Jornal OPaís edição 1850 de 27/05/2020

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Vítima do caso 31, mais novo infectado pela covid-19 tem apenas 2 meses de idade O país registou, ontem, o mais novo caso de Covid-19. Trata-se de um bebé de dois meses de idade, residente no perímetro onde foi instaurada a cerca sanitária do bairro Hoji ya Henda, no município do Cazenga, em Luanda, elevando para 71 casos confirmados, revelou a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta. P. 2 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola @jornalopais

Director: José Kaliengue

O diário da Nova Angola

Edição n.º 1850 Quarta-feira, 27/05/2020 Preço: 40 Kz

sindicalista morto à porta de casa

sociedade: O secretário-geral do Sindicato Nacional de Professores e Trabalhadores do

Ensino Não Universitário, Lazarino dos Santos, foi morto à porta de casa, supostamente pela Polícia, com mais um vizinho. A Polícia Nacional diz que os dois cidadãos foram vítimas de meliantes. No dia da sua morte, Lazarino dos Santos disse a OPAÍS temer grande absentismo no reinício das aulas, de professores e alunos, por medo da Covid-19. P. 10, 13

Plataforma 27 de Maio defende identificação pormenorizada de vítimas e dos perpetradores l A Plataforma 27 de Maio, uma organização que integra a Associação 27 de Maio, a Associação M27 e o Grupo de Sobreviventes do 27 de Maio, defende a realização de um registo histórico completo para identificar, “de forma pormenorizada, as vítimas e perpetradores, assim como o papel das várias instituições estatais e não estatais, tal como de pessoas singulares com responsabilidade moral e material nas violações e abusos ocorridos durante a repressão sangrenta”. P. 9

dr

“Este sistema tributário permite ao governo ser mais rico do que o povo”

Isabel dos Santos volta com novas provas de falsidade da PGR para arresto dos seus bens P. 8

l O sistema tributário tem novo figuro. O Imposto Industrial caiu de 30 para 25% e a taxa do sector agropecuário de 15 para 10%. Mas o economista Yuri Quixina entende que a medida não traz competitividade. P. 19

Director técnico da APT Lunda-Norte entra na corrida à presidência l Francisco Mutombo adiantou à

imprensa que é importante haver mais democracia no desporto na terra dos diamantes. Por esta razão, entrou na corrida à presidência da Associação Provincial de Ténis, visando o ciclo olímpico 2020/2024. P. 26

e ainda no cartaz:

Documentário sobre os percursores angolanos na Rumba Congolesa na “lente” de Nguxi dos Santos

Cinéfilos regressam às salas a 31 de Julho

ZAP apoia instituições carenciadas de Luanda com alimentos da cesta básica


EM FOCO

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O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

Bebé de dois meses testa positivo à Covid-19 O país registou ontem o mais novo caso de Covid-19. Trata-se de um bebé de dois meses de idade, residente no perímetro onde foi instaurada a cerca sanitária do bairro Hoji ya Henda, no município do Cazenga, em Luanda, elevando a contagem para 71 casos confirmados, revelou a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta Maria Teixeira fotos de Carlos Moco

N

as últimas 24 horas, Angola registou mais um novo caso de Covid-19, perfazendo um total de 71 casos confirmados, havendo quatro óbitos, 18 recuperados e 49 casos activos clinicamente estáveis em unidades sanitárias de referência. Sílvia Lutukuta, que falava na habitual actualização dos dados sobre a pandemia no país, esclareceu que a mãe do bebé infectado se encontra negativa, mas teve bastante convívio na área com alguns contactos e com casos positivos. Entretanto, referiu que continua a investigação no seio da família e de outros contactos. “Cumprimo-nos informar que temos mais um caso positivo. O mais novo caso até ao momento dos casos positivos que temos, trata-se de uma criança do sexo masculino de dois meses de idade, que foi testado na cerca sanitária do bairro Hoji ya Henda”, revelou. A titular da pasta disse ainda que do ponto de vista de vigilância epidemiológica, as equipas continuam no terreno a trabalhar, a fazer a supervisão dos centros de quarentena, das unidades sanitárias, bem como o acompanhamento necessário às cercas sanitárias do Futungo, do Hoji ya Henda e da Clínica Multiperfil. Em relação aos testes, Sílvia Lutukuta fez saber que por essa altura o país tem o registo de 7.580 amostras negativas, 71 positivas e 731 se encontram em processamento. Disse ainda que 1.092 pessoas observam a quarentena institucional em todo o país, enquanto

a cifra dos contactos sob vigilância e acompanhamento, por terem mantido contactos com portadores do vírus detectados, é de 1.213 pessoas e 453 são casos suspeitos em investigação. Entretanto, disse que se continua a trabalhar no sentido de se

Ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta

garantir que estão assegurados os meios de bio-segurança a nível nacional. Por lado, continuam chegar aviões de carga com diversos materiais de biossegurança. A governante fez saber que hoje vai chegar mais um voo com

diversos materiais, garantiu que os mesmos estão a ser distribuídos a nível nacional. Entretanto, ontem, fez-se a entrega nas províncias de Luanda, Lunda-Norte e Moxico e nos próximos dias far-se-á chegar os meios de biosegurança a todas as províncias.

“Continuamos aqui a apelar às medidas de protecção individual e colectiva, o uso da máscara facial. A etiqueta respiratória, o distanciamento entre as pessoas e também ficar em casa se não tiver necessidade de estar na rua”, apelou.


O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

Angola já faz testagem em massa aleatória Sílvia Lutukuta explicou que a Covid-19 é uma pandemia que afecta todos os continentes, sendo um inimigo invisível e letal. Por esta razão, se continua a tomar medidas para evitar a progressão da doença no país. Uma situação que dependerá do trabalho de pessoas indivíduas e colectivas. A porta-voz da Comissão Multissectorial para o Combate à Covid-19 esclareceu, em conferência de imprensa, que o país inicialmente fazia 91 testes por dia e agora se estão a realizar mais de 400 testes por dia. Isso por conta do tipo de equipamentos que se tem para testagem. Entretanto, disse que se está a fazer um esforço para se con-

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seguir plataformas de alto fluxo, com maior capacidade de testagem, mas há enfrentam dificuldades, por se estar num mercado fechado, onde tais equipamentos não existem para aquisição imediata.

Fez saber que o país está na fila para fazer esta aquisição, sendo que se desencadearam várias diligências junto das agências internacionais, bem como junto dos fabricantes. “Temos de aceitar que já au-

mentamos a nossa capacidade. Estamos, sim, a fazer testagem aleatória em todas as províncias e em vários grupos, como profissionais de saúde, doentes com doenças respiratórias crónicas e outras doenças agudas que se agra-

vam subitamente”, frisou. Por outro lado, esclareceu que, apesar de alguns exames aleatórios, se está a fazer também testagem em massa aleatória nas cercas sanitárias que abarcam essencialmente grupos específicos.

Excluídos três dos seis portugueses supostamente contaminados em Angola A ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, revelou que dos seis indivíduos de nacionalidade portuguesa supostamente infectados pelo novo Coronavírus em Angola, três estão descartados dessa hipótese, apesar de terem saído do país numa altura em que já se registava casos positivos de Covid-19. “Temos estado a trabalhar com as autoridades portuguesas e podemos adiantar já que três casos foram excluídos e há três casos que eles continuam à procura de informação. As normas do regulamento sanitário internacional estabelecem a obrigatoriedade dos Estados, quando têm casos positivos provenientes de um país, informar”, disse. Por outro lado, salientou que há um compromisso do Ministério da Saúde de Portugal de partilhar esta informação com a parte angolana, para fazerem a investigação, sendo que os três excluídos foram infectados em Portugal e os restantes três se está por apurar.

Cidadãos que não usarem máscaras serão sancionados O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Interior, sub-comissário Waldemar José, apresentou as medidas a serem aplicadas pelos órgãos de Defesa e Segurança, a partir das próximas horas, a pessoas que se recusarem a usar mascaras em determinados locais públicos. Para esses casos, explicou, a nova Lei de Base de Protecção Civil, no seu Artigo 29º, prevê o crime de desobediência, em conformidade ao estabelecido no Decreto Presidencial 142, que no seu artigo 42.º também prevê o crime de desobediência. Entretanto, disse que, apesar de alguma flexibilidade, o novo Decreto Presidencial não determina a retirada por completo de limitações e algumas serão aplicadas pelas forças de defesa e segurança. Waldemar José explicou que em caso de incumprimento das disposições previstas no novo Decreto o Presidencial, o cidadão estará a incorrer ao crime de desobediência. E essa desobediência, verificada por um órgão de Polícia em flagrante delito, dá imediatamente a legitimidade de se proceder à detenção do mesmo e levantar o auto de notícia. Depois conduzir-se-á,

no mais curto espaço de tempo, o cidadão ao tribunal, para julgamento sumário. Assim sendo, explicou que o Decreto Presidencial prevê o uso de máscara em locais de acesso público, aos serviços de táxis ou outros recintos referenciados nas

normas, o cidadão que incumprir será impedido de aceder a estes locais, como uma primeira medida de Polícia. Se houver resistência, estará perante dois crimes: um de desobediência e outro de resistência.

O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Interior, subcomissário Waldemar José


4 destaques política. PÁG. 8 Isabel dos Santos volta acusar PGR de falsidade no arresto dos seus bens

SOCIEDADE. PÁG. 10 Sindicatos da educação prevêem absentismo escolar no regresso às aulas

cartaz. PÁG. 14 Documentário

sobre os percursores angolanos na Rumba Congolesa na “lente” de Nguxi dos Santos

ACTUAL. PÁG. 18 Medidas económicas mitiga impacto da Covid-19 nas empresas

Mundo. PÁG. 22 General iraniano

anuncia fim da ‘era da presença norte-americana’ no golfo Pérsico

o editorial

O PAÍS

hoje: os números do dia

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É sempre problema da Polícia

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os últimos dias, várias pessoas têm acusado a Polícia Nacional de executar cidadãos indefesos. Se há uma semana foi o jovem “benguelense”, morto à porta de casa e perante o irmão e a filha, agora é morto Lazarino dos Santos, líder sindical dos professores não universitários. Há duas semanas foram as mortes de jovens no Rocha Pinto, em Luanda, e em Benguela, por agentes em serviço. No Caso de Lazarino dos Santos, a Polícia veio uma vez mais alegar que se tratou de homens vestidos de forma a confundir-se com polícias. Não interessa, o facto é que cidadãos são executados à porta de casa, é assunto de Polícia, que têm a obrigação de garantir a segurança do cidadão onde quer que esteja. Quem quer que seja o assassino, a questão é simples: onde está o Estado, a Polícia? Desculpar-se com bandidos significa que a Polícia se demitiu da sua função de garantir segurança aos cidadãos.

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Quando falamos de distanciamento, estaremos também a falar de alterações na possibilidade de tocar”

Júlio Machado Vaz Psiquiatra português, ao Público

Infecções porCovid-19 nos Países Baixos, admite a OMS, podem ser os primeiros casos conhecidos de transmissão do novo Coronavírus dos animais para o homem, tendo martas como origem do contágio Novas e 397 novas infeções nas 24 horas anteriores, números em linha com os dos últimos dias, e uma descida acentuada do número de doentes com a Covid-19 em todas as regiões, foram registadas na Itália, ontem.

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Mil e296 pessoas já morreram de Covid-19, que infectou mais de 5,5 milhões em todo o mundo desde Dezembro, segundo um balanço da agência AFP, às 11h00 desta Terça-feira.

9500

o que foi dito “

Quarta-feira, 26 de Maio, de 2020

Alguns de nós são incapazes de falar com outra pessoa sem lhe mexer, e nem se quer é um toque afectivo, é quase um tique”

Júlio Machado Vaz Psiquiatra português, ao Público

Milhões de euros, acima do objetivo inicial de 7,5 mil milhões de euro, foram anagariados pela c ampanha de angariação de fundos promovida pela Comissão Europeia para financiar a investigação de tratamentos e vacina para a Covid-19

É muito importante seguir essa regra para sobreviver em nosso país. Não podemos causar meiwaku, expondo as outras pessoas a situações inconvenientes ou provocando ansiedade nelas.” Daisuke Onuki Professor do Departamento de Estudos Internacionais da Universidade Tokai, no Japão, sobre o facto de lá, os famosos infectados com Covi-19 pedirem desculpas públicas


O PAÍS Quarta-feira, 26 de Maio, de 2020

5 e assim... José Kaliengue Director

Privados do Estado

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com realizadora Maria João Ganga e perceba como a pandemia Covid-19 afecta o mundo cultural e artístico angolano.

T

www.opais.co.ao Mutamba (Luanda) Nambi Wanderley, fototojornalista conhecido da nossa praça, estica-se para conseguir o melhor ângulo, em mais um dia de actualização de dados oficiais relacionados à Covid-19 (Carlos Moco)

o que vai acontecer Mordaça Jornalistas brasileiros deixam de cobrir Bolsonaro à porta de casa. Agressões a jornalistas e falta de segurança levam o Grupo Globo e o jornal Folha de S. Paulo a cancelar a cobertura jornalística junto à residência oficial do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em Brasília. Todos os dias, apoiantes de Bolsonaro ficam ao lado dos jornalistas, em frente ao Palácio da Alvorada, onde o Presidente brasileiro cumprimenta frequentemente os militantes e presta declarações à imprensa. Na Segunda-feira, após críticas à imprensa, seus apoiantes hostilizaram os profissionais da comunicação.

Fátima A partir de Sábado, os fiéis poderão regressar ao Santuário de Fátima, em Santarém (Portugal), “com segurança”, depois de um “longo período de tempo doloroso”, anunciou o reitor do Santuário de Fátima. Numa mensagem vídeo divulgada publicamente, Carlos Cabecinhas convida os peregrinos a voltar à Cova da Iria, em Fátima, neste que considera ser “um tempo novo” O reitor do Santuário de Fátima, no concelho de Ourém, distrito de Santarém, convidou esta Terçafeira os fiéis a regressarem às celebrações comunitárias, a partir de Sábado, “com segurança” devido à Covid-19.

