Jornal OPaís edição 1883 de 29/06/2020

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Bispo Macedo diz que pastores “rebeldes” angolanos e seus descendentes estão amaldiçoados Sociedade: O líder fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo,

afirmou que os pastores angolanos que se rebelaram contra a liderança brasileira estão amaldiçoados e vão descer “à sepultura mais cedo do que possam imaginar”. P.9 Director: www.opaís.co.ao José Kaliengue e-mail: info@opaís.co.ao O diário da @jornalopaís Nova Angola facebook/opaís.angola Edição n.º 1883 @jornalopais Segunda-feira, 29/06/2020 Preço: 40 Kz

‘O FAS é muito mais do que o Kwenda’

Covid-19 faz mais um óbito e deixa seis pessoas em estado crítico

l Jelembi já foi um dos mais dinâmicos rostos da sociedade civil, através da ADRA, uma das mais notáveis organizações não-governamentais do país. Hoje, é o rosto do Fundo de Apoio Social, a agência do Executivo que traça e implementa políticas para o combate e redução da pobreza. P. 20

em foco: Uma pessoa morreu, seis estão em estado crítico e há oito novos casos de contágio por Covid-19. No entanto, 10 outros infectados recuperaram, revelou, ontem, em Luanda, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda. P. 2 DR

Capapinha diz que carros sob investigação foram alugados com a opção de compra l O governandor deu a conhecer que, no conjunto, os carros valeram uma média não superior a 35 milhões de kwanzas, por cada viatura, e já constituem património da província desde Novembro do ano passado. P. 09

Lando Emanuel Ludi Pedro:

“‘desmonodocência’ é chave para a qualidade”

Adingono pode o deixar Petro

P. 10

e ainda no cartaz: Três gerações do Semba juntam-se em show solidário para acudir crianças da Fundação Ana Carolina

“Resgate” é o primeiro filme moçambicano a entrar no catálogo da Netflix

Grande vencedor do prémio UCCLA é português e escreveu sobre a viagem

l O camaronês pode deixar de ser treinador da equipa de basquetebol do Petro de Luanda caso se mantenha o diferendo entre as partes, com o técnico a “exigir” a renovação do contrato por duas épocas, enquanto o clube propõe apenas uma. P. 27


EM FOCO

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O PAÍS Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

ACTUALIZAÇÃO COVID-19 Diária sobre o Coronavírus A partir do Centro de Imprensa Aníbal de Melo

Covid-19 faz mais um óbito e deixa seis pessoas em estado crítico Uma pessoa morreu, seis estão em estado crítico e há oito novos casos de contágio por Covid-19. No entanto, 10 infectados recuperaram, revelou ontem, em Luanda, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda Maria Teixeira

U

ma jovem de 24 anos de idade que estava a ser assistida num centro hospitalar acabou por falecer ontem, revelou o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda. O governante, que falava na habitual apresentação do balanço diário sobre a pandemia no país, no auditório das Edições Novembro, esclareceu que a paciente apresentou um quadro neurológico de miastemia grave, assim como se degradou o quadro respiratório, no decorrer da doença de base, provavelmente agravada pela Covid-19. “Este caso foi detectado no rastreio que estamos a realizar a todos os casos de quadro respiratório agudo grave nos bancos urgência dos centros sentinelas e não só”, disse. Por outro lado, revelou que o país tem o registo de seis doentes que estão em estado crítico, que se encontram em tratamento nas áreas de cuidados intensivos dos centros de acompa-


O PAÍS Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

nhamento. “Reiteramos aqui que estamos a trabalhar para descobrir as cadeias de transmissão através de estudos serológicos dos conglomerados e rastreio de casos de doenças respiratórias agudas nos centros sentinela”, explicou. Franco Mufinda disse ainda que nesta altura, o país conta com 33 casos sem vínculo epidemiológico. Entretanto, informou Nambi Wanderley

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que o grupo técnico está a elaborar o que se chama de a árvore epidemiológica de transmissão para estabelecer a linhagem ou até a correlação entre os casos, com o objectivo de provar a hipótese da transmissão sustentada ou comunitária. De referir que, nas últimas 24 horas, o país registou mais oito casos de Covid-19, perfazendo, assim, um total de 267. O secretário de Estado para a Saúde Pública disse tratar-se de seis casos do sexo feminino e dois do sexo masculino, com as idades compreendidas entre os três e os 61 anos, dos quais seis resultam de contaminação local e dois sem vínculo epidemiológico. Franco Mufinda esclareceu que os seis novos casos de contaminação local estão relacionados aos casos reportados na Clínica Endiama. O governante alertou que a situação inspira cuidados redobrados para todos, tanto a título individual como colectivo, uma vez que não se deve de forma alguma, recuar perante o acatamento obrigatório das medidas de prevenção que se vão pregando ao longo todos os dias. “Devemos aceitar que a doença existe e não escolhe classe social” A advertência é do secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda. “Devemos aqui aceitar que a doença existe e é invisível. Também não escolhe classe social. Ela é de fácil transmissão e mata, sobretudo. Logo acatemos todos as medidas de prevenção que são de cumprimento obrigatório”. Por outro lado, Franco Mufinda disse que, apesar do registo de oito casos, 10 outras pessoas recuperaram nas últimas 24 horas. Com o registo de novos casos, a estatística no país indica 267 infectados (mais oito), dos quais 11 óbitos (mais um), 93 recuperados (mais 10) e 163 activos. “A transmissão local passa a contar com 199 casos”, frisou. Em relação ao laboratório, Franco Mufinda fez saber que o país tem um cumulativo, até a data presente, de 24. 603 amostras recebidas, das quais 267 positivas, 18.617 negativas, sendo que as restantes encontram-se em processamento.

Mais 1.000 pessoas observam a quarentena institucional Por outro lado, Franco Mufinda disse que 1.090 pessoas observam quarentena institucional em todo o país, enquanto, nas últimas 24 horas, 32 pessoas receberam alta, sendo 28 na província de Luanda e quatro em Cabinda. Fez saber que os casos suspeitos investigados são 515, enquanto os contactos sob investigação chegam 2.215 pessoas. O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) recebeu, nas

últimas 24 horas, 63 chamadas, das quais duas foram denúncias de casos suspeitos de Covid-19 e 61 pedidos de informação sobre o vírus. O secretário de Estado para a Saúde Pública fez saber que as formações continuam, bem como a distribuição dos materiais de bio-segurança a nível das províncias. Franco Mufinda reiterou o uso da máscara, a lavagem das mãos com água e sabão, a observância

do distanciamento físico e, sobretudo, a não violação da cerca sanitária como medidas de prevenção. De recordar que o novo Coronavírus (SARS-CoV), responsável pela pandemia da Covid-19, surgiu na China em Dezembro em 2019. O surto espalhou-se pelo mundo e já vitimou centenas de milhares de pessoas, tendo levado a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia global.

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ANÚNCIO DE VAGA A Universidade Internacional do Cuanza, criada pelo Decreto Presidencial número 61/20 publicado no Diário da República Série I, de 3 de março de 2020, inicia um processo selectivo para contratação de seu Secretário Geral. Imprescindível: - Formação universitária relacionada directamente com as áreas de Direito e/ou Administração do Estado. Qualificação positiva à menção de Doutor em Direito ou Advocacia. - Competência comprovada em formação, responsabilidade e compromisso com o trabalho, pois actuará como Ministro de Fé nos processos acadêmicos e administrativos da Universidade, assessorando o reitorado e aos decanatos, em todas as funções que a este lhe compete. - Competência e experiência em processos administrativos universitários ou na Administração Geral das universidades de Angola. - Capacidade comprovada em liderança na direção e incentivo do trabalho em equipa nos sectores de Admissão de Alunos, Secretaria Acadêmica e Registro Universitário (expedientes de alunos, títulos e diplomas). Envie a sua candidatura E-mail: info@unic.co.ao Telemóveis: 932 884 895 / 993 908 786 www.unic.co.ao Cuito, aos 28 de junho de 2020


4 destaques política. PÁG. 8 Más políticas públicas podem estar na base de os cidadãos confiarem mais nos sobas do que nos políticos

SOCIEDADE. PÁG. 10 Académico considera “desmonodocência” da 5ª e 6ª classes partida para qualidade de ensino

o editorial

O PAÍS

hoje: os números do dia

1

Contribuições necessárias

cartaz. PÁG. 14 Três gerações do

Semba juntam-se em show solidário para acudir crianças da Fundação Ana Carolina

Economia. PÁG. 18 Primeira aeronave da nova frota da TAAG chega hoje ao país

Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

O

Presidente da República deu o mote: é preciso refazer quase tudo na educação, no ensino. É preciso que os angolanos voltem a aprender a ler, a escrever e a interpretar textos. Ou seja, é absolutamente necessário o resgate da qualidade do ensino no país, que deve ser para todos.

Nisto de ensino de qualidade, um país sério e que se pretende desenvolver, deve assumir a senha do “ninguém fica para atrás”. Não se desenvolve um país com apenas parte da população educada ou instruída. Angola tem memória recente desta realidade, quando era colónia de um país estruturalmente atrasado, Portugal, justamente porque a maioria da população daquele país não tinha acesso à educação de qualidade e contínua. Porém, hoje, Portugal deu passos de gigante, baseados no acesso universal à escolaridade obrigatória e na busca da qualidade.Está na hora de a inteligência angolana começar a Contribuir com ideias para a construção de um futuro melhor para o país.

43

200

Cidadã angolana, residente em Portugal, foi diagnosticada, ontem Domingo, com covid-19, pelas autoridades sanitárias portuguesas.

casos de COVID 19 é o total dos angolanos que residem ou se encontram temporariamente em Portugal..

Camas estão disponíveis no Hospital de Campanha da Lunda-Norte para o tratamento dos pacientes com esta doença que forem diagnosticados na referida província. Para além desta unidade, a província tem mais seis salas de internamento, com duas camas cada, equipadas, no Hospital David Bernardino

1700

Projectos serão contemplados no Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) até 2022, orçado em doi mil milhões de dólares norte-americanos.

o que foi dito Mundo. PÁG. 26 Trump nega ter sido informado sobre prémios russos aos talibãs para atacar tropas

Com os corruptos Biden e [Barack] Obama, a Rússia teve a vida facilitada, anexando partes importantes da Ucrânia”

Donald Trump Presidente dos EUA

Se a covid fosse um relâmpago, o que estamos prestes a ver é uma trovoada de consequências económicas. Vamos estar preparados” Boris Johnson Primeiro-ministro inglês

O país (Guiné-Bissau) tem um Governo que não é constitucional, um parlamento que está a viver uma paralisia institucional muito grave” Rui Semedo Gomes Analista político guinnense


O PAÍS

Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

5 e assim... José Kaliengue Director

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o cientista político Sérgio Dundão e compreenda mais sobre os principais problemas políticos que afligem o país

É só conversa?

E

www.opais.co.ao Louisville (Kentucky - EUA)Alguns manifestantes se abrigando de um tiroteio. Um homem abriu fogo sobre um grupo de manifestantes contra o racismo e contra a violência policial nos Estados Unidos. (DR)

o que vai acontecer Sociedade Entra em funcionamento, na aldeia do Banda, município do Quela, um posto médico, inaugurado pelo governador de Malanje, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa” no Sábado. A unidade, com capacidade para 9 camas, foi construida no âmbito do Programa de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza. O imóvel conta também com uma maternidade com igual número de camas, e dispõe de serviços de pediatria, vacinação e medicina geral. Kanawa destacou as valências da unidade, que vai aproximar os serviços de saúde à população.

Política O governo angolano prolongou, até 31 de Agosto deste ano, a validade dos documentos relativos à permanência de estrangeiros no país. Conforme o porta-voz do Ministério do Interior, Waldemar José, a medida deve-se ao encerramento, por tempo indeterminado, das fronteiras nacionais, face à proliferação do novo Coronavírus em Angola. De acordo com um Decreto Executivo do Ministério do Interior, a medida aplicase a documentos caducados, ou que venham a caducar, envolvendo a permanência de estrangeiros, incluindo autorização de residência, e cartão de refugiado.

Desporto Termina amanhã o contrato que liga o camaronês Lazare Adingono ao Petro de Luanda, podendo aquele deixar de ser treinador da equipa de basquetebol, caso se mantenha o diferendo entre as partes, com o técnico a “exigir” a renovação do contrato por duas épocas, enquanto o clube propõe apenas uma. O “braço-de-ferro” persiste apesar do longo tempo de negociação entre a colectividade, liderada por Tomás Faria, e o treinador, cujo contrato termina na Terça-feira (30).

Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

ntão, vejamos, as coisas pelos lados da IURD estão a ficar muito feias. Na semana passada, os angolanos que se revoltaram acusaram a “liderança brasileira” de ter tentado reaver o património tomado, nomeadamente templos, pela via da força, usando, para isso, segundo disseram, vários cidadãos contratados para empregarem a força. Eles, os angolanos, filmaram , inclusive, a entrada num carro da Polícia e a apresentação na esquadra de um pastor brasileiro. Os angolanos alegam ter havido intenção de atentar contra as suas vidas. É caso de justiça, claramente. Entretanto, as coisas começam a ganhar mais “sumo”, digamos que as ameaças de morte começam a ser reais com os pronunciamentos brasileiros, incluindo o líder mundial da denominação religiosa, prometendo que os angolanos descerão à sepultura mais cedo do que esperam. Dito isto, ou o Governo angolano começa seriamente a preocupar-se e a proteger estes cidadãos, ou não ficará isento de culpas se alguma coisa de mal acontecer a alguns deles. Toda a gente sabe o perigo que é a ameaça de morte feita por um líder religioso, toda a gente sabe que palavras destas podem ser o gatilho para que um seguidor mais fervoroso as entenda como uma ordem divina para agir. Toda a gente sabe do absurdo que já se matou em nome do Divino na história da humanidade. Ainda não se sabe quantos fiéis conta cada lado, mas a verdade é que o valioso património da igreja não pode sair pela fronteira, nem de avião, nem escondido em pneus de viaturas. E não é pouco. E é, claramente, a razão da “guerra”. Vamos ver o que dará, mas o Estado deve proteger os seus cidadãos.

E também... Próximo Dia Internacional da Lama - 29 de Junho O objetivo deste dia é ligar as crianças de todo o mundo pela terra, através de brincadeiras na lama. É um dia de celebração na natureza, de libertar as crianças existentes em todos os homens e mulheres e de sujar as mãos e os pés, juntamente com outras pessoas. Ao contrário do que se pensa, em vez de viver num ambiente estável (o que torna o corpo vulnerável), entrar em contacto com a lama e com algumas bactérias traz vantagens, já que ajuda a desenvolver o sistema imunológico. A origem deste dia remonta a 2009, num evento do World Forum, em que surgiu a ideia de unir as crianças do mundo através da própria terra. Desde então todos os anos se celebra a data a 29 de Junho, em vários países do mundo.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

no tempo do kaparandanda

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

opaís

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, TalatonaLuanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

29 de Junho de 1949 - A República da

África do Sul inicia, a nível oficial, a política de segregação racial, o “Apartheid”.

