PN detém três envolvidos em tumultos na Polícia e Administração de Caluquembe
Nove dias sem registos de novos casos de Covid-19 Nove dias se passaram e Angola mantém-se com os 19 casos positivos da Covid-19 garantiu, ontem, em Luanda, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, no habitual balanço diário da situação epidemiológica no país. P. 32
A Polícia Nacional anunciou, ontem, em comunicado, a detenção de três vendedores supostamente envolvidos nos ataques que danificaram a Administração do município de Caluquembe, na província da Huíla, a sede local do MPLA, e as instalações da corporação e dos bombeiros. P. 12
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Director: José Kaliengue
O diário da Nova Angola Edição n.º 1811 Sábado, 18/04/2020 Preço: 40 Kz
PGR investiga caso do cidadão dado como inocente depois de 14 anos preso em risco de desemprego
Deputado da CASA-CE considera falsas informações sobre o subsídio do presidente da Assembleia Nacional l O deputado da Coligação CASA-CE, Manuel Fernandes, disse, ontem, em declarações a OPAÍS, que as informações sobre o subsídio de renda do presidente da Assembleia Nacional, avaliado em cerca de 17 milhões de kwanzas, não correspondem com a verdades. P. 8
sociedade: A Procuradoria-Geral da República garante que será aberta uma investigação para
apurar a inocência do jovem Daniel Augusto, de 31 anos de idade, que cumpriu 14 anos de prisão maior dos 16 que lhe fora sentenciado pelo Tribunal Provincial da Huíla, por um crime que supostamente não terá sido ele quem cometeu. P. 32
DR
EFACEC de Isabel dos Santos pode ser nacionalizada em Portugal l De acordo com a narrativa das televisões lusas, a EFACEC poderá mesmo ser nacionalizada, atendendo aos problemas de tesouraria, que insinuam, sem demonstrar, remontam ao tempo em que era controlada pela empresária Isabel dos Santos. P. 18
Comunicação social
20 mil em risco de desemprego
Candidato à presidência da APF Zaire diz que elenco cessante não trabalha
P. 2
l O candidato à presidência da Associação Provincial de Futebol (APF) do Zaire, Paulo Kaká, revelou que o elenco cessante em que faz parte o secretário-geral, António Lopes Lino, não cumpriu com o seu papel. P. 26
e ainda no cartaz:
SADIA exorta associados a observarem medidas preventivas face ao novo coronavírus
Músicos moçambicanos vivem situação dramática, diz Sociedade de Autores
“A Cidade de Todos os Dias”: o livro infantil dedicado a todas as crianças que estão de quarentena
EM FOCO
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O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
20 mil profissionais da comunicação social em risco de desemprego Com a baixa da actividade económica, as empresas deixaram de anunciar e os órgãos de comunicação social ficaram sem as suas fontes de rendimento. Se não houver intervenção do Executivo, o encerramento pode ser inevitável para a maioria das empresas privadas, ficando o país em rico de passar a contar apenas com a imprensa pública, sustentada pelo OGE DR
Teixeira Cândido, secretáriogeral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos
T
eixeira Cândido, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, reagiu, ontem, em Luanda, ao anúncio feito em Portugal, onde o Governo vai contratar quinze milhões de euros em publicidade de forma antecipada, para salvar o “jornalismo livre, isento, independente e plural”, olhando para o caso angolano, dizendo que a posição do sindicato estará num apelo formal que será enviado ao Presidente angolano, João Lourenço, a solicitar ao Estado medidas capazes de aliviar as dificuldades financeiras por que passam os órgãos de comunicação social privados. “Como sabemos, não há empresas a publicitar, e sendo a publicidade a principal, senão mesmo a única fonte de receitas para maioria dos órgãos de comunicação, consideramos que o Estado é chamado a intervir” disse a OPAÍS. Teixeira Cândido esclareceu estar a falar de empresas que empregam cerca de vinte mil trabalhadores, “pelo que julgamos fundamental que o Estado possa colocar a sua mão, tal como tem vindo a fazer com outros sectores”. “Recentemente”, continuou, “foi aprovado um pacote financeiro para as empresas do sector produtivo e um alívio fiscal para outras, achamos que as empresas de comunicação deveriam igualmente ser acudidas, sob pena de assistirmos ao desemprego em massa dos profissionais”. TSF
O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
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Governo português antecipa compra de 15 milhões de euros em publicidade para apoiar media de, causas humanitárias, violência doméstica, literacia mediática, actividades e programação cultural e retoma das atividades económicas e sociais serão os temas das campanhas.
Medida aloca 25%
da verba para meios regionais e locais. Lusa e RTP ficam de fora “por razões que se prendem com a própria participação do Estado”
Ministra da Cultura de Portugal, Graça Fonseca
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Governo de Portugal anunciou esta Sextafeira que vai antecipar a compra de espaços de publicidade institucional no valor de 15 milhões de euros como forma de apoio aos meios de comunicação social do país, noticiou, ontem, a TSF, rádio do Grupo Global Media, parceiro da Media Nova, detentora do jornal OPAÍS. “O Governo decidiu alocar uma verba de 15 milhões de euros na aquisição antecipada de espaço para publicidade institucional através de televisão e rádio em programas generalistas e temáticos informativos e através de publicações periódicas de informação geral”, anunciou a ministra da Cultura, Graça Fonseca numa conferência de imprensa conjunta com a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva e com o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva. Esta aquisição vai ser realizada de acordo com a lei da publicidade institucional, “desde logo afectando 25% da verba global para a imprensa regional e local”. Os restantes 75% da verba têm como destino órgãos de comunicação social nacionais na “componente informação” - ou seja, generalistas. A RTP (televisão) e a Lusa (agência de notícias) não estão incluídas nesta medida de apoio “por razões que se prendem com a própria participação do Estado”. A antecipação desta compra, no valor de 15 milhões de euros, é “bastante superior ao que estava previsto” no OE2020, garante Graça Fonseca. “No mínimo, três vezes superior ao que estava previsto”, realça a ministra da Cultura, sendo que estes espaços publicitários podem
Mariana Vieira da Silva
Nuno Artur Silva
ser usados em “2020 e 2021”. Graça Fonseca garante que os 15 milhões fazem face ao esforço calculado para as campanhas de comunicação do Estado. O objectivo é que “na próxima semana” comece a trabalhar-se “detalhadamente na metodologia e distribuição dos espaços publicitários”, distribuindo também as verbas para eles previstos. “Espero que durante o mês de Abril seja possível concretizar a compra antecipada de espaço publicitário”, acrescentou. Saú-
“Futuro da comunicação social” está a ser pensado O secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media de Portugal, Nuno Artur Silva, explicou também esta Sexta-feira que o Governo tem mantido conversações com as entidades que representam o sector. O Estado “está a pensar no futuro da comunicação social” e o diálogo tem sido para aí direccionado. “Este é apenas um momento. Imediatamente a seguir à compra antecipada de publicidade, o diálogo com o sector continua para percebermos que medidas podemos tomar” no sector. “Jornalismo livre, isento, independente e plural” é o que é necessário, sublinharam os três governantes.
destaques política. PÁG. 8 PR quer maior desempenho e responsabilidade dos novos secretários de Estado
SOCIEDADE. PÁG. 12 Solidariedade chinesa contra a Covid-19 chega ao Lucala
o editorial
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O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
hoje: os números do dia
E nós por cá?
cartaz. PÁG. 14 SADIA exorta
associados a observarem medidas preventivas face ao novo coronavírus
ECONOMIA. PÁG. 18 Portugal arresta ilegalmente bens de Isabel dos Santos
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nquanto o mundo anda preocupado com os estragos do novo Coronavírus e com o estado da economia, a democracia, é um bem importante a salvaguardar. Aliás, será fundamental para que as nações ultrapassem esta fase. Os Estados são chamados a investir em políticas e meios que protejam os cidadãos da Covid-19, que protejam as economias e empresas e, nos democráticos, que protejam a liberdade, a democracia, o que passa também pela preservação dos direitos de informar, de ser informado e de expressão. Há países que disso têm consciência e começaram já a agir, para a sua própria defesa, enfim. Nesta edição trazemos o caso do Governo português, que vai capitalizar os órgãos de comunicação contratando antecipadamente publicidade em 15 milhões de Euros, excluindo as empresas públicas de comunicação social. Em Angola não há medidas, mas há 20 mil postos de trabalho em risco.
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MIL testes de biologia molecular “que permitem resultados em cerca de 45 minutos/1 hora” serão distribuídos em Portugal, informação foram avançada pelo secretário de Estado da Saúde, na conferência de imprensa diária de atualização da Covod-19
Milões de litros de água potável foram, até agora, distribuídos às populações dos nove municípios da província de Luanda, no quadro do plano de contingência para conter a pandemia da Covid-19 no país
Mil litros de água potável foram distribuídas gratuitamente a 14 mil habitantes dos 40 mil 922 da comuna de Cabíri, município de Icolo e Bengo, em Luanda, no âmbito da prevenção e controlo da propagação da Covid-19 (covid-19).
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Pessoas foram curadas do novo Coronavírus (Sars-CoV-2) na Itália nesta sexta-feira (17) e atingiu o mais alto número desde o início da pandemia, de acordo com a Defesa Civil, elevando para 42.727 o total de curados.
o que foi dito Mundo. PÁG. 22 Casos de Covid-19 na Rússia ultrapassam 30 mil, com aumento diário recorde
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Não podemos relaxar e deixar de cumprir todas as medidas de prevenção, pelo facto de o país não registar novos casos em nove dias consecutivos”” Leonardo Inocêncio
Secretário de Estado para a Gestão Hospitalar de Angola
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Nós temos que dar crédito a África por nos termos antecipado. Eu acho que é muito importante valorizarmos o trabalho que os países africanos fizeram até aqui”
Sílvia Lutucuta Ministra da Saúde de Angola
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Os estudantes angolanos na China, em conjunto com o povo chinês, foram considerados verdadeiros heróis do combate à covid-19” Gong Tao Embaixador da China em Angola
O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
5 e assim... José Kaliengue Director
E se não existissem jornalistas...
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com Tomasz Dowbor, patrão do grupo Boa Vida, e perceba como ele lê o futuro dos negócios depois da pandemia do novo Coronavírus
O
www.opais.co.ao Mumbai (Índia) Varios calçados sao deixados para para trás após centenas de pessoas terem sido dispersadas pela Polícia nesta altura de combate à Covid-19 (DR)
o que vai acontecer Saúde O Treze médicos cubanos de diversas especialidades são esperados no Cuando Cubango, no âmbito do reforço para atendimento de possíveis casos positivos do novo Coronavírus na região do país. A informação foi avançada ontem, Sexta-feira, pelo porta-voz da Comissão Multissectorial da Prevenção Contra a Covid-19 no Cuando Cubango, Mirco Macai, os médicos serão distribuídos nos nove municípios para reforçar as unidades sanitárias, com destaque para o Hospital Geral. Assegurou que até ao momento, sem avançar números, médicos e técnicos locais da saúde estão envolvidos no atendimento de pacientes.
Voluntários Trezentos e 73 enfermeiros voluntários estão disponíveis para ajudar na batalha da Covid-19, em Saurimo, informou na Sexta-feira coordenador-adjunto da Comissão Provincial do Combate e Prevenção à pandemia na LundaSul, Viegas de Almeida. Os enfermeiros estão já distribuídos nas unidades sanitárias do município de Saurimo e no Centro de Tratamento da Covid-19 no Hospital do Mulombe. No âmbito da requisição civil, o Gabinete Provincial da Saúde vai contar, durante período da pandemia, com a colaboração de 20 enfermeiros reformados que serão remunerados de acordo à sua tabela salarial.
Candidatos Os 70 mil e 334 candidatos que realizaram provas para as 7 mil vagas no sector da Saúde têm, a patir de hoje, a contar, até o dia 30 deste mês para apresentarem as suas reclamações, anunciou na Sexta-feira o director nacional dos Recursos Humanos do Ministério da Saúde, Baptista João Monteiro. Trata-se dos candidatos ao concurso público de 2019 para profissionais de saúde e do regime geral, em que se inscreveram 98 mil e 940 candidatos, dos quais 70 mil e 334 realizaram provas nos dias 26, 27 e 28 de Fevereiro deste ano, cujos resultados provisórios foram divulgados a 24 de Março.
Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.
s políticos angolanos vivem dilemas terríveis. Por um lado, precisam de mandar lá para fora a mensagem de que são democratas e que respeitam e protegem a liberdade de expressão e a pluralidade informativa. Que apoiam e promovem o jornalismo livre. Mas, por outro, como vemos, as entrevistas são quase exclusivamente dadas a órgãos estrangeiros (para passar a tal imagem), os cuidados de imagem são contratados lá fora, bem pagos, a publicidade institucional é quase exclusiva para os órgãos públicos e os jornalistas nacionais são tratados como meros fardos. Não é normal numa democracia como a que queremos parecer que, com Luandas leaks, pandemias, autarquias em risco, etc., o Presidente da República não se desdobre em entrevistas para falar com o país. Os ministros seguem o passo, a ministra da Saúde deu agora uma entrevistas à EuroNews, que parece ser já “nosso canal caseiro”, até porque se trata de um canal que pertence a um povo que paga os salários dos políticos angolanos, daí a deferência que se vai notando. Para os nacionais, contentem-se com as conferências de imprensa e quando são permitidas perguntas. Com estes sinais políticos, chegamos a ouvir o subcomissário Waldemar José a dizer que por causa do estado de emergência, jornalista só circularia com passe do serviço, uma declaração e a prova da escala de trabalho. Na Huíla tivemos jornalistas impedidos de irem trabalhar porque o carro que os transportava não tinha livre trânsito. E agora, em Benguela o director da Saúde assinou dois documentos do Grupo Técnico local para a Saúde Pública a tratar os jornalistas e órgãos de comunicação social, incluindo OPAÍS, como sendo mentirosos, gente sem escrúpulos, indecorosos, etc.. Mas não teve o necessário para dizer que o governador rui Falcão não falou de dois casos suspeitos de Covid-19, um em Benguela. Isto começa a parecer politicamente orientado, o que é muito grave. Mas quem assina os documentos de Benguela, ou quem os dita que se olhe primeiro ao espelho e ache os adjectivos. Coisas indecorosas e sem escrúpulos que se fazem em Angola não são feitas por jornalistas, seguramente. Mas, sim, todos sabemos, para certas pessoas o paraíso seria um mundo sem jornalistas.
6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
no tempo do kaparandanda
Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao
opaís
Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais. co.ao Grande repórter: André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia Luís Faria (Coordenador-Editor) luis.faria@opais.co.ao Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto Nunes, Rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Afrodite Zumba, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Iracelma Kaliengue, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela),Brenda Sambo, Maria Custódia, Kiameso Pedro e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto)Lourenço Pascoal, Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Revisão: António Setas Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images
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18 de Abril de 1906 - Setecentas
pessoas morrem na sequência de um violento sismo que assola S. Francisco (Califórnia) e destrói a cidade.
1955
18 de Abril de - Principia a conferência afro-asiática de Bandung (Indonésia),onde se cria o Movimento dos Países Não-alinhados.
18 de Abril de
1978
- O Senado norteamericano aprova a cedência gradual do canal do Panama a este país.
carta do leitor
Pão de fingir Caros jornalistas, Não sei se o INADEC e a Polícia Económica costumam mesmo a ver bem as coisas, pois estamos a ser bem roubados. O preço do pão em Angola é vigiado, ou fixado pelo Governo, mas parece-me que o peso e o tamanho do pão não são. Então, de que adianta fixar o preço? Ontem comprei pão no Talatona, numa padaria e, sinceramente, parece que comprei pequenos micates, miniaturas, mas paguei o preço oficial do pão. Este é um problema que as autoridades têm que resolver, porque o cidadão, assim, tem de comprar mais pães, e paga mais caro, porque cada pão miniatura não chega para o pequeno almoço de uma criança, tem de comer dois ou três. As padarias estão a facturar, o cidadão perde dinheiro, o Estado não vê nada. Também não sei o que as padarias fazem, se põem muito fermento ou quê, porque o pão vem oco, muito leve, não dá mesmo para acalmar as crianças. O pão é um alimento muito importante para os angolanos, muitos cresceram com pão e chá todos os dias, não se pode brincar com este alimento, porque muitas famílias só conseguem mesmo algum dinheiro para o pão de cada dia, portanto, este tem de ser com tamanho e conteúdo para matar a fome do pobre. Jacinto Félix
Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 Vladimir Teixeira email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares
Luanda Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754
dr
1973 - Amílcar Cabral, dirigente e fundador do PAIGC, é assassinado em Conakry. 1981 - Os 52 reféns norte-americanos, detidos no Irão há mais de 13 meses, são finalmente libertados, ao mesmo tempo que Ronald Reagan toma posse como quadragésimo presidente dos Estados Unidos. 1997 - O governo de Mobutu, em Kinshasa, Zaire, declara, oficialmente, guerra contra os rebeldes no norte do país, liderados por Laurent Désiré Kabila, depois de estes ocuparem uma parcela de 600 quilómetros no interior do país.
POLÍTICA
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O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
PR quer maior desempenho e responsabilidade dos novos secretários de Estado Presidente da República, João Lourenço, conferiu, ontem, posse aos novos secretários de Estado das Relações Exteriores e para o Turismo, respectivamente Esmeralda Bravo Mendonça da Silva e Hélder Leonardo Chingunde Marcelino
N
a mesma cerinónia, decorrida no Palácio Presidencial, foram ainda empossados os secretários do Presidente da República para os Assuntos Políticos e Parlamentares, Fernando Bartolomeu Cativa, e para a Reforma do Estado, Pedro Fiete Correia Raimundo. Flávio Saraiva de Carvalho Fonseca, antigo secretário do Presidente da República para os Assuntos Regionais e Locais, foi empossado como consultor do Titular do Poder Executivo. O Presidente João Lourenço disse esperar que os novos dirigentes desempenhem com zelo e responsabilidade as missões a si atribuídas e, ao mesmo tempo, prestem o devido apoio político e técnico aos respectivos pelouros. No quadro da organização e funcionamento dos órgãos auxiliares do Presidente da República, foi extinta a secretaria para os Assuntos
Regionais e Locais, ajustando-se a designação e competências. Com efeito, foi criada a Secretaria
para os Assuntos Políticos e Parlamentares, no lugar da antiga Secretaria para os Assuntos Políti-
cos, Parlamentares e Constitucionais, e a Secretaria para a Reforma do Estado.
Deputado da CASA-CE considera falsas informações sobre o subsídio ao presidente da Assembleia Nacional O deputado da Coligação CASA-CE Manuel Fernandes disse, ontem, em declarações a OPAÍS, que as informações sobre o subsídio de renda de casa ao presidente da AN, avaliado em cerca de 17 milhões de kwanzas, não correspondem com a verdade
Neusa Filipeo
O
deputado da terceira maior força política do país e também membro da Comissão da Economia e Finanças da Assembleia Nacional afirmou que
a informação posta a circular e que dá conta de um alegado subsídio de mais de 17 milhões de kwanzas atribuído ao presidente da Assembleia Nacional se trata de um erro informático que não se detectou na altura da discussão e aprovação daquele orçamento. Manuel Fernandes salientou que, tanto o presidente da Assembleia Nacional, como os demais deputados, não recebem subsídio de renda de casa, alegando ser o presidente da Assembleia Nacional o único deputado que vive numa residência protocolar.
“Foi com grande espanto que todos nós nos apercebemos desta notícia, mas ela não corresponde com a realidade”, disse. Assegurou que os deputados à Assembleia Nacional, no âmbito das discussões e aprovação dos orçamentos da própria Assembleia, têm sido minuciosos e que não se recordam de se terem deparado com tal informação referente a subsídios supérfluos. Enquanto deputado na Oposição, disse que o seu papel não é só criticar, mas também denunciar aquilo que não corresponde com a verdade.
sociedade
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O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
PGR investiga caso do cidadão dado como inocente depois de 14 anos preso A Procuradoria Geral da República garante que será aberta uma investigação para apurar a inocência do jovem Daniel Augusto, de 31 anos de idade, que cumpriu 14 anos de prisão maior dos 16 que lhe foram sentenciados pelo Tribunal Provincial da Huíla, por um crime que, supostamente, não terá sido ele quem cometeu
João Katombela, na Huíla
A
garantia foi dada, em exclusivo ao OPAÍS, pelo coordenador da Região Judiciária Sul, Hernâni Beira Grande, que acrescentou estar a prestar maior atenção ao caso, que chegou há pouco tempo à sua mesa. É delicado, segundo ele, por se tratar de um réu que, depois de ter cumprido a pena, faz uma reclamação alegando ser inocente, alegações que não foram levantadas na altura do julgamento. “Ainda assim, o caso está a ser investigado”, disse. Daniel Augusto foi julgado pelo Tribunal Provincial da Huíla, em 2006, na presença de um advogado oficioso e com o processo nº 37/06-A, pelo crime de homicídio ocorrido no município de Chipindo, tendo sido condenado a uma pena de 16 anos de prisão
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O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
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Unitel e parceiros doam bens para 27 lares de acolhimento
Daniel Augusto, jovem que esteve preso por um crime que diz não ter cometido
maior efectiva, da qual cumpriu 14 anos no Estabelecimento Prisional do Bentiaba, na província do Namibe. O cidadão só foi posto em liberdade em benefício do perdão de um quarto da pena. Questionado sobre a possibilidade de ter havido erro durante a fase de instrução preparatória, o coordenador da Região Judiciária Sul respondeu que não há esta possibilidade. Disse não crer que tenha havido erros naquela fase, até porque o processo-crime é um conjunto de provas que levam o réu a julgamento. Ordem dos Advogados de Angola garante patrocínio judiciário A Ordem dos Advogados de Angola na província da Huíla garantiu um patrocínio judiciário ao jovem Daniel Augusto, através do Escritório de Advogados denominado “Sociedade de Advogados AJ & GL, RL”. Segundo o seu patrono, Gualberto Longuenda, terá havido um grave erro na fase de instrução preparatória do processo que levou à condenação de uma pessoa como Daniel, inocente. “O cidadão foi julgado e condenado a uma pena bastante alta, e cumpriu mesmo acima da metade da mesma, tendo-se verificado mais tarde que o verdadeiro agente do crime é outra pessoa. Esta pessoa sempre esteve localizável e, inclusive, foi em tempo certo citado por este, ou seja, durante a fase de instrução processual e até de julgamento (segundo o condenado)”, disse o advogado. Segundo o causídico, as declarações do réu (na altura) conduzem claramente a autoria do crime para um outro cidadão, com teste-
Gualberto Loguenda, advogado que vai defender Daniel Augusto
“As declarações do réu (na altura) conduzem claramente a autoria do crime para um outro cidadão”
munhas e tudo, realçando-se aqui a esposa da vítima, que no presente momento está disposta a esclarecer melhor os factos. Gualberto Loguenda informou ter havido igualmente um erro na pessoa do agente, pelo facto de terem sido ignorados vários elementos que poderiam ditar um outro desfecho ao caso. “Por isso, processualmente estamos a levar a cabo todos os mecanismos tecnicamente previstos por lei, de forma a aproximar a justiça para esse homem, que perdeu a sua vida na prisão de forma injusta”, assegurou.
Esposa do malogrado confirma ter feito acusações falsas Em entrevista ao jornal OPAÍS e à Rádio Mais, Cecília Kandeya, de 30 anos de idade, esposa do jovem morto e cuja acusação recaiu contra Daniel Augusto, disse que terá feito falsas declarações por obrigação de duas autoridades tradicionais, que, supostamente, são os autores morais do crime. “Eu tive medo dos mais velhos, porque no dia em que chegaram na minha casa, trouxeram homens mascarados. Não pude reconhecer os homens mascarados, mas reconheci o soba e o regedor, foram aqueles mascarados que mataram o meu marido”, informou. “Eu vi os dois mais velhos, continuou, um era o velho Tchimuco e o outro é o Jeremias Sakatengo, depois de os mascarados terem matado o meu marido, arrastaram-no para fora de casa e mandaram-me varrer o local”. Disseram-lhe ainda para não dizer nada a ninguém, porque se o fizesse teria o mesmo fim que teve o marido. Entretanto, Daniel Augusto e a sua família lutam para a reparação dos danos a si causados e a limpeza do seu registo criminal, o que agora com a disponibilidade da Ordem dos Advogados em garantir o apoio jurídico, fica-lhe “mais fácil”. “Tudo o que eu mais quero é que apareçam os reais culpados deste crime e que paguem pelo tempo que eu fiquei preso (14 anos) mesmo sem cometer algum crime”, pede.
