DEPUTADOS ASSEGURAM QUE PROLOGAMENTO DO ESTADO DE EMERGÊNCIA VAI EVITAR DANOS MAIORES
EXECUTIVO ADOPTA MEDIDAS DE CHOQUE PROTECTORAS DO SECTOR PRODUTIVO
Para o MPLA, a prorrogação do estado de emergência reforça as medidas de prevenção e de combate ao Covid-19 e constitui uma estratégia de antecipação aos esforços que, eventualmente, a pandemia poderia exigir. A Oposição votou a favor, mas apela para a necessidade de reforço das medidas sanitárias. P. 8
Protecção a investimentos que tenham mais de 50% de incorporação de factores de produção nacionais e que promovam exportações são algumas das várias medidas adoptadas pelo Governo no âmbito do esforço de combate às sequelas do Covid-19. P. 18
OPAÍS
Director: José Kaliengue
O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA
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Edição n.º 1803 Sexta-feira, 10/04/2020 Preço: 40 Kz
Dr
DAniEL MiGuEL/ArquivO
“SE COVID FOSSE UM PRESIDENTE DE QUALQUER OUTRO PAÍS, SERIA TALVEZ O MAIS TEMIDO E RESPEITADO” ● Professor universitário, Augusto Caetano João é um dos nomes
mais conhecidos da Academia. Já passou por algumas das principais universidades do país, entre públicas e privadas, mas hoje empresta o seu saber na universidade Católica de Angola, onde dirige a Faculdade de Economia. Frontal, espera que se comece já a debater os estragos que o Covid-19 está a criar à nossa economia, ao mesmo tempo que espera que se ultrapasse os discursos para que a diversificação da economia seja uma realidade. P. 20
COVID-19
PAUSA NOS CONTÁGIOS 358 CASOS SUSPEITOS EM FOCO: O país continua com os 19 casos positivos de Covid-19,
dentre eles dois óbitos e dois recuperados, ou seja, sem registos de novos casos nas últimas 24 horas. Entretanto, estão em seguimento 358 casos suspeitos e 696 contactos dos 19 casos confirmados, revelou ontem, em Luanda, a ministra da saúde, Sílvia Lutucuta. P. 2 af_bai_nahora_imprensa_276x42,733mm_empresa.pdf
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18/11/19
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Governo disponibiliza AKZ 315 milhões para apoiar famílias mais carenciadas ● O Governo vai disponibilizar,
no total, 315 milhões de Kwanzas para apoiar as famílias mais carenciadas com bens da cesta básica, decidiram, ontem, os membros da Comissão Económica do Conselho de Ministros. P. 11
Ginástica entra em quarentena no Huambo A disciplina em questão paralisou as actividades para proteger os atletas de eventuais contágios por Covid-19, pelo que cumprem, rigorosamente, as medidas de combate e prevenção da doença. P. 26
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EM FOCO
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O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
Angola com 358 casos suspeitos de Covid-19 em seguimento O país continua com os 19 casos positivos de Covid-19, dos quais dois óbitos e dois recuperados, ou seja, sem registos de novos casos nas últimas 24 horas. Entretanto, estão em seguimento 358 casos suspeitos e 696 contactos dos 19 casos confirmados, revelou, ontem, em Luanda, a ministra da saúde, Sílvia Lutucuta DAniEL MiGuEL/ArquivO
Maria Teixeira
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a apresentação diária do balanço da situação epidemiológica do país, ontem, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, a titular da pasta fez saber que, por esta altura, o país mantem os 19 casos positivos de Covid-19 anunciados no dia anterior. “Nas últimas 24 horas não registamos mais nenhum caso de Covid-19. Por esta altura, mantemos os 19 casos, com dois casos que resultaram em morte. Temos 15 casos positivos que se encontram nas nossas unidades sanitárias de referência”, garantiu. Sílvia Lutucuta contou que continua todo o trabalho com vista à investigação dos contactos dos casos suspeitos, sendo que neste contexto estão em seguimento 358 pessoas suspeitas de estarem infectadas e 696 pessoas com os quais os 19 pacientes detectados com o Coronavírus mantiveram contactos. Fazendo um balanço da quantidade de amostras examinadas até ao momento pelo Instituto Nacional de Investigação em Saúde, disse terem sido processadas 1.113 amostras, das quais 19 positivas. Até ontem estavam em processamento 92 amostras, cujos resultados poderão ser anunciadas hoje. Segundo a governante, continuam em curso todas as medidas do plano de contingência com vista a tornar mais eficaz a vigilância epidemiológica, laboratorial e o manejo de casos. Sílvia Lutucuta fez saber que, no âmbito do plano de contingência, uma das peças fundamentais são os recursos humanos com capacidade de resposta para enfrentarem a pandemia. E, por esta razão, tiveram que re-
o combate à pandemia que assola o mundo. Entre as medidas de protecção, pediu, mais uma vez, às pessoas, que observem as medidas de protecção individuais e colectivas, por serem, de facto, a prioridade nesta altura, sendo que o isolamento social impõem-se e a observância de todas as medidas extraordinárias determinadas no Decreto Presidencial que regula o estado de emergência. Por outro lado, disse que o Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) notificou, nas últimas 24horas, 22 denúncias de violações de quarentena domiciliar, o que acabou por aumentar o número de pessoas em quarentena institucional. Recebeu ainda 17 alertas de casos suspeitos que foram reportados, sendo que três casos deles foram investigados e validados dois. A nível do país, em quarentena institucional e domiciliar encontram-se 1.247 pessoas a serem seguidas, sendo que mais de 500 pessoas estão a observar a quarentena institucional. Ontem, 201 pessoas receberam alta. “Os processos dos hotéis já foram concluídos. Estamos a fazer o processamento de pessoas que contactaram. Também continuamos com as actividades de busca activa de contactos de casos suspeitos”, disse.
Ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta
correr aos cubanos, de um com que Angola tem uma relação muito longa e com bastante experiência em várias áreas, especialmente na área da saúde. 264 reforços cubanos no combate ao Covid-19 chegam hoje ao país 264 profissionais de saúde de distintas áreas chegam às 12horas de hoje a Luanda, para juntar-se aos seus colegas angolanos que diariamente dão o melhor de si no combate e prevenção do novo Coronavírus. A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, disse que, para fazer face à escassez de recursos humanos especializados, o contingente cubano é constituído maio-
ritariamente por médicos especialistas, dentre os quais 244 são novos e 20 são médicos que estão a regressar de férias. Fez saber que esses profissionais, após o período de combate ao Covid-19 serão distribuídos para todos os municípios do país. “O que se pretende aqui é dar saúde e atendimento especializado o melhor possível a nível nacional, em todos os lugares e em todo o momento, como preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS)”, frisou. Entretanto, apelou ao povo angolano a receber os profissionais cubanos de braços abertos e que cumpra as orientações clínicas e de saúde pública que estes efectivos irão proporcionar durante
Angolanos chamados a colaborar para se ter bons resultados “Acreditamos que o povo angolano é um povo obediente e que vai colaborar com as autoridades e com todos porque essa luta não é só do Governo, mas de todo o povo angolano. E se nós queremos bons resultados, todos temos de participar nesta luta”, apelou a ministra da Saúde. De realçar que os 19 casos positivos são de cidadãos angolanos e um sul-africano,
com idades compreendidas entre um e 62 anos, que regressaram recentemente ao país com passagem por Portugal. O novo Coronavírus, responsável da pela pandemia do Covid-19, surgiu na China em Dezembro de 2019. O surto espalhou-se por todo o mundo e matou milhares de pessoas, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a decretar uma situação de pandemia.
4 DESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 8 Deputados asseguram que prologamento do Estado de Emergência vai evitar danos piores.
SOCIEDADE. PÁG. 12 Crianças de rua acolhidas no ramiro recebem donativos.
o editorial
O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
HOJE: os números do dia
Unânimes com o Presidente
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CARTAZ. PÁG. 14 v Edição do Circuito internacional de Teatro homenageia Fragata de Morais.
ECONOMIA. PÁG. 19 Covid-19 pode comprometer salários dos trabalhadores da hotelaria.
ão há, praticamente, uma voz que se oponha ao prolongamento do estado de emergência em Angla. Mesmo os que contestam o que chamam de empolamento sobre o Covid-19 também aceitam a decisão, porque sabem que, como noutros casos, o país não tem condições para tratar ao mesmo tempo um grande número de doentes, se ocorrer contagio comunitário descontrolado. Por outro lado, não basta concordar com o estado de emergência decretado por João Lourenço, é preciso agir responsavelmente e respeitar com rigor o afastamento social e todas as medidas decretadas. Fica para a história, no entanto, um dos raros momentos de unanimidade nacional sobre um tema, o que demonstra alguma maturidade democrática, unidade e sentido de Estado, além da preocupação com a vida. O mesmo consenso se espera paras as medidas de superação e “reconstrução económica” no fim desta crise. Porque também ela pode ser uma oportunidade.
o que foi dito
MUNDO. PÁG. 22 China divulga protocolo sobre gestão de pacientes recuperados da COviD-19.
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“O que proponho é um grande acordo para a reconstrução económica e social, no qual participem todas as forças dispostas a colaborar, os partidos políticos, empresários e sindicatos Pedro Sánchez
Primeiro-ministro de Espanha
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Seguranças de uma empresa mineira, supostamente envolvidos em actos de agressão física contra dois agentes da Polícia de intervenção rápida (Pir), foram detidos quarta-feira na comuna de Camissombo, município de Lucapa, província da Lunda-norte
Parteiras participaram, na província do namibe, numa acção formativa sobre o manuseio dos equipamentos de biossegurança, no âmbito do plano de prevenção do novo Coronavírus, agente do Covid-19.
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2000
Mil infectados e mais de 62 mil mortes associadas ao Covid-19 eram os números de ontem na Europa, que continua a registar aumento de casos, e a itália o país do mundo com mais vítimas mortais, segundo um balanço Litros de leite de leite foram doados, ontem, ao Hospital Pediátrico de Luanda, que assiste 1.200 crianças, pela Empresa de Lacticínios de Angola (Lactiangol)
“
“Devemos dar tratamento igual para estes cidadãos que foram apanhados de surpresa lá onde estavam no momento da declaração do estado de emergência” Pedro Sebastião Ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da república de Angola
“
O objectivo é capacitar todas as terapeutas tradicionais sobre as medidas de prevenção do covid-19, pois devem saber como se transmite, o que é o isolamento social, a lavagem das mãos, entre outras matérias”
João Mundiambo Chefe do departamento provincial de saúde pública e controlo de endemias do namibe
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O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
e assim... José Kaliengue Director
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com Tomasz Dowbor, patrão do grupo Boa vida, e perceba como ele lê o futuro dos negócios depois da pandemia do novo Coronavírus
E a imprensa depois do Covid-19?
www.opais.co.ao
or estes dias, o mundo inteiro dá-se conta da importância dos meios de comunicação social, do jornalismo responsável, dos jornalistas eticamente bem posicionados. Porque é preciso comunicar com verdade. As pessoas, sujeitadas ao distanciamento social, fechadas nas suas casas, precisam e buscam saber sobre o mundo, sobre a pandemia, sobre outras pessoas. A maior arma na luta contra o novo Coronavírus é a informação, bem tratada, com responsabilidade. As autoridades do mundo inteiro sabem disso e estão a usar correctamente os meios de comunicação social, tal como as angolanas. No entanto, com a quase paragem da actividade económica, as empresas deixam de vender, deixam de produzir, deixam de publicitar, ora, a publicidade é o sangue que faz viver as empresas de comunicação. Na primeira semana da nossa quarentena, a associação de publicitários anunciou uma queda de sessenta por cento na sua actividade, são já dois ramos da comunicação em perigo. Entretanto, porque há que salvar empregos e há que segurar a democracia, em alguns países já se discute a imprensa pós-Covid-19. Não tarda e surgirão os pacotes de ajuda e recuperação dos órgãos. Por aqui, ainda não se fala do assunto, apesar de ser inegável o papel que os jornalistas têm tido nesta luta. Talvez se vá apoiar as empresas do Estado de comunicação social, o que ficaria muito longe de um esforço para segurar a democracia, porque as empresas privadas só muito dificilmente sobreviverão. Agora é a hora de vermos se tinha, ou não, razão, o presidente do Conselho de Administração da TPA, Francisco Mendes, aquando da visita presidencial à empresa, ao reclamar do abandono a que são votados os jornalistas depois de usados, por exemplo, em campanhas eleitorais. E depois do Covid-19, quantos irão para o desemprego?
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Sidon (Libano) Luvas e máscaras são penduradas para secar durante um bloqueio em todo o país para combater a propagação da doença por Coronavírus (Dr)
o que vai acontecer Água no namibe, continua a
reparação de uma ruptura de grande dimensão na conduta principal de abastecimento de água que está a dificultar a distribuição na cidade capital Moçâmedes, província do namibe. A avaria, que vai já no quarto dia, obrigou a movimentação dos técnicos da Empresa Pública de Água e Saneamento, mas sem solução até ao momento. Estão privados do fornecimento de água parte do casco urbano da cidade de Moçâmedes, os bairros de Saidy- Minga-1 e dois, válodia e Cassange, as duas centralidades, zona do Aeroporto.
Apoio O aeroporto de Díli (timor-Leste) recebe Sexta-feira o primeiro voo de Darwin, no norte da Austrália, operado no âmbito de um acordo com a empresa Airnorth para o transporte de medicamentos, emergências médicas e bens e serviços essenciais. “É a certeza da conectividade que o Governo estabelece. É importante porque estamos em prevenção para ajudar a evitar o cenário de propagação do Covid-19 em Timor-Leste”, disse à Lusa o ministro de Estado na Presidência do Conselho de Ministros, Agio Pereira.
Ajuda cubana Pelo menos 244 médicos cubanos chegam esta Sexta-feira (10) ao país, para apoiarem na luta contra a pandemia Covid-19. A informação foi avançada hoje (quinta-feira) pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, à margem da iii reunião Plenária Extraordinária do Parlamento, que anuiu à prorrogação do Estado de Emergência pelo Presidente da república por mais 15 dias, para conter o Covid-19. Segundo a ministra, os profissionais de saúde cubanos serão distribuídos pelos 164 municípios do território nacional.
Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CiAM, em Luanda, a partir das 19 horas.
6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
NO TEMPO DO KAPARANDANDA
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1815 –
10 de Abril de Ocorre a erupção do Monte Tambora, na ilha indonésia de Sumbawa, vitimando mais de 100 000 pessoas.
1912 –
10 de Abril de O rMS Titanic deixa o porto de Southampton, inglaterra, com destino à cidade de nova iorque.
10 de Abril de 1998 –É assinado o Acordo de Belfast.
CARTA DO LEITOR Dr
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Estou com o Laborinho Caro director, Escrevo para o jornal OPAÍS porque sei que é um jornal de muita leitura. O assunto que me traz é o cumprimento do estado de
emergência por parte dos cidadãos. Eu acho que a lei dá demasiadas excepções, porque as pessoas estão mesmo a abusar. No outro dia, ia eu para o serviço, porque estou no grupo dos
essenciais que não foram dispensados, e reparei em muita gente na rua. Alguns, principalmente jovens, saem só mesmo para passear. Estão a viver este período como se de férias
se tratasse. Não ficam em casa a estudar, não pensam no perigo de andar por aí, simplesmente vão à rua. Vi até jovens de mãos dadas, acho que eram namorados. A minha pergunta é: como é que aqueles acham que aquilo é amor se cada um deles neste momento representa uma ameaça para o outro e para as suas famílias? Há muita inconsciência e defendo a posição do ministro Laborinho. Estou com ele. As pessoas, muitas delas não andam nas ruas por necessidade, simplesmente não se importam, estão pouco se importando com a lei com os perigos. Desafiam. Mas como o perigo não é individual, eu acho que as autoridades devem mesmo ser muito duras. Qual é a necessidade de um jovem que não trabalha, que tem a escola fechada, estar na rua? Alguém tem de lhes pôr na cabeça que estão errados e que podem provocar a morte de muita gente, incluindo dos pais que lhe sustentam. Depois, o arrependimento de nada valerá. Francisco Zangui
Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754
1973 - Amílcar Cabral, dirigente e fundador do PAIGC, é assassinado em Conakry. 1981 - Os 52 reféns norte-americanos, detidos no Irão há mais de 13 meses, são finalmente libertados, ao mesmo tempo que Ronald Reagan toma posse como quadragésimo presidente dos Estados Unidos. 1997 - O governo de Mobutu, em Kinshasa, Zaire, declara, oficialmente, guerra contra os rebeldes no norte do país, liderados por Laurent Désiré Kabila, depois de estes ocuparem uma parcela de 600 quilómetros no interior do país.
