Jornal OPaís edição 1866 de 12/06/2020

Page 1

Candando pede apoio ao Executivo para manter 2000 funcionários Empresa Condis Lda, encontra-se em arresto preventivo e com as contas bloquedas por decisão do Tribunal Provincial de Luanda. Por esta razão, pede apoio ao Executivo, para manter o emprego de 2000 funcionários. P. 26 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola @jornalopais

Director: José Kaliengue

O diário da Nova Angola

Edição n.º 1866 Sexta-feira, 12 /06/2020 Preço: 40 Kz

Mais uma morte, um curado e cinco positivos em foco: Nesta semana, os números crescem todos os dias. Ontem, o país registou mais

cinco casos positivos do novo Coronavírus (Covid-19), perfazendo agora 118. Entretanto, mais um óbito foi confirmado, elevando para cinco, as perdas, revelou a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta. P. 2

Paralisação dos taxistas de Cacuaco com seis detidos por arruaça l O município de Cacuaco foi palco, ontem, de um tumulto com queima de pneus na via pública e interdição do trânsito, numa altura em que os taxistas daquela zona paralisaram para reivindicar por melhores paragens. Seis pessoas foram detidas por arruaça. P. 10

Jacinto Figueiredo

Maurílio Luiele

“São as elites que importam a COVID-19”

Irão divulga fotos de ‘informador da CIA e Mossad’ sentenciado à morte l Arquivos do poder judiciário

iraniano indicam que o “informador” foi preso meses antes do assassinato do general iraniano, tornando o seu papel no crime pouco claro. P. 25

Baixa de Cassanje entra para a festa do desporto-rei em Angola

af_bai_nahora_imprensa_276x42,733mm_empresa.pdf

2

18/11/19

15:05

l A formação da cidade de Malanje chega, pela primeira vez, ao Girabola (2020/2021), depois do sorteio realizado, ontem, na sede da Federação Angolana de Futebol (FAF), no Projecto Nova Vida, em Luanda. P. 28


EM FOCO

2

O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

Covid-19 conta 118 casos com cinco óbito

Nesta semana, os números crescem todos os dias. Ontem, o país registou mais cinco casos positivos do novo Coronavírus (Covid-19), perfazendo agora 118. Entretanto, mais um óbito foi confirmando, elevando para cinco, as perdas, revelou a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta com as suas outras doenças. “A situação epidemiológica nas últimas 24 horas, nós temos agora 118 casos, cinco óbitos, 41 recuperados, mais um em relação ao dia anterior, e 72 casos activos, um dos quais continua a necessitar de assistência diferenciada, por ter várias co-morbilidades”, detalhou. Do ponto de vista laboratorial, disse que se encontram em processamento 1.006 amostras, havendo registo de 118 amostras positivas e 12.477 negativos. Mais de 400 casos suspeitos em acompanhamento Lutukuta falou de 459 casos suspeitos a serem acompanhados, 1.162 contactos de casos positivos e suspeitos e em quarentena institucional, disse, estão 810 indivíduos. Entretanto, 37 pessoas receberam alta de quarentena institucional, entre as quais 30 na província, uma em Cabinda e seis no Lunda-Norte. O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) recebeu, nas últimas 24 horas, 32 chamadas, sendo duas denúncias de violação da ética em calamidade e 30 pe-

Maria Teixeira

S

ilvia Lutukuta disse, em conferência de imprensa de apresentação diária do balanço sobre o ponto de situação epidemiológica no país, que os cinco novos casos positivos já estão internados no hospital de campanha na Zona Económica Especial (ZEE), em Luanda. “Cumpre-nos informar que temos mais cinco casos positivos e

um óbito. Casos positivos com idades compreendidas entre os 27 e 79 anos de idade, todos do sexo masculino”, detalhou, sublinhando que os portadores da doença são viajantes provenientes da Rússia. Sílvia Lutukuta esclareceu que do ponto de vista epidemiológico são classificados como casos importados”. Disse que o indivíduo que morreu tinha 78 anos e padecia de várias patologias. Antes de ser levado para o hospital de referência no tratamento da doença, ele estava internado na Clínica Multiperfil, no piso onde foram iden-

tificados outros casos positivos, na cerca sanitária dessa unidade. “Vale também aqui informar que este indivíduo, da decorrência de terem surgido casos positivos na Clínica Multiperfil, em que foram testados os pacientes do piso em que havia casos infectados, no dia 19 testou negativo. E, como medida de saúde pública e como mandam as regras, era necessário um período de isolamento e nova testagem”, disse. Nesta senda, a testagem foi realizada e os resultados foram conhecidos, porém, o paciente faleceu, não por complicações relacionadas com a Covid-19, mas


O PAÍS

Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

didos de informação sobre a Covid-19. Por outra, a ministra da Saúde disse que prosseguem as acções de formação, ao nível nacional, em vigilância epidemiológica laboratorial, manuseio de casos e vários seminários que têm estado em curso nas várias províncias. Fez saber que foi reforçada a capacidade em meios de bio-segurança com a chegada de mais um voo proveniente da China. Por outro lado, a província de Cabinda foi reforçada ontem com materiais de bio-segurança e equipamentos para o apetrechamento do hospital de campanha. Ministra apela à não descriminação de pessoas já curadas da Covid-19 Sílvia Lutukuta disse que se tem estado a assistir uma grande discriminação contra as pessoas que foram curadas da Covid-19 e as suas próprias famílias, o que reprova e apela para a mudança de comportamento. “Isto não pode acontecer. Nós temos que manter o respeito a todas as pessoas. Tem de haver aqui equidade e temos de respeitar os direitos de todos os cidadãos. O não à discriminação tem de ser a palavra de ordem nesta altura”, apelou. Entre as medidas de prevenção, apontou as de protecção individual e colectiva, no sentido de se cortar a cadeia de transmissão. Por se tratar de um inimigo invisível e mortal, que tem um grande impacto social e económico e está a fazer diferença bastante negativa na vida das pessoas, advertiu que a responsabilidade de todos é o factor decisivo para se evitar dor e luto.

3

“Multiperfil pode se ver livre da cerca sanitária hoje A ministra Saúde, Sílvia Lutukuta, anunciou a possibilidade de se levantar a cerca sanitária instalada na clínica Multiperfil, hoje, e que se terá de proceder à desinfecção de todas as suas áreas, havendo já toda uma estratégia preparada para que tal aconteça. “De acordo com a palavra que deixamos aqui, após 72 horas estaríamos em condições de abrir a cerca da Multiperfil e até amanhã [hoje] já teremos todos os resultados dos exames que foram analisados e as nossas competentes equipas farão o seu trabalho de levantamento da cerca”, afirmou. De recordar que a cerca sanitária da Clínica Multiperfil foi imposta no passado dia 30 dia Maio, depois se ter registado casos de Covid-19 nessa unidade hospitalar, envolvendo inicialmente dois cidadãos angolanos de 82 e 43 anos de idade. Por outro lado, a porta-voz da Comissão Multissectorial para a Prevenção e o Combate à Covid-19 fez saber que já se reportou no país vários casos importados provenientes de Portugal, com 21 casos, e aproximadamente 26 casos importados da Rússia. No entanto, se essas pessoas estivessem nas suas casas, trariam problemas graves no seio comunidade. A ministra reiterou que o diagnóstico feito em quarentena institucional garante muita segurança, porque o indivíduo fica isolado e sem contacto físico com outras pessoas. Na eventualidade de dar positivo, é logo transferido para os centros de tratamento. “Se está a tomar as medidas que garantem melhor segurança e que ajudam a controlar, de facto, as pessoas que vêem das áreas com circulação comunitária do vírus. E é o que está a acontecer connosco”, disse.

Executivo contínua à procura das pessoas que tentaram tirar proveito ilícito do “voo da Covid-19” A ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, anunciou, ontem, em Luanda, que continuam as investigações sobre as entidades que tentaram tirar proveito do contrato que o Executivo celebrou com a companhia área Ethiopian Airlines para o transporte de produtos da Covid-19. De recordar que ao tomar conhecimento do sucedido, o Presidente da República, João Lourenço, ordenou a suspensão do contrato com a Ethiopian Airlines e a sua substituição pela companhia nacional, bem como mandou confiscar as mercadorias transportadas a custo zero. A ministra disse tratar-se ainda de um processo em investigação e que, como ainda não existem resultados, nada se pode divulgar. Por outro lado, Sílvia Lutukuta descartou também a hipótese de se voltar a decretar um novo estado de emergência devido ao aumento de casos que o país tem registado nos últimos dias. Esclareceu que os números de casos registados nos últimos dias são na sua maioria importados. Apelou às pessoas a cuidarem das cercas locais para que não haja mais propagação do vírus, sendo que a cerca de Luanda se mantém.

Ministra garante responsabilizar profissionais envolvidos na transfusão de sangue contaminado com VIH/SIDA no Cuanza-Sul Sílvia Lutukuta garantiu que os profissionais do sector que estiverem envolvidos na transfusão de sangue contaminado com VIH a uma criança do Cuanza-Sul serão responsabilizados pelo erro médico que cometeram. Explicou ainda que foi descoberto o erro em tempo útil para fazer o tratamento. Já se iniciou este procedimento, cumprindo os protocolos estabelecidos para a situação, tendo em conta a experiência adquirida com um caso semelhante registado em Luanda. “O caso anterior deu-nos bastante experiência em relação ao manuseio dessas situações. A criança está a cumprir os tratamentos e seguimentos apertados”, frisou. Por outro lado, contou que a falta de anti-retrovirais é um desafio e é uma dificuldade mundial, não só de Angola, sendo que os principais mercados, que são China e a Índia, por esta altura estão com dificuldades, fruto da Covid-19. A ministra da Saúde garantiu que, ainda assim, estão a trabalhar em conjunto com várias agências para aumentar o stock, a fim de que não falte medicamentos aos doentes, uma vez que é o VIH/SIDA uma prioridade.


4 destaques política. PÁG. 08 Secretário nacional da JMPLA exige maior proactividade dos dirigentes locais da organização

SOCIEDADE. PÁG. 10 Paralisação dos taxistas de Cacuaco com seis detidos por arruaça

o editorial

hoje: os números do dia

1

Então, e nós?

cartaz. PÁG. 16 Corpo do “Comandante” Pedro Vidal fica em câmara ardente na LAASP, ex-Liga Africana

ECONOMIA. PÁG. 26 Candando pede apoio ao Executivo para manter 2000 funcionários

O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

N

ão falta muito para que os angolanos de fora da província de Luanda comecem a apresentar a pergunta que faz o título deste texto. Porque em alguns aspectos estão a “pagar” uma conta que não devem. Há medidas impostas para enfrentar a situação de calamidade pública que o país vive agora e houve também medidas restrictivas no período de emergência nacional que alguns começarão a pensar servirem apenas para Luanda, a única província com casos de Covid-19 registados. O Estado deve explicar muito bem que perante uma pandemia não há eles e nós, há apenas nós. Mais ainda quando se trata de uma doença nova, com um agente que não se conhece bem. Contudo, a pergunta vai surgindo. E em alguns apectos talvez seja necessário tratar caso a caso.

Lote de medicamentos diversos, com realce para anti-palúdicos, foi entregue na Quinta-feira)a Direcção do Centro de Saúde da Comuna do Cangote (Chinguar), cerca de 122 quilómetros do Cuito (Bié).

50

Toneladas de carne bovina estão armazenadas em frigoríficos de fazendeiros filiados à Cooperativa de Criadores de Gado do Sul de Angola, CCGSA, devido a dificuldade de escoamento para o principal mercado, a província de Luanda.

489

1900

Vagas disponibilizadas para a província da Lunda-Norte, no concurso público de ingresso ao sector da Educação realizado em 2019, já estão preenchidas com a admissão dos 39 candidatos em falta.

Milhões de dólares norte-americanos, em volume de exportações e importações. é o que vale balança comercial entre Angola e os Emiratos Arabes Unidos.

o que foi dito Mundo. PÁG. 21 Irão divulga fotos de ‘informador da CIA e Mossad’ sentenciado à morte

A ação rápida e atempada dos países africanos permitiu manter um número baixo de casos” de covid-19 Matshidiso Moeti Director regional para o continente africano da OMS

Neste momento tenho duas crianças internadas e nenhuma está em unidade de cuidados intensivos e portanto é uma notícia que nos apraz muito dar” Graça Freitas

Diretora-geral da Saúde de Portugal

Será que os afro-americanos não lavam as mãos tão bem como outros grupos, nem usam uma máscara ou não se distanciam socialmente? Essa poderia ser a explicação da maior incidência? Steve Huffman

Senador republicano, de Ohio, EUA


O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

5

e assim... José Kaliengue Director

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o cientista político Sérgio Dundão e compreenda mais sobre os principais problemas políticos que afligem o país

“Eu posso!”

S

www.opais.co.ao Huambo (Angola) A governadora Loti Nolika visitou a Rádio Mais e ela e a directora da estação, Ruth Miguel, saúdam-se com um misto de gestos tradicionais locais (mãos juntas) o a nova etiqueta do distanciamento físico necessário. ( DR)

o que vai acontecer Sociedade A cerca sanitária aplicada gradualmente à clínica Multiperfil, desde o dia 30 de Maio último, pode ser levantada na hoje (dia 12), mediante os resultados dos trabalhos sanitários em curso, informou a ministra da Saúde.

Sociedade Igrejas localizadas nas províncias da Lunda-Norte e do Zaire estão a criar condições de bio-segurança para voltarem a receber fiéis, no âmbito das medidas de contenção da propagação da Covid-19.

Sociedade Três novos postos de emissão de Bilhete de Identidade, com capacidade diária para emitir cada um 50 exemplares, iniciam operações no Bairro Calemba II, Administração do Distrito Urbano do Futungo e no Mercado do Kifica.

e entre pessoas o exemplo é importante, também o é entre comunidades e entre países. É uma boa forma de preservar boas práticas, se semear a paz e os bons costumes. E é também a melhor forma de conquistar autoridade. Há muito que se descobriu que um bom líder se faz sobretudo de humildade, cooperação e colaboração. Ou seja, pondo a mão na massa, pedindo desculpas se necessário e reconhecendo nos outros capacidade de contribuir para a melhoria da empreitada. Ora, apesar de não serem subscritores do Tribunal Penal Internacional, criado com o Estatudo de Roma a 17 de Julho de 1998 , os Estados Unidos da América são os campeões mundiais da propagada da promoção da justiça internacional, chegando várias vezes a fazer de “polícia do mundo” sancionando quem agisse contra a lei internacional e também contra a democracia e direitos humanos. Trata-se de princípios demasiado nobres para o novo episódio que acabam de inaugurar na esfera das relações internacionais, com ameaças de sanções económicas aos seus responsáveis se o TPI investigar a acção americana no Afeganistão e no Iraque, por exemplo. E o Mundo a julgar que as intervenções fossem pela democracia e pela vida. É o “eu posso, eu faço”, consoante a gana.

e também... Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil - 12 de Junho

Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

Quem criou esta celebração foi a Organização Internacional do Trabalho. Esta agência das Nações Unidas instituiu a data do Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil em 2002. Esta data, celebrada no mesmo mês do Dia Mundial da Criança, visa alertar a população para o facto de muitas crianças serem obrigadas a trabalhar diariamente quando deveriam estar na escola a aprender.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

no tempo do kaparandanda

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

opaís

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, TalatonaLuanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

12 de Junho de 1964 - Nelson

Mandela, líder do ANC, Water Sisilu e outros compatriotas sul-africanos são condenados à prisão perpétua, após a conclusão do processo que vinha a decorrer desde 11 de Julho 1963. Mandela declara: “nós africanos reclamamos a nossa parte justa da África do Sul”.

12 de Junho de 1978 - Dados

divulgados indicam que ascende a 18 mil o número de mortos na guerrilha na Rodésia (actual Zimbabwe), desde 1968.

