Jornal OPaís edição 1810 de 17/04/2020

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VENERANDO JUiz MANUEL DA COSTA ARAGÃO PASSA A JUBiLADO

“TEMOS UM SiSTEMA DE ViGiLÂNCiA PARA A COViD-19 QUE PODEMOS DiSPONiBiLizAR SEM CUSTO PARA O ESTADO” Filantropo e um dos principais investidores estrangeiros em Angola, Haim Taib é o fundador e presidente do Grupo Mitrelli, que está presente em negócios nos sectores da água, agricultura, tecnologia, saúde e até na construção civil. Apesar da crise actual, provocada pela Covid-19, Taib manifesta o interesse de permanecer no país e oferece alguns préstimos das suas empresas, a custo zero. P. 20

OPAÍS

O Conselho Superior da Magistratura Judicial(CSMJ), decidiu, por limite de idade, jubilar o Venerando Juiz Conselheiro do Tribunal Supremo, Manuel da Costa Aragão, nos artigos 56º, alínea a, Lei nº 7/94, de 29 de Abril. P. 2 Director: José Kaliengue

O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA

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Edição n.º 1810 Sexta-feira, 17/04/2020 Preço: 40 Kz

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BENGUELA: FALCÃO Diz QUE HÁ SUSPEiTOS, SAÚDE DESMENTE ● Trinta e cinco mil pessoas regressaram às suas zonas de origem

passando ou se fixando na província de Benguela, informou o governador rui Falcão, que falou de dois casos suspeitos, um local e outro no Namibe. O director da Saúde, Manuel Cabinda, descarta e acusa comunicação social de falta de escrúpulos. P. 9

POR FALTAS

MANDATO EM RiSCO A Assembleia Nacional poderá suspender o deputado do Grupo Parlamentar da UNITA, Adalberto Costa Júnior, devido às ausências constantes das sessões do Parlamento, soube O PAÍS de fonte do órgão legislativo. P. 8 POLÍTiCA:

af_bai_nahora_imprensa_276x42,733mm_empresa.pdf

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18/11/19

15:05

Dois dos cinco pacientes recuperados da Covid-19 no país já em casa ● Dois dos cinco cidadãos

infectados pela Covid-19, que se encontravam internados na Clínica Girassol, receberam alta, ontem, data em que o país completou oito dias sem registar novos casos desta pandemia, revelou o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda. P. 3

CPA “pronto” para massificar a natação no país O órgão que rege o desporto adaptado em Angola prepara as condições técnicas e administrativas para expandir a modalidade. P. 26


EM FOCO

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O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

Dois dos cinco pacientes recuperados da Covid-19 no país já em casa Dois dos cinco cidadãos infectados pela Covid-19, que se encontravam internados na Cínica Girassol, receberam alta, ontem, data em que o país completou oito dias sem registar novos casos desta pandemia, revelou o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda

Maria Teixeira

F Dr

Secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda

ranco Mufinda declarou que se mantêm os 19 casos confirmados de Covid-19, dos quais, dois óbitos, cinco recuperados e 12 pessoas em acompanhamento. O estado clínico dos pacientes internados é estável. “Toda via, dos cinco recuperados, dois deles tiveram alta e já se encontram em suas residências”, garantiu. Em termos de casos suspeitos não mudou, o país continua com 368, sendo que os casos seguidos passam das 600 pessoas. Em quarentena institucional se encontram 448 e 37 receberam alta ontem. O governante salientou que a actividade laboratorial permanece inalterada. No período em referência, fez-se somente a recepção dos cinco mil testes referidos no dia anterior, Quarta-feira, e estão nesse momento a fazer aquilo que se chama de teste de concordância. “Vamos avaliar a acessibilidade destes testes e a sua especificidade. Iniciamos o estudo hoje (ontem), realizando em pelo menos 200 sujeitos. Vamos comparar este teste rápido com o confirmador para ver até que ponto é tão sensível e específico”, frisou. Por outro lado, explicou que o que se espera de um teste rápido é a forma de trazer à tona os casos positivos. Porém, só se vai dizer que

Venerando Juiz Manuel da Costa Aragão passa a jubilado

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Conselho Superior da Mag istrat ura Judicial(CSMJ), decidiu, por limite de idade, jubilar o Venerando Juiz Conselheiro do Tribunal Supremo, Manuel da Costa Aragão, nos artigos 56º, alínea a, Lei nº 7/94, de 29 de Abril. Segundo a Resolução 2020, datada de 16 de Abril, assina-

A jubilação do Venerando Juiz Conselheiro Manuel da Costa Aragão começou no dia 4 de Abril deste ano

da pelo seu Presidente Joel Leonardo, a decisão saiu do Plenário da Sessão extraordinária, realizada, ontem, em Luanda, nos termos do nº 2 do artigo 27º do nº 14/11. A jubilação do Venerando Juiz Conselheiro Manuel da Costa Aragão começou no dia 4 de Abril deste ano, altura em que completou o seu 70º aniversário natalício, refere a nota.

são pessoas positivas, mas especificamente infectadas com a Covid-19 há que voltar a fazer o teste de RT-PCR e dar positivo. Este último teste já existe no país e pretende-se expandir estes procedimentos às demais províncias. Franco Mufinda descreveu as localidades onde estão situados os casos para se poder perceber o peso de cada localidade. Entretanto, contou que o número maior é encontrado no município de Belas, com nove casos, a seguir Maianga e Viana com três casos cada, sendo que Talatona, Sambizanga, Ingombota e Kilamba Kiaxi respectivamente com um caso, perfazendo um total de 19 casos positivos até ontem. Deste modo, a província de Luanda continua a ser a única acometida. Neste momento, a faixa etária continuar a a ser de um ano a 62 anos de idade, havendo maior predominância do sexo masculino com 13 casos positivos, contra seis do sexo feminino. O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) não registou, nas 24 horas anteriores, nenhuma denúncia de violações de quarentena domiciliar. No entanto, cinco alertas de casos suspeitos foram reportados e investigados, mas descartados, por não reunirem os pressupostos de definição de casos suspeitos de Covid-19. Médicos e medicamentosos distribuídos pelas províncias

De acordo com o governante, a comissão fez a recepção de meios médicos e medicamentosos decorrentes das aquisições que vai realizando e a distribuição destes a nível das províncias. Uma tarefa realizada pela central de compras de meios médicos do Ministério da Saúde. Entretanto, continuam as actividades de vigilância epidemiológica, sobretudo a busca activa nas unidades sanitárias, começando por unidades menores, que são os postos de saúde, passando pelos centros de saúde, entre outros. “Temos, portanto, o pessoal de saúde preparado para poder esperar qualquer caso em função respiratória aguda que por aí passar. São esses casos que nos vão guiar daqui em diante, para poder descartar uma provável Covid-19 que anda por aí na comunidade”, frisou. Fez saber que na próxima semana vão a comunidade, uma vez que já não têm os casos registados na base de denúncias. “Por essa razão, vamos cada vez mais entrar na comunidade em busca dos casos”. Entre as medidas de protecção, realçou a permanência das pessoas em casa, a observância do isolamento social, bem como lavar frequentemente as mãos. “Só fazendo isso e observando as medidas constantes do estado de emergência, nos leva a evitar 70 por cento dos casos de Covid-19”, garantiu Franco Mufinda.

Dr

Juiz Conselheiro Presidente do Tribunal Constitucional, Manuel da Costa Aragão



4 DESTAQUES POLÍTiCA. PÁG. 8 Deputado Adalberto Costa Júnior pode ser sancionado pela Assembleia Nacional

SOCiEDADE. PÁG. 11 Moto-taxistas do Lubango acusam agentes da Polícia Nacional de extorsão.

o editorial

HOJE: os números do dia

O apelo de Laborinho

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CARTAz. PÁG. 15 Escritor chileno Luis Sepúlveda morre aos 70 anos com Covid-19.

ECONOMiA. PÁG. 19 Cabo Verde sem dívidas com o FMI.

O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

anter a autoridade não pressupõe violência física, pelo que apelamos a respeitarem os direitos humanos, garantindo, com firmeza, zelo e dedicação a segurança pública. As palavras são do ministro do Interior, Eugénio Laborinho, e são adequadas. Vieram na hora certa, num momento em que cada agente da Polícia Nacional deve ter nervos de aço, por actuarem num clima em que devem fazer cumprir a lei do estado de emergência, que impõe o confinamento social para proteger a saúde pública, e, em simultâneo, têm uma realidade de um povo necessitado, que tem de sair à rua, e a isso somada uma clara indisciplina e desobediência, algumas vezes sem outro propósito que não o desafio simples à autoridade do Estado. O apelo do ministro é adequado, assim como reafirma a necessidade de melhor instrução do efectivo e de melhor educação da sociedade.

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Mil testes rápidos para diagnóstico de Covid-19 foram doados ao Governo. Trata-se de um lote de material e equipamentos, incluídos na ajuda de Akz dez mil milhões, 436 milhões disponibilizados pelo grupo BAI

Milhões de litros de água potável, cerca de 27 mil e 381 metros cúbicos, foram distribuídos desde o início da campanha de distribuição gratuita de água à população da capital, Luanda.

Profissionais da Saúde dos 12 municípios da província do Cuanza-Sul iniciaram na Quinta-feira, na cidade do Sumbe, uma formação sobre o controlo e prevenção da Covid-19

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Mortes foram registadas nos EuA de Quarta para Quinta-feira à Covid-19, no balanço diário mais elevado contabilizado até agora por um país, indicou a universidade Johns Hopkins.

o que foi dito

MUNDO. PÁG. 24 China diz que OMS

negou ter evidência de que coronavírus foi feito num laboratório.

Manter a autoridade não pressupõe violência física, pelo que apelamos a respeitarem os direitos humanos, garantindo, com firmeza, zelo e dedicação a segurança pública” Eugénio Laborinho Ministro do Interior

O A situação está controlada à nível de todo país, incluindo no Leste”

Dionísio Rocha responsável da direcção de Comunicação e Imagem da Sonangol, sobre o abastecimento de gás de cozinha em Angola

Uma vacina segura e eficaz pode ser a única ferramenta que permite o retorno do mundo a um sentimento de normalidade” na sequência da pandemia de covid-19 António Guterres Secretário-geral da ONu


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O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

e assim... José Kaliengue Director

O peso da toneda

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com Tomasz Dowbor, patrão do grupo Boa Vida, e perceba como ele lê o futuro dos negócios depois da pandemia do novo Coronavírus

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www.opais.co.ao KK 5000 (Luanda) Uma família inteira em busca de água em dias de confinamento social. (Carlos Moco) (1) (

o que vai acontecer Formação Prossegue a sessão em que cinquenta médicos e técnicos de saúde da província do Cuanza-Norte participam, desde ontem, Quinta-feira, numa formação sobre técnicas de diagnóstico e manuseio de casos de Covid-19. Promovido pelo Ministério da Saúde (MINSA), a formação com duração de três dias contempla matérias relacionados com assistência primária, regras de biossegurança, manuseio de doentes e cadáveres vítimas de Covid-19. Segundo o coordenador da equipa formativa, Luís Miguel, o seminário, que deverá abarcar a componente prática e simulada, é dirigido a profissionais de saúde da província.

Água A distribuição grátis de água potável à população, enquadrada no combate ao novo coronavírus (covid-19), conta com a contribuição do sector privado, que tem reforçado o plano do Governo, com a disponibilização de camiões cisternas pelas 18 províncias do país. Numa altura em que o país vive o quarto dia da prorrogação do Estado de Emergência, que vigora de 11 a 25 de Abril, a Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL), com apoio dos seus parceiros, ofereceu um total de dois milhões 534 mil litros de água na capital do país

Reparação Conclui-se hoje a reparação de uma conduta, na

cidade de Ndalatando, capital da província do Cuanza-Norte, que está desde a manhã de ontem, Quinta-feira, privada de abastecimento de água potável, devido a uma ruptura na principal conduta que transporta o líquido aos diferentes bairros da urbe, segundo a ANGOP. Disse o PCA da Empresa de Águas e Saneamento do Cuanza-Norte, Joaquim Jerónimo, que a interrupção foi originada por um rompimento brusco na conduta de polietileno de 600 milímetros que alimenta toda a rede de distribuição da cidade.

A água que saiu da conduta inundou algumas residências próximas ao local e criou uma cratera no asfalto, condicionando a circulação rodoviária entre a zona da Shoprite e o bairro do Miradouro. Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

or estes dias, o noticiário está cheio de ofertas e doações para os pobres feitas chegar primeiro directamente e agora, por ordem lá de cima, por via dos governos provinciais, que depois os encaminham aos municípios ou comunidades carentes. Sendo estas ofertas feitas de bom coração, espanta-me que em Angola o bom coração andasse hibernando por tanto tempo. Mas, como se sabe, os bons amigos vêmo-los na hora da aflição. A maka é que para os pobres aflição não tem hora e nem é nova, é permanente. Então, todos os dias há notícias de doações recebidas pelos governos às toneladas, mas são tantas toneladas que daqui a pouco começa a faltar pobres para comer tudo. Ou é mera propaganda? Cada tonelada significa mil quilos, se a oferta de quarenta toneladas vai para trinta famílias, por exemplo, já vemos que é muita fruta. E o pobre vira lorde. Só não entendo bem a veia empresarial, importadora, e talvez comercial de alguns partidos. Agora, os partidos têm ou dinheiro, ou armazéns de bens para oferecer. Ena! Fazer marketing ou propaganda política é uma coisa, mas neste momento? Os partidos deveriam desenhar soluções para acabar com a pobreza, não são congregações de caridade. Menos ainda no nosso continente, em que sabemos que opções políticas históricas produziram a pobreza que temos. A não ser que lhes dê jeito a pobreza dos outros, o que seria, no mínimo, pecado, para quem tema a Deus, claro. Se um partido que governa agora me vem oferecer bens de caridade, e eu preciso porque nem emprego tenho; se um partido da Oposição disputa com outro quem mais me dá do seu salário, e eu os vejo em carros luxuosos e em viagens anunais pagas pelo Orçamento do Estado, se a minha pobreza é objecto de leilão para me recordar que sou pobre e para me manter pobre, eu que sou o povo digo o quê? Venham de lá as toneladas, ainda que só no noticiário.

E também... Dia Mundial da Hemofilia - 17 de Abril

Esta data é também conhecida como Dia Mundial do Hemofílico. É desenvolvida desde 1989 pela Federação Mundial do Hemofilia, uma organização sem fins lucrativos que actua em 113 países do mundo e que foi fundada por Frank Schnabel em 1963.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

NO TEMPO DO KAPARANDANDA

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

OPAÍS

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto Nunes, rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Iracelma Kaliengue, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, rosa Gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMEr, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, TalatonaLuanda. Tel: 222 009 444 república de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

1961

17 de Abril de - O Governo cubano derrota uma invasão a Baía dos Porcos, protagonizada por exilados e mercenários apoiados pela CIA.

1969

1985

17 de Abril de - Shirhan Sirhan, 17 de Abril de imigrante jordano, é acusado de crime - A África do Sul afi rma ter retirado os de primeiro grau pelo assassínio de seus últimos soldados de Angola, pondo Robert Kennedy, Presidente dos EUA. fi m, formalmente, à ocupação militar do país.

CARTA DO LEiTOR

Cuidados com as máscaras de pano Prezado director Estou a ver muita gente na rua com máscaras de pano por causa desta doença nova do Coronavírus. Eu penso que é uma boa ideia, porque as pessoas podem ficar protegidas. Só que, pelo que tenho visto, as pessoas pensam que por usarem máscara já não precisam mais da separação. Andam já muito perto umas das outras. Só que, a meu ver, as mascaras de pano não são muito eficazes, porque podemos respirar muito bem por elas. Acho que devem ser bem reforçadas. As pessoas devem aprender muito bem como usar e como cuidar das suas máscaras de pano. Se as pessoas não aprenderem, as máscaras de pano podem transformar-se num grande meio de contágio. Portanto, acho que as máscaras de pano não devem ser só negócio, devem ser feitas para garantir segurança das pessoas que vão usar e estas mesmas devem aprender como usar correctamente. Francelina Abreu Luanda Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754

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1973 - Amílcar Cabral, dirigente e fundador do PAIGC, é assassinado em Conakry. 1981 - Os 52 reféns norte-americanos, detidos no Irão há mais de 13 meses, são finalmente libertados, ao mesmo tempo que Ronald Reagan toma posse como quadragésimo presidente dos Estados Unidos. 1997 - O governo de Mobutu, em Kinshasa, Zaire, declara, oficialmente, guerra contra os rebeldes no norte do país, liderados por Laurent Désiré Kabila, depois de estes ocuparem uma parcela de 600 quilómetros no interior do país.


