Jornal OPaís edição 1831 de 08/05/2020

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MÉdICOS CUBANOS TESTAM NEGATIVO PARA A COVId-19

“O PRESIdENTE dA REPÚBLICA dEVE SE dESFAzER dE ALGUMAS INFLUÊNCIAS” Empresário e deputado, Monteiro Kapunga acredita que determinados quadros chamados para o Executivo não deveriam lá estar. E fala mesmo em supostos amigos do Presidente que vão ganhando influência. P. 8

OPAÍS

237 profissionais de saúde cubanos testaram negativo para a Covid-19, sendo que o quadro epidemiológico do país mantém-se com 36 casos confirmados, entre os quais dois óbitos e 11 recuperados, informou, ontem, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda. P.2 Director: José Kaliengue www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @Jornalopaís facebook/opaís.angola

O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA

Edição n.º 1831 Sexta-feira, 08/05/2020 Preço: 40 Kz

Dr

JACINtO FIgUEIrEDO

CONSELHEIROS RECONHECEM dIFICULdAdES NO ESTAdO dE EMERGÊNCIA ● Os conselheiros reunidos ontem, em luanda, sob orientação do

Presidente da república, João lourenço, sugeriram a prorrogação do estado de emergência, mas apelaram para a criação de condições que possibilitem a subsistência das famílias. P. 9

dIABETES

PAÍS TEM 11 ENdOCRINOLOGISTAS PARA 30 MILHÕES dE HABITANTES SOCIEdAdE: Médica endocrinologista do Hospital Militar, Manuela

Sande revelou, ontem, que pacientes diabéticos não controlados têm risco de infecção pelo novo Coronavírus que chega a ser até 10 vezes superior ao das pessoas sem outras doenças associadas. P. 10 af_bai_nahora_imprensa_276x42,733mm_empresa.pdf

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18/11/19

15:05

Banco Millennium Atlantico com contas de exercício 2019 aprovadas ● A instituição bancária teve

um incremento de 12 por cento nos seus lucros em relação a 2018, embora abaixo do previsto face ao contexto actual. P. 18

Andebol tem candidato à vista e chama-se Amaral Júnior ● A modalidade vai conhecer

movimentação nos próximos tempos, antigos “internacionais” e outros agentes estão decididos a apresentar a candidatura de José Amaral Júnior. P. 26


EM FOCO

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O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

lItO CAHONgOlO

Cidadãos continuam a violar quarentenas

Secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda

Médicos cubanos testam negativo para a Covid-19 237 profissionais de saúde cubanos testaram negativo para a Covid-19, sendo que o quadro epidemiológico do país mantém-se com 36 casos confirmados, entre os quais dois óbitos e 11 recuperados, informou, ontem, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda Maria Teixeira

F

ranco Mufinda disse que os profissionais de saúde cubanos, cujos resultados do exame de Covid-19 deu negativo, começaram ontem a ser enviados às províncias do país. “Nesta senda, foram para as províncias da Huíla, Bié, Moxico e Namibe um número de 53 médicos cubanos”, frisou. O restante contingente será encaminhado hoje para as províncias do Bengo, Benguela, Cabin-

da, Cuando Cubango, CuanzaSul, Huambo, Lundas Norte e Sul, Malanje, Uíge e Zaire. Entre os que permaneceram em Luanda, está uma técnica que se encontra a ser assistida pelo facto de estar infectada pela Covida-19. O secretário de Estado para a Saúde Pública declarou, ao apresentar o habitual balanço diário sobre a situação epidemiológica do país, que o estado de saúde dos 23 pacientes activos que se encontram nas unidades de referência é clinicamente estável. Também, prosseguiu o responsável, “Informamos que nas últi-

mas 24 horas não houve alteração dos dados quanto ao registo de casos novos.” Por outro lado, contou que em termos de análises laboratoriais, o Instituto Nacional de Investigação em Saúde conseguiu processar um

“Informamos que nas últimas 24 horas não houve alteração dos dados, quanto ao registo de casos novos”

acumulado de 5. 092 amostras colhidas, das quais 36 são positivas, 4.370 negativas e 686 em processamento. Sobre os casos suspeitos validados, Franco Mufinda apontou três, referindo que estão sob controlo da quarentena institucional 1.139 pessoas. “O acumulado, no que respeita aos casos suspeitos investigados até à data, é de 417 sujeitos. E dos contactos directos e ocasionais seguidos temos 1.007 pessoas”, detalhou. Disse que em termos de transmissão local, o país continua nove casos.

Franco Mufinda anunciou que receberam denúncias de violação de quarentena nas províncias de Benguela, Bengo, Cunene, CuanzaNorte e Huambo, o que mereceu a atenção das autoridades locais. Ao Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) chegaram 145 chamadas relacionadas com pedidos de informação sobre a Covid-19. Entre as actividades realizadas, contou que houve a capacitação dos técnicos de saúde, bem como foi feita a desinfecção dos hospitais e aeroportos. O governante apelou às pessoas a ficarem em casa, a observarem o isolamento social, bem como lavar frequentemente as mãos com água e sabão, usar máscaras e cumprirem com as medidas contidas no Decreto sobre o Estado de Emergência. De realçar que, para a prevenção e combate à propagação da pandemia da Covid-19, o país observa, desde às zero horas de dia 26 de Abril, o terceiro período do estado de emergência, a vigorar até às 23h59 do dia 10 de Maio, cumprindo-se 45 dias consecutivos de isolamento social, com regime excepcional, desta vez com um aliviar das medidas. De recordar que o novo Coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, surgiu na China em Dezembro de 2019. O surto espalhou-se pelo mundo e vitimou milhares de pessoas, tendo levado a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia de alcance global.



4 dESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 8 ‘“ Presidente da república deve se desfazer de algumas influências”

SOCIEdAdE. PÁG. 12 CSSt realizou mais de 280 mil exames médicos obrigatórios.

CARTAz. PÁG. 14 VII Edição do Angola Music Awards já não acontece em Portugal.

ECONOMIA. PÁG. 19 BCI privatizado ainda este ano.

o editorial

O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

HOJE: os números do dia

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Lei e cumprimento

O

estado de emergência vai ser outra vez prorrogado, disto não há dúvidas e também a isto não há alternativas. A realidade objectiva imposta pelo perigo da Civid-19 manda que o Estado tenha todos os cuidados e adopte medidas para salvaguardar a saúde dos seus cidadãos. A realidade objectiva diz também que o cidadão tem necessidades que o levam a desrespeitar as regras do confinamento obrigatório e tem uma relação com a lei e com a noção da ordem que precisa ser repensada e retrabalhada. O Estado está obrigado a afinar afinar as medidas a tomar e também a refazer a sua relação com a sociedade. Porque além das fome, há um sinal forte de divórcio entre o Estado e o cidadão que é preciso levar em conta.

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Não há um problema com a comunidade cigana, o senhor deputado é que tem um problema que já foi de trivela” António Costa Primeiro-ministro de Portugal, a um deputado do partido Chega

Cidadãos vietnamitas, seis dos quais do sexo feminino, foram detidos na tarde de Quarta-feira, na comuna do Missombo, a 18 quilómetros da cidade de Menongue, capital do Cuando Cubango, por desobediência ao estado de emergência, vigente.

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3000

o que foi dito MUNdO. PÁG. 23 Justiça brasileira dá 48 horas a Bolsonaro para divulgar resultados dos seus testes à Covid-19.

Escolas primárias serão construídas nos municípios do Balombo, Catumbela, Baía Farta e Chongoroi, na província de Benguela, durante a primeira fase de implementação do PIIM.

Não tenho dúvidas nenhumas de que abril foi o mês mais dramático desta crise económica” Mário Centeno Ministro das Finanças de Portugal

Mil toneladas de cereais (milho, massango e massambala) estão a ser colhidas na província da Huíla, por associações de camponeses.

Milh~es, 712 milhões, 867 mil kwanzas foram desembolsados pelo governo Provincial de Malanje na implementação de acções inseridas no Programa Integrado de Desenvolvimento local e Combate à Pobreza, durante o ano de 2019.

O levantamento das medidas de confinamento progressivo não deve marcar uma redução de vigilância” Edouard Philippe Primeiro-ministro francês


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O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

e assim... José Kaliengue Director

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com realizadora Maria João ganga e perceba como a pandemia Covid-19 afecta o mundo cultural e artístico angolano.

Amor e cabana

www.opais.co.ao

A

Veneza (Italia) Comício organizado por pequenos empresários para honrar os profissionais de saúde que morreram a tentar salvar vidas durante o surto do novo Coronavírus (SArS-CoV-2), causador da Covid-19. (Dr )

o que vai acontecer Estado de emergência A Assembleia Nacional pronunciase nesta Sexta-feira (8), em plenária extraordinária, sobre a solicitação do Presidente da república, João lourenço, para a terceira prorrogação do estado de emergência, face à Covid-19 que assola o país e o mundo. A decisão saiu, nesta Quintafeira, da conferência dos presidentes dos grupos parlamentares do órgão de soberania, após o Presidente João lourenço ter reunido o Conselho da república, seu órgão de consulta, que recomendou a prorrogação do estado de emergência, para mais 15 dias.

zaire Decorre a campanha de sensibilização da população denominada “Patrulha Stop Covid-19” promovida pelo Conselho Provincial da Juventude (CPJ) em todos os municípios do Zaire, envolvendo duas centenas de membros. De acordo com a secretária provincial do CPJ, Maria Feliz, em declarações à Angop, os cidadãos estão a ser aconselhados à lavagem constante das mãos com água e sabão, ao isolamento social e uso de máscaras em locais públicos. Precisou que, a sensibilização está ser feita em Português e Kikongo, para facilitar a transmissão da mensagem.

Seles As obras ligadas à construção de escolas, uma central eléctrica e rede de distribuição de água, inseridas no Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), arrancaram no município do Seles, província do Cuanza-Sul. trata-se de duas escolas de sete salas de aulas cada, orçadas em 336 milhões de kwanzas, uma central eléctrica (25 milhões de kwanzas), bem como a reabilitação e expansão do sistema de água, num percurso de 37 quilómetros de tubagem, no valor de 70 milhões de kwanzas, paralisadas há de um mês.

Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em luanda, a partir das 19 horas.

gora as coisas começam a ficar mais claras, estamos na idade de perder as ilusões, se é que as tínhamos. Aquela moça que olha para um jovem bonito, galanteador e lhe responde com um “xê, vou te aceitar, vais me levar aonde? Vou comer o quê?” começa a ter alguma razão, porque ela pensa e sabe mesmo que amor não enche barriga. E a fome faz andar à-toa. Prova disso são as levas de refugiados e de migrantes que buscam alguma coisa em todas as direcções. Na verdade, julgo eu, a moça bonita do “vais me levar aonde”, talvez nem seja interesseira como ditam os padrões éticos, se calhar está a pensar na sua descendência, o que é natural no reino animal. As fêmeas escolhem o macho alfa, o protector, o do gene mais forte, que lhe dá garantias de sobrevivência própria e das crias, etc.. Estou tipo que a apoiar a indecência, a vida infeliz com tudo mas sem amor e estas meninas que se multiplicam exibindo bens para os quais nunca trabalharam, nem elas e nem os seus pais e que no virar dos quarenta começam a ser profundamente infelizes porque o caminho que palmilham traz sangue novo e o tal macho alfa também lhe dita a natureza que não quer mais fêmea vitimada pela gravidade, com tudo a cair, quer jovens com tudo no lugar... já me perdia, estou a tentar uma teoria sobre como tudo isto tem a ver com a dignidade. Sim, algumas fazem-no simplesmente por uma vida digna. Estou cansado de tentar articular aqui alguma coisa com lógica, amanhã já me passa e volto a defender o amor puro e duro. Vou directo ao assunto: a Covid-19 e o estado de emergência com o confinamento obrigatório imposto. Digamos que o Governo é o tal rapaz bonito e galanteador, quer confinar o povo, olhe-se para o número de mulheres na rua em busca de comida para os filhos, os seus maiores amores, que deixa na cabana. Ela sabe do perigo, mas corre o risco, porque barriga vazia ofende a dignidade. Precisa-se de amor, uma cabana e dignidade para haver felicidade. A dignidade tem de ser apenas material? Claro que não, mas no nosso caso, mesmo das cabanas onde não há amor sai-se em busca da dignidade do estômago aconchegado.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos luís gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

NO TEMPO dO KAPARANdANdA

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

OPAÍS

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Assistentes de Redacção: Antónia Correia, rosa gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMEr, S. A. luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio AlPHA, talatonaluanda. tel: 222 009 444 república de Angola

1886 -

08 de Maio de. Serve-se, pela primeira vez, na farmácia “Jacob’s”, em Atlanta (EUA), o xarope concebido por John S. Pemberton, que mais tarde adoptaria o nome de CocaCola.

08 de Maio de

1945 -

1999 -

O exército 08 de Maio de Por engano, a alemão rende-se; sendo agora a data Organização do Tratado do Atlântico chamada de “Dia da Vitória”, no fi nal da Norte (OTAN) bombardeia a embaixada da II Guerra Mundial na Europa. China, em Belgrado, matando quatro pessoas.

CARTA dO LEITOR

A Covid-19 e o frio Caro director Está a chegar o Cacimbo e temo que os nossos problemas com a Covid-19 comecem agora. Li que a África do Sul está fazer contas para o pico da doença em Agosto, o que quer dizer que nós também nos devemos preparar, por causa do frio que ajuda a doença a espalhar-se e também porque estamos na mesma região e a doença não conhece fronteiras. Tenho medos pelas pessoas do nosso país que vivem nas áreas onde faz mais frio, onde muitas pessoas já passam mal com doenças respiratórias. Se alguém conhece o Bié, o Huambo, a Huíla e mesmo o Moxico e o Cuando Cubango na época do frio, então sabe do que estou a falar. Temos todos de nos cuidar. E o Governo deve prestar muita atenção também, porque se a doença se espalha no centro do país, então daí para o resto de Angola será mais fácil. António Francisco Luanda

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754

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POLÍTICA

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O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

“O Presidente da República deve se desfazer de algumas influências” Dr

dos Santos, o também empresário considera que o êxito de algumas destas medidas só será possível com a criação de uma equipa coesa no próprio Executivo. Na sua perspectiva, há rostos que estão no Executivo que são contestados em muitos sectores do próprio partido, mas que há muito deveriam ser já afastados da equipa de João Lourenço. “Não sei se a informação não lhe chega, mas ele tem pessoas que aí estão que não se identificam com a causa dele, nem estão do mesmo lado. Não querem nada com ele. Fazem parte do mesmo grupo que desde o princípio integraram aquela ala do MPLA que nunca quis que ele fosse Presidente da República e neste momento alguns dos seus integrantes continuam a agir da mesma forma”, comentou o político, garantindo que, apesar disso, a escolha foi também uma aposta de José Eduardo dos Santos. Para o político, que identifica o actual Chefe de Estado como sendo membro da família real de Malanje, de que ele também diz fa-

zer parte, outro cuidado a se ter é o dos nomes que são chamados para compor o Executivo. Embora seja necessário congregar e agradar determinadas sectores do partido, não se pode deixar de lado quadros com competência comprovada. “Um Governo deve ser equilibrado, embora aspectos étnicos até rácicos tenham que ser tidos em conta. Há alguns que estariam bem servidos, mas têm sido prejudicados, mesmo tendo ainda capacidade para contribuírem para o país”, comentou. Consciente de que não existirão grandes “milagres” neste primeiro mandato, que já caminha no terceiro ano, o nosso interlocutor espera igualmente que João Lourenço consiga devolver ao MPLA os seus anos dourados. Segundo ele, esperavam ainda que, depois de tomada a liderança do partido, o novo presidente prestasse uma maior atenção ao que se passa nesta formação. Capunga esclarece que esse suposto afastamento do partido é também levantado por outros quadros e dirigentes do MPLA.