1979

12 de Junho de - O norteamericano Bryan Allen atravessa o canal da Mancha, montado numa “bicicleta aérea”, movida por acção muscular.

carta do leitor

As oportunidades do PIIM

Quem acompanha os noticiários, tanto na rádio como nas televisões, acompanha com alguma apreensão o projecto de implementação do PIIM em todo o país. São centenas de projectos em curso, nomeadamente a construção de estradas, residências, escolas e outras infra-estruturas. Acredito que estas obras, algumas com duração entre seis meses e um ano, serão construídas por jovens, razão pela qual de deve aproveitar também esta oportunidade para temporariamente empregar os jovens e abrir uma janela para todos aqueles que nas referidas localidades possam dar sequência a estes projectos empresariais. Estando o desemprego em níveis inaceitáveis, as oportunidades do PIIM devem servir também para o Executivo, junto dos empresários seleccionados, solicitar a preferência para os jovens das localidades em que decorrem as obras, sendo o recurso às outras localidades necessário em último recurso. Está mais do que evidente que se se pretender construir o país, temos que deixar para trás a mentalidade de que apenas se consegue fazer a vida em Luanda. As centenas e quem sabe milhares de obras que venham a existir são uma oportunidade de ouro para se resgatar o amor pelo interior. Com o programa

de restauração das estradas, as ligações voltarão a ser efectivadas sem sobressalto. E neste contexto, aliado aos financiamentos para o sector agrícola ou outros produtivos começa-se, sim, a adivinhar um futuro mais risonho. E para que a mensagem chegue aos cidadãos é preciso

que se publicite. Não basta esperarmos por aquilo que surja só em Luanda. Há mais país para que cada um de nós consiga viver e realizar os seus sonhos.

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754

Mário José



POLÍTICA

8

O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho de 2020

Secretário nacional da JMPLA exige maior proactividade dos dirigentes locais da organização Para Crispiniano dos Santos, os jovens devem encarar nas estruturas e nos dirigentes da JMPLA modelos que sirvam de exemplo para afirmar as suas capacidades e habilidades sem necessidade de recorrer à bajulação e a outras formas inglórias de se posicionarem na vida política

lava ao OPAÍS à margem da vídeo-conferência que juntou os 18 representantes provinciais da agremiação, os dirigentes locais devem procurar estar mais próximos das preocupações dos jovens, para se tornarem privilegiados intermediários na busca de soluções dos problemas com as entidades governamentais.

Para Crispiniano dos Santos, os jovens devem encarar nas estruturas e nos dirigentes da JMPLA modelos que sirvam como exemplos para afirmarem as suas capacidades e habilidades sem necessidade de recorrer à bajulação e a outras formas inglórias de se posicionarem na vida política. De acordo com o líder da JM-

PLA, o país atravessa, actualmente, um período conturbado e difícil, motivado pela Covid-19. Este momento, frisou, exige dos jovens a capacidade e a iniciativa de se reinventar e estimular a criatividade para conseguirem sobreviver diante das dificuldades impostas pela pandemia. Para o efeito, apontou, é neces-

Domingos Bento

O

secretário nacional da JMPLA, Crispiniano dos Santos, defendeu uma maior proactividade dos representantes da sua organização a nível do país, de modo a fazer frente aos desafios políticos. Segundo o político, que fa-

sário que as estruturas da JMPLA sejam espaços privilegiados de diálogo, que permitem aos jovens enxergar o futuro com optimismo e esperança. “A JMPLA é o viveiro do nosso partido MPLA. Enquanto líderes, temos a obrigação de sermos exemplos para podermos influenciar positivamente os jovens apartidários a ingressarem nas nossas fileiras”, apontou. Desde a sua eleição, no final do ano passado, este foi o primeiro encontro de trabalho que o secretário nacional da JMPLA manteve com os membros dos secretariados dos comités provinciais da JMPLA das 18 províncias do país, via Webinars (ZOOM). Dentre os vários objectivos, com a realização deste encontro, o secretariado nacional pretende avaliar os níveis de organização interna dos seus órgãos e organismos intermédios, da inserção da JMPLA no seio da juventude, estabelecer contacto permanente com os dirigentes da JMPLA a nível do país. O certamente serviu ainda para balancear as acções do I quadrimestre e definir as metas e objectivos estratégicos para o II quadrimestre de 2020.

Chivucuvuco e pares desdobram-se em actividades para promover o PRA-JA Enquanto decorre ainda o processo de legalização do PRA-JA , os seus mentores asseguram que os bjectivos externos da organização deverão manter-se inalterados Maria Miranda Cassule

A

comissão instaladora do PRA-JA Servir Angola poderá, nos próximos dias, realizar acções de carácter político, social e diplomático de forma a dar a conhecer aos diferentes organismos da sociedade civil o seu objectivo

no panorama político nacional. A decisão saiu da reunião alargada da organização política realizada ontem, em Luanda, sob orientação do seu coordenador, Abel Chivukuvuku. De acordo com o membro da comissão instaladora e porta-voz do encontro, Xavier Jaime, enquanto se aguarda pelo recurso interposto ao Tribunal Constitucional, pela segunda vez, a liderança da

Coordenador da comissão instaladora do PRA-JA, Abel Chivukuvuku

organização decidiu desdobrarse em actividades de campo, de modo a promover e dar a conhecer aos angolanos os fundamentos que estiveram na base da sua criação. Xavier Jaime disse ainda que enquanto decorrer o processo de legalização do PRA-JA, a missão externa da organização deverá manter- se no seu actual figurino. “Portanto, enquanto se analisar a decisão sobre a postura a adoptar nos próximos sessenta dias, pelo Tribunal Constitucional, o conclave decidiu que o PRA- A deverá realizar acções de carácter político, social e diplomático com urbanidade, firmeza e dentro dos marcos da constituição e da lei”, frisou.


O PAÍS

Sexta-feira, 12 de Junho de 2020

9

Falta de verbas condiciona regulamento dos órgãos locais da CNE O referido regulamento foi aprovado em Janeiro deste ano, mas até ao momento a Comissão Nacional Eleitoral não dispõe de verbas para proceder à sua execução a nível dos seus órgãos locais Por outro lado, o porta-voz da CNE deu a conhecer que a instituição criou um conjunto de medidas para que tão logo o pacote legislativo eleitoral seja concluído, as autarquias venham a ser institucionalizadas. Ainda, dentre outros assuntos, o encontro de ontem serviu igualmente para o aprimoramento do

Domingos Bento

O

porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Lucas Quilundo, disse, ontem, que a falta de verbas está a comprometer a execução do novo regulamento sobre o funcionamento dos organismos locais da instituição. O referido regulamento foi aprovado em Janeiro deste ano, mas até ao momento a CNE não dispõe de verbas para proceder à sua execução. Os órgãos locais da CNE são estruturas desconcentradas a quem compete organizar, executar, coordenar e conduzir os processos eleitorais a nível local. Segundo Lucas Quilundo, que falava à margem da reunião ple-

nária do órgão, que decorreu em Luanda, a CNE tem protelado a implementação do regulamento, tendo em atenção que a mesma carece de movimentação de recursos humanos de formas a fazer funcionar as novas áreas. “Os órgãos locais devem adaptar-se ao funcionamento de acordo com o previsto na Lei sobre organização e funcionamento da CNE”, frisou.

Lucas Quilundo, porta-voz da CNE

funcionamento interno do órgão reflectir sobre a necessidade de um possível ajustamento da composição dos grupos internos, bem como reprogramação de uma série de deslocações as províncias para conferir posse a membros das comissões provinciais eleitorais, recentemente eleitos pela Assembleia Nacional. publicidade

LUANDA

Serviços de Segurança para a Embaixada da Noruega A Embaixada da Noruega em Luanda pretende celebrar um contrato para o fornecimento de serviços de segurança para a Embaixada, a Residência Oficial e o seu pessoal. O contrato incluirá serviços de guarda, soluções de alarme para três carros, e ocasionalmente, serviços de motorista. A Embaixada aplicará um procedimento de duas fases. A contratação iniciará com uma fase de qualificação (fase um). De seguida, a Embaixada convidará três fornecedores para submeter as suas candidaturas na fase dois (fase das candidaturas). A Embaixada avaliará se os fornecedores cumprem com os requisitos de qualificação para participar do concurso. Se existirem mais do que três fornecedores qualificados, nós iremos selecionar os três fornecedores mais qualificados de acordo com os critérios de seleção. A base para a concessão do contrato será a avaliação, a comparação e o ranking das propostas de acordo com os critérios de concessão. A Embaixada convida potencial fornecedores de qualidade à solicitar a Embaixada o convite completo para qualificação atravez do endereço eletrónico: emb.luanda@mfa.no.


sociedade

10

O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

Paralisação dos taxistas de Cacuaco com seis detidos por arruaça O município de Cacuaco foi palco, ontem,

de um tumulto com queima de pneus na via pública e interdição do trânsito, numa altura em que os taxistas daquela zona paralisaram para reivindicar melhores paragens. Esta situação levou a que seis pessoas fossem detidas por arruaça

Romão Brandão

P

neus queimados e obstáculos colocados na Estrada Número 100 foi o cenário que se registou nas primeiras horas da manhã de ontem em Cacuaco, o que fez com que a Polícia fosse chamada a intervir e resultou na detenção de seis pessoas por arruaça. Estava previsto os taxistas de Cacuaco não paralisarem o serviço naquele município até hoje (que completaria três dias), tempo que a governadora de Luanda, Joana Lina, pediu para a resolução do problema das paragens

festar-se, colocando pneus e erguendo barricadas para que os taxistas não entrassem na zona. “Foram detidas seis pessoas, entre taxistas e, inclusive, um suposto funcionário da Administração. Não foram os taxistas que causaram o tumulto, mas, sim, os moradores do bairro de transferência da paragem”, ressalva. Os taxistas da cidade capital

deixaram de circular no município de Cacuaco para reivindicarem por melhores paragens, uma vez que a Administração local determinou paragens que têm criado constrangimento à classe, para além de o estado da via danificar as viaturas. A decisão da paralisação surgiu “pelo facto de não haver qualquer vontade por parte da Adminis-

naquela zona. Depois do encontro com a governadora, houve outro encontro com a direcção de tráfego e mobilidade do GPL, mas isso não impossibilitou que os taxistas não paralisassem. O presidente da Associação Nova Aliança dos Taxistas, Francisco Paciente, disse que, apesar de a culpa do tumulto ter sido atribuída aos taxistas, não foram estes profissionais que assim agiram, mas sim jovens do bairro da Cerâmica. O bairro da Cerâmica é a zona que a Administração local identificou para transferir a nova paragem dos táxis, e de acordo com Francisco Paciente, boa parte dos moradores não concorda com esta transferência e decidiu mani-

tração de recuar ou devolver as paragens habituais aos taxistas. Assim, até ao Domingo, 7 de Junho, estava acordado entre a Associação dos Taxistas de Angola (ATA), a Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA) e a Associação de Motoqueiros Transportadores de Angola (AMOTRANG) que não circulasse, durante estes três dias, nenhum taxista em Cacuaco. Hoje, acontece uma reunião com a vice-governadora de Luanda, para solucionar o problema e os taxistas esperam não ter que avançar para uma paralisação em toda a cidade de Luanda. Durante a paragem, de ontem, não houve táxis nas rotas Kicolobairro Uíge; Kicolo-Comarca; 5M – Sabadão e toda extensão do Kifangongo até a Funda Vila e Terra Branca. Foram criados novos itinerários, sendo o primeiro que vai do mercado do S. Paulo, Mutamba e Mercado dos Kwanzas, com término na Tecnocarro; o segundo vai do Benfica, Zango e Viana, com término na ponte do KM25 e o terceiro itinerário saiu do S.Paulo – Cuca e com término no Cemitério da Mulemba “14”.

Administrador-adjunto de Icolo e Bengo encontrado morto em hospedaria

O

ad m i n i s t radoradjunto de Icolo e Bengo para a área Económica, António Maria Massanga Konga, de 43 anos, foi encontrado morto, na Quarta-feira, no quarto n.° 103 da hospedaria NELUK, no bairro do Cassequel do Lourenço, em Luanda. O corpo do malogrado foi encontrado pelos efectivos da Polícia Nacional, após terem sido accionados por uma funcionária da hospedaria, deitado no chão com a barriga voltada para cima, debaixo da cama, desprovido de vestes e a espumar pela boca. De acordo com o informe diário do Serviço Municipal de Investi-

gação Criminal da Maianga, a que OPAÍS teve acesso, António Konga apareceu na pensão pela primeira vez por volta das 17 horas de Terça-feira, sozinho, e solicitou um quarto. Ilda António Maurício, de 34 anos, a recepcionista que o atendeu, contou às autoridades que depois de obter a informação de que tinha o quarto n.º 103 ao seu dispor, ele ausentou-se do estabelecimento. Regressou uma hora depois, em companhia de uma jovem, que aparenta ter 36 anos de idade, alta e forte, trajada de calça azul e blusa de cor preta e dourada. Ambos foram ao quarto e aí permaneceram até por volta das 3 horas da manhã do dia seguinte, mo-

mento em que a convidada do hóspede se ausentou. António Konga permaneceu na hospedaria a consumir, tendo pedido à recepcionista que lhe fosse

comprar frango para saciar a fome. Segundo a Polícia, Ilda Maurício voltou a falar com o hospede por volta das 09 horas, quando ele pediu um café e uma água mineral. Passados alguns minutos, o malogrado pediu a conta e a maquineta para pagar com o seu cartão multicaixa, alegando que estava com pouco dinheiro em mão. Porém, permaneceu no quarto. Passada uma hora, a recepcionista foi até ao referido quarto e encontrou-o debaixo da cama, sem qualquer roupa, com alguma espuma na boca. Telefonou de imediato à Polícia Nacional pelo terminal 111, mas não foi atendida com a brevidade que esperava. Ante a demora, dirigiu-se ao pi-

quete do Posto Policial da Madeira. Deslocou-se até ao local uma equipa afecta ao Serviço Investigação Criminal local em companhia de um especialista do Laboratório Central de Criminalística que o encontraram sem vida. Ao analisarem o cadáver e o cenário em que se encontravam, conseguiram identificar que se tratava do administrador adjunto do Icolo e Bengo, em função do passe que o mesmo transportava. “Após a inspecção feita ao cadáver, removeu-se para a Morgue Central de Luanda/Hospital Josina Machel Maria Pia, depositado na câmara n° 08 e gaveta n° 093 para os devidos efeitos”, diz o relatório preliminar.


O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

11

Estudantes criam aplicação para curso preparatório

J Mais de quatro mil famílias aguardam por ajuda alimentar no 11 de Novembro No distrito urbano 11 de Novembro, 1600 famílias em situação de vulnerabilidade beneficiaram de ajuda alimentar, mas, ainda assim, mais de quatro mil aguardam pela mesma ajuda, que vem de instituições e voluntários sociais, segundo o administrador Célsio de Carvalho Stela Cambamba

P

ara melhorar a dieta alimentar de algumas famílias vulneráveis residentes no distrito urbano 11 de Novembro, em momento de calamidade pública por causa da Covid-19, a Administração local, em parceria com empresas sediadas na localidade, têm doado quites de cestas básicas e produtos higiénicos. De acordo com o administrador da zona, Célsio de Carvalho, desde o início da quarentena o número de família em situação de vulnerabilidade tem vindo a aumentar. Pelo facto, actualmente apenas mil e 600 famílias foram beneficiadas, sendo que mais de quatro mil aguardam pela ajuda alimentar. Com o objectivo de minimizar a situação, a empresa Lindeza, à luz do novo paradigma político de governação de proximidade, se juntou à Administração do 11 de Novembro

e doou 200 cestas básicas a famílias necessitadas. Para além das famílias, o centro de saúde Paz, também recebeu bens alimentares, produtos de higienização e material gastável, entre os quais 60 embalagens de fraldas descartáveis de adultos e 23 para crianças, seis caixas de luvas, oito de lixívia e 12 de sabão. “A empresa atendeu o clamor da

T Para além das famílias, o centro de saúde Paz, também recebeu bens alimentares, produtos de higienização e material gastável

população e se juntou à onda de solidariedade que outras instituições têm vindo a realizar pelo país, em particular na sua localidade. Continuamos a apelar a todos os parceiros sociais que estão sediados no distrito, e não só, que se juntem à causa, já que o número de famílias vulneráveis tem aumentado”, frisou Célsio de Carvalho. À margem da entrega dos bens ao centro de saúde Paz, o seu administrador, António Nimi, enalteceu a acção e apelou a outras entidades, particulares ou colectivas, para que apóiem quem mais precisa, principalmente neste período, em que está tudo difícil. Francisco Neves, 57 anos, um dos beneficiários, mostrou-se alegre e disse que é a primeira vez que recebe uma cesta básica. O proprietário da empresa, Lin Fengping, de nacionalidade chinesa, assegurou que vão continuar a ajudar as famílias vulneráveis, tendo em conta que são parceiros do Estado.

ovens estudantes de várias universidades públicas e privadas angolanas, uniram-se e criaram uma aplicação de preparação para ingresso no ensino superior A aplicação, denominadaPrepa, tem a mão de 15 estudantes, que a desenvolveram com o objectivo de ajudar pessoas interessadas em nutrir o conhecimento para conquistar a melhor nota de ingresso ao ensino superior. Segundo o coordenador do projecto, Ismael André Miguel, a aplicação vai funcionar como um jogo de perguntas e respostas e o interessado deve baixá-la no Play Store e fazer a inscrição. “Depois de baixar a aplicação e abrir, o usuário terá de seleccionar a universidade onde irá testar, seleccionar a faculdade e terá acesso aos conteúdos que o facilitarão no exame”, explica.