1993

29 de Junho de - Chega a Luanda, proveniente de Nova Iorque, sede da ONU, o novo representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, o maliano Alioune Blondin Beye, em substituição da britânica Margareth Anstee.

29 de Junho de

2004

- O Tribunal Supremo notifica o ex-governador do Kuando Kubango, Jorge Biawango, para responder ao processo-crime de que é acusado por envolvimento na morte de oito pessoas.

Não fui eu quem controlou os acontecimentos...Foram eles que me controlaram” - Abraham Lincoln (1809-1865) Presidente norte-americano

carta do leitor

Energia no Cuanza-Norte

Com o nome na imprensa por causa dos casos de Covid-19 que surgiram, para além de Luanda, o CuanzaNorte voltou à ribalta esta semana por causa de um projecto que não merece ser abafado pela doença que amedronta a todos. Não obstante o medo que se apossa sobre as pessoas, o governador local, Adriano Mendes de Carvalho, lançou o projecto que deverá electrificar, nos próximos 20 meses, os municípios do Ngonguembo, Banga e Bolongongo. Numa altura em que o país vai assinalar os seus 45 anos de Independência, ainda existiam munícipes que não usufruíam deste bem, mesmo sendo esta província uma das principais produtoras no país. Ao longo dos anos, os habitantes de muitos municípios do Cuanza-Norte eram praticamente esquecidos. Conseguiam divisar os vários postes de alta ten-

DR

são que saem da província com destino a Luanda e outras partes do país, mas eles próprios continuavam a viver uma autêntica penumbra como se fossem angolanos de segunda. Com o projecto de electrificação, lançado no histórico município do Golungo Alto, não

há dúvidas de que o progresso facilmente deverá chegar aos municípios contemplados, assim como a outras artérias de Cazengo e o próprio Golungo Alto. Serão indústrias e outros projectos agrícolas que começarão a fazer morada, sobretudo em determinados pontos em

que a produção de café ainda é uma certeza. Quem circula por aquelas paragens sabe que as populações locais há muito se perguntavam se estavam esquecidas. Esta semana, alguns deles tiveram motivos suficientes para sorrir. Desde sempre que se defendeu o Cuanza-Norte como uma das principais regiões que podem ajudar Luanda a se desafogar, tanto em termos de população como de investimentos, alguns dos quais acabam até por destruir largos e monumentos que deveriam ser protegidos. Acreditamos que o actual governador também esteja contente por ver concretizar, durante a sua gestão, um desejo há muito aguardado pelos cidadãos. E fazê-lo num momento crítico, em que as pessoas estão sedentas de informações positivas, deve ter um sabor ainda mais agradável. José Luís Luanda

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754



POLÍTICA

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O PAÍS

Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

pedro nicodemos

MPLA pede análise e separação na abordagem

Más políticas públicas podem estar na base de os cidadãos confiarem mais nos sobas do que nos políticos Um estudo desenvolvido pela Afrobarometer, divulgado na semana finda, revela que os angolanos confiam mais nos líderes religiosos e nas autoridades tradicionais (sobas) do que em outros líderes e instituições públicas. A UNITA entende que a descrença resulta da debilidade das políticas públicas, enquanto o MPLA pede cautela na análise do estudo por se tratar de poderes diferentes Domingos Bento

S

egundo o estudo, mais de metade (53%) dos angolanos confiam nos líderes religiosos “razoavelmente” ou “muito,” 43% expressam confiança nas Forças Armadas Angolanas e 42% nas autoridades tradicionais. O estudo não especifica as razões que levam os angolanos a confiar mais nas autoridades religiosas e tradicionais do que nos líderes e instituições legalmente eleitas. Porém, a UNITA, por via do primeiro vice-presidente do seu Grupo Parlamentar, Maurílio Luiele, não tem dúvidas de que essa descrença ao poder governamental ou político está ligada ao déficit das políticas públicas e na distanciada relação entre governantes e governados, asfixiada por uma acentuada falta de diálogo. Segundo o estudo, que apontou ainda que menos de quatro em cada 10 entrevistados afirmaram confiar nos tribunais (38%), Polícia (37%), Presidente da República (37%), e outros líderes eleitos e autoridades do Estado, os líderes religiosos e os sobas desfrutam de

maior confiança popular em Angola do que os outros líderes e instituições importantes. O estudo indica que os sobas e os líderes religiosos são vistos por pouco mais de metade dos angolanos como influentes na governação das suas comunidades locais. Para Maurílio Luiele, o que leva os cidadãos a não confiarem nos governantes e nas instituições públicas é, fundamentalmente, uma série de promessas não concretizadas. Conforme explicou, os angolanos vivem numa espécie de autoritarismo, em que os poderes públicos prometeram melhorar a vida dos cidadãos, na esperança de que houvesse uma concretização. Mas, infelizmente, notou, essas promessas não foram concretizadas, o que é natural que contribua para que haja essa desconfiança sobre os governantes. Por outro lado, frisou, é do conhecimento geral que a burocratização e as dificuldades que as instituições públicas impõem aos cidadãos, além da débil qualidade dos serviços públicos prestados, jogam um papel importante na desacreditação das instituições públicas. Maurílio Luiele apontou ainda o

factor corrupção, que é, internamente, uma situação que levanta muitas suspeitas e que acaba por contribuir para a perda da confiança dos cidadãos nas instituições públicas. “Portanto, todos esses pressupostos fazem com que a relação entre os cidadãos e governantes seja a base da desconfiança”, lamentou. Por outro lado, Maurílio Luiele disse que a relação entre governantes e governados é demasiado separada, sem diálogo. Com bases nisso, frisou, é preciso investir-se mais no aprofundamento da democracia, para tornar próxima a relação entre governados e governantes. “Precisamos promover uma democracia plena, que faz do diálogo a principal ferramenta de relacionamento entre governantes e governados”, defendeu, tendo acrescentado que “para que os angolanos confiem mais nas instituições e nos governantes, é preciso que haja melhoria dos serviços prestados aos cidadãos” . De acordo com o político, os servidores públicos têm de se convencer de que estão nas funções designadas para servirem e não para serem servidos.

Por seu lado, o Secratário para informação do MPLA, Albino Carlos, depois de apreciar o estudo, disse, ao OPAÍS, ser preciso uma profunda análise do documento, dependendo dos contextos, objectivos, natureza da matéria em questão, grau de representatividade da amostra, público-alvo e outros elementos constitutivos de um estudo. Para Albino Carlos, o estudo trata de instituições de naturezas diferentes, a política, a religião e o poder tradicional. No segmento político, o responsável fez saber que o MPLA tem correspondido às expectativas e anseios do povo angolano, trabalhando arduamente no sentido de continuar a merecer o seu voto de confiança. Questionado sobre o que leva os cidadãos a não confiarem nos seus governantes e nas instituições públicas, o político respondeu que o espírito de cidadania dos angolanos está cada vez mais aprofundado e os níveis de exigência são maiores. Há, explicou, maior controlo da actuação política e maior sentido de participação dos cidadãos no processo de decisão política. “Há também a emergência de novos e distintos actores políticos e sociais no jogo político. A política é uma actividade nobre. Impõe-se resgatar essa mística. O MPLA continua imbuído do espírito de governar com o povo e para o povo”, frisou. Relativamente à avaliação da relação dos governantes com os governados, Albino Carlos explicou que em Angola registase um progressivo e patriótico amadurecimento da consciên-

cia política. Os governantes, frisou, têm vindo a assumir uma postura mais consentânea com os ditames da política, dedicando-se a este exercício com sentido de missão e de serviço. Segundo ainda o portavoz do MPLA, já os níveis de consciência política dos cidadãos têm, manifestamente, subido de grau, a sociedade civil vai-se reorganizando, os meios de comunicação social e os outros poderes fiscalizadores do exercício da política vão desempenhando o seu papel. “O povo acredita cada vez mais no MPLA, porque somos um Partido comprometido com Angola e com o bem-estar do povo angolano”, notou. . Reforçar a consciência cidadã Albinos Carlos entende ser necessário reforçar, cada vez mais, a consciência cidadã e interventiva dos angolanos, consolidando as bases da democracia e da inclusão sóciopolítica. Para ele, há que incutir na mentalidade do povo o sentido de cidadania participativa, bem como o fortalecimento da sociedade civil e as suas organizações. Também disse que urge resgatar os princípios nobres da política, acrescentando igualmente que, sob a liderança do MPLA, está em curso uma profunda transformação política, consubstanciada no culto da cultura do exercício regular da prestação de contas e do aprofundamento da transparência na gestão da coisa pública, tendo em conta as melhores práticas da boa governança. “ Paralelamente, estão em marcha a reforma do Estado e da Justiça no sentido de garantir o pleno exercício dos direitos, garantias e liberdades fundamentais dos cidadãos”, apontou.


O PAÍS Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

9 daniel miguel

Job Capapinha diz que carros sob investigação foram alugados com a opção de compra O governandoor deu a conhecer que, no conjunto, os carros valeram uma média não superior a 35 milhões de kwanzas por cada viatura e já constituem património da província desde Novembro do ano passado daniel miguel

Domingos Bento

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alando nas vestes de primeiro secretário provincial do MPLA no Cuanza-Sul, Job Capapinha disse que os dois carros alugados para os dois vice-governdores tinham a opção de aluguer com a opção de compra e que desde o dia 13 de Novembro de 2019 passaram a ser património da província. No conjunto, conforme explicou, os carros valeram uma média não superior a 35 milhões de kwanzas por cada viatura . “O que se tirou do Orçamento Geral do Estado para aqueles carros é superior ao que está publicado. Portanto, se cada carro, por opção de compra, custou mais de 34 milhões de kwanzas, estamos a falar que o valor total é acima dos 70 milhões e não de 49, como foi publicado”, referiu. O também governador da província fez saber que do ponto de vista de orientação política que deu, na altura, é que os carros tinham de ser alugados porque na época não tinha autorização do Executivo central para comprar carros. “Então, utilizamos o exercício da compra de serviços que era possível e assim, gradualmente, completamos os valores dos carros com a opção de compra”, esclareceu. Segundo ainda Capapinha, pode ser até que o contrato tenha esteja mal elaborado tecnicamente. Mas, afirmou, o seu papel não é técnico. É político. “E desde que esse exercício político não retire nada para os meus bolsos, eu estou à vontade para falar e para defender”, assegurou. Para Capapinha, a divulgação da informação sobre os referidos carros tinha como propósito a desacreditação de algumas figuras a

“PIIM não foi concebido em função da densidade populacional de cada município do país” O Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) não foi concebido tendo em conta a densidade populacional de cada um dos 164 municípios que compõem o país, de acordo com a secretária de Estado para a Administração do Território

nível da província por grupos que não se revêm nas acções locais em curso. Em face disso, apontou, há a necessidade de se dialogar mais, fazer circular melhor a informação entre os membros do partido para que mais facilmente se detecte os autores deste tipo de informações. “Infelizmente, temos cá, entre nós, uns que, sentados aqui dizem uma coisa, mas que de pé, lá fora, dizem outra coisa”, deplorou. Segundo Job Capapinha, o que acontece nas estruturas do seu partido, a nível local, é a falta de unidade de pensamento de acção. O também governador do Cuanza-Sul disse que tem mais do que razão amadurecida para afinar todos os dias o seu discurso político em prol da defesa dos ideias do MPLA, respeitando o próximo, respeitando o angolano e o patriota. “Mas, quando tratarmos de luta pela manutenção do MPLA no poder, eu fico na frente e combato energicamente. Nunca dei um tiro, nunca fui militar, mas a minha arma sempre foram a boca e os ar-

gumentos políticos”, desabafou. De recordar que, recentemente, o procurador Geral da República no Cuanza-Sul, Joaquim Macedo, deu a conhecer ao OPAÍS que o inquérito sobre o caso de aluguer de duas viaturas para os dois vice-governadores no Cuanza-Sul está concluído, depois de ter obedecido o cumprimento de todas as normas administrativas de inquirição dos envolvidos. Segundo o procurador, depois da sua conclusão, o processo foi remetido à Direcção Nacional de Prevenção e Combate à Corrupção para o cumprimento de outras formalidades que poderão resultar em processo criminal caso haja indícios de cometimento de crimes. A abertura do referido processo foi feita depois de informações postas a circular terem denunciado que o Governo Provincial do Cuanza-Sul, chefiado por Job Capapinha, tinhs efectuodo, no dia 21 de Setembro, de 2019, o pagamento de mais de 49 milhões de kwanzas a empresa Ango Guerou para o aluguer de 2 viaturas, por um ano, para os dois vice-governdores locais.

João Katombela, na Huíla

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informação foi avançada no último fimde-semana, na cidade do Lubango, província da Huíla, pela secretária de Estado para a Administração do Território, quando falava por ocasião do primeiro ano de implementação do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM). Laurinda Cardoso disse mesmo que o referido processo não foi criado com base na densidade populacional de cada município. Segundo a governante, “o surgimento do PIIM teve um processo de identificação das necessidades no local, dos municípios, os administradores municipais identificaram ideias, solucionaram os projectos e foi preciso estabelecer prioridade das prioridades”. De acordo a secretária de Estado, as necessidades são inúmeras e não é possível solucioná-las ao mesmo tempo em todo o país. Por esta razão, na visão da governan-

te, depois deste processo foi necessário identificar as prioridades das prioridades. “A orientação que nós tivemos, do ponto de vista da estratégia do PIIM, foi identificar os principais eixos dos projectos que integram a carteira PIIM, o sector social, a educação e saúde, as vias de comunicação e as infra-estruturas administrativas e autárquicas”, revelou. Falando sobre as eleições autárquicas, Laurinda Cardoso especificou que elas não são eleições, mas um processo que deve ser entendido como forma de organização territorial. Nos últimos tempos, apesar da situação sanitária que se vive no país, partidos na Oposição tem questionado o Executivo sobre a realização das eleições autárquicas, que esperam que se venham a realizar ainda este ano. “Existe um limite relativamente àquilo que são as futuras autarquias locais, a convocação das eleições autárquicas locais depende da aprovação de todo o pacote legislativo autárquico” afirmou.


sociedade

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O PAÍS Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

Académico considera “desmonodocência” da 5ª e 6ª classes partida para qualidade de ensino Lando Pedro encoraja os dirigentes a materializarem a ideia, a fim de que se volte a “lapidar” as crianças antes da 4ª classe, pelo menos com a consolidação de escrita, leitura, compreensão e cálculos Alberto Bambi

O

especialista em Teoria e Desenvolvimento Curricular, Lando Emanuel Ludi Pedro, aplaude o recente reconhecimento do Presidente da República segundo o qual o ensino anda mal, e a decisão da anulação da monodocência nas 5ª e 6ª classes, mas aconselha a passar-se do discurso para a prática, pois considera esta correcção como com um verdadeiro ponto de partida para a qualidade de educação e ensino em Angola. De acordo com o professor universitário, a partir do momento em que as referidas classes, antes classificadas como do II nível, passaram a ter apenas um professor para leccionarem as nove disciplinas, o país fez um recuo que se reflectiu mais tarde. “Aliás, a monodocência veio destapar as dificuldades dos nossos professores quanto aos aspectos organizativos das disciplinas e das turmas, remetendo-os a trabalho individual ou solitário”, disse o especialista, que considerou a falta de competência e domínio de muitas disciplinas destas classes como o primeiro obstáculo para um professor primário que o próprio sistema de educação o formou única e simplesmente para uma especialidade. Lando Ludi Pedro avançou dizendo que a criança da escola primária, que consolidava as noções de conhecimentos deste nível inicial na 4ª classe, passou a fazê-lo na 6ª, passando, igualmente, a levar consigo as debilidades aí obtidas, muitas vezes, ajudada

pelas classes de transição. O professor passou a trabalhar de modo mais isolado, no que concerne à planificação diária da actividade lectiva, ao seu desenvolvimento em sala de aulas e ao processo de avaliação das aprendizagens dos alunos. “O espaço, o tempo e o modo de trabalho docente tradicional ganharam a sua base de uma cultura individualista que produz um trabalho solitário”, realçou, tendo considerado que este padrão de trabalho torna a tarefa do professor invisível e possibilita a responsabilização dos mesmos pelas aprendizagens discentes. O entrevistado disse que, trabalhando deste modo privatista, associa o trabalho a uma pedagogia de transmissão.

