Jornal OPaís edição 1740 de 07/02/2020

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JOVENS DESCOBREM EM TRIBUNAL QUE ERAM SÓCIOS MAIORITÁRIOS DO BANCO MAIS EM FOCO: Agostinho Soares da Gama e Anselmo Eduardo Salvador descobriram ontem, na Câmara de Crimes Comuns do Tribunal Supremo, que eram accionistas do extinto Banco Mais, na qualidade de detentores de 55 e 14 por cento das acções da Mais Financial Service, S.A, a empresa que detém a maioria do seu capital social. A revelação aconteceu durante mais uma sessão do julgamento do caso 500 milhões de dólares, em que são arguidos José Filomeno dos Santos, Valter Filipe e Jorge Gaudens Pontes. P. 2

OPAÍS

Director: José Kaliengue www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @Jornalopaís facebook/opaís.angola

O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA

Edição n.º 1740 Sexta-feira, 07/02/2020 Preço: 40 Kz

DANIEL MIGUEL/ARQUIVO

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‘RECURSOS DO LOBITO NÃO CHEGAM SEQUER PARA REABILITAR UMA RUA’ ● O governador provincial de Benguela, Rui Falcão, reconheceu

Quarta-feira, 06, a complexidade da gestão do município do Lobito, tendo revelado que os recursos postos à disposição da Administração da cidade dos flamingos não chegam sequer para reabilitar uma rua. P. 8

CORONAVÍRUS

40 PASSAGEIROS EM QUARENTENA EM LUANDA POLÍTICA: O inspector-geral da Saúde, Miguel de Oliveira, confirmou ontem a OPAÍS que todos os cidadãos oriundos da República Popular da China já se encontram em quarentena. O ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, avançou que estão no local, em Luanda, 40 passageiros. P. 8 af_bai_nahora_imprensa_276x42,733mm_empresa.pdf

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18/11/19

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18 professores partilham uma residência T 2 em Sangano Dezoito professores de ambos os sexos da Escola 7.022, situada em Sangano, comuna de Cabo Ledo, em Luanda, partilham uma casa de dois quartos e sala por não terem outra saída para poderem cumprir com a sua nobre e árdua missão de ensinar. P. 12

Selecção de futsal luta pelo bronze no Africano ● Caso vença hoje, às 17:30, a

Líbia, a Selecção Nacional sénior masculina de futebol salão (futsal) conquista a medalha de bronze no Campeonato Africano de Marrocos e apura-se para o Mundial da Lituânia. P. 26


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EM FOCO

O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

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Jovens descobrem em Tribunal que são banqueiros Agostinho Soares da Gama e Anselmo Eduardo Salvador descobriram ontem, na Câmara de Crimes Comuns do Tribunal Supremo, que são accionistas do extinto Banco Mais, na qualidade de detentores de 55 e 14 por cento das acções da Mais Financial Service, S.A, a empresa que detém a maioria do seu capital Paulo Sérgio

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mbos foram arrolados como declarantes no processo-crime que corre os seus trâmites legais no referido tribunal, resultante de uma transferência de USD 500 milhões do Banco Na-

cional de Angola (BNA para a empresa Perfectbit, com vista a criação de um alegado fundo de investimento de 30 mil milhões de euros para o país. “Não sou sócio de nenhum banco”, afirmou confiante Agostinho Soares da Gama, em declarações à instância do Ministério Público, dirigida por Pascoal Joaquim. “Então o senhor é sócio da Mais Financial Service com 55 por

“Então o senhor é sócio da Mais Financial Service com 55 por cento das acções e não sabe!”

cento das acções e não sabe!”, ironizou o procurador. Agostinho da Gama retorquiu ter conhecimento que o banco em causa pertence ao seu patrão, Jorge Gaudens Pontes Sebastião (um dos arguidos), proprietário da empresa GPS Empreendimentos, onde trabalha há anos e não sabe dizer como é que se tornou sócio. Ele e os seus colegas Adelino Ernesto Quibuco, Filipe Albino Gomes e João Manuel Ginga foram convidados por Jorge Gaudens a participar na constituição da aludida empresa, em 2015. O mesmo convite foi feito a Anselmo Eduardo Salvador, funcionário da Transcoop, outra empresa de Jorge Gaudens. No entanto, segundo Agostinho da Gama, dias depois de terem constituído a Mais Financial Service passaram uma procuração irrevogável ao seu patrão, conferindo-lhe plenos poderes sobre a mesma. Confrontado com uma acta de uma reunião da Assembleia Geral Extraordinária da empresa, de Dezembro de 2015, na qual, consta que os seus cinco “sócios” fizeram a distribuição das acções, na qual assina como presidente da mesa desse órgão, Agostinho

da Gama reconheceu a sua assinatura, mas disse que não participou de nenhuma reunião. Declarou que este e outros documentos relativos à empresa lhe foram dados a assinar por um dos estafetas de uma das empresas de Jorge Pontes, a mando deste, pelo que assim procedeu. “Ele disse-me que precisava que assinasse e eu assinei”, frisou, sublinhando que achou o convite para pertencer a empresa normal por isso aceitou, sem esperar receber qualquer contrapartida por isso, uma vez que é funcionário dele. Anselmo Salvador, funcionário da Transcoop, confi rmou a versão de Agostinho da Gama, segundo a qual participaram da constituição da Mais Financial Service, S.A a convite de Jorge Gaudens e depois passaram-lhe uma procuração irrevogável. “Para mim é normal. Não é a primeira vez que participo na assinatura de constituição de empresa. Já o fi z antes no acto de constituição da Transcoorp, empresa onde trabalho e depois passei a procuração irrevogável ao doutor Jorge [Gaudens] Pontes”, frisou. Quanto às actas das alegadas reuniões da Assembleia Geral da Mais Financial Service, S.A, confi rmou que a assinatura lá constante é sua, mas que nunca participou em nenhuma reunião. O procurador Pascoal Joaquim confrontou-lhe com uma acta, na qual consta que secretariou a alegada reunião onde os accionistas decidiram delegar plenos poderes a si para resolver os problemas relacionados à aquisição de 51 por cento das acções do Banco Mais. Ele reconheceu a sua assinatura, mas reafirmou que não participou em nenhuma reunião a respeito. Anselmo Salvador declarou que conhece o referido banco e que já esteve na sua antiga agência da marginal inúmeras vezes, porém, não como homem de negócio ou cliente, mas para depositar dinheiro na conta de outrem. Disse que desconhecia que tinha alguma ligação com o banco. De realçar que o Tribunal Provincial de Luanda decretou a falência do Banco Mais, meses depois de o BNA ter revogado a sua licença, pelo facto de os seus accionistas não terem conseguido aumentar o seu capital social de 4 mil milhões, 990 milhões, 603 mil e 949 Kwanzas para 70 mil milhões e 500 milhões de Kwanzas.


O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

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Tribunal adia audição de Manuel Nunes Júnior para Terça-feira LITO CAHONGOLO

O Tribunal Supremo adiou para Terça-feira a audição do ministro de Estado do Desenvolvimento, Manuel Nunes Júnior, arrolado ao processo como declarante, por não ter comparecido, ontem, por alegada falta de disponibilidade 191212_Anuncio_JP_276x177,8.pdf

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12/12/2019

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Tribunal Supremo adiou para Terça-feira a audição do ministro de Estado do Desenvolvimento, Manuel Nunes Júnior, arrolado ao processo como declarante, por não ter comparecido, ontem, por alegada falta de disponibilidade. Antes de tomar esta decisão, o juiz-presidente da causa, João da Cruz Pitra, questionou ao advogado Sérgio Raimundo, que o arrolou ao processo, se mesmo com as provas produzidas até ao momento durante as audiências anteriores ainda pretendia ouvi-lo, ao que respondeu positivamente.O defensor do co-arguido Valter Filipe, antigo governador do BNA, alertou que apesar de ele ter elevadas responsabilidades, o gover-

nante deve arranjar um tempo para ser ouvido, uma vez que o tribunal não pode parar. Sérgio Raimundo manifestou que mantém o mesmo interesse em ouvir as respostas do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. Este processo tem como arguidos José Filomeno de Sousa dos Santos e Jorge Gaudens Pontes Sebastião, pronunciados pelos crimes de burla por defraudação, branqueamento de capitais e tráfico de influência. Por outro lado, António Samalia Bule Manuel e Walter Filipe pronunciado pelos crimes de burla por defraudação, branqueamento de capitais e peculato. PUB

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4 DESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 8 Falcão afirma que recursos do Lobito não chegam sequer para reabilitar uma rua.

SOCIEDADE. PÁG. 12 18 Professores partilham uma residência T2 em Sangano.

o editorial

O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

HOJE: os números do dia

Quarentena

CARTAZ. PÁG. 14 Paulo Flores & Yuri da Cunha com coração, saudades e emoção em “Njila ia Dikanga”.

ECONOMIA. PÁG. 18 Paragens de reduções não planificadas estimam a perda de 90 mil barris de petróleo/ dia.

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ngola criou o seu centro de quarentena para quem venha da China e/ou tenha tido contacto com alguém infectado com o Coronavírus. A medida é semelhante às adoptadas por outros países, porém, noutras realidades, como no Brasil, o Governo teve de remeter, para aprovação urgente do Parlamento, uma proposta de lei sobre a quarentena. Em Portugal, a quarentena não pode ser obrigatória, a Constituição proíbe-o. E em Angola, bem, em Angola o assunto não é discutido sequer. Pode até haver preocupação mundial sobre o assunto, pode Angola estar citada entre os países de risco de propagação da doença se ela cá chegar, mas tudo isto não pode deixar o cidadão sem os seus direitos e todo o povo sem a informação sobre se a quarentena é ou não legal no país.

o que foi dito MUNDO . PG. 22 China pode adiar encontro anual do Parlamento por causa do coronavírus.

Há necessidade de se implementar “reformas corajosas” na Comissão Nacional Eleitoral (CNE)” Adalberto Costa Júnior, Presidente da UNITA

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Sempre disse que não vou jogar até aos 38 anos. Ainda tenho três anos e meio de contrato, que termina no verão de 2023”

Toni Kroos Jogador do Real Madrid

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dias depois do arranque efectivo do presente ano lectivo, que conta com mais de 10 milhões de alunos, nove províncias continuam à espera de receber os manuais obrigatórios do ensino primário.

pessoas morreram e 157 ficaram feridas na sequência do acidente com um avião comercial que se partiu em três quando tentava aterrar no aeroporto Sahiba Gökçen, em Istambul. Candidatos reprovados no primeiro exame, realizado em Dezembro de 2019, para o ingresso na Escola Superior Pedagógica (ESP) da Lunda Norte, podem desde ontem Quinta-feira conseguir uma vaga o preenchimento de 405 vagas naquela unidade orgânica afecta à Universidade Lueji A’nkonde.

Mil crianças dos zero aos 5 anos de idade serão vacinadas contra a poliomielite a partir desta Sextafeira em quatro dos 10 municípios da província da Lunda-Norte.

Apelo à Assembleia Nacional para a não aprovação da Proposta de Lei de Requisição Civil” Teixeira Cândido Secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA)


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O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

e assim... José Kaliengue Director

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com a embaixadora do Reino Unido, Jessica Hand, saiba mais sobre a cimeira que o seu país organiza a partir de amanhã com parceiros africanos

Agiram em nome do Estado

O

www.opais.co.ao Washington DC (EUA) Donald Trump, Presidente dos EUA, segura uma cópia da primeira página do USA Today mostrando notícias de sua absolvição no seu julgamento de impeachment no Senado (REUTERS)

o que vai acontecer Desporto Angola vai disputar o Torneio Africano de Golfe da Região V, com as selecções A e B, a decorrer em Abril próximo, no Campo de Resort Mangais, na Barra do Kwanza, em Luanda, segundo uma fonte da Federação Angolana da Modalidade (FAGOLFE). Neste momento existe já um grupo de aproximadamente seis golfistas que podem vir a integrar ambas as selecções, a julgar pelos resultados obtidos nos distintos torneios realizados na última época, com realce para o Campeonato “Ordem de Mérito Mangais/BFA 2019” e o “Dipanda Cup”.

Sociedade Sob o lema “Ambiente como factor de desenvolvimento sustentável e da diversificação da economia”, encerra hoje na província do Huambo, o III Conselho Consultivo do Ministério do Ambiente. Segundo um comunicado de imprensa, o Conselho daquele órgão ministerial, que reúne duas vezes por ano, é um instrumento de apoio da titular do departamento governamental, integrado por quadros dos serviços centrais e locais do sector. Durante os dois dias de trabalho está agendada a apresentação do relatório do sector, de 2019, incluindo as perspectivas para o ano de 2020.