Os criadores pretendem com isso reduzir o número de pessoas que tiram baixas notas nos testes de admissão nas universidades. O Prepa tem matérias de exames de ingresso dos anos passados e servirá de guia para os estudantes em possíveis questões do teste. Para o desenvolvimento da aplicação, os estudantes tiveram a contribuição de professores, que também ajudaram nas avaliações. “Muitos de nós já estão no último ano e dominamos muitas das questões, mas ninguém melhor que os professores para aprovarem o trabalho feito pelos alunos”, acrescentou. A aplicação de preparação, ou simplesmente Prepa, contém conteúdos de universidades como a Católica, Agostinho Neto, Independente, UPRA e Lusíada, dentre outras.


Intervenção na V Reunião Plenária Extraordinária da III Sessão Legislativa – IV Legislatura Apreciação da Aplicação do Estado de Emergência Excia Presidente da Assembleia Nacional Distintos Colegas Deputados Dignos Ministros de Estado e demais Auxiliares do Titular do Poder Executivo Minhas Senhoras e Meus Senhores Reunimo-nos hoje neste hemiciclo para apreciar a aplicação do Estado de Emergência que vigorou no país de 27 de Março a 25 de Maio de 2020 num momento em que o mundo está num autêntico alvoroço, precipitado pelo frio assassinato de um cidadão norte-americano negro por um agente da polícia visivelmente motivado por instintos racistas, que ocorreu no Estado de Minnesota, EUA. O mundo inteiro se ergueu indignado por este acto ignóbil de puro racismo em pleno século XXI. A UNITA tomou oportunamente uma posição de condenação por esta triste ocorrência e gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para reiterar o nosso mais vivo repúdio ao macabro assassinato de George Floyd, cujo funeral, por coincidência, acontece hoje. Condenamos da forma mais veemente todas as formas de discriminação política, económica e social que ainda prevalecem no mundo. Queremos igualmente aproveitar o ensejo para condenar todas as formas de violência que resultam em perdas de vida, inclusive a violência praticada por agentes da ordem no nosso país, particularmente aquelas que ocorreram durante o período em que vigorou o Estado de Emergência. São já muitas as mortes resultantes da violência policial e deveriam merecer das autoridades uma explicação, pois elas são inadmissíveis no contexto do Estado Democrático e de direito. Solicitamos as autoridades que conduzam uma investigação isenta que possa apurar as responsabilidades, pois as forças de ordem têm a responsabilidade de proteger o bem vida e não o contrário. Gostaríamos igualmente de render uma sentida homenagem a todos quanto pereceram em consequência da Covid-19, incluindo os nossos 4 concidadãos e enviar um forte abraço solidário a todas as famílias que perderam seus parentes nesta pandemia. Estendemos a nossa solidariedade a todos quanto estão profundamente engajados na resposta a Covid-19, particularmente os profissionais de saúde que estão na linha da frente e também todas as pessoas de boa-fé que generosamente contribuem de forma multifacetada para conter a propagação do SARS-CoV-2. Excia Presidente da Assembleia Nacional Meus Senhores e Minhas Senhoras Na sequência da rápida propagação do surto de SARS-CoV-2 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a 11 de Março a doença causada por este vírus, a Covid-19, como emergência de saúde pública, classificando-a como pandemia, apelando os Estados para a adopção de medidas vigorosas como forma de resposta a situação. Na ocasião, a OMS alertou de forma particular os Estados africanos para o elevado risco de propagação da doença no continente, dadas as fragilidades dos sistemas de saúde e, de modo geral, as fragilidades económicas e sociais que poderiam favorecer a propagação da doença. Neste sentido, o Estado angolano, representado pelo Presidente da República enquanto titular do poder executi-


vo, depois de tomadas algumas medidas preliminares decretou por via do Decreto Presidencial nº 81/20 de 26 de Março o Estado de Emergência, sucessivamente prorrogado tendo vigorado até 25 de Maio de 2020, período que o relatório que nos é dado a apreciar procura analisar. A UNITA desde muito cedo apelou para a necessidade de medidas vigorosas para a contenção da covid-19 e, por isso, manifestou-se favorável a Declaração do Estado de Emergência e a sua renovação por considerar que este propiciava o ambiente necessário à implementação das medidas de isolamento e distanciamento social que são imprescindíveis para conter a propagação do Covid-19. Porém, cabe-nos apontar aqui aspectos que consideramos incongruentes ocorridos durante o período em referência que nos parecem omissos no relatório e que consideramos importantes, com vista a adequar as medidas previstas agora na situação de calamidade e aperfeiçoar a resposta de Angola a pandemia da Covid-19: -Foi notória a incapacidade das autoridades em impor as medidas de confinamento domiciliar e restrição de mobilidade, sobretudo em áreas suburbanas e rurais do país. Este comportamento refratário dos cidadãos não decorreu de atitudes de mera insubordinação, mas sim de imperativos de sobrevivência. O relatório, entretanto é omisso quanto aos níveis de confinamento efectivamente alcançados, dado que é importante para avaliar de facto a eficácia da medida. -Em diversas situações foi evidente uma interpretação equivocada do mérito do Decreto Presidencial sobre o Estado de Emergência quer pelas autoridades administrativas que intervêm na implementação das medidas, quer pelos agentes da ordem detentores da força persuasiva para garantir a eficácia na implementação de medidas mais restritivas. Isto determinou em algumas situações o uso desproporcional da força por parte destes agentes o que resultou em alguns casos em vítimas mortais perfeitamente evitáveis. Infelizmente, algumas mensagens emitidas pelos superiores hierárquicos apenas serviram para inflamar os ânimos dos agentes no terreno, contribuindo para actuações nem sempre ajustadas as circunstâncias. Lamentavelmente o número de vítimas mortais resultantes destes incidentes foi superior ao número de vítimas da doença, aspecto que deveria ser retratado no relatório. -Foram patentes as dificuldades na abordagem da questão dos mercados informais onde foi praticamente impossível garantir as medidas de isolamento e distanciamento social, assim como as medidas de higienização recomendadas. A questão dos mercados informais tem também relação com questões básicas de sobrevivência, se tivermos em conta o vasto contingente de angolanos que sobrevive da actividade informal, fruto das condições económicas e sociais vigentes. Desta feita, as medidas para controlo destes espaços não podem ser apenas baseadas na força que apenas contribuem para deteriorar a condição dos utentes destes espaços, empurrandoos para as trincheiras de resistência, daí resultando alguns conflitos que assistimos envolvendo utilizadores dos mercados e as forças de ordem, sendo os casos mais relevantes os ocorridos em Luanda, Caluquembe, na Huíla e em Benguela. Pensamos que estes incidentes pela gravidade que assumiram deviam merecer referência no ponto 4.2 do relatório que nos é dado a apreciar. -Também a regulação sobre as regras de lotação dos táxis colectivos e outros meios de transporte públicos, foi de difícil aplicação e, de certa forma foi impossível coibir os moto-táxis de exercer a sua actividade, também por razões de sobrevivência já que não lhes foram oferecidas alternativas. Estes breves exemplos, omissos no relatório, revelam que apesar do decreto do Estado de Emergência persistiram vulnerabilidades que fazem com que se mantenha elevado o risco de transmissão comunitária da doença e que devem ser devidamente ponderadas agora na situação de calamidade, perante o aumento de casos de transmissão local. Estas vulnerabilidades são o resultado das condições sociais prevalecentes nas comunidades, fruto da crise económica e da falência das políticas públicas tendentes a reverter a situação. Na verdade, assistimos ultimamente a deterioração da situação social que tende a agravar-se ainda mais com a pandemia da Covid-19. Portanto, entendemos que o conjunto de medidas que configuram a resposta a pandemia deve agregar um pacote substancial de apoio social as franjas mais vulneráveis, devendo evitar-se a todo o custo os vícios verificados no período que vigorou o Estado de Emergência dos quais destacamos: -Deficiências na distribuição de água as populações e encarecimento dos materiais de biossegurança o que dificulta a adopção das medidas de higienização por estas populações -O aproveitamento político abusivo da assistência, carimbando símbolos partidários nas embalagens das cestas básicas e outras manifestações descaradas de propaganda partidária. -A concentração excessiva no combate a covid-19 tem diminuído a atenção devida a outros programas no âmbito da saúde pública, nomeadamente o combate as grandes endemias como a malária, HIV-SIDA, tuberculose e também as doenças crónicas não transmissíveis. O aumento sazonal da incidência da malária parece não ter sido devidamente considerado e, por esta razão muitas mortes por malária foram registadas. Por outro lado, registamos relatos de dificuldades que estão a atravessar alguns centros de hemodiálise, particularmente em


Benguela e Huambo que têm dificultado a assistência aos doentes renais. É importante que os esforços tendentes a conter a covid-19 não diminuam a atenção que deve ser dedicada a outras situações que presentemente provocam mais vítimas que a Covid-19, como as mencionadas anteriormente. -O estabelecimento de cordões sanitários ignorou em alguns casos aspectos de índole humanitária, dificultando o acesso das pessoas a alimentação e outros serviços básicos e sem que fossem consideradas acções específicas de assistência social. É um contra-senso alardear a protecção da vida ultrajando a diginidade da pessoa humana, negando direitos fundamentais. Neste sentido permitimo-nos aqui recomendar o seguinte: -Seja feito um levantamento actualizado das famílias em situação vulnerável para permitir assistência social dirigida as pessoas nesta situação. -Melhorar o acesso aos serviços sociais básicos como o abastecimento de água potável, energia e saneamento básico, sobretudo nas zonas suburbanas para mitigar os riscos de propagação da pandemia, aumentar a resistência das pessoas as doenças e melhorar a sua qualidade de vida. -Criar uma cadeia de abastecimento de alimentos, incentivando a agricultura familiar, melhoria dos circuitos de distribuição melhorando as vias de acesso aos mercados e facilitando os empresários no acesso as divisas para importação de produtos diversos assegurando o equilíbrio e disponibilidades de alimentos, sobretudo produtos da cesta básica. A todas as famílias deve ser garantido o acesso aos bens e serviços para atender as suas necessidades básicas. -O Governo deve repartir com as empresas, sobretudo as pequenas e médias a factura elevada que elas estão a pagar por conta da pandemia. Esta é uma forma de impedir uma recessão mais acentuada que acarretaria consequências sociais de grande magnitude. -Realinhar as prioridades nas acções contidas na resposta a pandemia de modo a não secundarizar outros programas de saúde igualmente relevantes, como o combate a malária e outras doenças. Em nosso entendimento, a vinda do contingente de médicos cubanos, cuja experiência e competência reconhecemos, foi prematura e devia ser precedida de acções de valorização e integração de profissionais angolanos, esbatendo desigualdades no que toca aos incentivos e ao quadro salarial que contribuem para aperfeiçoar o desempenho destes. -Uma vez que grande parte dos nossos casos são assintomáticos e estes têm um grande potencial de transmissão, continuamos a considerar que uma das prioridades na resposta a Covid-19 continua a ser a ampliação da nossa capacidade de testagem que nos permitirá obter um quadro melhor definido da propagação da doença e ajustar e adequar as medidas ao quadro epidemiológico circunstancial. Para tal é imperioso partilhar esta capacidade com a iniciativa privada e não concentrá-la apenas nos laboratórios públicos. -Somos de opinião que a decisão de retomada das aulas no ensino superior e médio devia ser condicionada a criação de condições de biossegurança e distanciamento social nestes espaços, tendo em conta o risco que estes aglomerados representam para a propagação da doença. -É importante manter e incrementar a campanha de sensibilização das comunidades sobre os cuidados a observar, pois muitas pessoas estão a interpretar esta transição do Estado de Emergência para a Situação de Calamidade como relaxamento e momento para regressar aos velhos hábitos favoráveis a propagação da doença. -Acreditamos que a resposta de Angola a Covid-19 teria sido melhor estruturada num contexto em que as autarquias funcionem, por isso, em vez da pandemia servir de argumento para o adiamento ad eternum das eleições deveria servir de catalisador para a preparação das eleições autárquicas paara que elas aconteçam o mais breve possível. Por fim, gostaríamos de dizer que os últimos dados indicam que, apesar da propagação relativamente lenta, a pandemia tende a impor-se em África, estando o continente muito próximo dos 200 mil casos e mais de cinco mil mortes. A semana passada a África somou 35 mil casos novos, mas o dado mais relevante, entretanto é o que indica que o pico da pandemia em África ainda não foi alcançado. Estes dados servem para nos alertar que ainda não é hora de baixar a guarda e precisamos todos manter a prontidão para as acções de combate aCovid-19. As medidas do Estado de emergência podem ter freado o ritmo de propagação, permitindo ganhar tempo para estruturar melhor a nossa resposta a Covid-19, mas não afastou de todo o risco de propagação do vírus. O discurso triunfalista que tende a emergir pode levar-nos a perder o foco e desperdiçar o tempo ganho com o Estado de Emergência. Não se pode permitir um relaxamento descontrolado das medidas. É necessário adequar a resposta de modo a garantir um equilíbrio sadio entre a actividade económica e a manutenção coerente das medidas que configuram a resposta de Angola a Covid-19. Muito Obrigado! Maurílio Luiele -1ºVice-Presidente do GPU


TEMPO

O PAÍS

Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 12 A 14 DE JUNHO DE 2020 PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 12 à 14 de Junho de 2020 Data 12/06/2020

Data 13/06/2020

Estado do Tempo

Data 14/06/2020

Estado do Tempo

Estado do Tempo

Mín

Máx

Mín

Máx

Mín

Máx

LUANDA

20

31

Céu nublado pela manhã / neblina matinal

20

31

Céu nublado pela manhã

21

32

Nublado pela manhã

CABINDA

22

30

Céu nublado pela manhã

21

30

Céu nublado pela manhã

21

30

Nublado pela manhã

SUMBE

19

30

Céu parcial nublado pela manhã / neblina matinal

20

30

Parcial nublado pela manhã / neblina matinal

19

31

Nublado pela manhã / neblina matinal

CAXITO

18

32

Céu nublado pela manhã / neblina matinal

19

33

Céu nublado pela manhã / neblina matinal

19

33

MBANZA CONGO

18

30

Céu nublado pela manhã / neblina matinal

19

31

Céu nublado pela manhã / neblina matinal

19

31

UIGE

17

30

Céu nublado pela manhã / neblina matinal

18

31

Céu nublado pela manhã / neblina matinal

18

31

Nublado pela manhã / neblina matinal

NDALATANDO

16

30

Céu nublado pela manhã / neblina matinal

16

31

Céu parcialmente nublado / neblina matinal

16

31

Nublado pela manhã / neblina matinal

MALANJE

16

31

Céu nublado pela manhã / neblina matinal

16

30

Céu Pouco nublado

17

30

Céu Pouco nublado

DUNDO

20

32

Parcialmente nublado

19

31

Céu Pouco nublado

19

30

Céu Pouco nublado

SAURIMO

15

31

Parcialmente nublado

17

30

Céu Pouco nublado

17

30

Céu Pouco nublado

BENGUELA

18

30

Parcialmente nublado/ neblina matinal

19

31

Parcial nublado pela manhã / neblina matinal

19

31

Céu Pouco nublado

HUAMBO

04

25

Céu Pouco nublado ou limpo

06

26

Céu Pouco nublado

06

26

Céu Pouco nublado ou limpo

CUITO

09

24

Céu Pouco nublado ou limpo

08

25

Céu Pouco nublado

08

25

Céu Pouco nublado ou limpo

LUENA

14

29

Céu Pouco nublado ou limpo

13

28

Céu Pouco nublado

13

28

Céu Pouco nublado ou limpo

LUBANGO

10

24

Céu Pouco nublado ou limpo

12

25

Céu Pouco nublado ou limpo

11

25

Céu Pouco nublado ou limpo

MENONGUE

12

28

Céu Pouco nublado ou limpo

11

27

Céu Pouco nublado ou limpo

10

27

Céu Pouco nublado ou limpo

MOÇÂMEDES

11

24

Parcialmente nublado/ neblina matinal

12

25

Céu Pouco nublado ou limpo

11

26

Céu Pouco nublado ou limpo

ONDJIVA

06

27

Céu Pouco nublado ou limpo

07

28

Céu Pouco nublado ou limpo

06

28

Céu Pouco nublado ou limpo

Nublado pela manhã / neblina matinal

Luanda, 11 de Junho de 2020

TEMPO no mar

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 11/06/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 12/06/2020

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA - INAMET 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00 TU DOCentro DIANacional 11 DEdeJUNHO DE 2020: Previsão do Tempo

Circulação de Sudoeste moderada entre os paralelos 4°S a 12°S (Cabinda até Benguela) e circulação BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA de Sudeste forte a Sul do paralelo 12°S.

