Jornal OPAÍS edição 1860 de 06/06/2020

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8 advogados intervêm no caso do sindicalista morto à porta de casa

Dos oito advogados sensibilizados com a causa, quatro são ex-seminaristas e antigos colegas de Lazarino dos Santos e os demais, liderados por Zacarias Jeremias, são afectos ao SINPTENU. Dizem ter indícios suficientes de que os algozes do secretário-geral são agentes da Polícia Nacional. P. 12 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola @jornalopais

Director: José Kaliengue

O diário da Nova Angola Edição n.º 1860 Sábado,06/06/2020 Preço: 40 Kz

UNITA arrecada Kz 13 milhões para famílias vulneráveis

Problemas nutricionais vão agravar-se no pós-Covid

l O montante resultou de

contribuições dos deputados deste partido, em resposta ao apelo lançado pelo seu presidente, Adalberto Costa Júnior, em Abril, para acudir as famílias mais vulneráveis ao impacto da Covid-19. P. 8

sociedade: A especialista em nutrição Maria Futi Tati alerta para um possível

agravamento dos problemas de nutrição no nosso país, principalmente entre as crianças e os idosos, em resultado da crise provocada pela pandemia da Covid-19. O aumento de outras patologias, como a tuberculose e VIH, irá acompanhar a degradação da situação nutricional. P. 10 dr

“Vamos fazer a ponte entre os produtores e a agroindústria”

riscos em plena covid-19

apenas 1 em cada 10 angolanos com água corrente P. 11

l O presidente da Rede Camponesa de Angola, Gentil Viana, disse que existem no país fábricas já montadas em quase todas as províncias, mas a maior parte paralisada ou a trabalhar muito abaixo das suas capacidades. P. 18

Ary Papel com um pé fora do 1 de Agosto l O avançado angolano está a ser cobiçado pelo Zamalek do Egipto. Fonte do clube militar, ligada ao processo, admite que as conversações entre as partes decorrem sem sobressaltos. P. 26

e ainda no cartaz:

Escritor e jornalista José Ricardo prepara “Recados ao Chefe”

“Show solidário” com quatro vozes da música Gospel

Filmes de animação na televisão


EM FOCO

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O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

Sobe para 21 o número de recuperados e mantêm-se os 86 positivos de Covid-19 Mais dois pacientes que testaram positivo da Covid-19 recuperaram ontem, elevando para 21 número de pessoas curadas em Angola desta pandemia que já ceifou milhares de vidas no mundo. Neste momento existem 61 pacientes em tratamento médico no país

Secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda

Maria Teixeira

O

secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, revelou ontem, em Luanda, que os dois cidadãos nacionais que se

recuperaram da doença, um de quatro e o outro de 24 anos de idade, são contactos do paciente conhecido como “Caso 26”, moradores do distrito urbano

do Futungo. À margem dessa alteração, nas últimas 24 horas manteve-se 86 a quantidade de cidadãos infectadas pelo novo Coronavírus,

dos quais, quatro resultaram em óbito. “Temos mais dois recuperados, todos do sexo masculino e moradores do Futungo com, respectivamente, quatro e 24 anos

de idade”, disse. O governante fez esta revelação na habitual apresentação do ponto de situação epidemiológica que decorre diariamente no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, com vista a esclarecer o país sobre o estado da doença no território nacional. Entretanto, a estatística aponta para o quinto dia consecutivo sem registo de novos casos positivos no país, mantendo-se os 86 infectados, dos quais, 61 são casos activos, sendo que um requer atenção especial e os restantes estão clinicamente estáveis em unidades sanitárias de referência. No que concerne a actividade laboratorial, Franco Mufinda disse haver um acumulado de 11.072 amostras colhidas até a presente data, das quais, 86 positivas, 10.256 negativas e 730 se encontram em processamento. Revelou que em todo o país estão a ser controladas 1.091 pessoas em quarentena institucional, enquanto 35 pessoas receberam alta, sendo 12 na província de Luanda, 10 na província do Uíge, quatro no Cuando Cubango, oito em Cabinda e uma na Huíla. “Os casos suspeitos até a data são 456, enquanto sob vigilância nós controlamos 1.160 pessoas”, garantiu. Por outro lado, o Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) registou, nas últimas 24 horas, 38 chamadas relacionadas a pedido de informação sobre a Covid-19.

Talatona: o “olho do furacão” da Covid-19 em Angola Sobre a geografia da doença, o secretário de Estado para a Saúde Pública explicou que não mudou, sendo que a província de Luanda continua a ser o epicentro e a única a registar casos. A zona do Talatona é a localidade com maior número de casos positivos até a presente data, com o registo de 28 infectados, quando comparada com as demais zonas da capital do país. “No que toca a transmissão local, conta-

mos com os contínuos 57 casos até a data”, frisou. Franco Mufinda esclareceu ainda que no tange as medidas de prevenção foram realizadas nas províncias do Bengo, Bié, Cabinda, Cuando Cubango, Cunene, Cuanza Norte, Huambo e Uíge actividades diversas, como a capacitação de profissionais da saúde e também da comunidade sobre a Covid-19. Fez-se também a desin-

fecção e investigação de casos suspeitos na comunidade. Entretanto, contou que as acções de formação continuam, bem como a distribuição de material de bio-segurança nas províncias do país. “O uso da máscara impõem-se, o distanciamento social físico, a lavagem das mãos com frequência e, sobretudo o acatamento dos conselhos e das medidas no Decreto

sobre o estado de calamidade pública”, apelou. De recordar que o novo Coronavírus (SARS-CoV), responsável pela pandemia da Covid-19, surgiu na China em Dezembro de 2019. O surto espalhou-se pelo mundo e já vitimou centenas de milhares de pessoas, tendo levado a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia global.



4 destaques política. PÁG. 8 JMPLA considera política nacional da juventude um instrumento de melhoria das condições sociais

SOCIEDADE. PÁG. 10 Problemas nutricionais poderão agravar-se no pós-Covid

cartaz. PÁG. 14 Escritor e

jornalista José Ricardo prepara “Recados ao Chefe”

ACTUAL. PÁG. 24 Organizações de direitos civis processam Trump por agressões a manifestantes

Mundo. PÁG. 22 Brasil ultrapassa Itália e torna-se no terceiro país com mais mortes por covid-19

o editorial

O PAÍS

hoje: os números do dia

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Por outro lado, o desafio...

O

s dados apresentados pelo estudo da Afrobarómentro revelam uma realidade que, na verdade, não é novidade para ninguém em Angola. Entretanto, apesar de toda a gente conviver com a situação todos os dias, as disparidades sociais criaram, também elas, uma barreira ao entendimento, a chamada falta de empatia, que leva a uma absoluta insensibilidade aos problemas do outro. E também a um cegueira total que impede a percepção de que o atraso do “outro” é o atraso de todos, até dos que têm muito. Mas os dados contidos no estudo, por outro lado, são também um desafio imenso. Num país potencialmente rico, com a população jovem e em que apenas um terço das pessoas tem água corrente, é uma maravilha para quem goste de trabalhar e realizar. É desta gente, com espírito transformador, que angola precisa.

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1600

o que foi dito “

O povo angolano, em geral, é um povo que - dada a especificidade de dores - é muito tribal e racial” Luís Kiambata Nacionalista

Sábado, 06 de junho de 2020

Tínhamos a maior economia da história. E essa força nos permitiu superar esta horrível pandemia, que já superamos, em grande medida. Acho que estamos indo bem” Donald Trump Presidente dos EUA

Cidadão de 41 anos de idade, que se fazia passar por funcionário do Instituto Superior de Ciências de Educação (ISCED) no Uíge, foi detido ontem (Sexta-feira) na sede capital da província, pelo SIC. Mil das 140 mil famílias consideradas vulneráveis no município de Menongue, província do Cuando Cubango, foram assistidas com bens diversos desde 22 de Abril, pela Administração Municipal

milhões de Kwanzas foram investidos, entre Janeiro a Maio deste ano, na execução de 11 projectos de impacto económico-social, inseridos no Programa Local e Combate à Pobreza, na Caála, no Huambo Trabalhadores do Banco de Poupança e Crédito (BPC) serão despedidos até 2022, no quadro do Plano de Recapitalização e Reestruturação.

As crianças só serão prioridade neste país no dia em que o Governo compreender que a Escola Pública, com qualidade e eficiência, em todos os sentidos, é única ferramenta que poderá permitir que a pobreza seja derrotada Alexandra Simeão Presidente da Handeka


O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

5 e assim... José Kaliengue Director

“Penso” para elas

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o cientista político Sérgio Dundão e compreenda mais sobre os principais problemas políticos que afligem o país

“S

www.opais.co.ao Kiev (Ucrânia) Protesto na capital ucraniana (Kiev) contra a violência policial e para exigir a demissao do ministro do interior (DR)

o que vai acontecer Dembos Prossegue a formação, iniciada ontem, de quarenta activistas sociais do município dos Dembos, província do Bengo, que estão a ser capacitados em matérias sobre as medidas de educação preventiva para sensibilizar as comunidades sobre a pandemia Covid-19. A acção formativa, com duração de três dias e de iniciativa da Igreja Evangélica de Angola, visa, de acordo com coordenador do projecto, Eurico Domingos, capacitar as comunidades através de pessoas chaves como autoridades tradicionais, entidades religiosas, coordenadores de bairro e demais activistas.

Huambo Começa a distribuição, na província do Huambo, das 20 toneladas de material médico diverso recebidas ontem, para o atendimento de possíveis casos de gripe por Coronavírus (Covid-19) e outras doenças. Trata-se de equipamentos de biossegurança para a protecção dos profissionais de saúde, em casos suspeitos, designadamente dois mil fatos e mil e 440 óculos protectores, 2.000/50 embalagens de máscaras cirúrgicas descartáveis e 80 termómetros infra-vermelhos. A egião conta com 60 cidadãos em quarentena, dos quais cinco institucional e 55 domiciliar.

Cunene Os habitantes da povoação de Onasalama, comuna de Naulila, município de Ombadja, província do Cunene, beneficiam, hoje, de consultas médicas ambulatórias, no âmbito das medidas preventivas contra a Covid-19. As consultas naquela povoação de Onashalama localizada no marco fronteiriço 12, a 90 quilómetros do Xangongo, sede do município de Ombadja, serão realizadas duas vezes por semana, por um médico nacional. De acordo com a responsável do Centro de Saúde, Fátima Ndahalemona, as consultas medicas ambulatórias são necessárias na localidade.

Pandemia O Ministério da Saú-

de apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

abemos que cerca de 95 mil crianças [meninas] de 9 a 18 anos ficam em casa durante o período menstrual por não poderem comprar produtos menstruais. Ao torná-los disponíveis gratuitamente, apoiamos estas jovens a continuar a aprender na escola”, afirmou Jacinda Ardern, a primeira-ministra da Nova Zelândia. Não é a única, a primeira ministra da Escócia levou o país a ser o primeiro do mundo a pôr na lei a gratuitidade dos bens de higiene menstrual. Em África, também o Rwanda se tornou notícia por ter prestado atenção a este assunto. E Angola? Alguém em Angola alguma vez se perguntou sobre a implicação da falta de acesso a estes produtos na produtividade das mulheres trabalhadoras? Na frequência escolar das meninas? Enfim, na qualidade da vida das pessoas do sexo feminino no nosso país? Dirão que isto é uma espécie de frescura dos países que têm dinheiro, etc., mas isto apenas porque os quem assim pensa não se consegue pôr no lugar do outro e porque, uma vez mais, neste país não se faz contas para lá da barriga e do bolso agora. Legislar neste sentido e aplicar a lei, feitas bem as contas, acaba por trazer benefícios sociais e económicos muitas vezes maiores do que o suposto gasto que o Estado teria de suportar subsidiando a gratuitidade destes produtos. Teria muito menos gastos com problemas de saúde de mulheres derivados das suas especificidades, teria menos absentismo, teria maior produtividade, teria cada vez mais jovens mulheres empenhadas na escola e poderia ainda aproveitar para incrementar a educação sexual e para a promoção da maternidade responsável. Os outros já fizeram as suas contas, nós, aqui, nem as “mamãs” de uma certa organização feminina partidária que tem a mania de se meter em tudo...

E também... O Dia de São Norberto - 6 de Junho Após sobreviver a um violento furação, Norberto renunciou a uma vida mundana e seguiu os desígnios de Deus. Doando aos pobres e despojando-se de quase tudo, Norberto tornou-se sacerdote e iniciou a sua campanha missionária itinerante com apenas uma mula e dez moedas de prata. Foi para o Sacro Império Germânico e ali reformou o clero e evangelizou povos que ainda não conheciam o cristianismo. A fim de ter um contato maior com Deus, São Norberto fundou a Ordem Premonstratense, em 1120, cujos membros ficariam conhecidos por “Monges Brancos” devido a cor do hábito que vestiam. Mais tarde, seria nomeado arcebispo de Magdeburgo, em 1126, quando enfrentaria um cisma entre duas pessoas que se declaravam papas.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Sábado, 06 de Junho, de 2020

no tempo do kaparandanda

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

opaís

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

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Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

06 de Junho de 1956 - Funda-se a

orquestra Ok Jazz, no Congo Leopoldville (Actual RDCongo).

1991

06 de Junho de - O SecretárioGeral da ONU, Boutros Ghali, comunica ao Conselho de Segurança que a “Unavem” cumpriu, integral e efectivamente, o seu mandato em Angola.

2005

06 de Junho de - A GrãBretanha suspende o referendo sobre a Constituição Europeia.

carta do leitor

O clamor dos empresários Dentro de três dias, o Governo deverá anunciar aos angolanos a medida que será tomada depois de se ter declarada a situação de calamidade, uma novidade no ordenamento jurídico angolano. Infelizmente, o anúncio será feito numa altura em que aumentam os casos de COVID 19 no país e o medo continua instalado no seio de alguma população, embora outras continuam a descurar os cuidados necessários para se evitar a proliferação desta pandemia. Se existe incerteza quanto à doença, o mesmo não se pode dizer em relação à vida dos angolanos. A situação continua precária, não se antevendo melhorias rápidas. Esta situação faz com que o Executivo tenha que tomar medidas urgentes e rápidas para se revitalizar sobretudo o tecido empresarial, sobretudo as pequenas e grandes empresas. O desabafo lançado pelos pequenos empresários deve servir de alerta para que o Executivo saia dos discursos bonitos e vá ao encontro das empresas e dos empresários. Quem olha para algumas medidas dá a impressão de que apenas os grandes empresários, muitos deles com forte contributos nos impostos, são as únicas soluções para os males que enfermam a nossa economia. Mas eu penso o contrário.

