ORdEM dOS AdVOGAdOS PEdE SUSPENSÃO dO COMANdANTE PROVINCIAL dE BENGUELA
“CAMARAdAS” FAzEM RENTRÉE POLÍTICA NO NAMIBE Além do acto de apresentação da sua agenda política para este ano, que se vai centrar no reforço e intensificação das reformas políticas e económicas em curso no país, o MPLA vai, igualmente, manter contacto com as comunidades locais, no âmbito de uma governação de proximidade com os militantes e com a sociedade em geral. P. 9
O tribunal adiou o julgamento de Eugénio Marcolino, que terá sido vítima de espancamento por parte da Polícia. O bastonário da Ordem dos Advogados de Angola (AAO), Luís Monteiro, defendeu, ontem, a suspensão provisória do comandante da Polícia, em benguela, Aristófanes dos Santos. P. 10 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @Jornalopaís facebook/opaís.angola
Director: José Kaliengue
O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA Edição n.º 1762 Sábado, 29, /02/2020 Preço: 40 Kz
IGAE REGISTA dIARIAMENTE MAIS dE dUAS MIL dENÚNCIAS SOBRE CORRUPÇÃO POLÍTICA: A revelação foi feita pelo inspector-geral da Administração do Estado, Sebastião
Ngunza, que esclareceu que as denúncias vêm de todo o país e têm merecido o devido tratamento, e a consequente responsabilização dos infractores pelos órgãos de Justiça. P. 8 dr
Ministra considera uma afronta ao Estado ministrar cursos ilegais ● A ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário Sambo, afirmou, ontem, em Benguela, quando procedia à abertura do ano académico 2020, que o seu ministério não vai tolerar instituições privadas que, agindo à margem da lei, insistam em oferecer cursos ilegais a jovens ávidos em aumentar o grau académico. P. 12
Sissoco Embaló promove golpe de Estado na GuinéBissau ● O auto-proclamado Presidente Sissoco Embaló demitiu o primeiro-ministro em funções e nomeou outro político para o cargo. Militares tomaram conta da rádio e televisão públicas, suspendendo as emissões. Portugueses aconselhados a restringirem circulação em Bissau. P. 23
CORONAVÍRUS
OMS ELEVA RISCO PARA “MUITO ALTO”
P. 25
Fundação Arte e Cultura inaugura Centro Cultural para inclusão cultural e social
Moise Mbiye canta nos Coqueiros
1º de Agosto conquista supertaça de andebol feminino ● As militares venceram, ontem, o
Petro por 27-23 e conquistaram o primeiro troféu da época com o técnico Nelson Catito no comando. P. 27
Fusão musical entre Gutto e Heavy C em exibição no palco da Casa 70
EM FOCO
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O PAÍS Sábado, 29 de Fevereiro de 2020
“O Executivo manda na Assembleia Nacional” Na segunda e última parte da entrevista que concedeu a este jornal, o líder da uNITA, Adalberto Costa Júnior, diz que o Executivo angolano comanda as acções da Assembleia Nacional, demonstrando que não há separação de poderes. O político, que durante vários anos dirigiu o Grupo Parlamentar do seu partido, acusa o MPLA de ter aprovado uma lei de repatriamento de capitais que é uma “autêntica lavandaria de dinheiros” subtraídos ilicitamente do país. Sobre o arresto das acções de Isabel dos Santos, o substituto de Isaías Samakuva não tem dúvidas de que exista uma perseguição aos filhos do antigo Presidente da república, José Eduardo dos Santos
texto de Dani Costa fotos de Virgílio Pinto
É
verdade que 60 ou 70 por cento da receita que a UNITA recebe do Orçamento Geral do Estado serve para pagar salários aos funcionários? Infelizmente, é verdade. Resulta de uma circunstância histórica não alterada. Tivemos uma longa guerra, acabou há muito tempo, em 2002, e nessa altura os acordos pressupunham também que o Estado angolano assumisse determinados quadros para serem integrados, por exemplo, nos sectores da educação e da saúde. Foram os sectores mais amplos com inserção de membros vindo da UNITA. Mas foi todo um processo não transparente. Os poucos que entraram tiveram de imediato a consequência dos cargos partidários, para ficarem, foi-lhes “oferecido” o cartão do partido. Ou assinada a adesão ao MPLA, ou o vínculo cessa. A esmagadora maioria recusou-se e perdeu o emprego. À outra parte nem sequer foi aberto espaço de entrada. Portanto, hoje mesmo recebi uma gestora, ligada à área da saúde, que está a gerir escolas onde se está a fazer uma actualização de formação com muito mais de quatro mil pessoas, alguns vindos da UNITA, mas o Estado recusou fazer a entrega da certificação. As pessoas viraram-se para o partido. A sociedade está politizada, partidarizada, na sua maioria. O Estado não cuidou de fazer o abraço a uma reconciliação genuína e o partido viu-se obrigado a responder no limite das suas possibilidades. Algumas até fora delas, porque o partido também se endividou para poder responder à demanda social de uma boa parte dos seus quadros. Hoje ainda temos as consequências disso. Uma das grandes proble-
máticas que temos é, efectivamente, o fim de algum endividamento resultante desta demanda social extraordinária. A UNITA tem um braço empresarial, à semelhança de uma GEFI do MPLA? Infelizmente, não tem. Digo infelizmente porque teve muitas iniciativas, através dos seus membros, para poder constituir algumas áreas empresariais que pudessem ajudar, inclusive, a diminuir esta demanda social. O partido ajudou muitos cidadãos ligados à UNITA a poderem formatar estas iniciativas, mas elas receberam a mesma resposta que o partido. Tiveram imensas dificuldades de se constituir, foram combatidas, viram portas fechadas e acessos à créditos recusados. Temos um caso conhecido, que é a questão da Sociedade Geral de Minas (SGM), como sabe, uma concessão grande entregue à UNITA, houve anos intermináveis de negociação para se ter direitos de exploração, de tal modo que três ou quatro vezes com dinheiro, investidores com parcerias tecnicamente sofisticadas, nunca conseguimos ter a documentação toda para poder partir para o mercado. Esta tem sido uma postura típica de um Estado partidário. Os danos são para o país e não para a UNITA. Aí está o exemplo desta reconciliação em que há ainda muito por se fazer para que se torne exemplar. Chega à liderança da UNITA já com João Lourenço como Presidente da República. A imagem que tinha dele enquanto deputado mudou em relação ao Presidente? Não, não mudou. De facto, a nossa abordagem é que tem que mudar. Um presidente de um grupo parlamentar tem determinadas responsabilidades e o presidente do partido tem responsabilidades mais abrangentes. Portanto, nós temos que ter, garantidamente, uma via de comunicação permanente e a capacidade de deixar os interesses do partido de lado quando chamados a pensar país. Devo dizer que não é nenhuma novidade que te-
mos feito múltiplas intervenções, de que para nós, mesmo nesta posição, o país é superior ao partido. Não temos nenhuma dificuldade de privilegiar as questões nacionais em detrimento das questões de classe. Qual é a opinião que tem sobre o Presidente da República? Tivemos a oportunidade de encontrar recentemente o senhor Presidente da República, foi uma experiência nova. Sem dúvidas, devo dizer que nos recebeu bem, tivemos um encontro sem grandes imposições de tempo e com oportunidade de se poder discutir tudo o que se levou em agenda. Neste aspecto, é extremamente positivo. Tal como lhe disse, estamos a dar tempo para vermos materializados alguns dos desafios das propostas muito objectivas que aí deixamos. Entretanto, as propostas têm, sem dúvidas, uma hierarquia: a consolidação nacional, partilhamos visões de grande interesse nacional e aquilo em que acreditamos de facto. Deixamos também algo muito claro: vamos ser sempre verdadeiros e não vamos querer agradar só por conveniência. Portanto, vamos poder ser partícipes no máximo da nossa criatividade. Para ajudar Angola a encontrar a estabilidade finalmente. Vamos ver que resposta virá. Espero que o Presidente da República nos ofereça uma oportunidade de consolidarmos o país. As acções desenvolvidas pelo Presidente João Lourenço, em termos políticos, económicos e sociais, são convincentes? Vou voltar a colocar referentes prioritários. Hoje, Angola precisa de reformas, mas reformas profundas e não simples. Isto é, no sentido de se criar condições para vencer os desafios estratégicos. Vou direcionar: tenho um conjunto de assessores, no grupo parlamentar também os tinha, fui busca-los às melhores universidades angolanas. Há muito que estes assessores têm dito que os desafios da crise económica não se vencem com soluções económicas. Não adianta ter os melhores projectos e os programas económicos para resolver os
O PAÍS Sábado, 29 de Fevereiro de 2020
problemas da crise, porque eles não vão funcionar. Os projectos vão ser aplicados num país desarrumado. Enquanto não arrumarmos o país, por melhor que seja o projecto económico, vai-se perder tempo e dinheiro. Partilhamos isso com o senhor Presidente da República com muito pormenor. Esperamos que tenha receptividade. De facto, eles têm razão e podíamos aqui desdobrar uma infinidade de campos onde isto funciona. Uma das explicações mais imediatas é mesmo a dimensão do roubo nacional. Nós próprios constatamos: como é possível um país da dimensão de Angola ter chegado a um descalabro. Um país que teve uma acumulação de reservas bilionárias. As instituições inquestionáveis académicas de grande prestígio apresentaram números elevadíssimos de reservas estratégicas. Tudo desapareceu. A única coisa que Angola constituiu foi milionários individuais, todos eles ligados à governação. E o país está pobre, paupérrimo. A pobreza está a aumentar, ao invés de diminuir. Por quê isto aconteceu? Foi só porque houve má governação? Não. Foi porque as instituições se demitiram das suas responsabilidades e os titulares as utilizaram em seu proveito pessoal. Demitiram-se também eles das suas responsabilidades. Foi porque a arrumação do Estado, toda ela, permitiu este descalabro. O que é necessário para se inverter o quadro? Nós precisamos de reformas reais. Uma das mais importantes é, de facto, a separação dos poderes, o que não existe neste país. Os poderes dependem de um entre eles. O Executivo manda na Assembleia Nacional. Quer uma melhor prova? Quem foi que anunciou as transmissões das sessões? Foi o presidente da Assembleia Nacional? Vocês são angolanos e acompanham. Aquela é uma incumbência do presidente da Assembleia, um órgão de soberania diferente do Presidente da República. O facto de o Presidente da República ter anunciado, numa recepção ao corpo diplomático, o que é ainda mais absurdo, perante cidadãos estrangeiros, veio dar a prova de que quem manda na Assembleia Nacional é o Presidente da República. Isto é inconcebível. Em democracia, isto é um crime. Enquanto aquele órgão estiver nesta deformação, não temos Estado a funcionar na plenitude. Temos crise a vários níveis, má governação, o mesmo acontece nos tribunais. Temos estado a encorajar o Presidente da República a abraçar reformas, porque ele é presidente do MPLA.
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Fala-se muito na luta contra a corrupção. O processo está a ser bem encaminhado? Dêem-nos o balanço da luta contra a corrupção. Quais são os benefícios reais da recuperação de repatriamento de capitais. Também estamos a pedir, porque não conhecemos. Estamos a pedir a quantia dos números. Não existe. A única coisa que nos tem sido indicada é a questão do Fundo Soberano. Mas o Fundo Soberano e o repatriamento de capitais não são a mesma coisa. Portanto, até hoje não há balanços reais do repatriamento de capitais. Olhe que poderia haver balanços substantivos. É por isso que temos sido voz permanente e fomos nós autores da primeira proposta de recuperação de capitais. Foi o Grupo Parlamentar da UNITA, por indicação da sua direcção, que levou para a Assembleia Nacional uma proposta de recuperação de capitais e património desviados dentro e fora do país. O MPLA votou contra, mesmo na generalidade, não tendo sequer ido a debate na especialidade. Tendo percebido que tinha sido um erro político, apareceu a correr e nem sequer soube copiar. Foi buscar uma pequenina parte. E fez a aprovação de uma lei que representou lavagem de dinheiro. Foi uma lavandaria aquilo que o MPLA aprovou. Um crime em qualquer parte do mundo. Crime baseado em quê? Muito simples: a lei que o MPLA aprovou dizia que o ladrão pode trazer o dinheiro e todo para o seu bolso. Nenhum benefício para o Estado. Institucionalizou-se e legalizou-se o roubo. O que a UNITA defendia? A UNITA pretendia a moralização mínima desta questão, com benefícios do empoderamento do Estado. A grande verdade é que o regime, tão logo fez esta asneira, fez uma outra a seguir e está a enganar o país até hoje. Qual foi a asneira? Devo dizer que os jornalistas, lamentavelmente, investigam muito pouco. O regime não regulamentou a lei da lavandaria. E hoje os senhores aceitam que se diga que o período de graça já passou? Não houve período de graça nenhum, porque houve muitos advogados a escreverem para os bancos a perguntar como é que podiam repatriar o capital dos seus clientes. Não tinham a regulamentação da lei. Escreveram também para a Assembleia Nacional e enquanto presidente do Grupo Parlamentar também recebi cartas destas. Tivemos, inclusive, conferências públicas em que mostramos isso. Os
poderes têm esta carta. O senhor Presidente da República de certeza absoluta também tem. O Governo regulamentou a lei 15 dias antes do fim do prazo. Significa que houve uma intencionalidade de não a regulamentar. Qual seria a razão de ter uma lei sobre repatriamento de capitais não regulamentada? Saberá quem o fez. Na minha forma de pensar isto é uma falta de lógica total e atentar, inclusive, contra o interesse nacional. Votam contra uma boa lei, aprovam uma que é uma lavandaria, não a regulamentam, depois impedem os cidadãos de fazer o retorno dos capitais e aprovam uma lei punitiva em função do não cumprimento daquilo que eles mesmo é que não permitiram. Temos hoje um conflito visível que é público: há uma parte do regime a lutar contra outra parte no seu próprio espaço. Uma situação que favorece a UNITA. Não acha? Isso não favorece Angola, meu caro amigo. Penso que os partidos políticos são partes interessadas do país. Qual seria a solução para esta guerra em que o próprio Presidente da República chamou alguns dos seus companheiros de ‘marimbondos’? Há uma solução simples: alguma humildade e abraço de novas teses de interesse nacional. Quem deve ser humildade? Humildade da parte de quem muito roubou e quer se passar por inocente. Humildade de quem está hoje no Governo e a fazer uma política de justiça dirigida punitiva de uns e protectora de outros. Quem são os protegidos? Quem são os maiores magnatas deste país? É só ver os que detêm património. Há nomes incontornáveis. E estes nomes incontornáveis, de tanto em tanto aparecem, mas não foram alvos do mesmo tipo de processo que outros, nomeadamente os familiares do exPresidente da República. Quantos governantes justificam o seu património? Estes mesmos que estão sentados, sem excepção, quantos conseguem justificar que os seus vencimentos permitiram comprar o património que detêm? Eu diria que quase ninguém. Então, vamos colocar o pé no chão e encontrar soluções entre todos, de coerência, de interesse nacional, porque eu sei o quanto de benefício existiria para uma caixa do Estado se recebesse uma parte deste roubo devolvido.
Quanto é que se iria recuperar? De certeza, centenas de biliões de dólares. Ainda que fosse só uma centena, imagine isso aplicado na construção de infra-estruturas, investimento industrial ou no financiamento do empresariado. Não sou daqueles que pensam que a saída da crise passa pelo investimento do sector público. É muito errado isso. Mas os empresários verdadeiros têm a concorrência dos políticos e estão todos na falência. Não têm dinheiro nem espaço. Então, é preciso potenciar os empresários angolanos com condições reais, em vez de estarmos aqui num risco de o país ser comprado por estrangeiros. Os estran-
geiros, através dos donos disto tudo, são os mesmos marimbondos e do mesmo partido. Temos instituições amigas que há uns anos nos disseram que o dinheiro desviado está no sítio X, Y e Z e que determinado paraíso fiscal quer devolver a Angola. Fizemos pontes com as instituições e demos indicadores. Quais são os paraísos fiscais que pretendem devolver o dinheiro? Não são assuntos para tratar em público. Qual foi a resposta do Executivo angolano? Não houve retorno. Os interesses dos partidos não devem matar o interesse do país.
“É evidente que há uma perseguição aos filhos de José Eduardo dos Santos” O que acha do Luanda Leaks? Tive acesso ao que o senhor também teve. Dá a ideia de que o Luanda Leaks não foi uma investigação de jornalistas, mas sim de um hacker que entrou nos files todos. Portanto, a origem foi bem produzida e não uma investigação. Isso é ao que a lógica nos conduz.
ouvi falar mais do general Dino e não de outros nomes. Precisamos de fazer com que a Procuradoria Geral da República transforme esta questão do direito à justiça igual para todos. Se os timings acabaram para uns, devem acabar para outros também. Se existem para uns, devem existir para outros.
A empresária Isabel dos Santos está a ser injustiçada neste processo? Acho que de forma nenhuma, na medida em que está a lhe ser exigido o retorno daquilo que tirou. Mas deve ser exigido também aos outros e não apenas a ela.
