Jornal OPAÍS edição 1853 de 30/05/2020

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Bebé de um mês e sua mãe entre quatro novos positivos da Covid-19 Um bebé com um mês de vida, do sexo masculino, e a sua mãe, de 22 anos, fazem parte dos quatro novos casos de Covid-19 confirmados ontem, perfazendo um total de 81 doentes, revelou o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda. P.2 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola @jornalopais

Director: José Kaliengue

O diário da Nova Angola Edição n.º 1853 Sábado, 30/05/2020 Preço: 40 Kz

quatro aulas em duas horas e meia com intervalos de cinco minutos sociedade: O regresso às aulas ficará marcado com as turmas divididas em dois sub-

grupos, correspondendo cada a 50 por cento dos alunos, os quais devem ser atendidos em dois turnos de 2 horas e 30 minutos cada um, de acordo com o Decreto Executivo nº 5/2020, de 28 de Maio do Ministério da Educação (MED) a que OPAÍS teve acesso. P. 12

Lourenço defende trabalho em equipa para a mitigação das dificuldades económicas e sociais l Para João Lourenço, além da Covid-19, o país vive em ambiente de recessão económica desde 2016, devido, principalmente, à forte dependência da economia nacional do petróleo. Todos os angolanos são convidados a contribuir com o seu talento e saber para que a estrutura económica seja definitivamente alterada. P.8

Indústria alimentar debate-se com pagamentos internacionais” l Luís Nicácio, ligado à indústria alimentar, através da Mestre Akino, Indústrias de Carnes, Lda, acredita que com o fim da pandemia de Covid-19 a economia angolana poderá voltar aos bons tempos, como declarou em entrevista a OPAÍS. P. 18

Três mulheres, três histórias

Quando o VIH leva até o tecto para os filhos

São Salvador do Zaire cumpre as exigências da FAF

P. 10

e ainda no cartaz:

Sistema Nacional dos Direitos de Autor e Conexos quer aproximar serviço ao cidadão utente

Produtor Harvey Weinstein acusado de novos crimes de abuso sexual por quatro mulheres

Serralves inaugura primeira grande exposição de Yoko Ono em Portugal

l A formação das terras com tradição histórico-cultural aguarda a decisão da FAF sobre a equipa que vai ocupar a vaga deixada pelo 1º de Maio de Benguela. A Baixa de Cassanje, de Malanje, também aguarda e quem tiver o melhor requisito estará no Girabola. P. 26


EM FOCO

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O PAÍS Sábado, 30 de Maio, de 2020

Bebé de um mês e sua mãe entre quatro novos positivos da Covid-19 Um bebé com um mês de vida, do sexo masculino, e a sua mãe, de 22 anos, fazem parte dos quatro novos casos de Covid-19 confirmados ontem, perfazendo um total de 81 doentes, revelou o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda

carlos moco

cerca sanitária, no bairro Hoji ya Henda, em Luanda. Esta decisão das autoridades sanitárias teve como base o facto de o “Caso 31”, um cidadão da Guiné Conacri, não ter cumprido a quarentena domiciliar com que estava comprometido. O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) recebeu 50 chamadas, das quais uma denúncia de caso suspeito de Covid-19 e 49 foram pedidos de informação sobre o vírus. Em relação ao laboratório, Franco Mufinda fez saber que o país tem um acumulado de acima de 10 mil amostras colhidas, sendo 81 positivas, 9.123 negativas e o resto encontra-se em processamento. Disse ainda que 1.043 pessoas observam a quarentena institucional em todo o país e que nas últimas 24 horas, 43 pessoas receberam alta, sendo 28 na província de Luanda e quatro na Lunda-Sul e Cabinda, cada. Já a Huíla e Lunda-Norte contaram três, cada, e Cunene uma. Franco Mufinda fez saber que os casos suspeitos investigados são 454, enquanto os contactos sob vigilância chegam a 1.139 pessoas. “Com a mudança dos números, a transmissão local passa a 52 casos”, frisou.

Secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda

Maria Teixeira

F

ranco Mufinda, que falava ontem, na habitual actualização dos dados sobre a pandemia no país, esclareceu que a mãe do bebé infectado também testou positivo e faz parte dos quatro casos positivos anunciados. Trata-se da única senhora, de 22 anos, que testou ontem positivo ao novo Coronavírus. “O quarto caso tem 22 anos de idade, é angolana e também reside no município do Cazenga. E o último caso trata-se de uma criança de um mês de idade, do sexo masculino, angolano, residente no município do Cazenga”, disse. Entre os quatro novos casos que o país registou nas últimas 24 horas está também um homem de 67 anos de idade, de nacionalidade angolana, morador do município do Cazenga. Deste modo, o país passou a ter 81 caso de Covid-19, dos quais quatro resultaram em óbito, 18 estão recuperados e em 59 o vírus se mantém activo, dos quais um requer atenção especial. O estado clínico dos outros pacientes é estável. Todos estão a ser atendidos em unidades sanitárias de referência. Por outro lado, Mufinda disse

que o outro cidadão que está infectado pelo novo Coronavírus tem 41 anos, é de nacionalidade russa, trabalha numa empresa petrolífera e foi detectado no momento em que cumpria quarentena institucional obrigatória aqui no país. Realçou que o cidadão russo teve um percurso pela Rússia e França até chegar a Angola, onde observava a quarentena institucional e foi orientado a fazer o exame de Covid-19, tendo o resultado sido positivo. Por esta razão, foi transferido para um dos centros de tratamento onde estão a ser seguidos todos os portadores deste vírus que já ceifou milhares de vidas humanas. De recordar que os três cidadãos do município do Cazenga que testaram positivo residem no perímetro onde foi estabelecida uma

Futungo livre da cerca sanitária após 27 dias Após 27 dias de cerca sanitária, devido ao mediático “Caso 26”, que teve contacto com os vizinhos desta localidade, do distrito do Futungo, município de Talatona, ontem, tudo voltou à normalidade, com o levantamento do confinamento obrigatório, imposto pelas autoridades angolanas para impedir a proliferação do vírus. “Hoje (ontem), no período da tarde, procedemos ao levantamento do cordão sanitário do Futungo, onde foram testadas 890 pessoas”, informou, Franco Mufinda. Entretanto, disse que continua o cordão sanitário do bairro Hoji ya Henda, onde se está a processar pouco mais de três mil amostras e, por esta altura, mais de 1.000 amostras já foram processadas. Sobre as actividades realizadas nas demais províncias, destacou a formação de profissionais, a educação e a desinfecção de locais públicos. Por outro lado, Franco Mufinda disse que as províncias do Bengo e Cuanza-Norte receberam materiais de bio-segurança à luz do que acontece em todos os pontos do país. E, ainda ontem, a Comissão participou, em vídeo-conferência, numa actividade que tratou da Covid-19 na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). O secretário de Estado para a Saúde Pública fez saber que o encontro serviu para a troca de boas práticas entre os países que formam a região da SADC, e que Angola também levou alguma experiência que tem até a esta data na prevenção e combate a esta doença. Franco Mufinda reiterou o uso da máscara, a higienização das mãos e a observância do distanciamento físico como medidas de prevenção para o combate à Covid-19 no país.



4 destaques política. PÁG. 8 PR defende trabalho em equipa para a mitigação das dificuldades económicas e sociais

SOCIEDADE. PÁG. 12 Aulas reiniciam com turmas divididas em duas

cartaz. PÁG. 14 Sistema Nacional dos Direitos de Autor e Conexos quer aproximar serviço ao cidadão utente

ECONOMIA. PÁG. 18 CIndústria alimentar debate-se com pagamentos internacionais”

Mundo. PÁG. 22 Chefe do Legislativo da China destaca resoluta oposição à “independência de Taiwan”

o editorial

O PAÍS

Sábado, 30 de Maio, de 2020

hoje:

J

os números do dia

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Saber ouvir para agir oão Lourenço conversou, ontem, com a sociedade civil, falou com povo e para o encontro convidou também jornalistas, uma classe que esteve bem representada. E fez bem, sem jornalismo responsável e independente não há governação, não há democracia e, em última análise, não há Lourenço Presidente. Os desafios que a classe enfrenta devem ser vistos como desafios da democracia, do Estado democrático e de direito. Muito da acção de qualquer Presidente democrata é ditado pelo que sente por via dos olhos dos jornalistas. Fazem críticas, sim, não poderia ser de outra maneira. Ajudam a melhorar a governação? Em absoluto.

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Os jornalistas em si não devem ser privilegiados, mas o seu trabalho deve merecer uma atenção especial, o seu crescimento deve ser prioridade do Estado. A boa saúde de um bom jornalismo, plural e equidistante, é uma das molas do desenvolvimento das sociedades democráticas, que se moldam ao ritmo e nos contornos do jornalismo responsável, sem amarras e de alta qualidade. Um bom jornalismo dita também uma boa governação, se quem governa sabe ouvir e interpretar. Todas as classes reunidas ontem pelo Presidente são vitais para o país, todas elas precisam de comunicar, todas elas interagem, todas elas dependem de mediadores. O Presidente entende o papel dos media. Mas vivemos um momento em que estes media estão em perigo, como nunca antes na nossa sociedade, as luzes se estão a apagar, o Estado deve optar, deve decidir se quer caminhar às escuras. Não se trata apenas dos interesses dos profissionais, trata-se do futuro, e também do presente. A meio do mandato que o povo lhe conferiu, o Presidente certamente que sabe da contribuição do bom jornalismo para a estabilidade do país num momento em que lida com uma pandemia e com uma crise económica de que o país não tem memória. O que conta agora, mais do que a política, é o país, o caminhar em conjunto, é partilhar informações, é comunicar, de forma livre e independente. Não há outra caminho.

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Temos chefes de famílias que têm na actividade jornalística a sua única fonte de receita”

Teixeira Cândico Secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos

Toneladas de medicamentos foram doados nesta Sexta-feira ao Hospital Materno Infantil do Avô Kumbi, no município luandense do Kilamba Kiaxi, para fazer fase à escassez de fármacos na unidade sanitária

Toneladas, das 380 de equipamentos de bio-segurança e hospitalares adquiridos pelo Governo Angolano à República da China, encontram-se já em Angola.

3000

o que foi dito “

A China e os países que amam a justiça não permitirão que os Estados Unidos tomem o Conselho de Segurança como refém dos seus próprios interesses” Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China

Milhões de kwanzas é o montante empregue, até ao momento, pela Administração Municipal do Cuemba, no Bié, no combate à Covid-19, desde o registo dos primeiros casos positivos da doença no país.

Famílias receberam cestas básicas, com vista a mitigar o efeito das restrições em sede da prevenção e combate à Covid-19, da Comissão Multissectorial para Resposta à Pandemia, nos quatro municípios da capital do país.

Como o sistema de saúde é frágil, não atinge a maior parte da população, está fadada ao colapso assim que houver transmissão comunitária” ONU Relatório sobre a saúde na Guiné Bissau ante a Covid-19


O PAÍS Sábado, 30 de Maio, de 2020

5 e assim... José Kaliengue Director

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com realizadora Maria João Ganga e perceba como a pandemia Covid-19 afecta o mundo cultural e artístico angolano.

O vírus do turismo

N

www.opais.co.ao Minneapolis (EUA): Homem confronta membro da Guarda Nacional durante protestos após morte do afro-americano George Floyd pela Policia da cidade (Foto: Carlos Barria/Reuters).

o que vai acontecer Kwenda O acto nacional de lançamento do programa de transferência monetária social, denominado Kwenda, acontece hoje (dia 30) na vila piscatória do Nzeto, na província do Zaire. Orçado em 420 milhões de dólares, o projecto visa reforçar o sistema de protecção social implementado pelo Executivo angolano e tem seleccionados, numa primeira fase, os municípios de Ombanja, na província do Cunene, Cambundi Katembo (Malanje), Cuito Cuanavale (Cuando Cubando) e Caculo (Huíla), além do Nzeto. O mesmo prevê atender, um milhão e seiscentas e oito famílias.

Cinema A longa metragem de ficção angolana Ar Condicionado é um dos filmes seleccionados para o festival online We Are One: A Global Film Festival, uma iniciativa do Tribeca Film Festival em parceria com o YouTube e os festivais internacionais de cinema Sundance, Cannes, Toronto, Roterdão. De acordo com uma nota citada pela ANGOP, a estreia do filme, escrito, produzido, filmado e editado integralmente em Angola, será no dia 6 de Junho (Sábado) às 16h:45 (hora de Angola). Com acesso gratuito, o festival decorre em 10 dias e poderá ser visto no link www. youtube.com/weareone.

Fora de casa Clientes sentados com distâncias seguras, desinfecção das mãos à entrada do restaurante e medição da temperatura corporal são as medidas adoptadas pelos restaurantes e similares que reabrem na cidade de Ndalatando, capital da província do Cuanza-Norte, após dois meses fechados. Numa ronda, a Angop constatou que a reabertura dos serviços de restauração, inoperantes devido ao estado de emergência, que vigorou no país de 27 de Março a 25 de Maio do corrente ano, está a ser também marcada por pouca procura por parte dos clientes.

Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

ão podemos sair por aí a viajar, por estes dias, o que é uma grande chatice. Entretanto, nem por isso deixamos de ver coisas novas e de reviver lugares. Este é um exercício muito interessante, aliás. Há dias deixei-me ficar parado a ver Angola. Folheei centenas de fotografias de cidades e vilas e convenci-me, uma vez mais, de que só não temos bom turismo porque, de facto, os que o deveriam promover nunca o quiseram fazer, ou, se calhar, nunca souberam também o que andavam a fazer nos postos que ocupavam. Não sei se com o novo figurino do ministério as peças foram substituídas ou reanimadas para fazerem acontecer. Já agora, sendo a nova ministra uma conhecida ambientalistas, bióloga, espero que não se incline o prato para a ideia de que o turismo é sobretudo ir em safari ver bichos. É também, mas tem muito mais. Lembrei-me do trabalho da arquitecta Ângela Mingas e da Associação Kalu, que queimaram dias e solas de sapatos a ensinar as pessoas a redescobrir Luanda na história das suas ruelas e fachadas velhas. Olhei para as imagens do Golungo Alto, de Moçâmedes, da Rua “5 de Outubro” do Huambo, para o traçado ondulado de Ndalatando. São deliciosas aquelas fachadas, algumas com relevos interessantíssimos, varandas com milhares de histórias de amor, certamente, e de dor também. Há cenários para a produção cinematográfica que ninguém mais tem. Não é de passagem, mas de ir ver, deixar-se inundar pela beleza, pelo frio, pela natureza dos pássaros e da vegetação... estou a recomendar uma ida ao Waco Kungo. Ah, há a Covid que impede viagens, é verdade, mas não impede a imaginação e o sonho, e muito menos a capacidade de começar a transformar cada uma daquelas imagens em histórias para contar ao mundo, para atrair gente que pague para as viver. Bem, isto se os promotores do turismo forem infectados pelo vírus de fazer o que se deve.

