CASOS DE COVID-19 SEM VÍNCULO SÃO JÁ 37 EM FOCO: Nas últimas 24 horas, as autoridades sanitárias
confirmaram mais nove novos casos de Covid-19, dos quais cinco são de transmissão local, contactos do caso 186, e quatro sem vínculo epidemiológico identificado, elevando a cifra para 37. P. 2 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @Jornalopaís facebook/opaís.angola @Jornalopais
Director: José Kaliengue
O DIÁRIO DA NOVA ANGOLA
Edição n.º 1884 Terça-feira, 30/06/2020 Preço: 40 Kz
TAXA DE MORTALIDADE BAIXA NO HOSPITAL SANATÓRIO DE LUANDA
Isabel dos Santos acusa Tribunal de Luanda de manipulação de processo l A empresária Isabel dos Santos
acusou o Tribunal Províncial de Luanda (TPL) de a impedir de se defender num processo de arresto de seus bens. P. 25
SOCIEDADE: O director clínico do Hospital Sanatório de Luanda, Damião Victoriano, disse, em entrevista ao Jornal OPAÍS, que a taxa de mortalidade bruta nesta unidade sanitária baixou, pois, no mês de Maio do corrente ano registaram 27.8%, quando no mesmo período do ano passado tinham registado 28.5% P. 10 JACINTO FIGUEIREDO
Ministro da Agricultura “iliba” Tchad de responsabilidade na morte de gado l O ministro afirmou que “não é
verdade que o gado que veio do Tchad introduziu a doença no país”, garantindo que a peripneumonia é circulante em Angola, sendo a região Sul, a detentora de maior efectivo bovino, onde ela prolifera. P. 19
SIC INVESTIGA USO DE ARMAS DE FOGO EM TEMPLOS DA IURD
Recreativo do Libolo pode resgatar o basquetebol l Novo presidente de direcção do
P. 12
E AINDA NO CARTAZ: Obra ecológica “Lixo ao Luxo” garante prémio a Eduardo Vueza
União dos Escritores Angolanos promove sessão de venda de livros
Para Naomi Campbell, “Black Lives Matter” vai alterar indústrias da moda e beleza
Recreativo do Libolo do Cuanza-Sul, Luís Mariano Carneiro prometeu à imprensa resgatar o basquetebol, modalidade extinta por dificuldades financeiras, há dois anos. P. 27
EM FOCO
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O PAÍS Terça-feira,30 de Junho de 2020
ACTUALIZAÇÃO COVID-19 Diária sobre o Coronavírus A partir do Centro de Imprensa Aníbal de Melo
Mais nove casos de Covid-19 e 37 sem vínculo epidemiológico NAMBI WANDERLEY
Nas últimas 24 horas, as autoridades sanitárias confirmaram mais nove novos casos da Covid-19, dos quais cinco são de transmissão local, contactos do caso 186 e quatro sem vínculo epidemiológico identificado, elevando a cifra para 37, revelou, ontem, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda Maria Teixeira
O
governante disse que entre os nove novos casos de infectados, cinco são de amigos e familiares do caso 186, contaminados em convívio, mas são assintomáticos. “Os cinco casos de contaminação local são assintomáticos e aconteceram entre amigos e familiares, ou seja, em convívio”, revelou, Franco Mufinda. O secretário de Estado para a Saúde Pública, que falava na habitual actualização de dados sobre a pandemia no país, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, esclareceu que os quatro casos sem vínculo epidemiológico fo-
ram encontrados nos trabalhos de rastreios de doenças respiratórias agudas nos centros sentinela, que são as clínicas Girassol e Sagrada Esperança. Entretanto, explicou que dos nove contagiados, seis são do sexo feminino e três do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 15 e os 65 anos. “Reafirmamos que continuamos a trabalhar na investigação das cadeias de transmissão através de ensaios comunitários serológicos e conglomerados e grupos de risco e rastreio de casos de
doenças respiratórias agudas nos centros sentinela”, detalhou. Franco Mufinda contou que por essa altura se contabilizam 37 casos sem vínculos epidemiológicos. Por outro, o governante disse que está em curso a construção de árvores epidemiológicas no fito de desvendar as cadeias de transmissão, estabelecendo as “linkagens” entre os casos. Recordando que a situação actual da Covid-19 em Angola inspira prudência de todos, tanto de forma individual, como colectiva.
“Não devemos recuar no cumprimento obrigatório das medidas de prevenção que são o uso da máscara, a lavagem das mãos com frequência, o distanciamento físico, o acatamento das medidas contidas no decreto sobre o estado de calamidade pública e a não violação das cercas sanitárias”. 276 casos positivos, 11 mortes Com estes números, a estatística aponta para 276 casos positivos, dos quais 11 mortos, 93 recuperados e 172 activos. A trans-
missão local passou para 204 casos. Em relação às actividades laboratoriais, Franco Mufinda fez saber que o país tem um acumulado de 25.104 amostras recebidas, das quais 276 positivas, 18.919 negativas, o resto encontra-se em processamento. “Nas últimas 24 horas, chegamos a processar 311 amostras, das quais nove foram positivas”, contou. Disse ainda que 1.092 pessoas observam a quarentena institucional em todo o país e que fo-
O PAÍS Terça-feira,30 de Junho de 2020
Polícia realizou mais de 130 mil acções de sensibilização O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Interior, sub-comissário Waldemar José, disse que as forças de defesa e segurança, no período de 26 de Maio a 25 de Junho, do estado de calamidade, realizaram 130.377 acções de sensibilização, daos quais 32.356 de policiamento ostensivo de persuasão. Entretanto, montaram 10.620 barreiras de trânsito e realizaram 8.371 dispersões de aglomerados. O subcomissário disse ainda que as
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forças de defesa e segurança registaram a entrada de 28.817 viaturas que traziam medicamentos e bens essenciais na cerca sanitária de Luanda, bem como a saída de 23 mil viaturas que transportavam o mesmo material. Foram encerradas 146 estabelecimentos de diversão nocturna a nível nacional, interdição de 107 actividades desportivas colectivas e o encerramento de 642 mercados de venda ambulante e artesanal. De igual modo, foram interditadas 17 actividades de fórum religioso e 11 cerimónias fúnebres por excesso de pessoas. “Quanto às actividades recreativas e culturais, fez-se a dispersão de 60 aglomerados”, frisou.
Mais 1.000 pessoas observam a quarentena institucional Por outro lado, Franco Mufinda revelou que as autoridades sanitárias da província da Lunda-Norte encaminharam ao Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS) 59 amostras suspeitas dos municípios de Chitato, Cambulo e Lucapa. Entre as actividades realizadas por províncias, destacam-se a do Bengo que reportou palestras de sensibilização sobre as medidas de prevenção da Co-
Mais de três mil detidos por desobediência Waldemar José disse ainda que neste mesmo período procedeu-se à detenção de 3.529 pessoas, das quais 658 por desobediência às ordens dos agentes da autoridade, 466 por violação da cerca sanitária nacional, 212 por violação de cerca sanitária provincial, sete por corrupção a agentes da autoridade, 234 por desacato ou resistência aos agentes da autoridade e 1962 por violação da fronteira Cinco mil veículos apreendidos Foram aprendido 5.355 veículos motorizados, sendo 1.305 viaturas, por excesso de lotação e 4.050 motorizadas pelo exercício de moto-táxi. Fez saber que foram realizados 88
Estrangeiros obrigados à regressar O sub-comissário Waldemar José disse que se registou 571 violações da fronteira, das quais 430 por entrada ilegal e frustrada, 103 por saída ilegal frustrada, dois por garimpo ilegal, 24 por contrabando de combustível e 22 por imigração ilegal. “Obrigou-nos ao retorno ao país de proveniência de 2.305 cidadãos estrangeiros, sendo 1.960 da República Democrática do Congo, 320 namibianos bem como 25 zambianos”, revelou. Entretanto, houve a apreensão de 53.262 litros de combustível.
vid-19 na aldeia Zala, município de Bula Atumba. No Bié foram realizadas palestras de sensibilização sobre as medidas de prevenção da Covid-19 com lideranças religiosas do Cuíto. A Lunda-Sul procedeu à desinfecção de 11 localidades como no município de Dala, enquanto a província do Uíge realizou a desinfecção de duas igrejas, nas localidades de Candombe Velho e no município do Uíge. NAMBI WANDERLEY
ANÚNCIO DE VAGA A Universidade Internacional do Cuanza, criada pelo Decreto Presidencial número 61/20 publicado no Diário da República Série I, de 3 de março de 2020, inicia um processo selectivo para contratação de seu Secretário Geral. Imprescindível: - Formação universitária relacionada directamente com as áreas de Direito e/ou Administração do Estado. Qualificação positiva à menção de Doutor em Direito ou Advocacia. - Competência comprovada em formação, responsabilidade e compromisso com o trabalho, pois actuará como Ministro de Fé nos processos acadêmicos e administrativos da Universidade, assessorando o reitorado e aos decanatos, em todas as funções que a este lhe compete. - Competência e experiência em processos administrativos universitários ou na Administração Geral das universidades de Angola. - Capacidade comprovada em liderança na direção e incentivo do trabalho em equipa nos sectores de Admissão de Alunos, Secretaria Acadêmica e Registro Universitário (expedientes de alunos, títulos e diplomas). Envie a sua candidatura E-mail: info@unic.co.ao Telemóveis: 932 884 895 / 993 908 786 www.unic.co.ao
ram atribuídas altas a 49 pessoas, sendo 34 na província de Luanda, 12 na Huíla, duas no Cuando Cubango e uma na Lunda-Norte. Franco Mufinda disse que há ainda 515 casos suspeitos investigados, enquanto os contactos sob investigação são 2.215 pessoas. O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) recebeu, em igual período, 70 chamadas, das quais sete foram de denúncias de violação do estado de calamidade e 63 pedidos de infor-
julgamentos sumários e que os demais processos correm os seus trâmites legais.
mação sobre a Covid-19. “Informamos por outra, que hoje [ontem] chegou mais um voo ao país, trazendo material de bio-segurança e equipamentos hospitalares. É mais uma aquisição do Executivo”, contou. Fez saber que as formações continuam nos eixos todos: gestão de casos, bio-segurança, comunicação e informação e, que também, têm um trabalho actuante a nível da comunidade no que toca a informação, comunicação e educação.
Cuito, aos 28 de junho de 2020
4 DESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 8 “Remendos” nos OGE condicionam execução das políticas públicas e atrasam desenvolvimento do país
SOCIEDADE. PÁG. 10 Taxa de mortalidade baixa no Hospital Sanatório de Luanda
o editorial
O PAÍS
HOJE: os números do dia
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Atenção ao BP dos camaradas
CARTAZ. PÁG. 14 União dos Escritores Angolanos promove sessão de venda de livros
ECONOMIA. PÁG. 18 Ministro da Agricultura “iliba” Tchad de responsabilidade na morte do gado
Terça-feira, 30 de Junho de 2020
O
MPLA tem hoje uma reunião importante da sua cúpula e da qual sairão, medidas que deverão ter impacto no país. Sim, porque o MPLA é o partido que governa o país e porque o seu Bureau Político é uma espécie de célula decisora, basta olhar para estrutura da organização. O ideal seria que o Bureau Político fosse uma espécie de núcleo pensante, mas não havendo disso grandes evidências, já que ao que parece tudo isto está mais remetido ao Comité Central e ao Congresso, que definem as linhas mestras do percurso partidário, o Bureau Político não deixa de ser a máquina burocrática que administra e que põe o seu carimbo naquilo que é a gestão diária das políticas partidárias e as que o partido implementa no país. Ou seja, apesar de formalidade diferente, aquilo que o Bureau Político pensa é de extrema importância: Mais ainda agora, quando o adiamento autárquico é inevitável; quando a economia está uma miséria e a conjuntura internacional não ajuda. E a Covid-19 acentua a pobreza.
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500
Cidadão, cuja identidade não foi revelada, é acusado de ter morto a mãe e de enterrá-la, há mais de dois meses, no quintal da sua residência no bairro Maxinde, cidade de Malanje.
Cidadãos foram detidos pela Polícia Nacional na Huíla acusados de terem furado a cerca sanitária de Luanda.
Milhões é o caso que será retomado amanhã no Tribunal Supremo, em Luanda, envolvendo o antigo vice-governador do BNA e José Filomeno dos Santos.
8000
Habitantes abandonaram, desde 2008 até a presente data, a comuna do Moma, município do Quela, por dificuldades sociais que enfrentam resultante do mau estado do troço e da ponte sobre o rio Cubale.
o que foi dito
MUNDO. PÁG. 22 FMI prevê quase 40 milhões a caírem em pobreza extrema em África
“
Mas a dura realidade é que isso nem está perto de acabar. Embora muitos países tenham feito algum progresso globalmente, a pandemia está na verdade acelerando ” Tedros Ghebreyesus Director-geral da OMS
“
O bom médico, financeiro, empreendedor, Tivemos uma condi- sociólogo, governador, cionante que nos tem apenas o será quando levado a perder postos melhor for a experiênde trabalho. Ainda as- cia que tiver tido com o seu professor” sim, não podemos Loth Nolika cruzar os braços”
“
Teresa Dias Ministra do MAPTESS
Governadora do Huambo
O PAÍS
Terça-feira, 30 de Junho de 2020
5 e assim... José Kaliengue Director
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o cientista político Sérgio Dundão e compreenda mais sobre os principais problemas políticos que afligem o país
Nós e o nosso umbigo
O
www.opais.co.ao China: Pelo menos 12 pessoas morreram e 10 estão desaparecidas na sequências das chuvas fortes que atingiram o Sudoeste da China. Mais de 7.700 pessoas foram retiradas da região tibetana. (DR)
o que vai acontecer Sociedade A Câmara Criminal do Tribunal Supremo retoma hoje, Terça-feira (30) as sessões de julgamento do “Caso 500 milhões”, com as alegações finais pelas partes. Nesta fase, ante-penúltima antes da sentença, os advogados de defesa vão tentar evitar o “alicerçar” de uma decisão condenatória, enquanto do lado contrário a Procuradoria Geral da República (PGR), detentora da acção penal, estará empenhada na manutenção da acusação. Inicialmente marcadas para 25 de Março último, as alegações finais do julgamento sofreram um adiamento, na sequência das medidas da Covid-19..