Humor O humorista Kotingo apresenta hoje, às 21:00, no restaurante Club S, em Luanda, o espectáculo de “Stand up Comedy”, “Não Nasci Assim”, uma sátira pessoal, criada com base em determinadas situações do quotidiano da capital. Kotingo disse que o objectivo é celebrar mais um aniversário natalício e abrir a programação de espectáculos deste ano, com uma actuação capaz de mostrar a nova imagem do artista e propor novos conteúdos no formato “Stand up Comedy”. O espectáculo terá uma duração de uma hora e meia. Os bilhetes estão a ser vendidos a 5 e 8 mil kwanzas.

Cultura Um espectáculo de mú-

sica e dança folclórica é realizado no próximo dia 12, às 15:00, na localidade de Zambela, município de Icolo e Bengo, pelo grupo Idimakaji, para saudar o 23º aniversário da fundação do colectivo. Ao longo do espectáculo, afirmou, Adão José “Fabião”, membro do grupo, vão ser interpretadas canções ligadas ao folclore nacional, como forma de valorizar e difundir mais este género musical. Fabião prometeu ainda levar à apreciação da população daquela região de Luanda o melhor da música tradicional feita pelo Idimakaji durante 23 anos. “Escolhemos a data porque é o dia em que celebramos”.

que se faz com um instrutor de um processo judiciário cujo trabalho leva alguém a ser visto como culpado pelo Estado sem ter culpa naquilo de que é acusado? O que se faz ao procurador que legaliza a detenção deste dito suspeito, eleva-o a arguido e remete o caso ao tribunal? E o que é que se faz ao juiz que condena a catorze anos de prisão, ainda mais tratando-se de uma pessoa pobre, sem recursos para pagar um advogado e sem meios para recorrer da sentença? Também se pode perguntar sobre o que fazer ao advogado oficioso, se é que houve mesmo um advogado no caso. Catorze anos depois, sabe-se agora que a acusação baseou-se no depoimento de uma pessoa relacionada com a vítima de homicídio, mas que não foi testemunha dos factos. Um jovem foi acusado de ter matado alguém quando tinha apenas dezasseis anos ade idade. Cumpriu a pena, agora, a dita senhora, fonte da acusação, vem dizer que tinha sido coagida a acusar o jovem. Há intervenientes no processo que ainda estão vivos, embora alguns com repentina amnésia. Às perguntas que fi z, o Estado que responda e actue como entender, porque toda a injustiça foi feita em seu nome. Mas que não demore a indemnizar a vitima das aberrações da sua própria máquina. Infelizmente, não é caso único, mas a justiça deve sempre prevalecer. O Estado que pague, com a mesma rapidez com que estragou a vida do agora já homem.

E também... Dia do Gráfico (Brasil) - 7 de Fevereiro. Um profissional gráfico trabalha com a impressão de materiais de vários tipos. Revistas, jornais, livros, panfletos publicitários, cartazes, notas fiscais, etiquetes, convites, ou banners - se forem impressos, passam pelas mãos de um gráfico.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

NO TEMPO DO KAPARANDANDA

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

OPAÍS

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais. co.ao Grande repórter: André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia Luís Faria (Coordenador-Editor) luis.faria@opais.co.ao Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto Nunes, Rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Afrodite Zumba, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Iracelma Kaliengue, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela),Brenda Sambo, Maria Custódia, Kiameso Pedro e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto)Lourenço Pascoal, Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Revisão: António Setas Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Inês Monteiro e Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor)Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, Talatona- Luanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 Vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

1947 -

07 de Fevereiro Rejeita-se a proposta britânica para a divisão da Palestina (duas zonas - árabe e judaica - com administração conjunta).

1990 -

07 de Fevereiro Maria Branca dos Santos A. D. Branca, conhecida como “a banqueira do povo” é condenada, no tribunal de Monsanto, a dez anos de prisão por crime de burla agravada e de emissão de cheques sem provisão.

07 de Fevereiro 1991 - O Irão faz o

mais audacioso dos seus ataques em Londres: três morteiros caem a 12 metros da residência do primeiro-ministro John Major.

CARTA DO LEITOR

Imogestin, o povo exige transparência no sorteio! DR

Saudações, senhor director! Sou morador do bairro Calemba 2, província de Luanda. É com bastante satisfação que escrevo para este jornal que informa com verdade, rigor e transparência. Aproveito esta página para exigir em nome do povo angolano à Imogestin para fazer o sorteio para aquisição de habitação na Centralidade do Zango 5, na cidade capital, com transparência. A 20 deste mês, dia da Sorte ou Azar para alguns, espero que não haja fraude no processo, porque ouvi em ‘boca pequena’ que 80 por cento das residências de arrendamento resolúvel foram distribu-

ídas para alguns militantes do partido político MPLA. Caso for verdade, o que disse no parágrafo supracitado significa que 30 por cento das residências é que serão sorteadas. Brincadeira! Na verdade, não quero acreditar na dica que ouvi. Senhor Imogestin não brinquem com coisa séria, há muita gente sem tecto que não são militantes do partido já citado. Assim, não são angolanos? Não merecem casa? Espero que as duas mil e 390 residências, entre apartamentos e vivendas T3 sejam sorteadas com clareza. Até lá! Boa sorte irmãos angolanos. Safeca Bartolomeu Calemba 2/Luanda

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754


BAI DIRECTO

SE PENSAR BEM, VAI QUERER UM SERVIÇO INOVADOR, QUE LHE FACILITE A VIDA. PENSE BEM, PENSE BAI.

1973 - Am’ lcar Cabral, dirigente e fundador do PAIGC, Ž assassinado em Conakry. 1981 - Os 52 refŽ ns norte-americanos, detidos no Ir‹ o h‡ mais de 13 meses, s‹ o finalmente libertados, ao mesmo tempo que Ronald Reagan toma posse como quadragŽ simo presidente dos Estados Unidos. 1997 - O governo de Mobutu, em Kinshasa, Zaire, declara, oficialmente, guerra contra os rebeldes no norte do pa’ s, liderados por Laurent DŽ sirŽ Kabila, depois de estes ocuparem uma parcela de 600 quil— metros no interior do pa’ s.


POLÍTICA

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O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

Falcão afirma que recursos do Lobito não chegam sequer para reabilitar uma rua

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O governador provincial de Benguela, Rui Falcão, reconheceu Quarta-feira, 06, a complexidade de gestão do município do Lobito, tendo revelado que os recursos postos à disposição da Administração da cidade dos Flamingos não chegam sequer para reabilitar uma rua DANIEL MIGUEL/ARQUIVO

Rui Falcão, governador de Benguela

Constantino Eduardo, em Benguela

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e acordo com Rui Falcão, que falava na cerimónia de apresentação do novo administrador do Lobito, Carlos Vasconcelos, à sociedade local, durante meses consecutivos, mais de 80 por cento dos recursos financeiros de que o governo local dispunha destinaram-se ao pagamento daquilo a que chama de problemas “estruturais”, ou seja, de base. Como quem quisesse responder a críticas de determinados segmentos sociais da também conhecida cidade dos ‘Flamingos’ sobre suposta “ingovernabilidade”, o governador de Benguela justificou que os recursos financeiros para o Lobito são tão escassos que a administração municipal não é ca-

paz de reabilitar uma rua. Apesar das dificuldades, o governante salienta que a nomeação de Carlos Vasconcelos para o Lobito justifica-se. Segundo Rui Falcão, mexeu-se no xadrez no governativo para melhorar a acção do executivo local, advertindo que governar implica exercer actos administrativos com honestidade. Nesta perspectiva, e uma vez que o Lobito tem uma massa crítica, o governador de Benguela espera que o actual administrador tenha a humildade de ouvi-la e alimentando-a com informações verdadeiras relativamente aos recursos que são postos à disposição da Administração local. Rui Falcão marca a sua governação em 2020 com uma série de alegações de falta de recursos financeiros para executar projectos sociais. Reagindo às declarações de Rui

Falcão, proferidas na cidade do Lobito, Zeferino Kuvíngua, secretário da CASA-CE em Benguela, assevera que, com tal afirmação, o governador de Benguela estará a chamar atenção ao Governo Central, apelando-o à abertura da bolsa, argumentando que o Executivo de João Lourenço se estará a divorciar das suas responsabilidades. “Estará a passar claramente a mensagem para o Governo Central”, sublinha. O político aponta como acções prementes e, como tal deviam merecer atenção do Executivo, o melhoramento das vias de acesso, de modo a conferir dignidade à população. Mesmo ouvindo repetidas vezes as alegações de Rui Falcão sobre a falta de dinheiro, Kuvíngua prefere, igualmente, acreditar que se trata de falta de vontade política de quem dirige a província de Benguela. O coordenador da Organização Humanitária Internacional, Messelo da Silva, não entende como é que há, tal como refere o governador, manifesta incapacidade financeira de um município estratégico, como é o Lobito, a ponto de as autoridades locais estarem incapazes de reabilitar sequer uma rua, quando tem projectos desta natureza, tal como revelaram as autoridades, inscritos no Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM). As interrogações do activista não ficam por aí e vai longe. Messelo da Silva, que desde sempre manifestou receio em relação à proveniência do dinheiro do PIIM, se questiona como é que um município de que se fala que ascenderia à categoria de província tenha chegado a este ponto.

40 cidadãos oriundos da China já estão emquarentena O inspector-geral da Saúde, Miguel de Oliveira informou, ontem, a OPAÍS que todos os cidadãos oriundos da China já se encontram em quarentena, num espaço que preferiu não identificar. O ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, avança que estão no Neusa Filipe

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responsável avançou que o espaço está situado na província de Luanda, mas por razões de segurança preferiu não identificar a respectiva zona, visto que os cidadãos mantidos em quarentena não poderão receber visitas. “A medida já está em vigor. Há cidadãos que já estão em quarentena. Trata-se de todos os cidadãos que estão a chegar em voos de ligação com a China. Todos os cidadãos provenientes da China, independentemente do ponto de ligação e da sua nacionalidade, ao chegarem à cidade de Luanda são encaminhados para a quarentena”, disse o inspector, sem avançar mais dados sobre o número exacto de cidadãos nesta condição. O responsável disse ainda que existe uma Comissão criada para o

efeito, que se vai pronunciar, em conferência de imprensa, nos próximos dias. Miguel de Oliveira garantiu que “o espaço preparado é específico e adequado, com condições para manter em prevenção os viajantes que estão em quarentena”. Por via de um comunicado de imprensa, o Governo angolano decretou a quarentena obrigatória de, no mínimo, 14 dias a todos os cidadãos que em qualquer momento, no decurso da epidemia coronavírus, tenham estado na República Popular da China ou em contacto com doentes afectados. O comunicado esclarece que a medida enquadra-se no alerta de emergência lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) tendo em conta que a epidemia em curso a nível mundial e a altíssima prevalência de casos com mortalidade associada.


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O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

Angela Merkel visita hoje Angola A Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, visita Angola esta Sextafeira,07, de acordo com um comunicado dos da Casa Civil do Presidente da República, João Lourenço

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m nota de imprensa chegada distribuída esta semana, em Luanda, a Casa Civil do Presidente da República refere que, como primeiro acto da visita, a Chanceler alemã terá um encontro com o Presidente da República, João Lourenço. Na tarde de hoje, Angela Merkel e João Lourenço vão proceder à abertura do Fórum Económico Alemão-Angolano. A Chanceler vai visitar o Museu de Antropologia, que iniciou um programa de cooperação com o AF_ Imprensa 276x177.8mm Jornal OChanceler Pa’ s.pdf 1 Alemanha, 1/10/20 5:42 PM Goethe-Institut Angola e a Funda Angela dação do Património Cultural da Merkel

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Prússia, bem como uma empresa alemã na capital angolana. Terá também um encontro com angolanos que estudaram na Alemanha. Trata-se da segunda visita da Chanceler Angela Merkel a Angola, tendo a primeira ocorrido em 2011, ocasião em que foi acordada uma parceria alargada entre os dois Estados. Antes de Angola, a Chanceler Angela Merkel visitou a África do Sul, acompanhada de uma delegação empresarial do seu país. O Presidente João Lourenço visitou a Alemanha em Agosto de 2018 e voltou a encontrar-se com a Chanceler Angela Merkel em Nova Iorque, em Setembro do ano passado. Angola e Alemanha estabeleceram relações diplomáticas em 1979. A parceria entre os dois países ganhou um novo impulso com a realização da I sessão da Comissão Bilateral, em 2012, em Berlim. Nos últimos anos, Angola tornou-se no terceiro parceiro comercial da Alemanha na África subsahariana. Em 2010, o comércio bilateral rendeu no conjunto 491 milhões de euros.

