço, ligar-se aos locais para onde vão viver e rapidamente criam amizades, trazem os seus costumes, a sua linguagem e com a sua alegria contagiam aqueles com quem convivem, acabando por fazerem parte dessas sociedades ao mesmo tempo que as “mesticizam”. Viver sob a administração portuguesa não era novidade para nós, durante anos vivemos assim. Porém, a administração portuguesa que encontramos em Macau era diferente da que vivemos em Angola, enquanto lá não havia quem limitasse o poder e o abuso colonial, aqui o facto de Macau ser parte da República Popular da China (RPC) limitou sempre os exageros das políticas coloniais, apesar de terem havido governadores portugueses que procuraram em diferentes momentos impor, sem grande sucesso, a sua vontade colonial às comunidades locais (macaenses e chinesas).
- Desde 1999 o que mudou? O que permaneceu? X. C. S. - Com a passagem da soberania em 1999 e com a criação da Região Administrativa Especial, a presença das comunidades africanas de língua portuguesa passou a ser respeitada, considerada e, sob orientação do Governo Central, a ligação de Macau às comunidades e aos países de língua portuguesa em África passou a ser um dos desígnios da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) para a sua integração na região da Grande Baia. Podemos dizer que entre a administração portuguesa de Macau e a administração chinesa tudo mudou, porque aquela nada fez em relação aos angolanos e outros africanos aqui residentes e esta muito tem feito em prol da educação (concedendo bol-
sas de estudo nas Universidades e Institutos de Ensino Superior), do apoio à cultura, aos negócios e às relações entre empresários. - Como se pode descrever a presença angolana em Macau? X. C. S. - A comunidade angola é pequena e por isso é discreta, bem integrada quer do ponto de vista social quer professional. Recentemente, começaram a estabelecer-se em Macau algumas empresas angolanas, conseguindo assim acesso mais fácil ao mercado chinês, beneficiando do apoio financeiro e logístico que conseguem obter em Macau. São ainda um pequeno número de empresários mas pensamos que uma melhor divulgação do que Macau pode oferecer aos nossos empresários (todos os serviços de back-office, excelentes telecomunicações, um sistema financeiro aberto, um sistema fiscal favorável e acesso a uma vasta carteira de contactos) irá motivar a vinda de mais empresários para abrirem representação em Macau.
Turistas visitam as Ruínas de São Paulo, patrimônio cultural mundial
-Como é que o fortalecimento das relações Angola-China se tem sentido em Macau ao longo das últimas duas décadas? X. C. S. - Penso que poderemos dizer que as relações entre Angola e China são muito antigas e datam dos inícios da luta de libertação. Vários intelectuais e revolucionários angolanos estudaram e viveram na China e a luta de libertação nacional sempre contou com o apoio do Governo da (RPC). Após o fim da guerra civil, com a morte de Savimbi em Fevereiro de 2002, iniciou-se o período de reconstrução nacional, tendo Angola recorrido ao
mercado internacional para obter financiamentos para a reconstrução do país e é em resposta a esse pedido de ajuda que a RPC, em 2002, se propõe abrir uma linha de crédito a favor de Angola sem exigir contrapartidas políticas, dando-se inicio à relação comercial entre Angola e a RPC e à reconstrução nacional do país. Este tipo de relação comercial (abertura de linha de crédito por conta de matérias primas) põe em contacto Estados e nesse sentido Macau esteve e está fora dessa relação.
fortalecimento das relações comerciais e económicas entre a China e os seus outros membros e é no Fórum que se faz sentir em Macau as relações entre a China e Angola. O Fórum deve pôr em contacto empresários de ambos os países e desenvolver actividades que dê a conhecer a ambos os projectos que possam ser desenvolvidos por empresas e ao mesmo tempo dar formação a ambas as partes sobre o modo de fazer negócios entre si, desta forma atingirá o seu objectivo de fortalecimento das relações comerciais.
Viver sob a administração portuguesa não era novidade para nós, durante anos vivemos assim
- A criação do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) fez a diferença... X. C. S. – Sim, em 2003, e aproveitando o facto de o português ser uma das línguas oficiais da RAEM e uma das mais faladas em África, o Governo da RPC decide criar em Macau, o Fórum de Cooperação Económica e Comercial China- Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento e
- O que mais de surpreendente aconteceu em Macau desde 1999? X. C. S. – Como residente de Macau considero que a liberalização e internacionalização do jogo foi e continua a ser o facto mais surpreendente que aconteceu em Macau. A decisão corajosa do Primeiro Chefe do Executivo de Macau de pôr fim ao monopólio do jogo, abrindo-o à concorrência internacional alterou profundamente a natureza de Macau como cidade prestadora de serviços hoteleiros de altíssima
qualidade, criou oportunidades de negócio novas às pequenas e médias empresas, criou emprego e elevou o nível salarial dos trabalhadores para patamares nunca vistos e acima de tudo deu lucros à RAEM que a colocam como um dos territórios mais ricos do mundo. - E há depois o outro lado da moeda... X. C. S. – Sim, como todas coisas boas, também tem o seu lado mau, nomeadamente, na especulação desenfreada do imobiliário, criando problemas sérios à população, principalmente aos mais jovem; amarrou demasiadamente as pequenas e médias empresas às sucessivas doações dos casinos, em vez de as apoiar na diversificação económica, passando a prestadoras independentes de bens e serviços aos casinos limitando as aquisições feitas por estes ao exterior. Como diria Deng Xiaoping sempre que se abre a porta à mudança o vento trás coisas boas e más, o importante é que as boas sejam sempre mais do que as más, e a liberalização do jogo trouxe a Macau muitíssimas mais coisa boas do que más.
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HUANG ZHENKUN/ASSOCiAçãO DE iNTERCâMBiO DE CULTURA CHiNESA
Ponte Hong KongZhuhai-Macau
Construção da Área da Grande Baía de Guangdong, Hong Kong e Macau avança a passos largos
Conduzindo um carro particular com matrículas de Guangdong, Hong Kong e Macau, partindo de casa em Macau pelas 11:00 da manhã, toma-se a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, e chegase a Central, em Hong Kong, ao meio dia, para um almoço marcado. Depois do almoço, segue-se viagem até ao Vale do Empreendedorismo Jovem de Hengqin, em Zhuhai, permanecese na sala de conferências para um encontro de funcionários da parte continental da China e de Macau, discutem-se projectos, e regressa-se a Macau para receber um cliente...