E também... Dia do Decorador - 30 de Maio de 2020 (Sábado) O Dia do Decorador é celebrado anualmente a 30 de Maio. Esta data homenageia o profissional que usa a sua criatividade e bom gosto para criar os mais diversos tipos de ambientes, utilizando apenas objectos de decoração. Por norma, os decoradores são profissionais formados em design de interiores (e, por isso, também são conhecidos como Designer de Interior), que utilizam técnicas visuais e de cenografia para modificar ou criar um ambiente específico em determinado espaço físico, como uma sala, quarto, escritório, cozinha e etc.


Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

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O PAÍS Sábado, 30 de Maio, de 2020

1987

30 de Maio de

no tempo do kaparandanda

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

opaís

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

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Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

30 de Maio de

1974

- O Partido Comunista Jugoslavo termina o seu décimo congresso, nomeando Josip Broz Tito Presidente vitalício do país.

30 de Maio de - O general Dimitri Yazov, aos 63 anos de idade, é nomeado ministro da Defesa da URSS, substituindo Sokolov, demitido na sequência do vôo, de mais de 900 quilómetros, do jovem alemão federal Mathias Rust, até à Praça Vermelha, em Moscovo, sem nunca ter sido detectado pela defesa aérea soviética.

1994

- O Papa João Paulo II pronuncia-se por um “não” irrevogável e “definitivo” a ordenação sacerdotal das mulheres, num documento considerado como um dos mais firmes do seu pontificado.

carta do leitor

Encontro com a sociedade civil O encontro no Centro de Convenções do Talatona, em que esteve o Presidente da República e os representantes da sociedade civil deverá ser um dos assuntos mais marcantes desta semana, a julgar pelas intervenções feitas por parte dos dignos representantes dos vários sectores. Como leitor do jornal, até porque julgo que a actividade terá merecido a vossa cobertura, gostaria de analisar, em particular, os pronunciamentos do representante do Conselho Nacional da Juventude, o jovem Tingão. Foi um autêntico desastre. Aliás, a sua abertura, cheia de elogios e uma série de adjectivos próprios de uma época que preferimos esquecer, demonstrava claramente que boa coisa daí não viria. E dito e certo. Antes mesmo da crise da Covid-19, a juventude já era uma das mais fustigadas pela situação económica e social com a falta de habitações, alimentação, empregos e outras questões que fazem com que mui-

tos mergulhem na delinquência, prostituição e uma série de vícios prejudiciais para o país. Esperávamos dele discurso mais assertivo, com propostas para a melhoria da empregabilidade e fundamentalmente o fomento do autoemprego. Está mais do que visto que o Executivo sozinho não consegue, nem conseguirá um dia resolver os inúmeros problemas que assolam o país. Por isso, a juventude é chamada, tal como se solicitava no esforço de guerra, a usar o engenho e a capacidade para se encontrar soluções para o momento actual. É bem provável que o discurso que vimos tenha sido apenas ideia desta e não das demais forças políticas ou organizações que fazem parte do Conselho Nacional da Juventude que ele preside. Uma posição colectiva talvez nos brindasse mais subsídios. Mário de Azevedo Luanda

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754



POLÍTICA

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PR defende trabalho em equipa para a mitigação das dificuldades económicas e sociais

Para João Lourenço, além da Covid-19, o país tem estado a viver um ambiente de recessão económica desde 2016, devido, principalmente, à forte dependência da economia nacional ao petróleo, pelo que todos os angolanos são convidados a contribuir com o seu talento e saber para que a estrutura económica seja definitivamente alterada, de modo a que o sector não petrolífero tenha um maior peso no PIB Domingos Bento fotos de Carlos Moco

O

Presidente da República, João Lourenço, disse, ontem, em Luanda, que as dificuldades económicas impostas pela Covid-19 obrigam ao empenho de todas as forças vivas da sociedade angolana, que deve funcionar como uma verdadeira equipa que luta para que, no final, venha a vencer, à semelhança de outras fases que o país atravessou e que só foram vencidas porque os angolanos estiveram unidos. De acordo com João Lourenço, a par da Covid-19, o país tem estado a viver um ambiente de recessão económica desde 2016, devido, principalmente, à forte dependência da economia nacional a um único produto de exportação, o petróleo, que tem evidenciado uma evolução negativa nos últimos anos. Porém, para fazer face ao actual cenário, frisou, todos os angolanos estão convocados a contribuir com o seu talento, saber e trabalho para que a estrutura económica seja definitivamente alterada, de modo a que o sector não petrolífero tenha um maior peso no PIB, na captação de receitas fiscais e de recursos externos para o país. João Lourenço, que falava durante a reunião alargada sobre o impacto da Covid-19 na economia e na vida das famílias, fez saber que a nível do Executivo medidas estão a ser tomadas para minimizar as dificuldades na vida dos cidadão se das empresas. Neste sentido, disse, para o país não resta outra

saída que não seja o aumento, com rapidez e eficácia, da produção nacional, de forma a aumentar os níveis de emprego e os rendimentos dos cidadãos e das famílias. Para o efeito, o Titular de Poder Executivo defende a concentração do saber e experiência na aceleração do ritmo de execução do programa de apoio à produção nacional, substituição de importações e promoção das exportações, vulgo PRODESI, bem como trabalhar para alcançar-se a auto-suficiência na produção dos produtos básicos de maior consumo. Assim sendo, João Lourenço apontou a necessidade de se dar os devidos incentivos aos homens e mulheres de negócios que apos-

tem na produção local. No entanto, para esses, disse que devem ser removidas todas as eventuais barreiras que ainda persistam e que tenham prioridade no acesso ao crédito e às divisas para a importação da maquinaria e matérias-primas de que necessitem. “Neste grande esforço de aumento da produção nacional, vamos trabalhar em equipa, onde jogamos cada um na sua posição, jogadores e adeptos desse club que se chama Angola e com o compromisso de levá-lo à vitória”, defendeu o Presidente, tendo acrescentado ainda que “o petróleo financiou e promoveu o surgimento de economias florescentes e pujantes nascidas das areias do deserto por

um lado, mas, por outro lado, esse mesmo petróleo se tornou num entorpecente que fez adormecer certos países na ilusão de que as receitas do petróleo compram tudo, bens e serviços de fora a preços mais baratos, estagnando, assim, as suas economias”. Revisão do OGE Já no domínio fiscal, o Presidente destacou a necessidade de revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) para o ano de 2020. Com esta revisão, esclareceu, vai-se alterar o preço de referência do barril do petróleo dos actuais 55 dólares americanos para um valor mais realista e compatível com a tendência actual que se verifi-

ca na trajectória do preço desta commodity no mercado internacional. João Lourenço referiu igualmente que as medidas tomadas pelo Banco Nacional de Angola para apoiar as empresas são também amplamente conhecidas, tendo destacado o facto de esta instituição ter aberto uma linha de crédito de 100 mil milhões de Kwanzas para adquirir obrigações do Tesouro a empresas de pequena e média dimensão que precisem de recursos de tesouraria imediata, sem quaisquer perdas decorrentes de descontos sobre o valor dos títulos em carteira. “Outras medidas estão a ser im-


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plementadas, com vista a desanuviar a pressão sobre a tesouraria das empresas com obrigações tributárias, outras para assegurar o financiamento às micro, pequenas e médias empresas do sector produtivo e outras ainda para proteger o bem-estar das famílias e assegurar a manutenção e criação de postos de trabalho”, notou. Segurança alimentar Para João Lourenço, que falava para uma plateia de mais de cem pessoas, entre membros da sociedade civil, membros do Executivo, jornalistas e outros segmentos, no actual contexto que o país atravessa, é fundamental apostar no investimento privado e na produção interna de forma diversificada, privilegiando todos os ramos da economia não petrolífera. Conforme explicou, apenas a agricultura, as pescas, a indústria transformadora, o turismo e outras, garantem, efectivamente, a segurança alimentar, o emprego sustentável e a oferta de bens essenciais às populações. Ainda de acordo com João Lourenço, para além da forte dependência da economia nacional ao petróleo e o pouco investimento privado em outros ramos, o país enfrenta igualmente a ameaça do grande endividamento externo e a sua relação com o PIB, assim como a forma de reembolso em barris de petróleo para com alguns dos principais credores. No entanto, preocupado com a sustentabilidade da dívida, João Lourenço deu a conhecer que o seu Executivo deu início à renegociação da dívida soberana e comercial com as principais instituições credoras de Angola, processo que foi interrompido por pelo menos três meses por força da pandemia da Covid-19, porém já reatado e cujos resultados serão oportunamente conhecidos. Neste quesito, fez saber que, em Dezembro de 2019, Angola liquidou a dívida com o Brasil. “Em termos da sustentabilidade das finanças públicas, para além das medidas de consolidação fiscal que temos vindo a levar a cabo, continuamos a trabalhar de forma construtiva com os nossos principais parceiros internacionais em medidas que permitem garantir o crescimento económico e a solução dos grandes problemas sociais que Angola ainda enfrenta”, explicou. Apoio social às famílias de alto risco Por outro lado, João Lourenço disse que, actualmente, apesar de o país já registar um “cenário de transmissão local esporádica” da pan-

demia da Covida-19, Angola continua, felizmente, a ser um dos países menos afectados pela doença. Porém, em razão dos sacrifícios até aqui consentidos pelo povo e atendendo à distribuição desigual da vulnerabilidade, disse que foi oportunamente decidido o apoio social às famílias de alto risco ao nível nacional, no âmbito do combate à pobreza, com a distribuição gratuita de víveres e material de higiene, extensivo às minorias étnicas do país. “Importa agora começarmos a pensar num plano de alívio para as famílias e as empresas, a ser paulatinamente adequado aos vários cenários epidemiológicos que forem surgindo, cuidando que a vida produtiva retome o seu curso dentro da normalidade possível”, avançou. De acordo com o Presidente, o mundo e Angola vivem tempos dramáticos, sem que seja possível prever a duração da pandemia e as suas consequências a médio e longo prazo no quotidiano da população e na vida económica do nosso país. Lembrou que, ao longo dos últimos 45 anos como Nação Independente, Angola enfrentou grandes ameaças à segurança nacional e à saúde pública, seca severa e inundações, mas que foram vencidas ou superada porque o angolanos agiram sempre com sabedoria, coragem e determinação. Conforme deu a conhecer, todas as medidas que possam ser impostas ou aconselhadas no âmbito de um estado de emergência ou de calamidade, servem, sobretudo, para procurar conter temporariamente a expansão geográfica e numérica da pandemia num dado território, enquanto não for descoberta e produzida alguma vacina segura para imunizar as pessoas contra a Covid-19, algo que, infelizmente, só ocorrerá provavelmente no próximo ano, segundo os grandes de laboratórios de pesquisa mundialmente reconhecidos. Ate lá, o Chefe de Estado defende a adopção de certos comportamentos diante da Covid-19, dos quais destacou o uso de máscaras em certos ambientes, manter o distanciamento entre pessoas, higienizar as mãos com frequência e evitar aglomerações e afectos físicos. “Estas boas práticas previnem também o contágio e propagação de outras doenças por vezes endémicas como a cólera, a febre amarela, o sarampo, a tuberculose, a lepra, o ébola e o marburgo que, como sabemos, vão surgindo ciclicamente no nosso continente”, apontou.

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Sociedade civil aplaude auscultação

O

encontro entre o Presidente da República e membros da sociedade civil levou ao Centro de Conferências de Talatona inúmeras figuras e líderes de opinião de vários segmentos da sociedade angolana, entre jornalistas, religiosos, políticos, autoridades tradicionais e outros intervenientes. Todos esses, para além de escutarem a mensagem do Presidente da República, levaram sugestões e considerações de forma a contribuir para a melhoria da vida social e económica das famílias e das empresas. Aos membros da sociedade civil, João Lourenço disse que na actual fase da luta contra a Covid-19 entendeu melhor alargar o diálogo, ouvindo eminentes académicos, representantes da classe empresarial privada, jornalistas e fazedores de opinião, líderes religiosos e outros, não tanto para falar dos desafios presentes, mas sobretudo para traçar as linhas da estratégia dos programas económicos e sociais no pós Covid-19 para salvar a economia. Já os líderes da sociedade civil manifestaram apoio às políticas públicas no actual contexto, sem deixarem de apontar os caminhos que o país deve percorrer para minimizar o impacto da Covid-19:

Foi bom terminar com o estado de emergência, porque estava a ser banalizado pelos cidadãos. O regresso às aulas deve ser feito mediante o cumprimento das medidas de bio-seguranca estabelecidas pelas autoridades sanitárias”

Paulo de Carvalho, sociólogo

Todo o tempo tem um propósito de Deus. É preciso prestar maior atenção e reforçar o apoio alimentar às famílias mais carenciadas, porque com as dificuldades da Covid-19 aumentaram os casos de prostituição, delinquência, alcoolismo e abuso de menores”.

Deolinda Teca, CICA

O KWENDA, programa de apoio financeiro às famílias mais vulneráveis, devia ser mais discutido com a sociedade. Espero que venha a ser discutido no futuro. Dar dinheiro para comer sem criar sustentabilidade é populismo. Deve-se olhar para a situação das micro e médias empresas que estão cada vez mais num aperto terrível e estão a fechar as portas”.

Filomena Oliveira, Empresária

Agrada-nos a abertura gradual de alguns serviços sociais nesta fase de estado de calamidade, sobretudo quando é em benefício das populações”.

Benedito Daniel, PRS

Muitos famílias que dependem da actividade jornalísticas estão a enfrentar dias difíceis. As empresas de comunicação social privadas estão a ser assoladas por uma grave crise em função da perda da sua principal fonte de receitas que é a publicadade. Se há incentivos para outras actividades comerciais, o sector da comunicação social precisa igualmente da atenção e da ajuda do Governo”.