Espaço O primeiro voo espacial tripulado da empresa privada SpaceX é lançado hoje, Quarta-feira, do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, e levará a bordo dois astronautas da NASA até à Estação Espacial Internacional. Este voo espacial, considerado de histórico, será o primeiro a sair do solo dos EUA desde 2011 e será a missão mais perigosa e prestigiada que a NASA alguma vez confiou a uma empresa privada. Os astronautas Bob Behnken e Doug Hurley, que estão de quarentena devido à Covid-19 há duas semanas, vão voar a bordo da nova cápsula Crew Dragon.

Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

emos ouvido com recorrência governantes angolanos, falando sobre a Covid-19 e pessoas infectadas, a referir-se a clínicas privadas. Muito bem, é bom que toda a gente e todas as instituições entrem nesta luta. Mas, sim, há um mais, sempre. Vamos lá. Quando vamos ver, e porque os jornalistas gostam das coisas com nomes, lá se percebe, e os próprios governantes acabam por falar, as clínicas ditas privadas são a Girassol, ligada a Sonangol; a Sagrada Esperança, ligada a Endiama, e a Multiperfil, que, até onde se sabe, foi criada por decreto Ministerial (Decreto nº 33/02) e tem a categoria de Instituto Público. Ainda há pouco o Presidente da República lhe nomeou o novo Conselho de Administração. Eu até percebo se me disserem que estas clínicas não estão subordinadas ao Ministério da Saúde, que têm atendimento diferenciado e caríssimo. Sim, entendo que para os responsáveis do Ministério da Saúde sejam corpos estranhos, mas privados? Por favor, um pouco mais devagar, porque dói... só de ouvir. Se estas clínicas foram montadas por estas empresas e dinheiros públicos, do Estado mesmo, isto significa que são do Estado, ou não? Podem até ter estatutos “especiais”, mas... Bem, se são privadas, seria bom que o Governo explicasse aos angolanos a quem alienou, quando e por quanto dinheiro. E, já agora, por que razão, a última mexida no Conselho de Administração da Multiperfil, por exemplo, teve mão e comunicado do Executivo. Só para saber, antes que qualquer dia aquilo a que o povo chama de hospital dos ministros, já em construção, pela sua especificidade e público selecto, não nos venham dizer que é, afinal, privado também. Neste país de “viparia” estúpida, até se sabe que há tratamento do Estado a gente que é VIP (não quer dizer que eu aceite), mas há que assumir, é só isso. Com aqueles preços que o Estado cobra (o mesmo que tem a obrigação constitucional de prover saúde aos cidadãos), o povo, não irá lá se empurrar, fiquem descansados, mas não se finja que se trata de unidades privadas, por favor.

E também... Dia Mundial da Esclerose Múltipla -27 de Maio Este dia começou a ser celebrado em 2009. Estima-se que existem 2,3 milhões de pessoas com esclerose múltipla em todo o mundo. A esclerose múltipla é uma doença auto-imune, degenerativa do sistema nervoso central, que afecta jovens adultos com idades entre os 20 e os 40 anos, mas sobretudo mulheres jovens. Afecta funções como a visão, a locomoção e o equilíbrio. A esclerose múltipla pode tornar-se incapacitante anos após o diagnóstico da doença.fatores genéticos.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

no tempo do kaparandanda

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

opaís

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, TalatonaLuanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

1977

27 de Maio de - Tentativa de revolta armada, em Luanda, contra o Presidente angolano, Agostinho Neto.

27 de Maio de

1989

- Dirigentes do movimento estudantil chinês pródemocracia anunciam que vão terminar a ocupação da praça Tiananmen, em Pequim, iniciada no dia 13, após terem conseguido uma “victória moral”.

1994

27 de Maio de - Regressa à Rússia, após 20 anos de exílio, o escritor Alexander Soljenitsin.

carta do leitor

Canal do Kikuxi Distinto director do Jornal OPAÍS, votos redobrados de bem-estar a todos os profissionais do vosso e nosso diário apetecível que às primeiras horas de cada manhã oferece-nos a realidade do país e do mundo. A situação do Canal do Kikuxi já mereceu várias cartas. Esta é mais uma, na esperança de que dias melhores vão acontecer graças a nossa persistência e teimosia de ferro em busca do bem comum. Aliás, “água mole, bate tanto em pedra dura que um dia fura”. Vários governadores passaram por Luanda e o Canal do Kikuxi sempre na desgraça. Inúmeros administradores passaram pelo município de Viana, mãe da região agrícola do Kikuxi, e nada fizeram para o seu crescimento saudável e acolhedor. Estes dois reparos voltam às linhas da carta do leitor porque, na verdade, o Canal do Kikuxi continua a pedir socorro. Semanalmente, vê-se cadáveres

a flutuarem no Canal. Uns morrem afogados e outros são mortos e atirados para a água. A invasão permanente de terrenos e a construção anárquica de casas é outra maka grossa. O próprio canal tem sido vandalizado de todas as maneiras e feitios. Tudo, num desrespeito total pela vida humana e ao meio ambiente. Depositam pneus podres, colchões, artigos em plástico, entulhos de obras e todo o tipo de lixo no canal.É extremamente grave o que se vê naquela área agrícola, destinada a cintura verde Luanda. Um canal de irrigação transformado no canal da morte e da bandalha. Meus senhores, a água do Kikuxi alimenta a vida de Viana, Camama, Talatona, Benfica, Nova Vida, Fubu, Dangereux, Iraque, etc. É muito azar para o Kikuxi viver de cisas arrepiantes e que agoniam a nossa alma e o nossos corações. Há mais de dois anos que a sua população e detentores de empre-

sas sediadas no canal do Kikuxi são surpreendidos com constantes inundações provocadas pelas enchentes de água. Tal situação, afecta a vida de quem habita e trabalha no Kikuxi, porque o acesso é um Deus nos acuda. Buracos, lombas e valetas ao longo de 13 km. É preciso respeitar e valorizar o investimento de muito boa gente que dá empregos. As fábricas, fazendas e os complexos turísticos. Muito mais poderia expor nesta carta. Quando é que o Kikuxi e o seu canal vão conhecer dias melhores? Não sei se será na época do Presidente João Lourenço. Ou se temos de fazer um tratamento tradicional…… A salvação do Canal do Kikuxi parece estar mesmo entregue nas mãos de Deus. Ana Maria Bizerra Machado

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754

Luanda



POLÍTICA

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O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

Isabel dos Santos volta acusar PGR de falsidade no arresto dos seus bens Ao que tudo indica, o desfecho deste dossier, que envolve a empresária angolana e as autoridades judiciais, está longe de acontecer, devido às acusações e contra acusações entre as partes

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empresária angolana e filha do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos, voltou a acusar a Procuradoria Geral da República (PGR) de Angola de ter apresentado uma “prova fabricada no processo de arresto dos seus bens”. Um comunicado enviado, ontem ao PAÍS refere que o Ministério Público angolano apresentou um memorando cuja autenticidade nunca foi comprovada pelo tribunal ou pelas autoridades de Angola ou de Portugal. “Demonstra reiteradamente a Procuradoria recorrer a provas fabricadas para lograr junto do tribunal a decisão de arresto de bens da empresária”, diz inicialmente o comunicado. Datado de 26 de Maio do ano em curso, o comunicado acrescenta que uma “transação comercial falsa” supostamente envolvendo Isabel dos Santos é relatada num memorando não assinado e não datado e anexado a uma carta oficial dos Serviços de Inteligência angolanos. O comunicado, tornado público a partir de Lisboa (Portugal), informa que a referida carta e memorando foram ambos entregues ao Tribunal pela Procuradoria angolana como prova para sustentar que a empresária Isabel dos Santos tinha a intenção de “vender a sua participação na empresa UNITEL a um investidor não nomeado dos Emirados Árabes Unidos (EAU) e por esta via dissipar o seu património”. “Este memorando não está assinado, não tem carimbo oficial nem data e relata uma suposta transação, sem referir as datas dos supostos eventos ou onde estes eventos ocorreram e ainda sem os nomes das pessoas envolvidas e sem quaisquer outras informações ou

evidências de trocas de correspondência por parte das partes”, sustenta o comunicado. A aludida nota recorda que, numa declaração à imprensa a 13 de Maio, o procurador-geral angolano “confirmou que este memorando era uma prova chave no caso” e também não negou que a Procuradoria tivesse apresentado ao Tribunal o documento do passaporte falso. Apesar de não conter informação alguma de factos no seu relato, prossegue a nota, este memorando foi usado pela Procuradoria como a “prova” para demonstrar o “risco iminente de dissipação” de bens. “De acordo com o Código Processual Civil angolano, conforme

disposto nos artigos 619 e 403, sem poder estabelecer e dar como provado este risco de dissipação de património, o Tribunal angolano não teria condições para conceder e não teria aceite o pedido da Procuradoria angolana”, relata ainda o comunicado.

Carta do SINSE O mesmo documento alega que os advogados da engenheira Isabel dos Santos “descobriram a carta do SINSE e o memorando nas folhas do processo civil nr. 3301/2019-C ” a correr na 1ª Secção da Sala Cível e Administrativo do Tribunal Provincial de Luanda. Esclarece que a alegada carta do Serviço de Informação e Seguran-

ça do Estado- SINSE está assinada pelo director do Gabinete do Chefe do SINSE, Leopoldo Nascimento, e datada de 9 de Julho de 2019 com a referência oficial nr.000650/GABSINSE2019”. Mais adiante, refere ainda o comunicado que a mesma carta assinada supostamente por Leopoldo Nascimento foi dirigida a Eduarda Rodrigues do Serviço Nacional de Recuperação de Activos. A missiva em causa, baseandose ainda no comunicado da empresária Isabel dos Santos, aponta ter havido agentes da Interpol angolanos que realizavam “serviços remunerados” solicitados por um empresário privado estrangeiro dos Emirados Árabes, ou seja, “agentes da Interpol angolanos infringiram a lei recebendo pagamentos ilícitos”. Em comunicado, os advogados da empresária Isabel dos Santos argumentam que a veracidade do documento deve ser levantada, uma vez que o “memorando não está assinado, não está em papel timbrado, não tem carimbo oficial e contém descrições fictícias de acontecimentos ligados à engenheira Isabel dos Santos”. Passaporte falso O mesmo comunicado acusa ainda a Procuradoria Geral da República de ter usado também uma cópia falsa do passaporte de Isabel dos Santos assinado por Bruce Lee e um conjunto de e-mails de “um vigarista da Internet que tentava defraudar uma legítima start-up japonesa”, sublinha. “Este memorando é mais uma prova fabricada neste processo de arresto!”, acrescenta o comunicado, que argumenta que este memorando nunca deveria ter sido apresentado como prova pelo Ministério Público.

“Ou não deveria ter sido aceite no Tribunal como prova na sentença nr.519/19 de 23 de Dezembro de 2019” diz. De acordo com o mesmo documento, fazendo alusão a supostas declarações proferidas a 24 de Maio de 2020 pelo director do Gabinete Nacional da Interpol – Angola e Delegado de África, Destino Pedro, que, passados mais de 9 meses desde que tomou conhecimento deste memorando, o Ministério Publico ou o Ministério do Interior ou ainda o Serviço de Investigação Criminal não tenham aberto “um inquérito aos agentes da Interpol angolana”. Segundo ainda a mesma nota, o aludido memorando está eivado de irregularidades tais como a falta de data, assinatura, fonte de informação, a identidade do empresário, bem como a ausência de um carimbo oficial.

Empresário desconhecido O comunicado diz também que Isabel dos Santos não conhece nenhum empresário dos Emirados Árabes e não discutiu tais transações comerciais com ninguém, pois não pretende e não pretendeu vender tais acções da UNITEL. Referem ainda que os bens foram arrestados sem audiência da outra parte, realçando que a empresária angolana não teve direito a representação legal na audiência da sentença a 23 de Dezembro de 2019. “Os seus advogados só tiveram acesso aos documentos no processo e às provas em que se baseou o arresto no final de Abril, quando foram notificados e descobriram provas forjadas, incluindo o memorando, o passaporte falsificado e os e-mails fraudulentos”, sustenta o comunicado. Informou ainda que à luz destas ocorrências, os advogados britânicos de Isabel dos Santos, da firma Grovesnor Law, baseada em Londres, escreveram à Interpol no dia 19 de Maio de 2020 pedindo uma investigação sobre estas irregularidades.


O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

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ACC apela ao Governo a implementar políticas assertivas para acabar com a fome Plataforma 27 de Maio defende identificação pormenorizada de vítimas e dos perpetradores

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Plataforma 27 de Maio, uma organização que integram a Associação 27 de Maio, a Associação M27 e o Grupo de Sobreviventes do 27 de Maio, defende a realização de um registo histórico completo para identificar de forma pormenorizada as vítimas e perpetradores, assim como o papel das várias instituições estatais e não estatais, tal como de pessoas singulares com responsabilidade moral e material nas violações e abusos acorridos durante a repressão sangrenta. Só assim, com este acto de reconhecimento e de justiça, estarão reunidas as verdadeiras condições para uma reconciliação e regeneração social. De acordo com um comunicado a que OPAÍS teve acesso, a referida organização garante que tomou conhecimento da aprovação pela Assembleia Nacional, no passado dia 21 de Maio do ano em curso, da lei denominada “Regime Especial de Justificação dos Óbitos ocorridos em consequência de conflitos políticos”, mas “não pode deixar de manifestar que, embora tratando-se de um passo importante para responder aos sucessivos apelos dos familiares das vítimas e sobreviventes”, para a organização, os passos dados são insuficientes, “não podendo sequer ser considerado como um ponto de partida para um verdadeiro processo de reconciliação nacional e pacificação da sociedade angolana”. “A Plataforma 27 de Maio insiste uma vez mais que, em função da gravidade e magnitude das atrocidades cometidas durante a repressão sangrenta, é indispensável que o processo do 27 de Maio de 1977 seja tratado se-

paradamente dos demais conflitos políticos, para que se possa levar a cabo uma investigação séria, isenta e responsável”, lê-se no referido comunicado. Esclarecendo que o passado vive e continuará sempre a viver dentro das famílias afectadas por esta tragédia, os integrantes da plataforma dizem manter a reivindicação de um pedido de perdão expresso, por parte do Estado ou seus agentes, por tais crimes. Segundo eles, é necessário e imperioso proporcionar aos perpetradores, ainda vivos, a oportunidade de romperem com o passado, pedirem perdão e, na medida do que for possível, confessarem onde estão depositados os restos mortais das vítimas ainda desaparecidas. “É absolutamente fundamental garantir a entrega dos restos mortais das vítimas desaparecidas às suas famílias”, acrescentam. Por fim, o colectivo insta igualmente o Governo Angolano a observar, sem reservas, o disposto no artigo 4.º do Acto Constitutivo da União Africana sobre a Política de Justiça Transicional, que orienta que na resolução pacífica dos conflitos, os Governos membros devem sempre levar em conta o respeito pelo carácter sagrado da vida humana e a condenação e rejeição da impunidade. Não observando tal exigência, asseguram, à Plataforma 27 de Maio, enquanto entidade representativa das vítimas, assiste plena legitimidade, à luz do Direito Internacional, de impugnar a política de impunidade que se insiste adoptar como modelo, numa clara intenção de desresponsabilizar os responsáveis pela chacina perpetrada contra milhares de angolanos.