Presidente da Volkswagen na ZEE

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presidente do Grupo Volkswagen África do Sul, Thomas Schaefer, realiza esta sexta-feira, 7 de Fevereiro, a sua primeira visita a Angola, no quadro das negociações para instalação de uma fábrica de montagem de veículos da marca Volkswagen na Zona Económica Especial Luanda-Bengo. Além de visitar o espaço onde será instalada a fábrica com a linha de montagem, de acordo com um comunicado da Zona Económica Especial Luanda-Bengo, Thomas Schaefer e executivos da Volkswagem reúnem-se com responsáveis do Ministério dos Transportes, da AIPEX e do próprio polo industrial. Os executivos da Volkswagem vão visitar também outras unidades industriais na ZEE

Luanda-Bengo, assim como participarem no Fórum Empresarial Alemanha-Angola, enquadrado na visita a Angola da Chanceler Ângela Merkel. Para o presidente da APIEX, António Henriques da Silva, “o investimento que a Volkswagen se propõe em realizar no nosso país virá contribuir em grande medida para a diversificação da nossa economia, criação de empregos e alavancar, principalmente o sector automóvel, tornando a sua oferta mais variada. Estamos a falar de uma indústria com ramificações noutras, que passando a existir contribuirão para criação de novas oportunidades de negócios para empreendedores nacionais, com impacto positivo na nossa economia, na transferência de tecnologia e de know-how”. PUB

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SOCIEDADE

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O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

Falta de acesso dificulta funcionamento do aterro do Huambo A província do Huambo, até ao momento, está com um depósito provisório de resíduos sólidos, uma solução encontrada enquanto o aterro não funciona. Segundo o director provincial do Ambiente, César Pakisse, a limitação no acesso impossibilita o funcionamento do aterro que pode ser usado para aproveitar resíduos de províncias circunvizinhas

Romão Brandão, enviado ao Huambo

fotos de Virgílio Pinto

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Ministério do Ambiente está reunido em Conselho Consultivo Alargado, na província do Huambo, durante dois dias (6 e 7 de Fevereiro), sob o lema “Ambiente como factor de desenvolvimento sustentável e da diversificação da economia”. Neste, que é o IIIº Conselho, foram abordadas questões relacionadas com a gestão de resíduos sólidos das províncias do país. A província do Huambo, segundo a governadora, Joana Lina, durante o seu discurso, está a lutar com o apoio de vários departamentos ministeriais para colocar em funcionamento o aterro sanitário e melhorar a gestão dos resíduos sólidos, pelos efeitos imediatos na saúde das populações e bem-estar da comunidade local. Segundo o delegado provincial do ambiente, César Pakisse, apesar do Huambo ter um aterro sanitário, não está funcional, porque “estamos com alguma limitação no acesso”. Enquanto melhoram a situação, “nós temos um centro de transferência de resíduos, ou seja, há um perímetro (que por sinal é florestal) onde estamos a depositar, de forma provisória, estes resíduos”, disse. Tão logo o aterro esteja em funcionamento, o resíduo será tirado do local provisório e transportado para o definitivo. No Conselho Consultivo Alargado presidido pela ministra do ambiente, Paula Francisco, pediram que se tenha em atenção o aspecto relacionado ao aterro do Huambo, uma vez

Vista de uma das ruas da cidade do Huambo

Director do Ambiente do Huambo, César Pakisse

que, segundo César Pakisse, esta é uma província do centro importante, sem desprimor doutras províncias. “Com densidade a populacional que temos e o carácter central da província, se tivermos um aterro funcional, nós podemos exercitar um aproveitamento dos resíduos até das províncias circunvizinhas, como Bié, Benguela e a zona leste do país”, reforçou. Com este carácter central que a província representa, segundo o entrevistado, e com um sistema de resíduos sólidos eficaz, tem-se as condições criadas para começar a exportar/importar determinados tipos de resíduos sólidos que se vão transformar em matérias-primas para outros fins. É necessário pensarmos nesta perspectiva, disse, e a supor que o nosso aterro tenha alguma central de aproveitamento de resíduo plástico ou ferroso, ou qualquer outro tipo de resíduos, nós podemos ser um centro capaz de exportar. “O nosso apelo é que possamos olhar para os problemas ambientais com outra dimensão, isto é, aproveitar todas as potencialidades económicas que a gestão ambiental nos proporciona”, defende. Dificuldade financeira estará na base De acordo com o director nacional do ambiente, Nascimento Soares, o plano estratégico de desenvolvimento urbano orienta que todas as cidades capitais devem ter um aterro, mas dada a conjuntura económica este processo ficou inviabilizado e não foi possível ser implementado ao nível de todas as províncias. Há agora uma nova abordagem sobre os aterros que tem estado a ser estudada, pelo facto de a construção de um aterro ser bastante cara ou ter, de facto, custos muito elevados para o próprio Estado. “Este processo de aterro sanitário é um processo que tem de ser revisto, considerando que a ministra coordena uma comissão que está a fazer um estudo sobre os vários programas e propostas apresentadas para um novo modelo”, disse, tendo reforçado que “a dificuldade financeira esteve na base da não implementação do plano estratégico de desenvolvimento urbano, no que diz respeito aos aterros ao nível nacional”. Este é um assunto que o jornal OPAÍS abordará com mais profundidade nas próximas edições.


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O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

Projecto de gestão integrada do Morro do Moco ainda não saiu do papel

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enhum ecossistema que está a mais de 2 mil metros de altitude tem tal potencialidade e dada a peculiaridade e exclusividade deste local, quer do ponto de vista de habitat para as espécies muito adaptadas a determinados ecossistema, quer de algumas que já foram identificadas, como o francolin suestra e outras que habitam ali, que estão na lista vermelha de extinção. “Vale a pena conservar e, por isso, foi elaborado um projecto de gestão integrada do Morro do Moco que, se alinhado com a estratégia do ministério, deverá transformar o morro numa zona de conservação e nós podemos melhorar o modo de vida daquela população, que não é muito grande”, disse. Também, com o mesmo projecto, pode-se incentivar o ecoturismo. Deve-se olhar as perspectivas económicas que as questões ambientais têm, segundo o entrevistado, e a perspectiva de maximização da utilização dos recursos naturais. A província do Huambo tem estado a fazer al-

gum aproveitamento dos recursos naturais, que não é um aproveitamento mais adequado e com este programa de conservação, com estes programas de protecção, “nós podemos desenhar aqui estratégias para maximizar os serviços do ecossistema”. Há um assunto que ainda é pouco discutido, mas os serviços de ecossistemas são preponderantes para a nossa economia. “Nós estamos agora à espera da legislação, no âmbito central, nós já temos o programa, e estamos à espera de apoio, de financiamento. Nós não podemos pensar que o Estado, por si só, resolve. O Estado cria instrumentos de orientação e legislação, pelo que é preciso que as organizações da sociedade civil, os empresários, e não só, olhem para estes ecossistemas como uma fonte de receita”, defende. O Morro do Moco fica numa zona recôndita da cidade do Huambo, que não tem um acesso muito fácil, segundo aquele responsável, pois não se consegue ter acesso ao morro em menos de duas horas de caminhada.

Ministra do Ambiente(de preto) acompanhada pela governadora e o delegado do Ambiente do Huambo

Huambo estanca ravina com eucaliptos e capim elefante

O

processo de progressão de ravinas ameaça a centralidade de Lossambo, no Huambo. Por esta razão, o Ministério do Ambiente está a desenvolver o plantio eucaliptos, na região, bem como capim elefante, que poderão diminuir o impacto das chuvas e a consequente erosão do solo. Hoje, 300 mudas de eucaliptos juntaram-se às outras 500 mudas plantadas na semana do ambiente, num exercício amigo do meio feito pela ministra da tutela, Paula Francisco, acompanhada pela governadora do Huambo, Joana Lina, com o auxílio da delegação provincial do ambiente. De acordo com o director provincial do ambiente, César Pakisse, que falava à imprensa numa altura em que a ministra e o seu pelouro fazia a plantação, depois de feito um estudo no local, o ministério achou por bem fazer aquela recuperação paisagística e estancamento da ravina em progressão, bem como criar uma cortina de vento que venha proteger as moradias. Até ao fi nal desta semana, perto de 2000 mudas de eucaliptos serão plantadas na zona, bem como capim elefante, segundo César Pakisse. A área está a sofrer uma intervenção não só da parte do governo da província do Huambo, mas também da administração local em parceria com várias associações juvenis, escolas, grupos religiosos e todos aqueles que mostram boa vontade em prol do ambiente.

A direcção provincial do Ambiente no Huambo começou com o projecto de plantação de eucaliptos e capim elefante, para evitar a progressão de ravinas perto da centralidade de Lossambo. Numa primeira fase, foram plantadas 800 mudas deste tipo de árvore e prevê-se chegar às duas mil PUB


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SOCIEDADE

O PAÍS Sexta-feira,0 7d eF evereirod e2 020

18 professores partilham uma residência T2 em Sangano Dezoito professores de ambos os sexos da Escola 7.022, situada em Sangano, comuna de Cabo Ledo, em Luanda, partilham uma casa de dois quartos e sala por não terem outra saída para poderem cumprir com a sua nobre e árdua missão de ensinar FOTOS: MARIA TEIxEIRA

A única residência T2 (com dois quartos) que a escola dispõe aos professores

Sala da residência

Maria Teixeira

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m entrevista exclusiva a OPAÍS, os professores da escola 7.022 clamam por melhores condições de trabalho, uma vez que os mesmos passam por necessidade para se deslocar ao local de trabalho. Na única residência T2 (com dois quartos) que a escola dispõe para os professores habitam 18 profissionais de ambos os sexos. Eles dividem os quartos com outras meninas e dormem em colchões que também não chegam para todos. Segundo o professor, Kimban-

Alunos da escola 7.022

zé Alfredo trabalhar nessa localidade tem sido difícil, devido à falta de condições, mas ainda assim não se deixam desmoralizar por essa insuficiência. “Temos tido coragem por ser uma profissão que está mesmo na alma e sem ensinar nos sentimos mal. Não temos meios de transporte e dormimos em condições precárias, mas ainda assim continuamos a trabalhar”, disse. Contou o professor que devido a essa situação alguns são obrigados a dormir em salas de aulas com muito sofrimento. “De um lado dormem as meninas e do outro os rapazes e no momento de trabalho temos de ficar aqui, às vezes, durante a semana toda por

Dionísio Micanda, professor

KIMBANZÉ ALFREDO “Pelo menos um bom dormitório, alimentação, camas condignas, residência própria, porque aqui há um risco em nos misturarmos

falta de transporte”, disse. Uma vez que o principal objectivo é conferir mais qualidade ao sistema educacional, Kimbanzé Alfredo, apela a quem de direito que mude as condições sociais dos professores dessa localidade e prime pela qualidade. “Pelo menos um bom dormitório, alimentação, camas condignas, residência própria, porque aqui há um risco em nos misturarmos com as próprias meninas, usamos uma única casa de banho e o que nos divide é apenas um corredor, por isso pedimos ajuda”, clama. Há muita vontade de trabalhar, mas as condições não ajudam De acordo com Kimbanzé Alfredo, há muita vontade de trabalhar, mas as condições não ajudam. O professor, que sempre trabalhou no município da Quissama e conta já com 30 anos de serviço, salientou que nunca se tinha deparado com essas condições duras. Quem é da mesma opinião é o professor do ensino primário, Dionísio Micanda, que fez saber que trabalhar nesse município tem sido um desafio, por causa das inúmeras dificuldades que enfrenta. O professor que tem a sua residência em Luanda, no município de Viana, trabalha há nove anos na educação, contou que a falta de água, estadia e deslocação é o calcanhar de aquiles da localidade de Sangano. “A deslocação, alimentação, estadia e os poucos locais de buscas de recursos de ensino para as crianças tem sido um problema grave. Sabemos também, que o professor tem o dinamismo de auto adaptar-se, pega na sua própria realidade e transforma na realidade que ele vive e assim conseguimos trabalhar para ensinar os alunos, mas não tem sido fácil”, disse.

Directora da Escola 7.022, Eva João

Professores que partilham a residência saem de outras localidades

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va João fez saber que muitos dos professores que dividem a residência saem de outras localidades que também não têm condições, mas o amor à camisola fala mais alto e os mesmos suportam tudo. Aproveitou a ocasião e pediu para que quem de direito que olhe também para alguns subsídios e mude esse quadro do subsídio de transporte, assistência a alimentação, uma vez que o município tem serviços sociais e recebe alguns mantimentos, mas eles como professores não são beneficiados. Uma outra inquietação do professor é com os materiais de língua portuguesa que não chega a essa escola, mas que os mesmos encontram com uma facilidade no mercado informal, um quadro que gostaria de ver mudado nesse novo ano lectivo para o bem das crianças dessa escola. A directora da escola 7.022, Eva João, foi clara em afirmar que um dos problemas que enfrentam é a falta de residências para os professores, que percorrem longas distâncias para trabalharem, sendo que muitos são provenientes da cidade de Luanda e encontram dificuldades devido à falta de transportes. A responsável fez saber que têm apenas uma residência para cerca de 20 professores e sem condições. “Atendendo aqui a situação do Sangano, precisamos muito de apoio. Peço aos nossos órgãos superiores que olhem para essa situação”, apelou.


