Jornal OPAÍS edição 1855 de 01/06/2020

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PRS considera precipitada intensão do Executivo em reabrir as escolas em Julho

“ O Estado de Direito está ameaçado por todo o lado” Silvério Rocha-Cunha é jurista e docente de “Filosofia do Direito” e “Direito Internacional” na Universidade de Évora [em Portugal]. Em Angola, teve passagem pela Universidade Metodista. Nesta entrevista, aborda questões como a reestruturação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a crescente tensão entre China/Estados Unidos da América e o Estado de Direito [the rule of Law]. P.24

Para o presidente da agremiação política, numa altura em que o país continua a registar diariamente casos positivos da covid-19, é uma atitude precipitada falardo regresso às aulas em Julho, conforme orienta o decreto que regula o estado de calamidade. P. 8 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola

Director: José Kaliengue

O diário da Nova Angola

Edição n.º 1854 @jornalopais Segunda-feira, 01/06/2020 Preço: 40 Kz

INAC já conta mais de 1400 casos de violência contra criança este ano sociedade: Assinala-se hoje o Dia Mundial da Criança, numa altura, em que o mundo é

UNITA acusa Governo de não cumprir acordos de Bicesse, 29 depois da sua assinatura l Por via de uma nota do seu Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política, a UNITA acusa o Governo, liderado pelo MPLA, de não ter cumprido os acordos de Bicesse, 29 anos depois da assinatura deste histórico memorando de paz. P.8

assolado pela pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Em entrevista a OPAÍS, o diretorgeral do Instituto Nacional da Criança, Paulo Kalesi, revela preocupação com o uso e abuso sexual da criança nas redes sociais, bem como com o tráfico de crianças. P. 12

Macon perde mais de USD 100 milhões com paralisação das rotas internacionais l A operadora de transporte rodoviário

Macon perde mensalmente perto de 140 milhões de dólares, com a paralisação das duas rotas internacionais. Com a República Democrática do Congo perde USD 80 mil, representando 57%, enquanto que da rota Luanda - Namíbia a companhia perde um total de USD 60 mil perfazendo uma cifra de 43%. P. 19

Covid-19 expande-se para Viana e Ilha do Cabo

Elenco da APB Benguela aposta na continuidade dos projectos

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l A A Associação Provincial de Basquetebol de Benguela (APBB), com eleições marcadas para o dia 19 de Junho, para além do elenco cessante de Armado Docas, contará com outros candidatos na corrida ao ciclo olímpico 2020/2024. P. 26

e ainda no cartaz:

Mampuya retrata vivências, a flora e a fauna em mural de pintura

Hollywood ainda está longe de regressar às filmagens

Walter Ananás e Heavy C animam tarde de Domingo em show solidário


EM FOCO

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O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

Covid-19 chega à Ilha do Cabo e Viana com cerca sanitária Numa altura em que o país regista 86 casos confirmados do novo Coronavírus (Covid-19), o vírus chega ao município de Viana e à Ilha do Cabo, em Luanda, a revelação é do secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, que anunciou mais dois casos de cidadãos angolanos nas últimas 24 horas os casos suspeitos investigados são 455, enquanto os contactos sob vigilância chegam 1.140 pessoas.O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) recebeu 43 chamadas, das quais uma denúncia de violação da acerca sanitária de casos suspeitos de Covid-19 e 42 foram pedidos de informação sobre o vírus.

Maria Teixeira

F

ranco Mufinda, que falava ontem na habitual actualização diária dos dados sobre a pandemia da Covid-19 no país, revelou dois novos casos de análises positivas e disse trata-se de contactos da cerca sanitária da Clínica Multiperfil e de um dos casos positivos em tratamento. O primeiro caso infectado é uma cidadã angolana, de 45 anos idade, moradora da Sapu, município de Viana, que é contacto do caso que motivou o cordão sanitário da Clínica Multiperfil. Entretanto, Franco Mufinda revelou que tendo em consideração que este novo caso teve vários contactos, foi montado um cordão sanitário na área onde vive. Já o segundo caso é um cidadão nacional de 36 anos de idade, morador na Ilha do Cabo, e contacto directo do Caso 49, a enfermeira que testou positivo recentemente. O governante garantiu que os dois pacientes já se encontram internados nas unidades de referência e em seguimento clínico. Deste modo, o país passou a ter 86 casos de Covid-19, dos quais quatro resultaram em óbito, 18 recuperados e 64 casos activos em seguimento. Destes, um re-

Governante desaconselha uso de tabaco por ser factor de risco nesse tempo da Covid-19 Em alusão ao dia “Mundial Sem Tabaco”, assinalado ontem,

Secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda

quer atenção especial e os restantes estão clinicamente estáveis. “A transmissão local também muda. Passamos de 55, até ontem, para 57”, frisou. Em relação ao laboratório, Franco Mufinda fez saber que o país tem um acumulado de mais de 10 mil amostras colhidas, sendo 86 positivas, 9.667 nega-

Franco Mufinda lembrou que se trara de uma data celebrada desde 1987 e que este ano aconteceu sob o lema “Proteger os Jovens Contra as Manipulações da Indústria”. Salientou que a Covid-19, sendo uma doença sistémica que acaba por acometer vários

“A transmissão local também muda. Passamos de 55, até ontem, para 57” órgãos e não apenas um, mas com abrangência pulmonar. Disse existir a necessidade de chamar a atenção as pessoas para não recorrerem ao uso do tabaco por ser um factor de risco e que pode levar à morte. Deste modo, aconselha as pessoas a não fazerem uso do ta-

tivas e o resto encontra-se em processamento. Disse ainda que 1.044 pessoas observam quarentena institucional em todo o país e que nas últimas 24 horas 19 pessoas receberam alta, sendo 15 na província de Luanda, duas na Lunda-Sul e uma nos casos do Huambo e Bié. Franco Mufinda fez saber que

baco, uma vez que os números avançados de óbitos passam dos seis milhões, mas que são também muito elevados os números de pessoas que morrrem mesmo sendo não fumantes. “Pessoas que não fumam, mas convivem ou estão expostas a

33 toneladas de materiais de biossegurança e equipamento hospitalar Por outro lado, Franco Mufinda informou que ontem o país recebeu mais 33 toneladas de equipamentos hospitalares e material de bio-segurança provenientes da China, uma aquisição do Executivo angolano. Entretanto, disse que as amostras provenientes das demais 17 províncias do país tiveram resultados negativos. Trata-se de 120 amostras da província do Cunene, 19 do Cuanza-Norte, 44 de Cabinda, 27 de Malanje, 162 da Huíla, 27 do Uíge, 128 de Benguela, 23 do Cuanza-Sul, oito do Namibe, 12 do Zaire e 43 da Lunda-Norte. Sobre as actividades realizadas nas demais províncias, destacou palestras de sensibilização à volta da Covid-19 no seio das comunidades.Franco Mufinda reiterou o apelo ao uso da máscara, à lavagem frequente das mãos, à observância do distanciamento social e ao acatamento das medidas contidas no decreto sobre o estado da calamidade pública.

ambientes de fumantes, essas pessoas também acabam por ter como desfecho a morte, e a estimativa é quase o dobro. Estamos a falar de 1.2 milhões de pessoas que acabam por padecer por conviver nesses ambientes de fumantes”, salientou.



4 destaques política. PÁG. 8 PRS considera precipitada intensão do Executivo em reabrir as escolas em Julho

SOCIEDADE. PÁG. 10 INAC regista mais de 1400 casos de violência contra criança este ano

cartaz. PÁG. 14 Mampuya retrata vivências, a flora e a fauna em mural de pintura

ACTUAL. PÁG. 24 « O Estado de Direito está ameaçado por todo o lado »

Mundo. PÁG. 22 Filipe Nyusi diz que cabecilhas de terrorismo podem ter sido abatidos

o editorial

O PAÍS

hoje: os números do dia

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Crianças em casa

O

Dia da Criança é comemorado de forma diferente este ano. Nada de saídas, festas na escola, corridas nos parques, cinema, teatro infantil. Nada de beijinhos e abraços. Mas tem de ser com o amor de sempre, mais ainda, porque as crianças hoje ficam em casa, para a sua própria protecção, Há muitas formas de saudar a data, porém, com a leitura de histórias, falando um pouco mais sobre a doença que lhes tirou o espaço de brincadeira, sobre a importância da família, do carinho, do amigos. Sobre valores. Sobre o futuro também.

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Há compromissos dos adultos para as proteger, alimentar, educar. Há os famosos onze compromissos, é bom falar com elas sobre cada um destes compromissos. O dia de hoje é também o dia certo para os adultos pensarem um pouco mais sobre o que fazem para que as crianças sejam felizes, mas sobretudo sobre o que ainda têm que fazer para lhes iluminar o sorriso.

2000

o que foi dito “

As escolas não têm água para higienização frequente das mãos. Quem fará a desinfecção das salas de aula no intervalo de cada turno, como mandam as regras sanitárias?” Guilherme Silva Presidente do SINPROF

Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

Curar as pessoas, não poupar (dinheiro) para ajudar a economia (é importante), curar as pessoas, que são mais importantes do que a economia” Papa Francisco

Escolas Três escolas do ensino primário, duas pontes e um sistema de captação, tratamento e distribuição de água potável começam a ser construídos nos municípios da Damba e Maquela do Zombo (Uíge). Balões de sangue, equivalentes a 22 litros, foram doados ao Hospital Municipal do Uíge, ontem, num gesto solidário de 67 militantes da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA).

Quilómetros de estradas secundárias vão beneficiar de obras de reabilitação nos próximos seis meses no município de Luquembo, na província de Malanje, no âmbito do PIIM. Milhões milhões de kwanzas estão a ser investidos, este ano, no município de Chicomba, província da Huíla, para a execução de quatro projectos essenciais, com destaque para estradas, inseridos PIIM

Não há dúvida de que existem polícias racistas, acho que são a minoria. Acho que são as poucas maçãs podres e precisamos eliminá-las” Donald O’Brien Assessor de Segurança Nacional da Casa Branca


O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

5 e assim... José Kaliengue Director

Com Jocelyne Béroard

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com realizadora Maria João Ganga e perceba como a pandemia Covid-19 afecta o mundo cultural e artístico angolano.

O

www.opais.co.ao Bairro Neves Bendinha (Luanda) Jovem mãe descontrai-se com seus filhos junto de sua residência, durante o decretado estado de calamidade pública (CARLOS MOCO)

o que vai acontecer Memória O Secretariado Executivo da Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) reúne-se na Quarta-feira com a Coordenação do Grupo Técnico Científico (GTC), num encontro que visa afinar estratégias. A reunião, que acontece em Luanda, é sequência de outra realizada, por teleconferência, a 29 de Maio, e que passou em revista os trabalhos produzidos pelo GTC durante o Estado de Emergência. Ainda no decurso do Estado de Emergência, o GTC da Comissão realizou mais três reuniões, por teleconferência.

Estradas Cento e vinte quilómetros de estradas secundárias recebem obras de reabilitação no município de Luquembo, na província de Malanje, no âmbito PIIM. A consignação da obra, ontem, que simboliza o início dos trabalhos de reabilitação, foi testemunhada pelo governador provincial de Malanje, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”. Orçada em 577 milhões e 548 mil kwanzas, a empreitada foi adjudicada sexta-feira a construtora Kuidica-MG. Trata-se de troços com acentuada degradação nas vias Capunda/Cunga Palanca e Capunda/Quimbango.

Reforço Inicia a distribuição, no quandro da prevenção e do combte à Covid-19, de mais 33 toneladas de material diverso de bio-segurança e hospitalares, com destaque para 80 ventiladores invasivos para pacientes em cuidados intensivos, chegados ontem a Luanda Neste lote, constam também máscaras N95 (de uso corrente) e de procedimentos (para manuseio de pacientes) e as cirúrgicas, assim como fatos de protecção individual, camas hospitalares, batas e luvas, dentre outros materiais gastáveis, constatou a Angop.

Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

ntem, Domingo, caí numa gradável armadilha. O meu percurso da Rádio Mais ao jornal OPAÍS, que deveria ser feito em dez minutos, mas acabei por fazer nele quase duas horas, por culpa do Luís Paulo, o mentor do programa Zouk Non Stop. Não sei o que foi que lhes deu, ao Luís Paulo e ao Erik Gonçalves, e resolveram preencher o programa com a senhora Jocelyne Béroard, uma maldade daquelas. Percebi que a audiência do programa se estende para bem longe. Participaram ouvintes de Luanda, de Angola e do mundo. Deixei-me levar, andando por aí. Há alguns anos comprei o disco triplo dos Kassav, aquela máquina de fazer música que parece tocada por uma força divina qualquer. A minha música de eleição é Vini Séré. Quem faz aquilo merece o Olimpo. E, no carro, senti-me no Stade de France. Onde o grupo tocou para assinalar os seus trinta anos de carreira. A voz de jouceline é como alguma coisa vinda do céu. Sim, gosto dela. Ontem senti-me com ela no carro. O Zouk é um estilo de música que me sabe melhor no feminino. Jocelyne é o tal feminino.. Como é que um grupo consegue quarenta anos de carreira e todas as suas músicas são sucesso e sempre actuais? É uma experiência extraordinária. Compreendo que não haja festa em Angola em que não se toque Kassav. São eternos. Jocelyne é eterna. Luís Paulo passou músicas dos anos oitenta e noventa. Pareciam acabadas de lançar. Imaginei gente a dançar. Jocelyne é qualquer coisa feita também para este período de quarentena. Dá para passar o dia com ela. Quem puder, por favor experiente. Kolé Séré é um remédio para estes dias. Não vou comparar com outros músicos, nem naquele momento me passou outro nome, outra música pela mente, apenas aquela diva. Senti o prazer com que ela canta. Tenho um outro disco triplo de música francesa em que os Kassav estão incluídos, e de quem é a voz? Da professora Jocelyne, claro. Então deixei-me entregue àquela magia. Percebi o que sentem os que dançam Zouk. Percebi o que leva pessoas de várias partes do mundo a ouvir o programa. A rainha cantou. Um repertório excelente, que não deixa ninguém indiferente. Foi assim este momento com Jocelyne, no carro, num fim de tarde, à deriva e em todo o lado, porque a música tem este dom. Não conhece fronteiras. Nos anos noventa conheci timorenses e indonésios que me disseram que conheciam música angolana. Falaram de vários nomes e entre eles Jocelyne. Pois é, ela é nossa também. Eu estive quase duas horas com ela ontem, no carro, trazida por Luís Paulo, em modo non stop.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

no tempo do kaparandanda

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opaís

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1942

01 de Junho de - II Guerra Mundial. As forças nazis impõem o uso da estrela amarela a todos os cidadãos judeus das nações ocupadas.

01 de Junho de 1944 - O ditador

Oliveira Salazar suspende as exportações de volfrâmio para a Alemanha nazi, que mantinha desde os anos de 1930.

