Jornal OPaís edição 1793 de 31/03/2020

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GOVERNO DO HUAMBO RECEBE 60 QUARTOS PARA QUARENTENA INSTITUCIONAL

DETIDO HOMEM QUE ATROPELOU MORTALMENTE MOTOCICLISTA QUE LHE “RISCOU” O CARRO

A gestão do Hotel IU disponibilizou, nesta Segunda-feira, ao governo da província do Huambo, um total de 60 quatros para a eventual quarentena institucional de casos suspeitos de contágio pelo novo Coronavírus. P. 8

o Comando Provincial da Polícia Nacional na Huíla confirmou a detenção, no dia 29 do corrente, de um cidadão de 47 anos acusado de homicídio por ter atropelado um motociclista, após ambos se terem envolvido num acidente que resultou em danos na viatura de marca Toyota, modelo v8. P. 11 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @Jornalopaís facebook/opaís.angola

Director: José Kaliengue

O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA

Edição n.º 1793 Terça-feira, 31/03/2020 Preço: 40 Kz

Lixo dos centros de quarentena será queimado

UM JÁ CURADO. POTENCIAL DE INFECÇÃO É DE 10 MIL

● A Agência Nacional de Resíduos e a Direcção Nacional do Ambiente, após visita aos centros de quarentena do Calumbo 1 e 2, decidiram incinerar, depois de passarem por processo de desinfestação, todos os resíduos produzidos nos referidos centros, por razões de segurança. P. 11

EM FOCO: o secretário de Estado da Saúde Pública, Franco Mufinda, fez saber, esta Segunda-

feira (30), que , nas 24 horas anteriores, o país registou um caso de cura de Covid-19. Mas a falta de cuidados pode levar a que, em Julho, o país atinja os 10 mil casos de contaminação. P. 3 CARloS MoCo/ARQUIvo

Indústrias têxteis podem produzir 18 milhões de máscaras para travar a propagação do Covid-19 em Angola ● Pelo menos 31 fábricas do sector têxtil

pretendem produzir máscaras. No sentido de reduzir a escassez dos produtos descartáveis e evitar a propagação da pandemia do Covid-19 no país, que já regista duas mortes. P. 19

JORNALISTAS PRECISAM APENAS DO SEU PASSE PARA TRABALHAR P10

E AINDA NO CARTAz: Presidente francês homenageia memória do músico camaronês Manu Dibango

LeYa disponibiliza histórias online para as famílias

Casa de Papel está de volta e é o acontecimento da quarentena

Belmiro Carmelino abandona Conselho de Comissários de Árbitros ● A desculpa, por parte da Federação Angolana de Futebol (FAF), ao Petro de Luanda no jogo da Taça de Angola, frente ao Sagrada Esperança da Lunda-Norte, deixou o ex-arbitro agastado. Por isso, “largou” o CCA. P. 26


EM FOCO

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Medidas de protecção ao Covid-19 paralisam trabalhos nas novas concessões de Catoca e dispensam parte dos trabalhadores DR

O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

Em algumas explorações fica apenas o serviço de segurança. Na vila residencial, os que ficaram estão sujeito a uma rigorosa vigilância dos serviços de saúde

A

Sociedade Mineira de Catoca, um dos maiores players do subsector dos diamantes em Angola, responsável por mais de 75% da produção de diamantes do país, resolveu paralisar os trabalhos de concessões durante o período de quarentena A medida tem a ver com Decreto Presidencial 82/20, com duração até 11 de Abril de 2020 e prorrogável em função das circunstâncias. De acordo com uma nota da sociedade, o regime prevê a paralisação parcial dos trabalhos de Catoca, mantendo essencialmente alguns serviços operacionais, o que fez com que fosse dispensada parte do efectivo de trabalhadores para cumprirem o regime de isolamento social em domicílio. Para manter parte dos serviços operacionais, considerados essenciais para a Empresa, as direcções

das áreas indicaram o número de funcionários necessários para as actividades, que deverão permanecer na Vila de Catoca e estes ficarão em regime de isolamento social dentro da vila residencial, sujeitos à um rigoroso sistema de vigilância epidemiológica implementado pela área de medicina de Catoca com o apoio das autoridades sanitárias da província da Lunda-Sul. Estas restrições implicaram a paralisação de todas as operações de produção da central de tratamento nº1 (CT1), assim como a paragem total dos trabalhos nas concessões Tchiafua, Gango e Luangue, estando apenas acautelada a segurança das instalações e dos meios fixos. Enquanto durar este período e de forma a garantir as condições necessárias de biossegurança para os colaboradores em serviço, todos os funcionários que se encontram a gozar férias ou licenças devem ficar em casa.

DR

MIREMPET adia avaliação e a adjudicação das propostas para gestão da refinaria do Soyo por causa do Covi-19

O

Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos (MIREMPET ) vê-se obrigado a paralisar a avaliação das propostas e adjudicação do concurso de investimento privado para o projecto da refinaria do Soyo, tendo em conta a pandemia do Covid-19 que se propaga nos cinco continentes.

Deste modo, fica adiado o anúncio do grupo vencedor que estava previsto para o dia 31 de Março de 2020 (hoje), para uma data a anunciar tão logo as condições o permitirem

Deste modo, fica adiado o anúncio do grupo vencedor que estava previsto para o dia 31 de Março de 2020 (hoje), para uma data a anunciar tão logo as condições o permitirem. Por outro lado, a comissão de avaliação deste concurso irá, em tempo oportuno, contactar os grupos empresariais com o objectivo de assegurar que as suas propostas e intenções continuam a ser consideradas.

Ministro dos Recursos Minerais e Petróleos,Paulo Diamantino SérgioAzevedo


O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

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vIRgílIo PINTo

Há um curado e o potencial de dez mil contágios de Coronavírus O secretário de Estado da Saúde Pública, Franco Mufinda fez saber , esta Segundafeira (30), que , nas 24 horas anteriores, o país registou um caso de cura de Covid-19. Mas a falta de cuidados pode levar a quem em Julho o país atinja os dez mil casos de contaminação

“A

nível de Angola somos a referir que o primeiro paciente infectado fez um teste e deu negativo”, portanto, “está curado”, informou Franco Mufinda. Ele acrescentou que, dos 21 testes feitos a cidadãos em quarentena, cujos resultados estavam por se divulgar, todos deram negativo mantendo-se inalterado o número de pessoas contagiadas. Franco Mufinda declarou que, naquelas 24h, o balanço nacional traduziu-se em 1.273 indivíduos isolados, sob vigilância das auto-

ridades sanitárias, dos quais 532 se encontram em em quarentena institucional em Luanda. Vinte e uma amostras de casos suspeitos de Covid-19, processadas nas últimas 24 horas em Angola, tiveram resultado negativo, anunciou hoje, em Luanda, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda. Na a habitual conferência de imprensa de actualização de dados sobre o novo Coronavírus, o dirigente deu a conhecer a existência de mais 272 análises em processamento, mil e 273 cidadãos em quarentena institucional a nível nacional, dos quais 532

controlados em Luanda. Afirmou que, em 24 horas, o sector recebeu, através do Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), 305 chamadas, das quais 23 foram alertas de casos suspeitos, 13 descartados, oito investigados e dois casos validados com o devido seguimento pelas autoridades sanitárias. Previsões e expectativas O modelo epidemiológico usado por todos os países africanos prevê um crescimento exponencial de casos positivos, em Angola, nas próximas semanas (Abril), esperando-se que até ao dia 18 de

Maio o país tenha um acumulado de mil casos do Covid-19. Com esse ritmo (marcado por sete testes positivos de cidadãos angolanos, dos quais dois óbitos e um recuperado), avançou o secretário de Estado, “Angola poderá registar dez mil casos, até o dia 29 de Julho, segundo previsões da Organização Mundial da Saúde (OMS)”. Nas últimas 24 horas, o continente africano registou mais de 170 pessoas infectadas e três mortes, enquanto o mundo contabilizou 63 mil 157 casos positivos e mais de três mil mortes, numa altura em que Angola se

mantém com quatro pacientes contaminados, sob controlo. Russos apontam três potenciais remédios Previamente, a Agência Federal para Assuntos Médico-Biológicos (FMBA) apresentou mais uma versão com base na mefloquina antimalárica. A informação foi divulgada pelo chefe da unidade de ciências biomédicas da Academia Russa de Ciências, Vladimir Chekhonin, que recordou que a Triazavirina antiviral foi criada há vários anos num instituto da academia russa. Agora os especialistas chineses estão interessados no seu uso para possível tratamento da infecção pelo novo Coronavírus. “Mas hoje está pronto um inalante especial deste medicamento, que pode ser usado exclusivamente para tratar infecções respiratórias virais. Estou certo de que será mais adequado para tratar a infecção por COVID-19. E, claro, essa opção é extremamente importante na situação actual”, disse Chekhonin, acrescentando que este medicamento já está pronto para ser transferido para ser testado em instituições especializadas. Além disso, cientistas russos desenvolveram outro medicamento “suficientemente eficaz” contra o Coronavírus (adaptado para atender aos padrões russos) baseado no tratamento anti-viral japonês Favipiravir. Outro medicamento antiviral, o Fortepren, também passou em testes clínicos e deve ser avaliado quanto à sua capacidade de tratar a COVID-19, afirmou o académico. “Ele passou por todas as fases de testes clínicos, ou seja, foi testado mesmo em humanos. O Fortepren está na fase de registo, após o que pode ser submetido a testes para verificar a sua possível actividade em relação à COVID-19”, comentou o especialista. Segundo o académico, testar a capacidade desses três medicamentos para tratar a doença do coronavírus é uma prioridade máxima tanto da Academia Russa de Ciências quanto do Ministério da Educação e Ciência da Rússia. Chekhonin observou que, por enquanto, três possíveis vacinas contra o Coronavírus estão a ser desenvolvidas na Rússia com a participação de especialistas da Academia Russa de Ciências. Com ANGOP


4 DESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 08 governo do Huambo recebe 60 quartos para quarentena institucional.

SOCIEDADE. PÁG. 12 Autocarros apenas podem transportar 20 pessoas.

o editorial

O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

HOJE: os números do dia

Reeducar

CARTAz. PÁG. 14 Presidente francês homenageia memória do músico camaronês Manu Dibango.

ECONOMIA. PÁG. 18 venda de moedas estrangeiras será feita na plataforma Blomberg.

O

que a pandemia do novo Coronavírus veio mostrar mais uma vez é que o Estado angolano tem de tudo fazer para promover a educação, o respeito pelo outro e o sentido de amor ao país. A disciplina, como noção de dever e de missão, é outro aspecto a recuperar. Nestes primeiros dias de estado de emergência sobressaíram, por um lado a indisciplina de boa parte da população, muito fundada no baixo nível de instrução, e o abuso de alguns agentes das forças da ordem. Alguns destes abusos caíram nas redes sociais, que deram razão ao Presidente da República quando, ainda em campanha, em Mbanza Kongo, apelou a que os cidadãos usassem meios como telefones para combater a anarquia e a corrupção. Sim, a denúncia pública e a censura subsequente podem ser uma formas de reeducar a sociedade, a mesma que gera os agentes indisciplinados.

o que foi dito MUNDO . PÁG. 20 África do Sul regista segunda morte por coronavírus enquanto infecções saltam para 1.280.

Nada N ada seria pior do que declarar vitória antes que seja conquistada” Donald Trump

Presidente dos Estados Unidos da América, ao anunciar o prolongamento do isolamento até 30 de Abril. Nova Iorque já ultrapassou os 1000 óbitos.

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Cidadãos, com idades compreendidas entre 35 aos 55 anos de idade, provenientes da África do Sul, Zimbabwe e Portugal, encontram-se em quarentena domiciliar durante 14 dias, na província da lunda Sul.

Quartos foram disponibilizados pela gestão do Hotel IU, esta Segunda-feira, ao governo da província do Huambo, para eventual necessidade de quarentena institucional de suspeitos da pandemia do Covid-19 Coronavírus).

180 1400

Cidadãos foram preventivamente detidos em Benguela, até Segundafeira, segundo o Comando Provincial da Polícia Nacional, por incumprimento das restrições do Estado de Emergência em vigor no país.

”Quando a situação vai para o caos, com desemprego em massa, fome, problemas sociais, é um terreno fértil para aproveitadores buscarem uma maneira de chegar ao poder e não mais sair dele” Jair Bolsonaro

Presidente do Brasil

Pedidos pedidos de empresas que pretendem aderir ao lay-off simplificado deram entrada em Portugal e os primeiros pagamentos serão feitos a 28 de Abril, disse a ministra do Trabalho, Ana Mendes godinho.

Surgiu a avaliação de estender todas as medidas de contenção pelo menos até a Páscoa. O governo seguirá nessa direcção Roberto Speranza Ministro da Saúde da Itália


O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020 0

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Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com a bastonária da ordem dos Médicos de Angola, Elisa gaspar, e saiba como ela pretende mudar a imagem que a sociedade tem dos médicos angolanos

e assim... José Kaliengue Director

Covid e liberdade de imprensa

www.opais.co.ao Nova Deli (Índia) Habitantes locais fornecem água potável aos “fugitivos” de Coronavírus (DR)

o que vai acontecer Pandemia Inaugurado ontem pelo governador Sérgio luther Rescova, um centro provisório com capacidade para 250 pessoas, para acolher crianças de rua e adultos, em situação vulnerável, entra hoje em funcionamento no Bairro dos Ramiros, município de Belas (luanda),. o centro provisório, montado nas mesmas instalações da Casa da Juventude do Ramiros, visa acudir essa franja da sociedade, no âmbito das medidas preventivas contra a pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Neste espaço estão acolhidos cidadãos dos municípios de luanda, Belas e Talatona, estando prevista, a abertura de locais do gênero nos municípios de Cacuaco e viana, com capacidade para 300 pessoas.

Água Empresa de Águas e Saneamento do Cunene começa a religar a água a clientes com contadores desligados por motivo da dívida acumulada desde 2015, de forma gratuita, no quadro do plano de contingência para conter a pandemia do Covid-19 no país. A informação foi avançada ontem, Segunda-feira, à ANgoP, pelo administrador técnico da Empresa de Água e Saneamento do Cunene, Evangelista Kamati, referindo que os clientes nesta condição devem recorrer a empresa e os técnicos vão a residência fazer a religação. Nesta fase difícil, o importante é garantir o acesso ao líquido precioso às famílias e quando a situação normalizar, quem não regularizar a dívida, voltará a sofrer o corte”.