Política O Bureau Político do MPLA vai apreciar, nesta Terça-feira, a situação política, económica e social do país, bem como questões que se prendem com a vida interna do partido, com realce para o processo de preparação e realização do VII Congresso Ordinário da OMA, marcado para o primeiro trimestre de 2020. A informação foi dada numa conferência de imprensa pelo secretário do Departamento de Informação e Propaganda do MPLA, Albino Carlos. O BP, o fórum vai analisar também regularização das direcções do MPLA nas províncias do Cunene, Huambo Luanda e Uíge.
Economia O Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) informou que realizará a 1 de Julho, a partir das 10 horas, uma sessão de esclarecimento dirigida aos investidores interessados em participar no concurso público de alienação das participações do Estado Angolano em empresas do sector de bebidas. O IGAPE reitera que a fase de habilitação de candidatos decorre até três de Julho. Os interessados devem manifestar o interesse em participar no concurso público e entregar os documentos indicados no Programa de Procedimentos.
Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.
egoísmo angolano não é coisa fácil, aliás, muitas vezes nem sequer é egoísmo, é pura ignorância. Sim, tanta que muito centrados no umbigo próprio tudo o que se passa ao redor é ignorado, até quando ameaçador, até quando a causar já estragos. Choveu em Moçambique, creio que toda a gente se lembra, e lá foi Angola a correr publicitando a sua solidariedade. Fez mal? Não, claro que não, apesar de alguma críticas internas. Aliás, o mesmo se fez aquando da erupção do vulcão na Ilha do Fogo, em Cabo Verde. Contudo, até porque interessava às autoridades, estes dois episódios mereceram largos debates derivados da larga cobertura mediatica promovida em Angola (sabemos como se faz). E agora? Agora, Moçambique está sob ataques terroristas, há mortes, muitas, e este processo, se não estancado, pode alastrar-se para mais países da região austral do continente africano, de que Angola faz parte. Entretanto, apesar da morte e do sofrimento que crescem em Moçambique, por aqui o silêncio é quase total, assobia-se para o lado e ponto final. É dos tais casos em que o olho colado ao umbigo não permite ver o buraco. Ou, se calhar, este assunto não permite grandes shows. Não falo em enviar militares (o que talvez nem fosse mau de todo), nem de helicópteros com câmaras de televisão, estou apenas a notar a ausência quase total do tema nos debates políticos e sociais, nos comunicados do Executivo e nos chamados “órgãos do Estado” que têm direito a fazer perguntas aos governantes mas que também não as fazem.
E também... Dia Mundial das Redes Sociais - 30 de Junho A data foi criada pelo site Mashable em 2010, como uma forma de reconhecer a revolução digital que fez dos media um ambiente social, celebrando-se anualmente a 30 de Junho desde então. O dia é comemorado com a organização de encontros informais de pessoas de todo o mundo por meios tecnológicos ou presencialmente. Alguns eventos são transmitidos online em directo e são abertos a todos, para tornar a data verdadeiramente social. O destaque dos encontros vai para a partilha de conhecimentos sobre as áreas transversais às redes sociais e sobre as especificidades destas.
6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
O PAÍS Terça-feira, 30 de Junho de 2020
NO TEMPO DO KAPARANDANDA
Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao
OPAÍS
Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images
Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, TalatonaLuanda. Tel: 222 009 444 República de Angola
Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares
30 de Junho de 1960 - O ex-Congo
Belga, actualmente República Democrática do Congo, torna-se Independente.
30 de Junho de 1998 - A Frelimo
vence as primeiras eleições autárquicas em Moçambique.
30 de Junho de
2009
- Angola procede ao deposito oficial, junto do gabinete do director-geral da UNESCO, da carta de Adesão à Convenção Internacional Contra a Dopagem no Desporto, emitida pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a 15 de Maio.
CARTA DO LEITOR
TPA e as lives
A Televisão Pública de ANGOLA está a mostrar, em tempos de Covid-19 que é a televisão de todos os angolanos. Ajustou a sua grelha de programação ao contexto de pandemia, quando algumas televisões saíram de férias. Cumpre com a sua missão de informar e ainda lhe sobra tempo para aos domingos entreter os angolanos e ajudar os que mais precisam, numa prova que afinal sabe fazer e oferecer serviço público de qualidade . A Live no Kubico é prova inequívoca de que na TPA há gente que sabe o que está lá a fazer. Criaram um conteúdo ímpar, com custo quase zero e alcançam resultados imensuráveis. A Live 3 Gerações do Semba é a prova inequívoca de que é possível fazer-se bonito com pouco, usando o talento dos seus melhores profissionais. Nos tempos idos, este mesmo show, feito em Portugal, custaria
DR
milhões de dólares, se fossem entregues aos mesmos de sempre. A Live 3 Gerações do Semba, um conteúdo de excelên-
cia, foi conseguida recorrendo a patrocinadores e não custou mais de 30 mil euros. Em tempos idos, alguém aproveitaria
para fazer fortuna. Desde que a TPA começou a fazer live’s, tem um custo quase zero de produção por conseguir apoios que pagam os custos do show. A TPA conseguiu desse modo, entreter o público, dar trabalho aos músicos, instrumentistas e mais que isso, arrecadar mais de 300 toneladas de cestas básicas que têm sido distribuídas em todo o país. É a confirmação de que não são necessários milhões de dólares, nem de facturas bilionárias em kwanzas que iam cair depois nos bolsos e nas contas de alguns chicoespertos . Fica claro que afinal era possível fazer coisas boas sem roubar descaradamente os cofres do Estado . O que a TPA precisa mesmo é de investimento tecnológico e valorização dos seus melhores quadros.
Salviano Sacramento
Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754
NÃO COMPRE MOEDA ESTRANGEIRA NA RUA! O RECURSO AO MERCADO INFORMAL PARA A NEGOCIAÇÃO DE MOEDA É ILEGAL E ACARRETA RISCOS: Existem muitas notas falsas em circulação no mundo inteiro. Não há garantia de que as notas da moeda estrangeira que comprar sejam autênticas. Não terá um recibo de compra para apresentação às autoridades, de forma a confirmar a legalidade da posse e da origem da moeda estrangeira, podendo vir a ser apreendida. O seu dinheiro poderá ser associado a recursos provenientes de tráfico de drogas, armas e outras actividades ilícitas, ficando sujeito às sanções aplicáveis.
RECORRA SEMPRE AOS BANCOS COMERCIAIS E CASAS DE CÂMBIO AUTORIZADAS PARA A AQUISIÇÃO DE MOEDA ESTRANGEIRA Para mais informações consulte www.bna.ao ou contacte +244 222 679 226
POLÍTICA
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O PAÍS
Terça-feira, 30 de Junho de 2020
“Remendos” nos OGE condicionam execução das políticas públicas e atrasam desenvolvimento do país Apesar de a legislação sobre o OGE dar folga para que o Estado possa fazer as revisões do orçamento sempre que o contexto exigir que o mesmo seja ajustado à realidade económica e social, ainda assim, especialista em políticas públicas defende a criação de alguma independência em termos de fontes de receitas e a aposta rigorosa na produção interna com vista a frear os constantes ajustes JACINTO FIGUEIREDO
Domingos Bento
A
poucos dias de ser discutido na Assembeleia Nacional, depois de ter sido apreciado e aprovado em Conselho de Ministros, o relatório de revisão do OGE 2020 continua a ser visto, por alguns especialistas, como uma medida bastante imprevisível em função das constantes oscilações do preço do barril de petróleo no mercado internacional. Na actual proposta, o OGE revisto para o exercício económico de 2020 prevê receitas estimadas em kwanzas 10. 407. 065. 675. 060,00 (dez biliões, quatrocentos e sete mil milhões, sessenta e cinco milhões, seiscentos e setenta e cinco mil e sessenta kwanzas). O documento estipula para o presente período o preço de referência de 33 dólares americanos por barril de petróleo, contra os 55 definidos no documento anterior, aprovado em Dezembro, e que previa despesas e receitas no valor de 15.875.610.485.070,00 de kwanzas (quinze biliões, oitocentos e setenta e cinco mil milhões e seiscentos e dez milhões, quatrocentos e oitenta e cinco mil e setenta kwanzas). Nos últimos anos, com a contínua queda do preço do petróleo o país tem imposto “constantes” emendas aos OGE anuais, o que, no entender de várias especialistas, demonstra o desequilíbrio da economia nacional. Porém, a escassos dias do relatório de revisão do Orçamento merecer o martelo da casa das leis, sob o crivo dos deputados, a especialista em políticas públicas Cecília Kitombe diz que as constantes emendas que (em vários anos) o OGE sofre, forçado pela baixa do preço do petróleo, remete o país numa situação vulnerável com efeitos negativos na execução das políticas públicas. De acordo com a também directora da Unidade de Comunicação e Advocacia Social da Acção de Desenvolvimento Rural e Ambiental (ADRA), não é satisfatório que as projecções económicas do país continuem dependentes da osci-
lação do preço do petróleo. É preciso, frisou, a criação de alguma independência em termos de fontes de receitas e aposta rigorosa na produção interna. No entanto, apesar de a legislação sobre o OGE prever que o Estado possa fazer revisões do Orçamento sempre que o contexto demandar para que o mesmo seja ajustado à realidade económica e social, ainda assim, a especialistas entende que as constantes revisões podem ser travadas com mecanismos que venham a criar melhor robustez na economia nacional. “Se quisermos crescer economicamente, não é satisfatório que as nossas projecções económicas continuem dependentes da oscilação do preço do petróleo. É preciso criarmos alguma independência em termos de fontes de receitas e aposta rigorosa na produção interna”, defendeu. Relativamente ao preço de referência do barril de petróleo, estabelecido na ordem dos USD 33, Cecília Kitombe disse que é um valor que está aquém das projecções, planos e compromissos políticos e sociais que o país determinou para este ano.
Para ela, é uma previsão nefasta para o que Angola tem para implementar em termos de desafios. Ainda de acordo com a técnica senior da ADRA, este valor coloca em cheque uma outra discussão que deve ser colocada no centro, que, esclareceu, é a questão da dívida pública. Conforme explicou, os orçamentos dos últimos três anos têm sido consumidos pela dívida e a previsão para este ano é de que o OGE absorva cerca de 60 por cento para o pagamento da divida pública. Porém, com estas projecções, notou, será fundamental o Executivo renegoceiar a dívida pública para que o seu peso seja equilibrado no OGE em relação a outras funções e não haja um colapso económico e social, mais do que já se está a viver. Mudanças e consequências Por outro lado, Cecília Kitombe afirmou que a revisão do OGE poderá ter consequências nefastas na vida dos angolanos, com o índice de pobreza em Angola a atingir cerca de 41 por cento da população e agravando-se cada vez mais, sobretudo pela fase da Covid-19 em
que o país se encontra. Para a Cecilia, o país ainda se debate com problemas no acesso aos serviços sociais básicos como a saúde, educação, água e outros, pelo que nem sempre as revisões se reflectem na melhoria das condições dos cidadãos. “Normalmente, ela ocorre para fazer-se ajustes e cortes nas despesas públicas. E a experiência mostra que a área social tem sofrido bastante com estes cortes. E é nesta área onde estão os cidadãos comuns e onde as necessidades de resposta da parte do Estado se impõem. Portanto, uma revisão do OGE acaba sendo mais um instrumento de ajuste governativo, apontou. Ainda segundo Cecília Kitombe, o valor de 35 doláres deverá agravar as condicões precárias em que se encontram muitos angolanos. Haverá, referiu, redução dos bens e serviços à população e, por outro lado, vai exigir, do cidadão, um esforço maior para adquirir o minimo para viver. “Sem esquecer a inflação, os preços dos produtos tenderão a aumentar cada vez mais. Por isso, sem querer ser pessimista, as mu-
danças tenderão a ser mais negativas do que positivas para os angolanos, o que quer dizer que continuaremos a apertar o cinto”, lamentou, tendo acrescentado ainda que .”Agora, é fundamental gerar uma base de informação para que os cidadãos possam estar por dentro dessas mudanças e possam compreender profundamente as razões”. Outrossim, a fonte disse ser preciso que se gere mais processos de participação e auscultação aos cidadãos. Para ela, não se pode continuar a tomar decisões políticas com incidência na vida pública sem que as pessoas participem. “Políticas alternativas e de grande escala e abrangência se impõem; a valorização do campo e da agricultura familiar deve ser massificada e adequada ao contexto”, sugeriu. Na proposta de revisão há uma redução das despesas públicas avaliadas em mais de Kz 6 biliões. Para Cecilia Kitombe, reduzir despesas públicas é fundamental, sobretudo num contexto onde se apreciou, ao longo dos últimos três, anos um aparelho do Estado com recursos apenas para permitir o funcionamento da máquina. No seu entendimento, os OGE dos últimos anos têm servido fundamentalmente para pagar os serviços da dívida e manter o sistema estatal funcional (despesas com pessoal, despesas correntes). Ante a situação, Cecília Kitombe defende uma mudança no sentido de as rubricas serem cortadas ou sofrerem reduções, sobretudo numa fase como esta, em que é fundamental garantir os recursos para os programas de investimentos públicos e para os programas de combate à pobreza de uma forma mais abrangente e sistemática. “Esta é uma redução de quase significativa que deve permitir uma abordagem que nos leve a continuar a reflexão sobre os mecanismos de garantia da eficiência dos recursos do Estado, permitindo a continua transparência orçamental, participação dos cidadãos e fiscalização do orçamento”, concluiu.