01 de Junho de 1961 - Eusébio estreiase oficialmente pelo Benfica com um golo e um penálti falhado em Setúbal para a Taça de Portugal.

carta do leitor

PREVENÇÃO SALVA VIDAS Mãos limpas com sabão Desinfectadas com alcool gel. Rosto ocluso com mascara, Mãos sujas não leves à cara Espirrar no lenço ou papel!... Prudência que vidas salva E freia o mortifero vírus. Que das nações faz sua presa E economias deixa de rastos. O corona prolifera na carona, Da ingenuidade do incauto Que deambula com a coroa à mão. E no desprezar das precauções, Oferece de graça às multidões. Higienizar e evitar amassos Se izolar, fugir abraços. Sê cauto, sem aglomerado. Ficar em casa, é o antídoto. Por: Ednaldo Gonçalves. Luanda

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754


OPINIÃO

O PAÍS Terça-feira, 26 de Maio de 2020

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Jessica Hand

“A humanidade unida contra o Covid-19”

A

pandemia do Covid-19 é a maior emergência global de saúde pública desta geração. O surto do vírus não respeita fronteiras, não distingue idades e não escolhe géneros. Toda a população mundial tornouse num alvo e é necessário um esforço global para combater o vírus, porque nenhum país será capaz de o vencer sozinho. O vírus propagou-se rapidamente e já foram confirmados mais de 5 milhões de casos em todo o mundo, o que comprova que ninguém está a salvo da pandemia do Covid-19. Por isso é imperativo que haja coordenação e colaboração entre a comunidade internacional para juntos atingirmos os nossos objectivos chaves: primeiro, aprender qual é a melhor forma de tratar aqueles que têm a doença e oferecer a eles a melhor chance de sobrevivência; segundo, encontrar a vacina contra o Covid-19, produzi-la em massa, torna-la acessível a toda a população mundial e acabar com esta pandemia o mais rapidamente possível.A prioridade para todos os países deve ser garantir a segurança e a saúde dos seus cidadãos. O Reino Unido sofreu enormes danos internamente, com uma das mais altas taxas de infecção e mortalidade, mas agora se concentra na recuperação e na implementação de um relaxamento gradual e cauteloso das medidas restritivas. Ao mesmo tempo, o Reino Unido tem estado a colaborar estreitamente com as autoridades Angolanas para apoiar a resposta ao Covid-19 em Angola e para apoiar os cidadãos Britânicos que se encontram a morar, trabalhar, efetuar pesquisas em Angola desde o início do Estado de Emergência. Ressalto que as embaixadas Britânicas em todo o mundo já apoiaram o regresso de 1,3 milhões de seus cidadãos nacionais em voos comerciais e 30.000 em voos de repatriamento organizados exclusivamente pelo Governo Britânico. Continuamos focados em ajudar os Britânicos mais vulneráveis a voltar para casa sãos e salvos. Ao mesmo tempo, Angola ainda está a trabalhar para conter a propagação da doença, implementando precauções sensatas e necessá-

rias durante o período do Estado de Emergência. É encorajador saber que até agora, estes estão a ajudar a conter a propagação da pandemia. Os parceiros internacionais estão a apoiar estes esforços ao fornecer equipamentos, medicamentos e perícia. O Reino Unido está a ajudar Angola através de contribuições aos fundos de organizações internacionais, em especial as Nações Unidas e instituições financeiras internacionais. Mais recentemente as empresas Britânicas têm estado a colaborar com o Ministério da Saúde e a Comissão Interministerial para apoiar a prevenção da Covid-19 em Angola. A BP Angola, empresa petrolífera Britânica, comprometeu-se a financiar 50.000 Dólares Americanos para apoiar a produção e distribuição de máscaras faciais de algodão, produzidas por orfanatos e empresas locais, e a implementar uma campanha de consciencialização para apoiar comunidades vulneráveis. Já a empresa Britânica e Angolana DIAGEO – REFRIANGO, produtora de bebidas espirituosas em Luanda, doou 1000 litros de álcool gel para a Maternidade Lucrécia Paim em Luanda e outros 1000 litros de álcool gel para o Centro de Reabilitação Princesa Diana, no Huambo, e dessa forma apoiar Angola a fazer face à pandemia do Covid-19. A nível global, o Governo Britânico está a focar no futuro e tem liderado os esforços para a colaboração internacional global para encontrar uma vacina para o Covid-19. Como disse o Primeiro Ministro Britânico, Boris Johnson, na Cimeira de Resposta Global ao Covid-19: “A corrida para descobrir a vacina para derrotar este vírus não é uma competição entre países, mas sim, o esforço compartilhado mais urgente das nossas vidas. Estamos juntos e juntos venceremos.” Para isso, é imperativo darmos uma resposta imediata aos desafios de saúde e humanitários e implementar um plano para recuperar a economia após a pandemia. As escolhas feitas agora terão profundas consequências a longo prazo. O trabalho inovador dos cientistas Britânicos é bastante conhecido internacionalmente nas áreas de investigação de infeccões, no

desenvolvimento de vacinas, tratamentos e testes. Duzentos anos atrás, Edward Jenner desenvolveu uma vacina para o vírus da varíola e agora o Reino Unido pretende permanecer na vanguarda das investigações científicas internacionais para desenvolver novas vacinas e combater a grande ameaça global de saúde, a Covid-19. O Reino Unido iniciou estes esforços ao co-anfitriar a Cimeira de Resposta ao Covid-19 a 4 de Maio, em colaboração com a Comissão Europeia, Japão, Alemanha, França, Canadá, Noruega, Itália e a Arábia Saudita. Nós conseguimos angariar 7,4 bilhões de Dólares Americanos de financiamento inicial de governos e organizações globais interessadas em colaborar para desenvolver três vertentes: diagnósticos, tratamentos e vacinas para combater o Covid-19 e prevenir futuras ondas de infecções e epidemias. O Ministro das Relações Exteriores Britânico, Dominic Raab, ressaltou que o Reino Unido já é o maior doador do fundo global para encontrar uma vacina contra o coronavírus, tendo já doado 485 milhões de Dólares Americanos. Este financiamento permitirá ao grupo internacional para o controle de doenças - a Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI) - colaborar com cientistas Britânicos para acelerar o desenvolvimento da vacina contra o Coronavírus. O evento deu inicio a uma campanha de um mês para aumentar o investimento global no combate ao Coronavírus. Esta iniciativa de arrecadar fundos para a pesquisa de vacinas culminará a 4 de Junho, quando o Primeiro Ministro Britânico, Boris Johnson, será o anfitrião virtual da Cimeira Mundial de Vacinas. A Cimeira focará em captar recursos e doações para apoiar a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (GAVI) a imunizar mais 300 milhões de crianças em todo o mundo até 2025. Com este apoio global, a GAVI vai facilitar o acesso equitativo à vacina do Covid-19 para toda a população mundial e prevenir futuras ondas de Coronavírus, assim como, a proliferação de doenças contagiosas e epidemias para criar um mundo mais próspero, saudável e seguro.

O Governo Britânico, deu o pontapé de saída às doações internacionais e comprometeu-se a financiar 410 milhões de Dólares Americanos por ano, pelos próximos cinco anos, à GAVI. Esse valor soma-se aos 1,65 bilhões de Dólares Americanos já doados pelo Reino Unido à GAVI até os dias de hoje. Esta quantia nova ajudará a imunizar 75 milhões de crianças contra doenças mortais em todo o mundo, incluindo em Angola. Também esta semana, o Reino Unido anunciou um conjunto de contribuições significativas para enfrentar a crise do Covid-19: Em 19 de Maio, o Reino Unido anunciou que investirá até 24.5 milhões de Dólares Americanos no novo ‘Fundo da União Africana de Resposta ao Covid-19’, criado no mês passado pelo presidente Sul-Africano Cyril Ramaphosa, na qualidade de Presidente da União Africana. Este Fundo apoiará líderes Africanos e especialistas técnicos a retardar a propagação do Covid-19 e a salvar vidas em África e no mundo. Para enfrentar a pandemia, o Fundo visa apoiar o recrutamento de especialistas em saúde Africanos e inseri-los em países cujo o seu apoio seja mais necessitado. Isso permitirá fazer um rastreamento global da pandemia, combater desinformação prejudicial, dar formação especializada em Covid-19 aos profissionais de saúde e tornar informações sobre o vírus mais acessíveis ao público. Em 17 de Maio, o Reino Unido anunciou que os seus principais pesquisadores a trabalhar rapidamente para encontrar a vacina da Covid-19 irão beneficiar de 102 milhões de Dólares Americanos em novos fundos do governo. O financiamento ocorre ao mesmo tempo que a Universidade de Oxford finalizou um contrato de licenciamento global com a AstraZeneca, empresa farmacêutica sediada no Reino Unido, para a comercialização e a fabricação de sua potencial vacina. Isso significa que, se a vacina de Oxford for bem-sucedida, a AstraZeneca vai aprofundar o seu trabalho para disponibilizar até 30 milhões de doses para pessoas no Reino Unido até Setembro, como parte de um acordo para fornecer 100 milhões de doses no total ao custo mais baixo possível para os países mais vulneráveis. Este anúncio complementou um

compromisso separado do governo Britânico de investir até 102 milhões de Dólares Americanos para acelerar a construção de um novo Centro de Inovação e Fabricação de Vacinas (VMIC) no Campus de Ciências e Inovações em Harwell em Oxfordshire. Este é um componente essencial do programa de vacinas do Covid-19 do governo Britânico, garantindo que, uma vez disponível, a vacina possa ser produzida rapidamente e em grandes quantidades. O novo Centro será a primeira organização sem fins lucrativos do Reino Unido criada para desenvolver e acelerar a produção em massa de vacinas. Precisamos agora que outras entidades apresentem também os seus próprios compromissos de doações, porque quanto mais países, empresas e organizações internacionais se unirem nesta causa, mais rapidamente os cientistas e investigadores conseguirão encontrar uma vacina acessível a todos. As acções do Reino Unido contra o Covid-19 vão mais além. O Reino Unido acredita que a recuperação da pandemia do Covid-19 deve ser inclusiva, sustentável e resiliente. Com base em soluções que respeitem as acções climáticas, que incluem a adaptação de infraestruturas para reduzir a emissão de carbono na atmosfera, apoiar a agricultura sustentável e promover energia limpa visando assim proteger a população das mudanças climáticas e promover a criação de empregos. Essas serão considerações muito relevantes à medida que o Reino Unido prepara-se para sediar a COP26, agora prevista para o final de 2021. A COP26 apresenta uma oportunidade para iniciar uma recuperação global sustentável, com base nos princípios do Acordo de Paris e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. O Reino Unido continuará a trabalhar com Angola e com todos os nossos parceiros internacionais, incluindo os países do G7, G20, União Europeia, Organização das Nações Unidas - ONU, Organização Mundial da Saúde - OMS e outras instituições multilaterais, para fornecer uma forte resposta à saúde e à recuperação económica mundial face ao Covid-19. E esta é a prova nítida de que juntos somos mais fortes.


POLÍTICA

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PRS considera precipitada intensão do Executivo de reabrir as escolas em Julho Para o presidente da agremiação política, numa altura em que o país continua a registar diariamente casos positivos da Covid-19, é uma atitude precipitada falar do regresso às aulas em Julho, conforme orienta o decreto que regula o estado de calamidade

O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

UNITA acusa Governo de não cumprir acordos de Bicesse 29 anos depois da assinatura

Domingos Bento

O

Presidente do PRS, Benedito Daniel, disse, ao OPAIS, que o seu partido não alinha na intensão do Governo de activar o reinício das aulas no mês de Julho, conforme orientação do decreto que estabelece o estado de calamidade. De acordo com o decreto, apresentado recentemente pelo ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, as aulas nas instituições de ensino primário, públicas e privadas, retomam oficialmente a 27 de Julho. Para Benedito Daniel, numa altura em que o país continua a somar, diariamente, casos positivos de covid-19, com a fasquia acima das 80 ocorrências, é uma medida precipitada avançar com quaisquer informações relativas ao reinício das aulas. Segundo o político, apesar de o Executivo ter adiantado que a retoma das aulas dependerá da situação epidemiológica do país, devendo as instituições de ensino garantir condições para o distanciamento físico, ainda assim o cenário da pandemia apresenta muitas incertezas e indefinições, pelo que é dispensável acelerar o regresso às aulas. Para o líder do PRS, até que se tenha a total certeza do sentido inverso, relativo à diminuição do número de casos, o Governo devia evitar falar sobre o reinício das aulas no actual contexto. Conforme explicou, a situação e as condições dos estabelecimentos de ensino do país são bastante débeis e não há garantia nenhuma de que até Julho venha a ter as exigências de bio-segurança asseguradas. Por outro lado, apontou, numa altura em que o país regista casos de transmissão local, não se

P Benedito Daniel, Presidente do PRS

poderia falar de um eventual regresso às actividades académicas sem que antes se alargasse os testes nas comunidades, como recomendam as organizações de saúde, de formas a evitar o contágio em larga escala. “Para nós, é importante assegurar todas as condições neces-

sárias antes de qualquer anúncio de regresso às aulas. As escolas podem esperar, mas a saúde não”, apontou. A actividade lectiva em Angola foi suspensa em finais de Março, devido à ameaça de proliferação do novo coronavírus.

Resultados da auscultação do PR dependerá da valorização das ideias Por outro lado, Benedito Daniel valorizou a a recente iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, de auscultar a sociedade civil, no âmbito da governação aberta. Para o político, ao juntar num só espaço diversos especialistas da sociedade civil e formadores de opinião dos mais variados segmentos da vida política, social e económica do país, o Presidente demonstrou abertura e disponibilidade para trabalhar na identificação e resolução dos problemas que afectam as famílias e as empresas. Porém, o sucesso desta iniciativa, frisou, dependerá da sensibilidade do Presidente da República para valorizar as ideias que foram debitadas durante o encontro que aconteceu na última Sexta-feira da semana finda. “Auscultar apenas não basta. É preciso que se valorize todas as ideias que foram apresentadas pelos diversos actores que se reuniram com o Presidente da República”, concluiu.

or via de uma nota do seu Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política, a UNITA acusa o Governo, liderado pelo MPLA, de não ter cumprido os acordos de Bicesse, 29 anos depois da assinatura deste histórico memorando de paz. A nota refere que depois de Bicesse e 18 anos desde a assinatura de paz do Luena, em 2002, o Governo, na posição de parceiro da UNITA no processo de Paz e reconciliação nacional, não cumpriu, cabalmente, uma série de aspectos estabelecidos no programa de cessar fogo. Dentre os acordos consta a devolução do património do partido, a inserção dos seus quadros nos conselhos de administração das empresas públicas e a conclusão da entrega de pensões aos militares reformados. Segundo o partido, os 29 anos dos acordos de Bicesse acontecem num momento particularmente difícil, marcado pela Covid-19 que vem assolando o mundo, desde Dezembro de 2019, com registo de milhares de mortes e recessão da economia mundial. Porém, neste particular, e no caso concreto de Angola, a UNITA entende ser necessário que o Executivo preste atenção aos sectores da sociedade duramente afectados pelas consequências da pandemia, especialmente as famílias e as empresas. Por outro lado, ainda por ocasião da data, a UNITA diz rego-

zijar-se pelo facto histórico de ter contribuído, positivamente, para a paz e o estado democrático de direito e de economia de mercado em débil construção. Neste quesito, o partido refere que ainda não se vislumbra um horizonte claro da parte do Executivo para a implementação das autarquias locais acordadas para o ano em curso. “A UNITA lamenta que 29 anos depois ainda ocorram actos de violação dos direitos humanos, de exclusão e intolerância política, atentando ao espírito de reconciliação nacional”, atesta a nota do Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política. Ainda segundo a nota, a UNITA serve-se da data para enaltecer a memória do seu presidente fundador, Jonas Savimbi, e de todos os filhos de Angola que verteram o seu suor e derramaram o seu sangue em prol da paz. Sobre a data Os acordos de Bicesse foram assinados em Lisboa -Portugal, em 1991, entre o ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos e o fundador da UNITA, Jonas Savimbi. Foi mediador desses históricos acordos o Governo Português, na pessoa de Durão Barroso, com observação das Nações Unidas, dos Estados Unidos da América e da URSS. Este importante acordo visava pôr fim a um conflito armado sangrento e devastador que se arrastava desde o acordodo de Alvor, em 1975.


