Jornal OPaís edição 1826 de 03/05/2020

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Jornalistas reconhecem liberdade de imprensa no novo Governo

Luandenses saíram mais à rua em Abril para compras Comprar o que comer, mesmo com preços cada vez mais proibitivos, continua a ser a principal razão de saída de casa dos residentes na capital angolana, que agora começam a sentir-se “preocupados, cansados e saturados” diante das consequências da Covid-19. P. 18

Hoje celebra-se o Dia Mundial da liberdade de imprensa e, em alusão à data, OPAÍS ouviu a opinião de vários profissionais da comunicação social sobre os avanços e recuos do jornalismo em Angola nos últimos anos. P. 9

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Director: José Kaliengue

O diário da Nova Angola

Edição n.º 1826 Domingo, 03/05/2020 Preço: 40 Kz

Juiz volta a ser impedido de transpor cerca sanitária, apesar da “blindagem” da Magistratura Judicial Sociedade: O juiz da Comarca de Moçâmedes, província do Namibe, Januário Linda

OPSA apela ao Governo a distribuir vacinas e medicamentos l O apelo vem expresso no plano estratégico para enfrentar a Covid-19 apresentado pela organização na Quinta-feira, 30, em Luanda, numa altura em que vários países desenvolvem estudos para encontrar uma vacina contra o novo Coronavírus (Covid-19). P. 8

Catengo, havia sido dispensado, a seu pedido, por apenas dez dias úteis, a contar de 30 de Março, de acordo com documento a que OPAÍS teve acesso. Porém, acabou por ficar mais de um mês em Luanda. P. 10 dr

Detidas 136 pessoas em Portugal por desobediência do estado de emergência l A GNR e a PSP detiveram 136 pessoas por crime de desobediência e encerraram 278 estabelecimentos comerciais, no terceiro período de estado de emergência, até às 18h00 deste Sábado. P. 32

Ministra da Saúde

“estamos a um passo da circulação Comunitára da Covid-19” P. 2

Treinadores de andebol apostam na formação online l A formação sobre andebol para os

treinadores angolanos, ministrada por prelectores brasileiros, online, mereceu atenção de todos os participantes. P. 26

e ainda no cartaz:

Jorge António

“É impossível prever quando estará normalizado o mundo”

Aventura de Astérix e Obélix nunca antes publicada em álbum chega às livrarias em Outubro


EM FOCO

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O PAÍS Sábado, 02 de Maio de 2020

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Cidadão infecta sete membros da sua família e eleva para 35 os casos de Covid-19 Um cidadão proveniente de Portugal entre os dias 17 e 18 de Março do corrente ano transmitiu a Covid-19 a sete dos nove membros da sua família. O país registou mais cinco casos positivos nas últimas 24 horas, perfazendo um total de 35 casos, revelou, ontem, em Luanda, a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta

Maria Teixeira

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os sete casos positivos resultantes do contacto directo com o cidadão catalogado com o cognome de “Caso 26”, três foram apresentados no dia 1 do corrente mês e outros quatro ontem, esclareceu a governante aos jornalistas, na apresentação diária do balanço da situação epidemiológica no país.

Trata-se de três senhoras, de 42, 38 e 34 anos de idade, e quatro crianças de 1, 4, 8 e 11 anos de idade. Os dois negativos são uma criança de seis meses e outra de 7 anos. Os restantes contactos continuam a ser seguidos e estão a ser testados. “Vale referir que todos estes novos casos são assintomáticos”, garantiu a ministra. Em relação ao outro caso revelado ontem, Sílvia Lutukuta esclareceu ser o primeiro importado captado no rastreio dos primeiros 443 passageiros provenientes de Lisboa nos voos DT651 e DT653, dos dias acima mencionados. Disse ser um indivíduo de 36 anos de idade, da Guiné-Conacry,

residente no bairro Hoje Ya Henda, em Luanda, que não cumpriu a quarentena domiciliar de acordo com as normas preconizadas. Este comerciante não forneceu os dados correctos na ficha sanitária na porta de entrada do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, uma das exigências feitas para que pudessem ser acompanhados. “Este paciente foi encaminhado para o nosso centro de tratamento de referência e os seus contactos directos, num total de 25, foram encaminhados para os centros de quarentena institucional para acompanhamento e rastreio”, garantiu.


O PAÍS Sábado, 02 de Maio de 2020

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Mais de 400 amostras de casos suspeitos em investigação Por outro lado, Sílvia Lutukuta fez saber que do rastreio dos voos dos dias 17 e 18 de Março, de passageiros provenientes de Lisboa, foram colhidas 1.018 amostras, sendo que de 443 já se conhece o resultado, com apenas uma positiva, a do cidadão da Guiné. “Por esta altura, temos um total de 35 casos positivos, com dois óbitos, 11 recuperados, 22 internados nos nossos centros de referência e estáveis”, detalhou. De acordo com a governante, a equipa de resposta rápida de vigilância epidemiologia continua a fazer a sua investigação e a acompanhar toda a situação da Covid-19 no país. Entretanto, do

Minitra da Saúde de Angola, Sílvia Lutukuta, na apresentação da situação epidemiológica no país

ponto de vista laboratorial, um total de 3.547 amostras colhidas, 2.705 são negativas, 35 positivas e 807 estão em processamento. Lutukuta referiu ainda que 908 pessoas observam a quarentena institucional e 412 pessoas são casos suspeitos em investigação. Há 957 contactos directos e ocasionais que estão em seguimento. “Devemos manter as medidas de protecção individual e colectiva, continuar a lavar as mãos ou usar o álcool-gel. Continuamos a recomendar o uso das máscaras faciais quando se estiver nos mercados, transportes públicos, locais fechados com muita gente, tais como bancos, lojas e local de trabalho”, recomenda.

Passageiros que faltarem aos testes voluntários serão recolhidos de forma coerciva

Sílvia Lutukuta garantiu que todos os passageiros que chegaram ao país nos dias 17, 18 e 19 que faltarem aos testes massivos voluntários serão recolhidos de forma coerciva e serão internados em quarentena institucional obrigatória e só terão alta depois de efectuarem testes e se forem negativos. “Essa decisão foi tomada depois de se verificar que 10 a 15 passageiros se têm furtado aos testes voluntários que decorrem desde 1 de Maio na Escola Nacional de Saúde Pública e no Hospital Américo Boa Vida”, referiu. Por outro lado, lamentou o surgimento de casos positivos de pacientes que estiveram em quarentena domiciliar mais de 30 dias depois de chegarem ao país. “Esses casos deram muito trabalho à comissão, pelo facto de muitos deles terem dado georreferenciação errada ou por manterem os telefones desligados, obrigando a um trabalho árduo e profundo para os descobrir”, frisou. Face a isso, admitiu que casos positivos nessa situação podem ainda ocorrer, uma vez que estudos científicos recentes mostram que o período de incubação pode chegar até aos 50 dias após a infecção, razão pela qual se está a testar os aludidos passageiros.

Angola a um passo de circulação comunitária Sílvia Lutukuta pede as pessoas a manterem a distância social de pelo menos um metro, bem como permanecerem em casa e evitar aglomerados. Uma vez que já se regista no país casos de transmissão local e “estamos a um passo da circulação comunitária”. Disse que o comportamento da população é a chave para o controlo dessa pandemia, pelo que se deve redobrar as medidas de prevenção para travar a cadeia de transmissão. “É importante que continuamos a observar as regras de prevenção individual e colectiva. Nós estamos a lidar com uma doença altamente infecciosa que tem um impacto muito negativo na vida e na saúde das pessoas e que pode levar a morte”, disse. De salientar que transmissão comunitária ou sustentada é quando um caso infectado que na esteve nos países com registo da doença transmite a outra pessoa que não viajou (casos de transmissão do vírus entre a população).

Máquina RT-PCR do Huambo não é compatível para testagem da Covid-19 Questionada se a máquina de RT-PCR existente num laboratório da província do Huambo poderia ser aproveitada para aumentar a capacidade de testagem, Sílvia Lutukuta explicou não ser compatível o equipamento com os actuais reagentes existentes no mercado para o efeito. Sublinhando que seria, de facto, uma boa oportunidade o uso desse laboratório, se fosse possível. “O que se tem de perceber é que os equipamentos evoluem, os materiais de apoio e para preparação das amostras também evoluem. E há equipamentos que ficam para trás”, frisou. Esclareceu que, por via de regra, no que tange aos equipamentos tecnológicos, há uma altura em que um tem função, mas já não é compatível. “Foi o que aconteceu com esse equipamento do Huambo”, explicou. De realçar que o país observa, desde às 00h00 de Domingo, 26 de Abril, o terceiro período do estado de emergência, a vigorar até às 23h59 do dia 10 de Maio, cumprindo-se 45 dias consecutivos de isolamento social com o intuito de conter a propagação da pandemia no território nacional.


4 destaques política. PÁG. 9 OPSA apela ao Governo a distribuir vacinas e medicamentos

SOCIEDADE. PÁG. 10 Juiz volta a ser

impedido de transpor cerca sanitária, apesar da “blindagem” da Magistratura Judicial

cartaz. PÁG. 14 “É impossível prever quando estará normalizado o mundo”

ECONOMIA. PÁG. 18 Luandenses saíram mais à rua em Abril para compras

o editorial

hoje: os números do dia

E se o juiz tivesse passado

E

stes dias têm sido de intensos debates entre aqueles que defendem as imunidades do juiz Januário Catengo, do Namibe, dizendo que ele está constitucionalmente protegido e pode circular pelo país e que, portanto, esteve mal a Polícia que impediu que o juiz voltasse de Luanda ao Namibe, por via terrestre. Há agora uma acção cojunta dos juízes nas suas organizações profissionais, associação e sindicato, o alvo é a Polícia Nacional, em última instância o Comandante-Em-Chefe. Uma segunda tentativa de passagem do juiz, escoltado e num carro oficial, terá sido também barrada. Ou seja, está na hora de o juiz presidente do Supremo ponderar se se deve manter no lugar. Entretanto, no outro lado, há os que questionam se a imunidade do juiz o protege do vírus e se o impede de o transmitir se estiver infectado. Há uma cerca sanitária, seria bom a Comissão Multissectorial de Prevenção e Combate ao novo Coronavírus pronunciar-se se em algum momento o juiz do Namibe solicitou uma autorização especial para furar a cerca e se se sujeitou a algum exame que confirmasse que não está infectado e que não representa risco para as pessoas de fora de Luanda.

o que foi dito Mundo. PÁG. 22 Entre protestos, Moro chega depôs na sede da Polícia Federal brasileira

O PAÍS Domingo, 03 de Maio de 2020

Ninguém vai fazer nada que contrarie a Constituição [do Brasil]. Fiquem tranquilos que ninguém vai querer dar o golpe contra mim” Jair Bolsonaro Presidente do Brasil

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Cidadão de 35 anos de idade é acusado de ter violado e engravidado a filha de 12 anos de idade, no município de Cacuso, norte da cidade de Malanje

Pessoas vindoas, em Março último, de países com grande incidência da Covid-19 foram testadas no huambo, quase 20 dias depois de todos eles estarem livres da quarentena domiciliar.

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Cidadãos, entre os quais duas responsáveis da UNITA, foram detidos, pelas forças de segurança, por violação do estado de emergência.

Pintos, são produzidos em Cabinda no âmbito dos projectos do Governo inseridos nas cadeias de valores e combate à fome e à pobreza

Dado o meu passado como presidente, não tenho o direito de estar provocando com palavras aqueles que estão no poder. Mas acontece que estamos chegando a uma situação muito complicada Fernando Henrique Cardoso Ex-presidente do Brasil

Aprender a viver com o vírus é o desafio dos próximos meses” Olivier Véran Ministro da Saúde de França


O PAÍS Domingo, 03 de Maio de 2020

5 e assim... José Kaliengue Director

A máscara e o amor

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com realizadora Maria João Ganga e perceba como a pandemia Covid-19 afecta o mundo cultural e artístico angolano.

www.opais.co.ao Efeméride: o 3 de Maio é um dis de luta para os jornalistas do mundo e para as sociedades livres. A liberdade de imprensa é um dos pilares da democracia, do desenvolvimento e da paz. (virgilio pinto)

o que vai acontecer Namibe Efectivos da Polícia Nacional na província do Namibe apertam o cerco na circulação na via pública e nos mercados informais, exigindo a obrigatoriedade do uso de máscara aos automobilistas e seus passageiros. Nas principais vias de entrada para a cidade capital de Moçâmedes, onde estão montados os postos de segurança da Polícia Nacional, os automobilistas são interpelados e obrigados a esclarecer as razões da circulação. Nos mercados informais e estabelecimentos comerciais, aos munícipes os efectivos estão a exigir também o uso de máscara.

Zaire As forças de defesa, segurança e ordem pública, em Mbanza Kongo, província do Zaire, reforçam a fiscalização do uso de máscaras em conglomerados e por parte de automobilistas. Nas principais artérias da cidade e na periferia nota-se o aumento do dispositivo policial e militar nas ruas a obrigar peões e condutores de viaturas e motociclos a usarem este meio de protecção individual. As forças montaram controlos nas principais vias de entrada e saída desta cidade que, para além do uso obrigatório de máscaras, estão a fiscalizar também o excesso de lotação de viaturas-

Mercado O mercado do peixe localizado no bairro Valódia, município de Moçâmedes, província do Namibe, está a ser reabilitado e ampiado para conferir melhores condições de acomodação dos utentes.O referido mercado, que existe desde 2014, contará, no final das obras, com seis naves para acomodação das antigas vendedoras deste mercado. As utentes do espaço, enquanto durarem as obras, num período de três meses, foram aconselhadas a vender no mercado municipal e no 5 de Abril.

Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

Há dias li algures um texto sobre empresas que se preparam para lançar máscaras fashion, achei curioso, mas ocorreume logo que se tivesse capital investiria de imediato na criação de um tecido completamente transparente, tipo vidro. Salvaria a indústria do baton, por exemplo. Dias depois passei por um supermercado e... bem, nada mais lindo do que o corpo de uma mulher bem definido, pernas tipo made in Lobito e encimadas por um tchuna baby displicentemente rasgado. Mas ela usava uma máscara, penso que só a reconheceria se a voltasse a encontrar no mesmo local e com a mesma roupa. Isto das máscaras vai tornar as coisas muito complicadas. Os homens, na sua missão conquistadora neste mundo, já passaram por muita coisa, já houve tempo do casamento por encomenda e sem conhecer a dama, alguns devem ter tido grandes surpresas; já houve o namoro distanciado, sem toques (afinal o distanciamento físico actual tem parente antigo) e chegou-se depois ao grande triunfo do toque na mão. Um marco que permitiu tudo o resto que se seguiu, até mesmo contactos em que no dia seguinte já não se reconhecia o rosto da outra parte. Mas agora... Bem, há que reaprender, a galantear, a conversar, a avançar passo a passo, devagar, com cuidado (o vírus espreita e é perigoso). O tempo voltou para trás, rigorosamente, a confiança volta a ser um requisito. E então, antes que chegue a vacina, o homem estará num supermercado, como eu, olhará para aquele corpo que acaba com tudo o que vira antes, “scaneará” cada milímetro do ventre liso, das pernas eternas, das pontas das mamas mal cobertas por uma blusa provocadora de alças e estreitas como fio de linha, mas o momento do triunfo, o clímax, será quando ele puder dizer, alto para fora ou para o coração: “consegui que ela tirasse a máscara e sorrisse”. Imagino o meu avô Filipe a tocar a mão da minha avó Ermelinda pela primeira vez... a grande emoção... e o amor voltará a ter valor... mas eu, bem, olhei, não lhe falei e o supermercado não é o nosso ponto de encontros ocasionais.

E também... Dia Internacional da Liberdade de Imprensa - 3 de Maio O Dia Internacional da Liberdade de Imprensa tem como objectivos: promover os princípios fundamentais da liberdade de imprensa; combater os ataques feitos aos media e impedir as violações à liberdade de imprensa; lembrar os jornalistas que são vítimas de ataques, capturados, torturados ou a quem são impostas limitações no exercer da sua profissão; prestar homenagem a todos os profissionais que faleceram vítimas de ataques terroristas ou que foram assassinados por organizações terroristas.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Domingo, 03 de Maio de 2020

no tempo do kaparandanda

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

opaís

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Norberto Sateco, Alberto Bambi, Augusto Nunes, Rila Berta, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Iracelma Kaliengue, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, TalatonaLuanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

04 de Maio de. 1404 - Morre, com

46 anos, o jurista João das Regras, figura decisiva na eleição de D. João I nas Cortes de Coimbra de 1385.

03 de Maio de 1968 - Maio de 68.

Começa, em França, o movimento de contestação. Levantamentos no Quartier Latin e na Sorbonne juntam estudantes e trabalhadores.

1979

02 de Maio de - Pela primeira vez, uma mulher, a conservadora Margaret Thatcher, conquista a liderança do Governo, no Reino Unido.

carta do leitor

Temos de ver bem a comida importada Caro director do jornal OPAÍS Os angolanos, parece que a comida importada veio com algum veneno que apaga o juízo, juro mesmo. Não estou a entender as pessoas. Pode ser que as pessoa vivam com muitas dificuldades, que têm de sair todos os dias para ir vender alguma coisa, alguns mesmo só para roubar, sem medo de entrar numa casa onde há coronavírus, o que seria bem-feito. Mas as pessoas, até aquelas preguiçosas que gostavam só de ficar em casa, agora parece que lhes deram a chave no motor, é só andar, andar, andar. Para fazer o quê? Ninguém sabe. No outro dia encontrei um grupo de jovens na rua, se não estão a estudar e nem a trabalhar, lhes perguntei o que faziam, e eles: “nada mesmo, estamos só

a girar um pouco”. E estavam todos juntos. Lhes perguntei, eles: “Ya, mas estamos só”. Nos multicaixas, as pessoas não podem só esperar na bicha e cada um distante dos outros? A bicha pode ter dois quilómetros, não faz mal, é só ter ordem, mas não, ficam tipo estão dentro do autocarro superlotado, uns em cima dos outros, se calhar com medo que o dinheiro acabe, mas estar amontoados também não evita, se o dinheiro tiver de acabar. Temos de ver bem a comida, isto que andam a importar traz alguma coisa que apaga o juízo, não é normal.

Venceslau Capama

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754

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1973 - Amílcar Cabral, dirigente e fundador do PAIGC, é assassinado em Conakry. 1981 - Os 52 reféns norte-americanos, detidos no Irão há mais de 13 meses, são finalmente libertados, ao mesmo tempo que Ronald Reagan toma posse como quadragésimo presidente dos Estados Unidos. 1997 - O governo de Mobutu, em Kinshasa, Zaire, declara, oficialmente, guerra contra os rebeldes no norte do país, liderados por Laurent Désiré Kabila, depois de estes ocuparem uma parcela de 600 quilómetros no interior do país.


POLÍTICA

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O PAÍS Domingo, 03 de Maio de 2020

OPSA apela ao Governo a distribuir vacinas e medicamentos Sugere que a distribuição deve ser prolongada no tempo pelo facto de ser ainda impossível prever a evolução da pandemia, apesar de que já são conhecidos os riscos de uma segunda vaga ou de reincidência. Nesta senda, o OPSA sugere que o processo de revisão do Orçamento Geral de Estado (OGE) constitui uma oportunidade para rever a política de investimento no sector da Água e Saneamento.

O apelo está expresso no plano estratégico para enfrentar a Covid-19 apresentado pela organização na Quinta-feira, 30, em Luanda, numa altura em que vários países desenvolvem estudos para encontrar uma vacina contra o novo Coronavírus (Covid-19) Ireneu Mujoco

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objectivo do OPSA é o de reduzir riscos biológicos catastróficos globais (RBCG) que podem causar danos humanos, baseando-se no último relatório do Global Health Security Index (GHS Index). “É da máxima importância que o Executivo possa, desde já, planear um programa sustentável de acesso e distribuição de vacinas e medicamentos”, apela. Segundo este relatório, citado pelo OPSA, Angola obteve uma classificação de 25.2 em 100 pontos, o que coloca o país no escalão dos países menos preparados para enfrentar a Covid-19 e na posição 170 de um total de 195 países. Perante este cenário, segundo o documento, a principal recomen-

dação do relatório é que os governos nacionais se comprometam a tomar medidas para responder a riscos de segurança em saúde. Tal compromisso passa pela intervenção dos líderes na coordenação e monitorização dos investimentos em saúde, sobretudo no que se refere a serviços públicos de saúde. Vulnerabilidade à Covid-19 em Angola Segundo o Observatório Político e Social de Angola (OPSA), os indicadores de saúde retratam graves situações de privação, as quais acabam por funcionar como factores adicionais que agravam vulnerabilidades muito sérias. O plano estratégico do OPSA aponta que o Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS 2015-2016, INE) revela que aproximadamente apenas 53 por cen-

to dos agregados familiares tem acesso a fontes de água apropriada para beber. Neste contexto, esta instituição apela ao reforço da distribuição gratuita de água pelas zonas urbanas e peri-urbanas, a qual considera como sendo uma medida indispensável.

“O confinamento das pessoas em casa representa fome, pelo facto da maioria da população depender da economia informal”

Estratégia para enfrentar a Covid-19 Num universo de várias medidas de prevenção contra esta pandemia que começou na China em Dezembro de 2019, o OPSA destaca as medidas de distanciamento físico. “Se focarmos a atenção nos meios urbanos e peri-urbanos, verifica-se uma elevadíssima concentração da população e uma parte muito significativa desta vive em condições de habitabilidade precárias”, relata o relatório da instituição liderada pelo economista e pesquisador social Sérgio Kalundungo. Para mudar este quadro sombrio, com realce em Luanda, onde o problema identificado é maior, apela ao Governo a criar centros de acolhimento para este “segmento social tão vulnerável”. Ainda sobre as medidas de prevenção à Covid-19, o Observatório Político e Social de Angola diz que o confinamento das pessoas em casa representa fome, pelo facto da maioria da população depender da economia informal. Segundo ainda esta instituição, reportando dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) 41,6 por cento das pessoas empregadas declaram trabalhar por conta própria e que a percentagem de pessoas economicamente activas em actividades do sector informal ascende a 72,6 por cento. A ida para as ruas e mercados informais, de acordo com o plano estratégico do OPSA, é uma necessidade primária. Apesar desta limitação de circulação, reconhece que o peso da economia informal, ao invés de banir a actividade que sus-

tenta muitas famílias angolanas, o Executivo procurou regulamentar a mesma, promovendo a adopção de comportamentos preventivos pela população e permitindo a sua actividade até às 13 horas dos dias úteis de semana.

Protecção Social Ainda no quadro da prevenção da Covid-19, o OPSA defende a protecção social como sendo uma outra área que deverá ter uma intervenção prioritária em contexto de pandemia e, muito especialmente, em contexto de pós-pandemia. O plano estratégico do OPSA indica que Angola continua a situar-se abaixo das médias internacionais em termos de despesa pública em protecção social, realçando que a média de despesa em Angola é de 0,3 por cento, sendo que em África é de 1,3 por cento e no mundo é de 1,5. Revela que o seguro de saúde em Angola cobre apenas 4 por cento das mulheres e 9 por cento dos homens dos 15 aos 49 anos de idade. Por outro lado, refere que a rubrica especificamente dedicada ao desemprego não é orçamentada desde 2017, acrescentando que o desemprego voltou a subir no último trimestre de 2019, situando-se em 31,8 por cento, citando ainda dados do INE. Segundo o INE, entre Março de 2018 e Fevereiro de 2019, os jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos eram os mais atingidos, sendo que num grupo de 100 jovens entre os 15 e os 24 anos 52 estavam no desemprego.


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jornais na banca cujas manchetes suscitam dúvidas em relação ao texto inserido no interior, este abuso de imprensa tem de ser evitado”, apelou. Para a fonte, há avanços significativos em termos de liberdade de imprensa no país, apontando, por exemplo, não haver nenhum jornalista preso em Angola no exercício da sua profissão. Mas Rodrigo Fontoura nota um recuo pelo facto de vários órgãos de comunicação social privados estarem a encerrar por dificuldades financeiras, uma situação que considera confrangedora e preocupante para o país, tendo em conta o número de profissionais que empregam.

Jornalistas reconhecem liberdade de imprensa no novo Governo Hoje celebra-se o Dia Mundial da liberdade de imprensa e, em alusão à data, OPAÍS ouviu a opinião de vários profissionais da comunicação social sobre os avanços e recuos do jornalismo em Angola nos últimos anos Ireneu Mujoco

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jornalista Rodrigo Fontoura, Editor-chefe da Rádio Cuanza-Norte, sobre a data, disse haver mais exercício do jornalismo em termos de liberdade de imprensa em Angola, com a abertura de mais rádios, jornais e televisões, apesar das dificuldades financeiras que alguns órgãos enfrentam, numa altera em que o país vive uma recessão económica que vem desde 2014. Em breve conversa com este jornal, o jornalista acrescentou que o novo Governo, saído das eleições

gerais de 2017, é mais aberto quanto à imprensa, ao contrário do anterior. Segundo este profissional com 22 anos de exercício jornalístico, em qualquer parte do mundo a liberdade de imprensa não se “oferece de bandeja, mas conquistase, reforçando que os jornalistas angolanos têm vindo a conquistar esta liberdade, com maior ou menor dificuldade. Com base nesta nova governação, de acordo ainda com o jornalista, as fontes institucionais abriram-se mais, deixando o argumento de não se poder falar “por falta de autorização superior”. Entretanto, o jornalista reprovou a atitude de abuso de imprensa de alguns órgãos de comunicação

que atropelam a ética e a deontologia profissionais, instrumentos importantes para a feitura de um jornalismo imparcial. “Quando vou a Luanda, vejo

(...) em qualquer parte do mundo a liberdade de imprensa não se “oferece de bandeja, mas conquista-se”

Mudança de governo foi um alívio Já o jornalista e presidente do MISA-Angola, André Mussamo, considera que foram feitos alguns progressos, mas não a um nível que “nos conforte e dizermos que finalmente o país entrou em clima desejável”, disse inicialmente. “O último grande parâmetro de comparação costuma a ser a mudança de inquilino na Cidade Alta. Desde 2017, parece que o degelo foi maior. Vimos um exercício desta liberdade fundamental em moldes nunca antes vistos desde o recrudescer da guerra pós eleições de 1992”, sustentou. Segundo André Mussamo, muitos não quiseram acreditar ver rostos “proibidos” e ouvir vozes “proibidas” na media pública, re-

conhecendo que o novo Governo do Presidente da República João Lourenço deu uma “lufada de ar fresco”. “Era expectável que a caminhada prosseguisse a passo célere. Infelizmente, desencantamo-nos quando vimos uma certa tendência de novo gelo”, afirmou o jornalista. Para Mussamo, antigo jornalista da Rádio Nacional de Angola (RNA), é necessária a tomada de consciência (todos os interessados na liberdade de imprensa), alertando que numa democracia nada é de graça. “É hora de juntarmos sinergias e pressionar para que a pequena janela que se abriu não volte a fechar-se”, disse, defendendo ser necessário colocar alguma pressão no poder político, que aponta como estando a manter as suas regras na operacionalização do que concerne à liberdade de imprensa. A diferença no ranking dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), com a Namíbia ou África do Sul, dois membros nossos parceiros na SADC e consequentemente concorrentes na geoestratégia regional, deveria dizer muito para a elite política, acrescenta “O que estamos a fazer de tão mau para levarmos a tareia dos nossos vizinhos nesta diferença tão abismal?”, questionou-se, tendo apelado ao Governo a ter a comunicação social como parceira.