Congresso com múltiplas candidaturas

Empresário e deputado, Monteiro Kapunga acredita que determinados quadros chamados para o Executivo não deveriam lá estar. E fala mesmo em supostos amigos do Presidente que vão ganhando influência

Dani Costa

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deputado pelo Grupo Parlamentar do MPLA, Monteiro Kapunga defendeu, ontem, em Luanda, a necessidade de o Presidente da República, João Lourenço, se afastar de alguns “amigos”, alguns dos quais integrados

no Executivo e outros fora dele, que acabam por jogar alguma influência nas acções que este vem tomando nos últimos tempos. De acordo com o parlamentar, que nos últimos tempos vem criticando algumas acções que considera inapropriadas, sobretudo na actual gestão do governador de Malanje, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, muitas destas pessoas acabam por jogar um papel

negativo no tratamento de questões que dizem respeito ao país. ‘É preciso que o Presidente saiba separar as águas, porque, senão, corremos o risco de o ver acusado de favorecimento deste ou daquele’, disse o parlamentar, garantindo mesmo que, muitas das vezes, há quem fique com a impressão de que alguns destes amigos “estão a ser melhor atendidos do que o próprio país”. Para Kapunga, que não quis ainda citar nomes, “alguns deles devem mesmo ser afastados”. E acrescenta: “esta é uma das falhas que muitos vão registando, assim como eu próprio”. Reconhecendo no actual Presidente da República, João Lourenço, capacidades suficientes para conseguir corrigir algumas questões então descuradas durante a gestão do ex-Presidente José Eduardo

Sobre as informações que vão circulando sobre um possível alargamento dos mandatos do Presidente, prevendo-se mexida na Constituição, o deputado não se manifesta contra, desde que isso obedeça a discussões no seio da organização a que pertence. A seu ver, “neste primeiro mandato, ele não teve tempo, esteve a tentar olhar quem é quem ao seu redor”. “Está visto que, em alguns aspectos, algumas das acções do Presidente da república estão a ser sabotadas. Se dependesse de mim, claro que ele até poderia fazer mesmo três mandatos, porque em pouco tempo não se consegue fazer muita coisa”, explicou Kapunga, acrescentando que “estes sabotadores não estão a nível dos militantes de base. É mesmo no topo e, sobretudo, alguns dos actuais

e antigos integrantes do próprio Bureau Político do MPlA’. Nos últimos dias, alguns militantes do MPlA têm-se desdobrado em análises sobre a possibilidade de alargamento dos mandatos, o que desde já tem valido reprovação de alguns sectores da Oposição. Independentemente disso, o deputado é defensor de múltiplas candidaturas no próximo congresso dos camaradas, inicialmente agendado para o próximo ano. “Mas também já se começam a levantar vozes no sentido de que o Presidente da república não deve ser ao mesmo tempo presidente do partido. São ideias que temos que analisar, por forma a cortar alguns vícios também. Numa fase de paz, talvez que se comece já a pensar muito bem sobre esta fórmula”, opinou.


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Conselheiros do Pr reconhecem dificuldades no estado de emergência por falta de meios de subsistência das famílias Os conselheiros, reunidos ontem, em luanda, sob orientação do Presidente da república, João lourenço, sugeriram a prorrogação do estado de emergência, mas apelaram para criação de condições com vista a possibilitar a subsistência das famílias Domingos Bento

O

s conselheiros da República reconheceram, ontem, a dificuldade do incumprimento do estado de emergência devido à falta de meios de subsistência das famílias por causa das medidas impostas pelas acções de prevenção e combate ao novo Coronavirus. Os conselheiros, reunidos ontem, em Luanda, sob orientação do Presidente da República, João Lourenço, sugeriram a prorrogação do estado de emergencia, mas apelaram para a criação de condições que possibilitem a subsistên-

cia das famílias. Assim sendo, ouvidos os seus conselheiros, o Presidente da República envia o diploma para a devida apreciação da Assembleia Nacional, que deverá autorizar a terceira prorrogação do estado de emergência, com o final do actual, que iniciou no dia 27 e termina no dia 10. Para Lucas Ngonda, presidente da FNLA, o seu partido não se opõe à prorrogação do estado de emergencia, desde que seja dentro dos marcos do equilíbrio entre as medidas sanitárias e a necessidade de subsistência das famílias. Segundo o político, por mais que se queira usar meios compulsivos de repreensão, o estado de emergência dificilmente será cumprido

na íntegra enquanto as populações não encontrarem respostas às suas preocupações sociais, que passam, fundamentalmente, por questões alimentares. No mesmo diapasão, André Mendes de Carvalho, presidente da da Coligação Casa-CE, disse ser uma atitude inteligente e um sentido de boa governação reconhecer as necessidades das famílias e a tomada urgente de medidas que possam dar solução às preocupações. Por seu lado, Benedito Daniel, presidente do PRS, disse que, para além dos angolanos confinados em território nacional, é preciso que se dê alguma atenção aos angolanos que estão no exterior do país e que, no meio de dificuldades, imploram para o regresso a Angola. Dr

Aspecto da reunião do Conselho da República, com os seus membros observando as regras de distanciamento físico

De acordo com o político, é preciso que se trate desta preocupação com total responsabilidade e sentido de patriotismo, para que não se passe uma falsa ideia que existem angolanos de primeira e outros de segunda. No entanto, os Conselheiros, constituídos pelo presidente da Assembleia Nacional, o presidente do Tribunal Constitucional, o procurador-geral da República, líderes de Partidos Políticos com assento parlamentar e entidades convidadas, reconheceram que grande parte da população tem dificulda para enfrentar as medidas restritivas do estado de emergência, por falta de meios de subsistência. Neste sentido, Rosa Cruz e Silva, porta-voz do Conselho, disse que, dadas as preocupações sanitárias, foi sugerido que se encontre um equilíbrio entre o confinamento social e as dificuldades enfrentadas pelas famílias carenciadas durante o novo período do estado de emergência. Porém, da necessidade de equilíbrio, os conselheiros da República sugeriram um novo funcionamento dos mercados, que passa a ser de Terça-feira a Sábado e que se aumente os testes contra a Covid-19 à população. Consta ainda a necessidade de melhoria da distribuição de água à população que não tem acesso regular ao líquido. Outra das medidas é o não impedimento à circulação de viaturas transportadoras de bens alimentares em todo o país. De acordo com Rosa Cruz e Silva, a prorrogação do estado de emergência tem como finalidade a contenção da propagação da Covid-19, pandemia que em Angola já infectou 36 pessoas desde o mês de Março. A antiga ministra da Cultura fundamentou ainda que persistem as razões da declaração do estado de emergência, acrescidas com o surgimento de casos de transmissão local, tendo acrescentado, igualmente, a interpretação correcta das disposições do Decreto do Estado de Emergência, para que a sua aplicação não seja desi-

gual e dependente do entendimento subjectivo. UNITA defende testagem alargada Por seu lado, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Junior, defende a testagem alargada das populações. Segundo o político, a não realização de testes alargados conduz a algumas incertezas. Para Adalberto Costa Junior, o seu partido não se opõe a uma nova prorrogação do estado de emergência, mas defende que o mesmo deve ser acompanhado da correcção de uma série de factores.

Sociedade civil valoriza reconhecimento Por seu lado, Cidália gomes, da Associação de Desenvolvimento rural e Ambiental (ADrA) disse valorizar o reconhecimento do Conselho da república em relação à necessidade de subsistência das famílias mais vulneráveis. Porém, para o equilíbrio entre as medidas de confinamento social e a necessidade de subsistência das famílias, a activista cívica apela ao Executivo a prestar uma atenção especial aos agregados mais vulneráveis, que estão a ser gravemente afectados pelas medidas impostas pela Covid-19. Para ela, esta atenção especial deve ser feita em parceria com as organizações da sociedade civil que trabalham com as comunidades locais, das quais destacam-se as comissões de moradores. Conforme explicou, é preciso que as ajudas do Executivo cheguem, de facto, aos que mais necessitam. “Só as organizações locais têm conhecimento real das pessoa mais necessitadas. É com estas que o Estado deve trabalhar para canalizar as ajudas”, frisou.


SOCIEdAdE

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Diabéticos têm maior risco de infecção da Covid-19, diz médica A médica endocrinologista do Hospital Militar Manuela Sande revelou, ontem, que pacientes diabéticos não controlados têm risco de infecção pelo novo Coronavírus que chega a ser até 10 vezes superior ao das pessoas sem outras doenças associadas Maria Teixeira

A

mortalidade por Coronavírus em diabéticos é cerca de quatro vezes superior em relação aos não diabéticos, segundo a especialista em medicina interna. A médica explicou que pacientes com diabetes mellitus não controlada têm baixa imunidade e, portanto, resistem menos a infecções no geral. A imunidade é a primeira linha de defesa no combate contra a Covid-19. Manuela Sande salientou que uma pessoa diabética sem acompanhamento médico tem dez vezes mais probabilidade de ser infectada com Coronavírus do que um indivíduo sem diabetes mellitus. Entretanto, definiu, a diabetes mellitus não apenas como uma doença, mas um conjunto de doenças devidas a diferentes causas e que têm como denominador comum o aumento constante de glicose no sangue (hiperglicemia). Deste modo, existem vários tipos de diabetes. Por outro lado, disse que o Coronavírus evolui mais rápido em doentes com diabetes do que numa pessoa saudável porque encontra fragilidades no sistema imunológico do diabético, que integra o grupo de “alto risco”. “Indivíduo diabético com dia-

Médica endocrinologista do Hospital Militar Manuela Sande quando falava sobre os perigos maiores a que estão expostos os doentes diabéticos perante a Covid-19


O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

betes mellitus tem 10 vezes mais probabilidade de adquirir a infecção por Covid-19 do que indivíduo não diabético. Uma vez que tenha adquirido a infecção por Covid-19, a possibilidade de evoluir é maior do que num indivíduo não diabético. Estão mesmo em grande risco”, disse. Fez saber que o quadro actual da diabetes no país é dramático, baseando-se em realidades de países que têm as mesmas características genéticas e socioeconómicas que as nossas. Para fundamentar, disse que a prevalência em países como o nosso anda à volta de 7 a 10 por cento. “Isso significa que com a população que nós temos, traduzida em números, nós devemos ter pelo menos, no mínimo, dois milhões diabéticos no nosso país. Isso é dramático”, disse. Esclareceu que as complicações da pessoa diabética tem impacto na economia, uma vez JACINtO FIgUEIrEDO

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que um individuo nessa situação que não é tratado estará impossibilitado de trabalhar. “Vai ser amputado ou vai ficar cego ou, ainda, vai entrar em hemodiálise, o que é muito mais caro do que tratar convenientemente este paciente a preços compatíveis”, frisou. Manuela Sande realçou que isso é importante, porque o tratamento da diabetes, se não for comparticipado pelo Estado, é impossível de suportar para qualquer pessoa, por ser extremamente caro. ´ Tratamento para diabetes custa 50 mil kwanzas/mês Manuela Sande disse que antigamente havia uma associação no país, a Associação dos Diabéticos Pobres, que ajudava a suprir as dificuldades dos pacientes carentes. Isso, segundo conta, porque se sabia, já naquela altura, que qualquer indivíduo que tivesse diabetes, por mais dinheiro que tivesse, é um indivíduo que seria pobre. “Porque, se fizermos as contas, hoje em dia, o tratamento de diabéticos mais ligeiros não fica a menos de 50 a 60 mil Kwanzas por mês, para começar”, detalhou. Fez saber que cada médico endocrinologista chega a ver 40 diabéticos por semana, o que é simplesmente impossível, considerando ser uma catástrofe. “É por isso que volto a insistir que é preciso que se encare seriamente a possibilidade de se formarem médicos de outras especialidades para os capacitar a tratar a diabetes”, clamou. Em seu entender, não seriam apenas os endocrinologistas, nem as pessoas que têm uma certa curiosidade, a fazer esse tipo de consultas. Tem de se formar mais médicos para atenderem os diabéticos.

“Isso significa que, com a população que nós temos, traduzida em números, nós devemos ter, pelo menos, no mínimo, dois milhões diabéticos no nosso país. Isso é dramático”

Dr

Instalação de tanques como solução do problema de água no Rocha Pinto

N

Atendimento nas urgências de um hospital

País com apenas 11 endocrinologistas

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uestionada sobre o número de endocrinologistas existentes no país, a médica disse que a última informação que teve é de são apenas 11. “Agora imaginam esse número para 30 milhões de habitantes, três milhões dos quais podem ser diabéticos. É impossível”, frisou. Um outro problema grave que a especialista considera que deve ser tido em conta é que 99,9 por cento desses endocrinologistas estão em clínicas privadas, quando existem hospitais públicos. De acordo com a especialista, as reais causas de ter um número elevado de diabéticos no país têm a ver com a migração das pessoas do campo para a cidade, o que levou a uma mudança dos hábitos alimentares e do estilo de vida. As pessoas deixaram de ter alimentação saudável do campo e todo o exercício que tinham de fazer para o dia a dia. “Isso levou um disparar da obesida-

de nas cidades. A obesidade é um dos maiores factores de risco para desenvolvimento de diabetes”, frisou. A médica proveitou a ocasião em que falava, num encontro com jornalistas promovido pelo Centro de Imprensa Anibal de Melo, para apelar aos doentes diabéticos a ficarem em casa, a fazerem o tratamento correcto prescrito pelo médico e a seguir todas as medidas de prevenção estabelecidas pelo Ministério da Saúde e pela Comissão Multissectorial de Combate à Covid-19.

“Agora imaginam esse número para 30 milhões de habitantes, três milhões dos quais podem ser diabéticos. É impossível”

a última reunião da Coordenação do Programa de distribuição gratuita de água, no Centro Operacional do Núcleo de Gestão de Distribuição de Água às Comunidades, foi analisada a questão dos moradores do Rocha Pinto que arriscam a vida atravessando a estrada em busca de água A reunião, sob a presidência do ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, passou em revista a actividade desenvolvida em torno da distribuição gratuita de água potável às famílias que habitam em zonas desprovidas de rede pública, no âmbito do Plano de Contingência para Combate à Pandemia da COVID-19, cujo subsector das águas tem um papel preponderante na não propagação da pandemia. No encontro, falou-se do rocha Pinto, uma vez que se verifica ainda muita gente a atravessar a estrada, correndo riscos de atropelamento, no transporte de bidões de água. Sobre este ponto, o ministro orientou a EPAl a estudar soluções para mitigação do problema, onde se concluiu que deve ser criada uma alternativa. Uma proposta apresentada por um parceiro desta campanha, a Multiparques, consiste na instalação de tanques de 20.000 litros e torneiras para serem integradas nos bairros e zonas desprovidas de rede, de modo a evitar que os moradores saiam de um lado da estrada para o outro em busca de água. A coordenação do programa em luanda fez saber que foram distribuídos já cerca de 63 milhões de litros de água, que beneficiaram instituições sensíveis como as penitenciárias, os hospitais, morgues, centros de quarentena, bem como diferentes municípios e bairros desprovidos de rede de distribuição de água.


