Jornal OPaís edição 1733 de 31/01/2020

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MINISTÉRIO PÚBLICO ACuSADO DE VIOLAR A LEI PARA QuE SE CONDENE OS RÉuS DO CASO 500 MILHÕES

“DE MÃOS DADAS, A CHINA SuPERARÁ O NOVO VÍRuS JuNTAMENTE COM O MuNDO” P. 25

A reclamação dos advogados dos quatro cidadãos nacionais implicados no Caso 500 milhões de dólares não é nova, porém, só durante a audiência de discussão e produção de prova de ontem, neste julgamento que decorre na Câmara de Crimes Comuns do Tribunal Supremo, tomou corpo e forma, através de um protesto de Sérgio Raimundo. P. 2

OPAÍS

Director: José Kaliengue www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @Jornalopaís facebook/opaís.angola

O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA

Edição n.º 1733 Sexta-feira, 31/01/2020 Preço: 40 Kz

ARQuIVO/OPAÍS

AADIC

EXECuTIVO ACuSADO DE CONIVÊNCIA NO AuMENTO DOS PREÇOS DOS COLÉGIOS E uNIVERSIDADES SOCIEDADE:.A associação Angolana dos Direitos do Consumidor (AADIC) já intentou acções judiciais

de providência cautelar contra instituições que alteraram os preços, numa luta que vem desde 2017. Por não haver qualquer medida do Estado, aquela associação acredita que haja falta de vontade política para travar as recorrentes subidas abusivas. P. 12 Petrolíferas produziram cerca de 200 toneladas de resíduos em 2019 ● O director do Gabinete de Segurança e Ambiente da ANPG e Biocombustíveis, Guilherme Ventura, disse que 200 toneladas de resíduos foram produzidas no sector petrolífero. A indústria de petróleo e gás produz grandes quantidades de resíduos e alguns deles com características perigosas, pelo que há a necessidade de se cumprir a lei, segundo aquele responsável. P. 10

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18/11/19

15:05

Meliantes disparam mortalmente contra kinguila no Jumbo ● Dois cidadãos, a bordo de uma motorizada, perpetraram um assalto, ontem, no bairro da Madeira, contra uma cidadã de 53 anos, kinguila. A cidadã mostrou alguma resistência ao assalto e, apesar de os assaltantes terem ficado com o dinheiro, dispararam mortalmente contra a sua cabeça. P. 11

Selecção de Futsal próximo das meiasfinais do Africano ● Depois da vitória diante de Moçambique por 7-4 na primeira jornada do Grupo B, os atletas de Benvindo Inácio medem forças com o Egipto, campeão em título, às 17 horas, na cidade de Laâyoune, em Marrocos. P. 26


EM FOCO

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O PAÍS Sexta-feira,3 1d eJ aneirod e2 020

Ministério Público acusado de violar a lei para que se condene réus do Caso 500 milhões

A reclamação dos advogados dos quatro cidadãos nacionais implicados no Caso 500 milhões de dólares não é nova, porém, só durante a audiência de discussão e produção de prova de ontem, deste julgamento, que decorre na Câmara de Crimes Comuns do Tribunal Supremo, tomou corpo e forma Domingos Bento

S

érgio Raimundo, defensor do antigo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, apresentou um protesto ao tribunal sobre a forma como o representante do Ministério Público, Pascoal António Joaquim, tem conduzido o interrogatório dos declarantes arrolados ao processo. Com a anuência do juiz da causa, João da Cruz Pitra, o causídico consignou na acta o seu protesto, alegando que se deve, fundamentalmente, à prática recorrente do procurador Pascoal Joaquim de induzir os declarantes a responderem as questões que coloca. Declarou ainda que, por imperativo legal, o magistrado do Mi-

nistério Público, além da função de titular da acção penal, é, essencialmente, por força da natureza do Estado de Direito legalmente consagrado, fiscalizador da legalidade democrática. Nesta qualidade, Pascoal Joaquim “devia e deve ser o primeiro a respeitar a lei”.

“O Ministério Público não deve estar preocupado apenas em produzir provas para condenar os arguidos, como estamos a assistir”, desabafou o causídico”

Para sustentar a sua tese, disse que ele não está a cumprir os preceitos legais estabelecidos no artigo 186º da Lei Constitucio-

nal, segundo o qual, “ao Ministério Público compete representar o Estado, defender a legalidade democrática e os interesses que a lei determinar, promover o processo penal e exercer a acção penal, nos termos da lei”. “O Ministério Público não deve estar preocupado apenas em produzir provas para condenar os arguidos, como estamos a assistir”, desabafou o causídico. Sérgio Raimundo explicou que por notar que é justamente o que está a acontecer, decidiu lavrar em acta o protesto, ao abrigo do estabelecido no Estatuto da Ordem dos Advogados de Angola, tendo em atenção que poderá servir também para efeito de eventual recurso. Reagiu desse modo no momento em que o procurador-geral adjunto da República, Pascoal Joaquim, conduzia o interrogatório da directora do Departamento de

Procurador tenta aferir responsabilidades

Questionada pelo procurador Pascoal Joaquim sobre a quem atribuía a responsabilidade pela falta de registo, que descreveu “como uma falha no controlo” interno do banco, Maria Fontes Pereira respondeu que não a atribui a uma pessoa em particular, mas sim ao Departamento de Operações Bancárias (DOB). No entanto, declarou que falhas do género não resultam em graves consequências para o banco. Por outro lado, Maria Fontes Pereira esclareceu que, atendendo ao facto de a transferência de 500 milhões de dólares ter sido realizada por swift directo, não seria possível seguir o rasto do dinheiro através do seu gabinete, mas por via do DOB. Apesar de ter sido realizada desse modo, não era possível ocultá-la, uma vez que o swift também deixa registo de saída. À instância de Bangula Kemba, foi mais incisiva, afirmando que a responsabilidade de impedir que tal irregularidade ocorresse era do departamento acima mencionado. “Em termos contabilísticos, é possível encontrar a operação e depois regulamentá-las. Existe processo de reconciliação de contas em que nós, a contabilidade e os auditores externos, olhamos para os nossos registos internos e comparamos com os nossos activos juntos da nossas contrapartes [parceiros]”, detalhou. Este processo tem como arguidos, José Filomeno dos Santos (antigo presidente do Fundo Soberano de Angola) e Jorge Gaudens (empresário) ambos respondem pelos crimes de burla por defraudação, branqueamento de capitais e tráfico de influência, e ainda António Bule e Valter Filipe, sobre quem pesam os crimes de burla por defraudação, branqueamento de capitais e peculato. A próxima audiência será realizada no dia 5 de Fevereiro.

Contabilidade do BNA, Maria Juliana Van-Dúnem Fontes Pereira, arrolada como declarante. Em resposta, o juiz João da Cruz Pitra advertiu que há outros intervenientes no julgamento que também têm feito questões similares aos declarantes. Contudo, pediu a todos que estejam mais atentos aos esclarecimentos destes, a fim de se evitar repetições desnecessárias e se gerir melhor o tempo. Registo tardio da transferência na contabilidade A declarante, de 52 anos de idade, 29 dos quais ao serviço do banco central, disse que só no 13 de Setembro, cerca de um mês depois de ter sido realizada a transferência dos 500 milhões de dólares de uma conta dessa instituição domiciliada no banco Standard Chartered de Londres (Inglaterra) para a conta da Perfectbit no banco HSBC, também de Londres, é que recebeu uma a solicitação para abrir uma conta dessa empresa no sistema de negócios. Ao analisar o expediente proveniente do gabinete do então director do Departamento de Gestão de Reservas (DGR), António Bule, com o carimbo de “secreto”, Maria Fontes Pereira entendeu que não tinha a documentação suficiente que lhe permitisse atender ao pedido, nomeadamente o contrato de Alocação e Gestão de Activos celebrado entre o BNA e o consórcio Mais Financial Service & Resource Project Partnership. Esse, por sua vez, é que indicou a Perfectbit como “fiel depositária” dos 1,5 mil milhões de dólares que o Estado Angolano teria de desembolsar, em três tranches, para beneficiar de um financiamento de 30 mil milhões de euros. Dias depois, António Bule lhe fez chegar um documento abordando detalhes da operação, contendo a autorização do governador Valter Filipe para se proceder à abertura da entidade no sistema. Este procedimento é que permite fazer o registo da operação no sistema contabilístico. “Só em Outubro fez-se a abertura da entidade [Perfectbit] e em Dezembro o seu registo”, detalhou, sublinhando tratar-se de um procedimento anormal. A directora de Contabilidade do BNA disse que o correcto seria cumprir-se esse formalismo antes de se efectuar a transferência, o que ocorreu apenas em Agosto.


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4 DESTAQuES POLÍTICA. PÁG. 8 Juristas afirmam que detenções perturbam governação de Benguela.

SOCIEDADE. PÁG. 10 Sector petrolífero produziu aproxidamente 200 toneladas de resíduos em 2019.

CARTAz. PÁG. 14 Carnaval de Luanda ronda aos kzs 185 milhões.

ECONOMIA. PÁG. 18 ANPG e ANR unem forças para a gestão e valorização dos resíduos.

MuNDO . PG.22 Defesa alega que Trump agiu em nome do “interesse público”.

o editorial

O PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

HOJE: os números do dia

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Fé no negativo

O

único caso de suspeita de infecção pelo Coronavírus está internado na clínica Girassol, de referência em Angola. Mas este facto também levanta inquietações. Será que este foi o primeiro hospital procurado pelo doente? Como se sabe, a clínica Girassol não está ao alcance, em termos de preços, da esmagadora maioria dos angolanos. Entram pessoas em Angola por terra, mar e ar, há fronteiras terrestres a mais de mil quilómetros de Luanda, por onde também entram pessoas, mas o Estado ainda não disse se tem capacidade de resposta em todo o país. A Girassol sozinha não pode nem com os ricos, aliás, as amostras de material colhido deste doente tiveram de ser enviadas para a África do Sul. Imaginando que dessem positivo e que ele tivesse tido contacto com mais trinta pessoas e estas com outras, como seria? Há que ter fé em que o resultado seja negativo.

70

Médico para 12.487 habitantes é a estimativa feita pelo sector da saúde na província do uíge, de acordo com dados do sector naquela zona, portanto um enfermeiro tem 1.313 pacientes.

Moradias, construídas com adobes, ficaram destruídas, no município do Cachiungo, no Humabo, na sequência das fortes chuvas que caíram.

120

A 150 barris de iodo para produção de sal de cozinha Angola importa anualmente, segundo a Direcção Nacional de Produção e Iodização do Sal.

140

Deficientes físicos, residentes nos nove municípios da província do Cuando Cubango, aguardam pelo arranque da produção de próteses.

o que foi dito

O objectivo deste processo é de excluir no sistema de pagamento todos os cidadãos que não reúnem requisitos exigidos por lei” João Ernesto dos Santos

Ministro dos Antigos Combatentes

Assumo a função de membro do Conselho da República imbuído do espírito de interesse nacional” Adalberto Costa Júnior Presidente da uNITA

Se há pessoas que beneficiaram desse dinheiro, devem repô-lo, para que possam servir para aquilo a que foram caucionados”

Hélder Pitta Grós Procurador-geral da República


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O PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

e assim... José Kaliengue Director

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com a embaixadora do Reino unido, Jessica Hand, saiba mais sobre a cimeira que o seu país organiza a partir de amanhã com parceiros africanos

Apologia ao crime

S

www.opais.co.ao Epidemia: A Organização Mundial da Saúde (OMS), reunida ontem em Genebra, decidiu declarara nova estirpe do coronavírus uma emergência internacional de saúde pública. (DR)

o que vai acontecer Sociedade Doze famílias residentes num estaleiro de empreiteiros chineses, na Centralidade do Sequele, Cacuaco, província de Luanda, há mais de cinco anos, serão realojadas noutras áreas da capital do país até ao dia 7 de Fevereiro deste ano. O administrador-adjunto para a área política, social e comunidade de Cacuaco, Gabriel Bunga, disse não ser “alarmante” a condição das famílias, como tem vindo a ser denunciado nas redes sociais. Nos últimos dias, vários relatos davam conta de que essas famílias, incluindo crianças e adolescentes, estariam a residir naquele estaleiro de obras

Cultura Os trabalhos dos candidatos ao Prémio Internacional de Investigação Histórica Agostinho Neto, da Fundação Dr. António Agostinho Neto (FAAN), devem ser entregues até o dia 31 de Março, ao secretariado do prémio. Segundo uma nota de imprensa à que Angop teve acesso, os interessados em Angola devem fazer chegar os trabalhos a Fundação Dr. António Agostinho Neto, em Luanda ou pelo E-mail: fundagostinhonetomail.com. Enquanto no Brasil, as candidaturas serão canalizadas no Instituto Afro-brasileiro de Ensino Superior(IABES) e na Fundação Zumbi dos Palmares.

lnternacional A empresa japonesa Toyota anunciou que vai prolongar a suspensão da produção nas suas três fábricas na China até 09 de Fevereiro na sequência da crise causado pelo coronavírus, que já provocou mais de 130 mortos, noticiou a Lusa. “Vamos monitorizar a situação e tomar uma nova decisão” após esta data”, disse um porta-voz do grupo à agência de notícia France Presse. As três fábricas da Toyota na China tinham sido encerradas na semana passada devido aos feriados e festejos do Ano Novo Chinês.