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Executivo anuncia ajustamento no Plano da empregabilidade Ao falar em exclusivo ao OPAIS, a ministra da Administração

Pública, Trabalho e Segurança Social, Teresa Dias, disse que assim como as outras acções públicas, o PAPE, que é de iniciativa do Presidente da República, sofreu igualmente ajustes que vão combinar com o actual contexto de dificuldades económicas impostas pela Covid-19 Carlos Moco

Ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, Teresa Dias

Domingos Bento

E

m Função do actual contexto financeiro, motivado pela redução do preço do petróleo e as dificuldades económicas impostas pela Covid-19, o Executivo anunciou para já os ajustes do Plano de Acção para Promoção da Empregabilidade (PAPE). Ao anunciar em exclusivo ao OPAÍS, a ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), Teresa Dias, disse que assim como as outras acções públicas e programas alocados no Orçamento Geral do Estado (OGE), o PAPE, que é de iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, sofreu igualmente ajustes que vão combinar com o actual contexto de dificuldades económicas e financeiras impostas pela pandemia da Covid-19. Para já, com a abertura dos centros profissionais, no passado dias 26, à luz do decreto que orienta o actual estado de calamidade, a ministra deu a conhecer que se vai proceder, entre outras, a pequenas acções de formação inseridas nos planos de curto prazo relativos ao PAPE. Para o efeito, Teresa Dias disse que se vai utilizar as estruturas já disponíveis e requalificar outras para o arranque do programa de formação. Porém, explicou a governante, depois da certificação dos formandos, o passo seguinte será o avanço na entrega de microcréditos e kits profissionais com vista a estimular a geração de empregos. “Este programa foi gizado pelo Titular do Poder Executivo, entretanto, as questões ligadas ao arranque do programa, dado o seu valor de investimento, prendem-se com questões de ordem financeira e por este facto nós temos de reestruturar os planos para um quadro mais realístico dadas as dificuldades económicas do momento “, frisou. O referido plano, lançado em Outubro na província do Cuando Cubango, ficou orçado em AKz 21 mil milhões e previa beneficiar 250 mil cidadãos em todo o país até 2021. Porém, no referido plano, o Pre-

sidente da República vê um instrumento que vai reduzir a taxa de desemprego, combater a pobreza, a vulnerabilidade e fazer crescer a economia. No entanto, desde o seu lançamento, cerca de trezentos jovens já terão beneficiado do referido plano mediante a entrega de microcréditos e kits profissionais. De acordo com Teresa Dias, para o seu pleno acompanhamento, as estruturas do PAPE a nível das provinciais foram orientadas a terem um acção junto dos respectivos governos locais A nível central, foram igualmente criadas outras acções de acompanhamento e inclusive as empresas criadas nas acções do PAPE têm já o controlo do Tribunal de Contas, para garantir maior fiabilidade das acções conforme entendimento da titular do MAPTSS. “Agora é preciso fazer o acompanhamento das acções gizadas e garantir que o programa seja efectivamente um instrumento que vai reduzir as dificuldade, sobretudo neste período”, apontou. Um dos procedimentos para que os beneficiários do PAPE sejam legalizados consiste na apresentação dos documentos passados pelas administrações, para que a actividade seja reconhecida, formalizada e, posteriormente, fazer a inscrição no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), obedecendo ao Sistema de Protecção Social Obrigatório. INSS em avaliação Por outro lado, recentemente, o Presidente da República, João Lourenço, orientou a ministra a prestar uma atenção específica ao Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP) e ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). Ao OPAÍS, Teresa Dias fez saber que a actual direção do seu ministério tem acompanhado com muita preocupação as acções do INSS, por se tratar de uma instituição estruturante. Actualmente, frisou, está em curso um processo de levantamento de informação sobre as acções, do Patrimônio e a valorização e legalização dos activos do INSS. No entanto, este processo de levantamento, frisou, envolve igualmente a participação da Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE). “À semelhança do nosso trabalho, a IGAE está a proceder ao seu levantamento.. Vamos esperar terminar o trabalho para podermos dar continuidade ao nosso diagnóstico e alinharmos com os resultados da IGAE, para melhor transparência da nossa gestão”, concluiu.


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INAC regista mais de 1400 cas violência contra crianças este Assinala-se hoje o 1 de Junho, Dia Mundial Criança, numa altura, em que o mundo é assolado pela pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Em entrevista a OPAÍS, o diretor-geral do Instituto Nacional da Criança (INAC), Paulo Kalesi, revela-se preocupados com o uso e abuso sexual da criança nas redes sociais, bem como com o tráfico de crianças proporcionado pela Internet Maria Teixeira

P

aulo Kalesi diz que de 1 de Janeiro a 15 de Maio foram registados 1.427 casos de todos os tipos de violência contra a criança, com maior realce para os casos de fuga à paternidade, com 677 casos, trabalho infantil, 299, e disputa de guarda, com 155 casos. Entre Março e Maio do corrente ano, a sua instituição recebeu em média 400 denúncias, todas relacionadas com violência contra a criança no seio da família, em casa, segundo ele. O director-geral do INAC disse que foi extremamente difícil para as famílias passarem a fase de confinamento de 24/24 horas em casa, por isso, os casos de violência contra a criança multiplicaram. “O sufoco e cansaço proporcionaram e as crianças foram vítimas de violência. Então, aqui fez-se um trabalho frequente, através dos órgãos de comunicação social, e não só, de alertar e orientar as famílias como lidar com as nossas crianças numa fase como esta”, avançou. Declarou que o INAC recebeu nas suas instalações pais e encarregados de educação, e alguns chegaram mesmo a ligar a pedir socorro, por estarem cansados devido ao barulho e as confusões das crian-

ças. Alguns pais foram ao extremo e bateram mesmo nas crianças, mas alguns psicólogos do INAC foram conversando com eles para acautelar a situação. “O problema não são as crianças, mas os pais que não conseguem lidar com os seus filhos. É preciso passar aqui alguns imputes aos pais sobre como lidar com os filhos numa fase destas porque não se pode imaginar cinco filhos todos quietinhos no cadeirão a ver televisão”, salientou. Reforço ao sistema de protecção de crianças Paulo Kalesi revelou que este ano o 1 de Junho será comemorado durante o mês todo, considerando ser um ano atípico, devido à pandemia da Covid-19 que assola não só o país, mas o o mundo, e alterou consideravelmente a agenda do INAC, sobretudo a jornada da Criança que se comemorava de 1 a 16 Junho. Especificou que para este ano a comemoração vai decorrer durante todo o mês de Junho e como no dia 30 é celebrado o Dia Mundial das Redes Sociais, está preocupado com o uso e abuso sexual a crianças nas redes sociais e com as questões do tráfico de crianças proporcionado pelas redes sociais na Internet. Paulo Kalesi fez saber que para hoje está reservado o acto central político apenas com o pronunciamento da ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, que


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sos de te ano

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vai dirigir uma mensagem ao país por ocasião da data. O gesto que será seguido pelos governadores provinciais, cujas mensagens vão centrar-se, sobretudo, no reassumir da preocupação do Governo para a protecção da criança, na prevenção e combate à Covid-19 e fundamentalmente em sensibilizar as famílias e os adultos para a protecção das crianças. Nambi Wanderley

“Por outro lado, apela-se também às próprias crianças para que continuem empenhadas nos estudos nesta fase de confinamento, que sigam as regras, e, finalmente, apresentar as grandes linhas do Governo na protecção da criança”, frisou. Paulo Kalesi disse ainda que a nível central, para além desse momento, haverá também a assinatura de um memorando de entendimento entre o Instituto Nacional da Criança e o Centro Integrado de Segurança Pública, no âmbito da implementação do serviço de denúncia SOS Criança, acto que será testemunhado pelos ministros do Interior e da Acção Social, Família e Promoção da Mulher. Serviço SOS Criança entrará em funcionamento a 16 de Junho Paulo Kalesi disse que as situações que afectam as crianças, sobretudo as políticas públicas direcionadas a elas, serão, hoje, temas de vários debates radiofónicos, televisivos e não só. “Temos o 4 de Junho, que é o dia Mundial da Criança Vitima Inocente de Violência, 12 de Junho, Dia Mundial do Combate ao Trabalho Infantil, o 16 Junho, Dia da Criança Africana, que para nós está reservado para a inauguração e entrada em funcionamento do serviço SOS Criança”, revelou. Disse que no dia 30 de Junho se irá apresentar os resultados de um programa em curso sobre a “Internet Segura” e aquilo que são as informações sobre a protecção dos direitos da criança. Isto é, a protecção da criança nas redes sociais. “Reassumimos aqui o pedido de uma menina que fez no dia 1 de Junho. Pediu a sua excelência senhora ministra que interviesse perante os membros do Governo para que o 1 de Junho voltasse a ser feriado Nacional. E temos certeza de que mais tarde a Assembleia Nacional se vai pronunciar relativamente à inclusão desta data entre os feriados nacionais”, disse. Segundo o nosso interlocutor, nesta época de pandemia, os desafios do INAC são os de fazer cumprir as directrizes internacionais de protecção da criança durante situações como esta. Explicou que em situações do género, os princípios que norteiam a protecção da criança são diferentes e, por tal razão, elaboraram directrizes de protecção em que os profissionais da Polícia, Saúde e da Acção Social devem obedecer determinadas regras, com destaque para a questão da quarentena.

Menos casos em relação ao ano passado No entanto, salientou que comparando com o ano passado, há uma evolução, uma vez que o ano terminou com mais de cinco e 700 casos a mais. Em Junho estavam em mais de 2.000 os casos de violência contra a criança. “Estamos agora a entrar em Junho. Estamos com 1.400 casos. Provavelmente o semestre pode vir a terminar com 1.700 casos e o ano pode terminar com 3.000 e pouco casos. Comparado, isso reduziu, mas porque a nós satisfaz o resultado das nossas acções”, disse. Por outro lado, fez saber que as preocupações do INAC também se cingem aos responsáveis, fazedores de políticas e a toda a sociedade, no sentido de redobrar os esforços numa fase em que as crianças também estão a ser afectadas e infectadas com a Covid-19, bem como evitar a discriminação. Questionado sobre o programa de assistência aos menores em conflito com a lei, Paulo Kalesi explicou que como infelizmente o país ainda não tem um centro de reeducação para colocar essas crianças, elas estão com as suas famílias.

Luanda e Benguela entre as províncias em que mais se comete crimes contra a criança De acordo com Paulo Kalesi, entre as províncias que apresentam maiores números de violência contra a criança estão Luanda e Benguela, seguindo-se a Huíla, Huambo e Cabinda. Portanto, a quantidade de casos vária com a dimensão populacional. Paulo Kalesi deixou claro que

“E o facto de estarem com as suas famílias, necessariamente, as políticas de protecção da criança abrangem também essas crianças. Apesar de terem cometido um acto tipificado como crime, mesmo assim devem ser salvaguardos os seus direitos, porque não deixam de ser crianças”, explicou. Paulo Kalesi fez saber que o INAC, por força do seu estatuto orgânico, deveria ter um número aproximado de mais de 500 funcionários, numa média de 21 funcionário por província. Mas, no decorrer do tempo, alguns quadros do INAC transferiram-se para outras instituições, outros reformaram-se e uns perderam a vida, abrindo vagas que não foram preenchidas. “Infelizmente, neste momento, na média dos 500, nós temos uma média de cento e pouco, havendo mesmo serviços provinciais do INAC que trabalham com dois a três funcionários, o que tem provocado grandes constrangimentos”, revelou. Entretanto, disse que estava prevista para este ano a abertura de um concurso público, mas que acabou por ser cancelado por causa da pandemia. Ainda assim, em cada província estão a trabalhar com as direções municipais da Saúde e da Acção Social.

há registo de ocorrência de trabalho infantil, mas com características próprias. A título de exemplo, contou que na Huíla, Bengo e Namibe o trabalho infantil é realizado nas fazendas; em Benguela e Cuanza-Sul as crianças encontram trabalho na pesca e no Norte do país as crianças são acusadas de prática de feitiçaria. “Em Luanda encontramos de tudo um pouco, mas também encontramos em um número considerável de crianças abusadas sexualmente. Mas aqui os números variam em função da dimensão”, salientou.


Jacinto Figueiredo

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sociedade

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Projecto “corrente da vida” clama por apoio para ajudar seropositivos dades de saúde. Para tal, pode-se deslocar para as instituições parentes ou um activista da organização ou do projecto “corrente da vida”.

No âmbito do desenvolvimento do projecto “corrente da vida”, o secretário executivo da ANASO, Kito Simões, disse que os beneficiários estão a viver uma fase difícil, resultante das limitações de apoio para os medicamentos de doentes com VIH, bem como de cestas básicas para as famílias Stela Cambamba

D

ada as restrições de alguns serviços hospitalares, resultantes da situação de Covid-19, e as necessidades de pessoas que têm VIH e tuberculose, surgiu o projecto “corrente da vida”, que visa garantir, regularmente, os medicamentos para estes doentes, nos próximos três meses, assim como

cestas básicas. Kito Simões disse que para a aquisição das cestas básicas têm registado muitas dificuldades, bem como para os medicamentos para os doentes de VIH e tuberculose. “Há muita fome e temos dificuldades de alimentar as famílias. Mesmo que as pessoas tomem a medicação, devem se alimentar-se adequadamente, tendo em conta que se tomarem a medicação sem a alimentação os efeitos colaterais são graves”.

Outra dificuldade registada no desenvolvimento do programa tem a ver com o equipamento e o matérial de bio-segurança para as equipas de trabalho, designadamente as máscaras e o álcool gel. De um modo geral, não há uniformes adequados para os colaboradores,que permitiria identificar os que estão em serviço. As famílias também não têm material de limpeza para higienizar as suas casas. Por esta razão, Kito

Simões apelou para que haja mais apoios para as pessoas que vivem com VIH e doentes de tuberculose, que neste período devem estar em casa. Sobre a aquisição de antirretrovirais, a ANASO tem recebido reclamações por parte das pessoas que vivem com VIH, mas junto das instituições há garantias de que existe no país quantidade suficiente e disponível, faltando apenas aprimorar o sistema de distribuição. A organização também tem encontrado dificuldade no acto da aquisição dos medicamentos junto das unidades sanitárias e outras instituições que têm a missão de os entregar aos doentes. Considerando que estão no grupo de risco, alguém tem de ir buscar os medicamentos, evintando que se exponham a riscos nas uni-

Redução da burocracia Apesar do diálogo entre as instituições, algumas unidades ainda registam dificuldades na interpretação do projecto, mas em outras as coisas melhoraram, sendo que estão a aprimorar o sistema de distribuição da medicação, reduzindo o índice de burocracia que anteriormente tinham. As equipas já trabalham, sobretudo em zonas com alto índice de contaminação local. A ANASO conta com vários apoios, incluindo de instituições internacionais, “os apoios vão desde a cesta básica, material de bio-segurança para os activistas e os equipamentos, tendo em conta que eles fazem entrega de diversos bens, incluindo a informação e educação”, disse. De acordo com Kito Simões, a ANASO está para ajudar e garantir que as pessoas tenham os antirretrovirais. Explicou ainda que, as pessoas que têm dificuldade em adquirir os medicamentos devem contactar as organizações não governamentais, junto da sua comunidade, onde serão cadastradas e por intermédio da ANASO, que irá dialogar com as instituições de direito, serão apoiadas. Sublinhou que a sua organização não pretende ser parte do problema, mas da solução, sendo esta a sua missão e onde o Governo não consegue chegar e não tem resposta, as associações da sociedade civil estão prontas para lá irem e facilitarem o diálogo. “Nesta fase de quarentena domiciliar obrigatória, há pessoas a beneficiarem de medicamentos em casa, outras, os próprios familiares se deslocam às unidades de referência para os levantar”, reforça. Neste contexto, até ao momento, mais de 400 famílias já receberam cestas básicas, de modo que as pessoas, para além da medicação, tenham apoio alimentar. O secretário executivo da ANASO chama atenção a sociedade em geral, no sentido de respeitar e cumprir as medidas de segurança, métodos de prevenção, tendo em conta que é a única arma para lutar contra a Covid-19.


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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

F

oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PROTEGER?

Tendo sido reportados já 83 casos em Angola, com duas mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:

1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

Mampuya retrata vivências, a flora e a fauna em mural de pintura As pinturas feitas pelo artista que retratam as vivências dos angolanos, a fauna e a flora, o realçar da cultura local com os Bakamas, bem como um tributo aos actores do mundo cinematográfico serão ilustradas no muro (da parte traseira) do Candando, em Talatona, com 80 metros de comprimento e seis altura

ra a trabalhar num espaço maior, que me desafia, mas estou sempre preparado para esses trabalhos ligados a minha arte”, enalteceu. Materiais Dada a dimensão do espaço, e, para a conclusão no tempo acordado, Mampuya está a trabalhar com um dos seus colegas, entendedor da arte, que o ajuda a pintura através dos desenhos projectados por si. Para labor é utilizada tinta acrílica, por a considerar ideal para projectos do género, devido à exposição do espaço à luz do sol. As cores que utiliza são as que o caracterizam como pintor, os tons de vivências, relacionadas com o continente “Berço”. Realçou ser uma mistura de cores, com a azul, verde, vermelha, amarela, preto entre outras, conforme usa nas suas variadas obras. Quanto ao tributo ao mundo cinematográfico, disse que se deve ao facto de o espaço estar adjacente à Zap Estúdio. “Por isso, vamos homenagear também os ‘monstros’ do cinema, por estar defronte a esta empresa televisiva. Começamos na semana passada, o clima está também a ajudar e tudo indica que vamos concluir no tempo marcado. Como o muro fica exposto ao sol, estamos a usar a tinta acrílica, por ser resistente e responde melhor”, explicou.