Antónia Gonçalo, Jornalista do Jornal OPAÍS
POLÍTICA
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O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
Deputados dizem que renovação do estado de emergência vai evitar danos piores Para o MPLA, a prorrogação do estado de emergência vai reforçar as medidas de prevenção e de combate ao novo Coronavírus e constitui uma estratégia de antencipação de esforços para evitar danos piores que, enventualmente, a pandemia poderia exigir. Já a Oposição votou a favor da medida, mas apela para a necessidade de reforço das medidas sanitárias Dr
Sob a máscara, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos
Domingos Bento
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ntem, durante a sua 3ª Reunião Plenaria Extraordinaria, a Assembeleia Nacional deu luz verde ao Presidente da República, Joao Lourenço, para que possa renovar, por mais quinze dias, o estado de emergência em curso no país desde a meia-noite do dia 27 de Março, cuja duração terminaria hoje. Do total de votos para a aprovação da resolução que visa a prorrogação, foram contabilizados 176 a favor, nenhum contra e nenhuma abstenção. Porém, asim sendo, apartir de hoje e até ao dia 25, o país continuará sob o estado de emergência, pelo que se pede o pleno respeito e cumprimento das medias por parte dos cidadãos, segundo fez saber o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da
República, Adão de Almeida. O ministro, que falava naa plenaria da AN, deu a conhecer algumas excepções, como é o caso da permissão da movimentação interprovincial nos dias 11 e 12 para possibilitar que os cidadaos a que o estado de emegência encotrou fora das suas províncias possam regressar ao convívio familiar, cumprindo todas as normas e medidas sanitárias. Outras das excepções, segundo ainda Adão de Almeida, é a permissão da venda em mercados e em forma ambulantória de produtos de primeira necessidae apenas às Terças-feiras, Quintas e Sabados, dentro do periodo compreendido entre as 06 e as 13horas. Adão de Almdeida disse ainda que mantêm-se inalteradas outras medidas estabelecidas no Decreto Presidencial. Também, apartir do dia 11, será exigida a emissao de declaração das empresa para os funcionários em serviço, para que as
autoridades saibam quem está autorizado a circular. O ministro de Estado alertou ainda para a necessidade do cumprimento das medidas de isolamento por parte dos cidadaos e a recolha obrigatória das pessoas que insisterem em ficar na rua ou desobedecerem as normas previstas no Decreto de Estado de Emergência. Prevenir para não se chegar a fatalidades Já o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião, assegurou que o Executivo vai responder com entrega e firmeza que se exige num momento como este. Neste período sensivel, disse, todos devem colaborar para que Angola saia vitoriosa desta guerra contra o inimigo Coronavírus. De acordo com Pedro Sebastião, o Governo vem fazendo esforços no sentido de se antecipar aos acontecimentos, para que o país não ve-
nha a registar as fatilidades registadas em alguns paises. E, por isso, frisou, o Executivo antecipou-se ao estabelecer o estado de emergência e outras medidas preventivas e de combate ao novo Coronavírus. Por outro lado, o ministro reconheceu os excessos de força por parte de alguns agentes de órgãos de defesa e segurança, tendo avançado estarem já em curso medidas correctivas para inibir tais práticas. Tratamento igual será dado aos cidadaos que desafiem e ponham à prova a capacidade das autoridades. Relativamente aos bilindados e outro arsenal militar que está a ser usado neste período de estado de emergência, o ministro assegurou que os mesmo estão a ser utilizados para o transporte de tropas e para apoiar os esforços da Polícia em casos extremos. “Não há um único incidente com a população causado por estes meios. Pela primeira vez o país
decretou o estado de emergência e essa fase constitui igualmente um momento de aprendizado para todos nós”, notou, tendo ascrecentado que, ainda no quadro da prevenção, o país esta a fazer um esforço nacional no sentido de doptar os hospitais com meios de biossegurança para acudir as populações. “Atencipação dos esforços” Para o MPLA, na voz do seu deputado Mário Pinto de Andrade, a prorrogação do estado de emergência vai reforçar as medidas de prevenção e de combate ao novo Coronavírus e constitui uma estratégia das autoridades angolanas de atencipação aos esforços para evitar danos piores que, enventualmente, poderiam ser causados pela pandemia. Para o político, o número reduzido que o país regista, quer de infectados, como de mortes, tranduzem-se nas medidas eficazes do estado de emergência que Angola antecipou-se a decretar antes mesmo da pandemia causar estragos maiores como no resto do mundo onde se regista elevados números perdas de vidas. “A pandemia do Covid-19 é muito grave e merece toda a atenção do Estado para evitar males piores. E, nesse caso, a prorrogação do estado de emergência vale pelos resultados e deve ser prorrogado para continuarmos a salvar os nossos cidadaos de uma eventual catástrofe”, apontou. Por ourtro lado, o deputado do MPLA entende que o alongamento do estado de emergência carece igualmente do acompanhamento e do comportamento dos cidadaos de respeito às medidas estabelcidas pelo Governo, que são as acções de prevenção para evitar uma eventual contaminação comunitária. Para Mário Pinto de Andrade, o mundo está diante de uma guerra cujo inimigo é invisível. Para o efeito, frisou, é preciso que os cidadãos respeitem a obrigatoridade do periodo de quarentena domiciliar e institucional dos grupos de risco.
O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
Mario pinto de andrade-MPLA
O deputado reconheceu igualmente que as consequências do Covid-19 terão efeito na economia, com a perda de somas financeiras e a escassez de bens alimentares e de primeira necessidade, em função das restrições nas importações e aproveitamento de alguns agentes económicos. Mas, ainda assim, defende a vigilância e controlo das forças de defesa e seguança na responsabilização dos aproveitadores. Oposição dá luz verde com recomendações Ja a Oposição não se opôs em relação à extensão do periodo de estado de emergência, mas defen-
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Maurilio Lueie- UNITA
de o reforço das medidas preventivas e sanitárias para evitar que a pandemia circule nas comunidades, o que poderá causar danos irreparaveis. Para o deputado da UNITA Maurílio Luiele, é preciso uma cojungação dos esforços de todos para fazer face à epidemia que se apresenta como bastante perigosa. O partlamentar deplorou o facto de os transportes públicos continuarem a registar grandes enchentes, ultrapassando o número orientado pelo decreto que rege o estado de emergência. Maurilio Luiele lamentou igualmente a falta de higieni-
Adriano Mendes de carvalho CASA SE
zação dos serviços púlicos e nos transportadores de moto-táxi. Para ele, a não observância das medidas sanitárias pode comprometer os esforços em curso. Por seu lado, André Mendes de Carvalho, lider da coligação CASA-CE, defende o envolimento das autoridades tradicionais, partidos políticos e de outros actores sociais na sensibilização dos cidadãos, tendo em atenção que o momento exige a participação de todos, e não apenas de um grupo. Para André Mendes de Carvalho, no actual contexto que o país está a viver, é dispensavel
BENEDITO DANIEL PRS
o uso de qualquer tipo de força que não seja o reforço das medidas preventivas junto dos cidadãos, sobretudo aos grupos mais vulneráveis Por seu turno, Lucas Ngonda, presidente da FNLA, afirmou ser a favor de que haja uma prorrogação do estado de emergência, mas apela ao Governo a somar esforços no sentido de retirar as pessoas que insistem em ficar nas ruas. Conforme explicou, apesar de o país viver um periodo de emergência, as ruas continuam a ser tomadas por pessoas que deambulam de um lado para outro, tornando-se vulneráveis ao ví-
LUCAS NGUNDA FNLA
rus que, em Angiola, já dispoe de 19 casos, sendo dois mortos, dois recuperados e 15 em tratamento. Por outro lado, o político defende a testagem comunitária, tendo em atenção que muitos dos infectados, antes de entrarem em quarentena institucional ou domiciliar, tiveram contactos com outras pessoas na altura em que chegaram ao país provenientes de Portugal. No mesmo diapasão esteve Benedito Daniel, do PRS, que apelou para a necessidade, por parte das autoridades sanitárias, da revelação dos dados certos do Coronavírus no país. PuB
SOCIEDADE
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O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
Dr
Sociedade civil no Lobito impugna transferência de mercados informais Um grupo de cidadãos no município do Lobito, entre juristas, economistas e ambientalistas, manifestou-se contra a decisão da Administração de transferir os mercados informais do Chapanguele e Compão para a “Areia do ngolo” e deverá, nos próximos dias, mover uma acção judicial de impugnação junto do Tribunal de Comarca do Lobito Constantino Eduardo, em Benguela
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ambientalista Isaac Sassoma e o jurista Luciano Elias, que encabeçam a iniciativa, falam de desrespeito ao Plano Director da “Cidade dos Flamingos”. Lobitangas não vêem com bons olhos a desactivação de que estão a ser alvos alguns mercados informais na cidade orientada admi-
nistrativamente por Carlos Vasconcelos, que pretende transferir os mercados do Chapanguele e do Compão para a “Areia do Ngolo” (São João), daí a contestação de cidadãos e, por isso, prevêem levar o caso à Sala do Cível e Administrativo do Tribunal de Comarca do Lobito. Membros da sociedade civil sustentam que o espaço para onde se pretende transferir os cerca de 9 mil feirantes, propriedade da Administração, não reúne condições ambientais e, neste particular, a
acção das autoridades afigura-se como uma violação do principal instrumento de gestão territorial, o Plano Director Municipal (PDM). O ambientalista Isaac Sassoma esclarece que o grupo não é contra a desactivação das praças, porém se quer apenas defender interesses de ordenamento do território, por aquela não ser uma área própria. Por no passado ter sido salina, o trabalho de aterro que se está a fazer neste momento no local não surtirá os efeitos desejados e, com praça lá, estar-se-á a pôr em causa
a vida de milhares de cidadãos que vivem nas redondezas, segundo o ambientalista. Para o engenheiro Sassoma, aterrando-se salinas, como o que se faz na Areia do Ngolo, criar-seá problemas ambientais graves, “porque as salinas são chamadas de ecossistema frágil, e não se pôde construir”. Acrescentou de seguida que “estamos a causar um problema para o presente e futuro…, por ser uma área de respiração do mar”. Os queixosos dizem que como os pedidos com efeito
suspensivo à administração pública dificilmente são anuídos, fazendo esta, em determinadas circunstâncias, “ouvidos de mercador”, vêm esse mecanismo como o ideal para contornar a situação. O jurista Luciano Elias sustenta que a saída encontrada passa, necessariamente, pela impugnação do acto junto do Tribunal, cabendo a este órgão de soberania, apesar do estado de emergência, apreciá-lo, por estar em causa o interesse público. “A partir daí surgirá uma decisão, ainda que provisória, a impedir que a Administração continue a executar aquela obra, até que a questão de fundo esteja esclarecida. Este é o remédio mais sagrado para isto”, argumenta. O jurista Chipilica Eduardo diz ter havido violação clara do Decreto Legislativo Presidencial nº 82/2020, de 26 de Março, por parte da Administração do Lobito, que impõe às autoridades administrativas a criação de higienização e salubridade do meio, factos que não terão sido observados. Em função disso, o advogado Chipilica considera legítima a pretensão dos cidadãos do Lobito que manifestam o interesse de avançar com uma acção judicial para impugnar o acto, uma vez que na desactivação dos mercados, no seu ponto de vista, não terão sido cumpridos os procedimentos administrativos. “Naquele local havia determinados bens pertencentes aos feirantes e terão sido destruídos/extraviados e era necessário a reposição da legalidade”, refere. Administração defende-se das acusações A Administração do Lobito alegou desacato à autoridade para desactivar os dois mercados informais, por serem vectores principais da pandemia. E, por outro lado, que a intenção era pôr as pessoas mais organizadas, sendo o lado oposto do Chapanguele o local encontrado para assentar os feirantes. De acordo com uma fonte da Administração, que não se quis identificar, aquele órgão vê-se obrigado a transferir os feirantes, uma vez que o espaço é propriedade alheia e o Estado, na qualidade de pessoa do bem, terá de o devolver ao legítimo proprietário. Contrariamente à ilegalidade invocada pelos juristas, a nossa fonte esclarece que não se tratou de nenhum acto ao arrepio da lei, a julgar pelo facto de o espaço para onde se pretende transferir os mercados, de 15 hectares no total, estar inscrito no Plano Director Municipal.
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Governo disponibiliza AKZ 315 milhões para apoiar famílias mais carenciadas O Governo vai disponibilizar, no total, 315 milhões de Kwanzas para apoiar as famílias mais carenciadas com bens da cesta básica, decidiram, ontem, os membros da Comissão Económica do Conselho de Ministros, na sua terceira reunião ordinária que decorreu no Centro de Convenções de Talatona (CCT)
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s pa rticipa ntes nesta reunião, presidida pelo Presidente da República, João Lourenço, acordaram que a partir do próximo mês terá início a primeira fase do Programa de Transferência Social Monetária, em benefício das famílias economicamente vulneráveis, de acordo com um comunicado de imprensa do Secretariado do Conselho de Ministros a que OPAÍS teve acesso. Ainda relativamente às famílias que vivem sob ameaça do aumento dos custos dos bens básicos, o Executivo vai recomendar às empresas do sector de energia e águas a não efectuarem cortes de fornecimentos destes dois bens durante o mês de Abril. E, por outro lado, vai autorizar as entidades empregadoras do sector privado a transferirem para o salário dos trabalhadores o valor descontado para a Segurança Social, correspondendo a 3 por cento do
seu salário deste mês, do de Maio e do de Junho. As campanhas de distribuição da cesta básica estão a cargo dos ministérios da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU); do Comércio e dos governos provinciais, de acordo com o memorando de “Medidas de Alívio do Impacto Provocado pela Pandemia do Covid-19 sobre as Empresas e os Particulares”, proposto pelo Ministério da Economia e Planeamento, a que OPAÍS teve acesso. Este documento esclarece que com a distribuição de tais bens alimentares às populações vulneráveis, o Executivo prevê beneficiar mais de 17 mil crianças. As medidas adoptadas para garantir o funcionamento deste programa, passam pela alocação de recursos adicionais ao MASFAMU e ao Ministério da Defesa e Veteranos da Pátria. As medidas de carácter imediato a adoptar pelo Governo, em resposta aos efeitos da pande-
Cerca de 488 mil milhões de Kwanzas disponíveis para manter pequenas empresas De acordo com o Secretariado do Conselho de Ministros, o Governo vai assegurar o apoio financeiro para a manutenção mínima dos níveis de actividade das micro, pequenas e médias empresas do sector produtivo, através da alocação de cerca de 488 mil milhões de Kwanzas. Com vista a facilitar as iniciativas de empreendedores, o Governo vai remover alguns procedimentos administrativos que incidem sobre o processo de constituição de empresas, tais como o Registo Estatístico e o requerimen-
to do Alvará Comercial para o exercício de determinadas actividades. “Acelerar a transição da actividade informal para o sector formal, com a implementação urgente das acções previstas no Programa de Reconversão da Economia Informal”, lê-se. Às empresas privadas cuja actividade laboral não está suspensa desde a entrada em vigor do estado de emergência, o Governo orienta que deverão credenciar e assegurar a mobilidade mínima necessária dos seus trabalhadores durante este período.
