Jornal OPaís edição 1725 de 23/01/2020

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“lUAnDA lEAkS” nÃO SURPREEnDE UnitA

ODEBRECHt nEGA tER PAGADO PROPinA AO EXPRESiDEntE DE AnGOlA

O partido líder da Oposição considera que a série de reportagens desenvolvidas com base no “Luanda Leaks”, que revela o escândalo de alegada corrupção atribuída à empresária Isabel dos Santos, veio confirmar o que o seu partido vem denunciando ao longo dos anos. P. 8

A construtora Odebrecht negou, ontem, num Esclarecimento a que OPAíS teve acesso, ter pagado qualquer propina ao antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. P. 12 Director: José Kaliengue www.opaís.co.ao O DIÁRIO DA e-mail: info@opaís.co.ao NOVA ANGOLA @Jornalopaís Edição n.º 1725 facebook/opaís.angola Quinta-feira, 23/01/2020 Preço: 40 Kz

MEDiAS VOltAM A PASSAR EM DiRECtO DEBAtES nO PARlAMEntO

PGR desmente perseguição política contra Isabel dos Santos ● Mas confirmou que é arguida dos crimes de que é acusada, sem, entretanto, avançar mais pormenores à volta da empresária. P. 24

POlÍtiCA: Vinte e oito anos depois da criação da Assembleia Nacional, e após uma longa interrupção, é chegado o momento de as sessões parlamentares voltarem a ser transmitidas em directo na televisão e na rádio, depois de vários adiamentos sob alegação de questões técnicas. P. 9 DR

Subida de propinas leva universidades privadas à PGR ● A Associação das Instituições de Ensino Superior Privado (AIESPA) foi convocada pelo Gabinete de Contencioso do Estado e Educação Jurídica da PGR para esclarecer os aumentos que se têm registado em várias universidades. P. 10

DEFESA DE VAltER DiSPEnSA DEPOiMEntOS DE JOÃO lOUREnÇO, MAnUEl nUnES JÚniOR E PEDRO SEBAStiÃO P.2

1º de Agosto de “malas feitas” para a Zâmbia ● Os militares viajam, hoje, para a Zâmbia, onde, Sábado, às 17:00, defrontam o Zesco United, em jogo referente à quinta jornada do grupo A da Liga dos Clubes Campeões de futebol de África. P. 27

Após pedido de casamento, o “Cubico dos Tuneza” agita-se com a chegada da lista de pedido

Príncipe William questionado sobre a ausência de Harry em acto oficial

Artistas de Luanda festejam 444º aniversário da cidade com quatro exposições no Espaço d’Arte


EM FOCO

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O PAÍS Quinta-feira,23 de Janeiro de 2020

Defesa de Valter despensa depoimentos de João Lourenço, Manuel Nunes Júnior e Pedro Sebastião Sérgio Raimundo, advogado de Valter Filipe, requereu ontem, ao Tribunal, a exclusão de João Lourenço (Presidente da República), Frederico Cardoso (ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República) e Pedro Sebastião (ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República) da lista de declarantes a serem ouvidos no Caso 500 milhões de dólares

Paulo Sérgio

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ntre as entidades que o defensor do antigo governador do Banco Nacional de Angola (BNA) solicitou que fossem chamadas a depor em tribunal como declarante, estavam também Edeltrudes da Costa (director do Gabinete do Presidente da República), Armando Manuel (ex-ministro das Finanças) e Manuel Paulo da Cunha “Nito Cunha” (antigo director do Gabinete do então Presidente da República, José Eduardo dos Santos). O causídico explicou que dispensa ouvi-los pelo facto de os depoimentos prestados por Archer Mangueira (antigo ministro das Finanças) e José de Lima Massano (governador do BNA), que estavam também entre as pessoas que requereu a sua comparência em

tribunal na condição de declarantes, terem sido suficientes para esclarecer alguns factos relacionados ao processo. Sérgio Raimundo declarou que só não faz o mesmo em relação ao antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, e ao actual ministro de Estado do Desenvolvimento Económico, Manuel Nunes Júnior, por já se terem iniciado as diligências a fim de se obter os seus depoimentos. Fundamentou a decisão também com o facto de os governantes acima mencionados terem uma agenda de trabalho bastante intensa, pelo que, teriam, eventualmente, de deixar de cumprir outras actividades em nome do Estado para atender ao chamado do tribunal e considera desnecessário “tal sacrifício”, atendendo as provas já pro-

duzidas até ao momento. As entidades acima mencionadas, por gozarem de fórum privilegiado, se não quisessem comparecer no Palácio de Justiça, onde estão a decorrer as sessões do julgamento liderado por uma equipa de juízes do Tribunal Supremo, podiam requerer que fossem ouvidas nos seus locais de serviço, residência ou responderem por via de um questionário escrito. O juiz-presidente da causa, João da Cruz Pitra, anuiu ao pedido com o beneplácito do procurador Pascoal Joaquim, na qualidade de líder da equipa de representantes do Ministério Público, e dos advogados João Manuel (defensor de António Samalia Bule Manuel), Bangula Kemba (defensor de Jorge Gaudens Pontes Sebastião) e de António Gentil Simão (defensor oficioso de


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José Filomeno dos Santos). Nito Cunha e Archer Mangueira (ex-ministro das Finanças e actual governador provincial do Namibe) estão entre os auxiliares do então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, por terem participado numa reunião com os alegados promotores do Fundo de Investimento Estratégico de 30 mil milhões de euros, realizada em 2017, no Palácio da colina de São José. Manuel Nunes Júnior, na época coordenador económico da equipa que elaborou o Programa de Governo do MPLA para o Quinquénio 2017-2022, também participou no na audiência em que da parte dos promotores da criação do fundo estiveram presentes os empresários Jorge Gaudens (pela Mais Financial Service, S.A), Hugo Onderwater (dono da Resource Conversion) e o brasileiro Samuel Barbosa da Cunha (dono da Bar Trading, em representação da Perfectbit), alegados promotores da iniciativa de criação do fundo. “As operações do DGR nunca trazem problema” A antiga directora do Departamento de Operações Bancárias (DOB), Marta Barroso Paixão e Silva, declarou ontem, em tribunal, que a transferência dos 500 milhões de

Sérgio Raimundo declarou que só não faz o mesmo em relação ao antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, e ao actual ministro de Estado do Desenvolvimento Económico, Manuel Nunes Júnior, por já se terem iniciado as diligências a fim de se obter os seus depoimentos

dólares da conta do BNA domiciliada no banco Standard Chartered em Londres, para a conta nº 400515 76514832 da empresa Perfectbit, sediada no banco HSBC, na mesma cidade, ocorreu dentro das normas e das práticas da sua instituição. Declarou que as transferências solicitadas pelo Departamento de Gestão de Reservas (DGR), liderado na data dos factos por António Bule, têm sempre o carácter urgente, porque eles negoceiam com os parceiros externos taxas de juros favoráveis ao país e existem prazos por cumprir. Sublinhou que o atraso na execução de tais operações podem acarretar perdas, um risco que a sua equipa não aceitava correr, pelo que, muitas vezes, largavam depois das 20 horas. Sobre a operação dos 500 milhões de dólares, disse que a informação que chegou inicialmente ao seu gabinete era de que a mesmaestava ligada ao Ministério das Finanças. Só mais tarde é que vieram a aperceber-se de que era do próprio banco central. “As operações do DGR [Departamento de Gestão de Reservas] nunca trazem problema”, frisou a antiga funcionária do BNA que se encontra aposentada, depois de 35 anos de serviço intenso. Marta Barroso explicou que pelo facto de a Mais Financial Service e o consórcio de que é parte não figurarem entre os parceiros do BNA cadastrados no seu sistema, a princípio, o DGR deveria solicitar que fossem cadastrados no Departamento de Contabilidade, antes de remeter o expediente ao seu departamento. “Neste caso em concreto não se fez porque havia uma confiança na relação entre os dois departamentos e nunca houve qualquer problema”, frisou. Sublinhou que a mesma informação que é inserida no sistema pelos técnicos do DOB é visível no Departamento de Contabilidade.

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A fonte da falsa informação prestada a UIF

Marta Barroso declarou ontem que a informação que a sua ex-adjunta, Ana Marcolino, prestou à Unidade de Informação Financeira (UIF), de que não havia registo da operação dos 500 milhões de dólares, terá tido como base uma informação deturpada do vice-governador do BNA, Manuel António Tiago Dias, de que a transferência havia sido realizada em nome do Ministério das Finanças. “Quando se solicitou a informação eu não estava. Presumo que isso terá ocorrido porque não sabiam

que a operação a que a UIF fazia referência era a dos 500 milhões”, frisou. A UIF fez esse pedido ao banco central depois de ter sido contactada pela sua congénere de Londres (Inglaterra) para confirmar se a transferência era legítima, em cumprimento das normas de combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo. Do BNA recebeu a informação de que nada constava a respeito. “Como é que se justifica a resposta do BNA ser esta, mesmo a UIF fornecendo o valor e o nome da empresa beneficiária?” Questionou o procurador Pascoal Joaquim. Marta Barroso explicou que os técnicos provavelmente procuraram tanto no arquivo físico como digital o ficheiro sobre a realização de uma operação com esse montante em nome do Ministério das Finanças e não encontraram, pois a mesma estava registada com o nome do Departamento de Gestão de Reservas. Solicitado a prestar esclarecimentos pelo seu defensor, o arguido António Bule sublinhou que “em todas as operações realizadas pelo DGR o dinheiro não sai da esfera do BNA. São aplicações em fundos”. PUB


4 DEStAQUES POlÍtiCA. PÁG. 9 Nova família do Kwanza estreia transmissão em directo dos debates no Parlamento.

SOCiEDADE. PÁG. 12 Usuários de refrigerantes pertencentes a família dos clorofluorcarbonos serão punidos com multa.

CARtAz. PÁG. 16 Anderson Mário dá detalhes do seu primeiro álbum.

ECOnOMiA. PÁG. 19 ANPG estreita laços com jornalistas.

MUnDO . PG. 23 Rouhani afirma que Irão nunca buscará armas nucleares, com ou sem acordo.

o editorial

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HOJE: os números do dia

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Património ao deus dará

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se de repente deflagrar um incêndio no centro de Mbanza Kongo, o mais normal é perderse tudo o que faz parte do que está classificado como Património da Humanidade pela UNIESCO. ƒ que os bombeiros da cidade não têm um único carro-tanque funcional. Têm dois, mas avariados e que terão de ser remetidos a Luanda para o conserto que se impõe. Pior, se alguém ficar ferido, os bombeiros também não têm uma única ambulância funcional. É mau? Pode piorar, e piora, porque no Soyo, o município petrolífero da província, por lá também os bombeiros não têm qualquer meio, nem para si próprios, nem para acudir Mbanza Kongo, em caso de necessidade. Tudo isto espelha a diferença entre falar e fazer, quem promove o turismo lá fora presta atenção a estas coisas, só para que conste.

o que foi dito

O desenvolvimento técnico da Força Aérea Nacional (FAN), que foi reforçado com a aquisição de novas aeronaves de transporte, reconhecimento e de combate” Salviano de Jesus Sequeira

Ministro da Defesa

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Mil instituições empresariais do ramo de construção e obras públicas, em todo território nacional, foram legalizadas pelo Instituto Regulador da Construção Civil e Obras Públicas (IRCCOP), desde 2017.

Mil e 654 cabeças de gado bovino morreram em 2019, na província da Huíla, vítimas de doenças provocadas pela seca severa que afectou os municípios dos Gambos, Chibia, Matala, Jamba, Lubango e Quipungo.

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O recente relatório mundial da Human Rights Watch (HRW) sobre os direitos humanos traz algumas incertezas ou informações erradas sobre Angola” luísa Buta Directora dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos

Mil pensionistas inscritos a nível do INSS e da Caixa Social das Forças Armadas Angolanas (FAA), não fazem o uso do cartão multicaixa disponibilizado pelo Banco de Poupança e Crédito (BPC).

Professores do ensino primário e primeiro ciclo de ensino secundário, oriundos dos 14 municípios da província de Malanje, participam num seminário de capacitação de formadores municipais.

Há possibilidade de se encerrarem as actividades da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola (IURD), caso se provem as acusações feitas por bispos, pastores e obreiros” Francisco Castro Maria Director do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR)


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e assim...

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com a embaixadora do Reino Unido, Jessica Hand, saiba mais sobre a cimeira que o seu país organiza a partir de amanhã com parceiros africanos

José Kaliengue Director

Sem ética no ADn

www.opais.co.ao Davos (Suiça) Activista ambiental sueca Greta Thunberg, ao centro, retira-se enquanto o Presidente dos EUA, Donald Trump, fala para o Fórum Econômico Mundial (DR)

o que vai acontecer Sociedade A 5ª edição do concurso nacional de jogos digitais, a ter lugar em Maio próximo, será lançada amanhã, em Luanda, no Centro Cultural Brasil-Angola (CCBA). O concurso a realizar-se de 20 a 22 de Maio, é um desafio proposto a qualquer pessoa (singular ou colectiva), que desenvolva uma ideia, ou protótipo de jogo com capacidade técnica, entretenimento, inovação, originalidade, viabilidade técnica e financeira, entre outros aspectos. “Estão autorizados a participar neste concurso, jogos ainda não lançados comercialmente ou que ainda não tenham sido apresentados em outras competições. Os candidatos têm três meses (Fevereiro, Março e Abril) para a criação de jogos”, refere o comunicado de imprensa.

Semba O Centro Cultural e Recreativo Kilamba, em Luanda, ganha, a partir de Sexta-feira, 24, uma galeria de exposição denominada Galeria do Semba. Trata-se de um espaço destinado a ilustrar a história do Semba, enquanto género musical, através de um acervo iconográfico e sonoro, constituído por fonogramas, fotografias, capas de discos, cartas, instrumentos musicais de executantes referenciais e outros documentos. A Galeria do Semba inclui no seu projecto, a criação de um Centro de Documentação e Informação que vai acolher uma vasta programação de extensão cultural, com destaque para concertos acústicos de pequena dimensão, visitas programadas de estudantes.