Dança A directora artística da

Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDCA), Ana Clara Guerra Marques, é a representante de Angola na 8ª edição do Festival Internacional de Dança de Ouagadougou (FIDO), que decorre desde 25 de Janeiro até 1 de Fevereiro, no Burkina Faso. A coreógrafa angolana é a convidada de honra e madrinha desta edição, assim como o bailarino da Côte d’Ivoire Georges Momboye. Com base num comunicado de imprensa da CDCA, o convite foi endereçado pela directora artística do festival, a também coreógrafa Irène Tassembédo, devido a “grande admiração”.

ão tão “bonzinhos” os hakers que a partir de Portugal sabotaram as eleições presidenciais da Guiné Bissau, como reportou a revista Sábado nesta Quarta-feira no seu site, que praticamente nenhum outro órgão de comunicação social lhe seguiu os passos. Afinal, foi só a Guiné, país também ligado historicamente a Portugal mas de onde não sai dinheiro. Um hacker que fazia extorsão invadiu a correspondência privada de Isabel dos Santos e logo vozes em Angola e em Portugal o quiseram como herói medalhavel, não importando que tenha cometido um crime, mas três hackers subvertem, também por dinheiro, a vontade soberana de um povo independente, a partir de Lisboa, e o silêncio é quase absoluto. E se estes um dia forem presos e condenados o silêncio manter-se-á, não há património para tomar de assalto. Talvez seja mais importante montar uma autêntica campanha de linchamento público de uma pessoa do que defender um povo inteiro, um país soberano, ou, se calhar, até se faça valer os dois crimes vergonhosos, até porque autoridades de vários países, incluindo as angolanas, já se apressaram a felicitar o suposto vencedor das eleições guineenses mesmo antes da disputa administrativa ter sido concluída. Se calhar, se isto interessar, se dirá que os hackers do Barreiro não tiveram influência no resultado, ou que até são mesmo heróis, por terem demonstrado as fragilidades do sistema guineense. Na ânsia de abater alguém, muito mais do que fazer justiça, como todos queremos, muita gente acabou, infelizmente, em Portugal e em Angola, por mostrar o seu verdadeiro “eu”, e não é nada bonito, há heróis que começam a mostrar o que são debaixo da máscara, execráveis. Curiosamente, em termos de comunicação, as autoridades portuguesas, no caso Luanda Leaks, assumiram uma postura de Estado exemplar, o que não se pode dizer de todas as angolanas.

E também... E Dia ao Contrário - 31 de Janeiro Este é um dia de fazer tudo ao contrário. O objectivo é abanar a rotina do quotidiano e libertar a mente da prisão da normalidade. A data como é hoje celebrada tem origem nos Estados unidos da América (o popular dia Backward Day), mas em várias culturas espalhadas pelo mundo já se registava no passado um dia onde as regras eram viradas ao contrário por um dia, tornando-se o ilegal legal e o proibido permitido.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

NO TEMPO DO KAPARANDANDA

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

OPAÍS

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais. co.ao Grande repórter: André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia Luís Faria (Coordenador-Editor) luis.faria@opais.co.ao Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto Nunes, Rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Afrodite Zumba, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Iracelma Kaliengue, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela),Brenda Sambo, Maria Custódia, Kiameso Pedro e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto)Lourenço Pascoal, Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Revisão: António Setas Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Inês Monteiro e Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor)Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, Talatona- Luanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 Vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

1977 -

31 de Janeiro O Presidente francês, Giscard Destaing, inaugurou, em Paris, o Centro de Arte e Cultura Georges Pompidou

1979 -

31 de Janeiro No decorrer de uma visita aos EuA, e depois de se avistar com o Presidente James Carter, o vice-primeiroministro chinês, Deng Xiao-Ping, afirmou que Moscovo “ é o principal antro de guerra no mundo”.

1994 -

31 de Janeiro Toma posse o novo Presidente da Argélia, general Liamine Zeroual, com a promessa de que os militares “vão tentar resolver a crise nacional por via do diálogo”

CARTA DO LEITOR

É muita gente no “movimento sem tecto”! DR

Cordiais saudações, meus amigos e compatriotas do jornal OPAÍS. Escrevo para lamentar um pouco sobre as casas do Zango 5, embora o mundo e, agora, o nosso país estejam com as atenções viradas ao Coronavírus. Quanto a esta doença, vamos ter fé que não venha a se instalar no nosso país, aliás, dada a quantidade de problemas que temos, se não morremos até hoje é porque Deus mesmo também é angolano. Ora bem, a minha reclamação sobre o Zango 5 surge pelo facto de ter tomado conhecimento de que pelo menos até hoje (30 de Janeiro) um total de 115 mil candidaturas foram feitas e recebidas na Imogestin. Isto é, 115 mil cidadãos estão na luta por uma casa na centralidade do Zango 5 e lá tem apenas 2.390 casas disponíveis. Parece mentira, mas afinal tem mesmo muita gente no “movimento sem tecto”. Tem muita gente sem casa própria; que ainda vive na casa dos pais, vive na renda e quer sair deste sufoco. Este número de pessoas a apresentar as candidaturas demonstra isso. O Estado tem de se preocupar. Leonel João.

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754


1973 - Amílcar Cabral, dirigente e fundador do PAIGC, é assassinado em Conakry. 1981 - Os 52 reféns norte-americanos, detidos no Irão há mais de 13 meses, são finalmente libertados, ao mesmo tempo que Ronald Reagan toma posse como quadragésimo presidente dos Estados Unidos. 1997 - O governo de Mobutu, em Kinshasa, Zaire, declara, oficialmente, guerra contra os rebeldes no norte do país, liderados por Laurent Désiré Kabila, depois de estes ocuparem uma parcela de 600 quilómetros no interior do país.

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POLÍTICA

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O PAÍS Sexta-feira,3 1d eJ aneirod e2 020

Juristas afirmam que detenções perturbam governação de Benguela Apesar de o governador de Benguela negar qualquer perturbação, juristas contactados pelo OPAÍS são unânimes em afirmar que as detenções de alguns gestores públicos, no últimos dias, criam enormes constrangimentos à governação

praticados por estas pessoas condizem com a verdade. Tem autonomia de agir para ir a fundo em termos de investigação”, realçou. DR

Constantino Eduardo em Benguela

T

emendo eventuais represálias, alguns juristas, atentos às últimas detenções efectuadas pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), afirmam que quando se prende um dirigente em pleno exercício das suas funções cria-se sérios problemas de gestão e na vida do cidadão, devidos às responsabilidades que pesam sobre o mesmo. Argumentam que há documentos que, dada a sua natureza, devem ser apenas assinados pelo titular do órgão de gestão, numa clara alusão ao que aconteceu ao administrador municipal de Benguela, Carlos Guardado Ao antigo administrador de Benguela, o Ministério Público (MP) aplicou a medida de coacção pessoal mais gravosa (prisão preventiva), na sequência de suspeitas de peculato, corrupção e furto doméstico. Já o jurista Vicente Kanga acredita que, com as detenções, o Governo do MPLA estará a materializar o “slogan” contido no seu programa de governação apresentado em 2017, para “melhorar o que está bem, corrigir o que está mal”.

Jurista Vicente Kanga

Entretanto, do ponto de vista da gestão administrativa de Benguela, considera que as detenções de pessoas que ocupam postos públicos criam enormes constrangimentos. “Até porque nós sabemos que o direito penal em si, quanto a acções de responsabilização, tem o carácter preventivo. Há uma prevenção geral e outra especial”, esclareceu. Sustentou, por outro lado, que estas acções visam constranger as pessoas, particularmente gestores

públicos, de praticarem actos juridicamente penais relevantes, que ponham em causa o interesse público. O também docente universitário lembra que ao Ministério Público (MP) cabe garantir a boa reputação da Administração Pública, cujo fim é a prossecução do interesse público, por via da fiscalização e aplicação da lei. “Vai fiscalizar no sentido de verificar se, de facto, aqueles indícios

Governador minimiza detenções Na sua primeira reacção depois de o Ministério Público ter tomada tal decisão, o governador provincial de Benguela, Rui Falcão, referiu que a prisão de Carlos Guardado não lhe “diz nada”, porquanto os órgãos funcionam de forma independente e, nesta perspectiva, apelou ao respeita do princípio “da solidariedade constitucional”. Questionado ainda pela imprensa se se sentia confortável com o facto de alguns membros do seu Governo estarem retidos pela justiça, Rui Falcão disse apenas que a “justiça está a fazer o seu trabalho”. Entretanto, fontes deste jornal familiarizadas com o assunto dizem que as detenções de vários gestores públicos na província são a concretização da promessa feita à imprensa pelo ex-procurador titular de Benguela, Herculano Chilanda, de que a PGR tinha vários processos em investigação e que seriam introduzidos em Tribunal.

Detenções De entre os vários gestores detidos na província, destaca-se o administrador municipal de Benguela, Carlos Guardado, no dia 14 deste mês, acusado de quatro crimes (peculato, corrupção, tráfico de influência e furto doméstico). Um dia depois da prisão de Guardado, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve a antiga administradora adjunta deste mesmo município sede da província de Benguela, Maria Garcia. Nesta Terça-feira, 28, o SIC prendeu também o administrador municipal da Catumbela, Julião de Almeida, acusado ter praticado os crimes de peculato e corrupção. Ainda na senda das detenções, em obediência a vários mandados da Procuradoria Geral da República (PGR), em Fevereiro de 2019 o Serviço de Investigação Criminal deteve a antiga administradora da Baía Farta, Maria João, e o seu adjunto, Leonardo Jonatão, por suspeitas de crimes de corrupção. Aliás, a onda de detenções sobre peculato nesta província começou em Outubro de 2018, com a antiga directora do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC) na província de Benguela, Maria Alice Aurora, e o ex-chefe dos Recursos Humanos da Delegação Provincial do Interior (MININT), Moisés Caluweio, por suspeitas de crime de peculato.

Nesta Terça-feira, 28, o SIC prendeu também o administrador municipal da Catumbela, Julião de Almeida, acusado de ter praticado os crimes de peculato e corrupção

Mulheres preparadas para as autarquias locais

C

inquenta mulheres angolanas receberam treinamento em liderança pública, num programa inserido no contexto da implementação do projecto “Assistência Técnica às Autarquias Locais” O primeiro treinamento de mulheres em liderança pública encerra hoje, em Luanda, numa cerimónia a ser presida pela presidente do Grupo de Mulheres Parlamentares e pela representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Foram, no total, cinquenta mulheres angolanas capacitadas em matérias ligadas à liderança pública, e este foi o primeiro de três módulos a serem administrados a estas cinquenta mulheres que foram parcialmente seleccionadas via concurso público e por indicação directa de partidos políticos com assento parlamentar. O referido treinamento, que ocorreu de 20 a 31 de Janeiro e que visa contribuir na preparação das mulheres angolanas para as eleições autárquicas previstas para este ano, tem como objectivo promover a participação e representação efectiva das mulheres no processo autárquico, como candidatas e como mobilizadoras locais. As cinquenta mulheres seleccionadas e indicadas vieram de oito províncias, nomeadamente, Benguela, Cuando Cubango, CuanzaSul, Huíla, Huambo, Moxico, Luanda e Zaire. Trata-se de uma parceria com o Grupo de Mulheres Parlamentares da Assembleia Nacional, co-financiada pelo PNUD e pelas embaixadas do Reino Unido da Noruega e do Reino dos Pa


O PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

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PR de Angola e homólogo da RCA analisam cooperação O Presidente de Angola, João Lourenço, reu-

niu-se nesta Quinta-feira, em Luanda, com o seu homólogo da República Centro Africana (RCA), Faustin-Archange Touadéra, no âmbito do reforço das relações políticas e de cooperação bilaterais

O

Estadista centro-africano chegou ontem à capital angolana para uma visita de algumas horas, não tendo proferido quaisquer declarações à imprensa. As autoridades angolanas têm prestado ajuda à RCA, que viveu um conflito inter-religioso, recém-terminado graças ao diálogo entre os beligerantes. O empenho de diversas entida-

des resultou nas eleições de Fevereiro de 2016, ganhas por FaustinArchange Touadéra. Antes, em Janeiro desse mesmo

AF_ Imprensa 276x177.8mm Jornal O Pa’ s.pdf

1

1/10/20

ano, Faustin-Archange Touadéra esteve em Luanda para trocar impressões com as autoridades angolanas sobre a conjuntura regional e internacional e os desafios do processo político na RCA. Angola e RCA são membros da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) e da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).