A Associação Construindo Comunidades (ACC), baseada no município dos Gambos, província da Huíla, reiterou o seu apelo ao Governo para criar políticas mais assertivas para acabar com a fome no país, em vez de medidas paliativas Maria Miranda Cassule

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alando aO PAÍS, a propósito da distribuição pelo Governo de uma cesta básica e de um valor de 8 mil e 500 kwanzas às famílias mais necessitadas de todo o país, o líder da ACC, Jacinto Pio Wakussanga, disse que a iniciativa é louvável, mas peca por não resolver o problema na totalidade. Na sua opinião, as comunidades precisam de um apoio para elas próprias produzirem em abundância e aproveitarem o excedente para comercializarem e obterem dinheiro para comprar outras coisas de que necessitam. Reforçou que a actual distribuição da cesta básica é uma medida paliativa para as famílias em estado de vulnerabilidade, sugerindo que caso o Governo pretenda acabar com a fome e a pobreza deve traçar políticas para médio ou longo prazo. “Temos estado a dizer que esta política não serve para acabar com a fome e nem com a pobreza, porque não é eficaz”, disse o também sacerdote e pároco da Missão Católica dos Gambos, com sede no Chiange. O responsável entende que, nesta fase em que o país enfrenta a Covid-19, a cesta básica deveria ser distribuída de acordo com as necessidades qualitativas e quantitativas das famílias mais vulneráveis. Na mesma senda, disse ser irrisório o valor que está a ser disponibilizado para as famílias mais necessitadas para dar respostas às prementes necessidades básicas, apesar de não avançar nenhuma proposta do quanto se deve contemplar para cada família. Acabar com fome Para se acabar com a fome em todo o país, Pio Wakussanga, activista social e sociólogo, com es-

Líder da Associação Construindo Cidadania, padre Jacinto Pio Wakussanga

tudos dedicados ao desenvolvimento comunitário, aponta a aposta na agricultura como sendo a única via para se acabar com a fome em todo o país. Sustentou que o país todo possui terras aráveis e uma vasta bacia hidrográfica para a prática da agricultura mecanizada ou familiar, pelo que o Governo deve voltar a apostar neste sector, caso pretenda combater a fome e a pobreza. Recordou que a “agricultura é a base e a indústria é o factor decisivo”, daí a necessidade de o Governo olhar para a agricultura, justificando que a maior parte da população angolana é camponesa, e a que mais pobreza enfrenta. Situação agrava-se nos Gambos Em declarações a OPAÍS, Pio Wakussanga informou que a fome e a pobreza agudizaram-se no município dos Gambos des-

de a vigência do estado de emergência, decorrente da Covid-19, que limitou a circulação de pessoas. Deplorou que a situação poderá agudizar-se também com o estado de calamidade que já está a vigorar desde ontem, numa região cuja terra é árida e sequiosa, associada à estiagem prolongada que enfrenta nos últimos anos. “A fome crónica e a fome aguda ainda vão continuar por muito tempo nos Gambos”, alertou, sendo urgente o Governo da Huíla e os parceiros sociais redobrarem a assistência às famílias mais vulneráveis das comunidades desta circunscrição. Fez saber ainda que mais de 600 cabeças de gado pereceram em toda a região, realçando que na fase da transumância muitos pastores voltaram à casa com metade ou menos ainda de animais.


sociedade

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O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

Sindicatos da educação prevêem absentismo escolar no regresso às aulas O Sindicato Nacional de Professores (SINPROF) e o Sindicato Nacional de Professores e Trabalhadores do Ensino Não Universitário (SINPTENU) dizem estar a receber manifestações de pais e encarregados de educação, assim como de professores, a ponderarem não regressar à escola por causa do medo que persiste em torno da Covid-19 o tempo que nos separa da implementação da medida permitirá ao Governo fazer uma reflexão sobre se as aulas devem ou não continuar nas actuais condições, referindo que a data é apenas indicativa. Já o secretário do SINPTENU), Lazarino dos Santos (falecido na Segunda-feira, 25, horas depois de conceder a OPAÍS esta entrevista, ver a pág.13), alinhou na mesma ideia, referindo que a abstenção escolar será inevitável, tendo em conta o impacto da Covid-19 na vida das pessoas. Lazarino dos Santos disse a este jornal que as perspectivas

para o pico da doença apontam, exactamente, para o momento estipulado para o início das aulas e não acreditam que as nossas escolas consigam criar condições para que haja segurança no seu interior. “Temos que ser realistas. Há escolas que não conseguem meter os quartos de banho a funcionar, e vão conseguir criar condições para as crianças e adolescentes se protegerem do vírus? Não acredito”, enfatizou. Perante tal cenário, o sindicalista mostrou-se céptico quanto ao reinício das aulas e diz não ter dúvidas de que a data avançada pelas autoridades não vai passar de perspectiva. O SINPTENU entende ser o momento de se repensar no calendário escolar e mostra-se a favor, também, de que as aulas regressem apenas em Setembro e se volte ao modelo da UNESCO, tal como já havia avançado o SINPROF, por considerar que até lá há a probabilidade da situação estar controlada. As duas forças sindicais apelam ao Executivo para levar em conta as contribuições dos parceiros sociais e realçam que os resultados positivos na educação constituem igualmente preocupação dos sindicatos. No entanto, dizem que ficam com a sensação de que as consultas que o Governo faz aos par-

Distanciamento físico é “miragem”

Milton Manaça

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ara o secretário-geral do SINPROF, Admar Jinguma, a possibilidade de haver resistência por parte dos pais e encarregados de educação em mandar os seus filhos à escola é muito grande devido à existência, ou não, de circulação comunitária da Covid-19, que deixa as pessoas com medo. Admar Jinguma disse que o seu sindicato está a receber vá-

rias manifestações neste sentido, apontando o caso de pais que preferem ver os filhos a perder o presente ano lectivo e repetirem-no em 2021. O sindicalista vai mais longe e diz acreditar que o absentismo se poderá sentir, inclusive, na classe docente. “Os próprios professores também não irão e vão preferir ser descontados. Não é que nós estejamos a incentivar isso, mas estas manifestações refletem o sentimento das pessoas”, disse. O SINPROF realça que ainda

assim se está a chamar a atenção das pessoas no sentido de manterem a calma, porque acreditam que o Governo não está distraído e vai acompanhar a situação. Todavia, sublinha que pela letalidade do vírus, ninguém estaria disponível a mandar o seu familiar à escola nas actuais condições. Jinguma acredita que

O Decreto Presidencial sobre o Estado de Calamidade Pública obriga o distanciamento físico de dois metros entre pessoal administrativo, professores e alunos, no acesso às infra-estruturas escolares. Os sindicatos consideram que, na prática, esta medida está longe de ser cumprida nas nossas escolas caso a pandemia da Covid-19 não esteja controlada. “Ainda temos quatro alunos a se sentarem numa carteira que seria apenas para dois elementos. Há escolas com mais de 500 ou mil alunos por turno. Nesta realidade é impossível cumprir-se o distanciamento entre pessoas”, disseram. Todavia, esperam que o tempo que nos separa até à implementação do documento sirva de reflexão.


O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

ceiros sociais são apenas “para inglês ver”, pois, na hora da implementação prevalecem as decisões unilaterias. Importa frisar que o Decreto Presidencial sobre o Estado de Calamidade Pública estipula o regresso às aulas do Ensino Superior e do Segundo Ciclo do Ensino Secundário (10.ª, 11.ª, 12.ª, 13.ª classes) para o dia 13 de Julho. O Primeiro Ciclo e o Ensino Primeiro Primário para o dia 27 do mesmo mês, sendo o Pré-Escolar sujeito a legislação própria.

Construção de mais escolas Recentemente, a ministra da Educação, Luisa Grilo falou da possibilidade de se dividir as turmas, colocando os alunos em salas diferentes quando se retomar as aulas, uma situação não prevista no Decreto sobre o Estado de Calamidade. Para os sindicatos, esta é uma possibilidade utópica e apontam ser a razão pela qual não veio espelhada no documento, por se entender que seria impossível de concretizar no terreno, atendendo ao número de alunos existentes na maior parte das escolas públicas. “A Ministra fala em divisão de 25 alunos por turma, precisaríamos de mais três salas para meter alunos daquelas turmas que têm até 100 alunos. Donde sairiam essas três salas e como ficariam os tempos dos professores?”, questiona Jinguma, acrescentando que mesmo que se pensasse no desdobramento dos professores, não seria possível atender todas as salas. O sindicalista diz que esta é também uma oportunidade para o Executivo pensar em aumentar o orçamento destinado à Educação para a construção de mais e melhores escolas, que reúnam requisitos aceitáveis.

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O “arsenal” do Executivo para combater eventual aumento de doentes com Covid-19

Um hospital de campanha (que se previa estar concluído até ao dia 15 deste mês), um complexo habitacional na comuna de Calumbo, mais de 280 ventiladores, 9 milhões de máscaras e mais de 80 mil kits de bio-segurança fazem parte do “arsenal” com que o Executivo prevê contar para combater um eventual aumento de casos de Covid-19 Paulo Sérgio

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pesar de a implementação do estado de calamidade, que entrou em vigor ontem, não significar um afrouxamento da prevenção da Covid-19, mas uma estratégia de adaptação que se vai manter por tempo indeterminado, como afirmou o ministro de Estado e chefe da Casa Civil, Adão de Almeida, os preparativos para responder a um eventual aumento de doentes continua. O hospital de campanha, que está a ser instalado em duas naves desocupadas da Zona Económica Especial (ZEE), em Viana, terá capacidade para mais de 600 pacientes, atendendo a quantidade de camas a serem instaladas. Os leitos hospitalares fazem parte dos equipamentos que o Governo adquiriu recentemente na República Popular da China. Ainda neste âmbito de prevenção, contará com milhares de reagentes de testes de diagnóstico ao novo Coronavírus. Prevê-se estender a capacidade de testagem para além de Luanda, onde actualmente são feitos no Hospital Militar, no Instituto de Investigação em Ciências da Saúde, no Instituto Nacional de Luta Contra a SIDAe no Hospital Esperança. Conforme noticiou OPAÍS na edição de Domingo, a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, garantiu, em declarações à imprensa, aquando da chegada de cerca de 26 toneladas de materiais diversos de bio-segurança e hospitalares, de que fazem parte os 50 mil reagentes, que o Governo está a fazer um esforço muito grande para garantir que o país esteja em condições de fazer face à Covid-19. “Neste combate, os materiais

de bio-segurança são peças fundamentais e essenciais. É por esta razão que temos assistido à chegada de vários voos com materiais de bio-segurança que inclui máscaras cirúrgicas, as N95, fatos de nível três e quarto, batas, botas, tocas, viseiras, termómetros e camas”, frisou. Esclareceu que a aquisição destes meios visa garantir que tanto os profissionais de saúde como os eventuais pacientes estejam protegidos. Apesar de Luanda ser a única província onde foram detectados os 71 casos positivos de Covid-19, de que resultaram quatro mortos e 18 recuperados, os equipamentos estão a ser distribuídos por todo o país. Para dar uma resposta mais eficaz aos casos de Covid-19 que possam vir a surgir fora da capital do país, o corpo clínico também foi reforçado com 280 profissionais de saúde de nacionalidade cubana de diversas áreas. No entanto, a velocidade com que chegam os equipamentos não é a mesma com que está a decorrer a transformação de duas naves da ZEE, erguidas para acolherem

fábricas, em hospital de campanha para este fim específico. Hospital com atendimento diferenciado Embora o novo Coronavírus não diferencie o ser humano onde poderá abrigar-se, haverá uma segregação no atendimento nessa unidade hospitalar. O atendimento nessa unidade está estratificado, entre civis e militares, de acordo com informações prestadas à imprensa pelo general Pedro Sebastião, coordenador da Comissão Multissectorial para a Prevenção e Combate à Covid-19, no dia 30 de Abril, aquando da realização de uma visita ao local. O ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República disse que uma das naves, constituída por 600 camas, vai atender efectivos das Forças Armadas Angolanas (FAA) e a outra, os civis. No dia da visita, as obras na nave destinada às FAA estavam já avançadas em cerca de 70 por cento e a para civis só começariam a ser preparadas no dia 1 de Maio. As autoridades sanitárias con-

tarão ainda com o complexo de 200 residências localizado na comuna de Calumbo, que se prevê transformar em centro de tratamento de epidemias e pandemias, adquirido ao preço de 24 milhões e 976 mil e 189 dólares norte-americano, de acordo com o Despacho Presidencial 65/20. Acrescenta também um centro de tratamento localizado atrás do Hospital Psiquiátrico de Luanda. Por enquanto, mais de 40 pacientes com Covid-19 estão a ser atendidos no centro de saúde de referência da Barra do Cuanza. Clínicas como a Girassol e a da Endiama (Sagrada Esperança) também se juntaram à causa, atendendo pacientes que dispõem de seguro de saúde. Ao fim do período de sucessivas prorrogações do estado de emergência, o ministro de Estado Adão de Almeida esclareceu que o mesmo serviu para “melhorar a nossa capacidade de atendimento e reforço dos recursos médicos e melhorar a capacidade de assistência médica e medicamentosa e materiais de biossegurança”.