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rês mil e 400 pessoas que se encontram alojadas em 27 lares de acolhimentos localizados em Luanda, Malange e Cuanza-Norte vão beneficiar de mais de 22 toneladas de produtos diversos doados pela Unitel e os seus parceiros à Cruz Vermelha de Angola, em representação do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU). Os produtos serão distribuídos a 17 lares localizados em Luanda, oito em Malange e dois no Cuanza-Norte. “Visa colmatar a necessidade de bens alimentares e outros bens essenciais por parte das populações mais carenciadas durante o estado de emergência decretado pelo Governo, devido à pandemia Covid-19”, lêse numa nota de imprensa a que OPAÍS teve acesso. Diz que foram entregues 22 toneladas de fuba de milho, 2 mil litros de leite, 5 toneladas de leite em pó, 400 kits de bens alimentares diversos, 300 kits de limpeza, 200 litros de detergente e 200 litros de desinfectante. Para conseguir a quantidade de bens acima referidos, a companhia telefónica contou com o apoio das empresas Unicanda, Lactiangol, Prometheus, Aquaoceanus e da Nestlé, que se juntaram à iniciativa em solidariedade com as crianças. O apoio prestado pela UNITEL e parceiros enquadra-se nas estratégias de responsabilidade corporativa das citadas empresas e é direccionado aos lares de acolhimento onde a UNITEL tem desenvolvido várias iniciativas nas áreas da saúde, educação e cultura.
“Queremos assegurar um apoio contínuo e sustentável à estas instituições para que as crianças permaneçam nos lares de forma segura e não tenham necessidade de procurar alimentos e outros bens no seu dia a dia,” frisou Eunice de Carvalho, diretora-geral adjunta para Assuntos Corporativos da UNITEL. “Agradecemos as contribuições dos nossos parceiros, que acederam sem hesitação ao nosso convite, e encorajamos outras entidades corporativas a juntarem-se aos esforços do Governo no sentido de apoiarmos as nossas comunidades,” concluiu Eunice de Carvalho. Já a vice-presidente da Cruz Vermelha de Angola, Bibiana de Almeida, enalteceu o gesto da empresa de telefonia e garantiu fazer chegar os bens aos lares nos próximos dias. Bibiana de Almeida pediu a colaboração das empresas de transporte para o efeito. “A entrega destes bens demostra um gesto nobre, visível e o quanto todos nós devemos estar juntos para o combate a esta pandemia que assola o mundo. As famílias estão em casa e aqueles que estão nos lares de acolhimento, certamente não devem ser esquecidos. frisou. Esta não foi a única doação que a empresa fez essa semana. Na Terça e Quinta-feira, a Unitel doou 24 lavatórios a 12 lares de acolhimento em Luanda, com o propósito de promover a higienização correcta das mãos. A iniciativa contou com a parceria da Ghassist e das organizações não-governamentais PMI Angola e PSI Angola.
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PN detém três envolvidos em tumultos na Polícia e Administração de Caluquembe
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Solidariedade chinesa contra a Covid-19 chega ao Lucala A doação, de iniciativa da empresa chinesa FULLBLISS, tem como objetivo a assistência às famílias mais vulneráveis daquela municipalidade, de forma a reduzir as necessidades e as dificuldades sociais impostas pela Covid-19 que, em Angola, já fez 19 casos positivos, com o registo de cinco recuperados, duas mortes e doze pessoas em tratamento hospitalar Domingos Bento
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ais de três toneladas de produtos alimentares, sanitários, de higiene e de escritórios foram doados à Administração Municipal de Lucala, na província do Cuanza-Norte, no âmbito das acções com vista à prevenção e combate ao novo Coronavírus. A doação, de iniciativa da empresa chinesa FULLBLISS, tem como objectivo a assistência às famílias mais vulneráveis daquela municipalidade, de forma a reduzir as necessidades e as dificuldades sociais impostas pela Covid-19 que, em Angola já fez 19 casos positivos, com o registo de cinco recupera-
dos, duas mortes e doze pessoas em tratamento hospitalar. No conjunto de produtos doados constam massa alimentar, arroz, detergentes, máscaras, luvas e outros materiais de prevenção e combate à pandemia. Na recepção dos produtos, Mateus Garcia, administrador municipal de Lucala, disse que a doação vai ajudar na minimização das dificuldades sociais de muitas famílias. Conforme explicou, o município é composto, maioritariamente, de famílias camponesas. E grande parte delas, neste momento, tem a actividade paralisada, em função do decretado estado de emergência. Porém, a entrega desses produtos, frisou, vai diminuir as necessidades e ajudar as famílias a terem
uma cesta básica que as possa ajudar a manter a rotina alimentar. “Vamos poder cadastrarar as famílias mais carenciadas, aquelas que enfrentam maiores dificuldades para poderem merecer destas doações que representam uma grande ajuda dos nossos parceiros
A doação vai ajudar na minimização das dificuldades sociais de muitas famílias
chineses”, frisou. Já o director da FULLBLISS, Fu Qiang, disse que nesta fase difícil que o mundo está a passar, os empresários chineses estão orientados a estarem próximos dos que mais sofrem. E, em Angola, frisou, as necessidades são inúmeras, por isso há toda a necessidade de se ser solidário. Neste sentido, avançou, à semelhança do que aconteceu no Lucala, gestos do gênero vão ser desenvolvidos noutras partes do país para permitir que a solidariedade chinesa chegue às famílias com maiores necessidades. “A China e Angola são excelentes parceiros. E nessa luta de prevenção e combate da doença devemos estar todos alinhados e juntos para vencermos o Covid-19”, apelou.
Pol ícia Naciona l anunciou, ontem, em comunicado, a detenção de três vendedores supostamente envolvidos nos ataques que danificaram a Administração do município de Caluquembe, na província da Huíla, a sede local do MPLA, e as instalações da corporação e dos bombeiros. Identificados como vendedores do conhecido mercado da Alemanha, os acusados são apontados como integrando um leque de 500 vendedores que, com recurso a pedras, paus e catanas, atacaram as referidas infra-estruturas em retaliação ao encerramento do mercado por falta de condições de higiene e de segurança. As medidas foram tomadas no âmbito das demais para evitar o contágio por Covid-19. “Chamadas a intervir, as forças policiais tiveram de efectuar disparos de arma de fogo para dispersar os insurgentes. Além das instalações já referidas, foram ainda danificadas as residências dos advogados e o colégio Pitágoras”, lê-se ainda no comunicado, realçando que “duas equipas de Anti-distúrbio foram enviadas ao local e as diligências prosseguem para a captura dos outros envolvidos”. No documento, assinado pelo responsável da comunicação institucional e imprensa na Huíla, Manuel Domingos, a Polícia lamenta a atitude dos vendedores e exorta a população a respeitar as ordens das autoridades administrativas, buscando sempre as soluções mais pacíficas para dirimir eventuais conflitos.
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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia
F
oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.
COMO ME POSSO PROTEGER?
Tendo sido reportados já 17 casos em Angola, com duas mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:
1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;
2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.
QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?
As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória
Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.
EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados
cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura
SADIA exorta associados a observarem medidas preventivas face ao novo coronavírus Artistas, autores e compositores angolanos
juntam-se aos esforços do Executivo na campanha de sensibilização da população para a observância das medidas de prevenção e combate à Covid-19
Augusto Nunes
O
presidente da Sociedade Angolana do Direito do Autor- SADIA, João André́ da Siva Feijó “Lopito Feijóo”́, exortou aos seus associados a observarem as medidas preventivas face à Covid-19, que já fez duas vítimas mortais entre os angolanos. A intenção, segundo o responsável, é evitar a expansão do vírus ao nível da comunidade. O também escritor apelou a classe a evitar a
exposição física, reduzir a circulação nos meios públicos e manter o distanciamento social, uma vez que só cumprindo as regras poderse-á evitar o contágio. “Só ficando em casa com a família ou junto daqueles que nos são próximos podemos preservar a nossa e a saúde dos outros”, disse o responsável, acrescentando, que a continuar assim, poder-se-á levar a bom porto a árdua tarefa da gestão colectiva dos seus direitos que de momento têm sido violados ou menosprezados. “Este vírus actua no corpo dos humanos infectando-os de maneira veloz e letal, tendo já́ ceifa-
do milhares de vidas nos mais recônditos cantos do mundo”. João Feijó sublinhou que os an-
Só ficando em casa com a família ou juntos daqueles que nos são próximos podemos preservar a nossa e a saúde dos outros
golanos, particularmente os artistas, autores e compositores são, neste conturbado momento social e sanitário que o país vive, chamados a contribuir com o seu saber e com a sua capacidade criadora, tal como sempre o fizeram noutras circunstâncias, juntando-se assim os esforços do Executivo por via da competente comissão nacional superiormente constituída para o efeito. De acordo com o escriba, cabe aos autores e compositores envidarem todos os esforços na mobilização e consciencialização dos angolanos para a escrupulosa observância das medidas e, orienta-
ções dadas pelas entidades competentes de acordo com as regras decretadas no âmbito do Estado de Emergência em vigor. João Feijó admitiu que neste particular e difícil momento em que Angola e o mundo vivem infestados com a pandemia do coronavírus também conhecido como Covid-19, a SADIA, enquanto entidade única, legalmente reconhecida e licenciada para os actos de Gestão Colectiva dos Direitos de Autores Angolanos no país e no estrangeiro, manifesta-se solidária com todos os autores que estejam eventualmente tocados pela referida pandemia.
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“A Cidade de Todos os Dias”: o livro infantil dedicado a todas as crianças que estão de quarentena
Músicos moçambicanos vivem situação dramática, diz Sociedade de Autores O impacto da Covid-19 expôs a precariedade social dos músicos moçambicanos, porque em menos de um mês de falta de trabalho estão a enfrentar carências básicas
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secretário-geral da Sociedade Moçambicana de Autores (Soma) disse esta Sexta-feira à Lusa que muitos músicos estão a passar situações dramáticas, devido à proibição de espectáculos, no âmbito do combate à pandemia da Covid-19. “De todas as classes profissionais que pertencem à Soma, os músicos são os que estão a passar por situações dramáticas, porque trabalham para multidões, não fazem um trabalho solitário”, afirmou Jomalu, que é também músico. Jomalu frisou que antes da entrada em vigor do estado de emergência, no dia 1 deste mês, em Moçambique, os músicos já estavam proibidos de actuar em salas de espetáculos, restaurantes e bares. A proibição seguiu-se ao alerta em Março pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, sobre o risco de propagação da Covid-19, numa altura em que Moçambique não apresentava nenhum caso positivo da doença. O secretário-geral da Soma avançou que a situação dos músi-
cos se agravou com a interdição de festas familiares, como casamentos, aniversários e baptismos, porque há muitos artistas procurados nesses eventos. Os eventos familiares são um mercado muito importante para muitos músicos, porque nos últimos anos cresceu o hábito de as famílias moçambicanos convidarem um músico para as suas festas”, referiu Jomalu. O impacto da Covid-19 expôs a precariedade social dos músicos moçambicanos, porque em menos de um mês de falta de trabalho estão a enfrentar carências básicas, acrescentou. “Há colegas que vêm à Somas pedir empréstimos ou o adiantamento de pagamento de direitos de autor, mas nós não temos capacidade para isso”, frisou. Álvaro Garcia, gestor do centro cultural da Associação Moçambicana de Músicos (AMM), disse à Lusa que o encerramento do sector do entretenimento devido à Covid-19 agravou a insegurança social dos músicos. A lição que se tem de tirar desta situação é que a sociedade mo-
çambicana no seu todo deve pensar na segurança social dos músicos, porque até é uma classe muito querida pelos moçambicanos”, observou Álvaro Garcia. O facto de serem trabalhadores independentes, continuou, sem vínculo com nenhuma entidade patronal, agrava a condição económica e social dos artistas, concluiu. Os profissionais do entretenimento e criadores de arte, no geral, devem ter os seus direitos devidamente reconhecidos e remunera-
De todas as classes profissionais que pertencem à Soma, os músicos são os que estão a passar por situações dramáticas, porque trabalham para multidões, não fazem um trabalho solitário
dos, para que tenham capacidade de resistir em tempos de crise, notou Garcia. O que os autores ganham em Moçambique está muito aquém do grande consumo da música, que está presente em todas as esferas da sociedade moçambicana”, frisou. O número de casos registados oficialmente de infecção pelo novo coronavírus em Moçambique subiu de 29 para 31, anunciou na Quinta-feira o Ministério da Saúde. O país vive em estado de emergência, com escolas fechadas, ajuntamentos proibidos e imposição de rotatividade no trabalho, mas não foi determinado um “lockdown”, ou confinamento geral obrigatório, como sucede na vizinha África do Sul. A nível global, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 145 mil mortos e infectou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.