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PR conta com experiência do líder da uNITA

O

Presidente da República, João Lourenço, afirmou ontem (Quinta-feira) que conta com os conhecimentos e a experiência política do líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, em matérias relevantes. Ao intervir na cerimónia de posse de Adalberto Costa Júnior como membro do Conselho da República, o Chefe de Estado angolano disse acreditar que este órgão de consulta fica mais enriquecido com o novo membro. Eleito terceiro presidente da UNITA em Novembro de 2019, Adalberto Costa Júnior sublinhou que assume a função de membro do Conselho da República imbuído do espírito de

interesse nacional, “olhando sempre para o país”. O político defendeu reformas assentes na potenciação das instituições do Estado, frisando que se o país realizasse um referendo constitucional a maioria dos cidadãos optaria por eleições autárquicas simultaneamente em todos os municípios. O Conselho da República é um órgão de consulta do Presidente da República e dele fazem parte o vice-presidente da República, o presidente da Assembleia Nacional, o presidente do Tribunal Constitucional, o procurador-geral da República, líderes de partidos políticos com assento parlamentar e entidades convidadas.

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SOCIEDADE

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O PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

Sector petrolífero produziu aproxidamente 200 toneladas de resíduos em 2019 DR

De 2008 a 2018 foram produzidas um total de mil e 800 toneladas de resíduos. Já em 2019, registou-se perto de 200 toneladas. O acumulado de 2008 até 2023 dá uma previsão de quatro mil toneladas de lixo

Patrícia de Oliveira

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director do gabinete de Segurança e Ambiente da ANPG (Agência Nacional de Petróleo e Gás) e Biocombustíveis, Guilherme Ventura, disse que a discussão sobre a temática da gestão de resíduos, que aconteceu ontem, surgiu do facto de a indústria de petróleo e gás produzir grandes quantidades de resíduos e alguns deles com características perigosas. “Pretendemos identificar como melhorar a legislação já existente. Existem leis que suportam a gestão deste tipo de resíduos, mas pretende-se apostar no processo de melhoria contínua. Por esse motivo, há necessidade de acordo com Agência Nacional de Resíduos (ANR) para melhorar e


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Meliantes disparam mortalmente contra kinguila no Jumbo

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Guilherme Ventura, director do gabinete de Segurança e Ambiente da ANPG e Biocombustíveis

despoletar alguma iniciativa legislativa”, disse. Questionado sobre as medidas a serem a tomadas para a diminuição de resíduos perigosos, Guilherme Ventura referiu que o petróleo é um recurso estratégico e arrecada receitas, pelo que é preciso continuar a produzir. Porém, há a necessidade de uma legislação adequada que permita mitigar os efeitos negativos dos resíduos perigosos na actividade petrolífera. “Após a legislação própria, a fiscalização e a monotorização, é preciso forçar os operadores da indústria petrolífera a cumprirem a lei”, defende. Sobre a quantidade de quadros para fiscalização, referiu que ainda é insuficiente, porém, com um cronograma devidamente elaborado é possível dar

Após legislação própria, a fiscalização e a monotorização, é preciso forçar os operadores da indústria petrolífera a cumprirem a lei”

atenção a esta área. De acordo com o responsável, a indústria petrolífera tem capacidade para fazer gestão de resíduos, nomeadamente transportar para a terra, fazer o devido tratamento e colocar em aterros. Guilherme Ventura avançou que foi identificado um tipo de resíduo que contém material radiactivo de ocorrência natural denominado NORM que não sofre tratamento, pois é gerado, acondicionado e trazido para a terra. O responsável referiu que o material é encontrado em água em produção, incrustações que se acumulam nas paredes dos equipamentos de produção petrolífera; lodos oleosos, que se depositam em vasos de processamento e armazenamento de petróleo. “Há uma área na base da Sonils e no KM 44 (Catete) local que este tipo de resíduos é acondicionado. A preocupação passa por criar uma legislação que permite fazer o tratamento destes resíduos”, disse. Para o responsável de Segurança e Ambiente da ANPG e Biocombustíveis, um plano de gestão de resíduos deve prever a recolha e acondicionamento, o transporte para a área de tratamento, valorização (reciclagem e aproveitamento) e a deposição em destino final apropriado.

ois cidadãos, a bordo de uma motorizada, perpetraram um assalto, ontem, no bairro da Madeira, contra uma cidadã de 53 anos,kinguila. A cidadã mostrou alguma resistência ao assalto e, apesar de os assaltantes terem ficado com o dinheiro, dispararam mortalmente contra a cabeça da mulher. O facto aconteceu por volta das 14 horas, segundo nos confirmou o intendente Hermenegildo de Brito, porta-voz da Polícia Nacional em Luanda, no conhecido bairro da Madeira, por trás do hipermercado Jumbo. A senhora Paulina da Costa, de 53 anos, kinguila (cambista informal) há muitos anos naquela zona, foi surpreendida por dois indivíduos armados

que a obrigavam a dar os valores que tinha na bolsa. Os bandidos usaram alguma força para receber a bolsa, mas Paulina mostrou resistência, facto que os motivou a fazer um tiro que a atingiu na região da boca. Paulina da Costa foi socorrida por uma equipa do Instituto Nacional de Emergências Médicas

(INEMA) à unidade hospitalar mais próxima (Josina Machel) mas não resistiu aos ferimentos e acabou por falecer. Um dos meliantes foi detido pela Polícia momentos depois, segundo nos confirmou Hermenegildo de Brito. Uma operação de caça ao segundo suspeito foi de imediato desencadeada.

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SOCIEDADE

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AADIC diz que o Estado não tem vontade de travar subida de preços nas instituições de ensino DR

Membros da AADIC na conferência de imprensa realizada ontem. Ao centro o presidente da associação, Lourenço Teixe

A Associação Angolana dos Direitos do Consumidor (AADIC) já intentou acções judiciais de providência cautelar contra instituições que alteraram os preços, uma luta que vem desde 2017. Por não haver qualquer medida do Estado, a associação acredita que haja falta de vontade política para travar as de recorrente subidas abusivas Stela Cambamba

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lgumas instituições do ensino privado subiram o valor das propinas mesmo sem autorização dos órgãos competentes, e insistem em mantê-los ignorando as normas vigentes no país. A Associação Angolana dos Direitos do Consumidor (AADIC) instaurou já acções judiciais de providência cautelar contra algumas instituições (não especificou o número), mas o processo não anda.

O presidente da AADIC, Lourenço Teixe, disse que tudo está a ser feito para que a intervenção dos órgãos competentes seja rigorosa, por isso, apela à Inspecção-Geral da Administracção do Estado (IGAE) para que desenvolva actividades visando identificar as razões da não intervenção das entidades fiscalizadoras do sistema. Esta situação leva o órgão de defesa do consumidor a deduzir, segundo disse, que não existe vontade de quem deve desenvolver actividade para que actos do género não se repitam, ou se resolva o problema. Segundo Lourenço Teixe, tendo

em conta a situação, suspeitam que alguns interesses estão a sobreporse à intervenção do Estado para solucionar a situação. “Parece que temos um poder paralelo, que conse-

“Parece que temos um poder paralelo, que consegue ultrapassar o poder do Estado na sua intervenção para a resolução do problema”

gue ultrapassar o poder do Estado na sua intervenção para a resolução do problema. Porque os encarregados passam por este problema todos os anos e as entidades olham para ele como se não existissem”, desabafou. Lembrou que esta luta vem desde 2017, altura em que deram entrada de uma providência cautelar sobre o mesmo assunto. A AADIC defende ainda que as instituições que praticam tais actos devem ser sancionadas, encerradas ou devem sofrer outras sanções, como a restituição do valor já pago. Lourenço Teixe revelou que a sua instituição pretende apresentar ao Estado uma proposta de ante-projecto sobre regulamento de preços, no mês de Fevereiro. Apela aos órgãos de direito para que se faça uma inspecção a todas as entidades públicas que intervêm no sistema de ensino, quer seja no Ministério da Educação, do Ensino Superior, e do Comércio, de forma a atacar as causas da subida dos preços todos os anos. A AADIC lamenta igualmente o

facto de o Ministério das Finanças e a Procuradoria Geral da República advertirem apenas as instituições de ensino que se subissem os preços seriam sancionadas, mas ainda assim muitos já aumentaram o valor da propina e os encarregados não encontram alternativa que não seja pagar. Há quem defenda que o custo de vida está elevado, tendo em conta a situação económica que o país enfrenta actualmente, mas “penso que todos atravessamos o elevado custo de vida, e os salários até ao momento não tiveram aumento. Pelo facto, muitos serviços implementados nas instituições privadas não devem ser obrigatórios”. A lei determina que, por serem preços vigiados, deve haver uma concertação entre os intervenientes no sector do ensino e a entidade reguladora de preços, mas devem justificar os custos inerentes à sua actividade para alteração dos preços. Lembrou que existe uma percentagem máxima estabelecida de 25% de lucros para quem desenvolva actividade económica.


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Carnaval de Luanda ronda os kz 185 milhões DR

A 26 dias da celebração do Carnaval em Angola, a disponibilização das verbas para a província de Luanda encontra-se ainda sem data, embora se perspective um orçamento avaliado em 185 milhões de Kwanzas, sendo 60 milhões destinados à preparação dos grupos. Entretanto, até ao momento nenhum grupo ainda recebeu a sua parte Adjelson Coimbra

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director provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto de Luanda, Manuel Gonçalves, disse, ontem, no Museu Nacional de História Natural, que se perspectiva um montante de kz 185 milhões para o entrudo de 2020, porém, não avançou quando as verbas serão entregues. Deste montante, 60 milhões de Kwanzas serão destinados aos grupos carnavalescos, para que se organizem. Assim, Manuel Gonçalves realçou o facto de o valor mencionado ser somente uma perspectiva, que pode ser alterada, em função daquilo que se arrecadar dos patrocinadores, estes que reduziram os apoios,dada a actual situação económico-financeira que o país vive. Faltam apenas 26 dias para a

celebração desta festa, considerada a maior manifestação popular e cultural de Angola. O responsável, que falava à margem de uma mesa redonda promovida pelo Ministério da Cultura, subordinada a questões ligadas ao Carnaval – garantiu que o processo de organização do entrudo decorre, apesar das adversidades. “Iniciámos com o processo das gravações das canções. Há todo um trabalho que os grupos vão fazendo independentemente daquilo que são as dificuldades financeiras que afectam aquilo que é a organização do próprio carnaval”, afirmou. Desta forma, aconselha os grupos a recorrerem à inteligência e engenho para que o Carnaval se realize nas mesmas proporções em relação ao ano passado, e, naturalmente, tenha um impacto para que nos próximos anos se venha a melhorar. Carnaval em discussão

O Ministério da Cultura promoveu um debate para perspectivar o carnaval dos próximos 5 anos, que reuniu no auditório do Museu Nacional de História Natural directores da Cultura, foliões e grupos carnavalescos. Estiveram em mote temas como o papel do Estado, governos provinciais e administrações municiais, e abordou-se a comissão preparatória do Carnaval, perspectiva político-metodológica global e questões como se o Carnaval deve continuar a ser dirigido ou deva ser uma manifestação espontânea. Sobre isso, António de Oliveira “Delon” disse que é papel do Estado conservar o Carnaval, por se tratar da maior manifestação cultural de Angola. “Se o Presidente assiste ao Carnaval, é porque ele se revê no Carnaval. Assim, todos os ministérios deviam se rever. E outra coisa, o nosso carnaval terá muito mais força se começar a partir do bairro.