Cultura O grupo de rebita Novatos da Ilha actua, hoje, às 17h00, no Centro Cultural Brasil-Angola (CCBA), numa organização da Comissão Administrativa de Luanda. A performance do histórico grupo da cultura axiluanda, enquadra-se nas festividades do 444º aniversário da cidade de Luanda, a ser celebrado no sábado. Segundo Horácio dá Mesquita, presidente executivo do grupo, a rebita deve ser levada em grande consideração por se tratar de um produto cultural típico, que ao longo de mais de meio século ainda mantém as características. “Temos o mesmo cancioneiro, tanto que muito dos registos musicais já foram utilizados em temas de semba.

Exposição Atlântico: Angola e São Tomé e Príncipe Contemporâneo” é o título de uma mostra colectiva de 11 artistas angolanos e um santomense a ser inaugurada, na galeria de arte “Circle Art”, em Nairobi, Quénia, ficando patente até 21 de Fevereiro. Para Dominick Maia Tanner, curador da mostra, este convite da galeria de arte “Circle Art” é um bom exemplo “da necessidade de unir as divisões “dentro do continente, criar diálogo entre artistas, públicos, académicos e críticos de África e Ocidental, e “intensificar a narrativa ‘Sul-Sul’”. A primeira exposição da “Circle Art” para 2020 é uma combinação de mestres e artistas emergentes que vivem em Angola e na diáspora.

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gora que há esta nova febre de tudo privatizar e de dizer que o sector empresarial privado é a salvação das nossas vidas, digo já que estou com algum receio. Não por pensar que o Estado deva continuar a comandar as empresas e a economia, mas porque sei, “todas mães sabem”, que não existe em Angola qualquer fábrica de novos empresários, ou, melhor, de novos cidadãos. Todos sabemos que teremos mais do mesmo, que serão o do poder e arredores a ficar com as empresas e a formar o tal “novo empresariado”. E todos sabemos que os incapazes que já faliram empresas, ou que simplesmente as utilizaram para engrossar cofres estão agora a ter uma oportunidade de reciclagem, são agora os mais interessados em afastar empresários de verdade para ver se lhes ficam com os negócios, só que há gente sem jeito mesmo e que tem o dom de falir tudo em que toca. Por outro lado, não vejo qualquer tipo de movimentação para a regulamentação ética dos negócios em Angola, ou de educação, se quisermos. Olhemos para o Governo e escolhamos quem realmente não tem um negócio, ainda que em nome da empregada lá de casa, é aí que reside a nossa maka maior. Tudo o que é lei e regulamento gravita em torno de interesses de quem manda, ou, por exemplo, se fosse diferente, há muito algum ministério teria regulamentado o desenho e actuação das clínicas privadas. É desumano que a primeira coisa com que um aflito dá numa clínica seja o caixa, antes da triagem, antes de ver um enfermeiro, uma cadeira de rodas, uma bata. Há gente mo Governo detentora de “clínicas-máquinas registadoras”, são estes que vão mudar alguma coisa?

E também... Dia Mundial da liberdade - 23 de Janeiro A data foi criada pela ONU e proclamada pela UNESCO. A liberdade é um direito de todos os seres humanos para realizarem as suas próprias escolhas, para traçarem o seu futuro e determinarem as suas opções de vida. A Declaração Universal dos Direitos Humanos contempla a liberdade no Artigo 1.º: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

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nO tEMPO DO kAPARAnDAnDA

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

OPAÍS

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais. co.ao Grande repórter: André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia Luís Faria (Coordenador-Editor) luis.faria@opais.co.ao Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto Nunes, Rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Afrodite Zumba, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Iracelma Kaliengue, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela),Brenda Sambo, Maria Custódia, Kiameso Pedro e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto)Lourenço Pascoal, Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Revisão: António Setas Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Inês Monteiro e Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor)Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, Talatona- Luanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 Vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

23 de Janeiro 1963 - Guerrilheiros do

PAIGC atacam o exército português estacionado em Tite, dando início à Guerra de Independência da Guiné-Bissau.

1984 -

23 de Janeiro O primeiroministro chinês, Zhao Ziyang, afirma, em Vancouver (Canadá), que não haverá mais revoluções culturais no seu país.

1991-

23 de Janeiro Os EUA iniciam a luta terrestre contra as forças iraquianas na fronteira com o Kuwait, durante a crise do golfo.

CARtA DO lEitOR

Será que o árbitro é intimidável? Caro director, caros jornalistas do jornal OPAÍS, Mas assim é como que só agora é que o país todo acha que a engenheira Isabel dos Santos andou a roubar o país? Isto é mesmo possível? O mais triste no meu país é ver a PGR ainda comentar e dar importância aos documentos que foram publicados lá fora. Mas assim a PGR e os serviços de segurança andaram onde que não viram que ela estava a roubar? Lembro-me que alguns cidadãos foram se queixar ao tribunal sobre a nomeação de Isabel dos Santos para a Sonangol, o tribunal não viu crime, então agora estão a falar como se ela se tivesse nomeado sozinha. E também é muito mau muitas pessoas agora estarem a atirar pedras sem pensar primeiro. Querem se mostrar ao Governo como antigamente, então o nosso país não vai mudar. Também, com este clima

DR

todo, duvido que a PGR e os tribunais estejam mesmo em condições de agir de forma isenta a toda à prova, à prova de bala, como se diz. Porque não há serenidade no país. Eu não sei se ela é culpada ou

não, só tenho receio que a justiça esteja já inclinada, é como um árbitro num jogo em que oitenta por cento da bancada tem adeptos de uma das equipas e são todos karatecas. Vamos todos esperar com cal-

ma, e devemos todos saber que estes processos demoram muito tempo.

Carlos Andrade Sumbe

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754


COMUNICADO

Novas regras e procedimentos para a realização de operações cambiais de invisíveis correntes por pessoas colectivas O Banco Nacional de Angola, no âmbito do processo em curso de liberalização gradual do mercado cambial, alterou os procedimentos administrativos relacionados com as operações de invisíveis correntes das empresas residentes cambiais, destacando-se: a eliminação da obrigatoriedade de licenciamento dos contratos de prestação de serviço celebrados com entidades não residentes cambiais, independentemente do seu valor; a dispensa do envio de cópia dos contratos ao BNA; o aumento do valor das operações que obrigam à celebração de um contrato, de 1.000.000 Kz, para USD 25.000. Assim, doravante será da responsabilidade dos bancos comerciais a validação rigorosa de todas as operações de invisíveis correntes, com base no conhecimento do seu cliente e na análise da documentação de suporte, incluindo dos contratos de prestação de serviço, quando aplicável, de forma a assegurar o enquadramento da operação no contexto da entidade ordenadora e a legalidade da documentação. Garantida a legitimidade dos pedidos de transferência sobre o exterior através da sua validação conforme anteriormente referido, os bancos comerciais podem vender moeda estrangeira aos seus clientes para a execução das operações de invisíveis correntes por estes ordenadas. Mantém-se a obrigatoriedade de registo de todas as operações de invisíveis correntes no SINOC, sendo a informação dos contratos submetida através de uma ficha técnica que resume os seus termos e condições, dispensando-se, no entanto, o envio de cópia dos contratos ao Banco Nacional de Angola. Os bancos comerciais devem assegurar a existência de políticas, processos e procedimentos rigorosos nas suas instituições de forma a corresponder à responsabilidade que lhes é transferida pelo Banco Nacional de Angola com a implementação destas novas regras e assegurar a melhor utilização possível dos recursos disponíveis em moeda estrangeira. As disposições regulamentares acima referidas visam aumentar a eficiência do funcionamento do mercado cambial e constam do Aviso N.º 02/2020, de 9 de Janeiro, em vigor desde a data da sua publicação a 9 de Janeiro de 2020 e que substitui o Aviso N.º 13/13, de 6 de Agosto.

Luanda, aos 17 de janeiro de 2020 Departamento de Comunicação e Museu


POlÍtiCA

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“Luanda Leaks” não surpreende UnitA O maior partido da Oposição considera que a série de reportagens desenvolvidas pelo “Luanda Leaks”, que revela o “escândalo de corrupção protagonizado pela filha do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a empresária Isabel dos Santos”, veio apenas confirmar o que ele próprio e outras vozes da sociedade civil vinham denunciando ao longo dos anos Domingos Bento

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secretário de Comunicação e Marketing da UNITA, Marcial Dachala, disse, ontem, em Luanda, que o teor dos documentos revelados esta semana de forma simultânea pelos mais vários meios de comunicação nacionais e internacionais, no âmbito do “Luanda Leaks”, que é uma serie de reportagens desenvolvidas pelo Consórcio Internacional de Jornalistas, em nada surpreende a sua formação política. Segundo Marcial Dachala, “há quase 40 anos que a UNITA identificou a corrupção, o saque do património público, a incompetência e o desprezo pelos direitos fundamentais da pessoa humana como traços fundamentais da cleptocracia, que capturou o Estado”. O político afirmou que “a corrupção faz parte da cultura do partido no poder desde os primórdios

DR---

Marcial Dachala, secretário de Comunicação e Marketing da UNITA

da Independência”, e agravou-se com os métodos de privatização de um conjunto de empresas que foram revertidas a favor dos dirigentes do MPLA, partido no poder. “Ela (corrupção) consolidou-se com a adopção, pelo MPLA, da política de acumulação primitiva de capital que conduziu os angolanos à condição mais abjecta de pobreza e miséria”, denunciou. Acrescentou ser convicção da UNITA que “a corrupção sistémica alimentada pelo regime” teve sempre por finalidade a “manu-

O político afirmou que “a corrupção faz parte da cultura do partido no poder desde os primórdios da Independência

tenção do poder”, apontou. De acordo com Marcial Dachala, a série de reportagens desenvolvidas pelo “Luanda Leaks”, que revela o escândalo de suposta corrupção protagonizada pela filha do ex-Presidente da República, Isabel dos Santos, veio apenas confirmar o que a UNITA, personalidades da sociedade civil e sectores da comunidade internacional foram, vezes sem conta, denunciando ao longo de todos esses anos. Apesar das denúncias, Dachala defende que a luta contra a corrupção seja feita de forma célere e generalizada, responsabilizando todos os prevaricadores. O político disse ainda que a UNITA esteve sempre na linha da frente do combate à corrupção, tendo feito, ao longo dos anos, vários pronunciamentos sobre o assunto. Informou que, recentemente, o seu partido solicitou várias comissões parlamentares de inquérito ao Banco Espírito Santo de Angola (BESA), a Sonangol, ao Fundo Soberano de Angola e à Dívida Pública, mas sem sucesso. “E, infelizmente, todas estas comissões propostas pela UNITA jazem, até hoje, nas gavetas da Assembleia Nacional”, lamentou.

O PAÍS Quinta-feira,2 3d eJ aneirod e2 020

Sangria dos recursos públicos Dachala, que falava à imprensa sobre o actual estado do país, fez saber que a UNITA tem acompanhado, com muita preocupação, o agravamento da crise generalizada que Angola vive, “como consequência da má governação e da corrupção endémica sustentada pelo MPLA, no poder há 44 anos”. Disse que o desenvolvimento da economia angolana estagnou em consequência da “sangria” dos seus recursos, espoliados mediante vários artifícios fraudulentos que minaram a confiança nas instituições do Estado e tornaram o ambiente de negócios incredível, facto que tem desencorajado o investimento estrangeiro. Segundo Marchal Dachala, tais artifícios têm permitido a falta de transparência nos contratos de “adjudicação de obras, o favoritismo, o amiguismo, o nepotismo, o furto e os negócios consigo próprios”. Criticou o Executivo por, alegadamente, ter investido “ em sectores sem prioridade, em detrimento da educação, saúde, infra-estruturas, saneamento básico, energia, água, agricultura e indústria”, que, segundo a fonte, constituem factoreschave do desenvolvimento. Para Marcial Dachala, os factos trazidos a público, expondo a origem do império de Isabel dos Santos, “uma de entre as várias fortunas construídas com base no saque ao erário”, têm de merecer o devido e integral tratamento por parte dos órgãos judiciais. No seu entender, a política de acumulação primitiva de capital produziu muitas outras fortunas, porquanto, envolve actos de peculato, branqueamento de capitais e gestão danosa que devem merecer tratamento judicial igual. “Porem, face à gravidade da situação em que o país se encontra e a forma como o combate à corrupção está a ser conduzido, antevendo as suas consequências, a UNITA considera urgente e inadiável, que se crie uma frente patriótica nacional e inclusiva para um combate efectivo e eficaz, como garantia da estabilidade socioeconómica do país”, concluiu.

TC “chumba” congresso de Fernando Pedro Gomes Maria Custódia

O

Tribunal Constitucional (TC) invalidou, por via do acórdão 591/2019, o congresso extraordinário inclusivo da FNLA realizado em Junho de 2018, em Luanda, por um grupo de membros do Comité Central que elegeu Fernando Pedro Gomes como seu presidente. Segundo o TC, a 21 de Maio de 2019, indeferiu o pedido de anotação do congresso extraordinário inclusivo da FNLA, realizado de 20 a 24 de Junho de 2018. Acrescenta ainda que a questão central do recurso reside em aferir o cumprimento dos requisitos legais e estatutários na realização do congresso em causa para, por fim, o plenário deste tribunal decidir manter ou não o despacho recorrido. O acórdão, a que o OPAÍS teve acesso, esclarece que, para a realização de um congresso extraordinário, os estatutos dos partidos políticos e a lei estabelecem pressupostos que devem ser escrupulosamente cumpridos. Uma destas normas é a convocatória feita ou subscrita pelo preside do partido na reunião do Comité Central, procedimento que Fernando Pedro Gomes e seu pares não terão cumprido aquando da realizado do “inviabilizado” congresso. Em reacção ao acórdão, Fernando Pedro Gomes disse que, apesar de não concordar com a decisão, não pretende recorrer da deliberação do TC, assegurando que o conclave foi realizado dentro das normas legais. O político, que faz parte de uma das alas que não compactuam com a actual presidência, liderada por Lucas Ngonda, insiste na ideia de que o partido histórico continua divido e defende a intervenção dos órgãos de justiça no sentido de salvar aquela organização política fundada por Holden Roberto em 1954.