ArquivO/OPAíS
mia do Coronavírus (Covid-19) e da redução acentuada do preço do barril de petróleo no mercado internacional, sobre as empresas e as famílias aprovadas pela Comissão Económica do Conselho de Ministros não param por aqui. Em relação às empresas, as medidas visam desanuviar a pressão sobre a tesouraria com obrigações tributárias (alívio fiscal), através do alargamento dos prazos limite para a sua liquidação e com o pagamento de contribuições para a Segurança Social. Deste modo, acredita que proporcionará alívio no pagamento de salários, “através do diferimento do pagamento da contribuição para a Segurança Social referente ao 2º trimestre do corrente ano, para o pagamento em seis parcelas mensais durante os meses de Julho a Dezembro, sem formação de juros”. PuB
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SOCIEDADE
O PAÍS Sexta-feira,1 0d eA brild e2 020
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Assembleia nega ter comprado relógios caros para deputados
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secretaria-geral da Assembleia Nacional fez sair um comunicado, ontem, a desmentir o facto de ter comprado relógios de marca Hublot para os deputados. Seg u ndo i n formações postas a circular nas redes sociais, a Assembleia Nacional terá encomendado 220 relógios de marca Hublot. A secretaria-geral diz que tal informação não constitui a verdade e representa um verdadeiro atentado à honra e ao bom nome desse Órgão de Soberania Nacional e, em particular, dos dignos representantes do povo na casa da democracia an-
Apesar das máscaras, no centro da fotografia o músico Anselmo Ralph ladeado pela sua esposa e pelo governador de Luanda, Luther Rescova
Crianças de rua acolhidas no ramiros recebem donativos O Governo Provincial de Luanda (GPL), no âmbito do combate e prevenção do Covid-19, voltou a receber donativos para responder às necessidades dos centros comunitários de crianças de rua e população vulnerável
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ntem, no centro de acolhimento do Ramiros, adaptado na Casa da Juventude desta comuna, o músico Anselmo Ralph, as empresas Gesterra, Mitam e a Pumangol juntaram-se à causa fazendo doações com bens alimentares diversos, produtos de higienização e de limpeza, enlatados, água mineral, hortícolas e ovos. A entrega dos produtos foi feita pelo secretário de Estado da Agricultura, José Bettencourt, tendo este garantido a total disponibilidade do Ministério da Agricultura e Pescas na mobi-
lização de mais parceiros para o apoio aos centros de acolhimento. O governador provincial, Sérgio Luther Rescova, testemunhou a entrega dos bens e aproveitou a ocasião para, em nome do Governo de Luanda, agradecer as doações, observando que, neste momento, todas as contribuições são bem-vindas, para se continuar a cuidar dos meninos e dos adultos sem tecto. O centro, equipado e separado por idades (em áreas masculina e feminina), conta com um posto médico, sala de aconselhamento, uma cozinha, áreas de lazer e 200 camas à disposição das crianças. Neste momen-
to, o GPL conta com dois centros de acolhimento, um no Ramiros e outro em Viana, e na próxima semana será aberto o terceiro, na Funda, no município de Cacuaco. Pretende-se atingir um total de cinco centros em toda a ca-
A entrega dos produtos foi feita pelo secretário de Estado da Agricultura, José Bettencourt
pital. Mais do que acomodar, os centros de acolhimento têm permitido que alguns familiares, resultado das imagens que chegam pela televisão, reconheçam os seus parentes. Assim, segundo o GPL, dez crianças já regressaram à casa dos familiares sob pedido dos seus encarregados, à luz das normas legais para o efeito. Além das empresas que já fizeram doações, abraçaram a campanha “Luanda Solidária”, a Angomart, a Total e a Ordem dos Engenheiros de Angola, sendo que as Organizações Chana atribuíram uma viatura de marca Toyota Hilux para apoiar a campanha.
Estamos a trabalhar com as autoridades competentes no sentido de se apurar e responsabilizar os autores da referida falsa informação”, lê-se no documento golana. “Por esse facto, em nome do interesse público, a secretaria-geral da AN apela a opinião pública nacional e internacional a ignorarem tal informação. Estamos a trabalhar com as autoridades competentes no sentido de se apurar e responsabilizar os autores da referida falsa informação”, lê-se no documento. Por outra, a AN deixou claro que o processo de aquisição de bens e serviços é feito com base nos princípios de gestão orçamental e financeira do Estado angolano, estabelecidos por legislação própria.
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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COviD-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia
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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.
COMO ME POSSO PrOTEGEr?
Tendo sido reportados já 17 casos em Angola, com duas mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:
1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;
2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.
quAiS OS SinAiS E SinTOMAS?
As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória
Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.
EXiSTE TrATAMEnTO? não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados
CARTAZ seu suplemento diário de lazer e cultura
V Edição do Circuito Internacional de Teatro homenageia Fragata de Morais
O tributo ao também dramaturgo, com uma carreira de mais 50 anos, deve-se ao seu contributo no desenvolvimento do teatro ao nível nacional. A presente edição decorrerá de Julho a Novembro, cujo mote é a comemoração dos 45 anos de independência nacional, em que serão exibidas peças que abordam a história recente de Angola Dr
Antónia Gonçalo
O CIT
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dramaturgo, encenador, actor, escritor e nacionalistaFragata de Morais é a figura a ser homenageada na V edição do Circuito Internacional de Teatro (CIT), que arranca a 3 de Julho, na Liga Nacional Africana, em Luanda, sob a máxima “Angola 45 anos, com o teatro, na promoção da cultura de paz”. A referida homenagem ao também escritor, com mais de 50 anos de trabalho no sector, deve-se ao seu contributo no desenvolvimento da cultura nacional, especificamente do teatro. O coordenador geral do CIT, Adérito Rodrigues, revelou a O PAÍS que, além dos presentes feitos, Fragata de Morais alia-se às comemorações do “Angola 45 anos”, relativos à luta pela conquista da independência nacional. “No leque de pessoas a serem homenageadas nesta edição, o nome do escritor foi o que mais consenso obteve, merecendo, por isso, essa primazia. Estamos felizes por saber que será a sua primeira homenagem de grande vulto nesta área ”, explicou Adérito, tendo sublinhado, entre várias peças montadas pelo encenador, a denominada “Manana”, inspirada na obra de Uanhenga Xitu, que foi um grande sucesso. As exibições Nesta edição, ao invés de Setembro, as exibições decorrerão até Novembro, devido as comemorações da independência do país. As peças que serão exibidas
O Circuito internacional de Teatro, promovido pela empresa “Cultura para todos”, tem como objectivo promover e dinamizar actividades culturais. nas edições anteriores, 2016, 2017, 2018 e 2019, homenageou o antigo gestor do Teatro Avenida, Diogo Colombo, o dramaturgo José Mena Abrantes, o director provincial da Acção Social, Cultural e Desporto, Manuel Sebastião e a escritora e dramaturga, Agnela Barros.
por grupos angolanos, sob o lema “Angola 45 anos de independência”, vão reflectir a história da independência do país e todo o processo envolvente. “Este ano, a par dos outros, temos a máquina toda preparada. E como estamos associamos a estas comemorações alusivas aos 45 anos de Independência do país, se tivermos os apoios, as actividades serão realizadas até Novembro. Se for em três meses, teremos aproximadamente 40 espectáculos. Caso ocorra até Novembro, serão mais de 90 exibições”, explicou. Além dos grupos de Luanda, estarão presentes colectivos de te-
atro provenientes das províncias de Benguela, Bié, Huambo e do Leste de Angola. Do exterior, participam dois grupos do Brasil, um de Moçambique e igual número de Portugal. Para implementar a troca de experiências, em termos de espectáculos e de formação, num intercâmbio entre actores, directores, encenadores, entre outros, será realizada a “Semana Internacional de Teatro”, com as companhias internacionais, a decorrer de 3 a 13 de Setembro. “Estamos a envidar esforços, mas devido a essa fase difícil que estamos a passar, a pandemia da Covid–19, tive-
mos de parar. Estamos a seguir as medidas preventivas, adoptadas pelo Executivo. Tão logo passemos essa situação, continuaremos com os preparativos. Esperamos nós que os apoios confirmados anteriormente se mantenham”, observou. Conforme verificou, devido à disseminação do novo Coronavírus em mais de 200 países, o mundo parou. “Ao que parece, as coisas serão reiniciadas e não sabemos quais serão as políticas a implementar para o desenvolvimento do contexto social. E com a junção dos ministérios da Cultura, Turismo e Ambiente as coi-
sas estarão mais complicadas para os artistas”, analisou. O homenageado Manuel Augusto Fragata de Morais nasceu na província do Uíge em Novembro de 1941. Os seus primeiros escritos apareceram na década de 70 em Paris (França), onde frequentou a Universidade Internacional de Teatro, na qual trabalhou com André Louis Perineti e Victor Garcia. Do seu vasto reportório, constam as obras “Jindungisses”, de 1999, distinguido com o Prémio Sagrada Esperança. Entre as suas obras, constam ainda o “Inkuna-Minha Terra” e “Terreur en Verzet”, lançadas em 1972 e 1997.
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Sem palco? Sem problema: bailarinos russos dançam para os fãs em casa Dr
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ailarinos russos sujeitos a isolamentos parciais começaram a realizar apresentações em casa para manter os fãs entretidos na Internet, depois que teatros de todo o país fecharam as portas por causa do coronavírus. Sete artistas do balet do Teatro Mikhailovsky de São Petersbur-
“Artistas se mantêm fiéis a si mesmos, ainda que nas condições actuais incomuns”, disse o Teatro Mikhailovsky
go, uma das trupes mais proeminentes da Rússia, têm filmado os seus movimentos em cozinhas e salas de estar. Os artistas compilaram estes momentos num vídeo curto, mas divertido. Ao som da música do compositor Ludwig Minkus, o vídeo de três minutos, compartilhado nas redes sociais do teatro no Domingo passado, teve quase 30 mil visualizações no Instagram e mais de 500 comentários no Facebook. “Artistas se mantêm fiéis a si mesmos, ainda que nas condições actuais incomuns”, disse o Teatro Mikhailovsky. “Embora não tenham a oportunidade de interagir com espectadores no teatro, o interior dos seus lares serve como palco e plataforma criativa para eles.” O teatro disse que a iniciativa veio do bailarino principal, Ivan Vasilyev, que no vídeo é visto erguendo a colega Maria Vinogradova numa sala de estar enquanto ela carrega um ensopado. PuB
Astenia primaveril pode ser mais dura por causa do novo coronavírus
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ansaço, fadiga, dificuldades em adormecer e até uma maior irascibilidade são alguns dos sinais da chamada astenia primaveril, um fenómeno que coincide com a mudança de estação e que este ano pode intensificar-se com o novo coronavírus, segundo o jornal espanhol ABC. O motivo é fácil de explicar: dado o isolamento social a que estamos, praticamente, todos sujeitos, na sequência da pandemia, a sintomatologia da astenia primaveril pode ser mais severa devido à redução da exposição solar, uma vez que a falta de sol pode resultar em escassez de vitamina D. O jornal já citado esclarece que não é clara a etiologia da astenia, ainda que um dos factores que influenciam o distúrbio passa precisamente pela adaptação do nosso corpo às mudanças
de temperatura e às horas de luz, estas que influenciam os ritmos circadianos. Dado o confinamento social, há conselhos a ter em conta: optar por uma alimentação equilibrada que inclua vitamina D e também ácidos gordos. Neste último caso, há preferência por alimentos frescos ao invés de comida processada e é aconselhada a redução de álcool e de estimulantes, como café e chá. A manutenção de rotinas de alimentação e do sono, descanso, exercício físico também é recomendada, sendo que pelo menos 30 minutos de actividade física moderada e diária bastarão para manter o corpo activo. A última sugestão passa pela limitação do uso de ecrãs. A astenia primaveril tende a ser passageira, mas caso dure mais do que duas semanas, é aconselhável procurar a opinião de um médico especialista.
ECONOMIA
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Executivo adopta medidas de choque protectoras do sector produtivo Investimentos que tenham mais de 50% de incorporação de factores de produção nacionais e que promovam exportações são algumas das várias medidas adoptadas pelo governo no âmbito do esforço de combate às sequelas do Covid 19
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Governo angolano acaba de adoptar uma série de medidas mitigantes onde se destaca a alocação de cerca de 488 mil milhões de Kwanzas. O objectivo de tais medidas é assegurar o apoio financeiro para a manutenção mínima dos níveis de actividades das micro, pequenas e médias empresas do sector produtivo. O fundo pelo Executivo é distribuído a três instituições financeiras com incumbências directas de actuarem sob vários ângulos do sector produtivo. O Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário, FADA, fica incumbido de, através de uma linha de crédito de 15 mil milhões de Kwanzas, apoiar financiamento às explorações agro-pecuárias familiares, com taxa de juros não superior a 3%. O Banco de Desenvolvimento de Angola, BDA, vai gerir uma linha de crédito de 26,4 mil milhões de Kwanzas, com uma taxa de 9% e maturidade de 2 anos, carência de capital de 180 dias, para financiar a compra dos operadores do comércio e distribuição aos produtores nacionais de produtos, como milho, fuba de milho, trigo, farinha de trigo, arroz, açúcar, cana-deaçúcar, massambala, massango, batata rena, batata doce, mandioca, fuba de bombo, feijão, ginguba, girassol e soja. Fica igualmente responsável pela aquisição de banana de mesa,
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banana pão, manga, abacate, citrinos, mamão, abacaxis, tomate, cebola, alho, cenoura, beringela, repolho, pepino, couve, carne bovina, carne caprina, carne ovina e carne suína, aves, ovos (de galinha), leite, mel, sal, carapau, sardinela, sardinha do reino, atum, caxuxu, corvinas, garoupas, pescadas, roncadores, linguado, peixe-espada, choco, lulas e polvos, cacusso e bagre. Outra linha de crédito do Banco de Desenvolvimento de Angola é de 13,5 mil milhões de Kwanzas, com características semelhantes à primeira e que vai servir para fi-
Arábia Saudita e rússia chegam a acordo sobre grande corte na produção de petróleo
nanciar as compras das cooperativas de produtores familiares e dos empresários agro-pecuários de pequena e média dimensão a fornecedores nacionais de sementes melhoradas de cereais, hortícolas e tubérculos, fertilizantes, pesticidas, vacinas e de prestação de serviços de preparação e correcção de solos agrícolas, priorizando os produtos feitos em Angola. Finalmente, o BDA fica também encarregue de uma linha de crédito de 750 milhões de Kwanzas para financiar projectos de modernização e de expansão das actividades de um número máximo de 15 co-
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s membros da Organização dos Países Produtores de Petróleo e aliados (OPEP+) irão debater a redução da produção do petróleo em até 20 milhões de barris por dia. Além da OPEP +, Argentina, Egipto, Indonésia, Trinidad e
operativas por cada província, nos sectores da agricultura e das pescas, com um valor máximo de 50 milhões de Kwanzas por projecto, com uma taxa de juro de 7,5% e maturidade equivalente ao ciclo operacional. Outra instituição financeira convocada pelo Executivo para esta “operação de choque” é o Fundo Activo de Capital de Risco (FACRA) com a disponibilização de 3 mil milhões de Kwanzas para realizar investimentos no capital próprio de cooperativas da agricultura, pecuária e pescas, participando no pagamento da parcela
Tobago confirmaram a sua participação na reunião por vídeoconferência. De acordo com fontes citadas pela Reuters, a Rússia e a Arábia Saudita conseguiram superar as suas principais diferenças ao chegarem a um acordo sobre cortes de petróleo.
de capital próprio exigida na concessão dos empréstimos que serão disponibilizados pelo BDA. O FACRA terá ainda nesta fase uma linha de crédito no valor de 4 mil milhões de Kwanzas para financiar sociedades de microfinanças, escolas de campo, caixas de crédito comunitárias, seleccionadas por meio de concurso público, que pretendam operacionalizar ao menor custo possível um processo de atribuição de micro crédito para mulheres e jovens empreendedores nas actividades de agricultura, com destaque para a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, raízes e turbérculos e hortícolas, avicultura de corte; de postura e aquisição de bovinos para engorda e abate. O FACRA vai, igualmente, priorizar o processamento de alimentos e produção de bebidas; logística e distribuição de produtos agro-alimentares e das pescas; aquicultura; reciclagem de resíduos sólidos urbanos, prestação de serviços de transportes e de formação profissional e desenvolvimento de software, turismo, produção cultural e artística. Finalmente, as Operações de Crédito realizadas com as linhas de crédito obtidas com financiamento externo garantido pelo Estado, nomeadamente, USD mil milhões do Deustch Bank cedido ao BDA e USD 120 milhões do BAD cedidas ao BPC, passam a ser acompanhadas por um Comité de Supervisão, coordenado pelo Ministério da Economia e Planeamento, integrando os departamentos ministeriais responsáveis do sector da produção não petrolífera, para assegurar a implementação de um expediente simplificado e célere de acesso a estes recursos para os empresários dos sectores da agricultura, das pescas e da indústria que pretendam realizar investimentos que tenham mais de 50% de incorporação de factores de produção nacionais e que promovam exportações.