Teixeira Cândido, Sindicato dos Jornalistas Angolanos


sociedade

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DISCRIMINAÇÃO

Mulheres expulsas de casa por contraírem o VIH O jornal OPAÍS traz a história de discriminação por que passam algumas mulheres angolanas por terem contraído o VIH. Duas mulheres perderam os seus lares por estarem infectadas e outra viu a sua residência a ser destruída pelos seus pais. Sem condições, elas clamam por um tecto, onde possam habitar dignamente com as suas crianças Jacinto Figueiredo

Stela Cambamba

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vida difícil de conviver com o vírus da SIDA no nosso país e a discriminação que ainda perdura levaram a que três mulheres ficassem com um semblante triste. As, agora, amigas, companheiras, colegas e irmãs, como carinhosamente se tratam, decidiram contar a sua história, desde que descobriram que são portadoras do VIH /SIDA. A jovem G. M., de 42 anos, mãe de dois filhos, portadora do VIH desde 2006, conta que desde que descobriu que tem a patologia passou a ser acompanhada no Hospital Esperança, mas sem o conhecimento da família. Enquanto grávida, fez todas as consultas recomendáveis para o seu estado de saúde e os filhos nasceram sem a patologia. Em 2013 foi-lhe diagnosticada tuberculose e, em função da evolução da doença, sentiu a necessidade de falar do seu estado de saúde aos seus progenitores. A notícia foi um choque para todos os membros da família, uns aceitaram e apoiaram, outros não. Os pais de G. M., dos quais ela mais precisava apoio, rejeitaram conviver com ela no mesmo tecto e/ou no mesmo quintal. Com o agravante de os pais destruírem a residência em que ela habitava com dois filhos, de quatro e cinco anos, de um quarto e sala. Com lágrimas nos olhos ,a nossa entrevistada conta que, desesperada, recorreu ao orfanato


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Jacinto Figueiredo

“Não há Órfãos de Deus”, onde já habitavam a sua filha e um neto. Observando a pouca capacidade para albergar o número de crianças que lá vivem, a responsável do orfanato viu-se na obrigação de alugar um quarto nas proximidades onde colocou G. M. e mais uma mãe soropositiva que também não tem casa. Para a sua sobrevivência, G. M. anteriormente dependia regularmente das doações vindas da associação da AJAPRAZ, mas desde o ano passado deixou de receber cestas básicas desta instituição, passando a depender apenas da alimentação vinda do orfanato no intervalo de 15 em 15 dias. Actualmente, G. M. clama por um espaço onde morar com os dois menores, tendo em conta que as crianças estão no orfanato e ela reparte um quarto arrendado igualmente pelo orfanato. Família muda de posicionamento depois da morte do marido A companheira de quarto, colega, amiga e irmã, como carinhosamente se trtam uma a outra, por estarem infectadas com o mesmo vírus, D. D., de 38 anos, mãe de um filho e viúva, tem o vírus há mais de 15 anos. Conta que inicialmente a sua família aceitou a sua situação e passou a conviver com a mesma sem qualquer obstáculo. Mas o quadro alterou-se quando o seu parceiro morreu de SIDA. Passou a sofrer discriminação e a mãe a expulsou de casa, obrigando-a a interromper o ano lectivo do filho de nove anos. Fo-

Mas o quadro alterou-se quando o seu parceiro morreu de SIDA. Passou a sofrer discriminação e a mãe a expulsou de casa, obrigando-a a interromper o ano lectivo do filho de nove anos

V.I., seropositiva, mãe de cinco filhos (um deles também VIH positivo) e “viúva da SIDA”, perdeu o emprego e agora vive nestas condições, conseguidas com a ajuda do pastor da sua igreja

pedir auxílio ao pai biológico do menino, que já tinha outra relação, viveu lá por pouco tempo, até ser convidada a abandonar a residência. Passou então a viver em igrejas, casas de amigas e recentemente viu-se obrigada a colocar o filho no orfanato, onde também pediu um espaço para dormir, “o centro de acolhimento também não tem espaço e, de momento, estou a repartir um quarto com outra colega que também tem duas crianças no orfanato”, frisou. D. D. também sonha ter um espaço para morar, nem que seja um quartinho, com sala e casa de banho, onde possa enfrentar as dificuldades. Quanto a alimentação, depende das cestas básicas que a ANASO tem dado, e a medicação tem levantado no Hospital Esperança, sem constrangimentos. A única dificuldade está em ter “dinheiro do táxi” para chegar ao local. Jacinto Figueiredo

Viver de esmolas e com o filho também seropositivo I. V. tem 45 anos e também é soropositiva. Mãe de cinco filhos, um dos quais infectado com o VIH, ela vive com esta patologia há 15 anos e tem sido acompanhada no Hospital Esperança, enquanto o filho o é na pediatria de Luanda, David Bernardino. A medicação tem sido gratuita, mas nos últimos dias regista dificuldades para adquirir medicamentos. Preocupa-se também em ter um espaço digno para viver com os seus filhos, tendo em conta que as condições em que vivem são precárias. Apesar do espaço ser seu, tendo adquirido com a ajuda do pastor da igreja que frequenta, e devido a questões de saúde por parte do líder religioso, deixou de receber apoio, bem como o salário que auferia na altura em que trabalhava. Actualmente vive numa casa de chapas de zinco. Quando trabalhava, tentou começar a obra da casa, mas agora está tudo parado. A casa de chapas está junto da obra, sem as mínimas condições, e no período chuvoso, a água entra na residência. Sendo que as dificuldades vão surgindo e piorando, ano após ano, a obra está parada há cinco anos, pelo que é obrigada a viver na casa de chapas com as crianças, mesmo correndo riscos. Por agora, I. V. clama por ajuda para terminar a construção da sua residência, no sentido de poder proporcionar uma melhor condição em termos de habitação aos seus filhos. Entre as diversas dificuldades enfrentadas e vividas, a questão de saúde do seu filho também inspira cuidados, tendo em conta que já sofreu três intervenções cirúrgicas no joelho e precisa de acompanhamento médico no exterior do país. A mãe conta que graças ao INAC, na pessoa do seu directorgeral, obteve o passaporte, mas, infelizmente, não chegaram a viajar por causa do “preconceito médico”, e hoje, o filho, de 14 anos, ainda se queixa de dores em determinadas partes do corpo. “Actualmente vivo de esmolas, se não bater à porta, seja ela qual for, os meus filhos não comem, pelo que peço encarecidamente a quem de direito, por gentileza, ajude-nos. Com algum material de construção para terminar a obra que já está a degradar-se com o tempo, ou qualquer coisa”, finalizou.


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sociedade

Aulas reiniciam com turmas divididas em duas O regresso às aulas ficará marcado com as turmas divididas em dois subgrupos, correspondendo cada a 50 por cento dos alunos, os quais devem ser atendidos em dois turnos de 2 horas e 30 minutos cada, de acordo com o Decreto Executivo nº 5/2020, de 28 de Maio do Ministério da Educação (MED) a que OPAÍS teve acesso

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MED diz que elaborou o novo calendário escolar reajustado e um conjunto de orientações pedagógicas para a reorganização das actividades lectivas após consultar os seus parceiros sociais, os gabinetes provinciais e as direcções municipais do sector.

A ministra da Educação, Luísa Maria Alves Grilo, determina que o primeiro turno do período da manhã será das 7h30 às 10h00. Durante esse espaço, serão ministrados quatro tempos lectivos, com intervalos de apenas 5 minutos. O segundo turno começará 5 minutos depois, isto é, às 10h05

e terminará às 12h35. Manter-seá a mesma quantidade de tempos lectivos e os intervalos vão durar somente 5 minutos. O mesmo exercício será feito no turno da tarde. O primeiro período começará às 12h45 e terminará às 15h15. O segundo irá das 15h25 às 17h55.

O período da manhã será das 7h30 às 10h00, serão ministrados 4 tempos lectivos, com intervalos de 5 minutos

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“Os professores trabalharão em dois turnos no mesmo período, com dois grupos de alunos da mesma turma, divididos em duas metades”, diz o documento. Para dissipar eventuais dúvidas, exemplifica que um professor de uma turma de 60 alunos trabalhará no primeiro turno com 30 alunos e no segundo turno com igual quantidade. Já para o ensino secundário, manter-se-á o horário que vigora desde o arranque do ano lectivo, mas far-se-á a divisão das turmas em dois subgrupos de igual número ou aproximado, em caso de o número de alunos ser ímpar. Para este caso em concreto, as turmas deverão ser alternadas semanalmente para receberem as aulas. “Por essa razão, as tarefas para casa devem ser reforçadas, de modo a ocupar os alunos de cada subgrupo durante a semana de pausa”, diz. O MED acredita que agindo-se deste modo, manter-se-á a carga horária do professor até que a situação se normalize e se recupere o tempo, com a fusão dos grupos. “Esta medida fundamentase nas dificuldades da redução da carga horaria, devido ao número de professores que leccionariam por turno, facto que impossibilita a divisão de cada período em

dois turnos”, diz. Acrescenta de seguida que “as competências dos alunos serão reforçadas com as tele e rádio-aulas”. O apresente ano lectivo foi reduzido a dois trimestres. O trimestre inicial começará no dia 13 de Julho e terminará no dia 28 de Agosto, serão dadas como válidas as matérias ministradas nas sete semanas lectivas que antecederam a interrupção das aulas. Já o trimestre final compreende o período de 31 de Agosto a 31 de Dezembro do corrente ano. Para este período em concreto, far-seá a adequação do sistema de avaliação em função dos dois trimestres. Ocorrerá também a redução da presença dos alunos em cada um dos turnos em 50 por cento. Durante esse período estarão suspensas as aulas de educação física, até orientações contrárias. O MED diz que para o reinício das aulas, para além das condições didáctico-pedagógicas, é fundamental o asseguramento das condições de bio-segurança, como a existência de água nas escolas, sabão e álcool gel, máscaras faciais, entre outros. “A garantia destas condições requer o engajamento dos Governos Provinciais e de outras entidades da sociedade civil”, diz o MED. DR


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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PROTEGER?

Tendo sido reportados já 81 casos em Angola, com duas mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:

1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

Sistema Nacional dos Direitos de Autor e Conexos quer aproximar serviço ao cidadão utente A instituição surgiu para responder à necessidade da adequação da estrutura orgânica e funcional do órgão de gestão administrativa do referido Sistema Nacional dos Direitos de Autor e Conexos, dentro da estratégia de implementação do funcionamento efectivo do mesmo Augusto Nunes

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Sistema Nacional dos Direitos de Autor e Conexos (SENADIAC), continua a envidar esforços para aproximar o serviço ao cidadão utente, quer ao nível de estruturas físicas que serão gradualmente instaladas nos municípios quer pela disponibilização de uma plataforma online em construção, segundo o director, Barros Licença. Este serviço, segundo o especialista, incluirá também o aumento de funcionários via contratação de pessoal necessário para o efeito, que a flexibilidade do regime jurídico dos institutos públicos permite. O foco principal é a implementação do funcionamento efectivo do sistema, com qualidade de serviços a prestar ao cidadão utente: criador, produtor ou distribuidor de bens intelectuais, na gestão e na protecção e defesa da sua propriedade intelectual, por via do mecanismo dos direitos de autor e conexos. O director adiantou que a materialização e a sustentabilidade destas acções, têm como garantia as receitas próprias que serão geradas pela aplicação das taxas de comparticipação nos custos dos cidadãos beneficiários, nas utilidades dos serviços que lhes são prestados. Salientou que, o SENADIAC, enquanto Órgão de Gestão Administrativa do Sistema Nacional dos Direitos de Autor e Conexos, é agora dotado de personalidade jurídica, autonomia

administrativa, financeira e patrimonial, integrado na administração indirecta do Estado. A instituição surgiu para responder a necessidade da adequação da estrutura orgânica e funcional do órgão de gestão administrativa do referido Sistema Nacional, dentro da estratégia de implementação do funcionamento efectivo do mesmo. Outras razões subjacentes ao surgimento do SENADIAC, segundo Barros Licença, está o de conferir ao órgão, uma natureza

e estrutura organizativa e funcional que lhe permita ter pessoal e meios para melhor cumprir a sua missão. Fases do processo Os primeiros sete meses da existência deste importante órgão, segundo o especialista Barros Licença, ocorreram de Junho a Dezembro de 2019 e foram caracterizados por transição, essencialmente dedicados à gestão dos assuntos correntes, assim como a criação de condi-

ções para o seu funcionamento, a partir deste ano, segundo a natureza e o estatuto conferidos. Barros Licença referiu que no início deste ano, o SENADIAC

A materialização e a sustentabilidade destas acções, têm como garantia as receitas próprias que serão geradas pela aplicação das taxas de comparticipação nos custos dos cidadãos beneficiários, nas utilidades dos serviços que lhes são prestados

lançou-se à materialização da autonomia que lhe foi conferida, período este que tem sido caracterizado por acções à volta das questões burocráticas para a efectivação e consolidação dessa autonomia, bem como de questões correntes, pese embora refreadas pela situação da pandemia da Covid-19. Recorde-se que o Sistema Nacional dos Direitos de Autor e Conexos (SENADIAC), completou esta Quinta-feira, 28, 12 meses desde que foi publicado, o Decreto Presidencial n.º 184/19, que permitiu a criação deste órgão, em substituição da extinta Direcção Nacional dos Direitos de Autor e Conexos (DNDAC) que, na altura, era um serviço executivo central. Mais pormenores na próxima edição.


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Hollywood ainda está longe de regressar às filmagens

Produtor Harvey Weinstein acusado de novos crimes de abuso sexual por quatro mulheres

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esmo atrás das grades, Weinstein continua a ser acusado de abusos sexuais. Agora, quatro mulheres acusamno de novos crimes, uma delas seria menor à data dos acontecimentos, em festivais de cinema. Ainda a pandemia não tinha confinado os portugueses em casa e o ex-produtor de Hollywood era condenado a 23 anos de prisão, depois de considerado culpado de acto sexual criminoso em primeiro grau e de violação em terceiro grau (o que remete para a falta de consentimento explícito). Mas, mesmo na prisão, Harvey Weinstein continua a ser acusado de novos crimes. Esta Sexta-feira é notícia que aquele que já foi um homem todo-poderoso, na indústria do cinema, foi novamente acusado pela prática de abusos sexuais: o processo que deu entrada num Tribunal de Nova Iorque acusa Weinstein de quatro novos crimes sexuais, sendo que um deles envolve uma mulher que, à data dos acontecimentos, seria menor de idade. Os crimes terão ocorrido entre 1984 e 2013, em contexto de festivais cinematográficos, como aqueles celebrados em Cannes ou Veneza. As mulheres que agora o acusam — incluindo aquela que teria 17 anos à data do alegado abuso sexual — quiseram permanecer anónimas e, de acordo com o El País, são identificadas no processo pelos nomes “Jane Doe I, II, III e IV”. A denúncia feita por es-

tas mulheres incluem o irmão e sócio de Harvey Weinstein, Robert Weinstein, e ainda produtoras como Disney e Miramax por alegadamente estarem a par do comportamento pouco apropriado do ex-magnata. Os crimes agora em cima da mesa são semelhantes àqueles que colocaram Harvey Weinstein atrás das grades. A mulher que teria 17 anos era aspirante a actriz quando, em 1994, o ex-produtor convidou-a para o seu quarto de hotel, onde terá sido sexualmente agredida e violada — findo o acto, este terá ameaçado a jovem, proibindo-a de contar o que acontecera; caso o fizesse, a sua carreira seria sabotada e seria perseguida pelos empregados de Weinstein. A acusação que diz respeito a 2013 envolve uma mulher que à data tinha 35 anos e que terá conhecido o ex-produtor no Festival de Veneza — na sequência de uma audição foi forçada a praticar sexo oral. As restantes denúncias dizem respeito a situações idênticas que terão acontecido no Festival de Cannes e ainda em Nova Iorque. Isto acontece numa altura em que o ex-produtor aguarda para ser extraditado para Los Angeles, onde um segundo julgamento se encontra pendente — o atraso deve-se à pandemia —, dado que Weinstein é ainda acusado de cinco crimes (caso seja considerado culpado, o norte-americano pode ver serem acrescentados 29 anos à sua pena de prisão).

