Jornal OPaís edição 1849 de 26/05/2020

Page 1

OMS teme “epidemia silenciosa” se África não priorizar exames para Covid-19

“A minha primeira questão para a África, a minha primeira preocupação, é que a falta de exames esteja a levar a uma epidemia silenciosa em África. Por isso, precisamos continuar a pressionar os líderes para que priorizem os exames”, disse o enviado especial da OMS, Samba Sow, em conferência de imprensa. P. 32 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola @jornalopais

Director: José Kaliengue

O diário da Nova Angola

Edição n.º 1849 Terça-feira, 26/05/2020 Preço: 40 Kz

Covid-19: Angola chega aos 70 casos positivos

empresários preparam-se para encontro com o PR no dia 29 economia: A Confederação Empresarial de Angola (CEA) reuniu-se, ontem, com os

l Nas últimas 24 horas foi confirmado mais um caso de transmissão local de Covid-19 no país, perfazendo um total de 70 doentes confirmados. Trata-se de um menor de 6 anos, contacto do mediático paciente referenciado como “Caso 26”, anunciou, ontem, a ministra da saúde, Sílvia Lutukuta. P. 2

associados, para definir as principais preocupações, que afligem a classe, a apresentar no encontro de auscultação com o Presidente da República, João Lourenço, ainda esta semana (dia 29). P. 18 virgilio pinto

ANEP deixa “cair” colégios não filiados l António Pacavira considera que, independentemente de não estarem filiados na organização que defende os interesses dos investidores em escolas privadas, os “isolados” benefciam de todas as medidas resultantes da luta da sua instiuição, como foi a conseguida cobrança de propinas no estado de emergência, e isto tem de mudar. P. 10

Decretada situação de calamidade

Restaurantes reabrem hoje, escolas e bibliotecas só em Julho P. 19 e ainda no cartaz:

Sandro Feijó “Os escritores ainda não estão a exercer o seu verdadeiro papel”

Matias Damásio estende acção solidária a seis províncias do país

Louvre virtual recebe mais de 10 milhões de visitas em 71 dias

Antigo praticante fala das condições do hóquei em patins l Por força da Covid-19, Damásio

Kaissara adiantou, em entrevista, que o hóquei pretende dar a volta ao seu estado actual e tornar as coisas mais simples. P. 26


EM FOCO

2

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

Angola chega aos 70 casos positivos de Covid-19 Nas últimas 24 horas foi confirmado mais um caso de transmissão local de Covid-19 no país, perfazendo um total de 70 doentes confirmados. Trata-se de um menor de 6 anos, contacto do mediático paciente indicado como “Caso 26”, anunciou, ontem, a ministra da saúde, Sílvia Lutukuta Maria Teixeira fotos de Carlos Moco

S

ílvia Lutukuta esclareceu, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, em Luanda, que um menor testou positivo de SARS-CoV-2, elevando para 42 o número de registos de transmissão local. A ministra da Saúde, que falava na habitual actualização dos dados sobre a situação pandémica epidemiológica no país, disse que o menor é assintomático e pertence à cerca sanitária do bairro do Futungo, em Luanda. “Fazendo um balanço da situação epidemiológica nas últimas 24 horas, nós temos um total de 70 casos positivos, dos quais quatro óbitos, 18 recuperados e 48 casos activos”, detalhou. Fez saber que do ponto de vista laboratorial e de vigilância epidemiológica continuam as medidas de saúde pública e por esta altura a testagem continua a ser feita no Hospital Militar, no Instituto de Investigação em Ciências da Saúde, no Instituto Nacional de Luta Contra a SIDA e no Hospital Esperança. Disse ainda que 1.059 viajantes se encontram em quarentena institucional em todo o país, enquanto a cifra dos contactos sob vigilância e acompanhamento por terem mantido contactos com portadores do vírus detectados está fixada em 1.198 pessoas e 453 são casos suspeitos em investigação. “Continuamos a receber meios de biossegurança e equipamentos provenientes da China, transportados pela nossa companhia de bandeira, TAAG, e, por esta altura, já temos cerca de 190 toneladas de materiais diversos para reforçarem a nossa actuação a nível nacional no combate à Covid-19”, garantiu.

Distanciamento e o uso da máscara devem continuar Para prevenção, Sílvia Lutukuta apelou ao cumprimento das medidas de protecção individual e colectiva, entre elas a continuação da lavagem das mãos com água e sabão, o

uso de máscara facial quando se estiver nos mercados, locais fechados, bancos e lojas, bem como em locais de trabalho e aglomerados em via pública. “É preciso continuar o distanciamento entre as pessoas e evitar estar na rua se não ti-

Ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta

ver necessidade. Fique em casa. Nós continuamos a lutar contra um inimigo invisível e mortal, que nos está a ensinar a dar uma lição de humildade, mas temos que fazer por isso, para não entrarmos numa situação mais complexa”, apelou.

O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) registou, nas últimas 24 horas, 56 chamadas, das quais três denúncias de casos suspeitos de Covid-19 e 53 pedidos de informação relacionados com o vírus.


O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

Médicos cubanos custam cinco mil dólares Questionada sobre os custos dos médicos cubanos que chegaram ao país para o plano de contingência de resposta a Covid-19, a ministra da Saúde revelou que esses profissionais cubanos vieram ao país com dupla função. “Primeiro, dar formação aos quadros angolanos e prestar assistência. Há um acordo que tem custos e não temos nenhum receio de dizer que em média custam cinco mil dólares”, revelou a titular da pasta da Saúde. Por outro lado, salientou que o país precisa de formar quadros angolanos, uma vez que se esta numa dependência total de quadros especializados, que são muito poucos a nível nacional. E aconselhou a não se pensar que se vai conseguir fazer a diferença em medicina, prestar bons serviços, com médicos acabados de sair da faculdade. “Nós temos que valorizar o nosso capital humano angolano e para valorizar esse capital nós temos que investir na sua formação. É o que o Executivo tem de fazer e que está a fazer. Estes profissionais foram colocados a nível nacional. Nós também queremos dar uma oportunidade aos nossos profissionais de evoluírem na carreira”, disse. A governante contou que o país tem muitos profissionais formados há 20 anos que nunca fizeram nenhuma formação especializada, nunca foram valorizados. “E nós temos valorizá-los nos termos de diferenciação profissional”, contou. No dia 10 de Abril chegaram ao país 264 médicos cubanos de diversas áreas de Saúde Pública para reforçar o combate à pandemia da Covid-19 em Angola.

3

Angola em estado de calamidade pública

O ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Adão de Almeida, explicou, ontem, em Luanda, o estado de calamidade pública que o país passa a observar desde hoje Terçafeira (26), às 00 horas. “Feita a avaliação dos 60 dias de estado de emergência, considerando todo o percurso feito e ponderadas as várias anuências desse processo, sua Excelência Presidente da República decidiu, hoje (ontem) não prorrogar o estado de emergência e declarar situação de calamidade pública”, disse. Fez saber que várias são as razões que sustentam essa opção e que ela é sempre norteada por três princípios fundamentais, sendo o primeiro a prudência na análise e na decisão perante a existência do fenómeno, não negligenciando o risco que ainda existe de propagação. A segunda é a responsabilidade. “É uma decisão tomada no âmbito de um grande espirito de responsabilidade, assumindo que estamos sempre ainda perante uma situação complexa e que precisamos de continuar de mangas arregaçadas a traba-

Cerca sanitária continua contra a Covid-19 Entretanto, ministro de Estado e o Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, afirmou que continua definida a cerca sanitária a província de Lunada por um período adicional de 15 dias, a vigorar desde a meia-noite de hoje, 26 de Maio, até às 23 horas e 59 minutos do dia 9 de Junho. “Não vamos ter os serviços todos reabertos a partir de amanha (hoje). Cada um deverá adaptar para criar condições necessárias”, esclareceu o governante. Assim sendo, disse que serão criadas condições mínimas para que, em cada um dos períodos previstos no Decreto Presiden-

lhar para evitar o máximo de contágio e propagação possível do vírus no nosso país”, elucidou. O chefe da Casa Civil disse que a terceira tem a ver com a necessidade se fazer a adaptação permanente no percurso, porque novos casos podem levar à alteração da abordagem estratégica perante o fenómeno. “Portanto, estamos aqui não perante um relaxamento em relação às medidas tomadas, mas apenas perante uma abordagem diferente do fenómeno. Aliás, uma das palavras-chaves desse novo Decreto Presidencial e das medidas que nele estão contidas, se quisermos, é continuação. Vamos continuar a trabalhar para a prevenção, vamos continuar a nos prevenirmos para que no nosso país não existam situações de contágio massivo da população”, disse. Adão de Almeida disse ainda que sobre a aplicação das medidas, o artigo quatro define que a modificação das medidas é sempre possível, em função da avaliação da situação epidemiológica. O que quer dizer sempre que há aqui uma

nota de responsabilidade em relação ao inicio do funcionamento com a abertura de um certo serviço e também aqui uma dinâmica de avaliação permanente da situação epidemiológica. Portanto, se uma medida estiver apontada para um certo sítio e para um certo momento e a situação epidemiológica não recomendar a sua aplicação, o Decreto Presidencial define que estas medidas estão sujeitas a alteração ou a modificação. Por outro lado, frisou que o uso da máscara facial em locais abertos e sempre que não for possível manter o distanciamento recomendado é obrigatório. Recordou que Angola viveu os últimos 60 dias um estado de emergência. Durante esse período para se conseguir diminuir o potencial de propagação do vírus Covid-19, no país foram adoptadas várias medidas, incluindo a suspensão de direitos fundamentais. O governante disse ainda a retoma da vida social e económica do país será gradual e não imediata, apesar da entrada em vigor do novo Decreto Presidencial já hoje, dia 26.

cial, estejam asseguradas as medidas para reabertura dos serviços. Entretanto, explicou que a retoma do país à normalidade obedecerá uma cronologia quinzenal. Afirmou que haverá responsabilidade e avaliação permanente da situação epidemiológica, advertindo que o incumprimento dos termos do decreto dará lugar a uma punição. Adão de Almeida disse que, em relação à circulação, desta vez não se optou pelo mecanismo de suspensão dos direitos de livre circulação, mas há o dever cívico de recolhimento dos cidadãos. Assim, as autoridades recomendam que as pessoas permaneçam em casa e só se desloquem por questões imprescindíveis e inadiáveis.

Quanto a actividade dos serviços públicos e privados, explicou que nas demais 17 províncias a partir de hoje continuará a vigorar a força de trabalho de 50 por cento e deverá ser aumentada a partir de 11 de Junho. Essa força de trabalho terá aumento de 75 por cento e, no dia 29 de Junho, a totalidade dos trabalhadores, isso fora de Luanda. No caso especifico da província de Luanda, a calendarização é diferente das restantes 17 províncias, vai manter os 50 por cento dos efectivos laborais por mais um mês. Só no dia 29 de Junho a força de trabalho passará para 75 por cento. “E no dia 13 de Julho, estamos a falar daqui a 45 dias, aqui em Luanda se atinge a totalidade da força de trabalho”, explicou.


4 destaques política. PÁG. 8 JMPLA socorre unidades sanitárias com mais de cinco mil bolsas de sangue

SOCIEDADE. PÁG. 12 Jovem desaparece no mar após naufrágio de embarcação

cartaz. PÁG. 15 Matias Damásio estende acção solidária a seis províncias do país

ACTUAL. PÁG. 24 Putin de volta ao Kremlin, Rússia procura facilitar o bloqueio em algumas regiões

Mundo. PÁG. 22 utoridade chinesa diz que alguns protestos em Hong Kong foram “terroristas por natureza”

o editorial

O PAÍS

erça-feira, 26 de Maio, de 2020

hoje: os números do dia

O necessário jovem

1

A

JMPLA aproveitou muito bem o período de emergência em Angola e pôs-se no terreno a mobilizar jovens para darem sangue. A campanha, segundo os seus dados, correu muito bem, mais de sete mil embalagens. Faltou apenas, para dar o exemplo, que se explicasse repetidamente que medidas de bio-segurança foram tomadas nas sessões e, já, agora, como se pagou ou obteve o material de bio-segurança. E também que a actividade não teve propósitos de propaganda política, mas apenas de ajudar a salvar vidas. Crispiniano dos Santos, o líder da organização, teve agora o seu teste digno de um jovem político e a sua primeira acção digna de aplausos. Já agora, como juventude é irreverência e desafios constantes, que tal desafiar os kotas do partido para fazerem igual? como são quem governa, o povo passaria acreditar que são capazes de dar o sangue pelo país.

13

Jacinda Ardern Primeira-ministra da Nova Zelândia, surpreendida por um sismo de magnitude 5,6 na escala de Richter quando dava uma entrevista em directo

Cidadãos provenientes da província de Luanda foram detidos, neste Domingo, no município dos Dembos, província do Bengo, por violação da cerca sanitária da capital do país.

100 14850

o que foi dito “

Temos aqui um terramoto, Ryan, um abanão bastante decente.” “Se vir coisas a abanar por trás de mim...”

mulher de 22 anos de idade foi assassinada, neste Domingo, supostamente pelo namorado, no bairro da Londa, arredores da cidade do Sumbe, Cuanza-Sul, pofr ciúmes.

Cerca de 20 países africanos deverão realizar eleições este ano, algumas das quais serão provavelmente adiadas devido à pandemia, com potenciais consequências para a estabilidade e a paz”

António Guterres Secretário-geral das Nações Unidas

Milhões de Kwanzas estão a ser investidos pelo agropecuário “AGROLIVE” em acções de mecanização e fomento das culturas de milho e feijão na comuna do Lépi, município do Longonjo

Mililitros de sangue, correspondentes a 33 balões, foram doados, nesta Segunda-feira, a Hemoterapia do Município do Andulo, a 130 quilómetros a Norte da cidade do Cuito, província do Bié.

Os grupos armados nos Camarões, Sudão e Sul do Sudão responderam ao apelo e declararam um cessar-fogo unilateral. Apelo a outros movimentos armados e governos em África para que façam o mesmo” António Guterres Secretário-geral da ONU (organização das Nações Unidas)


O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

5 e assim... José Kaliengue Director

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com realizadora Maria João Ganga e perceba como a pandemia Covid-19 afecta o mundo cultural e artístico angolano.

A ré Covid-19

Q

www.opais.co.ao Coreia do Sul: Seul decidiu voltar a encerrar as suas escolas depois de uma criança ter sido infectada com Covid-19 pela sua professora de artes (DR)

o que vai acontecer Bibala Arrancasm as obras de vinte residências para professores e enfermeiros no municipio da Bibala, provincia do Namibe, no âmbito do Programa do Plano integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM). A vice-governadora para a área Técnica e Infra-estruturas, Emas Guimarães, que procedeu ao lançamento da primeira pedra para a edicação do complexo, afirmou que este vai conferir maior dignidade aos profissionais da saúde e da educação. A obra deste projecto está orçada em 598 milhões 975 mil e 400 kwanzas.

Saúde O Hospital Missionário do Vouga, no município do Cunhinga, província do Bié, continua a ser reabilitado e apetrechado, no âmbito do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM). Para o efeito, o Governo da província do Bié disponibilizou 529 milhões e 863 mil e 179 kwanzas. Depois de reabilitada, a infraestrutura terá capacidade para 300 camas. A empreitada consistirá na revisão total da cobertura, aplicação de novas portas, janelas e tecto falso, novos mosaicos e azulejos, revisão e substituição da rede de água potável, esgotos r, energia eléctrica.

Calamidade Angola está em estado de calamidade desde às zero horas de hoje. O Conselho de Ministros aprovou, esta Segunda-feira, um diploma legal que declara a Situação de Calamidade Pública em Angola, em substituição do Estado de Emergência. Conforme o comunicado final da reunião do órgão auxiliar do Presidente da República, a medida vigora desde hoje. O diploma estabelece as medidas a vigorar durante o seu período de vigência, bem como as regras de funcionamento dos serviços públicos e privados.

