GOVERNO DA HUÍLA ABRE ISOLAMENTO NO HOSPITAL DO LUBANGO PARA COVID-19
DESOBEDIÊNCIA LEVA 1159 CIDADÃOS À CADEIA O ministro do Interior, Eugénio Laborinho, disse, ontem, em conferência de imprensa, que nestes oito dias de estado de emergência foram encaminhados à cadeia um total de 1159 cidadãos por desobediência ao que foi decretado. A cidade de Luanda, segundo o responsável, continua a dar “dor de cabeça”. P. 10
O Governo Provincial da Huíla procedeu à abertura de uma área de isolamento no Hospital Central do Lubango, para acolher pessoas que venham a testar positivo ao Covid-19 nesta província, no âmbito das acções de prevenção e combate a esta doença. P. 11 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @Jornalopaís facebook/opaís.angola
Director: José Kaliengue
O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA Edição n.º 1797 Sábado, 04/04/2020 Preço: 40 Kz
Covid-19 afecta classificação da dívida soberana de Angola e do sector bancário
162 SUSPEITOS DE COVID-19 PERIGO ESPREITA EM MAIO
● O aviso é da Moody’s (agência financeira internacional) a advertir que, possivelmente, baixará, no futuro, o rating da divida soberana angolana o que pode estender-se ao sector bancário angolano. P. 18
EM FOCO: A ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, revelou, ontem, que a situação pode piorar a
partir de Maio, quando em países tropicais, como Angola, começam baixar as temperaturas e, nessa altura, a probabilidade das pessoas serem infectadas é maior. P. 3 dR
Fábrica de confecções virase à produção de máscaras de pano ● A iniciativa da Palm Confecções
Angola, que prevê uma produção diária de 400 mil máscaras de tecidos de pano surge para fazer face à prevenção da pandemia Covid-19. Além disso, alfaiates nacionais também juntam-se à causa. P. 19
PAZ, UMA FESTA EM SILÊNCIO P. 8
E AINDA NO CARTAZ:
COVID-19 pode deixar DJ’s que vivem exclusivamente deste ofício “sem ter o que comer”
Agentes desportivos destacam ganhos e derrotas da Paz ● A Paz assinada num dia como hoje, em Luanda, na Assembleia Nacional, entre o Governo e a UNITA, desenvolveu o país em vários domínios. O desporto ganhou e até foi ao Mundial da Alemanha, em 2006, entre outros ganhos. P. 26
EM FOCO
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País com registo de 162 casos suspeitos de Covid-19 Angola continua com oito casos positivos de Covid-19, dos quais dois óbitos e um recuperado. Entretanto, existem neste momento 162 casos suspeitos, segundo revelou, ontem, o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião dR
Da esquerda para a direita: Eugénio Laborinho, ministro do Interior; Pedro Sebastião, ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, e a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, membros da Comissão Intersectorial de Prevenção e Combate à Pandemia do Covid-19
Maria Teixeira
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general Pedro Sebastião, que falava, ontem, em conferência de imprensa no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, sobre o balanço do oitavo dia de estado de emergência nacional, fez saber que para além de 162 casos suspeitos, 441 pessoas estão em quarentena institucional e 818 em domiciliar, sendo que 38 pessoas já tiveram alta médica. Segundo Pedro Sebastião, estão criadas em todas as províncias do
país as condições para o acompanhamento e tratamento de casos locais, com a montagem de centros locais de quarentena institucional e a preparação de locais para isolamento e tratamento de casos testados positivos. “O nosso país não podia deixar de tomar as medidas adequadas, com o objectivo de impedir a sua propagação em território nacional e minimizar o seu impacto social e económico. Por essa razão, o Presidente da República decidiu, pela primeira vez na história recente do nosso país, com base na Constituição e na lei, decretar o estado de emergência”, referiu.
“O nosso país não podia deixar de tomar as medidas adequadas, com objectivo de impedir a sua propagação em território nacional e minimizar o seu impacto social e económico”
O ministro de Estado disse que 500 pessoas que mantiveram contactos com os oito pacientes diagnosticados positivo em Angola estão em acompanhamento activo. Angola é o único país de África com quarentena institucional obrigatória A revelação é da ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, na mesma ocasião. A porta-voz da Comissão Multissectorial para Resposta à Pandemia salientou que nem nos países mais afectados, embora desenvolvidos, foram criadas estas infra-estruturas. “Angola é o único país de África
com o modelo de quarentena institucional obrigatória para isolar e controlar pessoas suspeitas de Covid-19”, afirmou. Entretanto, Sílvia Lutukuta disse que com este modelo de quarentena, que coabita com a domiciliar, se pretende controlar melhor os cidadãos suspeitos, os casos positivos confirmados e anular a propagação da pandemia. Salientau que em muitos países da Europa, da Ásia e da América, enquanto epicentro da doença, não se verifica este serviço ou engajamento diferenciado das autoridades. Angola é o único país, pelo menos em África, com quarentena institucional.
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Mais de 300 ventiladores a caminho para apoiar o país
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ílvia Lutukuta disse ainda que está em curso a aquisição de 380 ventiladores para os hospitais nacionais, reforçando os já existentes, e também a chegada de médicos cubanos, na próxima semana. Os médicos de Cuba virão por via diplomática. Tem-se o registo de quatro cidadãos angolanos infectados com Covid-19 fora de Angola, sendo dois internados em Portugal e outros dois na China. Em relação ao Covid-19, a ministra explicou que todos os dias se vai aprendendo, uma vez que ainda não se sabe como será, se eventualmente houver trans-
“Temos doentes com hipertensão, diabetes, todas as doenças crónicas e também pessoas com cancro e insuficiência renal”
missão comunitária no país e qual será o comportamento do vírus na realidade de Angola, uma vez que existem outras doenças que nos colocam numa situação de fragilidade. “Temos doentes com hipertensão, diabetes, todas as doenças crónicas e também pessoas com c a n c ro e insuficiência renal. Uma série de doenças que nos podem colocar em risco para as quais ainda não sabemos o comportamento real em caso de transmissão e circulação comunitária do Covid-19”, disse. Revelou ainda que a situação pode piorar a partir de Maio, momento em que em países tropicais, como Angola, começam baixar as temperaturas e, nessa altura, a probabilidade das pessoas serem mais infectadas é maior. Por essa razão, a ministra reiterou a necessidade da permanência dos cidadãos nas suas residências, como medida de prevenção e combate ao Covid-19.
Aberto inquérito contra técnicos de saúde que rejeitaram doente
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uestionada sobre as imagens veiculadas nas redes sociais que mostram o mau atendimento feito pelos técnicos de saúde que foram socorrer um caso suspeito de Covid-19, a titular da Saúde lamentou o ocorrido e garantiu que foi aberto um inquérito para se tomar as medidas necessárias contra os acusados. A paciente em causa está internada numa das unidades hospitalares de referência em Luanda, com estado clínico estável. A ministra reconhece a existência de estigma e medo no seio das famílias e dos profissionais de saúde por ser uma pandemia nova. Por isso, o sector está a desenvolver uma série de acções formativas para incutir aos técnicos de saúde que o novo Coronavírus não é de fácil contágio quando estiverem
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garantidas todas as medidas de biossegurança. Por fim, disse que ainda este mês nove milhões de máscaras, 80 mil kits de biossegurança, testes e termômetros chegam da China. Em relação aos casos positivos garantiu que todos os contactos directos estão a ser acompa-
A paciente em causa está internada numa das unidades hospitalares de referência em Luanda, com estado clínico estável
nhados e cerca de 500 pessoas que foram os contactos direitos e contactos dos contactos. Doze cisternas vão pulverizar Luanda na próxima semana Por sua vez, o governador da província de Luanda, Luther Rescova, explicou que neste momento conseguiram estabilizar a questão da recolha e limpeza, principalmente a nível dos centros urbanos e das vias principais, mas precisam consolidar a nível das comunidades e das zonas periféricas, onde os grandes concentrados dos lixos que existem estão também associados a áreas de comércio. “A partir da próxima semana será reforçado com a introdução de 12 viaturas de grande porte (batalhão cisterna), que estão a ser preparadas pela Comissão Interministerial para reforçar o trabalho de pulverização e desinfestação”, garantiu.
4 DESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 9 Ministro de Estado garante transparência na gestão das doações destinadas aos mais vulneravies.
SOCIEDADE. PÁG. 12 Governo Provincial da Huíla abre área de isolamento no Hospital Central do Lubango para possíveis casos positivos da COVId-19.
CARTAZ. PÁG. 14 COVId-19 pode deixar dJ’s que vivam exclusivamente deste ofício “sem ter o que comer”.
ECONOMIA. PÁG. 19 Fábrica de
confecções vira-se à produção de máscaras de pano.
o editorial
HOJE: os números do dia
O Governo tem razão?
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s reacções à conferência de imprensa da Comissão Multissectorial para o Combate ao novo Coronavírus, de ontem, não se fizeram esperar. É normal, Angola vive em liberdade e em democracia. E hoje comemora mais um ano de paz. É esta paz que propicia a liberdade e a democracia. E a democracia permite a divergência de opiniões e a crítica ao Governo. As reacções foram muitas, atacaram quem falou, mas são a expressão de uma carga grande de insatisfação, de falta de soluções, e são também um sinal de alguma intolerância ao Governo, por ínfima que seja. Só que agora é tempo de se acrescentar uma coisa a tudo isso, responsabilidade pela vida de todos, e esta cabe ao Governo, que está certo ao pedir que as pessoas vivam confinadas por um tempo, porque é a única forma de salvar milhares de vidas. Sim, o Governo tem razão, é hora de cumprir o isolamento social, o resto fica para depois.
o que foi dito MUNDO . PG. 22 África do Sul lança rastreamento móvel de pessoas com coronavírus.
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Lamentamos o sucedido e está em curso o competente inquérito para se tomar as medidas que se impõe aos infractores”
Silvia Lutukuta Ministra da Saúde, sobre o mau atendimento de uma equipa médica a uma pessoa suspeita de Covid-19
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Casal de gêmeos nascidos no meio desta pandemia do novo Coronavírus recebeu dos pais os nomes de de Corona (a menina) e Covid (o menino). O caso ocorreu em Raipur, na Índia.
Mil mil milhões, quatrocentos e trinta e seis milhões de Kwanzas foram disponibilizados pelas empresas do Grupo BAI (Banco Angolano de Investimentos, SA, a Nossa Seguros, Banco BAI Microfinanças, BAI Europa, BAI Cabo Verde), para a luta contra a pandemia Covid-19.
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Voos domésticos e 180 internacionais deixaeram de ser feitos pela TAAG desde a entrada em vigor do Estado de Emergência em Angola, a 27 de Março último, anunciou o ministro dos Transportes. Cidadãos cidadãos nacionais e estrangeiros que procuraram, nos últimos dias, entrar e sair do país através da fronteira Angola/ Namíbia viram impedidas as suas pretensões pela Polícia de Guarda Fronteira no Cunene, como medida preventiva à circulação comunitária do Covid-global da pandemia do COVId-19.
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É um momento muito crítico que estamos atravessar. Nesta fase, aparecem indivíduos desonestos que a todo custo procuram criar pânico no seio da população” Padre Sérgio de Oliveira Vigário da Sé catedral de Mbanza Kongo
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Fiz o teste esta manhã [de Quinta-feira]. Esperei 14 minutos pelo resultado”. ”Fi-lo por curiosidade, para ver com que rapidez se faria. Foi muito mais fácil, o segundo foi muito mais agradável” Donald Trump Presidente dos EUA, que testou negativo ao Covid-19
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e assim... José Kaliengue director
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com a embaixadora do Reino Unido, Jessica Hand, saiba mais sobre a cimeira que o seu país organiza a partir de amanhã com parceiros africanos
Maioridade da paz em confinamento
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www.opais.co.ao Camama (Luanda) O receio de que os bens de primeira necessidades faltem, como o gás de cozinha, e uma aparente escassez, levaram muita gente à rua em dia de confinamento, ontem (Carlos Moco)
o que vai acontecer Huíla Oito dias após a declara-
ção do estado de emergência, pelo Presidente da República, João Lourenço, o Comando Provincial da Polícia Nacional da Huíla avança neste Sábado com o reforço das medidas de restrições na periferia do Lubango, onde há violações. Segundo o comandante provincial, comissário divaldo Martins, que apresentava ao ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Frederico Cardoso, o estado das operações policiais na região, há um registo de observação das medidas de contenção na cidade, o que não se verifica na periferia.
Bié O Governo da Província do Bié prossegue a intervenção no estacamento de uma ravina de aproximadamente oito metros de profundidade nas imediações do bairro Azul I (IMAG), arredores da cidade do Cuito, que ameaçava engolir mais de dez residências.O governador Pereira Alfredo, que esteve no local para se inteirar dos trabalhos a cargo do Instituto Nacional de Estrada de Angola, recomendou celeridade, visando tranquilizar os moradores locais. Entretanto, o director de Infra-estruturas e Serviços Técnicos, Abel Guerra, disse que a ravina resulta da danificação de uma conduta de água.
Apoio A cidade do Cuito, capital da província do Bié, conta, a partir de hoje, com mais um novo Centro de Quarentena Institucional, com capacidade de 100 camas.Trata-se do antigo Hotel Cassoma que foi cedido às autoridades. O governador Pereira Alfredo, após visitar as instalações da referida unidade hoteleira, sublinhou que é mais seguro para colocar os cidadãos em quarentena institucional. Pereira Alfredo avançou que serão efectuados alguns reparos no imóvel, uma vez que estava há mais de cinco anos fechadomunícipes em quarentena domiciliar..
Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 16 horas.
dezoito anos depois, quando chega àquela que em Angola é considerada a entrada na maioridade legal, a paz é celebrada em estado de emergência nacional. Curioso, era também a idade legal para se ir à guerra. E Angola está hoje mergulhada numa guerra mundial em que num lado está a defesa da vida e no outro um vírus implacável. Mas é uma guerra que se irá vencer, certamente, com baixas, certamente. Entretanto, há que tudo fazer-se para poupar vidas. Tudo mesmo. E isto é outra guerra em Angola, mais difícil de vencer que a do Covid-19. Porque fazer tudo implica integrar todos. E isto afigura-se-me muito difícil. Há os que não acatam a convocatória e há os excluídos, os que poderiam ajudar na integração de todos. Ouvimos sobretudo Políticos, vemos a Polícia a agir, no que pode, mas, como sempre, ficaram de fora os técnicos. Não há espaço, pelo menos da comissão criada para vencer esta guerra, em que se faça ouvir a voz técnica, especializada, de médicos, de psicólogos, de sociólogos, de antropólogos, para perceber as causas do não acatamento de um conselho, ou mesmo ordem tão simples como de ficar em casa. As aulas estão suspensas, muitos serviços dispensaram funcionários, para ficarem em casa, resguardados, o que fazem então estes jovens, mulheres e homens e até crianças pelas ruas? O que os faz sair? O que fazer para os convencer a ficar em casa? Não espero as respostas a estas perguntas de generais ou de políticas, espero-as de técnicos estudiosos, mas estes estão calados. Dezoito anos depois da chegada da paz, celebramos o 4 de Abril em clima de alguma tensão social, que se explica por uma grave crise económica, com o alastrar da pobreza e com uma sociedade de pessoas que não querem ouvir o apelo do Governo para salvarem as suas próprias vidas. Os jovens que agora chegam aos dezoito anos não são chamados para irem à guerra, mas têm a missão de combater em casa uma ameaça mais perigosa ainda. Cada casa é um campo de batalha, vence quem nela permanecer.
