Jornal OPAÍS edição 1856 de 02/06/2020

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Com o desemprego a crescer e o peixe a escassear, o Tombwa vira-se para o turismo

Em entrevista ao OPAÍS, o administrador do município do Tombwa, Alexandre Niyúka, abordou a situação crítica do sector pesqueiro, que deixou no desemprego mais de mil pessoas e incentiva à maior aposta no sector turístico, por ser promissor e uma boa alternativa sobretudo num momento em que a produção pesqueira caiu em mais de 50%. P. 18 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola @jornalopais

Director: José Kaliengue

O diário da Nova Angola

Edição n.º 1856 Terça-feira,02/06/2020 Preço: 40 Kz

Há 19 crianças infectadas com Covid-19 no país sociedade: Dezanove dos 86 cidadãos infectados com Covid-19 são crianças com idades

CASA-CE defende reabertura do ano lectivo só com garantias de bio-segurança l A proposta saiu no final da 12ª sessão ordinária dos membros do Colégio Presidencial desta coligação, realizada ontem e orientada pelo seu presidente, André Mendes de Carvalho. P. 8

compreendidas entre 0 e 17 anos, revelou, ontem, em Luanda, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, numa altura em que se comemorava o Dia Mundial da Criança. P. 2 VIRGILIO PINTO

Grupo de oito elementos viola jovem de 17 anos l Polícia Nacional, em Sanza Pombo,

dá conta da detenção de três cidadãos com idades de 18 a 21 anos, suspeitos do crime de violação sexual concorrido com ofensas corporais em que foi vítima uma adolescente de 17 anos. Outros cinco estão em fuga. P. 11

comapoiodogrupozahara

Centro de acolhimento mete 25 meninas no ensino superior. P. 10

Antigos dirigentes desportivos e ex-praticantes preocupados com o futuro do futebol angolano l O futebol angolano continua a dar passos curtos na arena internacional. Por isso, antigos dirigentes e expraticantes apontaram alguns caminhos para o efeito. P. 26

e ainda no cartaz:

Produtor projecta documentário que mostra História de Angola antes da colonização

Poesia lusófona dedicada a Macau lançada em livro

Mostra colectiva virtual questiona “Qual Futuro?”


EM FOCO

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O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

19 crianças infectadas com Covid-19 no país Dezanove dos 86 cidadãos infectados com Covid-19 são crianças com idades compreendidas entre 0 e 17 anos, revelou, ontem, em Luanda, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, numa altura em que se comemorava o Dia Mundial da Criança

Secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda

Maria Teixeira

A

o fim de nove dias consecutivos de casos positivos, que chegaram a 23, o país “teve tréguas”, nas últimas 24 horas, não registando novos casos de Covid-19, mantendo os 86 confirmados, quatro óbitos e 18 recuperados. Mantém também a cifra de 64 doentes activos, sendo que um destes requer atenção especial e os restantes estão clinicamente estáveis nas unidades sanitárias de referência. Entre eles estão duas crianças de um e dois meses de vida.

Cerca de 150 pacientes de hemodialise examinados contra a Covid-19 Os doentes que fazem o tratamento de hemodiálise na Clínica

“Informamos que no leque de 86 infectados temos menores de 18 anos que são crianças, estimadas a 19 infectados, e fazemos tudo para podermos devolver a saúde a esses petizes”, garantiu. O secretário de Estado para a

Saúde Pública aproveitou a efeméride para apelar aos pais no intuito de levarem os filhos, sobretudo os miúdos de cinco anos, a completar o calendário vacinal. De realçar que dos infectados,

Multiperfil continuam a merecer o debido cuidado, mas com a definição do novo fluxo de atendimento, de acordo com Franco Mufinda. Entretanto, disse que ontem, um pouco mais de 150 pacientes que dependem do serviço de hemodialise para viverem fizeram o exame de Covid-19 e todos eles foram negativos.

Informou ainda que se continua com os trabalhos de informação, educação e comunicação no seio da comunidade. Por outro lado, recordou o Projecto Nascer Livre Para Brilhar, que visa o corte da transmissão vertical do VIH/SIDA da mãe para o filho. Anunciou que estão a trabalhar nesse âmbito. Tratase da protecção de todos esses

57 resultaram de casos de transmissão local e os demais são casos importados, envolvendo angolanos e estrangeiros. Franco Mufinda, que falava na habitual actualização dos dados sobre a pandemia, revelou que 90

projetos que têm como finalidade a saúde da criança. Mufinda disse que estão a olhar também a questão do seguimento nutricional. O secretário de Estado reiterou o apelo ao uso da máscara, à lavagem das mãos, à observância do distanciamento social e ao acatamento das medidas contidas no decreto sobre o estado de

por cento dos pacientes infectados são assintomáticos, enquanto 10 % expressam a sintomatologia. Entretanto, os casos suspeitos investigados chegam 456, enquanto os contactos sob vigilância são 1.155. Sobre a quarentena institucional, Franco Mufinda fez saber que em todo o país estão a ser controladas 1.039 pessoas, das quais algumas, receberam alta médica nas últimas 24 horas. Trata-se de duas na província da Huíla, 21 no Cuanza-Norte, uma na Lunda-Norte e Zaire e quatro altas na província de Luanda. O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) recebeu 40 chamadas, das quais uma denúncia de violação de cerca sanitária, caso suspeito e 39 foram pedidos de informação sobre a Covid-19. Entre as actividades realizadas a nível das províncias, destacou as províncias do Bengo, Benguela, Cunene, Bié, Cuanza-Sul, Lunda-Norte e Huambo, em que pessoas foram sensibizadas sobre a doença e métodos de prevenção. Abordou-se também o rastreio dos passageiros, a distribuição de água potável à população, a capacitação dos profissionais de saúde sobre a Covid-19 e também se realizou desinfecção de alguns locais. Segundo o governante, continuam as formações no seio dos profissionais da saúde sobre a bio-segurança, gestão de casos, vigilância epidemiológica, bem como continuam a chegar de materiais de bio-segurança.

calamidade pública. De recordar que o novo Coronavírus (SARS-CoV), responsável pela pandemia da Covid-19, surgiu na China em Dezembro de 2019. O surto espalhou-se pelo mundo e já vitimou centenas de milhares de pessoas, tendo levado a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia global.



4 destaques política. PÁG. 8 Angola e França abordam impacto económico da Covid-19

SOCIEDADE. PÁG. 10 Meninas do Horizonte Azul pedem inserção no ensino superior público

cartaz. PÁG. 14 Produtor projecta

documentário que mostra História de Angola antes da colonização

ECONOMIA. PÁG. 18 “O turismo pode ser alternativo às pescas no Tombwa”

o editorial

O PAÍS

Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

hoje: os números do dia

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Mensagem com sentido

J

oão Lourenço emitiu ontem uma mensagem por ocasião do Dia da Mundial Criança, o que é normal num país onde a data até já foi feriado nacional. É também normal tendo em conta este momento especial por que passam as crianças e as suas famílias. Lourenço não se esqueceu de referir que as crianças estão fora da escola, que não podem brincar com os seus amigos e parentes. Mas chamou a atenção, também, para os efeitos da Covid-19, dizendo que as crianças poderão ficar com traumas desta fase. É muito bom que o Presidente se tenha referido a este aspecto, porque o seu Governo deve preparar-se para lidar com as consequência e sobretudo fazer para evitar as más, mas também os pais devem ouvir o que disse Lourenço e procurar eles próprios, em casa, tudo fazer para minimizar ao máximo, ou mesmo evitar, o impacto negativo da Covid-19 nas crianças

60

Cidadãs foram detidas este Domingo, na comuna fronteiriça do Luvo, município de Mbanza Kongo, província do Zaire, por violação da cerca sanitária imposta no quadro da prevenção e combate à Covid-19 no país. Mortes foram registadas em Itália de Domingo para Segundafeira, com o país a totalizar 33.475 vítimas mortais desde o início da crise sanitária em Fevereiro passado, divulgou esta segunda-feira a Proteção Civil italiana.

200

1427

Produtos diversos de biossegurança e medicamentos foram apreendidos pela Polícia no Namibe, no período de 25 a 30 de Maio , informou o porta-voz da corporação , Ernesto Calianguila.

Crianças foram alvo de violência em Angola entre Janeiro a 15 de Maio do corrente ano, anunciou nesta Segunda-feira, em Luanda, a ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Faustina Alves

o que foi dito

Mundo. PÁG. 22 Donald Trump critica governadores por serem “fracos” com manifestantes

Não houve nenhuma mensagem de ninguém do meu sector que é um desporto dominado por brancos. Eu sou uma das únicas pessoas de cor lá [na Fórmula 1] e estou sozinho Lewis Hamilton Piloto de Fórmula 1, protestando contra a morte do negro George Floyd, nos EUA

Profundamente triste, verdadeiramente em sofrimento e totalmente revoltado”

Michael Jordan Ex-basquetebolistas norte-americano, sobre o assassínio do cidadãonegro Gerorge Floyd por um polícia, nos EUA

“Eu sou a próxima?” Coco Gauff Tenista norte-americana numum vídeo no TikTok, em protesto contra o assassínio do cidadão negro Geroge Floyd por um por um polícia


O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

5 e assim... José Kaliengue Director

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com realizadora Maria João Ganga e perceba como a pandemia Covid-19 afecta o mundo cultural e artístico angolano.

Cães assassinos

Q

www.opais.co.ao EUA: No sexto dia de protestos contra a morte às mãos da Polícia de Minneapolis de George Floyd, um afro-americano, as manifestações e motins estenderam-se a cerca de 140 cidades (DR)

o que vai acontecer Itália A Itália comemora o seu dia. Num discurso por ocasião do 74º aniversário do “Dia da República”, a celebrar hoje (2), o Presidente da Itália, Sergio Mattarella, afirmou que a data será comemorada com dor devido à emergência do novo Coronavírus, mas marcará um novo começo. “A 2 de Junho é comemorado o aniversário do nascimento de nossa República. Vamos fazêlo em uma atmosfera em que experimentamos sentimentos de incertezas e razões de esperança ao mesmo tempo. Espremidos entre a dor da tragédia que de repente nos tocou e a vontade de um novo começo”, disse.

EKA A empresa Cervejeira EKA, situada no Dondo, município de Cambambe, província do Cuanza-Norte, pondera suspender a produção a partir do mês de Junho deste ano, devido ao aumento dos custos operacionais. A paralisão da produção da cervejeira, segundo o seu director-geral, Marc Mayer, que falando à ANGOP não indicou o dia, poderá mandar ao desemprego 147 trabalhadores. O responsável revelou que a empresa enfrenta “enormes” problemas de tesouraria, agravados pelas dificuldades de aquisição de matéria-prima e peças sobressalentes para a manutenção.

Washington Um recolher obrigatório decretado em Washington após mais uma noite de protestos foi antecipado em quatro horas e vai vigorar por dois dias anunciou ontem a “mayor” da capital dos Estados Unidos, Muriel Bowser. A medida de excepção começará às 19:00 locais, em vez das 23:00, e permanecerá em vigor durante dois dias, acrescentou. “Todos os norte-americanos devem estar revoltados com a morte de George Floyd. No entanto, as janelas partidas e as pilhagens estão a eclipsar o essencial das conversas”, sublinhou Bowser numa

conferência de imprensa. Pandemia O Ministério da Saú-

de apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

uem tem medo compra um cão, diz o povo, e há gente a levar isto muito à risca, o que não acho mal, sobretudo para os níveis de delinquência que vão crescendo cada vez mais no nosso país. Um cão de guarda é uma garantia de alerta. Muita gente tem sido salva pelo serviço destes amigos. Para o angolano, no geral, cão é mesmo para cuidados, não é para companhia. Aqui não há destas coisas de cão dormir dentro de casa, de subir para a cama do dono, nada disso, para a maioria das pessoas. Entretanto, pelas ruas vão passeando centenas de pessoas com cães perigosos, de raças que em alguns países foram até banidas. São cães destas raças que no Domingo mataram uma mulher no Lobito. O nosso país não produz legislação ou regulamentos sobre estes animais. Quem os deve ter, como os deve ter, quem os adestra e que responsabilidades abarcam os donos? Nada disso nos é dito. Vemos jovens franzinos a andar com cães de raça “pitbull” e “rottweiler” que se resolveram soltar-se o fazem com a maior facilidade. Se resolverem atacar alguém não há como os parar. Estes cães vão por aí sem açaime, ninguém diz nada. Nem as autoridades policiais, nem as autoridades administrativas. E nem aos donos se lhes exige algum tipo de seguro de responsabilidade. É bom que as autoridades se lembrem disso, os cães não devem servir apenas para a propaganda das campanhas de vacinação contra a raiva, é preciso cuidar deles legislar para a defesa dos seus direitos e para responsabilizar quem os tenha. E, em definitivo, é preciso responsabilizar quem transforma animais que deveriam ser amigos em máquinas assassinas.

E também... Dia Internacional da Prostituta - 2 de Junho O dia mundial das prostitutas não é nenhuma brincadeira. Este dia tem o objectivo de denunciar a discriminação e a exploração das prostitutas a nível mundial, assim como as precárias condições de vida e de trabalho. A origem do Dia Internacional das Prostitutas está no protesto de 2 de Junho de 1975, quando mais de cem mulheres ocuparam a igreja de Saint-Nizier, em Lyon, França, em protesto contra a repressão sofrida na altura. O protesto visava as multas recebidas, as detenções e os assassinatos de colegas que não eram investigados.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

no tempo do kaparandanda

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

opaís

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

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Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

1537

02 de Junho de - O papa Paulo V reconhece a humanidade dos nativos do Novo Mundo.

02 de Junho de 1896 - Marconi faz o

registo da patente britânica de telegrafia sem fios.