O PAÍS Terça-feira, 30 de Junho de 2020
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JACINTO FIGUEIREDO
MPLA analisa situação política e sócioeconómica do país O Bureau Político do MPLA realiza, hoje,
em Luanda, a sua segunda Reunião Ordinária, sob orientação do presidente do partido, João Lourenço JACINTO FIGUEIREDO
Executivo quer reduzir taxa de pobreza para 25 por cento até 2022 Para já, o Governo procedeu à revisão do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN), que viu, assim, a redução dos seus programas de 84 para 69 projectos de âmbito social e económico
Domingos Bento
O
Governo pretende, até 2022, reduzir a taxa de incidência da pobreza de 41 por cento para 25, anunciou, ontem, o ministro da Economia e Planeamento, Sérgio Santos. Para já, o governante, o primeiro passo foi a revisão do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) que viu, assim, a redução dos seus programas de 84 para 69 projectos de âmbito social e económico. Até lá, uma série de projectos sociais e económicos serão desenvolvidos em todo o país pa-
ra permitir que as comunidades ganhem sustentabilidade mediante a aposta nos serviços que terão impacto na vida das diferentes localidades. Segundo o ministro, até 2022, perto de 1 milhão e 600 mil famílias vão beneficiar de transferências monetárias no âmbito do programa de apoio às comunidades que o Estado tem vindo a implementar. Já no domínio das infra-estruturas, Sérgio Santos disse que mil e 63 quilómetros de estradas serão asfaltados na rede primarias e outros 163 quilómetros na rede secundária, o que vai permitir uma maior mobilidade de pessoas e bens. O PDN 2018-2022 revisto dará igualmente uma atenção ao
sector da habitação. Assim, nos próximos dois anos, Sérgio Santos avançou que o Executivo vai proceder à construção de 8 centralidades e cinco mil casas sociais em todo o país. Para o ministro, a revisão do PDN permitiu ajustá-lo a realidade económica e social do país, o que vai permitir a implementação dos projectos de forma mais realística. Ainda de acordo com Sérgio Santos, o Governo vai continuar a priorizar os programas sociais com impacto nas comunidades. Dentre os programas que deverão merecer a contínua aposta do Executivo, o maior destaque recai para o Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).
Neusa Filipe
A
segunda Reunião Ordinária do Bureau Político do MPLA vai apreciar, entre outros assuntos, a situação política, económica e social do país. A informação foi avançada ontem, em conferência de imprensa, pelo porta-voz do partido, Albino Carlos. A reunião vai ainda analisar questões ligadas a vida interna do partido, com realce para o processo de preparação e realização do Sétimo Congresso Ordinário da OMA, organização feminina do partido, marcado para o primeiro trimestre do próximo ano. Estará também em análise a regularização das direcções do partido nas províncias do Cunene, Huambo, Luanda e Uíge. A reunião vai apreciar, de igual
modo, as informações do Secretariado do Bureau Político e da Comissão de Disciplina e Auditoria do Comité Central sobre as atividades desenvolvidas pelo partido e pelas suas organizações sociais durante o primeiro quadrimestre do ano em curso. A segunda Reunião Ordinária do Bureau Político do MPLA vai observar os imperativos legais inerentes à situação de calamidade pública vigente no país, bem como o cumprimento das orientações emanadas pelas autoridades sanitárias, no âmbito das regras de bio-segurança e das medidas de protecção de forma a garantir a vitória na luta contra a pandemia da Covid-19. O porta-voz do partido informou que os primeiros secretários e os demais membros do Bureau Político residentes fora de Luanda vão participar na referida reunião por video-conferência.
SOCIEDADE
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O PAÍS Terça-feira, 30 de Junho de 2020
Taxa de mortalidade baixa no Hospital Sanatório de Luanda O director clínico do Hospital Sanatório de Luanda, Damião Victoriano, disse, em entrevista ao Jornal OPAÍS, que a taxa de mortalidade bruta nesta unidade sanitária baixou significativamente, pois no mês de Maio do corrente ano registaram 27.8%, quando no mesmo período do ano passado tinham registado 28.5%
2019 a taxa de mortalidade bruta foi de 28.5%, enquanto que no mesmo período do presente ano foi de 27.8%. No que toca a taxa de mortalidade líquida em 2019, foi de 26.3% e no ano em curso foi 21.5%. Mortalidade bruta ocorre quando o paciente está na unidade sanitária há mais de 48 horas, sendo que a líquida se regista ao doente que esteve menos de 48 horas no hospital. “Estes termos servem para avaliar a possível razão da morte. Na líquida se deduz que a morte não dependeu inteiramente do hospital, já na bruta, que poderá estar relacionada com alguns cuidados da instituição hospitalar”, esclareceu o especialista.
Stela Cambamba
N
este período de pandemia, surgem p re o c u p ações com os doentes de tuberculose, pelo que o jornal OPAÍS decidiu visitar as instalações do Hospital Sanatório de Luanda e conversar com o director clínico, Damião Victoriano, médico pneumologista. Assim, recebemos a informação de que no primeiro semestre do ano em curso foram acompanhados cerca de dois mil e 500 pacientes com tuberculose sensível, perto de mil com tuberculose multirresistente e igual número de pessoas que vivem com VIH. Sobre a mortalidade registada no Hospital Sanatório de Luanda, explicou que no mês de Maio de
“Acredito que se na periferia estivessem a assistir os pacientes com tuberculose sensível e o abandono do tratamento fosse reduzido, assim como o abandono familiar, teríamos o índice de mortes baixo”
O PAÍS Terça-feira, 30 de Junho de 2020
Segundo Damião Victoriano, apesar de a diferença não ser abismal é possível reparar que houve uma ligeira diminuição, por isso, a sua equipa está a trabalhar dia e noite para baixar ainda mais este número. “Acredito que se na periferia estivessem a assistir os pacientes com tuberculose sensível e o abandono do tratamento fosse reduzido, assim como o abandono familiar, teríamos o índice de mortes baixo”, reforçou.
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Melhorar a assistência nas periferias O Sanatório, neste período de calamidade causada pela Covid-19, tem registado grande fluxo de pacientes, tendo em conta que diariamente internam entre 15 a 20 novos doentes. Com as visitas temporariamente suspensas, a instituição assegura todas as despesas dos utentes, sobretudo com fármacos para doentes de tuberculoses e VIH, que contam com o fornecimento dos progra-
mas ligados a estas patologias. O entrevistado explica que o fluxo tem vindo a aumentar devido às restrições de alguns serviços a nível das unidades sanitárias na periferia. Anteriormente, o atendimento no Sanatório era limitado, recebiam apenas os doentes com tuberculose resistente, mas agora mudou. “Por conta da Covid-19, estamos a receber também pacientes com tuberculose sensível, mesmo havendo técnicos formados nas unidades sanitárias da periferia para atender patologias deste nível. Outra situação constrangedora é a afluência de doentes vindos de casa. O normal seria receber apenas os pacientes transferidos, mas, infelizmente, acorrem a instituição doentes vindos directamente de casa”, sublinhou. Os doentes que acorrem a unidade sanitária vêm dos mais variados municípios e distritos, entre os quais Viana, Cacuaco e Ramiros, por exemplo, facto que tem preocupado a direcção do Sanatório, devido ás fronteiras que atravessam para chegar ao hospital.
Combate à tuberculose envolve diferentes sectores PEDRO NICODEMOS
Director Clínico do Hospital Sanatorio, Damião Victoriano
“Estes termos servem para avaliar a possível razão da morte. Na líquida se deduz que a morte não dependeu inteiramente do hospital, já na bruta, que poderá estar relacionada com alguns cuidados da instituição hospitalar”
D
amião Victoriano, explicou que para melhorar o problema da tuberculose é necessária a envolvência de diferentes sectores, não apenas o da Saúde, mas também o da Educação, Construção, MASFAMU, entre outros, incluindo a sociedade civil, já que o objectivo é salvar vidas. Apesar do período que o país vive, por causa da Covid-19, o Hospital Sanatório não registou números de abandono elevados. Até ao dia desta reportagem, o diretor clínico afirmou que não registaram casos positivos da Covid-19, e acrescentou que têm realizado alguns testes aleatórios, nas Quartas, Quintas e Sextas-feira. “Não temos nenhum caso suspeito, os testes foram realizados tendo em conta que é uma unidade com patologia propensa a contrair o vírus, para além de ocorrerem também pacientes do fórum respiratório no hospital”, frisou. Quanto ao material de bio-segurança, disse estarem assegurados. As formações nas unidades sanitárias da periferia, para
atenderem doentes com tuberculose sensível estão suspensas, mas a nível da instituição continuam as formações para toda a equipa técnica e não só, no sentido de estarem preparados para lidarem com eventuais casos de Covid-19. “Temos um plano de contingência que agrupa todo o pessoal que trabalha na unidade sanitária. Os resultados já são visíveis, a partir da entrada do hospital”, gabou-se. O especialista em pneumologia lembrou que a unidade sanitária tem 267 camas e actualmente controlam 247 pacientes, muitos destes estão internados não porque padecem de tuberculose, mas sim de diferentes patologias e muitas delas associadas com o VIH ou diabetes. Sobre as obras do futuro hospital, sublinhou que estão no bom caminho, embora o estado de emergência tenha atrasado o seu curso. Damião Victoriano apelou aos doentes, sobretudo os que padecem de tuberculose, a cumprirem as regras básicas de segurança, de modo que não venham se sentir-se culpados se que alguém ficar infectado por sua causa.
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SOCIEDADE
O PAÍS Terça-feira, 30 de Junho de 2020
SIC investiga uso de armas de fogo nos templos da IURD Peritos do Serviço de Investigação Criminal (SIC) estão a conduzir uma investigação relacionada ao uso de armas de fogo na ocupação de templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), revelou, ontem, em Luada, o Ministério do Interior, em comunicado de imprensa a que OPAÍS teve acesso
O
director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa deste Ministério, Waldemar José, esclarece, no comunicado, que nos últimos dias ocorreram novos factos nos templos da referida IURD, que consistiram na tomada do controlo de instalações com recurso a força, ameaças de morte, ofensas corporais e uso de armas de fogo, actos que constituem crime no ordenamento jurídico angolano. “Porquanto, as autoridades do Serviço de Investigação Criminal instauraram um novo processo-crime para aferir a imputação objectiva da responsabilidade criminal dos seus autores”. Garante, por outro lado, que os órgãos do Ministério do Interior têm acompanhado, com atenção, os conflitos internos que ocorrem no seio da IURD, baseados em acusações contra as suas lideranças em Angola, por actos que poderão ser considerados como infracções criminais à luz da lei penal vigente, o que deu lugar à abertura de processo-crime que corre os seus termos no SIC. Waldemar José apela, no docu-
Bié conta com mais de mil novos professores
A mento, a que, enquanto decorrer o respectivo processo-crime, as partes em conflito a não realizem actos que configurem infracção em sede da legislação vigente, bem como respeitarem os trâmites legais dos processos que correm curso nas instâncias judiciárias, sob pena de serem aplicadas outras medidas previstas na lei. De realçar que a denúncia de que uso de arma de fogo nos templos da IURD foi feita, na semana finda, publicamente, por pastores angolanos que assumiram a liderança dos templos, por divergência com a liderança brasileira da mesma igreja. Num comunicado de imprensa a que OPAÍS teve acesso, os pastores que se afirmam como membros de uma Comissão de Reforma da IURD acusaram os seus colegas brasileiros de terem contratado 40 supostos marginais para atentarem contra as suas vidas e das suas famílias, a troco de 500 mil Kwanzas para cada um. Afirmaram que tais indivíduos, repartidos em grupos fortemente armados, dirigiram-se, às 3horas da manhã de Quarta-feira, 24, aos templos e às suas residências com o intuito de
cumprirem a missão. Esclarecem que ficou evidente a intenção dos supostos marginais, pagos com dinheiro de sacrifício dos fiéis angolanos. “Os referidos marginais fizeram-se transportar numa caravana de automóveis, incluindo uma viatura com a matrícula LD-87-25GF, caracterizada da Record TV Angola”, lê-se no documento. Garantem ainda que a caravana de supostos marginais era liderada por um pastor de nacionalidade brasileira. Essa acção surgiu em resposta ao facto de mais de 300 pastores angolanos terem ocupado os templos da referida igreja que se encontravam sob gestão de pastores de nacionalidades brasileira e moçambicana, nos dias 22 e 23 do corrente mês. Os “reformistas da IURD” afirmaram estarem em pleno gozo de funções e dos direitos, pelo que, imbuídos de um espírito de fé e bravura, decidiram pôr fim a más práticas perpetradas pelo bispo Honorilton Gonçalves, nomeadamente o racismo, arrogância, abuso de poder e de confiança. De acordo com os aludidos pastores, após tais acontecimentos foram surpreendidos com uma
campanha de desinformação e disseminação de mentiras, fazendo crer que os ex-pastores e os ex-obreiros foram os protagonistas dos referidos actos, desencadeada pelo bispo acima mencionado. A ala brasileira da IURD, por seu turno, num comunicado tornado público, acusou a Polícia Nacional de estar inerte e nada fazer para repor o que descreve como legalidade. Eles negam que a igreja esteja sendo liderada por duas alas, uma ala angolana ou uma ala brasileira, afirmando que a mesma é uma instituição mundial, “dirigida pelo Espírito de Deus e com o Conselho de Direção constituído legalmente”. Descrevem os actos praticados pelos seus antigos fiéis colaboradores de “actos criminosos, beirando ao terrorismo, além da inércia de algumas autoridades competentes”. O seu líder e fundador Edir Macedo afirmou, numa vídeo-conferência transmitida por um dos canais da igreja, que os pastores angolanos que se rebelaram contra a sua liderança estão amaldiçoados e vão descer “à sepultura mais cedo do que possam imaginar”.
província do Bié passa a contar, a partir deste ano lectivo, com mil novos professores que começaram ontem a ser capacitados em matérias pedagógicas e prevenção da Covid-19. Durante cinco dias, os professores, que ingressaram na função pública em 2019, vão ainda abordar temas relacionados com a didáctica, metodologia de ensino, língua portuguesa, planificação, dossificação, outros assuntos. Em entrevista à Angop, a chefe de Departamento da Educação do Bié, Marieta Esmeralda Ramos, disse que o sector prevê acções do género para dotar os agentes educativos de ferramentas pedagógicas, tendo em conta a melhoria do processo docente educativo. Por outro lado, assegurou que os mil novos professores estão a ser já inseridos nas folhas salariais. Com perto de dois milhões de habitantes, o Bié, centro de Angola, matriculou, neste ano lectivo, 625 mil 767 alunos em nove municípios. O processo conta com 13 mil 820 docentes e possui mil e 300 escolas do I e II ciclos do ensino secundário.
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O PAÍS
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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia
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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.
COMO ME POSSO PROTEGER?
Tendo sido reportados já 276 casos em Angola, com 11 mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença: 1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;
2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.
QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?
As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória
Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.
EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados
CARTAZ seu suplemento diário de lazer e cultura
União dos Escritores Angolanos promove sessão de venda de livros
A iniciativa visa proporcionar momentos de boa leitura aos munícipes neste período de Calamidade decretado pelo Executivo angolano por conta da Covid-19 e insere-se na estratégia da maior editora do país, segundo o secretário-geral, David Capelenguela Augusto Nunes
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inte e cinco títulos de autores angolanos estão a ser comercializados a preços módicos desde Segunda-feira, em Luanda, pela União dos Escritores Angolanos, a maior casa de letras do país. A iniciativa inserida no quadro da estratégia daquela editora, visa proporcionar ao público momentos de boa leitura neste período de calamidade decretado pelo Executivo angolano face à Covid-19. Entre os títulos seleccionados, cujos preços variam entre 500 e mil Kwanzas, destacam-se “Estórias do Musseque” de Jofre Rocha, “Imitação de Sorte” de João Melo, “Sublimação de Aresta” de Fernando Kafukeno, “A Estrada da Secura” de Luís Kandjimbo, “Tábua” de Adriano Botelho de Vasconcelos, “Duas Faces da Esperança” de António Quino, Cronicas do Sol e da Chuva de Arnado Santos, “Asas do Sonho Ferido” de Pombal Maria e tantos outros. Respigos de alguns títulos Em “Estórias do Musseque”, de Jofre Rocha, por exemplo, um livro inserido nesta primeira sessão de vendas, o autor refere-se aos musseques de Luanda consagrados pela literatura angolana como factor de resistência ao poder colonial português, sinónimo de angolanidade; Local de morada de uma população pobre, que no decorrer dos últimos anos do processo colonial foram inchando, cada vez mais marginalizados económica e
socialmente. O autor conhece e viveu essa experiência, quer no antigo musseque que se foi deteriorando, quer no novo musseque suburbano. A população resiste à “renovação” urbana que a expulsa dos musseques mais antigos, face à valorização do solo e ao objectivo de isolá-la em áreas mais facilmente controláveis. Jofre Rocha oferece um quadro das variáveis sociais, focalizando não só o musseque mas também a sociedade colonial como um todo, e localizando situações no momento da ruptura entre a socie-
dade tradicional e o irromper do nacionalismo, quando os colonos já passam a se sentir inseguros. O recurso à linguagem local de Luanda, através de uma forma estilística extremamente sugestiva, situa Jofre Rocha como um escritor original e criativo. Já em “Cronicas do Sol e da Chuva” de Arnado Santos, também seleccionada neste processo, o autor começa a história com quatro crianças que estavam de férias num hotel em Parati. Lá encontram um fantasma português e sentimental que pediu a ajuda deles para encontrar o seu tesouro perdido há mais de um
O PAÍS Terça-feira, 30 de Junho de 2020
Século, mas, para isso, teriam que matar a charada do sol e da chuva! É uma história com mistura de mistério e aventura, que vale a pena ler e é uma óptima distracção para as férias. Da vasta obra do escritor Botelho de Vasconcelos foi escolhida “A Tábua”, que reúne cerca de 50 poemas em 130 páginas. Um livro resultante do trabalho que iniciou em 1989 com Anamnese, publicado em Portugal. Nesta obra, a marca e o esquecimento confluem, denotando que os versos constroem-se de jogos de aparentes paradoxos que se conjugam harmoniosamente para deixarem de o ser e se tornarem vivências. Alguns autores Fernando Kafukeno, poeta angolano, nascido a 18 de Novembro de 1962, na cidade de Luanda, fez nesta cidade capital os estudos primário e secundário, tendo depois escolhido as Ciências Sociais para dar continuidade à sua formação académica e profissional. Membro da Brigada Jovem de Literatura de Luanda (BJLL) desde 1983, assumiu também, a partir de 1987, um cargo de direcção da Brigada Jovem de Literatura de Angola (BJLA). Despertando para a escrita literária na década de 80, Fernando Kafukeno faz parte do grupo de jovens que publicaram o seu primeiro livro a partir dos 30 anos de idade. Luís Kandjimbo Nasceu em Benguela, em 1960, é Membro da Brigada Jovem de Literatura da Huíla, incentivou a implementação da Revista Hexágono. Já em Luanda, tornou-se membro, entre 1981 e 1982, da Brigada Jovem de Literatura (BJL). Em 1984, integrou o colectivo de trabalho literário “Ohandanji” ao lado de outros nomes jovens da ribalta literária, nomeadamente, Lopito Feijóo, Joca Paixão, Domingos Ginginha, António Panguila e Ana Paula Tavares. É membro da União de Escritores Angolanos (UEA), fazendo parte também da Association pour l’Étude des Littératures Africaines (APELA), sedeada em Paris, na França. Em 1989, apresentou ao I Congresso de Escritores de Língua Portuguesa uma comunicação intitulada “Para a Descanibalizanização das Literaturas Africanas” que suscitou alguma controvérsia.
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Obra ecológica “Lixo ao Luxo” garante prémio a Eduardo Vueza O concurso é uma iniciativa da Angoalissar e centra a acção na arte ecológica com o apelo “Não desperdice, crie” (Don´t Waste, create)
vencedor do prémio, Eduardo Vueza
“Lixo ao Luxo” a obra distinguida nesta I Edição da campanha “Don´t Waste, Create”
Jorge Fernandes
C
om a obra “Lixo ao Luxo”, a comissão de júri da campanha “Don´t Waste, Create”, fez saber ontem, que o prémio referente à I edição foi conquistada por Eduardo Vueza e vai receber um valor pecuniário de um milhão de Kwanzas, inserido no projecto de arte ecológica. Segundo o júri, o prémio foi atribuído à obra “Lixo ao Luxo”, por esta ter cumprido com os objectivos do concurso em que o artista transformara o que seria lixo numa obra de arte. “Eduardo Vueza expressa na sua obra a paixão pela cidade de Luanda, retratando um dos cartões postais da cidade que é a Marginal de Luanda, utilizando materiais como restos de paletes de madeira, de telemóveis, estilhaços de vidros de carros, entre outros”, refere o júri.
Por sua vez, o vencedor referiu que participou com uma obra designada no meio artístico como “instalação”, em que os materiais utilizados são todos completamente reciclados, sobretudo os materiais electrónicos. “Usei placas de computadores, circuitos, restos de telemóveis, pedaços de vidros de automóveis, fragmentos de teclados de computadores e muito mais”, contou. Quanto ao título “Lixo ao Luxo”, porque o material usado supostamente estaria no lixo e por tratar-se de componentes electrónicos são poluentes quando são mal descartados. “Tentei unir isso, pegando neste material que já não teria utilidade e fiz arte com ele. E a arte que produzi é justamente a nossa baía de Luanda. Para representar os prédios usei telhados, os circuitos simularam as paisagens. Quem ver consegue ver a nossa cidade de Luanda. o conceito dessa obra é dar valor àquilo que seria um desperdício”, apontou.
O Júri O júri foi composto por membros da comissão organizadora da Angoalissar com a participação do artista plástico António Gonga. A selecção do vencedor passou por três fases, sendo a primeira a recepção de mais de 50 candidaturas, a segunda o apuramento dos 10 finalistas e a terceira a selecção do artista vencedor. A campanha culmina com uma exposição colectiva das 10 obras finalistas. A exposição será disponibilizada online através dos canais digitais da empresa promotora da iniciativa. O vencedor EduardodaCruzJoãoVuezanasceu em Luanda a 26 de Janeiro de 1979. É formado ao nível médio e é pintor auto-didacta. O seu percurso profissional levo-o a integrar a UNAP. Com vários murais espalhados pelo país, participou em várias exposições colectivas. Conta com obras em colecções particulares em instituições e de empresas no país e no estrangeiro.
A campanha A campanha Don´t Waste, Create, designação em inglês que significa “Não desperdice, crie” é promovida pelo Grupo Webcor, sob coordenação do Departamento de Marketing da Angoalissar, considerando todos os problemas que a nossa sociedade enfrenta na gestão de resíduos. Consiste num desafio para os artistas e criadores angolanos de produzir obras de arte que promovam a preocupação com o meio ambiente, reutilizando o lixo para criar algo novo e interessante.
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CARTAZ
O PAÍS
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Para Naomi Campbell, “Black Lives Matter” vai alterar indústrias de moda e beleza Os protestos mundiais sobre o tratamento dado a pessoas negras vão alterar as indústrias globais de moda e beleza, criando oportunidades de emprego e produtos que atendam a uma ampla gama de consumidores, disse a modelo Naomi Campbell em entrevista à Reuters.
O
mundo da moda é, há muito tempo, criticado pela sua falta de diversidade. Algumas empresas já estão a fazer mudanças nos produtos, num momento em
RACISMO
LITERATURA
que os protestos contra o racismo sistêmico, provocados pela morte de negros pela Polícia nos Estados Unidos, destacam questões relacionadas à raça. Campbell, que durante os seus 34 anos de carreira foi a primeira modelo negra a aparecer nas capas das revistas Vogue e Time, disse acreditar que haverá mais oportunidades para os negros como designers, estilistas e maquiadores. “Agora, o mundo inteiro está na mesma página. As vozes estão a surgir agora...e vejo isso com optimismo de que conseguiremos nossa mudança”, afirmou. A modelo também acredita que as empresas provavelmente expandirão a sua gama de cosméticos para combinar com mais tons de pele. “Gastámos muito dinheiro. Somos grandes consumidores”, declarou Campbell, referindo-se às oportunidades para as empresas. No início deste mês, a BandAid, de propriedade da Johnson & Johnson, anunciou que lançará curativos para combinar com uma variedade de tons de pele. Campbell, que há dois anos disse à Reuters que a revista Vogue deveria lançar uma edição africana, também contou que “ficou a saber que (o grupo de edições de revistas) Condé Nast está a trabalhar para criar uma Vogue África”.
OBITUÁRIO
ESPECTÁCULOS
MÚSICA
Plataforma de streaming Hulu retira episódio da série “Golden Girls”
Henrique Reinaldo Castanheira vence prémio literário UCCLA
Milton Glaser o artista que criou a icónica campanha ’I Love NY’ morreu aos 91 anos
Comic Con Portugal adiado para 2021
Festival Douro Rock volta em 2021 com GNR
A plataforma de streaming Hulu retirou um episódio da terceira temporada da série “Golden Girls”, onde as personagens Rose e Blanche surgem com máscaras faciais de argila e passam por mulheres negras, após acusações de “black face”, avançou esta Segunda-feira o USA Today. Rue McClanahan e Betty White surgem em cena com máscaras de argila (de cor escura) no rosto no momento em que o filho de Dorothy (interpretada pela actriz Bea Arthur) apresenta à família a sua noiva Lorraine (Rosalind Cash), uma mulher negra de 40 anos.
O autor Henrique Reinaldo Castanheira venceu a quinta edição do prémio União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) de revelação literária com a obra “Heterónimo de Pedra”, anunciou, ontem, a organização. Numa nota publicada no ‘site’ oficial, o júri do prémio enalteceu o texto do autor português, de 61 anos, constituído por pequenos contos que se interligam e que têm o tema da viagem como elemento central. A obra vai ser publicada pela Guerra e Paz, devendo chegar às livrarias em Setembro.
O criador da campanha ’I Love NY’, que vemos em grande parte das recordações pertencentes à cidade de Nova Iorque, Milton Glaser, morreu na última Sextafeira - exactamente no dia em que comemorava 91 anos. As informações foram avançadas pelo The New York Times. O famoso ’I Love NY’ - criado em 1977 - é uma das mais icónicas campanhas de promoção de uma cidade de sempre, tendo a ’frase’ ganhado protagonismo em canecas, camisolas, canetas e até malas associadas à cidade norte-americana. Além desta marca, Glaser foi ainda responsável pelo lendário poster do músico Bob Dylan, em 1967.
Já são conhecidas as datas para a edição do próximo ano: 10 a 13 de Setembro, no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras. Os organizadores indicaram, em comunicado, que ainda chegou a ser analisado diferentes formatos “adaptados às contingências actuais”. No entanto e devido ao panorama vivido em todo o mundo tornou-se impossível trazer convidados ao evento. A edição de 2019 teve 140 mil visitantes durante os quatro dias do evento e contou com a presença de vários artistas internacionais - entre as quais a actriz britânica Mille Bobby Brown, e as actrizes espanholas Esther Acebo e Itziar Ituño, protagonista da série A Casa de Papel.
O festival Douro Rock cancelou a edição deste ano devido à pandemia de Covid-19 e irá regressar no verão de 2021, contando já com a confirmação da banda GNR, anunciou a organização do festival da Régua. Sem edição em 2020, devido à pandemia de Covid-19, o Douro Rock regressa em 2021 entre 5 e 7 de Agosto e já tem também a primeira confirmação, com a actuação dos GNR, banda liderada por Rui Reininho que estará a celebrar 40 anos de carreira. “Os primeiros cabeças-de-cartaz são os GNR! A banda de Rui Reininho, Tóli César Machado e Jorge Romão regressa ao Douro Rock para celebrar 40 anos de carreira.
