Jornal OPaís edição 1873 de 19/06/2020

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Mais um cidadão supostamente morto pela Polícia Nacional em luanda O jovem de 20 anos de idade que em vida respondia pelo nome de João de Assunção Eliseu perdeu a vida, na última Quarta-feira, após ter sido interpelado por agentes da Polícia, que fizeram disparos, no município do Kilamba Kiaxi. A Polícia nega que tal morte tenha sido causada pelos disparos efectuados pelos agentes. P. 12 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola @jornalopais

Director: José Kaliengue

O diário da Nova Angola

Edição n.º 1873 Sexta-feira, 19 /06/2020 Preço: 40 Kz

CASA-CE está a rever os seus estatutos para “cimentar” princípios

Morre um dos três infectados do Cuanzanorte e lista soma mais 11 positivos em foco: Nas últimas 24 horas, o quadro epidemiológico do país registou mais 11 novos

casos positivos de Covid-19, dos quais cinco são da cerca sanitária da Clínica Multiperfil e cinco do Hoji ya Henda, elevando a cifra para 166 casos. Entretanto, mais um óbito foi registado, desta vez no Hospital Militar, de um doente acabado de chegar, perfazendo, assim, um total de oito, revelou, ontem, a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta. P. 2

l Deputado da coligação, Manuel Fernandes diz que actualmente as equipas envolvidas no processo estão a trabalhar de forma célere para apresentar à sociedade o novo regulamento de funcionamento da CASA-CE, que nas últimas eleições conquistou 16 deputados. P. 9

DR

FARC transformam experiência de guerra em arma contra a pandemia l A selva não escondia apenas militares que os cercavam, mas também doenças tropicais e bombas. Ainda assim, milhares de guerrilheiros colombianos sobreviveram à guerra graças à disciplina e solidariedade. P. 32

cidadãos defendem eliminação do empreendedorismo do currículo escolar geral P. 10 P. 24

af_bai_nahora_imprensa_276x42,733mm_empresa.pdf

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18/11/19

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Cuando Cubango FC já trabalha fora de campo l A formação das terras do progresso quer realizar os jogos do Girabola 2020/2021 em casa, por isso, a direcção vai manter um encontro com as autoridades, no sentido se criar condições para a reabilitação do Estádio Municipal. P. 26


EM FOCO

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O PAÍS Sexta-feira, 19 de Junho, de 2020

ACTUALIZAÇÃO COVID-19 Diária sobre o Coronavírus A partir do Centro de Imprensa Aníbal de Melo

Covid-19 com 11 novos casos e um óbito no Cuanza-Norte Nas últimas 24 horas, o quadro epidemiológico do país registou mais 11 novos casos positivos de Covid-19, dos quais cinco são da cerca sanitária da Clínica Multiperfil e cinco do Hoji ya Henda, elevando a cifra para 166 casos. Entretanto, mais um óbito foi registado, perfazendo, assim, um total de oito, revelou, ontem, a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta NAMBI WANDERLEY

tukuta explicou tratar-se de um cidadão de 61 anos de idade que foi evacuado da província do Cuanza-Norte com síndrome respiratório crónico agravado e que tinha de base uma doença grave pulmonar infecciosa e diabetes. Chegou ao banco de urgência do Hospital Militar já em estado crítico, bastante debilitado e acabou por morrer em pouco tempo. “Cumprindo o protocolo, nestes casos também tivemos que co-

Maria Teixeira

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ílvia Lutukuta, que falava na habitual sessão de actualização dos dados sobre a pandemia no país, esclareceu que entre os infectados encontra-se uma criança de três meses de vida, residente no município de Viana. Explicou que a criança de três meses de vida deu entrada no banco de urgência do Hospital Pediátrico em estado grave e foi encaminhada para uma área específica para atendimento de síndromes respiratórios agudas graves e agravamento de doença respiratória. Foi neste contexto que foi detectada, de acordo com o protocolo que estão a seguir. “Nós estamos a seguir o Protocolo Internacional de Rastreio das síndromes respiratórias agudas graves ou agravamentos e a esta criança foi feita a colheita de amostra no dia 14, tal como a outras que estavam nessa área específica”, contou. Segundo a ministra da Saúde, as autoridades obtiveram o resultado da criança ontem e desencadearam de imediato o processo de internamento e as medidas de saúde pública para o isolamento de outras crianças e seus acompanhantes, bem como a desinfecção da área. Fez saber que a equipa de saúde pública, quer no local, quer na área de residência, continua a

lher a amostra e obtivemos o resultado positivo. Neste contexto, o seu funeral e outras medidas serão tomadas de acordo com o que está estipulado para situações desta natureza”, frisou. Acrescentou de seguida que “já estão em curso as medidas de saúde pública para o rastreio de contactos e isolamento dos contactos directos”. A ministra da Saúde esclareceu que o malogrado é um dos três pacientes infectados do Cuanza-

“Cercados” do Hoji ya Henda apedrejam técnicos da comissão de combate à Covid-19

avaliar os contactos dessa criança e sua família. Sílvia Lutukuta apelou à calma dos munícipes que todos os dias vão ao Hospital Pediátrico, garantindo que medidas de biossegurança e de saúde pública estão a ser tomadas para cortar a cadeia de transmissão. A governante disse ainda está a ser dada uma tenção especial também aos profissionais de saúde que trabalham nessa área específica. Por outro lado, referiu que as idades dos contagiados variam de

três meses a 61 anos de idade, sendo dois do sexo feminino e nove do sexo masculino. Entretanto, cinco estão relacionados com a cerca sanitária da Clínica Multiperfil. Trata-se de vários profissionais da saúde como técnicos de manutenção, motoristas, farmacêuticos e médica e um caso relacionado com a cerca sanitária do Hoji ya Henda. Registo de morte deu-se no Hospital Militar Em relação ao óbito, Sílvia Lu-

Uma equipa técnica constituída por especialistas do laboratório de saúde pública e efectivos da Polícia Nacional foi apedrejada, ontem, por moradores do bairro Hoji ya Henda, quando tentavam fazer a colheita de amostra de dois deles que necessitam de repetir o exame que permite aferir se estão ou não infectados com o novo Coronavírus. Os técnicos tentaram várias vezes, mas sem sucesso. Nem conversando com eles deixaram fazer essas colheitas. A ministra da Saúde garantiu que já têm os resultados dos testes das 3.549 pessoas que estão privadas da liberdade de circulação por residirem na zona onde foi instalada a cerca do Hoji ya Henda. Dentre eles, apenas os resultados de dois são inconclusivos, pelo que, os técnicos tiveram de regressar ontem ao local para repetir a colheita de amostras. Neste momento, os resultados dos exames de 3.547 pessoas são conclusivos. De forma pedagógica, Sílvia Lutukuta apelou aos moradores desta cerca sanitária a colaborarem. “Portanto, sem essas duas colheitas feitas e com resultados, não poderá ser levantada a cerca sanitária. Queremos já passar essa mensagem. Estas duas pessoas também são contactos de casos positivos que foram diagnosticados recentemente”, explicou.


O PAÍS Sexta-feira, 19 de Junho, de 2020

Norte, que furaram a cerca sanitária de Luanda depois de terem sido contaminados pelo novo Coronavírus no bairro Hoji-ya-Henda, no Cazenga. A titular da pasta revelou que, em relação aos casos do CuanzaNorte, já foram identificados e isolados 39 contactos e continuam a tomar as medidas de saúde pública com reforço da equipa especializada do órgão central e de especialistas locais. Por outro lado, anunciou que já foram testadas as 53 pessoas que se

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encontram no condomínio Olíva, no bairro Sapú, município de Viana, cuja cerca será levantada hoje, pelo facto de os resultados serem negativos. Em relação à cerca sanitária da Clínica Multiperfil, a mesma deverá durar por mais algum tempo, pois continuam os trabalhos e se prevê a sua conclusão o mais rápido possível. Tolerância zero aos prevaricadores Sílvia Lutukuta anunciou que

Doentes da Covid-19 e da junta Médica em Portugal e África do Sul continuam a receber apoio A garantia é da ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, que disse que o Governo, quer por via da Junta Nacional de Saúde, diplomática ou quer por via da Comissão Multissectorial, tem prestado apoio fundamental e necessário a todos os angolanos que estão no estrangeiro, em particular aqueles que estão em junta tanto em Portugal e na África do Sul. “No âmbito dos recursos que foram disponibilizados para o combate à Covid-19, mesmo antes de nós termos casos, aos nossos doentes foi alocada uma verba considerável, ao sector da saúde em Portugal e na África do Sul”, frisou. Por outro lado, reconheceu que se registou alguns atrasos nos pagamentos, cujo tratamento também está em curso pelo Ministério das Finanças. “Temos acompanhado a situação dos nossos doentes e não podemos, de forma alguma, dizer ou generalizar que os doentes estão sem tratamento”, afirmou. Neste particular, lembrou que os doentes afectados pela Covid-19 estão a ser tratados e, nesse aspecto, o Governo Português tem dado um apoio fundamental. Em relação aos cidadãos em trânsito no Cunene que pretendem regressar às suas províncias, disse que terão o tratamento adequado e voltarão em breve. Sobre a utilização do fármaco Dexamethasone no combate ao novo Coronavírus, explicou que é um medicamento muito usado, considerado bom estabilizador de membranas e antiinflamatório, mas tem alguns efeitos colaterais. No entanto, quando for necessário também Angola poderá usar.

Repatriamento pode começar amanhã “Por termos cidadãos fora, o processo de repatriamento há se começar em breve, provavelmente no final desta semana. Vamos começar já a repatriar as pessoas de países vizinhos, numa primeira fase”, anunciou a ministra. A também porta-voz da Comissão Multissectorial para o Combate à Covid-19 esclareceu que continua a cerca sanitária nacional e que as medidas do decreto de calamidade prevê a realização de voos somente para atender situações humanitárias e não voos para passeio ou visita a familiares. Advertiu que os voos serão fundamentalmente para repatriamento de cidadãos, quer de Angola para países onde as pessoas queiram ir, quer de outros países para Angola. Esclareceu ainda que, de momento, os voos comerciais estão fora de questão e o processo de repatriamento ocorrerá mediante as condições e capacidade dos centros de quarentena.

haverá tolerância zero aos prevaricadores que furarem as cercas sanitárias de Luanda e os que não cumprirem as medidas que estão orientadas nas cercas sanitárias ou nos isolamentos. Assim sendo, a estatística das últimas 24 horas indica um total de 166 casos, dos quais 163 de Luanda e três da província do Cuanza-Norte. Por outro lado, regista oito óbitos e 64 recuperados. A governante explicou que só poderá ocorrer o alastramento do vírus se os cidadãos não cumprirem as medidas de protecção individual e colectiva, saindo das áreas consideradas como epicentricos da Covid, que neste momento é Luanda, furando a cerca para viajar para outras províncias.

Disse ainda que 499 pessoas observam a quarentena institucional em todo o país, enquan-

to os contactos sob vigilância são 1.244 e 460 são casos suspeitos em investigação.

Ministérios da Saúde e da Educação trabalham em conjunto Sílvia Lutukuta fez saber que o Ministério da Saúde está a trabalhar com o Ministério da Educação para formação dos profissionais da educação em medidas básicas de bio-segurança para ensinarem todos os meninos da escola a usarem a máscara e a lavarem as mãos com água e sabão. “Porque acreditamos que não é possível ter álcool gel em todo o lado, mas é tudo um processo”, frisou. Entretanto, apelou a medidas de protecção individual e colectiva para cortar a cadeia de transmissão, uma vez que o vírus da Covid-19 já chegou no Cuanza-Norte e estará aum a passo de chegar a qualquer outro lugar. Entre as mediadas de protecção, apelou ao uso da máscara em locais indicados, a lavagem frequente das mãos, o uso do álcool gel, bem como o distanciamento entre as pessoas.

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LUANDA

Serviços de Segurança para a Embaixada da Noruega A Embaixada da Noruega em Luanda pretende celebrar um contrato para o fornecimento de serviços de segurança para a Embaixada, a Residência Oficial e o seu pessoal. O contrato incluirá serviços de guarda, soluções de alarme para três carros, e ocasionalmente, serviços de motorista. A Embaixada aplicará um procedimento de duas fases. A contratação iniciará com uma fase de qualificação (fase um). De seguida, a Embaixada convidará três fornecedores para submeter as suas candidaturas na fase dois (fase das candidaturas). A Embaixada avaliará se os fornecedores cumprem com os requisitos de qualificação para participar do concurso. Se existirem mais do que três fornecedores qualificados, nós iremos selecionar os três fornecedores mais qualificados de acordo com os critérios de seleção. A base para a concessão do contrato será a avaliação, a comparação e o ranking das propostas de acordo com os critérios de concessão. A Embaixada convida potencial fornecedores de qualidade à solicitar a Embaixada o convite completo para qualificação atravez do endereço eletrónico: emb.luanda@mfa.no.


4 destaques política. PÁG. 8 Tribunal Constitucional demarca-se de falsa carta sobre o processo PRA-JA

SOCIEDADE. PÁG. 10 Milhares de cidadãos defendem eliminação do empreendedorismo do currículo escolar

cartaz. PÁG. 14 23ª edição do Moda Luanda mostra o melhor da classe e as figuras proeminente nas artes

ACTUAL. PÁG. 24 Facebook remove anúncio de campanha de Trump por conter símbolo semelhante ao usado por nazis

o editorial

O PAÍS

hoje: os números do dia

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Pontas que se soltam cada dia vão surgindo casos de contágio pelo novo Coronavírus em que se torna difícil determinar vínculos ou contactos. O sinal está aceso e cada vez mais forte. A circulação comunitária pode ser anunciada a qualquer momento. E justamente quando o país está a cumprir um plano de desconfinamento e de regresso à normalidade possível. No aspecto laboral, no estudantil, no lazer. Até há uma semana, estava a situação sob o controlo possível, mas como determinar exactamente os contactos de quem vai por estrada de Luanda ao Cuanza-Norte e por lá tem convívio com outras pessoas e estas com pessoas terceiras? É aqui que se soltam e se perde as pontas. É neste momento em que se deve perceber melhor o perigo. Cada cidadão deve activar em si mesmo o sinal de alerta. Se cada um fizer bem a sua parte, salva todos os outros.