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sociedade

O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

“Mal os polícias fizeram o contorno aquilo é tiro à queima-roupa. O professor foi atingido nas costas e o Álvaro na boca” mento da retirada foram os primeiros. Segundo a testemunha, depois de os supostos agentes atingirem mortalmente os dois jovens, ainda permaneceram por 15 minutos no local. “Eu ainda vi os polícias fardados, com máscaras e armas. Um deles até disse que mataram a pessoa errada porque conhecia o outro miúdo (Álvaro), era taxista”, explicou.

Secretário do SINPTENU morto a tiro no Dangereaux O secretário-geral do Sindicato Nacional de Professores e Trabalhadores do Ensino Não Universitário, Lazarino dos Santos, foi morto à porta de casa, supostamente pela Polícia, com mais um vizinho. A Polícia Nacional diz que os dois cidadãos foram vítimas de uma acção de meliantes e pede provas de quem acusa a corporação Milton Manaça

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s duas vítimas mortais que se encontravam na rua com mais cinco vizinhos, foram surpreendidas por volta das 21 horas, quando decidiam o quanto cada integrante daria para colocarem chão bruto na rua. Segundo Teófilo Huambo, enquanto conversavam, ouviram numa das travessas o barulho de

uma arma manipulada e pessoas gritando “dá o telefone” e, por esta razão, decidiram entrar nos quintais, mas Lazarino dos Santos, de 44 anos, e Álvaro Esteves, de 31, já não foram a tempo de se recolherem ao domicílio. “Mal os polícias fizeram o contorno, aquilo é tiro à queima-roupa. O professor foi atingido nas costas e o Álvaro na boca”, disse Teófilo Huambo, acrescentando que ele e os restantes quatro jovens só estão vivos por um milagre, tendo em conta que no mo-

Polícia pede prova de imagens dos seus agentes O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Interior, Waldemar José, explicou que houve uma ocorrência perpetrada por meliantes, na zona do Dangereaux, que culminou com a morte de dois cidadãos, um com morte imediata no local e outro no hospital. O subcomissário disse que a Polícia recolheu o corpo de um deles no local do crime e que até ao momento (ontem) a corporação não tinha recebido qualquer confirmação de que os autores dos disparos estavam trajados com uniformes da Polícia. “Agora é só alguém estar de roupa escura e cometer crime, que se acusa a Polícia. Hoje, há telefones que filmam e tiram fotos. Por que razão ninguém apresenta tais imagens? São informações infundadas”, referiu. Waldemar José disse que o crime está sob investigação para determinar os seus autores. Não faz sentido, para Waldemar José, a Polícia chegar à porta de um cidadão, perguntar por que razão estão na rua e começar a disparar sem qualquer motivo. “Contudo, aguardemos pelo resultado da investigação. Se alguém tiver provas bastantes que permitam acusar a Polícia deste acto, que as traga, porque esses indivíduos precisam ser banidos da corporação, bem como ser julgados”, sentenciou.

“Polícias receberam salário e não estão na rua” Teófilo Huambo disse ainda que um eventual argumento da Polícia, de que terão sido confundidos com bandidos, não justifica, realçando que a rua, conhecida por Verdinha, é iluminada o suficiente às noites para se distinguir as pessoas. Aliás, frisou que a tendência de fuga à responsabilidade começou depois de deixarem as vítimas no Hospital Geral de Luanda, onde uma das vítimas acabou por falecer, ao se dirigirem a Esquadra do Dangereaux, onde o comandante terá dito não existirem agentes seus em ronda no bairro. “O comandante Chocolate disse que os seus homens receberam salário hoje (25) e à esta hora não tenho ninguém na rua. Só podem ser da Fubú ou do Honga, porque os meus estão todos aqui”, disse. Teófilo acrescenta que por ter sido vítima da ocorrência não pode esconder nada, tendo acrescentado que o comandante terá recebido o papel em que o homem do piquete registou a ocorrência. “O homem do piquete sabe a verdade, porque foi ele que meteu os homens no terreno, mas o comandante diz que são bandidos que mataram”, tendo acrescentado que os outros sobreviventes estão traumatizados. Uma das vítimas mortais, Lazarino dos Santos, era professor de Língua Portuguesa vinculado ao Ministério da Educação há cerca de 18 anos, sendo que nos últimos tempos se vinha destacado na actividade sindical pelo SINPTENU.


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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PROTEGER?

Tendo sido reportados já 71 casos em Angola, com duas mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:

1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

Documentário sobre os percursores angolanos na Rumba Congolesa na “lente” de Nguxi dos Santos A película, sem data prevista para estreia, com duração de uma hora, terá como destaque o músico Sam Manguana, tido na República Democrática do Congo como um dos grandes percursores deste estilo musical, além do também angolano Manuel Oliveira (falecido), conhecido como fundador deste estilo dançante naquele país Antónia Gonçalo

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produtor e realizador, Nguxi dos Santos, que se encontrava confinado na sua residência, devido ao estado de emergência em consequência da Covid-19, ora cessado, continua a trabalhar para a conclusão do documentário, que visa retratar o contributo de artistas angolanos na evolução da Rumba Congolesa, na República Democrática do Congo (RDC). A película, sem data prevista para estreia, com duração de uma hora, terá como destaque o músico Sam Manguana, tido naquele país como um dos grandes percursores, além de depoimentos de vários artistas também angolanos, residentes naquele país, sobre Manuel Oliveira (falecido), conhecido como fundador confesso deste estilo dançante, tendo se instalando na cidade portuária de Matadi, em 1921. Trata-se dos músicos Koffi Olomidé, Lutamba Simaro, Josar Niokalongo, Janó Bomenga e o congolês Verkisse Kiamuangana, que são também olhados como fortes potenciais neste estilo harmonioso, no continente. Em conversa exclusiva com OPAÍS, Nguxi dos Santos disse que o objectivo é trazer a público e eternizar os vários percursores da Rumba, maior parte angolanos residentes na RDC e noutros paí-

ses africanos, que se destacaram e viveram essa revolução no Congo. Disse ainda que hoje são tidos como os grandes “rumberos”, porque tocaram e evoluíram a música no tempo de Franco Luambo, mas ainda assim, os seus trabalhos são pouco falados

na sua terra natal, Angola. “Quase que não se dá valor a este estilo musical. Então, achei que ao fazer esse documentário, que a RDC muito deles reconhecem. Por isso, achei conveniente fazê-lo, principalmente, sobre Sam Manguana, que esteve radicado por muito tempo lá, nasceu aí, mas nunca teve um documento local”, explicou. O também fotógrafo referiu que, actualmente, esse estilo também dançante, sobretudo, na Europa e nas Américas foi feito ao nível da cultura com o povo do norte de Angola, em África. “Os que tocam este estilo musical na Europa e outros continentes têm muito mais força do que os que fizeram aqui, em relação ao Sam Manguana. Achei que tínhamos muito a ver com a Rumba Congolesa, porque até os maiores grupos que tocaram este esti-

lo musical, ou melhor, os grandes executores instrumentistas são angolanos”, constatou. Estreia Quanto à estreia da película, disse que pretende fazê-la no Zaire, actual RDC, isso, por ter começado com as gravações neste pa-

“Quase que não se dá valor a este estilo musical. Então, achei que ao fazer esse documentário, que a RDC muito deles reconhecem”

ís, cujos intervenientes, a maioria, são aí residentes. “Por isso, decidi assim. Entrevistei uma série de mais velhos, que acabaram por morrer agora, como o mais velho Lutamba Simaro, um dos membros do conjunto Zaikó Langa Langa, ambos angolanos que vivem lá. Por essa e outras razões me interessa valorizar e eternizar o documentário”, aferiu. Destaque Sobre o artista em destaque no documentário, Sam Manguana, o realizador ambiciona mostrar o trajecto do músico, filho de Angola, que viveu longe da sua pátria e sobre os passos promissores que o levaram a triunfar naquele país. “Vou falar de Sam Manguana como rumbero, que viveu no Zaire como estrangeiro e sobre a luta que teve de enfrentar para chegar


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Cinéfilos regressam às salas a 31 de Julho A orientação é especifica, no quadro do cumprimento das medidas adoptadas relativamente às actividades recreativas, culturais e de lazer na via ou em espaço público, devido à situação de calamidade até onde chegou”, referiu Nguxi. Outros projectos Nguxi dos Santos, durante o estado de emergência, que decorreu de 27 de Março a 25 de Maio, aproveitou trabalhar noutros projectos em carteira. Trata-se do programa musical televisivo denominado “Nós os da banda”, resultante de shows intimistas intitulado “Moamba”, desenvolvidos no Palácio de Ferro, em Luanda, há cerca de dois anos. “Estou a preparar o trabalho, onde vou apresentar esses espectáculos. Neste preciso momento estamos a fazer o fecho do programa. Ainda no Domingo passou um documentário que saiu daqui, do meu estúdio, fruto daquilo que vamos filmando. Embora esteja aposentado, trabalho mesmo em casa”, disse. Avançou que devido ao período de confinamento social, os trabalhos foram feitos em equipa, mas cada membro a trabalhar nas suas residências, um método que considerou viável no momento. Por essa razão atenta que a Covid-19 tenha dado uma outra dinâmica de vida aos cidadãos, de mostrar outra realidade, ”além de travar algumas coisas, porque pretendia falar com algumas pessoas, fazer filmagens, que não era possível no momento. Por isso, trabalhamos com aquilo que tínhamos arquivado”. Questão económica Referiu que uma das grandes barreiras aos labores desenvolvidos pela classe é a falta de dinheiro, que faz com que muitos deixem de prosseguir, porque, assim como outros, requer o pagamento salarial, com base no contrato. “Eu, felizmente, tenho o material filmado há já muito tempo e os que me rodeiam estão a trabalhar comigo agora. O meu filho como câmara, a minha neta

na produção, tinha a Beatriz que esteve a trabalhar em sua casa e o editor. Por isso, não tenho tido grandes dificuldades”, elucidou. Dificuldades aumentaram Nguxi disse ser prematuro abordar sobre a situação após o confinamento social, onde o funcionamento colectivo será reposto em parte, com base nas orientações do Executivo, por achar o futuro imprevisível. “Como sabe, é complicado tentarmos ver o que vai acontecer no futuro, porque todos os dias a própria situação se altera. É uma ‘guerra’ que temos de enfrentar, de certa forma, actuarmos conforme a situação e o momento. Acho que até ao próximo ano vamos ainda continuar a andar com as máscaras no rosto, porque não vai ficar ultrapassado de imediato”, sublinhou. Em termos de apoios para as futuras produções dos profissionais, achou preocupante pelo facto de algumas empresas, que antes apoiavam, estarem agora em baixa, no que tange à rentabilidade. Para si, o facto complicará ainda mais a produção de trabalhos do género, pela carência de verbas monetárias. Descontente, disse ainda que apesar de o próprio Estado alinhar as “políticas” culturais, não haver ainda muito com que se ganhar com elas. “Antes era pior, agora será ainda mais. Também, um país como este, que não vela pela cultura, não faz “nada”! Se nós estivéssemos a ganhar alguma coisa da cultura, poderíamos dar outros passos”, lamentou. Lastimou, igualmente, o facto de pouco se falar sobre a produção cinematográfica angolana no mundo, conforme acontece com os outros países. “Estamos no século XXI, não temos como nos identificar. Nós sabemos quem é a França, Inglaterra e a Espanha, mas Angola continuamos a não saber”.

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previsão de reinício de actividades recreativas, culturais e de lazer na via pública ou em espaço público está dependente da evolução da situação epidemiológica. Assim, prevê-se a reabertura das salas de cinema a 31 de Julho de acordo com o decreto presidencial sobre a situação de calamidade. Antes, está previsto a partir de 8 de Junho o reinício de funcionamento de museus, teatros, monumentos e estabelecimentos similares, bem como o reinício de actividades como a realização de feiras e exposições de cultura e artes. Para o mês de Julho precisamente no dia 13, está prevista a reabertura de bibliotecas e mediatecas, enquanto que a 15 de Agosto ficam liberadas as praias, piscinas de acesso público e demais zonas balneares ao passo que 15 de Agosto reentram em funcionamento os clubes navais e marinas, para fins recreativos.

Quanto a outras actividades culturais e artísticas, designadamente espectáculos musicais, estão sujeitas a regulamentação específica e, por isso, não tem ainda data prevista para o seu retorno. Porém, o reinício das actividades recreativas, culturais e de lazer na via pública ou em espaço público está dependente da criação de algumas condições ou sujeitas a algumas regras. Entre elas, a limitação da capacidade das salas a 50% da capacidade; higienização das mãos à entrada das superfícies. Está igualmente tipificado o uso obrigatório de máscara facial por todos os participantes; distanciamento físico de, no mínimo, dois metros entre os participantes, e afastamento de dois metros entre as bancadas no caso de feiras. Actividades Religiosas Neste segmento, também mediante a evolução da situação epidemológica da Covid-19, o reinício destas actividades estão previstas

para o seu arranque mas antes, a 24 de Junho, deve ser o período reservado à preparação das condições de biossegurança nos locais de culto. Sendo que o reinício das actividades religiosas estão igualmente previstas na mesma data. Todavia, deverá obedecer as seguintes condições: limitação de até 50% da capacidade dos locais de culto; ajuntamento permitido no limite máximo de até 150 pessoas. Ajuntamentos para fins religiosos nos locais de culto fechados até 4 dias por semana, sendo que os restantes dias são reservados à higienização do espaço; celebrações religiosas em espaço fechado com duração máxima de duas horas; higienização das mãos à entrada dos locais de culto; uso obrigatório de máscara facial; distanciamento de, no mínimo, dois metros entre fiéis e ainda localização privilegiada, nos locais de culto, para pessoas em grupos de risco.