Pandemia O Ministério da Saú-

de apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

uando se usa uma desculpa que não é desculpa, o que se obtém é o ridículo. A União Africana, ontem, teve a grande lata de associar a Covid-19 ao atraso económico do continente. Haja cara. Mas não estranha, em Angola há também quem culpe a doença por tudo o que de mal anda por cá. Depois da guerra e depois (este bem recente) da governação de José Eduardo dos Santos, a Covid-19 até parece um maná vindo do céu. Ontem, alguns líderes africanos devem ter mesmo acreditado ser culpa da Covid-19 a migração forçada e arriscada de milhares de jovens, a saída de cérebros, a falta de laboratórios, de uma verdadeira rede de investigação científica no continente, a fuga de capitais e até dos bens móveis e imóveis que guardam no Ocidente. Por cá, depois da alteração do IRT, de uma série de medidas que deixaram as empresas com a corda no pescoço, depois de o desemprego ter vindo a subir desde há anos para números assustadores, eis que o início do fim do confinamento afinal vem para poupar danos económicos. Quais danos económicos, se o país depende de importações para se alimentar e se o provedor do bolso é quase que exclusivamente o petróleo cujos preços nos mercados continuam pelas ruas da amargura? Higienização em escolas sem água e sem casas de banho? Onde as direcções pedem aos pais que agora estão desempregados que levem baldes e vassouras? Alguém por favor que conheça e sinta este país? O estado de emergência teria sido bem aproveitado se se redesenhasse tudo, reconhecendo erros próprios também, mas por todo o continente estamos a levar com discursos bonitos, requentados, e com a condenação “política” da Covid-19, culpada de tudo, mesmo estando a poupar milagrosamente o continente. Ou não? Os números não são verdadeiros?

E também... Dia de São Filipe Néri - 26 de Maio Filipe Néri nasceu em Florença a 21 de Julho de 1515 e faleceu a 26 de Maio de 1595. Foi beatificado em 1614 e canonizado em 1622. Para a história ficou conhecido como o “Santo da Alegria” e o “Apóstolo de Roma”. De personalidade alegre, determinada, cortês e encantadora, este presbítero passava o seu tempo em igrejas, catacumbas e hospitais, tratando doentes, ajudando os pobres e agradecendo a Deus todas as dádivas na sua vida. O seu carácter e as suas acções receberam a admiração do povo, de reis, príncipes e princesas, ministros, cardeais, bispos e generais. Como um dos santos mais adorados na Igreja Católica, São Filipe Néri deu azo a vários livros e filmes que retratam a sua cativante vida.


Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

6

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

1991

26 de Maio de 2002 - A sonda Mars

no tempo do kaparandanda

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

opaís

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, TalatonaLuanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

1989

26 de Maio de - Os estudantes manifestantes abandonam, aos milhares, a praça de Tiananmen, Pequim, após duas semanas de gigantescas manifestações a favor de maior democracia e liberdade no país, face a vitória da linha dura do partido e da destituição e prisão domiciliária do líder moderado Zhao Ziyang.

26 de Maio de

- Um “Boieng 727”, da companhia austríaca “Lauda Air”, explode em Banguecoque, causando a morte dos 223 passageiros e dez tripulantes.

Odyssey encontra sinais de grande depósito de água no planeta Marte.

carta do leitor

Comerciantes sem TPA Tornou-se quase uma tradição, hoje, os luandenses fazerem as suas compras nos mercados abastecedores, a maioria dos quais dominados por cidadãos libaneses e até oeste-africanos. É assim em zonas como as do São Paulo, Congoleses, Hoji ya Henda e Viana, onde proliferam estes estabelecimentos que comercializam bens de primeira necessidade. Na passada Quinta-feira desloquei-me à conhecida zona do Calemba 2, em Luanda, no distrito do Kilamba Kiaxi, para adquirir um saco de arroz, outro de fuba de milho, oléo vegetal e massa alimentar, mas acabei por não conseguir, por uma situação quase caricata. Com pouco mais de 15 mil Kwanzas no bolso e dada a enchente que se observa nas agências bancárias, dirigi-me aos referidos estabelecimentos na esperança de que com o cartão multicaixa poderia comprar os produtos que tanto desejava.

Curiosamente, depois de ter entrado no primeiro estabelecimento, uma das empregadas garantiu que o multicaixa não estava em funcionamento. Garantia que só teriam o assunto resolvido alguns dias depois. Insatisfeito, ainda questionei a jovem se nas outras lojas seria possível comprar usando o cartão. Por ironia do destino, nem na segunda e muito menos na terceira loja encontrei um terminal de pagamento automático (TPA) disponível e a desculpa foi a mesma que recebi no primeiro estabelecimento. Durante alguns meses escutava que era difícil encontrar em muitos destes estabelecimentos um TPA. É uma prática recorrente que faz com que se levante suspeitas sobre as actividades exercidas por alguns destes empresários e o destino que dão aos montantes que recebem. Não é possível que se insista que as pessoas que queiram com-

prar mercadorias, algumas das quais em quantidades que envolvem grandes montantes financeiros, tenham que o fazer unicamente com dinheiro sonante e não o contrário. Agora, não espanta que muitos destes empresários ou comerciantes sejam vítimas de roubos, porque preferem sempre andar com elevadas somas, perigando não só as suas próprias vidas, como também as daqueles que tiverem o azar de passar pelos mesmos caminhos que eles. O Serviço de Investigação Criminal deve investigar as razões por trás desta insistente recusa dos mesmos comerciantes. Está mais do que visto que não se trata de falta de apoio dos bancos, mas sim de interesses inconfessos por parte destes. Almeida Paulo Luanda

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754



POLÍTICA

8

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

DR

Ministro angolano aponta potencialidade de África

O ministro angolano das Relações Exteriores, Tête António, disse, ontem, que o combate à pandemia da Covid-19 tem demonstrado a capacidade de resiliência do continente africano

O

governante fez este pronunciamento numa palestra subordinada ao tema “Covid-19, impacto e resposta

do continente africano”, no quadro da celebração do 57º aniversário da fundação da Organização de União Africana (OUA), actual União Africana, que se assinalou ontem (25 de Maio).

Referiu que a pandemia está a travar o crescimento económico do continente, obrigando-o a corrigir algumas deficiências, com destaque para os débeis sistemas de saúde e a de-

pendência da venda de matérias de primas. Disse que África está a demonstrar o espírito de unidade, solidariedade e capacidade de resposta colectiva que fez com que a

União Africana criasse o fundo de resposta a pandemia com a criação do Centro de Diagnóstico. A palestra, por vídeoconferência, abordou os temas “o contributo da União Africana no combate à Covid-19”, “perspectivas da OMS na resposta dos países africanos a pandemia” e “o impacto desta doença nas economias africanas” e contou igualmente com a intervenção da secretária de Estado do sector, Esmeralda Mendonça. A dirigente lembrou que a humanidade enfrenta um inimigo comum, invisível, altamente letal, que já dizimou mais de 340 mil vidas a nível do mundo. Para a responsável, África precisa de encontrar uma solução própria para combater a pandemia da Covid-19 e relançar a sua dinâmica de desenvolvimento económico e social, sob pena de mergulhar numa crise humanitária sem precedentes e agravar mais problemas como conflitos regionais, pobreza, miséria e êxodo populacional. Salientou que os países foram forçados a adoptar medidas económicas e financeiras adicionais e de isolamento fora de comum, afectando negativamente as sociedades, cujas economias vivem em situação de crise há anos. Os oradores defenderam a necessidade de os países africanos continuarem a criar mecanismos que contribuam para a resolução dos problemas que o continente enfrenta, com destaque para a implementação da zona de comércio livre, diversificação da economia e a potencialização dos sistemas de saúde.

JMPLA socorre unidades sanitárias com mais de cinco mil bolsas de sangue

A

JMPLA, organização juvenil partidária do partido MPLA, procedeu à doação de 5.680 bolsas de sangue a várias unidades clínicas do país, mediante a realização de uma mega campanha em curso desde a semana finda. O secretário nacional da organização, Crispiniano dos Santos, disse que a iniciativa decorre no âmbito das políticas da organização, de solidariedade, sobretudo em período de dificuldades como se está a viver o actual contexto. Dada a dificuldade, frisou, o secretariado nacional da JMPLA modesfiou-se a bilizar mais de 10.000 (dez mil) jovens em todo o país, pa-

ra dar resposta ao apelo do Instituto Nacional de Sangue em relação à carência, perante a crise provocada pelo novo Coronavírus.. Para Crispiniano dos Santos, da parte dos dadores houve a interpretação fiel dos desígnios humanitários defendidos pela organização, o que fez com que o processo de preparação da Campanha Nacional de Doação de Sangue, sob o acompanhamento permanente dos responsáveis do Instituto Nacional de Sangue, fosse um sucesso. Neste sentido, pelo país, em apenas 3 (três) dias de Campanha, a JMPLA já conseguiu mobilizar cerca de 7.120 (sete mil, cen-

to e vinte) jovens voluntários, dos 10.000 (dez mil) estimados, tendo, com esta acção, permitido minimizar a carência de sangue nas unidades sanitárias, com cerca de 5.680 (cinco mil, seiscentos e oitenta) bolsas de sangue, das 7.000 (Sete mil) previstas.

No entanto, o secretariado nacional da JMPLA assegurou que as suas estruturas a nível nacional continuarão empenhadas na realização desta mega campanha, através da sua Brigada de Saúde na Comunidade, no sentido de aumentar o número de dadores em

todo o país e incutir nos jovens o espirito de solidariedade, do amor ao próximo e de disciplina em relação aos cuidados com a sua saúde. “Ao longo da sua história, a JMPLA, organização juvenil do MPLA, sempre esteve com os jovens angolanos, perseguindo os seus anseios e ideais, sempre acreditou no patriotismo e na capacidade solidária dos mesmos. Por esta razão a confiança no êxito desta campanha e assegura que continuará a pintar o país de vermelho, apelando e mobilizando os jovens e a sociedade em geral, de modo a aumentar as percentagens de reservas deste líquido precioso”, disse.


O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

9

Estado de Calamidade reabre o país gradualmente carlos moco

No actual contexto, o regresso às actividades económicas, sociais, de ensino e de lazer devem ser sempre mediante o respeito às normas e regulamentos de bio-seguranca, de forma a proteger os cidadãos de eventual contaminação pelo novo Coronavírus Domingos Bento

C

om a assinatura, ontem, do Decreto Presidencial que estabelece a vigência do estado de calamidade, o país iniciava a reabertura gradual das actividades económicas e sociais, tendo, sempre, como foco, a defesa da vida humana, conforme garantias do ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida. Segundo o ministro, o regresso às actividades económicas, sociais, de ensino e de lazer devem ser sempre mediante o respeito às normas e regulamentos de bio-seguranca, de forma a proteger os cidadãos de eventual contaminação pelo novo Coronavírus, causador da Covid-19. Assim sendo, frisou o ministro, o uso de mascaras deve ser sempre obrigatório em locais públicos, mercados, salões de beleza, via pública, igrejas e em outros locais de concentração humana. No entanto, a situação de calamidade que vigora apartir de hoje não tem uma data específica para o seu término, de pendendo da diminuição dos riscos de contaminação, conforme explicou Adão de Almeida. Porém, apesar do perigo que o estado de calamidade apresen-

O ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, explicou, ontem, em conferência de imprensa, as medidas constantes no diploma que oficializa o estado de calamidade em Angola

ta, ainda assim, Adão de Almeida disse que o país precisa de retomar, de forma paulatina, a sua rotina económica e social. Para o efeito, frisou, para já, as aulas serão retomadas a 27 de Julho nas instituições de ensino primário, públicas e privadas. De acordo o Ministro, que falava em conferência de imprensa, a retoma dependerá, no entanto, da situação epidemiológica do país, devendo as instituições de ensino garantir condições para o distanciamento físico, à entrada e dentro do edifício escolar. Deverão fazer a gestão de resíduos segundo regras de bio-segurança, incluindo o esvaziamento diário dos recipientes de resíduos e a disponibilização de recipientes higienizados no início de cada dia de actividade lectiva. Procedimentos adequados de higienização Conforme o Decreto, as instituições deverão renovar, fre-

quentemente, o ar nas salas de aula, preferencialmente com as janelas e portas abertas, e ter material e produtos de limpeza para os procedimentos adequados de higienização dos edifícios escolares.

Todas estas recomendações estão baseadas no diploma legal que estabelece o estado de calamidade saído ontem de uma sessão do Conselho de Ministros

Estão também orientadas a higienizar as mãos à entrada dos edifícios escolares, das salas de aula e existência de pontos de higienização ao longo do edifício, bem como o ouso de máscara facial por pessoal administrativo, professores e alunos. Outras das medidas do actual quadro de calamidade prendemse com o funcionamento da venda ambulante, que se mantém de Terça-feira a Sábado, mas alargando o período, das 6 às 15horas. Todas estas recomendações estão baseadas no diploma legal que estabelece o estado de calamidade saído ontem de uma sessão do Conselho de Ministros. O diploma estabelece as medidas a vigorar durante o seu período de vigência, bem como as regras de funcionamento dos serviços públicos e privados. Conforme o comunicado final da reunião do órgão auxiliar do Presidente da República, a medida deve vigorar das 00h00 de

26 de Maio às 23h59 de 09 de Junho próximo. A decisão, de acordo com o documento, visa permitir o processo gradual de regresso à normalidade da vida social do país, apesar de o Executivo reconhecer a existência de um elevado risco de contágio do novo Coronavírus (Covid-19). Segundo o comunicado, o Executivo “não pode descurar as graves consequências económicas que resultaram da paralisação da vida social e da afectação dos direitos fundamentais”. Por este facto, procura-se, com a nova medida, “um equilíbrio proporcional entre a defesa da saúde pública e o normal exercício das actividades económicas e sociais”, refere o documento. Entre outras medidas, nos termos definidos pelas autoridades competentes é mantida a cerca sanitária da província de Luanda. O Executivo recomenda aos cidadãos a absterem-se de circular na vias pública e em espaços e vias privadas equiparadas às vias públicas, bem como a permanecerem no respectivo domicílio, excepcto para deslocações necessárias e inadiáveis. No quadro da situação de calamidade pública, foram também estabelecidas regras específicas para os centros de formação profissional, competições e treinos desportivos, ao comércio de bens e serviços em geral e aos restaurantes e similares. O Executivo definiu também regras de procedimento para a actividade industrial, agropecuária e pesqueira; para a construção civil e obras públicas, à realização de actividades e reuniões, às actividades religiosas, às unidades sanitárias, às visitas aos estabelecimentos hospitalares e prisionais, ao funcionamento do transporte colectivo de pessoas e bens, aos estabelecimentos hoteleiros e similares, além do funcionamento dos serviços públicos, em geral. Com ANGOP


sociedade

10

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

ANEP dita fim do reboque a colégios não filiados António Pacavira considera que, independentemente de não estarem filiados na organização que defende os interesses dos investidores em escolas privadas, os “isolados” benefciam de todas as medidas resultantes da luta da sua instiuição, como foi a conseguida cobrança de propinas em estado de emergência Alberto Bambi

O

presidente da Associação Nacional do Ensino Particular (ANEP), António Pacavira, revelou, a OPAÍS, que os colégios não associados vão deixar de se “atrelar” na organização que dirige, porque, brevemente, serão obrigados a cadastrar-se na Administração Geral Tributária (AGT) e ao consequente pagamento de impostos, além de passarem a cumprir outras obrigações de índole fiscal. “Felizmente, para nós e para a sociedade, estes colégios terão de ser controlados, pois, neste momento se está a proceder a um cadastramento de todos os colégios, inicialmente ao nível dos ciclos provinciais de Luanda e do Bengo, para que constem numa base de dados da Administração Geral Tributária (AGT)”, disse, adiantando que o proceso pressupõe ter um ano de mobilização, preparação e trabalho pedagógico, a fim de que todos compreendam que têm de ser contribuintes fiscais. Informou que há um tempo considerável que a AGT lhes pede isso, adiantando que a sua equipa tem de colaborar, porque não é justo que uns paguem e outros não. Esta medida não desconta a dimensão daqueles que escolheram classificar os seus estabelecimentos escolares por colégios, porque, segundo o responsável da ANEP, por menores que sejam, têm de cumprir as obrigações fiscais, porquanto isso constitui, ao mesmo tempo, um direito e um dever de cidadania. “Então, essas escolas priva-