Antónia Gonçalo

O

artista plástico Guilherme Mampuya está a trabalhar desde a semana passada (25 de Maio), na elaboração de uma pintura mural no muro adjacente ao supermercado Candando, em Talatona, a convite desta instituição comercial, a fim de torná-la mais atractiva. A superfície, que possui 80 metros de comprimento e seis de largura, será preenchida com desenhos que retratam as vivências dos angolanos, como o dia-a-dia das zungueiras, a flora e a fauna através de espécies como a Welwitcha Mirabilis (planta única, que existe apenas em Angola, no deserto do Namibe) e o rinocenronte. O artista, que trabalha nesta arte há mais de 20 anos, vai ainda prestar tributo aos ritmos da cultura, com os Bakamas, um dos mais notáveis simbolos culturais tam-

bém conhecidos por “Zindunga”, que se esquadram numa espécie de religião tradicional de Cabinda, intervêm com exibições em vários eventos, entre cerimónias de empoçamento dos chefes, actos fúnebres, homenagens, consagração, calamidades naturais e agradecimentos. O mundo cinematográfico será também aqui representado, com

ilustrações de profissionais internacionais, entre eles Charles Chaplin (1889-1977), um actor, dançarino, director e produtor inglês, tido como o mais famoso artista cinematográfico da era do cinema mudo, que ficou notabilizado pelas usas mimicas e comédias do género pastelão. Mampuya, em conversa com OPAÍS, disse que, pela sua diver-

sidade, tanto de desenhos, cores e conteúdos, será muito apreciado pelos cidadãos angolanos e estrangeiros, devido à magnitude do labor, que pretende terminar dentro de um mês. “É um conviver que será respaldado na parede. Recebi o convite por parte da direcção do Candando para fazer o trabalho. Fiz um idêntico na parede do meu atelier e estou ago-

Outros projectos As obras para construção do “MuseuColecçãoGuilhermeMampuya tiveram início no mês passado, no Zango 0, município de Viana. O espaço, com a previsão de ser inaugurado em 2022, para além de preservar as suas obras, tem como objectivo exaltar os nomes de figuras emblemáticas nas artes plásticas no país. “Já começamos a preparar à minha colecção. Continuamos a trabalhar. É um projecto desafiador. Antes mesmo, durante o estado deemergência,tivemosmaistempo para estudar os projectos, e , agora, estamos a avançar”, finalizou.


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Walter Ananás e Heavy C animam tarde de Domingo em show solidário O show é uma iniciativa da Televisão Pública de Angola (TPA) e do portal Platinaline, cujo objectivo é a angariação de receitas para a compra de cestas básicas para os lares de acolhimento e para cidadãos desfavorecidos em termos de alimentaçãonesta fase em que se enfrenta a pandemia da Covid-19

mais carenciados. Embora não tivesse sido divulgado o total dos valores arrecadados, os músicos que protagonizaram o concerto (Walter Ananás e Heavy C) agradeceram a iniciativa e a todos que colaboraram a dar um pouco de si a quem mais precisa. Próximo concerto Entretanto, a onda de solidariedade prossegue e desta vez a canção evangélica através da palavra de Deus vai tomar conta do palco através da visualização na TPA e nas plataformas digitais do portal Platinaline com música Gospel. Desse modo, quatro artistas deste género cristão entram em cena no próximo Domingo, 7 de Junho, a partir das 14 horas e 30 minutos, nomeadamente, a irmã Joly Makanda, Bambila, Glória Silva e Dodó Miranda, para mais um concerto com o mesmo objectivo. De salientar que já passaram por essa inciativa os músicos Matias Damásio, Yola Semedo, Puto Português, Edmázia Mayembe, Euclides da Lomba e Patrícia Faria.

Walter Ananás

Jorge Fernandes

O

projecto “Live no Kubico”, uma iniciativa da Televisão da Pública de Angola e do portal Platinaline, apresentou ontem, Domingo, 31, mais um concerto de cariz solidário, em que foram protagonistas os músicos Walter Ananás e Heavy C. Os artistas que deram sim ao projecto, esmeraram-se em apresentar o melhor dos seus repertórios, além de apelarem continuamente aos telespectadores com mensagens de paz e de solidariedade com vista a acudir os mais necessitados. Walter Ananás abriu as hostilidades, fazendo recurso a temas seus a solo e dos antigos agrupamentos de que foi líder, N’Sex Love e O2, tendo começado a viagem com “Soly”. Na intermitência com o outro companheiro que aguardava pelo seu sinal cantou outras tantas. Entre elas, destaque para “Je

Heavy C

Sui Lá”, “Check-check”, “Kifua Kiami”, “Mor” (Dá-me uma explicação”, “Mais um Domingo”, “Nady”, “Tímido”, “Solidão”, “Me desculpa”, “É bom” e “Kizombada”, na companhia dos seus três filhos, não deixando de parte os seus excêntricos toques de dança. Por sua vez, Heavy C, agarrando a “bola” do seu lado, começou de forma suave e aos poucos foi acelerando o compasso, ao ritmo dos seus temas antigos e mais recentes. Assim, deu a ouvir, de forma animada e descontraída,

no estilo R&Ba “Nossa primeira vez”. Na sequência, cantou “Única”, “Amar é um dom”, “Não importa a idade”, “Pra quê”, “Porque que ainda ligas pra mim”, “Quando a mulher se cansa”, “Morro”, “Sem ti”, “Você sou eu”, “Minha mulher”, “Filme” e encerrou com o Semba “Homem casado”, sob acompanhamento da banda Mozangola. Ajuda Durante o concerto telespectadores em nome individual e

alguns representando algumas empresas e até anónimos, foram acedendo ao apelo dos artistas e à medida em que se seguia, anunciavam-se as ajudas para compra de cestas básicas cujo valor mínimo é de cinco mil Kwanzas. Os colaboradores do Banco de Comércio e Indústria (BCI) abraçaram a causa e em conjunto doaram, conforme anunciado pelo músico Walter Ananás, três milhões de Kwanzas para compra de cestas básicas que se vão destinar a lares de acolhimento e aos

Os artistas, que deram sim ao projecto, esmeraram-se em apresentar o melhor dos seus repertórios, além de apelarem continuamente aos telespectadores, com mensagens de paz e de solidariedade com vista a acudir os mais necessitados


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cartaz

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Covid-19

Hollywood ainda está longe de regressar às filmagens O regresso dos estúdios de Hollywood às filmagens ainda está longe, dois meses e meio depois do início do confinamento ordenado pelo condado de Los Angeles e pelo Estado da Califórnia para conter o novo Coronavírus

“Q

uero muito voltar a trabalhar, mas acho que é um pouco cedo”, disse à Lusa a actriz portuguesa Kika Magalhães, baseada em Los Angeles, cujo novo filme, “Castle Freak”, teve a estreia adiada por causa da pandemia. Os números na California con-

tinuam a aumentar e estar num ‘set’ de filmagens é um risco muito grande, porque são sempre muitas pessoas num espaço pequeno e os actores obviamente não podem usar máscaras”, considerou. O cancelamento de todas as actividades causou uma disrupção sem precedentes na indústria do entretenimento, com um impacto financeiro estimado em

Música

Polémica

160 mil milhões de dólares (perto de 146 mil milhões de euros), durante os próximos cinco anos, de acordo com a firma de pesquisa Ampere Analysis. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, indicou que iria divulgar um protocolo para a reautorização das filmagens, mas os próprios estúdios responderam negativamente e até agora nenhum plano

Justiça

foi estabelecido. “Pelo que vi nas noticias os estúdios ficaram bastante surpresos com esta decisão e também acham que é bastante cedo e não estão preparados”, disse Kika Magalhães. O realizador independente Gene Blalock, que lidera o estúdio Seraph Films, colocou igualmente dúvidas sobre a reabertura. “Penso que vai demorar algum tempo até que os

grandes estúdios voltem ao trabalho”, disse. “Os sindicatos vão lutar contra isso durante algum tempo”. Foi o que explicou o actor David Villar, que é membro do SAG-AFTRA. “O sindicato dos actores aconselhou-nos a avaliar caso a caso e a falar com eles”, afirmou à Lusa. “Ouvi falar de projetos fora do alcance do sindicato, em que os atores assinam um documento de renúncia de responsabilidade e os promotores do projeto fazem verificações de temperatura e limpeza a fundo”. Por ser uma situação arriscada, “o SAG disse que desencoraja fortemente isto”. Villar, que entrou em episódios da série da Netflix “Grace and Frankie”, “Mentes Criminosas” e “General Hospital”, explicou que o problema não é apenas a segurança e a autorização para voltar a filmar. “Os projectos estão a ter muitas dificuldades para conseguirem seguros. A indústria seguradora ainda está a lidar com todos os pedidos que foram feitos”.

Carreira

Televisão

Edgar Domingos convida Kroa e lança “Nós Dois”

Kylie Jenner acusada de mentir para ganhar o estatuto de bilionária, diz a Forbes

Beyoncé, Rihanna, Lady Gaga e muitos outros pedem justiça por George Floyd

Clint Eastwood faz 90 anos e não pensa em reformar-se

Cauã Reymond prepara série sobre bastidores do mundo do futebol

Edgar Domingos, neste novo single contou a história de uma mulher que, mesmo estando no seu relacionamento, ainda insiste em manter contacto com outra pessoa, que no caso é o personagem encarnado por Kroa. “Nós dois” é o mais novo single de Edgar Domingos, que conta com a participação de Kroa, membro do grupo português Wet Bed Gang. Edgar Domingos começou no estilo Rap, entre 2013 a 2016, mas foi a Kizomba que o catapultou para o mercado da música. Do seu repertório figuram os hits “Adoço”, “Já não te conheço mais”, “Dá valor” e “Senhor Incrível”.

Kylie Jenner será menos rica do que aquilo que dá a entender, segundo um artigo da revista Forbes. Após investigar a venda, em Janeiro, da marca Kylie Cosmetics à Coty, a Forbes tirou a Kylie o seu estatuto de “bilionária”, escrevendo que a empresária mentiu acerca da sua situação financeira. Em Março do ano passado, a Forbes proclamou Kylie como a mais jovem bilionária self-made de sempre, uma posição que agora revoga, argumentando que a empresária forjou as suas declarações de impostos, para dar a entender ganhar mais do que o que ganha.

São já muitas as vozes do mundo da música a pedir justiça para George Floyd, uma das mais recentes vítimas de violência policial nos Estados Unidos. Uma delas foi Rihanna, que no Instagram escreveu estar a sentir-se “desolada”, “furiosa” e “entristecida” desde a morte de Floyd, na semana passada. “Ver a minha gente ser assassinada e linchada, dia após dia, levou-me a sentir um peso enorme no coração”, acrescentou. O mesmo peso sente Dr. Dre, que no programa “Young Money Radio” da Apple Music afirmou ter sentido que “aquele polícia tinha o joelho no pescoço de todos nós, homens negros”.

A lenda do cinema Clint Eastwood completou 90 anos ontem, Domingo mas não pensa na reforma. O actor que se tornou um realizador consagrado, vencedor de quatro estatuetas nos Óscares, e que nos últimos 10 anos lançou nove filmes, mantém-se entusiasmado com o trabalho. Eastwood tem uma carreira de sete décadas, com mais de 50 filmes, o mais recente deles O Caso Richard Jewell, estreou em janeiro em Portugal. O filme recebeu apreciações mistas e foi alvo de algumas críticas por mostrar uma jornalista que trocava sexo por segredos do FBI.

Cauã Reymond prepara durante a pandemia uma série sobre os bastidores do mundo do futebol, fora de campo: os negócios, a fama, as festas e as encrencas. Será sua estreia como showrunner, o criador do programa, responsável por convidar diretor, roteirista e outros integrantes da produção. Se Reymond fechar com o Globoplay, ele também actuará na série, mas, se o programa for contratado por outra plataforma, não poderá actuar, devido ao seu contrato de exclusividade com a TV Globo.


OPINIÃO

O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

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Dani Costa

A arte de baralhar e dar de novo

Q

uando o bom do José Lima da Silva brincou no facebook, questionando sobre o que viria a ser a agenda de um dos governantes recém-nomeados pelo Presidente João Lourenço, a maioria dos internautas quase que respondeu, em uníssono, que este faria uma visita aos órgãos sob sua tutela e dias depois reuniria com os responsáveis destas instituições. E, se não fosse a COVID 19, iria a Portugal, seguramente, assinar mais alguns memorandos de entendimento com os seus homólogos. As primeiras acções dos nossos governantes, sejam os que ganham novas pastas ministeriais ou até os mais novos governadores provinciais, é bastante previsível. Seguem um certo mandamento que acabam, por regra, por enterrar o que foi desenvolvido pelos seus antecessores, criando-se novas metas e prioridades, embora devessem todos eles estar em consonância com aquilo que são os desígnios do partido no poder em que pertencem. Por exemplo, quando se chega aos governos provinciais, a lógica não é muito diferente daquela seguida pelos ministros. Já se sabe que, dentro de alguns dias, os mais novos governadores deverão encetar uma intensa jornada de campo pelos municípios que compõem a circunscrição que ganharam, os mais zelosos deverão conceder os 100 dias de graça para que alguns administradores demonstrem trabalho e só depois disso começam as exonerações que são da praxe. Depois das últimas mexidas efectuadas pelo Presidente João Lourenço, da mesma forma que as ocorrida no ‘ancién regime’, muito boa gente já perdeu o sono. Aliás, quem anda por este país e vai acompanhando as

insistentes mexidas efectuadas, algumas das quais em contracorrente, sabe que os novos inquilinos de alguns palácios e gabinetes ministeriais começarão pelos directores de gabinete, depois os secretários de Estado e se, possível, também os directores nacionais e estes os chefes de departamento e até de sectores. No caso dos governos provinciais, já se sabe que, apesar das promessas de se manter uma equipa funcional, nos casos que existirem, os novos governadores são sempre tentados a montarem as suas próprias equipas, começando pelos membros dos seus gabinetes, estendendo-se aos vice-governadores e mais tarde aos administradores municipais. Naquelas províncias mais complexas, como a capital Luanda, estas mudanças acabam por ser mais profundas. Vem um novo director da fiscalização, porque afinal esta é uma

A julgar pelo ritmo e o número de alterações que se observam no próprio Executivo, a cada momento um novo processo começa a todos os níveis. Esta operação, embora se diga que não, acarreta consigo inúmeras consequências, pondo em causa o sucesso de muitos projectos

das pastas mais problemáticas e apetecíveis, um novo director da Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda (Elisal) e, consequentemente, um novo modelo de limpeza para a própria edilidade. A julgar pelo ritmo e o número de alterações que se observam no próprio Executivo, a cada momento um novo processo começa a todos os níveis. Esta operação, embora se diga que não, acarreta consigo inúmeras consequências, pondo em causa o sucesso de muitos projectos. Mesmo que se queira em determinados momentos apenas olear a máquina, dar um novo impulso, até porque alguns são afastados por razões plausíveis por força dos pecados que vão cometendo, o constante baralhar e dar de novos as cartas poderá se transformar igualmente num factor de instabilidade e fonte de insucesso para os programas que se pretendem até 2022.

Ao longo dos anos de vida em que vamos assistindo às transformações, boas e más, neste país, poucos são os governantes que aceitam sequer reconhecer o papel positivo desempenhado pelos seus antecessores e dar sequências aos projectos em carteira. Reconhecendo-se que existam algumas excepções, a prática entre nós tem sido o contrário, tanto a nível ministerial como dos próprios governos provinciais. Além das alterações no quadro das respectivas administrações, governos provinciais e ministérios, há ainda o velho hábito de que, independentemente dos timings e dos valores já gastos em determinadas empreitadas, cada um dos novos responsáveis introduz também o seu programa, algumas vezes com alterações desnecessárias, que só são válidas porque, afinal, no fim deste jogo, ninguém quer ficar desprovido do seu ‘filet mignon’. Momentos depois de terem tomado posse os novos responsáveis nomeados pelo Presidente da República, foi bom ter ouvido da nova inquilina do Palácio da Mutamba, Joana Lina, que não viria para efectuar ‘alterações profundas’, a julgar pelo trabalho que vinha sendo desenvolvido pelo seu antecessor, Sérgio Luther Rescova. Seja quais forem as razões, a ver vamos se, nesta fase do campeonato, com PIIM’s à mistura e o tempo a apertar cada vez mais, para o fim do primeiro mandato do treinador, as alterações no balneário não atingirão a mesma profundidade. É necessário que se altere algumas regras do jogo, sob pena de no final alguns jogadores nem sequer se adaptarem ao próprio terreno e nas posições em que forem escalados.


