Jornal OPaís edição 1764 de 02/03/2020

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Apartamentos trocados por viaturas geram polémica no Benfica Boulevard

Projectos em madeira podem baixar custo do sonho da casa própria Silvana Manuela Zacarias Shindany, de 22 anos de idade, finalista do curso de engenharia de construção civil, defende que a concepção de projectos de centros urbanos ou sub-urbanos com habitações feitas de madeira pode ser determinante para tornar a aquisição desses imóveis menos onerosos. P. 12

Um diferendo existente entre a promotora dos edifícios Benfica Boulevard, na via Expresso, e a empreiteira HL Decor e Design está na base da não entrega e ocupação de mais de 30 apartamentos pelos respectivos clientes. P. 2

opaís

Director: José Kaliengue www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola

O diário da Nova Angola

Edição n.º 1764 Segunda-feira, 02/03/2020 Preço: 40 Kz

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JACINTO FIGUEREIDO

Universitários tentam salvar fumbua da extinção l O director nacional da Biodiversidade, Nascimento António, disse que um grupo de estudantes da Universidade Kimpa Vita está a estudar a possibilidade de fazer germinar a semente da planta com a qual é feita a fumbua, já que esta encontra-se na lista vermelha das espécies da flora angolana em via de extinção. P. 10

Luísa Damião

Legislação condiciona autárquicas

PALITICA: A vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, disse, neste Sábado, no Namibe, que a realização das primeiras eleições autárquicas no país, aprazadas para este ano, depende da aprovação do pacote legislativo autárquico pela Assembleia Nacional. P. 9

“Pus um chinês a dançar kizomba para brincar com a ideia do perigo amarelo”

Câmara de Comércio e Industria vai auxiliar membros a aceder ao crédito bancário Vicente Soares, o novo presidente de direcção da agremiação, considera o acesso ao credito como um verdadeiro problema que aflige os membros da Câmara e todos os empresários de uma forma geral. P. 18

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Urso de Ouro para filme iraniano “There is No Evil”

1º de Agosto regressa às vitórias no 11 de Novembro l Depois de quatro jornadas, os militares voltaram, ontem, às vitórias (2-1) frente ao Cuando Cubango FC, no Estádio 11 de Novembro, em jogo referente à 22ª ronda do Girabola. O 1º de Agosto reduziu para dois a vantagem pontual do Petro de Luanda, líder com 47. P. 26


EM FOCO

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O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

daniel miguel

Apartamentos trocados por viaturas geram polémica no Benfica Boulevard Um diferendo existente entre a promotora dos edifícios Benfica Boulevard, na via Expresso, e a empreiteira HL Decor e Design está na base da não entrega e ocupação de mais de 30 apartamentos pelos respectivos clientes Dani Costa

C

om ba se nu m acordo assi nado em Março de 2019, entre a administração do complexo Benfica Boulevard e a HL, as partes, segundo um memorando a que OPAÍS teve, acordaram entregar ao empreiteiro quatro apartamentos de uma das torres, mais de 118 milhões de Kwanzas, respectivamente. Dos valores acordados, apenas cinco milhões de Kwanzas foram depositados na conta da construtora, sendo que o res-

tante não chegou, apesar de duas cartas, datadas de 9 de Março e 8 de Maio do ano passado, terem sido enviadas para o Banco de Poupança e Crédito para que se disponibilizasse mais 19.750 mil Kwanzas para o início das obras. Condicionados financeiramente para dar seguimento às obras, os responsáveis da empreiteira HL sugeriram aos proprietários do condomínio que entregassem mais 12 apartamentos, que seriam vendidos e os valores conseguidos canalizados para o término dos

apartamentos e outras estruturas envolventes. De acordo com informações em posse de OPAÍS, os referidos apartamentos foram disponibilizados, a maioria dos quais foram vendidos por valores que a promotora imobiliária considera irrisórios, trocados por viaturas e outros bens como postos de transformação de energia e até candeeiros de iluminação. A lista de viaturas recebidas pelo empreiteiro é composta por Kia Sportage, Jaguar XF, Nissan Patrol, Ford Raptor, Range


O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

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daniel miguel

Rover BB, Mercedes ML e até um Cadillac BB. Com uma totalidade de 16 apartamentos, fontes do Conselho de Administração da Benfica Boulevard garantiram que a empreiteira terá embolsado 225 milhões de Kwanzas e restavam 116.500 do montante acordado inicialmente. Um dos responsáveis da Benfica Boulevard, que decidiu falar sob anonimato, revelou que a empreiteira HL vendeu 31 apartamentos. Segundo ele, as vendas ocorreram porque a construtora terá forçado um dos administradores a assinar os referidos contratos para que estes clientes tivessem acesso aos referidos apartamentos. “O senhor HF é que está a tentar desestabilizar o processo. Ele forçou o filho do proprietário do projecto Benfica Boulevard a entregar os apartamentos e a celebrar os referidos contratos. Mas isso não poderia ser assim, porque quem em última instância faz os contratos somos nós: Benfica Boulevard’, explicou. Dos 31 apartamentos, a direcção da Benfica Boulevard diz que conseguiu receber as chaves de apenas 15. Pretendem refazer os referidos contratos, porque, segundo um dos principais accionistas do projecto, os apartamentos foram vendidos por valores muito abaixo da média do mercado

imobiliário no país e até mesmo dos preços estipulados para cada um deles: 260 mil dólares norte-americanos. “Essas pessoas são as que estão a reclamar, mas os nossos verdadeiros clientes não. O empreiteiro recebeu o dinheiro e mais 16 apartamentos, mas não fez sequer um por cento da obra. Nem sequer a piscina. Pelo que vimos, ainda retiraram os chuveiros, interfones, mosaicos, cabos eléctricos e até aparelhos de ar condicionado. Está formalizada uma queixa”, garante a promotora imobiliária. Rescisão de contrato Em Novembro do ano passado, a Benfica Boulevard Empreendimentos rescindiu unilateralmente o contrato com a construtora HL, acusando-a de não ter honrado os compromissos assumidos, assim como tendo ficado com um saldo devedor de 462.275.0000 de Kwanzas. A Benfica Boulevard Empreendimentos diz ter pagado na totalidade, consoante as condições de contrato, mas diz que a empreiteira fez a obra “com desrespeito total ao projecto, utilizou materiais fora da qualidade exigida, deixou claro no contrato que tinha condições económicas para suportar a obra (mas não é verdade) e ainda cedeu apartamentos fora daqueles que estavam previstos”.

HL responde

“Não forçamos ninguém a assinar contratos” Contactado por este jornal, um dos responsáveis da empresa HL reconheceu que alguns dos apartamentos foram trocados por automóveis, mas garante que todo o processo foi feito com consentimento da direcção da Benfica Boulevard, incluindo o filho do proprietário dos referidos imóveis. O jovem empreiteiro, que também pediu que não fosse fotografado nem se expusesse o seu nome, explicou que os referidos contratos de compra e venda foram passados num dos escritórios da Benfica Boulevard, localizado no Nova Vida. “Os clientes deslocavam-se das suas casas para o escritório da Benfica Boulevard para saber se o negócio era real ou não. O senhor Leandro disse que dava sustentabilidade às coisas”, revelou. Ainda sobre os automóveis, o empreiteiro questiona: “se se sentiram lesados, por que receberam os meios das mãos do empreiteiro para benefício próprio?”. “Fomos dando os carros. Se não compraram os referidos carros, por que têm nas suas garagens marcas como os Mercedes, Escalade e outros que vieram dos clientes? Ninguém usa um carro que nunca viu nem o mantém sob sua posse”, acrescentou. Apesar das acusações que pendem sobre ela, a empreiteira diz que é a lesada em todo o processo em curso. Um dos seus responsáveis não concorda com a rescisão unilateral do contrato, porque, segundo ele, foi a sua empresa que fez com que um dos principais donos dos imóveis conseguisse vir a Angola falar do projecto, dadas as reclamações de outros clientes que há muito insistem também para a entrega dos seus apartamentos. A HL garante ter realizado uma série de obras que terão dado uma outra imagem ao projecto Benfica Boulevard. “Fomos nós que reparamos a piscina, a casa das máquinas, o centro de bombagem de água, colocamos a caixa dos elevadores, pintamos todo o primeiro edifício, entre outras coisas”, explicou, acrescentando que se endividaram por causa da referida obra. “Se se sentem lesados, a HL está disponível a devolver os apartamentos. Mas eles pagam todas as facturas que fizemos, devolvem os meios e os carros também. Se isso for feito hoje, amanhã mesmo podemos entregar os apartamentos”, garantiu um dos responsáveis da empreiteira. Diz a HL que, nas condições em que a obra se encontrava, a empresa foi a única que aceitou executála. Trabalharam com base na confiança, endividando-se igualmente e pagando alguns serviços, incluindo a empresa de segurança que assegurava o projecto imobiliário. Curiosamente, à semelhança da própria promotora Benfica Boulevard Empreendimentos, a construtora HL também reivindica uma dívida de cerca de 400 milhões de Kwanzas. “Já fui às instalações da promotora para saber as razões da paralisação das obras, a única informação que tenho recebido é a de que o administrador ‘está triste e não lhe quer receber’”. Para a HL, qualquer contacto terá que ser com a pessoa com quem assinaram o referido contrato e não o pai. Filho este que o pai diz ter sido forçado a assinar os contratos de cedência dos apartamentos, mas a construtora nega de forma veemente. “Qualquer papel de A.B para nós é inválido. A certidão comercial e os estatutos dão os poderes ao LB, o filho, com quem negociamos”, contou um dos responsáveis da construtora.


4 destaques política. PÁG.8 Prémio Nacional dos Direitos Humanos divide sociedade civil

SOCIEDADE. PÁG. 12 Projectos em madeira podem baixar custo do sonho da casa própria

cartaz. PÁG. 14 “Pus um chinês a dançar kizomba para brincar com a ideia do perigo amarelo”

ECONOMIA. PÁG. 18 Câmara de Comércio e Industria vai auxiliar membros a acessar crédito bancário

o editorial

O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

hoje: os números do dia

Justiça, democracia e o aminho errado

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justiça em Angola foi sempre um terreno de muitas interrogações. Ora porque o tempo de partido único tinha uma interpretação muito peculiar do que é a justiça, ora porque a guerra permitia moldar a justiça àquilo que se considerava segurança do Estado ou traição à pátria. Tudo isto abriu caminho para todo o tipo de arbitrariedades. E não cessou, a democracia em Angola está a ser um parto muito doloroso, se pensarmos que não há democracia sem uma justiça verdadeira. Tal como não há justiça sem o mais civilizado direito à defesa plena. Ora, os relatos de advogados que se vão ouvindo depois do caso Eugénio Marcolino, em Benguela, mostram que em Angola a justiça, a defesa dos direitos de cada um, o próprio direito a uma defesa condigna, é apenas uma miragem. É preciso recomeçar, reconhecendo que o país está no caminho errado.

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Das sete fábricas de blocos que operam em Menongue, província do Cuando Cubango, acataram as recomendações da Inspecção Geral do Trabalho (IGT) em relação a melhoria das condições de alimentação, higiene.

Cidadãos nacionais morreram, cinco mil hectares de terras cultivadas foram destruídas e 600 famílias abandonaram as suas lavras, desde 2002, devido a invasão de manadas de elefantes nas regiões da Beira-Alta e Caboco, no Cuanza-Norte.

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Profissionais da comunicação, que após a independência nacional, alcançada em 1975, contribuíram para o engrandecimento do jornalismo desportivo, foram distinguidos neste Sábado. Projectos de investigação científica de diversas instituições do ensino superior no país vão ser financiados pelo Banco Africano de Investimentos (BAD).

o que foi dito MUNDO . PG. 22 Polícia turca detém editor-chefe da Sputnik Turquia

O partido está cada fez mais forte, coeso e sólido, o que tem permitido cumprir com toda a tarefa política que é orientada superiormente” Luisa Damião Vice-presidente do MPLA

Tenho grande admiração por José Mourinho, para mim é uma referência. A vitória não me diz nada” Nuno Espírito Santo Treinador do Wolverhampton

A necessidade de se dotar os órgãos de comunicação social com equipamentos modernos”

Nuno Caldas Albino “Carnaval” Ministro da Comunicação Social,


O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

5 e assim... José Kaliengue Director

Nunca se mata a memória

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o pastor Vicente Luís e saiba mais sobre a polémica na Igreja Universal do Reino de Deus

www.opais.co.ao Paris (França): Turistas usam máscara e fazem fila para entrar no museu do Louvre (DR)

o que vai acontecer Saúde O Ministério da Saúde tornou público um despacho onde determina que, enquanto durar a epidemia de COVID-19, está proibida, a partir do dia 03 deste mês, a entrada em Angola de cidadãos da China, Coreia do Sul, Irão, Itália, Nigéria, Egipto e Argélia. O documento a que a ANGOP teve acesso, datado de 28 de Fevereiro, esclarece que todas as companhias transportadoras devem comunicar previamente os viajantes sobre a interdição. A nota esclarece que as empresas transportadoras que violarem o presente instrutivo serão responsabilizadas pelo repatriamento imediato dos referidos viajantes. Por outro lado, a direcção nacional de saúde pública deve diariamente actualizar a lista de países com base nos critérios definidos.

Sociedade O Governo da Repú-

blica da Polónia tem candidaturas abertas para bolsas de estudo externa, para o ensino superior e mestrados. O processo de inscrição deve ser feito até ao dia 16 de Março de 2020. A informação foi avançada em comunicado, pelo Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE). O INAGBE informa que as bolsas de estudo estão disponíveis para universidades públicas daquele país e as inscrições devem ser feitas via online, através da página www. nawa.gov.pl/login. A bolsa é direccionada para formação a nível de mestrado, nas áreas de Ciências Tecnológicas e Engenharias, Agricultura, Ciências

Exactas e Humanas.