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“A
construção da Área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau abriu um novo mundo de empreendedorismo e oportunidades sem limite”, afirma Cai Yuanbo, após terminar mais um dia atarefado. Nos seus 30 anos, o empresário lançou no mercado um aplicativo de viagens, após estabelecer a sua empresa no novo distrito de Hengqin, em Zhuhai, este ano. Neste momento conta já com mais de 100 mil usuários. Originando na região circundante à foz do Rio das Pérolas, próximo do Mar do Sul da China, as regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau, juntamente com a cidade de Guangzhou, Shenzhen, entre outras na província de Guanggdong, a Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau conta com uma área total de 56,000 Km2 e uma população total de cerca de 70 milhões de pessoas ao final de 2017. Esta é
uma das regiões com maior grau de abertura e vitalidade econômica da China. A construção da Grande Baía prevê a interação da política de um país, dois sistemas; três alfândegas e três divisas. Não existe qualquer experiência internacional semelhante à qual recorrer. O enquadramento da política “um país, dois sistemas” e da Lei Básica é uma das questões mais importantes e urgentes que a Grande Baía enfrenta para retirar o máximo potencial de Guangdong, Hong Kong e Macau, bem como a inovação de mecanismos institucionais e a promoção de factores de circulação. A 23 de Setembro de 2018, a secção de Hong Kong da ferrovia expressa Guangzhou-ShenzhenHong Kong foi oficialmente aberta ao tráfego. No dia 23 de Outubro de 2018 a ponte Hong Kong-ZhuhaiMacau foi oficialmente aberta. Por fim, a 2 de Abril de 2019, a ponte Nansha abriu oficialmente ao trá-
21 fego. Até a data, quatro novas estradas foram abertas em ambas as margens do estuário do Rio das Pérolas. Projectos de infra-estruturas transfronteiriças, tais como os portos Liantang/Xianyuanwei entre Hong Kong e Guangdong estão também em construção. Existe também uma meta de acelerar a construção da conectividade em toda a região, permitindo um tempo de acesso até uma hora entre as grandes cidades da Área da Grande Baía. O mútuo reconhecimento de qualificações profissionais foi também impulsionado. As zonas-piloto de Qianhai, em Shenzhen, e Hengqin de Zhuhai seguem o modelo de engenharia civil de Hong Kong. O enquadramento de uma partilha financeira na Área da Grande Baía foi já elaborado, sendo que pagamentos móveis transfronteiriços são já uma realidade. A indústria seguradora em Guangdong e de Macau assumiu a dianteira na
implementação de seguros aplicáveis em toda a região. A conectividade online e offline competem para promover o conveniente e eficiente fluxo logístico, de capital e informação, entre outros, na Área da Grande Baía. “No contexto da região, Hong Kong e Macau dispõem de universidades de classe mundial, permitindo o posicionamento na vanguarda científica, tecnológica e de inovação no contexto global. A foz do Rio das Pérolas tem o mais completo sistema de manufactura e maior número de vantagens no que diz respeito à cadeia industrial. Li Zexiang, professor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, acredita que a capacidade de incubação e transformação e posterior implementação de mercado da região é sólida, sendo que existe uma grande margem de manobra para o intercâmbio industrial e universitário. Os residentes de Hong Kong e Macau não necessitam candida-
tar-se a vistos de trabalho para trabalharem na parte continental da China. Além disso, os residentes das duas regiões administrativas especiais granjeiam isenções tributárias nas zonas de livre comércio de Nansha (Guangzhou), Qianhai (Shenzhen) e Hengqin (Zhuhai). Graças às várias políticas em vigor, cada vez mais jovens de Hong Kong e Macau participam em actividades de empreendedorismo no resto da China. Vista num mapa de satélite, a região de Guangzhou, Shenzhen, Hong Kong e Macau é uma das mais iluminadas do mundo. Hoje em dia, a inovação tecnológica converge em locais como a Cidade Internacional de Ciência e Educação de Xilihu, Base Industrial de Robótica Dongguan Songshan, Cidade do Conhecimento China-Singapura de Guangzhou, Cidade da Ciência de Guangzhou. É através de projectos como estes que a Grande Baía tem pela frente um futuro auspicioso e competitivo.
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“Um País, Dois Sistemas”:
Caminho viável, objectivo alcançável e resultado aplaudível -Celebrando o 20º Aniversário do retorno de Macau à China
O
conceito de “Um País, Dois Sistemas” foi originalmente proposto pelo líder chinês Deng Xiaoping na década de 70 do século passado, como solução para reunificar a China. Isto é, depois da reunificação da China, a parte principal da China segue no socialismo, enquanto Hong Kong, Macau e Taiwan poderiam continuar a praticar o capitalismo num longo período. Com os retornos à Pátria de Hong Kong em 1997 e de Macau em 1999, “Um País, Dois Sistemas” evoluiu de um conceito para uma realidade, cujo conteúdo tem se enriquecido nos últimos anos. No dia 20 do mês corrente, celebramos o 20º Aniversário do Retorno de Macau à Pátria. Desde o retorno, com as atenções e os apoios do Governo Central e das Províncias do Interior da China, o Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) tem unido as forças de toda a sociedade, aproveitado bem as vantagens da política “Um País, Dois Sistemas”, conseguindo um bom desenvolvimento em várias áreas. No domínio da política, a Lei Bá-
sica de Macau garante que a RAEM exerça os poderes de administração e legislação, de jurisdição e julgamento em última instância independentes, realizando o objectivo de “Macau administrado pela gente de Macau”, composta principalmente por patriotas. Hoje em dia, os habitantes de Macau estão a gozar dos mais amplos direitos democráticos e da liberdade do que nunca. Em relação à economia, desde 1999 até 2018, a taxa média anual de crescimento económico de Macau marcou 7,7%, enquanto o seu PIB per capita aumentou de 15 mil para 83 mil dólares americanos, tornando a cidade uma das re-
(Embaixador Chinês Gong Tao)