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OPINIÃO

O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

Reflexão

André Pinto

Matabicho de garfo e a força da Magoga

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expressão Magoga que preenche esta crónica, é um neologismo utilizado em Angola, para designar a sandes mista de frango e verduras, que o cidadão angolano adoptou como primeira refeição do dia. É um negócio típico que sustenta muitas famílias desempregadas em Angola. Todas as manhãs quando abre o frigorífico, a tia Marilú já sabe que destino dar aos restos de ‘pitéu’ do jantar. Para tirar a ‘kigila’ da cerveja da noite prepara para o matabicho do Ti Jaime a simpática magoga, que o mantém firme parte durante sua jornada de trabalho, como é normal na maioria dos lares angolanos e nas senhoras que tornaram a magoga, como fonte de rendimento. Ela sabe que o Ti Jaime não morre de amores pelo café com leite e pão com manteiga. Ou simplesmente “chá com pão”. Põe-lhe mal disposto e sem forças para traba-

Solidariedade

ZAP apoia instituições carenciadas em Luanda com alimentos da cesta básica

Com base na situação actual em Angola, a ZAP elaborou um programa que visa o reforço das suas iniciativas para apoiar as instituições que integram o seu projecto de Responsabilidade Social “Vidas ZAP”, uma vez que o vírus da Covid-19 veio aumentar a fome e a pobreza no seio das populações mais vulneráveis. Neste sentido, nos dias 20 e 21 de Maio a ZAP procedeu à entrega de 5 toneladas de bens alimentares da cesta básica a mais de 15 lares e centros de acolhimento na cidade de Luanda. Com esta iniciativa, a marca pretende contribuir para que, nesta fase de confinamento, as crianças tenham as suas refeições garantidas.

lhar até às 17, a hora do seu regresso a casa. Uma técnica que segredou à vizinha para atraí-lo a casa sempre a horas, é prendê-lo pelo estômago. Com uma magoga à Marilú , pela manhã e o calor da sua presença no resto do dia. Tia Marilú sentia-se realizada como esposa. Do frigorífico sempre dilatado de produtos alimentares retira o que sobrou do guisado de frango do jantar, junta-lhe uma folha de alface em banho de vinagre, para matar as lagartas do legume e acrescenta à xandula que daí resulta uma coxa temperada com alho e vinagre, num pitéu, que fazia o Ti Jaime lembrar-se da canção “Meu amor da Rua 11” e, aquela, dos Demónios da Garoa, a “saudosa Maloca”, que passou a ser a declaração de amor à amada esposa. Para a tia Marilú virar “Saudosa Maloca”, na alma cancioneira do Ti Jaime era como degustar um sorvete em lua de mel... Um “amor sem igual”, como

Fama

bem diz a canção do Dionísio Rocha, “sei que queres partir”. Do seu farto bigode e fato macaco o Ti Jaime dava a impressão daqueles madiés dos filmes brasileiros. Moreno, tipo indiano, de bigode farfalhudo, assim de perfil era a cópia fiel de um José Staline negro, moreno, cabeçudo, até no ciúme. Encontrou-lhe uma vez de “conversê” com o Paulito das Garotas, um “miúdo atrevido, que faz poesia de ouvido às mais velhas do bairro e ressuscitar o ciúme de Ti Jaime igual a uma pulga, atrás da orelha. Foi lá tirar as dúvidas, com os olhos revirados de raiva gaguejou ao atrevido: “Eu sou capaz de te arrancar os too.....mates, com essa mão, se te atreves a mexer na minha.... muxima uámi” (meu amor). Era assim a alma poética do “Jaimito”, na percepção da kota Marilú. Era o sinal de que a almofada à noite ia gravar todas as conversas de amor. Se fosse branco, Paulito das Garotas ve-

Protesto

ria a cor vermelha do rosto ciumento de Ti Jaime e reagiu na maior das calmas: - Kota Jai, não é isso que estás a pensar. A tua kota é minha avó. E eu trouxe umas coisas (calças de ganga de marca), que ela vai-te mostrar e vais gostar. Meu kota, o segredo no ouvido dela, era só para pedir um coche da tua magoga, mais velho. Eu quero ser assim como o kota, para mostrar as minhas capacidades ngonbirengas. Quero ter esse bigode farfalhudo. Essa bunda de rico e esses olhos grossos de gajaja, meu kota. Qual é o segredo para ser como o kota? - - O quê, seu fedelho da tuji. É isso que andas a falar à minha mulher no ouvido, seu sacana de merda. Veja lá, hein? Eu parto-te os cornos. - E engolindo em seco retomou as suas lides mecânicas, à volta de um Dodge velho, carro americano, que já passou em várias mãos e

teimava em não dar sinais de vitalidade. Ora que chatice! À noite Jaimito tornou-se romântico. Perfumado pela poesia, tirou a limpo o gesto suspeito de Paulito das Garotas voltou a manifestar os seus dotes poéticos aos ouvidos da Ti Marilú, que, dengosa, perfumada, no seu “baby doll” accionou a veia procriadora de “Jaimito”, o Staline do amor, que naquela noite, lançou os alicerces genéticos do menino que quando veio ao mundo nove meses depois, não hesitou em apelidar-lhe de Jaimito da Magoga, em homenagem às saborosas magogas da tia Marilú, que mantinham por muitos anos, a força e a essência do homem viril, que era o marido, ao produzir 12 membros de uma prole, que juntou o casal por uma vida inteira. Imitem o Jaimito com a magoga de manhã e a poesia à noite, numa cama de colchão de sumaúma!

Insólito

Luto

Justin Bieber dá banho ao cão pela primeira vez

Músico dos Megadeth chama “presidente louco” a Bolsonaro e sente vergonha do Brasil

Eminem dá o número de telemóvel aos fãs. “Mandem uma mensagem, eu respondo”

Morreu Jimmy Cobb, o lendário baterista de “Kind of Blue” de Miles Davis

Justin Bieber partilhou com os fãs um vídeo que mostra algo que nunca havia feito antes: dar banho ao seu cão. Acompanhado pela esposa, Hailey, o cantor é visto a dar banho a Oscar, o Yorkshire Terrier de ambos. Após Hailey comparar o cuidar de um animal de estimação com o criar uma criança, Bieber responde: “não é o mesmo que um filho, mas ensina-te a ter alguma responsabilidade”.

O guitarrista dos Megadeth, Kiko Loureiro, esteve recentemente à conversa com Tarja Turunen (ex-Nightwish), revelando sentir-se “envergonhado” com o que se passa no Brasil. Loureiro, nascido no Rio de Janeiro, descreveu a situação daquele país como “uma loucura”. “Tenho lá família, pessoas que trabalham comigo. O meu país é o Brasil, independentemente de onde eu viva”, afirmou. “Louco” foi, também, o adjectivo utilizado para descrever Jair Bolsonaro. “Temos um presidente louco e o ministro da Saúde acabou de se demitir, o segundo no espaço de um mês.

Eminem publicou o seu número de telefone, nas redes sociais, instando os fãs a enviarlhe mensagens. Referindo uma das suas canções mais populares, ‘Stan’, sobre um fã extremoso, o rapper deixou o número - +1 313-6667440 - e um link para um website que também permite chegar à fala consigo. Ao enviarem uma SMS, os fãs recebem uma resposta automatizada que promete “planos para a semana que vem”.

Morreu o baterista Jimmy Cobb, nome cimeiro do jazz norteamericano. Tinha 91 anos. O músico faleceu em sua própria casa, em Manhattan, Nova Iorque, vitimado por um cancro no pulmão. Cobb era o último sobrevivente do First Great Sextet de Miles Davis, grupo do qual também faziam parte John Coltrane, Cannonball Adderley, Bill Evans e Paul Chambers. Foi este o grupo com quem Miles Davis gravou o seminal “Kind of Blue”, visto por muitos como o melhor álbum da história do jazz.



Economia

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O PAÍS Quarta, 27 de Maio, de 2020

Medidas económicas mitiga impacto da Covid-19 nas empresas

Perto de 21 medidas de alívio económico foram aprovadas pelo Executivo, para apoiar o sector produtivo, em particular, para mitigar o impacto da Covid-19, e garantir a sobrevivência das empresas

Operadores de comércio e distribuição vão beneficiar de crédito Patrícia de Oliveira

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Patrícia de Oliveira

O

chefe de departamento para economia do Ministério da Economia e Planeamento, Jerónimo Pongolola, referiu que o Governo aprovou, em Abril, o Decreto Presidencial 98/ 20 que faz menção a um conjunto de medidas, criadas para aliviar o impacto negativo causado pela pandemia da Covid-19 no sector financeiro. “O Ministério da Economia e Planeamento trabalhou durante o mês transacto na implementação das medidas e será feito um balanço geral, após o período de estado de emergência. Porém, até ao momento, têm aliviado o impacto na economia”, explicou. Questionado sobre a negociação do salário entre as entidades empregadoras e os funcionários, argumentou que as empresas devem continuar a pagar os salários. No entanto, no âmbito das medidas de alívio fiscal existe a possibilidade de uma moratória para fazer

a retenção de 3% de Segurança Social, que era pago ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) e depositar o referido valor na conta dos funcionários. “Neste período, os trabalhadores recebem 100%do salário e mais 3% da contribuição da Segurança Social, este modelo também se aplica para as empresas, pois quem aderir poderá reter 8% que seria pago, no sentido de aliviar a tesouraria das empresas. No âmbito do sector produtivo, trata-se de medidas de alívio no pagamento de imposto e contribuições,( alivio fiscal e no pagamento de salários),apoio financeiro às empresas, que tem a ver com as linhas de apoio que foram criadas e estão a ser operacionalizadas pelo Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), que é o credito concedido para os operadores do comércio e distribuição, fornecedores de fertilizantes, insumos, adubos, cooperativas de famílias, sociedade de micro-crédito e indústrias transformadoras. Disse ainda existir um conjunto de medidas para desburocrati-

zar o excesso de emissão do alvará comercial e licenciamento de contratos, acelerar a transição informal para formal. No que toca às medidas de particulares, Jerónimo Pongolola disse que foi protelado o corte no fornecimento de água, energia eléctrica, o reforço da distribuição da cesta básica e o apoio ao rendimento das famílias mais carenciadas. O responsável lembrou que, neste período, nenhuma economia está a resistir 100% e as

“Temos a possibilidade de consumir a produção nacional em grande escala e contribuir para o crescimento do produto interno bruto (PIB)”

medidas de alívio económico são essenciais para apoiar as empresas, e o empreendedorismo apresenta-se como um meio para sobrevivência. No que diz respeito à produção nacional, referiu que a mesma já mostra bons resultados há algum tempo, ressaltando que existe um conjunto de dados sobre os produtores nacionais que têm apostado na produção de diversos produtos. “Temos a possibilidade de consumir a produção nacional em grande escala e contribuir para o crescimento do produto interno bruto (PIB)”, reiterou No seu entender, a questão da empregabilidade está ligada à situação informal e o Governo está a trabalhar na transição da informalidade para a formalidade e, assim, aferir o grau da situação. “Temos muitas pessoas que não estão na formalidade. No entanto, desempenham um conjunto de funções. Por outro lado, deve-se criar um conjunto de planos e projectos que possam a alavancar a economia”, explicou.

rodutores do comércio e distribuição assinam, hoje, Quarta-feira, memorando para acesso ao crédito, deu a conhecer o responsável do departamento para economia do Ministério da Economia e Planeamento, Jerónimo Pongolola. Os operadores do comércio e distribuição serão beneficiados com uma linha de crédito, disponível para aquisição de produtos alimentares aos produtores nacionais. Estes, por sua vez, poderão vender a produção aos empresários e facilitarem a problemática do escoamento que tem sido o grande “calcanhar de aquiles” no sector agrícola. “Com esta medida, os empresários podem comprar os produtos, transportarem aos estabelecimentos e, posteriormente, comercializarem em todo o território nacional. Se vai retirar muita produção do campo para as grandes plataformas comerciais.”, explicou. Em relação ao mau estado das estradas, Jerónimo Pongolola disse que está em curso um conjunto de programas, que visam melhorar a mobilidade e que as mínimas condições estão criadas, pois problema não tem a ver somente com o péssimo estado das vias, mas sim, com outras questões.