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Há sempre esta tendência quando do há folga no país comprar coisas novas ao invés de se olhar para melhoria daquilo que já existe” João Armando Jornalista e economista

A região de Caluquembe tem sofrido desflorestação intensa, o que tem provocado a erosão dos solos férteis, seguida, também, da erosão das camadas argilosas” Etienne Albert Bréchet Director-geral da empresa Jembas Assistência Técnica

Paoagaios cinzentos foram devolvidos Sábado (13) ao seu habitat natural, na Floresta do Maiombe, em Cabinda, pela administração do Parque Nacional do Maiombe..

Quilómetros da via que liga as localidades do Ludy 1, 2 e Kissomeira, no município do Dande, província do Bengo, estão a ser intervencionados Governo

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o que foi dito“

Mundo. PÁG. 22 O Supremo Tribunal dos EUA rejeita fim do programa de proteção de “dreamers”

Sexta-feira, 19 de Junho, de 2020

Mil mudas de café estão a ser preparadas para cultivo pela empresa “Novaprocafé, na província do Cuanza Norte, para o fomento da produção do grão na região. Plantas de palmar das variedades Kingom e Amazon, proveniente da República da Costa Rica, no quadro da modernização dos sistemas de gestão da produção de óleo de palma no país foram distribuídas pelo INCA no Cuanza-Sul

Já temos algumas obras em curso e, para além dos ficais indicados, os nossos técnicos vão avaliar os trabalhos, para pressionar os executores a apresentarem obras de qualidade” Abel Wandi André Administrador municipal da Jamba (Huíla)


O PAÍS Sexta-feira, 19 de Junho, de 2020

5 e assim... José Kaliengue Director

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o cientista político Sérgio Dundão e compreenda mais sobre os principais problemas políticos que afligem o país

Dinheiro e soberania

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www.opais.co.ao Memorial em homenagem ao afro-norte-americano Rayshard Brooks junto ao restaurante onde foi morto a tiro por um polícia, nos Estados Unidos. (DR)

o que vai acontecer Pandemia A província do Cunene começa a construir um hospital de campanha, com 200 camas, para o internamento e tratamento de pacientes com Covid-19. A infra-estrutura será erguida numa área de três hectares de extensão, localizada a cinco quilómetros do centro da cidade de Ondjiva, próximo de uma linha de baixa tensão de energia eléctrica e da conduta de água, com acesso fácil a estrada nacional 105, no troço Ondjiva/Santa-Clara. De acordo com o secretário de Estado para a Área Hospitalar, Leonardo Inocêncio, o espaço é acolhedor e permite a montagem do hospital.

Política A Comissão Provincial Eleitoral (CPE) no Bié começa a trabalhar nas novas instalações próprias, inauguradas no município do Cuito pelo Presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Manuel Pereira da Silva. A inauguração foi testemunhada pelos governador do Bié, Pereira Alfredo, vicegovernadores para as áreas Política, Económico e Social, Técnico e Infra-Estruturas, António Manuel e José Fernando Tchatuvela, respectivamente, assim como por membros do Governo e funcionários séniores da instituição.

Pandemia o Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em particular, vai reabrir, no dia 30 deste mês, apenas para voos humanitários e de repatramento de Angola e para este país, com regras excepcionais de biossegurança para os passageiros. “Ainda continuamos em cerca sanitária nacional devido a covid-19, e somente abertos a voos para ajudas, trazendo técnicos especializados e materiais de biossegurança. Nada de voos para passeios. Apenas para repatriamento de angolanos e de estrangeiros para Angola”, advertiu a ministra da Saúde

Pandemia O Ministério da Saú-

de apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

ão há patriotismo na terra dos outros. Explico-me: se não se ama uma terra, mesmo não sendo aquela em que se nasceu, então dificilmente se desenvolve o chamado patriotismo. O assunto é complexo, mais do que aquilo que aparenta, mas deve ser olhado de frente. Já tivemos situações neste país em que muita gente deu a vida pela pátria, mas também aqueles que deram a “camisa” ao outro, ao seu compatriota. De poderosos a anónimos, de ricos a pobres. Já tivemos casos em que empresários agiram com patriotismo, é preciso reconhecer. Mas estou agora a olhar para o patriotismo que se exige neste momento específico de pandemia e que até deve ser acarinhado: o dos empresários nacionais. Bem, os que sobram. É preciso saber que dinheiro é também uma questão de soberania. E, nisto, não adianta fomentar lutas internas, antes pelo contrário, é preciso alargar o número. Angola precisa de muitos empresários com sucesso e com dinheiro. Eles criam empregos, geram riqueza. Aqui, a prática é mais a de destruir o outro para lhe ficar com o lugar, um absurdo. Na actual situação económica mundial e com as nossas condições de mercado, sejamos sérios, ajudas só mesmo com algum patriotismo também. Os investidores vão deslocalizar-se para mercados que lhes permitam recuperar dos prejuízos causados pela pandemia, também têm as suas pátrias a apelar ao seu patriotismo. Não é à-toa que nos outros países a discussão neste momento está virada para a questão económica, para as empresas. Aqui aplaude-se quando um cai.

E também... Dia Mundial de Consciência Sobre Doença Falciforme - 19 de Junho Este dia foi instituído pela ONU para informar e consciencializar as populações do mundo sobre esta doença. A doença falciforme é uma doença hereditária onde se regista uma alteração dos glóbulos vermelhos do sangue. Com a membrana alterada, as células rompem-se mais rapidamente, provocando anemia. O deficiente transporte de oxigénio provoca também dor no corpo. Esta doença ataca milhões de pessoas no mundo, desde crianças a adultos e pode mesmo ser mortal. Segundo a Organização Mundial de Saúde, esta doença é umas das principais causas de morte nas crianças até aos 5 anos de idade nos países africanos.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Sexta-feira, 19 de Junho, de 2020

no tempo do kaparandanda

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

opaís

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, TalatonaLuanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

19 de Junho de 1862 - Abraham

Lincoln sanciona a lei que proíbe a prática de escravatura nos EUA e apresenta proposta de emancipação dos escravos, que será assinada em Janeiro de 1863.

19 de Junho de 1917 - A Câmara dos

Comuns reconhece o direito de voto das mulheres britânicas com mais de 30 anos.

19 de Junho de

1923

-O revolucionário mexicano Pancho Villa é assassinado nas imediações de Parras de la Fuente.

carta do leitor

O nosso desporto é pobre Caro director do Jornal OPAÍS Mesmo com a Covid-19, estou a ver que na Europa já começaram a jogar futebol, daqui a pouco os estádios voltarão a estar cheios. Lá, como têm cientistas, podem controlar a situação. Mas acho também que o desporto está a voltar para desanuviar a pressão a que os países estão sujeitos e também para pôr a indústria em andamento, porque lá o desporto movimenta muito dinheiro. Nós, aqui, também temos o regresso do desporto marcado para Julho, mas não sei qual é a pressa, visto que aqui ainda não temos nem ciência, nem consciência do perigo deste vírus e nem temos um desporto que movimente dinheiro. Aqui o desporto é pedinte, as equipas desistem a meio dos campeonatos por falta de verbas, não movimentam dinheiro. Ou, talvez até nem deveria ter

parado, visto que o distanciamento físico não é um problema, os estádios nunca conseguem ter metade do número de pessoas que deveriam albergar. O problema está nas medidas de higienização, porque os estádios não têm água corrente e estão sempre muito sujos nas bancadas. O nosso desporto é pobre, é melhor ficarmos ainda a pensar bem se deve voltar, só depois, quando estiver tudo seguro, é que poderemos falar em

competições. Há estádios em que os jogadores nem podem tomar banho depois dos jogos, têm de ir tomar em casa ou no hotel. Por enquanto vamos ficar só a ver os jogos do estrangeiro em casa, porque nos bares com muita gente também é perigoso. Francisco Samussuco

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754

Luanda


CARLOS Moco


POLÍTICA

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O PAÍS Sexta-feira, 19 de Junho, de 2020

Tribunal Constitucional demarca-se de falsa carta sobre o processo PRA-JA O órgão afirmou que a referida carta tem características de um documento não oficial, sobretudo por ter sido escrita num fim-desemana, período em que o tribunal não abre as portas Domingos Bento

O

Tribunal Constitucional (TC) desmentiu, ontem, informações contidas numa suposta carta atribuída ao anterior presidente do Tribunal Supremo em que orientaria o TC a inviabilizar o processo de legalização da comissão instaladora do partido PRA-JA Servir Angola, de Abel Chivucuvuco. Em entrevista à TV Zimbo, do grupo Media Nova, detentor do jornal OPAÍS, Juvenis Paulo, director do Gabinete dos Partidos Políticos do Tribunal Constitucional, disse que a referida carta

Neste sentido, frisou, o TC reconhece a ansiedade e o desejo dos os mentores da comissão instaladora de verem transformada em partido político a sua organização, mas apelou à calma enquanto decorrem as observações necessárias. “Os mentores do projecto e a sociedade devem manter-se calmos enquanto decorre o processo normal de apreciação”, frisou. Juvenis Paulo deu ainda a conhecer que o Tribunal é uma instituição de bem ao serviço dos cidadãos e das instituições, pelo que as pessoas envolvidas no processo devem manter-se calmas e aguardar pelo deferimento do recurso que está em tratamento. O especialista explicou ainda que ao longo dos 11 anos da sua existência, o Tribunal Constitucional tem-se pautado pelo cumprimento da lei e que não toma decisões mediante a pressão de cidadãos ou de instituições.

é falsa e não tem nada a ver com a sua instituição. Segundo o responsável, a carta, que circula nas redes sociais, tem características de um documento não oficial, sobretudo por ter sido escrita num fim-de-semana, período em que o tribunal não abre as portas ao público. De acordo com Juvenis Paulo, actualmente, está em curso um processo de recurso sobre o projecto PRA-JA. O processo, frisou, está a ser apreciado pelo plenário do Tribunal, podendo ser despachado dentro de 60 dias. O também acadêmico explicou que, neste momento, o Tribunal tem uma série de processos para analisar e todos obedecem a critérios legais.

Processo de alteração dos estatutos da CASA-CE pode ser concluído até final de Julho Deputado da coligação, Manuel Fernandes deu a conhecer que, actualmente, as equipas envolvidas no processo estão a trabalhar de forma célere para que dentro dos prazos definidos possam apresentar à sociedade o novo regulamento de funcionamento da CASA-CE, que nas últimas eleições conquistou 16 deputados Domingos Bento

O

processo de alteração dos estatutos da CASA-CE, coligação de partidos, pode ser concluído até final de Julho, deu a conhecer, ontem, ao OPAÍS, o deputado da organização partidária Manuel Fernandes. Segundo o parlamentar, a alteração dos estatutos visa ajustar a coligação fundada por Abel Chivukuvuku às exigências dos novos tempos, à luz da lei dos partidos políticos. Segundo Manuel Fernandes, o actual estatuto da coligação apresenta algumas incrongruências e imprecisões, pelo que torna-se

necessária a sua revisão, conforme exigência do Tribunal Constitucional. Actualmente, frisou, as equipas envolvidas no processo estão a trabalhar de forma célere, para que dentro dos prazos definidos possam apresentar à sociedade o novo regulamento de funcionamento da CASA-CE, que nas últimas eleições conquistou 16 deputados. Processo não tem nada a ver com os deputados dissidentes Ainda de acordo com Manuel Fernandes, o processo de alteração dos estatutos nada tem a ver com a questão do conflito que envolve o grupo parlamentar da organização e os deputados dissidentes. Conforme explicou, a questão dos estatutos é um assunto que vem de longe, ainda na vigência da presi-

dência de Abel Chivukuvuku, destituído do cargo em Fevereiro deste ano por alegada má gestão. “É um assunto que temos vindo a tratar desde há muito tempo. E agora está no seu processo final. Dentro de dias vamos poder apresentar um novo estatuto, mais ajustado, e que corresponda aos nossos princípios”, frisou. De recordar que, desde a saída de Abel Chivukuvuku, a CASA-CE tem vindo a enfrentar sérios conflitos internos, que já obrigaram à dissidência de 8 dos seus 16 deputados. No entanto, a falta de consenso entre os deputados independentes e o Grupo Parlamentar da CASACE forçou a Assembleia Nacional a diminuir o tempo de intervenção desta organização política nas suas sessões.

Na semana passada, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, deu oito dias ao Grupo Parlamentar da CASA-CE para resolver o conflito interno que opõe os deputados das duas alas, com vista a possibilitar a reintegração dos oito deputados dissidentes. Porém, na altura, o presidente da Assembleia Nacional deixou claro que o não cumprimento da medida poderia resultar na diminuição de tempo de intervenção da organização e na perda de parte dos seus bens patrimoniais. No entanto, esgotados os oito dias, as alas desavindas não chegaram a um acordo, o que forçou a Assembleia Nacional a dividir para as duas alas os 22 minutos de intervenção parlamentar da CASA-CE, onze para cada parte.


O PAÍS Sexta-feira, 19 de Junho, de 2020

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Proposta de lei das zonas francas passa na generalidade com a Oposição a exigir maior atenção ao interior do país rão os empresários. O Estado vai é garantir as condições para que as zonas francas funcionem de facto”, notou.

Para a UNITA e a FNLA, a proposta de lei sobre o regime jurídico de criação de zonas francas é bem-vinda, mas só poderá cumprir os seus objectivos caso haja justiça na selecção das áreas estabelecidas que, conforme defenderam, devem ser extensivas a todas as regiões do país, sobretudo no Leste e Norte, que são circunscrições “habitualmente esquecidas nos processos públicos de desenvolvimento” Domingos Bento

C

om um total de 191 votos favoráveis, seis abstenções e nenhum voto contra, a proposta de lei sobre o regime jurídico da criação de zonas francas passou na discussão genérica da Assembeleia Nacional que reuniu, ontem, os seus deputados em mais uma sessão parlamentar. A referida proposta de lei, de iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, é tida, pelo Executivo, como um instrumento jurídico para potenciar o processo de industrialização do país e acelerar a diversificação da economia nacional por via da descentralização das políticas económicas de desenvolvimento local mediante a criação de pólos industriais. Aos deputados, o ministro da Economia e Planeamento, Sérgio Santos, deixou claro que o projecto de criação de zonas francas é para ser executado e não para ficar apenas no papel. Conforme afirmou, a garantia de execução do regime jurídico da referida proposta é inadiável, a julgar pela sua importância no contexto social e económico.