Justiça O julgamento do antigo secretário-geral do Governo do Huambo e ex-administrador do município do Longonjo, João Sérgio Raúl, e de outros co-réus, acusados do crime de peculato, começa hoje, no Tribunal Provincial do Huambo. João Sérgio Raul é acusado de cometer actos de peculato, quando exerceu o cargo de secretário-geral do Governo da província do Huambo, entre 2010 e 2014, foi detido em 16 de Novembro de 2018 e, posteriormente, posto em liberdade provisória, enquanto aguardava pelo julgamento. As acusações que pesam contra o ex-secretáriogeral do Governo do Huambo, à

época chefiado por Faustino Muteka.

Girabola Depois da goleada aplicada ao Recreativo da Caála por 3-0, o Petro de Luanda começa hoje a prepara o jogo diante do Cuando Cubango FC, em partida a contar para 23ª jornada.

O tempo em que isto era uma “manada de brutos” acabou. Mas parece que há quem assim não pense, ou que tem de acertar o passo com a história. Apesar de a grande maioria dos angolanos estar grandemente condicionada em termos de acesso à informação de qualidade, apesar dos níveis de analfabetismo, o povo questiona. E isto é muito bom para quem nos governa, se souber ouvir. É muito bom para todas as estruturas do Estado, se estiverem atentas. Com a detenção do general na reforma Bento Kangamba, de imediato surgiram nas redes sociais áudios com a sua voz a pronunciar-se sobre a perseguição, ou não, à família Dos Santos. E Surgiram outros. Quem os colocou, ou quis mostrar que ele é mesmo uma pessoa qualquer, condição que refuta num dos áudios, ou quis mostrar apenas que existe memória. Esta memória é a mesma que está a registar os actos das autoridades, que receberão a devida factura mais tarde ou mais cedo. Por exemplo, comunicar a detenção aludindo uma tentativa de fuga sem dizer se ele estava impedido legalmente de se ausentar de Luanda ou do país. Esta falha na comunicação (se é que existia algum impedimento legal), somada à agressão a advogados e a jornalistas desenham um quadro de Estado ditatorial em que o direito é apenas a expressão da vontade de quem manda, o que é inaceitável e coloca o pais na montra dos piores exemplos. O poder é sempre efémero, mas pode perdurar quando exercido com inteligência. Quando se faz o contrário. A história está cheia de casos que mostram como a memória dos povos sempre faz o acerto de contas. No nosso caso, tudo se pode resolver com um acerto na comunicação, se estiver tudo a ser feito como deve ser. Para que não surjam novos registos condenatórios no futuro, a mostrar que afinal somos todos pessoas quaiquer.

E também... Dia Mundial da Protecção Civil - 1 de Março

Simplício ou Simplicius, em latim, foi o nome dado a Castino, nascido no ano de 430, em Tivoli, Itália, e falecido a 483, em Roma. Pouco se sabe de São Simplício à excepção do seu período de papado. Simplício foi o 47º Papa da história, exercendo o papado por 15 anos. O seu papado convergiu com a queda do império romano e com o surgimento de cismas e heresias. Simplício foi a única autoridade a apoiar o povo durante a invasão e queda de Roma.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

no tempo do kaparandanda

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

opaís

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais. co.ao Grande repórter: André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia Luís Faria (Coordenador-Editor) luis.faria@opais.co.ao Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto Nunes, Rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Afrodite Zumba, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Iracelma Kaliengue, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela),Brenda Sambo, Maria Custódia, Kiameso Pedro e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto)Lourenço Pascoal, Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Revisão: António Setas Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Inês Monteiro e Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor)Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, Talatona- Luanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 Vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

1978

02 de Março - O primeiro-ministro rodesiano, Ian Smith, e três dirigentes negros anunciam a criação de um governo provisório para preparar, até ao fim do ano, um governo de maioria negra.

02 de Março

2004

2009

- As Nações Unidas 02 de Março - É assassinado, na informam que as equipes de inspecção de sua residência, o presidente da República da armamentos não constataram que o Iraque Guine Bissau, “Nino” Bernardo Vieira. possuía armas de destruição em massa após 1994, ao contrário do que afirmavam o presidente norte-americano, George W. Bush, e o primeiroministro britânico, Tony Blair, antes da invasão.

carta do leitor

Vivemos só!

Caro director, O que se passa no nosso país que as palavras não se tornam realidade? Parece feitiço. No Camama, ficamos quase duas semanas sem água nas torneiras, aí para os lados do BPC, Casas da Juventude e Bom Sossego. Para os lados da Avenida Van Dunen “Loy” e até ao Benfica, de noite é só tudo escuro. Como estamos no tempo das chuvas e o céu fica coberto de nuvens, nem a luz das estrelas e da lua ajuda. Os buracos nas nossas ruas é só ver, tentei contar os do Nova Vida, desisti, são muitos. No Kifica, agora que choveu, aquele mercado qualquer dia vai ruir, porque ao seu lado estão a aparecer ravinas e ninguém faz nada. E ainda dizem que é um distrito cultural, só porque tem umas casas Na cidade, nos sítios em de bebedeira, isso há em caque há contentores, ou aquida rua deste país. Porque de cultura o Benfica não tem na- lo que chamam de barcas, da. Só na cabeça do adminis- estão mesmo no meio das trador.

ruas, para provocar acidentes. Já não sei o que pode mais fazer ou dizer, estamos a viver só.

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754

DR

João Cambuta Luanda


BAI DIRECTO

SE PENSAR BEM, VAI QUERER UM SERVIÇO INOVADOR, QUE LHE FACILITE A VIDA. PENSE BEM, PENSE BAI.

1973 - Amílcar Cabral, dirigente e fundador do PAIGC, é assassinado em Conakry. 1981 - Os 52 reféns norte-americanos, detidos no Irão há mais de 13 meses, são finalmente libertados, ao mesmo tempo que Ronald Reagan toma posse como quadragésimo presidente dos Estados Unidos. 1997 - O governo de Mobutu, em Kinshasa, Zaire, declara, oficialmente, guerra contra os rebeldes no norte do país, liderados por Laurent Désiré Kabila, depois de estes ocuparem uma parcela de 600 quilómetros no interior do país.


POLÍTICA

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O PAÍSSegunda-feira, 02 de Março de 2020

Prémio Nacional dos Direitos Humanos divide sociedade civil Para alguns activistas políticos, o melhor prémio, nesta altura, seria o Governo resolver os problemas dos direitos humanos que ainda enfrentam vários constrangimentos e abusos, com o desrespeito e agressões de vários agentes. Já outros afirmam que a criação do prêmio representa o reconhecimento de uma luta em prol da dignidade Maria Custódia

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criação do Prémio Nacional dos Direitos Humanos, aprovada na última sessão do Conselho de Mi-

nistros, está a dividir as opiniões de membros da sociedade civil do país. Durante a reunião do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente da República, João Lourenço, ficou definido que a criação do Prémio Nacional dos Direitos Humanos visa distinguir, anualmente, personalidades e instituições que tenham contribuído,

ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz

de forma relevante, para a protecção, promoção e aprofundamento dos direitos humanos e da cidadania em Angola. Para a activista política Laura Macedo, a criação deste prémio é irrelevante e desnecessária, porque os membros da sociedade civil não andam à procura de troféus e condecorações, mas sim de trapedro nicodemos

tamento e resolução dos problemas sociais e políticos que enfermam o país, mediante os mecanismos de denúncias que são constantemente feitas. No seu entender, o melhor prémio, nesta altura, seria o Governo resolver os problemas dos direitos humanos que ainda são constantemente abusados e desrespeitados, apesar do novo contexto político. A título de exemplo, Laura Macedo apontou a situação do grupo de manifestantes que, recentemente, foram espancados por agentes da Polícia quando tentavam manifestar-se contra a tomada de posse do actual presidente da Comissão Naciol Eleitoral (CNE), Manuel Pereira da Silva “Manico”. Laura Macedo disse que a situação dos direitos humanos em Angola é triste e as instituições públicas, como o Ministério da Justiça, Polícia Nacional e PGR, assistem a todos os atropelos impávidas. “Para além de não defenderem, estas instituições, a maior parte delas, também não respeitam os direitos humanos”, acusou. No entanto, no meio de toda essa situação, a activista defende que o Governo, ao invés de se preocupar em atribuir prémios aos membros ou organizações da sociedade civil, deveria é criar políticas públicas activas e práticas de modos a acabar com as constantes violações dos direitos humanos. “Qualquer pessoa que luta por esta temática dos direitos humanos não està à espera de reconhecimento mediante a atribuição de prémios”, esclareceu. Reconhecimento de uma luta rejeitada Por seu lado, durante a apresentação do referido prémio, o ministro da Justiça, Francisco Queiroz, referiu que o prémio será atribuído anualmente, sendo que os galardoados terão direito a um valor financeiro, certificado e uma estátua.

Para o presidente da associação Construindo Comunidades, padre Pio Wakussanga, a criação do prémio representa o reconhecimento de uma luta rejeitada que decorreu durante os quarenta anos de Independência do país. Conforme explicou, num passado recente, o activismo social só poderia ser desenvolvido dentro do partido MPLA. Já os actores individuais e os pensadores livres não eram admitidos e nem mesmo com a abertura que aconteceu em 1992, com a implantação do sistema multi-partidário. “O ambiente ainda se tornou muito apertado até 2017. Todas as pessoas que, nas várias vertentes dos direitos humanos, desde críticos políticos aos dos direitos ambientais, eram mal vistos. E isso não ajudou no fortalecimento do processo democrático”, frisou. O prelado católico disse ainda que o prémio “será, realmente, um grande marco para se distinguir aqueles que durante estes anos todos foram gritando no deserto. Suas vozes ficarão gravadas e seus feitos registados”. Homenagear a transparência Por outro lado, Padre Pio disse esperar que o referido prémio seja atribuído com isenção e que não haja candidatos previamente seleccionados para ganhar e dar visibilidade a interesses de grupos. “Deve haver um corpo de jurados com pessoas da sociedade civil. É uma oportunidade para a homenagear a transparência e o bem fazer”, notou. Encorajar a cidadania Já o director-geral da Associação Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), Carlos Cambuta, referiu que no caso de a Assembleia Nacional aprovar este prémio dos direitos humanos, estarse-à a dar um passo significativo no principio da promoção e do respeito pela cultura dos direitos humanos. Para o activista, o prémio tem um grande significado, sobretudos de encorajar mais os cidadãos a exercitar a cidadania. “É preciso que cada um possa gozar efetivamente dos seus direitos políticos, económicos, sociais e culturais”, defendeu. Carlos Cambuta acredita igualmente que a institucionalização do prémio sobre os direitos humanos vai encorajar que os defensores desta causa possam continuar a lutar e auxiliar o Executivo a ter uma governação mais participativa


O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

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pedro nicodemos

O embaixador da China em Angola, Gong Tao

Luísa Damião afirma que realização das eleições autárquicas depende da aprovação do pacote legislativo Para a política, o MPLA não pretende inviabilizar a realização das eleições autárquicas, como fazem crer os partidos na Oposição João Katombela, enviado ao Namibe

A Embaixador chinês destaca papel da media angolana na prevenção e combate ao Coronavírus Segundo o diplomata, a media angolana está a prestar um grande contributo na divulgação de metérias regulares, o que está a ajudar a minimizar os medos e especulações em relação à epidemia que, para além da China, já se espalhou pelo Japão, Irão, Itália, e outros países asiáticos e europeus Domingos Bento

O

embaixador da China em Angola, Gong Tao, reconheceu o papel que a media nacional está a dar na luta para a prevenção e combate ao Coronavírus, que, até ao momento, já ceifou mais de duas mil vidas. Segundo o diplomata, a media angolana está a prestar um grande contributo na divulgação de matérias regulares, o que está a ajudar a minimizar os medos e especulações em relação à epidemia que, para além da China, já se espalhou pelo Japão, Irão, Itália, e outros países asiáticos e europeus. Gong Tao disse que a comunicação social angolana consta entre as poucas no mundo que estão a prestar, de facto, informações verdadeiras, isentas e com responsabilidade, sem necessariamente recorrer às especulações e insultos.

Neste sentido, o embaixador fez saber que com essa postura responsável e transparente, o Governo do se país passa, assim, a contar com a classe jornalística angolana para a divulgação de assuntos de interesse público. Para ele, essa postura da media angolana espelha bem o espírito de amizade e solidariedade entre a China e Angola que, apesar da distância física que as separa, mantêm uma relação com verdadeiros laços. “Ao contrário do que está a ser horrorizado, o vírus Corona não é assim tão mortífero. Tem uma taxa de mortalidade de apenas 2 por cento na cidade centro. E noutras está muito abaixo. A media angolana é das poucas, pelo mundo, que está a a passar essa verdade. Sentimo-nos gratos por esse gesto”, notou. Abertura permanente Todavia, face a essa postura jornalística angolana, Gong Tao disse que a sua embaixada tem vindo a mostrar total disponibilidade

para conversar e passar dados aos jornalistas sobre o andamento do processo de prevenção e de combate ao vírus. “Estamos abertos para todos os jornalistas angolanos. Temos tido encontros parmanentes para passar as informações necessárias sobre as diferentes fases que estamos a passar”, assegurou. A luta continua Sobre o vírus, Gong Tao reafirmou que a luta para a sua erradicação continua e cada vez mais vai conhecendo um reforço muito grande. Até ao momento, já são mais de 45 mil casos confirmados e mais de dois mil mortos. Apesar dessas perdas humana, o diplomata reconheceu o esforço de todo o pessoal envolvido que já conseguiu curar mais de trinta mil pessoas. “Não estamos parados. Há trabalhos a serem feitos de formas a estancar-se esse mal. O Governo e o povo chinês estão engajados para se livrar dos vírus. E será em breve”, assegurou o diplomata.

vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, disse, ontem, no Namibe, que a realização das primeiras eleições autárquicas no país, aprazadas para este ano, depende da aprovação do pacote legislativo autárquico pela Assembleia Nacional. Segundo a política, que falava à impresa numa entrevista que serviu para balancear as actividades desenvolvidas no Namibe, no âmbito do lançamento da Agenda Política do seu partido, o MPLA não pretende inviabilizar a realização das eleições autárquicas, como fazem crer os partidos na Oposição. Luisa Damião esclareceu que a aprovação do pacote legislativo autárquico depende do consenso que os partidos encontrarem durante as discussões na Assembleia Nacional. “Nós não podemos fazer eleições autárquicas sem termos o pacote legislativo autárquico aprovado. E este pacote legislativo está em apreciação e discussão na Assembleia Nacional”, frisou. Para a vice-presidente do MPLA, durante o processo de discussão deve haver o maior consenso possível, para que, efectivamente, a realização das eleições autárquicas venha a ser um facto. Luísa Damião entende ainda ser necessário o envolvimento de to-

das as forças da sociedade, particularmente dos partidos políticos, para que neste ano o país tenha condições de realizar as primeiras eleições autárquicas. “Todos os partidos que estão representados na Assembleia Nacional são chamados a dar o seu contributo para a aprovação do pacote legislativo autárquico”, defendeu, tendo acrescentado que “a institucionalização das autarquias é um processo longo”. Sobre a Agenda Política lançada no último Sábado, Luísa Damião garantiu que o plano será divulgado em todos as províncias, municípios e comunas do país, para o conhecimento dos seus militantes. A dirigente partidária fez saber igualmente que o seu partido está engajado na formação permanente dos seus membros, com vista ao alcance dos objectivos traçados, tendo em vista os desafios que se avizinham. “Daqui para a frente, temos de operacionalizar as acções que constam da Agenda política do nosso partido. Esta agenda é um documento que sumariza todas as acções que devemos desenvolver durante o ano. Temos aí acções que deverão ser levadas a cabo pelas nossas estruturas nos vários níveis”, apontou.