Tem de começar do bairro”, disse. Porém, a escritora Cremilda Lima defendeu que a politização do Carnaval põe em causa a sua espontaneidade. Lembra que o Carnaval realizado no passado era melhor, por ter sido bastante espontâneo. “Devíamos retirar esta dependência do Estado, para vivermos aquilo que Agostinho Neto dizia: ‘Ao nosso carnaval havemos de voltar’”, recitou a professora Cremilda Lima. Financiamento Por seu turno, o presidente do grupo União 17 de Setembro, Inácio Domingos, defendeu que o papel do Estado é importante no Carnaval, afirmando que se o mesmo retirar o financiamento esta festa pode vir a “morrer”. O interveniente deixou uma pergunta aberta: “se o Estado acompanha o Carnaval, por que não cede os valores cedo? Aquilo que se vê na Marginal de Luanda

não se faz em 15 dias”, desabafou. Outrossim, o interlocutor Osvaldo Lunda defende a necessidade de se disseminar a Lei do Mecenato, para que as empresas percebam de que forma podem apoiar as acções culturais e o que podem ganhar com isso. Modelo de discussão Além dos temas supramencionados, ainda debateu-se sobre o papel das associações provinciais de Carnaval e grupos carnavalescos; o Carnaval de rua; o desfile competitivo e recreativo; sedes sociais dos grupos carnavalescos; acto central, nacional, ou provincial, entre outros temas. Por isso, o músico Santocas criticou o moderador Nelson Augusto pelo facto de levar mais de 10 minutos a apresentar os temas por se abordar e ceder apenas três minutos aos intervenientes para falarem. O músico preferia que pela quantidade de temas se realizasse um seminário para a abordagem de todas as questões.


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Virgílio Fire regrava “Kazucuta Dança” O músico Virgílio Fire, um dos precursores do estilo Kuduro, da “velha guarda”, juntou-se aos kuduristas da nova geração Nerú Americano e Scró q Kuia e produziram e gravaram o remake do sucesso musical “Kazucuta Dança”

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o início da década de Por essa razão, Virgilio Fire, um 2000, a música ango- dos precursores do estilo Kuduro, lana brindou o seu pú- pertencente, portanto, à “velha blico com muitos hits, guarda” juntou-se a dois kudunum período em que o merca- ristas da nova geração, Nerú Amedo angolano estava a ser invadido ricano e Scró q Kuia e juntos propor músicas que traziam um novo duziram e gravaram o remake do estilo dançante, como “Kazucuta grande sucesso musical “KazucuDança”, sucesso de Virgílio Fire, ta Dança”. Os kuduristas, gravaque invadiu as pistas do país. ram um clip exclusivo que está a A música fez parte da infância e ser usado numa campanha publiadolescência de muita gente, sen- citária de uma distribuidora de sido uma das faixas mais tocadas do nal de televisão por satélite. “Sempre tive um carinho imenano 2000, altura em que o DJ Malvado e Chico Viegas lançam o ál- so por essa música e não podia bum “Sem Respeito”, do qual faz gravá-la com outra pessoa, senão parte este 191212_Anuncio_JP_276x177,8.pdf sucesso. com próprio Virgílio, um dos 1 o12/12/2019 10:52

grandes ícones do Kuduro, dançava imenso essa música e agora ela terá um significado ainda maior, pois, com este remake, a música terá um “pedacinho” de mim e isso deixa-me muito feliz”, disse Nerú Americano. Virgilio Fire, um dos precursores deste estilo musical, teceu elogios à iniciativa, por ter recuperado um dos seus maiores sucessos. “Foi compensador fazer este remake, e não poderia ter melhores parceiros que o Nerú e o Scró, que, para além de grandes amigos e “adorados” pelos seus fãs, são muito perfeccionistas e comprometidos com o trabalho.

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CARTAz Reflexão

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ADIAMENTO

TEATRO

MBALA LuSSuNzI VITA

Festa de Luanda 2020: Luwânda não foi fundada por Paulo Dias de Novais?

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ada ano, em Angola, celebram-se as festas das cidades. Por princípio e para justificar esta prática, evoca-se os momentos de «suas fundações» que devem ser referências nas nossas memórias colectivas e nacional de hoje. Tais manifestações ajudam, de acordo com a filosofia que está na base desta tradição de governação, não só a saber de onde viemos e o que se passou sobre o território de Angola, também facilitam a criação e fortalecimento do sentimento de pertencer a «Nação» que está em construção. Mas além do aspecto festivo, há possibilidade de se perguntar se os dados históricos (que sabemos sobre cidades de Angola), relativos aos seus momentos de suas ditas fundações correspodem a mesma realidade vivida pelos seus autores, isto é, é aquilo que aconteceu realmente no passado? Em muitos casos, parece-me, os anos conhecidos de «fundação» de nossas cidades marcam, na realidade, a chegada dos Europeus nas antigas «Mbanza» que os povos autoctones tinham já organizadas; é, exactamente, o caso de Luwânda que, de acordo com todos Especialistas em urbanização, era já um grande Metrópole reunindo assim todos critérios de uma cidade de tal tamanho: - um agrupamento populacional e patrimonial que se articula em torno de uma mesma organização económica, social e cultural (Encyclopedia); - não é somente um pólo de atracção, mas é também um pólo de difusão...; um espaço humanizado onde diversas forças convergem, se confrontam, se neutralizam, se combinam... um lugar de mestiçagem (Catherine Coquery-Vidrovitch). Como ilustração de aquilo que ficou salientado aqui em cima, pode-se citar um facto que aconteceu em 1548 e que foi revelado por Roger Batsikama ba Mampuya ma Ndwâla nestes termos: «Em 1548, os Portugueses tinham contactos esquisitos com o Mani Luwânda (Governador de Luwânda) Kyângala. O rei Ndo Dyôgo conseguiu fazer-lhe prender, ele, os seus cumplices e os seus Mestres instigadores (R.Batsikama, 1971). Claro,

este acto testemunha o controlo politico que o Ntinu a Kongo (a partir da sua Capital de Mbanza Kongo) exercia sobre a Cidade de Luwânda que jogava o papel de um lugar de encontro ou da feira e sobretudo do Banco Central de todos Estados de Kintotila kia Kongo cujos principais eram Kakongo (e outros de Kabinda, Mayombe e uma parte de Gabão de hoje), Kisama, Kwangu, Luwãnda (Mbâla), Matamba, Mbamba, Mbata, Mbembe (Bembe e outras terras da sua área de hoje), Mpemba, Mpumbu (Kinshasa de hoje), Ndongu, Nsoso, Nsundi, Soyo, Wandu... Toda pessoa interessada pode encontrar o mapa geográfico do Kintotila kia Kongo e de seus limites antes da chegada dos Europeus. É tempo de não mais acreditar a visão dos Europeus que apresenteram o Kongo dia Ntotila como um simples e qualquer pequeno reino que existia nas terras deles. Uma outra fonte, em língua portuguesa e dos meios dos Portugueses, a «Exposição Comemorativa do IV Centenarário da Chegada a Angola de Paulo Dias de Novais», fornece detalhes importantes sobre a chegada de Paulo Dias de Novais em Luwânda e o início de seu estabelicimento (e não da sua fundação) nesta velha Cidade antiga no território de Kintotila kia Kongo: «Paulo Dias De Novais... chegou à foz do Cuanza, em 3 de Maio de 1560, com a primeira Missão dos Jesuitas, e como embaixador ao Rei de Angola, Ngola Tchiluange, que o deteve na sua capital de 1560 a 1566. Neste ano ou no ano seguinte, regressou a Lisboa, passando pelo Congo, onde efectuou diligências de vária ordem junto do Rei conguês dessa época. Nomeado donatário por carta de doação de 19 de Setembro de 1571, foi capitão e Governador de Angola, desde 11 de Fevereiro de 1575, data em que desembarcou na Ilha de Luwânda, ... Iniciou a fundação da Vila de S.Paulo (Luanda) em 1576. Fundou Calumbo ou Santa Cruz em 1580 e Benguela Velha (actual Porto Amboim) em 1587». A leitura atenta deste texto, isto é a mesma coisa quanto toda historiografia «luso-tropical» sobre o encontro entre Portugueses e Autoctones de terras ocupadas e

colonizadas por esses primeiros, suscita nomeadamente duas interrogações: o que os Portugueses entenderam sobre o conceito «fundação» e porque os Autores (sobretudo Portugueses), desde a sua chegada nestas terras africanas onde se encontra Angola de hoje, ficaram a imaginar factos e eram preocupados a perverter intencionalmente a caligrafia dos nomes pessoais e dos lugares locais? O exemplo da maneira de escrever a palavra «Luwânda», que passou também sub forma de «Loanda» antes de chegar a sua caligrafia actual de «Luanda», faz parte da estratégia dos Portugueses cuja preocupação era de «portugalizar» tudo, sobretudo culturalmente, o território da actual Angola. O objectivo deles era criar uma «ilha europeia» em plena África. A negação hoje da influência dos elementos culturais de povos locais (Ovimbundu, Mbundu, Kongo, Tshokwé, Nanyeke-Umbe, Ngangele, Mumwila...) pelo o «Angolano urbano» começou dali. Conclusão 1. Quando se falava do Estatuto dos «Assimilados», Autóctones que conseguiram negar sistematicamente a sua Cultura para serem considerados «civilizados» e quase iguais ao «Homem Branco», também aconteceu a perversão estratégica e sistemática dos nomes nas línguas (Umbundu, Kimbundu, Kikongo, TshowéLunda, Nyaneke-Umbe, Ngangela, Mumwila, Ovale...) de Angola de hoje. A «portugalização» em todos aspectos que estamos a viver hoje em dia e o facto de não aceitar ou respeitar culturamente tudo que é de origem local resultam desta estratégia, praticada pelos Lusiatanos desde os seus primeiros contactos com o povo Kongo 2. Os Portugueses fundaram a «Colonia de Angola» deles que não existe antes da sua chegada e não a Cidade. Era para destruir politicamente e de vez o Kintotila Kia Kongo. *Historiador e Especialista da Cultura e Civilização Kongo

Adiada realização do Festival Primavera Chinês em Luanda A realização do espectáculo cultural com vista a celebrar o “Festival Primavera Chinês”, cujo acto aconteceria esta tarde em Luanda, ficou adiado devido ao surto Coronavírus. Por essa razão, a organização lamenta informar que os artistas chineses foram forçados a cancelar a viagem marcada para Angola, de modo a evitarem-se eventuais problemas de saúde pública. A embaixada da República da China promete, desse no entanto, tudo fazer, dentro das suas possibilidades, para realizar outros eventos com cariz cultural de maneira a promover o conhecimento recíproco entre ambos os países.

FAMÍLIA

Grupo Experimental de Teatro apresenta-se na Casa das Artes de Talatona

O Grupo Experimental de Teatro (GET) apresenta-se de hoje a 4 de Fevereiro, a partir das 16 horas, na Casa das Artes de Talatona em Luanda, com a peça infantil “Sasha”. Sasha é um animado contador de Histórias. Adora contar e ouvir também. E desta vez, entre brincadeiras, interacção, música e muita animação, Sasha vai contar a história do Esquilo Esquecido! O espectáculo de teatro infantil é de autoria do Grupo Experimental de Teatro sob encenação e direcção de Paulo Bolota e no elenco José Pedro, Helena Nonjamba, Isabel André, Hermenegildo Lourenço, Brénio Severino e Benildo Lourenço.

TRAGÉDIA

Enrique Iglesias vai ser novamente pai

Mulher de Kobe Bryant quebra silêncio após morte trágica

Enrique Iglesias e Anna Kournikova preparam-se para ser novamente pais. A notícia é avançada pela revista Hola, que divulgou imagens do casal, a bordo de um iate em Miami, onde é possível ver a barriga proeminente da ex-tenista. Segundo a revista espanhola, Anna Kournikova encontra-se num estado avançado de gestação, podendo dar à luz entre o final do Inverno e o início da Primavera. Recorde-sequeaex-desportistaeoartista jásãopaisdosgémeosLucyeNichoclas.Foi emDezembrode2017queocasalanunciou o nascimento dos filhos, após uma gravidezquepassoudespercebidaàcomunicação social. Enrique Iglesias e Anna Kournikova conheceram-se há cerca de 16 anos.