CFB Prosseguem os trabalhos de reparação dos 25 metros da linha férrea na localidade de Capeio, município do Cunhinga, provínicia do Bié, afectados por ravinas, iniciados nesta Segunda-feira, conforme dissera à Angop a directora do gabinete Provincial dos Transporte, Tráfego e Mobilidade Urbana, Adélia Eduardo Ndavoca. Segundo a responsável, uma equipa técnica do CFB, proveniente da província de Benguela, vai a Capeio para reparar o troço ferroviário (Cuito/Huambo), interdito desde sexta-feira (27)à noite, devido à progressão das ravinas.

Pandemia o Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em luanda, a partir das 16 horas.

P

onto prévio: jornalista não é suicida, pensa e é capaz de adoptar as medidas de protecção necessárias neste período de pandemia. Também tem medo. Até agora, as provas de irracionalidade não foram dadas por jornalistas, apenas as reportaram. Mas há excepções que confirmam a regra, claro. Tais excepções são de outro tipo, ligadas ao estômago que faz alguns falarem literalmente à-toa. Já estamos habituados aos mesmos de sempre, que fazem muito barulho retocam permanentemente a imagem para a adequar ao momento. Posto isto, e talvez mesmo por isso, surgiram falhas na cadeia de solidariedade e de defesa da profissão, o que permitiu que burocratas, uns, e securitaristas, outros, saíssem por aí a destilar fel ditatorial. o jornalista passou a ser o inimigo. Na Huíla exige-se-lhe uma credencial passada por uma autoridade para trabalhar. ou seja, esta autoridade determina quantos jornalistas podem trabalhar e, se calhar, que jornalistas o podem fazer. Em luanda, alguém se lembrou que o jornalista apenas pode circular com o seu passe de trabalho, uma credencial da empresa e, vejam a invenção, a prova de que está escalado para trabalhar. ou seja, o mundo acontece ao sabor das escalas das empresas de comunicação social. Não pode deflagrar um incêndio num bairro porque o jornalista que lá mora não está escalado para trabalhar naquele dia e assim não pode reportar. ou tem de ir a empresa e a autoridade rogar pela credencial e para ser escalado, de madrugada eventualmente. Mas talvez o que se pretenda seja dizer ao Presidente da República que ele afinal não manda nada. Nem ele, nem a lei do estado de emergência nacional e o seu regulamento que assinou. E há “superjornalistas” que defendem nas redes sociais e por aí que a Polícia espanque quem ande na rua, incluindo jornalistas, seguramente. Estes são os tais da pintura e repintura. Alguém tem de pôr nas cabeças destas criaturas que o mundo sabe da pandemia como sabe graças à imprensa. Que os jornalistas são peça fundamental neste combate.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos luís gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

NO TEMPO DO KAPARANDANDA

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

OPAÍS

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais. co.ao Grande repórter: André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia luís Faria (Coordenador-Editor) luis.faria@opais.co.ao Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto Nunes, Rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Afrodite Zumba, Milton Manaça, Antónia gonçalo, Maria Teixeira, Iracelma Kaliengue, Patrícia oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela),Brenda Sambo, Maria Custódia, Kiameso Pedro e Adjelson Coimbra. Arte: ladislau Bernardo (Coordenador) valério vunda (Coordenador adjunto)lourenço Pascoal, Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, virgílio Pinto, lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Revisão: António Setas Agências: Angop, AFP, Reuters, getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa gaspar, Inês Monteiro e Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor)Isabel Dalla e Ana gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio AlPHA, Talatona- luanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

31 de Março de

1960 –

o governo sul-africano proíbe o Congresso Nacional Africano (ANC) e o Congresso PAN-Africano (PAC) de realizarem actividades políticas.

1962-

31 de Março de - Um referendo levado a cabo na Suíça rejeita, pura e simplesmente, o fabrico ou a importação de armas nucleares.

1963 -

31 de Março de Um grupo de cubanos exilados, que planeava atacar um petroleiro soviético fundeado ao largo de Cuba, é capturado nas Bahamas pelas autoridades britânicas.

CARTA DO LEITOR

Angolano não tem medo

CARloS MoCo

Caro director Os angolanos não têm medo da doença, acho eu. Ou então já aceitam a morte com muita facilidade. Aquilo que tenho visto nestes dias desde que o Presidente decretou o estado de emergência me assusta. Eu tenho medo. As pessoas querem viver como se nada estivesse a acontecer, é muita anarquia. Eu entendo que as pessoas precisam de comer e têm de andar na rua para arranjar algum dinheiro, comida. Mas no tempo da guerra até havia fome, mas as pessoas tinham mais amor a vida, ou então era porque aquilo que matava fazia barulho, todos se escondiam. Agora, como não estão a ver aquilo que mata, estão todos armados em valentes. Deus queira que aqui não marra mais ninguém com esta doença. As pessoas têm mesmo que ouvir e acatar as ordens, lei é lei. Tem de se acabar com a confusão. Está demais. Uns até festas querem dar. Isso não pode ser. Mas quem ama a sua vida e a dos outros deve fazer como eu, ficar em casa e se sair é só mesmo para levar o lixo ou para comprar pão. Alberto Kimuko Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754


BAI DIRECTO

SE PENSAR BEM, VAI QUERER UM SERVIÇO INOVADOR, QUE LHE FACILITE A VIDA. PENSE BEM, PENSE BAI.

1973 - Am’ lcar Cabral, dirigente e fundador do PAIGC, Ž assassinado em Conakry. 1981 - Os 52 refŽ ns norte-americanos, detidos no Ir‹ o h‡ mais de 13 meses, s‹ o finalmente libertados, ao mesmo tempo que Ronald Reagan toma posse como quadragŽ simo presidente dos Estados Unidos. 1997 - O governo de Mobutu, em Kinshasa, Zaire, declara, oficialmente, guerra contra os rebeldes no norte do pa’ s, liderados por Laurent DŽ sirŽ Kabila, depois de estes ocuparem uma parcela de 600 quil— metros no interior do pa’ s.


POLÍTICA

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O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

DR

governo do Huambo recebe 60 quartos para quarentena institucional A gestão do Hotel IU disponibilizou nesta Segunda-feira, ao governo da província do Huambo, um total de 60 quatros para a eventual quarentena institucional de casos suspeitos de contágio pelo novo Coronavírus

T

estemunhou a entrega dos quartos a governadora local, Joana Lina, na qualidade de coordenadora da comissão provincial de prevenção desta pandemia contagiosa. Além deste local, o planalto central conta igualmente com os centros de Ecologia Tropical e Alterações Climáticas (CETAC), com 27 suites, e de Aconselhamento do Gabinete da Acção Social, Família e Igualdade do Género, numa altura em que 27 casos suspeitos estão em quarentena domiciliar. Na sequência, Joana Lina testemunhou igualmente a recepção, por parte do Governo local, das instalações anexas ao

hospital do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), com 43 camas, para o internamento isolado de possíveis casos positivos. No último Sábado, as autoridades da província confirmaram a prontidão do hospital municipal do Ecunha, a 42 quilómetros da cidade do Huambo, para o mesmo propósito, com capacidade para acomodar 74 doentes em igual número de camas, enquanto na maior unidade sanitária desta província foram preparados 50 camas. Em breves palavras, a governadora Joana Lina encorajou as equipas médicas civis e militares a prestarem um serviço de qualidade aos pacientes. Nesta perspectiva, tranquilizou a população, a quem pediu maior

cautela no contacto com os cidadãos vindos de países infectados, além de obedecerem as medidas de prevenção como a lavagem das mãos. Por sua vez, o porta-voz da comissão, Lucas António Nhamba, chamou a atenção para a importância da observância, por parte da população, dos métodos de prevenção, além da obediência ao estado de emergência nacional, decretado pelo Presidente da República, João Lourenço, a 26 do corrente mês. Salientou que a província conta igualmente três locais de transição: hospitais Central, Sanatório e municipal do Huambo. Lucas António Nhamba informou que dez dos 27 casos suspei-

Governadora do Huambo, Joana Lina, satisfeita com o apoio de mais quartos

tos e em quarentena domiciliar já cumpriram o tempo recomendado de 15 dias, devendo, a qualquer momento, regressar à vida normal por não apresentarem evolução sinais de contaminação. Acrescentou que seis cidadãos vindos do Brasil e Portugal nos vo-

os dos dias 18 e 22 foram forçados a quarentena domiciliar e vigiados pelas autoridades sanitárias desde Domingo (29), depois de denunciados pelos familiares de terem regressado ao país e não darem a conhecer aos serviços de saúde

Bispo encoraja combate à corrupção na Lunda-Norte

DR

O bispo da Igreja Católica Estanislau Chindecasse encorajou, ontem, Segunda-feira, os órgãos judiciais locais a prosseguirem com medidas que visam o combate à corrupção a todos os níveis na lunda-Norte, visando a consolidação de uma gestão honesta, transparente, responsável e patriótica, sobretudo do erário

E

m declarações à imprensa, a propósito da visão da igreja sobre o combate levado a cabo pelo Governo angolano desde 2017, Dom Chindecasse sublinhou que “Angola está a viver um momento inédito”, apelando para a melhoria das condições de trabalho dos órgãos de justiça e para a aposta na formação permanente dos operadores para o alcance dos objectivos preconizados. Para o caso da Lunda-Nor-

Alertou para que este combate seja abrangente e que as instituições afins desenvolvam o seu papel com rigor, responsabilidade, isenção e sem pressões

te, o bispo apelou à necessidade de haver pouca pressão aos órgãos judiciais, para se evitar erros nos processos, sobretudo em fase de julgamentos. Alertou para que este combate seja abrangente e que as instituições afins desenvolvam o seu papel com rigor, responsabilidade, isenção e sem pressões. A Procuradoria Geral da República na Lunda-Norte investiga cerca de 34 processos de crimes de peculato, corrupção e crimes conexos

Bispo Estanislau Chindecasse apoia o combate à corrupção


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O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

Ministério da Comunicação Social publicará Decreto Executivo que faz alusão à circulação dos jornalistas A garantia é do ministro da Comunicação Social, Nuno dos Anjos Caldas Albino, na sequência das preocupações apresentadas pela classe jornalística num encontro em que os fazedores de opinião foram chamados a dar o seu contributo para a comunicação sobre o novo Coronavírus e sobre o estado de emergência em vigor

Jornalistas impedidos de trabalhar

DR

Maria Teixeira

O

ministro da Comunicação Social, Nuno Caldas, reuniuse ontem, em Luanda, com a classe jornalística no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, para auscultar os seus contributos em torno do combate ao Covid-19 e, em particular, sobre o estado de emergência decretado recentemente pelo Presidente da República, João Lourenço. Os fazedores de opinião consideraram a iniciativa louvável, sobretudo nesta fase em que todos são chamados a contribuir para se estancar os efeitos emergentes e colaterais da pandemia que assola o planeta. Entretanto, os presentes manifestaram as suas preocupações sobre a circulação dos jornalistas, que têm sido bloqueada alegadamente devido ao estado de emergência decretado pelo Presidente da República. Sobre a circulação do jornalista, que já é uma preocupação da classe e do ministério, o titular da pasta explicou que o estado de emergência implica a amputação de deveres e garantias, mas também há direitos que não devem ser amputados, e um deles é o direito à informação. Por ser um serviço essencial que consta no Decreto Presidencial, a sua prestação deve, no entanto, respeitar as regras de contingência a prevenção do Covid-19 pelos órgãos de comunicação social públicos e privados, que devem assegurar um número mínimo ou ideal de colaboradores para o cumprimento da actividade jornalísticas. No entanto, propôs-se para a circulação de jornalistas a atribuição de um passe que seria emitido pelo Centro de Imprensa Aníbal de Melo. “Ante as preocupações dos fazedores de opinião, nós, Ministério da

Nuno Caldas, ministro da Comunicação Social

Comunicação Social, vamos, amanhã (hoje) fazer publicar o Decreto Executivo do Ministério da Comunicação Social que faz alusão a circulação dos jornalistas. Para que no exercício das suas funções possam circular livremente”, garantiu. O titular da pasta disse estarem cientes de que a humanidade, em particular o país, passam por momentos difíceis. E face a esse novo flagelo mundial, Nuno Caldas, disse que chegou a hora de todos os angolanos, em especial os jornalistas e fazedores de opinião, estarem juntos para criarem mecanismos de comunicação e fazer chegar a mensagem até ao último cidadão da aldeia. “Sabemos que a caracterização de cobertura, televisão e rádio, ainda está aquém do desejável para a comunicação integral do ponto de vista geográfico, mas atende-

mos que há outros expedientes de comunicação que podem facilitar e fazer chegar a comunicação até outros cidadãos”, disse. Informação, factor preponderante para o Covid-19 Salientando que se trata das zonas rurais e de estudantes nas redes sociais que não acompanham a comunicação convencional da rádio e televisão, uma vez que hoje, nas redes sociais a comunicação está cristalizada sobretudo na comunicação digital e estes, por sua vez, têm a preponderância na multiplicação dessa comunicação. “Por este facto, entendemos que há mais-valia em ouvir e receber contribuições e passar também a nossa palavra de apelo para essa causa que é de todos nós. Nuno Albino fez um balanço positivo do encontro.

Devido ao engajamento nessa campanha da comunicação, o ministério entende que a informação é factor preponderante, é a vacina para o Covid-19, porque leva a educação e a prevenção para este combate. Fez saber que o Executivo angolano está engajado no programa de integração digital e já lançou a primeira experiência piloto para que Angola possa, nos próximos tempos e de forma gradual, ter disponível a televisão digital terreste. “Isso vai ser uma mais-valia para o país, vai criar outros factores de desenvolvimento, sobretudo com a criação de micronegócios para que jovens e especialistas nessa área possam entrar neste mercado e para que se eleve cada vez mais o negócio de conteúdos, de difusão sem grandes custos”, disse.