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SOCIEdAdE

O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

CSSt realizou mais de 280 mil exames médicos obrigatórios

O Centro de Segurança e Saúde no trabalho (CSSt) realizou, até ao momento, 282 mil e 21 exames médicos obrigatórios a uma população de 88 mil e 890 trabalhadores, tendo certificado 15 empresas e avaliou mil e 597 processos de incapacidades laborais provenientes da Pgr, segundo a directora-geral da instituição, Isabel Cardoso Stela cambamba

O

CSST completou 10 anos de existência desde a sua inauguração, em Viana. É uma instituição pública tutelada pelo Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS) vocacionada para investigação e prevenção dos acidentes de trabalho e doenças profissionais. Segundo a directora-geral do

CSST, Isabel Cardoso, as acções e actividades desenvolvidas no contexto da Segurança, Higiene e Saúde no trabalho, ao longo destes 10 anos, a nível do país, foram 221 avaliações de conformidade legal, 257 de preliminares de risco e 282 mil e 21 exames médicos obrigatórios a uma população de 88 mil e 890 trabalhadores. Certificou ainda 15 empresas e avaliou 1597 processos de incapacidades laborais provenientes da Procuradoria Geral da República – sala de trabalho, das seguradoras e das empresas. Tam-

bém sobre a segurança, higiene e saúde no trabalho, foram realizadas mil e 284 palestras em diferentes empresas, 434 campanhas de sensibilização porta a porta, 13 workshops, 18 seminários e 65 formações. Para o atendimento dos exames médicos do trabalhador em outras províncias, o CSST possui unidades móveis e uma equipa de técnicos especializados entre os quais médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório, raio x, administrativos e motoristas que se deslocam permanentemente du-

rante um determinado período, isso em função do número de trabalhadores a examinar nas empresas da província em questão. Isabel Cardoso explicou que a principal missão do CSST é a de promover a prevenção de acidentes de trabalho e doenças profissionais, assim como a melhoria da qualidade de vida e satisfação do trabalhador. No âmbito da responsabilidade social, o CSST, embora a sua missão seja promover e assegurar que os trabalhadores beneficiem de melhores condições no seu lo-

cal de trabalho, associa-se a várias campanhas do fórum social, da saúde pública, parceria com instituições congéneres em todo o território nacional e internacional. De acordo com Isabel Cardoso, actualmente o CSST está envolvido também no combate à pandemia da Covid-19, com a elaboração e disponibilização de um plano de contingência para as empresas, na criação de um guia prático para o regresso ao trabalho, na sensibilização das empresas no que concerne à adopção das medidas de prevenção utilizando os matérias de biossegurança. “Apelamos a todos os intervenientes no processo de trabalho a uma maior observância das medidas de biossegurança para todos juntos contribuirmos em prol da irradicação da Covid-19”.


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O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

F

oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PrOtEgEr?

tendo sido reportados já 36 casos em Angola, com duas mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:

1. lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINtOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXIStE trAtAMENtO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


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VII Edição do Angola Music Awards já não acontece em Portugal Dr

O orçamento da realização do Angola Music Awards ronda entre os 50 e 100 milhões de Kwanzas. O único lucro que a organização obtém é a descoberta de novos cantores, bem como a sua valorização e promoção no mercado nacional e internacional, como garante o responsável

Daniel Mendes avançou que as categorias sofrerão alterações. Igualmente, a realização do AMA está a estabelecer uma parceria com outra marca para produzir o evento. “Está-se a negociar para ter outra televisão, além da TPA e da RTPA”. “Vamos ter os artistas e as músicas que se destacaram em 2019. As inscrições tinham começado em Janeiro e já tínhamos fechado. Mas com essa alteração por causa da Covid-19, reabrimo-la. Os artistas que ainda não a tinham feito, porque estavam distraídos, podem inscrever-se no site do Angola Music Award [www. angolaama.com], até 31 de Maio, que é a data limite”, informou.

Cantora Edmásia Mayembe ladeada dos apresentadores Patrícia Pacheco e Daniel Nacimento, quando distinguida na V edição do concurso em 2017

Adjelson Coimbra

O

mentor e organizador do Angola Music Awards (AMA), Daniel Mendes, revelou em exclusivo a O PAÍS que a gala de premiação deste concurso que vai na VII edição já não decorrerá em Portugal (Casino Estoril) por conta da pandemia da Covid-19. Além do espaço, o coronavírus também alterou o tempo. O evento estava previsto para o verão, em Julho, por ser uma época em que a maior parte dos músicos angolanos se encontra em terras de “Camões” a curtir o verão e a acompanhar os inúmeros festivais. “Todas as coisas estavam a correr bem, mas, infelizmente, tivemos de cancelar, por

causa da Covid-19. Até Julho, a casa não estará preparada para receber o público e também os músicos angolanos não estarão em Portugal. Por isso, houve alteração”, lamentou o promotor de eventos. Como alternativa, “o plano B” é realizar-se o AMA em Luanda, no mês de Novembro, para culminar com os 45 anos da Dipanda (Independência), além de ser uma altura em que os músicos se encontram em Angola. Acredita-se que até Novembro as coisas venham a estar melhor, no que tange à situação pandêmica. Mas, ainda assim, a organização do AMA, conforme garantiu Daniel Mendes, vai recorrer a todos os mecanismos possíveis para que tudo se faça da melhor maneira. Orçamento do AMA ronda os 50 e 100 milhões de Kwanzas

Mentor e organizador do Angola Music Awards, Daniel Mendes

O AMA gasta de 50 a 100 milhões de Kzs, dependendo de situações circunstanciais, bem como dos convidados que chegam de outras regiões quer do país quer do estrangeiro, segundo Daniel

Mendes. “O Angola Music Awards emprega muitas pessoas. Ajuda no combate ao desemprego. Também damos formação, lançamos novos valores, tanto ao nível de produção quanto ao nível dos próprios artistas em si. Criamos mais parcerias nacionais e internacionais para que os artistas tenham mais visibilidade. A isso eu chamo de lucro, porque o Angola Music Awards não é um evento feito para ganhar dinheiro, é para valorizar os artistas”, disse. O responsável fez menção que noutros países, o Music Awards é feito com 100 por cento de apoio do Estado ou das fundações, que apostam seriamente na promoção da Cultura, mas em Angola não se tem tido esse tipo de apoio. Inovação Quanto às novidades desta edição, sem ser detalhista,

AMA promove cantores “O AMA é um evento muito importante que muito tem feito pela música angolana. Temos parceria com vários países, inclusive com os Estados Unidos, para onde muitos músicos têm ido como nomeados. Esta é a vantagem. Quando, por exemplo, um artista pede-nos ajuda para entrar para o mercado internacional como Portugal ou onde quer que seja, nós temos essa porta aberta, nós conseguimos que o artista tenha vantagens lá fora quando vai em nome do AMA”, frisou. A título de exemplo citou o cantor Kyaku Kyadaff que “em 2014 não era notório, mas quando foi vencedor no AMA a seguir apareceu um patrocinador para gravar o seu disco e, posteriormente, começou a aparecer com maior notoriedade na media. Para Daniel Mendes, caso todos olhassem e vissem o AMA como um evento que dignifica a cultura angolana, ser-lhe-á dada a devida importância. “Se fora as pessoas dão importância ao AMA, em Angola é também importante que as pessoas a dêem”, apontou.


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Retrospectiva O Angola Music Awards é um evento que se realiza desde 2013. Daniel Mendes conta que, até ao momento, cada edição tem a sua história. “Nós começamos em 2013, no CCB. Muitos não sabiam, muitos não acreditavam, mas conseguimos ter uma gala que correu bem. Em 2014, acabamos por fazer uma parceria com o Ministério da Cultura e o AMA foi um dos eventos enquadrados no Festival Nacional de Cultura e Artes (Fenacult), e realizamo-lo na tenda do HCtA”, disse. “Em 2015, o governo da lundaSul, na pessoa da então governadora Cândida Narciso, que vestiu a camisola do AMA, fez todos os possíveis para conseguirmos realizar um evento com sucesso naquela província. Não é fácil levarmos um evento desta magnitude a uma província como a lunda-Sul, em que tudo teve de sair de luanda. Foi uma coisa bonita, juntamos os governadores de Malanje, da lunda-Norte, do Moxico. levamos a festa ao leste”, disse. Em 2016, conta, as salas tornaram-se pequenas para acolher tanta gente, então a organização decidiu realizar o evento no pavilhão multiusos do Kilamba, onde estabeleceu-se uma parceria com a Zap. Esta edição contou com mais de 6 mil espectadores, o que, do ponto de vista de Daniel, foi um sucesso. Em 2017, o cenário foi quase o mesmo. Só que, desta vez, o evento albergou mais de 8 mil pessoas. Em 2018, o AMA tornouse no evento que todo o mundo queria ver, segundo o promotor. Já em 2019, explica, “demos uma pausa. Foi uma altura em que eu tinha um cargo de director de Marketing e Comunicação na Federação Angolana de Futebol (FAF). Era o ano em que a nossa selecção estava a lutar para o apuramento. É necessário poder dedicar-se para que as coisas no AMA funcionem bem. Então demos uma pausa por que eu estava dedicado ao futebol”, revelou. Por seu turno, quanto às perspectivas, afirmou que o objectivo é continuar sempre a trabalhar, dinamizar, criar ideias e parcerias. “Em 2021, talvez as coisas corram bem. Pensamos em realizar em Portugal o AMA, tal como estava previsto para esse ano”, aditou.

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Secretário-geral da UEA David Capelenguela reage à morte de Jimmy Rufino Os homens passam e as suas obras permanecem

O escritor que completaria este Domingo, 58 anos, deixou organizados vários trabalhos, cuja publicação em livro ocorreria nos próximos dias

Augusto Nunes

O

secretário-geral da União dos Escritores Angolanos, David Capelenguela, manifestou-se consternado com a morte do escritor e jornalista, Jimmy Rufino, membro da referida instituição ocorrida nesta Terça-feira, 5 de Maio, em Luanda, por doença. O também escritor destacou as qualidades do malogrado, sublinhando que é com profunda dor e consternação que a União dos Escritores Angolanos, a maior Casa das letras do país, tomou o conhecimento do seu passamento físico. Nessa hora de profunda dor e consternação, acrescenta, a União dos Escritores Angolanos endereça à família, aos membros da UEA e amigos os seus sentimentos de pesar. Jimmy rufino deixou organizados vários trabalhos, cuja publicação em livro ocorreria nos próximos dias. O escritor nascido a 10 de

C

om intenção de recordar Jimmy Rufino e imortalizar a obra deixada, um amigo seu, Adolónimo Aguiar, decidiu homenageá-lo com o poema intitulado “Maiado” , extraído do seu livro “Kianda Kia NGola”, lançado em Maio de 2006.

Maio de 1962, em luanda, era Jornalista Cultural e Económico, tendo enveredado para o universo da escrita em 1982, pela via de pequenas crónicas literárias que eram rádiodifundidas no programa Dia Novo da rádio Nacional de Angola, em cuja redacção cultural colaborou durante vários anos. No mesmo ano, ingressou na Brigada Jovem de literatura em luanda, na qual, por diversas vezes, desempenhou cargos de direcção. Foi colaborador regular do suplemento Vida e Cultura, do Jornal de Angola, tendo coordenado também o Ponto de Partida, suplemento literário da então Brigada Jovem, mensalmente publicado nas páginas do Vida e Cultura. Em 1988, Jimmy rufino fundou e coordenou a Oficina literária José Martí, no Bairro Popular, tendo-se ainda responsabilizado pelo folheto literário denominado “A Mulembeira”, com circulação no respectivo bairro, na Brigada Jovem de luanda, na rádio Na-

cional de Angola, e em diversos círculos intelectuais da capital do país. Jimmy rufino possui desde os memoráveis anos 80, diversos textos artísticos, de Ensaio e de Crítica literária, publicados em órgãos e publicações diversas, no país e no estrangeiro. Auto-didacta, era Investigador Cultural, na vertente do estudo e da pesquisa da Música Popular e do Carnaval Angolanos, da Música e da Cultura Afro-brasileira, as Musicalidades Africanas, a Música NegroAmericana e o Jazz, cujos domínios permitiram a elaboração de alguns ensaios destinados à futura publicação de obras literárias. Jimmy rufino realizou e apresentou programas radiofónicos de análise e divulgação cultural, especialmente na vertente musical, nomeadamente nos programas A grande Musica Negra e JazzJ7, pelas antenas da FM/Stereo, em luanda. Foi desde 1996, membro da União dos Escritores Angolanos.

MAIAdO Tenho cinco tostões pedrados No apito bazeza do kangundo Invento kimbembas de madiabos Xinguilando na esteira do monangambé Viro bucho virado. Sonho a Rebita De entreluadas madrugas A coitar kuêrras e kibemas Se bangando nos mujimbos da zula Onde se lanchonam sarrabulhos Que o Závula ingredientou De xapangas muzukazucas. Tenho cinco tostões carecas No debaixo da ponda do mar a bugiar Kapretetes da banga paiada Nas papaias do pão kamabuim E as sereia da kunhunga Se boatar antigos pai das mentira Praguejosos na diguêza banal Das nossas fomes kamabuins. RIP Jimmy Rufino, (Luanda, 10 de Maio de 1962 - Luanda, 5 de Maio de 2020). In Kianda Kia NGola, Maio 2006.


