ISOLAMENTO SOCIAL PROVOCA AUMENTO DE ASSALTOS EM LAVRAS NO ICOLO E BENGO
MINISTRA DE ESTADO ENTREGA 500 CESTAS BÁSICAS A CRIANÇAS AUTISTAS A associação que controla mais de 600 famílias em situação de vulnerabilidade, em Luanda, apela às empresas privadas a seguirem o mesmo gesto e realça que as pessoas com deficiência mental constituem uma das principais franjas da sociedade que estão na linha de contrair o Covid-19. P. 10
Os meliantes estão a assaltar as lavras de camponeses que produzem milho, feijão, mandioca, goiaba, banana, mamão, batatadoce, kizaka e outros produtos desta época P. 12 de cultivo Director: www.opaís.co.ao José Kaliengue e-mail: info@opaís.co.ao O DIÁRIO DA @Jornalopaís NOVA ANGOLA facebook/opaís.angola Edição n.º 1799 Segunda-feira, 06/04/2020 Preço: 40 Kz
COVID-19 SUSPENDE ADMISSÕES NA FUNÇÃO PÚBLICA
UNITA na Huíla queixa-se de exclusão na luta contra o Coronavírus ● O partido, na voz do seu secretário províncial, alega não lhe ter sido atribuído qualquer livre trânsito para garantir os serviços mínimos que permitissem uma intervenção nos esforços de sensibilização das comunidades para o acatamento das medidas de prevenção do Covid-19. P. 8
POLÍTICA: A iniciativa, segundo a ministra das Finanças, Vera Daves, faz parte de uma série de
medidas de revisão do cenário macroeconómico, com vista a dar resposta ao actual contexto que o país está a viver, o que passa pela necessária revisão de todas as projecções, em função da pandemia da Covid-19 e da queda abrupta do preço do petróleo no mercado internacional. P. 9 DR
China assegura apoio aos angolanos mais vulneráveis ● Para o embaixador chinês, a China reconhece as dificuldades que muitas famílias estão a enfrentar neste período de necessidades. P. 11
CORONAVÍRUS ACELERA PARA 14
“Ainda não é possível sobreviver deste projecto”
P. 2
● Depois de em 2010 ter lançado a escolinha de futebol, o presidente do Recreativo Social e Desportivo Guelson FC e mentor do projecto, Pembele André Pedro, disse, ontem, em exclusivo a OPAÍS, que vai apostar também na massificação do andebol feminino. P. 26
E AINDA NO CARTAz:
Paulo Flores prestigia “Dia da Paz” com show interactivo na Internet
Roubos de ‘obras de arte’ na UNAP preocupam secretário-geral
EM FOCO
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O PAÍS Segunda-feira,06 de Abril de 2020
Criança de um ano entre os 14 casos positivos de Covid-19 em Angola
O secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, actualizou ontem os números da pandemia Covid-19 em Angola: “há mais quatro novos casos positivos”
O país registou, ontem, mais quatro casos positivos do novo Coronavírus (Covid-19), perfazendo, assim, 14 casos positivos. Trata-se de quatro cidadãos angolanos provenientes de Portugal que chegaram ao país no dia 20 de Março. Entre eles, constam uma criança de um ano de idade e uma senhora de 62 anos Maria Teixeira
O
secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, disse, ontem, na apresentação diária do balanço sobre o ponto de situação epidemiológica no país, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, que Angola registou mais quatro casos positivos, tratando-se de cidadãos provenientes de Portugal no dia 20 de Março. “Registamos quatro casos,
um do sexo masculino de 37 anos, os outros três são do sexo feminino, sendo um uma criança de um ano, uma cidadã de 38 anos e a outra de 62 anos de idade”, detalhou. Franco Mufinda, esclareceu ainda que os quatro casos registados chegaram ao país no voo da TAAG proveniente de Portugal no dia 20 de Março e ficaram sob custódia da Saúde observando a quarentena institucional no Hotel Victória Garden. O secretário de Estado para a
O PAÍS Segunda-feira,06 de Abril de 2020
3 um certo teor nas mensagens que pressupõe a instigação de violência (xenófoba) para com determinados cidadãos, especialmente asiáticos, sobretudo depois de ocorrer aquele facto num estabelecimento comercial em que dois vietnamitas cuspiram para o chão”, disse. Explicou que as mensagens em questão têm alguma apologia ao crime, e “não só é preo-
Com a carência e escassez de produtos nas farmácias, as máscaras de panosurgem como alternativa de protecção
Saúde Pública contou que neste momento estão a fazer o acompanhamento clínico dos mesmos, sendo que a senhora e a criança vão continuar a cumprir a quarentena institucional, ou seja, seguimento clínico na Clínica Girassol, enquanto a senhora de 62 anos será acompanhada no Hospital da Barra do Cuanza. O país neste momento conta com 14 casos confirmados de infectados, dos quais dois mortos e dois recuperados. Os demais seguem em tratamento nas clínicas destinadas para tal. Salientou que Luanda continua a ser a província atingida e as localidades são Talatona, Belas, Maianga, Viana e Ingombota, referenciadas nos casos confirmados até ao momento. Por outro lado, disse que deram alta às pessoas que cumpriram a quarentena institucional nos dois centros de Calumbo I e II e todos estão em casa. “Queremos ainda manter o Victória Garden. Estamos a acompanhar as pessoas no Hotel Infortur e estão em processamento amostras das pessoas que se encontram a cumprir a quarentena institucional nesse hotel. Dados que serão actualizados amanhã [hoje)”, disse.
Entretanto, o CISP registou sete denúncias de violação de quarentena, das quais, seis foram descartadas e uma investigada, que está a ser acompanhada, facto que faz os números de quarentena institucional aumentar sempre. A nível do país, 1786 pessoas estão a cumprir quarentena institucional e domiciliar, sendo que a quarentena institucional tem registadas 852 pessoas. “De uma forma geral, continuamos a preparar os hospitais no que diz respeito a formação dos técnicos, meios médicos, materiais e medicamentosos que cada vez começam a chegar e na próxima semana começa a destribuição a nível das províncias”, contou. Mensagens nas redes sociais preocupam a Polícia O subcomissário Waldemar José, que apresentou os resultados da actuação das forças de defesa e segurança pública durante as 24 horas anteriores, manifestou preocupação com algumas mensagens nas redes sociais que podem mexer com o sentimento de segurança, em especial para a comunidade estrangeira. “Temos vindo a acompanhar
De facto, verificou-se a morte de um polícia. Ele estava num estabelecimento em estado de embriaguez e nessas condições não podia estar a exercer as suas actividades”
Vítimas estão entre as centen.
cupante, como também há elementos suscetíveis de constituir em crime. As pessoas que se dedicarem a essa prática serão responsabilizadas criminalmente”. Waldemar José disse ainda que do mesmo jeito que outros Estados acolhem os angolanos, também os estrangeiros devem ser bem acolhidos e tratados no nosso país. Aproveitou a ocasião para tranquilizar os estrangeiros, garantindo que o tratamento interno das medidas de prevenção ao Covid-19 é igual a todos os cidadãos. Entretanto, esclareceu as mensagens que circulam nas redes sociais que dão conta da morte de um polícia supostamente espancado pelos seus colegas numa esquadra. “Não corresponde com a a verdade”, disse. “De facto, verificou-se a morte de um polícia. Ele estava num estabelecimento em estado de embriaguez e nessas condições não podia estar a exercer as suas actividades. O mesmo foi recolhido e levado para a esquadra, mas, infelizmente acabou por morrer de ataque cardíaco. Assim confirma o laudo policial”, esclareceu.
4 DESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 8 UNITA na Huíla queixa-se de exclusão da luta contra o Coronavírus
SOCIEDADE. PÁG. 12 Isolamento social provoca aumento de assaltos em lavras no Icolo e Bengo
CARTAz. PÁG. 15 Roubos de ‘obras de artes’ na UNAP preocupam secretário-geral
ECONOMIA. PÁG. 18 Bancos deverão dedicar 2,5% de activo líquido à produção nacional
o editorial
O PAÍSSegunda-feira,06 de Abril de 2020
HOJE: os números do dia
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Solturas
A
ngola está agora a soltar centenas de prisioneiros por causa do perigo do Covid-19. Se se mantiverem nas cadeias e houver contágios, a propagação pode ser supersónica. As cadeias não têm condições que permitam evitar o contagio e muito menos para tratar eventuais doentes. Mas esta decisão deve questionar ao nosso sistema de justiça se era mesmo necessário que boa parte deles estivesse presa preventivamente. Os nossos juízes, sabe-se, condenam quase que emulando, os procuradores ditam prisões preventivas absurdas. As deficiências que as tele-aulas estão a destapar de alguns professores devem ser pensadas não nas suas falhas pontuais e particulares, mas nos seus efeitos (do sistema) na qualidade dos profissionais que temos em todos os ramos.
Milhões de máscaras s de proteção contra o Covid-19 foram já vendidas pela China a países estrangeiros, desde o início de Março, avançaram este Domingo as autoridades nacionais
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Reclusos que se encontravam em prisão preventiva, no Estabelecimento Prisional de Cacanda, na Lunda-Norte, foram soltos, no âmbito das medidas de prevenção e contenção da propagação do Coronavírus que já fez duas vítimas mortais no país
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Mil trabalhadores portugueses estão abrangidos pela medida criada pelo Governo para fazer face aos impactos da epidemia de Covid-19 nas empresas, que permite suspender contratos de trabalho, assegurando 70% de remuneração
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Famílias estão desalojadas em consequência da chuva registada Sextafeira na cidade de Ndalatando, capital da província do Cuanza-Norte, durante oito horas consecutivas, e que provocou a destruição total de 263 residências,
o que foi dito MUNDO . PG. 22 Irão desenvolve próprio sistema de detecção rápida da COVID-19
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“Têm tido (as crianças) uma capacidade enorme de recuperação e a maior parte está no domicílio e muitas foram dadas como curadas (do Covid-19)” Graça Freitas Gdiretora-geral da Saúde de Portugal
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Estamos nos aproximando da Páscoa e também precisamos da proteção do Imaculado Coração de Maria” Matteo Salvini Líder da Liga Norte e ex-ministro do Interior da Itália
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Olhem para os verdadeiros heróis que vêm à tona nestes dias. Não são os que têm fama, dinheiro e sucesso, e sim os que se entregam para servir aos demais” Papa Francisco
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O PAÍS Segunda-feira,06 de Abril de 2020
e assim... José Kaliengue Director
A outra face do Covid-19
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com Tomasz Dowbor, patrão do grupo Boa Vida, e perceba como ele lê o futuro dos negócios depois da pandemia do novo Coronavírus
O
www.opais.co.ao Via Expressa (Luanda) O dia de ontem, Domingo, mais pareceu uma Segunda-feira, em estado de emergência (Carlos Moco)
o que vai acontecer França Anestésico de cavalos à base de propofol será usado em doentes graves, internados em UTI, segundo a RFI. Para contornar a falta de remédios provocada pela epidemia de Coronavírus, a França autorizou o uso de um anestésico de cavalos em doentes graves, internados em UTI. A autorização para a utilização de dois medicamentos à base de propofol foi publicada no Diário Oficial de Sexta-feira (3). A Agência Nacional de Segurança de Medicamentos (ANSM) disse que a medida é necessária porque a demanda mundial por anestésicos explodiu com a pandemia e as reservas do país estão muito baixas.
OPEP Está em preparação pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderada na prática pela Arábia Saudita, uma reunião virtual nesta Quinta-feira com outras nações produtoras da commodity, entre elas Canadá e Rússia, para negociar uma trégua entre Riad e Moscovo na disputa por fatia de mercado que provocou forte queda nos preços ao longo do último mês. A OPEP e outras nações, como a Rússia, formam o grupo chamado OPEP+. Este conjunto de nações deveria retomar suas negociações nesta Segundafeira para avaliar um corte coletivo na produção o..