Aliás, todas as informações que nos surgem da Europa e até da América, sobretudo aqueles que já começaram a retomar a economia, dá para ver que são os pequenos e médios empresários que começam a dar um grande impulso para que as estatísticas apresentem um outro indicador a breve trecho. Com uma parte da população desempregada, entre licenciados e ainda jovens estudantes, seria nas pequenas e médias empresas o escape

para o sustento não só das famílias como também dos próprios estudos. E a consumar-se os receios que estes empresários avançam, o resultado será o aumento do exército de desemprego e as repercussões que já se adivinham. Não nos espantemos se posteriormente a rua não seja também o papel para se reivindicar a ausência de um posto de trabalho. Manuel Solange Luanda

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754



POLÍTICA

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O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

JMPLA considera política nacional da juventude um instrumento de melhoria das condições sociais A organização considera ser necessária a passagem da teoria para a aplicação prática

da referida política, a julgar pelas necessidades que diariamente afligem a juventude

mica e social desta franja da sociedade. Vamos é acreditar que, apesar das reformas em curso, haverá, efectivamente, implementação”, frisou.

Domingos Bento

O

secretário nacional da JMPLA, Crispiniano dos Santos, considerou, ontem, em Luanda, a Política Nacional da Juventude como sendo um instrumento reitor que vai contribuir significativamente para a melhoria das condições de vida desta franja da sociedade no que toca a formação profissional, emprego e habitação. A referida política é de iniciativa do Governo angolano, por via do Ministério da Juventude e dos Desportos e visa dar resposta aos anseios e às inquietações que afligem a classe juvenil. O plano, apresenta-se como um instrumento que permitirá realizar de forma acelerada as necessidades da Juventude.Para Crispiniano dos Santos, que falava ao OPAÍS, à margem da 9ª reunião ordinária do secretariado nacional da sua organização, a política nacional da juventude deve ser encarada pelos jovens como

uma ferramenta que a curto e médio prazo poderá dar resposta às preocupações que afligem este importante segmento da sociedade. Porém, frisou, apesar do momento de dificuldades económicas e financeiras que o país está a viver, em função da queda do preço do petróleo no mercado internacional e as vicissitudes impostas pela Covid-19, ainda assim, é preciso acreditar que o Governo,

enquanto entidade do bem, poderá dar prioridade aos eixos principais que norteiam o referido plano, que teve a consulta e análise pública a vários segmentos da sociedade civil. “A Política Nacional da Juventude contempla cinco políticas fundamentais daquilo que são as responsabilidades do Estado para a juventude. E o mesmo visa a melhoria da condição de vida econó-

Passar da teria à prática Ainda durante a entrevista, Crispiniano dos Santos considerou ser necessária a passagem teórica da referida política para a aplicação prática, a julgar pelas necessidades que diariamente afligem a juventude. Para o efeito, o dirigente político solicitou, da parte dos órgãos executantes da referida política, a tempo certo, um relatório com indicadores práticos dos benefícios dos jovens com a implementação desta política.“É preciso olhar com preocupação as necessidades concernentes ao emprego e empreendedorismo. No entanto, as políticas ligadas a juventude devem sair do papel para a vida prática dos jovens angolanos”, frisou Crispiniano dos Santos, que é igualmente membro do Bureau Político do Comité Central do MPLA.

UNITA arrecada 13 milhões de kwanzas para apoiar famílias vulneráveis O montante resultou de contribuições dos deputados deste partido, em resposta ao

apelo lançado pelo seu presidente, Adalberto Costa Júnior, em Abril, para acudir as famílias mais vulneráveis ao impacto da Covid-19, segundo fonte deste jornal Maria Custódia

A

s declarações da fonte foram confirmadas ontem pelo porta-voz da UNITA, Marcial Dachala, que informou que o valor arrecadado será aplicado na compra de produtos da cesta básica e de material de higienização. Admitiu ter sido feita uma boa safra, tendo enaltecido a pronta intervenção dos 52 deputados que, segundo ele, não hesitaram em responder ao apelo do líder do

partido, que também é legislador na Assembleia Nacional. O responsável informou que, brevemente, o Grupo Parlamentar da UNITA vai realizar uma conferência de imprensa, em que deverá apresentar oficialmente o resultado desta campanha interna de solidariedade. Segundo Marcial Dachala, os produtos deverão ser canalisados para todas as províncias do país, por intermédio dos secretariados províncias, que os farão chegar aos destinatários. A fonte informou que cada deputado contribuiu com metade do seu salário base, perfazendo um total de 13 milhões de kwanzas.

A fonte avançou ainda que o gesto poderá continuar, caso a situação da Covid-19 persistir no país, e a UNITA, por intermédio do seu Grupo Parlamentar, vai fazer o que estiver ao seu alcance e acudir as famílias com dificuldades de so-

brevivência. Adiantou que a decisão de contribuir para as famílias faz parte da responsabilidade social deste partido, cuja acção foi sendo desenvolvida mesmo em tempo de guerrilha.

“É um reforço e protecção dos direitos da juventude” Por seu lado, Fernando João, secretário de Estado da Juventude, disse que a referida política assume-se como um instrumento executivo importante que visa o reforço e protecção dos direitos dos jovens, por dar resolução aos seus principais anseios no que o emprego, formação e habitação diz respeito. Segundo o governante, a grande maioria da população angolana é jovem, o que obriga a uma série de acções que permitam melhorar o acesso da juventude aos sectores sociais, em particular a proteção social, educação e saúde. Conforme explicou, no âmbito do sector sanitário, é importante a informação sobre a saúde sexual reprodutiva para empoderar os jovens no uso responsável da paternidade e maternidade. De acordo ainda com Fernando João, outra vertente importante encontra-se no âmbito da profissionalização dos jovens e da sua relação com as empresas do mercado, para que se melhore os índices de ocupação. “O Governo angolano tem na juventude o segmento para o qual se destinam em grande parte as políticas públicas em vários domínios. E a política nacional da juventude vem precisamente confirmar essa importância que o Executivo presta a este segmento da sociedade”, concluiu.

Disse ainda que, antes da Covid-19, a UNITA sempre sec juntou à causa dos mais necessitados, oferecendo géneros alimentícios, roupa usada, calçados, instrumentos de trabalho, utensílios de cozinhas e outros meios. Recordou que, desde Julho de 2015 que a UNITA, na altura liderada por Isaías Samakuva, vem fazendo várias doações de bens diversos às comunidades assoladas pela seca e pela fome, na Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango. Fez saber que a intervenção deste partido no seio das comunidades nesta fase não significa substituir o papel do Governo, mas responder, por outro lado, ao apelo lançado pelo Presidente da República, João Lourenço, no que tange à solidariedade de repartir com os que têm pouco ou nada. Entretanto, a fonte recusou-se a avançar a quantidade de toneladas de bens alimentares e material de bio-segurança que serão adquiridos no mercado local com o dinheiro arrecadado.


O PAÍS

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dr

Diploma sobre imposto de veículos motorizados passa na especialidade

Angola reúne CPLP para falar sobre Covid-19

A

Embaixada de Angola na Etiópia realizou, ontem, um encontro virtual (vídeo-conferência) entre Chefes das Missões Diplomáticas dos Estados Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no quadro da evolução da Covid-19, e das medidas de prevenção adoptadas para os diplomatas e demais funcionários. Em nota, a Embaixada de Angola na Etiópia refere que além de Angola, participaram da reunião o embaixador do Brasil, Luís Pedroso, de Portugal, Helena Malcata, de Moçambique, Albertina Mac Donald, e da Guiné Equatorial, Crisantos Obama, assim como diplomatas angolanos e um moçambicano. Na abertura do evento, o embaixador Francisco da Cruz fez saber que a iniciativa deveu-se, também, à necessidade de criarse uma oportunidade para troca de informações acerca dos programas dos governos dos estados da comunidade com vista a conter a propagação, bem como enfrentar as consequências económicas e sociais da pandemia. Com 18 mortes, e já numa fase de Transmissão Comunitária, a Etiópia soma 1.636 casos positivos, uma média diária de 113 novos casos, nos últimos oito dias.

A capital Addis-Abeba lidera as estatísticas de infectados, com 1.206 casos confirmados. Francisco da Cruz afirmou que a embaixada tem adoptado, desde Março, várias medidas de prevenção e segurança, como, entre outras, a implementação do teletrabalho para redução, ao mínimo, do pessoal nas instalações, e a disponibilização de transporte aos funcionários locais, evitando a sua exposição em transportes públicos. Ao debruçar-se sobre a situação epidemiológica no país, frisou a recente auscultação feita pelo Presidente da República à sociedade civil para fazer face à pandemia e enalteceu os apoios da União Africana, da China e as doações das fundações Jack Ma e Alibaba, coadjuvadas pelo Governo etíope, na transportação de material de bio-segurança. Por seu turno o embaixador do Brasil, Luís Pedroso, mostrou-se seriamente preocupado pelo facto de o seu país passar a ser o terceiro com mais mortes (cerca de 34 mil) a nível mundial, declarando que a taxa de adesão ao isolamento se situa, apenas, entre os 45% e os 60%. Deu a conhecer que o Brasil fez doações recentes à União Africana, em termos de material de auxílio médico, pedindo que fosse preferencialmente destinado aos países da CPLP.

Já a diplomata portuguesa, Helena Malcata, confirmou a contaminação pelo novo Coronavírus de uma cidadã naturalizada lusa residente na Etiópia, assintomática e em situação estável, numa clínica privada, em AddisAbeba. No concernente a Portugal, disse que, apesar dos cerca de trezentos novos casos, observou-se, nas últimas 24 horas, um decréscimo para oito óbitos. Relativamente a Moçambique, a embaixadora Albertina Mac Donald sublinhou que foi prorrogado o estado de emergência até finais de Junho e que Cabo Delgado representa o epicentro das contaminações. O país continua com as fronteiras encerradas, abertas somente para voos com ajuda humanitária. Já o embaixador da Guiné Equatorial, Crisantos Obama, referiu que no final de Abril detectou-se a infecção num cidadão do seu país, que viajava de Londres, num avião da Ethiopian Airlines, que, depois da sua recuperação, seguiu para Malabo. No final da vídeo-conferência, os participantes foram unânimes quanto a institucionalização do evento, com uma periodicidade mensal, devendo ser organizado por cada país da CPLP consoante a ordem alfabética.

A

Assembleia Nacional aprovou, ontem, na especialidade, a proposta de Lei do Imposto sobre os Veículos Motorizados, que visa dotar o país de um sistema moderno tributário capaz de acompanhar os desafios de desenvolvimento socioeconómico. A aprovação do refirido diploma impõe a necessidade de inovar e revogar o actual regime jurídico da taxa de circulação, conferindo-lhe dignidade de Imposto, no âmbito da reforma estrutural. De acordo com o relatório de fundamentação, o objectivo é melhorar a eficácia e eficiência na arrecadação de receitas pú-

blicas e o consequente alargamento da base tributária. O diploma ressalta, também, a extensão da incidência objectiva às embarcações de recreio e às aeronaves de uso particular, uma medida amplamente justificada pela necessidade do alargamento da base tributária e justa distribuição da carga fiscal. O documento vai à votação final global na próxima reunião plenária da Assembleia Nacional. As comissões de trabalho especializadas do Parlamento analisaram também, na generalidade, o Projecto de Resolução que concede autorização para adopção dupla da menor Noa Leonor.


sociedade

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O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

Problemas nutricionais poderão agravar-se no pós-Covid DR

A especialista em nutrição Maria Futi Tati alerta para um possível agravamento dos problemas de nutrição no nosso país, principalmente entre as crianças e os idosos, em resultado da crise provocada pela pandemia da Covid-19. O aumento de outras patologias, como a tuberculose e VIH, irá acompanhar o piorar da situação nutricional Romão Brandão

N

esta altura de Covid, fala-se muito em limitações alimentares, pelo que o jornal OPAÍS ouviu Maria Futi Tati, como especialista em nutrição, depois de já ter estado a liderar o programa nacional de nutrição e de campanhas de aleitamento materno. Maria Futi Tati disse que as coisas irão piorar, no que a nutrição diz respeito, no nosso país, com esta situação de Covid-19. Se antes da Covid já éramos um país com um indicadores de desnutrição muito altos, com estas restrições resultantes da pandemia, as coisas vão piorar. “Nós vamos ter problemas nutricionais muito sério no pós-Covid, agravamento de outras patologias, como a tuberculose e VIH, por exemplo, por terem a imunidade reduzida”, disse. Aconselhar as famílias a se alimentarem, mesmo sabendo que nada têm para comer, torna a tarefa da nutricionista impossível. Reconhece que neste momento as famílias não têm comida, pelo que fica difícil dizer “comam três ou quatro frutas por dia, comam arroz, feijão, etc”, pois estes alimentos não existem no seu car-

dápio (quando há). Há muita gente sem dinheiro, que perdeu o poder económico, segundo a entrevistada, factor que irá concorrer para que a situação de desnutrição piore. Distribuir cestas básicas não irá resolver o problema, para além de não chegar para todos e para todos os dias. “Alguns de nós, neste momento, estão numa luta pela a sobrevivência. E como estão os idosos, as mulheres que têm crianças desnutridas ou doentes com malária, vão conseguir fazer esta luta pela sobrevivência?”, questiona Maria Futi Tati, sem saber se estas mães irão olhar para as crianças, para si ou para os idosos. No âmbito do Decreto Presidencial sobre o Estado de Emergência, que agora passou para Estado de Calamidade, a especialista em nutrição, atendendo o facto de que os idosos com 70 a 90 anos apresentam algumas dificuldades, principalmente aqueles que precisam de vender algum produto (como

petróleo, por exemplo) para garantir a sua alimentação, adaptaram uma cozinha para acudir estas pessoas. Muitos desses idosos já não têm os filhos, outros foram abandonados, e por isso, num pequeno espaço, no Morro Bento, distribuem comida a mais de 35 beneficiários, entre idosos, doentes de AVC, tuberculose e crianças desnutridas