POLÍTiCA

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O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

Deputado Adalberto Costa Júnior pode ser sancionado pela Assembleia Nacional Dr

Outras indignações Outras figuras que estão indignadas com o líder da uNITA, atendo-nos ainda à fonte, são duas sobrinhas de Samakuva e militantes influentes que fazem parte da nova direcção do partido. Apesar de terem “congelado” a militância durante os 16 anos da liderança de Samakuva por razões nunca explícitas, mas que regressaram à política activa na nova direcção, a fonte diz que estão descontentes com a forma com que “o tio está a ser tratado”. Irmãs mais novas do falecido general das FALA, antigo exército da uNITA, Altino Bango Sapalalo (Bock) e da malograda jornalista da Vorgan, Olinda Kulanda, alegam que Samakuva “merece mais respeito por parte da nova direcção”, tendo em conta a posição que ocupou no partido no período pósguerra.

Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA

A Assembleia Nacional poderá suspender o deputado do Grupo Parlamentar da uNITA, Adalberto Costa Júnior, devido às ausências constantes das sessões do Parlamento, soube O PAÍS de fonte deste órgão legislativo

Ireneu Mujoco

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onte do Grupo Parlamentar da UNITA contactada por este jornal, ontem, minimizou o assunto do possível castido parlamentar ao seu líder, sem avançar mais pormenores, alegando falta de autorização para o fazer, pelo que remeteu o assunto ao líder do Grupo Parlamentar, Liberty Chiyaka, que não

respondeu de imediato. Segundo a fonte, desde que foi eleito presidente da UNITA no XIII congresso ordinário realizado de 13 a 15 de Novembro, em Luanda, Adalberto Costa Júnior deixou de participar nas sessões parlamentares por razões não esclarecidas. Por força do Regimento Interno da Assembleia Nacional, com três faltas injustificadas arriscase a ser suspenso, e, caso persitam as ausências, poderá ser afastado deste órgão legislativo, à semelhança do que aconteceu

com a ex-deputada do MPLA Welwitchia (Tchizé) dos Santos. A direcção da Assembleia Nacional não recebeu qualquer esclarecimento a justificar a ausência do deputado que já foi também o líder do Grupo Parlamentar do partido que dirige. Depois da próxima sessão marcada para 22 deste mês, Adalberto Costa Júnior, segundo a fonte, poderá ser convocado para responder sobre as suas alegadas ausências injustificadas. Adalberto Costa Júnior foi

substituído na chefia do Grupo Parlamentar da UNITA pelo deputado Liberty Chiyaka, ex-secretário provincial desta força política no Huambo, depois do conclave que o elegeu como novo líder do “galo negro”, em substituição de Isaías Samakuva. Aliás, a chefi a da bancada tem caras novas, sendo que o deputado Maurílio Luiele é o adjunto de Chiyaka, tendo rendido Estevão Catchiungo, mudanças que são justificadas pela direcção deste partido com o intuito de apostar na juventude. Descontentamento Entretanto, fonte da direcção da UNITA avançou a OPAÍS que um grupo de influentes membros do Comité Permanente da Comissão Política (CPCP) está

descontente com alegada atitude do líder deste partido por não se pronunciar, até agora, para a entrada do deputado Isaías Samakuva na Assembleia Nacional. Integrantes deste órgão deliberativo do partido, entre os quais alguns que apoiaram a sua campanha, como José Chiwale, Ernesto Mulato, Chipindo Bonga, Eugénio Manuvakola, Lukamba Paulo (Gato), Marcial Dachala e outros, estão indignados pela forma como está a tratar o “Mais Velho Samakuva”, deplorou a fonte. Informou que Samakuva, quando terminou o seu mandato, manifestou o desejo de ir ao Parlamento para ocupar o seu lugar, sendo ele o número um na lista dos deputados eleitos nas eleições gerais de 2017, mas sem sucesso. Passados seis meses, baseando-se nas declarações da nossa fonte, Adalberto Costa Júnior remeteu-se num silêncio sepulcral em relação ao assunto, que, nos últimos tempos, tem estado a levantar questionamento interno. Nos corredores da própria UNITA há ainda outras interrogações em surdina pelo facto de o próprio presidente não renunciar oficialmente a deputação para dedicar-se exclusivamente à vida interna do partido, como prometeu durante a sua campanha eleitoral. A fonte reforçou que nos 16 anos que Isaías Samakuva dirigiu a UNITA decidiu abdicar do cargo de deputado para reorganizá-la e transformá-la num partido desmilitarizado, que culminou com a sua normalização institucional dentro e fora do país. Em conversa com este jornal, a fonte, um general na reforma, entende que Adalberto Costa Júnior deve pronunciar-se sobre o assunto, realçando não se tratar de fazer “um favor a Samakuva”, mas um direito que lhe confere, por ter sido eleito na mesma lista que ele. No quadro da precedência, caso o ex-líder da UNITA entre, a deputada Joya deverá sair do Parlamento.


O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

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Ministro do Interior apela respeito aos direitos humanos

O Benguela: Falcão diz que há suspeitos, Saúde desmente Trinta e cinco mil pessoas regressaram às suas zonas de origem passando ou se fixando na província de Benguela, informou o governador rui Falcão, que falou de dois casos suspeitos, um local e outro no Namibe. O director da Saúde, Manuel Cabinda, descarta e acusa comunicação social de falta de escrúpulos

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a qualidade de coordenador da Comissão Multissectorial Provincial contra a Covid-19, Rui Falcão, disse, em conferência de imprensa, que, deste número, ficaram em Benguela quase 30 mil pessoas e as restantes seguiram viagem para as províncias da Huíla, Namibe e Cunene. No quadro da circulação excepcional, informou, duas pessoas foram tidas como suspeitas, nomeadamente uma que se encontra na província, em seguimento pelas autoridades sanitárias, e outra que viajou para o Namibe, onde vai dar seguimento ao acompanhamento médico. Para António Manuel Cabinda, director provincial da Saúde, que em comunicado posterior acusou os órgãos de comunicação social que passaram o aúdio deo governador de “conduta indecorosa e falta de escrúpulos”, no caso de Benguela, fica afastada a hipótese da Covid-19, já que a passageira nunca esteve em contacto com zonas de transmissão comunitária, nem residiu em bairro com algum caso positivo. “Aventa-se a probabilidade de uma gripe resultante do longo percurso de viagem, mas, ainda assim, as amostras vão imediatamente ser colhidas e enviadas a Luanda”, disse.

Actualmente, a província conta com três aparelhos para testagem da Covid-19, mas ainda não se encontram em funcionamento. Por outro lado, o comissário Aristófanes dos Santos, comandante da Polícia Nacional em Benguela, informou que os tribunais locais condenaram 22 cidadãos por desobediência ao estado de emergência, mil e 156 motorizadas encontram-se apreendidas, bem como 292 viaturas. Em relação à situação criminal no geral, sublinhou que os casos desceram de uma média anterior de 11 casos/dia para oito, o que revela algum acatamento das orientações das autoridades. “Apesar de algumas reclamações sobre alguns excessos, a PN tem utilizado os procedimentos pedagógicos sempre que necessário e só na reincidência aplica os mecanismos previstos na legislação, como são os casos das apreensões”, concluiu. Ainda na Quarta-feira, a comissão trabalhou na desinfestação dos principais mercados informais (4 de Abril, Caponte City, Tombas, Pecuária, Municipal e da Fruta). Até Sexta-feira, segundo Rui Falcão, as unidades prisionais serão desinfestadas. Com ANGOP

ministro do Interior, Eugénio Laborinho, apelou ontem, na Quinta-feira, aos efectivos dos órgãos de defesa e segurança em serviço a respeitarem os direitos humanos, evitando o uso de força e/ ou violência desnecessária. O governante, que falava no final da visita de constatação à província da Lunda-Norte, sublinhou que a actuação dos efectivos, no âmbito do cumprimento do estado de emergência em vigor desde o dia 27 de Março, deve priorizar a pedagogia. “Manter a autoridade não pressupõe violência física, pelo que apelamos a respeitarem os direitos humanos, garantindo, com firmeza, zelo e dedicação a segurança pública”, exortou. Recomendou, por outro lado, o reforço das forças nas zonas de exploração de diamentes para se evitar o garimpo deste recurso. Apelou, igualmente, à vigilância comunitária, bem como a intensificação das acções de sensibilização nas comunidades pa-

Dr

Ministro do Interior, Eugénio Laborinho

ra que os cidadãos estejam cada vez mais informados sobre as medidas de prevenção. Na Lunda-Norte, o ministro visitou a fronteira de Tchissanda, três centros para quarentena institucional, o hospital David Bernardino e o depósito provincial de medicamentos. A delegação seguiu ontem à tarde para a cidade de Saurino, província da Lunda-Sul, para avaliar as me-

didas de prevenção adoptadas pelo Governo local. O ministro faz-se acompanhar do secretário de Estado para Gestão Hospitalar, Leonardo Inocêncio, entre outros responsáveis de diversos departamentos ministeriais. Angola regista, até ao momento, 19 casos positivos do novo Coronavírus (Covid-19), dos quais dois mortos e cinco recuperados. PuB


SOCiEDADE

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O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

Hemofílicos no país com comemoração adiada por causa da Covid-19 Assinala-se hoje, o Dia Hundial do Doente Hemofílico. A Liga dos Doentes Hematológicos de Angola, dentro dos seus objectivos de divulgar a hemofilia junto da opinião pública e dos profissionais de saúde, bem como educar as famílias, tinha planeado uma actividade que ficou adiada devido à Covid-19 que assola também o nosso país Maria Teixeira

E

m entrevista exclusiva a OPAÍS, o vice-presidente da Liga dos Amigos de Doentes Hematológicos de Angola, Kaúnda Gama, explicou que a actividade teria um impacto nacional, com objectivo de consciencializar a população em geral sobre a doença e dar a conhecer os desafios que as pessoas com hemofilia enfrentam. Seriam abordados temas ligados à fisioterapia, hematologia, laboratório (como é feito o exame), ortopedia, no sentido de procurar criar laços de irmandade entre os hemofílicos, uma vez que se tem notado um distanciamento entre os mesmos. Fez saber que neste momento a associação tem registados na sua base de dados 77 doentes, dos quais 13 são hemofílicos e 64 são hemofílicos A, sendo que o mais

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O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

novo tem 2 anos e o mais velho tem 40 anos de idade. De acordo com a Federação Mundial de Hemofilia, a hemofilia do tipo A ocorre em 1 em cada 5.000 pessoas do sexo masculino e a hemofilia B atinge uma em cada 25.000 do sexo masculino. Pelo que, estima-se que existam 3.600 hemofílicos a nível do país, quando apenas são conhecidos 73. Kaúnda Gama disse ainda que desde o ano de 2019 até a data presente a associação conquistou alguns feitos importantes, como o apoio da Federação Mundial de Hemofilia no fornecimento de factores de coagulação, e iniciou o processo de acreditação da liga na referida Federação. Outrossim, foram recebidos pela direcção do Ministério da Saúde, com quem oanalisaram a situação da doença em Angola, para se encontrarem soluções e maneiras de o ministério comprar os medicamentos. Por outro lado, avanca: “obtivemos uma doação da Fundação Novo Nordisk para apoiar acções de educação, e formação, e apoio técnico”. Doentes hemofílicos exigem atendimento de especialistas A liga está a estudar a possibilidade de fazer com que com que os doentes hemofílicos sejam atendidos por médicos especializados. Assim, terão diagnósticos fidedignos a tempo, de maneira a que tenham o controlo do grau da hemofilia. A ideia é facilitar a inclusão social dos hemofílicos, bem como a garantir a assistência medicamentosa a todos, promover a união e a solidariedade entre os doentes. “Com a chegada da pandemia da Covid-19 ao nosso país, a doação do factor de coagulação diminuiu. Estamos tendo dificuldades em fazer chegar os medicamentos por causa do cancelamento de voos”, disse. Entretanto, para hoje, o Dia Mundial da Hemofilia, estava previsto o lançamento de um livro com o título “Hemofilia - Perguntas e Respostas sobre a Doença, sua importância entre nós e o seu manuseamento”, que foi adiado. De realçar que a hemofilia é uma anomalia do sangue caracterizada por uma demora ou uma falta de coagulação, sendo que a menor ferida pode provocar uma grave hemorragia. Esta é uma doença hereditária, transmitida pelas mulheres, que ataca sobretudo os homens.

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Moto-taxistas do Lubango acusam agentes da Polícia Nacional de extorsão João Katombela, na Huíla

O

s moto-taxistas do município do Lubango estão a acusar alguns agentes da Polícia Nacional de extorsão durante as operações que estão a ser levadas a cabo por efectivos dos órgãos de defesa e segurança durante o estado de confinamento social O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, prorrogou para mais 15 dias o estado de emergência que se observa em todo o país desde o passado dia 27 de Março passado, como medida para se evitar a propagação da Covid-19. Um pouco por todas as províncias do país, está a cumprirse o isolamento social. Para garantir o cumprimento desta ordem que emana de um Decreto Presidencial, a Polícia Nacional colocou os seus efectivos nas várias cidades e bairros do país. No Lubango, alguns mototaxistas denunciam a existência de agentes que se aproveitam da situação para extorquir durante as sua actuações que visam impedir a circulação de pessoas. Segundo contaram à reportagem do jornal OPAÍS, cada moto-taxista retido num dado ponto da cidade, particularmente no bairro Nambambe e no mercado do Mutundo, arredores da cidade do Lubango, é obrigado a pagar um valor que vai dos 5 mil a 20 mil Kwanzas. Lázaro António disse que foi retido nas imediações do mercado informal do Mutundo e que para reaver a sua motorizada foi obrigado a desembolsar 5 mil Kwanzas para os agentes da PN. “Quando eu saía do Mutundo, onde fui à procura de bens alimentares, encontrei agentes da Polícia e quando os vi entrei para a mata. Eles seguiram-me e apanharam-me. Pediram 5 mil Kwanzas para que a minha mota não fosse levada para a unidade operativa e ainda assim bateram-me”, disse. Um outro moto-taxista disse

que lhe foi igualmente pedido um valor para reaver a sua motorizada que tinha sido retida quando se deslocava do Mutundo para a sua residência. “Aqui, as nossas autoridades estão a trabalhar mal, estão a interpretar mal o Decreto Presidencial. Abordaram-me na estrada e me pediram 5 mil Kwanzas, só que não consegui identificar o NIP do agente”, revelou. Questionados obre a proibição da circulação de pessoas em motorizadas, os interlocutores de OPAÍS responderam que foram informados das regras a observar, o que têm estado a cumprir, mas a situação social os obriga a violar tais normas. João Gaspar conta que é desempregado e tem de sustentar

a sua mãe e os três irmãos. Para o efeito, o jovem de 18 anos de idade é obrigado a violar o isolamento social para desempenhar a actividade de moto-taxista. “Eu tenho a minha mãe que não trabalha, tenho três irmãos que dependem de mim, por is-

so faço táxi de moto, mas quando me apanharam aqui no Nambambe, eles (os polícias) me perguntaram: tens 20 mil ai? Eu disse que não, só tinha 2 mil e eles disseram que é pouco, e tive de pedir 3 mil ao meu colega para totalizar os 5 mil”, frisou.