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Paulo Flores & Yuri da Cunha com coração, saudades e emoção em “Njila ia Dikanga” Paulo Flores & Yuri da Cunha trouxeram do baú das memórias dos seus ancestrais “Njila ia Dikanga” (Caminho Distante), no dia 31 de Janeiro de 2020, uma composição musical que expõe alma, lágrimas e infinitas saudades. O videoclipe estreou a 2 de Fevereiro, Domingo passado, data em que o pai de Paulo Flores comemoraria mais um aniversário, se estivesse vivo. Numa entrevista em que compartilham o pilar da amizade que os une, revelam de que se alimentam os seus sonhos: esperança, amor e honestidade CEDIDA

Zuleide de Carvalho

F

oi em Abril do ano passado que, numa das “sentadas” criativas que estes amigos fazem, várias ideias musicais foram rabiscadas. Mais tarde, reuniram-se para seleccionarem as mais sólidas, tendo gravado “Njila ia Dikanga” em Janeiro. Trabalhando em conjunto da melhor forma que sabem, a peça musical “Njila ia Dikanga” levou aos artistas condecorados aproximadamente oito meses, desde a concepção do tema, à composição e casamento com a melodia. Na letra, Flores transbordou a sua alma, dando vida às suas avós numa homenagem merecida, porque, para ambos os músicos, as anciãs são arcas do tesouro, guardiãs de amor, lições de vida, sonhos e saudades. Paulo Flores e Yuri da Cunha são companheiros de longa data. Há décadas, permitiram à amizade criada tornar-se em irmandade e, nas comemorações familiares, um está sempre presente no lar do outro. São também compadres. Yuri da Cunha vê no “Ti Paulito” uma inexorável luz, que reflecte o amor que não lhe cabe no peito, amor que sente igualmente pelo país que os viu nascer e também aos seus pais. Sobre esta relíquia musical, as manifestações de apreço por parte do público não param de surgir, principalmente de quem é angolano e conheceu a Angola de outrora,

sendo esta composição uma milagrosa máquina do tempo. Nos três primeiros dias de circulação na indústria artística, Paulo Flores disse que as mensagens recebidas espelham que todos se identificam com a história narrada na canção, especialmente quem um dia a viveu e protagonizou. “Sentir, sinta quem lê.” [Fernando Pessoa] Enquanto compositor, músico e cantor, talvez se possa aplicar o mesmo princípio. Independentemente disso, Paulo Flores, que mensagem pretendeu transmitir com a vossa música e, o que é que sente, cada vez que a canta? P.F.: Quer-me parecer que o Fernando Pessoa usou a sentença como provocação, talvez para desviar a atenção da permanente dor que o assolava ao escrever. As pessoas surpreendem-nos, por vezes conseguem ver sinais mais marcantes do que os que pretendíamos transmitir. Em “Njila ia Dikanga”, senti

O “Ti” Paulo merece o prémio de bem escrever!!! Pois, o talento que detém, a forma pessoal, tradicional, profunda, humana e artística com que acolheu as nossas ideias

todas as palavras que escrevi sobre as nossas avós. É um consolo para mim, contudo, porque a cada vez que canto sinto tudo, cada vírgula, até as mal postas, há alturas em que prefiro não ter de cantar certas músicas pois, a carga é profundamente pesada, em cada palavra. Yuri da Cunha, em toda a letra da música, quer em português, quer em Kimbundu, qual é o verso que tem um significado mais forte para si? Porquê? Y.C.: É certamente a frase “muitos mudaram de vida, mudaram até o sonho que a gente sonhava”, porque, na infância, todos nós éramos um só, a mesma tradição, as mesmas origens. Hoje, cada um foi em busca da sua felicidade, espalhados pelo mundo, com ideias diferentes, dá a sensação que, o que falávamos antigamente não passava de fantasia, mas, eu continuo ligado a esse sonho colectivo. “Mamã me disse, não esquece a dor da terra, não esquece de voltar”, esse era o desejo e lição última que aprendeu das suas ancestrais. Mas, e você, Paulo Flores? O homem que é hoje quererá um dia voltar? Porquê? O que é que tem dentro de si, que lhe faça querer permanecer, mudar, ou voltar? P.F.: No nosso íntimo, o homem ainda é aquela criança, e poderá ter esse portal aberto para sempre, enquanto viver. O sonho de voltar persiste, deve-se às memórias que tenho, de correr na areia alaranjada… Quando criança, a cada regresso a Angola, as minhas avós corriam na minha direcção para envolverem-me nos seus braços. É esse o nosso ideal, também vejo isso no Yuri, voltarmos ao lugar onde já fomos felizes e, se calhar, nem reparámos. Porquê? Não se explica… É uma forma de existir. Os nossos ensinamentos, o amor, o Kimbundu as histórias, até o feitiço... (Risos) A minha avó, quando já vivia há 20 anos em Portugal ainda dizia: “não assobies à noite,


O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

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chama cobras”. O Waldemar Bastos resumiu esse sentimento num verso, cantando “não me perguntes quando volto. que eu nunca saí de Angola”. O Yuri da Cunha é ligeiramente mais novo do que o Paulo Flores. Porém, a percepção que se tem quando cantam é que têm a mesma idade, viveram a mesma história, sentem a música com a mesma intensidade, o que transparece a enormidade da vossa amizade. O que é ele para si, enquanto músico e amigo? Y.C.: O Paulo Flores, “Ti Paulito”, é um ser de amor, um mestre de luz, dá vida, é um ser que faz milagres porque, com uma música, conseguir fazer estremecer os sentimentos alheios, é um milagre nos dias de hoje porquanto, actualmente, ninguém escuta ninguém, não se dá valor à profundidade das palavras. Ele significa muito para mim e, sei que o amor que sinto por ele é recíproco, inclusive, na música ele diz “eu te amo tanto meu irmão Yuri da Cunha, eu te amo tanto meu irmão”… P.F.: Somos amigos e compadres, sou padrinho do Júnior, filho do Yuri e ele é muito ligado aos meus filhos, e eu aos dele, temos uma cumplicidade mesmo familiar, reflexo do amor fraternal que sentimos e os nossos filhos também. Respeitamos a cultura, tradições, memórias, afectos e amor, e essa homogeneidade e harmonia transparecem também quando cantamos. “Mudam-se os tempos, mudamse as vontades”. Ou ainda “Na vida, a única constante é a mudança”. Paulo Flores, se tivesse outro poder sobre-humano, para além do de encantar quando canta, o que é que manteria exactamente igual, para sempre? Na sua vida e no mundo? P.F.: Para o mundo, termos hoje todas as pessoas que perdemos e sermos capazes de, apesar de tudo, manter viva a chama de crian-

ça que crê que a última palavra é sempre a esperança, sempre. Para mim, queria tê-los de novo, vivos, reais e inteiros, o meu pai, as minhas avós, o meu primo, os amigos mais chegados, porque era para ser nós todos. Trata-se de um Semba muito especial, inscrito na história da música angolana. Uma sentença impossível de se ignorar e “miséria já paga I.V.A.” Será simultaneamente uma chamada de atenção para o estado do país? Y.C.: Soa-me mais ao desabafo de um angolano. Porque, fazemos parte desta sociedade, logo, o que sentimos e vivemos, exprimimos musicalmente. Não é direccionado a este ou àquele, é um pouco para todos nós. O que queremos mostrar é o amor pela terra, o carinho que temos por ela, que nos persegue diariamente. “Quando eu voltei, casa já não é casa, chão já não é terra, Kamba já não te avisa…” Se as suas avós voltassem a Angola presente, sentiriam que o país, a “casa” que levaram e guardaram por décadas no coração, já não existe? Que se perdeu no crescimento? Que as amizades com amor e lealdade desvaneceram-se? Se não, então, o que diriam e veriam elas? P.F.: Creio que as minhas avós nunca julgariam. Agora é como é, não diriam que os de antes eram melhores do que os de hoje. Temos de reconhecer que, se está assim, é porque todos contribuímos para chegar a este ponto. Os contextos são diferentes, se calhar, hoje, ser amigo é mais difícil, em certos lugares. Há alturas em que temos de chorar para ter a certeza que estamos vivos, mas as minhas avós iriam continuar apaixonadas por Angola, todavia, um pouco amarguradas face a certas mudanças. “Casa” é uma memória, um ideal, nem sempre é um espaço físico, por isso, o desejo eterno de voltar. E, quando voltamos, “casa já não é casa”…

Se a sua avó estivesse viva e ouvisse “Njila ia Dikanga”, que palavras lhe diria logo de seguida e, que emoções a invadiriam? Y.C.: A minha avó, se estivesse a olhar para nós a ouvir esta música, ficaria certamente encabulada, mas com uma alegria enorme no coração. Ela não sabia ler nem escrever, mas a sabedoria que acumulou e partilhou connosco era gigantesca e, sem dúvidas que, com aquele português característico do município do Ebo, diria “capeta, sabes coisas, capeta”. (Risos). Ela é para mim o reflexo de uma imensurável paixão por Angola, o sentido de irmandade. As suas lições são o que me prende à luta pelas coisas da nossa terra, pelo amor e pelas pessoas, ainda hoje e até sempre. Quantos temas musicais já gravaram juntos? Y.C.: Relativamente a músicas gravadas e postas no mercado, por agora, são três, nomeadamente, “Rumba Nza Tukine”, de David Zé, “Kandengue Atrevido”, composição de Jorge Aragão e, desde Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2020, “Njila ia Dikanga”, que é nossa.

“Njila ia Dikanga” é um single, ou simboliza uma porta que se abre para um álbum ou mais trabalhos em conjunto? P.F.: Antes de gravarmos a “Njila ia Dikanga”, criámos outra, por estrear, que terá como título “Compadre”. É muito provável que transportemos o nosso convívio na vida real e em shows para um trabalho discográfico ,porque queremos criar esse repertório, que conte a nossa afinidade e história de vida e, assim, termos cada vez mais músicas juntos. Sobre a expectativa instaurada, a nossa amizade é a responsável por propiciar tudo isto e, julgámos que o Semba tradicional, ancestral, precisava da nossa presença com maior assiduidade. Y.C.: O “Ti” Paulo merece o prémio de bem escrever!!! Pois, o talento que detém, a forma pessoal, tradicional, profunda, humana e artística com que acolheu as nossas ideias soltas sobre as nossas avós, e as reuniu nessa música, é realmente de se “tirar o chapéu” e dizer que é um homem ,é imenso!!! O meu compadre é a pessoa que tinha de escrever essa nossa música. Virão outras!