“É aí onde a criança começa a ser iniciada ou preparada para frequentar a 1ª classe, por isso é que aí a transição é praticamente automática, pois, se supunha que todas as crianças passassem antes pela creche”

Por causa disso, defende a tese do trabalho colaborativo no ensino primário, onde os elementos organizadores das aulas são grupos displinares, conselhos de turma de que os professores fazem parte. Falou, igualmente, de uma pedagogia de colaboração entre professores do ensino primário, mais concretamente da 5ª e 6ª classes, como uma forma de su-

perar e ultrapassar as dificuldades da classe docente advindas da formação inicial, visando, desse jeito, mobilizar partilha de experiências, ajuda ou apoio. “Finalmente, somos pela capacitação da transposição didáctica dos saberes que o professor deve aprender a adequar, de forma didáctica, o conhecimento de acordo às características dos alunos e do conteúdo, ou se-

ja, a passagem do saber didáctico ao saber ensinando, daí a necessidade da coerência circular”, concluiu, observando que, a ser assim, o manual passa a ser a mediação colectiva do que se ensina. 1ª Classe com a carga da Iniciação A inexistência da Iniciação na maioria das escolas primárias do sector público é outra situação que preocupa o também investi-


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gador em Ciências da Educação. Ele recordou que a Iniciação ajuda a inserir a criança no ambiente escolar, propondo-lhe uma aprendizagem que, a partir da sua realidade própria, explora em brincadeiras, jogos, cânticos, danças, jograis e outras formas lúdicas conteúdos pedagogicamente recomendáveis. Não é por acaso que a instrução, educação e o ensino nesta “classe” se processava ou processa mais por meio de gravuras e confrontação com o meio natural, de acordo com o entrevistado, para quem, nas escolas onde falta a Iniciação, a carga passou a ser exercida pelos professores da 1ª classe. Para ele, a Iniciação inclui o grupo que deve fazer parte do infantário, que se sub-divide em dois sistemas, sendo um que alberga as crianças dos zero aos três anos e outro, desta idade aos cinco anos.

“É aí onde a criança começa a ser iniciada ou preparada para frequentar a 1ª classe, por isso é que aí a transição é praticamente automática, pois se supunha que todas as crianças passassem antes pela creche”, esclareceu Lando Ludi Pedro, tendo adiantando que, não havendo, os pais são obrigados a matricular os filhos directamente na Primeira. Lembrou dizendo que, em tempos idos, já foi por falta de capacidade financeira dos encarregados de colocar as crianças na creche e, em parte, por não ter havido muitas instituições do género que o Estado decidiu colocar a Iniciação nas escolas primárias. Para o contexto actual, propõe a restruturação dessa componente escolar a partir da colaboração das igrejas e algumas organizações não-governamentais (ONG) viradas para o sector social e de acolhimento de crianças, enquanto o Governo vai inserin-

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do processualmente a iniciação no currículo escolar e garantindo ascondições infra-estruturais para albergar o ensino preé-escolar. “As igrejas e outros centros sociais podem ter salas para desenvolver a instrução de jardim de infância e pré-escolar, alicerçada num processo de acompanhamento e encaminhamento para as escolasprimárias”, aclarou. Chave na revisão dos manuais Landu Ludi Pedro afirmou que o maual escolar continua a ocupar um lugar insubstituível no nosso sistema educativo, porque, em todas disciplinas do ensino primário e secundário, ainda existe uma cultura enraizada no manual, quer seja por razões económicas, culturais ou técnicas de conhecimentos. Acha que a revisão dos manuais de ensino é um aspecto chave para a melhoria da qualidade do

sistema de educação e ensino, razão pela qual esse processo que, segundo ele impõe mudanças, constitui pedra base para a efectivação do currículo nacional. “Mas temos de ter cuidado de não fazê-lo com pressa, incorrendo no risco de termos planos de estudos com conteúdos na forma de um menu escolar que significa tão só dentro da metáfora da macdonalização do saber, o fast-food uniforme, ineficiente e de reprodução, visando desenvolver apenas dois tipos de conhecimentos: o factual e o conceptual; e dois tipos de desenvolvimento do processo cognitivo, por via dos fenómenos de lembrar e definir”, avisou. Defendendo a tese de que o manual escolar constitui um elo essencial de qualquer corpo curricular, preocupa-lhe o facto de a sua revisão macdonalizada nos discursos políticos poder dificultar a elaboração integral. A arqueologia do manual escolar é outra elaboração que preocupa o académico, que recomenda o alcance da coerência no processo, não apenas no âmbito do contexto discursivo presidencial, mas no contexto que lhe dá sentido, em que o manual é o artefacto que dá forma material ao modo de proceder pedagógico para a reprodução cultural. Ao manual deve ser reconhecida a importância nos processos de descodificação e retransmissão de objectivo, através dos vários elos da cadeia que interagem o sistema, ao ponto de ser a face mais visível dos programas curriculares. Requerida articulação horizontal e vertical É assegurando-se nestas e noutras razões que o interlocutor de O PAÍS sublinha que a revisão e correcção do que classifica como único recurso pedagógico deve ter em conta a coerência organizativa dos capítulos, na vertente relativa, na harmonização sequencial dos conteúdos, face à construção do pensamento lógico-cognitivo da criança, ao longo do percurso. “A adequação na vertente das relações dos níveis e subsistemas de ensino, assim como na vertente de diferentes sistemas de conhecimentos implicados no currículo ou disciplinas do saber, bem como a coerência no sentido da articulação horizontal e vertical, concretizada numa lógica de progressão do conhecimento, pois não há conhecimento e

competências desligadas”, frizou. Tendo uma importância tradicional de representar o elemento estruturante dos conteúdos a leccionar nas aulas e assumindo-se como espelho do próprio currículo, segundo avaliou o entrevistado, os professores são avaliados tendo em conta o grau de cumprimento do programa curricular da sua disciplina, através do número de páginas do manual. “A busca de um padrão eficiente e eficaz para os manuais escolares não deve circunscrever-se na base de discursos como se não existisse um Ministério da Educaçãoe o INIDE. A tónica da revisão não deve ignorar o que já foi feito. Deve ficar claro, desde o início, que há um risco em assumir os discursoss como linhas mestras para a revisão e correcção, uma vez que elas nos induzem apenas aos compromissos ideológicos, sem querer o papel do Estado.

Emanuel Ludi Pedro

“As igrejas e outros centros sociais podem ter salas para desenvolver a instrução de jardim de infância e pré-escolar, alicerçada num processo de acompanhamento e encaminhamento para as escolas primárias”


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Bispo Macedo diz que pastores “rebeldes” angolanos e seus descendentes estão amaldiçoados dição para as suas gerações. Se deixarem gerações”. Em resposta, Edir Macedo reconfortou-lhe, dizendo que não se preocupasse porque a qualquer momento o caso se reverteria a favor da sua ala (brasileira) e os pastores que hoje contestam vão descer à sepultura “mais cedo do que possam imaginar”. No final, Honorilton Gonçalves agradeceu a “oportunidade” que o bispo Macedo lhes concedeu, salientando que as palavras de Edir Macedo “eram água viva”. O programa de Sábado terminou com o depoimento de um bispo angolano, acompanhado da esposa, a lamentar reprovar a acção dos seus irmãos.

O líder-fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, afirmou que os pastores angolanos que se rebelaram contra a liderança brasileira estão amaldiçoados e vão descer “à sepultura mais cedo do que possam imaginar” Constantino Eduardo

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uma chamada vídeoconferência, transmitida pelo canal televisivo Fé TV, propriedade da IURD, às 16 horas de Sábado, o líder disse acreditar que os acontecimentos na Universal em Angola têm as impressões digitais do bispo dissidente João Leite, antigo responsável do trabalho evangelístico no país. Falando para três pastores angolanos acompanhados pelo bispo Honorilton Gonçalves, actual responsável da IURD em Angola, Edir Macedo lembra, porém, que o antigo líder da IURD no país foi afastado da obra por, alegadamente, ter cometido o pecado de adultério. O “homem de Deus” sustenta a sua tese alegando que João Leite prometeu, por via de um telefonema a um amigo seu, guerrear contra o responsável da IURD em Angola. Uma outra figura que não foi poupada na vídeo-conferência de Sábado foi o antigo vice-presidente da Igreja, João Bartolomeu. Sobre este, Macedo argumentou que aquilo que lhe chegou como informação (ao Brasil)

é que ele se tinha desviado dos ensinamentos da Bíblia e da igreja. Voltando novamente à questão dos pastores “rebeldes” angolanos, o líder de um dos maiores movimentos religiosos do mundo considera ser normal que situações desta natureza ocorram no seio da igreja, até porque é dirigida por homens, mas ai “daquele por quem tais escândalos acontecem”, adverte. Bastante incisivo nas críticas, e sustentando-as em pressupostos bíblicos, o líder mundial da Igreja Universal do Reino de Deus, que recordou o período de conflito armado em que os primeiros missionários chegaram a Angola. Avisa os pastores angolanos que ele não é “dono da igreja, o é, sim, o Espírito Santo. Logo, quem se rebelou fê-lo contra a terceira pessoa da Santíssima Trindade: (...) São raças de víboras”. O bispo Edir Macedo refere que os pastores contestatários agiram desse jeito porque não se

quiseram sujeitar à disciplina imposta pela IURD, tendo, por isso, enaltecido o facto de alguns pastores angolanos não se terem juntado aos que classifica de “rebeldes”. O actual líder da IURD em Angola, bispo Honorilton Gonçalves, aproveitou a oportunidade para se queixar ao seu superior. “(...) E...bispo, eles distorceram as tuas palavras proferidas na Quinta-feira. Eles disseram ai ‘bispo Macedo amaldiçoa Angola (...)’”, queixou-se, para logo a seguir assegurar que a Igreja Universal “não negoceia com rebeldes”, descartando, desde já, qualquer possibilidade de aproximação com os irmãos desavindos. No vídeo a que o bispo Honorilton Gonçalves faz menção como tendo sido distorcida a mensagem de Edir Macedo, este diz que “a boca do inferno vai se abrir e eles todos vão descer junto com as suas famílias, seus filhos. Todos serão amaldiçoados. Eles vão deixar uma mal-

Pastores não acreditam na maldição lançada por Edir Macedo Em declarações à Rádio Mais, o porta-voz da Comissão de Reforma da IURD, pastor Jimi Inâcio, considerou o discurso de Edir Macedo como o desabafo de alguém que acabou de perder algo valioso que achava ser sua pertença. Disse ainda que não acredita em alguma maldição que possa vir do fundador da IURD, por considerar que, segundo a Bíblia Sagrada, aquele que é ungido por Deus nenhuma maldição bate a sua porta. Além de que, segundo ele, a Bíblia diz que aquele que lança praga contra a alguém, a mesma recai sobre si na mesma proporção. Enfatizou que apesar da “maldição” lançada pelo líder mundial da IURD, desejam lhe o contrário. Por outro lado, declarou que estiverem recentemente reunidos em assembleia, na qual definiram os pontos que vão nortear as acções da igreja doravante, entretanto, ela já está em acção. Algumas coisas, no que tange aos dísticos da igreja, serão alterados.

Igrejas criadas por dissidentes da IURD A IURD, considerada como a maior igreja neopentecostal do Brasil, vem há décadas registando rupturas alegadamente resultantes da forma como a mesma e gerida pelo seu fundador e líder, Edir Macedo. Um dos primeiros dissidentes da IURD é Romildo Ribeiro Soares, mais conhecido como o missionário RR Soares, que criou Igreja Internacional da Graça, depois de abandonar Edir Macedo em 1980. Outro dissidente de maior peso é Valdomiro Santiago, antigo bispo, que dias depois de ter abandonado a equipa de Edir Macedo criou a Igreja Mundial do Poder de Deus, em 1998. Seguiu o mesmo caminho o antigo sucessor oficial do fundador da Universal, Romualdo Panceiro, que também criou a sua denominação religiosa. Dois anos depois de ter deixado a igreja, num vídeo publicado nas redes sociais, Romualdo Panceiro anunciou a criação da sua própria denominação, a Igreja das Nações do Reino de Deus.

“Como são uma das prioridades daquilo que é o pacote de mudança... temos questões mais relevantes por agora, não vou adiantar as mudanças. Porém, a princípio serão efectudas algumas a nível estrutural”.


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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PROTEGER?

Tendo sido reportados já 267 casos em Angola, com 11 mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença: 1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

Três gerações do Semba juntam-se em show solidário para acudir crianças da Fundação Ana Carolina Os músicos interpretaram os seus temas de sucesso, que marcaram várias gerações, como “Olhos molhados”, “Caxexe”, “Mulembas de Angola”, “Água Rara”, ”Mona ki Ngui Xica”, “Coisas da Terra”, “Coração Farrado”, “Minha Velha”, “Inocente” “Kandengue Atrevido”, “Tudo Mudou”, “20 anos”, “14 Chuvas”, “Makumba”, que proporcionaram momentos nostálgicos e de euforia aos apreciadores Antónia Gonçalo

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rês gerações do Semba, designadamente Bonga, Paulo Flores e Yuri da Cunha dividiram o mesmo palco, ontem, num show de cariz solidário “Live no Kubico”, emitido pela Televisão Pública de Angola (TPA) e nas plataformas digitais do portal Platinaline, com o objectivo angariar verbas para apoiar as crianças da Fundação Ana Carolina. Os “monstros”, que abriram o concerto em grande estilo, com duetos, durante três horas, (das 14 horas e 30 minutos até às 17 e 30), na companhia da banda composta por vários instrumentistas, proporcionaram aos telespectadores e internautas sentimentos de nostalgia, e, ao mesmo tempo, euforia, ao cantarem alguns dos temas musicais de sucesso que se destacam nas suas carreiras e marcaram gerações.