1924

02 de Junho de - O Congresso dos EUA reconhece o direito de cidadania dos índios.

carta do leitor

Por George Floyd Caro director, Eu estou espantado com a postura dos governos africanos. Nos Estados Unidos da América, parece que está na moda polícias matarem jovens negros, aparentemente sem razão alguma, desarmados. São filhos de África, e aqui do continente não sai nem só uma palavra. Se fosse o contrário, já estávamos a levar com bombas e os governos a serem derrubados porque maltratam o seu próprio povo. Só os Estados Unidos é que podem ver problemas nos direitos humanos noutros países e os outros não podem apontar o dedo à forma como vivem os negros lá e também porque a maioria das pessoas presas são negras e que não têm boa condição social? Agora lá há revolta, o Presidente Trump diz coisas que para mim só incitam que haja mais violência, mas ninguém o ameaça com o TPI. Os governos africanos deveriam também pronunciar-se. Não apenas pela morte de George Floyd e nem apenas pela morte de cidadãos negros às mãos da Polícia, mas pelo povo americano, porque muitos dos que estão nas ruas revoltados não são negros. Mas temos também de cuidar do nosso sangue, tem de haver solidariedade. Hermenegildo Zola Luanda Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754



POLÍTICA

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“Enterro de Jonas Savimbi foi um passo importante para a reconciliação nacional”

O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

CASA-CE defende reabertura do ano lectivo só com garantias de bio-segurança VIRGILIO PINTO

Enterro de Jonas Savimbi foi um passo importante para a

reconciliação nacional A afirmação é de Isaías Samakuva, por ocasião do primeiro aniversário da inumação das ossadas de Jonas Savimbi, líder fundador deste partido, assinalado ontem, 1 de Junho PEDRO NICODEMOS

Neusa Filipe

E

m declarações a OPAÍS, Isaías Samakuva disse que o enterro condigno do fundador da UNITA é um capítulo encerrado e que constituiu-se numa abertura que representa a possibilidade de diálogo entre os angolanos. “Era importante levar os restos mortais do Doutor Savimbi para o local por ele próprio desejado quando em vida, mas também porque a sua não exumação representava um pendente que estava já a transformar-se numa fonte de desconfiança, o que não contribuía positivamente para o processo de reconciliação nacional”, disse. Samakuva, que dirigiu a UNITA entre 2002 a 2019, após à morte em combate de Jonas Savimbi, disse que o enterro condigno do seu antecessor foi a realização mais marcante do seu consulado. Durante o enterro no cemitério da família, na Lopitanga, no município de Andulo, província do Bié, ao lado dos seus país Loth Malheiro e Helena Mbundo, no seu longo discurso, Samakuva tinha dito ainda que a exumação dos restos mortais do seu antecessor, representava um sinal importante para o processo de reconciliação nacional em curso no país, mas também um conforto psicológico para a sua família. Primeiro enterro Jonas Savimbi foi enterrado inicialmente no cemitério municipal do Luena (Moxico), depois de ter tombado em combate na localidade de Lucusse, a 22 de Fevereiro de 2002. A transladação dos seus restos mortais para a sua terra natal resultou de um pedido da família e da direcção da UNITA que que-

A proposta saiu no final da 12ª sessão ordinária dos membros do Colégio Presidencial desta coligação, realizada ontem e orientada pelo seu presidente, André Mendes de Carvalho Ireneu Mujoco

A Momento em que a urna estava a ser levada para o sarcórfago pelos filhos

ria cumprir um pedido expresso por ele, ou seja, que fosse enterrado ao lado dos seus pais, na Lopitanga. Durante a homenagem a Jonas Savimbi, foi reconhecido pela direcção da UNITA que o processo de inumação resultou de um pedido feito ao ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, mas concluído já no mandato do actual Chefe de Estado, João Lourenço. O acto de sepultamento de Jonas Savimbi foi marcado com a presença de individualidades nacionais e estrangeiras e testemunhado também pela imprensa internacional. Jonas Savimbi repousa definitivamente num monumento construído por um filho seu,e a cerimónia levou a Lopitanga a sua prole de 30 filhos, segundo informação oficial avançada pelo antigo porta-voz da UNITA,

Alcides Sakala Simões. “Data incontornável” Para o actual primeiro-ministro do governo sombra da UNITA, Raul Danda, a data é incontornável, mas que deveria ser para todos os angolanos, alegando que os feitos de Jonas Savimbi não foram somente para os militantes da UNITA, “mas para todos os filhos de Angola” Raul Danda, que já foi vicepresidente da UNITA na fase derradeira do consulado de Isaías Samakuva, defendeu que, para uma verdadeira reconciliação nacional, é necessário que o nome de Jonas Savimbi esteja ao lado de outras figuras ,como Holden Roberto e Agostinho Neto. Jonas Malheiro Savimbi fundou a UNITA a 13 de Março de 1966, na localidade de Muangai, província do Moxico, onde também morreu há 18 anos.

CASA-CE diz não haver condições mínimas, para o reinício das aulas previsto para Julho do ano em curso, face ao aumento de casos positivos, aliados à incapacidade de testagem em massa das populações. Esta terceira força política do país defende o reinício das aulas, em todo o país, tão logo estejam criadas as condições humanas e materiais mínimas para o normal funcionamento das instituições de ensino. Argumentou que, ao contrário de outras realidades, grande parte das escolas do país, para além de albergar mais de 40 alunos por turma, não possui casas de banho e água corrente, em boas condições, para fazer face às medidas de prevenção contra a contaminação da Covid-19. Apontou também a falta de outros materiais para a higienização das mãos, das superfícies deobjectos e no distanciamento entre as pessoas, para se evitar males maiores. A CASA-CE justificou ainda que a preservação da vida humana deve estar no topo das prioridades, reiterando que as aulas devem ser reiniciadas em simultâneo em todo o país, assim que estiverem as condições reunidas.

A posição manifestada por esta coligação, constituída por seis partidos políticos, coincide com as recomendações estabelecidas pela SADC. No dia 10 de Maio, por intermédio de um relatório, este organismo exortou os países membros que pretendem reiniciar as aulas a observarem os requisitos mínimos e básicos de prevenção, incluindo a disponibilização de instalações de higiene, água, saneamento e transporte para os alunos. UNITA defende aulas em Setembro Há uma semana, a UNITA defendeu o reinício das aulas em Setembro, segundo avançou Navita Ngolo Felisberto, vicepresidente do Grupo Parlamentar deste partido, quando fazia o balanço dos 60 dias do estado de emergência. A decisão do reinício das aulas para o ensino superior e médio, segundo a UNITA, deve ser repensada, tendo em conta a incapacidade dos serviços de saúde de fazerem face à testagem em massa. Avançou que pelo risco que tais aglomerados podem causar se não houver condições de biosegurança, “propomos que o início do ano lectivo seja adiado para Setembro do ano em curso”, admitindo que “até lá haja maior controlo e capacidade de resposta”.


O PAÍS

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9 DR

Angola e França abordam impacto económico da Covid-19

O

s Presidentes de Angola, João Lourenço, e de França, Emmanuel Macron, mantiveram esta Segunda-feira uma conversa telefónica, tendo abordado temas actuais, com destaque para o impacto da Covid-19 sobre a economia mundial e os seus reflexos em Angola. Em nota, o Secretariado de Imprensa do Presidente da República refere que o Presidente João Lourenço fez um relato ao homólogo gaulês do que está a ser feito pelo Governo angolano. O Chefe de Estado angolano destacou o investimento de recursos na aquisição de meios e equipamento de bio-segurança para enfrentar o vírus, a resposta determinada da classe empresarial, para que a economia continue a funcionar e, sobretudo, que seja diversificada. Segundo o documento, ao telefone, os dois Chefes de Estado abordaram também a questão do alívio da dívida dos países africa-

PR pede máxima atenção à criança

O

Presidente da República, João Lourenço, pediu maior atenção para as crianças, num ano marcado pela pandemia da Covid-19, que as priva de assistir às aulas, de brincar com os amigos, de conviver com os avós e outros familiares e de levar, em suma, uma vida normal. Numa mensagem de felicitações distribuída ontem à imprensa, por ocasião do Dia Internacional da Criança, o Chefe de Estado Angolano diz que os petizes vêem-se, assim, afectados desde muito novos por uma situação potencialmente traumatizante, que possivelmente os marcará

para o resto da vida, se não “tomarmos as medidas adequadas para o evitar”. “Entre as muitas medidas que o Governo tem vindo a adoptar para minorar os efeitos da crise sanitária, económica e social, causada pela pandemia da Covid-19, importa dar a máxima atenção às crianças, não só criando paulatinamente as condições para o seu retorno seguro à escola, mas, também, cuidando, em especial, daquelas que se encontram numa situação de maior vulnerabilidade”, refere o presidente. João Lourenço apela aos pais e encarregados de educação, aos professores e outros agentes forma-

dores que se dediquem à árdua mas gratificante tarefa de defender as crianças, pois são elas a maior garantia da continuidade da defesa dos nobres valores do patriotismo, do amor ao próximo e da solidariedade na construção de um país melhor para todos. O dia 1 de Junho foi festejado pela primeira vez em 1950 como Dia Mundial da Criança. A efeméride é celebrada numa altura em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima haver mais de seis milhões de infectados pelo novo Coronavírus (mais de 300 mil mortos), entre eles, infelizmente, crianças menores de um ano e adolescentes.

nos, para a qual existe uma iniciativa a nível do G-20, “com um papel muito empenhado da França”. O Presidente João Lourenço exprimiu o interesse de Angola em aderir a essa iniciativa, o que já fez por via de acções que estão a ser empreendidas pelo Ministério das Finanças. João Lourenço e Emmanuel Macron aproveitaram também para abordar questões regionais, como a actualidade política na República Centro Africana e o clima de instabilidade que se instalou na fronteira entre a República Democrática do Congo e a Zâmbia. Os estadistas defenderam a necessidade de se trabalhar para que se realizem, no tempo certo, as eleições previstas para a República Centro Africana. Em relação ao momento de tensão fronteiriça entre o Congo Democrático e a Zâmbia, manifestaram a esperança de que venham a ser coroadas de êxito as diligências que estão a ser feitas pelo medianeiro, o Presidente Denis Sassou Nguesso, do Congo.

daniel miguel/arquivo


sociedade

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O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

Meninas do Horizonte Azul pedem inserção no ensino superior público O centro de acolhimento Horizonte Azul tem mais de 90 meninas residentes, das quais 25 frequentam o ensino superior em instituições privadas. Três delas têm as suas licenciaturas concluídas. Para manter as estudantes, o centro depende da boa vontade de empresas e de pessoas singulares, que oferecem bolsas de estudo, pelo que estas futuras mulheres clamam por inserção nas universidades públicas VIRGILIO PINTO

VIRGILIO PINTO

Stela Cambamba

O

centro Horizonte Azul recebeu, ontem, a visita do músico Matias Damásio e de empresas do grupo Zahara, em parceria com a Fidelidade, que brindaram as meninas aí residentes com brinquedos, presentes, lanche e música, uma actividade que aconteceu em alusão ao Dia Internacional da Criança. Na ocasião, Ester Bueti, de 22 anos, que vive no centro há 14 anos, aproveitou para revelar que uma das principais dificuldades que o centro enfrenta tem a ver com o enquadramento das meninas no sistema de ensino público do I e II Ciclo e no ensino superior. Todas estudam em instituições privadas, apoiadas por algumas empresas que atribuem com bolsas de estudo. Quando chegou à instituição, Ester não sabia ler nem escrever, hoje é estudante universitária, e está a fazer o quarto ano do curso de Direito. Actualmente, a jovem afirma que tem feito o seu melhor, como dar aulas de explicação e orientar algumas actividades para o desenvolvimento das outras meninas do centro. Zulmira Madalena, directora do centro de acolhimento, explica que das 95 meninas que habitam o centro, algumas foram reinseridas no seio familiar, outras já terminaram o ensino superior e a instituição arrendou dois apartamentos, onde residem, mas ainda estão sob as suas responsabilidades. O Horizonte Azul tem uma escola primária comparticipada, que serve de fonte de algum rendimento, mais, infelizmente, o maior número de alunos que a frequentam são de um centro de refugiados e não têm condições de

pagar os mil e 300 Kwanzas cobrados mensalmente. Por isso, contam mais com os apoios externos. Entretanto, Matias Damásio afirmou que é difícil falar sobre crianças num mundo onde ainda existe escravatura de menores, venda, maus-tratos, falta de escolas, de carteiras. Porém, há uma preocupação das pessoas, dos governos locais e internacionais em melhorar o quadro e proteger, tendo em conta que são inofensivas, elas que precisam de carinho. À margem do evento, o músico se comprometeu, enquanto artista e cidadão, a instalar uma escola de

música no centro de acolhimento e acompanhar pessoalmente o desenvolvimento da escola, em particular uma adolescente que demonstra ter talento para a música. O gosto pela música que surgiu no centro Outra jovem, Fineza Bueti, de 17 anos, que reside no centro de acolhimento Horizonte Azul desde que ficou órfã de pai (há sete anos), é bolseira numa instituição escolar particular. Ela estuda a 12ª classe e explica que foi no centro onde conseguiu descobrir o gosto pela música e, com isso, espalha a alegria e sempre que há alguma

actividade na instituição é indicada para brindar os convidados. A adolescente agradece ao músico Matias Damásio, por estender a sua mão ao centro e em especial a ela. “Muito obrigada por apadrinhar centros de acolhimento e realizar sonhos das crianças. Acredito que todos temos um potencial, mas precisamos de alguém que aposte e acredite, como têm feito Matias Damásio, instituições como o Kero e outras pessoas de boa-fé”, frisou Fineza Bueti. Para todas as crianças, aconselha que vivam as suas infâncias, aproveitem do melhor que têm e acreditem sempre no melhor que

cada um tem. “E a Deus peço que dê ânimo a todas, para realizarem os seus projectos”, disse a adolescente. De lembrar que actividade foi realizada no âmbito da Missão Kandengue, evento solidário do grupo Zahara em parceria com a Fidelidade. A Missão Kandengue representa todas as iniciativas de responsabilidade social do grupo Zahara e o seu compromisso para a construção de um futuro baseado na sustentabilidade social, ambiental, educacional e cultural do país. Actualmente apoia cerca de duas mil crianças de 11 centros de acolhimento no país.