ECONOMIA REAL

análise económica

O PAÍS Quarta, 27 de Maio, de 2020

daniel miguel/arquivo

“Este sistema tributário permite o governo ser mais rico do que o povo”

O sistema tributário tem novo figurino. O Imposto Industrial caiu de 30 para 25% e a taxa do sector agro-pecuário de 15 para 10%. Mas o economista Yuri Quixina entende que a medida não traz competitividade Mariano Quissola / Rádio Mais

O

país passa do estado de emergência para o de calamidade, com medidas mais ligeiras. O Executivo considera que as medidas de prevenção da Covid-19 pode ser feita com o funcionamento normal da economia. Qual é a sua opinião? Eu disse desde o início que o maior estrago não seria da Covid-19, mas das medidas que estavam a ser tomadas, que podiam destruir a economia, na medida em que devíamos nos adaptar a conviver com esta doença, porque veio para ficar. Devemos sim, sistematizar e organizar os instrumentos de segurança, para que se evite a propagação da doença pelo país. Mas o que me preocupa, nesse estado de calamidade é a forma, ao que me parece, como o Governo está a imitar o governo português, do ponto de vista legislativo. Como justifica? Os passos legislativos são iguais, a diferença é que o estado de calamidade em Portugal está na Constituição, mas em Angola

não. E isso parece-me inconstitucional. Mas a base legal da declaração do estado de calamidade é consequência da aprovação, por unanimidade, pelo Parlamento da Lei da Protecção Civil. Não lhe diz nada? Por isso penso que seria o próprio Presidente da República a solicitar pessoalmente à Assembleia Nacional e não o seu auxiliar. Seria uma forma diferente de fazer política, porque a sua forma de fazer política é idêntica a do seu antecessor. África celebrou 57 anos, com vários desafios por realizar, em particular o da independência económica. Onde foi que o continente falhou? África tem independência directa, mas vive ainda uma dependência indirecta. Os problemas de início continuam até hoje, porque todos os objectivos definidos pela organização de Unidade Africana, nenhum foi concretizado a 30%. Um dos objectivos era, por exemplo, o bem-estar. O continente africano é o mais pobre do mundo. A União Africana imitou a União Europeia sem ter

em conta os pressupostos do surgimento da União Europeia. Sem economias fortes, a União Africana não tem como ser uma instituição forte, porque continua a depender do ocidente e do resto mundo. Quem construiu a sede na Etiópia foi a China, quem faz o orçamento da União Africana é o ocidente, apesar das con-

O problema é pensarmos sempre que o problema da Agricultura se resolve com créditos

tribuições dos países membros. Estamos a falar de um continente, cuja actividade económica é frouxa, dívida pública elevada e défice orçamental elevado. Agrava-se com o comportamento de líderes que alteram a constituição para permanecer no poder e maquilham votos. É possível pensar-se em mercado livre continental, quando a maioria dos blocos regionais não estão efectivamente integrados? Num continente onde as economias locais não dão liberdade aos cidadãos para desenvolver negócios é antagónico. Pensar num mercado continental livre com economias internas fechadas é utópico. No índice de liberdade económica apenas três países africanos aparecem nos primeiros 30, porque a maioria está amarrada com intervenções do Estado na economia. Qual é o remédio? É fundamental alterar os processos. Os jovens devem ir à luta, debaterem… são as novas gerações que vão transformar África, com as novas tecnologia. A juventude não deve fugir da política.

19 A Assembleia Nacional aprovou uma nova legislação tributária e o Executivo garante que vai permitir maior justiça e flexibilidade na relação com o contribuinte. Tem a mesma visão? Em primeiro lugar, toda e qualquer economia precisa de um sistema tributário competitivo, que permite o povo ser rico e não o governo. E o que estou a ver aqui é um sistema tributário que permite o governo ser mais rico do que o povo. Isso não pode pressupor melhor educação, saúde e infra-estruturas? Você já viu melhor saúde e educação quando o governo tinha muito dinheiro, com o preço do barril do petróleo a $140? Essa é a pergunta número um. Este argumento é utópico. Quando o povo tem mais dinheiro é quando temos melhor saúde e educação, porque cada pai tem a liberdade de escolher a escola e o hospital para levar a sua família. Essa lei tinha de passar porque quem fez foi o governo, que tem maioria no Parlamento. Com essa legislação tributária, a economia nãopetrolífera continuará em crise, porque a maior parte do dinheiro vai passar no governo. Quando o governo tem mais dinheiro aumenta a corrupção e o tráfico de influência. E com o aumento do IRT o governo pode arrecadar menos com o IVA, porque o povo vai reduzir nas compras com esse imposto. O IRT reduz o salário, pressupõe que o trabalhador vai ter menos dinheiro.

Sugestão de leitura Títutlo da obra: ‘Uma Década de África’ Autor: Fátima Moura Roque, doutorada em Econometria e Economia Internacional Frase para pensar: Estado é a grande ficção através da qual todo mundo se esforça para viver às custas de todo mundo”, Frédéric Bastiat


análise

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O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

As empresas do sector diamantífero poderão negociar as suas operações cambiais através da plataforma FXGO, segundo o BNA A medida visa entre outros objectivos, aumentar o número de ofertantes no mercado, bem como limitar aparticipação do regulador em actividades pontuais com o correcções da taxa decâmbio, com efeitos sobre a estabilidade do Mercado cambial ESPAÇO INTERNACIONAL

ESPAÇO ANGOLA

O

BNA adquiriu até ao dia22 de Maio Obrigações do Tesouro Não Reajustáveis às empresas do sector produtivo no valor de 10 mil milhõesKz.O montante corresponde a 10% do plafonda provado (100 mil milhõesKz),sendoque,ao peração enquadra-se na estratégiado Governo de a ligeirarascondições de acesso à liquidez das empresas em contexto de Covid-19, com efeitos sobre amanutenção das suas actividades e dos empregos.

O aumento da procura por crude, com a redução das medidas de isolamento, tem favorecido a cotação da matéria-prima

Alemanha O desempenho da economia fixou-se em-2,2%, no Iº trimestrede 2020. O registo representa um adiminuição de 2,1 p.p. em comp araçãoaotrimestreanteriorede2,7p .p.emcomparaçãoaoperíodohomó logo,emconsequência dos impactos da COVID-19 sobre o consumo e produção no país.

MERCADOS Petrolífero Brent:+1,14%(35,53USD/barril).O aumento da procura por crude, com a redução das medidas de isolamento, tem favorecido a cotação da matéria - prima.

Cambial EUR:0,03%(1,0898USD).O intensificar da contracção económica da Alemanha pressionou a cotação da moeda única europeia.



Mundo

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O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

General iraniano anuncia fim da ‘era da presença norte-americana’ no golfo Pérsico O anúncio do vice-chefe para os Assuntos Políticos do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica do Irão (IRGC, na sigla em inglês), Yadollah Javani, ocorreu depois de os EUA ignorarem os protestos iranianos contra a presença norte-americana no golfo Pérsico

O

oficial iraniano declarou que a “era da presença norte-americana” no golfo Pérsico está a chegar ao fim, além de ressaltar que o Irão e outros países da região são perfeitamente capazes de garantir a segurança do golfo, não sendo necessária a presença militar dos EUA. “Os países da região podem desenvolver segurança sustentável na região por conta própria, através da sinergia e sem os EUA”, afirmou Javani. Javani observou que os norteamericanos não devem ser con-

siderados tão poderosos como eram, enquanto a República Islâmica melhorou sua posição e força regional, conforme a agência de notícias Tasnim. “A República Islâmica agora é uma potência regional estabelecida e está se tornando uma potência global. Hoje, os EUA não são mais poderosos como antes e não podem impor sua vontade a outros”, adicionou. A declaração ocorreu após os EUA ignorarem os protestos iranianos contra os exercícios navais norte-americanos de fogo real no golfo Pérsico.

Índia e China implantam tropas e armamentos em diversas regiões da fronteira comum Militares da índia e da China implantaram tropas e armamentos em diversas áreas da

chamada linha de controlo real (LAC), fronteira que separa os dois países no leste da região montanhosa de Ladaque

S

egundo a agência PTI, o exército chinês recentemente implantou aproximadamente 2.500 efetivos em Pangong Tso e no vale Galwan. “A força do exército indiano na área é muito superior ao do nosso adversário”, afirmou um militar de alto escalão sob anonimato. O exército indiano estaria preocupado com a presença das tropas chinesas em diversos pontoschave do vale Galwan, uma área que não é disputada pelos dois países. Os chineses instalaram aproximadamente 100 tendas em Galwan nas últimas duas semanas, além de equipamentos pesados para a construção de bunkers. “Isto é sério. Não é um tipo de transgressão normal”, comentou o ex-comandante do Exército Norte, tenente-general DS Honda.

Um especialista em assuntos estratégicos, Ashok Kantha, observou que “ocorreram múltiplas incursões” por parte das tropas chinesas. “É algo que preocu-

pa. Não é um confronto de rotina. Esta é uma situação preocupante”, afirmou. A situação no Leste de Ladaque agravou-se depois que aproxi-

xx

Militares concentram-se na área fronteiriça entre a China e a Índia

madamente 250 soldados chineses e indianos se enfrentaram na noite de 5 de Maio na zona de Pangong Tso, deixando mais de 100 feridos em ambos os lados, confronto que só cessou após uma reunião entre os líderes locais. A China e a Índia disputam parte do território montanhoso do norte da região da Caxemira, além de aproximadamente 60.000 quilómetros quadrados no estado Arunachal Pradesh. A linha de controlo real passa pela região de Ladaque. Em 1993 e 1996, a China e a Índia firmaram acordos sobre a manutenção da paz nas regiões disputadas. Em 2017, militares indianos e chineses mantiveram um tenso encontro noutra área tibetana, uma zona de importância estratégica para Nova Deli e disputada pela China e pelo Butão.

Presidente da China pede que país esteja preparado para combate militar em meio à pandemia

O

presidente da China, Xi Jinping, disse, nesta Terça-feira, que o país tem de intensificar a sua preparação para combates armados e melhorar a sua capacidade de cumprir tarefas militares, pois a pandemia de coronavírus está a ter um profundo impacto na segurança nacional chinesa, informou a televisão estatal. O desempenho da China no combate ao coronavírus mostrou o sucesso da reforma militar, disse Xi, segundo a emissora estatal, acrescentando que as Forças Armadas devem explorar novas formas de treinamento em meio à pandemia. Xi, que preside a Comissão Militar Central da China, fez estes comentários quando participava de sessão plenária da delegação do Exército de Libertação Popular e da Polícia Armada do Povo em meio à sessão anual do Parlamento chinês.


O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

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Venezuela ameaça levar disputa com Banco da Inglaterra ao TPI

O OMS espera resultado de estudo sobre segurança da hidroxicloroquina em Junho A Organização Mundial da Saúde (OMS)

prometeu nesta Terça-feira uma revisão rápida de dados sobre a hidroxicloroquina, provavelmente até meados de Junho, depois que preocupações a respeito da confiabilidade do remédio levaram o grupo a suspender o uso do medicamento antimalária num teste com pacientes de Covid-19

O

presidente Jair Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vêm defendendo a cloroquina e a hidroxicloroquina como possível tratamento contra o coronavírus, mas, na Segunda-feira, a OMS suspendeu o teste que realizava em muitos países, baptizado de Solidariedade. Um estudo publicado no periódico científico The Lancet revelou que pacientes que receberam a hidroxicloroquina sofreram taxas de mortalidade maiores e arritmia cardíaca, o que causou a intervenção da OMS. “Uma decisão final sobre os malefícios, benefícios ou falta de benefícios da hidroxicloroquina será tomada assim que os indícios tiverem sido analisados pela Comissão de Monitoramento de Dados de Segurança”, disse a entidade num comunicado. “Ela é esperada para meados de Junho”. Aqueles que já participam no seu estudo, que a esta altura cobre 17 pacientes e milhares de pacientes que já começaram a usar a hidroxicloroquina, podem terminar os seus tratamento, disse a OMS. Pacientes recém-inscritos receberão outros tratamentos sendo avaliados pelo Solidariedade, incluindo o remdesivir da Gile-

ad Science e o Kaletra/Aluvia da AbbVie. Outros testes de hidroxicloroquina, incluindo um estudo norte-americano da farmacêutica suíça Novartis com 440 pacientes, continuam, apesar de a OMS estar a pisar no travão. A Novartis e a rival Sanofi prometeram doar dezenas de milhões.

Presidente do Brail, Jair Bolsonaro

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

governo venezuelano ameaçou, nesta Terça-feira, levar ao Tribunal Penal Internacional (TPI) a disputa com o Banco da Inglaterra, que processou na justiça britânica para devolver o ouro que depositou nos seus cofres. “Nesta Quinta-feira, haverá uma audiência nos tribunais ingleses, esperamos a maior adesão desses tribunais à legalidade. O Banco da Inglaterra só pode actuar como custodiante”, disse a vice-presidente venezuelano Delcy Rodríguez na televisão estatal, garantindo que o bloqueio do ouro dificulta as políticas de controlo da Covid-19. Isso, disse segundo ela, levaria a crimes contra a “humanidade” que “competem” ao TPI. O escritório de advocacia Zaiwalla & Co anunciou, na Quinta-feira, passada que recebeu instruções do conselho do Banco Central da Venezuela (BCV) para emitir uma acção contra o Banco da Inglaterra (BoE), a fim de “devolver USD 1 bilião” das suas reservas de ouro. O BCV pediu, em Abril, que o ouro fosse transferido para o Progra-

ma das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), segundo o escritório de advocacia com sede em Londres. No entanto, acrescenta a empresa, o BoE “recusou” argumentando que “não reconhece a autoridade da actual administração do BCV e do governo” de Nicolás Maduro. O Reino Unido faz parte dos 50

países que reconhecem o líder parlamentar da oposição Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. “O que você é depositário, o que você faz é economizar ouro, limitar-se a cumprir a sua tarefa e limitar-se a cumprir as ordens dos seus clientes”, disse Rodríguez, referindo-se ao Banco da Inglaterra.

Governador de NY pede obras de infra-estrutura para impulsionar economia dos EUA

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governador de Nova York, Andrew Cuomo, propôs, nesta Terça-feira (26), uma série de importantes projectos de infra-estrutura para reactivar a economia dos Estados Unidos, após a pandemia do novo coronavírus. Ele disse que vai discutir a questão numa reunião, na Quarta-feira, com o presidente Donald Trump. “Vamos fazer algo criativo e rápido. Vamos colocar os americanos de volta ao trabalho”, disse Cuomo na sua entrevista colectiva diária na Bolsa de Valores de Nova Iorque, que voltou às actividades pela primeira vez desde 23 de Março. “Você não precisa ser um especialista em governo ou um engenheiro para descobrir. É senso comum”, disse ele. “Existe uma infra-estrutura em ruínas, é preciso impulsionar a economia, criar empregos e deve ser feito agora”, argumentou. “Se há um tempo para atender a essa necessidade de grandes obras de infra-estrutura, é agora”, disse o governador democrata.

Entre os seus exemplos, Cuomo citou projectos de construção considerados há vários anos, como extensões do metrô para melhorar o transporte público entre a cidade e os seus aeroportos, além do desenvolvimento de energias renováveis. O coronavírus devastou o estado de Nova York - com cerca de um terço dos casos registados nos Estados Unidos - deixando uma perspectiva financeira sombria, com um défice orçamentário de 13 mil milhões.