Malawi Funcionam a partir de hoje os mercados de tabaco, por ordem do Presidente do Malawi, Peter Mutharika, que anunciou também, Sábado, em Lilongwe, 04, a redução a 10%, do seu salário e dos ministros, para ajudar no combate ao Covid-19, noticia a LUSA. O chefe de Estado malawita anunciou ainda uma série de medidas destinadas a reduzir o impacto do Covid-19 nas pequenas e médias empresas, incluindo benefícios fiscais, uma redução dos preços dos combustíveis e um aumento dos subsídios de risco para os trabalhadores do sector da saúde.
Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.
Covid-19 veio para mudar muita coisa. Ou seja, nada vai ficar como antes, pelo menos onde houver cérebros a trabalhar. As relações humanas poderão sofrer ligeiras alterações, os comportamentos também, sobretudo as noções de asseio, contacto com objectos e até de aproximação física. Os mais desenvolvidos já estão a testar soluções tecnológicas como hologramas para placas de elevadores, etc.. Mas não é de esperar uma mudança radical em todas as pessoas, veja-se como a SIDA ainda não conseguiu alterar comportamentos promíscuos, apesar da informação que circula há trinta anos. Os Estados têm a obrigação de mudar, as sociedade têm a obrigação de exigir mudanças radicais. É preciso que os Estados ponham ordem na exploração da fé. Veja-se como bandidos com pele de pastor continuam a pôr as pessoas e risco em várias partes do país só por causa do dízimo. É preciso que as lideranças africanas, e a angolana, abram definitivamente os olhos para o futuro e percebam que não são mais humanos do que resto do povo, mantenham cá a estudar os filhos que trouxeram para fugir do Covid-19 na Europa. E em escolas públicas. O futuro do continente está na escola de qualidade para todos. É absolutamente incompreensível que as lideranças africanas não entendam isso. É desumano. É obrigatório aumentar investimentos na saúde pública, ventiladores e material de biossegurança, laboratórios, etc., não se pode ficar pela “moda Covid”. Quantos angolanos não morrem a cada Cacimbo por falta de ventiladores? É obrigatório dar dignidade ao povo, substituir as grandes praças por mercados organizados, de proximidade. O saneamento das cidades e vilas deve passar a ser algo normal, tal como o fornecimento de água potável e de energia. É obrigatório que as lideranças mudem radicalmente e com isso o papel do Estado, ou será obrigatório que os povos se livrem das actuais lideranças. Não é justo manter todo um continente em perigo de extinção por uma doença porque os parlamentos aprovam orçamentos de assistência médica aos políticos no exterior e os médicos para o povo não sabem distinguir uma bactéria de um vírus. É demasiado desprezo a quem os sustenta. Se houvesse seriedade, o Estado angolano pediria desculpas aos cidadãos por tal episódio.
6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
O PAÍS Segunda-feira, 06 de Abril de 2020
NO TEMPO DO KAPARANDANDA
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OPAÍS
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Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 Vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares
1896
06 de Abril Abre-se, em Atenas (Grécia), os primeiros jogos olímpicos da era moderna.
1937
06 de Abril O dirigível alemão Hinderburg, perto de Nova Iorque, incendeia-se e causa a morte de 33 dos 97 ocupantes.
06 de Abril
1968
Inicia, na Checoslováquia, a chamada “primavera de praga”.
CARTA DO LEITOR
Quando o Cornonavírus vem Abordar sobre o Covid-19 é, sem sombra de dúvidas, um desafio, na medida em que se trata de um fenómeno que está a decorrer, e sobre o qual, na verdade, ainda é prematuro mensurar as suas consequências ao nível social, político, económico e cultural. O Covid-19 é uma doença viral causada pelo novo Coronavírus, que eclodiu na China na cidade de Wuhan, e se propagou por todo o mundo, chegando a assumir cifras susceptíveis de serem consideradas uma pandemia. O principal vector de contágio é o contacto com pessoas e superfícies infectadas pelo vírus. A principal forma de evitar a propagação do vírus é o isolamento social. Neste contexto, muitas pessoas deixaram de trabalhar, causando uma diminuição do produto e os seus devidos efeitos agregados. Com a paralisação económica há menos produtos e serviços para se consumir, diminuição na geração
de novos empregos, assim como diminui a arrecadação de impostos, comprometendo, desta feita, o nosso Orçamento Geral do Estado, na medida em que as previsões da parte da receita comprometem as previsões da parte da despesa. Olhando de forma mais simples, teremos menos escolas e, consequentemente, menos recursos e capital humano; menos hospitais e menor qualidade dos serviços hospitalares em quantidade e qualidade; menor geração de novos empregos; menos
estradas e menor circulação entre a zona urbana e a rural, dificultando, desta feita, as trocas comerciais; menos investimento, na medida em que o cenário não é optimista e há menor consumo; muita importação, na medida em que os produtores estão parados e, concomitantemente, há pouca exportação. Amadeu Victoriano Caculo Funcionário público, formado em Contabilidade e Finanças e Sociologia.
Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754
Gisela Silva
Jornalista Apresentadora
Sílvia Borges
Albino Capitango
Jornalista
Jornalista Apresentador
1973 - Amílcar Cabral, dirigente e fundador do PAIGC, é assassinado em Conakry. 1981 - Os 52 reféns norte-americanos, detidos no Irão há mais de 13 meses, são finalmente libertados, ao mesmo tempo que Ronald Reagan toma posse como quadragésimo presidente dos Estados Unidos. 1997 - O governo de Mobutu, em Kinshasa, Zaire, declara, oficialmente, guerra contra os rebeldes no norte do país, liderados por Laurent Désiré Kabila, depois de estes ocuparem uma parcela de 600 quilómetros no interior do país.
Mário Silva
Higino Alfredo
Sonorizador
Apresentador
Claudimer da Costa Repórter
Josefa Kiala Recepcionista
Cláudio Dias Jornalista
Rádio Mais
A Rádio que virou notícia e que se mantém no topo das audiências
Huíla 91.3 FM
Teodoro Albano
Jornalista Apresentador
Luanda 99.1 FM Huambo 89.9 FM Benguela 96.3 FM
POLÍTICA
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UNITA na Huíla queixa-se de exclusão da luta contra o Coronavírus O partido, na voz do seu secretário províncial, alega não lhe ter sido atribuído qualquer livre trânsito para garantir os serviços mínimos que permitissem uma intervenção nos esforços de sensibilização das comunidades para o acatamento das medidas de prevenção do Covid-19 Domingos Bento
O
secretario provincial da UNITA na Huíla, Augusto Samuel, disse, ontem, ao OPAIS, estar indignado com a tomada de posição do Governo local, por este
A UNITA está ciente de que o mundo enfrenta uma nova ordem após a crise do Covid-19. Em face disso, apela a todos os grupos de interesse à predisposição patriótica para o diálogo e consensos necessários”
se ter recusado a atender o pedido do seu partido para credenciamento de “livre-trânsito” com vista a permitir a circulação de membros da organização. Segundo o político, o livretrânsito seria usado para garantir o normal funcionamento dos serviços que permitissem uma intervenção nos esforços de sensibilização das comunidades para o acatamento das medidas de prevenção do Covid-19. Augusto Samuel disse que o Governo provincial emitiu livre-trânsito para várias entidades e instituições, tendo apenas excluido os partidos políticos da Oposição, por razões desconhecidas. Dada a situação, a UNITA deplora a atitude do Governo local e aponta para a necessidade de uma maior união de todas as forças vivas da sociedade, independentemente da cor política, religiosa e cultural, na prevenção e combate à epidemia. Para o político, o momento exige, de todos os cidadãos, combate com rigor, contra o novo Coronavírus, sem discriminação. “A UNITA está ciente de que o mundo enfrenta uma nova ordem, após a crise do Covid-19. Em face disso, apela a todos os grupos de interesse à predisposição patriótica para o diálogo e consensos necessários”, frisou. De acordo ainda com Augusto Samuel, a luta contra o Coronavírus não tem quartel, não tem fronteiras, não é do Governo e nem tem partido, tendo-a considerado uma luta de todos.
Secretario provincial da UNITA na Huíla, Augusto Samuel
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De acordo com Vera Daves, ao mesmo tempo que o Executivo tem de ser capaz de dar uma resposta de emerg ência no plano da saúde e da assistência social, tem que, igualmente, preservar o equilíbrio estratégico das contas públicas sem a necessidade de se desviar do caminho da consolidação fiscal, embora o contexto seja agora mais adverso. “Quando olhamos para a nossa realidade macroeconómica, mantemo-nos preocupados. Por isso, a população angolana espera de nós as melhores soluções para que o país possa, realmente, ultrapassar este ciclo de crise e consiga evitar os seus efeitos a médio e a longo prazos”, frisou , tendo acrescentado que “o bviamente que a situação, ao fim do primeiro trimestre, nos obriga a adoptar o conjunto de medidas aprovadas em Conselho de Ministros ” . Ministra das Finanças, Vera Daves
Covid-19 força Executivo a suspender processo de novas admissões na Função Pública A iniciativa, segundo a ministra das Finanças, Vera Daves, faz parte de uma série de medidas de revisão do cenário macroeconómico, com vista a dar resposta ao actual contexto que o país está a viver, que passa pela necessária revisão de todas as projecções, em função da pandemia do Covdi-19 e da queda abrupta do preço do petróleo no mercado internacional Domingos Bento
A
expansão do novo Coronavirus e a abrupta queda do preço do barril de petroleo forçaram o Governo a suspender todos os processos de novas admissões e promoções na Função Pública, com excepção dos
sectores já previamente aprovados, até a finalização da revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE), cuja proposta deverá dar entrada na Assembleia Nacional até ao dia 15 de Maio . A proposta de OGE-Revisto terá como pressuposto um preço médio de referência do petróleo de, no máximo, 35 USD, destacando-se para este cenário uma redução de 20 USD em relação ao OGE inicial de 2020 . A iniciativa, segundo a ministra das Finanças, Vera Daves, faz parte de uma série de medi-
“ O Executivo desenhou um conjunto de medidas imediatas em Decreto Presidencial que aprova as medidas de i mpacto ao Covid - 19 e à baixa do preço do petróleo ”
das de revisão do cenário macroeconómico com vista a dar resposta ao actual contexto que o país está a viver, que passa pela necessária revisão de todas as projecções em função da pandemia do Covdi-19 e da queda abrupta dos preços do petróleo no mercado internacional. “O desenvolvimento da nossa economia já se faz num contexto particularmente desafiante. Ocorre agora que o Executivo tem de lançar mão a instrumentos de política económica para proteger a economia”, apontou .
Amplo debate Veras Daves fez saber ainda que, para a aprovação desse conjunto de medidas para a restruturação d o cenário economico, houve um amplo debate técnico com vários especialistas nacionais, com instituições públicas e associações, com académicos referenciados e com organismos multilaterais para que, juntos , se pudesse encontr ar as acções que permitissem preservar os serviços públicos e ajudassem os agentes económicos a preservar as suas actividades e a confiança das famílias Para a ministra, não é um momento fácil. E, por isso, frisou, precisa-se de se ser resiliente para vencer as adversidades deste momento. “O Executivo desenhou um conjunto de medidas imediatas, em Decreto Presidencial que aprova as medidas de impacto ao Covid-19 e à baixa do preço do petróleo ”, notou. Outras das medidas que constam no processo de revisão do cenário macroeconómico prendem-se com a suspensão das despesas de apoio ao desenvolvimento que não sejam de carácter prioritário e estrutural como sendo os projectos de combate à pobreza, abastecimento logístico, acções inspectivas, os projectos ligados à luta contra as grandes endemias e ainda a suspensão de todos os “créditos adicionais”, com excepção das despesas com o pessoal e projectos de carácter prioritário e estrutural.