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CARTAz

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Reflexão ANdRÉ PINTO

A falência da música, artistas pobres e mal pagos

“J

á faz tempo que não fazemos amor”. Já faz tempo que não ouvimos música boa e nova nestes novos tempos de ameaças à vida. E resolvo começar com o título de uma canção do criativo, comunicativo e simpático artista, que é Yuri da Cunha. Confinado em casa, em Portugal, vimo-lo há dias, a comunicar via Skype, com a nossa TPA, o seu elenco familiar, a gerirem o tempo de quarentena, mas sempre de olho e amor à profissão que é a música, que verificamos também contagia a família. Aquela menina que se expôs à curiosidade televisiva deve ser catapultada para o domínio das técnicas vocais, porque deu sinais de ser alguém que sabe o que quer na vida adulta. É preciso lapidar o diamante bruto e isso sei que o Yuri vai fazer. O aspecto a seguir, ligado à música, que é muito nossa, que ainda assim, apesar dos pesares, galvaniza jovens e mais velhos, estes últimos abandonados e reduzidos aos lamentos e aos inflamados funerais de saudade, custa-me admitir que o tempo e os poderes instituídos sejam tão ingratos, a ponto de nada fazerem para permitir que as suas vozes ainda se façam ouvir nos palcos e no convívio salutar nos seus lares, no desfrute das glórias do passado, em palcos de fama. Foi uma alegria e um gesto nobre quando no “Show do Mês” do ano passado, o realizador Yuri Simão mostrou aos angolanos, o que se deve fazer, aos percussores da nossa arte musical: satisfazer minimamente as suas necessidades. E foi assim num gesto tão simples, mas cheio de significado, que da sua pequena bolsa de solidariedade, extraiu uma linda guitarra eléctrica, que o nosso Mário Arcanjo (Vejam só???!!!), o célebre Marito dos Kiezos, que deu melódica ao Milhorró, que se ouve ainda hoje nos quatro cantos do mundo, não tinha uma guitarra! Pasme-se! E nós no You

Tube, ligado aos altifalantes sem fios, que muitas famílias e admiradores confessos da música angolana, choram de alegria e saudade daqueles tempos em que era obrigatório ir à “Gajajeira comprar geloso, a fazenda azul que esta(va) na moda”, nos diversos salões de baile dos centros recreativos espalhados pelos subúrbios de Luanda”, conviver e dar largas à alegria de ser angolano. A nossa música já teve esta particularidade. Com a sua dinâmica rítmica baixou aos padrões mínimos, a outra, que também é boa e nós respeitamos, mas nada comparável “à nossa Princesa Rita”, que os Kiezos ainda “varrem”, em qualquer salão. Que o banco Sol continue a prestar a sua responsabilidade social a este grupo de rapazes faziam-nos esquecer os Beatles, Roberto Carlos, só para citar os mais populares entre nós. Eu aprendi a conhecer esta realidade que não vivi, através de testemunhos, que os nossos mais velhos contam nas conversas de sunguilar! Lembras-te do Rochereau, do Franco, das orquestras OK Jazz, African Fiesta, African Jazz, Afrisa Internacional, Ricco Jazz, Les Bantous de la Capitalle, do Dr. Nico, do Wendo, do Fonseca e outros? Ouvia os vinis dos kotas, em cassetes e bobines de fita magnética nos almoços e, não sei porquê, sentia-me arrebatado pelo ritmo cadenciado do rumba de Franco, Rochereau e Joseph Kabasele, miúdo que eu era, e já rendido à música de pessoas, com a idade do meu avô. A lista das vedetas africanas é longa e ainda hoje mora nos corações dos seus admiradores. O seu talento fomentou a indústria fonográfica congolesa liderada por um cidadão grego, que se instalara em Kinshasa, a sua máquina de fazer dinheiro com a música. Ouvíamos tudo isso dos nossos velhotes, que tempos depois passaram a adquirir música africana, a partir da Lusolanda, em Luanda. E isto para dizer o quê? Que é pre-

ciso prestar atenção à arte angolana no seu todo e à música em particular. Temos artistas de referência, para justificar que na era colonial, viveram da música, que instituiu em Luanda e no Bié, as primeiras fábricas de vinil que o mercado angolano transformou numa verdadeira indústria cultural, que passou a congregar e a mobilizar uma selectiva classe de artistas, muitos deles, com carreira firmada naquele tempo. Viviam da música, que depressa se estendeu por todo o país e não estavam sujeitos à caridade institucional, do patrocínio que custa a sair das promessas etilizadas nos encontros recreativos, mas que depois são arquivadas nos gabinetes e balcões financeiros, fazendo com que o artista morra de ansiedade, para realizar o seu sonho, que é gravar um disco, neste caso, um Compact Disc. Nada mais sórdido, num ambiente como este, em que as promes-

O Ministério da Cultura, agora incorporado, numa estrutura mais ampla, deve mostrar profissionalismo e só não o fará, por causa dos interesses instalados na alma de alguns grupos, que se proclamam donos da cultura

sas etílicas ainda comandam a nossa vida. O que é salutar é despolitizar a música angolana, que antagoniza todo o processo de criatividade e coloca os artistas na indigência. É necessário “empresariar” a arte, na proporção do valor que ela congrega em todos os sentidos. É necessário organizar e com urgência, as sociedades de direitos de autor, sem as fricções e burocracias conhecidas. É um erro ter uma associação de direitos de autor que privilegia no seu corpo directivo, os músicos, subalternizando as outras classes artísticas. A organização tem de estar alinhada ao seu objecto social principal, que é a defesa e cobrança dos direitos autorais e ponto final. O Teatro, a dança, o cinema, a composição artística devem estar alinhadas aos objectivos reais, para poderem cumprir o seu objecto social, que é cobrar e angariar fundos, para o exercício normal da sua actividade. Não se deve submeter aos caprichos das burocracias institucionais, que ditam regras, que se confundem com a lei e interesses sem causas objectivas. O compadrio e a intriga têm de ser abolidos impiedosamente, em nome do profissionalismo que se exige no exercício dos cargos. Os artistas continuam a ser uma poderosa arma política de arremesso, para influenciar, creditar valor acrescentado aos objectivos sociais e políticos de quem governa ou pretende alcandorar-se ao poder e é na arte que encontra o escudo protector das suas intenções para conquistarem o eleitorado. O artista comum é um homem livre com ideias próprias, não subversivas, mas que pode modificar status, produzir efeitos contrários aos pretendidos, se não for respeitada a sua independência e direitos de cidadania. Por isso deve ser acompanhado e estimulado com acções que garantam não apenas a sua sobrevivência, mas a sua identidade e

valores que alimentam a sua capacidade de criar e fazer arte. A sociedade angolana quer os artistas mais presos à arte e não à política. Nota-se que a política não é a sua praia, pelo que temos visto nas discussões para as lideranças do sector dos direitos de autor. Existe muita intriga pelo meio a mascarar uma realidade, que é muito nossa, a de criar antagonismos onde não existem, o de atrapalhar as ideias inovadoras, o de combater onde não há motivos para o efeito, o de afastar e condenar deliberadamente, a experiência, a sabedoria de quem quer fazer alguma coisa que dê trabalho e dinheiro aos membros. Só visto! Que o sector cultural do país ajude os nossos artistas a defenderem os seus interesses A arte, a música em particular não são nada disto e não merece o que dela estão a fazer determinadas pessoas. O Ministério da Cultura, agora incorporado, numa estrutura mais ampla, deve mostrar profissionalismo e só não o fará, por causa dos interesses instalados na alma de alguns grupos, que se proclamam donos da cultura, que são militantes do partido A e B e lutaram por este país e têm direito de mandar, de pregar militâncias mal diluídas, num nacionalismo, que não é para aqui chamado, num organismo que pode gerar receitas para os seus membros poderem desfrutar do trabalho realizado no passado. Deixo aqui a minha admiração para todos aqueles, que conseguem transformar os nossos corações em amor, em canções da vida vivida e não vivida, em promessas de gratidão e respeito pelo nosso passado, presente e futuro e mais do que isso, da nossa felicidade! Por isso termino pedindo que façam dos corações uma fonte inesgotável de amor ao próximo, de paz e de um orgulho pelos valores pelos quais nos batemos, neste solo pátrio chamado Angola.


OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

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VLAdIMIR TARAROV*

Victória pela Paz

A

9 de Maio de 2020, a Rússia comemora o 75º aniversário do Dia da Victória na Grande Guerra Patriótica , uma data sagrada para todo o país, que tornou inevitável o fim da Segunda Guerra Mundial e a victória sobre a Alemanha nazista. A Grande Guerra Patriótica durou de 1941 a 1945, e estes difíceis quatro anos acabaram por ser uma prova particular para o nosso Estado. Em 22 de Junho de 1941, os nazistas atacaram, perfidamente, com forças armadas a União Soviética, o que, literalmente, num instante mudou a vida de um país imenso. E o povo soviético não duvidou da necessidade de resistir ao agressor fascista a qualquer custo para salvar a sua Pátria e o mundo. Nos primeiros dias da guerra, quando o inimigo cruel avançava de maneira rápida sem precedentes para o interior do nosso Estado e ocupava importantes áreas económicas localizadas na parte europeia da União Soviética, era necessário resolver imediatamente muitas tarefas imprescindivelmente difíceis para salvaguardar a economia nacional e assegurar às tropas soviéticas com tudo o que era necessário. Em primeiro lugar, precisámos de evacuar milhões de civis e de instalações industriais com os seustrabalhadores para o leste do país. Como resultado, nas condições da ofensiva implacável do inimigo, a URSS conseguiu remover mais de 1.500 fábricas do seu território ocidental e, alguns meses depois que a Alemanha nazista tinha atacado a URSS, eles começaram a fornecer, ininterruptamente, tanques, aviões, munições e equipamentos militares para a frente. Inclusivamente, gra-

ças à façanha do povo soviético foi possível esmagar o agressor, que naquela época aproveitava todo o potencial económico de quase toda a Europa. Hoje podemos dizer, com certeza, que foi o povo soviético que determinou a derrota fascista na Segunda Guerra Mundial e trouxe a liberdade para as outras nações, foram os soldados soviéticos que castigaram os nazistas por milhões de vítimas, por todas as atrocidades não apenas no território russo, mas em todo o mundo. Na década de 1930, a URSS foi o único poder que se esforçava por conter politicamente as ambições agressivas do fascismo

alemão e por se opor à militarização da Europa e do Extremo Oriente. A política de apaziguamento do agressor perseguida por Londres e Paris, que resultou no Acordo de Munique de 29-30 de Setembro de 1938, não permitiu criar um sistema de segurança colectiva na Europa. A posição apaziguadora da Inglaterra e da França tornou inevitável a derrota da Espanha republicana e Abissínia (hoje em dia Etiópia), permitiu que os nazistas chegassem ao Anschluss da Áustria, ao desmembramento e destruição da Checoslováquia. Muitos estados foram submetidos ao jugo

da força dos nazistas. No terrível Junho de 1941, soldados e oficiais soviéticos travaram batalhas em condições que não davam esperança. Os alemães conseguiram atacar e ocupar as repúblicas fronteiriças (os Estados Bálticos, Bielorrússia, parte da Ucrânia). A Alemanha planeou ataques em duas direcções importantes: Leninegrado (hoje em dia São Petersburgo) e Moscovo. Leninegrado foi cercado em 8 de Setembro de 1941. Em SetembroNovembro, os nazistas avançaram rapidamente em direcção a Moscovo, mas, encontrando uma resistência implacável, pararam. A batalha de Moscovo (30.09.1941 – 20.04.1942) foi vencida pelas tropas soviéticas. O resultado da batalha pela capital determinou a derrota dos fascistas na guerra. Em Novembro de 1942, mudou-se o paradigma crucial da guerra. Nesta etapa, o Exército Vermelho foi capaz de não apenas impedir o avanço das forças fascistas, mas também forçá-las a recuar. Durante este retiro das tropas fascistas no período de 1942 a 1943 ocorreram tais batalhas significativas da Grande Guerra Patriótica, como as de Rzhev, Stalingrado, Kursk, bem como as batalhas pelo Cáucaso e pelo Dnieper. Finalmente, de 1944 a 1945, começou o período libertador da Grande Guerra Patriótica. A libertação do território da União Soviética custou enormes sacrifícios ao Exército Vermelho: 1,3 milhão de soldados soviéticos morreram nas batalhas apenas no território da Ucrânia moderna. Pela liberdade trazida aos povos da Europa, o povo soviético pagou um preço igualmente caro: nas batalhas ferozes contra o inimigo, o exército soviético perdeu mais de 3,5 milhões de soldados e oficiais. Cumprindo a sua missão de libertação, o Exército Vermelho, entre 1944 e 1945, realizou 14 operações estratégicas-ofensivas no território de países estrangeiros. Cerca de 7 milhões de soldados soviéticos participaram

em batalhas na Europa. Eles libertaram totalmente ou parcialmente 11 estados da Europa. A victória foi obtida a um preço alto. As perdas da União Soviética na guerra totalizaram 26,6 milhões de cidadãos, dos quais 11 milhões eram soldados e oficiais, os outros 15 milhões eram civís. A guerra matou 4 milhões de crianças. Infelizmente, hoje em dia observamos que a façanha das pessoas que salvaram a Europa e o mundo da escravidão, do extermínio e do Holocausto está a ser apagada, distorcendo os eventos da guerra, falsificando e reescrevendo a própria história. Esta revisão deliberada da história, em particular a revisão dos resultados dos Julgamentos de Nuremberg, das actividades criminosas realizadas pelos cúmplices de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial, tentativas de contestar a legitimidade das decisões tomadas pelos Aliados em Teerão, Yalta e Potsdam, não apenas questionam a arquitectura internacional moderna formada, na qual se baseia o sistema da ONU, mas também minam os fundamentos do direito internacional moderno. Tomando em conta o acima dito, é de sublinhar que devemos contribuir para a preservação da verdade histórica objectiva sobre os eventos daquela época terrível com o fim de impedir a reincidência da tragédia e dos erros cometidos. Por decreto do Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, o ano de 2020 foi declarado na Rússia como o “Ano da Memória e da Glória”, projectado para celebrar amplamente o 75º aniversário da vitória na Grande Guerra Patriótica de 1941-1945 e, neste contexto, mais uma vez relembrar às novas gerações o horror da ideologia fascista e a façanha do povo soviético na luta contra este mal. *Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Federação da Rússia na República de Angola


ECONOMIA

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O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

Banco Millennium Atlantico com contas de exercício 2019 aprovadas A instituição bancária teve um incremento de 12 por cento nos seus lucros face a 2018, embora abaixo do previsto face ao contexto Dr

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resultado é fruto de uma forte aposta em medidas de eficiência, que permitiram uma redução dos seus custos operacionais em 8,2%, face a 2018, o que resultou num rácio de cost-to-income (CTI) recorrente de 47% (menos dois pontos percentuais do que no exercício anterior).

A instituição bancária realizou a 28 de Abril útimo, em Luanda, a sua Assembleia Geral, que dentre várias acções aprovou as contas do exercício de 2019, período em que a instituição atingiu um resultado líquido de 30,5 mil milhões de Kz. Em 2019, o Atlântico concluiu, de igual modo, com sucesso o exercício de Avaliação da Qualidade dos

O mote do Atlântico para 2019 foi “Diferentes pelo Cliente”, em linha com a implementação do Plano Estratégico “ATLANTICO 2.1”, destacando-se a aposta em três pilares.