Apoios aos órgãos privados Por sua vez o jornalista André Pinto, director provincial da Comunicação Social no Moxico, chamado a fazer uma avaliação, sustentou ser necessário que a missão de informar e de ser informado se coadune com os termos do artigo 40º da Constituição da República de Angola (CRA). Disse notar avanços desde de 2018 no domínio da comunicação social referentes à abertura das fontes, deixando para trás as “ordens superiores” que congelavam muitas vezes as solicitações do jornalista sobre matérias consideradas sensíveis. O mandato do Presidente da República João Lourenço, segundo André Pinto, foi marcado no seu primeiro ano com conferências conjuntas no Palácio da Cidade Alta, entre os órgãos de comunicação social públicos e privados, facto que “merece o reconhecimento de todos os profissionais da comunicação social”. Na sua óptica, os órgãos de comunicação social, sobretudo os privados, devem ser “estimulados e não marginalizados” sob a acusação de serem potenciais agentes da desestabilização política e confusão que ocorre nas redes sociais. Refira-se que o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é celebrado todos os anos a 3 de Maio. Instituído a 20 de Dezembro de 1993 com base numa decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas e no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, consagra também o Dia da Declaração de Windhoek.


sociedade

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O PAÍS Domingo, 03 de Maio de 2020

Juiz volta a ser impedido de transpor cerca sanitária, apesar da “blindagem” da Magistratura Judicial

A questão do Imposto Sucessório é o assunto mais quente no debate na Assembleia Nacional

O juiz da Comarca de Moçâmedes, província do Namibe, Januário Linda Catengo, havia sido dispensado, a seu pedido, por apenas dez dias úteis, a contar de 30 de Março, de acordo com um documento a que OPAÍS teve acesso. Porém, acabou por ficar mais de um mês em Luanda Paulo Sérgio

J

anuário Catengo foi, ontem, novamente impedido de transpor a cerca sanitária decretada no âmbito do estado de emergência, no momento em que seguia para a sua área de jurisdição numa viatura protocolar do juiz-presidente do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ) escoltada por um batedor da Polícia Nacional. Antes de seguir viagem, o magistrado foi recebido na sede do CSMJ, na qual recebeu uma declaração da Comissão Multisectorial de Combate à Covid-19 que o autorizava a seguir viagem, revelou uma fonte ao OPAÍS. À saída da reunião, Januário Catengo foi filmado supostamente por um dos seus pares, a subir na viatura protocolar, de marca Toyota Lande Cruiser, modelo V8. Tendo à sua disposição um agente, que lhe abriu a parta, o motorista e um agente da Polícia de Trânsito. O vídeo foi vazado nas redes sociais com a mensagem de que o

juiz-presidente Joel Leonardo disponibilizara tais meios para que o magistrado fosse levado para a sua área de jurisdição com a merecida dignidade, por não ter viatura atribuída. De acordo com uma outra fonte, do Ministério do Interior, foi suspenso temporariamente o serviço de escolta motorizada a Joel Leonardo, na qualidade responsável máximo do poder judicial em Angola, uma vez que a motorizada é da Polícia Nacional e o serviço de batedor não é transmissível e visa escoltar somente a si. A Associação dos Juízes de Angola (AJA) protestou com veemência o facto de o Ministério do Interior, na pessoa do seu director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa (GCII), Waldemar José, ter anunciado publicamente que o juiz Januário Catengo havia sido “retido” na Quinta-feira, por ter violado a cerca sanitária imposta pelo Decreto Presidencial nº 120/20 de 24 de Abril. O presidente da AJA, Adalberto Gonçalves, diz, numa nota de imprensa a que OPAÍS teve acesso, que a forma como o assunto foi tratado representa um claro atentado à Função Judicial e ao direito à privacidade do magistrado judicial visado. Desabafa que os magistrados judiciais, nas suas áreas de jurisdição, têm sido alvos de constrangimentos causados por agentes afectos à Polícia Nacional, que nas suas interpelações ignoram o passe de identificação dos juízes, em que constam as imunidades e prerrogativas legais, exigindo, em contrapartida e sem qualquer justificação, que os juízes se façam acompanhar de credenciais. Esclarece que o magistrado judicial visado teve a necessidade de se deslocar a Luanda com o escopo de beneficiar de tratamento médico, já na vigência do estado de emergência, tendo, inclusive, sido portador de um processo cuja decisão foi sujeita a recurso, que deu entrada no Tribunal Supremo. De acordo com Adalberto Gonçalves, para o efeito, Januário Catengo foi autorizado pelo juiz-presidente em exercício da Comarca do Namibe e que não apresentou o cartão de identificação da função no momento em que foi abordado por efectivos da Polícia Nacional, no camião em que seguia, por ainda dele não dispor. Neste contexto, apresentou um documento em que costa o despacho que autoriza a sua deslocação a capital do país. “Por se tratar de um juiz que iniciou funções recentemente,


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não se faz acompanhar do cartão de identificação da função, cuja emissão compete ao CSMJ, pelo que, na sua interpelação identificou-se apresentando o documento em que consta o despacho a coberto do qual se deslocou”. Juiz pediu dispensa de dez dias úteis a contar de 30 de Março No entanto, OPAÍS teve acesso a aludida carta, datada de 24 de Março, na qual o magistrado judicial solicita a autorização para se deslocar a Luanda, esclarecendo que seria para consulta de oftalmologia e tratar de assuntos de saúde relacionados com a sua progenitora que carece de cuidados redobrados. No entanto, solicita a dispensa por dez dias úteis, a contar do dia 30 de Março. Para sustentar a tese de que o magistrado judicial estava a trabalhar, mesmo doente, Adalberto Gonçalves diz que após o tratamento médico diligenciou no sentido de retornar para sua jurisdição. Pretendia, deste modo, retomar o exercício das suas funções em processos que lhe estão distribuídos, especialmente aqueles que

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a coberto da resolução do CSMJ deveriam merecer atenção neste período, como os de réus presos. Explicou que como ele não dispõe de viatura oficial atribuída para o exercício de funções, como prevê o Estatuto dos Magistrados, viu-se aquele forçado a socorrerse dos únicos transportes que excepcionalmente podem circular durante a vigência da cerca sanitária, isto é, veículo de transporte de mercadorias. Pediu uma boleia até Benguela a um motorista de um camião de marca Volvo, contentorizado, que é seu conhecido, e este aceitou transportá-lo gratuitamente. Diz que o camião transportava 40 toneladas de mercadoria em contentor selado, não sendo verdadeira a informação posta a circular segundo a qual o magistrado tentava passar escondido na carroçaria, entre a mercadoria. “Que do que a AJA apurou, trata-se de um camião cavalo de força com trailer contentorizado, pelo que, na sua cabine, além do seu motorista, ia apenas o magistrado judicial visado”, garante.

“A lei é para ser aplicada a todos os cidadãos”

AJA diz existir conflito de interesses O presidente da AJA reconhece a possibilidade de existirem conflitos de interesses em relação às informações prestadas pelas autoridades à sociedade na luta contra a Covid-19. Razão pela qual alerta às autoridades que mesmo na vigência do estado de emergência se deve pautar pelo rigor, isenção, verdade e proporcionalidade. “Não podendo, de forma alguma, negligenciar a necessária ponderação, quando houver conflitos de direitos e interesses públicos entre si e destes com interesses particulares, o que deve ser visto à luz das soluções jurídico-legais para potenciais conflitos de interesses ou direitos”. No entender de Adalberto Gonçalves, a forma como o subcomissário Waldemar José passou a mensagem, na conferência de imprensa referida, “não só coloca em causa a dignidade da função judicial, como também viola o direito à privacidade do magistrado, enquanto pessoa humana, cuja identidade foi revelada de forma gratuita e despropositada”. No entanto, este não foi o único cujo nome foi tornado público na mesma ocasião. Foi revelado que o ex-ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente República, Frederico Cardoso, também foi retido por violar a cerca sanitária. “A AJA não tem dúvidas de que a forma como a informação foi prestada cria consequências nefastas para a imagem e a credibilidade do Poder Judicial, pois as imunidades e as prerrogativas dos Magistrados Judiciais (…), não são consagrados como um privilégio do Magistrado, mas sim como uma garantia da Função Judicial, só podendo, por esta razão, ser limitada nos termos e de acordo com os formalismos legais existentes”. Por outro lado, manifesta que a o objectivo que se pretendia alcançar com a divulgação da informação não seria prejudicado se a identidade do seu filiado fosse preservada, invocando tratar-se de uma prorrogativa constitucional.

“Vai aqui o alerta a todos os cidadãos: a lei é para ser aplicada a todos os cidadãos, sem excepção. Princípio de igualdade. Aqueles que violarem as disposições legais nos próximos dias, independente da sua qualidade, da sua posição, estatutos, a lei será aplicada conforme e em função do grau da infracção que cometer”, alertou Waldemar José na Quinta-feira. Segundo ele, se tem registado grande fluxo de movimentos de cidadãos, o que constitui violação à lei do levantamento da cerca sanitária. Esta estabelece o levantamento a nível provincial, tem o propósito do exercício da actividade comercial e não para questões de lazer, visita familiar ou outros assuntos que não seja o exercício comercial. Fez saber que foi verificado nas 17 províncias um fluxo de movimento fora do âmbito normal, razões pelas quais começaram desde ontem, a adoptar algumas medidas de confinamento e verificação de quem, efectivamente, está em condições de circular nessas províncias. “O mais estranho é que no dia de hoje, e com alguma preocupação lamentamos dizer isso, até entidades do aparelho de Estado. Algumas até já foram, representaram e dirigiram determinados ministérios e, pela sua magnitude, deveriam ser exemplo para os demais cidadãos, desobedeceram” contou. Em seu entender, tais entidades deveriam servir de exemplo, pelo que deviam abster-se desse tipo de medidas. Anunciou ainda que entrar e sair de Luanda tornou-se um negócio que para muitos está a render. Em consequência, muitos cidadãos estão detidos e serão apresentados nos próximos dias.


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sociedade

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Famílias desfavorecidas da Ilha recebem máscaras da Fundação Arte e Cultura A Fundação Arte e Cultura, através do seu projecto “Costura para Todos”, está a produzir máscaras para as famílias desfavorecidas da Ilha de Luanda, como forma de diminuir a pressão da Covid-19 sobre o já elevado custo de vida que têm de enfrentar

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uma primeira fase, a distribuição das máscaras de pano, reutilizáveis, contará com a parceria da Administração comunal, que vai disponibilizar um técnico de saúde para ajudar a passar a mensagem sobre a doença.

Com um total de 200 máscaras, agora, a fundação cadastrará outras famílias que carecem de ajuda para posteriores acções. Segundo o director para a área social da fundação, Xavier Narciso, mais do que distribuir máscaras às famílias desfavorecidas, querem informá-las sobre a Covid-19, principalmente sobre o

modo como a máscara deve ser usada e outros cuidados a ter para evitar a contaminação. Não pretendem ficar apenas pela Ilha de Luanda, pois, em cada actuação irão identificar novas zonas com famílias desfavorecidas. “O projecto “Costura para Todos”, da Fundação Arte e Cultura, está voltado para a formação

em empreendedorismo de mulheres, dedicadas, na sua maioria, ao trabalho doméstico. É este projecto que accionamos para produzir as máscaras que são distribuídas”, diz. A Fundação tem criadas as condições para que as pessoas possam, a partir de casa, produzir máscaras. Para o efeito, estarão

disponíveis dois profissionais, cada um com uma máquina de costura e as matérias-primas necessárias para facilitar o trabalho. A produção das máscaras será encabeçada pelo professor de corte e costura do Centro da Fundação, Kuzolo Kuanzambi Samuel, “Tchoboli”. Sobre o projecto “Costura para Todos” O projecto “Costura para Todos” nasceu em 2019, na Ilha de Luanda, e é uma réplica do projecto Etu Voci (expressão em língua Umbundo que significa “todos nós”) que se resume no sentimento de partilha comunitária deste projecto de empreendedorismo. A iniciativa consiste em proporcionar formação técnica em corte e costura a raparigas e mulheres, visando a aprendizagem de um novo ofício, permitindolhes alcançar, não só a segurança financeira, mas, também, a confiança que resulta da capacitação. Peças de vestuário, bolsas e outros acessórios femininos são confeccionados e comercializados por um grupo de mulheres motivadas a prosseguir com o projecto, buscando crescente aprimoramento profissional. A Fundação Arte e Cultura, que dirige o projecto, tem o seu forte na inserção social das famílias em situação de grande vulnerabilidade e no apoio às artes e à cultura angolana. Recentemente, inaugurou o Cento Cultural e sede na Ilha de Luanda, onde centenas de crianças e adolescentes participam nas mais diversas áreas de formação, como as artes plásticas, o artesanato e corte e costura; a música, nomeadamente guitarra, piano, percussão e canto; a dança, o ioga e a ginástica; a superação escolar e a informática, entre outras actividades.


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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PROTEGER?