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regresso dos estúdios de Hollywood às filmagens ainda está longe, dois meses e meio depois do início do confinamento ordenado pelo condado de Los Angeles e pelo Estado da Califórnia para conter o novo coronavírus. “Quero muito voltar a trabalhar, mas acho que é um pouco cedo”, disse à Lusa a actriz portuguesa Kika Magalhães, baseada em Los Angeles, cujo novo filme, “Castle Freak”, teve a estreia adiada por causa da pandemia. “Os números na California continuam a aumentar e estar num ‘set’ de filmagens é um risco muito grande, porque são sempre muitas pessoas num espaço pequeno e os actores obviamente não podem usar máscaras”, considerou. O cancelamento de todas as actividades causou uma disrupção sem precedentes na indústria do entretenimento, com um impacto financeiro estimado em 160 mil milhões de dólares (perto de 146 mil milhões de euros), durante os próximos cinco anos, de acordo com a firma de pesquisa Ampere Analysis. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, indicou que iria divulgar um protocolo para a reautorização das filmagens, mas os próprios estúdios responderam negativamente e até agora nenhum plano foi estabelecido. “Pelo que vi nas noticias, os estúdios ficaram bastante surpresos com esta decisão e também acham que é bastante cedo e não estão preparados”, disse Kika Magalhães. O realizador independente Gene Blalock, que lidera o estúdio Seraph Films, colocou igualmente dúvidas sobre a reabertu-

ra. “Penso que vai demorar algum tempo até que os grandes estúdios voltem ao trabalho”, disse. “Os sindicatos vão lutar contra isso durante algum tempo”. Foi o que explicou o actor David Villar, que é membro do SAGAFTRA. “O sindicato dos actores aconselhou-nos a avaliar caso a caso e a falar com eles”, afirmou à Lusa. “Ouvi falar de projectos fora do alcance do sindicato, em que os actores assinam um documento de renúncia de responsabilidade e os promotores do projecto fazem verificações de temperatura e limpeza a fundo”. Por ser uma situação arriscada, “o SAG disse que desencoraja fortemente isto”. Villar, que entrou em episódios da série da Netflix “Grace and Frankie”, “Mentes Criminosas” e “General Hospital”, explicou que o problema não é apenas a segurança e a autorização para voltar a filmar. “Os projectos estão a ter muitas dificuldades para conseguirem seguros. A indústria seguradora ainda está a lidar com todos os pedidos que foram feitos”. Sem uma apólice, embarcar num projecto que pode ter de ser suspenso se houver um surto de doença é arriscado para os estúdios. “Imagina que um protagonista ou personagem importante adoece com Covid-19. Não se pode contornar isso”. Segundo a Hollywood Reporter, a Blumhouse Productions de Jason Blum, responsável por filmes como “Get Out” e “Us”, planeia avançar com um filme nos estúdios da Universal com um orçamento de 6,5 milhões de dólares, sem seguro. O produtor é conhecido por usar equipas pequenas. Ainda sem certezas, Gene Blalock acredita que os pequenos projectos vão regressar mais depressa. “Penso que será uma boa altura

para produções independentes, não ligadas ao sindicato”, afirmou. A Seraph Films ainda não preparou o regresso, mas o realizador abordou o seu mediador de seguros sobre o próximo filme. “Se formos inteligentes e mantivermos a segurança, com equipas abaixo de 15-20 pessoas, eliminando os serviços extras e tendo refeições individuais préfeitas, vamos voltar a filmar em breve”, revelou à Lusa. “Vamos começar com pequenas produções para testar as águas e esperamos começar a próxima longa-metragem entre Agosto e Setembro”. A actriz e realizadora portuguesa Anna Carvalho, que trocou Los Angeles por Austin, Texas, falou disso como alternativa: “Voltar ao cinema independente, com menos personagens, menos actores, equipas pequenas, para podermos criar essa distância”. Na Geórgia, o actor e produtor Tyler Perry propôs um regresso ao trabalho isolando o elenco e a equipa de produção e assumindo o risco. Fora dos EUA, a Netflix retomou as filmagens de “Katla”, na Islândia, e Lucas Foster isolou a equipa para filmar “Children of the Corn”, na Austrália. “Ninguém sabe como isto vai resultar”, afirmou Gene Blalock. “São quase cobaias”, notou David Villar. O isolamento é uma das abordagens que vem sendo mais falada. “Fazem quarentena por 14 dias antes das filmagens, testam, ninguém entra ou sai e filmam assim. Estão limitados pela história que têm”, descreveu Villar. Los Angeles é o condado mais afectado pela Covid-19 na Califórnia, contabilizando 48.761 infetados e 2.201 mortos.


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cartaz

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Exposição

Serralves inaugura primeira grande exposição de Yoko Ono em Portugal

Exposição “O Jardim da Aprendizagem da Liberdade”, que abre este Sábado, junta algumas obras históricas da artista

como é que o público pode fazer as obras em casa. “Nas peças históricas temos a ‘Maçã’, que é uma espécie de ícone de Yoko Ono. Há uma obra que é muito discreta e que não é espectacular, do ponto de vista do objecto, que é o livro ‘Grapefruit’ (1964), que são todas as definições conceptuais e instruções

que Yoko Ono dá para que o público possa construir ele próprio as obras”, declarou. Philippe Vergne destaca também “EX IT”, obra realizada nos anos 1990 e constituída por cem caixões de diversos tamanhos homem, mulher, criança - e por cem árvores que deles emergem, sendo uma “metáfora construída

pela associação da vida (árvore) e da morte”, explica um comunicado do museu. A exposição, que conta com um total de 297 peças, estende-se ao Parque de Serralves, onde estão erguidas peças de palavras com cerca de dois metros de área, bem como obras como “Garden Sets”. Na exposição “O Jardim da Aprendizagem da Liberdade” pode constatar-se a “universalidade” da artista - viúva do músico John Lennon -, e como ela conseguiu “cristalizar uma época” nas suas obras, considerou Philippe Vergne, referindo que a artista sempre lutou contra todos os tipos de violência, designadamente violência contra as mulheres. “A violência feita contra as mulheres é um dos temas da obra de Yoko Ono, mas também a violência em geral”, afirmou o director do museu. “É a primeira vez que há uma grande exposição de Yoko Ono em Portugal e espero que o pú-

blico português se interesse, porque é uma exposição que, por um lado, aborda temas muito sérios, problemáticos e problemas que começaram no século XX e que continuam a construir a nossa época como o racismo”, disse Vergne. Por outro lado, “é uma exposição interactiva e dá a ideia de liberdade”. Yoko Ono “trouxe honra ao estatuto de artista ‘avant garde’ e marcou a história de arte na segunda metade do século XX”, diz Philippe Vergne. A exposição exibe também vários filmes, alguns deles realizados em parceria com John Lennon, em que se desafia a “noção tradicional de realização” para pertencer à “corrente americana da cultura do filme independente dos anos 1960”. A exposição vai também ter patentes em Serralves algumas performances criadas pela artista, como por exemplo “Bag Piece” (1964), que convida o espectador a entrar num saco, que pode ser individual ou duplo e despir-se e voltar a vestir-se, porque dentro de um saco uma pessoa é “apenas alma, despojada de qualquer característica diferenciadora”, de cor, idade ou sexo. Fonte: Jornal de Notícias

FEIRAS

LIVROS

CORONAVÍRUS

O

Museu de Serralves, no Porto, inaugura este Sábado a exposição “O Jardim da Aprendizagem da Liberdade”, de Yoko Ono, onde vão estar expostos trabalhos como “Maçã” e “EX IT”. Em entrevista à Agência Lusa, o director do museu e curador da mostra, Philippe Vergne, disse que a exposição é marcada por algumas peças históricas, como por exemplo o trabalho “Maçã” (1966) e o livro de instruções e desenhos de Yoko Ono “Grapefruit”, no qual a artista mostra

OBITUÁRIO

Morreu Larry Kramer pioneiro na luta contra a Sida

Pioneiro na luta contra a Sida, activista dos direitos LGBT, dramaturgo e argumentista, o americano Larry Kramer faleceu no dia 27 de Maio, em Nova Iorque - contava 84 anos. Segundo informação prestada pelo seu marido, o arquitecto e designer David Webster, ao jornal “The New York Times”, a morte foi provocada por uma pneumonia, não relacionada com a Covid-19. No começo da década de 1980, Kramer esteve ligado à organização Gay Men”s Health Crisis e, mais tarde, ao movimento ACT UP, tornando-se uma das personalidades dos movimentos de defesa dos direitos dos homossexuais com maior visibilidade mediática.

COVID-19

Regras para reabertura da Cultura: espectáculos sem intervalos

Feira do Livro de Lisboa realiza-se entre 27 de Agosto e 13 de Setembro

Nova história de Joanne “Jo” Rowling com 5 milhões de visualizações

Parque da Disney nos EUA planeia abrir a 11 de Julho com máscaras e medições de temperatura

A Direcção da Saúde de Portugal emitiu, esta Quinta-feira, as regras para o desconfinamento das actividades culturais: um caderno de encargos extenso, que abrange desde profissionais do sector aos espectadores, passando por regras de convivência entre ambos. A proibição de orquestras nos habituais fossos, como ainda acontece no teatro de revista, e evitar-se os intervalos, para limitar “a deambulação de espectadores” são apenas algumas das determinações, entre as regras da nova convivência social, onde se incluem as máscaras e o distanciamento físico, e as de acesso aos espaços culturais.

A 90.ª edição da Feira do Livro de Lisboa vai realizar-se nos próximos dias 27 de Agosto a 13 de Setembro, disse a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL). O evento irá assim decorrer com a “normalidade possível, tendo em conta as restrições e condicionalismos que a situação provocada pela pandemia exigir”, refere a APEL. Esta decisão foi tomada em coordenação com a Câmara Municipal de Lisboa, acrescenta a associação. Durante 18 dias, os livros vão voltar a encher o Parque Eduardo VII, através de centenas de marcas editoriais, com o objectivo de promover o livro e os hábitos de leitura, atrair visitantes de todo o país.

Os primeiros dois capítulos de The Ickabog, a nova história infantil de Joanne “Jo” Rowling, tiveram 5 milhões de visualizações nas primeiras 24 horas e foram lidos por utilizadores oriundos de 50 países, revelaram os representantes da autora de Harry Potter, citados pela revista The Bookseller. A primeira parte do conto, que não está relacionado com o universo do jovem feiticeiro, foi publicada online de forma gratuita nesta Terça-feira. Desde então, já foram disponibilizados outros seis capítulos, três dos quais esta Quinta-feira.

A reabertura dos parques da Walt Disney, em Orlando, no Estado norte-americano da Flórida, será faseada. A 11 de Julho ficarão disponíveis as secções “Animal Kingdom” e “Magic Kingdom”, mas só quatro dias depois é que o “Epcot” e o “Hollywood Studio” regressam ao activo. A lavagem de mãos e o distanciamento social será regra. A notícia, publicada esta Quarta-feira na Business Insider, surge depois de o Disney Springs — um centro comercial dedicado ao universo Disney — ter aberto portas no final da semana passada.


OPINIÃO

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Neusa Calequera

Sempre alerta para servir

e se Uma rádio qu o das p mantém no to e tem u audiências e q quatro s emissoras na is a províncias m nda, a populosas (Lu uela g Huambo, Ben e Huíla).

M Luanda 99.1 F FM Benguela 96.3 FM Huambo 89.9 99.3 FM Huíla

M

orreu Dom Oscar Braga, Bispo emérito da Província de Benguela. Dos seus tempos como timoneiro da igreja católica na Província de Benguela, lembro-me da sua omnipresença, da sua activa participação em eventos eclesiásticos e sociais. Dom Oscar era comunicativo, gostava de multidões, gostava de aparecer. Lembro da pena que tive do seu sucessor, Dom Eugénio dal Corso, que era muitas vezes ofuscado inclusive em eventos em que deveria ser ele o centro das atenções, mas para nós, povo, comunicação social e demais, o nosso Bispo continuava a ser Dom Oscar, aquela pessoa de quem conseguíamos nos aproximar, com quem nos

identificávamos e com quem facilmente conseguíamos nos comunicar. É realmente emérito, como eméritas são as suas obras. Lembro-me do impulsionamento que deu ao renascimento do escutismo em Angola, sendo eu parte do primeiro grupo de escuteiros da igreja do Pópulo em Benguela, da era pós colonial, lembro-me como hoje, do Bispo e da nossa madre instrutora,a Irmã Furtado, a quem chamávamos de miss baixinha , do incentivo e apoio com a sua presença falando na primeira pessoa de suas experiências. Outros movimentos como a Promaica (por ele criada), a ativação do movimento das Cáritas, tudo obras avivados por Dom Oscar. E as suas obras deram frutos e estão aí

para que todos as possam ver. Dom Oscar Braga deu a primeira comunhão à minha filha primogénita. Que honra. Da sua bondade indescritível, guardo como exemplo ter dado moradia a um conhecido homem mau e sua família, um facínora que muitas vidas arruinou; este, uma vez caído em desgraça, foi salvo pelo sentido de perdão, bondade e humildade característicos de Dom Oscar. Tenho pena que em tempos de Covid 19 não possamos todos estar presentes e fazer uma homenagem grandiosa em moldura humana presente, à altura deste grande líder da igreja católica, a quem o Senhor chamou num momento em que só humildes homenagens podem ser feitas, humilde homenagem para um homem humilde


Economia

entrevista de Ireneu Mujoco fotos de DR

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Luís Nicácio Indústria alimentar debate-se com pagamentos internacionais”

O empresário Luís Nicácio, ligado

à indústria alimentar, através da Mestre Akino, Indústrias de Carnes, Lda, acredita que com o fim da pandemia Covid-19, a economia angolana poderá voltar aos bons tempos, em geral, e, em particular, a indústria alimentar, que neste momento debate-se com dificuldades na importação e pagamentos internacionais, segundo declarou em entrevista a OPAÍS

N

o quadro actual, como é que está o sector da indústria alimentar face à Covid-19? Como o resto de todas as actividades no país, com as restrições que a situação impõe, sendo que o mais importante é a preservação da vida humana. É vital que num período de pandemia, a cadeia de distribuição alimentar não deixe de desempenhar o seu papel.