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O PAÍS Terça-feira, 30 de Junho de 2020
Ministro da Agricultura “iliba” Tchad de responsabilidade na morte do gado O ministro afirmou que “não é verdade que o gado que veio do Tchad introduziu a doença no país”, garantindo que a endemia é circulante em Angola, sendo a região Sul, a detentora de maior efectivo bovino, onde ela prolifera
DANIEL MIGUEL
António Francisco Assis, ministro da Agricultura e Pescas
André Mussamo
“E
sta doença sempre existiu e é conhecida no seio do nosso povo com o nome de quiconha”, esclareceu o governante. António Francisco Assis, afirma que o gado do Tchad apanhou a doença no país e diz que o fornecedor não tem responsabilidade na morte das cabeças que ocorreram no Soyo e no Planalto de Camabatela, pelo que o programa vai prosseguir. O ministro revelou que é preciso
“desmistificar algumas questões” e esclareceu que a Peripneumonia Contagiosa dos Bovinos, conhecida nos meios científicos veterinários pela sigla PPCB é uma doença “endémica e circulante no país”. O titular da pasta da Agricultura desmente informações postas a circular de que Angola suspendeu a relação com o Tchad no que tange à importação dos bovinos. O ministro clarificou que “reunir para melhorar a acção não é suspensão”, considerando mesmo que houve um equívoco no tratamento desta matéria pelo que não há motivo para “alarme e desvaneios do ponto de vista técnico e
As primeiras três cabeças morreram durante a transportação e outras nas fazendas de colocação, seleccionadas no âmbito de um projecto do Executivo de repovoamento animal do Planalto de Camabatela
científico. Este é um assunto que se pode resolver e é pacífico de ser resolvido”, acrescentando que até se tratam de dois países irmãos. “Sentados podemos melhorar o que não foi bem feito”, sentenciou o governante que falou ontem à margem de um encontro mantido com uma das Comissões Especializada da Assembleia Nacional. Informações confirmadas pelo Instituto de Veterinária de Angola revelaram que os animais estão a ser vítimas de Peripneumonia Contagiosa dos Bovinos. Outras fontes especializadas reiteram que, efectivamente, a morte dos bovinos deveu-se a esta epidemia. As mesmas concordam no as-
pecto de que a doença existe em Angola e que o país consta nos registos como região endêmica, pelo que a solução é o “abate de todo o efectivo afectado”. A problemática da morte do gado proveniente do Tchad, no âmbito de um acordo de ressarcimento de uma divida daquele país para com Angola, veio à ribalta com a notícia da morte de efectivos do mesmo lote atribuídos a fazendas no Planalto de Camabatela. Naquela região, 105 das mil e 500 cabeças de gado bovino, provenientes do Tchad, em Março último, morreram. As primeiras três cabeças morreram durante a transportação e outras nas fazendas de colocação, seleccionadas no âmbito de um projecto do Executivo de repovoamento animal do Planalto de Camabatela. No âmbito do programa de repovoamento animal do Planalto de Camabatela e no quadro dos acordos assinados com o Tchad, Angola começou a receber em Março último as primeiras cinco mil cabeças de um total de 75 mil a serem entregues nos próximos oito anos. Além de Ambaca (Cuanza-Norte), beneficiaram já também desse gado, criadores das províncias de Malanje, Cuanza-Sul e Zaire, estas duas últimas não integram a região do Planalto de Camabatela. O Planalto de Camabatela conta com uma área de um milhão e 410 mil hectares e compreende os municípios de Ambaca e Samba Cajú (Cuanza-Norte), Cacuso, Calandula e Cahombo (Malanje), Negage, Puri, Bungo, Alto Cawale, Cangola e Damba, província do Uíge. A região conta com 280 fazendas, repartidas entre as províncias de Cuanza-Norte, Malanje e Uíge, 50 das quais localizadas no município de Ambaca, que tem como sede a vila de Camabatela. Actualmente, estima-se que haja no Planalto de Camabatela mais de 20 mil cabeças de gado bovino, com predominância para as raças nelor, brama, cimental e a gentia ou autóctone.
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DR
Cinco startups angolanos são agraciadas hoje com financiamento de USD 10 mil pela Embaixada dos EUA Segundo a coordenadora do programa de
Inglês e empreendedorismos da Embaixada dos EUA em Angola, Eliete Mendes, todos os participantes saíram do projecto com um pequeno benefício em prol dos seus negócios André Mussamo
O
c o n c u r s o “Quem Quer Ser Empreendedor (QQSE) é promovido pela Embaixada dos Estados e implementado pelos parceiros Acele-
ra Angola e a IdeiaLab. Os cinco projectos contemplados de hoje saem entre 23 candidatos escolhidos de uma longa lista de propostas com mais de 700 startups. Serão seleccionadas cinco starups como vencedoras, recebendo, cada uma, o prémio equivalente a USD 10.000 (dez
O concurso teve um júri, mas o seu andamento foi “grandemente prejudicado pela pandemia da Covid-19”. Entretanto, ainda assim os resultados são satisfatórios
mil dólares americanos). O processo de selecção começou em 2018 e todas as 50 propostas finais participantes no programa beneficiaram no mínimo de treinamento e correcções que, mesmo não chegando a financiamento, o know-how adquirido pode fazer a diferença nos planos de negócio. Só na primeira fase, os selecionados beneficiaram de três meses e meio de formação, aperfeiçoando as ideias, os negócios, marketing e revisão das suas ideias e iniciativas tornando-as mais produtivas. “Foi feita a formação em torno da transformação da ideia em
negócio, as ferramentas necessárias em termos de gestão, promoção e marketing e inovação”, tendo sido, a seguir, submetidos a novo período de avaliação até à chegada da fase do segundo crivo. O concurso teve um júri, mas o seu andamento foi “grandemente prejudicado pela pandemia da Covid-19”. Entretanto, ainda assim os resultados são satisfatórios. Para participar no programa, o primeiro critério foi a idade (empreendedores jovens até 35 anos) e o género mantendo o “balance” apesar de neste quesito a participação ter ficado abaixo das expectativas. Outra prioridade foi o facto de os negócios serem “pequenos com menos de dois anos de existência e baseados em boas ideias” e financeiramente viável. O concurso foi aberto ao país inteiro e, neste momento, há candidatos na final que não são de Luanda. O programa não teve áreas de negócios específicas como prioridade, bastando que as propostas estivessem alinhadas com o programa do governo americano para a África, onde todas as indústrias do sector privado, de uma maneira geral, precisam de apoio e incentivo como suporte do desenvolvimento económico. “Tivemos negócios completamente focados na área da tecnologia, nomeadamente a robótica, os agronegócios, negócios ao estilo familiar, prestação de serviços, negócios ecológicos, em suma abrimos as portas para todos e cada um lutou para manter-se no top da classificação”, referiu Eliete Mendes. “Penso que mesmo aqueles que não recebem hoje os USD 10 mil devemos considerar vencedores, porque os conteúdos ministrados durante as fases de formação, assegurados pelos nossos parceiros, são caros e benéficos e acreditamos que os negócios dos participantes vão mudar de forma radical”, asseverou Eliete Mendes. A coordenadora do programa de Inglês e empreendedorismos da Embaixada dos EUA em Angola revelou em exclusivo a OPAÍS que trata-se do primeiro programa do género e a sua continuidade está dependente do impacto e dos resultados da avaliação a ser feita pelo seu promotor, que é o governo americano através da sua representação diplomática em Angola.
MERCADOS
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O programa de fomento à agricultura e pesca familiar Os desequilíbrios conjunturais que caracterizam a economia nacional desde o segundo semestre de 2014, em consequência da queda do preço do petróleo nos mercados internacionais, levou as autoridades a definirem um conjunto de medidas de ajustamentos macroeconómicos e de aceleração da produção interna, sendo que a diversificação das exportações passou a ser um imperativo no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN 20182022), traduzidos no Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI).
A
s medidas foram tomadas, os programas definidos, mas o surgimento da COVID-19, em Dezembro de 2019, veio postergar a execução das iniciativas do Governo nos mais variados sectores, com particular destaque para as actividades desenvolvidas pelo sector agrícola. No entanto, com a paralisação da actividade económica global, desafios de mobilidade, e redução das importações, o Ministério da Agricultura e Pescas definiu o Plano Integrado de Aceleração da Agricultura e Pesca Familiar (PIAAPF). O plano tem entre outros objectivos, o aumento da produção agro-pecuária, produção de produtos florestais, pesca e aquicultura ao nível artesanal orientados para o mercado; aumento do número de empregos, rendimento das famílias e consequente crescimento económico; melhoria da segurança alimentar e nutricional, assim como a auto-suficiência em alguns produtos alimentares, permitindo a diversificação das exportações e substituição das importações, em que se prevê o aumento da produção em até 25%. A iniciativa que deverá ajudar na mitigação dos impactos socioeconómicos da pandemia da COVID-19, com efeitos directos sobre a redução da pobreza no país – fixada actualmente em cerca de 41% da população -., sendo que a mesma está orçada em 361.958 a
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ser desembolsados nos próximos dois anos, a contar de 2020. O PIAAPF encontra-se dividido em quatro eixos: i) Reforço da Capacidade Institucional, ii) Assistência Técnica para o Fomento Agrícola, Pecuário, Florestal e Pesqueiro; iii) Apoio Logístico; iv) Financiamento, bem como a criação de sinergias e coordenação multissectorial (público – privado). Adicionalmente, a iniciativa perspectiva assistir directamente mais de 1,507 milhões de famílias em 2020; 1,733 milhões de famílias em 2021 e pouco mais de 1,993 milhões de famílias em 2022, das 3,015 milhões existentes no meio rural.
A iniciativa que deverá ajudar na mitigação dos impactos socioeconómicos da pandemia da COVID-19, com efeitos directos sobre a redução da pobreza no país – fixada actualmente em cerca de 41% da população -., sendo que a mesma está orçada em 361.958 a ser desembolsados nos próximos dois anos, a contar de 2020.
A asssitência técnica será feita pela via da disponibilização de sementes, fertilizantes, instrumentos de trabalho e pequenos equipamentos agrícolas correspondentes a um pacote mínimo por família. Relativamente aos fundos e linhas de crédito disponíveis para fomentar a agricultura e a pesca familiar, destacam-se as linhas de crédito do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) no montante de 26,4 mil milhões Kz, taxa de juro de 9%, com maturidade de 2 anos e carência de capital de 180 dias para financiar a aquisição dos operadores do comércio e a distribuição aos produtores nacionais.
Numa segunda linha, o BDA disponibiliza cerca de 13,5 mil milhões Kz, nas mesmas condições, mas destinadas a aquisição das cooperativas de produtores familiares e dos empresários agropecuários de pequena e média dimensão, a fornecedores nacionais de sementes melhoradas, fertilizantes, pesticidas, de vacinas e prestação de serviços. E finalmente, uma linha de 750 milhões Kz para a modernização e de expansão das actividades de um número máximo de 15 cooperativas por cada província, nos sectores da agricultura e pescas, com máximo de 50 milhões Kz por cooperativa, com taxa de juro de 7,5% e maturidade equivalente ao ciclo operacional. O Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA) juntou-se à iniciativa ao disponibilizar uma linha de crédito avaliada em 15 mil milhões Kz destinada à exploração agropecuária familiar, com taxas de juro de até 3%. A magnitude do impacto da COVID-19 poderá aumentar a pressão sobre o mercado laboral. Nesse contexto, a agricultura familiar desempenhará um papel importante na absorção do capital humano ocioso, uma vez que este sector de mão-de-obra intensiva. Assim, o fomento das actividades agrícolas poderá ser a melhor estratégia de promoção das exportações, redução das importações e da taxa de inflação que, segundo as projecções do Governo, poderá fixar-se em 25% em 2020, que supera o registo de 16,9% referente ao fecho de 2019.
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Nova aeronave da TAAG vai garantir aumento de frequências domésticas
do em perdas de empregos em 100 milhões de profissionais , sendo que no continente africano podendo atingir a cifra de 7 milhões de desempregados. DR
A primeira aeronave, de um conjunto de seis, já se encontra em solo angolano. Com capacidade para 74 lugares, as novas aeronaves vão ligar o Centro, o Sudeste e o Leste de Angola e permitir o aumento de frequências semanais em todo o país
Patrícia de Oliveira
N
um discurso no acto de recepção, o ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, referiu que é uma satisfação a chegada da primeira aeronave, de um conjunto de seis. O responsável frisou que “é a concretização de uma empreitada que teve início há dois anos, concretamente a 20 de Junho de 2018”, lembrou. Acrescentou que “na altura encontrámos um processo para aquisição de um lote de aeronaves deste tipo para lançar uma iniciativa de um operador aéreo para o segmento doméstico regional, aonde o Executivo emprestaria a sua caução. Porém, foi preciso rever todo o processo para melhor reorganização “devolvendo a César o que de César” com a TAAG como parte exclusiva nas negociações”, explicou. Segundo o titular da pasta dos Transportes, fruto da baixa do preço do petróleo e da queda das receitas públicas, os crescentes níveis de endividamento nacional limitavam a capacidade do Estado no apoio e aquisição das aeronaves. Ainda assim, reconhece, foi possível contar com o apoio do Ministério das Finanças para realiza-
ção da operação, numa altura em que o sector da aviação civil se depara com um momento de grande incerteza. Disse ainda que foram realizadas com o Ministério das Finanças várias reuniões de alinhamentos e concertação no intuito de chegar ao melhor entendimento de estrutura e que não colocasse em causa o equilíbrio fiscal e os compromissos com as instituições multilaterais . O responsável referiu que estudos nacionais e de terceiros apontam para a necessidade e equilíbrio da frota da companhia de bandeira, que indica técnicamente a compra. “É uma forma de a empresa melhorar o seu desempenho ao nível doméstico e regional. Deste modo, ela pode atingir a fronteira continental e intercontinental de forma sustentável e equilibrada, que está expresso nas linhas de orientações estratégicas do sector aprovadas pelo Presidente da República, João Lourenço, em 2018”, disse.
“Estamos a mudar a imagem externa com um novo brand, mas se pretende mudar também a forma de trabalhar, tendo como foco, o compromisso, a disciplina, a excelência e satisfação, quer sejam trabalhadores, quer sejam fornecedores ou passageiros”, disse. Conectitvidade e preços baixos Segundo o minnistro, com a chegada da aeronave DASH8-400, haverá maior conectividade na-
“Tao logo seja autorizada a circulação do transporte aéreo ao nível das províncias e o aumento de frequências semanais a todo o país”
cional, com preços mais acessíveis, principalmente numa altura em que as companhias áreas de países limítrofes estão a viver períodos desafiantes que podem proporcionar à TAAG uma oportunidade de novos mercados. “O cenário actual para aviação civil é desafiante, este acto representa o aumento da capacidade de lugares da TAAG, quando o que se perspectiva ao nível mundial é uma redução de lugares na ordem dos 52% e uma perda de resultados operacionais de mais de USD 300 mil milhões”, anunciou. Referiu que ao nível do continente estima-se uma redução de 68 % de lugares oferecidos, enquanto que em termos de receitas operacionais uma quebra de aproximadamente USD 13 mil milhões. Segundo o dirigente, estes números impactam no sector da aviação civil, mas também outros sectores ligados, nomeadamente o turismo e o comércio, estiman-
Redução de custos, pois claro O presidente da Comissão Executiva da TAAG, Rui Carreira, sublinhou que a nova aeronave é económica, ira reduzir os custos operacionais em 30%, que irá ajudar no equilíbrio da empresa. Além disso, é uma aeronave versátil, rápida e adaptada a pistas curtas e servir localidades que com as anteriores não era possível tal como Malanje, Uíge, Mbanza Congo que possuem pistas mais pequenas. “As aeronaves vão poder cobrir todo o país e dar mais flexibilidade”, explicou. Questionado sobre alocação das aeronaves, disse que numa primeira fase ficaram em Luanda, e posteriormente terá outra base no interior do país para permitir melhor serviço aos passageiros. Sobre a aeronave ADASH-8-400 possui uma velocidade de cruzeiro de 630 quilómetros por hora e na rede de destinos domésticos o tempo de vôo não varia com o Boeing 737, um alcance de 2 mil e 500 quilómetros. Ela veio de Abidjan até Luanda em vôo directo, e pode descolar em pistas com 1600 metros de comprimento. A actual versão conta com 74 lugares, deste número 10 lugares sâo da classe executiva e 64 para a classe económica. “A estratégia comercial será utilizar as novas aeronaves para os vôos domésticos à medida que forem chegando ao pais, será substituído o boing 737, libertando para viagens mais longas e maior densidade de tráfego”, explicou. Acrescentou ainda que as novas aeronaves serão utilizadas nas rotas Lunda-Norte (Dundo), Lunda-Sul (Saurimo), Moxico (Luena), Bié (Cuito), Cuando Cubango (Menongue). “Tao logo seja autorizada a circulação do transporte aéreo ao nível das províncias e o aumento de frequências semanais a todo o país”, assegurou. Por sua vez, o director de engenharia e manutenção da TAAG, Nelson Oliveira, salientou que a aeronave contará com toda a manutenção preventiva, segundo o programa para o efeito. Com aquisição das seis aeronaves a TAAG vai ficar desafogada permitindo as novas rotas regionais e internacionais em África.