Economia

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O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

Macon perde mais de USD 100 milhões com paralisação das rotas internacionais A operadora de

transporte rodoviário Macon perde mensalmente perto de 140 milhões de dólares, com a paralisação das duas rotas internacionais. Com a República Democrática do Congo perde USD 80 mil, representando 57%, enquanto que na rota Luanda Namíbia a companhia perde um total de USD 60 mil perfazendo uma cifra de 43% Brenda Sambo

T

endo em conta a pandemia da Covid-19 no país, as companhias angolanas foram obrigadas a reduzir o número de passageiros, assim como a paralisação da circulação de passageiros nas rotas interprovinciais e internacionais. Para a companhia nacional Macon os prejuízos com a paralização das rotas internacionais já atingem 140 milhões de dólares mensais, revelou em exclusivo a OPAÍS, o director-geral da empresa, Luís Máquina. “Da linha que liga Luanda e Kinshasa a operadora chegou a perder 80.000 mil dólares, enquanto que, com a paralisação da rota Luanda – Windhoek a perda é de 60.00 mil doláres”, adiantou

o responsável. Segundo o gestor, a perda nas rotas internacionais está a interferir de forma negativa no pagamento dos salários dos trabalhadores. Por isso, a empresa, que conta actualmente com um total de três mil trabalhadores, reduziu a força de trabalho para 20 por cento. Na rota com a República Democrática do Congo, por exemplo, a empresa criou inicialmente mais de 20 novos postos de trabalhos, entre motoristas, cobradores e auxiliares administrativos. A empresa investiu na altura USD 6,5 milhões. Com taxas de bilhetes de passagem que custam mais de 20 mil kwanzas as rotas internacio-

nais chegam a transportar mais de duzentos mil passageiros por mês. Macon factura mais de 400 mil dólares em Abril Durante o mês de Abril do ano em curso, a companhia facturou USD 429 mil, duzentos e cinquenta e oito dólares, representando cerca Kz 214 milhões, seiscentos e vinte e nove mil com a transportação de 27 mil passageiros. O gestor disse ainda que actualmente, o transporte de passageiros é feito apenas na província de Luanda, com umataxa de ocupação de 50 por cento . Salientou ainda que a operadora que conta mais de 700 au-

tocarros, trabalha actualmente com apenas 45 autocarros, nas rotas de Benfica até ao Golfe II, projecto Nova Vida ao São Paulo, Kilamba ao Largo das escolas, entre outras. De acordo com Luís Máquina, antes mesmo da pandemia da Covid-19, as principais dificuldades estavam relacionadas com a concorrência desleal, a situação das estradas degradadas em algumas linhas, como por exemplo a zona Leste do país, os cambiais que de certa forma têm influenciados na aquisição de sobressalentes e aquisição de veículos no exterior (China e Brasil) para servirem de reforço da frota existente. Com a Covid 19, o gestor ressalta que aumentaram, de certa

forma, as dificuldades. A operadora iniciou actividade a 25 de Maio de 2000, com um total de 25 autocarros urbanos e um quadro de pessoal de 140 trabalhadores. Hoje, a transportadora emprega 3.000 trabalhadores. A rota Luanda-Windhoek, com as linhas Windhoek-Walvis Bay e Oshikango-Katima Mulilo, via Rundo foi inaugurada em 2018, enquanto a segunda rota internacional Luanda-Kinshasa (via Luvo), Kinshasa-Boma (via Matadi) e Kinshasa-Yema, na fronteira com a província de Cabinda foi inaugurada em 2019. Em 2018, transportou 36 milhões de passageiros urbanos e dois milhões e 400 mil interprovinciais.


O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

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Angola defende parcerias sólidas com UE O secretário de Estado do Comércio, Amadeu Leitão, defendeu acções conjuntas em áreas consideradas fundamentais para o fomento de parcerias sólidas com a União Europeia (UE), no âmbito da diversificação económica angolana

O

responsável fez esta declaração numa videoconferência organizada, Sexta-feira, em Roma, pela Câmara de Comércio Itália–África, que trabalha para a criação de políticas de parcerias, facilitação e materialização de linhas de financiamento existentes para a África, bem como a disseminação do potencial dos países africanos. No encontro, organizado sob o

lema “Polo Sul Magnético & Internacionalização em África” e em que participou a embaixadora Maria de Fátima Jardim, foi apresentado um conjunto de preocupações que, na sua generalidade, têm afectado o normal funcionamento das políticas de implementação das trocas comerciais entre a UE e a África e certos programas de desenvolvimento em várias regiões do continente africano. De acordo com Amadeu Leitão,

o evento acontece num momento em que nas trocas comerciais entre Angola e os países membros da UE pretende-se intensificar e ganhar novos espaços, especialmente na região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), sendo a avaliação do comércio inter-regional e da sua industrialização pela recente Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da região o mais importante factor de integração e parcerias para o desenvolvimento

“Temos que aprender uns com outros, e esta parceria entre a África e a UE é estratégica e tem marcado passos importantes na inovação tecnológica, para que a África se capacite para o desenvolvimento”

Nessa perspectiva, afirmou, o Governo angolano tem trabalhado arduamente no sentido de promover o desenvolvimento sustentável, reiterando a “confiança inequívoca” de continuarem a trabalhar em parceria com a União Europeia no processo de reformas em curso no seu país. “Devido à crise financeira derivada da baixa do preço do petróleo, agravada pela Covid-19, Angola está a viver novos desafios. Estamos constantemente a trabalhar por novos projectos e oportunidades de financiamento, para criarmos empregos, sobretudo, para a juventude, bem como aumentar o rendimento social através do fomento de parcerias”, sublinhou. Ainda por causa da pandemia da Covid-19 no mundo, o secretário de Estado defendeu a troca de experiências e informações sobre a situação de emergência e calamidade global, tendo reafirmado o compromisso do Governo angolano de colaborar na busca de soluções e oportunidades de cooperação que reforcem o crescimento, a solidariedade e amizade entre os povos. Defendeu a continuidade da cooperação para o crescimento e desenvolvimento, pois todos “temos que aprender uns com outros, e esta parceria entre a África e a UE é estratégica e tem marcado passos importantes na inovação tecnológica, para que a África se capacite para o desenvolvimento”. Ao enaltecer a importância do evento, Amadeu Leitão felicitou os organizadores pela iniciativa e disse esperar que, através de Câmaras de Comércio, empresas e parcerias público-privadas, se possa caminhar para a estabilidade económica e social, criando desta forma as bases para a uma parceria estratégica entre a África e a União Europeia. Convidou a Câmara de Comércio Itália-África a visitar Angola para poder divulgar a imagem real do país, promover a troca de informações sobre os recursos naturais e trabalhar de forma conjunta, se necessário, em áreas consideradas fundamentais para o fomento de parcerias com a União Europeia. No final do evento, no qual a embaixada angolana se fez representar também pelo segundo secretário para a área comercial, Sérgio da Costa, o presidente da Câmara do Comércio ItáliaÁfrica, Alfredo Carmine Cestari, enalteceu as contribuições dos convidados. Angola está entre os países prioritários do projecto.


análise

Mercado Taxa de juro Taxas de Juro Taxa BNA Libor USD 6M Libor GBP 6M Libor JPY 6M Euribor 6M Luibor 6M

Cot. 05/02/20 15,5% 0,515% 0,513% 0,017% -0,142% 14,76%

∆ Diária (p.p) 0,000 -0,055 0,088 0,002 0,012 0,590

Libor USD 6 Meses

∆ Diária (%) 2,947 1,970 1,390 4,432 1,123 7,307

16,82%

16,76%

16,70% 22/05/20

25/05/20

Cot. 05/02/20 586,6459 1,1086 1,2307 107,8800 17,6021 5,4257

Cot. 05/02/20 33,58 34,95 1 736,50 18,48 1,79 242,70

27/05/20

28/05/20

25 300,0

24 800,0

24 300,0 22/05/20

25/05/20

26/05/20

27/05/20

28/05/20

Mercado Cambial

1,1020 1,0945

25/05/20

26/05/20

27/05/20

28/05/20

29/05/20

Brent Crude Fut. 36,40

∆ Diária (%) 0,992 -0,512 0,058 4,620 3,524 1,697

35,60

34,80

34,00 22/05/20

25/05/20

26/05/20

27/05/20

28/05/20

29/05/20

Luibor 1 Ano

Luibor Cot. 05/02/20 15,41 14,2 14,74 14,76 16,3 16,87

∆ Diária (p.p) -0,170 0,530 0,280 0,590 0,580 0,150

0,53%

25/05/20

26/05/20

27/05/20

28/05/20

estímulos para a recuperação da economia da Zona Euro associada ao anúncio de medidas de reabertura da economia do Reino Unido, poderão ter favorecido as respectivas moedas.

Mercado de Matérias-primas A cotação do crude não seguiu uma tendência definida ao longo da última semana. O WTI aumentou 0,9% ao se fixar em 33,58 USD/Barril. Paralelamente, o Brent fixou-se em 34,95 USD/Barril uma redução semanal de 0,5%. A

As taxas de juros no mercado interbancário seguiram tendência ascendente na generalidade das maturidades ao longo da semana, com excepção da Lui-

0,55%

0,50% 22/05/20

O dólar norte-americano voltou a depreciar-se face ao euro e a libra esterlina em 1,7% e 1,1% tendo se fixado em 1,1086 e 1,2307 por unidade da moeda, respectivamente. A apresentação do pacote de

trajectória poderá reflectir a expectativa de aumento da procura em consequência da redução das restrições de circulação da população e o ajuste das expectativas dos investidores, respectivamente.

Luibor

0,58%

Taxas BNA Luibor O/N Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 meses Luibor 9 meses Luibor 1 Ano

índices Dow Jones (EUA) e FTSE 100 (Reino Unido) valorizaram 2,9% e 1,4% ao se fixarem em 25.186,04 e 6.076,6 pontos, respectivamente.

29/05/20

1,1095

1,0870 22/05/20

mento e do consumo das famílias. A Libor GBP 6 meses aumentou 8,8 p.b. ao se fixar em 0,513%.

Mercado Accionista Os índices bolsistas encerraram a semana em terreno positivo. A contribuir para o desempenho estiveram as indicações de reabertura parcial das economias. Os

EUR / USD ∆ Diária (%) 2,416 1,697 1,101 0,223 -0,115 -1,923

Mercado Interbancário

29/05/20

25 800,0

Mercado das commodities Commodities WTI Crude Fut. Brent Crude Fut. Gold 100 Oz Fut. Prata Fut. Gás Natural Fut. Cobre Fut.

26/05/20

Dow Jones (EUA)

Mercado cambial Taxas de Câmbio USD/AKZ EUR/USD GBP/USD USD/JPY USD/ZAR USD/BRL

O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

O anúncio de medidas de reabertura parcial da economia no Reino Unido poderá estar a impulsionar as expectativas sobre a recuperação do investi-

16,88%

Mercado accionista Índices Accionistas Cot. 05/02/20 Dow Jones (EUA) 25 186,04 S&P 500 (EUA) 3 013,66 FTSE 100 (Inglaterra) 6 076,60 Bovespa (Brasil) 85 815,40 CSI 300 (China) 3 867,02 Nikkei 225 (Japão) 21 877,89

20

29/05/20

bor Overnight que seguiu tendência contrária ao reduzir 17 p.b., ao se fixar em 15,41%, abaixo da taxa BNA que esteve fixada em 15,5%


O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

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País não possui grandes centros logísticos para o escoamento dos produtos agrícolas Mais de 40 investidores, operadores e clientes foram entrevistados, de modo a participarem na implementação nacional de plataformas logísticas, referiu o director-geral do Conselho Nacional de Carregadores (CNC), Catarino Pereira, em entrevista, no espaço conversas sobre a covid-19, no CIAM

Patrícia de Oliveira

N

a abordagem sobre o tema “Organizações das plataformas logísticas e transformação dos grandes centros comercias e mercados a céu aberto”, Catarino Pereira, salientou que os principais operadores têm o conhecimento do mercado e, sendo assim, vão indicar as melhores áreas para a implementação das plataformas logística. O Estado terá o papel de regulador. Questionado sobre o deficit de plataformas logísticas, argumentou que o país ainda não possui um parque logístico com requisitos internacionais. Porém, existem operadores privados e departamentos ministeriais que têm algumas infra-estruturas, embora não atendem à demanda. “Tendo em conta, a falta de

Director-geral do Conselho Nacional de Carregadores

transportes, não se pode dizer que já temos um parque logístico adequado para o escoamento dos produtos do interior no país para as grandes cidades”, explicou. Sobre a implementação de plataformas logísticas adequadas, Catarino Ferreira frisou que Angola importa mais do que produz e que tem problemas na questão de armazenamento e distribuição. Por este motivo, há sempre escassez no produto que chega ao consumidor. “Todo o processo da cadeia de logística, enquanto não estiver organizado, poderá levar a esta

“Todo o processo da cadeia de logística, enquanto não estiver organizado o país será mais importador do que exportador ”

situação”, disse. Para que o país passe a ser mais exportador do que importador, o responsável apela ao investimento no sector da agricultura e na indústria em grande escala, cumprindo todos os requisitos de âmbito nacional e internacional, como é o caso da certificação e questões de fitossanidade. Logo, o país terá uma cadeia logística que vai permitir que o produtor se preocupe apenas com a produção. O mesmo acontece com o transportador, que se poderá especializar nesta área. Em relação ao “entreposto

aduaneiro”, referiu que observa alguns requisitos e acredita que “poderá ser uma plataforma logística com um determinado nível diferente”. Catarino Pereira ressaltou que as plataformas logísticas são zonas delimitadas, com uma certa segurança, e congregam vários operadores, nomeadamente da produção, distribuição, armazenamento, transporte de mercadorias. Acrescentou ainda a componente aduaneira, com destaque para a intermodal ferroviária e rodoviária “Neste sector, concorrem várias empresas, tal como, da banca, correios, serviços aduaneiros e fornecedores grossistas que contam com o auxílio de outros serviços. Mas não existe interação dos serviços”, explicou. Debruçando-se sobre as vantagens da plataformas logísticas, o responsável referiu o facto de oferecerem diferentes tipos de serviços, como chamados de via verde (sistema de portagem) e o frete (valor pago pelo transporte de carga) e, tendo estas questões solucionadas, o produto chegaria ao consumidor a preços acessíveis. No que toca aos centros comerciais, Catarino Pereira referiu que existem em todo os países. A rede nacional de plataformas logísticas deve servir para expandir a produção e distribuição, o que iria permitir que o produto chegasse ao consumidor em perfeitas condições. “Cada cidadão deve trabalhar no sector que domina para ajudar no crescimento do país”, explicou. Para minimizar o impacto da Covid-19 na classe empresarial, o responsável adiantou que em Angola a chamada cadeia logística esta a ser feita com o trabalho de armadores, Administração Tributária, Ministério do Comércio e Banco Nacional de Angola, para que o processo de importação seja célere e sem burocracia, para o seu melhor funcionamento.


Mundo

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O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

Filipe Nyusi diz que cabecilhas de terrorismo podem ter sido abatidos por forças de segurança O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, disse no Sábado que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) podem ter abatido cabecilhas dos grupos armados que têm atacado a província de Cabo Delgado reservando a confirmação para aquelas forças, segundo a Lusa

“A

s últimas batalhas foram enormes, fora m mu ito produtivas. Temos informações de terem sido abatidos quadros superiores dessa força que podemos considerar que são a liderança, mas sobre isso as FDS irão em momento próprio confirmar”, referiu, ontem, em declarações à Televisão de Moçambique (TVM). Nyusi falava na vila de Mueda, distrito de Cabo Delgado (distrito onde nasceu), para onde se deslocou para uma reunião com diversas patentes militares, os ministros da Defesa e Interior. O local foi o escolhido para analisar a situação na província, depois de grupos armados classificados como terroristas e de afiliação ao movimento ‘jihadista’ Estado Islâmico terem atacado desde Quinta-feira Macomia, a principal vila do centro da província. O ataque aconteceu depois de

Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi

uma intensificação dos ataques desde março e que levou à ocupação de outras vilas como Mocímboa da Praia, Quissanga e Muidumbe, com relatos de dezenas de mortes entre civis, insurgen-

tes e militares. “Primeiro, o esforço [das autoridades] sempre é compreender quem é o inimigo e como está a operar” além de aferir da situação da população e forças no ter-

reno, referiu Nyusi. Dos vários encontros que já manteve em Cabo Delgado desde Sexta-feira, o chefe de Estado disse ter ficado claro que “a moral das FDS está boa”. “Estamos a aprender como lidar com essa força e estamos a encorajar [a maneira] como as FDS estão a abordá-la”, concluiu. Segundo referiu à Lusa uma fonte em contacto com residentes em Macomia, o grupo armado que desde Quinta-feira ataca a vila parecia estar, este sábado, a preparar uma retirada, carregando viaturas com o saque de estabelecimentos comerciais. Quase toda a população da localidade fugiu para o mato, mas há quem vá arriscando voltar à vila procurar mantimentos. Macomia é o principal ponto de encontro a meio da estrada asfaltada que liga o norte ao sul da província, tem uma agência bancária, vários serviços, estabelecimentos comerciais e é sede de um distrito com cerca de 100 mil

habitantes. Cabo Delgado, província onde avança o maior investimento privado de África para exploração de gás natural, está sob ataques de grupos armados rebeldes desde outubro de 2017, classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como uma ameaça terrorista. Desde há um ano o grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico passou a reivindicar alguns dos ataques. Em dois anos e meio de conflito estima-se que já tenham morrido, no mínimo, 550 pessoas e que cerca de 200 mil já tenham sido afetadas, sendo obrigadas a refugiar-se em lugares mais seguros, perdendo casa, hortas e outros bens. O Governo moçambicano tem relatado algumas respostas pelas FDS contra os grupos armados, reiterando que está a reprimir a violência, mas a invasão e ocupação de povoações têm-se intensificado desde o início do ano.