Assim sendo, garantiu que da parte do Executivo está assegurada a criação de condições de energia, água e estradas. Já os passos subsequentes serão dados pelos investidores e empresários, quer nacionais, que, na verdade, serão os motores do projecto, quer estrangeiros. Segundo o ministro, as zonas francas não serão apenas para investidores estrangeiros. Serão para nacionais com parcerias estrangeiras. “A prioridade será para os nacionais, que depois poderão buscar parcerias estrangeiras”, explicou, tendo acrescentado ainda que as zonas francas estão a ser criadas para permitir o processamento de matérias-primas nacionais e a sua exportação de forma acabada. Relativamente à estrutura das zonas francas, o ministro deu a conhecer que o Estado não pretende criar grandes projectos. A ideia, esclareceu, é criar pequenas empresas e infra-estruturas locais que venham, de facto, a funcionar, na prática. “É um projecto para sair do papel. E há essa garantia do Executivo. Portanto, não será o Estado a desenvolver as zonas francas. Se-

Mais argumentos na especialidade Com a aprovação na generalidade, a referida proposta segue agora para debate na especialidade. O ministro Sérgio Santos disse que o Executivo espera que em sede de especialidade a referida proposta venha a merecer o debate aceso e a recolha de contribuições pertinentes que possam enriquecer o documento. Ainda segundo Sérgio Santos, com a referida proposta de lei, o Estado abre oportunidade para que os investidores nacionais possam desenvolver as suas acções em zonas privilegiadas, onde possam contribuir para o aumento da produção nacional e a geração de empregos. Um acelerador da diversificação da economia A deputada do MPLA Carolina Elias disse ser inevitável a criação de zonas francas no processo de criação e expansão do segmento industrial do país e a sua imposição em África. Para a deputada, a criação de zonas francas vai permitir a concorrência salutar entre as regiões, que terão a obrigação de adoptar melhores modelos de desenvolvimento. Segundo ainda a deputada, a criação de zonas francas vai servir de modelo de resolução dos problemas sociais das regiões do país e vai igualmente permitir a captação de investimentos privados, bem como a aceleração da diversificação da economia, com vista a proporcionar o bem estar das comunidades locais. Por seu lado, Idalina Valente, também deputada do Grupo Parlamentar do MPLA, entende que a proposta de lei sobre o regime jurídico da criação de zonas francas assume-se como instrumento que vai colocar o país no processo de integração económica africana e nos processos de desenvolvimento industrial. Para ela, embora chegue tarde, a criação de zonas francas vai acelerar o processo de desenvolvimento do país, apesar de o actual contexto económico mundial em função das dificuldades impostas pela Covid-19. Segundo a deputada, a referida lei vai proporcionar ao país competitividade económica e vai valorizar a produção nacional mediante a criação de um mercado sustentável.

Olhar o país para além do litoral Por seu lado, a UNITA entende que a criação de zonas francas é bem-vinda, mas desde que sejam criadas numa perspectiva global de país, sobretudo na Angola profunda, que compreende as zonas do interior do território nacional. O deputado da UNITA Sindiangani Mbimbi disse ser a favor da criação da lei caso essa tenha como propósito um olhar particular ao Norte do país que, diferente da zona litoral, debate-se com uma mão cheia de dificuldades sociais e económicas. Para o antigo presidente do desaparecido PDP-ANA, o país não deve continuar a ser visto apenas na perspectiva do litoral. É precisou, frisou, olhar para o Norte e potencializar as economias locais para criar sustentabilidade das famílias e produtores locais. Para o efeito, frisou, o projecto de criação de zonas francas poderá vir a ser um aliado neste sentido, desde que haja vontade política. Já Eduardo Delfim, também da bancada da UNITA, defende que as zonas francas devem ser constituídas longe dos centros urbanos, para estimular a geração de empregos e a captação de investidores do sector produtivo. O deputado defendeu ainda a criação de modelos de incentivos para os investidores que investirem nas zonas francas, para estimular o desenvolvimento das comunidades e o contínuo crescimento do sector produtivo nacional. Eduardo Delfim disse ainda ser necessário que cada região (Norte, Sul, Leste e Centro) do país tenham, cada uma, as suas respectivas zonas francas, que, na prática, venham a funcionar e não serem esquecidas, como acontece com outros projectos públicos que se transformaram em gigantes adormecidos. “As zonas francas do país só vão ser úteis se o e Executivo prestar maior atenção às regiões menos desenvolvidas, como é o caso do Leste, que enfrenta dificuldades sociais em todos os níveis”, apontou. . Ainda neste quesito, à semelhança do litoral do país, a UNITA, na voz do seu deputado, defende a extensão dos modelos de desenvolvimento económico a nível das regiões Leste e Norte do país, que ainda se debatem com muitas dificuldades. Lucas Ngonda, da FNLA, durante a sua declaração de voto, disse que votou a favor por entender que a criação de zonas francas vai beneficiar os grupos locais e o desenvolvimento das regiões com base num modelo de sustentabilidade. Mais debates Por seu turno, Leonel Gomes, deputado independente da CASA-CE, disse abster-se do voto por entender haver a necessidade de um melhor esclarecimento, para que as zonas francas não venham a beneficiar outros grupos que não sejam, de facto, os empresários com reconhecida competência. Neste sentido, o parlamentar defende o alargamento das discussões nas especialidades para que o projecto tenha uma compreensão mais alargada. Ainda na sessão de ontem, Os deputados à Assembleia Nacional aprovaram, na generalidade, a proposta de lei dos Contratos Públicos, com 141 votos a favor, nenhum contra e 54 abstenções da UNITA.


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Milhares de cidadãos defendem eliminação do empreendedorismo do currículo escolar Milhares de cidadãos defendem a eliminação das disciplinas de empreendedorismo, educação laboral e de educação visual e plástica dos currículos actualmente vigentes nos primeiro e segundo ciclos do ensino secundário, revela o Inquérito Nacional Sobre Adequação Curricular em Angola (INACUA) 2018-2022, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da Educação (INIDE)

Paulo Sérgio

O

estudo levado a cabo por este órgão afecto ao Ministério da Educação, em 2017, aponta que, das 3.160 pessoas que responderam correctamente ao inquérito, 2.309, equivalentes a 73,1%, são a favor da eliminação da disciplina de “empreendedorismo” no primeiro ciclo do ensino. Uma outra parte, na ordem dos 22%, defende o mesmo em relação à sua vigência no currículo de formação de professores para o ensino geral. No entender de 1.908 cidadãos, isto é, de 60,4% dos participantes, o mesmo destino deve servir para a disciplina de “educação laboral”, já a quantidade de pessoas que gostaria de ver eliminada a de


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Técnicas de Expressão Artística. “Os dados desse indicador para o caso do II Ciclo Geral apenas confirmam os discursos recorrentes nos debates sobre a qualidade educativa que também é explicável a partir das disciplinas dos planos de estudos”, diz o estudo. Fundamenta que, por isso, tratando-se de um ensino geral que visa desenvolver competências genéricas nos sujeitos em construção histórico-social, “a eliminação dessas disciplinas que mais se associam à profissionalização constitui uma possibilidade de melhorar a qualidade do desenho curricular, visando o desenvolvimento integral dos sujeitos de aprendizagem através da CHAVE da vida e suas interactividades (intelectuais, físicas, verbais, sensoriais, afectivas e sociais)”. “educação visual e plástica” é de 1.115, equivalente apenas a 35,3% dos inquiridos. De acordo com o documento a que OPAÍS teve acesso, a disciplina de empreendedorismo teve uma média de rejeição acima dos 70% tanto por parte dos alunos como das autoridades tradicionais, gestores, políticos e outros. Quanto aos encarregados de educação ouvidos pelos inquiridores, 69% partilha da mesma opinião. Os pesquisadores inquiriram pessoas residentes nas províncias de Luanda, Uíge, Cabinda, Cunene, Moxico, Namibe, Huambo e Huíla, a fim de obterem

“A eliminação dessas disciplinas que mais se associam à profissionalização, constitui uma possibilidade melhorar a qualidade do desenho curricular visando o desenvolvimento integral dos sujeitos”

amplas contribuições para estruturar referências curriculares relativamente diversificadas sobre as condições e as possibilidades de melhorar a qualidade do ensino-aprendizagem no país. “O inquérito foi o mais representativo possível das diversidades regionais, religiosas, etno-linguísticas, raciais, político-partidárias e de classe da população angolana”, lê-se no documento. Os estudiosos consideram que a proposta de eliminação dessas disciplinas no currículo do I Ciclo do Ensino Secundário constitui um contributo para desafogo do plano de estudos que conta com 13 disciplinas, abrindo caminho não só para melhorar a gestão do currículo, mas também para a implementação da integração curricular que possibilita a abordagem de tudo o que é necessário, a partir de situaçõesproblemas. No que tange as vantagens que isso pode trazer, explicam que, valendo-se da transversalidade, interdisciplinaridade, intradisciplinaridade e outras formas de integração curricular, a eliminação de algumas disciplinas do plano de estudo do I Ciclo permitirá que tanto os conteúdos das disciplinas a eliminar, quanto de outras áreas de saber jamais abordadas no currículo, terão possibilidades de serem abordados no quadro de uma nova estratégia: “A CHAVE (Conhecimento, Habilidade, Atitude, Valor e Ética) da vida, recorrendo-se à integração curricular e às interac-

tividades intelectuais, físicas, verbais, sensoriais, afectivas e sociais”, garantem. Na altura em que o estudo foi elaborado, o Ministério da Educação, liderado, na época, por Maria Cândida Teixeira, estava a levar a cabo a construção de uma revisão curricular que seria implementada a partir de 2022, baseando-se na Lei 17/16. Em função dos resultados acima apresentados, os inquiridores manifestaram que auguram por um currículo que venha capitalizar a essência tanto das teorias sócio-construtivistas, que valoriza as múltiplas relações associadas aos processos de aprendizagem e o papel do sujeito nestes, como das tendências pedagógicas progressistas que defendem a consideração das experiências e das histórias de vida dos sujeitos em todos os momentos da aprendizagem. Propostas de eliminação no II Ciclo do Secundário Geral Em relação às disciplinas ministradas da 10ª a 12ª classe, os inquiridores são de opinião que devem ser eliminadas fundamentalmente três disciplinas do currículo do II Ciclo do Ensino Secundário e apontam para a “teoria prática de design”, o “desenho” e as “técnicas de expressão artística”. Neste particular, o nível de rejeição das mesmas não é tão elevado como acontece no ensino geral, sendo que da população inquirida, 34,1% optou por eliminar a Teoria Prática de Design, 26,9% a de Desenho e 24,1% a de

Revisão aos planos de formação de professores A qualidade e os resultados do plano de estudo de formação de professores do I Ciclo do Ensino Secundário (da 10ª a 13ª classe) também foram objectos de estudos. Os inquiridos sugerem a eliminação de quatro disciplinas no lugar de três, nomeadamente 22% o “empreendedorismo”, 21,3% a “história da educação física”, 21,3% a “sociologia do desporto” e outros 21,3% a de “atelier”. Os resultados acabaram por surpreender os pesquisadores porque esperavam por propostas de três disciplinas a eliminar, mas as médias das respostas produzidas pelos inquiridos sugerem a eliminação de quatro. “Olhando para as sugestões das disciplinas a eliminar do currículo do II Ciclo da formação de professores do I Ciclo, percebe-se a necessidade de se diminuir o número de disciplinas como forma de se abrir o caminho para melhorar a gestão do currículo, por um lado, e, por outro, para a implementação da integração curricular que possibilita a abordagem de vários temas candentes a partir de situações-problemas”, diz o estudo. Já em relação ao plano de estudo da formação de professores do ensino primário (da 10ª a 13ª classe), a sugestão recai para a eliminação de três disciplinas, nomeadamente, o “empreendedorismo”, o “estudo do meio” e “expressões”. “As médias apontam para a eliminação do Empreendedorismo (56,1%), o Estudo do Meio (41,1%) e as Expressões (29,4%)”. Os pesquisadores esclarecem que tal como nos demais ciclos de ensino e formação, a eliminação das disciplinas sugeridas para o currículo do II Ciclo da formação de professores do I Ciclo, sugere a necessidade da redução do número de disciplinas como forma de se abrir o caminho para a melhoria da gestão do currículo. A coordenação geral do estudo esteve a cargo de Manuel Afonso, José Amândio Francisco Gomes e de João Adão Manuel. A equipa técnica contou com Anilda Mariana Chivukuvuku, Simão Agostinho, Alexandre Bravo Dias e Cecília Maria da Silva Vicente Tomás. O ex-secretário de Estado para o Ensino Pré-Escolar e Geral, Joaquim Cabral e o especialista João Milando fizeram a consultoria. No total, 20 investigadores do INIDE e 90 colaboradores locais afectos a algumas direcções provinciais da Educação participaram nas diferentes fases do inquérito.


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Cidadão supostamente morto pela Polícia Nacional no Palanca CARLOS aGUSTO

da naquela zona, situação que levou a que o cidadão em questão entrasse em estado de choque. A Polícia diz ainda que tão logo denotaram a recuperação do mesmo, os agentes deixaram que o cidadão continuasse a sua marcha, mas que horas depois, quando voltaram a patrulhar o mesmo local, João foi encontrado desmaiado. Diz ainda o comunicado que o Centro Integrado de Segurança Pública foi accionado e acorreu ao local, por volta das 12 horas e levou João ao Hospital dos Cajueiros, onde veio a conhecer a morte por volta das 17 horas. A Polícia “lamenta o sucedido e esclarece que, as autoridades sanitárias farão a devida autópsia para determinar as reais causas da morte e serão divulgadas nos próximos dias. Os agentes em causa estão identificados e foi instaurado o competente processo de averiguação sobre os factos. Caso se comprove o envolvimento dos mesmos, serão responsabilizados criminal e disciplinarmente”, lê-se.