Vanessa Bryant, mulher de Kobe Bryant - actor e jogador que morreu recentemente na sequência da queda de um helicóptero onde também viajava a sua filha, quebrou o silêncio sobre a tragédia, através de um texto que partilhou na sua conta de Instagram. “As minhas filhas e eu queremos agradecer aos milhões de pessoas que demonstraram o seu apoio e amor durante este momento terrível. Obrigada por todas as vossas orações. Precisamos mesmo delas”, começou por referir. Recorde-se que Kobe e Vanessa casaram em 2001 e tinham quatro filhas em comum: Natalia, de 17 anos, Bianka, de três, Capri, de sete meses e Gianna, que perdeu a vida aos 13.


COMUNICADO

Novas regras e procedimentos para a realização de operações cambiais de invisíveis correntes por pessoas colectivas O Banco Nacional de Angola, no âmbito do processo em curso de liberalização gradual do mercado cambial, alterou os procedimentos administrativos relacionados com as operações de invisíveis correntes das empresas residentes cambiais, destacando-se: a eliminação da obrigatoriedade de licenciamento dos contratos de prestação de serviço celebrados com entidades não residentes cambiais, independentemente do seu valor; a dispensa do envio de cópia dos contratos ao BNA; o aumento do valor das operações que obrigam à celebração de um contrato, de 1.000.000 Kz, para USD 25.000. Assim, doravante será da responsabilidade dos bancos comerciais a validação rigorosa de todas as operações de invisíveis correntes, com base no conhecimento do seu cliente e na análise da documentação de suporte, incluindo dos contratos de prestação de serviço, quando aplicável, de forma a assegurar o enquadramento da operação no contexto da entidade ordenadora e a legalidade da documentação. Garantida a legitimidade dos pedidos de transferência sobre o exterior através da sua validação conforme anteriormente referido, os bancos comerciais podem vender moeda estrangeira aos seus clientes para a execução das operações de invisíveis correntes por estes ordenadas. Mantém-se a obrigatoriedade de registo de todas as operações de invisíveis correntes no SINOC, sendo a informação dos contratos submetida através de uma ficha técnica que resume os seus termos e condições, dispensando-se, no entanto, o envio de cópia dos contratos ao Banco Nacional de Angola. Os bancos comerciais devem assegurar a existência de políticas, processos e procedimentos rigorosos nas suas instituições de forma a corresponder à responsabilidade que lhes é transferida pelo Banco Nacional de Angola com a implementação destas novas regras e assegurar a melhor utilização possível dos recursos disponíveis em moeda estrangeira. As disposições regulamentares acima referidas visam aumentar a eficiência do funcionamento do mercado cambial e constam do Aviso N.º 02/2020, de 9 de Janeiro, em vigor desde a data da sua publicação a 9 de Janeiro de 2020 e que substitui o Aviso N.º 13/13, de 6 de Agosto.

Luanda, aos 17 de janeiro de 2020 Departamento de Comunicação e Museu


ECONOMIA

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ANPG e ANR unem forças para a gestão e valorização dos resíduos DR

A Agência Nacional de Resíduos (ANR) e a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) pretendem cooperar na implementação de uma política sobre resíduos no sector petrolífero Patrícia de Oliveira

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assinatura do acordo ocorreu ontem, Quintafeira, 30, e tem como objectivo fundamental estabelecer uma cooperação no domínio da gestão, implementação e execução do Plano de Gestão de Resíduos, bem como na produção legislativa em matéria de resíduos radioactivos do sector petrolífero. O secretário de Estado dos Petróleos, José Barroso, salientou que a gestão da indústria petrolífera, principalmente o impacto negativo que pode ter no meio ambiente, é importante para o país. Na actividade petrolífera é gerado um grande número de resíduos domésticos e industriais. Muitos resíduos são nocivos ao meio ambiente, caso não sejam tomadas medidas necessárias para eliminar os efeitos negativos. Destacou os NORM (material radioactivo de ocorrência natural) Segundo o dirigente, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e

PCA da ANPG, Paulino Jerónimo, e o PCA da ANR, Monteiro Gomes Lumbu, durante a assinatura do acordo de cooperação no domínio da gestão de resíduos no sector petrolífero. Biocombustíveis (ANPG) é chamada a tomar uma posição de liderança em termos de fiscalização e implementação das normas, regras que devem ser adaptadas para que as futuras gerações encontrem um ambiente saudável e propício para a saúde. “Com a assinatura deste protocolo, esperamos que ambas as instituições tenham a capacidade de continuar o trabalho, principalmente sobre a gestão de resíduos. As Instituições têm funções regulatórias, mas também devem ter um ca-

“Com a assinatura deste protocolo, esperamos que ambas as instituições tenham a capacidade de continuar o trabalho, principalmente no sobre a gestão de resíduos”

rácter fiscalizador e didáctico”, explicou. Por sua vez, a ministra do Ambiente, Paula Francisco, referiu que o acordo entre as instituições testemunha o percurso de uma relação, algumas vezes incompreendida, da transversalidade ambiental no Estado de Direito. Ressaltou que, a cooperação começou há um ano, nas abordagens sectóriais, reforma legislativa, quer dos recursos naturais, quer dos recursos minerais,em que a sustentabilidade prevalece para o crescimento económico no país.

“Vamos continuar a apostar no diálogo, capacitação e na reforma para que toda a legislação e a implementação efectiva dos acordos possa, de facto, não ser somente um marco no dia 30 de Janeiro de 2020, mas a revolução daquilo que é a compreensão que nos une todos os dias”, disse. A ANR é um órgão tutelado pelo Ministério do Ambiente e criado para assegurar em todo o país a execução da política de gestão de resíduos, no âmbito da sua normalização, regulação e fiscalização, nos termos da lei.


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23 mil reclamaram da banca em 2019 As reclamações mais frequentes estão relacionadas com transferências para o estrangeiro, em torno das operações de conversão de moeda estrangeira, mas também a questões ligadas a transferências internas e muitas no que toca aos cartões de pagamento nacionais e internacionais DR

Brenda Sambo

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penas 23 mil reclamações, cor re sp ondendo a 0,2% foram registadas pelos clientes particulares e empresas sobre instituições financeiras em 2019, adiantou o director do Departamento de Conduta Financeira do Banco Nacional de Angola (BNA), Osvaldo Pedro Santos. O responsável, que falou ontem à imprensa, à margem da Conferência sobre a “Avaliação dos Serviços da Banca na Óptica dos Utilizadores”, considerou o número bastante insignificante, num universo de mais de 12 milhões de contas abertas. Só em 2018, explicou o responsável, por exemplo, o Departamento de Conduta Financeira do Banco Nacional de Angola (BNA), registou um total de 20.000 reclamações, enquanto em 2017 foram 23 mil reclamações. “Temos esse número muito baixo de reclamações que não nós permite ter uma ideia clara da qualidade do serviço que é prestado”, reconheceu Por isso, a instituição achou melhor contratar uma empresa especializada em inquéritos de satisfação, a ARCEP, empresa de consultoria, da qual procuraram saber o nível do serviço prestado. Disse ainda que as reclamações variam em função da realidade socioeconómica, só neste momento, apontou o responsável, as reclamações mais frequentes estão relacionadas com transferências para o estrangeiro e em torno das operações de conversão de moeda estrangeira. Por outra, há também reclamações relativas ao Internet banking, tendo reforçado que as reclamações dependem muitos dos períodos e também algumas

BPC motivou o maior número de reclamações em 2019

reclamações ligadas a transferências internas e muitas no que toca aos cartões de pagamento nacionais e internacionais. “Neste Momento, como o mercado tem verificado alguma escassez de divisas, então as principais reclamações têm sido em torno deste tema”, reforçou. A área de Conduta Financeira é à área que garante a boa prestação de serviços às instituições financeiras e garante a satisfação dos consumidores, por isso, depois de receber as reclamações, a área de Conduta Financeira verifica as referidas reclamações para aferir se existe, ou não, alguma violação das leis e normas em vigor, e, posteriormente, pôr-se em acção. De acordo com Osvaldo Pedro dos Santos, a acção tem sido no sentido de recomendar aos bancos a execução das operações re-

“Neste Momento, como o mercado tem verificado alguma escassez de divisas, então as principais reclamações têm sido em torno deste tema

clamadas, e, em alguns casos, há penalização a algumas instituições que não cumprem as normas estabelecidas. Por outro lado, adiantou também que, no caso das multas, os valores estão definidas na Lei das Instituições Financeiras e rondam os 20 milhões de kwanzas, dependendo da gravidade da reclamação. BPC recebe maior número de reclamações Segundo a directora-geral da ASSPY, Ruth Saraiva, no estudo realizado, o Banco de Poupança e Crédito (BPC) é a instituição com maior número de reclamações, enquanto o Stabndard Bank surge com menos reclamações. Adiantou que o resultado tem a ver com as qualidades dos próprios bancos e com às políticas de conduta a nível de atendimento e

também prestação de serviços e informações. A directora da empresa disse que foram realizadas mais de 3.631 entrevistas a clientes particulares e a mais de 300 empresas. O estudo foi realizado de 9 a 21 do mês em curso, nas 18 províncias do país, com base nas metodologias internacionais e com os padrões existentes em diversas instituições. Referiu ainda que, entre as principais reclamações dos consumidores, está a questão do atendimento, ou seja, um atendimento mais célere e eficiente quer para os particulares, quer as empresas. Só para os particulares, por exemplo, o nível de reclamações ronda os 20% e 30% para empresas, que no seu entender continuam a ser níveis muito baixos. Angola está num bom caminho O assistente de revisão e análise comportamental do Banco Central de Moçambique, Mussa Mussa, elogiou Angola pelo facto de estar num caminho excelente em termos da qualidade e prestação de serviços. Acredita que a banca nacional está num bom caminho, sobretudo do ponto de vista de conduta, em que muitas semelhanças com a banca moçambicana. “A banca angolana é excelente no ponto de vista da qualidade e também da prestação de serviços e produtos”, disse O responsável, que foi convidado para ser um dos prelectores pelo Banco Nacional de Angola, fez uma abordagem sobre os níveis de informação da qualidade bancária, dos critérios e principais requisitos a ter em conta, desde o rigor, informações verdadeiras e não falsas, assim como a qualidade de informação prestada aos clientes financeiros. Disse ainda que o Banco Central de Moçambique tem registado várias queixas sobre a conduta, entre outras. Conferência da edição 2020 do Ciclo Anual de Conferências do BNA tem o objectivo contínuo de promover debates sobre temas financeiros e económicos relevantes, com vista a implementar medidas que visem estimular a economia nacional.


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MERCADOS

O PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

A oferta monetária medida pelo agregado M2 fixou-se em 10.214,35 mil milhões Kz, em Dezembro O nível representa um aumento homólogo de 30%, reflexo da depreciação cambial apurada ao longo do ano, com efeitos sobre os preços na economia.

O

saldo da Conta Única do Tesouro cresceu 25%, para 1.896,89 mil milhões Kz, em Dezembro. O saldo que se situou 32% acima da média apurada ao longo do ano, poderá reflectir a melhoria na cap-

tação de receitas fi scais e a intensificação da depreciação cambial, com efeitos sobre a execução orçamental. MERCADOS ESPAÇO INTERNACIONAL EUA

• A Reserva Federal confi rmou a manutenção da taxa de juro em 1,75%. A decisão que se fi xou no mesmo nível dos últimos três meses foi suportada pela estabilidade apurada no mercado de trabalho e pela evolução positiva da economia.

MERCADOS Petrolífero Brent: +0,5% (59,81 USD/barril). A possibilidade de ajustamento da produção petrolífera por parte da OPEP continua a favorecer a cotação do crude.

Cambial GBP: -0,05% (1,3021 USD). A aprovação pelo Parlamento Europeu da efectivação do Brexit penalizou a cotação da libra.