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 12 DE JUNHO 2020: 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 15:00 TU DO DIA 11 DE JUNHO DE 2020: AVISO: VENTO FORTE ATÉ 63 KM/H (34 NÓS) NA COSTA Do NAMIBE (SUL DO PARALELO 16°S), Circulação de Sudoeste moderada entre os paralelos 4°S a 12°S (Cabinda até Benguela) e circulação de sudeste forte a Sul do paralelo 12°S. COM ONDAS DEATÉ 3.0ASÀ18:00 5.0TUMETROS ALTURA NAS REGIÕES MARITIMAS Do ZAIRE 2. PREVISÃO VÁLIDA DO DIA 12 DE DE JUNHO 2020: AVISO: VENTO FORTE ATÉ 63 KM/H (34 NÓS) NA COSTA DE NAMIBE (SUL DO PARALELO 16°S), COM ONDAS DE 3.0 À 5.0 METROS DE ALTURA NAS ao NAMIBE. REGIÕES MARITIMAS DE ZAIRE À NAMIBE.

ESTADO DO TEMPO

VENTO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

Cabinda (4°S – 6°S)

Parcialmente nublado

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S)

Parcialmente nublado

Benguela (12°S – 14°S)

Parcialmente nublado

Namibe (14°S – 18S)

Neblina

REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado em toda a região, com períodos de céu parcialmente nublado durante a madrugada e manhã nas províncias de Benguela, Huambo e Moxico. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu pouco nublado ou limpo em toda a região, com períodos de céu parcialmente nublado nas províncias do Namibe, Cuando Cubango e em alguns municípios da província do Namibe.

Nublado pela manhã / neblina matinal

O Meteorologista: Domingos Nsoko Pedro e Maria do Nascimento Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

REGIÃO

Fonte: INAMET

Das 18 horas do dia 11 às 18 horas do dia 12 de Junho de 2020 REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu pouco nublado em quase toda região, com períodos de céu nublado durante a madrugada e manhã nas províncias de Luanda, Uíge, Malanje, Lunda-Norte e Lunda-Sul. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios das províncias do Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte e Cuanza-Sul.

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT)

CIDADE

15

DIRECÇÃO FORÇA (KT) Sul a Até 15 Sudeste

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

Até 2.0

Agitado

Boa (Superior a 8)

Boa (Superior a 8)

Sul a Sudoeste

15 a 18

Até 3.0

Muito Agitado

Sul a Sudeste

Até 25

Até 3.5

Muito Agitado

Sul a Sudeste

Até 34

Até 5.0

Grosso

Boa (Superior a 8)

Fraca a moderada pela manhã (Até 5)

Alta pressão de Santa Helena irá permanecer muito activa durante as próximas 24H com a pressão central constante de 1035hPa, enquanto se desloca lentamente para a parte continental com um gradiente forte e vento ao longo da costa do Zaire ao Namibe. Na costa do Namibe irá atingir 63Km/h (34 nós) Assim, prevê-se uma agitação marítima forte com ondas a atingirem 5.0 metros de altura na costa do Namibe durante a noite e manhã. A região maritima de Cabinda poderá ser atingida com ondas de até 2.0 metros de altura. Para as regiões maritimas do Zaire à Benguela, prevê-se ondas maximas de 3.0 a 3.5 metros de altura. Prevê-se uma visibilidade entre 3 e 5 Km, devido à possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal na região marítima do Namibe.

4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local. em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

Corpo do “Comandante” Pedro Vidal fica em câmara ardente na LAASP, ex-Liga Africana A partir das 18 horas desta Sexta-feira, o corpo do Comandante do grupo carnavalesco “União 10 de Dezembro”, fica em câmara ardente na LAASP, ex-Liga Africana, segundo informou fonte familiar Jorge Fernandes

O

s restos mortais de Pedro Vidal estarão em câmara ardente neste Sexta-feira, a partir das 18 horas, na LAASP, ex-Liga Africana, onde decorrerá o velório, seguindo no Sábado para o cemitério da Sant’Ana, onde repousará às 10 horas. Antes, o corpo passa pela residência do malogrado no bairro Prenda, distrito da Maianga, para o último adeus ao “Man Vaida”, como também era chamado e conhecido naquela circunscrição, como fez saber a OPAÍS, o seu irmão mais novo Beto Vidal. Por outro lado, o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, da classe artística, jornalistas, bem como outros cidadãos anónimos, reagiram à morte de Pedro Vidal com sentimentos de pesar e consolação à fa-

mília e aos membros do União 10 de Dezembro. “O legado e obra do comandante Pedro Vidal foi-nos deixado pela dedicação, durante 40 anos, em torno do Carnaval, liderando o grupo União 10 de Dezembro. 14 títulos conquistados na categoria de melhor comandante, conferem a prova evidente de ser, até ao momento, o mais premiado da história do carnaval em Angola”, lê-se numa nota de condolências assinada pela ministra Adjany Costa. Na mesma carta também se pode ler, o “Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente reconhece que a entrega de Pedro Vidal, ao romper os cânones do carnaval tradicional, mudando a sua postura, enquanto comandante, foi determinante para que o seu legado pudesse ser transmitido à nova geração de foliões, garantindo, assim, a continuidade do seu nome”.

Outras Mensagens O oponente e “rival” de pista pelo União Mundo da Ilha, António Custódio, na sua rede social Facebook, manifestou a sua profunda consternação tendo dedicado a seguinte mensagem: “Custa acreditar mas o carnaval de Luanda perdeu um dos comandantes que muito admirava, Pedro Vidal. A vida tem vários mistérios, e o maior deles é a morte. Nunca poderemos entender o porquê de um ente amado ter que partir. A dor que sentimos é imensurável. Nestas horas não há nenhuma palavra que possa ser dita que seja capaz de confortar os nossos corações. Tudo parece perder o sentido e ficar pequeno diante de tamanho sofrimento. Que a terra te seja leve meu comandante e descanse em paz”. Por sua vez, o jornalista Raimundo Salvador utilizando a mesma via, referiu que morreu um comandante da cultura popular de Luanda, o mestre, o artista Pedro Vidal, um malanjino que foi por 14 vezes considerado o melhor comandante do Carnaval de Luanda. “Há 40 anos ligado à maior festa popular angolana, Vidal triunfou na capital à frente do União 10 de Dezembro do Bairro Pren-

O malogrado 1962-2020 Pedro Garcia Vidal é natural de Kangandala, província de Malanje. O seu nascimento data de 12 de Maio de 1962, no mesmo ano, já no mês de Novembro, fixou residência por via dos seus pais na cidade capital. Considera-se originário da água doce e baptizado por águas salgadas. Com o União 10 de Dezembro conquistou os títulos referentes às edições Pedro Vidal (19622020) de 1991, 1999, 2002 e 2006.


O PAÍS

Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

17 DR

Ministra Adjany Costa avalia cooperação com Reino Unido

da. Carnavalesco de fina cepa e com parcos meios, introduziu inovações na coreografia e no canto da grande festa luandense. Infelizmente, a ausência de estudos e de divulgação do elevado primor artístico de mestres da cultura popular, como o Vidal, e a disseminação de alguns preconceitos inviabiliza uma apreciação cuidada de uma produção artística que deveria ser objecto de culto e orgulho”, lamentou. Raimundo Salvador terminou a sua reacção transmitindo um recado: “Estimado Vidal, dê um forte abraço aos grandes que já partiram como o comandante Desliza, o corneteiro Marcolino, o velho Paquete, bem como a malta dos Invejados, honrosos e gloriosos adversários da Cidrália. Poly da Rocha e os outros jovens cá estão para perpetuar a tua obra, mostrando que a vossa dedicação não foi em vão, apesar das pedras dos inimigos da cultura popular”. Condolências O músico e compositor Carlos Lamartine juntou-se igualmente à onda solidária, tendo reiterado que o “Carnaval perdeu um homem, um artista de grande e incomparável valor. Deus o tenha no seu seio junto dos anjos no seu altar”. Também o jornalista Paulino Mendes, ligado ao movimento artístico e cultural, utilizou a sua pena para caracterizar Pedro Vidal, numa altura em o mundo é abalado pela pandemia mundial da Covid-19. “O Carnaval de Luanda perdeu um dos seus melhores comandantes, e animadores, com maior número de prémios individuais. Aquele que sabia movimentar as alas e a falange de apoio, quando esta tenta ultrapassar os 25 minutos estipulados de desfile. É aquele que tira alguns minutos para dar show no show dos foliões. Maianga e Samba (Mbondo Yambulungo) perdem um dos seus melhores filhos, o país um dos seus melhores bailarinos de Carnaval”, concluiu o jornalista. Cidadãos de vários estratos sociais conhecidos e anónimos, utilizaram, sobretudo, as plataformas digitais, transmitindo mensagens de solidariedade e estima, pelo trabalho desenvolvido por Pedro Vidal em prol da cultura e do carnaval em particular.

A Maya Cool recorda sucessos em programa televisivo Uma viagem que se espera memorável pelos maiores sucessos do artista que marca várias gerações quer em Angola quer além-fronteiras

N

o dia 13 de Junho a partir das 14:00, as atenções estarão voltadas para o canal ZAP Viva, no “Especial Tá a Bater” com o músico Maya Cool, autor de vários sucessos desde a canção infantil, passando pelos mais badalados géneros da Kizomba e do Semba, segundo informou o canal em nota de imprensa. Lucas de Brito Pereira da Silva, carinhosamente tratado por “Maya Cool”, artista conceituado da praça nacional e não só, protagonizará um espectáculo intimista, onde vai revisitar os grandes sucessos da sua carreira musical, numa emissão especial que será transmitida em directo e em exclusivo no ZAP Viva.

Temas como “Ancoró”, “Te quero”, “Pelo pelo”, “País novo”, “Junta ma nós”, “Liguei”, “Boca azul”, “Lágrimas”, “Maka grande”, “Ti Paciência”, “Angola”, “Minha cidade”, são alguns dos hits que preenchem o reportório deste artista. Maya Cool começou a sua carreira muito cedo como cantor “Pió” e foi nessa altura em que se destacou pela sua energia contagiante de voz doce e melódica. Actualmente, com mais de 30 anos de carreira, cinco álbuns no mercado e vários prémios nacionais, Maya continua a conquistar diferentes gerações, tendo elevado a cultura e a bandeira de Angola a outros patamares internacionais como: Estados Unidos, Portu-

gal, Inglaterra, França, África do Sul, Moçambique, Marrocos, Brasil, Hong-Kong e outros. Com a música “Ti Paciência”, Maya Cool entrou para a galeria dos vencedores do Top dos Mais Queridos em 2008, concurso de música nacional, uma iniciativa da Rádiodifusão Nacional de Angola (RNA), onde despontam nomes como de Pedrito três vezes vencedor, Yuri da Cunha e Matias Damásio com dois títulos ganhos, respectivamente. Este especial será apresentado pela dupla João Chaves e Sandra Gomes , e promete uma tarde muito divertida. Ao longo da emissão, o artista poderá interagir com os seus fãs, através da página oficial do “Tá a Bater” no Instagram.

ministra da Cultura, Turismo e Ambiente, Adjany Costa, abordou, nesta Quinta-feira, com a embaixadora do Reino Unido, Jessica Hand, a cooperação entre os dois países. Durante a audiência, a diplomata britânica procurou inteirar-se dos projectos e prioridades do ministério, perspectivas e ou estratégias gizadas para o período pós-Covid-19, com maior foco nas questões ambientais. Jéssica Hand manifestou a disponibilidade do seu país para trabalhar e cooperar com a instituição nos três domínios, criando uma aproximação com empresários e ou organizações britânicas. Para a área do turismo, a diplomata informou que depois da visita do Príncipe Harry, entre muitos projectos, o Ecoturismo tem merecido atenção das agências do Reino Unido. Depois da vista do príncipe, o Executivo angolano recebeu um apoio financeiro adicional à desminagem do país, complementar ao compromisso espelhado pelo Executivo. “O ministério se revê em todos os projectos e acções espelhadas pela embaixadora deste país. A nossa estratégia visa, sobretudo, a criação de uma base económica e sustentável, tendo como pilares o turismo sustentado pela integração de aspectos culturais na protecção ambiental”, revelou a ministra Adjany Costa.


PUBLICIDADE

O Dia da Rússia A 12 de Junho comemoramos uma data, que ocupa o lugar especial no calendário das datas oficiais do nosso Estado - o Dia da Rússia. Este é uma das mais recentes festas estatais na Rússia. Foi estabelecida em 1992. Os cidadãos da Rússia percebem-na como dia da liberdade, paz civil e boa concórdia de toda a população na base do direito e da justiça, como símbolo da unidade nacional e da responsabilidade comum pelo presente e futuro da nossa Pátria. O Dia da Rússia contem em si todo o caminho histórico percorrido pelo Estado Russo, que se aperfeiçoa continuamente há mais de onze séculos. Para nós e para as gerações futuras, é extremamente importante poder valorizar a história do seu país na profundidade do significado das suas etapas, manter a continuidade das tradições espirituais nacionais e dirigir-se pela experiência sobrevivida na resolução


PUBLICIDADE

Embaixador da Russia, Vladimir Tararov


PUBLICIDADE

das tarefas contemporâneas. O poder de cada Estado é assegurado pela estabilidade política, unidade de objetivos e consolidação da sociedade. Conseguimos preservar a diversidade do povo da Rússia, não permitir o esquecimento dos princípios da cidadania e patriotismo, fortalecer de forma confiável a soberania do nosso país, identificar claramente os interesses nacionais da Rússia. A Rússia aprendeu a defendê-los firmemente, ao confiar principalmente na experiência histórica. Apesar dos êxitos indubitáveis alcançados nas esferas socio-económica, sócio-política, cultural e humanitária, a Rússia enfrenta os desafios do desenvolvimento posterior do seu potencial económico, consolidação do estado de direito, desenvolvimento do sistema político e das relações sociais, alcance à qualidade superior do ensino e da saúde pública, aumento do nível de vida dos seus cidadãos. E para um país tão grande como a Rússia, com o a sua população multinacional e estrutura federal complexa, a necessidade do desenvolvimento evolutivo e progressivo é óbvia. A situação resultante da pandemia do coronavírus mostrou a eficácia do sistema da saúde pública russo e a capacidade de enfrentar rapidamente e efectivamente novos desafios e lidar com eles. O Ministério dos Transportes, o Ministério do Desenvolvimento Digital, Telecomunicações e Comunicação Social e o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia trabalharam de maneira operativa e harmonizada no processo do retorno dos nossos cidadãos à sua Pátria de todo o mundo. Isso tornou-se um exemplo vivo de que somente através do trabalho coordenado e dos esforços conjuntos de todos os cidadãos, o Estado pode responder a ameaças. A Rússia de hoje é um membro aberto e influente da comunidade internacional, participante activo nas tentativas de encontrar soluções dos problemas complicados que enfrenta a humanidade. Na arena internacional o nosso País realiza infalivelmente a política construtiva, de vários vectores visando salvaguardar a paz mundial, estabilidade e segurança, respeitar e tomar em consideração os interesses de todos os Estados do planeta – grandes e pequenos. Uma das prioridades da política externa russa é o desenvolvimento das relações com os Países Africanos. A Rússia está a voltar para a África. Isso é evidenciado pela criação de um formato completamente novo de interacção entre a Rússia e o continente Africano - o Fórum Económico e a Cimeira “Rússia-África”, que foram realizados com sucesso em Outubro de 2019. Em Maio de 2020, foi criado na Rússia o Secretariado Permanente do Fórum da Parceria Rússia-África, que coordenará a realização de cimeiras de três em três anos. Angola ocupa um lugar de destaque entre os nossos parceiros africanos. A Rússia e Angola são ligadas pelas relações de amizade fundadas na época da luta do Povo Angolano pela independência nacional e contra invasão estrangeira. A URSS desempenhou um papel muito importante na descolonização dos Países Africanos, inclusive a República de Angola. Hoje em dia a nossa cooperação está a se desenvolver em vários campos - energia, extracção e processamento de minerais, financeiro e bancário, científico e técnico, formação de quadros nacionais, essa cooperação está a viver as novas dinâmicas e tem boas perspectivas para o futuro. Isto é confirmado pela visita oficial de Sua Excelência João Lourenço, Chefe de Estado Angolano, a Moscovo em Abril de 2019. Na síntese da visita, foi assinada uma série de acordos, foi criado o Conselho Empresarial “Rússia-Angola” com o fim de promover o desenvolvimento do comércio e da cooperação económica entre os nossos países, bem como foram estabelecidas as bases da cooperação inter-regional, etc. Autor: Vladimir Tararov Embaixador Plenipotenciário e Extraordinário da Federação da Rússia na Republica de Angola


actual ‘Ascensão da China’ não pode ser ignorada, declara secretário-geral da OTAN O país asiático está a crescer tanto do ponto de vista económico quanto militar, adverte o dirigente da aliança, dizendo que o mundo deverá enfrentar uma futura “mudança no equilíbrio global do poder”