“Kamacove”, “Olhos molhado”, “Caxexe”, “Mulembas de Angola”, “Água rara”, “Marimbondo”, “Diakandumba”, ”Mona ki Ngui Xica”, de Bonga, “Cabo-Ledo”, “Coisas terra”, “Coração Farrado”, “Minha velha”, “Inocente” de Paulo Flores e “Kandengue atrevido”, “Quiteke”, “Tudo mudou”, “Regressa”, “20 anos”, “14 chuvas”, “Makumba”, de Yuri da Cunha, entre outros, foram interpretado por eles. São temas musicais que abordam matérias sociais, culturais, e até mesmo políticas, canções que apelam para a solidariedade e amor ao próximo, que fizeram os telespectadores e internautas viajar ao som de vários ritmos, num show considerado memorável por muitos, marcado por três gerações do Semba. Durante o concerto foi possível ver as performances, a sintonia, o profissionalismo, a satisfação e cumplicidade entre os artistas, neste momento que teve como objectivo angariar valores para compra de bens, a fim de apoiar as crianças com várias patologias, como paralisia celebrar e motora. Foram vários os telespectadores e internautas que durante a emissão enviaram mensagens a enaltecer a iniciativa, que serviu também para


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promover a união entre os artistas e promover a cultura angolana. Para além dos seus sucessos, os talentosos interpretaram temas musicais de Alberto Teta Lando e David Zé, entre “Eu vou voltar”, “Um assobio”, “Menina de Angola”, “Rumba N’za Tukina” e outros, como forma de homenageá-los. Doações Durante o evento, conforme foi anunciado, registou-se a recepção de mais de 500 comprovativos, de cidadãos e empresas que efectivaram doações. A Movicel, para além de contribuir para a realização do evento, apoiou também a fundação ao doar bens de primeiras necessidades, correspondentes a 15 toneladas. Nesta senda, a Boutique doas Relógios teve o mesmo gesto, com uma tonelada de produtos, assim como outras. “Este live é para nos aproximar mais daquelas pessoas carentes. Por isso vamos trabalhar e ajudar crianças desta fundação com paralisia celebrar e motora e outros males. Elas precisam não só de alimentação, mas também de alguns bens como cadeiras de rodas”, apelou Paulo Flores durante a emissão do show musical. Os artistas agradeceram ainda aos patrocinadores, por apoiarem a iniciativa cultural, de carácter solidário, nesta que é mais uma realização do evento, que com a colaboração de vários artistas tem servido para angariar fundos, para apoiar as famílias vulneráveis.

A Fundação A Fundação Ana Carolina tem como objectivos primordiais o apoio, tratamento e acompanhamento a crianças carenciadas portadoras de patologias crónicas do foro neurológico. Trabalha com a família para a melhor orientação e auxílio, pela importante envolvência do contexto familiar no desenvolvimento, na melhoria da qualidade de vida e na inserção da criança na sociedade.

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“Resgate” é o primeiro filme moçambicano a entrar no catálogo da Netflix

O catálogo da Netflix ganhará, pela primeira vez, uma produção 100% moçambicana. O longa-metragem “Resgate”, realizado e escrito pelo moçambicano Mickey Fonseca, estreará na plataforma durante o mês de Julho

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filme foi parcialmente financiado via crowdfunding e rodado em Moçambique em 2017. Resgate centra-se na história de Bruno, que quer mudar de vida depois de ter passado quatro anos na prisão e conhecer finalmente a filha bebé que partilha com Mia. Tenta encontrar, primeiro sem sucesso, um trabalho como mecânico, a profissão em que se especializou. A tia, irmã da sua recémfalecida mãe, arranja-lhe um emprego numa garagem. Mas este novo plano de vida cai por terra quando, sem aviso, o banco ameaça despejá-lo da casa da mãe se não pagar o empréstimo, por ele desconhecido, que ela contraiu

antes de morrer. E é aí que vai ter de voltar ao mundo do crime. Em 2019, “Resgate” foi exibido em salas de cinema comerciais em Moçambique, Angola e Por-

tugal, além de ter sido mostrado nos festivais do Burkina Faso e do Zimbabwe. O filme também se consagrou nas categorias Melhor Argumento e

Melhor Direção de Arte no Africa Movie Academy Awards (AMA Awards), os Óscares do cinema africano, que se realizam anualmente na Nigéria.

Grande vencedor do prémio UCCLA é português e escreveu sobre a viagem O livro “O Heterónimo de Pedra”, de Henrique Reinaldo Castanheira, é o grande vencedor da 5.ª edição do Prémio Literário UCCLA – Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa

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obra vencedora, constituída por pequenos contos numa tessitura que implica as narrativas umas nas outras, toma o tema da viagem como seu eixo essencial, ligando-se o texto a imagens que fazem parte integrante da obra. O autor, Henrique Reinaldo Castanheira, tem 61 anos, é português e natural de Lisboa. A obra será publicada pela Guerra e Paz editores, com a chegada às livrarias no final de Setembro próximo, comunicou a UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa. O júri atribuiu, ainda, duas menções honrosas. Em prosa, a “Os Animais Mortos na Berma da Estrada” de Hugo Miguel dos Santos Pereira (36 anos, de nacionalidade portuguesa e residente na Bulgária). Em poesia, a “Um Museu Que Arde”

de Tiago Manuel Martins Aires (de 37 anos, Português e residente em Poiares, Peso da Régua). Destaque ainda para dois dos finalistas, duas obras poéticas de autoras brasileiras: “42 Dias”, livro de poemas de Fernanda Nogas (de 42 anos, residente em Curitiba, Paraná), e “Espelhos”, de Cátia Maria Carneiro Sena Hughes (de 56 anos, residente em Ilhéus, Bahia). O júri, que teve como representante da UCCLA Rui Lourido – foi constituído por escritores e professores de todos os países de língua portuguesa, que avaliou obras vindas de 22 países, da Ásia, África, América do Norte e do Sul, e da Europa, consolidando-se este prémio de revelação Literária, como o maior, a nível de candidaturas, de todo o espaço dos Países de Língua Portuguesa.


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cartaz

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Festival

Black Eyed Peas, Anitta e Xutos & Pontapés no Rock in Rio Lisboa 2021 Os norte-americanos Black Eyed Peas, os portugueses Xutos & Pontapés e a cantora brasileira Anitta vão actuar no festival Rock in Rio Lisboa, adiado para 2021 por causa da Covid-19

E

stes três nomes estavam confirmados para a edição deste ano, transitando agora para 2021,

Cinema

reagendado para os dias 19, 20, 26 e 27 de Junho no Parque da Bela Vista. Este Sábado, foram também

Polémica

anunciadas nas redes sociais as actuações da cantora brasileira Ivete Sangalo e dos portugueses HMB, David Carreira e Bárbara

Tinoco. Em Abril, foi revelada para 2021 a presença dos norteamericanos Foo Fighters e The

National e do britânico Liam Gallhagher, que deveriam actuar este ano no Rock in Rio Lisboa. O Rock in Rio Lisboa realizase de dois em dois anos, desde 2004, no Parque da Bela Vista, onde é montada a “Cidade do Rock”. Segundo a organização, a 10ª edição irá realizar-se em 2022, retomando os anos pares. Para a edição deste ano tinham sido anunciados outros artistas, nomeadamente Post Malone, Duran Duran, A-ha, Camila Cabello e Bush. Em Abril, a organização do festival explicava que “caso algum dos artistas inicialmente previstos para actuar no Palco Mundo em 2020 não se confirme para a edição de 2021, os portadores de bilhete para esse dia específico poderão trocar o seu bilhete para uma data à escolha, efectuando um processo de revalidação do mesmo, ou solicitar o reembolso no prazo de 30 dias a contar da data da ‘não confirmação’”.

Homenagem

Justiça

Exibição

Divulgado trailer do novo filme de Beyoncé: ‘Black Is King’

Alia Shawkat esclarece rumores de romance com Brad Pitt

DJ Malvado e Nelo Paim homenageiam André Mingas com a música “Amingas”

Realizador Ciro Guerra acusado de assédio e abuso sexual

Novo filme de Woody Allen abre 68.º Festival de Cinema de San Sebástian

Beyoncé confirmou na madrugada deste Domingo o lançamento do seu novo filme. O trailer foi divulgado no site oficial da cantora, horas depois de ter começado a circular nas redes sociais. ‘Black Is King’ será o nome da trama, sobre a qual existem ainda muito poucas informações.

Surgiram no passado mês do Novembro (2019) os primeiros rumores de que Alia Shawkat, de 31 anos, era a nova conquista de Brad Pitt, de 56. Isto porque os dois foram vistos em clima de grande cumplicidade durante uma visita a uma galeria de arte em Los Angeles, Estados Unidos. Desde então, já voltaram a encontrar-se em público, mas nunca comentaram o alegado namoro. Até agora. Cansada de tanta especulação, a actriz decidiu quebrar o silêncio. “Não namoramos. Somos apenas amigos”, esclareceu em declarações à revista Vulture.

Mesmo em confinamento, DJ Malvado tem estado engajado na realização de diversas actividades sociais e, principalmente, em não deixar os seus admiradores alheios às novidades musicais. Foi também por este motivo que Malvado uniu-se a Nelo Paim para juntos trabalharem num projecto cujo objectivo consiste em prestar homenagem ao ícone da música nacional André Mingas. Ambos artistas decidiram disponibilizar nesta Sexta-feira, 26, o tema “Amingas”, gravado nos ritmos House music, Afrohouse e Jazz, mistura que parte da interpolação da música de André Mingas “O Que Eu Quero”.

A reportagem com as denúncias foi divulgada, na Quarta-feira, pela publicação Volcánicas, com a inclusão dos relatos detalhados das mulheres e de algumas pessoas que as acompanharam, posteriormente, para além de várias trocas de mensagens com Guerra. “Os testemunhos seguem um padrão que inclui conversas incómodas de índole sexual, convites para o seu hotel ou apartamento, o uso daforçaparatoquessexuais,beijose, num caso, abusos sexuais, apesar de lhe ser dito ‘não’ de forma clara, directa e reiterada”, pode ler-se na reportagem, que salienta que “Guerra usa o seu prestígio profissional para intimidar e estabelecer relações de poder abusivas face às agredidas”.

“A estreia mundial do novo filme de Woody Allen, ‘Rifkin’s Festival’, inaugura, fora de competição, a 68.ª edição do Festival de San Sebastián no dia 18 de Setembro, no Auditório Kursaal”, lê-se no ‘site’ oficial do certame. O filme, uma “comédia romântica escrita e dirigida por Woody Allen”, foi rodado no Verão do ano passado em San Sebastián e noutras localidades da província basca de Guipúscoa. ‘Rifkin’s Festival’ conta a história de um casal norte-americano que participa no Festival de San Sebastián e fica “cativado pelo festival, a beleza e encanto da cidade e pela fantasia do mundo do cinema”.

De acordo com as primeiras imagens de que falamos, é possível perceber que este novo trabalho da cantora vai explorar a cultura e história afro-americana. Sabese ainda que ‘Black Is King’ deverá estrear dia 31 de Julho exclusivamente na plataforma Disney+.



Economia

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Primeira aeronave da nova frota da TAAG chega hoje ao país A operadora aérea de bandeira, com a logomarca renovada, promete baixar estrutura de custos da passagem nas viagens domésticas com o auxílio da nova frota tipo Dash-8 de fabrico canadiano

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om entrada em operação da nova frota de aeronaves do tipo Dash-8400, a partir de Julho, a TAAG, Linhas Aéreas de Angola, prevê reduzir os preços dos bilhetes de passagem domésticos, segundo o Presidente da Comissão Executiva (PCE), Rui Carreia. De acordo com Rui Carreia, que falava em conferência de imprensa, neste Sábado, por ocasião da apresentação da nova logomarca da empresa e das valências das seis aeronaves turbo-hélice recentemente adquiridas, os aparelhos com baixo custo de operacionalidade vão ser o factor decisivo para a redução das tarifas dos bilhetes. Conforme Rui Carreira, a diversificação da frota da companhia, combinada com a redução dos custos operacionais, visa a extensão do acesso aos voos domésticos a pessoas de baixa renda e a abertura de novas rotas domésticas sustentáveis. Por sua vez, o diretor comercial da TAAG, Carlos Von Hafe, garantiu que o custo de operação deste tipo de aeronave atinge uma redução de cerca de 30 por cento, uma diferença que se refletirá directamente no preço final dos bilhetes de passagens domésticos. De acordo com o responsável da área comercial, a primeira aeronave começa a operar na segunda semana do mês de Julho, reforçando as rotas Luanda/Dundo/ Saurimo/Luena e Menongue, com projecções de novas rotas.

A primeira viagem no novo avião Segundo um site especializado, a construtora de aviões De Havilland Canada entregou Sexta-feira, dia 26 de Junho, a primeira das seis aeronaves Dash 8-400 à TAAG – Linhas Aéreas de Angola. O novo avião, que viaja sob o número de registo C-GKXM do Canadá, chega a Luanda hoje (Segunda-feira), depois de uma viagem iniciada na manhã de Sábado, dia 27, com

“Uma outra vantagem dessa nova frota é o aumento da frequência de voos para os habituais destinos e, numa segunda fase, na abertura de novas rotas domésticas e regionais”, enfatizou. Carlos Von Hafe explicou que o processo de recepção das aeronaves das seis é progressivo e que fica completo até ao final do corrente ano. A Dash-8400 turbo hélice é uma aeronave moderna, com 74

escalas em St. John’s, na Terranova (Canadá), e na ilha de Santa Maria, no arquipélago português dos Açores, onde a tripulação pernoitou. Domingo descolou para Nouakchott, na Mauritânia antes de empreender a etapa final, com destino a capital angolana, estando prevista a chegada ao Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro hoje, 29 de Junho. Após a chegada haverá uma cerimónia oficial, com a presença do ministro dos Transportes, Ricardo Viegas Abreu, e de responsáveis pela gestão da companhia aérea, entre outras entidades relacionadas com o sector

“Uma outra vantagem dessa nova frota é o aumento da frequência de voos para os habituais destinos e, numa segunda fase, na abertura de novas rotas domésticas e regionais”,

aeronáutico em Angola. A aeronave será desalfandegada em Angola, e deverá receber o registo D2-TFA. A encomenda dos novos aviões regionais da TAAG foi divulgada a 18 de Junho de 2019 na cerimónia de assinatura no salão aeronáutico internacional ‘Paris Air Show’, em França, com a presença de Ricardo Viegas Abreu, ministro dos Transportes de Angola, David Curtis, presidente da empresa de leasing de aeronaves Longview Aviation Capital e de Todd Young, Director de Operações da De Havilland Canada.

lugares dos quais 10 em classe executiva. É de fabrico canadiano da Havilland of Canada Limited. Relativamente à marca TAAG, avançou que sofreu algumas alterações, sendo que o fundo de cor laranja deu lugar ao vermelho, a fonte da palavra TAAG deixa se ser negrita e a Palanca Negra surge com linhas mais finas no seu circular. Perante a nova frota, a empresa capacitou, em Novembro último, 72 técnicos de manutenção,

42 pilotos, 36 comissários de bordo e quatro oficiais de operações de voo, com formadores da Flytah (Canadá) e da Ethiopian Arlines, com sessões práticas “on job”. A TAAG atende actualmente mais de 12 destinos domésticos e vários internacionais, em África, na América do Sul, do Caribe, na Europa e na Ásia, com uma frota de 10 aviões, quatro do tipo 737700, seis 777-300 e 777-200.