Observador
A agência de design Gato de Bigode lançou “A Cidade de Todos os Dias”, um livro infantil digital e gratuito que quer ajudar os mais novos a compreender a pandemia de Covid-19 e a quarentena As escolas fecharam, as actividades extra-curriculares já não existem, os amigos ficaram mais longe e agora as brincadeiras acontecem apenas entre quatro paredes e de forma diferente. Nem sempre é fácil explicar as mudanças aos mais novos, muito menos conseguir entretê-los em casa de forma didáctica e divertida, mas eis uma novidade que promete alegrar os dias de quarentena das crianças. A Gato de Bigode, uma agência de design fundada em 2012 e sediada em Lisboa, especialista em projectos de branding, identidade, imagem e web, criou “A Cidade de Todos os Dias”, um livro que, além de ensinar os mais novos sobre a pandemia de Covid-19, transmitindo uma mensagem positiva, disponibilizada várias imagens ilustrativas que podem colorir em casa. Carlota, Gabriel e o Corona Vilão são os grandes protagonistas de uma história que acontece numa cidade comum, onde os dias mudam por completo quando dois melhores amigos se vêm obrigados a ficar em casa. “O final é feliz, tal como esperamos que seja”, adianta a agência em comunicado. Escrito por Sara Santos e ilustrado por Ricardo Camões, este livro digital já conta com 10 mil downloads. É gratuito e está disponível no site da Gato de Bigode.
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cartaz
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Mahezu
Carmo Neto*
Joana Maluca
uando a noite se despedia, durante o início do mês que se molhava, naquele atalho, bisavô de outros caminhos, onde as cinzas das fogueiras se endureciam com as gotas de chuva torrencial, que convertia o areal em lodo, mesmo assim sob vestes brancas em pé de lã, na ida à escola, os miúdos evitavam manchar as batas. Puxavam-se uns aos outros. Mas todos gostavam de roçar a bata da Joana. Já aos treze anos de idade quando ainda brincava com bonecas de trapos e outros brinquedos de corda, recebia postais de frases feitas e muitas, muitas cartas a elogiarem a menina sossegada que era, nunca procurando querelas fosse com quem fosse e tinha a santa paciência de todos aturar, naquele povoado em que as lebres galopavam e saltitavam sobre o traseiro, a beira dos caminhos onde as mulheres iam à fonte ou tirar água do poço, de esfregar os tambores e de lavarem a roupa na selha. Iam a cantar e a rir. Ela recebia constantemente visitas, sobretudo quando concluiu o quinto ano liceal que acrescera sua beleza com a cara palmilhada de pó talco. Não usava
baton, nem vernizes, mas estava sempre enfeitada,abonecada dentro de um vestido leve de seda e de flores que lhe desenhavam o corpo virgem de mulher. Aos Sábados depois de varrer a sua casa da cor do céu e um rodapé lilás, com móveis de madeira trabalhada pelo tio carpinteiro e que também tinha num canto uma sanga para conservar e refrescar a água por muitos dias e uma máquina de costura “Oliva”da mãe modista. Naqueles momentos dava-lhe mais prazer limpar o pó da cristaleira, polir a cristaleira onde guardava algumas das muitas prendas que recebia, principalmente as taças de champanhe que apascentavam seu sonho de casamento. Melhor ainda era vê-la debaixo da mangueira a sacudir sua cabeleira, sentada numa poltrona, no seu quintal de pernas cruzadas, com um leque de penas na mão, a ouvir os discos da moda que vinham dos gramofones com altifalantes dos habituais salões de areia. Entre os ramos altos das palmeiras, ao longe, o sol continuava a irradiar, mas Joaninha conti-
nuava imperturbável, diante das confissões de paixão, nem mesmo os conselhos da implacável avó que recitava os prazeres que daria casamento com um homem rico como o ‘Diamante’ removia seus caprichos. Diamante era um famoso camanguista, tão exageradamente constituído como um touro, de óculos escuros, que dizem ter enriquecido por ter morto, um velho amigo, à porrada durante o garimpo. Ele chegava nas horas ardentes, naquele povoado a mostrar o brilho dos seus diamantes à Joaninha, mas ela o rejeitava a encolher os ombros. Estava-se nas tintas. Um dia, porém, Joaninha enfureceu quando o Diamante apareceu a esfregar o queixo e a coçar a orelha, tentava recitar um poema encomendado ao Jorginho, mas que o gaguejo traía o seu analfabetismo. Oh! Caramba a moça quase subtrairia um pau do feixe de lenha seca que uma criança que passava levava sobre a cabeça para correr o Diamante. Não se sabe se terá sido já o efeito de ter visto passar um jovem fogoso e cheio de vigor, o Manuel Benguela. Junto ao cercado que rodeava a casa, descobriram Manuel Benguela a piscar os olhos à Joana; depois mão na mão, o que
LITERATURA
OBITUÁRIO
MONUMENTOS
CORONAVÍRUS
CINEMA
Escritores e personalidades recordam Rubem Fonseca
Saxofonista Lee Konitz morre aos 92 anos com Covid-19
Galerias Romanas de Lisboa voltam a abrir na Sexta-feira em 3D
Jeff Bezos ganha 24 mil milhões de dólares durante a pandemia
Dezassete câmaras para filmar Zidane
O escritor português Valter Hugo Mãe usou a rede social Facebook para partilhar uma fotografia ao lado do autor brasileiro, afirmando estar “desolado” com a morte do amigo. Já o escritor angolano José Eduardo Agualusa optou por realçar a importância que Rubem Fonseca teve na sua formação literária.
O saxofonista norte-americano Lee Konitz, nome histórico do jazz moderno, morreu na Quarta-feira aos 92 anos, em Nova Iorque, vítima de pneumonia provocada pela doença Covid-19, foi esta Quintafeira anunciado. Lee Konitz, que actuou por diversas ocasiões em Portugal e colaborou com a Orquestra Jazz de Matosinhos, era o último sobrevivente entre os músicos que gravaram “Birth of the cool” (1957), de Miles Davis.
As Galerias Romanas na Baixa de Lisboa voltariam a abrir ao público esta Sexta-feira, mas, devido à covid-19, o Museu de Lisboa anunciou que vai disponibilizar ‘online’ uma visita virtual 3D. As Galerias Romanas na Baixa de Lisboa voltariam a abrir ao público nesta Sexta-feira, mas, como tal será impossível fisicamente, devido à Covid-19.
Jeff Bezos, o presidente executivo e fundador da maior loja online do mundo, a Amazon, já era o homem mais rico do mundo antes da pandemia. Agora, é ainda mais. Como conta a BBC, seguindo o índice da Bloomberg, Bezos vale agora 138 mil milhões de dólares (cerca de 126,9 mil milhões de euros), mais 24 mil milhões de dólares (cerca de 22 mil milhões de euros) do que valia antes da pandemia.
Entre os documentários disponíveis nas plataformas de streaming, Zidane - Um Retrato do Século XXI é um dos mais originais e fascinantes - trata-se da “reportagem” de um jogo de futebol visto através da performance de um único jogador. Vale a pena referir que o escocês Gordon e o francês Parreno são artistas muito ligados às imagens, à experimentação videográfica e ao conceito de performance, mas não necessariamente ao universo do cinema.
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causava muitos murmúrios em protesto contra a Joaninha. Nem mesmo no entanto a conversa sentada com a mãe convenceu a desistência. Porque mais bela, esperavam que fosse ela também mais exigente. E não consentir o namoro de um piloto forasteiro. De quando em vez baixava grave seu rosto sobre o peito. Suportou entretanto todas as afrontas. A menina achocolatada de cor se divertiu imenso na despedida do namorado até que um dia quando o sol já esbraseado recebeu uma carta de Manuel Benguela a contar a sua sobrevivência com animais selvagens, como sobra ilesa d’um acidente de aviação. Ela fechou os olhos, abriu-os depois com uma expressão de desejo insaciável, sem nunca imaginar fosse mau presságio à última carta do namorado. De viajem pró passado, era quase sempre notório vê-la durante as horas das refeições indiferente mesmo que lhe tocassem, quando gritassem para ela parecia despertar de chofre e deixava cair a comida, o que fazia as vezes manchar a roupa com óleo de palma. Cantava para si mesmo músicas românticas, quando engomava a roupa antes de se deitar e quando alguém
batesse a porta dirigia-se sempre ao portão. Andava com a cabeça cheia de ideias que navegavam sem consistências, furtivas. Até com o cão gritava. Andava abandalhada. Gritava e falava alto. Rabujava altisonantemente e então as pessoas respondiam:” Joana Maluca”.... E então D.Andreza prestigiada modista concordou que lavassem o espírito da Joana. Diziam que era mau olhado que Nga Fefa, curandeira, velha e esquelética, sabia tratar. Tinha o rosto severo e rugas esquisitas. Era tão idosa que só com o apoio da bengala podia andar e usava um pano vermelho amarrado a volta da testa. A velha viúva para cerimónia de lavar a pouca sorte da Joana, no rigor dos seus segredos, num quarto escuro, fez fumaça e lavou a menina com água fervida de plantas depurativas e folhas perfumadas. A seguir sentada num banco de cozinha recomendou que Joaninha, menina bonita, já sem amigas para se distrair, sem alguém com quem desabafar, o que era o mais vulgar na sua idade, fosse viver distante do povoado do Algodão, regressando dez anos depois, linda como era, no mesmo timbre de voz a saudar os vizinhos vestida de hábito. *Escritor
A maior rede de rádios privada de Angola uma rádio que se mantém no topo das audiências e que tem emissoras nas quatro províncias mais populosas (Luanda, Huambo, Benguela e Lubango).
O I D Á A R VA O N A D A L O G AN
mais informação mais entretenimento mais música
arte: Raul Santos
Luanda 99.1 F M Benguela 96. 3 Huambo 89.9 FM F Huíla 91.3 FM M
Economia
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O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
Portugal arresta ilegalmente bens de Isabel dos Santos dr
Isabel dos Santos apostou na Efacec, as autoridades portuguesas arrestaram a empresa e conduzem-na à falência
Angola pediu a Portugal para ser “mais papista que o Papa” e as autoridades portuguesas acederam, arrestando bens da empresária Isabel dos Santos cujo valor supera o do crédito reclamado e colocando a Efacec em dificuldades, quando se avizinha nova bancarrota ditada pela pandemia da Covid-19 Luís Faria
O ‘caso’ Isabel dos Santos saiu da narrativa dos noticiários face às formidáveis audiências proporcionadas pela epidemia da doença Covid-19. Em Portugal, para as televisões, muito subordinadas ao Governo, até à emergência da pandemia mediática Coronavírus, as revelações sobre informações pirateadas no universo empresarial e pessoal da empresária angolana, preenchia a quase totalidade da informação televisiva, mas a catástrofe sanitária deu-lhes um no-
vo manancial de ‘conteúdos’. Refira-se que as televisões lusas vão receber um cheque chorudo de 15 milhões de euros do Governo em publicidade institucional relativa ao Coronavírus, uma contrapartida para o serviço prestado até agora, manipulando os dados do surto em Portugal. Daí, que não tenha merecido qualquer atenção das televisões portuguesas, que resumiram a sua informação em Dezembro e Janeiro a uma extraordinária narrativa sobre as ‘revelações’ dos negócios de Isabel dos Santos, o último comunicado emitido pela Winterfell,
que detém as participações da empresária na portuguesa EFACEC. As empresas Winterfell2 e Winterfell Industries Limited, detentoras de mais de 60% do capital social da EPS SGPS reagem publicamente ao arresto das suas participações sociais na Efacec Power Solutions SGPS SA (“Efacec”), “para expressar que tal pedido da justiça angolana é claramente abusivo e excessivo, na medida em que não compreendem nem se podem conformar com tal decisão”. De acordo com o comunicado divulgado por estas empresas as autoridades portuguesas terão ido longe demais na sua cumplicidade com a justiça angolana. E porquê? “A justiça angolana, com base em afirmações infundadas da PGR de Angola, de ser esta supostamente detentora de um direito de crédito 1,1 mil milhões de euros contra a Engª Isabel dos Santos, accionista maioritária das sociedades Winterfell investidoras na Efacec, arrestou já em Angola, no passado mês de Dezembro de 2019, dez das maiores empresas do país, nomeadamente Unitel, Banco BFA, Banco BIC, Hipermerca-
dos Candando, Cimangola, ZAP Media e todas as contas bancárias da Engª. Isabel dos Santos. Todos estes bens totalizam um valor de 2,7 mil milhões de euros, um valor muito superior ao suposto crédito reclamado”. Logo, a intervenção das autoridades portuguesas acrescentou, ao que a Winterfell denuncia como um excesso, um novo excesso. Assim, prossegue o documento, “no arresto das suas participações sociais na Efacec Power Solutions SGPS SA (Efacec) estamos publicamente perante um claro abuso e uma patente ilegalidade que as autoridades judiciais portugue-
“Só os bens arrestados em Angola totalizam um valor de 2,7 mil milhões de euros, um valor muito superior ao suposto crédito reclamado”, refere o comunicado
sas deveriam cuidar de averiguar e evitar, antes de ter aceite tal pedido por parte da justiça angolana, não perpetuando uma injustiça”. Agora, de acordo com a narrativa das televisões lusas, pagas pelo Governo português, a Efacec poderá mesmo ser nacionalizada, atendendo aos problemas de tesouraria, que insinuam, sem demonstrar, remontam ao tempo em que era controlada pela empresária Isabel dos Santos e que se terão precipitado com o “Luanda Leaks”, promovido pela comunicação social portuguesa alinhada com o Governo luso. Mas o comunicado vai mais longe, apontando para um tratamento diferenciado em Angola e Portugal. Assim, se “em Angola, o Procurador não solicitou o bloqueio das contas das empresas, nem impediu que fossem pagos salários, rendas, impostos, água e luz e nem exigiu que as empresas deixassem de operar. Já em Portugal, o Procurador Geral da República de Angola pediu o bloqueio das contas das empresas, impedindo-as de operar e forçando a sua insolvência levando ao despedimento de uma centena de trabalhadores portugueses, situação agora agravada pela actual crise económica decorrente da pandemia Covid 19”. Como o resultado de tudo isto, irá verificar-se, ainda de acordo com o comunicado, “o bloqueio das contas das empresas, impedindo-as de operar e forçando a sua insolvência levando ao despedimento de uma centena de trabalhadores portugueses, situação agora agravada pela actual crise económica decorrente da pandemia Covid 19”. Embora tenha conseguido controlar o ‘crescimento da curva’ do Covid-19, Portugal situa-se entre os países mais perigosos do mundo, quer em termos de casos activos quer em número de mortos, com o ministro das Finanças português a confessar que o seu país suportará uma factura, resultante da pandemia, de 20.000 milhões de euros, que o Estado português não tem como pagar, a não ser aumentando o volume e degradando o risco da sua dívida pública, o que conduzirá a nova bancarrota.