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OPINIÃO

PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

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RICARDO VITA*

Isabel dos Santos e a tragédia da África

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u só podia ver isso lá, em África, neste continente cobiçado que não consegue encontrar o seu caminho. Mas a queda de Isabel dos Santos não me dá dor nem alegria. Isso me dá uma sensação confusa, que está entre a ira e a tristeza. A queda da estrela que o mundo capitalista adorou ontem não deve ser a ocasião para o júbilo de qualquer pessoa sensata que ame a África e que deseje vê-la sair da sua tragédia mantida. Porque, com flagrante hipocrisia, podemos ser, com ela, esta África, um cúmplice hoje e o seu juiz amanhã. E não sou daqueles que pensam que basta com um gesto cosmético, aparentemente benevolente, mascarar os problemas profundos deste continente ou com uma surpreendente explosão de compaixão de jornalistas internacionais que, de repente, como se descobrissem a existência de Angola e o infortúnio do seu povo sacrificado, são transformados em bons samaritanos e anjos da guarda para os salvar. Digamos, com coragem e espanto, que tudo isso é lamentável. Um déjà vu. Isabel dos Santos é apenas o reflexo desta África que se queria criar e que se mantém, é a árvore que esconde a vasta floresta. E a receita é sempre a mesma: recrutar alguns indivíduos geralmente sem instrução, que ignoram os códigos do mundo em que são lançados, para criar um poder que pode ser manipulado à vontade. Sedentos de poder, estende-se o tapete vermelho para os atrair, até são tratados por Excelência ou Doutor, exageradamente, especialmente aqueles que não têm diploma, para embriagar e inflamar os seus egos. São indivíduos que conheceram a colonização, que ainda vêem o homem branco com um complexo de inferioridade, de modo que eles têm apenas uma obsessão: medirse com ele. O branco será então o seu conselheiro de confiança, para lhe mos-

trar que derrubaram a ordem colonial. É uma forma de vingança. Esse complexo que o colonizador habilmente instilou neles fê-los perder todo o senso de moderação. Ele cega-os para as armadilhas deste mundo que foi construído contra eles e os seus povos e que funcionou durante séculos contra eles e sem eles. Pensam, no entanto, que 45 ou 60 anos de independências pouco bem-sucedidas são suficientes para o entender sem estudá-lo perigosamente, de modo que perderão as subtilezas do jogo de manipulação, que só muda por método. Isabel dos Santos nasceu neste mundo e realmente acredita que a sua fortuna é legítima e fruto do seu génio. Também gozou do complexo da mestiçagem bem conservado no seu país. É esse complexo, misturado com a arrogância odiosa, que lhe permite dizer que os seus irmãos são apenas meioirmãos, uma noção que não existe em África, uma terra com a qual ela se identifica apenas quando é atacada por brancos, como muitos da sua casta. Foi com a mesma arrogância e postura surpreendente que o marido disse que preferia ver o dinheiro de Angola com um negro corrupto do que com um branco neocolonialista. Ele vê uma diferença nisso. A tragédia da África, este continente confiscado por indivíduos criados pelas potências capitalistas e felizes em sacrificar os seus povos, é, portanto, ter uma elite inadequada à sua realidade para criar caminhos de desenvolvimento. Um déjà vu. Mobutu. Como é que ele chegou ao poder e como acumulou uma fortuna colossal estimada em vários bilhões de dólares? Para onde ela foi? Bokassa. De onde ele veio e onde está a sua fortuna hoje? E Amin Dada, Sani Abacha, Charles Taylor, Yahya Jammeh, Omar Al-Bashir? Vamos parar por aí. Enquanto os aspirantes a líderes africanos continuarem a pensar que a política é simples-

mente um caminho de enriquecimento fácil e rápido, a tragédia do continente continuará. E os aspirantes desse tipo ainda são numerosos, infelizmente. Mesmo que uma nova geração, melhor preparada, com um ego de outra forma, pareça apresentarse com o desejo de fazer algo pelos seus países, para entrar na história com nobreza, o terreno já está bem minado pela sede de poder e pelo dinheiro incentivados por vários lobbies. É por isso que ainda vemos, aqui e ali, que mesmo o mais idiota dos idiotas pensa que pode governar o seu país, porque se veste de fato e fala, quase corretamente, a língua colonial. Só lhe faltará apoios externos para vender o seu país e a sua alma. Um procedimento que vem de longe, da era colonial. Tendo o Colono criado e deixado pessoas que diferenciava umas das outras (pela cor, etnia, nível de língua), após as independências, que chegaram por volta da década de 1960, os dirigentes dos países africanos prorrogaram esse modo de pensar e agir. Em Angola, a classe assimilada que assumiu o poder em 1975 já desprezava « os pretos de pés descalços ». Essa casta continuou os reflexos coloniais e não desenvolveu nada que hoje possa provar o seu amor pelo povo. Por exemplo, nunca o educou adequadamente, pois, como em muitos países africanos, é mantendo um povo ignorante que se afir-

Isabel dos Santos nasceu neste mundo e realmente acredita que a sua fortuna é legítima e fruto do seu génio. Também gozou do complexo da mestiçagem bem conservado no seu país

ma o seu poder sobre ele. Assim, contentou-se em continuar o regime colonial, em particular partidarizando a ascensão social e desenvolvendo o espírito de « sabes-quem-eu-sou? ». Enquanto isso, a casta e as suas famílias são educadas e tratadas no exterior. E, de vez em quando, manda formar sumariamente alguns estudantes em países amigos antes de trazê-los de volta para governar um país cujas realidades concretas eles ignoram. O procedimento exclui muitos jovens brilhantes, que se fizeram sozinhos e que são capazes de seguir a marcha deste mundo e frustrar as suas armadilhas. A casta desenvolveu desconfiança, inveja, para não dizer ódio visceral, contra esses jovens que entendem as coisas, que pensam e querem construir uma África viável para os Africanos. Ela odeia-os ainda mais porque é o reflexo da sua incompetência e inadequação. É, no entanto, a geração desses jovens que pode salvar a África, porque entende as meias palavras e reconhece os abraços interessados e os sorrisos traiçoeiros. Cruzo com eles pelo mundo, inclusive em Angola. Mas eles não têm acesso aos caminhos do poder, nem mesmo às responsabilidades básicas da função pública, porque não são bons militantes do Partido e não têm mentores que se preocupem em colocar os interesses do país em primeiro lugar. Eu próprio nunca fui tão maltratado na minha vida profissional como quando me entrego de corpo e alma para dar uma contribuição útil ao desenvolvimento do meu país. Primeiro, sempre se quer usar as minhas competências sem pagá-las pelo valor justo. Então, serme-á pedido, sempre no último minuto, às vezes nos corredores do local do encontro, para não participar nas reuniões decisivas que sugeri e organizei para as partes, depois de ter construído o projecto de A a Z, o que surpreende inclu-

sive os estrangeiros envolvidos. E quando se chega, duramente, a um acordo, por escrito, o pagamento da factura, fixada ao preço mais baixo, é sempre feito com muita dor, porque a real intenção é dar-me cabo da cabeça para não me pagar. E Angola tem a reputação de ser um bom pagador, mas sempre tratará um estrangeiro menos competente melhor do que um Angolano reconhecido na sua área. E isso, inexoravelmente, deteriora as relações de maneira duradoura, e usa-se depois a situação para difamar, excluir e até prejudicar o Angolano envolvido. E o meu caso não é único. A solução, portanto, é criar uma classe de governantes justos, servidores e não rentistas que trocam favores às custas do povo. Caso contrário, sempre será o país que perderá e os filhos desta casta serão perpetuados no poder com as mesmas besteiras e a mesma arrogância que ainda comprometerão o futuro de mais uma geração. O presidente João Lourenço, que demonstrou um desejo real de mudar as coisas, tem muito trabalho a fazer. O poder isola, em todos os lugares, como sabemos. Mas em Angola, em particular, o cordão que é criado ao redor do « chefe » serve acima de tudo para o manipular e o afastar das realidades que ele deve dominar. Foi isso que agravou a “loucura” de José Eduardo Dos Santos e que já está a ser criado em torno do novo Presidente. Evitar que as mesmas causas produzam os mesmos efeitos é, portanto, o maior desafio para João Lourenço. * é Pan-africanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Folha de São Paulo (Brasil), do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É cofundador e vice-presidente do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.


MuNDO

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O PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

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Imagens de uma das sessões sobre o Impeachment de Trump no Senado americano

Defesa alega que Trump agiu em nome do “interesse público” A dúvida sobre se John Bolton vai testemunhar continua a marcar o impeachment. Em dia de perguntas e respostas no Senado, a defesa de Trump diz que o Presidente agiu em nome do “interesse público”, segundo o Observador

A

o fim do oitavo dia de julgamento, o processo de impeachment de Donald Trump continua centrado numa única questão: irá o ex-conselheiro de segurança nacional John Bolton ser chamado a testemunhar (juntamente, provavelmente, com outras novas testemunhas), arrastando o julgamento por tempo indefinido, ou irá Donald Trump ser absolvido pela maioria republicana no Senado já nesta Sexta-feira? A questão tem dominado de tal forma o processo ao ponto de ofuscar o que se tem passado durante as várias horas diárias que os senadores passam no interior da sala do Senado a ouvir os argumentos da acusação e da defesa. Depois de cada lado ter tido três dias para expor os seus argumentos iniciais, a sessão desta Quarta-feira foi a primeira de duas dedicadas às perguntas dos

senadores, tendo-se prolongado até às 23h de Washington com a questão das testemunhas a marcar o dia — e com um dos advogados de Donald Trump a desvalorizar as alegadas pressões sobre a Ucrânia, sublinhando que Trump considerou que tinha de garantir que era reeleito em nome do “interesse público”.

A possibilidade de testemunho do ex-conselheiro de Trump já está inclusivamente a fazer vacilar alguns republicanos

Porém, com o Senado profundamente dividido nesta matéria entre republicanos e democratas, as perguntas foram feitas por cada bancada quase sempre com o único objectivo de dar oportunidade a cada equipa de continuar os argumentos que têm vindo a ser apresentados ao longo dos últimos dias — e poucas foram as questões colocadas para pedir efetivamente esclarecimentos da parte dos congressistas democratas e dos advogados de Trump. Sobre toda a sessão pairou sempre a dúvida sobre o testemunho de Bolton — numa semana em que ficou provado que se há depoimento capaz de alterar a mais que provável absolvição de Donald Trump é precisamente o de John Bolton. A possibilidade de testemunho do ex-conselheiro de Trump já está inclusivamente a fazer vacilar alguns republicanos, que ponderam votar ao lado

dos democratas e chamar Bolton a testemunhar perante o Senado. Bolton está no centro do processo desde o último Domingo, dia em que o The New York Times publicou o conteúdo de um manuscrito de um livro que Bolton pretende publicar em breve e no qual o ex-conselheiro de Trump revela que o Presidente dos EUA bloqueou o financiamento da ajuda militar prestada pelos norte-americanos à Ucrânia e decidiu só descongelar o apoio, no valor de 391 milhões de dólares, quando a Ucrânia anunciasse investigações aos negócios de Hunter Biden, filho de Joe Biden, naquele país. Este é o caso que levou os democratas na Câmara dos Representantes a acusar Trump de abuso de poder e de obstrução do Congresso. John Bolton tem sido uma testemunha desejada pelos democratas desde o início, mas nunca foi ouvido porque Donald Trump proibiu os funcionários e ex-funcionários da Casa Branca de participar no inquérito de impeachment com o argumento de evitar que informação confidencial fosse revelada. Desde o início da fase de julgamento no Senado, os democratas têm tentado que o Senado chame novas testemunhas — incluindo John Bolton — para depor perante os senadores, mas a maioria republicana bloqueou os esforços nesse sentido. Porém, depois da publicação da notícia do The New York Times, vários senadores republicanos passaram a ponderar votar a favor de chamar John Bolton a depor — ao ponto de, na Terça-feira, o líder da bancada republicana, Mitch McConnell, reconhecer que não tem os votos suficientes garantidos para bloquear definitivamente a convocatória de novas testemunhas e votar de imediato a absolvição de Donald Trump na Sexta-feira. Na sessão desta Quarta-feira, a primeira pergunta levantada pela bancada democrata foi precisamente neste sentido, com o líder da minoria, Chuck Schumer, a perguntar à acusação se fazia sentido levar a cabo um julgamento justo sem ouvir o testemunho de John Bolton. “A resposta curta é não”, respondeu Adam Schiff, o congressista democrata que lidera a acusação. Ao longo do dia, nos corredores do Senado, os republicanos mostravam não perder a esperança na rápida absolvição de Donald Trump. Mas, já antecipando que o voto desta Sexta-feira poderá não correr como o Partido Republicano espera, vários senadores