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Lore commole ssequi eraessequisl ullan

Idosa de 70 anos morta após ter sido confundida com veado

Violência contra a criança sob a alçada do CISP O Instituto Nacional da Criança (INAC) e o Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) assinaram, ontem, um memorando de entendimento para a salvaguarda dos direitos da criança

O

memorando consubstancia-se no funcionamento da linha SOS-CRIANÇA, que responderá pelo número 15015, uma linha gratuita, confidencial e anónima, em que se poderá fazer todo o tipo de denúncias de violência contra a criança. Na ocasião, o ministro do interior, Eugénio Laborinho, mostrou-se preocupado com o nível dos crimes cometidos contra a criança angolana, com destaque para aqueles que ocorrem no seio familiar. Ladeado pela sua homóloga, ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Faustina de Alves e de membros dos conselhos consultivos de ambos os Ministérios, Eugénio Laborinho defendeu que o memorando assinado deve contribuir na inversão das cifras criminais. “É com alguma preocupação que os órgãos de Polícia criminal, ainda, registam muitos crimes de violência contra a criança praticados no seio familiar, com realce para agressão, assédio sexual, violação, exploração infantil, entre outros. Por este facto, a nível do Serviço de Investigação Criminal, foi instituído o Depar-

tamento de Violência Doméstica, com atribuições específicas para a instrução e investigação de crimes desta natureza” frisou. O acordo assinado pelos responsáveis do CISP e do INAC, que representam os dois ministérios, serviu para estreitar os mecanismos conjuntos tendentes à diminuição das cifras criminais. “Não obstante o seu tratamento merecer uma especial atenção de nossa parte, pensamos ser urgente a adopção de políticas criminais mais duras, afim de oferecer uma protecção mais efectiva às vítimas e desencorajar os infractores” referiu, o ministro Laborinho. O Ministério do Interior, por via do Centro Integrado de Segurança Pública, criou todas as condições para a materialização deste desiderato, tendo em conta “que temos efectivos formados em diversas áreas e, agora, instruídos pelo Instituto Nacional da Criança em matéria de protecção e garantia dos direitos da criança”, finalizou. Recorde-se que, segundo dados do INAC, só este ano foram registados mais de 1427 casos de violência contra a criança, com destaque para a fuga à paternidade, trabalho infantil e disputa a guarda.

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m cidadão nacional, de 29 anos, que tem a caça como a sua actividade diária, disparou mortalmente contra uma idosa de 70 anos, no município de Caungula, província da Lunda-Norte, após ter confundido a senhora com um veado O facto, segundo as autoridades policiais naquela localidade, ocorreu na margem do Rio Pôro, 20 km da sede municipal de Caungula, quando o implicado realizava caça furtiva. Ao aperceber-se que estava diante de um veado, o jovem disparou e provocou a morte imediata da senhora. No processo de averiguação, o jovem caçador apercebeu-sede que a vítima mortal não era um veado e sim uma idosa que por ali passava. Na sequência, a Polícia Nacional e o Serviço de Investigação Criminal procederam à detenção imediata do caçador, que, de seguida, foi entregue ao Ministério Público para os passos processuais subsequentes.

Destaque uno scipis eugait iureriustio odias onse feummy nos nissequam mais simulado.

Grupo de oito elementos viola menina de 17 anos O balanço da Polícia Nacional no Uíge, dos efectivos destacados no Comando Municipal do Sanza Pombo, dá conta da detenção de três cidadãos nacionais, entre os 18 e 21 anos, suspeitos do crime de violação sexual concorrido com ofensas corporais em que foi vítima uma criança de 17 anos.

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s três cidadãos detidos fazem parte de um grupo de oito elementos que, por volta das 20 horas, do dia 31 de Maio, no bairro Serrador ll , surpreenderam a vítima, funcionária da Pumangol, quando pretendia regressar para a sua residência, com uma arma de fogo. Não tendo como reagir, a vítima obedeceu às ameaças de arma de fogo, foi levada para uma escola do bairro onde a abusaram se-

xualmente e, no final, introduziram-lhe objectos contundentes no órgão genital (pau, tesoura e lâmina). A vítima foi socorrida e está sob cuidados médicos, em recuperação, no hospital municipal. Três dos oito executores desta acção foram detidos e encaminhados ao Serviço de Investigação Criminal (SIC) para os devidos procedimentos, enquanto diligências continuam para a detenção dos demais, ainda em fuga.


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sociedade

O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

Domingos Vicente Ferreira Neto

Confinamento social em função da Covid-19 O

homem é por natureza um ser social, o seu instinto gregário, impulsiona-o a realizar as suas actividades em grupo, estabelecer e desenvolver vínculos afectivos, criar novos laços de amizade, quer no local de trabalho, grupo religioso, desportivo, no seu bairro e outras formas de ajuntamento social. O surgimento da COVID-19 obrigou o governo angolano, a decretar o primeiro estado de emergência e agora, decretado o estado de calamidade, impondo medidas restritivas de mobilidade e isolamento ou afastamento físico, bem como a suspensão temporária de alguns direitos constitucionais dos cidadãos. Assim, terminologias como: confinamento social, isolamento social, quarentena, vão penetrando cada vez mais no léxico dos angolanos, em vários círculos ou estratos sociais. Não nos interessa mergulharmos nos meandros da COVID-19, uma vez que vários entendidos na matéria têm prestado os devidos esclarecimentos com as competências que lhes são reconhecidos. Assim, vamos procurar dar uma definição objectiva sobre o isolamento social, como o acto de separar um indivíduo ou um grupo, do convívio com o restante da sociedade. Esse isolamento pode ser voluntário ou não. Quando há uma força maior, seja imposta pelo governo, seja por uma situação de guerra ou pandemia, ou até mesmo um toque de recolher provocado pela violência urbana, o isolamento é forçado, como neste momento a nossa realidade, com vista a salvaguarda da vida humana. Para os mais atentos, puderam perceber que a OMS levou algum tempo para declarar como pandemia, a COVID-19, pois que o vírus em causa, não tinha trespassado as fronteiras de outros países

nem tão pouco de outros continentes. Com o evoluir da propagação do vírus, a OMS decretou como pandemia, obrigando aos governos e seus líderes, a imposição do afastamento ou o isolamento social, ou seja, os governos tiveram que impor a quarentena e o distanciamento social, que actua por meio da restrição do contacto físico, da actividade comercial, encerramento das instituições escolares, restrições na utilização do transporte público e privado, culto religioso, actividades desportivas, recreactivas, de entre outras medidas. Neste sentido, em função da COVID-19, os cidadãos estão a receber informações por excesso sobre contágios, mortes, crises económicas, desempregos, dificuldades financeiras, em consequência das medidas que os governos tiveram que adoptar. Assim, o isolamento social que as pessoas estão submetidas, pode acarretar doenças do fórum psicológico. Nesta perpectiva, algumas pessoas estão a desenvolver transtornos de ansiedade social, transtornos obsessivos compulsivos, stress, e alguns profissionais, já estão eventualmente a adquirir a síndrome de burnout, principalmente ao nível do pessoal médico e demais, em decorrência da envolvência dos mesmos na luta contra esta pandemia, por medo de se contaminarem e de contaminarem os seus familiares, por outro lado, pela intensidade do trabalho levado ao cabo no tratamento dos pacientes acometidos com a COVID-19. Por outro lado, verifica-se que grande parte das pessoas que formam os núcleos familiares, não estão habituadas a uma convivência tão próxima e prolongada, como à que estão sujeitas actualmente. Porque na verdade, na vida moderna, a convivência familiar é

menos frequente e por tempo mais curto. Assim, com a consequência da pandemia, estamos a aprender a passar juntos mas tempo, a nos descobrirmos e auto-avaliar, a conhecermos melhor o nosso parceiro, às necessidades ou preocupações dos filhos, daquilo que poderíamos ter feito, mas não o fizemos, por alegação de falta de tempo. Mas Essas condições, bastante paradoxais, nos deixaram mais ansiosos e as crises familiares começaram a se mostrar mas evidentes, desembocando em violências sobretudo, naquelas famílias em que os laços afectivos já se denotavam instáveis, divórcios, auto-suicídios, violência doméstica, distúrbios sociais como desacatos às autoridades, verificáveis um pouco por todo o país, tais são os dados estatísticos apresentados pela polícia nacional angolana nos seus briefings. A actividade sexual de muitos relacionamentos afectivos, em alguns casos, também estão a sofrer alterações, pois que a desconfiança e o medo de se contaminar e contaminar o parceiro ou parceira, paira sobre as pessoas, uma vez que não têm a certeza se estão contaminados, doentes ou assintomáticos. Há indivíduos que no local de serviço, em casa, lavam as mãos incessantemente e evitam fazer uso dos objectos que anteriormente eram habituais, e outros que negam o perigo ou a gravidade da COVID-19 e se expõem de forma evidente, ficam irritados facilmente, perda de sono, abusam das bebidas alcoólicas, comem em demasia e em consequência estão a ganhar peso ao passo que no sentido oposto, também é uma realidade. Estes são alguns dos sintomas mais frequentemente observados em pessoas que já perderam o equilíbrio psíquico-emocio-

nal. Por outro lado, a interrupção abrupta das rotinas das pessoas, estão naturalmente a agravar a situação em sujeitos que já são depressivos, e o surgimento de outras que possam estar a desenvolver um quadro depressivo, como podemos observar em algumas das suas atitudes. Para outros, o tempo parece ter parado, por falta de saber o que fazer, entrando num estado de ociosidade dormente. Diante deste cenário, as famílias e as pessoas de um modo geral, precisam rapidamente de encontrar formas para minimizar esse estado de ociosidade em consequência do isolamento social. Assim, podemos preencher o tempo, realizando actividades lúdicas na companhia da família, caminhar em grupo, porém, respeitando o distanciamento recomendável, trabalhar em home office, fazer alguns cursos, tais como de línguas estrangeiras disponíveis em várias plataformas, culinária, compor poemas, leituras diversas, escrever memórias, assistir filmes, actividades teatrais, ou seja, precisamos realizar outras actividades que possam ocupar o tempo de forma alegre, devendo para tal, elaborar um plano de actividades com a participação dos demais membros da família. Todavia, o surgimento da COVID-19 está também a trazer coisas positivas, uma vez que pode-se observar o surgimento de uma nova ordem social, estamos a verificar alterações profundas nos programas políticos dos governos, a solidariedade entre os povos parece ser mais notória entre as pessoas, mais realista. Está a faz-nos perceber que somos todos iguais (ricos e pobres), aquilo que nos separa ou nos diferencia, não é mais importante daquilo que nos unifica, a vida humana, e uma modo diferente de nos relacionarmos

e ocuparmos melhor o tempo disponível. Novas rotinas e competências estão a ser adquiridas e se irão cristalizar a curto e médio prazo, a opção de trabalhar em home office, implicará também alteração nos processos de gestão e naturalmente, a introdução e domínio das novas tecnologias nas organizações e por parte dos seus colaboradores. Esta é também uma oportunidade de irmos corrigindo alguns maus hábitos, como, o excesso de trabalho, a falta de convivência familiar. Acredito que as regras ou rituais de higienização actualmente exigidos que parecem excessivas, tais como lavar as mãos diversas vezes, higienizar os objectos pessoais e colectivos, as embalagens de alimentos, maçanetas e celulares, o melhoramento do saneamento básico das cidades, estou em crer que irão se tornar como novos padrões comportamentais. Logo, as consequências desse isolamento social, se não forem cuidadas, podem ser catastróficas, do ponto de vista psicológico. Porque de um modo, geral, o pós-COVID-19 desencadeará na maior parte das pessoas, o stress pós-traumático. Assim, aconselhamos, que sejam consultados, os profissionais de saúde, nomeadamente, os psiquiatras, psicólogos e sociólogos, para darem o devido tratamento de possíveis transtornos que as pessoas possam desencadear, como consequência do isolamento social.

Mestre em psicologia clínica; especialidade em família e saúde, pela Universidade de Coimbra. Especialista em gestão de pessoas. Professor universitário.


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O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PROTEGER?

Tendo sido reportados já 86 casos em Angola, com duas mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:

1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

Produtor projecta documentário que mostra História de Angola antes da colonização Entre os vários as-

suntos, o cineasta Manuel Terramoto, também professor de História de Angola, pretende abordar as organizações dos Estados naquela época, os ‘mitos’ em relação à fundação do Reino do Kongo, Matamba e do Ndongo, antes da chegada dos portugueses ao país

Realizador Manuel Terramoto

Antónia Gonçalo

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m documentário sobre a História de Angola, que retratará a época antes da vinda dos portugueses (1482) ao país está a ser projectado pelo produtor e realizador de cinema, Manuel Terramoto. O trabalho terá como base as pesquisas de trabalhos científicos feitos por cientistas angolanos na área da antropologia e outros meios. Entre os vários assuntos, o também professor de História de Angola pretende abordar as organizações dos Estados naquela época, os ‘mitos’ em relação à fundação do Reino do Kongo, Matamba e o do Ndongo, antes mesmo da chegada dos portugueses, em finais do século XV e meados do século XVI, com o objectivo de que seja registado no mundo cinematográfico. “Quando falamos da História de Angola, cingimo-nos à chegada dos portugueses, assim como a escravatura, mas a história começou muito antes mesmo de eles chegarem ao país. É essa par-

te que me interessa, em que tenho trabalhado agora. Tal como a antiga Grécia, também temos os nossos mitos”, disse em conversa com OPAÍS. Para a elaboração do trabalho, Terramoto baseia-se na tradição oral, registadas pelos missionários europeus, que estiveram naquela altura nestes reinos. Disse serem padres capuchinhos, que faziam ali os seus trabalhos. Realçou, no entanto, que antes da fundação dos reinos, ter havido povos que se organizavam em sociedades minúsculas, que não eram reinos e tinham as suas crenças, porque se falava de Deus, os génios das águas, das montanhas que ajudaram a fundar os reinos. “Fica difícil dizer o século em que aconteceu, devido à falta de trabalhos arqueológicos, mas, a tradução oral é marcada com isto e hoje vemos como ‘mito’. É essa parte da história que considero interessante, pelo facto de nunca ter sido retratada em livro e no cinema. Me interessa retratar a vida

dos angolanos antes da existência de Angola, da vida dos angolanos antes da chegada dos europeus e outras descobertas”, fundamentou.

mais célere, com várias equipas e seria desenvolvido em oito meses no máximo. Como estou a lutar com os meus parcos meios, isso arrasta a produção por muito tempo”, lamentou.