No início do dia, os países da OPEP+ anunciaram que discutiam a criação de um novo acordo para reduzir a produção de petróleo com a possível participação de outros grandes países produtores de petróleo para estabilizar a situação no mercado.
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Covid-19 pode comprometer salários dos trabalhadores da hotelaria
radiografia do sector turístico
Para que isso não aconteça, o secretário-geral da Associação dos Hotéis e resorts de
Angola (AHrA), ramiro Barreira, defende a criação de uma linha de financiamento da parte do Governo para assegurar liquidez e pagamento dos salários dos trabalhadores dos estabelecimentos hoteleiros no país, uma vez que muitas das unidades hoteleiras encontram-se encerradas por causa da pandemia do Covid-19
Dr
Brenda Sambo
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Associação dos Hotéis e Resorts de Angola (AHRA) está preocupada com a situação actual dos hoteleiros no país, face à situação da pandemia Covid -19, e, por isso, propõem ao Executivo algumas medidas para ajudar o sector, nomeadamente a criação de uma linha de financiamento com vista a apoiar os empresários no pagamento dos salários dos trabalhadores, a isenção do Imposto Predial Urbano (IPU) e a suspensão da cobrança de planos de pagamento ou acordos de regularização de dívida aos bancos, impostos e segurança social. Segundo o secretário-geral da Associação dos Hotéis e Resorts de Angola (AHRA), que falava em entrevista exclusiva a OPAÍS, à propósito do impacto da Covid 19 no sector do Turismo, essa linha de crédito de apoio às empresas hoteleiras deve ser feita num valor substancial operada pelos bancos comerciais com bonificação de juros com carência de capital de até 12 meses. Referiu ainda que as empresas, tendo em conta o contexto actual sem receitas nem disponibilidade financeira, pouco farão uma vez que as taxas de ocupação são nulas e os serviços de restauração näo funcionam, lembrando ainda que, antes mesmo da pandemia da Covid-19, já os hoteleiros enfrentavam dificuldades de diversa índole, sendo que a taxa de ocupação, por exemplo, rondava abaixo dos 10%. Apela, por isso, ao Executivo no sentido de disponibilizar essa linha de financiamento nos próxi-
mos dias. “O pagamento dos salários dos trabalhadores dos estabelecimentos que pararam as suas actividades, só será possível com o apoio do Governo”, disse. Para o responsável, os créditos bancários com taxas de 7, 5% não bastam, uma vez que a mesma não será suficiente para resolver o problema. Pelo contrário, esclareceu o responsável, aumentará ainda mais o endividamento dos empresários. Ramiro Barreira acrescentou que, além da aprovação de uma linha de apoio às empresas da hotelaria, a outra medida que o Governo deve adoptar está relacionada à isenção do Imposto Predial Urbano ( IPU), pois os espaços construídos e de terra constituem a “matéria-prima” dos hoteleiros. Por outro lado, a Associação dos Hotéis e Resorts de Angola (AHRA)
“O pagamento dos salários dos trabalhadores dos estabelecimenos que pararam as suas actividades só será possível com o apoio do Governo”, disse Ramiro Barreira, secretário-geral da AHRA
propõe, igualmente, a suspensão da cobrança, no mesmo período, de planos de pagamento ou acordos de regularização de dívida aos bancos, impostos e segurança social. O turismo requer políticas e projectos sustentáveis e Ramiro Barreira considera que o sector poderá ter perdas enormes por ser o mais afectado. No entanto, alertou ainda para a necessidade de se reanimar o turismo com políticas de fomento e projectos sustentáveis. “É necessário pensar em megaprojectos não exequíveis no contexto actual e tornar a hotelaria e o turismo num segmento atractivo, não só para os investidores e os estrangeiros, mas principalmente no desenvolvimento do turismo interno”, desabafou, acreditando, para o efeito, que se deve mudar os paradigmas na abordagem do turismo, tornando mais prática as políticas e as abordagens.
Em 2015, as receitas de entradas de turistas em território nacional excederam as despesas do turismo no exterior, sendo assim o saldo excedentário mais baixo que o apurado no ano anterior. No mesmo ano, as viagens de negócios continuaram a ser o motivo que trazia mais viajantes a Angola, com um peso de 85,6% no valor da receita total, o turismo pessoal ficou-se por 52, 2%. Ainda em 2015, o sector empregou 219 mil e 349 pessoas, o que traduz um crescimento de 8, 2%. Quanto aos restaurantes e similares, esses absorviam quase metade do emprego gerado, tendo a província de Luanda, com 72, 9%, o total do emprego no sector. Em relação à dinâmica dos diferentes segmentos é de destacar o crescimento de 50, 6% e em termos de números de operadores das agências de viagens e turismo, em 2015, é dos 31, 6%. O número de unidades hoteleiras e dos meios complementares de alojamento empregavam, cada um deles, mais de 45 mil trabalhadores. No mesmo ano, funcionaram 6 mil e 378 unidades hoteleiras, meios complementares de alojamento, restaurantes e similares, bem como agências de viagens e turismo, com os restaurantes e similares a representar 74% do conjunto das unidades que integram o sector, tendo contado ainda com 24 mil 390 quartos e 32 mil 844 camas. Com mais de 230 hotéis de 3, 4 e 5 estrelas, o sector é um dos que mais emprega no país.
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MERCADOS
Mercado TAXA DE JURO Taxas de Juro Taxa BnA Libor uSD 6M Libor GBP 6M Libor JPY 6M Euribor 6M Luibor 6M
Cot. 05/02/20 15,500% 1,759% 0,840% 0,012% -0,346% 19,760%
∆ Diária (p.p) 0,000 0,015 0,008 0,005 -0,006 0,010
21,30%
∆ Diária (%) 1,677 1,125 0,573 0,408 1,133 1,018
21,10%
Cot. 05/02/20 492,3762 1,0999 1,3002 109,8300 14,7767 4,2412
28 000
Cot. 05/02/20 50,75 55,28 1 557,80 17,60 1,86 257,45
1/Fev
3/Fev
∆ Diária (%) 2,298 2,446 0,477 0,233 -0,588 1,279
bolsistas, tendo o Dow Jones e S&P 500 aumentado 1,7% e 1,1% para 29.290,85 e 3.334,69 pontos respectivamente.
5/Fev
Mercado Cambial
EUR / USD ∆ Diária (%) 0,013 -0,407 -0,223 0,283 -0,043 -0,315
Mercado Accionista Os avanços no desenvolvimento de vacinas para estancar o coronavírus poderá ter beneficiado os principais índices
28 500
27 500 30/Jan
tamento das expectativas dos investidores em relação ao desempenho do sector automóvel.
5/Fev
3/Fev
29 000
1,111 1,104 1,097 1,090 30/Jan
1/Fev
3/Fev
5/Fev
BrentC rudeF ut.
Mercado DAS COMMODITIES Commodities WTi Crude Fut. Brent Crude Fut. Gold 100 Oz Fut. Prata Fut. Gás natural Fut. Cobre Fut.
1/Fev
Dow Jones (EUA)
Mercado CAMBIAL Taxas de Câmbio uSD/AKZ Eur/uSD GBP/uSD uSD/JPY uSD/ZAr uSD/BrL
A Libor GBP 6 meses registou um aumento de 0,8 p.b. para 0,84%, o que terá sido justificado pelo ajus-
21,20%
Mercado ACCIONISTA Índices Accionistas Cot. 05/02/20 Dow Jones (EuA) 29 290,85 S&P 500 (EuA) 3 334,69 FTSE 100 (inglaterra) 7 482,48 iBovespa (Brasil) 116 028,30 CSi 300 (China) 3 828,53 nikkei 225 (Japão) 23 319,56
Mercado Interbancário
Libor USD 6 Meses
21,00% 30/Jan
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57,6 54,0
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commodity que registou, na última sessão, um aumento de 2,25% para 55,28 uSD/barril.
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Luibor 1 Ano
Luibor
e a L i bra de pre c ia ra m 0 , 4 1 % e 0 , 2 2 % ao se f i xa re m e m 1 , 0 9 9 9 e 1 , 3 0 0 2 u S D p or u n ida de da mo e da , re s p e c t iva me nte .
Mercado de Matérias-primas A possibilidade de ajustamento da produção petrolífera por parte de OPEP favoreceu a cotação da
61,2
50,4 30/Jan
A a bsolv ição do pre s i de nte nor te - a me r ica no do pro ce s so de i m p eac h me nt p o de rá te r b e ne f ic iado o dóla r . na ú lt i ma se s s ão , o Eu ro
Luibor
1,800
Taxas BNA Luibor O/n Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 meses Luibor 9 meses Luibor 1 Ano
Cot. 05/02/20 19,98 19,74 19,77 19,76 20,16 21,20
∆ Diária (p.p) 0,000 0,010 0,010 0,010 0,050 0,000
As taxas de juro no mercado monetário interbancário aumentaram em todas as maturidades com excepção para a
1,760 1,720 1,680 30/Jan
1/Fev
3/Fev
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Luibor Overnight e a 12 meses que mantiveramse constantes em 19,98% e 21,20%, respectivamente.
OPINIÃO
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JOSÉ MANUEL DIOGO
Uma cova de Ladrões
H
ouve um dia em que Jesus Cristo os expulsou do Templo. Porque o templo não é um lugar de negócios nem de favores. O templo é a casa do apóstolo Pedro, a pedra sobre a qual o redentor edificou a sua Igreja. Virá agora o dia em que esses vendilhões que se alimentam da fé das pessoas para benefício próprio sejam expulsos para sempre. Do templo, do país e dos nossos corações. Os templos extraordinários da Pandemia COVID põem em evidência o melhor e o pior da humanidade. No caso específico das igrejas seria bom que os fiéis pudessem olhar com atenção o lugar do bem e do mal e distinguir que os guia de que os explora. Deus é bom e misericordioso, Deus não é um negócio de rezas nem uma juke box de orações. A reportagem que ontem OPAÍS publicou é uma luz sobre a verdadeira natureza dessa gente sem qualidades morais que, invocando a Deus, mais se assemelham ao
anjo amaldiçoado caído em desgraça. Vale a pena relembrar, para que dúvidas não sobrem, o texto que o Paulo Sérgio e Maria Teixeira partilharam com os nossos leitores. “A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), para manter a colecta das contribuições dos fiéis, tornou públicas as suas coordenadas bancárias em quatro bancos comerciais existentes no país, através de um vídeo em que aparece o bispo Honorilton Gonçalves a orientar como deverão proceder. No vídeo posto a circular nas redes sociais em Março, a direcção da igreja fez questão de ressaltar que uma das quatro contas está reservada para a recepção de doações em dólares”. Nesse vídeo, o Diretor Gonçalves —pastor é outra coisa, senhor Honorilton — abusa da fé que o devoto povo de Angola tem a Deus, e tem os olhos postos no lucro. “Quando o senhor ou a senhora fizerem a doação, envie, por favor, o recibo da doação pa-
ra que a gente possa colocar neste livro de oração. Todos os dias nós vamos orar pelos fiéis”, explicava, apontando para o número das contas bancárias, o responsável máximo da IURD em Angola, exibindo o livro, de capa preta intitulado, em letras garrafais amarelas, “Livro dos Fiéis”. Será que Deus será melhor para quem der mais? Será que Deus trará mais proteçcão a quem tem mais dinheiro? Será que Deus ajudará aqueles que desobedecem a uma ordem directa do Presidente da República? Será que estes pastores merecem o rebanho que apascentam? Nos piores tempos se vê a verdadeira natureza das pessoas. Este flagelo em forma de franchising que se aproveita da fraqueza do povo em proveito próprio devia ser ilegalizado por desrespeito à lei. Seria ao menos uma coisa boa que a Covid faria por nós! http://grandepausa.wordpress.com Dr
Neste episódio, Jesus e seus discípulos viajam a Jerusalém para a Pessach (a Páscoa judaica) e lá ele expulsa os cambistas do Templo de Jerusalém (o Templo de Herodes ou “Segundo Templo”), acusando-os de tornar o local sagrado numa cova de ladrões através de suas atividades comerciais.[1][2] No Evangelho de João, Jesus se refere ao Templo como “casa de meu Pai”, clamando para si assim o título de Filho de Deus.[3]
Grande Entrevista
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‘Se COVID fosse um Presidente de qualquer outro país, seria talvez o mais temido e respeitado’ Dr
Professor universitário, Augusto Caetano João é um dos nomes mais conhecidos da Academia. Já passou por algumas das principais universidades do país, entre pública e privadas, mas hoje empresta o seu saber na universidade Católica de Angola, onde dirige a sua Faculdade de Economia. Frontal, espera que se comece já a debater os estragos que a COviD-19 está a criar na nossa economia, ao mesmo tempo que espera que se ultrapassem os discursos para que a diversificação da economia seja uma realidade. Defende a junção de alguns ministérios, como aconteceu, mas gostaria que alguns ‘mais velhos’, antigos quadros do Executivo, assumissem a função de assessores para ajudar a ultrapassar este mau momento Entrevista de Dani Costa
Q
ual é o impacto da COVID-19 no Ensino? Presumo que quer dizer ensino superior. É o sector que mais conhe-
ço, mas não posso me fazer passar por “distraído”. Martin Luther King disse numa das suas proféticas declarações, que “ou vivemos como irmãos ou morreremos como idiotas”. Já não me lembro em que ocasião foi. Encontravame na ex-Checoslováquia como
bolseiro do MPLA. Quer a morte de John Kennedy, enquanto Presidente dos EUA, seu irmão Robert e do próprio Luther King vivi com muita emoção. Era ainda jovem que começava a entrar na política. Mas, respondendo a sua questão, é evidente que a COVID -19 não está a distribuir doces, como a nossa Polícia. Se COVID fosse um Presidente de qualquer outro país, seria talvez o mais temido e respeitado. Por se tratar de “inimigo invisível”, há que lhe dar um combate sem quartel, como nós os militares dizemos. Mesmo quando for derrotado, não vai deixar de se lhe prestar atenção, sobretudo nos países em que se mostra implacável. Os efeitos do vírus ainda não podem ser avaliados, ninguém contava com ele e não se sabe quanto tempo mais isso vai durar. Por esse facto, os seus efeitos negativos vão deixar marcas profundas nas economias do nosso planeta. Esta é a poesia, para começar. Está a destruir economias, quer fortes quer aquelas que pensavam estar a caminhar para a prosperidade. Para concluir, trata-se de um sonho adiado. Qual é o impacto que se sente neste momento, incluindo no ensino superior? A minha reflexão quanto a isto é que o mais importante, senão mesmo urgente, é discutir o impacto do estado de emergência decretado, legalmente, não
Os efeitos do vírus ainda não podem ser avaliados, ninguém contava com ele e não se sabe quanto tempo mais isso vai durar
apenas em Angola como noutros países. O principal epicentro está até, felizmente, nos países com melhores condições de se dar luta ao COVD-19, mas não quero dizer que não deveria ter começado ali. Não duvidemos da justiça de Deus, algum propósito deve haver. É o ser humano em jogo. Angola é um país rico mas nunca viveu da sua riqueza. A maioria da nossa população continua ou viver na pobreza e na informalidade, vendendo o que precisa comer, nas ruas e nos mercados informais. Agora, devido às restrições de circulação, prorrogável, são muitos a perderem, desde comerciantes que vão perdendo clientela (restringido o tempo de trabalho e vendendo na rua o que vai acrescentar às dificuldades porque os preços, quer queiramos quer não irão aumentar (a lei da oferta e da procura). A desobediência comunitária generalizada, incentivada pelo pouco hábito que temos de ficar em casa, não dispõem de salário formal com base no contrato de trabalho, com mais de dois a três empregos em dias alternados. Acredito que em nenhum momento de emergência, essas questões são acauteladas. Já vamos num terceiro ou quarto modelo de governação. Depois da proclamação da independência tivemos um primeiro-ministro coadjuvado por três viceprimeirosministros e os ministros com um ou mais secretários de Estado. Depois adoptamos um governo sem primeiro-ministro, mas os ministros eram coadjuvados por vice-ministros. Eu fui um deles. Depois das eleições de 2017 voltamos ao modelo inicial. Onde temos falhado? Qual será o próximo figurino? O que é que as nossas universidades, privadas e públicas, estão a fazer nesta fase, uma vez que são instituições de investigação, por excelência? Isto é como se dizia da mulher de César, mas na verdade era exac-