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Portos de Luanda e do Lobito têm nova gestão As empresas portuárias de Luanda e do Lobito contam com novos Conselhos de Administração (CA), nomeados, nesta Sexta-feira, pelo Presidente da República, João Lourenço
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onforme um Decreto Presidencial, chegado à ANGOP, o novo CA do Porto de Luanda tem como administradores Executivos Willy Lucti Maio Guimarães, Horácio José de Macedo Feijó, Miguel Marcos Vidal Pipa e Aníbal António Vuma. Já para o CA do Porto do Lo-
bito foram nomeados Celso Rodrigues de Lemos Rosas (presidente), Romão Matoso Pedro de Andrade, administrador executivo, e Janeth Sofia Alberto dos Santos Matana, administradora Executiva. Foram ainda nomeados Joaquim José Cristiano Sobrinho, administrador executivo, e José António de Freitas Neto, ad-
ministrador não executivo desta empresa. Para o efeito, segundo o Decreto, o Presidente João Lourenço exonerou Agostinho Estêvão Felizardo, do cargo de presidente do Conselho de Administração do Porto do Lobito, Diour Ângelo Kassul, do cargo de administrador para a Área Técnica;,Andrea Catita Figueiredo, do cargo de Administradora para a Área Comercial e Domingos Inocêncio de Jesus Camilo da Silva Isata, do cargo de Administrador para a Área Administrativa. Já no Porto de Luanda, foram exonerados Sansão Domingos Pitra, do cargo de administrador para a Área Técnica, José Mário da Silva, do cargo de Administrador para a Área Administrativa, Felisbela Francisco, do cargo de administradora para a Área de Finanças e Manuel Francisco Zangui, do cargo de administrador para a Área Comercial.
Angola defende programa conjunto FAO-União Africana O Governo angolano advogou na Quinta-feira a colaboração entre a FAO e a União Africana (UA) para a elaboração de um programa especial nesta fase de contenção da propagação da Covid-19, com vista à retoma da produção e produtividade no continente
A
posição de Angola foi avançada pelo secretário de Estado da Agricultura e pescas, José Carlos Bettencourt, durante um encontro virtual realizado entre os titulares da Agricultura de África e a União Africana, que abordou, entre outros temas, as implicações da Covid-19 na segurança alimentar a experiência dos países africanos no combate e prevenção da pandemia. Para o governante angolano, é importante a contribuição da FAO e da UA para a criação de um clima internacional, em que se possa continuar a ter acesso fácil aos mercados de inputs agrícolas, mormente sementes e fertilizantes, assim como a alimentos e, ao mesmo tempo, assegurar as exportações dos produtos do continente como petróleo, café, o cacau, peixe, frutas e outros. De igual modo, acrescentou, poderiam pugnar por uma certa estabilidade dos preços dos produtos ao nível mundial, para não
agudizar a situação do continente, pelo que “saudamos esta iniciativa da FAO e da UA, augurando que se criem instrumentos para a interligação, no futuro, do trabalho de ambas, no domínio agrícola”. Medidas adoptadas pelo Governo angolano Na sua intervenção, o secretário de Estado fez uma retrospectiva das medidas que têm sido adoptadas pelo Governo para fazer face ao impacto do coronavírus em domínios como a saúde, segurança alimentar e na economia real, sobretudo no sector produtivo, com destaque para a agro-pecuária, pescas, indústria e o comércio. O sector informal, de que dependem boa parte das famílias angolanas, foi igualmente referenciado pelo governante, que deu a conhecer o financiamento das actividades agrícolas familiares a cargo dos bancos e do Fundo Agrário.
Referiu que o Fundo de Capital de risco prepara-se para conceder micro-crédito, apoiar as escolas de campo e as caixas de crédito comunitárias. Informou que o Fundo de Emergência, criado pelo Governo, vai providenciar apoio aos programas para a agricultura, pecuária e pescas e, sobretudo, para as comunidades mais vulneráveis. Lições e experiências Quanto às lições e experiências neste período de combate à Covid-19, elencou, entre outros, a importância de educação da juventude e das comunidades vulneráveis, e o envolvimento da mulher na educação sanitária e na formação de famílias sãs, com objectivo de serem mais produtivas. A solidariedade para o combate à pobreza e à prevenção sanitária, em particular da Covid-19, bem como assegurar reservas mínimas de alimentos, pela incerteza do tempo da pandemia, foram
igualmente apontados pelo secretário de Estado. Deu a ainda conhecer que o Governo transformou as acções deste período de pandemia num programa adaptado às zonas agrícolas e incentivou a troca de experiências, para que os resultados sejam bem-sucedidos, acrescentando que nas zonas rurais foram preparados postos clínicos agrícolas e hospitais com equipamentos e produtos de higiene, sanitários e alimentares. O secretário de Estado apelou
O Fundo de Capital de risco prepara-se para conceder micro-crédito, apoiar as escolas de campo e as caixas de crédito comunitárias
a todas as forças solidárias para que ajudem os países com maiores dificuldades, pois o combate e a prevenção da Covid-19 implicam não só recursos humanos especializados e educação social, mas também recursos financeiros. A representante permanente de Angola junto da FAO, Fátima Jardim, enalteceu a iniciativa, destacando o compromisso do director-geral desta organização das Nações Unidas de colocar a África nas suas prioridades da para com a África, bem como da União Europeia. No final dos trabalhos, foi aprovada uma declaração a reforçar o engajamento dos ministros no combate à pandemia, a importância de se conter o contágio entre as cidades e as zonas rurais, a redução das perdas pós-colheitas, o comércio inter-regional, a necessidade de redobrar esforços para garantir alimentos durante e depois do surto e a importância de políticas pragmáticas.
Mercados
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A produção petrolífera referente ao mês de Março fixou-se em 1,404 milhões barris/dia O nível representa um aumento de 17 mil barris/dia face ao período anterior. Destaca-se que o novo acordo da OPEP estabeleceu uma produção de cerca de 1,18 milhões barris/dia, para os meses de Maio e Junho, o que poderá impactar o crescimento económico ESPAÇO ANGOLA
A
s yields dos E u rob onds aumentaram, em mé d i a, 1,70 p.p. na última semana. O desempenho continua a reflectir a queda da cotação internacional do petróleo, com realce para a yield da dívida com vencimento em 2025, que apresentou o maior incremento de 2,3 p.p., para 26,075%, com efeitos sobre as futuras emissões. Mercado Monetário O Índice de Preços Grossistas assinalou uma variação homóloga de 20,48% em Março. O nível representa um incremento de 3,35 p.p. face ao mesmo período de 2019, com os preços dos produtos nacionais a registarem a maior variação, cerca de 2,21%, com efeitos sobre o poder aquisitivo dos retalhistas. A taxa de inflação prevista pelo FMI, para 2020, deverá fixar-se em 20,7%. O nível representa uma aceleração face os 17,1% registados no ano anterior, o que poderá reflectir o nível de depreciação cambial e a escassez de produtos nos mercados, com efeitos sobre a redução do poder de compra das famílias.
A taxa de inflação homóloga fixou-se em 0,3% em Fevereiro. O nível representa uma desaceleração mensal de 0,2 p.p.
ESPAÇO INTERNACIONAL Mundo O FMI perspectiva recessão económica de 3,0% em 2020. O registo representa a maior recessão desde o início da série histórica em 1980, com a última recessão de 0,075% a ser registada em 2009. O desempenho económico mundial reflecte a perspectiva da instituição sobre o impacto do COVID-19 na deterioração do consumo e produção mundial. FMI O Fundo Monetário Inter-
nacional anunciou o perdão do serviço da dívida de 25 países em Vias de Desenvolvimento. A decisão poderá contribuir para que, nos próximos 6 meses, os países beneficiários aloquem os recursos para o fortalecimento dos seus sistemas de saúde no combate ao COVID-19. China O P ro d uto I nte r n o B r uto c ont r a iu c erc a de 6,8% n o p r i m e i ro t r i m e s t re d e 2 02 0. O r e g i s to c o m p a r a c om a e x p a n s ão de 6% do t r i me s t re a nter ior, t a l c omo, a pr i mei ra c ont rac ç ão
de s de 1992, ex pl ic ad a p el a pro g a p aç ão do C OV I D -19, c om i mpac to s s obre o desempen ho da econom ia mu nd i a l. EUA A produção i ndu stria l c ont r a i u 5 ,4% em M a rç o. O re g i s to i nver te o cre s cimento de 0,5% apu rado em Feverei ro, o que repre senta a m a ior qued a de s de Ja neiro de 194 6, s up or t ad a p el a de saceleração d a i ndú st r i a m a nu f ac t u rei r a em 6, 3%, em con sequênci a do encerra mento de fábr ica s dev ido a propagação do C OV I D-19.
Mundo
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O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
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China relata 1.300 mortes de vírus não contadas em Wuhan
Moscovo pode registar nas próximas duas a três semanas o pico da Covid-19
Casos de Covid-19 na Rússia ultrapassam 30 mil, com aumento diário recorde A Rússia registou um aumento de 4.070 casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, com o número total a atingir os 32.008 nesta Sexta-feira, indicaram dados oficiais
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número total de mortos subiu de 232 para 273, enquanto 2.590 pessoas se recuperaram, incluindo 286 nas últimas 24 horas, informou o centro de resposta ao novo coronavírus da Rússia num comunicado. A República de Altai confirmou o primeiro caso, o que significa que a pandemia se espalhou para todas as 85 regiões da Rússia. Moscovo, a cidade mais atingida em todo o país, confirmou
1.959 casos nas últimas 24 horas, somando 18.105 até agora. Prevê-se que o pico de infecções em Moscovo ocorra nas próximas duas ou três semanas, revelou a vice-prefeita da cidade, Anastasia Rakova, em um vídeo para os trabalhadores médicos. Ela também disse que o número de pessoas que se recuperam do novo coronavírus está a aumentar e espera que a tendência positiva se fortaleça. A Rússia anunciou os dois primeiros casos de Covid-19 em 31 de Janeiro, com os casos aumentan-
do significativamente desde o final de Março. O número total alcançou 10 mil em 9 de Abril e 20 mil em 14 de Abril. Uma equipa médica chinesa trabalha na Rússia desde 11 de Abril para ajudar na luta contra a Covid-19. Todos os russos, excepto aqueles que trabalham para instituições e estabelecimentos essenciais, estão de férias remuneradas de 30 de Março a 30 de Abril, como parte dos esforços do país para conter a disseminação do vírus.