Activos (AQA), promovido pelo BNA, tendo fechado o exercício com um rácio de solvabilidade regulamentar (RSR) de 14,5%. Em nota distribuída à imprensa, o banco informa que continuou o seu investimento no fortalecimento das ferramentas de controlo interno, direccionando o seu foco para a gestão dos riscos de balanço, destacando-se um rácio de crédito em risco de 15,7% (menos 1,2 pontos percentuais do que no exercício anterior) e um rácio de cobertura de crédito em risco por imparidade de 130% (mais 29 pontos percentuais do que no exercício anterior). O banco reforçou também o fortalecimento das ferramentas e processos de combate ao branqueamento de capitais e de financiamento ao terrorismo. O mote do Atlântico para 2019 foi “Diferentes pelo Cliente”, em linha com a implementação do Plano Estratégico “ATLANTICO 2.1”, destacando-se a aposta em três pilares. O primeiro pilar, consistiu na universalidade materializado com o forte investimento efectuado na sua plataforma de onboarding digital, que permitiu aumentar significativamente a sua capacidade de captação de clientes para 2.500 clientes/dia, o que permitiu um aumento da sua base de clientes em cerca de 40%, ultrapassando a meta de 1,8 milhões de clientes. Por outro lado, reforçou o seu posicionamento universal com o de-

senvolvimento de uma proposta de valor que simplifica o acesso do segmento de famílias e negócios de baixa renda ao sistema financeiro, sob o lema “simplificar para bancarizar”. Outro pilar, inovação digital, reforçou a aposta no desenvolvimento e implementação de soluções digitais que permitiram a realização de operações de banca remota, à escala dos seus mais de 1,8 milhões de clientes e em alta disponibilidade (24/7), destacando-se o upgrade da placa tecnológica que permitiu a oferta de produtos e serviços em alta disponibilidade, o lançamento de uma plataforma, pioneira no mercado angolano, de mobile banking para telefones tradicionais, sem consumo de saldo de voz ou dados (*400#); e a disponibilização aos seus clientes da possibilidade de realizar as principais operações bancárias, em 24/7, em um terço da sua rede de agências, com a implementação de um parque de 35 máquinas de depósitos. Com o terceiro pilar, parceiro de investimento, o Atlântico manteve um lugar de destaque no financiamento às famílias e às empresas, tendo reforçado as suas relações com contrapartes internacionais, através da contratualização de linhas de financiamento, com o Commerzbank e com a IFC (International Finance Corporation) para apoio à diversificação da economia. Dr

Filda adiada para Outubro

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36ª Edição da Filda (Feira Internacional de Luanda) acontece de 6 a 10 de Outubro deste ano na Zona Económica Especial – ZEE. A alteração da data do evento que, habitualmente ocorre no mês de Junho, é consequência da Co-

vid-19 e decorre das recomendações do Governo angolano no âmbito das medidas de mitigação e combate à propagação da pandemia planetária. Em nota, a organização informa que tomou a decisão para “garantir a segurança dos expositores, parceiros, visi-

tantes e demais envolvidos”, mas também com o propósito de salvaguardar a participação internacional. A Feira Internacional de Luanda é o mais antigo evento desta natureza no país. A sua primeira edição aconteceu na década de 60 nas instalações do Cazenga, onde foi sempre realizado até ao ano de 2015. A exposição junta anualmente empreendedores nacionais e internacionais.


O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

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Huíla colhe mais de 209 mil toneladas de cereais

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uzentas e nove mil e 926 toneladas de cereais (milho, massango e massambala) estão a ser colhidas na província da Huíla, por associações de camponeses, no quadro da primeira época da campanha agrícola 2019/2020

BCI privatizado ainda este ano Em despacho, o Presidente da república autoriza a abertura do processo de alienação das acções representativas do capital social do Banco de Comércio e Indústria (BCI) detidas pelo Estado, no quadro do Programa de Privatizações (PrOPrIV)

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diploma (Despacho Presidencial N.º 66/20, de 05 de Maio) estabelece que o processo de privatização do BCI seja feito no regime de Leilão em Bolsa, dirigido a candidatos especialmente qualificados, e delega competências à m inistra das Finanças para a verificação da validade e legalidade de todos os actos inerentes, designadamente Abertura do Procedimento, Constituição da Comissão de Negociação, Aprovação das Peças do Procedimento, Adjudicação das Propostas e Celebração dos Correspondentes Contratos. De acordo com o cronograma estabelecido para o processo de privatização do BCI, prevê-se a sua concretização ainda em 2020. O próximo passo do processo centra-

se na Contratação dos Serviços de Consultoria Financeira e Jurídica (Intermediação Financeira). No entanto, alguns interessados estão já identificados, sendo de salientar a manifestação de interesse apresentada por investidores nacionais e estrangeiros, todos com experiência em mercados africanos. O BCI foi constituído a 11 de Março de 1991 e é uma instituição financeira bancária, sujeita à supervisão e regulação do Banco Nacional de Angola e da Comissão do Mercado de Capitais, neste caso por ser membro de liquidação em operações de mercado regulamentado de valores mobiliários. É detido pelo Estado, representado pelo Ministério das Finanças, com 98,92% do capital social, sendo o restante repartido pelas em-

presas Sonangol, ENSA, Porto de Luanda e TAAG cada uma com 0,19%; Endiama, TCUL, Cerval e Angola Telecom cada com 0,08% e Bolama com 0,01%. O grupo Técnico para a Privatização do BCI é liderado pelo secretário de Estado para as Finanças e Tesouro, e será apoiado pelo sub-grupo Técnico do Sector Financeiro do PROPRIV e os órgãos de gestão do BCI, e têm a responsabilidade de elaborar as bases técnicas e fazer o acompanhamento da implementação do processo de privatização deste Banco. A abertura do processo de privatização da participação do Estado no BCI é a primeira a envolver os activos do Estado no sector financeiro inscritos no PROPRIV.

O total da colheita (209 mil 926 toneladas de cereais) representa um aumento na ordem de 24 mil toneladas, se for comparado a igual período anterior. A colheita, que envolve 314 mil e 604 famílias camponesas inseridas em 835 associações, começou há duas semanas e envolve uma área de 605 mil hectares. Segundo a Angop, a directora do gabinete provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas, Mariana Soma, afirmou que o aumento da produção se deve à regularidade das chuvas, principalmente nos municípios do

Lubango, Caluquembe, Caconda e Chicomba. Até ao final do mês de Maio devem ser colhidas 25 mil toneladas de massango e 20 mil de massambala, bem como mil toneladas de hortícolas e três mil de tubérculos, alcançando 90 por cento de aproveitamento da previsão inicial. Quanto à produção de hortícolas (repolho e cebola), sublinhou que poderá registar uma quebra nos municípios da Humpata, Chibia e Matala, por terem recebido pouca quantidade de fertilizantes. Para o sucesso da campanha os agricultores receberam 6 mil unidades de charruas, enxadas, catanas, machados e outros instrumentos de trabalho, bem como 2.700 toneladas de adubos 12-24-12, 90 toneladas de sementes de milho e 1.300 de calcário dolomítico para a correcção de solos, em benefício de 210 mil famílias. Dr


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As receitas diamantíferas fixaram-se em 10.577 milhões Kz no Iº trimestre de 2020 O montante representa um aumento de 44% face ao período homólogo, justificado pelo incremento médio dos preços por quilate em mais de 515%, com efeitos sobre a execução orçamental Dr

ESPAÇO ANGOLA

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cost-to-income do sistema bancário situouse em 38,48% em Fevereiro de 2020, segundo dados do BNA. O rácio corresponde a um incremento mensal de cerca de 8 p.p., tal como o maior nível dos últimos 5 meses, o que poderá reflectir-se sobre a lucratividade do sector bancário.

ESPAÇO INTERNACIONAL zona Euro • A economia poderá contrair 7,7% em 2020. O desempenho reflecte os efeitos da COVID-19 que penalizou os investimentos, reduziu as perspectivas de consumo e do comércio externo, sendo que a Espanha e a Itália, os países mais afectados pela pandemia, deverão contrair 9,4% e 9,5%, respectivamente.

MERCADOS Petrolífero Brent: -4,04% (29,72 USD/barril). O ajuste das expectativas dos investidores pressionou a cotação do crude

Cambial EUR: -0,42% ( 1,0795 USD). A revisão em baixa da perspectiva de desempenho económico da Zona Euro pressionou a cotação do euro.


OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

JOSÉ MANUEL dIOGO

JOÃO ROSA SANTOS Dr

Nossa casa, nossa língua

E Maiado!...

T

um, tum, tum, maiado! Tum, tum, tum, maiado! Não é carnaval, não senhor, tão-pouco o Kabocomeu a desfilar, é a covid-19, a nos sitiar, perigosamente, contaminação local, comunitária a espreitar, fica só no cubico, na rua é só mascarado. Tum, tum, tum, maiado! Tum, tum, tum, maiado! Não é teatro, não senhora, não é o kilandukilu, muito menos Kituxi e seus acompanhantes a batucar, é a pandemia a nos colocar de sentido, fica só em casa, não busca só sarna sem necessidade. Tum, tum, tum, maiado! Tum, tum, tum, maiado! Não é brincadeira, não senhor, não são os Ndengues do Kota Duro, nem pensar os Tunjila Tuajokota, a nos tirar o sono, é mesmo a covid-19, lava só as mãos bué de vezes com água e sabão, desinfecta com álcool-gel, evita ficar no barulho, siga os conselhos úteis.

Tum, tum, tum, maiado! Tum, tum, tum, maiado! Não são os Tuneza em acção, o mambo é sério, gindungo no olho do outro já não é refresco, jikulu messo, cada qual, faça a sua parte, cumpra com os deveres e obrigações, saiba defender a vida. Tum, tum, tum, maiado! Tum, tum, tum, maiado! Não é conversa para triplex, Mano de dois ou três funges, poisa só numa mesa, de resto só vídeo-chamada, andar atoa trás azar, quarentena não perdoa, perguntem só quem já lhe sentiu. Tum, tum, tum, maiado! Tum, tum, tum, maiado! Não é o ManRé, nem a sonhar, mocinha não vale a pena dizer sim, no objectivo amor não está a dar, beijar é proibido. Tum, tum, tum, maiado! Tum, tum, tum, maiado! Não é o Mito Gaspar, nada que se parece, quem te viu e quem te vê, kichimbula quia mona ndengue oh ku toala, lenga ngó, dá carinho na ven-

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gó, kota também é nonó. Tum, tum, tum, maiado! Tum, tum, tum, maiado! Do antigamente só restam saudades, nada está como antes, são tempos novos e inéditos, de andar menos, ficar mais em casa, nas calmas, com serenidade. Tum, tum, tum, maiado! Tum, tum, tum, maiado! Não é boataria no tacho, muito menos sentada de fofoqueiros, é preciso e agora, mais do que nunca, saber caminhar, esquecer os graxismos, combater sem quartel a pandemia, fazer retornar o país a normalidade. Tum, tum, tum, maiado! Tum, tum, tum, maiado! Não vale a pena brincar com a sorte, as autoridades estão vijús, tempo do Dinis brinca na areia, já passou, do Adió, finta já não é finta, caminho fiote, te cangam na primeira esquina, fica vivo, cumpre só, covid-19 está maluco, não vê caras, nem corações. Tum, tum, tum, maiado! Tum, tum, tum, maiado! Atenção povo, deixa de teimosias, respeita as autoridades, nada de brincadeiras, as orientações são claras, no português de Portugal, nas línguas nacionais, seja exemplar, bem disciplinado, arregaça as mangas, faça da união a nossa força, a luta continua!

ela disse: sabe Zé? Eu acho que você é o único cara que escreve toda a semana em três continentes usando a mesma língua como se fossem três diferentes. É mesmo? É. Ontem foi o primeiro Dia Mundial da Língua Portuguesa e eu fiquei pensando nisso. Sério? Onde? Me ajuda aí menino. Fui à procura e não achei. Parti para a busca e não tinha. Nada de nada. Nulo total. Nem sombra e glória. Népia. Coisa nenhuma. A gente não lê, Rui? Nem que roçe na do Camões. Damos um jeito, Caetano? Nem mano, nem mulungo. Nem paizinho, nem mãezinha. Júlio sem noves fora já não mia nem com Couto. Valeu? Nem vem que não tem. Tu é que sabe “mêrmão”. deixa eu te explicar prá tu ficar sabendo. O barroco só é tropical se à àgua for Lusa. Né Zé? Dia da língua foi ontem disse o calendário. E a rádio também falou que somos muitos, duzentos e setenta e pico e tal milhão de caras e meninas, falando Eças e Pessoas, Amados e Coutos, Homens e Mulheres. Letras grandes, inícios capitais. A língua mais falada do hemisfério Sul, que é para onde a gente “se manda” quando busca a liberdade. Minha Pátria, minha língua. Veloso, vê-lo, vou. Estou em São Paulo, na piscina rasa do SESC, num andar alto olhando a Teatro Municipal se multiplicar em luzes como um traje de coragem sem toiros e penso. Hoje peguei meu CPF e sou daqui. Olho para o meu camarada de viagem, de milhagem, de vadiagem e penso numa frase — O mundo é do tamanho do que vejo — que encontrei pela primeira vez, anos antes, colada na parede do primei-

ro colégio dos meus filhos, João de Deus, mas sem jesuítas, na longínqua cidade de Coimbra onde a paixão de Portugal pelos livros se desenhou na biblioteca joanina da Universidade Milenar. Agora estou em Luanda no Quinaxixi às voltas com o futuro do mercado centenário que se recusa a virar centro comercial. Tenho tantas saudades de encontrar Colunas no Girabola, como de navegar para longe buscando memórias em todos os bombordos que fazíamos mareando em cautelas e caldos de galinha à moda do século XVI. Noutro final de semana parto para a Baía (de Luanda, não a de todos os Santos) encontro o Troufa Real falando da arquitetura que não fez com a graça de um carvão nos dedos de Bordalo ou de óleos na tela de Tarsila. Contar a história, às vezes é uma arte maior que vivê-la. Fernão, mentes? Minto. Que se contar só a verdade não vai dar “share” nem audiência. Só quero mesmo que o Rio Vermelho tenha mais graça que a explosão de Mazagão no dia em que o Marquês de Pombal a torpedeou para o Amapá apenas porque podia. Manda quem pode e obedece quem deve. É apenas a viagem... A língua se inventa mais rápido que os seus falantes. Tem mais memória que elefantes, é mais confiável que cegonhas, mais ágil que palancas, mais eterna que urubus. Foi ela que encontrou a gente e é ela que nos dirá. Até mais, Adeus, Passar bem. Foi? Fui. Mas pode se preparar que estou voltando.

Originalmente publicado na Folha de São Paulo, 6 de Maio 2020


MUNdO

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Oposição zambiana acusa OMS de impedir cura de coronavírus em África O Partido Verde, da

oposição zambiana, acusou a Organização Mundial de Saúde (OMS) de frustrar e desencorajar os países africanos na busca de uma cura contra a pandemia do coronavírus (Covid-19)

Disse ser injusto a OMS considerar que os medicamentos produzidos no Ocidente são os únicos melhores para o tratamento à escala planetária. Depois de saudar e elogiar os esforços de Madagáscar para desenvolver o Covid-Organics, um tra-

tamento herbal contra o coronavírus, Sinkamba disse ser essencial que os medicamentos desenvolvidos por africanos com base no conhecimento indígena sejam também promovidos em todo o Mundo. O líder do Partido Verde instou os países africanos a apoiarem-se mu-

tuamente, antes de exortar o Governo zambiano a considerar a importação de Covid-Organics para tratar pacientes com Covid-19. A OMS tinha advertido as pessoas contra o uso de medicamentos não testados para tratar o coronavírus

Nigéria estende proibição dos vôos por quatro semanas a partir de Quinta-feira

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Nigéria estenderá a proibição de todos os vôos em quatro semanas, como parte de medidas para impedir a propagação do coronavírus, disse uma autoridade do governo aos repórteres na Quarta-feira. O chefe Mustapha, secretário do governo da federação, disse na Quinta-feira que marcará o último dia para a aplicação da proibição actual. “A proibição de todos os vôos será estendida por mais quatro semanas”, disse ele.