6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
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NO TEMPO DO KAPARANDANDA
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OPAÍS
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1968 -
04 de Abril de Martin Luther King é assassinado a tiro em Memphis, Tennessee. Pastor protestante e líder dos direitos cívicos dos negros norte-americanos alvejado por Earl Ray.
1975 -
04 de Abril de Fundação da empresa de softwares Microsoft por Bill Gates e Paul Allen.
1991 -
04 de Abril de O MPLA e a UNITA iniciam, em Portugal, negociações com vista a paz em Angola.
CARTA DO LEITOR
O povo ainda não entendeu Caro director, Assim não vamos lá, não vai dar. O Govero nos pede para ficarmos em casa e a EPAL nos tira a água. Se esta doença é para combater com higiene, se temos de tomar banho a toda a hora, lavar as mãos e lavar a casa, como é que vamos fazer? Andam a dizer que mandaram cisternas levar água a certos bairros, até uns que nunca tinha ouvido falar dos seus nomes, mas não sei se é mesmo verdade. Aqui em Luanda, Camama, Nova Vida, Kifica, Patriota, água só do tanque, se acabar, há que comprar da cisterna e bem caro. Subiu. Assim, quando vemos os senhores na televisão a dizer para lavar as mãos, para ficar em casa, eu pergunto se é mesmo para levar a sério. Não me parece. O povo ainda não entendeu a mensagem de ficar em casa e nem vai entender se estas contradições continuarem. Na Fubu e no Bonde Chapé, se os kaleluia não andarem com bidons na carroçaria, como é que as pessoas vão ter águas em casa? Este é que é o problema de Angola, nem água as pessoas têm. António Kapeça
Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 Vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares
Luanda Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754
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1973 - Amílcar Cabral, dirigente e fundador do PAIGC, é assassinado em Conakry. 1981 - Os 52 reféns norte-americanos, detidos no Irão há mais de 13 meses, são finalmente libertados, ao mesmo tempo que Ronald Reagan toma posse como quadragésimo presidente dos Estados Unidos. 1997 - O governo de Mobutu, em Kinshasa, Zaire, declara, oficialmente, guerra contra os rebeldes no norte do país, liderados por Laurent Désiré Kabila, depois de estes ocuparem uma parcela de 600 quilómetros no interior do país.
POLÍTICA
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CASA-CE apela população angolana a respeitar o estado de emergência vigente no país dR
Coronavirus limita celebrações dos 18 anos de paz
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Presidente da CASA-CE, André Mendes de Carvalho
O presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), André Mendes de Carvalho, anunciou, ontem, em Luanda, que a coligação apoia a declaração do estado de emergência em vigor no país, devido à pandemia do novo Coronavírus, porém, reiterou a necessidade urgente de se encontrar uma solução para o problema dos cidadãos obrigados a permanecer em casa sem condições alimentares de sobrevivência Neusa Filipe
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político falava na conferência de imprensa alusiva ao oitavo aniversário da coligação, comemorado ontem, dia 3 de Abril. Na ocasião, André Mendes de Carvalho defendeu a necessidade de se tomarem medidas para evitar um contágio massivo nas cadeias e centros de detenção, atendendo a superlotação destes com presos e detidos. Sublinhou que o Executivo deve fornecer a todos os hospitais
públicos meios de protecção individual contra o novo Coronavírus, e não apenas aos hospitais de referência, alegando que é nos bancos de urgência, salas de consulta e enfermarias dos hospitais públicos de grande e médio porte que acontecem os primeiros contactos entre o pessoal da saúde e as pessoas contaminadas. Apesar de ter apelado ao povo angolano a se manter em casa e cumprir as orientações sanitárias da Comissão Interministerial de Combate ao Covid-19, salientou que os meios empregues para impôr a lei durante o estado de emergência devem ser propor-
cionais, para não agravar o medo da população. Saudou, por outra, todos aqueles que se encontram na linha da frente no combate à pandemia.
Se tomarem medidas para evitar um contágio massivo nas cadeias e centros de detenção, atendendo a superlotação destes com presos e detidos
A celebração Sobre a celebração do oitavo aniversário da coligação, André Mendes de Carvalho referiu que os preparativos estavam em curso, para celebrar com dignidade a efeméride na província do Huambo, mas foram surpreendidos com a pandemia do novo coronavírus, forçando a alterações no programa. Apesar do contexto, apelou aos militantes a estarem unidos e redobrarem os esforços para o alcance dos objectivos que se impõem.
m função do estado de emergência que o país vive, o acto central de hoje, em Luanda, vai circunscrever-se na deposição de uma coroa de flores no túmulo do saldado desconhecido, posteriormente seguido de uma comunicação oficial do Governo que será lida pela ministra de Estado para a Aréa Social, Carolina Cerqueira As medidas de prevenção e de combate ao Coronavírus, em curso no país, limitaram as celebrações dos 18 anos de paz que estão a ser assinalados hoje. No entanto, ao contrário dos anos anteriores, para hoje estão canceladas todas as actividades de massas que visam celebrar o alcance da paz efectiva no dia 4 de Abril de 2002. Em nota, o ministério da Administração do Território e Reforma do Estado (MATRE) deu a conhecer que o acto central, que, inicialmente, estava previsto para a província do Namibe, foi transferido para Luanda, em cerimónia encabeçada pela ministra de Estado para a Aréa Social, Carolina Cerqueira. Também noutras províncias o formato das celebrações seguirá o mesmo padrão, com os governadores locais a presidirem cerimónias simbólicas que não reunam algomerações de pessoas, de forma a prevenir a transmisssão e a expansão do novo Coronavirus.
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Ministro de Estado garante transparência na gestão das doações destinadas aos mais vulneravies Pedro Sebastião, que é tambem coordenador da Comissão
Multissectorial para a Prevenção e Combate à pandemia do novo Coronavírus, que não precisou o valor certo, disse que o Governo tem recebido contribuições financeiras de muitos cidadãos de todo o país, facto que demonstra o sentido solidário dos angolanos em momentos difíceis
Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República reitera apoio às famílias mais vulneráveis durante o estado de emergência
O ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, reiterou ontem na cidade do Lubango, que o Governo angolano vai apoiar as famílias mais carenciadas durante o estado de emergência decretado pelo titular do poder executivo
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Domingos Bento
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ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião, assegurou, ontem, em Luanda, uma gestão rigorosa e transparente das doações financeiras que os cidadaos estão a fazer no ambito da campanha solidária “Juntos Por Angola, que visa a recolha de contribuições para ajudar as populações mais vulneráveis e afectadas pelos efeitos da pandemia do novo Coronavirus, que, em Angola, ja fez dois mortos e tem cinco casos em tratamento e um recuperado. O tambem coordenador da Comissão Multisectorial de Prevenção e Combate ao Coronavírus, que falava em conferencia de imprensa, ontem, não precisou o valor certo arrecadado até ao momento, tendo dito que o Governo tem recebido muitas contribuições financeiras de cidadãos de todo o país, facto que anima e demonstra o sentido solidário dos angolanos em momentos dificeis. Pedro Sebastião garantiu que as contribuiçõe dos cidadãos, que estão a ser depositadas nas varias contas bancárias no ambito do lançamento da campanha, brevemente terão o seu total arrecadado divulgado, para permitir que os contribuintes tenham conhecimento do destino que será dado às suas contribuições, que, modo geral, vão ajudar, em grande medida, para acudir as populações mais carenciadas que estão a ser afectadas pelas consequências do novo Coronavirus. Para o ministro de Esatdo, é importante que os cidadãos continuem acontribuir para permitir
João Katombela, na Huíla
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Ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Pedro Sebastião
que mais pessoas tenham acesso às ajudas, sobretudo nesta fase de estado de emergência, decretado pelo Presidente da República, João Lourenço, para evitar que haja cadeias de transmissão. As referências bancárias da campanha, “Juntos por Angola, estão a ser divulgadas nos orgãos de comunicação social públicos e privados, com o Governo a apelar à sensibilidade dos cidadãos para contribuirem financeiramen-
te, em ajuda das populações mais fragilizadas e que estão a ser fortemente afectadas. Ainda sobre este assunto, a UNITA, por via do seu grupo parlamentar, repudiou, na Quinta-feira, a referida campanha, afirmandando que, nesta fase de dificuldades financeiras, seria o Governo a ajudar as famílias com o minimo para garantir a sua sobrevivência, e não o contrário.
rederico Manuel dos Santos e Silva Cardoso disse, na sua visita de trabalho a cidade do Lubango, para informar-se do grau de prontidão da província em relação ao programa de prevenção e combate ao Covid-19, que cada família receberá um valor estimado em 8.500 (oito mil e quinhentos Kwanzas) O ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República adiantou que algumas acções já estão a ser desenvolvidas pelo Governo, com vista a tornar o processo mais abrangente e justo possível. “Já foram divulgadas imagens de acções de abastecimento alimentar em determinadas localidades do país, mas este processo vai continuar e o processo de organização de como fazer também vai melhorar” disse. Por outro lado, o responsável ministerial disse que estas acções fazem parte das obrigações de qualquer Governo, quando determinado país se encontra num estado de emergência, de forma a se evitar os danos colaterais da doença. “Esta é uma experiência singular para todo o mundo, não há país que tenha feito algo em relação à problemas dessa natureza! Cada país encontra as soluções que se ajustem à sua realidade, ao seu contexto próprio, aos hábitos, costumes e culturas, temos alguns costumes que podem contribuir para a propagação da doença” revelou. Durante a sua estadia na cida-
de do Lubango, Frederico Manuel dos Santos e Silva Cardoso visitou as instalações do Hospital Central, onde foi criada uma zona de isolamento para atender possíveis cassos positivos de Covid-19. O ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República disse que na província da Huíla, estão criadas as mínimas condições para eventuais casos que possam surgir. Ainda assim, disse, há toda uma necessidade de se aumentar toda a logística para que se possa responder com satisfação às necessidades que possam advir com a propagação da doença. “Há um processo contínuo de preparação dessas condições, há necessidade de se adquirir mais monitores, mas, o importante é que a direcção deste hospital sabe o que fazer e tem noção do que está a fazer! É preciso continuar a reforçar as medidas de natureza profilática, é preciso prevenir para que não tenhamos muitos casos para atender” revelou. No âmbito das medidas de prevençã, o ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, reiterou igualmente a importância de os cidadãos angolanos continuarem a observar o isolamento social. “Há um nível muito grande de imprevisibilidade relativamente ao comportamento da pandemia no nosso país, tudo depende muito da observância, por parte de cada cidadão, das normas e das regras estabelecidas pelo Decreto Presidencial Provisório, que estabelece o estado de emergência, nós vivemos hoje um momento em que cada cidadão deve dar a sua colaboração, cada cidadão deve assumir uma postura responsável ante as recomendações que são por todos conhecidas, aquele que não tem nada a fazer na rua, que fique em casa” rematou.
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desobediência leva 1159 cidadãos à cadeia O ministro do Interior, Eugénio Laborinho, disse, ontem, em conferência de imprensa, que nestes oito dias de estado de emergência foram encaminhados à cadeia um total de 1159 cidadãos por desobediência ao que foi decretado. A cidade de Luanda, segundo o responsável, continua a dar “dor de cabeça”
Romão Brandão
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umpriu-se, ontem, oito dias desde que foi decretado o estado de emergência e, por esta ocasião, a comissão interministerial deu uma conferência de imprensa, na qual o ministro do Interior apresentou o balanço que se
impõe, dizendo que 1209 cidadãos foram detidos por desobediência ao estado emergencial. Deste grosso de cidadãos, 1007 foram detidos por passagem de fronteira, 133 por desobediência às medidas impostas, nove por especulação, oito por corrupção e dois por posse ilegal de arma de fogo. A província de Luanda, em relação às demais províncias, é tida como a que mais dor de cabeça dá à Polícia e no cum-
primento do que está plasmado no Decreto de Estado de Emergência não está a ser diferente. Eugénio Laborinho prometeu que tudo será feito para que se cumpra e haja ordem e tranquilidade. “A província de Luanda é especial. A população dessa província é um tanto ou quanto teimosa. Reconhecemos que temos registado excessos nas nossas forças, por isso aproveitamos a oportunidade para pedir desculpa pelos excessos e algumas incompreensões que tenham surgido, sobretudo em Luanda”, aproveitou. Não está fácil este exercício, segundo o ministro, pelo que têm estado a apelar a toda a força de segurança para que cumpra com zelo a tarefa e, por isso, têm corrigido todos os dias, orientando os comandantes municipais. O ministro deixou claro que a Polícia não estará na rua para “distribuir rebuçados, nem para dar chocolates”, vai actuar de acordo com o comportamento de cada cidadão. Têm estado a trabalhar de forma pedagógica, no sentido de não existir confronto entre o cidadão e a Polícia. “Haverá outro grau de intervenção. Quem tem de ficar em casa, fique em casa. Nós vamos ter que intervir e temos condições preparadas para receber os infractores, uma vez que foi criada uma cela para os novos reclusos passarem a quarentena, antes de serem inseridos no seio dos outros reclusos”, fez saber. Moto-taxistas julgados Importa frisar que, ontem, mais 22 moto-taxistas, de um total de 44, foram condenados pelo Tribunal Provincial de Luanda, por inobservância da ordem que consta no Decreto de Estado de Emergência. Os moto-taxistas foram condenados a penas de 20 a 30 dias de prisão, convertidas em multas de 20 a 30 mil Kwanzas. Por desobediência, os arguidos foram encaminhados ao tribunal, após serem detidos durante uma micro-operação ocorrida em diversos municípios da cidade capital, concretamente em Cacuaco, KilambaKiaxi, Talatona e Icolo e Bengo, que culminou, igualmente, com a apreensão das motorizadas dos referidos moto-taxistas em julgamento.