Produção Actualmente, Terramoto tem estado a escrever o guião, que culminará com a sua realização, cuja indumentária pretende começar a conceber em Setembro. Apesar de ter já tudo traçado, teme que a falta de apoios seja tida como obstáculo para o arranque do mesmo, uma vez que vários projectos encontram-se parados por falta de patrocínio. Disse ainda que, devido ao surto de Covid-19, que se regista no país desde Março, prevê-se o arranque das realizações para o fim do ano em curso, ou até mesmo no começo do próximo. “Tudo implica valor monetário, que tem dificultado o arranque de vários trabalhos. Se tivesse financiamento do Estado, ou de organizações interessadas, estaria a trabalhar de forma

Outro trabalho Manuel Terramoto está ainda a trabalhar na produção do filme “O guerreiro Jagas”, também relacionado com a História de Angola, em que vai mostrar a sua origem, organização e técnicas de guerra, que foram usadas no país para enfrentar os portugueses. Jagas é uma designação genérica para os grupos étnicos nómadas, que invadiram o Kongo e Angola durante o século XVI, mas que foram submetidos pelos locais e pelos portugueses. O docente realçou que, pelo facto de as suas iniciativas cingirem-se a esta área de trabalho, os projectos acabam por ser mais onerosos, o que dificulta a sua realização. “Para retratar num manual escolar, ou livro didáctico é rápido, mas, quando se trata de

cinema é necessário criar uma história para cativar o público. É preciso criar sempre uma estória entre as cenas para ter maior aceitação e atrair o público alvo”, constatou. Valorização da produção nacional Terramoto disse notar um certo preconceito com relação ao cinema nacional, isso, por ver que o público domina melhor o cinema americano, que de certa forma afecta o reembolso do valor investido nos trabalhos dos artistas locais. Como historiador, produtor e realizador, observa o cinema como trabalho cultural e antropológico, que ilustra a maneira de ser de cada povo, conforme acontece nos outros continentes. Referiu ainda que o tempo de exibição dos trabalhos nas salas de cinema, para seja recuperado o valor investido, deve ser, no máximo, de um mês, para além das publicidades. “O que temos visto, para dizer que não estão a beneficiar o cinema nacional, é que os filmes são exibidos em apenas um ou cinco dias, porque existe um certo preconceito e são vistos com certa reticência. Nunca vamos fazer filmes iguais aos americanos ou europeu, devido à nossa história”, elucidou. Apesar do facto, reconheceu que os espaços de exibição de filmes são privadas e os proprietários gozam de liberdade de selecção. Desta feita, defende a existência de salas geridas pelo Estado, para que se possa valorizar a produção cinematográfica local. “Se tivéssemos a funcionar as salas públicas, aí sim veríamos maior aceitação e seria rentável para nós. Por isso, vemos muitos trabalhos, boas criatividades guardadas em papéis, e Angola é um país rico em história. Há escritores que escreveram para o cinema, mas sem saber, como Óscar Ribas, Luandino Vieira, Uanhenga Xitu e andam aí, ninguém toca por falta de apoios”, concluiu.


O PAÍS

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Mostra colectiva virtual questiona “Qual Futuro?”

A mostra junta 10

ob curadoria do LabCC [Laboratório de Crítica e Curadoria], a 12 de Junho é aberta a exposição virtual Qual Futuro? - (in)certezas sobre uma nova produção de sentidos, cujo site para a sua visualização poderá ser disponibilizado pela organização, bem como pelas redes sociais. A exposição virtual “Qual Futuro?” junta 10 artistas emergentes e questiona como as gerações actuais podem criar novos sentidos nesta nova década. É uma exploração plural sobre os condicionamentos de um futuro próximo e as construções, pessoais e colectivas, que surgirão por processos de criação de sentidos políticos, geo-

gráficos e pessoais, a partir da reflexão e compreensão do passado e do presente. Os artistas que trabalham entre fotografia, performance, vídeo arte, pintura, instalação e desenho são Adriano Cangombe, Eliane Lima, Fernando Lucano, Gegê M’bakudi, Helena Uambembe, Nefwani Júnior, Pemba, Uolofe, Teresa Firmino, Yola Balanga. “A partir do site, as pessoas poderão entrar na exposição como se estivessem a monitorar um robot num jogo, poderão dirigir-se aos quadros e em tudo que lá estiver. Todos os smartphones permitirão o acesso. A pessoa poderá ver, através do telefone, tablet e computador”, explicou o curador Marcos Junguba. A curadoria está a cargo do LabCC [Laboratório de Crítica e Curadoria], uma plataforma de partilha, pesquisa e experimentação em curadoria e crítica de arte. Compostas pelos jovens curadores Jéssica de Melo, Luamba Muinga e Marcos Jinguba, desde o ano passado tem levado programas que se inscrevem na crítica de exposições de arte em Luanda e na curadoria de duas exposições. Esta é a terceira.

Martins, Carlos Morais José, Deusa d’Africa, Dora Nunes Gago, Fernanda Dias, Fernando Sales Lopes, Francisco Conduto de Pina, Gisela Casimiro, Gisele Wolkoff, Gonçalo Lobo Pinheiro, Henrique Le-

vy, Hirondina Joshua, João Morgado, José Drummond, José Luís Outono, Natalia Borges Polesso, Sara F. Costa e Sellma Luanny são os autores que escreveram para o “Rio das Pérolas”. “‘Rio das Pérolas’ é a ampla libertação das palavras e dos autores que as colocam em forma de serem lidas, numa reunião inspirada com sentido que abraça a escrita poética em todos os seus patamares”, pode ler-se na nota introdutória do livro escrita por António MR Martins. Para o poeta, “o Rio das Pérolas tem um significado emblemático e um valor enorme – águas que encerram sentidos a oriente e englobam inúmeras histórias de milhões de pessoas, entre o imaginário e a realidade, muitas vezes míticas”. Semanalmente, até ao dia do lançamento da obra, o Plataforma publicará vídeos e excertos de alguns dos poema que farão parte do livro “Rio das Pérolas”, com depoimentos e outras informações referentes aos autores.

artistas emergentes e questiona como as gerações actuais podem criar novos sentidos nesta nova década

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Poesia lusófona dedicada a Macau lançada em livro Plataforma é parceiro média do lança-

mento da obra literária com chancela da Ipsis Verbis e uma tiragem de 300 exemplares

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o próximo dia 24 de Junho, a editora Ipsis Verbis, em co-organização com a Casa de Portugal, em Macau, apresentará o livro “Rio das Pérolas”, uma colectânea de poesia lusófona contemporânea. O “Plataforma” é o parceiro media que aceitou agarrar esta nova edição literária. A obra, que revela poemas de 24 autores, foi coordenada pelo

poeta português, e também autor, António MR Martins e tem o prefácio da professora Ana Paula Dias. A ilustração da capa ficou a cargo do artista local Eric Fok. Ana Paula Dias escreve no seu prefácio que “do conjunto de poemas coligidos nesta antologia ressalta ainda que muitas vezes essa pulsão para a escrita constitui um processo de (re)descoberta do ‘eu’”. O livro reúne poetas oriundos dos diversos quadrantes lusófonos

desde Macau até ao Brasil, passando por África e Portugal. Ana Cristina Alves, António Bondoso, António Correia, António Duarte MilHomens, António Graça de Abreu, António José Queiroz, António MR


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cartaz

O PAÍS Terça-feira,, 02 de Junho, de 2020

Televisão

Fox Movies exibe série de comédia “Jerry Lewis” nos primeiros seis dias de Junho De 1 a 6 de Junho, o FOX Movies emite um especial de comédia dedicado aos clássicos com Jerry Lewis, a partir das 21h15

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a FOX Movies, o mês de Junho começa com uma semana de ir às lágrimas. Desde ontem, dia 1 até ao dia 6 de Junho, vão ser emitidos 11 filmes do eterno “rei da comédia”, Jerry Lewis. Fazem parte deste especial as estreias dos filmes ‘Jerry Ama-Seca’, ‘Jerry no Japão’, ‘Cinderelo dos Pés Grandes’, ‘O Homem das Mulheres’, ‘Um Namorado com Sorte’, ‘As Noites Loucas do Dr. Jerryll’, ‘Jerry 8¾’, ‘Jerry, Enfermeiro sem Diploma’, ‘Boeing Boeing’ e ‘Jerry e os Seis Tios’ e a emissão de ‘Onde

Fica a Guerra?’. ”As noites loucas do Dr. Jerryll” Dr. Julius Kelp (Jerry Lewis) é um professor de química desajeitado e pitosga, que é ignorado pelas mulheres e ridicularizado pelos alunos e pelos outros professores. Tudo isso muda no dia que inventa uma poção mágica que pode transformá-lo num sofisticado e irresistível Romeo: um galã vaidoso e confiante a quem chamam “Buddy Love”.

Protesto

Repulsa

Este filme estreia Quarta-feira, dia 3 de Junho, às 22h40. ”JERRY 8¾” Quando um comediante de sucesso morre, a sua equipa de produção decide imediatamente “fabricar” um substituto. Para isso, escolhem como candidato a mais inocente e manipulável pessoa que encontram, o desastrado paquete de hotel, Stanley Belt (Jerry Lewis). Esta película

Polémica

estreia Quinta-feira, dia 4 de Junho, às 21h15.

querendo eliminar Willard. Dia 5 de Junho, às 21h15.

“Jerry, enfermeiro sem diploma” O pobre Jerome Littlefield (Jerry Lewis) quer ser médico, mas esta não é a escolha mais indicada de carreira quando se é tão sensível como ele. Então, decide começar a trabalhar como assistente num hospital, uma decisão que vai deixar todos os pacientes com o coração mais acelerado. A estreia acontece Quinta-feira, dia 4 de Junho, às 22h50.

“Boeing Boeing” Bernard Lawrence (Tony Curtis) é um jornalista americano que vive em Paris e que elaborou um esquema no qual mantém como noivas, ao mesmo tempo, três hospedeiras de bordo: Jacqueline Grieux (Dany Saval), Lise Bruner (Christiane Schmidtmer) e Vicky Hawkins (Suzanna Leigh). Este filme estreia Sexta-feira, dia 5 de Junho, às 22h50.

“Jerry e os seis tios” Uma criança, Donna Peyton (Donna Butterworth), filha de um milionário recentemente falecido e, consequentemente, sua herdeira, tem que escolher um tutor entre os seis tios que lhe restam para gerir a sua herança de 30 milhões de dólares. Jerry Lewis interpreta o papel de todos os seus tios, sendo que as suas intenções não são as melhores,

“Onde fica a guerra?” Brendan Byers III (Jerry Lewis), o homem mais rico do mundo, é chamado para o exército para lutar na Segunda Guerra Mundial, mas é considerado fisicamente inapto. Furioso com a rejeição, Byers conhece Sid Hackle (Jan Murray), Peter Bland (Steve Franken) e Terry Love (Dack Rambo), três outros rejeitados, com motivos de sobra para quererem fugir do país. Dia 6 de Junho, às 21h15.

Solidariedade

Luto

“Estou farto de ver homens negros a morrer”. O discurso emotivo de Killer Mike

Lady Gaga: “Como branca e privilegiada, juro que apoiarei com amor a comunidade negra”

Kylie Jenner perde título de bilionária e é acusada de mentir nos rendimentos

Artistas do mundo juntos para ajudar os povos da Amazónia

Morre aos 84 anos o artista plástico Christo

O rapper Killer Mike fez um discurso emotivo, na sequência da morte de George Floyd e dos protestos que se lhe seguiram. Filho de um polícia, Killer Mike esteve presente numa conferência de imprensa juntamente com a presidente da câmara da sua nativa Atlanta, Keisha Lance Bottoms, e do também rapper T.I. O músico afirmou ter “muito amor e respeito por polícias”, mas confessou-se “furioso”. “Acordei a desejar ver o mundo a arder”, explicou. “Estou farto de ver homens negros a morrer. [Floyd] morreu como uma zebra, presa nas mandíbulas de um leão”.

Lady Gaga partilhou, nas redes sociais, uma mensagem de apoio aos que nos últimos dias se têm sentido enfurecidos e protestado contra a morte de George Floyd às mãos da Polícia, em Minneapolis. A cantora pediu apoio para a comunidade negra nos Estados Unidos, e criticou a forma como Donald Trump tem lidado com as tensões raciais desde a sua chegada ao poder. “Esta é uma altura crítica para que a comunidade negra seja apoiada por todas as outras comunidades, para que possamos pôr fim a algo intrinsecamente errado”, escreveu.

Afinal, a empresária, de 22 anos, já não é a bilionária mais jovem de sempre, como a publicação tinha nomeado no ano passado. Segundo a “Forbes”, a “socialite” exagerou nos documentos que dizem respeito à sua riqueza. “Documentos públicos da Coty, que adquiriu uma participação de 51% na Kylie Cosmetics no início deste ano, revelam que o negócio de Jenner é significativamente mais pequeno e menos rentável do que a Forbes acreditava”, explicou a revista. Perante esta situação, Kylie Jenner respondeu no Twitter. “Pensava que este era um site respeitável”.

Uma live mundial juntou esforços pela Amazónia, região que está a viver momentos dramáticos devido à Covid-19. Nomes como Jane Fonda, Barbra Streisand ou Morgan Freeman juntaram-se a Wagner Moura, Carlos Nobre, Sônia Guajajara e Maria Gadu, além de cientistas e líderes indígenas. O objectivo foi promover o Fundo de Emergência da Amazónia, lançado em Abril por um conjunto de organizações indígenas, ONGs e aliados para responder às necessidades dos povos indígenas dos nove países da Amazónia, ameaçados pela pandemia.

Morreu neste Domingo, 31, aos 84 anos de idade, o artista plástico búlgaro Christo Vladimirov Javacheff. Segundo nota da assessoria publicada na sua página no Facebook, o autor faleceu de causas naturais na sua residência, em Nova York. “Ele viveu a sua vida ao máximo, não apenas sonhando com o que parecia impossível, mas realizando. Christo e Jeanne-Claude [sua esposa] sempre disseram claramente que a sua arte deveria continuar após a morte. Por isso, ‘L’Arc de Triomphe, Wrapped’ continuará marcada para os dias 18 de Setembro a 3 de Outubro de 2021”, diz a nota referindo-se à última obra em andamento do artista.