Tudo o que nós produzimos faz parte da dieta alimentar dos angolanos

E no caso concreto da vossa indústria? No caso da nossa indústria, como dependemos ainda da importação de matérias-primas e subsidiárias, por insuficiência de oferta interna, fomos afectados com as dificuldades na importação e pagamentos internacionais. Caso a situação da Covid-19 se mantiver ainda por mais tempo, há receio que a indústria transformadora venha a sofrer alguma “metamorfose” para mantêla funcional. A metamorfose é uma situação evolutiva (quando é natural),


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julgo que neste caso teremos que falar mais de uma adaptação. O nosso contexto nacional é muito específico. O que é que vão adaptar concretamente? Teremos que readaptar estratégias, perceber as necessidades do mercado, entender para onde caminha o poder de compra da nossa sociedade. Esta adaptação é para sobreviver, certo? Para sobreviver teremos que nos adaptar, sendo o nosso maior receio a escassez das matérias-primas, quer no mercado internacional quer no mercado nacional, porque a pandemia é global e o fecho dos países tem provocado profundas modificações na produção e na logística dos transportes. Como é gerir uma cadeia alimentar, nessas circunstâncias que o país está a atravessar em termos de recessão económica associada à Covid-19? Na verdade, o segredo é a nossa resiliência e o acreditarmos na inevitabilidade da necessidade de uma indústria nacional forte e diversificada. A realidade não é cor-de-rosa, pois deparamonos, com uma série de problemas que, a bem da verdade, desanimam o industrial, como por exemplo a flutuação quase permanente da taxa de câmbio, o excesso de burocracia para importação das matérias-primas, as dificuldades nos pagamentos internacionais, para referir o essencial. O senhor é proprietário de uma fábrica de charcutaria na Zona Económica Especial LuandaBengo, como está o seu funcionamento? Lamentavelmente estamos parados temporariamente, por falta de matéria-prima, resultado, como referi acima, do excesso de burocracia na importação dos insumos da indústria o que, como podem calcular, não nos permite uma produção com custos eficientes. Neste contexto é difícil competir com os produtos importados. Fazemo-lo, com sacrifício das nossas margens de lucro. Foi um investimento de mais de quatro milhões de dólares, está a corresponder às expectativas?

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Caso a situação da Covid-19 se mantiver ainda por mais tempo, há receio que a indústria transformadora venha a sofrer alguma “metamorfose” para mantê-la funcional Eu diria que sim, porque o nosso produto foi bem aceite no mercado nacional, não oferecendo qualquer problema a colocação (venda) de toda a nossa produção. Naturalmente poderíamos estar com um outro nível de actividade, se não fossem as causas que atrás enumerei, porque nós acreditamos na indústria nacional, assim como o nosso projecto. Tudo o que nós produzimos faz parte da dieta alimentar dos angolanos. Além do chouriço, cuja produção varia entre 300 e 350 mil unidades/mês, perfazendo um total de 50 toneladas/ mês, quais são os outros produtos que a fábrica produz? Para além dos chouriços correntes, extra, picante e morcelas, que perfazem as cerca de trezentas mil unidades mês, também produzimos o bacon e o salpicão, bem como a carne salgada (suína). Está satisfeito com esse nível de produção, apesar do actual momento que o país vive? Eu diria que não. Porque com os constrangimentos que vamos tendo de forma constante, associados aos problemas já acima referidos, não conseguimos atingir a nossa capacidade mensal de produção, o que nos causa profunda frustração, porque sabemos que temos essa capacidade disponível e de que, tudo o que produzimos, é insuficiente para as necessidades de consumo de Angola.

Tem produtos para todos os gostos e bolsos? Sim. Por exemplo queremos que o nosso chouriço corrente faça parte da cesta básica dos angolanos, porque, como já disse em outras ocasiões, vivenciando-o na 1ª pessoa: -“com meio pacote de massa e meio chouriço faz-se uma refeição”. Na diversidade da nossa oferta de enchidos, temos pois, produto para todos os gostos e bolsos. O senhor tem também um projecto de suinicultura. Em que pé está? Temos sim um projecto de suinicultura intensiva há algum tempo. Já apresentámos esse projecto à banca nacional, sem ter obtido qualquer resposta, estando neste momento, ao abrigo do PAC, a prepararmo-nos para submeter à banca, um pedido de financiamento, no âmbito do alongamento do nosso posicionamento na fileira da carne de suíno. É uma actividade que deve ser estimulada? Acreditamos que a suinicultura é uma actividade que deve ser estimulada e apadrinhada, porque ela poderá contribuir, significativamente, no aporte de proteína animal à dieta alimentar das nossas populações, assegurando igualmente o fluxo de insumos às agro-indústrias situadas a jusante da cadeia de valor, como é o caso da nossa indústria de enchidos.

Diversificar a economia é um imperativo da política económica nacional. Julgo que a actual crise pandémica deixou isso bem visível para todos

Augura por melhores dias para economia angolana após à Covid-19? Auguro sim. Os momentos de dificuldade trazem-nos sempre importante aprendizagem. Já dizia o filósofo, que a necessidade aguça o engenho. Entendo que houve um despertar de consciências e de que estamos todos cientes de que, não há nenhum futuro, no nosso modelo

económico de quase totalidade de dependência de um só produto, pertencente a um mercado volátil, como a presente crise bem o demonstrou. Diversificar a economia, não pode ser um slogan. Diversificar a economia é um imperativo da política económica nacional. Julgo que a actual crise pandémica deixou isso bem visível para todos.


análise

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O BNA registou um resultado líquido de 90.091 milhões Kz em 2019, segundo o relatório anual da instituição

O montante representau mincre mento de 385% face a operío do anterior, o equival ente a 71.499 milhões Kz, reflex do aumento da margem financeira em 60,12%, tal como, das comissões líquidas em cerca de 19,61%, com impactos sobre a capacidade da instituição dar suporte à economia ESPAÇO INTERNACIONAL

ESPAÇO ANGOLA

A

moeda nacional, o Kwanza, fixou-se em cerca de 575,442 por unidade de dólar norte- Americano na sessão realizada ontem. A cotação revela uma apreciação de 1,6% face ao dia anterior, o que terás ido influenciado pelo a juste das expectativas dos agentes económicos, com efeitos sobre aprocura por Obrigações Indexa das à taxa de câmbio.

O ajuste das expectativas dos investidores impulsionou a cotação do crude

Ataxa de desemprego atingiu 2,6% em Abril.O registo representa um aumento mensal de 0, 1p.p. e homólogo de 0,2p.p.. Os sectores manu factureiro, vendas a retalho, restaurants e de serviços de acomodação registara masmaiores reduces de funcionários, em consequência daredução da procura pelos mesm os nocenário de COVID - 19.

MERCADOS Petrolífero Brent:+1,58%(35,29USD/ barril ).O ajuste das expectativas dos investidores impulsionou a cotação do crude.

Cambial EUR:+0,65% (1,1077USD). A implementação de medidas de suporte económico à Zona Euro tem favorecido a cotação do euro.


OPINIÃO

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Alberto Kizua

Letra C

D

e certeza absoluta, uma das palavras que hoje mais se houve falar, pronunciar e escrever no universo é, sem dúvida, a que começa com a letra C. — Letra que de tão famoso, mas diferente dos ditos famosos que se demonstram capazes de qualquer sacrifício para alcançarem o estrelato sem se importar como lá chegar. Hoje vale tudo, tudo vale em nome da malcriadez e mediocridade que continuarão bem registados nas nuvens dos imensos provedores espalhados nas redes sociais, para uma posteridade que para alguns será vergonhoso. Como assunto é de cada um e de cada qual, voltemos à questão que nos anima de momento, que é a letra C; pois, mesmo sabendo que não iria encontrar o significado do COVID-19, obviamente, arrisquei-me esfolhar as páginas do dicionário do século XXI, edição de 1999, de Jacques Attali, onde, entre as 51 palavras consignadas a letra C, chamaram-me atenção oito delas que coincidem com a primeira letra da abreviatura à designação dada ao novo coronavírus, que causou infecção, surgida na cidade de Wuhan na China, em 2919, designadamente: Campo-Residência de luxo da chamada superclasse, nómada, lugar privilegiado da cocooning. Um amplo movimento para ele levará uma parte cada vez mais importante das populações urbanas. Reanimar-se-ão algumas aldeias. Nele surgirão serviços novos. Uma nova organização do trabalho e uma nova arquitectura serão também inventadas. Capital — Uma das grandes invariantes do próximo século, mesmo se outras fontes de poder vierem aparecer. Nos nossos dias, os que controlam o capital dele se servem para dominar a informação; no futuro, os que controlarem

a informação dominarão o capital. A manipulação e desinformação é cada vez patente nesta era. China — Salvo se desfizer aos pedaços, a China tornar-se-á a primeira economia mundial em finais do século XXI. Para tal, ser-lhe-ia necessário abrir-se ao estrangeiro e à influência das redes dos chineses de além-mar. A sua diáspora tarar-lhe-á então tecnológico, capitais, mercados e a cultura de uma modernidade de que ela saberá, na sua três vezes milenária sabedoria, apropriar-se e que não deixará de reinventar. Chip- Exemplo particularmente espetacular de um futuro progresso assegurado: durante pelo menos dez anos, o número de transístores instalados num centímetro quadrado de microprocessador continuará a duplicar de dezoito em dezoito anos. Em 1971, 4004 Intel contava dois mil e trezentos elementos; em 1998, existiam cinco milhões e meio Pentium Pro, em 2010, atingiram os cem milhões. Para ir ainda mais longe, multiplicar-se-ão os circuitos com a ajuda de raios X, e já não com ultravioletas, para obter comprimentos de onda mais curtos. Substituir-se-á o quartzo por fluorina no vazio ou por gases inertes. Chip — Exemplo particularmente espetacular de um futuro progresso assegurado: durante pelo menos dez anos, o número de transístores instalados num centímetro quadrado de microprocessador continuará a duplicar de dezoito em dezoito anos. Em 1971, 4004 Intel contava dois mil e trezentos elementos; em 1998, existiam cinco milhões e meio de Pentium Pro, em 2010, atingiram os cem milhões. Para ir ainda mais longe, multiplicar-se-ão os circuitos com a ajuda de raios-X, e já não com ultravioletas, para obter comprimentos de onda mais curtos. Substituir-se-á o quartzo por fluorina vazio ou por gases inertes.

Cidadão — Esta concepção elementar da cidadania é a mais audaciosa possível. Fundada sobre o simples facto de se viver num solo — nem sequer mesmo de nele se ter nascido, nem de nele se permanecer sempre e até à morte

Nos países que fizerem a opção de recusar conhecer estas vantagens aos estrangeiros, a cidadania tornar-se proprietário para aspirar ao estatuto de cidadão

—, continuará vanguardista ainda no século XXI. No momento em que ela vier a ser admitida, surge a possibilidade de ser se cidadão de vários países ao mesmo tempo: aquele em que se vive como aquele em que já se terá vivido. Pertencerá a cada estado reconhecer para aquele que designará como seus o direito de beneficiarem de certos privilégios (educação, acesso a cuidados e encargos, rendimentos mínimos, etc.) Nos países que fizerem a opção de recusar conhecer estas vantagens aos estrangeiros, a cidadania tornar-se proprietário para aspirar ao estatuto de cidadão. Noutros países, ainda que deixarem ao mercado a responsabilidade de decidir, o título de cidadão poderá ser comparado a preço flutuante, determinado pelo mercado, vendendo o estado os seus passaportes como vende, actualmente, as suas divisas aos que mais oferecem. Cidades — Nunca morrem, mas rejuvenescem. Mesmo as megalópoles mais demenciais (como Kinshasa ou Manila) continuarão a funcionar como puderem. E por último, o Cocooning, que, ao mesmo tempo o nomadismo, e em contradição com ele, reforçarse-á a tendência ancestral dos homens, e sobretudo até das mulhe-

res, para procurarem refúgio num ninho, para aí se protegerem, se aconchegarem, até chegarem ao ponto de nunca mais dele quererem sair, sedentários sitiados. As tecnologias da informação permitirão preencher o seu domicílio; num grande número de profissões, as telecomunicações tornarão possível o trabalho realizado no próprio domicílio; as redes sociais multimédia permitirão comprar praticamente tudo sem se sair de casa, e efectuar qualquer operação bancária será necessário dirigirmo-nos a uma agência. Tornar-se-á igualmente possível aprender fora de casa as formas de cozinha e de todas as distracções, desportos e viagens (evidentemente virtuais). Em conclusão, poderá levar-se uma vida mais ou completa, do nascimento à morte, sem se ser obrigado a pôr o nariz de fora. A realidade virtual virá transformar o movimento em serenidade virtual e o cocooning em nomadismo imaginário…é caso para dizer que Jacques Attali tinha razão. Aqui uma pergunta se coloca, onde fica o transnacionalismo que segundo alguns teóricos, dános o direito de deslocar de um lugar para outro? Até lá.


Mundo

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Chefe do Legislativo da China destaca resoluta oposição à “independência de Taiwan” O presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Li Zhanshu, sublinhou na Sextafeira o total reconhecimento da importância da Lei Anti-Secessão, e pediu forte oposição à “independência de Taiwan” e firme progresso rumo à reunificação da China

L

i, que também é membro do Comité Permanente do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC), fez a declaração ao discursar num simpósio no Grande Palácio do Povo para marcar o 15º aniversário da implementação da Lei Anti-Secessão. Ele considerou a lei como uma importante parte dos sistemas e instituições destinados a defender “um país, dois sistemas” e promover a reunificação pacífica da China. Li explicou que a lei é uma regra importante que apoia os esforços para cumprir a responsabilidade política e a missão de se opor à “independência de Taiwan” e promover a reunificação. Desde a sua implementação há 15 anos, a Lei Anti-Secessão vem oferecendo uma sólida garantia legal para salvaguardar a paz e a estabilidade através do Estreito de Taiwan e promover os la-

ços através do Estreito, acrescentou Li. Por algum tempo, as forças separatistas que defendiam a “in-

dependência de Taiwan” julgaram mal a situação e continuaram com as suas provocações, disse Li.