Tendo sido reportados já 35 casos em Angola, com duas mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:

1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

Jorge António

“É impossível prever quando estará normalizado o mundo” Cineasta e produtor da Companhia de Dança Contemporânea de Angola, Jorge António admite que será muito complicado repor toda a programação e impossível prever quando o mundo estará normalizado. Antes de ter sido decretado o estado de emergência em todo o país, a CDC estava a trabalhar na sua nova criação, uma coreografia de Ana Clara Guerra Marques com a coreógrafa do Burkina Fasso Irène Tassembédo, e que será retomada tão logo a situação esteja melhorada Augusto Nunes

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cineasta e produtor da Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDC Angola), Jorge António, afirmou, a OPAÍS, que é impossível prever quando estará o mundo normalizado e quando se poderá viajar e ter acesso às salas de espectáculo.

Jorge António lamentou o facto de muitas companhias e artistas estarem neste momento a atravessar uma fase muito crítica em termos de sobrevivência por causa da Covid-19. O produtor acrescentou que desta forma será muito complicado repor toda a programação. Adiantou que antes de ter sido decretado o estado de emergência em todo o país, a CDC estava a trabalhar na sua nova criação, uma coreografia de Ana Clara Guerra Marques com a coreógrafa do Burkina Fasso Irène Tassembédo, e que será retomada tão logo as condições estejammelhoradas. Salientou que a referida Companhia estava a equacionar o convite e a celebração do seu dia em Kinshasa (RDC), num Festival Internacional de Dança, mas por causa da situação que o mundo está a viver, da pandemia Covid-19, foi forçada a cancelar tudo. O produtor adiantou igualmente que no quadro da tournée que teria iniciado no próximo mês de Junho, pela Europa, os espectáculos ocorreriam em França e Portugal, num circuito de teatros nobres e importantes em Paris, Montpellier, Braga e Lisboa. Prejuízos Do ponto de vista artístico e económico, Jorge António realçou que os prejuízos são enormes para a única companhia profissional em Angola e toda a dinâmica que isso acarreta. De acordo com o produtor, “basta analisarmos o que se está a passar em todo o mundo com os cancelamentos de todos os espectáculos. São danos irreparáveis para a classe artística, que,


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Aventura de Astérix e Obélix nunca antes publicada em álbum chega às livrarias em Outubro Escrita por René Goscinny e ilustrada por Albert Uderzo, a história “O Menir de Ouro” foi disponibilizada em formato livro-disco em 1967. Em Outubro, será publicada em álbum pela primeira vez

à partida, já é muito frágil”, desabafou. “Muitas companhias e muitos artistas estão a sobreviver com dificuldades. Será muito complicado repor toda a programação. É impossível prever quando estará o mundo normalizado”. Neste momento, segundo o produtor, os integrantes da CDC Angola estão a cumprir as normas emanadas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o distanciamento social, mantendo a forma e a sua postura física através das aulas ministradas pela professora Ana Clara enviadas por links, sejam pelo WhatsApp ou Facebook, ou outras formas digitais. “Tal como a campanha que fizemos nas plataformas digitais alertando para a prevenção do Covid-19, pensamos agora fazer (disponibilizar) através das redes sociais alguma divulgação do nosso trabalho”. Questionado sobre a mensagem que gostaria de deixar ao público angolano e aos fãs no exterior neste período de quarentema, Jorge António concentrou-se numa acção de encorajamento assente na esperança no combate ao Covid 19. “Sinto também que a maioria da população não está a perceber, nem a acatar as orientações do Governo e dos profissionais de saúde no que diz respeito à prevenção e à necessidade de se cumprir regras apertadas, pois o perigo de contágio é muito elevado”. Aos fãs, amigos da CDC Angola e público em geral, apelou por paciência e que tudo isto irá passar, tendo acrescentado que a CDC Angola, que caminha para o seu 29º aniversário de existência e habituada a estar sempre na trinchei-

ra da luta pelo profissionalismo e valorização da arte em geral e dança enquanto forma artística, voltará, seguramente, mais forte, com novas propostas e novos espectáculos. A Companhia A Companhia de Dança Contemporânea de Angola, fundada em 1991, edificou, através de um percurso de inovação e singularidade, uma história exclusiva que faz dela um colectivo histórico e único, num contexto artístico que permanece frágil, conservador e fortemente cunhado pelas danças patrimoniais e recreativas urbanas e pela ausência de um movimento de criação de autor no plano da dança. Provocando uma ruptura estética na cena da dança angolana e tornando-se, em 2009, uma companhia de Dança Inclusiva, a CDC Angola inaugurou o regime de temporadas, criando assim uma linha de trabalho. A CDC tem procurado a sua internacionalização como forma de validação do seu trabalho no exterior do país, onde é reconhecido. Além das apresentações no país, já partilhou os seus espectáculos com 15 países e 31 cidades, em África, na América, na Europa e na Ásia, onde foi vivamente aplaudida. Divulgar, surpreender, ensinar, provocar e contribuir para a educação estética do público, trazendo-o à apreciação das artes são os grandes objectivos desta companhia angolana, para o que complementa a sua acção artística com a realização de workshops, seminários, palestras, encontros, aulas abertas e outros programas de educação e divulgação da dança.

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ma história escrita por René Goscinny e ilustrada por Albert Uderzo, nunca antes lançada em álbum, vai ser publicada pela primeira vez a 21 de Outubro, anunciou a ASA na Segunda-feira. Intitulada O Menir de Ouro, esta aventura de Astérix e Obélix envolvendo um concurso de bardos, foi disponibilizada em formato livro-disco em 1967, caindo depois no esquecimento. Surge agora recuperada e restaurada pelos colaboradores de Urdezo, que supervisionou o processo em finais de 2019. O Menir de Ouro acompanha um concurso de canto de bardos gauleses, no qual Cacofonix decidiu participar e cujo prémio final é o Menir de Ouro. “Para o protegerem neste certame seguido de perto pelos romanos, Astérix e Obélix ficam encarregados de o acompanhar: eles não devem perder Cacofonix de vista, mesmo correndo o risco de… ficarem surdos!” Esta edição tem como ponto de partida as ilustrações digitalizadas a partir do livro-disco de 1967, que foram restauradas pelos colaboradores de Urdezo, num processo acompanhado de perto pelo mesmo. “O mais difícil foi sem dúvida eliminar a trama da impressão, preservando na íntegra os maravilhosos traços a tinta de Albert Uderzo. Efetuaram igualmente uma actualização e uma calibragem das cores fiel ao acabamento vintage original”, referiu a ASA, a editora responsável pela publicação das histórias de Astérix em Portugal, em comunicado. A publicação do livro será acompanhada por um áudio, que ficará disponível para

ser descarregado a partir da Internet. “Escrita com a vivacidade narrativa de René Goscinny propositadamente para uma gravação áudio e ilustrada com a mestria gráfica de Albert Uderzo propositadamente para o livreto que acompanhava o disco, é uma verdadeira joia a redescobrir. Ela bem merecia ser valorizada, juntando-se a partir de agora à colecção de álbuns ilustrados de Astérix”, concluiu a ASA. O álbum ilustrado de O Menir de Ouro terá sido um dos últimos projectos em que Urdezo participou. O ilustrador morreu de ataque cardíaco a 24 de Março deste ano, aos 92 anos.

Albert Uderzo criou Astérix — a história de uma irredutível aldeia de gauleses que conseguem evitar a conquista pelos romanos graças à poção mágica que o druida Panoramix prepara — em 1959, juntamente com o escritor e argumentista René Goscinny. Trabalhavam em conjunto na série durante cerca de 20 anos, até à morte de Goscinny, que morreu inesperadamente em novembro de 1977, aos 51 anos, de ataque cardíaco. O último álbum em que o argumentista participou, Astérix entre os Belgas, saiu em 1979. O último álbum que Uderzo ilustrou saiu em 2009.


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OPINIÃO

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Reflexão

HAMILTON ARTES

O discurso literário infanto-juvenil angolano: um dispositivo da tradição oral na construção da identidade cultural

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oralidade para escrita em que a dimensão pedagógica; moral; educacional; a cosmovisão de comunidade; de solidariedade encerram, quase sempre, o corpo da narrativa. Porém, é óbvio que as variantes que concorrem para que uma narrativa seja literária devem fazer-se presente na construção e na materialização do discurso literário infanto-juvenil. O discurso literário infanto-juvenil é, sobretudo, a representação simbólica e imaginária das diferentes culturas que compõem o mosaico etnocultural angolano. Por enquanto, a presente leitura sobre o Discurso Literário Infanto-Juvenil como Dispositivo da Tradição Oral na Construção da Identidade Cultural é apenas um

fragmento do estudo que estamos a desenvolver. Em suma, que todo discurso literário seja uma construção, mesmo que se assente em rupturas, quer nas estruturas; na construção semântica; na cosmovisão produtiva. Se olharmos para crise de valores que Angola enfrenta. Por exemplo, a desobediência ao Estado de Emergência face ao Covid-19, não se trata simplesmente dos problemas estruturantes e funcionais que conhecemos e sim também pela falta de identidade cultural como matriz orientadora, unificadora e de conscientização colectiva.

to, ao desdobramento dos conceitos que perfazem a razão do presente desafio conteudístico. A produção do discurso literário infanto-juvenil na construção da identidade cultural terá de prezar pela estética, obviamente para que seja um discurso literário, pela moral e pela ética para que agregue valores humanos nos variados estágios de assimilação e absolvição dos modus operantes das culturas de cada povo por parte das crianças/adolescentes. Assim sendo, entendermos que a produção do discurso literário seja a cosmovisão dos diferentes agentes da instituição literatura. A imitação por se configurar num dos pilares dos distintos processos de

aprendizagem, de inserção e convívio social entre as crianças/adolescentes, que muitas vezes, enraíza-se de tal forma no subconsciente das mesmas que acaba por definir os mecanismos de socialização e de aceitação cultural. Por isso, todo discurso literário infanto-juvenil que alimenta estereótipos; que fomenta a desconstrução identitária; que pregue o mito da superioridade cultural ou rácica cava substancialmente fossos imagináveis no inconsciente das diferentes esteiras na descoberta, formação e construção da personalidade das crianças/ adolescentes. Entende-se por discurso literário infanto-juvenil como sendo o conjunto de textos que, na maior parte das vezes, partem da

LUTO

BIBLIOTECAS

BELEZA

LIVROS

Tony Allen o baterista e criador do afrobeat morre aos 79 anos

Livrarias de rua abrem esta Segunda-feira em Portugal

L’Oréal anuncia plano de apoio aos salões de beleza

Megxit em livro de Harry e Meghan e deve sair em Agosto

Queen e Adam Lambert criam versão de “We are the champions” contra o Covid-19

Tony Allen foi o baterista e director musical do seu compatriota Fela Kuti, durante as décadas de 1960 e 1970, com a colaboração a resultar na origem do género musical afrobeat, uma mistura dos estilos jazz, funk, highlife e yorubá, que se tornou uma das correntes fundamentais da música africana do Século XX. Morreu na última Quinta-feira em Paris, aos 79 anos, o músico nigeriano Tony Allen, baterista e criador do género musical afrobeat. Juntamente com Fela Kuti e o grupo África 70, Tony Allen gravou cerca de 40 álbuns, antes da separação dos dois nigerianos, após 26 anos de colaboração. O músico britânico Brian Eno apelidou Tony Allen como “o melhor baterista de todos os tempos”.

As livrarias de rua em Portugal reabrem nesta Segunda-feira, mas ainda não está esclarecido se há condicionantes, como a obrigatoriedade de uso de máscaras, disse o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL). A única coisa que ainda não está esclarecida relativamente à reabertura das livrarias de rua é se vai haver condicionantes, como o uso de máscara, afirmou o responsável, defendendo que este “deveria ser obrigatório”. João Alvim adiantou que na Quinta-feira deverá receber do Ministério da Cultura as indicações que faltam sobre as regras para a reabertura das livrarias.

A Divisão dos Produtos Profissionais da L’Oréal anunciou na passada Quinta-feira um plano de apoio à reabertura dos cabeleireiros portugueses, autorizada pelo Governo a partir da próxima Segunda-feira. Em todo o país, este departamento da multinacional francesa irá distribuir (a preço de custo) entre 170.000 e 250.000 máscaras pelos seus salões parceiros, cerca de 3.000 em todo o território português. Quanto ao álcool gel, produto que a própria empresa se tem dedicado a fabricar, existem 15 mil unidades (de 400 ml) disponíveis para distribuição gratuita e 25 mil prontas a entrar em catálogo para serem adquiridas por profissionais, numa segunda fase da reabertura do sector.

Escrita por dois jornalistas, mas com a colaboração do casal, a biografia dos Sussex deve sair já em Agosto. A editora ainda não confirmou, mas o livro já se adivinha um best-seller. A notícia foi avançada pelo Mail on Sunday. A biografia dos Sussex está mesmo a caminho e, segundo o jornal britânico, os autores terão contado com a colaboração de Harry e Meghan na base factual do livro. Para já, o título provisório parece ser Thoroughly Modern Royals: The Real World Of Harry And Meghan (algo como Uma Realeza Completamente Moderna: O Verdadeiro Mundo de Harry e Meghan). O livro está nas mãos de Omid Scobie e de Carolyn Durand, ambos jornalistas.