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líder do partido, Peter Sinkamba, afirmou que medicamentos alternativos e complementares desenvolvidos ao longo dos anos pelos africanos estão disponíveis e à espera do apoio da OMS. Políticos zambianos protestam contra a demora da certificação dos medicamentos africanos pela OMS

rússia regista novo aumento recorde diário de casos de coronavírus

Órgão de controlo de doenças de África rejeita a afirmação da Tanzânia de que os testes de coronavírus estão com defeito Dr

O chefe dos Centros para Controlo e

Prevenção de Doenças de África (CDC da África) rejeitou, na Quintafeira, uma afirmação do presidente da tanzânia de que os testes de coronavírus do seu país estão com defeito e estão a dar muitos resultados falsos positivos.

“O

s testes que a Tanzânia está a usar, sabemos que eles estão a funcionar muito bem”, disse John Nkengasong a jornalistas numa tele-

conferência. O CDC de África, juntamente com a Fundação Jack Ma, uma instituição de caridade administrada por um bilionário chinês, forneceu os testes, disse Nkengasong.

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Órgao de controlo de doenças em África contraria alegações tanzanianas sobre fiabilidade dos testes

Rússia relatou, na Quinta-feira, 11.231 novos casos do novo coronavírus, um aumento diário recorde que elevou o total de casos nacionais para 177.160. A força-tarefa russa para o coronavírus disse que 88 pessoas morreram durante a noite, elevando o número de mortes por coronavírus para 1.625. Moscovo, a área mais atingida, também registou um aumento recorde de casos durante a noite de 6.703 novos casos. O prefeito de Moscovo, Sergei Sobyanin, disse, na Quarta-feira, que o total de casos estava a subir na capital, porque a quantidade de testes foi aumentada.


O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

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Justiça brasileira dá 48 horas a Bolsonaro para divulgar resultados dos seus testes à Covid-19 A Justiça brasileira determinou, nesta Quarta-feira, que a Ad-

vocacia geral da União (AgU) entregue, no prazo de 48 horas, os resultados dos exames médicos aos quais o presidente Jair Bolsonaro foi submetido, para verificar se foi infectado ou não pelo novo coronavírus Dr

Os juízes querem os resultados dos testes ao Covid-19 e não relatórios de médicos

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Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), de segunda instância, decretou que a determinação judicial deveria ser cumprida com a entrega dos laudos dos exames realizados por Bolsonaro, e não por relatórios médicos, como foi feito inicialmente. “A acção pede a obtenção dos laudos e não relatórios sobre exames e a medida cautelar foi deferida assim. Na verdade, os médicos da Presidência relatam o resultado de exames feitos por outros. Somente os próprios exames de laboratório podem fornecer um esclarecimento total à socieda-

de”, determinou o desembargador André Nabarrete Neto. O juiz estabeleceu um prazo de 48 horas para que a AGU entregue os resultados, sob pena de uma multa de 5 mil reais (USD 880) diários no caso de incumprimento. O desembargador destacou que “a urgência da tutela é inegável, porque o processo pandêmico se desenrola, diariamente, com o aumento de mortos e infectados. A sociedade tem que se certificar que o Sr. Presidente está ou não acometido da doença”. A decisão é decorrência de uma acção movida pelo jornal O Estado de S. Paulo que, amparado pela

Lei de Acesso à Informação, pediu a divulgação dos laudos. Na semana passada, a AGU entregou à Justiça um relatório médico atestando a saúde do presidente, datado de 18 de Março e assinado por um urologista e um ortopedista, mas não foi aceite. A AGU recorreu e um juiz acatou a alegação de que a divulgação violava o respeito ao direto de intimidade do presidente, mas nesta Quarta-feira, o tribunal de apelações confirmou a decisão de que os laudos devem ser divulgados. A polêmica iniciou em Março, quando o presidente brasileiro viajou aos Estados Unidos e, no regresso, mais de 23 membros da comitiva oficial, incluindo ministros, resultaram infectados pelo vírus. Ante os rumores de que pudesse também estar contaminado, Bolsonaro realizou testes em 12 e 17 de Março, mas nunca mostrou os resultados e se limitou a comentar nas redes sociais que o resultado tinha sido negativo. Na semana passada, Bolsonaro admitiu a possibilidade de ter contraído a Covid-19. “Eu, talvez já tenha pegado esse vírus no passado, talvez, talvez, e nem senti”, afirmou o presidente em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre.

China acusa Pompeo de mentir sobre manipulação do coronavírus

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China acusou o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, de dizer uma mentira para encobrir outra nos seus contínuos ataques a Pequim por causa da pandemia de coronavírus. As declarações foram feitas pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, que reiterou que Pequim foi transparen-

te sobre o surto de Covid-19 que surgiu na China no final do ano passado e que os políticos dos EUA estão a fazer acusações infundadas contra a China. Os Estados Unidos acusaram Pequim de abordar mal o surto. Hua também disse que Pequim se opõe à interferência dos EUA nos seus assuntos internos em resposta a uma pergunta sobre a decisão do Departamento de Estado

de adiar um relatório ao Congresso que avalia se Hong Kong goza de autonomia suficiente da China para continuar a receber tratamento especial dos EUA. Pompeo disse numa entrevista colectiva, na Quarta-feira, que o relatório será adiado “para dar conta de quaisquer acções adicionais” que antecederam a reunião anual do parlamento chinês no final de Maio.

Crianças sul-africanas beneficiavam de alimentação, enquanto as escolas estavam abertas

Crianças sul-africanas enfrentam fome com encerramento de escolas para refeições gratuitas

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fecho das escolas da África do Sul, sete semanas atrás, interrompeu um programa nacional de alimentação, que fornecia refeições para 9 milhões de crianças extremamente pobres, enchendo o estômago e ajudando-as a passar o dia na sala de aula para obter educação. Agora, surge uma potencial crise de fome. As dificuldades económicas são severas desde que o presidente Cyril Ramaphosa ordenou que a maioria dos cidadãos ficasse em casa e fechou todas as empresas, excepto as essenciais, no final de Março. “Temos crianças aqui na escola que desmaiam (de fome)”, disse Shireen Valentyn, 41, uma voluntária da escola primária de Hoofweg, na empobrecida comunidade de Blue Downs, na Cidade do Cabo. A escola está fechada para as aulas, mas fornece refeições para as crianças e seus responsáveis como parte de um esquema de emergência, exclusivo da província do Cabo Ocidental da África do Sul, disseram as autoridades. “Os nossos filhos, há muita fome”, disse Valentyn. De manhã, eles fazem fila sob o frio por uma papa de mingau. Posteriormente, filas separadas de crianças e adultos esperam com lancheiras de plástico para uma refeição do meio-dia de butternut cozido e peixe em conserva. A África do Sul reabriu alguns sectores da economia no 1º de Maio, quando o governo procurou iniciar uma economia de gagueira. As escolas devem reabrir par-

cialmente ainda este mês, com os alunos serem vistos de volta às aulas a partir do 1º de Junho. Mas não há certeza de quando o programa nacional de nutrição escolar será retomado, pressionando as famílias pobres que lutam para sobreviver. O departamento de educação não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o programa de refeições escolares. “Também estou preocupado com o vírus, mas não há nada que possamos fazer, porque não podemos ficar com fome”, disse Thabisa Nete, 33 anos, mãe, que teve uma refeição quente na escola primária de Vuyani, na cidade de Gugulethu, na Cidade do Cabo. O Instituto Infantil da Universidade da Cidade do Cabo disse que antes da pandemia, um quarto dos menores de cinco anos da África do Sul era atrofiado nutricionalmente e 6,4 milhões de crianças menores de 18 anos sobreviviam com menos de USD 32 por mês. O governo distribuiu mais de 250 mil pacotes de alimentos de emergência para famílias pobres até ao final de Abril, disse o ministro do Desenvolvimento Social, e forneceu um adicional de 50 biliões de rands para subsídios sociais. Mas activistas dos direitos da criança ainda alertam para uma “crise de fome”. “Certamente há uma crise de fome (...) e da perspectiva das crianças, eu diria que essa é uma implicação grave para a capacidade de sobreviver”, disse Nurina Ally, directora executiva do Equal Education Law Center (EELC).


ACTUAL

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Cientistas italianos afirmam ter desenvolvido 1ª vacina do mundo contra coronavírus Pesquisadores italianos asseguram ter desenvolvido uma vacina baseada em anti-corpos que pode neutralizar o novo coronavírus em células humanas

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Os pesquisadores italianos obtiveram cinco vacinas geradoras de um grande número de anti-corpos

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egundo noticia o jornal britânico The Independent, após testes realizados para a obtenção de uma vacina no Hospital Lazzaro Spallanzani de Roma, que é especializado em doenças infecciosas, cientistas lograram gerar anti-corpos em ratos que podem funcionar em células humanas. Os pesquisadores obtiveram cinco vacinas geradoras de um grande número de anti-corpos, seleccionando em seguida as duas que apresentaram os melhores resultados. As vacinas candidatas foram escolhidas com base no material genético do DNA da proteína-espigão que o novo coronavírus utiliza para penetrar nas células humanas. Após uma única vacinação, os ratos desenvolveram anti-corpos capazes de bloquear o vírus de infectar células humanas.“Isto representa o estado mais avançado de testes na

Preços mundiais de alimentos caem, acentuadamente, em Abril devido à Covid-19, diz ONU Os preços mundiais dos alimentos caíram pelo terceiro mês consecutivo em Abril, atingidos pelo impacto económico e logístico da pandemia de Covid-19, informou a agência de alimentos da Organização das Nações Unidas, nesta Quinta-feira

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índice de preço dos alimentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que mede as variações mensais de uma cesta de cereais, oleaginosas, laticínios, carne e açúcar, teve média de 165,5 pontos no mês passado, representando uma queda de 3,4% em Março. O índice de preços do açúcar atingiu a menor baixa em 13 anos, caindo 14,6% em relação a Março, com a crise do novo coronavírus, atingindo a demanda e oscilando o preço do petróleo, o que também reduziu a necessidade de cana-de-açúcar para produzir etanol, informou a FAO. O índice de preços do óleo vegetal caiu 5,2%, atingido pela queda nos valores do óleo de palma, soja e colza, enquanto o índice de laticínios caiu 3,6%, com os preços da manteiga e do leite em pó a registar quedas de dois dígitos. O índice da carne caiu 2,7%, com uma recuperação parcial da

demanda de importação da China, que não conseguiu equilibrar uma queda nas importações noutros lugares. A FAO também informou que os principais países produtores sofreram apertos logísticos, enquanto as quarentenas impostas em muitos países causaram uma queda acentuada nas vendas. “A pandemia está a afectar os lados da demanda e da oferta de carne, já que o fecho de restaurantes e a redução da renda das famílias levam a um menor consumo; e a escassez de mão-de-obra no lado do processamento está a afectar os sistemas de produção na hora certa”, disse o economista sénior da FAO, Upali Galketi Aratchilage. Por outro lado, o índice de preços dos cereais caiu apenas um pouco, pois os preços internacionais do trigo e do arroz aumentaram significativamente, enquanto os do milho diminuíram acentuadamente.

Itália de uma pesquisa de vacina”, afirmou Luigi Aurisicchio, presidente-executivo da Takis, empresa que lidera o estudo, citado pelo jornal. “S e g u ndo o Ho s pit a l Spallanzani, tanto quanto sabemos, somos os primeiros no mundo a conseguir uma neutralização do coronavírus por uma vacina”, prosseguiu Aurisicchio, esperando que o experimento bem-sucedido com os ratos “resulte também em humanos”. Segundo adiantou, igualmente, o presidente-executivo da Takis, testes estão agendados para o último trimestre deste ano, acrescentando que continuam a trabalhar “arduamente numa vacina proveniente de pesquisa italiana, com uma tecnologia totalmente italiana e inovadora, testada na Itália e colocada à disposição de todos”. Contudo, Aurisicchio apelou ao apoio de “instituições e parceiros nacionais e internacionais que possam nos ajudar a acelerar o processo”, cita o jornal. Os próximos testes a serem realizados terão como objectivo determinar quanto tempo durará a resposta imunológica.

Brasil tem 10.503 casos de Covid-19 confirmados em 24 horas

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e acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem agora 125.218 casos de Covid-19 e 8.536 vítimas fatais. Em 24 horas, foram confirmados 10.503 casos, o maior número desde o início da pandemia. Nesta Quinta-feira (7), começa o “lockdown” da capital do Pará, Belém, e mais nove municípios do Estado. O ministro da Saúde, Nelson Teich, admitiu que “vai ter lugar, que o ‘lockdown’ será necessário”. O Brasil é agora o 6º país com maior número de mortos pela Covid-19 no mundo, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.


O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

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UE quer análise sobre papel da OMS na crise do coronavírus Dr

A União Europeia está a apoiar pedidos de revisão da resposta internacional à pandemia de coronavírus, incluindo o desempenho da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo um projecto de resolução para debate dos ministros na organização de saúde

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iplomatas europeus disseram que Estados Unidos e China participaram nas negociações sobre a resolução da UE, mas não deram detalhes das suas contribuições. Um porta-voz chinês confirmou que Pequim está envolvido, mas autoridades norte-americanas se recusaram a comentar. O director-geral da OMS, Tedros

Número diário de mortes por coronavírus na Espanha cai novamente na Quinta-feira

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Incursão armada na Venezuela pretendia sequestrar presidente Maduro e levá-lo aos EUA O governo venezuelano reiterou que a Operação gideon se mantém activa para capturar outras pessoas envolvidas na incursão armada contra a Venezuela

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número diário de mortes por coronavírus, na Espanha, caiu na Quinta-feira para 213, ante 244 no dia anterior, informou o Ministério da Saúde. O número total de mortes por coronavírus aumentou para 26.070, ante 25.857 na Quarta-feira. O número de casos diagnosticados de coronavírus no país havia passado de 220.325 para 221.447 no dia anterior.