Trump adia cimeira do G7 e quer convidar outros países O Presidente americano anunciou que vai adiar a cimeira do G7, prevista para este mês de Junho, nos Estados Unidos, para o Outono devido à pandemia da covid-19, e convidar outros países a participar na reunião, segundo a Lusa

O

Presidente norteamericano anunciou que vai adiar a cimeira do G7, prevista em Junho, nos Estados Unidos, para o Outono devido à pandemia da Covid-19, e convidar outros países a participar na reunião. “Não sinto que o G7 represente correctamente o que se passa no mundo. É um grupo de países muito ultrapassado”, declarou Donald Trump aos jornalistas, no Sábado, a bordo do avião Air Force One. Trump disse que gostaria de convidar a Rússia, a Coreia do Sul, a Austrália e a Índia a juntarem-se a uma cimeira alargada no Outono.

A cimeira poderá decorrer em Setembro, antes ou depois da Assembleia-geral das Nações Unidas, acrescentou. Os dirigentes do G7, presidido este ano pelos Estados Unidos, tinham previsto reunir-se por videoconferência no final de Junho, devido à epidemia da Covid-19. Na semana passada, Trump indicou que poderia organizar a cimeira “principalmente na Casa Branca, mas também, na residência presidencial em Camp David, na periferia de Washington. Os membros do Grupo dos Sete (G7) países mais industrializados do mundo, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália,

Imagem descontraída dos chefes de Estado e de Govero numa reunião do G7

Japão e Reino Unido, reúnem-se anualmente para debater várias questões internacionais. A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 366 mil mortos e infectou mais de seis milhões de pessoas em 196 países e territórios. Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.


O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

23 Corpo do homem tem sinais de agressão. Autoridades fecharam a zona e abriram uma investigação

A

Polícia de Minneapolis descobre cadáver perto de carro queimado em motins

Polícia de Minneapolis encontrou na manhã de ontem, Domingo, o cadáver de um homem perto de um carro queimado durante os protestos pela morte de George Floyd, um negro que foi mandado parar pela Polícia daquela cidade. O porta-voz da polícia, John Elder, afirmou que a Polícia respondeu a uma chamada pelas 04 horas por causa de uma viatura a arder. Depois de os bombeiros terem apagado o fogo, os agentes da Polícia descobriram o corpo de um homem a alguns metros da viatura calcinada, com sinais de agressão. A Polícia não divulgou a identidade da vítima nem avançou com nenhuma causa de morte, mas fechou a zona ao público e abriu uma investigação. A cidade esteve em recolher obrigatório durante a noite de Sábado e as autoridades policiais nas ruas para manter a ordem após a morte de George Floyd. Na origem dos protestos está a morte do afro-americano de 46

anos às mãos da Polícia, depois de ter sido detido sob suspeita de ter tentado usar uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) num supermercado de Minneapolis, no estado de Minnesota. Nos vídeos feitos por transeuntes e difundidos ‘online’, um dos quatro agentes, que participaram na detenção, tem um joelho sobre o pescoço de Floyd durante mais de oito minutos. Os quatro foram já despedidos da força policial e o agente Derek Chauvin foi acusado de homicídio involuntário.

A cidade esteve em recolher obrigatório durante a noite de Sábado e as autoridades policiais nas ruas para manter a ordem após a morte de George Floyd

Pessoas são mais importantes do que economia, diz Papa sobre crise da Covid-19

O

Papa Francisco afirmou ontem, Domingo, que pessoas são mais importantes do que a economia, no momento em que países decidem com que rapidez vão reabrir as suas economias após as restrições causadas pelo Coronavírus, segundo a Reuters. O papa fez os comentários, a partir de texto preparado, no primei-

ro discurso do meio-dia a partir da sua janela sobre a Praça de São Pedro em três meses, conforme o isolamento da Itália chega ao fim. “Curar as pessoas, não poupar (dinheiro) para ajudar a economia (é importante), curar as pessoas, que são mais importantes do que a economia”, disse o papa. “Nós, pessoas, somos templos do Espírito Santo, a economia não”, completou. O Papa Francisco não mencionou nenhum país. Muitos governos estão a decidir se reabrem as

suas economias para salvar empresas e padrões de vida, ou se mantêm o lockdown até que tenham certeza que o vírus está sob controlo. As palavras do Papa foram recebidas com aplausos de centenas de pessoas na praça, muitas usando máscaras e mantendo vários metros de distância umas das outras. A praça foi reaberta ao público no Domingo passado. Normalmente dezenas de milhares de pessoas comparem ao local no Domingo.

Papa Francisco


actual

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O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

“O Estado de Direito está ameaçado por todo o lado”“ Silvério Rocha-Cunha é jurista e docente de “Filosofia do Direito” e “Direito Internacional” na Universidade de Évora [em Portugal]. Em Angola, teve passagem pela Universidade Metodista. Nesta entrevista, o professor aborda questões como a reestruturação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a crescente tensão entre China/Estados Unidos da América e o Estado de Direito [the rule of Law]. sitivo da sua ação e capacidade de, apesar de tudo, se concertar minimamente sobre diversos temas e problemas, logo, o mundo teria sido muito pior sem esta organização; por outro lado, cumpre sublinhar que há insuficiências estruturais no desempenho do seu papel, pois tudo quanto pôde ser realizado com êxito foi em matérias de longo curso e por vezes periféricas, já que, relativamente à manutenção da paz, houve muitas intermitências e, regra geral, disfunções derivadas dos interesses “realistas” das grandes potências, agindo à margem do Direito Internacional. Esta situação ambivalente agravouse desde o fim do Sistema Internacional Mundial (1945-1991), bipolar e, até certo ponto, “racionalizador” da ação das principais potências, porque hoje os desafios são outros, um novo paradigma está a desenvolver-se sob os nossos olhos, novos desafios estão aí (como, por exemplo, o das alterações climáticas), a globalização tecnoeconómica desregulada é devastadora, e o que vemos é o regresso do velho jogo entre potências à margem da ONU que permanece, em última análise, o fórum por excelência da comunidade internacional.

Salomão Abílio*

A

noção de solidariedade internacional levou ao nascimento da ONU. Qual é a análise que faz sobre o papel das Nações Unidas no momento actual? A ONU foi criada após a II Guerra Mundial, com o intuito de nunca mais ser possível acontecer uma hecatombe e um estado de barbárie como nunca se viu durante esse conflito e de que já se tinha visto um ensaio na I GM. Foi, portanto, e antes de mais, uma tentativa de criação de um mecanismo de segurança coletiva. O seu próprio nome remonta ao momento em que os Aliados contra as potências do Eixo (Berlim-Roma-Tóquio) se autodesignaram como “Nações Unidas”. Unidas contra potências que, em nome de ideologias internacionalmente expansionistas e imperialistas, pretendiam subjugar outras. Foi igualmente em nome da democracia e de princípios fundamentais do Direito Internacional que se idealizou esse sistema de segurança. Pretendendo evitar a inoperância da antiga Sociedade das Nações, a estrutura política da ONU, reconhecendo ainda a velha ideia de soberania da era moderna, assentou em duas “câmaras”, se assim se pode dizer: a Assembleia Geral, onde cada Estado tem um voto, e o Conselho de Segurança, que tem cinco membros permanentes, as principais potências (nomeadamente, aquelas dotadas de poder nuclear), com direito de veto. Depois, reconhecendo a interdependência entre Estados, a ONU criou outras estruturas especializadas destinadas a assegurar uma “teia” protetora sobre o mundo. A verdade, porém, é que não se tornou evidente desde o princípio que a criação da ONU pressupunha, para que a sua ação fosse efetiva, uma natural convergência

entre, pelos menos, as principais potências. E é aqui que vieram à superfície os direitos soberanistas dos Estados, que representam sempre, na sua organização interna, “desenhos” ideológicos. Foi o caso óbvio da União Soviética, de orientação marxista-leninista, e o do bloco ocidental, liberal-democrático e capitalista. Aí começou a fratura que impediu desde cedo a ação da ONU e o próprio cumprimento integral da sua Carta fundadora. Os Aliados tinham um inimigo comum, mas tinham perspetivas diferentes quanto à forma como se deveria organizar a sociedade, quer interna, quer internacionalmente. Findo o conflito, elas vieram naturalmente à superfície.

Hoje em dia, poder-se-á falar de crise de legitimidade num duplo sentido: um, mais radical e que vem desde o início, é o de que os Estados não são de facto iguais, embora o sejam de direito; num outro sentido

Nem tudo foi e tem sido negativo, nomeadamente a densificação normativa do Direito Internacional, e pode dizer-se que o sistema internacional bipolar entre blocos muito diferentes, que “dividiram” de algum modo o mundo em esferas de influência, acabaram por se entender em muitas matérias. Todavia, a fissura original sempre prevaleceu, sendo impossível conciliar entre si as três grandes esferas que regem o sistema internacional: o direito soberanista dos Estados, o direito à autodeterminação dos povos e os direitos humanos. Nestes termos, o balanço que se pode fazer do papel da ONU é, por um lado, reconhecer um traço po-

O Conselho de Segurança da ONU passou os últimos dois meses a negociar na tentativa de encontrar uma resolução conjunta para enfrentar, em questões de segurança, a pandemia de Covid-19. Não houve, mais uma vez, consenso entre os membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Por que falham as Nações Unidas? Bem, a verdade é que a pandemia da COVID19 possui caraterísticas muito especiais, que de algum modo “desconcertam” o sistema internacional. Em primeiro lugar, é uma pandemia, um problema de saúde que alastra pelo mundo, um vírus “sem rosto”, que não respeita fronteiras político-administra-


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tivas, que introduz o medo (que é sempre irracional) nas sociedades. Em segundo lugar, reagir a este flagelo exige, a um tempo, articulação entre Estados e meios. E aqui colocam-se problemas que, no fundo, não são fáceis de resolver devido ao paradigma de racionalidade “vestefaliano”, isto é, soberanista, dominante. Apesar de se reconhecer como facto a interdependência entre Estados e povos, a verdade é que cada um se vê, primeiro, como sociedade interna, unidade política soberana, com seus interesses e meios próprios, acabando por, contraditoriamente, esta visão mais imediata prevalecer sobre uma visão mais abrangente e comunitária do sistema internacional. Assim, uma ação conjunta e articulada, sob a égide da ONU, falha porque, se acontecesse, seria a demonstração, ipso facto, da inanidade da atual racionalidade. Todavia, isso levantaria outros problemas que iriam ferir de morte o soberanismo reinante. A pandemia da COVID19 é muito curiosa sob este ponto de vista. Como todas as ameaças comuns à humanidade, coloca um problema a essa mesma humanidade, sobretudo numa época em que se pode falar, como disse René-Jean Dupuy, de uma “Cidade Terrestre”: é que com ameaças destas não se pode ameaçar, nem negociar. Os factos têm de ser aceites, primeiro, depois diagnosticados, para que se alcancem soluções possíveis para eles. Ora, isso implica uma noção de “Humanidade” estranha à prática e, por vezes, cultura, de muitos povos e Estados. A ONU está acometida por uma crise de legitimidade. Muitos defendem que é necessário garantir maior representatividade dos atores envolvidos no diálogo internacional. O Conselho de Segurança deve ser reestrurado? Hoje em dia, poder-se-á falar de crise de legitimidade num duplo sentido: um, mais radical e que vem desde o início, é o de que os Estados não são de facto iguais, embora o sejam de direito; num outro sentido, mais soft, e já dentro de uma “racionalidade possível”, as potências com lugar permanente no Conselho de Segurança deveriam aumentar em número e em termos que assegurassem maior representatividade. Se seguirmos esta última via, mais realista, teríamos um conjunto de Estados com capacidade para ter esse lugar no Conselho de Segurança: Brasil, Índia, Nigéria, Alemanha, África do Sul, Japão, quiçá Indonésia. Alguns destes Estados ainda estão “tingi-

dos” por um certo “tabu” derivado da II Guerra Mundial: Japão e Alemanha. São Estados que, por outro lado, poriam em causa equilíbrios geopolíticos (o Japão face à China, a Alemanha face à Rússia). Quais as dificuldades para que os restantes entrem no clube das potências? Embora sejam Estados representativos no que respeita à população e origem geográfica, deverão preencher outras condições: estabilidade “existencial” enquanto Estado, que tem mais a ver com o desenvolvimento humano, garantias de que têm sistemas políticos e institucionais indiscutivelmente sólidos. Não é o caso do Brasil neste momento, nem da Nigéria, nem da Indonésia. A Índia é uma potência regional que tem competidores sérios, como o Paquistão ou mesmo o Irão. A África do Sul, que recomeçou a sua existência enquanto Estado plural com esse estadista raro que foi Mandela, apresenta hoje dificuldades internas, bem como está enfraquecida pela crise económica. E a Indonésia tem o problema geopolítico de ter um vizinho com algum poder e receoso face à imensa população muçulmana, que é a Austrália. Em suma: as dificuldades em compor o Conselho de Segurança da ONU com mais Estados representativos, a fim de se atingir mais e maior legitimidade, são produto da visão clássica do sistema internacional que já referi, a tal racionalidade “vestefaliana” que dura há séculos (1648), que tem sobrevivido a todas as alterações político-internacionais, mas que o próprio Conselho de Segurança representa. Por fim, as turbulências por que passa atualmente o mundo provocam retração no que toca a mexer nas estruturas do sistema instalado. Que leitura faz do anúncio feito pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, de suspender o financiamento à agência global de saúde das Nações Unidas - OMS? A ação do Presidente Trump corresponde, em parte, ao realismo clássico que sempre norteou a política externa norte-americana. Depois, corresponde ao que sempre sucedeu periodicamente: unilateralismo e maior ou menor isolacionismo dos Estados Unidos no sistema internacional. Até aqui, nada de novo. Em termos qualitativos, porém, conta muito a personalidade (e os interesses que a apoiam) de Trump. Até certo ponto, trata-se de um personagem insólito, pois é um presidente com um claro défice de cultura política, mas não só: Trump introduziu nas relações internacionais um tom que desfigu-

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A verdade é que, na História, encontramos sempre tudo e o seu contrário, sendo arrojado conjeturar sobre uma Teoria da História que tudo preveja

A verdade, porém, é que não se tornou evidente desde o princípio que a criação da ONU pressupunha, para que a sua ação fosse efetiva, uma natural convergência entre, pelos menos, as principais potências. E é aqui que vieram à superfície os direitos soberanistas dos Estados, que representam sempre, na sua organização interna, “desenhos” ideológicos.