Eles ameaçaram severamente os interesses vitais dos compatriotas de ambos os lados do Estreito de Taiwan e os interesses fundamentais da nação chinesa, prejudicaram gravemente a paz e a estabilidade através do Estreito e desafiaram seriamente o limite para proteger a soberania e a integridade territorial da China, assinalou ele, enfatizando determinadas etapas para conter e combater esses actos. “O facto histórico e jurídico de que Taiwan faz parte da China nunca pode ser mudado, não importa como eles e as forças estrangeiras conspirem e apresentem o seu show”, disse Li. “’A Independência de Taiwan’ é um caminho que leva a lugar nenhum”, acrescentou. O chefe do Legislativo pediu às pessoas de ambos os lados que se unam em oposição à “independência de Taiwan” e busquem a reunificação da China. Sempre preocupados com os

interesses e o bem-estar dos compatriotas de Taiwan, o Partido Comunista da China e o Estado estão a trabalhar para criar condições para os intercâmbios e a cooperação através do Estreito, continuou. Rejeitando a interferência estrangeira, Li disse que resolver a questão de Taiwan e alcançar a reunificação nacional fazem parte dos assuntos internos da China. “O conceito de ‘reunificação pacífica e um país, dois sistemas’ é a melhor abordagem para a realização da reunificação nacional”, enfatizou Li, acrescentando que a adesão ao princípio de Uma Só China é a base para alcançar a reunificação pacífica da China. “Estamos dispostos a criar um vasto espaço para a reunificação pacífica, mas definitivamente não deixaremos nenhum espaço para actividades separatistas em prol da ‘independência de Taiwan’ de qualquer forma”, disse ele.

Trump diz que EUA vão iniciar processo para retirar privilégios de Hong Kong

O

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse, nesta Sexta-feira, que determinou ao seu Governo que inicie o processo para eliminar o tratamento especial concedido a Hong Kong em resposta aos planos da China de impor uma nova legislação de segurança para o território. Trump fez o anúncio numa entrevista colectiva na Casa Branca, dizendo que a China havia quebrado a sua palavra sobre a autonomia de Hong Kong. Ele disse que a acção chinesa contra Hong Kong era uma tragédia para o povo de Hong Kong, a China e o mundo. A medida anunciada por Trump ocorre depois de a China ter avançado com os planos de impor uma nova legislação de segurança nacional, e após o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmar que o território não merece mais o tratamento especial sob a lei dos EUA que permitia

que permanecesse como um centro financeiro global. Hong Kong alerta EUA que anular status especial é “faca de dois gumes” Hong Kong aconselhou os Estados Unidos a se absterem do debate sobre uma legislação de segurança nacional a impôr pela China, e alertou que a revogação do estatuto especial do pólo financeiro em respeito a uma lei dos EUA se voltaria contra a economia norteamericana. A ex-colónia britânica vem sendo assolada por tumultos civis devido ao receio de que Pequim esteja a limitar o alto grau de autonomia de que desfruta graças à fórmula “um país, dois sistemas” adoptada quando voltou ao controlo chinês em 1997. “Quaisquer sanções são uma faca de dois gumes que prejudicará não só os interesses de Hong Kong,

mas também os dos EUA significativamente”, disse o Governo Hong Kong na noite de Quinta-feira. Entre 2009 e 2018, o superavit comercial norte-americano de 297 biliões de dólares com Hong Kong foi o maior entre todos os parceiros comerciais de Washington, e 1.300 empresas dos EUA têm sede na cidade, disse o Governo de Hong Kong. Pequim disse que a nova legislação, que provavelmente entrará em vigor antes de Setembro, combaterá a secessão, a subversão, o terro-

rismo e a interferência estrangeira na cidade, e também pode levar agências de inteligência chinesas a montarem bases em Hong Kong. O Ministério da Segurança Pública da China (MPS) disse que irá “direccionar e apoiar a Polícia de Hong Kong para deter a violência e restaurar a ordem”. A Polícia de Hong Kong é independente da China, e o MPS não tem poder para aplicar a lei na cidade. Nesta semana, um batalhão de choque disparou gás pimenta para dispersar milhares de manifes-

tantes durante o primeiro grande tumulto da cidade desde que manifestações anti-Governo a paralisaram no ano passado. Houve uma pausa na agitação, em parte por causa do surto do novo Coronavírus, neste ano. Autoridades chinesas e o Governo de Hong Kong dizem que a legislação não ameaça a autonomia da cidade e que os interesses de investidores estrangeiros serão preservados. O principal conselheiro económico de Trump, Larry Kudlow, alertou que agora Hong Kong pode ter que ser tratada como a China no tocante ao comércio e outras questões financeiras, e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu que as autoridades permitam que manifestantes pacíficos exerçam a liberdade de expressão e de reunião livremente.


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Trump rompe com Organização Mundial da Saúde

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Omar Jimenez quando era preso em directo nas ruas de Minnesota

Polícia de Minnesota prende ao vivo repórter da CNN que cobria protestos de Mineápolis

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ma patrulha do Estado norte-americano de Minnesota prendeu um repórter da CNN que cobria os protestos de Mineápolis, ao vivo, no início da manhã desta Sexta-feira sem dar nenhum motivo e o levou embora algemado, assim como três membros da sua equipa. O repórter negro Omar Jimenez, que posteriormente foi solto juntamente com os membros da sua equipa, havia acabado de mostrar um manifestante a ser preso quando meia dúzia de agentes policiais brancos o cercaram. “Podemos recuar para onde vocês quiserem”, disse ele aos agentes policiais, que usavam máscaras antigás e escudos faciais, e em seguida explicou ao vivo que ele e a equipa eram membros da imprensa. “Vamos sair do seu caminho”. “Estamos entre a unidade da patrulha estadual que avançava pela rua, vendo e dispersando os manifestantes àquela altura para as pessoas livrarem a área. E por isso nos afastamos”, disse Jimenez antes de ser informado que estava a ser preso e algemado por dois agentes policiais. “Por que estou preso, senhor?” A Quinta-feira testemunhou a terceira noite de incêndios criminosos, saques e vandalismo em Minnesota em reacção à morte de George Floyd, um homem negro que foi filmado a sufocar, enquanto um polícia branco se ajoelhava sobre o seu pescoço. “Um repórter da CNN e a sua

equipa de produção foram presos nesta manhã em Minneapolis por fazerem o seu trabalho, apesar de se identificarem —uma clara violação dos direitos da primeira emenda. As autoridades de Minnesota, incluindo o governador, devem libertar os três funcionários da CNN imediatamente”, escreveu a CNN no Twitter antes de o repórter ser solto. “O que me dá um pouco de conforto é que isso aconteceu ao vivo na TV”, disse Jimenez aos telespectadores após ser solto. “Vocês não têm de duvidar da minha história, ela não foi filtrada de nenhuma forma, vocês a viram com os próprios olhos.” O governador Tim Walz declarou estado de emergência e ordenou a activação da Guarda Nacional, e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insinuou num twitt que os saqueadores serão baleados. O Twitter o acusou de violar as suas regras ao “glorificar a violência”. Governador de Minnesota pede fim da violência e diz esperar por justiça rápida no caso Floyd O governador de Minnesota, Tim Walz, pediu, nesta Sextafeira, o fim dos protestos violentos que abalaram a capital do Estado, Mineápolis, após a morte de um negro desarmado sob custódia da Polícia, e disse esperar por uma justiça “rápida” para os polícias envolvidos. Walz também prometeu enfrentar as desigualdades raciais

por trás da agitação, mas disse que primeiro a Guarda Nacional do Estado trabalharia para restaurar a ordem após três noites de incêndios, saques e vandalismo. Os protestos foram provocados por indignação pela morte de George Floyd, um homem negro que foi filmado a pedir ajuda, enquanto um agente policial branco o prendia no chão com o joelho no seu pescoço. Floyd, de 46 anos, morreu na Segunda-feira. “Temos que restaurar a ordem na nossa sociedade antes que possamos começar a abordar a questão”, disse Walz em entrevista a jornalistas, referindo-se a décadas de divisão racial nos Estados Unidos. “Não podemos ter os saques e a imprudência que ocorreram”. Walz também pediu desculpas pela prisão de um repórter da CNN e a sua equipa, que foram algemados durante uma transmissão ao vivo na televisão nesta Sexta-feira perto de uma delegacia da Polícia que foi queimada durante a noite. Oficiais não deram qualquer explicação para terem detido o repórter da CNN Omar Jimenez, um produtor e um operador de câmara. A equipa havia acabado de mostrar um manifestante a ser detido, quando cerca de meia dúzia de gentes policiais com máscaras de gás cercaram Jimenez. Eles foram libertados cerca de uma hora depois de terem sido detidos.

Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou, nesta Sexta-feira, a ruptura do seu país com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Depois de meses a acusar a OMS de favorecer a China, Donald Trump anunciou, nesta Sextafeira, que as contribuições do seu país para a entidade serão redireccionadas a outras organizações. “Como eles falharam em realizar as reformas solicitadas e muito necessárias, encerraremos hoje o nosso relacionamento com a Organização Mundial da Saúde e redireccionaremos esses fundos para outras necessidades mundiais e merecedoras de saúde pública global”, disse Trump aos jornalistas na Casa Branca. Os EUA são o maior contribuidor financeiro da OMS, fornecendo à agência da ONU entre USD 212 milhões e USD 513 milhões por ano. No ano passado, a contribuição norte-americana à entidade foi de USD 453 milhões, segundo dados do Governo dos Estados Unidos. Trump aproveitou a ocasião para acusar mais uma vez a China de controlar as decisões da OMS. Segundo o chefe de Estado norte-americano, o país oriental é um dos principais respon-

sáveis pela actual pandemia da Covid-19. “O mundo está a sofrer agora como resultado dos erros do Governo chinês”, disse Trump. “O mundo precisa de respostas da China sobre o vírus. A gente precisa de transparência”, concluiu. Trump também criticou as leis sobre segurança de Hong Kong, aprovadas pelo Governo chinês. Trump ainda prometeu adoptar sanções aos políticos de Hong Kong, responsáveis pela diminuição da autonomia da cidade em relação à China continental. “A recente incursão da China [...] deixa claro que Hong Kong não é mais autónoma o suficiente para receber o tratamento especial que demos ao território”, afirmou Trump.

Hospitais dos EUA têm forte redução no uso da hidroxicloroquina contra o novo Coronavírus

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ospitais dos Estados Unidos informaram ter recuado sobre o uso da hidroxicloroquina, droga contra a malária defendida pelo Presidente Donald Trump como tratamento contra a Covid-19, depois de vários estudos sugerirem que o medicamento não é eficaz e pode representar um risco significativo. As esperanças iniciais a respeito do medicamento foram baseadas, em parte, em experimentos de laboratório e as suas propriedades anti-inflamatórias e antivirais. Mas até agora a sua eficácia não foi comprovada em testes em humanos, e pelo menos dois estudos sugerem que pode aumentar o risco de morte.

Vários hospitais que há dois meses disseram à Reuters que usavam hidroxicloroquina, frequentemente, para pacientes com Covid-19 recuaram. Os pedidos do medicamento caíram para um décimo do pico do final de Março, para cerca de 125.000 comprimidos na semana passada, disse a Vizient Inc, compradora de medicamentos para cerca de metade dos hospitais dos EUA. A redução significativa no uso é um sinal de que os médicos dos EUA não acreditam mais que o potencial benefício da droga supera os riscos. Nesta semana, alguns governos europeus proibiram o uso de hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19.


actual

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Ataque a Taiwan é opção para impedir independência, diz general chinês A China atacará Taiwan se não houver outra maneira de impedir que se torne independente, disse um dos generais mais graduados do país, nesta Sexta-feira, abrindo uma escalada retórica que visa a ilha que Pequim reivindica como sua

E

m declaração no Grande Salão do Povo de Pequim no 15º aniversário da Lei Antissecessão, Li Zuocheng, chefe do Estado-Maior Conjunto e membro da Comissão Militar Central, deixou a porta aberta para o uso da força. A lei de 2005 dá ao país uma base legal para uma acção militar contra Taiwan se esta se separar ou parecer prestes a fazê-lo, o que tornaria o Estreito de Taiwan um foco de acção militar em potencial. “Se a possibilidade de reunificação pacífica se perder, as Forças Armadas do povo incluirão, com a nação inteira, o povo de Taiwan, tomarão todas as medidas necessárias para esmagar resolutamente quaisquer complôts ou acções separatistas”, disse Li.

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A possibilidade do recurso à guerra para reintegrar Taiwan foi lançada

“Não prometemos abandonar o uso da força, e reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias para estabilizar e controlar a situação no Estreito de Taiwan.” Embora a China nunca tenha renunciado ao uso da força para subjugar Taiwan, é raro um militar de alto escalão fazer a ameaça em público tão explicitamente. Os comentários são especialmente impactantes por coincidirem com o repúdio ocidental ao facto de o Governo chinês ter sancionado uma nova legislação de segurança nacional para Hong Kong, que a China controla. O Governo de Taiwan rechaçou os comentários, dizendo que ameaças de guerra são uma violação da lei internacional e que a sua nação jamais foi parte da República Popular da China.

“O povo de Taiwan nunca escolherá a ditadura nem se curvará à violência”, disse o Conselho de Assuntos Continentais taiwanês. “Força e decisões unilaterais não são a maneira de se resolver problemas.” Li é um dos poucos militares graduados da China com experiência de combate, já que participou na incursão chinesa no Vietname em 1979. Taiwan é a questão territorial mais complicada da China, que a considera uma província chinesa e critica o apoio do Governo do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à ilha. Li Zhanshu, o terceiro líder mais graduado do Partido Comunista chinês e chefe do Parlamento, disse no mesmo evento que meios não-pacíficos são uma opção de último caso.

Sindicatos da África do Sul dizem aos professores para desafiar o Governo, ficar longe da escola

O

s sindicatos de professores e associações governa mentais da África do Sul instaram os seus funcionários, na Sexta-feira, a desafiar uma ordem do Governo de voltar à escola na próxima semana, dizendo que as escolas ainda não tinham equipamento de protecção (EPI) para manter educadores e alunos em segurança. O Estado mais industrializado de África reabrirá a economia no dia 1 de Junho, após dois meses de bloqueio que aprofundou uma recessão e deixou milhões de desempregados. O Presidente Cyril Ramaphosa a impôs para impedir uma epidemia de Covid-19 no tipo de escala que devastou as nações ocidentais. O país tem mais de 27.000 casos confirmados, mas ape-

nas 577 mortes por Covid-19, a doença respiratória causada pelo novo Coronavírus. A ministra da Educação Básica, Angie Motshekga, disse na semana passada que as escolas seriam reabertas, mas apenas para da 7.ª e 12.ª classes, os últimos anos da escola primária e secundária, respectivamente. “O sistema educacional (...) não está pronto para a reabertura de escolas. Se o EPI (equipamento de proteção, como máscaras e desinfetante para as mãos) não tiver sido entregue até agora, são poucas as probalidades de que todas as escolas o tenham na Segunda-feira ”, disse o comunicado conjunto. “Portanto, pedimos a todas as escolas (...) que não reabram até que as questões não-negociáveis sejam entregues.” Motshekga instou os sindicatos de professores a não obs-

truir aqueles que querem voltar à escola. Na Segunda-feira, a economia da África do Sul retornará à capacidade máxima, à medida que passa para o bloqueio do “nível três”, suspendendo o toque de recolher, a restrição de exercícios ao ar livre e a proibição da venda de álcool e reabrindo parcialmente as escolas. Muitas das escolas governamentais da África do Sul estão em péssimas condições, especialmente nas áreas rurais, e analistas dizem que um quarto delas não tem água corrente - tornando a lavagem das mãos quase impossível. A Comissão de Direitos Humanos da África do Sul, na Sexta-feira, também pediu ao Governo que reconsidere a decisão de começar a abrir escolas até que estejam melhor preparadas.