e membros da defesa de Trump deixavam o aviso: se os democratas chamarem testemunhas (nomeadamente John Bolton), os republicanos também o vão fazer — provavelmente chamando Joe Biden ou Hunter Biden. No interior da sala do Senado, a possibilidade de chamar novas testemunhas surgiu em várias das perguntas submetidas por escrito pelos senadores aos dois lados. Patrick Philbin, um dos advogados de Trump, argumentou que chamar mais testemunhas poderia abrir um precedente perigoso, uma vez que se corria o risco de transformar o Senado num órgão de investigação criminal. Antevendo, a partir do que já foi divulgdo pelo The New York Times, que o testemunho de John Bolton será prejudicial à causa de Donald Trump, a defesa do Presidente tem utilizado todos os argumentos de que dispõe para evitar que o ex-conselheiro seja chamado. O principal argumento é o de que chamar novas testemunhas iria fazer arrastar o julgamento por vários meses. Jay Sekulow, advogado de Trump, disse esta Quarta-feira que o objectivo das sessões no Senado não é discutir a convocatória de testemunhas.”Eu quero Adam Schiff, quero Hunter Biden, quero Joe Biden, quero o denunciante [que deu origem à investigação]. Se tivermos toda a gente que queremos, vamos estar aqui muito tempo.” Ao longo de dezenas de perguntas e respostas, a possibilidade de chamar novas testemunhas foi o assunto mais recorrente, sem que democratas e republicanos cheguem a um consenso. Nas declarações aos jornalistas nos intervalos, multiplicavam-se os apelos dos democratas para que Bolton seja chamado e as críticas dos republicanos à tentativa de prolongar o julgamento. Foi também durante a sessão de Quarta-feira que se conheceu o conteúdo de uma carta enviada pela Casa Branca — num último esforço institucional de desacreditar o testemunho de John Bolton—, ao advogado do ex-conselheiro de Trump com o objectivo de impedir a publicação do conteúdo do livro. Bolton enviou uma cópia do manuscrito à Casa Branca como parte de um processo habitual de revisão de livros escritos por funcionários e ex-funcionários do governo — uma vez que é necessário confirmar que não existe informação classificada e confidencial no livro.


O PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

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Novo ataque em Moçambique: várias aldeias destruídas e pessoas em fuga um ataque armado, na Quarta-feira e ontem Quinta-feira, na província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, destruiu várias aldeias, colocando comunidades inteiras em fuga, mas sem registo de mortes, disseram à Lusa fontes locais, decorrendo ainda levantamentos

O

s agressores, em número incerto, incendiaram inúmeras habitações e infra-estruturas, tais como edifícios dos serviços públicos e escolas, entre as quais o Instituto Agrário de Bilibiza, gerido pela Fundação Aga Khan - que remeteu uma reacção oficial para breve. Segundo as descrições citadas pelo Jornal de Notícias, o nível de destruição é grande nas povoações situadas dentro das circunscrições dos postos administrativos de Bilibiza e Mahate, ambos pertencentes ao distrito de Quissanga - um distrito costeiro do Sul de Cabo Delgado, a 120 quilómetros de Pemba, capital provincial, por caminhos de terra batida. Fontes locais têm dito à Lusa que a população iniciou a debandada das aldeias para o mato ao princípio da tarde de Quartafeira, altura em que começaram a circular as primeiras mensa-

DR

Militares moçambicanos têm sido chamados a intervir para repelir vários ataques a aldeias no Norte do país

gens sobre um ataque armado em curso na zona: uma região de mato pontuada por ‘machambas’ (hortas) de agricultura de subsistência, onde as aldeias são feitas de construções artesanais, com materiais tradicionais, ligadas entre si por caminhos em terra batida. Em Bilibiza, sede de posto administrativo e muito afectada pela passagem do grupo armado, a violência registou-se a partir das 20 horas, sendo que os habitantes só começaram a regressar durante a manhã. O Instituto Agrário de Bilibiza é a única escola secundária técnica em Cabo Delgado, é frequentada por cerca de 400 alunos e tem uma componente de internato, mas está em período de férias. A instituição faz parte da Rede de Desenvolvimento Aga Khan (AKDN, sigla inglesa) na sequência de um acordo assinado com o Governo moçambicano em 2014 e tem estado a introduzir novas técnicas agrícolas, além de realizar projectos de infraestruturas.

CEDEAO avalia situação política na Guiné-Bissau

A

missão realizase depois de o Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau ordenar à Comissão Nacional de Eleições a repetição do apuramento nacional dos resultados das eleições presidenciais. Uma missão ministerial da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) está desde ontem, Quinta-feira, em Bissau, para avaliar a situação política póseleitoral na Guiné-Bissau, refere uma carta daquela organização enviada ao primeiroministro, citada pelo jornal electrónico Observador. A carta, assinada pelo representante especial da CE-

DR

DEAO na Guiné-Bissau, embaixador Blaise Diplo-Djoman, e a que a Agência Lusa teve acesso, refere que a missão será chefiada pelo chefe da diplomacia do Níger, Kalla Ankourau, e inclui o ministro de Estado e secretário-geral da presidência da Guiné-Conacri, Youssouf Kiridi Bangoura, e o presidente da comissão da CEDEAO, Jean Claude Kassi Brou. O Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau ordenou à Comissão Nacional de Eleições (CNE) para repetir o apuramento nacional, nos termos do artigo 95.º da Lei Eleitoral, dos resultados das eleições presidenciais, realizadas em 29 de Dezembro. A CNE divulgou a 1 de Janeiro os resultados provisórios das eleições presidenciais,

sem, segundo o Supremo Tribunal de Justiça, ter terminado o apuramento nacional. Na sequência de um recurso de contencioso eleitoral, apresentado pelo candidato Domingos Simões Pereira, apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o Supremo Tribunal de Justiça já tinha emitido um acórdão a pedir o cumprimento do artigo 95.º da Lei Eleitoral, tendo mais tarde, numa aclaração, insistindo na necessidade de realizar o apuramento nacional. A CNE, por seu lado, diz que concluiu o processo com a divulgação dos resultados definitivos, que dão a vitória a Umaro Sissoco Embaló com 53,55% dos votos, enquanto Domingos Simões Pereira obteve 46,45%.


ACTuAL

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O PAÍS Sexta-feira,31 de Janeiro de 2020

Quadro clínico de paciente chinês é estável DR

O Ministério da

Saúde assegurou ontem Quinta-feira, em Luanda, que o quadro clínico do cidadão chinês, suspeito de contrair coronavírus, é estável, segundo a Angop

S

egundo o inspector-geral da Saúde, Miguel de Oliveira, as amostras dos exames do paciente, que se encontra internado na clínica Girassol, desde 26 deste mês, seriam enviadas ontem para a África do Sul. Os resultados dos testes podem ser conhecidos dentro de cinco dias, disse, em conferência de imprensa, adiantando que os resultados preliminares feitos em Angola apontam para uma “gripe comum”. O envio dos exames à África do Sul, explicou, visa despistar em definitivo as suspeitas. Fonte da Clínica Girassol assegurou à ANGOP que o paciente não apresentou febres nas últimas

12 horas e continua sob vigilância dos técnicos de saúde da unidade sanitária. O paciente entrou no país a 16 de Janeiro último, vindo da China, mas não da região epicentro da doença. Só dez dias depois (26) dirigiu-se à clínica, depois de um

“Durante os dez dias permaneceu no estaleiro na província do Bengo. As pessoas com quem manteve contacto estão sob vigilância dos serviços de saúde”

mal-estar. “Durante os dez dias permaneceu no estaleiro na província do Bengo. As pessoas com quem manteve contacto estão sob vigilância dos serviços de saúde” daquela região, explicou Miguel de Oliveira. O Governo angolano anunciou, no último Sábado, um plano de contingência para prevenir eventuais casos de contaminação por coronavírus, que já fez 169 mortos, segundo os últimos dados. O plano passa pela instalação de termómetros no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro e implementação de medidas preventivas nos portos, nas fronteiras terrestres e paragens com grande fluxo de pessoas. A propósito, Miguel de Oliveira referiu que no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro as acções in-

cidem em todos os viajantes, com destaque para os das companhias aéreas da Namíbia, Etiópia e Nigéria, que fazem transbordo de passageiros provenientes da Ásia. O coronavírus faz parte de uma vasta família de vírus que inclui os que causam a gripe comum, mas também a Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS). Os primeiros sintomas são febres altas e tosse, que podem agravar até causar pneumonia. Transmite-se por via aérea ou espirro contaminado, secreções e mãos contaminadas. O epicentro deste vírus é a cidade de Wuhan, China, onde tem provocado várias mortes. Até ao momento, ao nível do mundo, estão contabilizados 9.239 caso suspeitos e 6.065 confirmados.


OPINIÃO

PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

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GONG TAO*

De Mãos Dadas, A China Superará O Novo Vírus Juntamente Com O Mundo

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omo é de conhecimento do público angolano e do mundo, o surto do novo coronavírus na China, no início do ano 2020, tem causado graves repercussões à situação de saúde pública. Em consideração aos interesses do Povo, o Comité Permanente do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da China convocou, no primeiro dia do Ano Novo Chinês, uma reunião urgente sobre a prevenção e o controlo do surto da pneumonia causada pelo novo coronavírus. Xi Jinping, secretário-geral do Comité Central do Partido, presidiu a reunião. A reunião decidiu estabelecer um grupo dirigente do Comité Central para supervisionar o trabalho e fez um estudo profundo de novos arranjos sobre temas relacionados, especialmente, ao tratamento dos pacientes. “A vida é de suprema importância. Quando há um surto epidémico é emitido um comando. É nossa responsabilidade preveni-lo e controlá-lo”, disse Xi, ordenando aos comités do Partido e aos governos de todos os níveis que tomem a prevenção e o controlo do novo coronavírus como a prioridade máxima do seu trabalho. Foram tomadas medidas mais rigorosas: *Wuhan, a capital da província de Hubei, que é a mais atingida pela epidemia, está em quarentena completa. A cidade está a construir dois hospitais especiais com capacidade para 2,000 camas em apenas 10 dias; *Em todo o território nacional, os pacientes estão em quarentena centralizada para tratamento;

*6,000 médicos e enfermeiros provenientes de todo o país foram enviados para Hubei; *O feriado do Festival da Primavera será prolongado para frear o surto do novo coronavírus, permitindo que o isolamento e a desinfecção massivos tenham efeito; *O semestre da primavera 2020 para as escolas será adiado; E muito mais... Numa era de globalização, ninguém pode ficar alheio quando enfrenta um surto epidémico. A China acarinha e agradece a cooperação e atenção da comunidade internacional na batalha contra o novo coronavírus. A partir do primeiro momento, a China tem mostrado atitude aberta, transparente e responsável, e fornecido assistência, e facilitação aos estrangeiros, incluindo angolanos residentes na China para a prevenção epidémica. A 28 de Janeiro, o director-geral da Organização Mundial de Saúde

“A vida é de suprema importância. Quando há um surto epidémico, é emitido um comando. É nossa responsabilidade preveni-lo e controlá-lo”

(OMS), Tedro Adhanom Ghebreyesus, teve uma audiência com o Presidente da China, Xi Jinping. A OMS elogia as medidas decisivas que o Governo chinês tomou e está confiante na capacidade chinesa de prevenção e controlo da epidemia. A OMS não recomenda a retirada dos cidadãos estrangeiros e pede à comunidade internacional a manter calma e não exagerar a situação. “Em 29 de Janeiro, tive uma reunião com a Sra. Sílvia Paula Lutucuta, ministra da Saúde de Angola, e chegámos ao pleno consenso de juntar esforços para lutar e controlar a epidemia do novo coronavírus. A minha Embaixada tomou boa nota da atitude séria e das medidas efectivas das autoridades de saúde pública e dos governos provinciais de Angola para lidar com o primeiro caso suspeito, e vamos cooperar intensamente para conter a epidemia. O povo chinês não teme nenhuma dificuldade. Temos capacidade, determinação e coragem para superar o surto epidémico rapidamente. Desde o combate contra epidemias na China -Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) em 2003 - ao combate a outros surtos no mundo, tais como o Ébola na África e Síndrome Respiratória do Médio Oriente, a China sempre assume as suas obrigações internacionais como uma nação responsável e mantém abertura, transparência, e colaboração. A epidemia é evitável, controlável e curável. De mãos dadas, a China superará o novo coronavírus juntamente com o mundo! *Embaixador da República Popular da China em Angola