Em entrevista a oPAíS, o Jornalista Nok Nogueira disse ser uma boa iniciativa e fez balanço positivo, uma vez que se levantou questões que estão a ser muito debatidas a nível das redes sociais por jornalistas e fazedores de opinião e também porque há uma certa dissonância na informação que se está a passar. “Há aqui um problema de interpretação do próprio estado de emergência e há jornalistas que mesmo na sua actuação enquanto profissionais estão a encontrar uma série de barreiras e dificuldades”, disse, acreditando que o encontro vai acabar por diluir estas dificuldades que estão a enfrentar, uma vez que foram levantadas questões e apresentadas a um membro da Comissão Interministerial. Por outro lado, mostrou-se preocupado com a questão que tem a ver com a própria gestão da informação, uma vez que os jornalistas, independentemente da opinião que cada um faça a respeito de alguma situação em concreto ou pontual, não fazem opinião, limitam-se a cobrir uma série de eventos e factos que ocorrem. “É nisso que era importante que ao nível da Comissão Interministerial houvesse uma sintonia, porque fala apenas um membro, mas as questões são muito transversais”. Exemplificou com a conferência diária que é feita pela ministra da Saúde e em que outros actores da comissão não se fazem presentes. “Tudo isso acaba por ser um conjunto de situações que não se prendem só com questões de saúde, mas têm a ver também com questões de economia, das famílias. Portanto, se não tiverem esses integrantes, vai acontecer que a ministra vai ter que deixar de responder uma série de questões que são levantadas. Esperamos que isso mude”, disse.


SOCIEDADE

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O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

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Jornalistas devem apresentar o passe durante estado de emergência Os profissionais de comunicação reclamaram, ontem, do facto de se lhes exigir demasiados documentos para o exercício da profissão durante o estado de emergência. Entre os “papéis”, estavam a escala de trabalho, a credencial e o passe. Após concertação com o Ministério do Interior(MININT), ficou acordado que apenas devem apresentar o passe de serviço

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reclamação surge pelo facto de muitos serem os jornalistas que, mesmo apresentando o passe de serviço, lhes estava a ser exigida uma credencial e a escala de serviço pelas forças policiais. Esta situação levantou suspeitas de uma ordem que impossibilitasse de circulação desses profissionais que ajudam o cumprimento do artigo 39º do Decreto publicado em Diário da República sobre o “Estado de Emergência”.

O artigo supramencionado fala do dever de informação e no parágrafo primeiro sublinha que “os órgãos de comunicação social públicos e privados mantêm-se em funcionamento devendo, no interesse público, colaborar com as autoridades competentes”. Aos jornalistas estava a serlhes exigido que andassem todos ser credenciados, para além de andarem com o passe de serviço, bem como com a escala de trabalho. “O jornalista, tendo o passe e a credencial não deve circular como bem entender, só quan-

do provasse que o faz à trabalho”, segundo declarou inicialmente, ontem, Waldemar José, do Gabinete de Comunicação e Imagem do MININT. “É importante que se faça uma escala, porque, apesar de alguns serviços trabalharem diariamente, os jornalistas não trabalham 24/24h. A prova de que o indivíduo está efectivamente escalado para trabalhar naquela hora e naquele dia é a escala”, disse. No seu esclarecimento, Waldemar José disse ainda que “devemos compreender que a situação

começa a apertar cada vez mais, e se houver a possibilidade de casos comunitários de Covid-19, será redobrada a actuação da Polícia, por isso, aqueles que não conseguirem provar que estão a caminho do serviço não poderão circular”. Para além disso, as credenciais e a escala deveriam estar carimbadas e assinadas. Em resposta a essa situação, Teixeira Cândido, secretáriogeral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, disse não concordar com a apresentação da escala, embora apoie a apresentação do passe e, se possível, a credencial, esta que devia ser emitida pelo Ministério da Comunicação Social (MCS). “Sobre a escala de serviço, achamos que seja formalismo exagerado. Somos jornalistas, a qualquer altura podemos ver uma matéria de interesse públi-

co e fazer ou dar o devido tratamento. Como teríamos, nestas circunstâncias, uma escala?”, questiona o sindicalista, tendo reforçado que ontem mesmo, às 15h, tinha sido marcada uma reunião entre o MININT e o MCS, com a presença do sindicato, para abordar esta situação. Embora não tenha sido mas necessária a presença do sindicato, o encontro aconteceu e ficou definido que os profissionais de comunicação apenas terão de apresentar o passe de serviço, como vieram a confirmar Wlademar José e Teixeira Cândido. “A princípio, o passe profissional chegará para a vossa [jornalistas] circulação, mas, por favor, façam-no somente quando estiverem escalados para trabalhar”, disse o director da Comunicação Institucional do Ministério do Interior, Wlademar José.


O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

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Cidadão atropelado mortalmente por danificar um V8 DR

O Comando Provincial da Polícia Nacional na Huíla confirmou a detenção, no dia 29 do corrente, de um cidadão de 47 anos acusado de homicídio por ter atropelado um motociclista, após ambos se terem envolvido num acidente que resultou em danos na viatura de marca Toyota, modelo v8

O Ter riscado um automóvel deste modelo foi a causa da morte de um motocliclista no Lubango

acidente, que aconteceu no bairro Cowboy, município do Lubango, envolveu o motociclista, vítima mortal, e o cidadão (agora detido) condutor do V8. Dado os danos causados à viatura “top de gama”, o motociclista decidiu pôrse em fuga. O condutor da viatura, funcionário de uma empresa de produtos de saúde, perseguiu o motociclista, identificado como G. V., de 43 anos, abalroou a sua mota, e, com o homem já no chão, passou por cima dele, provocando-lhe morte imediata. Segundo as auto-

ridades, o acusado de ter cometido o homicídio, com receio de ser linchado pelos populares, terá dito que era efectivo da Polícia. Em função disso, quando chegaram ao local, as forças policiais foram recebidas de forma hostil pela população. Em reforço, foi chamada a Unidade de Intervenção Rápida, que após efectuar disparos de gás lacrimogêneo removeu o cadáver e procedeu à detenção do autor do homicídio. Nos próximos dias o autor do crime será remetido ao procurador para os procedimentos ulteriores.

lixo dos centros de quarentena será queimado A Agência Nacional de Resíduos e a Direcção Nacional do Ambiente, após visita aos centros de quarentena do Calumbo 1 e 2, decidiram incinerar, depois de passarem por processo de desinfestação, todos os resíduos produzidos nos referidos centros, por questões de segurança

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visita daqueles dois órgãos do Ministério do Ambiente aconteceu para acautelar o descarte descontrolado dos resíduos e garantir a gestão segura dos mesmos, segundo a diretora do gabinete de Comunicação e Imagem do Ministério do Ambiente, Elizabeth Smith. Após interagirem com representantes da Casa de Segurança do Presidente da República, decidiu-se fazer a gestão imediata dos resíduos dos centros, com a disponibilização de contentores apropriados para cada tipo de resíduo, transporte, desinfecção e a sua incineração.

“A eliminação desse tipo de resíduos por queima garante segurança pública. Actualmente, quanto aos resíduos produzidos pelos centros de quarentena, está garantida a sua adequada gestão”, reforçou em comunicado feito chegar a OPAÍS. Protagonizado pelo Ministério do Ambiente, por via da Agência Nacional de Resíduos e da Direcção Nacional do Ambiente, o acto serve para prevenir o contágio por via de resíduos usados por pessoas suspeitas de contágio pelo novo Coronavírus que se encontram nos centros de quarentena. Para o efeito, várias operadoras competentes na gestão de resíduos perigosos fo-

ram contactadas e os referidos contentores já se encontram nos centros, com o apoio incondicional e sempre disponível da Casa de Segurança. “Com a situação actual, resultante do Decreto de Estado de Emergência, apelamos aos cidadãos a seguirem as regras de internamento, a gerirem os seus resíduos domésticos, separando-os em sacos ou outros utensílios e deixando-os nas suas portas ou quintais. Não devemos deixar, por muitos dias, o lixo no interior de casa, porque produz bactérias, que são prejudiciais à saúde. Que a lavagem das mãos com água e sabão ou desinfecção com o álcool seja frequente”, sublinha Elizabeth Smith.

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Também a bagagem de passageiros que estão em quarentena mereceu tratamento especial


SOCIEDADE

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O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

Autocarros apenas podem transportar 20 pessoas

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O Ministério dos Transportes comunicou, ontem, que o serviço de transportes urbanos em autocarros não deve acomodar mais de 20 passageiros, em 60 lugares disponíveis nos autocarros, enquanto durar o estado de emergência

P

ara garantir a manutenção e funcionamento do sector dos Transportes durante o estado de emergência, foram aprovadas as medidas de excepção temporárias para a prevenção e controlo da propagação da pandemia Covid-19. Neste sentido, o ministério em questão estipula que o serviço de transportes urbanos em autocarros, embora esteja autorizado, deve ser feito com apenas vinte passageiros, em sessenta lugares disponíveis. Quanto ao transporte intermunicipal de passageiros em autocarros, diz o comunicado, fica com a limitação de até oito passageiros, no caso de terem uma lotação de até 26 lugares e de dez 10 passageiros, se tiver até 30 lugares. “A circulação de táxis colectivos com até cinco passageiros, se tiverem lotação de 15 lugares e de três

passageiros para os veículos com lotação de nove lugares, não devendo transportar nenhum passageiro na parte da frente do veículo. A circulação de táxis personalizados e o denominado “gira-bairro”, fica limitada ao transporte de dois passageiros”, lê-se. O Ministério dos Transportes reforçou a interdição de circulação de transporte de passageiros em motorizadas, deno-

Neste sentido, o ministério em questão estipula que o serviço de transporte urbano em autocarros, embora esteja autorizado, deve ser feito com apenas vinte passageiros, em sessenta lugares disponíveis

minadas “moto-táxi ou kupapata”, tal como em alguns pontos da cidade capital, principalmente nas zonas suburbanas, se tem verificado ainda. Está assegurado o transporte de mercadorias, sendo permitida a entrada nas fronteiras terrestres, mas proibidas as operações de saída do país de bens essenciais, tais como os géneros alimentares da cesta básica, combustíveis, medicamentos e materiais de apoio hospitalar. Por outro lado, foram definidas regras sanitárias a observar no transporte de mercadorias e de passageiros, nomeadamente os ocupantes dos navios, aeronaves, comboios e viaturas autorizados a circular estarem equipados com máscaras, luvas, solução antisséptica de base alcoólica, para uso pessoal e limpeza do veículo, lenços de papel e sacos para deposição de resíduos potencialmente contaminados. DR

Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges

Privados apoiam MINEA na distribuição de água potável

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Mi n istério da Energia e Águas (MINEA) iniciou, no dia 28 de Março, o plano de contingência para o combate à propagação do contágio do Covid-19, tendo em carteira a campanha de distribuição de água potável por camiões cisterna que conta com apoio de empresas privadas, singulares e da associação dos camionistas distribuidores de águas No primeiro dia foram distribuídos mais de 680 mil litros de água potável, quando no segundo, neste caso ontem, foram 420 mil litros disponibilizados pelos centros de distribuição da EPAL, cujos beneficiários são instituições sensíveis como as unidades sanitárias, serviços prisionais, administrações municipais, centros de quarentena, entre outras. O total da distribuição feita no primeiro dia esteve subdividido, segundo uma nota do MINEA, em 280 mil litros para o hospital do Capalanga, em Viana, 40 mil litros para a unidade penitenciária do mesmo município e 80 mil litros para a Administração Municipal. A direcção administrativa de Cacuaco recebeu 40 mil litros e às administrações municipais de Icolo e Bengo e Quiçama foram entregues 200 mil litros a cada uma. O centro de quarentena do Calumbo foi contemplado no pri-

meiro dia com o reforço de 40 mil litros, tendo em conta que o mesmo conta com o fornecimento da ligação da rede domiciliar. Já no segundo dia, em que foram distribuídos 420.000 litros de água, os contemplados foram a Comarca Central de Luanda, com 40 mil litros; o hospital do Zango, que recebeu de igual modo 40 mil litros de água, a Kitocoloca, distrito da Baia recebeu 40 mil litros de água, o mercado do KM 12 a mesma quantidade de água, bem como o Centro Prisional da Kakila. Na mesma senda recebeu 40 mil litros o bairro Esperança e o Centro de Acolhimento Acção Social do Kikuxi. Já a Administração do Icolo e Bengo recebeu 100 mil litros, enquanto a Administração de Viana recebeu 40 mil litros. Segundo a nota de imprensa a que OPAÍS teve acesso, os camionistas retiraram o líquido de 10 pontos de enchimento ou girafas instaladas nas zonas do Kikuxi, Calumbo, Cacuaco e Km 44. Para as distribuições de água foram utilizados 13 camiões cisterna das empresas Sinohydro, CTCE, CLT, administração de Viana, do Icolo e Bengo, Cacuaco e do centro de quarentena de Calumbo. Esta acção, que conta ainda com o suporte de empresas privadas, tais como a Multiparque, CGGC, ANHUI, OCE e Omatapalo, tem na coordenação a EPAL, apoiada pelo Gabinete de Infra-estruturas do Governo Provincial de Luanda.


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O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado CovID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

F

oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

CoMo ME PoSSo PRoTEgER?