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nova família do kwanza reabre transmissão em directo dos debates no Parlamento Vinte e oito anos depois da criação da Assembleia Nacional, é chegado o momento de as sessões parlamentares voltarem a ser transmitidas em directo na televisão e na rádio, depois de longa interrupção e vários adiamentos sob alegação de questões técnicas DR

berturas que eram feitas até aqui não correspondiam às expectativas dos cidadãos que pretendiam acompanhar o que se discute na casa das leis. “Isto não era suficiente, porque essas transmissões durante uma legislatura ocorriam apenas três ou quatro vezes”, disse, para quem a Assembleia Nacional mantinhase fechada e os cidadãos desinformados do que ocorria. Benedito Daniel disse que essa primeira transmissão será uma oportunidade, já que a Assembleia vai abrir as suas portas e levar os seus trabalhos até à sociedade e à casa de cada cidadão. As transmissões serão feitas numa primeira fase através da Televisão Pública de Angola (TPA) no seu

canal dois, e da Rádio Nacional de Angola. O político considerou que isso ainda não é o suficiente, sendo que o canal dois não tem a cobertura máxima para todo o país. Criação de um canal parlamentar O deputado defendeu a criação de um canal que possa dedicar-se à transmissão em directo de todo o trabalho que a Assembleia Nacional possa fazer, não apenas as sessões plenárias, mas também os debates na especialidade. Avançou que o mais importante agora é que a própria Assembleia comece a trabalhar para não estar presa nas televisões públicas. Salientou a necessidade de se pensar agora na formação de quadros, na aquisição de equipamen-

tos modernos e na legalização de uma televisão que possa ser parlamentar. O anúncio sobre a transmissão em directo das reuniões plenárias da Assembleia Nacional foi feito recentemente pelo Presidente da República, João Lourenço, decisão que foi aplaudida pelos representantes dos partidos políticos com assento parlamentar. Entretanto, a UNITA, na voz do seu presidente, Adalberto Costa Júnior, apesar de saudar a iniciativa do Presidente da República, criticou-o pelo facto de a decisão da transmissão dos debates ter partido dele, alegando haver uma sobreposição do Executivo em relação ao órgão legislador. PUB

Neusa Filipe

A

s propostas de lei que autoriza o Banco Nacional de Angola(BNA) a emitir e pôr em circulação uma nova família de notas do Kwanza, a da identificação ou localização celular entre outras, vão hoje à votação final global na IV Reunião Plenária da Assembleia Nacional, cujas sessões, doravante, passam a ser transmitidas em directo. O deputado do PRS, Benedito Daniel, disse que a transmissão em directo das sessões plenárias representa um grande passo e de interesse público, por se tratar de um assunto que há muito vinha sendo solicitado pelos partidos políticos na Oposição. Com este passo dado, Benedito Daniel defende para os próximos tempos a criação de um canal televisivo da própria Assembleia Nacional, para não depender dos órgãos públicos. O parlamentar recordou que foram anos a pedir a transmissão em directo das sessões plenárias e dos debates da Assembleia Nacional,

mas sem sucesso, e o início, hoje, pela Televisão Pública de Angola (TPA) e pela Rádio Nacional de Angola (RNA) marca uma nova viragem na história do próprio Parlamento. A fonte acrescentou que, doravante, as sessões constitutivas, as sessões solenes, as discussões do Orçamento Geral do Estado (OGE) e as sessões de aprovação da Conta Geral do Estado (CGE) passam a ser acompanhadas em directo pelo público interessado. O líder do PRS disse que as co-

O anúncio sobre a transmissão em directo das reuniões plenárias da Assembleia Nacional foi feito recentemente pelo Presidente da República, João Lourenço, decisão que foi aplaudida pelos representantes dos partidos políticos com assento parlamentar


SOCiEDADE

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O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

Subida de propinas leva universidades privadas à PGR OPAíS/ARQUIVO

A Procuradoria Geral da República (PGR) considera que os aumentos dos valores das propinas estão à margem dos parâmetros legais. Os estudantes encaram com optimismo, enquanto a associação das universidades promete divulgar um comunicado Milton Manaça

A

Associação das Instituições de Ensino Superior Privado (AIESPA) foi convocada pelo Gabinete de Contencioso do Estado e Educação Jurídica da PGR para esclarecer os aumentos que se têm registado em várias universidades. Num comunicado a que OPAÍS teve acesso, assinado pela subprocuradora-geral da República, Vanda Lima, a PGR considera que os aumentos que se têm registado, para além de lesarem interesses colectivos, afectam o direito à educação, consagrado institucionalmente. Segundo a PGR, as instituições do ensino superior privado estão a aumentar os valores das propinas à margem da lei, razão pela qual o representante destas foi convocado para explicar-se junto das autoridades. AiESPA promete pronunciar-se OPAÍS contactou o presidente da mesa da assembleia-geral da Associação das Instituições de Ensino Superior Privado de Angola, Filipe Zau, mas sem sucesso. De uma fonte, apuramos que a associação emitirá um comunicado de imprensa nos próximos dias. Entretanto, responsáveis e promotores das principais uni-

Uma luz no fundo do túnel Estudantes em manifestação numa das Universidades de Luanda

Aqui em Angola vimos os estudantes como clientes e fonte de financiamento, uma vez que sempre que temos inflação no mercado os estudantes sentem o peso em função das propinas”

versidades privadas do país estiveram reunidos na passada Sexta-feira, 17, para propor novas propinas, conforme noticiou este jornal na edição do dia 20 do corrente mês. A AIESPA propõe que 60. 139 Kwanzas para o curso de medicina. Para as engenharias e áreas de tecnologias, a referida instituição sugere uma propina mensal de 51.255, ao passo que as ciências sociais e outras não especificadas ficariam cifradas em entre os 39.865 e 39.550 Kwanzas. Participaram no encontro promotores das principais instituições privadas, entre as quais a Universidade Católica e Universidade Independente de Angola, assim como das universidades Gregório Semedo, Lusíada, Óscar Ribas, Piaget, ISPAJ, ISPTEC, ISIA e IMETRO.

Nos últimos dias registou-se várias manifestações em várias universidades de Luanda em que os estudantes manifestaram publicamente o seu descontentamento com a subida das propinas, particularmente na Universidade Privada de Angola (UPRA) e na Jean Piaget. Para o secretário-geral da Associação dos Estudantes das Universidades Privados de Angola (AEUPA), Crissolito Inácio, a iniciativa da PGR é bem-vinda e acende uma luz no fundo do túnel para os estudantes, porquanto existe também uma proposta em análise nas instituições para a diminuição do valor da propina. Em declarações a este jornal, Crissolito Inácio disse que muitas universidades sobem os preços sem sequer ouvirem as associações dos estudantes, tendo apelado para a aprovação urgente de um diploma legal que regule a questão das propinas, por parte do Ministério das Finanças, antes do arranque do ano académico. Crissolito Inácio entende que deve haver uma classificação das universidades e a aplicação de um tecto máximo e mínimo para as propinas nas universidades. “Nós aqui em Angola vimos os estudantes como clientes e fonte de financiamento, uma vez que sempre que temos inflação no mercado os estudantes sentem o peso em função das propinas”, disse.


O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

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Empresa Halliburton suspende secretário sindical das indústrias petro-químicas Ao que tudo indica, o “braço-de-ferro” entre o Sindicato das Indústrias Petro-Químicas e Metalúrgicas de Angola(SIPEQMA) e a direcção da empresa americana Halliburton, de prestação de serviço à industria petrolífera, vai continuar ainda por muito tempo

D

epois de se recusar a actualização do câmbio dos ordenados dos trabalhadores da Halliburton Overseas Limited Sucursal Angola, por argumentos poucos convincentes, segundo a comissão sindical, desta vez as acusações subiram de tom, com a suspensão do secretário do SI-

PEQMA, Camilo Carvalho, no dia 17 deste mês. Uma fonte ligada a este sindicato informou a OPAÍS que a suspensão de Camilo Carvalho, o rosto visível do sindicato, deveuse ao seu sindicalismo, que estará a ser interpretado como sendo uma afronta à direcção da empresa no que concerne à resolu-

não há meios para extinção de incêndios na única cidade Património da Humanidade no país Em Mbanza Kongo funciona apenas um carro para transporte de pessoal do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros. Há duas viaturas de extinção de incêndios e uma ambulância, mas estão avariadas e terão de ser enviadas para Luanda para recuperação

O

Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB) na província do Zaire está sem meios técnicos para a extinção de incêndios nos municípios de Mbanza Kongo e Soyo, informou ontem, nesta cidade, o porta-voz este órgão na região, Manuel Cassua. Em declarações à Angop, informou que três das quatro viaturas que o órgão dispõe no município de Mbanza Kongo estão avariadas há um mês: duas viaturas de extinção de incêndios e uma ambulância, que brevemente devem ser enviadas para Luanda para recuperação. “De momento dispomos apenas de um meio de transporte de apoio ao pessoal, que em caso de emergência tem servido para o desdo-

bramento dos especialistas”, explicou, acrescentando que o mesmo cenário vive-se no município do Soyo onde a única viatura para extinção de incêndios está avariada. Em caso de ocorrência no município do Soyo, disse, os bombeiros têm recorrido aos serviços da Base Petrolífera do Kwanda e à Angola LNG que têm disponibilizado os seus meios de extinção de incêndios. No município sede (Mbanza Kongo), o porta-voz do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros disse que para acudir eventuais situações de emergências o seu órgão tem contado com a colaboração de algumas empresas privadas, enquanto se aguarda pela reparação dos meios avariados.

ção de algumas exigências inseridas no contrato laboral. Segundo a fonte, a Camilo Carvalho foi instaurado um processo disciplinar, com base nos dispostos do artigo 48º da Lei Geral

de Trabalho (Lei nº 7/16, de 15 de Junho, cuja decisão surpreendeu o colectivo de trabalhadores da Halliburton, com realce para os cidadãos angolanos. Os trabalhadores reivindicam,

entre outras, o reajuste cambial constante no caderno reivindicativo, solicitado pela mediação, e em vez de em 100 por cento, os trabalhadores mantêm a proposta de 75 por cento do reajuste salarial, ou seja, 250 por cento do aumento sobre o salário base actual, bem como os dois anos de retroactivos. Segundo a fonte, os trabalhadores manifestam-se abertos a suspender a greve que observam desde finais do ano passado, caso se conclua o primeiro ponto do caderno reivindicativo, que consiste no reajuste cambial. Os trabalhadores queixam-se também do mau ambiente protagonizado pelos seus colegas expatriados, consubstanciado em actos de violência física e verbal, que, segundo eles, tem retirado a paz social na empresa. Refira-se que mais de 500 trabalhadores observam a greve por “tempo indeterminado” há quase um mês, devido à falta da actualização dos seus salários ao câmbio do Banco Nacional de Angola.

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SOCiEDADE

JACINTO FIGUEIREDO

Participaram no Worksohop sobre Quotas de Importação de Substâncias Hidroclorofluorcarbonos - HCFC funcionários dos ministérios do Ambiente, do Comércio e convidados

Usuários de refrigerantes prejudiciais ao ambiente serão punidos O director Nacional de Tecnologias e Normalização Ambiental da Unidade Nacional do Ozono do Ministério do Ambiente, António Matias, anunciou, ontem, em Luanda, que, brevemente, os usuários dos gases freons 11, 12, 502 e outros fluidos refrigerantes que pertencem à família dos clorofluorcarbonos (compostos artificiais que possuem carbono, flúor e cloro na sua estrutura) serão punidos com multa e ainda incorrer na sanção de interdição de importação

Maria Teixeira

A

s empresas que utilizam freons, um gá s ref rigera nte utilizado para aplicação em ar-condicionado residencial e comercial de média e baixa temperatura que, no entanto, agride a camada de ozono se libertado na atmosfera, além das sanções acima referidas correram o risco de terem não só as substâncias apreendidas, como os equ ipamentos possuidores das mesmas, em conformidade com o estabelecido no artigo 20 do Decreto Presidencial nº153/ 11 de 15 de Junho. António Matias fez tal revelação num evento em que os ministérios do Ambiente e do Comércio procederam à apre-

sentação de quotas de importação de fluidos refrigerantes, pertencentes à família Hidroclorofluorcarbonos (HCFC), ao abrigo do Decreto Executivo Conjunto nº 518/18 de 5 de Dezembro. O encontro teve como objectivo sensibilizar e informar os usuários de tais fluidos, no sentido de optarem pela aquisição de fluidos refrigerantes alternativos aos acima mencionados, uma vez que os mesmos obedecem a um calendário de eliminação progressiva, estabelecido pelo Protocolo de Montreal. Declarou que as quotas serão atribuídas para que a República de Angola, como parte signatária, cumpra o estipulado no Protocolo Montreal. Na qualidade de coordenador da Unidade Nacional do Ozono do Ministério do Ambiente, António Matias, disse ainda

AntÓniO MAtiAS, director Nacional de Tecnologias e Normalização Ambiental da Unidade Nacional do Ozono do Ministério do Ambiente

JOSÉ SiCAtO, chefe do Departamento da Balança Comercial, Direcção Nacional do Comércio Externo do Ministério do Comercio

que, no âmbito da implementação do referido protocolo, o país implementou com êxito o Programa Nacional de Eliminação Progressiva dos Clorofluorcarbonos (CFC) em 2010. Disse que tem de se redobrar esforços no sentido de evitar a entrada dessas substâncias que constam na pauta aduaneira como proibidas. “Brevemente, os usuários dos freons 11, 12, 502 e outros fluidos refrigerantes que pertencem à família dos clorofluorcarbonos serão punidos com multas e ainda incorrer na sanção de interdição de importação”, frisou. Já o chefe do departamento da Balança Comercial da Direcção Nacional do Comércio

O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

DR

Protocolo de Montreal: o primeiro tratado no domínio do ambiente Em 2009, o Protocolo de Montreal entrou para a história ao tornar-se no primeiro tratado no domínio do ambiente universalmente ratificado por 197 países, membros da Organização das Nações Unidas (ONU), unidos em prol de uma causa em comum: a Protecção e a Recuperação da Camada de Ozono. Angola é parte signatária do Protocolo de Montreal desde 2000. Subscreveu as quatro emendas do Protocolo de Montreal, designadamente a de Londres, a de Copenhaga, de Montreal e de Beijing, desde 21 de Junho de 2011. A resolução nº 26/18, de 21 de Setembro, da Assembleia Nacional, aprova a adesão do país a Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal. Em face disso, foi previamente estabelecido um cronograma de eliminação progressiva e diferenciado. Ou seja, os países desenvolvidos têm o prazo de eliminação total dos Hidroclorofluorcarbonos até 2020 e os países em desenvolvimento até ao ano 2030.