“Quantas cozinhas comunitárias, por exemplo, teríamos que implementar só em Luanda?”

que o projecto está a recuperar. Dúvidas sobre cozinhas comunitárias Na sua opinião, a resolução passa por um trabalho conjunto entre a área da saúde e a área social, ao invés de ficarem apenas nos gabinetes. Nesta fase de Covid, por existir muita mão-de-obra ou muitos voluntários, deve-se unir estas pessoas, fazer um estudo aprofundado e trabalhar em torno das comunidades. Deve-se aproveitar os estudantes universitários para se cadastrar as pessoas vulneráveis, as pessoas com limitações extremas, com desnutrição, e ver que tipo de resposta para cada problema. Maria Tati lembra-se com alguma nostalgia da forma como um grupo de estudantes (de que fez parte) se mostrou disponível a trabalhar aquando de um surto de cólera. “Temos tantos estudantes de medicina, mas estão em casa. São

estes que nós devíamos pegar para nos ajudar a fazer este trabalho”, reforçou. O grande problema é que se sabe quem é o vulnerável, segundo Maria Tati, não se tem estes dados e todo e qualquer um quer receber comida. Sobre a criação de cozinhas comunitárias como forma de reduzir o impacto da Covid-19 na capacidade nutricional das famílias, a especialista disse não saber se isso ajuda. “Quantas cozinhas comunitárias, por exemplo, teríamos que implementar só em Luanda? E depois, quando se trata de comida, todos querem, eu também sou vulnerável quando se trata de comida. Quando se trata de comida, não há honestidade”, sublinhou. É uma questão de se experimentar, pois não se sabe se pode funcionar. A capacidade de abastecimento das cozinhas e outros aspectos devem ser vistos, com a Associação dos Nutricionistas, o Ministério da Agricultura, entre outros.


O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

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Falta de água, luz e latrina expõe angolanos a risco de contágio de Covid-19 A incapacidade de o Governo prover o fornecimento destes bens e serviços básicos às famílias contribui para que estas fiquem mais expostas ao contágio do novo Coronavírus, de acordo com um estudo realizado pela Afrobarometer, em parceria com a Ovilongwa Consulting

A

pesquisa, a que OPAÍS teve acesso, diz que esta constatação põe a descoberto os desafios que as famílias angolanas estão a enfrentar no cumprimento das medidas sanitárias de higienização pessoal, no âmbito do combate à Covid-19. Aequipa do Afrobarometer, liderada pela Ovilongwa – Estudos de Opinião Pública, entrevistou 2.400 angolanos adultos, entre 27 de Novembro e 27 de Dezembro 2019. “Uma amostra deste tamanho produz resultados nacionais com uma margem de erro de +/- 2 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%”, enfatiza. Os pesquisadores da Ovilongwa Carlos Pacatolo e David Boio concluíram que apenas três em cada

10 angolanos têm água canalizada no interior das suas residências ou no quintal, enquanto quatro em cada 10 angolanos precisam de sair das suas residências para terem acesso a uma casa de banho ou latrina. “Cerca de metade dos angolanos não têm acesso à ligação eléctrica da rede pública”. Este estudo é divulgado num momento em que o país vive uma nova fase das medidas de isolamento social e de protecção individual, com a declaração do estado de calamidade pública, depois de dois meses em estado de emergência. “Entretanto, esta nova fase coincide com o aumento de casos de contaminação local da Covid-19, elevando os riscos de circulação comunitária do coronavírus”, lê-se no documento.

Para ser mais preciso, diz o estudo que as fragilidades infra-estruturais (casa de banho/latrina, água e electricidade) desafiam não só as famílias angolanas, como também o próprio Executivo e, sobretudo, os parceiros de desenvolvimento a implementarem medidas adicionais para reforçar a capacidade do Governo de melhorar a oferta de água canalizada, energia eléctrica e sanitários de campanha. “Apenas três em cada 10 angolanos (30%) dispõem de água canalizada no interior das suas residências ou quintais. Um em cada oito angolanos (13%) obtém água para o consumo doméstico do chafariz ou poço com tubo ou manivela”. Esclarece que os residentes das zonas urbanas têm quatro vezes

mais chance de usufruírem de água canalizada no interior das suas residências ou quintais do que os residentes das zonas rurais (41% vs. 9%). Em Luanda, menos de metade (44%) dos residentes dispõe de água canalizada no interior das suas residências ou quintais. A situação é mais crítica nas regiões do Leste (21%), do Norte (17%) e do Centro Norte (16%). Um terço da população sem água O estudo diz ainda que mais de um terço (34%) dos angolanos ficaram sem água potável suficiente para o uso doméstico “muitas vezes” ou “sempre” durante o ano de 2018, e 35% “apenas uma ou duas vezes” ou “algumas vezes” Apenas 29% dos angolanos desfrutou de fornecimento de água canalizada de forma regular. Por outro lado, diz que seis em cada 10 angolanos (59%) disseram possuir casa de banho ou latrina no interior das suas residências ou no quintal, enquanto 20% tem acesso fora do quintal ou complexo habitacional e outros 20% não dispõem de nenhuma casa de banho ou latrina. Segundo a pesquisa, mais de três quartos (77%) dos residentes urbanos têm casa de banho ou latrina no interior das suas residências ou no quintal, mas apenas um terço (24%) dos residentes da zona rural dispõe de casa de banho ou latrina. “Mais de quatro em cada 10 residentes da zona rural (42%) disseram não ter acesso a casa de banho ou latrina”, diz. Acrescenta de seguida que “cerca de nove em cada 10 residentes de Luanda (87%) têm acesso a casa de banho ou latrina no interior da sua residência ou quintal. A situação é crítica nas regiões do Centro (40%) e do Sul (44%)”. A energia eléctrica é outro problema que carece de ser ultrapassado. Diz o estudo que mais de quatro em cada 10 angolanos (44%) vivem em residências sem ligação a rede pública de electricidade. Afirma que apenas um em cada seis angolanos residentes na zona rural (16%) vive em residência com ligação a rede pública de electricidade, comparando com três quartos (74%) de residentes das zonas urbanas. No entanto, os residentes de Luanda (84%) tem mais do que o dobro de chances de dispor de ligação eléctrica da rede pública nas suas residências comparativamente aos residentes das regiões Leste (37%), Sul (38%) e Centro (38%). “Os residentes de Cabinda também disfrutam de uma elevada taxa de electrificação (83%)”, concluem.


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sociedade

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Associação Obra Social da Maxinde completa 56 anos

Sindicalista morto à porta de casa terá defesa de oito advogados O grupo de advogados diz ter indícios suficientes de que os algozes do secretário-geral do Sindicato Nacional de Professores e Trabalhadores Não Universitário (SINPTENU), Lazarino dos Santos, e do jovem taxista, Álvaro Esteves, são agentes da Polícia Nacional DR

Milton Manaça

D

os oito advogados sensibilizados com a causa de Lazarino dos Santos, quatro são exseminaristas e antigos colegas de Lazarino dos Santos e os demais, liderados por Zacarias Jeremias, são afectos ao SINPTENU. OPAÍS sabe que o processo com o número 4994/020 de Lazarino dos Santos e Álvaro Esteves, mortos à tiro no dia 25 de Maio do corrente ano, no bairro Dangereaux, supostamente por agentes da Polícia Nacional, já foi transferido do Comando Municipal do Talatona para o Serviço de Investigação Criminal (SIC/Luanda). O advogado Zacarias Jeremias disse a este jornal que o desejo do grupo de advogados e das duas famílias, de quem receberam a solicitação para acomparem o caso, é o de verem a morte dos jovens esclarecida e os culpados julgados e condenados. Jeremias disse que da parte dos advogados e das famílias não restam dúvidas de que os dois tiros mortais que atingiram o secretário-geral do SINPTENU e o seu vizinho, Álvaro Esteves, foram feitos por agentes da Polícia Nacional. Protecção de testemunhas O causídico referiu que vão solicitar protecção das testemunhas que estiveram no mesmo local com as vítimas no fatídico dia, por se entender que são peças chaves para o desfecho do caso quando o processo for para julgamento. “Essas pessoas, incluindo a esposa de Lazarino, viram e chegaram a falar com os mesmos agentes depois do acontecimento e é importante que estejam seguras”, disse. Os factos aconteceram por volta das 21 h do dia 25 de Maio, quando Álvaro Esteves, de 31 anos, e Lazarino dos Santos, de 44, foram mortos à porta do sindicalista. O

D

Familiares de Lazarino dos Santos inconsoláveis na casa do óbito

primeiro foi alvejado no pescoço, tendo a bala saído pela boca, e ao segundo a bala entrou pelas costas, tendo perfurado o coração. Lazarino dos Santos era professor de Língua Portguesa vinculado ao Ministério da Educação há cerca de 20 anos, sendo que nos últimos tempos se vinha destacando na actividade sindical pelo SINPTENU. No último pronunciamento sobre o caso, na semana passada, o porta-voz do Ministério do Inte-

rior, Waldemar José, disse que a Polícia ainda não tinha informações concretas e que os dados preliminares recolhidos pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) e pelas testemunhas eram contraditórios. Waldemar José referiu que a contradição de informações não permitiu à corporação concluir que se trata de efectivos da PN. “Há vários cenários e versões que se poderão colocar, por isso, vamos deixar os órgãos de informa-

ção executar o seu trabalho”, disse. Todavia, Waldemar José garantiu que, caso se chegar a conclusão de que os autores são efectivos da PN, estes serão tratados como qualquer criminoso que tenha atentado contra o bem jurídico mais precioso, a vida. Reforçou que, a se provar, serão julgados, condenados e expulsos da corporação e a sociedade terá conhecimento da situação.

esde 6 de Junho de 1964 que a associação Obra Social da Maxinde (OSM), nascida no seio da Paróquia do Bairro da Maxinde, em Malanje, tem desenvolvido actividades de âmbito social, comunitário, cultural, académico, recreativo, desportivo, técnico-profissional e científico. Passados 56 anos desde a sua criação, segundo uma nota enviada a OPAÍS, a associação diz continuar movida pelo espírito de servir o próximo. A associação surge da vontade de um grupo de jovens moradores do bairro da Maxinde, pertencentes a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, encabeçados pelos padres bascos da referida Paróquia, com destaque para o seu grande mentor, Padre Pedro, que tomaram a decisão firme de materializar um projecto com o intuito de proporcionar aos moradores um modelo de encarar a vida de forma multifacetada. Para além de malanjinos, a OSM formou gente de outros quadrantes de Angola. Após alguns anos de letargia, um grupo de jovens discípulos desta mesma obra decidiu revitalizar a associação e eis que, aos 21 dias do mês de Março de 2020 concretizou-se a aspiração, com a realização da assembleia geral que elegeu novos corpos gerentes, por forma a não deixar morrer o projecto.


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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

F

oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PROTEGER?

Tendo sido reportados já 86 casos em Angola, com duas mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:

1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

Escritor e jornalista José Ricardo prepara “Recados ao Chefe” Com uma obra no mercado, o jornalista da emissora provincial da Rádio Nacional no Cuanza Sul tem outra obra na forja. “Recados ao Chefe”, livro de crónicas, é o próximo título a ser lançado ainda este ano

“Apesar desta pandemia que assola o mundo, e Angola não está de parte, temos condições criadas para lançarmos a próxima obra ainda este ano”, assegurou. Refere que a nível do Cuanza Sul há condições para patrocínios e recolha de informação suficiente para a publicação do segundo livro. “Estamos bem encaminhados”, disse. O livro terá 60 páginas e o autor assenta a sua abordagem em factos reais ocorridos na nossa sociedade e procura chamar atenção aos gestores sobre o novo paradigma que o país vive, marcado por uma gestão responsável dos recursos públicos.

Miguel Kitari

Primeira obra do autor Lançado no dia 14 de Fevereiro do ano em curso, e com 117 páginas, “Confissão de um Amor Proibido”, do género poesia, é a primeira obra do autor que quer apostar forte na escrita. Mais de três mil exemplares foram vendidos no Cuanza Sul, e mais de dois mil noutras paragens. A beleza feminina e o amor pela cidade do Sumbe foram descritos no livro de estreia. “É a melhor forma que encontrei para exprimir alguns sentimentos, pois as regras do jornalismo não permitem que possamos fazer muito”, reconhece, acrescentando que não terá problemas para o acabamento do próximo trabalho, advogando que o mar é a sua principal inspiração para a escrita.

A

escrita sempre foi sua paixão, gosto adquirido no seio familiar. É por isso que cedo ingressou para o jornalismo. Com muitos escritos, José Ricardo Kifende Neto “Zé Ricardo” decidiu, este ano, publicar os seus “rabiscos” e partilhá-los com o público do Cuanza Sul e não só. Em preparação está o seu segundo “rebento”. “Recados ao Chefe” é o título da obra de crónicas que será lançada ainda este ano, conforme avança o escritor a OPAÍS.

“Confissão de um Amor Proibido” é o título da primeira obra de José Ricardo Kifende Neto, lançada em Fevereiro do ano em curso

Identidade da figura De 42 anos de idade, José Ricardo Kifende Neto é natural do Porto Amboím, província do Cuanza Sul. Residente na cidade do Sumbe – capital da província, foi correspondente dos jornais Cruzeiro do Sul e Angolense. Presentemente é quadro do grupo Rádio Nacional de Angola.


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“Show solidário” com quatro vozes da música Gospel Depois dos concertos com música secular, eis que a música evangélica entra em cena para um show solidário, no âmbito do projecto “Live no Kubico”, uma iniciativa da Televisão Pública de Angola (TPA) em parceria com o portal de notícias de entretenimento Platinaline

Bambila

D

odó Miranda, Glória Silva, Joly Makanda e Bambila são as quatro vozes que se juntam neste Domingo, a partir das 14 horas e 30 minutos, para o concerto solidário “Live no Kubico”, com emissão na Televisão Pública de Angola e nas plataformas digitais da Platinaline, designadamente o Youtube e Facebook.