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Universitários tentam salvar fumbua da extinção O director nacional da Biodiversidade, Nascimento António, disse que um grupo de estudantes da Universidade Kimpa Vita está a estudar a possibilidade de fazer germinar a semente da planta com a qual é feita a fumbua, já que esta encontra-se na lista vermelha das espécies da flora angolana em via de extinção. A escassez do produto está a deixá-lo mais caro, já que a maior parte tem vindo da vizinha República Democrática do Congo

O prato de fumbua é muito apreciado no Palanca

Maria Luz, de 55 anos, vende fumbua há 20 anos

As folhas, se não forem cortadas tendem a apodrecer

texto de Romão Brandão fotos de Nilton Monteiro

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lista vermelha de espécies de Angola, publicada em 2018, apresenta, na vertente da flora, a fumbua, mangais pretos, pau de cabinda, palmeira real, welwitcha, Makundi-kumbi, pau-rosa, Kitiba, tacula, ebano, mafumeira kitsombe e salale, como espécies vulneráveis. Em florestas como as que se encontram nas províncias do Cuanza-Norte, Uíge, Bengo, Zaire e Cabinda é possível encontrar esta planta, em espécie de trepadeira, mas tem vindo a desaparecer. Intensificou-se a colheita deste produto, segundo o director nacional da Biodiversidade, Nascimento António, o que tem feito com que haja incapacidade de a planta se regenerar naturalmente. Para além da intensidade da colheita, a preocupação está no facto de não serem apenas arrancadas as folhas, mas também o caule (fio que normalmente os comerciantes usam para amarrar as folhas de fumbua e comercializar em montes). Essas duas acções colocam em risco a planta que tem registado dificuldades de voltar a crescer. “A velocidade do consumo é tanta que estamos a ver desaparecer esta planta das nossas florestas. Se perguntar aos que fazem a colheita, certamente dirlhe-ão que no sítio que antes tiravam o produto está a desaparecer e têm de percorrer, agora, longas distâncias para conseguir”, disse. Dada a esta situação, o director denunciou que muito do produto (fumbua) que aparece no mercado angolano está a vir do país vizinho, Congo Democrático. Este é também um dos sinais do seu desaparecimento da flora angolana, já que todos os dias vê-se


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Distância e estado da estrada estragam o produto

Nascimento António, director nacional da Biodiversidade, MINAMB

Falar de fumbua em Luanda, leva-nos a bairros como o Palanca, Kikolo e Mabor, só para citar alguns onde há maior concentração de cidadãos de cultura Bakongo, cujo cardápio de consumo tradicionalmente “exige” este prato Isabel Bassukica, cozinheira

esta transação na fronteira do Luvo, por exemplo. “Há instituições que estão a desenvolver investigações no sentido de domesticar a planta e passar a cultivá-la. É um pouquinho difícil, pois a sua semente parece (ainda não se provou esta teoria) que tem de passar ainda no estômago de um animal, para germinar. Determinados animais, ao comerem certos frutos, difíceis de serem digeridos, acabam expulsando-os no excremento – este que servirá de adubo e dará lugar à germinação da planta”, explicou. Não se tem ainda a capacidade técnica para que o estudo seja feito, precisa-se estudar também a que temperatura a semente deve ficar para germinar e qual o ani-

“Há instituições que estão a desenvolver investigações no sentido de domesticar a planta e passar a cultivá-la. É um pouquinho difícil, pois a sua semente, parece (ainda não se provou esta teoria) que tem de passar ainda no estômago de um animal, para germinar”

mal que poderá ajudar neste processo, entre outros aspectos. A Universidade Kimpa Vita fez um estudo mas não conseguiu ainda fazer germinar a semente, pelo que se desconfia que tenha de passar pelo estômago de um (dado) animal, como fez saber o nosso entrevistado. Explorar com cuidado os recursos florestais Essa problemática da escassez da fumbua levanta mais uma vez a questão da gestão das florestas, como fez saber o director, que deve ser bem vista. Quando se vai explorar a floresta, ao invés de se arrancar a planta, deve-se dar a hipótese de a mesma se recuperar, para além de se ter em conta o licenciamento de quem explora. “O que temos feito é sensibilizar a população a ter em atenção este aspecto e pedir que se dê espaço de exploração, de forma a que não tenha de fazer todos os dias a colheita, por exemplo. Estamos também a colaborar com os meios de comunicação social no sentido de se passar massivamente esta mensagem”, reforçou. Nascimento António, director nacional da Biodiversidade, disse ainda que o sector do ambiente está a ver com muita preocupação a questão relacionada com a possível extinção da planta da fumbua. O cozinhado de fumbua é um prato típico principalmente da região Norte, muito usado em actividades festivas, bem como nas refeições diárias dos cidadãos desta região. Por ser uma planta espontânea, que não é cultivada, e cresce nas florestas tropicais húmidas, corre o risco de extinção dado o facto de estar a elevarse o seu consumo.

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nossa equipa de reportagem esteve no Palanca, onde conversamos com Mamá Pemba, de 45 anos, que lamentou o facto de o longo percurso feito para conseguir o produto em questão estar a encarecer o mesmo. Para além do estado das estradas, Mamá Pemba confirmounos que boa parte da fumbua que compra vem do Congo e, às vezes, na província de Cabinda. Muitas vezes a compra da fumbua para reposição do seu stock é feita às Segundas-feiras, mas ultimamente faz mais às Quartas-feiras e, dada a escassez do produto, não consegue fazê-la em grandes quantidades. O saco de 50 quilos de fumbua, que no momento de bonança custava 15 a 20 mil Kz, em época de escassez custa 30 mil Kz. “O produto também está a chegar já estragado, dada a distância. As folhas de fumbua, se demorarem mais de quatro dias amontoadas ou nos sacos acabam por apodrecer ou secar. Pelas razões que já referi, temos tido este problema”, disse. O monte de fumbua que às vezes

é comprado a 800 Kz é vendido a 1000 Kz. A venda ultimamente não tem sido muito boa e a salvação tem sido a comercialização de produtos acompanhantes da fumbua, como a muamba e o bagre, por exemplo. A sua colega de bancada, Maria Luz, de 55 anos, que vende fumbua no bairro do Palanca há 20 anos, disse que durante este período o preço da fumbua tem oscilado bastante, mas ultimamente está mais caro. Ela compra o saco de fumbua a 40 mil, porque ultimamente a fumbua que chega a Luanda é pouca para o consumo que se pretende. Com o andar da carruagem, todos os dias são os clientes que reclamam do aumento do preço do monte de fumbua, que antes custava 500 ou 600 Kz e passou a custar 800 Kz. O que salva o negócio, para além dos produtos acompanhantes citados pela sua colega, é o factor cultural do consumo da fumbua, segundo a entrevistada. “Nos óbitos, nas festas de casamento e baptismo, o prato de fumbua não deve faltar. Todo o mundo quer, todo mundo gosta”, disse.

Mamá Pemba vê na venda dos acompanhantes da fumbua a saída da baixa no negócio

Escassez reflectida no prato

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nquanto o produto estiver caro no mercado, nos restaurantes e barracas o prato de fumbua, embora permaneça no mesmo preço, tem a quantidade diminuída. É assim que faz Isabel Bassukiça na sua barraca. Se antes colocava três colheres de fumbua, agora são apenas duas. A fumbua é o molho do dia-a-dia do seu pequeno estabelecimento e no processo de confeição o que pesa mais no bolso, evidentemente, é a compra do ingrediente principal: as folhas de fumbua. Nem o bagre fumado, a muamba, óleo de palma ou o vegetal têm influenciado no preço do prato. A única preocupação está na dificuldade que ultimamente se regista para se conseguir a fumbua a preço baixo. “Não alterei o preço do prato, continua a ser 700 Kz, neste caso a fumbua com funge ou kikuanga e peixe ou frango. Diminuí apenas o número de colheres servidas”, disse. Os clientes reclamam o facto de verem o produto a ser pouco servido, mas Isabel procura contornar a situação e dá as devidas explicações.


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O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

Projectos em madeira podem baixar custo do sonho da casa própria Silvana, lembrando que tende a levar um tempo de projecção mais rápido do que o convencional, sem beliscar a qualidade requerida. Para tal, adiantou que o sector madeireiro tem de entrar nesta causa, deixar de ser caro, como é, porque não há muitas razões para tal, uma vez que esse recurso, no nosso país ainda cresce de jeito natural, se vista a coisa num sentido geral. Silvana Shindany entende que o sector madeireiro devia estar directamente vinculado ao da construção.

Silvana Shindany

Apesar de constituir uma realidade aparentemente incomum, a jovem lembrou que algumas famílias de certos bairros de Luanda ainda vivem em residências do género erguidas no tempo colonial Alberto Bambi

S

ilvana Manuela Zacarias Shindany, de 22 anos de idade, finalista do curso de engenharia de construção civil, defende que a concepção de projectos de centros urbanos ou suburbanos com

habitações feitas de madeiras pode ser determinante para tornar a aquisição desses imóveis menos onerosos. “A aposta nesse tipo de construções seria uma maneira racional de reaproveitar a nossa madeira, não de forma puramente estética, mas mais funcional ou aplicada, conforme ouso aqui dizer, porque esta matéria-prima, noutras paragens, constitui a principal modalidade de edificação”, declarou

Lembrou que as madeiras não são como o betão, que leva um grande processo de cura, tendo ainda realçado a componente da carência deste produto, maioritariamente importado, como a grande desvantagem dos projectos, sobretudo actualmente. Acrescentou que essa política de construção não precisa apenas de madeira pura, podendo, entretanto, servir-se da adequável ou reaproveitada. Ela reforçou dizendo que, normalmente, as construções de madeira são combinadas, possibi-

litando aos engenheiros não terem apenas de utilizar peças desta matéria-prima natural em toda a construção. “É basicamente usada como estrutura das residências, depois tem de se fazer o revestimento dessas moradias, que pode ser por via de placas de polímeros ou de materiais aproveitados, que consiste noutras tábuas mais simples ou reaproveitadas, sendo mais económico. A ideia que alguns levantam da dificuldade de adequação da canalização, instalação eléctrica e de outros serviços, nesse tipo de habitações, foi assegurada pela entrevistada como sendo ainda mais barata e segura. A futura engenheira civil que pediu para não minimizarem os seus argumentos devido ao seu actual grau académico, assegurou que sempre achou que, ao nível de construções, havia muito por se fazer, principalmente do ponto de vista da economia, já que a construção é um sector que envolve muito dinheiro. Considerando as construções caras em toda parte do mundo, informou que, por essa razão, muitos são os países que buscam constantemente formas de tornar as construções cada vez mais acessíveis e melhoradas em vários aspectos.

Receio da alternativa A sensação que Silvana Shindany carrega, segundo a qual as entidades de direito ainda nutrem um receio de avançar com a alternativa que avançou, a deixa entristecida, porque está convicta de que fazer algo com um material disponível na natureza e com outro por se comprar existe muita diferença de custos. Por causa disso, ela predispõe-se a fazer parte de projectos com desafio de trabalhar para inovação a favor dos que mais precisam, porque acredita que existem formas diversas de tornar as residências mais acessíveis, mais económicas e melhoradas para a população com poucas capacidades. “A construção civil é por si só uma engenharia teoricamente atrasada, porque para haver engenharia é preciso muitos testes, muitas comprovações, sem contar a adequação de cada ambiente, o que, por exemplo, não se vê no ramo informático, onde parece tudo mais automático”, comparou, par mostrar que o seu sector, mais do que competência, impõe comprometimento. Fazendo uma alusão ao passado, disse que em Angola as construções são normalmente feitas de blocos, perdendo na relação com as feitas no tempo colonial, que agregavam edificações de madeira, como ainda hoje se pode verificar nos bairros da Madeira, Cuca, Marçal e Golfe, respectivamente nos distritos urbanos do Sambizanga, Cazenga, Rangel e Kilamba Kiaxi, só para citar algumas de Luanda. “Pensando-se que casa é o que todo o mundo quer e os que aparentemente não a querem também vivem numa habitação, se torna algo que, de uma forma ou de outra, terá sempre de se fazer”, salientou, tendo rematado que, se for por via mais barata e segura, será melhor.