Economia

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O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

ADMINISTRADOR MUNICIPAL, ALEXANDRE NIYÚKA

“O turismo pode ser alternativo às pescas no Tombwa” Em entrevista

exclusiva ao OPAÍS, o administrador do município do Tombwa, Alexandre Niyúka, abordou a situação crítica do sector pesqueiro, que deixou no desemprego mais de mil pessoas e incentiva a uma maior aposta no sector turístico, por ser promissor e uma boa alternativa, sobretudo num momento em que a produção pesqueira caiu em mais de 50%. Patrícia de Oliveira

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município do Tombwa é muito referenciado pela actividade pesqueira, diga-nos como está o sector nos últi-

mos meses? O sector pesqueiro está a viver um período crítico. Cada ano que passa verifica-se a redução da captura de pescado. Este ano, o maior

grupo empresarial, que resulta da parceira entre angolanos e sul-africanos, dispensou cerca de mil trabalhadores. Em 2018, o nível de captura situou-se em 48 mil toneladas de pescado, ao passo que no ano transacto registou -se 16 mil toneladas. Estamos a falar de um terço da produção anterior. No presente ano prevê-se a captura de 9 mil toneladas de pescado. A que se deve essa redução de capturas de pescado? Os especialistas apontam uma série de factores, como é o caso da situação climática, a diminuição da biomassa que se regista há algum tempo, por causa da captura de pescado não sustentada. Estou a falar do arrasto desregrado de espécies em crescimento em alto mar e na costa. Temos de encontrar soluções. É neste sentido que a Administração Municipal pretende promover o turismo. O Tombwa é um município com grandes potencialidades turísticas ao nível do país. Que medidas estão a ser tomadas para mudar o quadro? O Ministério das Pescas tem ajudado com a proibição de produção de farinha e óleo de peixe. O carapau, a sardinha e a cavala são as espécies mais consumidas. Suspendeu a importação de novas embarcações, o que faz com que tenhamos menos pesca prejudicial. Há uma nova política na atribuição de licenças que concordamos com ela. É preciso redefinir a capacidade interna. Estes factores podem permitir que a biomassa continue a crescer e contribua para o consumo das populações.


O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

Quantas empresas ligadas ao sector pesqueiro existem no Tombwa? Temos 12 empresas ligadas ao sector a funcionar. Mas, não têm produzido de acordo com a capacidade instalada. Esta situação está a provocar instabilidade social, pelo facto de as famílias terem menos recursos. Qual é a percentagem de empregabilidade do sector das pescas? É o sector que mais emprega no município, com mais de 40 por cento. Temos a função pública que também emprega muita gente. Qual é a influência do referido sector para o crescimento do município? A cidade do Tombwa surgiu por

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causa do peixe. Segundo factos históricos, a primeira passagem pelo município aconteceu com a visita de Diogo Cão, em 1485, a 12 quilómetros à Norte da cidade. Tudo quanto sabemos é que a primeira actividade que encontrou foi a agricultura. Mas com o tempo notou-se que existia uma baía interessante. Quantas salinas estão a funcionar? Temos duas salinas que funcionam com dificuldades, uma delas tem dificuldades técnicas. Os empresários encontram alguma esperança no Programa de Alívio Económico lançado pelo Executivo. Dunas, a atracção turística do Tombwa As dunas têm atraído turistas? Quais são as nacionalidades? Sim. Temos recebido muitos turistas. Nesta época não é possível, por causa da questão da pandemia do novo Coronavírus. Porém, em situações normais recebemos sulafricanos, namibianos, e cidadãos de outras nacionalidades. Acredita que o turismo poderá ser a alternativa às pescas que estão em baixa? Sim, acreditamos que o turismo é o sector alternativo ao das pescas. Sobre isso não há dúvidas. O município possui o maior deserto natural do mundo, diversas praias virgens de mais de 200 quilómetros. No ano passado recebemos as visitas do músico Gabriel o Pensador, e de Sérgio Cosmo, este último que é o guia de um surfista que fez a onda de 27 metros denominada a “Onda de Nazaré”. Muitos surfistas internacionais vêm à procura das ondas aqui nas praias do Tombwa. Portanto, temos condições atractivas para a promoção do turismo. Por outro lado, no início do ano realizou-se a primeira edição do “Raly Raid Dunas”. A novela brasileira “Terra Prometida” gravou grande parte das cenas no município do Curoca. Há três anos, o município realiza o Campeonato Nacional de Costa, que traz os campeões nacionais de pesca em alto mar. Infelizmente, este ano não foi possível. Há serviços de apoio ao turismo? refiro-me a restaurantes, hotéis e guias… Não há serviços de apoio. O município do Tombwa não tem nenhuma infra-estrutura hoteleira

que possa acolher as necessidades de alojamento. Existem poucos serviços de restauração. No entanto, estamos a trabalhar para elaborar o plano director do turismo. Temos convidado investidores para investir na área turística. Quais são os incentivos para quem pretende investir no sector? É necessário manifestar o interesse. Existe uma sintonia entre a Administração Municipal e o Governo. Lembro-me que a antiga ministra do Turismo, Ângela Bragança, tinha dito que “a província do Namibe é a pérola do turismo em Angola”. Penso que todos os operadores interessados teriam a facilidade de implementar este negócio. Como está o sector da agricultura? Há muita produção de tomate e a cebola o ano todo. Diariamente verificamos camiões a transportarem o produto para outras províncias. No ano passado foram colhidas 600 toneladas de tomate e 400 toneladas de cebola. Foram atribuídas mais extensões de terra para cultivo a 30 cidadãos que pretendem investir no sector. Não era prática a actividade agrícola no município, mas há interesse em investir no sector. E temos muitos pedidos ao nível da banca para o fomento da agricultura. Espera-se atingir perto de 300 hectares e podemos duplicar a produção do ano anterior. A energia é um sector fundamental para o desenvolvimento. Como está o fornecimento? Estamos com dificuldades no sector energético. Entretanto, esta semana recebemos a visita do director regional da Prodel. O ministério definiu o município de Tombwa como prioridade para aumentar a capacidade de produção de energia eléctrica. Temos uma capacidade de 14.2 megawats, mas contamos com cinco que são insuficientes para abastecer a cidade. Há algum projecto para reposição do gado? É necessário garantir o fornecimento de água e pasto para manter a criação de gado. Nos próximos anos, o município irá beneficiar de uma barragem, numa zona estratégia de transumância do gado, localizada ao longo do rio Curoca, propriamente. É um projecto de âmbito nacional e aguardamos pela sua implementação. Nesta altura, as populações bene-

ficiam de nove sistemas de água, que contém um furo ou bebedor e que minimizam a carência. O abastecimento de água continua a ser um problema? Temos o abastecimento de 170 (cúbicos e não cubitos) de água dia que satisfaz a população. Todavia, neste momento registamos avaria de uma das bombas e pensamos resolver rapidamente. Qual é a situação actual dos empresários, tendo em conta o coronavírus? Temos a situação controlada. As empresas produtivas fizeram uma gestão dos recursos humanos consoante as medidas que foram definidas pelo Executivo. A produção continua porque o país precisa de alimentos.

Números das pescas em queda

48

Mil toneladas de pescado é quanto foi capturado em 2018, ao passo que no ano transacto registou -se 16 mil toneladas. Para o ano em curso prevê-se a captura de 9 mil toneladas

40%

É o nível de empregabilidade do sector das pescas no município do Tombwa, província do Namibe.

12

É o número de empresas do sector das pescas em funcionamento numa região potencialmente pesqueira, cujos níveis de captura tendem a baixar de ano para ano.

600

Toneladas de tomate e 400 toneladas de cebola foram colhidas no ano passado. Foram atribuídas mais extensões de terra para cultivo a 30 cidadãos

Preços do petróleo ficam praticamente estáveis com tensão EUAChina e cortes de oferta

O

s contratos futuros do petróleo terminaram, esta Segunda-feira, praticamente estáveis, conforme as crescentes tensões entre Estados Unidos e China reduziram o entusiasmo do mercado, mas relatos de que a Opep e a Rússia estariam próximas de um acordo para prorrogação de cortes de oferta deram suporte aos preços. Os futuros do petróleo Brent fecharam em alta de 0,48 dólar, ou 1,3%, a 38,32 dólares por barril, enquanto o petróleo dos EUA recuou 0,05 dólar, ou 0,1%, para 35,44 dólares o barril. Os preços encontraram apoio após notícias de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia, que fazem parte do grupo conhecido como Opep+, estão a aproximar-se de um acordo para estender as reduções de produção, discutindo a possibilidade de prorrogar os actuais níveis de cortes por mais um ou dois meses. A Argélia, que ocupa a presidência rotativa da organização, propôs que a Opep+ se reúna em 4 de Junho, antecipando o encontro planeado para os dias 9 e 10 de Junho. Enquanto isso, as reservas de petróleo no centro de distribuição de Cushing, em Oklahoma, recuaram para 54,3 milhões de barris na semana terminada em 29 de Maio, segundo operadores, que citaram um relatório da Genscope. “Os preços do petróleo atingiram níveis em que os cortes (nos EUA) não fazem mais sentido, e na realidade devem encorajar os produtores a restaurar a produção rapidamente”, disse um relatório do Bank of America.


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análise

O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

A operacionalidade das empresas em período de crise O tecido empresarial angolano continua a enfrentar inúmeros desafios para garantir a sustentabilidade das suas actividades devido, sobretudo, à conjuntura macroeconómica desafiante, imposta pela redução do preço do petróleo no mercado internacional, o que colocou em evidência as vulnerabilidades das empresas para fazer face ao novo cenário de crise, sem comprometer a operacionalidade das suas funções.

C

om o intuito de apresentar uma percepção real sobre a dimensão do sector empresarial angolano, o Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou o Anuário de Estatística das Empresas (2016-2019), período em que a economia começou a ressentir-se com as alterações das condições externas, dando origem a quatro recessões consecutivas, com efeitos sobre o mercado de trabalho, obrigações fiscais, creditícias e abertura de novas empresas. Segundo o documento do INE, apesar dos desafios, durante o horizonte temporal considerado, o número total de empresas abertas aumentou cerca de 32,9%, ao situar-se em 202.496 unidades, enquanto o registo de encerramento das empresas, por deliberação dos sócios, falências ou por outros motivos, reduziu em 1,2% para 559 unidades, o equivalente a sete (7) empresas. Adicionalmente, a estatística das empresas com actividade suspensa, que aguardam início ou em actividade registaram aumento de 10%, 39% e 21%, respectivamente, ao fixarem-se em 1.770, 144.210 e 55.957, em cada caso. Assim sendo, destacando o exercício económico de 2019, a taxa de natalidade e de mortalidade das empresas atingiram o nível de 1% em ambas as situações. Neste sentido, Luanda, por ser a província de maior dimensão populacional foi responsável por aproximadamente 35% dos encerramentos das empresas, se-

guida pela província de Benguela, com um registo de 20%. Importa destacar que os impostos constituem a principal fonte de arrecadação de receitas por parte do Estado. Assim sendo, quanto maior o número de empresas inoperacionais (aguardam início), ou empresas com actividades suspensas, em princípio, menor será a contribuição destas para a arrecadação do Imposto Industrial, tal

como os pagamentos do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho, com impactos directos sobre a realização das despesas públicas. Relativamente ao tipo de actividade económica desenvolvida pelas empresas, tendo como referência o ano de 2019, do número total de empresas em actividade, 49,3% (27.576) encontram-se inseridas no ramo do “Comércio por grosso e a retalho; reparação

de veículos automóveis e motociclos”, enquanto actividades ligadas a “Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca”, tal como as “Indústrias transformadoras”, que seriam fundamentais para o processo de diversificação da economia nacional, concentraram cerca de 3,8% e 5,4% das actividades. Analogamente, em termos de dimensão, das mais de 55 mil empresas activas, 40.541 são microempresas, 12.501 pequenas, 2.420 médias e 495 pertencem à categoria das grandes empresas. Adicionalmente, quanto a forma jurídica, cerca de 50,4% são Empresas em nome individual, 46,4% Sociedades por quotas, 2,8% Sociedades anónimas, 0,21% Empresas públicas e pouco mais de 0,19% representam Associações e fundações. As actividades das microempresas encontram-se maioritariamente concentradas no sector do “Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos” (22.238), tal como as pequenas e médias empresas com 4.653 e 602 empresas, respectivamente, enquanto para as grandes empresas, a maior concentração das suas operações, 18%,são desenvolvidas no sector da Construção, o que perfaz um total de 89 empresas. A análise do desempenho dos dois sectores mencionados, durante o exercício económico 2019, segundo o INE, revela uma participação das respectivas actividades no PIB de 13% para o sector do

Comércio, e 11% para o sector da Construção. A classificação das empresas segundo os sectores institucionais, em 2019, caracterizouse por cerca de 28.063 representam actividades desenvolvidas pelas famílias, 27.581 são Sociedades não financeiras privadas nacionais, 243 Sociedades não financeiras sob controlo estrangeiro, 138 agruparam-se nas Sociedades não financeiras públicas (com a província de Luanda e Huíla a corresponderem a 84 e 31 empresas, respectivamente) e 20 Sociedades financeiras. Entretanto, as estatísticas das empresas ao longo ano corrente deverão conhecer um novo desfecho, influenciado, principalmente, pela propagação da COVID-19 sobre a economia mundial e, face a interconectividade das actividades produtivas e comerciais, na economia angolana. Assim, para minimizar o inevitável encerramento das empresas com reflexos sobre a taxa de desemprego, será indispensável a criação de condições necessárias para a melhoria do ambiente de negócios, com o objectivo de gerar empregos para a população desempregada e receitas fiscais para o Estado. As condições deverão passar, pela redução da burocracia, acesso ao financiamento, tal como a melhoria das infra-estruturas materiais, que representam relevantes desafios ao Estado, tendo em conta a restrição orçamental que se intensificou no cenário actual.