Não tendo sido reportados casos em Angola, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença: 1. lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes; 2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS oS SINAIS E SINToMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTo? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. o tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


CARTAz seu suplemento diário de lazer e cultura

Presidente francês homenageia memória do músico camaronês Manu Dibango Macron descreveu Manu Dibango como “uma voz comprometida, que sabia fazerse ouvir para celebrar as independências, para denunciar o racismo e o regime de Apartheid, para combater as injustiças em toda parte e para celebrar esta África da qual ele era um dos filhos mais conhecidos” DR

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Presidente francês, Emmanuel Macron, rendeu uma longa homenagem à memória do célebre saxofonista camaronês Manu Dibango, falecido Terça-feira, em Paris, aos 86 anos de idade vítima da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Macron descreveu Manu Dibango como “uma voz comprometida, que sabia fazer-se ouvir para celebrar as independências, para denunciar o racismo e o regime de Apartheid, para combater as injustiças em toda parte e para celebrar esta África da qual ele era um dos filhos mais conhecidos.” Num comunicado, o Presidente Macron escreveu que, com o desaparecimento de Manu Dibango, a música mundial “perdeu um gigante”, pois, acrescentou, “Manu Dibango, saxofonista, compositor, passador de ritmos e lançador de êxitos musicais, era um daqueles músicos virtuosos e generosos, cujo talento não conhecia limites”. “As suas criações fazem dan-

LeYa disponibiliza histórias online para as famílias

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esde a passada Sexta-feira, que as histórias estão a ser publicadas diariamente às 21 horas, no canal de Instagram da LeYa (@leya_portugal) O grupo editorial multinacional português, LeYa, acaba de lançar o desafio “Leya histórias ao deitar”. Trata-se de uma iniciativa através do qual autores gravam histórias para serem ouvidas em família à hora de deitar. Motivado pela situação de confinamento a que os portugueses estão, neste momento, obrigados, a LeYa solicitou aos seus autores que gravassem curtas histó-

rias para serem ouvidas à hora de deitar e em família, por adultos e crianças. Baptizada com o nome de “Leya histórias ao deitar”, esta iniciativa dá continuidade ao projecto #LeYa emCasa. Desde a passada Sexta-feira, que as histórias estão a ser publicadas diariamente às 21 horas, no canal de Instagram da LeYa (@leya_portugal) . A primeira história foi um conto lido por António Mota. Depois deste, serão lidas histórias por Alice Vieira, Cristina Norton, Luísa Ducla Soares, Sónia Gomes da Costa, Francisco Moreira, Padre José Luís Borga, entre muitos outros. Assim, enquanto a situação de

çar várias gerações, vários continentes”, destacou Macron, deplorando que ele seja “infelizmente” uma das primeiras personalidades mundiais a sucumbir à pandemia do Covid-19. Macron rastreou a longa carreira do artista africano, desde o seu nascimento, em Doualá, à sua chegada a França, passando pelas suas viagens para outras cidades e continentes, até às suas numerosas peregrinações e encontros musciais no Mundo, considerando-o como uma pessoa que as fronteiras não travavam. “Manu Dibango ria-se das fronteiras. Ele saltava dum continente para outro, duma cultura para outra, dum género para o outro, dum instrumento para o outro. “Ele quase os dominava todos, para criar uma música universal, que era ao mesmo tempo africana e caribenha, americana e europeia, mas que era sobretudo oscilante, cativante e alegre. A cada álbum, ele inventava novos ritmos de alegria, melodias de felicidade”, escreveu Presidente Macron na sua homenagem. DR

confinamento durar, a LeYa conta ter um conto por dia e, a cada dia, um autor diferente a lê-lo para todos. No último fim-de-semana (Sábado e Domingo) também houve, excepcionalmente, Histórias ao

Deitar. Depois disso, esta iniciativa passará a ser realizada apenas de Segunda a Sexta-feira. #juntosnaprevenção *ficaemcasa.

Quadro de van Gogh roubado de museu encerrado devido ao novo coronavírus

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pintura, cedida ao Museu Singer Laren, perto de Amsterdão, foi roubada durante a madrugada desta Segunda-feira. Para conseguirem entrar no edifício, os ladrões partiram uma grande porta de vidro . Um quadro do pintor holandês Vincent van Gogh foi roubado durante a madrugada de um museu perto de Amesterdão, encerrado devido à pandemia do novo coronavírus, anunciou a instituição numa conferência de imprensa esta Segunda-feira. A obra, “O Jardim do Presbitério de Neunen com Figura Feminina” (1884), está avaliada em cerca de 6 milhões de euros. O roubo da obra, também conhecida por Jardim de Primavera, terá acontecido pelas 3h15 (hora local). Para conseguirem entrar no edifício, os ladrões partiram uma grande porta de vidro, refere o site Artnet. A Polícia chegou ao local após o alarme ter sido accionado, mas já não encontrou os criminosos. O director do Singer Laren, Evert van Os, disse, citado pela agência Associated Press, que a instituição estava “zangada, chocada e triste”. A Arte é para ser apreciada e para confortar as pessoas, especialmente nesta altura difícil”, afirmou ainda, segundo a Deutsche Welle. A peça tinha sido cedida ao Singer Laren pelo Museu Groninger, também nos Países Baixos. É a única obra de van Gogh na colecção do Groninger. Terá sido pintada quando o artista vivia em Neunen, entre 1883 e 1885. Mostra uma igreja em ruínas, que van Gogh conseguia ver da janela da casa do seu pai. Em comunicado, o Museu Groninger disse estar “chocado pelas notícias”.



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CARTAz

O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

Séries

Casa de Papel está de volta e é o acontecimento da quarentena ais de 34 milhões de subscritores no mundo inteiro da Netflix terão visto a série que fez parar Portugal. Dia 3, a nova temporada chega ao gigante de “streaming” pronta a bater todos os recordes numa altura em que o mundo está em casa e precisa de se “distrair”. Em tempos de domínio do digital, o fenómeno que se vive em relação a esta série sobre um assalto em Espanha é o equivalente ao impacto de uma telenovela quando a cultura popular ainda ficava paralisada com os enredos e revelações. Vistos os primeiros episódios, o que se pode logo à partida avisar é que peripécias, reviravoltas e intrigas à boa maneira da telenovela sul-americana não vão

faltar, mesmo considerando alguma sofisticação técnica e uma escala de produção, onde não são poupados meios. Isso e romances e rompimentos amorosos à desfilada entre o grupo de assaltantes. É como se o criador Alex Pina enchesse todas as cenas de tensão com mil e uma pontas soltas e aumentasse o ritmo sempre com a interrogação premente de como tudo vai acabar. A regra deste “clickbait” versão televisiva é jogar com as atribulações dos últimos eventos da anterior temporada e tornar tudo ainda mais dramático e frenético. Perde-se em subtileza mas ganha-se em eficácia - é razoável perceber que os fãs da série não vão poder protestar. Como produto televisivo para viciar, todos os ingredientes estão a funcionar como uma máquina afiada. Se lhe

falta alma, a adesão às personagens é já tão grande que o efeito de familiaridade compensa tudo. A quarta temporada, frise-se, tem tudo para continuar a provocar um efeito de adesão em cadeia. Se antes as pessoas comentavam nos cafés ou no trabalho o que poderia acontecer em cada “cliffhanger”, agora vão falar por SMS ou por telefone da maneira como o Professor ou Lisboa se safam. E por este fenómeno ser bastante mais próximo da linguagem da telenovela do que do cinema, o primeiro episódio arranca exactamente no caos onde o último da terceira série acabou: o golpe do Professor ao Banco de Espanha em grande perigo de ser resolvido pelas forças da lei. Temos Nairobi em risco de vida e a ter que ser operada pelos seus companheiros de assalto, o Professor a pensar que Lisboa está morta e a comprometer a sua visão de plano estratégico, bem como uma revolução na chefia do assalto no interior do banco. Mas nem tudo são más notícias para a equipa de vermelho: há sérias hipóteses de conseguirem um aliado dentro da equipa da Polícia. Enquanto isso, lá fora, há cada vez mais manifestantes a torcer pelo sucesso do gangue e o stress dentro da equipa policial também aumenta.

INCIATIVAS

QUARENTENA

MÚSICA

EMERGÊNCIAS

Poemas para ouvir ao telefone durante a Quarentena

Às Segundas-feiras os Metallica dão-nos música

Twist Connection lançam terceiro álbum co-produzido por Morrisey

Receber uma chamada ao telefone, atender e... ouvir um poema. Nestes dias de quarentena, a Casa Fernando já estava a partilhar, diariamente, poemas nas suas páginas de Facebook e Instagram. Agora, a pensar naqueles que estão afastados destas redes, decidiram alargar a distribuição de poemas e textos curtos ao telefone. De Segunda a Sexta-feira, basta uma inscrição, por chamada ou Sms (914 342 537, das 10 às 14 horas, e é possível receber, no dia ou dias seguintes, a partir das 16 horas, uma chamada para leitura de poemas ou textos curtos pela equipa da Casa Fernando Pessoa. E, apesar de ser um presente esperado, é sempre uma surpresa.

Abriu esta Segunda-feira o apoio de emergência da Fundação Calouste Gulbenkian para a Cultura

Todas as Segundas-feiras, os Metallica estão a disponibilizar no seu canal de YouTube e na página de Facebook o vídeo de um dos muitos concertos da suacarreira.“Enquantotodosfazemos nossa parte e ficamos em casa, sentimos falta música ao vivo”, explicou o grupoemcomunicado.“Então,quetal voltarmosaalgunsdenossosconcertos preferidos a uma distância socialmente responsável? Não queremos parecer muito lamechas, mas agora, mais do que nunca, estamos nisto juntos, e a melhor maneira de conseguirmos superar isto é mantendo-nos unidos. Com esse objectivo, vamos trazer uma série de concertos de Metallica diretamente para o vosso sofá!”

Os conimbricenses The Twist Connection lançaram o álbum “Is That Real?”, que contou com a co-produção de Boz Boorer, fundador dos The Polecats e director musical e guitarrista de Morrisey. O CD lançado Sexta-feira nas plataformas digitais, o terceiro álbum do trio de rock de Coimbra, foi gravado em dois momentos distintos, com uma primeira parte no verão, nos Serra Vista Studios, em Monchique, com Boz Boorer, e uma segunda, nos Black Sheep Studios, em Sintra, no inverno, contou à agência Lusa o baterista e vocalista da banda, Carlos Mendes. Esses dois momentos de gravação acabaram por ter influência nas músicas, que saíram com “temperaturas diferentes”, notou.

Artistasindependentes,técnicoseentidades culturais sem fins lucrativos podem concorrer, a partir desta Segunda-feira, ao apoio de emergência criado pela Fundação Calouste Gulbenkian, por causa da pandemia da Covid-19. A fundação revelou, esta Segunda-feira, que abriu o concurso para apoiar os profissionais de cultura, das áreas da música, dança, teatro e artes visuais, “que se viram privados de rendimento em virtude dasuspensãoda sua actividade”,porcausa dasmedidas restritivas para conter aquela doença. De acordo com o regulamento, será dado um apoio financeiro até 2.500 euros paraartistas,profissionaisetécnicos a título individual, e até 20 mil euros para estruturas de produção artística.

A história e o arco romântico dos assaltantes de “A Casa de Papel” tem algumas mudanças nesta nova temporada que dia 3 arranca na Netflix, mas a fórmula é a mesma. O DN já viu e antecipa tudo sem “spoilers” DR

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À ESPREITA DO MAL

Numa cidade perfeita com famílias perfeitas, Justin Whitter, de 10 anos, desapareceu. Greg Harper, investigador principal do caso, luta para equilibrar as pressões da investigação, que trouxe à atenção um caso semelhante que se pensava estar enterrado no passado, enquanto encontra uma maneira de perdoar à sua esposa abonada, Jackie, por uma infidelidade recente. Uma grande tensão é exercida sobre a família. Kilamba Sala 4 13:30 - 15:40 - 17:50 - 20:10 - 22:20(*) (*)

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OPINIÃO

O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

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GONG TAO*

China e Angola, na mesma trincheira contra o COVID-19

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esde o início da epidemia, a China e Angola têm estado na mesma trincheira contra o inimigo comum, o COVID-19. Quando se vai a uma batalha, pensa-se em vencer, não em controlar a derrota. Foi com esse objectivo que a China colocou em quarantena uma cidade inteira com 11 milhões de habitantes, uma acção decisiva para o sucesso na luta contra a epidemia mas muito questionada até criticada pela mídia ocidental. Foi com o mesmo objectivo que o Governo Angolano, sob liderança de Sua Excelência Presidente João Lourenço, decretou o estado de emergência para eliminar o inimigo invisível desde o primeiro momento de surgimento, descartando a tal teoria de Herd Immunity, ou seja, imunidade colectiva, que pode arrastar a população mais vulnerável para o desespero. Fez a coisa certa com coragem e está de parabens. Os povos chinês e angolano são os mais sensatos e resistentes do mundo. Ambos acreditam no seu governo e na vitória fi nal desta importante batalha. Obedecendo as ordems do seu governo, os habitantes de Wuhan já ficaram dois meses trancados em casa, fazendo a sua contribuição na campanha de ‘sufocar o vírus’. Fazem parte desta campanha 50 estudantes angolanos, que lutaram lado a lado com a população heróica de Wuhan. Agrade-

cemos pela confiança apostada na China pelo governo angolano e pelas famílias dos estudantes e ficamos contentes que a China não vos desapontou. A gloriosa vitória contra o vírus também vos pertence. Temos de mencionar os chineses residentes em Angola que, para retribuir a hospitalidade deste amável país e proteger o seu povo, decidiram adiar a volta para Angola, e aqueles que voltaram por motivo incontornável, se colocaram numa autoquarentena rigorosa por vontade própria. Isso ajudou Angola a ficar livre dos casos de COVID-19 por muito tempo. Os angolanos na China e os chineses em Angola fi zeram estes sacrifícios porque são parceiros e irmãos de confiança. A China tratou dos estudantes angolanos como se fossem seus próprios fi lhos, e Angola ofereceu aos chineses os

Até agora nenhum angolano foi infectado na China, nenhum chinês foi infectado em Angola e nenhum caso confirmado em Angola vem da China

melhores tratamentos médicos e condições de quarentena que há no país Infelizmente, nem todos os países aproveitaram bem o sacrifício do povo chinês para preparar as trincheiras a tempo, e, como consequênia, a epidemia tornou se pandemia. Chegou o momento de a China dar as assistências à campanha cá em Angola. As primeiras 21.000 doses de testes oferecidas pela China, até agora as únicas, juntamente com máscaras, roupas e óculos protectores, já foram colocados na linha de fogo, enquanto outras ajudas chinesas estão a caminho. A experiência chinesa está a ajudar Angola a conquistar a primeira alta. Os chineses residentes em Angola continuam a comportarse com grande responsabilidade social, compartilhando métodos e materiais de protecção, e mais importante, confi ança, com a comunidade local. Neste momento tão importante, nenhum chinês foge da batalha, todos lutam fi rmemente ao lado do povo angolano. O resultado desta solidariedade recíproca merece ser manchete destacada: Até agora nenhum angolano foi infectado na China, nenhum chinês foi infectado em Angola, e nenhum caso confi rmado em Angola vem da China. Vamos continuar na luta para defender este êxito e conquistar uma vitória fi nal num futuro bastante breve. *Embaixador da China em Angola


ECONOMIA

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O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

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Macau cria fundo para apoiar infectados do COVID-19

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venda de moedas estrangeiras será feita na plataforma Bloomberg Reunido na última semana, o Comité de Política Monetária tomou um conjunto de decisões para mitigar os efeitos da crise provocada pela Covid-19 que assola o mundo inteiro

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Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola decidiu estabelecer o dia 1 de Abril (amanhã), como data para o arranque da utilização da plataforma Bloomberg para as operações de venda de moeda estrangeira pelas companhias petrolíferas e Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG), aos bancos comerciais. Até então, a operação era feita por leilões que permitiu a venda de USD 1,29 mil milhões aos bancos comerciais nos dois primeiros meses de 2020. Os montantes vendidos foram repartidos em USD 813,64 milhões em Janeiro e USD 472,33 mi-

lhões em Fevereiro. Importa referir que desde Janeiro de 2020 as companhias petrolíferas que operam em Angola passaram a vender divisas directamente aos bancos comerciais, tendo o montante transaccionado nos dois primeiros meses se situado em USD 556,80 milhões. O Comité deu ainda parecer favorável ao alargamento para os 54 produtos do PRODESI, o crédito com recurso a reservas obrigatórias e o número mínimo de operações de crédito a conceder por banco. Importa lembra que ficou decido ainda a isenção dos limites de liquidação por instrumento para importação de bens da cesta básica alimentar e medicamentos.