O

Ocidente “não pode ignorar” a ascensão da China, tanto no campo militar, como econômico, disse Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN, num programa na BBC Radio. “Não podemos ignorar as consequências da ascensão da China. A China terá em breve a maior economia do mundo. Eles já têm o segundo maior orçamento de defesa”, alertou, segundo a agência Reuters. Stoltenberg observou que Pequim está a investir “fortemente” em capacidades militares modernas e acrescentou 80 navios à sua Marinha apenas nos últimos cinco anos, o que é igual ao número total de navios pertencentes à Marinha Real do Reino Unido. “A China está a tornar-se uma potência militar cada vez mais importante e nós temos que enfrentar isso”, disse ele, acrescentando que a OTAN deve garantir que a aliança permaneça uma “força forte no futuro”, pois enfrenta uma “mudança no equilíbrio global do poder”. Igualmente, o dirigente da organização militar advertiu a Europa e o Reino Unido sobre o papel da Huawei na segurança do país, mas disse confiar em Londres para projectar a rede 5G de maneira a se manter “segura”.

Em Janeiro, os britânicos ofereceram um papel limitado ao gigante tecnológico chinês, com 35% da rede nacional, e o excluíram de partes “sensíveis” do projecto. A Huawei está presente no mercado britânico desde a época do 4G. Resposta da China A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, respondeu às declarações de Stoltenberg afirmando que Pequim não representa nenhuma ameaça. “Esperamos que a OTAN possa continuar a ter uma opinião correcta sobre nós e ver o nosso desenvolvimento de modo racional”, disse ela.

O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

21

A pandemia está a acelerar em África, sendo necessários kits de teste, diz OMS

A

pandemia de coronavírus está se a acelerar em África, espalhando-se para o interior das capitais, aonde chegou com os viajantes, informou a Organização Mundial da Saúde na Quinta-feira. Mas a OMS diz que não há indicação de que casos graves e mortes estejam a ser perdidos, nem o vírus causou infecções significativas em campos de refugiados em todo o continente. Dez países estão a liderar a epidemia em África, representando 75% dos cerca de 207.600 casos no continente, com 5.000 mortes relatadas, segundo Matshidiso Moeti, director regional da OMS em África. A África do Sul, que no mês passado iniciou uma redução gradual do bloqueio, é a mais atingida, respondendo por um quarto de todos os casos, disse ela. “Embora esses casos em África representem menos de 3% do total global, está claro que a pandemia está a acelerar-se”, disse Moeti numa entrevista colectiva a correspondentes da ONU em Genebra. “Acreditamos que um grande número de casos graves e mortes não estão a ser esquecidos em África”. A população de África é relativamente jovem e muitos países já haviam estabelecido medidas de triagem de “ponto de entrada” contra a febre do Ébola - dois factores que até agora limitaram a disseminação da Covid-19, disse ela.

Mas os bloqueios e fechos de mercados destinados a conter o contágio por coronavírus afectaram pesadamente as comunidades marginalizadas e as famílias de baixa renda, disse Moeti. Na África do Sul, altos números de casos diários e mortes estão a ser relatados em duas províncias, o Cabo Ocidental e o Cabo Oriental, disse ela, acrescentando: “Especificamente no Cabo Ocidental, onde estamos a ver a maioria dos casos e mortes, a tendência parece ser semelhante ao que estava a acontecer na Europa e nos EUA “ Um grande desafio no continente continua a ser a disponibilidade de kits de teste, disse Moeti. Pontos quentes” do coronavírus estão na África do Sul, Argélia e Camarões: OMS A África terá um “aumen-

to constante” nos casos de Covid-19 até que uma vacina seja desenvolvida e fortes medidas de saúde pública sejam necessárias nos actuais “pontos quentes” na África do Sul, Argélia e Camarões, informou nesta Quintafeira a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Até ao momento em que tenhamos acesso a uma vacina eficaz, receio que provavelmente tenhamos que viver com um aumento constante na região, com alguns pontos quentes que precisam ser geridos em vários países, como está a acontecer agora na África do Sul, Argélia e Camarões, por exemplo, que exigem medidas de saúde pública muito fortes, medidas de distanciamento social para ocorrer ”, disse Matshidiso Moeti, director regional da OMS em África, numa entrevista em Genebra.

Europa teme segunda onda precoce do coronavírus após protestos em massa

A

Europa pode enfrentar um aumento de infecções por Covid-19, nas próximas semanas, devido aos protestos em massa ocorridos no continente nos últimos dias, disseram autoridades e especialistas da União Europeia nesta Quinta-feira. Dezenas de milhares de manifestantes reuniram-se em grandes cidades europeias, recentemente, para protestar contra o racismo após o assassinato do afro-norteamericano George Floyd sob custódia da Polícia.

“Se você aconselha todos a ficarem a um metro e meio uns dos outros e no final todo mundo fica perto dos outros, a abraçaremse, então não tenho um bom pressentimento disso”, disse Jozef Kesecioglu, que preside a Sociedade Europeia de Medicina de Tratamento Intensivo, numa conferência. Indagado se pode haver um aumento de infecções na próxima quinzena, ele respondeu: “Sim, mas espero estar errado”. A maioria das 27 nações do blo-

co já passou pelo pico da epidemia e está a reabrir negócios e fronteiras gradualmente, uma vez que a doença recuou nas últimas semanas. Antes dos protestos recentes, cientistas acreditavam numa segunda onda só depois do verão, mas as aglomerações podem afectar esta tendência positiva. “Como em qualquer doença respiratória infecciosa, eventos em massa podem ser uma grande rota de transmissão”, disse à Reuters Martin Seychell, autori-

dade de Saúde da Comissão Europeia, quando questionado sobre a possibilidade de uma segunda onda precoce desencadeada pelas manifestações. O vírus ainda está a circular, mas em índices menores do que há algumas semanas, explicou. A probabilidade e o tamanho de uma segunda onda dependeriam da manutenção eficiente das medidas de distanciamento social e de outros factores, muitos dos quais ainda são desconhecidos, disse ele.


entrevista

22

O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho de 2020

‘São as elites que importam a Covid-19’ Médico de profissão e deputado à Assembleia Nacional pela UNITA, Maurílio Luiele é o rosto da maior formação política da oposição que mais se tem destacado em analisar o momento sanitário que o país atravessa. Sereno, como sempre, o político doutorado no Brasil diz que os constantes alertas da Organização Mundial da Saúde e o facto de o coronavírus se ter espalhado, inicialmente, noutros continentes fez com que os estados africanos se precavissem. E Angola não foi excepção, embora ‘o botão vermelho continue ligado’. Ainda assim, garante que o país está a lidar bem com a crise, criticando somente o facto de não se terem criado condições suficientes para que os menos favorecidos pudessem resistir ao confinamento, uma situação que não se fez sentir nas zonas rurais, e está reticente quanto à qualidade da despesa efectuada nesta fase para o combate à doença entrevista de Dani Costa fotos de Jacinto Figueiredo

O

chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Pedro Sebastião, que é o coordenador da Comissão Interministerial para o Combate à Covid-19, esteve na Assembleia Nacional e apresentou um balanço que considera positivo. A UNITA compartilha da mesma posição? Como tivemos uma posição ontem na plenária que apreciou o Estado de Emergência, temos uma visão um pouco diferente, se puderam

se aperceber através da nossa intervenção. Não há dúvidas de que os estados africanos de um modo geral, alertados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), anteciparam-se nalgumas medidas. A OMS havia alertado que as fragilidades nos sistemas de saúde e as económicas colocavam em alto risco este conjunto de países quanto à propagação da Covid-19. Neste aspecto, estamos de acordo. De resto, a UNITA apelou desde muito cedo para a necessidade de se tomarem medidas rigorosas para conter a propagação, muito antes de o vírus de ter propagado pela Europa. O nosso maior receio era mesmo a relação que tínhamos com a China, o alto fluxo de pessoas que Angola tem com este país, colocavanos, directamente, em risco. Mas, contudo, não é dali que veio o perigo. O vírus acabou por chegar a Angola por via da Europa. Em Março, dizia que tinha havido ‘negligência e não se cumpriu com o que se programou e algumas acções foram tomadas tardiamente’. Recorda-se? Sim, recordo-me. O que quis dizer? Tinha-se acordado que as pessoas que chegassem de fora iriam para aquilo que se convencionou chamar quarentena institucio-

nal. Portanto, era suposto que se tivessem criadas as condições para a referida quarentena. As pessoas chegaram e fruto de uma confusão que houve, na altura, e todos sabem que esteve sobretudo relacionado com o facto de o ministro do Interior ter retirado a filha do conjunto de pessoas que potencialmente iriam para esta quarentena institucional, então mudaram-se as regras. As pessoas deixaram de ir para a tal quarentena institucional e foram para aquilo que se convencionou chamar quarentena domiciliar. Se não tivesse ocorrido este incidente do aeroporto, o quatro seria outro? O problema é que o Governo e a Comissão Interministerial não estavam preparados para controlar as pessoas nesta modalidade de quarentena. O que se viu é que muitas das pessoas, que foram para es-

O nosso maior receio era mesmo a relação que tínhamos com a China, o alto fluxo de pessoas que Angola tem com este país

te tipo de quarentena, não estiveram devidamente monitorizadas. Seguramente, isso contribuiu para algum índice de contaminação local que poderia ter sido evitada se houvesse esta quarentena institucional. O isolamento das pessoas infectadas, efectivamente, é uma medida importante para o controlo da propagação do vírus. Portanto, é neste aspecto que consideramos que houve negligência. De qualquer forma, as medidas tomadas, como o encerramento de fronteiras, e, posteriormente, as medidas contidas no estado de emergência, com o confinamento domiciliar das pessoas, permitiram de facto frear o ritmo de propagação. É verdade que não se conseguiram os níveis de confinamento desejáveis, ideais, por causa de uma série de condições sociais das populações que não foram acauteladas lá atrás. Por exemplo, temos a situação dos mercados informais. Temos um grande contingente de angolanos nestes mercados informais, quer como vendedores como os locais onde adquirem os produtos primários de subsistência, muitos deles vivem daquilo que é a sua actividade diária. Para estas pessoas, a situação de confinamento era absolutamente impensável e impossível. E elas resistiram ao confinamento, não por mera insubordinação, mas por imperativos de sobrevivência que não foram devidamente considerados. Há questões básicas, como o abastecimento de água. Se as pessoas não têm água, não podem, obviamente, ficar confinadas. Têm que ir buscar água em locais distantes e não podem evitar aglomerações. Para além de não poderem ficar confinados em casa, não podem também manter o tal distanciamento social, porque estas aglomerações, nestes locais em que vão buscar água, são difíceis de contornar. Mas é preciso considerar que isso decorre de problemas que não foram resolvidos lá atrás. Afectaram, particularmente, as zonas suburbanas, as comunidades periféricas, onde estes problemas são particularmente agudos. Penso que


O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho de 2020

nas centralidades e aqui nos meios urbanos, os níveis de confinamento foram maiores. As pessoas têm empregos melhor remunerados e fixos. Nestes lugares conseguiuse um nível de confinamento bom, mas nada interessa conseguir um confinamento elevado noutros espaços, se na periferia não. Está a dizer que tivemos que lidar com duas realidades concretas. Como é que se comportou a Angola das pessoas minimamente abastadas e a das que têm pouca ou quase nenhuma renda? Eu até diria que temos três realidades distintas. Qual é a terceira realidade? É a realidade rural que não foi sequer considerada. Como é que não foi considerada? Não houve confinamento nenhum nas zonas rurais. Se calhar também não era de todo necessário conseguir níveis de confinamentos elevados. É assim: vimos a forma como se propaga a Covid-19 de forma geral. As primeiras afectadas pela são as elites que têm a possibilidade de viajar. São estas que importam o vírus para aqui em Angola. Portanto, vimos que os primeiros casos surgiram em condomínios de alto padrão e em bairros como o Talatona. Portanto, o exercício é depois impedir que o vírus salte destas elites para as comunidades. Quando isso acontece é muito mais rápida, justamente por causa desta dificuldade de isolar os casos que vemos. Este é um padrão global. Mesmo no Brasil, que é a realidade que conheço mais, os primeiros casos surgiram em bairros de alto padrão, como Ipanema. O problema era o momento em que o vírus saltasse destes locais para as comunidades, as favelas. Portanto, é um padrão global. Mesmo se considerarmos os países, vemos que os mais afectados são aqueles mais ricos, que têm grande número de cidadãos que circulam pelo mundo e têm acesso a muitos espaços. As primeiras abordagens com a doença, no caso de Angola, foram as melhores? Houve aqueles vacilos iniciais, mas é obviamente compreensível porque estávamos todos a lidar com uma realidade desconhecida. Quando o surto brotou em Wuhan, ninguém imaginava os desenvolvimentos posteriores da epidemia. Havia a experiência anterior com o SARs e o MERs, que são também coronavírus, que foram con-

23

trolados e não atingiram esta dimensão do SArs Covid2. Portanto, é uma realidade completamente diferente. Por isso, é compreensível que todos nós tenhamos dificuldades iniciais de lidar com esta questão. Penso que as dificuldades são compreensíveis. A resposta de Angola neste quesito foi de certa forma aceitável. Quando diz de certa forma é porque faltou algo. O que foi? É a questão da assistência social que era necessária para se conseguir um confinamento nestas áreas. Tentou-se conseguir isso com recurso excessivo à força, sem procurar compreender que as pessoas não se confinavam justamente por este imperativo de sobrevivência. Mais do que o uso da força, era garantir um pacote substancial de assistência social, para conseguir o confinamento destas pessoas. Por causa do uso excessivo da força, tivemos o paradoxo de ter um número maior de mortes provocadas pela violência policial, que são 10 no total, do que as fatalidades provocadas pela própria doença. O porta-voz da Polícia Nacional, Waldemar José, já pediu desculpas públicas pelo que tem acontecido. Eu acho que foi na sequência da nossa intervenção. Do lado da UNITA, por exemplo, não acha que são desculpas que devem ser aceites? Nós pensamos que são aceitáveis, mas é preciso que as autoridades, efectivamente, investiguem e apurem responsabilidades. Houve casos em que a violência policial foi gratuita demais para ser aceite assim de ânimo leve. Temos o caso do senhor Lazarino Santos, aqui no Dangereaux, que é inaceitável. Portanto, as desculpas estão aceites. Mas é preciso que se façam as devidas leituras para que não voltem a acontecer estas fatalidades por causa das medidas tomadas. As pessoas não podem morrer do remédio. Têm é que morrer da doença. Por que defendia que as autoridades, no âmbito das ajudas sociais, deveriam priorizar algumas zonas do leste do país e as comunidades afectadas pelas secas? O leste é uma área problemática por natureza. E penso que vai continuar a ser. Tem fronteira vasta e muito porosa. Por ali, sempre se pode importar alguma contaminação. Por exemplo, os números na República Democrática do Congo continuam a crescer muito. Penso que o ris-

co de importação por ali ainda não está totalmente afastado. E em relação ao sul é mais por causa destes problemas sociais que impedem o isolamento das pessoas. Obviamente, isso favorece a propagação do vírus. Também é uma zona de fronteira. É médico. Nesta fase em que o Executivo diz que está tudo bem, há também um aumento de casos. O que nos reserva, na verdade, os próximos tempos? Eu disse ontem que com o confinamento ganhamos tempo para estruturar melhor as nossas medidas de resposta à Covid-19. É um dado adquirido. Porque não houve aquele número de casos que a Organização Mundial da Saúde apontava para este período, que se tivessem acontecido levaria a um colapso ao nosso sistema de saúde já de si frágil. De certa forma, as medidas contidas no Estado de Emergência permitiram fazer aquilo que os epidemiologistas chamam de achatamento da nossa curva. Neste aspecto, ganhamos tempo. Mas isso não afastou o risco de propagação da doença, tanto é assim que estamos a ver o aumento de casos de contaminação local. E da contaminação local para a contaminação comunitária é um passo, a fronteira é muito ténue. É por esta razão que penso que não é hora de se baixar a guarda. Ainda temos que tomar muitos cuidados, até porque, ao contrário do que se propala, a pandemia está a se impor em África. Não com a velocidade que se prognosticou lá no início, mas aos poucos está a se impor. Tanto é assim que, olhando para a curva de propagação dos diferentes países africanos, sobretudo aqui na África subsaariana, a curva ainda é ascendente. Isso significa que ainda não se atingiu o pico de propagação, o que faz pensar que temos que manter o alerta vermelho intenso, porque ainda não se venceu a batalha.