ONG ameaça contestar em tribunal reabertura de escolas na África do Sul O fundador do movimento One South Africa (OSA), Mmusi Maimane, contestará nos tribunais a reabertura das escolas, prevista para a próxima semana, soube a PANA de fonte oficial na cidade da Praia. O ex-líder da Aliança Democrática (DA, sigla em inglês), Oposição oficial, lançou, na semana passada, uma petição nacional em que exorta o Governo a abrir as escolas apenas dentro de três meses devido à gravidade da pandemia da Covid-19 (coronavírus). Há actualmente 25 mil 957 casos confirmados na África do Sul, ou seja o número de casos mais elevado de África. “One South Africa (OSA) não tem outra escolha do que recorrer aos tribunais para proteger os di-

reitos dos pais, dos educandos, dos educadores e do pessoal das escolas”, declarou o porta-voz do movimento social, Dipolelo Moime. Indicou que a organização foi mandatada oficialmente pelos encarregados da educação, dos docentes e do grande público para continuar este plano de acções, com mais de 160 mil assinaturas. Igrejas, templos, mesquitas, sinagogas e outros lugares de culto reconhecidos serão igualmente autorizados a retomar os seus serviços com um máximo de 50 pessoas, no seu seio, a partir de 1 de Junho próximo. No entanto, a Igreja Cristã de Zion (ZCC), o maior grupo religioso do país, declarou, Quintafeira, continuar fechada até à nova ordem. O bispo da ZCC, Ben Lekganyane, sublinhou que a directiva abrangerá todas as igrejas na África do Sul e além-fronteiras.


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Potências estrangeiras na Líbia arriscam impasse ainda mais sangrento Enquanto os drones turcos ajudavam a expulsar as forças do Leste da Líbia de Trípoli este mês, dizia-se que a Rússia as reforçava com aviões de guerra, aumentando as apostas numa guerra civil obsoleta que dividiu o país

A

s últimas semanas marcaram um ponto de viragem num conflito complexo entre duas coligações inquietas, cada uma apoiada por uma série de estados estrangeiros, cujas agendas regionais concorrentes os tornam relutantes em aceitar a derrota. O comandante oriental Khalifa Haftar e o seu Exército Nacional da Líbia (LNA) agora enfrentam o provável fracasso dos seus esforços de um ano para capturar Trípoli, sede do governo do Acordo Nacional (GNA), reconhecido internacionalmente. Apoiado pelos Emiratos Árabes Unidos, Rússia e Egipto com armas, mercenários e ataques aéreos, de acordo com especialistas da ONU, Haftar havia avançado no Verão passado nos subúrbios do Sul de Trípoli antes de a sua ofensiva parar. No entanto, a ajuda da Turquia ajudou a virar a maré com defesas aéreas e ataques de drones que

neutralizaram o poder aéreo da LNA antes de atacar as suas tropas terrestres e longas linhas de suprimentos este mês. “Nas últimas semanas, houve uma mudança significativa no equilíbrio da Líbia”, disse uma importante autoridade turca, creditando drones turcos e “soldados não treinados” a operar as defesas aéreas da LNA. Isso levou, no mês passado, à repentina perda de uma série de cidades próximas à fronteira com a Tunísia, uma base aérea crucial, uma dúzia dos seus próprios sistemas de defesa aérea e a maior parte da sua base em Trípoli. Com eles foram as esperanças de vitória de Haftar. No mesmo período, militares russos entregaram cerca de 14 caças MiG 29 e Su-24 à base aérea de Jufra da LNA, no centro da Líbia, disseram as forças armadas dos EUA nesta semana. São aeronaves que podem novamente mudar a maré da guerra.

Um membro do parlamento russo e o LNA negaram a chegada das aeronaves. A Líbia está mais uma vez à beira de um caos após a revolta contra Muammar Kadafi, em 2011, levando à emergência de administrações rivais em Trípoli, no Oeste, e Benghazi, no Leste. Com mais armas e combatentes, os líbios temem um conflito interminável no qual as potências externas continuam a alimentar a guerra para proteger os seus interesses, enquanto sofrem pouca dor. Um diplomata ocidental que trabalha na Líbia alertou para um “conflito estagnado no qual a escalada é enfrentada com escalada cada vez mais violenta e sem resolução ou saída”. A França, que também tem apoiado amplamente Haftar, alertou, nesta semana, que a situação na Líbia arriscava replicar a queda da Síria numa guerra sem fim, conduzida por forças externas.

Autoridades russas e turcas falaram na semana passada e emitiram uma declaração, concordando com a necessidade de um cessar-fogo, um possível sinal de que eles chegaram a um acordo de bastidores para evitar um confronto directo após a chegada dos caças russos. “Eles colocaram a arma na mesa para sinalizar à Turquia que existem limites para onde as suas forças podem avançar em direcção ao Leste”, disse um segundo diplomata ocidental que trabalha na Líbia. JACTOS DE COMBATE Os jactos de Jufra podem agora agir como um impedimento para uma nova ofensiva do GNA, uma vez que consolidem os ganhos no oeste, disse Wolfram Lacher, do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança. “Parece que o objectivo desses caças e a redistribuição para o Centro e o Sul da Líbia agora é estabilizar, e congelar a situação militar”, disse ele. Com o colapso ofensivo de Haftar, e com ele o seu projecto mais amplo de unir a Líbia pela força e substituir o GNA, o seu papel como eixo central do bloco oriental também está em questão. “Grande parte da campanha de Haftar e sua narrativa, ao longo de muitos anos, foram construídas sobre sucesso e impulso”, disse um dos diplomatas. No fim de Abril, quando a sua guerra fraquejou, Haftar declarou repentinamente que os seus militares tomariam o poder nacionalmente, uma medida que marginalizaria a administração civil no Leste da Líbia que o reconheceu como chefe do exército local. Mas ele não conseguiu formar um novo governo - aparentemente porque ele não conseguiu mobilizar apoio suficiente entre a sua própria coligaçaõ no Leste ou com apoiantes estrangeiros. No Cairo, onde a prioridade é a estabilidade no Leste da Líbia, diplomatas disseram que havia alguma impaciência com a guerra no Oeste. No entanto, “Haftar ainda é popular no Leste”, disse um ex-alto funcionário. “Não acho que sua estrutura de poder entrará em colapso durante a noite no Leste”, disse Lacher. No entanto, as repercussões da sua falha em tomar Trípoli serão sentidas, acrescentou Lacher. “Tudo isso cria uma mistura inflamável que pode gerar desafios à autoridade de Haftar, eventualmente”.

‘Furioso’: Biden critica Trump por ‘autorizar’ tiros sobre manifestantes após morte de homem negro

O

candidato presidencial democrata Joe Biden, num comunicado divulgado nesta Sexta-feira (29), disse que está furioso com o comentário do Presidente dos EUA, Donald Trump, que sugeriu que a Guarda Nacional dispare sobre manifestantes que protestam contra a morte de George Floyd no estado de Minnesota. “Não impulsionar o tweet do Presidente”, disse Biden pelo Twitter. “Não darei a ele essa amplificação. Mas ele está a pedir violência contra cidadãos americanos durante um momento de dor para tantos. Estou furioso, e você também deveria estar”. Biden destacou que falaria mais sobre os eventos no Minnesota ainda na Sexta-feira (29). Na noite de Quinta-feira (28), Trump alertou que os manifestantes que destroem e roubam negócios nas cidades de Minneapolis e St. Paul podem ser mortos por membros da Guarda Nacional. “Acabei de falar com o governador Tim Walz e lhe disse que o Exército está com ele o tempo todo. Qualquer dificuldade e assumiremos o controlo, mas, quando os saques começarem, as filmagens começarão”, escreveu Trump num tweet que mais tarde foi sinalizado e ocultado pelo Twitter por violar as regras da plataforma social sobre glorificar a violência. Os distúrbios públicos surgiram na Terça-feira (26) após a morte de Floyd, um homem afro-americano que perdeu a vida na Segunda-feira (25) depois de ser preso por polícias na cidade de Minneapolis.


desporto

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O PAÍS Sábado, 30 de Maio, de 2020

São Salvador do Zaire cumpre as exigências da FAF A formação das terras com tradição histórico-cultural, no futebol aguarda pela decisão da Federação Angolana de Futebol (FAF) no que toca à equipa que vai ocupar a vaga deixada pelo 1º de Maio de Benguela. A Baixa de Cassanje, formação da província de Malanje, também aguarda pela decisão do órgão reitor da modalidade, isto é, quem tiver o melhor requisito estará no Girabola 2020/2021 DR

Mário Silva

O

secretário-geral do São salvador do Zaire, André Marques, disse, ontem, a O PAÍS que a equipa cumpriu às exigências da Federação Angolana de Futebol (FAF), para ocupar a vaga do 1º de Maio de Benguela no Girabola 2020/2021. A formação benguelense foi desclassificada da maior festa do desporto-rei em Angola, prova anulada devido à Covid-19, por sucessivas faltas de comparência. André Marques explicou que o clube da cidade Património Cultural da Humanidade liderava a série A, com oito pontos, na Segundona, Campeonato Nacional da segunda divisão. O mesmo acrescentou que o clube parte em posição favorável para ser o ‘inquilino’ escolhido da maior prova de futebol em Angola. O responsável revelou que o seu

emblema remeteu, a 12 deste mês, todo o dossier ao órgão reitor da modalidade e espera por deferimento. Por este motivo, a direcção do São Salvador aguarda a decisão da FAF que poderá ser tornada públi-

ca nos próximos dias. “Não precisamos de tantos discursos, tal como, há equipas que estão anunciar parceria com clubes da Europa”, alertou o dirigente. André Marques lembrou que a FAF pediu para as equipas apre-

sentarem condições financeiras e administrativas para suportar a participação no Girabola 2020/2021. A Baixa de Cassange de Malanje, que comandava o grupo B do Nacional da segunda divisão, tam-

bém, está na iminência de ser o escolhido para disputar o Girabola da época 2020/2021. Por outro lado, o secretário-geral garantiu que o gabinete províncial da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto anuiu o pedido do clube para realização da quarta Assembleia-geral ordinária de aprovação de contas e renovação de mandato. Deste modo, o acto está agendado para 14 de Junho, e pela primeira vez terá quatro concorrentes à presidência do clube.

Secretário-geral do São Salvador do Zaire, André Marques espera boa decisão da FAF

Motores podem voltar ‘roncar’ a 28 de Junho Mário Silva

O

promotor do Campeonato Angolano de Rali/Raid (CARR), Pedro Cristina, garantiu, ontem, a O PAÍS, que a organização está a estudar a possibilidade da realização do Rali Todo Terreno de Cacuaco, a 28 de Junho, às 12:30. O Rali Todo o Terreno de Cacuaco inicialmente estava agendada para 22 de Março, mas não aconteceu devido à pandemia. O certame será pontuável para a segunda prova do calendário do CARR’2020 sob égide da Federação Angolana de Desportos Motorizados (FADM). Depois do Go-

verno dar “luz verde” ao retorno das actividades desportivas no dia 27, face à prevenção da Covid-19, Pedro Cristina disse que a organização vai criar as competições de biossegurança. Pedro Cristina assegurou que durante o evento será exigido o uso obrigatório de máscara facial, a higienizacão das mãos com frequência e com lotação de 50 por cento. Ainda assim, o responsável do Campeonato Angolano de Rali/Raid explicou que a realização da prova só será possível se for autorizado pelos órgãos competentes. Antes da suspensão das actividades desportivas no país, em Março passado, devido à propagação do novo Coronavírus “Covid-19”, a organização realizou o Rali das Dunas.

O Rali das Dunas, disputado na província do Namibe, em Fevereiro, e superou as expectativas dos amantes deste desporto.

Caso se concretize o Rali TT de Cacuaco, vão ficar por se disputar o Rali TT da Baía Azul (em Benguela), do Libongos (no

Bengo), do Huambo, de Kalandula (em Malanje) e de Luanda, este último rali encerra o campeonato. DR


O PAÍS Sábado, 30 de Maio, de 2020

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Lista única na renovação de mandatos no ASA Sebastião Félix

O

Atlético Sport Aviação (ASA), nos próximos dias, realiza as eleições visando o ciclo olímpico 2020/2024, segundo uma fonte ligada ao processo. Por esta razão, o antigo membro da Federação Angolana de Futebol (FAF), José Luís Prata, é tido como o único candidato ao pleito a ser realizado em data a anunciar. Por conhecer o clube aviador, o então membro da FAF pretende revitalizar o clube que já

conquistou três campeonatos nacionais. Nos últimos anos, o ASA perdeu a sua mística enquanto clube, por esta razão desceu de divisão nas últimas duas provas realizadas em Angola. Na corrida à presidência (2020/2024), Elias José bateu Nelo Russo e Manuela de Oliveira, antigos praticantes e atletas daquela formação. Com a chegada de Elias José ao cadeirão máximo do ASA o clube regrediu em todas as modalidades, segundo a fonte deste jornal, no

entanto foi afastado. Posto isto, José Luís Prata tem um programa que visa integrar a família ASA, uma vez que o rumo é o desenvolvimento do clube. Segundo a fonte do O PAÍS, Manuela Oliveira, candidata derrotada nas eleições passadas, e outras figuras do clube farão parte do elenco do antigo membro da FAF. O ASA, clube fundado antes da Independência de Angola, em 1975, movimenta o futebol, banquetebol e outras modalidades de sala.

“Cristiano fez o Real Madrid grande e o Real Madrid fez o Cristiano grande” Maratona de Boston cancelada pela primeira vez em 142 anos

É

oficial. A Maratona de Boston, a mais antiga do calendário internacional, não vai mesmo realizar-se este ano. Trata-se do primeiro cancelamento em 124 edições da mítica corrida. Numa primeira fase, adiada de 19 de Abril para 14 de Setembro, devido à pandemia de Covid-19, a Maratona de Boston passa a ser inviável, segundo a organização, que anunciou que apenas pretende assegurar um «evento virtual», com medalha de participação para quem corra a distância «em casa.» A nova data para a edição 124 passa para 19 de Abril de 2021.