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Governo da Huíla abre isolamento no hospital do Lubango para possíveis casos de Covid-19 O Governo Provincial da Huíla procedeu à abertura de uma área de isolamento no Hospital Central do Lubango, para acolher pessoas que venham a testar positivo ao Covid-19 nesta província, no âmbito das acções de prevenção e combate a esta doença dR
A par das dificuldades, o governador provincial da Huíla, lamenta o persistente desacato por parte de alguns cidadãos que ainda continuam a circular pelas ruas da cidade, principalmente nos bairros periféricos, sem uma razão aparente. Luís Manuel da Fonseca Nunes revelou que estão em quarentena domiciliar na província da Huíla cerca de 98 pessoas, ao passo que em quarentena institucional na centralidade da Quilemba estão 10 pessoas. Na província da Huíla, um total de 41 pessoas já tiveram alta da quarentena domiciliar.
João Katombela, na Huíla
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informação foi avançada ontem, na cidade do Lubango, pelo governador provincial da Huíla, na apresentação da situação da província em relação à pandemia do novo Coronavírus que assola o mundo e de que o país conta com oito casos positivos, dois dos quais mortos e um
recuperado. O governador da Huíla, Luís Manuel da Fonseca Nunes, informou que a referida área está equipada com oito ventiladores, equipamentos adquiridos pelo Governo Provincial em parceria com algumas entidades privadas, com realce para o Banco BIC, que ofereceu três dos oito ventiladores. Ainda assim, Luís Nunes compreende que este número não é suficiente, tendo em conta a experiência dos outros
Na província da Huíla, um total de 41 pessoas já tiveram alta da quarentena domiciliar
países que vivem com a doença, pelo que, ainda são inúmeras as dificuldades que se vive na província para dar reposta à altura, mas tudo está a fazer. “Entre os constrangimentos, podemos destacar a dificuldade de pagar as despesas para a aquisição de bens de biossegurança, principalmente em relação aos fornecedores estrangeiros; o insuficiente número de ventiladores a nível da unidade de referência para atender os possíveis casos da província” disse.
Redobradas medidas de segurança na província O governador provincial informou que, no âmbito do combate à pandemia Covid-19, estão a ser redobradas todas as medidas de segurança. Entre estas medidas, o governante sublinhou o encerramento dos mercados informais, por não reunirem condições de biossegurança, bem como, a limitação do funcionamento e de tempo em estabelecimentos que podem estar abertos no âmbito do Decreto Presidencial Provisório. Na mesma senda, Luís Manuel da Fonseca Nunes informou que foi aberta uma linha telefónica para denúncia e eventuais esclarecimentos sobre a doença aos cidadãos. “Para efeitos de denúncias ou esclarecimentos relacionados com a pandemia em questão e outros assuntos correntes e inerentes à vida do cidadão, foi criada uma linha aberta cujo número telefónico é: 945053020. E o correio electrónico: govprovhuila@gmail. com”, recomendou.
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SOCIEDADE
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Mais de 150 zungueiros apresentam queixas diariamente
A Associação Nacional de Vendedores
Ambulantes (ANVA) regista diariamente mais de 150 queixas dos seus membros, pelo o uso excessivo da força por parte da Polícia, a subida de preços de produtos da cesta básica, o horário estabelecido para as vendas, entre outras preocupações, segundo o seu vice-presidente, Hamilton Salazar
Stela Cambamba
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om o estado de emergência aumentou também o número de queixas diária registadas na associação defensora dos direitos dos vendedores ambulantes. Embora a instituição reconheça que o estado de emergência é uma medida acertada para o país, tendo
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em conta que surge para preservar o bem maior de todos que é a vida, chama a atenção para que não se descarte que grande parte da população sobrevive das vendas que realiza diariamente, sendo que muitos, se não saírem à rua não têm o que comer. Hamilton Salazar, vice-presidente da ANVA, afirmou que têm sensibilizado os seus filiados a não saírem à rua por mera situação, mas estes têm de o fazer para manter a actividade co-
mercial e ganhar pelo menos mil e 500 a dois mil Kwanzas. “O dinheiro não chega sequer para comprar material de higiene, mas os filiados correm perigo e expõem-se na rua. Como se isto não bastasse, vêm as preocupações, com maior realce na actuação da Polícia, bem como a inflacção”, disse. As vendedoras contam que neste período da quarentena os grossistas aumentaram os preços dos produtos da cesta básica e encontram muitas dificuldades para revender. Outra preocupação é o horário estabelecido para as vendas, “muitas zungueiras residem muito distante dos grandes mercados, local onde compram os produtos e tem restado pouco tempo para a revenda. Não tendo como conservar, alguns acabam por se estragar”, reforçou. Para ser ultrapassada a questão do tempo, a associação criou o sistema de fidelização de clientes, que consiste em conhecer a casa do cliente nas proximidades do local de venda e fazer a venda directa em casa. Quanto a abordagem da Polícia, Hamilton apela para que seja pedagógica, apesar da situação que o país vive. Têm recebido muitas denúnciais de excessos e para atender tais denúncias a associação criou uma área jurídica com o apoio da organização “Mãos Livres” e do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional. Noutros casos utilizam o númer 111 para efectuar as denúncias.Assegurou que os vendedores estão a seguir as medidas de prevenção, mas é preciso informar mais sobre o perigo da pandemia que até ao momento tem estado a matar muitas pessoas no mundo. Entretanto, o vice-presidente da ANVA acredita que entre os vendedores se vai registar o nível zero de contágio. Por outra, apela às autoridades que conversem mais com instituições do gênero da sua, porque estão abertas ao diálogo, sendo que a economia informal pode ajudar o Estado. Lembrou que a sua organização não tem fins lucrativos, tem como objectivo ser intermediária entre os vendedores ambulante e o Governo, pretendendo, ainda, traçar políticas com a finalidade de ajudar o Estado. Actualmente contam com 15 mil membros, nas provinciais de Luanda, Benguela, Huambo e Cuanza-Sul.
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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVId-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia
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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.
COMO ME POSSO PROTEGER?
Não tendo sido reportados casos em Angola, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença: 1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes; 2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.
QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?
As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória
Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.
EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados
CARTAZ seu suplemento diário de lazer e cultura
COVID-19 pode deixar DJ’s, que vivam exclusivamente deste ofício, “sem ter o que comer” dR
Em Angola, com a chegada da Covid-19, a realização de festas foi proibida, à luz do decreto Presidencial Provisório 1/20, de 18 de Março. Esta decisão do Estado é um dos vários meios para impedir que o vírus se propague, uma vez que tem um alto risco de contágio e pelo facto de em eventos do género encontrarem-se aglomerados de pessoas. Entretanto, a figura do disc Jockey (dJ), que “vive principalmente de festas”, nesta altura, está sem trabalho, consequentemente, sem rendimentos. desta forma, caso a cadeia de transmissão do vírus não seja contida e o Estado de Emergência venha a ser prorrogado por mais dias, estes profissionais, muitos dos quais chefes de família, poderão “ficar sem ter o que comer”
Adjelson Coimbra
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s Disc Jockeys (DJs) em Angola, que vivam exclusiva mente da profi ssão, podem enfrentar momentos fi nanceiros duros podendo ficar sem ter o que comer, por falta de eventos para actuar, soube O PAÍS, depois de uma conversa mantida com alguns destes profissionais. Por detrás desta situação, está o inimigo número um da humanidade, neste momento: COVID-19, que já estendeu as suas
nuvens negras em Angola. Com a chegada da Covid-19. Por essa razão, a realização de festas foi proibida, à luz do Decreto Presidencial Provisório 1/20, de 18 de Março, que visa, sobretudo, impedir a propagação do vírus em grande escala. Por isso, caso a cadeia de transmissão do vírus não seja contida e o Estado de Emergência venha a ser prorrogado por mais dias, os DJ’s antevêem maus tempos financeiros. Malvado, Disc Jockey há 28 anos, sempre viveu deste ofício. Para ele, infelizmente, essa pandemia veio mexer com o mundo e os danos estão a ter um impacto negativo na vida dos DJ’s e demais artistas. “Neste momento, não há
grandes possibilidades de sustentarmos as nossas famílias, a não ser com o ‘pé de meia’ que a gente vem guardando”, lamentou. Malvado defendeu que se deve ter uma organização estrutural melhor para a figura do DJ. Por outra, apela veementemente, neste momento, ao Governo a trabalhar para o bem de todos no combate a essa pandemia. “Essa a é prioridade e é isso que está a ser feito”, reconheceu. “Um DJ é um terapeuta, que tem a responsabilidade de tentar agradar multidões. Somos importantes na divulgação de músicas, projecção de cantores, bandas e etc. Contribuímos muito para a cultura do nosso
país. Aos meus colegas peço que tenham coragem, pois o sacrifício de hoje, num futuro valerá a pena. Devemos ser fortes e termos muita coragem”, encorajou. Solidariedade a custo zero DJ Malvado contou a OPAÍS que tem feito posts e acções, de livre e espontânea vontade, para realçar nas mensagens preventivas no combate à Covid-19. “Não estou associado a nenhum projecto ou campanha, até porque acho que todos nós figuras públicas devemos fazer campanhas neste momento sem precisarmos de estar em projectos ou associações”, defendeu. Acrescenta que a campanha é contra uma pandemia mundial,
que está a dizimar vidas, desta forma incentiva os outros artistas a serem, igualmente, solidários. Actuações online Para contornar os dias de enfado e embora já estivesse programado, DJ Malvado regressa à ribalta com os seus ‘lives’ nas plataformas Facebook e Instagram, motivado pela audiência e pelo seu novo ‘Home Studio’, que o faz sentir-se, conforme diz, no seu mundo. “Nesta fase, que não posso sair para fazer o que mais amo, comecei então a fazer os meus lives com mais frequência e a adesão tem sido muito boa. Faço-os às Sextas-feiras e aos Domingos. Tenho tentado entreter as pes-
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soas como se de festas verdadeiras se tratassem, mas num contexto virtual”, frisou. Para Malvado, a experiência tem sido muito positiva, pois tem recebido bastante carinho
“Nesse momento o conselho que dou aos meus colegas, que durante o ano passado não conseguiram fazer economia, é que se mantenham calmos e serenos pois ficar estressado não vai ajudar em nada. A doença é muito perigosa e contagiosa. Todo o cuidado é pouco” dos participantes. Garante que não vai parar, porque além de fazer pessoas felizes, levandoas à diversão, também acaba por as distrair, pois sabe que fazem, realmente, uma festa em casa. “Acabo por fazer jus à frase ‘Fique em Casa’. E a ideia é essa, manter as pessoas em casa. De realçar que acabei por receber dois telefonemas para serem meus parceiros e patrocinadores, primeiramente a WAMMO, com quem já estou a trabalhar há uma semana e alguns dias. Está em curso um projecto onde o DJ João Reis e eu demos o início e, posteriormente, foram convidados outros DJ’s e agora vêm aí mais artistas convidados. E acabei de receber também o convite da ZAP, como parceiro e patrocinador. E a ideia será a mesma, tentar alegrar as pessoas ao máximo em festas virtuais”, revelou em exclusivo a O PAÍS. Orar a “Deus” para que o Estado de Emergência não se prorrogue Por seu turno, Mangalha Júnior, DJ há 20 anos, embora não esteja licenciado, sempre teve o privilégio de dar o seu contributo pa-
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ra empresas privadas que prestam serviços indispensáveis ao Estado. E é disso que tem vivido nos últimos quatro anos. Se para os DJ’s que vivem exclusivamente da profissão, e não só, a situação está complicada, Mangalha tem pena daqueles que não fizeram uma poupança para situações de emergência, como a que se vive em Angola, actualmente. “Estamos no primeiro mês e muitos ainda não estão a sentirse aflitos. Quanto a mim, existe ainda uma pequena poupança, que vamos tentando nos manter com ela, pedindo a Deus que não se prolongue esse Estado de Emergência, não somente pelos DJ’s, mas também por muitas famílias que talvez viviam do que vendiam no dia-a-dia”. Mangalha acredita que o Estado esteja a criar meios para ultrapassar essa situação e tem fé que vai consegui-lo. “Muita calma, muita contenção de custos, nada de exageros e acima de tudo confiar e obedecer as orientações do Governo face a esta pandemia. Procurem outros meios se assim as novas medidas do Estado permitir. Que tudo isso nos molde pra o melhor e que nos amemos mais, nos valorizemos mais e sejamos mais prestativos em todos os aspectos”, apelou. O Disc Jockey não está directamente ligado a um projecto de combate à Covid-19, mas tem ajudado o Estado, no sentido de prender as pessoas em casa através do entretenimento, tal como o seu homólogo, DJ Malvado. DJ’s merecem atenção igual aos músicos Por sua vez, João Linho, também DJ há 20 anos, defendeu que os DJ’s devem gozar dos mesmo direitos e atenção que os músicos, pelo facto de serem igualmente artistas. Antes, Linho era desportista e DJ, agora divide a profissão com a Comunicação Social, exercendo a actividade de técnico de som na Rádio Luanda. “Não está a ser fácil para aqueles que só dependam da vida de DJ. Apesar de que alguns tenham dois empregos, estes estão a conseguir gerir, mas é só a segunda semana do Estado de Emergência. Ainda temos um bocadinho para sustentar a nossa família”, revelou. Em contrapartida, de acordo com João Linho, apesar do Estado de Emergência, a vida de DJ não pode parar, pelo facto de esses profissionais terem de
durante o ano passado não conseguiram fazer economia, é que se mantenham calmos e serenos pois ficar estressado não vai ajudar em nada. A doença é muito perigosa e contagiosa. Todo o cuidado é pouco”, aconselhou.
DJ Dicuela
DJ João Linho
DJ Malvado
DJ Mangalha Júnior
ensaiar constantemente para manter a “criatividade em forma”. “Penso que não podemos ficar com o lado da frustração uma vez que muitos só vivem disso. Durante o ano trabalhou-se muito para se fazer economia. Ainda aguentamos mais umas semanas. Caso se estenda o Estado de Emergência para um ou dois meses aí a coisa fica verdadeiramente complicada”, reconheceu. “Nesse momento, o conselho que dou aos meus colegas que
Mincult abandonou os DJs Dicuela é Disc Jockey há 38 anos, mas além disso tem outra fonte de rendimento, o que tem ajudado a pôr comida à mesa para a sua família. “Vejo muitos colegas a reclamar. A eles que não têm como pôr um prato de comida em casa, recomendo-lhes muita oração. Esta pandemia veio ensinar-nos a fazer contenção e ter reservas financeiras. Vivemos muito de aparência. Contudo, Deus vai ajudar”, disse. DJ a caminho de quatro décadas, Dicuela contou que o Estado, através do Ministério da Cultura, já implementou algumas políticas para a salvaguarda dos DJ’s, mas que verdade, conforme conta, não se fazem sentir . “O ministério abandonou os DJ’s!”. “O DJ tem um papel prepon-
“Nesta fase, que não posso sair para fazer o que mais amo, comecei então a fazer os meus lives com mais frequência e a adesão tem sido muito boa. Faço-os às Sextas-feiras e aos Domingos. Tenho tentado entreter as pessoas como se de festas verdadeiras se tratassem, mas num contexto virtual”
derante na sociedade, tendo em conta que não é só para fazer dançar, como também serve para sensibilizar e, por vezes, ajudar o Governo na divulgação de certos programas. Eu, particularmente, tenho ajudado o centro Química Verde, que tem produzido álcool-gel, para distribuir nas ruas de Luanda, principalmente às zungueira e taxistas”, explicou.