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Advogados debatem-se com várias atrocidades no exercício das suas funções O advogado André Mingas afirmou

que o tratamento arrogante, musculado e desrespeitador por parte das autoridades, dirigindo-se aos profissionais da sua classe, infelizmente, não é novidade Stela Cambamba

É vexatório, é repugnante, é desleal, é intolerável e irritante a forma como se tenta combater a classe ao longo dos tempos”. André Mingas, que é também jurista e docente, desabafou assim sobre a recente situação que ocorreu na província de Benguela, da detenção do advogado Eugénio Marcolino, que defendia uma mulher envolvida em cenas de pugilato por questões passionais, segundo fontes locais. Para o advogado, a atitude da Polícia Nacional em Benguela configura uma clara limitação ao exercício da advocacia. “Penso que batemos no fundo com essa situação, precisamos de fazer ecoar o nosso grito de petição de respeito, no sentido de se criarem as tais propaladas condições adequadas para o exercício da profissão”. Explicou que o advogado goza de prerrogativas constitucionais, que vêm atreladas no verso da cédula profissional, pelo que é necessário que se eduque as instituições a tratarem a classe com a merecida dignidade. O advogado é uma peça essencial para a administração da justiça e instrumento básico para assegurar a defesa dos interesses das partes em juízo. Por esta razão, a advocacia não é simplesmente uma profissão, mas um encargo público, já que, embora não seja agente estatal, compõe um dos elementos da administração democrática do Poder Judicial. Impedir o seu exercício é deixar vulneráveis os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos, porque os advogados, enquanto servidores da justiça e

do direito, são dignos de defender qualquer cidadão, incluindo aqueles a quem a injustiça bata a porta. Conforme noticiou OPAÍS, a ordem de detenção do advogado Eugénio Marcolino terá sido dada pelo comandante Caquisse, da 4ª esquadra do bairro Cassoco. Fontes da Ordem dos Advogados de Angola disseram que o advogado, detido em pleno exercício da sua profissão, foi agredido e posteriormente transportado para as instalações do Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Benguela na carroçaria de um carro da Polícia, deitado no “chão do carro” e pisoteado pelos agentes que o transportaram, tendo, chegado ao local, sido encarcerado numa cela em que se encontravam meliantes altamente perigosos. A acção policial, em que ficou também detida a sua constituinte, deixou indignada a sociedade benguelense e os advogados em particular, pela forma como Eugénio Marcolino foi tratado pelas forças da ordem.

“Penso que batemos no fundo com essa situação, precisamos de fazer ecoar o nosso grito de petição de respeito, no sentido de se criarem as tais propaladas condições adequadas para o exercício da profissão”

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cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

“Pus um chinês a dançar kizomba para brincar com a ideia do perigo amarelo” Lido em Angola e em todos os da lusofonia, bem como naqueles em que está traduzido, o escritor João Melo regressa aos temas que a actualidade angolana oferece. Um manancial de histórias que autores de várias gerações aproveitam e que serão uma boa fonte para os historiadores

“O João Céu e Silva

Dia em Que Charles Bossangwa Chegou à América” é o título do mais recente volume de contos do escritor angolano João Melo. São sete histórias que fixam a história da realidade actual de Angola, quase todas escritas antes de ter integrado até há quatro meses o governo. Deixa essa nota bem expressa no livro, até porque con-

sidera estar agora “reformado da vida pública” e prefere antes acabar um romance que começou há quatro anos e que a política activa interrompeu. Não se reformou da leitura das notícias, mas se são de política angolana opta por cumprir os preceitos éticos e não comentar. Pergunta-se-lhe como acompanha o caso Isabel do Santos e a resposta é muito breve: “Acompanho como escritor.” Agrada-lhe mais falar de poesia, de que é “leitor contumaz”. Este livro tem um título engana-

São sete histórias que fixam a história da realidade actual de Angola, quase todas escritas antes de ter integrado até há quatro meses o governo

dor. Faz parte do espírito destes contos e da vontade de obrigar a fazer leituras próprias dos contos? Creio que sim, porque a literatura é uma actividade humana que envolve tanto os autores como os leitores. Acredito nisso, portanto os leitores têm a sua quota-parte de responsabilidade no que respeita às histórias. Têm de lê-las e cada um lê de acordo com o seu lugar de recepção, mas também de acordo com as suas informações e a disponibilidade para descobrir coisas novas nos textos.

Faz um diálogo muito provocante com os leitores. É um desafio? Tenho feito isso desde que comecei a escrever contos, não diria que seja um artifício mas um recurso que uso com frequência. Aliás, surge sem ser pensado, mas, de tanto me questionarem porque o faço, comecei a pensar no assunto e acho que fará um pouco parte da tradição africana de contar histórias, em que o narrador tem um papel activo e não se limita a narrar os factos. Comenta-os e tenta induzir os leitores num outro sen-


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tido, ou não.

ás, tenho uma nota no fim do livro para evitar essa interpretação e em que digo que o livro estava pronto antes de ser ministro [da Comunicação Social], à excepção do último conto. São histórias que, sendo reais ou não, é habitual ouvirem-se em Angola. Temos essa tradição de todos saberem o que se passa, por isso o trabalho dos escritores está facilitado.

Inicialmente era apenas poeta, porque deu este salto para o conto? Não sei dizer exactamente porquê, mas quando comecei a escrever só publiquei mais tarde - escrevia umas histórias, no entanto a poesia foi a expressão escolhida. No fim dos anos 1980, senti necessidade de escrever ficção e, porque tinha tempo, talvez a poesia já não me bastasse para entender a realidade. Tornou-se imperioso analisar a realidade do meu ponto de vista. A expressão “crise das utopias”, que tanto afectou os escritores angolanos nas últimas décadas, é o que melhor define essa mudança? É possível... Sem dúvida, porque a poesia é um género que implica uma certa exaltação. Não me refiro apenas à poesia épica ou de combate, a própria poesia lírica e amorosa, que também pratico, é um género exaltante, mas a história não é só feita de períodos exaltantes e a partir de uma certa altura todos nós começámos a ter um olhar crítico sobre a realidade. Nesse momento, talvez só a ficção seria capaz de abarcar essa mutação. “Todos os autores questionam-se sobre até onde podem ir seja qual for o tema” Os seus contos registam quase pela primeira vez a história de Angola? Exactamente, mas a grande maioria dos autores angolanos contemporâneos escrevem sobre a actualidade e a história mais ou menos recente. São, portanto, contributos para a história. Sendo olhares literários, penso que podem servir de fonte para os historiadores mais tarde escreverem sobre determinados acontecimentos. O que falta para se escrever a história de Angola? Há poucos anos, um historiador angolano, Carlos Alberto de Oliveira Pinto, escreveu a primeira História de Angola. É uma tentativa inicial de que gosto muito e não é uma história oficial, depois há outros autores que escreveram sobre certos períodos históricos mais antigos, no entanto ainda não existe um grande número de contemporâneos a fazê-lo. Sobretudo, sobre os acontecimentos mais recentes, o que é natural pois os historiadores precisam de uma distância, até porque muitos deles participaram na política angolana. Isso dificulta o distanciamento?

Nos historiadores, acredito que sim. Em relação aos escritores, pode dificultar ou não, pois até pode estimular. Costumamos dizer que em Angola não faltam histórias, pode faltar é engenho para as contar bem. A realidade actual e o facto de muitos de nós sermos participantes próximos ou mais afastados dos acontecimentos dá-nos bons assuntos. E temos tentado fazer por isso. Neste novo livro, o primeiro conto é bem político e uma dos personagens tem uma frase incisiva: “O país está mesmo desgovernado!” É o escritor que assume ou o leitor que pensa? Não posso atrever-me a falar em nome dos leitores, mas creio que o desejam. A recepção dos meus contos demonstra essa vontade, pois em quase todos está presente a situação política de Angola, e têm sido bem recebidos. Não são bestsellers porque não temos mercado para tal. Creio que os meus livros de contos têm abordado factos, acontecimentos e situações, de natureza política. Não só, mas essa realidade está muito presente. Eu não seria capaz de escrever de uma maneira distanciada daquilo que vivo, nem concebo

a literatura assim. Existem os que o conseguem, é uma outra opção. Esteve muito envolvido na vida política até há poucos meses. Enquanto escreve mede até onde pode ir? Todos os autores questionam-se sobre até onde podem ir seja qual for o tema. Isso acontece a todos e comigo também. Tem o conto “Uma pequena saga ministerial”. É autobiográfico? Essa saga não teve um final único. Os envolvidos, quando assumem determinadas responsabilidades por serem desafiados a exercer cargos institucionais, não reagem todos da mesma forma, nem sabem sair de forma igual. Por isso, o final deste conto fica em aberto. É o tipo de fim que aprecio porque a realidade não é unívoca e os seres humanos são muito complexos e contraditórios. Na vida está tudo em aberto. Uma das frases desse conto diz “não é todos os dias que uma personagem coincide com o narrador”. Confessa o autobiográfico? Não, é um jogo. Se a jura de um escritor vale alguma coisa, posso jurar que não é autobiográfico. Ali-

“A literatura angolana sempre foi plural e aberta” Sente-se que os angolanos não estão satisfeitos com a evolução da sua história. Só poderia ser assim? Não quero neste momento fazer comentários de natureza política, pois fiz parte do governo até há quatro meses e não seria ético. Olhando para a história recente de Angola, podemos facilmente identificar várias causas para as dificuldades que o país enfrenta. Muitos países têm dificuldades e Angola também, seja por razões internas ou externas. Nos últimos tempos, a partir de 2014, o país sofreu um choque externo brutal e isso explica muitas das dificuldades que os angolanos vivem no dia-a-dia. Não é a única causa, mas é muito forte. Eu diria que a situação que Angola enfrenta hoje é explicável, mas prefiro entender essa situação numa outra circunstância. Posso dizer que é uma realidade muito viva e dá aos escritores não só histórias mas razões para continuarmos a escrever. Razões para os autores da sua idade e os mais jovens, finalmente, poderem escrever mais à vontade? Não diria finalmente porque a literatura angolana sempre foi plural e aberta, há de tudo e também muita literatura que faz crítica social, política e de costumes desde há muito tempo. Não é de agora, basta ler o que os mais velhos publicaram, alguns que vieram da própria guerrilha pela independência e não têm deixado de produzir uma literatura reflexiva. Os escritores desejavam que a história de Angola tivesse sido diferente? Posso arriscar a dizer que sim. Tem o conto “O perigo amarelo”. O que pretende dizer da “invasão” chinesa que se observa em Angola? Não diria que houve uma invasão, discordo porque não existe uma carga negativa como a que essa palavra pode ter. Se formos por aí temos de falar da invasão chinesa em tantos outros países do mundo - até nos EUA. Há uma presen-

ça e uma cooperação forte e que faz falta porque os países ocidentais prometeram ajudar em 2002 e não o fizeram. O país tinha de ir buscar recursos onde existiam. Se nos perguntarmos se a cooperação é perfeita, isso é outra história e mais complexa. Do ponto de vista social, a presença chinesa pode gerar situações peculiares, até curiosas e inesperadas que para os escritores são um manancial. Peguei por uma dessas histórias, pus um chinês a dançar kizomba para brincar com a ideia de que há um perigo amarelo. O conto “O perigo amarelo” faz lembrar a colonização portuguesa, tema quase arredado deste livro. Porquê? Escrevo histórias contemporâneas, há uma vida para viver hoje, e isso é história, assumida com os seus erros e virtudes, desencontros e alguns poucos encontros, e tudo isso faz parte da própria realidade angolana. Somos o que somos, não só mas também por causa dessa presença histórica de Portugal. A vida actual é tão tensa e rica ao mesmo tempo que não temos tempo para olhar para o passado, Angola é um país jovem e de jovens e a tendência é olhar para a frente. Aliás, se assim não fosse, não estaríamos a falar português. Usa e abusa do humor e da ironia. Não poderia ser diferente? Acho que não, os angolanos são bem-humorados de um modo geral e na minha literatura tenho tentado não desmerecer essa virtude. O humor é bom porque nos ajuda a relativizar as coisas e é um instrumento crítico também. O amor e as mulheres estão muito presentes nestes contos. Era inevitável? As relações entre homens e mulheres são uma constante da vida, como diria um poeta português, e é natural que eu as retrate. Diário de Notícias


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cartaz

O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

Prémio

Urso de Ouro para filme iraniano “There is No Evil” A equipa que trabalhou neste filme foi ovacionada na cerimónia de encerramento da 70.ª edição do Festival, marcada pela ausência do realizador, já premiado em Cannes

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filme “There is No Evil” do realizador iraniano Mohammad Rasoulof, proibido de deixar o país, ganhou o Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim. A equipa que trabalhou neste filme foi ovacionada na cerimónia de encerramento da 70.ª edição do festival, marcada pela ausência do realizador, já premiado em Cannes. “Gostava que Mohammad estivesse aqui, mas infelizmente está proibido de deixar o território. Agradeço à equipa que pôs a vida em perigo para estar neste filme”, disse o produtor Farzad Pak, ao receber o prémio em nome do realizador ausente.

dr

O filme é sobre a pena de morte, um tema tabu no Irão, vista pelos executores e pelas famílias das vítimas, em quatro sequências distintas. O festival distinguiu também com o grande prémio do júri “Never rarely sometimes always” de Eliza Hittman, uma obra sobre o aborto nos Estados Unidos. O sul-coreano Hang Sang-soo foi premiado como melhor realizador pelo filme “The woman who ran”. O actor italiano Elio Germano foi premiado pelo seu desempenho em “Hidden away” (“Volevo nascondermi”) e a actriz alemã Paula Beer foi distinguida pela sua interpretação

em “Undine”. O filme “A Metamorfose dos Pássaros”, da realizadora portuguesa Catarina Vasconcelos, foi distinguido na Sexta-feira pela Federação

Internacional de Críticos (FIPRESCI) no Festival de Cinema de Berlim. “A Metamorfose dos Pássaros” é a primeira longa-metra-

gem de Catarina Vasconcelos e foi considerada pelo júri FIPRESCI o melhor filme da secção competitiva Encontros. Jornal de Notícias

CONCERTOS

INCENTIVO

MÚSICA

CESARES

Pastor Moise Mbiye encanta fãs em show nos Coqueiros

Movimento Lev’ Arte promove formação artística infantil em Malanje

Veterania e juventude passam à final do Festival da Canção 2020

Academia francesa de cinema premeia “Os Miseráveis” e Polanski

Não obstante o show ter iniciado duas horas depois do previsto, o cantor e pastor da República Democrática do Congo, Moise Mbiye,encantouopúblicoqueassistiu,na noitedesteSábado,noEstádiodosCoqueiros,emLuanda,oseuprimeiroespectáculo em Angola. O pastor, considerado como uma das maiores referências do Gospel Africano, apresentouosseusmaiores sucessos como “Nabimi Molongi”, “Tango Naye”, “Molimo”, “Natiela yo Motema”, “Oza Mosantu”, entre outros. O show contou ainda com as participações dos músicos angolanos Dodó Miranda,NsimbaReeoboth,SolangedeNeri,Nel Jazz e Gui Destino.