O jovem de 20 anos de idade que em vida respondia pelo nome de João de Assunção Eliseu perdeu a vida, na última Quarta-feira, após ter sido interpelado por agentes da Polícia, que fizeram disparos, no município do Kilamba Kiaxi. A Polícia nega que tal morte tenha sido causada pelos disparos efectuados pelos agentes

O

facto ocorreu no Bairro Palanca, município do Kilamba Kiaxi, quando João Eliseu se dirigia ao seu local de trabalho, um campo nas imediações, que usava como zona de lavagem de viaturas, e foi surpreendido, segundo testemunhas, por dois agentes da Polícia que exigiam o uso de máscara. Por não se ter apresentado com a máscara, João terá sido obrigado a dar cambalhotas, por castigo, coisa que não aceitou e fê-lo colocar-se em fuga. Os agentes, segundo ainda as testemunhas, terão feito disparos ao ar, e o jovem, que sofria de hipertensão, caiu no chão, tendo perdido a vida 40 minutos mais tarde, no Hospital dos Cajueiros, no município do Cazenga. Entretanto, a Direcção de Comunicação Institucional e Imprensa da Polícia Nacional de Angola, embora tenha confirma-

do que tomou conhecimento da morte de João Assunção, através das redes sociais, e que tal morte esteja a ser imputada aos agentes da Polícia, disse que não foram os agentes que causaram a morte ao referido cidadão. Num comunicado de imprensa, a Polícia diz que o cidadão em causa não foi alvo de disparos de arma de fogo, como circula nas redes sociais. “O facto ocorreu por volta das 10:00H, no perímetro jurisdicional do Centro de Formação de Adestramento de Cavalaria e Cinotecnia, onde os agentes do referido órgão exerciam o serviço de patrulhamento, quando, na sequência abordaram, o cidadão em causa, mostrou resistência”, diz o documento. Os agentes chegaram a efectuar um disparo ao ar após o jovem ter mostrado resistência, pelo facto de haver registos frequentes de assaltos à mão arma-

João Eliseu morreu após ser abordado por agentes da Polícia Nacional


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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PROTEGER?

Tendo sido reportados já 166 casos em Angola, com 8 mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença: 1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

23ª edição do Moda Luanda mostra o melhor da classe e as figuras proeminente nas artes A evento será realizado no Domingo, 21, a partir das 17 horas, em directo dos estúdios da TV Zimbo, na presença de um público restrito, a fim de se cumprir com o distanciamento social exigido, devido à pandemia da Covid-19. O mesmo será, pela primeira vez, emitido no formato virtual pela Platina Line, com o intento de proporcionar momentos de lazer aos cidadãos que se encontram em casa, através de vários meios

Antónia Gonçalo

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23ª edição do Moda Luanda, promovido pela Step Models, vai mostrar o que melhor se faz no mundo da moda em Angola, através das colecções inspiradoras de 14 estilistas, que serão mostradas no Domingo, às 17 horas, em directo, a partir dos estúdios da TV Zimbo, e, também, no formato virtual, com a parceria da Platine Line. As colecções e marcas dos vários talentosos como Nadir Tati, Soraya da Piedade, o Sisters Paiva, Pretah Minha Marcah, Conquistador Regarde Moi, Manzvat, LayArt, Mussulus, Millucha Design, Wan Kiamy, La Atitude e Sangue Novo - alunos da escola de modelagem e estilismo Arte Fashion de Dina Simão serão mostradas por 15, nesta que será a primeira edição no formato virtual. Trata-se de um conceito novo propaga-

do pela Step Models, para que o evento aconteça sem a presença de um grande público, conforme foi em edições anteriores, devido à pandemia da Covid-19, que exige restrições. Os trabalhos dos estilistas vão retratar o que melhor se faz no mundo da moda no país, através das colecções glamourosas, inspiradas desde a década de 80 e a contemporânea. São colecções que ilustram uma explosão de cores, cortes autênticos, desde roupas africanas, temas de praia com cores quentes, também feitas a mão com linha de crochêt, colecções vibrantes que espelham ousadia e acessórios com tons fortes e fluorescentes que se misturam com o romantismo. A responsável da Step, Karina Barbosa, em conversa com OPAÍS, explicou que durante a emissão do evento será apresentado um vídeo concebido pelos estilistas, a partir dos seus atelieres ou residências, onde vão explicar o produto a ser exibido pelos manequins. Disse ainda que, com este acto, pretende-se proceder ao distanciamento exigido entre os profissionais, que também irá funcionar tanto nos bastidores como em passarele.

Troféus Moda Luanda Durante o evento, como tem sido habitual, haverá a entrega dos Troféus Moda Luanda aos nomeados nas categorias de Moda, Música, TV e Cinema, correspondente ao ano de 2019, com votação pública através do website www.modaluanda2020.com que encerra amanhã, 20. Na categoria TV e Cinema serão distinguidos o Melhor Actor e Actriz Drama, Melhor Actriz e Actor Comédia, Contributo do Ano/Cinema, bem como o Melhor Apresentador e Apresentadora Talk Show, Melhor Apresentador e Apresentadora Magazine de Actualidade, Melhor Apresentador e Apresentadora Magazine Temático, Contributo do Ano Informação e Contribuição do Ano Cinema. Em cada sub-categoria possui quatro concorrentes de TV pública e privadas, como da TV Zimbo, TPA, Zap Viva e a TV Record, entre jornalistas, repórteres apresentadores de programas televisivos e actores. Na categoria de Música será reconhecido o Artista/Grupo de Música Moderna, Artista Rap, Estrela em Ascensão, Melhor Performance Masculina e Feminina em Palco, Música Ro-

mântica do Ano, entre outras, onde concorrem artistas do musi allnacional. Já no ramo da moda ficará igualmente conhecido o Melhor Modelo Campanha de Publicidade, Melhor Manequim Nacional, Top Model do Ano, Fotografo do Ano, Colecção do ano, entre outras não menos importantes. Indicados pela organização Nesta senda serão ainda atribuídos os troféus Carreira e Prestigio, indicados pela organização. Quanto ao primeiro, Karina explicou que é dedicado a uma pessoa ou empresa dentro da área da moda, entretenimento ou comunicação social, pelo seu porte de trabalho ao longo dos anos, enquanto o segundo, também a uma empresa ou pessoa, que tenha feito algo de especial, de relevo no ano anterior dentro de uma destas áreas. Consta que os nomeados estarão presentes durante a emissão em directo, através de uma plataforma digital, para poderem assistir e agradecer pela sua consagração, sendo que os troféus e demais prémios receberão apenas na semana posterior, nas suas residências, via estafeta.


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Movimento Cultural do Cunene promove cultura da cidadania O projecto lançado com pompa e circunstância em Ondjiva, capital da província do Cunene, denominada “A cultura da Cidadania - Uma Tarefa de Todos Nós”, visa cultivar em todos os sectores do país, hábitos de cidadania e pela cidadania como responsabilidade e tarefa de todos os agentes sociais, segundo o coordenador, Hamilton Venokanya António Augusto Nunes

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ultivar hábitos de cidadania e pela cidadania, em todos os sectores do país, é o grande desafio do Movimento Cultural do Cunene (MCC). O projecto envolvendo professores, escritores, académicos, enfermeiros, entre outros agentes sociais, foi lançado Sábado, 13, nas redes sociais, Facebook, em Ondjiva, província do Cunene, com a

divulgação de textos informativos de vária índole, retratando a Cultura da Cidadania como uma tarefa de todos nós. O objectivo primário, segundo o coordenador do projecto, Hamilton Venokanya António, é que cada citadino, mais do que saber, dentro das suas responsabilidades sociais, académicas, culturais, políticas e religiosas, faça bem o seu trabalho em prol de uma Angola melhor. Diariamente são publicados dois a três textos de alguns escritores como José Luís Mendonça, Yola

Castro, Marta Santos e Kanguimbu Ananaz. O projecto conta ainda com textos do Crítico Literário, Helder Simbad, das sociólogas Egna Santos e da escritora, Luísa Fresta, residente em Portugal, do sociólogo Miguel Dianduala, do advogado Aldemiro Quintas, entre outros. A iniciativa surge como um mecanismo articulador no processo de socialização, formação de carácter, moralização e educação patriótica para que a cidadania seja melhor na construção de Angola.

Diplomata angolano destaca ligação da arte ao quotidiano das pessoas

O Hildebrando de Melo apresenta projecto artístico “Mi Asa Su Casa”

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projecto com o título em espanhol que em portug uês significa “A Minha Casa É A Tua Casa” é um convite ao público apreciador das artes plásticas, com recurso ao Instagram “A Minha Casa É A Tua Casa” a mais nova criação artística do pintor Hildebrando de Melo, chega ao público por via da rede social Instagram. O projecto, segundo o artista, procura reconfortar a família, nesta fase difícil da pandemia da Covid-19, com a beleza das artes plásticas. O artista disse partilhar a sua

casa com os demais espectadores, um projecto que retrata a pintura dos últimos 25 anos de trabalho, para que ilumine o seu coração, num tempo tão difícil e de incertezas como este. “Partilho consigo e demais espectadores um novo projecto de arte, “A Minha Casa”, disse. Para tal, acrescentou, é necessário clicar em https://www. instagram.com/p/CA2lbendG W/?igshid=1turfa59sfpwe. Nascido, em 1978, na cidade capital do Planalto Central (Huambo), em plena guerra civil no país, viajou para Por-

tugal, aos 5 anos, onde cresceu e fez parte dos seus estudos. Depois da sua formação em Portugal, regressou a Luanda, cidade onde firma as bases do seu trabalho e monta o seu atelier, em 2000, na sede da União Nacional dos Artistas Plásticos de Angola (UNAP), em Luanda. Já participou em exposições individuais e colectivas em Angola, em Portugal, Nova Iorque (EUA), na Alemanha, Itália, África do Sul, India, Espanha e Holanda. Em Nova Iorque fez uma conferência sobre o seu trabalho pela Mormon Art Center, na Columbia University.

embaixador de Angola em Portugal, Carlos Alberto Fonseca, disse, em Lisboa, que a arte e a vida fazem parte do quotidiano das pessoas em todo o espaço e circunstâncias. A afirmação está expressa numa nota introdutória da exposição virtual com imagens de trabalhos de criadores angolanos alojada, desde Quarta-feira, no site www.embaixadadeangola. pt e ficará patente até ao dia 16 de Setembro.

Segundo o diplomata, a exposição virtual , que acontece em tempos de pandemia e no ano em que se comemora o 45º aniversário da Independência de Angola, traz a público o talento dos criadores angolanos. Acrescentou que face às restrições impostas pela pandemia, que se alastrou a uma escala global, o talento dos artistas plásticos angolanos não se inibiu, consolidandose em obras num espaço.


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Covid-19

Sociedade Cabo-verdiana de Música lança fundo social para associados As candidaturas ao Fundo Social da Sociedade Cabo-Verdiana de Música estarão abertas até ao fim deste mês e podem ser feitas presencialmente ou através do e-mail: fundosocial.scm@ gmail.com

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Sociedade Cabo-Verdiana de Música (SCM) tem abertas desde Terçafeira, 16 de Junho, as candidaturas ao fundo social num montante de mil contos que irá beneficiar cerca de 100 associados em inactividade face à emergência sanitária do Covid-19. As candidaturas estarão abertas

POLÉMICA

Solange Cesarovna, presidente Sociedade Caboverdina de Música

até 30 de Junho e cada aprovado será apoiado com 10 mil escudos. Em entrevista a Rádio de Cabo Verde, a presidente da SCM, Solange Cesarovna, defendeu que o momento deve ser de diálogo para definir novos formatos que permitam mitigar os impactos da crise

OBITUÁRIO

é um fundo para contribuir, não resolve todos os problemas”, disse Solange Cesarovna à RCV. A SCM teve a oportunidade de apoiar vários associados a acederem a medidas do Governo aos quais os artistas poderiam aceder. Solange Cesarovna admite que outras medidas são necessárias, mas está-se no “bom caminho”. “Já há um claro posicionamento do Governo, através do Ministério da Cultura de que o Estatuto do Autor e do Artista vai ser concebido este ano. É muito importante porque nos momentos de crise temos de reorganizar este sector para vermos as fragilidades”, admite a presidente da SCM. As candidaturas ao Fundo Social da Sociedade Cabo-Verdiana de Música estarão abertas até ao fim deste mês e podem ser feitas presencialmente ou através do e-mail: fundosocial.scm@gmail. com

sanitária no sector, tendo em conta os meses que ainda se preveem de paralisação. A SCM pretendia estabelecer um fundo social desde o ano passado e face à actual situação sanitária do país e o impacto no sector da cultura, e da música especificamen-

te, aprovou a 5 de Junho o regulamento deste instrumento. “Neste momento de muitas dificuldades em que tudo está parado, o esforço que a Sociedade Cabo-verdiana de Música fez culminou na aprovação de um valor de mil contos e, tendo em conta que

FIGURAS

INVESTIGAÇÃO

SÉTIMA ARTE

Fonte: A Nação

Johnny Depp acusa Amber Heard de manter relação a três com celebridades durante casamento

Vera Lynn a voz que deu esperança na Segunda Guerra e na pandemia morre aos 103 anos

Músico Ricky Martin quer casar-se de novo com uma festa de quatro dias

Novo relatório detalha causa da morte de Kobe Bryant

“Bad Education”: a maior fraude escolar da história dos EUA deu um filme

Johnny Depp mantém um longo processo judicial de difamação contra Amber Heard, uma vez que esta o acusou de violência doméstica e comportamento abusivo, e os seus advogados não estão a deixar nada de fora, inclusive uma alegada relação com outras duas celebridades durante o casamento que terminou em 2016. De acordo com o Daily Mail, o actor acusa a ex-mulher de ter tido umarelaçãoatrêscomamodeloCara Delevingne e o bilionário empresário Elon Musk. De acordo com documentos obtidos pelo jornal, o ex-marido de Raquel ‘Rocky’ Pennington, melhor amiga de Amber, foi questionado pelo advogado de Depp se a exmulhertinhacontadoqueAmberestava a ter um caso com a modelo.

Morreu aos 103 anos , a cantora britânica Vera Lynn, informou esta Quinta-feira a família da artista. Vera ficou conhecida como a “namorada” do Reino Unido por emprestar o seu talento ao cantar para os soldados britânicos durante a Segunda Guerra Mundial. Em comunicado, a família manifestou-se “profundamente triste ao anunciar o falecimento de umadasartistasmaisamadasdoReino Unido”. A cantora morava em East Sussex,sudestedaInglaterraemorreu cercada pelos amigos mais próximos e pela família. Lynn ficou famosa por manter o ânimo das tropas britânicas durante a Segunda Guerra Mundial, tendo feito milhares de quilómetros ao viajar até ao Egito, Índia, ou Myanmar para cantar aos soldados.