COVID-19
A COVId-19 (do inglês Coronavírus disease 2019) é uma doença infecciosa causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARSCoV-2). A doença é letal e possui um alto risco de contágio. Cerca de 80% dos casos confirmados são ligeiros ou assintomáticos e a maioria recupera sem sequelas. No entanto, 15% são infecções graves que necessitam de oxigénio e 5% são infecções muito graves que necessitam de ventilação. Os casos mais graves podem evoluir para pneumonia grave com insuficiência respiratória grave, falência de vários órgãos e morte O primeiro caso foi registado na China, onde, actualmente, as coisas já se encontram normalizadas. A Itália, país europeu, também foi o epicentro do vírus, que bateu um record diário de mais de 700 mortes. A enfermidade cresce exponencialmente nos Estados Unidos da América, actual epicentro da pandemia. O caos espalha-se também por África. Em Angola até ontem, Sexta-feira, 3, registava 8 casos confirmados, dos quais registaram-se duas mortes, uma recuperação, contando deste modo, com 5 casos activos. O Estado por via do Ministério da Saúde e órgãos afins, tem envidado esforços para cortar a cadeia de transmissão da doença e normalizar as actividades correntes.
ECONOMIA
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Covid-19 afecta classificação da dívida soberana de angola e do sector bancário
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O aviso é da Moody’s (agência financeira internacional) a advertir que, possivelmente, baixará, no futuro, o rating da divida soberana angolana o que pode estender-se ao sector bancário angolano
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Banco Económico, apesar disso, “encara o actual momento com serenidade e resiliência, tendo adoptado as necessárias medidas de contingência para continuar a desenvolver a sua actividade, dando cumprimento às determinações do regulador (BNA). A 31 de Março, a Moody’s colocou a dívida soberana de Angola na sua classificação de “B3-emissor local de longo prazo e avaliação sénior sem garantia” revisão para uma possível avaliação. A Moodys estendeu esta medida de forma transversal ao sector bancário angolano e colocou também o “avaliação de longo prazo
em moeda local” do Banco Económico sob revisão para um possível rebaixamento. “O Banco está integralmente focado em encontrar as melhores soluções para as necessidades dos seus clientes e para o apoio às empresas e às famílias angolanas”, afirma a administração. Angola atravessa um momento económico adverso e sem precedentes, justificado por factores múltiplos. A queda acentuada do preço do petróleo nas últimas semanas (mais de 70% desde o início do ano) com impacto directo na principal fonte de receitas do país, colocando uma pressão acrescida sobre as suas finanças públicas e posição líquida externa, em
divisas é um dos factores. Outro factor é o rápido alastramento da pandemia Covid-19 e o seu imprevisível efeito sobre a actividade económica mundial, nomeadamente, em termos do impacto das condições de crédito e de liquidez, que também se podem traduzir no previsível acréscimo do endividamento e pressão sobre a balança de pagamentos. Aos dois primeiros, acrescese a difícil visibilidade sobre o timing e o ritmo da recuperação da economia mundial no período pós Covid-19 e do preço do petróleo, numa conjuntura de forte redução da procura e de queda geral dos preços das matérias-primas. dR
AGT flexibiliza desembaraço de mercadorias
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falta de determinados documentos obrigatórios no processo de desalfandegamento não deve ser motivo para impedir o desembaraço de medicamentos e equipamentos hospitalares e produtos alimentares. A decisão é da Administração Geral Tributaria (AGT) e consta do seu mais recente comunicado sobre “procedimentos para o desalfandegamento de mercadorias duramente o estado de emergência. A AGT orienta as suas delegações aduaneiras dos aeroportos e portos, assim como os postos fronteiriços no sentido de garantirem “serviços mínimos” para permitir a saída imediata das mercadorias, particular-
mente, as que forem exclusivamente para acudir a pandemia da COVID-19. “A ausência de documentos não deve condicionar o desalfandegamento das mercadorias pelo que, fica temporariamente suspensa, a exigência dos documentos de suporte ao DU (documento único), mantendo-se apenas o BL (bill of landing) e carta de porte comercial” até que a situação se normalize. No mesmo comunicado, a AGT informa que fica suspenso, temporariamente, todo o serviço de inspecção física de mercadoria, mas o processo de desoneração da documentação não isenta o pagamento das obrigações junto dos demais operadores económicos.
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Fábrica de confecções vira-se à produção de máscaras de pano A iniciativa da Palm Confecções Angola, que prevê uma produção diária de 400 mil máscaras de tecidos de pano surge para fazer face à prevenção da pandemia Covid 19. Além disso, alfaiates nacionais também juntam-se à causa
Brenda Sambo
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ocalizada em Viana, no quilómetro 30, a fábrica Palm Confecção Angola, que se dedica ao fabrico de todo o tipo de uniformes, fardas, entre outros, coloca agora à disposição do mercado máscaras feitas com tecido de panos para fazer face à pandemia da Covid 19 que assola o mundo e em particular o nosso país. A informação foi antecipada em exclusivo a OPAÍS pelo gestor comercial da fábrica, Bruno
Quartim. Segundo o responsável, a iniciativa da Palm Confecções Angola, que já começou a produzir, foi aprovada, recentemente, pelo o Ministério da Saúde. “Tivemos a autorização, há poucos dias, do Ministério da Saúde e já demos início à produção”, adiantou. Quanto ao material, salientou que os tecidos e os materiais utilizados para a produção das máscaras de pano são de alta qualidade e mais económicos. Adiantou ainda que as referidas máscaras podem ser usadas
“O país está a passar por uma fase muito difícil, devemos todos contribuir para acabarmos com essa pandemia”
duas vezes depois de serem devidamente lavadas e passar por ferro de engomar o que ajuda a matar as bactérias. Com uma capacidade para produzir mais de 200 mil peças por dia desde uniformes, batas e lençóis hospitalares e outros, a Palm Confecções Angola , está a produzir um total de 400 mil peças de máscaras protectoras por dia. Referiu ainda que a aderência tem sido boa ao nível do mercado nacional por isso, a empresa perspectiva aumentar os niveis de produção nos próximos dias. dR
Bruno Quartim disse que a grande dificuldade consiste na aquisição da matéria-prima, tendo em conta a situação que o país vive. A fabrica conta com 100 trabalhadores, dos quais 40% são jovens portadores de deficiência, mulheres viúvas e antigos combatentes. Existente no mercado nacional há mais de 11 anos, tem como os principais clientes os colégios, instituições de saúde desde hospitais, centro médicos, empresas de segurança, Governo e também algumas empresas que prestam serviços hoteleiros. Alfaiates não ficam de fora Além da Palm Confecções Angola, quem também teve a ideia de produzir as máscaras de pano feitas com tecido africano é a costureira Joaquina Alberto. A jovem de 27 anos, produz diariamente um total de 30 máscaras. Joaquina Alberto conta ainda que começou a produzir máscaras com tecido de pano africano para ajudar as populações do seu bairro, uma vez que a máscara convencional é comercializada no valor de 400 Kwanzas. A jovem que vende logo à entrada do mercado da Boa Esperança na Sapú II comercializa a cada máscara no valor de 250 Kwanzas. Os principais clientes são as vendedeiras e os clientes que diariamente frequentam aquele mercado. “O país está a passar por uma fase muito difícil, devemos todos contribuir para acabarmos com essa pandemia”, disse a jovem. A nossa entrevistada revelou que as vendas reduziram, tendo em conta a pouca frequência dos clientes no mercado. Além disso, queixou-se também da subida de alguns materiais principalmente, elástico que usa para assegurar as máscaras, tendo subido de 50 para 200 Kwanzas o rolo.
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O BNA disponibilizou uma linha de liquidez de 100 mil milhões Kz para adquirir títulos de dívida pública A linha ao abrigo das estratégias de mitigação dos impactos do COVId-19 sobre a liquidez na economia, poderá estar reservada aos títulos detidos por empresas do sector produtivo dR
ESPAÇO ANGOLA
Economia Real
A linha ao abrigo das estratégias de mitigação dos impactos do COVID-19 sobre a liquidez na economia, poderá estar reservada aos títulos detidos por empresas do sector produtivo. Finanças Públicas O Governo deverá desmobilizar 1,5 mil milhões USD do Fundo Soberano de Angola. A medida enquadra-se na estratégia de mitigação dos impactos da queda do barril de petróleo nos mercados internacionais e da propagação do COVID-19 no país, o que poderá contribuir para a execução das despesas previstas na revisão do OGE 2020. Mercado Monetário O indicador de liquidez medido pelo rácio entre as Reservas Livres em Moeda Nacional (MN) e a Base Monetária em MN fixouse em 17,06%. O registo reflecte uma redução homóloga de 1,5 p.p. e aumento mensal de 8,16 p.p., registos que poderão reflectir o aumento das reservas obrigatórias e o actual cenário económico, respectivamente. O agregado monetário M2 reduziu 3,96%, fixando-se em 10.050,4 mil milhões Kz em Fevereiro. A variação mensal representa a menor desde Setembro de 2012, em consequência
principalmente da redução dos depósitos a prazo em 5,06%, o que poderá reflectir a necessidade de liquidez diante do actual cenário de incerteza económica.
ESPAÇO INTERNACIONAL EUA
O défice comercial relativo ao mês de Fevereiro fi xou-se em 39,9 mil milhões USD. O montante corresponde a uma moderação mensal de 12,2%, o menor défice desde Setembro de 2016, suportado pela redução das importações em 2,5% para 247,5 mil milhões USD, com possíveis impactos sobre a balança de pagamentos do país. Zona Euro A taxa de desemprego referente ao mês de Fevereiro situou-se em 7,3%. O registo do desemprego representa uma redução mensal de 0,1 p.p. e homóloga de 0,5 p.p., sendo que entre os homens a taxa fi xou-se em 7,0% e entre as mulheres em 7,6%. A trajectória do desemprego poderá reflectir alguma resiliência das economias da região, em consequência dos estímulos implementados. A autoridade monetária europeia aprovou uma recomendação que apela aos bancos da região a cancelarem a distribuição de dividendos dos exercícios de 2019 e 2020. A medida surge da necessidade de se evitar a escassez de liquidez no mercado financeiro e
ajudar as economias a reduzirem os impactos económicos causados pela pandemia do COVID-19. Japão O PMI Manufactureiro referente ao mês de Março fixou-se em 44,2 pontos. O desempenho re-
O défice comercial relativo ao mês de Fevereiro fixou-se em 39,9 mil milhões USD
presenta uma redução mensal de 3,6 pontos, tal como, a maior contracção desde Abril de 2009, suportado pela diminuição das encomendas devido à pandemia do COVId-19, o que poderá impactar o crescimento da economia.