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SOCiEDADE

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Caravana de resposta acelerada à Covid-19 percorre o país Uma caravana de resposta à Covid-19, com especialistas de saúde pública e técnicos de ventiladores pulmonares, partiu ontem de Luanda com destino às províncias do interior de Angola, para reforçar a capacidade técnica e material de resposta à pandemia do novo Coronavírus em todo o país Dr

Ambiente investiga material contaminado descarregado na ilha de Luanda

O

Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente tomou conhecimento, nas últimas horas do dia 15 de Abril do ano em curso, da ocorrência de uma descarga no mar de material contaminado que afectou a zona balnear das praias próximas da rotunda do posto de abastecimento da Pumangol até as proximidades do restaurante Jango Veleiro, na Ilha de Luanda. Em comunicado de imprensa, aquele órgão ministerial informou, ontem, que as constatações preliminares de-

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“A OMS considera ser crucial que em todo o território nacional sejam criadas equipas rápidas de resposta com capacidade técnica para prevenir, testar, tratar, e rastear os contactos dos contactos de possíveis casos suspeitos de infecção pela Covid-19

vid-19, gestão de cuidados intensivos, prevenção e controlo de infecções e, sobretudo, garantir a avaliação do estado dos ventiladores pulmonares, uma ferramenta essencial para o tratamento de casos da Covid em situação crítica. “A OMS considera ser crucial que em todo o território nacional sejam criadas equipas rápidas de resposta com capacidade técnica para prevenir, testar, tratar, e rastear os contactos dos contactos de possíveis casos suspeitos de infecção pela Covid-19. Portanto, esta iniciativa é uma abordagem chave que vai permitir que Angola esteja preparada para os prováveis estágios mais complexos de resposta à Covid-19”, disse. Espera-se que, com a caravana de resposta acelerada à Covid seja igualmente reforçada a capacidade de segurança dos estabelecimentos e do pessoal de saúde, por forma a assegurar o mínimo de infecções por coronavírus e, assim, garantir a devida atenção, e atendimento adequado à população. Para reforçar o combate à Covid-19 em Angola, a OMS apela à colaboração de toda a população acatando as orientações do Ministério da Saúde em relação ao distanciamento social, bem como o uso alargado de máscaras de protecção, incluindo de fabrico caseiro, por forma a prevenir os riscos de transmissão e contaminação da doença.

monstram uma potencial descarga de pequenas dimensões, de origem desconhecida, mas que desconfia-se que tenha vindo do Sul da Ilha de Luanda. “A mancha da descarga na água não foi localizada, pelo que se acredita ter sido ultrapassada pela acção mecânica das ondas que quebrou os hidrocarbonetos e permitiu a sua rápida dissolução no corpo de água”, lê-se no documento. Esteve no local, desde as primeiras horas de ontem, uma equipa da Operação Transpa-

rência no Mar (Capitania do Porto de Luanda, Instituto de Investigação Pesqueira e Marinha, Unidade de Derrame, Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos e Polícia fiscal) que fez a avaliação preliminar. O ministério em questão garante que testes adicionais serão efectuados com celeridade, em parceria com outros departamentos ministeriais do Executivo, para se chegar a conclusões mais aprofundadas.

egundo uma nota enviada a OPAÍS, a iniciativa, sob égide do Ministério da Saúde, com o apoio técnico e financeiro da Organização Mundial da Saúde (OMS), visa garantir o reforço das capacidades das equipas rápidas de resposta à Covid-19 no país. Este reforço será garantido através da formação de técnicos e médicos locais em quatro áreas chave, nomeadamente a gestão de casos; comunicação de risco; vigilância epidemiológica; logística e biossegurança. Segundo o representante em exercício da OMS em Angola, Javier Aramburu, trata-se de um projecto que vai contribuir para o fortalecimento das capacidades locais de manuseio de casos positivos de Co-


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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

F

oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PrOTEGEr?

Tendo sido reportados já 17 casos em Angola, com duas mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:

1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QuAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TrATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


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Decisão sobre a realização da XV edição do FESTECA só depois do estado de emergência Dr

O festival previsto para Julho teve o seu processo preparatório interrompido em Março, devido às medidas preventivas da Covid-19. A sua realização, de acordo com a organização, dependerá da reunião de conselho, que será realizada depois do Estado de Emergência, para a sua deliberação

Divulgação de medidas preventivas O espaço encontra-se encerrado desde Março, e, antes mesmo do sucedido, os funcionários realizaram campanhas de sensibilização sobre as medidas preventivas da Covid-19 na comunidade. Orlando Domingos realçou que, para o feito, foi necessária a capacitação dos membros, que posteriormente saíram às ruas para sensibilizar os munícipes do Cazenga. “Primeiro, sensibilizamos o pessoal, depois é que passaram as mensagens aos cidadãos na comunidade, para evitarem-se os aglomerados e lavarem sempre as mãos com água e sabão. Optamos por este modelo de trabalho, porque notamos que muitos estavam desprovidos de rádio e televisor, para estarem informados”, explicou, mostrando-se esperançoso, quanto à presente situação.

Antónia Gonçalo

A

realização da XV edição do Festival Internacional de Teatro do Cazenga (FESTECA), previsto para Julho no Centro de Animação Artística do Cazenga (Anim’Art), deverá ser decidida durante a reunião de conselho, cuja deliberação será conhecida apenas depois da cessação do estado de emergência. A medida deve-se à desenvoltura da doença em vários países, que poderá dificultar a deslocação dos grupos que, antes mesmo da pandemia, haviam confirmado a sua presença, neste evento de periodicidade anual, que arrancou com o processo preparatório em Setembro do ano passado. Trata-se de grupos de Portugal, África de Sul e Moçambique, que já abrilhantaram o palco do

evento. Pelas informações obtidas, tudo indica que as melhorias ao nível mundial, no que tange à doença, começarão a ser constatadas em Julho”, enfatizou.

Anim’Art com inúmeras exibições nas várias edições do festival. Em conversa com OPAÍS, o membro do conselho Orlando Domingos referiu que manteve contacto com alguns grupos, como de Portugal, mas, devido à presente situação, não confirmou a sua participação no certame. “Vamos reunir depois deste período preventivo, para fazer um pronunciamento oficial, onde decidiremos se vamos continuar com os preparativos, ou então adiar. Ainda não sabemos ao certo, se o Estado de Emergência será novamente prorrogado”, disse o responsável. Orlando avançou que a previsão é que eventualmente venha a

“Vamos reunir depois deste período preventivo, para fazer um pronunciamento oficial, onde decidiremos se vamos continuar com os preparativos, ou então adiar”

ser realizado em Setembro ou Novembro, em função das negociações com os grupos internacionais, que depende da desenvoltura da doença nos seus países. O facto, conforme disse, tem levado a que a organização do festival pondere, quanto à decisão que dará rumo à presente edição do FESTECA, que tem sido realizada anualmente sem interrupção. Reiterou ainda que nos referidos meses têm realizado o FESTIJ “Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude”, cuja pretensão é de que seja realizado ainda no decurso deste ano. “Não pretendemos fazer o FESTECA sem participações internacionais, que vai contra a máxima do

Última edição A última edição do evento, que tem permitido o intercâmbio entre os grupos nacionais e internacionais, decorreu sob o lema “Juventude, arte e amor: 30 anos a partilhar experiência” e contou com a participação de 21 grupos. Além dos nacionais, estiveram presentes companhias de Moçambique, Cabo Verde, África do Sul, Brasil, Portugal, assim como a presença do músico norte-americano Baltimore Wordsmith. Durante a série foram realizados 25 espectáculos, dos 26 previstos, incluindo exercícios de performance teatral e de dança. Foram ainda concretizadas conferências de teatro, Café Teatro (um espaço de debate livre sobre o teatro), sendo que nas oficinas foram orientados mais de 30 jovens.


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Escritor chileno Luis Sepúlveda morre aos 70 anos com Covid-19 O escritor chileno Luis Sepúlveda morreu, esta Quintafeira, aos 70 anos, em Espanha, em consequência da doença Covid-19, confirmou ao JN a Porto Editora Dr

S

epúlveda estava internado desde finais de Fevereiro num hospital de Oviedo, em Espanha, onde foi diagnosticado com aquela doença. Os primeiros sintomas ocorreram dias antes, quando esteve no festival literário Correntes d”Escritas, na Póvoa de Varzim. A confirmação de que estava infectado com a Covid-19 levou, na altura, o Correntes d”Escritas a recomendar uma quarentena voluntária aos que participaram no festival e estiveram em contacto com o escritor chileno. Tudo isto aconteceu ainda antes de as autoridades portuguesas confirmarem, oficialmente, qualquer registo de infecção em Portugal, o que só viria a acontecer a 2 de Março. Luís Sepúlveda, que nasceu no Chile a 4 de Outubro de 1949, estreou-se nas letras em 1969, com “Crónicas de Piedro Nadie” (“Crónicas de Pedro Ninguém”), dando início a uma bibliografia de de 21 títulos, que

inclui obras como “O Velho que Lia Romances de Amor” e “História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar”. Obras O escritor tem toda a obra publicada em Portugal pela Porto Editora - alguns títulos estão integrados no Plano Nacional de Leitura, e era presença regular em eventos literários no país. Luís Sepúlveda era casado com a poetisa Carmen Yáñez, que também esteve hospitalizada e em isolamento. “Profundo pesar” pela morte de “Lucho” Em comunicado, a Porto Editora manifestou “o seu mais profundo pesar pelo falecimento do seu autor” e salientou o carinho “bem visível” do público português pelos romances do chileno. “À família e aos amigos de ‘Lucho’ (como carinhosamente era tratado) e a todos os seus leitores endereçamos as mais sinceras e sentidas condolências por tão grande perda”, escreveu a editora. PuB


ECONOMiA

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Carlos Vasconcelos disse que o município do Lobito tem vários motivos para tocar para frente a economia local e nacional

Estado de Emergência provoca queda no negócio da hotelaria no Lobito À semelhança do que ocorre em vários pontos do país, a cidade do Lobito, província de Benguela, viu reduzido de forma considerável o negócio da hotelaria. Carlos Vasconcelos, o administrador local, fala no encerramento de hotéis e restaurantes Miguel Kitari

A

pesar de ser conhecido como um município sustentado pelo Porto e pelo Caminho-de-ferro, o Lobito possui igualmente uma forte componente turística por se encontrar no litoral centro. Entretanto, devido ao Estado de Emergência que vigora no país, motivado pela pandemia do Covid-19, os hotéis e restaurantes estão a fechar as portas.

Segundo o administrador municipal do Lobito, Carlos Vasconcelos, que falou em exclusivo ao OPAÍS, “nesta altura o negócio da hotelaria não está a dar rendimento. Foi fortemente prejudicado pelo Estado de Emergência que, foi bem decretado. Todavia, mais de metade dos hotéis e restaurantes estão sem clientes”, assegurou. Carlos Vasconcelos ressalva que, “alguns restaurantes estão a fazer serviços de entrega ao domicílio, mas não é mesma coisa como ter os clientes à mesa”, comparou. Não havendo circulação de pessoas, o dirigente municipal dis-

Transportando produtos de comboio é sempre melhor comparativamente à via rodoviária, uma vez que ainda temos algumas estradas degradadas” Administrador municipal do Lobito, Carlos Vasconcelos

se que os hotéis é que mais ressentem com a falta de clientes provocada pela Covid-19, que está a mexer com a economia mundial. E tudo acontece, segundo o administrador, numa altura de pico do negócio do turismo da região. “Tivemos agora a Semana Santa, com um feriado prolongado, estamos em Abril, período de muito sol e praia, mas infelizmente não estamos a tirar proveito”, lamentou, reconhecendo que não é culpa do Executivo Central, mas sim uma situação decorrente da conjuntura mundial. “Vamos acreditar em dias melhores, sobretudo porque temos aqui vários motivos para tocar para frente a economia do Lobito, da província de Benguela e do país, de forma geral, pois temos aqui grandes indústrias como é o caso da Sonamet, Porto do Lobito, e não só”, citou. Locomotivas modernas vão impulsionar economia Na última Quarta-feira, 15, o Ca-

minho-de-ferro de Benguela, com sede no município do Lobito, recebeu três locomotivas modernas para o transporte entre a capital da província e a cidade portuária. Para Carlos Vasconcelos, “é um investimento que vai resultar no aumento da mobilidade de pessoas e bens do Lobito a Benguela, permitindo que os funcionários cheguem mais cedo aos seus locais de trabalho. E quando assim acontece haverá maior rendimento”, considera. Acrescenta que “esse rendimento no trabalho vai traduzir-se no impulso da economia”, considerando ainda que as novas máquinas lançam um desafio ao Conselho de Administração dos Caminhos-de-ferro e aos agricultores, que agora terão capacidade de transportar os seus produtos em menos tempos, pois os meios rolantes são mais velozes. “Transportando produtos de comboio é sempre melhor comparativamente à via rodoviária, uma vez que ainda temos algumas estradas degradadas”, reconheceu.


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EIu prevê contracção da economia moçambicana teciparem que Moçambique que as mesmas irão permitir cobrir apenas 4,4 meses de importações de bens e serviços, excluindo os grandes projectos. “As reservas terão tendência a recuperar no período de 2022 a 2024 para 5,4 meses de importações devido à melhoria a registar-se na

A economia de Moçambique deverá contrair-se 2,4% este ano, afirma a Economist Intelligence unit (EIu) no seu mais recente relatório sobre o país, previsão que contrasta com a apresentada esta semana pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que antecipa um crescimento económico de 2,2%

O

documento do FMI inclui previsões para apenas dois anos- 2020 e 2021 – enquanto o da EIU abrange o período que vai até 2024, ano em que a economia de Moçambique deverá estar a crescer à taxa de 9,0%. Esta taxa de 9,0% está essencialmente ligada ao início da exploração de reservas de gás natural na bacia do Rovuma, norte de Moçambique, mas os ataques levados a cabo por radicais muçulmanos bem como a pandemia de Covid-19 levou já o grupo ExxonMobil a adiar a decisão final de investimento em projectos no bloco Área 4. O FMI prevê para 2021 uma taxa de crescimento de 4,7%, mais do dobro da prevista da EIU que antecipa para esse ano uma taxa de 2,0%, a ser seguida nos anos seguintes por taxas de 6,5% em 2022

e 7,8% em 2023, além da de 9,0% em 2024. O saldo da execução orçamental previsto pelos analistas da EIU é negativo em todos os anos do intervalo em análise, sendo particularmente significativo nos anos de 2020 e 2021, com valores de menos 13,3% e menos 11,1%, respectivamente.

“As reservas terão tendência a recuperar no período de 2022 a 2024 para 5,4 meses de importações devido à melhoria a registar-se na balança de transacções correntes”

balança de transacções correntes”, pode ler-se. A taxa de inflação, por seu turno, tenderá a agravar-se já este ano com uma taxa de 6,8%, depois de 2,8% em 2019, variando nos anos seguintes entre um máximo de 7,8% em 2024 e um mínimo de 4,2% em 2021. Dr

O documento da EIU antecipa que a receita fiscal será duramente atingida pela pandemia de Covid-19, devido à redução das exportações e à menor receita fiscal decorrente das medidas aplicadas no sentido de evitar a propagação do novo vírus corona, mas refere que a situação tenderá a melhorar já em 2021, à medida que a actividade económica for retomada. Além disso, há que ter em conta o aumento da despesa pública ao longo do ano em curso devido ao crescimento dos custos com a saúde bem como com os subsídios a serem atribuídos nomeadamente a empresas, ao abrigo das medidas de alívio das consequências da pandemia. Igualmente, em consequência do Covid-19 haverá uma redução das reservas monetárias sobre o exterior, com os analistas da EIU a an-

Cabo Verde sem dívidas com o FMI

E

Cabo Verde ficou de fora do perdão do serviço da dívida que o

Fundo Monetário Internacional concedeu a 25 países, porque nunca deveu àquela organização internacional, disse na Praia o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia Dr

m declarações à Rádio de Cabo Verde, Olavo Correia explicou que Cabo Verde, além de fazer parte do grupo de países de rendimento médio, nunca teve nenhum problema grave com a balança de pagamentos que pudesse justificar uma intervenção financeira do Fundo Monetário Internacional. O ministro adiantou que Cabo

O FMi anunciou Segunda-feira, 12 de Abril, o perdão durante seis meses do serviço da dívida a 25 dos Estados mais pobres, incluindo Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe

Verde tem dívidas com outros parceiros internacionais, acompanhando a estratégia de ministros das Finanças de outros países africanos, que é a procurar obter uma moratória em relação à dívida externa a curto prazo, ou seja, para o ano de 2020. O FMI anunciou, Segunda-feira, 12 de Abril, o perdão durante seis meses do serviço da dívida a 25 dos Estados mais pobres, incluindo Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, para facilitar a resposta destes países ao impacto da pandemia de Covid-19. Os 25 Estados são Afeganistão, Benim, Burquina Faso, Chade, Comores, Gâmbia, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Haiti, Ilhas Salomão, Libéria, Madagáscar, Malaui, Mali, Moçambique, Nepal, Níger, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Ruanda, São Tomé e Príncipe, Serra Leoa, Tajiquistão e Togo.