ra o modelo, nomeadamente o de querer impor as suas pretensões com veemência igual, seja a aliados, seja a eventuais adversários, como se tudo não passasse de um “negócio” onde ganha o mais “esperto” ou poderoso. Ora, isto é claramente uma deficiente visão da política, interna ou externa, pois o que conta são, por um lado, os tempos longos e não o “presentismo” com que Trump vive a sua existência enquanto político, e, por outro, a fiabilidade com que se constroem as relações internacionais. Quanto às ameaças de Trump à OMS, elas fazem parte desse processo “negocial”, só no fim veremos se elas se virão a concretizar ou não. Na verdade, repare-se: em que Trump tem obtido êxitos internacionais? Veremos, claro, mas no imediato (que ele vive) praticamente nada. Resolveu o problema da unidade entre as Coreias, ou retirou a perigosidade da Coreia do Norte? Resolveu as relações com a Rússia? O problema do Iraque? O do Afeganistão? Note-se que, aqui, até está a negociar com os “terroristas” Talibãs, o que põe em xeque, aliás, o combate contra o terrorismo. Ter-se-á esquecido do simbolismo do 11 de setembro de 2001? Esta pergunta é retórica, pois Trump é estranho a essa axiologia. Além de que Trump é um político com o seu quê de errático, como se está a ver no combate à pandemia. Mas o processo político que lhe subjaz ainda está em curso. O que está na base da crescente tensão entre a China e os Estados Unidos? A tensão China/EUA é de algum modo clássica nas relações internacionais. As potências concorrem em tensão sempre que tendem a atingir momentos em que se encontram relativamente iguais em termos de poder militar e económico. A verdade é que a China soube, após a morte de Mao Zedong, com Deng Xiaoping no comando, reconstruir-se como potência mundial unindo, de forma complexa e que sofrerá mutações no período longo da História, a sabedoria confuciana, uma versão do marxismoleninismo e uma prática políticoeconómica dupla: uma espécie de pseudocapitalismo onde, em última instância o Estado/Partido tudo pode determinar. É um país enorme em termos geográficos e populacionais, levemente ultrapassada, talvez, pela Índia, que se transformou, graças à globalização desregulada, na “grande fábrica do mundo”. Portanto, é bom sublinhar este ponto: foi o próprio sistema capitalista (que é diferen-

te de uma economia de mercado) que, tendo em conta apenas cálculos custo/benefício, transformou a China num país que produz muitíssimo do que o mundo precisa a baixo preço e, em alguns produtos, quase com monopólio. Esse espírito capitalista também padece de um regime de historicidade “presentista”, logo, não lhe importa o futuro, apenas o presente imediato. O que é péssimo para o futuro da Humanidade. Se todos os países e povos consumissem e poluíssem, em termos proporcionais, o mesmo que os Estados Unidos e China, a vida já não seria possível à superfície da Terra. A tensão Estados Unidos/China sobe precisamente na medida em que o sistema capitalista não resolve os problemas derivados da interdependência mundial, por um lado, e na medida em que a tensão existente entre Estados fomenta o medo mútuo. Pode dizer-se que as duas potências são criadoras e igualmente sujeitos da célebre “armadilha de Tucídides” que, na sua História da guerra do Peloponeso, notou que foi o medo de Esparta relativamente à crescente prosperidade e influência de Atenas que tornou a guerra inevitável. Esta lição de há 2.500 anos tem sido uma relativa constante nas relações internacionais, embora não suceda sempre como se fora uma lei da física. Não sucedeu, por exemplo, de forma evidente no sistema bipolar EUA/URSS, porque a URSS nunca foi uma competidora económi

Apesar de se reconhecer como facto a interdependência entre Estados e povos, a verdade é que cada um se vê, primeiro, como sociedade interna, unidade política soberana, com seus interesses e meios próprios


actual ca contra o bloco americano, além de vigorar (graças ao poder nuclear mútuo) uma “paz do medo”. O politólogo norte-americano Graham Allison publicou em 2017 uma obra sobre o assunto, na qual pondera a possibilidade de uma guerra, tese controversa e contestada por uns, apoiada por outros. A verdade é que, na História, encontramos sempre tudo e o seu contrário, sendo arrojado conjeturar sobre uma Teoria da História que tudo preveja. Todavia, é facto que a política não é um simples jogo de racionalidades integralmente racionais, logo, é facto que quando as potências adquirem estatutos de equivalência e competem economicamente, sobretudo num “mundo fechado”, tendem a ver-se como adversárias, logo, como potencialmente inimigas, pois este é o atual estado de ausência de uma ética da mundialidade. E a China está a fortalecer-se cada vez mais. Como será o mundo que nos espera após esta crise? Não gosto de especular. Já surgiram imensas pandemias ao longo da História. A diferença desta é que pôs a nu dois tópicos muito diferentes: a necessidade de articulação do combate à doença, que em boa medida não existe a nível mundial, bem como o combate às sequelas, nomeadamente a fome, que derivam de fragilidades preexistentes; o facto de as novas tecnologias propiciarem novos tipos de trabalho que põem em causa boa parte da racionalidade empresarial existente. Acresce que, como pano de fundo, temos de rever as fragilidades da atual sociedade consumista e claramente não igualitária. Vivemos num mundo que se vai tornar, literalmente, insustentável. A crença num progresso técnico linear e infinito é uma infantilidade de que a humanidade ainda não se curou. No domínio das relações internacionais parece não haver coordenação internacional. É o resultado da racionalidade vestefaliana, de que já aqui falei, onde, nos momentos de crise, cada Estado tende a fugir para o seu canto. Os brasileiros têm uma expressão muito engraçada que retrata isto: o “estouro da boiada”, ou seja, perante um perigo iminente ou um tiro, a manada fragmenta-se e cada bovino foge em direções diversas. É este ainda, em boa medida, o estado dos humanos contemporâneos. Longe de transformar o mundo, a pandemia pode aprofundar tendências pré-existentes em direção

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a uma arena internacional mais competitiva e menos globalizada, na qual grandes e pequenas potências colidem mais frequentemente do que cooperam? Ponho a questão noutros termos. Na verdade, a pandemia atual põe à prova a necessidade absoluta de articulação. E os resultados obtidos, que não são em geral animadores, mostram que os sistemas de saúde nunca poderão estar completamente preparados para coisas destas, quanto mais não seja porque obrigariam a uma racionalidade fundada na precaução, na planificação, o que não é pensável por grande parte das sociedades. Se, por hipótese, outrora e num país qualquer, algum político propusesse a criação de um “Ministério para os riscos futuros”, querendo adquirir stocks dos mais variados para enfrentar riscos (sismos ou pandemias, por exemplo), seria muito provavelmente tido por despesista e ridículo. Esta pandemia veio demonstrar que, embora quase todos os produtos tenham prazos de validade, deve imperar o princípio precaução. Ora, este princípio só será exequível se grupos de Estados, ou instituições internacionais, se articularem. Nesse sentido, as recentes decisões tomadas pela Comissão Europeia vão no caminho certo, embora sejam ainda insuficientes. Que papel jogam os líderes nos momentos críticos como este que estamos a viver? Os líderes são os homens e suas circunstâncias. O que é um líder? Dou um exemplo: Churchill foi considerado um grande líder, porque num momento negro da História inglesa teve coragem e resiliência. Todavia, é bom lembrar que a II Guerra Mundial o apanhou já com 60 anos. Ele vinha de uma carreira política longa. E nessa carreira fez coisas hoje consideradas inadmissíveis: pulou de bancada entre liberais e conservadores com alguma inconsistência para além dos seus interesses; como Primeiro Lorde do Almirantado, já na I Guerra Mundial, querendo obter resultados sobre os turcos, foi responsável pela desastrosa Campanha de Galípoli (Abril de 1915-Janeiro de 1916), onde as tropas sob comando inglês, não apenas não conseguiram obter resultados, mas ainda sofreram baixas pesadíssimas: 220 mil mortos, entre os quais mais de 33 mil australianos e neozelandeses. Estes acusaram, mais tarde, os comandos ingleses de arrogância, negligência e mesmo crueldade, ao ponto de ainda hoje se comemorar no dia 25 de abril, na Austrália e No-

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ria para a seguinte direção: o Estado de Direito representa a comunidade politicamente organizada. Assim, é composto por cidadãos, não por indivíduos, que deveriam estar imbuídos da constelação de valores de uma sociedade livre, aberta, solidária. No fundo, poderíamos sintetizar o Estado de Direito nas seguintes palavras que retiro das duas grandes Revoluções da Era Moderna: liberdade, igualdade, fraternidade e direito à busca da felicidade. Ora, todos estes preceitos não foram realizados, em virtude de o ser humano ter imbuído as instituições sociais de vícios terríveis: cupidez, crueldade, utilitarismo crasso, abuso de poder. São vícios porque alimentam certos recantos sombrios da alma humana. Tenho esperança, porém, que o Estado de Direito prevaleça, pois, como já disse alguém, o Homem não pode não aprender. Os humanos, infelizmente, podem. Como se vê de momento. va Zelândia, o Anzac Day, como segunda data depois do armistício que pôs cobro à guerra. A estratégia de Churchill, que aliás esteve em combate com coragem, baseou-se numa série de erros, entre os quais preconceitos contra os turcos, considerados inferiores e cobardes. Foi exatamente ao contrário, foi nessa campanha que avultou o futuro líder e fundador da Turquia moderna Ataturk (Mustafá Kemal). E Churchill foi despromovido e depois afastado, tendo-se demitido o primeiro-ministro Asquith. Hoje, lembramo-nos de Churchill de forma parcelar, o que é diferente de parcial, pois esquecemo-nos que um político que cometesse erros destes seria demitido, se não mesmo chamado a responsabilidades mais pesadas. Assim, interrogome de novo: o que é um líder? Gandhi foi. Mandela também. E Churchill. E De Gaulle. O que determina

A ação do Presidente Trump corresponde, em parte, ao realismo clássico que sempre norteou a política externa norteamericana

a fortuna histórica de um líder são as circunstâncias, a sua resiliência e os princípios pelos quais se bate. Poder-me-ão perguntar: e Hitler não foi um líder? Respondo: liderou massas, sim, mas sob coação sobre os seus opositores e com muita propaganda falsa, além de querer o poder pelo poder. Para mim, não é um líder. No atual momento, não vislumbro um líder a sério. Para evitar o alastramento da pandemia e as consequências que lhe estão associadas, muitos países decretaram/declararam «Estado de Emergência». Angola - pela primeira vez na sua história -, declarou estado de necessidade constitucional [estado de emergência]. Olhando para as mais diversas realidades, qual é a análise que faz do Estado Constitucional de Direito em tempo de pandemia? O Estado de Direito (the rule of Law) está ameaçado por todo o lado. Em boa medida porque se deixou tomar pelos seus inimigos: o medo, a impreparação cívica dos cidadãos, o facto de desenvolver desigualdades, a globalização desregulada, entre outras causas. Em tese, o Estado de Direito é uma lenta construção histórica que culminou, a partir da consolidação do liberalismo, em alguns rasgos fundamentais: tripartição de poderes e direitos fundamentais. Sucede, porém, que a sua legitimidade tem vindo a ser corroída pela sua incapacidade em se desenvolver com dinamismo. Existem, claro, muitas teses em torno desta crise do Estado de Direito. Mas eu aponta-

Viktor Órban - defensor da democracia iliberal -, declarou «estado de emergência por tempo indeterminado». Órban é, como muitos líderes da Europa oriental, um ditador. São países que pertenceram a grandes Estados multinacionais (o Império Austro-Húngaro), sofreram um século XIX cheio de nacionalismo, foram vítimas, porque satélites, da União Soviética, e são por isso povos por vezes “doentes de História”, querendo afirmar a sua identidade, o que só é possível frequentemente mediante artifícios irracionais, e, assim, afastados de uma cultura política democrática. Sabe, a democracia tem algumas características: são exigentes, impõem deveres de cidadania correlativos de direitos, só subsistem com cultura, defesa das suas instituições com “patriotismo constitucional” (Habermas). Os tempos de hoje são propícios a desvios da democracia, pois as redes sociais e o aparente bem-estar, alimentado pelo neoliberalismo (que não é especificamente democrático ou exigente em termos axiológicos, pois pode perfeitamente subsistir em ditaduras), levaram-nos, não a sociedades de cidadania crítica, mas a sociedades onde opinião se confunde com conhecimento e as massas não participam de ideais democráticos, mas de ânsia de consumo. Isto é: tudo foi nivelado por baixo. Não é de admirar, pois, que surjam líderes extremistas como Órban, que capturam o Estado de Direito. [*] Especial jornal “O País”.


OPINIÃO

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Kâmia Madeira

Kajim Bangala

Manas madames

S

empre dou prioridade no trânsito às mulheres, estava a dizer o meu vizinho, mas essas “manas madames”, continuou, dificilmente agradecem. Sobretudo as manas madames que andam em brutas carrões e vestem caro. Os perfumes que usam compram em Paris. As roupas que vestem são italianas. Em Lisboa compram fios e anéis de ouro. Dizem (é provável) que ouro português é o melhor do mundo. Bla, bla, bla. Essas manas madames quando regressam ao país, entrei na conversa neste momento, e acrescentei que elas transformam-se: dão berros aos empregados de casa e dos escritórios dos maridos e até destratam as tias, sobretudo nas festas dos seus aniversários, perante as amigas e outros convidados. No dia seguinte, de ressaca: - Tia, desculpa(hic! hic!) ontem acho que bebi além da conta(hic!hic!). - Ó, minha bebezinha, a tia perdoa, sim, sabe aquele batom que já não usas? Tá bom,(hic! hic! ) já sei, entendi. - Aquele sapato, azul, que quase já não usas... (aaaaatxim!) - Santinha !!! A tia consegue o que queria. Troca a humilhação do dia anterior pela satisfação do dia seguinte. Faz tudo o que a menina madame lhe pedir. Uma sopinha, uma canjinha, suminhos de laranja com mel e hortelã . E com palhinha. Exige à tia que lhe ministre em doses ritmadas. As primas e amigas entretanto regressam para o “after party”. Reúnemse no quarto dela: - Não vos conto... O quê, prima? - Conta ! conta !conta ! -Xiuu ! Tá bom, eu conto. Viram aquele gato, de facto todo branco, discreto no canto? - Ô quem não viu? - Eu até dancei com ele...O quê? -Com aquele broto? - Ami-

ga, parecia o Higuita ! - Pois, ele é meu, filho do ministro. Em Junho vamos passar férias em manana, monano, ó, sei lá, uma coisa assim, só sei que nas oropas. Babado, prima, xe ! Mónaco !É isso. -Xe, e o teu namorado ? Xiuuuuu ! Estava a dizer que sempre deu prioridade no trânsito às mulheres. Num desses dias, contou -me na sequência o meu vizinho alguém bateu no rolante dele e evadiu-se da cena do “crime.” Porém, acrescentou, fui a tempo de filmar no meu telemóvel o número da placa. O meu vizinho com esta filmagem dirigiuse à Direção de Viação e Trânsito (DVT). Depois de longa espera, finalmente foi atendido. Mostrou a gravação. Seguiu-se uma longa explanação do queixoso. Mas, o oficial, até cochilou enquanto ouvia, abruptamente levantou -se da cadeira : - Atençãoooo, firme !!! Ouviu ou não? Firme !!! - Sim, Chefe. Dispersar ! Essa viatura é pertença do nosso maioral, anda com a

excelentíssima senhora de casa do maioral. -Mas... -Não há mais nem menos, retire-se, é uma ordem de cumprimento obrigatório. -Já que assim, só tenho a lhe dizer que não era ela que ia a conduzir. - Epaaaa ! (pulungunzummmm !) O meu vizinho pôs -se ao fresco e não soube se da queda aparatosa do oficial da polícia resultara óbito. Num desses dias, encontra a viatura estacionada num shopping onde fora comprar uma camisa para o pedido duma sobrinha. Aguardou pelo retorno de quem conduzia a viatura. Em direção a ela vinha uma senhora vestida rigorosamente de luto, dos pés à cabeça. Dirigiu -se -lhe com o máximo tacto. No fim da explanação, ela respondeu-lhe: -O dono do carro foi desta pra melhor. Era meu marido. Oficial Superior da Polícia. E quem conduzia o carro naquele dia era o meu namorado. Também já faleceu, de SIDA. Até que és jeitosinho. Posso abrir uma excepção pra ti, topas?