SOCIEDADE
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Ministra de Estado entrega 500 cestas básicas a crianças autistas
Ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira
A associação que controla mais de 600 famílias em situação de vulnerabilidade, em Luanda, apela às empresas privadas a seguirem o mesmo gesto e realça que as pessoas com deficiência mental constituem uma das principais franjas da sociedade que estão na linha de contrair o Covid-19 Milton Manaça
A
ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, entregou, no último fim-desemana, um kit alimentar às famílias das crianças da Associação Angolana de Apoio a Pessoas Autistas e de Transtorno Global de Desenvolvimento (APEGADA). Carolina Cerqueira deu às crianças autistas uma cesta básica composta por sabão, arroz, feijão, fuba, açúcar, óleo e massa
alimentar, no âmbito do apoio do Executivo de João Lourenço para as pessoas mais desfavorecidas. Esta cesta básica será distribuída num período de uma semana a um número de 500 famílias que têm crianças com esta patologia, nos diversos pontos da cidade capital, como garantiu António Teixeira, o presidente desta associação. António Teixeira disse que este gesto é de louvar e realçou que existem muitas famílias que têm no seu seio crianças com defici-
ências mentais que verão minimizadas as carências neste período, em que o país e o mundo enfrentam a pandemia do novo Coronavírus. António Teixeira frisou que fazem parte da associação crianças de famílias monoparentais que neste momento que está restritas a circulação de pessoas, o adulto se vê afectado na sustentação do agregado familiar. O responsável reiterou que faze parte das responsabilidades do Governo cuidar da protecção
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de crianças desfavorecidas, entre as quais as que têm dificuldades mentais, razão pela qual apelou para que esta iniciativa não pare por aqui. “É preciso que o nosso Governo perceba que estes deficientes mentais noutros países sempre beneficiaram de apoio, com uma rúbrica do Orçamento Geral do Estado. Estamos agradecidos pelo gesto, mas esperamos que não fiquem por aqui”, frisou. Recordou que a atribuição de subsídio de incapacidade para os autistas já é uma realidade em países da CPLP, como Moçambique, Cabo Verde e Portugal. Noutros países, como a Namíbia, Zimbábwe, Zâmbia e Congo Brazzavile também já se pratica o mesmo regulamento com leis próprias de protecção de pesso-
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as com deficiência intelectual. A APEGADA começou a fazer a distribuição da cesta básica neste Domingo, 5, tendo escalado primeiro o distrito urbano do Benfica, chegado ao bairro Mundial e Quilómetro 30, e ao Ramiros, no município de Belas. Posteriormente irão aos bairros de Viana, Cacuaco e Rangel para, até ao próximo Sábado e Domingo, terminarem a distribuição de donativos no Distrito Urbano da Samba. Só em Luanda, a APEGADA controla mais 650 crianças, que são recolhidas e agrupadas diariamente num centro de ocupação situado no Benfica, com orientações nas vertentes psicológica, escolar e recreativa para desenvolver capacidades cognitivas.
China assegura apoio aos angolanos mais vulneráveis Para o embaixador chinês, a China reconhece as dificuldades que muitas famílias estão a enfrentar neste período de necessidades
Domingos Bento
Privados chamados ao apoio aos deficientes
A
ntónio Teixeira disse estar a constatar a onda solidária das empresas privadas e associações que têm ajudado vários centros de acolhimento e outras instituições de beneficência que têm sido contempladas nesta fase do Covid-19. Entretanto, o presidente da APEGADA apelou a estas mesmas empresas a não se esquecerem das crianças com deficiências mentais, por constituírem também uma franja da sociedade em condição de vulnerabilidade. António Teixeira lembrou que não há qualquer centro de acolhimento, estatal ou privado, que concentre crianças ou adolescentes com esta enfermidade, mas que estão espalhados por diversos bairros da capital e das restantes províncias, sendo que um número considerável é controlado pela associação que dirige. “Os interessados podem contactar a associação pelo E-mail: apegada_angola@hotmail.com ou pelos telefones 918 811 168/ 927 007 792.”, sublinha.
O
embaixador da China em Angola, Gong Tão, reafirmou, ontem, em Luanda, a disponibilidade do seu país para a busca de soluções e ajuda às comunidades angolanas mais vulneráveis às consequências do novo Coronavírus. Segundo o embaixador, o seu país vai continuar a ajudar os que mais precisam mediante a entrega de bens de primeira necessidade para ajudar a minimizar as dificuldades materiais, sobretudo neste período de estado de emergência. Conforme explicou, a China reconhece as dificuldades que muitas famílias estão a enfrentar nesse período de necessidades. Por isso, frisou, a Embaixada do seu país e o grupos de empresários de diversos ramos de actividade têm vindo a desdobrar-se em gestos de solidariedade para acudir os que mais precisam.
A título de exemplo, apontou o gesto da sua Embaixada e do Grupo Gude, que entregaram, ao centro de acolhimento do Ramiros, no município Belas, um total de mil colchões, mil lençóis simples, 10 conjuntos de cadeiras de escritório e 18 sofás de escritório. Na doação constou ainda um valor monetário de 11 milhões e 271 mil Kwanzas. Os bens foram entregues ao Governador de Luanda, Sérgio Rescova, que, na ocasião, agradeceu o gesto, tendo afir-
mado que a oferta vai ajudar a mitigar as dificuldades da instituição que alberga crianças desfavorecidas. Já o vice- presidente do Grupo Gude, Zhao Bin, disse que a ideia de ajudar o centro partiu do grito de socorro da instituição, que vem enfrentando muitas dificuldades. “Os empresários chineses estão juntos com povo angolano e viemos aqui porque nos apercebemos que o centro enfrenta várias dificuldades. Por isso ajudamos”, frisou.
SOCIEDADE
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Isolamento social provoca aumento de assaltos em lavras no Icolo e Bengo Meliantes estão a
assaltar lavras de camponeses que produzem milho, feijão, mandioca, goiaba, banana, mamão, batatadoce, kizaka e outros produtos desta época de cultivo Fernando Guelengue*
O
s camponeses da povoação do Foto Sacala, na comuna de Cabiri, município de Icolo e Bengo, em Luanda, denunciam o aumento de assaltos aos seus campos agrícolas desde que encontrou em vigor o estado de emergência decretado pelo Presidente da República. A prática da agricultura comercial e de subsistência nessa localidade é desenvolvida há mais de dez anos e sempre ocorreram pequenos furtos, porém, com as restrições de circulação em todo o território nacional, resultantes da situação que o país vive, aumentaram substancialmente. Pedro Sebastião, de 26 anos, morador da zona do Foto Sacala desde a nascença, confirmou à nossa reportagem que a zona tem enfrentado vários roubos de produtos alimentares nas lavras há muitos anos. “Esta semana, com o estado de emergência, registamos uma onda mais intensa de furtos dos nossos produtos nas lavras. Não sabemos de onde estes marginais vêm. Estão a roubar vários produtos, como goiaba, banana, mamão e kizaka”, frisou o empreendedor no sector da agricultura, acrescentando que tem uma perda de mais de 100 mil kwanzas em produtos.
Lamenta, por outro lado, o facto de não ver qualquer intervenção da Polícia Nacional no sentido de resolver a situação. Quem também sentiu-se lesada pela onda de roubos das suas lavras foi Maria Conceição, de 25 anos, que detém mais de cinco hectares de terras. “Eu tenho muita terra dos meus pais, mas apenas uma parte tem bananas, goiabas e mamão, que tenho usado para sustento e consumo da minha família. Mas, estou completamente agastada com o aumento de furtos que estamos a registar nas lavras, principalmente com esta situação da doença Covid-19”, explicou a jovem, apontando o aumento da fome nas famílias mais carentes como um dos principais motivos. Maria Conceição alerta que muitos deles não gostam de tra-
balhar e apenas aguardam a produção dos outros para roubar. Coordenador promete estancar
O coordenador da povoação, Lucas Aníbal Guimarães, que está a exercer o cargo desde o dia 14 de Março do corrente ano, confirmou a existência de furtos e assaltos nas lavras do Foto Sacala.
“Estou completamente agastada com o aumento de furtos que estamos a registar nas lavras, principalmente com esta situação da doença Covid-19”
“Eu confirmo, é real. Desde que tomei posse, encontrei aqui uma série de dificuldades em relação a este facto e fui informado pelas mamãs que reclamam muito de furtos nas suas lavras. Mas, eu assumi recentemente a coordenação, por isso, farei os possíveis para estancar esses delitos”, explicou o coordenador, sublinhado que nestes poucos dias de trabalho tem recebido informações seguras de que alguns problemas estão a ser resolvidos de forma satisfatória. Lucas Guimarães louvou a iniciativa da população ao denunciar os factos que ocorrem na zona, para permitir a actuação da coordenação, que conta com o apoio das autoridades governamentais. “É preciso que haja mais denúncias para que esta situação
termine, pois, é triste quando uma mais velha se depara com os seus produtos sabotados na lavra. É realmente triste”, sustentou, reforçando que conta com o apoio da Polícia Nacional, seus colaboradores e da população local para estancar a situação na área da lagoa e do rio. Na esperança de obter mais informações sobre tais assaltos, a nossa reportagem procurou obter a reacção do comandante da Polícia em Icolo e Bengo, mas sem sucesso. Foto Sacala é uma povoação da comuna do Cabiri, município de Icolo e Bengo, em Luanda. É uma zona que sobrevive da pesca, agricultura, pecuária e de outras actividades ligadas ao campo. * Jornalista. Especial para o jornal OPAÍS
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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia
F
oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.
COMO ME POSSO PROTEGER?
Tendo sido reportados já 14 casos em Angola, com duas mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:
1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;
2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.
QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?
As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória
Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.
EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados
CARTAz seu suplemento diário de lazer e cultura
Paulo Flores prestigia “Dia da Paz” com show interactivo na Internet As medidas de prevenção no momento actual desaconselham ajuntamentos e
aglomerados, face a Covid-19. No entanto, Paulo Flores em dia especial de “Paz” em Angola, fez recursos às tecnologias, prestigiando o momento com um show interactivo em que revisitou parte do seu baú Jorge Fernandes
O
país assinalou no último Sábado, 4, o “Dia da Paz e da Reconciliação Nacional”, alcançada em 2002, resultante dos acordos do Luena (Moxico) entre as forças militares da UNITA e o Governo, pondo fim a cerca de três décadas de conflito armado em Angola. A ocasião exige além de profundas reflexões, momentos nostálgicos e festivos, não fosse a pandemia mundial que o mundo hoje enfrenta, e Angola como nação também vive os ecos deste caos sanitário tendo já registado casos positivos da doença. Ainda assim, apesar das medidas preventivas, em que estão proibidos os ajuntamentos de pessoas, bem como o distanciamento interpessoal, o músico Paulo Flores, prestigiou o momento fazendo recurso às novas tecnologias de informação e comunicação. As plataformas sociais do “Facebook” e “Instagram” foram os canais para visualização do concerto, protagonizado por Paulo Flores, coadjuvado
pelo seu filho Kyari Flores, na guitarra e voz, em que ver e ouvir algumas das melhores “quetas” do seu rico reportório musical. As interferências para a recepção embora não fossem das melhores, não impediu a visualização de cerca de 7, 3 mil pessoas, 108 partilhas, e mais de 400 comentários apenas na rede social Facebook, a qual OPAÍS acompanhou o aludido espectáculo. Reportório Um reportório preenchido em que foram revisitados temas como “O país que nasceu meu pai”, “O dinheiro não chega”, “Inocente”, “Boca do Lobo”, “Minha velha”, “Coração farrapo”, “Coisas da terra”, “Reencontro”, “Njila ia Dikanga”, “Maná Bessanga” e “Poema do Semba” Na sequência “Samba da benção e da consolação”, “Mana Chiquita”, “Festão”, “Makalakato”, “Garina”, “O povo”, “Canto de rua” e “Sassassa”, completaram a revisitação ao cancioneiro
O músico
de Paulo Flores, em aproximadamente duas horas e meia. Satisfação Os internautas em Angola que vivem temporariamente o momento confinamento obrigatário excepcional em função da declaração Estado de Emergência em vigor desde o dia 27 de Março, foram os “primeiros” na linha da frente para acompanhar o compatriota desde Portugal. Mensagens várias foram deixando no Facebook, entre elas de felicitação ao músico pela iniciativa, solicitações de mais músicas, declarações de reconhecimento pelo seu potencial artístico e ainda de lembranças proporcionadas por cada uma das músicas em ocasiões diferentes.