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O PAÍS Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

Mercado Taxa de juro

Mercado Interbancário

Libor USD 6 Meses 18,90%

Taxas de Juro Taxa BNA Libor USD 6M Libor GBP 6M Libor JPY 6M Euribor 6M Luibor 6M

Cot. 12/06/20 15,5% 0,366% 0,298% -0,012% -0,268% 15,10%

∆ Diária (p.p) 0,000 -0,048 -0,016 -0,003 -0,034 -0,260

18,60%

18,30%

18,00% 20/06/20

Mercado accionista Índices Accionistas Cot. 12/06/20 Dow Jones (EUA) 25 207,24 S&P 500 (EUA) 3 027,57 FTSE 100 (Inglaterra) 6 174,72 Bovespa (Brasil) 94 864,90 CSI 300 (China) 4 138,99 Nikkei 225 (Japão) 22 512,08

∆ Diária (%) -2,567 -2,265 -1,873 -1,768 -100,000 0,148

Cot. 12/06/20 578,3583 1,1204 1,2332 107,1600 17,3438 5,4750

Cot. 12/06/20 37,89 40,49 1 764,70 17,64 1,47 267,15

25 450,0 25 100,0 20/06/20

22/06/20

24/06/20

26/06/20

1,1400

1,1300

1,1200

1,1100 20/06/20

∆ Diária (%) -4,679 -4,029 1,077 -1,160 -12,043 1,655

22/06/20

24/06/20

26/06/20

Brent Crude Fut.

42,40

41,20

24/06/20

∆ Diária (p.p) 0,020 -0,590 -0,550 -0,260 -0,570 -0,640

penho positivo da moeda poderá estar a aumento da confiança dos consumidores com a reabertura parcial das actividades em diferentes países do continente.

serve de referência às exportações de Angola caiu 4,0% ao se fixar nos 40,49 USD/Barril enquanto o WTI recuou 4,7% ao se fixar em 37,89 USD/Barril.

26/06/20

Luibor 1 Ano Cot. 05/06/20 15,38 14,89 15,19 16,2 17,16 18,07

A moeda única europeia apreciou ao longo da semana face ao dólar norteamericano em 0,23% ao se situar em 1,1204 USD por unidade da moeda. A contribuir para o desem-

Os preços do petróleo voltaram a recuar nos mercados internacionais reflexo das novas expectativas sobre a evolução da economia mundial. O Brent que 22/06/20

ção da economia mundial feitas pelo FMI. O Dow Jones (EUA) e o FTSE 100 (Reino Unido) recuaram em 2,6% e 1,9% ao se fixarem em 25.207,24 e 6.174,74 pontos, respectivamente.

Mercado de Matérias-primas

43,60

40,00 20/06/20

Os índices bolsistas seguiram tendência negativa na generalidade das praças na última semana, comportamento que poderá ser justificado pelo agravamento das expectativas de contrac-

Mercado Cambial

EUR / USD ∆ Diária (%) -3,774 0,233 -0,146 0,271 0,070 3,080

da Ámerica previstas em 8% pelo FMI associada a contracção da economia no Iº trimestre de 2020 em 5% poderão explicar o comportamento da taxa.

Mercado Accionista

25 800,0

Luibor Taxas BNA Luibor O/N Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 meses Luibor 9 meses Luibor 1 Ano

26/06/20

26 150,0

Mercado das commodities Commodities WTI Crude Fut. Brent Crude Fut. Gold 100 Oz Fut. Prata Fut. Gás Natural Fut. Cobre Fut.

24/06/20

Dow Jones (EUA)

Mercado cambial Taxas de Câmbio USD/AKZ EUR/USD GBP/USD USD/JPY USD/ZAR USD/BRL

22/06/20

A Libor USD 6 meses registou uma redução de 4,8 p.b. ao se fixar em 0,366% ao longo da semana. As novas expectativas de contracção do PIB dos Estados Unidos

Luibor

0,55%

0,40%

0,25%

0,10% 20/06/20

22/06/20

24/06/20

26/06/20

As taxas de juro Luibor no mercado monetário interbancário seguiram tendência decrescente na generalidade das maturidades na última semana.

A excepção foi apurada na Luibor Overnight que aumento em 2 p.b. ao se fixar em 15,38%, porém mantendo-se abaixo da taxa BNA.


Grande Entrevista

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O PAÍS Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

Belarmino Jelembi

‘O FAS é muito mais do que o Kwenda’

Já foi um dos mais dinâmicos rostos da sociedade civil em Angola através da ADRA, uma das mais notáveis organizações não-governamentais do país. Hoje, é o rosto principal do Fundo de Apoio Social (FAS), a agência do Executivo angolano encarregada de traçar e implementar políticas para o combate e a redução da pobreza. Curiosamente, numa semana em que Belarmino Jelembi se prepara para completar um ano à frente desta instituição afecta ao Ministério da Administração do Território, assiste-se, por todo o país, o aceleramento do programa Kwenda, que, segundo o nosso interlocutor, é muito mais do que a transferência monetária que deverá atingir 40 municípios em todo o país até Dezembro do corrente ano. Além das transferências, o referido programa, que vai abranger um milhão e 600 mil famílias, contempla a inclusão produtiva, a municipalização da acção social com o surgimento ou funcionamento dos Centros de Acção Social Integrados e o fortalecimento do cadastro social único entrevista de Dani Costa fotos de Virgilio Pinto

D

entro de alguns dias fará um ano na direcção do Fundo de Apoio Social. Está ciente disso? Sim. Há um ano que aceitamos o desafio para liderar esta instituição importante no país, que tem um percurso e uma história. Passou-se um ano e ocorreram muitos factos. Do que se orgulha de ter feito durante este período? É preciso mencionar que fui convidado essencialmente para liderar um processo de reestruturação da instituição. Esses processos importam desafios quer em matéria de gestão, como de intervenção. Focamo-nos ao longo deste ano essas dimensões, em termos de centrar a instituição ao nível dos municípios, nos contactos com as comunidades, mas também ao nível interno, alguns aspectos importantes, sobretudo a reestruturação do pessoal, ajustar o perfil dos postos e introdução de alguns documentos importantes. Olhando para o próprio contexto do país, tivemos que fazer ajustamen-


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to de alguns contratos. Tivemos que, internamente, tornar a instituição mais produtiva reajustando algumas áreas. Portanto, acho que do ponto de vista interno ocorreram alguns processos importantes. Por exemplo, no quadro local, a nível da intervenção, há projectos importantes que metemos em prática, sobretudo nas áreas do financiamento comparticipado, da inclusão produtiva, que, em última análise, representa a forma como queremos que o Fundo de Apoio Social (FAS) seja conhecido. Mas para isso é importante que haja disciplina, transparência e parcimónia na gestão. Para quem tinha um percurso em organizações não-governamentais, olhando sempre a partir de fora, qual é a visão que tem hoje dentro da instituição e de uma agência governamental? É um desafio e também uma aprendizagem. É evidente que uma instituição como o Fundo de Apoio Social é do Estado, mas o seu objecto social não se distancia daquilo que representa o meu percurso. Portanto, dirigir o FAS não representa estar distante daquilo que é

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o meu percurso. Claro que a instituição é do Estado, tem características próprias, diferentes daquilo que normalmente vinha fazendo, mas sinto que não é algo que esteja fora daquilo que é o meu percurso, do que fui fazendo e defendendo. O impacto de uma instituição como o FAS, a nível local, é significativo. Tenho a oportunidade de exercitar e pôr em prática determinadas coisas que fiz a uma determinada escala. Entendo também que, quando me foi solicitado, a expectativa era essa: que o manancial de conhecimento e experiência fosse colocado ao serviço de uma instituição como esta. Temos que ter a humildade de reconhecer que também aprendemos, porque nessa coisa do dar também recebemos. Acho que é possível muitas das coisas que defendemos enquanto líderes associativos também fazê-las no quadro do Estado. A dado momento do percurso dizia que um dos graves problemas do país é a persistência das estruturas centrais em não querer transferir as competências em termos de descentralização e desconcentração. Mantém a mesma ideia?

Não há dúvidas de que um dos problemas históricos da nossa sociedade e da construção do nosso Estado tem a ver com os altos níveis de centralização. Aliás, isto explica o debate público e um conjunto de medidas no sentido de se transferir competências para o nível local. Uma coisa é a decisão e a outra é a prática. No quadro concreto das minhas funções a nível do FAS, ao longo deste ano tomamos algumas medidas concretas no sentido de alguma autonomia das estruturas locais. Por exemplo, há um conjunto de contratações, que eram da competência das estruturas centrais que tomamos a decisão de serem realizadas a nível das estruturas provinciais. Quais são as alterações que ocorreram? Na contratação de serviços, há contratos de bens, que eram da responsabilidade de direcção geral, transferidos para as estruturas locais. Estamos a falar de equipar escolas, bens materiais para a própria instituição e equipamentos para o próprio FAS. Os contratos de supervisão das obras, que eram todos da responsabilidade das es-

truturas centrais, estamos a passálos para as estruturas locais. Há um outro tipo de serviço que era da responsabilidade central apenas, que são os projectos de financiamento comparticipado para cooperativas e empreendedores locais, cuja liderança era assumida pela estrutura central, mas tomamos uma decisão recente que, para determinados montantes, essa responsabilidade de identificação do beneficiário, aceitação da proposta e pagamento é toda da responsabilidade das estruturas locais. Até por razões de eficiência, é muito mais mais fácil e pragmático que a nossa estrutura provincial, vou dar o exemplo do beneficiário de uma cooperativa de sementes no Bailundo, que a decisão seja lá. O mesmo exemplo para uma cooperativa de apicultura no Tomboco, o melhor é que seja operacionalizado pela estrutura provincial. O processo de alguma autonomia local se dá também com actos concretos. E esses são alguns exemplos do que estamos a procurar fazer no quadro da nossa gestão. Demos exemplos de gestão, mas também de projectos em concreto. Mesmo a nível do programa Kwenda, estamos a tomar medidas para que determinados níveis de decisão se realizem nestas províncias em que estamos a trabalhar. É evidente que isto também representa perda de poder de quem está na estrutura central, mas é que se não for assim, é muito difícil sermos eficientes e pragmáticos. Há uma outra linha de trabalho que também passamos a responsabilidade para as estruturas provinciais que é o programa dos projectos de inclusão produtiva, ou seja, a identificação de beneficiários, análise dos projectos e depois a aprovação. Tínhamos isso na responsabilidade das estruturas centrais e decidimos inverter. Não o fizemos para a todas as províncias, mas de uma maneira escalonada. Há um primeiro grupo que assumiu este tipo de competências e os indicadores que estamos a ter são os processos de aprovação mais céleres. “A vida faz-se nos municípios” é um slogan trazido à liça por um antigo ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, por sinal a entidade que superintendente a instituição que dirige. Com esse nível de centralização é possível viver no município? O conteúdo principal da dinâmica dos municípios é a economia. O desenvolvimento económico está muito associado à possibilidade de as decisões serem tomadas a nível local. É um desafio complicado de se realizar um contexto de con-

siderável centralização. Mas acho que é importante mencionar que nos últimos tempos têm estado a tomar medidas de tentar transferir para o município como centro de gravidade de alguns projectos. É uma questão. Mas a outra tem a ver com a dimensão de alguns projectos: se forem muito grandes, megalómanos, dificilmente os municípios podem absorver. Portanto, a lógica dos municípios serem dinâmicos está associada também à dimensão dos projectos. Quanto mais pequenos forem os projectos, mais facilmente os municípios vão absorver e serem dinâmicos. Alguns exemplos que dei agora de inclusão produtiva, projectos de pequenas cooperativas, associações, micro e pequenas empresas, em nosso entender, elas concretizam melhor esse ideal de a vida fazerse no município. Os munícipes já começam a perceber qual é o papel do Estado ou ainda se tem aquela percepção de que se trata apenas da Polícia Nacional e dos partidos sobretudo nas campanhas? Creio que o pensamento não é uniforme. Mas a minha experiência e o meu percurso fazem-me ver que já há diferentes formas de interpretar o Estado, que não apenas a Polícia e os partidos políticos. Em vários casos a situação da escola, alguma presença no sector da agricultura, mas o desafio ainda é grande. E isto vai ser mais ou menos célere em função do nível de autonomia que os municípios forem tendo. Neste caso, o entendimento de autonomia se traduz em projectos concretos, porque é a dinâmica económica, produtiva e comercial que depois vai chamar tudo o resto, isto é, as vias terciárias, as ligações entre os municípios, os pequenos projectos económicos, ajustados à capacidade dos próprios municípios. Parece-me que hoje também há um entendimento colectivo no país de que a lógica tem que ser pelos pequenos projectos. O ideal que havia antes dos projectos grandes parece que há um consenso nacional de que este não é o caminho. E é isso que, em nosso entender, permite que os municípios avancem, porque está ajustado à sua capacidade de gestão, conhecimento e experiência. Um dos objectivos do FAS é o combate e a redução pobreza, promoção do desenvolvimento sustentável e outros. Há quatro meses que o país está a viver a crise da Covid-19. O que é que este momento permitiu destapar em Angola? De uma maneira geral, muitos de


Grande Entrevista nós já conhecia as limitações que temos do ponto de vista da fragilidade das instituições. É evidente que aqui ou acola pode ter havido aspectos mais precisos. A crise vem já de há algum tempo e há já uma consciência das limitações das fragilidades institucionais. Agora, se me pergunta directamente sobre projectos concretos que temos, a nível do FAS temos, hoje, dois grandes programas: há o Programa de Desenvolvimento Local (PDL) e o Programa de Protecção Social. A nível do PDL, temos duas ou três componentes: uma que tem a ver com as infra-estruturas, como escolas, postos de saúde e residência para funcionários. Portanto, neste momento, andando pelo país, podemos identificar. Mas temos uma outra linha que é importante e fundamental que é a linha dos projectos económicos. Aqui estamos a falar dos projectos comparticipados. Negociamos com o principal fornecedor que é o Banco Mundial de que nesta fase, o mais importante para o FAS não é fazer novas infraestruturas, mas sim reabilitar as existentes. Ao longo destes anos foram construídas milhares, por isso, neste momento, mais do que fazer novas infra-estruturas, decidimos que vamos reabilitar. Por outro lado, ainda no ramo das infra-estruturas, existem as de apoio produtivo e de acesso à água. Estamos a iniciar agora, no Sul de Angola, um conjunto de acções que visam a reabilitação chimpacas melhoradas e canais de água, no sentido de a custo baixo permitir maior acesso à água. É um tipo de projecto concreto que está em curso. O outro tipo é o que referia há bocado, que são os projectos económicos. Repare o seguinte: projectos como aviários, apicultura, multiplicação de sementes, pequenas infra-estruturas tipo represas têm um impacto muito importante a nível do município, porque estão adequados à sua capacidade de gestão. Então, o foco do FAS está nesta direcção. É eviden-

te que para isso acontecer há uma mudança de gestão fundamental que nós adoptamos: somos nós a fazer. Durante algum tempo, o FAS viveu um dilema, à semelhança de várias das nossas instituições, que é a excessiva presença de consultores internacionais. Há uma medida de gestão que nós tomamos em que o essencial dos trabalhos é feito por nós. Segundo, há a questão da terceirização. Tomamos outra medida em que cortamos o grosso da terceirização dos trabalhos. Só vamos fazer a terceirização naqueles aspectos em que não temos condições de fazer. Com isso estamos a poupar dinheiro. Posso falar de alguns números em concreto: com o corte da terceirização, no último semestre, poupamos cerca de 150 mil dólares. Por exemplo, com a questão do cadastramento do Kwenda. Envolvemos os Agentes de Desenvolvimento Sanitário e Comunitário (ADECO), poupamos este dinheiro, que vai ser investido na inclusão produtiva. E quanto é que se poupou com os cortes dos consultores?