Manter a taxa básica de Juro, Taxa BNA, em 15,5%, manter a taxa de juro da facilidade permanente

O Comité deu ainda parecer favorável ao alargamento para os 54 produtos do PRODESI o crédito com recurso a reservas obrigatórias e o número mínimo de operações de crédito a conceder por banco

de absorção de liquidez, com maturidade overnight em 0%, reduzir a taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez, com maturidade de sete dias, de 10% para 7%, manter em 22% e 15% os coeficientes de reservas obrigatórias para moeda nacional e estrangeira, respectivamente, foram, dentre outras, algumas medidas tomadas. Estabelecer uma linha de liquidez com valor máximo de 100 mil milhões de Kwanzas para a aquisição de títulos públicos em posse de sociedades não-financeiras foi outra das decisões do Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola, cujo foco é a recuperação e estabilização da economia após pandemia do Covid-19.

governo de Macau vai criar um fundo de 10 mil milhões de patacas (1250 milhões de dólares) para apoiar residentes, empresas e estabelecimentos comerciais do território em situação económica difícil devido à pandemia de Covid-19, informou o Gabinete de Comunicação Social. O fundo, a ser criado através da Fundação Macau, visa ajudar as pessoas singulares ou colectivas que, devido ao impacto da situação de pandemia, enfrentem dificuldades de sobrevivência ou de exploração dos seus negócios, sendo que permitirá um apoio mais rápido e mais forte nos trabalhos de prevenção e combate à epidemia, em termos financeiros. “Como a situação fora do país continua a ser de propagação da epidemia e no sentido de evitar o aumento de casos importados do exterior, a Região Administrativa Especial de Hong Kong e a província de Guangdong tomaram, nos últimos dias, novas medidas de controlo de entradas e saídas, que afectarão ainda mais a economia de Macau”, pode ler-se. O comunicado informa ainda que o governo de Macau irá anunciar esta semana um novo conjunto de medidas de apoio a ser lançado no seguimento da criação deste fundo específico de ajuda ao combate da epidemia, por forma a cumprir o objectivo de atender às necessidades urgentes da população, estabilizar a economia de Macau e garantir o bem-estar social e o emprego dos residentes. A nota recorda ter o governo adoptado já uma série de medidas, designadamente de redução e isenção de impostos, de apoios em empréstimos e de incentivos ao consumo, com um valor total de cerca de 40 mil milhões de patacas (5000 milhões de dólares).


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Indústrias têxteis podem produzir 18 milhões de máscaras para travar a propagação do Covid-19 em Angola Pelo menos 31 fábricas do sector têxtil pretendem produzir máscaras. No sentido de reduzir a escassez dos produtos descartáveis e evitar a propagação da pandemia do Covid-19 no país, que já regista duas mortes Patrícia de Oliveira

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presidente da Associação das Indústrias Têxteis e Confecções de Angola (AITECA), Luís Contreiras ,avançou que no dia 19 do mês em curso à associação que dirige fez um pronunciamento público. De modo, a unirem forças no combate contra a infecção do Covid-19 . “Neste momento, temos uma capacidade para produzir cerca de 18 milhões de máscaras”, revela. Segundo o responsável, já foram entregues cartas a alguns Órgãos do Estado, concretamente a Comissão In-

terministerial no Combate à pandemia do Covid-19. Igualmente foi entregue uma carta à ministra da Saúde, ministro do Interior e o ministro da Defesa. No entanto, foi orientado a apresentação de um documento que legitimasse a produção e a qualidade do material. “Já temos a aprovação técnica dos produtos, pelo facto de serem máscaras laváveis feitas com tecido e pode ser usada durante três horas e depois lavar e reutilizar ”, explica. Segundo o empresário, as encomendas já podem ser feitas para fazerem a destruição ao nível nacional . “Já começamos a produzir e a distribuir

A Associação Têxtil conta com uma produção diária acima de 5 milhões de máscaras

em algumas farmácias e à população em geral , lembrar que o país têm 26 mil reclusos que estão aglomerados. As medidas de quarentena é para a população ficar em casa e evitar as contaminações em grupos. Porém ,as pessoas que estão a cumprir pena também precisam de protecção”, disse. Por essa razão, a AITECA pretende fornecer máscaras ao Ministério do Interior para proteger a população penal. No que toca aos laboratórios, não podem usar máscaras nem batas feitas de tecido de cor, mas sim um material descartável de nível três. Contudo, todas as pessoas que não estão directamente ligadas às pesso-

as infectadas podem fazer uso de materiais laváveis. Segundo ele, neste momento, a AITECA está a trabalhar com stock e quando acabar o Executivo deverá elaborar um conjunto de medidas para que as empresas continuem a importar o referido material e produzir, porque não se sabe quando irá terminar o Estado de Emergência que está no terceiro dia. “Estamos a trabalhar para ajudar o Governo, com a distribuição de lençóis, fronhas, batas, tocas aos grandes distribuidores”, explica. A AITECA conta com 31 fábricas distribuídas em cinco províncias do país. DR


MUNDO

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O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

África do Sul regista segunda morte por coronavírus, enquanto infecções saltam para 1.280 Os casos confirmados de coronavírus na África do Sul aumentaram de 93 para 1.280 pessoas no Domingo e o número de mortos duplicou, segundo o Ministério da Saúde, quando o país entrou no terceiro dia de um bloqueio nacional e as autoridades anunciaram novas medidas para lidar com as consequências económicas

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A África do Sul registou um aumento veriginoso no número de casos

utoridades de saúde sul-africanas disseram que o homem de 74 anos de idade, na província de KwaZulu-Natal, no sudeste do país, foi diagnosticado há dois

dias depois de apresentar sintomas semelhantes aos da gripe e já ter câncer de pele. A África do Sul entrou num bloqueio de 21 dias, na Sextafeira, com as pessoas confinadas às suas casas e a maioria das empresas fechadas.

O presidente Cyril Ramaphosa havia declarado, oficialmente, a existência de 112 pessoas que estavam em quarentena num resort remoto, por duas semanas, depois de serem repatriadas de Wuhan, na China, onde o coronavírus começou, com todos os testes negativos e livres para voltar a casa. Por outro lado, as autoridades do Tesouro disseram, no Domingo, que estavam a considerar entrar em contacto com o

Japão proíbe viajantes dos EUA, China e Europa com a disseminação do coronavírus

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Japão intensificará os esforços para impedir a propagação do coronavírus, proibindo a entrada de cidadãos estrangeiros que viajam dos Estados Unidos, China, Coreia do Sul e grande parte da Europa, informou o jornal Asahi na Segunda-feira. Cidadãos não-japoneses que estiveram em qualquer uma dessas áreas, nas últimas duas semanas, serão impedidos, informou o jornal. Tóquio também pode proibir viagens de e para alguns países do sudeste da Ásia e de África, afirmou, citando fontes governamentais não identificadas. Actualmente, o Japão proíbe apenas a entrada de cidadãos de algumas partes da Coreia do Sul, China e de vários países europeus, com um pedido de quarentena de duas semanas para os que entram dos Estados Unidos, China e Coreia do Sul. Entidades governamentais não estavam disponíveis para comentar de imediato as informações. Embora os japoneses não sejam afectados, a proibição de viagens que viria como um aumento no número de in-

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fecções no Japão alimenta o medo de que o primeiro-ministro Shinzo Abe possa deixe de considerar a declaração de um estado de emergência nacional - um passo que pode abrir caminho para um bloqueio da sua capital Tóquio. “Estamos numa fase crítica” das deliberações de emergência, disse o secretáriochefe do gabinete, Yoshihide Suga, em entrevista colectiva, ontem. Qualquer bloqueio no Japão pareceria diferente das medidas obrigatórias impostas em algumas partes da Europa e nos Estados Unidos: por

lei, as autoridades locais só podem emitir solicitações para que as pessoas fiquem em casa que não sejam juridicamente vinculativas. Mas, analistas disseram que essa medida causaria enormes danos a uma economia que já estava à beira da recessão devido à crescente precipitação da pandemia, que descarrilou os planos de Tóquio de sediar os Jogos Olímpicos neste verão, interrompeu as cadeias de suprimentos e refreou o consumo por meio de cancelamentos de eventos e encerramentos de lojas.

Fundo Monetário Internacional para receber fundos de emer-

A África do Sul entrou num bloqueio de 21 dias, na Sexta-feira “Acho que a possibilidade de um bloqueio na área metropolitana de Tóquio está a aumentar.”, disse Hideo Kumano, economista-chefe do Instituto de Pesquisa em Vida Daiichi. “Seria como parar o fluxo de sangue na economia japonesa,”, disse ele, estimando que um bloqueio de Tóquio por um mês poderia reduzir a economia japonesa em cerca de 5,1 triliões de ienes (38,25 biliões de libras) - quase 1%. O primeiro-ministro Abe prometeu implantar um pacote de estímulo enorme, com tamanho superior ao compilado durante a crise financeira global para combater o surto, que havia infectado cerca de 1.900 pessoas no Japão, com 56 mortes, na tarde de Domingo. Esses números excluem 712 casos e 10 mortes de um navio de cruzeiro atracado perto de Tóquio no mês passado, informou a emissora pública NHK. À medida que os temores de um bloqueio em Tóquio aumentavam, 68 novos casos de coronavírus foram registados na capital no Domingo, um aumento diário recorde. O que trouxe alguma tensão para muitos foi a notícia de que o comediante Ken Shimura, um nome familiar no Japão, havia se tornado a primeira celebridade nacional a morrer após contrair o vírus.

gência para combater o surto, o maior até agora no continente e que alguns especialistas temem que possa sobrecarregar o sistema de saúde já precário. O Tesouro disse que também está a introduzir um subsídio de imposto de 500 rands (USD 28), por mês, por trabalhador, para os empregadores nos próximos quatro meses, de modo a amortecer as perdas financeiras sofridas pelas empresas causadas pelo coronavírus.

Quase 12.300 profissionais da saúde espanhóis têm coronavírus

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erca de 12.298 profissionais ds saúde testaram positivo para o coronavírus na Espanha, disse a vice-chefe de emergência sanitária, Maria Jose Sierra, numa entrevista colectiva na Segunda-feira. Isso equivale a cerca de 14% dos 85.195 casos confirmados do país, aproximadamente a mesma proporção da semana passada.


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yuans para as maiores empresas exportadoras da cidade portuária do leste. O governo da cidade subsidiará esses empréstimos, informou em comunicado.

Médicos chineses celebram após mais uma jornada de trabalho em Whan

Queda nos novos casos de coronavírus da China; nenhum em Wuhan pelo sexto dia A China relatou uma queda nas novas infecções por coronavírus pelo quarto dia, com a redução drástica de viajantes internacionais no número de casos importados, enquanto os formuladores de políticas voltaram os seus esforços para curar a segunda maior economia do mundo

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cidade de Wuhan, no centro do surto, não registou novos casos pelo sexto dia, quando as empresas reabriram e os moradores começaram a recuperar uma vida mais normal após um bloqueio por quase dois meses. Funcionários esperavam em máscaras e luvas para cumprimentar os clientes nas entradas do recém-reaberto Wuhan International Plaza, lar de boutiques de marcas de luxo como Cartier e Louis Vuitton. “O Wuhan International Plaza é muito representativo (da cidade)”, disse Zhang Yu, 29. “Portanto, a sua reabertura realmente me faz sentir que esta cidade está a voltar à vida.” A cifra de Domingo, de 31 novos casos, incluindo uma infecção transmitida localmente, caiu de 45 no dia anterior, informou a Comissão Nacional de Saúde. À medida que as infecções caem, os formuladores de políticas estão

a se esforçar para revitalizar uma economia quase paralisada por restrições de meses para controlar a propagação da doença semelhante à gripe.

Estar saudável e sair de casa, e conhecer outros colegas que também são saudáveis é uma coisa muito feliz”

Na Segunda-feira, o banco central cortou, inesperadamente, a taxa de juros dos acordos de recompra reversa em 20 pontos-base, a maior em quase cinco anos. O governo está a pressionar as empresas e as fábricas a reabrirem, ao lançar estímulos fiscais e monetários para estimular a recuperação do que é temido ser uma contracção económica total no trimestre até Março. As exportações e importações da China podem piorar à medida que a pandemia se espalha, deprimindo a demanda no país e no exterior, disse, na Segunda-feira, Xin Guobin, vice-ministro da Indústria e Tecnologia de Informação. O país concedeu empréstimos de 200 biliões de yuans (22,75 biliões de libras) a 5.000 empresas, dos 300 biliões alocados para ajudar as empresas a retomarem o trabalho, disse Xin. As autoridades de Ningbo disseram que encorajariam os bancos nacionais a oferecer crédito preferencial de até 100 biliões de

PREOCUPAÇÕES COM VÍRUS Embora as novas infecções tenham caído acentuadamente desde o pico de Fevereiro, as autoridades se preocupam com a segunda onda desencadeada pelo retorno de chineses, muitos deles estudantes. A China cortou vôos internacionais maciçamente a partir de Domingo por um período indeterminado, depois que começou a negar a entrada a quase todos os estrangeiros no dia anterior. A média de chegadas diárias nos aeroportos nesta semana é de cerca de 4.000, ante 25.000 na semana passada, disse um funcionário da Administração da Aviação Civil da China em entrevista colectiva, em Pequim, na Segunda-feira. O retorno ao trabalho também gerou preocupação com possíveis infecções domésticas, especialmente com portadores que não apresentam nenhum sintoma, ou muito leve, do vírus altamente contagioso. A província de Gansu, no noroeste do país, relatou um novo caso de um viajante da província central de Hubei, que voltou com um código de saúde livre de vírus, disseram autoridades nacionais de saúde. As autoridades de Hubei dizem que 4,6 milhões de pessoas na província retornaram ao trabalho no Sábado, com 2,8 milhões delas indo para outras partes da China. A maioria dos trabalhadores migrantes que partiram foi para as províncias do Sul de Guangdong e Fujian, as províncias do Leste de Zhejiang e Jiangsu e o nordeste da China. Na capital de Hubei, Wuhan, mais lojas retalhistas e ruas comerciais foram reabertas. A montadora de carros eléctricos Tesla também reabriu um showroom em Wuhan, disse um executivo da empresa no Weibo. Os compradores enfileiraram-se a um metro e meio (5 pés) de distância para verificações de temperatura no Wuhan International Plaza, enquanto exibiam códigos de telefone celular “verdes” exibindo um atestado de saúde. Para serem liberados para retomar o trabalho, os residentes de Wuhan foram solicitados a fazer testes de ácido nucleico duas vezes. “Ser saudável e sair de casa, e conhecer outros colegas que também são saudáveis é uma coisa muito feliz”, disse Wang Xueman, representante de vendas de cosméticos.