Está preparado para enfrentar João Lourenço nas próximas eleições? A UNITA votou que o candidato à presidência será o presidente do seu partido. Não teríamos concorrido se não estivéssemos preparados a este nível. Mas gostaríamos que tivéssemos uma disputa leal, em condições de democracia efectiva, transparência efectiva e não a repetição do cenário das eleições de 2017. As eleições de 2017 levaram a UNITA a colocar um processo de corrupção eleitoral contra o Presidente da República actual. Com provas levadas aos tribunais, mas estes recusaram avaliar e julgar. Vamos aprender com os erros do passado e vamos melhorar para o futuro. Se tivermos o que vimos no passado, televisões ao serviço de um partido, sem pagarem rigorosamente nada, comícios com directos permanentes de um partido e recusado a outros, não devemos repetir. Estão aí as fotografias e a quantidade infinita de provas que todos os angolanos viram e não temos interesse de estar a trazer toda a hora esta questão.
Há perseguição aos filhos do exPresidente José Eduardo dos Santos? É evidente, tem alguma dúvida disso? Manuel Vicente está a ser perseguido? Eu é que faço as perguntas: quais são os indícios desta perseguição? Eu também estou a aproveitar para lhe fazer uma pergunta. Há um Vicente Leaks como a Isabel Leaks? Não existe. A defesa daquilo que foi o processo em Portugal é pública. Eu não sou daqueles que acham que as limitações de imunidades limite também o abraçar estas questões. E o que achou dos arrestos de imóveis? Qual foi o nome que se falou? Eu
4 dESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 9 Ministra destaca emponderamento da mulher.
SOCIEdAdE. PÁG. 12 Ministra considera uma afronta ao Estado ministrar cursos ilegais
CARTAz. PÁG. 15 Fusão musical entre Gutto e Heavy C em exibição no palco da Casa 70.
ECONOMIA. PÁG. 19 reestruturação de empresas dos transportes é prioridade para o sector.
o editorial
HOJE: os números do dia
Os cuidados de Sílvia
S
ílvia Lutukuta, a ministra da Saúde, fez, Ontem, publicar mais um comunicado relacionado com o Coronavírus. E fez muito bem. Alarga o número de países de proveniência de passageiros que entram obrigatoriamente em quarentena em Angola. Tem razão, o vírus já não é apenas chinês, pode vir da itália, Guiné bissau, Egipto, Nigéria, Argélia, Irão, Coreia do Sul, etc., A nota da ministra seguiu-se ao anúncio da Organização Mundial da Saúde elevando o risco da propagação do Coronavírus para muito alto. O que falta agora é acelerar e densificar mais ainda a informação sobre a doença, é, de uma vez por todas, começar a desmantelar os mercados informais da forma como existem em Angola, devendo o Estado concentrar-se na sua actividade administrativa, licenciando terrenos, negócios, higienizando os espaços.
o que foi dito
MUNdO . PG. 23 Papa continua doente e adia audiências pelo 2º dia, mas está trabalhando.
O PAÍS Sábado, 29 de Fevereiro de 2020
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O Zaire está em estado de abandono, devido ao fraco desenvolvimento socioeconómico. Comparo o Zaire ao Cuando Cubango. Com muita tristeza, nota-se que as pessoas estão pobres” Adalberto Costa Júnior Presidente da uNITA
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Temos uma polícia capaz de cumprir com a missão pela qual foi criada. Merecemos a confiança da população e a corporação tem estado a cumprir com o seu papel, devemos resgatar estes valores junto da população” Paulo de Almeida Comandante-geral da Polícia Nacional
Homens, de 17, 22 e 32 anos, foram detidos na passada Quinta-feira por perturbarem uma cerimónia de velório na cidade de Strabane, na Irlanda do Norte, segundo a imprensa local.
Partidas marcam amanhã o encerramento da 26ª jornada da liga espanhola, cujo destaque recai para o desafio que vai colocar frente a frente o real Madrid e o barcelona, no Estádio Santiago bernabéu, às 21:00. Cooperativas de pesca artesanal dos distritos urbanos da Samba e da Ingombota beneficiaram ontem de kits para actividade piscatória, numa iniciativa da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda (CACL). Motorizadas de fumigação foram disponibilizadas ontem aos distritos de baia, Kicuxi, Zango, Estalagem, Vila Flor, Viana Sede e a comuna de Calumbo, no âmbito do programa de combate à malária.
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O Recreativo da Caála está a realizar uma boa temporada. Penso que teremos muitas dificuldades, mas só pensamos na conquista dos três pontos” Toni Cosano Treinador do Petro de Luanda
O PAÍS Sábado, 29 de Fevereiro de 2020
5 e assim... José Kaliengue director
A asfixia do mercado
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o pastor Vicente Luís e saiba mais sobre a polémica na Igreja universal do reino de deus
N
www.opais.co.ao Hong Kong (China) Fãs usando máscaras de proteção enquanto assistem ao concerto de uma banda musical(dr)
o que vai acontecer Economia O município de Saurimo, província da Lunda Sul, vai ganhar nos próximos 3 meses uma instalação de armazenamento de combustível, com a capacidade para estocar 900 metros cúbicos, dos quais 600 de gasóleo e 300 de gasolina. A obra está a cargo da empresa Sonangol e Angol, porém, será erguida numa área acima dos 300 metros quadrados, no bairro Nhama. Segundo o representante da Sonangol, José Alberto, a construção da mesma será uma mais-valia para a circunscrição, porque pode acabar com a especulação decorrente de receios permanentes de uma eventual ruptura de combustível em Saurimo.
Saúde A rede Angolana das Or-
ganizações Não Governamentais de Luta Contra o VIH/SIdA (ANASO) e os seus parceiros realizam a partir de amanhã até ao dia 7 deste mês uma ampla campanha denominada “Zero discriminação”, visando dar voz às vítimas de preconceito. Sensibilizar a população para não discriminarem as pessoas, independentemente do estado clínico de cada indivíduo, bem como aprofundar e partilhar experiências sobre estigma constam dos objectivos dessa campanha. Segundo o programa dessa actividade, a campanha vai começar com uma operação de sensibilização denominada “Stop discriminação”, a ter lugar na manhã do dia 1, na Ilha de Luanda.
Girabola O Petro de Luanda mede forças hoje com o recreativo da Caála no Estádio 11 de Novembro, em jogo referente à 22ª jornada do Girabola 2019/2020, às 17:00. Em caso de vitória, os petrolíferos alargam para cinco pontos a vantagem que têm com o 1º de Agosto, rival de longa data. Mas, os tricolores sabem que terão que se aplicar a fundo, uma vez que os caalenses pretendem conquistar os três pontos. Por esta razão, prepararam durante a semana a táctica para destronarem o adversário. No historial de confrontos entre as duas equipas, o clube do Catetão leva vantagem, porque soma dez vitórias, contra seis dos caalenses.
Liga espanhola O real Madrid
enfrenta amanhã o barcelona, no clássico do futebol espanhol. O desafio entre ambas as agremiações disputa-se no Estádio Santiago berbabéu e é a contar para a sequência da vigésima sexta jornada da competição, a partir das 21:00 (tempo de Angola). À entrada desta jornada, as duas equipas encontram-se separadas por apenas dois pontos. O barcelona lidera a prova com 55 pontos, ao passo que o real Madrid é segundo com 53 pontos. O desafio está a ser aguardado com muita expectativa pelos adeptos das duas equipas, porque quando se defrontam o desfecho é sempre imprevisível.
o meu imaginário (tosco para alguns), o grogue em Cabo Verde deve ser uma bebida acessível, estive lá e, de facto, é-o. E o negócio alimenta famílias. No meu imaginário, a cachaça no Brasil é barata. E é, o que é caro são os destilados importados. Há centenas e centenas de marcas de cachaça no Brasil, com um peso considerável na economia. Se calhar, imagino eu, em Portugal também há vinhos baratos, e o são, na grande maioria, chegam é cá com preços doidos. E como diria o outro, português que tome um copo de vinho por dia está a demonstrar amor à pátria, porque alimenta milhões. Ora, vejamos como são as coisas em Angola. Até somos produtores de café, precisamos de aumentar a produção do bago e de lhe dar bom mercado, para que mais gente viva do seu cultivo, mas nos nossos restaurantes uma xícara de café pode chegar aos mil kwanzas, não vai alimentar ninguém. Não há consumo. Temos boa fruta, mas nos nossos restaurantes e supermercados a fruta custa meio salário mínimo o quilo, quando não é mais. Nunca haverá mercado aqui. Pedir um sumo espremido é atirar pedras a cruz, pecado com preço altíssimo. Até produzimos milho e mandioca, mas qualquer restaurante do asfalto cobra pelo pirão, ou funje, como se queira, um balúrdio. É proibido sair com a família para comer fora. E temos mar, se temos! Mas o preço de um prato de peixe na Ilha de Luanda paga o combustível de uma traineira numa noite de pescaria. Os nossos empresários da restauração, que até fingem bem algum interesse no crescimento do turismo, na verdade estão empenhados em sabotar o mercado para os produtos nacionais. E a economia. Como dizem os activistas do MPLA: “só não vê quem não quer”. Não há economia que floresça com tanta tramoia. Mas o dinheiro continua a sair do país
E também... dia Mundial da doença Rara - 29 de Fevereiro de 2020 O dia Mundial da doença rara é comemorado anualmente no último dia de Fevereiro. A data é celebrada em setenta países do mundo, com o objectivo de sensibilizar a população, os órgãos de saúde pública, médicos e especialistas em saúde para os tipos de doenças raras existentes
6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
O PAÍS Sábado, 29 de Fevereiro de 2020
NO TEMPO dO KAPARANdANdA
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Assistentes de Redacção: Antónia Correia, rosa Gaspar, Inês Monteiro e Sílvia Henriques Impressão e acabamento: dAMEr, S. A. Luanda Sul, Edifício damer Distribuição: Media Nova distribuição Tel: +244 943028039 distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor)Isabel dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, Talatona- Luanda. Tel: 222 009 444 república de Angola
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1984 -
29 de Fevereiro O primeiroministro canadiano, Pierre Trudeau, anuncia a intenção de se demitir do cargo, que ocupa há 15 anos.
1996 -
29 de Fevereiro Guerra da Bósnia: termina oficialmente o Cerco de Sarajevo, o mais longo da história da guerra moderna.
2000 -
29 de Fevereiro A Cruz Vermelha lança uma campanha internacional de solidariedade com as 150 mil famílias do Sul de Moçambique, afectadas pelas cheias.
CARTA dO LEITOR
Quem paga o meu carro? Caro director do OPAÍS, eu já não posso mais. Moro no Nova Vida e garanto que as coisas estão muito difíceis. Para guiar no Nova Vida, a pessoa deve ter seis olhos, só para não ter um acidente e também para não estragar o carro. Há dias, vinha eu das compras e de repente, numa curva, tinha dois motoqueiros à esquerda e outros dois à direita, já sobre o passeio. Eles não querem saber nem de regras, nem de bomsenso. Não tive alternativa, tive de enfiar o carro num buraco no meio da estrada, fiquei com o para-choque arrancado. A Polícia não faz nada
para pôr ordem nos motoqueiros, que andam de qualquer forma. O Governo não põe transportes públicos para as pessoas deixarem de usar o kupapata e estes serem forçados a aprender o mínimo de comportamento e regras da estrada. E a Administração parece que vive noutro planeta e não consegue ver como já não uma só rua no projecto que não tenha um buraco a cada vinte metros. e alguns buracos são enormes e profundos. Estou a escrever para saber se algum advogado quer começar a processar o Estado pelos danos que os nossos bens sofrem por falta de cuidados do próprio Estado. Acho que seria bom que um
dr
advogado publicasse neste jornal um anúncio para estes serviços, eu seria cliente número 1. Porque quem paga os danos no meu carro sou eu, não o Estado a quem pago
impostos e taxas para ter as estradas bem asfaltadas e cuidadas. e sinalizadas. Genovena Finda
Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754
1973 - Amílcar Cabral, dirigente e fundador do PAIGC, é assassinado em Conakry. 1981 - Os 52 reféns norte-americanos, detidos no Irão há mais de 13 meses, são finalmente libertados, ao mesmo tempo que Ronald Reagan toma posse como quadragésimo presidente dos Estados Unidos. 1997 - O governo de Mobutu, em Kinshasa, Zaire, declara, oficialmente, guerra contra os rebeldes no norte do país, liderados por Laurent Désiré Kabila, depois de estes ocuparem uma parcela de 600 quilómetros no interior do país.
POLÍTICA
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O PAÍS Sábado, 29 de Fevereiro de 2020
IGAE regista diariamente mais de duas mil denúncias sobre corrupção A revelação foi feita pelo Inspector-geral da Administração do Estado, Sebastião Ngunza, que esclareceu que as denuncias vêm de todo o país e têm merecido o devido tratamento e a consequente responsabilização dos infractores pelos órgãos de justiça dr
Domingos Bento
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o âmbito das acções públicas de prevenção e combate à corrupção, a Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE) regista, diariamente, no seu call center, mais de duas mil denúncias sobre actos de corrupção e extorsão praticados por agentes públicos. A revelação foi feita, em Luanda, pelo Inspector-geral da Administração do Estado, Sebastião Ngunza, que esclareceu que as denúncias vêm de todo o país e têm merecido o devido tratamento e a consequente responsabilização dos infractores pelos órgãos de justiça vocacionados no tratamento destas questões. Sebastião Ngunza, que falava à margem do seminário de formação avançada para alta liderança, disse que, em comparação com os tempos anteriores, esse número é bastante elevado e demonstra o interesse e a participação do cidadão nas acções de prevenção e combate à corrupção. Tal como explicou, anteriormente o mesmo serviço de call center, que trabalha permanentemente, recebia apenas um total de 20 denúncias de casos de corrupção diariamente. Porém, nos últimos dias, em função das medidas de divulgação para a necessidade de denúncias dos casos, esse número aumentou para os actuais dois mil casos todos os dias. “A pequena corrupção vem extirpando a relação entre o cidadão e as instituições públicas com actos menos abonatórios e extorsão. Foi para isso que nós abrimos o nosso call center, para que os cidadãos denunciem os actos irregu-
Aprovadas três candidaturas ao congresso da LIMA
A Inspector-geral da Administração do Estado, Sebastião Ngunza
lares dos agentes e servidores públicos”, frisou. Segundo ainda Sebastião Ngunza, os casos de denúncias têm permitido que, em tempo útil, os órgãos de direito impeçam que se concretize a realização de actos de corrupção e extorsão cujos principais prejudicados são os cidadãos. “Todos os casos que nos chegam são relevantes, porque trata-se de infracções criminais que não podemos passar ao lado. É que, sempre que o agente público decide abdicar da qualidade do serviço público para incorrer nessas práticas, à partida, dá direito a responsabilização civil e criminalmente”, apontou. Formação contínua evita males piores Por outro lado, Sebastião Ngunza defendeu que, para além das medidas punitivas e de responsabilização, é preciso que cada vez mais os cidadãos e os agentes públicos
sejam sensibilizados em matérias de programas e planos de prevenção e combate à corrupção, sobretudo os de pequenos escalões. Conforme explicou, a administração pública é o centro da vida dos cidadãos. E nelas devem trabalhar agentes e servidores comprometidos com a causa e que estejam de acordo com as acções do Governo sobre a prevenção e combate à corrupção. “É preciso que haja moral e integridade por parte dos agentes públicos. E é preciso que haja sensibilização e formação contínua para que os cidadãos compreendam quando é que estão diante de actos que lesam e ferem o Estado”, atestou. Sobre a formação O seminário de formação avançada para alta liderança versou matérias sobre actos e acções preventivas do Ministério Público no combate à corrupção, governação
corporativa, problemática e potenciais conflitos sobre compliance na administração pública. A referida formação foi dirigida por formadores nacionais e estrangeiros que, durante uma semana, capacitaram os participantes. De Angola teve como formador Mota Liz, vice-procurador-geral da República e mestre em ciências jurídico-criminais. Do Brasil veio a formadora Anne Cabral, chefe de gabinete parlamentar da Câmara dos Deputados e assessora de Orçamento e Emendas Parlamentares. Já de Cabo Verde participou Janira Almada, presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), enquanto que de Moçambique veio Taibo Mucobora, procurador-geral adjunto. Participaram na formação ministros, governadores, secretários e assessores do Presidente e do vice-presidente da República e secretários de Estado.
com i ssão de mandato do IV Congresso Ordinário da Liga da Mulher Angolana ( LIMA) aprovou três candidaturas para a presidência dessa organização feminina da UNITA. Trata-se das candidaturas de Helena Bonguela, Manuela dos Prazeres e Domingas Njungulo, que, segundo a vice-coordenadora da comissão de mandatos, Alice Canganje, reúnem as condições exigidas para concorrem à liderança LIMA. A responsável disse que depois dessa aprovação, seguese o sorteio das candidatas no boletim de voto, processo sob a responsabilidade da comissão eleitoral. A campanha eleitoral vai decorrer de 1 a 30 de Março e a eleição da presidente da LIMA acontece no congresso, a decorrer de 1 a 3 de Abril deste ano, em Viana. O congresso da LIMA vai analisar, entre outras questões, o desenvolvimento e crescimento dessa organização, bem como alterar e actualizar os seus estatutos. A LIMA foi fundada a 18 de Junho de 1972, nas margens do rio Kutaho (Mussivi), na província do Moxico.