O FAS viveu um dilema, à semelhança de várias das nossas instituições, que é a excessiva presença de consultores internacionais

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O PAÍS Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

‘Com os cortes dos consultores poupamos cerca de 250 mil dólares’ Com os cortes dos consultores poupamos cerca de 250 mil dólares. O dinheiro vai ser canalizado para a inclusão produtiva. Atenção que não estamos a fazer qualquer exercício de ostracização à consultoria. Pretendemos que ela ocorra naquilo que é cirúrgico e acrescenta valor. Nos outros aspectos vamos capacitar o pessoal local. É evidente que em alguns casos também tivemos a ‘ajuda’ da Covid-19 que limitou a movimentação para aqui e tivemos que fazer o trabalho. Poupamos recursos e estamos a canalizá-los para a inclusão produtiva, ou seja, isto é uma medida de gestão que achamos ser fundamental para o futuro do país. Se pretendemos capacitar as instituições, elas têm que fazer as coisas. Portanto, alguns destes projectos que estou a mencionar a nível do terreno, rapidamente poderíamos subcontratar, isto é chamar uma empresa que iria fazer os projectos para financiamento comparticipado. Mas nós temos técnicos, porque o FAS é das poucas instituições do Estado que tem capilaridade. Tem intervenção no município, está na estrutura provincial e a nível nacional. Então, temos que utilizar essa capilaridade do FAS ao serviço do interesse nacional, mas também que consigamos ter a prazo uma instituição forte, com disciplina, transparência e parcimónia. Quando falamos da parcimónia não são palavras vãs. Esses exemplos que dei agora são de parcimónia concreta. No quadro do projecto de protecção social, estamos a equipar os Centros de Acção Social Integrados. Tomamos a decisão de que todo o processo de contratação para os Centros de Acção Social Integrados serão feitos a nível local e não a partir de Luanda. Definimos as regras e os princípios, mas é a nível local que se faz toda a contratação. É um mecanismo concreto de transferência de competência e permitir que a nível local se faça a gestão de recursos. Transferir competência também deve implicar gestão de recursos. Evidentemente, um processo de reestruturação também tem dilemas. No quadro do mandato que temos tivemos que fazer um ajustamento do pessoal. Nesta questão do ajustamento de uma equipa de 112 para uma de 68 pessoas. Isso implicou negociação, rescisão e nalguns casos reforma. Mas mesmo com esta redução ninguém pode dizer que o FAS seja menos produtivo. Apesar dos vários programas que existem, hoje, quando se olha para

o FAS vem logo à cabeça o Kwenda. Há algum exagero nisso? Uma boa questão. O FAS é muito mais que o Kwenda. É evidente que o Kwenda hoje é um dos principais programas sociais e de combate à pobreza do Governo, mas o FAS é muito mais do que o Kwenda. A sua acção vai para além do Kwenda. E aquilo que referi há bocado espelha isso. É evidente que o carácter mediático do Kwenda absorve um pouco e é compreensível. Trata-se de uma intervenção recente no país, embora existisse já um tipo de experiência do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher e a UNICEF de transferência em três municípios, mas aquilo é a uma escala pequena. O Kwenda tem uma escala que prevê um milhão e 600 mil famílias. Portanto, é normal – e nesta fase crítica do país, com muitas dificuldades por causa da Covid-19 - que se olhe para este programa com uma atenção maior. O Kwenda prevê atingir 40 municípios até Dezembro do ano em curso. Iniciou-se em quatro nas províncias do Cuando Cubango, Cunene, Malanje e Zaire. O que é que ditou a escolha dos municípios para o projecto piloto? Gostaria antes de dizer algumas coisas para ajudar no enquadramento. Primeiro: o Kwenda, como programa de protecção social, comporta quatro dimensões. Temos que olhar para o programa nestas quatro dimensões: se não fizermos isso, o programa é coxo. Na dimensão 1 está a transferência monetária. Dimensão 2- Inclusão produtiva, isto é, apoio aos rendimentos das famílias. Dimensão 3- municipalização da acção social com o surgimento ou funcionamento dos Centros de Acção Social Integrados e a dimensão 4- Fortalecimento do cadastro social único. Temos que ver o programa desta maneira. Compreendo que as transferências monetárias sejam a parte mais mediática e atractiva. É desta forma que vê as pessoas a olharem para o Kwenda? Talvez tenhamos que fazer mea culpa porque temos que comunicar melhor, porque hoje quando as pessoas olham para o Kwenda estão a falar só do dinheiro que está a ser transferido. O benefício financeiro é uma componente que tem que estar articulada com as outras. Portanto, quando se faz o cadastramento das famílias, elas são incluídas dentro do sistema integrado de informação de produção social

e têm acesso a vários serviços em função da sua situação. Por exemplo, no Nzeto, das mais de 1700 famílias cadastradas, logo, a partida, apareceram 300 que não têm bilhete de identidade. Elas irão para um serviço para terem acesso ao documento, que é o centro de acção social integrado. O serviço de acesso ao bilhete de identidade não tem nada a ver com a transferência monetária. Deste grupo de famílias cadastradas, há famílias que têm um perfil para ir ao serviço de inclusão produtiva que não tem nada a ver com a transferência monetária. O cadastramento é fundamental, de tal maneira que amanhã ou depois os outros programas que o Estado vier a fazer já tem o cadastramento feito. Quando ouvimos pela rádio ou televisão que no país tal o Governo colocou X para apoiar famílias, é porque a prior já há uma base de dados ou um cadastramento actualizado. No nosso país, esse trabalho precisa de ser feito e é uma contribuição concreta do projecto, de tal maneira que consigamos ter algum controlo para evitar sobreposição de benefícios. Com essa actualização, a partir do Centro de Acção Social Integrado é mais fácil ter este controlo. A nível destes projectos, depois de fazermos o cadastramento, em cada de um dos municípios há uma equipa que passa a pente fino todos os cadastrados para assegurar se há ou não pessoal que estão lá e não preenchem os requisitos. Isso é feito no sentido de buscar transparência e o que se espera do FAS também é isso. Qual é o perfil dos beneficiários destas transferências monetárias? O projecto foi concebido para incidir nos municípios e sobre as famílias mais pobres. Neste momento, o foco são aquelas famílias que, de acordo com os estudos do Instituto Nacional de Estatística, estão no quintil 4 ou 5. Excepcionalmente podem aparecer outros, mas este é o critério fundamental que foi utilizado e em função disso determinam-se as zonas para se fazer o processo de cadastramento. É evidente que para os casos do projecto piloto não se abrangeu todas as áreas do município com potencialidade para entrar no projecto, porque estamos a falar de um piloto. Ele tem três ou quatro funções: testar o sistema de cadastramento, de registo e selecção do beneficiário, o sistema de pagamento e reclamações. Nós precisamos de testar para ver se funciona. Até para contornarmos aquela crítica que é recor-


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rente e justa: vamos fazer já uma coisa grande se não conseguimos fazer uma pequena? Eu costumo dar o exemplo da agricultura: como é que queres produzir cinco mil hectares se ainda nem provaste que consegues fazê-lo em mil hectares? Antes da fase da expansão foram determinados estes municípios cujos beneficiários são determinados com base nestes critérios de vulnerabilidade que o INE apresenta. Feita esta determinação das localidades faz-se um processo de cadastramento. Quem é o pobre que deve beneficiar desta ajuda? É o que estou a dizer: o estudo que o INE realizou estabelece os critérios os critérios de identificação dos pobres e os critérios de classificação dos municípios. É evidente que estas questões até do ponto de vista académico e até internacional têm sempre margens para discussão, mas, como pode imaginar, neste momento não vou entrar nesta polémica, porque não é o foco da nossa atenção principal. O nosso foco é que aquilo que está determinado o façamos com rigor. Fomos às casas de todos os beneficiários, porque o cadastramento é feito de casa em casa. Como foi feito este cadastramento? Há um questionário que é preenchido para que esta família seja incluída no projecto. Internacionalmente há diferentes métodos para determinar este tipo de projectos. Há um que é a abordagem geográfica, ou seja, a pessoa chega numa determinada aldeia e toda a gente é cadastrada. Excepcionalmente há pessoas que não preenchem o perfil e são retiradas, como os funcionários públicos, porque já tem um rendimento em função do seu salário. Este projecto não é para este perfil de cidadãos. Alguém poderá dizer: esse perfil de cidadão não precisa? Se calhar sim, mas o Estado tem outros instrumentos para poder apoiar. Estava a me esquecer de um aspecto importante: uma intervenção como esta não pode nem deve ser vista de uma maneira isolada. Ela representa apenas uma contribuição que depois tem de estar ajustada a tantas outras. O comércio tem que funcionar e a actividade agrícola tem que jogar o seu papel. Não depositemos neste projecto a responsabilidade para resolver todos os problemas. Isso seria uma ilusão. Voltemos ao sistema de cadastramento. É possível? Sim, o sistema de cadastramento, num país como o nosso, é muito importante para fortalecer as instituições. Amanhã ou depois há uma outra necessidade e as pessoas já estão cadastradas.

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‘O conceito de transferência monetária não se confunde com a transferência de salário’ O que ditou, afinal, a escolha dos quatro municípios iniciais? Foram determinados municípios de quatro regiões diferentes do ponto de vista geográfico, sociocultural e de acesso das condições para que com o piloto tenhamos uma fotografia que permita fazer este tipo de discussão. Por exemplo, o sistema de cadastramento em Ombandja, no Cunene, não é igual a do Nzeto, no Zaire. Em Ombandja temos a organização das populações em ‘humbas’. O cadastramento é muito mais difícil e temos que fazer com motorizadas. Os cadastradores têm que andar de zona em zona. Quando fomos ao Nzeto, aí temos uma característica diferente porque são bairros compactos. Temos três ou quatro cadastradores e eles fazem o bairro todo. É uma lição que estamos a tirar do piloto. Temos a responsabilidade de fazer chegar os benefícios às pessoas. No Nzeto já pagamos 1352 agregados familiares. Como é que são feitos os pagamentos? Os pagamentos são trimestrais. São cerca de 25.500 Kwanzas por trimestre para cada família. A fase inicial é muito mais exaustiva, porque implica o cadastramento e a entrega do cartão. Mas depois existe a recorrência em que de X em X tempo dá-se a ordem de pagamento e as pessoas fazem a gestão conforme entenderem. Portanto, estava a me referir a questão do cadastramento que tem essa dimensão da inclusão produtiva. A inclusão produtiva implica que nós no universo de beneficiários vamos identificar famílias ou grupos com actividades geradoras de rendimentos que não têm que estar nesta lógica das transferências. Por exemplo, agora ao iniciar para cada município em que se lan-

ça o piloto, dá mesma maneira que há a componente da transferência, também já estamos a identificar os beneficiários da inclusão produtiva. Até também para se lidar com a percepção de que isto não é um acto de paternalismo. As transferências monetárias não são um acto de paternalismo. O pagamento de oito mil e tal Kwanzas é valor aceitável para a nossa realidade? Isso é sempre polémico em função da nossa base de discussão. O entendimento convencional é o de que a transferência monetária não é um salário. A transferência monetária é uma contribuição aos rendimentos que as famílias têm. Por isso se chama transferência de renda. Portanto, se fosse o correspondente a um salário seria outra coisa e não um projecto de protecção social dos mais pobres. O conceito de transferência monetária não se confunde com o a transferência de salário. É uma contribuição às outras formas que as pessoas têm. Partindo desta base, é sempre discutível se é muito ou pouco em função da referência que temos do ponto em que estivermos. Em que ponto estamos? Eu acho que é sempre uma contribuição. Seria arrogante dizer que vai resolver os problemas das pessoas. Temos que entender isso como uma contribuição ou um benefício que se juntarão a outros que venham a ser identificados pelas pessoas com outros programas. Gosto de olhar para a parte financeira desta maneira, como uma contribuição que se deve juntar a outras que as pessoas venham a ter e não assumir a lógica ou a ideia de que resolve todos os problemas. Tivemos alguns exemplos em municípios onde já se fizeram

as transferências, em que notamos a satisfação das pessoas por aquilo que conseguiram adquirir para a sua sobrevivência. Estou a falar daquilo que eu vi, vejo e estou a ver a nível dos municípios. As pessoas conseguem comprar alguma coisa: um alimento, algum sal, óleo, feijão ou uma latinha de semente. É disso que estamos a falar. Agora, cada um de nós tem o direito de tirar as suas ilações. A nossa obrigação é dar informação dos factos que estamos a presenciar. Tendo em conta a situação que o país atravessa, será possível alargar para os 40 municípios até Dezembro deste ano? O nosso objectivo é avançar para esta direcção, mas utilizando o critério fundamental do processo de cadastramento. Portanto, temos um processo de cadastramento que deve chegar a cerca de 800 mil agregados familiares. Depois, em função do cadastramento, os vários tipos de benefícios

Tomamos outra medida em que cortamos o grosso da terceirização dos trabalhos. Só vamos fazer a terceirização naqueles aspectos em que não temos condições de fazer O FAS é muito mais que o Kwenda. É evidente que o Kwenda hoje é um dos principais programas sociais e de combate à pobreza do Governo, mas o FAS é muito mais do que o Kwenda

que o projecto pode dar. Não vamos associar os 800 mil agregados cadastrados automaticamente a todos pagos. Conforme já expliquei aqui, há diferentes formas de benefícios que eles venham a retirar deste tipo de projectos. Eventualmente, outros tipos de intervenção do Estado ou dos privados podem usar este tipo de cadastramento. Estamos a ter agora, já nesta fase de cadastramento, privados que estão a sinalizar o projecto com intenção de ajudar as famílias com outros tipos de apoios. Se me perguntar que privado, claro que não vou dizer o nome. Isso é um outro tipo de benefício que inicialmente não estávamos a ver. Temos também que olhar para estes ganhos adicionais. Do FAS deve-se esperar disciplina, transparência e parcimónia na gestão: as pessoas que estão identificadas recebam os valores. Esse também é um dos desafios grande de um país como o nosso, que é o projecto é aprovado e realizado. Aquilo que é o nosso mandato nós estamos a fazer, por isso é que temos neste momento mais de 300 pessoas no terreno para pôr rigor no trabalho. As listas têm que ser revistas uma, duas ou três vezes com rigor e pormenor. Se há uma reclamação temos que atender. Se há uma crítica vamos atendê-la, porque a crítica não é nenhum problema. Antes pelo contrário: a crítica ajuda. Quanto melhor informada for a crítica, melhor nos ajuda para estabelecermos as discussões por razões certas e não outras coisas. A dado momento da apresentação deste projecto Kwenda, a secretária de Estado Laurinda Cardoso considerou-o como sendo o ‘ponto de viragem’. Até que ponto acredita que desta vez vai dar certo, quando temos produção que não é escoada, cooperativas com problemas e não há uma cadeia para que as pessoas não parem o ciclo? Isso não se resolve só com o projecto, mas, eventualmente, com algo que neste momento está a correr. A nível de cada um destes municípios estão a contribuir para a chamada intersectorialidade, isto é a complementariedade entre os projectos. O projecto Kwenda não vai apoiar um armazém lá onde já existe como inclusão produtiva. Não vai apoiar uma determinada iniciativa lá onde um projecto já está a apoiar.