Com mais de trinta anos de carreira artística, Paulo Flores é dos mais renomados músicos angolanos, cujas matrizes assentam no Semba e na Kizomba. Em 2011, entrou para a galeria dos vencedores do Top dos Mais Queridos na sua 21ª edição, tendo no mesmo ano vencido o prémio da “crítica”, com a canção “Boda”.
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Grupo de jovens cristãos apelam convocação de “Dia de Jejum Nacional”
B Roubos de ‘obras de artes’ na UNAP preocupam secretário-geral Para a recuperação das mesmas, a União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP) pretende realizar uma conferência de imprensa, sem data prevista, em que deverá divulgar imagens das obras furtadas, de modos a que sejam recuperadas Antónia Gonçalo
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secretário-geral da União Nacional dos Artistas Plástico (UNAP), António Tomás Ana “Etona”, mostrou-se preocupado com o roubo de obras de artes plásticas que ocorre no interior daquelas instalações, localizada no município de Luanda, desde 2018, conforme declarou a OPAÍS. Etona manifestou esta insatisfação diante da reclamação apresentada no ano em curso, pelo artista plástico, Pedro Tchivinda, que constatou a ausência de três dos seus desenhos, entre os quatro, guardados na UNAP no ano passado, após a realização da Expo Milão, realizado na Itália. Para a recuperação das mesmas, pretende-se realizar uma conferência de imprensa, sem data prevista, onde serão divulgadas as obras em falta, de modos a que venham a ser recuperadas. A referida data para a divulgação do caso, seria decidida durante a reunião de direcção, que pretendiam realizar
na segunda quinzena de Março, mas foi protelada devido às medidas preventivas contra o novo Coronavírus, que abala o mundo desde Dezembro do ano passado. “Temos um problema, o assalto nas nossas instalações, onde desaparecem obras de arte. Na reunião geral, acordaríamos à data da realização da conferência de imprensa, para assim fazer a publicação delas, de modo a serem identificadas. Mas, acreditamos que sejam os nossos membros ou funcionários a fazerem essa prática, que muito repudiamos”, explicou Etona, em conversa com OPAÍS. O também artista plástico referiu que, ainda no ano passado, ocorreu o roubo de quadros de pintura de dois artistas, entre eles o António Gonga, que com a ajuda das autoridades policiais foram recuperadas. “Depois da divulgação das obras, as pessoas que compraram manifestaram-se logo e fi zeram a devolução. Como temos as fotos dos três desenhos das obras de Tchivinda, vamos proceder de igual modo, para ver se a pessoa que tem em posse, possa fazer a sua devolução. Caso contrário, terá
problemas com as autoridades”, aconselhou. Controlo Para prevenir o espaço de tais práticas, Etona avançou que serão controladas às entradas e saídas do pessoal das instalações da UNAP, com maior rigor, durante e após o horário de funcionamento. Actividades proteladas Assim como as demais instituições no país, A UNAP suspendeu as actividades desde aquele mês, como forma de aderir às medidas preventivas, relacionadas com o isolamento, na luta contra a Covid-19. Entre as actividades, constam a realização da reunião de direcção, onde se pretendia fazer o balanço dos trabalhos realizados no ano anterior, a exposição de pintura na sua galeria, 1º de Maio, com um artista residente no Uíge, em homenagem ao Dia da Paz, 4 de Abril, e outros trabalhos que envolvem a participação dos membros associados. O responsável garantiu o normal funcionamento do espaço, após a divulgação do novo de-
creto presidencial, que suspende o actual Estado de Emergência. “Os demais trabalhadores foram dispensados. Acreditamos que não tardará para que as coisas voltem ao ritmo normal. Para tal, é preciso que todos adiram às medidas de prevenção”, apelou. Quanto à exposição que visava homenagear o “Dia da Paz”, uma data histórica em Angola, Etona avançou que, para além da galeria 1º de Maio, pretendese apresentar o trabalho noutros espaços, como forma de mostrar a criatividade dos artistas. Segundo ele, trata-se de um talento que mostra nas suas obras traços ambientais. “Todo o material encontra-se na galeria para a devida montagem, mas não será possível agora, devido a situação que afecta todo o mundo e também o nosso país. Nas suas obras, o artista apresenta uma estrutura paisagística, que trabalha a partir de elementos que trazem a própria “alma” do nosso país. Assim que as coisas voltarem à normalidade, também voltaremos com os nossos trabalhos”, disse.
aseados no Salmo responsorial 33:12 (Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor), um grupo de jovens de várias denominações cristãs, está a promover uma campanha designada “João Lourenço convoca um dia de Jejum e oração pela nação angolana”, cujo objectivo é de realizar uma corrente de oração face às medidas de combate ao novo Coronavírus. Assim, preocupados com o “Estado Espiritual da Nação, em função da Pandemia Covid-19, pretendem apelar ao Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, que declare um “Dia” em que todo povo angolano jejue e clame a Deus durante um determinado horário, pedindo a sua misericórdia pelo povo, dando discernimento para a solução medicamentosa e acalentar os ânimos aflitos diante desta situação que abala todo o mundo. Os jovens de diferentes credos religiosos, justificam além da inteligencia humana, a Bíblia declara no livro de Provérbios 9:10 e Salmos 111:10 que o “Temor no Senhor é o Princípio da Sabedoria”. Por essa razão, a par da reconhecida inteligência de Deus atribuída aos homens, eles precisam de encontrar um momento em uníssono conversar com o criador. Entretanto, lembram que concordam com as medidas de prevenção levadas a cabo pelas autoridades sanitárias, na qual as igrejas foram igualmente tidas em conta, por isso ainda que resguardados pela prevenção, espiritualmente estão ligados de Cabinda ao Cunene, em oração, fazendo lives na internet reforçando as medidas de prevenção com pregações, clamores, vigílias e até mesmo no repartir do pão.
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CARTAz
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Música
Dino D’Santiago tem disco novo: “Kriola” é uma prenda para o pai e uma homenagem à mãe Disponível nas plataformas digitais, o novo disco de Dino D’Santiago é uma cachupa feita de vários ritmos africanos. Para dançar no recolhimento da quarentena
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ino D’Santiago mostrou Kriolu pela primeira vez na noite de Quinta-feira, durante a festa de aniversário de Branko no Instagram. Foi assim que ficámos a saber que o tema, criado em parceria com Julinho KSD, era o primeiro do novo disco que iria ficar disponível esta Sextafeira: chama-se Kriola, assim mesmo no feminino, e tem oito temas, na sua maioria cantados em crioulo e muito inspirados nos ritmos africanos, convidando ainda mais à dança do que já acontecia no Mundu Nôbu, o anterior disco de Dino. Lançar um disco a meio de uma quarentena pode parecer estranho, uma vez que não há possibilidade de o tocar por esses palcos fora, mas para o músico faz todo o sentido pois este Kriola é, na verdade, uma ho-
menagem à sua família: “Quando decidi lançar o álbum não foi a pensar na quarentena mas sim mas no quanto me custa estar longe da minha família. O dia 3 é um dia simbólico para mim, porque é o dia em que o meu pai celebra o seu aniversário e neste momento a única maneira de estar mais perto dele é com a música”, explica numa breve declaração ao DN. “E o álbum tem um título feminino porque o meu pai sempre disse aos filhos que quando decidíssemos dar-lhe alguma coisa devíamos antes dá-la à minha mãe, ele preferia que assim fosse.” Então, aqui está Kriola, “uma cachupa instrumental [que] desta vez viajou do batuku ao ozonto, da coladera ao grime, sempre com o tempero final dado pelo funaná que descansa no arriscar de um tarraxo”, segundo comunicado de imprensa. Ou, como explica Dino
D’Santiago, este disco chamase assim porque “o crioulo é resultado da mistura, não é nem o branco nem o preto”. O músico de Quarteira que em Janeiro subiu ao palco do Coliseu dos Recreios para cantar Sôdade com Madonna vê este disco acima de tudo como uma homenagem às suas raízes, uma vez que é filho de cabo-verdianos: “É uma homenagem a uma cultura, a uma revolução, a uma cidade, uma mulher, tudo em que a expressão crioula se possa desdobrar.” Quanto ao single, que já tem videoclipe assinado por João Pedro Moreira, é uma parceria com Julinho KSD, um dos jovens rappers portugueses com mais sucesso em 2019, autor do tema Sentimento Safari, e que aqui se aventura por outros ritmos. Fonte: Diário de Notícias
CELEBRIDADE
VIDAS
FAMÍLIA
FAMA
FESTIVAL
Em isolamento social, Giovanna Antonelli revela pormenor da casa e encanta fãs
Neide Sofia e Cilana Manjenje reatam amizade
Alicia Keys decidiu ter o segundo filho após pensar em abortar
Ex-’Casa dos Segredos’ grava vídeo atrevido durante quarentena
Festival Quintanilha Rock foi cancelado e só regressa em 2021
Tal como outras figuras públicas brasileiras, Giovanna Antonelli segue as recomendações das autoridades de saúde e tem ficado por casa, em quarentena, para evitar a propagação do coronavírus. Bastante activa nas redes sociais, a atriz, de 44 anos, encantou os fãs do Instagram, com uma publicação feita, no Sábado, dia 4 de Abril. Numa imagem, pode ver-se um pormenor da casa de Giovanna Antonelli: sobre a piscina, encontramse a flutuar dois unicórnios em forma de boias. “Em isolamento social!”, exclamou a protagonista da novela “O Clone”, na legenda da fotografia.
Uma amizade que já parece um relacionamento amoroso de tantas idas e vindas. Depois de alguns desentendimentos e promessas de não mais voltar a falar com Neide Sofia, Cilana Manjenje mostra que o laço que as une é maior que o motivo que causou o desentendimento entre ambas. Sem promessas de colaborações musicais, as cantoras decidiram mais uma vez seguirem-se nas redes sociais e já partilham comentários bonitos em fotos divulgadas. De salientar que Cilana e Neide pertenceram ao grupo Afrikanas e actualmente têm seguido carreiras independentes.
Alicia Keys deu uma entrevista à revista People, onde levantou um pouco do véu sobre a sua nova autobiografia, “More Myself”. A cantora revelou que quase abortou do seu segundo filho, Genesis, em 2014, quando estava a gravar o álbum “Here”: “Disse ao médico que não estava pronta. Estava a trabalhar num álbum, o meu marido [o produtor Swizz Beatz] tinha entrado em Harvard, e eu andava a beber bastante”. “Sentia que a música que eu estava a criar era mais importante e urgente que o resto. Teria que adiar o seu lançamento se escolhesse ter um bebé”.
Assim como milhares de pessoas espalhadas pelo mundo, também Vanessa Ferreira está em casa, em isolamento social voluntário, uma das medidas para ajudar a combater a pandemia do novo coronavírus. Nestes dias, a ex-concorrente da ‘Casa dos Segredos’ tem aproveitado para limpar a casa, como mostrou aos seguidores, mas sem nunca deixar de lado o seu lado mais ousado e sensual. Vanessa gravou um vídeo atrevido onde surge a dançar o tema ‘Vai Malandra’, de Anitta, Mc Zaac, Maejor ft. Tropkillaz & DJ Yuri Martins, enquanto se dedica às tarefas domésticas.