Ricky Martin quer casar-se de novo com o companheiro, Jwan Yosef. Apesar de já terem dado o nó, o artista quer celebrar mais uma vez o amor que os une, mas desta vez com uma festa de quatro dias. O cantor quer que os filhos mais novos façam parte deste momento especial, mostrando como a sua relação continua tão forte como no primeiro dia, como o próprio confessou no programa ‘Ventaneando’. “Quero fazer uma grande festa. Quero que o casamento dure quatro dias”, começou por partilhar, referindo que os filhos mais velhos marcaram presença no dia em que se casaram pela primeira vez, mas os pequenos Renn e Lucia não. “Eles precisam de fazer parte desta celebração”, afirmou.

O Departamento de Medicina Legal de Los Angeles revelou, nesta Quarta-feira, que um nevoeiro pode ter sido a causa do acidente que tirou a vida a Kobe Bryant e mais sete passageiros, a 26 de Janeiro deste ano. Nos documentos divulgados pela imprensa norte-americana, no dia de ontem, as autoridades confirmam ter evidências de que o piloto Ara Zobayan pensou estava a subir quando na verdade o helicóptero estava em trajetória descendente. O Departamento de Medicina Legal de Los Angeles acredita que “o piloto poderia ter interpretado mal os ângulos de inclinação e rotação” do aparelho, devido ao denso nevoeiro que se fazia sentir naquela zona.

Ao contrário do que sucede na política, fora dela, muitas vezes, o que parece, não é. Olhemos para Frank Tassone (Hugh Jackman) no filme da HBO “Bad Education”, de Cory Finley, baseado num artigo da “New York Magazine” (parece haver nos EUA cada vez mais fitas inspiradas não em livros, mas sim em grandes reportagens de jornais e revistas). Em 2002, Tassone era o competentíssimo, simpatiquíssimo, admiradíssimo, dinâmico e modelar supervisor do distrito escolar de Roslyn, em Long Island, cujo liceu tinha conseguido levar ao quarto lugar do “ranking” das escolas desta região do estado de Nova Iorque, e contribuído, em paralelo, para a valorização imobiliária da zona.



Economia

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Executivo propõe alterações à Lei dos Contratos Públicos A proposta de alteração da Lei dos Contratos Públicos (LPC), submetida pelo Executivo à Assembleia Nacional, propõe a criação de um novo procedimento que permitiria adjudicações céleres (em menos de 24 horas) e concorrenciais, mediante o cadastro prévio das empresas no Portal da Contratação Pública dr

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proposta prevê a “criação do regime de contratações emergenciais para fazer face à situações de calamidades, catástrofes, estados de emergência, regime de contratos reservados às entidades, cujo objecto principal seja a integração social e profissional de pessoas com deficiência, integrada e resolução alternativa de litígios através da criação do Centro de Resolução de Conflitos em Contratação Pública, como forma de aumento da confiança por parte dos operadores de mercado. Preconiza ainda a inclusão do Regime de Concessão de Obras Públicas e de Serviços Públicos para preencher o vazio que se verifica no actual quadro normativo; regime da consulta preliminar ao mercado e obrigatoriedade de pesquisa de preços antes do lançamento do procedimento. A alteração tem como objectivos “colmatar os constrangimentos identificados aquando da realização das aquisições por Entidades Públicas Contratantes (EPC), pro-

ceder à alteração de determinados artigos e anexos, inserir normas melhoradas na Lei (n.º 23/16, de 27 de Outubro) e inserção de outras habilitadoras de matérias que carecem de regulamentação e melhor aplicação. A proposta de alteração tem também como base a identificação de alguns constrangimentos na aplicação da actual norma, nomeadamente; a necessidade de simplificação para maior celeridade na tramitação dos actos de contra-

A nova proposta elimina a “caução provisória e os respectivos modos de prestação e de restituição”

tação pública na decorrência da manifesta preocupação das Entidades Públicas Contratantes (EPC) relativamente aos procedimentos concursais, por serem bastante burocráticos e complexos. Outros elementos contemplados pela proposta de alteração da autoria do Executivo é a redefinição e adequação da tramitação dos procedimentos existentes, fundamentalmente, redefinição das acções inerentes ao Acto Público e fases subsequentes e a exclusão do âmbito de aplicação da LCP dos contratos celebrados pelas empresas públicas e empresas de domínio público que não beneficiam de subsídios operacionais ou quaisquer outras operações com fundos provenientes do OGE. O instrumento busca ainda a “clarificação do âmbito objectivo e densificação dos princípios aplicáveis à formação e execução dos contratos públicos; inclusão de normas adjectivas” e definição de critérios para declaração de em-

presas impedidas da participação em procedimentos de contratação pública, assim como a alteração do limite de valor para a escolha do procedimento de contratação simplificada de Kz 5 milhões para Kz 18 milhões, bem como a eliminação do limite de valor para os procedimentos concorrenciais. A nova proposta elimina a “caução provisória e os respectivos modos de prestação e de restituição; inclusão no regime de exclusão, os contratos de representação por advogado, possibilidade de criação de diversas plataformas (podendo ser de gestão pública ou privada) e normas sobre análise, avaliação e de adjudicação de propostas”. A redução do prazo máximo de vigência dos Acordos-Quadro de 8 (oito) para 4 (quatro) anos; as garantias para adiantamento de pagamento (downpayment) ou de boa execução que, devem ser passadas em nome do órgão regulador e supervisor da contratação pública, são outros detalhes da inovação.

AGT anuncia leilão para mercadorias diversas para Julho

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Terceira Região Tributária da Administração Geral Tributaria (AGT), que compreende as províncias de Luanda e Bengo, realiza no próximo mês de Julho, em data por fixar, o primeiro leilão online de 160 lotes de mercadorias diversas. O leilão tem como objectivo, a arrecadação de receitas para os cofres do Estado, descongestionar o Centro Logístico e Terminais Aduaneiros, bem como proceder à devolução dos contentores aos agentes de navegação. O referido leilão, de acordo com uma nota da Administração Geral Tributária distribuída à imprensa ontem, Quinta-feira, é destinado aos empresários e pessoas singulares, que poderão apresentar interesse em arrematar os bens diversos. Vestuário, electrónicos e calçados são alguns dos bens que compõem os 160 lotes de mercadorias referidos. A AGT tem como missão arrecadar receitas para o Estado e garantir o controlo aduaneiro na gestão económica do país.


O PAÍS Sexta-feira, 19 de Junho de 2020

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Grupo empresarial investe mais de Kz 250 milhões na produção de carteiras O grupo empresarial nacional Jiretours que se dedica à produção de mobiliário escolar investiu um total de Kz 250 milhões para a produção de 300 novas carteiras individuais por dia tendo em conta o reinício das aulas nos próximos meses Brenda Sambo

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endo em conta a pandemia da Covid -19 e o possível reinício das aulas nos próximos meses a fábrica de produção de mobiliário escolar Jiretours preocupada com as medidas de prevenção investiu 250 milhões de Kwanzas para a produção de 300 carteiras individuais, como adiantou a OPAÍS o admistrador do grupo Jiretours, Osvaldo Caumbulo. Segundo o responsável, neste

momento, a empresa conta com mais de 14 encomendas de colégios para a produção de carteiras individuais sendo estas as mais solicitadas nos últimos dias. “Estamos a pautar e a seguir as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS), pois, acreditamos que as carteiras individuais serão a solução do futuro”, disse. Com duas linhas de produção, a unidade fabril localizada no Benfica com a capacidade de produzir 600 carteiras por dia reduziu a produção para 400 carteiras por dia, das quais 300 são individuais e 100 carteiras duplas, essa última, faz parte das encomendas solicitadas antes mesmo da pandemia de Covid -19. Referiu que a queda na produção deveu-se à fraca procura do mobiliário escolar e a desaceleração da economia tendo em conta à pandemia. Salientou que actualmente 90% da matéria-prima utilizada para o fabrico de carteiras é nacional, desde a madeira, o ferro entre outros acessórios para acabamento. Para além do fabrico de mobiliário escolar, a unidade industrial engloba, actualmente, a produção de mobiliário para escritório, bibliotecas, igrejas e museus. Para o empresário, o país não tem necessidade de importar carteiras, uma vez que as indús-

trias nacionais produzem o material com boa qualidade e a preços acessíveis. Esclareceu que o maior cliente ainda é o sector privado com um total de 53 clientes fixos e 250 sazonais.

É necessário que o Estado apoie o sector privado, em particular o do sector mobiliário”, disse, acrescentado que “Essa é a única maneira de criarmos desenvolvimento e racionalizar custos” Osvaldo Caumbulo, admistrador do grupo Jiretours

O responsável aproveitou a ocasião para apelar o Executivo no sentido de continuar a apoiar a produção nacional, em particular o sector mobiliário. “É necessário que o Estado apoie o sector privado, em particular o sector mobiliário”, acrescentado que “essa é a única maneira de criarmos desenvolvimento e racionalizar custos”, sublinhou. Quanto aos preços das carteiras, avançou que variam entre 23 a 28 mil Kwanzas por unidade. No seu entender, os preços são competitivos e acessíveis, mas lamentou o facto de existirem ainda muitas escolas sem carteiras. Osvaldo Caumbulo disse que a empresa que dirige está disposta a acudir todas as necessidades de mobiliário escolar a nível nacional, com maior realce nas escolas que estão a ser construídas nos municípios do país, tendo em conta os projectos do PIIM. Esclareceu que além de comercializar, a unidade fabril dispõe de serviços de manutenção para maior durabilidade e um prazo de garantia de um ano. Projectos de expansão Sublinhou que dada a sua qualidade muitas empresas e industriais de outras províncias, principalmente de Cabinda, compram

as carteiras para revender noutros locais, como na vizinha República Democrática do Congo ou até mesmo ao Estado. Por isso, o empresário tem o seu foco na expansão através da abertura de representantes ao nível de cada província e também na internacionalização da empresa que no caso será para a República Democrática do Congo. “Acreditamos que a República Democrática do Congo é um bom mercado uma vez que muitas das carteiras produzidas na fábrica já são comercializadas no Congo”, precisou. Apesar de estar ainda em Luanda, o responsável garantiu que as carteiras e todo o mobiliário produzido na fábrica chegam a todas as províncias do país. O grupo Jiretours produz respeitando a ergonomia internacional, por está razão produz carteiras tendo em conta as idades e os níveis, que variam desde o ensino primário até ao ensino universitário. “A missão do grupo Jiretours não se resume apenas a vendas, temos todo o cuidado e respeitamos a ergonomia internacional”, resumiu. “Ainda não está uniformizado o estilo de carteiras que se produz no país e é preciso que o Estado crie um regulamento para facilitar os industriais”, referiu. O grupo empresarial investiu também fortemente no segmento das tecnologias para a educação, com uma equipa de jovens que trabalha para encontrar soluções tecnológicas. Neste momento, a empresa criou também um aplicativo que desde o início do estado de emergência tem facilitado as aulas dos professores e alunos de muitos colégios privados. O grupo dedica-se também à montagem de laboratórios escolares nas escolas para os cursos de química, medicina, entre outros. Sobre o grupo Localizado no Benfica, numa área de 1200 metros quadrados de produção, o seu percurso começou em 2016 com a produção de mobiliário doméstico. Em 2017, fruto da entrada de uma nova administração, a empresa passou a dedicar-se à produção de mobiliário escolar. A actividade da Jiretours mobiliária escolar é mais abrangente e consiste na produção de mobiliário em madeira, metálico e em polipropileno destinado não só ao segmento escolar, mas apostando, igualmente, na produção de mobiliário para escritório, bibliotecas, igrejas e museus.


análise

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A produção petrolífera referente ao mês de Maio fixou-se em 1,280 milhão de barris/dia O nível revela uma desaceleração mensal de 2,5%, o equivalente a 33 mil barris/dia, influenciado pelo acordo de redução da produção entre a OPEP e aliados, o que poderá pressionar o crescimento do sector petrolífero e penalizar a arrecadação de receitas fiscais pelo Estado ESPAÇO ANGOLA

O

s bancos comerciais realizaram operações de cedência e absorção de liquidez avaliadas em 169,8 mil milhões Kz, na semana encerrada em 12 de Junho. O montante representa uma redução semanal de 13%, num total de 54 operações, o que terá sido justificado pela moderação das necessidades de liquidez, com impactos sobre as taxas de juro no mercado.

ESPAÇO INTERNACIONAL MUNDO A taxa de inflação homóloga fixou-se em 0,5%, no mês de Maio. O registo reflecte uma redução mensal de 0,3 p.p. e homóloga de 1,5 p.p., significativamente abaixo da meta de 2%, em consequência da diminuição dos preços do combustível automóvel e de bens de entretenimento, apesar do aumento dos preços dos alimentos.

MERCADOS Petrolífero A Brent: -0,61% (40,71 USD/barril). A declaração da OPEP de contínua redução da procura por crude penalizou o petróleo.

Cambial GBP: -0,14% ( 1,2555 USD). A trajectória decrescente da inflação britânica pressionou a cotação da libra.