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MPLA abre ano político no Namibe Para além do acto de apresentação da sua agenda política, o partido vai, igualmente, manter contacto com as comunidades locais, no âmbito de uma governação de proximidade com os militantes e com a sociedade em geral dr
geral. O MPLA considera que este ano de 2020 requer soluções inovadoras e muita inteligência estratégica para se ultrapassar todos os obstáculos e desafios políticos e eleitorais que se avizinham.
Neusa Filipe
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ob orientação da vice-presidente do partido, Luísa Damião, o MPLA lança, hoje, na província do Namibe, a sua agenda política para o ano 2020, numa cerimónia que contará com a presença do secretário-geral e de membros do Secretariado do Bureau Político Em declarações a OPAÍS, Mário Pinto de Andrade, membro do Bureau Político, disse que na agenda a ser apresentada constam os pontos fortes que o partido preparou para este ano e todos os desafios do seu programa eleitoral, cuja linha de força é o combate cerrado contra a corrupção, nepotismo, bajulação e outros males que durante anos prejudicaram o país. Segundo ainda Mário Pinto de Andrade, para além do acto de
Luisa Damião, vice-presidente do MPLA, vai dirigir a abertura do ano político deste partido, no Namibe, hoje
apresentação da sua agenda política, o partido vai, igualmente, manter contacto com as comuni-
dades locais, no âmbito de uma governação de proximidade com os militantes e com a sociedade em
Primeiros secretários do MPLA aperfeiçoam máquina organizativa do partido Também ontem, sob orientação da vice-presidente do partido, Luísa Damião, o secretariado do Bureau Político do MPLA realizou o II encontro de trabalho com os primeiros secretários provinciais do partido. O encontro, bastante concorrido, decorreu da necessidade de concertação de ideias e pontos de vista sobre questões importantes da vida interna da organização partidária. Segundo um comunicado de impressa enviado a OPAÍS, para além dos temas apresentados pelas estruturas intermédias, os presentes
debruçaram-se sobre o contínuo fortalecimento do papel das organizações sociais do MPLA e o processo de implementação da estratégia eleitoral autárquica. Os participantes realizaram ainda uma avaliação pragmática do estado actual do património do partido e das contribuições dos militantes, dirigentes e quadros. A nota esclarece que foram também abordadas questões do aperfeiçoamento da máquina organizativa e mobilizadora do partido, bem como os mecanismos de comunicação das estruturas do MPLA à todos os níveis, tendo em conta os desafios políticos e eleitorais. No decorrer do encontro, os participantes encorajaram igualmente o presidente da formação política, João Lourenço, e o Executivo, a prosseguirem com o processo de mudanças em curso no país, com vista ao desenvolvimento sócioeconómico e o bem-estar das famílias angolanas.
Ministra destaca emponderamento da mulher A ministra de Estado da Área Social, Carolina Cerqueira, reafirmou, em Windhoek, onde Angola foi elita Secretária regional para a África Austral da Organização Pan-Africana das Mulheres (OPM), o empenho do Governo angolano no empoderamento da mulher africana e na aceleração do processo de equidade do género e representatividade no poder executivo e legislativo
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arolina Cerqueira, que falava na sessão do segundo dia do X Congresso Pan-Africano da Mulher (OPM), apontou ainda as acções de advocacia para a protecção jurídica das mulheres e das crianças. A ministra apresentou como exemplo o caso das mulheres da África Austral, cuja representatividade nos parlamentos e governos dos seus países considera encorajadora para as mulheres de outras regiões do continente. Informou que o Presidente angolano, João Lourenço, tem garantido a representatividade das mulheres a nível da governação central, das províncias e na diplomacia, no contexto da Agenda das Nações Unidas 2030 e da Agenda
da UA 2063. Augurou que o Fundo para o Desenvolvimento das Mulheres, a ser instituído a nível da União Africana (UA), possa a promover a participação das mulheres no desenvolvimento económico e sustentável, através de financiamento para projectos integrados de apoio social e pequenos negócios, assim como para a educação financeira das jovens. Na qualidade de vice-presidente da OPM para a África Austral, referiu que a prioridade das acções desenvolvidas estiveram focadas no empoderamento da mulher, em particular das mulheres e jovens vulneráveis, através de projectos nos domínios da saúde familiar, alfabetização, protecção jurídica das mulheres, comba-
te à violência doméstica, educação cívica, observação eleitoral e promoção da cultura da paz e resolução de conflitos. A promoção de programas de saúde reprodutiva, a vacinação das crianças, o combate às endemias, em particular o VIH, tuberculose e malária são algumas das áreas prioritárias da actividade desenvolvida. Referiu que foram estabelecidas parcerias com associações femininas para a promoção dos direitos das mulheres, como a Associação de Mulheres de Carreiras Jurídicas e a Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana na Diáspora, entre outras. Durante a sua intervenção, a ministra de Estado reafirmou o apoio às mulheres refugiadas da
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Crolina Cerqueira, A ministra de Estado da Área Social
RDC que em Angola encontraram segurança para as suas famílias e a quem o apoio material e moral tem sido permanente, para garantir maior integração social e auto-estima. Augura que a OPM, na qualidade de agência especializada da União
Africana, se revitalize e se transforme numa organização mais dinâmica e que seja cada vez mais uma plataforma em defesa dos direitos das mulheres, do seu avanço e que possa contribuir para o progresso do continente e a autonomia das mulheres africanas.
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Ordem dos advogados pede suspensão do Comandante Provincial de Benguela O tribunal adiou o julgamento de Eugénio Marcolino, que terá sido vítima de espancamento por parte da Polícia. Advogados dizem que violação contra os seus membros atingiu contornos preocupantes, enquanto a corporação nega alegações de espancamento
Milton Manaça e Constantino Eduardo
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bastonário da Ordem dos Advogados de Angola (AAO), Luís Monteiro, defendeu, ontem, a suspensão provisória do comandante da Polícia em Benguela, Aristófanes dos Santos. Luís Monteiro, citado pela Rádio Nacional de Angola a partir da Província do Zaire, pediu
a responsabilização política de Aristófanes dos Santos, em reacção à detenção do advogado estagiário Eugénio Marcolino, em pleno exercício da sua profissão. O bastonário defendeu que o porta-voz da Polícia em Benguela, Filipe Cachota, seja também suspenso, por causa das declarações proferidas sobre o caso do advogado. “Vamos pedir a responsabilidade política ao Comando Geral da Polícia Nacional, uma vez que entendemos que os pronuncia-
mentos do porta-voz da corporação em Benguela foram infelizes. Vamos requerer que o portavoz e o comandante provincial sejam suspensos das funções”, disse Luís Monteiro. Na Segunda-feira, 24, o advogado Eugénio Marcolino foi detido quando defendia uma mulher envolvida em cenas de pugilato por questões de ciúmes, em Benguela. A ordem da detenção terá sido dada pelo comandante Caquisse, da 4ª esquadra do bairro Cassoco, segundo fontes locais,
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“Vamos pedir a responsabilidade política ao Comando Geral. Vamos requerer que o porta-voz e o comandante provincial sejam suspensos das funções” Luís Monteiro
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que, no entanto, não adiantaram as razões da decisão policial. Conforme noticiou OPAÍS, as mesmas fontes disseram que o advogado, detido em pleno exercício da sua profissão, foi agredido e posteriormente algemado e transportado para as instalações do Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Benguela, na carroçaria de um carro da Polícia. Deitado no “chão do carro”, foi pisoteado pelos agentes que o transportaram e o encarceram numa cela em que se encontravam meliantes altamente perigosos. Esta acção, onde ficou também detida a sua constituinte, deixou indignada a sociedade benguelense e os advogados em particular, pela forma como Eugénio Marcolino foi tratado pelas forças da ordem. Conselho provincial indignado O Conselho Provincial de Benguela da OAA manifestou-se descontente com a acção da Polícia, tendo realçado que “servir a Justiça é, e foi, desde sempre, a profunda motivação do advogado e a sua função social”. Numa nota de imprensa enviada a OPAÍS, este conselho considera que devem ser invioláveis os direitos e garantias que se afiguram essenciais para o exercício da sua actividade. Os advogados em Benguela repudiam aquilo a que consideram violação sistemática e reiterada dos seus direitos, e que “assume já contornos preocupantes e insustentáveis”. Condenam o acto do Comando da Polícia Nacional (4ª Esquadra), no município de Benguela, que, segundo o conselho, actuou ao arrepio das normas constitucionais. Julgamento adiado O julgamento de Eugénio Marcolino estava marcado para ontem, Sexta-feira, mas foi adiado pelo facto de o réu estar doente e internado numa clínica da cidade das Acácias Rubras. Numa procuração forense, Eugénio Marcolino confiou amplos poderes a mais de 100 advogados, incluindo o de o substituir. Procuração forense é um documento que comprova que um mandante transferiu para um advogado ou solicitador o poder de representá-lo legalmente, podendo esse poder estar relacionado com poderes gerais ou especiais.
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“Estamos perante um caso de abuso de poder”
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Polícia desmente tentativa rapto
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e acordo com um oficial, a Polícia Nacional, movida por uma ordem do Tribunal e do Ministério Público, terá ido à clínica “Doutor Célsio”, onde o advogado estava internado, para se inteirar do quadro do paciente e desaconselhá-lo de continuar a receber assistência médica e medicamentosa naquela unidade privada, quando existe um hospital público à disposição. A fonte policial, que entretanto desmente quaisquer tentativas de rapto, salienta que, postos no local, não encontraram o advogado. “Primeiro, é que ele fala que foi espancado, mas o relatório médico diz que não houve espancamento e, mais, ele foi diagnosticado com paludismo. A Polícia não o espancou”, defende -se. A nossa fonte se questiona sobre como é que a Polícia iria raptar alguém que na hora dos factos não se encontrava na unidade sanitária, onde era expectável que estivesse, uma vez que o argumento para não ir ao tribunal era porque estaria doente após o espancamento de que, supostamente, teria sido vítima.
advogado Mbiavanga Rogério disse a OPAÍS que do ponto de vista legal, caso o advogado tivesse cometido qualquer acto de desacato, deveria ter sido comunicado à Ordem, pelo facto de os advogados gozarem de uma certa imunidade enquanto estiverem no exercício da profissão. “Em nenhuma circunstância deveria ser ordenada a sua detenção, até porque a detenção requer uma formalidade legal. O que o advogado fez de grave que permitiu a detenção imediata?”, questionou. Mbiavanga Rogério disse que, caso seja comprovado que o Conselho Provincial de Benguela da OAA não foi avisado da detenção de Eugénio Marcolino “estaremos perante um caso de abuso de poder. Isto está claro como a água”, disse. O advogado defendeu a responsabilidade disciplinar e criminal dos envolvidos no suposto espancamento de Marcolino, aliás, referiu que tratando-se de agentes da autoridade, deveria partir deles o exemplo.
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Maria do Rosário Sambo, ministra, escolheu Benguela para a abertura do ano académico do ensino superior
Ministra considera uma afronta ao Estado ministrar cursos ilegais A ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do rosário Sambo, afirmou, ontem, em benguela, quando procedia à abertura do ano académico 2020, que o seu ministério não vai tolerar instituições privadas que, agindo à margem da lei, insistam em oferecer cursos ilegais a jovens ávidos em aumentar o grau académico
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Constantino Eduardo, em benguela
e acordo com Maria do Rosário Sambo, o papel das i n s t it u iç õ e s do ensino superior privadas é relevante em Angola, pelo que se torna, deste modo, obrigatório o respeito à legali-
dade, incluindo a observância de práticas de garantia de qualidade. A importância destas e os seus cursos ministrados, sublinha a governante, não pode ser manchada pela atitude de entidades promotoras que, desafiando a autoridade do Estado, colocam na ilegalidade, defraudando, com efeito, as espectativas dos jovens que nelas se inscrevem.
O actual Executivo herdou um passivo significativo em dívida contraída pelo anterior Governo para com o pessoal do subsistema do ensino superior
No capítulo da oferta formativa, a responsável, que falava para académicos, governantes e demais convidados, avança que o desafio do seu pelouro é atingir a meta de paridade do género dos estudantes matriculados. Neste diapasão, impulsionar-se-á as mulheres para que se inscrevam em áreas das ciências naturais, tecnologias, agricultura, entre outras. A responsável do departamento ministerial do Ensino Superior reconhece que o Executivo tem de aumentar o investimento financeiro para a melhoria da gestão do financiamento. O financiamento do ensino nas instituições de ensino superior públicas, sendo maioritariamente da responsabilidade do Estado, carece, segundo a ministra, da comparticipação
de estudantes que frequentam as mesmas, “mesmo considerando o seu valor módico”. Maria do Rosário Sambo defende a necessidade de se tirar o máximo de aproveito das parcerias, reflectidas em convênios, firmados com instituições internacionais, de modo a não se transformarem em acordos mortos. Para o ensino superior, a política é aumentar o nível de bolsas internas de graduação, sem, obviamente, perder de vista a pós-graduação, pois já foram atribuídas mais de mil bolsas de estudo desta natureza. “Os docentes devem aproveitar as formações graduadas internas e as externas oferecidas”. Sindicato dá moratória de cinco meses à Maria do Rosário O Sindicato Nacional decidiu conceder uma moratória de cinco meses ao Governo para pagar a dívida e adiou a greve anteriormente decretada para o dia 28, início do ano académico 2020, em função das garantias que receberam do Governo, que tem até Maio deste ano para saldar a dívida, que ronda os dois mil milhões de kwanzas. Em entrevista à imprensa, o secretário-geral do Sindicato Nacional do Ensino Superior, Eduardo Frazão, falou em adiamento “ligeiro”, embora ameaçasse que, caso não se efective, aí, sim, avançar-se-á para a greve. A ministra já reagiu à posição do sindicato. De acordo com Maria do Rosário Sambo, o actual Executivo herdou um passivo significativo em dívida contraída pelo anterior Governo para com o pessoal do subsistema do ensino superior, entre docentes e não docentes. Por isso, no final do ano passado procedeu-se à certificação da dívida. “Ao longo de dois anos e meio, fizemos com o sindicato um trabalho intenso e aturado com a necessidade de adoptar uma metodologia, para aferir com propriedade a dívida em causa. Este trabalho ficou concluído, após termos dirigido à Sua Excelência Presidente da República a solicitação para o pagamento da dívida”, disse. Em relação às eleições de reitores, uma das reclamações do Sindicato, a ministra salienta que o facto está dependente da aprovação, pelo Parlamento, da Lei de Base do Ensino, que vai regulamentar o processo.
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“Temos dificuldades de fazer chegar ajuda aos estudantes na China” O presidente da câmara Angola e China, Arnaldo Calado, revelou, ontem, em Luanda, que a sua organização tem encontrado dificuldade para fazer chegar apoios aos estudantes angolanos na China Maria Teixeira
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Nós podemos recolher aqui muitos meios, mas o problema está em fazer chegar na China. Inclusive aqueles meios que são recolhidos na China, porque a mobilidade interna também não é fácil”, disse, ontem, ao intervir na Acção de Solidariedade e Cooperação na Luta Contra o COVID-19 promovida pela sua organização em parceria com a Embaixada da República Popular da China acreditada em Angola. Segundo o responsável, o próprio pessoal da embaixada também está em quarentena, e os que podem ajudar também não podem andar. Neste momento encontramse com alguma dificuldade. “Nós conseguimos fazer chegar alguns meios da Associação da Mulheres Chinesas, algum apoio aos estudantes. Temos consciência que falta muito mais, mas temos dificuldades em fazer chegar”, frisou. Acrescentou de seguida que, “sinceramente, qualquer sugestão que nos puderem dar que facilite fazer chegar alguns meios gostaríamos de contar com o vosso apoio”. Disse ainda que o objectivo principal desse encontro foi o de manifestarem solidariedade ao povo chinês. A epidemia calhou justamente na altura do Natal e do final de ano da China, em que a maioria dos empresários chineses foram passar este período no seu país de origem. Quando chegou a vez de regressarem ao país estavam impossibilitados. Os que conseguiram tiveram de ficar em quarentena, mas a imagem que tinham era a espécie de uma cadeia. Acabaram inibidos por se ter passado a falsa informação de que no local onde decorria a quarentena tinham uma cama para 20 pessoas. A casa de banho das mulheres e homens era igual e tinham que pagar. “Inventaram-se milhares de
desculpas para não entrarem em quarentena. Estamos à espera que os empresários e investidores chineses regressem e continuem a investir na República de Angola. Eles têm que sentir que os angolanos os querem. Porque criou-se um sentimento na China de que Angola é não os quisesse”, disse. Estudantes angolanos pedem mais atenção com os que se encontram na China Angola é o país lusófono em África com maior comunidade chinesa e são cerca de 50 os angolanos em quarentena, estudantes em Wuhan, o epicentro da nova forma do coronavírus, no centro da China Os estudantes provenientes da China e que ficaram em quarentena durante 17 dias na Barra do Cuanza, em Angola, pedem ao Ministério da Saúde e não só, que olhem mais para os outros estudantes que se encontram no epicêntrico da epidemia, em Wuhan. O estudante em Pequim, na China, Xano Eduardo José dos Santos disse que quando o surto foi anunciado a maior parte dos estudantes já estava de férias e alguns tiveram a oportunidades de sair do país, não pela epidemia, mas por questões de férias. Segundo o jovem, foi uma situação difícil que começou do nada. Na altura, todos eram obrigados a fazer um isolamento e começaram a receber vários anúncios prévios vindos das universidades com o prolongamento das férias. “Todos que estão fora de Wuhan têm a possibilidade de sair por conta própria, mas o que estão dentro de Wuhan estão com as portas fechadas e, logo, isso dificulta muito”, disse. Contou ainda que estão no país desde o dia 4 e foram recebidos por uma delegação do Ministério da Saúde já no Aeroporto 4 de Fevereiro, posteriormente encaminhados para o Hospital da Barra do Cuanza.