MUNDO
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FMI prevê quase 40 milhões a caírem em pobreza extrema em África O Fundo Monetário Internacional piorou a previsão de crescimento para a África subsaariana, antecipando uma recessão de 3,2% e prevendo quase 40 milhões de pessoas em pobreza extrema, segundo a Lusa.
O
Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou ontem, Segunda-feira, a previsão de crescimento para a África subsaariana, antecipando uma recessão de 3,2%, atirando quase 40 milhões de pessoas para a pobreza extrema e anulando 10 anos de desenvolvimento. “A economia regional deve contrair-se 3,2%, o que é 1,6 pontos percentuais pior que o projectado em Abril, e mostra uma redução da previsão de crescimento em 37 das 45 economias, e em termos nominais o PIB da região vai ser 243 mil milhões de dólares menor que o projectado em Outubro de 2019”, lê-se na actualização das Previsões Económicas para a África subsaariana, ontem Segundafeira divulgadas em Washing-
ton. A actualização mostra a severidade da pandemia da Covid-19 e assume que a situação é pior e a recuperação será mais lenta do que os analistas do FMI tinham antecipado em Abril, quando estimavam um crescimento económico negativo de 1,6%, já assim o mais profundo das últimas décadas. “O crescimento na região deverá apenas recuperar gradualmente, assumindo que a pandemia se esbate e o desconfinamento continua durante a segunda metade de 2020; o crescimento deverá ser de 3,4% em 2021, o que é 0,6 pontos percentuais mais baixo que a projecção de Abril”, lê-se no documento, que argumenta que a estimativa de recuperação devido a vários factores. “A recuperação em 2021 será mais lenta que a recuperação da economia global, porque os apoios políticos lançados pelos países da África subsaariana para facilitar a recuperação são consideravelmente mais pequenos do que aqueles que foram implementados em muitas economias emergentes”, lê-se no
relatório, que exemplifica que em Angola, Nigéria e África do Sul “o PIB real deverá regressar aos níveis de crescimento précrise só em 2023 ou 2024”. A pandemia deverá também empurrar para a pobreza entre 26 e 39 milhões de pessoas, “com a desigualdade nos rendimentos a agravar-se devido ao efeito desproporcional que o confinamento tem no sector informal, afectando os trabalhadores das pequenas e médias empresas no sector dos serviços”. Além da pobreza, a pandemia da Covid-19 deverá originar uma quebra do PIB per capita em 5,4% este ano, prevendo-se uma recuperação de apenas 1,1% em 2021, “o que vai fazer com que o PIB per capita fique sete pontos percentuais abaixo do nível projectado antes da pandemia da Covid-19, em Outubro, e quase ao nível dos valores de 2010”. O número de mortos em África devido à Covid-19 subiu para 9.657, mais 173 nas últimas 24 horas, em mais de 382 mil casos, segundo os dados mais recentes sobre a pandemia no continente. A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 500 mil mortos e infectou quase 10,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Irão pede ajuda à Interpol para capturar Presidente Donald Trump
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procurador de Teerão, Ali Alqasimehr, acusa Trump e mais de 30 outras pessoas pelo envolvimento no ataque aéreo, com um aparelho não tripulado (“drone”), que matou o general Qassem Soleimani segundo o Observador. O Irão emitiu um mandado de captura e pediu à Interpol ajuda na detenção do Presidente dos EUA, Donald Trump, e de outras pessoas que considera responsáveis pelo ataque que matou um general iraniano, informaram as autoridades iranianas. O procurador de Teerão, Ali Alqasimehr, acusa Trump e mais de 30 outras pessoas pelo envolvimento no ataque aéreo, com um aparelho não tripulado (“drone”), no dia 3 de Janeiro, que matou o general Qassem Soleimani, em Bag-
dad, no Iraque. Além de Trump, o procurador Alquasimehr não menciona qualquer outro nome dos envolvidos, mas sublinhou que o Irão continuará a desenvolver o processo de acusações pelos responsáveis pelo ataque, dizendo que eles enfrentam acusações de “assassinato e terrorismo”, segundo a agência de notícias estatal IRNA. A Interpol, com sede em Lyon, França, ainda não respondeu aos pedidos de comentário a este pedido da justiça iraniana. De acordo com a agência IRNA, Alqasimehr terá pedido à Interpol um “aviso vermelho” para Donald Trump e para os restantes elementos, o que representa o mais elevado nível de urgência para a solicitação judicial. De acordo com os procedimentos da Interpol, se este pedido for aceite, terão de ser as autoridades
policiais locais a realizar a detenção, em nome do país que a solicita. Os avisos, contudo, não podem forçar as autoridades locais a realizar essas detenções ou a extraditar os suspeitos, embora possam colocar restrições às movimentações
desses suspeitos. Após receber um pedido, a Interpol reúne em comité para discutir se deve ou não compartilhar as informações com os seus estados membros, não tendo necessidade de divulgar publicamente
nenhum aviso (embora regularmente o faça, através do seu “site” na Internet). Tendo em conta o tipo de pedido feito pelas autoridades judiciais iranianas, é improvável que a Interpol atenda ao solicitado, já que a sua orientação proíbe a organização de realizar intervenções ou actividades de natureza política ou militar, como será o caso deste ataque em Bagdade. Os Estados Unidos realizaram um ataque aéreo em Bagdade, em 03 de Janeiro, que matou Qassem Soleimani, o general que supervisionava operações no Iraque da Guarda Revolucionária do Irão, aumentando as tensões entre os dois países, levando as forças iranianas a retaliar com um ataque de míssil balístico contra as tropas norte-americanas na região.
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Fillon e mulher recebem penas de prisão no caso dos “empregos falsos” O ex-primeiro-ministro francês e a
mulher foram condenados no caso dos “empregos falsos”. Fillon recebe pena de cinco anos, dois dos quais com prisão efectiva.
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ex-primeiro-ministro francês François Fillon e a mulher foram condenados no caso dos “empregos falsos”. Fillon, que chegou a estar bem posicionado na corrida presidencial de 2017, recebe pena de cinco anos, três dos quais com pena suspensa e dois com pena efectiva. A mulher recebe apenas pena suspensa, três anos, segundo a imprensa francesa. Além das penas de prisão, das quais o casal vai recorrer, cada um deles foi multado em 375 mil euros. Para já, dado o recurso, Fillon não será levado para a prisão, mas o juiz não teve dúvidas em considerar que os pagamentos feitos à mulher foram “desproporcionais” em relação ao trabalho realizado. “A senhora Fillon foi contratada para um cargo sem utilidade”, considera a sentença.
Actores de escândalo francês são condenados a penas suspensas e efectivas
Fillon é um veterano da política francesa, foi primeiro-ministro de Nicolas Sarkozy e chegou a receber a nomeação do partido republicano para as presidenciais. No início de 2017, liderava de forma folgada as sondagens mas a revista satírica “Le Canard Enchaîné” revelou que Penelope Fillon, que tinha sido “assistente parlamentar” durante seis anos na década de 90 e nos anos 2000, nunca fez qualquer trabalho. Mas recebeu um total de 831 mil euros pelo emprego que lhe foi atribuído. Além do casal, Marc Joulaud, sucessor de Fillon como deputado, também foi condenado a uma pena de prisão de três anos, com pena suspensa, tal como Penelope Fillon, que num período em que estava contratada nem sequer tinha endereço de e-mail nem passe de segurança para entrar e circular no parlamento.
Coronavírus foi um “desastre” para o Reino Unido
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primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse ontem que a crise do coronavírus foi um desastre para o país e que, embora o governo vá analisar o que deu errado, não é hora de investigar os passos em falso. “Isto foi um desastre”, disse Johnson à Rádio Times. “Não vamos medir as palavras, estou dizendo que isto foi um pesadelo total para o país e que o país passou por um choque profundo.” Johnson, que teve Covid-19 e chegou a ser internado numa
unidade de tratamento intensivo, disse que o governo deve a todos os que morreram e sofreram estudar exactamente “o que deu errado e quando”. “Entendo isso totalmente, e faremos isso. Acontece que acho que o momento não é justamente agora... quando todos estão esgotados, não acho que agora seja o momento de dedicar uma quantidade enorme de tempo a tudo isso”. “Mas estamos a aprender lições o tempo todo”. Indagado sobre o seu principal assessor, Dominic Cummings, ele respondeu: “Dom é extraordinário.”
Boris Johnson prefere esperar para investigar sobre a Covid-19 no seu país
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Reitor da UKB quer mais cooperação com a Saúde para evitar constrangimentos para os estudantes DR
O reitor da Universidade Katyavala Bwila, Albano Ferreira, defende mais colaboração entre a sua instituição e o Ministério da Saúde, de modo a evitar os constrangimentos vividos por estudantes de medicina concorrentes a uma vaga neste sector, uma vez que se regista algum atraso na emissão de certificados, e que se estabeleça, por isso, uma relação baseada na confiança mútua
Constantino Eduardo, em Benguela
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entenas de jovens que concorrem a uma vaga no concurso público no sector da Saúde queixam-se da morosidade que se regista na emissão de certificados na UKB, facto que lhes estará a causar enormes constrangimentos em função das exigências do Ministério da Saúde. Em declarações à imprensa, à margem da visita de avaliação às instalações das unidades orgânicas da sua instituição pelos deputados do círculo provincial, o reitor da UKB, reagindo às recla-
Albano Ferreira defende entrosamento entre o MINSA e os formadores de médicos
mações de estudantes, considerou complexo o processo de emissão do certificado. Embora o tempo regulamentar seja de 90 dias prorrogáveis, de acordo com o responsável da IIª Região Académica, que compreende as províncias de Benguela e Cuanza-Sul, tal facto está dependente, além de condições internas ao nível da UKB, de instituições terciarizadas. “Nós não podemos passar para um estudante um certificado numa folha A-4 simples, assinada pelo titular da instituição e, portanto, este processo leva tempo”, considera. O responsável esclarece que o processo sofreu alguns constrangimentos decorrentes da situação que o país vive, alimentada pela pandemia da Covid-19, que obri-
gou a que o Presidente da República decretasse sucessivos estados de emergência, primeiro, e o de calamidade pública, logo a seguir. “E as instituições estavam encerradas. Além da cerca sanitária de Luanda, não é possível, neste momento, nós garantirmos, para breve, a emissão de diplomas para estes estudantes”, disse. Face ao cenário, o académico espera que haja da parte da estrutura da Saúde confiança e flexibilidade suficiente, no sentido de haver aproximação com a instituição que dirige, de maneira a que os jovens recém-formados possam ser inseridos na base da garantia de regularização a posteriori. “Recebemos estudantes em audiência e já explicámos todo esse
processo. Nós emitimos declaração da Área Académica, que certificam que eles estão à espera do certificado e que há um tempo limite para a validade (…) Este é um documento credível, as instituições devem acreditar nisso e encontrar outras formas de certificação”, propõe. Recentemente, o Ministério da Saúde, disse o responsável, enviou para a sua instituição uma lista de 68 pessoas cujos documentos – neste caso, já são diplomas e certificados - foram emitidos pela UKB e pedia que esta confirmasse a veracidade dos mesmos. A UKB, por sua vez, já deu o ser parecer e deu entrada do dossier na área dos Recursos Humanos do Ministério da Saúde. “Estamos a fazer esforços para partilhar esta informação com a
Ordem dos Médicos em Benguela e com o Gabinete Provincial da Saúde”, promete. Para se inverter o actual quadro de reclamações, fundamentalmente em época de concursos públicos para ingresso, Albano Ferreira sugere que o Ministério da Saúde, a partir da transição dos estudantes (de Medicina) do 5º para 6ª ano, se faça presente nas universidades, de modo a sensibilizar os estudantes para a carreira e os acompanhe e “confirme connosco, de facto, quem são aqueles que estarão ou não à espera de certificado, se não há credibilidade nos documentos que nós emitimos”, refere, argumentando que não há condições para emitir certificados em tempo relâmpago, como os estudantes pretendem.
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Isabel dos Santos acusa Tribunal de Luanda de manipular processo conta si A empresária Isabel dos Santos acusou o Tribunal Províncial de Luanda (TPL) de a impedir de se defender no processo de arresto decretado em que é acusada
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egundo o a empresária, por via de uma nota assinada pela sua assessoria, o TPL está a violar a lei angolana e internacional ao recusar os embargos, manipulando os prazos e ao recusar reconhecer as provas forjadas e fabricadas, utilizadas para justificar a ordem de arresto. “O Tribunal de Luanda viola a lei, num cato de denegação da justiça e
do direito de defesa, ao recusar ilegitimamente os embargos e o incidente de falsidade de vários documentos, entre os quais o do passaporte falso assinado por Bruce Lee, formalmente denunciados”, refere a nota. De acordo com a nota, a juíza Henrizilda do Nascimento manipulou as datas e prazos do processo judicial para garantir que as provas falsas não fossem expostas.