Marcado para o início de Julho, o Quintanilha Rock 2020, um dos festivais mais antigos de Trás-os-Montes, realizado em Bragança, foi cancelado devido ao contexto da pandemia Covid-19. O evento deverá regressar ao Parque do Colado, nas margens do Rio Maçãs, na aldeia de Quintanilha, em 2021, para assinalar a 20ª edição. “Falámos com a câmara, um dos principal parceiros, que já está cancelar eventos marcados para o mês de Junho. Da forma que está a evoluir a situação da Covid-19, cujo pico já se perspectiva para o meio de Maio, mesmo tendo uma ideia muito positiva, nunca no início de Julho poderemos fazer uma concentração de pessoas”, explicou Pedro Cepeda, porta-voz da organização do Quintanilha Rock.
ECONOMIA
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Bancos deverão dedicar 2,5% de activo líquido à produção nacional O custo do crédito a conceder a empresários que se proponham a produzir uma série de bens considerados essenciais, cuja produção nacional não satisfaz ainda a procura não deve ser superior a 7,5%
A
decisão é do Banco Nacional de Angola (BNA) e vem expressa no Aviso nº3/20 datado de 3 de Abril, I Série do Diário da República. Com este aviso, a autoridade monetária do país reforça as regras estabelecidas nos seus avisos anteriores sobre concessão de crédito pelas instituições bancárias aos produtores nacionais. O banco central adverte que no total do custo deverão estar inclusos a taxa de juro nominal e as comissões e tal crédito a conceder pelas instituições bancárias deve dar-se prioridade às operações apresentadas por cooperativas agrícolas e por Pequenas e Médias Empresas (PME’s). O BNA fi xa que no mínimo 2,5% do valor total do activo liquido registado no balanço de cada instituição fi nanceira bancária até 31 de Dezembro do ano anterior deve ser reservado a esta operação com vista a diversificação da economia. A lista de produtores a serem fi nanciados é vasta e nela destacam-se projectos dedicados à produção de arroz, avicultura, gado, bebidas, produtos do campo como cana-de-açúcar,
O BNA fixa que no mínimo 2,5% do valor total do activo liquido registado no balanço de cada instituição financeira bancária até 31 de Dezembro café e seus derivados, frutos tropicais, legumes, leite e derivados, madeira, mel, milho, pesca comercial, sabão e detergentes, sal comum soja e tubérculos, dentre outros. As instituições fi nanceiras com um total de activo líquido igual ou superior a 1 500 000
000,00 (mil e quinhentos milhões de Kwanzas) no último balanço (feito a 31 de Dezembro de 2019) estão orientadas a contratualizar no mínimo 50 novos créditos, enquanto as que apresentaram no balanço abaixo deverão assegurar no mínimo 20 novos créditos.
Lista de produtos a priorizar no crédito a) Arroz b) Artigos de higiene c) Avicultura, bovinicultura, ciprinicultura, suinicultura e derivados d) Bebidas, incluindo sumos e) Cana-de-açúcar e seus derivados f) Cimento g) Clinquer h) Cultura do café e seus derivados i) Embalagens j) Feijão e seus derivados k) Fruta tropical l) Legumes
m) Leite e seus derivados n) Madeira e seus derivados o) Mel p) Milho e seus derivados q) Oleo alimentar r) Palmar s) Pesca comercial, aquicultura e todas actividades relacionadas com a indústria da pesca t) Sabão e detergente u) Sal comum v) Soja w) Tinta para construção x) Tubérculos e derivados y) Varão de aço de construção z) Vidro
OPINIÃO
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CARLOS SEBASTIÃO (*)
Impacto do Covid-19 na redução do uso de papel e outros consumíveis
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o actual contexto, marcado pela pandemia global causada pelo COVID-19, assiste-se a um crescimento exponencial de organizações trabalhando de forma remota por intermédio de reuniões virtuais e outras acções também virtuais. Os gestores (e não só) tendem a adoptar cada vez mais as Tecnologias de Informação e Comunicação para a realização de vídeo-conferências com telepresenças e conferências web, de modo reduzir ao máximo os contactos físicos, considerados pela OMS como principal veículo de transmissão da doença. Com esta medida cria-se um cenário na arena mundial, onde reduzem-se longas e penosas reuniões, ao mesmo tempo em que se melhora a colaboração e a tomada de decisões, porque reuniões virtuais tendem na maior parte das vezes a ser mais objectivas. Do ponto de vista ambiental, os ganhos são imensuráveis. Têm que ver com a redução da circulação de documentos físicos, uma vez que estes circulam apenas em formato digital. Isto reduz consideravelmente o uso de papel que resulta do abate de árvores, um dos factores que têm provocado danos consideráveis ao Ambiente. Essas perdas redundam muitas vezes em alterações climáticas, sendo as consequências imprevisíveis a médio e longo prazos. Existe igualmente a vantagem relativa ao desuso de tinteiros, cujo descarte adequado tem sido um problema crítico em países em via de desenvolvimento, que na sua larga maioria não possuem infra-estruturas nem meios para o seu descarte ou manuseio sustentável depois do uso. E isto constitui um sério risco ambiental. Um outro aspecto, nada desprezível, a ter em conta é a diminuição do consumo de energia eléctrica. São muitas as lições que estão a ser proporcionadas pelo COVID-19, que está a criar um cenário de desafios e oportunidades, alinhado com o pensamento do jornalista Thomas Friedman que declarou
em 2005 que o mundo era agora “plano” e que a Internet e as comunicações globais reduziram consideravelmente as vantagens económicas e culturais dos países desenvolvidos (Laudon, 2012). Transportando para o contexto actual e considerando os desafios ligados a implementação dos 17 Objectivos do Desenvolvimento Sustentáveis, abre-se aqui uma janela de oportunidades para elucidarmos as gerações presentes e futuras. Está claro que podemos perfeitamente desenvolver nossas economias sem que para tal tenhamos que agredir o Ambiente na magnitude que assistimos actualmente, uma vez que as tecnologias de informação e comunicação nos fornecem tais ingredientes. No entanto, vale uma chamada de atenção: gostaríamos de lembrar aos gestores que apesar das vantagens inerentes ao uso das tecnologias de informação e comunicação como meio de partilha e troca de informação em cenários nos quais não possa haver presença física, é preciso não descurar os riscos associados. Um desses perigos tem que ver com o manuseio documentos confidenciais, uma vez que cenários como estes são a “ocasião que faz o ladrão”. Ou seja, abrem sempre uma janela de oportunidades para piratas informáticos que são indivíduos mal-intencionados, cujo propósito é violar a segurança da informação e dos sistemas informáticos, causando danos muitas vezes irreparáveis. Por isso, não será demais aqui exortar os gestores ao reforço dos mecanismos de segurança da informação (Forshaw, 2018).
*Director das TIC do MINAMB
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KAMIA MADEIRA
Confinados
E
ste bem podia ser o título de um fi lme de ficção científica apocalíptico, depois de Epidemia, Vírus ou Contágio e, em pleno Séc. XXI, a humanidade volta a enfrentar mais uma doença desta feita à escala planetária e esse será o registo que ficará para a história. É um facto que existem doenças recorrentes e que matam em números mais elevados, contudo esta estirpe do Coronavírus propagou-se de forma rápida e expõe as nossas fragilidades, não há continentes mais protegidos nem superiores, lidamos com algo invisível com uma grande capacidade de mutação e contágio, podendo comportar-se de forma diferente de paciente para paciente. Como é algo que não dominamos, os governos vão aprendendo com os erros e os exemplos uns dos outros, vemo-nos assim restringidos e a ficar em casa, lavar as mãos com água e sabão, espirrar num lenço, evitar contactos físicos e manter distância são algumas das medidas de protecção, curioso que são regras de higiene ensinadas desde que somos pequenos… O confinamento aguçou a necessidade de contacto e estamos todos online criando formas de distracção, há quem divulgue informações falsas, o célebre post das doenças nos anos 20 tem imprecisões históricas, a Peste Negra surge em 1343, a civilização Azteca morre a partir de 1545 e a Gripe Espanhola em 1918,mas ainda bem que somos criativos e solidários, e os artistas de todo o mundo nos têm brindado com concertos, peças teatrais, apresentações circenses ou apenas conversas sobre como enfrentar o isolamento. Os amantes das teorias da conspiração já vieram a terreiro afirmar que o vírus foi criado em laboratório, que a China lançou-o com o intuito de melhorar a sua economia e que agora é todo o sistema financeiro que ganha com isto, porque com esta crise tem uma justificação para não honrar com as
suas obrigações. De teorias da conspiração percebemos pouco, o que sabemos é que as economias sobrevivem com trabalho e se temos o mundo a meio gás como ficaremos depois disto? Talvez seja a crise que cria a cisão necessária para novos caminhos em que o capital e quem tem mais não fique superior aos restantes… Em 2003, tivemos SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), em 2009 a Gripe A e o Ébola em 2014, o mundo não voltará a ser o mesmo e dizem os estudiosos que estas doenças agressivas serão cada vez mais frequentes, talvez a pergunta que urge colocar é: O que andamos nós a fazer ao mundo? Somos de toda a história a geração mais acomodada, que não precisa caçar nem colectar para comer, que tem conforto, água e luz, com meios de locomoção supersónicos e gostava de afirmar que estávamos num mundo volátil, complexo, incerto e ambíguo e eis que o “próprio” na sua incerteza nos obriga a parar deixando-nos sem os afazeres frenéticos, obrigando-nos a aprimorar formas de trabalho à distância, de ensino e convivência. O isolamento social, está a aumentar os casos de violência doméstica e na China depois desse período o número de divórcios disparou, nós por cá temos famílias que sentem saudades das ajudantes do lar e pais e mães bendizendo os educadores e professores que ensinam os seus petizes. Mas temos também famílias em que os progenitores recorrem à venda como forma de sustento, não se tratando de insurreição o acto de não ficar em casa é mesmo necessidade e trocariam com alegria ofertas de chocolates e rebuçados por um prato de comida para alimentar os seus filhos…Improvisar nem sempre dá resultado estimado governante… Após a Covid 19, não seremos os mesmos, pois hoje sabemos o poder dos afectos, valorizamos as rotinas e temos até saudades de chegar a casa.O mundo enquanto estamos confinados, cura-se e talvez seja esta a nossa grande lição, não podemos continuar velozes e furiosamente tal qual hamsters, e esquecer que se a nossa casa não estiver bem, nós também não estaremos.
A maior rede de rádios privada de Angola uma rádio que se mantém no topo das audiências e que tem emissoras nas quatro províncias mais populosas (Luanda, Huambo, Benguela e Lubango).