O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

das serão obrigadas a cadastrase também e isso se vai reflectir na mudança de pensamento que eles têm, o espírito de isolamento e vitimização, sendo ainda necessário perceberem que sozinhos não crescem, mas atrasamse no desenvolvimento”, considerou o presidente da associação, tendo garantido que todos aqueles que se associam, actualmente, fazem parte de um movimento que é cada vez mais crescente. António Pacavira apelou, para tal, que os proprietários dessas instituições possam comprometer-se verdadeiramente com a sociedade, com o associativismo e deixar de viver de boleias. O responsável, que não acha digno que se viva dos esforços dos outros, reiteirou a necessidade de se unir cinergias, porque é apologista de que só unidos terão mais força para ajudar a todos. “E é justamente por isso que queremos contar mesmo com todos e com cada um, até porque nós somos um projecto reconhecido pela sociedade, que tem vindo a apresentar resultados inúmeros e visíveis”, gabouse o presidente da Associação Nacional do Ensino Particular. A criação de estratégias por via da qualidade dos seus serviços, que possam por convencer os encarregados de educação a honrarem o pagamento das propinas, foi apresentada como o projecto que os futuros filiados devem desenvolver, para que, em fases como a que se vive actualmente, não encontrem resistência dos pais para a contribuição financeira. Tranquilizou os futuros filiados argumentando que o traba-

Entristece-nos por não o fazerem, até porque as nossas quotas são muito baixas, a julgar pelo trabalho que fazemos, e permitem que todos andemos ao rítmo dos mesmos passos”

11

Associativismo e sindicância urgentes no superior A recusa ao associativismo não se resume única e simplesmente ao sector do ensino não universitário, pois, segundo o responsável do Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Universitário (SINPES), Eduardo Peres Alberto, é nessas alturas que os que leccionam em instituições privadas clamam pela “advocacia” do sindicato. “Antes disso, deixaram-se levar por intimidações dos seus gestores e proprietários, que chegavam mesmo ao ponto de ameaçá-los de demissão ou suspensão de contratos. Agora recebemos muitas queixas de suspensão de salários e outras, em prejuizo dos professores, que já se mostram disponíveis para fazerem sindicância no sector privado”, informou Peres Alberto, para quem o medo de perder opão não deve limitar o académico na luta pelo outro. O secretário nacional do SINPES fez um apelo no sentido de lembrar que o sindicato está sempre para defender a classe, tendo lembrado que a constituição de grupos sindicais é um direito constitucional. “Neste estado de emergência, o SINPES está muito preocupado com o não pagamento de salários por parte de algumas instituições do ensino universitário privadas, uma situação que, segundo as queixas que recebemos, acontece até com docentes que têm mais de dez anos de trabalho nesses estabelecimentos”, disse Peres Alberto, detalhando que o clamor ocorre desde o mês de Março último, o que perfaz três meses sem salário. O sindicalista considera que a pandemia também veio pôr à prova a gestão de muitas instituições do género, que pretendem convencer a sociedade de que só vivem mensalmente das propinas dos estudantes. “Será que uma empresa que tem mais de cinco ou dez anos de serviço não consegue aguentar-se por dois ou três meses? não tem outras medidas alternativas?”, questionou Peres Alberto, para quem, a ser verdade, essas instituições terão de rever o seu plano de desenvolvimento, depois de passar a situação imposta pela Covid-19. Perspectivou que a experiência que se vive dá-lhes muitos subsídios de que a sindicância em todas escolas do ensino superior será melhor, depois da retomada das aulas.

O presidente da Associação Nacional do Ensino Particular (ANEP), António Pacavira

Líder do Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Universitário (SINPES), Eduardo Peres Alberto

lho da ANEP é sistematizado, por ter o apoio das repartições municipais da Educação, representantes provinciais e do órgão reitor do ensino em Angola.

Atrelados para cobrar propinas O entrevistado está consciente de que esses esses estabelecimentos escolares vêm-se a braços para poderem cobrar propinas e, consequentemente, pagar os salários dos seus funcionários, sobretudo na ordem dos cem por cento. Ele diz que os mesmos querem continuar atrelados à ANEP para que, junto dos órgãos decisores, a associação lhes possa auxiliar, de forma a cobrarem as propinas e poderem pagar os salários dos seus funcionários. Classificou como natural o facto de organização que lidera estar para defender a todos os investidores privados da área da educação, tendo realçado, porém, que o melhor para esses proprietários ou gestores é associarem as suas escolas à ANEP. Detalhando, explicopu que só dessa forma podem usufruir das vantagens que o assiociativismo gera, já que a ANEP tem dado provas de que nessa condição o sector se apresenta mais forte e melhor compreendido. “Entristece-nos por não o fazerem, até porque as nossas quotas são muito baixas, a julgar pelo trabalho que fazemos, e permitem que todos andemos ao rítmo dos mesmos passos”, disse António Pacavira, prometendo avançar os custos reais da filiação em próximas ocasiões. Finalmente, aconselhou aos proprietários de colégios a não se deixarem levar pela postura dos gestores a quem entregam o destino de seus investimentos, de se furtarem das obrigações fiscais e de estruturação sistemática, porque tal atitude denota uma grande ambição e prejudica o do lado da entidade empregadora, ao esconder a intenção de não querer ser controlado.

Na Covid-19, protecção a todos Recordando que sempre que surge uma situação eventual, como a autorização de súbida de propinas, resultante da luta da Associação Nacional do Ensino Particular, os colégios não filiados também se beneficiam, o interlocutor deste Jornal foi peremptório em afirmar que agora, com a situação da Covid-19, protegem a todos, porque primam pelo princípio da inclusão. “Estando ou não associado, essas instituições beneficiam daquilo que a ANEP vai fazendo, daí que, ao acertarmos com o Estado, contámos com isso, pois, advinhava-se um despedimento massivo ou suspensão de salários no sector do ensino particular”, cogitou , tendo estimado que o sector do ensino particular não universitário emprega cerca de 190 mil pessoas. O dirigente, que encontra nisso a razão pela qual o Governo achou por bem aceitar a proposta de proteger esses empregos, desabafou dizendo que ainda existem muitos colégios, sobretudo na periferia de Luanda, que vivem atrelados à boleia daquilo que a ANEP vai acordando com o Estado e com a sociedade. “São pessoas que nos atrofiam, evitam associativismo para não serem controladas, porque muitas dessas infrigem, leccionando sub-sistemas para as quais não estão autorizadas, falta-lhes também humildade para melhorar a qualidade dos seus serviços”, considerou António Pacavira, acrescentando-lhes a falta visão para crescer, ao ponto de optarem por se resguardarem.


12

sociedade

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

Jovem desaparece no mar após naufrágio de embarcação Estênio Joanes da Cruz, de 23 anos, está desaparecido desde a manhã de Domingo, após a embarcação do tipo chata, de marca BEE FISH, com a matrícula LPC-0446-AG, de cor branca, em que seguia em companhia de quatro amigos ter virado na foz do Rio Cuanza, na comuna da Barra do Cuanza, em Luanda

O

naufrágio da embarcação ocorreu por volta das 7h30 e os outros quatro ocupantes, com quem foi realizar uma actividade de pesca de recreio, conseguiram sair ilesos. A mesma sorte não teve o filho de José Joanes André, ex-governador provincial do Zaire, actualmente deputado à Assembleia Nacional, de acordo com informações a que OPAÍS teve acesso. Diz-se ainda que, assim que chegaram à foz, ter-se-á registado a avaria do motor da chata,

ficando à deriva e, posteriormente, a embarcação sofreu o embate de uma onda que provou o seu naufrágio. O Ministério dos Transportes, através do seu Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa (GCII), confirma o seu desaparecimento e que a ocorrência se registou na jurisdição da barra do Cuanza da Capitania do Porto de Luanda e do Instituto Marítimo Portuário de Angola (IMPA). “Decorrem no local e zonas circundantes, desde o momento do alerta, trabalhos de busca e salvamento da Capitania, Protecção

Civil e Bombeiros, com o apoio da Polícia de Ordem Pública, visando a localizar o cidadão desaparecido no mar”, lê-se no documento assinado. A directora do referido GCII, Josefa Lamberga Aragão, garante, no aludido documento, que a Capitania está também a trabalhar na apuração dos factos que levaram ao naufrágio da embarcação. “Informações preliminares indicam que os cidadãos em causa estariam a realizar pesca desportiva, violando, assim, os pressupostos do actual do estado de emergência”, frisou. O Ministério dos Transportes aproveita o facto para alertar ao público em geral que cumpra as medidas em vigor, para evitar cenários que atentem contra a violação das normas marítimas do país e lesem a salvaguarda da vida no mar. “Com um desfecho reservado, a Capitania promete trazer novos dados tão logo registe algum evento extraordinário nesta operação de busca e salvamento, em que a vida humana é um factor a defender”, diz.

Angolanos em junta médica em Portugal testados contra Covid-19

N

oventa doentes angolanos em Junta Médica, alojados na Pensão Alvalade, em Lisboa, começaram a ser testados ontem contra a Covid-19 pelas autoridades sanitárias portuguesas. A acção de testagem aos doentes alojados nesta unidade hoteleira surgiu na sequência de um pedido do Sector de Saúde da Embaixada de Angola em Portugal, de acordo com a Angop. Este acto deverá ser concluído hoje, com a divulgação dos primeiros resultados, não estando descartada a possibilidade de alguns deles terem que ser repetidos, caso não sejam conclusivos. A Pensão Alvalade, a par da Pen-

são Luanda, são dois locais que concentram vários doentes angolanos que se encontram em Portugal em Junta Médica. Neste momento, do total de 38 casos confirmados entre a comunidade angolana, estão activos 22, dos quais 10 de cidadãos residentes, quatro não residentes e oito em Junta Médica. Há ainda o registo de 14 pessoas recuperadas e de dois óbitos. Todos os angolanos infectados, internados em unidades hospitalares ou a receber assistência nas suas residências, estão a ser devidamente acompanhados pelo Sector de Saúde da Embaixada de Angola em Portugal, em estreita articulação com as autoridades sanitárias portuguesas.


13

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

F

oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PROTEGER?

Tendo sido reportados já 70 casos em Angola, com duas mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:

1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

Sandro Feijó

“Os escritores ainda não estão a ocupar o seu verdadeiro papel” O escritor, ensaísta e poeta, Sandro Feijó, em entrevista a “OPAÍS” defende a introdução da carteira profissional do escritor, mas é necessário uma reformulação da catedral das letras no país, a União dos Escritores Angolanos (UEA), para que seja mais inclusiva e trabalhe na criação do Estatuto do Escritor, para que a sociedade conheça o seu verdadeiro papel na sociedade Jorge Fernandes

O

mundo hoje vive o caos sanitário da Covid-19, e como tal vários sectores foram afectados e a indústria livreira não foge à regra. De que forma em particular a Editora Viana sentiu-se afectada? Vimo-nos afectados, porque há um número reduzido de escritores e autores a editarem as suas obras literárias resultado da pandemia que o mundo enfrenta, pois, as regras de prevenção proíbem o aglomerado de pessoas e, assim sendo, as apresentações de livros ficam temporariamente suspensas. Por outro lado, as pessoas estão muito mais interessadas em satisfazerem as necessidades básicas e reduzir custos, e esta baixa de escritores para editarem as suas obras traduz-se num saldo negativo para a indústria editorial seja para as editoras, gráficas e distribuidoras de livros, porque há uma interdependência entre estes segmentos. A Venda digital foi uma saída? De que forma puderam usar esse recurso tecnológico e que benefícios alcançaram uma vez que as livrarias físicas estão fechadas? Para ser sincero, ainda não estamos a realizar vendas online, estamos a estudar a maneira mais viável para que isto seja feito, daí, a necessidade de os engenheiros Informáticos e programadores ajudarem as editoras e outras compa-

nhias a desenvolverem lojas online para que as vendas possam ser realizadas e com toda segurança. A venda online ainda é um grande desafio para a nossa realidade, mas com esta pandemia, muita criatividade haverá no mercado e, certamente, as coisas começarão a funcionar. Nesta altura, estamos a fazer entregas ao domicílio, claro, respeitando as regras de prevenção da Covid-19, em princípio esta foi a primeira ideia que nos ocorreu para continuar a levar o conhecimento aos nossos leitores. De que forma têm promovido os escritores associados à vossa editora? Quantos escritores têm? A Viana Editora conta com um departamento de marketing e a nossa visão é de um marketing 360º, inclusivo. Divulgamos através das redes sociais e outros canais de comunicação. Para alguns autores que tenham disponibilidade sugerimos sempre a realização de palestras, publicação de artigos em jornais,participação em debates radiofónicos e televisivos

com o objectivo de promover não só o livro, mas também a imagem do próprio autor. Diferente de uma produtora ou uma agência musical, que deve ter alguns artistas, a Viana Editora não tem um aglomerado de escritores e autores, prestamos serviço no sector editorial e temos alguns escritores e autores já fidelizados, como se diz, filhos da casa. Qual é a opinião da editora relativamente à discussão sobre a atribuição da carteira profissional aos escritores? Na verdade, escritor é uma profissão como outra qualquer e deve merecer uma atenção especial, e esta discussão devia começar na catedral das letras que é a União dos Escritores Angolanos. Qual seria a estratégia para que tal se efectivasse? Para que a carteira do escritor e autor se efective é necessário uma reforma na União dos Escritores Angolanos, precisamos criar uma UEA inclusiva.


O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

Como assim? Precisamos criar o estatuto do escritor e fazer com que esta figura seja valorizada e dignificada. É lamentável quando assistimos aos nossos filmes sem qualidade alguma no enredo, isto acontece porque os realizadores não lêem e não compram textos que possam ser adaptados ao cinema, e se comprassem tais textos, muitos escritores dedicar-se-iam a tempo integral. Mesmo sendo a leitura ferramenta de trabalho destes profissionais a leitura ainda é um “nado morto”? Não cai bem para um pais onde a maior parte dedica-se ao exercício da palavras e temos poucas séries e telenovelas produzidas, canções sem conteúdos enfim, mas uma vez isto acontece porque os escritores ainda não estão a ocupar o seu verdadeiro papel, daí a grande necessidade de se reformular a UEA e criar o Estatuto do Escritor, e, consequentemente, a sua carteira. Por outro lado, devemos exigir um pouco mais do escritor para que haja diferença. Qual seria a efectivação prática daquilo que propõe? Ora veja, há toda a necessidade de haver uma reformulação da UEA, que seja mais inclusiva como referi anteriormente, e esse estatuto tem de vir espelhado qual o verdadeiro papel do escritor. Mas é possível em Angola que o escritor viva apenas deste ofício? Como será possível se temos um país em que se produz uma novela em cada dez anos. O escritor tem um papel fundamental na sociedade que não seja exclusivamente a escrita de livros. O que mais pode fazer? Pode escrever o enredo de um filme, de uma telenovela, pode ajudar na composição de uma música. Se quisermos evoluir para o estágio de que o escritor viva realmente da escrita, devemos dar trabalho a esses escritores. Porque senão, e como ouvi de escritores de outra geração é que em Angola não é possível viver da escrita, pois escrevem um livro a cada três anos e nesse período aguardam para que mil ou dois mil livros sejam vendidos. Desse modo não é possível.