Um projecto de formação artística nos domínios da música e da dança acaba de ser lançado na província de Malanje, pelo Movimento Lev’ Arte. O projecto denominado “Artes e Cultura” é direccionado a 50 crianças dos lares Kudielela e Irmãs Mercês, afectos à Igreja Católica, daquela província e prevê, igualmente, o ensino nas áreas das artes cénicas, na pintura, na literatura, piano, guitarra e desenho. De acordo com o coordenador da área académica do Movimento Lev’arte, Ladislau da Silva, trata-se de uma iniciativa da operadora de telefonia móvel Unitel.

Sem surpresa, Jimmy P., Dino D’Santiago (que compôs para Kady) foram os mais fortes da segunda semi-final. O miúdo Tomás Luzia também vai estar em Elvas, assim como Elisa Rodrigues. A hora dos veteranos. Já com muita “rodagem” no mundo da música, Jimmy P. e Dino D’Santiago (que compôs o tema para Kady), foram os nomes mais mediáticos a passar na segunda semi-final do Festival da Canção, que se realizou, este Sábado, no Estúdio 1 da RTP. Jimmy P. cedo descobriu o hiphop e consolidou uma carreira marcada, também, pelo R&B e pela pop.

A longa-metragem “Os Miseráveis”, de Ladj Ly, foi distinguida, na Sexta-feira à noite ,como o melhor filme da 45.ª edição dos prémios de cinema Césares, em Paris, que premiaram também Roman Polanski como o melhor realizador por “J’accuse”. “Os Miseráveis” arrecadou também os prémios de melhor actor revelação (Alexis Manenti), melhor montagem e o César do Público. “J’Accuse - O Oficial e o Espião” obteve também o melhor argumento adaptado e o melhor guarda-roupa. Os dois filmes estavam nomeados para 12 categorias, mas a longa-metragem de Polanski estava no centro de uma polémica.



Economia

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O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

Câmara de Comércio e Industria vai auxiliar membros a acessar crédito bancário

Vicente Soares, o novo presidente de direcção

A CCIA tem estado a dedicar particular atenção ao processo de achar “caminhos conducentes à facilitação do acesso ao crédito”

Com vista a fazer frente às dificuldades resultantes da descapitalização e ou corrosão dos recursos de grande parte dos filiados da agremiação, nova direcção promete apoiar membros a conseguirem conquistar confiança da banca

André Mussamo

A

nova direcção da Câmara de Comércio e Industria de Angola (agremiação empresarial mais antiga do país), pretende auxiliar filiados seus a acessar ao crédito bancário para alavancar as suas actividades. Vicente Soares, o novo presidente de direcção da agremiação considera o acesso ao credito como um verdadeiro problema que aflige os membros da Câmara e todos os empresários de uma forma geral.

Segundo o também empresário, a banca funciona na base da confiança ou quanto mais não seja, reduzindo a mínimos os riscos na concessão de créditos. “Se algum empresário não histórico de relacionamento com a banca experimenta maiores dificuldades em acessar a qualquer produto neste sector exigente da actividade financeira” pelo que, traçar estratégias com vista a encontrar caminhos que facilitem a relação faz parte do seu programa de acção no presente mandato. Segundo o responsável, além da questão da “confiança” outro handicap para os empresários são os “altos juros” praticados pela banca comercial.

Assim, a CCIA tem estado a dedicar particular atenção ao processo de achar “caminhos conducentes à facilitação do acesso ao crédito”. Recentemente, num encontro com o Presidente do Conselho de Administração da Comissão de Mercados de Capitais um dos caminhos apontados para o empresariado é a bolsa de valores que infelizmente ainda não funciona em pleno. A bolsa de valores, um dispositivo exigente e que prima muito pelos valores da transparência, vai ser um caminho a ser recomendado pela Câmara aos seus filiados que deverão, concomitantemente, regularizar os mecanismos das suas empresas e dotá-las de capacidade técni-

ca para responderem satisfatoriamente às exigências do mercado. “Em bolsa, a informação deve ser assimétrica, a contabilidade bem organizada e nós sabemos que ainda temos problemas sérios com estes itens, pelo que vamos incentivar os filiados a empreenderem esforço nesta direcção, a da melhoria dos mecanismos”, disse Vicente Soares. O programa de acção da Câmara contempla a capacitação dos filiados quanto aos procedimentos e caminhos para se acessar a banca. “Identificamos que as dificuldades residem no desconhecimento de nossa parte em como devemos ter acesso à banca”, revelou o responsável. Outro mecanismo gizado pela camara é a constituição de um fundo de garantia como medida de “facilitação de acesso ao crédito e um fundo de crédito”, para que dentre outras coisas facilitar o acesso ao crédito bancário e ou emprestar a filiados que manifestem dificuldades em termos

de fundos. A Camara de Comércio e Indústria de Angola (CCIA) foi fundada ainda ao tempo do regime de partido único (1988) e actualmente é uma instituição com estatuto de utilidade pública. Congrega no seu seio 812 filiados, estando a maioria sedeada na província de Luanda. A nova direcção da agremiação está concentrada a tornar exequível um programa de trabalhos. Encontros com os departamentos ministeriais para melhor conhecerem os programas do Executivo destinados ao sector empresarial, diálogo com parceiros, onde se inclui outras associações empresarias e sindicatos, e avaliação dos acordos assinados com diversas organizações internacionais, câmaras congéneres no mundo e com organismos das Nações Unidas e União Africana, são acções que preenchem o calendário de actividades da nova direcção empossada em Dezembro último. Em termos de visibilidade da sua acção, a Câmara de Comércio e Indústria de Angola (CCIA) preconiza instituir a difusão de dois programas, sendo um na rádio e outro em televisão. Pretende ainda retomar a publicação do magazine “Mensageiro”, um título que a agremiação trouxe à esfera pública angolana por muitos anos, mas que desapareceu por razões financeiras. No capítulo das publicações, preconiza ainda trazer de volta as já antes existentes sob sua chancela, nomeadamente “A Chave do Comércio” e “O Anuário Económico”, assim como almeja introduzir a publicação “Como Aceder aos Bancos”.


O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

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Nova direcção da cooperativa de aquicultores quer maior expansão da piscicultura no Bié O presidente da Cooperativa de Aquicultores do Bié, Severino Wandarika, prometeu, durante a sua eleição, dar prioridade à expansão da piscicultura pela província do Bié, assim como mobilizar recursos monetários junto do governo local e dos parceiros sociais com vista a alavancar essa actividade económica

A

nova direcção da Cooperativa dos Aquicultores que tomou posse no Sábado último, é composto por Severino Wandarika(presidente da cooperativa) foram também eleitos Domingos Kaluncango (segundo vice-presidente, Paulo Arsénio (secretário), Rosa Glória (tesoureira) e Abrantes Catite (porta-voz). Segundo o presidente da cooperativa de aquicultores do Bié, Severino Wandarika, que falava durante a tomada de posse, a sua direcção vai durante os quatro anos, procurar dinamizar a actividade dos aquicultores na província do Bié, assim como captar financiamentos por parte da banca nacional e do governo Para além de Severino Wandarika foram também eleitos Domingos Kaluncango (segundo vicepresidente, Paulo Arsénio (secretário), Rosa Glória (tesoureira) e Abrantes Catite (porta-voz). A produção de cacussos/tilápias já atingiu perto de trinta mil toneladas nos últimos três anos, ao

passo que, em 2019, apenas registou-se a produção de duas mil 134 quilogramas, disse o chefe de Departamento das Pescas da província do Bié, Domingos Nguve. Domingos Nguve explicou que a redução da produção resulta da carência de ração e aquisição de alevinos que os 34 empreendedores enfrentam, que, apesar disso, o Governo pretende apoiar estes empresários. Avançou ainda que apesar dos constrangimentos vividos pelos empreendedores, a Direcção Provincial da Agricultura e Florestas do Bié continua a registar com

A produção de cacussos/tilápias já atingiu perto de trinta mil toneladas nos últimos três anos, ao passo que em 2019 apenas registou-se a produção de duas mil 134 quilogramas

“bom agrado” o crescimento daquela actividade nos municípios do Cuemba, Chitembo e Cunhinga, onde ainda há poucos investidores. Esta actividade, lançada em 2015 pelo Ministério das Pescas e do Mar na província do Bié, contava naquela altura com apenas cinco empreendedores que estavam localizados somente na cidade do Cuito. Em 2017, impulsionado pelo maior criador de alevinos da circunscrição, Abrantes Catito, a piscicultura foi expandida por seis municípios da província do Bié, onde existem 34 empresários que praticam esta actividade. Nestes seis municípios (Cuito, Andulo, Nhârea, Catabola, Chinguar e Camacupa) existem 250 tanques que variam entre 10 a 20 metros de comprimento, quatro a 10 metros de largura e com uma profundidade de 50 a 80 centímetros, cada um, onde estão mais de 17 milhões alevinos em fase de criação e 70 milhões prontos para o abate e consumo.

Covid-19 “cancela” Feira Internacional de Turismo de Berlim Os responsáveis da Feira Internacional de Turismo de Berlim anunciaram, ontem, a suspensão do evento, considerado o maior do mundo, que deveria realizarse entre 4 e 8 de Março, “devido à crescente expansão” do novo coronavírus

A

o certame, designado ITB, na sigla em alemão, deveriam acorrer representantes de cerca de 10 mil empresas, provenientes de mais de 180 países. Nos últimos dias, os organizadores asseguraram que tinham dotado a feira com mais pessoal de saúde por precauções relacionadas com o Covid-19. A decisão de suspender a ITB foi tomada pelos ministérios da Saúde e Economia, informaram os organizadores. Estes acrescentaram que as autoridades do bairro de Berlim em que se realiza a feira tinham exigido que se pudesse provar que todos os participantes não eram provenientes das áreas definidas como de risco ou que não tinham tido contacto com alguém dessas zonas. “A Feira de Berlim é incapaz de satisfazer todas essas exigências”, adiantaram os organizadores, que recordaram que já tinham dito que a decisão de cancelar ou não grandes eventos só se poderia fazer por recomendação ou ordem das autoridades relevantes. Christian Goke, director da entidade que alberga a feira, a Messe Berlin GmbH, disse, por sua

parte, que “com mais de 10 mil expositores de mais de 180 países a ITB Berlin é de importância extraordinária para a indústria mundial do turismo”. O presidente da comissão de supervisão da Messe Berlin, Wolf-Dieter Wolf, salientou que esta foi a primeira vez em 54 anos que esta decisão foi tomada. A feira é cancelada ao contrário do Festival Internacional de Cinema, o Berlinale, que decorreu como calendarizado. Se a China era até recentemente o único foco mundial do coronavírus, o risco multiplicou-se com o surgimento de novos casos em países como a Coreia do Sul, o Irão e a Itália. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 50 países estão agora afectados. O Covid-19, detectado em Dezembro na China e que pode causar infecções respiratórias como pneumonia, provocou pelo menos 2.858 mortos (até Sábado) e infectou mais de 83 mil pessoas, de acordo com dados reportados por meia centena de países e territórios, entretanto das pessoas infectadas, mais de 36 mil recuperaram. Além das mortes na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan.


Mercados

Mercado Taxa de juro Taxas de Juro Taxa BNA Libor USD 6M Libor GBP 6M Libor JPY 6M Euribor 6M Luibor 6M

Cot. 28/02/20 15,50% 1,533% 0,740% -0,034% -0,375% 19,830%

Libor USD 6 Meses

∆ Diária (p.p) 0,000 -0,142 -0,061 -0,018 -0,019 0,000

Índices Accionistas Cot. 28/02/20 Dow Jones (EUA) 25 766,64 S&P 500 (EUA) 2 978,76 FTSE 100 (Inglaterra) 6 582,71 Bovespa (Brasil) 102 983,50 CSI 300 (China) 3 940,05 Nikkei 225 (Japão) 21 142,96

∆ Diária (%) -11,126 -10,755 -11,092 -9,410 -5,047 -9,594

1,620 1,560 1,500 22/Fev

Cot. 28/02/20 492,6300 1,0986 1,2869 108,7000 15,5747 4,4865

26.000

Cot. 28/02/20 45,74 51,14 1 623,40 17,04 1,73 253,70

24/Fev

26/Fev

Mercado Cambial

∆ Diária (%) -14,312 -12,581 -1,289 -8,068 -9,081 -3,020

O euro registou ganhos de cerca de cerca de 1,281%, ao fixar-se em 1,0986 USD por unidade da moeda. A valorização espelha as melho-

1,098 1,089

24/Fev

26/Fev

60,8 57,2 53,6

24/Fev

26/Fev

28/Fev

Luibor 1 Ano

Luibor Cot. 28/02/20 20,19 19,91 19,86 19,83 20,56 21,35

∆ Diária (p.p) 0,000 0,000 0,000 0,000 0,020 0,010

Os preços do WTI e do Brent registaram perdas semanais de 14,31% e 12,58%, respectivamente, situando-se em 45,74 e 51,14 USD/barril em cada

As taxas de juros no mercado monetário interbancário mantiveram-se constantes ao longo da semana na generalidade das maturidades, com ex-

21,20% 20,70% 20,20% 22/Fev

Mercado de Matérias-primas

24/Fev

26/Fev

caso. O desempenho reflecte o aumento das reservas petrolíferas nos EUA, tal como a propagação do Covid-19 à escala mundial.

Luibor

21,70%

Taxas BNA Luibor O/N Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 meses Luibor 9 meses Luibor 1 Ano

rias do índice de confiança económica na Zona Euro, bem como a procura por activos seguros como a dívida soberana alemã.