OPINIÃO

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José Manuel Diogo

João Rosa Santos dr

O dia da morte de José Saramago

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TI ANTÓNIO A

cada dia, é um dia novo, na bwala, Ti António não tem juízo, sempre a riscar, a rasgar, fama de mão de vaca, não lhe escapa, puro disbundeiro, noite e dia na rua, sempre a zanzar. No final do mês, chapa ganha, chapa gasta, no cubico, apenas os trocos a fazer morada, os ndengues na dibinza, fome já não é nzala, choro é só lágrimas secas, ninguém acode, consolo só na igreja, paz na alma, oração para amenizar. No quotidiano, maka é sanzala, todos os dias, jindaka não é kitaba, pão burro, não mata a fome, discussão não é solução, vizinho não é padrinho, desordem nunca ordenou, violência domestica, é crime. Entre altos e baixos, assim era o lar do Ti António, mandava e podia, fazia e desfazia, a relação sempre por um fio, nada com ele, a mboa a clamar regresso à proce-

dência, na pesada do ambiente, a hora era de bazar. Para costurar, quase já não havia linha, imbambas arrumadas, nervos a flor da pele, tudo a descambar, de mal à pior, separação, santo remédio, nada fazia prever outro cenário. Sem pedir licença, globalmente, pandemia chegou, começou a fazer das suas, nada de se andar atoa, todos confinados, cada qual no seu domicílio, proibido pular a cerca, ficar em casa, virou palavra de ordem. Devagar, pouco a pouco, veio emergência, agora é calamidade, não tarda, pode ser contingência, Ti António ouviu, ganhou juízo, vida não é só garinar, estar em casa, no poiso certo, em família, é o caminho, faz bem a saúde. Ti António, percebeu a realidade, do cubico, já não arreda pé, virou chefe de família exemplar, partícipe activo nas tarefas domésticas, auxilia aqui, arruma

acolá, tudo na boa, marido ajuda mulher. Os kandengues, felicidade a irradiar, boca virou discoteca, é só gargalhar, da madame já não se fala, beijo é beijo, linguado na hora, mor, só no singular, alegria a contagiar, é show de arrebizar. Do passado, só guarda lembranças, esqueceu o beef das cassules, quer recuperar o tempo perdido, no seu lar, o mal veio para bem, com corona ou covid-19 invisível, o amor clareou, renasceu, a concórdia e a harmonia familiar, ocupam a sua mente. Ti António, de pelenguenha, nada mais quer saber, a boémia, nunca mais, parte braço, já não tem gesso, paixão só no apartucho, os monas razão maior da sua existência, casa-serviço, serviçocasa, este é o seu novo paradigma, o seu novo normal de vida, cumprindo e fazendo cumprir as regras elementares de biossegurança.

o dia da sua morte, nesse dia fatídico em que a sua mulher não o conseguiu salvar, José poderá ter-se encontrado frente a frente com umas das suas personagens favoritas: Deus. Esta é a crónica desse quase encontro e de como se procurou evitar do fim ao princípio. Até ser pó aos pés de uma oliveira não me há-de apanhar, disse-lhe na esperança de que nos alvores imediatos ao último estertor ninguém desse por conta da sua falta no mundo dos vivos e assim pudesse transitar para o vazio sem que esse amigo de Caim o apanhasse na curva do purgatório. Na ausência de inferno criarei o meu, não me arrisco a ser surpreendido por alguma coisa que não queira. Um homem falecido já não aguenta dessas incertezas nem outras intermitências. Por isso mulher, antes que num ensaio me apanhem distraído é melhor encomendar já a peça toda e não arriscar. Se houver inferno há-de ser como senhorio. Nunca como inquilino. Tu vê lá, que se a coisa não é como tu pensas, não te vão chegar o dobro das vírgulas que poupaste toda a vida para te poderes explicar. Imagina, nós aqui numa ilha espanhola, a escrever cadernos e fazer elefantes voar e, de repente o Criador tem mesmo letra grande e a Eternidade também.

Mulher de pouca fé, claro que Deus não existe, disse. Não há nenhuma hipótese disso. Entre o último suspiro e o sopé da minha oliveira só existem os teus passos, a minha vontade póstuma e a fatalidade comprovada de inexistência d’ele. Nota como é minúsculo o é. Soou bastante estranho aquele auto de fé logo justaposto à inexistência de Deus. Mas para quem já tinha sido pai de um Tertuliano Máximo Afonso, qualquer coisa era melhor. Enquanto o derradeiro exalo não chegava, os dois entreolhavam-se ansiosos. Tinham sido uns anos bestiais a escrever ensaios inéditos sobre a lucidez e a cegueira e outros estados de alma que num qualquer momento se apresentavam capazes se prover prolixas considerações com lombada de best seller. E se afinal ele vem? A dúvida crescia e tornava-se mais dolorosa a cada segundo que faltava para o fim. Todo o bom ateu no momento de encontrar o criador se sente como n a primeira vez em que uma dona de casa vai a num restaurante de luxo. Por melhor que seja o caviar, nunca há-de chegar aos pés do seu pastel de bacalhau. Deus queira que eu não me engane. Mas é melhor atear a fogueira e é só o fumo que sobre aos céus. Assim ninguém fica a perder. Nem ele, nem Eu.


Mundo

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Supremo Tribunal dos EUA rejeita fim do programa de protecção de “dreamers” Presidente Donald Trump queria pôr fim à medida do anterior Presidente, Barack Obama, que protege os imigrantes ilegais com menos de 30 anos de serem deportados

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Supremo Tribunal de Justiça dos EUA rejeitou, nesta Quintafeira, uma tentativa dos Presidente Donald Trump de pôr fim às protecções legais de cerca de 650.000 jovens imigrantes (os “dreamers”). O Supremo Tribunal considerou que a decisão do Governo republicano de terminar o programa iniciado pelo anterior Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que protege os imigrantes ilegais com menos de 30 anos de serem deportados, é “caprichosa” e “arbitrária”. Assim, estes imigrantes, conhecidos com os “dreamers” (sonhadores) continuam a manter autorizações para trabalhar nos Estados Unidos e fica preservada a sua protecção contra tentativas de deportação, por uma decisão judicial que é um relevante revés político para Donald Trump, em ano de eleição presidencial. Os juízes do Supremo rejeitaram os argumentos do Governo de que este programa, intitulado Programa de Acção Diferida para Chega-

das de Crianças (DACA, na sigla em inglês), seria ilegal e que os tribunais não poderiam interferir na decisão de o encerrar por determinação presidencial. “Não decidimos se o DACA ou a sua rescisão são políticas sólidas. Apenas abordámos a questão de saber e a agência cumpriu os requisitos processuais de fornecer uma explicação fundamentada para a

sua acção”, escreveu o chefe do Supremo Tribunal, John Roberts, na sentença ontem conhecida. O Supremo Tribunal admite ao Departamento de Segurança Interna nova tentativa de justificação de um encerramento do programa. Os quatro juízes conservadores discordaram da decisão, contra os quatro votos favoráveis dos juízes progressistas, tendo deixado a de-

cisão nas mãos de John Roberts. Um dos dissidentes, o juiz Brett Kavanaugh, escreveu na sua declaração de voto que está convencido de que o Governo agiu adequadamente na tentativa de encerrar o programa. O DACA aplica-se a pessoas que estejam nos Estados Unidos desde crianças, em situação ilegal, não tendo, em muitos casos, nenhu-

Após recusa, Trump acusa Supremo Tribunal dos EUA de não gostar dele

“N

ão têm a impressão de que o Supremo Tribunal não gosta de mim?”, interrogava-se na sua conta pessoal da rede social Twitter. O Presidente dos EUA, Donald Trump, acusou nesta Quinta-feira o Supremo Tribunal de Justiça de não gostar dele, pelas decisões tomadas nos últimos dias sobre direitos dos trabalhadores homossexuais e dos jovens imigrantes. “Não têm a impressão de que o Supremo Tribunal não gosta de mim?”, interrogava-se ontem o Presidente, na sua conta pessoal da rede social Twitter, horas depois de

os juízes do Supremo terem rejeitado uma tentativa do Presidente para pôr fim às protecções legais de cerca de 650.000 jovens imigrantes (os dreamers”). Na Segunda-feira, o Supremo Tribunal também decidiu aplicar uma lei de direitos civis dos anos 1960 para proteger os trabalhadores homossexuais e transgénero, apesar dos protestos da Casa Branca e do Partido Republicano. Supremo Tribunal dos EUA rejeita fim do programa de protecção de jovens imigrantes “Estas horríveis e politicamen-

te enviesadas decisões do Supremo Tribunal são tiros na cara de pessoas que se orgulham de ser republicanos e conservadores. Precisamos de mais juízes ou iremos perder a segunda emenda”, escreveu Trump no Twitter, referindose à importância de ter mais juízes escolhidos por si no Supremo Tribunal. Ontem, o Supremo Tribunal considerou que a decisão do Governo republicano de terminar o programa iniciado pelo Presidente Barack Obama, que protege os imigrantes ilegais com menos de 30 anos de serem deportados, é “caprichosa” e “arbitrária”.

Assim, estes imigrantes, conhecidos com os “dreamers” (sonhadores) continuam a manter autorizações para trabalhar nos Estados Unidos e fica preservada a sua protecção contra tentativas de deportação, por uma decisão judicial que é um relevante revés político para o Presidente, em ano eleitoral. Na sua conta do Twitter, Trump transcreveu a opinião de um juiz conservador, Clarence Thomas, que diz que a decisão do Supremo Tribunal “é um esforço para evitar uma decisão politicamente controversa, mas legalmente correcta”, referindo-se à opção de termi-

ma outra memória de casa para além dos EUA. O programa surgiu depois de um impasse político sobre um projecto de lei sobre imigração, que opôs o Congresso ao Governo de Barack Obama, em 2012. Nessa altura, Obama decidiu proteger formalmente as pessoas nessa situação de deportação, além de preservar os seus postos de trabalho. Com a chegada de Donald Trump, em 2017, o Presidente anunciou o encerramento do DACA, apesar das críticas de numerosos grupos de direitos civis. O Departamento de Segurança Interna tem continuado a renovar processos de renovação do programa, a cada dois anos, para que centenas de milhares de destinatárias do DACA tenham proteção. Mas, ao longo do mandato presidencial, o Governo procurou, em sucessivos recursos, que os tribunais não obstaculizem o encerramento do programa, até esta decisão do Supremo, ontem conhecida. TSF

nar o programa de protecção dos jovens imigrantes. Esse programa aplica-se a pessoas que estejam nos Estados Unidos desde crianças, em situação ilegal, não tendo, em muitos casos, nenhuma outra memória de casa para além dos EUA. O programa surgiu depois de um impasse político sobre um projecto de lei sobre imigração, que opôs o Congresso ao Governo de Barack Obama, em 2012. Nessa altura, Obama decidiu proteger formalmente as pessoas nessa situação de deportação, além de preservar os seus postos de trabalho. Com a chegada de Donald Trump, em 2017, o Presidente anunciou o encerramento do programa, apesar das críticas de numerosos grupos de direitos civis. TSF


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Pequim diz que surto está controlado após testar centenas de milhares de pessoas Desde Sábado, 356 mil testes de ácido nucleico foram realizados na capital chinesa

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ilhares de pessoas esperaram, nesta Quinta-feira, durante horas em filas em Pequim para realizar testes ao novo Coronavírus, numa altura em que a capital chinesa tenta travar o novo surto de Covid-19, que está agora “sob controlo”, segundo as autoridades. O Ministério da Saúde da China registou 21 casos, nas anteriores 24 horas, na cidade com 21 milhões de habitantes, elevando o total de casos desde a semana passada para 158. A vida já tinha retornado ao normal, em Pequim, depois de dois meses sem qualquer caso, mas o surgir, há alguns dias, de novo foco de infecção aumentou o estado de alerta. A epidemia na capital, no entanto, está “sob controlo”, garantiu o epidemiologista chefe do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) da China, Wu Zunyou. “Isto não significa que não haverá novos casos amanhã. Mas [...] se-

rão cada vez menos”, assegurou. Acredita-se que o mercado abastecedor de Xinfadi, a principal fonte de frutas e legumes da capital, seja a fonte da contaminação. Para evitar a escassez de alimentos, a província de Hebei, adjacente a Pequim, enviou 3.000 toneladas de vegetais, segundo o portavoz do Ministério do Comércio, Gao Feng. Dez mil toneladas de carne de porco, a carne mais consumida no país, também foram retiradas das reservas nacionais, apontou. As autoridades locais estão há alguns dias a trabalhar numa vasta operação para testar moradores e desinfectar restaurantes. Desde Sábado, 356 mil testes de ácido nucleico foram realizados na capital chinesa, de acordo com as autoridades municipais. Trinta áreas residenciais nas redondezas do mercado também foram colocadas em quarentena e todos os estabelecimentos de ensino foram encerrados até novo aviso. Dezenas de pessoas aguardavam ontem para fazer o teste de ácido nucleico em frente ao Estádio dos Trabalhadores, no Leste da cidade, um recinto que geralmente abriga a equipa de futebol local, assim como noutros pontos da cidade, onde

era possível observar longas filas. Muitos eram funcionários de restaurantes ou lojas situadas nas proximidades. Vários bares e restaurantes no movimentado bairro de Sanlitun foram obrigados a fechar temporariamente. O município pediu aos moradores que evitem viagens “não essenciais” para fora de Pequim e a maioria das ligações aéreas foram suspensas.