“Nós conseguimos fazer chegar alguns meios da Associação da Mulheres Chinesas que fizeram chegar algum apoio aos estudantes. Temos consciência de que falta muito mais, mas temos dificuldades de fazer chegar”
Cerca de 115 passageiros libertados da quarentena em Angola Segundo o director Nacional de Saúde Pública, Peliganga Luís Baião, as preocupações agora estão viradas para Europa, sendo que a Itália é grande preocupação por registar casos atópicos. Tanto mais que as medidas de vigilância epidemiológica que antes eram só focadas para a China, quer de trânsito e permanência, agora têm de focar também para alguns países do velho continente que registam casos do género. Fez saber que até ao momento, a contar de 3 de Fevereiro, estiveram em quarentena cerca de 277 passageiros nos dois pontos de quarentena, nomeadamente Barra do Cuanza e Calumbo. Neste momento, têm cerca de 162 passageiros em
quarentena e 115 passageiros já obtiveram alta. Contou que durante esse tempo têm uma equipa médica e psicólogos a fazerem o acompanhamento diário. Se durante 14 dias não apresentarem nenhuma manifestação sugestiva da doença recebem alta. Peliganga Luís Baião salientou que a grande preocupação passou a ser das famílias, porque, primeiro, elas não queriam que os passageiros fossem aos centros de quarentena, mas depois passou a ser o contrário. “As famílias começaram a rejeitar os passageiros. Então estamos também a fazer um trabalho prévio antes que os nossos passageiros vão para o convívio familiar, temos o trabalho de convencer as famílias de que não existe risco nenhum depois desta estadia nos nossos centros de quarentena”, disse. Pub
CARTAz seu suplemento diário de lazer e cultura
Fundação Arte e Cultura inaugura Centro Cultural para inclusão cultural e social
Presidente-geral da Fundação, enquanto cantava o hino da instituiçao com as crianças
Durante o acto de inauguração, crianças afectas ao projecto apresentaram várias performances artísticas, resultante das formações ministradas no espaço desde Agosto do ano passado texto de Antónia Gonçalo fotos de Lito Cahongolo
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o quadro da sua função de responsabilidade social, o Grupo Mitrelli, através da Fundação Arte e Cultura, inaugurou ontem, 28, na Ilha de Luanda, um Centro Cultural, com vários compartimentos, onde serão ministradas aulas de diversas disciplinas artísticas às crianças da comunidade. O espaço, que funcionará também como sede da Fundação, inclui um centro comunitário e pólos de actividades, como um anfiteatro com capacidade para albergar 300 pessoas, salas de formação es-
pecializadas em diversas áreas, como de música, onde serão realizadas aulas de guitarra, piano e percussão. Além dos projectos mais emblemáticos da Fundação, a Galeria Tamar Golan e a Casa da Música, o centro vai ainda ministrar aulas de dança, capoeira, artes plásticas, artesanato, corte e costura, dança, reciclagem e decoração, capoeira e ioga. Os contemplados vão ser ainda capacitados com aulas de informática, assim como oficina de carpintaria, uma biblioteca infantil e uma horta comunitária, cuja intenção é incentivá-las a valorizarem a agricultura familiar e o poder da alimentação biológica.
Além das crianças e jovens da comunidade inscritos, cerca de 350, os constituintes dos centros de acolhimento, onde a Fundação tem desenvolvido os seus trabalhos desde 2006, vão passar a beneficiar das acções no espaço.
O espaço, que funcionará também como sede da Fundação, inclui um anfiteatro com capacidade para albergar 300 pessoas
O presidente da Fundação, Haim Taib, avançou que no próximo mês, actividades do género serão desenvolvidas na província do Huambo, de modo a fazer com que a classe possa também beneficiar das iniciativas. O responsável avançou que, desde 2006, têm apoiado a arte e a cultura angolana, bem como a arte educativa. “A base da nossa vida é a arte, a cultura e a educação. Por isso, é muito emocionante trabalhar com essas crianças. Trazemolas aqui, conversamos com os pais para deixarem vir aqui e beneficiar das formações. Por isso, criamos as condições e estamos muitos felizes com o nosso trabalho. Tudo o que investimos é a favor das crianças de Angola”, enfatizou. Ministério da Cultura enaltece trabalhos Por sua vez, o secretário de Estado para as Indústrias Culturais,
João Pedro Lourenço, que presenciou as actividades desenvolvidas, em representação da ministra da Cultura, Maria da Piedade de Jesus, parabenizou a Fundação e a sua equipa de trabalho, pelo projecto de responsabilidade social e inclusão social desenvolvido. João Pedro Lourenço disse que o Ministério da Cultura está disponível para prestar apoio solidário, ao colaborar com a Fundação, para o alcance dos seus objectivos sociais, assim como viabilizar a colaboração dos professores de artes e desenvolver projectos em comum. Avançou que, acções do género beneficiam a Lei do Mecenato, através do incentivo fiscal. “A diferença deste projecto não é apenas a responsabilidade social, mas também a inclusão social, que permitirá às crianças nos centros de acolhimentos terem uma profissão e sejam independentes”, advogou o governante.
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Dupla Yobass apresenta primeiro álbum com 12 faixas
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Protagonistas do show que se espera memóravel
Fusão musical entre Gutto e Heavy C em exibição no palco da Casa 70 Um encontro aguardado com bastante expectativa entre Gutto e Heavy C. de um lado o r&b e o rap, e do outro o Semba e a Kizomba. No entanto, a prova está precisamente em cada um deles interpretar o tema do outro e viceversa. A iniciativa é do projecto duetos N’Avenida, sob a chancela da Zona Jovem Produções Jorge Fernandes
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s músicos Gutto e Heacy C sobem esta noite ao palco da Casa 70 a partir das 21 horas, no quadro do prosseguimento do projecto Duetos N’Avenida, que vai na sua quarta edição, encerrando assim o chamado “mês do amor”, com uma pitada de amor como sugerem as suas canções. Com casa lotada, pois todos os ingressos foram comercializados, segundo a organização da produtora Zona Jovem, que desafia uma vez mais, dois artistas de géneros diferentes mas que conhecem e acompanham o reportório um do outro. Em entrevista recentemente concedida a este jornal, o músico Gutto manifestou-se especialmente feliz pelo encontro projectado para a noite deste Sábado, 29, pela admiração e respeito pelo tra-
balho reconhecido do par. “Conheço o Heavy C há muito, conheço várias das suas composições e nutro um enorme respeito pelo seu talento e pela sua carreira”, realçou. Quanto aos temas do reportório de Heavy C admitiu que ficaria feliz em interpretar “Debaixo dos Lençóis”, “Às vezes”, “Chokolate” e “Gina”. Entretanto, quanto à expectativa da noite, Gutto considerou “como qualquer apresentação ao vivo, será um momento imprevisível e de muita emoção, mas também de muita responsabilidade, pois gosto de corresponder ou superar as expectativas de quem sai de casa para me ver”, salientou o cantor. Por sua vez, Heavy C elogiou a iniciativa tendo considerado ser “o melhor projecto em dueto para o qual eu já fui convidado”, avaliou o artista que segundo suas palavras o projecto “é bastante promissor por unir e reformu-
lar obras musicais. Além disso, é um dos projectos mais consistentes que eu já conheci em Angola ao nível musical”. Em relação em estar ao lado de Gutto, ele destaca ter sido ele a indicar o nome do artista com quem gostaria de fazer dupla. Como tal deu certo! “Eu fui o primeiro a sugerir o Gutto como proposta, devido a todo o respeito que tenho por ele. Além disso, conheço muito a obra desse grande artista e não vejo a hora de poder cantar ‘Private Show’”, manifestou. Outras apresentações A quarta temporada do Duetos segue até ao mês de Junho, quando encerrar essa etapa com a dupla Don Caetano e Puto Português. Mas antes disso, o público do projecto assiste um novo show gospel de Bambila e Miguel Buila (11 de Abril), Yuri da Cunha e Grupo Kituxi (25 de Abril) e Livongh e Ivan Alexei (30 de Maio).
uinze mil cópias do primeiro disco da dupla Yobass estarão disponíveis, no Sábado, durante a sessão de assinatura de autógrafos e venda na Praça da Independência, em Luanda. O similar vai ocorrer Domingo de manhã na Casa da Juventude, em Viana, e à tarde no centro comercial Bellas Shopping. Segundo o director da LS Republicano, Nino Repúblicano, que falava em conferência de imprensa, o disco, com 12 músicas, teve a participação de Ary, Landrick e dos Moikanos. Para a promoção do disco, estão previstos espectáculos e sessões de venda nas províncias de Benguela e Lunda-Sul, numa primeira fase. O disco estará disponível em todas as bombas de combustíveis da Pumangol. Yola Araújo tem várias músicas que “estouraram” nas pistas de dança e nas rádios do país, com destaque para “Quadradinho”; “Não é Justo Não” e “É Hoje ou Nunca”. Em 2001, lançou o CD de estreia a solo, intitulado “Sensual”, em 2005 “Um Pouco Diferente”, 2007 “Diferente e mais um Pouco”, 2010 “Em Nome do Amor” e em 2014 “A Fada do Amor”. Participou em três edições do projecto Team de Sonho (Vol. I – 2012), Vol. II (2015) e Vol. III (2018). Por sua vez, Bass já lançou vários temas e conseguiu promover a sua música na Europa nos últimos anos, alcançando o sucesso com o single “Sem Norte”. Em Angola, foi nomeado para uma edição do Top dos Mais Queridos, da Rádio Nacional de Angola, e foi “Artista Revelação” nos Angola Music Awards de 2016. O artista iniciou a carreira artística nos anos 90, na cidade do Lubango, como produtor. A dupla YoBass canta junto há mais ou menos dois anos.
Moise Mbiye canta nos Coqueiros
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músico gospel congolês Moise Mbiye chegou a Luanda, na última Quinta-feira, 27, para um espectáculo hoje 29, no Estádio dos Coqueiros, denominado “Baluarte”. Trata-se da primeira presença do congolês em Angola, que considera um momento singular para si e para os seus fãs. “Angola vive bons momentos de paz, especialmente no lado da música gospel, e tem sido exemplo para os músicos”, sublinhou. O artista frisou que vai aproveitar o espectáculo para interagir com os músicos angolanos, nomeadamente Solange de Nery, Simba Reoboth, Dodó Miranda, Guy Destino, entre outros convidados. Acalenta que seja o início de um intercâmbio entre os músicos dos dois países. Moise Mbiye está expectante por conhecer a música e a cultura do povo angolano. O músico e compositor Moise Mbiye é um artista com mais de 20 anos de carreira. Com mais de cinco discos lançados, é uma das maiores referências da música gospel do continente africano. De salientar que o músico Moise Mbiye tornou-se mais popular no país, depois da realização do último programa de talentos em televisão, denominado “Unitel Estrelas ao Palco”. Ao jovem Mayala Sanda coube “imitar” musicalmente Moise Mbiye no concurso, tendo conquistado o terceiro lugar, numa prova ganha por Alberto Sebastião que interpretou o músico angolano Dodó Miranda.
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CARTAz
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JOÃO NGOLA TRINdAdE
A Literatura de Viagens e a sua apropriação por Castro Soromenho
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ma das temáticas analisadas nos estudos literários, históricos e antropológicos, por muitos autores, diz respeito a Literatura de Viagens, os seus cultores e os temas abordados. Na perspectiva de Fernando Cristóvão (apud KANDJIMBO 2010:160), a Literatura de Viagens “é o subgénero que se mantém vivo do século XV ao século XIX, cujos textos, de carácter compósito, entrecruzam Literatura com História e Antropologia, indo buscar à viagem real e imaginária (por mar, terra e ar) temas, motivos e formas”. Este tipo de literatura fundamenta-se no testemunho ocular (“o que vi”), auditivo (“o que ouvi”), e no etnocentrismo manifestado pelos “descobridores” nos primeiros contactos com os povos desconhecidos, podendo ser ainda considerada um conjunto de textos informativos que testificam a presença europeia noutros espaços, particularmente o Africano. Severino Elias Ngoenha (2014:14) é de opinião segundo a qual “[…] o relato de viagens longínquas faz parte dos livros da de história, elas formam uma categoria consagrada à descrição dos países estrangeiros e nomeadamente exótico. Aliás, trazendo até aos leitores os costumes das populações longínquas, o viajante procura não só vulgarizar o pitoresco e a diferença, mas traz também ao espaço contemporâneo uma imagem do passado”. Neste espaço simbólico, “os autóctones são uma variedade da fauna”, um elemento da paisagem” frequentemente relega-
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do ao esquecimento, outras vezes subalternizado (ib. 2014:15). A criação deste tipo de literatura responde a necessidade de a Europa, na altura, “confrontar a sua própria imagem com sociedades diferentes, para encontrar aí os seus limites e os seus defeitos (o Outro é pretexto para criticar-se a si mesmo: é, em geral, a figura do «bom selvagem»), ou descobrir os limites e os defeitos do Outro e confortar a sua própria imagem (é, em geral, a figura do mau selvagem)” (ib. 2014:18). O propósito que motivou a criação desta literatura teria sido o de fornecer informação sobre as riquezas que interessavam a Europa, localizadas fora das suas fronteiras. A Acta da Conferência de Berlim (1884-1885), nos seus artigos 5º e 6º, proíbe a cedência do monopólio comercial de uma potência a outra e insta os Estados signatários deste documento para que garantam a protecção dos exploradores e investigadores. Formada por diários, apontamentos, anotações, reportagens e notícias, a Literatura de Viagens é um conjunto de memórias produzidas por comerciantes, oficiais militares e missionários contém informação de carácter geográfico, histórico, etnográfico, incluindo imagens sobre a fauna e a flora. Apesar de ter sido muito cultivada do século XV ao XIX, o imaginário criado pelos seus cultores condicionou a produção literária dos chamados escritores coloniais que nela encontraram motivos, temas e formas. A celebração das epopeias dos “descobridores” é um dos temas aflorados pelos criadores desta literatura. Guiado pelo espíri-
to celebrativo, Castro Soromenho (1939), conforme já o dissemos, homenageou os exploradores portugueses que desbravaram o caminho seguido por si e outros tantos portugueses nas suas incursões ao sertão. Em 1942, o periódico O Mundo Português trazia a lume um artigo do referido autor intitulado “Silva Porto”; de 1943 a 1944, o
O propósito que motivou a criação desta literatura teria sido o de fornecer informação sobre as riquezas que interessavam a Europa, localizadas fora das suas fronteiras
escritor ocupou-se com esta temática e da pesquisa efectuada resultou na publicação, no mesmo periódico, de oito artigos da sua autoria, nomeadamente: “A literatura dos exploradores portugueses: Lacerda e Almeida, explorador do Cazembe, I” (1943); “Silva Porto, o descobridor do Zambeze, II” (1943); “Henrique de Carvalho, o historiador do povo lunda, III”; “o major Gamito na África austral, IV” (1943); “o explorador Serpa Pinto, V” (1943); “Capelo e Ivens e a viagem à contra-costa VI” (1943); “A literatura dos exploradores portugueses – VII: Anchieta, explorador zoológico” (1944); “A literatura dos exploradores portugueses – VIII: Pereira de Nascimento, explorador naturalista” (1944). Em 1943, publicou-se A Aventura e Morte no Sertão, obra de Castro Soromenho que, segundo o subtítulo, retrata a viagem feita por Silva Porto de Angola a Mo-
çambique. Pela primeira vez o autor escreveu uma narrativa cujo personagem principal é o homem branco, posto que até então o negro enselvajado era a figura destacada nos seus livros. Esta obra foi o prenúncio de dois acontecimentos que viriam a ocorrer, respectivamente, em 1944 e 1946: a publicação de A Expedição ao País do Oiro Branco e A Maravilhosa Viagem dos Exploradores Portugueses. Em síntese, estas obras reafirmam o espírito aventureiro, conquistador e mercantil que orienta os exploradores portugueses nas suas incursões ao sertão, numa em que a ocupação territorial, conforme já o dissemos, teria de ser comprovada com a exploração e a comercialização de produtos e a cristianização dos povos Africanos, que, na perspectiva cristã, eram qualificados “pagãos”.