Dodó Miranda

Os concertos visam a angariação de valores para compra de cestas básicas, que se vão destinar a lares de acolhimento e a pessoas desfavoráveis, sobretudo nesta fase em que o mundo é abalado com o caos sanitário provocado pela pandemia da Covid-19. Desse modo, os artistas Dodó Miranda, Glória Silva, Joly Makanda e Bambila juntam-se a essa iniciativa, e com o seu can-

Glória Silva

cioneiro animam a tarde deste Domingo ao som da música evangélica, apelando à solidariedade dos espectadores que forem acompanhar o concerto via virtual. Em declarações esta semana à Televisão Pública de Angola, durante a emissão do programa “Janela Aberta”, referiu que a sua missão além de cantar para o Senhor, é da também de apelo à

Joly Makanda

conversão de almas para o seu rebanho com a divulgação da mensagem de Jesus Cristo. Com carreiras brilhantes na arena artística nacional, os músicos em cartaz transmitem a palavra de Deus, com mensagens de paz, amor, prosperidade, perdão, alegria, sempre com o intuito da salvação das almas. Por essa razão, e no quadro da sua responsabilidade social, em

suas orações através dos louvores e cânticos chegam à casa de todas às famílias num dia por sinal dedicado a palavra de Deus. Já passaram por esse projecto “Live no Kubico”, os músicos Matias Damásio, Yola Semedo, Puto Portugûes, Edmázia Mayembe, Euclides da Lomba, Patrícia Faria, Walter Ananás e Heavy C, todos com o mesmo objectivo embora em géneros musicais diferentes.

Filmes de animação na televisão A proposta é do canal Zap Viva cuja pretensão é a de promover momentos especiais para todas as famílias, todos os fins de semana de Junho com os filmes de animação a partir das 10 horas

P

or se tratar do mês em alusão a criança, sendo este um período de de reflexo para festa, alegria e momentos de pura emoção, o canal ZAP VIVA preparou uma programação ajustada às famílias, aos Sábados e Domingos de manhã, em que se poderão assistir filmes como: “A Casa da Magia”, a história de Trovão, um pequeno gatinho que foi abandonado pela sua família, que se refugia numa misteriosa mansão onde vive um excêntrico mágico reformado. “Paddington”, um ursinho e sua família farão de tudo para descobrir o ladrão e recuperar um livro que guarda um grande segredo. A programação reserva ainda “Coelho do Kung Fu”, cheio de boas intenções, Fu jura cumprir o prometido, não imaginando o quanto isso ir mudar a sua vida para sempre… “Tarzan”, o rapaz que cres-

ce e aprende as leis da selva durante quase toda a sua vida, até que encontra outro ser humano, a bonita e corajosa Jane Porter. É amor à primeira vista. Mas a situação torna-se perigosa quando William Clayton, que viaja com Jane até África sob um falso pretexto, revela as suas verdadeiras e gananciosas, intenções.“A Revolta dos Perus”, que conta a história de dois perus que devem entrar numa máquina do tempo, voltar ao século XVII e impedir que os colonos americanos tenham a ideia de matar perus nas festas de fim de ano. Outras películas “Espelho Meu, Espelho Meu”, adaptada a história da branca de neve e os sete anões ao completar 18 anos, Branca de Neve resolve sair do castelo e conhecer a realidade do reino. Horrorizada com a situação de fome e mi-

séria do povo, ela retorna decidida a derrubar a rainhaAinda no alinhamento da programação da Zap às famílias poderão acompanhar “As Fantásticas Aventuras de Tadeo Jones”, determinado a concretizar o sonho de juventude, inscreve-se na universidade, onde inicia os estudos em arqueologia. É então que Sara Lavroff, uma jovem arqueóloga por quem Tadeo morre de amores, descobre um dado que comprova a existência de uma gargantilha que pertenceu ao lendário Midas, o rei que transformava tudo que tocava em ouro. E ainda “Asterix e Obelix”: O imperador romano Júlio César sempre quis derrotar os irredutíveis gauleses, mas jamais teve sucesso em seus planos de conquista. Um dia, ao invés de atacá-los, passa a oferecer os prazeres da civilização aos gauleses.


Televisão

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cartaz

O PAÍS

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Cinema

A masculinidade, esse fantasma da América... dr

dureza interior. Primeiro de tudo, a lavagem cerebral inclui ouvir apenas “heavy metal”, ser agressivo para os colegas e passar de um cachorro pequeno para um pastor alemão. O “tótó” típico solitário começa então a tornar-se num tipo violento, respondão e capaz de passar do cinturão branco ao

Formação

Reabertura

Tevevisão

Instituto Camões lança curso de português à distância

Cinema reabre a 10 de Junho com programação especial

Canal Panda estreia novos episódios de “O Comboio dos Dinossauros”

Numa parceria entre a Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, vai decorrer, de 13 a 24 de Julho, a primeira edição do Curso a distância de Actualização para Professores de Português como Língua Estrangeira (CAPPLE). O curso tinha lugar na FLUP, desde 2007, em formato presencial, mas “respondendo aos constrangimentos que ainda se colocam à circulação de pessoas, o Camões I.P. e a FLUP decidiram cooperar no desenvolvimento de uma edição online do mesmo”, diz uma nota do Instituto Camões.

Foi através de comunicado que a sala anunciou, esta terça-feira, o regresso às sessões depois do encerramento durante três meses. Dia 10 de Junho, data coincidente com o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, foi a escolha para voltar a abrir portas aos espectadores, agora com novas regras de segurança. Uso obrigatório de máscara no interior, redução de lotação e lugares marcados são algumas das medidas adoptadas.

Chegou a um dos canais infantis favoritos, o Canal Panda, uma nova temporada de “O Comboio dos Dinossauros”, uma série vencedora da Medalha de Prata no Parents’ Choice Awards 2020. Uma animação dedicada ao público mais jovem, em idade pré-escolar, “O Comboio dos Dinossauros” já foi nomeada por seis vezes aos Daytime Emmy Awards e regressa com novos episódios ao Canal Panda no dia 15 de Junho às 16h00.

Um Karate Kid misturado com Fight Club. A Arte da Auto-Defesa tem Jesse Eisenberg a vingar-se com karaté da América “bully” de Trump. Não estreou nos cinemas nacionais, mas pode ser agora apanhado na programação dos canais TVCine

U

ma comédia violenta, toda ela em forma de sátira moderna. O alvo é a masculinidade do jovem americano contemporâneo. Riley Stearns é cínico mas convincente na abordagem: um humor lancinante sem “punchlines” nem truques de fórmula, apenas um sentido observacio-

Quarentena

Os looks dos famosos na quarentena!

Com todos os eventos cancelados e as passadeiras vermelhas vazias, por causa da pandemia, os famosos foram remetidos ao confinamento. Uma oportunidade de vêlos em looks de andar por casa, mas também de apreciar o seu estilo em versões diferentes: pijamas, lingeries ou a toalha logo a seguir a sair do banho. Outros, saudosos dos tempos do deslumbramento público, até experimentaram modelos cheios de glamour, mesmo que a sua exibição fique em ambiente doméstico. E nas redes sociais, claro. Humorista Gilmário Vemba é desses exemplos.

nal íntegro. Tudo começa quando Casey (Jesse Eisenberg em composição de rigorosa austeridade), um contabilista tímido de 35 anos, é vítima de um espancamento brutal. Depois dessa agressão, acaba por se inscrever num curso de karaté e encontra Sensei, um instrutor que o obriga a repensar a sua

Solidariedade

Celebridades juntam-se aos movimentos antirracistas

A morte de George Floyd nas mãos da polícia uniu celebridades de todo o mundo em torno de movimentos antirracistas. O actor e ativista Jamie Foxx está em digressão pelos Estados Unidos e participa em protestos pacíficos contra a violência policial. Tem que haver um impedimento. Se um homem pode ser algemado e outro homem colocarlhe o joelho no pescoço durante muito tempo e se sente confortável com isso, isso significa que não tem medo do que vai acontecer. Isto tem de mudar. Têm que se preocupar se podem ser presos por causa disso.

dos acontecimentos pós-George Floyd... Se é verdade que há um fôlego de originalidade em toda esta proposta, não o é menos que está dependente de uma capitalização de escala “indie” à pequeno filme de Sundance, uma espécie de praga de um cinema menos ambicioso da indústria americana. É pena porque a crónica desta sociedade americana à beira de um ataque de nervos merecia um outro grau de acidez. Não obstante,a Arte da Autodefesa é uma boa surpresa e pode desestabilizar quem entrar desprevenido. Em suma, uma comédia sempre em modo “low-profile”, nada expansiva e com um charme que também vive da presença de atores tão contidos como Alessandro Nivola e a inglesa Imogen Poots. Frio e assustador num ápice, farsa nos limites noutro. Riley Stearns aposta tudo num humor seco que surpreende. Custa acreditar que não tenha encontrado quem o quisesse estrear por cá... Está a rodar pelos TVCine.

amarelo numa assentada. O karaté como metáfora de uma raiva de frustração de uma América de homens temporariamente sós. Primo nada distante de Selvagem e Perigosa, de Jonathan Demme, The Art of Self-Defense é uma curiosa mistura de géneros. Uma mistura tão grande que se torna para o espetador numa espécie de jogo de contaminação entre o drama, a farsa e a comédia negra. Violentíssimo quando não se esperava, é também capaz de brincar com os ideais do filme de “vingança” que o cinema de Michael Winner instituiu. O melhor de tudo é que a abstenção de gagues faz com que o humor surja sem avisos, provocando no espetador uma sensação de delicioso desconforto. O Karate Kid aqui não precisa de lições de vida, mas sim de um lugar na sociedade e encontrar conforto com a sua dureza masculina, algo que lhe é imposto - acusamno de não ter um nome suficientemente masculino e gozam-no por não ter uma arma...Talvez não seja exercício fútil olhar para esta violência endémica à luz

Fonte: Diário de Notícias



Entrevista

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O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

“Vamos fazer a ponte entre os produtores e a agroindústria” Presidente da Rede Camponesa de Angola, Gentil Viana

O presidente da Rede Camponesa de Angola, Gentil Viana, disse que existem no país fábricas já montadas em quase todas as províncias, mas a maior parte paralisada ou a trabalhar muito abaixo das suas capacidades. Durante a conversa, Gentil Viana avançou: “nós criamos a Uíza AgroLogística precisamente para fazer a ponte entre produtores de matéria-prima e a agroindústria”

Entrevista de Miguel Kitari

C

omo avalia o Estado da agroindústria no país? Temos fábricas já montadas em quase todas as províncias, mas a maior parte paralisadas ou a trabalhar muito abaixo das suas capacidades. De modo geral acusam falta de matéria-prima. Fábricas de ração sem milho nem soja, fábricas de cerveja sem gritz de milho, fábricas de têxteis sem algodão, fábricas de açúcar sem cana-deaçúcar, fábrica de concentrado sem tomate. E assim por diante. Essas fábricas não funcionam em pleno porque foram pagas pelos excedentes do dinheiro do petróleo. Ou seja, porque o país não precisava realmente de as ter. Tudo o que elas podiam fazer

Não nos focamos em produtos. Persistimos na ponte entre indústrias absorventes e populações produtoras. De um modo geral, havendo terra e água quase tudo se produz em qualquer região

o país prefere importar. É como se alguém me tivesse oferecido um boeing 777. Como tenho os voos da TAAG… é mais fácil comprar uma passagem do que aprender a pilotar. Consequência: agradeço a oferta, mas o avião fica estacionado na placa do aeroporto… até acabar por apodrecer. Que projectos a Rede Camponesa tem para evitar ou reduzir as importações de produtos agrícolas? Nós criamos a Uíza Agro-Logística precisamente para fazer a ponte entre produtores de matéria-prima e agroindústrias. Parece-nos ser a única coisa que ainda não existe em Angola e que todos os países africanos exportadores de agricultura têm. O que falta para que o país atinja a auto-suficiência em termos de produção agrícola? Que as fábricas acreditem na compra de matéria-prima aos produtores nacionais e que os produtores tenham a certeza da venda das suas colheitas às fábricas angolanas. Ou seja, que a ponte entre compradores e produtores seja sólida, regular e programada para funcionar a cada ano melhor, por muitos anos de relacionamento mutuamente benéfico. Qual é o papel que a agroindústria pode jogar na redução da fome e garantia da empregabilidade no país? Existem três tipos de agricultura: o primeiro, em que os produtores cultivam apenas o necessário para se autoalimentarem (subsistência). O segundo, em que os produtores rurais se alimentam a si próprios e aos demais cidadãos que vivem e trabalham nas cidades, finalmente o terceiro tipo, em que os produtores se alimentam, fornecem ao consumo das populações urbanas e sustentam também a matéria-prima das agroindústrias. O nosso país só pratica o primeiro e o segundo tipo de agricultura. Como a população é maioritariamente rural, (+de 60%), a cidade absorve da capacidade produtiva rural, logo, são diminutas as oportunidades de vender produção agrícola. Quando


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Membros da Rede Camponeses

as fábricas de Angola começarem a comprar dos produtores rurais, vamos ver o rendimento dos produtores crescer com consequente diminuição do desemprego rural, baixa dos preços dos bens agrários dada a alta disponibilidade, redução do custo de vida nas cidades e, finalmente, o desaparecimento da fome nas famílias. Em termos de prioridades para investimentos, que regiões vocês têm como as mais viáveis para produção, sobretudo de frutas? Não nos focamos em produtos. Persistimos na ponte entre indústrias absorventes e populações produtoras. De um modo geral, havendo terra e água quase tudo se produz em qualquer região. Se os europeus conseguem produzir quiabo e man-