China enfrenta crescente pressão de casos importados da COVID-19

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China tem de fortalecer as medidas preventivas contra os casos importados da doença do novo coronavírus (COVID-19), pois as infecções estão a aumentar no exterior, disse, nesta Segunda-feira, Mi Feng, porta-voz da Comissão Nacional de Saúde (CNS). Desde que o país não registou nenhum novo caso doméstico pela primeira vez em 18 de Março, há relatórios de transmissões esporádicas em território chinês, revelou Mi numa conferência de imprensa, em Beijing. Ele pediu a implementação sólida de medidas de prevenção e controlo contra o regresso dos casos da COVID-19 no país e sublinhou a importância dos esforços de nível comunitário. Ao todo 638.146 casos de COVID-19 foram registados em todo o mundo até às 16 horas desta Segunda-feira, horário de Beijing, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados da entidade mostram que os casos globais aumentaram em mais de 10% todos os dias na semana passada. A parte continental da China informou 30 novos casos importados da COVID-19 no Domingo, elevando o número total destes para 723, segundo o relatório diário da CNS.


ENTREVISTA

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‘Parece haver pessoas que confundem estado de emergência com estado de sítio’ Sociólogo e professor catedrático na Universidade Agostinho Neto, o deputado Paulo de Carvalho faz uma abordagem do Estado de Emergência que se vive no país desde a passada Sexta-feira, 27. o parlamentar pela bancada do MPlA apoia a decisão do Chefe de Estado, que ele garante estar a gerir satisfatoriamente o processo, mas alerta para a confusão existente na mente de muitos entre o Estado de Emergência, em vigor, e o Estado de Sítio, que outros parecem fazer crer. Por isso, o nosso interlocutor pede aos angolanos que mantenham calma, serenidade, assim como recomenda que tomem banho de sol, um elemento fundamental também nesta luta contra a CovID 19 Dani Costa DR

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ngola decretou o Estado de Emergência por causa da Covid 19, mesmo tendo poucos casos. É uma decisão acertada? Porquê? Penso que terá sido uma decisão acertada… e avisada. Até porque, tal como sempre afirmei, tínhamos notícia de poucos casos, mas era preciso antecipar-nos, de modo que não tivéssemos que percorrer o caminho sangrento que outros percorreram antes de nós. Aliás, por isso mesmo apelei ao fecho das escolas mesmo antes de termos qualquer caso conhecido. E ainda bem que isso foi feito, de modo a adiarmos ao máximo a proliferação do vírus. Mas atenção, que sempre disse que podíamos ter casos que não tinham chegado ao conhecimento das autoridades sanitárias. Apesar do Estado de Emergência, a sociedade ainda vai debatendo o caso dos vôos dos dias 17 e 18 do corrente mês. Angola tinha ou não condições para manter em quarentena todos os passageiros? Se tivessem sido confinados num único local, hoje teríamos uma situação diferente? Penso que sim, que teríamos condições de alojamento, desde que isso tivesse sido convenientemente preparado. Havia tantos hotéis disponíveis, mas a comissão interministerial naquela altura achou melhor agir de outra forma. E deu no que deu…


O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

O Presidente da República colocou o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança para dirigir a comissão interministerial de luta contra esta pandemia. O que pensa disso? Penso ter sido uma medida mais do que acertada. Colocar dois Ministros de Estado à frente da comissão significou atribuir-lhe uma dimensão maior do que tinha antes. A partir do momento em que seria decretado o estado de emergência, havia necessidade de engajamento de militares e para-militares. Portanto, não foi por acaso que, dos quatro Ministros de Estado que temos, o Presidente da República terá optado por colocar o único militar à frente da comissão. Porque, em todo o mundo, os militares têm o costume de não se subordinarem a civis (exceptuando o Chefe de Estado, obviamente). Para coordenadoraadjunta, foi indigitada a ministra de Estado que supervisiona a área social, exactamente por se reconhecer o papel que os sectores da saúde e da acção social têm de desempenhar na árdua tarefa de combate ao vírus e de prevenção à sua disseminação. Dito de outro modo, o Chefe de Estado chamou para muito perto de si a responsabilidade sobre esta matéria demasiado sensível, o que é bom para nós. Qual é a apreciação que faz desta comissão, particularmente da ministra da Saúde, Silvia Lutucuta, que tem dado a cara pelo Executivo neste desafio? Penso que a ministra da Saúde está a fazer um bom trabalho. Há quem diga que, agora, quem deve dar a cara são os dois coordenadores da comissão interministerial. Não concordo, por duas razões. Primeiro, porque cada ministro integrante da comissão mantém as responsabilidades do seu pelouro e, por isso, tem de as assumir cabalmente. Em segundo lugar, porque a comissão pode dispor de um porta-voz, que não precisa de ser uma só pessoa, mas podem ser várias, em função do objectivo que pretendemos atingir com cada comunicação. O que me parece é que temos de parar com as habituais guerrinhas de egos, juntando-nos todos no objectivo que deve ser comum: a prevenção e o combate ao vírus. Decretado o Estado de Emergência, quais são os principais problemas que a população de um modo geral deverá sentir? O problema que hoje sentimos é a presença, entre nós, do vírus. Apresentam-se estatísticas que dão conta que este vírus mata menos que outras doenças, mas as pessoas que avançam tais ideias esque-

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‘Devemos manter funcional o sistema imunitário, seja com alimentação adequada, seja com banhos de Sol diários’ ‘Podemos até ter equipamento de ponta (em clínicas), mas estamos bastante mal em termos de diagnóstico’

cem-se de um pequeno detalhe: a rapidez de contágio, que é bastante superior à de outros vírus e de outras doenças. Se considerarmos estes dois elementos na análise, então teremos em conclusão que este mais novo coronavírus é realmente letal. Basta olharmos para o que está a fazer aos sistemas de saúde de colossos, como os Estados Unidos da América, a França ou a Itália, que simplesmente desmoronaram. No nosso caso, este vírus-corona é menos letal que o paludismo, mas espalha-se com a mesma ou até maior facilidade com que se espalha a gripe comum. E está visto que pode matar em pouco tempo, pessoas de qualquer faixa etária. Portanto, não é assunto para brincadeira. Os nossos problemas são uniformes ou variam de acordo com cada região sócio-cultural? Neste caso, o mal atinge todas as regiões. É um mal identificado, que vem de fora. Entrou por Luanda, tal como pode já ter entrado também pelas fronteiras terrestres. Tentámos prevenir-nos, mas acho que faltou alguma coisa. Muita gente considerava suficiente a medição da temperatura à chegada, no aeroporto internacional. Mas esta é uma medida que se revela à partida ineficaz, pois entraram pessoas sem febre, mas infectadas; bem como terão entrado pessoas com febre, sem estarem infectadas. Não

digo que a medida tenha sido má, mas estava claro à partida que era claramente insuficiente. Mais uma questão sobre o estado de emergência. Como deputado, acha que a Comissão Permanente da Assembleia Nacional terá agido bem? Tem havido opiniões díspares acerca das competências do Plenário e da Comissão Permanente da AN. Pedi a opinião de vários juristas e não houve unanimidade. O que me parece a mim, enquanto sociólogo, é que de futuro tem de haver a possibilidade do voto electrónico, em situações como esta. Por exemplo, a partir de um endereço electrónico registado, ou (melhor ainda) a partir da própria plataforma da AN. Agora, enquanto deputado, parece-me haver um aspecto que se esquece nesta análise: a reunião do Plenário, agendada para os dias 18 e 19 de Março, foi adiada sine die, exactamente devido à impossibilidade de ajuntamentos superiores (na altura) a 200 pessoas. Isso quer dizer que havia já um precedente nesta matéria. Portanto, em conclusão, o que é preciso é, num futuro breve, preverem-se na lei soluções expeditas para a actuação do Plenário em situações de contingência e de urgência como esta. As medidas adoptadas tiveram como base a economia doméstica dos angolanos? Sim, penso que sim. O Governo precaveu-se em relação a esta matéria. E ainda bem. Temos condições muito particulares, que diferem das que ocorrem nos países do Hemisfério Norte: a informalidade está omnipresente, não apenas em termos económicos, mas também nas relações sociais. Para a economia doméstica de boa parte dos angolanos, conta aquilo que é amealhado no dia-a-dia. E depois, o Estado tem de apoiar os mais vulneráveis. A abertura parcial dos mercados, apenas para os produtos alimentares e de higiene, não é uma medida perigosa ou as precauções foram acauteladas? Como bem diz, não será uma medida perigosa, se houver precauções. Mas não se podia impedir as pessoas de fazer negócio. Essa possibilidade existe, agora o problema é se e até quando haverá compradores. Em primeiro lugar, temos de preservar a vida e o bem-estar das pessoas. Os vendedores ambulantes aparecem numa situação mais confortável na decisão tomada pelo Executivo. Os riscos de contaminação são menores?

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Parece-me que, quem circula, corre mais riscos do que aquele que fica parado num só local de venda. Para quem circula, é mais difícil preservar as condições de higiene que o momento exige. Por isso, não é de aconselhar o comércio ambulante. Até que ponto os nossos hábitos e costumes sócio-culturais podem perigar as aspirações do Executivo? Podem perigar sobremaneira. Para o angolano citadino médio, o costume é a farra e é também a convivência próxima com os amigos. Um destes dois elementos está normalmente presente no dia-a-dia do angolano comum. Pois agora temos de limitar os contactos ao mínimo possível e, até mesmo, a zero. Quem não o fizer corre maior risco de contaminação. E sempre que tivermos mesmo que sair, devemos utilizar as máscaras e luvas descartáveis. Mas é preciso disseminar informação sobre como devemos colocar tais meios e, sobretudo, como os devemos retirar, para não ficarmos contaminados por retirarmos mal a máscara ou as luvas. Polícias e militares estão na rua, havendo no seio da população quem se queixe já de algum excesso. Qual é o perfil dos efectivos angolanos que integram estas corporações? Pois, num dos grupos do WhatsApp, disse imediatamente que haveria de haver excessos. E, segundo se diz, já houve até uma morte no Uíge. Qual é o problema? Há décadas que vimos chamando à atenção para a crescente diminuição da qualida-

de de ensino. Até hoje, quase ninguém liga a isso e a situação vai piorando, ano após ano. Pois tenhamos então consciência dos efeitos disso. Os agentes da polícia, que estão nas ruas, são consequência do sistema de educação que temos vindo a destruir, ano após ano. Há agentes da polícia com a 6ª ou a 8ª classe, que não conseguem interpretar devidamente uma frase simples. Os efeitos disso estão à vista. Agora, é preciso que os comandantes, nos vários escalões, assumam a responsabilidade perante excessos inadmissíveis a que temos assistido. Só a sensibilização não bastaria para este desafio? A sensibilização das pessoas pode ajudar. Assim como a formação contínua ,quero dizer, diária dos agentes. Haverá sempre cidadãos que infringirão a norma de não circulação, de modo que os agentes têm de estar habilitados a prestar-lhes o devido esclarecimento. E não necessariamente à porretada, como temos visto. O porrete pode sim ser usado, mas como último recurso. Em algumas províncias nota-se até a presença de tanques de guerra. Não há um exagero quanto aos meios? Pois… Parece haver pessoas que confundem estado de emergência com estado de sítio. É preciso fazer circular a informação. Estamos em presença de uma situação de excepção, que é fruto de uma pandemia e não de desordem generalizada.


ENTREVISTA

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O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

“É preciso manter a serenidade e a calma e as pessoas tomarem banho de sol” Até que ponto esta crise provocada pelo Coronavírus nos leva a reflectir o país? Obviamente que esta pandemia veio destapar aquilo que estava escondido. De um modo geral, pôs a descoberto as mazelas dos sistemas de saúde de quase todos os países do mundo. No nosso caso, destapou muito mais, mas muito mais mesmo: ausência de valores, maus hábitos de convívio, sistema de saúde débil, sistema de educação demasiado débil (da base ao topo), ausência praticamente total de investigação científica, má utilização de recursos financeiros, gente inabilitada a dirigir áreas vitais, pessoas mais preocupadas consigo próprias do que com o país, ausência de regras e não cumprimento das poucas regras que existem. E a lista poderia continuar… São muitos anos, décadas de não cumprimento de regras e de combate e perseguição a quem as cumpre. Isso não acaba ao fim de 2 nem de 5 anos. Mas é preciso apostar já na mudança de mentalidades, se queremos voltar a ter um país normal daqui a 10 anos.

ao decretar o estado de emergência, antes de a situação atingir o descontrolo. Eu diria mesmo que o fez, de modo que a situação não atingisse rapidamente o descontrolo. Por outro lado, estou convencido que terá agido bem, também, quando alterou a composição da comissão interministerial, dando-lhe dimensão superior à que tinha antes. Aliás, os resultados positivos viram-se logo de imediato. Acredito que, se não o tivesse feito naquela altura, teríamos hoje mais casos.

Cerca de três anos no poder, João Lourenço é agora brindado com esta crise Não estará com sorte ou é uma oportunidade de mostrar o que vale? As duas coisas. É sobretudo em períodos de provação que demonstramos aquilo que somos e aquilo que podemos fazer em prol do bem comum. Temos de saudar a iniciativa de redução do número de ministérios, que assinala vontade de corte na despesa. Mas eu reduziria ainda mais, por exemplo, juntando o desporto a outra área (a educação) e a juventude à família. E este é apenas um exemplo. E acabava com os nomes de ministérios demasiado extensos. Por exemplo, basta designar por Ministério do Ensino Superior ou, quando muito, Ministério da Ciência e Ensino Superior, incluindo a tecnologia e a inovação nas atribuições do ministério. Até porque a tecnologia e a inovação não são atribuições exclusivas deste ministério, estão presentes em vários outros. Outro caso é do Ministério do Trabalho, pois basta esta designação. E estes são apenas dois exemplos.