“Muitos mudaram de vida, mudaram até o sonho que a gente sonhava”, Paulo Flores e Yuri da Cunha, que sonhos vossos foram perdidos para a vida? E quais aqueles sonhos que nunca nem nada poderá roubar de vós? P.F.: Os meus sonhos não se mantiveram intactos, contudo, são o combustível que me dá forças para viver e escrever, logo, é impossível roubá-los. E, fico feliz porque, ao longo da vida, é possível vivermos momentos de sonhos. Essa música é a materialização de um desses raros e nobres momentos. Y.C.: Os meus sonhos pairavam sobre a honestidade, verdade, levantar primeiro o nosso bairro, para começar a erguer Angola e, fazer prevalecer a nossa cultura, que detinha muitas belezas peculiares que, infelizmente, se desvaneceram, estão esquecidas e perdidas no tempo. Felizmente, conheci outras pessoas que tinham os mesmos sonhos, e acredito que, como diz a música do “Ti Paulito”, “era para ser nós todos”, logo, se continuarmos a fazer da nossa arte mensagens que sejam ouvidas, ajudaremos as pessoas a reencontrarem-se, iremos vencer, mantendo-nos juntos, todos. PUB


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CARTAZ

O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

Mahezu

CARMO NETO*

Bairro Ritondo

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ão fosse o komba de um amigo, nunca tanta gente voltaria a ver o bairro do Ritondo da cidade de Malanje e polirem saudades. Ganhou asfalto a rua principal. Rara a imagem de gente com latas de água na cabeça. Mas a “Lagoa Bar” evaporou. Nosso espaço que servia para satisfação dos nossos prazeres da pesca. Não vendíamos peixe. Ornamentávamos nossos aquários lotados de espécies diversas, multicolores, cinzentos, verde-escuro e claro e violetas. Pescávamos no restaurante “Lagoa Bar”. Disseram-me que secou. Era com anzóis que habilmente fabricávamos, atados na ponta da corda e era nesses ganchos que se prendia a isca de minhocas para atrair peixes, quando burlávamos nossos pais, à tarde, às vezes, aproveitando as borlas. E assim enchíamos aquários de garrafões de vinho. Mas o rio Cimento antes cristalino também

21 PONTES

Chadwick Boseman é um detective da polícia de Nova Iorque que tem de capturar os responsáveis pelas mortes de vários polícias. O detective vê-se envolvido numa complicada e inesperada conspiração. Kilamba Sala 4 13:00 - 15:20 - 17:40(2) - 20:20(2) - 22:40(1) Nova Vida Sala 2 13:00 - 15:20 - 17:40(2) - 20:20(2) - 22:40(1) Talatona Sala 1 13:00 - 15:20 - 17:40(2) - 20:20(2) - 22:40(1) (1)

Apenas dias 20 e 21 de Dezembro (2) Excepto dia 24 de Dezembro

ra devem ter um papel importante na responsabilidade social, e logo veio à memória algumas feras como o Peres, Pinheiro, Gomes Pinto e o falecido Gouveia. Eram excelentes jogadores de futebol. E há um árbitro Carlitos Ambrósio que bem merece mais reconhecimento. Já quase navegávamos o fim da presença quando o Rui questionou se nós lembrávamos do tio que um dia qualquer sentado no sofá, na sala de visitas, com o rosto encoberto pelas páginas da sua revista favorável escutava a rádio. Despediu-se a informar que uma hora depois regressaria. Isto aconteceu em mil novecentos e setenta e cinco, num mês de Junho e nunca mais regressou. De rosto virado para o céu Kota Mário pede que se dê de beber aos mortos com algumas gotas de vinho no chão. Todos conheciam as raízes dos vizinhos, razão porque acrescentou no assunto, paradeiro desconhecido do Soba Cunga do Lau, em Malanje e o filho, em mil novecentos e sessenta e um. É tempo de um komba geral para angolanos desaparecidos desde o início da luta de libertação nacional, hóspedes do céu! Mahezu Ngana! *Escritor

proporcionava peixinhos pra o aquário e água potável aos moradores das redondezas, quase desapareceu. Presença massiva só mesmo nos kombas, hoje em dia para lembrar aquele tempo nosso, quando sonhávamos ir à lua (cidade de Luanda). Os pais recusavam. Diziam que era uma cidade violenta. Então, nossos familiares iam estudar no Quéssua, onde o meu pai ganhou o nome de “Dr Sarmento”, dizem os colegas da sua geração. Abrem-se as cortinas do tempo no meio de bons contadores de estórias. Soltavam-se muitas gargalhadas. Todos sonhavam ser ministros, deputados e empresários alavancados pelo Banco Nacional de Angola, sem sucesso em tempo de crise. Depois vem a ondulação quando a conversa versava sobre os desaparecidos durante a guerra, nossos hóspedes do céu como o Beltrano, um jovem piloto. Deixou o fato de casamento ao cuidado do alfaiate desde mil novecentos e oitenta.

Também um grande basquetebolista elegante deveras impressionante no seu uniforme de trabalho. Pensava que mais cedo chegasse, mais tempo teria para diálogo reservado e familiar. Provavelmente assim encontraria menos pessoas. Engano meu. Senti-me ansioso quando constatei presença massiva. Faltava o Bernabé, também já na hospedaria do céu. Tinha mímica nas veias. Inda miúdo-miúdo desarmava a ira da avó Milagre quando as pedradas sacudiam as mangueiras do seu quintal. De fartos gestos mágicos, para preencher e encantar o vazio com sonantes gargalhadas, enquadrava a velha numa roda de dança, a cantar em Quimbundo. Nem mesmo o Manuelito, mecânico, irmão do Neto Magia, algum dia conseguiu desparafusar o seu rosto. Tempo diferente, porque as mangueiras e goiabeiras furtavam-se de forma espontânea só com água da chuva. Os muros dos quintais já não se ornamentam de

musgo como no antigamente. Dom divino que os homens da administração esqueceram registar com a institucionalização de uma academia de artes cénicas no RITONDO. Levou consigo à sua última morada. Oxalá os futuros gestores das autarquias não se esqueçam. Foi na verdade um cidadão com direito a nome de rua, mas não despidas de placas. O chuvisco não abrandava. Até porque Kapuka que uns preferiam em detrimento da Cuca aguçava a língua. Os empresários deviam analisar esta vantagem para industrializar a nossa aguardente, “Kapuka made in Ritondo”! As nuvens negras deixaram de galopar no céu. O vento rodopiava fazendo ballet de poeira e a dançar Kuduro. Depois ouvíamos trovoadas sem mais energia. Só desejei que a lama não se transformasse em poeira no asfalto. Era assim enquanto fui residente do bairro Ritondo durante a estação das chuvas. Era como se o Van desenhasse imagens difusas no céu, quando a água caía em dilúvios. Falamos depois do Futebol Clube do Ritondo, antigo inquilino do campeonato nacional. Concluímos que os kamanguistas da ter-

ARTES CÉNICAS

LIVROS

OBITUÁRIO

CELEBRIDADES

Jovens cabo-verdianos iniciam formação em Portugal

George Steiner o historiador das ideias era o centro da Europa

Actor Kirk Douglas morre aos 103 anos

Estrelas de pernas ao vento e um leilão solidário em Nova Iorque

Mais de 30 jovens cabo-verdianos iniciarão em Março próximo, uma formação no domínio das artes cénicas no Teatro Nacional São João (TNSJ), na cidade portuguesa do Porto, anunciou esta Quarta-feira no parlamento o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente. De acordo com o ministro, no final do próximo mês partirão para a formação em Portugal 32 actores cabo-verdianos e um dramaturgo. O casting foi feito na cidade do Mindelo, Ilha de São Vicente e na cidade da Praia, Ilha de Santiago. Nesta acção formativa estarão igualmente presentes actores de renome mundial na área do cinema.

George Steiner que morreu esta Segunda-feira, 3 de Fevereiro, aos 90 anos) foi uma espécie de encarnação contemporânea da Viena do fim do Século XIX. Tinha o gosto omnívoro que excitava a geração de Stephan Zweig, a consciência formada pela análise ao seu judaísmo abandonado, o mesmo sentimento de pertença, mais do que a uma Nação, à Europa e o tom sofisticado do grande centro intelectual de fins de oitocentos. Ao mesmo tempo, aquilo que os grandes detratores de Viena, com Kraus à cabeça, criticavam no mundo intelectual da cidade, parece ter atormentado Steiner ao longo da vida. Steiner escreveu sobre quase toda a cultura europeia e encontrou interesses e afinidades em quase tudo.

Kirk Douglas, actor com uma carreira de mais de seis décadas, morreu esta Quarta-feira aos 103 anos. Era considerado uma das maiores lendas do cinema e recebeu um Óscar Honorário em 1996. O actor norte-americano deixa assim “um legado no cinema que perdurará nas gerações vindouras e uma história enquanto fi lantropo de renome, que trabalhou para ajudar o público e trazer paz ao planeta”, lê-se na mensagem do fi lho. Kirk Douglas era uma das últimas estrelas do Hollywood clássico e participou em fi lmes como “Caminhos da Glória” (1957) e “Spartacus” (1960).

Em Nova Iorque, cumpriu-se a tradição e assistiu-se a um desfile de estrelas, sobretudo do mundo da moda. A ocasião? A gala da amfAR, fundação que apoia a investigação na área do HIV. Tratando-se de uma histórica gala de beneficência, os convidados comparecem a rigor, neste caso, imbuídos pelo espírito da Semana da Moda de Nova Iorque, que decorre até 12 do corrente mês. Os vestidos com rachas reveladoras marcaram a noite - Heidi Klum, Lais Ribeiro, Devon Windsor e Nina Igdal foram algumas das manequins a dar força à tendência, enquanto nomes como Cindy Bruna, Victoria Justice e Joy Corrigan optaram por vestidos mais recatados.


AF Anuncio.pdf 6 16/01/20 11:48

Linha de crédito do Deutsche Bank Financiamento para a implementação de projectos de apoio à diversificação da economia.

A linha de crédito do Deutsche Bank está a ser disponibilizada pelo BDA para apoiar os produtores nacionais, sobretudo os exportadores, na importação de equipamentos e serviços para a implementação dos seus projectos de investimento tornando-os assim, cada vez mais produtivos. Adira já. Para mais informações, contacte o BDA ou dirija-se à nossa Agência.

Para mais informações: Tel.: (+244) 222 692 800 | Fax.: (+244) 222 692 805 Agência Central - Avenida 4 de Fevereiro, 113. Luanda – Angola | Caixa Postal 1366 | www.bda.ao


ECONOMIA

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O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

LITO CAHONGOLO

Paragens de reduções não planificadas estimam a perda de 90 mil barris de óleo/dia Entre as várias medidas definidas, está a redução das paragens não planificadas para 50%, que podem elevar a produção de 40 a 45 mil barris de petróleo por dia. Estes dados foram avançados durante a apresentação do balanço das actividades desenvolvidas pela Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG), no âmbito do 1º aniversário da instituição

O

Patrícia de Oliveira

presidente do Conselho de Administração da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), Paulino Gerónimo, referiu ontem, Quintafeira, 6, que as paragens não planificadas e o mau funcionamento dos equipamentos estimaram a perda de cerca de 90 mil barris de petróleo por dia. “Foi elaborado e aprovado o Plano Estratégico 2019-2023, com o objectivo de maximizar a criação de valores para o Estado, através da gestão eficiente e responsável dos recursos de petróleo e gás”,

explicou. Paulino Gerónimo salientou que foi já transferida a parte operacional da concessionária Sonangol para a ANPG, tendo sido movimentados cerca de 600 colaboradores assim como os processos e os sistemas ligados à essa função. “Durante esta fase de optimização da ANPG vamos rever e ajustar o nosso modelo operacional desenvolvendo um modelo de coworking contínuo entre a agência e os seus parceiros”, referiu. O responsável adiantou igualmente que o segundo e terceiro objectivos da ANPG, sob orientação do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos, em conjunto com os operadores e fazendo uso da legislação recentemente aprovada pelo Executivo, é traçar uma sé-

rie de medidas que terão impacto a curto, médio e longos prazos, na produção petrolífera, com destaque para a redução das paragens não planificadas com a melhoria da manutenção preventiva.

“Durante esta fase de optimização da ANPG vamos rever e ajustar o nosso modelo operacional”

“O relançamento em grande escala da actvidade de exploração com a implementação da estratégia de atribuição de concessões 20192025 que teve já o seu início com a licitação em 2019 de nove blocos da bacia do Namibe e um da de Benguela, a negociação de três blocos da bacia do Namibe que serão operados pela ESSO, os blocos 1/14 e Cabinda Onshore Centro que serão operados pela ENI”, informou. Acordos Por outro lado, foram também assinados com a Chevron acordos para a avaliação do potencial petrolífero dos blocos 33 e 34 de águas profundas, um acordo sobre os termos a aplicar no contrato de serviço com risco do bloco 18/15 e estão em negociações contratos de ser-

viço com risco nos blocos 46 e 47. Segundo o PCA, outra medida a adoptar é a do desenvolvimento de mais de 3 mil milhões de barris dos campos marginais, cujo processo teve já início com as aprovações das descobertas dos campos Lifua, N´Dola Sul, Kambala e 83 N do bloco 0, os campos Palas, Astrea e Juno do 31. “Estão a ser avaliadas outras descobertas marginais e esperamos que no decorrer de 2020 sejam aprovadas”, augurou o responsável. Bloco 15 prevê a extensão do período de produção até 2032 Na sua opinião, outras iniciativas estão em curso que permitirão a produção de reservas adicionais em campos maduros. Deste modo, foram negociados e assinados com diferentes grupos empreiteiros vários acordos entre os quais o acordo para o redesenvolvimento do bloco 15 que prevê a extensão do período de produção das áreas do bloco 15 até 2032, a junção de várias áreas de desenvolvimento, passando de 1 para 4, a perfuração de novos poços produtores e injectores tendo como principais benefícios “A entrada da Sonangol com uma participação de 10% e a geração de cerca de 1000 novos postos de trabalho. Ganhos futuros para o Estado angolano por via de impostos e da partilha do petróleo-lucro: O Valor Actual Líquido terá um incremento de aproximadamente 1.6 MMUS”, avançou. Segundo o responsável, no bloco 17 foi assinado um acordo de extensão do período de produção em duas etapas, sendo a primeira até 2035 e a segunda até 2045, que terá ganhos tais como investimentos adicionais de modo a assegurar a manutenção da produção do bloco acima de 400 mil bpd até 2024, a entrada da Sonangol com uma participação inicial de 5%, subindo posteriormente para 10%. “Ganhos adicionais para o Estado angolano por via de impostos e da partilha do petróleo lucro: O Valor Actual Líquido (VAL) terá um incremento de aproximadamente 3.5 MMUSD somente calculado até 2035”, frisou . Por sua vez, o ministro dos Recursos Minerais e Petróleo, Diamantino de Azevedo, referiu que o modelo de organização do sector do petróleo, traz mais eficiência e transparência no sector dos petróleos. “Tentaram impedir o novo modelo que o governo implementou, estamos certos que este é o modelo que melhor serve o desenvolvimento sócio-económico e pode contribuir para a melhoria da qualidade da população”, assegurou o governante.