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tamente o contrário, disto todos sabemos. Em toda a parte do mundo, não digo todas as instituições de Ensino Superior terem uma vocação investigativa, pois estão aqui também institutos que na verdade deviam estar a fazer outras coisas que não das universidades, pelo menos no que toca à nossa situação. Qualquer pessoa que entra para um instituto superior acha que já está na universidade, mas não há ninguém para pôr ordem nisso. Olhe, as universidades privadas vêem-se a braços para sobreviverem, todos sabemos disso, vivem das propinas, muitas não têm água canalizada, mesmo quando a conduta de água passa à frente da instituição. Não têm luz mesmo com os postes de luz pública dentro do seu pátio. Terá a instituição de tutela coragem para ir fechar ou determinar o encerramento desta ou daquela Instituição de Ensino Superior (IES)? Não creio. Mas se tivesse a força moral poderia fazê-lo, só que quando autorizou a sua construção, só lá voltou a aparecer por altura da sua inauguração. Que autoridade tem? Os marimbondos ferravam mal no passado. As Instituições de Ensino Superior privadas, se alguma fazem investigação pode ser exagero. Está aí a COVID-19, alguma recebeu verba do ministério para investigar o impacto do vírus no sector? E existem investigadores, autênticos cientistas, alguns conheço pessoalmente, e sobre alguns ouço falar. Para investigar é preciso ter uma determinada linha de investigação e não se cria de um dia para outro. Mas acredito que as IES Públicas investigam, têm ou tinham a obrigação de ter para poderem se ocupar da investigação. Até creio que a investigação científica como órgão
O ministério vive um dilema, desde os tempos do malogrado ministro Adão que o sector público de ensino superior é um tipo de área de experiência
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do ministério, está errado, senão mesmo erradíssimo. Que me corrijam.Mas esta situação se verifica desde os tempos do malogrado ministro Adão. Dali para cá é copy… tenho dito. Concluindo, nada está sendo feito. A ministra das Finanças deveria indagar onde são postas as verbas destinadas para a investigação científica. Como é que se estão a adaptar a este período. Acredita numa possível prorrogação do Estado de Emergência e as consequências que isso terá na universidade? Se acredito numa nova prorrogação do Estado de Emergência? Enquanto vão surgindo novos casos, a situação vai manter-se, talvez aligeirando algumas restrições sobretudo nas províncias. É de lá que vem o pão-nosso de cada dia. Ou montar-se um ou mais cenários. Falou-se muito que seriam ministradas video-aulas. Até que ponto isso tem acontecido? Desde quando é que o Ministério do Ensino Superior autorizou o ensino à distância? Ele nunca quis ouvir nada que se parecesse. Creio que o próprio ministério desconhece ou então finge desconhecer. Os brasileiros quando cá chegaram instituíram o ensino à distância, o ministério fingia que estava a combater e existem no país muitos licenciados aqui, mas com diplomas passados no Brasil, Paraguai ou mesmo nos Estados Unidos. Agora Instituições de Ensino Supeior Privadas estão a praticar ensino em sistema de vídeo-Aula, o Class-room, mas nem todas, até porque nenhuma instituição privada gastaria dinheiro para este investimento para dar aulas na clandestinidade. Existem, se tanto, duas ou
três IES privadas que estão a ministrar vídeo-aulas com recurso a telefone, tablet dos estudantes e professores. É triste, depois dizemos que temos ensino superior para formar os angolanos. Eu dou às Terças e Quintas-feiras a partir da minha casa com recurso ao meu Iphone, ministro class-room com os estudantes nas suas próprias casas e devo dizer que é uma experiência que a nossa instituição vai alargar se o período de emergência prosseguir. O Decreto Legislativo Presidencial é bastante cauteloso e com grande alcance. Tem conhecimento de universidades que estão a ministrar aulas à distância? Aulas à distância? Não está legislado nem autorizado. Acredito que só existirão quando o ministério autorizar a Institutos de Ensino Superior Públicos. O ministério vive um dilema, desde os tempos do malogrado ministro Adão que o sector público de ensino superior é um tipo de área de experiência. Não pode haver ensino superior privado a superar o ensino público. Sinceramente, por um lado, temos uma economia de mercado, mas o ensino não só é protegido, como é privilegiado. Desde a autorização do ensino superior privado, há mais de duas décadas, não se conhece iniciativa no sector proveniente do ministério. Até o programa de Agregação Pedagógica dos docentes, esta iniciativa partiu de quatro Instituições de Ensino Superior Privadas (UCAN, UGS, UNiA e UPRA). Esta é a triste verdade. É preciso mexer as pedras, senão voltamos ao figurino inicial – a educação e ensino superior sob tutela do Estado e o Estado pode nacionalizar todas as
Dr
e o tempo vai passando. Ao ler esta proposta fica a ideia de ela querer contribuir e evitar um colapso do ano académico de 2020, isto é, apresentou três cenários, para discutir com a tutela nos seguintes moldes: a) Um cenário de suspensão de aulas durante 15 dias, já em curso. b) Um cenário de suspensão de aulas durante 30 dias, que o Decreto Executivo Provisório chama de Prorrogável, ou seja mais outros quinze (15) dias o que perfaz trinta (30) dias; c) Por último, um cenário de suspensão de aulas por 45, admitindo que ao cabo dos 30 dias a situação permaneça ou venha a piorar. As questões estão sobre a mesa, é preciso encontrar tempo para discutir, temos ambos uma “responsabilidades social”.
Instituições de Ensino Superior Privadas.
Já foram chamados pelo Ministério do Ensino Superior para se encontrar uma solução em relação a isso? Isto se enquadra na questão anterior. É frustrante haver vontade apenas de uma só parte, a parte mais frágil do processo.
Já há estudantes que não concordam com o pagamento de propinas este mês. O que pensa? Pelo menos o Decreto Legislativo é cauteloso, para se evitar o que aconteceu em 2014. Tão cauteloso porque permitiu que as IES tomassem as iniciativas para ministrar vídeo-aulas mas sem qualquer acompanhamento da instituição tutora. Algumas disponibilizam aos estudantes Trabalhos de Avaliação Contínua com carácter obrigatório, outras aulas à distância gravadas, entre outras modalidades. Sei que a AIESPA submeteu uma proposta ao MESCTI num Memorando de 27 de Março que aguarda resposta
Naquele ano importou-se 10 mil cabeças do Botswana para povoar o mesmo Planalto de Camabatela. Recordo-me do contrato com a Atlas para a construção do maior matadouro da região SADC. Ouvindo as declarações produzidas, o mote é apenas financeiro
Antes da paralisação houve algum acerto com o ministério? Não sei se foi baixada alguma orientação, excepto o Decreto Executivo do ministério. Não sou parte da AIESPA, estou a falar na qualidade de docente, a minha reflexão deve ser entendida apenas e tão-somente assim. Não estou representando a AIESPA, como o fazia em tempos idos. Quanto tempo mais as universidades conseguem aguentar encerradas sem que se coloque em causa o presente ano académico? Como vê, as universidades não são caixas-de-ressonância, para apenas ministrar aulas. É muito mais que isso, principalmente no que diz respeito à vertente “investigação científica”; do conhecimento que possuo e já trabalhei pelo menos em meia dúzia delas, não me recordo ter recebido alguma instrução, escrita ou falada, verba ou promessa de verba para investigar o que fosse quer fosse. A IES Privadas se têm recebido verbas para serem dedicadas à investigação científica e não o fazem, nem fizeram, penso que isto é gravíssimo. Mais de 50% de estudantes no ensino superior estão nas instituições privadas. O ensino superior privado é exercido por mais de 50% de todas as instituições de ensino superior, Instituições Superiores Técnicas, Politécnicas e Universidades. Só faltam apenas Academias privadas o que seria uma aberração.
Grande Entrevista
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‘No último quarto do século passado a palavra mais proferida era a diversificação’ É decano da Faculdade de Economia da Universidade Católica de Angola. Como avalia o actual momento económico do país? O mais importante e preocupante, e mesmo que dizer, o mais urgente é analisar o impacto do Estado de Emergência decretado, como o abordei logo no ponto um. Nada mais a acrescentar. O que receio é que poderão aparecer empresas que dirão ao seu (s) trabalhador (es) o seguinte: Olha meu companheiro, durante este tempo de quarentena, eu dupliquei a minha produtividade, dupliquei as minhas receitas, não vou pagar impostos, utilizei factores de trabalho mais sofisticados e já não tenho necessidade de ti. Mas isto é real ou poderá vir a acontecer. E o trabalhador dirá: patrão, eu devo entrar para o regime como uma futura mãe, que ocorre mesmo agora. Sejamos mais claros, licença de maternidade, não sei se o termos é mesmo este. Há aqui um conjunto de questões que a discussão da quarentena como emergência deve ter escapado, não por falta de atenção ou omissão consentida. Não ficarei escandalizado quando se começar a falar disso, dentro de alguns dias quando a quarentena ficar para trás. O exemplo que dei, por exemplo, aconteceu na França, “escapa-me o nome” em que alguns estudantes conceberam um produto nos laboratórios da universidade, que me escapa o seu nome, e é hoje a principal receita da universidade. Os seus alunos investigaram sob a batuta do seu professor. Isto a acontecer aqui vai-se atribuir o facto ao feiticismo. As estimativas apontam para uma incerteza quanto à recuperação económica no período pós COVID-19. Tem a mesma percepção? Isso é real. Depois da guerra é preciso ocupar-se dos sobreviventes, e manter a firmeza, pois os sobreviventes, mutilados ou não, são os que irão aparecer constantemente nas fotografias e documentários. Quando tudo isto acabar, iremos à Serra da Leba e ver a profundidade daquela tunda, passe o exagero. É o que teremos. Estimativas valem exactamente por serem estimativas. Qual é a solução numa fase desta em que o preço do petróleo continua baixo? Este sector deve ser o mais privilegiado e alberga analistas para se debruçarem sobre a matéria. Não sei muito nadar, o pouco que sei aprendi com o meu irmão que ajudava a atravessar o Rio Loma, e recordo-me do que me dizia: “leva um pau para medir a profundidade e não faça nada que não saibas. Ouve-me”. Por isso, quando vou à praia, recordo-me deste ensinamento, para não morrer na praia, como soe dizer-se. O petróleo já nos habituou com esses sobe-desce. Já deveríamos ter aprendido, crises nunca faltaram. Não é por aí. Uma vez mais o debate sobre a diversificação da economia virá ao de cima: o que tem falhado? No último quarto do século passado a palavra mais proferida era a diversificação da economia, Que economia, de subsistência, sobrevivência? Tudo é relativo como acontece com tudo. Já se gastaram milhares de milhares e de milhões de discursos. Existem países, casos muito pequenos, esporádicos, que foram bem-sucedidos como se de laboratórios se tratassem. Casos laboratoriais e daí expandir, a distância é da Terra ao Céu. Cada país é um caso, as cópias nunca deram certo. Angola tem as suas características e tem que trabalhar com essas características. Angola nunca vai se chamar China ou Brasil, para não exagerar. Temos que ter os pés bem assentes, onde? Aqui. Temos que ser realistas e deixar espaço para aqueles que trazem ideias estudadas e discutidas, não apenas belas frases com boa caligrafia e pontuação, com vírgulas, ponto e vírgulas nos espaços da frase certos. Sem despri-
mor dos mais jovens. Só que o nosso jovem quer ter mais idade que os velhos, «eu estudei assim e á assim que vai ser». Onde estudaste, estudaste o caso de Angola? Conheces as especificidades de Angola? Porque é que não há água no Cunene quando aquela região é a que mais cursos de água possui? Sabe porque é que em primeiro lugar cai o dente da frente? O que temos que ler um sinal deste COVID-19, que sinais nos tem passado? Jesus disse: “Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos” A figura da ‘mesa preparada’ tem a conotação de proporcionar prazer a alguém. Como o prazer do Servo fiel é fazer a vontade do seu Senhor, a mesa preparada representa a vontade de Deus. A mesa posta na presença dos inimigos não guarda relação com o sustento quotidiano, antes reúne numa mesma figura a vontade expressa de Deus e o prazer do seu Servo. Quando lemos a declaração de Jesus, que diz: “...convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos” (Lc 24:44), e que a ‘comida’ de Cristo era fazer a vontade de Deus Pai, é possível saber o que foi posto sobre a mesa: “Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra” (Jo 4:34). Foi assi que Jesus pediu ao Pai para preparar a mesa onde iria sentar-se com os seus inimigos. O debate sobre a diversificação tem falhado é por falta de sinceridade, lealdade e compromisso com o nosso Deus “o Povo de Angola.” Às vezes sinto como o Titular do Poder é abandonado pelos seus auxiliares. Mas isto já vem desde há muito. Como é que o Executivo tem olhado para a agricultura, pescas e outros sectores vistos como secundários? A visão que se tem da agricultura e principalmente este sector é uma visão errada e mística. É só saber que ninguém planta batata ou seja lá o que for no ar. Até aqui sabemos que o planeta Terra é ainda o único habitável. A lua não possui água, é lá onde o homem já pousou. O que nos dizem as amostras que Armstrong e seus companheiros trouxeram de lá. É preciso criar mais centralidades no interior, são eles que nos alimentam. O êxodo rural só acontece quando as atenções todas estão viradas para o meio urbano. É preciso discutir não para fabricar mais documentos que depois queimamos. Alguns economistas acreditam que o desemprego será uma das principaís consequências desta crise provocada pelo coronavírus. Qual deve ser a intervenção do Executivo? O executivo não pode ser ingénuo. Tem que (deve) mandar e não esperar que as investigações sobre a nossa terra nos sejam sugeridas e feitas em laboratórios na Europa. A pobreza tem de ser combatida com dinheiro para pagar a investigação científica. No tempo colonial existia um Centro de Investigação Científica de Angola. Onde está? No Ministério da Planeamento, Economia, Agricultura…? Podemos fazer mais? Yes, we can. O Executivo aprovou um plano económico para este período. O que pensa dele? As medidas são as mais acertadas? É só o Governo determinar que se crie um Centro do Pensamento Económico Angolano, não de Angola. Economistas abundam nesta terra e dos bons, disto não tenho a menor dúvida. E não só economistas. Temos peritos de outros sectores. Muitos jovens foram estudar ou enviados e encaminhados para estudar uma coisa. Foram as principais vítimas do descalabro institucional. Nem o INAGBE sabe onde estão esses miseráveis….Se o Plano foi aprovado é porque é bom. No Executivo está a nata político-económica do país. Acima dele só está o Parlamento.
‘O aconteceu com a CAP não vou contar a ninguém’
A
banca angolana está preparada para o período pós-COVID 19?