Externo do Ministério do Comercio, José Sicato, falou das substâncias Hidroclorofluorcarbonos e alternativos, explicando que as quotas de importação são apenas para gases que afectam a camada de Ozono e há uma classe específica. Por outro lado, elucidou que existem gases alternativos que não estão sujeitas a quotas e são livres de importação. Salientou ainda que o grande objectivo do Protocolo de Montreal é fazer com que os operadores económicos e as instituições ligadas ao Estado tenham a responsabilidade de preservar a camada de Ozono e conduzam os operadores económicos para os gases verdes, mais amigos do ambiente. “O que nós pretendemos, objectivamente, é fazer com que as empresas fiquem sensibilizadas a utilizar os gases alternativos, para termos um mundo melhor”

Odebrecht nega ter pagado propina ao exPresidente de Angola

A

construtora Odebrecht negou, ontem, num Esclarecimento a que OPAÍS teve acesso, ter pagado qualquer propina ao antigo Pesidente da República, José Eduardo dos Santos. Segundo a Odebrecht, o conteúdo da matéria veiculada Segunda-feira, 20 de Janeiro, pelo Jornal da Record, é falso. A empresa afi rma nunca ter tido qualquer tipo de relação com as empresas de Isabel dos Santos. “Tal como foi anunciado pelo próprio Governo Brasileiro, Angola quitou antecipadamente as linhas de crédito que contratou com o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], não sendo verdadeira a informação de que há pagamentos pendentes ao banco estatal”, lê-se no documento. A Odebrecht diz ainda ter solicitado formalmente à produção e direção de jornalismo da TV Record as devidas correções. Por outro lado, reafirmou o seu compromisso com uma actuação ética, íntegra e transparente, realçando que tem colaborado com as autoridades de forma permanente e eficaz, em busca do pleno esclarecimento de factos do passado.



CARtAz seu suplemento diário de lazer e cultura

“Sona” pode ser o próximo Património Cultural Imaterial Nacional

ADJELSON COIMBRA

Essa informação foi avançada em exclusivo aO País, pela directora do Instituto Nacional de Património Cultural (INPC), Cecília Gourgel, que acrescentou que o processo já se encontra a 95 por cento para a sua conclusão Adjelson Coimbra

O

s Sona, arte de contar histórias em desenhos na areia,que pertencente ao povo Côkwe, pode ser elevado a Património Imaterial Nacional, no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, a assinalar-se a 18 de Abril. Essa informação foi avançada, em exclusivo a este jornal, pela directora do INPC, Cecília Gourgel, à margem da assinatura de protocolo de cooperação entre o Ministério da Cultura (MINCULT) e a Universidade Lueji A’ Nkonde, nesta Quarta-feira, 21, em Luanda, no domínio da valorização e investigação do património histórico-cultural. Assim, com a assinatura deste acordo, esta instituição de Ensino, situada na Lunda-Norte, através da sua Escola Superior Pedagógica, concrectamente o curso de Matemática, vai auxiliar o MINCULT no processo de elevação dos “Sona” a Património Imaterial. “Dependendo da prioridade do gabinete da senhora ministra e do Executivo, antes do Semba, poderemos ter o “Sona” declarado Património Nacional, porque é um trabalho que está praticamente concluído”, revelou a directora do INPC, Cecília Gourgel. A dirigente considerou ainda os “Sona” escritos belíssimos, pertencente aos ancestrais africanos, por isso, para si, têm um valor patrimonial inigualável.

“O sona são desenhos na areia com contornos geométricos, eles são transmissores de um pensamento, de uma realização” Segundo a directora do INPC, a região leste tem uma série de elementos culturais ou bens patrimoniais que interessam ao Ministério da Cultura para declarar como Património Cultural Imaterial Nacional. “Sona” dividido entre a Matemática e a Arte Além do lado artístico, os “Sona” possuem traços geométricos e, por este facto, surge a assinatura do protocolo de cooperação entre as instituições supramencionadas. Desta forma, para o reitor da Universidade Lueji A’ Nkonde, Carlos Claverioba, considera-se que os aspectos culturais nacionais são de extrema importância. Por isso, avança, a geometria sona foi o mote de uma conferência sobre matemática, realizada na Lunda-Norte, pela uni-

Sona Os sona são conhecidos como a arte de contar histórias em desenhos na reia. Eles são também gráficos delineáveis, desenhados sem levantar o dedo ou passar duas vezes por cima da mesma linha. Para fazer um Lusona, de acordo com o extinto portal Rede Angola, o artista começa por alisar a areia e usar as pontas dos dedos para criar uma grelha de pontos equidistantes, chamados tobe, que servem como suporte. Estes desenhos fazem parte da tradição oral Côkwe. Vale frisar que a palavra “Sona” oriunda do Côkwe, encontra-se no plural, cujo singular é “Lusona”.

O reitor da universidade Lueji A’ Nkonde, Carlos Claverioba, e a directora do INPC, Cecília Gourgel, após o protocolo de cooperação ser rubricado

versidade que dirige. Conta que os participantes desta reunião apelaram a que a geometria sona devesse merecer um tratamento mais diferenciado. Daí que propôs-se ao MINCULT a assinatura do protocolo de cooperação. “Os sonas são desenhos na areia com contornos geométricos, eles são transmissores de um pensamento, de uma realização, de uma perspectiva. E é preciso interpretá-lo, mas não é qualquer pessoa que o faz. Os mais velhos que dominam essa arte aos poucos vão morrendo, daí que estamos a incentivar os jovens a aprender e a interpretar esta arte, extremamente com-

plexa”, disse. Contudo, o académico considerou muito importante esta relação, pelo facto de a universidade não ser apenas uma instituição de ensino, mas também ser uma instituição de desenvolvimento cultural. “Há um percurso a traçar. Assinamos o acordo e daremos os passos subsequentes. Os estudantes que nós temos fazem parte de um grupo de trabalho que vai prosseguir com a pesquisa do sona e a partir daí nós vamos constituindo todo um material capaz de sustentar a sua elevação a Património Imaterial”, adiantou.


O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

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Artistas de Luanda festejam 444º aniversário da cidade com quatro exposições no Espaço d’Arte As colecções, wArtes – ISART, de jovens talentosos e artistas veteranos

Augusto Nunes

Q

uatro exposições de artes visuais, envolvendo vários artistas, estarão patentes ao público da cidade capital, a partir de Sábado, 25, entre o rés-dochão e o primeiro andar do Espaço D’Arte, Edifício Sky One, Rua Marechal Brós Tito, em Luanda. A mostra em jeito de finissage está inserida na jornada comemorativa do 444º Aniversário da cidade de Luanda e poderá ser visitada no período entre as 14 e as 20 horas, segundo a organização. A primeira exposição com o título “Entre duas Águas“, tem as impressões digitais de alguns dos professores do Instituto Superior de Artes-ISART e conta com

Artistas interagindo em torno da celebração dos 444 anos da cidade de Luanda

a curadoria do professor Rómulo Rosa. A segunda tem a participação de jovens artistas angolanos Artman, Uólofe Griot, Júlio Madika, Lucano e Bellas, Adão Mussungo e Zbi.

Horizonte Njinga Mbande exibe “A Prova”

“A

Prova” é como se intitula a peça teatral da Companhia Horizonte Njinga Mbande, cujos espectáculos arrancam hoje, Quintafeira, 23, e Sexta-feira, 24, em sessão única às 20 horas e 30min minutos. Já Sábado e Domingo, respectivamente, em duas sessões: a primeira às 19h30 min, e a segunda às 21h:15min, todas no auditório da companhia em Luanda. A peça é baseada na história bíblica de Jó. Desse modo “A Prova” retrata a vida de um homem íntegro que é posto à prova quando remetido a um mundo egoísta e dominado pelos bens materiais, onde valoriza-se o “ter” ao invés do “ser”. A peça mostra duas épocas diferentes. De um lado, um dos homens mais fiéis que o mundo já viu e, doutro, o egocentrista. Será que no mundo actual existem homens como o Jó? Estas e outras respostas o espectador poderá ver respondidas nas interpretações dos actores, com um elenco em que figu-

ram David Enoque, José Galiano, Catarina André e Rafaela Geovete, sob o comando do encenador Adelino Caracol. A Companhia de Artes Horizonte Njinga Mbande, com 34 anos de existência, fundada em Luanda, por Adelino Caracol e Ezaquiel Issenguele, vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes na categoria do Teatro, edição de 2007, instituído pelo Ministério da Cultura; vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes Angola 30 anos edição única em 2006; vencedor de duas edições do Prémio DSTV/ Teatro Angola; participação no Festival de Teatro para o Desenvolvimento do Burkina-Faso; participação do Festival da Juventude na Costa da Caparica, em Portugal; participação na 1ª semana do Teatro angolano na Namíbia; participação no FITEI 92 no Porto/ Portugal. A Companhia tem usado o teatro para trabalhar activamente na mudança de mentalidade da sociedade.

Já a terceira colecção, envolve artistas renomados como Don Sebas Cassule, Guizef e Guilherme Mampuya. Finalmente, a quarta e última junta 11 finalistas do Curso de Artes Visuais, também do Institu-

to Superior de Artes – ISART, que apresentam “The Bunker 2-Operação Sky One”, com curadoria dos Professores Karénia Cintra Rodrigues e Pedro G. Ocejo Huerta. História da cidade Conta-se que em 1575, o capitão português Paulo Dias de Novais, ao desembarcar na Ilha do Cabo, estabeleceu o primeiro núcleo de colonos portugueses: cerca de 700 pessoas, das quais 350 homens de armas, religiosos, mercadores e funcionários públicos. Um ano depois (1576), reconhecendo não ser aquele lugar adequado, avançou para terra firme e fundou a vila de São Paulo da Assunção de Luanda, e ali lançou a primeira pedra para a edificação da Igreja dedicada a São Sebastião, onde se encontra hoje o Museu das Forças Armadas. Trinta anos mais tarde, com o aumento da população europeia e do número de edificações, a vila de São Paulo da Assunção de Luanda tomou foros de cidade, estendendo-se de São Miguel ao largo fronteiriço ao antigo Hospital Maria Pia (actual Josina Machel). No período da União Ibérica, em 1618 foi construída a Fortaleza de

São Pedro da Barra. A cidade tornou-se no centro administrativo de Angola desde 1627. Em 1634 foi construída a Fortaleza de São Miguel de Luanda. A cidade foi conquistada e esteve sob o domínio da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais de 1641 a 1648 quando foi recuperada para a Coroa Portuguesa por uma expedição enviada da Capitania do Rio de Janeiro, no Brasil, por Salvador Correia de Sá e Benevides. De 1550 a 1850, Luanda foi um importante centro do tráfego de escravos para o Brasil. Enquanto apenas um quinto das suas importações eram originadas de Portugal, os outros quatro quintos eram com o Brasil. O equilíbrio na balança comercial era mantido com o intenso contrabando de escravos. A cidade limitava-se a funções militares, administrativas e de redistribuição. A indústria era praticamente inexistente e a instrução pública pouco evoluída. Em 1847, incluindo os edifícios públicos, a cidade contava com 144 casas com primeiro andar, 275 casas térreas e 1058 cubatas (cabanas de indígenas).