15

Matias Damásio estende acção solidária a seis províncias do país No quadro da sua responsabilidade social enquanto artista, e depois de já ter oferecido cestas básicas a lares e centros de acolhimento, em Luanda, o músico prossegue com a sua acção solidária. Desta vez segue para as províncias do Cuanza-Sul, Malanje, Bié, Huambo, Cabinda, Huíla e Benguela com o mesmo objectivo

D

epois da realização de um “Live Solidário” cuja transmissão ocorreu na Televisão Pública de Angola e nas redes sociais do portal Platinaline a 3 de Maio, em que arrecadou mais de 147 mil toneladas de alimentos, distribuídas por 9595 cestas básicas para entrega directa em várias instituições de apoio social em seis províncias do país, o artista prossegue com as repectivas entregas. “O vírus do amor”, que está a ser espalhado, considera o artista que todos “precisamos de amor, de atenção e de carinho para podermos sobreviver. E eu não posso estar mais satisfeito com a reacção das pessoas que assistiram ao live e das empresas que me apoiam há muito para que esta acção de entre-ajuda se possa ter concretizado”, reconhece. Entretanto, anunciou que depois de Luanda e de já ter assistido pessoalmente ao embalamento de todas as cestas básicas, as mesmas seguiram via terrestre para as províncias do Cuanza-Sul, Malanje, Bié, Huambo, Cabinda, Huíla e Benguela, para que sejam também entregues às famílias que delas mais precisam. Em Luanda a entrega das cestas básicas começou no Centro Pequena Semente, em Cacuaco; seguiu depois para o Centro Dom Bosco, no Sambizanga; Lar Kuzola; Comissão de Moradores do Morro Bento e do Benfica; e para o Beiral, lar de idosos baseados provisoriamente em Viana. Para o cantor, é um dever das figuras públicas apoiarem o seu público da forma que lhes seja possível, através da mobilização da sociedade civil e das empresas que trabalham todos os dias para que a economia de Angola não pare e para que a vida dos cidadãos prossiga.

DR

O gesto O gesto solidário foi também bastante acolhido além dos destinatários, como também para os pelos parceiros que se juntaram à causa, como é o caso de Paulo Edra, da Fidelidade Angola, que sublinha esta ideia, uma vez que no seu entender “as empresas cumprem um papel muito importante quando se dedicam de corpo e alma ao apoio das comunidades em que se inserem, sobretudo em situações tão difíceis como tem sido esta causada pela Covid-19”. O Reverendo Cassule, do Centro Pequena Semente, recebeu as 200 cestas básicas que lhe foram entregues com gratidão e um sorriso estampado no rosto, porque “as suas crianças puderam desfrutar de um momento diferente de convívio e animação, e as suas refeições acabaram por ficar reforçadas para os próximos dias”. Engrácia do Céu, Directora do Lar Kuzola, enfatizou a relevân-

cia da acção desenvolvida pelo cantor Matias Damásio e, sobretudo, “a sua presença no acto da entrega, porque com este gesto as crianças e os responsáveis do lar ficam mais sensibilizados e mais aconchegados com o apoio recebido em forma de amor ao próximo”. No Lar Dom Bosco, o Padre Manuel Romão era um homem visivelmente satisfeito, porque sabia “que as crianças iam viver um bonito momento das suas vidas, com amor, carinho e alguma animação, ou não fosse Matias Damásio um homem de proximidade e de atenção para com os seus”. Já o administrador do Sambizanga, Tomás Bica Mumbundo, que fez questão de marcar presença nesta acção, agradeceu a Matias Damásio, às empresas e a todos os fãs do cantor que contribuíram para este nobre gesto, afirmando que “assim vale a pena trabalhar e contribuir para o bem comum, com entre-ajuda e com amor”.

Por sua vez, o coordenador dos lares sob responsabilidade do Governo Provincial de Luanda, Mário Domingos, saudou igualmente a iniciativa, deixando a toda comitiva um grande obrigado: “Pelo gesto, pelos produtos recebidos, pela visita e pela organização com que a acção decorreu”, reiterou. O músico Matias Damásio é uma das principais referências da música jovem angolana, destacando-se pela sua qualidade sonora, artística, rítmica, bem como na qualidade das suas composições. Destacou-se, igualmente, em concursos musicais como “Gala à Sexta-feira” e “Estrelas ao Palco”. Venceu outros concursos no país com principal destaque para o “Top dos Mais Queridos”, uma iniciativa da Rádiodifusão Nacional de Angola (RNA), em duas ocasiões: 2007 e 2013, respectivamente.


16

cartaz

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

Património

Louvre virtual recebe mais de 10 milhões de visitas em 71 dias DR

O museu do Louvre, em Paris, França, que ampliou a sua oferta “online” durante o confinamento imposto pela pandemia, recebeu 10,5 milhões de visitas virtuais neste período, designadamente dos Estados Unidos, informou a instituição

S

egundo adiantou fonte do museu francês à agência noticiosa francesa France Presse (AFP), as 10,5 milhões de visitas virtuais registadas no período de 71 dias entre 12 de Março e 22 de Maio comparam com as 14,1 milhões de visitas feitas durante todo o ano 2019. Apesar de estar ainda por definir a data em que o maior museu do mundo reabrirá portas, esperando-se que tal aconteça durante o verão, as equipas do Louvre estão focadas em disponibilizar, semanalmente, aos visitantes virtuais numerosos recursos em inglês, já que a maioria dos clientes habitu-

Desafio

Mike Tyson afasta hipótese de regressar aos combates frente a Evander Holyfield

O antigo pugilista norte-americano Mike Tyson garantiu que não vai participar num combate de beneficência com o compatriota Evander Holyfield, depois de ambos terem publicado vídeos nos quais demonstram vontade de voltar a competir. O polémico pugilista Mike Tyson, de 53 anos, voltou a chamar, recentemente, a atenção do público, depois de ter publicado vídeos a treinar, admitindo que pretende regressar às competições. Praticamente, na mesma altura, Holyfield, de 57 anos, teve uma atitude semelhante, o que gerou especulações de que pudesse ser realizado um terceiro combate entre ambos.

ais do museu são americanos, que superam os chineses. Segundo a fonte, registou-se um pico de visitas durante as primeiras semanas do confinamento, com uma média de 330.000 visitas, sendo que 90% dos visitantes eram não-francófonos, contra os atuais 77%. Entre 12 de Março e 22 de Maio, 16% das visitas tiveram origem em França, abaixo da quota de 17% dos Estados Unidos. Para Sophie Grange, sub-diretora de comunicação do Louvre, “a conjugação do “smartphone” e das redes sociais” consagra o triunfo da imagem virtual e os grandes museus não têm outra

Fama

Tristan Thompson reage ao novo look de Khloé Kardashian

Como já tinha sido destacado pelo Fama ao Minuto, Khloé Kardashian mudou de visual, não tendo passado despercebida aos olhos dos fãs, que teceram rasgos elogios. E quem também não ficou indiferente ao novo look da celebridade foi o ‘ex’, Tristan Thompson, pai da filha True, de dois anos. Como destaca a imprensa internacional, Tristan não tardou em reagir. “Mazinha”, começou por dizer. “PS. Sou a favor da legenda”, concluiu juntando alguns emojis. De referir que Khloé escreveu na legenda das imagens em que mostra o novo look: “Localização: debaixo da pele das ‘inimigas’”.

opção senão explorar da melhor forma possível estes meios para se darem a conhecer a um público alargado, em casa.

Aniversário

“Resistimos um pouco, porque a obra de arte não é uma imagem e devemos passear-nos em torno dela, a obra de arte exigiria um

verdadeiro reencontro”, admitiu esta responsável à AFP.

Matrimónio

Música

Naomi Campbell mostra-se grata pela “jornada colorida” dos seus 50 anos de vida

Kim Kardashian e Kanye West celebram aniversário de casamento

A top model expressou a sua gratidão aos amigos e familiares que a felicitaram no seu 50º aniversário, admitindo que nunca pensou chegar a essa idade. Naomi Campbell publicou nas redes sociais uma foto em que surge rodeada de flores, onde agradeceu às pessoas próximas na legenda das imagens, fazendo também referência à sua ‘família de recuperação’, que a ajudou quando lutava contra vícios.

Foi no dia 24 de Maio de 2014 que Kim Kardashian e Kanye West deram o nó. Uma data ficará para sempre guardada na memória da família Kardashian. Ainda este Domingo, dia em que a celebridade e o rapper completaram seis anos de casamento, fizeram fez questão de assinalar a data no Instagram. Ambos destacaram-se com carinhosas partilhas junto dos fãs, como pode ver nas publicações. Enquanto Kanye recordou na rede social algumas fotografias do casamento, Kim publicou duas fotos que foram também tiradas há seis anos.

Fonte: Plataforma

Corey Taylor dos Slipknot acabou o seu primeiro álbum a solo

Corey Taylor terminou aquele que será o seu primeiro álbum a solo, ainda sem título ou data de lançamento. O vocalista dos Slipknot e Stone Sour foi entrevistado para a rubrica “We Are Hear”, da vocalista dos Halestorm, Lzzy Hale, tendo sido questionado sobre o que tem feito durante o período de isolamento. “Gravei secretamente o meu primeiro álbum”, contou. “Fi-lo com a banda que me tem acompanhado nos meus concertos a solo, durante anos, pessoas com as quais tenho trabalhado desde sempre”.


OPINIÃO

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio de 2020

17

Jorge Nunes

Fórum Mundial do Turismo, Um ano depois

e se Uma rádio qu o das p mantém no to e tem u audiências e q quatro s emissoras na is a províncias m nda, a populosas (Lu uela g Huambo, Ben e Huíla).

M Luanda 99.1 F FM Benguela 96.3 FM Huambo 89.9 99.3 FM Huíla

F

oi em maio de 2019 que se realizou, em Angola, o Fórum Mundial de Turismo, fórum esse que trazia para Angola as atenções do mundo do turismo e que durante algum tempo fez com que Angola fosse falada no exterior pelo seu petróleo verde. Este mesmo evento trouxe também para nós, operadores, uma luz de esperança. Várias foram as figuras presentes no evento que traziam consigo uma expectativa de grandes investimentos. Os operadores nacionais viram no evento uma forma de se unirem e juntos poderem fazer crescer o turismo nacional. Houve sessões de debates, discussões, na mesma sala e sobre a mesma mesa, órgãos ministeriais discutiram sobre a problemática, partilharam os seus projectos para melhorias mas, soluções ficaram por se concretizar.

Foi neste mesmo evento que houve atribuição de alguns prêmios, prémios esses entregues numa gala e eleitos através da votação do público. Enquanto hoteisangola.com fomos um dos premiados e recebemos o mérito do melhor plataforma de promoção e marketing turístico de Angola, mas existiram outros; Luís Cândido Carneiro da (Agência de Viagens Trevogel), Kostadin Luchansky (Angola Image Bank), Casa 70, programa Nossa Terra(TV ZIMBO), TD Hotels, a Charme Tours, Hotel Trópico Luanda, Social Surf Weekend, Pululukwa Lodge Resort, Café Del Mar e a província de Benguela premiada na categoria Destino Turístico. Passado um ano continuamos ativos e mantemos a ambição de não parar de divulgar Angola e de criar soluções para o setor do turismo. Divulgar as unidades de

alojamento, os locais a visitar e o que de melhor se vai fazendo é o nosso lema, mas também criar soluções para as agencias de viagem poderem de forma prática operar no mercado. Desta forma guardamos para esta data o lançamento do sistema integrado de divulgação de pacotes e roteiros turísticos dos mais diversos operadores de Angola. Neste sistema os agentes de viagens, guias de turismo e os operadores podem gerir e divulgar o seu produto e também podem vender o serviço de outros. É uma ferramenta online que será lançada no dia 24 de maio na plataforma hoteisangola.com, em sites afiliados (hotéis, portais regionais, agencias, etc)

“JUNTOS PROMOVEMOS ANGOLA”


Economia

18

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

Empresários preparam menú de makas e contribuições para encontro com PR A Confederação Empresarial de Angola (CEA) reuniu-se, ontem, com os associados para se debruçar sobre as principais preocupações que afligem a classe para apresentá-las no encontro de auscultação com o Presidente da República, João Lourenço, ainda esta semana (dia 29) Patrícia de Oliveira

O

presidente da Confederação Empresarial Angolana (CEA), Francisco Viana, disse que perto de 40

associações membros da instituição que dirige abordaram sobre o estado das empresas e as respecsoluções para o relançamento da economia nacional. Acrescentou, por outro lado, que as empresas estão a trabalhar no sentido de retornar às

actividades para contribuir no desenvolvimento económico. No que toca às preocupações dos empresários, referiu que tem a ver com o diálogo entre o Executivo e o sector privado, no sentido de ser institucionalizado, o que já acontece, mas preci-

sa de melhorar, definir objectivos, “ver o que está bem e corrigir o que está mal”, a situação da pandemia do coronavírus que juntou-se á crise económica, a falta de equipamentos e operacionalização do alívio das dificuldades provocadas pela crise económica . “Há dois anos, a CEA escreveu uma carta aberta ao Presidente da República a prever toda a situação de calamidade económica no país. É uma situação difícil em que todos temos de nos unir, nomeadamente o Governo e a sociedade civil para ultrapassar os problemas económicos”, explicou. Segundo o empresário, neste momento, muitas empresas estão encerradas, pelo facto de não terem dinheiro para pagar impostos e nem reabrir após o estado de emergência. Sem avançar números, Fran-

Presidente da CEA, Francisco Viana

Presidente da Associação Nacional dos Avicultores de Angola (ANAVI), Rui Santos

cisco Viana ressaltou, contudo, que muitas empresas paralisaram as actividades nos últimos meses e não têm como reabrir as portas, deixando no desemprego centenas de pessoas. “Estamos a preparar o nosso contributo, de modo que o Governo tenha uma ideia das principais preocupações dos vários sectores da classe empresarial, como as pescas, agricultura, saúde, comércio, indústria, avicultura, energia eléctrica e outros”, explicou. Por sua vez, o presidente da Associação Nacional dos Avicultores de Angola (ANAVI), Rui Santos, referiu que associação enfrenta diversos problemas de falta de matéria-prima, vacinas e ração, e estas questões serão apresentadas no encontro de auscultação. Na sua opinião, é necessário definir programas específicos, tal como a introdução de pintos no mercado, identificando os produtos para o referido lote até ao fim da vida produtiva (20 meses). “Em cada 5 meses deve-se repor o stock em termos de matéria-prima, de modo a não interromper a produção de ovos”, reiterou Para ele, com os sectores organizados e a estabilidade na aquisição de matérias-primas, o país poderá obter melhores resultados no crescimento da produção e resultado financeiro, e assim pagar o empréstimo concedido pelos bancos. No que diz respeito ao programa de alívio fiscal, Rui Santos salientou que grande parte dos associados não conseguiram se inscrever no programa, tendo em conta o fluxo de inscrições. “Penso que o Governo deveria falar com os representantes das associações para melhor identificar as empresas que realmente precisam deste alívio fiscal para manter as instituições”, defendeu.