Fui bancário, já estou aposentado, já não me recordo dos corredores, hoje me perderia vagueando por lá. Foi o meu último emprego ao serviço do Estado. Ajudei a montar a Caixa de Agricultura, Pecuária e Pesca (CAP). O que aconteceu não tenho vontade de dizer a ninguém. Nem a minha família e amigos sabem e nunca vou contar a ninguém, não me peçam nada, absolutamente nada. Não se trata, até aqui, de um segredo meu, como se fosse segredo de Estado. O único que sabe é só mesmo o meu Deus. Que seja louvado. Houve nos últimos dias uma redução de ministérios. Até que ponto diminuirá as despesas? Do meu ponto de vista pessoal a medida está certa, peca por ser tardia. Há aí uma duplicação de funções, choques entre titulares dos órgãos auxiliares. É preciso ser atento. Quem elabora a proposta é de tal maneira que os preguiçosos têm vontade de dormir e não opinar e aí tudo recai sobre o Titular. Passei por aí. A experiência de importação de bois, espero que sejam novilhas prenhes, como fizemos em 1981. Naquele ano importou-se 10.000 cabeças do Botswana para povoar o mesmo Planalto de Camabatela. Recordo-me do contrato
com a Atlas para a construção do maior matadouro da região SADC. Ouvindo as declarações produzidas, o mote é apenas financeiro. Valha-me Deus. Quer dizer que o Executivo não pode ser uma árvore, preciso estremecer para que o fruto podre caia e seja deitado ao lixo. O que não concordo muito é que esse mesmo lixo, sem ser pejorativo, é reciclado. Apenas mudou de Europa exterior. Angola já deve ter uma quantidade de membros do Governo aposentados e de invejar. Se fossem alguma coisa, seriam conselheiros do Titular e como não o são, que vivamos em paz, pelo menos isso, passe a redundância. O problema não é só mudar. Não nos esqueçamos que o Titular tem uma educação militar, tudo tem de estar alinhado, quem sai da fila, ai, ai, ai. Faltam ao Titular, como no passado, conselheiros leais, sinceros e que saibam reformular ou fazer propostas credíveis e dignas de quem as elabora. Mas esta Angola como no passado não sucumbiu, não será desta vez. O espírito guerreiro dos nossos antepassados vai acordar. O Executivo continua ou não obeso? Quer o tamanho do Executivo e a sua composição é um critério que assiste ao Titular. A partir de fora somos ou do 1º de Agosto, ou Petro. Queremos ver boas jogadas e muitos golos, quando a quarentena passar.
TEMPO
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O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
Fonte: INAMET Das 18 horas do dia 09 às 18 horas do dia 10 de Abril de 2020.
PrEviSÃO DO TEMPO *** 3 DiAS *** PArA AS PrinCiPAiS CiDADES Ê Ê
válida de 10 a 12 de Abril de 2020
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) Ê
Ê
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 10 á 12 de Abril de 2020Ê Data 10/04/ 2020
Data 11/04/ 2020
Data 12/04/ 2020
CIDADE Mín LUANDA
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Máx 36
Estado do Tempo
Mín
Máx
Estado do Tempo
Mín
Máx
Céu nublado, chuva moderada ou forte.
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Céu nublado, chuva moderada.
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Céu nublado, chuva fraca.
Estado do Tempo
CABINDA
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Céu nublado, chuva fraca.
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SUMBE
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Céu nublado, chuva moderada.
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Céu nublado, chuva moderada.
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Céu nublado, chuva moderada.
CAXITO
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Céu nublado, chuva moderada ou forte.
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Céu nublado, chuva moderada.
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Céu nublado, chuva moderada.
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Céu nublado, chuva moderada.
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MBANZA CONGO
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Céu nublado, chuva moderada ou forte.
UIGE
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Céu nublado, chuva moderada ou forte.
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Céu nublado, chuva moderada.
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Céu nublado, chuva moderada.
NDALATANDO
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Céu nublado, chuva moderada ou forte.
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Céu nublado, chuva moderada.
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Céu nublado, chuva moderada.
MALANJE
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Céu nublado, chuva moderada.
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Céu nublado, chuva moderada.
18
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Céu nublado, chuva moderada.
DUNDO
19
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Céu nublado, chuva moderada ou forte.
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Céu nublado, chuva fraca.
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Céu nublado, chuva moderada.
SAURIMO
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Céu nublado, chuva moderada ou forte.
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Céu nublado, chuva moderada.
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Céu nublado, chuva moderada.
BENGUELA
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Céu nublado, chuvisco ou chuva fraca
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Céu nublado, chuva fraca.
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Céu nublado, chuva moderada.
HUAMBO
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Céu nublado, chuva fraca.
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Céu nublado, chuva moderada.
06
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Céu nublado, chuva moderada.
Céu nublado, chuva moderada.
CUITO
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Céu nublado, chuva fraca.
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Céu nublado, chuva moderada.
14
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Céu nublado, chuva fraca.
LUENA
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Céu nublado, chuva moderada.
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Céu nublado, chuva moderada.
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Céu nublado, chuva fraca.
LUBANGO
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Céu nublado, chuva moderada.
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Céu nublado, chuva fraca.
17
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Céu nublado, chuva fraca.
MENONGUE
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Céu nublado, chuva fraca.
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Céu nublado, chuva fraca.
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Céu parcial nublado.
MOÇÂMEDES
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Céu parcial nublado
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Céu nublado, chuva fraca.
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Céu nublado, chuva fraca.
ONDJIVA
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Céu nublado, chuva fraca.
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Céu nublado, chuva fraca.
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Céu parcial nublado.
O Meteorologista: Lionete Mitange e Edmara Pereira Ê
REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu nublado. Possibilidade de ocorrência de chuva moderada, podendo ser localmente forte, acompanhada, por vezes, de trovoadas em alguns municípios das províncias do Zaire, Bengo, Luanda, uíge, Malanje, Cuanza-norte, Cuanza-Sul, Lunda-norte e Lunda-Sul. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca em alguns municípios das províncias de Cabinda REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu nublado em toda região. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca, em alguns municípios das províncias do Huambo, Bié e Moxico. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu nublado. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca, podendo ser localmente forte acompanhada, por vezes, de trovoadas em alguns municípios das províncias do Cunene e Cuando Cubango.
Luanda, 09 de Abril de 2020
Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.aoÊ
TEMPO NO MAR
Fonte: INAMET
BOLETiM METEOrOLÓGiCO PArA A nAvEGAÇÃO MAríTiMA
3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 09/04/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 10/04/2020
1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 09 DE ABRIL DE 2020: INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA - INAMET
Circulação de Sudoeste moderada a forte paralelos 4°S e 18°S (Cabinda, Zaire, Luanda, Centroentre Nacionalos de Previsão do Tempo Bengo, Cuanza Sul, Benguela e namibe) BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 10 DE ABRIL DE 2020:
1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 09 DE ABRIL DE 2020: Circulação de Sudoeste moderada a forte entre os paralelos 4°S e 18°S (Cabinda, Zaire, Luanda, Bengo, Cuanza Sul, Benguela e Namibe) 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 10 DE ABRIL DE 2020: NÃO HÁ AVISO.
NÃO HÁ AVISO.
REGIÃO
ESTADO DO TEMPO
VENTO
(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)
ALTURA DA ONDA (METROS)
ESTADO DO MAR
DIRECÇÃO FORÇA (KT)
Cabinda (4°S – 6°S)
Chuva fraca
Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S)
VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)
Sudoeste
10 á 13
Até 1.7
Agitado
Fraca (Inferior a 3)
Chuva moderada
Sudoeste
Até 14
Até 2.2
Agitado
Fraca (Inferior a 5)
Benguela (12°S – 14°S)
Pouco nublado
Sudoeste
Até 16
Até 2.3
Agitado
Moderada a boa (Superior a 8)
Namibe (14°S – 18S)
Pouco nublado
Sudoeste
Até 17
Até 2.4
Agitado
Moderada a boa (Superior a 8)
O Anticiclone de Santa Helena com a sua pressão central de 1025hPa, apresentará uma situação estacionária e estender-se-á em crista sobre a região marítima de Angola, influenciando assim no padrão do vento durante as próximas 24 horas. Assim, prevê-se mar agitado nas regiões marítimas de Cabinda, Zaire, Luanda, Bengo, Cuanza-Sul, Benguela e namibe, com ondas máximas entre 1.7 e 2.4 metros de altura.
CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA
Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.
MUNDO
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O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
China divulga protocolo sobre gestão de pacientes recuperados da COVID-19 O Mecanismo de Prevenção e Controlo Conjuntos do Conselho de Estado lançou um protocolo sobre a gestão de pacientes recuperados da COviD-19, esclarecendo o processo de quarentena domiciliar, visitas de retorno a médicos, novos testes e vigilância de saúde após a alta hospitalar
Equipas médicas chinesas despedem-se depois de trabalho conjunto no epicentro do contágio em Whan
Bebé de dois meses recupera da Covid-19 na Itália
M
D Dr
e acordo com o protocolo, os pacientes recuperados da COVID-19 devem permanecer em quarentena por 14 dias em casa ou num centro de isolamento para observação médica. Durante o período de isolamento, aqueles que se recuperaram da doença devem medir a temperatura diariamente e ficar atentos a febre e outros sintomas respiratórios, incluindo tosse e dificuldades respiratórias, segundo o protocolo. Os hospitais designados devem planear visitas de retorno dos pacientes e um novo teste nas próximas duas a quatro semanas após a alta hospitalar, acrescentando que as amostras de saliva são mais confiáveis e devem ser a primeira opção para o novo teste. Aqueles que receberam alta serão classificados como casos confirmados, se derem positivo no teste, apresentarem sintomas como febre e tosse, e manifestarem condições de piora dos pulmões de acordo com resultados da tomografia computadorizada. Para estes casos, os pacientes devem ser internados para tratamento adicional, afirma o protocolo.
China intensifica triagem de infecções assintomáticas por COviD-19
A
China pediu a intensificação da detecção e da resposta imediata às pessoas que têm o novo coronavírus mas que não apresentam sintomas, de acordo com uma circular emitida pelo Mecanismo de Prevenção e Controle Conjuntos do Conselho de Estado. Os casos assintomáticos referem-se às pessoas que testaram positivo para o coronavírus mas não apresentam sintomas como febre, tosse ou dor de garganta, disse a circu-
Dr
lar, observando que elas são infecciosas e apresentam um risco de disseminação do vírus. A triagem de infecções assintomáticas deve ser intensificada, tendo como alvo contactos próximos de pacientes confirmados, pessoas envolvidas em surtos de cluster, pessoas expostas à COVID-19 e viajantes de áreas com alto risco de infecção, afirma o documento. O regulamento também exige que hospitais e departamentos de controlo de doenças em todo o país realizem acções imediatas
Equipa sanitária toma a leitura da temperatura corporal num posto de controlo
ãe e filha tinham testaram positivo ao novo coronavírus há três semanas. Agora, ambas estão curadas. A bebé de dois meses, com cidadania italiana, que testou positivo à Covid-19, recebeu alta hospitalar, nesta quintafeira, depois de se comprovar que já não era portadora do SArS-Cov-2. Hospitalizada a 18 de Março na unidade de doenças infecciosas do hospital pediátrico Giovanni XXiii, em Bari, a bebé de dois meses regressa agora a casa, mais de três semanas depois, na companhia da mãe, que também testou positivo e agora está curada, como relatou a agência de notícias AnSA. Depois de a mãe ter sido diagnosticada com pneumonia, os médicos decidiram separá-la da sua filha, que pouco tempo depois deixou de apresentar sintomas de tosse e febre. recorde-se que em itália mais de 26 mil pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus já estão curadas.
assim que detectarem portadores assintomáticos. As instituições médicas são ordenadas a relatar as infecções aos seus departamentos superiores de controlo de doenças dentro de duas horas, após a descoberta desses casos por meio de um sistema directo na rede. Enquanto isso, uma pesquisa epidemiológica incluindo uma investigação de contacto que deve ser concluída dentro de 24 horas pelos departamentos de controlo de doenças, de acordo com o regulamento. Uma vez verificados, os portadores assintomáticos serão submetidos à observação médica concentrada por 14 dias e só poderão ser liberados da quarentena após dois resultados negativos consecutivos de testes de ácido nucleico, com um intervalo de amostragem de mais de 24 horas, acrescentou.
O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
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Espanha vê o tormento pelo coronavírus diminuir e busca novo ‘pacto’ económico A Espanha está perto do início de um declínio na epidemia de coronavírus, disse o primeiro-ministro Pedro Sanchez, na quinta-feira, instando todos os partidos políticos a aderirem a um pacto pelo renascimento económico nacional após a crise da saúde.
“O
fogo começa a ficar sob controlo... Essa guerra contra o vírus será uma vitória total”, disse ele a um parlamento quase vazio, quando mais de 300 parlamentares participaram remotamente devido a regulamentos de bloqueio. Eles deveriam votar numa extensão, de duas semanas, do estado de emergência da Espanha, que manteria as pessoas em casa até 26 de Abril. O novo acordo económico proposto pelo governo é inspirado nos “Pactos de Moncloa”, assinados em 1977, após a morte do ditador Francisco Franco, para transformar a economia estatal numa economia de mercado para a Espanha recém-democrática. Ele procura unir o cenário po-
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lítico fragmentado e também engloba sindicatos, empresas e regiões, por trás de uma política de reconstrução económica comum. “Proponho um grande pacto para a reconstrução económi-
ca e social da Espanha, a todas as forças políticas que querem emprestar os seus ombros para participar”, disse Sanchez, um socialista que lidera um governo de coalizão de esquerda após uma série
de eleições inconclusivas. As medidas da Espanha para conter a doença COVID-19 - algumas das mais difíceis da Europa - ajudaram a salvar muitas vidas e reduziram o aumento diário proporcional de novas infecções de 22% para 4%, disse Sanchez ao parlamento. Os dados mais recentes do Ministério da Saúde mostraram na Quarta-feira o total de mortes pela epidemia subindo de 757 para 14.555 - a terceira maior do mundo depois da Itália e dos Estados Unidos. No geral, os casos da Espanha subiram de 146.510 para 146.690 na Terça-feira. Apesar da extensão do bloqueio, o governo planeia diminuir as restrições para as empresas depois de fechar todas as empresas não essenciais há quase duas semanas.
Líderes africanos protestam em torno da OMS após críticas a Trump
O
s líderes africanos se uniram ao chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), o etíope Tedros Ghebreyesus, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, criticou a agência das Nações Unidas e ameaçou reter a contribuição do seu país para o seu orçamento. Na Terça-feira, Trump acusou a OMS de se concentrar demais na China e de emitir maus conselhos sobre a pandemia do COVID-19. O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, que preside a União Africana (UA), disse em comunicado na noite de Quarta-feira que o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, demonstrou “liderança excepcional (...) desde os estágios iniciais desta crise mundial de saúde sem precedentes”. “A UA apela à comunidade in-
ternacional para que se dê as mãos para apoiar os esforços da DG e de toda a família da OMS, à medida que lideram os esforços globais para combater esta pandemia”, acrescentou Ramaphosa. “Se houve um tempo para unidade global, solidariedade e cooperação, é agora.” Postando no Twitter, Paul Kagame, do Ruanda, disse que o chefe da OMS “tem toda a confiança e apoio da África”, enquanto Moussa Faki, chefe da Comissão da UA, instou os líderes a se concentrarem no combate ao COVID-19 e disse que o tempo para a prestação de contas chegaria mais tarde. Tedros, um ex-ministro das Relações Exteriores da Etiópia, rejeitou a sugestão de Trump de que a OMS tenha estado “centrada na China” nos seus esforços para conter a propagação do novo co-
ronavírus. “Estamos perto de todas as nações, somos daltônicos”, disse ele na Quarta-feira, acrescentando que a OMS “manteve o mundo informado sobre os dados, informações e evidências mais recentes”.