giões com o mais rápido crescimento económico no mundo. Além disso, a sociedade de Macau mantém-se próspera, harmoniosa e estável. Autorizado e apoiado pelo Governo Central da China, Macau tem ampliado constantemente os contactos com o mundo, reforçando a sua influência internacional. Beneficiando das vantagens da língua e cultura, Macau tornou-se um incontestável eixo da cooperação entre a China e os países de língua portuguesa (PLP). Em 2003, o Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica Comercial entre a China e os PLP foi estabelecido em Macau. Como parceiro importante da China na África, Angola estava presente em todas as Sessões Ministeriais do Fórum, e está a negociar com Macau sobre a cooperação em finanças e em outras áreas. Tal como S.E. Presidente Xi Jinping indicou, no seu encontro em Setembro com o 5º Chefe do Executivo da RAEM, Ho Iat Seng, nos 20 anos após o Retorno, unida pelo Governo da RAEM, toda a sociedade de Macau compreendeu e implementou fiel e integralmente a política “Um País Dois Sistemas”, defendeu firmemente a autoridade da Constituição da China e a Lei Básica da RAEM, e herdou o valor fundamental de patriotismo, mostrando ao mundo os sucessos de “Um País, Dois Sistemas”. De hoje por adiante, conforme as suas características e necessidades de desenvolvimento, tornaremos Macau o Centro Mundial de Turismo e Lazer, a Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os países de língua portuguesa bem como a Sede de intercâmbio e cooperação, que tenha a cultura chinesa como a predominante, e proconize a coexistência de diversas culturas. Desde o Retorno à Pátria, em 1997, a so-
ciedade de Hong Kong também manteve-se estável e adquiriu progressos em vários aspectos. Aliás, surgiu recentemente a violência constante nas ruas de Hong Kong, causada por informações distorcidas das forças opostas e das interferências externas, espezinhando o primado do direito e a ordem social de Hong Kong, prejudicando a prosperidade e estabilidade de Hong Kong, e desafiando a linha vermelha da política “Um País, Dois Sistemas”. A tarefa mais urgente e prioritária de Hong Kong é acabar com a violência e o caos para restaurar a ordem. O Governo Central continuará a apoiar na administração conforme as leis pelo Governo de Hong Kong, liderado pela sua Chefe Executiva, na aplicação das leis pela Polícia local, na penalização dos criminosos pelos órgãos judiciais de Hong Kong. É firme a determinação do Governo chinês na defesa da soberania nacional, a segurança e o nosso desenvolvimento, na implementação de “Um País Dois Sistemas” e no combate a qualquer interferência das forças externas nos assuntos de Hong Kong. Os factos já provaram claramente que a política “Um País, Dois Sistemas” não só é a melhor solução para os problemas históricos de Hong Kong e Macau, mas também a disposição ideal do sistema político de Hong Kong e Macau, garantindo a sua prosperidade e a estabilidade de longo prazo, e por isso, possui grande resistência às pertubações. Recentemente, a 4ª Sessão Plenária do 19º Comité Central do Partido Comunista da China ratificou a insistência e aperfeiçoamento da política “Um País, Dois Sistemas”, realçando que isto é uma política crucial na Reunificação Pacífica da China, liderada pelo Partido Comunista da China e promovida pelo povo. É também uma grande inovação do socialismo com características chinesas. “Um País” é a pré-condição e a base de “Dois Sistemas” enquanto “Dois Sistemas” pertence a e deriva de “Um País”. Temos confiança em que a nossa governança sobre Hong Kong e Macau, sempre em conformidade com a Constituição e a Lei Básica, será integral e eficiente. Preveniremos e deteremos qualquer interferência externa, e salvaguardaremos firmemente a soberania nacional, a segurança e o desenvolvimento da China, assim como a prosperidade e a estabilidade duradoura em Hong Kong e Macau.
ACTUAL
O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
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igreja Tocoista doa bens às vítimas da seca no Cunene Sessenta toneladas de bens diversos (arroz, fuba de milho, massas, óleo vegeta, biscoitos, utensílios domésticos e roupa usada), para acudir as famílias afectadas pela seca severa, foram entregues, nesta Quinta-feira, 19, pela igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo (Os Tocoistas), às autoridades desta província Ireneu Mujoco, enviado a ondjiva
O
líder desta igreja, Dom Afonso Nunes, fez a entrega deste donativo ao vice- governador do Cunene para a área Técnica, Édio Gentil, que, em nome do Governo da Província do Cunene, enalteceu o gesto, reiterando que o mesmo vai minimizar a carência das populações afectadas pela esAF_jor_pais_276x177,8mm_kikolo.pdf 1 18/12/2019 21:59:00
Porta-voz Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, Faustino Minguês
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tiagem prolongada, de há vários anos. O donativo é o complemento da segunda e última parte desta oferta, sendo que as primeiras 40 toneladas foram entregues na Segunda-feira desta semana às autoridades locais. Com este gesto, o líder da Igreja Tocoista disse ter-se cumprido uma etapa de doações ao Cunene, apesar de considerar exíguo o número de produtos levados a esta circunscrição, tendo em conta o número de famílias que necessitam de alimentos e de água. Resumiu que a igreja, enquanto
parceira do Estado, tem o dever de cooperar com as autoridades onde for chamada a intervir, como é o caso de prestar ajudas no quadro da sua acção social ou filantrópica, de “ fazer sempre o bem ao próximo”. Já o vice-governador reafirmou que, apesar de, nos últimos dias, o Cunene estar a receber chuvas, a situação de penúria alimentar na província exige ainda cuidados redobrados, a julgar pelo número de pessoas que continuam a necessitar de ajuda, embora estejam a chegar regularmente mantimentos por parte das autoridades governamentais e de
entidades particulares. Entretanto, agradeceu a iniciativa da Igreja Tocoista por ter proporcionado alguns bens alimentares e não alimentares às populações, cujo gesto enquadrou-o numa parceria existente entre o Governo e as igrejas. Édio Gentil agradeceu também a igreja por ter inaugurado uma cozinha comunitária para atender camadas mais desfavorecidas de Ondjiva, sobretudo crianças e velhos, bem como a entrega de brinquedos no quadro de Natal solidário. PUB
OPINIÃO
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O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
rICArdO VITA
Zozi, a inspiradora Miss Universo 2019!