O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

19

AGROLIVE investe AKz 100 milhões no fomento agrícola O projecto agro-pecuário “AGROLIVE” está a investir 100 milhões de Kwanzas (Akz) em acções de mecanização e fomento das culturas de milho e feijão, na comuna do Lépi, município do Longonjo, província do Huambo

A

informação foi prestada ontem, Segunda-feira, à imprensa pelo directorgeral da AGROLIVE, Inocêncio Katiavala, salientando ainda que está previsto a criação, no ano agrícola 2020/21, de 62 postos de trabalhos directos.Com isso, explicou, espera-se uma produção de 500 toneladas de milho e 100 de feijão. Informou que o mesmo está a ser desenvolvido numa área de 350 hectares, onde decorrem igualmente trabalhos para a construção de represas que, nesta época seca, poderão auxiliar no processo de irrigação das culturas. Inocêncio Katiavala referiu que o projecto tem por objectivo au-

mentar a produtividade, produção e comercialização destas colheitas em grande escala, para fazer face aos desafios da segurança alimentar e diversificação da economia no país. No quadro do projecto, segundo o responsável, está igualmente prevista a reabilitação, através de trabalhos de terraplenagem, das vias secundárias e terciárias da região, para facilitar o escoamento dos produtos do campo para as áreas de conservação, transformação, comercialização e consumo. Por sua vez, a administradora adjunta da comuna do Lépi, Florinda Nginga Lungi, valorizou a iniciativa que, segundo ela, vai estimular a produção agrícola e, ao

mesmo tempo, reduzir o desemprego. No município do Longonjo, cuja vila municipal situa-se a 64 quilómetros da cidade do Huambo, está em funcionamento, desde 2013, a fábrica de adubo orgânico “Soiadubo”, que produz fertilizante

agrícola à base de excremento de gado bovino, capim e cevada, com a finalidade específica de dar mais dinâmica ao sector da agricultura. Além de fazer crescer as plantas, o adubo orgânico que se diferencia do químico em função dos seus resultados que são nota-

dos apenas durante um período mínimo de dois anos, enriquece igualmente os solos, através da recuperação dos seus ácidos, que podem se degradar através da constante actividade agrícola, com as chuvas e queimadas anárquica

Restaurantes reabrem com horário fixo

O

s restaurantes e similares voltam a reabrir hoje, trabalhando, numa primeira fase, de Segunda a Sextafeira, entre as 06h00 e 15h00. O ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, que falava em conferência de imprensa, referiu que a medida visa acelerar a retoma do país à actividade económica e social, embora se continue a registar casos de Covid-19. Disse ainda, que os estabelecimentos devem obedecer ao critério da redução da capacidade máxima, de forma a assegurar o distanciamento físico recomendado entre as pessoas nas instalações. Na mesma condição estão os estabelecimentos hoteleiros e similares, mediante o cumprimento de várias medidas, como a obrigação do controlo de temperatura à en-

trada e o uso de máscaras no acesso e nas zonas de concentração de pessoas. Entre outras exigências, deverão observar a presença das pessoas em simultâneo no espaço do restaurante ou similar até ao limite de 50 por cento da capacidade máxima, e dispor as cadeiras e mesas para garantir a distância de pelo menos dois metros entre as pessoas. Os estabelecimentos comerciais também passam a trabalhar em pleno, devendo assegurar um plano de segurança específico para a Covid-19 e afixar em documento visível, para o público, a capacidade máxima de pessoas dentro do estabelecimento. Também a partir de 09 de Junho, serão reabertos os centros de formação profissional, permitida a prática desportiva individual e de lazer em espaço aberto.

Também inicia-se a actividade industrial, agro-pecuária e pescas, e as obras públicas urgentes, estratégicas e prioritárias. A partir de 25 de Junho, retomam os treinos e as actividades

desportivas oficiais e a prática desportiva colectiva não oficial, sendo que a presença de espectadores nesses locais deverá ser definida por Lei própria, conforme o Decreto Presidencial.

Quanto aos transportes colectivos de pessoas e bens, funcionarão em três fases, sendo que na primeira a capacidade deve ser de apenas 50 por cento e, posteriormente, aumentada para 75 por cento.


análise

20

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

O DESEMPENHO DAS CONTAS EXTERNAS O As relações comerciais de Angola com as outras economias continuam a apresentar uma trajectória desafiante, em consequência, principalmente, do desequilíbrio do sector petrolífero. O registo comercial manteve-se superavitário em 2019, com a China (21.083,13 milhões USD) e a Índia (3.579,82 milhões USD), sendo que os principais défices corresponderam a Portugal (984,89 milhões USD) e Coreia do Sul (907,77 milhões USD), de acordo com dados divulgados pela Bloomberg

A

redução significativa da cotação internacional do crude que tem se verificada desde o último semestre de 2014, contribuiu para que no fecho do ano em análise, a Balança de Pagamentos registasse um défice de 3.919,7 milhões USD, uma diminuição de 3.705,6 milhões USD em comparação a 2013 e após ter registado superavite de 4.126,4 mi-

lhões USD em 2012, segundo dados do BNA. O saldo da Balança de Pagamentos referente a 2019 fixou-se em 988,9 milhões USD, que representa uma melhoria comparativamente ao défice de 519,6 milhões USD referente ao ano anterior e representa o primeiro superavite desde 2016, quando se fixou em 403,7 milhões USD. O registo de 2019 reflecte o desempenho positivo da Conta Corrente em 5.137,4 milhões USD, que representa o segundo ano con-

secutivo de superavite, no entanto representa uma moderação anual de 2.265,2 milhões USD. A deterioração anual da Conta Corrente apresenta como principais causas o agravamento da Balança Comercial em 4.361,4 milhões USD, para 20.598,5 milhões USD em 2019 e a melhoria da Conta de Serviços em 1.740,7 milhões USD, para -7.717,7 milhões USD, no ano em análise. Na perspectiva Comercial destaca-se a redução das Exportações em 6.032,2 milhões

USD, para 34.725,6 milhões USD, com o sector Petrolífero a corresponder a 96% do total e o não petrolífero o remanescente, sendo que esta última rubrica registou incremento de 11,3 milhões USD, ao fixar-se em 1.360,4 milhões USD, o terceiro aumento anual consecutivo, em que os Diamantes representam 89% do total e o aumento poderá reflectir a estratégia denominada Operação Transparência, de regulamentação do sector diamantífero em curso no país desde Setembro de 2018. A Conta de Serviços caracteriza-se pela melhoria de 1.740,7 milhões USD, tendose fixado num défice de 7.717,7 milhões USD em 2019, que reflecte a moderação do recurso aos Serviços de Reparo e Manutenção importados, com destaque para os sectores de Transporte, Petrolífero e Construção. A Conta de Capital e Financeira apresentou melhoria de 4.547,5 milhões USD, o primeiro incremento desde 2015, para um défice de 3.216,7 milhões USD em 2019. A trajectória da Conta reflecte principalmente o registo do Investimento Directo Estrangeiro Líquido cujo défice diminuiu em 4.712,7 milhões USD, ao fixar-se em 1.749,1 milhões USD. Em consequência do aumento das entradas de recursos em

As Reservas Internacionais Líquidas aumentaram 1.066 milhões USD, tendo-se fixado em 11.712 milhões USD

2.952,5 milhões USD, para 10.488,3 milhões USD em 2019 – em que os recursos destinados ao sector petrolífero mantêm-se em destaque ao beneficiar de 71% das entradas de recursos -, sendo que as saídas de recursos reduziram em 1.760,2 milhões USD, ao fixarem-se em 12.237,3 milhões USD. A trajectória positiva da Balança de Pagamentos influencia na redução das necessidades de financiamento, com impactos sobre a preservação das Reservas Internacionais, uma melhoria adicional, ao considerar-se que a depreciação cambial em curso tem contribuído para a moderação da procura por moeda estrangeira para actividades não essenciais. Destaca-se que, na comparação anual, as Reservas Internacionais Brutas aumentaram 1.041 milhões USD, ao fixarem-se em 17.211 milhões USD em 2019 e as Reservas Internacionais Líquidas aumentaram 1.066 milhões USD, tendo-se fixado em 11.712 milhões USD. Para 2020, o desempenho da Balança Comercial deverá ser pressionado pelos impactos da Pandemia da COVID-19, que poderá contribuir para a moderação do fluxo de Investimentos. Por outro lado, refere-se que a redução do consumo e produção mundial já têm pressionado a cotação do crude, que registou uma redução de 47% do último dia de 2019 ao último dia da terceira semana de Maio, tendo se fixado em 35 USD/barril, que associada à redução da produção petrolífera que tem se registado e é exigida pelo novo acordo entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, que poderão pressionar a Balança Comercial – a principal componente superavitária da Balança de Pagamentos-, tendo-se em consideração a representatividade do sector petrolífero.


OPINIÃO

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio de 2020

21

João Papelo*

Pegadas Íntimas, leituras de quarentena

e se Uma rádio qu o das p mantém no to e tem u audiências e q quatro s emissoras na is a províncias m nda, a populosas (Lu uela g Huambo, Ben e Huíla).

M Luanda 99.1 F FM Benguela 96.3 FM Huambo 89.9 99.3 FM Huíla

P

egadas Íntimas, livro angolano publicado a título de estreia, por ocasião da XVII Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, marca mais uma etapa da vida literária do autor, Nguimba Ngola. O conteúdo do novo livro encontra ressonância nos seus títulos anteriores, nomeadamente, “Mátria” e “E Lá Fora os Cães”. Pegadas Íntimas, por ser parte de uma jornada de afirmação continuada do autor, justifica o que temos defendido em vários fóruns a propósito do ciclo geracional da nossa literatura. A história deste poeta é a história de uma época dourada, pontuada de encontros juvenis para debates literários apimentados de horas prolongadas de recitais de poesia. O seu percurso interventivo, enquanto activista social voltado para as literaturas, inclui passagens pela Brigada Jovem de Literatura de Angola, em primeiro lugar, e pelo Movimento Lev’Arte, por último. Ngumba Ngola tem a vida artística marcada com trocas de experiência com escritores consagrados, tendo aplanado a sua jornada literária com as principais referências do nosso universo literário, nomes que dispensam apre-

sentação: João Melo, Cristóvão Neto, Adriano Botelho de Vasconcelos, Trajanno Nankova Trajanno, José Luís Mendonça, Amélia da Lomba, Isabel Ferreira, Akiz Neto, Hendrick Vaal Neto, Abreu Paxe, Jimmy Rufino, este último, que nos deixou há pouco tempo, traído por um cancro. Entre outros nomes. Poeta do nosso tempo, Nguimba traz no seu poemário, com muita frequência, o brio da paisagem urbana, redesenhando o papel dos seus actores, e situando a mulher, de propósito, como um símbolo de resistência à opressão e à descriminação do género. Isso ajuda a explicar a razão do título do seu livro de estreia, “Mátria”, publicado em 2009. Na obra despontam nomes e figuras, personagens anónimas e conhecidas que passaram a fazer parte da nossa convivência literária, como é o caso dos poemas Amiga da Zunga e Sanita Madalena. Se é certo que o artista é um biógrafo do seu tempo, neste caso, Nguimba Ngola é-o. Como poeta modela o nosso espaço sociológico propondo, em todos os momentos dos seus textos, um novo olhar para o ambiente que nos cerca. A lírica dos seus versos si-

tua-se sempre num olhar de dentro para fora, ora como um malabarista explorando a plasticidade da palavra, recriando novos planos de sonoridade, ora denunciando comportamentos perversos, ora fazendo-se artisticamente cúmplice da concupiscências da sociedade contemporânea, vertiginosamente materialista. Como contista reescreve a sociedade angolana e as suas vivências, traçando um enredo de lutas, desavenças, promiscuidades amorosas, vícios e paixões. Em Pegadas Íntimas, o autor projecta a plenitude do amor: o amor nas suas diferentes acepções. “Amor platônico”, por exemplo, expressão usada para designar um amor ideal, alheio a interesses ou gozos. Um sentido popular, pode ser o de um amor impossível de se realizar, um amor-perfeito, ideal, puro, casto. Talvez seja tanto este o amor que os poetas buscam. Citando o excerto de uma epístola paulina, o autor recorda, em Pegadas Íntimas, que “o amor nunca falha” (I Coríntios 13:8). E nunca falha mesmo. *Assina esta coluna às terçasfeiras.


Mundo

22

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

Autoridade chinesa diz que alguns protestos em Hong Kong foram “terroristas por natureza” O escritório do Ministério das Relações Exteriores da China em Hong Kong afirmou, nesta Segunda-feira, que algumas acções durante os protestos pró-democracia do ano passado, em Hong Kong, foram “terroristas por natureza” e que “manifestantes” conspiraram com forças estrangeiras, impondo “perigo iminente” à segurança nacional

X

ie Feng, comissário do Ministério das Relações Exteriores da China, em Hong Kong, fez esses comentários durante um discurso sobre a proposta de uma lei de segurança nacional em Hong Kong, no qual procurou assegurar aos investidores estrangeiros que eles não serão afectados. Xie disse que a proposta combate a secessão, subversão, interferência estrangeira e terrorismo, e que vai afectar apenas um pequeno número de moradores, enquanto para o restante “não há absolutamente motivo para pânico”.

“A legislação vai aliviar as graves preocupações entre as comunidades local e estrangeira

de negócios sobre as forças violentas e terroristas”, disse Xie. Os comentários de Xie so-

mam-se ao coro do governo de uma retórica mais dura contra manifestantes na cidade comandada pelos chineses, onde autoridades de segurança citaram casos em que foram usados explosivos “comumente utilizados em ataques terroristas no exterior” como uma preocupação crescente. A proposta de lei, que também prevê a possibilidade de instalação de bases da inteligência chinesa em um dos maiores pólos financeiros do mundo, derrubou o mercado de acções de Hong Kong na semana passada e foi condenada por governos ocidentais.

Japão levanta estado de emergência em Tóquio e cogita mais estímulo

O

primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, anunciou o levantamento do estado de emergência em Tóquio e quatro áreas restantes, nesta Segunda-feira, mas alertou que ele pode ser reinstaurado se o ritmo das infecções por Covid-19 aumentar. As medidas de distanciamento social foram afrouxadas na maior parte do Japão a partir de 15 de Maio devido à diminuição das infecções, mas o governo manteve Tóquio e quatro outras regiões sob vigilância. Abe também disse, em conferência de imprensa, que o valor total de dois pacotes de estímulo económico passará de 200 trilhões de ienes, mas que ainda levará um tempo considerável para se voltar à vida normal enquanto se controlam os riscos de infecção. Ele acrescentou que o país conseguiu manter a infecção de coronavírus sob controlo em um mês e meio à sua maneira e que isto mostrou a força do “modelo Japão”.

O ministro da Economia japonês disse aos repórteres, nesta Segunda-feira, que recebeu aprovação de conselheiros destacados para anular o estado de emergência em todas as regiões restantes. “Embora o estado de emergência vá ser suspenso, é importante expandir a actividade económica em estágios, enquanto estabelecemos

xx

Primeiro-ministro Shinzo Abe

um novo modo de viver”, disse Yasutoshi Nishimura, acrescentando que o chefe do conselho consultivo recomendou um monitoramento cuidadoso das prefeituras de Tóquio, Kanagawa e Hokkaido, onde os casos oscilaram. A terceira maior economia do mundo escapou de um surto explosivo, tendo tido mais de 16.600

infecções e 839 mortes até ao momento, de acordo com a emissora pública NHK – mas a epidemia a empurrou para uma recessão e a popularidade de Abe a uma baixa que não se via há anos. Uma pesquisa do jornal Asahi realizada no final de semana mostrou o índice de aprovação do primeiro-ministro em 29% – o mais baixo desde que ele voltou ao poder no final de 2012 – e o índice de desaprovação em 52%. Os resultados vieram em linha com os de uma sondagem do jornal Mainichi publicada no Sábado. A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, já havia dito que a capital entraria no “primeiro estágio” do relaxamento das restrições assim que o estado de emergência fosse retirado.Para apoiar uma economia que ruma para a sua pior retracção na história do pós-guerra, o governo está a estudar um estímulo adicional de 100 triliões de ienes, a maior parte ajuda financeira para empresas, noticiou o jornal Nikkei, nesta Segunda-feira.

Wuhan realiza 6,5 milhões de testes para Covid-19 em 10 dias

A

cidade chinesa de Wu ha n rea l i zou 6.574.093 testes de ácido nucleico para detectar infecções por novo coronavírus entre 14 e 23 de maio, divulgou a Comissão Municipal de Saúde. Segundo a comissão, foram realizados 1.146.156 testes apenas no Sábado, mais de 15 vezes a cifra de 14 de Maio, quando Wuhan iniciou uma campanha de testes em toda a cidade para melhor apurar o número de casos assintomáticos ou de portadores do vírus que não apresentam sintomas claros da doença. O maior número diário foi em 22 de Maio, quando a cidade, com cerca de 10 milhões de habitantes, testou 1.470.950 de pessoas. Para amenizar a preocupação da população de Wuhan acerca da reabertura das suas fábricas, empresas e escolas, foi decidido que os testes para a Covid-19 seriam disponibilizadas para todos que não foram testados, pois a cidade no centro do país continuou a relatar casos assintomáticos. Antes da campanha, a cidade havia realizado mais de 3 milhões de testes de ácido nucleico. A comissão salientou que os testes são voluntários e gratuitos. Será dada prioridade aos condomínios residenciais com histórico de infecções, bem como aos edifícios antigos e densamente povoados. Crianças menores de seis anos não são aconselhadas a fazer os testes. Os testes foram recebidos com grande entusiasmo por parte da população. Os repórteres da Xinhua documentaram os residentes usando máscaras e formando longas filas, mantendo a distância social fora dos pontos de testes improvisados nas comunidades e nos espaços públicos da cidade.