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MERCADOS

Mercado TAXA DE JURO Taxas de Juro Taxa BNA Libor uSD 6M Libor GBP 6M Libor JPY 6M Euribor 6M Luibor 6M

Cot. 05/02/20 15,500% 1,759% 0,840% 0,012% -0,346% 19,760%

∆ Diária (p.p) 0,000 0,015 0,008 0,005 -0,006 0,010

21,30%

∆ Diária (%) 1,677 1,125 0,573 0,408 1,133 1,018

21,10%

Cot. 05/02/20 492,3762 1,0999 1,3002 109,8300 14,7767 4,2412

28 000

Cot. 05/02/20 50,75 55,28 1 557,80 17,60 1,86 257,45

1/Fev

3/Fev

∆ Diária (%) 2,298 2,446 0,477 0,233 -0,588 1,279

bolsistas, tendo o Dow Jones e S&P 500 aumentado 1,7% e 1,1% para 29.290,85 e 3.334,69 pontos respectivamente.

5/Fev

Mercado Cambial

EUR / USD ∆ Diária (%) 0,013 -0,407 -0,223 0,283 -0,043 -0,315

Mercado Accionista Os avanços no desenvolvimento de vacinas para estancar o coronavírus poderá ter beneficiado os principais índices

28 500

27 500 30/Jan

tamento das expectativas dos investidores em relação ao desempenho do sector automóvel.

5/Fev

3/Fev

29 000

1,111 1,104 1,097 1,090 30/Jan

1/Fev

3/Fev

5/Fev

BrentC rudeF ut.

Mercado DAS COMMODITIES Commodities WTI Crude Fut. Brent Crude Fut. Gold 100 Oz Fut. Prata Fut. Gás Natural Fut. Cobre Fut.

1/Fev

Dow Jones (EUA)

Mercado CAMBIAL Taxas de Câmbio uSD/AKZ Eur/uSD GBP/uSD uSD/JPY uSD/ZAr uSD/BrL

A Libor GBP 6 meses registou um aumento de 0,8 p.b. para 0,84%, o que terá sido justificado pelo ajus-

21,20%

Mercado ACCIONISTA Índices Accionistas Cot. 05/02/20 Dow Jones (EuA) 29 290,85 S&P 500 (EuA) 3 334,69 FTSE 100 (Inglaterra) 7 482,48 IBovespa (Brasil) 116 028,30 CSI 300 (China) 3 828,53 Nikkei 225 (Japão) 23 319,56

Mercado interbancário

Libor USD 6 Meses

21,00% 30/Jan

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57,6 54,0

1/Fev

3/Fev

commodity que registou, na última sessão, um aumento de 2,25% para 55,28 uSD/barril.

5/Fev

Luibor 1 Ano

Luibor

e a L i bra de pre c ia ra m 0 , 4 1 % e 0 , 2 2 % ao se f i xa re m e m 1 , 0 9 9 9 e 1 , 3 0 0 2 u S D p or u n ida de da mo e da , re s p e c t iva me nte .

Mercado de Matérias-primas A possibilidade de ajustamento da produção petrolífera por parte de OPEP favoreceu a cotação da

61,2

50,4 30/Jan

A a bsolv ição do pre s i de nte nor te - a me r ica no do pro ce s so de i m p eac h me nt p o de rá te r b e ne f ic iado o dóla r . Na ú lt i ma se s s ão , o Eu ro

Luibor

1,800

Taxas BNA Luibor O/N Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 meses Luibor 9 meses Luibor 1 Ano

Cot. 05/02/20 19,98 19,74 19,77 19,76 20,16 21,20

∆ Diária (p.p) 0,000 0,010 0,010 0,010 0,050 0,000

As taxas de juro no mercado monetário interbancário aumentaram em todas as maturidades com excepção para a

1,760 1,720 1,680 30/Jan

1/Fev

3/Fev

5/Fev

Luibor Overnight e a 12 meses que mantiveramse constantes em 19,98% e 21,20%, respectivamente.


OPiNiÃO

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JOÃO ROSA SANTOS

JOSÉ MANUEL DiOGO Dr

Máscaras Chinesas

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O puto viralizou

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uem é, desconheço, onde, como mora, não sei, a paternidade ou família, muito menos, suas origens, sei não, apenas fiquei com a impressão, pela sua vivacidade, certo ou errado, nas veias do puto, ao que parece, circula sangue malanjino. Sua idade é uma incógnita, deve andar na casa dos dois três anitos, circulou nas redes sociais, na TV, todos o vimos, a espernear, a gesticular, a negar ir para a rua, porque na rua “tem corona vírus”. Na sua pura inocência, temperada nas vivências do quotidiano, cedo abriu o olho, apurou o olfato, ouviu e interiorizou as conversas dos kotas, as mensagens de sensibilização, tomou a decisão, que entre brincar dentro ou fora de casa, o lugar certo é “mbora” no interior do cubico. O puto viralizou nas redes sociais, seu exemplo contagiou, um pouco por todo mundo sua imagem ficou conhecida, mostrou ser atento, deu bofetada aos desobedientes, selou convicções, com a pandemia não se brinca. Mais do que malanjino ou não, sua coragem e determinação é de puro angolano de gema, bravo guerreiro, sabe cumprir e respeitar, com patriotismo e espirito de sacrifício, os deveres de um bom cidadão.

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O kandengue esteve demais, em momento algum vacilou, voz firme sem treme-treme, emergência é emergência, no saber ser e estar, o JLO já aconselhou, no ficar em casa reside o segredo da sobrevivência. Quem sabe-sabe, no tempo dos irmãos kambutas, todos para o interior, nos dias de hoje, não vale a pena nhoco-nhoco, fica só em casa, depois, logo se vê! Os mais velhos, que aprendam de uma vez por todas, sigam o bom exemplo do mais novo, corona vírus está bravo, estavam a lhe desconsiderar, velhos, novos, jovitos ou piós, ninguém está a ser poupado, gasosa ou micha, nele não faz efeito, pula, laton ou mbumbo, nada escapa, remediar não é vacina, prevenir é o melhor remédio. Por enquanto, bilo é bilo, guerra é guerra, até quando, ninguém sabe, diariamente, novas tácticas e técnicas, pelo mundo afora todos querem cangar o corona, lhe cafricar, asfixiar, lhe aniquilar quanto antes, visível ou invisivelmente. O puto viralizou, mexeu com tudo e todos, que o seu destemido acto, seja um exemplo nacional a seguir, um viveiro presente e futuro de atitude, boas práticas e boas acções. Afinal, embora afastados continuamos unidos!

o 5G ao Roque Santeiro em 15 dias. Em duas semanas a fazer máscaras falsas a China conseguiu acabar com uma reputação de 20 anos a fazer iphones verdadeiros. A pandemia vai mesmo ser uma lição para toda a gente. Sobretudo para quem pensava que já se tinha safado dela. Há uma teoria kamikaze sobre a China — e não há nada que custe lhe mais que uma teoria vinda do sol nascente- que diz o seguinte: de tempos a tempos os próprios chineses resolvem por dentro a sua ambição territorial e implodem-se sozinhos. Há sempre uma guerra civil que vem acabar com as ambições expansionistas dos Mandarins. A História dá-lhe razão. No século XV quando a China tinha tudo organizado para ser a primeira potência marítima global da humanidade, uma guerra de imperadores acaba-lhe com as veleidades marítimas. As girafas, que logo no início desse século se viram passear em Pequim voltaram para a savana até que só os estrangeiros portugueses as encontraram em África, quase 100 anos depois, quando minúsculas caravelas substituíram os magníficos juncos imperiais no controlo do oceano Índico. Por lei, nos séculos seguintes, lançar um barco ao mar era punido com a pena de morte e o país mais populoso do mundo encarcerava-se sozinho entre as montanhas do Tibete, a Sul; e os desertos gelados dos países “tãos”, Cazaquistão, Afeganistão, Paquistão e o Tajiquistão a Ocidente. A Norte, na única fronteira que a geografia não amaldiçoou, para terem a certeza que não eram incomodados, os Imperadores Ming aumentaram generosamente a maior edificação que até hoje foi feita na Terra: a Grande Muralha da China.

Nessa altura, fechados por todos os lados haviam de esperar deitados que os japoneses os castigassem, até hoje vergonhosamente, por causa da Coreia e que os ingleses os envenenassem com ópio por causa das guerras do chá. Essa entrada acidentada no século XX custou-lhes o comboio da Revolução Industrial e outro isolamento de várias gerações, logo completado em grande estilo com a revolução cultural de Mao Tse Tung, também chamado de Zedong, que matou mais gente que cinquenta pandemias. É neste estado de isolamento permanente que desde que no século VII A.C., mais coisa, menos coisa, os Chineses viviam, até que, o comunismo capitalista tolerado e depois desejado pelas democracias, percebeu que podia triunfar aproveitando um vício de que o Ocidente padece que ainda é maior que a cocaína: o consumo. A China percebe a oportunidade, põe os descendentes da revolução cultural a copiar marcas de eletrodomésticos e outras coisas caras de todo o capitalismo e faz fortuna como a fábrica de falsidades e cópias baratas para todo planeta. Mas, com todo o dinheiro que ganhou nas falsificações, “conseguiu” duas coisas que nunca tinha querido conseguir: criar uma clas-

A China transformou-se em pouco tempo no país que mais investe em tecnologia, deixou de ter fama de falsificadora para passar a ter de inovação

se média que come carne internamente; e exportar um desemprego — que só comia arroz — para todo o mudo. Ao tornar-se capitalista a classe nova política alia a “ordem” que só as ditaduras podem ter, ao talento e criatividade que a globalização traz e a uma nova geração criativa e tecnológica, educada pelos melhores padrões ocidentais. Como resultado a China transformou-se em pouco tempo no país que mais investe em tecnologia, deixou de ter fama de falsificadora para passar a ser um país de inovação. E tudo corria bem até que o inesperado aconteceu.... o Ocidente precisou de máscaras e ventiladores (uma máquina inventada há mais de 100 anos) para salvar vidas e os chineses, de novo isolados, sozinhos no mundo, voltaram às origens. Sendo o único país exportador na pandemia, em vez de ajudarem especularam e começaram a inundar países aflitos de mercadorias falsas. Todas as campainhas tocaram no palácio imperial e o pânico gerou-se na terra dos imperadores. O partido comunista manda fechar fábricas e exportações mas é tarde de mais. O mal está feito e o mundo passou de novo a olhar para a etiqueta “Made in China”, como sinónimo de bijuteria. O povo imperial ficou descontente. Nenhum direito de resposta lava uma honra perdida e estes dois meses de euforia mandaram num instante para o lixo os últimos 20 anos de trabalho árduo e de legitimação de um novo modelo de sociedade. Talvez o mandato do Céu seja afinal mais perto de Taiwan que de Silicon Valley. Xi saberá? E saberá agora o Ocidente perceber e aproveitar o que mudou no coração dos súbditos do palácio imperial. Se assim for, pode até ser que no final, a vingança não seja do chinês.


Grande Entrevista

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O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

“Temos um sistema de vigilância para a Covid-19 que podemos disponibilizar sem custo para o Estado” Filantropo e um dos principais investidores estrangeiros em Angola, Haim Taib é o fundador e presidente do Grupo Mitrelli, que está presente em negócios nos sectores da água, agricultura, tecnologia, saúde e até na construção civil. Apesar da crise actual, provocada pela Covid-19, Taib manifesta o interesse de permanecer no país e oferece alguns préstimos das suas empresas, a custo zero, para ajudar o executivo angolano a ultrapassar esta fase. As suas empresas no ramo da Saúde, a Luanda Medical Center e a Yapama, com a distribuição de meios de protecção para os técnicos de saúde, estão disponíveis para o mundo, ao passo que a Geodata tem ‘um avançado sistema de gestão e controlo capaz de mapear, analisar e apoiar as autoridades sanitárias, em tempo quase real, numa situação como a actual, em que existe um elevado potencial de disseminação de um vírus altamente contagioso’. Segundo o investidor, nesta fase da Covid-19, ‘estamos desde já prontos a disponibilizá-lo ao Ministério da Saúde de Angola, sem custos’ texto de Dani Costa fotos de Cedidas

O

mundo vive uma situação sem precedentes criada pela pandemia da Covid-19. Perante este cenário, qual será a actuação futura do Grupo Mitrelli em Angola? Esta é, realmente, uma situação sem precedentes ao nível mundial, certamente neste século. Mas mesmo recuando ainda mais no tempo, creio que dificilmente haverá memória de uma crise global de saúde pública tão grave e com consequências tão profundas, sanitárias, económicas e sociais em praticamente todos os países do mundo. Falando do Grupo Mitrelli, somos um grupo de empresas especializadas, cada uma no seu sector específico, enquadradas por uma sólida estrutura financeira, realizamos projectos chave-na-mão, sustentáveis, em larga escala e de longo prazo. A nossa actuação em Angola não é fortuita, é fruto de uma presença continuada, de longa data, e assim deverá continuar. A situação actual, constitui, estamos cientes disso, um enorme desafio. Como todos os outros países do mundo, Angola está a enfrentar uma ameaça invisível, cujos efeitos podem ser devastadores. Mas creio que é unânime a opinião de que os angolanos têm tido uma postura correcta e responsável e que o

Executivo tem tomado as medidas mais acertadas para evitar a propagação do coronavírus no país, o que parece estar a acontecer. Pela nossa parte, mantemos inalterável o nosso compromisso de continuar a trabalhar em Angola, em prol do desenvolvimento do país, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para mitigar os efeitos negativos da pandemia, seguindo sempre, naturalmente, e à risca, todas as medidas e todas as recomendações das autoridades angolanas. E como tem sido o diálogo com o Executivo, numa altura em que o país se encontra em Estado de Emergência? Como descreveria a continuidade dos vossos projectos nesta situação? O nosso diálogo com o Executivo é permanente e resulta dos projectos que realizamos e de todas as fa-

Há muitos anos que contribuímos, e continuaremos a contribuir, para um desenvolvimento sustentável do país

ses da respectiva implementação. Mas desde o início desta crise global que temos estado em contacto com todas as autoridades relevantes, porventura ainda mais apertado do que é habitual, no sentido de, por um lado, cumprirmos com todos os nossos compromissos e, por outro, seguirmos todas as directivas governamentais. Os projectos que realizamos em Angola são de interesse nacional para o país, creio que sobre isso não restam dúvidas. Por isso, é nosso objectivo continuar a trabalhar tal como planeado, com o Executivo, nos casos que foram considerados prioritários e na medida em que situação permita. Mas, naturalmente, em situação de crise, alguns projectos serão mais importantes e mais prioritários do que outros. Efectivamente, sabemos que por causa da crise o Grupo teve de parar alguns dos seus projectos e que vai proceder ao repatriamento de expatriados. O que nos pode dizer sobre isso? Alguns dos nossos projectos foram considerados prioritários, creio mesmo que o são ainda mais nesta altura de crise, sobretudo nas áreas da saúde e da agricultura e produção de alimentos. E foram-nos dadas facilidades para que pudéssemos manter essas actividades em segurança. Em alguns casos, e em função da situação, foi decidido abrandar o ritmo dos trabalhos, e noutros casos foi mesmo necessário suspender a actividade. Mas tanto os abrandamentos como as paragens serão temporários, apenas enquanto isso for necessário para garantir a segurança das pessoas, que é o mais importante. Assim que as autoridades angolanas entendam que é seguro retomar a actividade, estaremos prontos a fazê-lo no mais curto espaço de tempo possível em todos os projectos. Voltando à sua pergunta, gostaria de salientar que os nossos funcionários são, na sua vasta maioria, angolanos, incluindo muitos cargos de chefia. No que se refere aos expatriados, alguns deles foram, com efeito, repatriados. Mas também neste caso, trata-se de uma medida temporária e parcial, que afecta apenas uma parte do pessoal, cerca de 80 pessoas, nomea-