ECONOMIA
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Covid 19 afecta as economias entre a China e outros países dr
O presidente da Câmara de Comércio Angola e China, Arnaldo Calado, disse que o surto de Covid-19 está a afectar não só as relações económicas entre Angola e a China, mas também com várias outras economias globais, mais ainda assim considerou positivo o negócio entre os dois países Brenda Sambo
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responsável, que falava, ontem, em entrevista à imprensa, à margem da conferência de imprensa sobre “o convívio de solidariedade e cooperação na luta contra o Covid-19”, disse que, no geral, a China continua a ser o maior parceiro económico de Angola, tendo considerado os demais países com vontade de investir. Por isso, esclareceu ainda o responsável, do mesmo modo
que a China é o maior parceiro de Angola, é também o maior parceiro de África. Arnaldo Calado explicou ainda que Angola procura por parceiros ou investimentos, pelo que acaba por concorrer com outros países. Por exemplo, se um investidor tem intenções de investir num país africano, podem estar mais de 52 países, vários países de África, atrás, incluindo a Câmara de Comércio Angola e China. E, nesta senda, cada país deve apresentar os potenciais recursos existentes em cada ter-
ritório, e, deste modo, garantiu que Angola tem sido um dos principais destinos do investimento estrangeiro em África. “De facto, Angola tem sido o país em que o investidor chinês mais se posiciona”, reforçou. O presidente da Câmara de Comércio esclarece ainda que o mais importante é aproximar os investidores chineses dos empresários angolanos. Actualmente, a Câmara controla mais de seis mil empresas, das quais 4 000 são angolanas 2 000 mil pertencentes a empresários chineses. A Câmara de Comércio Angola e China é um espaço único, profundo e privilegiado para compromissos que garantam a tradução efectiva das disposições e projecções económicas dos Executivos de Angola e da China, uma vez que agrega os líderes económicos chineses em Angola e por simpatia agregará os principais operadores económicos angolanos.
Negócios na bodiva registam crescimento de 10 por cento
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itocentos e 74 mil milhões de kwanzas é o volume de negócios transaccionados pela Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva) em 2019, informou, nesta Sexta-feira, em Luanda, o presidente da Comissão Executiva da bolsa, Ottoniel Santos. Ao falar numa conferência de imprensa de lançamento do “Relatório anual dos mercados Bodiva”, sublinhou que o valor das transacções registou um aumento de 10% em relação a 2018 nos mercados Bodiva, relativamente aos instrumentos (dívida pública) nas suas diferentes categorias, obrigações de tesouro e bilhetes de tesouro. No período em referência, a
central de custódia da Bodiva teve a consolidação de 11 mil e 400 contas de custódia nacional. Trata-se de contas individualizadas, de entidades que transaccionam valores mobiliários dentro da Bodiva, volume de negociação e contas individualizadas que estão em medição. Ottoniel Santos adiantou que em relação aos serviços prestados pela Bodiva, na sua central, houve desmaterializações fei-
Em 2018, a Bodiva realizou negócios na ordem de 794,9 mil milhões kwanzas
tas por três bancos, nomeadamente Banco Prestígio, Banco Yetu e Bai Micro Finanças BMF. De acordo com o gestor, os bancos Económico, BAI, Millenium Atlântico, BFA e Standard Bank estão entre os bancos com melhor desempenho em 2019. As maturidades mais negociadas são as de 2020 (com 225,8 mil milhões kwanzas), a de 2019 (83,5 mil milhões) e a de 2021 (67,3 mil milhões). Em 2018, a Bodiva realizou negócios na ordem de 794,9 mil milhões kwanzas, sendo 22,51 mil milhões kwanzas em ambiente bilateral e 573,3 mil milhões em ambiente multilateral, com mais de três mil e 900 negócios fechados.
Presidente da Câmara de Comércio Angola - China, Arnaldo Calado
TAAG recebe primeira aeronave dash8-400s em Março
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TAAG, (linhas Aéreas de Angola) vai receber a primeira de seis aeronaves do tipo Dash8-400s, da companhia canadiana “De Havilland of Canada Limited”, na última semana do mês de Março.O facto foi confirmado, ontem, pelo Presidente da Comissão Executiva da TAAG, Rui Carreira, à margem do seminário sobre “O impacto da ética, sustentabilidade e compliance no sector dos Transportes em Angola”. “(….) O objectivo é tornar a operação doméstica mais rentável, pelo que a primeira aeronave chega ao país na última semana de Março, a segunda na última semana de Abril e as demais no final deste ano”, reiterou. Pretende-se com a compra destes aparelhos, para rotas domésticas e regionais, tornar a TA-
AG mais lucrativa do ponto de vista de consumo de combustíveis, custos de manutenção e custos globais operacionais. Neste sentido, Rui Carreira explicou que no, quadro do processo de renovação da sua frota, estão a ser também criadas as condições para alcançar a eficiência económica e financeira da companhia. A TAAG atende, actualmente, 17 destinos domésticos, 26 internacionais, em África, América do Sul, Europa e Ásia, com uma frota composta de 13 aeronaves, das quais oito são do tipo Boeing 777, “Triple seven”. A companhia opera nas linhas de Lisboa, Porto, Pequim, Dubai, Rio de Janeiro, São Paulo, Havana, Cidade do Cabo, Joanesburgo, São Tomé, Praia, Brazzaville, Bangui, Douala, Harare, Windhoek, Maputo, Ilha do Sal e Lagos.
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Inspecção do Comércio suspende matadouros do km 30 A Inspecção Geral do Comércio encerrou, ontem, no mercado do km 30, no município de Viana, em Luanda, mais de dez casas de abate de animais, por falta de condições de higiene e sanitárias, o que ameaçava a vida dos consumidores e dos seus trabalhadores
S Ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu
Reestruturação de empresas dos transportes é prioridade para o sector O ministro dos Transportes, ricardo de Abreu, apontou, ontem, 28, como prioridade do sector que dirige, para os próximos tempos, a reestruturação e modernização do sistema de transportes e logística
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o falar na abertura do seminário sobre “O impacto da ética, sustentabilidade e compliance no sector dos transportes em Angola”, referiu que esta organização deve ser feita em coordenação com os demais ministérios que integram o Executivo. “Quando falamos em alinhamento da temática à acção do nosso Governo, entendemos que para que a diversificação da economia e o asseguramento da estabilidade macroeconómica ocorra, o sector dos transportes é um dos segmentos com que o país deve contar, daí a necessidade das sinergias”, disse. No subsector ferroviário, refe-
riu estar em consolidação o modelo que irá permitir a atracção e participação do sector privado, contemplando o investimento público já realizado nas infraestruturas e meios.
O sector dos transportes é um dos segmentos com que o país deve contar, daí a necessidade das sinergias”
Em relação ao subsector aéreo, está em curso o processo de regulação efectiva e de segurança em todo o país, com a criação dos institutos reguladores, como a ANAC, ANIPAA, SGA e ENNA. Em relação à transportadora aérea nacional, TAAG, o governante informou a pretensão de a transformar em sociedade comercial, retirando os impedimentos para a sua maior credibilidade e sustentabilidade, de modo a atrair investimentos privados. No segmento marítimo portuário, a prioridade é aumentar a capacidade institucional e de coordenação multidisciplinar à luz do paradigma internacional, tirando maior partido marítimo e marinho, bem como a construção e reabilitação de infra-estrutura de apoio.
egundo o inspectoradjunto da Inspecção Geral do Comércio, trata-se de uma acção inserida no plano nacional de inspecção do sector em conjunto com as áreas similares da Saúde, Veterinária, Polícia de Viana e o Laboratório de Controlo de Qualidade do Ministério do Comércio. A acção visa garantir que a venda de alimentos perecíveis (carne) seja exercida dentro dos padrões mínimos exigidos para o consumo humano. A equipa de inspecção constatou que as condições de higiene, abate, conservação e venda não são as mais apropriadas. Mesmo até o transporte do gado das áreas de criação até aos matadouros improvisados não tem cumprido as normas, o que coloca em perigo a saúde do consumidor final. “Nos casos mais graves, serão suspensas as actividades até que os proprietários desses estabelecimentos melhorem as condições de trabalho, dentro das normas”, referiu, acrescentando que essa acção será extensiva aos mata-
douros clandestinos. Como requisitos mínimos para exercer a actividade de abate de animais, as autoridades exigem higiene, casas de banho, água corrente, energia eléctrica, material de biossegurança. Por seu turno, o chefe de secção do Departamento Sanitária da Inspecção Geral da Saúde, João Lucas, disse que muitos destes estabelecimentos já receberam visitas e recomendações, mas não acataram, daí o seu encerramento. Explicou que o não cumprimento dos princípios básicos tem acarretado o surgimento de algumas doenças virais e bacterianas para os consumidores, como leptospirose e diarreicas agudas. Por sua vez, Ernâni Lungonho, proprietário de uma das casas inspeccionadas, disse que a actividade de inspecção tem acontecido e de forma pedagógica, mas o grande problema reside no facto das empresas não conseguirem responder às recomendações das autoridades. Há a falta de financiamento à actividade, o que não permite melhorar as condições de trabalho. dr
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MERCAdOS
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A oferta de moeda, mensurada pelo agregado monetário M2, fixou-se em 10.464 mil milhões Kz em Janeiro de 2020 O montante representa um incremento homólogo de 35%, bem como o maior aumento da série histórica do bNA com início em 2011, com possíveis impactos sobre a condução da política monetária
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total dos activos do sistema bancário referente ao mês de Janeiro de 2020 fixou-se em 18.737 mil milhões Kz. O nível corresponde a um aumento homólogo de 32%, influenciado principalmente pela depreciação cambial e o aumento dos depósitos, com possíveis efeitos sobre a rentabilidade do sector.
O indicador de confiança económica relativo ao mês de Fevereiro fixou-se em 103,5 pontos
MERCADOS ESPAÇO INTERNACIONAL Zona Euro • O indicador de con fiança económica relativo ao mês de Fevereiro fixou-se em 103,5 pontos. O nível reflecte um incremento de 0,9 pontos em relação ao primeiro mês do ano, influenciado pela melhoria na confiança dos empresário e consumidores, com possíveis efeitos sobre o crescimento da região.
MERCADOS Petrolífero Brent: -2,34% (52,18 USD/barril). O aumento dos inventários de petróleo nos EUA continuam a penalizar a cotação do crude.
Cambial EUR: +1,10% (1,1001 USD). A procura por activos seguros como a dívida soberana alemã favoreceram a moeda única europeia.
OPINIÃO
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JOSÉ MANUEL dIOGO
EdY LOBO
Quanto custa o Um herói seu patriotismo? da língua dr
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o passarmos nossas órbitas carnais e superficiais sobre esta questão poderemos encontrar níveis de pura jocosidade e chegarmos a uma resposta curta e concisa: Loucura. “Patriotismo não tem preço”; gritavam aqueles que um dia foram jovens até decidir permutar o cérebro pelo estômago por vontade biológica ou satisfação de desejos sociais inerentes a sobrevivência político-social numa terra onde por muito tempo a intolerância foi sinónimo de governação efectiva. Há ainda quem nem sequer sabe o que patriotismo significa, o poder consciente e heróico que este termo acarreta. Partidos houveram que obtiveram massas “patrióticas” por pura questão ingénua de quem mal percebe do assunto. Jogada de inteligência. Alimentavam seus “patriotas” com desconhecimento da história usando “desargumentos” fi-
éis, lavagem cerebral e muita religião misturada com a fome do Espiríto Santo que atingia as entranhas. Hoje os mesmos veêmse de azar porque alguns olhos se abriram e a fome já trespassou os interesses dos lobos, pois a carne que os alimentava já não é de primeira. Por isso até hoje muitos ainda acreditam que Diogo Cão “descobriu” Angola. É a mais pura realidade. Os tempos mudaram ou pelo menos tendem a mudar apesar de ainda resistir alguma teimosia tricolor sem a roda dentada nalguns “patriotas” dos novos tempos. Urge a necessidade de pensar o país. Deixemos de pensar superficial. Não sei porquê insisto em ser superficial. Talvez porque o meu metro de superfície pensante não acredita que haja superfície milionária em cérebros governativos para acreditar que se instale, instaure, se aplique ou seja lá a forma verbal-administrativa que se pretenda usar que não impor-
ta em que tempo gramatical seja para um metro de superfície que se diz “vai melhorar a circulação rodoviária e alterar os paradigmas problemáticos” dos meios de transporte públicos da cidade. Não quero ser carinhoso. Não vai alterar patavina alguma. Não sei quanto custa o vosso patriotismo mas vou já explicar quanto custa o meu: O meu patriotismo tem o preço de ver uma Angola não luandizada no seu todo a sentir os benefícios de uma governação nacional para todos sem excepção. É ter a coragem com uma composição respeitosa de dizer que o metro de superfície não é necessário, pelo menos por agora. E que tal se usassem os milhões alemães para comprar autocarros para o país, sendo Luanda onde reside a maior parte da população com maior benefício? E se colocassem, no caso de Luanda, na via expressa autocarros que possam circular até as 23h00 com o devido controle, da nossa quando quer, competente Polícia Nacional dentro dos mesmos? Não daria mais jeito? Talvez quem de direito não esteja a procura de jeito mas de puro benefício próprio. É o tal patriotismo que não se percebe. Estamos todos a ver com os mesmos olhos mas com as lentes das respectivas cores partidárias ou do quão fundo são os nossos bolsos e necessidades egoístas. Patriotismo não deveria ter preço. Não é mais patriota quem decide lutar pela sua nação ou menos patriota quem decide emigrar. Não importa a posição geográfica ou o ângulo de ataque para querer ver as coisas mudar. O preço do patriotismo deveria ser a luta conjunta por um bem comum: O bem-estar do povo angolano.
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amos encontrar o Mr. Johnny, às 8 da manhã no lobby do hotel-arranha-céus, um dos que existem em toda a parte na cidade de Doha, capital do Qatar, terra das arábias. À hora marcada — lá ninguém se atrasa — procurei entre os presentes cabeça a quem assentasse aquela voz que eu tinha conhecido pela internet umas semanas antes, quando acertámos os detalhes da viajem. Mas não encontrei ninguém a quem coubesse. A surpresa chegou-me, uns minutos mais tarde, quando uma voz inesperada se aproximou e disse: Olá senhor Diogo, bom dia e bem-vindo a Doha. O desconcerto aumentou quando percebi que essa voz pertencia a um sorrido rasgado e ao rosto de um homem sem turbantes e sem sotaques. Tudo nesta cidade é de Plástico fantástico, mas depressa nos habituamos. Afinal o Mr. Johnny era mesmo o Sr. Fernandes, filho e neto de portugueses, conhecedor de Eça e de Pombal, português dos sete costados como muitos pulas aí espalhados pelo mundo. Este tinha uma história notável para contar. Ele não era um simples neto de pula, daqueles a quem, agora, a lei portuguesa confere cidadania originária. O senhor Fernandes nascido em Goa, quando a cidade indiana ainda era território português, é o neto primogénito de Custódio Fernandes, um até hoje desconhecido herói da língua portuguesa.
Joni conta a história com um misto de mágoa, incredulidade, orgulho e alegria. Mágoa, porque o seu avô Custódio, morto em 1950 depois de queimar uma bandeira indiana e hastear de novo a das quinas, defendendo a língua e o cristianismo, foi esquecido pelo seu país. Incredulidade, porque apesar de Portugal nunca ter contado os feitos do seu avô, manteve o seu assassino — um tal de Mohan Ranade — preso, em Caxias-Lisboa, durante 14 anos, até que o decadente e fraco Estado Novo Português o libertou em 1969, como um lutador independentista indiano, a pedido do papa Paulo VI. Como se sabe um terrorista para uns é o libertador de outros. Orgulho, porque o Código Civil de Seabra que os seus antepassados ajudaram a implementar, que continua a vigorar em Goa 150 anos depois de ter começado a ser aplicado, foi — no que diz respeito ao direito de sucessões — adotado em toda a Índia. Mas o que deixa Joni Fernandes feliz é poder dizer que Portugal se está a converter de novo num país Global, como aconteceu há muitos anos, quando os nossos antepassados chegaram à terra de Verem, no distrito de Panda, no Estado de Goa, onde diz — “Eu nasci livre e cristão, filho de João Menino e Neto de Custódio Fernandes, um Herói da Língua Portuguesa”. A língua é sempre a casa da história.