O I D Á A R VA O N A D A L O G AN
mais informação mais entretenimento mais música
arte: Raul Santos
Luanda 99.1 F M Benguela 96. 3 Huambo 89.9 FM F Huíla 91.3 FM M
MUNDO
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Irão desenvolve próprio sistema de detecção rápida da COVID-19 Enquanto os EUA recusam levantar as sanções contra o Irão, em meio ao surto de coronavírus, Teerão é forçado a lutar contra o vírus por si só, sem apoio internacional
A
República Islâmica desenvolveu o seu próprio software, que utiliza a inteligência artificial na análise das tomografias computadorizadas dos pulmões para detectar rapidamente a COVID-19 em pacientes, informou o Governo iraniano no Sábado (4). A tecnologia permite aos médicos ver, instantaneamente, as imagens dos pulmões que possam estar infectados, enquanto antes os profissionais de saúde tinham que fazer a análise manualmente, de acordo com o vice-presidente iraniano da Ciência e Tecnologia, Sorena Sattari. “[…] Quando temos um grande número de pessoas nos hospitais
DR
As sanções impostas ao Irão tm criado dificuldades à luta contra a Covid-19
ou não temos acesso a um radiologista, este sistema pode ajudar, como se fosse um médico. A ferramenta pode ser usada como uma técnica remota e está à frente de todas as outras versões do mundo”, avançou o director da Sede Na-
“[…] Quando temos um grande número de pessoas nos hospitais ou não temos acesso a um radiologista, este sistema pode ajudar, como se fosse um médico. A ferramenta pode ser usada como uma técnica remota e está à frente de todas as outras versões do mundo”
cional de Operações contra o coronavírus, Alireza Zali, escreve Iran Press. Neste Sábado (4), o Irão revelou o software de inteligência artificial, de produção nacional, que ajuda os médicos a diagnosticar o novo coronavírus analisando as imagens das tomografias computadorizadas. A ferramenta inovadora foi desenvolvida em apenas um mês graças aos esforços conjuntos de universidades iranianas. Devido às sanções impostas pelos EUA, o Irão regista escassez de equipamentos médicos essenciais, fazendo com que Teerão procurasse apoio de várias organizações internacionais solicitando a revogação das restrições económicas. O secretário-geral adjunto das Nações Unidas para 0s Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, e o presidente da Assembleia Geral da ONU, Tijjani Muhammad-Bande, exortaram os EUA a atenuarem as sanções durante o surto do novo coronavírus.
Trump sobre ‘pirataria’ de equipamentos contra COVID-19: ‘Precisamos das máscaras’ O presidente Donald Trump rejeitou as acusações de “pirataria moderna” em relação à proibição de exportações de máscaras da empresa 3M e apreensão de carregamentos destinados aos seus aliados na Europa
A
Casa Branca exigiu, na S ex t a-feira (3), que a maior fabricante mundial de máscaras respiratórias 3M deixasse de exportar as suas máscaras N95 para o Canadá e para a América Latina, a fim de fornecer principalmente aos próprios EUA. “Não teve actos de pirataria. Foi o oposto […] Estamos muito decepcionados com a 3M. Eles podem vender a outros, mas deviam estar cuidando do nosso
país”, lamentou o líder americano. Sem esclarecer exactamente o que quis dizer com “oposto da pirataria”, Trump sugeriu aparentemente que existiam alguns motivos perfeitamente legais para apreender remessas internacionais. “Precisamos das máscaras, não queremos que outros as obtenham. É por isso que estamos a usar a Lei de Produção de Defesa [DPA, na sigla em inglês] de forma muito poderosa. Você pode chamar isso de retaliação, porque é isso que é, é uma retaliação. Se as pessoas não nos derem o que precisamos, sere-
mos muito duros”, alegou Trump, prevendo que o coronavírus irá causar “muitas mortes” no seu país nas próximas semanas. A multinacional 3M alertou a administração norte-americana para os perigos de invocar a DPA para limitar as suas exportações de fábricas americanas para outros países e perturbar complexas redes de abastecimento globais. Represálias de países “Cessar todas as exportações de máscaras respiratórias produzidas nos EUA causaria provavelmente represálias por parte de ou-
tros países, que fariam o mesmo, como alguns já fizeram. Se isso acontecesse, o número líquido de máscaras disponibilizadas para os EUA diminuiria efectivamente”, afirmou a 3M em declaração. No início desta semana, uma entrega de 200 mil máscaras provenientes de uma fábrica da 3M na China, destinada a Berlim, foi confiscada e desviada para os
EUA, segundo o ministro do Interior alemão Andreas Geisel, que envergonhou os “parceiros transatlânticos” por esse “acto de pirataria moderna”. Os EUA já registraram 312 mil casos de infecção pelo SARSCoV-2, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. Destes, 8,5 mil pessoas infectadas morreram e quase 15 mil recuperaram.
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DR
Comandante do Hezbollah alegadamente próximo de Soleimani é morto no Líbano, diz mídia Trump volta a ameaçar com san-
Trump ameaça impor tarifas à importação de petróleo para ‘proteger’ empresas dos EUA
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rump não descarta a imposição de tarifas à importação de petróleo, após os preços despencarem em função do coronavírus e das divergências entre Arábia Saudita e Rússia. Em 2019, os EUA importaram 1 milhão de barris por dia destes dois países. Neste Sábado (4), o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que não descarta a imposição de tarifas aduaneiras à importação de petróleo para “proteger” as empresas e trabalhadores dos EUA. “Se eu precisar impor tarifas ao petróleo vindo do exterior ou se precisar fazer algo para proteger nossas dezenas de milhares de trabalhadores do setor da energia e nossas óptimas empresas que geram todos esses empregos, vou fazer tudo o que for necessário”, disse Trump durante uma conferência de imprensa. Os preços do petróleo despencaram em mais de 60% neste ano, em meio à pandemia de COVID-19 e à ausência de um acordo sobre o volume de produção entre dois gigantes do mercado energético mundial, a Rússia e a Arábia Saudita. Nos últimos anos, os EUA entraram na lista de maiores produtores de petróleo do mundo. Apesar de consumirem internamente boa parte do volume produzido, os EUA por vezes exportam volumes comparáveis aos dos me A recente queda brusca nos preços do petróleo coloca em risco muitas empresas norte-americanas. Após reunião com executivos do sector de energia norte-americano, nesta Sexta-feira (3), Donald Trump afirmou não estar a considerar a imposição de tarifas imediatamente, mas que poderia usar o instrumento “se não formos tratados de forma justa”.
O comandante do Hezbollah, milícia xiita libanesa, Ali Mohammed Younis, foi assassinado por desconhecidos no Sul do Líbano neste Sábado (4) relata o diário iraniano Tasnim
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ounis era “responsável por recrutar espiões e colaboradores”, de acordo com informações não oficiais, escreve a mídia iraniana. O comandante do Hezbollah foi assassinado a sul de Nabatiyeh, o seu corpo foi encontrado na beira da estrada com ferimentos causados por faca e balas. Ali Mohammed Younis era um colaborador próximo do general Qassem Soleimani, chefe da Força Quds da Guarda Revolucionária do Irã, morto em um ataque
aéreo dos EUA em Janeiro passado, escreve a agência iraniana Tasnim. Anteriormente, o Pentágono ordenou aos comandantes militares que planeassem uma escalada dos recursos de combate americanos no Iraque, informou The New York Times na Sexta-feira (27), citando altos responsáveis anónimos que afirmam estar familiarizados com a directiva. O assassinato do general Qassem Soleimani aumentou a tensão entre Teerão e Washington. Em retaliação, o Irão atacou bases usadas pelos norte-americanos no Iraque.
Ali Younis era um dos mais próximos colaboradores de Qassem Soleimani
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Com aumento de mortes, estratégia ‘liberal’ da Suécia para combater COVID-19 é alvo de críticas Com cerca de 30 mortes diárias por COVID-19, a Suécia reluta em impor quarentena, com a vida seguindo o curso normal na capital, Estocolmo. “Precisamos controlar essa situação”, diz especialista
A
Suécia é, freq u e nte m e nte, apontada como um país excepcional em relação a indicativos sociais, segurança e qualidade de vida. No entanto, em meio à pandemia de COVID-19, o país escandinavo é também excepção por ser um dos únicos na Europa a não impor quarentena nacional. Apesar dos 6.443 casos de COVID-19 confirmados na Suécia e
373 vítimas fatais, os moradores da capital, Estocolmo, continuam a ir aos restaurantes e mandando os filhos para a escola. A abordagem “liberal” de combate ao novo coronavírus adoptada pela Suécia, que visa minimizar a perturbação da vida social e económica, no entanto, é alvo crescente de críticas. “Não temos escolha, temos que fechar Estocolmo agora”, disse Cecilia Soderberg-Naucler, professora de Patogênese Microbiana no Instituto Karolinska.
Os contágios e mortes sobem na Suécia, mas autorisdades descartam decretar emergência nacional
Sodeberg-Naucler se inclui no grupo de 2.300 acadêmicos que assinaram uma carta aberta ao governo a pedir medidas mais enérgicas de combate à COVID-19. “Precisamos controlar essa situação, não podemos deixar que ela chegue a uma situação de caos. Ninguém ainda tentou esse caminho, então por que teríamos que testá-lo pela primeira vez na Suécia, sem haver consentimento?”, questiona a professora. Nesta Sexta-feira (3), a Sué-
cia confirmou 612 casos em 24 horas, alcançando a marca de 6.000 casos de COVID-19. De acordo com a Agência de Saúde da Suécia, a média de mortes diária é de 25 a 30 pacientes. ‘Tempestade’ em Estocolmo Existem sinais de que o novo coronavírus esteja a espalhar-se rapidamente em asilos na capital sueca. Agentes de saúde reportaram escassez de material adequado de proteção pessoal para combater a pandemia, conforme reportou a Reuters.
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Mortes por COVID-19 estabilizam, ministro da Saúde da Itália está atento à próxima fase O ministro da Saúde da Itália delineou planos, no Domingo, para testes mais amplos e serviços de saúde reforçados, como parte de um pacote de medidas que seguiriam uma futura flexibilização do bloqueio de coronavírus no país
R Os dirigentes dos países mais afectados pela Covid-19 têm posto em causa a sustentabilidade do projecto União Europeia num cenário pós-Covid-19 como é o caso do primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez
‘Os nossos cidadãos estão a morrer’: primeiro-ministro espanhol questiona futuro da Europa pós-COVID-19 Primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, põe em dúvida o futuro da União Europeia, caso não haja solidariedade durante pandemia de COVID-19, em artigo publicado neste Domingo (5)
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primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, publicou um artigo no qual pede a solidariedade europeia, sob pena de o projecto da União Europeia ficar “severamente prejudicada”. “A Europa está a lidar com a sua pior crise desde a Segunda Guerra Mundial. Nossos cidadãos estão a morrer, ou a lutar pelas suas vidas, em hospitais lotados”, escreveu Sánchez. Frustrado com a resposta europeia à pandemia de COVID-19, o primeiro-ministro espanhol alertou que essa “guerra contra um inimigo invisível” está a colocar “o projecto europeu à prova”. A Espanha é o segundo país mais afectado pelo novo coronavírus no mundo (e o primeiro na Europa), com 130.759 infectados. “Chegamos a um ponto crítico,
no qual mesmo os países e governos pró-europeus mais fervorosos, como a Espanha, precisam de provas reais de comprometimento”, declarou Sánchez. Para ele, “sem solidariedade não há coesão. Sem coesão, só haverá insatisfação e a credibilidade do projecto europeu será severamente prejudicada”, escreveu no artigo publicado pelo The Guardian. O primeiro-ministro propôs que a Europa “construa uma economia de guerra”, um plano que apelidou de “novo Plano Marshall”, em referência ao plano económico de reconstrução da Europa adoptado após a Segunda Guerra Mundial. “A Europa nasceu das cinzas da destruição e do conflito. Aprendeu as lições da história e compreendeu algo muito simples: se não ganharmos todos, no final, todos perdemos”, escreveu. No entanto, Sánchez lembrou
que essa crise é sem precedentes e demanda novas soluções. “Entramos numa nova era e precisamos de novas respostas. Vamos manter os nossos valores positivos e reinventar todo o resto”, propôs. A Espanha é o segundo país no mundo com maior número de mortos por COVID-19, com 12.418 vítimas fatais, atrás somente da Itália. “A Espanha sempre protegeu e defendeu o projecto europeu. Chegou a hora da reciprocidade”, asseverou o primeiro-ministro. O número total de casos de COVID-19 no mundo ultrapassa 1 milhão e 200 mil. Mais de 64 mil pessoas faleceram em consequência do vírus. Os países com maior número de casos são os EUA, Espanha e Itália. A Espanha, com 130.759 infectados, é o segundo país com maior número de casos no mundo.