O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

23

PM britânico protege assessor e enfrenta revolta

O

Espanha amplia relaxamento e quer volta de turistas estrangeiros em Julho A Espanha dava novos passos para sair de um dos confinamentos mais rigorosos da Europa, nesta Segunda-feira, com mais trânsito nas ruas das suas duas principais cidades, o regresso às aulas em algumas comunidades e o apelo do governo para o retorno dos turistas estrangeiros, uma das principais fontes de renda do país

O

segundo país mais visitado do mundo fechou as portas e as praias em meados de Março para enfrentar a pandemia de Covid-19, mas o pior já passou, e prevê revogar em questão de semanas o isolamento de 14 dias que impõe aos recém-chegados do exterior, o que coincidirá com a livre circulação dos espanhóis por todo o território assim que o estado de alarme for suspenso. “É coerente ir planeando as férias para vir à Espanha em julho”, disse a ministra do Turismo, Reyes Maroto, numa entrevista à rádio Onda Cero, repetindo a mensagem divulgada neste final de semana pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez, com o intuito de salvar a temporada de verão de um sector que normalmente atrai 80 milhões de visitantes por ano. A vida regressava às ruas da capital Madrid, muito afectada pela crise sanitária, e se podia entrar no Parque del Retiro pela primeira vez em mais de dois meses, enquanto alguns terraços de bares e restaurantes voltavam a erguer a persiana. “É óptimo, já estava com vontade. E o meu cachorro também”, disse Anna Pardo, enquanto caminhava sob o sol com o seu animal de estimação pelo Retiro. Passeando, fazendo exercícios e conversando, os madrilenos cru-

zavam as avenidas sombreadas do parque ou paravam para contemplar o seu pequeno lago, no qual faltavam os botes de remo de passeio habituais. Nas ruas se via um tráfego maior, nesta Segunda-feira. Embora agora os bares e restaurantes possam abrir os seus espaços exteriores com metade da capacidade, poucos terraços voltaram a abrir de manhã em Madrid – os seus proprietários mediam a rentabilidade do negócio atendendo somente alguns poucos clientes. Embora a maioria dos alunos continue em casa a estudar pela Internet, alguns colégios do País Basco reabriram. A Espanha registou 235.772 casos e 28.752 mortes de Covid-19 até agora. A taxa de contágio parece sob controlo, e o número diário de mortos estava abaixo de 100 na última semana. Os convites de Sánchez e Maroto aos turistas nacionais e estrangeiros deram um impulso forte de 14% às acções de grupos como a Meliá, rede hoteleira, uma das acções mais afetadas pela pandemia. A metade do país, incluindo os arquipélagos turísticos das Canárias e Baleares, já se encontra na chamada fase 2, em que as restrições de movimento e comércio são ainda mais afrouxadas.

primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, enfrentou um motim no próprio partido e a fúria do país, nesta Segunda-feira, por se recusar a demitir o seu assessor mais próximo, Dominic Cummings, acusado de ignorar o isolamento do coronavírus, viajando 400 quilómetros para fora de Londres. Defendendo um dos homens mais poderosos do Reino Unido, Johnson disse no final de semana que Cummings agiu “responsável e legalmente, e com integridade” quando viajou de Londres a Durham, no norte da Inglaterra, em Março com o filho e a esposa, que estava doente e com sintomas da Covid-19. Muitos viram hipocrisia no gesto, dado que à época o governo adoptou o mantra de dizer que to-

dos deveriam ficar em casa. Quem mora numa casa na qual qualquer pessoa tem sintomas deve se isolar no domicílio por 14 dias. “Em que planeta eles estão?”, indagou a manchete do Daily Mail, jornal de direita influente que costuma apoiar Johnson. Cummings deve emitir um comunicado público e responder a perguntas, ainda nesta Segundafeira, noticiaram os canais ITV e Sky News. A porta-voz de Downing Street não quis comentar. Com um número de mortos de cerca de 43 mil, o Reino Unido é o país mais atingido da Europa, e o governo já sofria pressão devido à maneira como lida com a pandemia. Cientistas e parlamentares disseram que o furor causado por Cummings tornará mais difícil

Primeiro-ministro britânico Boris Jonhson

fazer com que o público continue obedecendo às orientações oficiais sobre o distanciamento social. “Boris Johnson destruiu todos os conselhos que demos para se criar confiança e garantir a adesão às medidas necessárias para controlar a Covid-19”, disse o cientista comportamental Stephen Reicher, membro de uma comissão que aconselha o governo. Cerca de 20 parlamentares conservadores desafiaram Johnson, pedindo publicamente que Cummings renuncie ou seja demitido. Eles e outros disseram ter sido inundados por correspondências de eleitores que seguiram as orientações e agora sentem que existe uma regra para pessoas próximas do primeiro-ministro e outra para as restantes. “O governo deveria reconhecer o que as famílias passaram e o que as pessoas estão a pensar e a dizer. Portanto, é importante Dominic Cummings se retirar agora”, disse o parlamentar Peter Aldous no Twitter. A decisão de Johnson de manter Cummings contrasta com os casos da principal autoridade médica e de um epidemiologista destacado da Escócia que aconselhavam o governo e se demitiram depois de admitir que haviam violado as regras de isolamento.

Laboratório de Wuhan admite ter 3 estirpes vivas de coronavírus de morcego

D

irectora do Instituto de Virologia de Wuhan admitiu que o seu laboratório guarda três estirpes vivas de coronavírus de morcego, mas garante que nenhuma delas é a fonte da pandemia. A garantia foi dada em 23 de Maio por Wang Yanyi, directora do Instituto de Virologia de Wuhan, cidade chinesa originária do novo coronavírus, que relatou que desde 2004 amostras de alguns coronavírus de morcegos foram isoladas e obtidas, informou o portal CGTN. Wang relatou, em entrevista ao portal CGTN, que o Instituto de Virologia de Wuhan dispõe apenas de três estirpes vivas e assevera que as estir-

pes possuem uma similaridade ao SARS-CoV-2 “de apenas 79,8%”, o que é uma “diferença óbvia”. A cientista aproveitou a ocasião para qualificar como “pura fabricação” a especulação de que o novo coronavírus teria sido vazado do Instituto de Virologia de Wuhan. A imunologista salientou que o laboratório recebeu pela primeira vez amostras do SARS-CoV-2 em 30 de Dezembro. “Não tínhamos conhecimento disso antes, nem havíamos encontrado, investigado ou isolado o vírus. Na verdade, como todo mundo, nós nem sabíamos que ele existia. Como ele poderia ter vazado para fora do nosso la-

boratório quando nunca o tivemos?”, indagou Wang. Vale recordar que, em 30 de Abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ter certeza de que o novo coronavírus teve origem num laboratório em Wuhan. Alguns dias depois, coube ao secretário de Estado americano, Mike Pompeo, garantir que havia “enormes evidências” de que o coronavírus teve origem num laboratório em Wuhan. Por sua vez, o director para Emergências de Saúde da OMS, Mike Ryan, anunciou no início de Maio que a sequência genética do coronavírus comprovava que o SARS-CoV-2 era de origem natural.


actual

24

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

DR

Segundo navio-tanque iraniano entra na Zona Econômica Exclusiva da Venezuela Presidente Vladimir Putin regressou ao seu gabinete no Kremlin, depois de se ter autoafastado por causa da Covid-19

Putin de volta ao Kremlin, Rússia procura facilitar o bloqueio em algumas regiões O presidente Vladimir Putin fez uma rara aparição no Kremlin na Segunda-feira, depois que autoridades disseram que melhorias na situação do coronavírus podem permitir que a Rússia reabra em breve alguns resorts turísticos e relaxe as restrições em muitas regiões

A

Rússia, que registou o terceiro maior número de casos de coronavírus do mundo, confirmou 8.946 novas infecções, na Segunda-feira, elevando o seu número nacional para 353.427. As autoridades registaram 92 novas mortes, elevando o número para 3.633. Moscovo, a região mais atingida da Rússia, está a entrar na sua nona semana de bloqueio. O prefeito Sergei Sobyanin disse que é muito cedo para suspender as restrições, mas permitiu que escritórios de registo estatais sejam abertos na capital a partir de Segunda-feira. As fronteiras da Rússia permanecem fechadas, assim como as escolas e a maioria das lojas não essenciais, mas o primeiro-ministro Mikhail Mishustin instou os russos, na Segunda-feira, a não viajarem para o exterior de férias neste verão.

Mishustin, que voltou ao trabalho na semana passada após se recuperar do coronavírus, usou uma reunião televisionada do governo para dizer que os sanatórios licenciados seriam reabertos no 1º de Junho e que as estâncias turísticas poderiam abrir completamente quando a situação se tornasse normal. “É melhor e mais seguro passar as férias no seu próprio país”, disse Mishustin. Anna Popova, chefe do órgão regulador de saúde do consumidor da Rússia, disse que 44 das mais de 80 regiões da Rússia estão em posição de relaxar as restrições de bloqueio, permitindo que as pessoas façam caminhadas e reabram algumas lojas não essenciais. Putin encontrou o chefe da empresa estatal Russian Railways, pessoalmente, na sua primeira aparição no Kremlin desde 9

de Maio, quando a Rússia comemorou a vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. Por semanas, Putin foi filmado na sua residência, a Oeste de Moscou, presidindo reuniões do governo por vídeo-conferência de uma sala que os críticos chamam de bunker. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não respondeu imediatamente quando questionado se Putin havia voltado a trabalhar normalmente no Kremlinno

É melhor e mais seguro passar as férias em seu próprio país”

O

navio-tanque iraniano Fortune atracou, nesta Segunda-feira (25), na refinaria de El Palito, a aproximadamente 120 quilômetros ao oeste de Caracas. Após a chegada do Fortune, o segundo navio-tanque iraniano, Forest, entrou na Zona Económica Exclusiva da Venezuela no início deste Domingo (24), juntamente com a Marinha venezuelana, já que, segundo informações, a embarcação iraniana estava a ser seguida por um navio norte-americano. Parabéns ao petroleiro iraniano Forest, o segundo petroleiro dos cinco entrou na Zona Económica Exclusiva da Venezuela! Vida longa ao Irão, vida longa à Venezuela!. O primeiro dos cinco petroleiros iranianos que transportam um carregamento de combustível para abastecer a Venezuela atracou no porto de El Palito, na parte central da costa do país, segundo dados do portal TankerTrackers. As imagens de satélite mostram o petroleiro a atracar na refinaria de El Palito com a ajuda de dois rebocadores venezuelanos. O petroleiro iraniano, Fortune, transportando 43 milhões de litros de gasolina em meados de Março no Porto de Shahid Rajaee, Irão, atracou na doca 2 da refinaria de El Palito, Venezuela, localizada a Oeste da capital Caracas. “Ao final do Ramadã [o mês santo para os mulçumanos], a chegada do navio Fortune mostra a solidariedade do povo islâmico do Irão com a Venezuela”, afirmou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. “Em tempos onde o império supremacista pretende impor à força o seu domínio, só a irmanda-

de dos povos livres nos salvará”, ressaltou. Anteriormente, as autoridades costeiras das Forças Armadas da Venezuela (FANB) deram boasvindas à tripulação do Fortune. “Em nome do nosso presidente da República Bolivariana da Venezuela, o comandante-chefe das Forças Armadas Nacional Bolivariana, Nicolás Maduro Moros, e de todo o povo venezuelano, agradecemos e apreciamos o apoio recebido da irmã República Islâmica do Irão”, segundo as autoridades costeiras da FANB. O petroleiro Fortune entrou nas águas territoriais da Venezuela durante a noite de Sábado (23), sendo escoltado por embarcações e aviões do Exército venezuelano, após ameaças norte-americanas de impedir a chegada dos navios iranianos à costa venezuelana. Espera-se que outros quatro petroleiros – Forest, Petunia, Faxon e Clavel – cheguem à costa venezuelana nos próximos dias. Os cinco petroleiros transportam um total de 1,53 milhão de barris de gasolina e alquilato para a Venezuela. “Em nome de Nicolás Maduro e de toda a Venezuela saudamos e damos as boas-vindas aos navios da República Islâmica do Irão [...] Esta cooperação energética aponta o desenvolvimento integral em benefício dos povos de ambos os países”, escreveu Tareck El Aissami, ministro do Petróleo venezuelano. A Venezuela regista problemas com o abastecimento de gasolina devido às “medidas unilaterais coercitivas” aplicadas pelos EUA, informou o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza.


O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

25

Chefe da diplomacia da UE diz que mundo está no início do ‘século asiático’ Chefe da diplomacia da União Europeia (UE) apelou a uma estratégia mais robusta em relação à China em meio a sinais de que a Ásia está a substituir os EUA como centro do poder global

O

mais robusta para a China, o que também requer melhores relações com o resto da Ásia democrática”, acrescentou o chefe da diplomacia da UE. Falando na mesma conferência, realizada este ano por vídeo devido à pandemia, o ministro alemão das Relações Exteriores, Hei-

ko Maas, ecoou o apelo de Borrell por uma maior transparência da China, referindo-se à política de informação de Pequim durante os primeiros estágios do surto do vírus. A Alemanha assume, em Julho, a presidência rotativa de seis meses da UE.

Candidato do partido no poder do Burundi vence eleição presidencial

chefe das Relações Exteriores da UE, Josep Borrell, disse ontem (25) durante a conferência anual com os embaixadores alemães, que “os analistas falam há muito sobre o fim de um sistema liderado pelos americanos e a chegada de um século asiático. Isso agora está a acontecer diante dos nossos olhos”. A notícia vem desenvolvida no jornal de Hong Kong, South China Morning Post, e dá conta que Borrell considera que a pandemia deveria ser encarada como um provável ponto de viragem na mudança de poder do Ocidente para o Oriente e que para a UE a “pressão para escolher um dos lados está a crescer”.

Borrell acrescentou que o bloco de 27 nações “deve seguir os seus próprios interesses e valores e evitar ser instrumentalizado por um ou por outro”. Reconhecendo que o crescimento da China é “impressionante”, Borrell afirmou que as relações entre Bruxelas e Pequim “nem sempre foram baseadas na confiança, transparência e reciprocidade”. Para Borrell, “só temos uma chance se lidarmos com a China com disciplina colectiva”, observando ele que a próxima cimeira UE–China neste Outono poderia ser uma oportunidade para fazê-lo. “Precisamos de uma estratégia

Parte continental da China não relata novos casos de Covid-19 domesticamente transmitidos

‘Populismo de Bolsonaro está a levar o Brasil ao desastre’, diz Financial Times

A

autoridade de saúde chinesa anunciou, nesta Segunda-feira, que nenhum novo caso da doença do novo coronavírus (Covid-19) domesticamente transmitido foi relatado na parte continental da China no Domingo. Onze casos confirmados vindos do exterior foram relatados, incluindo 10 na Região Autónoma da Mongólia Interior e um na província de Sichuan, disse a Comissão Nacional de Saúde no seu relatório diário. Nenhum novo caso de suspeita nem a morte relacionada à doença foi relatada na parte continental chinesa no mesmo dia, de acordo com a entidade.