Mundo

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O PAÍS Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

Trump nega ter sido informado sobre prémios russos aos talibãs para atacar tropas O NY Times noticiou Sexta-feira que os serviços de informações norte-americanos concluíram que responsáveis russos ofereceram recompensas por ataques bem-sucedidos a militares norteamericanos. O Presidente Trump disse ontem que desconhece a informação DR

Presidente norte-americano Donald trump

O

Presidente norte-americano, Donald Trump, negou, ontem, Domingo, ter sido informado pelos serviços de informações sobre alegados prémios prometidos pela Rússia aos talibãs para matarem tropas dos Estados Unidos no Afeganistão e desvalorizou as alegações contra Moscovo. “Ninguém me informou ou me disse, ao vice-residente [Mike] Pence ou ao chefe de gabinete Mark Meadows sobre alegados ataques às nossas tropas no Afeganistão por russos, como noticiado através de uma ‘fonte anónima’ pelo ‘fake news’ New York Times”, escreveu Donald Trump na rede social Twitter. “Toda a gente o nega e não houve muitos ataques contra nós…”, acrescentou.

O New York Times noticiou na Sexta-feira que os serviços de informações norte-americanos concluíram há vários meses que responsáveis russos ofereceram recompensas por ataques bem-sucedidos a militares norte-americanos, em 2019, quando os Estados Unidos e os talibãs negociavam um fim para o conflito no Afeganistão. A Casa Branca já tinha divulgado um comunicado no Sábado ao final do dia negando que Trump ou Pence tenham sido informados, apontando “a inexatidão da notícia do New York Times, que sugere erradamente que o Presidente Trump foi informado desse assunto”. O director nacional para os serviços de informações, John Ratcliffe, também afirmou que Trump e Pence “nunca foram informados de nenhuma informação” como “a alegada” pelo Times e acrescentou que o comunicado da Casa Branca “é exacto”. Num outro ‘tweet’, Trump reagiu a declarações do presumível candidato do Partido Democrata às presidenciais, Joe Biden,

que no Sábado disse que a notícia, se for verdade, é “uma revelação verdadeiramente chocante” sobre a incapacidade de Trump, comandante supremo das Forças Armadas, para proteger as tropas norte-americanas no Afeganistão e para fazer frente à Rússia. “Ninguém foi mais duro com a Rússia que a administração Trump. Com os corruptos Biden e [Barack] Obama, a Rússia teve a vida facilitada, anexando partes importantes da Ucrânia”, escreveu Trump no Twitter. A Rússia qualificou a notícia do NYT de “disparate”. “Este plano tão pouco sofisticado ilustra claramente as baixas capacidades intelectuais dos propagandistas dos serviços de informações norte-americanos, que, em vez de inventarem algo mais plausível vêm com este disparate”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo em comunicado. Um porta-voz talibã disse por seu turno que o grupo “rejeita com firmeza a alegação” e não é “devedor da beneficência de qualquer serviço de informações de

Rolling Stones ameaçam processar Trump se usar as suas músicas em comícios DR

Os Rolling Stones ameaçaram o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com uma acção na justiça se continuar a usar as suas músicas em acções de campanha, segundo o Observador

N

um comunicado divulgado pela imprensa norte-americana, os Rolling Stones adiantam que entregaram o assunto aos seus advogados e que estão em contacto com a associação internacional que protege os direitos de autor (BMI) com o objectivo de impedir o uso não autorizado das músicas por Donald Trump. A campanha de Trump usou a canção “You can´t always get what you want” no seu último comício em Tulsa, Oklahoma, e já o tinha feito pela primeira vez

em 2016, também num comício. “Esta pode ser a última vez que o Presidente Donald Trump utiliza canções dos Stones”, refere o comunicado da banda, citado pelo diário ‘Deadline’, especializado em notícias sobre Hollywood e o mundo do entretenimento. “Apesar das indicações de cessação e desistência de Donald Trump no passado, os Rolling Stones decidiram tomar medidas adicionais para impedir a utilização das suas canções no futuro e em todas as suas acções de campanha”, adianta o mesmo comunicado.

“A equipa de advogados da banda britânica está a trabalhar com a BMI”, refere ainda o comunicado, para acrescentar que a BMI notificou a campanha de Trump, em nome dos Rolling Stones, de que o uso não autorizado das suas músicas constituirá uma violação dos contratos que protegem os direitos de autor e que, se a utilização persistir, enfrentará um processo por reprodução não autorizada de música. Esta não é a primeira vez que Trump tem problemas por usar canções nos seus comícios de forma não autorizada pelos autores.

Os Rolling Stones em concerto

A família de Tom Petty, falecido em 2017, também avisou o Presidente Trump para não usar a música “I won’t back down” no comício de Tulsa.

Através da rede social Twitter, a família de Petty precisou que, além de não ter autorizado a reprodução da música, o cantor nunca concordaria que uma can


O PAÍS Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

25 DR

Quase um em cada três pilotos de avião tem uma licença falsa no Paquistão

C Mantém-se a tensão na fronteira entre a China e a Índia

China envia lutadores de artes marciais e alpinistas para fronteira com Índia A China reforçou as tropas junto à fronteira com a Índia com al-

pinistas e lutadores de artes marciais, pouco tempo depois de um confronto mortal, segundo o Jornal de Notícias

E

m meados de Junho, as tropas dos dois gigantes asiáticos envolveram-se em violentos confrontos, no vale de Galwan, no Oeste dos Himalaias, que resultaram na morte de 20 militares indianos. A China não confirmou se houve baixas entre as suas fileiras, em resultado daquele que foi o pior confronto entre os gigantes asiáticos desde 1962. Segundo o jornal chinês “Diário da Defesa”, um jornal militar oficial, cinco novas divisões da milícia, incluindo lutadores de artes marciais mistas e alpinistas que participaram na equipa que transportou a Tocha Olímpica ao topo do Everest, foram mobilizados. O canal de televisão nacional

CCTV divulgou imagens de centenas de soldados em formatura na capital do Tibete, na região próxima da fronteira com a Índia. O envio das milícias, incluindo os elementos de artes marciais mistas, “vai melhorar muito a organização e a força de mobilização” das tropas bem como a sua “velocidade de resposta”, referiu Wang Haijiang, comandante da zona regional militar. Os milicianos foram recrutados para “fortalecer a fronteira”, sublinha o jornal, num artigo publicado na semana passada na rede social WeChat, segundo avança a agência France-Presse, não estabelecendo nenhuma relação direta entre este reforço de presença junto à fronteira e as ten-

sões com a Índia. Tensão sobre territórios A China reivindica cerca de 90 mil quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia. A Índia diz que a China ocupa 38 mil quilómetros quadrados de território no planalto de Aksai Chin, na região dos Himalaias, uma parte contígua da região de Ladakh. A Índia declarou unilateralmente Ladakh um território federal em Agosto de 2019. A China foi dos poucos países a condenar fortemente a medida, referindoa em fóruns internacionais, incluindo no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A ONU instou os dois lados a “exercerem máxima contenção”.

onclusão surge na sequência de uma investigação após o acidente que resultou na morte de 97 pessoas no sul do país, em Maio. Mais de 30% dos pilotos aéreos civis no Paquistão têm licenças falsas e não estão aptos a voar, avançou esta semana o ministro da aviação do país. De acordo com a CNN, Ghulam Sarwar Khan revelou à Assembleia Nacional do Paquistão que 262 pilotos “não fizeram, eles próprios, o exame” - em vez disso pagaram a outra pessoa para fazer o exame no seu lugar. “Não têm experiência de voo”, revelou. O Paquistão tem 860 pilotos no ativo a trabalhar nas linhas domésticas, incluindo a Pakistan Intenational Airlines (PIA), a companhia aérea de bandeira do país. A PIA proibiu entretanto os pilotos com licença falsa de voar, uma decisão com efeitos imediatos. UBSCREVER A conclusão revelada pelo governante consta de um relatório preliminar de uma investigação

ao acidente aéreo que vitimou 97 pessoas em Karachi, no sul do país, a 22 de Maio último. Ghulam Sarwar Khan não especificou se os pilotos deste avião também teriam uma licença falsa. Segundo o relatório, os dois pilotos estavam a discutir o coronavírus momentos antes de o avião se despenhar. “Os dois pilotos estavam a discutir o coronavírus durante o voo. Não estavam focados. Estavam a falar do coronavírus e de como afetou as suas famílias”, sublinhou Khan, acrescentando que os pilotos estavam “demasiado confiantes”. Segundo o ministro da aviação, os pilotos foram “avisados três vezes de que o avião estava demasiado alto e que não deveriam aterrar, “mas o comandante não deu ouvidos às instruções”. De acordo com o relatório o avião tentou aterrar, mas não baixou o trem de aterragem, e acabou por tocar ainda na pista, o que causou danos irreversíveis ao aparelho. O avião voltou a levantar, mas acabou depois por se despenhar sobre uma área residencial. DR

Casos globais de coronavírus superam 10 milhões

O

s casos globais de coronavírus ultrapassaram 10 milhões ontem Domingo de acordo com contagem da Reuters, uma importante marca na disseminação da doença respiratória que já matou mais de meio milhão de pessoas em sete meses. O número representa cerca do dobro de casos de doenças por in-

DR

fluenza severa registrados anualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. A marca acontece no momento em que muitos países duramente afectados estão afrouxando as restrições ao mesmo tempo em que fazem fortes alterações em relação a trabalho e vida social que podem durar ao menos um ano até que uma vacina esteja disponível.

América do Norte, América Latina e Europa respondem cada um por cerca de 25% dos casos, enquanto Ásia e Oriente Médio têm cerca de 11% e 9% respectivamente, de acordo com contagem da Reuters, que usa relatórios governamentais. Há mais 497 mil mortes ligadas à doença até agora, o mesmo que o número de mortes por influenza relatadas anualmente.


desporto

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O PAÍS Segunda-feira, 27 de Junho de 2020

Inter do Lubango realiza Assembleiageral no próximo Sábado DR

Na próxima semana, a formação da cidade do Lubango contará com um novo presidente, de entre os três candidatos na corrida ao cadeirão máximo referente ao ciclo olímpico 2020/2024

José Mudila, presidente cessante, Fernanda Leonor e Fernando Tamgo são os candidatos ao cadeirão máximo no Inter do Lubango. Sócios, com quotas pagas, vão exercer o seu direito de voto, por isso adivinha-se uma luta renhida no pleito que decorre na próxima semana. De acordo com os regulamentos, a massa votante deve comparecer a tempo e horas no palco da votação, para não se evocar fraude. Futebol, basquetebol e atletismo são as principais modalidades que a turma da Polícia Nacional na terra do ‘Cristo Rei’ movimenta. O Inter do Lubango tem o atletismo como a modalidade rainha do seu leque de actividades, ou seja, nas provas da federação angolana da modalidade, liderada por Bernardo João, o clube tem feito bons resultados Num passado recente, a formação da cidade do Lubango já deu cartas no futebol nacional, como é evidente, os candidatos pretendem revitalizar o futebol naquelas paragens.

Mário Silva

O

Inter do Lubango (província da Huíla) realiza eleições no próximo Sábado, pleito referente ao ciclo olímpico 2020/2024, de acordo com a organização. Na cidade do Lubango, o acto vai decorrer na sede do clube, presença de membros e altos dirigentes daquela formação, às 10:00.

Mário Silva

O

antigo treinador da Selecção Nacional sénior masculina de basquetebol, Victorino Cunha, defendeu que é ideal o país apostar no modelo da ‘bola ao cesto’ americano ou europeu, porque actualmente a modalidade no país está descaracterizada. O também assessor da ministra da Juventude e Desportos, Ana Paula Sacramento Neto, explicou que o modelo americano e europeu fundamenta-se em muita car-

DR

los Guimarães e outros. Victorino Cunha também orientou o 1.º de Agosto, formação com que conquistou

DR

A

Victorino Cunha defende novo modelo para o basquetebol ga de trabalho com qualidade em que a defesa, em relação à questão táctica, é básica. Aliás, Victorino Cunha disse que ninguém nasce lançador, mas fazse, só com os conteúdos de sessão de treinos. Ao serviço da Selecção Nacional, o antigo treinador conquistou vários campeonatos africanos, por isso é um nome a respeitar-se em África. Victorino Cunha fez história nos Jogos Olímpicos de Barcelona 92 ao vencer a Espanha, num jogo em que os angolanos foram melhores na ponta final. Pelas mãos do ex treinador passaram Jean Jacques, David Dias, Necas, Honorato Troço, José Car-

Mario Gómez termina carreira e não acompanha Estugarda na subida

vários campeonatos nacionais, por isso o pavilhão no rio seco foi baptizado com o seu nome.

os 34 anos, o avançado Mario Gómez decidiu colocar um ponto final na carreira. Desta forma, o dianteiro de origens espanholas não acompanha o Estugarda, clube onde se formou e onde pendura as chuteiras, no regresso à Bundesliga. Internacional A alemão em 78 ocasiões (31 golos), Gómez destacou-se sobretudo ao serviço do Bayern Munique entre 2009 e 2013. Na altura, os bávaros pagaram 30 milhões de euros ao Estugarda pela sua contratação. Mario Gómez terminava contrato com o Estugarda na próxima Terça-feira e encerra a sua passagem pelo futebol ao mais alto nível com uma Liga dos Campeões, três Bundesligas, duas Taças da Alemanha, duas Supertaças da Alemanha e um campeonato turco (Besiktas).