oberto Speranza disse que é muito cedo para dizer quando a Itália poderá suspender as medidas impostas em todo o país em 9 de Março, quando se tornou o primeiro país da Europa a impor um bloqueio geral para retardar a propagação do vírus. Com mais de 15 mil mortos, a Itália tem o maior número de mortes por doenças no mundo, sendo responsável por quase um quarto de todas as mortes no planeta. Mas o governo também está a enfrentar a devastação económica causada pela súbita interrupção dos negócios em todo o país. “Há meses difíceis pela frente. A nossa tarefa é criar as condições para conviver com o vírus ”, pelo menos até que a vacina seja desenvolvida, disse ele ao jornal La Repubblica, acrescentando que algumas medidas de distanciamento social também teriam que permanecer. O menor aumento diário das mortes por COVID-19, em quase duas semanas, no Sábado, e a primeira queda do número de pacientes em terapia intensiva alimentaram esperanças de que a epidemia possa ter atingido um pico na Itália e concentraram a atenção na próxima fase da crise. O bloqueio nacional, que limita estritamente os movimentos das pessoas e o congelamento de todas as actividades eco-
nómicas não essenciais, durará oficialmente até pelo menos 13 de Abril, mas espera-se que seja ampliado. “Se não formos rigorosos, arriscamos jogar fora todos os esforços que fizemos”, disse Speranza em comentários separados ao diário Corriere della Sera. Speranza disse que havia emitido uma nota a descrever cinco princípios em torno dos quais o governo planeava administrar a chamada “segunda fase” da emergência, quando as restrições ao bloqueio começaram a ser atenuadas, mas antes do retorno total às condições normais. Ele disse que o distanciamento social teria que permanecer, com o uso mais amplo de dispositivos de protecção individual, como máscaras faciais, enquanto os sistemas de saúde locais seriam fortalecidos, para permitir um tratamento mais rápido e eficiente dos casos suspeitos de COVID-19. Os testes e o “rastreamento de contactos” seriam estendidos, inclusive com o uso de aplicativos para smartphones e outras formas de tecnologia digital, enquanto uma rede de hospitais dedicada exclusivamente ao tratamento de pacientes com COVID-19 seria montada. “Até que uma vacina seja distribuída, não podemos descartar uma nova onda do vírus”, disse ele.
Ministro da Saúde, Roberto Speranza, ainda não sabe quando levantar as medidas de confinamento na Itália
OPINIÃO
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KAJIM BAN – GALA
Fusão equivocada
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ão é necessário, para compreender a singularidade da matéria do ambiente, frequentar universidades. O simples cidadão não aprende nas universidades as matérias relacionadas com a ecologia. Basta saber ouvir e dar uma vista de olhos pelo microcosmo que o rodeia. Todo o homem vive cercado pelo ambiente. Todos os homens e mulheres, incluindo os que fazem parte dos governos. Também as suas famílias. As famílias são núcleos de primeira ordem na observação e defesa do saneamento básico. É no saneamento básico que nasce e se consolida a consciência ambiental. Nas aldeias, nos kimbos, nas sanzalas, devem começar as acções metodológicas e sobretudo educativas sobre a defesa do meio - ambiente. Nas escolas, de base e nas universidades, a disciplina do ambiente deve ser intensamente ensinada, nas primeiras classes, depois aprofundadas no
ensino superior, a tal ponto que nenhum angolano venha dizer nunca ter ouvido uma palavra relacionada com o ambiente. Nos autocarros e nos aviões, nos barcos e nos camiões, que as pessoas conversem sobre preservação do ambiente. O tema ambiente é inerente a vida da humanidade. Mas, parece que alguns países, mesmo acossados pelo coronavirus, não aprendem com
Nos autocarros e nos aviões, nos barcos e nos camiões, que as pessoas conversem sobre preservação do ambiente
as lições do “professores covid19”. Angola, com uma das mais densas e modernas legislações ambientais, a contra sensu, está prestes a precipitar- se num equívoco: a inclusão, errada, do Ministério do Ambiente, no processo de fusão de departamentos ministeriais em curso. Está escrito no preâmbulo da Lei 5/ 98, de 19 de Junho:” A experiência acumulada nos últimos anos, tanto a nível nacional como internacional, tem produzido uma nova consciência global acerca das implicações ambientais do desenvolvimento humano. Bastava ao TPE ouvir e sentir esta mensagem e suspenderia a execução da ideia: até porque, será tarde, o dia do arrependimento.Depois de 2020, nenhum país, adepto da práticas de boa governação, de arriscará a ser olhado de esguelha, nas assembleias das Nações Unidas, por ter negligenciado tanto o ambiente, a ponto de lhe atribuir uma secretaria dentro de um ministério difuso e confuso.
DESPORTO
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O PAÍS Segunda-feira,06 de Abril de 2020
“Ainda não é possível sobreviver deste projecto” Depois de em 2010
ter lançado a escolinha de futebol, o presidente do Recreativo Social e Desportivo Guelson FC e mentor do projecto, Pembele André Pedro, disse, ontem, em exclusivo a O PAÍS, que vai apostar também na massificação do andebol feminino
Mário Silva
C Presidente do RSD Guelson FC, Pembele André Pedro
omo surgiu a ideia da criação da equipa de andebol?
A ideia surgiu depois que legalizamos o projecto, pois que uma das exigências é que o clube deve movimentar dez modalidades. Já estamos em duas o que abre boas perspectivas para o futuro que pretendemos. Neste momento, estamos a trabalhar com 120 atletas do sexo feminino nos escalões infantis, iniciados e juvenis. As meninas para fazerem parte da equipa pagam alguma quantia? O nosso nome, Recreativo So-
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27 Municipal do Kilamba Kiaxi que nos concedeu o Campo Multiusos da Divina junto ao antigo controlo do Golfe. O recinto tem piso adequado à prática do andebol? Na verdade, não é dos melhores, mas também não é dos piores. Ainda assim, dá para que a nossa equipa possa desenvolver o desporto das sete linhas. Aliás, estamos a trabalhar junto do Ministério da Juventude e Desportos para reabilitar o campo como fez com o recinto do Atlético Sport Aviação (ASA), de modo que o clube possa apostar no voleibol, basquetebol e o futebol salão (futsal).
Equipa numa sessão de treinos
Quantos treinadores tem a equipa? Temos quatro técnicos que diariamente ensinam o ABC da modalidade. São pessoas que têm formação em andebol, sendo que os mesmos participaram nos cursos da Federação Angolana de Andebol (FAAND). Tem parceria com algum clube para que as atletas com maior qualidade técnica e táctica possam evoluir? De momento não. Mas, tivemos a visita, recentemente, do presidente de direcção do 1º de Agosto, Carlos Hendrick, e como temos uma parce-
Atletas do RSD Guelson (vermelho) num jogo do provincial.
O piso de cimento já clama por uma intervenção
cial e Desportivo Guelson FC, diz tudo. Em princípio, a inscrição é grátis, as candidatas devem apresentar duas fotografias tipo passe, cópia do Bilhete de Identidade da mesma e dos seus encarregados de educação. As portas da nossa equipa do desporto das sete linhas está aberta para futuras atletas com ida-
des compreendidas entre 6 e 16 anos. No próximo ano é bem possível que já teremos o escalão de júnior, pois poderemos receber candidatas com 18 anos. Onde é que a equipa realiza a sessão de treinos? Temos o apoio institucional da Administração
Temos quatro técnicos que diariamente ensinam o ABC da modalidade. São pessoas que têm formação em andebol, sendo que os mesmos participaram nos cursos da Federação Angolana de Andebol (FAAND)
ria no futebol estamos a pensar em alargar para o andebol, o que será bom para nós, porque a equipa militar é uma das melhores do país e de África. Por outro lado, tentamos contactar o Petro de Luanda para ser nosso parceiro, mas não houve abertura. Lamentavelmente! Há quanto tempo existe o seu projecto? Na verdade, o projecto completa no próximo dia 10 deste mês, dez anos de existência, porém a equipa de andebol está apenas há três. Durante uma década, conquistamos o nosso espaço devido ao rei-futebol. Por esta razão, pretendemos que o futebol possa caminhar de mãos dadas com o andebol que embora de forma tímida já começou a dar frutos. Temos jogadoras no Sporting, no Ferrovia e na Cássia FC, todas equipas de Luanda. Sabe-se que o futebol é o cartão de visita da sua agremiação. Além do médio ofensivo do 1º de Agosto, Zito Luvumbo, há mais atletas noutras equipas? Claro que há. Só na equipa central das Forças Armadas Angolanas temos mais de cinco jogadores, mas tudo no âmbito de uma parceria que temos. Ainda em Luanda, temos também jogadores no processo de formação na Academia de Futebol de Angola (AFA), no Interclube, no Estoril e no Petro de Luanda. E no estrangeiro? No Brasil, temos o jovem Estefânio Camiaca que prossegue a sua formação no Grémio de Santa Reis. Já consegue sobreviver deste projecto? Apesar dos frutos que tem dado na descoberta de novos talentos para o futebol, no caso, ainda não é possível sobreviver deste projecto, porque não há retorno naquilo que gastamos durante as competições provinciais e nacionais. Aliás, segundo o regulamento da FIFA na fase de formação não é permitido a venda de jogadores, temos é que ceder para outros clubes para que possam dar continuidade o processo de formação. Depois do jogador completar 18 anos, idade adulta, poderemos receber alguma coisa de acordo com o direito de formação.
CLASSIFICADOS emprego
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imobiliรกrio
diversos
Maria Teixeira, Jornalista do Jornal OPAĂ?S
TEMPO
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Fonte: INAMET Das 18 horas do dia 05 às 18 horas do dia 06 de Abril de 2020.
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES Ê
Válida de 06 a 08 de Abril de 2020 Ê
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) Ê
Ê
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 06 a 08 Abril 2020Ê Data 06/04/ 2020
CIDADE
Mín
Estado do Tempo
Máx
Data 07/04/ 2020 Mín
Máx
Estado do Tempo
Data 08/04/ 2020 Mín
Máx
Estado do Tempo
LUANDA
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Céu nublado a muito nublado
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Parcialmente a pouco nublado
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Pouco parcialmente nublado
CABINDA
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Céu nublado, chuva moderada
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Parcialmente nublado, chuvisco
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Céu nublado a muito nublado
SUMBE
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Parcialmente a pouco nublado
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Céu nublado a muito nublado
19
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Parcial a muito nublado
CAXITO
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Parcial a muito nublado
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Céu nublado a muito nublado
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Céu parcialmente nublado
MBANZA CONGO
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Céu nublado, chuva fraca
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Céu nublado a muito nublado
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Pouco parcialmente nublado
UIGE
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Céu nublado, chuvisco
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Céu parcialmente nublado
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30
Céu parcialmente nublado
NDALATANDO
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Parcialmente a pouco nublado
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Céu parcialmente nublado
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Céu nublado chuva fraca
MALANJE
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Céu nublado a muito nublado
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Céu nublado a muito nublado
18
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Céu parcialmente nublado
DUNDO
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Céu parcialmente nublado, chuva fraca
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Céu nublado, chuva moderada
17
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Céu nublado, chuva fraca
SAURIMO
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Céu nublado, chuva fraca
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Céu parcial a nublado, chuva moderada
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Céu nublado, chuva moderada
BENGUELA
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Parcial a pouco nublado
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Pouco nublado limpo
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Pouco ou parcialmente nublado
HUAMBO
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Céu nublado a muito nublado, chuva fraca
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Céu nublado, chuva fraca
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Céu parcialmente nublado
CUITO
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Céu nublado, chuvisco
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Céu parcialmente a nublado, chuva fraca
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Céu parcialmente nublado
LUENA
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Céu nublado, chuva moderada/trovoada
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Céu nublado, chuva fraca
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Céu nublado, chuva faca a moderada
LUBANGO
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Céu nublado, chuva fraca
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Parcial a muito nublado
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Céu parcialmente nublado
MENONGUE
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Céu parcialmente nublado, chuva fraca
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Parcialmente nublado, chuvisco
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Céu nublado, chuva fraca
MOÇÂMEDES
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Céu parcialmente nublado a limpo
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Céu parcialmente nublado a limpo
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Pouco nublado a limpo
ONDJIVA
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Céu parcialmente nublado a limpo
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Céu nublado a muito nublado
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Céu nublado a muito nublado
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O (s) Meteorologista (s): José Cachimbuandungue & Basília Maia.
REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu nublado, apresentando-se parcialmente nublado nas províncias de Luanda, Bengo, Cuanza-Sul, Zaire e LundaNorte. Probabilidade de ocorrência de chuva fraca a moderada e acompanhada de trovoadas em alguns municípios das províncias de Cabinda, Lunda-Norte, LundaSul e Malanje. Chuva fraca em alguns municípios das províncias do Zaire e Uíge. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu nublado pela madrugada e manhã, apresentando-se parcialmente nublado na província de Benguela durante a tarde. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca a moderada em alguns municípios das províncias do Moxico, Huambo e Bié. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu nublado, apresentando-se muito nublado nas províncias da Huíla e Cunene. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca em alguns municípios das províncias da Huíla e Cuando Cubango.
Luanda, 05 de Abril de 2020
Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.aoÊ
TEMPO NO MAR
BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00 TU DO DIA 05 DE ABRIL DE 2020:
Circulação do vento Sul-Sudeste moderada entre os paralelos 4°S e 06°S e moderada de Sul-Sudeste entre os paralelos 06°S e 18°S
2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ ÀS 18:00 TU DO DIA 06 DE ABRIL 2020: 3. SEM AVISO
Fonte: INAMET
4. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 05/04/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 05/04/2020
O anti-ciclone de Santa Helena encontra-se estacionário no Sudoeste da África Austral com tendência de evolução e com a pressão central de 1025hPa. Prevê-se mar agitado na região marítima de Benguela até ao Namibe, com o vento a variar de 18 a 25 Nós e ondas de 1.5 a 2.5 m. Prevê-se visibilidade moderada pela madrugada e manhã, inferior a 5 Km, na região marítima de Cabinda.
5. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.
OPINIÃO
O PAÍS Segunda-feira,06 de Abril de 2020
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DANI COSTA
Entre rebuçados e lágrimas
U
m dos mais intrigantes chefes de Estado no mundo deverá ser o filipino Rodrigo Duterte ‘Digong’. Há muito que os seus métodos de actuação, com fulizamentos à mistura, na luta contra o crime, começaram a ser criticados, sobretudo pelas organizações de defesa dos direitos humanos, embora o próprio acredite ter surtido os efeitos desejados no seu país, as Filipinas. Extremista o quanto baste, ‘Digong’ recorreu aos mesmos métodos para convencer os seus concidadãos a manterem-se em casa por causa da crise económica, sanitária e até política que o coronavírus impôs ao mundo. No auge desta pandemia, que vai assolado o planeta, agora com maior incidência nos Estados Unidos da América, que num curto espaço de tempo se tornou no país com mais casos, enquanto que no ranking de mortes ainda pontifiquem países também do primeiro mundo, como a Itália e a Espanha, no continente europeu. Num relato que pude ler ontem no site do jornal brasileiro OGLOBO, vários especialistas são unânimes em que nestes países desrespeitou-se uma série de procedimentos que deveriam ser tomados em relação à doença, razão pela qual hoje o preço a pagar é cada vez mais alto. Das dezenas de mortes registadas nas primeiras semanas, hoje são milhares, tanto no Velho continente quanto na América, independentemente dos sistemas de saúde de primeira linha existente. Em alguns estados, como de Nova Iorque, por exemplo, os governadores acabaram por atirar a toalha ao tapete, não sabendo como combater a doença, numa fase em que nem mesmo a ciência consegue dar esperanças de
uma solução breve. Quem diria que o principal cultor dos direitos humanos, os Estados Unidos da América, estivessem, hoje, envolvidos em polémicas acusações de ‘roubo de máscaras ou desvio de ventiladores adquiridos por outros países’ para poder salvar os seus cidadãos, mandando para as urtigas princípios e valores que durante décadas nortearam as relações internacionais É neste mesmo emaranhado de coisas em que Angola e, particularmente, os angolanos sem recursos financeiros se poderá envolver caso a situação saia do controlo. Razão pela qual unicamente, nesta fase do campeonato, se pede aos cidadãos que fiquem em casa, para se atenuar os efeitos da pandemia e cortar uma possível contaminação em cadeia caso se verifiquem casos comunitários. A declaração de Estado de Emergência em Angola obedeceu a determinados critérios que não permitiam que continuássemos a viver como se nada estivesse a acontecer ao nosso redor. Ao lado já uma República Democrática do Congo, com quem partilhamos uma extensa fronteira, conhecia os primeiros casos, e na Namíbia também outros se iam registando. Apesar dos temores, numa atitude quase arriscada tendo em conta o nível de (des) organização de determinados sectores da nossa sociedade, fundada quase desde a independência no mercado informal, sobretudo, permitiu-se que os cidadãos, entre homens e mulheres, continuassem a exercer as suas actividades nos mercados informais e outros na venda ambulante. Sob pretexto de uma luta pela sobrevivência, tendo em conta que nem todos têm capacidade de armazenar e usufruir de recursos que nos permitam estar em casa sossegadamente, foi permitido que determinados sectores continuassem a exercer as suas activi-
dades. Do mesmo modo, por falta ou não de um forte suporte social que possibilitasse a assistência dos milhares de cidadãos que habitam na capital, assiste-se a uma série de incumprimentos ao declarado Estado de Emergência.
É neste mesmo emaranhado de coisas em que Angola e, particularmente, os angolanos sem recursos financeiros se poderá envolver caso a situação saia do controlo
Quem circula por Luanda, sobretudo na sua periferia, concluirá que há de tudo menos a adopção de medidas extraordinárias, próprias de um momento como o que temos que viver. Os mercados existem, os horários não são respeitados, a Polícia em algum momento começa a sentir-se retraída dado ao excesso de críticas por parte de determinados sectores da própria sociedade, em parte por causa de alguns excessos registados inicialmente. E o rol de críticas avolumouse quando o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, na última conferência de imprensa em que participou, acabou mal compreendido por causa da referência que fez de que a Polícia não está para distribuir ‘rebuçados e chocolates’, embora tivesse explicado, no mesmo instante, que o sentido era de que a coorporação seria implacável para com os que estão a desacatar as orientações emanadas. Não tendo sido definidas nem
apresentadas apologias duetertinas, por nenhum dos representantes do Executivo, além das críticas que vão sendo feitas, é importante que se redobrem os esforços no sentido de se convencer as pessoas a cumprirem escrupulosamente o que está estipulado. Numa sociedade com poucos crimes, como se vê em alguns países nórdicos, a Polícia e outras instituições castrenses têm poucas margens para erros. Se muitos respeitassem os limites de um metro cada – há quem diga que é necessário mais-, vender até ao tempo limite, evitar as maratonas e as saídas desnecessárias, não teríamos muito que nos preocupar com a dimensão das palavras de Eugénio Laborinho. Se o tempo pudesse voltar atrás, acredito que a esta hora os italianos, espanhóis e até norte-americanos preferissem rebuçados e não lágrimas, como as que vão sendo derramadas.
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O PAÍS Segunda-feira,06 de Abril de 2020
O QUE SABER SOBRE O CORONAVÍRUS… Australianos dizem que um medicamento antiparasitário mata novo vírus em 48 horas Chama-se Ivermectina e investigadores australianos garantem que uma única dose deste medicamento que serve para tratar piolhos e outros parasitas conseguiu eliminar o novo Coronavírus em testes de laboratório. (“in vitro”). É produzido pela farmacêutica portuguesa Hovione, que pede cautela e espera por ensaios clínicos Diário de Notícias
I
nvestigadores australianos garantem ter descoberto que um medicamento chamado ivermectina, que está disponível em todo o mundo e é produzido por uma farmacêutica portuguesa, consegue com uma dose única eliminar o Covid-19 em dois dias. Num estudo liderado pelo Biomedicine Discovery Institute (BDI) da Monash University em Melbourne (Austrália), em conjunto coma Peter Doherty Institute of Infection and Immunity (Doherty Institute), foi provado que em culturas de células o medicamento anti-parasitário (utilizado por exemplo no combate aos piolhos] mata o vírus que está a causar uma pandemia mundial. “Descobrimos que mesmo uma dose única poderia eliminar todo o RNA viral dentro de 48 horas e, além disso, às 24 horas há uma redução realmente significativa”, disseram os investigadores, cujo trabalho foi publicado na revista Anti-viral. Este medica-
mento, aprovado por várias agências de medicamentos, incluindo a americana, também demonstrou ser eficaz “in vitro”, segundo os investigadores, contra uma ampla gama de vírus, incluindo VIH, Dengue, Influenza e Zika. No entanto, os testes ainda não foram realizados em pessoas. “A ivermectina é amplamente usada e é considerada uma droga segura. Precisamos determinar agora se a dose que pode ser usada em humanos será eficaz, esse é o próximo passo. Agora, quando temos uma pandemia global e não há tratamento aprovado, se tivéssemos um composto que já estava disponível em todo o mundo, isso poderia ajudar as pessoas mais cedo. Realisticamente, levará um tempo até que uma vacina amplamente disponível seja aplicada”, afirmam os investigadores. Medicamento produzido em Portugal O Ivermectine é um desparasitante produzido pela farmacêutica portuguesa Hovione, segundo a Rádio Renascença, que ouviu o director comercial da marca sobre a
descoberta australiana. Marco Gil manifestou-se cauteloso perante o estudo sobre este medicamento que é sobejamente conhecido desde os anos 80 do século passado, já que era usado para combater diversas doenças como a cegueira dos rios. Em declarações à RR, Marco Gil recordou essa bagagem toda que o Ivermectin tem e que, de resto já valeu o prémio Nobel a dois investigadores pela aplicação em África salvando milhares de pessoas. Ainda à rádio, Marco Gil lembrou que “neste momento, têm de ser feitos estudos de fase três - já em pacientes - e terá de descobrir-se a dose terapêutica, para se apurar se, de facto, essa dose está dentro dos limites de toxicidade com que pode ser usado este produto”, mas reconhece que o facto de se conhecer a molécula há décadas “acelera o processo”. Ainda que tenha apontado um horizonte de seis a nove meses para conhecer o resultado da eficácia do medicamento. O responsável da Hovione admitiu limitações na produção em grande escala do medicamento num curto espaço de tempo. “Depende das quantidades e da população a tratar e, evidentemente, haverá depois limitações e um tempo de adaptação para conseguir aumentar de forma exponencial a produção caso venha a ser necessário”, disse à RR. Ainda assim, o Ivermectin não tem patente, é um genérico e, por isso, a produção em larga escala poderá ser realizada em outros países e não será cara. Marco Gil trava expectativas exageradas sobre a administração rápida do medicamento, explicando que, se por um lado o Ivermectin “não tem efeitos secundários relevantes, sendo de administração segura, muito estudado há muitos anos, e, desse ponto vista traz a segurança de ser um produto com toxicidade baixa”, por outro lado “dependerá muito da dose terapêutica que será necessário administrar aos doentes do Covid-19”.
“O
álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”. “Não sacudam! Esfreguem
as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usála pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.