O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

damente funcionários que, em termos de saúde, pertencem a grupos de risco, famílias e ainda alguns funcionários de projectos que foram temporariamente suspensos. Mas também neste caso permitame salientar que se manterão em Angola cerca de 130 funcionários expatriados e todos eles, sem excepção, manifestaram a intenção de permanecer no país nesta altura e contribuir, a par de todos os seus colegas angolanos, para o esforço que está a ser feito para, por um lado, combater a Covid-19 e, por outro, manter, tanto quanto possível, a actividade económica, sem nunca pôr em risco a saúde a segurança pessoais. O Grupo Mitrelli mantém-se então como parceiro estratégico de Angola em que domínios? Ser um parceiro estratégico de Angola é, sem dúvida, um papel que muito nos honra. Há muitos anos que contribuímos, e continuaremos a contribuir, para um desenvolvimento sustentável do país, em áreas-chave da economia e da sociedade, e posso falar, novamente, da saúde e da agricultura e agroindústria, mas também em projectos estruturantes nos mais diversos sectores, um pouco por to-

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do o país, no âmbito da estratégia do Executivo. Por exemplo, projectos inovadores de abastecimento de água e energia eléctrica, iniciativas pioneiras na área da educação e formação profissional, projectos de ponta nos sectores das telecomunicações, TICs, sistemas de informação geográficos, entre outras tantas áreas importantes para o desenvolvimento de Angola. Falemos do sector da água, concretamente do programa “Água Para Todos”, do Executivo angolano, numa fase em que as pessoas tanto necessitam do fornecimento deste bem precioso. Que balanço faria neste domínio? A participação do Grupo Mitrelli no programa “Água Para Todos”, do Ministério da Energia e Águas, é um bom exemplo do nosso empenho na realização de projectos que contribuem para a melhoria das condições de vida das populações. Através da Owini, a nossa unidade de projectos hídricos, temos vindo a construir sistemas de abastecimento de água potável de Norte a Sul do país, e permita-me que coloque a ênfase precisamente no facto de se tratar água que pode ser bebida e consumida em segurança, sem receio de que seja por-

tadora de doenças. Sem esquecermos que, com a concretização destes projectos, as pessoas deixam de ter de percorrer longas distâncias a pé em busca da água, esse líquido tão precioso. No âmbito deste programa do Executivo, previa-se que construíssem 180 sistemas de abastecimento de água potável em aldeias remotas em várias províncias do nosso país. Os habitantes dessas localidades já beneficiam destes serviços e já podem usá-los neste momento em que a lavagem das mãos é uma das principais orientações das ins-

Através da Owini, a nossa unidade de projectos hídricos, temos vindo a construir sistemas de abastecimento de água potável de Norte a Sul do país

tituições de saúde? Já são, na realidade, mais de duas centenas de sistemas de abastecimento de água potável em oito províncias, de Norte a Sul do país. O programa “Água Para Todos” tem vindo a ser desenvolvido em fases pelo MINEA e, a nossa responsabilidade nas duas primeiras fases foi concluir a construção de 224 sistemas noutras tantas localidades nas províncias do Zaire, Uíge, Malanje, Lunda Norte, Moxico, Cuanza Sul, Cuando Cubango e ainda um sistema na província de Luanda. Esses sistemas já se encontram em funcionamento, trazendo água potável ao centro das localidades e permitindo assim às populações não apenas lavar as mãos e cumprir as regras básicas de higiene, que agora são ainda mais importantes e necessárias para combater a Covid-19, mas sobretudo consumir sempre água de qualidade, melhorando a qualidade de vida e reduzindo a exposição a outras doenças. Quais são os principais entraves que regista neste processo de fornecimento de água às aldeias mais remotas? As principais dificuldades são logísticas. Como pode imaginar, a construção de sistemas de abaste-

‘A partir da próxima semana, a Yapama vai fornecer testes para COViD 19 ao Ministério da Saúde’ Outra área importante de actuação é a saúde. Quais são os projectos que têm em curso no sector? A saúde é um sector fundamental em qualquer país e em qualquer circunstância, ainda mais numa situação de crise sanitária como a que enfrentamos agora. O Luanda Medical Center (LMC), que celebra nesta altura o seu 5º aniversário, é o nosso projecto de bandeira nesta área. É um centro médico ambulatório de nível internacional que disponibiliza serviços médicos de alto nível a mais de 800 pacientes por dia. Nesta altura, é importante salientar que o LMC é um dos únicos centros médicos privados em Luanda que continua a prestar serviços como sempre fez, apesar da situação complicada que se vive e, é preciso dizê-lo, apesar do impacto negativo nos negócios. E nesta altura difícil para todos, o LMC está a disponibilizar serviços adicionais, como visitas domiciliares de médi-

cos e enfermeiros, para apoiar pacientes que não podem sair de suas casas e serviços de tele-medicina para consultas por video-chamada, para o mesmo grupo de pacientes. Sem esquecer o serviço de vacinação em casa para crianças que não podem ser levadas às clínicas. Também nesta área, permita-me que destaque a actividade da Yapama Saúde, que também faz parte do Grupo e representa em Angola empresas internacionais líderes em serviços de laboratório. E não é por acaso que menciono isto, é porque a Yapama continua a servir os maiores laboratórios de Angola, como o Instituto Nacional de Sangue (INS), o Instituto Nacional de Luta Contra a Sida (INLS) e várias unidades hospitalares de referência, em Luanda e nas províncias, e a prestar assistência técnica às principais clínicas e hospitais públicos. E a Yapama está também empenhada em continuar a importar e a disponibilizar às unidades de saúde do país os muito necessários equipamentos de protecção individual, para atender às necessidades de pro-

tecção das equipas médicas e do público em geral. E ainda, e nesta altura porventura o mais importante de tudo, a partir da próxima semana, a Yapama passará a fornecer testes para a Covid-19 ao Ministério da Saúde e a unidades hospitalares em Angola. Até que ponto alguns destes projectos poderão auxiliar o Executivo na prevenção da disseminação do coronavírus ou até mesmo na obtenção de medicamentos para o tratamento da Covid-19? Apesar de ainda não ser conheci-

O Luanda Medical Center, que celebra nesta altura o seu 5º aniversário, é o nosso projecto de bandeira nesta área

do um tratamento para a Covid-19, Angola poderá contar com a nossa colaboração e com o nosso apoio no combate ao coronavírus e, nesse sentido, estamos inteiramente à disposição do Executivo. Deixe-me dizer-lhe que uma das decisões que tomámos, ainda antes de a Organização Mundial de Saúde ter declarado que estávamos perante uma pandemia, foi a de pôr as nossas subsidiárias na área da saúde, a Promed e a Yapama, por um lado, e a Geodata, que actua na área dos Sistemas de Informação Geográficos (GIS), por outro, a trabalharem em conjunto no desenvolvimento de um sistema de gestão e controlo de saúde pública inteiramente dedicado ao coronavírus e à Covid-19. E o que nos pode dizer sobre esse sistema? Trata-se de um avançado sistema de gestão e controlo capaz de mapear, analisar e apoiar as autoridades sanitárias, em tempo quase real, numa situação como a actual, em que existe um elevado po-

cimento de água potável em zonas remotas e de muito difícil acesso, incluindo captações de água, armazenamento e distribuição em locais particularmente difíceis, são processos muito complexos. Por vezes são mesmo “pesadelos logísticos”, desde o transporte dos materiais e equipamentos até às localidades onde os sistemas são implantados, à própria construção e instalação dos sistemas. Mas tudo isso são desafios que de uma forma ou outra enfrentamos em muitos dos nossos projectos e aos quais procuramos sempre dar as melhores soluções. Por exemplo, num dos projectos do MINEA que a Owini está, neste momento, a desenvolver na província do Cunene, torna-se necessário recorrer a água subterrânea devido à seca que afecta aquela região do país. A água tem de ser captada em furos profundos, da ordem dos 180 metros, mas é salobra, não pode ser consumida sem se lhe retirar o excesso de sais. Neste caso, a opção, que poderá vir a ser replicada noutros locais, foi uma solução integrada que inclui um sistema de dessalinização de água, creio que é o único em Angola, e de energia solar, de forma a garantir o abastecimento de água potável às populações.

tencial de disseminação de um vírus altamente contagioso. É um sistema de vigilância activa muito eficaz que pode ser utilizado para resposta no combate ao Covid-19 e posso dizer-lhe que estamos desde já prontos a disponibilizá-lo ao Ministério da Saúde de Angola, sem custos para o Estado. Com o preço do petróleo em baixa, uma vez mais o Executivo deverá virar as baterias para a produção interna e para a diversificação da economia. É sabido que o Grupo Mitrelli tem procurado desenvolver alguns projectos na área do agro-negócio. Quais são os modelos desenvolvidos que podem servir de base para o momento actual? Um dos exemplos mais significativos no sector da agricultura e do agro-negócio em Angola é a Aldeia Nova, projecto em que o Grupo se encontra fortemente empenhado. Este é, sem dúvida, um modelo de sucesso que contribui para a economia local e, portanto, também para a economia nacional, em áreas-chave como são a agricultura, a pecuária, a avicultura e, de uma forma geral, a produção de alimentos.


Grande Entrevista

Tendo em conta a realidade actual e as necessidades dos mercados nacional e internacional, quais deverão então ser, na sua opinião, as grandes apostas nos sectores da agricultura e das pescas? Angola pode reduzir significativamente as importações nestes sectores. Pode mesmo ser auto-suficiente e realizar o potencial para exportar alimentos para outros países da região. E há lugar em Angola para projectos agrícolas dos mais diversos tipos e dimensões, começando pelas grandes fazendas, como por exemplo a Fazenda Samba Cajú, na Província do Cuanza Norte, projecto do, agora, Ministério da Agricultura e Pescas para a produção de milho e soja, realizado pela Agricultiva, a nossa unidade de projectos agrícolas e agro-industriais. Trata-se de um projecto de extrema importância no que se refere à produção de cereais em grande escala. Mas não esqueçamos os projectos de agricultura familiar em que incluo a Aldeia Nova, uma vez que, não obstante a sua grande dimensão, no seu todo, o projecto tem esse importante componente de pequenas unidades produtivas centradas em torno de famílias. Creio que o investimento em projectos desse tipo, a par de formação profissional adequada nas mais diversas áreas que compõem uma exploração agrícola será uma boa aposta, já que todos têm como denominadores comuns a criação de novos postos de trabalho, o estímulo da economia local e nacional, a redução das necessidades de importação e o aumento da oferta alimentar disponível para as populações locais. E há projectos no sector das pescas? Sim, a Aquafish, a unidade de projectos do Grupo neste sector, terminou há relativamente pouco tempo um importante projecto de produção de peixe fresco (Tilápia) no Cuando-Cubango. Este é outro projecto do Ministério da Agricultura e Pescas, que tem como objectivo potenciar os recursos aquáticos da província e garantir o fornecimento de peixe fresco na região. O projecto conta ainda com fábricas de ração e de processamento de peixe. Está pronto e em funcionamento, podendo iniciar a actividade produtiva e comercial em breve, assim que a situação no país o permitir.

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‘Os empresários devem pensar sempre no bem-estar das comunidades’ e, certamente, aquela que induz maior valor para os alunos e para a comunidade.

Como está o projecto “Cidadelas Jovens de Sucesso”? A educação é crucial para o desenvolvimento de uma nação. Podemos realizar todo o tipo de projectos estruturantes em todas as áreas de desenvolvimento, todas as que já citei, mas se a educação e a formação não forem contempladas, se não houver investimentos nessas áreas, não fizemos nada. As “Cidadelas Jovens de Sucesso” são um projecto notável de educação e integração social do MATPSS que a Focus Education, a nossa unidade de projectos de educação e formação profissional, constrói, equipa e põe em operação, entre muitos outros projectos que tem vindo a realizar. E a verdade é que as cidadelas têm feito jus ao nome e têm tido muito sucesso. Neste momento há em funcionamento em Angola quatro cidade-

las. A primeira foi a de Cabiri, na província de Luanda, inaugurada em 2009, depois foi Sacassange, no Moxico, em 2014. Esta foi a primeira fase do projecto. A segunda fase inclui as cidadelas do Dinge, em Cabinda, e Caculama, em Malanje, ambas inauguradas em 2018. E a estas juntar-se-ão outras duas, ambas ainda no âmbito desta segunda fase do projecto, as cidadelas da Matala, na Huíla, que está praticamente pronta a inaugurar, e a de Cangola, no Uíge, cujos trabalhos deveriam estar a começar por esta altura. No seu todo, as cidadelas contribuem para a educação e a integração social de centenas de jovens desfavorecidos, em zonas rurais, todos os anos e esse é, por si só, um enorme benefício para o país. Na maioria dos casos, a formação recebida nestas escolas é a única oferta de formação nas localidades onde estão instaladas

Quem é Haim Taib? Natural de Israel, onde nasceu em 1960, Haim Taib é o fundador e presidente do Grupo Mitrelli, um grupo internacional de empresas especializadas no desenvolvimento e implementação, em mercados emergentes, de projectos chave-na-mão sustentáveis e em larga escala. Com formação e experiência em empreendedorismo agrícola e infraestruturas e uma vasta experiência em An-

gola, Haim Taib é um proponente de investimentos de impacto que equilibram o crescimento corporativo com uma responsabilidade social activa, criando oportunidades e capacitando comunidades inteiras a tirar proveito das suas habilidades e recursos. Recentemente fundou a Menomadin Foundation, à qual preside, dedicada à filantropia e aos investimentos de impacto em vários países do mundo.

O sector imobiliário tem retraído ao longo dos anos por causa da crise. Mantêm a mesma aposta neste domínio com a edificação de construções mais baratas? A nossa aposta no mercado imobiliário é muito particular e surgiu em resposta a um desafio muito concreto do Executivo angolano, que foi o da construção de novas centralidades em diversas províncias do país. Esse desafio foi aceite pela Kora Angola, uma subsidiária do Grupo especializada nesse sector, que tem feito um trabalho digno de realce em vários pontos do país, em estreita cooperação com a Focus Education, a Ossi-Yeto, que é a nossa unidade de projectos no sector da energia eléctrica e a Geodata, entre outras subsidiárias do Grupo. As centralidades da Kora são soluções integradas de habitação, são verdadeiras comunidades urbanas que incluem, para além das próprias habitações, todos os serviços necessários à comunidade, infraestruturas de apoio de abastecimento de água e energia e tratamento de águas residuais, escolas e centros de saúde, áreas comerciais e de lazer. E quais as centralidades já construídas? Entre as centralidades construídas pela Kora e já em funcionamento, e onde vivem actualmente cerca de 60 mil pessoas, contamse, por exemplo, Lossambo, Cuito, Andulo, Uíge e Sumbe. Mas temos ainda Caála, Luena e Bailundo em fase final de construção. Estas comunidades urbanas são planeadas

de raiz de forma a prover um ambiente vibrante em todos os sectores, criando um grande impacto nas famílias. Investimos muito no sentimento de pertença, trabalhamos com os moradores e com a administração pública, com o objectivo de garantir a sustentabilidade desses projectos. Para nós, viver é mais do que morar e essa é a filosofia que está por detrás não apenas das centralidades que a Kora constrói mas de todos os nossos projectos. Sabemos também que têm apostado na responsabilidade social. Como é que estão os projectos neste âmbito? Permita-me referir à nossa responsabilidade social corporativa, da qual me orgulho muito. Como sabe o Grupo Mitrelli é o principal mecenas da Fundação Arte e Cultura, que actua em Angola há já 14 anos e cuja missão é promover a inclusão social de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade e risco e contribuir para a construção do seu futuro, através das artes educativas. E como o próprio nome indica, a missão da Fundação também é apoiar as artes e a cultura, sobretudo os jovens artistas, e fazer projectos que melhorem o desenvolvimento cultural de Angola. A Responsabilidade Social é muito importante para nós. Porquê? Porque acredito que os empresários devem pensar sempre no bem-estar das comunidades e fazer tudo para melhorar as condições de vida das pessoas. E só depois pensar nos negócios. É isso o que eu faço e foi por isso que, em 2006, tomei a decisão de criar uma Fundação com o objectivo de “tocar nas vidas das pessoas”, em especial dos mais jovens, investindo na sua educação e na sua inserção social. Hoje, estou certo que essa foi uma das melhores decisões que tomei na minha vida.