OPINIÃO
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FRANCISCO SHEN*
Vamos apoiar Angola Firmemente na Luta Contra o Covid-19
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ob a liderança e o destacamento do Presidente da República Popular da China Sr. Xi Jinping, a pandemia do novo Coronavírus na China foi controlada basicamente em apenas cerca de três meses. Actualmente, 82.691 pessoas foram diagnosticadas e 76.440 foram curadas. A maioria das empresas começaram o reinício do trabalho e a retomada da produção, algumas escolas começaram a retomar o estudo e actualmente o Governo Chinês está a avançar na prevenção e controle da pandemia e no desenvolvimento comum da economia e da sociedade. Isso mostra que, enquanto fortalecermos nossa confiança, prevenção e controle científicos e nos ajudarmos juntos, certamente venceremos o desafio do vírus. A China sofreu muitas provações na história, mas o povo chinês sempre esteve unido. Desde o surto do novo Coronavírus, a China sempre adotou uma atitude aberta, transparente e responsável para informar a Organização Mundial da Saúde e a comunidade internacional das informações da epidemia em tempo hábil, incluindo o compartilhamento pela primeira vez de seqüências de genes virais. A China também respondeu activamente às preocupações de todas as partes, realizou cooperação internacional e prestou assistência a muitos países, incluindo Angola.Os enormes sacrifícios feitos pelo povo chinês deram um tempo precioso à luta global contra a pandemia. A China doou suprimentos médicos ou enviou equipes médicas para Itália, Sérvia, Irão, Grécia, Paquistão, Coréia do Sul, Japão, Iraque etc., porque esses países ajudaram a China no início do surto. O governo chinês prestou assistência material a 120 países e 4 organizações internacionais, incluindo máscaras médicas gerais,
máscaras N95, roupas de proteção, reagentes para testes , ventiladores, etc.; os governos locais chineses doaram para 50 países suprimentos médicos; alguns países solicitaram assistência comercial para compra da China por meio de canais diplomáticos, e a China recomendou exportadores qualificados para eles. À medida que as empresas chinesas retomam o trabalho e a produção, as empresas chinesas fornecerão mais apoio material à comunidade internacional na resposta à pandemia. O governo chinês também fornecerá suporte e instalações necessárias para a equipe de compras de vários países. A China também espera e acolhe empresas de todos os países para fortalecer a cooperação e manter conjuntamente a estabilidade da cadeia global do setor imobiliário médico. Actualmente, o número de casos confirmados do novo Coronavírus na região africana atingiu 5555 às 12 horas em 31 de março de 2020, dos quais 8 casos foram diagnosticados e duas mortes em Angola. Portanto, é urgente conter a propagação do novo Coronavírus em Angola. A pandemia não tem fronteiras e o vírus é o nosso inimigo comum. Esta epidemia é uma ilustração de que o mundo inteiro é uma comunidade de destino compartilhado da humanidade. Nenhum país pode sobreviver sozinho. A China é um grande país responsável, sempre coloca a vida e a segurança das pessoas em primeiro lugar, e seus esforços são óbvios para todos. Houve muitos rumores e notícias falsas que desacreditaram a China nas mídias sociais recentes, causando pânico e incitando o ódio. Espero que todo mundo não faça rumores, não acredite em boatos nem os espalhe . As relações China-África têm uma longa história. A China e Angola são parcerias estratégicas. Angola também é um parceiro da
iniciativa da China “Faixa e Rota”. Portanto, o surto do vírus em Angola também afectou o coração de todos os chineses, especialmente o dos residentes em Angola . Todos compartilhamos os mesmos sentimentos. Antes, o Jack Ma havia anunciado doações para 54 países africanos para suprimentos médicos, incluindo Angola, com 100.000 máscaras, 1.000 roupas de proteção, 1000 máscaras de proteção e 20.000 kits de teste para cada país. Às 7h30 do dia 25 de março, o voo fretado da Etiópia chegou ao aeroporto de Luanda, capital de Angola. O Jack Ma também disse que as instituições médicas africanas receberão matérias de treinamento on-line para o tratamento clínico do novo Coronavírus. A China também organizou especialistas para realizar uma videoconferência com o lado africano sobre as experiências epidêmicas e mobilizou equipes de médicos enviado pelo Governo Chinês para participar em operações antiepidêmicas no país anfitrião. “Temos de trabalhar em conjunto com o povo angolano para superar os desafios e as dificuldades juntos.” Esta é a voz de todos os chineses residentes em Angola. Depois que o governo angolano anunciou que todos os chineses que chegam a
Angola serão obrigatoriamente separados por 14 dias, todos os chineses que vierem a Angola compreendem e cumprem estritamente as regras, e a maioria das pessoas que vêm para Angola têm investimentos e devem tratar os assuntos das suas empresas urgentemente. Embora as condições de quarentena sejam limitadas, o Ministério da Saúde de Angola atribui grande importância e envia várias inspeções para garantir as condições básicas de quarentena. Até agora, todos os chineses que vieram para Angola não introduziram o vírus. A fim de conter a propagação do novo Coronavírus , o Presidente de Angola João Lourenço emitiu um decreto presidencial em 25 de março, anunciando um estado de emergência em todo o país a partir das 00:00 de 27 de março, por um período de 15 dias. Após a emissão do decreto presidencial, as empresas chineses em Angola cumprem rigorosamente o decreto. Quase todas as empresas e lojas estão temporariamente fechadas. Todo o pessoal fica de quarentena em casa. A CIDADE DA CHINA e o KILAMBA SHOPPING também foram temporariamente fechadas. As pessoas devem usar máscara ao entrar, faz-se desinfecção, lavar as mãos e medir a temperatu-
ra, etc. Restaurantes chineses também estão fechados. Embora tenha causado temporariamente prejuízos econômicos às empresas, para eliminar o vírus em uma data precoce, todos estão dispostos a fazer esses sacrifícios. Para apoiar Angola na luta contra a pandemia, os chineses residentes em Angola se mobilizaram, e já existem câmaras de comércio e associações, empresas e indivíduos que começaram a fazer doações para combater juntos o inimigo comum! Na tarde do dia 30, quatro veículos carregados com materiais chegaram ao Município de Viana, o Centro de Recolhimento de Luanda Sul e doaram o primeiro lote de materiais antiepidêmicos, incluindo botijas a gás, fogões de gás, roupas de cama, desinfetantes, alimentos, água potável e outros produtos equivalentes em mais de 7 milhões de Kwanzas, os quais foram doados pela Cidade da China, o Grupo Guangde doou 800 máscaras cirúrgicas e 80 colchões no valor de 1,5 milhões de Kwanzas, e as empresas chinesas e os indivíduos chineses em Angola doaram 4.150 luvas cirúrgicas e 950 luvas médicas e 150 litros de desinfetantes ao Comando da Polícia de Viana. A Associação Empreend. De Zhejiang em Angola (AEZANGO) doou 2.000 pulverizadores ao governo angolano para apoiar a desinfecção do governo em áreas públicas. Tais actividades de doação continuam, e algumas empresas e indivíduos estão levantando fundos para contribuir para a causa antiepidêmica em Angola. A amizade entre Angola e a China é inquebrável. Ajudar os outros é ajudar a nós mesmos. Acreditamos que, enquanto os povos dos dois países estiverem unidos, trabalharem juntos não haverá dificuldades insuperáveis. * É Vice – Presidente da Câmara de Comércio Angola-China 02 de Abril de 2020
ENTREVISTA
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‘Os negócios nunca mais serão iguais’
Optimista por natureza, Tomasz Dowbor é o presidente do Conselho de Administração do Grupo Boa Vida, um conglomerado com interesses nos sectores da construção civil, agricultura e indústria. Como todos os outros empresários e grupos, ele também está consciente dos entraves provocados pelo momento actual por que passa a economia nacional e mundial. Tudo por causa do coronavírus. Mas, apesar disso, acredita que este período deve ser aproveitado com inteligência porque algumas oportunidades se irão abrir, garantindo que os sectores da saúde e das tecnologias de informação são os que mais devem crescer nos próximos tempos. Pisca o olho à banca e ao Executivo, mas destaca a necessidade de se investir seriamente no agronegócio dR
Dani Costa
O
que pode representar a COVID 19 para a economia angolana? A onda do vírus tem os seus efeitos directos na saúde da nossa sociedade, mas acima de tudo ela tem e terá cada vez mais crescente impacto na economia. Porque a economia é movimentada através de um motor de consumo: quando há consumo, quando há pessoas a comprar os bens, então surge a proposta que é a oferta, surge empreendedorismo, empreendedores, empresários que proporcionam os produtos que estão sendo procurados, consequentemente surgem lojas, empresas, indústrias. Isto é tudo que vai atrás de soluções geradas na demanda pelo consumo. Até que ponto a doença poderá estrangular o deficitário sistema económico já existente no país? Com as restrições do estado de emergência reduziremos de forma significativa o consumo. Não imaginamos que alguém agora se vá endividar para comprar um carro, um sofá ou uma televisão ou outros bens de consumo normal. Isso impactará directamente no volume dos negócios dos empresários ou da economia de uma forma geral. Portanto, o volume de consumo será reduzido de forma significativa e radical nos próximos dias e semanas. O impacto na economia será substancial. O coronavírus e as restrições impostas pelo Executivo, para salvaguardar ou nos pre-
caver do vírus elas abrandam, travam e impedem o funcionamento normal da economia. Por esta razão, devem surgir novas soluções. Como é que as empresas devem lidar com esta situação? Estamos a viver um momento de estado de emergência, onde o Executivo assume o papel de orientador e mandatário de todos os processos, incluindo de empresários e especificamente economistas. Nossos direitos serão restringidos de acordo com regulamentos parciais. Portanto, temos de estar atentos e devemos nos adaptar de uma forma elástica, de acordo ao que é permissível. Mas, a vida não pará. A vida empresarial vai abrandar sim, mas nós temos de ter essa capacidade de adaptabilidade para poder gerar soluções que vão se encaixar e que nos permitam prosperar e desenvolver os negócios exequíveis dentro deste cenário, obviamente, observando as recomendações do Governo. Esta profunda baixa, que se vai gerar na economia, provocará o abrandamento e o vácuo específico que vai permitir uma explosão com maior velocidade quando esta crise passar, sendo ela temporária de acordo com toda a previsão, não só do Governo, como também da Organização Mundial da Saúde (OMS). A economia, com certeza, vai ter essa oportunidade de decolar depois de todo sofrimento e todas dificuldades que vamos passar diante dessa crise. Temos ouvido regularmente que as crises são momentos para se fortalecer as instituições. A dimensão dos estragos causados pelo coronavírus permitirá o surgimento de instituições mais fortalecidas? Empresas devem focar naquilo que é possível neste momento. Se os trabalhadores estão a ficar em casa, se têm restrições de locomoção impossibilitam as reuniões comerciais, então comecem o dia com reunião online, traçem uma agenda, aperfeiçoem aquilo que sempre foi o nosso ponto fraco que é a organização interna das empresas, as rotinas, procedimentos, sistema de gestão. É o momento de gerar todos os trabalhos ligados à avaliação de desempenho diário semanal e mensal. De organizar empresas, focar no desenho, na estrutura, na implementação que se pretende como a empresa de sonho, no que se pretende numa empresa que quer ser a melhor do mercado e organizar. Nós sempre pecamos neste sentido e é exactamente uma excelente opor-
O PAÍS Sábado, 04 de Abril de 2020
tunidade para se preparar quando a economia abrir. Em alguns países, o serviço de entregas registou um crescimento. Até que ponto esta área terá influência face ao problema que vivemos? Nós não temos influência daquilo que está a se passar no mundo. Nós só estamos a seguir as recomendações do Governo que nos ajudam na prevenção contra o vírus, mas, nós como empresa, temos de focar naquilo que é o essencial: estrutura da organização, que é a capacitação das pessoas, se nós reclamamos que as pessoas não são capazes, não têm performance, este é o momento de você diariamente, de uma forma disciplinada, orientar os trabalhadores para aumentas as suas capacidades profissionais todo conteúdo que está disponível online. Nos Estados unidos, nas universidade de Havard, Oxford e no Brasil, todos os cursos estão online e são gratuitos. Aproveitandose estes dias e semanas, é possível orientar-se o trabalhador paraa que faça uma grelha de programação de actividades diárias do que é possível em termos de cursos, habilidades em termos de livros e de auto capacitação. É uma grande oportunidade para quando sair da crise sair com habilitações. Quais são os sectores mais prejudicados com esta situação do coronavírus? Será possível observarmos o surgimento de novas áreas de negócios? Mundo está a entrar numa modalidade de funcionamento totalmente destinta. As restrições impostas mundialmente aceleraram rapidamente o processo de tornar todo o negócio online, incluindo as entregas. Os Estados Unidos já criaram uma forma de protecção nos sistemas dos drones, que por via área efcetuarão entregas. Todo processo vai-se acelerar drasticamente agora :para evitar contacto, para seguir ou cumprir restrições. Tudo que for possível entregar , será entregue desta forma em Angola. Não será diferente os aplicativos relacionados à intermediação dos serviços, que precisaremos em casa e para o serviço, passará um boost que será uma oportunidade para os jovens empreendedores poderem garantir o que a sociedade precisar. Quais são os passos que o Estado deve tomar no sentido de preservar os empregos? Estamos à espera dos regulamentos do governo que vai detalhar exactamente a paralisação dos sectores
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que não são essências. Evidentemente, a economia esta a abrandar de uma forma geral, por isso penso que o sector da saúde e os serviços online terão oportunidade de crescer e ter desenvolvimentos diferentes e outros métodos de actuação. O sector petrolífero vai permanecer, embora abrande. Outros serviços vão abrandar, mas não se pode dizer hoje que um sector especificamente vai parar. Isso depende muito do comportamento e atitude individual das empresas, dos seus lideres e das pessoas. Penso que grande boost é fácil prever: boste nos conteúdos online, cursos , livros, treinamentos, palestras eventos organizados com formato online , para nos conectarmos, traçarmos as pontes de comunicação e interligação das trocas de sms e experiência e conteúdo nas plataformas online. O mundo está a fazer uma aceleração profunda que vai até 2021 em diante, os negocios nunca mais serão iguais. Será uma mudança radical. É fácil uma empresa preservar os postos de trabalhos depois desta fase? Alerta é para os indivíduos trabalhadores e colaboradores que há uma oportunidade para eles não ficarem parados, para se desenvolverem e capacitarem. O Estado exerce um papel essencial na preservação dos empregos, onde através do regulamento permite a actuação dos empresários, com todas as restrições, evidentemente, respeitando as regras e possibilitando a actuação, quer seja mínima da actividade, mantendo a viabilidade dos serviços prestados às empresas, porque o momento é crítico para economia de uma forma geral. As empresas são responsáveis pela geração de postos de trabalho e nesse momento crítico precisam do apoio do estado no sentido de permitir a mínima actividade, a mínima prestação de serviços, de tal forma que seja possível pagar os salários. Empresas sem actividades comerciais, sem nenhuma actividade, não serão capazes de pagar o salario, o que vai implicar uma onda brutal de desemprego, uma crise que a gente deve evitar através de uma visão do estado que vai implicar e respeitar a obrigatoriedade de manter as actividades comerciais do sector privado. Alguns bancos reduziram as taxas de juro, outros estenderam os prazos. São medidas acertadas? A O sector bancário é crítico e essencial na economia. Para a saída da crise, é fundamental a injeção e capitalização dos créditos
e dos produtos que podem movimentar a economia. Essas atitudes são absolutamente de louvar e devem ser multiplicadas e exemplificadas como atitudes corretas diante de uma crise nacional. Esse comportamento dos bancos visa exactamente incentivar a manutenção das actividade empresarias e visualizar o crescimento pós-crise. O papel bancário e as suas taxas de juros determinam a velocidade com o qual a economia se desenvolve . Como se pode resolver o problema das pessoas que vivem do mercado informal durante este Estado de Emergência? A economia, na maioria das vezes, funciona no mercado informal, como podemos apreciar os exemplos de grandes economias. Na Índia, por exemplo, onde vive mais de 1.000.000 de pessoas, mais de 60% do comércio é informal e existe um formato e modalidade que respeita a prevenção contra a doença. Permitem o funcionamento dos mercados informais, mantendo distanciamento, através da lavagem das mãos, uso de máscaras , luvas e outras medidas que foram testadas e deram certo. Elas permitem encontrar exactamente esse meio termo entre a prevenção, manutenção e prevenção nas actividades empresariais. Penso que nos devemos inspirar nisso e multiplicar os exemplos que deram certo. O exemplo da Índia é bem sucedido, porque conseguiram conter a propagação do vírus mantendo a mínima actividade do mercado informal. Portanto, é o papel único do governo eliminar e explicar a população a necessidade e obrigato-
O sector petrolífero vai permanecer, embora abrande. Outros serviços vão abrandar, mas não se pode dizer hoje que um sector especificamente vai parar
riedades dessas prevenções. São medidas que visam incentivar e implementar melhorias ali onde as pessoas desenvolvem as suas actividades. Qual deve ser o papel da sociedade e dos empresários nesta luta que é dirigida pelo Executivo angolano? Bancos como o BFA e o BNI fizeram doações para a compra de ventiladores e outros produtos, o que se pode esperar dos pequenos e grandes projectos? Nós, Grupo Boavida, sempre tivemos actividades ligadas a ação social. Sempre pensamos que existe uma responsabilidade acrescentada em qualquer actividade empresarial, desde olhar para o seu vizinho , à sociedade, às pessoas e aos grupo mais vulnerável diante desse desafio do coronavírus. Agora mais do que nunca, penso que temos de ter essa sensibilidade acrescentada, uma sensibilidade mais virada para as pessoas que vão sentir essa crise mais do que nós. Não se trata de uma questão só dos empresários, mas sim de todos, enquanto cidadãos, temos que ter esse olhar mais atento e uma atitude mais empática para as pessoas que vão ter dificuldade de encontrar soluções, que terão, certamente, um sofrimento quase que absoluto. É preciso dotá-los de coisas básicas, comida, e só desta forma vamos perceber a grandeza e responsabilidade de cada um de nós. E assim quero apelar que diante desse desafios tenhamos essas iniciativas indivíduas ou colectivas, que vão permitir estruturar micro iniciativas, comunais, iniciativas a nível do lugar onde tu moras ou actuas, que vão ajudar as pessoas mais vulneráveis. É o PCA do grupo Boavida. Há pouco tempo já se falava no despedimento de vários trabalhadores. Com esta crise, como é que está o grupo? Grupo Boa Vida adoptou e adopta diariamente a sua rotina diante das dificuldades e das circunstancias que estão a mudar rapidamente. As nossas rotinas e actividades adequam-se em função de todas a recomendações e mudanças que assistimos diariamente. Mas não paramos nnem vamos parar. Nós somos empresários, somos uma empresa bem sucedida, nós temos uma atitude diária de se adaptar e acima de tudo de se reinventar e gerar novas soluções. As soluções existem. Elas não são ainda conhecidas, mas têm de ser concebidas, inventadas, estruturadas e implementadas. Cada crise é uma uma
oportunidade para se encontrar soluções mais sofisticadas. Então, resumidamente, o grupo Boa Vida está bem e com um plano de contingência, que restruturamos e temos a absoluta certeza de que vamos sair dessa crise mais fortes e organizados. Mantêm os mesmos planos de diversificação de negócios ou a crise provocada pelo coronavírus alterou as vossas projecções? Ele tem de ser adequado de acordo com as circunstâncias actuais. A crise trouxe na superfície um problema que já tínhamos mapeado, que é a produção e o fornecimento de comida. O país continua a viver baseado na importação e essa crise nos mostrou a obrigatoriedade e uma grande oportunidade de apostar nos agro business. Mais do que nunca vamos sentir cada vez mais a necessidade da produção nacional e novos planos estratégicos de actuação dentro desse cenário. Com uma maior visibilidade, a crise trouxe essa necessidade de aposta no desenvolvimento, aumento e aplicação das nossas actividades nas áreas agroindustriais. E esse será o nosso objectivo de curto e médio prazo. Não havendo dinheiro, certamente, o sector imobiliário ficará, uma vez mais, adormecido. O que vão fazer com os projectos que têm? O abrandamento geral da economia dos últimos tempos, agora a crise do coronavírus, e consequentemente a crise económica mundial e nacional , ela apenas cria um vácuo porque as pessoas sempre vão precisar de casas. Essa procura não baixa. Ela cresce. Evidentemente, as condições extraordinárias exigem uma capacidade geral de soluções. A maioria das empresa vão falir, vão fechar, não conseguiram se adaptar, nós dentro do grupo Boa Vida adoptamos medidas para atravessar a crise: vamos gerar nossos produtos mais adequados aos tempos difíceis que nós como empresa e a sociedade também está a passar. Portanto, estamos convencidos de que essa nossa abordagem, novos produtos e novas modalidades de pagamentos vão canalizar a procura existente na sociedade. Para nós, a restrição fez com que outras empresas fechassem e abrandassem as suas actividades. Mas é uma oportunidade para o grupo estar à frente deste processo de mudança. Uma mudança dessa necessidade de restruturação, de repensar e reconhecer as ideias e soluções que serão mais adequadas aos tempos de crise que estamos a passar.