MUNdO
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Força Aérea russa não operava na área da Síria, onde soldados turcos morreram
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A Força Aeroespacial da rússia não operava na área da província síria de Idlib, onde 33 militares turcos morreram durante acção do Exército sírio, segundo o Ministério da defesa russo dr
O Papa Francisco cancelpou alguns compromissos públicos por conta de um mal estar
Papa continua doente e adia audiências pelo 2º dia, mas está a trabalhar O papa Francisco continua “ligeiramente indisposto” e adiou todas as audiências oficiais desta Sexta-feira, mas está a trabalhar na sua residência
Os militares russos negam terem bombardeado os soldados turcos
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m relação à situação no vilarejo de Behun, na província síria de Idlib, o Ministério da Defesa russo declarou: “No dia 27 de Fevereiro, na área do vilarejo de Behun, os soldados turcos que estavam nas formações de combate de grupos terroristas caíram na sequência do bombardeio das tropas sírias”. A ausência de operações da Força Aeroespacial russa na re-
gião também foi confirmada pelo órgão. A Turquia confirmou que perdeu ao menos 33 militares e dezenas de outros foram feridos em solo sírio, conforme noticiou a agência Anadolu. “Existem soldados [que foram] seriamente feridos [durante o ataque], e eles estão a ser tratados em hospitais”, declarou à agência o governador da província turca de Hatay, limítrofe com a Síria, Rahmi Dogan. Também, de acordo com a De-
fesa russa, os militares turcos não deveriam estar na região alvo de operações do Exército sírio. Tensões Neste ano, a guerra na Síria tem registado maiores tensões entre forças turcas no país árabe e as forças governamentais sírias. Têm sido testemunhados diversos choques armados, trazendo consigo temores de que a Turquia possa iniciar operações de maior envergadura no país vizinho.
Polícia nigeriana liberta crianças e adolescentes grávidas da ‘fábrica de bebês’
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Polícia do sudeste da Nigéria invadiu uma instalação de tráfico de crianças com pelo menos 23 crianças e quatro adolescentes grávidas, disse um porta-voz da Polícia na Quinta-feira. Os policiais prenderam três pessoas e resgataram as crianças, com
idades entre um e quatro anos. Nnamdi Omoni, porta-voz da Polícia de Rivers State, disse que os captores estavam a administrar o que é conhecido, localmente, como uma “fábrica de bebês”, onde as mulheres são mantidas até ao nascimento e os seus bebês são vendidos a outras famílias.
“Posso garantir que não é um centro de orfanato, porque, se fosse assim, as mulheres grávidas não deveriam estar lá”, disse Omoni. Em Setembro, a Polícia de Lagos libertou 19 mulheres e meninas que haviam sido seqüestradas e engravidadas por captores que planeavam vender os seus bebês.
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m comunicado, o Vaticano não especificou qual é o problema do papa, de 83 anos. Na sua audiência geral, na Quarta-feira, Francisco parecia gripado e falou com uma voz ligeiramente rouca, e tossiu durante um serviço da QuartaFeira de Cinzas realizado numa igreja de Roma, sua última aparição fora do Vaticano. O porta-voz Matteo Bruni disse que o papa rezou a missa matinal, como de costume, na capela da casa de hóspedes de Santa Marta, onde mora, e saudou os que compareceram. “Mas ele achou melhor adiar as audiências oficiais de hoje. As reuniões marcadas em Santa Marta ocorrerão normalmente”, disse Bruni. Segundo ele, o pontífice ainda está “ligeiramente indisposto”. Na manhã desta Sexta-feira, ele deveria receber executivos da Microsoft, da International Business Machines Corp e de outras empresas de tecnologia. O seu discurso a eles dirigidono Palácio Apostólico deveria ser transmitido pela Internet aos participantes de uma conferência sobre ética na Inteligência Artificial (IA) que acontece em Roma. Na conferência, Microsoft,
IBM, o Vaticano e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) assinaram um memorando de entendimento sobre a IA. Em comunicado, o Vaticano não especificou qual é o problema do papa, de 83 anos. Normalmente, Francisco passa a manhã fazendo discursos dirigidos a grupos e se reunindo com chefes de Estado no Palácio Apostólico do Vaticano. Mas ao contrário de papas anteriores, ele decidiu não morar nos espaçosos apartamentos papais, preferindo as acomodações simples de Santa Marta, onde passa o restante do dia a tratar de questões da Igreja. Na Quinta-feira, ele cancelou uma visita à basílica de Roma. Francisco não tem parte de um pulmão, que foi retirada quando ele estava na faixa dos 20 anos e morava na sua Buenos Aires nativa, por causa de uma tuberculose. Ele também sente alguma dor na perna por causa do nervo ciático, o que o obriga a fazer fisioterapia frequente e explica a sua dificuldade ocasional ao subir degraus, mas no geral está com boa saúde. Alguns serviços da Quarta-Feira de Cinzas foram cancelados ou limitados em áreas do norte da Itália atingidas pela disseminação do coronavírus.
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Sissoco Embaló promove golpe de estado na Guiné-Bissau O auto-proclamado presidente Sissoco Embaló demitiu o primeiro-ministro em funções e nomeou outro político para o cargo. Militares tomaram conta da rádio e televisão públicas, suspendendo as emissões. Portugueses aconselhados a restringirem circulação em bissau
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ilitares guineenses retiraram, esta Sexta-feira, os funcionários da rádio e da televisão públicas da Guiné-Bissau e ordenaram a suspensão das emissões, disse à Lusa um jornalista. Esta acção dos militares acontece depois de o auto-proclamado Presidente Sissoco Embaló ter demitido Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro e de ter nomeado Nuno Nabian para o substituir. A situação na capital guineense é calma, verificando-se apenas a presença de alguns militares junto a algumas instituições do Estado como o Palácio do Governo, o Supremo Tribunal de Justiça ou os ministérios das Finanças, da Justiça e Pescas, estes três na mesma
avenida no centro de Bissau. No parlamento não há presença de militares. E o presidente do Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, acabou por tomar posse como Presidente interino, numa sessão no parlamento. A posse foi conferida pela deputada Dan Ialá, primeira secretária da mesa do parlamento, invocando o n.º 2 do artigo 71 da Constituição guineense, que prevê que, havendo vacatura na chefia do Estado, o cargo é ocupado pelo presidente da Assembleia Nacional Popular, segunda figura do Estado. VER Esta cerimónia, em que estiveram presentes 52 deputados, acontece assim depois de o autoproclamado Presidente da GuinéBissau, Umaro Sissoco Embaló, ter
demitido Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro e nomeado Nuno Nabian para o substituir, num decreto presidencial divulgado à imprensa. O primeiro-ministro agora indigitado é o líder da Assembleia do
Umaro Sissoco Embaló, ter demitido Aristides Gomes do cargo de primeiroministro e nomeado Nuno Nabian para o substituir, num decreto presidencial divulgado à imprensa
Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que fazia parte da coligação do Governo, mas que apoiou Sissoco Embaló na segunda volta das presidenciais. Nabian é também primeiro vicepresidente da Assembleia Nacional Popular e foi nessa qualidade que indigitou simbolicamente Sissoco Embaló como Presidente na Quinta-feira, numa cerimónia realizada num hotel da capital guineense, qualificada como “golpe de Estado” pelo Governo guineense. Embaló demitiu Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro, justificou a demissão de Aristides Gomes com a sua “actuação grave e inapropriada” por convocar o corpo diplomático presente no país, induzindo-o a não comparecer na tomada de posse e a “apelar à guerra e sublevação em caso da investidura do chefe de Estado, que considera um golpe de Estado”. Nas redes sociais, Aristides Gomes afirmou que as instituições do Estado estão a ser invadidas por militares, num claro “acto de consumação do golpe de Estado”. “Há cerca de meia hora, as instidr
Planta de liamba
tuições do Estado estão a ser invadidas por militares, num claro acto de consumação do golpe de Estado iniciado Quinta-feira com a investidura, de um candidato às eleições presidenciais”, refere Aristides Gomes na sua página oficial no Facebook. Umaro Sissoco Embaló, candidato às presidenciais dado como vencedor pela Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau e que na Quinta-feira tomou simbolicamente posse como Presidente do país, demitiu hoje o primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes. Num decreto presidencial, divulgado à imprensa, é referido que “é exonerado o primeiro-ministro, Sr. Aristides Gomes”. O decreto, assinado por Umaro Sissoco Embaló, refere que a demissão de Aristides Gomes se justifica, tendo em conta a sua “actuação grave e inapropriada” por convocar o corpo diplomático presente no país, induzindo-o a não comparecer na tomada de posse e a “apelar à guerra e sublevação em caso da investidura do chefe de Estado, que considera um golpe de Estado”. O decreto refere também que a demissão do primeiro-ministro teve em conta a “crise artificial pós-eleitoral criada pelo partido PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) e o seu candidato às eleições presidenciais, que põe em causa o normal funcionamento das instituições da República, consubstanciada nas declarações públicas de desacato e não reconhecimento da legitimidade e autoridade” do chefe de Estado “eleito democraticamente, por sufrágio livre, universal, secreto, considerado pelo conjunto de observadores internacionais livre, justo e transparente e confirmado quatro vezes pela Comissão Nacional de Eleições”. Umaro Sissoco Embaló tomou, simbolicamente, posse numa cerimónia marcada pela ausência do Governo, partidos da maioria parlamentar e principais parceiros internacionais do país. A cerimónia terminou com a assinatura do termo de passagem de poderes entre o Presidente cessante, José Mário Vaz, e Umaro Sissoco Embaló.
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Italiano torna-se primeiro caso de coronavírus na Nigéria Um italiano que chegou à Nigéria há três dias tornou-se o primeiro caso de coronavírus do país africano, disse o ministro da Saúde, na Sexta-feira, numa altura em que as infecções se espalham rapidamente pelo mundo dr
Cidade de Lagos, onde cidadão italiano foi diagnosticado com coronavírus
Casos confirmados da COVId-19 em Hong Kong aumentam para 94
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número total de casos confirmados da infecção pelo novo coronavírus, em Hong Kong, chegou a 94, depois que o Centro para a Protecção de Saúde (CHP, em inglês) de Hong Kong reportou nesta Sexta-feira um novo caso confirmado da COVID-19. O novo caso envolve uma passageira de 61 anos do Diamond Princess, o navio de cruzeiro atingido pelo coronavírus, que retornou do Japão para Hong Kong no primeiro vôo fretado organizado pelo governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), disse o chefe da pasta para doen-
ças transmissíveis do CHP, Chuang Shuk-kwan, numa conferência de imprensa diária. A paciente não desenvolveu nenhum sintoma da doença, mas o
Entre os actuais 94 casos confirmados da COVID-19, em Hong Kong, 14 são relacionados ao templo budista na área de North Point, na Ilha de Hong Kong
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Mi n istério da Saúde disse, no Twitter, que o caso ocorreu no Estado de Lagos, lar da capital comercial do sudoeste com o mesmo nome. Lagos é a maior cidade do país africano mais populoso, com uma população de cerca de 20 milhões. “O caso é o primeiro a ser reportado na Nigéria desde o início do surto, na China, em Janeiro”, disse o Ministério da Saúde, acrescentando que a infecção foi confirmada na Quinta-feira. A ministra da Saúde, Osagie Ehanire, em comunicado, disse que o caso era um cidadão italiano que trabalha na Nigéria e voltou de Milão, na Itália, para Lagos, em 25 de Fevereiro. A sua infecção foi confirmada pelo Laboratório de Virologia do Hospital Universitário de Lagos, parte da Rede de Laboratórios do Centro de Controlo de Doenças da Nigéria. “O paciente é clinicamente estável, sem sintomas graves”, disse o ministro, acrescentando que estava a ser tratado num hospital no distrito de Yaba, em Lagos. “Já começamos a trabalhar para identificar todos os contactos do paciente desde que ele en-
teste do novo coronavírus das suas amostras respiratórias mostrou resultado positivo. Ela foi enviada para o Hospital Queen Mary e recebeu o diagnóstico nesta Sexta-feira. Entre os actuais 94 casos confirmados da COVID-19, em Hong Kong, 14 são relacionados ao templo budista na área de North Point, na Ilha de Hong Kong. Chuang disse que o Departamento de Saúde do governo da RAEHK contactou 247 pessoas relacionadas ao templo, e colocou 38 delas em quarentena e outras 179 sob observação médica. Sara Ho, gerente-chefe da Autoridade Hospitalar de Hong Kong, informou na conferência de imprensa que entre os 94 casos confirmados da COVID-19, 30 pacientes receberam alta hospitalar após recuperação, com 62 ainda isolados e sendo tratados nos hospitais, incluindo um paciente em estado crítico e quatro em estado grave.
O PAÍS Sábado, 29 de Fevereiro de 2020
trou na Nigéria”, disse Ehanire. A ministro disse que as autoridades estão a reforçar as medidas para garantir que um surto na Nigéria seja controlado e contido rapidamente. Não há cura para o coronavírus, que pode levar a pneumonia, e uma vacina pode levar até 18 meses para ser desenvolvida. Medidas radicais de quarentena ajudaram a diminuir a taxa de transmissão do vírus na China, que pode causar pneumonia, mas está a propagar-se fora da China. Ehanire disse que o Centro de Controlo de Doenças da Nigéria (NCDC) activou o seu Centro Nacional de Operações de Emergência e trabalhará em estreita colaboração com as autoridades de saúde do Estado de Lagos para responder a este caso e implementar medidas firmes de controlo. Um porta-voz da presidência não respondeu imediatamente a telefonemas e mensagens de texto em busca de comentários. As esperanças de que o vírus fosse contido na China desapareceram na Sexta-feira, quando as infecções se espalharam, com os países a começarem a fazer reservas de equipamentos médicos e os investidores a fugir na expectativa de uma recessão global. Até agora, o vírus causou quase 80 mil infecções e mais de 2.800 mortes, segundo dados oficiais da China. Ele se espalhou para outros 46 países, onde foram relatados cerca de 3.700 casos e 57 mortes, segundo a OMS.
Britânico é o 6º passageiro do cruzeiro Diamond Princess que morre após contrair novo coronavírus
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oi confirmada mais uma morte nesta sexta-feira (28) de um passageiro que estava no cruzeiro japonês Diamond Princess. Dessa vez, a vítima é um cidadão britânico. Ao todo, seis pessoas que estavam no navio já morreram. A informação foi publicada pela BBC, citando autoridades japonesas. Nesta quinta-feira (27), o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar Social do Japão informou que membros da tripulação do navio, que testaram negativo para o novo coronavírus, começaram a desembarcar no porto de Yokohama, próximo a Tóquio. Segundo as autoridades, serão necessários vários dias para completar o desembarque de todos os 240 tripulantes. Pelo menos 621 pessoas que estavam no navio testaram positivo para o vírus.
China cura ao todo 36 mil pacientes da COVId-19
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o todo, 36 mil pacientes da COVID-19 foram curados e receberam alta hospitalar na China, representando 45,9% dos casos totais confirmados, informou, nesta Sexta-feira, a Comissão Nacional de Saúde. Entre os mais de 8.400 casos curados que foram analisados, moderados e comuns representaram 90,8%, enquanto os severos, 7,2%, e críticos, 2%, revelou Guo Yanhong, funcionária da entidade, numa conferência de imprensa. A idade média dos pacientes
com sintomas moderados é de 43 anos e a dos em condição severa ou crítica é de 53 anos, segundo Guo, que acrescentou que os pacientes com doenças básicas, e até com as severas, podem ser curados através de tratamento fortalecido. Guo indicou que 85% dos infectados receberam terapia antiviral e cerca de 40%, tratamento combinando medicina tradicional chinesa e ocidental. “Para os pacientes com sintomas moderados, o tratamento geral é sempre adoptado”, acrescentou ela.
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China trata 245 pacientes da COVId-19 com plasma e obtém resultados positivos
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China ofereceu terapia com plasma a 245 pacientes infectados pela COVID-19 até esta Sexta-feira e 91 casos mostraram uma melhoria nos indicadores e sintomas clínicos, anunciou Guo Yanhong, funcionária da Comissão Nacional de
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ria de Saúde Federal, Hugo LópezGatellk, afirmou tratar-se de “um caso leve”. Desta forma, o sub-secretário declarou em conferência de imprensa que durante a madrugada foi detectado um segundo caso, que corresponde a um homem de 41 anos de idade, que se encontra em isolamento num hotel no Estado de Sinaloa. O segundo paciente recebeu resultado positivo no primeiro exame e espera confirmação do segundo. dr
Pessoal médico colecta amostra para exame de coronavírus
A China estabeleceu equipas de especialistas de níveis provincial e nacional para analisar e melhorar o uso da terapia com plasma, disse Guo, acrescentando que a comissão está a trabalhando com outras autoridades para motivar mais pacientes convalescentes a doarem plasma.
OMS eleva risco global de coronavírus de “alto” para “muito alto”
Ministério da Saúde do México confirma 1º caso de coronavírus no país s autoridades mexicanas registaram o primeiro caso de coronavírus no país. Tratase de um homem que se encontra isolado no Instituto Nacional de Doenças Respiratórias (INER), na Cidade do México. Anteriormente, quando foram comprovados resultados positivos no primeiro teste do paciente, o sub-secretário de Prevenção e Promoção da Saúde da Secreta-
Saúde. Guo revelou no mesmo dia numa entrevista colectiva que até 544 doses de plasma de pacientes convalescentes da COVID-19 foram colectadas em todo o país para o tratamento. A terapia com plasma demonstrou ser segura e efectiva, acrescentou.