«C
resci num mundo onde uma mulher que se parece comigo, que tem a cor da minha pele e o meu cabelo, nunca foi considerada bonita, e acho que chegou a hora de acabar com isso - hoje. Quero que as crianças olhem para mim e vejam o meu rosto, e quero que vejam os seus rostos refletidos no meu ». Foi com essas palavras retumbantes, mas serenas, que o mundo inteiro descobriu surpreendido, no dia 8 de Dezembro, a Miss Universo 2019; uma mulher negra inspiradora e sublime em sintonia consigo mesma e com este século de afi rmação de todas as diversidades. Lembrou-nos Nefertiti, a poderosa rainha egípcia negra de lendária beleza. Tem 26 anos e vem da terra de Mandela, África do Sul. Chama-se Zozibini Tunzi, uma genuína deusa da beleza do novo paradigma e do futuro. É Zozi, para os amigos que, como ela, entendem a importância dos imaginários, da iconografia e as modalidades das suas construções. É a quinta mulher negra a ser coroada Miss Universo, mais é a primeira a reivindicar em voz alta a sua intenção de mudar mentalidades - para defender a beleza e a mulher - destacando a cor da sua pele e o seu cabelo crespo como triunfos intrínsecos. Pois, Zozi entendeu que a sua coroa já havia sido comprada e paga. Tudo o que ela precisa fazer é usá-la. Sabe que a sua história não começou no século 15 com a chegada dos Europeus em África, murchou com eles. Sabe disso. O frescor de Zozi faz-nos pensar sobre a beleza. Quem a
defi ne e como? E essa defi nição, a quem beneficia e a quem prejudica? Basicamente, como é que escolhemos entre o belo e o feio nas nossas sociedades? Pois, se a beleza é inevitavelmente uma construção cultural, então como podemos desconstruí-lá, quebrá-la quando a defi nição não nos corresponde? Em 2011, critiquei, num artigo publicado no Libération, um diário francês, a uniformidade que reinava no universo da Alta-Costura. Quis mostrar como designers como Karl Lagerfeld impuseram um modelo de beleza que excluía quase todas as mulheres não brancas. A mulher que ele sublimava era andrógina, magra, para não dizer anoréxica, sem formas ou curvas que subjugariam o olho imparcial posado sem concupiscência malsã na mulher não caucasiana, geralmente fora do padrão. Por exemplo, o olho parcial de Lagerfeld não podia apreciar a beleza e a escultura divina do corpo de várias mulheres negras. Era incapaz de ir além dos muros que cercavam a sua ilha. Com ele, graças à força de ataque que adquirira na Chanel, a digna Alta-Costura, a de Paco Rabanne, Yves Saint Laurent e Jean-Paul Gaultier ou John Galliano, havia deixado de rimar com diversidade. Lagerfeld reinou como um absolutista neste mundo durante décadas, ditava a chuva e o bom tempo. Mas com os outros, a Haute Couture era mais bonita e temos boas lembranças disso. Azzedine Alaïa lançou e defendeu com unhas e dentes Naomi Campbell, Saint Laurent fez o mesmo com Mounia, Iman Bowie e Katoucha e Alek Wek foi várias vezes a « noiva » nos desfiles de Christian Lacroix. No entanto, havia, e ainda há, uma
constante. Fora de Alek Wek, na pele, impuseram-nos modelos negros - tanto mulheres como homens -, com pele clara e feições fi nas. Essa segregação persiste em praticamente todos os lugares, como no mundo da música. No ano passado, numa entrevista sincera, Mathew Knowles, pai e ex-manager de Beyoncé, reconheceu, e insistiu, que a sua fi lha não teria o sucesso nem a carreira solo que tem se não tivesse pele clara. « Se fi zermos uma retrospectiva, sobre Whitney Houston, por exemplo, analisando as suas fotografias, veremos como elas foram trabalhadas para a tornar mais clara de pele! Há uma percepção, um colorismo, quanto mais clara for a pele, mais inteligente e rico parecemos. Portanto, existe uma percepção da cor em todo o mundo, mesmo entre os negros », afi rmou. Esse fenómeno « selectivo
E sejamos como Zozi, ela sabe que a beleza do mundo foi construída contra os negros, desde que foram dominados. Ela sabe que é por isso que os negros se rejeitam hoje, que a história de submissão se tornou a razão da sua vergonha de existir, o autoódio.
e imposto » continua até hoje. Winnie Harlow, uma linda modelo negra canadiana, vítima de vitiligo, é usada, positivamente, pelas marcas Desigual e Diesel, e Ashley Graham, uma modelo branca gorda, também goza dos favores de marcas e revistas famosas. Portanto, há pessoas que decidem o que é bonito e o impõem a todos. Quando isso é feito sãmente, como no espírito de Yves Saint Laurent; o espírito que une, que celebra a diversidade e a diferença, é claro que devemos recebê-lo de braços abertos para o abraçar. Mas devemos recusar com força os Lagerfelds de ontem, hoje e amanhã, devemos combatê-los. E sejamos como Zozi, ela sabe que a beleza do mundo foi construída contra os negros, desde que foram dominados. Ela sabe que é por isso que os negros se rejeitam hoje, que a história de submissão se tornou a razão da sua vergonha de existir, o auto-ódio. Mas o que Zozi sabe melhor é que ela vem de uma longa linhagem de nobreza; de monarcas cujos poderes e inteligência eram temidos por todos os povos da terra, de fi lósofos, sábios e poetas que treinaram a humanidade toda. Ela sabe disso, é o que justifica a sua dignidade reconfortante. Essa dignidade, que ouvimos na voz segura e vemos no seu cabelo natural, não se deve apenas à vitalidade e pujança de Winnie Mandela, mas também ao orgulho das Candaces, essas rainhas poderosas do reino matrilinear de Kush (Cuxe para os assimilados!). Ela sabe que os seus antepassados construíram e governaram o Egipto da abundância e alta expansão. Zozi sabe o preço da sua coroa, sabe que é sua, de pleno direito. Ela faz parte dessa
geração consciente que não quer mais ser defi nida por outros; a sua é a geração do novo paradigma. É essa geração que está determinada a reabilitar todas as belezas ocultadas ou minoradas, e as belezas confi scadas há muito tempo por gurus oportunistas e dogmáticos da monocultura, aqueles que defi nem a beleza como bem entendem por seu único e insaciável desejo de continuar a dominar. Alegremo-nos então hoje, pois, pela primeira vez na história, ao mesmo tempo, no momento em que escrevo estas linhas, a Miss Teen USA é negra, a Miss USA é negra, a Miss America é negra, a Miss Mundo é negra e até a Miss França é negra. Não é um favor que vem do white-saviorism, como alguns revisionistas sempre tentaram afi rmar nessas circunstâncias, é a força de um movimento de base que está determinado a mudar o mundo. A maioria de jovens do mundo brancos, amarelos, vermelhos, negros - quer criar um outro mundo, um lugar mais agradável para se viver na diversidade. E só espero que no próximo ano todos esses títulos sejam atribuídos a outras belezas diversas com as quais o mundo é abundante; asiáticas, orientais, ameríndias, brancas. Este é o ciclo normal da vida humana, que devemos plenamente libertar das intenções vis dos supremacistas e segregacionistas. Ricardo Vita é Pan-africanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Folha de São Paulo (Brasil), do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É cofundador e vice-presidente do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.