O PAÍS Segunda-feira, 27 de Junho de 2020

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Adingono pode o deixar Petro daniel miguel/arquivo

O

camaronês Lazare Adingono pode deixar de ser treinador da equipa de basquetebol do Petro de Luanda caso se mantenha o diferendo entre as partes, com o técnico a “exigir” a renovação do contrato por duas épocas, enquanto o clube propõe apenas uma. O “braço-de-ferro” persiste, apesar do longo tempo de negociação entre a colectividade, liderada por Tomás Faria, e o treinador, cujo contrato termina na Terça-feira (30). No Sábado, após a Assembleiageral extraordinária de sócios, realizada em Luanda, o vice-presidente para o basquetebol, Artur Barros, anunciou o facto à Angop, referindo que a prevalecer a situação existe uma lista de candidatos nacionais e estrangeiros. O responsável disse ser intenção manter o treinador na equipa para a manutenção dos objectivos preconizados, mas caso não haja entendimento nada mais tem a fazer senão lamentar a situação.

Referiu que, além da ideia de garantir o concurso de Adingono, trabalha-se igualmente na renovação com os principais activos da equipa, garantindo que alguns estão já confirmados, numa altura em que se procura por dois reforços norteamericanos. Comedido nas palavras, evitou citar nomes, mas manteve-se em silêncio quando se lhe colocou a questão sobre a manutenção de Carlos Morais, Olímpio Cipriano e Leonel Paulo, três atletas dos mais influentes no campeão nacional. Desde 2012 ao serviço do Petro, Lazare Adingono conquistou dois campeonatos nacionais (2015 e 2019), duas Taças de Angola (2013 e 2014) e uma Taça de África dos Clubes Campeões (2015). O seu trabalho também é apreciado na perspectiva da integração de jovens atletas na equipa principal, alguns atingiram já estatuto entre as referências, como os casos de Gerson Lukeny, Childe Dundão e Quinzinho.

Barkley revela duríssimo discurso de Lampard no balneário

O

Chelsea garantiu, ontem, um lugar nas meias-finais da Taça de Inglaterra, vencendo em Leicester por 1-0. Porém, a primeira parte dos blues no King Power não terá agradado ao treinador e Ross Barkley, autor do golo na segunda parte, contou à BT Sport a conversa que houve no bal-

DR

neário ao intervalo. “Disse-nos que, a jogar como estávamos a jogar na primeira parte, não éramos bons o suficiente para envergar o símbolo do Chelsea. E, mesmo na segunda parte, eu e os meus colegas podíamos ter feito melhor no último passe”, apontou o inglês.

Nélson Oliveira falha mundiais

A

UCI confirmou a realização dos Campeonatos do Mundo de 20 a 27 de Setembro em Aigle e Matigny na Suíça, mantendo o programa de corridas previsto, o que vai impedir o português Nélson Oliveira de participar na pro-

va de contrarrelógio. Depois do realinhamento do calendário internacional e em particular do World Tour, existia a possibilidade de o contrarrelógio misto se realizar no primeiro dia, como aconteceu no ano passado, e o exercício individual avançar

para Quarta-feira. Como tal não sucedeu, os corredores que disputarem a Volta à França não poderão participar na corrida, a menos que desistam da prova francesa, cujo último dia coincide com o do contrarrelógio individual.


classificados emprego

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O PAÍS

imobiliário

Urbanização Vila do Cacuaco

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12 Hectares bem localizados a beira-mar, isto é antes da Barra do Kwanza

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diversos



TEMPO

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O PAÍS

Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 29 A 01 DE JULHO DE 2020 INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT)

Das 18 horas do dia 28 às 18 horas do dia 29 de junho de 2020 REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul:

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 29 de junho a 01 de julho de 2020 Data 29 / 06 / 2020

Data 30 / 06 / 2020

Data 01 / 07 / 2020

CIDADE Mín

Máx

Estado do Tempo

Mín

Máx

Estado do Tempo

Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

CABINDA

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Parcialmente nublado.

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

22

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

SUMBE

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

21

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

22

27

Parcialmente nublado, Neblina matinal.

CAXITO

21

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Nublado, Neblina matinal.

22

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Nublado, Neblina matinal.

21

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Nublado, Neblina matinal.

MBANZA CONGO

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Nublado, Neblina matinal.

18

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Nublado, Neblina matinal.

18

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Nublado, Neblina matinal.

UIGE

14

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

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27

Nublado, Neblina matinal.

15

29

Nublado, Neblina matinal.

NDALATANDO

14

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

13

30

Parcialmente nublado, Neblina matinal.

13

29

Parcialmente nublado, Neblina matinal.

MALANJE

12

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Pouco nublado, Neblina matinal.

11

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

13

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Parcialmente nublado.

DUNDO

20

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Parcialmente nublado.

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Parcialmente nublado.

20

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Parcialmente nublado.

14

30

Pouco nublado.

13

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Pouco nublado.

SAURIMO

13

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Parcialmente nublado.

BENGUELA

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Pouco nublado, Neblina matinal.

18

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Pouco nublado, Neblina matinal.

17

30

Parcialmente nublado, Neblina matinal.

HUAMBO

01

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Pouco nublado.

02

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Geralmente limpo.

01

25

Geralmente limpo.

CUITO

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Pouco nublado.

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Geralmente limpo.

07

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Geralmente limpo.

LUENA

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Pouco nublado.

09

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Geralmente limpo.

08

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Geralmente limpo.

LUBANGO

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Geralmente limpo.

14

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Geralmente limpo.

13

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Geralmente limpo.

MENONGUE

09

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Geralmente limpo.

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Geralmente limpo.

09

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Geralmente limpo.

MOÇÂMEDES

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Pouco nublado, Neblina matinal.

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

14

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Parcialmente nublado, Neblina matinal.

ONDJIVA

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Geralmente limpo.

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Geralmente limpo.

08

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Geralmente limpo.

Os Meteorologistas: José Cachimbuandungue e Edmara Pereira

Fonte: INAMET

Céu pouco nublado, tornando-se nublado durante a madrugada e manhã em quase toda a região. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios das províncias de Zaire, Uíge, Malanje, Luanda, Bengo, Cuanza-Norte e Cuanza-Sul REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado em quase toda a região. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu geralmente limpo em quase toda a região. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província do Namibe.

Luanda, 28 de junho de 2020

Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

TEMPO no mar

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 TU DO DIA 28/06/2020 ÀS 18:00 TU DO DIA 29/06/2020.

INSTITUTO DEDE METEOROLOGIA E GEOFÍSICA 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DONACIONAL DIA 28 JUNHO DE 2020:– INAMET

Centro Nacional de Previsão do Tempo Circulação moderada de Sudeste/Sudoeste entre os paralelos 4°S e 14°S (Cabinda a Benguela), e circulação forte de SudoesteBOLETIM entre os paralelos 14°S e A18°S (Namibe). METEOROLÓGICO PARA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

2. VÁLIDA ATÉ ÀS TU DO DIA 29 DE JUNHO DE 2020: 1. PREVISÃO SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 28 DE 18:00 JUNHO DE 2020:

Circulação sudeste/sudoeste entre3.8 os paralelos 4°S e DE 14°S ALTURA (Cabinda à Benguela), e circulação forte de sudoeste os paralelos 14°S e 18°S AVISO DEmoderada ONDASdeFORTES DE ATÉ METROS NA REGIÃO MARÍTIMA DOentre NAMIBE. (Namibe).

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 29 DE JUNHO DE 2020: AVISO DE ONDAS FORTES DE ATÉ 3.8 METROS DE ALTURA NA REGIÃO MARÍTIMA DO NAMIBE. REGIÃO

ESTADO DO TEMPO

VENTO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

DIRECÇÃO FORÇA (KT)

Cabinda (4°S – 6°S)

Nublado pela tarde

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S)

Neblina

Benguela (12°S – 14°S)

Neblina

Namibe (14°S – 18°S)

Geralmente limpo

Sudoeste

06 à 12

Até 1.6

Agitado

Moderada (Superior a 6)

Sudeste/ Sudoeste

06 à 14

Até 2.2

Agitado

Fraca a Moderada pela manhã (Inferior a 6)

Sul/ Sudoeste

06 à 14

Até 2.6

Muito Agitado

Fraca pela manhã (Inferior a 4)

Sudoeste

Até 23

Até 3.8

Muito Agitado

Boa (Superior a 9)

O anticiclone de Santa Helena, com a pressão central de 1025hPa, permanecerá estacionário, influenciando o padrão e a intensidade do vento nas próximas 24 horas. Assim, prevê-se mar agitado para as regiões marítimas de Cabinda, Zaire, Luanda, Bengo e Cuanza-Sul, com ondas máximas entre 1.6 e 2.2 metros de altura, e para as regiões marítimas de Benguela e Namibe prevê-se mar em estado muito agitado, com ondas máximas entre 2.6 e 3.8 metros de altura. Prevê-se visibilidade fraca a moderada durante a madrugada e manhã nas regiões marítimas do Zaire a Benguela, devido à possibilidade de ocorrência de neblina.

4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


OPINIÃO

O PAÍS Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

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Kajim Bangala dr

Funji de Bacalhau

O

bar do Manel reabriu depois de um longo período fechado por força do Estado de Emergência. Ninguém dispensa uma ida ao bar do Manel e molhar o bico. A boa cozinha da casa é um atrativo. É o único lugar na cidade onde se pode encontrar um funji de bacalhau ao molho xuxuado. Talvez em toda Angola não se encontre esta “esdrúxula” combinação do peixe norueguês com o funji. Ideia genial do Manel. Encontrei -me lá, acidentalmente, com o meu amigo, Justino, que não via há séculos : - És tu mesmo? - Que raio de pergunta ! - Pensaste o quê? Que eu já tinha baicado? - Não, pensei que foste eleito deputado ! Gluc ! Gluc ! Gluc ! ( Deu três goles seguidos numa cucalata) Eram por aí umas 11H00. Uma hora depois, o garção veio com o quadro anunciando o menu do dia: cabrito no forno com batatas coradas; pernil de borre-

go com arroz e salada; frango de caril e, por fim, funji de bacalhau ao molho xuxuado. O Mariano de Almeida é que baptizou assim o molho. Trata-se de molho de tomate, cebola e quiabos, a que se acrescenta pimento. Este molho é competentemente adubado com um funji de milho. O bacalhau, grelhado, vem à parte. Eu estava a explicar ao Justino as características deste prato e ele aderiu de imediato. Chamei a mana garçonete : - Afilhada, por favor, queremos um funji de bacalhau para dois. - Sabia: o padrinho ia pedir este prato. - Despache-se, estamos com fome.-É pra já, padrinho, hoje vai me dar aquela gorjeta. -Vou ver : não esqueça o ventilador e um frasco de uvas fermentadas no kitalaleso. A garçonete lançou um muxoxo sonante. (mxiuuuuu ) O Justino não apanhou nada. Só quando chegou a “mobília “ é que, discretamente, aproximou o

corpo e perguntou : - Que raio de coisa é essa, kitalaleso?- Espera um pouco, já vais ver. - Eu a dar-te de morto, afinal estás mais vivo do que nunca. -Pois... Só o seguro morreu de velho. - E o ventilador que pediste é para quê? -Para nos soprar porque o funji vem muito quente ! Toda “mobília “ montada na mesa, faltava o ventilador e o kitalaleso. O Justino desconfiado que lhe estava a enfiar um barrete. Então, a minha afilhada trouxe o jindungo de cahombo bem avermelhado e anunciou : -Este sopra bem, padrinho ! Oh ! Afinal o ventilador é o jindungo? -Prova, mó mano, prova. Afuuu... Afuuu.. Uhuuu.. Uhuuu. ( O calor a atacar o Justino) Agora, sugeri-lhe, para veres que estou vivinho da silva, eis a receita de um meu amigo que conheci quando trabalhei naquele ministério (citei o ministério). Beba três goles do vinho que está no kitalaleso.


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O PAÍS Segunda-feira, 29 de Junho de 2020

Taxas de Câmbio dos Bancos Comerciais

Sábado a Segunda-Feira, 27 a 29 de Junho de 2020 Taxa de Câmbio Actual Compra

Venda

BANCOS COMERCIAIS

USD/KZ

EUR/KZ

USD/KZ

EUR/KZ

Finibanco Angola - (FNB)

568,443

637,935

629,348

706,285

Banco Valor - (BVB)

576,237

645,861

620,517

695,491

Banco de Negócios Internacional - (BNI)

568,443

637,935

611,946

690,011

Banco de Crédito do Sul - (BCS)

573,733

643,757

609,815

684,243

Standard Bank Angola - (SBA)

580,044

650,954

609,046

683,502

VTB África - (VTB)

574,244

644,444

607,840

682,148

Banco de Poupança e Crédito - (BPC)

568,829

642,891

604,816

682,907

ĂŶĐŽ WƌĞƐơŐŝŽ Ͳ ; W'Ϳ

556,842

624,916

603,246

676,992

Banco Sol - (BSOL)

574,244

644,444

603,246

676,992

ĂŶĐŽ ĂŝdžĂ ŶŐŽůĂ Ͳ ; ' Ϳ

579,470

650,195

602,764

676,331

Banco Comércio e Indústria - (BCI)

567,789

637,088

602,626

676,177

Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA)

577,542

654,706

600,144

689,855

Banco Económico - (BE)

579,356

650,066

599,752

672,951

Banco Comercial do Huambo - (BCH)

576,734

651,825

599,688

677,768

Banco de Fomento Angola - (BFA)

573,733

643,757

599,551

672,726

Banco Keve - (BKEVE)

562,258

630,882

597,830

670,795

ĂŶĐŽ / DŝĐƌŽĮŶĂŶĕĂƐ Ͳ ; D&Ϳ

578,079

648,517

596,914

669,646

Standard Chartered Bank Angola - (SCBA)

550,956

618,200

596,854

665,574

Banco BIC - (BIC)

569,430

638,929

596,682

669,507

ĂŶĐŽ ŶŐŽůĂŶŽ ĚĞ /ŶǀĞƐƟŵĞŶƚŽƐ Ͳ ; /Ϳ

583,257

658,439

595,160

671,876

ĂŶĐŽ ĚĞ /ŶǀĞƐƟŵĞŶƚŽ ZƵƌĂů Ͳ ; /ZͿ

573,733

643,757

595,125

667,760

Banco Comercial Angolano - (BCA)

570,864

642,222

593,814

668,040

Banco da China Limitada - Sucursal - (BOCLB)

557,750

624,444

592,250

663,070

Banco Kwanza Invest - (BKI)

566,993

636,308

591,645

663,973

ĂŶĐŽ DŝůůĞŶŝƵŵ ƚůąŶƟĐŽ Ͳ ; d>Ϳ

570,864

640,538

590,945

663,070

Banco Yetu - (YETU)

573,733

643,757

590,945

665,001

Taxa Média dos Bancos Comerciais

571,292

641,799

601,635

676,257

Caso necessite de moeda estrangeira, dirija-se sempre aos bancos comerciais ou às casas de câmbio autorizadas. Não realize operações de compra ou venda de moeda estrangeira na rua/mercado informal, pois tal acarreta muitos riscos e é ilegal.

Fonte: FONTE: BNABNA

O que saber sobre o Coronavírus…

“O

álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontre-

mos”. “Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”.

UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.


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