Perigo de segunda onda na Europa vem da América do Sul, diz cientista francês Perigo de segunda onda na Europa vem principalmente da América do Sul, diz cientista francês

O Europa teme por segunda vaga de contaminação a partir da América do Sul

“perigo” de que haja uma segunda onda da epidemia de Covid-19 na Europa vem “muito mais” da América do Sul do que dos novos surtos na China, estimou nesta Quintafeira (18) um membro do conselho científico que assessora o Governo francês. “É principalmente lá onde o pe-

Pessoas que vivem em áreas classificadas como sendo de “risco médio ou alto” estão proibidas de sair da cidade. Trata-se de “bloquear resolutamente os canais de transmissão da epidemia e não de um bloqueio” da capital, defendeu hoje um funcionário municipal Pan Xuhong. A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 445 mil mortos e infectou mais de 8,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios,

segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. A doença é transmitida por um novo Coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China. Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em Fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

rigo está actualmente”, declarou o virologista Bruno Lina à comissão da Assembleia Nacional que investiga a gestão da crise de Coronavírus na França. Lina também destacou que o que mostra a situação na China é “o risco de que o vírus volte a circular inclusive no Verão”. Vários surtos surgiram nos últimos dias em Pequim, provocando o temor de uma nova propagação da doença no país, onde o vírus apareceu em Dezembro antes de se espalhar por todo o planeta. Ao mesmo tempo, a epidemia continua a intensificar-se na América do Sul, especialmente no Brasil, que se tornou o segundo país do mundo mais afectado pelo novo Coronavírus depois dos Estados Unidos. “O conselho científico considera que, dado o que está a acontecer na América do Sul, deve-se con-

siderar o risco de uma segunda onda vinda do hemisfério Sul no final de Outubro, Novembro ou Dezembro”, afirmou Jean-François Delfraissy, presidente deste grupo de especialistas que assessora o Governo sobre a epidemia. O conselho científico considera que o cenário de uma “epidemia sob controlo” nos próximos meses é o mais provável, mas também recomenda ao Governo a preparar-se para antecipar situações mais desfavoráveis. Delfraissy reiterou que um novo confinamento generalizado não seria “nem possível nem desejável”, porque “a população não o aceitaria” e teria consequências económicas e sociais muito custosas. Em vez disso, defendeu a necessidade de um “confinamento parcial” recomendado aos idosos e aos mais vulneráveis ao vírus. AFP

TSF


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Facebook remove anúncio de campanha de Trump por conter símbolo semelhante ao usado por nazis O Presidente associou um triângulo vermelho invertido ao movimento Antifa, que combate o fascismo. Em campos de concentração, símbolo costurado em mangas de prisioneiros socialistas, social-democratas, comunistas e anarquistas, mas também sindicalistas, maçons e pessoas que haviam tentado resgatar judeus

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Facebook removeu nesta Quinta-feira (18) anúncios da campanha pela reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, devido ao uso de um símbolo semelhante ao usado por nazis em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. “Removemos essas postagens e anúncios por violarem a nossa política contra o ódio organizado. A nossa política proíbe o uso do símbolo de um grupo de ódio proibido para identificar presos políticos sem o contexto que condena ou discute o símbolo”, afirmou o porta-voz do Facebook, Andy Stone, ao justificar a decisão da plataforma. Num anúncio, um triângulo vermelho invertido era associa-

do aos grupos Antifa (abreviação de antifascism), a quem Trump tenta classificar como terroristas, acompanhado do texto: “Perigosas MÁFIAS de extrema esquerda estão a correr pelas nossas ruas e a causar um caos absoluto. Eles estão a DESTRUIR as nossas cidades e a causar tumultos - é loucura absoluta”. O símbolo é idêntico ao que prisioneiros de campos de concentração eram obrigados a usar costurados nas suas roupas, para identificar que haviam sido detidos por serem socialistas, socialdemocratas, comunistas e anarquistas, mas também sindicalistas, maçons e pessoas que haviam tentado resgatar judeus. Antes dos anúncios serem retirados do ar, o site “Daily News” falou com Ken Farnaso, porta-

voz da campanha de reeleição de Trump, que disse que “o triângu-

lo vermelho é um símbolo da Antifa”. Farnaso não respondeu aos

pedidos de entrevista após a retirada dos posts.

Por que as autoridades chinesas culpam o salmão pelo novo foco de Covid-19

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China tenta evitar um novo surto da doença e teme que ela possa estar a chegar ao país através de peixes importados. Um salmão importado é o principal suspeito de um surto novo de Covid-19 que está a paralisar Pequim, segundo as autoridades. E as repercussões da situação estão a chegar até ao Chile, que é o segundo maior exportador de salmão do mundo. Segundo a cadeia chinesa CCTV, até Quarta-feira (17) as autoridades do país asiático só haviam proibido expressamente as importações de salmão da Europa, que seria a origem do pescado supostamente contaminado. Mas todas as vendas de salmão sofreram o impacto. Mesmo antes da proibição, diversos supermercados e restaurantes se apressaram a retirar o produto de circulação. “Apesar de não haver restrição

oficial para a entrada do produto, o medo dos consumidores da China faz com que o salmão não esteja mais a entrar no país”, afirma uma reportagem do jornal chileno ‘La Tercera’.

A situação afectou os preços do produto, mesmo que a China seja apenas o quinto maior mercado para os produtores chilenos de salmão. Muitos dos produtores também acreditam que o salmão logo

será “inocentado”. “Não existe evidência que sugira que o Sars-CoV-2 possa contaminar animais aquáticos”, disse o gerente comercial da empresa chilena Ventisqueros, Fernando Perez, ao jornal La Tercera. “Isso já é passado para os nossos clientes, e estamos a monitorar as reacções para ver como podemos retomar as nossas vendas regulares”, disse. Mas como o salmão acabou ligado à pandemia de Covid-19? Numa tábua de cortar Na semana passada, 137 novos casos de Covid-19 foram revelados na China. A maioria dos casos está ligada ao mercado de Xinfadi, por onde passam 80% dos alimentos consumidos em Pequim. A capital chinesa havia passado 57 dias sem registar novos casos de Covid-19. Segundo a imprensa local, o ví-

rus foi encontrado em tábuas de cortar utilizadas por um vendedor de salmão importado. Para o epidemiologista-chefe do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da China, Wu Zunyou, é possível que o vírus tenha chegado do exterior junto com o pescado. “Na cadeia de alimentos frios um vírus pode sobreviver por muito tempo, entre dois a três meses”, disse Wu para a CCTV. “É uma possibilidade. Mas temos que ter mais evidências para que se demonstre ou desminta isso.” Os produtores e o Governo do Chile convidaram os chineses para fazer uma “inspecção remota” de três centros de criação de pesca. Uma das inspecções ocorrerá hoje, Sexta-feira. Mas mesmo que as autoridades chinesas sejam convencidas de que não há riscos, ainda haverá a tarefa de convencer os consumidores chineses a mudar de ideias.


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ONU discute criação de comissão para investigar racismo sistémico nos EUA Michelle Bachelet, Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU

Texto final ainda está a ser discutido no Conselho de Direitos Humanos. Trump retirou os Estados Unidos do Conselho de Direitos Humanos em 2018

O

Conselho de Direitos Humanos, um órgão da ONU com sede em Genebra (Suíça), deu prosseguimento nesta Quinta-feira (18), ao debate sobre o caso George Floyd e violência policial nos Estados Unidos – país que já não faz parte do Conselho. Países-membros discutem a criação de uma comissão internacional independente de inquérito. O debate acontece no dia seguinte à acusação por “homicídio culposo” de um polícia branco que matou Rayshard Brooks, de 27 anos, com tiros nas costas, em Atlanta, no estado americano da Georgia.

FBI vai investigar mortes de negros por enforcamento nos EUA Esse novo drama reacendeu

os apelos para reformar a Polícia nos Estados Unidos. A reivindicação ganhou força após a morte de Floyd, um ex-segurança negro morto por asfixia por um polícia branco em Minneapolis, a 25 de Maio, que motivou uma onda de protestos nos 50 estados americanos. Os países-membros deveriam votar ainda nesta Quinta-feira um projecto de resolução do grupo africano que, na sua versão inicial, pedia o estabelecimento de uma comissão internacional independente de inquérito, uma estrutura de alto nível geralmente reservada para grandes crises como o conflito na Síria. Porém, as negociações sobre o texto final ainda estão em andamento e a votação deve ocorrer nesta Sexta (19) ou na Segundafeira (22).

De acordo com a agência France Presse, uma nova versão do texto, que ainda pode mudar, limita-se a pedir à alta comissária dos Direitos Humanos, Michelle Bachelet, “que estabeleça os factos e as circunstâncias relacionadas ao racismo sistémico, às supostas violações do direito inter-

Ela também defendeu “reparações de diferentes formas” para enfrentar “a herança do tráfico de escravos e do colonialismo”

nacional em questões de direitos humanos e maus-tratos contra africanos e pessoas de ascendência africana”. Também condena “as práticas raciais discriminatórias e violentas da Polícia contra africanos e pessoas de origem africana e o racismo estrutural endémico do sistema penal, nos Estados Unidos e noutras partes do mundo”. Enquanto a maioria dos representantes dos Estados falou perante o Conselho no dia anterior, as ONG puderam pronunciar-se nesta Quinta-feira. Muitas pediram uma comissão internacional de inquérito sobre as práticas raciais da Polícia norte-americana. A ideia recebeu o apoio, numa declaração por escrito, de Martin Luther King III, filho do ícone da luta pelos direitos civis da minoria negra nos Estados Unidos. “Embora reconheça a natureza mundial do racismo e da violência policial (...), este Conselho deve garantir que o resultado deste debate de emergência se concentre nos esforços para responsabilizar os Estados Unidos”, disse um representante da

poderosa organização americana de direitos civis ACLU (American Civil Liberties Union). 1º dia O irmão de George Floyd, Philonise, pediu à ONU que “ajude os americanos negros” com a criação de uma comissão de investigação independente sobre a violência policial contra os afro-americanos. “Vocês têm o poder de nos ajudar a obter justiça”, declarou numa mensagem de vídeo, de tom combativo, exibida durante o primeiro dia do encontro em Genebra. Neste primeiro dia, quando a maioria dos representantes dos países se manifestaram, Michelle Bachelet denunciou a morte de Floyd como um “acto de brutalidade gratuita”, símbolo do “racismo sistémico que prejudica milhões de pessoas de origem africana”. Ela também defendeu “reparações de diferentes formas” para enfrentar “a herança do tráfico de escravos e do colonialismo”.


desporto

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Cuando Cubango FC já trabalha fora de campo

A formação das terras do progresso quer realizar os jogos do Girabola 2020/2021 em casa, por isso a direcção vai manter um encontro com as autoridades, no sentido se criar condições para a reabilitação do Estádio Municipal as autoridades para devolver a alegria aos adeptos. “Vamos dialogar com o Governo Provincial do Cuando Cubango, no sentido de retomar as obras do estádio municipal”, fez saber o responsável. Para não desperdiçar receitas, a formação das terras do progresso pretende jogar em casa e manter os níveis competitivos próximo dos adeptos. No campeonato passado, o Cuando Cubango FC ficou entre os 12 clubes, classificação que admirou os adeptos daquela formação. No Girabola 2019/2020, prova anulada devido à Covid-19, a formação das terras do progresso estava na linha de despromoção, mas faltavam algumas jornadas para terminar o Campeonato Nacional.

Sebastião Félix

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Cuando Cubango FC, equipa de futebol das terras do progresso, já trabalha administrativamente para o Girabola 2020/2021. Segundo a direcção daquela formação, manter-se na primeira divisão na próxima temporada é o objectivo, pois há projectos em carteira por serem concluídos. Aliás, está a fazer um esforço para deixar de receber os seus adversários na província do Bié, terra que não tem um clube no Girabola faz tempo. Por isso, o presidente do Cuando Cubango FC, Atanásio Jesus, referiu que vão manter contactos com

São Salvador do Zaire renova mandato Mário Silva

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São Salvador do Zaire, equipa de futebol, realiza amanhã a renovação de mandatos, visando o ciclo olímpico 2020/2024. Na corrida ao cadeirão máximo figura o presidente cessante Manuel Gomes, dirigente que pretende dar uma nova dinâmica àquela agremiação nos próximos quatro anos. Por isso, contará com um elenco capaz e com vontade de criar políticas que visam desenvolver a modalidade em vários escalões etários.

Ainda assim, o clube tem a intenção de ser uma fonte de captação de talentos para as outras equipas do país, conquanto pretendem criar condições para novas infra-estruturas para o efeito. Fontes ligadas ao processo adiantaram que mais candidatos vão fazer-se ao pleito, mas algumas “makas” podem estar subjacentes. Mas, tudo indica que o presidente cessante será reconduzido para o próximo mandato, pois a massa associativa está com o mesmo e estão disponíveis a colaborar nos novos projectos. Depois de ser infeliz no sorteio que ditou a Baixa de Cassanje como substituto do 1º de

Maio de Benguela no Girabola 2020/2021, o elenco cessante garantiu que vai manter-se o nível de organização. Na Segundona, antes da Covid-19, o São Salvador do Zaire liderava a série A com oito pontos.

O clube tem a intenção de ser uma fonte de captação de talentos para as outras equipas do país, clube tem a intenção de ser uma fonte de captação de talentos para as outras equipas do país


O PAÍS Sexta-feira, 19 de Junho, de 2020

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Relatório revela novo detalhe do acidente de Kobe Bryant

Gerson Emiliano dirige associação de árbitros

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elhorar os níveis de capacitação e formação técnico-profissional dos árbitros no domínio da língua inglesa e francesa, assim como reforçar a interacção entre o núcleo e a Associação Provincial de Futebol são as prioridades do novo presidente do núcleo de arbitragem da Huíla, Gerson Emiliano dos Santos, eleito esta semana.  Com um mandato de quatro anos, o árbitro assistente internacional falava à Angop após a assembleia de balanço e renovação de mandatos, que o elegeu (lista única) com 18 votos a favor,

três contra e uma abstenção, em substituição do então árbitro internacional Romualdo Baltazar, que ocupou o cargo desde 2012. O árbitro que esteve no mundial da Rússia, em 2018, apontou igualmente como desafios a consolidação dos projectos arquitectados nos mandatos anteriores e a reestruturação da organização para que se tenha árbitros de alto nível e que mereçam a atenção da CAF e da FIFA. Considerou ser imprescindível que os 28 filiados no núcleo possam ser regulares no pagamento de quotas para garantir estabili-

dade do núcleo, além de persuadir a classe empresarial local e vários actores da sociedade angolana a apoiarem a agremiação, para que venha a se diminuir as dificuldades que os árbitros locais encaram. Disse que o mandato anterior não conseguiu dar seguimento a vários programas em prol da formação dos árbitros devido à problemática da crise financeira mundial, mas acredita que independentemente da crise provocada pela pandemia da Covid-19, os objectivos mencionados serão concretizados.

Comité Executivo sugere transferências até 5 de Outubro

F

echadas as calendarizações europeias para a próxima temporada, a UEFA procura também alcançar consenso na inscrição dos jogadores para as competições que organiza e, consequentemente, para o mercado de transferências. Em comunicado, o organismo que tutela o futebol europeu colocou a data limite de inscrições para a

fase de grupos das competições europeias a 6 de Outubro, fazendo posteriormente uma sugestão para a janela de transferências. “Como resultado, o Comité Executivo da UEFA chamou todas as associações membro para adotarem uma data de término harmonizada para a janela de transferências de verão, sendo essa data programada para 5 de Outubro”, pode ler-se.

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Departamento de Medicina Legal de Los Angeles revelou, esta Quinta-feira, que o nevoeiro pode ter sido a causa do acidente que tirou a vida a Kobe Bryant e a mais sete passageiros, a 26 de Janeiro deste ano. As autoridades confirmam ter evidências de que o piloto Ara Zobayan pensou que esta-

va a subir quando, na realidade, o helicóptero que pilotava estava a descer. “O piloto poderia ter interpretado mal os ângulos de inclinação e rotação do aparelho, devido ao denso nevoeiro que se fazia sentir”, lê-se no relatório. Recorde-se que o helicóptero atingiu o solo a 296 Km/h.