Apesar dessa situação, Cuomo enfatizou que “dará o exemplo” ao acelerar o seu próprio programa de infra-estrutura, mas expressou o desejo de “uma associação” com o governo federal, comandado pelo magnata republicano Donald Trump. A pandemia deixou quase 100 mil mortos nos Estados Unidos e afectou gravemente a economia. Cerca de 40 milhões de pessoas se inscreveram para o seguro-desemprego e a taxa de desemprego cresceu para quase 15%.


actual

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O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

Conselheiros políticos refutam Projectos de Lei anti-China no Congresso dos EUA

Os projectos de lei anti-China por alguns membros do Congresso dos EUA sobre a resposta à Covid-19 são “infundados” e “enganosos”, declararam membros do mais alto órgão consultivo político da China na sua sessão anual

“A

Chinadefendeu os princípios de abertura, transparência e responsabilidade, e tomou a iniciativa de divulgar as informações o mais breve possível”, afirmou Huang Luqi, membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). Huang citou uma linha do tempo detalhada, descrevendo a resposta da China à Covid-19 desde 27 de Dezembro de 2019, quando três casos de pneumonia de causa desconhecida foram relatados por um médico em Wuhan, seguidos pelo aviso da autoridade de saúde de Wuhan ao público em 31 de Dezembro e pelo relatório da China para a Organização Mundial da Saúde (OMS) no mesmo dia. “As acusações dos Estados Unidos são completamente infundadas”, disse Huang, presidente da Academia Chinesa de Ciências Médicas

da China, que liderou uma equipa médica para ajudar Wuhan, em 25 de Janeiro, e participou na luta contra a epidemia. Kong Quan, vice-chefe do Comité das Relações Exteriores do Comité Nacional da CCPPC, assinalou que um número muito pequeno de po-

Dossier enganador não contém provas de ligação entre Covid-19 e laboratório, diz mídia australiana

U

m documento do Departamento de Estado dos Estados Unidos, que foi usado por alguns jornais australianos para vincular a Covid-19 a um laboratório, não contém provas sólidas, mas sim se baseia em informações publicamente disponíveis, noticiou a Australian Broadcasting Corporation (ABC) na Terça-feira. O dossier apareceu na mídia de propriedade da News Corp Australia no início deste mês e foi presumido como inteligência de alto nível de um governo ocidental. A embaixada dos EUA em Canberra realizou reuniões com autoridades australianas para esclarecer o dossier como um prómemória, destinado apenas ao uso nos bastidores, de acordo com a ABC. “Um pró-memória é um documento diplomático que preten-

de ter um status essencialmente não oficial, quase negável e usado basicamente para gerar discussões com governos estrangeiros. Ele não tem enorme peso ou credibilidade”, disse à ABC Rory Medcalf, chefe da Faculdade de Segurança Nacional da Universidade Nacional da Austrália. A ABC citou vários altos funcionários do governo australiano que pediram anonimato, mas confirmaram a verdadeira natureza do documento, dizendo que ele foi amplamente distribuído pelo Departamento de Estado dos EUA. Outras áreas da mídia australiana, bem como líderes políticos, estão entre os que criticam o uso do documento para criar conteúdo enganoso e lançar calúnias infundadas contra o tratamento do surto da Covid-19 pela China e sua origem.

líticos norte-americanos fechou os olhos para os esforços globais antiepidêmicos globais, evitou o intercâmbio internacional, o diálogo ou a cooperação, manchando as realizações de outros países no controlo da epidemia e até caluniou a OMS que desempenhou o papel de

coordenação e orientação na luta global contra a Covid-19. Li Baodong, também vice-chefe do Comité das Relações Exteriores do Comitê Nacional da CCPPC, rejeitou a falácia de que “a China está a controlar a OMS”, uma retórica repetida pelos políticos norte-americanos. A OMS tem 180 funcionários norte-americanos, mas apenas 35 chineses. Na equipa de direcção de 21 membros da OMS, somente um é da China, mas os outros 11 são dos Estados Unidos, União Europeia, Canadá e Austrália. “A julgar pelo número de funcionários, como se pode dizer que a OMS está a ser controlada pela China?” perguntou Li. “Esta é uma distorção total dos factos”. Hu Yu, presidente do Hospital Union em Wuhan, reagiu à alegação de que o novo coronavírus foi “fabricado em Wuhan”. “O local onde um surto foi relatado pela primeira vez não é necessaria-

mente o local de origem do vírus”. Segundo o médico, identificar a origem do vírus é uma questão séria para a ciência, e a resposta certa só pode ser dada por cientistas e especialistas médicos com base em provas. Liu Hongcai, vice-chefe do Comité das Relações Exteriores do Comité Nacional da CCPPC, disse que tanto o povo chinês quanto o americano são vítimas da epidemia, que é um desastre natural. “O coronavírus não tem nada a ver com sistemas ou ideologias políticas”. Liu apontou que a resposta da China à epidemia, que alcançou importantes êxitos em pouco tempo, ganhou o apoio de todo o país e o reconhecimento em todo o mundo. “Transferir a culpa não resolverá nenhum problema, nem salvará vidas”, disse Liu. “Concentrar mais esforços na cooperação internacional prova ser o caminho para derrotar os vírus.

Legisladores chineses propõem Lei de Imunidades de Estados Estrangeiros Os legisladores chineses propuseram a formulação de uma Lei de Imunidades de Estados Estrangeiros, após os litígios maliciosos apresentados contra a China pela resposta dela à Covid-19

A

medida protegerá os direitos e interesses legítimos dos cidadãos chineses, assim como dos investidores estrangeiros, disse Ma Yide, representante da Assembleia Popular Nacional (APN) e pesquisador de lei da Academia de Ciências Sociais de Beijing. Também contrariará os litígios maliciosos promovidos em países como Estados Unidos contra a China pela resposta à Covid-19, disse Ma à imprensa, na Terça-feira, no âmbito da sessão anual da APN. Ele disse que a falta de uma lei do tipo emergiu como uma questão proeminente na actual epidemia, pois alguns países, liderados pelos Estados Unidos, tentaram transferir a culpa da incompetência

dos seus próprios governos sobre a resposta à Covid-19. Alguns grupos e indivíduos citaram ainda a Lei de Imunidades Soberanas Estrangeiras dos Estados Unidos para apresentar litígios contra o governo chinês e departamentos relevantes, acrescentou. “Isso é um show de hegemonia e políticas de poder e um lembre-

te da necessidade e urgência de a China formular uma lei de imunidades de estados estrangeiros”, disse Ma. Mais de 35 legisladores da delegação de Beijing da APN endossaram a proposta, que foi aceite pela sessão e submetida aos comités especiais do órgão legislativo nacional para estudo.


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O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

Máscaras são perigosas demais para crianças com menos de 2 anos, diz grupo médico do Japão

C

rianças de menos de 2 anos de idade não deveriam usar máscaras, porque estas podem dificultar a respiração e aumentar o risco de sufocamento, disse um grupo médico do Japão, emitindo um apelo urgente aos pais num momento em que a nação nipónica começa a sair da crise do coronavírus. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, revogou o estado de emergência em Tóquio e outros quatro locais, na Segunda-feira, uma vez que o número de infecções diminuiu em todo o Japão,

mas alertou que pode ser readoptado se o vírus começar a espalhar-se novamente. Para evitá-lo, especialistas de saúde de todo o mundo estão a recomendar que as pessoas usem máscaras, quando for difícil manter o distanciamento social enquanto os países relaxam as restrições impostas durante os isolamentos contra o coronavírus. Mas a Associação Pediátrica do Japão alertou os pais que as máscaras são perigosas demais para crianças pequenas. “As máscaras podem dificultar a respiração, porque crianças pe-

quenas têm passagens de ar estreitas”, o que aumenta a carga dos seus corações, disse a associação, acrescentando que as máscaras também aumentam o

A

Desfile russo do Dia da Vitória será transferido para 24 de Junho, diz Putin

risco de insolaram para elas. “Vamos acabar com o uso de máscaras em crianças de menos de dois anos”, disse a entidade num boletim postado no seu site. Ela disse que, até agora, houve muitos poucos casos graves de coronavírus entre crianças, que a maioria delas foi infectada por familiares e quase não surgiram surtos em escolas ou creches. O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) e a Academia Americana de Pediatria também dizem que crianças de menos de dois anos não deveriam usar protecções de tecido no rosto.

Rússia realizará o seu desfile militar que marca o Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial em 24 de junho, após adiamento decorrente do novo coronavírus, disse o presidente Vladimir Putin, nesta Terça-feira. Putin foi forçado a adiar as celebrações de 9 de Maio, incluindo um

grande desfile militar na Praça Vermelha para marcar os 75 anos desde a vitória soviética na Segunda Guerra Mundial, devido ao agravamento da crise de Covid-19. Em discurso televisionado, nesta Terça-feira, Putin ordenou que o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, iniciasse os preparativos para realizar o desfile no próximo mês.

Pombo é preso na Índia suspeito de espiar para o Paquistão e gera memes na web

P

olícia indiana captura pombo, com anel numa das patas, encontrado por moradores de região fronteiriça com o Paquistão e suspeita que este possa ter espiado para o país vizinho. Não é novidade a captura de agentes infiltrados do Paquistão no território da Índia. Devido às complicadas relações entre os países, os moradores do estado indiano de Jammu e Caxemira vivem sob tensões.

No entanto, no distrito de Kathua uma captura se deu de forma muito incomum. Tudo começou quando um pombo com uma mancha rosa voou para dentro da casa de Geeta Devi, próximo à fronteira entre os dois países, ao fim da tarde do último Domingo (24), reportou o canal NDTV. Ao pegar e observar melhor o animal, a mulher percebeu que o mesmo tinha um número telefónico escrito no anel.

Ao saberem disto, os líderes locais decidiram entregar o pássaro para a Força de Segurança de Fronteira (BSF, na sigla em inglês) indiana. Habitantes de Kathua capturaram um pombo perto das barreiras de fronteira da Índia hoje (ontem). Shailendra Mishra, agente policial disse: “Nós não sabemos de onde ele veio. Os moradores locais o capturaram perto de nossas barreiras. Nós encontramos um anel em sua pata com números escritos. Uma

investigação está em curso” Ainda de acordo com a mídia, a polícia local classificou o pássaro como “suspeito de espiar para o Paquistão”. Contudo, as autoridades policiais frisaram que o uso de pássaros pelos locais é comum para o envio de mensagens e eles portam marcas que identificam o proprietário. Apesar do caso, o Paquistão não se pronunciou sobre a captura do pombo.

OMS prevê 88,3 mil mortes por Covid-19 no Brasil até início de Agosto

A

diretora-geral da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne, disse, nesta Terça-feira (26), que calcula que o Brasil tenha 88.300 mortes por Covid-19 até ao dia 4 de Agosto. Etienne afirmou, segundo uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, que “não há dúvidas” de que a América é o novo epicentro da pandemia do novo coronavírus, destacou os Estados Unidos e o Brasil, que vêm registando os maiores números diários de novos casos da doença. Marcos Espinal, director do Programa de Doenças Transmissíveis da Opas, disse que o órgão está “muito preocupado” com a situação no Brasil. “O Brasil precisa aumentar o número de testes. Actualmente, são cerca de 3 mil por milhão de habitantes. Num país tão grande, de cidades povoadas como Rio e São Paulo, é de importância vital implementar medidas de mitigação, como aumentar os testes e tentar manter o distanciamento social”, afirmou Espinal. A Opas é o braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas. Segundo o último balanço do Ministério da Saúde, divulgado nesta Segunda-feira (25), 23.473 pessoas morreram de Covid-19 no Brasil.

França descobriu em Dezembro seu primeiro caso de Covid-19 O primeiro caso conhecido de Covid-19, na França, foi descoberto em Dezembro do ano passado, de acordo com reportagens da mídia

C

itando um médico dos hospitais Avicenne e Jean-Verdier, perto de Paris, a BBC informou que o paciente “pode ter sido infectado entre 14 e 22 de Dezembro,

já que os sintomas do coronavírus levam de 5 a 14 dias para aparecer”. Segundo divulgado pela emissora francesa BFMTV, o paciente não havia saído da França antes

de adoecer. O Ministério da Saúde francês disse à BBC que o governo está a tentar obter a confirmação sobre o caso e que conduzirá mais investigações caso necessário.


desporto

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O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

Director técnico da APT Lunda-Norte entra na corrida à presidência dr

Francisco Mutombo adiantou à imprensa que é importante haver mais democracia no desporto na terra dos diamantes. Por esta razão, entrou na corrida à presidência da Associação Provincial de Ténis, visando o ciclo olímpico 2020/2024 Mário Silva

O

director técnico cessante da Associação Provincial de Ténis (APT) da Lunda-Norte, Francisco Mutombo, disse à imprensa local que a recandidatura de Octávio Espírito foi surpresa, porque não contava com esta decisão do presidente. Deste modo, o pleito eleitoral está aprazado para 30 de Junho, tendo em vista o quadriénio olímpico 2020/2024. Francisco Mutombo explicou que o que se pretende nesta altura não é criar divergência, mas encontrar pontos convergentes de modo que vença o melhor.

O responsável recusou-se fazer parte de uma lista única, liderada por Octávio Espírito presidente cessante. “O presidente cessante dirige a associação há 15 anos, não importa aqui fazer o balanço daquilo que foi ou não feito. Acho que é altura de haver uma inovação”, apontou. Francisco Mutombo revelou que o presidente em questão já deu tudo

o que tinha para dar em prol do desenvolvimento da modalidade do ‘ping-pong’ na Lunda-Norte. “Respeitamos isso, ou seja, estivemos sempre ao seu lado nas tarefas para o melhoramento do ténis sempre em torno da modalidade. Portanto, é chegado o momento de mudança, porque até o ténis tem poucos dirigentes na província e é necessário haver rotativida-

de”, reiterou. Ontem, Francisco Mutombo apresentou a sua linha de força à massa associativa da modalidade na terra do diamante. O director-técnico cessante garantiu que o encontro permitiu colher alguma ideia dos antigos praticantes, mas tudo decorreu de acordo com as orientações das autoridades sanitárias.