Big Flyod

G

eorge Flyod, 46 anos, segurança e desempregado é mais uma vítima da violência policial que ameaça transformar os Estados Unidos num território de batalha campal. Flyod era acusado de adquirir produtos, numa loja de conveniência, com uma nota falsa de 20 dólares, algemado em plena luz do dia atirado ao chão por um agente que coloca o joelho na sua garganta e só o retira depois de chegar uma ambulância ignorando o apelo de George que repetidamente dizia que não conseguia respirar. Dos agentes que acorreram à chamada dois foram despedidos e Derek Chauvin vê-se abraços com uma acusação de homicídio involuntário, mesmo tendo já queixas contra si de excesso na actuação e um vídeo que mostra o que fez a Flyod. Está assim em ebulição um problema que os americanos ao longo dos anos insistem em varrer para debaixo do tapete, a revolta que leva a protestos em 25 cidades e que junta cidadãos de várias proveniências é também um grito contra o que já não conseguem abafar, a diferença de tratamento policial para brancos e negros. Há jornalistas que analisam este escalar de violência como as situações históricas de 1861-1865 a Guerra da Secessão ou a implementação das políticas de segregação a Lei Jim Crow em 1870 e que levará posteriormente aos movimentos pelos direitos civis dos negros. A verdade é que nos Estados Unidos a população negra representa uma grande fatia dos cidadãos com dificuldades, a exemplo do estado do Minnesota com a pandemia a quebra de empregos cifra-se nos 4% a nível global sendo de 10% na comunidade negra, o próprio George Flyod era vítima desta situação e teria ido para Minneapolis à procura de trabalho. Trump ao seu estilo e utilizando o Twitter primeiro ameaçou, mas

rapidamente recuou e já está a ser orientado para receber a família da vítima pois estamos em ano de eleição presidencial. Acusa os grupos anarquistas e de extrema-esquerda de serem os responsáveis pelo escalar da violência e decretou a Antifa (grupo de extrema-esquerda) como organização terrorista. Mas serão estes grupos os verdadeiros responsáveis? Já lá vão os anos da “idílica” eleição de Barak Obama e mesmo estando oito anos no poder nem tudo foram rosas e o “Yes We Can” deu lugar a “Make America Great Again”, com um grande apoio da extrema-direita e de movimentos de supremacia racial. A sociedade norte americana é complexa e a integração de muitos negros em posições de destaque e com status não significa que sejam aceites por todos, não são todos Oprah’s, Lebrown’s James ou Will’s Smiths da vida, o “afroamericano” vive na sua maioria em guetos físicos e mentais tendo que ultrapassar muitos estigmas para singrar. Perguntar-se-á o leitor que relação existe entre esta crise nos Estados Unidos e nós? Penso que esta poderá ser uma lição sobre o não varrer o lixo para debaixo do tapete pois temos igualmente questões que tardamos em resolver e que um dia mais tarde podem ser factor de cisão, continuamos ainda muitos preocupados com “pantones” e com árvores genealógicas, quando deveríamos estar focados em competências e com cidadãos que efectivamente contribuem para o crescimento e modernização, que independentemente da sua “coloração” partidária possam ajudar a encontrar caminhos. É que o tempo urge e precisamos de acelerar rumo a uma solução conjunta de melhoria do nosso país e para isso de nada nos servirá não enfrentarmos os problemas de frente. Talvez uma conversa à sombra da mulemba resolva….


desporto

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Elenco da APB Benguela aposta na continuidade dos projectos A Associação Provincial de Basquetebol de Benguela (APBB), com eleições marcadas para o dia 19 de Junho, para além do elenco cessante de Armado Docas, contará com outros candidatos na corrida para ciclo olímpico 2020/2024 DR

DR

Petro de Luanda renova com Wilson e Elber Mário Silva

A

Sebastião Félix

O

presidente cessante da Associação Provincial de Basquetebol de Benguela (APBB), Armando Dala Docas, disse que vai concorrer às eleições referentes ao ciclo olímpico 2020/2024. No acto, que acontece a 19 de Junho, o dirigente tem como meta dar continuidade aos projectos que não foram concluídos. Por isso, já conta com os prés-

timos de jovens que pretendem dar uma outra dinâmica à modalidade rainha naquela província. De acordo com uma fonte ligada ao processo, mais candidatos entrarão na corrida, uma vez que técnica e administrativamente as coisas estão a ser tratadas. A assembleia para aprovação do relatório e contas está por ser realizada em data a anunciar, aliás os filiados vão agir em conformidade com os estatutos. Na província de Benguela,

Armando Dala Docas pretende implementar, com os clubes, uma política de formação que permita atrair mais praticantes. Posto isto, os clubes terão uma posição mais abrangente em relação à formação e outros aspectos que vão compor a política de formação nos clubes. De acordo com a fonte do OPAÍS, nos próximos anos, o basquetebol na formação deve ser uma referência é um viveiro para os clubes angolanos.

direcção do Petro de Luanda, encabeçada por Tomás Faria, renovou, no final da semana passada, os vínculos contratuais do central Wilson e do guarda-redes Elber, por duas temporadas, segundo o site do clube. Assim, os jogadores supracitados vão representar as cores da equipa do Catetão às ordens de António Cosano até a época 2021/2022. Aliás, durante o período do vínculo contratual, Wilson e Elber terão de trabalhar muito para ajudar a equipa a resgatar o título perdido em 2009. No Girabola 2019/2020, anulado face à propagação do novo Coronavírus “Covid-19”, doença que está assolar o mundo, os tricolores lideravam o Campeonato Nacional de futebol da primeira divisão e na segunda posição estava o seu arqui-rival, 1° de Agosto.

Por ordem da tabela classificativa, as duas equipas foram indicadas pela Federação Angolana de Futebol ((FAF) para representar o país nas eliminatórias de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. Futebol, basquetebol, andebol, voleibol, ginástica, atletismo e hóquei em patins, são algumas modalidades que o clube movimenta.

Assim, os jogadores supracitados vão representar as cores da equipa do Catetão às ordens de António Cosano até a época 2021/2022


O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

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Nzolani Pedro reeleito presidente do Santa Rita Mário Silva

O

dirigente desportivo Nzolani Pedro foi, no Sábado, reconduzido como presidente de direcção do Santa Rita de Cássia do Uíge, tendo em vista o quadriénio 2020/2024. Deste modo, Nzolani Pedro vai cumprir o seu segundo mandato consecutivo no comando do clube, fruto de 34 vo-

tos a favor, nenhum contra e nenhuma abstenção. Na tomada de posse, o dirigente lembrou as suas linhas de forças, que passam por mobilizar mais patrocinadores “Vamos também apostar na construção de infraestruturas, com realce para a sede social, centro de estágio e campo de treino, massificação das modalidades já existentes (futebol, andebol, atletismo e xadrez) e expan-

são do associativismo”, garantiu. Completam a direcção da equipa da terra do ‘Bago Vermelho’, o vice-presidente Ângelo Agnelo Jonas, ao passo que o cargo de secretário-geral é ocupado por Filipe Ângelo Duculo. No recém anulado Girabola 2020/2021, Campeonato Nacional de futebol da primeira divisão, o Santa Rita ocupava a última posição.

Amostras do Tour reavaliadas

I

nvestigadores dos casos de doping da Operação Aderlass, na Áustria, que levou à suspensão de vários atletas, suspeitam de que em 2016 e 2017 tivessem sido consumidas substâncias na altura não detetáveis nos laboratórios. Razão que levou a Fundação Antidopagem para o Ciclismo (CADF) a mandar reexaminar todas as análises

recolhidas na Volta à França desses anos, com especial incidência em 2017. “Nesse período havia várias substâncias proibidas para as quais ainda não existiam métodos ideais de deteção nos laboratórios. Desde essa altura os procedimentos foram melhorados”, afirmou Peter Van Eenoo, responsável pelo laboratório de Gent, admitindo serem

os produtos originários dos Estados Unidos. Fonte do CADF complementou: “Com base nas novas informações conseguimos identificar amostras interessantes e iniciar as análises. Os laboratórios de Seibersdorf, na Áustria, e Colónia, na Alemanha, estão a proceder às novas avaliações e se houver positivos a UCI irá comunicá-los”.

“Será que sou um fantasma”

M

ario Balotelli recorreu às redes sociais para se defender das notícias que acusam o avançado de ter faltado a mais uma sessão de treinos do Brescia, situação que poderá levar o clube a pedir a rescisão de contrato, por mútuo acordo. “Como podem dizer que eu não estive no treino? Existem jornalistas, com câmaras, em todos os treinos, como é óbvio”, ironizou na rede social

Instagram, acrescentando: “Participo em dois treinos por dia, quase todos os dias. Como podem negar as evidências? Será que sou um fantasma, invisível para as câmaras?”. Massimo Cellino, presidente do Brescia que assumiu já ter sido um erro contratar Balotelli, ficou, por agora, sem resposta: “No momento certo vou explicar tudo para que todos possam perceber o que aconteceu”.


classificados emprego

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imobiliário

O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

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TEMPO

O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

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PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 01 A 02 DE JUNHO DE 2020 INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 01 á 03 de junho de 2020 Data 01 / 06 / 2020

Data 02 / 06 / 2020

Data 03 / 06 / 2020

CIDADE Mín

Máx

Mín

Máx

LUANDA

Mín 22

Máx 31

Parcialmente nublado.

Estado do Tempo

21

30

Pouco nublado.

Estado do Tempo

21

30

Pouco nublado.

CABINDA

23

29

Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

21

28

Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

20

27

Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

SUMBE

19

30

Parcialmente nublado, Neblina matinal.

18

30

Parcialmente nublado.

19

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

CAXITO

24

34

Parcialmente nublado.

23

32

Parcialmente nublado.

24

31

Nublado.

MBANZA CONGO

20

31

Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

19

30

Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

20

29

Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

UIGE

20

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Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

19

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

18

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

NDALATANDO

16

32

Parcialmente nublado.

17

31

Parcialmente nublado.

16

30

Parcialmente nublado.

MALANJE

16

31

Parcialmente nublado.

17

33

Parcialmente nublado, Neblina matinal.

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

DUNDO

21

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Parcialmente nublado.

22

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Parcialmente nublado.

21

34

Parcialmente nublado.

SAURIMO

19

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Parcialmente nublado.

18

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Parcialmente nublado.

17

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Parcialmente nublado.

BENGUELA

19

31

Pouco nublado, Neblina matinal.

20

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Parcialmente nublado.

19

30

Pouco nublado, Neblina matinal.

HUAMBO

04

27

Pouco nublado.

05

25

Parcialmente nublado.

06

25

Pouco nublado.

CUITO

09

25

Pouco nublado.

08

26

Pouco nublado.

08

27

Pouco nublado.

LUENA

14

28

Parcialmente nublado.

15

27

Parcialmente nublado.

14

28

Pouco nublado.

LUBANGO

14

25

Pouco nublado.

13

26

Parcialmente nublado.

14

27

Parcialmente nublado.

MENONGUE

13

30

Pouco nublado ou limpo.

12

29

Parcialmente nublado.

11

29

Pouco nublado.

MOÇÂMEDES

14

30

Pouco nublado ou limpo.

13

28

Pouco nublado ou limpo.

15

28

Pouco nublado.

ONDJIVA

11

30

Pouco nublado ou limpo.

10

29

Pouco nublado ou limpo.

12

28

Pouco nublado.

Os Meteorologistas: Rita Capitão e Edmara Pereira

Estado do Tempo

Fonte: INAMET

Das 18 horas do dia 31 de Maio às 18 horas do dia 01 de Junho de 2020. REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu parcialmente nublado em quase toda a região. Possibilidade de ocorrência de chuvisco em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire e Uíge. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Uíge e Cuanza-Sul. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado em quase toda a região, apresentando-se nublado durante a tarde na província do Moxico. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu pouco nublado ou limpo em quase toda a região.

Luanda, 31 de maio de 2020

Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

TEMPO no mar

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 TU DO DIA 31/05/2020 ÀS 18:00 TU DO DIA 01/06/2020.

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 31 DE MAIO DE 2020:

Circulação moderada a fraca INSTITUTO de Sudeste/sudoeste entre os paralelos 4°S e 18°S (Cabinda ao NamiNACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET be). Centro Nacional de Previsão do Tempo BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ ÀS 18:00 TU DO DIA 01 DE JUNHO DE 2020: SEM AVISO

4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 31 DE MAIO DE 2020: Circulação moderada a fresca de sudeste/sudoeste entre os paralelos 4°S e 18°S (Cabinda ao Namibe).

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 01 DE JUNHO DE 2020:

SEM AVISO

REGIÃO

ESTADO DO TEMPO

VENTO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

O anticiclone de Santa Helena mantém-se estacionário com a pressão central de 1020 hPa nas próximas 24h. Assim, prevê-se estado do mar agitado nas regiões marítimas do Zaire ao Namibe com ondas máximas entre 1.8 e 2.5 metros de altura, e mar pouco agitado na região marítima de Cabinda, com ondas de até 1.5 metros de altura. Prevê-se visibilidade fraca a moderada nas regiões marítimas de Cabinda ao Cuanza-Sul, devido a possibilidade de ocorrência de Neblina.

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Parcialmente Nublado

Sudoeste

03 a 08

Até 1.5

Pouco agitado

Fraca a moderada (Inferior a 4)

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)

Parcialmente Nublado

Sudeste/ Sudoeste

Até 17

Até 1.8

Agitado

Fraca a moderada (Inferior a 5)

Geralmente limpo

Sul/ Sudoeste

Até 17

Até 2.1

Agitado

Boa (Superior a 9)

Namibe (14°S – 18°S)

Geralmente limpo

Sul Sudoeste

Até 18

Até 2.5

Agitado

Boa (Superior a 9)


Última

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O PAÍS Segunda-feira, 01 de Junho, de 2020

EPAL e parceiros distribuem 115 milhões de litros de água

A

EPAL e parceiros do sector empresarial distribuíram, de 28 de Março até agora, 115 milhões de litros de água (115 mil m3), às zonas de Luanda sem acesso à rede pública, no quadro do plano de contingência do sector da Energia e Águas para apoiar o programa do Executivo de combate à pandemia Covid-19 Para monitorar no terreno a execução deste programa, criado no âmbito do estado de emergência decretado por força da Covid-19, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, esteve no Sábado no bairro Km 9 em Viana, onde interagiu com os cidadãos acerca do fornecimento de água no município. Durante a abordagem com os cidadãos, o ministro foi informado das áreas que ficam privadas de água por vários dias seguidos e outras onde não jorra água nas torneiras, pelo facto de haver vandalismo na rede. Porém, outros munícipes com atendimento regular de água quiseram saber como seria possível o serviço de distribuição da água no

DR

O que saber sobre o Coronavírus…

pós Covid-19, pois esperam que a água continue a ser distribuída mesmo depois de terminar a pandemia. Atento ao depoimento dos cidadãos, o ministro prometeu regressar ao local pedindo aos mesmos a denunciarem actos de garimpo no bairro para uma luta serrada a este mal. Foram feitas denúncias no local sobre supostos garimpeiros de água no bairro com implicações no sistema de abastecimento de todo o bairro. O ministro comprometeu-se tudo fazer para que para que o bairro tenha água da rede, evitando as-

sim a recepção de água por via de camiões. A jornada de campo do titular da pasta de Energia e Águas terminou com uma reunião com responsáveis do subsector das águas nas instalações do GAMEK no KM9, onde deixou orientações para o cumprimento escrupuloso do programa de distribuição de água gratuita à população de zonas desprovidas de rede, bem como de melhoria de zonas com deficiente serviço, iniciado a 28 de Março último, no quadro das iniciativas do Executivo para combater a Covid-19.

PIIM de Chicomba prioriza recuperação de estradas

P

elo menos dois mil milhões de kwanzas estão a ser investidos, este ano, no município de Chicomba, província da Huíla, para a execução de quatro projectos essenciais, com destaque para estradas, inseridos no Programa Integrado de Intervenção dos Municípios (PIIM). Trata-se de projectos virados a reabilitação das vias de comunicação divididos em 20 quilómetros na sede e mais 95 Kms no troço Chicomba-Quipungo, que integra a reabilitação das vias de drenagem, esgotos, passeios e lancis, estimado em mil milhões e 995 milhões de kwanzas. Em declarações no Sábado à Angop, nesta circunscrição, a administradora local, Dina Bérner Domingos, à margem do lançamento das obras, afirmou que foram também disponibilizados 130 milhões de kwanzas, destinados à expansão da rede de iluminação pública que comporta a remoção de postes

dr

“O

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”.

antigos e a colocação de novos de baixa tensão. A rede será suportada com a aquisição de um gerador de 600 Kvs, que se juntará a um outro da mesma capacidade que já existe, para beneficiar mais de cinco mil residências. Outra prioridade será a reabilitação e ampliação do hospital municipal de referência, avaliado em 130 milhões de kwanzas, para

acomodar mais os pacientes. Dina Domingos exigiu, na ocasião, celeridade e rigor na execução das empreitadas, para que venham servir e melhorar a qualidade de vida da população residente e não só. O município de Chicomba dista 220 quilómetros e tem uma população estimada em 158 mil e 191 habitantes e é potencialmente agrícola.

“Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”.

“Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


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