Como é que se pode analisar hoje o facto de estarmos a ter mais casos e ao mesmo se conceder uma maior liberdade às pessoas por parte do próprio Executivo? É verdade que também aquele confinamento rigoroso não é uma medida que se pode manter por muito tempo. Temos que fazer adaptações no sentido de manter alguma actividade económica, porque senão a situação é pior. Não se consegue controlar as pessoas. É preciso fazer um caminho de adaptação das medidas ao contexto epidemiológico concreto. Isso também está previsto. Era necessário fazer um confinamento inicial, aquilo que os ingleses chamam ‘lockdown’, para conter uma propagação alta, mas depois relaxar e ajustar as medidas à própria evolução epidemiológica do quadro. É isso o que se está a fazer. Portanto, não é uma mera imitação, como se diz, de Portugal. Podemos nos questionar se as medidas que estão a ser tomadas são mesmo ajustadas ao contexto. Enquanto deputado: tivemos estado de emergência, que foi prorrogado, depois a situação de calamidade que se mantém até aos dias de hoje. Foram as medidas mais acertadas? Nós (UNITA) sempre nos manifestamos favoráveis ao estado de calamidade e as sucessivas prorrogações. Concordamos com o estado de emergência e as medidas contidas, com as ressalvas de não terem sido conseguidos os níveis de confinamento ideais, o que já abordamos. Em relação à situação de calamidade, não se trata de prorrogação. Todas essas medidas estavam previstas, de avaliações quinzenais, que determinariam a alteração. Há algumas medidas que têm de ser questionadas. Por exemplo, a manutenção da cerca sanitária de Luanda é mesmo necessária ou não? O início das aulas previsto para o próximo dia 15 de Julho: há condições efectivas para se determinar este início? Os restaurantes estão mesmo em condições de funcionar?

O senhor deputado é médico e certamente que domina as questões ligadas à saúde. Quanto à cerca sanitária de Luanda: há ou não necessidade da sua manutenção? Penso que é possível controlar a propagação mesmo sem a cerca sanitária de Luanda. É preciso considerar que Luanda é um centro político e económico importante. Infelizmente, as políticas levadas a cabo ao longo dos anos levaram ao crescimento macrocefálico de Luanda. Quase todas as demais províncias dependem política e economicamente de Luanda. Portanto, a manutenção da cerca sanitária de Luanda condiciona sobremaneira a actividade económica no restante do território de Angola. Então, tem que ser bem avaliada a manutenção da cerca sanitária. Neste contexto, pensamos que com os cordões sanitários localizados e as quarentenas, que podem ser desenvolvidas, localmente, e o aumento da testagem que permite identificar mais casos e dar um quadro mais preciso da propagação, é possível, perfeitamente, determinar as linhas de propagação e controlá-las. Neste contexto, a manutenção da cerca sanitária de Luanda deve ser repensada no meu ponto de vista. O caso dos restaurantes é mais polémico. Penso que é muito mais difícil manter o distanciamento social nestes espaços, sobretudo depois que as pessoas ingerem determinadas quantidades de bebidas alcoólicas. Por razões óbvias, nestes espaços não faz sentido o uso de máscaras, porque vamos para lá comer. Temos que estar desprotegidos. Era necessário compensar isso com um distanciamento entre as pessoas que teria que ser mais de dois metros. Penso que ainda era prematuro abrir a actividade destes espaços. Quanto às escolas, sem que se criem as necessárias condições, penso que a retomada das aulas devia ser repensada, sobretudo nos níveis básicos e primários. Como docente universitário, estando ligado ao ensino há algum tempo, qual é o quadro higiénico-sanitário das instituições de ensino? Temos salas com mais de 100 alunos que vai ser difícil redistribuir. As instalações sanitárias são, via de regra, insuficientes e não estão adequadamente tratadas. Estou a falar


entrevista

24

O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho de 2020

‘A vinda dos médicos cubanos foi prematura’

‘A manutenção da cerca sanitária de Luanda deve ser repensada’

Estaremos a lidar com uma bomba-relógio? Absolutamente. Não nos esqueçamos que já estamos a viver um aumento de transmissão local. Nestes casos, o ritmo de propagação do vírus compreende três vagas distintas. Primeiro, é aquele número de casos importados. Depois é a transmissão local, isto é, as pessoas que apanham o vírus destes importados. Depois tem a vaga pior e a mais temida que é a transmissão comunitária, que é a mais difícil de controlar. Se não tomarmos o devido cuidado e partirmos para um relaxamento descontrolado das medidas, vamos passar rapidamente para uma transmissão comunitária, que depois vai ser difícil de controlar.

venção. Há este esforço. Ao mesmo tempo temos que reconhecer que, às vezes, há falhas na comunicação. Vou citar alguns exemplos que podem levar ao estigma, o que não é bom para o combate a uma determinada doença. Se as pessoas se sentem estigmatizadas, eu que tiver o sintoma da Covid vou ter receio de ir a um hospital ou unidade sanitária, porque depois posso ser levado como um prisioneiro para os centros de tratamento. Há este problema. Nalguns casos, o secretário de Estado, Franco Mufinda, que mais frequentemente aparece na comunicação com a comunidade, diz: ‘este caso de contaminação local está relacionado ao caso 26’. Quase toda a gente sabe, mais ou menos, quem é o caso 26. ‘Este caso está relacionado ao caso 31’. Toda a gente sabe que o caso 31 é um guineense. E noutros casos diz: ‘este caso está relacionado a um dos nossos casos’. Há a estigmatização dos guineenses e isso não é de bom tom para a comunicação. Também consideramos que a forma como foram estabelecidos alguns cordões sanitários não levou em conta aspectos de índole humanitário mesmo.

Há possibilidade de se endurecer as medidas caso surja um caso de transmissão comunitária? É uma hipótese que não pode deixar de ser considerada. Se a determinada altura ocorrer uma expulsão no número de casos, tem que se considerar um eventual endurecimento das medidas se necessário.

Usar os casos 26, 31 ou 56 é funcional neste momento. Mas de tivermos um aumento exponencial de casos, será necessário alterar a estratégia de comunicação? Obviamente. Por isso digo que temos que aprender com o evoluir da situação. Temos que nos adaptar ao próprio contexto epidemiológico.

Como vê a comunicação do Executivo nesta problemática da Covid-19? Há muitas queixas, sobretudo nas cercas sanitárias. Mas penso que há o esforço do Executivo no sentido de manter a população informada. E a informação é importante para se sensibilizar as pessoas a tomar a peito as medidas de pre-

Em países como o Brasil, cuja realidade conhece, as pessoas, sobretudo figuras públicas, podem dizer que estão contaminadas com a Covid-19. Não é possível fazer o mesmo em Angola? É uma decisão pessoal. A menos que seja uma figura pública. Mas, do ponto de vista da ética médica, é uma decisão pessoal.

das instituições de ensino superior, que é onde actuo. Nas instituições públicas de ensino primário e secundário, a situação é, obviamente, bem pior. As turmas são muito grandes e as casas de banho são praticamente inexistentes. O acesso à água é impensável. Portanto, ou se criam essas condições ou estamos a criar espaços onde o vírus vai ser propagado rapidamente.

O Presidente visitou, recentemente, o Hospital de Campanha da Covid-19 em Viana e depois esteve no centro da clínica Girassol. Estamos a nos preparar para uma autêntica guerra? Sim. É aquilo que disse. A pandemia está a se impor em África. Basta olhar para os países à nossa volta, como a República Democrática do Congo e a África do Sul. É evidente que, apesar de não termos uma fronteira directa com a África do Sul, pela posição económica que representa na região, tudo o que acontece lá vai respigar nos países de região. A pandemia está a se impor, o pico ainda não foi alcançado e o risco de propagação ainda é alto. Ganhamos tempos exactamente para criar todas estas condições. Faz todo o sentido. A escolha das províncias de Cabinda e Lunda-Norte para acolher os outros hospitais de campanha foi acertada? São zonas de fronteira. Mas, penso que se chegarmos a uma situação de transmissão comunitária, os grandes centros de concentração populacional como o Lubango, Benguela e Huambo têm que ser considerados na instalação destes hospitais de campanha para o tratamento da Covid. Os médicos cubanos chegaram no momento certo? Eu disse ontem que a vinda destes médicos cubanos foi prematura. Havia outras prioridades, nomeadamente a capacitação dos profissionais angolanos que deviam ser preparados para enfrentar a pandemia, a contratação e a integração destes profissionais no sistema de resposta à Covid-19. Os médicos cubanos serão necessários, mas, se calhar, a sua necessidade se fará sentir mais lá em frente. Quando estivessem a afluir aos centros de tratamento um número maior de doentes. Os valores que custam os médicos são preocupantes para a UNITA? Preocupam, claro. Seriam melhor aplicados nos itens que referi: a formação de profissionais angolanos e a ampliação da nossa capacidade de testagem. Quarenta e nove mil milhões de Kwanzas é o valor que o Executivo gastou na criação das condições para o combate à Covid-19. Qual é a vossa apreciação? Ainda temos um problema que prevalece: a qualidade do gasto.

Vou colocar uma questão: a aquisição daquelas casas em Calumbo, que são 25 milhões de dólares, é também um gasto que penso não se justificar nesta altura. Há, seguramente, outros aspectos, que se forem devidamente escrutinados, vão revelar uma qualidade de gastos inadequado. Há também um outro aspecto que é importante considerar: a desatenção que está a ser dada a outras doenças em Angola e que, no momento, matam mais do que a Covid-19. Portanto, há um desvio de recursos que deveriam ser direccionados para estes programas de saúde pública. Estamos a ouvir as dificuldades que têm os centros de hemodiálise de Benguela e Huambo. Há a questão do aumento sazonal da malária que não foi considerada e, por causa disso, o número de mortes foi superior que o habitual. Não se investiu na fumigação e outros aspectos de prevenção da doença. A crise causada pela Covid vai fazer as autoridades olharem de outra forma para o sector da saúde? Os governos vão seguramente repensar a importância do sector da saúde, não só para o desenvolvimento dos países, mas também humano. Mesmo em países ultraliberais como os Estados Unidos viu-se o quanto é a importante a responsabilidade do Estado para com os cidadãos. É uma das lições que estamos a aprender agora com a Covid-19 e, certamente, vai fazer parte desta reconfiguração absolutamente necessária do modelo pós-pandemia que vai ter que brotar. Como viu a posição de Angola em relação à Covid Organic, produzido pelo Madagáscar, que se dizia ser um produto quase milagroso? A ciência tem que ser considerada como uma fonte de conhecimento para as medidas de combate à Covid-19. O que se passa com a Covid Organic é que não obedeceu aos parâmetros científicos. Foi mais utilizado pelos políticos como forma de promoção. Isto não é correcto. Mesmo a comunidade científica malgaxe não foi considerada em relação ao Covid Organics, tanto é assim que os casos de Covid-19 no próprio Madagáscar estão a subir consideravelmente. Portanto, Covid Organic não é uma solução. Como é que Angola está a lidar com as posições da Organização Mundial da Saúde (OMS), algumas das quais polémicas sobre a utilização

de medicamentos como a cloroquina? É preciso também considerar que a ciência, ainda assim, ela não é infalível. Tanto é assim que as teorias que ela gera evoluem. Baseiam-se em hipóteses que são colocadas e elas são testadas também pelo debate científico que se faz. E as hipóteses que prevalecem são aqueles que resistem ao teste e ao debate. Essa questão da cloroquina e da Covid é nova que ainda está sob escrutínio da ciência. Isso suscita um intenso debate mesmo na comunidade científica. Portanto, também é natural este vai e vem que a OMS vai tendo neste processo. Mas, de qualquer forma, a liderança da OMS é fundamental para reunir e dirigir o esforço global de contenção da pandemia. Como é que estaremos até ao próximo dia 24 deste mês que é a data do fim desta situação de calamidade? Não está dito que a situação de calamidade termina no dia 24. Vai-se analisar e ela pode ser prorrogada. Mas, estou preparado para um aumento de casos de transmissão local. Penso que estamos a um passo muito ténue de passar para uma situação de transmissão comunitária. Felizmente, estamos a ver no padrão da Covid aqui, vamos tendo poucos casos graves, por razões que a ciência ainda tem que esclarecer. É possível que andem por aí alguns assintomáticos? É possível que sim. Por isso, aumentar a testagem é absolutamente necessário. Foi ministro sombra do governo da UNITA durante sete anos. O que acha da actuação da ministra Silvia Lutukuta, sobretudo na gestão desta pandemia? Eu conheço bem a Dra. Sílvia Lutukuta, penso que é um quadro competente e tem estado à altura dos desafios. Há questões que lhe ultrapassam, porque decorrem do próprio quadro político, económico e social. Estamos a atravessar uma situação económica grave que destina poucos recursos para a saúde. Então, isso é um cobertor curto para a Dra Silvia Lutukuta e os enormes problemas que tem que resolver em matéria de saúde. Temos um sistema bastante débil com várias situações. Penso que é um dos sectores que carece de uma reforma profunda para estar à altura dos desafios.


Mundo

25

O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

Irão divulga fotos de ‘informador da CIA e Mossad’ sentenciado à morte

Arquivos do poder judiciário iraniano indicam que o “informador” foi preso meses antes do assassinato

do general iraniano, tornando o seu papel no crime pouco claro

O

poder judiciário do Irã disponibilizou informação sobre um informador da CIA e da Mossad, que foi sentenciado à morte devido a acusações de espionagem. De acordo com o órgão, Seyed Mahmoud Mousavi-Majd forneceu às agências de espionagem dos EUA e Israel dados sobre a localização do general iraniano Qassem Soleimani, que foi assassinado em ataques aéreos dos EUA em 3 de Janeiro de 2020. A agência iraniana de notícias Mizan divulgou uma imagem de Seyed Mahmoud Mousavi-Majd, que foi sentenciado à morte por espiar para os EUA e Israel. O poder judiciário o acusou de colectar inteligência de segurança e prover

O alegado espião (de chapéu) atrás de Qassem Soleimani morto num bombardeamento com um drone americano no Iraque

Beijing regista um novo caso confirmado de Covid-19

U

m novo caso de Covid-19 foi confirmado em Beijing, anunciaram fontes do governo local nesta Quinta-feira. O paciente, de 52 anos, foi a uma clínica no distrito de Xicheng na tarde de Quartafeira devido à febre intermitente. Mais tarde foi diagnosticado com Covid-19.