O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

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Angola adere à Janela Única do Comércio Externo a 31 de Março DR

Com projecto, Angola busca melhorias e eficiência dos serviços aduaneiros

A Plataforma de Tecnologia de Informação denominada Janela Única do Comércio Externo (JUCE) vai facilitar as formalidades de importação e exportação aos operadores económicos, com a redução do tempo de desalfandegamento e custos, além de conferir maior segurança e rapidez na tramitação dos processos aduaneiros Brenda Sambo

O

Conselho Nacional para a Facilitação do Comércio Externo está a trabalhar para que até ao próximo dia 31 de Março, do ano em curso, Angola adira à Janela Única do Comércio Externo (JUCE), uma ferramenta que vai facilitar o movimento de mercadorias nas fronteiras, garantiu a chefe das operações do comércio externo do Ministério do Comércio, Augusta Fortes. Segundo a responsável que falava ontem à imprensa, à margem da “Primeira Reunião Plenária do Comité Nacional para a Facilitação do

Comércio Externo (CNFC), 2020”, a Janela Única do Comércio Externo faz parte da 10ª categoria das medidas do comércio externo e deve ser implementada por ser um ponto único para a entrada e saída de documentos. Augusta Fortes adiantou que a Janela Única do Comércio Externo vai permitir que todas as instituições estejam alinhadas, por exemplo, se um operador económico pedir uma licença ao Ministério da Agricultura para a exportação de um produto agrícola, poderá efectuar também uma autorização prévia ao Ministério do Comércio através do mesmo sistema. O que permite eliminar a barreira do tempo e de custo. “Estamos a falar em simplifica-

ção, e será um processo rápido”, precisou. Deste modo, os agentes que intervêm na cadeia do comércio externo, passam a apresentar, num ponto único de entrada, declarações e despachos aduaneiros padronizados. Por sua vez, o ministro do Comércio, Jofre Van-Dúnem, avançou que

“Estamos a falar em simplificação, e será um processo rápido”, precisou.

o CNFC é um espaço para a coordenação dos vários ministérios com o objectivo principal de facilitar o sector privado e tornar os seus negócios mais sustentáveis e que vão de acordo com os objectivos traçados pelo Executivo e que estão plasmados no Plano Nacional de Desenvolvimento (PDN) 2018-2022. Por isso, ressaltou que a facilitação do comércio vem não só para ajudar os grandes operadores mas também ajudar as Pequenas e Médias empresas. O governante reconheceu na ocasião, que há muito por se fazer, desta feita apelou ao sector quer público quer privado no sentido de trabalharem em conjunto. “Ainda há muito por ser feito, por isso, o sector público e privado devem trabalhar em conjunto, pois a facilitação do comércio é uma prioridade na agenda do Executivo”, almejou. JUCE A JUCE é uma Plataforma de Tecnologia de Informação, para facili-

tar as formalidades de importação, exportação e trânsito, oferecendo um único ponto para a submissão de informações e documentos padronizados, a fim de atender a todas as demandas oficiais e facilitar a logística relacionada ao comércio. Com o projecto, Angola busca melhorias e eficiência dos serviços aduaneiros, seguindo exemplos de países como o Uganda, Moçambique, Singapura e China. A reunião insere-se no âmbito dos trabalhos em curso para a efectiva implementação do Acordo sobre a Facilitação do Comércio (AFC) da Organização Mundial do Comércio (OMC) e foram abordados entre vários temas, o estado actual da Janela Única do Comércio Externo (JUCE) e a figura do Operador Económico Autorizado (OEA). Fazem parte do Grupo Técnico Multissectorial do CNFC, os ministérios do Comércio, da Indústria, da Saúde, da Agricultura, das Pescas e do Mar, do Interior, dos Transportes, da Economia e Planeamento, e das Relações Exteriores.


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MERCADOS

Mercado TAXA DE JURO Taxas de Juro Taxa BNA Libor USD 6M Libor GBP 6M Libor JPY 6M Euribor 6M Luibor 6M

Cot. 05/02/20 15,500% 1,759% 0,840% 0,012% -0,346% 19,760%

∆ Diária (p.p) 0,000 0,015 0,008 0,005 -0,006 0,010

21,30%

∆ Diária (%) 1,677 1,125 0,573 0,408 1,133 1,018

21,10%

Cot. 05/02/20 492,3762 1,0999 1,3002 109,8300 14,7767 4,2412

28 000

Cot. 05/02/20 50,75 55,28 1 557,80 17,60 1,86 257,45

1/Fev

3/Fev

∆ Diária (%) 2,298 2,446 0,477 0,233 -0,588 1,279

bolsistas, tendo o Dow Jones e S&P 500 aumentado 1,7% e 1,1% para 29.290,85 e 3.334,69 pontos respectivamente.

5/Fev

Mercado Cambial

EUR / USD ∆ Diária (%) 0,013 -0,407 -0,223 0,283 -0,043 -0,315

Mercado Accionista Os avanços no desenvolvimento de vacinas para estancar o coronavírus poderá ter beneficiado os principais índices

28 500

27 500 30/Jan

tamento das expectativas dos investidores em relação ao desempenho do sector automóvel.

5/Fev

3/Fev

29 000

1,111 1,104 1,097 1,090 30/Jan

1/Fev

3/Fev

5/Fev

BrentC rudeF ut.

Mercado DAS COMMODITIES Commodities WTI Crude Fut. Brent Crude Fut. Gold 100 Oz Fut. Prata Fut. Gás Natural Fut. Cobre Fut.

1/Fev

Dow Jones (EUA)

Mercado CAMBIAL Taxas de Câmbio USD/AKZ EUR/USD GBP/USD USD/JPY USD/ZAR USD/BRL

A Libor GBP 6 meses registou um aumento de 0,8 p.b. para 0,84%, o que terá sido justificado pelo ajus-

21,20%

Mercado ACCIONISTA Índices Accionistas Cot. 05/02/20 Dow Jones (EUA) 29 290,85 S&P 500 (EUA) 3 334,69 FTSE 100 (Inglaterra) 7 482,48 IBovespa (Brasil) 116 028,30 CSI 300 (China) 3 828,53 Nikkei 225 (Japão) 23 319,56

Mercado Interbancário

Libor USD 6 Meses

21,00% 30/Jan

O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

57,6 54,0

1/Fev

3/Fev

commodity que registou, na última sessão, um aumento de 2,25% para 55,28 USD/barril.

5/Fev

Luibor 1 Ano

Luibor

e a L i bra de pre c ia ra m 0 , 4 1 % e 0 , 2 2 % ao se f i xa re m e m 1 , 0 9 9 9 e 1 , 3 0 0 2 U S D p or u n ida de da mo e da , re s p e c t iva me nte .

Mercado de Matérias-primas A possibilidade de ajustamento da produção petrolífera por parte de OPEP favoreceu a cotação da

61,2

50,4 30/Jan

A a bsolv ição do pre s i de nte nor te - a me r ica no do pro ce s so de i m p eac h me nt p o de rá te r b e ne f ic iado o dóla r . Na ú lt i ma se s s ão , o Eu ro

Luibor

1,800

Taxas BNA Luibor O/N Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 meses Luibor 9 meses Luibor 1 Ano

Cot. 05/02/20 19,98 19,74 19,77 19,76 20,16 21,20

∆ Diária (p.p) 0,000 0,010 0,010 0,010 0,050 0,000

As taxas de juro no mercado monetário interbancário aumentaram em todas as maturidades com excepção para a

1,760 1,720 1,680 30/Jan

1/Fev

3/Fev

5/Fev

Luibor Overnight e a 12 meses que mantiveramse constantes em 19,98% e 21,20%, respectivamente.



MUNDO

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O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

China pode adiar encontro anual do Parlamento por causa do coronavírus A China está a considerar o adiamento do encontro anual do Parlamento do país, disseram cinco pessoas familiarizadas com a situação, no meio ao surto do coronavírus que provocou restrições a viagens e a outras actividades para conter a disseminação da doença, segundo a agência Reuters

O

Congresso Nacional do Povo, formado por cerca de 3 mil delegados, reúne-se tipicamente para uma sessão que dura 10 dias em Pequim, começando no dia 5 de Março, para aprovar

Coronavírus ameaça encontro na China

leis e anunciar metas económicas para o ano. “O foco segue em tomar medidas na direcção de cumprir o cronograma, mas estamos discutindo uma série de opções, pois a situação (do vírus) provavelmente não estará contida até Março”, disse à Reuters uma alta autoridade governa-

mental, que recusou ser identificada devido à sensibilidade da questão. “Um adiamento é uma dessas opções”, acrescentou a fonte. O Gabinete de Informação do Conselho de Estado da China e o Congresso Nacional do Povo não responderam de imediatos a pedidos de comentários.

Trump recebe Juan Guaidó na Casa Branca

O

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu esta Quarta-feira, 5, na Casa Branca Juan Guaidó, um ano depois de o líder parlamentar se autoproclamar presidente interino, num encontro que foi ofuscado pelo julgamento do processo de impeachment do americano. A reunião carregada de simbolismos aconteceu às 14 h15, quando Guaidó foi recebido por Trump na porta da Casa Branca, escoltado por uma guarda de honra. É um incentivo importante para o líder da oposição, que Washington e mais de cinquenta governos reconhecem como presidente interino de seu país, e que também está hospedado na residência de líderes estrangeiros localizada em frente à Casa Branca, onde a bandeira venezuelana agora tremula. Após a reunião, Guaidó publicou uma foto com Trump no Salão Oval com a legenda “nossa luta é até conseguir”. “Os venezuelanos reconhecem a liderança determinada do Presidente @realDonaldTrump e agradecem o apoio inestimável de todo

DR

seu governo”, escreveu no Twitter. Num breve comunicado, a Casa Branca afirmou que o encontro proporcionou uma “discussão histórica sobre como podemos trabalhar junto a nossos aliados na região para alcançar uma transição democrática na Venezuela. A Casa Branca cancelou abruptamente o acesso à reunião no Salão Oval, que estava agendada para um pouco antes da votação no Senado. Guaidó participou na noite de Terça-feira como convidado no discurso anual sobre o Estado da União no

Continuaremos a trabalhar com nossos parceiros na região para enfrentar a ditadura ilegítima na Venezuela”

Capitólio, durante o qual Trump o apresentou como “o presidente verdadeiro e legítimo” da Venezuela e prometeu “esmagar” a tirania do governo de Nicolás Maduro. Trump descreveu Guaidó, um engenheiro de 36 anos que se tornou político, como “um homem muito corajoso que carrega consigo as esperanças, sonhos e aspirações de todos os venezuelanos”. Guaidó foi aplaudido de pé de republicanos e democratas, numa época em que o clima político em Washington é marcado por divisão. Para Guaidó, o convite é um incentivo que encerra sua viagem ao exterior, iniciada há duas semanas com uma reunião com o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo. Ele também foi a Davos, na Suíça, sede do Fórum Econômico Mundial, e para a França, onde foi recebido pelo Presidente Emmanuel Macron. Depois, visitou o primeiro-ministro Justin Trudeau, no Canadá, e neste fim-de-semana realizou uma manifestação com venezuelanos que moram em Miami. “Continuaremos a trabalhar com nossos parceiros na região para enfrentar a ditadura ilegítima na Venezuela”, afirmou a Casa Branca.