Como avalia a intervenção da sociedade civil e outros grupos neste problema pontual? Parece-me que a resposta está a ser lenta demais. As organizações da sociedade civil não estavam preparadas para o que aí vinha. E aqui está outro caso, em que a comissão interministerial devia ter intervindo desde há alguns meses e não o fez na dimensão em que deveria. Espero que as organizações da sociedade civil e o empresariado acordem e apoiem o governo nas acções de prevenção, cura e assistência social que o momento impõe.

Como o Presidente tem lidado com a actual crise? Penso que terá estado bem, ao mandar as crianças para casa, bem como

Que país teremos depois desta pandemia? Teremos certamente um país diferente. E um mundo diferente. Não tenhamos ilusões, que não deixará de ser um mundo assimétrico, nem uma Angola assimétrica. Infelizmente. Mas teremos, com certeza, um mundo melhor e uma Angola melhor. Estou convencido que a solidariedade será uma das variáveis a ter em conta, nas mudanças que este vírus vai introduzir nas relações humanas. Ao menos tenho essa esperança.

Num ápice, o país parece ter perdido alguns dos seus habituais mecenas. O que se passa? De facto. Onde andam os habituais mecenas? Onde param as muitas organizações de amigos e de conhecidos disto e daquilo, antes tão dispostas a “ajudar”? E onde estão os muitos endinheirados, vários deles cheios de ambição política e do desejo de vingança diante das benesses perdidas? É em momentos de crise que sabemos com quem realmente lidamos. Ouvimos dizemos que o Executivo vai utilizar recursos do Fundo So-

berano, para mitigar a crise. O que acha disso? Acho bom. Os recursos disponíveis devem ser encaminhados prioritariamente para resolver este problema. Está em causa a nossa sobrevivência. Mas é preciso que se cumpra a lei, que determina um máximo de 40% dos recursos do Fundo Soberano, com os fins aludidos. É preciso que não haja atropelos ao Estado de direito. Foram anunciadas no domingo, as duas primeiras mortes devido ao Covid-19. O que tem a dizer sobre isso? Tal como vinha dizendo desde há dois meses, teríamos pessoas infectadas sem saberem que estavam infectadas. E foi o que sucedeu com estes dois casos, que vieram demonstrar a grande debilidade do nosso sistema sanitário. As pessoas foram a uma clínica privada, onde nem sequer ocorreu ao pessoal médico fazer o teste para despiste do mais recente coronavírus. Só se descobriu a causa da morte, depois do óbito. De que vale termos clínicas com equipamento moderno, se colocamos em postos de chefia médicos sem experiência, apenas porque são filho deste ou sobrinha daquele? O resultado está aí. Podemos até ter equipamento de ponta, mas estamos bastante mal em termos de diagnóstico. Atenção, que a senhora ministra da Saúde não tem qualquer responsabilidade sobre isso; é o sistema que está mal, que é caduco.

‘Esta pandemia veio destapar aquilo que estava escondido. Pôs a descoberto as mazelas dos sistemas de saúde de quase todos os países do mundo’

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Depois de ultrapassarmos esta fase difícil, teremos de rever o sistema e as práticas que nele vigoram. Não apenas o sistema sanitário, porque o mal da indicação de filhos, sobrinhos e afilhados atinge também outros sectores. Que se coloquem jovens na política, tudo bem. Sem exagero, claro; doseando sempre. Mas não está certo transferir isso para as profissões. A justificação que se utiliza é que a pessoa foi colocada ali, não por ser filha ou afilhada, mas por ter estudado numa “boa universidade”. Ora, das boas universidades saem profissionais muito qualificados e profissionais pouco qualificados. E das más universidades também. Mas temos de ter consciência é que, dumas e doutras, saem profissionais sem tarimba; e esta consegue-se com a prática e com as vicissitudes da vida e do exercício da profissão. Que apelo gostaria de fazer aos angolanos, neste momento difícil para todos nós? Antes de mais, quero apelar à calma e à serenidade. Temos alguns aspectos a nosso favor, como é o caso do Sol abrasador que se faz sentir diariamente nalgumas localidades. Mas a verdade é que estamos a viver um momento bastante conturbado, pois os médicos e para-médicos dizem que enfrentamos um vírus demolidor, um mal nunca antes visto. Por isso, temos antes de mais de seguir os conselhos e as indicações dos técnicos de saúde. E as orientações das autoridades, que visam estancar a disseminação do vírus, que

está a ocorrer por cá desde há duas semanas. A cidade mais atingida é a de Luanda, seguindo-se Benguela, Lubango e Huambo. Mas outras cidades e áreas fronteiriças podem estar também atingidas. Devemos mesmo cumprir as orientações? Absolutamente. Manter a calma e, em segundo lugar, cumprir as orientações. Não podemos tratar o vírus como se de um amigo se tratasse; pelo contrário, devemos trata-lo como inimigo, que nos quer aniquilar. Devemos confinar-nos às nossas casas e cumprir as distâncias recomendadas. E temos de manter funcional o nosso sistema imunitário, seja com alimentação adequada, seja com banhos de Sol diários. Depois, fazemos aqui um apelo à solidariedade. Cada um deve contribuir com um pouco do que tem, para ajudar a travar o mal. Eu já contribuí e espero que os meus compatriotas o façam também. Em quarto lugar, devemos evitar transmitir mensagens falsas através das redes sociais. Quanto às autoridades, recomenda-se um apertado controlo das fronteiras, de modo que o vírus não atinja o meio rural, que seria o descalabro. Por outro lado, é preciso melhorar a base de dados e a análise estatística. Finalmente, à mínima desconfiança, deve-se fazer o teste. Se não o fizermos, se mantivermos o comportamento habitual e se não cumprirmos a orientação de recolhimento, corremos o risco de apressar o pico e de termos por cá outra Itália.



DESPORTO

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O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

Belmiro Carmelino abandona Conselho Marcello Lippi deixa apelo: de Comissários de Árbitros (CCA) “terminem a temporada” DR

A desculpa, por parte da Federação Angolana de Futebol (FAF), ao Petro de luanda no jogo da Taça de Angola, frente ao Sagrada Esperança da lunda-Norte, deixou o exarbitro agastado. Por isso, “largou” o CCA DR

Antigo seleccionador da Itália quer jogos a portas fechadas

U

m dos países europeus mais afectados pela pandemia de Covid-19, Itália, enfrenta incertezas quanto a uma data para o regresso à normalidade. Situação que está a afectar o futebol, com cada vez mais agentes desportivos a apelarem ao encerramento da temporada. Uma situação com a qual o ex-seleccionador italiano

Marcelo Lippi não concorda. “Terminem a temporada, mesmo que seja para acabar em Agosto ou Setembro», apelou na Radio Sportiva, deixando a indicação de que os jogos se deveriam realizar sem público: «Sei que jogar à porta fechada não sabe ao mesmo, mas se não é possível ter adeptos, transmitam os jogos de forma gratuita na televisão”, disse. DR

Sebastião Félix

O

antigo árbitro internacional angolano, Belmiro Carmelino, deixa de fazer parte do Conselho de Comissários, órgão vocacionado a supervisionar o trabalho dos “profissionais do apito” em campo. Isto acontece pelo facto de ter sido comissário de jogo na partida em que o Sagrada Esperança da Lunda-Norte eliminou o Petro de Luanda na Taça de Angola em futebol, no Estádio 11 de Novembro. Para o ex-profissional, ainda que houvesse falha por parte da

equipa de arbitragem, não se admite o comportamento dos adeptos do clube tricolor. Belmiro Carmelino adiantou que saíram escoltados do Estádio, tudo porque os adeptos do Petro queriam agredir o árbitro indicado para aquele jogo. “Não pode haver um peso e duas medidas. Os clubes não devem mandar na Federação Angolana de Futebol (FAF)”, disse o ex-árbitro a este jornal. O antigo profissional referiu que o comunicado da FAF que se desculpa diante do Petro de Luanda não tem razão de existir, pois os adeptos cometeram várias falhas naquele dia. Belmiro Carmelino é de opinião que o Petro também devia ser penalizado, aliás os seus

adeptos tiveram um comportamento feio. Assim, a posição da FAF clarifica que há “filhos e enteados” na hora de se decidir as coisas no que toca a “atribuição” de sanções positivas ou negativas. O antigo árbitro referiu que o futebol não terá pernas para andar, uma vez que os vícios que o enfermam não estão a ser sanados. Por esta razão, Belmiro Carmelino adianta que não recuará na sua decisão, uma vez que a integridade física dos profissionais está em risco. Por esta razão, se a FAF continuar a escamotear a verdade vai afundar-se e poderá comprometer o futuro do futebol angolano.

Jogadores do Barça, liderados por Messi, criticam direccão do clube

Messi atira-se à direcção

L

eo Messi, capitão do Barcelona, anunciou que todo o plantel principal aceitou a decisão da direção blaugrana em cortar os salários dos jogadores em 70 por cento devido à pandemia do coronavírus. Além disto, o internacional argentino adianta ainda, em comunicado oficial, que os jogadores farão tudo o que for possível para que os restantes funcionários do Barcelona tenham os salários pagos por inteiro. Na nota, Messi não deixou de

atirar algumas farpas a dirigentes do clube em relação a este tema que muita tinta fez correr nos últimos dias. “Não deixa de nos surpreender que, dentro do clube, tenha havido quem nos tenha querido colocar sob escrutínio e pressão para fazermos algo que sempre foi claro que faríamos. Se o acordo demorou alguns dias, foi simplesmente porque estávamos à procura de uma fórmula para ajudar o clube e os trabalhadores neste momento tão difícil”, lê-se.


O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

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William voigt leva FAB ao Tribunal dos Desportos O ex-seleccionador nacional sénior masculino, o norte-americano William voigt, processou a Federação Angolana de Basquetebol (FAB) junto do Tribunal Arbitral do Desporto

O

órgão reitor da modalidade no país recebeu uma notificação daquela instância judicial, de acordo com o coordenador da Comissão de Gestão da federação, Gustavo da Conceição. O responsável da FAB disse que o dossier do tribunal arbitral possui datas limites para a conclusão de determinadas etapas, das quais a resposta ao tribunal face às declarações do treinador William Voigt

Em recentes declarações à imprensa, Gustavo da Conceição havia dito que a Comissão de Gestão encontrou uma dívida de mais de USD 1,5 milhão e outra de quase AKz 300 milhões

e outras questões a serem tratadas por vídeo-conferência, devido à situação da Covid– 19, que assola o mundo. “Há um dossier constituído que estamos a dar tratamento com a reserva que se impõe, por isso também não posso adiantar mais pormenores, mas nos próximos dias o basquetebol do nosso país vai ter de assumir e responder”, contou. Em recentes declarações à imprensa, Gustavo da Conceição havia dito que a Comissão de Gestão encontrou uma dívida de mais de USD 1,5 milhão e outra de quase AKz 300 milhões. Na ocasião, o coordenador disse serem os valores referentes ao pagamento de salários aos funcionários, atletas e treinadores que estiveram ao serviço das selecções nacionais, ao ex-presidente da federação, Hélder da Cruz “Maneda”, e ao seleccionador nacional, William Voigt.

DR

Antigo seleccionador nacional William Voigt Leva Federação de Basquetebol ao Tribunal Arbitral

CPI já trabalha Jogos Paralímpicos de 2021 DR

Secretário-geral do CPA, António da Luz

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O

secretário-geral do Comité Paralímpico Angolano, António da Luz, disse que as novas datas para o credenciamento, tendo em conta os Jogos Paralímpicos adiados para 2021, devido a COVID -19, serão anunciadas durante o próximo mês de Abril. António da Luz explicou que o adiamento obriga a reestruturação organizativa, cujos modos operacionais serão sempre dados a conhecer pelo Comité Paralímpico Internacional (CPI). Até à altura da transferência da competição para 2021, por causa da propagação da pandemia pelo mundo, procedia-se mais uma etapa para o credenciamento, inclusive para jornalistas de imprensa, rádio, televisão e fotógrafos. Inicialmente marcados para Agosto/Setembro, em Tóquio

(Japão), a decisão do seu adiamento foi tomada no último dia 22, após reunião de emergência entre o Comité Organizador, membros do Comité Olímpico Internacional (COI) e do Comité Paralímpico Internacional (IPC- sigla em inglês). Angola, que tem no atletismo a sua maior bandeira na prova, procura ainda a obtenção das marcas mínimas exigidas, depois de ter falhado, este mês, o “Open” de São Paulo (Brasil), cancelado devido ao presente problema de saúde mundial. Assim, espera-se pela normalização da situação para a revisão do calendário de provas qualificativas e programar participação com o objectivo de qualificar entre seis a oito atletas, em ambos os sexos.


CLASSIFICADOS emprego

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imobiliรกrio

O PAร S Terรงa-feira, 31 de Marรงo de 2020

diversos


OPINIÃO

O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

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EDY LOBO

Maratonas irresponsáveis em tempos de quarentena

O

décimo terceiro dia da quarentena dos 14 impostos por lei, cá pelas bandas de Camões, já se despedia. Nestes longos e duradouros dias de isolamento social aconselhado pelas autoridades de saúde e do governo português, o tédio e o medo completavam qualquer frase de desejo que tentava despontar no seio de cada um de nós. Fomos chamados a responsabilização, pela primeira vez, de salvar o mundo não fazendo coisa alguma, ou seja, estando em casa apenas a fazer aquilo de que não estávamos muito habituados a fazer. Pela vizinhança do Bom retiro,

em Vila Franca de Xira, o silêncio imperava com saúde. Cheirava tranquilidade e da boa culinária portuguesa que também invadia sorrateiramente nossos estômagos fofoqueiros por via do olfacto. Ao contrário do que se ouvia em muitos lares, que a monotonia ocupava e invadia relações, parece que por cá não é bem assim. Existe uma independência nalguns lares. Cada um com o seu telefone, tendo o seu dia para passear com o cão e a vida avança. Dentre as regras de precaução e contra proliferação do vírus que está na moda, existe uma que permite que podem ser realizados exercícios físicos na rua sendo no máximo duas pessoas

por vez. Mas como em todo mundo teimosia há em escalas consideráveis, quando o dia já se despedia colocando o sol em posição quase que horizontal para dar lugar a lua, 7 ou 8 jovens, entre rapazes e meninas, com idades correspondidas entre a irresponsabilidade e a maior idade decidiram dar uns toques numa bola de futebol próximo a um campo de futebol salão que por sua vez estava encerrado por orientações superiores. A princípio já violavam uma lei de precaução. Aquilo a mim chamou a atenção e comentei com o meu tio a tamanha irresponsabilidade dos imberbes dizendo que chamaria a polícia. Mas não o fiz.