Capello comenta ausência de Cristiano Ronaldo nos penáltis

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técnico italiano Fabio Capello abordou, em entrevista à Rai Radio 1, a ausência de Cristiano Ronaldo dos jogadores que cobraram as grandes penalidades da Juventus, que acabou por perder na final da Taça de Itália frente ao Nápoles. “Normalmente, o melhor batedor comigo cobra o quarto penálti. No primeiro, vão aqueles que estão com mais confiança e segurança, sem-

pre. Aconteceu-me várias vezes, chegar às grandes penalidades e um jogador dizer-me: ‘quero cobrar o primeiro’, e eu deixava”, explicou, antes de mostrar confiança em Maurizio Sarri. “Na minha opinião, o Sarri estará no próximo ano, é um treinador bem preparado mas a Juventus não é um carro fácil de conduzir”, contou o antigo jogador e treinador da vecchia signora.


classificados emprego

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imobiliário

O PAÍS Sexta-feira, 19 de Junho, de 2020

diversos

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TEMPO

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O PAÍS

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PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 19 A 21 DE JUNHO DE 2020

Fonte: INAMET

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT)

Das 18 horas do dia 18 às 18 horas do dia 19 de Junho de 2020

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 19 á 21 Junho de 2020 Data 19/06/2020

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REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu nublado, alternando com períodos de céu parcial a pouco nublado em quase toda a região. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul.

Céu parcialmente, neblina matinal. Céu parcialmente, neblina matinal.

REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado, alternando com períodos de céu limpo em toda a região. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província do Huambo. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu pouco nublado, alternando com períodos de céu limpo em toda a região.

Meteorologistas: Tucaiana Lauriano e Lúcia Yola C. Fernando Luanda, 18 de Junho de 2020 Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

TEMPO no mar

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 18/06/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 19/06/2020.

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET

Centro Nacional de Previsão do Tempo 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIA 18 DE JUNHO DE 2020:

Circulação do vento fraco de OesteMETEOROLÓGICO entre os paralelos e 06°S(Cabinda), sendo vento moderado BOLETIM PARA A04°S NAVEGAÇÃO MARÍTIMA de Sul a Sudoeste entre os paralelos 06°S e 18°S(Zaire a Namibe). 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 UTC DO DIA 18 DE JUNHO DE 2020:

Circulação do ventoVÁLIDA fraco de Oeste entreAS os paralelos e 06°S(Cabinda), vento moderadoDE de Sul a Sudoeste entre os paralelos 06°S e 18°S(Zaire 2. PREVISÃO ATÉ 18:0004°S UTC DO DIA sendo 19 DE JUNHO 2020: a Namibe). SEM AVISO 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 UTC DO DIA 19 DE JUNHO DE 2020: SEM AVISO. REGIÃO

VENTO

ESTADO DO TEMPO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

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ESTADO DO MAR

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DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Parcial Nublado

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)

Parcial Nublado Parcial Nublado

Namibe (14°S – 18°S)

Geralmente limpo

Oeste

Até 10

Até 1.0

Pouco agitado

Fraca a Moderada (Superior a 5)

SulSudoeste

Até 13

Até 1.2

Pouco agitado

Fraca a Moderada (Superior a 6)

Sul

Até 14

Até 1.2

Pouco agitado

Moderada a Boa (Superior a 8)

SulSudoeste

Até 16

Até 2.0

Agitado

Boa (Superior a 12)

O antí-ciclone de Santa Helena irá manter-se estacionário nas próximas 24horas com pressão central variando entre 1024hPa a 1028hPa, e tendo um leve cavado predominando a costa marítima do território nacional, influenciando assim no padrão e intensidade do vento. Assim sendo, prevêse estado do mar pouco agitado, com altura da onda de até 1.2 metros de altura, na região marítima de Cabinda a Benguela, sendo agitado com a altura das ondas de até 2.0 metros de altura, da região marítimas do Namibe. Estado do mar agitado a muito agitado mais a Oeste da costa marítima do Namibe.

4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 19 de junho de 2020

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Ricardo Vita*

Black Lives Matter: Porquê devemos desalojar estátuas e renomear ruas?

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m objecto está morto quando o olhar vivo que se pousava sobre ele desaparece. Em Angola, isso acontecerá quando a consciência africana e o espírito do movimento Black Lives Matter forem totalmente despertados para fazer desaparecer certos olhares. Será o momento em que entenderemos, por exemplo, os escritos racistas e anti-semitas de Eça de Queirós. Lembraremos, nesse momento, que Ramalho Ortigão foi um monarquista convencido e que podia provocar pugilatos para o defender. Será o momento em que discutiremos livremente o racismo arrogante e insultuoso de Fernando Pessoa que faria vomitar qualquer pessoa sensata. Isso só acontecerá quando o povo tomar consciência da sua alienação, da sua asfixia sustentada por uma elite cultural lusotropicalista que perpetua símbolos colonialistas. Será o momento da libertação, o momento em que esse povo abraçará o seu destino e o enfrentará de forma resoluta. Será um momento salutar em que cada pessoa libertada dessa asfixia terá náusea ao passar por uma rua de Luanda ou de qualquer outra do país que tem o nome de um desses personagens impostos pela cultura de um grupo minoritário assimilacionista. É neste momento que procuraremos saber o motivo da ausência de monumentos e ruas com nomes como Mandume Ya Ndemufayo e perguntar-nosemos porque é que a profetisa, a heroína, Kimpa-a-Vita é quase desconhecida para todos. Será o momento em que exigiremos que as nossas ruas sejam nomeadas em homenagem a Nsaku Ne Vunda, o Negrita. E a todos os nossos outros heróis da luta pela Independência de Angola. Será, portanto, o momento do inventário, porque

também deve ser elaborado um inventário do inaceitável em Angola, este país jovem que tem um grande futuro ao seu alcance. Afinal, o que é uma estátua, o nome de uma rua, senão um tributo a quem se referem? É um acto de memória gloriosa. Que se considere nos países ocidentais afixar uma placa explicativa que trata o lado sombrio das figuras hoje criticadas, é um caminho. Acima de tudo, é a melhor maneira de evitar desalojar todas as estátuas e renomear muitas ruas, porque muito poucas prestam homenagem a personagens saudáveis. Se não são racistas, são misóginos, ou ainda outra coisa repugnante. Mas isso não faria sentido nos países africanos que ainda têm ruas que glorificam a memória do opressor. Para quê conservar nas nossas ruas os nomes das figuras que representam a história dos opressores? Recusar essa conversa é perpetuar o problema e a submissão. Se hoje os monumentos que homenageiam figuras do tráfico de escravos ou os seus defensores são vistos nos países ocidentais como símbolos e obstáculos inadmissíveis para

a convivência societal, é porque está nascer uma consciência nessas sociedades em que o movimento do anti-racismo sem precedentes, Black Lives Matter, tomou forma. Há um despertar, mundialmente. Finalmente entendeu-se que, durante séculos, o Branco projectou os seus próprios demônios no Negro para se purificar. É, portanto, um movimento que visa colocarse no lugar do “outro”. É um movimento que nos convida a olhar para o futuro e iniciar o processo necessário de cura das feridas do passado. Desalojar certas estátuas e renomear algumas ruas deve, portanto, fazer parte desse desejo de olhar para o futuro, de reparar as nossas sociedades dos danos do racismo e do colonialismo. Os tempos mudaram e as estátuas, cujas retiradas são exigidas pelos manifestantes, também representam uma história feia. Os que exigem essas retiradas são cidadãos de países democráticos, de todas as origens, porque se sentem insultados por esses monumentos, dada a sua história e em nome da sua exigência de igualdade. Ao proclamar o

carácter inaceitável do destino de George Floyd, os manifestantes brancos mostram a sua vontade de entender os sofrimentos que evitam graças a sua cor de pele. Daí o questionamento dos monumentos que continuam a dar vida a figuras do passado colonial ou esclavagista. E todas as personalidades visadas são figuras de uma história gloriosa que se tornou vergonhosa. Aliás, não será a primeira vez que se desalojará estátuas nem a primeira que se renomearão ruas. Fez-se isso várias vezes por toda a parte e até mesmo na história mais recente. Por exemplo, a França desalojou as estátuas e renomeou as ruas que homenageavam Philippe Pétain, um herói da guerra de 1914 -1918, mas que também foi um colaborador de Hitler e, portanto, um traidor da Nação, que foi, consequentemente, atingido pelo crime de “Indignidade nacional” e deposto do seu título de Marechal em 1945. Na Itália, homenagens a Mussolini são feitas apenas em círculos da extrema-direita, como Hitler na Alemanha, Franco na Espanha - desde uma lei de 2007 sobre a “memória histórica” que visa remover do espaço público as homenagens herdadas da ditadura franquista - e Ceauşescu, na Romênia. Mas a surpresa vem de Portugal, o dito país-irmão de Angola: ainda existem 15 ruas com o nome de Salazar no país e parece até haver ruas com o nome de Francisco Franco, o fascista espanhol. E estudos mostram que a diáspora portuguesa está entre as comunidades de origem estrangeira que mais votam na extrema-direita nos países onde vivem e têm a nacionalidade, como é o caso na França. A história é um bumerangue, e será sempre interrogada, perpetuamente. Todas as revoluções desalojaram estátuas de reis, imperadores e ditadores.

O desalojamento de estátuas ou a renomeação de ruas simplesmente indica a mudança política e dos tempos. Aí estamos nós: estamos em revolução, uma revolução duradoura e profunda. Essa revolução é marcada por um movimento mundial intrépido que visa pôr um fim ao sofrimento gerado por homenagens ofensivas e dolorosas, corrigir uma história escrita pelos vencedores e facilitar o surgimento de uma história partilhada e aceitável para todos. Este debate difícil, mas necessário, também deve ocorrer em Angola. A ex-Ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, fez há dias uma análise relevante do racismo angolano durante a sua Grande Entrevista com a TPA. Disse com lucidez e tristeza, porque, sim, que seja dito outra vez, que não podemos aceitar não ver os negros valorizados na publicidade num país onde eles são a maioria. É um escândalo intolerável e isso diz quem somos! Deveríamos aproveitar o movimento global do antiracismo em curso para combater a “forma empacotada do racismo” angolano, que ainda não foi questionado até o momento, e isso deve ser uma prioridade para o Estado e a sociedade. Chegou a hora de o nosso país estar em sintonia com a efervescência dos mundos negros, que entenderam que Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) e que o renascimento negro e africano é agora. Ricardo Vita é Pan-africanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Público (Portugal) e do diário Libération (França). É cofundador do instituto République et Diversi-té que promove a diversidade em França e é empresário.


Última

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O PAÍS Sexta-feira, 19 de Junho, de 2020

FARC transformam experiência de guerra em arma contra a pandemia A selva não escondia apenas militares que os cercavam, mas também doenças tropicais e bombas. Ainda assim, milhares de guerrilheiros colombianos sobreviveram à guerra graças à disciplina e solidariedade

O que saber sobre o Coronavírus…

“O

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”.

E

ssa experiência se mostrou eficaz frente à pandemia ante a violência que os ex-combatentes enfrentavam. Nenhum dos 2.877 ex-combatentes que entregaram as armas em 24 localidades na Colômbia contraíu o novo coronavírus, também por causa das acções em conjunto com o Governo. “Conseguimos manter o espírito que nos caracterizou durante o conflito”, diz Pastor Alape, líder da actual Força Alternativa Revolucionária Comum (FARC). Já a violência avança. Nove exguerrilheiros foram assassinados desde o início do confinamento, no último 25 de Março, chegando a 201 mortos desde o acordo de paz em 2016, segundo as FARC. A lógica do cuidado Depois de encerrar uma guerrilha de cinco décadas com dezenas de milhares de vítimas civis, cerca de 12.800 rebeldes retomaram as suas vidas, enquanto altos funcionários respondem à justiça da paz por crimes cometidos durante o conflito. Juntamente com as famílias, 22,5% dos ex-guerrilheiros vivem em reintegração social e económica nos locais onde se desarmaram.

“Prever e prevenir era o mais importante. A lógica era: eu me cuido, cuido do meu vizinho e dos outros””, resume Laura Villa, 39 anos. Villa foi uma das seis médicas que lutaram nas fileiras dos insurgentes. Todos entendiam que quando “adoeciam se tornavam um fardo, porque vivíamos em mobilidade permanente”. A guerrilha criou hospitais, laboratórios e escolas de formação em saúde. “Houve diagnóstico precoce, tratamento rápido para doenças da selva: leishmaniose, malária, infecções fúngicas, doenças sexualmente transmissíveis”, disse. A limpeza era a regra nos campos móveis. A água na cozinha era sagrada e um guarda era colocado, se necessário”, acrescenta. Um mal pior Os ex-guerrilheiros conseguiram manter os 24 espaços de reincorporação livres da Covid-19, mesmo com algumas casas de banho colectivas, segundo Alape. Fora deles, apenas um caso foi registado entre 9.000, quando o vírus já circulava por toda a Colómbia, com mais de 57 mil infectados e 1.800 mortos. Desde o início da quarentena, os territórios de paz foram fechados

aos visitantes, a comunidade fez as suas próprias máscaras e as distribuiu entre as aldeias vizinhas. A desinfecção dos veículos foi imposta e as reuniões eram ao ar livre e com a distância recomendada. Do lado do Governo, Emilio Archila, consultor do pósconflito, garantiu que a pandemia “não interrompeu os compromissos” do acordo de paz, como o fornecimento de alimentos e medicamentos. Também foi acordado estender apoio financeiro “indefinidamente” a ex-combatentes, destacou. Mas as partes divergem no tratamento contra a violência e as FARC denunciam violações ao pacto. Archila nega “inacção ou despreocupação” sobre os assassinatos, que a as autoridades atribuem, em parte, aos guerrilheiros que não participaram no pacto e financiam o tráfico de drogas, além de outros grupos ligados a essa actividade. O facto é que nada detém o derramamento de sangue. “Não imaginávamos (…) que enfrentaríamos o extermínio sistemático”, denunciou o chefe das FARC, Rodrigo Londoño. AFP

“Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontremos”.

“Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


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