Adhanom Ghebreyesus, defendeu a agência contra críticas ferozes do presidente dos EUA, Donald Trump, mas prometeu uma análise do seu desempenho após o alívio na pandemia, incluindo do seu órgão de supervisão independente. Um esboço inicial da resolução da UE, a ser debatido pelos ministros da Saúde da OMS em reunião virtual em 18 e 19 de Maio, na As-

sembleia Mundial da Saúde, inclui “elogio à liderança da OMS”, mas pede “uma avaliação... o mais cedo no momento apropriado sobre as lições aprendidas com a resposta internacional da saúde à Covid-19”. O esboço, visto pela Reuters, diz que a avaliação deve abordar as consequências a longo prazo para a saúde e “lacunas na preparação para a pandemia” e lembra aos 194 países membros da OMS que precisam relatar os surtos de doenças “no tempo oportuno”. “As negociações começaram. Os norte-americanos, chineses e europeus estão a participar, quase todos estão. É um sinal muito bom de que todos estão envolvidos”, disse um diplomata europeu.

presidente venezuelano, Nicolás Maduro, relatou, nesta Quarta-feira (6), que um dos americanos detidos devido a uma incursão armada na Venezuela, ocorrida no Domingo (3), revelou que o objectivo da operação era sequestrar e levar Nicolás Maduro a Washington. Numa conferência de imprensa virtual com a mídia internacional, o chefe de Estado venezuelano exibiu um vídeo do testemunho do cidadão dos EUA Luke Alexander Denman, que revelou que lhe foi atribuída a missão de treinar três grupos na Colómbia: “Ir com eles até à Venezuela, sitiar Caracas e assegurar um aeroporto para prosseguir com o plano.” Sobre as ordens dadas por Jor-

dan Goudreau, um dos líderes da incursão, Denman explicou que “as únicas instruções que recebi de Jordan foram certificar-me de assumir o controlo do aeroporto para que pudesse ser feita uma transferência segura de [Nicolás] Maduro para o avião”, relata portal telesurtv. O Executivo da Venezuela indicou também que no âmbito da operação cívico-militar Gideon foram feitas novas detenções em Carayaca, no Oeste do Estado venezuelano de La Guaira. Nicolás Maduro agradeceu às Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) pelo funcionamento do Escudo Bolivariano. No Domingo (3), um barco chegou ao litoral de La Guaira, na cidade de Macuto, próximo de Caracas. A embarcação estava a ser aguardada por

um destacamento da Polícia Nacional Bolivariana, das Forças de Acção Especial, do Serviço de Inteligência Bolivariana, da Direcção de Contra-inteligência Militar e da Marinha venezuelana. Assim, o governo conseguiu

capturar 12 mercenários, matando oito deles, tendo todos chegado da península de La Guajira, Colómbia. A inteligência venezuelana sabia o que estava a ser planeado e se tinha preparado para lidar com a situação.


dESPORTO

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O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

Andebol tem candidato à vista e chama-se Amaral Júnior

“H

O andebol nacional vai conhecer movimentação nos próximos tempos, considerando que um grupo de antigos “internacionais” e outros agentes da modalidade estão decididos a apresentar a candidatura de José Amaral Júnior para a presidência da respectiva federação (FAAND), segundo apurou o jornal O PAÍS de boa fonte Dr

á um grupo de antigos andebolistas que decidiu propor o nome de um dos ‘seus’ para a substituição de Pedro Godinho, que anunciou ser este o seu último mandato. Entre alguns nomes, o escolhido foi o de José Amaral Júnior, antigo jogador do 1.º de Agosto e da Selecção Nacional, homem com grande experiência de gestão, numa das principais empresas do país”, disse a fonte que preferiu o anonimato. O candidato é nada mais, nada menos que “Maninho”, cognome que usou enquanto jogador, tendo-se destacado na década de 1980, com a conquista de vários títulos nacionais. Antigo jornalista da Revista Militar e da Angop, o candidato deverá lançar, oficialmente, a sua candidatura assim que as condições estejam reunidas, segundo informou o interlocutor de OPAÍS. Segundo o que avançou a fonte, “Maninho” tem o sustentáculo de diversas figuras da “família do andebol” nacional, inclusive de alguns membros da actual Direcção, de que é membro. Ao avançar, o candidato pretende manter o compromisso com o desenvolvimento contínuo da modalidade, criando condições para voos mais altos num futuro não muito distante.

Árbitro de voleibol concorre às eleições na Associação Provincial Mário Silva

O

antigo árbitro, Alberto Pascoal, adiantou que pretende dar uma nova dinâmica à modalidade por ter uma vasta experiência dentro e fora de campo. O treinador de voleibol e antigo árbitro, Alberto Pascoal, disse que vai candidatarse à presidência da Associação Provincial de Luanda, tendo em vista o quadriénio 2020/2024, cujas eleições estão adiadas devido à pandemia do novo Coronavírus “Covid-19”. Alberto Pascoal explicou que já

“Na verdade, sou um homem do voleibol. Deste modo, mereço dirigir os destinos deste desporto, porque esta família com conhece bem como treinador e antigo praticante”

passou por vários mandatos desde 1997 como membro da associação. Por isso, o responsável acredita que tem experiência suficiente para contribuir para o desenvolvimento da modalidade. “Na verdade, sou um homem do voleibol. Deste modo, mereço dirigir os destinos deste desporto, porque esta família conheceme bem como treinador e antigo praticante”, disse. Alberto Pascoal espera que haja mais concorrentes para o bem da modalidade.

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O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

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CR7, Ronaldinho ou Ronaldo Fenómeno? “No Cristiano não mexo”

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ristiano Ronaldo, Kylian Mbappé, Kevin De Bruyne, Sergio Aguero… Bernardo Silva está habituado a jogar com superestrelas mundiais, seja em clubes ou pela selecção, mas conseguiu escolher quatro jogadores para o acompanharem num ‘five a side’ de luxo. “Na baliza o Ederson, depois Cristiano e Mbappé na frente e Ricardo Carvalho na defesa. Se eu ficar treinador, escolho o Fabinho para o

meio-campo”, disse, desafiado pelo Esporte Interativo. Na mesma entrevista, o criativo do Manchester City foi desafiado a deixar de fora um de três: Ronaldo Nazário, Ronaldinho Gaúcho ou Cristiano Ronaldo. “Se fosse pela carreira, o Ronaldinho, teve menos tempo no pico, mas se fosse pelo pico deixava de fora o Ronaldo Nazário. No Cristiano não mexo, não posso mexer”, atirou, entre risos. Dr

“Se o Lebron jogasse nos anos 90, o Pippen continuava a ser melhor, só atrás do Jordan”

FAF recebe AKz 150 d milhões da zAP A Federação Angolana de Futebol (FAF) recebe anualmente AKz 150 milhões da operadora de televisão por satélite -ZAP, na qualidade de patrocinador oficial do Campeonato Nacional da primeira divisão “girabola”

G

eralmente envolto em secretismo o presidente da federação, Artur Almeida e Silva, afirmou que necessita de mais do que tais valores para suportar a época futebolística, pelo que tem sido difícil. Em recentes declarações à Angop, em Luanda, referiu ter a situação se agravado após o acentuar da

crise financeira nacional e mundial, na sequência da qual a Unitel e a Sonangol deixaram de patrocinar. O presidente cessante explicou ser a classe empresarial a principal parceira, mas não esclareceu, concretamente, que valores seriam necessários, por época, para a gestão da federa-

ção. Recordou que o seu elenco assumiu o pelouro em 2016 e que encontrou um passivo de cerca de USD 10 milhões. Reconhece que a FAF tem ainda por pagar três meses de salários aos funcionários, dívidas com a segurança social, com o banco BPC e com a seguradora ENSA.

ennis Rodman é uma das figuras dos Chicago Bulls que conquistou os títulos de 1996 a 1998. Uma caminhada ao lado de Michael Jordan e Scottie Pipen que foi agora recordada no documentário Last Dance. Em entrevista à ESPN, Rodman deixa largos elogios a Scottie Pipen, um jogador que considerou ser «subvalorizado». “Se o Lebron jogasse nos anos 90, o Pippen continuava a ser o segundo melhor, só atrás do Jordan. Ele devia ficar para a história como um dos melhores três jogadores da NBA, mas as pessoas

nunca repararam nele. Era muito calado, sempre ao lado do Michael Jordan. É um jogador subvalorizado, porque muita gente não tem noção da influência dele em alguns títulos dos Bulls”, explicou. Recorde-se que Scottie Pippen jogou na NBA durante 17 temporadas (Entre 1987 e 2004, sendo que 12 foram nos Chicago Bulls, uma nos Houston Rockets e quatro nos Portland Trail Blazers). Ao serviço dos Bulls conquista seis campeonatos e consegue uma média por jogo de 16,1 pontos, 6,4 ressaltos e 5,2 assistências. Dr


CLASSIFICAdOS emprego

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imobiliário

O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

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OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

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RICARdO VITA*

Vamos celebrar as nossas línguas!

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meu tio Afonso Mende s nu nca escondeu a sua alegria ao me ver mantendo intacta a nossa língua materna, Kikongo. Liguei para ele esta semana de Paris para o saudar e ele não deixou de me felicitar por isso e aproveitou a oportunidade para recordar a genealogia da nossa família. Ele pertence à linhagem paterna do meu pai, os Nkanga, ou simplesmente Kinkanga para puristas, e é hoje o chefe da coordenação do Núcleo das Autoridades Tradicionais da Corte do Rei do Kongo. O meu pai, que era um Assimilado (tinha esse estatuto colonial) e que falava português como um Assimilado, proibia o uso da língua portuguesa na nossa casa. Certamente porque conhecia bem a história e a necessidade de preservar a sua civilização. É também devido ao facto de ele pertencer à alta aristocracia do reino do Kongo que os seus antepassados fundaram. Ele era um Ntumba-a-Mvemba, a linhagem da sua mãe, Kintumba - lembremos que o filho pertence à linhagem da mãe na tradição dos bakongo - e era filho dos Nkanga por parte de pai. Vários dos seus ascendentes foram reis do Kongo. Esse vínculo aristocrático também o ligava aos Portugueses, que os seus antepassados haviam recebido com cordialidade contra a opinião do povo (pois, o povo sempre sabe melhor o que é bom para ele!) e que eles fizeram viver no respeito das nossas leis até quando traíram a confiança dos seus anfitriões, guiados pela ganância e o seu complexo de superioridade. O meu pai nasceu em Mbanza-a-Kongo, onde começou a sua carreira na administração colonial, primeiro como escriturário no Cartório Paroquial, depois como professor e, finalmente, como gerente de uma loja sumptuosa chamada Casa Verde, que vendia

mercadorias importadas. Aliás, ele escolheu um dos dois filhos do dono desta loja, um filho chamado Ricardo e de quem era amigo, para ser meu xará. No momento da luta pela libertação do nosso país, e apesar de vários membros da nossa família estarem entre os fundadores e líderes da FNLA, ele escolheu o MPLA, movimento fundadoelideradoporAssimilados de quem provavelmente se sentiu mais próximo. Essa situação pôs a nossa família em perigo várias vezes porque a FNLA via essa escolha com maus olhos. Mais ele assumiu todos os riscos e defendeu activamente as cores do MPLA, do qual foi um dos primeiros representantes locais, 1° secretário da Comissão Popular de Bairro, membro do primeiro governo provincial e fez parte do grupo de dirigentes que recebeu Agostinho Neto em Mbanza-aKongo. Hoje pergunto-me o que o nacionalista que ele foi diria sobre o estado do nosso país, que tem sido governado por homens do seu partido desde a independência pela qual lutou. Se o meu pai bania o português na nossa casa, é porque ele nunca tinha perdido a sua identidade e conhecia bem a essência destrutiva da colonização portuguesa. Sabia especialmente que os seres humanos são mais ricos e mais interessantes quando se abrem para os outros sem se abolirem e quando podem entender outras culturas enquanto mantêm as suas. Sabia que a língua materna transmite a tradição, a história e a vitalidade de um povo. Mas, para ele, a base de tudo era a origem, tinha que ser conhecida e preservada a todo custo. Não era negociável. É por isso que o ditado diz « quem não sabe de onde vem não pode saber para onde vai ». Então, quando a sua tia Sofia-O-Dimbo vinha à casa aos fins de semana, para trazer o delicioso prato a base de

banana e muamba de ginguba, que chamávamos m’bidi e cuja receita só ela tinha, ele aproveitava a oportunidade, em sua presença, para reiterar quem ela era para nós. Explicitava que ela era uma Nkanga, isto é, sua tia paterna e nossa avó. É esse vínculo que me liga a Afonso Mendes, a avó SofiaO-Dimbo era sua mãe. O nosso conhecimento e a nossa grandeza estão nas nossas línguas nacionais. Se conservo uma mente crítica sobre tudo o que vejo e a vida, é porque os meus antepassados tinham esse espírito e mo transmitiram através da nossa língua. É graças a essa língua que sei que tudo o que é dito sobre a África e os seus povos é uma mentira organizada, porque a sua grande inteligência contradiz tudo isso através de simples contos, provérbios e cantos. Mas « a história é uma série de mentiras com as quais concordamos », segundo Bonaparte. Então nos nossos povos foi inculcada a submissão a partir de uma língua desprovida da sua alma e modelada na rigidez colonial. E os seus defensores ainda querem ser mais papistas que o Papa; passam tempo a elogiar os méritos da colonização e a procurar erros ortográficos nos escritos de outros autoproclamados professores universitários e que se consideram intelectuais, mesmo quando não foram feitos para pensar. Enquanto isso, as gerações mais jovens estão cada vez mais perdidas, não têm os meios para competir com falantes próximos de Portugal por causa da falha da educação nacional. Tampouco podem aprender a dominar as línguas nacionais, porque a minoria dos lusotropicalistas, que ocupa toda a cena cultural, continua a imporlhes o dogma da língua colonial que incita o desprezo contagioso pela língua das avós com quem nem podem se comunicar por falta do veículo: a língua. Só que são essas avós cuja civilização é des-

prezada quem têm conhecimento sobre a planta que cura a trombose e malária que elas não podem transmitir na língua dos intelectuais do Kinaxixe que elas não dominam. Nem podem legar aos netos a profundidade filosófica da sua civilização através de provérbios, contos ou cantos. E quando morrem, não ficamos mais ricos. Ficamos mais pobres, mais debilitados, mais estúpidos. Porque elas levam consigo para o túmulo todo o conhecimento que pode fazer de nós mais competitivos e orgulhosos diante do universalismo assimilacionista dos outros. « Cada vez que morre um velho africano, é uma biblioteca que se queima », dizia o grande Hampâté Bâ. Portanto, não devemos nos surpreender que os países africanos de língua portuguesa sejam os mais representados pelos brancos ou seus filhos na cena cultural e intelectual internacionais. É o resultado dessa cultura de apartheid linguístico, particularmente nessa área de produção artística e literária. Porque pedir aos Angolanos para escrever como os Portugueses é a melhor maneira de excluí-los da cena. Os Angolanos são Angolanos, não são Portugueses! Impor-lhes um exercício que exige conhecimento de uma cultura estrangeira e que parece mais natural para os brancos que ficaram em Angola ou os seus filhos, porque em Angola - e seria inútil negar - o modelo cultural em vigor é subordinado ao de Portugal, cujos descendentes mantiveram cultura e passaporte, é afirmar o neocolonialismo. E neste século de diversidade e representatividade, ainda me pergunto quando é que essa questão será realmente abordada na África lusófona. Em particular em Angola, um país de maioria negra que se deixa sufocar culturalmente por uma minoria lusotropicalista que não teria espaço em Portugal. O Angolano que escreve português com

influência angolana - isso se alguém ousar! - é exposto às críticas dos guardas do templo. Todos sabemos que a cópia nunca valeu o original. O Angolano deve, portanto, assumir o seu linguajar, especialmente na escrita, deve impor o seu português de Angola, com todas as influências das nossas línguas nacionais e da nossa fala, assim como o Brasileiro faz. Tem que se impor até nas livrarias do Chiado para que o leitor português possa lê-lo como lê Jorges Amado ou Darcy Ribeiro, ou seja, com um glossário. Este leitor deve sair da sua preguiça colonial e evoluir aprendendo a mergulhar num novo universo chamado Angola-Emancipada, com o qual ele se expandirá e se enriquecerá. O Angolano deve agora ocupar o ofício da escrita com o seu Ser pleno; angolanidade e africanidade, como Chinua Achebe, Léonora Miano, para não citar Chimamanda Ngozi Adichie. Queremos uma literatura emancipada de imaginários colonialistas que Portugal deverá aceitar, isto é, uma literatura que não esperará nenhuma aprovação de nenhum crítico não iniciado em interculturalidade. O escritor angolano deve agora afirmar a sua maneira de se expressar, o seu sotaque e exigir troca cultural e alteridade. É depois disso somente após o reconhecimento dessa diferença, a sua identidade - que os Angolanos poderão comemorar plenamente o Dia Mundial da Língua Portuguesa, porque a colonização terminou em 1975, como nos dizem. * Ricardo Vita é Panafricanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É cofundador do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.