O distrito organizado que é, todos os dias pelas 17h30 minutos passa o carro do pão. Desço para comprar o pão. De repente vejo um aglomerado a correr disperso. Cada um na sua direcção. Nunca tinha visto, desculpem o termo, “brancos” a correrem com os rostos apavorados de medo na luta pela sobrevivência num lugar que não fosse na tela em filmes ou seriados. Porquê corriam os marmanjos? ERA O “CAVERÃO” QUE ACABAVA DE CHEGAR. Um carro grande da polícia portuguesa com espaço suficiente dentro para serem “espancados” e levados a reflectir pela tamanha irresponsabilidade social por 30 minutos, todos os teimosos e sim-

patizantes da irresponsabilidade. A coisa é séria. As regras também já foram adoptadas em Angola com maior incidência para a capital, Luanda, onde as nossas forças de defesa são obrigadas a fazer “educação física-consciente” em tempos de pandemia, dando corrida e porretes aos renitentes. Mas agora é sério: nunca tinha visto na vida real um “branco” apavorado. Pretos como eu já vi bwe. Aliás é nossa praxe viver apavorados tanto que, quando uma benção refastela-nos, usamos do adágio popular mais comum que alegra qualquer céptico: Quando a esmola é demais o santo desconfia.


TEMPO

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O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

Fonte: INAMET Das 18 horas do dia 30 às 18 horas do dia 31 de Março de 2020. REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu parcialmente nublado, apresentando-se muito nublado pela madrugada e manhã. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca ou chuvisco, em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, lunda-Norte e lunda-Sul. Possibilidade de ocorrência de neblina ou nevoeiro matinal em alguns municípios das províncias do Zaire, Bengo, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul e lunda-Norte.

PREvISÃo Do TEMPo *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES Ê

válida de 31 de Março a 02 de Abril de 2020 Ê

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT)Ê

Ê

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 31 de Março á 02 Abril de 2020Ê Data 31/03/ 2020

CIDADE

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Data 01/04/ 2020

Estado do Tempo

Máx

Mín

Máx

Estado do Tempo

Data 02/04/ 2020 Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

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Céu parcial nublado.

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Céu parcial nublado.

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Céu parcial nublado.

CABINDA

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu nublado, chuva fraca.

SUMBE

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Céu parcial nublado.

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu parcial nublado.

CAXITO

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu nublado, chuva fraca.

MBANZA CONGO

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva fraca.

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UIGE

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva moderada.

NDALATANDO

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Céu parcial nublado.

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu parcial nublado.

MALANJE

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Céu parcial nublado.

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu parcial nublado.

DUNDO

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu nublado, chuva moderada.

SAURIMO

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Céu parcial nublado.

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu parcial nublado.

BENGUELA

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Céu parcial nublado.

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Céu parcial nublado.

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Céu parcial nublado.

HUAMBO

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Céu parcial nublado.

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu parcial nublado.

CUITO

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Céu parcial nublado.

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Céu nublado, chuva fraca.

15

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Céu parcial nublado.

LUENA

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Céu nublado, chuva fraca.

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva fraca.

LUBANGO

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Céu parcial nublado.

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Céu parcial nublado.

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Céu parcial nublado.

MENONGUE

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Céu nublado, chuva moderada.

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Céu nublado, chuva moderada ou forte.

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Céu nublado, chuva moderada.

MOÇÂMEDES

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Céu parcial nublado.

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Céu parcial nublado.

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Céu parcial nublado.

ONDJIVA

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Céu parcial nublado.

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Céu parcial nublado.

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Céu parcial nublado.

Céu nublado, chuva moderada.

O Meteorologista: Lionete Mitange e Maria de Nascimento. Ê Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.aoÊ

Fonte: INAMET

2. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 30/03/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 31/03/2020.

BolETIM METEoRolÓgICo PARA A NAvEgAÇÃo MARíTIMA 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00 TU DO DIA 30 DE MARÇO DE 2020: Moderada á boa

Circulação moderada Sul-Sudoeste entre os paralelos 4°S e 14°S (Cabinda, Bengo, Zaire, luanda, Cuanza-Sul e Benguela) e Sul-Sudeste entre paralelos 14°S e- INAMET 18S° (Namibe). INSTITUTO NACIONAL DE os METEOROLOGIA E GEOFÍSICA Centro Nacional de Previsão do Tempo

PREVISÃO VÁLIDA ATÉ ÀS 18:00 TU DO DIA 31PARA DE MARÇO DE 2020: BOLETIM METEOROLÓGICO A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00 TU DO DIA 30 DE MARÇO DE 2020: NÃO HÁ AVISO.

Circulação moderada, de Sul-Sudoeste entre os paralelos 4°S a 14°S (Cabinda, Bengo, Zaire, Luanda, Cuanza Sul e Benguela) e de Sul-Sudeste entre os paralelos 14°S a 18S° (Namibe). PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 31 DE MARÇO DE 2020:

Sem aviso.

ESTADO DO TEMPO

VENTO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

Cabinda (4°S – 6°S) Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S) Namibe (14°S – 18S)

REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu nublado. Possibilidade de ocorrência de chuva moderada ou forte em alguns municípios das províncias da Huíla, Cunene e Cuando Cubango. Possibilidade de ocorrência de neblina ou nevoeiro matinal em alguns municípios das províncias da Huíla e Cuando Cubango.

Luanda, 30 de Março de 2020

TEMPO NO MAR

REGIÃO

REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu nublado, tornando-se muito nublado pela madrugada e manhã. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca ou moderada em alguns municípios das províncias de Benguela, Huambo Bié e Moxico. Possibilidade de ocorrência de neblina ou nevoeiro matinal em alguns municípios das províncias do Huambo Bié e Moxico.

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

Agitado

Fraca (Superior a 5)

1.3 á 1.9

Agitado

Fraca (Superior a 5)

DIRECÇÃO FORÇA (KT) Nublado Chuva

Nublado Chuvisco

SulSudoeste SulSudoeste

Até 11

06 à 14

Até 1.7

SulSudoeste

Até 17

Até 2.1

Agitado

Moderada (Superior a 7)

SulSudeste

Até 21

Até 2.5

Agitado

Moderada (Superior a 7)

Depressão com pressão de 1015hPa, o seu vale depressionário estendese por toda a costa marítima de Angola. o anticiclone de Santa Helena, irá deslocar-se para leste, com o seu centro de 1020hPa intensificandose para 1025hPa e influenciando o padrão e a intensidade do vento. Assim, prevê-se mar agitado em toda a região marítima de Angola com ondas máximas de até 2.5 metros de altura.

3. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


OPINIÃO

O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

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AMADEU CASSINDA

Responsabilidade social e humanização de marcas

A

humanidade enfrenta uma guerra, cujo inimigo é invisível. Mas, os efeitos económicos e financeiros da COVID-19 são previsíveis. Alguns países já os têm devidamente mençurados, prevendo o agudizar de crises acompanhadas de redução de postos de trabalho como única alternativa para a garantia da sustentabilidade de algumas empresas, incluindo o desaparecimento de várias. O futuro é incerto para muitas organizações, apesar disso, elas são chamadas para repartir as despesas com o Estado. Cá em Angola, depois da declaração do Estado de Emergência para conter a propagagação do vírus SARS-COV-2, espera-se que as empresas manifestem também o seu lado emotivo, comprometendo-se, sobre tudo, financeiramente na luta contra o Coronavírus. Empresas como o BFA, BNI, UNITEL, entre outras, “fecharam os olhos” e aderiram voluntáriamente à causa, “sem esperar nada em troca”. Estes gestos marcam profundamente às comunidades, imprimindo impressões perpétuas no diário da história, ultrapassando os efeitos da separação dos arcos da McDonald´s e do afastamento dos caracteres do logótipo da Cocacola, sensibilizando para o isolamento social como medida de prevenção contra a pandemia, o que não é menos importante. Por um lado. Entretanto, as empresas não são ONG´s ou instituições de beneficência. Elas visam o lucro. Por essa razão, muitas delas não terão aderido à causa, na medida em que o país já caminha para o quinto ano de recessão económica, acrescido de um futuro incerto que se vislumbra em meio a um oceano vácuo. Todavia, acreditamos que mais empresas se teriam envolvido na causa se os mecanismos legais pa-

DR

ra a promoção dos benefícios fiscais que resultam de acções de responsabilidade social empresarial no seio das mesmas fossem eficazes. Esta peste, daqui a pouco vai desvanecer e com ela as boas acções destas empresas caso a situação legal deste tema permacer a mesma. Por outro lado. Uma das verdades que não queremos esconder, porém, é que as mesmas empresas que lhes são apeladas a contribuir para mitigar os efeitos económico desta doença na sociedade, assim como as famílias, são as que vão pagar, com as devidas aspas, as despesas que o Estado tem feito neste todo processo, que já começou dentro do próprio Executivo com o emagrecimento da sua estrutura, manifestada pela fusão de alguns ministérios. Há mais de quatro anos que o país vive de rastos por causa da corrupção e da redução do preço do barril de petróleo no mercado mundial.

E enquanato procurava equilibrarse pelas medidas económicas recomendadas pelo FMI, entre as quais, o alargamento da base tributária e o afastamento do Estado na subvenção de certos bens e serviços como os combustíveis; o Coronavírus veio sorrateiramente e parou tudo, tirando mais do cofre que já estava praticamente vazio. A fechar, fica o apelo ao Executivo para garantir a eficácia da Lei do Mecenato e do Voluntariado, seguida de acções concretas como a divulgação dos seus benefícios junto dos respectivos públicos. . Às empresas vale dizer que o universo não conhece dinheiro ou benefício fiscal, o universo conhece energia. E como sois um conjunto de pessoas constituídas com faculdades emotivas, as quais do ponto de vista orgânico se manifestam em actos de responsabilidade social; toda acção que visa beneficiar o próximo retornará a vós. Não sei como, mas retornará!


ÚLTIMA

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Bispo anglicano apela à sociedade a cumprir o Estado de Emergência para combater a Covid-19 Em entrevista ao PAíS e à Tv Zimbo, órgãos de comunicação social do grupo Media Nova, o bispo da Igreja Anglicana, em Angola, Dom André Soares, disse ser necessária a tomada desta medida para se prevenir males maiores, e garante continuar a sensibilizar os seus fiéis para evitar o contágio DR

Bispo André Soares dando exemplo como se deve evitar o contágio da Covid-19, lavando as mãos antes de entrar na sua residência

Ireneu Mujoco

D

om André Soares disse que a congregação que dirige continua com o processo de sensibilização dos fiéis e da comunidades para cumprir com rigor as medidas anunciadas pelo Presidente da República, João Lourenço, sobre a observância da quarentena durante o Estado de Emergência Nacional. Explicou que todo o cidadão está sujeito a cumpri-las, numa altura em que o país, até esta Segunda-feira, 30, registou a morte de duas pessoas, vítimas do coronavírus, dos cinco que estavam em tratamento. “ Por isso, devemos cumprir todas as orientações do Governo”, reforçou a fonte, para quem, enquanto líder religioso, orientou aos seus crentes a disseminarem a mensagem contida nos dois decretos presidenciais, promulgados, recentemente, para o seu cumprimento obrigatório. O bispo angolano alertou que sem a observância das medidas, Angola pode ter consequências ne-

fastas, por não ter “médicos, medicamentos e equipamentos hospitalares suficientes” para dar resposta à demanda, sendo que a pandemia continua a se propagar. Prudente nas suas declarações, Dom André Soares reconhece a capacidade profissional da comissão multi-sectorial criada pelo Governo para conter a Covid-19, mas diz ser necessário que haja condições de trabalho para se ter um desempenho favorável. Apontou que mesmo os países desenvolvidos ou mais desenvolvidos, com meios técnicos e logísticos, estão com dificuldades para combater a Covid-19, pelo que defende mais apoios por parte da Organização Mundial da Saúde(OMS) para ajudar a combater esta pandemia. Apesar das limitações, o líder religioso acredita num desfecho positivo desta epidemia em Angola, caso a sociedade cumpra com as orientações do Governo, com realce para as orientações das autoridades sanitárias. Medidas aplaudidas Dom André Soares enalteceu a proibição temporária dos cultos

nos templos, de pessoas nos maiores locais de concentração populacional, e a restrição na circulação de pessoas bens. Apesar destas medidas, revelou ter recebido informações, a partir da província do Uíge, da entrada de vários pessoas, incluindo fiéis da sua igreja, provenientes da República Democrática do Congo(RDC), pela fronteira de Maquela do Zombo, já na vigência dos decretos presidenciais. “Oxalá tenham sido submetidos a testes”, sublinhou, defendendo o reforço das fronteiras para se evitar a transposição das pessoas entre Angola e a RDC. “Ainda não é o princípio das dores”, diz bispo À pergunta, se a pandemia que está a assolar o mundo, com um record de mortes diárias, jamais visto, é o princípio das dores para o regresso de Jesus Cristo, como acreditam alguns crentes, respondeu ser “apenas uma etapa da vida, mas que ainda não é o fim”. Como presbítero e homem de Deus, baseando-se nas Bíblia Sagrada, o fim dar-se-á quando não “houver mais guerras, terramotos, epidemias”, pelo que alerta os crentes a serem vigilantes porque “ ninguém sabe a hora e nem o dia em que o Filho do Homem (Jesus) virá para julgar os vivos mortos”, concluiu. Números registados Refira-se que as autoridades sanitárias têm o registo de 886 cidadãos suspeitos em quarentena institucional, deste número 535 estão em Luanda, sendo cinco casos positivos. Além de Luanda, segundo a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, há outros cidadãos a cumprirem a quarentena institucional nas províncias do Cunene (158 casos), Bié (4), Cuanza Norte (3), Uíge (14), Huíla (36) e Huambo (27), fora as pessoas em quarentena domiciliar.

O PAÍS Terça-feira, 31 de Março de 2020

O QUE SABER SOBRE O CORONAVÍRUS…

“O

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”. “Não sacudam! Esfreguem

as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


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