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O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
Ndaka Yo Wiñi este Sábado no hall da LAC – Luanda Antena Comercial A viagem pela ancestralidade mais uma vez prosseguirá com canções e danças tradicionais retratando os místicos tchingandji Namúso e Sakalumbu, uma recolha do Centro e Sul de Angola Augusto Nunes
O
músico, compositor e investigador, Ndaka Yo Wiñi, actuará amanhã, Sábado, a partir das 19 horas, no Ponto da LAC By Kitx, em Luanda. O concerto terá a duração de aproximadamente 2 horas, e será antecedido por uma feira gastronómica no espaço adjacente ao
palco, a partir faz 17 horas. Em conversa com OPAÍS, esta Quinta-feira, o músico Ndaka Yo Wiñi, afirmou que fará uma introdução em torno do conceito Olumdongu, uma temática ligada ao (Lwando). A viagem pela ancestralidade prosseguirá com canções e danças retratando os místicos tchingandji Namúso e Sakalumbu e outras personalidades, uma recolha do Centro e Sul de Angola. O reportório de Ndaka Yo Wiñi, nome em Umbundu que em português significa “A Voz do Povo”,
191212_Anuncio_JP_276x177,8.pdf
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12/12/2019
inclui temas do seu primeiro álbum de originais “Olukwembo”, lançado em 2018 no Memorial Dr. António Agostinho Neto. Sucessos como “Sekulu”, “Akuluve Ndamba”, “Lombolola”, “Tchove Tchove”, “Sukunzambi”, “Ame Ndilila”, “Tcingandji”, “Evamba”, estes últimos ilustrando um ritual de circuncisão, serão interpretados no concerto. O reportório inclui também os temas, “Sandombwa”, “Njolela”, “Ndikalikenda”, e tantos outros. Ndaka Yo Wiñi, descendente de
guineenses pelo lado paterno, é o nome artístico de Adriano Dokas, que nasceu a 5 de Janeiro de 1981 na cidade ferro-portuária do Lobito. Os seus pais e avós eram músicos e bailarinos, a quem seguiu os passos desde pequeno, o que lhe permitiu o contacto com as culturas tradicionais do Sul do país: Benguela, Huíla e Huambo, onde também aprendeu a falar fluentemente a língua Umbundu. Aos 10 anos, Ndaka, seguiu para a cidade mais a Norte do país, Cabinda, onde viveu durante vários anos numa unidade militar. Com o passar do tempo, rapidamente adaptou-se à cultura e às línguas daquela localidade. O seu talento, experiência e dedicação permitiram a sua inte-
gração nos movimentos culturais e na Banda Ngondji, o que lhe deu a oportunidade de investigar rituais tradicionais da região, participar em cerimónias de circuncisão e outras de cariz tradicional. A sua personalidade artística, enquanto cantor, compositor, e pesquisador cultural, é o resultado da herança da sua família e da vivência em várias comunidades, das quais da Catumbela, província de Benguela, onde nasceu, e no Cuima, no Planalto Central, terra da sua mãe. Esta vivência foi extensiva às localidades do Balombo, da Ganda, do Bocoio, província de Benguela, e do Huambo, local onde se deslocou várias vezes, para realizar pesquisas académicas.
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Economia
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O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
O nível de dolarização da economia em Outubro fixou-se em 56% O nível representa
um aumento de 9,0 p.p. face ao período homólogo, influenciado pela apetência dos investidores por produtos em moeda estrangeira, o que poderá reflectir-se sobre a estabilidade do mercado cambial.
A
taxa Luibor Overnight fixou-se em 28,59% na última sessão. O desempenho revela um aumento semanal de 97 p.b., o que poderá reflectir a redução da liquidez no mercado interbancário, com impactos sobre os custos reais de financiamento à economia. ESPAÇO INTERNACIONAL Japão • O Banco Central manteve inalterada a taxa de juro de curto prazo em -0,1% na reunião de Dezembro. A taxa mantém-se no mesmo nível desde Janeiro de 2016, influenciada pela moderação do crescimento económico em 0,1 p.p., para 0,4% no IIIº trimestre de 2019, com possíveis impactos sobre a procura por matérias-primas.
MERCADOS Petrolífero Brent: +0,11% (66,17 USD/barril). A diminuição das reservas de petróleo nos EUA favoreceu a cotação do crude.
Cambial EUR: -0,32% (1,1114 USD). A recuperação da produção industrial nos Estados Unidos beneficiou a moeda norte-americana.
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Mercados
O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
Porto de Luanda regista queda na movimentação de cargas em 2019 PEDRO NICODEMOS
O Porto de Luanda
registou queda de pelo menos 1 milhão de toneladas na movimentação de cargas no corrente ano, fez saber o presidente do Conselho de Administração, Alberto Bengue Patrícia de Oliveira
A
lberto Bengue referiu, ontem, que a movimentação de cargas em 2019 diminuiu em 9% em comparação com o período homólogo do ano anterior. O responsável acredita que os principais motivos tenham sido a queda do custo do barril de petróleo, a crise económica e a falta de divisas. “Em 2018, foram movimentas mais de 7 milhões de toneladas de carga diversa, contra as 6 milhões e 700 mil em 2019”, disse. Segundo ele, o mesmo cenário aconteceu com as importações, “daí a necessidade de se apostar na diversificação da economia para exportar produtos nacionais e trazer dinheiro ao país”. Questionado sobre os principais produtos importados por Angola, o responsável salientou que nos últimos tempos foram importados carga de projectos, materiais de construção e bens alimentares, essencialmente produtos da cesta básica. O dirigente referiu que a movimentação de cargas se refere a todo o tipo de movimento realizado com a carga. A movimentação envolve o processo de saída da mercadoria do seu produtor até chegar ao destinatário, podendo ocorrer de diversas maneiras e servindo-se de diversos equipamentos.
Alberto Bengue garante que o terminal portuário tem capacidade para aumentar o volume das exportações, o que não acontece por falta de indústrias e produção em grande escala. “Temos um parque com capacidade para exportação, porque cerca de 70% é o que chamamos reexportação de contentores vazios. Angola exporta maioritariamente contentores vazios por falta de produtos para o efeito”, explicou. Investimento em Segurança e Sinalização marítima em 2020 Para garantir maior segurança e sinalização marítima, a partir do próximo ano o Porto de Luanda vai apostar no sector e reforçar a fiscalização. “Estamos a orçamentar para 2020 um sistema de fiscalização para segurança marítima do Porto de Luanda”, disse. Em relação ao número de navios, o responsável referiu que reduziu em termos de quantidade, mas aumentou em termos de comprimento e capacidade. O Terminal tem a maior quota de profundidade do Porto de Luanda, que permite a atracagem de navios de grande porte. O mesmo movimenta grandes quantidades de carga contentorizada e tem duas valências, nomeadamente carga geral e carga contentorizada. “Anteriormente o Porto de Luanda recebia navios com 170 metros a 200. Agora recebe navios com 300 metros”, esclareceu.
“Temos um parque com capacidade para exportação, porque cerca de 70% é o que chamamos reexportação de contentores vazios”
Anteriormente, o Porto de Luanda recebia navios com 170 a 200 metros, agora recebe navios com 300 metros PUB
desporto
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O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
1º de Agosto recebe Interclube com “olhos” na liderança do Nacional
DANIEL MIGUEL
O Manchester City recebe amanhã no Etihad Stadium o Leicester City, na abertura da décima oitava jornada da Premier League, a partir das 18:30 (horário de Angola). No prosseguimento da jornada, o Arsenal bate-se com o Everton, no ‘tapete’ verde do Estádio Goodison Park, às 13:30. No Domingo, o Tottenham, do português José Mourinho, terá pela frente o Chelsea, de Frank Lampard, a partir das 17:30.