Presidente Trump e Juan Guaido


O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

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Papa Francisco reencontra-se com mulher a quem bateu na mão Papa Francisco reencontrou a mulher a 8 de janeiro, oito dias depois do incidente, mas só agora as imagens do reencontro foram divulgadas

O

Papa Francisco reencontrou a 8 de Janeiro a mulher a quem, oito dias antes, bateu na mão após a ter agarrado, avança o portal Zenit , especialista em assuntos de Vaticano. Nessa noite de 31 de Dezembro, uma mulher atrás de uma grade de segurança conseguiu agarrar a mão de Francisco, enquanto três homens de preto podiam ser vistos ao fundo. O papa teve de golpear a mão da mulher para se libertar, antes que um dos seguranças fosse visto a agarrar as mãos da mulher. Depois de beijar muitas crianças reunidas em frente ao presépio de

Natal na Praça de São Pedro, e enquanto estava prestes a partir em outra direcção, a mão do pontífice foi agarrada por uma mulher que, querendo atraí-lo na sua direcção, quase o derrubou. Enquanto a mulher gritava palavras quase inaudíveis, o líder da Igreja Católi-

Muitas vezes perdemos a paciência. Isso acontece comigo também”

ca, irritado e com um rosto dolorido e corado, conseguiu sair deste aperto de mão apertado dando uma palmada no braço da mulher. No dia seguinte, Papa Francisco pediu desculpas por dar um “mau exemplo”. “Muitas vezes perdemos a paciência. Isso acontece comigo também. Peço desculpas pelo mau exemplo dado ontem [Terça-feira]”, disse o chefe da Igreja Católica, da janela do Palácio Apostólico na Praça de São Pedro, na cidade do Vaticano. Porém, agora soube-se que o Papa quis conhecer a mulher e cumprimentá-la no final de uma audiência. O reencontro foi possibilitado por um padre que serviu como interlocutor

DR

Papa Francisco reencontrou mulher a quem deu uma palmadinha

Mais de 130 personalidades na Alemanha exigem a libertação de Assange DR

Ma

is de 1 3 0 políticos, a r tistas e jornalistas exigiram ontem na Alemanha a “libertação imediata” de Julian Assange “por razões humanitárias e em conformidade com os princípios do estado de direito”, defendendo ainda a liberdade de imprensa, segundo a Lusa. Numa conferência de imprensa em Berlim, o promotor desta iniciativa, o jornalista de investigação Günter Walraff, disse que o fundador do WikiLeaks “não pode esperar por um julgamento nos Estados Unidos ou um processo de extradição no Reino Unido de acordo com o estado de direito”.

Walraff acrescentou que Assange está a ser prejudicado nos seus preparativos de defesa e lembrou que o relator especial das Nações Unidas Nils Melzer confirmou que Assange mostrava sinais de ter sido submetido a tortura psicológica. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Sigmar Gabriel, declarou, por sua vez, que de acordo com os seus parâmetros, o Reino Unido e os Estados Unidos promovem o Estado de direito, mas que, “por razões políticas”, neste caso “aparentemente não há garantia de um processo” que respeite os princípios elementares. Gabriel acrescentou que não se trata de saber se Assange cometeu um crime, mas que “nas condições actuais não pode fazer uso dos direitos elementares de qual-

quer acusado”, isto é, “não consegue preparar-se física e mentalmente e nem com a ajuda dos seus advogados pode preparar uma defesa adequada”. Por isso, disse Gabriel, Assange “deve ser libertado”. Por outro lado, Walraff afirmou que o objectivo é fazer com que as pessoas entendam que não estão a falar apenas da defesa do próprio Assange, mas “também da defesa da liberdade de opinião e de imprensa e, consequentemente, também da própria democracia”. Walraff alertou que “se, ao descobrir crimes de Estado, jornalistas, denunciantes e a meios de comunicação precisarem temer a perseguição, a prisão ou até temer pelas suas vidas no futuro, o quarto poder está mais do que em perigo”. Entre os signatários do apelo à

Intelectuais alemães pedem libertação de Julian Assange

libertação de Assange estão dez ex-ministros, incluindo três da Justiça, disse Walraff, representantes de partidos políticos, escritores como Elfride Jelinek, Eva Menasse e Eugen Ruge e jornalistas, além de quatro organizações. Assange aguarda o resultado do julgamento de extradição para os Estados Unidos num prisão de alta segurança de Londres, onde está preso desde abril do ano passado, depois de ser removido pela polícia britânica da embaixada do Equador, onde recebeu asilo por sete anos.


ACTUAL

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O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

“Kwata Kanawa” evoca por mais dignidade aos antigos combatentes No acto provincial alusivo ao 4 de Fevereiro, dia do Início da Luta Armada de Libertação Nacional, que teve lugar no município de Kirima, o governador da província de Malanje, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa” manifestou a necessidade de o Governo dar passos decisivos para resolver os problemas dos antigos combatentes, por tudo quanto fizeram para o alcance da independência nacional

Miguel José, em Malanje

A DR

Falcão exonera administrador de Benguela

existência de um número elevado de falsos pensionistas impede que a autoridade governamental dê melhores condições de vida àqueles que são verdadeiramente antigos combatentes, segundo “Kwata Kanawa” durante o acto de massas realizado na sede municipal de Kirima. Citando com base ao processo de recadastramento, em curso, na província de Malanje onde foram excluídos do sistema mil “fantasmas”, o governador fundamentou que muitos das tais pessoas que usufruem de pensões são oportunistas e jamais fizeram parte das fileiras dos combatentes da liberdade. “Isto não é possível”, denegou o dirigente, por considerar que os mais de 200 mil pensionistas que constam do cadastramento actual são incomensuráveis ao contexto de luta de libertação nacional, de 1961 à 1975, porquanto, os combatentes que estavam incorporados nos três movimentos de libertação nacional, eram inferiores à quantidade de indivíduos que hoje estão registados no Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria. “Nós temos casos de pesso-

as que nasceram em 1977 e dizem que são antigos combatentes”, delatou. Necessidade de recadastramento Todavia, fora todos os constrangimentos endógenos e exógenos, o governante da terra da Palanca Negra Gigante recalcou a necessidade de o Governo ir a fundo da questão e procurar resolvê-la, no sentido de repor a verdade e dar a devida dignidade quem, de facto, merece o título de antigo combatente. Exaltou que cada um à sua medida tem o seu lugar na sociedade e, desde logo, àqueles que depois de 1975 lutaram para a defesa da independência têm também o seu enquadramento como veteranos da pátria. Reprovou a atitude dos indivíduos que recebem pensões em vários organismos do Estado, em benefício próprio. Porém, instou a necessidade do departamento estatal que superintende os antigos combatentes, para proceder ao recadastramento dos antigos guerrilheiros, visando esclarecer a veracidade dos registados e, assim, garantir uma pensão condigna aos heróis da pátria. “Temos de ter a coragem de tirar aqueles que estão cadastrados como antigos combatentes e não o são”, concluiu o governador “Kwata Kanawa”.

DR

Constantino Eduardo, em Benguela

E

m despacho, exarado ontem Quinta-feira, 06, o governador provincial exonera Carlos Guardado, em prisão preventiva, do cargo de administrador municipal de Benguela e, em seu lugar, nomeiou Adelta Matias, depois de tê-la exonerada da gestão administrativa do Cubal. Tal como noticiara O País, Adelta Matias assume, a partir de agora, as rédeas do município de Benguela. De acordo com despacho a que tive-

mos acesso, o governador exonera igualmente Cristina da Fonseca do cargo de directora do Gabinete da Comunicação Institucional e Imprensa do Governo Provincial e, para assumir o vácuo deixado, Rui Falcão decidiu indigitar Miguel Arcanjo, antigo jornalista da ANGOP que se ocupava da Informação e Propaganda do MPLA. Para substituir Adelta Matias no município Cubal, Paulino Banja, até há bem pouco tempo secretário do comité municipal para informação do ‘M’, foi a aposta do inquilino do Palácio cor-de-rosa, à praia Morena. Benguela tem uma mulher no comando


OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

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JOÃO ROSA SANTOS

Prolongado DR

O

último fim-desemana, cá entre nós prolongado, serviu para fazer renascer a importância do turismo interno, apreciar inúmeras belezas naturais do país, conviver alegre e amenamente em família. Um pouco por todo o país, num frenético sobe e desce, as estradas esburacadas ou não, estiveram bastante movimentadas, cada um procurando a melhor localidade para assinalar e desfrutar do feriadão do 4 de Fevereiro. Ao contrário da cidade capital que quase ficou vazia, nas demais províncias foi intenso o movimento de gentes e de viaturas, na ânsia de se rever familiares e amigos, matar saudades, sentir o calor fraterno da “bwala”, o chilrear dos pássaros, apreciar o florir do campo, pitar os kitutes da terra. Destavez,Malanjequaserebentou pelas costuras. Não foram poucos os naturais e amigos da província, que se fizeram à estrada, em busca de um fim-de-semana diferente,

longe dos “encarramentos” e barulheiras próprias de uma capital habitada por milhões de cidadãos nacionais e estrangeiros. Como bem disse um parente e amigo do coração, “foi maravilhoso conhecer e andar pelos túneis de Laúca, pisar nas Pedras de Pungo Andongo, no mesmo local onde Nzinga Mbandy deixou a marca do seu pé”. Não menos gratificante foi ver e apreciar in situ, a espetacularidade das Quedas de kalandula, ouvir o barulhar das águas em queda livre, sentir em paz a alma renascer como se de um tônico revigorante tivesse sido ingerido. Nos Rápidos do Kwanza, a alegria quase atingiu o êxtase, viveu momentos inesquecíveis, bebeu da sabedoria popular, abriu o coração, reconheceu que no país também se faz turismo de excelência. Da cidade, dos convívios noturnos também lhe ficaram gratas recordações. Restaurantes, discotecas, quintais e quintalões deram o ar da sua graça, animando sobremaneira as noites de alguma

chuva e frio, com boa música, bué de pitéu, claro está, moderadamente regado por algumas birras, tintol de barril e alguns traguitos de Katula-Mbinza. O tempo passou rápido, muito ainda ficou por se ver e conhecer. Na hora do regresso, as saudades bateram e falaram alto, para já, num próximo prolongado, fica a promessa de retorno às terras da Palanca Negra, cujas belezas naturais não se esgotam e se estendem por toda dimensão da província. À cada quilómetro de retorno à Luanda percorrido, o povo é só sorrir de alegria. Nas praças do lombe em Cacuso, na kizenga, no Lucala, no Golungo, em Maria Teresa, facturar é facturar, coluna atrás de coluna, todo mundo a encher os porta-bagagens, com um bocado dos mais variados produtos que somente o campo oferece, um momento ímpar que faz recordar os bons tempos de aliança, antigamente entre a cidade e o campo. Valeu o feriadão do 4 de Fevereiro. Palmas para a nova Angola que une e move o País de Cabinda ao Cunene!


DESPORTO

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Selecção de futsal luta pelo bronze no Africano

O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

1º de Agosto e ASA agitam Nacional DANIEL MIGUEL/ARQUIVO

Caso vença hoje, às 17:30, a Líbia, a Selecção Nacional sénior masculina de futebol salão (futsal) conquista a medalha de bronze no Campeonato Africano de Marrocos e apura-se para o Mundial da Lituânia Mário Silva

A

Selecção Nacional sénior masculina de futebol salão (futsal) pode garantir hoje, às 17:30, a medalha de bronze quando defrontar a Líbia, em jogo referente às classificativas do terceiro ao quarto lugar do Africano. No piso azul do Pavilhão Arena Hizam Hall, na cidade de Laâyoune, Marrocos, o combinado angolano vai entrar com o pensamento na vitória. Os pupilosde Benvindo Inácio sabem que o triunfo

garantirá o acesso ao Campeonato do Mundo da Lituânia. Por este motivo, a equipa técnica vai apostar nos alas Neblu e Jó, jogadores fundamentais na manobra ofensiva do grupo. Depois de perder nas meiasfinais por 4-0 frente aos marroquinos, o seleccionador Benvindo Inácio garantiu que o grupo agora está concentrado em conquistar a medalha de bronze. “Já esquecemos o desaire diante do anfitrião Marrocos. Vamos defrontar a Líbia, selecção que tem um conjunto bastante organizado e forte”, recon he-

ceu. Por sua vez, o presidente da Federação Angolana de Futebol Salão (FAFUSA), Noé Alexandre, mostrou-se seguro na viória deste jogo que dá acesso ao Mundial. Noé Alexandre disse que os líbios estão ao alcance do combinado angolano, mas é imperioso entrar em campo com os pés bem assentes no chão para evitar uma possível surpresa. Nas “meias”, a Líbia perdeu, por 5-2, frente ao Egipto. O Marrocos e o Egipto disputam esta noite, às 21:00, a final do Campeonato Africano de futsal.