MUNDO
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Agência da ONU mantém ajuda alimentar em África, apesar da pandemia do coronavírus A agência de alimentos das Nações Unidas negociou um corredor humanitário para manter a ajuda alimentar a fluir no Sul da África, depois que muitos países fecharam as fronteiras para impedir a disseminação do coronavírus, disse uma autoridade na Quinta-feira
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té 45 milhões de pessoas no Sul da África enfrentam fome após uma seca devastadora e dois ciclones no ano passado, e há temores crescentes de que a crise possa ser agravada pelo surto do vírus. Lola Castro, directora do Programa Mundial de Alimentos da África Austral, disse que a África do Sul concordou em permitir que navios que transportam ajuda alimentar atraquem nas suas costas e a transportem para países como Zimbabwe, Malawi, Botswana e Namíbia, que enfrentam escassez de alimentos. Castro disse aos repórteres durante uma vídeo-conferência que a economia mais avançada de África, que declarou um bloqueio de 21 dias, concordou em “uma espécie de corredor humanitário”, uma medida que ajudaria a agência a continuar o seu trabalho. “No momento, estamos realmente mantendo as nossas distribuições alimentares normais, mas talvez no futu-
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Lola Castro, directora do Programa Mundial de Alimentos da África Austral
ro, dependendo do efeito do vírus e do sistema alimentar, especialmente nos pequenos agricultores (...) talvez veremos um aumento nos preços e no número de pessoas que precisam de assistência alimentar ”, disse ela. Mais de USD 400 milhões foram necessários para importar ajuda alimentar nos próximos
três meses no Sul de África, que recebeu chuvas irregulares este ano, disse Castro. África registou mais de 6.650 casos de coronavírus e mais de 240 mortes, segundo um relatório da Reuters. O continente já está a sofrer um enorme impacto económico devido a bloqueios com o objecti-
vo de conter o vírus e uma queda acentuada na demanda global por commodities. A vida quotidiana foi revertida em muitos países africanos devido a duras paralisações que afectaram faixas de populações que dependem do comércio informal para viver. Matshidiso Moeti, director re-
gional da Organização Mundial da Saúde para a África, disse que os governos africanos precisam equilibrar a necessidade de medidas físicas de distanciamento para garantir que as famílias tenham comida na mesa. “O potencial impacto económico é motivo de grande preocupação nos níveis sócioeconómicos mais baixos”, disse Moeti. O Zimbabwe e as Nações Unidas fizeram um apelo conjunto por USD 770 milhões em ajuda humanitária para ajudar o país a lidar com a seca e o coronavírus, além de financiar os seus sectores de educação e saúde. O governo também lançou um apelo separado de USD 2,2 biliões de doadores estrangeiros e domésticos. O ministro da Saúde da África do Sul, Zweli Mkhize, disse que o número de casos confirmados de coronavírus subiu para 1.462, um aumento de 82 em relação a Quarta-feira, mas que as pessoas não devem ser levadas a uma falsa sensação de segurança por uma taxa mais lenta de aumento nos últimos dias. “Ainda é muito cedo. Precisamos sair e ir embora e encontrar mais e mais pessoas que poderiam ser positivas na comunidade”, disse ele. A Zâmbia relatou a primeira morte do país por coronavírus.
África do Sul lança rastreamento móvel de pessoas com coronavírus A Telkom da África do Sul, a Samsung e o governo uniram-se para desenvolver um banco de dados de rastreamento para identificar o paradeiro de pessoas que podem ter contraído coronavírus
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vírus infectou 1.462 pessoas no país e matou cinco. A Telkom vem trabalhando com o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis (NICD) e o Conselho de Pesquisa Industrial e Científica (CSIR) para desenvolver o banco de dados, que usa dados do telefone de uma pessoa para rastrear onde ela esteve.
A operadora de rede móvel disse que o sistema colectou várias fontes de dados, como GIS, ou mapeamento do sistema de informações geográficas, para rastrear uma pessoa infectada e identificar aquelas que podem ter-se exposto ao vírus. “Isso reduz a dependência actual das lembranças do próprio paciente de quem ele pode ter exposto sem saber e permite que o CSIR entre em contacto com pessoas
que estavam na mesma proximidade do paciente”. O Departamento de Saúde ainda usará funcionários para rastrear contactos primários e garantir testes para contactos secundários em certas comunidades, acrescentou. A Telkom fez parceria com a Samsung para distribuir 1.500 aparelhos para pessoas contratadas para rastrear pessoas nas províncias mais atingidas pelo vírus. Os
telefones serão conectados gratuitamente, usando os pacotes FreeMe da Telkom pelos próximos seis meses. Em entrevista à imprensa na Quinta-feira, a ministra das Comunicações Stella NdabeniAbrahams disse que o governo respeitava o direito de todos à privacidade e que o banco de dados não seria usado para espiar cidadãos. Outros países, como Singapura, Coreia do Sul, Rússia e Alemanha, lançaram ou planeiam lançar aplicativos semelhantes.
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Coronavírus poderia ser a 1ª de muitas outras pandemias futuras, adverte cientista Apesar do registo de mais de um milhão de infectados à escala mundial, a doença poderia ser suplantada por patologias bem mais perigosas dR
vestigador do Laboratório de Informação Genómica e Estrutural, adverte que os insectos das regiões tropicais ou quentes poderiam migrar para norte. “Com o aquecimento global, estamos a assistir a um deslocamento de certas doenças típicas do sul em direcção ao norte”, diz o cientista, que vê como possível a chegada da malária na França, num futuro próximo.
levar ao reaparecimento de bactérias ou vírus perigosos para os seres humanos, alerta o cientista. Claverie recorda o sucedido na Sibéria, em 2016, quando, após o degelo dos restos de uma rena infectada com antraz 70 anos antes, morreu um rapaz de 12 anos e cerca de 20 pessoas foram infectadas. O cientista, que com a sua equipa já descobriu, em 2014, dois novos vírus com 30 mil anos no permafrost siberiano, adverte que, à medida que este vai aquecendo, vai libertando microrganismos que existiam e que eram infecciosos há muito tempo atrás. Cavalier assinala que ele e a sua equipa foram os primeiros a mostrar que a capacidade de entorpecimento dos vírus ocorre a uma maior profundidade no gelo. Os pesquisadores retiraram amostras da profundidade de 30 metros, o que corresponde à idade do homem de Neandertal. “Há vírus que ainda estão perfeitamente vivos, podendo ser reactivados após 40 mil anos de congelação no permafrost”, adverte.
Micróbios em letargia Além disso, as mudanças climáticas estão a provocar o aquecimento e derretimento do permafrost, que contém muita matéria orgânica congelada, podendo
Varíola pode voltar No entanto, falta definir se os vírus congelados têm a capacidade de atacar o sistema imunitário humano, salienta o investigador. Tal seria possível, somente,e se o
China fará cerimónia de luto no Sábado pelas vítimas da COVID-19
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China realizará, no Sábado, um luto nacional pelos mártires que morreram na luta contra o surto da doença do novo coronavírus (COVID-19) e pelos compatriotas que morreram da doença, segundo o Conselho de Estado. durante o luto, bandeiras nacionais serão içadas a meio mastro por todo o país e em todas as embaixadas e consulados chineses no exterior, e as actividades recreativas públicas serão suspensas em todo o país. Às 10 horas de Sábado, os chineses em todo o país observarão três minutos de silêncio para lamentar os doentes, enquanto sirenes de ataque aéreo e buzinas de autocarros, comboios e navios serão accionadas em sinal de luto.
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omparando com as doenças que poderiam reaparecer como resultado do aquecimento global, o SARS-CoV-2 seria apenas um vírus “benigno”, adverte Jean-Michel Claverie, cientista do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS, na sigla em francês) da Universidade de Aix-Marseille, na França. O degelo do permafrost e a migração de insetos aumentam o risco de aparição de doenças perigosas, como a varíola, assinalou, num artigo do portal Reporterre. Doenças migram Citando o exemplo da dengue e do vírus chikungunya, Claverie, in-
Malawi regista três primeiros casos de coronavírus
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Malawi registou os seus três primeiros casos confirmados de coronavírus, disse o presidente Peter Mutharika num discurso à nação na Quinta-feira. “O Malawi não teve casos do vírus. Infelizmente, agora temos três casos confirmados ”, afirmou Mutharika.
vírus conseguisse se adaptar. Nesse caso, doenças dos tempos do homem de Neandertal ou dos mamutes, bem como a varíola, a única doença oficialmente reconhecida como erradicada no mundo, poderiam reaparecer. “Descobriu-se que pessoas ali enterradas tinham morrido de varíola”, observa Jean-Michel Claverie, acrescentado que tal foi possível estabelecer ao identificar a presença do DNA do vírus através de métodos forenses. O cientista alertou ainda para os perigos da exploração económica humana nas zonas polares, com a consequente movimentação de terras e libertação de microrganismos, acrescentando que a actual pandemia poderia vir a ser considerada como “benigna” em comparação com outras. “A SARS matou cerca de 9% das pessoas afectadas. A varíola e a peste vitimaram 30%. Houve pandemias na história da humanidade que mataram metade da população mundial. Chegamos a um tal estado de globalização e de conexão uns com os outros, que um qualquer vírus é suficiente para desorganizar a economia”. Segundo os últimos dados da Universidade Johns Hopkins, em 3 de Abril, o SARS-CoV-2 já infectou 1.016.534 pessoas, tendo 53.164 falecido e 211.856 recuperado.
Chefe de protecção civil da Itália vê continuação do bloqueio após o 1º de Maio O bloqueio nacional da Itália para tentar conter a disseminação do coronavírus provavelmente continuará além do início de Maio, disse, na Sexta-feira, Angelo Borrelli, chefe da Agência de Protecção Civil
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esta semana, o governo estendeu o bloqueio - que impõe severas restrições ao movimento e fecha todos os serviços e empresas que não são consideradas essenciais na cadeia de suprimentos da Itália - até 13 de Abril. Numa entrevista radiofónica com a emissora estatal RAI, Borrelli foi questionado se as medidas precisariam permanecer em vigor por
mais semanas. “Infelizmente eles vão”, respondeu ele. “Não acredito que essa situação tenha passado até 1º de Maio, precisamos ser extremamente rigorosos”. Até Quinta-feira, a Itália havia registado 13.915 mortes pelo vírus altamente infectado, consideravelmente mais do que qualquer outro país do mundo.
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Guerra por suprimentos para combate ao coronavírus
Aumentam relatos de que os EUA estariam a oferecer até três vezes mais dinheiro para desviar cargas de equipamentos médicos destinadas a outros países. Brasil, França e Alemanha já tiveram envios cancelados por causa da compra massiva dos EUA
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ompradores norteamericanos estão a oferecer até três vezes mais dinheiro para desviar para os EUA cargas de equipamentos médicos oriundas da China com destino a países como França e Brasil.
França denuncia carga desviada em aeroporto Máscaras adquiridas por Paris estavam carregadas nas aeronave no aeroporto de Shangai, quando compradores dos EUA apareceram e ofereceram o triplo do valor da carga para que ela fosse enviada a Washington, reportou o The Guardian. Jean Rottner, médico e presidente do Conselho Regional de Medicina da França, afirmou que o país vai ficar sem a carga de milhões de máscaras, muito aguardada nos hospitais lotados do leste francês. “Já na pista, eles chegam, mostram o dinheiro vivo [...] então realmente precisamos lutar”, revelou Rottner. Rottner não identificou os com-
pradores, mas funcionário do governo francês indicou ao jornal britânico que se tratava de um grupo ao serviço do governo dos EUA. Fonte do governo dos EUA disse à AFP que “o governo dos EUA não comprou nenhuma máscara que deveria ter sido enviada da China para a França. Informações contrárias a essa são completamen-
te falsas”.
Berlim relata caso similar Na Alemanha, nesta Sexta-feira (3), o jornal Tagesspiegel reportou que uma carga de equipamentos médicos encomendada por Berlim também teria sido desviada pelos EUA. Berlim havia encomendado máscaras respiratórias profissionais FFP2 e FFP3 de uma fabricante, que seria uma empresa norteamericana que produz na China. A carga teria sido interceptada pelos norte-americanos e desviada para os EUA, reportou o jornal.