O

jornal britânico Financial Times publicou, nesta Segunda-feira (25), um artigo que acusa o presidente Jair Bolsonaro de ser responsável por levar o Brasil a ser o novo epicentro da pandemia do coronavírus. Em artigo assinado pelo jornalista Gideon Rachman, a publicação do Financial Times diz que a actuação de Jair Bolsonaro no combate à pandemia da Covid-19 é semelhante à posição do presidente norte-americano, Donald Trump, no que diz respeito ao apoio do uso da cloroquina, mas destaca que a abordagem de Bolsonaro é “ainda mais irresponsável e perigosa”. “Ambos os líderes ficaram obcecados com as propriedades supostamente curativas da droga anti-malárica hidroxicloroquina. Mas enquanto Trump está apenas a tomar o produto, Bolsonaro forçou o Ministério da Saúde brasileiro a emitir novas directrizes, recomendando o me-

DR

O

candidato do partido no poder do Burundi venceu a eleição presidencial realizada na semana passada, garantindo 68,72% dos votos, afirmou a comissão eleitoral, na Segunda-feira. Evariste Ndayishimiye, general aposentado, substituirá o presidente Pierre Nkurunziza, depois de derrotar o principal candidato da oposição, Agathon Rwasa, e outros cinco, evitando uma segunda volta com mais de 50% dos votos.

Chefe das Relações Exteriores da UE, Josep Borrell,

dicamento para pacientes com coronavírus”, diz a publicação. De acordo com o colunista, o “Brasil já está a pagar um preço

alto pelas palhaçadas do seu presidente” e “as coisas estão a piorar rapidamente”. Lembrando que o Brasil tem

Presidente Jair Bolsanaro é taxado de irresponsável e palhaço em jornal inglês

a segunda maior taxa de infecção do mundo e a sexta maior taxa de mortes por Covid-19, o artigo destaca que o número de mortes no país actualmente vem duplicando a cada duas semanas. “No estilo populista clássico, ele vive da política da divisão. O Brasil já é um país profundamente polarizado, onde as teorias da conspiração são abundantes. As mortes e o desemprego causados pela Covid-19 são exacerbados pela liderança de Bolsonaro. Mas, perversamente, um desastre económico e de saúde poderia criar um ambiente ainda mais hospitaleiro para a política do medo e da irracionalidade”, completa a publicação. De acordo com o mais recente balanço de casos de Covid-19 do Ministério da Saúde, divulgado no último Domingo (24), o Brasil chegou à marca de 22.666 mortos e 363.211 casos confirmados de coronavírus.


desporto

26

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

Antigo praticante fala das condições do hóquei em patins

daniel miguel

Por força da Covid-19, Damásio Kaissara adiantou, em entrevista, que o hóquei pretende dar a volta ao resultado e tornar as coisas mais simples

Mário Silva

O

antigo praticante de hóquei em patins, Damásio Kaissara, disse à imprensa que o futuro do hóquei em patins depende das condições vigentes no país. Kaissara, como é conhecido, adiantou que o futuro da modalidade depende dos projectos que

estão em carteira nos termos da Federação Angolana de Hóquei em Patins. Com isto, o antigo internacional afirmou que no passado tudo era feito com base nas medidas de segurança da Covid-19, pandemia que continua a assolar o mundo. Asssim, as medidas de segurança pertencem a uma geração de pessoas que continuam a amar o hóquei continuam a amar a modalidade.

O hóquei em patins é daquelas modalidades que elevou o nome de Angola dentro e fora de portas, em contextos difíceis

Marcelina Kiala deseja mais atenção à FAAND

A

antiga atleta da Selecção Nacional sénior feminina de Andebol, Marcelina Kiala, disse que o futuro presidente da federação tem a missão de manter os níveis. Com isso, a ex-internacio-

nal adiantou que não o presidente cessante, Pedro Godinho, tem a missão de fazer melhor, porque deixou um produto final. Por esta razão, os dirigentes querem que se faça uma doação para manter os níveis, uma vez que tudo o que é atle-

ta merece fazer parte do grupo, porque há pessoas a passar mal. Além disso, o andebol é das modalidades que mais conquistou troféus no continente africano. Kaissara referiu que o hóquei precisa de mais apoios,

uma vez que os dirigentes são pessoas que mais apoiam com o seu dinheiro. Por isso, as intervenções do antigo praticante merecem atenção de todos, porque acredita em melhorias nos próximos tempos na modalidade.

Por isso, Kaissara é de opinião que o governo deve criar condições para apoiar o hóquei em patins e manter as formas de luta contra tudo o que der e vier. Damásio Kaissara foi dos melhores atletas no seu tempo, por isso o resto fica ao critério de quem consegue manter os níveis competitivos. O hóquei em patins é daquelas modalidades que elevou o nome de Angola dentro e fora de portas, em contextos difíceis.


O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

27

Ex-astro da NBA, Patrick Ewing, volta para casa após ser internado com Covid-19

O

ex-astro do New York Knicks da NBA, Patrick Ewing, que foi hospitalizado na semana passada após contrair o novo coronavírus, já está em casa em recuperação, informou um dos seus filhos, nesta Segunda-feira. “O meu pai agora está em casa e está a melhorar. Continuaremos a monitorar os seus sintomas e seguir as directrizes do CDC” (Centros de Controlo e Prevenção de Doenças), disse o jogador de basquete Patrick Ewing Jr. na sua conta no Twitter.

O próprio Ewing, um dos melhores pivots da história da NBA, anunciou no Twitter, na Sexta-feira, que testou positivo para Covid-19 e estava isolado num hospital. “Ficarei bem e todos sairemos dessa”, disse na mensagem o ex-pivot, nascido na Jamaica há 57 anos. Por seu lado, o time de basquete da Universidade de Georgetown, do qual Ewing é treinador desde 2017, disse que o ex-astro queria compartilhar publicamente o seu status “para enfatizar que esse vírus pode afectar qualquer pessoa”. Ewing jogou 15 temporadas com os

Knicks e, após uma breve passagem por Seattle Supersonics e Orlando Magic, anunciou a sua aposentação em 2002, entrando no Hall of Fame seis anos depois. Com o uniforme da franquia de Nova York, ele foi 11 vezes All Star e jogou duas finais da NBA, perdendo para o Houston Rockets em 1994 e para o San Antonio Spurs em 1999. Ele também fez parte do lendário “Dream Team”, a selecção americana que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992.

Governo dá luz verde aos treinos com contacto

E

m Inglaterra, os treinos com contacto e em grupos de 12 pessoas viram, esta Segunfafeira, a luz verde da parte do Go-

verno, sendo que se espera que os clubes aprovem a posição na Quarta-feira. O projecto para o recomeço da Premier League vai ganhan-

“Quando estávamos e m forma Michael Jordan não era rival”

T

erminado o documentário The Last Dance, Isiah Thomas reacendeu a polémica com Michael Jordan. Em entrevista à ESPN, o antigo base dos Detroit Pistons menosprezou uma rivalidade com o ex-jogador dos Chicago Bulls. “Quando éramos jovens e estávamos em forma, nos anos 80, os números falavam por si mesmo. Ele não era um rival. Quem eu via a esse nível era o Magic Johnson [Los Angeles Lakers] e o Larry Bird [Bos-

ton Celtics]. Tivemos batalhas épicas contra eles e era isso que nos motivou a vencer os dois campeonatos em 1989 e 1990. Os Chicago Bulls não eram rivais”, frisou. Recorde-se que na caminhada para os dois títulos, os Detroit Pistons eliminaram os Chicago Bulls (primeiro nas meias-finais e depois nas finais da Conferência Este). Em 1989 deixaram também pelo caminho os Boston Celtics (finais do Este) e Los Angeles Lakers (finais da NBA).

do contornos e espera-se, avança a Sky Sports, que a data para o recomeço possa ser apresentada ainda esta semana: os clubes apontam para o dia 26 de Junho.

Liverpool avança com 67 milhões por Adama Fraoré

U

m dos destaques do Wolverhampton, Adama Traoré poderá estar a caminho do Li- verpool. De acordo com o The Sun, os reds fizeram uma primeira proposta de €67 milhões para garantir o extremo de 24 anos. A mesma fonte avança que Klopp vê

em Traoré um complemento ao trio de ataque composto por Mané, Salah e Firmino, e aguarda a resposta do Wolverhampton para concretizar o negócio. Contratado ao Middlesbrough em 2018, Adama Traoré soma sete golos em 79 partidas pelo conjunto de Nuno Espírito Santo. dr


classificados emprego

28

imobiliário

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio de 2020 0

diversos

PROMOÇÕES LIMITADAS DE CASAS EM NOSSOS PROJECTOS

Casas T3 em condomínio Fechado 1ª e 2ª FASE - á 5 min do Nginga Shopping,PP: 2.500.000,00 KZ , 3. 000.000,00 kzs em prestações, Entrada de 1.000.000,00 kz Casas T3 projecto habitacional – ZANGO 2 por traz do nosso super á 800m. a P.P 2.500.000,00 á 3.000.000,00 kz, entrada de 500.000,0 kzs Casas T3Suite Kikuxi via expresso, próximo ao Resort Bantú á 9.000.000,00 kz Negociável , entrada de 2.500.000,00 kz. Casa T3,via Calemba2 Luanda-sul,muro,reboco,tanque e fossa 6.000.000,00kz entrada 2.000.000,00kz 912930003 923724939,939275660,939542254,925354487,912627682,923601219 COMPRA COM SEGURANÇA PORQUE DEVE APOSTAR NO TEU FUTURO


OPINIÃO

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio de 2020

29

Mevlüt Çavuşoğlu

A UNIÃO COM A ÁFRICA É AGORA MAIS ESSENCIAL DO QUE NUNCA

F

elicito de coração todos os nossos amigos africanos no Dia de África. As condições extraordinárias causadas pela pandemia da COVID-19 em todo o mundo tornam a solidariedade simbolizada pelo Dia de África, ainda mais significativa este ano. Os progressos realizados por África em muitas áreas nos últimos anos e a nossa crescente parceria com o continente permitem-nos olhar para o futuro com esperança, apesar dos graves problemas que existem. Em conjunto com as nossas instituições públicas, organizações não governamentais e o sector privado, demos prioridade ao desenvolvimento da nossa cooperação com o continente africano. Esforçamo-nos por desenvolver ainda mais as nossas relações económicas e comerciais com África, por aumentar a nossa ajuda humanitária e de desenvolvimento e o número de bolsas de estudo para o ensino superior e de voos da Turkish Airlines. Tencionamos continuar a desenvolver as nossas relações com África com base num entendimento vantajoso para ambas das partes e no respeito mútuo. É também possível compreender a determinação da Turquia em assegurar o nível mais elevado possível nas suas relações com África, enfrentando os números. Aumentámos em 42 o número das nossas embaixadas em África, em comparação com apenas 12 em 2002. O número de embaixadas africanas em Ancara, que era de 10 no início de 2008, aumentou para 36 hoje. O número de visitas mútuas de alto nível apenas entre 2015 e 2019 excedeu 500. O nosso volume de comércio bilateral sextuplicou nos últimos 18 anos. Actualmente,

a Fundação turca “Maarif” opera 144 instituições de ensino e 17 residências de estudantes, em toda a África. Milhares de licenciados de 54 países africanos estudaram na Turquia ao abrigo do Programa de Bolsas de Estudo “Türkiye”. O número dos Escritórios de Coordenação de Programas da Agência Turca de Cooperação e Coordenação (TIKA) em África atingiu 22. O interesse da Turquia pela África e os sentimentos de amizade do povo turco em relação ao continente africano, com o qual a Turquia tem laços históricos e humanos, não são novos. No entanto, estes desenvolvimentos concretos são o resultado da estabilidade política alcançada na Turquia desde 2002 e da consequente continuidade da nossa política externa. Com a transformação do nosso país num parceiro estratégico da União Africana e a realização da primeira Cimeira da Parceria África-Turquia em 2008, em Istambul, a Turquia e os países africanos afirmaram claramente a sua vontade mútua de intensificar as suas relações para uma fase mais avançada. Pouco depois de assumir cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros, acompanhei Sua Excelência o Presidente Recep Tayyip Erdoğan, durante a segunda Cimeira da Parceria África-Turquia, realizada em Malabo, em Novembro de 2014. Fiz muitos amigos no continente. Quando os Presidentes africanos fundaram a Organização de Unidade Africana (OUA) em 25 de Maio de 1963, propuseram-se proteger os assuntos africanos agindo em conjunto, apoiar as lutas pela independência e acabar com o modelo económico colonial baseado na importação de produtos acabados, vendendo mercadorias aos países do Norte. Desde o início, a Turquia decidiu tomar uma

posição a favor de África na sua justa causa. Por conseguinte, a cimeira histórica de Adis Abeba teve também um impacto na Turquia. Se olharmos para as notícias publicadas na imprensa turca e para as actas dos debates na Grande Assembleia Nacional da Turquia, veremos que foi dada importância às relações com os Estados africanos que tinham conquistado a independência, que os esforços dos africanos por se governar a si próprios foram comparados à luta da Turquia durante a fundação da nossa República, 40 anos atrás, em 1923, e que o apartheid foi duramente criticado. A África de hoje fez progressos significativos para atingir o nível de integração sonhado pelos líderes visionários desde os anos 60. Desde o início da sua parceria com África, a Turquia escolheu a política de apoio incondicional ao objectivo que o continente esco-

O interesse da Turquia pela África e os sentimentos de amizade do povo turco em relação ao continente africano, com o qual a Turquia tem laços históricos e humanos, não são novos

lheu para si próprio. África, com a qual nos orgulhamos de ter uma parceria, é a África do espírito de 1963 e dos objectivos para 2063 da União Africana. Continuaremos a seguir as prioridades de África em todas as organizações e entidades de que somos membros, em particular as Nações Unidas. É com este entendimento que desejamos realizar a terceira Cimeira de Parceria África-Turquia o mais rapidamente possível. Também planeamos realizar o terceiro Fórum Económico e Empresarial Turquia-África em Outubro de 2020, que teve lugar em Istambul, em 2016 e 2018, com resultados satisfatórios. O COVID-19 apanhou o mundo desprevenido. Os países africanos tomaram as medidas necessárias em tempo útil graças à sua experiência no combate a doenças epidémicas. O número de casos e mortes no continente é relativamente baixo neste momento. Esperamos sinceramente que isto continue e que a doença seja eliminada do continente. A Turquia está entre os Estados que deixaram para trás a primeira fase da pandemia e que podem actualmente manter o número de novos casos abaixo da sua capacidade de tratamento. Tendo sido capaz de fornecer assistência em termos de equipamento a alguns países, mesmo nos primeiros meses do surto, a Turquia tenciona aumentar a sua capacidade de assistência no próximo período. Como país que estendeu a mão para ajudar o maior número de países, depois dos EUA e da China, a Turquia está a tentar responder o mais rapidamente possível a esses pedidos dos países africanos amigos. Por outro lado, o surto tem consequências económicas e sociais negativas a nível mundial. O resultado directo do abrandamento das actividades econó-

micas devido às medidas de protecção é o declínio da produção e dos rendimentos em cada país, sem excepção. Um resultado secundário é a queda dos preços das matérias-primas, como os metais e o petróleo, que são essenciais para a produção industrial e o transporte. Este declínio está a afectar os países que dependem da venda destes bens para obterem receitas de exportação. A este respeito, está a afectar mais alguns países africanos. Estes são problemas que exigem que a comunidade internacional se reúna e procure colectivamente soluções. O mundo após a COVID-19 deveria ser um mundo que requer mais cooperação internacional do que antes, e não menos. Juntamente com outros países, a Turquia está disposta a fazer a sua parte, a este respeito. Lamentavelmente, o quadro que surgiu internacionalmente nas últimas semanas é um quadro em que a concorrência - e não a cooperação - vem ao de cima e em que prevalece uma perspectiva que vê o mundo como um jogo de soma zero. No entanto, a história mostrounos todos os danos de rivalidades tão brutais e de guerras frias. No espírito de 1963, o continente africano também vencerá este desafio na unidade. Acredito sinceramente que a África contribuirá não só para o bem-estar dos seus próprios povos, mas também para a ordem mundial dos próximos anos, e que a parceria entre a Turquia e a África será mostrada como um exemplo na nova ordem mundial pós-epidémica, na qual a solidariedade será mais importante. É por isso que o espírito de 25 de Maio de 1963 é essencial para todos nós. De novo, queria felicitar calorosamente todos os Africanos pelo Dia de África.