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CARtAz

O PAÍS Quinta-feira,23 de Janeiro de 2020

Reality Show

Big Brother Brasil 2020 disputado entre figuras anónimas e conhecidas do público Duas equipas, uma com figuras anónimas denominada “Pipoca”, e outra com rostos conhecidos do público designada “Camarote”, totalizando 18 concorrentes, entraram ontem em disputa para a 20ª temporada do reality show “Big Brother Brasil”

O

jogo que pode ser acompanhado através da tela da TV Globo, a 20ª edição do reality show chegou com novidades que prometem agitar o jogo. O BBB20 conta com 18 concorrentes, divididos em duas equipas. A “Pipoca” composta por figuras anónimas e a equipa “Camarote” integrada por personalidades conhecidas. O jogo também contará com um “Big líder” e “Big festas”. O líder, figura importante e muito disputada no ‘Big Brother Brasil’, estará mais soberano do que nunca, será dele a responsabilidade de

21 PONTES

Chadwick Boseman é um detective da polícia de Nova Iorque que tem de capturar os responsáveis pelas mortes de vários polícias. O detective vê-se envolvido numa complicada e inesperada conspiração. Kilamba Sala 4 13:00 - 15:20 - 17:40(2) - 20:20(2) - 22:40(1) Nova Vida Sala 2 13:00 - 15:20 - 17:40(2) - 20:20(2) - 22:40(1) Talatona Sala 1 13:00 - 15:20 - 17:40(2) - 20:20(2) - 22:40(1) (1)

Apenas dias 20 e 21 de Dezembro (2) Excepto dia 24 de Dezembro

definir quais “brothers” ficarão na Xepa e quais serão do grupo VIP na hora da alimentação, podendo ter acesso a maior ou menor variedade de alimentos ao longo da semana, de acordo com os respectivos grupos. O líder ainda terá outro lugar de destaque: as festas da casa. No BBB 20, serão duas por semana: a já tradicional festa semanal e a “Festa do líder”, que é novidade nesta edição. Novas dinâmicas vão alterar a maneira de olhar o jogo, mas não mudam o clima de diversão e disputa que move a casa louca do BBB. O jogo terá novas formas de escapar do paredão. Outra coisa que vai aquecer a casa mais vi-

giada do Brasil é a presença de telemóveis. Mas eles não serão aparelhos comuns e não terão comunicação com o exterior. O telemóvel servirá para mostrar apenas o que acontece dentro da casa por meio do “FeedBBB”. O reality estará mais completo com interacções com o público em ambiente digital, na plataforma criada para os concor-

rentes postarem o seu dia-a-dia. O já conhecido GShow fará uma cobertura especial das novidades da casa com conteúdo multimédia, proporcionando aos fãs do reality show uma melhor experiência de conexão ao programa. A edição conta também com novos formatos e uma programação mais completa, o público poderá ficar por dentro de ca-

da detalhe sobre a casa e os novos moradores. Recorde-se que a primeira edição do BBB foi para o ar em 29 de Janeiro de 2002, com a segunda temporada sendo exibida no mesmo ano. O BBB20 tem direcção geral de Rodrigo Dourado e apresentação de Tiago Leifert. A Globo em Angola está disponível no canal 10 da ZAP.

HUMOR

PROJECtO

CASAMEntO

POlÉMiCA

Após pedido de casamento o “Cubico dos Tuneza” agita com a chegada da lista de pedido

Anderson Mário dá detalhes do seu primeiro álbum

Pamela Anderson casou esta semana pela 5ª vez

Príncipe William questionado sobre a ausência de Harry em acto oficial

O próximo episódio que irá ao ar a 26 de Janeiro retratará a oficialização do noivado do casal “Momô” e “Bolinha”, segundo noticiou o portal Platina Line. O casal vive uma nova e bonita fase da sua relação, pois está de casamento marcado: próximo dia 29 de Fevereiro, no Centro de Conferências de Belas. O episódio do dia 19 de Janeiro, do “No Cubico dos Tuneza” teve largos momentos dedicados à celebração do Casamento do Ano. Entusiasmada por ter sido pedida em casamento, Bolinha tem o seu mundo à volta do anunciado matrimónio. A matriarca não cabe em si de tão contente e não esconde a sua felicidade.

Pouco tempo depois de ter assinado por dois anos pela EA Music, o vencedor da primeira edição do Unitel Estrelas ao Palco já tem grandes projectos em carteira para este ano, que passam por estreiar o seu primeiro álbum discográfico em Angola e, posteriormente, em Portugal. Ao PLATINALINE, o músico e compositor avançou que o álbum, cujo título está em discussão, trará 10 faixas musicais e contará com as participações musicais de Nikko, Duda e ainda de duas surpresas. Relativamente às expectativas que tem sobre a recepção do público, o músico considera como sendo boas, pois não faltou amor em cada letra e em cada música.

A actriz e modelo Pamela Anderson, de 52 anos, casou na última Segunda-feira com o magnata de Hollywood Jon Peters, de 74, conhecido por produzir filmes como Flashdance, Batman e A Star Is Born. A cerimónia aconteceu em Malibu, nos EUA, só para familiares e amigos próximos, longe dos olhares da imprensa. A actriz já trocou alianças com os cantores Tommy Lee (1995-1998) e Kid Rock (2006-2007), com o jogador de pôquer Rick Salomon (duas vezes, de 2007 a 2008 e de 2014 a 2015). Jon Peters foi casado com a actriz Lesley Ann Warren (entre 1967 e 1974), e com três outras mulheres que não pertencem ao mundo dos famosos.

Acompanhado pela mulher, Kate Middleton, o príncipe William foi, em representação da rainha Isabel II, anfitrião de uma recepção no Palácio de Buckingham que assinalou o UK-Africa Investment Summit. Evento que marcou assim o regresso dos duques de Cambridge à agenda oficial após dias agitados com a saída de Harry e Meghan Markle do núcleo sénior da realeza. Tratando-se do tema do momento, William não deixou de ser questionado por Filipe Nyusi, presidente de Moçambique, sobre a ausência do irmão neste acto oficial.



ECOnOMiA

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O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

Carlos Rosado: Nomeação do então ministro da Economia terá sido erro de casting DR

O jornalista e analista Carlos Rosado de Carvalho considera chegada a pasta da Economia e Planeamento do recém exonerado ministro um erro na escolha

André Mussamo

“Q

u a ndo o Presidente da Repúbl ica nomeou o então ministro para esta pasta eu já achava que a pessoa certa era o Sérgio Santos”. O comentário é do economista e jornalista Carlos Rosado de Carvalho convidado, ontem, a analisar a recente remodelação efectuada por João Lourenço. Carlos Rosado, considera o ministro cessante “mau cumunicador” dentre outros defeitos para uma pessoa incumbida da responsabilidade da micro economia do país. Rosado confessa que não compreende a lógica seguida pelo PR, senão a de seguir as pegadas do seu antecessor que é de exonerar por exonerar. “Em toda parte do mundo as remodelações devem ser prece-

Manuel Neto da Costa esteve à frente do Ministério da Economia e Planeamento desde Julho do ano passado

didas de algo especial ou motivadas por justificações atendiveis” o que não tem estado a acontecer com o actual Presidente da República. Os chefes de governo (Presidentes e Primeiros-Ministros) “fazem remodelações quando acontece algo relevante ou a meio do mandato e quase sempre a remodelação envolve vários ministros”, todavia por cá o PR “vai fazendo remodelações aos mirins” o que por si só deixa os membros do governo de sobressalto. Carlos Rosado considera que nesta lógica, os Auxiliares do Titular do Poder Executivo “estão sempre com o coração na mão a pensar se serão os próxi-

“O Presidente da República deixa as pessoas que nomeia muito confusas, quando não são definidas metas, não é dito o que é que se espera dos titulares ministeriais”

mos a sair”. Carlos Rosado considera “a arquitectura do nosso Governo” como sendo errada, principalmente por ser uma equipa estruturada para combater a crise. “Por mim o sector económico podia ser reduzido ao minimo de pastas fundindo economia, indústria, comércio, turismo e hotelaria numa só, enquanto as atribuições da área do planeamento podiam ser repassadas para o Ministério das Finanças”, asseverou o especialista. Precioso Domingos: nomeação do novo ministro da Economia revela instabilidade governativa Em declarações à agência Lusa, Precioso Domingos reagia à

exoneração, na Terça-feira, de Manuel Neto da Costa do cargo de ministro da Economia e Planeamento, para o qual foi nomeado Sérgio de Sousa Mendes dos Santos. Precioso Domingos frisou que esta “instabilidade governativa” vem desde fi nal da década de 1980, início da década de 1990, quando as primeiras reformas se iniciaram, no âmbito da instauração da economia de mercado, na sequência do regime democrático que Angola declarou. “Sempre foi assim, tendo mesmo chegado a um momento recorde, em que num ano foram mudados ministros das Finanças nove vezes”, exemplificou. E acrescentou: “Quer dizer, isso é instabilidade governativa, nós estamos a falar de um país em que o partido que governa tem maioria qualificada, mas parece que o Governo é mais instável, por exemplo, do que em São Tomé e Príncipe”. Para Precioso Domingos, tal como o Presidente da República tem um mandato de cinco anos, “era importante que ele tivesse muito cuidado também ao seleccionar os seus auxiliares, de forma a estes terem um mandato”. “Por outro lado, o Presidente da República deixa as pessoas que nomeia muito confusas, quando não são defi nidas metas, não é dito o que é que se espera dos titulares ministeriais”, frisou, exemplificando que o antigo ministro foi exonerado, mas “não se disse, do ponto de vista da performance” onde terá falhado e nem se sabe publicamente o que se espera do nomeado. Manuel Neto da Costa esteve a frente do Ministério da Economia e Planeamento desde Julho do ano passado altura em que foi nomeado em substituição de Pedro Luís da Fonseca. Manuel da Costa tinha sido antes (desde 2013) Presidente do Conselho de Administração do Banco de Densenvolvimento de Angola (BDA).


O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

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ANPG estreita laços com jornalistas DR

Agência nacional de Petróleos e Gás, e Biocombustível (ANPG) quer aprimorar a comunicação com jornalistas económicos. O principal objectivo é informar os projectos da instituição, administrar formações para desmistificar os termos técnicos e encontros para promover o sector

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Patrícia de Oliveira

administrador da Agência Nacional de Petróleos e Gás, e Biocombustível (ANPG), Gerson dos Santos, clarificou o papel da instuição e as principais metas para os próximos anos. “ANPG irá completar um ano desde a sua criação e teve como foco separar algumas funções que estavam concentradas na Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, E.P. (Sonangol), em que havia pouca transparência”, lembrou. Segundo ele, a referida insti-

tuição tem como função regular o mercado, supervisionar o sector petrolífero no país, atribuir novas concessões, tornar o processo mais célere, monitorar os resultados dos contratos de concessões e maximizar a criação de valor para o Estado angolano. “Temos recebido uma série de inputs da parte dos operadores sobre a decisão tomada pelo Executivo em separar a Sonangol. Actualmente, a Sonangol está a desfazer-se de áreas que não são importantes para a empresa e concentrar-se no fundamental para a instituição”, explica. Segundo o responsável, um dos objectivos fundamentais e a comunicação efectiva que ocorre com a interacção dos diferen-

tes intervenientes do mercado, por essa razão, a ANPG está decido em trabalhar com a Comunicação Social. “A nossa missão só terá êxitos se tivermos a Comunicação Social como parceiros”, disse. A visão ANPG, passa por criar condições de competividade para que o sector seja mais atractivo para os investidores e uma referência internacional, fazendo de Angola um país favorável no sector petrolífero. Gerson dos Santos referiu que o desafio da ANPG é aumentar a produção petrolífera, daí a razão da solicitações de campos marginais, criar medidas para manter a produção existente, incentivar as empresas a investir na área.

ADRA publica hoje três livros sobre desenvolvimento local sustentável Problemática do desenvolvimento local, produção familiar e categorização da agricultura sãos os temas dos livros postos a circular pela editora Umbi Umbi sob a égide da ADRA e apoio da organização não-governamental “Pão para o Mundo” DR

André Mussamo

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s livros que representam um contributo no processo de produção de conhecimento e desenvolvimento social do país são apresentados ao público no auditório da Universidade Católica de Angola, numa cerimónia aprazada para as 17 horas. Um dos livros tem como titulo “Produção familiar, cooperativismo e mercado-Uma incursão pela agricultura em Angola” e é de autoria do economista e professor universitário Hélder Marcelino.

Segundo o autor a obra, é resultado de uma investigação científica realizada em 2014, numa altura em que era abordada com persistência a questão da comercialização dos produtos e as significativas perdas nas áreas de produção. O autor identifica três dimensões do problema associadas à problemática, nomeadamente a dimensão física, os acessos por via das estradas e acomodação nos locais de venda e busca uma resposta para o problema, desembocando na dimensão dos próprios produtores e o acesso à informação e conhecimento. O autor propõe uma abordagem virada para o produtor e não para o produto que estraga. “A integração do produtor no mercado

de forma autónoma e sustentável é o caminho que propomos nesta nossa abordagem como solução para este crónico problema”, refere Hélder Marcelino. “Categoriza-

ção da agricultura familiar em Angola: Um contributo a partir do caso de Capunge” de José Maria Katiavala é um estudo de caso realizado no âmbito de uma pós-gradu-

ação universitária em agronomia e recursos naturais e buscou analisar a diversidade da agricultura familiar. O autor adverte que o resultado da sua pesquisa é sobre um caso localizado, pelo que não deve ser generalizado a todo o país, mas dá algumas luzes para a tendência nacional. “A agricultura familiar é fortemente mercantilizada e isso deve ser tido em conta pelos fazedores das políticas públicas e não pensar-se que ela é apenas para suprir as necessidades dos agregados”, ressaltou o autor. “Caminhos do desenvolvimento local em Angola-Espaços e processos de participação e desenvolvimento nos municípios” é a terceira obra desta safra assinada por Belarmino Jelembi autor com quem OPAIS não logrou êxitos na tentativa de, em antecipação, destapar um pouco o véu em torno do seu conteúdo. A ADRA e a ONG “Pão para o Mundo” patrocinam esta “safra de letras” sobre um sector da nossa economia que continua a não merecer de quem de direito a melhor atenção.


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MERCADOS

O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

O rácio do crédito mal parado sobre o crédito total, fixou-se em 34,62% no iiiº trimestre de 2019 DR

O nível representa uma deterioração em cerca de 6,92 p.p. face ao período homólogo, influenciado pela contracção da actividade económica em 0,8% no período considerado, com efeitos sobre os investimentos no país

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rent abi l id ade dos activos dos bancos situouse em 0,84% no IIIº trimestre de 2019. O desem-

penho reflecte uma redução homóloga de 3,56 p.p., que poderá ter sido influenciada pela moderação da disponibilidade de liquidez no sector bancário.

MERCADOS ESPAÇO INTERNACIONAL Alemanha • O índice ZEW de expectativas económicas relativo ao mês de Janeiro aumentou para 26,7 pontos. O nível representa um aumento de 16 pontos face ao mês de Dezembro e o maior índice desde Julho de 2015, com possíveis reflexos sobre os investimentos no país.