TEMPO

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O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

Fonte: INAMET

PrEVISÃO DO tEMPO *** 3 DIAS *** PArA AS PrINCIPAIS CIDADES

Válida de 08 a 10 de Maio de 2020 Ê Ê INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) Ê

Ê

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 08 a 10 de maio de 2020Ê Data 08/ 05/ 2020

CIDADE

Mín

Data 09/05/ 2020

Estado do Tempo

Máx

Mín

Máx

Data 10/ 05/ 2020

Estado do Tempo

Mín

Estado do Tempo

Máx

LUANDA

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Céu parcialmente nublado, trovoada.

24

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Céu nublado a parcial.

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Céu nublado, chuva fraca.

CABINDA

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Céu nublada, chuva fraca a moderada, trovoada.

23

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Céu nublado, chuva fraca, trovoada.

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Nublado, chuva, trovoada.

SUMBE

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Céu limpo, neblina.

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Céu pouco nublado a limpo.Ê

24

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Céu parcial, neblina.

CAXITO

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Céu pouco nublado a limpo.

23

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Parcial nublado, neblina, trovoada.

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MBANZA KONGO

24

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Céu parcial nublado, neblina, chuvisco/chuva fraca.

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Nublado, chuva, trovoada.

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UIGE

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Nublado à parcial, chuvisco/chuva fraca, trovoada.

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Nublado, chuva moderada, trovoada.

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NDALATANDO

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Céu parcialmente nublado a limpo durante a tarde.

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Parcialmente a pouco nublado.Ê

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Nublado, chuvisco/chuva.Ê

MALANJE

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Céu nublado à parcial.

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Parcialmente nublado, trovoada.

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Parcial nublado, chuva.Ê

DUNDO

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Céu pouco nublado a limpo.

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Parcial nublado, chuvisco, trovoada.

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Nublado, chuva fraca.Ê Nublado, chuva, trovoada.Ê Nublado, chuva moderada.Ê

Nublado, chuva fraca.Ê Parcial nublado.Ê

SAURIMO

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Céu parcialmente nublado, chuvisco.

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Parcialmente nublado.

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BENGUELA

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Céu limpo.

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Céu limpo.Ê

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HUAMBO

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Céu limpo.

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Céu limpo.Ê

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Parcial nublado.

CUITO

11

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Céu limpo.Ê

13

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Céu limpo.Ê

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Céu limpo.

LUENA

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Céu pouco nublada a limpo, chuvisco.

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Céu a pouco nublado a limpo.Ê

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Parcial nublado.Ê

LUBANGO

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Céu limpo.Ê

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Céu limpo.Ê

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MENONGUE

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Céu limpo.

15

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Céu pouco nublado a nublado.

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Céu nublado.

MOÇÂMEDES

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Céu limpo.

22

32

Céu limpo.

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Céu limpo.

ONDJIVA

15

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Céu limpo.

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Céu pouco nublado a limpo.

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Céu nublado.

O(s) Meteorologista(s): Lucia

Pouco nublado a limpo.Ê

Céu parcial nublado.Ê

Yola C. Fernando e Tucaiana Lauriano

das 18 horas do dia 07 às 18 horas do dia 08 de Maio de 2020 Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu parcialmente nublado, apresentando-se nublado durante a madrugada e pela manhã nas províncias de Cabinda, Zaire, Uíge e Cuanza- Norte. Possibilidade de ocorrência de chuva fraca a moderada, acompanhada, por vezes, de trovoada, em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire e Uíge. Possibilidade de ocorrência de chuvisco ou chuva fraca, em alguns municípios da província da lunda-Sul. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu geralmente limpo, por vezes pouco nublado. Apresentando-se parcialmente nublado na província do Moxico. Possibilidade de ocorrência de chuvisco em alguns municípios da província do Moxico. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu geralmente limpo, por vezes pouco nublado.

Luanda, 07 de maio de 2020

Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.aoÊ

TEMPO NO MAR

Fonte: INAMET

3. dESCRIÇÃO SINÓPTICA dAS 18:00 UTC dO dIA 07/05/2020 ÀS 18:00 UTC dO dIA 08/05/2020.

BOlEtIM MEtEOrOlÓgICO PArA A NAVEgAÇÃO MArÍtIMA Circulação do vento fraco de Sul a Sudeste entre os paralelos 4°S e 14°S(Cabinda a Benguela), circuBOLETIM PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA lação do vento fresco de Sul entreMETEOROLÓGICO o paralelo 14°S e 18°S(Namibe).

O Antí-ciclone de Santa Helena irá deslocar-se gradativamente para leste nas proximas 24 horas com pressão central variando de 1020hPa a 1025hPa, influenciando assim no padrão e intensidade do vento. Assim, prevê-se estado do mar pouco agitado, até 1.4 metros de altura, da região marítima de Cabinda a Benguela , sendo pouco agitado a agitado na região marítima do Namibe, com a altura das ondas até 1.8 metros de altura da região marítima de Namibe.

2. PREVISÃO VÁLIdA ATÉ AS 18:00 UTC dO dIA 08 dE MAIO dE 2020:

CARTA dO VENTO MÁXIMO E dA ALTURA dA ONdA MÁXIMA PREVISTA

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC dO dIA 07 dE MAIO dE 2020:

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET Centro Nacional de Previsão do Tempo

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIA 07 DE MAIO DE 2020: Circulação do vento fraco de Sul a Sudeste entre os paralelos 4°S e 14°S(Cabinda a Benguela), circulação do vento fresco de Sul entre o paralelo 14°S e 18°S(Namibe).

SEM AVISO

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 UTC DO DIA 08 DE MAIO DE 2020: AVISO : SEM AVISO.

REGIÃO

VENTO

ESTADO DO TEMPO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Parcial/Nubla do Chuvisco

Sul

Até 08

Até 1.4

Pouco agitado

Moderada a Boa (Superior a 7)

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)

Parcial/nubla do Chuvisco

Sul

Até 13

Até 1.2

Pouco agitado

Moderada a Boa (Superior a 9)

SulSudeste

Até 10

Até 1.2

Pouco agitado

Boa (Superior a 12)

Namibe (14°S – 18°S)

Geralmente limpo

Sul

Até 19

1.2 até 1.8

Pouco agitado á agitado

Geralmente limpo

Boa (Superior a 12)

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

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EdGAR VALLES

Reconciliação e perdão, a sério?

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uando, em novembro do ano passado, me encontrei, em Lisboa, com Francisco Queiroz, Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos de Angola, interroguei-me se eram sérios os propósitos do governo angolano de promover a reconciliação e o perdão no que respeita ao delicado tema “vítimas de conflitos políticos”. Em benefício do interlocutor, e do governo que representa, estava o facto, inegável, de pela primeira vez ter sido assumido que o regime tinha cometido crimes, com violação dos direitos humanos, designadamente a repressão que se seguiu ao 27 de maio e que ceifou a vida de cerca de 30 000 angolanos. Até então, os governos de Agostinho Neto e de Eduardo dos Santos recusavam assumir o que era uma questão tabu, não respondendo sequer aos pedidos de informação formulados pelos familiares das vítimas. Recordo-me, em particular, das cartas que meus Pais escreveram a Agostinho Neto, o “Pai da Nação”, cuja receção nem sequer era acusada. Em tais cartas, eram pedidas informações sobre o paradeiro dos meus irmãos Sita e Ademar, bem como autorização para visitas. O poeta e “humanista” esquecerase, porém, dos tempos em que tinha ele próprio sido vítima da PIDE, a polícia política portuguesa, que não lhe negou o direito a advogado e o direito a ser visitado pela sua mulher Maria Eugénia. Por isso, manifestei a Francisco Queiroz, que curiosamente fora meu aluno em Luanda, no ano de 1976, o apreço por esta atitude do novo governo de Angola, liderado por João Lourenço. Dias depois, o oficioso “Jornal de Angola”, que tanto louvou a repressão em 1977, pela pena do seu diretor Costa Andrade, inseria uma notícia com o

título “Irmão de Sita Valles elogia o Governo de Angola”, transformando a emissão de um sinal positivo em elogio. Em desfavor do interlocutor, ou mais exatamente do governo de Angola, estava o facto de a iniciativa de Reconciliação, anunciada pelos responsáveis, omitir a busca da verdade, a identificação dos responsáveis pelos crimes, o efetivo pedido de perdão, indispensável para que haja a concessão do perdão e a efetiva reconciliação. De facto, para que haja perdão, temos de saber a quem se perdoa. Tem de se saber previamente quem incorreu em crimes e de que forma, quem teve a autoria material e moral. Só assim poderá haver reconciliação. Quem o diz não sou apenas eu, não somos apenas nós; a União Africana, de que Angola é membro, aprovou um documento, denominado “Política de Justiça Transicional”, no qual refere que

“Reconciliação e perdão pressupõem a admissão de que foram cometidos crimes, a identificação dos seus responsáveis. Reconciliação e perdão implicam a busca da verdade, por mais dolorosa que ela possa ser, sem receios de que os ainda idolatrados fiquem com a ignomínia da repressão mais sangrenta do continente africano”

“os mecanismos da justiça tradicional africana podem assumir as seguintes caraterísticas: - Reconhecimento da responsabilidade e o sofrimento das vítimas; - Demonstração de arrependimento; Pedidos de perdão; -Pagamento de reparação ou compensação; -Reconciliação”. O Plano de Reconciliação, anunciado pelo governo de Angola e aprovado pela comissão entretanto criada, apenas contém o último ponto dos cinco transcritos: reconciliação. Omite, completamente, o reconhecimento da responsabilidade, que pressupõe a identificação dos responsáveis, a demonstração de arrependimento por estes, os pedidos de perdão às vítimas e seus familiares e compensações (que, aliás, não foram formuladas). Na carta por mim escrita ao Ministro Francisco Queiroz, em 28 de outubro, que motivara o nosso encontro em Lisboa, escrevi: “Re-

conciliação e perdão pressupõem a admissão de que foram cometidos crimes, a identificação dos seus responsáveis. Reconciliação e perdão implicam a busca da verdade, por mais dolorosa que ela possa ser, sem receios de que os ainda idolatrados fiquem com a ignomínia da repressão mais sangrenta do continente africano”. Francisco Queiroz, em resposta, disse-me que seria difícil fazer como na África do Sul, em que o processo de reconciliação envolveu o encontro entre os repressores e as vítimas, pois receava que em Angola houvesse depois vinganças e represálias contra os responsáveis que fossem identificados. Disse-lhe, em resposta, que tal não iria seguramente suceder. As vítimas não se podiam vingar, pois tinham sido assassinadas, e os familiares não tinham qualquer desejo de retaliação, sendo certo que não tinham sequer meios para o fazer, pois sabe-se que os responsáveis continuam na órbita do regime. O meu interlocutor convidoume, então, a participar nos trabalhos da comissão, tendo eu declarado que iria indicar um representante da família para o efeito. A indicação foi feita, mas o representante não chegou sequer a ser convocado para comparecer e intervir na comissão. Aliás, não obtive sequer resposta à minha comunicação. Os desenvolvimentos posteriores são conhecidos. O programa da dita “reconciliação”, aprovado com fanfarra, tem muito folclore, mas falta-lhe, sobretudo, seriedade. Falta-lhe, sobretudo, cumprir as regras definidas pela Unidade Africana, aqui enunciadas. João Lourenço enfrenta grandes desafios. Entre eles conta-se o de ser capaz de levar até ao fim aquilo que foi apenas iniciado, fazendo prevalecer, mais tarde ou mais cedo, a Verdade, indispensável para a almejada Reconciliação, uma Reconciliação a sério.


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Produção agrícola no Caxito Rega comprometida A produção agrícola no perímetro irrigado de Caxito tem sido afectada pela escassez de sementes e equipamentos agrícolas, face à impossibilidade de importação neste período da pandemia Covid-19 que se regista no mundo Dr

O PAÍS Sexta-feira, 08 de Maio de 2020

O que saber sobre o Coronavírus…

“O

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”.

A

informação foi prestada, ontem, à Angop pelo PCA da Caxito Rega, João Mpilamosi, a propósito das consequências da pandemia na produção agrícola. Disse faltar sementes, adubos, sistemas de rega, instrumentos de trabalho e outros, uma vez que a maior parte do equipamento é importada. A isto, acrescentou, junta-se a escassez de insecticidas e pesticidas para combater o vírus “tope-em-leque” e outras viroses que as plantas do perímetro apresentam. Com esta situação, informou, o perímetro já está a enfrentar uma “gritante” falta de matériaprima, que poderá inviabilizar a produção deste ano, e a área prevista de cultivo.

“O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ArN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “No país, cerca de 90 por cento destes equipamentos são importados, pois o mercado nacional ainda não os produz na totalidade, de maneira que a agricultura se faça sentir”, sublinhou. Apesar desta situação ser geral no país, pois a prioridade está no combate ao vírus, reconheceu que a economia não pode parar e, por este facto, adiantou que “os produtores estão a fazer tudo o que podem para ver se conseguem atingir níveis aceitáveis de produção”. “Acredito que não teremos excedente de produção, excepto na banana”, disse. Sem avançar a meta de produção para este ano, referiu que o objectivo é aumentar a área de cultivo, passando de mil e 400 hectares, para 2 mil 200, caso a situação favoreça.

O perímetro irrigado exporta, anualmente, 5 mil e 760 toneladas de banana para Portugal, Espanha, África do Sul e Namíbia, para além de uma quantia não especifica de manga, beringela e pitaya. Em 2019, o perímetro recuperou cerca de 800 hectares que estavam sub-aproveitados, cedendo a outros produtores interessados em trabalhar. Os grandes desafios da Caxito Rega consubstanciam-se em manter os actuais níveis de produção, a operacionalidade do sistema hidroeléctrico mecânico para que a água esteja à disposição dos produtores, energia suficiente para bombear a água para os sistemas de rega, assim como o incentivo ao surgimento de novos produtores com capacidade técnica, profissional e financeira.

“O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”.

“Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA rECOMENDAÇÃO VAlIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


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