TEMPO

30

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 23 A 25 DE MAIO DE 2020

Fonte: INAMET

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 26 a 28 de maio de 2020 Data 26/ 05/ 2020

CIDADE

Mín

Data 27/ 05/ 2020

Estado do Tempo

Máx

Mín

Máx

Das 18 horas do dia 25 às 18 horas do dia 26 de Maio de 2020 Data 28/ 05/ 2020

Estado do Tempo

Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

24

32

Céu nublado a limpo

23

31

Parcialmente a pouco nublado

23

32

Parcialmente a pouco nublado

CABINDA

24

32

Céu nublado a parcialmente nublado

24

32

Céu nublado a parcialmente.

23

31

Céu nublado a parcialmente nublado.

SUMBE

23

31

Céu nublado a parcial.

22

30

Pouco a parcial nublado.

21

30

Parcial a pouco nublado

CAXITO

25

34

Pouco a parcialmente nublado.

24

35

Parcialmente nublado.

24

34

MBANZA KONGO

22

31

Céu nublado a pouco nublado

21

30

Céu parcialmente a pouco nublado.

20

29

UIGE

20

30

Nublado a pouco nublado.

19

29

Parcialmente nublado.

18

30

Céu parcial nublado.

NDALATANDO

19

29

Pouco nublado.

18

30

Parcialmente nublado

18

30

Céu nublado.

MALANJE

17

31

Céu nublado por vezes limpo. Neblina

18

32

Pouco nublado.

19

31

Parcialmente nublado.

DUNDO

19

30

Céu parcial por vezes limpo

20

31

Pouco nublado.

21

32

Pouco a parcialmente nublado

SAURIMO

17

30

Céu parcialmente nublado a limpo

18

30

Pouco a parcialmente nublado

19

31

Céu pouco nublado

BENGUELA

19

30

Céu limpo

18

29

Céu limpo

17

30

Céu nublado.

HUAMBO

05

25

Céu pouco nublado

06

26

Céu pouco nublado, por vezes limpo.

06

26

Céu pouco nublado

CUITO

08

27

Céu pouco nublado a limpo

09

28

Céu limpo

10

28

Céu limpo

LUENA

17

29

Céu limpo a pouco nublado

16

29

Céu limpo a pouco nublado

16

30

Céu limpo a pouco nublado

LUBANGO

13

27

Céu limpo a pouco nublado

12

28

Céu limpo

13

29

Céu pouco nublado.

MENONGUE

15

30

Céu pouco nublado, por vezes limpo

16

31

Céu pouco nublado, por vezes limpo.

17

30

Céu pouco nublado, por vezes limpo.

MOÇÂMEDES

15

28

Céu nublado por vezes limpo. neblina

16

29

Céu limpo

17

30

Céu limpo

ONDJIVA

13

30

Céu limpo

14

31

Céu pouco nublado a limpo

14

32

Céu limpo

Parcialmente nublado.

REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, LundaNorte, Lunda-Sul: Céu nublado, alternando com períodos de céu pouco nublado a limpo em toda região. Possibilidade de ocorrência de neblina em alguns municípios da província de Malanje.

Céu pouco nublado

REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu parcialmente nublado, alternando-se com períodos de céu pouco nublado, por vezes limpo em toda a região. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu nublado na província do Namibe, apresentando-se pouco nublado por vezes limpo nas províncias do Cuando Cubango, Cunene e Huila.

O(s) Meteorologista(s): Miguel Pedro & Basília Maia Luanda, 25 de maio de 2020 Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

TEMPO no mar

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 TU DO DIA 25/05/2020 ÀS 18:00 TU DO DIA 26/05/2020.

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 25 DE MAIO DE 2020:

Circulação fraca a moderada, de Sul-Sudoeste entre os paralelos (4°S-14°S) e, forte, de Sudeste INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET entre os paralelos (14°S – 18°S). Centro Nacional de Previsão do Tempo

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 26 DE MAIO DE 2020: BOLETIM PARA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA AVISO DE VENTO FORTE ATÉ 56 METEOROLÓGICO Km/h (30 NÓS) EAONDAS ATÉ 3.7 METROS DE ALTURA NA REGIÃO MARITÍMA Do NAMIBE. 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 25 DE MAIO DE 2020: Circulação fraca a moderada, de Sul-Sudoeste entre os paralelos (4°S-14°S) e, forte, de Sudeste entre os paralelos (14°S – 18°S).

ESTADO DO TEMPO

VENTO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Parcialmente Nublado

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)

Parcialmente Nublado

Namibe (14°S – 18°S)

Geralmente limpo

Geralmente limpo

4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 26 DE MAIO DE 2020: AVISO DE VENTO FORTE ATÉ 56 Km/h (30 NÓS) E ONDAS ATÉ 3.7 METROS DE ALTURA NA REGIÃO MARITÍMA DE NAMIBE. REGIÃO

O anti-ciclone de Santa Helena mantém-se estacionário com a pressão central a decrescer de 1030 para 1025hPa. Assim, prevê-se estado do mar agitado na região marítima de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul, com ondas de 1.7 a 2.2 metros de altura, e, muito agitado na região marítima de Benguela e Namibe, com ondas até 3.7 metros de altura e ventos até 30 nós (56 Km/h). Preve-se visibilidade moderada, devido à possibilidade de ocorrência de nevoeiro na região marítima de Namibe.

SulSudoeste

8 a 12

Até 1.7

Agitado

Boa (Superior a 8)

SulSudoeste

Até 16

Até 2.2

Agitado

Boa (Superior a 8)

SulSudoeste

Até 20

Até 2.5

Muito agitado

Sudeste

Até 30

Até 3.7

Muito agitado

Boa (Superior a 8) Moderada (Superior a 6)


OPINIÃO

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio de 2020

31

Hermínio Rodrigues

DA EMERGÊNCIA À CALAMIDADE: A EXCEPÇÃO QUE NÃO PODE SER REGRA

D

iscute-se por estes dias a mais que provável caducidade sem renovação do quarto período de estado de emergência, pela primeira vez decretado pelo Decreto Presidencial n.º 81/20 de 25/03 e sucessivamente renovado pelos Decretos Presidenciais n.ºs 97/20 de 09/04, 120/20 de 24/04 e 128/20 de 08/05. Ao que tudo indica, suceder-se-á um período de estado de calamidade, com vista à implementação do qual foi alterada a Lei n.º 28/03 de /11 - Lei de Bases da Protecção Civil por intermédio da Lei n.º 14/20 de 22/05. Segundo o prêambulo desta Lei, a alteração visou a LBPC “(...) à nova realidade jurídico-constitucional e às novas ameaças, internas e externas, e ao bem-estar colectivo”. Estamos entre os que consideram que a decretação do Estado de Emergência por S. Exa. O Presidente da República foi tão curial quanto indispensável. Se, por um lado, foi necessário adoptar medidas de contenção capazes de suster o avanço da pandemia no território de Angola, por outro, tais medidas, por importarem a suspensão e limitação de direitos fundamentais, apenas seriam admissíveis num quadro de excepção constitucional. Decorridos dois meses em estado de emergência, os objectivos do mesmo foram atingidos: houve tempo para implementar meios logísticos, meios humanos e estratégias no terreno, evitou-se o ingresso massivo de infectados nas nossas fronteiras e controlou-se o contágio de modo a surpreender até os mais optimistas. Acima de tudo, evitou-se o que mais se temia: a sobrecarga e consequente ruptura do sistema de saúde, o que importaria o insucesso no tratamen-

to dos doentes por COVID-19, mas também todos aqueles que necessitassem de cuidados médicos por outras patologias. Todavia, tais sucessos não se alcançaram sem custos, tendo a paralisação inerente ao estado de emergência sortido efeitos socioeconómicos perceptíveis no imediato, bem como outros dificilmente estimáveis no curto prazo, principalmente se tivermos em conta o historial de baixa cotação do petróleo nos mercados internacionais. Por isso, é nossa convicção que se impõe o alívio das medidas a que os angolanos têm estado sujeitos, ainda que o nobre propósito de salvar vidas as tenha motivado. Não significa isto que, doravante, possamos agir como se nada se passasse e regressar à plena normalidade em que vivíamos antes, pois, na verdade, a pandemia ainda não está extinta. Regressaremos, como disse o Primeiro-Ministro português, António Costa, a um “novo normal”. E aqui chegamos à questão fundamental: o que é necessário para garantir que, neste regresso a uma «nova normalidade», não haja uma forte regressão no controlo da pandemia? Será necessário continuar a suspender e limitar direitos fundamentais nos moldes actuais? Vejamos: com o estado de emergência visou-se criar condições para uma pronta e eficaz reacção por parte das autoridades contra uma potencial calamidade pública de dimensão inaudita, para a qual ninguém estava preparado, o que requeria, não só, a suspensão e restrição de alguns direitos fundamentais, como também o recurso a um processo normativo mais célere e a prorrogativas de actuação mais alargada dos órgãos da administração pública. Propósitos apenas admissíveis com recurso à

decretação do estado de excepção constitucional. Ora, este quadro de necessidade e de excepção já não se justifica nesta segunda fase de gestão do processo, uma vez que, quer os casos importados, quer as novas ocorrências estão territorialmente concentrados, sendo possível o acompanhamento dos mesmos, bem como o rastreamento de possíveis infectados. A capacidade de reacção é, hoje, muito diferente do que era em finais de Março deste ano. Deste modo, para atingir os objectivos, presentes e futuros, em termos de controlo epidemiológico, bastará implementar medidas de saúde pública que se quedem pela natureza meramente administrativa, sem, todavia, se invocar um estado de excepção constitucional. E é aqui que se impõe o maior dos cuidados. O chamado «estado de calamidade» não é um estado de excepção constitucional, é apenas um nível de prontidão e de actuação administrativa mais incisiva, no qual são adoptadas medidas concretas no sentido de obviar a uma situação de perigo para a segurança colectiva, sem que haja motivos para decretar um

estado de excepção constitucional. Estas medidas poderão passar por restringir, de algum modo, as liberdades das pessoas, seja porque se condicionam certas práticas, seja porque se restringem os seus movimentos. Mas, sabendo que não é possível suspender e limitar direitos fundamentais fora de um estado de excepção constitucional (art. 58.º da CRA), o limite pode revelar-se ténue. Se a distinção conceitual entre o que seja suspender, limitar e restringir se mostra controvertida, mais difícil ainda é identificar o alcance material de determinada medida que produza efeitos sobre direitos fundamentais. Ou seja, é complexo aferir se a medida em causa é susceptível de adentrar o âmbito de actuação apenas permitido em estado de excepção constitucional. Uma formulação vaga e abstracta de algumas medidas previstas no art. 4.º da Lei de Bases da Protecção Civil revista pela Lei n.º 14/20 de 22/05, pode conduzir a um estado material (mas não formal) de emergência. Veja-se, por exemplo, as alíneas b), d), g), h), j), k), m), n) e o) do n.º1 do art. 4.º da LBPC. Estamos em crer que o disposto nestas alíneas

pode revelar-se incompatível com o alcance pretendido do n.º7 do art. 4.º da LBPC. Note-se que mesmo o estado de excepção constitucional é um quadro de actuação altamente vinculado aos limites da necessidade e da proporcionalidade. Como nos diz VIEIRA DE ANDRADE: “O «chapéu» jurídico do estado de emergência permite [...] ao Governo flexibilizar as medidas com plena segurança jurídica.” Segurança esta que não encontra paralelo na processo decisório das medidas a adoptar em estado de calamidade, pois, se a decretação do estado de emergência depende de consulta à Assembleia Nacional, a decisão pela implementação de estado de calamidade depende unicamente do Executivo. Em nossa opinião, teria sido mais curial que a LBPC previsse que as medidas previstas no seu art. 4.º que contendam com direitos fundamentais, fossem previamente validadas por uma decisão judicial, nomeadamente pelo Juiz de Garantias. Se a legitimidade conferida ao Executivo pelo art. 4.º da Lei n.º 28/03 de 07/11, com a redacção da Lei n.º 14/20 de 22/05, implicar a limitação de direitos fundamentais, então, de duas uma: ou se sujeita tais medidas à validação de uma decisão judicial, ou mais vale manter o estado de emergência, com redução significativa do alcance restritivo das medidas adoptadas. Em qualquer caso, na interpretação e concreta aplicação da LBPC, só uma correcta ponderação entre as necessidades de segurança colectiva e a integridade dos direitos fundamentais poderá evitar que o «novo normal» seja uma «burla de etiquetas» e represente uma excepção que, a final, se transforma em regra. *Docente Universitário e jurisconsulto


Última

32

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio, de 2020

OMS teme “epidemia silenciosa” se África não priorizar exames para Covid-19

dr

O que saber sobre o Coronavírus…

A

África tem sido poupada dos piores efeitos do coronavírus, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) teme que o continente enfrente uma “epidemia silenciosa” a menos que os seus líderes priorizem campanhas de exames de detecção, disse um enviado da OMS, nesta Segundafeira. “A minha primeira questão para a África, minha primeira preocupação, é que a falta de exames esteja a levar a uma epidemia si-

“O lenciosa em África. Por isso, precisamos continuar a pressionar os líderes para que priorizem os exames”, disse o enviado especial da OMS, Samba Sow, em conferência de imprensa. O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a África é a região com menos casos de coronavírus diagnosticados — menos de 1,5% do total global e só 0,1% das mortes. A directora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, disse que alguns países adoptaram medidas para conter a doença a um al-

to custo económico. Graças a estas medidas, a pandemia está a ter um impacto mais ameno do que alguns modelos haviam previsto até agora, disse Moeti. Tedros acredita que a experiência do continente com outras epidemias está a ajudá-lo a acelerar a sua reacção ao coronavírus e a ser poupado do impacto visto noutras partes do mundo até ao momento. Todos os países africanos tinham planos para reagir prontamente, disse ele, embora ainda existam “lacunas e vulnerabilidades”.

OMS suspende testes de hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19 por preocupações de segurança

A

Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu os testes com a hidroxicloroquina, medicamento para malária, em pacientes com Covid-19 em razão de questões de segurança, afirmou o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, nesta Segunda-feira. A hidroxicoloroquina tem sido apontada pelo presidente Jair Bolsonaro, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e por outros como um possível tratamento para a doença causada pelo novo coronavírus. O presidente dos EUA afirmou que estava a tomar o medicamento para ajudar a prevenir a infecção.

“O grupo executivo tem implementado uma pausa temporária do ramo da hidroxicloroquina no estudo Solidarity, enquanto os dados de segurança são revisados pelo conselho de monitoramento de segurança de dados”, disse Tedros numa entrevista online. Ele afirmou que os outros ramos do estudo —uma importante iniciativa internacional para realizar testes clínicos de possíveis tratamentos para o vírus— continuavam. Anteriormente, a OMS já havia recomendando contra o uso da hidroxicloroquina no tratamento ou prevenção de infecções pelo coronavírus, excepto como parte de ensaios clínicos. Mike Ryan, chefe do programa

de emergências da OMS, disse que a decisão de suspender os testes com hidroxicloroquina tinha sido tomada por “muita cautela”. No Brasil, o Ministério da Saúde divulgou, na última Quintafeira, um documento com orientações, contendo a assinatura de sete secretários da pasta, para uso ampliado da cloroquina no tratamento à Covid-19. Pelo documento, a pasta passa a recomendar a adopção da cloroquina desde os sintomas iniciais da Covid-19, em linha com as exigências do presidente Jair Bolsonaro. Anteriormente, o uso da cloroquina no país tinha protocolo do ministério apenas para casos graves.

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”.

“Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”.

“Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.