MERCADOS Petrolífero Brent: -0,94% (64,59 USD/barril). A possibilidade de abrandamento da economia chinesa pelo efeito do vírus SARS penalizou a cotação da commodity.

Cambial GBP: +0,31% (1,3050 USD). A divulgação de dados sobre o emprego no Reino Unido terá influenciado a libra esterlina.



MUnDO

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O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

Senado dos EUA rejeita pedido democrata de documentos e testemunhas no julgamento de Trump DR

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Tudo indica que o Senado é favorável à continuidade de Donald Trump

o início do terceiro julgamento presidencial de impeachment, na história dos EUA, o principal de-

fensor jurídico de Trump argumentou que a acusação apresentada pelos democratas é um esforço infundado para anular as eleições de 2016, mas um importante parlamentar do parti-

O Senado dos Estados Unidos, controlado pelos republicanos, aprovou na madrugada desta Quarta-feira as regras para o julgamento de impeachment do presidente Donald Trump, rejeitando os esforços dos democratas para a apresentação de evidências e a realização de depoimentos de testemunhas do na oposição disse que há evidências “esmagadoras” de irregularidades. Trump foi acusado no mês passado pela Câmara dos Deputados, controlada pelos democratas, de abuso de poder e obstrução do Congresso por pressionar a Ucrânia a investigar o ex-vice-presidente Joe Biden, um rival político democrata, e impedir o inquérito sobre o assunto. O presidente nega qualquer irregularidade. Depois que o presidente da Suprema Corte dos EUA, John Roberts, deu início aos procedimentos, os dois lados começaram mais de 12 horas de disputas

orais que duraram até à madrugada desta Quarta-feira sobre as regras propostas pelo líder republicano no Senado, Mitch McConnell, para o julgamento. Os senadores votaram de acordo com as bancadas partidárias, com 53 a 47 para os republicanos, para bloquear quatro emendas apresentadas pelo líder democrata, Chuck Schumer, sobre a apresentação de registos e documentos da Casa Branca, do Departamento de Estado, do Departamento de Defesa e do Gabinete de Administração e Orçamento relacionados às negociações de Trump com a Ucrânia. Da mesma forma, os senado-

res também rejeitaram pedidos de intimações para depoimentos do chefe de gabinete interino da Casa Branca, Mick Mulvaney; do ex-assessor de segurança nacional, John Bolton; do assessor da Casa Branca Robert Blair e do funcionário de orçamento da Casa Branca, Michael Duffey. Sob o conjunto de procedimentos revisados às pressas de McConnell para o julgamento, serão 48 horas de argumentos de abertura —24 horas para cada lado— durante seis dias. Os argumentos começaram quando o julgamento foi retomado, às 15 horas locais desta Quarta-feira.

Protesto contra reforma da Previdência fecha maior hidro-eléctrica da França

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rabalhadores que protestam contra os planos do governo de reformar o sistema previdenciário da França fecharam a maior hidro-eléctrica do país nesta Quarta-feira, informou uma unidade da Confederação Geral do Trabalho (CGT). A paralisação ocorreu quando sindicatos de extrema-esquerda recorreram a acções violentas para protestar contra uma reforma que, segundo eles, forçaria as pessoas a permanecerem por mais tempo no mercado de trabalho. O presidente francês, Emmanuel Macron, manteve a sua posição durante semanas de greves e marchas nas ruas, alegando que as mudanças propostas tornarão a Previdência mais simples e igualitária. A interrupção na instalação de Grand’Maison, nos Alpes, fez com que a França precisas-

A interrupção na instalação de Grand’Maison, nos Alpes, fez com que a França precisasse importar energia na manhã desta Quartafeira, enquanto uma onda de frio tomou conta do país

se importar energia na manhã desta Quarta-feira, enquanto uma onda de frio tomou conta do país. Às 06h30, do horário local, a demanda de energia era de 82,6 gigawatts, e as temperaturas abaixo de zero aumentavam as necessidades de aquecimento, enquanto a capacidade disponível era de 82,4 GW, indicaram dados da operadora francesa de rede elétrica RTE. Realizada por membros da central sindical CGT, a interrupção ocorreu apenas um dia depois de trabalhadores do mesmo sindicato cortarem a energia do maior mercado retalhista de alimentos frescos do mundo, o Rungis, nos arredores de Paris. Macron quer optimizar o sistema previdenciário da França, numa reforma que seria a maior do sistema desde a Segunda Guerra Mundial, e já fez algumas concessões, incluindo a idade para a aposentação.

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Os parisienses ressentiram do frio com a paralisação da hidro-eléctrica


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O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

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Trump define Boeing como ‘grande decepção’

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esta Quarta-feira (22), o presidente dos EUA, Donald Trump, definiu a Boeing como uma “grande decepção” devido aos recentes problemas que tiveram um grande efeito na economia norte-americana. “Essa é uma das maiores empresas do mundo, disse há um ano, e de repente, essas coisas aconteceram [...] Isso teve um grande impacto”,

A Boeing tem impactado negativamente na economia americana para a decepção do Presidente Donald Trump

Essa é uma das maiores empresas do mundo, disse há um ano, e de repente, essas coisas aconteceram [...] Isso teve um grande impacto”

Comissão eleitoral da Guiné-Bissau confirma Embalo como presidente

afirmou Trump à emissora CNBC. Quando se fala de crescimento, isso é tão grande que algumas pessoas dizem que equivale a mais de meio ponto do PIB. Dessa forma, a Boeing é uma “grande decepção” para mim, completou Trump. A crise da Boeing já custou o emprego de diversos trabalhadores, bem como a suspensão das operações das aeronaves Boeing 737 Max e uma queda de mais de 3% nas suas acções. O 737 MAX está vetado pelas autoridades da aviação desde Março, após dois acidentes fatais que mataram 346 pessoas a bordo. Uma investigação sobre os acidentes apontou erros no funcionamento do sistema de aumento de características de manobra do avião. Actualmente, a Boeing e a FAA analisam soluções para o sistema de vôo MCAS da aeronave, entretanto continua enfrentando uma série de problemas.

Ex-primeiro-ministro Umaro Cissoko Embalo, vencedor da votação presidencial

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Rouhani afirma que irão nunca buscará armas nucleares, com ou sem acordo DR

no começo de Janeiro deste ano, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, afirmou que Teerão busca estabilizar a situação na região e fortalecer o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês)

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presidente iraniano Hassan Rouhani declarou que Teerão nunca buscaria obter armas nucleares, com ou sem o acordo nuclear de 2015. “Nunca almejamos armas nucleares […]. Com ou sem o acordo nuclear nós jamais buscaremos armas nucleares [...]. As potências europeias serão responsáveis pelas consequências da violação do pacto”, afirmou o líder iraniano. A declaração foi feita uma semana após Rouhani ter recusado a proposta de discutir um novo acordo, classificando-o como

uma oferta “estranha”, acusando o presidente norte-americano de falhar em manter as suas promessas. Rouhani comentou o pedido do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, feito a Donald Trump para substituir o JCPOA por um novo pacto para impedir o país persa de desenvolver armas nucleares. Além disso, Javad Zarif, ministro de Relações Exteriores do Irão, avisou que “depende da Europa” o JCPOA continuar válido após a aplicação do mecanismo de resolução de disputas, lançado pelos signatários europeus do acor-

Presidente Hassan Pouhani desmistifica um suposto “apetite” nuclear iraniano por armas nucleares

do. Zarif salientou que o Irão está pronto para reverter as medidas de supressão das limitações restantes previstas no JCPOA, uma vez que a Europa retome o seu cumprimento do acordo. Em 5 de Janeiro, o governo ira-

niano anunciou que não respeitaria mais os limites impostos pelo acordo, que foi estabelecido para reduzir consideravelmente o programa nuclear iraniano. Em troca, as sanções internacionais contra o país seriam removidas.

comissão eleitoral nacional da Guiné-Bissau confirmou o expri mei ro-m inistro Umaro Cissoko Embalo como vencedor da votação presidencial na Quarta-feira, depois que a Suprema Corte colocou o resultado em dúvida na semana passada. Na Sexta-feira, o tribunal pediu um esclarecimento das horas de contagem após a comissão eleitoral divulgar os resultados finais que mostravam a vitória de Embalo com 54% dos votos expressos contra os 46% de Domingos Simões Pereira. “A decisão da Suprema Corte foi escrupulosamente seguida”, disse a comissão em comunicado divulgado na Quarta-feira. “Tudo o que resta a fazer é seguir o procedimento de tomada de posse.” O ex-primeiro-ministro e o ex-general do exército Embalo foram aclamados como vencedores do segundo turno do mês passado. Porém, Pereira e vice-candidato do partido no poder contestaram os resultados dizendo que a eleição foi marcada por fraude. Não houve reacção imediata na Quarta-feira de ambos os políticos ao anúncio da comissão.


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PGR desmente perseguição política contra Isabel dos Santos Mas confirmou que é arguida dos crimes de que é acusada, sem, entretanto, avançar mais pormenores à volta da empresária

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procurador geral da República, Hélder Pitta Grós, desmentiu, ontem, em Luanda, que a instituição que dirige esteja a perseguir a empresária angolana e filha do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos, por questões políticas. Falando exclusivamente a órgãos públicos, para comentar o caso “Luanda Leaks”, uma investigação feita por um consórcio de imprensa internacional, justificou que a Procuradoria Geral da República não é uma instituição de partidos políticos. “A PGR não é um órgão político e nem faz parte de um partido político”, assegurou o procurador, realçando que a instituição que dirige está a investigar casos de denúncias que lhe chegam e não questões políticas. Mas confirmou que Isabel dos Santos é arguida num processo relacionado com crimes de que é acusada, sem, entretanto, avançar mais pormenores à volta da empresária. Na passada semana, a empresária Isabel dos Santos enquadrou as denúncias que têm vindo a público contra si e contra o seu património como tendo o pendor político de perseguir a família do ex-Presidente da República. Sobre as revelações de “Luanda Leaks”, Pitta Grós informou que a PGR vai ser cautelosa no tratamento de todo o documento obtido de forma legal, através desta investigação que envolveu 120 jornalistas de 20 países. No que concerne à investigação do património, assentado em 14 países, como Mónaco, Dubai e outros, o procurador-geral da República disse ser um trabalho moroso e que leva tempo. Em conversa com os jornalistas,

DR

Número de mortos por vírus na China sobe para 17 e preocupa o mundo O número de mortes provocadas por um novo vírus descoberto na China subiu para 17, nesta Quarta-feira, aumentando as preocupações pelo mundo sobre o contágio de uma infecção suspeita de ter começado a partir de animais

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Procurador-geral da República Hélder Pitta Grós

Pitta Grós sublinhou que, além da empresária Isabel dos Santos, antiga presidente do Conselho de Administração (PCA) da Sonangol, há outras investigações nesta empresa pública e de que a seu tempo os resultados serão tornados públicos. Segundo o magistrado do Ministério Público (MP), Isabel dos Santos não é a única que está a ser investigada na Sonangol, mas também outros gestores que por lá passaram. Além de Luanda, de acordo com o procurador-geral da República, há também investigações sobre denúncias de escritórios da Sonangol em Londres. Outros “pesos pesados” Na entrevista desta Quinta-feira, 22, Hélder Pitta Grós revelou que estão também sob investigação

outros antigos gestores públicos suspeitos de crimes de peculato, designadamente Higino Carneiro, ex-governador de Luanda, e Manuel Rabelais, antigo ministro da Comunicação Social e ex-director do GRECIMA, e o ex-embaixador de Angola na Etiópia, Arcanjo do Nascimento. Recuperação de activos Sobre esta matéria, o magistrado disse haver cidadãos que estão a colaborar com a justiça no que concerne ao repatriamento de capitais, cuja recuperação de activos e património “eram inimagináveis”, disse. Nos últimos tempos, segundo Hélder Pitta Grós, aparecem cidadãos a questionar como devem colaborar com a justiça para repatriarem os bens retirados ilegalmente do país.

O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

cepa anteriormente desconhecida do coronavírus surgiu na cidade central de Wuhan e já foi detectada até nos Estados Unidos. As autoridades de saúde da China acreditam que a origem seja um mercado que vende frutos do mar de forma irregular. O mais recente número de mortos na província de Hubei, da qual Wuhan é a capital, subiu para 17 na manhã desta Quarta-feira, informou a televisão estatal, citando o Governo da província. Horas antes, autoridades tinham colocado o número de mortes em 9, todas em Wuhan, e mais 470 casos confirmados na China. Segundo os novos dados, os casos confirmados na China passaram posteriormente para 544. Ao contrário do segredo adotado em 2002-2003 sobre a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que matou quase 800 pessoas, a China desta vez está a fornecer actualizações regulares sobre os casos para tentar minimizar o pânico, à medida que milhões de pessoas viajam pelo país e para o exterior por ocasião do feriado do Ano Novo Lunar. “O aumento na mobilidade da população aumentou objectivamente o risco de propagação epidêmica”, disse o vice-ministro da Comissão Nacional de Saúde, Li Bin. A Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou uma reunião de emergência para decidir se o surto representa uma emergência de

saúde global. Após apelos de autoridades por calma, muitos chineses estavam a cancelar viagens, comprando máscaras, evitando locais de aglomeração pública, como cinemas e shopping centers, e até recorrendo a um jogo de simulação online sobre a disseminação de um vírus para lidar com a situação. “A melhor maneira de vencer o medo é enfrentá-lo”, disse um usuário da rede social chinesa Weibo. O vírus espalhou-se de Wuhan para outras partes da China e atingiu grandes centros populacionais como Pequim, Xangai, Macau e Hong Kong. No exterior, a Tailândia confirmou quatro casos, enquanto os Estados Unidos, Taiwan, Coreia do Sul e Japão relataram um caso cada. O Presidente dos EUA, Donald Trump, disse que o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos tem um bom plano de contenção. “Achamos que vai ser muito bem respondido”, disse ele em Davos, na Suíça. Li disse que o vírus, que pode causar pneumonia, está a ser transmitido por via respiratória. Alguns sintomas incluem febre, tosse e dificuldade em respirar. não existe vacina para o vírus. Temores de uma pandemia semelhante ao surto de Sars agitaram os mercados globais, com as acções de empresas de aviação e artigos de luxo particularmente atingidas, e o yuan sofreu uma queda.