Números 1500 Milhões de dólares americanos é quanto o país gasta por ano em produtos alimentares que poderiam ser produzidos localmente. 108 Número de aldeias onde existem árvores plantadas que irá permitir que nas próximas safras se possam organizar colheitas sem perdas de produção

ga em terras frias, porquê que não havemos de conseguir produzir morango e uva nas nossas que são mais amenas? Há um projecto de produção de laranjas no município do Bembe, província do Uíge. O escoamento está assegurado? Esta é uma das pontes que a Uíza Agro-Logística está a desenvolver. Assinamos um contrato para a formação da cadeia produtiva de frutas 27-INDUSTRIAL, que inclui manga, ananás, múcua, laranja e goiaba. Fomos alertados pelo eng. Jorge Leitão, proprietário daquela fábrica de sumos, de que havia laranja a apodrecer no Bembe, em função de uma notícia veiculada pela TPA. Fizemos o nosso trabalho, fomos ao local, reunimo-nos com a Administração do Bembe e os produtores e está neste momen-

to em preparação a primeira recolha dessa laranja para as próximas semanas. Em termos de produção de laranjas e frutas, no geral, há capacidade para se abastecer as principais cadeias lojistas do país? Em qualquer país com água e terras aráveis, basta 20% de população rural para conseguir alimentar os restantes 80% de cidadãos urbanos. Nós temos 3 vezes essa capacidade. Angola aparece nas estatísticas da FAO como o 5º maior produtor mundial de mandioca (depois da Nigéria, Brasil, Tailândia e Indonésia) com 16.500.000 ton/ano. Se houvesse uma lei que obrigasse que os 32 milhões de angolanos consumissem toda essa mandioca num só ano, cada cidadão teria de comer 1 quilo e meio de mandioca todos dias 365 dias do ano. Não haveria barrigas suficientes para a batata-doce, o milho, a batata-rena, arroz etc. A dificuldade não está na capacidade de produzir quantidades, mas sim na capacidade de vender quantidades. Para quê produzir se ninguém vai comprar? Cabe à agroindústria comprar essa enorme capacidade de produção agrária, transformá-la e exportá-la com lucros bilionários conforme outros muitos países africanos. No caso concreto do Bembe, quanto é que foi investido na produção de laranja? Aqueles produtores são do per-

fil camponês, com estrutura de produção limitada à força braçal, tendo como únicos equipamentos a catana e a enxada. A sua bênção está na qualidade superior da terra e abundância de água. Não usam químicos, (adubos, pesticidas etc.) e mesmo assim, as suas árvores têm uma produtividade em kg acima da média mundial. Este perfil de produtor é maioritário em Angola e na generalidade dos países africanos. O seu investimento é baixo e dificilmente, com essa limitação de recursos, conseguem trabalhar lavras com mais de 2 hectares por família. Sabemos que foram colhidas 2000 mil toneladas. Quantos hectares é que foram cultivados? Até ao momento não temos números definitivos, mas sim estimativas. O trabalho da Uíza Agro-Logística é precisamente cadastrar ao detalhe todos os produtores, as suas terras e árvores plantadas que se distribuem por 108 aldeias, para permitir que nas próximas safras se possam organizar colheitas sem perdas de produção, preparar a logística com antecedência de seis meses e melhorar as técnicas de produção para diminuir as agressões por insectos, pragas e outras, aumentando a qualidade do produto final, por via de uma extensão rural privada especializada em citrinos. Este é o contrato que liga a Rede Camponesa à F27-Industrial e que tem por objectivo garantir as quantidades adequadas à capacidade de processamento das suas fábricas, na qualidade e nos prazos desejados, ao mesmo tempo que propicia a maximização do rendimento dos agricultores, pela melhoria organizacional, máxima segurança na venda e optimização dos seus esforços produtivos. Os produtores nacionais que fazem parte da Rede Camponesa estão protegidos do impacto da Covid-19? Acreditamos que sim, em função do excelente trabalho do Ministério da Saúde de Angola, bem patente nas estatísticas de evolução da doença publicadas pela Organização Mundial da Saúde. Quanto é que Angola pouparia se apostasse na agroindústria nacional? A contribuição da Rede Camponesa é ajudar as Indústrias nacionais a formatar cadeias camponesas fornecedoras de matéria-prima agrária.

Companhia aérea Emirates associase ao Dia Mundial do Ambiente

U

ma das maiores companhias aéreas mundiais reitera a sua “tolerância zero” no transporte de espécies proibidas, troféus de caça ou qualquer produto associado a actividades ilegais relacionadas com a vida selvagem. Segundo dados estatísticos, o comércio ilegal de animais selvagens, suas peles, chifres ou outras partes do corpo, para uso em alimentos, remédios, peles exóticas, jóias e ornamentos representa um valor de USD 20 bilhões ano. Segundo um comunicado distribuído ontem (Dia Mundial do Ambiente), a companhia reafirma uma “actuação efectiva nos esforços internacionais e da indústria aeronáutica em favor desta causa, e faz parte da ‘United for Wildlife’ e do Conselho Mundial de Viagens e Turismos”. A companhia aérea garante que a sua equipa de assistência em terra é treinada de acordo com o Regulamento de Animais vivos da IATA e com as suas políticas internas e “mais de 2.500 funcionários de serviço aeroportuário foram treinados no ano passado para reconhecer e reportar cargas suspeitas”. “A Emirates está comprometida com a sustentabilidade ambiental e usa para este efeito os princípios da colaboração, consenso e mudança, e ainda elabora políticas internas, promove acções de capacitação de funcionários e determina a obrigatoriedade de padrões com parceiros e fornecedores”. Segundo a nota que vimos citando, no ano passado a equipa de liderança do Emirates Group aprovou uma estrutura ambiental actualizada e ao longo do ano a companhia aérea tomou “medidas positivas visando o progresso contínuo”.


Mercados

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O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

Espaço Angola MERCADO MONETÁRIO As vendas de divisas das empresas de Petróleo e Gás aos bancos comerciais fixaram-se em 122,39 milhões de USD em Maio. O montante representa uma redução mensal de 45%, num total de 38 transacções realizadas, com a taxa média ponderada a situar-se em 623,423 Kz por unidade de dólar, o que resultou numa depreciação de 6,6% face ao período anterior.

MERCADO MONETÁRIO O BNA, ao abrigo dos Instrutivos Nº 06 e Nº 09 de 2020, comprou títulos às empresas do sector produtivo no montante de 23,8 mil milhões Kz. O nível resulta da realização de 55 operações que decorreram na Bodiva até ao dia 29 de Maio e permitiu disponibilizar liquidez à 35 empresas. Destaca-se que durante o mês de Maio foi consumido perto de 24%

dr

do plafond aprovado.

• A troca de liquidez entre os ban-

cos comerciais realizadas na última semana de Maio fixou-se em 248,2 mil milhões Kz. O montante representa um incremento semanal de aproximadamente 13%, o que poderá sugerir a necessidade de reforço da tesouraria dos bancos, com possíveis efeitos sobre as taxas de juro de curto prazo. FINANÇAS PÚBLICAS A comercialização de diamantes no mercado nacional poderá ser efectuada em moeda estrangeira, mediante acordo entre as partes envolvidas. A operação deverá envolver, a compra de diamantes pela SODIAM E.P. aos produtores industriais, semi-industriais ou artesanais, a compra de diamantes pelas fábricas de lapidação aos produtores industriais, bem como à SODIAM E.P., e vice-versa.

Espaço Internacional

dr

Zona Euro

Japão

em 7,3%, no mês de Abril. O registo reflecte um aumento mensal de 0,2 p.p., influenciado pela redução do consumo e produção, em consequência da COVID-19, com possíveis impactos sobre o crescimento económico da região. O Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juro directoras. As taxas mantêm-se desde Setembro de 2019, no entanto, o BCE decidiu aumentar o pacote de estímulos às economias da Zona Euro de 750 mil milhões EUR, para 1.350 mil milhões EUR, e alargar para mais seis meses, até Junho de 2021, com prespectivas de contracção económica de 8,7%, no ano corrente.

ao mês de Abril contraiu 9,1%. O nível representa um agravamento face a variação de -3,7% apurada no período anterior, tal como a terceira queda consecutiva e a maior redução desde Março de 2011, reflexo da propagação da COVID-19, com impactos sobre o crescimento económico do país.

• A taxa de desemprego fixou-se • A produção industrial referente

Reino Unido O crédito ao consumo contraiu 0,4% em Abril. O registo representa uma deterioração mensal de 4 p.p., tal como o menor desempenho desde Agosto de 2012, em consequência do impacto do confinamento sobre a redução do consumo das famílias, com possíveis reflexos sobre o crescimento da economia.


OPINIÃO

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Alberto Kizua

Assim disseram!

S

e ao cavalo dado não se olha os dentes, eu ouso acrescentar que, à quem o povo elegeu, deve-se apresentar ideias para melhor governar, contrariando a tese de que os “poderes” assentarão sempre na diligência, no querer e na definição dos líderes. E julgo que terá sido nesta perspectiva que o Titular do Poder Executivo angolano convidou alguns membros da sociedade civil, para uma melhor análise da situação epidemiológica da Covid-19. Não obstante terem sido indigitados alguns membros para falarem em nome dos demais, terem feito discursos pré-concebidos segundo a Sra. Arlete Chibinda, da UNITA, mas a verdade é que, em duas horas, não seria possível esmiuçar todos os problemas que Angola enfrenta. É assim no governo do povo, pelo povo e para o povo. Embora a prudência recomenda por vezes que é melhor tomarmos a postura mais elevada da inteligência humana, que, por sua vez, é a capacidade de observar sem julgar, pois, nem sempre quem cala consente. Vale o que vale qualquer opinião contrária, contudo, uma considerável corrente de opinião entende e eu subscrevo que a iniciativa serviu para não só auscultar as inquietações dos membros da sociedade civil, mas também para demonstrar de facto que estamos em fase de confinamento social, onde todo o esforço deve ser conjugado, com vista não só ao regresso à normalidade da vida social, mas elevar a vida das populações para estratégias de necessidades sócio-económicas, políticas e materiais sucessivamente mais altos. Salvo alguma falha de memória, o que não é o caso, não me recordo ouvir alguém, neste país, dizer de viva voz “contamos consigo Sr. Presidente” sem que tenha sido numa propensão ideológico-partidária, como fim último de enaltecer a figura do líder; bem como se-

DR

rem referenciados ministros pelos trabalhos desenvolvidos, na presença hierárquica do seu respectivo Chefe - entenda-se o Presidente da República. Posições expressas pelo representante da Associação dos Hotéis e Risorts de Angola (AHRA), Ramiro Barreira, num acto sublime e cujas preocupações foram apresentadas numa perspectiva bem estruturada e com eloquência dissonante, permitindo assim uma percepção fácil, na lógica de que a liberdade de expressão precisa andar de mãos dadas com respeito, prudência e bom-senso. A minha colega professora Laurinda Hoygaard pasme-se ao nervosismo de quem está acostumado a falar sem máscara, mesmo assim soube mais uma vez, e como nos acostumou, fazer elencar quais têm sido as preocupações dos académicos. A senhora Fernanda Azevedo, que representou as mulheres empresárias, mesmo não obedecendo a preocupação da Dr.ª Sílvia Lutukuca, Ministra da Saúde, em não retirar a máscara, não deixou em mãos alheias à necessidade continuada de se inverter o quadro face as cobranças sociais e espectativas de que compõe um cenário de sofrimento-angústia para a mulher;

tendo lembrado aos presentes sobre o desemprego, estagnação dos projectos de emprego da juventude, assim como a deteriorização dos produtos no campo, apelando o executivo continuar e melhorar os programas de inclusão social. Tingão Mateus, representante do Conselho Nacional da Juventude, fez saber que os jovens angolanos estão muitos afectados pelos efeitos negativos da covid-19, tendo considerado que este factor reduziu de forma drástica o poder de compra das famílias. Teixeira Cândido, amigo e companheiro, em representação do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, soube com a calma e discernimento que lhe é peculiar, mesmo não estando em posição sempre vantajosa de quem entrevista, pois, estava na condição de não o fazer, mas sim, entre coisa, menos coisas, propôs que o país tenha correspondentes nos países que dominam a política mundial; sugerindo, deste modo, a privatização do Banco de Comércio e Indústria (BCI), bem como a questão sobre à Comissão da Carteira e Ética, tendo, na ocasião, reafirmado a velha questão atinente à falta de deontologia profissional; e por fim sobre

os heróis... O Dr. Filipe Zau, homem da cultura, hoje nas vestes de académico e gestor de uma das renomadas universidades de Angola, que falou nas vestes de Presidente da Associação das Instituição Privadas de Ensino Superior, sugere maior abertura do primeiro emprego... com pauta bem elaborada, tendo se socorrido às leis sobre o ensino superior, para e bem chegar às estáticas, para uma melhor elucidação e não só, da disparidade de preços do marcado entre os estabelecimentos de ensino universitário, as creches, entre outras. O sociólogo Paulo de Carvalho, representante dos sociólogos de Angola, que também não se sentiu confortado com a máscara - ao menos pediu licença; observou que graças à covid-19 os angolanos estão a perceber as suas origens enquanto humanos, ou seja, a “limpeza das mãos e dos meios que nos rodeiam, tendo, na sequência, feito várias interrogações sobre o trânsito, o regresso ao interior do país, entre outras. Falou ainda da diferença entre às elites, da construção de menos condomínios e da necessidade uma maior atenção às políticas sociais e de segurança.