OPINIÃO

O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

Wylsony dos Santos

Amadeu Cassinda

A indústria cultural como a base para a projecção da “Nova Angola”

A

pandemia do Covid-19 é a maior emergência global de saúde pública desta geração. O surto do vírus não respeita fronteiras, não distingue idades e não escolhe géneros. Toda a população mundial tornouse num alvo e é necessário um esforço global para combater o vírus, porque nenhum país será capaz de o vencer sozinho. O vírus propagou-se rapidamente e já foram confirmados mais de 5 milhões de casos em todo o mundo, o que comprova que ninguém está a salvo da pandemia do Covid-19. Por isso é imperativo que haja coordenação e colaboração entre a comunidade internacional para juntos atingirmos os nossos objectivos chaves: primeiro, aprender qual é a melhor forma de tratar aqueles que têm a doença e oferecer a eles a melhor chance de sobrevivência; segundo, encontrar a vacina contra o Covid-19, produzi-la em massa, torna-la acessível a toda a população mundial e acabar com esta pandemia o mais rapidamente possível.A prioridade para todos os países deve ser garantir a segurança e a saúde dos seus cidadãos. O Reino Unido sofreu enormes danos internamente, com uma das mais altas taxas de infecção e mortalidade, mas agora se concentra na recuperação e na implementação de um relaxamento gradual e cauteloso das medidas restritivas. Ao mesmo tempo, o Reino Unido tem estado a colaborar estreitamente com as autoridades Angolanas para apoiar a resposta ao Covid-19 em Angola e para apoiar os cidadãos Britânicos que se encontram a morar, trabalhar, efetuar pesquisas em Angola desde o início do Estado de Emergência. Ressalto que as embaixadas Britânicas em todo o mundo já apoiaram o regresso de 1,3 milhões de seus cidadãos nacionais em voos comerciais e 30.000 em voos de repatriamento organizados exclusivamente pelo Governo Britânico. Continuamos focados em ajudar os Britânicos mais vulneráveis a voltar para casa sãos e salvos. Ao mesmo tempo, Angola ainda

está a trabalhar para conter a propagação da doença, implementando precauções sensatas e necessárias durante o período do Estado de Emergência. É encorajador saber que até agora, estes estão a ajudar a conter a propagação da pandemia. Os parceiros internacionais estão a apoiar estes esforços ao fornecer equipamentos, medicamentos e perícia. O Reino Unido está a ajudar Angola através de contribuições aos fundos de organizações internacionais, em especial as Nações Unidas e instituições financeiras internacionais. Mais recentemente as empresas Britânicas têm estado a colaborar com o Ministério da Saúde e a Comissão Interministerial para apoiar a prevenção da Covid-19 em Angola. A BP Angola, empresa petrolífera Britânica, comprometeu-se a financiar 50.000 Dólares Americanos para apoiar a produção e distribuição de máscaras faciais de algodão, produzidas por orfanatos e empresas locais, e a implementar uma campanha de consciencialização para apoiar comunidades vulneráveis. Já a empresa Britânica e Angolana DIAGEO – REFRIANGO, produtora de bebidas espirituosas em Luanda, doou 1000 litros de álcool gel para a Maternidade Lucrécia Paim em Luanda e outros 1000 litros de álcool gel para o Centro de Reabilitação Princesa Diana, no Huambo, e dessa forma apoiar Angola a fazer face à pandemia do Covid-19. A nível global, o Governo Britânico está a focar no futuro e tem liderado os esforços para a colaboração internacional global para encontrar uma vacina para o Covid-19. Como disse o Primeiro Ministro Britânico, Boris Johnson, na Cimeira de Resposta Global ao Covid-19: “A corrida para descobrir a vacina para derrotar este vírus não é uma competição entre países, mas sim, o esforço compartilhado mais urgente das nossas vidas. Estamos juntos e juntos venceremos.” Para isso, é imperativo darmos uma resposta imediata aos desafios de saúde e humanitários e implementar um plano para recuperar a economia após a pandemia. As escolhas feitas agora terão pro-

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fundas consequências a longo prazo. O trabalho inovador dos cientistas Britânicos é bastante conhecido internacionalmente nas áreas de investigação de infeccões, no desenvolvimento de vacinas, tratamentos e testes. Duzentos anos atrás, Edward Jenner desenvolveu uma vacina para o vírus da varíola e agora o Reino Unido pretende permanecer na vanguarda das investigações científicas internacionais para desenvolver novas vacinas e combater a grande ameaça global de saúde, a Covid-19. O Reino Unido iniciou estes esforços ao co-anfitriar a Cimeira de Resposta ao Covid-19 a 4 de Maio, em colaboração com a Comissão Europeia, Japão, Alemanha, França, Canadá, Noruega, Itália e a Arábia Saudita. Nós conseguimos angariar 7,4 bilhões de Dólares Americanos de financiamento inicial de governos e organizações globais interessadas em colaborar para desenvolver três vertentes: diagnósticos, tratamentos e vacinas para combater o Covid-19 e prevenir futuras ondas de infecções e epidemias. O Ministro das Relações Exteriores Britânico, Dominic Raab, ressaltou que o Reino Unido já é o maior doador do fundo global para encontrar uma vacina contra o coronavírus, tendo já doado 485 milhões de Dólares Americanos. Este financiamento permitirá ao grupo internacional para o controle de doenças - a Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI) - colaborar com cientistas Britânicos para acelerar o desenvolvimento da vacina contra o Coronavírus. O evento deu inicio a uma campanha de um mês para aumentar o investimento global no combate ao Coronavírus. Esta iniciativa de arrecadar fundos para a pesquisa de vacinas culminará a 4 de Junho, quando o Primeiro Ministro Britânico, Boris Johnson, será o anfitrião virtual da Cimeira Mundial de Vacinas. A Cimeira focará em captar recursos e doações para apoiar a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (GAVI) a imunizar mais 300 milhões de crianças em todo o mundo até 2025. Com este apoio global, a GAVI vai facilitar o acesso equitativo à vaci-

na do Covid-19 para toda a população mundial e prevenir futuras ondas de Coronavírus, assim como, a proliferação de doenças contagiosas e epidemias para criar um mundo mais próspero, saudável e seguro. O Governo Britânico, deu o pontapé de saída às doações internacionais e comprometeu-se a financiar 410 milhões de Dólares Americanos por ano, pelos próximos cinco anos,àGAVI. Essevalorsoma-seaos 1,65 bilhões de Dólares Americanos já doados pelo Reino Unido à GAVI até os dias de hoje. Esta quantia nova ajudará a imunizar 75 milhões de crianças contra doenças mortais em todoomundo,incluindoemAngola. Também esta semana, o Reino Unido anunciou um conjunto de contribuiçõessignificativasparaenfrentar a crise do Covid-19: Em 19 de Maio, o Reino Unido anunciou que investirá até 24.5 milhões de Dólares Americanos no novo ‘Fundo da União Africana de Resposta ao Covid-19’, criado no mês passado pelo presidente Sul-Africano Cyril Ramaphosa, na qualidade de Presidente da União Africana. Este Fundo apoiará líderes Africanos e especialistas técnicos a retardar a propagação do Covid-19 e a salvar vidas em África e no mundo. Para enfrentar a pandemia, o Fundo visa apoiar o recrutamento de especialistas em saúde Africanos e inseri-los em países cujo o seu apoio seja mais necessitado. Isso permitirá fazer um rastreamento global da pandemia, combater desinformação prejudicial, dar formação especializada em Covid-19 aos profissionais de saúde e tornar informações sobre o vírus mais acessíveis ao público. Em 17 de Maio, o Reino Unido anunciou que os seus principais pesquisadores a trabalhar rapidamente para encontrar a vacina da Covid-19 irão beneficiar de 102 milhões de Dólares Americanos em novos fundos do governo. O financiamento ocorre ao mesmo tempo que a Universidade de Oxford finalizou um contrato de licenciamento global com a AstraZeneca, empresa farmacêutica sediada no Reino Unido, para a comercialização e a fabricação de sua potencial vacina. Isso significa que, se a vacina de Oxford for bem-sucedida, a AstraZeneca vai aprofundar o seu trabalho para disponibilizar até 30 milhões de doses para pessoas no Reino Unido até Setembro, como parte de um acordo para fornecer 100 milhões de doses

no total ao custo mais baixo possível para os países mais vulneráveis. Este anúncio complementou um compromisso separado do governo Britânico de investir até 102 milhões de Dólares Americanos para acelerar a construção de um novo Centro de Inovação e Fabricação de Vacinas(VMIC)noCampusdeCiências e Inovações em Harwell em Oxfordshire. Este é um componente essencial do programa de vacinas do Covid-19 do governo Britânico, garantindo que, uma vez disponível, a vacina possa ser produzida rapidamente e em grandes quantidades. O novo Centro será a primeira organização sem fins lucrativos do Reino Unido criada para desenvolver e acelerar a produção em massa de vacinas. Precisamos agora que outras entidades apresentem também os seus próprios compromissos de doações, porque quanto mais países, empresas e organizações internacionais se unirem nesta causa, mais rapidamente os cientistas e investigadores conseguirão encontrar uma vacina acessível a todos.As acções do Reino Unido contra o Covid-19 vão mais além. O Reino Unido acredita que a recuperação da pandemia do Covid-19 deve ser inclusiva, sustentável e resiliente. Com base em soluções que respeitem as acções climáticas, que incluem a adaptação de infraestruturas para reduzir a emissão de carbono na atmosfera, apoiar aagriculturasustentávelepromover energia limpa visando assim proteger a população das mudanças climáticas e promover a criação de empregos. Essas serão considerações muito relevantes à medida que o Reino Unido prepara-se para sediar a COP26, agora prevista para o final de 2021. A COP26 apresenta uma oportunidade para iniciar uma recuperação global sustentável, com base nos princípios do Acordo de Paris e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. O Reino Unido continuará a trabalhar com Angola e com todos os nossos parceiros internacionais, incluindo os países do G7, G20, União Europeia, Organização das Nações Unidas - ONU, Organização Mundial da Saúde - OMS e outras instituições multilaterais, para fornecer uma forte resposta à saúde e à recuperação económica mundial face ao Covid-19. E esta é a prova nítida de que juntos somos mais fortes.


Mundo

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O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

Donald Trump critica governadores por serem “fracos” com manifestantes Os episódios de violência nos Estados Unidos, depois da morte de George Floyd, já duram há sete noites consecutivas

Donald Trump insultou os governadores que cpnsidera estarem a fraquejar diante dos manifestantes

O

Presidente dos EUA, Donald Trump, ridicularizou esta Segunda-feira alguns governadores estaduais por serem “fracos” e exigiu-lhes que tomem medidas duras contra os manifestantes, após mais uma noite de violência em diversas cidades. Donald Trump conversou com os governadores - numa videoconferência em que também estiveram presentes autoridades policiais e militares - dizendolhes que “precisam de ser muito mais duros” em relação às manifestações de protesto violentas. Desde Quarta-feira que milhares de pessoas têm saído às ruas de mais de 70 cidades nos Estados Unidos, para protestar contra a morte de George Floyd, um homem negro que morreu sob custódia policial, em Minneapolis, provocando cenas de saque e violência que já levaram vários governos estaduais e pedir a intervenção da Guarda Nacional e mais de 40 cidades a decretar o recolher obrigatório. “Muitos de vocês são fracos”, disse Trump aos governadores, aconselhando as autoridades a deterem mais pessoas. O procurador-geral, William

Barr, que também participou na videoconferência, disse aos governadores que devem perseguir os manifestantes que provocam distúrbios, sendo mais proactivos no controlo da situação nas ruas das suas cidades. O Presidente norte-americano não escondeu a sua preocupação com o alastrar das cenas de violência, que já duram há sete noites consecutivas e têm obrigado a fortes dispositivos policiais. O próprio Donald Trump foi obrigado e proteger-se num bunker da Casa Branca, na noite de Sexta-feira, escoltado por agentes dos serviços secretos que o procuraram colocar a salvo, quando os manifestantes começaram a atirar pedras contra a residência oficial do Presidente. “A Casa Branca não comenta protocolos e decisões de segurança”, disse Judd Deere, portavoz da Presidência norte-americana, quando interrogada sobre o transporte do Presidente para o ‘bunker’. Não ficou claro, das informações obtidas pelos media norte-americanos, se a primeira-dama, Melania Trump, e o seu filho de 14 anos, Barron, se terão juntado ao Presidente, no bunker.

Papa torna obrigatórias regras contra corrupção em gastos no Vaticano

U

ma Carta Apostólica e 30 páginas de normas novas são a culminância de um processo de quatro anos para racionalizar os procedimentos de gastos e combater o nepotismo e o favoritismo. O Papa Francisco aprovou novas regras abrangentes para compras e gastos do Vaticano, concebidas para reduzir custos, garantir uma concorrência transparente e diminuir o risco de corrupção na concessão de contratos. Uma Carta Apostólica e 30 páginas de normas novas divulgadas nesta Segunda-feira (1) são o culminar de um processo de quatro anos para racionalizar os pro-

cedimentos de gastos e combater o nepotismo e o favoritismo. As regras chegam num momento em que a pandemia do novo Coronavírus faz estragos nas finanças do Vaticano, forçando-o a implantar algumas das medidas de controlo de gastos mais duras da sua história. Na sua carta, Francisco disse que as novas normas permitirão “uma redução considerável do perigo da corrupção”. As regras novas exigem procedimentos transparentes e altamente detalhados para a concessão de contratos de bens e serviços. A maioria dos contratos do Vaticano é com empresas italianas. Documentos vazados duran-

te o pontificado do antecessor de Francisco, o Papa Bento XVI, mostraram que um departamento do Vaticano pagou uma soma exorbitante para uma empreiteira italiana construir uma cena da Natividade na Praça São Pedro. Uma mudança importante é a constituição de uma única lista de fornecedores aprovados para todos os departamentos do Vaticano, que antes mantinham listas próprias. O professor Vincenzo Buonomo, reitor da Universidade Pontifícia Lateranense, disse ao site oficial Vatican News que esta medida ajudará a eliminar o favoritismo e a garantir concorrência justa e economia de escala.