Os elementos da banda Queen e o cantor americano Adam Lambert decidiram homenagear os profissionais de saúde que combatem diariamente o novo Coronavírus, com a gravação de uma nova versão do tema “We are the champions”, que celebrizou o grupo que tinha como vocalista Freddy Mercury. A nova versão apresenta uma ligeira mudança no tempo, sendo agora “You are the champions” (Vocês são os campeões). Bryan May e Roger Taylor, membros dos Queen, e Adam Lambert gravaram o tema em vídeo cada um na sua casa, respeitando o confinamento domiciliário por causa do Covid-19. O tema foi lançado esta Sexta-feira em todos os serviços de streaming e de download.

omeçaríamos a nossa abordagem com uma proposição centrada na retórica, por exemplo, como lidar com um discurso literário infanto-juvenil que subjugue os hábitos e costumes de um povo? A presente comunicação surge de uma guisa de reflexões sobre a funcionalidade do Discurso Literário Infanto-Juvenil como Dispositivo da Tradição Oral na Construção da Identidade Cultural. A prior, deve-se desconstruir a tese em volta da mistificação da inferioridade literária. Por outro, não faremos recurso, por enquan-

*Escritor e Crítico Literário

homenagem



Economia

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dr

Luandenses saíram mais à rua em Abril para compras Comprar o que comer, mesmo com preços cada vez mais proibitivos, continua a ser a principal razão de saída de casa dos residentes na capital angolana, que agora começam a sentir-se “preocupados, cansados e saturados” diante das consequências da Covid-19

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m total de 97% de inquiridos em Luanda afirma que “desde o início em Março do estado de emergência” alterou a forma como faz compras. Os luandenses “passaram a comprar menos quantidade” (62%) mas, em simultâneo, a “gastar mais”. Os que compram menos e gastam mais justificaram a situação com o aumento dos preços (98%), enquanto ou-

tros afirmaram que deixaram de comprar a grosso ou em sociedade com vizinhos, modalidades em que os preços são mais acessíveis. O total de cidadãos que ia às compras no início do mês passado correspondia a 81% do total de inquiridos, cifra que se manteve até ao último dia do mês de Abril, ficando demonstrado que esta é uma das principais razões que motivaram os luandenses a sair de casa nos últimos 30 dias.

A televisão continua a ser o media predilecto dos luandenses nesta estado de confinamento. No início de Abril eram 82% os que preferiam o pequeno ecran para, preferencialmente ver noticias, e este número aumentou para 87% no final de Abril. A Marktest (autora do estudo) perguntou aos inquiridos quanto ao seu estado de espirito. De uma forma geral, os luandenses continuam a estar “preocupados”

O receio de ser contaminado (43%) e a falta de alimentos (15%) são as duas situações que melhor traduzem o estado de espirito dos luandenses

diante da pandemia da Covid-19 (55%), enquanto uma franja está “confiante” (38%), e outros ainda ansiosos ou stressados (31%) e cansados ou saturados (14%). O receio de ser contaminado (43%) e a falta de alimentos (15%) são as duas situações que melhor traduzem o estado de espirito dos luandenses. A sondagem foi realizada pela Marktest Angola sobre um universo de população residente na província de Luanda com 15 ou mais anos, numa amostra de 300 entrevistas com recurso às bases de contactos telefónicos da empresa. A recolha da informação ocorreu entre os dias 28 e 30 de Abril de 2020 e os resultados publicados a 1 de Maio de 2020.


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Cabinda com duas incubadoras para produção de pintos A província de Cabinda vai produzir nos

próximos dias dois mil e cinquenta pintos, no âmbito dos projectos do Governo inserido na cadeia de valores e combate à fome e à pobreza

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uas incubadoras estão já instaladas no Centro de Formação Cidadela Jovem do Futuro, na comuna de Dinge, com capacidade de produção de dois mil e 100 ovos. Os pintos a serem produzidos serão distribuídos aos ex-militares que se dedicam ao campo, bem como a famílias do meio rural para melhorarem a sua dieta alimentar e o rendimento familiar. Na sua recente visita de campo ao município de Cacongo, cerca de 45 quilómetros a Norte de Cabinda, o governador Marcos Nhunga enalteceu os esforços e o progresso da actividade agrícola e da criação de animais e aves na circunscrição, referindo que a província tem condições para a produção de ovos e pin-

tos localmente. Marcos Nhunga visitou também o campo agrícola de Mandarim, com 54 hectares, onde serão instaladas as infra-estruturas de tipo naves para alojar as galinhas poedeiras, bem como a variedade de mudas de frutas para distribuir aos camponeses, que vão beneficiar de entre 50 a 100 galinhas. O município de Cacongo é o que mais produz na província nas variedades de bananas, que tem sido exportada para a vizinha cidade congolesa de PontaNegra, para além dos cítricos (laranjas, tangerinas e limão), tubérculos como mandioca, batatas doce e yambe, bem como de feijão macunde. O sector da agricultura em Cabinda está a trabalhar no fomento da avicultura, suinocultura e ciprinicultura.

Covid-19: Matala reabre mercado com apertadas medidas de segurança A administração municipal da Matala, na Huíla, reabriu ontem, Sábado, o mercado, com apertadas medidas de

prevenção, exigindo aos vendedores de bens essenciais e aos clientes o uso de máscaras e a disponibilidade de água e sabão à entrada do recinto

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referido mercado esteve encerrado por um mês, para ajustes na organização dos vendedores e criação de medidas preventivas contra a Covid-19. Em declarações à Angop, os vendedores afirmaram que os três dias concedidos para a comercialização permitem prevenir-se da Covid-19 e minimizar o sofrimento de muitas famílias que dependem do mercado. O primeiro dia registou uma considerada movimentação de pessoas, mas o cumprimento das

medidas de prevenção da Covid-19 esteve na ordem do dia. O comerciante Paulo José disse que os três dias que o Governo deu para reabrir o mercado conferem dignidade ao município, pois há espaço para vender algumas mercadorias em segurança e minimizar o sofrimento de pessoas que dependem exclusivamente do mercado para sobreviver. O mesmo ponto de vista é defendido por Luísa Augusto, que pede ainda às autoridades para impedirem os que não observem tais pressupostos de aceder ao mercado.

Já o administrador municipal da Matala, Miguel Vicente, informou que o mercado informal da localidade recebeu quatro moto-cisternas que têm estado apoiar os comerciantes das seis às 15 horas. Indicou que todas as unidades sanitárias do município possuem sistemas de distribuição de água potável, razão pela qual os responsáveis foram orientados a levar água às comunidades mais carentes. O município da Matala dista 180 quilómetros a Leste do Lubango e tem uma população estimada em mais de 305 mil habitantes.


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O PAÍS Domingo, 03 de Maio de 2020

O ambiente de negócios em Angola O Índice de Competitividade Global de 2019 classificou Angola como o 136º país mais competitivo do mundo. O desempenho representa a melhoria de uma posição face a classificação anterior, numa avaliação de 141 países. Em termos comparativos, Angola fica melhor posicionada face a Moçambique, República Democrática do Congo e Chade, enquanto a Nigéria e África do Sul, as duas maiores economias da África Subsariana, ocupam a posição 116 (-1 posição) e 60 (+7 posições), respectivamente. dr

O

Índice de percepção da corrupção de Angola fixou-se em 146 pontos. O desempenho representa uma melhoria de 19 posições, reflexo das reformas institucionais em curso no país. A classificação que avalia 180 países, revela que o país tem definido medidas de políticas para redução dos níveis de corrupção e aumentado a abertura e transparência nos processos. O combate à corrupção em Angola é uma das prioridadeS no actual Governo, sendo que o OGE 2020 reservou 0,4% do total (1,3 mil milhões Kz, acima dos 107,7 milhões de 2019), para o reforço do combate ao crime económico, financeiro e à corrupção. O BNA abriu parcialmente a Conta Financeira e de Capital de Angola, em linha com a estratégia de maior abertura da economia, mediante a publicação do Aviso n° 15/2019, que aprova os procedimentos das operações de investimento que envolvem os não residentes cambiais. O documento define as modalidades e critérios para realização de operações cambiais referentes a entrada e saída do investimento externo – Investimento directo e de carteira -, fora do sector petrolífero. A medida deverá impulsionar a atractividade e contribuir para o aumento dos investimentos directo e em carteira no país.

O Estado deverá despender 117,29 milhões Kz, para impulsionar a produtividade da economia. O montante definido no OGE está acima dos 13,6 milhões Kz definidos no ano anterior, e está em linha com a estratégia do Governo de impulsionar a produti-

vidade dos factores de produção da economia. Importa ressaltar que, a produtividade dos factores da economia, segundo dados do The Economist fixou-se em –0,6% em Dezembro de 2019, acima dos -3,3% de 2018, o que poderá ser reflexo da baixa qualidade do capi-

tal humana – reduzida oferta de serviços de saúde, educação - dos factores de trabalho e do reduzido investimento em infra-estruturas de apoio ao desenvolvimento – Infra-estruturas rodoviárias, portuárias, aeroportuárias -, fundamentais à recuperação do cresci-

mento da economia. O Indicador de Clima Económico manteve-se em terreno negativo no IVº trimestre de 2019. O indicador fixou-se em -4 pontos, o nível de confiança na economia compara com desempenho do trimestre homólogo que se fixou em -12 pontos. O desempenho representa uma melhoria de 3 pontos em comparação ao trimestre anterior. A contribuir para o desempenho está o aumento da confiança nos sectores do Turismo, Indústria Extractiva, Comunicação e Comércio. A dificuldade no acesso ao crédito, associada à reduzida procura interna e a reduzida oferta de matériasprimas, condicionaram as expectativas dos investidores. A captação de IDE aumentou 7,7% em termos homólogos no IVº trimestre de 2019. O montante fixou-se em 2.216,8 milhões USD acima dos 2.059,3 milhões USD do trimestre homólogo. Em termos desagradados, o sector não petrolífero captou 160,5 e o petrolífero 2.056 milhões USD, o que representa, em termos homólogos, uma contracção de 2,46% e aumento de 8,53%, respectivamente. Os níveis de captação de investimento externo continuam a ser penalizados pelos baixos níveis de preços do petróleo e a reduzida competitividade da economia.


OPINIÃO

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JOSÉ FARIA

REFLEXÃO DO JURISTA JOSÉ FARIA FACE A DITA RETENÇÃO DE UM JUIZ dr

A

tento a dita “retenção do Juiz em Pleno Estado de Emergência”, Salvo melhor entendimento, não obstante não se confundir imunidades com o direito de circulação porquanto, se não vejamos; O dicionário de Língua Portuguesa de Alfredo Camacho, define “imunidade como privilégio de estar isento, isenção”, por um lado; Por outro lado, o Dicionário Jurídico Brasileiro de Terminologia Jurídica de Washington dos Santos define imunidade (Lat. immunitate) como “o direito, privilégio ou vantagens que determinadas pessoas desfrutam devido o exercício de cargo ou função”, vide pág 119 do Dicionário Jurídico acima referido. Com efeito, a imunidade é um conceito e ao mesmo tempo instituto jurídico bastante amplo que não abrange somente as questões penais. Aliás, a imunidade é uma garantia constitucional dada a uma determinada pessoa com a finalidade de salvaguardar o funcionamento adequado deste sujeito, permitindo desempenhar as suas tarefas sem interferências

externas indevidas. Assim, a imunidade abrange todas as questões inerentes a vida do Sujeito desde as imunidades ligadas às questões penais, como as imunidades inerente a vida social da pessoa. À título de exemplo, a prioridade que se dá a um Juiz de ser atendido com prioridade numa instituição bancária ou num posto de combustível ou ainda em estabelecimentos similares... Ora, no caso em tela do Juiz que foi retido como disse o porta Voz da PN, as alíneas a) e b) do n 5 do artigo 58 da Constituição são bastantes claras e cristalinas quando vêm nos dizer que “Em caso algum a declaração do estado de guerra, do estado de sítio ou do estado de emergência pode afectar: a) a aplicação das regras constitucionais relativas à competência e ao funcionamento dos órgãos de soberania; b) os direitos e imunidades dos membros dos órgãos de soberania. No mesmo sentido, as alíneas a), b), c), d), e), f) g), h), i) e j) todas do n 2 do artigo 5 do Decreto Presidencial n 120/20, de 24 de Abril que prorroga o Estado de Emergência estabelece as exceções das

limitações do direito de circulação, quando determina que são permitidas as deslocações necessárias e urgentes quando se tratar de aquisição de bens e serviços essenciais, prestação de serviços autorizados a funcionar, busca de serviços a funcionar, exercício da actividade laboral, para cidadãos com vínculos laborais abertos durante o Estado de emergência, obtenção de cuidado de saúde, entrega de bens alimentares ou medicamentos ao domicílio, assistência a pessoa vulnerável, participação em ação de voluntariado, participação em actos públicos em Instituições de funcionamento e retorno ao domicílio. Nesta conformidade, o Juiz em causa é parte integrante de um órgão de soberania, no caso o Tribunal, gozando por isso de imunidades, incluindo a imunidade do direito a circulação em Estado de Emergência, porquanto, é justamente nesta fase que os Juízes, Procuradores e Advogados têm desempenhado as suas actividade laborais, por via das suas intervenções nos processos de natureza penal (julgamentos de processos sumários) e nos processos de na-

tureza civil (providências cautelares, pensão de alimentos e outros). Aliás, se assim não fosse como poderiam os Tribunais julgarem, os procuradores acusarem, promoverem e os Advogados defenderem os cidadãos indiciados nos crimes de violação das normas que decretaram e prorrogaram o Estado de emergência ? Claramente seria impossível, tendo em conta, por inerência destas funções, elas são exercidas em todo território nacional, por um lado; Por outro lado, para além do Estado de emergência não suspender os direitos e imunidades dos membros dos órgãos de soberania, como é o direito e imunidade de circulação do Juiz, previsto na norma constitucional já referenciada, a própria norma que prorroga o Estado de emergência permite que o Juiz enquanto cidadão retorne ao domicílio profissional para exercer as suas funções na plenitude e não só..., ex vi alínea j) do n 2 do artigo 5 do Decreto Presidencial n 120/20, de 24 de Abril. Daí que, em momento algum, o Juiz poderia ser retido... De referir que o termo jurídico retenção não é aplicável às pessoas,

mas sim às coisas, logo, salvo opinião encontrario, o Juiz nunca deveria ser retido. Outrossim, o Decreto Presidencial não pode contrariar a Constituição da República de Angola, sob pena deste decreto ser considerado inconstitucional. Portanto, com o decretamento do estado de emergência não foram suspensos os direitos e imunidades dos membros dos órgãos de soberania como é o caso do Juiz, sendo Por isso possível a sua circulação, incluindo outros órgãos que intervêm na Administração da Justiça (procuradores, Advogados e Oficiais de Justiça). Em termos globais, ao serem referenciados o nome do Juiz e do ex secretário de estado na praça pública (órgãos de comunicação social) constitui clara violação aos direitos ao bom-nome, reputação, imagem e a reserva da vida privada, ex vi artigo 32 n 1 da CRA, até porque o facto de não ter sido levantado nenhum auto de notícia é prova bastante que não foram violadas nenhuma norma inerente ao estado de emergência.