No princípio da semana passada, o presidente cessante da Associação, Octávio Espírito, prometeu concorrer para mais um mandato para dar continuidade ao processo da massificação e resgatar a mística do ténis. Octávio Espírito disse também que vai procurar unir os antigos praticantes, de modo a incentivar os jovens.

Agostinho Tramagal com futuro incerto no Wiliet FC

O

treinador do Wiliet FC de Benguela, Agostinho Tramagal, disse, ontem, que o seu contrato com a equipa benguelense termina a 31 do corrente mês. Agostinho Tramagal assegurou que depois da data supracitada vai pensar no seu futuro. “Ouví na rádio, o presidente do clube a falar que está a receber propostas de técnicos nacionais e estrangeiros. Na verdade, não tenho

nada contra isso”, garantiu. Por outro lado, o treinador recordou que num curto espaço de tempo teve que formar a equipa para o Girabola 2019/2020, prova que foi anulada, devido à propagação do novo Coronavírus “Covid-19”, quando faltavam cinco jornadas para o fim. Ainda assim, considerou que foi uma boa experiência, porque o Wiliet FC de Benguela conseguiu fazer uma boa prova.

“Estou satisfeito com o desempenho da equipa, porque conseguimos conquistar 30 pontos em casa”, mostrouse radiante pelo feito. Questionado sobre o atraso salarial, Agostinho Tramagal confirmou que a direcção do clube falta pagar três meses. “Sei que a direcção tudo está a fazer para honrar, ou seja, para liquidar os salários”, avançou o antigo treinador do Sagrada Esperança da Lunda-Norte.


O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

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Federações desportivas recebem “luz verde”

O

ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, disse, Segunda-feira, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo (CIAM), em Luanda, que as actividades desportivas realizadas por federações e associações devem retomar a 27 deste mês. Na ocasião do anúncio do estado de calamidade, que entrou em vigor ontem e termina a 9 de Junho, para combater a Covid-19, Adão de Almeida explicou que os jogos oficiais serão disputados à porta fechada, ou seja, sem a presença de adeptos. O dirigente político acrescentou que a prática desportiva de lazer, nomeadamente as competições realizadas nos bairros, prevê-se a movimentação a partir de 13 de Julho próximo. Adão de Almeida assegurou que mantém-se a prática desportiva individual e de lazer nos mesmos ter-

mos em que vinha sendo desenvolvida no período do estado de emergência. Ainda assim, o responsável aconselhou as federações e associações a cumprirem com as orientações das autoridades sanitárias. Até ontem, o país tinha registado 71 casos positivos de Covid-19, dos quais quatro óbitos e 18 recuperados. Deste modo, devido à propagação do novo Coronavírus, que assola o mundo, a Federação Angolana de Futebol (FAF) anulou o Girabola 2019/2020. O Petro de Luanda liderava o Campeonato Nacional, ao passo que o 1º de Agosto ocupava a segunda posição. Pelo mesmo motivo, a Federação Angolana de Basquetebol (FAB) cancelou, em definitivo, a competição, onde o Petro de Luanda era o líder. Por sua vez, outras associações e federações suspenderam sem data de retorno as actividades.

Bayern vence Borussia e fica mais perto do título da Bundesliga

U

m golo por cobertura de Joshua Kimmich, no primeiro tempo, deu ao líder Bayern de Munique uma vitória de um a zero sobre o segundo posicionado Borussia de Dortmund, nesta Terça-feira, o que o aproximou do título da liga alemã ao abrir vantagem de sete pontos sobre o rival, a seis jornadas do final da temporada.

Kimmich acertou um remate que encobriu o indefeso guarda-redes Roman Buerki aos 43 minutos de jogo, e os actuais campeões conseguiram uma grande vitória num estádio vazio, devido à pandemia de coronavírus, em busca de uma oitava coroa consecutiva que ampliaria um recorde. O Bayern, que venceu as sete últimas partidas na liga, acumula 64 pontos, e o Dortmund

tem 57. O Leipzig, que enfrenta o Hertha de Berlin, na Quartafeira, aparece na terceira posição com 54 pontos. A Bundesliga tornou-se o primeiro grande campeonato a retomar as actividades 10 dias atrás, depois de uma pausa de mais de dois meses resultante da pandemia de Covid-19, e os jogos estão a ser disputados sem adeptos para diminuir o risco de infecção.

Juventus quer Ansu Fati por Pjanjc

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epois do médio brasileiro Arthur ter recusado rumar a Turim, a Juventus terá questionado o Barcelona sobre a hipótese de colocar o passe de Ansu Fati na troca por Miralem Pjanic, se-

gundo revela a Imprensa italiana. O jovem avançado encaixa no habitual esquema táctico do treinador da Juve, Maurizio Sarri, que passa por 4x3x3 e pretende jogar com mais regularidade do que acontece no Barcelona.


classificados emprego

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imobiliário

O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

diversos

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O PAĂ?S Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

emprego

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imobiliĂĄrio

diversos


TEMPO

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O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 27 A 29 DE MAIO DE 2020 INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT)

Fonte: INAMET

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 27 á 29 de maio de 2020 Data 27 / 05 / 2020

Data 28 / 05 / 2020

Das 18 horas do dia 26 às 18 horas do dia 27 de Maio de 2020

Data 29 / 05 / 2020

CIDADE Mín

Máx

Estado do Tempo

Mín

Máx

Estado do Tempo

Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

24

33

Pouco nublado.

23

32

Parcialmente nublado.

23

31

Parcialmente nublado.

CABINDA

25

31

Nublado, Chuva fraca.

24

30

Parcialmente nublado, Chuvisco.

25

29

Parcialmente nublado.

SUMBE

23

30

Pouco nublado, Neblina matinal.

20

31

Parcialmente nublado.

21

30

Parcialmente nublado.

CAXITO

22

37

Pouco nublado.

21

36

Parcialmente nublado.

20

34

Parcialmente nublado.

MBANZA CONGO

20

30

Parcialmente nublado.

21

31

Parcialmente nublado.

20

30

Parcialmente nublado.

UIGE

19

31

Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

18

33

Parcialmente nublado, Chuvisco.

18

32

Nublado.

NDALATANDO

18

31

Pouco nublado.

17

32

Parcialmente nublado.

17

31

Nublado.

MALANJE

18

32

Parcialmente nublado, Neblina matinal.

19

33

Parcialmente nublado.

18

32

Parcialmente nublado.

DUNDO

19

32

Parcialmente nublado.

20

33

Parcialmente nublado.

19

33

Parcialmente nublado.

18

32

Parcialmente nublado.

18

32

Parcialmente nublado.

SAURIMO

17

30

Parcialmente nublado.

BENGUELA

18

30

Parcialmente nublado.

19

31

Nublado.

19

32

Parcialmente nublado.

HUAMBO

04

26

Parcialmente nublado.

05

27

Parcialmente nublado.

05

27

Parcialmente nublado.

CUITO

10

27

Parcialmente nublado.

09

28

Nublado.

08

28

Parcialmente nublado.

LUENA

15

29

Nublado.

16

30

Nublado.

15

31

Parcialmente nublado.

LUBANGO

15

25

Pouco nublado.

14

27

Parcialmente nublado.

13

28

Limpo.

MENONGUE

14

30

Parcialmente nublado.

13

31

Pouco nublado.

12

30

Limpo.

MOÇÂMEDES

14

26

Pouco nublado.

14

27

Parcialmente nublado.

13

29

Limpo.

ONDJIVA

14

29

Parcialmente nublado.

13

30

Limpo.

13

29

Limpo.

Os Meteorologistas: Rita Capitão e Edmara Pereira

REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu pouco nublado, apresentando-se nublado pela madrugada nas províncias de Cabinda, Zaire e Uíge, e parcialmente nublado durante a tarde em quase toda a região. Possibilidade de ocorrência de chuvisco ou chuva fraca em alguns municípios das províncias de Cabinda e Uíge. Neblina matinal em alguns municípios das províncias de Uíge, Malanje e Cuanza-Sul. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se parcialmente nublado pela manhã e durante a tarde em quase toda a região. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se parcialmente nublado pela manhã e durante a tarde em quase toda a região

Luanda, 26 de maio de 2020

Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

TEMPO no mar

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 26/05/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 27/05/2020.

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIA 26 DE MAIO DE 2020: INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET

Circulação moderada a forte de Sudeste/Sudoeste entre paralelos 4°S e 18°S (Cabinda ao NamiCentro Nacional de Previsão do os Tempo be). BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 UTC DO DIA 27 DE MAIO DE 2020: AVISO: VENTOS ATÉ 24 NÓS(45KM/H) E ONDAS ATÉ 3.5 METROS DE ALTURA NA REGIÃO 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIA 26 DE MAIO DE 2020: MARÍTIMA DO NAMIBE. Circulação moderada a forte de Sudeste/sudoeste entre os paralelos 4°S e 18°S (Cabinda ao Namibe). 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 UTC DO DIA 27 DE MAIO DE 2020: AVISO: VENTOS ATÉ 24 NÓS(45KM/H) E ONDAS ATÉ 3.5 METROS DE ALTURA NA REGIÃO MARÍTIMA DO NAMIBE.

REGIÃO

ESTADO DO TEMPO

VENTO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

Até 1.6

Agitado

Fraca (Inferior a 4)

Agitado

Moderada a Boa (Superior a 7) Boa (Superior a 9)

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Chuvisco

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S)

Parcialmente nublado

Benguela (12°S – 14°S) Namibe (14°S – 18°S)

Sudeste

Até 12

Sudeste/ Sul

Até 15

Pouco nublado ou limpo

Sul/ Sudoeste

Até 15

Até 2.7

Muito agitado

Pouco nublado ou limpo

Sudeste/ Sudoeste

Até 24

Até 3.5

Muito agitado

Até 2.3

O anti-ciclone de Santa Helena mantém-se estacionário, com a pressão central de 1020hPa, estendendo-se em crista sobre a região marítima de Angola, nas próximas 24horas. Assim, prevê-se estado do mar agitado, com ondas máximas entre 1.6 e 2.3 metros de altura nas regiões marítimas de Cabinda, Zaire, Luanda, Bengo e Cuanza-Sul, e mar muito agitado nas regiões marítimas de Benguela e Namibe, com ondas máximas entre 2.7 e 3.5 metros de altura. Prevê-se visibilidade fraca na região marítima de Cabinda, devido à possibilidade de ocorrência de chuvisco.

Boa (Superior a 9)

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.



Última

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O PAÍS Quarta-feira, 27 de Maio, de 2020

PR movimenta governadores

O

Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, nos termos da Constituição da República, exonerou, ontem, Joana Lina Ramos Baptista Cândido, do cargo de governadora da província do Huambo; Sérgio Luther Rescova Joaquim, do cargo de governador da província de Luanda e Mpinda Simão, do cargo de governador da província do Uíge. O Presidente da República, noutro decreto, nomeou Lotti Nolika, para o cargo de governadora da província do Huambo; Joana Lina Ramos Baptista Cândido, para o cargo de governadora da província de Luanda e Sérgio Luther Rescova Joaquim, para o cargo de governador da província do Uíge.

Também, ontem, o Presidente João Lourenço exonerou, a seu pedido, Alberto Paca Zuzi Macosso, do cargo de vice-governador da província de Cabinda para o Sector Político e Social, e nomeou para o mesmo cargo Miguel dos Santos Oliveira. Por último, o Presidente da República exonerou Samahina de Sousa da Silva Saúde, do cargo de secretário de Estado para o Planeamento e Ruth Madalena Mixinge, do cargo de secretária de Estado Família e Promoção da Mulher, nomeando Milton Parménio dos Santos Reis, secretário de Estado para o Planeamento e Elsa Maria Pires Lopes dos Santos Lourenço, para o cargo de secretária de Estado para a Família e Promoção da Mulher.

O que saber sobre o Coronavírus…

Fundo de Fomento Habitacional dilata prazo de pagamento nas centralidades para 30 anos

“O

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”.

O

Fundo de Fomento Habitacional (FFH) anunciou, ontem, através de um comunicado, a uniformização do período de pagamento das prestações dos beneficiários das centralidades habitacionais de todo o país, ao abrigo dos respectivos contratos de compra e venda com propriedade resolúvel. De acordo com a nota a que OPAÍS teve acesso, os beneficiários que rubricaram inicialmente contratos com o extinto FADEH, SONIP e Kora têm agora a possibilidade de solicitar, por escrito ao FFH, a alteração das cláusulas contratuais, dilatando assim o período para 30 anos

ou equivalente a 360 prestações. A referida medida, segundo apurámos, visa facilitar todos os beneficiários com contrato promessa de compra e venda na modalidade de propriedade resolúvel que têm assim a vantagem de sofrer uma redução das suas prestações e com isso ajustar a sua taxa de esforço às actuais condições sociais e económicas do país. “O Fundo de Fomento Habitacional manifesta a abertura para todo o diálogo com os beneficiários que registem atrasos no pagamento das suas prestações por se encontrem em dificuldades. A estes recomenda-se o contacto directo com o FFH para regularização da

sua situação, sob pena desta instituição accionar os mecanismos sancionatórios previstos nos contratos e legislação aplicável”, lê-se no comunicado, em que a instituição encoraja “o cumprimento das obrigações contratuais e fiscais que incidem sobre o património”. Criado em 2009, o FFH é uma instituição pública com dupla tutela do Ministério das Finanças e das Obras Públicas e Ordenamento do Território, e actua no sentido de fomento habitacional de forma ágil, eficiente e transparente, com o objectivo de assegurar rigidez e confiabilidade ao sistema de Propriedade Resolúvel e o fomento do parque habitacional do Estado.

“Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”.

“Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


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