De acordo com a declaração do paciente, ele apresentava sintomas de febre e fadiga, mas sem tosse nem dor de garganta ou dor no tórax. Ele também garantiu que não havia deixado a cidade nas últimas duas semanas e não teve contacto com pessoas de fora de Beijing.

informações sobre o paradeiro de Soleimani, levando ao seu assassinato Mousavi foi preso meses antes do assassinato do general. Portanto, não é claro se a quantidade de informações fornecidas por ele ajudou agências de espionagem a identificar o paradeiro de Soleimani. O acusado foi detido no mesmo momento em que Teerão anunciou a detenção de 16 espiões da CIA. O presidente norte-americano, Donald Trump, comentou que as afirmações do Irão de ter destruído uma “rede da CIA” no país são “completamente falsas”, porém, nenhuma outra autoridade de ambos os países comentou o caso. O espião da CIA que estava a re-

ceber informações sobre o mártir general Qassem Soleimani, da Força Quds do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica do Irão, foi sentenciado à morte Seyed Mahmoud Mousavi-Majd possuía conexões com a Mossad e a CIA, passando a eles a localização de Qassem Soleimani Qassem Soleimani foi uma figura-chave na coordenação das acções militares do Irão na região do Oriente Médio, além de ter actuado nos serviços de inteligência da nação persa. Vários especialistas consideram que o general assassinado era a segunda pessoa mais poderosa do Irão, após o líder supremo, aiatolá Khomeini, e tinha mais influência que o presidente iraniano, Hassan Rouhani.

Coreia do Norte adverte EUA a ‘não se intrometer’ na relação com Coreia do Sul

N

esta Quinta-feira (11), a Coreia do Norte aconselhou Washington a “manter a boca fechada” sobre os assuntos inter-coreanos, segundo o director-geral do Departamento de Assuntos Norte-americanos do Ministério das Relações Exteriores norte-coreano, Kwon Jong Gun. Em comunicado divulgado pela agência de notícias KCNA, Kwon Jong Gun definiu as atitudes dos EUA como “desagradáveis”, aconselhando os norte-americanos a “ficarem de boca fechada e cuidarem dos seus assuntos internos primeiro”, se Washington quiser evitar um “susto” e garantir a “celebração tranquila” das eleições presidenciais de Novembro. “Ninguém tem o direito de se intrometer nas relações inter-coreanas, pois as relações pertencem aos assuntos internos da nação coreana de A a Z”, afirmou Kwon. A declaração ocorreu depois que o Departamento de Estado dos EUA afirmou que estava decepcionado com a Coreia do Norte após a nação asiática ter suspendi-

do, nesta Terça-feira (9), as linhas directas de comunicação com a Coreia do Sul, em protesto às autoridades sul-coreanas por permitirem “desertores” trocarem informações através da fronteira, um acto hostil que viola uma série de acordos de paz entre os dois lados, informa a KCNA. Além disso, Kwon Jong Gun comentou que está cansado da “dupla face dos EUA”, no sentido de que parecem “ansiosos em deter as relações inter-coreanas, quan-

do mostram sinais de progresso”, porém “actuam quando parecem que as relações pioram”. Analistas afirmam que o impasse nas negociações levou a Coreia do Norte a direccionar as frustrações para Seul e não para Washington, realizando uma série de testes de armas nos últimos meses. Seul e Washington são aliados, e os EUA mantêm aproximadamente 28.500 soldados na Coreia do Sul para proteger o país vizinho do Norte.


Economia

26

O PAÍS O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

Grupo Contidis desmente encerramento de 50 % das lojas

O

Candando pede apoio ao Executivo para manter 2000 funcionários Empresa Condis Lda, encontra-se em arresto preventivo e com as contas bloquedas por decisão do Tribunal Provincial de Luanda, por esta razão, pede apoio ao Executivo, de modo a manter o emprego de 2000 funcionários

À

semelhança das restantes empresas, a Condis LDA, empresa da qual faz parte a rede de Hipermercados Candando tem nos últimos meses enfrentado um conjunto de desafios e dificuldades, com impactos directos no negócio, fruto da degradação económica do país, e agravadas pelas necessárias medidas de confinamento impostas como resposta à crise pandémica do Covid-19: Há quatro anos no mercado, o projecto Candando encontra-se ainda numa fase de desenvolvimento e de reembolso, do capital investido, à banca. Tratando-se, o Candado, de uma empresa de retalho moderno, foram necessários grandes investimentos na construção dos estabelecimentos comerciais, nas infra-estruturas para as operações, e no capital humano, tendo sido projectado um investi-

mento total de USD 400 milhões para implementação de uma rede de hipermercados e supermercados. O projecto Candando é um investimento privado, e foi na sua integralidade pago e financiado pelos seus accionistas e pela banca comercial, nomeadamente pelos Banco BIC, Banco BAI, Standard Bank, Banco Millenium Angola, não tendo tido qualquer tipo de apoio do erário público, nem qualquer aporte de fundos do Estado angolano. As lojas Candando têm dinamizado a economia nacional, com aquisição de produtos “Feito em Angola”, tal como o peixe e a carne nacional, e produtos nacionais frescos como frutas e legumes vindos do interior do país. O Candando apoia, activamente, a produção nacional, sobretudo dos bens agrícolas e agro-pecuários, compran-

do estes produtos a mais de 100 fazendas, agricultores, pescadores e produtores angolanos, os quais apoia também com alguns insumos, além de firmar acordos estáveis de compra de produtos locais com grande regularidade. Fruto do arresto preventivo encontram-se bloqueadas as contas bancárias dos accionistas, assim como vedado o acesso aos dividendos e a fundos que poderiam servir para apoiar o Candando, e apoiar a sua operação corrente,e obrigações para com empresas fornecedoras de bens, rendas, serviços e entidades bancárias. Por outro lado, acresce que a pedido da PGR de Angola, as autoridades congéneres portuguesas, procederam ao bloqueio das contas bancárias das empresas do grupo Candando em Portugal, contas essas que serviam para a abertura de linhas de crédito e pagamen-

tos junto de fornecedores internacionais. Empresa Condis Lda apresenta plano de revitalização Face a esta situação, a empresa Condis Lda apresentou um plano de revitalização, e solicitou o apoio às entidades competentes neste sentido, tendo já, entretanto, tido a oportunidade de expor a sua situação junto do Ministério do Comércio. O processo de ajuste a uma nova realidade e a um conjunto próprio de constrangimentos obriga a repensar o negócio e determina que a gerência do Candando ponha em curso um plano para inverter a situação, plano este que foi aprovado pela sua administração, e que foi apresentado aos seus quadros no início deste mês de Junho de 2020.O referido plano passa por manter os seus hipermercados e supermercados abertos, sendo, para tal, necessário o apoio das entidades competentes para garantir o acesso a linhas de crédito para compras a fornecedores nacionais produtores e para as compras internacionais. O apoio do Estado angolano é assim fundamental, no acesso e concessão de linhas de crédito com taxas de juro mais acessíveis enquadradas eventualmente no programa Prodesi e nos programas de apoio a empresas nacionais com base no Aviso 10 e outras medidas, sobretudo para o Candando promover, aumentar, e ajudar na compra e no escoamento dos produtos nacionais e do campo, vindos do interior do país.

ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes, promoveu, ontem, um encontro com os responsáveis gestores pela rede de supermercados CANDANDO, de modo a clarificar a notícia publicada no jornal Economico, na edição 08 de Junho de 2020 com o título “Arresto agrava crise na rede de supermercados: Candando encerra metade das lojas e manda 1000 para o desemprego”. De acordo com o documento que chegou à redacção do jornal OPAÍS, o Grupo Contidis não prevê demitir metade da sua força de trabalho em número de 1000 funcionários. O referido grupo reafirmou o seu compromisso em continuar a operar no mercado angolano, apesar dos desafios económicos globais agravados pelo impacto da pandemia “Covid-19”. De acordo o mesmo documento, tão logo se ultrapasse o momento actual, o Grupo Contidis continuará a alargar a sua rede de lojas, criando mais postos de trabalho, proximidade às famílias e absorção e distribuição da produção nacional. Das medidas definidas pelo executivo aquando da declaração do estado de emergência, inicialmente, e mantida na declaração do estado de calamidade pública consta a orientação aos operadores económicos, e não só, da manutenção dos postos de trabalho como um dos requisitos a serem observados. O Grupo Contidis reafirmou a sua firme intenção em respeitar tais medidas, bem como continuará a colaborar nas acções do executivo com vista a prevenção e combate à “Covid-19”. Assim, o Ministério da Indústria e Comércio reafirma a sua missão de continuar a trabalhar para o normal funcionamento do sector da distribuição formal no nosso país.


27

análise

O PAÍS O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

As receitas petrolíferas fixaram-se em 225.311,25 milhões Kz em Maio de 2020, segundo dados divulgados pelo Ministério das Finanças O montante representa uma diminuição mensal de 48%, suportado pelo abrandamento do preço médio, em 38%, para 18,24 USD/barril, e da quantidade exportada em 8%, para 40,97 milhões barris, com impactos sobre a execução do OGE 2020 ESPAÇO ANGOLA

A

s taxas de juro dos empréstimos a particulares em moeda nacional para o prazo “de 181 dias a 1 ano” situaram-se em 15,15% em Abril. O nível representa uma redução mensal e homóloga de 5,95 p.p. e 16,84 p.p., respectivamente, tal como, o menor nível desde Novembro de 2016, com possíveis efeitos sobre o consumo das famílias.

ESPAÇO INTERNACIONAL MUNDO A Reserva Federal (Fed) reviu em baixa as previsões de crescimento da economia em 8,5 p.p., para uma recessão de 6,5%, em 2020. O nível compara com a expansão de 2% estimada em Dezembro pela mesma instituição, influenciada pela propagação da Covid-19, com a previsão de recuperação a fixar-se em 5% e 3,5% para 2021 e 2022, respectivamente.

MERCADOS Petrolífero ABrent: +1,34% (41,73 USD/barril). O ajustamento das expectativas poderá ter suportado o aumento do preço do crude.

Cambial EUR: +0,30% ( 1,1374 USD). A manutenção da política monetária acomodatícia da Fed favoreceu a moeda única europeia.


desporto

28

O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho de 2020

Baixa de Cassanje entra para a festa do desporto-rei em Angola A formação da cidade de Malanje chega, pela primeira vez, ao Girabola (2020/2021), depois do sorteio realizado, ontem, na sede da Federação Angolana de Futebol (FAF), no Projecto Nova Vida, em Luanda Sebastião Félix

Laurentino Abel Martins quer uma Baixa de Cassanje forte

D

epois do Cambondo e do Ritondo de Malanje, a Baixa de Cassanje consegue uma vaga para disputar o Girabola 2020/2021. No sorteio, realizado ontem, em Luanda, pela Federação Angolana de Futebol (FAF), a equipa da terra da Palanca Negra disputou o lugar com o São Salvador do Zaire. Assim, a equipa malanjina substitui administrativamente o 1º de Maio de Benguela, formação que foi desclassificada do Campeonato Nacional 2019/2020, anulado por força da Covid-19, por falta de comparência. As equipas que disputaram o sorteio eram as mais adiantadas rumo à primeira divisão, a maior festa do desporto-rei em Angola. Mas, a pandemia obrigou a que a Segundona também fos-

O se anulada por decisão dos presidentes de clubes com a FAF. Deste modo, a província de Malanje, que conta com o apoio do governo local e outros parceiros, prepara o regresso com muitas cautelas. Por isso, o secretário-geral

da Baixa de Cassanje, Filemon Baka, disse que agora os desafios são maiores, porque a prova é muito exigente. Filemon Baka adiantou que vão cumprir as orientações para permanecerem na primeira divisão e só depois so-

nharão com outros vôos. “É um sentimento de alegria a província de Malanje regressar ao Girabola, porque os heróis da Baixa de Cassanje merecem”, admitiu o responsável.

São Salvador felicita Baixa de Cassanje com “reticências”

Malanje em festa

N

a cidade de Malanje, com o regresso do rei futebol, os cidadãos estão em festa e juram apoiar a equipa em todos os jogos. A Baixa de Cassanje, que conta com muitos apoios, tem atletas jovens e com muita vontade de honrar o nome da província. Por isso, o presidente do clube, José Rafael, elogiou a entrega que os jogado-

res tiveram na Segundona, a qual estavam a liderar. “Temos muitos desafios, no entanto vamos trabalhar tendo em vista a permanência e contamos com o apoio de todos”, reconheceu. José Rafael admitiu também que os objectivos foram cumpridos e que mereceu a atenção e o respeito de todos os malanjinos.

O

São Salvador do Zaire, formação que perdeu na corrida com o emblema de Malanje, felicitou o oponente depois do sorteio. Mas, o representante do clube adiantou que não se convenceram com o peso das bolas, ainda assim deixam todo o trabalho para o próximo ano. António Vunge prometeu que vão preparar a época no sentido de regressarem, pela via da competição, ao Girabola 2021/2022.

antigo presidente do Cambondo de Malanje, Launrentino Abel Martins, disse que quer uma Baixa de Cassanje forte no Girabola 2020/2021. O ex-dirigente desportivo fez saber que a província tem tradição no futebol, por isso, muitos clubes vão ter dificuldades em vencer na terra da Palanca Negra. “Vou apoiar com muita força a Baixa de Cassanje. É responsabilidade de todos os malanjinos. Queremos uma equipa forte”, assegurou Laurentino Abel Martins. O antigo presidente do Cambondo de Malanje, a residir em Luanda por enquanto, admitiu que brevemente vai regressar à sua terra natal. Deste modo, com o regresso do futebol, sua paixão, não tem como ficar distante da Baixa de Cassanje no próximo Campeonato Nacional. O Cambondo de Malanje, nos idos anos da década de 90 participou no Girabola e tombou gigantes como o Petro de Luanda e outros. Nesse período, a equipa conseguiu a manutenção no Campeonato Nacional, mas as condições financeiras não eram das melhores e teve que abandonar a prova. Pela equipa malanjina passaram Kivota, Mariano, Buco, Gika, Alemão e outros atletas que deram muito que falar sempre que jogassem em Luanda, no Campo de São Paulo.


O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho de 2020

29

Criação da Liga de futebol divide opiniões Mário Silva

O

membro da comissão instaladora da Liga, Campeonato Nacional de futebol da primeira divisão, Policarpo Baptista, defendeu o horizonte temporal de um ano e meio para a sua concretização. Policarpo Baptista explicou que tudo vai depender da dinâmica de trabalho dos clubes e das condições objectivas que serão reunidas. “Se os clubes apresentarem as condições todas que a lei obriga, com os trabalhos a serem feitos penso que menos de um ano para executar o projecto, mas para arrancar com força solidificar os passos, caminhar bem e seguro”, acrescentou. Por outro lado, Policarpo Baptista garantiu que o melhor modelo para Angola é o de Moçambique, porque os moçambicanos encontraram opções económicas e financeiras muito boas para resolverem determinados problemas que os clubes enfrentavam. Por sua vez, o jurista Sérgio Raimundo é de opinião que o Estado tem intervenção directa, porque é órgão que sustenta o desporto angolano. “Na realidade actual do nosso país, o desporto sem a

O

A época em que coincidiu com Pep Guardiola no Barcelona (2008/2009) suscita em Samuel Eto’o um misto de sentimentos. Se por um lado guarda as melhores recordações do estilo de jogo do treinador catalão, por outro não esquece o trato da pessoa por trás do profissional. “Mantenho o que disse… e não fui o único a dizê-lo. A minha experiência com Pep no Barça foi a que foi, mas a nível pessoal não foi o que estaríamos à espera. E muitos jogadores disseram a mesma coisa sobre ele”,

começa por frisar o camaronês, em entrevista ao diário espanhol Marca.

Turquia confiante que a final vai jogar-se em Istambul

sustentabilidade estatal não consegue sobreviver, ou seja, morre”, alertou. O jurista revelou que as grandes agremiações desportivas que fornecem o maior número de atletas nas selecções nacionais em todas as modalidades são sustentadas pelo Estado. “Ora, se você condiciona a entrega da organização

FAB e William Voigt à beira do entendimento

coordenador da comissão de gestão da Federação Angolana de Basquetebol (FAB), Gustavo da Conceição, disse, à imprensa, que as negociações estão a decorrer bem com o antigo treinador da Selecção Nacional sénior masculina da ‘bola ao cesto’, William Voigt. O técnico norte-americano intentou uma accção judicial contra a FAB junto do Tribunal Arbitral do Desporto, devido à dívida de mais de USD 1,5 milhão e outra de quase AKZ 300 milhões.

“Mantenho o que disse sobre Guardiola...”