28/Fev

Brent Crude Fut.

50,0 22/Fev

índices bolsistas mundiais, com destaque para o índice norte-americanos Dow Jones que registou perdas de 11,13% ao fixar-se em 25.766,64 pontos.

28/Fev

1,107

1,080 22/Fev

semana registou uma redução de 14,2 p.b., tendo-se fixado em 1,53%.

Mercado Accionista As incertezas dos investidores associados a evolução da economia mundial em consequência da proliferação do Coronavírus penalizou os principais

EUR / USD ∆ Diária (%) 0,585 1,281 -0,733 -2,607 3,795 2,233

Mercado Interbancário

28/Fev

28.000

Mercado das commodities Commodities WTI Crude Fut. Brent Crude Fut. Gold 100 Oz Fut. Prata Fut. Gás Natural Fut. Cobre Fut.

26/Fev

30.000

Mercado cambial Taxas de Câmbio USD/AKZ EUR/USD GBP/USD USD/JPY USD/ZAR USD/BRL

24/Fev

Dow Jones (EUA)

24.000 22/Fev

O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

A melhoria da confiança do consumidor favoreceu a Libor USD 6 meses que na última

1,680

Mercado accionista

20

28/Fev

cepção para a Luibor 9 e 12 meses que ascenderam cerca de 2,0 p.b e 1,0 p.b respectivamente, para 20,56% e 21,35% em cada caso.


OPINIÃO

OPAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

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Kâmia Madeira

Sueli Gamarano

Mulheres que inspiram

Depois do Carnaval, Pés detonados

M

ais um Março Mulher, mais um mês dedicado a debater e enaltecer as virtudes e qualidades das mulheres, mês dos colóquios, das marchas e das campanhas de sensibilização, mês do empoderamento e do reconhecimento dos vários papeis que desempenhamos e que todos esperam que o façamos na perfeição esquecendo-se que somos todos seres humanos e que por vezes pode ser muito querer ser brilhante em todos eles.... Mas este não é um texto de lamentações, pensei em partilhar convosco quais são algumas das mulheres que me inspiram começo por ordem cronológica com Frida Khalo, pintora mexicana e mulher de força que não deixou que a poliomielite e um grave acidente rodoviário a fizessem remeter-se à condição de incapacitada, é ainda hoje um símbolo da perseverança e da crença de que as mulheres podem e devem ter posições de destaque. Michelle Obama é a senhora que se segue, se ainda não leu “Becoming Michelle” faça a si mesmo um favor e leia... Michelle não é só a mulher de Barack, está no top 10 das pessoas mais influentes do mundo e é também uma batalhadora, que cresceu numa família humilde mas que tudo fez para que tivesse uma boa instrução, a Michelle nunca lhe foram impostos limites e com esforço e dedicação ingressou numa universidade onde era difícil os negros estudarem, fazendo o seu percurso de forma afincada. As diferenças de oportunidades sempre a inquietaram e até aos dias de hoje são o que a faz andar pelo mundo, mostrando que é possível quebrar barreiras. Quem vem de igual modo quebrando barreiras é Lady Gaga, com um inicio de carreira alucinante, pois os seus vídeoclips chamavam a atenção pela sensualidade, amadureceu e tornou-se porta-voz de todos aqueles que passaram por momentos depressivos, envolvendo-se em

situações como toxicodependência ou tentativa de suicídio, criada numa família abastada de origem italiana, Stefani Germanotta vai de forma serena dando azo à sua imaginação sem esquecer os seus erros ou mazelas. Viola Davis, a quarta senhora da lista, actriz na casa dos 50 que assim como Michelle cresceu numa América em que ser-se negro e mulher não era fácil. Viola inspira-me, pois é alguém que vê reconhecido o seu talento já em idade avançada, tornando-se uma referência, é a primeira actriz negra a ganhar três prémios por papeis no cinema, teatro e televisão, Oscar, Tony e Emmy. Em conjunto com o marido criou uma produtora onde dá oportunidade a jovens e debruça-se sobre questões relevantes que afligem a sua comunidade. Termino com Serena Williams, uma mulher temperamental, mas engajada que como todas as outras quebrou barreiras sendo uma excelente atleta. Não se fica indiferente a esta jogadora, mas é alguém que ama o que faz e que o demonstra sempre que entra no court de ténis, luta, exalta-se, mas dá tudo por um desporto que pratica desde pequena com a sua irmã Vénus.

Para quem não sabe, nem só de ténis vive Serena, tendo uma linha de roupa e sendo uma activista social engajada na protecção dos direitos das meninas. Estas são algumas das mulheres que me inspiram, mas não me posso esquecer de todas as que se levantam antes do sol raiar para preparar os ingredientes da magoga que irá sustentar os seus, as que calcorreiam quilómetros para chegar à lavra onde nem sempre o que cultivam matará a fome. As que têm mais do que um trabalho e por vezes pouco tempo para ficar com os filhos. As que vivem na clandestinidade, sempre julgadas por uma sociedade que finge não as ver. As que apesar de todo o conforto e benesses não são felizes, as independentes e as dependentes também. As religiosas e as libertinas, as que no fundo só querem um consolo e as que por medo continuam em relações destrutivas. Somos todas mulheres e neste mês a nós dedicado é importante que saibamos quem são as mulheres que nos inspiram e que façamos uma corrente de empoderamento, inspirando outras. Feliz Março Mulher ARQUIVO/OPAÍS

S

eja em um salto alto ou com um tênis superconfortável, curtir o Carnaval (e shows, baladas e afins) detona qualquer pé. Ou você não lembra da última vez em que “se acabou” e não conseguiu pisar no chão ao acordar? De acordo com a reflexologia, o pé é uma área onde estão terminações de feixes de energia que estão ligados a todo o corpo. Ou seja, sobrecarregá-los pode acarretar problemas ainda maiores, como dor nas costas, nos quadris e na cervical. Você pode relaxar sem sair de casa. Assim que a folia acabar, reserve um tempo para recuperar seus pés. “Um simples escalda-pés (não indicado para diabéticos) é capaz de milagres. O calor da água puxa a circulação para os pés, o que ajuda a esfriar até a cabeça” : Mergulhe-os em água morna com uma colherada de sal, que pode ser de cozinha ou sal grosso. Vale colocar umas gotas de essência de lavanda para relaxar” Com os pés secos, espalhe um creme hidratante e faça uma massagem por 10 minutos com movimentos de deslizamento. Sente-se, apoie o pé em uma bola de tênis e faça movimentos para frente e para trás, do calcanhar às pontas dos dedos. Coloque as pernas e os pés para o alto por cerca de 15 minutos, o que contribui para evitar inchaço, além de ser ótimo para ativar a circulação. Faço um Alongamento Lateral do pé: sente-se confortavelmente com uma perna cruzada sobre a outra. Segure a frente do pé e puxe os dedos para dentro, em direção a você. Fique na posição por três ciclos respiratórios, depois puxe os dedos para fora, permanecendo na posição por três ciclos respiratórios. Relaxe e repita com o outro pé. Círculos com tornozelo: movendo os dedos do pé no sentido horário, trace a forma de um grande círculo. Rode o pé cinco vezes no sentido horário e depois

repita no sentido contrário. Repita com o outro pé. Dedos do pé para trás: sente-se e erga o pé. Segure o calcanhar para manter o pé firme e puxe os dedos dos pés para cima, em direção à canela. Coloque os dedos da mão sob os dedos do pé; puxe-os e alongue-os, em vez de apenas dobrar os dedos para frente. Fique na posição por três ciclos respiratórios, depois repita com o outro pé. Para quem sambou de salto alto e ganhou algumas bolhas: Não as estoure, deixe o corpo absorver o líquido e capriche na hidratação” Unhas quebradas: Corte as pontas para não enganchar no lençol. Hidrate-as com óleo de amêndoas”, Quem sambou descalça e ficou com o solado grosso: Use cremes à base de silicone ou parafina, que são mais espessos do que os hidratantes comuns. Para potencializar a ação, envolva os pés com papel filme e deixe agir por alguns minutos. Pode também aplicar o creme antes de dormir e colocar meia, porque o abafamento aumenta a capacidade de absorção do creme pela pele. Evite esfoliar ou lixar a sola dos pés, porque esse processo pode agravar as rachaduras. No máximo uma vez por mês ”Quem sambou de tênis: “O dia todo com um calçado fechado pode causar fungos. O ambiente quente e húmido pelo suor ajuda a proliferação de microorganismos. Se aparecer algum tipo de coceira entre os dedos ou manchas debaixo das unhas, procure um dermatologista para prescrever medicação oral e fazer a assepsia com um podólogo uma vez por mês. Eles devem ser feitos em conjunto, porque, se a maceração que se acumula embaixo das unhas não for retirada, o efeito do medicamento antifungo fica limitado. Manter uma ótima higiene em casa também é importante: lave bem os pés, dedo por dedo e enxugue bem”. Cuidar bem dos pés para que no próximo carnaval não sinta tanto desconforto.


Mundo

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O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

Polícia turca detém editor-chefe da Sputnik Turquia Os Editor-chefe da Sputnik Turquia foi

rios da Sputnik Turquia. “A Polícia de Ancara diz que não tem os nossos funcionários. Ao mesmo tempo, três funcionários não entraram em contacto desde a última noite, exactamente desde o momento em que eles foram a essa mesma Polícia apresentar denúncia sobre os nacionalistas que atacaram os seus apartamentos”, escreveu no Telegram a editora-chefe da Sputnik, Margarita Simonyan.

preso pela Polícia turca em Istambul após chegada de agentes de segurança do país ao escritório da mídia na cidade

A

pós o ataque ser perpetrado contra a residência de jornalistas da Sputnik Turquia, o editor-chefe da mídia no país foi preso por policias locais. “O editor-chefe da Sputnik, Makhir Boztepe, foi apanhado pela polícia. Ele está a ser conduzido para a Direcção de Segurança de Istambul”, comunicou a Sputnik Turquia. A detenção de Boztepe deu-se logo após agentes de segurança locais chegarem por volta das 13h20 locais (7h20 no horário de Brasília) ao escritório da agência em Istambul. No momento, só estavam pre-

sentes os funcionários de plantão, entretanto os polícias disseram que não sairiam do local enquanto não se encontrassem com um representante da mídia. Além disso, foi comunicada pela editora-chefe da Sputnik, Margarita Simonyan, a detenção de outros três funcionários da mídia que estavam sem contacto com a redacção desde o dia29. Por sua vez, está a decorrer um encontro entre o chefe da representação da mídia em Istambul, Maksim Durnev, advogados da agência, representantes do Consulado-Geral da Rússia na cidade e agentes da polícia local. Em resposta à ação, o Ministério das Relações Exteriores russo

Jornalistas russos foram detidos pelas autoridades da Turquia

apelou às autoridades turcas para intervirem na situação. A chancelaria russa também pediu segurança para os funcio-

nários do meio informativo no país. Por sua vez, a Polícia turca negou ter detido os funcioná-

Ataque No dia 29, nacionalistas turcos tentaram invadir a residência de jornalistas da Sputnik Turquia na capital, Ancara. Logo após o ocorrido, os jornalistas recorreram a polícia local para denunciar o ataque. Por sua vez, os três funcionários da mídia acabaram sendo detidos, enquanto ficaram sem contato com a redação durante toda a última noite.

‘Não cabe aos EUA decidir’: presidente do Afeganistão rejeita liberação de prisioneiros do Talibã O presidente afegão, Ashraf Ghani, rejeitou a demanda do Talibã, incluída no acordo firmado entre o grupo e os EUA, da liberação de 5.000 membros do grupo mantidos como prisioneiros

N

este Domingo (1º), o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, negou que o governo de Cabul reconhecesse o compromisso, de liberar 5.000 prisioneiros, assumido pelos EUA durante as negociações de paz com o Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e demais países). “O governo do Afeganistão não se comprometeu a liberar 5.000 prisioneiros do Talibã”, disse Ghani aos repórteres em Cabul, um dia após os EUA e o Talibã assinarem o acordo político no Qatar. As declarações do presidente afegão confirmam as especulações de diplomatas ocidentais, que previram que os EUA teriam dificuldades em convencer o go-

verno de Cabul a acatar o acordo assinado com o grupo terrorista, reportou a Reuters. O acordo estipula que os Estados Unidos e o Talibã se comprometeriam a trabalhar pela libertação, tanto de prisioneiros de guerra, como de presos políticos, como uma medida para fortalecer a confiança entre as partes. O documento prevê a troca de até 5.000 prisioneiros ligados ao Talibã por cerca de 1.000 presos ligados ao governo de Cabul. As liberações deveriam ocorrer até ao dia 10 de Março. No entanto, para o presidente afegão, a questão dos prisioneiros “não é da competência dos Estados Unidos decidir, eles são apenas um facilitador”. O acordo firmado no Qatar nes-

te Sábado (29) foi assinado pelo enviado especial dos EUA, Zalmay Khalilzad, e pelo chefe político do Talibã, mulá Abdul Ghani Baradar, e testemunhado pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo. Após a cerimônia, Baradar teria se reunido com os ministros das Relações Exteriores da Noruega, Turquia e Uzbequistão, em Doha, assim como com diplomatas da Rússia, Indonésia e nações vizinhas, uma medida que sinalizou a determinação do Talibã em garantir a sua legitimidade internacional, informou o grupo. “Os dignitários que se reuniram com o mulá Baradar expressaram o seu compromisso em relação à reconstrução e ao desenvolvimento do Afeganistão [...] o

acordo firmado entre os EUA e o Talibã é histórico”, disse o portavoz do grupo, Zabiullah Mujahid. O presidente dos EUA, Donald Trump, rejeitou as críticas em relação ao acordo e declarou estar disposto a se reunir com líderes do Talibã em um futuro próximo. Os assessores de Ghani, por sua vez, disseram que a decisão de Trump de se encontrar com o Talibã pode representar um desafio para o governo no momento em que a retirada de tropas dos EUA se torna iminente. Retirada de tropas O acordo também estipula que Washington reduza a sua presença militar no Afeganistão de 13.000 tropas para 8.600 dentro de 135 dias após a sua assinatura.