Mundo

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Bolsonaro volta a atacar Moro nas redes sociais e chama ex-ministro de ‘Judas’ O Presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar duramente o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Sergio Moro, insinuando que o ex-aliado o teria traído, sem levar adiante as investigações sobre a facada dada no Presidente por Adélio Bispo por altura da campanha eleitoral

B

olsonaro usou as suas contas no Facebook e Twitter para divulgar um vídeo em que uma pessoa diz ter identificado vozes de outras pessoas que falariam com Adélio no momento do crime. “Os mandantes estão em Brasília?”, questiona Bolsonaro, nas publicações. “O Judas, que hoje deporá, interferiu para que não se investigasse?”, pergunta o Presidente, referindo-se a Moro, que neste Sábado, 2, prestou depoimento à Polícia Federal e à Procuradoria Geral da União. “Nada farei que não esteja de acordo com a Constituição. Mas também NÃO ADMITIREI que façam contra MIM e ao nosso Brasil passando por cima da mesma Constituição. Ninguém vai querer dar o golpe para cima de mim, não”, escreveu Bolsonaro. O caso de Adélio Bispo já teve

dr

uma investigação feita pela Polícia Federal brasileira e concluída em 2018, que apontou que não houve apoio externo à sua tentativa de matar Bolsonaro. Uma segunda investigação foi aberta e tem apontado para o mesmo caminho. Bolsonaro insiste que foi vítima de uma acção planeada e que haveria terceiras pessoas ligadas ao atentado. Na manhã deste Sábado, 2, Bolsonaro deixou o Palácio do Alvorada sem falar com a imprensa. A apoiantes que estavam na entrada do local, disse que não será alvo de nenhum “golpe” no seu governo. “Ninguém vai fazer nada ao arrepio da Constituição”, afirmou o Presidente. “Ninguém vai querer dar o golpe para cima de mim, não”, declarou. Após o comentário, Bolsonaro entrou no carro e partiu. A assessoria do Presidente não informou o seu destino ao deixar o Alvorada.

Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro

Entre protestos, Moro chega depôs na sede da Polícia Federal brasileira

O

ex-ministro brasileiro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro chegou por volta das 13h50 (horário local), deste Sábado (2), na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, para prestar depoimento no inquérito que investiga as suas acusações contra o Presidente Jair Bolsonaro. A previsão era que o depoimento começasse às 14h. No local, o ex-juiz federal foi recebido por um grupo de manifestantes contra e a seu favor. Na ocasião, houve princípio de tumulto, mas a Polícia Militar (PM) conseguiu conter os ânimos de pelo menos 100 pessoas, usando um cordão de isolamento. Apesar da intervenção, um cinegrafista da RIC TV, afiliada da TV Record, chegou a ser agredido por um dos manifestantes. Eles estavam reunidos com faixas, cartazes, carro de

som e gritavam palavras de ordem. Moro terá sido questionado sobre as acusações que fez a Bolsonaro quando anunciou a sua saída do Governo, há uma semana. Na data, o ex-ministro disse que Bolsonaro tentou interferir no trabalho da Polícia Federal e em inquéritos relacionados a familiares. Ontem, na sua conta no Twitter, o Presidente Jair Bolsonaro classificou Moro como “Judas” e relembrou o episódio em que foi esfaqueado durante a campanha eleitoral de 2018. “Os mandantes estão em Brasília? O Judas, que hoje deporá, interferiu para que não se investigasse? Nada farei que não esteja de acordo com a Constituição. Mas também NÃO ADMITIREI que façam contra MIM e ao nosso Brasil passando por cima da mesma”, escreveu Bolsonaro. ANSA

dr

Sérgio Moro, juiz, foi ministro do Governo de Bolsonaro e agora estão em rota de colisão


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Papa pede união para governantes superarem pandemia do coronavírus O Papa disse na missa matinal deste Sábado (2), celebrada na capela da casa onde vive, que quer os líderes próximos para o bem do povo

O Tentativa de fuga de prisão na Venezuela resulta em 46 mortos Organização não-governamental Observatório Venezuela de Prisões garante que se tratou de um “massacre” depois de um “motim” por causa da falta de condições

O

número de mortes registadas durante uma tentativa de fuga ocorrida na Sexta-feira, no Centro Penitenciário de Los Llanos (Cepella), na Venezuela, subiu de 17 para 46, segundo dados divulgados neste Sábado. Os dados do Observatório Venezuela de Prisões (OVP) indicam ainda mais de 60 feridos, ao mesmo tempo que questiona a versão oficial dos acontecimentos e fala de um “massacre” e de “um motim”. “Até agora está confirmada a entrada de 46 cadáveres na área forense de Guanare [no Estado venezuelano de Portuguesa, 430 quilómetros a Sudoeste de Caracas]. Os familiares estão atentos, no local, e acompanhamos a situação dentro da prisão”, disse aos jornalistas a diretora do OVC. Carolina Girón exige das autoridades “uma investigação exaustiva sobre o massacre em Cepella, cuja duvidosa primeira versão [oficial] é de que, em plena luz do dia, pelas 13h00 [hora local, 18h00 de Sexta-feira, em Luanda], os presos tentaram fugir pela porta principal da prisão”. A responsável pelo observatório precisou ainda que “os feridos causaram o colapso da área

de urgências do Hospital Dr. Miguel Oraá de Cuanare”. A Oposição venezuelana responsabiliza o Governo do Presidente, Nicolás Maduro, pelo ocorrido, e diz que os venezuelanos estão em perigo de vida. “Em Guanare vemos um novo massacre numa prisão do nosso país, sob o controlo e a responsabilidade da ditadura. Enquanto [o regime] continuar a usurpar funções, a vida de todos os venezuelanos está em risco”, escreveu no Twitter o líder da oposição Juan Guaidó. A deputada opositora Delsa Solorzano, vice-presidente do Grupo Latino-americano e das Caraíbas de União Interparlamentar, atribui o sucedido “a uma amostra da incapacidade do regime” para solucionar a crise nas prisões. “Desde há meses que denunciamos as precárias condições dos centros de reclusão do país. A sobrelotação nas prisões e as condições precárias a que submetem os presos na Venezuela são violações claras dos Direitos Humanos, que devem ser garantidos pelo Estado em todas as circunstâncias”, escreveu na sua conta na rede social Twitter. Delsa Solorzano denuncia que “a gerência encarregada dos assuntos penitenciários tem sido ab-

solutamente serviçal à estrutura criminosa do poder que reina nas instalações prisionais e que substituiu o Estado na obrigação de custodiar as prisões na Venezuela”. As primeiras versões davam conta, na Sexta-feira, de que pelo menos 17 pessoas tinham morrido e outras nove ficado feridas, durante uma tentativa de fuga do Centro Penitenciário de Los Llanos (Cepella). As versões iniciais também davam conta de que os presos teriam atacado os oficiais da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) que guardam as áreas externas do Cepella, desencadeando momentos de violência. Segundo a ministra venezuelana de Serviço Penitenciário, Iris Varela, entre os feridos está o director da prisão, Carlos Toro, que terá sido agredido “com uma arma branca” pelos detidos. O diretor da prisão estaria a tentar falar com os detidos quando foi agredido. Após a agressão, os presos terão rebentado as grades de segurança para fugirem. Segundo o diário venezuelano Últimas Notícias, a tenente Escarlet González Arenas foi ferida por fragmentos de uma granada.

Papa Francisco pediu neste Sábado (2) aos governantes de todo o mundo que demonstrem unidade diante das diferenças e que eles ajudem os seus povos a superarem a actual crise do novo Coronavírus. “Rezamos hoje pelos governantes, que têm a responsabilidade de cuidar dos seus povos nestes tempos de crise”, disse Francisco na missa matinal que celebra todos os dias na capela da sua casa, no Vaticano. Ele afirmou que rezou pelos chefes de Estado, presidentes, legisladores e prefeitos (presidentes de câmara) para que tenham força ‘porque o trabalho

não é fácil’. “Para que, quando houver diferenças, eles entendam que em tempos de crise devem estar muito próximos para o bem do povo, porque a unidade é superior ao conflito”, analisou o pontífice. O Papa também se referiu à necessidade de os fiéis perseverarem a sua fé em tempos de crise, ‘que são momentos de escolha que nos colocam diante de decisões que precisam ser tomadas’. “Pode haver muitas crises, na família, no trabalho, no mundo, e essa pandemia é um momento de crise social”, disse Francisco. Globo


actual

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O PAÍS Domingo, 03 de Maio de 2020

Covid-19: Mercados do Uíge ignoram medidas de prevenção DANIEL MIGUEL

Os vendedores dos mercados formais e

ção por parte dos compradores, ao passo que as vendedoras, na sua maioria, não usam máscaras, luvas, e nem higienizam as mãos quando atendem os clientes. Cenário similar constata-se no Mercado Municipal (Praça Grande), situado no centro da cidade, nos informais do Mbenba Ngango, Dunga, Bairro 14, Rotunda do Songo, Parte Braço, e nos demais pequenos espaços de venda ambulante. A Angop não conseguiu contactar as autoridades locais para uma abordagem sobre a falta de cumprimento, por parte dos vendedores, de um conjunto de medidas higio-sanitárias contra a Covid-19. No entanto, as vendedoras dos mercados da cidade do Uíge estão a cumprir a norma dos três dias úteis para venda dos produtos (terças, quintas e sábados).

informais da cidade do Uíge continuam a ignorar as medidas de prevenção contra a Covid-19 orientadas no quadro do prolongamento do estado de emergência, como as do distanciamento social, pontos de água para lavagem das mãos e uso regular de máscaras ANGOP

N

o mercado a céu aberto na zona Sul da capital provincial, no bairro Kilala, a desordem tem sido visível, associada ao reduzido efectivo de agentes da ordem pública e de fiscalização do mercado para ajudarem a repor

às normas e a legalidade no local. No referido espaço, o ligeiro distanciamento verifica-se apenas nas áreas das hortofrutícolas e alimentos, enquanto que na dos utensílios de uso doméstico como bacias, baldes, pratos, vestuários, entre outros bens, o amontoado de pessoas é mais acentuado. Quanto ao uso de máscaras, observa-se mais a sua utiliza-

Falta material de biossegurança no Zaire

A

s farmácias em funcionamento na cidade de Mbanza Kongo, província do Zaire, estão sem capacidade para responder à crescente procura por material de biossegurança contra a Covid-19 por parte dos munícipes. Nota-se a escassez de material de protecção individual como álcool gel, máscaras e luvas cirúrgicas nas farmácias, situação atribuída a uma suposta carência no mercado de origem, Luanda. Apenas uma das oito farmácias visitadas pela reportagem da ANGOP tem disponível álcool gel, com o frasco de 200 ml a ser comercializado a mil e 300 Kwanzas. Para contrapor a escassez de álcool e álcool em gel, os munícipes estão a usar a solução de lixívia para a desinfecção das mãos, assim como a recorrem a alfaiatarias para a confecção de máscaras de tecido.

O munícipe Eduardo Kiangebeni, 27 anos de idade, entende ser mais económico o uso da lixívia para a desinfecção das

mãos do que o álcool em gel, bem como as máscaras artesanais no lugar das descartáveis. A mesma opinião é de Suzana

Ndonda, afirmando que se poupa mais dinheiro comprando uma garrafa de lixívia, a preço de mil e 200 Kwanzas, que cheDR

ga para preparar nove litros de solução desinfectante, do que um frasco de álcool gel de 200 ml a mil e 300 Kwanzas. Sobre máscaras caseiras, concorda também que são mais recomendáveis do que as descartáveis em termos de custos e benefício, embora reconheça a falta de qualidade de alguns tecidos que estão a ser utilizados para a sua produção. A lavagem das mãos, desinfecção com álcool gel ou solução de lixívia, o uso de máscaras faciais em locais públicos, isolamento social, assim como o distanciamento são as principais medidas de protecção contra a pandemia do novo Coronavírus que têm sido recomendadas pelas autoridades sanitárias. As autoridades sanitárias entendem que estas recomendações são necessárias para se cortar a cadeia de transmissão da Covid-19 no país e impedir que este vírus se propague nas comunidades.



desporto

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O PAÍS Domingo, 03 de Maio de 2020

Treinadores de andebol apostam na formação online Segundo o técnico, o certame aconteceu no formato supracitado devido à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Edgar Neto reconheceu que a interacção com técnicos do Brasil foi positiva, porque os brasileiros primeiro fazem a dissertação e no fim há o momento de perguntas e respostas. O também adjunto da equipa sénior feminina de andebol do Petro de Luanda revelou que os conteúdos oferecidos pelos prelectores são bons, o que está a levar à interacção entre todos por mais de duas horas. “Este é um trabalho que vamos continuar a fazer. Temos, para esta semana, agendada está formação com especialistas das terras do ‘Samba’ e na próxima semana vamos realizar outras acções”, garantiu. Aproveitando o confinamento, Edgar Neto assegurou que a associação continuar a trabalhar em plataformas digitais, pois quem sai a ganhar é o andebol, uma das modalidades com mais títulos em África.