China nega omissão de dados sobre surto de Covid-19
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porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse nesta Sexta-feira que nunca houve um acobertamento do surto do novo coronavírus no país, reiterando que o governo não permite qualquer omissão. Zhao disse aos repórteres numa conferência de imprensa diária que a revisão do número de casos em Wuhan, onde a epidemia surgiu no final de 2019, foi resultado de uma verificação estatística para garantir a precisão, acrescentando
que essa revisão é uma prática internacional comum. Uma autoridade de saúde de Wuhan reviiu em 50% o número de mortes acumuladas pela Covid-19, que subiram para 3.869, rectificando o que chamou de relatórios incorretos, atrasos e omissões. Algumas pessoas, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, questionaram abertamente a precisão dos dados divulgados pela China em relação à escala da epidemia no país asiático.
Porta-voz do MRE, Zhao Lijian
Médicos chineses transportam um paciente de Covid-19
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uase 1.300 pessoas que morreram de coronavírus na cidade chinesa de Wuhan, ou metade do total, não foram incluídas na contagem de mortes por causa de lapsos, disse a mídia estatal nesta Sexta-feira, mas Pequim refutou acusações de acobertamento. A cidade central em que o surto emergiu no final do ano passado acrescentou mais 1.290 fatalidades às 2.579 contadas anteriormente até Quinta-feira, reflectindo relatos incorrectos, atrasos e omissões, de acordo com a forçatarefa do governo local encarregada de controlar o coronavírus. Reagindo às mortes adicionais em Wuhan, a China reviu o seu número nacional de mortes mais tarde nesta Sexta-feira para 4.632. A revisão ocorre depois da especulação generalizada de que o número de mortes em Wuhan é consideravelmente maior do que o relatado. Os rumores sobre mais vítimas foram atiçados por imagens de longas filas de familiares à espera para receber as cinzas de parentes cremados e relatos de milhares de urnas armazenadas numa funerária esperando para serem preenchidas. “No estágio inicial, devido à capacidade hospitalar limitada e à falta de pessoal médico, algumas instituições médicas não se conectaram aos sistemas locais de
controlo e prevenção de doenças de forma oportuna, o que resultou no atraso do relato de casos confirmados e em algumas falhas na contagem precisa dos pacientes”, disse uma autoridade não identificada de Wuhan, segundo citações da mídia oficial. A suspeita de que a China não tem sido transparente a respeito do surto aumentou nos últimos dias à medida que o número de mortes crescia em muitos países, incluindo os Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, expressou, na Quarta-feira, o seu cepticismo a respeito da cifra chinesa anteriormente declarada de cerca de 3 mil óbitos. “Será que vocês realmente acreditam nestes números neste país vasto chamado China, e que eles têm um certo número de casos e um certo número de mortes; alguém realmente acredita nisso?”, questionou. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, disse nesta Sexta-feira que, embora possa ter havido falhas na colecta de dados durante o surto, a China tem “uma responsabilidade com a história, com o povo e com os falecidos” de garantir números precisos. Algumas autoridades de Wuhan admitiram que pessoas podem ter morrido sem ser contadas nos primeiros dias caóticos do surto, antes de os exames se tornarem amplamente disponíveis.
O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
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Congo regista cinco novos casos de Ébola e deixa na prateleira declaração de fim de epidemia Mortes diárias pelo novo coronavírus sobem para 585 na Espanha
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total de mortes nas últimas 24 horas pelo novo coronavírus na Espanha subiu para 585, nesta Sexta-feira, ante as 551 registadas na Quinta-feira, mas um número ainda distante das cerca de 900 declaradas durante o pico da infecção em Abril. Os casos confirmados totalizaram 188.068, nesta Sexta-feira, um aumento de 2,9% em relação aos 182.816 do dia anterior.
Número de mortos pelo coronavírus no Irão aumenta em 89, total é de 4.958, diz ministério
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número de mortos pelo novo coronavírus no Irão aumentou em 89 nas últimas 24 horas e atingiu 4.958, nesta Sexta-feira, disse o portavoz do Ministério da Saúde, Kianush Jahanpur, à TV estatal. O número total de casos chegou a 79.494, dos quais 3.563 em condições críticas, disse ele. Um relatório parlamentar divulgado nesta semana afirmou que o número de mortes causadas pelo coronavírus no país pode ser o dobro do anunciado pelo Ministério da Saúde, e o número de infecções pode ser 10 vezes maior. O Irão é o país do Oriente Médio mais afectado pelo Covid-19, doença respiratória causada pelo coronavírus, e também tem um dos maiores números de mortes pela doença no mundo.
Cinco novas infecções por Ébola foram registadas no Leste do Congo desde a semana passada, num novo surto, quando o governo estava prestes a declarar o fim da epidemia mortal, informou a Organização Mundial da Saúde na Sexta-feira
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equenos surtos ou transmissões pontuais são comuns no final de uma epidemia. Os profissionais de saúde geralmente conseguem impedir que o vírus se espalhe fora de controlo, colocando em quarentena e vacinando contactos de novos casos. Em 9 de Abril, um electricista de 26 anos morreu de febre hemorrágica na cidade oriental de Beni, dois dias antes da República Democrática do Congo planear declarar o fim do surto de Ébola, que já matou mais de 2.200 pessoas desde o seu início, em Agosto de 2018. Os dois casos mais recentes foram uma mulher de 43 anos e um motorista de moto-táxi de 28 anos que trouxeram o electricista para o hospital, segundo Boubacar Diallo, vice-gerente de incidentes
da operação de resposta ao Ébola da OMS. Não está claro se a mulher está ligada aos outros casos numa nova cadeia de transmissão, disse ele, mas os novos casos obrigaram o governo nacional do Congo a arquivar a sua declaração de fim da epidemia. Duas novas vacinas tiveram um grande impacto na contenção do Ébola, mas os ataques de desconfiança e milícias públicos impediram que os profissionais de saúde chegassem a algumas áreas atingidas pelo vírus. Manifestantes bloquearam estradas em Beni com pedras na manhã de Quinta-feira, protestando contra o manuseio, pelas autoridades, do mais recente surto de Ébola e exigindo que todos os resultados dos testes sejam verificados por laboratórios na principal
cidade do Leste do Congo, Goma, e na capital Kinshasa, a oeste do país, uma vasta nação da África Central. As equipas de saúde foram travadas manifestantes, mas finalmente conseguiram retomar o seu trabalho, localizando aqueles que entraram em contacto com os recém-infectados pelo Ébola, disse Diallo. A Polícia disse que prendeu quatro pessoas. No final do ano passado, ataques
mortais a centros de saúde em Beni e arredores forçaram grupos de ajuda a suspender as operações e retirar funcionários das últimas fortalezas da epidemia. O Congo, um dos países mais pobres do mundo, onde a maioria das pessoas tem pouco acesso à assistência médica moderna, também regista 287 casos do novo coronavírus e 23 mortes pela pandemia global.
300 mil africanos podem morrer em consequência da Covid-19
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pandemia da Covid-19 provavelmente matará pelo menos 300 mil africanos e corre o risco de levar 29 milhões à pobreza extrema, disse, na Sexta-feira, a Comissão Económica para a África (UNECA) da ONU, pedindo uma rede de segurança de USD 100 biliões para o continente. Até agora, os 54 países de África relataram menos de 20 mil casos confirmados da doença, apenas uma fracção dos mais de 2 milhões de casos registados globalmente. Mas a Organização Mundial da Saúde alertou, na Quintafeira, que a África poderá assistir a até 10 milhões de casos em três a seis meses. “Para proteger e construir em direcção à nossa prosperidade compartilhada, são necessários pelo menos USD 100 biliões para obter imediatamente uma resposta da rede de saúde e segurança social”, afirmou o relatório da UNECA. A UNECA também está a apoiar
um pedido dos ministros das Finanças africanos para um estímulo adicional de USD 100 biliões, o que incluiria uma interrupção em todo o serviço da dívida externa. A agência modelou quatro cenários com base no nível de medidas preventivas introduzidas pelos governos africanos. Na ausência total de tais intervenções, o estudo calculou que mais de 1,2 bilião de africanos seriam infectados e 3,3 milhões morreriam este ano. A África tem uma população total de cerca de 1,3 bilião. A maior parte da África, no entanto, já determinou medidas de distanciamento social, variando de toque de recolher e directrizes de viagem em alguns países a bloqueios completos noutros. No entanto, mesmo no seu melhor cenário, em que os governos introduzem um intenso distanciamento social, uma vez atingido um limiar de 0,2 mortes por 100 mil pessoas por semana, a
África vê 122,8 milhões de infecções, 2,3 milhões de hospitalizações e 300.000 mortes. O combate à doença será complicado pelo facto de 36% dos africanos não terem acesso às instalações de lavagem das casas, e o continente conta apenas 1,8 leitos hospitalares por 1.000 pessoas. A França, em comparação, possui 5,98 camas por 1.000 pessoas. Os jovens demográficos da África - quase 60% da população tem menos de 25 anos - devem ajudar a evitar a doença. Por outro lado, 56% da população urbana está concentrada em favelas superlotadas e muitas pessoas também são vulneráveis devido ao VIH/AIDS, tuberculose e desnutrição. A África importa 94% dos seus produtos farmacêuticos, disse o relatório, observando que pelo menos 71 países proibiram ou limitaram as exportações de certos suprimentos considerados essenciais para combater a doença. “No melhor cenário... USD 44
bilhões seriam necessários para testes, equipamentos de proteção individual e para tratar todos aqueles que necessitam de hospitalização”, afirmou. No entanto, esse é o dinheiro que a África não tem, pois a crise também pode encolher a economia do continente em até 2,6%. “Estimamos que entre 5 milhões e 29 milhões de pessoas sejam empurradas abaixo da linha de extrema pobreza de USD 1,90 por dia devido ao impacto da Covid-19”, afirmou o relatório. Somente a Nigéria perderá entre USD 14 biliões e USD 19,2 biliões em receitas com as exportações de petróleo este ano. E os preços de outras exportações de commodities africanas também caíram. Os bloqueios na Europa e nos Estados Unidos também põem em risco os USD 15 biliões em exportações anuais de têxteis e vestuário da África, bem como o turismo, que representa 8,5% do PIB da África.
OPNIÃO
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O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
Lara Craveiro
Contratação Pública e a Pandemia Covid-19
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o presente artigo ire debruçar-me sobre a temática relactiva à pandemia causada pela Covid-19 e quais os seus efeitos a nível da Contratação Pública, assim como a mais-valia que a mesma poderá representar em termos de contenção de Despesa Pública e enquanto alavanca de promoção da economia nacional, após o término do período do Estado de Emergência. Ora, como é do conhecimento de todos, no passado dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde declarou a infecção causada pelo vírus Covid-19 como pandemia mundial, desencadeando o decretamento do Estado de Emergência em diversos países, tal como aconteceu em Angola.