Considera o vírus da Covid-19 para si, um factor de união e desunião, assim como de violência doméstica, mostrando-se, deste modo, preocupado com a convivência social nos pós Covid-19, que, por sua vez, deve implicar um estudo social sobre o modo de vida das populações. A reverenda Deolinda Dorcas Teca, secretária-geral do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), cumpriu com o que eu vaticinava, antes de usar a palavra. Não pregou, mas fez alusão à uma passagem bíblica... Reafirmou o papel e a missão da igreja, além de ter apresentado uma reflexão em quatro dimensões: social, económica, política e religiosa. Frisou sobre alguma deficiência no apoio às populações carretes. Apresentou propostas... Revisão do Plano de Desenvolvimento, assim como aconselha prudência quanto ao reinício das aulas. Termina tal como iniciou evocando a Bíblia... Não tendo havido mais oradores, depois de oito intervenções, João Lourenço fez por concluir a sessão, anunciando o que ficou como recomendação, a perspectiva de se criar o Conselho de Concertação Social, tendo como Ponto Focal, o ministro de Estado pra Coordenação Económica. Conclusão: afinal é possível saberse do que se pode fazer, como fazer, e que as preocupações da sociedade angolana são transversais, e pode-se de forma dialogante, encontrar eco e quiçá, soluções se todos nós arregaçarmos as mangas. Todas as preocupações apresentadas terão resposta na análise a ser feita ao nível do conselho a ser criado para direccionar as ideias e propostas apresentadas. Mas como a ocasião também foi aproveitada para alguns incentivos de heroicidade, também endereço uma nota de apreço ao Presidente que os angolanos elegeram: quando lhe disserem que quando você não consegue, lembre-se que os grandes heróis já ouviram isso e nunca desistiram, pois, segundo Grenfek, o verdadeiro heroísmo consiste em persistir por mais um momento, quando tudo parece perdido.


Mundo

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O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

Brasil ultrapassa Itália e torna-se no terceiro país com mais mortes por covid-19 O Brasil ultrapassou na Quinta-feira a Itália e tornou-se no terceiro país do mundo com mais mortes pela covid-19, após atingir um novo recorde diário de 1473 óbitos nas últimas 24 horas, segundo dados oficiais publicados pelo Jornal de Notícias

N

o total, o Brasil, que tem uma população estimada em 210 milhões de habitantes, contabiliza 34021 vítimas mortais e 614941 casos confirmados. Do total de infectados, 30925 foram registados nas últimas 24 horas, informou na noite de Quintafeira o Ministério da Saúde. Actualmente, em relação ao número total de mortes, o Brasil está apenas atrás dos Estados Unidos e do Reino Unido, e ocupa a segunda posição mundial face ao número de casos diagnosticados, segundo o portal Worldometer, que compila quase em tempo real informações da Organização Mundial da Saúde, dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, de fontes oficiais dos países, de publicações científicas e de órgãos de informação. A Itália, que foi um dos epicentros da pandemia na Europa, tem agora 33689 vítimas mortais. O Brasil investiga ainda a eventual relação de 4159 mortes com a doença de covid-19, num momento em que 254963 pacientes infectados já recuperaram e 325957 continuam sob acompa-

DR

O número de vítimas da COVID continua a aumentar no Brasil

nhamento. Tendo em conta os dados de Quinta-feira, a covid-19 já mata mais de um brasileiro por minuto. O aumento no número de mortes e infectados ocorre num momento em que governadores e prefeitos têm anunciado a flexibilização das medidas de isolamento social, como em São Paulo, Rio de Janei-

ro, Amazonas ou Distrito Federal. São Paulo, foco da covid-19 no país, concentra oficialmente 129200 casos de infeção e 8560 mortos, sendo seguido pelo Rio de Janeiro, que totaliza 60.932 pessoas diagnosticadas e 6.327 óbitos. Todas as 27 unidades federais do Brasil já ultrapassaram os mil casos da doença causada pelo novo

coronavírus. Nas últimas semanas, a tutela da Saúde do Brasil tem alterado a forma como divulga os dados referentes à pandemia. As conferências de imprensa, que anteriormente ocorriam diariamente, passaram a acontecer em dias intercalados, e várias horas antes do executivo divulgar os números re-

ferentes à evolução diária da covid-19. Também o horário em que os números passaram a ser divulgados alterou. Desde o início de Maio, os dados passaram a ser divulgados depois das 19 horas. Contudo, nos últimos dois dias, a pasta da Saúde actualizou as informações diárias referentes à covid-19 pelas 22 horas. Na Quinta-feira, o secretário substituto de vigilância em saúde do Ministério, Eduardo Macário, criticou a imprensa pela divulgação dos “recordes de mortes” e por enumerarem os países mais afectados. “Acho lamentável falar de ‘ranking’. (...) Nem todos os óbitos ocorrem no mesmo dia. Não estou a menosprezar a importância de informação, de casos e óbitos. Somente não concordo com essa colocação”, disse Macário em conferência de imprensa. A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 389 mil mortos e infectou mais de 6,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Mais de 2,8 milhões de doentes foram considerados curados. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Twitter bloqueia vídeo de campanha de Trump com tributo a George Floyd

A

rede social, que também já colocou avisos de verificação de factos em duas mensagens da conta pessoal do Presidente norte-americano, alegou problemas de direitos de autor, segundo o Diário de Notícias. A rede social Twitter bloqueou um vídeo de tributo a George Floyd feito pela campanha de reeleição do Presidente norte-americano Donald Trump, alegando problemas de direitos de autor. A empresa colocou um rótulo no vídeo da página da conta @TeamTrump, dizendo que o conteúdo “foi

desativado em resposta a uma reivindicação do proprietário de direitos de autor”. “De acordo com a nossa política de direitos de autor, respondemos a reclamações de direitos autorais válidas que nos são enviadas pelos proprietários dos conteúdos ou pelos seus representantes autorizados”, disse a empresa que controla a rede social Twitter, num comunicado, sem referir a identidade do denunciante. O vídeo, de cerca de quatro minutos, é uma montagem de fotos e vídeos de marchas pacíficas e de polícias a abraçar manifestantes, intercalados por cenas de prédios em chamas e de van-

dalismo, com música de piano suave e algumas palavras de Donald Trump, que se recandidata a um segundo mandato como Presidente dos EUA, nas eleições do próximo mês de Novembro. No mês passado, o Twitter colocou avisos de verificação de factos em duas mensagens da conta pessoal de Donald Trump, que foram classificadas como “fraudulentas”. Nesses ‘tweets’, está ainda um ‘link’ que aconselha os utilizadores a ir “procurar factos”, que verifiquem o conteúdo das mensagens, relacionados com a política de voto por correio, que está a causar celeuma nos Estados Unidos.

Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos da América

Num outro ‘tweet’ da conta pessoal de Trump foi colocado um aviso mais gravoso, avisando que ele contém uma mensagem que “apela à violência”, em que o Presidente diz que “quando os saques começam, começam os tiros”, referindo-se às respostas das autoridades aos

tumultos que se seguiram à morte de George Floyd. Trump já ameaçou retaliar contra as empresas de redes sociais, ameaçando remover a lei que as iliba de responsabilidades sobre os conteúdos que são divulgados nas suas plataformas digitais.


O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

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Violência na RD do Congo fez 1.300 mortos e 500 mil desalojados Pelo menos 1.300 pessoas morreram e 500 mil ficaram desalojados desde setembro devido violência na República Democrática do Congo, denunciou a ONU, alertando para possíveis crimes de guerra, segundo a Lusa DR

Manifestação na República Democrática do Congo

A

violência na República Democrática do Congo (RDCongo) já fez 1.300 mortos e 500 mil deslocados desde setembro, referiu ontem Sexta-feira a ONU, alertando para a possibilidade de terem sido cometidos crimes de guerra ou contra humanidade. “Estou chocada com o aumento dos ataques brutais contra civis inocentes realizados por grupos armados e com a reação da polícia e das forças militares, que também cometeram violações graves, incluindo homicídio e violência sexual”, disse a Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, numa declaração citada pela agência de notícias francesa AFP. “Não se trata apenas de acções

condenáveis, mas também de quebrar a confiança entre as populações e as autoridades civis e militares”, acrescentou a responsável no comunicado, que dá conta de um aumento acentuado do número de vítimas nas últimas semanas, principalmente nas províncias de Ituri, Kivu Norte e Kivu Sul, no nordeste do país, “com repercussões desastrosas para a população civil”. O comunicado divulgado ontem em Genebra reparte as acusações entre os grupos armados e as forças militares, considerando que também as autoridades oficiais foram “responsáveis por graves violações dos direitos humanos nestas províncias e noutras partes do país”. De acordo com a porta-voz da alta-comissária, mais de 400 mil pessoas foram obrigadas a sair das

suas casas só na província do Kivu Norte desde Setembro, enquanto outras 110 mil, na sua maioria mulheres e crianças, foram deslocadas entre Janeiro e Março do Kivu Sul. Marta Hurtado acrescentou ainda que a partir de Março, os movimentos de pessoas aumentaram de forma significativa. Na região de Ituri, uma província rica em recursos minerais, como ouro, o conflito entre lendu e hema remonta ao final da década de 1990, quando as tropas ugandesas na RDCongo, presentes devido à Segunda Guerra do Congo (19982003), decidiram colocar os hema, um grupo minoritário, encarregue da administração de Ituri. Esta questão étnica deu início ao “conflito de Ituri” que, segundo a ONU, provocou 50 mil mortos. A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou na Quinta-feira para a escalada de violência na República Democrática do Congo, que faz fronteira com Angola, e apelou às organizações para que intensifiquem a assistência aos deslocados. Durante o mês passado foram vários os ataques na região. Os mais recentes, atribuídos ao grupo armado Forças Democráticas Aliadas (ADF), apontam para cerca de 40 mortos nas províncias de Kivu Norte e Ituri.

Multiplicam-se as iniciativas da sociedade civil contra Bolsonaro As iniciativas da sociedade civil “em defesa da democracia” multiplicam-se pelo Brasil, em resposta aos pedidos de “intervenção militar” de partidários do presidente Jair Bolsonaro e aos seus embates com o Supremo Tribunal Federal e o Congresso.

O

aumento acontece no meio de um clima de alta tensão por causa das críticas de Bolsonaro aos governadores que são favoráveis às medidas de quarentena para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, que já deixou mais de 32.000 mortos no país. Essa profusão de iniciativas ocorre na sequência de manifestações “antifascistas”, convocadas por grupos de torcedores dos principais clubes de futebol do país.Entre os signatários estão personalidades políticas que passam pelo posicionamento de centro, direita e esquerda, além de artistas, jornalistas, juristas, cientistas e especialistas de todas as áreas. Há também notórios ausentes, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que questionou que as demandas ignoram as críticas ao programa ultraliberal do governo e os retrocessos dos direi-

DR

tos trabalhistas. Segundo apurámos, as principais iniciativas são o Movimento Estamos Juntos: lançado no Sábado passado, com um manifesto “em busca de um bem comum”, já recebeu mais de 276.000 assinaturas. Entre os signatários estão o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o cantor e compositor Caetano Veloso, o escritor Paulo Coelho e o ex-candidato à presidência Fernando Haddad (PT). Eles afirmam representar “a maioria dos brasileiros que apoiam a independência dos poderes” e exigem uma resposta dos líderes políticos “diante da devastadora crise política, económica e sanitária pela qual o país está passando”.Há ainda o “#Somos70porcento”: campanha lançada com a hashtag nas redes sociais pelo economista e escritor Eduardo Moreira, com base em dados de pesquisas de opinião que mostram que

Jair Bolsonaro é contestado pelos seus cidadãos

quem avalia o governo como “péssimo”, “ruim” ou “regular” representa 70% da população. “Curioso como nós, os 70% que rejeitamos esse governo anti-democrático, nos sentirmos como se fôssemos minoria e dar tanto peso aos 30% que eram minoria”, explicou Moreira. O Basta! É o movimento apoiado por centenas de advogados e juristas que afirmam, no seu manifesto, que “o Brasil, suas instituições e seu povo não podem continuar sendo atacados” por um presidente que atenta “contra os poderes Legislativo e Judiciário, contra o Estado de Direito e contra a saúde dos brasileiros”. Por outro lado, surgiram iniciativas contra a discriminação racial, como o “Seja Antirracista”, inspirado nos protestos que abalam os Estados Unidos após o assassinato do cidadão negro George Floyd por um policial branco, em Minneapolis.


actual

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O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

Organizações de direitos civis processam Trump por agressões a manifestantes Acção denuncia violação de direitos constitucionais quando a Polícia usou gás lacrimogéneo e balas de borracha sobre manifestantes pacíficos. Na Casa Branca, ergueu-se uma autêntica fortaleza para conter protestos, segundo o Público

A

União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em língua inglesa) vai processar Donald Trump, William Barr, procurador-geral norte-americano, e outros agentes federais na sequência do incidente da passada Segunda-feira, quando a Polícia utilizou gás lacrimogéneo contra manifestantes pacíficos para que o Presidente dos Estados Unidos pudesse atravessar a Praça Lafayette e tirar uma fotografia com uma bíblia numa histórica igreja de Washington. A acção é feita em nome do movimento Black Lives Matter DC e de manifestantes individuais que acusam Trump e outras figuras da sua Administração de “violarem os seus direitos constitucionais e de se envolverem numa conspiração ilegal para violar esses direitos”, lê-se no comunicado divulgado pela ACLU. A queixa é subscrita por outras organizações de defesa de direitos humanos, nomeadamente o Comité de Advogados de Washington para os Direitos Civis e alguns escritórios de advocacia. Na passada Segunda-feira, enquanto manifestantes pacíficos gritavam justiça pela morte de George Floyd, afro-americano assassinado pela Polícia de Mineápolis, o procurador-geral norteamericano, William Barr, ordenou que a polícia utilizasse gás lacrimogéneo e disparasse balas de borracha para abrir caminho para que Trump pudesse deslocarse à igreja episcocal de São João. Até membros do clero foram apanhados no meio da confusão. A acção que foi muito criticada, até por líderes religiosos, que acusaram o Presidente de pretender instrumentalizar a religião. “O que aconteceu na tarde da última Segunda-feira, aqui na capital da nação, foi uma afronta aos nossos direitos”, afirmou April Goggans, representante do movimento Black Lives Matter DC e principal autora da queixa contra Trump e William Barr.