O PAÍS Quinta-feira,23 de Janeiro de 2020

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Nasce Ufolo a mais nova OnG da sociedade civil DR

Gilmário Vemba, Rafael Marques, Tânia de Carvalho, Luaty Beirão e MCK (da esquerda para a direita] na apresentação do Ufolo

Os activistas cívicos Rafael Marques e Luaty Beirão lançaram, ontem, no Memorial António Agostinho Neto, em Luanda, o UfoloCentro de Estudos para a Boa Governação

U

folo, que na língua kimbundu tem o significado de liberdade, será este valor universal, o ponto de apoio de toda a actividade da organização cívica, segundo referiu Rafael Marques na abertura do colóquio “Juventude em acção”. “A Boa Governação é precisamente a liberdade, no sentido do não-domínio de uns pelos outros e da possibilidade de desenvolvimento da pessoa com dignidade, com meios de subsistência e sem obstáculos. A nossa actividade terá como grande objectivo contribuir para alcançar e manter essa liberdade”, disse.

Para isso, a associação se propõe conquistar e construir, todos os dias, esta liberdade que não podendo vir do nada, pode estar sujeita a uma privação violenta, às vezes, sendo, por isso, necessário empreender um processo de luta permanente para mantê-la, uma vez conquistada. Rafael Marques reconhece que o país trilha novos caminhos, novos tempos que oferecem novas possibilidades e oportunidades, momento que deve ser aproveitado para diminuir o fosso que separa os cidadãos das instituições públicas. “As organizações da sociedade civil, como o Centro Ufolo, podem e devem desempenhar um

“A sociedade civil tem um papel fundamental a desempenhar, servindo de mediador entre governantes e governados e de catalisador da mudança”

papel essencial para eliminar esse fosso e para introduzir mudanças sociais reais e positivas. Há várias razões para lutarmos por mudanças. A maioria dos angolanos vive na pobreza, muitas pessoas passam fome, a educação, a saúde e os serviços sociais básicos têm-se degradado sistematicamente. Entre as principais causas de tudo isto estão a corrupção e a incompetência, que continuam a ser os maiores desafios na nossa sociedade”, disse. Compenetrados da existência, agora, de condições para encetar estas mudanças, o Ufolo entende chegado o momento para criar espaços públicos fundamentais para o exercício pleno da cidadania, num corte radical com um quadro recente em que “A sociedade angolana e o conceito de bem comum foram retalhados por uma ditadura corrupta de mais de 40 anos”. Diante do quadro acima descrito, os mentores do Ufolo acreditam que é tempo de reconstruir e projectar os valores morais sobre a mediocridade, a solidariedade, integridade e o mérito, pois só assim, com o pleno engajamento pró-activo em liberdade e democracia, se poderá contribuir para a boa-governação, o progresso social, bem como o desenvolvimento humano e económico Sublinhando que o tempo novo que se está a viver não depende só do Presidente da República ou de uma pequena elite, mas de todo um povo, verdadeiro receptáculo de ideias para a liderança, povo e governação são indissociáveis. Para o Ufolo, “A sociedade civil tem um papel fundamental a desempenhar, servindo de mediador entre governantes e governados e de catalisador da mudança. A estruturação da sociedade civil é um imperativo da transição que se almeja. Todavia, as organizações independentes da sociedade civil dependem quase exclusivamente de doadores internacionais, e contam com muito pouco apoio do governo para a provisão de serviços”.

Apelou, contudo, à sensibilidade de doadores nacionais para financiar a actividade das organizações da sociedade civil que, geralmente, são dependes de financiamento externo e este tem sido exíguo com a retirada de muitos financiadores internacionais. Esse envolvimento que se quer de parceiros nacionais ajudaria, segundo Rafael Marques, no recrutamento de pessoal qualificado e na manutenção de programas e parcerias de longo prazo. “Neste momento, as organizações da sociedade civil necessitam, mais do que nunca, de apoio multissectorial. Desde logo porque, como é natural, a sustentabilidade das organizações da sociedade civil angolana não é nem nunca foi prioritária para os doadores internacionais, cuja maioria abandonou o país. Não poderia, aliás, ser de outra maneira, tendo em conta a riqueza de Angola em recursos naturais”, disse, pedindo que as pessoas mais ricas, o sector empresarial e o Governo assumam um papel preponderante para se dar resposta à falta de financiamentos. Como exemplo, disse que o Governo deve dar passos significativos para a criação de mecanismos de financiamentos diversificados, que sejam transparentes e não sofram interferências políticas, sendo importante que os cidadãos entendam que também são parte do Estado, tanto quanto os governantes, pelo que devem poder aceder aos recursos financeiros do Estado para exercerem actividades cívicas que ajudem o país a alcançar a prosperidade e o bem-estar. Criado este quadro funcional, disse Rafael Marques que o centro Ufolo se propõe contribuir para criar uma sociedade civil organizada, actuante, exigente que promova uma visão independente e arrojada do futuro de Angola, através do desenvolvimento simultâneo de capacidades de diálogo e de crítica para o bem comum. O Ufolo, disse a finalizar, vai ocupar o seu lugar na sociedade civil e contribuir afirmativamente para a discussão e a concretização da sociedade assente na dignidade e no desenvolvimento solidário dos homens e das mulheres de Angola, livre, democrática, bem governada e com progresso económico.


DESPORtO

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Guerreiros “espreitam” final do Africano da Tunísia

O PAÍS Quinta-feira, 22 de Janeiro de 2020

Morten Soubak continua no comando da Selecção DR

Apesar da derrota por 26-33, ontem, frente ao Egipto, a Selecção Nacional sénior masculina de andebol defronta amanhã a Tunísia para as meias-finais do Campeonato Africano de andebol, prova que decorre em solo tunisino DANIEL MIGUEL/ARQUIVO

A

pesar de ser afastado da equipa sénior feminina do 1º de Agosto, o técnico dinamarquês Morten Soubak vai continuar a orientar a Selecção Nacional de andebol, segundo o presidente da Federação Angolana da modalidade, Pedro Godinho.

Embora ter sido relegado aos escalões de formação da

equipa militar, o dirigente federativo disse não existir qualquer impedimento em contar com o treinador para orientar o sete feminino nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a decorrerem entre Julho e Agosto deste ano. Pedro Godinho reafirmou a continuidade de Morten Soubak como seleccionador feminino.

“Schumacher é uma pessoa muito diferente” DR

Atleta angolano tenta o remate numa partida do Campeonato Africano

Mário Silva

A

Selecção Nacional sénior masculina de andebol defronta Sexta-feira, às 16:00, a sua similar da Tunísia, no Complexo Olímpico de Radès, prova que decorre em solo tunisino.

Apesar de ter terminado na segunda posição do grupo 1, após derrota, por 26-33, frente ao Egipto, em jogo referente à quarta e última jornada do grupo supracitado. O combinado angolano às

ordens de Nelson Catito vai aproveitar o dia de hoje para corrigir os erros cometidos no embate de ontem para surpreender a equipa adversária. Ainda assim, o treinador é obrigado a estudar os princi-

A julgar pelo seu histórico no desporto das “sete linhas” no continente “Berço da Humanidade”, os tunisinos partem como favoritos

pais jogadores do opositor de modo a montar uma linha defensiva bastante forte. Depois de apontar dez golos ontem, o Rome Hebo tudo fará para mais e ajudar o grupo a conseguir a vitória rumo ao inédito título do Campeonato Africano. A julgar pelo seu histórico no desporto das “sete linhas” no continente “Berço da Humanidade”, os tunisinos partem como favoritos. Na fase de grupos, o sete nacional bateu a Nigéria, 30-24, a Líbia, 20-19, o Gabão, 31-26, e a República Democrático do Congo (RDC), 30-25.

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neurocirurgião italiano Nicola alertou que Michael Schumacher já não será a mesma pessoa que os adeptos conheciam. “Schumacher é uma pessoa muito diferente do que recordamos em pista, com uma estrutura muscular muito alterada e deteriora-

da”, afirmou Nicola Acciari, em declarações à imprensa italiana. Poucas informações têm sido reveladas pela família do atleta desde o acidente. O antigo campeão alemão de Fórmula 1 sofreu um grave acidente de esqui, no Alpes franceses, em Dezembro de 2013.


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O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

DANIEL MIGUEL

Duelo entre kawhi e Doncic caiu para os Clippers

Petro de Luanda desmente interesse em Zoran Maki

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direcção do Petro de Luanda, encabeçada por Tomás Faria, desmentiu o interesse em contratar o treinador sérvio Zoran Maki, este despedido há duas semanas do comando técnico do Wydad de Casablanca. Segundo o site do clube, os tricolores revelam que a matéria publicada pelo Jornal dos Desportos de uma possível contratação do antigo técnico do 1º de Agosto é falsa.A mesma fonte explicou que não houve qualquer contacto como diz a matéria do jornal supracitado.

Para finalizar, a turma do Catetão descartou a possibilidade de rescindir com o treinador António Cosano, que foi bastante contestado pelos adeptos no empate frente ao Williete de Benguela, no Estádio 11 de Novembro. O embate diante do “caloiro”, Williete, foi referente à 16ª jornada do Girabola Zap, Campeonato Nacional de futebol da primeira divisão. Nesta prova, o Petro de Luanda ocupa a segunda posição com 36 pontos, mais um que o líder seu arqui-rival, 1º de Agosto.

António Cosano prepara Champions Os comandados do técnico do Petro de Luanda, António Cosano, prosseguem amanhã, às 9:00, os trabalhos de preparação no Campo do Catetão, tendo em vista o jogo de Sábado, às 14:00, diante do Mamelodi Sundowns da África do Sul, para a 5ª jornada do grupo C da Liga dos Clubes Campeões. Na Champions, os tricolores ocupam o último lugar com dois pontos, menos oito que o representante sul-africano que lidera o grupo.

1º de Agosto de “malas feitas” para a Zâmbia DR

Jogadores dos militares numa sessão de treinos

O

1º de Agosto, tetracampeão nacional, viaja hoje para a Zâmbia, onde Sábado, às 17:00, defronta o Zesco United, em jogo referente à 5ª jornada do grupo A da Liga dos Clubes Campeões de futebol de África.

Amanhã, a equipa central das Forças Armadas Angolanas realiza uma sessão de treinos de modo a reconhecer o relvado do embate. Nesta série, os militares estão na “lanterna vermelha”, ou seja, no último posto com dois pontos, os mesmos que têm os zambianos no terceiro lugar.

No único jogo da última madrugada na NBA, os Los Angeles Clippers viajaram ao reduto dos Dallas Mavericks de onde trouxeram uma vitória por 110-107. As estrelas das respectivas equipas estiveram em grande destaque, com Kawhi Leonard a liderar os Clippers com 36 pontos, 11 ressaltos e três roubos de bola. Do outro lado, Luca Doncic brilhou com 36 pontos, 10 ressaltos e nove assistências, mas foi insuficiente para garantir o triunfo. Com este resultado, os Clippers sentam-se no segundo posto da conferência oeste com 31 vitórias e 13 derrotas. Os Mavericks são 5.º com 27 triunfos e 16 derrotas.

DR

“É ridícula mudança por empréstimo de Bale” Jonathan Barnett, agente de Gareth Bale, descartou uma possível saída por empréstimo do galês neste mercado de Janeiro. “Ele é um dos melhores do mundo, porque sairia por empréstimo? Isso é ridículo”, começou por dizer, à BBC. O agente garantiu que o extremo está satisfeito nos merengues. “Não há muitos clubes que possam pagar por ele, de qualquer maneira. Ele tem dois anos e meio de contrato no Real, está bem, está feliz”.

Milan estabelece valor mínimo por Hernandez Com o propósito máximo de afastar atenções indesejadas, a direcção do Milan deixou o aviso de que não irá vender Theo Hernandez por menos de 50 milhões de euros, segundo noticia o italiano Sport Media Set. Chegado do Real Madrid por 20 milhões de euros, o defesa de 22 anos tem somado um conjunto de brilhantes exibições, que têm vindo a despertar o interesse de alguns gigantes europeus.

Jurgen klopp “chumba” saída de Shaqiri

Roger Federer com tarefa facilitada na Austrália O suíço Roger Federer assegurou, esta Quarta-feira, a passagem rumo à terceira ronda do Open da Austrália, após ter derrotado o sérvio Filip Krajinovic. Federer, número três mundial, derrotou Krajinovic em três “sets”, com os parciais de 6-1, 6-4 e 6-1. Na próxima ronda irá defrontar o australiano Johan Millman.

Jurgen Klopp, treinador do Liverpool, garantiu, ontem, Quarta-feira, não ter qualquer intenção de deixar sair Xherdan Shaqiri, ou qualquer outro jogador, durante este mercado de transferências. O internacional suíço tem estado na mira de clubes europeus, nomeadamente a Roma e o Sevilha. “Não é sobre Shaq, mas sobre todos os jogadores. Queremos mantê-los no clube. Se alguém estiver desesperado”.

Eduardo Camavinga na rota do Real MadridEduardo Camavinga, jogador francês, com raízes angolanas, é uma das coqueluches da equipa do Rennes. Recentemente, esteve a ser associado ao Real Madrid, agora, sabe-se que tem mais um grande candidato de peso na perseguição pela sua contratação, o rival dos merengues, o Barcelona.