DESPORTO

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O PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

DANIEL MIGuEL/ARQuIVO

Petro e Interclube centralizam atenções DANIEL MIGuEL/ARQuIVO

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Atletas angolanos num dos jogos de acesso ao Africano em Luanda

Selecção de futsal próximo das meias-finais no Africano

Petro de Luanda e o Interclube centralizam as atenções, hoje, do Campeonato Nacional sénior masculino de basquetebol, no Pavilhão Principal da Cidadela Desportiva, às 18:00. O desafio, que opõe o líder tricolor com 25 pontos e o segundo com 24, é referente à última jornada da segunda volta. Depois de perder por 8791 na primeira volta frente

aos polícias, a equipa petrolífera encara este desafio com o sentimento de desforra. Outras partidas A Marinha de Guerra visita a Lusíada, no Pavilhão 28 Fevereiro, às 15:00. O 1º de Agosto defronta o Desportivo Kwanza no Pavilhão Victorino Cunha. O Vila Clotide joga com o ASA, no Pavilhão 28 de Fevereiro, 17:30. DR

Depois da vitória diante de Moçambique por 7-4, a Selecção Nacional de futebol salão procura hoje, frente ao Egipto, o passe para a fase seguinte na prova que decorre na cidade de Laâyoune, em Marrocos, às 17:00

A Mário Silva

S ele cção Nacional sénior masculina de futebol salão (futsal) pode garantir hoje o passe para as meias-finais, quando defrontar o Egipto, campeão em título, em jogo referente à segunda jornada do grupo B do Africano, às 17:00. No piso do Pavilhão Arena Hizam Hall, na cidade de Laâyoune, Marrocos, o combinado angolano vai ten-

tar repetir a proeza da ronda inaugural. Alías, o objectivo é surpreender o campeão em título no palco da competição em solo marroquino. Para concretizar esta pretensão, Mano Celé e companheiros são obrigados a buscar inspiração no triunfo (74) na primeira ronda. Mas, é ponto assente que o Egipto tem jogadores com muita qualidade técnica e um posicionamento táctico acima da média. Por este motivo, o seleccionador nacional, Benvindo Inácio, adianta que a equipa está a preparada para defrontar os egípcios.

“Vamos entrar preparados para surpreender os egípcios e fazermos o nosso melhor”, refere o técnico angolano. Moçambique defronta Guiné A selecção de Moçambique defronta hoje a Guiné Bissau, em jogo de encerramento do grupo B, às 21:00. Nesta partida, a equipa que cometer mais erros arrisca-se a perder, por isso, os moçambicanos entram para contrariar, aliás perderam com Angola. Na série A, o Marrocos, anfitrião, joga diante das Ilhas Maurícias, ao passo que a Líbia mede forças com a Guiné Equatorial, às 21:00.

APDM do Bié pode ter novo presidente

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presidente da Associação Provincial dos Desportos Motorizados (APDM) do Bié, Hamilton Fortes, assegurou à imprensa que não vai recandidatar-se para o próximo mandato, tendo em vista o ciclo olímpico 2020/2014.

Hamilton Fortes explicou que a associação enfrenta várias dificuldades para desenvolver este desporto. O responsável lamentou que não haja condições para continuar a dirigir a Associação Provincial de Desportos Motorizados do Bié.


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O PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

DANIEL MIGuEL

Jogadores do 1º de Agosto numa “peladinha” no campo ex RI-20

Dragan Jovic aborda jogo para cumprir calendário na Champions Mário Silva

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treinador do 1º de Agosto, Dragan Jovic, lança hoje, em conferência de imprensa, o jogo de amanhã frente ao Zamalek do Egipto, no Estádio 11 de Novembro, às 10:00. Na partida a contar para a sexta e última jornada do grupo A da Liga dos Clubes Campeões, os militares, já sem hipóteses de chegar à outra fase, querem fechar com um triunfo. Por isso, o técnico deverá apostar numa equipa com um futebol mais lançado pa-

ra o ataque. Assim, Ary Papel, Leonel e Mabululu serão as apostas do técnico da formação militar no terreno de jogo. Aliás, os militares partem moralizados. Na Quarta-feira venceram, por uma bola sem resposta, o Juventude de Saurimo, para a primeira mão dos oitavos-de-final da Taça de Angola. Por sua vez, o técnico do Zamalek do Egipto, Patrice Carteron, disse que o objectivo da sua equipa é vencer o campeão angolano, o 1º de Agosto. “Queremos vencer a partida e, naturalmente, Tedros

Ghebreyesus conquistar o primeiro lugar com 11 pontos, em caso de derrota do TP Mazembe diante do Zesco United da Zâmbia”, disse. O TP Mazembe da RD Congo comanda o grupo com 11 pontos, seguido do Zamalek com oito. Na terceira posição está a equipa angolana do 1º de Agosto, com três pontos, os mesmos que o Zesco United da Zâmbia, no quarto e último lugar.

Atleta do Libolo, Essien, faz a sua estreia no Girabola no Sábado

Salah nas contas para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020

A temporada de 2020 poderá ser a última da Mercedes no mundo da Fórmula 1. A informação está a ser divulgada pela imprensa especializada britânica, que indica que a 12 de Fevereiro terá lugar uma reunião decisiva para decidir o futuro da marca alemã, cujo contrato de participação na F1 termina em 2021. Apesar do largo sucesso nas últimas épocas, com seis títulos de pilotos e outros tantos de construtores, a Daimler, casa-mãe da Mercedes, está a ponderar levar a decisão para a frente tendo em vista a redução de gastos, que se cifram em biliões de euros por ano. Em 2019, a Damiler anunciou uma brutal redução de lucros e pretende despedir cerca de 10 mil trabalhadores. Contudo, Toto Wolff, acionista da Mercedes, poderá ‘salvar’ a marca e terá interesse, em conjunto com o dono da Racing Point, Lawrence Stroll, em investir na Aston Martin, algo que significaria o rebaptizar da marca para o nome da marca inglesa mas com os motores Mercedes nos carros.

A estrela do Liverpool Mohamed Salah poderá perder o arranque da próxima temporada pelo Liverpool, em virtude de uma presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O técnico da selecção olímpica do Egipto, Shawky Gharib, confirmou o interesse em levar a principal estrela do país para o Japão. “Temos de enviar uma lista preliminar com 50 jogadores. O Salah será o primeiro dessa lista”, referiu, à ON Sport TV.

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treinador do Recreativo do Libolo do Cuanza-Sul, André Macanga, chamou para a equipa principal o médio trinco Essien. Proveniente da equipa de juniores, o atleta vai fazer a sua estreia no Girabola frente ao Progresso no Sábado, na Vila de Calulo, em jogo a contar para a décima sétima jornada, segundo o site do clube. O Recreativo do Libolo do CuanzaSul ocupa a terceira posição com 27 pontos.

Cavani complica-se e está cada vez mais longe É cada vez mais provável que Edison Cavani fique no Paris SaintGermain até ao final da temporada, depois do Atlético Madrid não ter cedido às exigências dos franceses. O L’Equipe assegura que o bicampeão francês nunca quis baixar dos 20 milhões a pronto mais bónus, algo a que os colchoneros não acederam. O atacante uruguaio, por outro lado, tentou abandonar o clube de todas as formas possíveis: aceitou baixar o salário para rumar a Madrid e tentou contactar com Nasser al-Khelaifi.

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Atlético do Namibe lidera Campeonato Nacional

Petro reconhece palco O Petro de Luanda reconhece hoje o palco do jogo de amanhã frente ao USM da Argélia, no grupo C, às 14:00.

André Macanga chama Essien para equipa principal DR

Mercedes pondera abandonar Fórmula 1

Djokovic segue para a final do Open da Austrália Novak Djokovic levou ontem a melhor no 50º embate de carreira com Roger Federer e garantiu o acesso à final do Open da Austrália. O sérvio, detentor do título e número dois do mundo, superou o helvético, terceiro do ranking ATP, em três sets, pelos parciais de 7-6 (7/1), 6-4 e 6-3, em duas horas e 18 minutos. Na primeira partida, viuse Nole obrigado a anular vantagem de 5-2 construída por Federer, mercê de fortíssima entrada no encontro.

O Nimes procura reforçar o seu ataque nesta recta final do mercado, de forma a deixar os lugares de despromoção do campeonato francês – está no penúltimo lugar – e Vincent Aboubakar é um jogador que agrada o director desportivo Reda Hammache. O jornal ‘Midi Libre’ deu conta do interesse do Nimes no internacional camaronês, num cenário que passaria sempre pelo empréstimo, mas as possibilidades de se vir a concretizar são praticamente nulas.

Hazard volta a treinar no Real Madrid O regresso de Eden Hazard aos campos parece cada vez mais próximo, após o belga fazer o seu primeiro treino com o elenco do Real Madrid, dois meses depois de se lesionar no tornozelo. O Real Madrid divulgou imagens do atacante belga disputando uma bola com alguns companheiros em campo.


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OPINIÃO

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PAÍS Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020

JOSE MANuEL DIOGO

Super-heróis do futuro

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oje em dia os nossos super-heróis estão em toda a parte. Apenas à distância da vontade. É por isso que nunca mais os vamos deixar morrer. Porque é muito difícil criar outros igualmente universais. Foi no cinema, assistindo ao último filme da saga “Guerra das Estrelas”, que percebi que há viver a História em direto. Foi de certeza uma das primeiras vezes que, no cinema, um pai disse: “Olha miúdo! Quando vi o primeiro episódio da saga tinha a tua idade”. Os filmes Star Wars atravessaram uma geração inteira e prometem mais. Os nossos heróis de infância deixaram de ser memórias longínquas. Agora os companheiros que vivem connosco no dia a dia e partilham os momentos importantes das nossas vidas. Há uns anos ofereci aos meus filhos a minha colecção de banda desenhada. Foi quase uma cerimónia solene. “Aqui nesta estante, meninos, nas primeiras 5 prateleiras...” Sentia-me a passar um legado, a deixar uma herança. E, apontando para cada um dos livros dizia: “Estes foram os heróis de infância do papá”. Entregava-os como se fossem

memórias antigas, daquelas que ficaram lá atrás, fazendo de um mundo que os adolescentes de agora conhecem mas não sabem compreender. Hoje penso que isso não é verdade. O Lucky Luke, o Salomão e Mortadello, o Spirou e o Fantásio, o Michelle Vaillant e o Tintin são tanto deles como meus. Ou melhor, são ainda mais deles do que nossos. Os livros do Asterix, sem Uderzo nem Goscinny, fazem-nos compreender melhor o espírito do tempo. Os nossos heróis de infância já não fazem só parte do passado. São também do futuro. A nossa geração, que cresceu a ver televisão e inventou a Internet, é a primeira, na história da humanidade, a dispor de um poder semelhante. A ter a capacidade de tornar imortais as personagens de ficção e a fazer viver eternamente os heróis de carne e osso. De facto, hoje existe a possibilidade de ultrapassar as limitações do passado e poder dar vida eterna às nossas memórias. Uma vida de facto. Não apenas uma recordação. A capacidade tecnológica dos dias de hoje – a dos dias de amanha será ainda mais extraordinária e impensável – vai permitir reinventar todo o pas-

sado, recuperar todos os personagens e dar-lhe novas vidas e novas histórias tão reais agora como as que vivemos antes — talvez ainda mais reais. Este é o mundo extraordinário que está a condicionar profundamente o modo como os nossos filhos compreendem o presente. Antes, todos tínhamos os mesmos heróis, porque eram eles que estavam no único canal de TV e sempre àquela hora; eram eles que estavam naquela livraria sempre na mesma estante, naquela revista sempre ao mesmo dia da semana. Agora os nossos heróis são virais e estão em toda a parte. Vivem nos “feeds” dos “youtubes”, nos “tweets”, “blogs” e “snapchats”. A toda hora, apenas à distância da vontade. Estão sempre connosco. É por isso que nunca mais os vamos deixar morrer. Porque é quase impossível criar outros tão universais. Um exemplo? Se reparamos bem, Bono Vox já nem parece um ser humano de carne e osso. Transformou-se também num herói de BD. Num ícone Pop, num “sex symbol”, num justiceiro mascarado que canta canções que todos conhecem. Como as memórias, também ele é imortal.



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