DR

Nas últimas mainfestações nos Estados Unidos, contra a forma como foi morto George Floyd, surgiram muitas queixas de violência policial

“As mortes de George Floyd e de Breonna Taylor [afro-americana, de 26 anos, morta a tiro em Louisville, em Março] às mãos de agentes da Polícia reacenderam a raiva, a dor e a tristeza profunda que a nossa comunidade sofreu durante várias gerações. Não seremos silenciados por gás lacrimogéneo e por balas de borracha. Agora é a altura de sermos ouvidos”, declarou. O episódio da última Segundafeira, que o procurador-geral e o Presidente continuam a defender, gerou mal-estar dentro e fora da Casa Branca, sobretudo depois de Trump continuar a acenar com a ameaça de enviar o Exército para parar as manifestações. Às críticas dos manifestantes,

das organizações de direitos humanos, dos líderes religiosos, do Partido Democrata, entre outras, juntaram-se vozes de republicanos, como a senadora do Alasca Lisa Murkowski, o ex-secretário da Defesa Jim Mattis, o ex-Presidente George W. Bush e, inclusive, o actual secretário da Defesa, Mark T. Esper, que acompanhou Trump na visita à igreja episcopal, mas justificou-se ao dizer que não sabia que Trump pretendia tirar a fotografia com a bíblia. Fortaleza na Casa Branca Enquanto a violência nas manifestações pela morte de George Floyd vai diminuindo, Washington continua sob segurança máxima, particularmente junto à Casa Branca, onde nos últimos

dias foi erguida uma enorme grade preta, num forte perímetro de segurança. Nos dias seguintes ao episódio da Praça Lafayette, a Casa Branca transformou-se numa autêntica fortaleza, que, segundo a descrição do Washington Post, é a manifestação física da ideia de “dominação da lei e ordem” do Presidente Trump sobre os milhões de americanos que estão nas ruas a protestar contra o racismo e a violência policial. Para os apoiantes de Trump, a enorme grade que rodeia a Casa Branca, bem como o forte dispositivo policial na capital, representam a ordem e segurança, enquanto os críticos vêem uma tentativa de reprimir a população e

de o Presidente se esconder dos cidadãos. Apesar de os protestos estarem a diminuir de intensidade, e de muitas cidades já terem, inclusive, levantado o recolher obrigatório, o perímetro de segurança junto à Casa Branca continua a expandir-se e é expectável que assim continue nos próximos dias. As fortes medidas de segurança estão a gerar algum desconforto dentro da Casa Branca. Segundo o Post, muitos funcionários, que falaram sob anonimato, estão ansiosos para que as barreiras de segurança sejam removidas – a ideia inicial era espalhar os manifestantes por áreas longe da Casa Branca e não isolar o edifício dos cidadãos.



desporto

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Klopp aponta o principal favorito à conquista da Liga dos Clubes Campeões

Ary Papel com um pé fora do 1 de Agosto DR

O avançado angolano está a ser cobiçado pelo Zamalek do Egipto. Fonte do clube militar, ligada ao processo, admite que as conversações entre as partes decorrem sem sobressaltos

O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

C

om o Liverpool já eliminado da competição aos pés do Atlético Madrid nos oitavos de final, Jurgen Klopp, treinador campeão europeu em 2019 com os reds, foi convidado pela Sky alemã a escolher o principal favorito a vencer a edição da liga milionária deste ano. “O Bayern Munique tem uma

grandeoportunidade.Parecemme em grande forma neste momento, nem dá para dizer o contrário. Tudo está a correr bem e os jogadores que estavam lesionados estão a voltar. Mas, claro, as coisas terão de continuar como estão porque também é preciso alguma sorte para ganhar grandes títulos”, vincou o germânico. DR

Sebastião Félix

O

passe do avançado do 1 de Agosto, Ary Papel, está a ser fortemente cobiçado pelo Zamalek do Egipto, segundo fonte do clube militar. O atleta angolano, por ter sido formado na equipas das Forças Armadas, tem muito apreço pelo clube que o lançou para o mundo do desporto-rei. Por isso, não pretende ser ingrato, mas, sim regressar ao futebol profissional, uma vez que não teve sucesso no Sporting e Moreirense de Portugal. De acordo com a fonte do 1 de Agosto, as negociações entre as partes estão muito

avançadas, aliás, tudo indica que nos próximos dias o acordo estará fechado. Ary Papel encantou os dirigentes e a massa associativa do Zamalek do Egipto nos jogos em que esteve engajado na Liga dos Clubes Campeões Africanos. Com a camisola do 1 de Agosto, o avançado angolano conquistou o Girabola, Campeonato Nacional, sendo que depois partiu para o futebol português. Por sua vez, o seu agente, Gerson Rodrigues, confirmou à Rádio Cinco que as conversações estão muito avançadas com o clube egípcio.

Ainda assim, reiterou que o jogador tem muito respeito pela direcção, mas, se partir para o novo desafio saem todos a ganhar. Com isso, o agente fez saber que mais clubes do médio oriente estão interessados no passe do atleta, mas, vezes sem contas o Zamalek se adiantou na corrida. Ao se confirmar a ida de Ary Papel para o futebol egípcio, o avançado vai juntar-se a Geraldo, que neste momento actua no Al Haly e Flávio Amado, Gilberto e Avelino Lopes, profissionais angolanos que também vestiram a camisola da cidade do Cairo.

Aprovado o novo formato da NBA

A

NBA caminha a passos largos para retomar a temporada em curso. De acordo com a ESPN, os líderes das 30 equipas aprovaram, ontem, um novo formato que terá início em Julho, na Florida. Assim , só 22 equipas irão viajar até Orlando para disputar o que resta da época: os oito primeiros classificados de cada conferência, mais as seis equi-

Militares sondam novo técnico no mercado estrangeiro

A

direcção do 1 de Agosto não chegou a acordo de renovação contratual com o técnico Dragan Jovic, visando o Girabola 2020/2021, prova que regressa aos relvados do país em Agosto próximo. De acordo com a fonte do O PAÍS, o técnico que conquistou dois campeonatos nacionais está de malas feitas para o seu país.

Assim, uma uma “task force” já se encontra no mercado europeu, isto é, Portugal para fechar um acordo e arrancar os trabalhos. Nos corredores da direcção do clube fundado em 1977 rolam nomes do português Paulo Duarte que já orientou o Burkina Faso e o sérvio Srdjan Vasilevic, técnico que já orientou os Palancas Negras. Apesar de o Girabola 2019/2020 ter sido anulado por força da CO-

VID-19, o 1 de Agosto esteve uns furos abaixo do seu rival de longa data, o Petro de Luanda. À luz da anulação, os militares ficaram atrás dos tricolores, sendo que no embate da primeira volta perderam por uma bola a zero. Os dados estatísticos terão causado alguma preocupação ao clube fundado em 1977, uma vez que trabalham rumo ao penta campeonato.

pas que estão a menos de seis jogos do oitavo lugar, o último de acesso aos play-off. (New Orleans Pelicans, Portland Trail Blazers, San Antonio Spurs, Scaramento Kings, Phoenix Suns e Washington Wizards). Estas vão disputar oito jogos para terminar a fase regular, seguindo-se então a decisão do título. Recorde-se que o jogo sete da final, o último da temporada, está marcado para 12 de Outubro.

DR


O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

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Federação de patinagem reajusta calendário

DR

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Mário Silva

O

vice-presidente da Federação Angolana de Patinagem (FAP), Pedro Azevedo “Chipita”, ga-

rantiu, ontem, a este jornal, que o órgão reitor da modalidade vai ajustar o calendário das provas com as associações provinciais. Pedro Azevedo disse que alteração não vai afectar tanto as provas nacionais, porque estavam programadas para início de Agosto, tais como a

Taça de Angola, campeonatos nacionais de seniores, juniores e juvenis. “Vamos procurar coordenar a realização da Supertaça, competição que abre a época desportiva da Federação, que estava para ser disputada a 22 de Março. A prova foi adiada por imperativo da propagação da Covid-19”, explicou. Quanto ao regresso dos treinos e competições agendado para 27 deste mês, Pedro Azevedo “Chipita” revelou que a FAP fará abordagem com clubes no sentido de esclarecerem os atletas sobre o perigo da pandemia. Aliás, o responsável aconselhou as equipas a prepararem as condições de higienização para os atletas de modo haver o comprometimento de todos para se adequar ao novo normal. Sobre a renovação de mandatos, o dirigente federativo disse que já era previsto depois desta interrupção das actividades desportivas a prorrogação dos pleitos eleitorais das federações. “De acordo com as orientações do Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD) vamos estabelecer um cronograma de acções para esta finalidade”, perspectivou.

Mercedes recusa grelhas de partida invertidas

A

Fórmula 1 procura ideias que melhorem a competitividade e o espectáculo na categoria, penalizados por seis épocas consecutivas de domínio absoluto da Mercedes, desde o início da era híbrida, em 2014, com a substituição dos motores V8 2.4 atmosféricos pelos V6 1.6 Turbo ‘apoiados’ eletricamente’, os alemães venceram os seis títulos de construtores e pilotos (cinco com Hamilton, um com Rosberg) e ganharam 89 dos 121 grandes prémios, registo que corresponde a uma taxa de sucesso de 73,55%! Entre as possibilidades em cima da encontrava-se a adoção da fórmula da grelha de partida invertida, mas os hexacampeões do Mun-

do ‘chumbaram’ a proposta. Os responsáveis da Fórmula 1 pretendiam testar a fórmula nos segundos grandes prémios planeados para o Red Bull Ring e Silvertone, arrumando os pilotos nas grelhas de partida em função dos resultados registados nas primeiras corridas na Áustria e na Grã-Bretanha, com os vencedores a arrancarem da 20ª posição. Consequentemente, os últimos classificados seriam posicionados na… ‘pole position’! “Falámos sobre muitos temas durante este período, incluindo nessa possibilidade, mas algumas equipas manifestaram-se pouco confortáveis com a ideia e abandonámo-la. Este tipo de alteração exige um apoio unânime”, explicou o homem-forte da categoria, Chase Carey.

FAF sorteia substituto do 1º de Maio no Girabola 2020/2021

A

Federação Angolana de Futebol (FAF) vai realizar um sorteio para encontrar o substituto do 1º de Maio de Benguela, despromovido de forma administrativa, para o Girabola 2020/2021, na Quinta-feira, por vídeo-conferência, face à COVID-19, às 10:00. De acordo com o documento federativo a que O PAÍS teve acesso, o São Salvador do Zaire e a Baixa de Cassanje de Malanje foram as equipas habilidades para participar da lotaria, porque certificaram

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capacidade financeira para disputar o próximo Campeonato Nacional. O documento explica que foram notificadas também as equipas do Benfica de Cabinda e do Juventude de Saurimo (da Lunda-Sul). Entretanto, os encarnados do Norte declinaram a sua participação mediante notificação escrita à FAF, ao passo que a turma do Saurimo foi ecluido do sorteio por não reunir as condições exigida pelo órgão reitor da modalidade. Com anulação do Girabola 2019/2020, Petro de Luanda, 1º de Agosto, Interclube, Progresso

do Sambizanga, Sporting de Cabinda, Bravos do Maquis (do Moxico), Sagrada Esperança (da Lunda-Norte), Académica do Lobito e Wiliete FC (de Benguela), Recreativo da Caála e Ferrovia (do Huambo), Desportivo da Huíla, Cuando Cubango FC, Santa Rita de Cássia (do Uíge) e Recreativo do Libolo (do CuanzaSul), são as equipas que têm presença garantida para o próximo Nacional. Por outro lado, a federação avançou que a próxima temporada futebolística está prevista o seu arranque a 15 de Agosto.


classificados emprego

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imobiliário

O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

diversos

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TEMPO

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O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 06 A 08 DE JUNHO DE 2020 INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT)

Fonte: INAMET

Das 18 horas do dia 05 às 18 horas do dia 06 de Junho de 2020.

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 06 á 08 de junho de 2020 Data 06 / 06 / 2020

Data 07 / 06 / 2020

Data 08 / 06 / 2020

CIDADE Mín

Máx

Estado do Tempo

Mín

Máx

Estado do Tempo

Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

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Parcialmente nublado.

21

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Parcialmente nublado.

21

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Parcialmente nublado, neblina matinal.

CABINDA

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Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

22

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Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

21

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Parcial nublado, neblina matinal.

SUMBE

21

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

18

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Parcialmente nublado.

18

30

Parcialmente nublado, Neblina matinal.

CAXITO

23

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Parcialmente nublado.

23

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Parcialmente nublado.

23

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Parcialmente nublado.

MBANZA CONGO

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Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

19

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Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

19

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Nublado, neblina matinal.

UIGE

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Nublado, Chuvisco, Neblina matinal.

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

19

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

NDALATANDO

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Parcialmente nublado, neblina.

17

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Parcialmente nublado.

17

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Parcialmente nublado.

MALANJE

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Parcialmente nublado, neblina.

17

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

17

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

DUNDO

18

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Pouco ou parcial nublado.

22

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Parcialmente nublado.

22

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Parcialmente nublado.

SAURIMO

17

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Pouco ou parcial nublado.

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Parcialmente nublado.

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Parcialmente nublado.

BENGUELA

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29

Pouco nublado, Neblina matinal.

20

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Parcialmente nublado.

20

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Pouco nublado, Neblina matinal.

HUAMBO

05

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Pouco nublado.

05

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Parcialmente nublado.

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Pouco nublado.

CUITO

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Pouco nublado.

08

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Pouco nublado.

08

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Pouco nublado.

LUENA

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Pouco ou parcial nublado.

15

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Parcialmente nublado.

15

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Pouco nublado.

LUBANGO

15

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Pouco nublado.

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Parcialmente nublado.

13

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Parcialmente nublado.

MENONGUE

15

27

Pouco nublado ou limpo.

12

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Parcialmente nublado.

12

29

Pouco nublado.

MOÇÂMEDES

18

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Pouco nublado ou limpo, neblina.

16

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Pouco nublado ou limpo.

17

28

Pouco nublado.

ONDJIVA

13

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Pouco nublado ou limpo.

12

29

Pouco nublado ou limpo.

12

29

Pouco nublado.

Os Meteorologistas: Edmara Pereira e Urssula Gonçalves

REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu parcialmente nublado em quase toda a região. Possibilidade de ocorrência de chuvisco em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire e Uíge. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte e Cuanza-Sul. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado em quase toda a região, apresentando-se nublado durante a tarde na província do Moxico. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu pouco nublado ou limpo em quase toda a região. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província do Namibe.

Luanda, 05 de Junho de 2020

Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

TEMPO no mar

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 TU DO DIA 05/06/2020 ÀS 18:00 TU DO DIA 06/06/2020.