Presidente da Comissão Africana, Moussa
A China disse que Tedros desempenhou um papel importante na promoção da cooperação internacional para combater a pandemia, que já infectou mais de 1,47 milhão de pessoas e matou mais de 87 mil, segundo o último relatório da Reuters. A África é responsável por uma fracção dos casos globais da doença, mas os seus países estão a sentir o impacto que as economias devem contrair, colocando em risco cerca de 20 milhões de empregos. “A janela para conter o vírus nos níveis sub-nacional e nacional está a fechar-se em muitos países”, disse Tedros aos diplomatas, em Genebra, na Quintafeira. “Os números de infecção em África são relativamente pequenos agora, mas estão a crescer rapidamente.”
itália pode relaxar algumas medidas de coronavírus até ao final de Abril
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Itália pode começar a suspender, gradualmente, algumas restrições para conter o novo coronavírus até ao final de Abril, desde que a propagação da doença continue a desacelerar, disse o primeiro-ministro Giuseppe Conte à BBC na Quinta-feira. “Precisamos escolher sectores que possam reiniciar as suas actividades. Se os cientistas confirmarem, poderemos começar a relaxar algumas medidas até ao final deste mês ”, disse Conte à emissora britânica. Conte alertou, no entanto, que a Itália não poderia baixar a guarda e as restrições seriam reduzidas apenas gradualmente. Houve 542 mortes de COVID-19 na Itália na Quarta-feira, abaixo das 604 do dia anterior, elevando o número total de mortes para 17.669. Havia 3.693 pessoas em terapia intensiva, ante 3.792 na Terça-feira - o quinto declínio diário consecutivo. O declínio aumentou as esperanças de que o vírus esteja em retirada graças a um bloqueio nacional, embora o número de novos casos tenha aumentado 3.836, em comparação com 3.039 na Terça-feira, para chegar a 139.422, o terceiro maior globalmente atrás dos Estados Unidos e da Espanha. A Itália impôs o bloqueio nacional em 9 de Março. Duas semanas depois, Conte anunciou que negócios não essenciais, incluindo fabricação de automóveis, roupas e móveis, teriam que fechar. As empresas do coração industrial do norte do país pedem ao governo que reabra as fábricas para evitar uma catástrofe económica, mesmo que o norte seja a área mais atingida pelo coronavírus. Filiais de empregadores pressionam o grupo Confindustria, que representa as regiões norte da Lombardia, Veneto, Piemonte e Emília-Romanha, que representam 45% da produção económica da Itália, pediu ao governo na Quarta-feira que estabeleça um “roteiro” para o retorno ao trabalho.
ACTUAL
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O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
Comissão Económica aprova financiamento a pequenas empresas
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Cerca de 448 mil milhões de Kwanzas é o montante aprovado esta quinta-feira, pela Comissão Económica do Conselho de Ministros, para financiar a manutenção mínima dos níveis da actividade das micro, pequenas e médias empresas do sector produtivo do país
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medida, de carácter imediato, se enquadra na estratégia do Governo angolano para conter os efeitos económicos causados pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), bem como pela redução acentuada do preço do barril de petróleo no mercado internacional sobre as empresas e sobre as famílias. De acordo com o comunicado da sessão, essa acção visa também o alívio fiscal e o alívio no pagamento de salários. O primeiro será feito por via do alargamento dos prazos para a sua liquidação, enquanto o segundo, por via do diferimento do pagamento da contribuição para a segurança social. O documento da reunião orientada pelo Presidente da República, João Lourenço, indica que trata-se do diferimento do pagamento da contribuição para a segurança social referente ao II trimestre do ano em curso e que tem em vista o pagamento de seis parcelas mensais de Julho a Dezembro de 2020, sem
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Presidente da República, João Lourenço
formação de juros. Na sessão desta Quinta-feira, a equipa económica do Executivo angolano anuiu à remoção de alguns procedimentos administrativos que incidem sobre o processo de constituição de empresas, tais como o registo estatístico e o requerimento do alvará comercial, para o exercício de determinadas actividades. Mereceu, igualmente, o aval da Comissão Económica, a necessida-
de de acelerar a transição da actividade informal para o sector formal, com a implementação urgente das acções previstas no programa de reconversão da economia informal. A 3ª sessão ordinária do órgão colegial do Presidente da República, deu aval ao asseguramento da mobilidade mínima necessária de trabalhadores durante a fase de estado de emergência, através de credenciamento do pessoal das empresas
privadas, cuja actividade laboral não está suspensa. Relativamente aos agregados familiares que vivem sob a ameaça do aumento dos custos dos bens básicos, foram adoptadas medidas para autorizar as entidades empregadoras do sector privado a transferirem para o salário dos trabalhadores o valor descontado para a segurança social, correspondente a três por cento do seu salário, nos meses de Abril, Maio e Junho. Foi ainda recomendado às empresas do sector da energia e água a não efectuar corte de fornecimento de água e energia eléctrica durante o mês de Abril do ano em curso, bem como foram adoptadas medidas com vista a disponibilizar 315 milhões de Kwanzas para apoiar as famílias mais cadenciadas, com bens da cesta básica. Relativamente às famílias economicamente vulneráveis, o encontro que decorreu no Centro de Convenções de Talatona, aprovou o início em Maio próximo da primeira fase do programa de transferência social monetária.
Covid-19: consultor empresarial apoia medidas do Governo
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consultor de empresas Galvão Branco considerou esta Quinta-feira viável e vantajosa a medida do Governo que autoriza as empresas a transferir o desconto da segurança social para o pagamento de salários nos meses de Abril, Maio e Junho, assim como a sua subvenção. Do pacote de medidas aprovadas hoje destaque também para alocação financeira avaliada em 488 milhões de Kwanzas (873, 4 milhões de dólares), para assegurar a manutenção mínima dos níveis
de actividade das micro, pequenas e médias empresas do sector produtivo. Ao falar à Angop sobre as medidas adoptadas nesta Quinta-feira pelo Executivo, o especialista justificou serem oportunas e adequadas, para fazer face aos estragos que estão a ser causados pela pandemia Covid-19, que afecta o país e o mundo. “Numa situação como esta, medidas políticas e administrativas são importantes, para dinamizar a actividade empresarial no país”, enfatizou. Em relação à subvenção das empresas pelo Governo, disse ser uma medida ajustada e responsável e alivia a tesouraria das empre-
sas, permitindo prosseguir com as suas actividades. Apesar da pandemia, o país deve continuar e os mecanismos extraordinários vão ajudar na gestão dos problemas que o país possa enfrentar. Além da medida do governo, aconselhou as empresas a se agarrar a outros esforços complementares para conseguir conviver com esta situação. Por sua vez, o economista Josué Chilundulo sublinhou que essa decisão terá um impacto significativo se o Estado assumir outras perdas fiscais e de cobertura directa à produção, como custos alfandegários com matéria-prima, IVA, custos com energia e água, e outras operações para fiscais.
Referiu que nesta altura grande parte das empresas que actuam no mercado estão sem liquidez para assumir os seus custos fixos, fruto da crise económica e financeira que o país vive há mais de seis anos. Por esta razão, disse, as empresas têm estado a perder a sua capacidade de sobrevivência, uma vez que 8% dos 11% de contribuição para Segurança Social por trabalhador é da responsabilidade do empregador, situação que tem agravado os custos fixo das empresas. A medida adoptada hoje pelo executivo permitirá que o custo salarial seja reduzido, com mais incidência para as grandes empresas do que para as micro e pequenas empresas.
Apreendida embarcação com combustível para rDC
U
ma embarcação de fabrico artesanal, que transportava 725 litros de combustível (gasóleo), com destino à República Democrática do Congo (RDC), foi apreendida pela Polícia de Guarda Fronteira, no município do Soyo, província do Zaire, por presumível contrabando de derivados de petróleo.Em nota de imprensa, a que a Angop teve acesso ontem(Quinta-feira), a corporação explica que a apreensão ocorreu Quarta-feira nas imediações do posto naval de Mbubo, na sequência de uma micro-operação realizada no canal fluvial Santo António, pelos efectivos da 2ª Unidade da Polícia de Guarda Fronteira. Acondicionado em recipientes de 25 litros cada, o produto, em posse de um cidadão da RDC, estava a ser transportado para o país vizinho, onde seria comercializado. O combustível foi entregue ao Serviço de Investigação Criminal (SIC), ao passo que o indivíduo (imigrante ilegal) está sob controlo do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME).
OPINIÃO
O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
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RICARDO VITA*
Testes colonialistas para uma vacina dos países ricos?
A
lém das falhas flagrantes dos sistemas de saúde em África, uma vez que os seus líderes, que não conseguiram criar estruturas sólidas capazes de satisfazer necessidades específicas de saúde pública, preferem viajar para a Europa, América ou Ásia para serem tratados em hospitais caros com o dinheiro dos seus povos, há uma verdade que é silenciada. Além das observações recentes, que pro-vocaram uma grande onda de indignação e condenação, feitas por dois cientistas franceses fa-voráveis à realização de ensaios clínicos contra a covid-19 em África, a verdade deve sempre nos fazer concordar. Pois todas as pesquisas médicas realizadas em África, poucas referem-se às cha-madas doenças tropicais, aquelas que afectam os Africanos. Por exemplo, e de acordo com o livro « Is orphan drug status beneficial to tropical disease control ? », Tropical Medecine and Interna-tional Health, escrito por Patrick Trouillet, C. Battistella, J. Pinel, Bernard Pécoul, e publicado pela Oxford em 1999, sobre 1450 novos medicamentos comercializados no mundo entre 1972 e 1997, apenas 13 eram para tratar doenças tropicais. Portanto, se a diáspora africana e os Africanos do con-tinente protestaram contra as palavras dos dois cientistas, é porque entendem o jogo da indústria farmacêutica; que escolhe ela própria, financia e organiza esses estudos em terras africanas quase sem ética. Sendo atraídos sobretudo pela fraqueza de controlos nesses países, onde usurpam alegremente as regras de segurança dos seus cobaias, os laboratórios preocupamse em tornar os seus investimentos lucrativos, nesse contexto em que as autoridades locais não con-
seguem definir uma política clara e coerente sobre o medicamento permitindo-lhes controlar a actividade dos labo-ratórios. E uma vez encontrado o medicamento, esses laboratórios vendem-no a um preço que não permite que os Africanos o adquiram. É assim que se organiza em África a ditadura que impõe re-gras aos Africanos sem pedir a sua opinião. Portanto, entende-se a indignação, especialmente a dos afrodescendentes, quando se ouviu na LCI, um dos principais canais de notícias de França, no dia 1 de Abril, as palavras dos cientistas Jean-Paul Mira, chefe do serviço de reanimação no Hospital Cochin em Paris, e Camille Locht, director de pesquisa do Inserm (Instituto Nacional de Pesquisa Médica e de Saúde). « Para ser provocador, não deveríamos fazer este estudo em África, onde não há máscaras, tratamento, reanimação, como aliás acontece com certos estudos sobre a sida, ou com prostitutas: experimentamos coisas porque sabemos que elas são altamente expostas. O que acha disso ? », disse o primeiro ao segundo. « Tem razão, também estamos a pensar em paralelo a um estudo em África com o mesmo tipo de abor-dagem, que não impede que possamos pensar ao mesmo tempo a um estudo na Europa e na Aus-trália », respondeu o segundo. Em outras palavras, e dado que os corpos de Africanos e prostitutas são corpos subalternos, condenados a serem expostos ao perigo, devem ser mobilizados de maneira útil para salvar outros corpos mais preciosos. Nesse caso, como não ver nessa conversa, onde dois cientistas brancos falam de estudos que podem ser lançados para verificar a eficácia da vacina BCG contra o coronavírus, a herança de uma mentalidade ou um sub-
consciente colonialista, acostumado a ver corpos negros como bases de experiência para salvar corpos brancos? Na normalidade absolu-ta e num tom assustadoramente relaxado, esses cientistas lembraram sem saber a violência colonial. Portanto, o que vimos nesse dia não foi uma provocação, foi a demonstração de racismo autêntico. E acidentes graves causados por laboratórios dos países do Norte que desconsideram a ética são conhecidos, como, por exemplo, o Dr. Jean-Philippe Chippaux tão bem demonstrou num artigo publicado em 2005 no Le Monde Diplomatique. Para o Tenofovir, um antiviral usado contra a sida, financiado pelo governo americano e pela Fundação Bill e Melinda Gates, a Family Health International, para o laboratório Gilead Sciences, lançou testes clínicos na Nigéria em Março de 2005 que causaram danos antes de serem suspensos devido a graves violações éticas. Também foram interrompidos nos Camarões em Fevereiro de 2005 pelos mesmos motivos. Mas continuaram no Botsuana, Malawi e Gana. E em 1996, onze de duzentas crianças morreram e várias outras sofreram danos cerebrais ou motores graves durante um estudo do laboratório Pfizer na Nigéria para testar o Trovan, um antibiótico usado para combater a meningite. Nesses dois países, Nigéria e Camarões, nem as autoridades nem os comités de ética foram consultados antes da realização dos testes, em particular sobre as informações que foram dadas às famílias e sobre o seu consentimento. No entan-to, é competência do comité de ética examinar o protocolo experimental antes do teste, garantir a sua relevância e verificar a sua aplicabilidade no contexto social e económico dos locais onde o
estudo será realizado. Se ouvimos os gritos da diáspora e de algumas personalidades da África, é porque elas conhecem a história da ciência colonial e as suas práticas imperialistas, que são frequentemente apresentadas como humanistas, neutras e úteis para o desenvolvimento de todos os povos. As pesquisas médicas realizadas por laboratórios estrangeiros ainda se baseiam no mesmo modelo que esconde a oposição entre interesse científico e interesse económico ou comercial. Pelas suas vozes, esses afrodescen-dentes opõem-se a uma cultura colonialista que foi assumida no passado e que ainda é tenaz. Essas vozes denunciam e opõem-se a um conjunto maior de coisas e lamentam que a história do conti-nente seja ainda contada por outros. Perguntamse, por exemplo, porque é que certas mentes, acos-tumadas a ver de longe os infortúnios da África e que se tornaram insensíveis ao sofrimento do cor-po negro, têm anunciado com tanta certeza a catástrofe inevitável que ocorrerá em África nos próximos meses por causa da covid-19. Suspeitam que essas mentes pensem que isso seja mais o destino dos Africanos do que de outros, e que no fundo dos seus corações digam assim: « Bem, se o mundo inteiro foi atingido pela covid-19, porque é que a África deve ser poupada? Em nome de quem? É inconcebível! ». É por esse motivo que esses filhos da África, atentos e críticos, pedem a apropriação dos testes clínicos pelos africanos, que os medicamentos testados em África correspon-dam às necessidades locais e que os regulamentos médicos e farmacêuticos em vigor sejam revistos, porque datam do tempo colonial e são, portanto, obsoletos. Gostariam que os líderes africa-
nos, que hoje se preocupam com a sua saúde, já que caíram na própria armadilha e que se encontram, pela primeira vez, no mesmo barco que o povo que desprezam, pensem em verdadeiras políticas para emancipar e desenvolver os seus países. Porque as quarentenas são soluções que foram concebidas por e para ricos, que podem ficar em casa sem trabalhar e que têm poupanças ou salários regulares que caem nas suas contas bancárias todos os meses. Os pobres, ou seja, a maioria dos Africanos, precisam sair de casa para ganhar o seu pão, caso contrário serão mortos pela fome e não pela co-vid-19. Portanto, os líderes africanos são hoje confrontados com as suas responsabilidades: devem agir, agora, depois dessa crise e sempre, para organizar os seus países. Se escaparem da covid-19 desta vez e não investirem depois em pesquisa médica, em sistemas de saúde e em seguranças so-ciais universais de qualidade - para impedir que os Africanos sejam ratos de laboratório para os países do Norte -, serão infectados por outro vírus mais virulento, juntamente com os outros ricos que pensam estar em segurança nas suas casas extraordinárias de segregação. Porque, se os mais pobres não puderem comer, se tratar ou trabalhar, eles espalharão o vírus em toda parte.
*Ricardo Vita é Pan-africanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Folha de São Paulo (Brasil), do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É co-fundador do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.