OPiNiÃO

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RiCARDO ViTA *

A resposta africana à Covid-19

A

través da voz do seu Presidente em exercício, o Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, a União Africana decidiu organizar-se para falar a uma só voz às instituições e aos actores privados do mundo financeiro internacional. Em 12 de Abril, nomeou quatro enviados especiais de alto nível, de acordo com o comunicado de imprensa, para « mobilizar apoio internacional aos esforços da África para enfrentar os desafios económicos que os países africanos enfrentarão após a pandemia de Covid-19 ». De facto, tanto a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, exDirectora Geral do Banco Mundial e ex-ministra das Finanças da Nigéria, o Costa-marfinense Tidjane Thiam, que dirigiu, de 2015 a Fevereiro de 2020, e que acima de tudo arrumou o Credit Suisse, um dos bancos de investimento mais lucrativos e importantes do mundo, o Ruandês Donald Kaberuka, ex-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e ex-ministro das Finanças de Ruanda e o Sul-africano Trevor Manuel, ex-ministro das Finanças da África do Sul, cada um deles tem reconhecida experiência internacional e uma rede de contactos invejável que serão úteis para a África neste momento. Ra-maphosa afirmou que « a nomeação de enviados especiais aceleraria o processo de obtenção de apoio económico para permitir que os países do continente (africano) respondessem rapidamente a essa emergência de saúde pública. Eles trazem consigo experiência e desfrutam de relações de lon-ga data na comunidade financeira internacional ». O presidente sulafricano mostrou a sua subtile-za, ele entende a necessidade de fazer uso de Africanos competentes, que conhecem o mundo e os seus códigos e que têm uma rede de con-

tactos, esse precioso elo que mistura amizades políticas, relações comerciais e pessoais, para atingir o seu objectivo. Claramente, no seu desejo de ter uma abordagem concertada com representantes do sector privado africano, a missão dada pela União Africana aos seus emissários consiste em solicitar apoio ao G20, à União Europeia e a outras instituições financeiras internacionais. A UA espera, portanto, que esses organismos apoiem as economias africanas, que enfrentam sérios desafios económicos, com um pacote abrangente de estímulos, incluindo pagamentos diferidos de dívida e juros. No nível africa-no, um Fundo de Resposta africana à Covid-19 foi criado com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC), uma instituição técnica especializada da União Africana, e a The AfroChampions Initiative, um projeto dedicado à mobilização de fundos de investimento para permitir a emergência de campeões económicos africanos, e no qual estão o empresário nigeriano Aliko Dangote, considerado o homem mais rico da África, o ex-presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo e o expresidente da África do Sul, Thabo Mbeki. No documento que trata dessa parceria, lemos que ela visa arrecadar um montante inicial de 150 milhões de dólares americanos, para ne-cessidades imediatas de prevenção de transmissão, e tem o objectivo de arrecadar até 400 milhões. Esse dinheiro permitirá reunir os recursos necessários ao fornecimento de material e produtos médi-cos; apoiar a implantação de respostas rápidas em todo o continente, bem como fornecer apoio so-cioeconómico às populações mais vulneráveis. Esse Fundo é um instrumento financeiro que visa mobilizar e gerir fundos provenientes do sector privado afri-

cano principalmente. As suas acções prioritárias incluirão a compra e distribuição de equipamentos essenciais para o diagnóstico, trata-mento e proteção do pessoal médico, bem como a implementação de uma vasta campanha de sensi-bilização sobre a prevenção junto das populações africanas. Além da resposta médica, parte dos fundos arrecadados será destinada para apoiar as comunidades mais frágeis nos países menos de-senvolvidos, cujas actividades socioeconómicas foram fortemente impactadas pelas medidas adota-das para mitigar os efeitos da pandemia. Assim, a União Africana estabeleceu uma estratégia conti-nental comum e criou uma equipa encarregada de coordenar os esforços dos seus Estados membros e parceiros, a fim de garantir a criação de sinergia, o que a Europa não soube fazer, e que a propa-gação do vírus seja a mais baixa possível. Os Palop são representados por outra personalidade de alto calibre, o Bissau-guineense Paulo Gomes, vice-presidente da The AfroChampions Initiative e ex-director executivo do Banco Mundial, que integrou o Comité Consultivo do Fundo. Gomes afirmou o seguinte: « chegou a hora de a Áfri-ca implementar medidas prospectivas. Devemos começar a partir de ago-

A UA espera, portanto, que es-ses organismos apoiem as economias africanas, que enfrentam sérios desafios económicos, com um pacote abrangente de estímulos, incluindo pagamentos diferidos de dívida e juros

ra para fortalecer as nos-sas capacidades em testes de diagnóstico, fabricação de medicamentos e infraestrutura de saúde. Não apenas o sector privado africano pode contribuir para esse fundo, mas também deve conside-rar outras acções como campanhas de prevenção nas empresas, redistribuição de linhas de produ-ção para equipamentos e produtos necessários contra a pandemia, optimização da infraestrutura de transporte e conectividade para atender emergências de saúde ». Os três primeiros nomes mencionados no início do artigo, Iweala, Thiam e Kaberuka, estão entre as oito personalidades africanas que co-assinaram uma tribuna publicada por Jeune Afrique em 11 de Abril, que pedia « o alívio imediato da dívida dos Estados africanos e uma suspensão de dois anos do pagamento de todas as dívidas externas ». Essas personalidades também afirmaram que « a África precisa de um primeiro apoio financeiro de 100 bilhões de dólares, o que possibilitaria compensar a rápida queda nas receitas públicas devido ao colapso dos preços de matérias-primas, comércio e fluxos turísticos, consequência directa da pandemia. Tanto mais que, ao mesmo tempo, os investidores retiraram os seus fundos de todos os investimentos arriscados, o que mecanicamen-te fez o preço do dinheiro subir nos mercados financeiros, tornando os empréstimos nesses merca-dos soluções pouco viáveis. Portanto, não surpreende que as primeiras medidas de apoio financei-ro anunciadas pelos governos africanos representem, por enquanto, apenas 0,8% do seu PIB, ou 1/10 dos valores disponibilizados pelas autoridades dos países ricos. E não vamos esquecer que os 100 bilhões mencionados aqui representam apenas ajuda de curto prazo. A longo prazo, as neces-si-

dades de financiamento do continente podem chegar até 200 bilhões de dólares norte-americanos ». Este grupo de especialistas africanos reunidos pela União Africana, sem dúvida, também usará toda a sua influência para defender a anulação definitiva da dívida africana. O pedido de anulação de dívidas africanas anda na agenda dos países credores desenvolvidos há três décadas, com processos como os implementados pelo Clube de Paris. O Presidente francês, Emmanuel Macron, assumiu a ideia no seu último discurso televisivo de 13 de Abril, pedindo uma anulação maciça da dívida afri-cana. No dia seguinte, 14 de Abril, o G7 posicionou-se a favor da suspensão do serviço da dívida de 76 países pobres, incluindo 40 da África Subsaariana. E na Quarta-feira, 15 de Abril, o G20 tomou a decisão de suspender parcialmente o serviço da dívida de 77 Estados de baixa renda, o que repre-senta um valor de 14 bilhões de dólares, de um total de 32 bilhões. Mas, para criar essa nova huma-nidade que desejamos e se realmente acreditamos nessa onda de solidariedade nascente que a Co-vid-19 está a suscitar, teremos que ir além da suspensão da dívida dos países pobres. Simplesmente terá que ser anulada. Se isso acontecesse, por exemplo, a China, que é membro do G20 e um dos principais credores da África, poderia anular uma dívida de 133 bilhões de euros de empréstimos, segundo os dados do Le Monde. *é Pan-africanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Folha de São Paulo (Brasil), do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É cofun-dador do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.


MUNDO

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O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

Dr

‘Paciente zero’ da Covid-19 trabalhava em laboratório em Wuhan, noticia Fox News

Porta-voz do MRE, Zhao Lijian

China diz que OMS negou ter evidência de que coronavírus foi feito num laboratório

A Covid-19 provavelmente começou num laboratório de Wuhan, não como arma biológica, mas como parte dos esforços de Pequim para competir com Washington, informou a Fox News, citando fontes

O Ministério das relações Exteriores da China declarou, nesta Quinta-feira, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse não ter provas de que coronavírus, que já infectou mais de 2 milhões de pessoas no mundo, foi feito num laboratório

O

porta-voz da chancelaria, Zhao Lijian, fez o comentário em resposta a uma pergunta sobre acusações de que o coronavírus teve origem num laboratório da cidade chinesa central de

Wuhan, onde a epidemia surgiu no final de 2019. Zhao disse aos repórteres durante um briefing diário, em Pequim, que as autoridades da OMS “disseram diversas vezes que não há prova de que o novo coronavírus foi criado num laboratório”. O presidente norte-americano, Donald Trump, disse na Quarta-

feira que o seu governo está a tentar determinar se o coronavírus saiu de um laboratório de Wuhan, na China, e o secretário de Estado, Mike Pompeo, disse que Pequim “precisa abrir o jogo” a respeito do que sabe. Zhao excusou-se a abordar directamente os comentários de Trump.

Bióloga revela sequelas do SARSCoV-2 sobre cérebro e pulmões

A

s observações foram fornecidas pela doutora em Ciências Biológicas e professora Ancha Baranova, da Escola de Biologia de Sistemas, da Universidade George Mason (EUA). Segundo a especialista, os médicos registam diminuição do volume pulmonar e deterioração da função cerebral em pacientes que sofreram de coronavírus na forma grave. “Os jovens não podem mais correr maratonas e os mais velhos

sentem dispneia quando sobem escadas. Mas não são todos, apenas aqueles que sofreram a forma grave [da doença], e mesmo neste caso não são todos, mas apenas aqueles que não tiveram muita sorte”, especificou. Baranova também explica que os pacientes com Covid-19, na forma grave, têm muitos sintomas neurológicos. “Por exemplo, pessoas idosas [com coronavírus] na forma grave têm o sintoma de confusão e desorientação. A capacidade do vírus de causar neuro-inflamação não deixa dúvidas […] Os pacientes re-

Bióloga Ancha Baranova

latam que, mesmo após a alta hospitalar, mantêm-se a fadiga e confusão mental”, disse Baranova. A bióloga adiciona que ainda não está claro por quanto tempo as consequências da doença permanecem.

Prosseguemas tentativas de provar a origem laboratorial do coronavírus na China

D

e acordo com as fontes, “familiarizadas com os detalhes das primeiras acções do governo chinês e que viram documentos relevantes”, um funcionário do laboratório do Instituto de Virologia de Wuhan contraiu o coronavírus de um morcego, tornando-se o “paciente zero”, e depois espalhou a doença entre os moradores locais. Esse pode ser o “encobrimento mais caro do governo de todos os tempos”, declarou uma das fontes. Contudo, os relatos afirmam que o laboratório não desenvolvia armas biológicas, mas acabou causando o problema na tentativa de demonstrar excelentes resultados na pesquisa de vírus por cientistas chineses. Desviando culpa do laboratório? Os documentos detalham os primeiros esforços dos médicos no laboratório e os primeiros esforços de contenção. O mercado de Wuhan inicialmente identificado como o possível ponto de origem

nunca vendeu morcegos, escreve a Fox News. As fontes alegam que culpar o mercado de Wuhan foi um esforço da China para desviar a culpa do laboratório, juntamente com os esforços de propaganda do país, visando os EuA e a Itália, segundo a mídia. As autoridades americanas têm acusado, repetidamente, a China de reter informações sobre a propagação do coronavírus. Em 15 de Abril, o chefe do Pentágono, Mark Esper, declarou que é provável que o vírus tenha tido uma origem natural, enquanto o secretário de Estado americano Mike Pompeo exigiu de Pequim transparência sobre as causas profundas da pandemia. Anteriormente, o Ministério das relações Exteriores chinês disse, em resposta a acusações de encobrimento sobre a questão do coronavírus, que Pequim tinha sido transparente e responsável desde o início. Segundo os últimos dados, já foram registados mais de 2 milhões de casos de infecção no mundo, com 137 mil mortes.


O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

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Dr

Vigilância de Assange teria impedido que este deixasse Londres no final de 2017 Pequim tem aumento de casos pela 1ª vez em três semanas

O ciberactivista australiano foi vigiado no interior da embaixada equatoriana, em Londres, durante mais de um ano, permitindo que os EuA lançassem um mandado de prisão internacional para impedir a sua fuga Dr

N

esta Quinta-feira (16), a China reportou um aumento nas infecções comunitárias na capital, Pequim, pela primeira vez desde o dia 23 de Março. A capital chinesa registou 12 novos casos comunitários contra 10 confirmados ontem, informou a Comissão Nacional de Saúde da China. Os casos importados seguem em queda, após a China ter adotado medidas rigorosas de controlo dos recém-chegados. No total, o país registou 46 novos casos de COVID-19, alcançando 82.341 casos e 3.346 vítimas fatais.