Circulação fraca a moderada Sudoeste/Sul entredeos paralelos Centro Nacional Previsão do Tempo4°S e 18°S (Cabinda ao Namibe).

O anticiclone de Santa Helena mantém-se estacionário com a pressão central de 1020 hPa nas próximas 24h. Assim, prevê-se mar agitado com ondas máximas entre 1.7 e 1.8 metros de altura. Prevê-se visibilidade fraca a moderada nas regiões marítimas de Cabinda ao Cuanza-Sul, devido à possibilidade de ocorrência de Neblina.

METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉBOLETIM ÀS 18:00 TU DO DIA 06 DE JUNHO DE 2020: SEM AVISO

4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 05 DE JUNHO DE 2020:

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET

1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 05 DE JUNHO DE 2020: Circulação fraca a moderada de sudoeste/sul entre os paralelos 4°S e 18°S (Cabinda ao Namibe).

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 06 DE JUNHO DE 2020:

SEM AVISO

REGIÃO

VENTO

ESTADO DO TEMPO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Parcialmente Nublado

Sudoeste

08 a 11

Até 1.7

Agitado

Fraca a moderada (Inferior a 4)

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)

Parcialmente Nublado

Sudoeste

11 a 14

Até 1.8

Agitado

Fraca a moderada (Inferior a 5)

Geralmente limpo

Sudoeste

Até 18

Até 1.8

Agitado

Boa (Superior a 9)

Namibe (14°S – 18°S)

Geralmente limpo

Sul

Até 17

Até 1.8

Agitado

Boa (Superior a 9)


OPINIÃO

O PAÍS Sábado, 06 de junho de 2020

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Amílcar Mário Kynta*

Africanização do cerimonial e protocolo *

C

ircula, nas redes sociais, um vídeo retratando uma cerimónia de apresentação de cartas credenciais ao Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, por parte do Embaixador do Burquina Faso. Nesse vídeo, o Embaixador faz-se acompanhar de sua esposa e de mais quatro crianças que se supõe serem seus filhos. Os internautas apressaram-se, então, a tecer comentários pejorativos contra a pessoa do Embaixador, alegando que ele teria cometido uma gafe protocolar ao participar naquela cerimónia acompanhado dos membros da sua família. Para ilustrar o que precede, recebi do Quexi, um ex-estudante meu, a seguinte mensagem: “Mestre, corre muita água pelo facto de o Embaixador ter levado a família no acto de apresentação de cartas credenciais. […] O que diz o cerimonial ou o direito diplomático?” Interessei-me pelo vídeo não tanto pela presença dos filhos do Embaixador, mas sim pela indumentária africana que o mesmo e a Embaixatriz exibiram durante a cerimónia de apresentação de cartas credenciais. A solenidade foi, deste modo, marcada com a africanidade do traje de ambos, o que reintroduziu a temática sobre a Africanização do Cerimonial e Protocolo, assunto que, de resto, foi debatido, no pretérito dia 25 de Maio, em alusão ao Dia de África, pela Associação de Profissionais de Cerimonial e Protocolo de Angola (APCPA). Entretanto, deixem-me, desde logo, clarificar a questão da presença dos filhos do Embaixador do Burquina Faso. Não se tratou de gafe alguma, porquanto a prática diplomática e protocolar turca admite a presença de familiares de um novo Embaixador na cerimónia de apresentação das respectivas cartas credenciais. Aliás, no YouTube, podem ser encontrados vídeos de cerimónias de outros embaixadores – inclusive de países não africanos – acompanhados dos respectivos cônjuges e filhos. É também essa, por exemplo, a prática dos Es-

tados Unidos da América, como fiquei a saber de uma Insigne Embaixadora angolana. Foi, por isso, despropositado achincalhar o Embaixador do Burkina Faso. Entrando para o assunto que me interessa, será que os africanos têm uma matriz protocolar própria que os distinga dos demais povos? Quase quinhentos anos de colonização de África conduziram à aculturação e à assimilação de valores estrangeiros, sobretudo, europeus, o que deixou sinais profundos na actual forma de organização dos Estados africanos, incluindo no domínio do cerimonial e protocolo. Por conseguinte, os sistemas de organização protocolar das antigas potências coloniais acabaram sendo, na generalidade, acolhidos pelos novos Estados africanos, muitas vezes em prejuízo de valores culturais próprios. Isto ocorreu apesar de, no período pré-colonial, África ter conhecido formas de organização estadual avançadas, entre as quais se incluem impérios e reinos dotados de desenvolvidos sistemas de cerimonial e protocolo. São exemplos dessa constatação o Império do Egipto, o Império do Mali, o Reino do Benim e o Reino do Kongo, entre outros. O colonialismo foi, entretanto, incapaz de “apagar” inteiramente as raízes culturais dos povos africanos, o que permite constatar a presença de traços distintivos de um sistema protocolar africano assente em hábitos, usos e costumes de existência imemorável. Todavia, as práticas protocolares dos povos africanos ainda não se fazem sentir, adequadamente, no chamado protocolo oficial ou, se quisermos, Protocolo de Estado. Esta é uma situação que ainda tem de ser revertida no sentido de mitigar a actual visão excessivamente eurocêntrica do cerimonial e protocolo. À semelhança do que ocorre com os sistemas jurídicos, o sistema protocolar dos Estados africanos se baseia ou se inspira, em larga medida, nos sistemas vigentes nas respectivas antigas potências coloniais. Isto, porém, não inibe – ou, pelo menos, não devia – a existência de particularidades típicas do

protocolo e cerimonial africano, o que pode ser aferido ao nível da organização de cerimónias e actos, designadamente, o tratamento conferido às autoridades tradicionais, o traje, o serviço de restauração e os serviços de decoração. Relativamente às autoridades tradicionais, é importante assinalar que a Constituição de vários Estados africanos consagra expressamente a sua existência, para além, claro, do valor jurídico reconhecido ao costume. Este facto tem repercussão no tratamento protocolar atribuído àquelas autoridades, incluindo ao nível da ordem de precedências. É o que, por exemplo, acontece em Moçambique, nos termos da Lei que Aprova as Normas do Protocolo do Estado. O uso de trajes típicos em actos e cerimónias oficiais, tal como aconteceu com o Embaixador do Burquina Faso, é outra particularidade do sistema protocolar africano. Dependendo do sistema de colonização a que esteve sujeito um determinado povo – administração directa ou administração indirecta – nota-se uma maior ou menor adesão ao uso de trajes africanos naqueles actos e cerimónias. Tal uso é mais generalizado, por exemplo, na chamada “África Francófona” e na “África Anglófona” do que na “África Lusófona.” Recordo-me de que, enquanto estudante na antiga União Soviética, nós, angolanos, passávamos por um autêntico vexame, aquando das comemorações do Dia de África. Participávamos nas festividades, fazendo uso de trajes europeus, ao contrário dos nossos colegas nigerianos, malianos, marroquinos, ganenses, entre outros africanos. Embora, em alguns países, a indumentária africana seja considerada um traje formal para a participação em eventos e solenidades, ainda se nota, entretanto, a prevalência da “ditadura” do fato europeu, sobretudo, no caso dos homens. Sendo que o traje é uma das formas de manifestação cultural, não devia haver qualquer receio em assumir que o uso, em cerimónias e actos oficiais, de indumentária africana fosse igualmente con-

siderado como “traje formal.” Em alguns países, isso vem expressamente referido no convite: “Traje formal, de gala ou tradicional.” A propósito, vem-me, à memória, a apresentação, pelo Embaixador Geraldo Nunda, das suas cartas credenciais à Sua Majestade Rainha Elisabeth II. O embaixador e a embaixatriz fizeram uso de trajes africanos em que despontava a conhecida samakaka, o que acabou por reforçar a sua identidade cultural. Entretanto, a africanização do cerimonial e protocolo não se limita às cerimónias e actos públicos. Este processo estende-se também para os actos organizados por entes privados, como são, por exemplo, o caso de cerimónias de pedido de noivado (alembamento), rituais de iniciação e até as cerimónias fúnebres. O facto, porém, de a maioria dos Estados africanos terem um mosaico cultural diversificado conduz à existência de uma diferenciação de regimes de cerimonial e protocolo aplicáveis aos vários grupos etnolinguísticos. Deste modo, o que é aplicável aos bakongo pode não o ser para os zulus; o que é aplicável aos massai pode não o ser para os balantas. Isto leva a que os profissionais de cerimonial e protocolo tenham de conhecer, minimamente, os usos, hábitos e costumes de cada região em que é realizado um dado acto. É, deste modo, importante que os valores culturais africanos sejam incorporados de forma visível – e não meramente residual – no cerimonial e protocolo públicos. Para esse efeito, o protocolo deve ser suficientemente flexível para acolher aqueles valores culturais, o que exige deixar de olhar para o cerimonial e protocolo, fazendo uso de “lentes europeias.” A recepção de altas entidades estrangeiras com som de instrumentos de percussão, a presença de animação cultural com canto e danças tradicionais, como sinal de manifestação de boas-vindas, e a participação de autoridades tradicionais em eventos oficiais são alguns casos louváveis da africanização do cerimonial e protocolo. Todavia, ainda

há muito por fazer no sentido de se alcançar adequadamente esse desiderato. Apesar dos exemplos assinalados, ainda se nota, nas mais altas cerimónias do Estado, uma escassa presença de traços identitários africanos. Isto ocorre, na generalidade, nas cerimónias realizadas pelos três poderes públicos. Para apenas citar um caso, assisti, pela televisão, a uma cerimónia de investidura do Presidente da República de um país africano e reparei que os juízes que conduziram o acto de juramento usavam perucas, uma prática herdada do sistema britânico e que se mantem até aos nossos dias, isto é, mais de meio século após o fim do colonialismo. De igual modo, os Presidentes de alguns parlamentos africanos continuam, bem à moda de Westminster, a fazer uso destas perucas! Por isso, o resgate da identidade protocolar africana deve estar na agenda dos profissionais de cerimonial e protocolo, o que permitirá a afirmação de uma verdadeira Comunidade Protocolar Africana. Finalmente, voltando à questão colocada pelo Quexi, o protocolo diplomático, conforme cristalizado na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, é omisso quanto à possibilidade de o Embaixador, ao apresentar as respectivas cartas credenciais, fazer-se ou não acompanhar de membros da sua família. Tal possibilidade decorre da prática diplomática e protocolar do Estado receptor, não sendo, entretanto, essa prática uniforme. Se na Turquia, como foi antes dito, isso é possível, já não será assim no caso de Angola. Eu considero mais simpática a fórmula turca por ser aquela que permite que os familiares do Chefe da Missão Diplomática possam testemunhar tão importante solenidade, gesto que contribui para uma maior “humanização” do protocolo diplomático. Não nos esqueçamos que a diplomacia é, também, um instrumento de aproximação dos povos. *Presidente da Associação de Profissionais de Cerimonial e Protocolo de Angola


Última

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O PAÍS Sábado, 06 de Junho, de 2020

Menongue assiste mais de 20 mil famílias

Mais de 20 mil das 140 mil famílias consideradas vulneráveis no município de Menongue, província do Cuando Cubango, foram assistidas com bens diversos desde o dia 22 de Abril até ao momento, pela administração municipal. DR

B

ens alimentares, mosquiteiros, consultas médicas ambulatórias e sabão fazem parte do conjunto de produtos entregues no quadro do Estado de Emergência e da actual Calamidade Pública vigente no país. A informação consta de um comunicado do Governo do Cuando Cubango, que à Angop te-

ve acesso ontem, Sexta-feira, e que acrescenta o facto de as mais de 20 mil famílias, residentes em 520 aldeias, beneficiaram ainda de cobertores, roupa usada, bidões para conservação de água e lixívia. Os antigos combatentes, parte das famílias referenciadas, receberam diversas sementes agrícolas, 13 cabeças de gado e 30 charruas, estando ainda a serem pre-

parados mais de 50 hectares de terras para lhes ser distribuídos. A nota indica ainda que as famílias vulneráveis foram igualmente vacinadas contra tétano, poliomielite e desparasitação das crianças com Mebendazol. O administrador municipal de Menongue, Júlio Vidigal, em declarações à imprensa, fez saber que os recursos materiais existem para dar sequência, doravante, à assistência às populações de 15 em 15 dias. Governador quer atenção especial às medidas preventivas O governador do Cuando Cubango, Júlio Bessa, defendeu ontem, Sexta-feira, a necessidade da população local continuar a dedicar uma atenção especial às medidas de prevenção e combate à pandemia da covid-19, um inimigo invisível e mortal. O governante, que advogou esta medida no comunicado por ocasião do cinco de Maio, Dia Mundial do Ambiente, que hoje se assinalada, sublinhou que só com os homens é que se faz a natureza.

Governo lança projecto de ordenamento nas aldeias do Bié

O

Governo da Província do Bié lançou ontem, Sextafeira, um projecto de ordenamento nas aldeias, com a realização de um acto simbólico na povoação de Cangolongolo, município de Nhârea, a 175 quilómetros a Norte do Cuito, orientado pelo governador Pereira Alfredo, citado pela Angop. O projecto, de âmbito local, contempla a abertura de arruamentos, construção de casas urbanizadas, assim como distribuição de terrenos já urbanizados, com prazo de duração não avançada. Na ocasião, Pereira Alfredo informou que este projecto vai permitir que, a curto prazo, as aldeias dos nove municípios da província estejam infra-estruturadas para o bem das comunidades. Sem revelar ainda o montante a investir, o governante apelou

DR

O que saber sobre o Coronavírus…

“O

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”.

às populações para que, doravante, obedeçam às entidades quando pretenderem adquirir um terreno para fins habitacionais nas aldeias, em função do ordenamento do território que será lavado a cabo. Por sua vez, a administradora de Nhârea, Maria Lúcia Chicapa,

destacou a implementação deste projecto nas aldeias como forma de se reduzir igualmente às assimetrias regionais. O município de Nhârea (Bié) tem 113 mil habitantes, maioritariamente camponesa, distribuídos pelas comunas do Dando, Lúbia, Caieie e Gamba

“O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”.

“Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


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