Papa Francisco emite carta apostólica sobre gastos no Vaticano para evitar corrupção


O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

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AFP

Porta-voz do MIrex chinês Zhao Lijian

China denuncia ‘doença crónica’ do racismo nos EUA e Irão critica reacção do Governo americano no caso George Floyd ‘Por quê os EUA tratam como heróis os partidários da violência e da suposta independência de Hong Kong, ao mesmo tempo que chamam de ‘agitadores’ aqueles que protestam contra o racismo?’, questionou o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Zhao Lijian

A

China criticou nesta Segunda-feira a “doença crónica” do racismo nos Estados Unidos, após a morte de um cidadão negro detido pela Polícia, caso que provocou manifestações, algumas violentas, no país. Os incidentes em várias cidades americanas são o sinal da “gravidade do problema do racismo e da violência policial nos Estados Unidos”, declarou à imprensa o portavoz do ministério chinês das Relações Exteriores, Zhao Lijian. A revolta nos Estados Unidos foi provocada pela morte em Minneapolis de George Floyd, um africano-americano de 46 anos, numa acção de um polícia branco. Zhao fez uma comparação entre a violência nos Estado Unidos e a que sacudiu no ano passado a região semiautônoma chinesa de Hong Kong, em reacção à influência de Pequim na ex-colónia britânica. Para ele, a resposta dos Estados Unidos às manifestações contra a violência policial no seu território é “um exemplo clássico dos seus duplos padrões mundialmente famosos”. “Por que os Estados Unidos tratam como heróis os partidários da violência e da suposta independência de Hong Kong, ao mesmo

tempo que chamam de ‘agitadores’ aqueles que protestam contra o racismo?”, questionou. Críticas do Irão O governo do Irão também criticou a reação do Governo norteamericano no caso George Floyd. “Ao povo americano: o mundo ouviu o vosso grito sobre o estado de opressão. O mundo está ao vosso lado”, declarou o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Abas Musavi. “E aos funcionários do Governo e à Polícia americana: parem a violência contra o vosso próprio povo e deixem que respire”, completou. “Lamentamos profundamente ver o povo americano, que busca de maneira pacífica respeito e não mais violência, reprimido indiscriminadamente e encontrar com a violência máxima”, disse Musavi. Também acusou o grande inimigo da República Islâmica de “praticar a violência e o assédio em casa e no exterior”.

“gravidade do problema do racismo e da violência policial nos Estados Unidos”

Espanha sem registo de mortes em mais de 24 horas

O

país registou 35 vítimas mortais pelo novo coronavírus na última semana.

O Ministério da Saúde de Espanha informou, esta Segunda-feira, que houve 35 mortes provocadas pela pandemia de Covid-19 na última semana e nenhuma nas últimas 24 horas, sendo o total de óbitos de 27.127, o mesmo número de Domingo. Os serviços sanitários espanhóis também revelaram 71 novos casos diagnosticados com o novo coronavírus, sendo o total de casos desde o início da pandemia de 239.628. Os dados diários indicam ainda que já passaram pelos hospitais 123.879 pessoas com Covid-19,

tendo dado entrada na última semana 245. Os serviços sanitários espanhóis recebem diariamente os números notificados pelas 17 comunidades autónomas do país que também fazem acertos em relação aos comunicados nos dias anteriores, o que tem levado a discrepâncias nos totais apresentados. “A validação individual dos casos está em curso, pelo que pode haver discrepâncias em relação à notificação agregada dos dias anteriores”, avisam os serviços sanitários espanhóis. Espanha vai prolongar por mais duas semanas, de 7 até 20 de Junho, o estado de emergência em vigor desde 15 de Março último. O anúncio foi feito no Domingo pelo primeiro-ministro, Pedro

Sánchez, que explicou que a necessidade desta última prorrogação seria para garantir por mais alguns dias as medidas de confinamento que estão a ser aplicadas e que preveem limitações à circulação de pessoas no território espanhol. O Parlamento espanhol deverá aprovar na Quarta-feira o sexto prolongamento consecutivo de 14 dias do período de exceção, numa altura em que há muitas críticas a essa medida, principalmente dos partidos da Oposição de direita, que já anunciaram que iriam votar contra. A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 372 mil mortos e infectou mais de 6,1 milhões de

Sem novos caso de Covid-19 em 24 horas, Espanha posiciona-se para retomar um ritmo de vida normal

pessoas em 196 países e territórios. Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do pla-

neta), paralisando sectores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.


actual

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O PAÍS Terça feira, 02 de junho de 2020

Moradores do Kilamba desdobram-se para atender mais de 1.800 crianças desfavorecidas que acorreram à tenda branca da solidariedade do Kilamba no dia 01 de Junhode 2020

Administração do Kilamba e moradores sem capacidade de resposta no dia da criança Foto reportagem: Jacinto Figueiredo

O dia ontem foi especial para mais de 1.800 crianças desfavorecidas dos bairros adjacentes à centralidade do Kilamba

Analida Cardoso,do grupo Mulheres com Sabedoria, pintou mais de 160 crianças vulneraveis na tenda do Kilamba no dia da criança

13h55: almoço atrasado por falta de gás. Com a situação ultrapassada, Nadir Costa e sua equipa cozinham 40 quilos de feijão, 50 de milho, 50 de arroz,carne, dentre outros ingredientes para a tão esperada cachupa do dia da criança

Jovens voluntários ajudam a transportar a panela com a cachupa para o almoço

Crianças festejam o seu dia com várias brincadeiras infantís na tenda do Kilamba com ajuda de moradores da centralidade


O PAÍS Terça feira, 02 de junho de 2020

Grupo de mulheres com sabedoria servem o almoço para mais de 1.800 crianças na tenda do Kilamba

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Maria Cristovão,12 anos de idade, moradora do bairro Mutamba,chegou à tendaàs 9h00 e por lá ficou até às 14h00

Crianças na hora do almoço, às 15h02m

Ana Luisa Tomás, 18 de idade, estudante de Finanças Públicas, moradora do Kilamba, decidiu apoiar o projecto cantando e brincando com as crianças

Crianças ansiosas na hora de tomar o pequeno almoço

Pela primeira vez, crianças desfavorecidas dos bairros adjacentes ao Kilamba tiveram direito a bolos e doces no dia a si dedicado

Beleza Andre, 11anos de idade, aguardando pela sua vez para o almoço do dia 01 de Junho,na tenda da solidariedade

16h18m: Crianças de regresso a casa, algures nos bairros adjacentes à centralidade do Kilamba

Policia da centralidade chamada a ajudar na organização das mais de 1.800 crianças que visitaram a tenda branca solidária do Kilamba

Luisa Fernando, 17 anos de idade, mãe de duas meninas gêmeas, com três meses de vida, chegou à tenda branca do Kilamba, acompanhada da sua mãe, na esperança de conseguir comida para os bebés e a famila

Crianças desesperadas por não almoçarem no dia 1 de Junho

Cláudio António, Pedro da Silva, Andre Panzo e Manuel Mavito, fazem parte do grupo das mais de 120 crianças,que nao almoçaram por falta de comida na tenda

Cranças de regresso à casa depois do almoço do dia 01 de Junho 2020, na tenda do Kilamba

Adolescentes à caminho da tenda da solidariedade em busca de um prato de comida no dia consagrado às crianças

Mais de 20 senhoras do grupo Mulheres com Sabedoria, que se dedica a serviços sociais, apoiou a tenda com pequenos mimos para as crianças e ajudaram a servir o almoço para mais de 1.800 crianças, na tenda do Kilamba.


desporto

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O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

Antigos dirigentes desportivos e ex-praticantes preocupados com o futuro do futebol angolano daniel miguel/arquivo

O futebol angolano continua a dar passos curtos na arena internacional, por isso antigos dirigentes e ex-praticantes apontaram alguns caminhos para o efeito Sebastião Félix

N

os últimos anos, o futebol angolano tem registado mais fracassos do que sucessos dentro e fora do continente africano. Por esta razão, Angola está numa posição razoável no ranking da FIFA em relação às demais selecções, segundo a última actualização feita por aquele organismo. Posto isto, os dirigentes e expraticantes pedem que haja mais investimento do governo angolano em vários domínios. Assim, se esta medida não for materializada não só o futebol, mas o desporto angolano em si cairá no abismo. O antigo presidente do Comité Olímpico Angolano (COA), Rogério Silva, disse que é urgente

haver uma reforma no desporto angolano. O então dirigente desportivo adiantou que para além do andebol e outras modalidades de sala, o futebol está numa posição sofrível. Rogério Silva fez saber que o futebol está em queda livre e é necessário haver mais formação e aposta no que se quer com o desporto.

Por sua vez, o antigo craque da Selecção Nacional, Paulo Alves “Paulão”, adiantou que é importante haver uma correcção na forma como se está a gerir o desporto. Paulão, que brilhou no 1º de Maio de Benguela, referiu que a aposta na formação e nos técnicos vai melhorar a qualidade do futebol e de ou-

tras modalidades. Na mesma senda, o treinador adjunto do Petro de Luanda e ex-avançado da Selecção Nacional, Flávio Amado, também defende a formação e a organização para se constatar melhorias no futebol e no desporto em geral. Para o antigo craque do Petro de Luanda, há uma série de questões que devem acompa-

nhar o futebol angolano, aliás os tempos são outros. No futebol africano, Flávio Amado é um nome a ter em conta, aliás, até agora é muito elogiado no Egipto, país onde durante anos vestiu a camisola do Al Haly. Com as cores daquele emblema conquistou vários títulos, colocando em caixa alta a Liga dos Clubes Campeões Africanos.

APF Luanda realiza Assembleia-geral na próxima semana

A

Associação Provincial de Futebol de Luanda (APFL) realiza a Assembleia-geral no dia 13 do corrente mês, visando a renovação de mandatos referente ao ciclo olímpico 2020/2024. De acordo com a fonte de OPAÍS, no encontro será aprovado o relatório e contas, e outros aspectos inerentes ao mandato anterior.

daniel miguel/arquivo

Por este facto, a data para a realização das eleições e a constituição da comissão eleitoral também estará na mesa entre os membros e filiados. A APF Luanda é a que mais movimenta o futebol no país, por isso as eleições serão renhidas, e, brevemente, os candidatos serão conhecidos. A fonte deste jornal, adianta que nos corredores do órgão que rege a modalidade, em Luanda,

o nome do antigo árbitro, Manuel Francisco, é o que mais eco vai fazendo. Mas, tudo só será confirmado quando as candidaturas forem formalmente entregues à comissão eleitoral em data a anunciar. Domingos Tomás é o presidente cessante da APF Luanda, que termina mais um ciclo olímpico, logo a avaliação sobre a sua continuidade ou não dependerá dos filiados.


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O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

DR

Ngueto Maka do Uíge aposta na massificação do futebol e do jiu-jitsu

O

recém reconduzido presidente do Ngueto Maka do Uíge, Adriano da Silva, prometeu, à imprensa local, apostar na massificação da modalidade na província. Para o presente quadriénio, 2020/2024, o dirigente desportivo adiantou que o objectivo é criar condições para conquistar medalhas nas competições domésticas. Adriano da Silva disse, também, que o futebol nas camadas de formação faz parte da agenda do clube

DR

das terras do café. Por isso, está em carteira a construção de um centro de treinamento com as condições exigidas pela modalidade actualmente. Na assembleia de renovação de mandatos foram eleitos Nicolau da Costa “Bodó” para o cargo de vice-presidente da direcção executiva e Santos Coxe Catudico como secretário-Geral. O acto, realizado na sede do

clube, contou com uma única lista, ao contrário de duas como inicialmente estava previsto, já que o candidato da lista B, Nicolau da Costa, desistiu da corrida e abraçar o projecto da lista A. Com 15 anos de existência, o Clube Desportivo Ngueto Maka do Uíge, fundado aos 14 de Maio de 2005, controla as modalidades de futebol, judo e jiu-jitsu.

O melhor de sempre? Magic responde DR

JR Smith espanca homem durante manifestação

O

antigo base dos New York Knicks e campeão da NBA pelos Cleveland Cavaliers JR Smith foi gravado, em vídeo divulgado pela TMZ, a espancar um homem durante um protesto pela morte de George Floyd

fruto de violência policial. Agora sem clube, Smith assegurou que a agressão nada teve a ver com problemas raciais, mas sim porque (…) lhe partiu parte do carro. “Ele não sabia de quem era a janela que ele partiu e levou uma sova. Per-

segui-o e espanquei-o. Isto não é crime de ódio. Não tenho nenhum problema com ninguém que não tenha nenhum problema comigo. É um problema com o sistema”, assegurou, em vídeo partilhado horas depois do incidente.

M

ichael Jordan ou LeBron James? Convidado a entrar no debate sobre qual o melhor basquetebolista de todos os tempos, que tem dominado a actualidade, Earvin “Magic” Johnson não tem dúvidas em apontar aquele que foi o seu principal rival nas décadas de 80 e 90. “Em primeiro lugar, não quero tirar qualquer mérito a LeBron. É um grande basquetebolista, um dos melhores que alguma vez vi jogar. Quando pensas num jogador que dominou tudo, provavelmente o melhor é LeBron. Mas quando falas do melhor da histó-

ria, esse continua a ser Michael Jordan”, referiu durante o programa ‘After the Dance’. Magic, que como presidente dos Lakers, cargo que entretanto abandonou, foi determinante para a contratação de LeBron, lembra, porém, que o «capítulo» de King James “ainda não terminou”. “Ainda tem muito basquetebol para jogar e a oportunidade de alcançar Jordan se ganhar mais títulos”. “Ambos são grandes e jogaram basquetebol de forma correcta, ajudaram os seus colegas de equipa a serem melhores jogadores e ganharam campeonatos”, concluiu o lendário base dos Lakers.



TEMPO

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O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 02 A 04 DE JUNHO DE 2020 INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 02 á 04 Junho de 2020 Data 02/06/2020

CIDADE

Mín

Data 03/06/2020

Estado do Tempo

Máx

Data 04/06/2020

Mín

Máx

Estado do Tempo

Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

22

30

Céu parcialmente nublado, neblina matinal.

22

32

Céu parcialmente nublado a nublado.

22

35

Céu parcialmente nublado.

CABINDA

23

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Céu nublado, chuvisco, neblina matinal.

24

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Céu nublado, chuvisco, neblina.

23

30

Céu nublado, chuvisco, neblina.

SUMBE

19

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Céu parcialmente nublado, neblina matinal.

20

30

Céu parcial nublado, neblina matinal.