A rápida proliferação do coronavírus aumentou o temor de uma pandemia, nesta Sexta-feira, depois que seis países relataram os seus primeiros casos da doença, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o alerta de risco de disseminação e impacto global para “muito alto”
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s acções de todo o mundo voltaram a despencar, encerrando a sua pior semana desde a crise financeira mundial de 2008 e elevando o estrago global a 6 triliões de dólares. A esperança de que a epidemia surgida na China, no final do ano passado, terminaria em meses, e de que a actividade económica voltaria ao normal rapidamente, foi destroçada. O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a sua organização não está a subestimar o risco. “É por isso que dissemos, hoje, que o risco global é muito alto”, disse ele a repórteres em Genebra. “Nós o elevamos de ‘alto’ para ‘muito alto’”. O porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, disse que a possibilidade de o coronavírus chegar a muitos ou todos os países “é algo que estamos a analisar e sobre o qual estamos a alertar há algum tempo”. A Suíça cerrou as fileiras das
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nações que estão a proibir grandes eventos para tentar conter a epidemia, cancelando o Salão do Automóvel de Genebra — um dos encontros mais importantes da indústria, que aconteceria na semana que vem. Tedros disse que a China continental relatou 329 casos novos nas últimas 24 horas, o que representa o menor número em mais de um mês, mas elevou a cifra total para mais de 78.800 casos e quase 2.800 mortes. As três maiores empresas aéreas chinesas reactivaram alguns vôos internacionais, e a Semana de Mo-
da de Shangai, inicialmente adiada, acontecerá tal como prevista, mas na Internet. Enquanto o surto recua na China, ganha ritmo noutras partes. México, Nigéria, Estônia, Dinamarca, Holanda e Lituânia registaram os seus primeiros casos, todos relacionados a viagens para a Itália, o país europeu mais afecetado. O Brasil foi o primeiro país latino-americano a registar o vírus, e o México se tornou o segundo. Agora os países que não a China representam cerca de três quartos das novas infecções.
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O PAÍS Sábado, 29 de Fevereiro de 2020
Petro de Luanda pode reforçar liderança do Girabola
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Os tricolores podem alargar, hoje, para cinco pontos a vantagem que têm sobre o 1º de Agosto, rival de longa data. Para tal, são obrigados a vencer o recreativo da Caála e esperar por uma derrota dos militares frente ao Cubango Cubango FC, na 22ª jornada do Girabola 2019/2020, às 16:00 dr
bravos do Maquis quer cimentar terceiro lugar
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Bravos do Maquis (Moxico) recebe, hoje, o Interclube, no Estádio Mundunduleno, em partida a contar para a 22ª jornada do Girabola, a partir das 15:00. Os maquisar-
des são os favoritos, uma vez que estão a atravessar um momento digno de realce na maior festa do futebol nacional. Por conta disso, figuram na terceira posição da prova com 37 pontos, e estão
apenas a sete pontos da liderança. Mas, os pupilos de Zeca Amaral são obrigados a redobrar esforços, porque os ‘polícias’ não vão facilitar. Por este facto, o treinador português Ivo Campos disse que a sua equipa vai lutar do princípio ao fim pela vitória. “Reconhecemos as qualidades do adversário. O Bravos é uma boa equipa, mas temos as nossas armas e vamos lutar pelos três pontos”, disse.
1º de Agosto entra na fase derradeira de preparação
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Petrolíferos festejando um golo no “tapete” verde do Estádio 11 de Novembro em Luanda
Kiameso Pedro
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Petro de Luanda mede forças, hoje, com o Recreativo da Caála (Huambo) no Estádio 11 de Novembro, em partida referente à 22ª jornada do Girabola 2019/2020, às 16:00.
Em caso de vitória, os petrolíferos alargam para cinco pontos a vantagem na tabela classificativa. Por isso, são terão que esperar por uma derrota do 1º de Agosto, amanhã, diante do Cuando Cubango FC. Entretanto, os tricolores são obrigados a dar o litro para conquistarem os três pontos em casa. Ao longo da semana, a preparação incidiu mais nos aspectos técnicos e tácticos para surpreender o adversário do Planalto Central.
No historial de confrontos entre ambas as formações, o clube do Catetão leva vantagem, porque soma dez vitórias contra seis dos caalenses. Em declarações à imprensa, o treinador dos tricolores, Toni Cosano, elogiou o momento que o Recreativo da Caála está a atravessar na competição. Por isso, reconheceu que a sua equipa terá muitas dificuldades para conquistar os três pontos esta tarde. Ainda assim, afirmou que os seus jogadores vão dar o máxi-
Em declarações à imprensa, o treinador dos tricolores, Toni Cosano, elogiou o momento que o Recreativo da Caála está a atravessar na competição
mo para reforçarem a liderança da prova. Por sua vez, o técnico dos caalenses, David Dias, disse que a sua equipa vai entrar com o pensamento na vitória. Outras partidas: No Estádio do Tafe, o Sagrada Esperança da Lunda-Norte terá pela frente o Sporting de Cabinda, a partir das 15:00. A Académica do Lobito (Benguela) defronta o Ferroviário do Huambo, no Estádio do Buraco, no mesmo horário. O Recreativo do Libolo (Cuanza Sul) recebe o Santa Rita de Cássia do Uíge, no Estádio de Calulo às 15:00. O Williete de Benguela recebe o Desportivo da Huíla, no Estádio Nacional de Ombaka, às 15:00. Na tabela classificativa, o Petro de Luanda comanda com 44 pontos, mais dois que o 1º de Agosto, rival de longa data.
Militares durante uma sessão de treinos no campo França Ndalu
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1º de Agosto entra, hoje, na fase derradeira de preparação, no campo França Ndalu, em Luanda, tendo em vista o desafio de amanhã frente ao Cuando Cubango FC, no encerramento da 22ª jornada do Girabola 2019/2020.
Os rubro-negros pretendem dar a voltar aos maus resultados, uma vez que não vencem na competição há quatro jornadas. Por esta razão, o treinador
bósnio Dragan Jovic vai fazer esta manhã os últimos acertos técnicos e tácticos. Depois, o bósnio vai dar privilégio aos aspectos físicos como corridas, alongamentos, bem como exercícios abdominais. De acordo com o departamento médico militar, o defesa central congolês Bobó está recuperado da lesão. Por sua vez, o avançado Zito Luvumbo vai treinar à parte por estar lesionado.
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Los Angeles Lakers imparáveis na NBA
Atletas do 1º de Agosto festejam a conquista do primeiro troféu da época
Militares conquistam Supertaça
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1º de Agosto conquistou, ontem, a Supertaça de andebol sénior feminino, no Pavilhão Principal da Cidadela Desportiva, em Luanda.
O sete do rio seco venceu o Petro por 27-23, numa partida renhida do primeiro ao último minuto. A experiência permitiu que as atletas do clube fundado em 1977 erguessem o primeiro troféu da temporada. Por conta disto, as militares preparam-se para os desafios que estão por vir, ou seja, o Campeonato Nacional, bem como as competições africanas.
A experiência permitiu que as atletas do clube fundado em 1977 erguessem o primeiro troféu da temporada
Com este triunfo, o sete do rio seco assume-se como candidata ao título do Campeonato Nacional. Deste modo, terá o rival de longa data à perna, o Petro de Luanda. Aliás, entrará para a prova com o sentimento de vingança, uma vez que não tem sido fácil vencer o 1º de Agosto. Depois do desafio, o técnico das militares, Nelson Catito, elogiou as suas atletas e disse que o Petro soube bater-se. Por sua vez, Vivaldo Eduardo reconheceu que o sete militar foi superior, por isso ergueu o primeiro troféu da temporada.
Tricolores iniciam Segunda-feira preparação da Taça de Angola dr
Carlos Morais em acção no Nacional da bola ao cesto
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equipa sénior masculina de basquetebol do Petro de Luanda inicia na próxima Segunda-feira, 2, a preparação da primeira mão dos quartos-de-final da Taça de Angola frente à Marinha de Guerra. O desafio entre ambas as formações disputa-se, na Terça-feira, no Pavilhão Principal da Cidadela Desportiva, às 16:00. A Marinha é uma agremiação difícl de bater, porque tem argumentos tácticos e técnicos. Os petrolíferos estão cientes que têm de preparar aque-
la partida com cautelas. Por isso, na sessão desta manhã, com início às 9:30, o técnico Lazare Adingono vai, em primeiro lugar, recuperar a condição física dos atletas. Na segunda parte da sessão, o camaronês dará atenção aos aspectos ofensivos e defensivos, de modo a conquistar a vitória e encarar o jogo da segunda mão com tranquilidade. No palmarés, o Petro de Luanda soma 12 troféus, ao passo que o 1º de Agosto é a equipa mais titulada com um total de 15.
Os Lakers alcançaram o sétimo triunfo consecutivo na fase regular da NBA ao baterem, na última madrugada, os Golden State Warriors, por 116-86. Sem LeBron James (lesão na virilha), foi Anthony Davis (23 pontos) a liderar a vitória da equipa de LA, que continua destacada na liderança da Conferência Oeste, com 45 vitórias e 12 derrotas. Já os Warriors, ainda sem Stephen Curry, continuam a desiludir e vão já em oito derrotas seguidas na Liga. Estão no último lugar da conferência, com 12 vitórias apenas e 47 derrotas, naquela que é a pior temporada da história da equipa de Oakland. Outros resultados: Indiana Pacers - Portland Trail Blazers (106-100). Golden State Warriors - LA Lakers (86-116) Oklahoma City Thunder - Sacramento Kings (112-108). Philadelphia 76ers - New York Knicks (115-106).
Nadal apura-se para as ‘meias’ de Acapulco
Real Madrid e Barcelona defrontam-se no El clássico O Real Madrid enfrenta amanhã o Barcelona, no clássico do futebol espanhol, no Estádio Santiago Bernabéu. O desafio entre ambas as agremiações é a contar para a sequência da 26ª jornada da prova, às 21:00. À entrada desta jornada, as duas equipas encontram-se separadas por apenas 2 pontos. O Barcelona lidera a prova com 55 pontos, ao passo que o Real Madrid é segundo com 53. O jogo está a ser aguardado com expectativa pelos adeptos das duas equipas, porque quando se defrontam o desfecho é sempre imprevisível.
“Com o Real Madrid não importa o resultado da 1ª mão” A vitória do Manchester City, em Madrid, por duas bolas a uma na primeira mão dos oitavos-de-final da Champions League abre boas perspectivas ao clube inglês de avançar na prova, mas Bernardo Silva, médio dos citizens, deixa aviso sério contra euforias precipitadas. “A eliminatória não está ganha, longe disso. Quando se joga com o Real Madrid não importa o resultado da primeira mão. Claro que ajuda, mas mesmo vencendo nada está decidido”, disse o médio português, de 25 anos.
Juventus – Inter será à porta fechada devido ao Coronavírus
O tenista espanhol, Rafael Nadal, de 33 anos, garantiu, ontem, o apuramento para as meias-finais de um torneio individual pela primeira vez, em 2020, ao chegar ao top 4 do ATP 500 do México três anos depois de ter perdido a final de 2017, diante do norte-americano Sam Querrey. Para conseguir o feito, o actual número dois mundial despachou em apenas dois sets o sul-coreano Soonwoo Kwon, 76º ATP, por 6-2 e 6-1. Assim sendo, Rafael Nadal medirá forças, hoje, com o búlgaro nas meias-finais, porém comanda por 12-1 no confronto directo. Por conta disso, o único triunfo do búlgaro, de 28 anos, foi em 2016.
AFederação Italiana de Futebol confi rmou, na passada Quinta-feira, que cinco dos 10 jogos da próxima 26ª jornada da Série A serão realizados sem público nas bancadas, inclusivamente a recepção da Juventus ao Inter Milão que se disputa amanhã no Allianz Stadium, às 20:45 (tempo de Angola). Está em causa o surto do coronavírus na região norte do país. Além do Juventus-Inter, o Udinese-Fiorentina, MilanGenova, Parma-Spal e Sassuolo-Brescia.
Sevilha - Roma cartaz dos ‘oitavos’ da Europa League Sevilha - Roma é o destaque da primeira mão dos oitavos-de-final da Europa League, ditou o sorteio realizado, ontem, pela UEFA, em Nyon, na Suíça. Outros jogos: Basaksehir-Copenhaga. Olympiakos-Wolverhampton. Rangers-Bayer Leverkusen. Wolfsburgo-Shakthar Donetsk. Inter-Getafe. Salzburgo/Eintracht-Basileia e LASK-Man United.
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TEMPO
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Fonte: INAMET
PrEVISÃO dO TEMPO *** 3 dIAS *** PArA AS PrINCIPAIS CIdAdES Ê
válida de 28 e 29 de Fevereiro a 01 de Março de 2020 Ê
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) Ê
Ê
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 28 e 29 de fevereiro a 01 de março de 2020Ê Data 28/ 02/ 2020
CIDADE
Mín
Data 29/ 02/ 2020
Estado do Tempo
Máx
Mín
Data 01/ 03/ 2020
Estado do Tempo
Máx
Mín
Máx
Estado do Tempo
LUANDA
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Nublado, chuvisco/ chuva fraca.
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Parcialmente nublado
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Parcialmente nublado. chuvisco
CABINDA
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Parcial a nublado, chuva fraca a moderada.
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Nublado, chuvisco fraca / moderada.
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Parcialmente nublado. chuvisco
SUMBE
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Parcialmente nublado.
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Parcialmente nublado.
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Pouco ou parcialmente nublado.
CAXITO
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Nublado, chuva fraca.
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Parcialmente nublado.
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Parcialmente nublado.
MBANZA KONGO
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Parcial a nublado, chuva fraca a moderada.
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Nublado, chuva fraca a moderada.
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Parcialmente nublado, chuvisco.
UIGE
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Parcial a nublado, chuva fraca a moderada.
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Nublado, chuva fraca a moderada.
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Nublado, chuva fraca.
NDALATANDO
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Nublado, chuva fraca.
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Parcialmente nublado.
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Parcial nublado, chuvisco/ chuva fraca.
MALANJE
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Parcial a nublado, chuva fraca a moderada.
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Parcialmente nublado.
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Parcial a muito nublado, chuva fraca.
DUNDO
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Parcialmente nublado, chuva/ trovoada.
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Nublado, chuva fraca a moderada.
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Nublado, chuva fraca.
SAURIMO
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Parcialmente nublado, chuva/ trovoada.
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Parcial nublado.
19
30
Parcial nublado, chuva fraca.
BENGUELA
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Nublado, chuva fraca.
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Pouco ou parcialmente nublado
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Pouco ou parcialmente nublado
HUAMBO
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Parcialmente nublado, neblina, chuva fraca/ trovoada.
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Nublado, chuvisco chuva fraca.
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Nublado, chuva fraca.
CUITO
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Parcialmente nublado, chuva fraca a moderada.
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Parcialmente nublado, chuva fraca a moderada.
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Nublado, chuva fraca.
LUENA
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Parcialmente nublado, neblina, chuva fraca/ trovoada.
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Parcialmente nublado, chuva fraca.
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Nublado, chuva/ trovoada.
LUBANGO
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Parcialmente nublado, chuva fraca a moderada.
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Parcial a Nublado, chuva fraca/ chuvisco.
16
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Nublado, chuva/ trovoada.
MENONGUE
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Parcialmente nublado, chuva/ trovoada.
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Nublado, chuva/ trovoada.
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Nublado, chuva/ trovoada.
MOÇÂMEDES
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Parcial nublado a limpo.
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Parcial a nublado.
20
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Parcialmente nublado.
ONDJIVA
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Parcialmente nublado, chuva/ trovoada.
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Nublado, chuva/ trovoada.
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Parcialmente nublado.
das 18 horas do dia 28 às 18 horas do dia 29 de Fevereiro de 2020. Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu parcialmente nublado, alternando-se com períodos de muito nublado durante a madrugada e manhã em quase toda a região. Ocorrência de chuva moderada a forte, acompanhada, por vezes, de trovoada em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, uíge, Lunda-Norte e Lunda-Sul. Possibilidades de ocorrência de chuvisco ou chuva fraca em alguns municípios das províncias de Luanda, Malanje e Cuanza-Norte. Neblina matinal em alguns municípios das províncias de Zaire, uíge, Malanje e Lunda-Norte. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu parcialmente nublado, alternando com períodos de muito nublado, em toda a região. Ocorrência de chuva fraca a moderada, acompanhada, por vezes, de trovoadas, em alguns municípios das províncias do Huambo, bié e Moxico. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu parcialmente nublado. Ocorrência de chuva moderada a forte em alguns municípios das províncias da Huíla, Cunene e Cuando Cubango.
Os Meteorologistas: Rita Capitão. Luanda, 27 de fevereiro de 2020 Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.aoÊ
TEMPO NO MAR
Fonte: INAMET
dESCRIÇÃO SINÓPTICA dAS 18:00 TU dO dIA 26/02/2020 ÀS 18:00 TU dO dIA 27/02/2020.
bOLETIM METEOrOLÓGICO PArA A NAVEGAÇÃO MArÍTIMA
depressão. Com pressão de 1010hPa, o seu vale depressionário estende-se em toda a costa marítima de Angola. O anticiclone de Santa Helena encontrase estacionário, com o seu centro de 1030hPa. Assim, prevê-se estado do mar Pouco agitado, com ondas de 1.0 a 1.2 metros de altura, nas regiões marítimas de Cabinda a benguela. Para a região marítima do Namibe prevê-se ondas de até 1.4 metros de altura. Prevê-se visibilidade fraca a moderada superior a 6 km.