Concretamente, através do Decreto-Presidencial n.º 81/20 de 25 de Março, o Presidente da República declarou Estado de Emergência para todo o território Angolano, com base na iminência de calamidade pública mundial, assim como na necessidade imperativa de se tomarem medidas no sentido de prevenir e conter a transmissão do vírus, principalmente através da circulação comunitária. Assim sendo, num primeiro momento cumpre explicitar quais as medidas específicas de contratação pública previstas para o presente momento. Dispõe o artigo 29.º do Decreto Presidencial aprovado que a “aquisição de bens e serviços urgentes necessários ao controlo e combate à pandemia fica sujeita a um regime excepcional” (cfr. n.º 1 artigo 29.º). Para além dis-
to, “Os bens e serviços essenciais, nomeadamente, medicamentos, material hospitalar, material de biossegurança e demais material essencial podem ser adquiridos em regime de contratação simplificada” (cfr. n.º 2 do arti-
“Os bens e serviços essenciais, nomeadamente, medicamentos, material hospitalar, material de biossegurança e demais material essencial podem ser adquiridos em regime de contratação simplificada”
go 29.º). Por último, acrescenta o n.º 3 da disposição normativa em apreço que “Compete ao titular do departamento ministerial responsável pela área das finanças públicas criar as condições para a efectivação do disposto nos números anteriores”. Ora, da análise da referida disposição podemos tecer as seguintes considerações: No momento presente, o objectivo primordial é, como bem se compreende, o eficiente e célere combate da pandemia, pelo que os objectivos prosseguidos pela disciplina da contratação pública estão postos num segundo plano de importância. Isto significa que, no que diz respeito à aquisição de bens e serviços urgentes que se mostrem indispensáveis no controlo e combate à pandemia, este tipo de contratos ficará sujeito a um
regime excepcional, cabendo ao titular do departamento ministerial responsável pela área das finanças públicas criar o referido regime excepcional, com a maior brevidade possível. Para além disto, através da articulação com o n.º 2 do artigo em análise, parece que este regime excepcional será ainda mais leve e flexível (em termos de limitações e requisitos) do que o regime de Contratação Simplificada previsto na Lei dos Contratos Públicos – cfr. artigos 143.º e seguintes da Lei. Ainda no n.º 2 da disposição normativa, o legislador vem estatuir que a aquisição de bens e serviços essenciais, como é o caso dos medicamentos, material hospitalar e material de biossegurança, pode ser celebrada através do regime de Contratação Simplificada previsto nos artigos
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143.º e seguintes da Lei dos Contratos Públicos. Ora, a falta de menção do legislador a qualquer limite de valor, parece indicar que qualquer aquisição de bens ou serviços essenciais poderá ser realizada através do procedimento de Contratação Simplificada, sem a sujeição aos limites de valor previstos para este regime - n.º 3 do artigo 24.º da Lei dos Contratos Públicos. O que, de resto, faz todo o sentido, pois esta não é uma altura em que se possa “desperdiçar” tempo em procedimentos morosos e burocráticos. Contudo, num momento em que o tempo é preciosíssimo, deveria o legislador ter esclarecido este ponto expressamente na letra da lei, não deixando margem para quaisquer dúvidas. Cumpre, no entanto, salientar que esta facilidade/ flexibilização nos procedimentos para aquisição de bens e serviços só valerá para aqueles bens e serviços considerados essenciais, não podendo as entidades públicas contratantes aproveitarse deste momento de fragilidade para, ao abrigo de procedimentos de Contratação Simplificada, adquirir bens ou serviços não estritamente necessários. Até porque, diga-se, este é também um momento de contenção de despesa pública, porquanto a queda do preço do barril de petróleo pode fazer com que o Orçamento Geral do Estado seja revisto. Tenha-se em atenção que o OGE é maioritariamente elaborado com receitas oriundas do petróleo, dai se falar na necessidade de se diversificar a economia angolana. Temos ainda uma economia bastante dependente do petróleo e seus derivados, sendo que há já manifestações dessa diversificação contudo, ainda pouco relevantes para a economia. Note-se que, relativamente à despesa pública, prevê o legislador, no artigo 7.º do Decreto Presidencial n.º 80/20 de 25 de Março, o dever de o Titular do Departamento Ministerial Responsável pelas Finanças Públicas fazer o controlo e a gestão da dívida pública directa, em colaboração com o Banco Nacional de Angola. Mais uma vez se salienta que, nos tempos em que se vivem, é especialmente relevante a actuação racional e eficiente da Administração Pública, de acordo com o que dispõe o Preâmbulo do Decreto Legislativo Presidencial n.º 4/20 de 1 de abril, “(…) a organi-
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zação da Administração Central deve basear-se na racionalidade e na necessidade de garantir eficiência na realização do serviço público”. Isto posto, cumpre agora perceber como deve ser gerida a Contratação Pública durante a crise que se poderá adivinhar, como consequências das medidas de prevenção actualmente vigentes em matéria de saúde pública. Falo, mais precisamente, na disciplina dos contratos públicos já celebrados, visto que já ter abordado o regime previsto para a celebração de novos contratos públicos (urgentes e relativos a bens ou serviços essenciais). Ora, o Estado de Sítio ou o Estado de Emergência “constituem situações de excepção, suscetíveis de suspender ou limitar o exercício dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos”, conforme o disposto no n.º 1 do artigo 1.º da Lei sobre o Estado de Sítio e Estado de Emergência. Desta feita, e por forma a conter e prevenir a transmissão do vírus, foram tomadas diversas medidas excepcionais que muito alteram a normalidade da vida da sociedade, tal e qual como a conhecemos. Em consequência dessas medidas, a maior parte das empresas encontra-se fechada ou com a produção muito reduzida, devendo-se optar pelo teletrabalho, quando possível, permanecendo em funcionamento apenas aque-
las empresas que prestem bens ou serviços considerados essenciais. Isto significa que, a generalidade dos contratos públicos celebrados antes da pandemia irá sofrer paralisações por tempo indeterminado, podendo funcionar, em função do caso concreto, os mecanismos previstos nos artigos 280.º, 281.º, 283.º e 284.º, todos da Lei dos Contratos Públicos. Concretamente, no âmbito das empreitadas, a suspensão da obra será por facto não imputável ao empreiteiro, e por isso mesmo, poderá operar uma prorrogação do prazo de execução por período igual ao período da suspensão (cfr. artigo 280.º). Por outra banda, os artigos 281.º
Em consequência dessas medidas, a maior parte das empresas encontra-se fechada ou com a produção muito reduzida, devendo-se optar pelo teletrabalho, quando possível, permanecendo em funcionamento apenas aquelas empresas que prestem bens ou serviços considerados essenciais
e seguintes da Lei preveem os casos de incumprimento contratual por força maior e alteração das circunstâncias. Resumidamente, durante o lapso temporal em que ocorra suspensão dos contratos, cessa qualquer tipo de responsabilidade de ambas as partes pelo incumprimento contratual. (cfr. n.º 1 do artigo 281.º) Consequentemente, poderá também funcionar o mecanismo de alteração das circunstâncias, uma vez que as circunstâncias em que as partes celebram o contrato sofreram uma alteração anormal e imprevisível, podendo daí resultar para uma das partes, nomeadamente, para o empreiteiro, um grave aumento de encargos na execução da obra, que não esteja dentro do âmbito dos riscos normais do contrato. Nesse caso, a parte afectada com a maior onerosidade na sua prestação terá direito à resolução ou modificação do contrato. (cfr. n.º 1 do artigo 284.º) Ora, é certo que a lei prevê a possibilidade de resolução do contrato, mas esta deverá ser evitada, devendo-se optar pela modificação do contrato – alteração dos preços, por exemplo. Isto porque, se todos os contraentes privados resolverem os contratos públicos a que estavam vinculados, irá dar-se uma situação de estagnação de toda a economia, o que não é desejável para nenhuma das partes. Assim, perante esta pandemia
que testa os nossos limites enquanto seres humanos, devemos todos agir de forma sensata, sempre com o pressuposto de que temos todos nós responsabilidade de ajudar, da forma como podermos, a economia do nosso país. Este é um tempo de diálogo entre as partes contratuais. É tempo de chegarmos a acordo relactivamente às melhores formas de agir perante esta situação de todo inesperada. Assim sendo, cabe a cada um de nós fazer a diferença. Cumpre apenas patentear que o regime previsto para a empreitada supra analisado, é aplicável, por analogia, a todos os tipos de contratos públicos celebrados antes da pandemia. Isto posto, a meu ver, esta cooperação dos particulares, através da não resolução dos contratos públicos, é a melhor forma de a contratação pública auxiliar o Estado e a economia após a pandemia. Para além disto, será também um precioso mecanismo de contenção da despesa pública (adquirir o melhor bem/serviço, pelo melhor preço possível), e paralelamente, de fomento da economia angolana, através, nomeadamente, da preferência pela escolha de bens/serviços de origem nacional (cfr. artigo 52.º da Lei dos Contratos Públicos). Jurista e Docente Universitária!
desporto
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O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
Candidato à presidência da APF Zaire diz que elenco cessante não trabalha O candidato à presidência da Associação Provincial de Futebol (APF) do Zaire, Paulo Kaká, revelou que o
elenco cessante de que faz parte o secretário-geral, António Lopes Lino, não cumpriu com o seu papel
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Mário Silva
O
empresário e dirigente desportivo, Paulo Kaká, acusou, ontem, a direcção da Associação Provincial de Futebol (APF) do Zaire de nada ter feito para o desenvolvimento da modalidade na província. Por este motivo, Paulo Kaká assumiu que vai candidatarse à presidência da instituição, cujas eleições estão adiadas “sine die”, devido ao novo Coronavírus (Covid-19), tendo em vista o quadriénio 2020/2024, para mudar o quadro. Aliás, o homem que vive o futebol como ‘pão para comer’, lamentou o facto de os responsáveis da APF demarcarem-se dos problemas que os clubes apresentam diariamente na realização dos seus trabalhos. “Temos muitas equipas ao nível da província, mas não temos APF capaz de ajudar os clubes rumo ao desenvolvimento”, deplorou. O empresário também pretende unificar os clubes dos seis municípios da província, o mesmo entende que o desenvolvi-
mento do futebol não é só em dar apoio à Académica do Soyo e o São Salvador. “Queremos massificar o fute-
bol em todas as equipas da província. Depois vamos lutar para colocar um representante no Girabola, Campeonato Nacional
APF do Zaire desmente
O
secretário-geral da Associação Provincial de Futebol (APF) do Zaire, António Lopes Lino, disse a OPAÍS que as declarações de Paulo Kaká não combinam com a verdade, porque o órgão tem feito o suficiente para que a modalidade na província não fique parada. “Sei que ele quer concorrer na presidência da instituição, mas devia primeiro reconhecer o esforço da actual direcção”, aconselhou António Lopes Lino. O responsável garantiu que a Associação tem realizado de forma regular o
Campeonato Provincial em todos os escalões e do pouco que consegue procura ajudar todas as equipas que estão reconhecidas. O mesmo dirigente explicou que temse verificado algumas falhas quanto à participação na Segundona, Nacional da segunda divisão, mas que não é por culpa da APF. Quanto a uma possível recandidatura do seu elenco, cessante, o secretáriogeral da Associação Provincial de Futebol assegurou que a possibilidade está em estudo.
de futebol da primeira divisão”, garantiu. Paulo Kaká revelou que para dirigir uma associação não é necessário grandes patrocí-
nios, ou seja, primeiro tem que se identificar o que as equipas precisam, após saber, deve-se encontrar a solução.
O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
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1º de Agosto no top-20 no mundo digital em África
O
1º de Agosto ocupa o 20º lugar dos clubes mais influentes “no mundo” online do continente africano, com mais de 400 mil votos, segundo uma sondagem realizada pelo site “Digital Sports África”. Na pesquisa entre os 50 clubes do continente com mais visualizações, a colectividade angolana aparece entre as 25 finalistas (20ª), com 483.113 votos arrecadados pelas plataformas Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, Periscope, Linkedln e Tik Tok. Nos últimos anos, a agremiação militar apostou nas novas tecnologias de informação e comunicação, destacando-se a criação de uma página no Facebook e um Site, onde, entre outros, efectua transmissões em directo dos seus eventos dentro e fora do país. A lista de votação, publicada Quarta-feira, é liderada pelo AlAhly (Egipto), do angolano Geraldo, com 24.491.451, seguido do
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Zamalek (igualmente do Egipto), com 11.591.396 votos da comunidade digital. Estas duas formações são semifinalistas da Liga de Clubes Campeões de África em futebol, cuja primeira “mão”, agendada para 1 de Maio último e a segunda a 8 do mesmo mês, foi adiada devido à propagação, à escala global, do novo coronavírus (Covid -19). A terceira posição coube ao Raja Clube Athletic (Marrocos) com 5.616.040. O Kaizer Chiefs (África do Sul) com 5.237.777 votos surge em quarto lugar, seguido do Orlando Pirates FC (também da África do Sul) com 3.864.702. O Wydad Athletic Clube -WAC (Marrocos), outro semi-finalista da “Champions”, tal como o Raja Casablanca (Marrocos – este último não aparece entre os 25 finalistas) é sétimo colocado com 1.960.389 votos. O USM da Argélia e o 25º posicionado e último da geral, com 331.768 votos.
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Sebastien Vettel regressa às pistas
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uma vídeo-conferência promovida pela Mercedes, Sebastien Vettel revelou que já não aguenta o tédio por não correr e está prestes a regressar às pistas... Através de um simulador. “Os meus amigos pressionaramme um pouco (risos). Já comprei um simulador, agora tenho de o instalar. Antes de correr com os outros, vou praticar. Não me quero envergonhar (risos)”, salientou o piloto alemão.