A formação sobre

andebol para os treinadores angolanos, ministrada por prelectores brasileiros, online, mereceu atenção de todos os participantes Mário Silva

O

porta-voz da Associação Nacional de Treinadores de andebol, Edgar Neto, disse que acção formativa que terminou ontem, online, com prelectores brasileiros, vai contribuir para o desenvolvimento da modalidade no país.

Venâncio Camacho concorda com a anulação do Girabola

O

presidente da Associação Provincial de Futebol da Lunda-Norte, Venâncio Camacho, disse que concorda com a anulação do Girabola 2019/2020. Por causa da Covid-19, pandemia que continua a assolar o mundo, decidiu-se que o Girabola fosse terminado, sob consenso dos presidentes de clubes em prova. Com isto, o responsável adiantou que a decisão foi regular, porque tiveram a obrigação de manter o respeito pelas medidas de prevenção e segurança ante a pandemia. Assim, os clubes têm a obrigação de manter os níveis e controlar a preparação da

próxima temporada, uma vez que se anulou a presente. Venâncio Camacho é de opinião que não se podia continuar o Campeonato Nacional, porque a pandemia é invisível e continua a travar o mundo. A Lunda-Norte, neste momento, espera que a Federação Angolana de Futebol (FAF) sinta a obrigação de definir os clubes que vão participar na Taça Nelson Mandela. Com o fecho do Girabola, o Sagrada Esperança da Lunda-Norte, Interclube e o Bravos do Maquis do Moxico são os clubes osbre os quais que a Federação vai decidir quem vai às Afrotaças. O Interclube já anunciou declinar.


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Mike Tyson negoceia canábis para as camisolas do Everton

dr

298 russos em situação suspeita

A A

Swissx, empresa de distribuição de produtos derivados de canábis que pertence ao antigo pugilista Mike Tyson, está em negociações com Everton com o objectivo de patrocinar a camisola do clube de Liverpool. “Estamos em contactos com o Everton para ficar com a frente das camisolas. Eles contactaram-

me e propuseram um design com o logotipo da Swissx em azul. Não sou particularmente fã, mas parece-me bem”, revelou ao Insider o milionário grego Alki David, parceiro de Mike Tyson na empresa. Fã confesso dos toffees, Alki David explicou a aposta no clube de Goodison Park: “Quando vim para Inglaterra,

todos apoiavam o Manchester United e o Liverpool, toda eram vermelhos. Eu gosto de azul e gostei do logotipo, por isso, escolhi apoiar o Everton” “For a Higher God” (Para um bem superior) é o slogan da Swissx que terá também tentado negociar o ‘naming’ do Nou Camp, estádio do Barcelona.

Cavani tem choruda proposta para o Atlético de Madrid

E

m fim de contrato com o Paris Saint-Germain, Edinson Cavani poderá, a partir da próxima temporada, vestir a camisola do Atlético Madrid. De acordo com o Mundo Deportivo, o avançado uruguaio tem em mãos uma proposta de dois anos dos colchoneros, onde poderia receber 12 milhões de euros em cada um deles. Cavani está em Paris desde 2013 e esta temporada apontou sete golos em 22 jogos.

Agência Mundial Antidopagem (WADA) concluiu o relatório de investigação à RUSADA, agência russa de controlo antidoping. A informação, distribuída por 24 Terabytes de ficheiros informáticos, aponta para a existência de 298 atletas russos em situação suspeita, o que pode ir desde dados alterados a informa-

ções incompletas e até a erros de laboratório, para além, claro, de casos de doping. Dos 298 atletas sob suspeita (27 modalidades), 145 já no passado tinham tido resultados positivos e foram, em parte, responsáveis pela suspensão da Rússia por oito anos. Esta é a maior operação de controlo antidopagem de sempre da WADA.

Arranque da próxima temporada pode ficar para Dezembro

A

inda suspensa, a NBA não tem data para regressar e essa situação leva, inevitavelmente, a um atraso no planeamento da próxima temporada. A liga norteamericana de basquetebol quer arrancar 2020/21 com adeptos e as primeiras projecções, ainda sem certezas, apontam para

Dezembro. Para isso, a ideia passa por recomeçar esta época para se concluir, o mais tarde, em Setembro ou Outubro. As discussões estão ainda em fase embrionária, mas o planeamento para 2020/21 prevê um regresso antes do Natal e que termine em meados de Julho ou Agosto.


TEMPO

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O PAÍS Domingo, 03 de Maio de 2020

Fonte: INAMET Das 18 horas do dia 01 às 18 horas do dia 03 de Maio de 2020. REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu parcialmente nublado, apresentando-se nublado durante a madrugada e manhã nas províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Cuanza-Norte, Lunda-Norte e Lunda-Sul. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca a moderada, acompanhada, por vezes, de trovoada, em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Lunda-Norte e Lunda-Sul. Possibilidade de ocorrência de chuvisco ou chuva fraca, acompanha, por vezes, de trovoada, em alguns municípios das províncias de Luanda e Bengo.

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES Válida de 03 A 05 de Maio de 2020 INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 03 á 05 Maio de 2020 Data 03/05/2020

CIDADE

Mín

Data 04/05/2020

Estado do Tempo

Máx

Mín

Máx

Estado do Tempo

Data 05/05/2020 Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

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Céu parcialmente, chuvisco.

24

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Céu parcial nublado/chuva fraca.

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Parcialmente nublado, chuva fraca.

CABINDA

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Céu parcialmente nublado, chuva, trovoada.

25

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Céu parcialmente nublado, chuva.

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Parcial nublado, chuva moderada.

SUMBE

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Parcialmente nublado, chuvisco.

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Céu parcialmente nublado, chuvisco.

22

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CAXITO

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Parcialmente nublado, chuva.

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Parcial nublado, chuva.

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Parcialmente nublado, chuvisco/chuva.

MBANZA CONGO

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Parcialmente nublado, chuva moderada/trovoada.

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Parcial nublado, chuva moderada.

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Parcialmente nublado, chuva moderada.

UIGE

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Parcialmente nublado, chuva moderada/trovoada.

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Céu parcial nublado, chuva fraca.

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Parcialmente nublado, chuva moderada.

NDALATANDO

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Parcialmente nublado, chuva /trovoada.

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Céu parcialmente nublado, chuvisco.

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Parcialmente nublado, chuvisco/chuva.

MALANJE

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Parcialmente nublado, chuva /trovoada.

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Céu parcialmente nublado/chuvisco.

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Parcialmente nublado, chuvisco/chuva.

DUNDO

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Parcialmente nublado, chuva moderada.

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Parcial nublado, chuva moderada.

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Parcialmente nublado, chuva moderada.

SAURIMO

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Parcialmente nublado, chuva fraca á moderada.

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Céu parcialmente nublado.

20

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Parcialmente nublado, chuva moderada.

BENGUELA

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Céu pouco nublado ou limpo.

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Parcialmente nublado.

19

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Parcialmente nublado.

HUAMBO

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Céu pouco nublado ou limpo.

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Céu pouco nublado ou limpo.

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Céu pouco nublado ou limpo.

CUITO

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Céu pouco nublado ou limpo.

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Céu pouco nublado ou limpo.

14

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Céu pouco nublado ou limpo.

LUENA

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Céu pouco nublado ou limpo.

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Céu pouco nublado ou limpo.

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28

Céu pouco nublado ou limpo.

LUBANGO

11

30

Céu parcialmente nublado por vezes limpo.

18

29

Céu pouco nublado ou limpo.

18

29

Céu pouco nublado ou limpo.

MENONGUE

16

30

Céu parcialmente nublado.

19

29

Céu pouco nublado ou limpo.

19

29

Céu pouco nublado ou limpo.

MOÇÂMEDES

19

34

Céu pouco nublado ou limpo.

22

33

Céu limpo.

22

31

Céu Limpo.

ONDJIVA

16

32

Céu pouco nublado ou limpo.

16

32

Céu Limpo.

16

30

Céu Limpo.

Parcial nublado, chuva moderada.

REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu parcialmente nublado, apresentando-se pouco nublado durante a tarde. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu parcialmente nublado, apresentando-se pouco nublado durante a tarde.

Meteorologistas: Tucaiana Lauriano e Lúcia Yola C. Fernando Luanda, 02 de Maio de 2020 Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

TEMPO no mar

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 02/05/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 03/05/2020.

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIADE02 DE MAIOE DE 2020: INSTITUTO NACIONAL METEOROLOGIA GEOFÍSICA – INAMET

Nacional de Previsão doparalelos Tempo Circulação fraca a muito fraca de Sul aCentro Sudoeste entre os 4°S e 18°S (Cabinda ao Namibe).

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ ÀS 18:00 UTC DO DIA 03 DE MAIO DE 2020: AVISO : SEM AVISO 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIA 02 DE MAIO DE 2020:

CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.

Circulação fraco a muito fresco de Sul a Sudoeste entre os paralelos 4°S e 18°S(Cabinda a Namibe).

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 UTC DO DIA 03 DE MAIO DE 2020: AVISO : SEM AVISO.

REGIÃO

VENTO

ESTADO DO TEMPO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

O Antíciclone de Santa Helena irá deslocar-se gradativamente para Leste nas proximas 24horas com pressão central variando de 1020hPa a 1025hPa, influenciando, assim, no padrão e intencidade do vento. Prevê-se estado do mar agitado, com ondas de 1.8 até 2.0 metros de altura, da região marítima de Cabinda a Benguela , sendo agitado a muito agitado na região marítima do Namibe, com a altura das ondas de 2.0 a 2.6 metros mais a Sul da região.

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Nublado Chuvisco

Sul

09

Até 1.8

Agitado

Moderada a Boa (Superior a 7)

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)

Nublado Chuvisco

Sul

09

Até 1.8

Agitado

Moderada a Boa (Superior a 7)

Geralmente limpo

SulSudoeste

10

Até 2.0

Agitado

Boa (Superior a 9)

Namibe (14°S – 18°S)

Geralmente limpo

SulSudoeste

20 á 24

2.0 até 2.6

Agitado á Muito agitado

Boa (Superior a 10)


O PAĂ?S Domingo, 03 de Maio de 2020

emprego

imobiliĂĄrio

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diversos


OPINIÃO

O PAÍS Domingo, 03 de Maio de 2020

30

João Shang

Os vírus causam ódio, ganância, ignorância e estigmatização nos países ocidentais

O

surgimento do Covid-19 declarou 2020 como um ano doloroso e inesquecível na história da humanidade. Mais de 3 milhões de pessoas no mundo foram infectadas pelo novo coronavírus e 250 mil morreram. Essa praga do século expôs os seres humanos aos perigos dos vírus e, ao mesmo tempo, levou a economia global a uma enorme crise. Seja no leste ou no oeste do mundo, os políticos ou pessoas comuns estão envoltas pelo medo do vírus de Covid-19. No esforço global de luta contra o novo coronavírus, sempre pode-se ver diferentes perspectivas sobre prevenção e tratamento e diferentes entendimentos sobre o vírus. Parece que a Covid-19 é um enorme espelho que captura claramente todos os continentes, países, regiões e até todos os povos. Quando as pessoas não compreendem completamente o vírus, elas geram medo, ódio, ganância e ignorância. Esses fatores dividem direta ou indiretamente essa aldeia global em inúmeras grades de branco e negro. No início da Covid-19 a cidade Wuhan, China, tornou-se o foco da atenção mundial. Inicialmente, os chineses implementaram as mais rigorosas medidas de prevenção e controle do vírus. O povo chinês respondeu ativamente ao pedido do governo por quarentena para impedir a propagação de novo coronavírus. Enquanto a China respondia ativamente à pandemia, notificou oportunamente a Organização Mundial da Saúde e os países ocidentais sobre medidas de prevenção e controle do vírus e medidas de resposta. Era originalmente uma pandemia global que deveria ser combatida e evitada no mundo. No entanto, aos olhos de determinados líderes e políticos mundiais, tornou-se uma ferramenta para atacar e difamar outros países. Nesta altura, a tornou-se nula a possibilidade de o combate contra a Covid-19 ser feita em grupo em todo o mundo. Mutas pessoas, influenciados pelos referidos líderes, preferiram responder aos apelos com ódio, culpando outros paí-