Caso vençam hoje os polícias no Pavilhão Victorino Cunha, os militares juntam-se ao Petro de Luanda na liderança do Campeonato Nacional sénior masculino da bola ao cesto, às 19:00 DANIEL MIGUEL
Kiameso Pedro
O
1º de Agosto mede forças, hoje, com o Interclube no Pavilhão Victorino Cunha, no jogo de maior destaque da terceira jornada da 42ª edição do Campeonato Nacional sénior masculino de basquetebol, às 19:00. Os rubro-negros, sob o comando técnico de Paulo Macedo, vêm de uma vitória diante da Universidade Lusíada por 114-58. Deste modo, os militares vão procurar manter o bom arranque na prova, mas são obrigados a correr bastante. Por seu lado, os polícias perderam diante do Petro de Luanda por 86-81. Por esta razão, a equipa afecta ao Ministério do Interior vai tentar não cometer erros para surpreender a turma adversária. Outras partidas Na sequência da jornada, o Atlético Sport Aviação (ASA)
Fundistas com chips descartáveis na São Silvestre
Hermenegildo Santos (branco) tenta passar pelo adversário do Interclube
defronta a Marinha de Guerra, no Pavilhão Dream Space, a partir das 18:00. No Pavilhão 28 de Fevereiro, o Desportivo Kwanza terá pela frente o Vila Clotilde, às 15:00.
O Petro de Luanda, campeão em título, lidera a competição com seis pontos, mais dois que o 1º de Agosto e Interclube que partilham a segunda posição com apenas quatro na tabela classificativa.
Paixão Júnior paga salários em atraso de forma faseada DANIEL MIGUEL
Sambilas em exercícios de aquecimento no 11 de Novembro
A
direcção do Progresso do Sambizanga, encabeçada por Paixão Júnior, vai, na próxima semana, resolver o passivo que tem com os jogadores e os treinadores, de acordo com uma fonte ligada ao clube sambila. O Progresso do Sambizanga mede forças amanhã com o Bravos do Maquis (Moxico), no Estádio Mundunduleno, na abertura da décima quinta jornada do Girabola 2019/20. Em declarações a OPAÍS, o técnico dos sambilas, Hélder Teixeira, considerou difícil o jogo diante do Bravos do Maquis, porque os donos da casa estão a atravessar um momento digno de realce na prova. “Teremos muitas dificuldades. Jogar no terreno do Maquis é difícil. Mas vamos lutar pela vitória”, afirmou. O Bravos do Maquis ocupa a sexta posição com 19 pontos, ao passo que o Progresso do Sambizanga figura no 13º posto com 12.
Leicester visita Man City no arranque da 18ª ronda
Os atletas que irão participar na 64ª edição da corrida de fim-de-ano denominada “São Silvestre” utilizarão “chips” descartáveis, tal como tem sido a nível do mundo em competições do género. Deste modo, a medida visa a contenção de gastos, uma vez que o anterior custa quatro dólares cada contra menos de um dólares que o actual. Em declarações à imprensa, o presidente da Federação Angolana de Atletismo, Bernardo João, fez saber que este material de controlo da efectividade do atleta ao longo do percurso, bem como do respectivo tempo, será adquirido de um fornecedor em Portugal. Bernardo João afirmou que as inscrições terminam na próxima Quinta-feira,26.
Liverpool e Flamengo disputam final do Mundial de Clubes
O
Liverpool e o Flamengo decidem amanhã a final do Mundial de clubes, no Estádio Internacional Khalifa, às 18:30 (hora de Angola), no Qatar. Para chegar a esta fase, os reds, sob o comando do alemão Jurgen Klopp, eliminaram o Monterrey do México por duas bolas a uma. Por seu lado, os flamenguistas deixaram pelo caminho o Al Hilal da Arábia Saudita por três bolas a uma. Os reds partem como favoritos, mas terão que provar dentro das quatro linhas, uma vez que o clube do português Jorge Jesus vai lutar do princípio ao fim pela conquista da competição.
Roma tenta reforçar a quarta posição da Série A O AS Roma defronta hoje a Fiorentina, no Estádio Artemio Franchi, no seguimento da décima sétima jornada da liga italiana, a partir das 20:45 (tempo de Angola). Na tabela classificativa da prova, os pupilos de Paulo Fonseca ocupam a quarta posição com 32 pontos. Por seu lado, a Fiorentina, de Franck Ribéry figura no décimo quarto posto com apenas 17 pontos.
LOS Lile defronta Monáco focado na vitória O LOS Lile, do português Renato Sanches, enfrenta amanhã o Monáco, no desafio mais aguardado da décima nona jornada da liga francesa, às 20:45. Os comandados de Christophe Galtier vêm de uma vitória frente ao Montpellier por 2-1. Por sua vez, os pupilos de Leonardo Jardim empataram a zero diante do Angers. Na classificação, o Lile figura no 3º posto com 31 pontos, ao passo que o Monáco é o 9º colocado com 25.
Dallas Mavericks sofrem primeira derrota Os Dallas Mavericks sofreram a primeira derrota desde a lesão de Luka Doncic, ao perderem em casa com os Boston Celtics, por 103 – 109. Kristaps Porzingis (23 pontos) e Seth Curry (20) assumiram a liderança dos Mavs, mas a equipa acusou o ‘efeito Doncic’, base esloveno que tem estado em grande destaque neste início da fase de regular e que falhou o segundo jogo consecutivo devido a uma lesão no tornozelo.