Washington também se comprometeu a trabalhar com os seus aliados para reduzir o número de tropas da coalizão estacionadas no Afeganistão durante o mesmo período, caso o Talibã cumpra suas obrigações e garanta a imposição de um cessar-fogo. A retirada total de todas as forças dos EUA e da coalizão ocorrerá dentro de 14 meses, diz o comunicado conjunto. A guerra no Afeganistão se extende por mais de 18 anos, desde que os EUA invadirem o país como retaliação pela realização dos ataques de 11 de Setembro. O conflito encontra-se numa situação de impasse, na qual o Talibã retoma o controlo de diversos territórios, mas não consegue capturar e manter os grandes centros urbanos.


O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

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Irritados com plano de Trump, árabes de Israel querem tirar Netanyahu do poder Às véspera da terceira eleição em Israel em um ano, o primeiro-ministro, Benjamin

Netanyahu, vem pedindo aos seus apoiantes que dêem um empurrão final para ganhar um ou dois assentos a mais no Parlamento que ele considera necessários para formar um governo

M

as, enquanto faz campanha, outra força na política israelita -a minoria árabe- espera utilizar a nova onda de descontentamento contra o líder direitista e seus aliados dos EUA para evitar a aritmética eleitoral do outro lado. Os legisladores árabes estão a pedir que as suas comunidades compareçam às urnas em número cada vez maior no próximo dia 2 de Março para mostrar a sua oposição ao novo plano de paz -apelidado de “Acordo do Século”apresentado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em Janeiro. A reprovação entre os árabes de Israel concentrou-se numa parte específica desse plano, um redesenho proposto de fronteiras que colocaria algumas cidades e vilas árabes fora de Israel e na área designada para um futuro Estado palestiniano.

Forças turcas abatem 2 aviões da Síria em Idlib, segundo mídia síria

A “Há alguém por trás desse plano: Benjamin Netanyahu”, disse Ayman Odeh, chefe da coalizão Joint List, dominada pelos árabes. “Precisamos derrubá-lo, ele que

é o nosso maior agitador, a pessoa por trás do Acordo do Século”, acrescentou Odeh durante paragem em Taibe, uma vila que pode ser retirada de Israel sob o plano de

Trump. Pesquisas mostram o Likud, de Netanyahu, virtualmente empatado com o partido Azul e Branco do líder centrista Benny Gantz.

Democratas Biden e Sanders trocam farpas à medida que Super Terça se aproxima

J

oe Biden, recém-saído da sua primeira vitória na corrida presidencial dos Estados Unidos em 2020, trocou farpas com o candidato Bernie Sanders, neste Domingo, antes da Super Terça, que poderá remodelar a campanha para escolher o candidato do partido a desafiar o presidente republicano Donald Trump. O forte apoio dos eleitores afroamericanos levou Biden a uma vitória retumbante no Sábado, no concurso de indicação da Carolina do Sul, levando o ex-vice-presidente a se afirmar como uma alternativa moderada viável ao senador Sanders, que se descreve como socialista. A crescente campanha de Sanders e os apelos por uma revolução política abalaram um establishment do Partido Democra-

ta, preocupado com o facto de ele estar muito à esquerda para vencer Trump nas eleições de 3 de Novembro nos EUA. O desempenho forte de Sanders nas três primeiras competições em Iowa, New Hampshire e Neva-

da o levou ao status de primeiro colocado. Neste Domingo, tanto Biden quanto Sanders se retrataram como o único candidato que poderia atrair liberais, moderados e independentes para derrotar Trump.

“Acho que o Partido Democrata está procurando um democrata -não um socialista, nem um exrepublicano, um democrata. para ser seu candidato e para unir o país de uma maneira que pude fazer toda a minha carreira”, disse Biden ao programa “Fox News Sunday”. A referência de Biden a um ex-republicano parece ter sido direccionada ao empresário bilionário Michael Bloomberg, o ex-prefeito de Nova York que pulou os quatro primeiros concursos estaduais, mas cobriu o país com meio bilião de dólares em publicidade. Sanders respondeu que ele vota com os democratas há 30 anos no Congresso e disse que a sua campanha para pequenos doadores atrai o apoio de membros de todos os partidos, incluindo republicanos.

s Forças Armadas turcas abateram dois aviões da Força Aérea síria sobre a região de Idlib, no noroeste da Síria, disse a mídia estatal síria neste Domingo (1º). A agência de notícias estatal SANA afirmou que os pilotos se ejectaram em segurança com paraquedas de emergência. Nenhum outro detalhe foi disponibilizado até ao momento. O Ministério da Defesa da Turquia informou que o sistema de defesa anti-aérea que abateu o drone turco foi destruído, bem como dois outros sistemas de defesa anti-aérea. A Defesa turca também comentou que dois aviões Su-24 sírios, que atacaram as aeronaves turcas, foram abatidos. O abate ocorreu logo após as tropas sírias terem supostamente derrubado um drone militar turco sobre a cidade síria de Saraqib, em Idlib, perto da fronteira com a Turquia. Neste Domingo (1º), o comando do Exército sírio anunciou que o espaço aéreo sobre a região será fechado e qualquer aeronave que entre nele será considerada um alvo hostil. As tensões na província síria de Idlib estão em alta, após 36 soldados turcos terem sido mortos e mais de 30 ficado feridos em consequência de ataque aéreo em Idlib.


Actual

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O PAÍS Segunda-feira, 02 de Março de 2020

Coreia do Sul fecha igrejas enquanto casos de coronavírus superam 3.700 Igrejas foram fechadas na Coreia do Sul neste Domingo, com muitas delas a realizar cultos online, e as autoridades lutavam para conter reuniões públicas enquanto 586 novas infecções por coronavírus elevavam a contagem total para 3.736 casos

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sso ocorria um dia após o maior salto diário de 813 casos na batalha da Coreia do Sul com o maior surto de vírus fora da China, disse o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia (KCDC). O número de mortos subiu para 20, ante 17 no dia anterior. Pela primeira vez nos seus 236 anos de história, a Igreja Católica da Coreia do Sul decidiu interromper as missas em mais de 1.700 locais em todo o país. Os templos budistas também cancelaram os eventos, enquanto as principais igrejas cristãs realizavam cerimónias online. Na capital Seul, cerca de uma dúzia de fiéis foi impedida de entrar na Igreja do Evangelho Completo de Yoido, que colocou

um sermão para os seus 560 mil seguidores no YouTube, filmado com um pequeno coral em vez de todos os 200 membros e 60 integrantes da orquestra. “Ouvi dizer que não haveria culto, mas vim verificar como moro perto, mas sim, está tão vazio”, disse Song Young-koo, ao deixar a maior igreja da Coreia do Sul. “É uma decisão sábia fazer (o culto) online, já que o vírus se espalharia facilmente em reuniões de massa e as igrejas não podem ser excepção.” As autoridades alertaram para um “momento crítico” na batalha contra o vírus, instando as pessoas a não comparecerem aos cultos religiosos e eventos políticos e a ficarem em casa neste fimde-semana.

Igrejas ficam vazias na Corei do Sul. os cultos estão a ser celebrados via Internet

Brasil tem 2º caso de coronavírus e 207 estão sob suspeita, diz ministério

O Brasil já registra dois casos confirmados do novo coronavírus, informou, neste Sábado, o Ministério da Saúde, que ressalvou não haver mudança na situação nacional devido à falta de evidências de circulação “sustentada” do vírus no país Segundo o ministério, até 29 de Fevereiro são 207 casos suspeitos no Brasil. Assim como no primeiro caso, o segundo paciente testado positivo para coronavírus é um homem (de 32 anos), residente no Estado paulista e veio da Itália, em vôo precedente de Milão, chegando à capital no dia 27 de Fevereiro. De acordo com a nota do ministério, ele viajou acompanhado da esposa, que está assintomática, mas ambos estão em isolamento domiciliar e sob monitoramento diário pela Secretaria Municipal de São Paulo. “A investigação de contactos

próximos durante o vôo e outros locais está em curso por meio das secretarias estadual e a municipal em conjunto com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, disse a nota do Ministério da Saúde. Na Quarta-feira, a pasta confirmou o primeiro caso no Brasil num paciente de São Paulo que também esteve na Itália, país europeu mais afectado pelo surto. Na ocasião, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o homem de 61 anos estava em boas condições clínicas e até então em isolamento domiciliar.

Os dois pacientes não possuem vínculo entre si e foram identificados em unidade de saúde privada, segundo o ministério. O Brasil foi o primeiro país da América Latina a registrar infecção pelo novo coronavírus. Citando a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde disse na nota divulgada neste Sábado que já foram confirmados 85.403 casos do COVID-19 em 54 países, com 2.924 mortes. No continente americano, Estados Unidos (62 casos), Canadá (14), México e Brasil (dois cada um) confirmaram casos.


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Parte continental da China reporta 573 novos casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus A Comissão Nacional de Saúde disse, no Domingo, que foram confirmados 573 novos casos de infecção pelo novo coronavírus e 35 mortes, no Sábado, na parte continental da China

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ntre os novos óbitos, 34 ocorreram na província de Hubei e um em Henan, segundo a comissão. Outros 132 novos casos suspeitos foram reportados no Sábado, informou. No mesmo dia, 2.623 pessoas receberam alta dos hospitais após recuperação, enquanto o número de casos graves diminuiu em 299, para 7.365. O total de casos confirmados no continente chinês chegou a 79.824 no final do Sábado, incluindo 35.329 pacientes que ainda estão a receber tratamento, 41.625 que receberam alta hospitalar, depois da recuperação, e 2.870 que morreram da doença.

A comissão acrescentou que 851 pessoas ainda são suspeitas de estarem infectadas com o vírus. A comissão disse que 51.856 contactos próximos ainda estão sob observação médica. No Sábado, 8.620 pessoas foram liberadas da observação médica. Até ao final do Sábado, 95 casos confirmados, incluindo duas mortes, foram relatados na Região Administrativa Especial de Hong Kong, 10 na Região Administrativa Especial de Macau e 39 em Taiwan, incluindo uma morte. Trinta e três pacientes em Hong Kong, oito em Macau e nove em Taiwan receberam alta após a recuperação.

2.623 pacientes curados do novo coronavírus na China recebem alta em 29 de Fevereiro

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m total de 41.625 pacientes infectados pelo novo coronavírus recebeu alta do hospital até ao final do Sábado, informou a autoridade de saúde chinesa neste Domingo. No Sábado, 2.623 pessoas saíram do hospital após a recuperação,

informou a Comissão Nacional de Saúde no seu relatório diário. Até ao final daquele dia, um total de 79.824 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus foi relatado na parte continental chinesa, e 2.870 pessoas morreram da doença.

Paciente infectado com coronavírus é colocado numa ambulância

Medicina tradicional chinesa dá resultados positivos no tratamento de pacientes da COVID-19

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medicina tradicional chinesa (MTC) foi utilizada amplamente no tratamento de pacientes da COVID-19 e deu resultados positivos, revelou, neste Sábado, uma especialista médica. Com o tratamento da MTC, os pacientes com sintomas leves de febre ou tosse conseguiram melhorar, disse a directora-médica Wang Rongbing, do Hospital Ditan de Beijing, numa entrevista colectiva. Wang acrescentou que no caso dos pacientes graves, a MTC ajudou a aliviar os sintomas e a restaurar a concentração de oxigénio no sangue, evitando que a sua condição se tornasse crítica. Ela também destacou a efectividade da MTC chamada “Qingfei Paidutang”, uma mistura de ervas com efedra e raiz de alcaçuz, entre outros ingredientes,

no tratamento de pacientes da COVID-19. “Qingfei Paidutang” foi utilizada em 66 hospitais de 10 regiões de nível provincial, disse Wang, acrescentando que

dos 1.183 pacientes que foram submetidos ao tratamento, 640 foram curados e receberam alta do hospital, enquanto 457 tiveram sintomas aliviados.


desporto

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1º de Agosto regressa às vitórias no 11 de Novembro Depois de quatro jornadas, os militares voltaram, ontem, às vitória frente ao Cuando Cubango Mário Silva

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equipa

pontos

Petro

47

equipa

1º de Agosto

equipa

B. Maquis

1º de Agosto regressou às vitórias, após vencer (2-1), ontem, o Cuando Cubango FC, no Estádio 11 de Novembro, em Luanda, em jogo de prosseguimento da 22ª jornada do Girabola 2019/2020. Com esta vitória, os militares reduzem a diferença pontual para dois em relação ao Petro de Luanda, líder com 47. Assim, o 1º de Agosto quebra o jejum de quatro rondas sem vencer. Por sua vez, a equipa das terras do progresso permanece na última posição com 16 pontos. Ontem, os pupilos de Dragan Jovic entraram determinados em sacudir a crise de resultados. Por isso, a equipa central das Forças Armadas Angolanas procurava marcar um golo no primeiro quarto de hora, pois conseguiu com auto-golo de Dieu Massadila, aos 17 minutos. Com vantagem de um a zero a favor dos militares, as duas equipas foram para o intervalo. No reatamento da partida, o treinador do Cuando Cubango alterou o seu xadrez de modo a conseguir o tento do empate, quiçá da vitória. Ainda assim, foram os militares por intermédio de Mabululu a aumentar a vantagem para 2-0, aos 57 minutos. Numa jogada de bola parada, aos 78’, Palucho reduziu para duas bolas a uma, mas foi insuficiente para evitar a derrota.

pontos

45 pontos

1º de Agosto 2 Cuando Cubango 1

40 Estádio 11 de Novembro Árbito: Carlos Armando

Paizo jogador do 1º de Agosto, tetra-campeão nacional, no Estádio 11 de Novembo

Wiliete perde em casa Os comandados do treinador do Wiliete de Benguela, Agostinho Tramagal, perderam (21) ontem pela primeira vez em casa, no Estádio Nacional de Ombaka, frente ao Desportivo da Huíla. O embate foi referente à 22ª jornada do Girabola 2019/2020, Campeonato Nacional. Assim, o representante da cidade das Acácias Rubras mantém-se na 9ª posição com 25 pontos. Por sua vez, os militares da Região Sul ascendem ao quarto lugar, agora com 31. No Estádio do Buraco, Académica do Lobito e Ferrovia do Huambo empataram a uma bola.