ses ou minorias étnicas. O ódio continua a se reproduzir e se espalhar na epidemia Nos primeiros dias do surto, os Estados Unidos e alguns países ocidentais não ajudaram a China. Ao invés disso, fizeram acusações com grosseria inescrupulosa. A China continuou a procurar a melhor forma de combater a epidemia. Descobriu uma maneira adequada: usar máscaras, quarentena em casa e controlar estritamente a concentração das pessoas. São essas rigorosas e até severas medidas de prevenção de epidemias que reduziram a letalidade do vírus para 2%. Para muitas pessoas, essas experiências valiosas são dignas de referência para os Estados Unidos e os países ocidentais. No entanto, a China e o Ocidente escolhem caminhos diferentes para combater a epidemia, e também vão contra em muitas questões relacionadas à prevenção de epidemias. A China escolhe a prevenção e controle rigoroso, enquanto alguns países ocidentais escolhem a “Teoria da imunização comunidade”, que leva diretamente a uma alta taxa de mortalidade. Políticas diferentes de prevenção de epidemias têm resultados diferentes, mas os Estados Unidos e os países ocidentais querem suportar as consequências da epidemia acusando os chineses. Chegaram a promover publicamente aos eleitores locais que a China deveria “pagar” pela epidemia. Esses políticos e líderes que apostaram em atacar e desacreditar as políticas da China, investiram forte no discurso de que há ódio entre a população local na China e os países africanos. Isso afetou bastante a produção local e as operações vivas dos chineses. O ódio, entretanto, não é formado apenas entre o Ocidente e a China, mesmo entre países europeus e americanos, porque a luta por materiais de prevenção também gera muitos mal-entendidos e conflitos, de modo que a relação entre eles também tornou-se enferrujado. Quando as pessoas enfrentam coisas desconhecidas, deve haver contradições e medos em nossos corações. Na contradição e no me-

do, as coisas originais serão redefinidas e avaliadas. No curto prazo, se as coisas desconhecidas não puderem ser julgadas como se desenvolvendo, elas serão negadas, o que causará ódio. Ao mesmo tempo, a confiança entre as pessoas se tornou muito frágil. Em meados de abril, o governo cubano enviou uma equipe de 10 especialistas em saúde a Angola, para assistência médica. No entanto, em 28 de abril, Angola anunciou oficialmente que uma médica cubano era positivo de Covid-19. Originalmente, os médicos cubanos prestavam serviços médicos gratuitos e de alta qualidade a Angola com um espírito humanitário, mas a infecção pelo vírus tornou os cubanos alvo de ataques de alguns extremistas locais. Eles espalharam discursos de ódio nas mídias sociais, alegando que não precisam de médicos cubanos, e pediram que deixassem Angola imediatamente. Para esse tipo de observação extrema, as pessoas sentem triste e ainda mais decepcionadas. Ódio significa que alguns jovens ignorantes não sabem pensar de forma independente sob a propaganda arbitrária da mídia ocidental. No entanto, eles espalham a “pseudo-verdade” que receberam dos Mídias Sociais. Essas consultas de informações sobre “pseudo-verdade” também trouxeram pensamentos extremos para mais pessoas: abuso e ódio. A ganância torna políticos europeus e americanos obcecados com direitos de voto A palavra ganância não é apenas para o desejo individual de dinheiro, o desejo de poder dos políticos pode se tornar ganância. O surto e a propagação da epidemia de Covid-19 nos países europeus e americanos têm um ótimo relacionamento com a ganância política de políticos e líderes. Eles são bons em usar o conceito livre e a mente aberta das pessoas comuns e não controlam estritamente a epidemia. Muitas pessoas não usam máscaras ou tomam medidas antiepidémicas no estágio inicial da epidemia. Quando a epidemia na Europa e nos Estados Unidos agravou, os políticos pararam para jogar uma carta calorosa aos

eleitores e, ao mesmo tempo, acusaram a China. Diante de uma epidemia séria, políticos gananciosos não colocaram a vida das pessoas em primeiro lugar, mas os interesses de seus partidos e carreiras pessoais. Tudo está funcionando para o apoio dos eleitores: os eleitores gostam de ouvir o que os políticos dizem, em vez de escolher políticas que sejam benéficas para todos os cidadãos. Nos últimos anos, os populistas americanos foram ativos, o unilateralismo e a hegemonia prevaleceram. Com o desejo de satisfazer a ganância de alguns políticos e alguns eleitores no futuro, as políticas formuladas terão um impacto muito sério na economia global e haverá diferenças e conflitos comerciais entre países e regiões. Políticos europeus e americanos gananciosos e inescrupulosos cegamente elogiam e demonstram sua grandeza aos eleitores, como se nunca tivessem cometido erros, mesmo que haja problemas, eles irão se esquivar dos outros. A ignorância produz medo Durante a epidemia da Covid-19, políticos europeus e americanos pareciam ser os eternos protagonistas nesse estágio. Até políticos e líderes que não têm nenhum conhecimento geral de cuidados de saúde vão falar no pódio. Os profissionais e cientistas que realmente dominam a tecnologia de saneamento e anti-epidemia dificilmente podem desempenhar um papel eficaz. Diante de políticos gananciosos, até os cientistas se tornarão um desperdício. Nos últimos anos, o populismo prevaleceu em alguns países ocidentais, e alguns políticos mantêm alta a bandeira do populismo e começam a suprimir economias externas, a fim de obter o apoio dos eleitores de extrema-direita no país. Por esse motivo, eles começaram a desafiar os conceitos básicos da comunidade científica. Por exemplo, alguns políticos acusaram abertamente os cientistas de serem as pessoas de elite mais distantes das pessoas. Portanto, as questões levantadas pelos cientistas sobre o aquecimento global são todas fraudes. Os discursos dos cientistas sobre a epidemia também foram contestados e refutados por alguns políticos. O esfregaço é um truque comum

na mídia ocidental A mídia ocidental difamar e atacar a China se tornou uma batalha da opinião pública. Pode-se dizer que o Ocidente obteve uma vitória completa nesta guerra da mídia sem fumaça. Porque eles são bons em produzir e disseminar vídeos falsos para difamar. Essas informações negativas e falsas se espalharam não apenas na Europa e na América, mas também no continente africano, o parceiro mais amigável da China, e se tornaram um território ocupado pela mídia ocidental. Esta mídia aproveitou a incapacidade do povo africano de entender o chinês e queria produzir e divulgar vídeos que difamam a China. Recentemente, um discurso no Fórum China-África foi produzido por uma má mídia ocidental como um vídeo que difamava a invasão da China ao território africano. Uns poucos usuários africanos do Facebook e Twitter, depois de ver o vídeo, culparam o conteúdo do vídeo sem pensamento independente. Partilharam este vídeo. Existem muitos vídeos falsos semelhantes, que causam grande aborrecimento aos chineses. Mas o que é ainda mais terrível é que a mídia ocidental criou ódio entre o povo da China e da Europa e o povo da China e da África, colocando todos os erros na cabeça dos chineses e fazendo a China assumir a responsabilidade por seus erros.O mundo futuro se tornará imprevisível sob a orientação de políticos unilateralistas e hegemônicos. No século 21, com o rápido desenvolvimento e integração da economia e da ciência humanas, todo o planeta também está se desenvolvendo em direção à globalização. Como temos tecnologia sofisticada e inovação médica, não é difícil superar o Covid-19. No entanto, não importa como a economia se desenvolva e quão avançada seja a tecnologia, toda a humanidade deve confiar, unir, ajudar e amar uma à outra. Somente dessa maneira podemos confiar em nossa própria tecnologia para derrotar o coronavírus. Na sociedade de hoje, nosso maior inimigo não é o próprio vírus. Os demônios reais são as diferenças e os conflitos entre cada um de nossos países, regiões e raças, assim como o ódio, a ganância, a ignorância e as calúnias que surgem entre nós. Escritor, Investigador de KWENDA INSTITUTE


OPINIÃO

O PAÍS Domingo, 03 de Maio de 2020

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Kénia Camotim*

A nossa Transparência! dr

E

sta semana li, algures num jornal, uma história sobre uma menina chamada Lúcia Domingos. A história chamou-me atenção, não por ela ser jovem, mas pelo facto, de dizer que não gostava que lhe chamassem Zungueira e por ter sido audaz e perceber que o pequeno negócio consegue responder às suas necessidades. E falamos de uma jovem que está no 11º ano. Percebeu a importância que dos seus contactos no Facebook para anunciar que elas vendem batata-doce, banana nacional e que podem levar, por encomenda, outras frutas a pedido do interessado. Tudo isto porque tem um telemóvel na mão, disponível

para distribuir a sua informação. Parabéns Lúcia. A Tecnologia anda de mãos dadas com a vontade de criar e ser. Só nos resta a vontade de ensinar e sim, dar ferramentas a estas mulheres que, num futuro próximo, não irão permitir a falta de reconhecimento, por tudo que fazem e pelo que são: “Nano empresárias/os”. Nesta fase em que estamos a viver tantas incertezas, provavelmente uma da maiores que o universo já sentiu, creio que quem trabalha nas ruas (mercado informal) deve ter sentido muito mais, e continuam a sentir. Incertezas estas que acentuam o conflito entre o executivo e as/os Nano empresárias/os. Não

se consegue sentir articulação. Não consigo condenar nem um papel e nem outro. O que sinto é que é altura de começar a trabalhar sobre uma coordenação clara e transparente. Não adianta muitas notícias, muitas palavras bonitas, se de facto não houver uma orientação clara para este mundo tão complexo e tão munido de ferramentas económicas e de sustento familiar. As Nano empresárias/os (Zungueiras) nunca se esconderam, são quem mais batalham diariamente para que a economia em pequena escala funcione (com erros ou sem eles). Lembram-se da Operação resgate? As minhas perguntas para as quais, até hoje, não obtive resposta:

Para que serviu tal operação? Sabem, porque razão tal operação não teve sucesso? Mas, para estas perguntas, há respostas rápidas e de entendimento rápido, mas não para hoje (no próximo artigo, darei a minha opinião sobre a relação falhada entre as Nano Empresárias e a Operação Resgate ). Como é de praxe, nos meus artigos deixo sempre um ponto em aberto que serve de continuidade, para entendermos melhor a dinâmica entre a relação dos agentes económicos nesta esfera do Pequeno negócio, em que a questão da formação, quer ela seja cívica, quer ela seja formatada à medida, é primordial. Para as/os Nano empresárias/

os, sugeria no meu último artigo que o executivo pudesse criar planos de formação e que estes fossem comparticipados (incentivo a fundo perdido por parte do Estado) e como: Planos de formação à medida (algumas sugestões): a) Levantamento de cada actividade/comércio realizado na rua, e a partir deles criar formações direcionadas (à medida); b) Todas as formações serem e estarem devidamente certificadas; c) Aplicar-se uma comparticipação de acordo com o escalão escolar a que cada um/a pertence; d) Este plano de formação deve abranger a todas administrações, onde se determine a importância da presença destes/as Nano Empresários/as para a frequência do curso subvencionado; Sempre que estes Nano empresários/as se sentirem devidamente valorizados com pequenas acções, acredite que mudará a sua consciência e o seu dever cívico junto das comunidades! Não adianta aplicarmos regras e critérios que são determinados pelo executivo se o receptor (Nano empresário/a, que chamamos de Zungueira), nunca entender a mensagem e ficar com a sensação de sempre, isto é, que não valorizamos o seu trabalho, o seu sacrifício. Se ela ou ele não entender o impacto e a consequência de tais actos, porque razão então implementar acções que só trarão desgaste social? Devemos ponderar todas as acções que afectam o quotidiano destas/es Nano-Empresárias/os. Proteja-se e fique em casa! *(Economista)


Última

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O PAÍS Domingo, 03 de Maio de 2020

Detidas 136 pessoas em Portugal por desobediência do estado de emergência A GNR (Guarda Nacional Republicana) e a PSP (Polícia de Segurança Pública) detiveram 136 pessoas por crime de desobediência e encerraram 278 estabelecimentos comerciais, no terceiro período de estado de emergência, até às 18h00 deste Sábado, anunciou o Governo português

dr

O que saber sobre o Coronavírus…

“O

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”.

TSF

O

terceiro período do estado de emergência em Portugal, devido à pandemia da Covid-19, começou às 00h00 de 18 de Abril e terminou às 00h00 de hoje (Domingo). A desde as 00h00 de Domingo, Portugal passou a estar em estado de calamidade, que se traduz na aplicação faseada de medidas de desconfinamento. Adicionalmente, durante um período de três dias, que termina hoje, existiram restrições nas deslocações, com as pessoas a não poderem sair do seu município de residência, salvo em situações excepcionais devidamente comprovadas, como ir trabalhar ou prestar assistência. Das pessoas detidas, 44 foram por desobediência à obrigação de confinamento obrigatório e 60 por desobediência ao dever geral de recolhimento domiciliário, refere o Ministério portu-

guês da Administração Interna num comunicado, assinalando 14 detenções por incumprimento do encerramento de instalações e estabelecimentos. A nota à comunicação social assinala, ainda, 12 detenções por resistência e ou coacção, uma por desobediência ao dever especial de confinamento e outra por desobediência às regras de funcionamento do comércio a retalho. Três pessoas foram detidas por

Das pessoas detidas, 44 foram por desobediência à obrigação de confinamento obrigatório e 60 por desobediência ao dever geral de recolhimento domiciliário

incumprimento das regras de funcionamento na prestação de serviços. O ministério regista também uma detenção por desobediência às restrições de circulação impostas entre Sexta-feira e Domingo. Entre 18 de Abril e ontem (até às 18:00) foram encerrados 278 estabelecimentos por incumprimento das normas estabelecidas. De 22 de Março a 02 de Abril, durante o primeiro estado de emergência, foram detidas 108 pessoas por crime de desobediência e encerrados 1.708 estabelecimentos comerciais. Entre 03 e 17 de Abril, no segundo período do estado de emergência, PSP e GNR detiveram 184 pessoas por crime de desobediência e fecharam 432 estabelecimentos comerciais. Em Portugal, morreram 1.023 pessoas das 25.190 confirmadas como infectadas por Covid-19, e há 1.671 casos recuperados, de acordo com o mais recente balanço da Direção-Geral da Saúde, ontem divulgado.

“O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”.

“Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


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