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O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

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O PAĂ?S Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

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tEMPO

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O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

Fonte: INAMET

PREVISÃO DO TEMPO PARA AS PRINCIPAIS CIDADES

Válida de 21 a 23 de Janeiro de 2020 Ê Ê

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT)Ê

Ê

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 21 á 23 de Janeiro de 2019Ê Data 21 /01/ 2020

CIDADE

Mín

Data 22 /01/ 2020

Estado do Tempo

Máx

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Estado do Tempo

Data 23/01/ 2020 Mín

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Estado do Tempo

LUANDA

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Céu parcial nublado.

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CABINDA

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SUMBE

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu parcial nublado.

CAXITO

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Céu nublado, chuva fraca.

MBANZA CONGO

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UIGE

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NDALATANDO

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Céu nublado, chuva fraca.

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MALANJE

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva fraca.

DUNDO

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu nublado, chuva fraca.

SAURIMO

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva moderada á forte.

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Céu nublado, chuva fraca ou chuvisco.

BENGUELA

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu parcial nublado.

HUAMBO

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Céu nublado, chuva moderada á forte.

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva fraca.

CUITO

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Céu nublado, chuva moderada á forte.

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva fraca.

LUENA

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva moderada.

LUBANGO

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Céu nublado, chuva fraca.

MENONGUE

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu parcial nublado.

MOÇÂMEDES

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ONDJIVA

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Céu parcial nublado.

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Céu parcial nublado.

O Meteorologista: Lionete Mitange. Ê

Das 18 horas do dia 20 às 18 horas do dia 21 de Janeiro de 2020. REGiÃO nORtE: Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uige, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, LundaSul Céu parcialmente nublado, apresentando-se muito nublado pela madrugada e manhã. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca a moderada em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Sul e Lunda-Norte. REGiÃO CEntRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado a limpo, tornando-se muito nublado pela madrugada e manhã. Possibilidade de ocorrência de chuva moderada a forte em alguns municípios das províncias do Huambo, Bié e Moxico. REGiÃO SUl: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango Céu nublado. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca em alguns municípios das províncias do Namibe e Cunene. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca em alguns municípios do Cuando Cubango.

Luanda, 20 de Janeiro de 2020

Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.aoÊ

tEMPO nO MAR Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARíTIMA 1. SitUAÇÃO GERAl ÀS 15:00 tU DO DiA 20 DE JAnEiRO DE 2020: Circulação de Sudeste moderada a forte entre os paralelos 4°S e 18°S (Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Moderada á boa Cuanza-Sul, Benguela e Namibe). INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA - INAMET

2. PREViSÃO VÁliDA AtÉ ÀS 18:00 tU DO DiA DE JAnEiRO DETempo 2020: Centro21 Nacional de Previsão do nÃO HÁ AViSO.

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00 TU DO DIA 20 DE JANEIRO DE 2020: Circulação de Sudeste moderada a forte, entre os paralelos 4°S a 18°S (Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Cuanza Sul, Benguela e Namibe). 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 21 DE JANEIRO DE 2020:

Sem aviso.

REGIÃO

ESTADO DO TEMPO

VENTO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

Cabinda (4°S – 6°S)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

Pouco agitado

Fraca (Superior a 5)

DIRECÇÃO FORÇA (KT) Chuva

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S) Namibe (14°S – 18S)

ALTURA DA ONDA (METROS)

Chuva

Sudeste

Até 14

Até 1.3

Sudeste

5.0 á 11

Até 1.0 á 1.3

Pouco agitado

Moderada (Superior a 8)

Sudeste

Até 15

Até 1.3

Pouco agitado

Moderada (Superior a 8)

Sudeste

Até 18

agitado

Fraca (Superior a 5)

Até 1.6

3. DESCRiÇÃO SinÓPtiCA DAS 18:00 UtC DO DiA 20/01/2020 ÀS 18:00 UtC DO DiA 21/01/2020 Depressão, com pressão de 1010hPa, e com o seu vale depressionário a estender-se por toda a costa marítima de Angola. O anticiclone de Santa Helena irá deslocar-se para o Leste, com o seu centro de 1020hPa influenciando o padrão e a intensidade do vento. Assim, prevê-se ondas máximas de até 1.6 metros de altura para a região marítima do Namibe. Para as regiões marítimas de Cabinda, Zaire, Luanda, Bengo, Cuanza-Sul e Benguela prevê-se onda máxima de 1.0 até 1.3 metros de altura. 4. CARtA DO VEntO MÁXiMO E DA AltURA DA OnDA MÁXiMA PREViStA Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local


OPiniÃO

PAÍS Quinta-feira,23 de Janeiro de 2020

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lUÍS FARiA*

A fraude jornalística da SiC

S

obre Isabel dos Santos caiu na comunicação social, nomeadamente na portuguesa SIC, um vendaval de informações, apresentadas como demolidoras do carácter da empresária angolana. De onde vêm e como foram obtidas essas informações? Ninguém quer saber? De súbito abateu-se um ciclone sobre a vida empresarial e pessoal de Isabel dos Santos, que se lembra agora à saciedade ser a mulher mais rica de África. A partir de uma suposta investigação de dezenas de jornalistas alinhados num consórcio da classe multiplicaram-se pelo mundo fora, designadamente o chamado ‘mundo ocidental’, as notícias sobre participações, sociedades, propriedades, vida social e pessoal da empresária angolana, filha do anterior Presidente da República José Eduardo dos Santos. Em Portugal, e como se tornou hábito em tudo o que respeita a Angola, o grupo de comunicação social SIC, controlado por Francisco Pinto Balsemão, transformou o assunto num thriller de terror, em formato de curta-metragem, repetido praticamente em contínuo nos últimos três dias. O canal generalista da emissora e o seu canal de notícias praticamente não falam noutro tema, que abre invariavelmente os noticiários e que ainda surge, no final destes, na forma de longas reportagens sobre o “escândalo”. Nunca um canal de televisão se debruçou tão obcessivamente sobre alguém e lhe deu tão longo tempo de emissão. Os outros canais e a imprensa escrita para não perderem competitividade vão destacando o assunto, forçando declarações das entidades oficiais portuguesas, que se pautam por grande prudência. Mesmo quando cumprem os programas obrigatórios os canais da SIC intervalam-nos com spots sinistros sobre o caso Isabel dos Santos. Pressinto que para Angola disto tudo não vai resultar nada de

bom. Um pressentimento apenas. Até agora não se revelou nada que não se soubesse antes. Um jornalista português construiu, em livro, um pormenorizado retrato da rede de negócios de Isabel dos Santos. E Jorge Costa, Francisco Louçã e João Teixeira Lopes já tinham feito no seu livro ‘Os Donos Angolanos de Portugal’ uma análise minuciosa dos interesses de Isabel dos Santos em Portugal. Nos últimos dias a SIC fez sucessivas montagens de alguns desses negócios, mas não trouxe nada de novo. Não surpreende, tendo em conta o passado e mesmo as relações, praticamente cortadas da SIC com a Zap, o frenesim com que a SIC, que ainda há bem pouco tempo esperneava em maus lençóis financeiros, converte o assunto numa campanha pessoal, do ponto de vista jornalístico, inqualificável. É lixo com audiência. Se mergulharem, em directo, uma das suas entertainers contratadas, como é o caso de uma tal Cristina, num aquário cheio de alforrecas seguramente duplicam as audiências. Mas não é o assassinato mediático que me preocupa. Preocupa-me o que já me inquietara no caso dos Panamá Papers e outros. Passa a ser legítimo utilizar como fonte a

Não haverá fontes no grupo de empresas e associados de Isabel dos Santos que façam 700.000 fugas de informação. Os ficheiros, de duas uma e até melhor esclarecimento: ou foram roubados ou foram forjados

pirataria informática, dado que os mais de 700.000 ficheiros anunciados (mas não vistos) são a parte substancial da fonte da notícia? Ora, se uma entidade conhecida, seja pública seja privada, decidir fazer passar a um jornalista um documento que envolva um facto com interesse e impacto público, este terá todo o interesse em publicá-lo depois de testar convenientemente a fonte e a matéria. Mas sabe de onde veio, e sobre isso tem o direito de manter sigilo. Há aqui uma diferença - e é, quanto a mim, abissal - em relação a documentos pirateados caídos no regaço de profissionais de informação. Independentemente do seu conteúdo. O que não é, diga-se de passagem, o caso de Edward Snowden, em que a fuga de informação teve um rosto: o seu. No caso de Isabel dos Santos parte-se de um acto ilícito, de invasão de privacidade e - porque não dizer -, da propriedade de terceiros, um crime com moldura penal. Pelo menos até o consórcio de jornalistas garantir o contrário, a maioria dos documentos provém de um acto deontologicamente inaceitável e criminalmente punido. É preciso esclarecer a questão das fontes e se passou a valer tudo, até a cumplicidade com actos criminosos. Não haverá fontes no grupo de empresas e associados de Isabel dos Santos que façam 700.000 fugas de informação. Os ficheiros, de duas uma e até melhor esclarecimento: ou foram roubados ou foram forjados. A campanha charlatã da SIC tornou-se viável face ao bónus de informação oferecido pelo sindicato de jornalistas a quem foi oferecido (por quem?) a matéria do empreendimento. Acontece que o acolhimento e tratamento dos tais mais de 700 mil ficheiros anunciados pelo consórcio de jornalistas é que não se supunha ser uma probabilidade na ética da profissão. Uma suposição que pesa dolorosamente num caso assente em suposições. * Jornalista


ÚltiMA

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O PAÍS Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020

Manuel nunes Júnior

“O Executivo angolano tem de tratar do caso de isabel dos Santos”

O pronunciamento foi feito na passada Terça-feira, 22, no Instituto Real de Relações Internacionais Chatham House, em Londres, quando o Ministro de Estado para o Desenvolvimento Econômico, Manuel Nunes Júnior, participava num encontro com interessados e potenciais investidores britânicos em Angola DR

Israel Campos, Londres

E

m mais uma tentativa, das várias que já se tornaram características do Governo de João Lourenço, Manuel Nunes Júnior, substituto do Presidente da República para a Cimeira de Investimento Reino Unido-África, que teve lugar na passada Segunda-feira, 21, esteve um dia depois do grande evento a tentar “vender” aos interessados e potenciais investidores aquilo que chamou de “ambiente diferente em Angola” como forma de atrair investimento estrangeiro ao país. Acompanhado pela sua delegação, composta por dirigentes angolanos como o ministro dos Recursos Minerais e Petróleo, Diamantino de Azevedo, o governador

do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano, dentre outros altos quadros da diplomacia angolana, Nunes Júnior não deixou de sublinhar, por repetidas vezes, as reformas políticas e económicas

que estão a ser levadas a cabo pelo Executivo angolano, destacando sempre o combate à corrupção e à impunidade que, na visão do seu Governo, “ já tem vindo a ver os seus frutos”. Como se deve

imaginar, quem tem interesse ou pretende investir em algum país precisa de ver todas as suas eventuais inquietações esclarecidas. Foi assim que o Ministro de Estado para o Desenvolvimento Econômico

e a sua equipa não escaparam do questionamento dos presentes. O escândalo de alegadas práticas de corrupção que envolve a filha do ex-Presidente da República de Angola, Isabel dos Santos, foi logo a primeira pergunta, dominando a primeira parte do espaço de perguntas e respostas. Manuel Nunes Júnior chamoulhe de “uma situação sensível”, mas que, ainda assim, carece da intervenção do Executivo angolano. “É preciso que cada vez mais Angola seja um Estado de direito”, disse o ministro de Estado, concluindo que “num estado de direito a lei deve ser aplicada a todos”. Sobre as revelações feitas pela investigação jornalística “Luanda Leaks” divulgada na noite do último Domingo, 19, pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) e seus parceiros pelo mundo inteiro, o governante angolano não hesitou em dizer que as denúncias feitas contra Isabel dos Santos vão “precisar que os vários órgãos de Angola, e não só, analisem a informação e vejam os passos seguintes a serem dados”. Recorde-se que desde a divulgação da investigação “Luanda Leaks”, Isabel dos Santos tem reagindo negando categoricamente todas as acusações a si dirigidas, alegando que está a ser vítima de um “orquestrado ataque político” pelo actual Governo.

Embaixadora britânica em Angola elogia participação do país em cimeira internacional A embaixadora do Reino Unido em Angola, Jessica Hand, fez esta declaração ao OPAíS a saída do encontro que o Ministro de Estado angolano para o Desenvolvimento Económico, Manuel Nunes Júnior, manteve com potenciais investidores em Angola, na passada Terça-feira, 21, em Londres Israel Campos, Londres

A

ngola foi um dos países africanos que participaram, na Segunda-feira passada, 20, na capital britânica, Londres, da Cimeira de Investimento Reino Unido-África com o objectivo de reforçar as parcerias de negócios e de investimento, dentre outros domínios, entre o continente berço e aquele país europeu. Um dia depois deste evento que

foi, dentre outros motivos, marcado por um discurso do primeiroministro britânico, Boris Johnson, a delegação angolana participou numa outra actividade no Instituto Real de Relações Internacionais para abordar as reformas económicas em curso no país. Foi nesta ocasião em que a embaixadora Jessica Hand disse, em exclusivo a este jornal, que considera “extremamente bem sucedida” a participação de Angola na Cimeira de Investimento Reino Unido-África. Acrescentando, que acredita que foi também uma

boa oportunidade para “Angola se apresentar à comunidade de investidores, bem como mostrar a nova Angola, as suas reformas e as suas oportunidades”. A diplomata britânica defende ter sido muito interessante ouvir o Ministro de Estado, Nunes Júnior, e a sua delegação, a falarem sobre as reformas que estão a acontecer em Angola “em primeira mão”, pois, na sua visão, “é muito mais convincente” do que serem eles, os diplomatas ou conselheiros britânicos, a explicarem isto aos investidores.

CARLOS MOCO


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