CLASSIFICAdOS
O PAÍS Sexta-feira,20 de Dezembro de 2019
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emprego
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TEMPO
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O PAÍS Sexta-feira,20 de Dezembro de 2019
Fonte: INAMET
PREVISÃO DO TEMPO PARA AS PRINCIPAIS CIDADES
Válida de 20 a 22 de Dezembro de 2019 INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 20 á 22 de Dezembro de 2019 Data 20/ 12/ 2019
CIDADE
Mín
Máx
LUANDA
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CABINDA
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Data 21/ 12/ 2019
Estado do Tempo
Data 22/ 12/ 2019
Estado do Tempo
Mín
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Estado do Tempo
Mín
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Céu parcial nublado, chuva fraca a moderada
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Céu parcial nublado, chuvisco/chuva fraca
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Céu parcial nublado, chuvisco/chuva fraca
Nublado, neblina/chuva moderada/ trovoada
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Céu parcial nublado, chuva fraca/ trovoada
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Nublado, chuva fraca a moderada/trovoada
SUMBE
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Parcial nublado, neblina, chuvisco/chuva fraca
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Pouco nublado, neblina, chuva fraca
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Céu parcialmente nublado
CAXITO
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Nublado, chuva moderada/ trovoada
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Parcial nublado, neblina matinal, chuva fraca
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Nublado, neblina, chuva fraca com trovoada
MBANZA CONGO
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Céu nublado, chuva moderada a forte/ trovoada
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Céu nublado, chuva fraca /trovoada
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Céu nublado, chuva moderada/trovoada
UIGE
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Céu nublado, neblina, chuva moderada/trovoada
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Nublado, neblina, chuva moderada/trovoada
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Nublado, neblina/chuva moderada/ trovoada
NDALATANDO
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Nublado, neblina, chuva/ trovoada
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Nublado, neblina / chuva fraca
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Nublado, chuva moderada/ trovoada
MALANJE
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Nublado, chuva moderada a forte/ trovoada
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Nublado, chuva fraca a moderada/ trovoada
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Nublado, chuva fraca a moderada/trovoada
DUNDO
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Nublado, neblina, chuvisco/ chuva fraca
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Nublado, chuva fraca a moderada/trovoada
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Nublado, chuva fraca
SAURIMO
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Nublado, neblina/ chuva moderada/trovoada
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Nublado, chuva fraca a moderada/trovoada
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Nublado, chuva fraca a moderada/ trovoada
BENGUELA
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Céu parcial ou pouco nublado
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Céu parcial ou pouco nublado
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Parcial nublado, nublado pela manhã
HUAMBO
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Céu nublado, chuva moderada a forte/ trovoada
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Nublado, neblina, chuva moderada/ trovoada
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Nublado, chuva moderada a forte/trovoada
CUITO
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Parcial nublado, chuva moderada/ trovoada
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Nublado, chuva moderada a forte/trovoada
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Nublado, chuva moderada a forte/trovoada
LUENA
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nublado, neblina, chuva moderada/trovoada
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Nublado, chuvisco/ chuva fraca / trovoada
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Nublado, chuvisco/ chuva fraca / trovoada
LUBANGO
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Céu nublado, neblina, chuva moderada/trovoada
18
31
Nublado, neblina, chuva fraca/trovoada
18
30
Nublado, neblina, chuva moderada/trovoada
MENONGUE
20
33
Céu nublado, chuva fraca a moderada/ trovoada
19
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Nublado, chuva fraca a moderada/trovoada
19
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Nublado, chuva moderada a forte/trovoada
MOÇÂMEDES
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Pouco ou parcial nublado, chuvisco/ trovoada
18
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Céu pouco ou parcial nublado, chuvisco
19
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Céu pouco ou parcial nublado, chuvisco
ONDJIVA
18
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Céu nublado, chuvisco/ chuva fraca/ trovoada
21
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Céu nublado, chuva fraca/ trovoada
20
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Nublado, chuva fraca a moderada/ trovoada
O Meteorologista: Lúcia Yola C. Fernando.
Luanda, 19 de Dezembro de 2019.
Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao
Das 18 horas do dia 19 de Dezembro às 18 horas do dia 20 de Dezembro de 2019 REGIÃO NORTE: Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uige, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul Céu nublado, com períodos de muito nublado durante a madrugada e manhã em quase toda região. Probabilidade de ocorrência de neblina, chuva moderada ou aguaceiros, por vezes acompanhados de trovoadas, em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje e Lunda-Sul. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal, chuva fraca ou chuvisco, por vezes acompanhados de trovoadas, em alguns municípios das províncias do Cuanza-Sul, Cuanza-Norte e LundaNorte. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu parcialmente nublado a muito nublado pela madrugada e manhã por quase toda a região. Probabilidade de ocorrência de chuva moderada a forte, por vezes acompanhados de trovoadas, em alguns municípios da província do Huambo no final do dia, e em alguns municípios das províncias do Bié e Moxico, sendo mais intenso de madrugada. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca ou chuvisco em alguns municípios da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango Céu pouco nublado, por vezes limpo, na província do Namibe. Período de parcial a nublado nas províncias do Cuando Cubango, Cunene e Huíla, apresentando-se muito nublado durante a madrugada e pela manhã. Probabilidade de ocorrência de neblina ou nevoeiro matinal, chuva moderada, por vezes acompanhada de trovoadas, em alguns municípios das províncias da Huíla e Cuando Cubango. Possibilidade de ocorrência de chuvisco/chuva fraca em alguns municípios das províncias do Namibe e Cunene.
TEMPO no mar Fonte: INAMET
BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 19 DE DEZEMBRO DE 2019: Circulação de Sul a Sudeste fraca a moderada entre os paralelos 4°S e 14°S(Cabinda a Benguela) e circulação de Sul a Sudoeste moderada a fraca a Sul do paralelo 18°S (Namibe). INSTITUTO METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ ÀS 18:00 TU DONACIONAL DIA 20DEDE DEZEMBRO DE 2019. Centro Nacional de Previsão do Tempo SEM AVISO.
BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 19 DE DEZEMBRO DE 2019: Circulação de Sul a Sudeste fraco a moderado entre os paralelos 4°S a 14°S(Cabinda a Benguela) e circulação de Sul a Sudoeste moderado a fresco a sul do paralelo 18°S (Namibe). 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 20 DE DEZEMBRO DE 2019.
SEM AVISO.
REGIÃO
VENTO
ESTADO DO TEMPO
(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)
ALTURA DA ONDA (METROS)
ESTADO DO MAR
DIRECÇÃO FORÇA (KT)
Cabinda (4°S – 6°S)
Chuvisco/ Chuva fraca
Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S)
Chuvisco/ Chuva fraca
Benguela (12°S – 14°S)
Nublado
Namibe (14°S – 18°S)
Chuvisco
VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)
Sul
Até 08
Até 1.6
Agitado
Fraca pela madrugada e manhã (Superior a 4)
Sul a Sudeste
06 à 12
1.6 até 2.0
Agitado
Fraca pela madrugada e manhã (Inferioir a 4)
Sul
Até 12
Até 2.2
Agitado
Moderada (Superior a 8)
Sul a sudoeste
Até 18
Até 2.8
Muito agitado
Moderada (Superior a 7 )
DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 TU DO DIA 19/12/2019 ÀS 18:00 TU DO DIA 20/12/2019. O Anticiclone de Santa Helena irá manter-se estacionário nas próximas 24 horas, com pressão central de 1025 hPa, influenciando, assim, o padrão e a intensidade do vento. Prevê-se estado do mar muito agitado com ondas de até 2.8 metros de altura na região marítima do Namibe. Para as regiões marítimas de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Cuanza-Sul, e Benguela prevê-se estado do mar agitado com ondas máximas entre 1.6 e 2.2 metros de altura. Prevê-se visibilidade fraca durante a madrugada e manhã devido à possibilidade de ocorrência de chuva fraca ou chuva moderada nas províncias de Luanda, Bengo, Cabinda , Zaire, Benguela e Namibe.
CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.