Responsável da Comissão de Coordenação, John Coates
Jogos Olímpicos podem salvar economia do Japão
O
Comité Olímpico Internacional (COI), pela voz do responsável da Comissão de Coordenação, John Coates, fez saber que tem a forte convicção de que o adiamento dos Jogos Olímpicos de 2020 para 2021, será ponto de viragem na economia do Japão, país que ontem declarou Estado de Emergência na sequência da pandemia de Covid-19.
“Muitas cidades e países gostariam de ter esta oportunidade. Os Jogos são oportunidade real para o estímulo económico”, declarou o responsável australiano. Coates anunciou também o compromisso do COI para intervir junto de federações e comités olímpicos nacionais afectados financeiramente pela pandemia: “Não vamos
ficar a olhar para ver como colapsam. Vamos ajudar”, disse após uma reunião. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que “o grande confinamento” poderá levar a economia mundial a cair 3 por cento em 2020, com 5,9 por cento nos EUA, 7,5 por cento na zona Euro e 5,2 por cento no Japão.
Os pilotos Max Verstappen (Red Bull) e Lando Norris (McLaren) são grandes fãs de simuladores e participam regularmente em eventos online com outros jogadores. O piloto da Ferrari, Charles Leclerc estreou-se nas corridas virtuais há duas semanas e venceu imediatamente. “Li algumas notícias que alguns pilotos têm corrido e também li que o Charles esteve muito bem na estreia, foi bom para ele e para a equipa”, disse Vettel.
classificados emprego
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imobiliรกrio
O PAร S Sรกbado, 18 de Abril de 2020
diversos
O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
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Maria Teixeira, Jornalista do Jornal OPAÍS
TEMPO
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Fonte: INAMET Das 18 horas do dia 17 às 18 horas do dia 18 de Abril de 2020
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES Válida de 18 a 20 de Abril de 2020
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 18 a 20 de abril de 2020 Data 18/ 04/ 2020
CIDADE
Mín
Data 19/ 04/ 2020
Estado do Tempo
Máx
Mín
Máx
Data 20/ 04/ 2020
Estado do Tempo
Mín
Máx
Estado do Tempo
LUANDA
25
34
Céu nublado, chuvisco ou chuva fraca, trovoada.
24
32
Nublado á parcial, chuva.
25
33
Nublado, chuva fraca.
CABINDA
24
29
Céu nublado chuvisco/chuva fraca, trovoada.
23
31
Céu nublado, chuvisco/chuva fraca.
25
34
Parcial, chuva fraca.
SUMBE
25
33
Céu nublado, chuva fraca a moderada, trovoada.
24
31
Nublado, chuva fraca a moderada.
24
33
Céu nublado, chuva forte.
CAXITO
25
35
Céu nublado, chuva fraca a moderada, trovoada.
23
33
Céu nublado, chuva fraca a moderada.
24
35
MBANZA KONGO
22
29
Céu nublado, chuva fraca a moderada, trovoada.
21
31
Nublado, chuva fraca a moderada.
22
30
UIGE
20
26
Céu nublado, chuva fraca a moderada, trovoada.
18
27
Nublado, chuva moderada, trovoada.
19
29
NDALATANDO
20
28
Céu nublado, chuva moderada a forte, trovoada.
18
28
Nublado a parcial, chuva fraca.
20
28
Parcial nublado, chuva.
MALANJE
19
28
Céu nublado, chuva moderada a forte, trovoada.
18
28
Céu nublado, chuva fraca.
19
28
Nublado, chuva forte.
DUNDO
20
27
Céu nublado, chuva fraca a moderada, trovoada.
17
27
Nublado, neblina, chuva fraca.
20
28
Nublado, chuva fraca. Nublado, chuva moderada.
Nublado, chuva fraca. Parcial nublado, chuvisco.
18
27
Céu nublado, chuva fraca a moderada, trovoada.
17
27
Nublado, chuva fraca, trovoada.
18
27
BENGUELA
24
30
Céu parcial nublado, chuvisco ou chuva fraca.
24
32
Parcial nublado, chuvisco/chuva fraca.
24
30
HUAMBO
12
25
Céu nublado, neblina, chuvisco/chuva fraca.
11
26
Céu nublado, chuva fraca a moderada.
13
26
Parcial nublado, chuvisco.
CUITO
14
26
Céu nublado a parcial, chuvisco/chuva fraca.
14
26
Parcial nublado, neblina, chuva fraca.
15
26
Parcial nublado, chuvisco.
LUENA
16
27
Céu nublado, chuva fraca a moderada, trovoada.
16
28
Céu parcial nublado, chuva fraca.
17
27
Parcial nublado, chuvisco.
LUBANGO
15
26
Céu parcial nublado, chuvisco/chuva fraca.
14
26
Céu parcial nublado, chuvisco.
15
27
MENONGUE
17
28
Céu nublado, chuvisco/chuva fraca.
16
28
Céu parcial nublado, chuvisco.
17
29
Parcial nublado.
MOÇÂMEDES
22
35
Céu parcialmente nublado.
22
34
Céu parcial nublado, chuvisco.
23
33
Céu limpo.
ONDJIVA
18
33
Céu parcialmente nublado, chuvisco.
19
32
Céu nublado, chuvisco/chuva fraca.
19
33
Céu pouco nublado.
O(s) Meteorologista(s): Lucia
Yola C. Fernando e Lutuima Domingues
REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu parcialmente nublado, apresentando-se nublado a muito nublado pela manhã. Probabilidade de ocorrência de chuva moderada, acompanhada por vezes de trovoada, em alguns municípios da província do Moxico. Possibilidade de ocorrência de chuvisco ou chuva fraca acompanhada por vezes de trovoada em alguns municípios das províncias de Benguela, Huambo e Bié.
Nublado, chuva moderada.
SAURIMO
REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu nublado, apresentando-se muito nublado durante a madrugada e pela manhã. Possibilidade de ocorrência de chuva moderada, podendo ser localmente forte, acompanhada por vezes de trovoada, em alguns municípios das províncias do Zaire, Bengo, Uíge, Malanje, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Lunda Norte e Lunda Sul. Possibilidade de ocorrência de chuvisco ou chuva fraca, acompanha por vezes de trovoada, em alguns municípios das províncias de Cabinda e Luanda.
Parcial nublado, chuvisco.
REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu parcialmente nublado. Possibilidade de ocorrência de chuvisco ou chuva fraca acompanhada por vezes de trovoada em alguns municípios das províncias da Huíla, Cunene e Cuando Cubango.
Céu pouco nublado.
Luanda, 17 de abril de 2020
Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao
TEMPO no mar
Fonte: INAMET
BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 17/04/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 18/04/2020.
1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIA 17 DE ABRIL DE 2020: INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET
Centro entre Nacional os de Previsão do Tempo Circulação fraca a moderada de Sudoeste paralelos 4°S e 14°S(Cabinda a Benguela) e circulação de Sul a Sudoeste moderado a muito fresco entre o paralelo 14°S e 18°S(Namibe). BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 UTC DO DIA 18 DE ABRIL DE 2020:
1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIA 17 DE ABRIL DE 2020: Circulação fraca a moderada de Sudoeste entre os paralelos 4°S e 14°S(Cabinda a Benguela) e circulação de Sul a Sudoeste moderado a muito fresco entre o paralelo 14°S e 18°S(Namibe).
SEM AVISO
2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 UTC DO DIA 18 DE ABRIL DE 2020: AVISO : SEM AVISO.
REGIÃO
ESTADO DO TEMPO
VENTO
(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)
ALTURA DA ONDA (METROS)
ESTADO DO MAR
VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)
DIRECÇÃO FORÇA (KT)
Cabinda (4°S – 6°S)
Nublado Chuva
Sudoeste
12
Até 1.8
Agitado
Moderada (Superior a 5)
Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)
Nublado Chuvisco
Sudoeste
16
Até 2.0
Agitado
Moderada a Boa (Superior a 6)
Parcialmente Nublado
Sudoeste
10
Até 2.2
Agitado
Boa (Superior a 9)
Namibe (14°S – 18°S)
Geralmente limpo
SulSudoeste
16 á 24
Até 2.8
Muito agitado
Boa (Superior a 10)
Depressão, crista de 1015hPa cobrindo toda costa maríta nacional, influenciando assim no padrão do vento. Assim, prevê-se estado do mar agitado, com ondas de 1.8 até 2.2 metros de altura, da região marítima de Cabinda a Benguela , sendo muito agitado na região marítima do Namibe, com a altura das ondas de 2.8 metros de altura mais a sul da região. Prevê-se visibilidade até 5 km devido a possibilidade de ocorrência de chuva nas regiões marítimas de Cabinda, Zaire, Bengo e Luanda.
4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.
Última
32
O PAÍS Sábado, 18 de Abril de 2020
Nove dias sem registos de novos casos de Covid-19 Nove dias se passaram e Angola mantém-se com os 19 casos positivos da Covid-19 garantiu, ontem, em Luanda, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, no habitual balanço diário da situação epidemiológica no país Maria Teixeira
“Q
uanto aos casos suspeitos, passam a 378, sendo que as pessoas seguidas chegam a 696 à volta dos 19 casos confirmados”, declarou o governante à imprensa, sublinhando que o país controla 446 pessoas em quarentena institucional, sendo que 14 pessoas tiveram as suas altas na Quinta-feira. Dos 19 casos confirmados, dois resultaram em morte, cinco recuperados (dos quais dois já receberam alta e estão nas suas residências) e os 12 pacientes activos em tratamento médico estão estáveis, em unidades sanitárias de referência da capital do país. Em conferência de imprensa no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, sobre a actualização dos dados da pandemia no país, Franco Mufinda, afirmou que “não houve alteração nenhuma”. A faixa etária vai de um ano a 62 anos de idade, havendo maior predominância do sexo masculino com 13 casos, contra seis do sexo feminino. Franco Mufinda disse que as localidades onde estão situados os casos continuam a ser os município de Belas onde tem nove casos, a seguir Maianga e Viana com três casos cada, sendo que Talatona, Sambizanga, Ingombota e Kilamba Kiaxi respectivamente com um caso, perfazendo um total de 19 casos positivos. As nacionalidades continuam a ser angolana e sul-africana.
O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) não registou, nas últimas 24 horas, nenhuma denúncia de violação de quarentena domiciliar. No entanto, três alertas foram reportados e investigados, mas descartados, porque não fechava com a definição de caso suspeito da Covid-19. Membros da Comissão Interministerial recebem formação Franco Mufinda fez saber que os membros da Comissão Interministerial para a Prevenção e Combate à Covid-19 participaram num seminário sobre a pandemia e a eventual amplitude no país promovida pelo Ministério da Saúde. Por outro lado, anunciou que o Executivo recebeu ontem meios médicos e medicamentosos da fundação chinesa Jack Ma. Entre
os vários materiais doados, destacam-se 10 ventiladores, cerca de quatro mil fatos de protecção que respeita a biossegurança e mais de 11 mil máscaras N95 para técnicos de saúde. Na lista de bens doados consta igualmente cerca de 20 mil zaragatoas, um meio essencial para poder proceder à colheita das amostras nos casos suspeitos bem como mais de 9 mil luvas médicas, entre outros. O governante disse ainda que alguns membros da comissão visitaram as províncias da LundaSul e Norte e constataram com bastante satisfação as condições reunidas para responder eventuais casos de Covid-19. Visitas do género serão realizadas noutras províncias.
O que saber sobre o Coronavírus…
“O
álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”.
Secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda
Actividades de sensibilização continuam junto das comunidades Franco Mufinda disse que continuam as actividades de sensibilização junto da população para as medidas de prevenção, acatamento no que respeita ao estado de emergência. Anunciou que a realização do teste de concordância ao teste rápido passou de 200 a 300 sujeitos. “Continuamos também com a formação dos profissionais em todos os níveis do sistema nacional de saúde”, frisou. Apelou ao cumprimento das medidas de protecção que consiste em ficar em casa, lavar frequentemente as mãos e, sobretudo, observar o isolamento físico. Quando necessário, utilizar máscara e cumprir com as demais medidas do estado de emergência. De realçar que para se prevenir e combater à Covid-19, Angola observa desde às 00h00 de 11 de Abril um novo período de estado de emergência que deve vigorar até às 23h59 do dia 25 de Abril.
“O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”.
“Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.