Gustavo da Conceição assegurou que a outra parte mostrou vontade de conversar fora da decisão do tribunal, pois o órgão reitor vai continuar com o processo de discussão e fez saber que nestas matérias o segredo é a arma do negócio. O também presidente do Comité Olímpico Angolano espera que nos próximos tempos possa ser proporcionado um abraço entre as partes de a levar o basquetebol para frente.

do Girabola numa comissão instaladora que é proibida por lei, estás a dizer por outras palavras que não haverá Campeonato Nacional nesta época”. Deste modo, Sérgio Raimundo disse que as equipas não terão competição interna para jogar a prova africana e o resultado será desastroso.

Depois de nas últimas semanas Lisboa e Frankfurt terem sido ventiladas como eventuais hipóteses para receber a final da Liga dos Campeões, eis que a Turquia reafirma a vontade de acolher o jogo decisivo. A confirmação chegou por parte de Muharran Kasapoglu, ministro do Desporto. “Temos estado em reuniões constantes com a UEFA e acreditamos que vamos receber boas notícias. Estou confiante que a final se vai disputar na

Turquia”, disse, em declarações reproduzidas ao Fanatik.

Liga quer condensar 2020/2021 Numa altura em que ainda falta aprovar as datas exactas das fases do play-off a ser disputado no ESPN Wide World of Sports Complex, em Orlando, onde os oitos jogos finais da regular season a envolver as 22 equipas escolhidas se iniciam a 31 de Julho, a NBA prepara já 2020/2021. Segundo revelou o general manager dos Hawks, Travis Schlenk, a próxima fase regular poderá ser condensada para reajustar os vários momentos do campeonato às datas anteriores. E ainda que o dirigente não tenha referido, a NBA está também preocupado com o final

da 75.ª temporada, por causa dos Jogos de Tóquio, que arrancam a 23 de Julho e onde se espera que a Seleção dos Estados Unidos seja composta por estrelas da Liga.


OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho de 2020

30

José Manuel Diogo

João Rosa Santos dr

E a estátua da Liberdade?

T

É DOR, SÃO SAUDADES!...

C

onfesso, não é fácil escrever, sobre a fronteira, entre a vida e a morte, quando a dor invade corações, o luto inunda almas, a recordação e saudade, moram no nosso ser e estar. Ainda que confinados, é duro perder um entequerido, um amigo, mesmo que no além, pode ser, a vida continua. No finalzinho de maio, lembrava, recordava eu, o meu irmão Tilito, muita dor na muxima, onde, como desapareceu, não sei, nova notícia fúnebre a bater a porta. Nas tugas, o Artur Cunha, o nosso Arturinho, o dj, o Sonoplasta, acabava de falecer. Entre a surpresa e a dor, senti o choque, um adeus repentino, difícil de acreditar, oh, quão cobarde é a morte. Pensei, repensei, mau começo de junho, quase sem respirar, mais uma nova fúnebre, o Pedro Santos, o nosso colega da

Sonangol, bazou, deixou de fazer parte do mundo dos vivos. Bué buamado, senti a pancada, grande kamba, companheiro de trincheira, homem de convicções, de Organização e Métodos, sem tirar nem pôr. Com o merecido respeito, lhe tiro o chapéu, não há dor que se compare ao desaparecimento físico de um kamba, não há nada na vida que preencha o seu vazio. Ainda não refeito do choque, mais uma má nova, também na tuga, o Aleluia, o nosso grande António Ferreira, se despediu, partiu para outra, não há dor como aquela que sabemos que já não tem retorno. Lhe lembrei e relembrei, profissional íntegro, homem de mais acção e menos reacção, pensei que fosse um sonho, porquê, a vida é por vezes tão madrasta? De repente, mais ou menos alguns dias depois, nova notícia fú-

nebre, o DOS ou simplesmente o Ducha, parente amigo, também deixou de fazer parte do nosso convívio. As lembranças, são gratas, as palavras sobram, o conforto escasseia, a dor é enorme, o luto carregado, onde quer que estejas, que sejas como um novo anjo que povoa o além. Perante a realidade, pouco ou quase nada mais se pode fazer, um dia nascemos, algum dia morreremos, é a dialética da vida, é a verdade crua e nua da existência humana, quer se queira ou não a morte é o destino de todos nós Na alma e no espírito, o falecimento de um ente-querido deixa sempre marcas e cicatrizes eternas, vocês são como novas estrelas que iluminam o céu, vivem e viverão sempre em nossos corações, nada será igual a partir de agora. É dor, muitas saudades, descansem em paz!

odos nos lembramos do que aconteceu no Iraque depois de as estátuas de Saddam Hussein terem sido arrancadas e derrubadas em direto na CNN. A história mostrou-nos que a liberdade então prometida nunca chegou. Ao ditador sucederam-se, por um lado uma longa guerra civil no Iraque e, por outro, uma nova ordem mundial com a emergência do terrorismo internacional comandado em grande parte pelos militares desempregados do antigo exército de elite de Hussein a quem os norte americanos tiraram sustento e nobreza. Sobre o que a realmente aconteceu no Iraque haverá sempre muitas dúvidas e poucas certezas, mas é indesmentível que ter arrancado as estátuas das peanhas não melhorou a vida de um único cidadão daquele país do médio oriente. Esta semana, na sequência da morte trágica de George Floyd nos Estados Unidos, o mundo ainda em pandemia, com a fúria própria de quem estava fechado em casa há muitas semanas, desconfinou numa urgência global antirracismo onde os ativistas, mais ou menos irredutíveis ou infiltrados, apontaram indignações, piche, latas de tinta spray e mini gruas bob-cat, às estátuas de muitas personalidades históricas. Nos EUA os líderes da confederação nos estados do Sul, on-

de as feridas da guerra da secessão se voltam a abrir 150 anos depois, exigem que estátuas, nomes de ruas, e até o nome de algumas bases militares americanas, batizadas em honra de generais confederados, fossem arrancadas. No Brasil, as estátuas do Borba Gato e de Tiradentes, heróis nacionais e personalidades incontornáveis da história e da independência do Brasil são questionadas como racistas e esclavagistas. A Europa também não escapa. No centro de Londres, em Westminster, a estátua mais importante do antigo primeiro-ministro Winston Churchill — herói da liberdade na segunda guerra mundial — foi vandalizada; e em Portugal nem a estátua do Padre António Vieira escapou às latas de tinta e acusações racistas. Aflitos e também “escravos”, mas da opinião pública, no meio da confusão, muitos políticos logo se apressaram a emitir mensagens afirmando que vão rever a conformidade das estátuas, admitindo retirá-las dos seus lugares. A História é um processo continuo que se faz aprendendo com os erros e lembrando-os constantemente para que não se repitam. Derrubar as estátuas do passado apenas vai servir para aumentar o número de ignorantes — e de radicais — no futuro. Indo por esse caminho um destes dias ainda arrancamos a cabeça da Estátua da Liberdade.


OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 12 de junho de 2020

31

Ricardo Vita*

George Floyd, a Supremacia Branca e a África

V

amos começar dizendo que estamos a viver um momento histórico, que oferece ao Ocidente uma chance de redenção para salvar os seus filhos. Essa chance é oferecida por uma situação revolucionária, que propõe fechar a porta da mentira e que abre a possibilidade de corrigir tanto mal feito por gerações sucessivas habitadas por tanta má fé que sujeitou os Não-brancos à devoção aos brancos. Essa situação revolucionária é sustentada por uma juventude multirracial de boa fé; por aqueles que entenderam que a história sobre “o outro” que lhes foi ensinada na escola era uma mentira, que essa Instituição também é um lugar de alienação, uma vez que o processo educacional ocorre numa estrutura concebida para perpetuar objectivos políticos. Esses jovens têm um amigo africano, da tribo dos Fulas do Mali, que lhes falou sobre Mansa Muça. Eles têm um amigo Chinês, de Pequim, que lhes contou sobre

a grandeza da dinastia Ming. E têm uma magnífica amiga ameríndia de beleza encantadora que lhes explica abertamente como os seus antepassados foram massacrados para fundar os Estados Unidos sobre os seus corpos, e chamá-los depois, esse país, de “The Land of the Free and the Home of the Brave” (A Terra dos Livres e o Lar dos Bravos). Enquanto isso em Portugal, o antigo comando da PIDE, hoje, em 2020, velho e frágil, mas ainda muito católico e piedoso, terá agora que responder a essa pergunta do seu neto: “Vovô, também torturou e matou em Angola? “ Mas muito poucos da geração desse ex-soldado fascista acreditam no mal que fizeram a outros na sua “missão civilizadora e divina”. Portanto, não descarto a possibilidade de o avô desse menino não reconhecer que os seus anciãos levaram negros para o Brasil como fonte de mão-de-obra barata. Ele nunca admitirá que eles, os negros, foram - e ainda são - essenciais para a economia deste país, que

depois os negou e até tentou eliminá-los com a sua política de branqueamento. Este menino português pode não ter chance de ser salvo e continuará a crescer num mundo de mentiras que fará dele uma alma penada. Porque o seu mundo já será terrivelmente desafiado quando ele for adulto e entenderá com dor que se este continuou a mentir-lhe, é porque havia um problema com ele mesmo, esse mundo. Portanto, ele ficará infeliz em saber porque sem dúvida o saberá - que estratégias foram implementadas para ganhar dinheiro com tortura e morte do Negro e de todos os Não-brancos. Ele saberá que os seus antepassados que deixaram a Europa para ir construir impérios cuja glória eles cantaram - e ele também, até que tomou consciência -, não puderam ficar lá, na Europa, tiveram que ir ali e cometer crimes para se safar. Que morriam de fome na Europa, que eram pobres, que eram criminosos e que tiveram que assassinar os índios para construir o Brasil. Em suma, saberá que não sabia

nada da sua própria história. Será neste preciso momento que ele entenderá a raiva que a morte de George Floyd suscitou em 2020, quando era pequeno, e ficará zangado a vida toda por não ter feito parte da revolução que mudou o seu mundo vil. Sim, muitos perguntaram-se como manter esse ímpeto para alcançar mudanças reais. Incluindo os Assimilados de Angola, que não hesitaram no dia seguinte em discriminar o seu próprio irmão angolano porque tinha pele mais escura que eles. Porque não sabem que essa mudança também afectará o seu país, cedo ou tarde. Eles entenderão, um dia, que a herança colonial que eles exibem com orgulho foi construída com base no ódio, na tortura e no assassinato de Angolanos. Entenderão que é colonialista e racista, tratar, sem a sua permissão, por “Tu” uma pessoa negra que não é da nossa confiança ou que não conhecemos. Entenderão que o Branco, historicamente, sempre se recusou a tratar uma pessoa negra de outra forma e que sempre chamou o nosso avô de “Rapaz”, tratando-lhe por “Tu”. E eles entenderão que foram estúpidos ao aprovar que Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal, tratasse Makuta Nkondo por “Tu”, na televisão pública, a quem ele acabara de ser apresentado no dia do seu discurso na Assembléia Nacional. Eis um reflexo colonialista; ele, o presidente Português, é Branco, além disso um ex-colonizador, e Makuta Nkondo é Negro, excolonizado. Pois, o Negro não merece a regra protocolar que ele aplica a seus ministros quando estão em público, na televisão em particular, e que ele trata por “Tu” em privado. Até, como nos países mais avançados, o amável Presidente Português deveria talvez mostrar a sua gentileza começando por pensar numa data

para comemorar a escravatura que o seu país organizou e em como reparar o crime contra a humanidade que cometeu. Os Assimilados ignoram tudo isso. Mas ignoram acima de tudo que os mundos negros estão de pé e em marcha. Eles ignoram que a discriminação tem a capacidade de criar reservatórios de força que sempre acabam por se expressar e restaurar os equilíbrios. A juventude do mundo está a provar isso, os jovens estão a desenvolver estratégias que melhor correspondem ao seu tempo. Destacam as injustiças visíveis e invisíveis para mudar os sistemas políticos e as culturais dos seus países. O seu movimento não será somente uma onda de emoção despertada pelo assassinato de George Floyd, reacenderá as feridas profundas e imporá um vigoroso trabalho de memória em toda a parte. Já nos faz voltar às raízes da raiva negra que foi ignorada durante tanto tempo. Têm convencido os seus pais a finalmente abordarem o assunto, têm derrubado estátuas de heróis racistas que eles celebraram ainda ontem mas que hoje abominam, porque entenderam quem elas glorificam: monstros e carrascos. É assim que eles desafiam o Privilégio Branco e que pretendem usá-lo para intervir em manifestações, filmar a sua polícia racista e reparar todos os crimes cometidos durante séculos. Este é um antegozo do pós-George Floyd, é o começo e seguiremos de perto para mudar a África e o mundo. Ricardo Vita é Pan-africanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É cofundador do instituto République et Diversi-té que promove a diversidade em França e é empresário.


Última

32

O PAÍS Sexta-feira, 12 de Junho, de 2020

Balança comercial Angola/EAU nos 1.900 milhões de dólares

A

balança comercial entre Angola e os Emiratos Árabes Unidos (EAU está cifrada em USD 1.900 milhões, em volume de exportações e importações. O referido volume de exportações e importações, que teve inicio em 2004, altura em que foram lançadas as trocas comerciais entre os dois países, se traduz em materiais diversos e de matéria-prima (pedras preciosas, diamante, petróleo e outros artigos). Em declarações à Angop, o presidente da Câmara do Comércio Angola/Emirados Árabes Unidos, Bráulio Martins, referiu que Angola importou dos EAU veículos, máquinas, plásticos e outros equipamentos e materiais diversos, no valor aproximado de 402 milhões de dólares americanos. Falando à propósito do fórum de negócios Angola/Dubai, que decorreu via webinar, nesta Quinta- feira, informou que os angolanos exportaram para os EAU, além dos diamantes, peixe, crustáceos, madeira, combustível. Os EAU tem interesse em investir no ramo da logística de transportes, ao nível das infra-estruturas, agro-negócios, agricultura, fabrico de máquinas, petróleo e gás, entre outros. Neste encontro, Omar Khan, di-

O que saber sobre o Coronavírus…

“O rector dos Escritórios Internacionais da Câmara do Comércio e Indústria do Dubai, considerou Angola como um fórum global de oportunidades de negócios. Segundo Omar Khan, o Dubai pretende entrar em África por intermédio de Angola. As áreas de diamantes, metais preciosos, comércio geral, tecnologia, inovação, empreendimentos são as que têm sido o foco para o Dubai. O evento, que atraiu interesse internacional, teve mais de 300

participantes de Angola, EAU e de outros países de África, tais como África do Sul, Namíbia, Nigéria, da Europa (Portugal, França), da Ásia (China e Hong Kong), da América (Brasil e Estados Unidos). Trata-se de uma organização da Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo e da sua congénere do Dubai, a Dubai Multi-Commodities Center (DMCC), tendo contado com o apoio da AIPEX, da Câmara de Comércio AngolaEmirados Árabes Unidos (EAU) e da Dubai Chamber.

Anselmo Ralph apela aposta no sector cafeícola

O

embaixador da Delta Q, Anselmo Ralph, em entrevista ao programa Supermarcas, sobre marcas com conteúdo, emitido no Canal 1 da TPA, no Sábado passado, referiu que os angolanos devem apostar na riqueza do país Ao falar sobre a Delta Q, Anselmo Ralph destacou a importância do café para a saúde, e da necessidade que Angola e os angolanos têm de valorizar as suas riquezas, contribuindo para o crescimento do sector e ocupar a sua anterior posição nos lugares cimeiros da produção e exportação. “Só quando conheci o que a Angonabeiro andava a fazer por Angola e soube que já fomos um dos maiores fornecedores de café, percebi que nós, angolanos, ficamos muito

distraídos com as riquezas que dão mais nas vistas e nos esquecemos daquelas riquezas que nos acompanham, desde há muito, antes do

petróleo e dos diamantes”, afirmou Anselmo Ralph. Na sua opinião, o crescimento da fileira do café depende dos angolanos, contribui para o aumento das exportações e gera riqueza para Angola. Sobre a Delta Q A Delta Q é o café expresso em cápsulas líder no mercado angolano O sistema em cápsulas da Delta Cafés veio revolucionar a experiência de beber café expresso em Angola. A marca oferece um sistema exclusivo de máquinas e cápsulas com a qualidade Delta Cafés. São nove intensidades distintas de café expresso, três chás e quatro especialidades, que permitem ao consumidor escolher o mais adequado a cada momento.

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”.

“Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.