L

uís Figo concedeu uma entrevista à ‘Club del Deportista’, falando, entre outros temas, sobre a falta que Cristiano Ronaldo faz ao Real Madrid. “Não só ao Real Madrid. Cristiano fez o Real Madrid grande e o Real Madrid fez o Cristiano grande. Qualquer equipa queria tê-lo, porque é um jogador que te garante golos, que é o mais importante. Garante e não são poucos, como bem sabemos”, disse o antigo internacional português. Figo não deixou de recordar o seu trajecto, considerando que, actualmente, seria mais difícil protagonizar uma transferência do Barcelona para o Real Madrid. “Poderia ser mais difícil, mas nada é impossível no futebol. Quem diria que há 20 anos se ia pagar tanto por um jogador? As pessoas não se lembram, mas eu cheguei a Barcelona para substituir o Laudrup, que tinha assinado pelo Real Madrid”. Da mesma forma falou sobre a Bola de Ouro, prémio que conquistou em 2000. “Comparando com a actualidade, a diferença é que existiam muito mais candidatos (não só Messi e Cristiano Ronaldo) para conquistar esse magnifico galardão. Era muito difícil vencer, existiam 10 ou 15 possibilidades, era muito mais c om pl i c a do”, considerou.

Koeman e o ataque cardíaco “fiz 96 quilómetros de bicicleta”

O

técnico Ronald Koeman, de 57 anos, que sofreu um ataque de coração no início, reconheceu que teve muita sorte, porque poderia ter morrido, isto após ter feito 96 quilómetros de bicicleta… “Fiz 96 quilómetros de bicicleta com um amigo e cheguei a casa esgotado. Quando estava a descansar doía-me o peito. Comecei a suar e fiquei muito branco. Por sorte, a minha mulher estava em casa e chamámos a ambulância, que agiram medidas imediatas”, revelou Koeman, em declarações à «RTL». A família tem historial de problemas cardíacos. “A artéria coronária central estava bloqueada e tinha um estrangulamento. Tive muita sorte. O meu pai morreu quanto tinha 75 anos de uma paragem cardíaca. É uma doença presente na minha família”, disse.


classificados emprego

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imobiliário

O PAÍS Quinta-feira, 28 de Maio, de 2020

diversos

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TEMPO

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O PAÍS Sábado, 30 de Maio, de 2020

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 30 DE MAIO A 2 DE JUNHO DE 2020

Das 18 horas do dia 30 de Maio às 18 horas do dia 01 de Junho de 2020

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 30 de Maio à 01 de Junho de 2020 Data 30/ 05/ 2020

CIDADE

Mín

Data 31/ 05/ 2020

Estado do Tempo

Máx

Mín

Máx

Data 01/ 06/ 2020

Estado do Tempo

Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

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Céu nublado.

21

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Céu nublado, neblina

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30

Parcial nublado.

CABINDA

20

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Céu nublado, neblina

29

29

Céu nublado, neblina

20

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Céu nublado, neblina

SUMBE

18

30

Céu nublado, neblina

17

30

Céu nublado, neblina

17

30

Céu nublado, neblina

CAXITO

22

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Céu pouco a muito nublado

22

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Céu pouco a muito nublado

22

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MBANZA KONGO

16

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UIGE

15

29

NDALATANDO

17

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MALANJE

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DUNDO

18

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SAURIMO

15

BENGUELA

Céu pouco a muito nublado

29

Céu nublado, neblina

15

29

16

28

Céu nublado, neblina

16

28

16

28

Céu nublado, neblina

17

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Céu pouco a muito nublado

15

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Céu pouco a muito nublado

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Céu pouco a muito nublado

17

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Céu pouco a muito nublado

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32

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Céu pouco a muito nublado

16

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Céu parcial nublado.

15

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30

Céu pouco nublado.

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28

Céu nublado, neblina

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28

HUAMBO

08

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Céu parcial nublado.

08

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Céu Pouco nublado.

09

26

Céu Pouco nublado.

CUITO

09

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Céu parcial nublado.

10

28

Céu Pouco nublado.

10

27

Céu Pouco nublado.

LUENA

14

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Céu pouco nublado.

15

26

Céu Parcial nublado.

14

26

Céu Parcial nublado.

LUBANGO

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Céu pouco nublado à limpo.

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Céu Pouco nublado.

16

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MENONGUE

14

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Céu pouco nublado à limpo.

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Pouco nublado a limpo.

15

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Pouco nublado a limpo.

MOÇÂMEDES

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Céu pouco nublado à limpo.

18

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Pouco nublado a limpo.

17

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Céu limpo.

ONDJIVA

15

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Céu pouco nublado à limpo.

16

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Pouco nublado a limpo.

16

29

Céu limpo.

O(s) Meteorologista(s): José

Céu nublado, neblina Céu pouco a muito nublado

Cachimbuandungue e Lutuima Domingues

REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu parcialmente nublado, apresentando-se muito nublado durante a madrugada e manhã. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios das províncias de Luanda, Cabinda, Zaire, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte e Cuanza-Sul. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu parcialmente nublado, apresentando-se pouco nublado durante a tarde. Probabilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província de Benguela.

Céu nublado, neblina

15

Céu nublado, neblina

Fonte: INAMET

Céu nublado, neblina Céu nublado, neblina Céu nublado, neblina Céu nublado.

REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu parcialmente nublado, apresentando-se pouco nublado durante a tarde.

Céu Pouco nublado. Céu nublado, neblina

Céu Pouco nublado.

Luanda, 29 de Maio de 2020

Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

TEMPO no mar

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 29/05/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 30/05/2020

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIA 29 DE MAIO DE 2020: INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET

Circulação do vento fraco de Sul-Sudeste paralelos de 4°S e 6°S (Cabinda), circulação do Centro entre Nacional os de Previsão do Tempo vento moderado de Sul-Sudeste entre os paralelos 6°S e 14°S(Zaire a Benguela), circulação do vento BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA forte de Sul-Sudeste entre os paralelos de 14°S e 18°S (Namibe). 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIA 29 DE MAIO DE 2020:

2. PREVISÃO ATÉ AS UTC DO DIA 30 DE MAIO DE 2020: Circulação do ventoVÁLIDA fraco de Sul Sudeste entre18:00 os paralelos de 4°S e 6°S (Cabinda), circulação do vento moderado de Sul Sudeste entre os paralelos 6°S e 14°S(Zaire à Benguela), circulação do vento forte de Sul Sudeste entre os paralelos de 14°S e 18°S (Namibe). NÃO HÁ AVISO. 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 UTC DO DIA 30 DE MAIO DE 2020:

REGIÃO

ESTADO DO TEMPO

VENTO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

Cabinda (4°S – 6°S) Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S) Namibe (14°S – 18°S)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

DIRECÇÃO FORÇA (KT) Céu Parcial/Nubla Céu Parcial/Nubla Parcialmente Nublado Geralmente limpo

SulSudeste

Até 10

Até 1.6

Agitado

Moderada a Boa (Superior a 7)

SulSudeste

Até 14

Até 1.7

Agitado

Moderada a Boa (Superior a 9)

SulSudeste

Até 15

Até 1.8

Agitado

Boa (Superior a 12)

SulSudeste

Até 18

Até 2.0

Agitado

Boa (Superior a 12)

A alta pressão de Santa Helena encontra-se a Sul do continente africano, com tendência de juntar-se com o anti-ciclone do Oceano Índico, com pressão central de 1020hPa, influenciando assim no padrão e intensidade do vento. Assim, prevê-se estado do mar agitado, com a altura das ondas de 1.6 à 2.0 metros de altura, da região marítima de Cabinda ao Namibe.

CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


OPINIÃO

O PAÍS Sábado, 30 de Maio, de 2020

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Gong Tao

Lei da Segurança Nacional para Hong Kong: Mitos e Factos

H

á muitos mitos sobre a Lei da Segurança Nacional para Hong Kong, em processo de elaboração na Assembléia Popular Nacional da China, cujo último plenário terminou no dia 28 de Maio. Para dissipar os mitos, é necessário esclarecer alguns factos, a começar, por ler na sua íntegra a Lei Básica de Hong Kong, em vez de ouvir falar dos outros. Primeiro, não se trata de qualquer coisa inventada ou imposta. No artigo 23 da Lei Básica, em vigor desde 1 de Julho de 1997, é estipulado que a Região Adminsitrativa Especial de Hongkong(RAEH) da República Popular da China deve elaborar a própria legislação para proibir actos de traíção, secessão, sedição, subvenção contra o Governo Central da China, roubo de secredos de Estado, proibir organizações ou entidades políticas estrangeiras de praticar actividades políticas na Região, e de proibir organizações ou entidades da Região a estabelecer ligações com organizações ou entidades políticas estrangeiras. É um artigo normal contido em qualquer constituição e direito de qualquer país soberano. Segundo, a elaboração de tal lei pela Assembleia Popular Nacional não contraria a Lei Básica de Hong Kong, cujo artigo 17º concedeu a RAEH poder legislativo, mas reservou à Assembleia Popular Nacional, representada pela sua Comissão Permanente, o direito de invalidá-las caso necessário. Isso define que o poder legislativo da RAEH não é um poder soberano, mas sim limitado, sempre sob vigilância do poder legislativo central da República Popular da China. Mais, no seu artigo

18, estipula-se que algumas legislações nacionais alistadas no seu Anexo III aplicam-se obrigatoriamente na RAEH, e deu poder à Assembléia Popular Nacional de ampliar ou reduzir o Anexo III, quando julgar imprescindível, o que foi invocado neste caso específico, concernente à questão da segurança nacional, matéria da jurisprudência do poder central. Terceiro, a política de Um país, Dois sistemas e a automomia de alto nível de que Hong Kong goza não sairão prejudicadas, mas sim fortalecidas. Como tenho explicado, tudo é feito de acordo com a Lei Básica, respeitando o princípio de Um País, Dois Sistemas. Justamente por causa de actos políticos praticados por forças estrangeiras e ligações ilícitas entre organizações políticas da RAEH e estrangeiras,

É triste ver a conspiração de que tudo que a China faz é errado ainda persiste, depois de os factos mostrarem o contrário no combate mundial contra Covid-19

Hong Kong falhou em completar o seu trabalho previsto no Artigo 23 e entrou em sucessivos tumultos político-sociais, desobediência às autoridades e vandalismo contra bens públicos e privados. Para defender a ordem jurídica e social, base do exercício da democracia e cidadania, e proteger o interesse da maioria da população inocente, qualquer governo responsável tem que tomar acções, que são bem aplaudidas por grande parte da população de Hong Kong. Infelizmente , tais aplausos nunca aparecem na mídia ocidental, como sempre. Por fim, para quem ainda não compreendeu, leiam o Artigo 1 da Lei Básica, o mais importante: A Região Administrativa Especial de Hong Kong é parte inalienável da República Popular da China. O Governo

da República Popular da China é o mais preocupado com a prosperidade de Hong Kong e o bem-estar do seu povo, que são cidadãos chineses e não de qualquer outro país. Para aqueles que sempre apontam dedos arrogantes aos assuntos internos dos outros países, vale a pena lembrar que o princípio de não interferência nos assuntos internos é base da ordem internacional contemporânea, diferente da sangrenta a ultrapassada ordem colonial. É triste ver a conspiração de que tudo que a China faz é errado ainda persiste, depois de os factos mostrarem o contrário no combate mundial contra Covid-19. Esta batalha ainda está por vencer com união e solidariedade, não com acusações de má-fé e estigmatização contra os outros. Embaixador Chinês


Última

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O PAÍS Sábado, 30 de Maio, de 2020

Encontrada ‘arma potente’ contra Covid-19 no leite materno

A

neolactoferrina tem sido um sucesso contra alguns outros vírus, e poderia ser a razão de os bebés terem taxa de mortalidade quase nula contra o SARS-CoV-2, teorizam cientistas russos. O leite materno poderia salvar a vida de pessoas infectadas pelo novo Coronavírus, afirma Igor Goldman, director científico do Instituto de Biologia Genética da Academia de Ciências da Rússia. É conhecido que o SARS-COV-2 afecta os mais idosos de forma desproporcional, mas também há outro facto que devia deixar as pessoas ainda mais curiosas. “Casos de infecções, pelo coronavírus, de bebés que mamam são simplesmente singulares na massa de vários milhões de infectados”, nota o académico em declarações ao portal News.ru. Esse facto deixou muitos cientistas perplexos, pois o sistema imunológico de crianças tão jovens ainda se está a formar. A única linha de defesa seria a proteína neolactoferrina emitida pelo leite materno, que tem efeitos bactericidas e anti-virais. Cientistas russos criaram um medicamento composto em 90% por lactoferrina humana e em 10% por leite de cabra. Cientistas russos notam que o medicamento já teve efeitos positivos

DR

O que saber sobre o Coronavírus…

“O

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”.

contra citomegalovírus, HIV, rotavírus, o vírus de herpes simples, hepatite C e papilomas humanos. “Consideramos que as pessoas podem evitar que o vírus entre nos seus organismos, ingerindo um novo medicamento”, explicou Goldman. “[...] A substância dentro do corpo não só vai ajudar a combater o Coronavírus, mas também

irá prevenir complicações com bactérias”, prevê. O medicamento ainda está em desenvolvimento, adverte o imunologista Vladimir Bolibok, mas comenta que, desde a antiguidade o leite recém-ordenhado à base da lactoferrina é usado em doentes, e era considerado o produto mais saudável.

Cuemba consigna nove projectos do PIIM dr

N

ove, dos 11 projectos inscritos no Programa de Intervenção Municipal (PIIM), foram consignados ontem (sexta-feira), no Cuemba, pro-

víncia do Bié. Avaliadas em mais de 3 mil milhões de Kwanzas, as obras consistem na asfaltagem de 10 quilómetros de estrada, em duas fases, sendo na primeira 10 e segunda

quatro quilómetros, na sede municipal, construção de três pontes, de duas escolas de 12 e sete salas de aulas e um clube comunitário, a serem executados entre três a 12 meses. O investimento vai garantir 300 postos de trabalho para a juventude do município do Cuemba. Na ocasião, o governador Pereira Alfredo destacou, sobretudo, o facto de ser a primeira vez na história que o Cuemba beneficia de asfaltagem de estradas. Por outro lado, foram entregues inputs agrícolas, meios de irrigação, de tracção animal, duas moto-cisterna e um autocarro destinado ao Hospital local, oferta do Presidente João Lourenço.

“Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”.

“Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


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