1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU dO dIA 27 dE FEVEREIRO dE 2020: Circulação de Sul a Sudoeste geralmente fraca a moderada.
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET Centro Nacional de Previsão do Tempo
2. PREVISÃO VÁLIdA ATÉ ÀS 18:00 TU dO dIA 28 dE FEVEREIRO dE 2020:
SEM AVISO
BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
4. CARTA dO VENTO MÁXIMO E dA ALTURA dA ONdA MÁXIMA PREVISTA
1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 27 DE FEVEREIRO DE 2020: Circulação de Sul a Sudoeste, geralmente fraca a moderada.
Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.
2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 28 DE FEVEREIRO DE 2020: SEM AVISO
REGIÃO
VENTO
ESTADO DO TEMPO
(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)
ALTURA DA ONDA (METROS)
ESTADO DO MAR
DIRECÇÃO FORÇA (KT)
Cabinda (4°S – 6°S)
Parcialmente nublado
Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S)
Parcialmente nublado
Benguela (12°S – 14°S)
Geralmente limpo
Namibe (14°S – 18°S)
Geralmente limpo
VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)
Sul
05 a 08
Até 1.0
Pouco agitado
Fraca pela manhã (Superior a 6)
Sudoeste a Sul
06 a 10
Até 1.1
Pouco agitado
Fraca pela manhã (Superior a 6)
05 a 12
Até 1.2
Pouco agitado
Moderada a boa (Superior a 7)
10 a 15
Até 1.4
Pouco agitado
Sudoeste a Sul
Sudoeste a Sul
Moderada a boa (Superior a 7)
CLASSIFICAdOS
emprego
30
imobiliรกrio
O PAร S Sรกbado, 29 de Fevereiro de 2020
diversos
OPINIÃO
O PAÍS Sábado, 29 de Fevereiro de 2020
31
MBALA LUSSUNzI VITA*
África lenta por causa dos seus dirigentes
A
ngolanos da minha geração, sobretudo os que tiveram a oportunidade de serem levados fora de Angola, de estudar e pelo menos de acabar o nível de Liceu, ouviram falar ou tiveram a chance de ler o célebre livro de Georges Dumond: «l’Afrique est mal partie» (a África arrancou mal) que foi publicado entre os anos 1962 e 1964. De minha parte, filho dos antigos refugiados angolanos na actual República Democrática do Congo (RDC) e uma vez chegando ao Liceu, encontrei e li este livro. Fiquei perturbado e quase não entendi a lógica do autor. Quando começo os meus Estudos Superiores e mais tarde, tornandome Investigador cientifico em Ciências Históricas e Docente universitário, tive a ocasião de ler, reler e analisar a problemática deste texto que hoje considero como um aviso que não foi tomado a sério pelos políticos africanos cuja marioria não merece a qualificação de Nacionalista, de Patriota ou de Estadistas, que oficialmente gostam atribuir-se orgulhosamente. Para esta reflexão, parto da actualidade (factos actuais): 1. Sábado, dia 8 de Fevereiro de 2020, vi numa das tevisões de Angola um dirigente de uma das Igrejas dentro das mais famosas actualmente no país, e este dizia nomeadamente: «os Africanos devemos acabar de pensar que o Ocidente ou uma outra parte do mundo vai ajudar a África a desenvolver-se... Os intelectuais africanos devem encontrar soluções para os nossos problemas de acordo aquilo que somos, isto é, segundo as nossas culturas...». Pessoalmente, creci dentro do género destes dizeres. E o meu desejo era de ver o nosso dirigente a comunicar na sua língua, como fazem todos outros Africanos e menos os Angolanos. Porque sei que este Dirigente fala fluentemente a sua língua (de Angola). Numa semelhante circunstância,
um Congolês da RDC e do Congo Brazzaville, um Zambiano e um Namibiano não falariam nem em Francês, nem en Inglês. Limito-me a citar os exemplos dos países que partilham fronteiras com Angola; logo, encontram-se nestes países os mesmos povos que foram separados há quase 150 anos. 2. Outra constatação, este Grande e Respetável Dirigente desta Igreja devia saber que no culto, não estavam presentes as pessoas que têm a possibilidade em influenciar Angola em termos de decisões, capazes de mudar o destino dos angolanos. Quem tem esta possibilidade, apenas assistem os cultos em vésperas de eleições para que sejam vistos, de modos a justificar os bons resultados de seu partido porque neste país de Nzinga Nkuwu, de Kimpa Vita, de Lwezi Nkonde, de Njinga Mbandi, de Mandume, Ikwikwi, de Holden Roberto, de Jonas Malheiro Savimbi, de Nito Alves, de Mfulumpinga Nlandu Victor... o povo nunca deu o poder a um governo de maneira transparente e livre desde 1975. Pior, este nosso Grande Dirigente não deveria esquecer que em Angola os Intelectuais que não defendem a ideologia do grupo que decide realmente e politicamente sobre Angola, são eternos frustrados cuja maioria morre na pobreza extrema como os verdadeiros combatentes da luta pela independência e não da guerra civil que começou em 1975. Como prova desta constatação, se Linguistas e outros Especialistas já harmonizaram a ortografia das Línguas de Angola (Kikongo, Kimbundu, Umbundu, Cokwe, Mbundu, OshiKwanyama...) por que oficialmente continuam-nos a impor em escrever Cabinda, Cunene, Cwanza...; porquê o governo de Angola recusa em dar o estatuto «oficial» as Línguas de origem de Angola e que veiculam as Culturas dos povos autóctones do nosso país? 3. Domingo, dia 9 de Fevereiro de 2020, deu início uma reunião da União Africana. Um dos objectivos deste encontro, segundo a agenda dos Chefes dos Estados,
é de fazer tudo para acabar com as guerras em África. Boa intenção em si, e os Dirigentes africanos são especialistas nos discursos e projectos, como foi salientado por José Eduardo dos Santos, quando era Presidente de Angola durante 38 anos e passava todo tempo a organizar o saque inimaginavel dos recursos do país, quase nestes termos: «fazemos bons projectos mas quando chega o momento de os concretizar, somos sempre fracos...». Este antigo e tristemente célebre Presidente de Angola, tinha razão, porque, aquilo que ele constatou ao nivél do seu país, passa exactamente em todos Estados de África e na sua Estrutura da União Africana: os que acompanham a actualidade política do nosso Continente sabem que a mesma UA tinha o mesmo objectivo em 2013 aquando da sua reunião. Este ano, os Dirigentes Africanos haviam prometido aos Africanos em mandar “calar” as armas no Continente até 2020. Curioso é que, a realidade de hoje em África, neste domínio, é pior que em 2013. Os Angolanos da minha geração não podem ser ingratos face a UA desde a epoca de OUA, porque a Angola beneficou muito dos outros africanos para tornar-se independente. Toda África independente, naquela altura e através da OUA, mobilizou-se. Não é um azar que quando começa o movimento para a liberação de Angola, quase toda população do Norte e todos os Diregentes de qualquer pequeno grupo organizou-se por este objectivo e foram parar na actual República Democrática do Congo (RDC) antes de ir a outros países africanos. É o caso do MPLA que foi à actual República do Congo Brazzaville e da UNITA que foi instalar-se na Zâmbia. Mas também, devemonos lembrar que Agostinho Neto do MPLA quebrou os acordos de Alvore, por essa razão, a OUA não foi capaz de ajudar os Angolanos para não entrar e ficar numa longa e certeira guerra civil. Para voltar sobre aquilo que constatam especialistas e outras pessoas sobre a África de hoje, penso sempre
em alguns livros que falam dos problemas e do destino dos africanos, cito quatro exemplos: «Le soleil des indépendances» (o solo das independências); «Si l’Afrique pouvait réfuser son dévéloppement?» (Se a África poderia recusar o seu desenvolvimento?); «Réinventer l’ Afrique de la tradition à modernité au Congo-Zaire» (Reinventar a África da tradição a modernidade ao Congo-Zaire) e o último livro é «La société Kongo traditionnelle. Modèle pour l’Union africaine» (A sociedade Kongo tradicional. Modelo pela União africana). Mesmo se a intenção aqui é de não apresentar esses livros e analizar os seus conteúdos, é importante ver que a situação dos Africanos de hoje resuma-se desta maneira: esperanças perdidas pelas gerações que lutaram para libertar os seus países; confiscação do poder político cujo primeiro passo era o «combate contra o imperialismo internacional com os seus laços locais» e a segunda etapa era o Partido Único. Forçados pelas circunstâncias diversas internas e externas. A última fase é, naturalmente, o roubo massivo e desumano dos recursos dos seus respectivos países para o enriquecimento de uma minoria cuja origem dos seus membros, no caso de Angola, pertence a classe dos antigos Assimilados. No nosso país sabe-se quem eram maioritariamente esses Assimilados, isto é, quais eram às suas proveniências. Os ditos «Marimbodos» é a ilustração nos nossos dizeres neste texto. Pois, na realidade, esses Marimbodos não têm nada com Angola dos Camponeses, dos Zungueiros, dos habitantes de Malweka, da Sapu, da Petrangol, do Bairro Uíge ou Suka Norte, do Dangeré... cujos filhos frequentem escolas com qualidade muita duvidosa e que maioritariamente são descendentes dos povos já citados acima. Isso é o resumo do conteúdo dos livros citados neste texto. Mas esses livros, cada um no seu género e na sua forma, depois de indicar as principais causas e
as consequências da falência das independências africanas, atribuiram a grande responsabilidade a governação política dos diferentes países do nosso continente. Pois, é a vertente política que organiza todos outros sectores da sociedade. Mas também é felizmente, a que deu pistas teóricas de que os Dirigentes africanos podem inspirar-se para mudar o quadro político em África começando pelos exemplos tipicamente africanos. Adrien Diakiodi revela o seguinte: «Os Africanos, que mudaram os termos “Organização da Unidade africana” (OUA) em “União Africana” (UA)», parece-me, que tinham lido o texto do fundador da União europeia. Mas eles colocaram de lado, o seu espirito nascido de um vasto projecto: no período de entra das duas guerras que Maurice Blondel tinha concebido num projecto de uma «união europeia» que, segundo ele, devia reconciliar os irmãos inimigos como os Alemãs e os Franceses e que, com tempo, atrairiam outros povos do mundo para formar uma sociedade internacional dentro do qual todos os seres humanos do planeta Terra viveriam numa paz perpétua. O autor deste livro monstra que esse projecto de sociedade internacional é como uma transposição especulativa da sociedade Kongo que expandia na África central no movimento em ondas concêntricas até a conquista portuguesa em 1482. Assim, ele sugere aos Africanos em seguir este modelo, vivido realmente pelos antigos Akongo (Bakongo) e atestado historicamente, afim-de construir uma União africana (UA) digna deste nome; a de hoje sendo uma casca vazia que precisa de um bom conteúdo». Nesta experiência kongo, cuja Capital Mbanza Kongo é hoje em dia reconhecida na lista do património mundial, a todo nível é a comunidade que tinha o controlo sobre quem exercia o poder politico. *Historiador, Investigador e Professor Universitário
ÚLTIMA
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Ministro da Justiça destaca consenso na Comissão de reconciliação O ministro da Justiça e direitos Humanos, Francisco Queiroz, destacou esta Sexta-feira, em Luanda, os consensos alcançados nas tarefas do processo de reconciliação em memória das vítimas dos conflitos políticos registados em Angola, no período entre 11 de Novembro de 1975 e 4 de Abril de 2002 dr
pe de Estado do 27 de Maio. O dossier 27 de Maio é o que mais debate tem suscitado. A Fundação reivindica a construção, em separado, de um memorial dessas vítimas da tentativa do golpe de Estado de 1977, além da inserção dos ex-militares na Caixa de Segurança Social das FAA.
Ministro da Justiça e Direitos Humanos, Francisco Queiroz
N
o final da primeira reunião do ano, o ministro disse à imprensa tratar-se de consensos obtidos entre a Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos e o dossier 27 de Maio, integrada, também, por
membros da Fundação 27 de Maio. Na sua qualidade de coordenador da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos, ocorridos em Angola, de 11 de Novembro de 1975 a 4 de Abril de 2002, disse que a comissão busca a melhor denominação a dar às vítimas da reacção e do próprio gol-
dr
Construção de um memorial único Quanto ao memorial, o ministro afirmou que houve consensos para a construção de um memorial único para todas as vítimas dos conflitos políticos ocorridos no país, de 11 de Novembro de 1975 a 4 de Abril de 2002, cuja representação será feita por secções, que ilustrarão a época de cada conflito. Segundo o governante, o memorial será construído nas encostas da Boavista, distrito do Sambizanga, em Luanda. Vai obedecer a certas referências de natureza cultural, antropológica e de angolanidade. “O equilíbrio entre esses dois tipos de vítimas é um grande desafio
para a comissão. O facto de ter chegado a este ponto e constatar que há estes dois tipos de vítimas, já é um avanço. Como vamos fazer a gestão de cada uma é o trabalho que a comissão vai continuar a realizar”, realçou. Manifestou-se confiante num desfecho favorável, por notar, por parte dos representantes das vítimas dos dois lados, uma vontade de ajudar, dando a sua versão dos factos para diferenciar as vítimas da reacção e do próprio golpe de Estado. Promover consensos e reconciliação Desincentivou possíveis aproveitamentos de factores inapropriados e defendeu que se apresente às reuniões o que é positivo, em prol de uma solução construtiva. Francisco Queiroz reiterou que a Comissão vai ouvir todas as tendências e sensibilidades, compreender e interpretá-las bem e, com base nisso, promover a reconciliação entre todos. Entre os ganhos, realçou a elaboração de um Projecto de Lei que está na Assembleia Nacional (Parlamento) para atribuição especial de certidões de óbitos das vítimas que até hoje não têm registo dos seus óbitos. Grupo Técnico e Científico De acordo com Francisco Queiroz, foi criado hoje (28) um Grupo Técnico e Científico, coordenado pelo historiador Cornélio Calei, que
se ocupará das pesquisas e análises para caracterizar historicamente cada episódio que gerou violência e o tipo de vítimas. Por seu turno, o presidente da Fundação 27 de Maio, Silva Mateus, destacou que muitas propostas apresentadas foram já tidas, como a construção do memorial e a realização do “Komba” (fecho do óbito, tradução literal do quimbundo). Inserção de ex-militares Acrescentou que falta resolver a questão dos militares presos no 27 de Maio, que depois de soltos, nunca trabalharam e já têm 60 anos de idade. Nessa vertente, disse, a Fundação apresentou à Comissão uma proposta de 250 ex-militares, que devem passar por um processo de triagem e confirmação, para posterior inserção na Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas, para obtenção de subsídios. A outra proposta apresentada e que deverá ser encaminhada para os organismos em razão da matéria, é a passagem da Fundação 27 de Maio em organismo de utilidade pública. Silva Mateus manifestou a sua satisfação pelo facto de receber informações do coordenador da comissão da integração nas reuniões dos ex-integrantes da extinta “DISA”. Disse acreditar que poderão “revelar muitas verdades para pacificação dos espíritos”.
Angola eleita secretária regional da OPM A República de Angola foi eleita, nesta Sextafeira, na Namíbia, ao cargo de Secretária regional para a África Austral da Organização Pan-Africana das Mulheres (OPM), por um período de cinco anos
N Ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira
O PAÍS Sábado, 29 de Fevereiro de 2020
o mandato anterior, o país ocupou o cargo de Vice-Presidente, na pessoa da ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira. Em declarações à ANGOP, a ministra Carolina Cerqueira disse que a actual conjuntura política, económica, social e cultural requer uma organização Pan-Africana com uma visão holística e alinha-
da aos desafios que se colocam às mulheres no actual contexto das mudanças que ocorrem no continente africano. Carolina Cerqueira afirmou que a nova geração de mulheres é chamada a revitalizar a organização, numa visão de maior integração, coesão e de diálogo intergeracional e do género, para acelerar o emponderamento das mulheres e a sua efectiva participação na tomada de decisão a favor do calar das armas, do desenvolvimento sustentável, da equidade e da justiça social. A ministra considerou que a diversidade de opiniões e de experiências partilhadas permitiu uma abordagem profunda da situação da mulher nos países africanos e traçar as metas, no âmbito da aplicação dos marcos traçados pelas estratégias da UA 2030 e da ONU 2063, para o avanço da mulher. A autonomia financeira e inclu-
são económica das mulheres nos planos de desenvolvimento nacionais e regional foi outra das prioridades traçadas que, segundo a ministra Carolina Cerqueira, deverão ser sustentadas por programas de inclusão e com mecanismos de apoio ao crédito e financiamento de iniciativas de empreendorismo feminino. O 10º congresso elegeu ainda, por unanimidade, Eunice Ipinge, da Namíbia, como presidente, e Grace Kabayo, do Uganda, na posição de secretária-geral, para um mandato de cinco anos. O evento contou com a participação de representantes das cinco regiões do continente e foi orientado pela vice-primeiraministra da Namíbia, Netumbo Nandi. Além de membro fundador das OPM, Angola assumiu a presidência e albergou a sede da organização durante 22 anos.