OPINIÃO
O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
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EdY LOBO
BONdAdES CONTrA VONTAdES NA EdUCAÇÃO
C
ai o véu sobre o aproximem a alguma verdade ou ano lectivo 2019. não fará com que fiquemos temNo rescaldo sen- po desnecessário no aponta detimentos mescla- dos a ver se alguém responsabilidos. Entre lágri- zamos. Culpados há sim mas não mas de regozijo e nos interessam agora. de dor, muitos vão saborear o baQuando estamos necessitacalhau ou as iguarias possíveis de dos fi zemos promessas e juras acordo o poder financeiro que os- de cumprimentos. Quando altentam. cançamos o que desejamos muiFoi mais o final de uma trigo- tas vezes por sermos de naturenometria comunicativa que em za pouco séria, ou frívola mesmo, muitos campos académicos não esquecemos do que prometemos funcionou na íntegra. Professo- e nem calculamos os prejuízos res que trabalharam pouco ou posteriores. A educação sofre quase nada, alunos que estuda- com essas irresponsabilidades. ram e não aprovaram, outros que Durante muito tempo tivenão estudaram mas passaram e mos o compadrio na educação. pais que se marimbaram pa- O Ministério da educação foi cora com a educação académica de mo uma rede de pesca que deseus filhos por razões alheias aos sejosa de qualquer mantimento, mesmos. Quais as verdadeiras caranguejos e peixes, plásticos AF_TAAG_NIGERIA_JORNAL O PAÍS_276X177,8mm.pdf 09/12/2019 13:08:16 foram acarrazões? A busca de razões que se e latas1 de alumínio
retados e não foram deitados fora em tempo oportuno. Muitos ainda comem carapau desejando um bom galo mas como tudo é peixe, vai só. E assim fomos mascando uma coisa desejando outra. Nesta refeição indigesta problemas profissionais futuros obviamente teríamos. Querendo ou não temos de admitir: Há pessoas professores que não querem estar na educação. Fazem-no por pura ocupação laboral enquanto não aparece outra coisa para se fazewr. São engenheiros, arquitectos, médicos, pilotos, comerciantes com algum gabarito e muitas outras coisas menos profissionais formados para trabalharem especificamente com o ensino e educação. Como podemos augurar êxitos num processo barafundido como este?
Em todas as profissões há situações menos boas. Na educação também há os seus. Quem estudou economia sabe como lidar com uma possível inflação; quem estudou Engenharia de construção civil sabe como lidar com ravinas e quem estudou pedagogia e didácticas também saberá lidar com possíveis falhas na transmissão dos conhecimentos. Ser professor não é essa coisa de entrar para a sala de aulas e falar para uma plateia. É muito mais do que isso. Pior ainda na nossa realidade com um misto conturbado e desencontrados de níveis sociais. Não podemos augurar uma nação desenvolvida quando temos pessoas a darem aulas no lugar de professores. O resultado nunca será o esperado. Quando a motivação primeira de um pro-
fissional da educação é o dinheiro então precisamos de rever onde está o erro.Como corrigir isso? Há bondade mas não há vontade. Uns querem melhorar o sistema outros construíram acomodações na mediocridade, e neste imbróglio, sofrem os estudantes. Como professor estou farto disto. Cansado mesmo. Somos todos vistos como colegas e culpados. Sendo parte do sistema não há como. Em 2020, nós professores não queremos desempregados a servirem na educação. Façam outras coisas por favor para darem subsistência à família mas dar aulas não. Votos de um feliz Natal e um próspero ano novo, dentre outras coisas boas, principalmente académico em 2020. PUB
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Última
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O PAÍS Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019
Governo abre candidaturas para centralidade do Zango-5 em Janeiro de 2020 Jacinto Figueiredo
A centralidade dispõe de 7 mil e 964 habitações que vão albergar 48 mil habitantes, sendo que todas as moradias são da tipologia T3
João Lourenço inaugurou ontem o Zango-5, que vai albergar 48 mil pessoas
Domingos Bento
A
partir da primeira quinzena de Janeiro de 2020, o Governo, por via do Instituto Nacional da Habitação, afecto ao Ministério do Ordenamento do Território e Habitação, procede à abertura das inscrições para a candidatura à centralidade do Zango-5, em Luanda. Em entrevista ao OPAÍS, o director do Instituto Nacional da Habitação, Adérito Carlos, disse que, no total, a centralidade dispõe de 7 mil e 964 habitações que vão albergar 48 mil habitantes, sendo que todas as moradias são da tipologia T3. Segundo Adérito Carlos, o processo de venda será em modo de renda resolúvel e pronto pagamento, numa operação que vai contar com a participação do Fundo Habitacional e da Imogestin. Conforme explicou, as candidaturas estarão abertas a todos os cidadãos com um rendimento mensal não inferior a 80 mil Kwanzas. Adérito Carlos, que falava à margem do acto inaugural do aglomerado habitacional pelo Presidente da República, João Lourenço, disse que as obras de construção da centralidade iniciaram em 2012, no âmbito da expansão da política habitacional do Estado. De acordo com dados do ministério da tutela, um total de 3
mil e 756 apartamentos da referida centralidade já foram vendidos a empresas particulares. A mesma dispõe ainda de um lote destinado aos antigos combatentes e veteranos da pátria e à juventude. Adérito Carlos fez saber que, actualmente, a centralidade dispõe de 3 quilómetros de estradas que ligam o espaço a outras partes da cidade de Luanda a partir do Zango. A unidade conta ainda com outros equipamento sociais como jardins de infância (com uma capacidade de 250 crianças), escolas primárias, secundárias, um pólo da Faculdade de Medicina e ainda um centro médico com capacidade para albergar até um total de 50 camas. “É objectivo do Executivo tornar a cidade num espaço completo, onde o cidadão encontra, além de uma moradia, um conjunto de serviços e equipamen-
“É objectivo do Executivo tornar a cidade num espaço completo, onde o cidadão encontra, além de uma moradia, um conjunto de serviços e equipamentos sociais que lhe permitam viver com tranquilidade, sem necessidade de se deslocar para outras circunscrições”
tos sociais que lhe permitam viver com tranquilidade, sem necessidade de se deslocar para outras circunscrições”, frisou, tendo acrescentado que a centralidades foi construída em obediência aos padrões de rigor e de qualidade para permitir que os cidadãos estejam seguros e confortáveis. Aberta ao investimento privado Por outro lado, Adérito Carlos fez saber que, além dos equipamentos sociais já disponíveis, a centralidade dispõe ainda de lotes que vão ser geridos por via da Empresa de Gestão de Terrenos Infra-estruturados (EGTI). Dentro dos marcos da lei, os espaços, conforme explicou, geridos para investimentos privados são destinados a, outras, infra-estruturas de apoio como hospitais, postos de combustíveis, lojas, restaurantes, supermercados e outras unidades.
Mais de mil pacientes renais Antes de proceder à inauguração da centralidade do Zango-5, o Presidente da República, João Lourenço, inaugurou o centro de hemodialise do Hospital Geral de Luanda, que vai atender um total de 90 doentes, diariamente, repartidos em três turnos. O centro, equipado com materiais de primeira linha, vai atender os problemas de insuficiência renal da parte Sul do país. Além de adultos, a unidade vai receber também crianças através de uma sala paralela, que vai comportar cinco 15 menores diariamente, repartidos em três turnos. Dados do Ministério da Saúde indicam que o país dispõe de mil e 600 doentes renais crónicos em sistema de hemodiálise. Deste total, cerca de 50 pacientes são menores.