DESPORTO
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Ginástica entra em quarentena no Huambo Dr
A disciplina em
questão paralisou as actividades para proteger os atletas de eventuais contágios do Covid-19, pelo que cumprem rigorosamente as medidas de combate e prevenção da doença
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Mário Silva
O
d i re c tor-té c n ic o da Associação Provincial de Ginástica (APG) do Huambo, João Kanda, disse que o ginásio da escola Joaquim Kapango, recinto onde os atletas locais realizam as suas actividades, está encerrado devido às propagação do novo Coronavírus. João Kanda explicou que a medida é uma forma positiva de responder às recomendações das autoridades sanitárias do país. Aliás, o responsável associativo admitiu que tem havido vontade de alguns ginastas
Presidente da ATP espera retomar temporada de ténis em Agosto
em praticar a modalidade noutros recintos impróprios, mas a associação tem aconselhado os mesmos para ficarem em casa. João Kanda disse que para a ginástica não é aconselhável
que os atletas realizem sessões de treinos nas suas residências, porque é uma modalidade de sala diferentes das outras. “Temos ginastas com pouca experiência e fazendo exercícios
FAB trabalha para ir à Suíça Dr
O
físicos em casa podem contrair alguma lesão”, revelou. O responsável espera que os ginastas evitem esta situação para o bem da ginástica na província.
prazo para a Federação Angolana de Basquetebol (FAB) se pronunciar no Tribunal Arbitral do Desporto, na Suíça, sobre o caso Will Voigt venceu esta semana. Segundo fontes deste jornal, apesar de se estar fora do tempo, a Comissão de Gestão da FAB está a trabalhar para o efeito. O órgão que rege a modalidade no país, no mandato de Hélder Cruz “Maneda”, contratou o técnico americano William Voigt. Por várias razões, Maneda pediu demissão e deixou uma dívida com o técnico na
ordem dos USD 500 mil. Posto isto, a Comissão de Gestão encontrou este passivo e tem dificuldades para o resolver, logo o técnico queixou-se às autoridades judiciais. A fonte deste jornal adiantou que vai-se encontrar um meio termo no que concerne à dívida, por isso vários relatórios e contas serão analisados e discutidos. Deste modo, Hélder Cruz fez saber em comunicado que a Comissão de Gestão tem a obrigação de assumir o passivo, porque o contrato foi feito em nome da FAB e não a título individual.
presidente da ATP, Andrea Gaudenzi, declarou nesta Quinta-feira (9) que espera retomar a temporada de ténis em Agosto, enquanto o desporto se mobiliza para minimizar os danos na crise do coronavírus. “Se conseguirmos voltar em Agosto salvaríamos assim três Grand Slams e seis Masters 1000. Caso contrário, os problemas poderiam multiplicar-se”, analisou Gaudenzi em entrevista concedida à imprensa italiana. “Criamos 50 versões de calendário que mudamos a cada dia”, admitiu o presidente da ATP, ao mesmo tempo que se mostrou “confiante” de que será possível disputar a temporada norte-americana “em Agosto com os Masters 1000 de Toronto e Cincinnati, e depois o US Open”. A ATP pretende adiar a temporada no saibro, com os Masters 1000 de Madri e Roma, além de Roland Garros, para o outono europeu (Setembro). “Desta forma, três torneios de Grand Slam e seis Masters 1000 seriam disputados, e quase 70% da temporada poderia acontecer”, afirmou Gaudenzi. O dirigente da ATP, porém, mostro-seu prudente, já que ninguém é capaz de definir com certeza quando acabará a pandemia do coronavírus. “Falar de Agosto,Ssetembro ou Novembro, tudo isso são hipóteses. Não adianta bater a cabeça na parede por algo que, no fim, pode não acontecer”. Gaudenzi revelou que cogita medidas a tomar caso a situação da crise da saúde se prolongue. “O nosso sistema é sólido, pode aguentar um ano sem tênis, mas não mais que isso”, concluiu.
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FAF desmente fim antecipado do Girabola A Federação Angolana de Futebol (FAF) desmentiu que o Girabola 2019/2020 terá um fim antecipado, como se diz nas redes sociais
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órgão que rege a modalidade no país fez saber que depois da COVID-19 haverá condições para se terminar o Campeonato Nacional. Ao longo da semana, muitos analistas aventaram a possibilidade de se atribuir o título do Girabola ao Petro de Luanda se a pandemia continuar. Por outro lado, falou-se também de o Petro e o 1º de Agosto fazerem uma finalíssima, uma vez que são os dois primeiros.
A FAF pede ponderação aos clubes e reitera que se cumpram as medidas de combate e prevenção da COVID-19, pandemia que continua a fazer vítimas no mundo. O Petro de Luanda lidera a prova com 54 pontos, ao passo que o rival de longa data, o 1º de Agosto, é o segundo com 51. O Girabola “cessou” as funções devido à pandemia da COVID-19 para evitar eventuais contágios entre os atletas, treinadores e adeptos nos estádios de futebol. Dr
Ibrahimovic treina com clube sueco e alimenta boatos
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e volta à Suécia durante a pandemia do coronavírus, o atacante do Milan, Zlatan Ibrahimovic, foi visto nesta Quinta-feira (9) a treinar com o Hammarby, clube da primeira divisão sueca e do qual é accionista, alimentando especulações sobre o seu futuro. O contrato do astro sueco, contratado em Dezembro pelo Milan, expira ao fim da actual temporada. De acordo com a imprensa sueca, que cita o diário italiano La Gazzetta dello Sport, o jogador não teria intenção de renovar o vínculo e permanecer na Itália. “Tenho a impressão de que ele jogará no Hammarby”, de Estocolmo, palpitou Alexander Axén, ex-técnico sueco e que hoje trabalha como comentarista na televisão do país. Uma possibilidade descartada, recentemente, pelo próprio jogador: “Quero aprender algo novo
sobre o futebol, de outro ângulo. Contribuirei ao lado, não dentro de campo”, declarou em entrevista publicada no dia 1º de Abril no jornal sueco Svenska Dagbladet. O jogador, de 38 anos, adquiriu em Novembro do ano passado cerca de 25% das acções do Hammarby. Questionado pelo jornal Dagens Nyheter, o presidente do clube, Richard Von Yxkull, afirmou que as portas estão abertas para o astro. “Trata-se de saber como Zlatan vê o seu futuro e o que ele quer fazer”, analisou o dirigente. Enquanto isso, Ibrahimovic continua a treinar, de olho num possível reinício do Campeonato Italiano, suspenso desde Março devido à pandemia do coronavírus. Na Suécia, as medidas para lutar contra o vírus são menos restritivas que no restante da Europa. Entre as medidas mais duras está a proibição de aglomeração de mais de 50 pessoas.
Lazio avisa Juventus: “os jogadores que saíram do país têm de cumprir quarentena”
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om a pandemia da COVID- 19 a abrandar, a Federação Italiana de Futebol começa a preparar o regresso do campeonato. Com muitos dos atletas estrangeiros ainda nos países de origem, os clubes começam a tomar providências no sentido do regresso para retomar os trabalhos. Uma situação que a Lazio espera que esteja a ser seguida pelo governo italiano. “Alguns clubes permitiram aos jogadores deixar o país, mas não se podem esquecer que eles têm que fazer uma quarentena de 14 dias
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após o regresso. Espero que isto não seja levado em conta pelo governo na altura de definir a data em que os clubes podem retomar os treinos. Só ia prejudicar os clubes que se portaram bem e recompensar quem agiu de forma incorreta”, escreveu Alberto Diaconale, director de comunicação do emblema italiano, no Facebook pessoal. Recorde-se que a Juventus foi o primeiro clube a autorizar a saída de jogadores de Itália, aquando da pandemia de Covid-19. Nomes como Ronaldo, Douglas Costa, Higuaín ou Khedira encontram-se nos países de origem, à espera de autorização para regressar a Turim.
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imobiliário
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diversos
Maria Teixeira, Jornalista do Jornal OPAÍS
OPINIÃO
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JOSÉ NETO ALVES FERNANDES*
CULTURA, AMBIENTE E TURISMO: O que se pode esperar do novo Mega-Ministério? (1)
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ONTO PRÉVIO: No dia 11 de Novembro de 2018, nesta mesma tribuna virtual, defendi a fusão de distintos departamentos ministeriais. Não foi nenhum achado científico. Vários consultores, analistas e escribas de diferentes tendências já tinham defendido posições semelhantes. Mas eu tive o atrevimento de idealizar e fundamentar o mega-ministério que acaba de ser constituído. Nutro um grande respeito pelos ambientalistas que defendem, com argumentos bastante sólidos, a total autonomia do ambiente, por se tratar de um pelouro transversal e incontornável. Contudo, quero crer que, pela mesma razão, no actual contexto de crise económica que se tem agudizado desde 2014, atingindo presentemente proporções depressivas, se quisermos realmente impulsionar, a médio prazo, novos negócios geradores de divisas e de milhares de empregos, temos de começar a projectar o “day after” do turismo, assente em políticas ambientais cientificamente sustentadas, sem perder de vista a pluralidade cultural e as ricas tradições dos povos da nossa terra. É verdade que o turismo é dos sectores mais penalizados pela pandemia da Covid-19. O colapso da aviação civil e o abrupto despovoamento das principais instâncias turísticas, em todas as latitudes, esvaziam as projecções mais optimistas. São perdas monumentais que ultrapassam largas centenas de biliões de dólares. Mas o fim do mundo não é aqui, nem é agora. Por isso, tão logo seja ultrapassada esta pandemia mortífera, a indústria do
turismo será seguramente resgatada, numa acção concertada entre governos, empresas, organismos internacionais e associações ambientalistas. E os angolanos, com todo o potencial da terra e do firmamento, não podem ficar à espera de ordens superiores para mudarem de mentalidade e inaugurarem uma nova era. Tudo isso só será possível com uma nova abordagem revestida de seriedade, humilde e capacitação permanente para se atingir a necessária sofi sticação, interiorizando as melhores práticas da região e do mundo, sem as politiquices nem os improvisos e as negociatas do costume, que desmoralizam os especialistas, desvirtuam a criatividade e afugentam os investidores. 1. O FOCO: Cultura, Ambiente e Turismo podem constituir o tripé ideal para a muito propalada mas pouco conseguida diversificação da economia. Senão vejamos: o que realmente atrai milhões de turistas dos quatro cantos do mundo aos grandes portentados turísticos do continente, como a África do Sul, a Namíbia, o Botswana, as Ilhas Maurícias, a Zâmbia e o Zimbabwe, assim como o Quénia, o Egipto, o Marrocos e tantos outros? Nada mais nada menos que pacotes turísticos de excelente qualidade em instâncias de alto padrão, mas sem betão, amigas íntimas da mãe natureza, com serviços requintados, prestados por profi ssionais altamente qualificados, que irradiam a cultura e a hospitalidade típica das comunidades locais. Trata-se de uma expertise que engrandece o potencial da fauna e da flora, as paisagens de ra-
ra beleza, a história, a cultura e as tradições das povos. Neste particular, acrescenta-se o rigor no saneamento básico, além de comunicações fiáveis e redes sanitárias com capital humano e equipamentos à altura de qualquer emergência. É por isso que os turistas do século XXI não hesitam em gastar todos os anos milhões de dólares, libras, yens, yuans, francos suíços e rands para se deleitarem com o canto dos pássaros na frescura das manhãs tropicais, o pôr-do-sol na savana africana, os animais possantes e elegantes em plena liberdade, as danças sedutoras ao som do batuque contagiante, os trajes exóticos e as iguarias com condimentos afrodisíacos, os rios e lagos que lavam a alma de soberanos e vassalos, e as mil e uma noites de céu rendilhado por estrelas indecifráveis. Angola tem tudo isso e muito mais porque foi abençoada com 1650 quilómetros de linha de costa que proporciona praias deslumbrantes e marés disponíveis para todo o tipo de desportos náuticos, incluindo audaciosas aventuras subaquáticas. Mas, afinal, o que falta? Falta a seriedade, a humildade, a capacitação e a sofisticação sugeridas no ponto prévio, sem os improvisos e as negociatas do costume. Não é possível fidelizar bons turistas praticando preços exorbitantes que contrastam com a quase total ausência de qualidade. Adiantemos. Mais cedo do que tarde, o turismo, sendo um dos maiores empregadores à escala planetária, poderá reerguer-se das cinzas, qual fênix do terceiro milénio. *Jornalista
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EuA foram avisados para pandemia “cataclísmica” em novembro
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erviços de inteligência norte-americanos já estavam a par das mudanças radicais que o surto do novo coronavírus começava a provocar em Wuhan. Os serviços de inteligência dos Estados Unidos foram avisados para as possíveis consequências do surto do novo coronavírus no passado mês de Novembro, segundo informações veiculadas, esta Quarta-feira, pelo portal Yahoo! News. Militares pertencentes ao Centro Nacional para Inteligência Médica (NCMI) terão redigido um relatório, no qual constavam informações detalhadas dos efeitos que o início da pandemia já começava a provocar no quotidiano, em Wuhan. Este documento foi elaborado a
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Sede de uma das agências de inteligência americana
partir de análises feitas a comunicações interceptadas a partir de computador, juntamente com imagens obtidas por satélites, e alertava para uma possível ameaça que esta doença representava para as forças norte-americanas na Ásia. Uma das fontes citadas pela publicação refere que os “analistas concluíram que poderia tratar-se de um evento cataclísmico”, tendo esta informação sido transmitida “por várias vezes” à Agência de Inteligência de Defesa, ao Pentágono e à Casa Branca. “A cronologia destas informações pode remontar a um período àquele de que estamos a falar, mas isto foi, definitivamente, alvo de ‘briefing’ a partir do final de Novembro como algo para o qual os militares necessitavam de tomar uma acção”, apontou outra fonte.
Países da África rumam para pico de casos de coronavírus brevemente, diz OMS Dr
Director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus
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lguns países de África podem ter um pico de casos de coronavírus nas próximas semanas, e os exames deveriam ser ampliados com urgência na região, disseram autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta Quinta-feira.“Durante os últimos quatro dias, pudemos ver que os números quase dobraram”, disse Michel Yao, director programador de reacção de emergência para a África da OMS, numa teleconferência com a imprensa. “Mesmo se a tendência continuar, e também aprendendo com o que aconteceu na China e na Europa, alguns países podem enfrentar um pico enorme em breve”, disse, acrescentando que este pode ocorrer nas próximas semanas, mas sem identificar
os Estados. A quantidade de pessoas infectadas com o novo coronavírus na África tem sido relativamente baixa até agora – quase 11 mil casos e 562 mortes, de acordo com uma contagem da Reuters baseada em comunicados do governo e dados da OMS. O chefe da OMS na África, Matshidiso Moeti disse que existe uma “necessidade urgente” de realizar exames muito além das capitais africanas agora que o vírus está a se espalhar pelos países. “Sem ajuda e acção já, países pobres e comunidades vulneráveis podem sofrer uma devastação imensa”, disse o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, aos diplomatas em Genebra. “Os números das infecções em África são relativamente baixos agora, mas estão crescendo rápi-
do”, alertou. Ele observou o estrago feito em nações ricas nos 100 dias transcorridos desde que a China informou à OMS de casos de uma “pneumonia de causa desconhecida” na cidade de Wuhan. Líderes africanos, incluindo os presidentes da África do Sul, Nigéria e Ruanda, fizeram coro a Tedros, ex-ministro das Relações Exteriores da Etiópia, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) e ameaçou cortar a contribuição norte-americana ao seu orçamento. Embora a África responda por uma fracção dos casos globais da doença, as suas nações estão a sentir o impacto económico. Num relatório publicado nesta Quinta-feira, o Banco Mundial disse que o surto deve empurrar a África subsaariana para a recessão pela primeira vez em 25 anos, em 2020. O relatório Pulso da África diz que a economia da região se retrairá de 2,1% a 5,1% em relação ao crescimento de 2,4% do ano passado, e que o novo coronavírus custará à África subsaariana entre 37 biliões e 79 biliões de dólares em perda de produção neste ano devido ao transtorno no comércio e na cadeia de valores, entre outros factores.
O PAÍS Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
O QUE SABER SOBRE O CORONAVÍRUS…
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álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”. “Não sacudam! Esfreguem
as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.