19

28

Céu parcial nublado, neblina matinal.

20

33

Céu parcial nublado, neblina matinal.

21

35

Céu nublado.

CAXITO

23

35

Céu parcialmente nublado, neblina matinal.

MBANZA CONGO

22

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Céu nublado a muito nublado, chuvisco, neblina.

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Céu nublado a muito nublado, neblina.

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UIGE

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Céu nublado a muito nublado, chuvisco/chuva fraca.

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Céu nublado, chuvisco, neblina.

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Céu nublado, chuvisco, neblina.

NDALATANDO

19

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Céu nublado, neblina matinal ou nevoeiro.

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Céu parcial nublado, neblina.

16

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Céu parcial nublado, neblina.

MALANJE

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Céu parcialmente nublado, neblina.

16

30

Céu parcial nublado, neblina.

16

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Céu parcial nublado, neblina.

DUNDO

18

34

Céu nublado.

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31

Céu parcial nublado.

22

32

Céu parcial nublado.

SAURIMO

17

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Céu nublado.

16

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Céu parcialmente nublado.

16

31

Céu parcial nublado.

BENGUELA

18

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Céu parcialmente nublado, neblina matinal.

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Céu parcial nublado.

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Céu pouco nublado a limpo, neblina.

HUAMBO

09

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Céu parcialmente nublado.

08

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Céu parcialmente nublado.

09

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Céu nublado ou limpo.

CUITO

10

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Céu parcialmente nublado.

10

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Céu parcialmente nublado.

08

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Céu parcialmente nublado.

LUENA

15

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Céu parcialmente a nublado.

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Céu nublado a limpo.

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Céu parcialmente nublado.

LUBANGO

13

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Céu parcialmente a nublado.

18

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Céu parcialmente a nublado.

14

25

Céu nublado.

MENONGUE

12

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Céu parcialmente nublado.

09

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Céu parcialmente a nublado.

10

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Céu parcialmente a nublado.

MOÇÂMEDES

16

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Céu limpo.

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Céu pouco nublado, neblina.

15

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Céu parcial nublado.

ONDJIVA

12

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Céu parcialmente nublado.

12

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Céu parcialmente nublado.

10

30

Céu parcialmente nublado.

Céu nublado.

Fonte: INAMET

Das 18 horas do dia 01 às 18 horas do dia 02 de junho de 2020 REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu parcialmente nublado, apresentando-se nublado a muito nublado de madrugada e pela manhã sobre as províncias de Cabinda, Zaire, Uíge e Lunda Norte. Possibilidade de ocorrência de chuvisco ou chuva fraca em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire e Uíge. Probabilidade de ocorrência de neblina matinal ou nevoeiro em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Malanje, Cuanza Sul e Cuanza Norte. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu parcialmente nublado por quase toda a região. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu parcialmente nublado por vezes limpo em quase toda a região.

Meteorologistas: Tucaiana Lauriano e Lúcia Yola C. Fernando Luanda, 01 de Junho de 2020 Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

TEMPO no mar

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 01/06/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 02/06/2020.

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIA 01 DE JUNHO DE 2020:

Circulação do vento fraco a moderado de Oeste a Sudoeste entre–os paralelos 4°S e 12°S(Cabinda a INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA INAMET Centro Nacional de Previsão do Tempo Cuanza Sul), circulação do vento moderado de Sul a Sudeste entre os paralelos 12°S e 18°S(Benguela e Namibe). BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 UTC DO DIA 02 DE JUNHO DE 2020: AVISO : ONDAS MÁXIMAS DE ATÉ 3.0 METROS DE ALTURA A SUL DA REGIÃO MARÍTIMA DO 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIA 01 DE JUNHO DE 2020: Circulação do vento fraco a moderado de Oeste a Sudoeste entre os paralelos 4°S e 12°S(Cabinda a Cuanza Sul), circulação do vento moderado de Sul a NAMIBE. Sudeste entre os paralelos 12°S e 18°S(Benguela e Namibe).

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 UTC DO DIA 02 DE JUNHO DE 2020: AVISO : ONDAS MÁXIMAS DE ATÉ 3.0 METROS DE ALTURA A SUL DA REGIÃO MARÍTIMA DO NAMIBE.

REGIÃO

VENTO

ESTADO DO TEMPO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Parcial Nublado

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)

Parcial Nublado Geralmente limpo

Namibe (14°S – 18°S)

Geralmente limpo

Oeste

Até 10

Até 1.4

Pouco agitado

Moderada a Boa (Superior a 5)

OesteSudeste

10 até 13

Até 1.4

Pouco agitado

Moderada a Boa (Superior a 6)

Sul

Até 15

Até 1.8

Agitado

Boa (Superior a 10)

SulSudeste

Até 16

2.0 até 3.0

Muito agitado

Boa (Superior a 10)

O Antíciclone de Santa Helena irá deslocar-se gradativamente para leste nas proximas 24horas com pressão central de 1020hPa, influenciando assim no padrão e intencidade do vento. Assim, prevê-se estado do mar pouco agitado a agitado, com altura da onda de 1.4 á 1.8 metros de altura, nas regiões marítima de Cabinda,Zaire,Bengo,Luanda,Cuanza Sul e Benguela, sendo agitado a muito agitado com a altura das ondas de 2.0 até 3.0 metros de altura mais a Sul da região marítima do Namibe.

CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


classificados emprego

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imobiliário

O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

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OPINIÃO

O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

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João Papelo*

A Nova Medicina e os cuidados de saúde primários

A

ferimos de mais de três enfermeiros que, nos dias menos bons da jornada de trabalho, pode-se ouvir de um colega, médico, mal-humorado, a frase altissonante: “para vocês chegarem onde eu cheguei, teriam de estudar mais”. Uma amiga, que estudou medicina, e que alinha com a mesma forma de pensar, consentindo a excesso, confirmou-me: “sim, nós estudamos mais, a nossa tarefa é mais árdua”. Ignora-se se o enfermeiro tenha ou não o curso superior. A médica chegou mesmo a equiparar, considerando cadeiras hierárquicas, a autoridade do médico sobre o enfermeiro no mesmo plano que a autoridade do piloto sobre o assistente de bordo. Comparação sinuosa e despropositada, de resto, como é óbvio. A vaidade, nas palavras da bailarina e coreógrafa angolana, Ana Clara Guerra Marques, é um pecado mortal. Ocupa como a sétima posição entre os sete pecados capitais, sendo uma palavra correlata à soberba, por ironia, logo-logo depois da preguiça, que ocupa a sexta posição da lista de males. É certo que, a par dos défices que marcam a debilidade dos nossos serviços de assistência clínica (prefiro a expressão assistência clínica à assistência médica, ambas com sinonímias equivalentes), a vaidade ocupa um lugar de destaque, ou ainda que velada, dentro deste sector de actividade, criando alas entre profissionais cuja natureza de trabalho impõe: relação corporativa sólida, integrada e multidisciplinar. É pela mesma razão que, volta e meia, os profissionais da saúde (todos eles merecem, da mi-

nha parte, todo respeito, estima e consideração) reúnem-se em jornadas, colóquios, congressos ou mesas-redondas para discutir a humanização dos serviços de assistência clínicos, assim como os cuidados de saúde primários, dois tópicos convergentes. O segundo tópico amplamente explorado no livro, Cartas que Ninguém Leu, infelizmente pouco divulgado, do respeitado pediatra, Luís Bernardino (ver capítulo - Saúde para Angola: A Importância dos Cuidados Primários de Saúde, pág. 63 até 68). Sucede que, a humanização dos serviços de assistência clínicos não deve começar no hospital e muito menos como resultado de uma acção formativa de dois dias num auditório com ar-con-

dicionado ligado e portas fechadas. A humanização, também, não começa na relação horizontal médico-paciente, pressupondo apenas que um serviço humanizado implica uma relação de qualidade com o doente. Se assim fosse, seria como construir uma casa a partir do teto. Um serviço de assistência clínica humanizado reclama, antes, uma relação de qualidade com a equipa de trabalho e, como consequência, chegará como desejado aos cidadãos utentes. A humanização começa na formação do carácter da pessoa – muito cedo, na escola da vida e da civilização – que aceita pautar a sua conduta nos valores universais do respeito, da integridade moral e da dignidade humana,

pondo ainda de fora, no caso dos médicos, o Juramento de Hipócrates (juramento solene efetuado pelos médicos, tradicionalmente, por ocasião de sua formatura, no qual juram praticar a medicina honestamente e ao serviço do bem-estar da comunidade). No plano ambulatório, o serviço humanizado circunscrevese, em primeiro lugar, na transversalidade da relação corporativa, instigando uma relação estável com a equipa de outros profissionais da área, como numa orquestra de instrumentos musicais, respeitando uma coreografia que congrega mais do que fragmentar, que une mais esforço colectivo e combate a tendência de criação de ilhas, tendo em

conta o exercício nobre e delicado da assistência clínica. Seguidamente, e não menos importante, na relação horizontal e tripartida médico-enfermeiro-doente, sendo certo que o eixo central desta relação deve assentar, como refere Jaime C. Branco, Médico Reumatologista, “na sólida confiança, que é atestada na segurança do verbo, no jeito das atitudes, no afecto da atenção, e na preocupação do estado psicológico do paciente”. A greve de enfermeiros que adiou mais de cinco mil cirurgias, ocorrida recentemente num dos países da CPLP, prova que os médicos sozinhos não trabalham. Quer a Ordem dos Médicos, quer a Ordem dos Enfermeiros, devem observar nos seus fóruns interesses cooperantes e complementares, ao invés de cada ala puxar a brasa para a sua sardinha. Para terminar, importa esclarecer que parte do título figurativo que estampa a crónica, A Nova Medicina, foi extraído do ensaio com o título homónimo, do afamado neurocirurgião português, João Lobo Antunes. A par dos países de língua portuguesa, autor tem bastante crédito também nos países anglo-saxónicos e na Ásia. Deu aulas na Universidade de Pequim (China) e na Universidade de Columbia (EUA). O seu ensaio é dedicado à extraordinária transformação da Medicina nas últimas décadas. A ciência, a prática e a ética desta Nova Medicina são objectos de particular atenção. Olhando o futuro, exprime-se uma incerteza a sustentabilidade dos sistemas de saúde. *Assina esta coluna às terçasfeiras.


Última

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O PAÍS Terça-feira, 02 de Junho, de 2020

Lei da Requisição Civil responsabiliza incumprimento

A

s entidades públicas e privadas de capitais mistos que se recusarem executar a Requisição Civil, por parte do Estado, em situações excepcionais, deverão ser responsabilizadas civil, disciplinar e criminalmente. Tal pressuposto consta da Proposta de Lei da Requisição Civil aprovada, esta Segunda-feira, na especialidadade, por unanimidade, pelas comissões de trabalho especializadas da Assembleia Nacional (AN). O documento, que vai à votação final global nos próximos dias, estabelece os princípios, as regras e os procedimentos que regulam o mecanismo de recurso e execução da Requisição Civil por parte do Estado. A Requisição Civil é o mecanismo que permite ao Estado recorrer às entidades públicas e empresas privadas de capitais mistos para assegurar e regular o funcionamento de serviços ou a disponibilidade de bens essenciais ao interesse público dos sectores vitais da economia nacional em situações de excepção. A secretaria de Estado para os Direitos Humanos e Cidadania, Ana Celeste Januário, disse tratarse de um mecanismo jurídico previsto no artigo 37° da Constituição. Aclarou que o Diploma prevê a responsabilização disciplinar, civil e criminal para os trabalhado-

Congo declara nova epidemia de Ébola A República Democrática do Congo declarou, Segunda-feira, uma nova epidemia de Ébola na cidade ocidental de Mbandaka, a mais de 1.000 Km do local de um surto contínuo do mesmo vírus mortal no Leste da RDC. O ministro congolês da Saúde, Eteni Longondo, disse que quatro pessoas que morreram em Mbandaka foram confirmadas como casos positivos, após testes realizados no laboratório

JACINTO FIGUEIREDO

O que saber sobre o Coronavírus…

“O res no activo, sobretudo em situações de desobediência. Fez saber que a Lei da Requisição Civil limita, de alguma forma, o exercício de alguns direitos fundamentais dos cidadãos. No âmbito desse Diploma, a intervenção das Forças Armadas Angolanas ou da Polícia Nacional (PN) no processo de requisição civil tem carácter de progressividade. Já o pessoal que se encontra na situação militar de disponibilidade ou licenciado à reforma pode ser chamado ao serviço efectivo durante o tempo em que se mantiver a requisição, cometendo o crime de deserção em caso de não acatamento. Nos termos da Constituição, os poderes para a Requisição Civil são exercidos pelo Presidente da República, mas a proposta de Lei prevê que o Presidente da

República, enquanto Titular do Poder Executivo, delegue poderes de regulamentação em relação a uma questão pontual ou específica. Expropriação por Utilidade Pública As comissões especializadas da AN aprovaram também, na especialidade, a Proposta de Lei das Expropriações por Utilidade Pública. A referida Proposta de Lei atende os princípios relativos ao respeito da propriedade e demais direitos reais, de forma que nos seus termos só é admissível à expropriação sempre que a mesma vise a prossecução de um interesse com utilidade pública e mediante justa e pronta indemnização. Ao longo do debate, o deputado David Mendes, da UNITA, defendeu a necessidade de não se expropriar as terras comunitárias.

biomédico nacional na capital Kinshasa. “Temos uma nova epidemia de Ébola em Mbandaka”, disse Longondo aos repórteres. “Vamos enviar rapidamente a vacina e o medicamento”. O surto foi confirmado pelo director-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que twittou: “Este surto é um lembrete de que # COVID19 não é a única ameaça à saúde que as pessoas enfrentam”. O Congo luta para acabar com

um surto de Ébola de quase dois anos perto das suas fronteiras orientais com o Ruanda e o Uganda, que já matou mais de 2.200 pessoas, o segundo mais mortal surto mundial da doença já registado. Faltavam alguns dias para declarar, em Abril, o fim do surto, o seu décimo desde que o vírus foi descoberto em 1976, quando uma nova cadeia de infecção foi confirmada no leste. No entanto, nenhum novo caso foi detectado por lá em mais de 30 dias.

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”.

“Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


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