Primeiro-ministro do Canadá expressa preocupação O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, descreveu que informações como as divulgadas pelos franceses “são preocupantes” e pediu que o seu governo investigasse casos similares.
Compras do Brasil ‘caíram’ O ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta, fez um relato similar em conferência de imprensa, na Quarta-feira (1º de Abril). Segundo o ministro, compras feitas pelo Brasil, na China, de equipamentos de protecção individual
Número de mortos baixa na Espanha A Espanha relatou mais mortes causadas pelo novo coronavírus nesta Sexta-feira, mas a quantidade de pessoas que sucumbiu de Quinta para Sexta foi menor do que a do dia anterior
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mpliando o maior número de mortos da doença depois da vizinha Itália, 932 pessoas morreram em 24 horas na Espanha, o que elevou o total a 10.935, informou o Ministério da Saúde. Foi a primeira vez, em mais de uma semana, que a cifra diminuiu em relação ao dia anterior. Na Quinta-feira, 950 novas mortes foram computadas. Mais casos novos também foram registados, mas o índice de infecções recuou. Com 117.710 ca-
sos, a Espanha agora só tem menos infectados do que os Estados Unidos, que têm uma população sete vezes maior. O primeiro-ministro, Pedro Sánchez, impôs um dos isolamentos mais rigorosos da Europa, só permitindo que empregados de sectores essenciais saiam para trabalhar. Bares, restaurantes e lojas estão fechados. Os espanhóis estão confinados desde 14 de Março, e o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, disse na noite de Quintafeira que Sánchez decidirá nos
“Temos que garantir que os equipamentos destinados ao Canadá sejam entregues e permaneçam no Canadá. Eu pedi aos ministros que acompanhem esses relatos”, afirmou Trudeau nesta Quintafeira (2).
próximos dias se prolongará o prazo. A região ao redor da capital Madrid teve mais infecções e mortes do que qualquer outra do país – mais de 4.400 pessoas já morreram, mostraram dados nesta Sexta-feira. Os hospitais mal estão a dar conta, e mais pessoas estão a morrer nas casas de repouso da área, que abrigam cerca de 50 mil pessoas na faixa etária mais vulnerável. Os necrotérios estão sobrecarregados, o que levou as autoridades regionais a montarem a terceira instalação improvisada numa pista de patinagem no gelo próxima da capital nesta Sexta-feira, adaptando o espaço de 1.800 metros quadrados para receber corpos.
como máscaras e toucas, foram canceladas após os EUA adquirirem volume imenso desses produtos. “Hoje, os EUA mandaram 23 aviões cargueiros dos maiores para a China, para levar o material que eles adquiriram. As nossas compras, que tínhamos expectativa de se concretizar para fazer o abastecimento, muitas caíram”, afirmou Mandetta. O ministro acrescentou que a situação é ainda pior no caso dos respiradores, uma vez que fornecedores que já haviam sido contratados cancelaram os pedidos. “Nós já os tínhamos comprados e, quando começamos a pedir, entregaram a primeira parte. Na segunda parte, mesmo com eles contratados, assinados, com o dinheiro para pagar, quem ganhou disse: não tenho mais os respiradores, não consigo entregar-te”, relatou o ministro. O ministro lamentou que, por causa dos cancelamentos, o Brasil não avançará na questão do abastecimento de equipamentos médicos no curto prazo. “Então nós voltamos de algo que achávamos que já tínhamos. Demos um passo para trás”, declarou o ministro. A pandemia de COVID-19 já regista mais de 1 milhão de infectados ao redor do mundo e 53.975 vítimas fatais. Os países com maior número de casos são os EUA, Espanha e Itália. O Brasil registra 8.066 casos e 327 vítimas fatais, até a manhã desta Sexta-feira (3).
Embaixador consternado com morte de Padre Católico angolano em França
O
embaixador de Angola na República de França, João Bernardo de Miranda, manifestou os seus sentimentos de pesar, pelo passamento físico do prelado católico Tomás Kapingala, Vigário de Sarcelles e Cura de Magny-en-Vexin, França, vítima de Covid-19. Em nota a que OPAÍS teve acesso, o embaixador de Angola em França e o Consulado Geral em Paris, em seu nome próprio e no da sua família, exprimiu os seus profundos sentimentos de pesar pelo falecimento prematuro do compatriota, Padre Tomás Kapingala, Vigário de Sarcelles e Cura de Magny-en-Vexin. “O exemplo de entrega, solidariedade e o sentido humanista do Padre Tomás Kapingala será lem-
brado com orgulho por todos nós, em particular a comunidade eclesiástica angolana de França e seus fiéis”, pode ler-se no documento assinado pelo embaixador. A Embaixada de Angola em França por essa razão, reiterou que sempre contou com a presença do Padre Tomás Kapingala nas suas actividades solenes, e está profundamente abalada com o seu passamento, e estende as suas condolências a família do malogrado em território nacional. De salientar que o vírus causador da Covid-19, já causou duas mortes no país, sendo que nas últimas 24 horas, não houve registo de nenhum caso positivo. Por essa razão, o quadro mantém-se com 8 casos confirmados, deles uma recuperação e 5 pacientes activos.
OPINIÃO
O PAÍS Sábado, 04 de Abril de 2020
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RUI MANUEL DE SOUSA MALAQUIAS Artigo 198
O Corona Vírus e o Estado de Emergência: As medidas à nossa medida
O
corona vírus é um facto, a pandemia é real e está a matar pessoas e a enterrar economias, está principalmente atacar a capacidade aquisitiva das pessoas e das famílias, pois a redução ou mesmo o shut down de fabricas e outros negócios está a fazer com que os fornecedores não forneçam à estas fabricas e estas deixem de produzir e de vender e por conseguinte deixam de pagar custos, essencialmente os custos com pessoal, por outras palavras não haverá salários para muitas famílias. Daqui podemos perceber, que as famílias vão ter menos rendimento disponível para consumo, e para quem não tem poupança como a esmagadora maioria das empresas e famílias angolanas, a situação é mais grave, assim sendo, teremos uma redução drástica no consumo agregado, o que é catastrófico para as economias no geral, e é calamitoso para a nossa economia em particular por causa da franja informal que ela comporta. Há aqui à assinalar que ainda que se desenhem as medidas mais versáteis e engenhosas para acudir a economia nacional, há um factor de distorção que torna menos eficaz qualquer medida de apoio à economia, este factor e a informalidade da própria economia. Os negócios informais não são detectáveis pelo sistema financeiro ou pela administração financeira do Estado (para efeitos de serem ajudados nesta altura) e acreditamos que empregam uma franja muito significativa da nossa população, se colocarmos as coisas nestes termos, podemos afirmar que é impraticável apoiar directamente a economia informal. O que estamos a tentar dizer é que devido a especificidade económica, não adianta ir buscar as
mesmas medidas que estão a ser adoptadas noutras latitudes, pois elas são adequadas para aquelas realidades onde a informalidade é próxima de zero, as empresas estão devidamente mapeadas e acompanhadas pelo Estado e sistema financeiro, pois só desta forma é possível conhecer os seus problemas e necessidades para que em momentos como este, seja possível criar pacotes de ajuda à tesouraria, para pagar rendas, salários e outras despesas correntes. Nos países ocidentais as ajudas às empresas estão basicamente a ser feitas por duas formas; pela via fiscal, ou seja o Estado prescinde de algumas receitas fiscais e ainda injecta dinheiro público nas empresas e por outro lado, pelo sistema financeiro, que está a conceder crédito directo as empresas, com pagamentos futuros em condições não restritivas para às empresas. Em Angola, o sentido deve ser o mesmo, ou seja, deve-se ajudar as empresas para que estas continuem a pagar salários às famílias, é importante que se garanta que as empresas fechadas (da restauração, turismo e todas outras directamente afectadas pelo Estado de Emergência) não deixem de pagar salários e não despeçam as pessoas. Na verdade está ai a chave da questão, no caso da nossa economia, como é muito complicado apoiar directamente quem trabalha no mercado informal, deve-se estimular o consumo dos trabalhadores formais, para que na verdade continue a acontecer o que sempre aconteceu, para que as pessoas recorram ao mercado informal como sempre fizeram. Certamente que, o que acabamos de escrever não pode ser tido como um axioma concorrente para o crescimento económico, mas é na verdade uma via para que em tempos de emer-
gência, não se crie um outro estado de pobreza e desemprego mais do que emergente, quando a pandemia passar. Neste contexto, apenas o apoio directo às empresas, para pagar salários e rendas, deve manter as famílias empregadas e com rendimentos disponíveis para poder continuar a fazer compras em estabelecimentos formais e informais, tal medida é um estimulo indirecto ao consumo, para que economia não morra. Entendemos que a manutenção do poder de compra das famílias mantem o ciclo económico vivo, adicionando o facto de que sempre que consumo ou as compras passarem pelo lado formal da actividade económica, o Estado não deixa de arrecadar o IVA. As medidas de componente fiscal são mais saudáveis para os níveis de endividamento das empresas, porque não aumentam directamente endividamento, portanto não comprometem directamente os seus lucros, e também perce-
be-se que são mais rápidas de implementar, pois é o Estado directamente a conceder folga de caixa às empresas, mas não para investimento, mas sim para manter o pagamento dos salários nestes dois ou três meses de aperto, ou para pagar os serviços imprescindíveis para que a empresas não encerre as portas. O sistema financeiro pode efectivamente acudir as empresas postergando o pagamento de juros e capital às empresas que detenham créditos activos, aliviando assim estas empresas, mas como dissemos acima, não para fazer investimentos, mais sim para pagamento dos salários e outras despesas essenciais para que a empresas se mantenham abertas e da mesma forma, as famílias mantenham a sua capacidade aquisitiva. O mesmo pode se fazer com as famílias, onde o sistema financeiro, essencialmente a banca comercial, pode aliviar diferir as prestações de juros e capital para os crédi-
tos habitação ou ao consumo para aquelas famílias devedoras, que comprovadamente os seus rendimentos foram comprometidos pela situação actual. Esta medida segue no mesmo sentido, manter o poder de compra das famílias para que a corrente de consumo não se desfaça. As cinco medidas que foram anunciadas até agora, são de caracter macro que passam necessariamente para manter activo os programas do Governo para apoio a economia, pois a tão esperada recapitalização “urgente” do Fundo de Garantia Credito para dar conforto aos bancos na cedência de credito no âmbito do PAC - Programa de Apoio ao Credito visam manter acesa a chama do relançamento da produção nacional, para substituição das importações e diversificação das exportações. Por outro lado, a mobilização de recursos provenientes do Fundo Soberano para manter vivo o PIIM – Programa Integrado de Intervenção nos Municípios, é prova de que o Estado não pretende deixar esfriar a economia, contratando os serviços que necessita às empresas locais, ajudando a manter os postos de trabalho, e dando um sinal claro à economia, que há mais vida para além da pandemia. Em suma, entendemos que os nossos decisores devem apelar ao jogo de cintura para adoptar medidas que sejam apropriadas à nossa realidade, para as nossas empresas, para as nossas famílias e atendendo a nossa informalidade, qualquer medida radical de combate a informalidade neste momento é improcedente, pois esta é condição actual das famílias e empresas, portanto é com ela que devemos trabalhar, assim sendo entendemos que um dialogo aturado com os parceiros sociais era bem-vindo, pois é para estes que o Estado concebe a poe em marcha as medidas.
DESPORTO
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O PAÍS Sábado, 04 de Abril de 2020
dR
Agentes desportivos destacam ganhos e derrotas da Paz A Paz, assinalada num dia como hoje, em Luanda, Angola, na Assembleia Nacional, entre o Governo e a UNITA, desenvolveu o país em vários domínios, porém o desporto ganhou e foi ao Mundial da Alemanha em 2006
Mário Silva
A
equipa do jornal O PAÍS ouviu, ontem, o comentador desportivo, Paulo Tomás, a vice-presidente da Federação Angolana de Natação (FAN), Ana Lima e o presidente da Federação de Golfe, Almir Soares, para falar sobre os ganhos e derrotas da paz em Angola, data que se assinala hoje em todo o território nacional, num momento de combate e prevenção da COVID-19. O antigo futebolista Paulo Tomás destacou as infra-estruturas desportivas que o país ganhou. Foram construídos quatro es-
tádios de futebol que acolheram o Campeonato Africano das Nações (CAN 2010), logo estão em péssimas condições. Deste modo, o antigo futebolista falou do estado degradante em que se encontra o Estádio da Tundavala, na província da Huíla e também do gerador que ganhou asas e desapareceu.
O maior ganho do país em tempo de paz foi a presença dos Palancas Negras no Mundial da Alemanha, em 2006 e a entrada de Bruno Fernando na NBA
“Os pavilhões que foram construídos para albergar o Mundial de hóquei em patins em 2013 não estão a ser bem aproveitados? Aliás, é só olharmos para o Multiusos do Kilamba é praticamente um ‘mostro adormecido”, lamentou. Paulo Tomás lembrou que não houve política de gestão dos recintos desportivos, porque quem fazia queria explorar e acabava por não fazer nada. O comentador apontou que o maior ganho do país em tempo de paz foi a presença dos Palancas Negras no Mundial da Alemanha, em 2006 e a entrada de Bruno Fernando na NBA, o título de campeão do mundo da Selecção Nacional de futebol com muletas.
O PAÍS Sábado, 04 de Abril de 2020
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Paz ajuda expansão da natação
dR
A
vice-presidente da Federação Angolana de Natação (FAN), Ana Lima, disse que a paz permitiu o aumento de praticantes. “Há oito anos fazíamos competições com 50 nadadores. Hoje, fazemos com 200 atletas. O número de atletas federados cresceu bastante”, reconheceu. Ana Lima explicou que a FAN conta com cinco clubes regulares nas competições nacionais, um número que obriga a mais trabalho. “Temos a piscina olímpica de Saurimo, na Lunda-Sul, infelizmente não está a ser devidamente potencializada. A piscina do Lobito, de 25 metros, foi recentemente reabilitada, foram construídas algumas piscinas de 25 metros na zona de Viana, Sequele, Talatona”, contou. Por outro lado, Ana Lima assegurou que em masculinos a actual geração deverá dar frutos em dois ou três anos. “Se olharmos para a tabela de recordes, a maior parte dos recordes femininos são muito recentes”, explicou. Na minha opinião, neste momento estão reunidas as condições para o crescimento da práticada natação em Angola e temos as condições necessárias.
“Guerra travou o desenvolvimento do golfe” dR
Filho de Maldini se revê em João Félix
E
m resposta a alguns adeptos do AC Milan, Daniel Maldini, filho do lendário Paolo Maldini, referiu alguns jogadores que aprecia. Em primeiro lugar, escolheu
o ídolo: «Um dos meus ídolos e modelo a seguir é o Ronaldinho» Depois, foi convidado a escolher um jogador em quem se revê: «Neste momento, estou a gostar muito do João Félix». dR
O
presidente da Federação Angolana de Golfe (FAGOLFE), Almir Soares, reconheceu que a Paz devolveu ao país a modalidade. Almir Soares disse que durante o período de guerra o golfe deixou de ser praticado, mas, actualmente, o número de praticantes já é satisfatório.