“O arresto preventivo de 23 de Dezembro de 2019 ocorreu sem audiência da parte da Engª Isabel dos Santos, que foi notificada pelo Tribunal no dia 15 de Abril de 2020, data em que teve também acesso ao processo e aos elementos de prova utilizados e apresentou o seu embargo no prazo de oito dias, conforme estabelecido na lei”, lê-se na nota, que refere ainda que “o Tribunal Provincial de Luanda, sob a ju-
íza Henrizilda do Nascimento, recusou-se a aceitar o embargo, alegando que não foi feito a tempo e estava fora do prazo o que é falso”. Segundo ainda o comunicado, o Tribunal Provincial de Luanda, pela juíza Henrizilda do Nascimento, decidiu indeferir por extemporaneidade os embargos ao arresto preventivo, alegando, ao mesmo tempo, dois argumentos. “Primeiro é que nunca houve qualquer notificação formal emitida à Isabel dos Santos. Em segundo lugar, que a Isabel dos Santos foi considerada notificada pelas notícias que leu nos jornais sobre a decisão de arresto isto não é legal”, esclarece a nota. Porém, os dois argumentos contraditórios, segundo a nota, des-
mentem-se com os autos do próprio processo de arresto preventivo, onde consta a certidão de notificação do despacho-sentença ao advogado de Isabel dos Santos, no dia 15 de Abril de 2020. O extenso comunicado espelha ainda que o processo judicial foi manipulado e distorcido pelos tribunais angolanos que não cumpriram a lei angolana e não garantiram o direito a defesa estabelecido na Constituição. “Os tribunais angolanos estão a impedir um processo judicial justo, ao não permitir que Isabel dos Santos se defenda em tribunal. Ao negar o embargo apresentado dentro do prazo legal, a juíza recusou a audiência para as partes serem ouvidas e apresentarem as suas provas”, prossegue o comunicado. Na sequência, a nota atesta que a Justiça angolana decidiu de forma injustificada e ilegítima impedir Isabel dos Santos e o seu esposo Sindika Dokolo de se defenderem no processo de arresto, recusando o recebimento dos embargos e dos incidentes de falsidade que os seus advogados, em prazo legal, apresentaram ao Tribunal, alegando que os mesmos terão sido apresentados fora de prazo já que os visados dever-se-iam sentir citados judicialmente não por uma notificação do tribunal, como em qualquer sistema judicial democrático, mas por meramente lerem as notícias na imprensa. De acordo ainda com o documento, todo esse processo tratase de um julgamento político, alimentado por um ciclo de mentiras e falsidades. “A juíza Henrizilda de Nascimento teve conhecimento que as provas eram forjadas e inclusive teceu estas considerações no seu despacho, pelo que ao recorrer à manipulação dos prazos judiciais evitou que estas provas falsas fossem expostas”, cita o documento. Segundo ainda a assessoria da empresária, o Ministério Público fez uso de provas forjadas no processo de arresto e no conhecimento da existência de provas forjadas, a juíza Henrizilda deveria ter promovido a extracção de uma certidão imediata e ordenar desencadear o processo criminal para investigação criminal dos agentes da Interpol que vendem informações a privados estrangeiros, bem como do uso do passaporte falso assinado por Bruce Lee. “A denegação da justiça foi replicada em Portugal, onde as autoridades implementaram uma ordem de arresto semelhante sem analisar qualquer tipo de provas enviadas por Angola”, sublinha a nota.
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Presidente do Caála do Huambo cumpre mais um mandato Horácio Mosquito disse que o futuro da sua formação depende de todos e, por isso, está aberto a contribuições para projectos que estão em carteira, isto é, de 2020 a 2024 DANIEL MIGUEL/ARQUIVO
APFH realiza eleições no próximo mês
A
Associação Provincial de Futebol da Huíla (APFH) realiza eleições referentes ao ciclo olímpico 2020/2024 no dia 10 de Julho próximo. Na corrida ao cadeirão máximo estão Pepé António, antigo praticante, e Zinga Carlos, ex-árbitro de futebol, segundo a comissão eleitoral. Os dois contendores têm poucos
dias para falarem dos projectos e convencer a massa votante, uma vez que a Huíla é uma praça forte. Além do Desportivo da Huíla, outros clubes também vão exercer o seu direito de voto no próximo mês a partir das 10:00. Mais diálogo com os clubes e mais organização do futebol nas camadas jovens, entre outros assuntos, estão nas linhas de força dos candidatos.
O PAÍS Terça-feira, 30 de Junho de 2020
Sebastião Félix
H
orácio Mosquito foi reconduzido à presidência do Recreativo da Caála do Huambo, formação com participação regular no Girabola, Campeonato Nacional. O acto eleitoral, realizado na sede do clube, é referente ao ciclo olímpico 2020/2024, pelo que contou com a presença de sócios, adeptos e simpatizantes. Na formação do Planalto Central, mantém-se o sonho de no futuro vencer o Campeonato Nacional e participar activamente noutras competições africanas. O Recreativo da Caála tem tido participações regulares no Girabola, aliás, já tombou gigantes como o 1º de Agosto e o Petro de Luanda. Além de ter em carteira vencer a maior festa do desporto-rei em Angola, outros projectos desportivos também estão em carteira. Horácio Mosquito fez saber que o futuro reserva coisas melhores para o clube, uma vez que mais coisas serão discutidas internamente. “O futuro do clube depende de todos, por isso vamos trabalhar para um melhor Recreativo da Caála”, adiantou o presidente releito. Antes de ser reconduzido, o responsável havia adiantado que contarão com reforços, porque a próxima época será competitiva. O Campeonato Nacional 2019/2020 foi anulado por causa da Covid-19, pandemia que continua a pôr os humanos de joelhos, mas o clube da Caála ficou entre os dez mais.
DANIEL MIGUEL/ARQUIVO
“Zidane tem algo pessoal contra Bale” DR
D
avid Bentley partilhou o balneário no Tottenham com Gareth Bale e, em entrevista à 888Sport, admitiu a sua estupefacção pela forma como o internacional galês está a ser tratado no Real Madrid. “Não consigo acreditar no que lhe está a acontecer. Acho que o Zidane não ficou contente por ele ter marcado um golo melhor do que o dele em finais da Champions. Parece-me algo pessoal. A questão aqui é que o Bale nem sequer é arrogante. É um tipo sossegado, faz a sua parte e não socializa muito, e, por isso, talvez pensem que ele é arrogante. Chateia-me porque sempre me preocupei com ele e ainda falamos hoje em dia. É um rapaz adorável mas está a ser encostado”, apontou Bentley.
O PAÍS Terça-feira, 30 de Junho de 2020
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Recreativo do Libolo pode resgatar o basquetebol DANIEL MIGUEL/ARQUIVO
Mário Silva
O
novo presidente de direcção do Recreativo do Libolo do Cuanza-Sul, Luís Mariano Carneiro, prometeu à imprensa local resgatar o basquetebol, modalidade que foi extinta, por dificuldades financeiras, há dois anos. Luís Mariano Carneiro explicou que é pretensão do seu elenco recuperar o basquetebol quando houver melhor possibilidade financeira. “Não esquecemos a modalidade da bola ao cesto que já conquistou dois campeonatos nacionais, uma Taça de Angola, uma Supertaça e uma Taça dos Clubes Campeões
Africanos”, garantiu. Apesar da província do Cuanza-Sul não ter concorrência no basquetebol, Luís Mariano Carneiro assegurou que a sede da equipa será mesmo em Calulo e não em Luanda como aconteceu no passado. “A mesma equipa passou para Sport Libolo e Benfica que é uma outra denominação, mas com a mesma direcção e não é o plano da nova direcção”, disse. Por outro lado, o responsável revelou que o clube da Vila de Calulo está a trabalhar em parceria com a administração municipal para recuperar o antigo estádio de futebol salão (futsal). “Assim, que recuperarmos o recinto, vamos pensar seriamente na bola ao cesto de modo a darmos os primeiros passos no resgate do basquetebol”, disse.
DR
Dopagem mecânica fica por provar
D
epois de dois anos de investigação, a Polícia francesa decidiu encerrar o caso relacionado com os motores ocultos nas bicicletas e denominado por dopagem mecânica. A situação foi despoletada em 2016, quando, no decorrer do campeonato do mundo de ciclocrosse, a belga Femk Van Den Drirssche foi apanhada com um motor na bicicleta, situação que lhe
valeu ser suspensa por seis anos e perder os títulos de 2015 e desse ano. Em 2018 o amador francês, Cyril Fontaine, com 43 anos, foi denunciado por vencer as provas de veteranos com a ajuda de um motor escondido no quadro da bicicleta, acabando por ser apanhado numa prova para amadores e sancionado pela federação francesa com cinco anos de suspensão. Com os rumores a eclodi-
Pjanic ruma para o Barcelona
rem no pelotão de que poderiam existir nomes sonantes do ciclismo mundial a utilizar motores, principalmente nas clássicas e algumas etapas de montanha, a UCI decidiu através dos seus comissários passar a inspeccionar as bicicletas nas principais competições internacionais, antes e depois das corridas através de raios-X e scanners, que não conseguiram detectar qualquer irregularidade.
DR
O
Barcelona anunciou a contratação de Miralem Pjanic. O bósnio de 30 anos chega da Juventus no final da actual temporada, num negócio que envolve 60 milhões de euros, mais 5 milhões em variáveis. Através de um comunicado, o Barcelona anuncia ainda que Pjanic assinou contrato válido até
2024, com uma cláusula de recisão de 400 milhões de euros. Com a formação dividida entre o Schifflange (Luxemburgo) e Metz (França), Pjanic passou as últimas quatro temporadas ao serviço da Juventus. No total, disputou 171 jogos pela vecchia signora, tendo conquistado três campeonatos, duas taças de Itália e uma Supertaça.
CLASSIFICADOS emprego
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O PAÍS
Terça-feira,30 de Junho, de 2020
imobiliário
Urbanização Vila do Cacuaco
Terrenos bem localizados de 20x30 no Kifica, Patriota e Jardim de Rosas Tel. 925 891 389 ou 992 491 973
12 Hectares bem localizados a beira-mar, isto é antes da Barra do Kwanza
Tel. 925 891 389 ou 992 491 973
diversos
TEMPO
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O PAÍS
Terça-feira, 30 de Junho de 2020
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 30 A 02 DE JULHO DE 2020
Fonte: INAMET
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT)
Das 18 horas do dia 28 às 18 horas do dia 29 de Junho de 2020 REGIÃO NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul:
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 30 de junho a 02 de julho de 2020 Data 30/ 06/ 2020
CIDADE
Mín
Data 01/ 07/ 2020
Estado do Tempo
Máx
Mín
Máx
Data 02/ 07/ 2020
Estado do Tempo
Mín
Máx
Estado do Tempo
LUANDA
18
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Céu nublado a pouco nublado
19
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Céu nublado a parcialmente nublado.
19
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Céu parcialmente nublado a limpo
CABINDA
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28
Céu nublado a parcialmente nublado, neblina
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Céu nublado a parcialmente nublado, neblina
20
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Céu nublado
SUMBE
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Céu nublado a parcialmente nublado, neblina
19
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Céu nublado, neblina
20
27
Céu nublado, neblina
CAXITO
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Céu nublado a pouco nublado
19
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Céu parcialmente a pouco nublado
18
29
Céu parcialmente nublado, neblina
MBANZA KONGO
17
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Céu nublado a parcialmente nublado, neblina
16
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Céu nublado a pouco nublado, neblina
17
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Céu nublado a parcialmente nublado
UIGE
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Céu nublado a pouco nublado, neblina
15
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Céu pouco nublado, neblina.
16
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Céu pouco nublado, neblina.
NDALATANDO
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Céu parcialmente nublado a limpo, neblina matinal
16
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Céu nublado a pouco nublado, neblina
15
30
Céu nublado, neblina
MALANJE
15
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Céu nublado a pouco nublado, neblina
15
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Céu parcialmente nublado a limpo
16
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Céu pouco nublado.
DUNDO
19
31
Céu pouco nublado a limpo
18
30
Céu pouco nublado
19
29
Céu pouco nublado
SAURIMO
16
29
Céu parcialmente a pouco nublado
15
29
Céu pouco nublado a limpo
14
29
Céu pouco nublado.
BENGUELA
17
30
Céu parcialmente nublado, neblina matinal
16
29
Céu parcial a pouco nublado
14
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Céu nublado a pouco nublado, neblina
HUAMBO
03
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Céu pouco nublado a limpo
02
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Céu geralmente limpo.
02
24
Céu geralmente limpo.
CUITO
07
26
Céu limpo a pouco nublado
06
26
Céu pouco nublado a limpo
05
26
Céu geralmente limpo.
LUENA
09
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Céu pouco nublado a limpo
08
27
Céu pouco nublado a limpo.
09
26
Céu pouco nublado a limpo
LUBANGO
08
29
Céu geralmente limpo
09
28
Céu geralmente limpo.
09
28
Céu geralmente limpo.
MENONGUE
14
29
Céu pouco nublado a limpo.
13
29
Céu geralmente limpo.
14
29
Céu geralmente limpo.
MOÇÂMEDES
19
25
Céu limpo.
19
26
Céu pouco nublado a limpo.
18
27
Céu pouco nublado a limpo.
ONDJIVA
11
27
Céu geralmente limpo.
12
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Céu geralmente limpo.
13
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Céu geralmente limpo.
Céu nublado a parcialmente nublado durante a madrugada e manhã, alternando-se com períodos de céu pouco nublado a limpo durante a tarde, em quase toda a região. Possibilidade de ocorrência de neblina em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Malanje, Cuanza-Sul e Cuanza-Norte. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado, alternando-se com períodos de céu geralmente limpo. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal na província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu geralmente limpo, apresentando-se temporariamente pouco nublado na província do Cuando Cubango.
O(s) Meteorologista(s): Miguel Pedro & Basília Maia Luanda 30 de junho de 2020 Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao
TEMPO NO MAR
Fonte: INAMET
BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 TU DO DIA 29/06/2020 ÀS 18:00 TU DO DIA 30/06/2020.