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1º de Agosto defronta hoje o Atlético Sport Aviação (ASA), no Pavilhão Victorino Cunha, em jogo a contar para primeira jornada da terceira volta do Campeonato Nacional sénior masculino de basquetebol, às 18:00. Para esta partida, a equipa das Forças Armadas Angolanas vai contar

com os préstimos de Emmanuel Quezada, atleta com qualidade técnica e táctica acima da média. Os aviadores reconhecem o poderio dos militares, mas prometem jogar de igual para igual. O Petro de Luanda defronta esta noite a Marinha de Guerra, no Pavilhão Principal da Cidadela Desportiva, a partir das 18 horas. DR

Grande Prémio da China pode ser adiado

O

Atleta angolano (vermelho) controla a bola

Grande Prémio da China não corre o risco de ser cancelado por causa do coronavírus. A corrida de Fórmula 1 deverá mesmo realizar-se em 2020, podendo verificarse somente um adiamento para uma data próxima do fi m de ano se a epide-

mia não for controlada até Abril. Até ao momento, a data prevista é 19 de Abril. Em conferência de Imprensa, o director desportivo da competição, Ross Brown, assumiu inclusivamente que seria uma dura perda para Fórmula 1 se a corrida não se realizasse na China este ano.


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O PAÍS Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2020

DANIEL MIGUEL/ARQUIVO

Jogadores do Sagrada Esperança (verde) acreditam na conquista dos três pontos

Sagrada Esperança e Petro de Luanda acertam contas’ no Dundo Mário Silva

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epois do empate a uma bola, na Quartafeira, para os oitavosde-final da Taça Angola, o Sagrada Esperança da Lunda-Norte volta amanhã a receber o Petro de Luanda, em jogo referente à 19ª jornada do Girabola Zap, às 15:00. A jogar em casa, os diamantíferos, que ocupam o nono lugar com 20 pontos, pretendem mostrar aos seus adeptos e sócios que o empate foi um mero tropeço. Por isso, o treinador Roque Sapiri prometeu à imprensa fazer alguma alteração no onze incial. Aníbal poderá entrar para o lugar de Mantengó

para dar mais acutilância no ataque. Roque Sapiri garantiu que a sua rapaziada trabalhou bastante para conquistar os três pontos. Mesmo a jogar no reduto alheio, os tricolores estão na 2ª posição com 36. O técnico tricolor António Cosano revelou que os erros cometidos no embate de Quarta-feira já foram ultrapassados. E assegura que o grupo está com o pensamento na vitória e não quer pensar no resultado do seu arqui-rival, 1º de Agosto, diante do Ferrovia do Huambo. 1º de Agosto pode reforçar a liderança

Messi pode deixar o Barcelona em Junho DR

O 1º de Agosto, tetra-campeão nacional, visita amanhã o Ferrovia do Huambo, em jogo de prosseguimento da 19ª jornada do Campeonato Nacional.No Domingo, o Santa Rita recebe o Bravos do Maquis, no Estádio 4 de Janeiro, a partir das 15 horas. Na cidade do Cristo Rei, o Desportivo da Huíla defronta o Recreativo do Libolo do Cuanza-Sul, às 15:00. Na antiga Baixa de Luanda, o Progresso do Sambizanga mede forças frente à Académica do Lobito, no Estádio dos Coqueiros, às 16:00. O Wiliete recebe o Sporting e o Interclube visita o Recreativo da Caála.

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ambiente no Barcelona está ‘de cortar à faca’ e a imprensa internacional já fala na possibilidade de Messi deixar a Catalunha no final da época. E a custo zero... As recentes declarações de Abidal, que apontou o dedo aos jogadores, culpando-os pela demissão de Ernesto Valverde, motivaram uma reacção veemente do argentino no Instagram, pedindo ao director desportivo dos catalães que indique que jogadores foram esses.

Pogba como Basquiat, De Ligt como Rembrandt

Rui Costa perde a liderança na Arábia Saudita

O empresário Mino Raiola fez o retrato de dois dos mais conhecidos jogadores que representa actualmente: Paul Pogba (Manchester United) e Matthijs De Ligt (Juventus). “Pogba é como uma pintura de Basquiat. Basquiat era um artista expressivo, um pouco rebelde, como Pogba”, disse Raiola, em entrevista à revista belga Sport Voetbal Magazine, comparando o médio francês ao conhecido artista norte-americano. Já sobre Matthijs De Ligt, o empresário lembrou um também famoso artista, compatriota do defesa que representa a Juventus: “É parecido com um Rembrandt, lembra-me o ‘Night Watch’. Sei que teve dificuldades no início, mas está a crescer. É a sua primeira experiência no estrangeiro, com uma cultura diferente daquela em que cresceu. No fundo, De Ligt é como um petroleiro, não se pode esperar que ele mude de direcção imediatamente. Mas vai progredir, não há como parar isso”.

O português Rui Costa (UAEEmirates) perdeu ontem a liderança da Volta à Arábia Saudita, ultrapassado pelo alemão Phil Bauhaus (Bahrain-McLaren), vencedor da terceira etapa da prova, realizada entre Riade e Al-Bujairi. O alemão, de 25 anos, foi o mais forte no ‘sprint’ final, cortando a meta com o tempo de 2.48,27 horas, o mesmo atribuido ao sulafricano Reinardt van Rensburg (NTT) e ao tunisino Youcef Reguigui (Terengganu).

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“Ainda tenho fome para vencer troféus” O defesa-central brasileiro David Luiz (Arsenal) garantiu que mantém fome por vitórias e troféus. “Ainda tenho fome para vencer troféus. Quero vencer troféus com o Arsenal. Quero fazer este clube brilhar novamente. Esse é o meu objetivo e não vou parar até conseguir. Tenho de continuar esfomeado diariamente. Para mim, a primeira coisa que uma equipa que quer vencer precisa de ter e fé. Se não acreditas, se não sonhas ou acreditas no sonho, então é impossível concretizá-lo”, afirmou David Luiz.

Paulo Fonseca aponta o dedo à arbitragem

FADU vai ter ano especial André Reis, presidente da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), e Evelise Veiga, atleta do salto em comprimento e do triplo salto, que representa o Sporting, deram a conhecer no A BOLA TV os projectos para 2020. A FADU festejará, a 2 de Março, um aniversário importante, com a sportinguista de 23 anos a preparar a participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio, depois de ter conseguido os mínimos na disciplina de triplo salto (14.32 metros).

O treinador português da Roma reconhece erros próprios da sua equipa, mas considera que a arbitragem não é uniforme em Itália. O assunto veio a propósito na conferência de Imprensa de antevisão ao jogo com o Bolonha, marcado para esta Sexta-feira. A Roma vem de inesperada derrota frente ao Sassuolo, por 2-4, jogo no qual Paulo Fonseca viu seis jogadores admoestados com cartões amarelos e um vermelho.

Meunier sobre Haaland: “Não tenho medo” O defesa belga Thomas Meunier está consciente que o jovem avançado Haaland atravessa bom momento de forma no Dortmund, adversário na Champions, mas assegurou que os jogadores do Paris Saint-Germain não temem ninguém.


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OPINIÃO

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RICARDO VITA*

Imane Ayissi, um africano na Alta-Costura

É

com intrigas, guerrilhas, ditaduras, corrupção, secas, fome e epidemias que frequentemente ouvimos falar de África no mundo. Por exemplo, de Angola, neste momento, o mundo inteiro só ouve falar sobre Angolanos, que tiveram cúmplices no topo do Estado, que saquearam o seu país até derrubá-lo por nocaute. Portanto, há poucas oportunidades de falar da grandeza e dignidade do nosso continente. Por isso vamos, e mais ainda quando se trata de um filho que não o humilhou, saqueou, roubou mas que o honrou, todos juntos em uníssono o celebrar. Celebremos o nosso continente através de Imane Ayissi, esse filho da África e nosso irmão, que soube perseverar, que nunca se esqueceu de que só o trabalho, a paixão, a honestidade e o dom de si pagam, com o tempo. Ele entendeu que o exemplo e a herança são criados na dedicação ao aperfeiçoamento da obra, na preocupação de dar aos outros e a si próprio um exemplo edificante e no desejo de ser uma pessoa honesta. Não é na mentira e nem no truque. Imane Ayissi sabe que é vivendo honestamente que apreciamos as alegrias simples e a genuína felicidade. A honestidade também nos permite sentir a força que traz a dor que não nos mata e dela brota a única coisa que deve guiar cada um de nós nesta terra: procurar ser uma pessoa melhor cada dia. Há 20 anos que o Imane que conheço brilha na humildade e paciência, que ele acompanha com simpatia, discrição e alteridade características da sua nobre personalidade. Valores que nos faltam hoje, deveras. Além do seu imenso talento, é também isso que o comité de selecção da Federação da AltaCostura e da Moda francesa viu neste virtuoso designer para o colocar no calendário oficial da Alta-Costura

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Parisiense, um reconhecimento supremo da profissão. Imane Ayissi tornou-se então o primeiro estilista da África negra a ter a honra de se juntar a este mundo muito fechado e super selectivo da « grande moda ». Saindo de Camarões em 1992 para Paris, em 2001 decidiu criar a sua marca, epónima, depois de ter sido modelo e dançarino. Foi uma luta longa, arriscada e difícil para satisfazer essa sua paixão por roupas. Autodidata e bom conhecedor dos meandros da moda (desfilou para Yves Saint Laurent, Pierre Cardin, Givenchy, Azzedine Alaïa, Dior, Lanvin, Valentino), Imane Ayissi aprendeu a sublimar as belas matérias para mulheres de todo o mundo, top models ou não. Cultiva no seu campo criativo cores vibrantes e tecidos artesanais feitos à mão. Ele pretende emancipar a África do wax, esse tecido holandês que se diz ser africano. Na sua criação encontramos os mais belos tecidos da África, que misturam elementos das culturas do continente com abordagens europeias. Por exemplo, ele usa seda, ráfia e lã. Pois, com as suas tecelagens artesanais e tapeçarias étnicas, a África tem mais a mostrar do que o wax. A criação de Imane Ayissi faz com que a África se expresse por si mesma, de uma maneira autêntica e com tudo o que ela tem de nobre e luxuoso. Ele é, portanto, um excelente embaixador do continente. É um reconhecimento tardio, Imane Ayissi tem 51 anos de idade. Os designers africanos têm um talento inegável, por isso é incompreensível que nenhum deles tenha sido seleccionado até agora para entrar no prestigioso calendário oficial da Alta-Costura. Mas, como em tudo, ainda são os brancos que decidem o momento e a hora de reconhecer o mérito de tudo que não se parece com eles. Não é prerrogativa do talento nem do mérito. No entanto, também reconheçamos que estão a mudar, não têm escolha na verdade, devem seguir o passo do novo mundo que é ditado pela

diversidade se ainda quiserem ter importância. E vemos que são agora mais receptivos a outras formas de entender a moda de outros lugares. Em relação ao nosso continente, estão a começar a entender que a África e os Africanos não querem mais que se organize o mundo para eles sem eles, que se pense no seu lugar e que lhes imponha

Há 20 anos que o Imane que conheço brilha na humildade e paciência, que ele acompanha com simpatia, discrição e alteridade características da sua nobre personalidade

imaginários. Hoje, o consumidor africano é cada vez mais exigente e pede para ver uma parte dele no que lhe é vendido. E, acima de tudo, o Africano tem um senso de moda inato e cultural, um gosto pela elegância, como evidenciado tão bem pelos seguidores da SAPE, Société des Ambianceurs et des Personnes Elégantes (Sociedade de fazedores de Ambiente e de Pessoas Elegantes), um conhecido movimento africano que nasceu no ex-Zaíre, também chamado sapologie (sapologia). Portanto, é um mercado que os capitalistas não podem mais ignorar. É por isso que há cada vez mais uma maior abertura para os gostos e o saber-fazer africanos. É o caso da FIAC (Feira Internacional de Arte Contemporânea), que convida cada vez mais artistas africanos, e do grupo LVMH, líder mundial em artigos de luxo, que no ano passado concedeu o Prêmio LVMH para Jovens Designers, criado em 2013, a um Sul- africano. No dia 23 de Janeiro último, dia da apresentação da sua primeira

colecção de Alta-Costura nesse calendário, Imane Ayissi fez desfilar a diversidade de tecidos africanos, fabricados em África, com poucos recursos, por mulheres a quem ele dá emprego e salário. Se tivéssemos uma África orgulhosa, que se amasse profundamente, que entendesse os desafios do mundo e os sinais dos tempos, os milhões engolidos na De Grisogono por uma princesa angolana caprichosa, seriam, sem dúvida, mais úteis na marca de Imane Ayissi, um projecto que reflete a Nova África que todos nós queremos: uma África para os Africanos e pelos Africanos, que enobrece e faz brilhar todo o continente e todos os seus filhos pelo mundo. *É Pan-africanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Folha de São Paulo (Brasil), do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É cofundador do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.


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