Com este bem, que o país alcançou em 2002, os amantes deste desporto ganharam um campo nos Mangais, na Barra do Cuanza, em Luanda. O elenco federativo já fez três representações internacionais e, em breve, poderá organizar o Campeonato Africano da Região 5.
CLASSIFICADOS emprego
imobiliรกrio
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O PAร S Sรกbado, 04 de Abril de 2020
diversos
Maria Teixeira, Jornalista do Jornal OPAĂ?S
TEMPO
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O PAÍS Sábado,04 de Abril de 2020
Fonte: INAMET Das 18 horas do dia 03 às 18 horas do dia 04 de Abril de 2020 REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu parcialmente nublado, alternando com períodos de céu nublado em toda região. Ocorrência de chuva moderada a forte, acompanhada, por vezes, de trovoada em alguns municípios das províncias de Cabinda, Uíge, Malanje, CuanzaNorte, Lunda-Norte e Lunda-Sul. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca em alguns municípios das províncias de Luanda, Zaire, Bengo e Cuanza-Sul.
PREVISÃO dO TEMPO *** 3 dIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIdAdES Ê
Válida de 04 a 06 de Abril de 2020
Ê
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) Ê
Ê
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 04 a 06 de abril de 2020Ê Data 04/ 04/ 2020
CIDADE
Mín
Data 05/ 04/ 2020
Estado do Tempo
Máx
Mín
Máx
Estado do Tempo
Data 06/ 04/ 2020 Mín
Máx
Estado do Tempo
LUANDA
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34
Parcialmente nublado, chuva fraca.
25
34
Parcialmente nublado
24
35
Parcialmente nublado.
CABINDA
24
32
Nublado, chuvisco/chuva fraca.
24
33
Parcialmente nublado, neblina/chuva fraca.
25
32
Parcialmente nublado, chuvisco.
SUMBE
24
31
Pouco ou parcialmente nublado.
24
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Ê Parcialmente nublado, chuvisco/neblina.Ê
24
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Parcialmente nublado.
CAXITO
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Nublado, chuva fraca/trovoada.
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Parcialmente nublado, neblina/chuvisco.
25
35
Parcialmente nublado.
MBANZA KONGO
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Parcialmente nublado, neblina.
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32
Nublado, chuvisco.
25
32
UIGE
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Nublado, neblina/chuva fraca.
20
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Parcialmente nublado, neblina.
20
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Parcialmente nublado.Ê
NDALATANDO
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Nublado, chuva fraca a moderada.
20
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Nublado, chuva fraca.Ê
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Parcialmente nublado, neblina.Ê
MALANJE
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Nublado, chuva fraca a morada/trovoada.
18
32
Parcialmente nublado.
20
31
Parcialmente nublado, chuvisco.Ê
DUNDO
17
29
Parcialmente nublado, neblina.
19
32
Pouco ou parcialmente nublado.
21
31
Parcialmente nublado, chuvisco.
SAURIMO
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32
Nublado, chuva fraca.
17
29
Nublado, chuva fraca.
17
29
BENGUELA
24
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Pouco nublado.
24
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Parcialmente nubladoÊ
24
32
Parcialmente, chuvisco.
HUAMBO
12
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Nublado, chuva/ trovoada.
11
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Nublado, neblina/chuva fraca.Ê
12
26
Parcialmente nublado, chuvisco.
CUITO
15
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Nublado, chuva fraca.Ê
13
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Nublado, chuva fraca a moderada.Ê
16
27
Nublado, chuva fraca
LUENA
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Parcialmente nublado, chuvisco.
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Parcialmente nublado, chuvisco/chuva fraca.Ê
16
28
Parcialmente nublado, neblina.Ê
LUBANGO
16
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Parcialmente nublado, chuvisco.Ê
15
28
Parcialmente nublado, chuva fraca.Ê
15
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MENONGUE
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28
Parcialmente nublado, chuva fraca.
18
29
Parcialmente nublado, chuva/trovoada
16
28
Parcialmente, chuva fraca
MOÇÂMEDES
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Nublado por vezes limpo.
19
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Pouco nublado.
18
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Pouco nublado ou limpo.
ONDJIVA
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Pouco ou parcialmente nublado, chuvisco.
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Pouco nublado.
21
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Pouco nublado.
Nublado.
Nublado, chuva fraca/neblina.Ê
REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu parcialmente nublado, alternando com períodos de céu nublado em toda região. Ocorrência de chuva moderada a forte acompanhada, por vezes, de trovoada em alguns municípios das províncias do Huambo, Bié e Moxico. Ocorrência de chuva fraca em alguns municípios da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu parcialmente nublado, apresentando-se pouco nublado na região do litoral. Ocorrência de chuvisco ou chuva fraca, podendo ser moderada em alguns municípios das províncias da Huíla, Cunene e Cuando Cubango.
Pouco ou parcial nublado. Ê
O(s) Meteorologista(s): Marta Bento e Miguel Pedro. Luanda, 03 de abril de 2020 Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.aoÊ
TEMPO NO MAR
Fonte: INAMET
BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 TU DO DIA 03/04/2020 ÀS 18:00 TU DO DIA 04/04/2020.
O anticiclone de Santa Helena mantém-se estacionário com a pressão central de 1020hPa. Assim, prevê-se estado do mar geralmente agitado, com ondas entre 0.8 a 1.8 metros de altura. Prevê-se visibilidade moderada devido à ocorrência de chuvisco na região marítima de Cabinda a Bengo.
1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 03 DE ABRIL DE 2020: INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET
Circulação geralmente fraca a moderada sudeste a sudoeste. Centrode Nacional de Previsão do Tempo
METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉBOLETIM AS 18:00 TU DO DIA 04 DE ABRIL DE 2020:
4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA
SEM AVISO.
1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 03 DE ABRIL DE 2020: Circulação geralmente fraca a moderada de sudeste a sudoeste.
Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.
2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 04 DE ABRIL DE 2020: SEM AVISO.
REGIÃO
ESTADO DO TEMPO
VENTO
(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)
ALTURA DA ONDA (METROS)
ESTADO DO MAR
VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)
DIRECÇÃO FORÇA (KT)
Cabinda (4°S – 6°S)
Nublado/ Chuvisco
Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)
Chuvisco
Parcialmente Nublado
Namibe (14°S – 18°S)
Geralmente limpo
Sudeste a Sudoeste
até 08
Até 1.8
Agitado
Moderada (Superior a 5)
SulSudoeste
06 a 12
Até 1.8
Agitado
Moderada (Superior a 5)
SulSudoeste
08 a 12
Até 1.7
Agitado
Boa (Superior a 8)
Sudeste a Sul
Até 15
Até 1.7
Agitado
Boa (Superior a 9)
OPINIÃO
O PAÍS Sábado, 04 de Abril de 2020
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JOÃO NGOLA TRINDADE
Superstição e obscurantismo
N
o seu livro intitulado Ethngraphia e História Tradicional dos Povos da Lunda (1884-1888), Henrique de Carvalho (1890:431) admite que determinadas mortes, que ocorriam na Lunda, fossem provocadas pela feitiçaria e que os Ambundos, Tchokwes, Lundas e os Imbangala praticavam-na e consideram-na a origem de certas doenças. “As superstições são geraes em todos estes povos. Teem os seus agoiros, que […] entre nós [Portugueses] se consideram ridiculos[…]” (CARVALHO 1890:431). Todavia, a prática da feitiçaria constitui um crime e o indivíduo acusado de o ter praticado é submetido ao julgamento para que seja confirmada, ou desconfirmada, a suspeita que recai sobre si. O julgamento do crime da morte por feitiçaria é um processo durante o qual o juiz (investido de poderes mágico-religiosos) recebe o oráculo dos espíritos; o apuramento da verdadeira identidade do criminoso termina somente depois de o indivíduo beber o juramento - um procedimento que consiste na ingestão do muaje: a resistência aos efeitos desta substância venenosa atesta a inocência do acusado. Contudo, a sua morte imediata comprova a veracidade da acusação que pesava sobre si. Por meio da palavra o narrador projecta na narrativa um episódio onde o galo que canta é morto pelo seu dono por temer que alguma desgraça tome conta de si, ou que uma má notícia lhe possa ser comunicada (CARVALHO 1890:431); noutro episódio, a morte atinge o familiar do indivíduo que escuta o o muiéu (cão do mato) a ladrar a noite. Uma vez que esta acção do animal prenuncia a tragédia (CARVALHO 1890:431), o integrante da co-
mitiva que ouve o ladrar do muiéu inquieta-se, questionando-se se o seu familiar será afligido pela morte que caminha apressadamente nas sombras da noite. A noite configura o reino das trevas, do terror, da aflição, ela é um período de incertezas motivadas pela actuação de seres invísveis; o mistério envolve-a profundamente. Quem poderá desvendá-lo? Na perspectiva cristã, as práticas religiosas dos Africanos fundamentavam-se nas crenças supersticiosas que teriam de ser erradicadas com a introdução e a adopção do Cristianismo (CARVALHO 1890:35-36,38). À semelhança de Castro Soromenho, outros escritores como Óscar Ribas preencherão as páginas de algumas das suas obras (cf. Missosso I, Uanga-Feitiço e Ilundo-Espíritos e Ritos Angolanos) com descrições sobre as mais diversas diversas as práticas “obscurantistas” e crenças “supersticiosas” dos Ambundos. A propósito de Ilundo, o Professor Alfred Radispieler (1958), de nacionalidade alemã, afirmava que a obra foi escrita com base no material extraído pelo autor dos “círculos ocultistas” de díficil acesso para os Europeus que desejassem conhecer a “Religião Primitiva” dos Africanos. O desconhecimento das línguas africanas perfila-se entre os obstáculos da penetração no universo religioso africano pelos estudiosos europeus, pois os textos religiosos são concebidos nos idiomas africanos e raramente são revelados a indivíduos estranhos. Por outro lado, a penetração no universo religioso africano exige a adopção do modo de vida africano e, sobretudo, a observância de alguns nterditos, conforme sustenta Amadou Hampaté Bá (2010). Tanto a Igreja Católica como as
Igrejas Protestantes consideravam a Literatura uma fonte de conhecimento da cosmovisão dos povos representados nas narrativas produzidas na época. O Commitee on Christian Literature for Africa - uma organização cristã sedeada em Londres, que possuía um projecto de desenvolvimento de educação e de literatura em África -, ministrava cursos literários em que se ensinava a Literatura Africana escrita em línguas africanas que, obviamente, seriam indispensáveis para os missionários que fossem trabalhar em África depois de concluída a sua formação no referido instituto (RIBAS 1959). Em 1949, esta organização institucionalizou o prémio Margaret Wrong foi em homenagem a Margaret Christian Wrong, missionária canadiana que trabalhou em prol do desenvolvimento da literatura e da educação no continente africano. O International Commitee on Christian Literature for Africa atribuiu em 1952 o prémio Margaret Wrong ao escritor Óscar Ribas (2016:125-137) com a inclusão do referido conto na antologia Christerscheinst Am Kongo, editada na Suíça. Este conto foi igualmente inserido na antologia Tam Tam e traduzido em alemão no mesmo país. O autor de Missosso I esclarece que os contos que corporizam a obra reflectem as vivências de uma sociedade onde quase tudo é alcançado sobrenaturalmente. A obra recebeu o elegio da Igreja Católica através do Padre António da Silva Maia (1961) que considera que ela possui “riqueza literária”. Tendo em conta o empenho da Igreja na erradicação da religião de matriz africana, as narrativas de escritores como Óscar Ribas eram escritas de modo a prender a atenção do missionário cristão imbuído do “espírito de missão”, tendo em vista que para o cristão a leitura de histórias semelhantes ao conto A Praga torna-se muito mais interessante, quanto mais tenebroso for o cenário descrito pelo autor.
ÚLTIMA
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O PAÍS Sábado, 04 de Abril de 2020
Estado de Emergência em O QUE SABER SOBRE O Angola condiciona 180 CORONAVÍRUS… vôos internacionais O ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, avançou que , após uma semana do Estado de Emergência no país, a TAAG deixou de realizar perto de 180 vôos internacionais. Os dados foram apresentados durante a conferência de imprensa da Comissão Multissetorial sobre a Covid-19 dR
Patrícia de Oliveira
O
titular da pasta dos Transportes salientou que do ponto de vista internacional p erto de 30 mil passageiros deixaram de viajar durante o período de isolamento social. “ Nesta altura temos 6 mil e 700 cidadãos angolanos com bilhete de passagem retidos e que deveriam regressar ao país durante este período”, revelou . Segundo o dirigente neste período, não há circulação passageiros inter- provincial . “A nossa missão é assegurar a protecção das pessoas que estariam em trânsito inter-provincial, isso foi feito “, explicou . Segundo o responsável, existem
alguns viajantes que ficaram retidos no município do Luena, província do Moxico, e essa questão será tratada com o governo provincial para que se possa apoiá-los. No que toca os vôos domésticos, Ricardo de Abreu referiu que a TAAG deixou de realizar 204 vôos domésticos, o que significa o não transporte de 16 mil e 500 pessoas.
Ricardo de Abreu referiu que o objetivo é conseguir travar a possibilidade da transmissão comunitária da pandemia da Covid-19, nos diferentes domínios do país .Por esse motivo, apela -se a solidariedade a todos os níveis porque algumas pessoas vão precisar de ajuda .
Luanda conta com 220 novos autocarros Dos 220 autocarros, 120 já foram entregues as operadoras dR
O
governador de Luanda, Sérgio Luther Rescova, referiu que houve um concurso público em que foram selecionadas as empresas que nos termos da lei foram os ven-
“O
álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”.
cedores e passou-se para a fase de comercialização as referidas operadoras Neste momento, os autocarros já foram comercializados e entregues Segundo o dirigente, já se ve-
rifica a entrada dos meios em circulação, após a questão de nomeadamente, o seguro obrigatório, inspeção prévia e a capacidade em termos de recursos humanos para a mobilidade . Segundo o governador de Luanda, dos 220 novos autocarros associam - se a uma frota já existentes de aproximadamente 160 viaturas, mesmo assim, não satisfaz as necessidades reais para a província que possui 11 milhões de habitantes. “Mais de 400 autocarros ainda não resolverão o problema. Por essa razão, o governo provincial continua a trabalhar com o Ministério dos Transportes que tem na sua programação a injecção de pelo menos mais 1000 viaturas para melhorar a locomoção dos munícipes , ressaltou .
“Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”. “Não sacudam! Esfreguem
as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.