Aubameyang na mira do Barça O Arsenal parece ter mudado de ideias em relação à eventual saída de Pierre-Emerick Aubameyang e pode estar agora disposto a abrir mão do passe do jogador que é alvo do Barcelona. De acordo com informação veiculada pelo Daily Express, a actual situação financeira do clube estará na base da decisão, uma vez que o inesperado afastamento da Liga Europa, frente ao Olympiakos deixou o clube com um défice de, pelo menos, 31 milhões de euros, já provenientes da última temporada.


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Grupo Etosha garante apoio ao Comité Paralímpico Angolano Mário Silva

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directora-geral do Grupo Etosha, Kanda Kassoma, garantiu que a partir de Sexta-feira passada e até ao final do ano, cinco por cento das vendas dos produtos da Vista Alegre, serão destinados para o Comité Paralímpico Angolano (CPA). Kanda Kassoma explicou que o objectivo é ajudar o CPA a desenvolver o desporto paralímpico de modo a conquistar mais medalhas para Angola, porque os atletas com deficiência precisam de muito apoio e incentivo. Por sua vez, o secretário-geral do Comité Paralímpico Angolano, António da Luz, disse a este jornal que a iniciativa do grupo supracitado é boa, pois vai ajudar o seu órgão a resolver algumas dificuldades que enfrenta. Durante a homenagem à Selecção Nacional de futebol para amputados, actual campeã mundial e africana, o encontro ficou marcado por momentos de emoção, com a partilha das histórias de vida dos jogadores presentes.

Celestino Elias, eleito o melhor jogador do Campeonato Africano e do Mundo, assim como Edgar Domingos, Alberto Adelino e Manuel Quilala, juntaram-se a Hélder Gomes, técnico-adjunto da selecção, nas Torres Loanda, no Kinaxixi, um espaço da conceituada marca portuguesa “Vista Alegre”, representada pelo grupo angolano Etosha. Carlos de Almeida, secretário de Estado para o Desporto, Hironori Sawada, embaixador do Japão, Jorge Figueiredo embaixador de Cabo Verde, Artur Almeida e Silva, presidente da Federação Angolana de Futebol (FAF), Osvaldo Saturnino de Oliveira, ex-vicepresidente da FAF e o antigo atleta, José Sayovo estiveram presente no evento.

“A iniciativa do grupo supracitado é boa, pois vai ajudar o CPA a resolver algumas dificuldades”

Kanda Kassoma (castanho), directora-geral do Grupo Etosha com membros do CPA e atletas da Selecção Nacional

Baixa de Cassanje perto do Girabola

Interclube contrata

norte-americano

Regresso de Curry adiado

Governo australiano garante GP

Nadal conquista 85º título

A Baixa de Cassanje de Malanje, deu um passo significativo na corrida à ascensão para o Girabola 2020/2021, Campeonato Nacional, após derrotar Sábado, no Campo 1º de Maio, o Paulo Futebol Clube do Bengo por 3-1 em jogo referente à 4ª e última jornada do zonal B de apuramento.

A equipa sénior masculina de basquetebol do Interclube contratou o poste norte-americano Herbert Hill, por duas temporadas. O jogador norte-americano poderá fazer a sua estreia no Campeonato Nacional já nas próxima jornadas. Herbert Milton Hill já fez parte do draft da NBA em 2007.

O regresso à competição de Stephen Curry, inicialmente previsto para ontem após quatro meses de ausência, foi adiado por mais algumas semanas. O jogador fraturou a mão esquerda no quarto jogo da temporada regular contra os Phoenix Suns, a 30 de Outubro. O treinador dos Warriors, Steven Kerr, havia previsto o regresso para o jogo de ontem.

Martin Pakula, ministro do Desporto de Victoria, Melbourne, na Austrália, garante que não há alterações à realização do GP de Fórmula 1 no dia 15 de Março, que marca o arranque da temporada. “Melbourne é a única cidade do mundo que recebe uma corrida de Fórmula 1 e um torneio de ténis do Grand Slam”.

O espanhol Rafael Nadal, segundo jogador mundial, conquistou no Sábado o 85.º título da carreira, ao bater o norte-americano Taylor Fritz, 35.º da hierarquia, na final do torneio ATP500 de Acapulco, no México. Rafael Nadal, de 33 anos, superou Taylor Fritz, de 22, em dois sets, pelos parciais de 6-3 e 6-2.


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OPINIÃO

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Dani Costa

A bipolarização da nossa política

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m dos momentos mais hilariantes da nossa política doméstica terá ocorrido após a assinatura dos Acordos de Bicesse, em Portugal, quando o país entrou de empurrão para o monopartidarismo, na sequência dos acordos rubricados entre o Governo angolano do então Presidente José Eduardo dos Santos, e a UNITA, então liderada por Jonas Savimbi. Dois dos principais contendores de uma guerra fraticida, o Governo do MPLA e a UNITA, em nome dos angolanos, lideraram o processo. E o país assistiu, num ápice, ao surgimento de mais de uma centena de partidos. Sem grandes diferenças ideológicas, estes partidos políticos-cogumelos quase que se assemelhavam, ganhando a maioria deles o apelido de satélites. Para muitos, o que estava em causa, na altura, eram apenas os benefícios de tal condição, como os subsídios e até os passaportes diplomáticos. Durante um determinado período, ironizava um amigo, havia mesmo partidos cujos integrantes nem chegavam sequer para preencher os lugares disponíveis numa viatura Hiace que efectua serviço de táxi. Mas, ainda assim, muitos deles acabavam legalizados e Angola entrou na lista dos países que mais partidos possuíam no continente, até que uma nova legislação cuidou de extinguir a maioria deles. Chegou-se mesmo a mais de 100. Alguns com nomes quase semelhantes e outros com siglas ou acrónimos que mais faziam lembrar autênticas figuras medievais. Exceptuando a FNLA, ainda sob liderança de Holden Roberto, e uns novatos, a representatividade destes esteve sempre aquém. Mais do que visível estava o facto de apenas o MPLA e a UNITA cria-

rem factos políticos e comandar a agenda nacional. Quase 30 anos depois, não há indícios de que qualquer forasteiro político venha a retirar o protagonismo por estes reclamados. A entrada em cena da CASA-CE, ainda com Abel Chikuvukuku, veio dar um novo alento ao cenário político, roubando o protagonismo inicialmente à FNLA e depois ao PRS, então terceira força política. Às portas das eleições autárquicas, sugeridas pelo Conselho da República para este ano de 2020, é claro o ofuscamento dos demais partidos, dando a impressão de que apenas os dois principais contendores estejam, na realidade, interessados neste pleito e noutros principais acontecimentos da vida nacional. A UNITA abriu as suas ‘oficinas’

com várias acções em Luanda e noutros pontos do país, sendo a mais marcante a que ditou a inauguração da sua sede em Luanda. E, recentemente, através de uma marcha promovida pelo seu presidente, Adalberto Costa Júnior, fez uma demonstração de força num território até então tido como praça exclusiva dos camaradas. Os camaradas, por intermédio de acções que visavam apoiar as reformas em curso promovidas pelo seu presidente, João Lourenço, encheram diversas artérias da capital do país e de outras províncias. E agora, com a rentrée política do Namibe, vieram mostrar que não andam adormecidos. O facto curioso é que três meses depois de ter começado o ano, somente estes dois partidos

parecem ter ideias claras do que pretendem, desconhecendo-se o que fazem as demais formações políticas. Nem a chama das

É mais fácil reclamar verbas e outros benefícios durante a época pré-eleitoral. Traçar políticas e acções que marquem a vida dos angolanos ainda é uma tarefa difícil para muitos

autarquias, que tem servido de argumento para se desferir ataques ao maioritário, a crise social ou a económica, serve de motivo para que alguns oposicionistas saiam do casulo para justificarem até mesmo os poucos votos conseguidos e reclamarem novos nos próximos desafios. Atolado em problemas crónicos, a FNLA não parece capaz de sair da unidade de cuidados intensivos a que foi mergulhado por força de uma crise que já leva quase três décadas. A nova liderança do PRS, encabeçada por Benedito Daniel, também está longe dos desafios a que este emblema se envolvia no passado. A CASA-CE, vista inicialmente como uma das esperanças, também não reage nem aos estímulos dos antibióticos que já são ministrados, nem mesmo com o espectro do surgimento do PRA-JA para servir Angola, cujo aparecimento deverá cooptar segmentos que viam neste emblema uma terceira opção. (In)Felizmente, apesar do tempo, MPLA e a UNITA continuam a liderar não só as preferências do eleitorado, como também o circuito mediático. Nem mesmo o surgimento de outras forças políticas, algumas até já com meio caminho andado no Tribunal Constitucional, consegue reverter esta percepção. Numa época propicia em acontecimentos, com o MPLA a se auto-flagelar devido aos constantes escândalos em que estão envolvidos alguns dos seus militantes de base e até dirigentes, na dita oposição política falta ousadia. Os seus marqueteiros não conseguem sequer aproveitar o rol de lances que lhes são colocados à disposição. É mais fácil reclamar verbas e outros benefícios durante a época pré-eleitoral. Traçar políticas e acções que marquem a vida dos angolanos ainda é uma tarefa difícil para muitos.


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Fuga à maternidade merece reflexão da sociedade, diz responsável A directora do Gabinete Provincial da Acção Social, Família e Igualdade do Género, Maria Lopes Neto, afirmou ontem, Domingo, no Sumbe, Cuanza-Sul, que a fuga à maternidade deve merecer uma reflexão profunda da sociedade, visto que destrói o crescimento integral e harmonioso da criança dr

dr

Deputados avaliam execução de projectos públicos

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A

responsável, que falava à imprensa à margem da abertura das jornadas Março/Mulher, realçou, sem avançar dados, que a fuga à maternidade deve ser considerada um acto reprovável,acrescentando que, infelizmente, estes casos não são reportados e são considerados normais na sociedade. Ressaltou que muitas avós criam os netos como se fossem mães, o que é reprovável. Por esta razão, defende um companha-

mento com campanhas e palestras nas comunidades sobre a desvantagem da gravidez precoce e formas de prevenção. Na abertura do certame, a vicegovernadora para o sector político e social, Emília Chinawalile, destacou a importância de uma

Ressaltou que muitas avós criam os netos como se fossem mães, o que é reprovável

atenção especial às famílias nos domínios social e económico, visando a estabilidade e prevenção das mais variadas formas de violência doméstica. Durante o mês, sob o lema “ homens e mulheres juntos na aceleração da redução da disparidade do género”, serão dissertados temas como” a emancipação da mulher”, “o resgate da autoestima da mulher” , “ as causas, prevenção e resoluções da violência”, “ a segurança no seio da família” e “o empoderamento da mulher e a igualdade do género”.

eputados à Assembleia Nacional terminaram Sábado, no Uíge, uma missão de avaliação dos projectos inseridos no Programa de Investimento Público 2018-2019, tendo apelado à sua conclusão imediata, com vista a melhoria das condições de vida das populações. Segundo o chefe do grupo, o deputado Victor Kajibanga, devido ao atraso registado em certas obras, na reunião mantida com o vice-governador para a àrea Técnica e Infraestruturas, Afonso Luviluku, a comitiva deixou recomendações para a conclusão dos projectos. O parlamentar, que considerou positiva a missão, adiantou que os projectos visitados enquadram-se nas acções do governo viradas ao combate à fome e à pobreza e à melhoria da qualidade de vida das comunidades, com a oferta de diversos bens sociais. Durante os três dias, o grupo constatou o funcionamento do sistema de abastecimento de água do município do Dange-Quitexe, dos bairros Ana

Candandi e Sonangol, nos arredores da cidade capital da província, entre outras infraestruturas com obras por terminar. O deputado Victor Kajibanga realçou a importância da execução dos projectos de àgua, na medida em que combate a proliferação de certas doenças de origem hidrica, assim como as escolas, que além de elevar a educação das pessoas contribuem, igualmente, para o combate à pobreza. No encontro com o governo, os deputados foram informados sobre as dificuldades nos municípios dos Buengas, Milunga e Kimbele, sobre a degradação das estradas e a construção de mais escola, uma das principais preocupações do executivo do Uíge. A visita dos deputados à província insere-se no seu programa de constatação do grau de cumprimento da execução dos projecto e programa inscritos no OGE 2018-2019, compreender as reais dificuldades encaradas pelos gestores locais, entre outros aspectos correlacionados.

Angola veta entrada de cidadãos de países com o COVID-19

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Ministério da Saúde tornou público um despacho no qual determina que, enquanto durar a epidemia de COVID-19, está proibida a partir do dia 03 deste mês, a entrada em Angola de cidadãos provenientes directamente da China, Coreia do Sul, Irão, Itália, Nigéria, Egipto e Argélia.

A limitação é apenas válida para cidadãos que viajarem directamente dos países citados, mas já não será aplicável para aqueles que cheguem a Angola, através de países terceiros, ou seja, a título de exemplo, se um chinês vier de Portugal, ele não será barrado à entrada de Luanda. O documento a que a ANGOP te-

ve ontem acesso, datado de 28 de Fevereiro, esclarece que todas as companhias transportadoras devem comunicar previamente os viajantes sobre a interdição. A nota esclarece que as empresas transportadoras que violarem o presente instrutivo serão responsabilizadas pelo repatriamento imediato dos referidos viajantes.

Por outro lado, a direcção nacional de saúde pública deve diariamente actualizar a lista de países com base nos critérios definidos no despacho, tendo em conta o aumento dos casos por coronavirus ao nivel do mundo e a necessidade de prevenção da expansão da epidemia em Angola.

Os critérios no artigo nº1 estão definidos nos termos do regulamento sanitário internacional ractificado pelo Estado angolano através da resolução nº32/08 de 1 de Setembro conjugado com o Artigo nº02 do Decreto Presidencial nº21/18 de 30 de Janeiro que aprova o Estatuto Orgânico do Ministério da saúde.


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