Julian Assange tentou fugir do Reinio Unido, mas os americanos tinhamno bem vigiado secretamente

A Quase 700 casos de Covid-19 confirmados em porta-aviões francês

O

porta-voz da Marinha francesa, Eric Levault, informou que foram confirmados 668 casos de Covid-19 entre os militares do porta-avião francês Charles de Gaulle. “Temos 20 marinheiros hospitalizados e um deles está em reanimação cardíaca” em função da Covid-19, informou a rádio francesa RMC. O Ministério da Defesa da França divulgou que 1.767 marinheiros foram testados e que toda a tripulação do porta-aviões e da fragata Chevalier Paul foi colocada em quarentena. O Charles de Gaulle estava em missão desde o dia 21 de Janeiro, quando foi enviado para apoiar as missões francesas no Iraque e na Síria, e posteriormente para o Atlântico e o Báltico, informou o ministério francês.

vigilância sistemática de Julian Assange na embaixada do Equador, em Londres, teria permitido aos Estados Unidos bloquear uma operação secretamente planeada para permitir a sua fuga do Reino Unido em 25 de Dezembro de 2017, segundo disse à Sputnik Mundo o advogado Aitor Martínez, da equipa internacional de defesa do ciberactivista. O Serviço Nacional de Inteligência do Equador (SENAIN) confiou a segurança da repre-

sentação londrina ao ex-militar espanhol David Morales Guillén e sua empresa Undercover Global (UC Global). Nos 18 ou 20 meses que antecederam a quebra do contrato, no verão de 2018, ninguém escapou do cerco das câmaras que foram instaladas secretamente no refúgio de Assange, no bairro londrino de Knightsbridge, de acordo com a denúncia apresentada em Madrid pelo jornalista australiano enquanto lutava a partir da prisão contra a ordem da sua extradição para os

EUA. ‘Grande irmão’ disfarçado “Naqueles anos, os réus criaram uma espécie de ‘grande irmão’, no qual todos os movimentos do Sr. Assange e dos que lhe eram próximos eram controlados”, afirma a denúncia, que está a ser julgada na Corte Nacional Espanhola. Mesmo o então chefe do SENAIN, Rommy Vallejo, ficou registado no servidor e banco de dados das actividades do “Hotel” (embaixada) e das visitas do “Convidado” (Assange) que Morales Guillén colocou à disposição do seu “cliente americano”, como comprovam os materiais apresentados ao juiz. Vallejo visitou Assange em 21 de Dezembro de 2017, quando “estava a ser explorada a possibilidade” de retirá-lo do país com um passaporte diplomático equatoriano e, portanto, sob a protecção da “imunidade e inviolabilidade da Convenção de Viena de 1961”, explicou o advogado à Sputnik. Suspeitas de espionagem dupla “Projectámos a operação para seis ou sete pessoas, no máximo. Julian era muito paranoico, porque suspeitava que a empresa o estivesse a espiar. Eu ía ao banheiro, ligava a torneira e conversávamos. Nenhum de nós acreditou nele, mas ele tinha toda a razão”, diz o advogado espa-

nhol. Vallejo seria a última peça do plano, o coordenador da saída do prédio e da viagem para um “terceiro país”. O plano falhou devido à suposta denúncia do proprietário da UC Global aos seus contactos na Las Vegas Sands, o império de cassinos de Sheldon Adelson, um magnata que patrocinou a campanha presidencial de Donald Trump, próximo de Mike Pompeo e um financiador regular do Partido Republicano. “O último passo foi o do chefe do SENAIN, Rommy Vallejo, que visitou Julian para esclarecer como ele iria sair da embaixada, onde o carro diplomático seria colocado, se fariam um ensaio prévio com algum diplomata... estas eram questões da operação de saída, que deveria acontecer no dia 25 de Dezembro”, lembra Martínez. Bolívia, Venezuela, Grécia, Sérvia, Bélgica e China estavam entre os possíveis destinos da fuga estudada pelo activista australiano. “Estávamos a lutar contra o relógio, procurando um país que o admitisse, e havia muitas opções, mas a Rússia não era uma. Julian não queria ir para a Rússia, porque alimentaria a teoria da conspiração de que ele era um agente russo”, diz ele na entrevista à Sputnik.

Swatini regista primeira morte por coronavírus O

Reino de eSwatini (ex-Suazilândia) registou a primeira morte por Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, disse a ministra da Saúde Lizzie Nkosi, na Quinta-feira. Nkosi acrescentou que o número de casos confirmados de coronavírus no país, que faz fronteira com a África do Sul e era conhecido como Suazilândia, subiu para 17.

O país da África Austral entra para a lista dos que ja reportaram mortes por Cpovid-19

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ACTUAL

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O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

Milhões enfrentam fome enquanto cidades africanas impõem bloqueios por coronavírus Shehu isah Daiyanu Dumus ficou sem dinheiro e diz que só tem alguns punhados de farinha de mandioca para comer Dr

O confinamento por conta da Covid-19 deixa milhões de africanos sem o que comer

O

homem paraplégico de 53 anos geralmente vende cartões de recarga telefónicos. Mas um bloqueio prolongado para combater o novo coronavírus na maior cidade da Nigéria, Lagos, deixou-o preso. O governo do Estado de Lagos enviou um texto após o bloqueio, em 30 de março, dizendo que ele receberia um pacote de alimentos. Mas não chegou comida e, com os escritórios do governo fechados, ele não fazia ideia de quando ou como conseguiria. “Tenho certeza de que, se esse coronavírus não matou pessoas com deficiência, definitivamente essa ordem de permanência em casa matará pessoas”, disse ele à Reuters do lado de fora de um prédio perto do aeroporto onde um amigo o deixou ficar. Fome e raiva estão em formação em Lagos e noutras grandes cidades africanas com pouca ou nenhuma rede de segurança social para proteger os pobres das conseqüências econômicas da pandemia da Covid-19. O Programa Alimentar Muandial diz que pelo menos 20% dos 1,2 biliões de pessoas de África já estão

desnutridos - a maior percentagem do mundo. A combinação de pobreza generalizada, dependência de alimentos importados e picos de preços devido à pandemia pode ser fatal se os governos africanos não agirem rapidamente, diz o documento. Sob novas restrições na Nigéria, Quénia e África do Sul, milhões de pessoas que viviam com salários diários estão a ficar sem comida. Muitos trabalham como comerciantes, trabalhadores ou artesãos no sector informal, que responde por 85% do emprego em todo o continente, e agora devem ficar em casa sem nenhuma economia como reserva. “UMA zONA DE GUERRA”

“Tenho certeza de que, se esse coronavírus não matou pessoas com deficiência, definitivamente essa ordem de permanência em casa matará pessoas”

Em Lagos, três em cada sete dos seus 20 milhões de habitantes nem sempre conseguem comida suficiente em circunstâncias normais, de acordo com a Iniciativa do Banco Alimentar de Lagos, uma organização sem fins lucrativos. O bloqueio de 14 dias, prorrogado por mais duas semanas na Segundafeira, colocou milhões em necessidade. Os preços dos alimentos dispararam quando os moradores correram para fazer reservas. O arroz importado aumentou 11% e o preço do garri, um grampo fabricado com mandioca, quase duplicou, disse a consultoria de risco SBM Intelligence, sediada em Lagos. Michael Sunbola, presidente do banco de alimentos, disse que a sua organização estava a receber 50% mais ligações do que o habitual de moradores frenéticos. Algumas caminharam cinco horas para colectar comida. Enquanto a sua equipa descarregava arroz, feijão, óleo e farinha de mandioca este mês em Agboyi Ketu. Ele disse que muitos enfrentariam dificuldades à medida que a paralisação continuasse. “Tememos que algumas pessoas possam morrer de fome”, disse Sunbola.

Mercados de Wuhan reabrem à sombra do vírus Os mercados de rua reabriram em Wuhan, apesar da reputação sulfurosa que lhes valeu o apelo do exterior, quatro meses após o surgimento da Covid-19 na cidade do centro da China

A

epidemia, que matou mais de 125 mil pessoas em todo o mundo, parece estar amplamente contida no país após o encerramento de Wuhan e seus 11 milhões de habitantes de 23 de Janeiro a 8 de Abril. Segundo especialistas, o novo coronavírus apareceu no final de 2019 num mercado da cidade, onde animais exóticos eram vendidos vivos. O vírus animal poderia ter sofrido uma mutação ali, espalhando-se pa-

ra os seres humanos. Este mercado, chamado Huanan, foi fechado em 1º de Janeiro. Ele agora está escondido atrás de uma longa paliçada azul. Sinais da preocupação persistente que reina em Wuhan, uma semana após o levantamento do encerramento, lembram a proibição da venda de animais selvagens e até de aves vivas no mercado de Baishazhou, um dos maiores da cidade. Nos alti-falantes, as mensagens proclamam a “vitória” do país con-

Dr

tra o coronavírus. “Proteja o mundo” Mas os negócios são ruins para os comerciantes, como evidenciado pelos corredores do mercado vazios, cobertos com um telhado de zinco, mas abertos a todos os

ventos.“Somos amaldiçoados este ano, não há dúvida”, diz Yang, uma vendedeira de especiarias. “Eu nunca vi tão poucas pessoas.” A comerciante, cuja rotatividade caiu um terço em relação ao período anterior à quarentena, rebelase contra os críticos que fazem do

mercado externo o lar de doenças. “É um pânico sem razão”, disse ela à AFP. Yang tem garrafas de desinfectante em reservas para limpar a sua tela várias vezes ao dia, conforme exigido pelos regulamentos. Em três mercados da cidade, uma equipa da AFP viu que animais vivos ainda estavam à venda: tartarugas, sapos, peixes ou crustáceos, mas não aves domésticas ou mamíferos terrestres. No exterior, a própria existência desses mercados preocupa, especialmente na Austrália, onde o primeiro-ministro Scott Morrison considerou a sua reabertura “incompreensível”. “Precisamos proteger o mundo de possíveis fontes de epidemias desse tipo de vírus”, disse ele na televisão nesta semana.


OPiNiÃO

O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

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GONG TAO*

A China Solidariza-se Com Angola e Comunidade internacional Na Luta Contra a Covid-19

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os próximos dias, avião de carga cheio de material antiepidêmico, que são doações do governo chinês e da Fundação Alibaba a amizade do povo chinês aos irmãos angolanos, chegarão a Angola e serão entregue às autoridades relevantes de Angola. Especialistas da China realizarão uma vídeo-conferência com parceiros angolanos sobre a prevenção e controlo da Covid-19. Doações e reuniões desta escala já é a segunda vez, e demonstram a amizade entre irmãos China-Angola. Desde a entrada em vigor do estado de emergência, Angola tomou uma série de medidas poderosas e eficazes para conter a propagação da pandemia. As autoridades sanitárias angolanas realizaram conferências de imprensa para apresentar a situação epidêmica e as medidas preventivas no país, durante o qual, foi afirmado que a China é amiga de Angola com grande apoio e acções práticas às actividades anti-epidémicas em Angola. O PR João Lourenço elogiou os jovens angolanos que a partir da China, via TPA, transmitem a sua experiência e auto-disciplina. As empresas e comunidades chinesas em Angola também participaram activamente nos projectos locais de prevenção da Covid-19. Eles fizeram doações de equipamentos médicos e bens essenciais às autoridades locais, à Polícia e ao Centro Comunitário Infantil em Luanda, Bengo, Cuanza-Norte, etc. E ajudaram a concluir rapidamente e com êxito o restauro e instalação dos hospitais no Huambo, Huíla e Namibe, e muito mais... Como embaixador chinês em Angola, estou muito satisfeito em testemunhar tudo isto. É de facto a cristalização da amizade tradicional ChinaAngola e uma relação verdadeira de assistência mútua.

Dr

O Presidente chinês Xi Jinping enfatizou que o governo e povo chineses não têm medo do perigo e sempre colocam a vida e a saúde do povo em primeiro lugar. Depois de muito trabalho e grandes sacrifícios, a situação actual da prevenção e controlo da epidemia na China continua a melhorar, e a ordem da produção e da vida se acelerou, e recupera a normalidade. Ainda assim, não podemos ficar relaxados. Diante da disseminação da Covid-19 em todo o mundo, o que a comunidade internacional mais precisa é da confiança firme, esforços conjuntos e resposta unida, fortalecendo de forma abrangente a cooperação internacional e unindo forças para superar a epidemia e vencer essa luta. Um provérbio chinês diz: oferce-me um pêssego e retribuo com vinho. No momento mais difícil quando a China lutou contra o vírus, Angola e muitos membros da comunidade internacional nos deram ajuda e apoio com solidariedade e sinceridade. A China vai sempre lembrar e valorizar essa amizade. A assistência anti-epidémica é uma parte importante da cooperação conjunta internacional. O fornecimento activo da assistência externa à epidemia é um requisito inevitável para a China assumir a sua responsabilidade internacional e praticar o conceito de uma comunidade de destino comum da humanidade. Actualmente, a China prestou alta importância à ajuda humanitária e já ofereceu assistência anti-epidémica a 53 países africanos, 30 países asiáticos, 22 países europeus, 24 países americanos e 10 países do Pacífico Sul. Os materiais de auxílio incluem, principalmente, equipamentos anti-epidémicos, como kit de teste, máscaras, roupas e óculos de protecção, detecção de temperatura corporal, luvas médicas e capas de sapatos,

A terminar, quero enfatizar que, para combater a Covid-19, o papel da Organização Mundial da Saúde é mais importante do que nunca. Sem cooperação internacional, não podiamos resolver esta crise. O director-geral da OMS, Dr. Tedros Ghebreyesus, é africano e reconhecido pelo seu profissionalismo e liderança

ventiladores e outros equipamentos de diagnóstico e tratamento. Foram enviados 14 grupos de médicos especialistas para países com epidemias graves, como Itália, Paquistão e Rússia...Além disso, muitos governos locais, empresas, instituições privadas e indivíduos da China também participaram em operações de ajuda externa. Esta gigantesca ajuda tem sido a acção humanitária de emergência mais concentrada e extensiva desde a fundação da República Popular da China, em 1949. A China ganha elogios extensos e merecidos da comunidade internacional. Actualmente, a situação epidémica global ainda está em desenvolvimento, e a China no momento crítico de “evitar a importação externa dos casos e defender o resurgimento interno da pandemia”. Mesmo assim, a China continuará a fornecer aos países assistência. A acção da China é um apoio firme à luta anti-epidemia de Angola e da comunidade internacional, uma contribuição positiva à segurança da saúde

pública global, como também uma manifestação de um país responsável que defende o seu conceito de construção de uma comunidade de destino comum. Afinal, pertencemos todos ao mesmo planeta e estamos no mesmo barco. A terminar, quero enfatizar que, para combater a Covid-19, o papel da Organização Mundial da Saúde é mais importante do que nunca. Sem cooperação internacional, não podiamos resolver esta crise. O director-geral da OMS, Dr. Tedros Ghebreyesus, é africano e reconhecido pelo seu profissionalismo e liderança. A China apoia firmemente a OMS, com doação de 20 milhões de USD, e concorda com a declaração do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, de que “a OMS deve ser apoiada, o que é absolutamente essencial para o esforço global para superar a Covid-19”.

*Embaixador da China em Angola


DESPORTO

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O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

CPA “pronto” para massificar a natação no país Dr

O órgão que rege o desporto adaptado em Angola prepara as condições técnicas e administrativas para expandir a modalidade

Sebastião Félix

O

Comité Paralímpico Angolano (CPA), no âmbito da expansão e divulgação da natação no país, vai realizar uma formação assim que a Covid-19 estiver controlada no país e no resto do mundo. Neste momento, o órgão que rege o desporto adaptado em Angola conta com atletas paralímpicos que já praticam natação. Por esta razão, a formação vai permitir que os técnicos aprendam mais sobre a modalidade, uma vez

Secretário-geral do Comité Paralímpico Angolano, António da Luz

que é muito específica. A acção de formação contará com especialistas nacionais e estrangeiros, aliás, já se projecta a realização de um Campeonato Nacional. Na Piscina do Alvalade, no Clube Náutico e no 1º de Agosto muitos atletas paralímpicos preparam-se para dar cartas nos próximos tempos. O secretário-geral do CPA, António da Luz, adiantou que a expansão da modalidade é um projecto que se vai materializar nos próximos tempos. Por esta razão, as condições técnicas e administrativas já se encontram preparadas, mas, devido à pandemia, muitas coisas tiveram um ponto e vírgula. “A natação é uma modalidade que permitirá unir mais os atletas paralímpicos, por isso vamos contar com muitos praticantes no futuro”, disse o dirigente desportivo. O CPA tem feito um trabalho de massificação e, por isso, tem tido sucessos nas competições internacionais dentro de África. No atletismo, José Sayovo foi o campeão olímpico em Atenas, na Grécia, em 2004, nos 100, 200 e 400 metros, sendo a referência maior do desporto paralímpico angolano.

Caso William Voigt com avanços positivos Dr

William Voigt teve uma passagem para esquecer à frente dos campeões africanos

S

egundo uma fonte ligada ao processo, membros da Comissão de Gestão e o presidente demissionário, Hélder Cruz, mostraram-se disponíveis a cola-

Posto isto, melhores dias virão para o então treinador, bem como para a Comissão de Gestão presidida por Gustavo da Conceição

borar. Por isso, o Ministério da Juventude e Desportos orientou que se fi zesse uma gestão mais racional deste processo, uma vez que Angola tem história nesta modalidade. Posto isto, melhores dias virão para o então treinador, bem como para a Comissão de Gestão presidida por Gustavo da Conceição. No mandato de Hélder Cruz, que pediu demissão por varias razões, William Voigt teve uma passagem para esquecer à frente dos campeões africanos.