INSTITUTO METEOROLOGIA E GEOFÍSICA 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DONACIONAL DIA 29DEDE JUNHO DE 2020:– INAMET Centro Nacional de Previsão do Tempo
Circulação fraca a moderada de Sudeste-Sudoeste entre os paralelos (4°S – 12°S), de Sul-Sudoeste BOLETIM (12°S 14°S) e Sul-Sudeste abaixo doMETEOROLÓGICO paralelo 12ᵒ S.PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ ÀS 18:00 TU DO DIA 30 DE JUNHO DE 2020: AVISO: ONDAS 3.1 DEDEALTURA NA REGIÃO MARITÍMA DE NAMIBE 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS ATÉ 18:00 TU DOMETROS DIA 29 DE JUNHO 2020:
Circulação fraca a moderada, de sudeste-sudoeste entre os paralelos (4°S – 12°S), de sul-sudoeste (12°S 14°S) e sul-sudeste abaixo do paralelo 12ᵒ S.
2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 30 DE JUNHO DE 2020: AVISO ONDAS ATÉ 3.1 METROS DE ALTURA NA REGIÃO MARITÍMA DE NAMIBE
REGIÃO
ESTADO DO TEMPO
VENTO
(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)
ALTURA DA ONDA (METROS)
ESTADO DO MAR
VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)
DIRECÇÃO FORÇA (KT)
Cabinda (4°S – 6°S)
Parcialmente Nublado
Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)
Parcialmente Nublado
Namibe (14°S – 18°S)
Geralmente limpo
Geralmente limpo
SudesteSudoeste
06 a 10
Até 1.8
Agitado
Moderada (Superior a 6)
SulSudoeste
Até 14
Até 2.7
Muito agitado
Moderada (Superior a 6)
SulSudoeste
Até 17
Até 2.9
Muito agitado
Boa (Superior a 10)
SulSudeste
Até 21
Até 3.1
Muito agitado
Boa (Superior a 10)
O anti-ciclone de Santa Helena, irá manter-se estacionário, com a pressão central a decair de 1025 hPa a 1020 hPa, nas próximas 24 horas. Assim, prevê-se estado do mar agitado, com ondas de 1.8 metros de altura e ventos de até 10 da região marítima de Cabinda e muito agitado com ondas de 2.7 a 3.1 metros de altura e ventos de até 21 nós (38.8 Km/h), nas regiões marítima de Zaire e Namibe. Possibilidade de ocorrência de neblina, tornando a visibilidade moderada na região maritima de Cabinda a Cuanza Sul.
4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA
Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influ ência do vento local.
OPINIÃO
O PAÍS Terça-feira, 30 de Junho de 2020
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LUIS BERNARDINO
Saúde - dos cuidados primários aos cuidados intensivos
D
os Cuidados Primários de Saúde até aos Cuidados Intensivos, pode, para alguns, ser a sequência que sintetiza o seu itinerário de vida ... e de morte. Mas antes desta eminência trágica que é a morte, há que pensar na vida, e nos cuidados de Saúde que permitiram o bem estar . O SISTEMA MUNICPAL DE SAÚDE Postos e Centros de Saúde Numa família, os problemas triviais de Saúde, febre, tosses, constipações, diarreias, dores moderadas, podem ser resolvidos próximos de sua casa, num Posto ou Centro de Saúde com enfermeiros ou médicos, talvez com um laboratório básico. As crianças serão aí vacinadas e o seu crescimento, e estado nutricional avaliados através de curvas de crescimento. A mãe, cuja gravidez foi confirmada ali ou noutra instituição, pode ter o seu estado monitorizado mensalmente, com exame da urina e medida da Tensão Arterial e do crescimento do feto. O Centro pode organizar-se para fazer partos seguros. Os doentes crónicos, diagnosticados no Hospital e que sofrem de Tuberculose, Imunodeficiência, Hipertensão ou Diabetes, poderão ser monitorizados e receber a sua medicação. Faltam menos e cumprem a medicação: o centro está próximo das suas casas. O Hospital Municipal (HM) Por vezes a febre não passa, a dor é mais forte, ou a enfermeira ou auxiliar de Saúde, devidamente treinadas, detectam sinais que podem ser de gravidade. Então os doentes são referidos ao Hospital Municipal. Tipicamente, este é uma unidade de 100-120 camas, com 4 serviços básicos (Medicina, Obstetrícia e Ginecologia, Pediatra e Cirurgia/Ortopedia), um laboratório, um sector de Imagiolo-
DANIEL MIGUEL/ARQUIVO
gia, uma Farmácia e uma área de Urgência, Transfusão e Reanimação. O HM está preparado para fazer Cirurgia Geral electiva (ex.: hérnias de vários tipos) e de Urgência (ex. apendicectomia), cesarianas, tratamento de fracturas e tratamento de infecções graves (ex.: Pneumonia, Meningite, Osteomielite) Segundo o mais lido semanário mundial de Medicina, o New England Journal of Medicine (Janeiro de 2020): “Os Hospitais Municipais devem ser reconhecidos como uma peça crucial do puzzle dos Cuidados primários, servindo ao mesmo tempo como uma plataforma para os programas verticais de tratamento e como o centro duma rede robusta de agentes comunitários e dos níveis de cuidados de primeiro nível…” Se houver uma boa implantação e fácil acesso dos HM este são as estruturas, que com maior
economia e eficiência de gestão resolvem duma forma multidisciplinar os problemas maternoinfantis, em lugar da actual tendência de criar instituições especiais para mães e crianças. ESTIMA-SE QUE O SISTEMA MUNICIPAL DE SAÚDE, CONSTITUIDO PELO HOSPITAL E OS POSTOS E CENTROS DE SAÚDE QUE LHE SÃO SATÉLITES, COM BAIXOS ORÇAMENTOS DE INVESTIMENTO E MANUTENÇÃO, RESOLVEM CERCA DE 70-80 % DOS PROBLEMAS DE SAÚDE DA POPULAÇÃO HOSPITAIS PROVINCIAIS (HP) Para problemas mais específicos de Saúde organizam-se os HP, também chamados Hospitais Gerais, que agregam àquelas 4 áreas básicas outros serviços cirúrgicos como Oftalmologia, ORL , Ortopedia e médicos como a Cardiologia, Gastroente-
rologia, Neurologia, Nefrologia e Psiquiatra. Tipicamente são hospitais de 250 camas que possuem equipamentos de diagnóstico mais aperfeiçoados e são a referência de dois ou três Hospitais Municipais da sua Zona. Podem estar ligados a uma Faculdade de Medicina e devem ocupa-se de investigação científica ESTIMA-SE QUE A NÍVEL DOS HP PODEM RESOLVER 15-20% DOS PROBLEMAS DE SAÚDE DA COMUNIDADE HOSPITAIS NACIONAIS Situados na capital do país ou de algumas províncias, estes hospitais devem ter as especialidade dos Hospitais a montante, para efeitos de formação de quadros e ainda outras sub-especialidades de que constituirão a referência nacional ( Oncologia, Neurocirurgia, Cirurgia Cardiovascular, Cirurgia Maxilo-Facail, Endocrinologia, etc.) Estarão ligados à Faculdade de Medicina e a Centros de Pós-Graduação, e deverão ter um sector importante de investigação. ESTIMA-SE QUE ESTES HOSPITAIS RESOLVAM 5-10% DOS PROBLEMAS MÉDICOS PREVALENTES NA COMUNIDADE CUIDADOS INTENSIVOS Nos Hospitais a partir do nível municipal é importante começar por fazer aos doentes que a eles acorrem uma triagem que identifique os doentes graves, que são priorizados, reanimados se necessário, e colocados numa sala de observação especial. Se o estado do doente permanecer crítico, em hospitais com grande afluxo de doentes deste tipo, como o Hospital Pediátrico de Luanda, criam-se enfermarias designadas de Cuidados Intermédios, em que se procura concentrar mais recursos humanos e materiais para permitir um
melhor nível de assistência. A abordagem dita de Cuidados Intensivos, implica uma ainda maior concentração de recursos, o uso de equipamento de suporte vital como os ventiladores. Rigorosamente, deve haver uma enfermeira por cada cama intensiva, de forma que, se tivermos 10 camas intensivas com 4 turnos de enfermeiras, precisaremos de 40 profissionais - o correspondente ao efectivo para 100 camas duma enfermaria geral. Por esta razão não tinha sido até agora criado um sector de Cuidados Intensivos no HPL, havia sim, 3 enfermarias de Cuidados Intermédios EM CONCLUSÃO • 70-80% dos problemas de Saúde da população podem ser resolvidos pelos sistema Municipal de Saúde • Como não é reservada a nível do orçamento do MINSA uma verba proporcional para execução destes Cuidados, os problemas não resolvidos agravam-se e passam para o nível seguinte, provincial ou nacional : os resultados são piores, o sofrimento humano aumenta , contudo a despesa é maior ; • Nestas unidades, que se confrontam com situações que se tornaram mais complexas, a tendência para uso de tecnologias mais caras e uma abordagem de Cuidados Intensivos é apresentada junto dos governantes como uma prioridade . Desviam-se as verbas para este nível, que vão faltar no nível primário, fechando-se o ciclo vicioso. • Um sistema de Saúde que priorize os grandes hospitais da capital é muito mais oneroso e tem menos impacto nos níveis gerais de Saúde SE PRIORIZARMOS OS CUIDADOS PRIMÁRIOS TEREMOS MENOS NECESSIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS.
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O PAÍS Terça-feira, 30 de Junho de 2020
Taxas de Câmbio dos Bancos Comerciais Terça-Feira, 30 de Junho de 2020
Taxa de Câmbio Actual Compra
Venda
BANCOS COMERCIAIS
USD/KZ
EUR/KZ
USD/KZ
EUR/KZ
Finibanco Angola - (FNB)
568,443
637,935
629,348
706,285
Banco de Investimento Rural - (BIR)
580,044
650,954
622,573
698,682
Banco de Crédito do Sul - (BCS)
580,044
650,954
618,994
694,666
Banco Yetu - (YETU)
580,044
650,954
616,970
694,411
Banco Comércio e Indústria - (BCI)
574,035
644,210
609,255
683,736
Standard Bank Angola - (SBA)
580,044
650,954
609,046
683,502
VTB África - (VTB)
574,244
644,444
607,840
682,148
Banco de Fomento Angola - (BFA)
580,044
650,954
606,146
680,247
Banco de Negócios Internacional - (BNI)
562,923
635,117
606,004
686,964
Banco de Poupança e Crédito - (BPC)
568,829
642,891
604,816
682,907
Banco Comercial do Huambo - (BCH)
575,582
646,282
604,218
678,435
Banco Caixa Angola - (BCGA)
585,844
657,464
603,478
677,252
Standard Chartered Bank Angola - (SCBA)
557,016
625,111
603,420
665,574
Banco Prestígio - (BPG)
556,842
624,916
603,246
676,992
Banco Sol - (BSOL)
574,244
644,444
603,246
676,992
Banco Valor - (BVB)
557,982
626,195
600,859
674,314
Banco Económico - (BE)
579,356
650,066
599,752
672,951
Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA)
577,150
649,659
599,736
684,537
Banco Keve - (BKEVE)
562,258
630,882
597,830
670,795
Banco BAI Microfinanças - (BMF)
578,763
652,871
597,619
674,142
Banco Millenium Atlântico - (ATL)
577,144
647,699
597,445
670,483
Banco BIC - (BIC)
575,694
646,072
597,445
670,483
Banco da China Limitada - Sucursal - (BOCLB)
562,643
631,425
597,445
670,483
Banco Comercial Angolano - (BCA)
570,864
642,222
593,814
668,040
Banco Angolano de Investimentos - (BAI)
579,810
654,171
591,643
667,521
Banco Kwanza Invest - (BKI)
561,487
633,497
585,899
661,041
Taxa Média dos Bancos Comerciais
572,361
643,167
604,157
678,984 Fonte: BNA
Caso necessite de moeda estrangeira, dirija-se sempre aos bancos comerciais ou às casas de câmbio autorizadas. Não realize operações de compra ou venda de moeda estrangeira na rua/mercado informal, pois tal acarreta muitos riscos e é ilegal.
O que saber sobre o Coronavírus…
“O
álcool ou qualquer mistura com álcool a mais de 65% dissolve qualquer gordura, sobretudo a camada lipídica externa que protege o vírus”. “Qualquer mistura com uma parte de cloro e cinco partes de água dissolve directamente a proteína, desintegrando o vírus”. “O vírus não é um organismo vivo, mas sim uma molécula de proteína (ARN) coberta por uma camada protectora de lípido (gordura), que ao ser absorvida pelas células das mucosas ocular, nasal ou bucal, alteram o código genético delas (mudam) e as convertem em células agressoras multiplicadoras”. “O vírus conserva-se muito estável em ambientes frios, húmidos e escuros”. “Nenhum bactericida serve! O vírus não é um organismo vivo como a bactéria, e se não está vivo não se pode matar com antibióticos, os vírus são desintegrados. Daí que a solução está em romper a sua cadeia de propagação e mutação”. “O vírus não atravessa a pele sã”. “O calor muda o estado da matéria da gordura da camada protectora do vírus, por isso é bom usar água a mais de 25 graus centígrados para lavar as mãos, a roupa e locais em que nos encontre-
mos”. “Não sacudam! Esfreguem as superfícies com álcool, cloro (lixívia), água oxigenada ou detergente! O vírus agarrado a uma superfície se desintegra algum tempo segundo a matéria de que é feita esta superfície. 3 horas (tela porosa), 4 horas (cobre e madeira), 24 horas (cartão), 42 horas (metal) e 72 horas (plástico). Se se sacudir o vírus volta a flutuar no ar e pode alojar-se no nariz”. “Como o vírus não é um ser vivo senão uma molécula de proteína, não se mata, mas se desintegra. O tempo de desintegração depende da temperatura, humidade e tipo de material onde repousa”. “A água oxigenada dissolve a proteína do vírus, isto ajuda muito depois do uso de sabão, álcool ou cloro para atacar o vírus, mas há que usá-la pura e se se usar na pele a pode ferir”. “O vírus é muito frágil, o único que o protege é uma camada externa muito fina de gordura, por isso é que qualquer tipo de sabão é o melhor remédio, porque a espuma corta a gordura (há que esfregar-se por 20 segundos no máximo e fazer muita espuma. Ao dissolver a camada de gordura se dispersa e desintegra por si”. UMA RECOMENDAÇÃO VALIOSA Use a mão não dominante para abrir as portas em casa, escritório, transporte, banhos, etc., já que é muito difícil que venha a tocar o rosto com essa mão. Na Coreia do Sul foi muito difundida esta iniciativa.