Dr

Djokovic faz doação significativa ao Hospital de Bergamo

N

ovak Djokovic, número um do ranking mundial do ténis, fez ontem «doação significativa» a um hospital em Bérgamo, cidade de uma das regiões italianas mais afectadas pela pandemia do novo coronavírus. “Nunca teríamos imaginado ver na nossa conta bancária uma doação de uma pessoa com tanto prestígio. Actualmente, muitas empresas, associações e entidades privadas têm ajudado e agradeço a sua generosidade. Mas ver que, entre os doadores, está o número um do ténis mundial deixa-me muito emocionado”, comentou Peter Assembergs, director-geral da Azienda Socio Sanitário Territorial (ASST) de Bérgamo. Sem especificar os valores envolvidos do donativo do sérvio, Assembergs acrescentou que a “doação significativa vai permitir remodelar a área dos cuidados intensivos do hospital, ampliar os quartos, melhorar os dispositivos médicos e estar mais preparado para lidar com emergências”. Novak Djokovic já doara um milhão de euros a hospitais sérvios através da fundação gerida pela mulher Jelena.


O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

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Giro e Volta à Espanha passam para Outubro e Novembro

A

União de Ciclismo Internacional (UCI), em acordo pleno com a ASO, organizadora do Tour, avançou esta semana com a confi rmação oficial das novas datas para a Volta à França, mas também para as principais competições da modalidade, uma que vez que o adiamento da prova francesa afecta as outras grandes provas. A Volta à França vai realizarse então entre 29 de Agosto e 20 de Setembro, ficou decidido após reunião por vídeo-conferência entre o presidente da UCI, Da-

vid Lappartient, representantes dos organizadores de corridas (AIOCC) que incluiu ASO, RCS Sport e Unipublic (organizadores das três grandes vol-

Os Campeonatos do Mundo mantêm as datas de 20 a 27 de setembro, e a Volta à Itália e Volta à Espanha serão disputadas depois dos mundiais, nos meses de outubro e novembro (Giro de 3 a 25 - Vuelta de 30 a 22)

tas), Flanders Classics, equipas (AIGCP) e corredores (CPA). Ficou delineado parte do calendário para a restante temporada, ficando o seu cumprimento dependente da existência de condições para a sua realização face à evolução da epidemia de Covid-19. Os Campeonatos do Mundo mantêm as datas de 20 a 27 de Setembro, e a Volta à Itália e Volta à Espanha serão disputadas depois dos mundiais, nos meses de Outubro e Novembro (Giro de 3 a 25 - Vuelta de 30 a 22). Dr

“Era inacreditável quão mal jogava o Newcastle com Benítez”

A

s três temporadas de Rafael Benítez no comando técnico do Newcastle terminaram em Junho passado e parece não terem deixado grandes saudades. Sam Allardyce, antigo treinador do clube, criticou o trabalho do espanhol, numa altura em que os magpies estão num processo de compra por parte de um príncipe saudita. Situação que poderá deixar Steve Bruce, actual treinador, no desemprego. “Vai ser um período difícil paDr

Companheiro de Traoré revela: “ele não faz qualquer ginásio”

A

extraordinária compleição física de Adama Traoré, extremo do Wolverhampton, é já sobejamente conhecida. Ao contrário do que se possa pensar, Connor Coady, capitão da

O mérito é todo dele e da forma como trabalha, é muito bom jogador”, contou Coady à Sky Sports

equipa de Nuno Espírito Santo, revelou que o espanhol, antigo jogador do Barcelona, não faz qualquer trabalho de musculação específico. “O Adama até teve convites para jogar na NFL mas não faz qualquer ginásio nos braços ou na parte superior do corpo. Só faz trabalho explosivo nas pernas. O mérito é todo dele e da forma como trabalha, é muito bom jogador”, contou Coady à Sky Sports.

Documentário do Tottenham será lançado em Julho

A José Mourinho: treinador do Tottenham

ra o Steve, acredito que ele esteja preocupado. Muito se disse sobre ele, se é bom treinador ou não, mas acho que tem feito um trabalho muito bom nesta primeira época. Chegou a apenas duas semanas do início da Premier League e, neste momento, têm a manutenção quase assegurada. Ainda hoje não entendo a aura à volta do Rafael Benítez. Era inacreditável o quão mal o Newcastle jogava. Um futebol tão negativo, era incrível”, analisou Allardyce à Talksport.

pesar de o futebol estar parado indefi nidamente, a Amazon vai lançar o documentário All Or Nothing, sobre a temporada 2019/20 do Tottenham, em Abril próximo. Ao Daily Mail, fontes da produção garantiram que a interrupção da Premier League não afectou a produção, que considera já ter material suficiente para preencher os oito episódios. Peripécias como a substituição de Mauricio Pochettino por José Mourinho, a recuperação de lesão de Harry Kane ou o incidente com Eric Dier serão alguns dos pontos de maior interesse do documentário. Anteriormente, a Amazon já tinha lançado um trabalho semelhante com o Manchester City.


CLASSiFiCADOS emprego

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imobiliário

O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

diversos

Maria Teixeira, Jornalista do Jornal OPAÍS


TEMPO

O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

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Fonte: INAMET Das 18 horas do dia 16 às 18 horas do dia 17 de Abril de 2020

PrEVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PArA AS PrINCIPAIS CIDADES

REGiÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu parcialmente nublado, alternando-se com períodos de muito nublado em toda a região. Ocorrência de chuva moderada podendo ser localmente forte, acompanhada, por vezes, de trovoada, em alguns municípios das províncias de Luanda, Cabinda, Zaire, Bengo, uíge, Cuanza-Norte, CuanzaSul, Lunda-Norte e Lunda-Sul.

Válida de 17 a 19 de Abril de 2020

Ê Ê

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) Ê

Ê

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 17 a 19 de abril de 2020Ê Data 17/ 04/ 2020

CIDADE

Mín

Data 18/ 04/ 2020

Máx

Estado do Tempo

Mín

Máx

Data 19 / 04/ 2020

Estado do Tempo

Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

24

33

Céu nublado, chuva moderada/ trovoada

24

31

Céu nublado, chuva fraca com trovoada

23

32

CABINDA

24

32

Céu nublado, chuva moderada trovoada

24

31

Céu nublado a muito nublada chuva trovoada

24

32

Nublado, chuva fraca, trovoada

SUMBE

28

31

Céu nublado, chuva moderada/ trovoada

24

29

CŽ u nublado, chuva fraca a moderada, trovoada Ê

25

30

Céu nublado a parcial, chuva fraca

CAXITO

24

35

Céu nublado, chuva moderada/ trovoada

25

33

Nublado parcial, chuva fraca a moderada trovoada

25

34

Nublado a parcial, chuva fraca

Céu parcial, chuva fracaÊ Nublado, chuva fraca a madeiraÊ

MBANZA KONGO

20

30

Nublado, chuva fraca a moderada, trovoada

22

28

Nublado a parcial, chuva, trovoada

21

29

UIGE

18

28

Céu nublado, chuva moderada/ trovoada

19

27

Nublado parcial, chuva fraca a moderada, trovoada

20

27

Nublado, chuva fraca a moderadaÊ

NDALATANDO

20

32

Céu nublado, chuva moderada/ trovoada

18

29

Nublado, chuva fraca a moderada Ê

20

31

Parcial a nublado, chuva fraca

MALANJE

16

29

Nublado, chuva fraca moderada, trovoada

19

28

Céu nublado a parcial, chuva fraca

18

29

DUNDO

20

30

Nublado, chuva fraca moderada, trovoada

21

30

Parcialmente nublado, chuva fraca

20

30

SAURIMO

20

29

Nublado, chuva fraca, trovoada

19

28

Parcialmente nublado, chuva fraca

18

29

BENGUELA

21

33

Céu nublado, chuva fraca

21

32

Parcialmente nublado, chuva fraca Ê

21

31

HUAMBO

10

28

Céu nublado, chuva fraca moderada

12

28

Parcial nublado, chuva fraca, trovoadaÊ

11

27

Parcial nublado, chuva fraca

CUITO

18

15

Céu nublado, chuva fraca moderadaÊ

14

28

Céu nublado parcial, chuva, trovoadaÊ

15

28

Nublado, chuva fraca

LUENA

18

30

Céu nublado, chuva fraca moderada

18

29

Nublado, chuva fraca trovoadaÊ

18

28

Parcial a parcial, chuva fracaÊ

LUBANGO

18

27

Céu nublado, chuva fraca moderadaÊ

16

30

Parcialmente nublado, chuviscoÊ

16

29

MENONGUE

19

30

Céu nublado, chuva fraca moderada

17

31

Parcial nublado a pouco

18

30

Céu nublado, chuva fraca

MOÇÂMEDES

20

32

Céu nublado, chuva fraca

22

34

Pouco nublado a limpo

21

35

Parcial nublado

ONDJIVA

22

34

Céu nublado, chuva fraca moderada

21

33

Parcialmente nublado, chuvisco

20

32

Parcialmente nublado, chuvisco

O(s) Meteorologista(s): Tucaiana Lauriano, Rita Capitão e Úrsula Gonçalves Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.aoÊ

Parcial nublado, chuva fracaÊ Céu nublado, chuva fracaÊ Nublado a parcial, chuva fracaÊ Parcialmente nublado, chuviscoÊ

Luanda, 16 de abril de 2020

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOrOLÓGICO PArA A NAVEGAÇÃO MArÍTIMA

3. DESCRiÇÃO SiNÓPTiCA DAS 18:00 TU DO DiA 16/04/2020 ÀS 18:00 TU DO DiA 17/04/2020.

1. SiTUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DiA 16 DE ABRiL DE 2020: Circulação de Sul - Sudoeste INSTITUTO moderada entre os paralelos (4°S e 14°S) e de Sul - Sudeste forte NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET entre os paralelos (14°S e 18°S). Centro Nacional de Previsão do Tempo BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

2. PREViSÃO VÁLiDA ATÉ ÀS 18:00 TU DO DiA 17 DE ABRiL DE 2020: 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 15 DE ABRIL DE 2020:

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 16 DE ABRIL DE 2020: AVISO DE VENTO FORTE ATÉ 49 Km/h (25 NÓS) E ONDAS ATÉ 3.5 METROS DE ALTURA NA REGIÃO MARITÍMA DE NAMIBE. VENTO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Nublado/ Chuva

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)

Nublado/ Chuva Parcialmente Nublado

Namibe (14°S – 18°S)

Geralmente limpo

Depresao, com presao de 1010 hpa, o seu vale depresionario estende-de em toda a costa marítima de Angola. O anticiclone de Santa Helena mantém-se estacionário com a pressão central de 1020 hPa. Assim, prevê-se estado do mar agitado, de 2.2 metros de altura nas regiões de Cabinda ao Cuanza-Sul, e muito agitado com a altura das ondas entre 2.7 e 2.9 metros nas regiões de Benguela e Namibe. Prevê-se visibilidade fraca a moderada devido à ocorrência de chuva nas regiões marítimas de Cabinda, Zaire, Luanda, Bengo e Cuanza-Sul.

4. CARTA DO VENTO MÁXiMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXiMA PREViSTA

SEM AViSO Circulação de Sul-sudoeste moderada entre os paralelos (4°S-14°S) e de Sul-sudeste forte entre os paralelos (14°S – 18°S).

ESTADO DO TEMPO

REGiÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu nublado, apresenta-se pouco nublado ao longo da faixa do litoral. Ocorrência de chuva fraca em alguns municípios das províncias da Huíla, Cunene e Cuando Cubango.

Parcial nublado, chuviscoÊ

TEMPO NO MAR

REGIÃO

REGiÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu parcialmente nublado. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca a moderada acompanhada, por vezes, de trovoada, em alguns municípios das províncias do Huambo, Bié e Moxico. Ocorrência de chuvisco ou chuva fraca em alguns municípios da província de Benguela.

SulSudoeste

Até 14

Até 1.8

Agitado

Fraca a moderada (Superior a 4)

SulSudoeste

11

Até 2.3

Agitado

Fraca a moderada (Superior a 4)

SulSudoeste

Até 16

Até 2.6

Muito Agitado

Boa (Superior a 8)

Sul-Sudeste

Até 25

Até 3.5

Muito Agitado

Boa (Superior a 9)

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


ÚLTiMA

32

O PAÍS Sexta-feira, 17 de Abril de 2020

Opep confirma colapso da demanda por petróleo, ‘um choque extremo e brutal’ A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) antecipa um colapso “histórico” na demanda mundial de petróleo em 2020, devido à paralisia económica generalizada pela COVID-19, confirmando nesta Quinta-feira (16) “um choque histórico, brutal, extremo e planetário” no mercado

S

egundo previsões divulgadas no seu relatório mensal, a Opep espera que o consumo mundial atinja 92,82 milhões de barris por dia (mbd) este ano, uma queda “sem precedentes” de cerca de 6,85 mbd em comparação com 2019. A Agência Internacional de Energia (AIE), com sede em Paris, já havia indicado na Quarta-feira que previa uma queda “histórica” na demanda de petróleo, evocando um consumo mundial de 90,6 mbd ao longo do ano. Será o primeiro declínio anual no consumo global de petróleo desde 2009 e a crise financeira. “A pandemia de COVID-19 está a afectar a demanda de petróleo de muitos países e regiões, com um impacto sem precedentes nas

necessidades, principalmente em combustíveis para transporte”, enquanto as frotas das companhias aéreas permanecem em solo e as medidas de contenção em todo mundo paralisam o movimento, observa a Opep. Nesse cenário, a demanda global por petróleo deverá cair 12 milhões de barris por dia no segundo trimestre em relação ao ano passado, antes de uma recuperação modesta - com um declínio esperado de 6 mbd no terceiro trimestre e em torno de 3,5 mbd nos últimos três meses do ano - prevê a organização.Nesse contexto, o preço do barril mergulhou no abismo. “O mercado do petróleo está a sofrer actualmente um choque histórico que é brutal, extremo e de escala mundial”, alerta o cartel, cuja sede fica em Viena. Na tentativa de conter a queda

nos preços, a Opep e os principais parceiros concordaram no último Domingo em reduzir 9,7 milhões de barris por dia em Maio e Junho, enquanto os países do G20 prometeram maior cooperação. Sob pressão dos preços baixos e do congestionamento nas infraestruturas, todos os países produtores devem ser forçados a reduzir a sua oferta: de acordo com as previsões do cartel, os países não membros da Opep reduzirão a sua produção em 1,5 mbd, em 2020. O golpe é duro para o já fragilizado sector das refinarias. “A queda no consumo pode levar mais refinarias a reduzirem, ou até interromperem, as operações, devido à falta de um ambiente económico favorável, capacidade de armazenamento disponível, ou até funcionários disponíveis”, aponta o relatório.

Mandetta é demitido do Ministério da Saúde por Bolsonaro; Teich é o substituto

A

pós uma novela que já se arrastava há semanas, o presidente Jair Bolsonaro demitiu na tarde desta Quintafeira (16) o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A decisão foi oficializada após uma reunião entre os dois no Palácio do Planalto, em Brasília. Antes, Mandetta já havia indicado que a sua saída deveria ser confirmada entre Quinta ou Sexta-feira. Depois de uma reunião na sede

do governo, o oncologista Nelson Teich foi confirmado como o novo ministro da Saúde. Desde o último Domingo, Mandetta já vinha dando declarações cada vez mais claras sobre as suas discordâncias com Bolsonaro, que, por sua vez, já falara, anteriormente, que havia gente no seu governo que estaria “se achando”, no que foi interpretado como um recado ao ministro da Saúde. Enquanto o agora ex-ministro da Saúde defende abertamente o iso-

lamento social como prioridade na luta contra o novo coronavírus no Brasil, o presidente acredita que é preciso considerar o aspecto económico, flexibilizando o distanciamento em alguns setores. Nome mais cotado para assumir o Ministério da Saúde, o oncologista Nelson Teich chegou a Brasília na manhã desta Quinta-feira e defendeu, recentemente, em alguns artigos, o isolamento social como a melhor medida para combater a Covid-19 – assim como Mandetta.

O que saber sobre o Coronavírus…

“O

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ArN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”.

“Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. uMA rECOMENDAÇÃO VALIOSA use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


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